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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE BÁRBARA CRISTINA DE FRANÇA CUNHA ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL APÓS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO NO ÂMBITO DA SEGURANÇA Belo Horizonte 2014

ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL APÓS … · Já na Segunda Guerra Mundial, ... tomadas de decisão em torno do qual as expectativas dos ... Aponta-se como marco inicial

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE

BÁRBARA CRISTINA DE FRANÇA CUNHA

ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL APÓS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO NO ÂMBITO DA

SEGURANÇA

Belo Horizonte 2014

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE

BÁRBARA CRISTINA DE FRANÇA CUNHA

ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL APÓS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO NO ÂMBITO DA

SEGURANÇA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais. Orientador: Professor Walter Mendes

Belo Horizonte 2014

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BÁRBARA CRISTINA DE FRANÇA CUNHA

ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL APÓS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO NO ÂMBITO DA

SEGURANÇA

Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito à obtenção do título de graduação em Relações Internacionais.

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em:

Banca examinadora:

_______________________________________________ Prof Walter Mendes, Uni-BH

_______________________________________________ Profª, Uni-BH

__________________________________________________ Prof, Uni-BH

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Agradecimento de coração ao meu orientador Walter

Mendes, pela paciência e sinceridade. Ao professor

Rafael Ávila que me guiou nos primeiros passos da

pesquisa e em aulas durante o curso aguçou meu

interesse sobre assuntos de segurança internacional.

Agradeço meus irmãos, Rodrigo e Alexandre por me

ajudar e me apoiar sempre.

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“Protecting this system demands a high level of vigilance because a single lapse in aviation security can result in hundreds of deaths, destroy equipment worth hundreds of millions of dollars, and have immeasurable negative impacts on the economy and the public’s confidence in air travel.”

—Gerald L. Dillingham, United States General Accounting Office, in testimony before the Subcommittee on Aviation, Committee on Commerce, Science, and Transportation, U.S. Senate, April 6, 2000

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RESUMO

O presente trabalho procura compreender o papel dos Estados Unidos como

Estado potência nas mudanças das normas da aviação civil, com foco nos níveis

de segurança. As alterações serão analisadas por meio de uma perspectiva

teórica de regimes internacionais e regimes de segurança, econômica, legislativa

e prática. Busca-se compreender como os apoderamentos ilícitos de aeronaves e

o terrorismo se tornaram uma das principais ameaças à segurança internacional.

Cabe à análise identificar se houve ou não uma deliberada vontade estadunidense

em personalizar o sistema de segurança a nível mundial para obter maior poder

controlador, diante da hipótese de que a influência de suas regras internas podem

ter sido difundidas internacionalmente como instrumento de poder.

Palavras-chave: Aviação Civil. Terrorismo. Regimes Internacionais. Segurança.

Estados Unidos. Apoderamento Ilícito de Aeronaves.

.

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ABSTRACT

This work seeks to understand the United States’ role as a state of power when

changing civil aviation regulations, in particular the safety levels. The changes are

analyzed through theoretical perspectives of international and security regimes;

economic, legislative and practical. This analysis addresses how unlawful seizures

of civil aircraft has become a major threat to international security. Further, this

work identifies whether there is a deliberate willingness by the United States to

customize the security system of the world for the purpose of acquiring more

control. The hypothesis concludes that the influence of the United States’ internal

rules may be disseminated internationally as an instrument of power.

Keywords: Civil Aviation. Terrorism. International Regimes. Security. United States.

Unlawful Seizure of Aircraft

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Custo da Segurança na Aviação Civil.................................................. 32

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LISTA DE SIGLAS

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

API – Informações Antecipadas sobre passageiros

CENIPA – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes

CF – Constituição Federal

CONAC – Conselho de Aviação Civil

DECEA – Departamento e Controle do Espaço Aéreo

EUA – Estados Unidos da América

FAA – Federal Aviation Administration

IATA – International Air Transport Association

ICAO – International Civil Aviation Organization

NACA – National Advisory Commite for Aeronautics

OEA – Organização dos Estados Americanos

ONU – Organização das Nações Unidas

PFLP – Popular Front for the Liberation of Palestine

US – United States (Estados Unidos)

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SUMÁRIO

1   INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10  

2   HISTÓRICO DA AVIAÇÃO .............................................................................. 14  

2.1 Órgãos de Segurança e Desenvolvimento Operacional .................................. 17  

3   SEGURANÇA NA AVIAÇÃO CIVIL E O APODERAMENTO ILÍCITO DE

AERONAVES ......................................................................................................... 20  

4   MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL PÓS 11 DE SETEMBRO .......................... 24  

4.1 Reflexão Teórica: Regimes Internacionais ....................................................... 24  

4.1.1 Regimes Internacionais de Segurança ......................................................... 27  

4.2 Análise Econômica ........................................................................................... 30  

4.3 Perspectiva Normativa ..................................................................................... 32  

4.4 Procedimentos Estruturais ............................................................................... 34  

5   CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 36  

6   REFERÊNCIAS ............................................................................................... 39  

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1 INTRODUÇÃO

Desde a sua criação em outubro de 1906, com o brasileiro Alberto Santos Dumont,

o transporte aéreo representou uma evolução significativa para o percurso da

história mundial (FAJER, 2009). Durante a Primeira Guerra Mundial, nos

primórdios de sua utilização, o avião já era uma tecnologia promissora em funções

básicas como a observação e o reconhecimento de território adversário.

Já na Segunda Guerra Mundial, as aeronaves fizeram com que a guerra saísse

das trincheiras estáticas e retomasse a mobilidade. Neste contexto, o nome de

Giulio Douhet se destaca, um dos mais radicais pensadores acerca do uso do

avião em campo militar. A partir de sua percepção da grande importância do avião

para a segurança, ele se dedica à discussão de novos arranjos de defesa do

Estado (PROENÇA Jr et al., 1999).

Com relação ao contexto brasileiro, os primeiros passos na regulamentação da

aviação civil se deram sob o governo de Getúlio Vargas, notadamente com a

criação, logo no início da década de 1930, do Departamento de Aeronáutica Civil

(posteriomente rebatizado Departamento de Aviação Civil, em 1969, e absorvido

pela ANAC em 2006).

Com efeito, toda a década de 1930 foi marcada pela preocupação com a

soberania e salvaguarda do mercado interno. Posteriormente, na década de 1960,

as profundas alterações políticas tiveram por consequência um enfraquecimento

do setor da aviação civil, que restou alijada das preocupações centrais do Estado.

Com isso, percebe-se um vácuo decorrente do não cumprimento das normas,

resultando em perdas não só quanto a segurança mas, de um modo geral, em

relação ao desenvolvimento de todo o setor. Apenas no final da década de 1980,

com o delineamento de uma nova ordem mundial, a queda da União Soviética e o

crescimento do pensamento liberal, é que as empresas aéreas conquistam maior

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autonomia, o que contribui para um maior desenvolvimento da aviação civil

(MALAGUTTI, 2001).

O foco da presente pesquisa pretendeu ser a segurança da aviação civil, além do

reconhecimento dos principais órgãos e regramentos de segurança e

desenvolvimento operacional em termos mundiais. Adotou-se a Convenção de

Chicago, de 1944, como ponto de partida, uma vez que se trata de um documento

inicial com diretrizes de segurança para o desenvolvimento do setor. Para além

disso, mostra-se necessário conhecer organismos internacionais relevantes para o

tema abordado, como a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO); a

Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e a Administração Federal

de Aviação (FAA); sendo este último especificamente atinente aos Estados Unidos,

porém relevante em um nível internacional e para a pesquisa. No âmbito

doméstico brasileiro, merecem destaque o Conselho de Aviação Civil (CONAC); a

Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC); o Centro de Investigação e Prevenção

de Acidentes (CENIPA) e o Departamento e Controle do Espaço Aéreo (DECEA).

