174
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN, 2016

ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES

ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS

LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA

NATAL/RN, 2016

Page 2: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

2

Leandro Luiz da Silva Pereira

Análise de motobombas submersas com diferentes acionamentos elétricos a

partir da Roda de Falhas

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Engenharia Mecânica

da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de mestre em

Engenharia Mecânica.

Área de concentração: Termociências/

Energia e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Oliveira Fontes

Natal/RN, 2016

Page 3: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

3

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Pereira, Leandro Luiz da Silva.

Análise de motobombas submersas com diferentes acionamentos

elétricos a partir da Roda de Falhas / Leandro Luiz da Silva

Pereira. - 2016.

174 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica. Natal, RN, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Oliveira Fontes.

1. Motobomba - Dissertação. 2. Poço Tubular - Dissertação. 3.

Parâmetros operacionais - Dissertação. 4. Roda de Falhas -

Dissertação. 5. Manutenção - Dissertação. 6. Confiabilidade -

Dissertação. I. Fontes, Francisco de Assis Oliveira. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621.43

Page 4: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS

ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS

Leandro Luiz da Silva Pereira

Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Oliveira Fontes

Dissertação de Mestrado defendida em 29/12/2016,

sob o julgamento da seguinte Banca Examinadora

Page 5: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

5

Aos meus pais Luizinho e Vânia, que me

deram a educação e me guiaram, mostrando

com sabedoria o caminho correto e confiando

nos projetos em que decidi levar a diante.

À Kalyana Monalyza, cujo carinho e

compreensão foram essenciais, e que muitas

vezes no percurso deste trabalho renunciou

parte de nossa convivência, com o intuito de

colaborar para sua realização.

Page 6: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

6

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelas bênçãos da sabedoria, fé e resiliência.

Ao Professor Francisco Fontes, pelo acolhimento e atenção dedicada nos momentos de

orientação pelos quais galguei caminhos produtivos, que me levaram a atingir as metas deste

trabalho e avanços importantes enquanto pesquisador.

À minha esposa Kalyana e a todos os familiares e amigos pelo apoio e compreensão durante a

construção deste trabalho.

Ao Professor Luiz Guilherme, pelas virtudes que sempre se mostraram claras em suas atitudes

e momentos de comunhão do conhecimento, à atenção e presteza dedicadas às atividades

desenvolvidas no PPGEM.

À UFRN, e demais professores do PPGEM que me induziram a reflexões acadêmicas e

construções importantes sobre o conhecimento.

Aos companheiros da CAERN que colaboraram com a instrumentação necessária e com

informações apresentadas neste trabalho.

Page 7: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

7

O tempo é uma ilusão produzida pelos nossos

estados de consciência à medida em que

caminhamos através da duração eterna.

Isaac Newton (1643 – 1727)

Page 8: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

viii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... xi

LISTA DE QUADROS E TABELAS ..................................................................................... xiii

LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................... xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. xv

LISTA DE NOMENCLATURAS E SÍMBOLOS ................................................................. xvii

RESUMO ................................................................................................................................ xix

ABSTRACT ............................................................................................................................. xx

CAPÍTULO I ......................................................................................................................... 21

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 21

1.1. Cenário do estudo proposto ............................................................................................... 22

CAPÍTULO II ......................................................................................................................... 26

2. FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA ..................................................................................... 26

2.1. Definição de falha .............................................................................................................. 26

2.2. Roda de Falhas ................................................................................................................. 28

2.3. Teoria das restrições e gargalos na produção .................................................................... 29

2.4. Breve histórico da Confiabilidade ..................................................................................... 30

2.5. Grau de Confiabilidade ...................................................................................................... 31

2.6. Modelos de distribuição de probabilidade ......................................................................... 34

2.7. Sistemas em série e em paralelo ........................................................................................ 36

2.7.1. Sistemas em série ......................................................................................................... 36

2.7.2. Sistemas em paralelo .................................................................................................... 36

2.8. Padrões de falhas ............................................................................................................... 38

2.9. Disponibilidade média ....................................................................................................... 41

2.10. Mantenabilidade .............................................................................................................. 43

CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 44

3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO DE CASO PARA A INDÚSTRIA ................................. 44

3.1. Consumo energético no setor industrial ............................................................................ 44

3.2. Perdas de energia em instalações elétricas ........................................................................ 45

3.3. Papel da concessionária de abastecimento d’água sobre a qualidade da manutenção ...... 46

3.4. Histórico de falhas recorrentes em instalações de poços tubulares de Parnamirim/RN .... 47

3.5. CAUSAS GERAIS DE FALHAS EM POÇOS TUBULARES ........................................ 51

3.5.1. Equipamento defeituoso ou instalação inadequada ...................................................... 51

3.5.2. Projeto de dimensionamento inadequado ..................................................................... 51

3.5.3. Deterioração por presença de plantas e animais ........................................................... 52

3.5.4. Qualidade dos filtros sobre desgaste e perda de vazão em motobomba ....................... 53

3.5.5. Atuação de ferrobactérias em poços ............................................................................. 54

3.5.5.1. Incrustações por ferrobactérias ................................................................................ 54

3.5.5.2. Incrustações por rochas calcárias ............................................................................ 56

3.5.5.3. Ações para o combate de incrustações .................................................................... 56

3.5.6. Corrosão em poços tubulares ....................................................................................... 58

3.5.6.1. Corrosão Eletroquímica ........................................................................................... 58

3.5.6.2. Corrosão Eletrolítica ................................................................................................ 59

Page 9: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

ix

3.5.7. Rebaixamento do nível dinâmico ................................................................................ 59

3.5.8. Relação do NPSH para ocorrência de cavitação ......................................................... 60

3.5.9. Vibrações no sistema de motobombas ........................................................................ 61

3.5.10. Temperatura da água ................................................................................................... 62

3.5.11. Pontos quentes nas instalações elétricas de poços ...................................................... 62

3.5.12. Temperatura de condutores em instalações elétricas ................................................... 64

3.5.13. Máximas Temperaturas Admissíveis para instalações elétricas de motobombas ....... 65

3.6. PROBLEMAS DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA ....................................... 66

3.6.1. Distúrbios da energia elétrica em instalações de motobombas ................................... 68

3.6.2. Distúrbios em inversores de frequência ...................................................................... 70

3.7. CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO DE MOTOBOMBAS ................................................... 71

3.7.1. Fator de Serviço (FS) ................................................................................................... 71

3.7.2. Variação de tensão ....................................................................................................... 72

3.7.3. Sobretensão e Subtensão ............................................................................................. 73

3.7.4. Potência elétrica ............................................................................................................ 73

3.7.5. Correção do Fator de Potência (FP) ............................................................................ 74

3.8. PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO ....................................................................... 75

3.8.1. Funções e considerações sobre a manutenção .............................................................. 75

3.8.2. Engenharia de Manutenção .......................................................................................... 75

3.8.3. Manutenção corretiva ................................................................................................... 77

3.8.4. Manutenção detectiva ................................................................................................... 78

3.8.5. Manutenção preventiva ................................................................................................ 78

3.8.6. Manutenção preditiva ................................................................................................... 80

3.8.7. Justificativa para implantação da manutenção preditiva .............................................. 81

3.9. CONCEITOS E MÉTODOS DE MANUTENÇÃO PLANEJADA ................................. 82

3.9.1. Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC) ........................................................ 83

3.9.2. Manutenção Produtiva Total (MPT) ............................................................................ 84

3.9.3. Análise dos Modos de Falhas e Efeitos (FMEA) ........................................................ 84

3.9.4. Análise de Árvore de Falhas (FTA) ............................................................................ 84

3.10. TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PREDITIVA ............................................................ 85

3.10.1. Inspeção termográfica .................................................................................................. 86

3.11. Custo de manutenção ....................................................................................................... 88

3.11.1. Consumo Específico de Energia (CEE): implicações para eficiência energética e

custos ........................................................................................................................................ 90

3.12. CARACTERÍSTICAS GERAIS E ESPECIFICAÇÕES DE CONJUNTOS

MOTOBOMBAS SUBMERSAS ............................................................................................. 90

3.12.1. Especificações de motobombas ................................................................................. 93

3.12.2. Motor submerso ......................................................................................................... 93

3.12.3. Bomba submersa........................................................................................................ 97

3.12.4. Dimensionamento da AMT ..................................................................................... 101

3.12.5. Ponto de operação da bomba ................................................................................... 102

3.12.6. Cálculo da corrente nominal de motor submerso .................................................... 103

3.13. SISTEMA ELÉTRICO DE ACIONAMENTO E PROTEÇÃO DE MOTOBOMBAS

................................................................................................................................................ 104

Page 10: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

x

3.13.1 Considerações sobre a NR-10.................................................................................. 106

3.13.2 Diagrama multifilar ................................................................................................. 106

3.13.3 Acionamentos aplicados a motobombas: PD, PC, PS, PI ...................................... 107

3.13.4 Comparativo entre principais tipos de acionamentos .............................................. 112

CAPÍTULO IV ...................................................................................................................... 115

4. METODOLOGIA E PESQUISA DE DADOS .............................................................. 115

4.1 Descrição das etapas metodológicas................................................................................. 117

4.2 Descrição dos equipamentos analisados ........................................................................... 119

4.3 Requisitos para operação das motobombas ...................................................................... 126

4.4 Descrição da instrumentação utilizada e coleta de dados ................................................. 127

CAPÍTULO V ....................................................................................................................... 130

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 130

5.1 RESULTADOS DA 1ª ETAPA ....................................................................................... 130

5.1.1 Análise da conformidade dos dados ........................................................................... 130

5.1.2 Inspeção termográfica................................................................................................. 134

5.1.3 Médias de CEE por produção ..................................................................................... 136

5.1.4 Comparativo do CEE por produção ........................................................................... 137

5.2 RESULTADOS DA 2ª ETAPA ....................................................................................... 138

5.2.1 Modelo de Roda de Falhas das motobombas submersas. .......................................... 138

5.2.2 Análise sob o aspecto das chaves de partidas ............................................................. 142

5.3 CONSIDERAÇÕES ......................................................................................................... 143

5.3.1 Roda de Falhas ........................................................................................................... 143

5.3.2 Manutenção ................................................................................................................ 144

5.3.3 Performance e confiabilidade ..................................................................................... 144

5.3.4 Gargalos nas instalações das motobombas ................................................................. 145

CAPÍTULO VI ...................................................................................................................... 146

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 146

6.1 PERSPECTIVAS DE TRABALHOS .............................................................................. 147

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 148

APÊNDICE A – Checklist genérico de inspeção e manutenção para poços ................... 154

APÊNDICE B – Recortes das medições de parâmetros operacionais e de manutenções

................................................................................................................................................ 155

APÊNDICE C – Simulação de vida de motobomba genérica via software Blocksim .... 157

ANEXO A – Dados técnicos, perfil litológico, teste de produção e da qualidade da água

de poço tubular ..................................................................................................................... 164

ANEXO B – Planta da captação, com cortes e detalhes do tratamento, comando e poço

tubular (CAERN) ................................................................................................................ 168

ANEXO C – Informações necessárias para um dimensionamento correto da AMT,

Vazão e Potência de MotoBombas Submersas .................................................................. 169

ANEXO D – Curvas características das quatro bombas submersas analisadas ............ 172

ANEXO E – Quadro com defeitos, causas e soluções sobre motobombas ...................... 174

Page 11: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Localização da área dos poços tubulares ............................................................... 23

Figura 2.1. Esquematização de tipos de falhas ......................................................................... 26

Figura 2.2. Esquema dos tipos de falhas .................................................................................. 27

Figura 2.3. Roda de Falhas com quatro ambientes de falhas ................................................... 28

