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ANÁLISE DE DADOS DE TEMPERATURA E SALINIDADE DA OPERAÇÃO MCTII - CARBONO S-SE RADIAL 18 Curso; CAHO 2014 Disciplina: Análise de Dados Instrutor: 1T (RM2-T) Lidiane Lima Grupo 4: Frénold Chéristin Helio Heringer Villena Javier Gaviola Mário Dutra Matthieu Polyte

ANÁLISE DE DADOS DE TEMPERATURA E SALINIDADE …¡lise...Mário Dutra Matthieu Polyte . 2 ... configuração do equipamento (vermelho e preto), linhas de identificação dos dados

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ANÁLISE DE DADOS DE

TEMPERATURA E SALINIDADE DA

OPERAÇÃO MCTII - CARBONO S-SE

RADIAL 18

Curso; CAHO 2014

Disciplina: Análise de Dados

Instrutor: 1T (RM2-T) Lidiane Lima

Grupo 4: Frénold Chéristin

Helio Heringer Villena

Javier Gaviola

Mário Dutra

Matthieu Polyte

2

Sumário

1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .................................................. 2

3 – MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 9

3.1 – Organização dos dados .................................................................................... 10

3.2 – Medidas Descritivas ......................................................................................... 13

3.3 – Classificação das Massas D’água .................................................................... 17

3.4 – Ajuste de Curvas, Regressão e Correlação .................................................... 24

3.5 – Estimação de Parâmetros ................................................................................ 35

3.6 – Amostragem Estatística ................................................................................... 42

3.7 – Teste de Hipótese ............................................................................................. 48

4 – DISCUSSÃO ........................................................................................................... 52

5 – CONCLUSÃO ......................................................................................................... 55

6 – BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 55

Lista de Figuras

Figura 1 - Mapa Batimétrico da Margem Continental Brasileira, destacando a

área de cabo Frio, assinalada pelo retângulo vermelho (Alterado de Torres at

all, 2007). 2

Figura 2 - Mapa Batimétrico da Margem Continental ao largo de Cabo Frio com a

indicação da localização das estações oceanográficas. 3

Figura 3 - Mapa de Gradiente da Margem Continental ao largo de Cabo Frio. 4

Figura 4 – a) Mapa batimétrico com a localização dos perfis 1 e 2.; b) Perfis

batimétricos com indicação da quebra da Plataforma Continental (1) e

localização da isso de -100 m; b) Perfis de gradiente com a indicação da

quebra da Plataforma Continental. 5

Figura 5 – a) Esquema mostrando a Espiral de Ekman; b) Esquema mostrando a

geometria de vento e ressurgência em Cabo Frio (Fonte:

http://www.windows2universe.org/earth/Water/ekman.html&lang=sp e

http://www.amoraomar.com.br/index_files/Page651.htm). 7

3

Figura 6 – Visualização do arquivo de dados recebidos, sendo destacada a

configuração do equipamento (vermelho e preto), linhas de identificação dos

dados (azul) e dados arrumados em colunas de acordo com a descrição do

cabeçalho (verde escuro). 11

Figura 7 – Visualização da tela do Oasis Montaj 7 na criação do “database”. 12

Figura 8 – Visualização da tela de importação dos dados: a) definição do tipo de

separação de dados; b) identificação de cada coluna de dado no Oasis Montaj

8.1. 12

Figura 9 - Visualização da tela de importação dos dados: a) definição do tipo de

separação de dados; b) identificação de cada coluna de dado no Oasis Montaj

8.1. 13

Figura 10 - Visualização da tela do Oasis Montaj 8.1: a) Janela de estatísticas de

determinado canal (temperatura); b) plotagem dos perfis de temperatura com

a profundidade das 5 estações oceanográficas estudadas. 14

Figura 11- Menus de seleção do plot de dispersão: a) Menu de seleção; b) Menu de

configuração. 15

Figura 12 – Diagrama T-S de todos os dados coletados. 16

Figura 13 - Estrutura vertical das massas de águas presentes na Margem

Continental Sudeste do Brasil (alterado de Matsuura, (1986). 18

Figura 14 - Diagrama T/S das massas d’água presentes na plataforma continental

de Cabo Frio. (alterado de Zaluaga, 2012). 19

Figura 15 – Diagrama T-S com os símbolos coloridos pela temperatura e a

indicação dos retângulos de limite das diferentes massas d’água: AC – Água

Costeira; AT – Água Tropical; ACAS – Água Central do Atlântico Sul; e AIA

– Água intermediária Antártica. 20

Figura 16 – Visualização da tela de seleção de expressões matemáticas para

aplicação num coluna de dados, com a seleção de expressão condicional. 21

Figura 17 - Visualização da tela de quebra de linhas. 22

Figura 18 - Visualização da tela de ordenamento de linha com base em 2 canais. 22

Figura 19 - Visualização da tela de seleção dos canais e a forma de ordenação. 23

Figura 20 – Tela de quebra de linha, destacando o limite de temperatura (<6ºC) e

salinidade (entre 34.2 e 34.6) referente à Água intermediária Antártica (AIA) e

o novo nome da linha criada. 24

4

Figura 21 – Recorte da tela de estatística dos canais de profundidade (a),

temperatura (b) e salinidade (c) na AIA. 25

Figura 22 – Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a AIA (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão, em b)

temos a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de

regressão. 26

Figura 23 – Telas de estatística dos canais de profundidade, temperatura e

salinidade da ACAS. 27

Figura 24 - Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a ACAS (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão, em

b) temos a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de

regressão. 28

Figura 25 - Telas de estatística dos canais de profundidade, temperatura e

salinidade da AC. 29

Figura 26 - Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a AC (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão; em b)

temos a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de

regressão. 30

Figura 27 - Telas de estatística dos canais de profundidade, temperatura e

salinidade da AC. 31

Figura 28 - Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a AT (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão, em b)

temos a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de

regressão. 32

Figura 29 – Diagrama T-S mostrando as massas d’água reconhecidos na MC Norte

Brasileira (alterado de Silva at all, 2005). 32

Figura 30 – Parte da tela do Oasis Montaj 8.1 mostrando o menu Geochem

Analysis. 33

Figura 31 – Menu Correlação onde se seleciona os parâmetros DAE correlação. 33

Figura 32 – Gráfico de correlação gerado no Oasis Montaj 8.1. 34

Figura 33 – Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 105. 36

Figura 34 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 106. 37

5

Figura 35 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 107. 38

Figura 36 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 108. 39

Figura 37 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 109. 40

Figura 38 – Grid de temperatura (ºC) exibido num perfil Profundidade (m) x

Distância (Km) no sentido mar aberto-costa. 41

Figura 39 – Grid de salinidade exibido num perfil Profundidade (m) x Distância

(Km) no sentido mar aberto-costa. 42

Figura 40 – Tela do Oasis Montaj mostrando o menu de “Sample a Grid”. 43

Figura 41 – Tela do Oasis Montaj com a exibição dos perfis de dados reais e dados

amostrados no grid de temperatura. 43

Figura 42 – Janela do Oasis Montaj 8.1 mostrando a seleção co “Channel Math. 44

Figura 43 – Janela de expressão matemática do Oasis Montaj 8.1, mostrando a

fórmula utilizada para o cálculo do erro percentual do Grid de temperatura

em relação á temperatura medida. 44

Figura 44 – Janela do Oasis Montaj 8.1 mostrando o canal de erro percentual

selecionado (azul) e a estatístico com o número de dados, o máximo e o mínimo

do erro percentual (5.51 e -6.38) , a média (-0.02) e o desvio padrão (0.67). 45

Figura 45 – Tela do Oasis Montaj 8.1 mostrando a ferramenta “sort” de ordenação

do ““database”” a partir de uma das colunas. 46

Figura 46 – Janela de seleção da coluna base para a ordenação do ““database””. 46

Figura 47 – Janela do Oasis Montaj 8.1 mostrando o canal de erro percentual

selecionado (azul), no qual podemos ver a localização do limite do erro

percentual estipulado neste trabalho (2%). 47

Figura 48 – Tela do Oasis Montaj mostrando a janela de estatística da coluna de

erro percentual e a coluna de erro percentual, na qual podemos ver que o erro

é inferior a 2% para todos os dados. 47

Figura 49 – Visualização da estatística do canal “Profundidade” no “database” de

dados, mostrando os limites de profundidade (-3m e -848m). 49

Figura 50 – Visualização da seleção da ferramenta de traçado de contornos a

partir de um grid. 49

6

Figura 51 – Perfil mostrando os contornos de batimetria (preto) e de salinidade

(azul). 50

Figura 52 – Perfil mostrando as massas d’água delimitadas. 51

Figura 53 – Gráficos de direção do vento e temperatura da água do mar na

superfície, sendo indicados o início e final do vento NE (Vi e Vf) e início e final

da ressurgência (Ti e Tf) (alterado de Silva at all, 2006). 52

Figura 54 – Gráfico com a variação anual do tempo de resposta e do tempo de

retorno (alterado de Silva, (2006). 53

Figura 55 – Gráfico de direção do vento na estão meteorológica do IEAPM,

Arraial do cabo. 54

Figura 56 - Gráfico de velocidade do vento na estão meteorológica do IEAPM,

Arraial do cabo. 54

Lista de Tabelas

Tabela I – Tabela de classificação de Massas d’água. ............................................... 20

1

1 – INTRODUÇÃO

A Oceanografia é uma ciência multidisciplinar que estuda o meio marinho,

dividindo-o em quatro grandes áreas de concentração: Oceanografia Geológica,

Oceanografia Física, Oceanografia Química e Oceanografia Biológica.