Note-se que, atenta ao recorte proposto, a pesquisa restringiu-se a órgãos civis,

embora também abundem organismos desta natureza no âmbito militar.

Reconhecendo a importância da aviação civil, pode-se dizer que atualmente a

principal ameaça à sua segurança é o terrorismo. O apoderamento ilícito de

aeronaves – que de acordo com a ANAC (2014) é ato ou atentado que coloca em

risco a segurança da aviação civil e o transporte aéreo – põe em risco não

somente a tripulação e passageiros mas, a depender de seus objetivos últimos,

pode colocar em xeque a credibilidade do regime de segurança internacional da

aviação civil. Neste contexto, os ataques terroristas ocorridos em 11 de setembro

de 2001 nos Estados Unidos bem exemplificam o apoderamento ilícito de

aeronaves com propósitos terroristas, e servem como marco histórico para a

concretização de uma análise das mudanças sofridas na aviação civil no âmbito

da segurança (SILVA, 2011).

Tais ataques às torres gêmeas a ao Pentágono (além de uma terceira aeronave

que caiu sobre um campo na Pensilvânia mas teria como alvo a Casa Branca)

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confirmam uma abordagem violenta porém não convencional – como o choque

direto entre forças armadas. Relevante, portanto, analisar como os Estados

Unidos, indubitavelmente uma grande potência, lidaram com os desdobramentos

de 11 de setembro de 2001, especialmente após reconhecerem a falibilidade de

seu sistema de segurança aeroportuária. Embora variados, os impactos causados

ao Estado potência pretendem ser ora analisados por meio de uma perspectiva

teórica, econômica, legislatória e prática.

Stephen Krasner (1983, p. 2) define que “regimes podem ser definidos como

conjuntos de princípios implícitos ou explícitos, normas, regras e processos de

tomadas de decisão em torno do qual as expectativas dos atores convergem em

uma determinada área-assunto das relações internacionais”. O autor faz dois

questionamentos relevantes à compreensão dos regimes internacionais, sendo o

primeiro dirigido à relação de fatores causais como poder e interesses; e o

segundo sobre a relação entre resultados e comportamentos. Tais

questionamentos se revestem de especial importância para a compreensão da

postura dos Estados Unidos, que diante de uma necessária mudança nas regras

de segurança na aviação interna, findaram por modificar o regime de aviação civil

mundial.

Cabe à análise identificar se houve ou não uma deliberada vontade estadunidense

em personalizar o sistema de segurança a nível mundial para obter maior poder

controlador, diante da hipótese de que a influência de suas regras internas podem

ter sido difundidas internacionalmente como instrumento de poder.

A preservação da segurança sempre foi a preocupação principal dos Estados,

sendo assim também relevante investigar se a adoção das mesmas medidas de

segurança impostas internamente pelos Estados Unidos também decorreu da

vontade própria dos demais Estados. Uma segunda hipótese reconhece que,

embora se destaquem como referência no que concerne à segurança, até mesmo

os Estados Unidos tinham aeroportos falhos, o que força os outros Estados a se

manter em alerta e acompanhar suas mudanças.

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Em abordagem mais específica, Jervis aborda os regimes internacionais de

segurança definindo-os como “princípios, regras e normas que permitem as

nações a conterem seu comportamento acreditando que os outros agirão de forma

recíproca” (JERVIS, 1982). Com isso, tal autor desenvolve seu argumento e

defende que a anarquia do sistema internacional problematiza a questão da

reciprocidade de confiança. A própria vontade dos Estados em querer estabelecer

um regime ganha relevância para a análise das questões envolvidas, e a questão

teórica eleva o tema para reconhecimento no estudo das Relações Internacionais.

Igualmente relevante é uma análise econômica para vislumbrar a magnitude do

prejuízo decorrente dos atentados de setembro de 2001, não somente para os

Estados Unidos mas para todo o sistema internacional. Tal intenção se materializa

na discussão de números de queda de receita, leis de compensação no período e

o efetivo custo de manutenção da segurança na aviação civil.

Mais uma perspectiva adotada é a proteção do Estado com relação aos atos

ilícitos contra a Segurança da Aviação Civil, em que se apresentarão tratados e

convenções internacionais acerca do assunto, além de outras normas domésticas.

Com a pesquisa, foi forçoso identificar mudanças radicais na aviação civil,

algumas mais relevantes das quais se pretendem apresentar pontualmente ao

longo desta análise. Igualmente importante é a percepção de que embora algumas

destas medidas tenham sido emergenciais, boa parte constituiu regulamentos até

hoje em plena vigência. Neste contexto, destaca-se sobremaneira a atuação da

Administração Federal de Aviação estadunidense, origem de substancial parcela

de mudanças profundas, urgentes e rigorosas, especialmente após os ataques de

11 setembro de 2001.

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2 HISTÓRICO DA AVIAÇÃO

Aponta-se como marco inicial da aviação propriamente dita o dia 23 de outubro de

1906, graças a um feito do brasileiro Alberto Santos Dumont no parque de

Bagatelle, em Paris. Seu grande êxito foi taxiar, decolar, voar nivelado e aterrisar

um objeto que se deslocava com recursos próprios. Diante da conquista de

Dumont, foi confirmado um novo rumo na história dos transportes; a atividade

aérea atraiu multidões e rapidamente se espalhou pela Europa, lançando novos

desafios no campo da aviação em busca da evolução do mercado (FAJER, 2009).

Antes mesmo que na prática fosse amadurecida a utilização dos aviões, eles

tiveram seu papel na guerra, estreando efetivamente na Primeira Guerra Mundial,

em 1914. Ainda que tal nova tecnologia ainda ficasse no campo das possibilidades

e promessas, foram reconhecidas as funções básicas do avião como objeto de

observação e reconhecimento. Após a Segunda Guerra Mundial é que se

propiciou uma nova base de estudos e reflexão sistemática, mais sólida e

fundamentada, acerca da utilização de aeronaves na guerra (PROENÇA Jr et al.,

1999).

Até a Primeira Guerra Mundial os cavalos representavam a força motriz dos

exércitos, em um contexto caracterizado por grandes problemas de abastecimento,

redundando em atrasos de suprimentos de munição e peças de reposição. A

disponibilidade de veículos com motores a explosão era muito aquém do

necessário e, à medida que a guerra ia se desenvolvendo e a munição se

esgotando, as tropas começaram a travar trincheiras com o objetivo de proteção.

Com a perda de mobilidade que isto representa, a alternativa para se contornar o

impasse foi o uso do avião. Ademais, o reconhecimento aéreo se tornou crucial e

vantajoso na determinação de alvos e no combate a aeronaves inimigas e, mesmo

com capacidade limitada de precisão e alcance, a capacidade de bombardeio

emerge como importante forma de guerrear (PROENÇA Jr et al., 1999).

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Neste contexto, despontam também os primeiros teóricos do poder aéreo. O

mencionado Giulio Douhet, oficial da artilharia italiana cuja literatura deriva das

experiências no conflito, já discutia as operações militares no ar antes mesmo que

se concretizasse efetivamente a própria utilização do avião (sua obra “O domínio

do ar” foi publicada em 1921). Em sua percepção, a grande variedade de

dimensões do espaço aéreo, bem como a velocidade, alcance, efeito surpresa e

capacidade de movimento desimpedido em todas as direções que caracterizavam

o uso do avião, dariam à ele a capacidade de atingir – praticamente sem oposição

– qualquer ponto do território inimigo (PROENÇA Jr et al., 1999).

Giulio Douhet escreveu sobre a constituição da força aérea de forma

independente, e à ele não raro se credita substancial contribuição para a

autonomia de forças áereas como a italiana, a francesa e a alemã. O autor

impunha uma nova configuração institucional dos arranjos de defesa do Estado,

sendo que a força aérea independente seria a mais importante. Douhet acreditava

ser inadmissível que os recursos fossem igualmente divididos entre forças de

capacidades desiguais, no caso, a marítima e o exército (PROENÇA Jr et al.,

1999).

