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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA Núcleo de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio ambiente ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CANDEIAS, A PARTIR DE ELEMENTOS- TRAÇO E PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS Darlly de Oliveira de Souza Martins Porto Velho (RO) 2009

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA SUB-BACIA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp155483.pdf · LISTA DE TABELAS Tabela 1: Principais ações biológicas de alguns elementos-traço

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Núcleo de Ciências e Tecnologia

Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio ambiente

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CANDEIAS, A PARTIR DE ELEMENTOS-

TRAÇO E PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

Darlly de Oliveira de Souza Martins

Porto Velho (RO) 2009

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Núcleo de Ciências e Tecnologia

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA SUB-BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CANDEIAS, A PARTIR DE ELEMENTOS-TRAÇO E PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

Darlly de Oliveira de Souza Martins

Orientador: Wanderley Rodrigues Bastos

Porto Velho (RO)

2009

Dissertação de Mestrado apresentada junto

ao Programa de Pós-graduação em

Desenvolvimento Regional e Meio

Ambiente, Área de Concentração em

Biogeoquímica Ambiental, para a obtenção

do título de Mestre em Desenvolvimento

Regional e Meio Ambiente.

FICHA CATALOGRÁFICA

SOUZA - MARTINS, D. O.

Análise das condições ambientais da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias, a partir de elementos-traço e parâmetros físico-químicos. Porto Velho: s.n., 2009. 78p. Orientador: Profº. Dr. Wanderley Rodrigues Bastos. Dissertação – Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.

1. Elementos-traço 2. Parâmetros físico-químicos 3. Curtumes 4. Garimpo de cassiterita.

DARLLY DE OLIVEIRA DE SOUZA MARTINS

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CANDEIAS, APARTIR DE ELEMENTOS-

TRAÇO E PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

Comissão Examinadora

Dr. Wanderley Rodrigues Bastos

Dr. Mariangela Soares de Azevedo

Dr. João Carlos Herrmann

Porto Velho, 02 de Abril de 2009.

DEDICATÓRIA

A minha querida mãe M ª Madalena e

ao meu amado esposo Jean Marconi, pelo

amor, estímulo e apoio nas horas difíceis.

Amo vocês!!

AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar, por ter guiado os meus passos e me ajudado a superar

todos os obstáculos até este momento de minha vida. “Posso todas as coisas naquele que me

fortalece”.

Ao meu orientador Wanderley Rodrigues Bastos pela orientação.

A minha mãe Madalena, pelo amor, dedicação, paciência, por está sempre ao meu

lado, não me deixando desistir nunca e pelo esforço que fez para que eu pudesse chegar até

aqui, e eu sei que não foi pouco. Mãezinha essa vitória é nossa, te amo!

Ao meu esposo Jean Marconi, pela compreensão, amor, amizade, cumplicidade e

paciência. Sem você essa conquista não seria possível. Te amoooo minha vida, com você o

meu mundo fica completo!

A minha irmã querida Dalila, pela amizade e apoio. Sou muito abençoada por ter

uma irmã tão maravilhosa como você. Te amo mana!

Ao meu sobrinho lindo Samuel, simplesmente por existir e fazer dos meus dias mais

felizes. Titia te ama fofucho!

A minha família em geral, por sempre torcerem por mim, amo todos vocês!

A Jane, por me mostrar o verdadeiro significado da palavra amizade. Deus me

abençoou muito quando colocou você na minha vida e de bônus ainda ganhei uma segunda

mãezinha, rsrsrs. Irmãzinha, obrigada por dá brilho a minha vida, te amo muitooo! É muito

prazeroso compartilhar a vida com você!

A Jai pela amizade e companheirismo. Amiga você é um presente de Deus na minha

vida, quem diria que antes de sair da UNIR teria a oportunidade de conhecer uma pessoa tão

linda como você. Te adoro amiga!!

A alessandra pela amizade, obrigada companheira de coleta, jamais vou esquecer dos

momentos em que precisei e você estava lá. AAAh se não fosse uma certa moto quebrando um

galho nos momentos de desespero, rsrsrs !!!

Aos professores Vicente, Mauro e Bruno pela ajuda em Campo.

Ao professor Tárique, pela orientação estatística. Obrigada! Lembra que você

sempre diz que eu e Jane patenteamos essa palavra, rsrsrsrs!

A Drª. Mariângela Azevedo e ao Dr. João Carlos Herrmann por aceitarem o convite

de participar da minha banca de defesa e pelas importantes contribuições dadas ao trabalho.

Muito obrigada!

À Talitha Bensiman Ciampi, pelo apoio na elaboração dos mapas.

A todos do laboratório de Biogeoquímica Ambiental.

Aos órgãos CNPq/CT_Hidro, por financiar este projeto.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ……………………………………………………….................................

11

1 OBJETIVOS………………………......………………………………………………… 13 1.2 Geral……………………………....……………………………………………………. 13 1.2. Específicos………………………………………………………………………….......

13

2. ÁREA DE ESTUDO......................................................................................................... 14 2.1 Uso e ocupação do solo....................................................................................................

15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E CONSIDERAÇÕES GERAIS …............................. 19 3.1 Elementos-traço................................................................................................................ 19 3.2: Elementos-traço em sistemas aquáticos.......................................................................... 21 3.3 Estudos hidrogeoquímicos em sistemas fluviais amazônicos..........................................

24

4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................... 28

4.1 Hidrografia........................................................................................................................ 28 4.2 Geologia............................................................................................................................ 28 4.3 Solos................................................................................................................................. 31 4.4 Vegetação......................................................................................................................... 33 4.5 Clima.................................................................................................................................

35

5 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 36 5.1 Delineamento Amostral.................................................................................................... 36 5.2 Coleta e preservação das amostras................................................................................... 38 5.3 Preparação das amostras................................................................................................... 42 5.4 Extração química.............................................................................................................. 43 5.5 Absorção atômica............................................................................................................. 44 5.6 Controle de qualidade....................................................................................................... 45 5.7 Determinação de matéria orgânica................................................................................... 46 5.8 Análise estatística dos dados............................................................................................

46

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO……………................................................................... 48 6.1 Parâmetros físico-químicos.............................................................................................. 48 6.2 Teores de matéria orgânica no sedimento de fundo......................................................... 54 6.3 Elementos-traço................................................................................................................ 56 6.3.1 Controle de qualidade das análises químicas................................................................. 56 6.3.2 Análise descritiva dos elementos-traço adsorvidos ao sedimento de fundo.......................................................................................................................................

56

6.3.2 Análise descritiva dos elementos-traço adsorvidos aos sólidos em suspensão.............

61

5 CONCLUSÃO....................................................................................................................

67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................

69

APÊNDICES..................................................................................................................... 76

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Principais ações biológicas de alguns elementos-traço no ser humano. 20

Tabela 2: Valores norteadores de metais em sedimentos de rio, segundo parâmetros preconizados pela CETESB (2005).

23

Tabela 3: Concentrações de Hg em sedimentos de fundo do rio Madeira. 25

Tabela 4: Concentrações de elementos-traço (µg.g-1 e mg.L-1) obtidos em trabalhos geoquímicos desenvolvidos na região Amazônica.

27

Tabela 5: Localização e coordenadas geográficas dos pontos amostrados na sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

40

Tabela 6: Limites de Detecção da Técnica (LDT) para cada elemento-traço analisado no sedimento de fundo.

45

Tabela 7: Limites de Detecção da Técnica (LDT) para cada elemento-traço analisado no particulado em suspensão.

45

Tabela 8: Análise descritiva da variável oxigênio dissolvido no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

50

Tabela 9: Análise descritiva da variável pH no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

51

Tabela 10: Análise descritiva da variável Condutividade elétrica no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

53

Tabela 11: Análise descritiva do total de sólidos em suspensão no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

54

Tabela 12: Análise descritiva da matéria orgânica no sedimento de fundo do rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

55

Tabela 13: Controle de qualidade analítica utilizando amostra de referência IAEA-356 e IAEA-405.

56

Tabela 14: Concentrações de Hg nos sedimentos dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto e em outros estudos desenvolvidos na região Amazônica.

57

Tabela 15: Concentrações de elementos-traço (µg.g-1) adsorvidos aos sedimentos dos afluentes dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

58

Tabela 16: Concentrações médias dos elementos-traço em sedimento de fundo encontradas neste estudo e em diferentes áreas do estado de Rondônia.

61

Tabela 17: Concentrações de elementos-traço (µg.g-1) adsorvidos aos sólidos em suspensão dos afluentes dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

63

Tabela 18: Relação entre as concentrações medianas (µg.g-1) de elementos-traço nos sólidos em suspensão e concentração de elementos-traço no sedimento.

64

Tabela 19: Concentrações médias dos elementos-traço em sólidos em suspensão encontradas neste estudo e em diferentes áreas do estado de Rondônia.

65

Tabela 20: Matriz de correlação de Spearman entre os elementos-traço adsorvidos ao sedimento de fundo e aos sólidos em suspensão, a correlação é significativa para p < 0,05.

66

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sub-bacia hidrográfica do rio Candeias. 15

Figura 2: Mapa de Uso e Ocupação da bacia hidrográfica do rio Jamari. 17

Figura 3: Relação entre as concentrações dos elementos e sua atividade no organismo. 19

Figura 4: Mapa Geológico da sub-bacia do Rio Candeias. 30

Figura 5: Mapa de Pedologia da sub-bacia do rio Candeias. 32

Figura 6: Mapa de Vegetação da Sub-bacia do Rio Candeias. 34

Figura 7: Mapa da área de estudo evidenciando os pontos de coleta. 37

Figura 8: Área utilizada para pecuária. 38

Figura 9: Descarga de efluente de curtume no rio Candeias 38

Figura 10: Garimpo de Cassiterita localizado no distrito de Bom Futuro, município de

Ariquemes.

39

Figura 11: Área desmatada para posterior estabelecimento da pecuária. 39

Figura 12: Presença de queimadas, processo tradicional de “limpeza” das áreas para

formação de pastagens.

39

Figura 13: Medição dos parâmetros físico-químicos, utilizando os aparelhos oxímetro, condutivímetro e pHmetro.

41

Figura 14: Coleta de água utilizando galões de polietileno. 41

Figura 15: Sistema de filtragem à vácuo. 42

Figura 16: Extração química das amostras de sedimento e particulado em suspensão. 43

Figura 17: Análise das amostras no Espectrofotômetro de Absorção Atômica geração

de vapor a frio.

44

Figura 18: Análise das amostras no Espectrofotômetro de Absorção Atômica por chama.

44

Figura 19: Amostras de sedimento. 46

Figura 20: Forno mufla. 43

Figura 21: Variação da temperatura da água nos pontos amostrados da sub-bacia

hidrográfica do rio Candeias.

48

Figura 22: Variação do oxigênio dissolvido nos pontos amostrados da sub-bacia

hidrográfica do rio Candeias.

49

Figura 23: Variação do pH nos pontos amostrados da sub-bacia hidrográfica do rio

Candeias.

51

Figura 24: Variação da condutividade elétrica nos pontos amostrados da sub-bacia 52

hidrográfica do rio Candeias.

Figura 25: Variação dos sólidos em suspensão nos pontos amostrados da sub-bacia

hidrográfica do rio Candeias.

53

Figura 26: Variação da matéria orgânica no sedimento de fundo dos pontos amostrados

da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

55

Figura 27: Concentrações de elementos-traço adsorvidas ao sedimento superficial de

fundo dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

57

Figura 28: Concentrações de elementos-traço adsorvidas aos sólidos em suspensão dos

rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

62

LISTA DE SIGLAS

MMA - Ministério do meio ambiente.

SEDAM - Secretaria de desenvolvimento e meio ambiente.

CREA-RO – Conselho regional de engenharia arquitetura e agronomia de Rondônia.

TEL – “Threshold Effect Level” - nível limiar de efeitos.

PEL – “Probable Effect Level” - nível provável de efeitos.

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.

EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

CD- Rio Candeias.

ACD – Afluente do rio Candeias.

SC – Rio Santa Cruz.

ASC – Afluente do rio Santa Cruz.

PR – Rio Preto.

APR – Afluente do rio Preto.

GA – Rio Barra do Garça.

AMB – Rio Ambição.

PI – Peso inicial.

PF – Peso final.

USEPA – “United States Environmental Protection Agency” – Agência de Proteção

Ambiental dos Estados unidos.

EAA - Espectrofotômetro de absorção atômica.

IAEA - International Atomic Energy Agency.

LDT – Limite de detecção da técnica.

MO – Matéria orgânica.

PA – Peso da amostra.

PC – Peso da amostra calcinada.

SD – Sedimento de fundo.

SS – Sólidos em suspensão.

RESUMO

A Sub-bacia hidrográfica do rio Candeias vem sofrendo, nas últimas décadas,

transformações na sua paisagem, em função das modificações no uso e ocupação do solo.

Diante o disso, o presente estudo teve por objetivo estabelecer as condições ambientais da

sub-bacia do rio Candeias, através da análise de parâmetros físico-químicos e elementos-traço

(Fe, Mn, Zn, Cd, Co, Cu, Pb, Cr e Hg) adsorvidos ao sedimento de fundo e aos sólidos em

suspensão. Os parâmetros físico-químicos demonstraram que a sub-bacia do rio candeias é

constituída por rios de águas claras e pretas. Os tributários de pequeno porte, sob influência da

atividade de pecuária e urbana, apresentam altos teores de matéria orgânica e concentrações

de oxigênio dissolvido inferiores a 5 mg.L-1, valor mínimo indicado pela resolução

CONAMA nº 357 de 2005, para as águas de classe 2. Com base nos critérios de qualidade

estabelecidos pela CETESB, foi possível verificar, que não há contaminação por elementos-

traço nos sedimentos de fundo dos 17 segmentos fluviais estudados. Entretanto, os pontos

localizados no rio Santa Cruz, situados a jusante do garimpo de cassiterita, apresentaram

concentrações de Pb acima de 35 µg.g-1, considerado pela CETESB, o valor limiar de efeitos,

ou seja, acima desta concentração podem ocorrer, ocasionalmente, efeitos adversos para os

organismos aquáticos. Os locais que recebem efluentes provenientes da indústria de

curtimento de couro, apresentaram as mais altas concentrações de Cr, indicando uma fonte

pontual de contaminação. Estas concentrações foram duas vezes maiores que as obtidas em

estudos pretéritos, evidenciando a acumulação deste elemento-traço no sedimento de fundo.

Quanto aos sólidos em suspensão, verificou-se que suas finas partículas são responsáveis pelo

transporte dos elementos-traço (Fe, Mn, Co, Pb e Zn) ao longo dos rios da Sub-bacia. Com

bases nestes resultados, é possível inferir que as mudanças no uso e ocupação do solo e o

desenvolvimento recente na abrangência da sub-bacia estão contribuindo para alterar, ainda

que de maneira pontual, as características físicas e químicas das águas que constituem este

sistema hídrico.

Palavras-Chave: Elementos-traço, Parâmetros físico-químicos, Curtume e Garimpo de

cassiterita.

