Análise das vibrações resultantes do desmonte de rocha em mineração de calcário

  • Upload
    sergio

  • View
    50

  • Download
    2

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

    Instituto de Geocincias e Cincias Exatas

    Campus de Rio Claro

    ANLISE DAS VIBRAES RESULTANTES DO DESMONTE DE

    ROCHA EM MINERAO DE CALCRIO E ARGILITO

    POSICIONADA JUNTO REA URBANA DE LIMEIRA (SP) E SUA

    APLICAO PARA A MINIMIZAO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

    Caetano Dallora Neto

    Orientadora: Profa. Dra. Gilda Carneiro Ferreira

    Dissertao de Mestrado elaborada junto ao

    Programa de Ps-Graduao em Geocincias rea

    de Concentrao em Geocincias e Meio Ambiente,

    para obteno do ttulo de Mestre em Geocincias.

    Rio Claro (SP)

    2004

  • 550 Dallora Neto, Caetano D148a Anlise das vibraes resultantes do desmonte de rocha em

    minerao de calcrio e argilito posicionada junto rea urbana de Limeira (SP) / Caetano Dallora Neto. Rio Claro : [s.n.], 2004

    82 f. : il., grfs., tabs. Dissertao (mestrado) Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geocincias e Cincias Exatas Orientador: Gilda Carneiro Ferreira 1. Geologia Aspectos ambientais. 2. Tempo de retardo. I.

    Titulo.

    Ficha Catalogrfica elaborada pela STATI Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP

  • Comisso Examinadora

    Profa. Dra. Gilda Carneiro Ferreira (orientadora)

    Prof. Dr. Elias Carneiro Daitx

    Prof. Dr. Valdir Costa e Silva

    Caetano Dallora Neto

    - aluno -

    Rio Claro, 26 de novembro de 2004

    Resultado:

  • Maria

    e s nossas crianas.

    Sempre sero.

  • AGRADECIMENTOS

    A realizao deste trabalho foi possvel a partir da colaborao direta de:

    Alan de Oliveira, IGCE, UNESP.

    Ana Carolina Salles Scarpari, IGCE, UNESP.

    Antoninho Pedro, Ablio Pedro Ind. e Com. Ltda., Limeira, SP.

    Carlos de Almeida Nbrega, IGCE, UNESP.

    Antonio Cezrio Porta Junior, IGCE, UNESP.

    Eline Brigatto, IGCE, UNESP.

    Elias Carneiro Daitx, IGCE, UNESP.

    Francisco Manuel Garcia Barrera, IGCE, UNESP.

    Gilberto M. de Souza Rodriguez, Master Demolies e Comrcio Ltda., Jardinpolis, SP.

    Joo Carlos Dourado, IGCE, UNESP.

    Rubens Csar dos Santos, Constroeste Ind. e Comrcio Ltda., Guar. SP.

    Srgio Barbosa de Couto, Ablio Pedro Ind. e Com. Ltda., Limeira, SP.

    A quem manifesto o reconhecimento pela sua contribuio.

    Deve ser debitada a responsabilidade por este cometimento Profa. Dra. Gilda Carneiro

    Ferreira, amiga e orientadora.

  • S U M R I O

    ndice............................................................................................................................................ i

    ndice de Tabelas..........................................................................................................................iii

    ndice de Figuras ..........................................................................................................................iv

    Resumo ........................................................................................................................................vi

    Abstract ......................................................................................................................................vii

    1 Generalidades......................................................................................................................... 1

    2 Impactos ambientais associados a desmontes de rochas com explosivos .................................. 5

    3 Vibraes no terreno decorrentes de desmontes de rochas com explosivos............................ 10

    4 Impactos ambientais das vibraes propagadas pelo terreno e formas de mitigao................ 33

    5 rea de estudo..................................................................................................................... 42

    6 Anlise e interpretao dos dados ......................................................................................... 52

    7 Determinao dos tempos de retardo ....................................................................................61

    8 Concluses........................................................................................................................... 75

    9 Referncias Bibliogrficas...................................................................................................... 79

    Anexos

  • indice

    1 Generalidades........................................................................................................................ 1

    1.1 Introduo ................................................................................................................... 1

    1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 2

    1.3 - Localizao da rea de estudo ..................................................................................... 2

    1.4 Materiais e mtodos .................................................................................................... 3

    2 - Impactos ambientais associados a desmontes de rochas com explosivos ............................. 5

    2.1 - Poeiras e gases txicos................................................................................................. 5

    2.2 Ultralanamentos ........................................................................................................ 6

    2.3 - Danos ao macio remanescente................................................................................... 6

    2.4 - Rudo e sobrepresso atmosfrica ............................................................................... 6

    2.5 - Vibraes propagadas pelo terreno.............................................................................. 8

    3 Vibraes no terreno decorrentes de desmontes de rocha com explosivos ........................ 10

    3.1 Conceitos bsicos utilizados no estudo de vibraes................................................ 10

    3.1.1 Elasticidade................................................................................................... 10

    3.1.2 - Propagao de ondas elsticas ...................................................................... 13

    3.1.3 - Partio de energia em uma interface ........................................................... 16

    3.1.4 Mecanismos de atenuao ........................................................................... 19

    3.1.5 Vibraes...................................................................................................... 21

    3.2 - Desmonte de rochas com explosivos......................................................................... 22

    3.2.1 - Plano de fogo................................................................................................. 23

    3.2.2 - Explosivos e acessrios de detonao........................................................... 26

    a Explosivos............................................................................................... 26

    b - Acessrios de detonao ......................................................................... 27

    3.2.3 - Mecanismos de fragmentao ....................................................................... 28

    3.2.4 - Rendimento energtico.................................................................................. 31

    4 Impactos ambientais das vibraes propagadas pelo terreno e formas de mitigao ......... 33

    4.1 Danos associados a vibraes.......................................................................... 33

    4.2 - Reaes humanas s vibraes ......................................................................... 35

    4.3 - Reduo das vibraes que se propagam pelo terreno ..................................... 36

    4.4 - Obteno de equao de atenuao.................................................................. 38

  • ii

    5 - rea de estudo ..................................................................................................................... 42

    5.1 - Atividades de lavra e beneficiamento........................................................................ 42

    5.2 Monitoramento sismogrfico .................................................................................... 44

    5.2.1. Equipamentos utilizados .................................................................................. 44

    5.2.2. Dados obtidos................................................................................................... 45

    5.2.2.1. Dados obtidos na primeira etapa de monitoramento............................ 45

    5.2.2.2. Dados obtidos na segunda etapa de monitoramento ........................... 49

    6 - Anlise e interpretao dos dados........................................................................................ 52

    7 - Determinao dos tempos de retardo....................................................................................61

    8 Concluses .......................................................................................................................... 75

    9 - Referncias bibliogrficas ................................................................................................... 79

    Anexo I Mapa de Localizao das Detonaes e Pontos de Monitoramento Sismogrfico

    Anexo II Planos de Fogo

    Anexo III Sismogramas - Planos de fogo

    Anexo IV Sismogramas - Tempos de retardo

  • iii

    ndice de Tabelas

    Tabela 4.1.1 Critrio para avaliao do risco de danos e edificaes proposto porLangefors e Kihlstrm (1978)................................................................................33

    Tabela 4.1.2 Critrio para a avaliao de danos e edificaes proposto por Siskind et al. (1980) .............................................................................................34

    Tabela 5.2.2.1.1 Planos de fogo monitorados no perodo de 17/12/99 a 08/12/00............................47

    Tabela 5.2.2.1.2 Registros obtidos no perodo 17/12/99 a 08/12/00 ...............................................48

    Tabela 5.2.2.2.1 Planos de fogo monitorados no perodo de 24/04 a 25/11/03 ................................50

    Tabela 5.2.2.2.2 Registros obtidos no perodo 24/04 a 25/11/03 ....................................................51

    Tabela 7.1 Tempos de retardo - solo (janeiro de 2004).......................................................................64

    Tabela 7.2 Tempos de retardo - basalto (junho de 2004)....................................................................69

  • iv

    ndice de Figuras

    Figura 6.1 - Registros obtidos na primeira etapa de monitoramentos e equaes deatenuao e de mxima energia........................................................................ 53

    Figura 6.2 - Registros obtidos na segunda etapa de monitoramentos................................... 54

    Figura 6.3 - Registros obtidos em residncia situada na rua 16 n. 35, na primeira esegunda etapas de monitoramento.................................................................... 54

    Figura 6.4 - Registros obtidos no escritrio da empresa na primeira e segunda etapas de monitoramento............................................................................................ 55

    Figura 6.5 - Registros obtidos na segunda etapa de monitoramentos, agrupados segundo caractersticas dos planos de fogo...................................................... 57

    Figura 6.6 - Registros obtidos na segunda etapa de monitoramentos, agrupadossegundo caractersticas dos planos de fogo, em escala bilogartmica............... 57

    Figura 6.7 - Registros obtidos na primeira etapa de monitoramentos, agrupadossegundo caractersticas dos planos de fogo....................................................... 58

    Figura 6.8 - Registros obtidos na primeira etapa de monitoramentos, agrupadossegundo caractersticas dos planos de fogo, em escala bilogartmica............... 58

    Figura 6.9 - Registros obtidos na segunda etapa de monitoramentos e equao demxima energia desenvolvida a partir dos registros provenientes daprimeira............................................................................................................. 59

    Figura 6.10 - Registros das duas etapas de monitoramento e equaes 6.2 e 6.4.................. 60

    Figura 7.1 Esquema de montagem do experimento........................................................... 62

    Figura 7.2- Esquema de montagem dos conjuntos espoleta/estopim e no eltrico deretardo............................................................................................................... 63

    Figura 7.3.a - Registros obtidos na componente transversal; eventos monitorados em22/01/04 a partir de conjuntos compostos por espoleta simples e deretardo de 25 ms................................................................................................ 65

    Figura 7.3.b - Registros obtidos na componente vertical; eventos monitorados em22/01/04 a partir de conjunto composto por espoleta simples e deretardo de 25 ms................................................................................................