Figura 2.4. Diagrama de blocos para sistema de itens ligados em série................................... 36

Figura 2.5. Diagrama de blocos para sistema de itens ligados em paralelo ............................. 36

Figura 2.6. Representação genérica em diagrama de blocos de sistemas série-paralelo e

paralelo-série, com respectivas decomposições em subsistemas ............................................. 37

Figura 2.7. Curvas de probabilidade condicional de falhas (função de risco) ......................... 39

Figura 2.8. Exemplo de curva de banheira e ciclo de vida de equipamentos ........................... 40

Figura 2.9. Falhas (em vermelho) ocorridas em um mês numa instalação de motobomba ..... 42

Figura 3.1. Estrutura do consumo por classe (%) no Sistema Interligado Nacional (SIN) ..... 44

Figura 3.2. Distribuição do consumo de energia elétrica por uso final na indústria ................ 44

Figura 3.3. Ilustração de raízes invasoras, Jurema e Algaroba................................................. 52

Figura 3.4. Colunas em estágios avançados de corrosão .......................................................... 55

Figura 3.5. À esquerda o crivo de uma bomba submersa, à direita, tubulação edutora com

incrustação de calcário.............................................................................................................. 56

Figura 3.6. Diagnóstico de ponto quente em emenda de cabo, PT-09 Bairro Cohabinal, em

23/06/2016 ................................................................................................................................ 63

Figura 3.7. Diagnóstico de ponto quente em cabo do disjuntor, PT-20 Bairro Nova

Parnamirim, em 08/11/2015 ..................................................................................................... 63

Figura 3.8. Diagnóstico de descontinuidade entre terminais do enrolamento do motor, com

sobrecarga nas fases R e T, PT-17 Bairro Nova Parnamirim, em 06/01/2016 ......................... 64

Figura 3.9. Triângulo de potência ............................................................................................. 74

Figura 3.10. Subdivisão tipológica da manutenção .................................................................. 77

Figura 3.11. Evolução de trinca em suporte da roldana de um elevador .................................. 86

Figura 3.12. Visões sobre a assimilação de falhas funcionais .................................................. 89

Figura 3.13. Perfil típico de instalação de motobomba submersa em poço profundo .............. 92

Figura 3.14. Típica aplicação de camisa indutora de fluxo ...................................................... 95

Figura 3.15. Montagem de camisa de sucção em motobomba submersa ................................. 96

Figura 3.16. Principais tipos de bombas e classificação das bombas submersas ..................... 99

Figura 3.17. Cortes transversais em duas motobombas, uma com rotor radial e outra com rotor

semi-axial ............................................................................................................................... 100

Figura 3.18. Diagrama multifilar de partida direta ................................................................. 108

Figura 3.19. Diagrama multifilar de partida compensadora ................................................... 109

Figura 3.20. Diagrama multifilar de uma chave de partida Soft-Starter, modelo 3RW30

fabricante Siemens .................................................................................................................. 110

Page 12: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xii

Figura 3.21. Diagrama simplificado de chave de partida Soft-starter para instalação de motor

trifásico ................................................................................................................................... 110

Figura 3.22. Chave inversor de frequência, instalação para motor trifásico .......................... 112

Figura 3.23. Diagrama de partida estrela-triângulo ................................................................ 113

Figura 4.1. Fluxograma de etapas do trabalho........................................................................ 116

Figura 4.2. À esquerda, parte frontal do quadro de comandos, à direita barrilete do poço com

motobomba PC ....................................................................................................................... 120

Figura 4.3. Quadro de comandos e proteção da motobomba PC (Partida Compensadora) .. 120

Figura 4.4. À esquerda, o barrilete do poço com motobomba PD, à direita, o abrigo do QCP

................................................................................................................................................ 121

Figura 4.5. Quadro de comandos e proteção da motobomba PD (Partida Direta) ................ 122

Figura 4.6. Barrilete do poço com motobomba PS ................................................................ 123

Figura 4.7. Quadro de comandos e proteção do poço com motobomba PS (Partida Soft-

Starter) ................................................................................................................................... 123

Figura 4.8. QCP (à esquerda), terminais de comando e de alimentação (ao centro), e LCP do

inversor (à direita) ................................................................................................................. 125

Figura 4.9. Barrilete do PT-63 com motobomba PI (à esquerda), transmissor de pressão (ao

centro), e macromedidor de vazão (à direita) ........................................................................ 125

Figura 4.10. Alicate Wattímetro ............................................................................................. 127

Figura 4.11. Função Potência Trifásica com Carga Balanceada, chave na posição “3~Bal *1~”

................................................................................................................................................ 128

Figura 4.12. Câmera termográfica, cedida pelo Laboratório de Energia UFRN .................... 128

Figura 4.13. Termohigrômetro utilizado durante as inspeções termográficas ....................... 129

Figura 4.14. Manômetro utilizado .......................................................................................... 129

Figura 5.1. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PC...................... 131

Figura 5.2. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PD ..................... 131

Figura 5.3. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PS ...................... 132

Figura 5.4. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PI ....................... 132

Figura 5.5. Quadro de comandos PC ...................................................................................... 134

Figura 5.6. Quadro de comandos PD ...................................................................................... 134

Figura 5.7. Quadro de comandos PS ...................................................................................... 135

Figura 5.8. Terminais do inversor de frequência PI ............................................................... 135

Figura 5.9. Motobomba PC - Operação: 18h/dia.................................................................... 136

Figura 5.10. Motobomba PD - Operação: 24h/dia ................................................................. 136

Figura 5.11. Motobomba PS - Operação: 24h/dia .................................................................. 137

Figura 5.12. Motobomba PI - Operação: ~12h/dia ................................................................. 137

Figura 5.13. Modelo de Roda de falhas adaptado para motobombas submersas ................... 139

Figura 5.14. Principais mecanismos de danos secundários, envolvendo transições em

ambientes do modelo da Roda de falhas ................................................................................ 140

Page 13: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xiii

LISTA DE QUADROS E TABELAS

QUADROS

Quadro 2.1. Classificação VS Tipos de falhas ......................................................................... 27

Quadro 3.1. Problemas, causas e possíveis soluções em poços tubulares ................................ 48

Quadro 3.2. Principais falhas, efeitos, causas e ações corretivas de rotina, da manutenção

operacional nos poços da UNAP .............................................................................................. 49

Quadro 3.3. Temperaturas características de condutores com diferentes tipos de isolação ..... 65

Quadro 3.4. MTA para itens de instalações elétricas de motobombas submersas ................... 66

Quadro 3.5. Exemplo de efeitos dos desequilíbrios de tensão em motor de indução trifásico.66

Quadro 3.6. Discriminação dos setores da indústria, relativa ao gráfico 3.3 ........................... 68

Quadro 3.7. Classificação e destaque dos principais distúrbios da QEE associados a danos nas

instalações de motobombas ...................................................................................................... 69

Quadro 3.8. Tensão nominal de atendimento para intervalos de variações em pontos de

conexão igual ou inferior a 1 kV (380/220) ............................................................................ 72

Quadro 3.9. Normas em vigor no Brasil sobre Termografia .................................................... 87

Quadro 3.10. Custo de manutenção em relação ao faturamento bruto (Abraman 2011) ........ 88

Quadro 3.11. Materiais utilizados nos principais itens de uma bomba submersa .................. 101

Quadro 3.12. Parâmetros de monitoramento de poços ........................................................... 102

Quadro 3.13. Comparação entre os principais métodos de partidas ....................................... 114

Quadro 4.1. Formas de obtenção de dados ............................................................................. 118

TABELAS

Tabela 2.1. Tempos (em horas) de ocorrência de falhas para as condições de operação de uma

motobomba na hipótese apresentada ........................................................................................ 42

Tabela 3.1. Máximas velocidades de sucção ............................................................................ 61

Tabela 3.2. Potência aparente de uma instalação elétrica de motobomba ................................ 73

Tabela 3.3. Folga de potência em função do quociente entre potência nominal do motor e

potência consumida pela bomba ............................................................................................... 94

Tabela 3.4. Vazões e fluxos mínimos exigidos para a refrigeração de diversos diâmetros de

motor e de poço, com água até 30°C ........................................................................................ 95

Tabela 4.1. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PC ......................................... 119

Tabela 4.2. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PD......................................... 121

Tabela 4.3. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PS ......................................... 123

Tabela 4.4. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PI .......................................... 124

Tabela 5.1. Índices simbólicos de confiabilidades baseados nas idades operacionais e na vida

média das motobombas submersas ......................................................................................... 133

Page 14: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xiv

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 3.1. Números de RA's de falta d'água em 2015 ........................................................... 47

Gráfico 3.2. Proporção de efeitos sobre ocorrências de falhas (%) .......................................... 50

Gráfico 3.3. Custos estimados para interrupção de processo por um intervalo inferior a 1

minuto ....................................................................................................................................... 67

Gráfico 3.4. Curva da banheira de probabilidade de falha para um sistema que passou por três

substituições de itens ................................................................................................................ 80

Gráfico 3.5. Custos versus nível de manutenção ...................................................................... 89

Gráfico 3.6. Curvas do sistema e da bomba submersa para um ponto de operação/trabalho

genérico .................................................................................................................................. 102

Gráfico 3.7. Comparativo entre correntes de partida, para diferentes tipos de acionamentos

.............................................................................................................................................. ..112

Gráfico 5.1. Resumo comparativo entre os resultados de CEE por produção dos poços ....... 138

Page 15: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMT Altura Manométrica Total

AT Alta Tensão

BCO Boletim de Controle Operacional

BCS Bombeio Centrífugo Submerso

BSP British Standard Pipe

BT Baixa Tensão

CAERN Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte

CA Corrente Alternada

CC Corrente Contínua

CEE Consumo Específico de Energia Elétrica (KWhmês/m³)

CMBS Conjunto MotoBomba Submersa

Cosern Companhia de Energética do Rio Grande do Norte

DN Diâmetro Nominal

EPRI Electric Power Research Institute

EPR Etileno-Propileno

ETA Estação de Tratamento de Água

FMEA Failure Mode and Effect Analysis

FP Fator de Potência

FS Fator de Serviço

FTA Failure Tree Analysis (Árvore de Falhas)

IHM Interface Homem-Máquina

MTA Máxima Temperatura Admissível

MTTF Tempo Médio até a Falha (Mean Time to Failure)

MTTR Tempo Médio para Reparo (Mean Time to Repair)

MTBF Tempo Médio Entre Falhas. (Mean Time Between Failures)

NA Normalmente Aberto (contato elétrico)

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

NF Normalmente Fechado (contato elétrico)

NR-10 Norma Regulamentadora n.°10

NPT National Pipe Thread (Rosca cônica de tubulação)

Page 16: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xvi

OS Ordem de Serviço

PT Poço Tubular

PVC Policloreto de Vinil (do inglês Polyvinyl chloride)

QCP Quadro de Comandos e Proteção

QEE Qualidade de Energia Elétrica

RA Registro de Atendimento

RS FCI ReliaSoft Failure Cricality Index (Índice de criticidade de falhas)

SAA Sistema de Abastecimento de Água

SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do

Norte

SEP Sistema Elétrico de Potência

SIN Sistema Interligado Nacional

TAP Terminação Central de enrolamentos de um transformador

TMEF Tempo Médio Entre Falhas

UNAP Unidade de Operação e Manutenção de Águas de Parnamirim

UPS Fonte de Alimentação Ininterrupta (Uninterruptible Power Supply)

Page 17: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xvii

LISTA DE NOMENCLATURAS E SÍMBOLOS

R (t) – Confiabilidade, função confiabilidade ou probabilidade de sobrevivência no tempo t.

RS – Confiabilidade do sistema.

D – Disponibilidade.

P – Probabilidade de falha condicional.

