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ANÁLISE DE CORRELAÇÃO E REGRESSÃO ENTRE O ÍNDICE MECANIZAÇÃO DO CAMPO E DA DIMINUIÇÃO DA POPULAÇÃO RURAL ANALYSIS OF CORRELATION AND REGRESSION BETWEEN THE INDEX MECHANIZATION OF THE FIELD AND DIMINUCTION OF THE RURAL POPULATION MONYELE CAMARGO GRACIANO 1 KARLA ROBERTO SARTIN 2 JULIANA DUARTE DE MENDONÇA CASTRO 3 GERALDO LOPES DE LIMA JUNIOR 4 JOSÉ REIS JUNIOR 5 LIZANDRO POLETTO 6 RESUMO:O objetivo deste trabalho é testar a hipótese de que o índice de mecanização do campo possui correlação com o êxodo rural, para a compreensão do tema proposto há uma demonstração do contexto histórico-atual vigente no país a partir da modernização agrícola, por conseguinte a exposição do referencial teórico- metodológico, o tratamento dos dados e por fim análise a partir dos resultados apresentados da correlação e da regressão das duas variáveis. Palavras-chaves: Índice de Mecanização do Campo, Êxodo Rural, Correlação e Regressão. ABSTRACT:The objective of this work is to test the hypothesis that the level of mechanization of field has correlation with the rural exodus to the understanding of the subject is a demonstration of the historical current context prevailing in the country from agricultural modernization, therefore exposure the theoretical and methodological framework, data processing and finally analysis of the presented results from the correlation and regression of the two variables. Keywords: Index Mechanization of Field, Rural Exodus, Correlation and Regression. INTRODUÇÃO A modernização da agricultura brasileira deu-se de forma mais intensa a partir da década de 1960. A modernização surge em um contexto de desenvolvimento 1 Pesquisadora Monyele Camargo Graciano 2 Professora Ma.Karla Sartin. [email protected] 3 Professora Ma. Juliana Duarte de Mendonça Castro. coordenacaoservicosocial@unicamps .com.br 4 Professor Me. Geraldo Lopes de Lima Junior. [email protected] 5 Professor Me. José Reis Junior. [email protected] 6 Professor Me. Lizandro Poletto. [email protected].

ANÁLISE DE CORRELAÇÃO E REGRESSÃO ENTRE O ÍNDICE ... · RESUMO:O objetivo deste trabalho é testar a hipótese de que o índice de mecanização ... IBGE (Instituto Brasileiro

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ANÁLISE DE CORRELAÇÃO E REGRESSÃO ENTRE O ÍNDICE

MECANIZAÇÃO DO CAMPO E DA DIMINUIÇÃO DA POPULAÇÃO RURAL

ANALYSIS OF CORRELATION AND REGRESSION BETWEEN THE INDEX

MECHANIZATION OF THE FIELD AND DIMINUCTION OF THE RURAL

POPULATION

MONYELE CAMARGO GRACIANO 1KARLA ROBERTO SARTIN

2JULIANA DUARTE

DE MENDONÇA CASTRO 3 GERALDO LOPES DE LIMA JUNIOR

4 JOSÉ REIS

JUNIOR5 LIZANDRO POLETTO

6

RESUMO:O objetivo deste trabalho é testar a hipótese de que o índice de mecanização

do campo possui correlação com o êxodo rural, para a compreensão do tema proposto

há uma demonstração do contexto histórico-atual vigente no país a partir da

modernização agrícola, por conseguinte a exposição do referencial teórico-

metodológico, o tratamento dos dados e por fim análise a partir dos resultados

apresentados da correlação e da regressão das duas variáveis.

Palavras-chaves: Índice de Mecanização do Campo, Êxodo Rural, Correlação e

Regressão.

ABSTRACT:The objective of this work is to test the hypothesis that the level of

mechanization of field has correlation with the rural exodus to the understanding of the

subject is a demonstration of the historical current context prevailing in the country

from agricultural modernization, therefore exposure the theoretical and methodological

framework, data processing and finally analysis of the presented results from the

correlation and regression of the two variables.

Keywords: Index Mechanization of Field, Rural Exodus, Correlation and Regression.