    65

    Figura 7.3.c - Registros obtidos na componente longitudinal; eventos monitorados em22/01/04 a partir de conjuntos compostos por espoleta simples e de retardode 25 ms............................................................................................................ 65

    Figura 7.4.a - Registros obtidos na componente transversal; eventos monitorados em22/01/04 a partir de espoleta simples 8............................................................. 66

  • vFigura 7.4.b - Registros obtidos na componente vertical; eventos monitorados em 22/01/04 a partir de espoleta simples n. 8....................................................... 66

    Figura 7.4.c - Registros obtidos na componente longitudinal; eventos monitorados em22/01/04 a partir de espoleta simples n. 8........................................................ 66

    Figura 7.5.a - Registros obtidos na componente transversal; eventos monitorados em22/01/04 e representao do sinal "ter 25 ms" deconvoluido do sinal"espoleta 2"....................................................................................................... 67

    Figura 7.5.b - Registros obtidos na componente vertical; eventos monitorados em22/01/04 e representao do sinal "ter 25 ms" deconvoluido do sinal"espoleta 2"....................................................................................................... 67

    Figura 7.5.c - Registros obtidos na componente longitudinal; eventos monitorados em22/01/04 e representao do sinal "ter 25 ms" deconvoluido do sinal"espoleta 2"....................................................................................................... 67

    Figura 7.6.a - Comparativo entre os registros 17:31, de 08/06 e 17:05, de 19/06/04, nacomponente vertical, a partir de retardos com tempos nominais de 17 ms.Os valores observados foram de 16,8 ms.......................................................... 71

    Figura 7.6.b - Comparativo entre os registros 17:05 e 17:12, de 19/06/04, na componentevertical, a partir de retardos com tempos nominais de 17 ms. Os valoresobservados foram de 16,8 ms e 13,2 ms, respectivamente............................... 71

    Figura 7.7.a - Comparativo entre os registros 17:20 e 17:24, de 19/06/04, na componentevertical, a partir de retardos com tempos nominais de 25 ms. Os valoresobservados foram de 25,4 ms............................................................................ 72

    Figura 7.7.b - Comparativo entre os registros 17:36 e 18:13, de 08/06/04, na componentevertical, a partir de retardos com tempos nominais de 25 ms. Os valoresobservados foram de 22,9 ms e 29,3 ms, respectivamente............................... 72

    Figura 7.8.a - Comparativo entre os registros 17:41 e 18:21, de 08/06/04, na componentevertical, a partir de retardos com tempos nominais de 250 ms. Os valoresobservados foram de 251,4 ms e 250,9 ms, respectivamente........................... 73

    Figura 7.8.b - Detalhe da figura 7.8.a...................................................................................... 73

    Figura 7.8.c - Detalhe da figura 7.8.a...................................................................................... 73

    Figura 7.9.a - Comparativo entre os registros 18:04, 18:17 e 18:22, de 19/06/04, nacomponente vertical, a partir de retardos com tempos nominais de 250 ms.Os valores observados foram de 260,3 ms, 241,7 ms e 250,5 ms,respectivamente................................................................................................. 74

    Figura 7.9.b - Detalhe da figura 7.9.a...................................................................................... 74

    Figura 7.9 .c - Detalhe da figura 7.9.a...................................................................................... 74

    Figura 8.1 - baco distncia versus carga mxima por espera................................. 78

  • vi

    RESUMO

    Neste estudo foi realizado o monitoramento das vibraes geradas por explosivos

    em uma lavra de calcrio e argilito localizada no municpio de Limeira (SP), com o

    objetivo de desenvolver equao probabilstica de atenuao de vibrao e verificao da

    existncia de variao nos nveis de vibrao gerados pelo desmonte em diferentes nveis

    litolgicos e estratigrficos. Os registros da velocidade de vibrao de partcula e sua

    freqncia foram medidos utilizando-se sismgrafos de engenharia, concentrando-se em

    rea localizada a 300 metros a sudoeste do empreendimento mineiro, no Bairro Belinha

    Ometto. Os trabalhos foram realizados em duas etapas, na primeira foi gerada uma equao

    probabilstica que foi utilizada pela empresa e reduziu os incmodos causados populao

    pelas operaes de detonao. Os valores obtidos na etapa seguinte indicam ser o principal

    fator na disperso das velocidades de partcula os desvios nos tempos nominais de retardo

    dos acessrios de detonao utilizados, tendo como imprpria a elaborao de planos de

    fogo que contemplem intervalos de tempo nominais entre a detonao de minas ou grupo

    de minas menores que 25 milisegundos quando da utilizao de acessrios de iniciao da

    coluna de explosivos dotados de tempo de retardo superior a 200 milisegundos.

    Palavras-chave: desmonte de rochas; vibraes; tempo de retardo.

  • vii

    ABSTRACT

    This study performs a ground vibrations monitoring generated by blasting in a

    calcareous and clay quarry at Limeira city (SP). The main objective is develop a ground

    vibration attenuation probabilistic equation and verify the existence of vibration levels

    variation due to the blasting in different lithological and stratigraphical quarry levels.

    Peak particle registrations and frequency were mesured through engineering

    seismographs in an area named Bairro Belinha Ometto located 300 meters southwest

    from the mining site. The data acquisition had been carried through two stages, the first

    a probabilistic equation used for the company was applied and it reduced the local

    population disturbs caused by the blasting procedures operations. In the next stage, the

    obtained values indicate that the deviation in the nominal time delay derived from

    blasting accessories are the main factor in the dispersion of the resultant particle being

    therefore improper blasting plans applied in a quarry or a group of them projected with

    nominal intervals lesser than 25 miliseconds by using in the initiation an explosives

    column accessories endowed with a delay time superior than 200 miliseconds.

    Keywords: blasting, ground vibration, ms delay.

  • 1 Generalidades

    1.1 - Introduo

    A coexistncia entre empreendimentos produtivos e ncleos habitacionais prximos a eles

    nem sempre se d de forma pacfica. Fruto, na maioria das vezes, de fundadas razes decorrentes

    de aes poluidoras originadas em tais empreendimentos, a animosidade entre a comunidade e o

    empreendimento decorre, em outras vezes, de restries dos moradores sua existncia na

    proximidade de suas residncias - sndrome de NIMBY.

    Com as atividades minerrias a situao no se d de forma diferente. Instalando-se

    prximas a ncleos urbanos existentes, ou atuando como plo de atrao de novos ncleos que se

    formam em seu entorno, valendo-se da infra-estrutura viria e energtica criada pela sua

    implantao, criam-se condies mnimas necessrias para o confronto. Agravadas pela sua rigidez

    locacional, a continuidade de suas atividades sujeita-se ao cumprimento de normas que foram e vm

    sendo criadas, estabelecendo condies de conforto e segurana para habitantes e edificaes

    existentes em suas vizinhanas.

    Empregam-se operaes de desmonte de rocha com utilizao de explosivos em

    mineraes e obras civis, quando outros mtodos de escavao so impraticveis ou

    antieconmicos. Envolvendo riscos considerveis, por vezes com conseqncias fatais, associados

    ao lanamento de fragmentos, tais operaes geram vibraes, transmitidas pelo terreno ou atravs

    da atmosfera, causando incmodos e, em alguns casos, danos a edificaes.

    No presente estudo sero enfocadas questes relacionadas a vibraes transmitidas pelo

    terreno, provocadas pelo desmonte de rochas com uso de explosivos em minerao produtora de

    calcrio e argilito situada no municpio de Limeira, SP, e a seus efeitos sobre os habitantes e

    edificaes existentes em conjunto habitacional situado em sua proximidade, adotando-se como

    referncia limites estabelecidos em norma tcnica ou adotados como recomendao.

    A partir de consideraes tericas bsicas necessrias compreenso do fenmeno, que

    envolvem conceitos de elasticidade, propagao de ondas, desmonte de rochas, mecanismos de

    detonao, impactos ambientais associados e variveis que atuam na atenuao das vibraes

    geradas, descreve-se o mtodo de obteno de uma equao probabilstica de atenuao para o

    local.

  • 2Obtida a partir de dados constantes em registros sismogrficos e dos parmetros dos

    planos de fogo a eles vinculados, tal equao correlaciona nveis de vibrao, por meio da grandeza

    velocidade de partcula, com a carga de explosivos e distncia entre o local da detonao e o ponto

    de interesse.

    Ao possibilitar a previso dos nveis de vibrao a serem atingidos nos pontos considerados

    sensveis a partir da carga mxima de explosivos a ser detonada instantaneamente em determinado

    local da rea de lavra, permite adequaes ao plano de fogo, dentro de critrios tcnicos e

    econmicos, de modo a serem respeitadas as normas vigentes. Essa equao servir, portanto,

    como referencial adoo de medidas preventivas tanto no que se refere manuteno da

    integridade fsica das edificaes existentes em conjunto habitacional prximo como reduo dos

    incmodos causados populao por tais operaes.

    1.2 - Objetivos

    Os objetivos deste estudo podem ser sintetizados em:

    - desenvolvimento de equao probabilstica de atenuao de vibrao a partir de registros

    provenientes de monitoramentos sismogrficos de eventos de desmonte de rocha realizados no

    local, no perodo de 17 de dezembro de 1999 a 08 de dezembro de 2000.

    - verificao da efetividade de tal equao de atenuao, por meio de novos monitoramentos

    sismogrficos, realizados no perodo de 24 de abril a 25 de novembro de 2003, considerando os

    limites impostos pelo rgo ambiental estadual - Cia. de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

    - verificao da existncia de variaes nos nveis de vibrao gerados pelo desmonte em diferentes

    nveis litolgicos e estratigrficos.

    1.3 - Localizao da rea de estudo

    A rea de estudo abrange uma minerao de calcrio e argilito denominada Calcrio

    Cruzeiro, de propriedade de Ablio Pedro Indstria e Comrcio Ltda., localizada na estrada

    municipal Limeira 040, quilmetro 03, e o bairro Belinha Ometto, situado a aproximadamente 300

    m a sudoeste do empreendimento, no municpio de Limeira (SP).

  • 31.4 Materiais e mtodos

    a) Reviso bibliogrfica

    Essa etapa norteou as etapas subseqentes da pesquisa, propiciando acesso s bases

    tericas que versam sobre o tema e a estudos similares desenvolvidos.

    b) Representao grfica da rea de estudo

    Resultou na elaborao de planta com representao planialtimtrica do local da pesquisa,

    englobando a rea de lavra e aquela onde est situado o conjunto habitacional, o que possibilitou o

    posicionamento dos locais onde foram realizadas as detonaes e dos pontos onde foram obtidos

    os registros dos monitoramentos sismogrficos.

    c) Caracterizao geolgica

    Nessa etapa procedeu-se descrio dos aspectos geolgicos locais, englobando

    litologias existentes, visando anlise de possvel interferncia de fatores geolgicos na propagao

    das perturbaes decorrentes das detonaes.

    d) Monitoramento sismogrfico

    Os registros das vibraes geradas nas operaes de desmonte de rochas com a utilizao

    de explosivos desenvolvidas no empreendimento foram obtidos com a utilizao de sismgrafos de

    engenharia fabricados pela empresa canadense Instantel Inc., modelos BlastMate Series III e

    MiniMate Plus, de propriedade do Departamento de Geologia Aplicada do IGCE/UNESP.