Os estudos oceanográficos são baseados em observações e coleta de dados, em

sua maioria, discretos, procedendo-se as análises pertinentes, quer sejam laboratoriais,

estatísticas, matemáticas e ponderação lógica sob a ótica oceanográfica ou a união de

duas ou mais destas análises.

A evolução tecnológica, ocorrida após a Segunda Guerra Mundial e o

desenvolvimento da informática e tecnologia digital tem possibilitado avanços imensos

nos estudos oceanográficos. Muitos dados coletados analogicamente em determinadas

profundidades passaram a ser coletado através de equipamentos eletrônicos e sensores

especiais, possibilitando a perfilagem contínua, com amostras realizadas a intervalos

definidos de profundidade ou tempo.

As áreas de Oceanografia Física e Oceanografia Química foram as mais

favorecidas com essas perfilagens através da coluna d’água, podendo-se obter perfis de

temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, pH, turbidez, etc.

O presente trabalho tem por objetivo a aplicação dos conhecimentos adquiridos

na disciplina “Análise de Dados”, integrante da grade curricular do Curso de

Aperfeiçoamento em Hidrografia para Oficiais de 2014 (CAHO/2014), oferecido pela

Diretoria de Ensino do Centro de Hidrografia da Marinha do Brasil (CHM).

Os dados de temperatura e salinidade, coletados nas proximidades do Cabo Frio

em Janeiro de 2011, durante a “Operação MCT II – Carbono S-SE”, deverão ser

analisados, utilizando-se pelo menos quatro dos conhecimentos adquiridos na disciplina,

a saber: Organização dos dados; Medidas descritivas; Ajuste de curvas, regressão e

correlação; Estimação de parâmetros; Amostragem estatística; e Teste de hipóteses.

Os resultados obtidos serão analisados frente ao conhecimento bibliográfico

existente, descevendo-se os processos oceanográficos observados.

2

2 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Cabo Frio localiza-se na costa nordeste do estado do Rio de Janeiro, sendo um

ponto de marcada inflexão da costa brasileira, que apresenta tendência geral N-S entre a

Baía de Todos os Santos e o Cabo de São Tomé, passando a NE-SW entre este último e

o Cabo Frio, seguindo como E-W após Arraial do Cabo até o oeste da Baía da

Guanabara (Figura 1).

Figura 1 - Mapa Batimétrico da Margem Continental Brasileira, destacando a

área de cabo Frio, assinalada pelo retângulo vermelho (Alterado de Torres at all,

2007).

MAPA BATIMÉTRICO DA MARGEM CONTINENTAL BRASILEIRA E ÁREA OCEÂNICA ADJACENTE

-5662

-5576

-5510

-5453

-5400

-5348

-5302

-5252

-5200

-5145

-5097

-5053

-5012

-4977

-4945

-4914

-4880

-4850

-4820

-4786

-4752

-4720

-4693

-4666

-4641

-4615

-4590

-4566

-4543

-4522

-4499

-4476

-4453

-4430

-4409

-4386

-4364

-4341

-4318

-4294

-4270

-4246

-4222

-4196

-4171

-4146

-4119

-4091

-4060

-4028

-3995

-3960

-3924

-3886

-3847

-3808

-3769

-3730

-3683

-3634

-3582

-3524

-3462

-3399

-3327

-3247

-3157

-3063

-2955

-2822

-2671

-2507

-2324

-2102

-1769

-1340

-856

-266

-120

-77

-54

-36

-23

-13

-4

Profundidade

(m)

-40

00

00

0-3

00

00

00

-20

00

00

0-1

00

00

00

01

00

00

00

-40

00

00

0-3

00

00

00

-20

00

00

0-1

00

00

00

01

00

00

00

-6000000 -5000000 -4000000 -3000000

-6000000 -5000000 -4000000 -3000000

-30

°-2

-10

°0

°

-30

°-2

-10

°0

°

-50° -40° -30°

-50° -40° -30°

-50

00

00

0

-40

00

00

0

-2000000

-3000000 Platô de

São Paulo

3

Em termos de morfologia do fundo marinho, como visto acima, temos na região

de estudo uma margem continental passiva, com perfil de plataforma continental, talude

e sopé, incluindo-se neste perfil o Platô de São Pulo, um platô marginal que se estende

desde a Cadeia vitória-Trindade até ao largo de Santa Catarina.

Numa visão mais próxima de Cabo Frio, como visto no mapa batimétrico com a

localização das estações oceanográficas (Figura 2), observa-se um contraste denotado

pela isóbata de -100 m, que a partir das coordenadas -2650000N -4610916E da Projeção

Equatorial Mercator - WGS84, se aproxima da costa numa forma côncava, em contraste

com o observado à norte deste ponto, quando assume forma convexa.

Figura 2 - Mapa Batimétrico da Margem Continental ao largo de Cabo Frio com a

indicação da localização das estações oceanográficas.

Essa característica morfológica pode ser distinguida de outra forma no mapa de

gradiente (Figura 3), no qual podemos observar a norte um gradiente mais suave entre a

costa e a isóbata de -100m, enquanto que a sul, onde a isóbata de -100m se aproxima da

costa, os gradientes mais suaves se encontram na porção entre esta isóbata e a de -200m.

Os valores mais acentuados (vermelho a rosa) localizam-se no Talude Continental.

MAPA POSICIONAMENTO DAS ESTAÇÕES OCEANOGRÁFICAS

25000 0 25000 50000 75000

(metros)

WGS 84 / *equatorial mercator

ESCALA 1:2100000

-2924.2

-2836.2

-2753.2

-2626.4

-2469.0

-2301.2

-2142.0

-1968.8

-1774.8

-1609.2

-1511.1

-1391.3

-1248.9

-1108.2

-964.5

-815.2

-665.8

-536.9

-386.9

-246.8

-174.1

-147.4

-135.8

-127.0

-120.9

-116.3

-111.0

-103.0

-93.3

-83.6

-73.8

-63.8

-58.3

-53.0

-47.7

-41.1

-30.0

-17.8

Profundidade(m)

-2750000

-2700000

-2650000

-2600000

-2550000

-2750000

-2700000

-2650000

-2600000

-2550000

-4800000 -4750000 -4700000 -4650000 -4600000 -4550000 -4500000

-4800000 -4750000 -4700000 -4650000 -4600000 -4550000 -4500000

-24°

-23°

-24°

-23°

-43° -42° -41°

-43° -42° -41°

-200

-200

-100

-10

0

MCT105

MCT106

MCT107

MCT108

MCT109

4

Figura 3 - Mapa de Gradiente da Margem Continental ao largo de Cabo Frio.

A comparação entre os perfis de batimetria e de gradiente (Figura 4), cujas

localizações são mostradas sobre o mapa batimétrico, facilita a percepção do

distanciamento da isóbata de -100 metros em relação à costa, bem como o

distanciamento da quebra da plataforma.