O reconhecimento dos aeronautas como heróis após a Primeira Guerra Mundial,

com atos destemidos durante a navegação, proporcionou credibilidade ao poder

aéreo e contribuiu para o desenvolvimento econômico da aviação civil. Neste

contexto, em 13 de outubro de 1919 é instituída a Convenção Internacional sobre

Navegação Aérea que, assinada por 27 países, reconhecia que cada Estado tinha

o direito de controlar o seu próprio espaço aéreo. Nos Estados Unidos, tal

responsabilidade ficou a cargo do governo federal por meio da recém criada

NACA - National Advisory Commite for Aeronautics - Comitê Nacional para

Aconselhamento sobre Aeronáutica (CROCH, 2008 apud FAJER, 2009).

A evolução da aviação teve maior destaque principalmente na Europa e nos

Estados Unidos. Bases foram se solidificando, com a criação de programas de

formação e treinamento dentro das companhias aéreas. Na década de 1930,

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desenvolveu-se o estudo da ciência aerodinâmica e uma nova profissão ligada ao

setor, a dos controladores terrestres (GRANT, 2002 apud FAJER, 2009).

Durante a Segunda Guerra Mundial, o papel da aviação foi determinante, diante

do reconhecimento aéreo, bombardeio com alvos pré-determinados e grande

atuação conjunta com a equipe militar em terra. A guerra havia saído da

estagnação das trincheiras e recuperado total mobilidade, evolução essa que

contribuiu na criação de jatos, armas nucleares e no aprimoramento eletrônico de

forma geral (CROCH, 2008 apud FAJER, 2009). Dessa forma, todo o equipamento

e conhecimento desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial foi

posteriormente empregado no desenvolvimento do campo da aviação civil

(FAJER,2009).

No Brasil, a década de 1930 se destaca por uma defesa do poder aéreo e do

desenvolvimento de uma Força Aérea independente. Neste contexto, sob o

governo de Getúlio Vargas, em 22 de abril de 1931 foi criado o Departamento de

Aviação Civil, subordinado ao Ministério de Viação e Obras Públicas. A aviação

civil no Brasil nasceu com a principal preocupação de preservação da soberania e

do mercado brasileiros. (MALAGUTTI, 2001)

No entanto, na década de 1960, a aviação comercial brasileira se encontrava em

crise econômica grave, atribuída às constantes alterações na política econômica

do país, baixa rentabilidade do setor devido à concorrência excessiva e pouco

investimentos para renovação da frota, com objetivo de substituir as aeronaves do

pós-guerra. Todos os fatores da crise culminaram no enfraquecimento e até

mesmo falência de algumas empresas. Como consequência, houve uma redução

nos níveis de segurança e regularidade no serviço de Transporte Aéreo

(MALAGUTTI, 2001).

O governo e as empresas aéreas, de forma conjunta, verificaram possibilidades de

mudança no setor. Com as chamadas Conferências Nacionais de Aviação, o

governo passa a ter poder de intervenção em prol de uma competição controlada

e indexada à economia. Porém, com o final da década de 1980 e a queda da

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União Soviética, o pensamento liberal por meio do livre mercado atinge o governo

brasileiro, que acaba com suas restritivas políticas de controle. Com o mercado

mais liberado, houve aumento de companhias aéreas e liberalização tarifária.

Ainda que se mantivesse uma preocupação do governo com relação à segurança,

as empresas aéreas se tornaram mais responsáveis por suas regulamentações

financeiras (MALAGUTTI, 2001).

2.1 Órgãos de Segurança e Desenvolvimento Operacional

A Convenção de Navegação Aérea Internacional, realizada em 1944 em Chicago,

Estados Unidos, também conhecida como Convenção de Chicago, desenvolveu

um precursor documento com os princípios, recomendações e padrões para o

desenvolvimento da aviação de forma segura e sistemática.1 O próprio documento

expressa que somente será aplicável à aviação civil, e não aeronaves do Estado;

usadas para fins militares (ANAC, 1944).

Criada juntamente à Convenção de 1944, a Organização da Aviação Civil

Internacional (International Civil Aviation Organization – ICAO) é uma agência da

Organização das Nações Unidas, que possui sede em Montreal, Canadá. Esta

organização tem a função de regular e coordenar o transporte aéreo internacional,

priorizando a segurança, eficiência, economia e o desenvolvimento aéreo. A ICAO,

em conjunto com seus países signatários, trabalha coletivamente para definir

normas e práticas comuns a todos. A Organização da Aviação Civil Internacional

visa ao desenvolvimento do transporte aéreo internacional de forma segura e

eficiente, e também é responsável por criar códigos alfanuméricos nas aeronaves,

provendo identificações e designações de operadores de voo e implantação das

normas e práticas (SILVA, 2011).

A IATA – International Air Transport Association - Associação Internacional de

Transporte Aéreo representa 240 companhias aéreas no mundo, o que é

1 O Brasil ratificou a Convenção de Navegação Aérea Internacional em 1946 (SILVA, 2011).

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identificado como 84% de todo tráfego aéreo mundial. Também possui sede em

Montreal, Canadá, e fornece importante suporte na formulação de questões

importantes da área política da aviação, além de representar e desenvolver os

interesses da aviação civil juntamente com os governos e a ICAO (IATA, 2014).

Já a FAA - Federal Aviation Administration - Administração Federal de Aviação, é

órgão subordinado ao Departamento de Transportes dos Estados Unidos. O órgão

é responsável por assuntos diversos na área da aviação, como eficiência,

segurança e responsabilidade ambiental estadunidense. Mesmo não sendo um

órgão internacional, a FAA é modelo no que diz respeito à segurança e

regulamentação da aviação civil no mundo. A FAA pode tomar medidas

administrativas, incluindo a imposição de sanções civis e a suspensão ou

revogação de certificados aviadores; o governo dos Estados Unidos pode exercer

acusações criminais, incluindo encargos no Título; o governo dos Estados Unidos

pode usar força letal contra os aviões no ar, se determinar que a aeronave

representa uma ameaça de segurança iminente (FAA, 2014).

No Brasil, o Conselho de Aviação Civil - CONAC - representa o órgão de

assessoramento da presidência do país para políticas em relação à aviação civil.

A estrutura regulatória deste órgão está a cargo da Agência Nacional de Aviação

Civil (ANAC), aprovada em setembro de 2005, mas fundada em março de 2006. A

ANAC possui atribuições regulares e atua em diversas áreas de regulamentação,

fiscalização das atividades da aviação civil no país, tais como infraestrutura

aeronáutica e aeroportuária. Para tal, o órgão observa e programa as orientações,

diretrizes e políticas estabelecidas pelo governo federal, adotando as medidas

necessárias ao atendimento do interesse público e ao desenvolvimento da aviação,

de forma vinculada à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República

(ANAC, 2014).

A Agência Nacional de Aviação Civil possui independência administrativa,

autonomia financeira, ausência de subordinação hierárquica e mandato fixo de

seus dirigentes. A atividade regulatória da ANAC é dividida em duas vertentes: a

regulação técnica e a regulação econômica. A regulação técnica ocupa papel de

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destaque na Agência e busca principalmente a garantia da segurança aos

passageiros e usuários da Aviação Civil, seu papel é fundamentado através de

regulamentos emoperações aéreas com rígidos requisitos de segurança e

treinamento de mão de obra. A regulação econômica refere-se ao monitoramento

e possíveis intervenções no mercado com objetivo de obter máxima eficiência

(ANAC, 2014).