    Provenientes de monitoramentos sismogrficos realizados em dois perodos distintos, os

    registros obtidos no primeiro deram-se, na rea habitada, a partir de locais de onde provinham mais

    insistentes reclamaes, complementados por outros em rea de propriedade da empresa, com a

    obteno de dados que possibilitassem o desenvolvimento de equaes probablisticas de

    atenuao.

    Na segundo, com o objetivo de reduzir o nmero de variveis envolvidas, foram fixados

    trs pontos para monitoramento, em locais considerados mais crticos, sendo um o escritrio da

    empresa, e dois outros na regio limtrofe entre o bairro Belinha Ometto e a rea da minerao,

    tambm em locais de onde provinham as mais freqentes reclamaes por parte de habitantes do

    conjunto habitacional.

  • 4e) Anlise e interpretao dos dados obtidos

    Nessa etapa os dados obtidos atravs dos registros sismogrficos foram agrupados com

    aqueles constantes dos planos de fogo praticados nos eventos que os originaram (carga por espera,

    retardos, forma de ligao, etc...) e com as distncias entre as frentes detonadas e os pontos de

    monitoramento.

    A partir da encaminhou-se a anlise em relao a outros pares ordenados de dados

    (velocidade de partcula e distncia escalonada) e em relao equao probabilstica de atenuao

    obtida com os dados de monitoramentos anteriores.

  • 52 - Impactos ambientais associados a desmontes de rochas com explosivos

    Os principais impactos ambientais decorrentes de desmontes de rochas com

    explosivos esto associados dissipao da frao de energia liberada pelo explosivo na detonao

    que no transformada em trabalho til. Tal frao de energia dissipa-se, em sua maior parte,

    atravs do macio circundante sob a forma de vibraes, e da atmosfera sob a forma de

    sobrepresso atmosfrica. Gera, complementarmente, poeira, podendo ainda ocasionar danos ao

    macio remanescente e ultralanamentos. Outro efeito indesejvel na detonao a gerao de

    gases txicos. Eston (1998) cita ainda como efeitos deletrios relacionados aos desmontes de rocha

    a possibilidade de contaminao de guas subterrneas pelo escoamento de produtos qumicos

    contidos nos furos e incmodos visual e psicolgico decorrentes da no familiaridade do cidado

    comum com a atividade.

    2.1 - Poeiras e gases txicos

    Poeira, ou material particulado em suspenso, gerada em operaes de desmonte

    de rochas durante a perfurao do macio pela ao das ferramentas de corte, aliado limpeza do

    furo com o uso de ar comprimido, e durante a detonao com a ejeo de material constituinte do

    tampo e de fragmentos gerados. Equipamentos de perfurao dotados de coletores de p ou a

    realizao de perfurao a mido so medidas de conteno. Detonaes em condies

    atmosfricas que facilitem a disperso da poeira minimizam seus efeitos sobre a populao.

    Em condies ideais os gases gerados na detonao de explosivos constituiriam-se

    de vapor d'gua, gs carbnico e nitrognio, conforme mostrado pela reao de detonao de

    mistura de nitrato de amnio e leo combustvel - ANFO (Gregory, 1973).

    3NH4NO3 + CH2 7H2O + CO2 + 3 N2

    Formulaes inadequadas dessa mistura provocam a gerao de gases sob a forma

    de NOx e CO, considerados txicos. Dias (2001) cita ainda a possibilidade de ocorrncia de gases

    sob a forma de SOx decorrente da utilizao de leo combustvel contendo enxofre em sua

    composio. A gerao de fuligem est associada ao excesso de leo combustvel.

  • 62.2 Ultralanamento

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas, em sua norma NBR 9653, define

    ultralanamento como o arremesso de fragmentos de rocha de dimetro superior a 1000 mm alm

    da rea de operao decorrentes do desmonte de rocha com uso de explosivos (ABNT, 1986) .

    Dele decorrem os maiores riscos pessoais e materiais passveis de ocorrer em um

    desmonte de rochas com explosivos. Sua preveno d-se na elaborao de um bom plano de

    fogo, no sendo, entretanto, suficiente para evit-los.

    Silva et al (2000) citam as seguintes causas de ultralanamentos:

    - afastamento insuficiente ou excessivo

    - imprprio alinhamento dos furos

    - iniciao instantnea de furos em filas consecutivas

    - ocorrncia de anomalias geolgicas

    - tampo inadequado

    - ultraquebras ou fragilizao da face livre, decorrentes de detonaes anteriores

    2.3 - Danos ao macio remanescente

    A ao do explosivo sobre o macio remanescente ao desmonte pode ocasionar a

    fragmentao e/ou deslocamento de material alm da ltima linha de perfuraes, podendo acarretar

    a ocorrncia de ultralanamentos em desmontes subseqentes.

    Pode ser causa tambm de instabilidade de taludes (Cerelo et al, 1987).

    2.4 - Rudo e sobrepresso atmosfrica

    Definindo sobrepresso atmosfrica como toda propagao de uma onda elstica

    pelo ar, Eston (1998) considera rudo como a sobrepresso situada na faixa de freqncias entre 20

    Hz e 20.000 Hz e considerada desagradvel segundo algum critrio humano. s sobrepresses com

    freqncias inferiores a 20 Hz denomina-se infra-sons; quelas com freqncias superiores a 20.000

    Hz, ultra-sons. Considera ainda conceitualmente equivocada a utilizao do termo 'sopro de ar' por

    avaliar que tal terminologia implica em deslocamento de matria.

  • 7Sanches (1995), por sua vez, define "sobrepresso atmosfrica ou sopro de ar

    como um termo que se refere propagao pelo ar de ondas de choque provenientes da detonao

    de cargas explosivas".

    Ambos consideram, entretanto, que as principais fontes de sobrepresso - uma vez

    que definem rudo como uma sobrepresso em faixa de freqncia audvel - em um desmonte de

    rochas com explosivos esto relacionadas a:

    - liberao de gases atravs de fraturas e da parte superior da coluna de explosivos, com ejeo

    do tampo;

    - detonao de explosivos no confinados;

    - deslocamento da frao do macio rochoso sujeita ao desmonte;

    - refrao das ondas ssmicas atravs da atmosfera.

    Suas condies de disperso dependem das condies atmosfricas existentes no

    local no momento do desmonte, como direo e intensidade do vento, presena de inverses

    trmicas, nebulosidade, temperatura e presso.

    Seus efeitos vo de incmodos populao vizinha a danos em edificaes.

    Segundo Silva et al (2000) as aes mitigadoras possveis do-se por meio de:

    - verificao das condies meteorolgicas existentes, evitando a detonao em situaes

    desfavorveis;

    - execuo de malhas de perfurao perfeitamente demarcadas e perfuradas;

    - no direcionamento da frente de detonao para o local a ser preservado;

    - detonaes em horrio de maior rudo;

    - implantao de obstculos entre a fonte e o local a ser preservado;

    - adoo do maior tampo possvel e material adequado;

    - recobrimento de acessrios de detonao explosivos;

    - colocao de tampo intermedirio em fraturas;

    - reduo da carga mxima de explosivo a ser detonada instantaneamente;

    - adequao do tempo de retardo, fazendo t = 2.s/v, onde t - tempo de retardo, s o afastamento

    em metros e v a velocidade de propagao do som em metros por segundo;

    - iniciao do fogo na extremidade mais prxima do local a ser preservado;

    - reduo da freqncia de detonaes por perodo produtivo atravs de acrscimo no nmero

    de furos por detonao.

  • 8O limite de presso acstica admitido pela ABNT de 134 dB(L) pico no ambiente

    externo rea de operao da mina, assim entendida como aquela sujeita a concesso,

    licenciamento ou rea de propriedade da empresa. A CETESB - Companhia de Tecnologia de

    Saneamento Ambiental - recomenda, com base no projeto de norma D7.013: Minerao por

    Explosivos, de 1992, limite mximo de 128 dBL linear- pico de sobrepresso do ar, medido fora

    dos limites da propriedade da minerao ou da rea por ela ocupada sob qualquer forma, como

    posse, arrendamento, servido, concesso, etc.

    2.5 Vibraes propagadas pelo terreno

    A frao da energia liberada pela detonao de cargas explosivas, transmitida ao

    macio e no absorvida na fragmentao e lanamento de sua parcela sujeita ao desmonte provoca

    perturbaes que se manifestam pela movimentao de suas partculas constituintes em torno de

    sua posio de equilbrio, que ser to acentuada quanto maior for a intensidade da perturbao,

    dentro dos limites elsticos do meio. Essa movimentao de partculas transmitida quelas situadas

    em seu entorno, e assim sucessivamente, causando a propagao da onda atravs do macio

    (princpio de Huygens).

    Manifesta-se inicialmente como ondas compressivas, s quais se seguem ondas

    secundrias ou cisalhantes; sua interao em interfaces com o ar gera ondas de superfcie Rayleight

    e Love, denominadas genericamente ondas ssmicas.

    A propagao dessas ondas ssmicas afetada, em sua intensidade, pela energia

    liberada na fonte, distncia percorrida, caractersticas do meio, tipo de onda, freqncia, ngulo de

    incidncia com interfaces entre meios distintos e descontinuidades existentes no meio.

    Vibraes so, portanto, decorrentes da resposta do macio a tais perturbaes, e

    so quantificadas atravs das grandezas deslocamento, acelerao e velocidade de partcula, assim

    denominada para diferenci-la da velocidade de propagao da onda. Dadas as caractersticas da

    fonte, essas vibraes so classificadas como transientes.

    So, provavelmente, a principal causa de conflitos envolvendo empreendimentos que

    empregam em sua atividade produtiva o desmonte de rochas com a utilizao de explosivos e sua

    vizinhana.

  • 9Langefors e Kihlstrm (1978) sustentam que tambm deveriam ser feitas

    consideraes sobre como tais vibraes so entendidas, j que parte considervel desta

    animosidade decorre de um falso conceito de risco de danos por parte de leigos, os quais

    consideram, ainda, que o empreendimento no disponibiliza informaes quando ocorre algo

    desagradvel.

    Neste sentido, Stagg et al. (1984; in Sanches, 1995) estudaram a origem e o

    processo de fissurao em residncias e chegaram concluso de que a atividade humana e as

    variaes de temperatura e umidade provocam deformaes em paredes equivalentes a movimentos

    vibratrios de elevada amplitude.

