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Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014 172 Análise de expressões não-manuais em avatares tradutores de Língua Portuguesa para Libras Maristela C. Vieira Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS 55 51 3308-3986 [email protected] Ygor Corrêa Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS 55 51 3308-3986 [email protected] Lucila M. C. Santarosa Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS 55 51 3308-3986 [email protected] Maria Cristina V. Biasuz Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS 55 51 3308-3986 [email protected] ABSTRACT This paper adopts a sociointeractionist perspective about the use of Assistive Technologies as mediators of interactional processes between deaf and hearing people, related to the construction of knowledge through language. Thus, based on previous studies that analyzed two Brazilian apps, HandTalk and ProDeaf Móvel, which perform automatic translation of Portuguese into Brazilian Sign Language (Libras), using animated avatars, we observed significant reference, in the individuals’ narratives about fragilities associated to the facial expression parameter. Once in Libras we also use non-manual elements to effect communication, fragilities in the avatars’ animation can result in deficient interactive linguistic processes. Therefore, this study presents, in its theoretical framework, definitions about non-manual parameters in Libras, specifically, for the non-manual negation and interrogation expressions, in order to identify the avatars’ consistency under study. The analysis conducted allowed us, in fact, to identify fragilities, which are in accordance to the individuals’ narratives. About this aspect, the results of this study indicated guidelines composed of 11 variables of different facial expressions with 8 combinations of non-manual movements, which can be considered in future implementations. RESUMO Este artigo adota uma perspectiva sociointeracionista quanto à utilização de Tecnologias Assistivas (TAs) como mediadoras dos processos de interação entre surdos e ouvintes, no que tange à construção de conhecimento por meio da linguagem. Assim, com base em estudos anteriores, que analisaram dois aplicativos brasileiros, HandTalk e ProDeaf Móvel, os quais realizam tradução automática de Língua Portuguesa para Língua Brasileira de Sinais (Libras), observou-se nas narrativas dos sujeitos significativa referência a fragilidades quanto ao parâmetro de expressão facial dos avatares animados. Posto que a Libras utiliza- se também de elementos não-manuais para efetivar a comunicação, fragilidades na animação dos avatares podem resultar em processos linguísticos interativos deficitários. Deste modo, este estudo apresenta, em seus pressupostos teóricos, definições acerca dos parâmetros não-manuais em Libras, especificamente, quanto às expressões de negação e interrogação, com vistas a identificar a consistência dessas nos avatares em questão. A análise realizada permitiu identificar fragilidades, que vão ao encontro das narrativas dos sujeitos. Frente a isso, os resultados deste estudo indicaram diretrizes compostas por 11 variáveis de diferentes expressões faciais com 8 combinações de movimentos não-manuais, as quais podem ser consideradas em futuras implementações. Descritor de Categorias e Assuntos J.5 [Computer Applications]: Arts and Humanities - Architecture, Language translation and Linguistics. Termos Gerais Performance, Design, Human Factors, Languages, Theory Palavras-Chave Libras, Expressões Faciais, Tradução Automática, Tecnologia Assistiva, Inclusão Sociodigital. 1. INTRODUÇÃO A linguagem, em geral, e a fala, em particular, desempenham papel fundamental no desenvolvimento das funções psicológicas superiores [39]. É também por meio da língua que ocorrem os processos de socialização, elementos fundamentais da constituição humana, inerentemente associados aos processos de interação. Sendo assim, barreiras na comunicação podem resultar em processos de interação deficitários e contribuir para a segregação social [40]. Uma barreira na comunicação pode ser vivenciada por sujeitos pertencentes às minorias linguísticas, como é o caso das pessoas surdas. Uma série de movimentos históricos [10, 15] caracterizou a exclusão e/ou a inclusão da pessoa surda na sociedade, desde a segregação, passando pelo oralismo, à comunicação total até o atual bilinguismo, que oficializa a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua materna da pessoa surda [5]. A dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes, por barreiras linguísticas, sobretudo na perspectiva de uma sociedade que se propõe a ser inclusiva, acaba por ser um obstáculo na socialização e no desenvolvimento da pessoa surda [30]. Embora exista também no Brasil regulamentação com relação aos espaços e atividades em que é assegurado ao surdo o direito ao serviço de tradução por um intérprete humano [6], é sabido que estes profissionais ainda não estão presentes na maioria das situações em que são necessários. É neste contexto imperativo da inclusão da pessoa com deficiência em todos os ambientes sociais [34, 26], da adoção da Libras como língua materna e principal do surdo e da deficiência Permission to make digital or hard copies of all or part of this work for personal or classroom use is granted without fee provided that copies are not made or distributed for profit or commercial advantage and that copies bear this notice and the full citation on the first page. To copy otherwise, or republish, to post on servers or to redistribute to lists, requires prior specific permission and/or a fee. XXXXXXXXXXXXX – As informações serão preenchidas no proceso de edição dos Anais.

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Análise de expressões não-manuais em avatares tradutores de Língua Portuguesa para Libras

Maristela C. Vieira

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS

55 51 3308-3986 [email protected]

Ygor Corrêa

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS

55 51 3308-3986 [email protected]

Lucila M. C. Santarosa

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS

55 51 3308-3986 [email protected]

Maria Cristina V. Biasuz

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS

55 51 3308-3986 [email protected]

ABSTRACT This paper adopts a sociointeractionist perspective about the use of Assistive Technologies as mediators of interactional processes between deaf and hearing people, related to the construction of knowledge through language. Thus, based on previous studies that analyzed two Brazilian apps, HandTalk and ProDeaf Móvel, which perform automatic translation of Portuguese into Brazilian Sign Language (Libras), using animated avatars, we observed significant reference, in the individuals’ narratives about fragilities associated to the facial expression parameter. Once in Libras we also use non-manual elements to effect communication, fragilities in the avatars’ animation can result in deficient interactive linguistic processes. Therefore, this study presents, in its theoretical framework, definitions about non-manual parameters in Libras, specifically, for the non-manual negation and interrogation expressions, in order to identify the avatars’ consistency under study. The analysis conducted allowed us, in fact, to identify fragilities, which are in accordance to the individuals’ narratives. About this aspect, the results of this study indicated guidelines composed of 11 variables of different facial expressions with 8 combinations of non-manual movements, which can be considered in future implementations.