ABSTRACT The hydrographic sub-basin of the Candeias River has been suffering, in the last

decades, transformations in its landscape, because of the modifications in the use and

occupation of the ground. So, the aim of the present study was to establish the environmental

conditions of the sub-basin of the Candeias River, through the analysis of physical-chemicals

parameters and trace elements (Fe, Mn, Zn, Cd, Co, Cu, Pb, Cr and Hg) adsorved to the deep

sediment and solids in suspension. The physical-chemicals parameters have demonstrated that

the sub-basin of the Candeias River is constituted by clear and black water rivers. The small

port tributaries, under influence of the cattle and urban activity, present high texts of organic

substance and concentrations of dissolved oxygen inferior to 5 mg.L-1, minimum value

indicated by CONAMA resolution number 357 of 2005, for waters of class 2. Based on the

criteria of quality established by the CETESB, it was possible to verify, that there is not

contamination for trace elements in the deep sediments of the 17 studied fluvial segments.

However, the points located in the Santa Cruz River, situated downstream of cassiterite-gold

mining, have presented concentrations of Pb above of 35 µg.g-1, considered for the CETESB,

the value threshold of effect, that is, above of this concentration can occur, occasionally,

adverse effect for the aquatic organisms. The places that receive effluent proceeding from the

industry of leather tanning, have presented the highest concentrations of Cr, indicating a

prompt source of contamination. These concentrations have been twice bigger than that gotten

ones in past studies, evidencing the accumulation of this trace elements in the deep sediment.

Regarding the solids in suspension, it was verified that its fine particles are responsible for the

transport of trace elements (Fe, Mn, Co, Pb and Zn) throughout the rivers of the Sub-basin.

Based on these results, it is possible to infer that the changes in the use and occupation of the

ground and the recent development within the limits of the sub-basin are contributing to

modify, despite in prompt way, the physical and chemical characteristics of waters that

constitute this hydric system.

Keywords: Trace elements, physical-chemicals parameters, tannery and cassiterite-gold

mining.

11

INTRODUÇÃO

A Amazônia brasileira e particularmente o estado de Rondônia vêm sofrendo, nas

últimas décadas, um processo de ocupação intensiva em que estão sendo desenvolvidas

atividades que implicam em alterações na superfície vegetal. A forma como ocorreu o

processo de ocupação resultou na rápida perda de florestas tropicais, como conseqüência das

atividades agropecuárias, construção de estradas, mineração e exploração madeireira

(BECKER, 1991; PEDLOWSKI et al, 1999).

Entre 1970 e 1990, o estado de Rondônia teve um impulso no desenvolvimento e

ocupação, aumentando a população de 111.064 pessoas residentes em 1970 para 1.130.400

pessoas em 1990 (BECKER, 1991). A ocupação ocorreu a partir da região centro-leste,

desenvolvendo intensamente a pecuária bovina nesta área, associada à perda de 24,4% da

cobertura florestal nativa do estado de Rondônia (PERDIGÃO & BASSÉGIO, 1992).

Modificações no uso e cobertura do solo têm um papel fundamental no delineamento

do ambiente. A retirada da floresta nativa pode resultar em aumentos na temperatura e erosão

do solo, em modificações no balanço hídrico e na disponibilidade de nutrientes

(FEARNSIDE, 1980; ALVES et al, 1999; BARBOSA & FEARNSIDE, 2000; ARTAXO et

al, 2005). Conseqüentemente, o transporte de sedimentos, o material orgânico e os elementos

químicos para os rios também são alterados (CARVALHO et al, 2000; RAMALHO et al,

2000; MERTEN & MINELLA, 2002; KRUSCHE et al, 2005).

A sub-bacia do rio Candeias, área de estudo escolhida, é um exemplo de sistema

hídrico que vem sofrendo intervenções em função das mudanças no uso e ocupação do solo.

Localizada integralmente em território rondoniense, ela foi e é diretamente atingida pelo

processo de ocupação.

Na abrangência da bacia, são desenvolvidas diversas atividades que contribuem para

impactar o sistema hídrico regional. Dentre estas, a agropecuária, o desmatamento associado

às queimadas (processo tradicional de limpeza das áreas para formação e manutenção de

pastagens e agricultura), as descargas de esgotos domésticos e a presença de curtumes e

garimpo de cassiterita, têm merecido especial atenção.

Estas ações antropogênicas geram impactos na qualidade da água, porque são

responsáveis pela liberação de contaminantes orgânicos e inorgânicos (ROCHA et al, 2004).

Entre estes, os elementos-traço são particularmente preocupantes, devido à sua persistência no

ambiente e ao potencial risco ecológico e à saúde humana (BIRD, 2002). Diante deste

aspecto, pesquisadores (YABE & OLIVEIRA, 1998; ROBAINA, 2002; BONOTTO &

12

SILVEIRA, 2003; BASTOS & LACERDA 2004; JESUS et al, 2004; BASTOS et al, 2006;

GUEDES et al, 2005; SOUZA, 2006; SILVA et al, 2006) têm realizado estudos com o

objetivo de quantificar valores de “background” desses elementos-traço em bacias

hidrográficas e identificar as possíveis fontes de contaminação.

Diante do cenário de ocupação da sub-bacia do rio Candeias, o presente estudo

verificou as possíveis alterações neste sistema hídrico através da quantificação de elementos-

traço e parâmetros físico-químicos. Este estudo se torna importante na região, uma vez que a

sub-bacia do rio Candeias desempenha um papel relevante na disponibilização de água doce

superficial para a população local. Além disso, os resultados geoquímicos adquiridos servirão

de base para futuros estudos de monitoramento ambiental, assim como subsidiar níveis de

base regional (background) para esses elementos.

13

1 OBJETIVOS

1.1 GERAL

Estabelecer as condições ambientais da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias, através

da análise de elementos-traço e parâmetros físico-químicos.

1.2 ESPECÍFICOS

- Quantificar os elementos-traço (Cu, Cd, Cr, Zn, Pb, Fe, Co, Hg e Mn) nos sólidos em

suspensão e no sedimento de fundo.

- Determinar condutividade elétrica, potencial hidrogeniônico (pH), temperatura e

oxigênio dissolvido em rios e igarapés da sub-bacia do rio Candeias.

- Quantificar os níveis de matéria orgânica no sedimento de fundo.

- Contribuir com o banco de dados geoquímicos do Laboratório de Biogeoquímica

Ambiental da Universidade Federal de Rondônia - UNIR.

14

2 ÁREA DE ESTUDO

O presente trabalho tem como área de estudo a sub-bacia hidrográfica do rio Candeias

(Figura 1). No cenário Amazônico, o rio Candeias é o principal tributário da margem

esquerda do rio Jamari, afluente da margem direita do rio Madeira, um dos mais importantes

cursos d’água da bacia hidrográfica do rio Amazonas (MMA/SEDAM/CREA-RO, 2000).

A área de estudo abrange, além do rio Candeias, os afluentes rio Preto e Santa Cruz,

localizados na margem direita e os afluentes rio Ambição e Barra da Garça, localizados na

margem esquerda. O rio Candeias apresenta dois trechos distintos em seu curso, denominados

Alto e Baixo Candeias. A Sub-bacia do rio Candeias é localizada no estado de Rondônia e

abrange os municípios de Porto Velho, Candeias do Jamari, Ariquemes, Alto Paraíso, Buritis,

Monte Negro, Campo Novo e Itapuã do Oeste (MMA/SEDAM/CREA-RO, 2000).

15

Figura 1: Sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

2.1 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O rio Candeias é fundamental para a sobrevivência da população local e desempenha

um importante papel para a economia regional. É utilizado no abastecimento e consumo da

população ribeirinha, no transporte da produção extrativista e de passageiros, na produção de

pescado, no turismo e entretenimento em geral, na produção de areia para a construção civil e

16

na geração de emprego e distribuição de renda para o contingente populacional (ALMEIDA

SOBRINHO, 2006).

As modificações no uso e ocupação do solo e o desenvolvimento recente na sub-bacia

do rio Candeias têm despertado interesse e preocupação da comunidade científica, devido à

velocidade com que estes processos têm alterado o meio ambiente. O desflorestamento

associado às queimadas é um dos fatores impactantes, iniciado na década de 70, período de

ocupação intensiva na região.

Na década de 90, a intensa atividade de desmatamento devido à conversão das áreas

de floresta em pastagem e agricultura, além de manter o crescimento populacional

diversificou de maneira drástica a forma de uso e ocupação do solo. Neste período, a

devastação da floresta tropical na sub-bacia do rio Candeias, saltou de 0,53% para 3,37%

(6.946 hectares para 44.197 hectares) (BATISTA, 2001). Atualmente, as feições paisagísticas

decorrentes da ocupação humana são predominantes na área em estudo, e a cobertura vegetal,

ainda preservada, é representada pelas unidades de conservação, matas ciliares e terras

indígenas. Tal fato é observado por Ciampi (2008) em seu trabalho na bacia hidrográfica do

rio Jamari, área onde a sub-bacia hidrográfica do rio Candeias está inserida (Figura 2)

(CIAMPI, 2008).

No estado de Rondônia, as principais causas do desmatamento têm sido a exploração

madeireira e a substituição da floresta tropical em áreas de pecuária e agricultura

(PESSENDA, 1986; MARTINELLE, 1988; KRUSCHE et al, 2005). Porém, na maioria das

bacias hidrográficas regionais há uma predominância do uso do solo por pastagem, mesmo

nas unidades com reconhecido potencial agrícola, a pecuária tem se destacado. Tal fato é

observado na sub-bacia do rio Candeias, onde a pecuária (20,28%) tem prevalecido sobre a

atividade agrícola (2,17%) (RONDÔNIA, 2003).

Atividades de mineração e garimpos clandestinos de cassiterita também têm sido

observadas na área em estudo. O garimpo de cassiterita de Bom Futuro, por exemplo, é um

dos mais importantes em termos econômicos para a região, localizado no município de

Ariquemes, abrange uma área de aproximadamente 3.500 ha. A atividade exploratória de

cassiterita no distrito de Bom Futuro tem gerado impactos ambientais. Os cursos d’água são

os mais afetados por essas atividades, já que acabam servindo como locais de destinação dos

rejeitos produzidos (melechetes), conseqüentemente, os mesmos se tornam vulneráveis aos

processos de assoreamento (AZEVEDO & DELGADO, 2002). O rio Santa Cruz, afluente do

rio Candeias, é um exemplo de sistema hídrico que tem sido diretamente atingido pela

atividade garimpeira localizada no distrito de Bom Futuro (SOEIRO, 1996).

17

Figura 2: Mapa de Uso e Ocupação da bacia hidrográfica do rio Jamari. Fonte: Ciampi (2008).

A agroindústria instalada na região é outra realidade. Duas indústrias de curtimento de

couros (curtumes) estão situadas às margens do rio Candeias, disponibilizando para o sistema

hídrico, resíduos sólidos e líquidos. Outras constatações são os esgotos e dejetos residências

lançados no sistema aquático sem nenhum tipo de tratamento.

As transformações na paisagem das bacias hidrográficas geram impactos na qualidade

da água e na estrutura ecológica de um rio. A remoção da cobertura vegetal, por exemplo,

limita a capacidade de retenção da água e dos sedimentos transportados pelo escoamento

superficial, ocasionando implicações aos recursos hídricos em todos os seus compartimentos.

Além disso, há perda de diversidade biológica, degradação dos recursos do solo e

desaparecimento de cursos d’água (rios e igarapés) (REIS & GUZMAN, 1993; HATT et al,

2004).

18

As atividades de agropecuária, industrialização, mineração e urbanização,

desenvolvidas na sub-bacia do rio Candeias, também produzem sérias alterações nas

características físicas, químicas e biológicas dos ambientes fluviais. No âmbito específico dos

impactos sobre a qualidade da água, Meybeck & Helmer (1989) apud Rörig (2005) apontam

que as principais preocupações são a poluição microbiológica, a poluição orgânica, a

eutrofização dos rios e lagos, o aumento dos sólidos em suspensão e a poluição por

elementos-traço. Dentre estes contaminantes, os elementos-traço já são de longa data,

considerados prioritários em estudos ambientais. O interesse da comunidade científica em

relação a estes poluentes ocorre devido à preocupação com os riscos que estes representam à

saúde da população e ao meio ambiente.

19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E CONSIDERAÇÕES GERAIS

3.1 ELEMENTOS-TRAÇO

O termo “elemento-traço” tem sido usado para definir elementos químicos que

normalmente estão presentes em baixas concentrações no ambiente (ESTEVES, 1998), muito

embora alumínio (Al), ferro (Fe) e manganês (Mn), os quais ocorrem em maiores

concentrações na litosfera (principalmente em ecossistemas tropicais), também sejam tratados

como elementos-traço por alguns autores (SIQUEIRA et al, 2006; PEREIRA et al, 2007). A

expressão “metal pesado”, que se refere aos elementos (metais e alguns semi-metais) com

densidade acima de 5,0 g/cm3, também tem sido utilizada para descrever este grupo. Do ponto

de vista químico, a denominação metais pesados não é muito apropriada, por isso, a

designação mais aceita atualmente é elementos-traço (GUEDES et al, 2005).

Os elementos-traço de um modo geral são classificados em essenciais e não essências

com relação aos seres vivos (ZINGARO, 1979). A diferenciação clássica entre as duas classes

é ilustrada na figura 3.

Figura 3: Relação entre as concentrações dos elementos e sua atividade no organismo.

Fonte: Adaptado de Cortecci, 2002.

Alguns elementos-traço como Mn, Fe, Zn, Cu, Co e Mo são essenciais aos seres vivos,

ainda que em pequenas concentrações e têm importante papel no metabolismo dos

organismos, uma vez que participam de um grande número de processos fisiológicos

(ESTEVES 1998). Na tabela 1, estão descritas as principais funções biológicas de alguns

elementos-traço no corpo humano (CORTECCI, 2002).

20

Outros elementos (os não essenciais), como Hg, Pb, Cd, Cr, Ni, e Sn, entretanto, não

têm função biológica conhecida e são geralmente tóxicos a uma grande variedade de

organismos. Mesmo aqueles elementos com função biológica definida podem, quando em

grandes concentrações, apresentar alta toxicidade aos organismos vegetais e animais. A

toxicidade dos elementos-traço reside principalmente na sua capacidade de interferir em

processos enzimáticos, provocando profundas modificações no metabolismo, podendo causar

a morte do organismo afetado (ESTEVES, 1998). O potencial tóxico destes elementos

depende muito de sua concentração e biodisponibilidade, sendo está última fortemente ligada

à forma química deste composto no ambiente investigado (AZEVEDO, 2003).

Tabela 1: Principais ações biológicas de alguns elementos-traço no ser humano.

Elementos-traço

Doses diárias recomendadas

Ação Biológica

Cu Cobre

1,55 a 3 mg

Essencial para o metabolismo energético, sendo componente de enzimas oxidantes. Necessário para a síntese da hemoglobina, para funções neuro-cerebrais e para queratização e pigmentação da pele e do cabelo. Sintomas de falta de cobre são osteoporose, deficiência de glóbulos brancos e a redução de defesa imunológica.

Fe

Ferro

10 a 15 mg

Constituinte da hemoglobina e da mioglobina (molécula que fixa e transporta oxigênio no sangue e nos tecidos) e de complexos enzimáticos. Necessário para a geração de energia a nível celular e para a integridade do sistema imunológico.

Mn

Manganês

2 a 5 mg

Promove o crescimento, o desenvolvimento e as funções celulares. É parte integrante de ossos e cartilagens e fator essencial nas reações enzimáticas que envolvem os metabolismos protéico, lipídico e glucídico.