    Desde a dcada de 30 estudos vm sendo realizados no sentido de estabelecer

    critrios de danos e desconforto a pessoas, decorrentes de vibraes ocasionados em desmontes de

    rochas por explosivos. Ainda segundo Sanches (1995), desde aquela poca trabalha-se em busca

    de uma relao emprica entre alguma medida de energia da vibrao e a possibilidade de danos

    residncia e outras estruturas existentes na cercania; de uma relao emprica entre a carga

    detonada e a energia de vibrao, em funo da distncia; limites mximos admissveis de vibrao e

    de medidas economicamente viveis a serem tomadas para evitar que as vibraes ultrapassem

    esses limites mximos, alm de equipamentos capazes de captar as vibraes de maneira precisa,

    confivel e reproduzvel.

  • 10

    3 Vibraes no terreno decorrentes de desmontes de rochas com explosivos

    3.1 Conceitos bsicos aplicados no estudo de vibraes

    3.1.1 - Elasticidade

    Segundo Timoshenko e Goodier (1980), se as foras externas que produzem

    deformao em um corpo homogneo e isotrpico no excederem um certo limite, a deformao

    desaparece quando tais foras deixarem de atuar. A propriedade de um corpo em resistir a esta

    deformao e sua capacidade para retornar forma original ir definir sua elasticidade particular

    que ser expressa por suas constantes elsticas.

    A Lei de Hooke estabelece relaes lineares entre as componentes de tenso e as

    componentes de deformao. Imaginando-se um paraleleppedo retngulo elementar com as faces

    paralelas aos eixos coordenados triortogonais, submetido ao da tenso normal sx,

    uniformemente distribuda sobre duas faces opostas, o elongamento unitrio do elemento, at o

    limite de proporcionalidade, dado por:

    ex = sx / E ........ (eq. 3.1.1.1)

    onde E o mdulo de elasticidade longitudinal na trao ou mdulo de Young.

    Esse elongamento do elemento na direo x acompanhado por componentes

    laterais de deformao (contraes):

    ey = - n.sx / E .......... (eq. 3.1.1.2)

    ez = - n.sx / E ........... (eq. 3.1.1.3)

    em que n uma constante chamada coeficiente de Poisson. O mdulo de elasticidade

    longitudinal e o coeficiente de Poisson na compresso so os mesmos que ocorrem na trao.

    Se o elemento acima estiver submetido simultaneamente ao de tenses

    normais sx, sy e sz, uniformemente distribudas sobre as faces, as componentes de deformao

  • 11

    resultantes podem ser obtidas das equaes acima. Se forem superpostas as componentes de

    deformao produzidas por cada uma das trs tenses obtm-se:

    ex = [sx - n(sy + sz)] / E ............... (eq 3.1.1.4)

    ey = [sy - n(sx + sz)] / E ............... (eq 3.1.1.5)

    ez = [sz - n(sx + sy)] / E ............... (eq. 3.1.1.6)

    Se tenses cisalhantes atuam sobre todas as faces de elemento cbico com faces

    paralelas aos eixos coordenados, a distoro do ngulo entre duas faces quaisquer que se

    interceptem depende da correspondente componente da tenso cisalhante. A relao entre a

    deformao angular e a tenses cisalhantes aplicadas a um corpo definida por:

    gxy = txy / G .......................... (eq 3.1..1.7)

    gyz = tyz / G .......................... (eq. 3.1.1.8)

    gzx = tzx / G .......................... (eq. 3.1.1.9)

    com

    G = E / 2.(1 + n) .......... (eq. 3.1.1.10)

    Sendo a constante G denominada mdulo de elasticidade transversal, mdulo de rigidez ou mdulo

    de elasticidade ao cisalhamento.

    As letras subscritas para a tenso cisalhante t indicam, a primeira, a direo da

    normal ao plano em considerao, e a segunda, a direo da componente de tenso. Assim, se

    forem consideradas as faces perpendiculares ao eixo x, a componente de tenso na direo y

    designada por txy. A notao subscrita para a deformao angular aquela associada tenso

    cisalhante que a provocou.

    Somando as equaes 3.1.1.4, 3.1.1.5 e 3.1.1.6 e fazendo

    q = sx + sy + sz

    e = ex + ey + ez (a)

  • 12

    obtm-se a seguinte relao entre a expanso volumtrica ou dilatao volumtrica unitria e e a

    soma das tenses normais:

    e = (1 - 2n).q/E ..................... (eq. 3.1.1.11)

    No caso de uma presso hidrosttica uniforme de valor p temos:

    sx = sy = sz = -p

    E a equao 3.1.1.11 fornece:

    e = -p.[3.(1-2n) /E] ................. (eq. 3.1.1.12)

    que representa a relao entre a expanso volumtrica unitria e e a presso hidrosttica p.

    A relao E / 3.(1-2n) denominada mdulo de expanso volumtrico ou mdulo de elasticidade

    volumtrico ou mdulo de compressibilidade e representada por K.

    Usando as notaes (a) e resolvendo as equaes 3.1.1.5, 3.1.1.6 e 3.1.1.7, vem:

    sx = [e.n.E / (1 + n)(1-2n)] + ex. E /(1 + n) ........... (eq. 3.1.1.13)

    sy = [e.n.E / (1 + n)(1-2n)] + ey. E /(1 + n) ........... (eq. 3.1.1.14)

    sz = [e.n.E / (1 + n)(1-2n)] + ez. E /(1 + n) ........... (eq. 3.1.1.15)

    Fazendo l = n.E / (1 + n)(1-2n):

    sx = l.e + 2.G.ex .......... (eq. 3.1.1.16)

    sy = l.e + 2.G.ey .......... (eq. 3.1.1.17)

    sz = l.e + 2.G.ez .......... (eq. 3.1.1.18)

    sendo l denominado constante de Lam.

  • 13

    3.1.2 - Propagao de ondas elsticas

    A ao de uma fora aplicada a um corpo no transmitida instantaneamente a

    todas as suas partes, sendo irradiada a partir da regio carregada com velocidades finitas de

    propagao. Essa perturbao em propagao constitui uma onda. Como no caso da propagao

    do som no ar, no existe perturbao em um ponto at que a onda tenha tempo de alcan-lo. No

    caso de slidos elsticos, entretanto, existem mais de uma onda e mais de uma velocidade

    caracterstica de onda.

    Se uma perturbao produzida em um ponto de um meio elstico, irradiam-se

    ondas deste ponto em todas as direes. A uma grande distncia em relao ao centro de

    perturbao tais ondas podem ser consideradas como ondas planas, e pode-se supor que todas as

    partculas movem-se paralelamente direo de propagao da onda - ondas longitudinais -, ou

    perpendicularmente a esta direo - ondas transversais -.

    Para as ondas longitudinais, ou compressionais, ou primrias, sua velocidade de

    propagao obtida a partir das seguintes relaes (Timoshenko e Goodier, 1980):

    vL = [(l + 2G)/r]1/2 ....................................... (eq. 3.1.2.1)

    vL = {[E.(1 - n)]/[(1 + n).(1 - 2 n).r]}1/2 ........ (eq. 3.1.2.2)

    vL = [(K + 4/3.G)/r]1/2 .................................. (eq. 3.1.2.3)

    onde:

    l - constante de Lam

    G - mdulo de rigidez

    r - densidade do meio

    E - mdulo de Young

    n - coeficiente de Poisson

    K - mdulo de compressibilidade

    Considerando-se o eixo x de um sistema de eixos coordenados triortogonais

    coincidente com a direo de propagao de uma onda longitudinal, tem-se:

    sx = - r. vL. v ......................... (eq. 3.1.2.4)

  • 14

    onde:

    sx - tenso no sentido da propagao

    r - densidade do meio

    vL - velocidade de propagao das ondas longitudinais.

    v - velocidade de partcula; velocidade adquirida pelas partculas na zona submetida perturbao.

    Ao produto da velocidade de propagao pela densidade do meio denomina-se

    impedncia acstica.

    Para as ondas transversais, cisalhantes ou secundrias, sua velocidade de

    propagao obtida a partir das seguintes relaes:

    vT = (G/ r) 1/2 .................................. (eq. 3.1.2.5)

    vT = {E/[( 2.r.(1 + n)]}1/2 ................ (eq. 3.1.2.6)

    onde:

    G - mdulo de rigidez

    r - densidade do meio

    E - mdulo de Young

    n - coeficiente de Poisson

    K - mdulo de compressibilidade

    As ondas longitudinais e transversais so denominadas ondas de corpo. A relao

    entre suas velocidades de propagao pode ser obtida atravs de:

    vT = vL.[ (1 - 2n)/2.(1 - n)]1/2 ............... (eq. 3.1.2.7)

    Para um material com coeficiente de Poisson igual a 0,25 tem-se: vT = vL / 31/2.

    A propagao de perturbaes em meio homogneo istropo obedecendo Lei de

    Hooke foi representada como uma superposio de ondas longitudinais de velocidade vL e ondas

    transversais de velocidade vT. Mesmo quando existem descontinuidades na velocidade das

  • 15

    partculas e nas tenses nas frentes de onda, vL e vT so as nicas velocidades de onda possveis

    no meio infinito quando a perturbao inicial confinada a uma regio interna finita.

    Quando existem contornos livres (ou interfaces entre dois meios) so possveis

    outras velocidades de propagao. As "ondas de superfcie" podem aparecer, envolvendo

    movimento essencialmente em uma fina camada superficial. Foi Lord Rayleigh quem pela primeira

    vez chamou a ateno para sua existncia, assinalando que:

    "No improvvel que as ondas de superfcie aqui estudadas exeram papel importante em

    terremotos e colises de corpos elsticos. Propagando-se somente em duas dimenses, estas ondas

    devem adquirir, a grandes distncias da fonte, uma importncia continuamente crescente."

    (Timoshenko e Goodier, 1980).

    As ondas Rayleigh caracterizam-se por um movimento elptico e retrgrado das

    partculas num plano vertical ao sentido de propagao. Para n = 0,25 sua velocidade de

    propagao, vR, dada por:

    vR = 0,9194 (G/r)1/2 ............... (eq. 3.1.2.8)

    onde:

    G - mdulo de rigidez

    r - densidade do meio

    As ondas Love desenvolvem-se na prpria superfcie, provocando deformaes

    ortogonais direo de propagao.

    Uma vez conhecidas as velocidades de propagao das ondas longitudinais e

    transversais podem ser determinados os parmetros elsticos do material a partir das seguintes

    relaes (Dourado, 1984):

    Das equaes 3.1.2.2 e 3.1.2.6 vem:

    n = [(vL / vT )2 - 2]/ [2.(vL / vT )2 - 2] ....... (eq. 3.1.2.9)

    com n representando o coeficiente de Poisson dinmico.