MAPA DE GRADIENTE DA REGIÃO DE CABO FRIO

25000 0 25000 50000 75000

(metros)

WGS 84 / *equatorial mercator

ESCALA 1:2100000

0.0004974

0.0007441

0.0009526

0.0011662

0.0013926

0.0016304

0.0018585

0.0020946

0.0023358

0.0025995

0.0028840

0.0031904

0.0034967

0.0038210

0.0041425

0.0044858

0.0048596

0.0052232

0.0055944

0.0059992

0.0064228

0.0068662

0.0073496

0.0078860

0.0085108

0.0092087

0.0099711

0.0108490

0.0118680

0.0129970

0.0142892

0.0156849

0.0172767

0.0191435

0.0216126

0.0251185

0.0325734

0.0491130

Gradiente

-2750000

-2700000

-2650000

-2600000

-2550000

-2750000

-2700000

-2650000

-2600000

-2550000

-4800000 -4750000 -4700000 -4650000 -4600000 -4550000 -4500000

-4800000 -4750000 -4700000 -4650000 -4600000 -4550000 -4500000-2

-23°

-24°

-23°

-43° -42° -41°

-43° -42° -41°

-200

-200

-100

-10

0

5

Figura 4 – a) Mapa batimétrico com a localização dos perfis 1 e 2.; b) Perfis

batimétricos com indicação da quebra da Plataforma Continental (1) e localização

da isso de -100 m; b) Perfis de gradiente com a indicação da quebra da Plataforma

Continental.

MAPA BATIMÉTRICO DA REGIÃO DE CABO FRIO

25000 0 25000 50000 75000

(metros)

WGS 84 / *equatorial mercator

ESCALA 1:2100000

-2924.2

-2836.2

-2753.2

-2626.4

-2469.0

-2301.2

-2142.0

-1968.8

-1774.8

-1609.2

-1511.1

-1391.3

-1248.9

-1108.2

-964.5

-815.2

-665.8

-536.9

-386.9

-246.8

-174.1

-147.4

-135.8

-127.0

-120.9

-116.3

-111.0

-103.0

-93.3

-83.6

-73.8

-63.8

-58.3

-53.0

-47.7

-41.1

-30.0

-17.8

Profundidade(m)

-27

50

00

0-2

70

00

00

-26

50

00

0-2

60

00

00

-25

50

00

0

-27

50

00

0-2

70

00

00

-26

50

00

0-2

60

00

00

-25

50

00

0

-4800000 -4750000 -4700000 -4650000 -4600000 -4550000 -4500000

-4800000 -4750000 -4700000 -4650000 -4600000 -4550000 -4500000

-24

°-2

-24

°-2

-43° -42° -41°

-43° -42° -41°

-200

-200

-100

-1

00

Perfil 2Perfil 1

Perfis Batimétricos

Perfil 1 Perfil 2 Legenda:

0 230 -2800 -2400 -2000 -1600 -1200

-800 -400

0

Distância (Km) 130

1 1

Pro

fun

did

ad

e (m

)

-100m

Perfil 1 Perfil 2 Legenda:

Perfis de Gradiente

132,7 0 230,1 0.0000000 0.0100000 0.0200000 0.0300000 0.0400000 0.0500000 0.0600000 0.0700000 0.0760000

G a d i e n t e

Distância (Km)

1

1

6

O Nome de Cabo Frio tem origem dos navegadores portugueses, os primeiros

“homens brancos” a constatarem a principal característica da região, as águas frias na

superfície do mar (Coe at all, 2007).

Esta anomalia de temperatura observada é causada por um fenômeno

oceanográfico conhecido como “Ressurgência”, que segundo Mascarenhas at all (1971,

apud Zaluaga, 2012), é o fenômeno físico da ascensão de águas de camadas mais

profundas do oceano, com temperaturas abaixo dos 20ºC, gerando uma anomalia

térmica na temperatura superficial do mar (TSM) em relação à sua latitude e seu

entorno.

A ressurgência observada em Cabo Frio é, na realidade, conseqüência de uma

conjunção de fatores (Valentin, 1984; Knoppers, 1990; Silva at all, 2006; Calil Elias,

2009).

O principal agente é a ação dos ventos NE, favorecidos pela brusca mudança de

direção da costa que passa de N-S para E-O. Desta forma os ventos típicos de primavera

e verão na região, de direção NE, sopram paralelamente à costa no Cabo Frio.

Considerando-se o transporte de EKMAN, que define o transporte líquido da água do

oceano a 90º da direção do vento em função da ação da Força de Coriolis, que em nosso

hemisfério (S) atua desviando o movimento para a esquerda (Figura 5), as águas

superficiais tendem a se afastarem da costa sob ação deste vento.

7

a)

b)

Figura 5 – a) Esquema mostrando a Espiral de Ekman; b) Esquema mostrando a

geometria de vento e ressurgência em Cabo Frio (Fonte:

http://www.windows2universe.org/earth/Water/ekman.html&lang=sp e

http://www.amoraomar.com.br/index_files/Page651.htm).

8

Outros fatores que podem contribuir são: variações sazonais na posição da

Corrente do Brasil (MOREIRA DA SILVA e RODRIGUES, 1966); movimentos

verticais ao longo de isopicnais, linhas de mesma densidade da água do oceano, sob um

balanço geostrófico (SIGNORINI,1978); sucção de águas costeiras por vórtices da

Corrente do Brasil (MESQUITA at all.,1979); e a intrusão da ACAS na plataforma

continental induzida por vórtices ciclônicos da Corrente do Brasil (CAMPOS at all.,

2000).

Associa-se ao descrito acima a posição na coluna d’água da Água Central do

Atlântico Sul (ACAS), que se localiza a menores profundidades no verão, subindo pela

Plataforma Continental (Candella, 1999).

As variáveis envolvidas no processo da ressurgência de Cabo Frio são muitas, o

que propicia uma marcante variabilidade do fenômeno tanto em freqüência, maior no

verão que no inverno, quanto de intensidade, caso haja a confluência favorável de todos

os fatores (Moreira da Silva e Rodrgues, 1966; Moreira da Silva e Mendonça, 1977;

CANDELLA, op. cit.).

As águas que afloram na ressurgência vêm de profundidades afóticas, onde não

há penetração de luz e têm a característica de serem ricas em nutrientes. Essa

particularidade das águas que ressurgem promove significativas alterações nas

condições oceanográficas químicas e biológicas da região.

Em termos de oceanografia química, há um enriquecimento local de nitratos,

nitritos, fosfatos, sílica, etc., tornando a região propícia a um aumento de produtividade

primária.

A chegada das águas frias e ricas á superfície, Zona Fótica, disponibiliza esses

nutrientes à utilização por organismos fotossintetizadores, no caso, o fitoplâncton

marinho, dando início a uma cadeia produtora e uma teia alimentar rica e complexa. Por

este motivo a região de Cabo Frio é uma área de grande piscosidade, sendo um grande

pólo desta atividade extrativista.

Embora representem menos de 1% da superfície total dos oceanos, as regiões de

ressurgência contribuem com cerca de 50% do estoque pesqueiro mundial (Rodrigues,

1973, apud Calil Elias).

Outra conseqüência da ressurgência em Cabo Frio é a característica do

microclima local e, conseqüentemente, da cobertura vegetal observada. A presença da

ressurgência induz a uma redução da precipitação de chuvas locais, devido à reduzida

9

evaporação na superfície do mar. Como conseqüência, temos a maior evaporação nas

lagoas, gerando aumento da salinidade destas.

O clima local é atípico para o sudeste brasileiro, com índice pluviométrico

médio anual de 827 mm, contra 1270 mm em Niterói, por exemplo. Cabo Frio

apresenta-se como um clima semi-árido, com período de estiagem de até 5 meses

(Duarte, 1988).

A resposta ecológica a este clima atípico é uma cobertura vegetal que é

caracterizada por alguns autores como “intimamente ligada à vegetação de Caatinga do

nordeste” (RADAMBRASIL, 1975; Ururahy at all, 1987), embora a listagem de espécie

apresente diferenças significativas (Araújo, 2000; Prado, 1991).

3 – M ATERIAIS E MÉTODOS

O conhecimento prévio das condições oceanográficas na região de estudo, Cabo

Frio, foi crucial na determinação da metodologia de análise de dados a ser empregada

no presente trabalho.

A possibilidade de ocorrência de uma ressurgência na região, ou pelo menos

uma ascensão da ACAS para locais mais rasos e próximos da costa no período de coleta

dos dados (verão), acenam com dificuldades de uso de estatísticas de tendências para

todo o conjunto de dados, levando à opção de classificação dos dados, separação dos

diferentes estratos identificados, aplicando-se as estatísticas mediante uma ponderação

sob a ótica oceanográfica para validação dos números observados.

Ao final, serão gerados grids coloridos de temperatura e salinidade, sendo estes

exibidos em gráficos (perfis) compreendendo toda a radial de coleta, tendo-se a

distribuição das massas d’água observadas na coleta.