T – Tempo de interesse para o analista.

t – Intervalo de tempo.

iR – Confiabilidade do i-ésimo item no momento da análise.

Rij – Confiabilidade do j-ésimo componente localizado no i-ésimo subsistema.

nx – Evento do n-ésimo item em um estado operante.

nx – Evento do n-ésimo item em um estado não-operante.

n

i 1

– Produtório de i=1 ao n-ésimo item.

F (x) – Função distribuição acumulada de uma variável x.

f (x) – Função densidade de probabilidade de uma variável x.

F (t) – Função distribuição de probabilidade de falhas ou função distribuição acumulada de

falhas no tempo t.

f (t) – Função densidade de falha, densidade de falha ou função densidade no tempo t.

h (t) – Taxa de falha ou taxa de falha instantânea.

λ (t) – Taxa condicional de falha , função de risco ou taxa de falha em função do tempo.

λ – Taxa de falha constante.

x – Média.

σ – Desvio padrão.

In – Corrente Nominal.

UL – Tensão de linha, alimentação.

UF – Tensão de fase.

Q – Vazão volumétrica.

V – Volume.

E – Energia.

Ce – Consumo específico.

η – Rendimento.

Page 18: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xviii

W – Trabalho.

ρ – Massa específica.

γ – Peso especifico do fluido.

°C – Grau Celsius.

% - Percentagem.

R, S, T – Fases da rede de alimentação.

N – Neutro.

F1, F2, F3 – Fusíveis de potência.

F21 – Fusível de comando.

K1, K2, K3 – Contactores, ou relés de comando.

FT1 – Relé de sobrecarga térmico.

M – Motor elétrico assíncrono trifásico.

S1, S0 – Botões de comando (liga, desliga).

KT1 – Relé eletrônico temporizador, retardo na energização de 3-30s.

L1, L2, L3 – Lâmpadas sinalizadoras de comando.

Page 19: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xix

RESUMO

PEREIRA, Leandro Luiz da Silva (2016). Análise de motobombas submersas com diferentes

acionamentos elétricos a partir da Roda de Falhas. Natal, 2016. 174 p. Dissertação

(mestrado) – Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

Evitar falhas é uma medida extremamente necessária quando se gerencia sistemas de

produção e distribuição de água com 95% das redes pressurizadas diretamente por poços.

Baseado nas frequentes faltas de água em 2015, registradas pela CAERN na Unidade de

Operação e Manutenção de Águas de Parnamirim (UNAP), destacam-se as avarias causadas

por sobreaquecimento e outros danos de natureza mecânica e elétrica que levam a falhas nas

instalações de motobombas submersas. Nesse escopo, este trabalho foi dedicado a realizar um

estudo de caso sobre as instalações de quatro motobombas dos poços PC, PD, PS e PI, com

diferentes acionamentos elétricos, utilizando a proposta da Roda de Falhas (Failure Wheel)

numa análise preditiva elétrica e termográfica, para inferir qualitativamente sobre o nível de

confiabilidade e custo de manutenção na concessionária de abastecimento d’água. Para

subsidiar as análises foram inspecionados itens importantes das referidas instalações,

observando suas relações de conformidade com as especificações das motobombas, onde

foram efetuadas medições de parâmetros elétricos e térmicos de operação, incluindo variáveis

de estresse para auxiliar no diagnóstico e estimar os desempenhos dessas máquinas. A análise

foi conduzida por ficha de inspeção de parâmetros operacionais, checklist e pela Roda de

Falhas em discussão, que permitiram diagnósticos sobre os dados das inspeções e do histórico

de falhas recorrentes. Nesse sentido, a aplicação da Roda de Falhas se deu com a adaptação de

um modelo para as motobombas submersas, identificando os principais mecanismos de danos

associados às causas gerais de falhas, que demonstrou viabilidade em rotinas de manutenção

baseada na condição para análise detectiva-preditiva de falhas em curso nos equipamentos.

Comparando o consumo específico de energia entre as motobombas, a PI, com acionamento

por inversor de frequência, obteve melhor rendimento, oferecendo maior eficiência energética

durante a captação d’água entre julho de 2015 e julho de 2016. A mesma demonstrou risco

reduzido de falhas típicas de motobombas dentre os equipamentos, tendo em vista o menor

nível térmico em operação apresentado nas termografias, e o menor estresse causado devido

às características da chave de partida. Conclui-se, portanto, que seu nível de confiabilidade foi

o maior, seguido da PS, PC e PD. As vantagens da aplicação sistemática da proposta, aliada a

uma política de manutenção planejada, apontam para a redução de intercorrências por falhas e

perdas de produção, e com isso, permitem diminuir trocas prematuras de equipamentos e

custos com manutenção e energia elétrica. Como resultado da pesquisa obteve-se uma

metodologia de acompanhamento preditivo, visando ações de manutenção antes da falha

catastrófica sobre itens em percurso de danos.

Palavras-Chave: Motobomba; Poço Tubular; Parâmetros operacionais; Roda de Falhas;

Manutenção; Confiabilidade.

Page 20: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

xx

ABSTRACT

PEREIRA, Leandro Luiz da Silva (2016). Analysis of submersible motor pumps with different

electric drives from the Failure Wheel. Natal, 2016. 174p. Dissertation (masters) – Programa

de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Avoiding failures is an extremely necessary measure when managing water production and

distribution systems with 95% of networks pressurized directly by wells. Based on the

frequent water shortages in 2015, registered by CAERN at the Parnamirim Water Operation

and Maintenance Unit (UNAP), the most notable are the damages caused by overheating and

other mechanical and electrical damages that lead to failures in the motor pump Submerged.

In this scope, this work was carried out to carry out a case study on the installations of four

well pumps PC, PD, PS and PI, with different electric drives, using the Failure wheel proposal

in an electric predictive analysis And thermographic, to qualitatively infer about the level of

reliability and cost of maintenance in the water supply concessionaire. In order to subsidize

the analyzes, important items of the aforementioned facilities were inspected, observing their

relations of conformity with the specifications of the pumps, where electrical and thermal

parameters of operation were carried out, including stress variables to aid in the diagnosis and

to estimate the performances of these machines. The analysis was carried out by a checklist of

operational parameters, checklist and by Failure Wheel in discussion, which allowed for

diagnoses on inspection data and the history of recurring faults. In this sense, the application

of the Failure Wheel occurred with the adaptation of a model for the submersible pumps,

identifying the main damage mechanisms associated to the general causes of failures, which

demonstrated viability in maintenance routines based on the condition for detective-predictive

analysis of faults in the equipment. Comparing the specific energy consumption between the

pumps, the PI, with drive by frequency inverter, obtained better efficiency, offering greater

energy efficiency during the water harvest between July 2015 and July 2016. It showed a

reduced risk of failure Typical of motor pumps, among the equipment, considering the lower

thermal level in operation presented in thermographs, and the lower stress caused due to the

characteristics of the starter. It was concluded, therefore, that its reliability level was the

highest, followed by PS, PC and PD. The advantages of the systematic application of the

proposal, coupled with a planned maintenance policy, point to the reduction of intercurrences

due to failures and losses of production, and with this, allow to reduce premature equipment

changes and costs with maintenance and electric energy. As a result of the research, a

methodology of predictive monitoring was obtained, aiming at maintenance actions before the

catastrophic failure on items in the course of damages.

Keywords: Motor pump; Tubular well; Operating parameters; Failure Wheel; Maintenance;

Reliability.

Page 21: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

21

CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

A utilização dos recursos hídricos vem crescendo a cada dia, visto que a demanda

acompanha o crescimento mundial junto às mudanças climáticas, o que torna a escassez da

água uma preocupação combinada aos dilemas socioeconômicos e ambientais da “produção”

e distribuição de água, para as diferentes necessidades dos consumidores.

É perceptível a tendência atual a soluções que visem à redução do desperdício, como o

reaproveitamento de águas pluviais, a captação de água de chuva, o reuso doméstico, o

tratamento de esgotos, os métodos de lavagem a seco e os dispositivos economizadores de

água em equipamentos hidráulicos. Mesmo a tecnologia avançando no mundo a exploração de

águas de rios, e de poços, por meio de Conjuntos MotoBombas Submersas (CMBS), ainda

persistirá como principais fontes de água potável. Enquanto a salgada água do mar não

apresenta vantagens econômicas suficientes para viabilizar sua potabilidade, é imprescindível

que o ser humano compreenda o reaproveitamento dos recursos naturais em todos os

mecanismos ao seu redor.

Em curso de pleno desenvolvimento, a economia globalizada tem sido afetada com o

aumento notório na demanda por produtos, sistemas e novos processos de desempenho a

custos competitivos. Nesse âmbito, surge a necessidade de manter a qualidade, a confiança, a

integridade física e financeira nos processos de produção industrial, no que tange os

envolvidos, o cliente, a empresa e seus equipamentos. Isso se traduz em relevar critérios para

a operacionalização e manutenção industrial, prevendo a disponibilidade de equipamentos, e

reduzindo a probabilidade de falhas que afetem os custos envolvidos na produção e a

segurança homem/máquina.

A confiabilidade e a manutenção preditiva industrial constituem uma área da engenharia

mecânica de extrema importância na otimização da disponibilidade de sistemas e processos

produtivos. A eletromecânica e a eletroeletrônica de máquinas e equipamentos são vastos

campos de tecnologias aplicadas à produção industrial, que coexistem com os gargalos das

falhas. Assim, exigem uma crescente busca por soluções em automação, mas com avanços em

manutenção preditiva e economicidade de recursos, sendo um campo fértil e desafiante de

pesquisas.

A identificação e correção de problemas eletromecânicos de manutenção é um esforço

que as indústrias fazem para elevar os níveis de confiabilidade dos sistemas e para aumentar o

lucro operacional, sendo alavancados pela otimização do tempo de operação (idade) das

máquinas e equipamentos. Nesse contexto, os motores elétricos merecem atenção especial,

pois são responsáveis por cerca de 90% dos acionamentos de máquinas associadas a processos

industriais (BULGARELLI, 2006).

Em afirmação aos aspectos de produção em processos industriais,

Page 22: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

22

[...] necessitam ser analisados de forma a possibilitar a produção com qualidade,

segurança e a custos desejados. Os custos de investimento e de consumo de energia

podem ser otimizados pela rígida coordenação entre o motor e a carga acionada,

uma vez que a menor potência possível para o motor deve ser especificada, de forma

a operar no valor de eficiência mais alto possível, o que não ocorreria se o motor

tivesse sido sobredimensionado. A seleção e a aplicação adequada dos dispositivos

de proteção do motor contribuem para minimizar os custos operacionais da indústria

(BULGARELLI, 2006, p.2).

Nessa perspectiva, é possível indicar o nível de eficiência produtiva, onde, no caso de

motobombas voltados para o abastecimento d’água, é plausível analisar a energia despendida

para produzir um determinado volume d’água, determinando o Consumo Específico de

Energia (CEE).

1.1. Cenário do estudo proposto

O número de faltas de água em 2015 registrado pela Unidade de Operação e

Manutenção de Águas de Parnamirim/RN (UNAP) da Companhia de Águas e Esgotos do Rio

Grande do Norte (CAERN), levou à condução deste estudo como proposta de prevenção e

predição de falhas com diversas causas nos sistemas de captação de água por bombeamento

submerso.