  • 16

    Da equao 3.1.2.2 obtm-se o mdulo de Young dinmico:

    E = [vL2 . r. (1-2n)(1-n)]/(1-n) .................... (eq. 3.1.2.10)

    Da equao 3.1.2.5 obtm-se o mdulo de cisalhamento dinmico:

    G = r. vT2 ...................................................... (eq. 3.1.2.11)

    Das equaes 2.2.3 e 2.2.5 obtm-se o mdulo de compressibilidade dinmico:

    K = (r.vL2) - [(4. r. vT2 )/3] ........................ (eq. 3.1.2.12)

    A terminologia dinmico utilizada nos parmetros elsticos determinados por meio

    das velocidades de propagao de ondas longitudinais e transversais e tm o objetivo de diferenci-

    los dos parmetros obtidos por intermdio de ensaios estticos.

    3.1.3 - Partio de energia em uma interface

    Uma onda mecnica ao incidir sobre uma superfcie de separao entre dois meios

    com caractersticas elsticas distintas ter parte de sua energia transferida atravs daquela interface e

    parte ser refletida. Essa partio de energia depende principalmente do ngulo de incidncia entre a

    onda e a interface e do contraste de impedncia acstica entre os dois meios. Para incidncia normal

    de uma onda longitudinal numa interface, separando meios com velocidades de propagao v1 e v2

    e densidades r1 e r2, respectivamente, e considerando que no exista perda de energia na interface,

    a relao entre as amplitudes, retratadas aqui atravs das velocidades de partcula das ondas

    refletida e incidente, expressa por (Dourado, 2001; Badley, 1985; Fernandes, 1984):

    k = vrl/vi = (v2. r2 - v1. r1)/ (v2. r2 + v1. r1) .......... (eq. 3.1.3.1)

  • 17

    Com:

    vrl - velocidade de partcula da onda refletida e

    vi - velocidade de partcula da onda incidente.

    sendo k denominado coeficiente de reflexo.

    Segundo Fernandes (1984), na mesma interface e para o mesmo sentido de

    propagao, chamando de:

    Ei = vi2. v1. r1 o fluxo de energia incidente .......... (eq. 3.1.3.2)

    Erl = vrl2. v1. r1 o fluxo de energia refletida e ........ (eq. 3.1.3.3)

    Err = vrr2. v2. r2 o fluxo de energia refratada, ou transmitida. .......(eq. 3.1.3.4),

    sendo:

    vrr - velocidade de partcula da onda refratada.

    Uma vez que os fluxos de energia vibratria - ou intensidade acstica - (energia por

    unidade de tempo e por unidade de rea de seo transversal ao sentido de propagao) so

    proporcionais ao quadrado das respectivas amplitudes e s impedncias acsticas dos meios, tem-

    se:

    Ei = Erl + Err ............................. (eq. 3.1.3.5)

    Ou

    vi2. v1. r1 = vrl2. v1. r1 + vrr2. v2. r2 ............. (eq. 3.1.3.6)

    Erl/ Ei = (vrl/vi)2 = k2 ................................... (eq. 3.1.3.7),

    sendo k denominado coeficiente de reflexo.

    e

    Err/ Ei = 1 - k2 ............................................ (eq. 3.1.3.8)

  • 18

    ou

    (vrr2. v 2. r2) / (vi2. v 1. r1) = 1 - k2 ............... (eq. 3.1.3.9)

    (vrr/ vi)2 = (1 - k2 ). (v 1. r1/ v 2. r2) ............. (eq. 3.1.3.10)

    Chamando a impedncia acstica de z, e fazendo:

    z1 = v 1. r1 .................................................(eq. 3.1.3.11)

    z2 = v 2. r2 .................................................(eq. 3.1.3.12)

    vem:

    (vrr/ vi)2 = 1 - (z2 - z1/ z2 + z1)2 (z1/ z2) ...... (eq. 3.1.3.14)

    vrr/ vi = 2. z1/ (z2 + z1) = F ............................ (eq. 3.1.3.15),

    denominando-se F coeficiente de transmisso.

    Pode-se concluir que k + F = 1, ou vi = vrl + vrr

    e a relao entre a energia transmitida Err e a incidente Ei expressa por:

    Err/ Ei = 4.z1. z2/( z2 + z1)2 ........................ (eq. 3.1.3.16)

    Das definies de k e F, percebe-se que se a impedncia acstica do meio 2 for

    maior que a do meio 1, tanto a onda refletida como a refratada mantm a fase da onda incidente,

    com amplitudes atenuadas pelos fatores k e F, respectivamente. No caso em que a impedncia

    acstica do meio 2 menor que a do meio 1, mantido o sentido original de propagao, a onda

    refletida possui sinal invertido em relao incidente de modo atenuado, enquanto que a refratada

    repete a fase da onda incidente de modo amplificado, mantida a condio Ei = Erl + Err.

  • 19

    Para k = 0 (F = 1), significa que toda a energia incidente transmitida, indicando a

    inexistncia de contraste de impedncias entre dois meios, o que no significa, necessariamente, a

    inexistncia de interface separando materiais diferentes.

    3.1.4 Mecanismos de atenuao

    A partir de sua fonte e enquanto se deslocam atravs de um meio, as ondas

    mecnicas tm sua energia reduzida devido expanso geomtrica da frente de onda e absoro

    pelo meio.

    Considerando a liberao instantnea de energia em uma fonte pontual imersa em

    um meio infinito, homogneo e isotrpico, o lugar geomtrico dos pontos submetidos perturbao

    dela decorrente em um instante t descreve uma frente de onda esfrica de raio r e superfcie de rea

    S. O incremento da rea desta esfera durante a propagao da frente de onda proporcional ao

    quadrado de seu raio. Assim, considerando inexistentes outras perdas, a energia por ela transmitida

    por unidade de rea varia inversamente com o quadrado da distncia da fonte. Tendo em vista que

    sua amplitude proporcional raiz quadrada da energia por unidade de rea, tem-se que a sua

    amplitude varia com o inverso da distncia da fonte.

    Segundo Dourado (2001), chamando de A0 a amplitude de onda junto fonte e A a

    amplitude em um ponto a uma distncia r, temos:

    A = A0 / r ............... (eq. 3.1.4.1)

    A componente da atenuao devido absoro refere-se perda de energia atravs

    de descontinuidades, atrito interno e desvios em seu comportamento elstico em relao quele

    considerado ideal, segundo Dourado (2001), expressa atravs de:

    A = A0 e -a.r ........... (eq. 3.1.4.2)

    Onde:

    a - coeficiente de atenuao inelstica

    A - amplitude a uma distncia r da fonte

    A0 - amplitude inicial

  • 20

    A combinao dos efeitos da atenuao referentes expanso geomtrica da frente

    de onda e da inelasticidade do meio fornece (Dourado, 2001):

    A = (A0 e -a.r)/r .......... (eq. 3.1.4.3)

    De acordo com Dinis da Gama (2001), em rochas, o fator de transmissibilidade Q

    utilizado como indicador de seu desvio em relao ao comportamento considerado ideal.

    Normalmente rochas ss, consolidadas, no fraturadas, possuem valores de Q elevados e exibem

    excelentes caractersticas de propagao de ondas. Rochas fraturadas, pouco consolidadas e

    porosas apresentam baixos valores de Q. Define-se Q atravs da relao:

    Q = 2. p .(W / DW) ...... (eq. 3.1.4.4)

    onde W representa a energia fornecida rocha atravs de um ciclo dinmico e DW a frao de

    energia dissipada neste ciclo.

    O fator de transmissibilidade Q correlaciona-se com o coeficiente de atenuao

    atravs de (Jaeger & Cook in Diniz da Gama, 2001):

    Q = p .f / v.a ou a = p .f / v.Q ......... (eq. 3.1.4.5)

    onde;

    f - freqncia dominante da vibrao

    v - velocidade de propagao da onda no meio

    Assim, em um determinado meio de propagao o coeficiente de atenuao ser

    tanto maior quanto o for a freqncia dominante da perturbao.

  • 21

    3.1.5 - Vibraes

    Thomson (1978) estabelece que o estudo das vibraes diz respeito aos

    movimentos oscilatrios de corpos e s foras que lhes esto associadas.

    As vibraes podem ser divididas em duas classes gerais, as livres e as foradas.

    Vibrao livre acontece quando um sistema oscila sob a ao de foras que lhe so inerentes e na

    ausncia da ao de qualquer fora externa. Neste caso o sistema pode vibrar com uma ou mais das

    suas freqncias naturais, que so peculiares ao sistema dinmico estabelecido pela distribuio de

    sua massa e rigidez.

    Denomina-se vibrao forada quando ela ocorre sob a excitao de foras

    externas. Quando a excitao oscilatria, o sistema obrigado a vibrar na freqncia da

    excitao. Se essa freqncia coincide com uma das freqncias naturais do sistema forma-se um

    estado de ressonncia, podendo resultar em amplas e perigosas oscilaes.

    Os sistemas de vibrao so todos eles sujeitos a um certo grau de amortecimento,

    em face da absoro de energia pelo atrito e outras resistncias.

    O movimento oscilatrio pode repetir-se regularmente ou apresentar irregularidade

    considervel, como em terremotos. Quando o movimento repete-se a intervalos iguais de tempo

    denominado movimento peridico. O tempo de repetio denominado perodo da oscilao e sua

    recproca denominada freqncia.

    A forma mais simples de movimento peridico o movimento harmnico,

    representado atravs de:

    s = A0 sen 2.p .t/ T ........... (eq. 3.1.5.1)

    Onde:

    A0 - amplitude de oscilao, medida a partir da posio de equilbrio;

    T - perodo de oscilao;

    s - deslocamento da massa no instante t.

  • 22

    Considerando-se um ponto que se move em uma circunferncia a velocidade

    constante e designando-se por w a velocidade angular, em radianos por segundo, a representao

    da projeo do deslocamento s em uma linha reta expresso por:

    s = A0.sen w.t .................... (eq. 3.1.5.2)

    Uma vez que o movimento repete-se a cada 2. p radianos, tem-se a relao:

    w = 2.p/T = 2.p .f

    onde T e f so o perodo e a freqncia do movimento harmnico, medidos em segundos e ciclos

    por segundo, ou Hertz, respectivamente.

    A velocidade do movimento harmnico pode ser determinada pela diferenciao da

    equao 2.4.2, enquanto a acelerao pode ser obtida pela diferenciao da equao da

    velocidade.

    v = w.A0.cos w.t = w.A0.sen (w.t + p/2) ............ (eq. 3.1.5.3)

    a = -w2.A0.sen w.t = w2.A0.sen (w.t + p) ........... (eq. 3.1.5.4)

    Movimentos irregulares, que aparentam no possuir perodo definido, podem ser

    considerados como a soma de um nmero muito grande de movimentos regulares de freqncias

    variadas e suas propriedades podem ser definidas estatisticamente.