INTRODUÇÃO

A modernização da agricultura brasileira deu-se de forma mais intensa a partir

da década de 1960. A modernização surge em um contexto de desenvolvimento

1Pesquisadora Monyele Camargo Graciano

2Professora Ma.Karla Sartin. [email protected]

3Professora Ma. Juliana Duarte de Mendonça Castro. [email protected]

4Professor Me. Geraldo Lopes de Lima Junior. [email protected]

5Professor Me. José Reis Junior. [email protected]

6Professor Me. Lizandro Poletto. [email protected].

econômico do país, atribui-se a ela a intensificação dos aglomerados urbanos e o êxodo

rural, pois como resultado da mecanização do campo teve uma queda na oferta emprego

para o homem rural.

A modernização agrícola transformou a estrutura produtiva do Brasil, atraindo

investimentos internacionais para país os quais consistiam na implantação de um pacote

tecnológico para nortear a agricultura de larga escala. Tal cenário desencadeou a

famigerada Revolução Verde, para a qual a produção baseava-se na mecanização, na

modernização e na exportação da produção agrícola do país.

À época o governo lança mão de diversos instrumentos de incentivo à

produção agrícola do país, tais como linhas de crédito e seguros, porém, os benefícios

gerados atingem principalmente os grandes produtores, haja vista, que o pacote

tecnológico não era viável e acessível a todos os produtores devido à burocracia e a

existência de garantias de pagamento. Dessa forma assim o médio e o pequeno foram

perdendo competitividade e o espaço no meio rural, acelerando a crescente migração

para os centros urbanos, após as décadas de 60 e 70.

Ao problematizar esse estudo temos a seguinte indagação: a mecanização no

campo influenciou o êxodo rural? Ou seja, qual a relação existente entre a modernização

da agricultura e a evasão populacional do meio rural? Desse modo o objetivo deste

trabalho é verificar, a partir do instrumental estatístico apropriado, se há relação entre a

modernização/mecanização no campo e a redução do contingente populacional rural.

A metodologia de tratamento desta problemática consiste em realizar através

de modelo econométrico a correlação e a regressão de uma série temporal do índice

mecanização do campo e da diminuição da população rural, assim buscaremos testar a

hipótese se há ou não evidência empírica entre a mecanização do campo e a migração

da população rural.

Este trabalho está disposto em três seções a orientar o objetivo pretendido: o

primeiro aborda a questão histórica e atual da modernização do campo, traçando

algumas abordagens sobre o tema, o segundo se volta à apresentação dos dados e o

referencial teórico-metodológico e o terceiro contemplando a análise dos resultados

obtidos.

1.A MODERNIZAÇÃO DO CAMPO E SEUS EFEITOS NO MEIO RURAL

Após a Segunda Guerra grandes empresas, principalmente americanas

passaram a difundir suas tecnologias agrícolas pelo mundo, principalmente nos países

em desenvolvimento, sob a justificativa de que essa difusão serviria a diminuir a fome

no mundo, que poderia estar sendo agravada pelo modo de produção precário nos países

subdesenvolvidos e em contraposição ao aumento populacional mundial. Em razão

disso buscou-se investir em tecnologias para transformar o modelo produtivo vigente,

esse movimento ficou conhecido como “Revolução Verde”, foi instituída primeiramente

nos EUA e na Europa, e posteriormente migrou para os países em desenvolvimento,

como exemplo o Brasil. Nesse sentido ensina Gómez (2006, p. 185):

O discurso da Revolução Verde estava repleto de uma perspectiva ocidental

sobre a ciência, o progresso e a economia, que deviam promover-se (impor-

se, se for preciso) nos países do chamado Terceiro Mundo. Em consonância

com a teoria da modernização, que era o modelo de desenvolvimento próprio

desses anos [...] a Revolução Verde identificava no Terceiro Mundo uma

série de carências que deviam ser satisfeitas, à base de aumentar

quantitativamente os bens e os serviços. Ao mesmo tempo, essa febre

produtivista, que em teoria beneficiaria os países pobres, servia tanto para

aumentar a produção de matérias-primas baratas, destinadas às agroindústrias

do denominado Primeiro Mundo que as beneficiavam, incrementando seu

valor, como para aumentar a produção de maquinário e insumos químicos

desses países ricos que vendiam para os países pobres.