Assim sendo, a metodologia aplicada constará de 06 etapas, a saber:

Organização dos dados; Medidas descritivas; Classificação das massas d’água; Ajuste

de curvas de regressão e correlação; Estimação de parâmetros; Amostragem estatística e

Teste de hipóteses.

Em termos de recursos de informática, serão usados dois computadores, o

computador disponível na sala de aula do curso do CAHO 2014, na DHN em Niterói e o

computador da Faculdade de Oceanografia (Patr. 168300 UERJ), constando de Core 2

10

Quad, com 4 Gb de memória RAM, 2 HDs de 320Gb, gravador de DVD,Placa de vídeo

GForce 9500GT de 1Mb, monitor de 24”, teclado e mouse.

Os dados coletados em cruzeiro oceanográfico da Operação MCTII –

CARBONO S-SE em sua Radial 18, compreendendo as estações de coleta MTC 105 a

MCT 109, foram cedidos em formato texto (.cnv) já feito o processamento de bordo.

No tocante a softwares, serão utilizados WORD 2007, para visualização inicial

dos dados e identificação de sua formatação. O ajuste da formatação dos dados ao

formato de importação do Oasis Montaj 8.1 será feita no Excel 2007. O tratamento dos

dados, análises estatísticas e geração dos mapas e gráficos será usada a licença do

software Oasis Montaj 8.1 (GEOSOFT INC., 2013), com seu módulo de Geoquímica

que contém ferramentas estatísticas. O software pertence à Faculdade de Oceanografia

da UERJ, gentilmente cedido para execução deste trabalho. Finalmente, para edição

final do texto será usado o WORD 2007.

3.1 – Organização dos dados

Os dados pertencentes à Radial 18, estações MCT105, MCT106, MCT107,

MCT108 e MCT109, foram recebidos em meio digital, como arquivos de texto (.cnv)

foram primeiramente abertos no WORD 2007, a fim de que se identificasse a

formatação, localizando-se as colunas de data, coordenadas (LONG e LAT),

identificação da estação, profundidade de coleta, temperatura e salinidade.

O arquivo de dados, visto na Figura 6, apresenta uma parte inicial com

parâmetros de configuração (texto em vermelho), dados da Operação, coordenadas e

identificação da estação de coleta, etc., seguido de linhas de identificação das colunas de

localização dos dados (texto em azul), mais linhas descritivas e, por fim (linhas em

verde escuro), os dados distribuídos em colunas conforme a descrição do cabeçalho.

11

Figura 6 – Visualização do arquivo de dados recebidos, sendo destacada a

configuração do equipamento (vermelho e preto), linhas de identificação dos dados

(azul) e dados arrumados em colunas de acordo com a descrição do cabeçalho

(verde escuro).

Uma vez identificadas as colunas de dados nos arquivos recebido, procedeu-se a

eliminação do cabeçalho, deixando apenas as colunas de dados, salvando-se o arquivo

em formato .TXT, seguindo-se a importação destes dados no Excel 2007. Como

planilha de Excel foram acrescentadas 2 novas colunas para inserção das coordenadas

(longitude e latitude), além de uma linha para inserção do cabeçalho de cada coluna.

A importação para o Oasis Montaj 8.1 foi feita em seu módulo de geoquímica,

primeiramente criando-se o Projeto e depois o “database” (Figuras 7 e 8), identificando-

se cada coluna como um dado de análise (assay).

Para a elaboração dos grids de temperatura e salinidade foi criada uma nova

coluna de distância, de modo a podermos pelotas os dados num gráfico XY (distância x

profundidade).

12

Figura 7 – Visualização da tela do Oasis Montaj 7 na criação do “database”.

Figura 8 – Visualização da tela de importação dos dados: a) definição do tipo de

separação de dados; b) identificação de cada coluna de dado no Oasis Montaj 8.1.

Uma vez importados os dados das 05 Estações Oceanográficas, o “database” foi

salvo, providenciando-se outra cópia, com outro nome, visto que o Oasis Montaj

interpreta cada “estação” como uma planilha no “database” e o processamento dos

dados será feito de duas formas diferentes. Num primeiro momento com as estações

separadas, cada qual como uma planilha, e num segundo momento, para a gridagem dos

dados de temperatura e salinidade, com as estações reunidas numa única planilha de

dados no “database”.

Por fim, encerrando-se a organização dos dados, foi criada uma nova coluna de

distância entre a s estações de coleta a partir da função “Make a distance Channel” no

menu ““database”” – Channel Tools” (Figura 9).

13

Figura 9 - Visualização da tela de importação dos dados: a) definição do tipo de

separação de dados; b) identificação de cada coluna de dado no Oasis Montaj 8.1.

Isto feito, estava encerrada a organização dos dados.

3.2 – Medidas Descritivas

O passo seguinte no processamento dos dados foi a visualização dos dados em

perfis e avaliação destes frente às estatísticas dos dados. Essas duas visualizações são

obtidas a um simples clicar do cursor do mouse.

Primeiramente, clica-se no cabeçalho da coluna que se deseja avaliar, no caso,

Temperatura da água do mar (Temp), a célula imediatamente fica destacada em azul

(Figura 10a), em seguida, no menu “GeochemAnalysis” seleciona-se “Sumary

Statistics”, Show stats” , abre-se uma janela onde temos canal selecionado (Temp), o

número de itens, numero de campos vazios, valores máximos, mínimos, o “range” a

média e o desvio padrão. Por fim, selecionando-se “More”, é exibido o quadro resumo

(Figura 10a) no qual temos o canal selecionado (Temp), o número de itens, a média

geométrica, a soma total, a soma dos quadrados, a variância, o desvio padrão, o erro

padrão, a média, a mediana, a moda, a assimetria e a curtose.

Prosseguindo, exibe-se o perfil de temperatura pela profundidade simplesmente

selecionando-se o canal de temperatura e num clique do botão direito do mouse,

14

selecionando-se na janela que se abre “Show Profile”. Na parte inferior do “database” é

exibido o perfil dos dados, sendo editá-lo e, depois fazer a plotagem num arquivo

“.MAP” que pode ser editado e posteriormente exportado como uma figura “Figura

10b).

a)

b)

Figura 10 - Visualização da tela do Oasis Montaj 8.1: a) Janela de estatísticas de

determinado canal (temperatura); b) plotagem dos perfis de temperatura com a

profundidade das 5 estações oceanográficas estudadas.

Outra observação importante na avaliação dos dados medidos é a análise de

dispersão, no caso dos dados a processar, Temperatura da água do mar e a Salinidade.

15

No Menu “GeochemAnalysis” seleciona-se “Scatter Analysis” (Figura 11a) e, na

janela seguinte (Figura 11b), seleciona-se os dados em cada um dos eixos, no caso

salinidade na horizontal e temperatura na vertical. Há ainda a opção de símbolos de cor

fixa ou coloridos segundo uma tabela de cores previamente definida, sendo aqui

utilizada a mesma tabela de cores a ser utilizada no grid de temperatura.

a) b)

Figura 11- Menus de seleção do plot de dispersão: a) Menu de seleção; b) Menu de

configuração.

O resultado desta plotagem é o “Diagrama T-S” (Figura 12), amplamente

utilizado na Oceanografia, pois cada diferente “Massa D’água” é definida por faixas

típicas de temperatura e salinidade. Neste diagrama, cada massa d’água aparece como

uma tendência, logo, se a dispersão de pontos apresentar inflexões na distribuição dos

pares de salinidade e temperatura, teremos mais de uma massa d’água presente na

coluna d’água da região amostrada.

16

Figura 12 – Diagrama T-S de todos os dados coletados.

A observação da dispersão dos pontos no “Diagrama T-S” acima (Figura 12)

deixa claro a existência de mais de uma massa dágua na regiaõ de estudo. Parte dos

pontos distribui-se numa diagonal do canto inferior às proximidades do canto superior,

outros pontos se distribuem formando ângulo com essa tendência principal. A segunda

tendência não é tão homogênea como a primeira, o que se explica pelas diferentes

distâncias à costa, que reduz a salinidade com a proximidade da costa, como indicado

pela identificação da estação mais distante da costa (MCT105) e a mais próxima

(MCT109).

Pelo exposto acima, a análise dos todos os dados, em termos estatísticos, de

forma única, apresenta problema sério. Se aplicarmos pura e simplesmente a média de

temperatura ± o desvio padrão encontrado (13.41±5.93), teremos os limites de

17

temperatura aceitáveis entre 19.34 e 7.47, o que poderia levar à desconsideração de

dados acima e abaixo destes limites, mas que são plenamente possíveis e coerentes com

as temperaturas das massas d’água conhecidas na região. Assim sendo, opta-se neste

trabalho pela subdivisão dos dados nas diferentes massas d’água para depois

caracterizá-las, cada qual com suas estatísticas próprias.