    3.2 - Desmonte de rochas com explosivos

    Uma vez que o objetivo do presente estudo restringe-se a desmontes executados no

    processo produtivo de minerao a cu aberto, considera-se desnecessria a abordagem de

    tcnicas especiais de desmonte, como desmonte escultural e detonao amortecida, bem como

    aquelas que dizem respeito a aberturas subterrneas.

    As operaes de desmonte de rocha por meio de mtodos convencionais do-se

    atravs de processos cclicos que compreendem a perfurao do macio rochoso em dimetro e

  • 23

    distncias predeterminadas, da introduo de explosivos nos furos, da detonao desse explosivo e

    da remoo da rocha assim fragmentada.

    Procura-se conferir ao macio, ao longo da realizao daqueles processos, uma

    configurao que fornea o maior nmero possvel de faces livres de modo a possibilitar a

    realizao simultnea de operaes distintas do ciclo, de forma que as atividades desenvolvam-se

    sem interrupes. Tal configurao permite, acessoriamente, mas no com menor importancia, que o

    explosivo empregado possa atingir sua mxima intensidade e efeito, agindo em direo a tais faces

    livres. Com esse objetivo so desenvolvidas "bancadas", blocos cujas superfcies so delimitadas

    por dois planos horizontalizados, denominados "praa", o de cota inferior e "topo", onde se

    desenvolvem os trabalhos, e uma vertical ou verticalizada, denominada "face livre".

    Os parmetros necessrios realizao das operaes de desmonte de rocha so

    estabelecidos atravs dos "planos de fogo" e dele constam os tipos, quantidades e disposio de

    explosivos e acessrios de detonao a serem utilizados, o dimetro com que as perfuraes devem

    ser realizadas, seu posicionamento, inclinao e profundidade.

    A destinao do produto do desmonte fator fundamental na elaborao de um

    plano de fogo. Assim, tratamentos distintos so dados a materiais que se destinam a engenho de

    beneficiamento ou a pilhas de material estril. Os fatores limitantes do material destinado a engenho

    de beneficiamento so as dimenses mximas dos blocos admissveis pelo equipamento de britagem

    primria. No segundo caso, a fragmentao est vinculada capacidade do equipamento de

    carregamento.

    Outros fatores que devem ser considerados na elaborao de um plano de fogo so

    a conformao da pilha de material desmontado, sua compatibilidade com o equipamento de

    carregamento utilizado na sua remoo e a preservao, tanto quanto possvel, da integridade do

    macio remanescente.

    3.2.1 - Plano de fogo

    Muitos estudos tericos, apoiados em experincias de campo, foram desenvolvidos

    para se determinarem valores aos elementos componentes do plano de fogo. A aplicao prtica

    desses estudos requer informaes muitas vezes de difcil obteno e que demandam um tempo

    relativamente prolongado. Por outro lado, a experincia de muitos desmontes de rocha gerou regras

  • 24

    prticas que permitem estabelecer valores para aqueles elementos com margem de xito razovel. A

    partir dos resultados obtidos procede-se ao seu ajuste at a obteno de condio de desmonte

    considerada tima.

    Os elementos que compem o plano de fogo para um determinado macio rochoso

    so:

    a) Dimetro dos furos

    De uma maneira genrica pode-se dizer que o dimetro dos furos correlaciona-se

    com:

    - produo necessria

    - equipamento de perfurao

    - altura da bancada

    - capacidade de caamba do equipamento de carregamento

    - equipamento de britagem primria

    b) Altura da bancada

    Diferena de cotas entre o topo e a praa da bancada.

    c) Afastamento

    Definido como a distncia entre a face da bancada e a primeira linha de furos, ou

    entre duas linhas sucessivas de furos.

    d) Espaamento

    Corresponde distncia entre furos consecutivos de uma mesma linha de furos.

    e) Tampo

    Tampo ou ataque so os nomes que se d ao material inerte usado para

    preencher o colar (parte vazia do furo, acima do explosivo) aps colocao da carga explosiva.

    Tem a finalidade de confinar a carga explosiva para obter melhor eficincia na detonao, confinar

    os gases da detonao de forma a que se obtenha um melhor aproveitamento da energia do

    explosivo e proteger a carga explosiva de uma eventual detonao provocada por agente externo.

  • 25

    f) Subperfurao

    Corresponde ao valor em metros de que deve ser aumentada a profundidade do

    furo, alm do piso da bancada, a fim de assegurar o arranque da regio do macio que apresenta

    maior engastamento.

    g) Inclinao dos furos

    Representa o ngulo segundo a vertical com que so realizados os furos.

    Normalmente varia de zero a at 15. So comumente empregadas inclinaes maiores em rochas

    que tendem a apresentar reps aps as detonaes. Propiciam tambm maiores lanamentos.

    h) Explosivos e acessrios utilizados

    A escolha de explosivos adequados um dos principais fatores para o sucesso do

    desmonte. Deve-se levar em considerao as propriedades dos explosivos, principalmente

    velocidade e densidade, correlacionando-as ao tipo de rocha a ser desmontada. Resistncia gua

    outro dos fatores a ser analisado caso o furo apresente gua. Normalmente em um furo so

    utilizados explosivos dispostos em duas cargas:

    - Carga de fundo: onde so empregados explosivos de maior energia. Colocada no fundo do

    furo atua na regio onde o macio apresenta maior engastamento.

    - Carga de coluna: onde so empregados explosivos de menores energia e custo.

    No dimensionamento dos parmetros geomtricos que compem um plano de fogo

    que se correlacionam intimamente, de modo a atingir os objetivos propostos, so consideradas,

    ainda, as peculiaridades geolgicas locais, como caractersticas de planos de aleitamento,

    fraturamento, presena de gua, etc.

  • 26

    3.2.2 - Explosivos e acessrios de detonao

    a - Explosivos

    Conceituam-se explosivos como aquelas substncias que, quando submetidas a

    estmulo adequado, sofrem reao extremamente rpida e fortemente exotrmica, com liberao de

    grande volume de gases.

    Explosivos podem ser deflagrantes ou detonantes. Um explosivo detonante aquele

    em que sua reao de decomposio d-se a velocidade superior velocidade snica. Caracteriza-

    se detonao como a descrio do processo de propagao de uma onda de choque atravs de um

    explosivo, acompanhada por uma reao qumica que fornece energia suficiente para manter tal

    reao de forma estvel. Plvora negra uma boa ilustrao de explosivos deflagrantes, enquanto

    explosivos comerciais so representativos de explosivos detonantes (Gregory, 1973).

    Na seleo do(s) explosivo(s) a ser(em) utilizado(s) em um desmonte de rochas uma

    anlise criteriosa deve ser feita de forma a se obter condies de segurana, confiabilidade e

    economicidade para que sejam atingidos os resultados desejados.

    As principais caractersticas a serem observadas na seleo dos explosivos

    utilizados em um desmonte de rochas so:

    - fora (ou potncia): designao pouco apropriada que se d quantidade de energia liberada

    pelo explosivo na detonao. Calculada atravs de tcnicas que utilizam princpios da qumica e

    da termodinmica pode ser expressa tanto em peso quanto em volume de explosivo e indicam

    as "foras absolutas" em peso ou volume -Absolute Weight Strenght e Absolute Bulk Strenght-.

    Tambm pode ser obtida atravs de comparao com outro explosivo e expressa atravs das

    "foras relativas" em peso ou volume - Relative Weight Strenght ou Relative Bulk Strenght -.

    - velocidade de detonao: velocidade com que a onda de choque desloca-se atravs do

    explosivo. Constante para um determinado explosivo, nele varia com o grau de confinamento a

    que est submetido e com seu dimetro.

    - massa especfica: relao entre a massa e o volume do explosivo.

    - presso de detonao: a presso na regio de reao que sucede onda de choque.

    - resistncia gua: capacidade do explosivo em manter suas caractersticas aps sua exposio

    gua.

  • 27

    - sensibilidade: propriedade dos explosivos de detonarem por simpatia quando prximos de uma

    carga detonada. Refere-se distncia mxima de propagao da detonao atravs do ar, em

    condio no confinada, entre dois cartuchos de um determinado explosivo, sendo um iniciado

    propositadamente.

    - iniciador mnimo requerido: quantidade mnima de explosivo iniciador para sua detonao.

    - resistncia ao choque: capacidade do explosivo em resistir s solicitaes mecnicas a que est

    sujeito nas operaes de transporte e manuseio.

    - resistncia ao armazenamento: tempo que o explosivo pode ficar armazenado sem perder suas

    caractersticas.

    - gases txicos gerados: volume de gases CO, NOx e SO2 gerados na detonao. So

    classificados em classes 1, 2 e 3, de acordo com o volume crescente de gases txicos gerados.

    b - Acessrios de detonao

    So assim denominados aqueles componentes utilizados na iniciao dos explosivos.

    Os acessrios de detonao de emprego usual so:

    - estopim: filamento de plvora revestido por algodo e materiais impermeabilizantes. Sua

    principal caracterstica a queima a velocidade constante e conhecida. Utilizado na iniciao da

    espoleta simples.

    - espoleta simples: cpsula de alumnio contendo uma carga primria sensvel iniciao trmica

    (comumente azida de chumbo) e uma secundria de PETN (tetranitrato de pentaeritritol).

    - espoleta eltrica simples: semelhante espoleta simples, utiliza a energia eltrica como fonte de

    energia para sua iniciao. Em seu interior a energia eltrica convertida, atravs de uma

    resistncia eltrica, em calor que inicia a carga primria.

    - espoleta eltrica de retardo: difere da anterior pela interposio entre a carga primria e a

    resistncia eltrica de um dispositivo pirotcnico de queima que provoca um intervalo de tempo

    determinado entre sua iniciao e a da carga primria.

  • 28

    - cordel detonante: composto por um filamento de PETN revestido por vrias camadas txteis e

    impermeabilizantes. Sensvel iniciao pelas espoletas simples e eltrica, sua velocidade de

    detonao de aproximadamente 7.000 m/s.

    - elementos de retardo para cordel detonante: disponveis em vrias configuraes, possuem em

    suas extremidades duas cargas de PETN que so intercaladas por substncia pirotcnica de

    queima com tempo controlado. Os tempos dos elementos de retardo empregados em atividades

    a cu aberto variam de 5 ms a 250 ms.

    - sistema no eltrico: composto por um tubo plstico flexvel contendo material reativo que

    transmite energia trmica, aps iniciado, a velocidade constante, espoleta simples ou de

    retardo situada em sua extremidade. sensvel espoleta simples e ao cordel detonante.

    Recentemente e ainda em carter experimental tem sido utilizado no pas o

    detonador eletrnico. Semelhante a uma espoleta eltrica de retardo, dela difere por conter um

    sistema eletrnico de retardo em lugar do dispositivo pirotcnico de queima. De concepo

    sofisticada, proporciona grande preciso nos tempos de retardo.