Zn

Zinco

12 a 15 mg

Ocorre em todos os tecidos corpóreos, em particular em ossos, músculos e pele. Protege o fígado de danos químicos. Necessário para integridade do sistema imunológico. Regula o crescimento.

Fonte: Cortecci, 2002

No ambiente, os elementos-traço são acumulados pelos organismos através dos

processos de bioacumulação e no caso do Hg pelos processos de bioacumulação e

biomagnificação, percorrem as cadeias tróficas e desta maneira, atingem o ser humano. Na

21

bioacumulação, as substâncias químicas provenientes do ambiente são assimiladas e retidas

pelos organismos (ZAGATTO & BERTOLETTI, 2006). Testes de bioacumulação realizados

em teleósteos Amazônicos (Tambaqui, Colossoma macropomum), utilizando uma dieta

enriquecida em cádmio, permitiram constatar o acúmulo do metal nos diferentes tecidos desta

espécie (MATSUO & VAL, 2007).

Em relação ao processo de biomagnificação, os contaminantes são transferidos de um

nível trófico a outro, exibindo concentrações crescentes à medida que passam para os níveis

mais elevados (WASTRAS et al, 1998; ZAGATTO & BERTOLETTI, 2006). Para a maioria

dos elementos-traço a evidência deste processo é escassa, muitos elementos diminuem suas

concentrações nos organismos ao longo da cadeia alimentar (ZAGATTO & ARAGÃO,

1995). O mercúrio (Hg) é o único elemento-traço capaz de bioacumular e biomagnificar, ao

mesmo tempo, ao longo da cadeia trófica. Na região Amazônica, onde este elemento é

amplamente estudado, os processos de bioacumulação e biomagnificação são observados em

alguns trabalhos realizados em peixes regionais (MALM, et al, 1995; BOURGOIN et al,

2000; BOISCHIO et al, 2000; OLIVEIRA, 2006). Nestes trabalhos, as maiores concentrações

de Hg foram encontradas em espécies de peixes carnívoros, apresentando valores superiores

aos limites de segurança (0,5 µg.g-1) estabelecido pela OMS (Organização Mundial de

Saúde).

Outras características dos elementos-traço que os diferem dos demais elementos

químicos é a capacidade de formar ligações reversíveis com um grande número de compostos,

e por não serem biodegradáveis, persistindo no ambiente e participando do ciclo ecobiológico

global, no qual a água tem papel principal (TOMAZELLI, 2003). Desta forma, os sistemas

aquáticos representam o mais importante meio de conexão entre a geoquímica do solo e das

rochas e a fisiologia humana. Por isso, é essencial um melhor entendimento dos processos que

controlam a disponibilidade e a mobilidade dos elementos-traço em sistemas aquáticos.

3.2 ELEMENTOS-TRAÇO EM SISTEMAS AQUÁTICOS

Os elementos-traço estão presentes em sistemas aquáticos superficiais, mesmo que não

haja perturbação antrópica do ambiente e o aumento em sua concentração pode ocorrer tanto

em razão de processos naturais, quanto por atividades antropogênicas (YABE & OLIVEIRA,

1998).

Os processos naturais que contribuem para o aparecimento de elementos-traço em

sistemas aquáticos são o intemperismo de rochas e a lixiviação de elementos no perfil do solo

22

e rochas da região. Portanto, a constituição geológica tem grande importância na composição

físico-química dos rios, pois esta contribui com íons metálicos e pequenas partículas

provenientes dos solos e rochas (MORTATTI & PROBST, 1998).

As principais fontes antropogênicas para o sistema aquático são as atividades

industriais, através do lançamento de efluentes sólidos e líquidos (curtumes, ex. Cr), as

atividades de mineração tais como a fundição de metais não-ferrosos (ex. Cd, Ni, Pb e Sn),

garimpos de ouro e cassiterita (ex. Hg e Sn), os efluentes domésticos (especialmente As, Cr,

Cu, Mn e Ni), as águas superficiais provenientes de áreas cultivadas com adubos químicos e

defensivos agrícolas (ex. Cd, Hg, Pb, Cu, etc.) e as precipitações atmosféricas de cinzas ou

pequenas partículas provenientes de queimadas naturais (ex. Cu, Pb, Zn e Cd). Os processo de

assoreamento oriundos de desmatamento, também se constituem importantes fontes de

elementos-traço para o sistema aquático (NRIAGU & PACINA, 1988; ESTEVES, 1998;

JORDÃO et al, 1999; RAMALHO et al, 2000; SILVA et al, 2003; PACHECO, 2005;

SANTOS et al, 2006; GUIMARÃES, 2007).

Nos ecossistemas aquáticos, os elementos-traço podem estar presentes na forma

particulada (em suspensão ou sedimento de fundo), coloidal e dissolvida, sendo

constantemente redistribuídos entres estas fases durante o transporte. (SHI et al, 1998;

GUILHERME et al, 2005).

As matrizes sedimentares têm importante papel no transporte e acumulação dos

elementos–traço e, freqüentemente, são empregados na determinação de fontes e formas de

dispersão destes elementos na coluna d’água (SIQUEIRA et al, 2006; PEREIRA et al, 2007).

Não há um consenso sobre a quantidade limite de elementos-traço totais, em sedimento de

rios, para classificá-lo como poluído ou não, pois a composição do sedimento varia com as

condições naturais do local. Entretanto, a CETESB (2005) definiu valores norteadores destas

concentrações, tendo como parâmetro a proteção da vida aquática e adotando os valores

canadenses – TEL/PEL, para o Estado de São Paulo (Tabela 2).

O nível limiar de efeitos - TEL (Threshold Effect Level) - representa a concentração

abaixo da qual raramente são esperados efeitos adversos para os organismos. O nível provável

de efeitos – PEL (Probable Effect Level) representa a concentração acima da qual é

freqüentemente esperado o citado efeito adverso para os organismos. Na faixa entre TEL e

PEL situam-se os valores onde ocasionalmente espera-se tais efeitos.

23

Tabela 2: Valores norteadores de metais em sedimentos de rio, segundo parâmetros preconizados pela CETESB (2005).

Elemento TEL a (µg.g-1) PEL b (µg.g-1)

Cd 0,60 3,50

Pb 35,00 91,30

Cu 35,70 197,00

Cr 37,30 90,00

Hg 0,17 0,48

Ni 18,00 35,90

Zn 123,00 315,00 a TEL “Thereshold effect level”- nível limiar de efeitos. b PEL “Probable effect level” - nível provável de efeitos.

Durante o transporte fluvial, os elementos-traços podem interagir com outros solutos,

formando complexos e permanecendo na forma dissolvida. Podem também se unir as

partículas inorgânicas e orgânicas por meio de adsorção, ficando, nesse caso, na forma

particulada. Uma vez particulado, o elemento-traço pode precipitar-se ou sedimentar-se no

fundo do corpo d’água. Ele pode retornar à forma dissolvida por meio da mineralização da

biota, dessorção ou ressobilização (GUILHERME et al, 2005; PEREIRA et al, 2007).

Dentre as diversas reações biogeoquímicas, uma das mais importantes são as

interações que ocorrem entre Fe e Mn e os demais metais e substâncias presentes na coluna

d’água. Segundo Stumm & Morgan (1996) apud Guilherme et al (2005), próximo à interface

água-sedimento, pode ocorrer uma zona anóxica de depleção de O2, onde reações de redução

e dissolução de óxidos de Fe (III) e Mn (IV) podem liberar metais catiônicos (Cd+2, Cu+2,

Pb+2, Zn+2) ou oxiânions (AsO3-3) que se encontravam adsorvidos a estes óxidos. A dissolução

destes óxidos leva também à liberação de Fe+2 e Mn+2 que, uma vez atingindo a região óxica

próxima à superfície, na presença de O2, sofrem oxidação e re-precipitação, levando

novamente à formação de óxidos de Fe (III) e Mn (IV). Estes podem adsorver elementos-traço

dissolvidos e, eventualmente, sofrerem sedimentação no fundo do sistema aquático, ficando

sujeitos a novos ciclos de redução e dissolução.

Nesse contexto, os fatores físico-químicos como pH, salinidade e potencial oxido-

redução (redox) do meio aquático, são de grande importância, pois afetam diretamente as

reações supracitadas e também são os principais fatores que controlam a especiação de

elementos-traço em solução. O pH, por exemplo, influencia no destino dos elementos-traços

na coluna d’água, o seu decréscimo afeta diretamente a solubilidade destes elementos e a

24

capacidade de formar complexos. Como conseqüência os elementos adsorvidos nos sólidos

em suspensão ou associados aos sedimentos de fundo migram para a coluna d’água ficando

disponíveis à biota aquática. (ESTEVES, 1998; BONOTTO & SILVEIRA, 2003).

Devido a esse processo dinâmico de transporte e redistribuição dos elementos nas

diferentes fases e a sua persistência no ambiente, concentrações aparentemente baixas na

coluna d’água e nos sedimentos, podem torna-se eventualmente tóxicas.

3.3 ESTUDOS HIDROGEOQUÍMICOS EM SISTEMAS FLUVIAIS A MAZÔNICOS

Os sistemas fluviais amazônicos foram objeto de estudos hidroquímicos que

resultaram na classificação das águas amazônicas em rios de água branca, clara e preta (SIOLI

1964). Após o estabelecimento de padrões de classificação, as águas de drenagens da

Amazônia começaram a ser caracterizadas quimicamente, procurando relacionar os dados

obtidos com a pedologia e geologia local.

Junk e Furch (1980) desenvolveram um trabalho de caracterização química das águas

de rios e igarapés da Bacia Amazônica no trecho Cuiabá - Porto Velho - Manaus. Foram

coletadas 46 amostras de água e analisadas quanto ao pH, condutividade elétrica e as

concentrações de Fe, Mn, Cu, Zn, Al, Ca, Mg, Sr, BA, Na, K. A análise dos resultados, em

combinação com as informações existentes sobre a geologia da região, mostrou uma relação

intensiva entre as águas e a geologia de suas bacias.

Bonotto & Silveira (2003) avaliaram os níveis de elementos-traço na região do rio

Madeira, no sedimento de fundo e nos sólidos em suspensão (Tabela 4). Os autores utilizaram

um método de extração total dos elementos-traços presentes nas partículas, demonstrando que

na componente cristalina das partículas de sedimentos existem altas concentrações de

elementos-traço não biodisponíveis e que o Hg é preferencialmente transportado por minerais

compostos por kaolinitas, óxidos e hidróxidos de Fe, micas e feldspatos.

Diante das drásticas modificações ocorridas na Amazônia em função do processo de

ocupação, a qualidade química das águas passou também a ser utilizada como um indicador

de alterações ambientais das mais diferentes ordens.

Na região do rio Madeira, por exemplo, os estudos referentes a elementos-traço estão

focados em pesquisas sobre a contaminação ambiental decorrente da atividade garimpeira de

ouro, realizada desde a década de 70, sendo atribuída a esta as altas concentrações de

mercúrio (Hg) na região. Os sedimentos fluviais, devido à facilidade de coleta e análise, têm

sido um dos compartimentos mais estudados para avaliar a contaminação por Hg no rio

25

Madeira. As concentrações de Hg em sedimentos de fundo do rio Madeira, medidas em

diversos períodos desde o pico da atividade garimpeira até os dias atuais, são apresentadas na

tabela 3.

Tabela 3: Concentrações de Hg em sedimentos de fundo do rio Madeira.

Autor Hg (µg.Kg-1)

Pfeiffer et al (1989) 50 – 280

Pfeiffer et al (1991) 50 - 2.620

Silveira & Bonoto (2003) 37 – 136

Bastos et al (2006) 32,5 – 82

Recentemente, a identificação de ambientes com concentrações consideráveis de Hg,

sem qualquer ligação com a atividade garimpeira ou outra atividade antrópica poluente,

apontou que os solos da região Amazônica são naturalmente enriquecidos neste elemento,

sendo considerados depósitos naturais. O processo de desmatamento seguido de queimadas e

posterior estabelecimento da agropecuária na região, passou a ser apontado como um fator

que influencia a liberação de Hg contido nestes depósitos naturais. Esta ação antropogênica,

além de liberar o Hg para a atmosfera, facilita o processo de lixiviação e erosão superficial do

solo desprotegido, favorecendo a chegada do Hg ao ambiente aquático (ROULET et al, 1998;

Veiga et al, 1994 apud MASCARENHAS et al, 2004).

Herrmann (2004) avaliou teores de Hg em solos amazônicos de uma propriedade rural,

localizada no município de Candeias do Jamari, com o objetivo de verificar se ação antrópica

supracitada favorecia a liberação do Hg contido no solo da área desmatada, diferenciando-o

da área de floresta contígua. O autor, através de ferramentas geoestatísticas, verificou que

atividade antrópica não contribuiu para a diferenciação da dispersão do Hg total contido no

solo, em relação a uma área de floresta contígua, tomada como padrão da dispersão natural.

Outros estudos geoquímicos têm sido desenvolvidos na região amazônica, destacando

a contaminação dos sistemas fluviais localizados em áreas urbanas. Santana & Barroncas

(2007), desenvolveram estudos na bacia do rio Tarumã-Açú, localizada na área urbana da

cidade de Manaus, observando altos teores de elementos-traço dissolvidos na água e

adsorvidos ao sedimento de fundo, quando comparados ao estabelecido pelo CONAMA e

agências internacionais de proteção ambiental (Tabela 4).

26

Souza (2006), em seu trabalho no igarapé dos Tanques, localizado na área urbana da

cidade de Porto Velho – RO, encontrou altas concentrações de elementos-traço durante o

período de seca, adsorvidos nos sólidos em suspensão e no sedimento de fundo, quando

comparadas com locais de pouca influência antropogênica.

Considerando a importância das mudanças ambientais na Amazônia, atenção crescente

tem sido dedicada aos sistemas ecológicos e hidrológicos da região, visando um melhor

entendimento sobre os processos biogeoquímicos e como essas interações são afetadas por

atividades humanas. Dentro deste contexto, foi escolhida a sub-bacia hidrográfica do rio

Candeias, procurando fornecer maiores subsídios para a compreensão das influências naturais

e antropogênicas na geoquímica das águas de rios amazônicos.

27

Tabela 4: Concentrações de elementos-traço (µg.g-1 e mg.L-1) obtidos em trabalhos geoquímicos desenvolvidos na região Amazônica.

Nota: * concentrações em µg.g-1.

** concentrações em mg.L-1.

Elementos-traço Trabalhos na

região

Amazônica

Fe Cd Mn Zn Pb Co Cu Cr Amostras

ambientais

Área de

estudo

38.101,00 5,00 582,00 421,00 169,00 - 636,00 5,00 Sedimento* Bonotto e

Silveira

(2003) 75.776,00

- 1217,00 723,00 712,00 - 593,00 - Sólidos em Suspensão*

Rio Madeira -

RO

6,262,31 - 362,56 117,06 253,21 160,31 537,06 78,08 Sedimento* Santana &

Barroncas

(2007) 1,12 - - 0,12 - - 0,10 0,22 Água**

Rio Tarumã-

Açú - AM

486.276,37 - 36,73 158,38 16,09 0,59 26,53 43,50 Sedimento* Souza (2006)

195.627,07 - 463,90 245,33 81,84 - - 164,76 Sólidos em Supensão*

Igarapé dos

Tanques - RO

28

4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

4.1 HIDROGRAFIA

O rio candeias tem suas cabeceiras localizadas no município de Campo Novo, ao norte

da Serra do Pacaás Novos, região central do estado de Rondônia. Com uma extensão superior

a 300 Km, corre sentido norte e deságua na margem esquerda no rio Jamari. O rio Candeias

tem como principais afluentes da margem esquerda o igarapé Ambição e o Barra da Garça e

na margem direita, o rio Preto e o rio Santa Cruz. Juntamente com os seus afluentes, drena

uma bacia de aproximadamente 13.000 Km2, dividida em sub-bacia hidrográfica do baixo rio

Candeias e sub-bacia hidrográfica do alto rio Candeias (MMA/SEDAM/CREA-RO, 2000).