No Brasil a modernização agrícola começou a se desenvolver após o ciclo

cafeeiro, na década de 1950 e intensificou-se após a década de 1960. Para Delgado

(1985, p. 35) tal processo de desenvolvimento tornou-se possível diante do alinhamento

do capital estrangeiro com os interesses do governo, combinado com o poder de compra

dos grandes proprietários.

A mecanização do campo cooperou para que houvesse o sobressalto dos

grandes e médios produtores, ou seja, o pacote tecnológico significou a modernização

de parte da produção no campo, já que os pequenos produtores, em sua maioria, não se

beneficiariam.

Conforme ensina Priori, Pomari, Amâncio e Ipólito (2012):

No entanto, esse projeto de modernização não ocorreu de forma homogênea

em todo o Brasil. Houve uma concentração dos investimentos nas regiões

Sul, Sudeste e parte do Centro-oeste. Além do mais, a opção pela

estruturação de uma economia urbano-industrial pelo governo brasileiro

privilegiou a transferência de recursos do campo para o financiamento do

desenvolvimento do projeto nacional. (PRIORI, POMARI, AMÂNCIO e

IPÓLITO, 2012, p.120).

Para além dos benefícios em produtividade, o processo de modernização da

agricultura apresentou uma série de problemas sociais como a diminuição de oferta de

trabalho no campo em detrimento da mecanização implantada nas lavouras que reduz a

necessidade laboral humana. O êxodo rural é proposto como fruto da falta de espaço de

mercado ou de emprego que assola as famílias remanescentes no campo.

Nesse sentido ensina Balsan (2006):

(...) o novo padrão de desenvolvimento econômico tem demonstrado

exclusão do homem do campo, da geração de emprego, diminuição da renda,

entre outros, ocasionando consequentemente, desordem no espaço rural,

decorrente da competitividade do capitalismo. (BALSAN, 2006, p. 128)

A modernização da agricultura brasileira tinha como objetivo o binômio a

produção e crescimento econômico do país, entretanto é possível deduzir que o aumento

da tratorização, o emprego de insumos e a produção padronizada suprimiram muitos

empregos no campo associado a perda de competividade e a substituição do trabalho

humano pelo os incrementos da modernização, posto isso é possível inferir que o

aumento das migrações para os centros urbanos é resultado da exclusão do campo.

2.REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO E TRATAMENTO DOS

DADOS

2.1. Correlação e Regressão

A análise de correlação procura aferir o grau de associação entre duas ou mais

variáveis a partir de uma amostra selecionada, nesse sentido Triola (2005) ensina que

correlação é um instrumento utilizado para determinar a existência de significância na

relação entre as variáveis a partir de parâmetros estatísticos. Há diferentes formas de

correlação, porém neste trabalho será utilizada a correlação simples, haja vista, que

estão envolvidas duas variáveis X e Y.

Tal técnica estatística é de natureza bivariada quando busca aferir a correlação

entre duas variáveis. De acordo com Martins (2001, p.287): “a busca de associação

entre variáveis é frequentemente um dos propósitos das pesquisas empíricas. A possível

existência de relação entre variáveis orienta análises, conclusões e evidenciação de

achados da investigação”.

Para Martins (2001), o grau de relação existente entre as variáveis estudadas a

ferramenta estatística utilizada é o Coeficiente de Correlação de Pearson que consiste

em um modelo para medir o nível de associação entre as variáveis, para isso o

coeficiente pode assumir valores entre –1 ou +1, que em termos percentuais também

pode ser representado entre –100% e +100%, infere-se que quanto maior associação,

representada pelo coeficiente “R”, ou seja, quanto mais próximo de +1(induz que há

correlação positiva perfeita entre as variáveis) ou –1(infere-se que há uma correlação

negativa perfeita entre as duas variáveis, ou seja, se uma aumenta a outra sempre

diminui).