    Tais elementos de retardo permitem que se divida a carga total de explosivo a ser

    detonada em vrias cargas menores que so iniciadas em uma seqncia predeterminada em

    intervalos de tempo especficos. Sua utilizao permite o incremento do grau de fragmentao do

    macio rochoso e o direcionamento de seu movimento, proporcionando a configurao da pilha de

    material desmontado s necessidades existentes. Possibilitam tambm a adequao do desmonte a

    condicionantes geolgicos locais, o controle de vibraes e a reduo no ultralanamento de

    fragmentos.

    3.2.3 - Mecanismos de fragmentao

    Em que pese a grande quantidade de pesquisas sobre o tema conduzidas nas ltimas

    dcadas, no foi desenvolvida uma teoria que explicasse adequadamente o mecanismo primrio de

  • 29

    fragmentao em todas as condies de desmonte e tipos de rochas. Ainda que exista consenso

    entre diversos autores sobre a sucesso de eventos que ocorrem no processo de fragmentao do

    macio rochoso, h divergncia em relao ao mecanismo preponderante, ou primrio, de

    fragmentao. Assim, as diversas teorias existentes procuram explicar tal mecanismo atribuindo peso

    maior ou menor a determinado evento ou combinao deles no processo de fragmentao.

    So basicamente quatro os eventos que ocorrem durante e aps a completa detonao de

    uma carga explosiva confinada, ao longo dos quais d-se a fragmentao e deslocamento da parcela

    do macio rochoso a ser desmontado (Atlas Powder Company, 1987), os quais sero a seguir

    apresentados:

    a - Detonao: a fase inicial do processo de fragmentao. Os componentes do explosivo, sob

    detonao, so imediatamente convertidos em gases sob alta presso e temperatura. Uma vez que a

    velocidade de detonao superior velocidade snica do explosivo, o explosivo situado

    imediatamente frente da onda de choque no sofre os efeitos da detonao at ser por ela atingido.

    b - Propagao de ondas de compresso: imediatamente aps a detonao ocorre a propagao

    das ondas de compresso. Esta perturbao ou onda compressiva transmitida atravs do macio

    rochoso resulta, em parte, do impacto decorrente da rpida expanso de gases sob alta presso

    sobre as paredes do furo. A geometria de sua disperso depende de vrios fatores, podendo ser

    citados a posio do ponto de iniciao, velocidade de detonao e a velocidade de propagao de

    onda no macio circundante.

    A presso prxima s paredes do furo aumenta rapidamente at seu pico, decaindo,

    a seguir, de forma exponencial. Este rpido decaimento decorrente tanto da expanso da cavidade

    do furo quanto do resfriamento do gs. A expanso da cavidade ao redor do furo pode ocorrer

    atravs de esmagamento, pulverizao e/ou deslocamento de material e decorrente de esforos

    compressivos que superam em dezenas de vezes a resistncia compresso da rocha, podendo

    alcanar de uma a trs vezes seu dimetro, dependendo das caractersticas da rocha e do explosivo

    utilizado. Essa regio denominada zona hidrodinmica, onde a rigidez elstica da rocha torna-se

    insignificante.

  • 30

    medida que a frente de onda afasta-se do furo, esforos cisalhantes associados

    variao de volume decorrente de seu efeito compressivo tm intensidade suficiente para provocar

    fraturas radiais a partir do furo. Progressivamente atenuados, os esforos decorrentes de sua

    propagao deixam de causar danos ao macio.

    Ao encontrar uma descontinuidade, ou interface, parte da energia transmitida

    atravs dela, parte refletida. Essa partio de energia depende do contraste entre as impedncias

    dos meios que se posicionam em cada lado da interface. Quando a onda compressiva que se

    desloca atravs do macio rochoso encontra a face livre, praticamente toda a sua energia refletida

    como onda de trao. Uma vez que a relao existente entre a resistncia trao e compresso

    nas rochas da ordem de 1/10 ou menor, h tendncia formao de fraturas decorrentes desses

    esforos, dependendo da distncia entre a face livre e a coluna de explosivo.

    c - Expanso dos gases: o evento seguinte a expanso dos gases gerados na detonao. durante

    essa fase que surgem as maiores controvrsias sobre o principal mecanismo de fragmentao.

    Alguns acreditam que a rede de fraturas por todo o macio est completa, enquanto outros

    acreditam que o processo principal de fraturamento est justamente comeando, debitando-o

    principalmente extenso das fraturas geradas pela expanso dos gases e/ou ao movimento de

    flexo do macio dela decorrente. De fato, a expanso dos gases, atravs das descontinuidades e

    fraturas, formadas ou em formao juntamente com o esforo transmitido ao macio pela

    detonao, que responsvel pelo deslocamento do material fraturado.

    No suficientemente claro o exato mecanismo da expanso dos gases atravs do

    macio rochoso, embora haja concordncia de que ele venha a ocorrer atravs das regies que

    ofeream menor resistncia. Isso significa que os gases primeiramente migram atravs de

    descontinuidades no macio, decorrentes ou no dos eventos anteriores. Se tais descontinuidades

    entre o furo e a face livre so suficientemente grandes esses gases sob alta presso so

    imediatamente dispersos para a atmosfera, resultando em reduzido deslocamento do material

    fragmentado.

    d - Movimento da massa: ultimo estgio do processo de fraturamento. Alguns autores atribuem a ele

    parcela significativa da fragmentao do macio, atravs do entrechoque dos fragmentos no ar ou

    entre eles e o piso.

  • 31

    3.2.4 - Rendimento energtico

    Definido como a relao existente entre a energia liberada pelo explosivo e aquela

    efetivamente utilizada na fragmentao do macio rochoso e seu deslocamento de forma a configurar

    pilha adequada operao dos equipamentos de carga.

    Sua estimativa obtida a partir do conceito da transmisso da energia liberada pelo

    explosivo ao macio rochoso adjacente ao furo, a partir do contraste de impedncias existente entre

    eles, considerando-se a impedncia do explosivo como o produto entre sua velocidade de

    detonao e sua massa especfica (Berta, 1985, in Eston, 1988 e Bacci, 2000).

    Como nem todo o volume do furo ocupado pelo explosivo, o conceito de

    acoplamento introduzido, e determina-se a relao de acoplamento como a razo entre o dimetro

    do furo e o da carga explosiva. Define-se como fator de acoplamento a razo entre a energia gerada

    pelo explosivo e aquela transmitida ao macio e expresso por (Berta, 1985, in Eston, 1988 e

    Bacci, 2000):

    hac = 1 / [e(1/Rac) - (e - 1)] .................. (eq. 3.2.4.1)

    Onde:

    hac - fator de acoplamento

    Rac - razo de acoplamento

    A energia transmitida ao macio, considerando-se ambos os conceitos, passa a ser

    expressa como:

    Et = Eex . {1 - [(zr - zex) / (zr + zex) ]2} / [e(1/Rac) - (e - 1)] ...........(eq. 3.2.4.2)

    ou

    Et = Eex . 4.zex. zr/ {( zr + zex)2 . [e(1/Rac) - (e - 1)]} ........................ (eq. 3.2.4.3)

    onde:

    Et - energia transmitida rocha

  • 32

    Eex - energia gerada pelo explosivo

    zr - impedncia acstica da rocha

    zex - impedncia acstica do explosivo.

    Rolim (1993), citando estudos de Fogelson (1959) e Langefors (1963), e Eston (1998) e

    Bacci (2000), a partir de estudos de Berta (1985), apresentam valores similares para o balano

    energtico de uma detonao, a partir da energia transmitida ao macio:

    - fragmentao: 15 ~ 18%

    - deslocamento do macio: 5 ~ 6%

    - trmica e rudos (perdas na atmosfera): 36 ~39%

    - vibraes no terreno: 40%

    - outros (ultralanamentos, ultraquebra): 2,5 ~3%

  • 33

    4 Impactos ambientais das vibraes propagadas pelo terreno e formas de mitigao

    4.1 Danos associados a vibraes

    Langefors e Kihlstrm (1978) ao estabelecerem seu critrio de danos sobre

    edificaes (tabela 4.1.1) consideram que um fator decisivo para sua ocorrncia , entre outros, a

    relao existente entre a freqncia natural da edificao e a freqncia da vibrao a que ela ser

    submetida; consideram ainda que danos podem ser causados por elongamento, cisalhamento e

    toro, sendo que tais deformaes podem ser incrementadas pela superposio de tenses

    estacionrias preexistentes na edificao, o que implica a adoo de critrios de danos mais

    conservadores. Deve-se observar ainda o estado de conservao da edificao.

    Propem o seguinte critrio para o risco de danos em habitaes, a partir de

    diversos tipos de material de apoio de suas fundaes:

    Tabela 4.1.1: Critrio para avaliao do risco de danos a edificaes proposto por

    Langefors e Kihlstrm (1978).

    materialareia e

    argila saturadasardsia

    calcrioscalcrios duros, quartzitos,gnaisse, granito, diabsio

    Velocidadede

    propagaoda onda (m/s)

    300 a 1500 2000 a3000

    4500 a 5000Danos

    possveis

    Velocidade4 - 18 35 70 Sem

    rachaduras

    de6 - 30 55 110 Rachaduras

    insignificantes

    partcula8 - 40 80 160 Rachaduras

    (mm/s) 12 - 60 115 230 Rachadurassrias

  • 34

    Siskind et al. (1980) propem que o critrio de vibraes consideradas seguras em

    detonaes deve observar os seguintes limites (tabela 4.1.2).

    Tabela 4.1.2 - Critrio para a avaliao de danos a edificaes proposto por Siskind et al.

    (1980).

    Freqnciaat 4 Hz 4 - 15 Hz 15 - 40 Hz >40 Hz

    Nvel mximo devibrao 0,762 mm 19,05 mm/s 0,203 mm 50,8 mm/s

    Recomendam ainda que, para as construes habitacionais com paredes revestidas

    com gesso, o limite mximo nos nveis de vibrao considerados seguros para baixas freqncias

    (de 4 a 15 Hz) deva ser de 12,5 mm/s.

    Observam tambm que:

    - a amplitude, freqncias e duraes das vibraes se alteram com a propagao, em funo de

    interaes com os vrios meios geolgicos e interfaces estruturais, e do espalhamento do trem

    de ondas atravs de disperso e/ou absoro, que tanto maior quanto o for a freqncia.

    - nas proximidades do fogo as caractersticas da vibrao so afetadas pelos fatores do plano de

    fogo, geometria da mina, carga de explosivos detonada por espera, tempo dos retardos, direo

    de iniciao do fogo em relao ao ponto de captao, afastamento e espaamento.