Para o caso abordado, o município aludido foi atribuído pelo fato de ter um número

elevado de sistemas interdependentes, com 108 Poços Tubulares (PT) ativos, injetando

diretamente na rede de distribuição, e por ter uma unidade de manutenção localizada no

centro da cidade. Parnamirim/RN é um município do estado do Rio Grande do Norte que

pertence à região metropolitana de Natal, à mesorregião do leste potiguar e à microrregião de

Natal, distando desta 12 Km ao sul. Ocupa uma área de 123Km², e sua população estimada

em 2016 era de 248.623 habitantes, estando como terceiro município mais populoso do

estado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta incidência de falhas nesse sistema de abastecimento se deve a inexistência de um

programa de manutenção planejada na unidade da concessionária, limitando o atendimento às

intervenções corretivas não planejadas (depois da falha), e, em determinados casos, a sistemas

de captação de poços que necessitam de correção preventiva, quando identificada a iminência

de falha. “O aquecimento atípico, que acompanha o excesso de corrente ou à alta resistência

elétrica, é a principal causa de problemas em sistemas elétricos” (FLUKE, 2014).

Havendo um forte potencial de exploração de reservatórios subterrâneos d’água na

região de Parnamirim/RN, viabilizada por estudos geológicos da CAERN sobre o manancial,

e diante do preceito maior que é garantir o fornecimento de água aos consumidores da região,

torna-se importante garantir a integridade dos equipamentos para o sistema de abastecimento,

agregando confiabilidade, mediante sistemática de manutenção preventiva e preditiva.

Dentro de uma perspectiva de sustentabilidade, a otimização dos processos produtivos

deve ser enxergada como resultado de avanços na manutenção planejada e nos níveis de

confiabilidade e disponibilidade de equipamentos, além da qualidade que passa pela

mantenabilidade do patrimônio e pela segurança do pessoal envolvido. Assim, a

Page 23: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

23

confiabilidade tratada neste trabalho evidencia-se como estratégia de maximização da

produção, ao garantir maior retorno sobre o capital investido.

Dessa maneira, a pesquisa desenvolvida fornece subsídios para uma logística de

manutenção mais eficiente nas instalações dos poços de exploração d’água e na avaliação das

motobombas com modos distintos de acionamentos, através de uma abordagem analítica

sobre confiabilidade e falhas.

Nesse escopo, este trabalho dedicou-se a realizar um estudo de caso sobre as instalações

de quatro motobombas dos poços 34, 23, 31 e 63, com diferentes acionamentos elétricos. Os

três primeiros poços localizam-se no bairro Nova Parnamirim e o último em Emaús. Para

facilitar a compreensão ao tratar dos poços e tipos de acionamentos das motobombas, os

mesmos foram intitulados, respectivamente como “PC”, “PD”, “PS" e “PI”, referindo-se às

motobombas com partidas Compensadora, Direta, Soft-Starter e Inversor de frequência. O

mapa da figura 1.1 representa a área de localização dos quatro poços com marcadores.

Figura 1.1. Localização da área dos poços tubulares (Adaptado de Google Earth).

A análise foi baseada numa metodologia preditiva elétrica e termográfica, e com

aplicação do conceito da Roda de falhas (Failure Wheel), para inferir qualitativamente sobre o

nível de confiabilidade e custo de manutenção na concessionária de abastecimento d’água.

A descrição completa dos equipamentos analisados encontra-se no item 4.2.

Subsidiando as análises, foram inspecionados itens importantes das instalações elétricas,

como disjuntores, contactores, soft-starter e inversor de frequência, observando suas relações

de conformidade com as especificações das motobombas. Dessa forma, foram efetuadas

medições de parâmetros elétricos e térmicos de operação, incluindo variáveis de estresse, para

auxiliar no diagnóstico e estimar os desempenhos das motobombas.

888m

451m

1801m

2204m

Page 24: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

24

As análises das instalações dos poços consistiram em inspeções baseadas nas

especificações dos “datasheets” (ficha de dados) das motobombas submersas, quanto à

dispersão de valores dos parâmetros de operação do fabricante. Nessas análises preliminares

duas ferramentas foram essenciais, a “ficha de inspeção”, para registro das medições dos

parâmetros operacionais, e o “checklist”, para propor ações de manutenção a partir de

condições iniciais e de observações, em um roteiro com 20 procedimentos preestabelecidos

como importantes. Em seguida, o produto da avaliação conduzida por esse estudo foi

direcionado para a elaboração de um modelo de Roda de falhas, voltado especificamente para

identificação dos modos de falhas recorrentes em motobombas submersas.

Os aspectos apresentados pelas ferramentas anteriores colaboraram para julgar o grau de

confiabilidade das motobombas, considerando ainda os sistemas sob os tipos de acionamentos

eletromecânicos.

Dentro da finalidade deste trabalho não foram discutidas as falhas classificadas como

mecânicas, devido a itens como válvulas de controle, de retenção e outros, tendo em vista que

estes itens, em geral, não são considerados críticos para a disponibilidade dos sistemas. Com

base nisso, entende-se que a manutenção sobre esses itens pode ser administrada com mais

facilidade, em comparação com a logística demandada para a solução de problemas em

motobombas submersas.

Não serão apresentadas, ainda, as condições de validade estatística de distribuições dos

tempos de falha sobre o conceito de confiabilidade, sendo factíveis de consultas nas

referências bibliográficas. Nesse sentido, o assunto é centrado na análise de falhas e

otimização da manutenção, partindo dos seguintes pontos:

1. Consultar equipe de manutenção sobre as falhas recorrentes nos poços da

CAERN/Parnamirim para balizar o estudo sobre quatros poços tubulares de

exploração d’água subterrânea, PC, PD, PS e PI;

2. Analisar a conformidade de medições e registros (em Ficha de inspeção) de

parâmetros operacionais e variáveis de estresse nos quadros de comandos, seguindo os

procedimentos de um Checklist para as instalações dos poços;

3. Aplicar um modelo de “Roda de falhas” adaptado às motobombas submersas para

identificação dos principais mecanismos de danos, baseado no conhecimento das

causas gerais de falhas nas instalações de poços;

4. Avaliar os níveis de confiabilidade das motobombas com base nos parâmetros

operacionais medidos, nos dados de consumo específico de energia, nos modos de

falhas apresentados na Roda de falhas, e nos diferentes tipos de acionamentos.

Page 25: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

25

O presente trabalho é composto de 6 capítulos, estruturados em ordem sucinta:

Capítulo 1: apresenta-se uma introdução levantando as principais discussões a respeito do

cenário do estudo proposto;

Capítulo 2: a fundamentação teórica traz à luz os pressupostos teóricos do tema

confiabilidade, e da metodologia da Roda de falhas, onde se faz a revisão bibliográfica;

Capítulo 3: apresenta as implicações da manutenção na produção industrial, tratando sobre

uma série de falhas típicas de poços tubulares, dos conceitos e métodos de manutenção

planejada;

Capítulo 4: aborda a metodologia explorada, onde são descritas duas etapas procedimentais

que correspondem à Entrevista não formal à equipe de manutenção; Medições de parâmetros

operacionais; Coleta, análise de dados e cálculo de Consumo Específico de Energia; e,

Metodologia da Roda de Falhas como proposta para análise dos modos de falhas e

performance das motobombas.

Capítulo 5: apresenta os resultados e discussões acerca da metodologia e pesquisa de dados.

Capítulo 6: apresenta as conclusões e perspectivas para a continuação da pesquisa.

Referências

Apêndices

Anexos

Page 26: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

26

CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

Com a finalidade de estabelecer critérios para a estimativa de até quando é viável a

manutenção de equipamentos, torna-se necessário definir os elementos que afetam essa

avaliação, ao tratar de assuntos chaves como falha, confiabilidade, tipos e metodologias de

manutenção.

2.1. Definição de falha

A falha ou fracasso de um item qualquer é definida como um evento no qual é cessada

sua função especificada. Para Lafraia (2001), a falha funcional de qualquer item é sua

incapacidade de atingir o padrão de desempenho esperado.

A figura 2.1 apresenta um esquema com os principais tipos de falhas:

Figura 2.1 Esquematização de tipos de falhas. Fonte: Blache & Shrivastava (1994) apud Oliveira et al. (2012).

Nessa esquematização os tipos de falhas são classificados sob critérios distintos,

conforme o quadro 2.1 (LAFRAIA, 2001).

Page 27: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

27

Quadro 2.1. Classificação VS Tipos de falhas. Fonte: Lafraia (2001).

A respeito desse quadro, Unfer (2011) descreve os tipos de falhas quanto ao grau de

importância na operação de um sistema, e em relação ao surgimento:

Falha Parcial: Desvios de características, além de limites estabelecidos, mas que não

causam perda completa da função requerida.

Falha Completa: Desvios além de limites estabelecidos, causando perda total da função

requerida.

Falha Gradual: Ocorrência pode ser prevista através de inspeção e/ou acompanhamento.

Falha Súbita: Ocorrência imprevisível e falha aleatória

Em geral, um sistema que é afetado por uma falha total/completa gradual distingue-se

pela negligência na falta de acompanhamento sobre os ativos. Já no tipo de falha parcial

gradual, a degradação está relacionada aos mecanismos de danos e intempéries.

Quando ocorre uma falha, seja em um ativo ou em uma instalação, a função prejudicada

pode ser completa ou parcial (conforme diagrama da figura abaixo), desta maneira, a ação de

correção pode também ser temporária (paliativa), caracterizando a ação realizada sobre o

efeito, ou final (reparo completo), caracterizando a ação realizada sobre a causa (JUNIOR,

2011).

Figura 2.2. Esquema dos tipos de falhas. Fonte: JUNIOR, 2011.

Dentro de um sistema produtivo existem vários ângulos de visualização de uma falha.

Por exemplo, um conjunto motobomba que fornece uma vazão especificada para 60 m³/h de

água, em um dado momento, passa a produzir 35m³/h. Mesmo perdendo a capacidade de

transportar o fluido para pontos mais elevados e provocando a falta d’água nesses, a

motobomba continua produzindo. Neste caso, considera-se a ocorrência de uma falha parcial

Page 28: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

28

pelo fato do equipamento ainda fornecer movimento ao fluido (vazão), porém com perda de

performance.

Em outra situação, o mesmo equipamento pode ser observado em um estado inoperante,

caracterizando uma falha completa devido à vazão nula, seja por causa de falha do rotor da

bomba, falha do motor ou operação em vazio, que pode se enquadrar como um problema de

negligência operacional, ou ainda, a coexistência de todos esses problemas. Em ambos os

casos, os modos de falhas típicos do equipamento são responsáveis pela perda parcial ou total

de sua função, os quais serão estudados mais adiante.

Para a definição da necessidade de aplicação de análise de falhas, são utilizados alguns

parâmetros, entre eles (JUNIOR, 2011):

Criticidade do ativo;

Riscos de segurança;

Riscos ambientais;

Indisponibilidade dos ativos;

Riscos a qualidade do produto;

Reincidência da falha.

A falha de motobombas em poços será tratada como um evento de falta d’água, que

corresponde a parada de funcionamento (indisponibilidade do ativo) devido a avarias no

próprio equipamento, nos circuitos de força e comandos ou na rede elétrica.

2.2. Roda de Falhas

Identificar mecanismos de danos potenciais em qualquer item/ sistema é fundamental na

determinação de como estes possam falhar, o que reflete nos modos de falhas. O modo de

falha pode ser definido como a descrição da característica física do efeito observado.

A “Roda de Falhas” (Failure Wheel) ou “Roda do fracasso”, conforme Tanzer e

Westinghouse (2002, p. 733), é uma metodologia de classificação de mecanismos de danos

representada por um sistema gráfico, a qual está ilustrada na figura 2.3.

Figura 2.3. Roda de Falhas com quatro ambientes de falhas. Fonte: Tanzer e Westinghouse (2002, p. 733).

Page 29: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

29

Segundo Tanzer and Westinghouse (2002), a investigação de falhas se dá a partir de

suas causas base e de ações corretivas voltadas para a prevenção. A metodologia da Roda de

falhas se destaca por sua simplicidade e organização na discussão de mecanismos de danos de

casos práticos, sendo ainda pouco aplicada na manutenção industrial.