O valor coeficiente de Pearson permite classificar a correlação, desse modo,

Dancey e Reidy (2005) classificaram os escores em relação ao valor atribuído a R, para

r = 0,10 até 0,30 apresenta-se uma correlação fraca; r = 0,40 até 0,6 tem-se uma

correlação moderada e para r = 0,70 até 1 há uma correlação forte).

Concernente à análise de regressão, segundo instrumento citado tratado neste

trabalho, tem-se, a partir da perspectiva de Ferreira:

A análise de regressão é uma das técnicas estatísticas mais utilizadas para

pesquisar e modelar a relação existente entre duas ou mais variáveis, procura

avaliar a existência e o grau de dependência estatística entre as variáveis

aleatórias, ou seja, aquelas que têm distribuição de probabilidade. Enquanto a

análise de correlação consiste na medição do grau ou intensidade de

associação entre duas variáveis. Quando se pode demonstrar que a variação

de uma variável está de algum modo associada com a variação da outra,

então podemos dizer que as duas variáveis estão correlacionadas.

(FERREIRA, 2013, p.01)

Neste sentido, é possível delinear através de um gráfico e de uma equação a

relação existente entre as variáveis. O gráfico é conhecido como reta de regressão e

equação matemática como equação de regressão (TRIOLA, 2005).

Assim, infere-se que a correlação é um método estatístico que mensura o grau de

relação existente entre as variáveis, enquanto a regressão determina como se dá o

comportamento das mesmas numa dada relação. A seguir abordagem sobre o modelo

econométrico aplicado, compreendermos a metodologia do trabalho que a seguir será

apresentada.

2.1. Material e método

Para testar a hipótese estabelecida neste trabalho: de existência de correlação entre a

evolução do índice de mecanização agrícola e a oscilação da população residente no

meio rural brasileiro, buscou-se dados junto à ANFAVEA (Associação Nacional de

Veículos Automotores) quanto à evolução do índice de mecanização agrícola e junto ao

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a evolução populacional no

período, ambas as observações correspondem ao período que vai de 1960 a 2005.

A seguir a demonstração das fontes e das séries temporais utilizadas:

Quadro 1: Frota de tratores de rodas, área cultivada e índice de mecanização –

1960-2005

FONTE: ANFAVEA/ANUÁRIO-2007

O quadro anterior demonstra a oscilação da frota de tratores de rodas utilizados na

agricultura bem como a área total cultivada no Brasil (em mil hectares) em cada ano de

correspondência e por fim, o índice de mecanização obtido.

Salienta-se que a ANFAVEA obtém tal índice a partir de seus dados sobre a frota

nacional de tratores e secundariamente a área cultivada a partir de dados censitários do

IBGE para. O índice de mecanização apresenta a quantidade de área em hectares por

trator existente na frota nacional, portanto, quanto menor esse índice, maior a

mecanização no campo, já que o número corresponde à área proporcionalmente

abastecida por cada máquina.

Quadro 2: População residente na zona rural – 1960 - 2005

Data Número de habitantes

1960 38.767.423

1965 40.553.145

1970 41.037.586

1975 40.091.801

1980 38.573.725

1985 37.316.889

1990 36.110.443

1995 34.449.266

2000 31.845.211

2005 30.013.708 Fonte: IBGE, 2014.

O quadro acima mostra a evolução populacional brasileira residente no meio

rural 1960-2005, para manter a coerência da comparação, tais dados foram segregados à

partir dos anos de definição do índice de mecanização agrícola.

No tratamento dos dados utilizou-se um software chamado SPSS (Statistical

Package for Social Sciences), que implica em uma linguagem e um ambiente de

desenvolvimento integrado, para cálculos estatísticos e gráficos. O uso do software

SPSS possibilita a observação do comportamento das variáveis. O SPSS proporciona a

cálculo do coeficiente de correlação de Pearson para a análise do nível de correlação

entre as variáveis propostas.

Considerando a análise de regressão, utiliza-se metodologia mormente aplicada

considerando as seguintes etapas:

1ª Etapa – Explicita-se a hipótese de trabalho: Existe relação entre a evolução da

população residente na zona rural e o índice de mecanização.

2ª Etapa – Especifica-se o modelo7 matemático dada por:

y= β0+ β1 x

Onde:

y: População residente no meio rural no Brasil.

x: Índice de mecanização agrícola

β0, β1: Estimadores paramétricos (coeficientes).