RESUMO Este artigo adota uma perspectiva sociointeracionista quanto à utilização de Tecnologias Assistivas (TAs) como mediadoras dos processos de interação entre surdos e ouvintes, no que tange à construção de conhecimento por meio da linguagem. Assim, com base em estudos anteriores, que analisaram dois aplicativos brasileiros, HandTalk e ProDeaf Móvel, os quais realizam tradução automática de Língua Portuguesa para Língua Brasileira de Sinais (Libras), observou-se nas narrativas dos sujeitos significativa referência a fragilidades quanto ao parâmetro de expressão facial dos avatares animados. Posto que a Libras utiliza-se também de elementos não-manuais para efetivar a comunicação, fragilidades na animação dos avatares podem resultar em processos linguísticos interativos deficitários. Deste modo, este estudo apresenta, em seus pressupostos teóricos, definições acerca dos parâmetros não-manuais em Libras, especificamente, quanto às expressões de negação e interrogação, com vistas a identificar a consistência dessas nos avatares em

questão. A análise realizada permitiu identificar fragilidades, que vão ao encontro das narrativas dos sujeitos. Frente a isso, os resultados deste estudo indicaram diretrizes compostas por 11 variáveis de diferentes expressões faciais com 8 combinações de movimentos não-manuais, as quais podem ser consideradas em futuras implementações.

Descritor de Categorias e Assuntos J.5 [Computer Applications]: Arts and Humanities - Architecture, Language translation and Linguistics.

Termos Gerais Performance, Design, Human Factors, Languages, Theory

Palavras-Chave Libras, Expressões Faciais, Tradução Automática, Tecnologia Assistiva, Inclusão Sociodigital.

1. INTRODUÇÃO A linguagem, em geral, e a fala, em particular, desempenham papel fundamental no desenvolvimento das funções psicológicas superiores [39]. É também por meio da língua que ocorrem os processos de socialização, elementos fundamentais da constituição humana, inerentemente associados aos processos de interação. Sendo assim, barreiras na comunicação podem resultar em processos de interação deficitários e contribuir para a segregação social [40].

Uma barreira na comunicação pode ser vivenciada por sujeitos pertencentes às minorias linguísticas, como é o caso das pessoas surdas. Uma série de movimentos históricos [10, 15] caracterizou a exclusão e/ou a inclusão da pessoa surda na sociedade, desde a segregação, passando pelo oralismo, à comunicação total até o atual bilinguismo, que oficializa a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua materna da pessoa surda [5].

A dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes, por barreiras linguísticas, sobretudo na perspectiva de uma sociedade que se propõe a ser inclusiva, acaba por ser um obstáculo na socialização e no desenvolvimento da pessoa surda [30]. Embora exista também no Brasil regulamentação com relação aos espaços e atividades em que é assegurado ao surdo o direito ao serviço de tradução por um intérprete humano [6], é sabido que estes profissionais ainda não estão presentes na maioria das situações em que são necessários.

É neste contexto imperativo da inclusão da pessoa com deficiência em todos os ambientes sociais [34, 26], da adoção da Libras como língua materna e principal do surdo e da deficiência

Permission to make digital or hard copies of all or part of this work for personal or classroom use is granted without fee provided that copies are not made or distributed for profit or commercial advantage and that copies bear this notice and the full citation on the first page. To copy otherwise, or republish, to post on servers or to redistribute to lists, requires prior specific permission and/or a fee. XXXXXXXXXXXXX – As informações serão preenchidas no proceso de

edição dos Anais.

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no oferecimento do serviço de tradução por meio de intérpretes humanos que se delineiam espaços favoráveis para o desenvolvimento de aplicações que sejam capazes de mediar as relações entre sujeitos surdos e ouvintes e/ou com ambientes e suportes apoiados no uso de língua oral e escrita.

Nessa perspectiva, identificou-se no ano de 2013, o surgimento no mercado brasileiro de aplicativos para dispositivos móveis, de duas importantes ferramentas, ambas voltadas para a inclusão social: ProDeaf Móvel e HandTalk. Esses aplicativos são gratuitos e realizam traduções automáticas de palavras, termos e pequenas frases da Língua Portuguesa para Libras, por meio de um avatar animado. Ambos foram originados a partir de pesquisas realizadas em universidades do nordeste brasileiro - Universidade Federal de Pernambuco (ProDeaf Móvel) e Universidade Federal do Alagoas (HandTalk).

Uma vez tendo realizado, em estudos anteriores [11, 37], a análise das funcionalidades desses aplicativos, assim como a verificação de sua validade social inclusiva, junto a sujeitos surdos e ouvintes inseridos no Curso de Formação Continuada de Professores em Tecnologias de Informação e Comunicação Acessíveis, identificou-se, por meio das narrativas destes sujeitos, a premissa de que as expressões faciais, não-manuais, dos avatares animados das referidas ferramentas apresentavam fragilidades. Levando em consideração que essas expressões são, muitas vezes, imprescindíveis para decodificação da sinalização da Libras [12, 29, 31], observou-se a necessidade de realizar o presente estudo. Desta maneira, propõe-se, nos pressupostos teóricos, uma perspectiva sociointeracionista do desenvolvimento linguístico dos sujeitos apoiada na tecnologia, em caráter inclusivo, e, em seguida, tendo em vista a problemática anteriormente identificada, a descrição do que entende-se por parâmetros não-manuais da Libras, no que concerne às marcações de negação e interrogação. Após essas postulações, realiza-se um levamento de aplicativos que se assemalham às ferramentas HandTalk e ProDeaf Móvel, quanto às suas características, com vistas a verificar a possibilidade de analisar não apenas esses, sob o viés aqui proposto. Essa estratégia metodológica tem por objetivo verificar se a fragilidade quanto às expressões não-manuais se fazem presentes apenas nos sistemas já estudados, na ocasião, sob outra perspectiva, ou se trata-se de uma característica geral.

Ao definir quais os aplicativos cujos avatares seriam analisados, propôs-se, inicialmente, a observação de suas expressões emotivas, a fim de perceber o processo de sinalização dos avatares em caráter de construção semântica. Posteriormente, observou-se a manifestação de expressões não-manuais negativas e interrogativas dos mesmos em caráter sintático. O desempenho dos avatares nestes contextos foi então comparado aos pressupostos que definem o conjunto de expressões não-manuais intrínsecas a tais estruturas linguísticas. Tal dinâmica permitiu a elaboração de considerações acerca das fragilidades apresentadas pelos avatares no que concerne aos elementos não-manuais enquanto marcadores semânticos e sintáticos fundamentais da Libras, bem como a elaboração de diretrizes que possam ser futuramente utilizadas em modelos computacionais, os quais façam uso de avatares animados no proceso de tradução automática da Língua Portuguesa para a Libras. O presente artigo está divido em: 1) Introdução; 2) Pressupostos teóricos; 3) Metodologia; 4) Análise; e 5) Considerações finais.

2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS Este estudo concebe em sua base epistemológica os pressupostos da teoria sócio-histórica [38, 39], no que diz respeito à utilização e elaboração de estratégias e recursos que possibilitem a compensação das limitações decorrentes da deficiência. A superação das condições sociais de desvalia decorrentes dessa depende da adequação dos contextos sociais, com vistas ao estabelecimento de interações equânimes, mesmo que a deficiência, em si, permaneça inalterada [38]. Portanto, não são as alterações físicas ou sensoriais que se mostram restritivas, mas a inequidade das estruturas sociais. Neste tocante, no que se refere aos sujeitos surdos, um contexto social favorável é aquele em que esses realizam plenamente suas interações linguísticas [30].