A análise dos modos de falhas pode se concentrar em diferentes causas, como falhas de

fabricação, instalação, mecanismos de danos, e outros. Nos modos de falhas do modelo

acima, estão representados o sobreaquecimento (Temperature); a corrosão (Corrosion) o

desgaste (Wear), e a tensão/fadiga (Stress).

Em contrapartida o mecanismo de dano descreve como se dá o processo de deterioração

do item/sistema até sua falha. Sua determinação começa por categorizar o

componente/sistema em análise e conhecer suas especificações. Um método de categorização

comum é dividir mecanismos de danos potenciais entre quatro categorias de modos de falha:

Distorção; Fratura; Corrosão e Desgaste.

Na Roda de Falhas as classificações são baseadas em categorizar mecanismos de danos

de um dado equipamento em termos de ambiente. Na prática, seis modos de falhas são

identificados em ambientes relacionados aos mecanismos de danos, dos quais quatro devem

ser selecionados como os mais importantes para um item/sistema:

Estresse

Temperatura

Corrosão

Desgaste

Radiação

Eletricidade

A compreensão que se deve ter sobre os mecanismos de danos individuais é de

reconhecer que muitos deles atuam em mais de um ambiente de falha. O analista responsável

deve descobrir e compreender o máximo de mecanismos de danos atuantes em um dado

item/sistema, incluindo a distinção entre mecanismos primários e secundários de falhas.

O principal mecanismo é a único responsável pela falha, os mecanismos de falhas

secundários podem ser divididos em três categorias:

Mecanismos que foram induzidos por causa da presença do mecanismo de falha

primário ou proveniente da mesma causa raiz do mecanismo primário;

Mecanismos independentes que contribuíram para o fracasso. Por exemplo, tais

mecanismos podem ter contribuído acelerando o tempo ou a severidade dos danos;

Mecanismos que estavam presentes, mas sem relação com o fracasso.

No caso específico de motobombas submersas, as falhas podem ocorrer através de

modos distintos, em geral, por desgaste, sobreaquecimento, corrosão, fadiga e outros.

2.3. Teoria das restrições e gargalos na produção

Atualmente, a indústria vive um cenário de procura por melhores resultados, utilizando

métodos que tendem a dar celeridade na produção e correção de erros, o que favorece a

Page 30: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

30

competitividade, e, consequentemente a meta do lucro. Nessa visão, além dos métodos citados

neste trabalho, vale destacar a Teoria das Restrições (TOC - Theory of Contraints) publicada

no livro “A meta”, de autoria de Goldratt e Jeff Cox, que sugere a eliminação de gargalos e

maximização da produtividade de uma empresa.

De acordo com Alves et al. (2010), essa teoria teve início na década de 80

fundamentada na criação do software Optimized Production Tecnology (OPT), como sistema

de administração de produção, que surgiu de um planejamento de um sistema de pequena

produção de gaiolas (ou galinheiros), desenvolvido na época pelo estudante de física

israelense Eliyahu Moshe Goldratt, para ajudar um amigo. Com base nisso definiu que,

“gargalo é qualquer recurso cuja capacidade seja igual ou menor que a demanda exigida deste

recurso” (GOLDRATT, p.145, 1992).

A ideia em torno do gargalo é que existe uma limitação física diante de um processo

produtivo, ou, analogamente, uma restrição transposta para outros setores que não têm contato

direto com a operacionalização da produção. Para Barcaui e Quelhas (2008), a TOC considera

a empresa não em partes isoladas, mas como um sistema integrado, onde o item global

depende dos empenhos de todos os envolvidos. Neste sentido é plausível observar a relação

da Teoria das Restrições com a Gestão de manutenção e processos, destacando-se a

manutenção industrial com base na confiabilidade e disponibilidade de itens.

Nesse âmbito, é importante impor condições de manutenção aos itens, do tipo: qualquer

parada maior que “x” minutos nas máquinas gera-se um gargalo, e isso é condição para que se

realize uma análise de falha para a manutenção, do contrário o prejuízo financeiro total sobre

o sistema será “y”. Assim, reduzir gargalos significa reduzir horas perdidas no sistema inteiro,

o que vai ao encontro da teoria das restrições, que aponta a melhoria da eficiência produtiva

pela redução de restrições e despesas operacionais, com manutenções corretivas e reposição

de itens.

Para tanto, é possível analisar poços voltados para o abastecimento d’água como um

sistema produtivo com pontos suscetíveis a falhas, logo, dependentes de um balanceamento

de recursos a nível de aperfeiçoamento de pessoal, manutenção e aquisição de itens de

qualidade. Neste trabalho, pode-se dizer que a TOC se relaciona com a termografia, aliada à

manutenção preditiva, quando sua aplicabilidade favorece a redução danos maiores, por esse

lado, implicando na predição de falhas que se manifestam como gargalos.

2.4. Breve histórico da Confiabilidade

Há pouco mais de 50 anos o conceito de confiabilidade vem sendo aplicado em sistemas

técnicos. Na descrição evolutiva da história da confiabilidade, Knight (1991 apud

FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009) coloca o significado tecnológico adquirido após a Primeira

Guerra Mundial, período em que a confiabilidade foi empregada para apresentar estudos

comparativos em aviões com um, dois ou quatro motores. Naquela conjuntura a

confiabilidade era medida como um número de acidentes por hora de voo.

Os protótipos de mísseis V-1 desenvolvidos na Alemanha por um grupo de engenheiros

da equipe de Von Braun, durante a Segunda Guerra mundial, não obtiveram sucesso nos

Page 31: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

31

testes, aterrissando antes do alvo ou explodindo durante o voo. Diante dessas falhas, o

matemático Robert Lusser foi contratado para analisar o sistema operacional dos mísseis.

Segundo a análise de Lusser, proposta pela lei de probabilidade de um produto com

componentes em série, em que a confiabilidade de um sistema em série é igual ao produto das

confiabilidades de suas partes componentes, sistemas com muitos componentes em série

tendem a apresentar baixa confiabilidade. Embora ocorra melhora individual da

confiabilidade em componentes o efeito tende a ser pequeno sobre o sistema (FOGLIATTO e

RIBEIRO, 2009, p.3-4).

Na perspectiva dos autores, a aplicação da confiabilidade seguiu um percurso

importante, motivado pelas necessidades de desenvolvimento de produtos, processos e armas

cada vez mais competitivas, além de disputas como a Guerra Fria.

Nesse contexto, nos Estados Unidos, “A corrida para ser a primeira nação a enviar uma

missão tripulada à Lua, em particular, motivou avanços na área da confiabilidade, tendo em

vista os riscos humanos envolvidos”. A análise dos riscos associados à construção e operação

de usinas nucleares centralizou o estudo da confiabilidade na década de 1970. Suas aplicações

se consolidaram a partir daí nas mais diversas áreas, a exemplo de algumas ligadas à

engenharia de produção, como: análises de risco e segurança, qualidade, otimização da

manutenção, proteção ambiental e projetos de produtos (Ibid., p.4-5). Dentre essas, a

otimização da manutenção assume uma relação estreita com a confiabilidade, através da

adoção de programas de Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC).

2.5. Grau de Confiabilidade

A concepção da confiabilidade estabelece a probabilidade de um sistema ou item de

realizar sua função com sucesso durante determinado intervalo de tempo. Os valores que pode

assumir, de forma adimensional, são obtidos por cálculo que resultam entre zero e um, sendo

que quanto maior esse valor maior o grau de confiabilidade.

Na descrição dos tempos até a falha de um sistema, eles podem ser discretos (n.° de

rotações até falha, n.° de partidas até falha, etc.), ou contínuos (tempo de calendário), sendo a

variável aleatória representada por “T” e expressa na prática por “t”. As variáveis discretas

podem ser aproximadas por variáveis contínuas, assim, supõe-se “T” continuamente

distribuída com densidade de probabilidade f(t) e função acumulada de probabilidade F(t), em

que as relações são dadas pelas equações (2.1), (2.2) e (2.3) (FOGLIATTO e RIBEIRO,

2009):

(2.2)

(2.3)

(2.1) )('

)()( tF

dt

tdFtf

2

1

)()()( 12

t

t

dttftFtF

2

1

)()(

t

t

dttftF

Page 32: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

32

A função densidade de probabilidade f(t) expressa a variação da probabilidade de falhas

pelo tempo. Já a função distribuição de probabilidade ou função acumulada de falhas F(t)

exprime a probabilidade de falhas sobre um dado sistema em um intervalo de tempo de t1 a t2.

Nessa descrição, a função de confiabilidade é dada pela probabilidade da unidade

(componente/sistema) não falhar, ou seja, de sobreviver no intervalo (0, t], sendo expressa

pela equação (2.4) (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009):

(2.4)

A função de risco, ou taxa de falhas h(t) (hazard function ou hazard rate λ(t)) é uma

medida de confiabilidade associada ao nível de risco de um sistema/item falhar dentro de um

intervalo de tempo t. Unidades com mesma confiabilidade em t podem ter funções de risco

bastante diferentes, sendo essa uma medida útil na comparação entre sistemas com

propriedades distintas (ibid).

Accioly (1995); Fogliatto e Ribeiro (2009) descrevem a relação entre a função de risco

h(t), a função densidade de probabilidade f(t) e a função de confiabilidade R(t), para a

estimativa dos tempos de vida de equipamentos, conforme a expressão (2.5).

(2.5)

Essa taxa de falhas está intimamente ligada às características de um determinado objeto

de estudo e representa sua probabilidade de funcionar até o tempo t, podendo a função ser

ajustada aos dados reais de falhas encontrados. No entanto,

A tarefa de ajustar uma distribuição seria extremamente fácil se tivéssemos dados de

toda a população a ser estudada e esta população fosse homogênea. Entretanto o que

geralmente ocorre é que temos apenas uma amostra de uma população, que

poderíamos considerar infinita, e que dentro destes dados coexistem diversos tipos

de causas responsáveis pelas falhas de nosso objeto de estudo (ACCIOLY, 1995,

p.8).

Ao longo do tempo a relação da confiabilidade no envelhecimento de equipamentos

vem sendo estendida, onde muitas vezes nesse percurso acreditou-se que todo equipamento

apresentaria características de desgaste.

A otimização de processos industriais é uma forma de contribuir diretamente sobre a

confiabilidade dos sistemas produtivos, aliada ao uso racional dos recursos disponíveis leva

ao aumento da disponibilidade, e com isso, à sustentabilidade ambiental.

Nesse contexto, a confiabilidade permeia basicamente duas formas de abordagens:

Qualitativa – abordagem baseada na Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC),

a qual analisa os modos de falhas e seus efeitos para o sistema.

Quantitativa – abordagem baseada em modelos estatísticos de distribuições de

probabilidades de falhas, os quais permitem estimar o tempo de vida do sistema,

através de variáveis associadas, como número de ciclos de operação, número de

falhas, tempo de paradas, e custos da manutenção e da perda de produção.

)(

)(

)(1

)()(

tR

tf

tF

tfth

0),()(1)(1)( ttTPtTPtFtR

Page 33: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

33

Na manutenção industrial, ambos os enfoques permitem aos profissionais da área

atribuir graus de confiabilidade aos sistemas a partir da descrição de seus subsistemas. Na

identificação dos objetos de estudo, um item pode ser analisado como sistema formado por

um arranjo de equipamentos diversos, ou como um equipamento em particular, dependendo

do propósito de estudo. Conhecendo os equipamentos e suas funções dentro de um sistema

industrial, é conveniente utilizar ferramentas, métodos e normas que determinem a criticidade,

a confiabilidade e a previsão de sobressalentes do sistema, promovendo com essas ações o

aumento da disponibilidade e produtividade.