7 Extraído de TRIOLA (2005, p.397).

Demonstração8 de R- Pearson:

Onde:

1- Para o valor de R entre 1 e -1, ou seja −1 ≤ R ≤ 1:

Se R está próximo a 1, constata-se a existência de uma forte

correlação positiva.

Se R está próximo a –1 constata-se a existência de uma forte

correlação negativa.

Se R está próximo de 0, sem existência de correlação linear.

2 - Para o R² entre 0 e 1 , ou seja 0 < R² < 1 :

R² » 1 indica alto grau de ajuste do resultado.

R² » 0 indica baixo grau de ajuste do resultado.

3ª Etapa - Apresentação do teste de hipóteses:

Quanto à nulidade do coeficiente linear:

H0: ρ= 0 (não existe correlação entre x e y)

H1: ρ ≠0 ( existe correlação entre x e y)

Onde ρ é o coeficiente de correlação linear.

Utiliza-se SPSS para o cálculo do teste de coeficiente de correlação, neste mesmo

sentido tal programa coloca à prova a hipótese da força do modelo valendo-se do R-

squared, bem como o nível de significância conjunta.

3. DA EXPOSIÇÃO DOS RESULTADOS

Em análise ao gráfico abaixo nota-se que a partir de 1960 a população residente

no meio rural apresenta majoritariamente uma diminuição, concomitantemente o índice

de mecanização agrícola apresenta oscilação negativa no intervalo que coincide com a

8 Extraída de TRIOLA (2005, p.384).

maior pujança da modernização agrícola do Brasil, a partir de meados da década de

1960 até 1990.

Todavia a interpretação desse último dado requer uma apreciação a partir da sua

representatividade, posto que o índice mecanização do campo consiste na divisão da

área plantada pela quantidade de tratores existentes, logo, um índice em declínio implica

em uma maior modernização agrícola.

Quadro 3: População residente no meio rural e índice de mecanização – 1960-2005

Data População residente no meio

rural - nº de habitantes

Índice de mecanização agrícola -

área cultivada (mil ha) / nº de

tratores

1960 38.767.423 410

1965 40.553.145 413

1970 41.037.586 359

1975 40.091.801 153

1980 38.573.725 99

1985 37.316.889 90

1990 36.110.443 92

1995 34.449.266 104

2000 31.845.211 118

2005 30.013.708 167 FONTE: ANFAVEA/ANUÁRIO, 2007e IBGE, 2014.

Os gráficos a seguir foram elaborados a partir das informações extraídas do quadro

acima, que visam demonstrar visualmente a oscilação da população rural partindo de

38.767.423 habitantes em 1960 atingindo 30.013.708 habitantes em 2005, bem como, a

oscilação do índice de mecanização agrícola que em 1960 era de 410, chegando a 167

em 2005.

Gráfico 1 - População Residente Na Zona Rural - 1960-2005

Fonte: Elaborado pela autora à partir dos dados da IBGE, 2014

Gráfico 2 – Índice de mecanização agrícola - 1960 a 2005.

Fonte: Elaborado pela autora à partir dos dados da ANFAVEA, 2014

A seguir, tem-se a exposição dos resultados: cálculos e gráficos referentes

análises de estatística descritiva e inferencial, obtidos na utilização do software SPSS a

fim de testar a hipótese apresentada para este trabalho.

Descriptive Statistics

N Minimum Maximum Mean Std.

Deviation

População residente no

campo

10 30013708 41037586 36875919,60 3752195,132

Valid N (listwise) 10

Correlations

População

residente no

campo

Índice de

Mecanização

População residente no

campo

Pearson Correlation 1 ,526

Sig. (2-tailed) ,119

N 10 10

Índice de Mecanização

Pearson Correlation ,526 1

Sig. (2-tailed) ,119

N 10 10

Variables Entered/Removeda

Model Variables Entered Variables Removed Method

1 Índice de Mecanização

b . Enter

a. Dependent Variable: População residente no campo

b. All requested variables entered.