A sub-bacia hidrográfica do baixo rio Candeias apresenta uma área de 7.960,82 Km2 e

um perímetro de 564,72 Km, limitando-se ao norte com o rio Madeira (08°36’51”S e

63°40’13”W), ao sul com a sub-bacia do alto rio Candeias (09°50’55”S e 63°49’51”W), a

leste com sub-bacia do baixo rio Jamari (09°35’30”S e 63°08’01”W) e a oeste com a sub-

bacia do rio Jaci-Paraná (09°15’17”S e 64°08’15”W). A sub-bacia hidrográfica do baixo rio

Candeias banha parte dos municípios de Porto Velho, Candeias do Jamari, Alto Paraíso,

Ariquemes e Itapuã do Oeste (MMA/SEDAM/CREA-RO, 2000).

A sub-bacia hidrográfica do alto rio Candeias possui uma área de 5.169,95 Km2 e um

perímetro de 442,57 Km, limita-se ao norte com a sub-bacia do baixo rio Candeias

(09°33’02”S e 63°33’41”W), ao sul com a sub-bacia do rio Pacaás Novas (10°49’30”S e

63°53’39”W), a leste com sub-bacia do alto rio Jamari (10°17’52”S e 63°26’0157”W) e a

oeste com a sub-bacia do alto rio Jaci-Paraná (10°23’26”S e 63°54’44”W). A sub-bacia

hidrográfica do alto rio Candeias abrange parte dos municípios de Porto Velho, Alto Paraíso,

Ariquemes, Buritis, Monte Negro e Campo Novo (MMA/SEDAM/CREA-RO, 2002).

4.2 GEOLOGIA

As informações geológicas estão baseadas nos dados geocronológicos publicados, no

Programa Geologia do Brasil – Geologia e Recursos Minerais do Estado de Rondônia -

CPRM (2007). A área de estudo está inserida no domínio do Craton Amazônico, dentro da

Província do Tapajós, Sub-Província do Madeira. Dentro da divisão litoestratigráfica do

estado de Rondônia, a sub-bacia do rio Candeias apresenta as seguintes unidades (Figura 4):

29

Cobertura Sedimentar Indiferenciada (NQi): Da era Cenozóica, caracteriza-se por

depósitos de areia, silte, argila ou cascalho, restos de materiais lateríticos (horizontes

mosqueado e argiloso), sedimentos aluvionares, coluvionares e eluvionares indiferenciados,

recobertos por solos.

Suíte Intrusiva Rondônia (NPyro): Da era Neoproterozóico, ocorrendo sob forma de

batólitos e stocks multifásicos, de natureza epizonal. São subcirculares, com 2 km a 25 km de

diâmetro, possuem características subvulcanicas e são intrusivos nas rochas do Complexo

Jamari e da Suíte Serra da Providencia. Os tipos litológicos principais são sienogranito

equigranular, monzogranito porfirítico, ortoclásio granito, ortoclásio sienito, microssienito,

topázio-albita granito e topázio riolito.

Suíte Intrusiva Alto Candeias (MP2yac): As rochas da suíte distribuem-se

predominantemente no médio a alto curso dos rios Candeias, Jamari, Jaciparana e Capivari.

Corpos menores ocorrem próximo das cabeceiras do rio Novo, no extremo sudoeste de

Rondônia. É Composta por granitos porfiríticos com feições rapakivítica, aplitos, sienitos,

charnockitos e subordinadamente augen-gnaisse.

Suíte Intrusiva Rio Crespo (MP1rc): O termo Suíte Intrusiva Rio Crespo foi proposto

para reunir os gnaisses graníticos e granulitos charnockiticos que ocorrem a sul da cidade de

Ariquemes. Predominam gnaisses quartzofeldspáticos, gnaisses graníticos finos, anfibolito e

metamáfica. Os granulitos charnockiticos são menos freqüentes e ocorrem em lentes de

contatos transicionais com os gnaisses quartzo-feldspaticos.

Suíte Intrusiva Serra da Providência (MP1yp): As rochas da suíte têm ampla

distribuição na porção centro-norte de Rondônia, principalmente na região de Machadinho

d’Oeste e Ouro Preto d’Oeste. Predominam granito rapakivi (anfibólio, biotita-monzogranito,

biotita-sienogranito), charnockito, mangerito e rochas máficas associadas, com trama

variando de isotrópica a foliada.

Complexo Jamari (PPja): Da Era Paleoproterozóico, tem ampla distribuição na porção

centro-oriental de Rondônia, de Ariquemes a Ji-Paraná, e no extremo oeste do estado, divisa

com o Acre. As melhores exposições ocorrem ao longo do curso médio do rio Jamari e na foz

do rio Massangana. O Complexo Jamari é composto por ortognaisse tonalítico e quartzo-

diorito dominantes, com intercalações subordinadas de lentes de enderbitos e gnaisse

calcissilicático.

30

Figura 4: Mapa Geológico da sub-bacia do Rio Candeias.

31

4.3 SOLOS

A partir do mapa base da SEDAM, na sub-bacia do rio Candeias foram identificadas

13 classes de solo: Latossolos Amarelos Distróficos (LAD), Latossolos Vermelho-Amarelos

Distróficos (LLD), Latossolos Vermelho-Escuros Eutróficos (LVE), Solos Glei Distróficos

(GD), Cambissolos Distróficos (CD), Neossolos Litólicos Distróficos (ND), Argissolos

Vermelho-Amarelos Distróficos (AD), Neossolos Quartzarênicos (NQ), Cambissolos

Eutróficos (CE), Argissolos Amarelos Distróficos (AAD), Argissolos Vermelho-Amarelos

Eutróficos (AE) e Neossolos Litólicos Eutróficos (NE) (Figura 5).

Na área de estudo, os Latossolos são a classe predominante. Geralmente são solos

bastante intemperizados e constituídos por minerais derivados da argila (caolinita, gipisita,

minerais amorfos e óxidos de ferro e alumínio). Variam de fortemente a bem drenados,

embora ocorram variedades que têm cores pálidas, de drenagens moderada ou até mesmo

imperfeitamente drenados, transacionais para de maior grau de gleização (EMBRAPA, 1999).

Os Latossolos são normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum

raramente inferior a um metro. Têm seqüência de horizontes A, B, C, com pouca

diferenciação de horizontes e transição usualmente difusa ou gradual. São típicos das regiões

equatoriais e tropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão,

pedimentos ou terraços fluviais antigos, normalmente em relevo plano e suave ondulado

(EMBRAPA, 1999).

Os Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos são os mais freqüentes, sendo

geralmente pobres, ácidos, álicos e distróficos. Em seguida vêm os Latossolos Amarelos

Distróficos que se caracterizam por altos conteúdos de caolinita e hidróxidos de alumínio. Do

ponto de vista da fertilidade são pobres, bastante ácidos e geralmente distróficos e álicos

(EMBRAPA, 1999).

32

Figura 5: Mapa de Pedologia da sub-bacia do rio Candeias.

NE

AAD

AD

AD

AE

NQ

33

4.4 VEGETAÇÃO

A vegetação do estado de Rondônia é reconhecida pela grande biodiversidade. Este

fato ocorre por ser uma área de transição entre o domínio geomorfológico do Brasil Central e

o domínio geoformológico Amazônico, sendo, portanto considerado uma área que congrega

dois importantes biomas: Floresta Amazônica e Cerrado (SEDAM, 2002). Na sub-bacia do rio

Candeias ocorrem três tipologias principais: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila

Aberta (predominantes) e Savana ou Cerrado (Figura 6).

A Floresta Ombrófila Densa, ocupa cerca de 4% do total da vegetação do estado, com

maior extensão na região central de Rondônia. É caracterizada, por fanerófitos, cujas alturas

médias variam de 20 a 30m, em função das características locais, além de lianas lenhosas e

epífitos em abundância. Sua característica ecológica principal reside nos ambientes

ombrófilos, que marcam a região. Neste tipo de Floresta, pode-se chegar a mais de 500

indivíduos por hectare, abrangendo cerca de 200 espécies.

A Floresta Ombrófila Aberta, é a vegetação predominante na sub-bacia e abrange

cerca de 55 % da área total de vegetação do Estado. São caracterizadas por apresentarem

plantas sarmentosas que envolvem os poucos indivíduos de grande porte da comunidade,

transformando-os no que a literatura considera por Torres de Cipó. Outro aspecto da

comunidade aberta é o amaranhado de lianas em todos os estratos da floresta, o que dificultam

a interferência humana. A Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas (Ab) compreende

altitudes que variam de 5 até 100 m, apresenta predominância da faciação com palmeiras. A

Floresta Ombrófila Aberta Submontana (As) pode ser observada distribuída por toda

Amazônia e mesmo fora dela, principalmente com a faciação floresta com palmeiras, situadas

acima dos 100 m de altitude e não raras vezes chegando a cerca de 600 m.

34

Figura 6: Mapa de Vegetação da Sub-bacia do Rio Candeias.

35

4.5 CLIMA

A área de estudo apresenta um clima tropical quente e úmido, com altas temperaturas

durante todo o ano, com uma média anual de 26°C. As temperaturas máximas oscilam entre

28º e 33º C e as mínimas podem vaiar de 22º a 18ºC. A precipitação anual varia de 2.100 a

2.400 mm, mantendo uma umidade atmosférica média de 80% ao ano (SEDAM, 2002).

O período sazonal é marcado por duas estações distintas, uma chuvosa com duração

de 8 a 9 meses de precipitação (outubro a abril), exibindo nos meses de dezembro a março

índices pluviométricos acima de 300 mm e os meses de maio e setembro apresentam

características intermediárias quanto à temperatura do ar, umidade relativa, nebulosidade e

precipitação. A outra estação é caracterizada por um período de estiagem com duração de 3 a

4 meses (junho a agosto), com o menor índice pluviométrico e a maior amplitude térmica

(SEDAM, 2002).

36

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 DELINEAMENTO AMOSTRAL

Para a elaboração do delineamento amostral, foi utilizado o mapa hidrográfico e

rodoviário da área de estudo, elaborado através da base cartográfica da Secretaria de estado do

Desenvolvimento Ambiental de Rondônia – SEDAM. A confecção do mapa rodoviário foi

realizada a fim de viabilizar o processo de amostragem uma vez que a maior parte da coleta

foi realizada via terrestre.

Os pontos foram distribuídos ao longo da sub-bacia, abrangendo o rio Candeias e seus

principais afluentes (rio Preto, Santa Cruz, Ambição e Barra da Garça) e ainda pequenos

tributários, a fim de obter uma amostragem representativa da região. Em campo, foi possível

coletar amostras em 34 pontos (Figura 7), sendo inviável o acesso a alguns locais previamente

selecionados para a amostragem o acesso foi inviável. As coordenadas geográficas dos pontos

amostrados foram adquiridas com utilização de receptor de GPS (Garmin’s, mod. gps 12 xl

personal navigatiortm ).

37

Figura 7: Mapa da área de estudo evidenciando os pontos de coleta.

Sub-bacia do Baixo Rio Candeias

Sub-bacia do Alto Rio Candeias

38

5.2 COLETA E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS

A coleta das amostras foi realizada de 20 a 25 de agosto de 2007, correspondente ao

período de seca. Os 34 pontos de coletas abrangeram locais de vegetação marginal preservada

e áreas que sofrem influência de pecuária, curtumes e garimpo de cassiterita (Figuras 8 a 12).

A localização e as coordenadas dos pontos de coleta encontram-se expostas na tabela 5.

Figura 8: Área utilizada para pecuária.

Figura 9: Descarga de efluente de curtume no rio Candeias.

39

Figura 10: Garimpo de Cassiterita localizado no distrito de Bom Futuro, município de Ariquemes.

Figura 11: Área desmatada para o posterior estabelecimento da pecuária.

Figura 12: Presença de queimadas, processo tradicional de “limpeza” das áreas para

formação de pastagens.

40

Tabela 5: Localização e coordenadas geográficas dos pontos amostrados na sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

Pontos Latitude Longitude Localidade Uso e ocupação do solo

CD 01 -08°55'30,04'' -63°43'43,84'' Rio Candeias Área urbana

CD 02 -08°54'07,98'' -63°44'06,96'' Rio Candeias Área urbana

CD 03 -08°53'18,03'' -63°43'33,60'' Rio Candeias Área urbana

CD 04 -08°52'30,04'' -63°44'38,92'' Rio Candeias Área urbana

CD 05 -08°51'00,94'' -63°44'47,05'' Rio Candeias Área urbana

CD 06 -08°50'25,45'' -63°44'16,77'' Rio Candeias Área urbana

CD 07 -08°49'20,70'' -63°44'27,21'' Rio Candeias Área urbana e industrial

CD 08 -08°49'21,81'' -63°42'44,52'' Rio Candeias Área urbana e industrial

CD 09 -09°42'54,35'' -63°39'13,23'' Rio Candeias Pecuária

CD 10 -10°16'54,32'' -63°43'51,19'' Rio Candeias Pecuária

CD 11 -10°07'10,84'' -63°43'57,81'' Rio Candeias Vegetação preservada

CD 12 -09°37'09,18'' -63°36'39,12'' Rio Candeias Pecuária

ACD 01 -09°42'55,54'' -63°43'04,40'' Afluente do rio Candeias Pecuária

ACD 02 -10°08'53,78'' -63°46'54,08'' Afluente do rio Candeias Pecuária

ACD 03 -1005'11,61'' -63°48'14,52'' Afluente do rio Candeias Pecuária

ACD 04 -09°59'49,65'' -63°48'40,92'' Afluente do rio Candeias Pecuária

ACD 05 -10°04'05,32'' -63°41'44,73'' Afluente do rio Candeias Vegetação preservada

GA 01 -08°49'49,97'' -63°44'42,56'' Barra da Garça (ACD) Vegetação preservada

AMB 01 -09°43'50,73'' -63°47'44,26'' Rio Ambição (ACD) Pecuária

PR 01 -08°52'54,49'' -63°37'52,66'' Rio Preto (ACD) Influência urbana

PR02 -08°48'51,52'' -63°41'36,77'' Rio Preto (ACD) Vegetação preservada

PR 03 -09°37'09,69'' -63°17'41,64'' Rio Preto (ACD) Pecuária

PR 04 -09°31'51,99'' -63°19'06,92'' Rio Preto (ACD) Pecuária

PR05 -09°08'43,12'' -63°28'09,30'' Rio Preto (ACD) Pecuária

APR 02 -09°16'46,43'' -63°21'18,77'' Afluente do rio Preto Pecuária

APR 03 -09°20'30,00'' -63°25'45,04'' Afluente do rio Preto Pecuária

APR 04 -09°16'45,91'' -63°28'48,84'' Afluente do rio Preto Influência urbana

APR 01 -09°42'52,52'' -63°19'38,02'' Afluente do rio Preto Influência urbana

SC 01 -09°42'53,96'' -63°34'23,18'' Rio Santa Cruz (ACD) Influência de mineração

SC 02 -10°02'36,00'' -63°35'11,29'' Rio Santa Cruz (ACD) Área de pecuária

SC 03 -09°37'05,50'' -63°33'47,68'' Rio Santa Cruz (ACD) Influência de mineração

ASC 01 -09°42'47,32'' -63°24'03,36'' Afluente do Santa Cruz Pecuária

ASC 02 -09°42'51,62'' -63°27'29,83'' Afluente do Santa Cruz Pecuária ASC 03 -09°42'53,54'' -63°32'17,65'' Afluente do Santa Cruz Influência de mineração Legenda: ACD – Afluente do rio Candeias; APR - Afluente do rio Preto; ASC - afluente do

rio Santa Cruz.