A definição de confiabilidade, como função de um período de tempo, tem cinco

implicações (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009):

I. O analista deve definir uma unidade de tempo (exemplo: horas ou anos) para realização

das análises;

II. Modelos que descrevem os tempos até falha utilizam a variável aleatória T (e não X,

como é usual na Estatística clássica);

III. O tempo não deve ser interpretado literalmente, já que o número de ciclos também pode

representar o tempo até a falha de um item;

IV. A confiabilidade deve ser associada a um período de tempo ou duração de missão; e

V. A determinação do que deveria ser usado para medir vida de um item nem sempre é

óbvia; por exemplo, o tempo até falha de uma lâmpada pode ser definido como o

número somado de horas até falha, considerando o número típico de acionamentos a que

a lâmpada é submetida e desconsiderando o tempo desligada.

Além disso, as condições ambientes são preponderantes na estimativa da confiabilidade,

uma vez que operando em ambientes de calor ou umidade intensos um mesmo produto pode

apresentar desempenho distinto, se confrontado a produtos sob condições climáticas amenas

de uso.

Embora haja proximidade entre os conceitos de confiabilidade e qualidade, a primeira

introduz a passagem do tempo e a definição das especificações de uso pretendido para o item

em estudo. Já a ideia de qualidade consiste em uma descrição atemporal e estática de um item,

ou serviço, e determina o cumprimento de suas especificações com a menor variabilidade

possível. Ao dar seguimento, a confiabilidade,

[...] está associada à operação bem-sucedida de um produto ou sistema, na ausência

de quebras ou falhas. Em análises de engenharia, todavia, é necessária uma definição

quantitativa de confiabilidade, em termos de probabilidade. [...]. Os principais

conceitos associados à confiabilidade são: qualidade, disponibilidade,

mantenabilidade, segurança e confiança (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009, p.1-7).

Nesse sentido, a confiabilidade se relaciona com a probabilidade quando se definem

modelos de ciclo de vida de equipamentos, os processos que levam às falhas e as condições e

regimes de operacionalização que venham a corromper seus desempenhos. Accioly (1995) e

Sellitto (2005) repartem ideias complementares, ao afirmarem que o conceito de

confiabilidade implica na probabilidade de que um item ou produto industrial execute suas

funções com sucesso, sem que ocorra falha ou intervenções para manutenção dentro de um

Page 34: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

34

tempo específico, e que isso deve obedecer a condições operacionais preestabelecidas. A

NBR-5462 (1994) acrescenta a importância de algumas considerações como:

Condições ambiente de operação dos equipamentos

Tempo de operação do sistema, como indicativo da severidade dos danos.

Periodicidade de manutenção.

Como modelo de estudo aplicado, Accioly (1995) realiza um estudo de confiabilidade

de bombas centrífugas submersas considerando fatores de prognóstico relacionados. Nos

objetivos, são investigados os dados de falha de um sistema de Bombeio Centrífugo

Submerso (BCS), de modo a elucidar fatores que tem principal influência em seu

desempenho, para obter os tempos médios de vida dos equipamentos.

Para ajustar modelos estatísticos que admitam avaliar o risco de falha em equipamentos

deve-se considerar o tempo de vida útil ou de sobrevivência até que ocorra a falha como

variável de importância. O tempo de vida útil corresponde ao período de operação onde há a

menor probabilidade de falhas. Nesse âmbito,

A operação e o reparo de uma máquina em ambiente fabril são experimentos. O

tempo até a falha, a produção até a falha e o tempo até o reparo são algumas das

saídas do experimento. São variáveis aleatórias, entre outras, as: (i) horas entre

falhas; (ii) unidades produzidas entre falhas; e os (iii) minutos até o reparo (LEWIS,

1996 apud SELLITTO, 2005).

Estas variáveis são consequências de outras variáveis aleatórias, tais como o tempo

alocado para operação, a resistência dos materiais e a carga exigida pelo serviço. Como não se

consegue conhecer e controlar todos os fatores ativos, usam-se técnicas probabilísticas para

prever o comportamento das variáveis (Ibid, p.48). Essas afirmações caracterizam itens

isolados, enquanto em sistemas é preciso considerar além das variáveis mencionadas o fator

humano, que envolve riscos durante intervenções realizadas por operadores, muitas vezes

ligadas à mau interpretação de instruções.

2.6. Modelos de distribuição de probabilidade

Na literatura, existem diversos modelos paramétricos que são utilizados de forma

satisfatória para expressar os tempos de vida de sistemas e equipamentos, denominados

modelos de distribuição de probabilidade para o tempo de falha. De acordo com o tipo de

equipamento analisado e com o tipo de dados de falhas disponível é selecionada a distribuição

de probabilidades para análise.

Em Fogliatto e Ribeiro (2009), quatro distribuições de probabilidade frequentemente

utilizadas para descrever tempos até falha de componentes e sistemas são detalhadas: (i)

Exponencial, (ii) Weibull, (iii) Gama, e (iv) Lognormal. As funções mais comumente usadas

em estudos de confiabilidade são: f(t), R(t), h(t) e MTBF (Tempo Médio Entre Falhas, do

inglês "Mean Time Between Failures”).

Page 35: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

35

Alguns modelos de distribuição expressam o comportamento de tempos até a falha com

base na função de risco (MAGALHÃES, 2013):

h(t) constante, sugerindo o modelo exponencial que explica o comportamento de

componentes eletroeletrônicos;

h(t) linear crescente, sugerindo o modelo de Rayleigh, que explica o comportamento de

modelos mecânicos; e

h(t) exponencial, que sugere o modelo de Weibull para explicar o comportamento de

sistemas cuja falha nasce da competição entre diversos modos de falha. Neste caso, o

tempo até a falha de um equipamento é uma variável aleatória que segue este modelo se os

modos de falha atuarem em série, competindo pela falha.

A distribuição exponencial restringe sua aplicação a alguns componentes elétricos, que

não apresentam memória de falha, no entanto, aplica-se também à modelagem sobre unidades

que apresentam desgaste ou fadiga apenas durante seu período de vida útil, quando a

ocorrência de falhas for relativamente constante no tempo (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009).

As relações de confiabilidade de interesse para uma distribuição exponencial são

representadas (para 0t ) nas equações (2.6), (2.7), (2.8) e (2.9), onde a taxa de falhas ( ) é

constante e seu inverso é conhecido como Tempo Médio Entre Falhas (TMEF, ou do inglês

MTBF) (LAFRAIA, 2001).

(2.6)

(2.7)

(2.8)

(2.9)

Conforme análise de Fogliatto e Ribeiro, (2009, p.17, questão 13), sobre um grupo de

dados de conjuntos motobombas, a distribuição de probabilidade que melhor se ajusta aos

dados para a estimativa do tempo até falha (MTTF) foi a lognormal, numa simulação

utilizando o software Proconf.

A lognormal é um tipo de distribuição com bastante aplicação na modelagem de tempos

até reparo em unidades reparáveis. A função de risco da lognormal exibe formato de uma

curva de banheira invertida, com h(t) crescendo inicialmente e, após, decrescendo

assintoticamente. Costuma-se supor que a taxa de reparo (isto é, a intensidade com que

reparos são concluídos) se assemelha à função de risco de uma distribuição lognormal, sendo

esse um fator que depende da eficiência do pessoal da manutenção e da disponibilidade de

recursos materiais (ibid, p.33).

TMEFth

1)(

RtF 1)(

tetR )(

tetf )(

Page 36: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

36

A descrição completa das medidas de confiabilidade de interesse, para esse, e para

outros tipos de distribuição de probabilidade de falha está em Fogliatto e Ribeiro (2009, p.28-

33).

2.7. Sistemas em série e em paralelo

2.7.1. Sistemas em série

Os sistemas em série, a exemplo da figura 2.4, correspondem àqueles em que a falha de

qualquer item resulta na falha do sistema, sendo em geral os mais comuns.

Figura 2.4. Diagrama de blocos para sistema de itens ligados em série. Fonte: Fogliatto e Ribeiro (2009).

A confiabilidade do sistema RS é dada pelo produto das confiabilidades individuais

destes itens Ri, como mostram as equações (2.10) e (2.11) (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009).

(2.10)

(2.10)

Um aspecto importante sobre esse tipo de associação de itens, é que, à medida que o

número de itens aumenta no sistema, a confiabilidade decresce rapidamente.

2.7.2. Sistemas em paralelo

Os sistemas em paralelo correspondem àqueles em que todos os itens devem falhar para

que o sistema falhe, como mostra a figura 2.5.

Figura 2.5. Diagrama de blocos para sistema de itens ligados em paralelo. Fonte: Fogliatto e Ribeiro (2009).

n

i

iS RR1

)(...)()( 21 nS xPxPxPR

Page 37: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

37

Nessa configuração de itens independentes, a confiabilidade do sistema é determinada a

partir da sua não-confiabilidade F(t), dada na equação (2.12), resultando na equação (2.13) da

confiabilidade para sistemas em paralelo:

(2.11)

(2.12)

Existem outras formas de arranjos de itens, que derivam da associação entre sistemas

série e paralelo. Sistemas do tipo paralelo-série caracterizam-se por apresentar redundância no

nível do sistema (também designada por redundância de alto nível), sendo constituídos por m

subsistemas em série e de n componentes conectados em paralelo. Equipamentos em

redundância, ou seja, associados em paralelo permitem aumentar a disponibilidade do

sistema, já que caso um equipamento falhe, o(s) outro(s) supre(m) o funcionamento do

sistema.

A análise do sistema por ser feita subdividindo-o em subsistemas, conforme a figura

2.6.

Figura 2.6. Representação genérica em diagrama de blocos de sistemas série-paralelo e paralelo-série, com

respectivas decomposições em subsistemas.

Seja Rij a confiabilidade do j-ésimo (j=1,...,n) componente localizado no i-ésimo

(i=1,...,m) subsistema em série. A confiabilidade do subsistema, segundo Fogliatto e Ribeiro,

(2009), é:

(2.13)

No caso especial em que todos os itens do sistema paralelo-série são idênticos e

apresentam confiabilidade R, a confiabilidade do sistema será dada por:

(2.14)

)(...)()()( 21 nxPxPxPtF

n

i

iS RR1

)1(1

m

i

n

j

ijS RR1 1

11

mn

S RR )1(1

Page 38: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

38

2.8. Padrões de falhas

Itens simples e complexos apresentam padrões de falhas diferentes, que no geral

seguem uma relação quase inversa entre o tempo de operação (idade) e a confiabilidade do

item. Isso levanta implicações para a disponibilidade desses tipos de itens frente a

manutenção oferecida.

Ocorre que nem sempre são necessárias informações históricas extensas sobre falhas

para se ter uma política de manutenção eficaz, sendo esse registro limitado pela evolução e

modificação dos ativos que caracterizam um banco de dados reduzido (de falhas) e em

constante mudança frente às exigências operacionais. Isso leva à uma contradição em relação

à prevenção de falhas catastróficas,

[...] que a manutenção preventiva bem-sucedida envolve impedir a coleta dos dados

históricos que julgamos necessários para decidir que manutenção preventiva

devemos fazer. [...] As falhas com consequências menores tendem a ser permitidas

ocorrer, precisamente porque não importam muito. Como resultado, grandes

quantidades de dados históricos estão disponíveis sobre essas falhas, o que significa

que haverá material suficiente para análises de risco precisas. Estes podem até

revelar alguns limites de idade, no entanto, como as falhas não importam muito, é

altamente improvável que as tarefas de manutenção no intervalo fixo resultante

sejam rentáveis (NOWLAN e HEAP, 1978).