3.3 – Classificação das Massas D’água

A fim de que se tenha o melhor desenvolvimento do presente trabalho, faz-se

necessário a definição da classificação de massas d’água que será utilizada na análise

dos dados, pois os limites máximos e mínimos de temperatura e salinidade para

caracterização das massas d’água podem diferir de autor para autor.

COSENDEY (2006), em seu estudo “ESTUDO DAS MASSAS D’ÁGUA E DA

CIRCULAÇÃO GEOSTRÓFICA NA REGIÃO SUDESTE DA BACIA DO BRASIL”

apresenta a caracterização das massas d’água encontradas no Atlântico Sul, sendo

selecionadas dentre estas as que podem ser encontradas nas profundidades máximas das

coletas executadas na “Operação MCT II – Carbono S-SE”, ou seja, menos de 900m.

As definições que serão adotadas no presente trabalho, baseadas na descrição de

COSENDEY (op. cit.) são mostradas abaixo:

• Água Tropical (AT): encontrada na camada superficial do Atlântico Sul, tendendo ao

aumento da temperatura com a diminuição da latitude. Descrita por Emilson (1961),

sendo formada pelo desequilíbrio entre a evaporação e a precipitação no Atlântico Sul

Tropical. Na Margem Continental Brasileira é transportada para sul pela Corrente do

Brasil. Caracteriza-se no sudeste brasileiro por temperaturas superiores a 20ºC e

salinidade acima de 36, conforme Silveira (2000). Situa-se a profundidades entre 0 e

100 metros e na faixa de latitudes entre 13º S e 25º S.

• Água Central do Atlântico Sul (ACAS): formada na região da Convergência

Subtropical, onde as águas quentes e salinas afundam e seguem em direção ao equador,

acompanhando o giro subtropical, sobre uma água mais fria e menos salina que afunda

em latitudes mais altas. Caracteriza-se por gráfico T-S com dispersão quase linear dos

pontos, apresentando temperaturas entre 8º C e 18º C e salinidades entre 34,5 a 36,

numa classificação mais clássica (SVERDRUP at all, 1942), entretanto, SILVEIRA at

all (2000), em trabalho localizado mais próximo à costa definem os limites da ACAS

entre 6°C e 20°C e salinidades de 34,6 e 36. No presente trabalho, por ter semelhança

18

em relação à região de seu desenvolvimento, área próxima à costa, será adotada a

definição de Silveira at all (op. Cit.). ao desenvolvido. Seu limite com a Água

Intermediária Antártica, que se situa logo abaixo, é definido, segundo MULLER AT

ALL (1998) pela isopicnal de 27,1.

• Água Intermediária Antártica (AIA): forma-se na região conhecida como

Convergência Antártica, entre 40º e 50ºS, onde a taxa de precipitação supera a de

evaporação, sendo fruto da mistura de águas superficiais e sub-superficiais. Ela afunda

por possuir uma densidade maior que a das águas adjacentes em função de sua

temperatura e flui seguindo o giro subtropical em profundidades que variam de 500 a

1100 metros aproximadamente. Seus limites são definidos por SVERDRUP (1942)

entre 3° e 6°C para temperatura e entre 34,2 e 34,6 para salinidade.

Além destas massas d’água, é identificada por alguns autores a Água da

Plataforma (AP) e a Água Costeira (AC), como visto na Figura 13, abaixo.

Figura 13 - Estrutura vertical das massas de águas presentes na Margem

Continental Sudeste do Brasil (alterado de Matsuura, 1986).

19

Em complementação às massas d’água de Cosendey (2006), será adotada a

definição de Água Costeira usada por Zaluaga (2012), visto ser a dispersão de seus

dados no Diagrama T-S (Figura 14), muito parecida com a dispersão observada nos

dados coletados na “Operação MCT II – Carbono S-SE”, vistos na Figura 12. Em seu

trabalho Zaluaga (op. cit.) coloca: “Água Costeira (AC) é resultado da mistura das

águas na plataforma com águas de origem continental e se caracteriza por ter baixa

salinidade e temperaturas que variam sazonalmente devido a sua constante troca com a

atmosfera e a drenagem continental”. Como pode ser observado no Diagrama T-S

(Figura 14), os limites de temperatura são entre 20 e 26ºC e os de salinidade entre 34 e

36, aproximadamente.

Figura 14 - Diagrama T/S das massas d’água presentes na plataforma continental

de Cabo Frio. (alterado de Zaluaga, 2012).

Com base em tudo que é descrito acima, fica definido o quadro de classificação das massas d’água que será usado (TABELA I).

20

Tabela I – Tabela de classificação de Massas d’água.

MASSA D'ÁGUATemperatura

mínima (ºC)

Temperatura

máxima (ºC)

Salinidade

mínima

Salinidade

máxima

Água Costeira

(AC)20 26 34 36

Água Tropical

(AT)20 27 36.4 37.4

Água Central do

Atlântico Sul

(ACAS)

8 18 34,6 36

Água

Intermediária

Antártica (AIA)

3 6 34.2 34.6

A visualização gráfica desta classificação das massas d’água pode ser vista na

Figura 15, onde temos o Diagrama T-S dos dados.

Figura 15 – Diagrama T-S com os símbolos coloridos pela temperatura e a

indicação dos retângulos de limite das diferentes massas d’água: AC – Água

Costeira; AT – Água Tropical; ACAS – Água Central do Atlântico Sul; e AIA –

Água intermediária Antártica.

34 370

30

Diagrama T-S

Tem

per

atu

ra

Salinidade

10

20

35 36

5.06.88.5

10.312.013.815.517.319.120.822.624.326.1

Temperatura(ºC)

AIA

ACAS

AT

AC

21

A separação das diferentes massas d’água no “database” do Oasis Montaj 8.1 é

feita quebrando-se a “linha”, conjunto único de dados contendo todos os dados

coletados, em tantas linhas quanto forem necessárias para que cada uma contenha os

dados de uma massa d’água identificada. No presente caso, foram criadas 05 linhas para

Água Costeira (AC), Água Tropical (AT), Água Central do Atlântico Sul (ACAS) e

Água intermediária Antártica (AIA) e demais dados.

A quebra da linha única em diferentes linhas pode ser feito de duas formas no

Oasis Montaj 8.1, automaticamente, aplicando-se uma expressão lógica (Figura 16), na

qual é estabelecida uma seqüência de condicionais que, se atendidas, atribuem uma

classificação em nova coluna criada (classificação), posteriormente, no menu

“database” Tools, Line Tolls, Split on Line Channel (Figura 17), que irá quebrar as

linhas com base na classificação deste canal.

Figura 16 – Visualização da tela de seleção de expressões matemáticas para

aplicação num coluna de dados, com a seleção de expressão condicional.

22

Figura 17 - Visualização da tela de quebra de linhas.

A segunda forma, manual, é feita primeiramente ordenando-se o “database” com

base em 02 canais, clicando-se “Database Tools”, “Channel Tools”, Sort all by 2

channels” (Figura 18).

Figura 18 - Visualização da tela de ordenamento de linha com base em 2 canais.

23

Seleciona-se o canal primário de ordenação “Temperatura” e a opção ascendente

ou descendente, selecionado-se também o canal secundário de ordenação “Salinidade” e

a opção de ordenação ascendente ou descendente (Figura 19).

Figura 19 - Visualização da tela de seleção dos canais e a forma de ordenação.

Feito isto, corre-se o canal de temperatura até as temperaturas limites das massas

d’água e observa-se o canal de salinidade, se o valor estiver dentro dos limites da massa

d’água, procede-se a quebra manual da linha, separando-se a massa d’água em outra

linha (Figura 20).

24

Figura 20 – Tela de quebra de linha, destacando o limite de temperatura (<6ºC) e

salinidade (entre 34.2 e 34.6) referente à Água intermediária Antártica (AIA) e o

novo nome da linha criada.

Terminada a quebra das linhas, o “database” é salvo com novo nome Massas

D’água para que se preserve o “database” inicial.

3.4 – Ajuste de Curvas, Regressão e Correlação

Com a classificação das massas d’água pronta podemos estudar cada uma delas

individualmente, analisando-se sua estatística, buscando-se uma reta de regressão de

seus dados e, por fim, avaliando a correlação dos dados.