41

Em todos os pontos selecionados para coleta de água e sedimento, foram medidos os

parâmetros pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido e temperatura. Estes dados foram

obtidos através do pHmetro (Schott - meter-handylab1), condutivímetro (Schott – hand-held

conductivity meter-handylablf1) e oxímetro (schott – dissolved oxygen meter-handylab ox1)

(Figura 13).

Figura 13: Medição dos parâmetros físico-químicos, utilizando os aparelhos oxímetro, condutivímetro e pHmetro.

As amostras de água foram coletadas em galões de polietileno, por possuir menor

adsorção de íons metálicos (CETESB, 1987) (Figura 14). Os galões foram previamente

descontaminados durante 24hs em solução de ácido nítrico (HNO3) a 5% e enxaguados com

água ultrapura (MILLI-Q). Em cada ponto de amostragem foram coletados 5L de água para

determinação dos elementos-traços nos sólidos em suspensão.

Figura 14: Coleta de água utilizando galões de polietileno.

42

As coletas de amostras de sedimento de fundo foram realizadas com draga de Eckman

(CETESB, 1987), sendo armazenadas em sacos plásticos e resfriadas para serem transportadas

até o laboratório, onde foram mantidas sob refrigeração (<5°C) até etapa seguinte.

5.3 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS

A preparação das amostras de água com a finalidade de obter o total dos sólidos em

suspensão, para a determinação dos elementos-traço, foi realizada através de um sistema de

filtragem à vácuo utilizando filtro de celulose de 0,45 µm e 47 mm de diâmetro, previamente

seco (60 ºC) e pré-pesado (PI) (Figura 15). Filtrou-se 1,5 L da amostra e os filtros foram

colocados em estufa a 60 ºC por 24 horas. Em seguida, foram pesados novamente (PF),

obtendo-se a quantidade de sólidos em suspensão em mg.L-1 través da diferença de PI e PF e o

volume filtrado. Os filtros foram colocados em becker de 40 mL para posterior extração

química.

Figura 15: Sistema de filtragem à vácuo.

Para a determinação dos elementos-traço, as amostras de sedimentos de fundo, foram

submetidas à peneira de 200 mesh (fração <0,074mm) para padronizar o tamanho e adquirir

grânulos mais finos. Os grânulos finos tendem adsorver quantidades maiores de elementos-

traço, devido à sua maior superfície específica (RUBIO et al, 2000). Em seguida, as amostras

foram colocadas em gral de porcelana e levadas a estufas a 60ºC. Depois de retirada toda a

umidade, as amostras foram maceradas com pistilos de porcelana e pesadas (1,0 g) em becker

de 80mL para posterior extração química.

43

5.4 EXTRAÇÃO QUÍMICA

A extração química das amostras para a determinação dos elementos-traço (com

exceção do Hg) foi realizada segundo o método 610 da Agência de Proteção Ambiental dos

EUA - USEPA (1986). O método 610 utiliza mineralização ácida sem a presença de HF

(ácido fluorídrico), ou seja, é realizada uma extração química parcial e não uma extração total.

Na extração parcial a dissolução das amostras é efetuada com um mínimo de ataque à

estrutura dos aluminosilicatos, liberando os elementos-traço associados a carbonatos, óxidos

de Fe e Mn, matéria orgânica e sulfetos (SASTRE, 2002; TEÓDULO, et al, 2003; JESUS et

al, 2004).

A solubilização química das amostras de sedimento e dos sólidos em suspensão foi

realizada adicionando-se 10 mL de ácido nítrico (HNO3 65%), levando-se à chapa quente para

acelerar o processo de solubilização junto com peróxido 3 mL (H2O2 30%) ressuspendendo-se

em seguida com 6 mL de ácido clorídrico (HCl 37%) e mais 10mL de HCl 0,1N. A solução

foi filtrada em papel quantitativo (Whatmam 44) e acondicionada em tubos de teflon, aferindo

um volume final de 12 mL com HCl 0,1N (Figura 16).

Figura 16: Extração química das amostras de sedimento e particulado em suspensão.

Para extração química e análise de mercúrio nas amostras de sedimentos, utilizou-se

o método proposto por Bastos et al (1998), que consiste na digestão das amostras com 5 mL

de água-régia (HCl:HNO3 3:1) em bloco digestor a 65°C e mais 6 mL de KMnO4 a 5%.

Posteriormente deixou-se em repouso overnight e em seguida foi adicionado o cloridrato de

hidroxilamina (HONH3Cl+NaCl) a 12% para eliminar o excesso do agente oxidante. A

solução foi filtrada em papel quantitativo (Whatmam 44) e acondicionada em tubos de teflon,

aferindo um volume final de 12 mL.

44

5.5 ABSORÇÃO ATÔMICA

Após a realização da extração química das amostras, estas foram destinadas ao

espectrofotômetro de absorção atômica (EAA), e este realizou as análises quantitativas dos

elementos-traço. A determinação de Hg foi realizada por EAA com sistema de injeção em

fluxo (Flow Injection Mercury system, FIMS 400 - Perkin Elmer) (Figura 17). Para os demais

elementos-traço utilizou-se EAA por chama (GBC-AVANTA, Modelo-3000) (Figura 18). A

calibração do aparelho foi realizada com soluções padrões de Hg, Cd, Cu, Pb, Fe, Mn. Zn, Co

e Cr.

Figura 17: Análise das amostras no Espectrofotômetro de Absorção Atômica geração de vapor a frio.

Figura 18: Análise das amostras no Espectrofotômetro de Absorção Atômica por chama.

45

5.6 CONTROLE DE QUALIDADE

A contaminação de vidraria, frascos e reagentes é o principal problema de um

laboratório (BASTOS et al, 1998). Por isso, para o controle de qualidade do processo

analítico, as amostras foram analisadas em duplicatas e acompanhadas de um branco controle,

com o qual pode-se subtrair as contaminações do ambiente de trabalho e dos reagentes

utilizados nas extrações químicas. Também foram utilizadas amostras certificadas da IAEA

(International Atomic Energy Agency) em cada bateria analítica, para verificar-se o erro

relativo da análise.

Para se avaliar o limite de detecção do método de análise utilizado (Tabelas 6 e 7)

foram tomados os valores médios dos brancos de controle (frascos com os reagentes químicos

utilizados, porém sem as amostras), multiplicando-se pelo volume final e dividindo-se pela

média das massas de toda a bateria de amostras realizadas, segundo a seguinte fórmula:

LDT = Média dos brancos X volume final

Média das massas

Tabela 6: Limites de Detecção da Técnica (LDT) para cada elemento-traço analisado no sedimento de fundo.

Cd (ppm) µg.g-1

Co (ppm) µg.g-1

Cr (ppm) µg.g-1

Cu (ppm) µg.g-1

Pb (ppm) µg.g-1

Zn (ppm) µg.g-1

Hg (ppm) µg.g-1

Mn (ppm) µg.g-1

Fe (ppm) µg.g-1

LDT 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 1,625 0,0007 0,012 1,121

Tabela 7: Limites de Detecção da Técnica (LDT) para cada elemento-traço analisado no particulado em suspensão.

Cd (ppm) µg.g-1

Co (ppm) µg.g-1

Cr (ppm) µg.g-1

Cu (ppm) µg.g-1

Pb (ppm) µg.g-1

Zn (ppm) µg.g-1

Mn (ppm) µg.g-1

Fe (ppm) µg.g-1

LDT 0,078 1,629 0,078 0,0240 2,253 1,17 0,078 0,078

46

5.7 DETERMINAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA

As análises do teor de matéria orgânica foram realizadas segundo o método de perda

de peso por ignição (SCHULTE et al, 1987). Neste processo, as amostras de sedimento foram

pesadas (1g) (Figura 19) e submetidas à calcinação por 24 horas a 450 °C em forno mufla

(Figura 20). O material foi pesado antes e depois do processo de calcinação para obter o

cálculo do percentual de matéria orgânica, realizado através da fórmula:

MO = (PA – PC)

PA *100

onde :

MO: Percentual de matéria orgânica;

PA: Peso da amostra;

PC: Peso da amostra calcinada;

Figura 19: Amostras de sedimento.

5.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Para realização da análise estatística descritiva das variáveis físico-químicas e

geoquímicas e para confecção dos gráficos “boxplots”, foram utilizados os “Softwares

Statistic” (versão 7) e “Microsoft Excel”.

47

Para o cálculo de normalidade dos elementos-traço adsorvidos aos sedimentos de

fundo e aos sólidos em suspensão, foi utilizado o teste Shapiro-Wilk. A utilização deste teste

é recomendável quando o n amostral é inferior a 50, sendo calculado através do “Software

Statistic”, versão 7.

A fim de verificar as relações entre os elementos-traço adsorvidos ao sedimento de

fundo e aos sólidos em suspensão, foi realizada uma análise de Correlação de Spearman.

O coeficiente de correlação de Spearman é a mais antiga estatística baseada em postos.

Foi desenvolvida em 1904 e exige que as variáveis tenham sido medidas pelo menos em

escala ordinal, para que os valores possam ser ordenados. Este coeficiente, indicado por rs

pode também ser empregado quando variáveis quantitativas não satisfazem as exigências para

o teste de correlação de Person (r), como distribuição normal e homocedasticidade (Callegari-

Jacques, 2004).

O coeficiente de Spearman varia entre -1 (correlação perfeita negativa) e +1

(correlação perfeita positiva) passando pelo valor 0 (ausência de correlação). O rs indica

correlação entre postos e não entre valores efetivamente medidos, como no caso da correlação

de Person. Por isso, o coeficiente de Spearman é utilizado quando há valores abaixo do limite

de detecção da técnica, não sendo necessário descartar os dados com problema na mensuração

(Callegari-Jacques, 2004).

48

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

Os resultados obtidos referentes à temperatura da água na sub-bacia do rio candeias

encontram-se expostos na figura 21. Observa-se que a temperatura da água apresentou uma

pequena variação, com amplitude entre 22,30 – 29,10 ºC, caracterizando uma temperatura

típica de rios da região Amazônica (SIOLI, 1964; JUNK & FURCH, 1980). Os resultados

obtidos no rio Candeias (24,90 - 29,10ºC) são semelhantes aos de Almeida Sobrinho (2006),

que obteve uma variação entre 23 - 30 ºC, em seu trabalho realizado na sub-bacia hidrográfica

do baixo rio Candeias.

Temperatura da água

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

Pontos de coleta

°C

Figura 21: Variação da temperatura da água nos pontos amostrados da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

Os resultados de oxigênio dissolvido na sub-bacia do rio Candeias variaram

consideravelmente entre 0,8 mg.L-1 e 10,80 mg.L-1 (Figura 22). Os menores valores de

oxigênio dissolvido foram encontrados nos pontos ACD 01 (0,80 mg.L-1), ASC 01 (1,60

mg.L-1), APR 02 (4,20 mg.L-1), ASC 02 (4,40 mg.L-1), PR 03 (4,47 mg.L-1) e PR 04 (4,50

mg.L-1) onde, predominantemente, são desenvolvidas atividades de pecuária e no ponto APR

04 (4,90 mg.L-1) localizado em área urbana. Estes índices de oxigênio dissolvido,

49

provavelmente, estão relacionados com a maior contribuição de matéria orgânica nestes locais

de coleta (Figura 26). Esta relação ocorre porque a adição de matéria orgânica nos cursos

d’água consome oxigênio, através da oxidação química e, principalmente, da bioquímica,

depurando assim a matéria orgânica (VALENTE et al, 1997; FIORUCCI & BENEDETTI

FILHO, 2005). Outro fator que contribui para manter os baixos índices de oxigênio dissolvido

é a característica lêntica destes sistemas fluviais, principalmente nos locais ACD 01, ASC 01,

APR 02, ASC 02 e APR 04, equivalentes a pequenos igarapés.

Oxigênio dissolvido

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

10,00

11,00

Pontos de coleta

mg/

L

Figura 22: Variação do oxigênio dissolvido nos pontos amostrados da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

O rio Candeias apresentou os maiores índices de oxigênio dissolvido, com um valor

médio de 8,48 mg.L-1 (mínimo de 6,10 mg.L-1 e máximo de 10,80 mg.L-1) (Tabela 8), o que

pode ser associado à característica lótica deste sistema, já que apresenta trechos

encachoeirados, de modo que a movimentação da massa d’água aumenta a concentração de

oxigênio dissolvido. Outro aspecto importante é a contribuição de oxigênio dissolvido oriunda

de seus tributários. Com base nos dados de oxigênio dissolvido é possível observar a

capacidade de autodepuração do rio Candeias, uma vez que, a matéria orgânica lançada neste

sistema, oriunda dos esgotos domésticos e da indústria de curtimento de couro (curtume), não

alterou as concentrações de oxigênio dissolvido.

50

Tabela 8: Análise descritiva da variável oxigênio dissolvido no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Rio Candeias 12 6,10 10,80 8,48 1,70 Rio Santa Cruz 03 5,80 7,00 6,40 0,49

Rio Preto 05 4,47 5,70 5,13 0,55

O rio Preto apresentou baixos valores de oxigênio dissolvido (5,13 ± 0,55 mg.L-1),

quando comparado ao rio Candeias e ao rio Santa Cruz, isso pode ser explicado pelo fato

deste ser um rio de águas pretas e possuir maiores teores de matéria orgânica.

Em termos de média, os resultados de oxigênio dissolvido encontrados no rio

Candeias (8,48 ± 1,70 mg.L-1), rio Santa Cruz (6,40 ± 0,49 mg.L-1) e rio Preto (5,13 ± 0,55

mg.L-1) estão acima de 5 mg.L-1, valor indicado pela resolução CONAMA 357/2005 para as

águas de classe 2. Entretanto, os pontos ACD 01, ASC 01, APR 02, ASC 02, PR 03, PR 04 e

APR 04 localizados em área de pecuária e urbana, apresentaram valores inferiores ao indicado

pela resolução. As águas de classe 2 são destinadas ao abastecimento para consumo humano,

à proteção das comunidades aquáticas, recreação de contato primário, irrigação de hortaliças e

plantas frutíferas, atividade de pesca e aqüicultura.