No curso do exposto, além de contar falhas para um histórico e esperar a reprodução de

um padrão sobre itens, é necessário que o pessoal da manutenção se acostume com a ideia da

incerteza e implemente estratégias que permitam lidar com ela, fazendo uso de dados reais

sobre distribuições de probabilidades condicionais de falhas que possam gerar estimativas

mais confiantes na predição de falhas catastróficas.

Dois estudos apontaram resultados similares, a respeito da aleatoriedade das falhas

sobre itens complexos, um na Suécia em 1973, e outro na marinha dos Estados Unidos (U.S.

Navy) em 1983. Do total das falhas analisadas, de 77% a 92% foram classificadas como

aleatórias e de 8% a 23% as falhas relativas à idade dos componentes (BENEDETTI, 2002).

Nowlan e Heap (1978) abordam o caso da “United Airlines”, companhia aérea

norteamerica que desenvolveu inúmeras curvas de condicionalidade de componentes

complexos para componentes de aeronaves a fim de garantir que os tempos de revisão mais

elevados não estavam reduzindo a confiabilidade geral.

Seis modelos referentes à probabilidade de falha (função de risco) pelo tempo de

operação (idade) são apresentados (NOWLAN e HEAP, 1978):

Modelo A – Curva da banheira, mortalidade infantil segue com uma constante de vida

útil e cresce exponencialmente com o desgaste no fim da idade (envelhecimento);

Modelo B – Constante, com aumento exponencial no fim da idade, seguido de

desgaste, ocorrendo falha a qualquer momento (típico de motores alternativos de

aeronaves);

Modelo C – A probabilidade de falha aumenta gradualmente, sem identificar o degaste

com a idade. (típico de motores de aeronaves com turbinas);

Page 39: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

39

Modelo D – Baixa probabilidade de falha quando o item é novo, seguido de um

crescimento rápido para um nível constante;

Modelo E – Probabilidade constante de falha em toda a idade (distribuição

exponencial de sobrevivência);

Modelo F – Mortalidade infantil, que amortiza para uma probabilidade de falha

constante e que lentamente aumenta (componentes eletroeletrônicos).

A figura 2.7 expõe os padrões de confiabilidade de uma variedade de itens mecânicos e

elétricos. Em cada caso, o eixo vertical representa a probabilidade condicional de falha e o

eixo horizontal representa a idade de operação desde a fabricação, inspeção ou manutenção.

Figura 2.7. Curvas de probabilidade condicional de falhas (função de risco). Fonte: Adaptada (NOWLAN e

HEAP, 1978).

Estas seis curvas são derivadas de análises de confiabilidade realizadas sobre aeronaves

civis, durante as quais todos os itens estudados foram caracterizados por uma ou outra curva

dentro de porcentagens que representam cada um dos padrões básicos (United Airlines in

NOWLAN e HEAP, 1978, p.68). Os 11% dos itens estudados e representados pelas curvas A,

B e C podem se beneficiar de um limite de idade operacional, os outros 89% não demonstram

tendência de aumento da probabilidade de falha com o tempo, o que dificulta o trabalho de

manutenção sobre itens mais complexos.

Os modelos A e B são característicos de itens simples. Segundo a literatura, é comum

equipamentos como bombas, válvulas, compressores, máquinas e motores chegarem à fase de

envelhecimento (ACCIOLY, 1995). Os modelos mais complexos são os C, D, E e F que

representam itens como componentes eletrônicos. Itens simples manifestam uma relação entre

a confiabilidade e o tempo de operação. Os itens complexos evidenciam uma tendência à

mortalidade infantil, e depois a probabilidade de falhas aumenta gradualmente (MOUBRAY,

1995; NOWLAN e HEAP, 1978).

Page 40: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

40

Para Fogliatto e Ribeiro (2009, p.11), o ciclo de vida de equipamentos possui três

períodos distintos:

Mortalidade Infantil – Representa um período da vida útil com grande taxa de falhas

precoces, devido a defeitos de fabricação em componentes ou deficiências de projeto.

Essas falhas também ocorrem por causa de problemas de instalação.

Vida Útil (Maturidade) – A taxa de falhas é atenuada e relativamente uniforme em

qualquer momento no tempo, decorrendo de condições extremas no ambiente de

operação do item, ou por um acaso (falhas aleatórias). Depende de fatores de estresse

que atuam entre o meio e os itens do sistema, como sobreaquecimento, fadiga e

corrosão acelerada, sendo, portanto, mais difícil sua previsão.

Envelhecimento ou Degradação – A degradação natural do item conduz ao aumento

da taxa de falhas por desgaste, que se intensifica com o passar do tempo, também

conhecida como mortalidade senil.

A curva da banheira é uma forma qualitativa de esboçar o comportamento de um

equipamento quanto a seu tempo de vida útil. Sua representação na figura 2.8 sintetiza as

informações supracitadas, diante da função de risco h(t) ao longo do ciclo de vida

(FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009, p.11).

Figura 2.8. Exemplo de curva de banheira e ciclo de vida de equipamentos (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009,

p.11).

Ao reduzir a variabilidade das características de desempenho de itens aumenta-se sua

qualidade e confiabilidade, por meio dos estágios de projeto do processo e fabricação, o que

contribui para a diminuição das taxas de falhas precoces na mortalidade infantil (LEWIS,

1996 apud FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009). Nesse sentido, vale observar o artigo 12 do

código de defesa do consumidor, que diz,

O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador

respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos

causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,

construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento

de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua

utilização e riscos (BRASIL, 1990).

Page 41: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

41

A exemplo da montagem de um BCS, sua forma inadequada é outra fonte de falhas

precoces, oriundas de erros procedimentais de instalação no poço, que na maioria dos casos

podem ser contornados através do aperfeiçoamento dos técnicos responsáveis pela instalação

(ACCIOLY, 1998).

Na indústria, é cada vez maior o número de itens que estão em conformidade com os

modelos de falhas D, E e F, vistos anteriormente, os quais estão relacionados à maior

complexidade das funções exercidas. Em itens complexos, o número de inspeções e

manutenções em intervalos regulares apenas concordará com o aumento da confiabilidade

quando estiver presente um modo de falha dominante relacionado à idade, do contrário haverá

aleatoriedade na ocorrência de falhas. Isso vai de encontro com a crença associada à curva da

banheira (modelo A), de que o tempo é o fator determinante para a falha.

Do ponto de vista da manutenção, esses modelos enfrentam dificuldades práticas, onde

mesmo passando por inspeção equipamentos podem falhar entre uma e outra, nesses casos, a

própria intervenção para inspeção/revisão pode ser a causa da falha. No entanto, os aspectos

básicos que se distinguem entre os modelos de falhas geram visões importantes para o

acompanhamento dos ativos. A representação da confiabilidade de itens nas curvas de falhas

fornece subsídios de como planejar a manutenção, pois é possível identificar em alguns desses

modelos o período de mortalidade infantil, onde ocorrem falhas prematuras de itens no início

de operação, e o período de envelhecimento, onde ocorrem falhas esperadas, típicas de

desgastes e outros modos de falhas.

2.9. Disponibilidade média

A disponibilidade é definida pela NBR 5462 como a capacidade de um item executar

certa função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se

em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de

manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados.

Algumas questões básicas sobre o critério do tempo orientam a avaliação da

disponibilidade, sendo elas: o período que o equipamento permaneceu funcionando; e o

período que ele deveria funcionar, tirando as paradas programadas.

Em unidades que não passam por manutenção, o conceito de disponibilidade coincide

com o de confiabilidade. Para um dado período de análise em unidades reparáveis, as

situações em que se encontram podem ser em operação, ou em manutenção. Neste caso,

trabalha-se com a ideia de que a manutenção restabeleça às unidades o estado de novo, sendo

utilizado um valor médio de disponibilidade dado por (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009):

(2.15)

Onde,

A: Disponibilidade média da unidade (do inglês: availability).

MTTF: Tempo Médio até a Falha, ou tempo médio de funcionamento da unidade (Mean

Time to Failure).

MTBF

MTTF

MTTRMTTF

MTTFA

Page 42: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

42

MTTR: Tempo Médio para Reparo (Mean Time To Repair).

MTBF: Tempo Médio Entre Falhas. (Mean Time Between Failures).

De forma clara, a disponibilidade de um equipamento numa linha de produção é a

relação entre o tempo em que esteve disponível e o tempo total. Exemplo: certo mês uma

Motobomba submersa de uma determinada concessionária de abastecimento d’água operou

sem ocorrência de paradas programadas, no entanto, houve paradas por anomalias em sua

instalação.

Nessa suposição o equipamento apresentou falhas, permanecendo inoperante durante os

tempos de ocorrência nos dias 3 (24 horas) e 4 (por mais 16 horas), dia 10 (parada de 6 horas),

e dia 26 (parada de 9 horas), onde essas ocorrências coincidem com os MTTR, contados a

partir do surgimento das 3 falhas. Essas hipóteses de falhas estão representadas na figura 2.9 e

em seguida na tabela 2.1.

Figura 2.9. Falhas (em vermelho) ocorridas em um mês numa instalação de motobomba.

Tabela 2.1. Tempos (em horas) de ocorrência de falhas para as condições de operação de uma motobomba na

hipótese apresentada.

Na primeira falha a motobomba ficou inoperante do dia 3 até as 16 horas do dia 4,

devido a um problema de detecção com duas hipóteses: o sistema não sinalizou a parada de

produção para a central de manutenção, ou, não houve visita nas instalações nesse dia.

Identificada a causa da falta d’água por equipe de manutenção, como sendo motor queimado,

a equipe de gestão de ativos toma providências para obtenção e liberação do material

necessário (conjunto motobomba, fiação, eletrodos de nível, tubulação edutora, etc.) e mão de

Item Conjunto MotoBomba Submersa

Per

íod

o

op

erac

ion

al

Regime diário 24

Regime 30 dias 720

Disponível (MTBF) 665

Indisponível (MTTR) 55

Falhas Dias Ocorrência (h)

1ª 3-4 40

2ª 10 6

3ª 26 9

1 23

(24h)4

(16h)5 6 7

8 910

(6h)11 12 13 14

22 23 24 2526

(9h)27 28

15 16 17 18 19 20 21

29 30

Page 43: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

43

obra técnica para o serviço de manutenção corretiva. Durante o serviço de correção, na

retirada do equipamento de dentro do poço, verificam-se 3 tubos com furos de desgaste,

confirmando a necessidade de substituição desses itens. Após a retirada da motobomba e

demais equipamentos, identifica-se um acúmulo de 4 metros de sedimentos compostos por

cascalho, e na maior parte por areias de diferentes granulometrias do fundo do poço, que

acabou obstruindo o crivo da bomba e sobreaquecendo o motor, levando à causa da falha e da

falta d’água.

Diante da identificação desse problema, um caminhão “munck” com compressor de ar é

acionado para limpeza dos sedimentos e restabelecimento da distância mínima de segurança

entre a motobomba e o fundo do poço (3 metros). Os serviços se iniciam no dia 3, levando 4

horas desde a retirada dos equipamentos do poço, montagem dos dutos do compressor e

revitalização, com mais 3 horas para desmontagem da tubulação do compressor, reinstalação

da motobomba com tubulação, testes e reativação do sistema. A figura 3.13 (seção 3.12)

mostra os elementos básicos que compõem um sistema de bombeamento.

Na segunda falha, o relé térmico atuou por sobrecarga, pois na manutenção anterior sua

corrente não foi regulada considerando o fator de serviço do motor, o que levou o dispositivo

a entrar em proteção. Na terceira parada, a falha incide devido a uma falta de energia na rede

de distribuição externa. Nestas duas últimas paradas supõe-se que o horário em que o

operador passe no local do poço não coincida com os eventos, sendo comum que a correção

das falhas e reativação da motobomba se dê a partir de reclamação de falta d’água feita por

consumidores, pela qual é aberta uma ordem de serviço para manutenção.