Começando a análise a partir da camada mais fria e profunda que corresponde à

Água Intermediária Antártica (AIA), cuja profundidade nos dados coletados varia de

-848 a -621 metros (Figura 22a). A temperatura fica entre 4.45 e 5.99 ºC com média de

4.91ºC e desvio padrão de 0.45 (Figura 22b). A e a salinidade, por sua vez, fica entre

34.3353 e 34.3952 com média de 34.3467 e desvio padrão de 0,0156.

25

a)

b) c)

Figura 21 – Recorte da tela de estatística dos canais de profundidade (a),

temperatura (b) e salinidade (c) na AIA.

A análise do diagrama T-S da AIA mostra uma dispersão bem alinhada, com

suave concavidade, leitura bem característica desta massa d’água (Figura 22a).

Aplicando-se a regressão linear temos a reta (Figura 22a) e os parâmetros de interseção

e coeficiente usados pelo Oasis Montaj 8.1 (Figura 22b).

26

a) b)

Figura 22 – Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a AIA (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão, em b)

temos a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de

regressão.

A ACAS, a massa d’água de maior importância na região, visto ser a que aflora

em períodos de ressurgência, apresenta-se a profundidades entre -22 e -620 metros

(Figura 23a), tendo temperatura entre 6 e 17.96 ºC, com média de 12.12 e desvio

padrão de 3.15 (Figura 23b), enquanto que a salinidade mostra-se entre 34.3958 e

35.9986, com média de 35.1163 e desvio padrão de 0.4107 ((Figura 23c).

27

a) b)

c)

Figura 23 – Telas de estatística dos canais de profundidade, temperatura e

salinidade da ACAS.

O diagrama T-S da ACAS exibe uma dispersão bem alinhada, leitura bem

característica desta massa d’água, com suave concavidade (Figura 24a). Aplicando-se a

regressão linear temos a reta (Figura 24a) e os parâmetros de interseção e coeficiente

usados pelo Oasis Montaj 8.1 (Figura 24b).

28

a) b)

Figura 24 - Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a ACAS (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão, em b)

temos a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de

regressão.

A Água Costeira (AC) é encontrada em profundidade que variam de -3 a -26

metros (Figura 25a), tendo temperatura entre 20.09 e 25.94 ºC, com média de 24.75 e

desvio padrão de 1.03 (Figura 25b), enquanto que a salinidade mostra-se entre 34.3958

e 35.9986, com média de 35.1163 e desvio padrão de 0.4107 ((Figura 25c).

29

a) b)

c)

Figura 25 - Telas de estatística dos canais de profundidade, temperatura e

salinidade da AC.

O diagrama T-S da AC exibe uma dispersão não homogênea (Figura 26a),

distribuindo-se em nuvens que parecem estar muito condicionadas pela distância da

costa. Aplicando-se a regressão linear temos a reta e os parâmetros de interseção e

coeficiente usados pelo Oasis Montaj 8.1 (Figura 26b), entretanto, com a dispersão

descrita acima, essa ferramenta não parece apresentar coerência.

30

a) b)

Figura 26 - Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a AC (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão; em b) temos

a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de regressão.

A Água Tropical (AT) é encontrada em profundidade que variam de -14 a -81

metros (Figura 27a), tendo temperatura entre 20 e 25,14 ºC, com média de 22.56 ºC e

desvio padrão de 1.45 (Figura 27b), enquanto que a salinidade mostra-se entre 36.01 e

36.88, com média de 36.60 e desvio padrão de 0.23 ((Figura 27c).

31

a) b)

c)

Figura 27 - Telas de estatística dos canais de profundidade, temperatura e

salinidade da AT.

O diagrama T-S da AT, por sua vez, mostra dispersão bem parecida com a da

Água Costeira, com padrão de curvas côncavas defasadas (Figura 28a), parecendo ter

relação com a distância da costa. A aplicação da regressão linear com os parâmetros de

interseção e coeficiente usados pelo Oasis Montaj 8.1 (Figura 28b), não parece

apresentar coerência.

32

a) b)

Figura 28 - Visualização da tela de dispersão do Oasis Montaj 8.1 (Diagrama T-S)

para a AT (a), mostrando a plotagem dos pontos e a reta de regressão, em b) temos

a tela de coeficientes de regressão usados para o cálculo da reta de regressão.

A forma de dispersão mostrada no Diagrama T-S acima, parecendo haver curvas

côncavas deslocadas, assemelha-se muito á mostrada por Silva (2005) em seu estudo na

Margem Continental Norte Brasileira para o setor designado para a Água Tropical

(Figura 29).

Figura 29 – Diagrama T-S mostrando as massas d’água reconhecidos na MC Norte

Brasileira (alterado de Silva at all, 2005).

33

Por fim, dentro deste sub item do trabalho, temos a análise de correlação dos

dados utilizados. No módulo de geoquímica do Oasis Montaj 8.1, selecionando-se o

menu GeochemAnalysis e Correlations (Figura 30), abre-se a janela de opções da

correlação (Figura 31), onde foram selecionados os canais exibidos, uma correlação

Linear, sem colocação de título, usando-se código de cores para classificar a correlação,

um nível de significância de 0.95, a plotagem da dispersão dos pontos e o “espaço

amostral” (número de amostras).

Figura 30 – Parte da tela do Oasis Montaj 8.1 mostrando o menu Geochem

Analysis.

Figura 31 – Menu Correlação onde se seleciona os parâmetros DAE correlação.

34

O resultado da análise de correlação, conforme as opções selecionadas, é plotada

num arquivo “.MAP” (Figura 32), onde são exibidos graficamente e numericamente os

resultados da correlação.

Figura 32 – Gráfico de correlação gerado no Oasis Montaj 8.1.

A análise do gráfico de correlação acima nos mostra:

a) correlação perfeita, com valor de 1.00, entre a distância em Km e a longitude, o

que é perfeitamente esperado, pois as estação estão dispostas num perfil N-S;

b) correlação muito forte, com valores de 0.93 entre a temperatura e a salinidade,

com a dispersão dos pontos coincidente com o diagrama T-S. Essa forte

correlação é esperada, pois esses parâmetros que definem uma massa d’água e

nesta região elas estão bem definidas;

long

long

lat

lat

Temp

Temp

Sal

prof

prof

Dist Km

Dist km

-0.47

-0.35

-0.36

-0.43

-0.47

0.39

0.32

0.55

1.00

0.93

0.93

0.39

0.88

0.32 0.55

Espaço amostral: 1597

DIAGRAMA DE CORRELAÇÃO

Projeto: OPERAÇÃO MCTII - CARBONO S-SE RADIAL 18

Grupo: 4

Nula

Muito Fraca

Fraca

Moderada

Forte

Muito Forte

(Significância 0.95)

Legenda de Cores:

Curso: CAHO 2014

Sal

35

c) correlação muito forte entre profundidade e temperatura (0.93), fato real na

oceanografia local, onde as camadas mais profundas (AIA e ACAS) tem menor

temperatura com a profundidade;

d) correlação muito forte entre a profundidade e a salinidade (0.88), o que também

é uma realidade, pois a salinidade superficial é em geral superior à salinidade em

profundidade;

e) correlação moderada entre a distância e a profundidade (0.55) e entre a

profundidade e a latitude, o que se mostra coerente, pois a profundidade aumenta

com a distância, estando a distância diretamente relacionada à latitude (perfis N-

S). Essa variação, entretanto, não é totalmente homogênea, o que é mostrado

através do gradiente batimétrico, muito maior no talude superior que na

plataforma e talude inferior;

f) as correlações fracas estão, de forma geral, ligadas à grandezas horizontais

(distância, longitude e latitude).

3.5 – Estimação de Parâmetros

A visualização dos dados, para fins de interpretação de resultados, pode ser feita

de duas formas distintas, a saber:

a) Considerando-se cada estação e fazendo-se análise de perfis T-S (temperatura x

salinidade);

b) Considerando-se as estações como um todo e gerando uma visualização em grid

colorido num perfil (profundidade x distância).

A primeira forma de visualização, já citada anteriormente, permite a avaliação dos

dados de temperatura e salinidade nas estações de coleta (Figuras 33 a 37).

36

Figura 33 – Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 105.

37

Figura 34 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 106.

38

Figura 35 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 107.

39

Figura 36 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 108.

40

Figura 37 - Perfil de Temperatura (ºC) e Salinidade em função da Profundidade

(m) na estação MCT 109.