Em relação ao pH, observa-se que o rio Preto apresentou as águas mais ácidas da sub-

bacia, com valores variando entre 4,98 e 5,49 (5,30 ± 0,22) (Figura 23 e Tabela 9)

considerados típicos de rios de água preta. Esta acidez pode está relacionada à presença de

substâncias húmicas (ácidos húmicos e fúlvicos) de origem alóctone ou autóctone que

conferem à água e ao sedimento a cor escura, freqüentemente, observadas em rios de água

preta (SIOLI 1964; SANTOS et al, 1985; SANTOS & RIBEIRO 1988; ESTEVES 1998).

Nos rios Candeias, Santa Cruz e demais afluentes observa-se um aumento do pH, com

valores entre 5,13 a 6,72. Estes rios apresentam características de rios de água clara, com pH

ácido, formados na Bacia Amazônica e possuem os latossolos como solos predominantes

(SIOLI, 1964). Os valores médios de pH no rio Candeias (6,13 ± 0,19) e Santa Cruz (6,10 ±

0,27) estão de acordo com a classe 2 da resolução CONAMA 357/2005, que indica valores de

6 a 9. Os valores de pH encontrados no rio Candeias (5,92 a 6,60) foram diferentes dos

valores obtidos por Almeida Sobrinho (2006) que apresentou valores de pH mais ácidos (5,6 a

5,7).

51

pH

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

Pontos de coleta

Figura 23: Variação do pH nos pontos amostrados da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

Tabela 9: Análise descritiva da variável pH no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa

Cruz.

pH N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Rio Candeias 12 5,92 6,60 6,13 0,19 Rio Santa Cruz 03 5,86 6,48 6,10 0,27

Rio Preto 05 4,98 5,49 5,30 0,22

A condutividade elétrica na sub-bacia do rio Candeias variou de maneira considerável

entre 3 e 74 µS.cm-1, associada às características hidrogeoquímicas dos diferentes sistemas

hídricos e ao uso e ocupação do solo (Figura 24).

A maior condutividade elétrica da sub-bacia foi registrada no ponto AMB 01 (74

µS.cm-1) sob influência de pecuária. Na área foi possível observar bancos erodidos e

vegetação sobre o leito, o que provavelmente justifica os teores consideráveis de matéria

orgânica e elementos-traço adsorvidos ao sedimento e aos sólidos em suspensão, fatores esses

que associados contribuem para elevar a condutividade elétrica.

Os valores de condutividade elétrica encontrados nos pontos CD 10 (37 µS.cm-1), CD

09 (28,90 µS.cm-1), ACD 01 (25,30 µS.cm-1), ACD 03 (32 µS.cm-1), SC 01 (19,70 µS.cm-1)

e SC 03 (19,00 µS.cm-1) também se destacaram na sub-bacia, provavelmente relacionados

com os teores de matéria orgânica e a maior concentração de espécies inorgânicas adsorvidas

ao sedimento de fundo. Segundo Esteves (1998), a capacidade de uma solução em conduzir a

52

corrente elétrica é em função da concentração dos íons nela presentes, por conseqüência

soluções de maior concentração iônica, apresentam maior condutividade elétrica, além disso,

várias substâncias orgânicas como os ácidos húmicos e fúlvicos, podem contribuir para elevar

da condutividade elétrica.

Condutividade elétrica

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

Pontos de coleta

µS.c

m-1

Figura 24: Variação da condutividade elétrica nos pontos amostrados da sub-bacia

hidrográfica do rio Candeias.

No rio Candeias foram encontradas as maiores condutividades elétricas, variando entre

14 e 37 µS.cm-1 (19,14 ± 6,51 µS.cm-1) e as menores foram encontradas na microbacia do rio

Preto, variando entre 3 e 8,10 µS.cm-1 (média do rio Preto 5,14 ± 1,07 µS.cm-1). Na

microbacia do rio Santa Cruz foram encontrados valores intermediários variando de 7 a 19,70

µS.cm-1 (média do rio Santa Cruz 15,23 ± 5,83 µS.cm-1) (Tabela 10). A diferença nos valores

de condutividade elétrica pode ser atribuída às características hidrogeoquímicas dessas bacias,

pois, os rios Candeias e Santa Cruz (águas claras) são ricos em espécies iônicas e sólidos em

suspensão, enquanto o rio Preto (águas pretas) é mais pobre em íons e possuem menor

quantidade de sólidos em suspensão. Os valores de Condutividade no rio Candeias (14 e 37

µS.cm-1) foram diferentes dos valores (4,6 a 19,9 µS.cm-1) obtidos por Almeida Sobrinho

(2006).

53

Tabela 10: Análise descritiva da variável Condutividade elétrica no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

Condutividade Elétrica (µS.cm-1) N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Rio Candeias 12 14,00 37,00 19,14 6,51 Rio Santa Cruz 03 7,00 19,70 15,23 5,83

Rio Preto 05 3,30 6,40 5,14 1,07

Quanto ao total de sólidos em suspensão, os maiores valores foram encontrados na

microbacia do rio Santa Cruz, nos pontos ASC 03 (32,88 mg.L-1) e SC 01 (31,27 mg.L-1),

localizados à jusante do garimpo de cassiterita, situado no distrito de Bom Futuro (Figura 25).

A maior contribuição de sólidos em suspensão nestes locais reflete a influência da atividade

de mineração sobre o sistema aquático, uma vez que os cursos d’água acabam servindo como

locais de destinação dos rejeitos produzidos, conhecidos regionalmente como melechetes.

Total de Sólidos em Supensão

0,00

3,00

6,00

9,00

12,00

15,00

18,00

21,00

24,00

27,00

30,00

33,00

CD

01

CD

02

CD

03

CD

04

CD

05

CD

06

CD

07

CD

08

CD

09

CD

10

CD

11

CD

12

AC

D 0

1

AC

D 0

2

AC

D 0

3

AC

D 0

4

AC

D 0

5

GA

01

AM

B 0

1

SC

01

SC

02

SC

03

AS

C 0

1

AS

C 0

2

AS

C 0

3

Pr 0

1

PR

02

PR

03

PR

04

PR

05

AP

R 0

1

AP

R 0

2

AP

R 0

3

AP

R 0

4

pontos

mg

/L

Figura 25: Variação dos sólidos em suspensão nos pontos amostrados da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

As menores concentrações de sólidos em suspensão foram encontradas no rio Preto

variando de 3,97 a 5,83 mg.L-1 (4,97 ± 0,75 mg.L-1) e as maiores foram encontradas no rio

Candeias com valores de 3,32 a 14,77 mg.L-1 (8,37 ± 3,30 mg.L-1), com exceção dos pontos

ASC 03 e SC 01 que sofrem influência do garimpo de Bom Futuro (Tabela 11). A baixa carga

sedimentar observada nos sistemas aquáticos da sub-bacia do rio Candeias, principalmente no

rio Preto, ressalta mais um caráter distintivo dos rios de água preta e clara (SIOLI, 1964). Esta

54

constatação é melhor observada quando comparados com os rios de água branca ricos em

sólidos em suspensão, a exemplo o rio Madeira que apresenta uma carga sedimentar de

237,63 a 516,48 mg.L-1 (GOMES, 2005).

Tabela 11: Análise descritiva do total de sólidos em suspensão no rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

Total de Sólidos em Suspensão (mg.L-1) N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Rio Candeias 12 3,32 14,77 8,37 3,30 Rio Santa Cruz 03 9,00 31,27 17,23 9,27

Rio Preto 05 3,97 5,83 4,97 0,75

6.2 TEORES DE MATÉRIA ORGÂNICA NO SEDIMENTO DE FUND O

De modo geral, os teores de matéria orgânica no sedimento de fundo variaram

consideravelmente de 7,72 a 43,74 % (Figura 26). Quando os sedimentos apresentam teores

de matéria orgânica acima de 10% são considerados orgânicos, e abaixo 10% são

considerados inorgânicos ou minerais (ESTEVES, 1998). Assim, os sedimentos amostrados

na sub-bacia do rio Candeias são orgânicos, com exceção das amostras coletadas nos pontos

ACD 02 (9,82 %), CD 10 (9,29 %), CD 11 (7,72%), CD 12 (8,11 %) e GA 01 (9,23 %) que

obtiveram porcentagem de matéria orgânica abaixo de 10%.

Os maiores teores de matéria orgânica sedimentar foram encontrados nos pontos ACD

01, ACD 02, ACD 04, AMB 01, ASC 01, ASC 02, PR 03 e PR 04, localizados em áreas onde

a atividade de pecuária é predominante e nos pontos PR 01 e APR 04 situados em áreas sob

influência urbana. Estes resultados podem ser um reflexo do uso e ocupação dos solos da sub-

bacia, uma vez que as atividades de pecuária e urbana disponibilizam matéria orgânica para os

sistemas aquáticos. Além disso, estes pontos (com exceção dos pontos PR 01, PR 04 e PR 03)

referem-se a pequenos igarapés com características lênticas, assoreados e descaracterizados

pelas atividades de pecuária e urbana, o que contribui para manter os altos teores de matéria

orgânica.

55

Matéria Orgânica

0,00

3,00

6,00

9,00

12,00

15,00

18,00

21,00

24,00

27,00

30,00

33,00

36,00

39,00

42,00

45,00

CD

01

CD

02

CD

03

CD

04

CD

05

CD

06

CD

07

CD

08

CD

09

CD

10

CD

11

CD

12

AC

D 0

1

AC

D 0

2

AC

D 0

3

AC

D 0

4

AC

D 0

5

GA

01

AM

B 0

1

SC

01

SC

02

SC

03

AS

C 0

1

AS

C 0

2

AS

C 0

3

Pr 0

1

PR

02

PR

03

PR

04

PR

05

AP

R 0

1

AP

R 0

2

AP

R 0

3

AP

R 0

4

pontos

%

Figura 26: Variação da matéria orgânica no sedimento de fundo dos pontos amostrados da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

Em termos de média, o rio Preto apresentou os maiores teores de matéria orgânica

quando comparado com rio Candeias e o rio Santa Cruz (Tabela 12), evidenciando mais uma

característica típica de rios de água preta. O alto teor de matéria orgânica é o que confere ao

sedimento a cor escura típica destes rios.

Tabela 12: Análise descritiva da matéria orgânica no sedimento de fundo do rio Candeias e nos afluentes rio Preto e Santa Cruz.

Matéria Orgânica Sedimentar (mg.L-1) N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Rio Candeias 12 7,72 14,52 11,10 2,60 Rio Santa Cruz 03 13,48 14,60 13,86 0,52

Rio Preto 05 13,36 19,35 16,19 2,14

56

6.3 ELEMENTOS-TRAÇO

6.3.1 Controle de qualidade das análises químicas

Para controle de qualidade do processo de análise, foram utilizadas amostras

certificadas IAEA (International Atomic Energy Agency), em cada bateria analítica. Estas

amostras com conteúdo de elementos-traço conhecidos, foram analisadas em conjunto com as

amostras que se pretendia saber os teores dos elementos-traço, servindo de referência para

aferição da qualidade do processo de análise que fora realizado. Na tabela 13, são

apresentadas as concentrações dos elementos-traço obtidos nas amostras certificadas e o

respectivo erro relativo. Os resultados obtidos validam a acurácia do método, com um erro

relativo variando de 4,24 a 14,32 %.

Tabela 13: Controle de qualidade analítica utilizando amostra de referência IAEA-356 e IAEA-405.

AMOSTRA REFERÊNCIA VALOR DE REFERÊNCIA

VALOR DO LAB. DE BIOGEOQUÍMICA (UNIR)

Média (µg.g-1)

Intervalo de confiança (µg.g-1)

Média (µg.g-1)

Erro relativo (%)

IAEA 405 - Fe 37.400 36.700 - 38.100 32.043,13 14,32 IAEA 356 – Pb 347 301-365 343,48 1,01 IAEA 356 – Cu 365 351 - 375 318,45 12,75

IAEA 405 – Mn 495 484-506 516 4,24

IAEA 405 – Zn 279 272-286 310,79 11,39

IAEA 356 – Co 15 14,1-16,4 15,84 5,60

IAEA 405 – Hg 0,81 0,77-0,85 0,86 6,17

6.3.2 Análise descritiva dos elementos-traço adsorvidos ao sedimento de fundo

Em um primeiro momento, foi realizado o teste de normalidade de “Shapiro-Wilk”,

onde foi possível constatar que os dados geoquímicos (Fe, Co, Mn, Fe, Pb, Zn, Cr e Cu)

adsorvidos à matriz sedimentar de fundo não possuem distribuição normal (p<0,05) sendo,

portanto, adotado os valores de mediana, mínimo e máximo para a descrição dos mesmos. A

figura 27 expõe as concentrações medianas dos elementos-traço encontradas no sedimento de

fundo dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

57

Mediana Min-Max 25-75%

Candeias Preto Santa Cruz

0,5

5,0

50,0

500,0

5000,0

50000,0

Con

cent

raçã

o (µ

g.g

-1 )

Fe Mn Extremes Co Pb Extremes Zn Cr Outliers Cu

Figura 27: Concentrações de elementos-traço adsorvidas ao sedimento de fundo dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

A tabela 14 demonstra as concentrações de Hg adsorvidas ao sedimento dos rios

Candeias e seus principais afluentes, comparando com os outros estudos realizados na região

Amazônica.

Tabela 14: Concentrações de Hg nos sedimentos dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto e em outros estudos desenvolvidos na região Amazônica.

Este estudo (µg.g-1) Mínimo Máximo Média Mediana

Rio Candeias 0,07 0,18 0,10 0,10 Rio Preto 0,09 0,16 0,13 0,13

Rio Santa Cruz 0,07 0,09 0,08 0,07 Estudos na região Amazônica (µg.g-1)

Rio Acre (Mascarenhas et

al, 2004) 0,01 0,18 0,05 -

Rio Corumbiara (Corte, 2006)

0,02 0,12 0,04 -

58

Na tabela 15 são apresentadas as concentrações dos elementos-traço adsorvidas ao

sedimento de pequenos tributários, denominados regionalmente de igarapés, dos rios

Candeias, Santa Cruz e Preto.

Tabela 15: Concentrações de elementos-traço (µg.g-1) adsorvidos aos sedimentos dos afluentes dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

Afluentes [Co] [Mn] [Fe] [Pb] [Zn] [Cr] [Cu] [Hg]

Barra da Graça (GA 01) 1,29 11,91 4.719,51 15,48 14,04 4,30 0,65 0,06

Ambição (AMB 01) 9,93 2.363,51 29.217,83 16,63 45,17 16,87 2,22 0,18

ACD 01 12,43 541,91 41.128,63 11,42 31,24 20,50 2,92 0,16

ACD 02 6,29 192,75 49.100,30 18,03 44,17 11,02 3,75 0,13

ACD 03 9,84 1.235,45 72.027,96 20,08 71,27 4,89 2,52 0,15

ACD 04 9,68 749,42 54.296,58 19,53 <LDT 13,88 3,28 0,13

ACD 05 0,35 14,60 46.158,87 29,57 45,98 7,64 2,59 0,11

APR 01 4,24 23,07 45.015,84 12,16 25,84 4,96 0,83 0,13

APR 02 1,15 50,80 699,84 17,89 8,05 4,73 0,06 0,19

APR 03 2,86 23,39 16.904,01 17,81 8,66 14,47 3,27 0,18

APR 04 1,17 9,18 454,13 26,97 2,42 0,85 4,16 0,10

ASC 01 3,20 29,30 17.419,31 20,39 6,31 7,05 0,64 0,19

ASC 02 2,32 14,32 33.998,96 14,86 7,91 11,99 1,04 0,18

ASC 03 2,89 41,54 74.397,68 61,01 7,92 7,10 7,83 0,12 Legenda: ACD - Afluente do rio Candeias; APR - Afluente do rio Preto; ASC - Afluente do rio Santa Cruz.