Ressalta-se que não estão no campo de atuação da ANAC as atividades de

investigação de acidentes aeronáuticos e o controle do espaço aéreo, que ficam à

cargo, respectivamente, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes

(CENIPA) e Departamento e Controle do Espaço Aéreo (DECEA). CENIPA é o

órgão central do SIPAER, Sistema de Prevenção e de Investigação de Acidentes

Aeronáuticos, que investiga acidentes mediante regras internacionais visando à

sua prevenção. O DECEA controla o espaço aéreo, telecomunicações e

segurança de navegação (ANAC,2014). Exemplo dessa padronização é a

manutenção de níveis de segurança comparáveis aos europeus e norte-

americanos, propalada pela literatura:

A segurança na aviação civil brasileira é similar àquela que existe na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. Ou seja, está em igualdade com os melhores níveis de segurança de voo do mundo. Quando eu falo de índice, refiro-me ao resultado de acidentes registrados em um milhão de decolagens de aeronaves acima de 60 mil libras. Esta razão é que compõe o índice de acidentes aeronáuticos de um país. (GROSSI, 2003)

Já no âmbito militar, que foge do objeto do presente estudo, tem-se o Comando da

Aeronáutica como responsável pela Força Aérea Brasileira e pela defesa

aeroespacial, subordinado do Ministério da Defesa que estabelece as políticas de

defesa do Brasil.

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3 SEGURANÇA NA AVIAÇÃO CIVIL E O APODERAMENTO ILÍCITO DE AERONAVES

Com a malha aeroviária internacional multiplicada após a Guerra Fria, surge a

preocupação com uma nova ameaça à segurança da aviação civil, o terrorismo

internacional. Inicialmente motivado por questões ideológicas, religiosas e políticas,

o terrorismo internacional alterou o panorama da aviação mundial. Sua vertente

mais direcionada à aviação, atualmente tipificada como "apoderamento ilícito de

aeronaves”, expõe o perigo à vida de uma inumerável quantidade de pessoas,

comprometendo além da segurança da aviação civil, a credibilidade jurisdicional

do Estado (FRAGOSO, 1970).

O emprego do apoderamento ilícito por grupos terroristas destaca uma tendência

significativa de que companhias aéreas se equiparam a um símbolo representante

de um Estado, em vez de corporações (MUKASH, s.d.). Trata-se de circunstância

das mais violentas da modernidade, não raro erroneamente denominada

sequestro.

A globalização tem papel fundamental neste contexto ao incorporar o sistema

interestatal, econômico e os movimentos transnacionais. A segurança atual

expande o conceito clássico de campo militar, econômico e tecnológico. Novas

regras, conceitos, fatos e sujeitos internacionais conduzem a uma nova dimensão

do Direito Internacional (AMORIM, 1998 apud SILVA, 2011).

Aponta-se o ano de 1968 como o início do terrorismo moderno na aviação, quando

homens armados da Frente Popular de Libertação Palestina (PFLP - Popular Front

for the Liberation of Palestine) apoderaram-se de forma ilícita de uma aeronave

comercial, em um voo de Roma a Tel-Aviv. Os sequestradores da aeronave

exigiam de volta aprisionados de Israel em troca dos reféns. O diferencial deste

evento, para outros próximos já ocorridos ao longo da história, é que pela primeira

vez uma aeronave foi tomada por terroristas com motivo específico de pressão

política contra o governo oponente. O ato foi utilizado como mensagem e

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propaganda para conhecimento mundial de uma causa política (HOFFMAN, 2003

apud MUKASH, s.d.).

Com outro formato, em 1988 ocorreu na Escócia um atentado que ainda é visto

como um dos ataques terroristas mais significativos da história. O atentado de

Lockerbie devastou toda uma aldeia. O voo 103 da companhia aérea Pan-Am que

fazia a ligação entre Londres e Nova Iorque caiu, após uma explosão, sobre uma

pequena aldeia matando 259 pessoas que seguiam a bordo e 11 pessoas em solo,

apenas 38 minutos depois da decolagem. Importante ressaltar que, dos 259

passageiros a bordo, 189 eram estadunidenses. O modelo de aeronave 747 da

Pan-Am seguia normalmente quando uma bomba colocada no avião por

terroristas líbios explodiu a bordo, após ter sido meticulosamente disfarçada em

uma pasta que seguia no compartimento dianteiro de bagagem. Investigadores

confirmaram tal versão ao encontrar provas de que uma bomba tinha provocado o

acidente (MUKASH, s.d.).

No ano de 1991, o Procurador-Geral da Escócia conseguiu um mandato que em

2001 levou à prisão perpétua de dois líbios. Em 2003, o governo líbio aceitou arcar

com as responsabilidades e pagou 2,7 milhões de dólares pela extradição dos

prisioneiros. Por sua responsabilidade no acidente, a Pan Am foi considerada

culpada por conduta imprópria, uma vez que não havia se certificado que todas as

bagagens pertenciam aos passageiros que seguiam a bordo. Lockerbie será

recordada como uma das piores tragédias da aviação civil na segunda metade do

século XX (MUKASH, s.d.).

Ainda assim, o ataque terrorista mais marcante da história se deu em 11 de

setembro de 2001, quando suicidas membros da Al Qaeda, organização

fundamentalista islâmica internacional, realizaram uma série de ataques a cidades

norte-americanas, logo pela pela manhã. Os terroristas se apoderaram de quatro

aviões comerciais para atingir alvos como as torres gêmeas do World Trade

Center, em Nova York; o Pentágono – situado em Arlington, Virginia; bem como a

Casa Branca, em Washington D.C. (CAVALCANTI, 2013).

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Os dois primeiros aviões, usados nos ataques às Torres Gêmeas, fizeram com

que todos os passageiros e tripulação fossem mortos juntamente com muitos

outros que estavam nos edifícios no momento da colisão. Ambos os prédios

desmoronaram após cerca de duas horas após o primeiro impacto. O terceiro

avião caiu sobre o Pentágono, sede das forças armadas dos EUA. Já a quarta

aeronave, fazendo o voo 93 da United, caiu em um campo próximo a Shanksville,

na Pensilvânia. Neste último voo, passageiros e tripulação tentaram retomar o

controle da aeronave mas, com a queda, tampouco houveram sobreviventes.

Acredita-se que a intenção dos terroristas com o apoderamento do voo 93 da

United era atingir a Casa Branca (CAVALCANTI, 2013).

O uso político como característica dos ataques terroristas obteve seu ápice nos

atentados de 11 de setembro de 2001. Até então, os apoderamentos ilícitos eram

caracterizados como alavanca para negociações ou plataforma de exigências.

Pela primeira vez, uma aeronave havia sido utilizada como arma, pilotada por

terroristas destinados a atingir alvos específicos nos Estados Unidos. O terrorismo

atual assume cada vez mais novos formatos, em razão da incapacidade prática de

suportar o confronto direto com as forças militares regulares dos Estados

envolvidos. Os atores não estatais, como os grupos terroristas, buscam aprimorar

cada vez mais as abordagens não convencionais (ARASLY, 2005).

Neste milênio, o transporte aéreo se desenvolveu muito devido a fatores como

globalização, agilidade e eficiência. O transporte de indivíduos e principalmente de

cargas dinamiza as relações internacionais; porém, o desenvolvimento do setor

gera responsabilidades ao Estado. Como exemplo, os atentados de 11 de

setembro de 2001 tiveram impactos imediatos na economia norte americana

decorrentes da diminuição da demanda na aviação civil (CROCH, 2008 apud

FAJER, 2009). Logo, é importante reconhecer o desafio de adaptar a segurança

da aviação civil interna de cada Estado ao ritmo de crescimento do transporte

aéreo mundial (FAJER, 2009), principalmente ao se considerar que o setor de

transporte aéreo se encontra atualmente como um dos principais alvos do

terrorismo (ARASLY, 2005).

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Com relação ao tamanho do impacto causado na aviação civil, inicialmente são as

próprias companhias aéreas as primeiras a serem afetadas. Pode-se ter como

exemplo deste impacto a crise sistêmica em grande escala que afetou as

principais companhias aéreas do mundo após 11 de setembro de 2001. Como

reconhecimento de consequências a longo prazo, empresas conhecidas

mundialmente não conseguiram se manter sob as circunstâncias caóticas daquele

período (ARASLY, 2005).