Barreiras de ordem comunicacional entre surdos e ouvintes podem interferir na interação entre esses sujeitos e inibir processos inclusivos. Segundo a Lei nº 12.319, art.6º [6] é assegurado ao surdo o direito de ter a seu dispor um Tradutor-Intérprete de Libras em contextos como: a) processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos; b) atividades em instituições de ensino e repartições públicas; e c) em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais. No entanto, ainda que tais direitos estivessem plenamente assegurados, as pessoas, de modo geral, interagem em diversas outras situações que não apenas aquelas listadas no texto da lei.

O presente estudo parte da premissa de que toda a atividade humana é mediada por ferramentas, sendo essas gradualmente incorporadas e que, por sua vez, alteram as práticas interacionais. Para isso, compreende-se segundo Warschauer [40], que “as

ferramentas não penas facilitam a ação que poderia ter ocorrido

sem elas, mas, ao serem incluídas no processo comportamental,

alteram o fluxo e a estrutura das funções mentais”. A essa perspectiva associam-se também os estudos relacionados à área da Tecnologia Assistiva (TA) [3, 16, 24], ferramentas ou serviços utilizados no auxílio ao desempenho funcional de atividades, contribuindo assim para proprocionar às pessoas com deficiência maior qualidade de vida, independência e inclusão social.

Neste sentido, evidencia-se o potencial social e inclusivo de ferramentas automáticas de tradução da Língua Portuguesa para a Libras, na medida em que estas facilitam a interação entre surdos e ouvintes, compensando as diferenças de ordem comunicativa, contribuindo assim para o estabelecimento da plena validade social da pessoa surda. Para além do aspecto social, tais recursos contribuem ainda para a concretização da autonomia e da intimidade da pessoa surda, quando da interação com ambientes caracterizados pelo uso do português escrito [11; 37]. Desta forma, visando corroborar o papel das tecnologias na vida e na constituição dos sujeitos, este estudo apoia-se em uma inferência de Lévy [20], que afirma:

(...) não basta estar na frente da tela de um computador, munido de todas as interfaces amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso antes de mais nada estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligência coletiva, [pois] a luta contra as desigualdades e a exclusão deve visar o ganho de autonomia das pessoas ou dos grupos envolvidos (grifos do autor).

As Tas promovem maior eficiência e autonomia para seus usuários em várias atividades, uma vez que, por princípio, esses recursos acompanham naturalmente o usuário que o utilizará em diferentes espaços na sua vida cotidiana [3]. Neste sentido,

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acredita-se que aplicativos responsáveis pela tradução automática

da Língua Portuguesa para Libras, muito além de servirem para

compensar incapacidades, podem estender e valorizar o contexto

de desenvolvimento e atuação da pessoa surda, visando o alcance

de sua plena validade social [24].

2.2 Os parâmetros não-manuais da Língua

Brasileira de Sinais

Cerca de 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva,

o que representa 5,1% da população [17]. A deficiência auditiva

severa foi declarada por mais de 2,1 milhões de pessoas, das quais

cerca de 340 mil são surdas e 1,7 milhão têm grande dificuldade

de ouvir. No que diz respeito à língua utilizada pelos surdos,

entende-se que a Libras é um sistema linguístico legítimo [5] e

natural, utilizado por essa comunidade, de modalidade gestual-

visual e com estrutura gramatical independente da Língua

Portuguesa [36] que, assim como a língua oral, possui suas

complexidades. Isso equivale a afirmar que a Libras possui

gramática própria, caraterizada por regras específicas nos níveis

morfológico e sintático.

Relativo à Libras, Campos [9] enfatiza que essa constitui-se como

um sistema específico utilizado pela comunidade surda com fins

comunicacionais. Ainda nesta perspectiva, Brito [7] ressalta que o

surgimento dessa língua deve-se espontaneamente à interação

entre surdos, situada nos âmbitos, descritivo, concreto e

emocional abstrato. Segundo Macedo [22] as línguas de sinais

possuem um estrutura diferenciada, uma vez que concebem não

apenas o uso das mãos, mas também de gestos corporais

complexos, os quais envolvem as mais variadas partes do corpo

como sinalizadores (tronco, braços, mãos, dedos, cabeça, face,

lábios, etc).

Em Libras, a formação de um sinal é definida basicamente por

sete parâmetros, cinco que se referem às mãos: (1) configuração,

(2) localização (ou ponto de articulação), (3) movimento, e (4)

utilização de ambas as mãos em simetria, (5) com as duas mãos,

havendo dominância de uma; e dois relativos às expressões não-

manuais, que incluem (6) expressões faciais e (7) expressões

corporais, tais quais, movimentos do tronco, dos ombros, da boca

e direção do olhar, por exemplo, o que permite a expressão de um

número significativamente maior de informações linguísticas [18].

A escala apresentada na Tabela 1 demonstra as diversas

graduações da Libras, onde cada nível acrescenta uma camada

extra de complexidade.

Tabela 1: Graduação da Libras – Nível palavra

1. Sinal Simples (config. Mão + espaço neutro)

2. Sinal numa localização específica

3. Com movimento

4. Com duas mãos (condição de simetria)

5. Com duas mãos (condição de dominância)

6. Com expressão facial

7. Com expressão corporal

Fonte: Januário, Leite e Koga [18]

Frente aos níveis mencionados, doravante este estudo debruça-se

sobre as graduações de níveis 6 e 7, respectivamente, expressões

faciais e corporais, dado que pretende-se analisar justamente estes

parâmetros em avatares animados responsáveis pela sinalização

em traduções automáticas da Língua Portuguesa para Libras. Tais

níveis são encarregados, entre outras questões, de expressar

afetividade, como, por exemplo, raiva e aborrecimento (conforme

demonstrado na Figura 1), não apenas em Libras como também

em outras línguas gestuais-visuais, como é o caso American Sign

Language (ASL). A compreensão e a produção de expressões

faciais afetivas se constitui como um elemento gramatical dessas

línguas naturais [8].

Figura 1. Expressões faciais de afetivade em ASL

Fonte: McCullough e Emmorey [23]

Um estudo acerca da influência de expressões faciais afetivas em

ASL [23] evidenciou que a presença dessas, durante a sinalização

de estruturas negativas e interrogativas (conforme exemplificado

na Figura 2), exerce um papel fundamental na estruturação

gramatical desta língua. Sendo assim, essas expressões são

fundamentais para a interpretação da estrutura sintática de muitas

frases, como apontado pelo estudo mencionado. Por outro lado,

estudos recentes, como o de Liu et al. [21], apontam para uma

diferenciação entre expressões faciais de cunho gramatical ou

afetivo, ou seja, a utilização das sobrancelhas pode simbolizar um

estado afetivo ou então um contexto gramatical em ASL.