Na matriz sedimentar dos rios que constituem a sub-bacia do rio Candeias, as maiores

concentrações encontradas foram dos elementos Fe e Mn, enquanto que os demais elementos-

traço analisados (Co, Pb, Zn, Cu, Cr e Hg) apresentaram concentrações menos significativas

(Figura 27 e Tabela 14 e 15). O elemento Cd apresentou valores abaixo do limite de detecção

da técnica.

A abundância do elemento Fe adsorvido à matriz sedimentar pode ser associada à

formação geológica granítica da sub-bacia (ortognaisses, granitos porfiríticos com feições

rapakivítica e gnaisses graníticos), composta pelos minerais anfibólios e biotita que

apresentam como um dos constituintes básicos o elemento Fe (LEINZ, 1995; CPRM, 2007).

O elemento Mn também pode ser encontrado em minerais silicáticos, como a biotita e os

anfibólios, porém em menor quantidade (LAMARÃO & AGNOL, 2004). Além da formação

geológica, há ainda uma grande contribuição dos latossolos predominantes na sub-bacia, que

são caracterizados por apresentarem altos teores de Fe e Mn (FADIGAS et al, 2006). Os

59

elementos Co, Pb, Cu, Cr e Hg, menos abundantes, podem eventualmente estar presente nas

rochas graníticas, produzindo minerais não freqüentes.

A figura 27, mostra as concentrações medianas dos elementos Mn (2.932,09 µg.g-1),

Co (9,50 µg.g-1), Pb (52,51 µg.g-1), Cr (17,69 µg.g-1) e Cu (8,43 µg.g-1) adsorvidas à matriz

sedimentar do rio Santa Cruz, as quais se destacam como as mais altas da sub-bacia. Estas

altas concentrações podem ser atribuídas ao aumento considerável destes elementos nos

pontos SC 01 e SC 03 (Apêndice 1) localizados à jusante do garimpo de cassiterita, situado

em Bom Futuro. Estes resultados mostram a influência da atividade de mineração sobre o

sistema aquático, uma vez que esta potencializa a liberação dos elementos-traço aderidos às

matrizes geológicas (GUIMARÃES, 2007). Além disso, as condições de mineração nesta

região foram quase sempre rudimentares, não havendo controle sobre impactos ambientais

por elas gerados durante a fase extrativista.

É interessante ressaltar, ainda, que as concentrações dos elementos Fe, Zn e Hg

também foram maiores à jusante do garimpo de Bom Futuro, quando comparadas ao ponto

SC 02 situado à montante deste (Apêndice 1). Quanto aos afluentes do rio Santa Cruz,

observa-se que o ponto ASC 03 apresentou as maiores concentrações para a maioria dos

elementos (Mn, Fe, Pb e Cu) analisados, o que pode ser associado ao fato deste igarapé estar

sob influência da atividade antropogênica supracitada.

No rio Preto foram observadas as menores concentrações de elementos-traço, quando

comparadas ao rio Candeias e Santa Cruz. Os baixos teores podem ser relacionados ao fato

deste ser um rio de águas pretas, os quais são caracterizados por apresentarem baixos teores

de íons dissolvidos e adsorvidos ao sedimento de fundo (SIOLI, 1964; LACERDA, 1990).

No rio Candeias, as concentrações de Fe e Zn foram as mais altas da sub-bacia, com

valores medianos de 41.628,70 µg.g-1 e 32,62 µg.g-1, respectivamente. O valor extremo

(2.116,36 µg.g-1) observado no gráfico “box-plot” para as concentrações de Mn, pode indicar

uma anomalia geoquímica, já que o mesmo foi encontrado em uma área de vegetação

preservada (CD 11), que não sofre influências antropogênicas (Apêndice 1). Para as

concentrações de Pb, foi observado um valor extremo inferior (16,34 µg.g-1) no ponto CD 07,

demonstrando uma diluição nas concentrações, resultante, provavelmente, do aporte do

afluente Barra da Garça (15,48 µg.g-1) mais pobre em concentrações iônicas.

Nas concentrações de Cr adsorvidas ao sedimento do rio Candeias, observa-se um

valor “outliers” (CD 07 - 33,64 µg.g-1), treze vezes maior do que o encontrado na área de

vegetação preservada (CD 11 - 2,51 µg.g-1), indicando uma fonte pontual de contaminação

que pode ser atribuída às descargas de efluentes provenientes da indústria de curtimento de

60

couro instalada na região. No ponto CD 08, localizado à jusante do curtume, também foram

encontradas altas concentrações (32,52 µg.g-1) deste elemento, demonstrando que resíduos

lançados transcendem a área física em que foram depositados (Apêndice 1). Essa

problemática decorre da freqüente e necessária utilização de compostos de Cr pelos curtumes,

visando a transformação de peles de animais em um produto que resiste à biodegradação: o

couro (FREITAS & MELNIKOV, 2006).

Os resíduos provenintes da indústria de curtimento de couro são potencialmente

tóxicos e provocam impactos irreversíveis à saúde pública e ao meio ambiente (JORDÃO et

al, 1999; FREITAS & MELNIKOV, 2006). Tal constatação causa grande preocupação, uma

vez que a população local utiliza a água para consumo e retira do sistema hídrico parte do seu

sustento através da pesca.

As concentrações de Cr encontradas nos pontos CD 07 e CD 08 foram maiores que as

obtidas por Rodrigues (2006), de 13,19 µg.g-1, em amostras de sedimentos do baixo rio

Candeias, também coletadas à jusante do curtume, evidenciando o acúmulo deste elemento no

sedimento de fundo, ao logo dos anos.

Em relação ao elemento Hg, analisado somente no sedimento de fundo, não foram

observadas diferenças consideráveis entre o rio Candeias e seus afluentes, sugerindo uma

distribuição quase uniforme ao longo da sub-bacia (Tabelas 14 e 15; Apêndice 1). As

concentrações de Hg encontradas neste estudo são semelhantes aos valores obtidos por outros

trabalhos realizados na região amazônica e que também não sofrem influência de fontes

potenciais de contaminação, como por exemplo, o garimpo de ouro, indicando que as

concentrações de Hg obtidas neste estudo podem ser associadas à origem natural (Tabela 14).

Na legislação brasileira não existem critérios estabelecidos para avaliar a qualidade

dos sedimentos, no entanto a CETESB adota os valores canadenses (TEL/PEL) para

classificar os sedimentos (Tabela 2). Considerando este critério, observa-se que dos 17

segmentos fluviais estudados, apenas os pontos sob influência do garimpo de cassiterita (SC

01, SC 03 e ASC 03) apresentaram valores de Pb acima de 35 µg.g-1, considerado o valor

limiar de efeitos, ou seja, acima desta concentração podem ocorrer, ocasionalmente, efeitos

adversos para os organismos aquáticos (Apêndice 1).

Em comparação a outros estudos desenvolvidos em diferentes áreas do estado de

Rondônia, observa-se que as concentrações dos elementos-traço estudados são semelhantes

aos resultados obtidos neste trabalho, com exceção dos valores de Mn, Cr e Co encontrados

no rio Santa Cruz e das concentrações de Cr e Co obtidas no rio Candeias, que foram maiores

quando comparadas com os demais estudos (Tabela 16).

61

Tabela 16: Concentrações médias dos elementos-traço em sedimento de fundo encontradas neste estudo e em diferentes áreas do estado de Rondônia.

Elementos-traço (µg.g-1)

Outros

trabalhos Fe Mn Zn Pb Co Cu Cr

Área de estudo

Gomes (2004) 19.916,33 548,14 89,79 7,44 1,41 7,26 3,41 Rio Madeira*

Bonoto &

Silveira (2003) 38.101,00 582,00 421,00 169,00 <LDT 636,00 5,00 Rio Madeira**

Corte 2006 86.476,52 203,64 19,18 6,87 6,97 7,29 9,04 Rio Corumbiara

43.387,88 389,31 34,67 25,26 7,44 2,17 13,14 Rio Candeias

10.293,03 30,10 9,46 27,87 1,76 1,40 5,92 Rio Preto Este estudo

34.463,97 2.802,54 23,79 44,24 8,69 6,46 16,11 Rio Santa Cruz

Legenda: * Da confluência dos rios Beni e Mamoré até a cachoeira de Santo Antônio. ** Cachoeira Teotônio e Santo Antônio.

6.3.3 Análise descritiva dos elementos-traço adsorvidos aos sólidos em suspensão

A determinação das concentrações de elementos-traço nos sólidos em suspensão dos

17 segmentos fluviais foi realizada para se estimar a carga transportada dessas espécies

químicas nesta sub-bacia, em sua forma particulada. Tais variáveis geoquímicas (Fe, Mn, Co,

Pb e Zn) não apresentaram distribuição normal (p<0,05) sendo adotado, portanto, os valores

de mediana, mínimo e máximo para a descrição das mesmas (Figura 28).

Na tabela 17 são apresentadas as concentrações dos elementos-traço na forma

particulada dos afluentes dos rios Candeias, Preto e Santa Cruz.

62

Mediana Min-Max 25-75%

Candeias Preto Santa Cruz5

50

500

5000

50000

5E5C

once

ntra

ção

(µg

.g-1 )

[Fe] ppm [Mn] ppm [Co] ppm Outliers [Pb] ppm Outliers [Zn]ppm Outliers

Figura 28: Concentrações de elementos-traço adsorvidas aos sólidos em suspensão dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

Nos sólidos em suspensão, observa-se que os elementos Fe e Mn apresentaram as

maiores concentrações, enquanto que os demais elementos-traço (Co, Pb e Zn) analisados

apresentaram concentrações menos significativas (Figura 28 e Tabela 17). Tal comportamento

também foi observado para as concentrações adsorvidas ao sedimento, o que pode estar

relacionado às características geológicas da sub-bacia explicadas anteriormente. Os elementos

Cu, Cd e Cr apresentaram valores abaixo do limite de detecção da técnica.

A partir do gráfico “box-plot” (Figura 28) observa-se que as concentrações medianas

dos elementos Fe (168.451,71 µg.g-1) e Mn (5.575,76 µg.g-1) encontradas no rio Santa Cruz se

apresentaram como as mais altas da sub-bacia. É importante salientar ainda que, neste sistema

hídrico, foi verificado um aumento considerável das concentrações de todos os elementos

detectados (Fe, Mn, Zn, Pb e Co) nos pontos (SC 01 e SC 03) situados à jusante do garimpo

de Cassiterita (Apêndice 2). Isso nos permite constatar que a atividade de mineração

desenvolvida no distrito de Bom Futuro influência as concentrações dos elementos-traço

adsorvidas, tanto ao sedimento, quanto aos sólidos em suspensão.

63

Tabela 17: Concentrações de elementos-traço (µg.g-1) adsorvidos aos sólidos em suspensão dos afluentes dos rios Candeias, Santa Cruz e Preto.

Afluentes [Co] [Mn] [Fe] [Pb] [Zn] Barra da Graça (GA 01) 128,18 41,34 55.135,06 281,11 74,31

Ambição (AMB 01) 189,30 16786,74 106.062,25 158,08 148,94 ACD 01 284,19 21434,59 153.969,35 225,21 257,71 ACD 02 122,39 4347,72 120.214,23 142,30 155,89 ACD 03 132,16 5024,09 107.104,90 140,28 2,39 ACD 04 116,63 3728,78 85.133,82 176,55 <LDT ACD 05 148,31 9863,25 154.937,01 259,94 62,56 APR 01 97,54 651,06 93.190,53 243,37 100,79 APR 02 121,55 981,83 65.460,34 138,03 41,91 APR 03 131,74 262,15 25.364,09 200,28 <LDT APR 04 116,98 188,12 47.774,81 102,33 3,43 ASC 01 132,19 2612,54 130.406,30 159,10 30,13 ASC 02 111,74 1375,31 74.331,13 242,02 213,41 ASC 03 27,03 1035,25 46.142,97 91,94 28,14

Legenda: ACD - Afluente do rio Candeias; APR - Afluente do rio Preto; ASC - Afluente do rio Santa Cruz; LDT – Limite de detecção da técnica.

O rio Preto apresentou as maiores concentrações de Co e Pb, diferente do que foi

observado na matriz sedimentar de fundo, enquanto que o rio Candeias apresentou os maiores

teores de Zn.

As concentrações dos elementos-traço presentes no rio Candeias foram menores

quando comparadas aos teores obtidos nos seus afluentes, o que pode indicar a capacidade de

diluição deste rio, uma vez que o aporte dos pequenos tributários não contribuiu para

aumentar as concentrações particuladas do mesmo. Em relação ao rio Preto, suas

concentrações foram semelhantes as dos seus pequenos tributários (Apêndice 2).

A relação entre a concentração de elementos-traço presentes nos sólidos em suspensão

e a presente no sedimento de fundo demonstra que os teores na fase suspensa, foram

consideravelmente mais elevados para todos os elementos detectados (Fe, Mn, Co, Pb e Zn),

com exceção do elemento Fe analisado no rio Candeias (Tabela 18). Este aumento é visível

através da razão “sólidos em suspensão/sedimento”, tomando como exemplo, a concentração

de cobalto encontrada no rio Preto que é 61 vezes maior na fase suspensa do que no

sedimento de fundo. Convém mencionar que neste estudo não foram obtidos elementos-traço

em sua forma dissolvida, porém Almeida Sobrinho (2006), em seu trabalho na sub-bacia do

baixo rio Candeias, encontrou baixos valores de elementos-traço dissolvidos (Cu – 0,67 µg.g-

1; Zn – 10,12 µg.g-1; Fe – 2,53 µg.g-1; Cd, Co, Mn, Pb <LDT). Estes fatores associados podem

64

ser um indicativo de que essas espécies químicas são transportadas preferencialmente em sua

forma particulada.

A maior concentração de elementos-traço nos sólidos em suspensão pode se explicada

pela granulometria, uma vez que este é basicamente composto por partículas finas, que

tendem a adsorver quantidades maiores de elementos-traço devido à sua maior superfície

específica (RUBIO et al, 2000; MORTATTI, 1995).

Em comparação a outros estudos desenvolvidos em diferentes áreas do estado de

Rondônia, observa-se que as concentrações dos elementos-traço obtidos são semelhantes aos

resultados deste trabalho, com exceção do elemento Co e das concentrações de Mn nos rios

Candeias e Santa Cruz, que foram maiores quando comparadas com os demais estudos

(Tabela 19).

Tabela 18: Relação entre as concentrações medianas (µg.g-1) de elementos-traço nos sólidos em suspensão e concentração de elementos-traço no sedimento.

Legenda: SS – Sólidos em Suspensão; SD – Sedimento; SS/SD – Relação entre sólidos em suspensão e sedimento.