Grande parte das companhias aéreas estadunidenses acabaram dependendo do

apoio estatal para manter suas atividades. Da mesma forma, na Europa e à título

de exemplo, a empresa aérea britânica British Airways foi declarada isenta de

pagamento de impostos básicos pelo governo. A ameaça terrorista comprova seu

nível de impacto com inúmeros voos de diversas companhias aéreas cancelados,

aeroportos fechados e a necessidade de prontidão das forças armadas ao mínimo

sinal de um possível ataque (ARASLY, 2005).

As consequências imediatas de uma crise na aviação civil são o crescimento das

complicações de registro e análise de procedimentos para passageiros, bem como

a disponibilização de alguns agentes aéreos armados para escolta em voos

comerciais. O dano direto causado por rompimento de horário de voo e medidas

de segurança reforçadas totalizam várias dezenas de milhões de dólares. As

consequências secundárias, como depressão psicológica e pânico entre os

passageiros não se sujeitam a cálculo material. Estas ações imediatas não são

utilizadas para interromper o desenvolvimento da aviação, mas são uma resposta

aameaça que o terrorismo internacional impõe. Uma crise na aviação por motivo

de ameaça terroristaconfigura uma fórmula de pressão econômica e psicológica

direta (ARASLY, 2005).

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4 MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL PÓS 11 DE SETEMBRO

4.1 Reflexão Teórica: Regimes Internacionais

Parte-se, para fins de discussão, do conceito de Krasner que “regimes

internacionais são definidos como princípios, normas, regras e processos de

tomada de decisão sobre as quais as expectativas dos atores convergem em uma

determinada área-assunto”2 (Krasner, 1983, p. 01, tradução nossa). Como ponto

inicial, “regimes foram conceitualizados como variáveis intervenientes que ficam

entre fatores casuais básicos por um lado, e comportamentos e resultados por

outro” 3 (Krasner, 1983, p. 01, tradução nossa). Sendo assim, surge o

questionamento sobre duas questões acerca dos regimes; a primeira aborda a

relação entre os fatores causais como poder, interesses e valores e a outra,

referente a relação entre resultados e comportamentos, pergunta ao qual o autor

atribui igual valor ou até maior importância. (KRASNER, 1983).

Pela definição de Krasner, percebe-se que a aviação civil mundial com suas

regras, normas, procedimentos e processos de tomada de decisão configuram um

regime internacional. O importante nesta análise é observar que um regime pode

ser configurado pelo interesse de um Estado potência perante os outros no

sistema internacional. O objetivo é identificar se o Estado norte-americano foi

capaz ou não de motivar mudança, por meio de seus parâmetros internos de

segurança, na grande maioria de órgãos administradores e fiscalizadores de

aeroportos no mundo.

“Regimes podem ser definidos como conjuntos de princípios implícitos ou

explícitos, normas, regras e processos de tomadas de decisãoem torno do qual as

2 “International regimes are defined as principles, norms, rules, and decision-making procedures around which actor expectations converge in a given issue-area.” (Krasner, 1983, p. 01) 3 “Regimes have been conceptualized as intervening variables standing between basic casual factors on the one and outcomes and behavior on the other.” (Krasner, 1983, p. 01)

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expectativas dos atores convergemem uma determinada área-assunto das

relações internacionais”4 (Krasner, 1983, p.02, tradução nossa). Princípios são

convicções de fato, causalidade e retidão. Normas são padrões de comportamento

definidas em termos de direitos e deveres. Regras são específicas prescrições e

proscrições para a ação. Processos de tomada de decisão são práticas

predominantes para fazer e implemementar a escolha coletiva. Regimes devem

ser compreendidos como algo maiorque um arranjo temporário, que se modifica

diante do deslocamento de poder ou de interesse (KRASNER, 1983).

O conhecimento da teoria de regimes internacionais ilustra uma possível posição

dos Estados Unidos, que após 2001 promoveu a ideia de preservação de

segurança mútua entre os Estados, por meio da implementação de novas medidas

de segurança em seus aeroportos. A distinção entre princípios e normas de um

lado, e regras e procedimentos em outro, fazem com que os princípios e normas

forneçam a definição das características do regime. Definido como regime

internacional, a preocupação perante o assunto da segurança da aviação civil é

seu princípio, a seriedade quanto ao alto padrão de segurança imposto é sua

norma. As regras podem ser reconhecidas como os procedimentos de segurança,

que sofreram mudanças em escala após setembro de 2001.

Analisando a vontade de um Estado em estabelecer um regime, o autor aborda

duas explicações importantes. A primeira abordagem é o próprio interesse egoísta,

sendo o que prevalece para a existência dos regimes internacionais. “Se refere ao

desejo de maximizar seu interesse onde não inclua interesse de outra parte”5

(Krasner, 1983, p.11, tradução nossa). O Poder Político é a segunda maior

variável causal utilizada para explicar o desenvolvimento de um regime. Esta

segunda variável se fundamenta em duas vertentes, o poder em serviço de um

bem comum e o poder em serviço de interesses particulares. Na primeira vertente,

4 “Regimes can be defined as sets of implicit or explicit principles, norms, rules, and decision-making procedures around which actors expectations converge in a given area of international relations.” (Krasner, 1983, p. 02) 5 Desire to maximize one's own utility function where that function does not include the utility of another party.” (Krasner, 1983, p.11)

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o poder é utilizado para garantir ótimos resultados para o sistema como um todo.

Na segunda vertente, o poder é utilizado para aumentar os valores de atores

específicos dentro do sistema. Com valores intensificados, podem incluir o

aumento da capacidade de poder como promoção econômica ou outros objetivos

(KRASNER, 1983).

“Diante de que os regimes envolvem princípios e normas, a função de utilidade

que está sendo maximizada deve representar algum senso de obrigação geral”6

(Krasner, 1983, p. 03, tradução nossa). A clara demonstração do desafio em

relação ao terrorismo internacional foi estipulada através de um cenário de

deficiências na segurança da aviação civil, concretizada após setembro de 2001.

Existem várias regras e procedimentos de tomada de decisão que são

consistentes com os mesmos princípios e normas (KRASNER, 1983). “Mudanças

nas regras e nos procedimentos de tomada de decisão representam mudanças

dentro dos regimes, previsto que princípios e as normas não são alteradas”7

(Krasner, 1983, p.03, tradução nossa). Desde o começo da história da aviação

civil, a responsabilidade com a segurança sempre foi prioritária, seus princípios e

suas normas inalteradas garantem a continuidade do regime. Hoje, seu formato

mais criterioso em medidas de segurança, mobilidade de passageiros e tecnologia

representam uma nova conjuntura do regime.

“Regimes são instituições sociais que regem as ações daqueles interessados em

atividades especificas (ou conjunto de atividades aceitas)”8 (YOUNG, 1983, p. 93,

tradução nossa). Como todas as instituições sociais, são reconhecidos padrões de

comportamento ou práticas em torno do qual convergem as expectativas. Regimes

internacionais são aqueles pertencentes às atividades de interesse perante os

membros do sistema internacional. Os membros dos regimes são Estados

6 “Since regimes encompass principles and norms, the utility function that is being maximized must embody some sense of general obligation.” (Krasner, 1983, p. 03) 7 “Changes in rules and decision-making procedures are changes within regimes, provided that principles and norms are unaltered.” (Krasner, 1983, p. 03) 8 “Regimes are social institutions governing the actions of those interested in specific activities (or accepted sets of activities).” (YOUNG, 1983, p. 93)

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soberanos, ainda que as partes que realizam as ações regidas por eles sejam

normalmente entidades privadas. Como uma complexa instituição social, não deve

ser abordada de forma estática, como outras, são desenvolvidos ou evoluem ao

longo do tempo (YOUNG, 1983).