Figura 2. Expressões faciais afetivas utilizadas em estruturas

interrogativas e negativas em ASL

Fonte: McCullough e Emmorey [23]

No que diz respeito ao uso de expressões não-manuais em Libras,

embora não haja unanimidade entre os teóricos da área [12],

alguns deles estabelecem que os parâmetros gramaticais da língua

são divididos em duas categorias: primários e secundários. O

conjunto dos parâmetros primários é formado pela configuração

de mão (CM), ponto de articulação (PA) – também chamado de

ponto de contato (PC) – e pelo movimiento (M). Por sua vez, o

conjunto dos secundários é composto pela orientação da mão

(OM) e expressão facial/corporal. Embora as expressões faciais e

corporais sejam consideradas como pertencentes ao parâmetro

secundário da língua, em muitas situações, estes sinais não-

manuais apresentam caráter determinante para compreensão.

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Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014

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Enquanto a compreensão de alguns sinais possa ser apenas

prejudicada pela ausência da expressão facial correspondente, há

sinais que podem ter seu significado completamente alterado pela

ausência da expressão facial correta. Um exemplo pode ser

observado nos sinais “silêncio” e “cale a boca”, que são realizados

com o mesmo ponto de articulação, configuração e orientação de

mão. O único elemento capaz de diferenciá-los é a expressão

facial, conforme pode ser evidenciado na Figura 3.

Sinal “Silêncio” Sinal “Cale a boca!”

(PA) Boca

(CM) 14

(OM) Palma da mão para a

esquerda ou direita, a depender

da mão utilizada pelo

sinalizador.

(PA) Boca

(CM) 14

(OM) Palma da mão para a

esquerda ou direita, a depender

da mão utilizada pelo sinalizador.

Figura 3: Diferenças não-manuais entre sinais

Fonte: FERREIRA et al [12]

As expressões não-manuais podem ser utilizadas também como

classificadores, ou seja, ampliadores de sentido de um sinal,

imprimindo ideias como quantidade ou intensidade. Por exemplo,

para expressar a ideia de “copo cheio” utiliza-se o sinal de “copo”

mais a expressão facial correspondente (Figura 4).

Figura 4: Sinal para “Copo cheio”

Fonte: Ferreira et al [12]

Além disso, são as expressões faciais e corporais, sinais não-

manuais, os elementos responsáveis pelas marcações das

construções sintáticas na Libras, simbolizando a ideia de

pontuação (declarações afirmativas, negativas, exclamativas e

interrogativas) ou de estados emocionais como medo, raiva e

outros [12].

Dentre as expressões faciais utilizadas gramaticalmente na Libras

estão os movimentos de cabeça (tanto afirmativo quanto

negativo), a direção do olhar, a elevação das sobrancelhas, a

elevação ou o abaixamento da cabeça, o franzir da testa, além de

movimentos com os lábios para indicar negação ou para

diferenciar os tipos de interrogação. Cada uma dessas expressões

está associada a uma determinada estrutura sintática e apresenta

um escopo bem definido. Em uma mesma sentença é possível ter

mais de uma marcação não-manual e a sua ausência pode deixar

uma sentença agramatical. Observa-se um número elevado de

expressões faciais associadas a sinais e a elementos gramaticais

[12; 18; 29; 30; 31], de forma que, neste estudo, deu-se prioridade

às expressões não-manuais que orientam especificamente as

formas compostas por negação e interrogação. Apresenta-se, a

seguir, o detalhemento de cada uma das possíveis expressões não-

manuais utilizadas em sentenças de marcação negativa e

interrogativa em Libras, com base nos pressupostos da teoria de

Quadros e Karnopp [29].

2.2.1 Expressões não-manuais referentes à

negação A indicação não-manual da negação pode ser feita de duas formas

em Libras (Figura 5). Na primeira, pode ser realizado o

movimento da cabeça para os lados indicando a negação, mas este

movimento não é obrigatório e está ligado às questões discursivas.

Na segunda, utilizam-se expressões faciais de negação

caracterizadas por abaixamento dos cantos da boca ou

arredondamento dos lábios, sempre associadas ao abaixamento

das sobrancelhas e ao leve abaixamento da cabeça.

Diferentemente do movimento de cabeça, as expressões faciais

são obrigatórias para marcar a negação, estando relacionadas a

questões sintáticas.

Figura 5: Indicações não-manuais de negação.

Fonte: Quadros, Pizzio e Rezende [31]

2.2.2 Expressões não-manuais referentes à

interrogação Em Libras, as perguntas podem ser classificadas em quatro

categorias, relacionadas ao tipo e à natureza da interrogação. As

marcações não-manuais que caracterizam as interrogações podem

variar de acordo com a categoria da pergunta [29]. Na tabela 2 são

apresentadas as possíveis categorias de perguntas, seguidas de

uma breve descrição dessas, juntamente com as marcações não-

manuais associadas às mesmas.

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Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014

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Tabela 2: Marcações não manuais de acordo com as categorias de interrogação

Categoria Descrição Marcação não-manual

QU1

Associada aos elementos quem, que, quando, por que, onde. Ex.: “QUANDO ELA IR EUROPA”.

Pequena elevação da cabeça, acompanhada do franzir da testa.

QU2

Expressa dúvida, desconfiança. Ex.: “EU CURIOSO ELES CONVERSAR O QUÊ”.

Lábios comprimidos ou em protusão, olhos mais fechados e testa franzida, leve inclinação dos ombros para um lado ou para tras.

QU3

Aparece em orações subordinadas. QU que aparece em sentenças subordinadas sem a marcação não-manual interrogativa. Ex.: “EU SEI O QUE ESCONDIDO”.

Os sinais para O QUE e QUEM dentro da sentença são realizados com a marcação não-manual da própria sentença, ou seja, sendo afirmativa ou negativa.

QU4 Exige resposta do tipo sim ou não (s/n). Ex.: “VOCÊ QUER BOLO”.

Leve abaixamento da cabeça, acompanhado elevação das sobrancelhas.

Fonte: Quadros, Pizzo e Rezende [31]; Quadros e Karnopp [29].

No que se refere a isso, podemos acrescentar ainda que sentenças com a estrutura Objeto-Sujeito-Verbo (O+S+V), Sujeito-Objeto-Verbo (S+O+V) ou Verbo-Objeto-Sujeito (V+O+S) somente são consideradas gramaticais quando da associação de elementos não-manuais, enquanto as sentenças de ordem básica (Sujeito-Verbo-Objeto) podem ou não conter marcação não-manual e, da mesma forma, serem consideradas gramaticais [29, 31]. A seguir apresenta-se a metodologia de pesquisa.