RIOS CANDEIAS PRETO SANTA CRUZ

Elemento SS SD SS/ SD

SS SD SS/ SD

SS SD SS/ SD

Fe 33.533,46 41.628,70 0,80 43.074,72 10.419,90 4,13 101.769,77 32.624,15 3,12

Mn 1.566,44 141,04 11,11 389,53 14,55 26,77 6374,99 2932,09 2,17

Zn 139,07 32,62 4,26 64,57 7,74 8,34 41,95 23,23 1,80

Pb 155,05 25,98 5,97 190,81 27,49 6,94 103,38 52,51 1,97

Co 78,51 7,02 11,18 121,80 1,98 61,51 99,93 9,50 10,52

65

Tabela 19: Concentrações médias dos elementos-traço em sólidos em suspensão encontradas neste estudo e em diferentes áreas do estado de Rondônia.

Elementos-traço (µg.g-1)

Outros

trabalhos Fe Mn Zn Pb Co Área de Estudo

Gomes (2005) 34.454,41 440,37 27,12 10,65 9,01 Rio Madeira*

Bonoto &

Silveira (2003) 75.776,00 1.217,00 723,00 712,00 - Rio Madeira**

Corte 2006 552.038,37 996,62 41,59 0,99 1,56 Rio Corumbiara

37.448,63 2.924,96 142,07 176,73 89,60

Rio Candeias

66.303,39 489,03 120,75 201,08 107,76 Rio Preto Este estudo

168.451,71 5.575,76 63,57 127,67 104,36 Rio Santa Cruz

Legenda: * Da formação do rio Madeira até a cachoeira de Santo Antônio. ** Cachoeira Teotônio e Santo Antônio. A fim de verificar as relações entre as variáveis geoquímicas adsorvidas tanto no

sedimento quanto nos sólidos em suspensão, foram calculados coeficientes de correlação

Spearman. A Tabela 20 apresenta a matriz de correlação de Spearman entre os elementos-

traço analisados no sedimento de fundo e nos sólidos em suspensão, considerando os

resultados detectados nos 34 pontos de coleta.

Analisando os dados, observa-se que no sedimento de fundo, os elementos Fe e Mn

estão correlacionados positivamente, com um coeficiente de correlação (rs) de 0,50. Os

mesmos, ainda apresentam correlações positivas mais acentuadas com os elementos Co e Zn,

com coeficientes de correlação (rs) variando de 0,50 a 0,90. Nos sólidos em suspensão,

também são observadas correlações positivas entre os elementos Fe e Mn (rs = 0,53), Fe e Co

(rs = 0,57) e Co com Pb (rs = 0,53). Os coeficientes de correlação positivos, refletem um

aumento concomitante nas concentrações dos elementos correlacionados.

As boas correlações do Mn e do Fe com os elementos-traço Co e Zn, podem ser um

indício da presença dos óxidos e hidróxidos de ferro e manganês associados a estes elementos,

uma vez que os óxidos e hidróxidos de Fe e Mn são considerados importantes suportes

geoquímicos (JESUS et al, 2004; PEREIRA, et al, 2007).

66

A partir da matriz de correlação, foi possível também verificar as correlações entre os

elementos-traço analisados nos sólidos em suspensão e no sedimento de fundo. Entre os dois

compartimentos ambientais, foi observada uma correlação positiva entre o Mn adsorvido aos

sólidos em suspensão e os elementos Fe (rs = 0,53), Mn (rs = 0,74), Co (rs = 0,70) e Zn (rs =

0,61) adsorvidos ao sedimento de fundo. Os coeficientes de correlação positivos, permitem

inferir que quando há um aumento nas concentrações de Mn nos sólidos em suspensão, ocorre

também um aumento nas concentrações dos elementos Mn, Fe, Co e Zn no sedimento de

fundo. Esta correlação pode indicar que elemento Mn está sendo precipitado no sedimento de

fundo associado aos elementos Fe, Co e Zn, e que os mesmos podem ter uma origem comum.

Tabela 20: Matriz de correlação de Spearman entre os elementos-traço adsorvidos ao sedimento de fundo e aos sólidos em suspensão, a correlação é significativa para p < 0,05.

Legenda: SD - Sedimento de Fundo e SS - Sólidos em suspensão.

Variáveis Fe SD Mn SD Co SD Pb SD Zn SD Cr SD Cu SD Hg SD Fe SS Mn SS Co SS Pb SS Zn SS

Fe SD 1,00 Mn SD 0,50 1,00 Co SD 0,62 0,90 1,00 Pb SD 0,17 0,19 0,04 1,00 Zn SD 0,50 0,61 0,61 0,09 1,00 Cr SD 0,36 0,33 0,40 -0,02 0,15 1,00 Cu SD 0,50 0,45 0,46 0,44 0,27 0,48 1,00 Hg SD -0,14 -0,17 -0,16 -0,42 -0,17 -0,11 -0,14 1,00 Fe SS 0,10 0,35 0,23 0,01 0,14 -0,06 0,14 0,16 1,00 Mn SS 0,53 0,74 0,70 0,11 0,61 0,37 0,44 0,05 0,53 1,00 Co SS -0,14 0,29 0,20 -0,06 0,33 -0,13 0,10 0,32 0,57 0,40 1,00 Pb SS 0,06 -0,05 0,04 0,01 0,23 0,06 -0,01 0,18 0,16 0,10 0,53 1,00

Zn SS 0,13 -0,01 0,17 -0,12 0,24 0,29 -0,09 0,02 -0,12 0,18 -0,04 0,25 1,00

67

7 CONCLUSÕES

Os parâmetros físico-químicos demonstraram peculiaridades que distinguem os rios

Candeias e Santa Cruz (águas claras) do rio Preto (águas pretas).

Os pontos localizados em igarapés de pequeno porte, sob influência da atividade de

pecuária e urbana, apresentam teores de matéria orgânica consideráveis e concentrações de

oxigênio dissolvido inferiores a 5 mg.L-1, valor mínimo indicado pela resolução CONAMA

n º 357 de 2005.

Com base nos critérios de qualidade estabelecidos pela CETESB (2005), verifica-se

que não há contaminação por elementos-traço nos sedimentos da sub-bacia do rio Candeias.

Entretanto, é importante ressaltar que os pontos sob influência do garimpo de cassiterita (SC

01, SC 03 e ASC 03) apresentaram concentrações de Pb acima do valor considerado limiar de

efeitos.

Nos pontos CD 07 e CD 08, foram encontradas as maiores concentrações de Cr

adsorvidas ao sedimento de fundo, indicando a existência de uma fonte pontual de

contaminação (curtume). Estas concentrações foram maiores que às encontradas em estudo

pretérito, evidenciando o acúmulo deste elemento no sedimento de fundo, ao logo dos anos.

Embora as concentrações de Cr estejam dentro dos limites preconizados pela CETESB

(2005), é importante considerar os riscos potenciais decorrentes do acúmulo continuado deste

elemento-traço no meio hídrico.

As concentrações dos elementos Fe, Mn, Co, Pb e Zn são preferencialmente

transportadas na sua forma particulada.

A análise de correlação pôde indicar que o elemento Mn está sendo precipitado no

sedimento de fundo associado aos elementos Fe, Co e Zn e que os mesmos podem ter uma

origem comum.

Na microbacia do rio Santa Cruz, os teores de sólidos em suspensão e as

concentrações de elementos-traço encontradas nos pontos localizados à jusante do garimpo de

cassiterita, foram mais elevadas quando comparadas aos valores encontrados no ponto SC 02,

situado a montante desta atividade antropogênica.

Através dos resultados obtidos neste estudo, foi possível constatar a capacidade de

diluição e autodepuração do rio Candeias, uma vez que os efluentes domésticos e industriais e

o aporte de seus tributários não contribuíram para alterar suas características físicas e

químicas.

68

Os dados geoquímicos adquiridos neste estudo servirão de base para futuros trabalhos

de monitoramento ambiental, assim como, para subsidiar valores de “background” no estado

de Rondônia. Os valores de Cr obtidos nos pontos sob influência da indústria de curtimento

de couro, servirão para subsidiar a Secretaria de Estado do desenvolvimento Ambiental

(SEDAM) no monitoramento desta potencial fonte de contaminação.

69

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APÊNDICES

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Apêndice 1: Banco de dados dos elementos-traço (µg.g-1) adsorvidos ao sedimento superficial de fundo da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

Cod. Campo

Cod. Laboratório Fe Mn Co Pb Zn Cr Cu Hg

CD 01 SDCD 10417 63.524,91 110,32 8,90 26,97 32,96 11,07 2,39 0,09 CD 02 SDCD 10418 11.976,96 39,42 2,95 25,17 9,92 12,72 1,98 0,12 CD 03 SDCD 10419 58.270,01 147,00 7,98 26,62 24,89 11,63 2,38 0,09 CD 04 SDCD 10420 39.297,44 72,07 4,60 31,22 32,29 12,90 2,56 0,10 CD 05 SDCD 10421 47.778,67 113,42 6,07 26,38 26,45 12,88 2,00 0,10 CD 06 SDCD 10422 42.601,28 213,69 5,98 26,47 39,24 13,18 2,30 0,10 CD 07 SDCD 10424 47.777,62 14,74 3,85 16,34 18,24 33,64 1,68 0,07 CD 08 SDCD 10426 30.669,43 135,07 9,52 25,50 42,42 32,52 2,74 0,10 CD 09 SDCD 10434 73.560,95 686,19 12,47 24,24 56,27 7,26 2,63 0,18 CD 10 AGCD 10437 39.745,61 832,24 9,66 26,98 62,58 3,21 2,21 0,10 CD 11 AGCD 10441 40.656,13 2.116,36 11,63 25,58 44,31 2,51 1,73 0,09 CD 12 AGCD 10446 24.795,59 191,18 5,73 21,62 26,48 4,21 1,45 0,11

ACD 01 SDACD 10435 41.128,63 541,91 12,43 11,42 31,24 20,50 2,92 0,16 ACD 02 SDACD 10438 49.100,30 192,75 6,29 18,03 44,17 11,02 3,75 0,13 ACD 03 SDACD 10439 72.027,96 1.235,45 9,84 20,08 71,27 4,89 2,52 0,15 ACD 04 SDACD 10440 54.296,58 749,42 9,68 19,53 0,00 13,88 3,28 0,13 ACD 05 SDACD 10452 46.158,87 14,60 0,35 29,57 45,98 7,64 2,59 0,11 GA 01 SDGA 10423 4.719,51 11,91 1,29 15,48 14,04 4,30 0,65 0,06

AMB 01 SDAMB 10436 29.217,83 2.363,51 9,93 16,63 45,17 16,87 2,22 0,18 SC 01 SDSC 10442 49.162,78 2.932,09 10,12 52,51 23,23 17,69 8,43 0,07 SC 02 SDSC 10443 21.604,98 318,63 6,45 19,52 12,47 10,27 1,66 0,07 SC 03 SDSC 10444 32.624,15 5.156,90 9,50 60,70 35,66 20,38 9,29 0,09

ASC 01 SDASC 10431 17.419,31 29,30 3,20 20,39 6,31 7,05 0,64 0,19 ASC 02 SDASC 10432 33.998,96 14,32 2,32 14,86 7,91 11,99 1,04 0,18 ASC 03 SDASC 10433 74.397,68 41,54 2,89 61,01 7,92 7,10 7,83 0,12 Pr 01 SDPR 10416 13.258,09 9,89 1,98 18,13 4,81 6,90 1,20 0,14 PR02 SDPR 10425 1.916,55 2,67 1,02 27,49 7,50 4,30 0,66 0,13 PR 03 SDPR 10445 24.926,96 65,26 3,43 43,37 15,69 8,64 2,88 0,12 PR 04 SDPR 10447 10.419,90 58,13 2,09 35,52 7,74 6,80 0,85 0,09 PR05 SDPR 10451 943,66 14,55 0,29 14,84 11,56 2,97 ,LDT 0,16

APR 01 SDAPR 10430 45.015,84 23,07 4,24 12,16 25,84 4,96 0,83 0,13 APR 02 SDAPR 10448 699,84 50,80 1,15 17,89 8,05 4,73 0,06 0,19 APR 03 SDAPR 10449 16.904,01 23,39 2,86 17,81 8,66 14,47 3,27 0,18 APR 04 SDAPR 10450 454,13 9,18 1,17 26,97 2,42 0,85 4,16 0,10

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Apêndice 2: Banco de dados dos elementos-traço (µg.g-1) adsorvidos aos sólidos em suspensão da sub-bacia hidrográfica do rio Candeias.

Cod. Campo Cod. Laboratório Fe Mn Co Pb Zn CD 01 AGCD 10380 41.471,92 3.408,91 67,67 171,14 185,44 CD 02 AGCD 10381 21.025,61 1.118,21 22,79 72,72 143,91 CD 03 AGCD 10382 31.228,28 1.019,88 29,12 125,46 168,37 CD 04 AGCD 10383 31.312,21 1.557,00 44,23 148,04 129,18 CD 05 AGCD 10384 28.569,14 1.575,88 89,35 287,19 28,45 CD 06 AGCD 10385 34.152,13 1.642,12 49,27 162,06 177,12 CD 07 AGCD 10387 18.207,07 557,63 26,21 64,80 134,24 CD 08 AGCD 10389 32.914,79 1.412,56 120,71 245,10 190,96 CD 09 AGCD 10397 56.062,96 7.859,82 193,58 391,75 379,82 CD 10 AGCD 10400 48.132,50 741,68 155,70 208,91 20,03 CD 11 AGCD 10404 49.225,54 7.479,22 107,33 112,37 72,09 CD 12 AGCD 10409 57.081,47 6.726,60 169,20 131,27 75,23

ACD 01 AGACD 10398 153.969,35 21.434,59 284,19 225,21 257,71 ACD 02 AGACD 10401 120.214,23 4.347,72 122,39 142,30 155,89 ACD 03 AGACD 10402 107.104,90 5.024,09 132,16 140,28 2,39 ACD 04 AGACD 10403 85.133,82 3.728,78 116,63 176,55 <LDT ACD 05 AGACD 10415 154.937,01 9863,25 148,31 259,94 62,56 GA 01 AGGA 10386 55.135,06 41,34 128,18 281,11 74,31

AMB 01 AGAMB 10399 106.062,25 16.786,74 189,30 158,08 148,94 SC 01 AGSC 10405 302.894,23 6.374,99 46,41 103,38 41,95 SC 02 AGSC 10406 101.769,77 1.537,35 99,93 76,99 13,96 SC 03 AGSC 10407 100.691,13 8.814,93 166,75 202,65 134,81

ASC 01 AGASC 10394 130.406,30 2.612,54 132,19 159,10 30,13 ASC 02 AGASC 10395 74.331,13 1.375,31 111,74 242,02 213,41 ASC 03 AGASC 10396 46.142,97 1.035,25 27,03 91,94 28,14 Pr 01 AGPR 10379 39.515,84 198,97 21,61 114,45 157,71 PR02 AGPR 10388 43.074,72 <LDT 121,80 349,88 355,12 PR 03 AGPR 10408 99.385,00 1.158,58 147,03 242,31 <LDT PR 04 AGPR 10410 117.950,71 580,09 146,91 190,81 64,57 PR05 AGPR 10414 31.590,67 18,50 101,44 107,96 26,33

APR 01 AGAPR 10393 93.190,53 651,06 97,54 243,37 100,79 APR 02 AGAPR 10411 65.460,34 981,83 121,55 138,03 41,91 APR 03 AGAPR 10412 25.364,09 262,15 131,74 200,28 <LDT APR 04 AGAPR 10413 47.774,81 188,12 116,98 102,33 3,43

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