Torna-se necessário distinguir os motivos para que exista o enfraquecimento, a

partir de mudanças dentro dos regimes. “Se os princípios, normas, regras e

processos de tomada de decisão se tornam menos coerentes, ou se a prática real

é cada vez mais incompatível com os princípios, normas, regras e procedimentos,

em seguida, um regime se enfraquece”9 (Krasner, 1983, p.05, tradução nossa).

Enfraquecer um regime envolve incoerência entre os componentes ou

inconsistência entre o regime e seu valor relacionado. (KRASNER, 1983). Mesmo

quatorze anos transcorridos após os atentados terroristas de 2001, a busca por

melhorias na segurança e a contínua vontade dos Estados em fazê-la

representam um forte regime que não possui tendência ao enfraquecimento.

4.1.1 Regimes Internacionais de Segurança

Como padrão das Relações Internacionais, a distribuição militar e econômica de

poder entre os Estados não se aplica ao campo dos regimes. “Regimes de

segurança são aqueles princípios, regras e normas que permitem as nações à

conterem seu comportamento acreditando que os outros agirão de forma

recíproca”10 (JERVIS,1982, p.173, tradução nossa). O objetivo é observar que

após 11 de setembro de 2001 houve de fato esse comportamento recíproco entre

os Estados, para estabelecer um sistema mais comum de segurança. “Se as

conexões entre resultados e poder nacional são indiretos, existe mais espaço para

9 “If the principles, norms, rules, and decision-making procedures of a regime become less coherent, or if actual practice is increasingly inconsistent with principles, norms, rules, and procedures, then a regime has weakened.” (Krasner, 1983, p. 05) 10 “By a security regime I mean, (…) those principles, rules, and norms that permit nations to be restrained in their behavior in the belief that others will reciprocate.” (JERVIS, 1982, p.173)

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escolha, criatividade e instituições para conter e regular o comportamento, assim,

produzir um regime”11 (JERVIS, 1982, p.174, tradução nossa).

A principal questão da segurança é que a competição não contida pode prejudicar

todos os atores do sistema. A busca racional do interesse próprio tem a tendência

de não obter resultado satisfatório. Os dilemas de segurança durante a Guerra

Fria delimitaram percepções quanto à dinâmica da ação e reação entre potências

rivais. O modelo de regimes aplicado aos Estados, por meio da criação de

princípios, regras, normas e procedimentos diante das instituições, possui a

intenção de controlar a competição entre eles, transferindo o foco da pesquisa

para os elementos de interdependência das relações de segurança (JERVIS,

1982).

Com o final da Guerra Fria, houve uma certa valorização dos assuntos e desafios

econômicos. Conforme Samuel Huntington, no começo da década de 1990, “as

capacidades militares provavelmente serão menos importantes do que elas têm

sido no passado. Medidas econômicas serão centrais...” (Huntington, 1991 apud

Rudzit, 2005, p. 298). A partir dos dilemas de segurança, pode-se pensar que os

conflitos entre os Estados são questões inerentes. Nesse sentido, Robert Jervis

confirma que questões de segurança envolvem maior competitividade do que em

regimes econômicos (JERVIS, 1982). Os ataques terroristas de 11 de setembro

aos Estados Unidos modificaram percepções, definiram uma nova realidade e de

alguma forma reforçaram a ideia de que o uso da força nas relações internacionais

não estaria ultrapassado.

11 “If the connections between outcomes and national power are indirect and mediated, there is more room for choice, creativity, and institutions to restrain and regulate behavior, and to produce a regime” (JERVIS, 1982, p.174).

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Somente a segurança não é o objetivo mais valorizado, pois se trata de um pré-requisito para muitas outras coisas, mas a área de segurança é impiedosa. Pequenos erros podem ter grandes consequências, e também o custo de viver diante das regras de um regime, enquanto outros não são tão bons. Manter-se por trás dos outros temporariamente pode produzir danos permanentes12 (Jervis, 1982 p.175, tradução nossa).

Por meio da teoria de regimes de segurança, Jervis analisa a lógica anárquica do

sistema internacional e do uso da força, desenvolvendo a ideia de que é retirada a

atenção do Estado para uma nova compreensão, em nível sistêmico. Os regimes

de segurança são valiosos e difíceis de alcançar; ações individuais geralmente

são custosas, perigosas e difíceis de atingir graças ao medo de que os outros

Estados estejam violando ou, de certa forma, pretendam violar o entendimento

comum. Nos dilemas de segurança, as políticas são designadas para aumentar a

segurança do Estado, o que automaticamente diminui o nível de segurança dos

outros (JERVIS, 1982).

Se hostilidade na área de segurança não é confiada para expandir oposição em questões econômicas, ou se a diminuição da cooperação neste domínio não é vista como um custo, então um importante incentivo para a cooperação estará ausente 13 (JERVIS, 1982 p.178, Tradução nossa).

Diante do objetivo proposto para análise, após os atentados terroristas em 2001

os Estados Unidos e as grandes potências obtiveram um sentimento comum

acerca da necessidade de defesa da aviação civil. Robert Jervis sinaliza as

condições para ser formado um regime de segurança. Primeiramente, as grandes

potências devem querer o estabelecer, o que é mais viável um ambiente regulado

do que aquele em que são realizadas ações individuais. Em segundo lugar, os

integrantes devem acreditar que os outros também compartilham do mesmo

sentimento de cooperação e segurança mútua. Em casos de regimes de

segurança, isto é muito importante; outros podem já ter sido descartados não pelo

12 Not only is security the most highly valued goal because it is a prerequisite for so many things, but the security area is unforgiving. Small errors can have big consequences, and so the costs of living up to the rules of a regime while others are not are great. Temporarily falling behind others can produce permanent harm (JERVIS, 1982 p.175). 13 “If hostility in the security area is not believed to spill over into hostility in economic issues, or if decreased cooperation in that sphere is not viewed as a cost, then an important incentive for cooperation will be absent” (JERVIS, 1982 p.178).

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fato de que uma grande potência era um país agressor, mas por outros Estados

incorretamente o terem percebido como um agressor. “A terceira condição é mais

complexa, mesmo que os atores principais se comprometessem em manter o

status quo, regimes de segurança não podem se formar quando um ou mais

atores acreditam que a segurança é melhor provida na expansão”14 (JERVIS,

1982, p.177, tradução nossa). O dilema de segurança acontece não como uma

consequência não intencional da política, mas sim como seu objeto. A quarta

condição é considerada óbvia pelo autor, ele informa que a guerra é a busca

individual por segurança, e estas devem ser consideradas custosas. Naturalmente,

com isso, a cooperação tende a ser sempre menor, assim, não se configurará um

regime (JERVIS, 1982).