3. METODOLOGIA Os estudos que deram origem à problemática aqui proposta foram realizados entre os anos de 2013 e 2014, com 62 sujeitos (28 professores ouvintes, 29 deficientes auditivos e 5 intépretes de Libras), vinculados ao Curso de Formação Continuada de Professores em Tecnologias de Informação e Comunicação Acessíveis do Núcleo de Informática na Educação Especial (NIEE), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tais sujeitos elaboraram 29 narrativas acerca dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel, das quais derivaram-se 133 fragmentos discursivos, enquanto reflexões em caráter tecnológico de inclusão social [40], aprendizagem [39] e usabilidade [27]. Quanto à análise das narrativas, optou-se pela estratégia metodológica proposta por Moraes [25], a qual envolve técnicas de Análise de Conteúdo [1, 25] e prevê a identificação da emergência de conceitos, a partir da incidência de unidades de sentido, presentes nos discursos.

Nessas narrativas identificou-se a validade tecnológica e social desses aplicativos, no que diz respeito à facilitação da interação entre sujeitos surdos e ouvintes; à contribuição dos aplicativos na ampliação do arcabouço linguístico da Língua Portuguesa para os surdos e da Libras para ouvintes; e à potencialização da autonomia e da intimidade do sujeito surdo ao interagir com contextos orais e escritos como, por exemplo, redes sociais e serviços de mensagens textuais instantâneas. Tais resultados permitiram observar a relevância e a validade social, política e educacional das ferramentas, portadas em dispositivos móveis,

dado o caráter de mobilidade dessas, capazes de realizar traduções em múltiplos espaços e contextos interacionais. Destes estudos, entretanto, apesar dos inúmeros aspectos positivos já mencionados, emergiram críticas referentes a fragilidades nos parâmetros não-manuais de sinalização dos avatares presentes nos aplicativos, o que desencadeou a proposta de realização da presente pesquisa.

Levando em consideração as características inerentes ao objeto de estudo em questão, optou-se, nesta pesquisa, pela metodologia exploratória, uma vez que o objetivo desta é, de acordo com Santos [35], familiarizar-se com um assunto ainda pouco conhecido ou pouco explorado, como é o caso da elaboração de modelos para tradução automática da Lingua Portuguesa, escrita e falada, para Libras. Nesta perspectiva, Gil [14] afirma que a grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão, elementos que conduziram a realização deste estudo. Deste modo, conduziu-se o delineamento metodológico por meio de 4 etapas, a saber:

(1) apresentação de alguns fragmentos discursivos de narrativas de sujeitos surdos e ouvintes, os quais evidenciaram que os avatares animados dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel mostraram-se deficitários, na perspectiva desses, quando da sinalização de elementos não-manuais;

(2) levantamento de aplicativos tradutores automáticos de Língua Portuguesa para Libras, além dos já mencionados ProDeaf Móvel e HandTalk, a fim de descrever suas características, visando que esses integrem o corpus de análise deste estudo;

(3) análise das expressões não-manuais em caráter de emoções bem como em estruturas negativas e interrogativas, manifestadas pelos avatares dos aplicativos selecionados para este estudo, à luz do presente referencial teórico;

(4) apresentação de proposições baseadas em variáveis estabelecidas a partir das postulações apresentadas na etapa 3, a fim de que essas possam contribuir na qualificação das expressões não-manuais de formas negativas e interrogativas em aplicativos de tradução automática de Língua Portuguesa para Libras. Na próxima seção apresenta-se a análise realizada neste estudo.

4. ANÁLISE A partir de desdobramentos derivados dos estudos anteriores [11 e 37], percebeu-se que, segundo a perpectiva dos sujeitos surdos e ouvintes envolvidos, os avatares animados dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel mostraram-se deficitários na sinalização de elementos não-manuais, os quais são fundamentais para a caracterização e compreensão de diversos elementos semânticos e sintáticos na Libras. No que diz respeito a este aspecto, tais sujeitos apresentaram, em suas narrativas, declarações relativas à ausência e/ou à fragilidade no que tange as expressões faciais nas traduções realizadas por esses, conforme evidencia-se nos excertos apresentados a seguir. Ressalta-se que as narrativas dos sujeitos são apresentadas conforme coletadas, ou seja, como narrativas puras, inalteradas quanto à forma e ao conteúdo, logo, sem quaisquer correções ortográficas, sintáticas ou semânticas. É válido ainda afirmar que a estrutura da escrita de sujeitos surdos, em geral, se difere da Língua Portuguesa padrão.

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Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014

177

“Embora não apresenta tanta “expressão facial”, fundamental na Língua Brasileira de Sinais (Libras), software sofisticados e inteligentes, as atividades foram realizadas facilmente.” (Sujeito

surdo)

“Um dos parâmetros linguísticos da Libras é a expressão facial e corporal, porém o “boneco” não possui expressão.” (Sujeito intérprete)

“Um ponto importante no aplicativo é a ausência do parâmetro – EXPRESSÃO FACIAL e/ou corporal- pois muitos sinais em sua configuração tem como traço diferenciador a expressão facial e/ou corporal. Neste aplicativo senti muito a falta da expressão facial e/ou corporal, pois sabemos que para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer a palavra, é preciso aprender as regras de combinação destas palavras e frases. Em se tratando de LIBRAS a expressão facial e/ou corporal é de fundamental importância para compreender o contexto. Nisso o aplicativo fica a desejar.” (Sujeito intérprete)

“O aplicativo faz uso de um avatar, para o surdo fica com déficit em um dos parâmetros que é a expressão facial.” (Sujeito intérprete)

Tendo em vista as fragilidades mencionadas, investigou-se outros

aplicativos tradutores de Língua Portuguesa para Libras, que

apresentassem funcionalidades semelhantes as dos aplicativos

HandTalk e ProDeaf Móvel. Com vistas à construção do

levantamento de aplicativos com o uso de avatares, identificou-se,

no cenário de brasileiro de tecnologias assistivas, os seguintes

aplicativos: Poli-Libras, TLibras, Rybená e Falibras Web

(conforme Tabela 3), os quais são descritos a seguir.

Tabela 3 – Aplicativos brasileiros de tradução automática de

Língua Portuguesa para Libras

Aplicativo Detalhamento

Poli – Libras

Origem Brasil/ USP

Distribuição Gratuita

Plataforma Windows

Situação Disponível

Funcionalidades Traduz língua escrita

para Libras, por meio de

um avatar.

Observações Trata-se de um trabalho

de conclusão de curso.

Poucas funcionalidades

foram implementadas.

Pouca mobilidade, pois

foi projetado para

Windows. Seu maior

objetivo é traduzir

conteúdo da web.

TLibras

(sem avatar ou interface

disponíveis)

Origem Brasil/OSCIP

Acessibilidade

Distribuição Não informado

Plataforma Windows

Situação Não disponível

Funcionalidades Traduz língua escrita

para Libras, por meio de

um avatar.