A segunda forma de visualização, grid colorido, permite a observação das

distribuições de temperatura e salinidade espacialmente, num corte vertical. Este

método consiste na estimação de valores intermediários numa matriz de pontos

regularmente distribuídos num plano de coordenadas X e Y.

Para a confecção dos grids de temperatura e salinidade fez-se a troca das

coordenadas N e E pela distância em Km entre as estações e a profundidade em metros.

Isto feito, procedeu-se a gridagem pelo método de mínima curvatura. Primeiramente foi

41

elaborado o grid de temperatura (Figura 38), no qual é nítida a subida de águas frias, de

temperatura abaixo dos 18ºC, sobre a plataforma, com dados medidos entre 22 e 21

metros na estação MCT109 e entre 50 e 51 metros na estação MCT 108.

Figura 38 – Grid de temperatura (ºC) exibido num perfil Profundidade (m) x

Distância (Km) no sentido mar aberto-costa.

Posteriormente foi elaborado o grid de salinidade (Figura 39), também usando-se

o método de mínima curvatura. Neste grid pode-se observar a presença das maiores

salinidades na superfície do oceano.

6

8

1 0

1 2

1 4

1 4

1 6

1 6

1 8

1 8

02

02

2 2

2 4

MCT105 MCT106 MCT107 MCT108 MCT109

-800

-600

-400

-200

0

0 20 40 60 80 100 120

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Distância (Km)

4.415.005.586.176.757.347.928.519.109.68

10.2710.8511.4412.0212.6113.2013.7814.3714.9515.5416.1216.7117.3017.8818.4719.0519.6420.2220.8121.4021.9822.5723.1523.7424.3324.9125.5026.08

Temperatura

(ºC)

42

Figura 39 – Grid de salinidade exibido num perfil Profundidade (m) x Distância

(Km) no sentido mar aberto-costa.

.

3.6 – Amostragem Estatística

O processo de gridagem dos dados de salinidade e temperatura é um processo de

interpolação de dados, que usa estimação de parâmetros numa estatística

georreferenciada (Geo-estatística).

Por ser uma estimação, a gridagem necessita de confrontação frente aos dados

reais, para que se conheça a incerteza dos valores estimados. O Oasis Montaj 8.1 tem

ferramentas que propiciaram a Villena (2003, 2007, 2011, 2012), ao longo de anos de

utilização do software, o desenvolvimento de uma metodologia de conferência do grid.

Uma vez elaborado o grid, no menu Grid-Utilities, seleciona-se a opção Grid

Profile. Esta ferramenta do software permite uma amostragem dos valores da estimação

do grid nos mesmos pontos de coordenadas que se tem os dados reais coletados, sendo

criada uma nova coluna no “database”, na qual são salvos os valores retirados do grid

(Figura 40).

3 5

3 5 . 5

3 5 . 5

3 6

3 63 6

34.5

3 6 . 5

-800

-600

-400

-200

0

0 20 40 60 80 100 120

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Distância (Km)

MCT105 MCT106 MCT107 MCT108 MCT109

34.3034.3434.3834.4234.4834.5334.5734.6334.6734.7234.7734.8234.8734.9034.9935.0435.1035.1535.1735.2035.2235.2735.3235.3635.4035.4235.4435.4635.5235.6135.6635.7935.8835.9536.0636.1336.1936.44

Salinidade

43

Figura 40 – Tela do Oasis Montaj mostrando o menu de “Sample a Grid”.

Feita a amostragem do grid, podemos exibir o perfil de dados reais

conjuntamente com o perfil de dados estimados no grid, procedendo a uma análise

visual do resultado da interpolação (Figura 41).

Figura 41 – Tela do Oasis Montaj com a exibição dos perfis de dados reais e dados

amostrados no grid de temperatura.

44

O passo seguinte para a validação do grid gerado é criar-se nova coluna, na qual

serão alocados os valores de diferença entre o valor real do dado gridado, no caso deste

trabalho a temperatura e a salinidade. A coluna deve ser criada, depois procede-se ao

menu “database” tools (Figura 42), seleciona-se channel math (Figura 43), escrevendo-

se a expressão matemática envolvendo os canais (colunas) do “database” envolvidas.

No caso o módulo da temperatura medida menos a temperatura estimada na

interpolação do grid, dividindo-se o resultado pela temperatura medida e

multiplicando-se o resultado da divisão por 100, assim teremos um canal com o erro

percentual.

Figura 42 – Janela do Oasis Montaj 8.1 mostrando a seleção co “Channel Math.

Figura 43 – Janela de expressão matemática do Oasis Montaj 8.1, mostrando a

fórmula utilizada para o cálculo do erro percentual do Grid de temperatura em

relação á temperatura medida.

45

Uma vez calculado o erro percentual, podemos observar os resultados através da

estatística do canal, avaliando-se o número de dados, o máximo e mínimo de erro

(Figura 44).

Figura 44 – Janela do Oasis Montaj 8.1 mostrando o canal de erro percentual

selecionado (azul) e a estatístico com o número de dados, o máximo e o mínimo do

erro percentual (5.51 e -6.38) , a média (-0.02) e o desvio padrão (0.67).

Fazendo-se a ordenação do “database” pelo canal de erro percentual (Figura 45 e

46) podemos estabelecer um limite do erro, no caso, 2% e avaliar o número de dados

que tenham erro menor que o limite estipulado (Figura 47), fazendo-se a razão entre

este número e o total dos dados, multiplicando-se o resultado por 100, assim teremos o

percentual dos dados está com erro abaixo do limite.

46

Figura 45 – Tela do Oasis Montaj 8.1 mostrando a ferramenta “sort” de ordenação

do “database” a partir de uma das colunas.

Figura 46 – Janela de seleção da coluna base para a ordenação do “database”.

47

Figura 47 – Janela do Oasis Montaj 8.1 mostrando o canal de erro percentual

selecionado (azul), no qual podemos ver a localização do limite do erro percentual

estipulado neste trabalho (2%).

Com base nos dados da figura acima, temos que 1562 do total de 1597 dados

têm erro inferior a 2%. Assim sendo, uma simples razão (1562 ÷ 1597) nos dá uma

percentual de 97.78% dos dados com erro percentual inferior a 2%. Desta forma

podemos considerar o grid de temperatura está consistente.

Procedendo a mesma metodologia para a salinidade e estabelecendo os mesmos

2% como o limite de erro percentual, veremos que a totalidade dos dados está com erro

inferior a 2% (Figura 48).

Figura 48 – Tela do Oasis Montaj mostrando a janela de estatística da coluna de

erro percentual e a coluna de erro percentual, na qual podemos ver que o erro é

inferior a 2% para todos os dados.

48

As estatísticas de erro percentual frente ao número de amostras com erro inferior

do valor limite estabelecido (2%) mostrou que a gridagem (estimativa de valores) para

exibição de perfis de Temperatura e de Salinidade em função da profundidade e da

distância, ficou com excelente qualidade.

3.7 – Teste de Hipótese

O teste de hipótese sempre parte de algo pré-estabelecido (hipótese) para se

fazer uma “comparação”, obtendo-se a confirmação ou não da hipótese aventada.

O presente trabalho desenvolve-se com dados de uma região onde a ressurgência

é um processo oceanográfico conhecido, com sazonalidade estabelecida, forçantes

conhecidas e resultados definidos. Segundo vários autores (MOREIRA DA SILVA &

MENDONÇA, 1977; MESQUITA, 1979; CANDELLA, 1999; CAMPOS at all, 2000;

COSENDEY, 2006; SILVA AT ALL, 2006; CALIL, 2006 e outros), a ressurgência

ocorre principalmente durante o período de verão, quando as condições oceanográficas

de circulação da Corrente do Brasil e subida da ACAS a águas mais superiores,

associado às condições meteorológicas de posição do Anticiclone do Atlântico Sul e

circulação predominante de ventos NE.

O teste de hipótese será a análise dos resultados obtidos com os dados

trabalhados para a avaliação de ocorrência ou não de ressurgência no período de coleta

doa dados de temperatura e salinidade.

Para a avaliação de ressurgência ou não serão utilizados os limites de

classificação de massas d’água da Tabela I apresentada anteriormente e os grids de

temperatura e salinidade, visto que não temos dados coletados na superfície do mar, a

profundidade mais rasa de coleta é -3 m e o grid estima valores para profundidades até 0

metros (Figura 49).

49

Figura 49 – Visualização da estatística do canal “Profundidade” no “database” de

dados, mostrando os limites de profundidade (-3m e -848m).