4.2 Análise Econômica

Os ataques ocorridos em 11 de Setembro de 2001 desafiaram o futuro da história

da aviação. Dados da IATA demonstram que o impacto nos Estados Unidos, como

maior exemplo, foi extremo. Com 38.047 voos comercias em 10 de setembro de

2001 para 252 voos comerciais no dia 12 de setembro do mesmo ano é registrada

uma queda drástica no fluxo de aviões em solo estadunidense. Logicamente os

números voltaram a subir nas semanas seguintes, mas importante delimitar o

tamanho do impacto gerado. (IATA, 2011)

No mercado financeiro dos Estado Unidos, a queda de receita das companhias aéreas foram de $130.2 bilhões em 2000 para $107.1 bilhões em 2002. Houveram perdas de $19.6 bilhões reportados no período de 2001 para 2002. Entre 2001-2005 totalizaram $57.7 bilhões em perdas financeiras. Entre 2006-2007 as companhias aéreas voltaram a lucrar, ($25.9 bilhões) mas a alta dos combustíveis e a crise financeira mundial fez com que 2008-2009 também trouxessem perdas de $26.4 bilhões em receitas das companhias15 (IATA, 2011, tradução livre, p.2)

14 “Third, and even more troublesome, even if all major actors would settle for the status quo, security regimes cannot form when one or more actors believe that security is best provided for by expansion” (Jervis, 1982, p. 177) 15 “US airline revenues fell from $130.2 billion in 2000 to $107.1 billion in 2002. Losses of $19.6 billion were reported in 2001 - 2002. Losses for 2001 - 2005 totaled $57.7 billion. US carriers

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A resposta do governo estadunidense foi criar uma lei de compensação pelos

danos ocorridos e pelas perdas incrementais após 11 de setembro de 2001. A lei

de compensação entrou em vigor no dia 23 de setembro de 2001, com o nome de

US Air TransportationSafetyand System StabilizationAct. Através dessa lei, as

companhias aéreas receberam $5 bilhões de dólaresmantidos até 31 de dezembro

de 2001 e $10 bilhões em garantias de futuros empréstimos. (IATA, 2011)

No mundo, foi configurada queda de 2.7%em tráfego de passageiros

(toneladas/quilômetros) em 2001, retornou crescimento contínuo atéa crise

econômica mundial em 2009. Com a crise, 2009 demonstrou nova queda de

2.1%em tráfego de passageiros. Os ganhos de receitas globais caíram de $329

bilhões em 2000 para $307 bilhões em 2001 e $306 bilhões em 2002. A partir de

2003 asreceitas globais voltaram a demonstrar novos crescimentos, porém a crise

financeira mundial reservou nova queda em 2008. Os lucros das empresas aéreas

foram de $13 bilhões em 2001 para $11.3 bilhões em 2002. Houve recuperação

dos lucros somente após 2005, mas como todos os outros setores da aviação, o

período entre 2008-2009 foi marcado não somente pela crise mundial, mas

também pelo aumento do valor do combustível, estes fatores acarretaram um total

de $25.9 bilhões em perdas de receita. (IATA, 2011)

Em dados fornecidos em 2011 pela IATA, o custo de segurança da aviação civil é

estimado em $7,4 bilhões de dólares anuais. Logo, as ameaças a aviação

comercial devem sim ser consideradas desafios dos Estados. O financiamento do

custo não pode ser deixado somente para as companhias aéreas, mas sim

responsabilidade dos seus governos. (IATA, 2011)

returned to profit in 2006 - 2007 ($25.9 billion), but soaring oil prices and the global financial crisis pushed them into losses of $26.4 billion in 2008-09.” (IATA, 2011, p. 2)

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Figura 1 - Custo da Segurança na Aviação Civil (IATA, 2011)

4.3 Perspectiva Normativa

Houveram aproximadamente 3 mil pessoas mortas, incluindo os 19 terroristas nos

atentados de 2001 aos Estados Unidos. Pode-se dizer que existiu perante aos

outros Estados, um movimento de reforço da legislação interna antiterrorismo e a

ampliação dos poderes de aplicação da lei sobre o assunto. Entende-se que

ainda falta um tipo de Direito Penal que atenda, atualmente, a questão do

terrorismo, ao invés de cláusulas generalizadas acerca do tema. Existe a

necessidade de expor elementos que possam, de fato, definir o conceito. (SILVA,

2011)

Qualquer crime ou violação à Convenção das Nações Unidas para a Repressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Aviação Civil, assinada em Montreal em 23 de dezembro de 1971 e promulgada no Brasil pelo Decreto 72.383/73, determina em seu artigo 3º, que os Estados aderentes adotem “penas severas” para reprimir tais atos considerados como terroristas. Podemos observar que segundo a Convenção de Montreal, atos de interferência ilícita contra a aviação civil, são considerados atos terroristas. (SILVA, 2011, p. 2)

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Compreende-se que por constituírem normas para o futuro, os Tratados e

Convenções Internacionais não tipificam crimes. Tratados e Convenções

representam normas de conduta internacionais futuras, que vinculam

juridicamente Estados ou entidades internacionais, com objetivo de conciliar

vontades divergentes e alcance da solução jurídica comum. O Direito interno

brasileiro possui o artigo 20 da Lei 7.170, de 14 de dezembro de 1983 (Lei de

Segurança Nacional), sancionada no final do período político pós-revolução em

1964. Estes dispositivos penais, ainda de forma primária denomina "atos de

terrorismo" em geral, mas não os exemplifica ou os define. (SILVA, 2011)

A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 26 de maio de 1969, é uma das mais importantes fontes do Direito Internacional Público, pois nela as regras costumeiras sobre a matéria foram devidamente codificadas em documento quase perfeito, cujo objetivo foi precisamente o de reconhecer o direito das organizações internacionais de firmar tratados e convenções. Areferida Convenção não proíbe a previsão, em normas internacionais, de disposições tipificadoras de delitos, conquanto seja incomum a adoção dessa prática, tendo como inequívoco exemplo a questão do terrorismo. (SILVA, 2011. p. 3)

Perante as legislações domésticas, nem todos Estados Democráticos possuem

tipificação penal para o crime de terrorismo em sua Constituição Federal. No Brasil,

a constituição vigente considera o terrorismo como crime inafiançável, insuscetível

de graça ou anistia a prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas

afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo

os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. (BRASIL,

1990)

O Brasil aderiu ou ratificou nove de doze tratados internacionais em vigor e dois

regionais relativos ao terrorismo internacional, que incluem a Convenção da OEA

para a prevenção e repressão dos atos de terrorismo; a Convenção para a

repressão do apoderamento ilícito de aeronaves, de 16 de Dezembro de 1970; a

Convenção sobre a proteção física de materiais nucleares, de 3 de Março de 1980,

entre outros. A Constituição federal brasileira de 1988, contém dispositivos que

reproduzem constantes objetos de tratados internacionais de direitos humanos

como por exemplo, a proibição da tortura. Importante que, independentemente da

classificação hierárquica dos tratados ou convenções internacionais em prol do

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ordenamento jurídico nacional, não desempenham o papel de norma

incriminadora (SILVA, 2011)

No cenário internacional, em 2010, os Estados membros das Naçoes Unidas

adicionaram dois documentos legais a cerca do assunto de segurança à aviação

civil: A Convenção para a Repressão de Atos Ilícitos Relacionados à Aviação Civil

Internacional e o Protocolo Suplementar à Convenção para a Repressão da

Captura Ilícita de Aeronaves. O objetivo dos Estados membros da ONU

foicriminalizar a utilização de aeronaves como armas, materiais perigosos que

possam ataca-las ou atingi-las como alvo em solo. Foi reconhecido pelas Naçoes

Unidas anecessidade decomplementar o que ja existe em instrumentos

internacionais de combate ao terrorismo e construir com princípios fundamentais a

importância da criminalização das infrações terroristas. (ONU, 2010)

4.4 Procedimentos Estruturais

Os ataques de 11 de setembro de 2001 acarretaram mudanças bruscas na

aviação civil. Todas aeronaves internacionais dos Estados Unidos ficaram em solo

por 3 dias após ataques. Foram expandidos os itens da Lista de Produtos

Proibidos da ICAO, autorizado pela FAA, sendo incluídos utensílios caseiros,

ferramentas, ou seja, qualquer objeto pontiagudo ou cortante. Outra medida

imediata foi a recomendação de enrijecer as portas das cabines em todas

aeronaves civis estadunidenses. Em março de 2002, a grande maioria das

aeronaves já haviam modificado suas portas de cabine. (IATA, 2011)