Observações Não está disponível para

testes (embora a

disponibilização estivesse

prevista para 2004).

Não é compatível com

web. Gera vídeos que

ocupam espaço na

memória do computador.

Rybená

Origem Brasil/Instituto CTS

Distribuição Proprietário

Plataforma Diversas

Situação Disponível

Funcionalidades Suite de aplicativos:

Rybená Web tradução simultânea de

conteúdos de texto de

websites para a LIBRAS.

Rybená Pessoal compatível com desktops,

notebooks, smartphones e tablets, capaz de traduzir

textos em português para

LIBRAS ou voz.

Observações Amplitude de plataformas

atendidas.

Tradução é feita palavra

por palavra.

Falibras-web

Origem Brasil/UFAL

Distribuição Não informada

Plataforma Windows

Situação Em desenvolvimento

Funcionalidades O sistema capta a fala

através de um microfone

e exibe a tradução do que

foi dito, em LIBRAS, na

sua forma gestual,

animada e em tempo real.

[13].

Observações O projeto Falibras, da

UFAL, existe desde 2001

e foi deste projeto que se

originou o aplicativo

HandTalk.

A partir do levantamento realizado (conforme Tabela 3) observou-

se que os demais aplicativos que, a priori, pareceram

assemelharem-se com as ferramentas HandTalk e ProDeaf Móvel,

apresentaram restrições significativas, tais quais:

(a) distribuição do tipo proprietária, como é o caso do suite

de aplicativo Rybená;

(b) vinculação a plataformas características de dispositivos

sem caráter de mobilidade, como Poli-Libras, T-Libras,

Rybená e Falibras-Web;

(c) projetos ainda em fase de desenvolvimento, sem

previsão de distribuição, como TLibras e Falibras Web.

Diante da não identificação de aplicativos condizentes com a

realidade tecnológica dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel,

com vistas a possibilitar o mesmo caráter de mobilidade e

Page 7: Análise de expressões não-manuais em avatares tradutores de

Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014

178

facilidade de acesso, neste estudo, optou-se por aprofundar a análise da manifestação de expressões não-manuais apenas nos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel, cuja descrição apresenta-se na Tabela 4.

Tabela 4. Características das ferramentas ProDeaf Móvel e

HandTalk

ProDeaf HandTalk

Disponível para Android Sim Sim Disponível para IOS Sim Sim Disponível para Windows Phone 8 Sim Não Traduz Língua Portuguesa para Libras a partir da entrada de texto

Sim Sim

Traduz Língua Portuguesa para Libras a partir da entrada de voz

Sim Sim

Traduz Língua Portuguesa para Libras a partir da entrada de fotografias de textos

Não Sim

Disponibiliza dicionário de sinais Sim Não Funciona sem necessidade de acesso à Internet no momento da utilização

Sim Não

É possível girar o personagem para visualizar o sinal em diferentes ângulos.

Não Sim

Permite fácil notificação acerca de algum erro identificado na sinalização.

Sim Não

Percebeu-se por meio da análise dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel que esses estão gratuitamente disponíveis para os principais sistemas operacionais de celulares smatphones e tablets. A compatibilidade dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel com dispositivos móveis, diferentemente dos demais aplicativos identificados a partir do levamento realizado, é fator fundamental para a concretização da validade da ferramenta enquanto mediadora de relações entre surdos e ouvintes nos variados contextos da vida social. Além disso, essas ferramentas oferecem uma série de possibilidades referentes ao modos de entrada de informação (por meio de texto, voz e imagens), bem como a possibilidade de analisar a sinalização sob diversos ângulos ou, ainda, da notificação de sinalizações com erro e solicitação de implementação de novos sinais.

4.2 Análise das expressões não-manuais nos

aplicativos ProDeaf Móvel e HandTalk Nesta subseção são apresentadas imagens dos avatares de ambos os aplicativos selecionados, as quais foram obtidas por meio da captura da tela do dispositivo durante a sinalização da conversão de Língua Portugesa para Libras quando da inserção de (a) termos isolados relacionados a emoções; (b) expressões negativas; e (c) expressões interrogativas. Para fins de ilustração das expressões manifestadas pelos avatares em análise, as Figuras de 6 a 11 apresentam uma imagem do avatar em repouso, ou seja, quando a animação está aguardando a inserção de termos ou frases para tradução. Esta estratégia visa permitir a comparação entre a expressão em repouso, considerada neutra, seguida das expressões manifestadas em caráter semântico ou sintático relativas aos termos ou estruturas referenciados abaixo de cada imagem.

As Figuras 6 e 7 apresentam uma sequência composta por três imagens do avatar de cada um dos aplicativos, quando da sinalização dos termos “medo” e “alegria”, inseridos de forma escrita. Na Figura 6, percebe-se que as variáveis envolvidas para manifestação dessas emoções no avatar referente ao aplicativo ProDeaf Móvel são: sobrancelhas, olhos e lábios. Por outro lado,

variáveis como cabeça, ombros e tronco permaneceram inalteradas.

Diferentemente, a Figura 7, referente às expressões do avatar do aplicativo HandTalk, com relação aos mesmos termos, manifestou alterações no padrão das variáveis sobrancelha, lábios, cabeça, ombros e tronco. Apenas a variável olhos permaneceu inalterada em relação à expressão facial de repouso.

Repouso

Medo Alegria

Figura 6: Expressões não-manuais associadas à semântica no

ProDeaf Móvel

Repouso Medo Alegria

Figura 7: Expressões não-manuais associadas à semântica no

HandTalk As mudanças nas expressões, observadas em relação à expressão de repouso, permitem inferir que os avatares animados de ambos os aplicativos apresentam expressões não-manuais relativas à semântica, ou seja, são agregadoras de sentido e significado ao que se quer sinalizar. Na Tabela 5 apresenta-se a descrição e o comparativo das variáveis e alterações das mesmas na expressão facial referente aos termos “medo” e “alegria” em ambos os aplicativos (Figuras 6 e 7).

Tabela 5: Alterações nas variáveis envolvidas na expressão dos

termos “medo” e “alegria”

Aplicativo

Termo Variável ProDeaf Móvel HandTalk

Medo

Sobrancelhas Abaixamento Abaixamento Olhos Suave compressão -

Lábios Abaixamento Arredondamento e abaixamento dos cantos

Cabeça - Ligeira inclinação da cabeça e do queixo para baixo

Ombros - Suave inclinação Tronco - Suave inclinação

Alegria

Sobrancelhas Elevação Significativa elevação

Olhos Suave protusão -

Lábios Suave sorriso Abertura e elevação dos cantos

Cabeça - Inclinação da cabeça e do queixo para cima

Ombros - Suave inclinação Tronco - Suave inclinação

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Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014

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Passa-se agora à análise do conjunto de parâmetros gramaticais

secundários da Libras relacionados à sintaxe [12]. No que diz

respeito às expressões não-manuais manifestadas pelos avatares

com relação à estruturas negativas, percebe-se que ambos os

avatares apresentam expressões não-manuais referentes à estrutura

sintática. No que concerne às expressões não-manuais relativas à

afirmação, apenas o avatar do aplicativo HandTalk apresenta

alterações em relação à expressão facial de repouso (Figura 9).