Model Summary

Model R R Square Adjusted R

Square

Std. Error of

the Estimate

1 ,526a ,276 ,186 3385229,019

a. Predictors: (Constant), Índice de Mecanização

ANOVAa

Model Sum of Squares Df Mean Square F Sig.

1

Regression 35032510730557,530 1 35032510730557,530 3,057 ,119b

Residual 91678204076473,450 8 11459775509559,182

Total 126710714807030,980 9

a. Dependent Variable: População residente no campo

b. Predictors: (Constant), Índice de Mecanização

Coefficientsa

Model Unstandardized Coefficients Standardized

Coefficients

t Sig.

B Std. Error Beta

1

(Constant) 33980180,976 1972045,480 17,231 ,000

Índice de

Mecanização

14442,587 8260,330 ,526 1,748 ,119

a. Dependent Variable: População residente no campo

A equação do modelo proposto é Y: 14442,587+33980180,976b

Model Summary and Parameter Estimates

Dependent Variable: População residente no campo

Equation Model Summary Parameter Estimates

R Square F df1 df2 Sig. Constant b1

Linear ,276 3,057 1 8 ,119 33980180,976 14442,587

The independent variable is Índice de Mecanização.

Case Processing Summary

Cases

Valid Missing Total

N Percent N Percent N Percent

População residente no

campo

10 100,0% 0 0,0% 10 100,0%

Case Processing Summary

Cases

Valid Missing Total

N Percent N Percent N Percent

Índice de

Mecanização

10 100,0% 0 0,0% 10 100,0%

4.CONCLUSÕES A PARTIR DA APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Infere-se a partir da obtenção dos dados que existe uma relação entre o índice

de mecanização no campo e a diminuição do número de habitantes do meio rural, o grau

dessa relação mensurado pelo coeficiente de Pearson foi de 52,6%, ou seja, há uma

correlação positiva moderada entre as variáveis, todavia essa relação não se dá

diretamente em sua totalidade, haja vista, que o R² demonstra que o grau de ajuste entre

o índice de mecanização no campo e a diminuição da população rural foi de 27,6%, ou

seja, 27,6% da variação população rural pode ser explicada pela oscilação do índice de

mecanização.

O quadro ANOVA analisa o modelo de regressão. O resultado obtido reporta

um nível de significância na ordem de 0,119, isso implica que a possibilidade de o valor

de “p” ter sido gerado ao acaso é de 11,9 em um total de 100 vezes.

Ao analisar os gráficos em Boxplot (Diagrama de caixa) sugerem a inexistência

de outiliers para as duas variáveis apresentadas: índice de mecanização e evolução

populacional. Tal interpretação apresentava indícios, já que na análise simples dos

histogramas não havia oscilação brusca nos níveis populacionais no meio rural,

tampouco no índice de mecanização agrícola.

Em termos conclusivos, é possível afirmar, à partir dos resultados que existe

uma correlação moderada entre as variáveis observadas. No entanto, há de ser comedida

a interpretação em nível de significância dos parâmetros estabelecidos, pois ao fazer a

análise de regressão foi percebida uma probabilidade de significância baixa, tal

constatação pode estar ligada à quantidade de dados obtidos e testados, pois até onde se

pôde buscá-los eram os únicos disponíveis.

Ao realizar uma pesquisa que envolve variáveis em ciências sociais, é preciso

destrinchá-la à ponto de disponibilizar a maior quantidade possível de dados. Neste

caso, ensejando uma agenda de pesquisa sobre o assunto, seria oportuna a busca de

dados que completassem a inferência sobre a magnitude da influência da modernização

agrícola no êxodo rural brasileiro. Neste caso, uma pesquisa de informações que não

estivessem limitadas, por exemplo, pela realização do censo agropecuário, haja vista o

intervalo de publicações de dados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Estatístico. http://www.anfavea.com.br/anuario2009/capitulo2b.pdf. Acesso em

junho/2014.

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Paulo: Ícone: Campinas, UNICAMP. 1985.

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- Universidade Aberta, Lisboa 2013.

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PRIORI, A., et al. História do Paraná: séculos XIX e XX [online]. Maringá: Eduem,

2012. A modernização do campo e o êxodo rural. p. 115-127.

TRIOLA, M. F. Introdução à estatística. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.