Regulamentos da Administração Federal de Aviação, FAA, modificaram as

diretrizes de segurança de forma muito mais rigorosa nos aeroportos de todo os

Estados Unidos de forma urgente. As medidas fizeram parte da primeira resposta

regulatória aos apoderamentos ilícitos de setembro de 2001. Com os voos, uma

vez retomados, as novas regras reforçaram a segurança. Facas e instrumentos de

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qualquer tamanho, feitos de metal, plástico ou qualquer outro material, não seriam

mais permitidos tanto em aviões comerciais, como serem utilizados ou vendidos

em qualquer parte dos terminais de qualquer aeroporto. (ZIELBAUER e

SULLIVAN, 2001)

Outra medida importante foi que antes da entrada dos passageiros, os aviões

seriam revistados por agentes de segurança. Foi evitado ao máximo que aviões

de passageiros também transportassem cargas, assim, reduziriam os riscos de

bombas. Até mesmo veículos estacionados a menos de 300 metros do terminal

poderiam ser rebocados. As mudanças vieram como lei de aplicação oficial. Antes

do 11 de setembro era permitido que passageiros carregassem canivetes ou

talvez navalha de ponta, mas os seqüestros demonstraram que mesmo essas

armas de baixo grau poderiam fornecer força suficiente se utilizados por terroristas

em uma aeronave. (ZIELBAUER e SULLIVAN, 2001)

As novas regras de segurança foram negociadas entre a Administração Federal

de Aviação, funcionários do Departamento de Transporte e principais executivos

das principais companhias aéreas do país em conferências imediatas após os

ataques. A associação de transporte aéreo dos EUA somou a um grupo

organizado do governo que tinha o objetivo de interferir diretamente nas novas

medidas de segurança. (ZIELBAUER e SULLIVAN, 2001)

Atualmente a segurança da aviação civil é provida por três partes principais:

Companhias aéreas, aeroportos e Força Aérea nacional. A parte de segurança,

em geral, fica a cargo dos aeroportos e transportadoras aéreas. São responsáveis

pela aplicação da lei e da segurança geral dentro do aeroporto, incluindo áreas

externas como estacionamento, perímetro e áreas internasatéos postos de

controlede segurança. Também são contratadospoliciaisparaos pontos de

verificaçãode segurança. O governo através da FAA realiza seu papel regulador.

(MUKASH, s.d.)

A FAA se tornou responsável por fornecer informações sobre ameaças, o

estabelecimento de políticasde segurança, normas e protocolos, realização de

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auditorias de segurançadas companhias aérease aeroportos, apoio à investigação,

desenvolvimento de tecnologia de segurança e supervisão dainstalaçãode

equipamentos e dispositivosde segurançaemaeroportos. As companhias aéreas

são responsáveis pela segurança de seus passageiros com bagagens de mão,

despachada e triagem em pontos de verificação dentro da aeronave. (MUKASH,

s.d.)

Outra importante mudança, foi que muitos Estados determinaram que as

companhias aéreas providenciassem informações sobre os passageiros antes da

chegada no destino. Estes dados já existiam através do API (Advanced Passanger

Information), Informações Avançadas do Passageiro, mas antes de setembro de

2001 não eram solicitados por questões de segurança, o objetivo era agilizar o

processo na alfândega. Em dados da IATA, após 11 de setembro de 2001, até

2010, 60 Estados já obrigavam a utilização do API. (IATA, 2011)

Algumas das medidas imediatas não conseguiram se manter por gerar perdas de

receitas ou até mesmo não influenciarem totalmente no quesito da segurança.

Importa é perceber que muitas dessas medias hoje estão presente na maior parte

dos aeroportos no mundo. Ações iniciais dentro de um Estado que obteve

direcionamento sistêmico não necessariamente significa coalização. Cabe a

percepção de que outros Estados podem ter percebido a necessidade de ampliar

a segurança, pegando como exemplo um Estado potência, no caso, os Estados

Unidos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do desenvolvimento da pesquisa restou nítida a influência decisiva que

os ataques de 11 de setembro de 2001 tiveram sobre o panorama internacional de

segurança. As aeronaves, para além de sua aplicação útil no transporte,

consolidaram um nefasto papel de potenciais armas, com projeções grandiosas e

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perigosas. Pretendeu-se, com a adoção da segurança da aviação civil como

objeto central da discussão empreendida, melhor compreender este tema e

responder aos questionamentos apresentados.

De fato caracterizou-se um comportamento recíproco, por parte dos Estados, no

sentido de estabelecer um sistema comum de segurança, notadamente após os

malsinados eventos de 11 de setembro. Mesmo diante da natureza

indubitavelmente racional dos Estados, em busca do interesse próprio, pode-se

concluir que as falhas de segurança nos aeroportos escancararam-se como uma

preocupação generalizada.

Neste contexto, percebe-se que as mudanças empreendidas no âmbito doméstico

pelos Estados Unidos acabaram se alastrando para outros Estados. Com isto,

tornou-se exequível identificar a existência de uma vontade compartilhada pela

grande maioria dos Estados do sistema internacional, com vistas ao

estabelecimento de um regime de segurança de aviação civil.

De fato, a presença majoritária de regras estadunidenses sob um sistema interno

de segurança requer a devida atenção. Os Estados Unidos – reconhecidos por

sua força militar, política e econômica – após sofrer ataques terroristas de

tamanha proporção modificaram de forma automática todo um status quo no que

diz respeito à segurança mundial. O dilema de segurança, como objeto da política,

mantém um cenário de incertezas que movimentam o sistema

internacional. Porém, o custo de um regime onde exista a cooperação é

logicamente menor do que ações individuais.

Quanto à vislumbrada implementação de mudanças instrumentais, cuja finalidade

precípua seria a projeção ou consolidação do poder estadunidense, não

emergiram indícios confirmativos. As referências utilizadas de fato confirmam

mudanças internas, mas no âmbito internacional não há como se confirmar uma

relação direta. Medidas de segurança são realizadas através de recomendações

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da ICAO e efetivadas junto à IATA, mas o controle do espaço aéreo permanece

sob a soberania dos Estados. De toda forma, igualmente perceptível é que, acaso

os atentados tivessem atingido algum outro Estado, notadamente com

capacidades reduzidas no cenário internacional, certamente o desdobramento dos

eventos seria consideravelmente mais tímido.

Subsiste ainda a importante compreensão de que a segurança da aviação civil

não deve corresponder somente às companhias aéreas, mas sim ser considerada

uma responsabilidade indelegável dos Estados. Como se pôde perceber, a

segurança é extremamente custosa e até mesmo pequenas falhas podem

redundar em resultados desastrosos. A análise econômica buscou exatamente

corroborar tal argumento, buscando pode comparar as perdas de receita após

setembro de 2001 com as decorrentes da crise econômica de 2008. No atual

estágio de globalização, uma ação que seja terrorista, financeira, de saúde ou

tecnológica pode rapidamente alcançar proporções grandiosas. O ineditismo da

correlação imediata entre um desastre aéreo e uma crise econômica mundial

indubitavelmente surpreendeu todo o sistema internacional.

Neste contexto, caberia aos Estados e as organizações internacionais uma

regulamentação normativa mais específica no que diz respeito ao apoderamento

ilícito de aeronaves. Sem uma legislação eficiente, a impressão é a de que o tema

continua vago e ainda não alcança seu devido reconhecimento. Todos os

argumentos e análises apresentados buscam contribuir para a demonstração de

que a segurança da aviação civil é um tópico de extrema relevância nas relações

internacionais.

Em suma, é preciso reconhecer que a aviação civil continua a representar um

campo propício para novos atentados de grande dimensão. Todas as medidas

estruturais realizadas foram bem vindas e combatem novas tentativas, porém

ainda é indispensável a contínua busca de novas normas que possam combater a

criatividade dos terroristas. Políticas de reação rápida de fato minimizam os efeitos

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mas ainda é necessário, especialmente por meio de novas tecnologias, tentar

prever novos métodos terroristas e manter-se à frente dos que podem identificar

no apoderamento de aeronaves uma maneira eficiente de fazer ecoar suas

intenções por meio da violência.

6 REFERÊNCIAS

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