Ao comparar as expressões manifestadas por ambos os avatares ao

expressar sentenças negativas (Figuras 8 e 9) com as expressões

propostas na teoria linguística adotada neste estudo [29, 31] e

apresentada na Seção 2.2.1, observou-se total concordância entre

esta e a expressão manifestada pelo avatar do aplicativo

HandTalk. No que concerne à expressão manifestada pelo avatar

do aplicativo ProDeaf Móvel, observou-se discordância em

relação à teoria, uma vez que o avatar não sinalizou o

abaixamento da cabeça, conforme proposto pelas autoras [29, 31]

e, ainda, apresentou leve compressão dos olhos, característica essa

não prevista pelas mesmas.

Repouso

Afirmação

Negação

Figura 8: Expressões não-manuais associadas às estruturas

sintáticas de afirmação e de negação no ProDeaf Móvel

Repouso Afirmação Negação

Figura 9: Expressões não-manuais associadas às estruturas

sintáticas de afirmação e de negação no HandTalk

Na Tabela 6, apresenta-se a descrição e o comparativo das

variáveis e das alterações dessas na expressão referente a

declarações afirmativas e negativas em ambos os aplicativos facial

(Figuras 8 e 9).

Tabela 6: Alterações nas variáveis envolvidas na expressão de

declarações afirmativas e negativas

Aplicativo

Termo Variável ProDeaf Móvel HandTalk

Afirmação

Sobrancelhas - Elevação

Olhos - -

Lábios - -

Cabeça - Inclinação para

frente

Ombros - Inclinação

Tronco - Inclinação

Negação

Sobrancelhas Abaixamento Suave

abaixamento

Olhos Suave

compressão -

Lábios Abaixamento dos

cantos

Abaixamento

dos cantos

Cabeça - Leve

abaixamento

Ombros - -

Tronco - -

Nas Figuras 10 e 11, é possível observar que os avatares animados

dos aplicativos, quando da inserção de declarações interrogativas,

apresentam expressões não-manuais relativas à sintaxe. Na Figura

10, percebe-se que as variáveis envolvidas para manifestação de

interrogação no avatar do aplicativo ProDeaf Móvel são:

sobrancelhas e cabeça. As variáveis olhos, lábios, ombros e tronco

permaneceram inalteradas em relação à expressão facial de

repouso.

Repouso

Interrogação 1

Interrogação 2

Figura 10: Expressões não-manuais associadas às estruturas

sintáticas de interrogação no ProDeaf Móvel

A expressão não-manual relacionada às estruturas sintáticas de

interrogação manifestadas pelo avatar do aplicativo HandTalk

(figura 11), apresenta alterações nas mesmas variáveis,

sobrancelha e cabeça. Na sequência de movimentos representada

pelas imagens de Interrogação 1 e de Interrogação 2, o avatar

apresenta diferentes movimentos para as mesmas variáveis na

sinalização de uma mesma interrogação.

Page 9: Análise de expressões não-manuais em avatares tradutores de

Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014

180

Repouso Interrogação 1 Interrogação 2

Figura 11: Expressões não-manuais associadas às estruturas

sintáticas de interrogação no HandTalk

Tabela 7: Alterações nas variáveis envolvidas na expressões de

declarações interrogativas

Aplicativo

Termo Variável ProDeaf Móvel HandTalk

Interrogação

Sobrancelhas Ligeira elevação

Ligeira

elevação

seguida de

significativa

elevação

Olhos - -

Lábios - -

Cabeça Leve

abaixamento

Ligeiro

abaixamento

seguido de

elevação

Ombros - -

Tronco - -

Comparações entre as expressões manifestadas por ambos os

avatares ao expressar sentenças interrogativas com as expressões

propostas na teoria de Quadros e Karnopp [29] são apresentadas

na Tabela 8.

Tabela 8: Comparação entre a teoria de Quadros e Karnopp

[29] e as expressões não-manuais dos avatares em sentenças

interrogativas

Origem

Variáveis

Quadros e

Karnopp [29]

ProDeaf

Móvel HandTalk

Sobrancelha

Abaixamento

Elevação Elevação Abaixa e to

Elevação

Olhos Compressão - -

Lábios Compressão ou

protusão - -

Cabeça Elevação

Abaixamento Abaixamento

seguido de

elevação Abaixamento

Ombros Inclinação para

os lados ou

para trás

- -

Legenda:

QU QU QU4

Diante da análise apresentada na Tabela 8, propõe-se algumas

inferências, sendo essas:

• Enquanto Quadros e Karnopp [29] apresentam

conjuntos de expressões não-manuais para diferentes

tipos de estrutura interrogativas (QU1, QU2, QU3 e

QU4), os avatares recorrem às mesmas expressões não-

manuais para qualquer tipo de questão interrogativa;

• O avatar vinculado ao aplicativo ProDeaf Móvel realiza

todas as sentenças interrogativas com as expressões não-

manuais que Quadros e Karnopp [29] classificam como

QU1, aspecto esse que mostra-se problemático uma vez

que, diferentes tipos de perguntas requerem diferentes

conjuntos de expressões não-manuais;

• O avatar vinculado ao aplicativo HandTalk realiza todas

as sentenças interrogativas mesclando expressões não-

manuais que Quadros e Karnopp [29] classificam como

QU1 e QU4. Logo, a animação operacionalizada pelo

avatar demonstra-se em desacordo com a teoria adotada.

4.3 Diretrizes para implementação de

expressões não-manuais referentes a negação e

interrogação para avatares animados Com base na análise das fragilidades apresentadas pelos

aplicativos no que concerne à sinalização de elementos não-

manuais referentes a estruturas negativas e interrogativas da

Libras e na teoria linguística de Quadros e Karnopp [29], propõe-

se os estabelecimento de um conjunto de variáveis e combinações

que permitam a sinalização de todas essas estruturas, sem prejuízo

sintático.

Para a sinalização de estruturas negativas ou interrogativas os

movimentos dos avatares devem considerar como variáveis os

seguintes movimentos:

(1) Elevação da cabeça

(2) Abaixamento da cabeça

(3) Abaixamento da sobrancelha

(4) Elevação da sobrancelha

(5) Compressão dos lábios

(6) Protusão dos lábios

(7) Arredondamento dos lábios

(8) Abaixamento dos cantos da boca

(9) Semiserrar dos olhos

(10) Inclinação dos ombros para o lado

(11) Inclinação dos ombros para trás

As combinações de tais variáveis, para expressar negação, devem

ser: (7) + (3) + (2) ou (8) + (3) + (2).