A partir dos grids de temperatura e de salinidade, utilizando a ferramenta

“Contour” (Figura 50) para traçado de isolinhas, fez-se o traçado das isobatimétricas de

6, 20, 26 e 27 metros e das isopicnais de 34.6, 36, 36.4 e 37 (Figura 51).

Figura 50 – Visualização da seleção da ferramenta de traçado de contornos a

partir de um grid.

50

Figura 51 – Perfil mostrando os contornos de batimetria (preto) e de salinidade

(azul).

Tomando por base esse contornos foram traçados polígonos de diferentes cores

definidos as massas d’água observadas, deixando em branco as áreas de “mistura”

(Figura 52).

6

8

1 8

1 8

02

02

3 6

3 63 6

3 6 . 4

3 6.4

MCT105 MCT106 MCT107 MCT108 MCT109

-800

-600

-400

-200

0

0 20 40 60 80 100 120

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Distância (Km)

20

36.4

- Temperatura (ºC)

- Salinidade

51

Figura 52 – Perfil mostrando as massas d’água delimitadas.

Analizando-se a figura acima, temos:

Na porção mais afastada da costa e profundidades maiores que 600 metros, a

Água Intermediária Antártica (AIA), com temperatura inferior a 6ºC e

salinidades entre 34.2 e 34.6;

Segue-se uma zona de mistura entre esta e a Água Central do Atlântico Sul

(ACAS), com temperaturas entre 6ºC e 8ºC e salinidade até 36,4, não

individualizando nenhuma das massas d’água conhecidas;

Em profundidades entre 621m e 22m, a ACAS avança por sobre a plataforma

continental, mostrando temperaturas entre 8ºC e 18ºC e salinidade entre 34.6 e

36.0;

Acima desta temos nova camada de mistura resultante da interação da ACAS, da

Água Tropical (AT) e da Água Costeira (AC);

Na superfície do oceano, entre as estações MCT 105 e MCT 106 temos a Água

Tropical (AT), com as temperaturas entre 20ºC e 27ºC e salinidades elevadas,

entre 36.4 e 37.4;

Entre a AT e a AC novamente há uma zona de mistura, sem temperaturas e

salinidades que definam qualquer das massas d’água conhecidas;

ÁGUA TROPICAL (AT)

ÁGUA COSTEIRA (AC)

ÁGUA CENTRAL DO ATLÂNTICO SUL (ACAS)

ÁGUA INTERMEDIÁRIA ANTÁRTICA (AIA)

ZONA DE MISTURA

6

8

1 8

1 8

02

02

3 6

3 63 6

3 6 . 4

3 6.4

MCT105 MCT106 MCT107 MCT108 MCT109

-800

-600

-400

-200

0

0 20 40 60 80 100 120

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Distância (Km)

20

36.4

- Temperatura (ºC)

- Salinidade

ÁGUA TROPICAL (AT)

ÁGUA COSTEIRA (AC)

ÁGUA CENTRAL DO ATLÂNTICO SUL (ACAS)

ÁGUA INTERMEDIÁRIA ANTÁRTICA (AIA)

ZONA DE MISTURA

52

Sobre a plataforma continental média e externa, acima da ACAS, temos a Água

Costeira (AC), que está localizada a certa distância da costa.

Com base no quadro de distribuição das massas d’água descrito acima,

concluímos que o teste de hipótese é negativo, pois não temos águas com

temperaturas e salinidades no intervalo típico da ACAS aflorando na superfície do

oceano, não havendo ressurgência nos dias 10 e 11 de janeiro de 2011, dias das

coletas de dados da Radial 18 da “OPERAÇÃO MCTII - CARBONO S-SE”.

4 – DISCUSSÃO

Vários fatores se somam para que ocorra a ressurgência, mas a atuação do vento

de quadrante NE é o principal condicionante para que a ACAS aflore em superfície.

Segundo Silva at all (op. cit.) a atuação do vento sofre um retardo de tempo, que seja

para a ocorrência da ressurgência ou para sua finalização (Figura 53).

Figura 53 – Gráficos de direção do vento e temperatura da água do mar na

superfície, sendo indicados o início e final do vento NE (Vi e Vf) e início e final da

ressurgência (Ti e Tf) (alterado de Silva at all, 2006).

53

O retardo (“delay”) de tempo entre o início do vento e o início da ressurgência,

segundo Silva at all (op. Cit.), é denominado tempo de resposta e varia ao longo do ano

(Figura54a), bem como o retardo (“delay”) para o término da ressurgência (Figura 54b).

a)

b)

Figura 54 – Gráfico com a variação anual do tempo de resposta e do tempo de

retorno (alterado de Silva, (2006).

Segundo os gráficos acima, o tempo de resposta e de retorno no verão, período

similar ao de aquisição dos dados utilizados no presente trabalho é de 30 a 48 hs e de 19

a 21 hs, respectivamente.

Tendo por base os dados de direção do vento na estação meteorológica do

Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) foi elaborado um

gráfico de direção do vento pelo tempo em dias (Figura 55). Neste gráfico são marcados

os dias 10 e 11 de janeiro de 2011, quando foram coletados os dados da Radial 18

utilizada neste trabalho.

54

Figura 55 – Gráfico de direção do vento na estão meteorológica do IEAPM,

Arraial do cabo.

A observação do gráfico acima mostra que a coleta foi realizada entre o 36º e 37º

dias de registro de vento e que o vento mudou do quadrante sul para N-NE no 31º dia,

rondando entre 0 e 90 graus de direção até o dia 36 de coleta, rondando a mais de 130

graus entre o 36º e o 37º dias de registro.

A velocidade do vento máxima entre o 31º e o 37º dias de registro de vento

(Figura 56) variou entre pouco mais de 9m/s e pouco menos de 2m/s, com máxima de

pouco mais de 9m/s, caracterizando ventos fracos no período.

Figura 56 - Gráfico de velocidade do vento na estão meteorológica do IEAPM,

Arraial do cabo.

O período de tempo compreendido entre o giro do vento para norte-nordeste

(dia 31) e o início da coleta das amostras (dia 36) é de 5 dias, o que seria suficiente para

que a ressurgência se manifestasse, segundo o estudo de Silva at all (2006), entretanto, a

velocidade do vento neste período é pequena.

O quadro de distribuição vertical e horizontal das massas d’água mostra que a

Água Costeira (AC) parece ter sido deslocada (empurrada) mar adentro pela ação dos

ventos NE e o transporte de Ekman com resultante final a 90º do vento, como descrito

por Silva at all (2006). Ocorre a subida da ACAS por sobre a plataforma continental até

048

96

144

192

240

288

360

Dias de medição

Dir

eção

do

ven

to

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

00:00Hs10/01/2011

19:00Hs11/01/2011

4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 460 49

Dias de Registro

0.0

3.0

6.0

9.0

Vel

oci

dad

e d

o V

ento

(m/s

)

2

Velocidade do vento

00:00Hs10/01/2011

19:00Hs11/01/2011

55

sub-superfície, a profundidades de 22 metros, mas não a temos aflorando na superfície

do oceano. O que leva à suposição de que a ação dos ventos alísios de NE não foi

suficiente para acarretar o afloramento da água fria (temperatura < 18ºC), não

caracterizando, portanto, a ocorrência do fenômeno da ressurgência.

5 – CONCLUSÃO

Tomando por base todo o trabalho realizado, podemos concluir que:

- O Geosoft Oasis Montaj 8.1 mostrou-se uma excelente ferramenta para formatação

dos dados, tratamento estatístico, geração de grids de interpolação, controle de

qualidade de dados e grids, além de elaboração de gráficos e mapas, tendo em sua

estrutura muitas funções pré programadas de grande valia ao trabalho;

- Estatística tradicional, com utilização de média, mediana, desvio padrão, etc., não se

mostrou eficaz, devendo-se isto ao fato de termos forte estratificação tanto na coluna

d’água quanto em distância;

- A metodologia aplicada, valendo-se muito mais da observação dos dados e dos

resultados obtidos nos gráficos e mapas do que de filtros matemáticos automatizados,

mostrou-se muito eficaz;

- Os dados obtidos no campo mostraram-se de qualidade, permitindo a elaboração de

excelentes gráficos e figuras, que além de ilustrativas foram muito elucidativas na na

avaliação da ocorrência ou não do processo de ressurgência.

- Ocorre a intrusão da ACAS por sobre a plataforma, mas não o seu afloramento, o que

caracteriza uma situação sem a manifestação da ressurgência no moento da coleta dos

dados analisados.

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