    - a grandes distncias do fogo os fatores referentes ao plano de fogo tornam-se menos crticos e

    o meio de propagao composto pelo macio e solo de recobrimento prepondera sobre as

    caractersticas da onda.

    - as amplitudes de velocidade de partcula so aproximadamente mantidas enquanto a energia

    ssmica propaga de um meio para outro, isto , do macio rochoso para o solo.

    - freqncia de vibrao, deslocamento e acelerao dependem fortemente do meio de

    propagao.

    - espesso recobrimento por solo e grandes distncias criam trens de onda de baixa freqncia e

    grande durao.

  • 35

    As principais concluses de seu trabalho so:

    - velocidade de partcula a melhor grandeza para a quantificao de nveis de vibrao.

    - velocidade de partcula a grandeza mais prtica para a regulao de danos potenciais para a

    classe de estruturas com bem definidas caractersticas de resposta s vibraes.

    - o potencial de danos em baixas freqncias (40 Hz).

    - todas as edificaes podem apresentar, eventualmente, fraturas decorrentes de variaes

    ambientais tais como temperatura, umidade e ventos, acomodao de fundaes e mesmo

    absoro de umidade pelas razes de rvores.

    A norma ABNT 9653 - Minerao em reas Urbanas com Uso de Explosivos:

    Reduo de Riscos (ABNT, 1986) - estabelece que para preservar a segurana da populao,

    estruturas e edificaes circunvizinhas, a velocidade de vibrao de partcula resultante no deve

    ultrapassar o valor de 15 mm/s, nos limites da rea de operao de mineraes, assim entendida

    aquela composta pela unio da rea de concesso de lavra e/ou licenciada e/ou reas de

    propriedade da minerao, conforme definidas no Decreto-Lei n 227, com a rea de segurana

    prpria em torno dos depsitos de explosivos.

    A velocidade de partcula resultante, ainda de acordo com a norma ABNT 9653,

    corresponde soma vetorial dos valores mximos obtidos nas componentes longitudinal, transversal

    e vertical, tratando-se, portanto, de um pseudo vetor resultante, uma vez que no considera o

    instante em que tais picos ocorreram.

    Proposta de alterao a tal norma est sendo discutida atualmente por comisso

    criada pela ABNT para esse fim.

    4.2 - Reaes humanas s vibraes

    Siskind et al. (1980), em suas concluses e a partir de trabalhos de diversos autores

    que estudaram reaes humanas a vibraes, estabelecem que elas podem representar a principal

    limitao aos nveis admissveis de vibrao decorrentes da detonao de cargas explosivas. Citam

    ainda que:

  • 36

    - Nveis de vibrao passveis de serem sentidos so consideravelmente menores que aqueles

    requeridos para produzir danos.

    - A reao humana s vibraes depende da durao do evento para as mesmas amplitudes.

    - Velocidades de partcula de 12,5 mm/s de uma detonao tpica (vibraes com durao de 1

    segundo) seriam tolerveis por aproximadamente 95% das pessoas, que as considerariam como

    claramente perceptvel (alguns estudos classificam a percepo humana s vibraes em

    diversos nveis, como fracamente perceptveis, distintamente perceptveis e fortemente

    perceptveis).

    - Relevante na percepo e reao s vibraes o grau de interferncia que provocam em

    atividades normais (sono, conversao, assistir televiso, ler), oferecendo riscos sade e

    afetando rendimento operacional.

    - Para pessoas em residncias, os mais srios problemas relacionados s vibraes so a

    movimentao nas estruturas, medo (de danos ou prejuzos, alm de ferimentos) e, para alguns,

    interferncia em atividades.

    O projeto de norma CETESB D7.013 - Minerao por Explosivos, de 1992,

    carente de homologao, estabelece que o limite mximo admitido no poder ser superior a "3,00

    mm/s de velocidade de vibrao de partcula, medida na componente vertical. Quando a medio

    for realizada com utilizao de instrumentos cujos resultados sejam a integrao das trs

    componentes o valor mximo permitido ser de 4,2 mm/s. Em ambos os casos, a medio deve ser

    feita fora dos limites da propriedade da minerao ou da rea por ela ocupada sob qualquer forma,

    como posse, arrendamento, servido, concesso, etc."

    4.3 - Reduo das vibraes que se propagam pelo terreno

    O principal fator a ser considerado, objetivando a reduo das vibraes que se

    propagam pelo terreno, a execuo criteriosa de planos de fogo adequadamente dimensionados.

    Evitar o excessivo confinamento do explosivo atravs da minimizao do desvio de

    furos, a eliminao de reps - material "in situ" remanescente da detonao anterior posicionado na

    interseo da face livre com a praa - ou outros obstculos que impeam o deslocamento do

    material desmontado, reduo do tampo - mas no a ponto de incrementar a sobrepresso

  • 37

    atmosfrica ou acarretar ultralanamentos - e da subperfurao, medida efetiva no controle dos

    nveis de vibrao.

    A partir do exposto, e considerando-se as condies de rigidez locacional de

    empreendimentos minerrios, a reduo da carga de explosivos detonada instantaneamente o fator

    primordial que afeta a amplitude da velocidade de partcula. Tal reduo pode ser obtida atravs da

    interposio entre grupos de minas - furos carregados com explosivos -, ou mesmo entre minas, de

    elementos de retardo, que provocaro intervalos de tempo entre suas detonaes.

    A reduo no dimetro de perfurao, altura das bancadas ou mesmo a intercalao

    no furo de material inerte entre a carga explosiva podem ser adotadas para a reduo da carga

    explosiva a ser detonada instantaneamente, se as condies locais assim o exigirem, estando sua

    exeqibilidade vinculada a condicionantes tcnicos e econmicos.

    Outras medidas que favorecem a reduo nos nveis de vibrao so (Silva et al,

    2000):

    - Sempre que possvel proporcionar a progresso da detonao das minas, ou grupos de minas,

    do ponto mais prximo para o mais afastado do local onde se pretende obter os menores nveis

    de vibrao.

    - Adotar elementos de retardo que proporcionem reduzida disperso em seus tempos.

    - Utilizar tempos de retardo elevados, desde que as condies geolgicas em conjuno com o

    sistema de iniciao o permitirem.

    A esse respeito Langefors e Kihlstrm (1978) sugerem, a partir da constatao de

    que vibraes causadas por detonao de um nico furo apresentam sua mxima amplitude somente

    aps algumas prvias menores deflexes e, em muitos casos, pode-se esperar apenas 3 ciclos

    completos com amplitudes superiores metade da mxima, podendo as demais serem mais ou

    menos ignoradas, a adoo de intervalos de tempo na detonao entre furos superior a 3.T (T -

    perodo). Dessa forma, uma eventual interferncia construtiva entre trens de ondas gerados por

    minas, ou grupo de minas, detonados consecutivamente a tais intervalos resultaria em reduzidos

    nveis de vibrao quando comparados queles obtidos com intervalos de tempo menores. Isso

    poderia ser obtido a partir da adoo de:

    n.t = k.T

  • onde :

    T - perodo da vibrao. Obtido atravs da determinao da freqncia de pico da vibrao.

    n - nmero de intervalos de tempo, ou de elementos de retardo utilizados na detonao.

    t - tempo de retardo.

    k - nmero inteiro que satisfaa a relao k/n 1,2,3,....

    Outras medidas citadas por Silva et al, 2000, estas visando reduo na percepo

    das vibraes, so:

    - Reduzir a freqncia de detonaes por perodo produtivo atravs da adoo de um maior

    nmero de furos por detonao.

    - Procurar coincidir os horrios de detonaes com perodos de maior atividade na vizinhana.

    - Sempre que possvel procurar fazer com que o tempo total de durao da detonao no

    ultrapasse 1 segundo.

    - Adotar um programa de relaes pblicas.

    4.4 - Obteno de equao de atenuao

    A dissipao da energia ssmica em macios rochosos atribuda a trs mecanismos

    (Atlas Powder Company, 1987):

    1 - amortecimento viscoso, um efeito mais pronunciado em altas freqncias, acompanhado por

    uma tendncia a menores freqncias de vibrao com o acrscimo da distncia da fonte de energia.

    2 - absoro da energia por frico na propagao da onda, maior em rochas com granulao

    grosseira e alta porosidade.

    3 - disperso das ondas ssmicas devido a reflexes em descontinuidades e heterogeneidades no

    macio rochoso.

    A esses mecanismos pode-se acrescentar aquele advindo da disperso geomtrica.

    Sobre os mecanismos anteriormente enumerados, de maior imprevisibilidade terica,

    sustentam-se as maiores causas de atenuao dos valores de pico das amplitudes de vibrao.

    Assim, tendo em vista as caractersticas de heterogeneidade natural dos macios rochosos,

    impossvel fazer uma previso terica confivel dos nveis de vibrao em um determinado local.

  • 39

    Por outro lado, os mecanismos de atenuao de vibraes relacionados s

    propriedades do macio tendem a produzir trens de ondas vibratrios caractersticos ao longo da

    trajetria de propagao. Assim, pela determinao dos fatores locais de atenuao em um

    programa de monitoramento de detonaes, os nveis de pico de vibrao de detonaes futuras no

    local podem ser previstos com razovel preciso, atravs de mtodos estatsticos.

    Na determinao dos fatores locais de atenuao, busca-se estabelecer uma

    correlao entre as amplitudes das vibraes, quantificadas atravs de deslocamento, acelerao ou

    velocidade de partcula, normalmente esta, e os fatores sobre os quais se tem controle, a fonte de

    energia, atravs da massa de explosivos detonada, e a distncia entre ela e o ponto de interesse.

    A forma geral de uma equao que correlaciona essas trs variveis com a

    velocidade de partcula como varivel dependente do tipo:

    v = a.Qb.D-c

    onde:

    v - velocidade de partcula

    Q - massa de explosivo detonada instantaneamente

    D - distncia entre a detonao e o local de interesse.

    ou

    v = a. (Q/Dc/b)b

    O fator (Q/Dc/b) denominado distncia escalonada.

    Langefors e Kihlstrm (1978) propem a relao Q/D3/2 como distncia escalonada

    (denominando-a de nvel de carga), com base em estudos que envolveram "enorme quantidade de

    dados", a distncias entre 2 m e 60 m das detonaes. Consideram serem questionveis

    extrapolaes realizadas a partir dos dados analisados para distncias iguais ou superiores a 1000

    metros, tendo obtido resultados satisfatrios a distncias de centenas de metros.

    Siskind et al. (1980) adotam como distncia escalonada, em trabalho que envolveu a

    anlise de 239 dados referentes a detonaes em diferentes processos produtivos, a relao D/Q1/2,

    proposta por