A sinalização de estruturas interrogativas envolve questões mais

complexas, uma vez que, de acordo com as autoras do estudo

linguístico adotado, será necessária a identificação, por parte do

sistema, do tipo de pergunta a ser formulada. Uma vez

identificada como QU1, QU2 ou QU4, a sinalização deverá

envolver as seguintes combinações das variáveis anteriormente

mencionadas:

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Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014

181

Para perguntas do tipo Q1, combina-se as variáveis (1) + (3).

Perguntas do tipo QU2 são possíveis quatro combinações de variáveis, de forma que a implementação de apenas uma das combinações pode ser considerada suficiente para compreensão sintática da estrutura: (5) + (9) + (3) + (10) ou; (5) + (9) + (3) + (11) ou; (6) + (9) + (3) + (10) ou (6) + (9) + (3) + (11).

As perguntas caracterizadas como QU4 devem apresentar, necessariamente, a combinação (2) + (4).

Ressalta-se que não foram feitas observações com relação às perguntas do tipo QU3, uma vez que estão relacionadas a questões interrogativas indiretas, cujas marcações não-manuais estarão relacionadas aos termos “o que” ou “quem”, de forma negativa ou interrogativa.

5. Considerações finais O referencial teórico adotado, no que tange o conjunto de parâmetros gramaticais secundários de manifestação de emoções e estruturas negativas e interrogativas em Libras, permitiu a análise dos avatares dos aplicativos ProDeaf Móvel e Handtalk. A estratégia de identificação de outras ferramentas com funcionalidades semelhantes as dos aplicativos mencionados mostrou-se ineficaz pois essas ferramentas ainda estão em fase de desenvolvimento, e/ou são aplicações do tipo proprietárias e/ou estão vinculadas a dispositivos que não permitem mobilidade. Uma vez que este estudo parte do pressuposto de que tais ferramentas devem permitir a mobilidade – para interação em variados espaços da vida social – bem como viabilizar o acesso ao maior número possível de pessoas, optou-se por limitar a análise aos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel, que atendem a esses critérios.

Concernente à análise de expressões não-manuais de caráter semântico relacionadas às expressões vinculadas a emoções como “medo” e “alegria” observou-se, em ambos os avatares, alterações em variáveis como sobrancelhas, olhos, lábios, cabeça, ombros e tronco. Neste quesito, o avatar do aplicativo HandTalk mostrou-se mais expressivo, uma vez que as alterações manifestadas para a sinalização de tais emoções envolveram um número maior de variáveis.

A respeito das expressões não-manuais referentes à negação, observou-se que o avatar do aplicativo HandTalk atende a todos os parâmetros propostos na teoria adotada [29, 31], a saber, abaixamento dos cantos da boca, das sobrancelhas e da cabeça, enquanto o avatar do aplicativo ProDeaf Móvel demonstrou defasagem na variável “cabeça”, não manifestando nenhum movimento desta quando da sinalização de tais construções linguísticas.

Relativo às expressões não-manuais de interrogação, notou-se que ambos os avatares analisados apresentaram fragilidades quanto ao que propõem Quadros e Karnopp [29]. Enquanto as autoras estabelecem conjuntos diferentes de expressões não-manuais para quatro categorias de construções interrogativas, os avatares de ambos os aplicativos sinalizam todas as questões interrogativas com o mesmo conjunto de expressões não-manuais.

No aplicativo ProDeaf Móvel, todas as construções interrogativas são sinalizadas por meio dos parâmetros referentes a perguntas do tipo QU1 – associadas a elementos como: QUEM, QUE, QUANDO, POR QUE e ONDE. Já no aplicativo HandTalk, há uma mescla dos parâmetros não-manuais referentes às questões do

tipo QU1 e QU4 – referente a perguntas que exigem resposta sim ou não.

Em síntese, as expressões não-manuais relativas ao contexto semântico (emoção) apresentaram menos fragilidades do que em relação ao sintático (negação e interrogação). É possível afirmar que o aplicativo HandTalk demonstrou-se eficiente ao ProDeaf Móvel sob o viés adotado, nas construções relacionadas às expressões de emoção e de negação. No que diz respeito às construções que envolvem interrogação, ambos os aplicativos demonstraram significativa fragilidade.

A presente proposta de diretirzes para a implementação de expressões não-manuais aponta para um conjunto de 11 variáveis bem como de duas combinações das mesmas para expressar negação e outras 6 para a sinalização de interrogações, dependendo do tipo de pergunta a ser formulada. Essas diretrizes poderão ser consideradas em pesquisas que tenham o intuito de elaborar, testar e implementar avatares com expressões não-manuais mais verossímeis às expressões de emoção, negação e interrogação, como as realizadas por sujeitos reais. Essa proposta considera que, como outrora mencionado, as sinalizações automáticas em Libras devem comportar parâmetros para além dos primários, ou seja, não apenas manuais, de modo que esses sejam tão complexos quanto em sinalizações reais. A ausência dessses pode, como corroborado pela análise feita, ser prejudicial a uma comunicação efetiva em Libras. A ineficácia da operacionalização da sinalização realizada por avatares conversores de Língua Portuguesa para Libras, pode simbolizar a continuidade de processos socias não totalmente inclusivos, fator esse que não é, sem dúvida, uma das prerrogativas das TAs.

Dado o caráter de inovação destes sistemas tradutores, entende-se que tais fragilidades estejam associdadas a elementos como a complexidade da tarefa, sobretudo à não equivalência gramatical do Português (código de entrada) e da Libras (código de saída). Desta forma, estudos exploratórios voltados ao aprofundamento dessa questão poderão contribuir para a implementação de sistemas automáticos de tradução da Língua Portuguesa para Libras mais robustos e compatíveis com a realidade linguística da pessoa surda, mesmo que sinalizados por avatares.

Entende-se que, embora este estudo não tenha se debruçado especificamente sobre o viés da computação gráfica, o trabalho realizado pode constituir-se em diretrizes capazes de nortear o trabalho de desenvolvedores da área, quando da implementação de expressões não-manuais em avatares sinalizadores de Libras. Logo, parcerias futuras podem ser realizadas junto a pesquisadores interessados em ampliar o escopo deste segmento no que concerne à aplicação prática destas diretrizes.

Em trabalhos futuros tem-se por objetivo aprofundar a construção de conhecimento acerca das estruturas semânticas relacionadas às expressões faciais, tendo em vista que no presente estudo realizou-se uma breve abordagem dessa questão. Uma vez que é limitada a produção de trabalhos científicos que discorrem acerca da relevância de expressões não-manuais em avatares sinalizadores de Libras, compreende-se que a continuidade desta pesquisa deva voltar-se para aprofundamentos que abarquem a identificação de outros aspectos linguísticos da Libras, para além dos exemplos e das variáveis apresentadas.

6. REFERÊNCIAS

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