No exemplo comentado da motobomba, ao substituir os dados na expressão da

disponibilidade, chega-se a um valor referente aos 30 dias:

(2.16)

A avaliação sobre esse caso hipotético leva a crer que a disponibilidade se manteve num

patamar satisfatório durante o mês, e que o número de falhas é relativamente tolerável por ter

acontecido problemas externos durante os 30 dias, sendo que essa análise pode se estender

para o tempo de vida útil de um equipamento. A depender desse fator, os prejuízos

incumbidos devem conduzir a uma melhoria na metodologia de acompanhamento e

manutenção dos ativos, para que se evite ao máximo as perdas de produção e custos elevados

com manutenção não planejada.

2.10. Mantenabilidade

Segundo a NBR 5462, a mantenabilidade pode ser definida como a capacidade de um

item ser mantido ou recolocado em condições de executar suas funções requeridas, sob

condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob condições

determinadas, procedimentos e meios prescritos.

A mantenabilidade caracteriza o tempo destinado para realização de reparo “MTTR”.

%3,9210055665

665

hh

hD

Page 44: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

44

CAPÍTULO III

3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO DE CASO PARA A INDÚSTRIA

3.1. Consumo energético no setor industrial

No Brasil 36,3% da energia elétrica gerada é consumida pelo setor industrial, com

perspectiva de uma redução para 35% até 2019 (EPE, 2015), de acordo com a figura 3.1.

Figura 3.1. Estrutura do consumo por classe (%) no Sistema Interligado Nacional (SIN). Fonte: MME, 2015.

Desses dados, destaca-se uma tendência de aumento do consumo de energia elétrica por

parte da atividade comercial e residencial, motivada pelo crescimento populacional. Na

distribuição de consumo por classe apontada em 2015, dos 36,3% do consumo de energia

elétrica pelo setor industrial no país, 2/3 da energia é consumida pelo uso final de força

motriz, conforme mostra a figura 3.2.

Figura 3.2. Distribuição do consumo de energia elétrica por uso final na indústria. Fonte: SEBRAE-SP, 2014.

De acordo com o perfil de consumo de energia elétrica pela indústria brasileira,

publicado por um levantamento do Balanço Energético Nacional (BEN) do MME, o uso da

força motriz predomina em 68% do consumo, inclusive o processamento de fluidos e a

Page 45: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

45

refrigeração. Destacam-se os ventiladores, compressores, bombas e outras aplicações

envolvendo motores elétricos como os principais meios de consumo (EPE, 2005).

É importante citar algumas medidas capazes de garantir maior disponibilidade de

energia e equipamentos, além da redução de impactos ambientais. É o caso da diminuição de

perdas térmicas nos Sistemas Elétricos de Potência (SEP), através de manutenções preditivas,

dimensionamento adequado de itens, redimensionamento ou a substituição de equipamentos

antigos por equipamentos mais eficientes, e uso da reciclagem de calor combinando a

cogeração.

3.2. Perdas de energia em instalações elétricas

Em um sistema de bombeamento, é razoável dizer que parte da energia elétrica utilizada

para realizar trabalho é a exergia, ou seja, a parte nobre e útil da energia, a outra parte é a

anergia, dissipada na forma de som e calor. Em face disso, é certo que os pontos quentes são

agentes causadores do aumento do consumo de energia elétrica, junto a outros efeitos trazidos

por distúrbios da rede elétrica, sobrecarga de motores e mal dimensionamento de cabos, onde

o efeito Joule é intrínseco e intensificado por condições ambientes estressantes (umidade e

temperatura).

O aquecimento excessivo em condutores gera ciclos de dilação que podem intensificar

as perdas de energia por aquecimento através do efeito Joule, causado pela dissipação de

potência elétrica na forma de calor.

Há um potencial de que milhares de pontos quentes estejam espalhados pelo sistema

elétrico brasileiro, gerando desperdício de energia elétrica, o que torna esse um assunto de

interesse dos responsáveis pelo setor elétrico do país, quanto às medidas de eficiência a serem

tomadas à médio e longo prazo. Da mesma forma, sistemas elétricos industriais alimentados

por baixa tensão (BT) também são afetados, onde os pontos quentes geralmente acompanham

danos em equipamentos, reduzindo seu desempenho e vida útil.

Uma medida útil em sistemas que possuem componentes eletrônicos é climatizar os

quadros de comandos com ventiladores, principalmente quando existir equipamentos como

soft starters e inversores de frequência. Isso pode ser feito, aliado ao acompanhamento

periódico através de inspeção termográfica, para prevenir ao longo do tempo a redução de

performance e possíveis falhas ocasionadas por sobreaquecimento.

No Sistema Interligado Nacional (SIN), a carga ajustada é uma medida que busca

eliminar os efeitos de fatores casuais e não econômicos, onde sua estimativa se faz:

[...] utilizando as temperaturas típicas para a época do ano em cada subsistema e não

as temperaturas efetivamente verificadas. Assim, em um mês excepcionalmente

quente a carga ajustada é menor que a carga verificada, o oposto ocorrendo em um

mês com temperaturas atipicamente amenas. As perdas na rede básica que são

calculadas pelo ONS decorrem da forma como o sistema é operado e não têm

qualquer implicação econômica. Por isso são excluídas da carga ajustada. (ONS,

2015, p.3).

Page 46: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

46

No SIN, é possível ajustar a carga de acordo com os dias que normalmente apresentam

carga baixa (sábados, domingos e feriados), dentro de uma programação em calendário.

Diferentemente, a carga consumida na operação de equipamentos industriais (a nível de baixa

tensão), é isenta de compensações para efeito de balanço de consumo, ou seja, toda a carga

medida (com ou sem perdas por aquecimento na instalação) é contabilizada.

Para retratar uma pesquisa a respeito da classificação de pontos quentes, feita por

termografistas da Flir Inc., nos Estados Unidos,

De março de 2005 a junho de 2010, os termografistas realizaram 6.445 inspeções

termográficas, com uma média de cerca de 100 exames por mês. Usando 22

câmeras, os termografistas encontraram 47.077 falhas (ou deficiências) para uma

média de 7,3 falhas por relatório. A redução de custos de reparo elétricos é estimada

em US$ 500 para pequenas falhas ou intermediários e US$ 3.000 para faltas graves

ou críticas. Essas estimativas são baseadas em experiências típicas na indústria. As

quatro categorias de falhas são baseadas em diferenciais de temperatura da norma.

Pequenas falhas são de 1 °F a 9 °F acima da norma. Falhas intermediárias são de 10

°F a 34 °F; as falhas graves são de 35 °F a 74 °F; e as críticas são 75 °F ou mais

acima do estabelecido pela norma (LISBOA, 2014).

Nesse sentido, os problemas apresentados por este estudo de caso, correlacionados ao

comportamento térmico de sobreaquecimento nas instalações elétricas das motobombas,

convergem para soluções metodológicas por meio da inspeção de pontos quentes.

3.3. Papel da concessionária de abastecimento d’água sobre a qualidade da manutenção

A meta de atender aos consumidores, fornecendo água em quantidade e qualidade passa

pela discussão essencial das transformações econômicas, tecnológicas, sociais e políticas que

vem acontecendo no Brasil, e que acabam por influenciar em metas e estratégias de produção

cada vez mais desafiadoras, em níveis de custos, volume de produção e qualidade. Dessa

forma, a empresa concessionária de abastecimento d’água envolvida neste estudo, tem como

meta de prestação de serviço o fornecimento de água tratada de qualidade para o consumo

humano, a partir de um sistema de distribuição com estabilidade e segurança operacional,

tendo isso, como razão para a melhoria da qualidade de vida e manutenção da saúde da

população atendida.

Além do cumprimento das metas claramente definidas pelas empresas, dificuldades

ainda são enfrentadas por falta de acompanhamento de demandas básicas, com destaque para

a baixa performance ocasionada por avarias em equipamentos e a falta de planejamento de

manutenção que atenda às necessidades da produção, do porte do sistema e de sua

dependabilidade, ou seja, a garantia de funcionamento.

Page 47: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

47

3.4. Histórico de falhas recorrentes em instalações de poços tubulares de

Parnamirim/RN

A cidade de Parnamirim/RN, foco dos sistemas estudados, possui 95% de sua rede de

abastecimento de água ligada diretamente a poços, perfazendo um total de 108 poços em

operação de um total de 144 perfurados. Essa situação reflete apenas 5 % de um número

insuficiente de reservatórios elevados distribuindo água aos consumidores, os quais pela ação

da gravidade mitigam transtornos momentâneos com a parada do sistema de produção, pois

oferecem tempo para a realização de manutenções nos poços.

Nesse quadro, a vantagem que a cidade desponta está relacionada à sua topografia com

relevo predominantemente plano.

As demandas de manutenção na indústria de saneamento e distribuição de água tratada

relevam a devida atenção aos problemas de troca prematura de itens, com inclusão de outros

processos produtivos similares. Nota-se, que paradas prematuras de equipamentos rotativos

como motobombas, elevam os custos na correção de falhas, estando os problemas de

sobreaquecimento dentre os mais comuns. Não obstante, a irregularidade na operação de

sistemas eletromecânicos de poços reflete na redução da arrecadação. A filtragem dos

Registros de Atendimentos (RAs) do tipo “falta d’água”, referente ao período de atendimento

do ano 2015, baseia-se em falhas de poços que atendem diversos bairros de Parnamirim/RN.

De modo geral, são falhas causadas por danos cumulativos de caráter elétrico e térmico,

podendo ter outros motivos não especificados, a que se refere o gráfico 3.1.

Gráfico 3.1. Números de RA's de falta d'água em 2015. Nota: “Outros” se refere aos bairros e comunidades

próximos à zona rural. Fonte: GSAN/ CAERN, 2016.

12 161 7 9 7 5 2 8

354 11 4

335 11 12

30

100

54

312

-38

12

62

112

162

212

262

312

0

5

10

15

20

25

30

35

40

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL

AGO SET OUT NOV DEZ ANO

Page 48: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

48

Os dados apontam uma quantidade significativa de falhas no abastecimento no ano

2015, sobressaindo o bairro mais populoso da cidade, Nova Parnamirim, com 27,3% do total

das faltas d’água atendidas. No histórico de ordens de serviços, da unidade concessionária

responsável, a origem da incidência das falhas nos poços é predominantemente elétrica e

térmica, com destaque para os Conjuntos Motobombas Submersas (CMBS).

Na unidade, a manutenção operacional dos poços vem sendo realizada a partir de

chamados dos operadores das rotas, ou através de reclamação de consumidores, devido à falta

d’água. Nesse caso, quando ocorre a parada de uma motobomba realiza-se a manutenção

corretiva, na maioria das vezes com a substituição do equipamento por um novo, para acabar

com o problema de falta d’água, sendo uma medida utilizada em virtude do número

significativo de poços em operação e da ausência de um programa de manutenção planejada.

Revela-se a necessidade de planejar e executar manutenções preventivas e preditivas, de

modo que sejam evitadas perdas com as substituições antecipadas de motobombas, de

equipamentos danificados e perdas com a energia dissipada no processo irregular de

funcionamento, que deveria ser identificado antes de sua falha.

Diante de uma ordem de serviço emitida pela unidade, técnicos em eletrotécnica e

eletromecânica se dirigem ao poço afetado para realização da manutenção corretiva, onde

geralmente se troca o item com falha, e esporadicamente se faz a preventiva, com a inspeção e

reparo de danos perceptíveis nos quadros de automação de comandos, bem como serviços nas

instalações do poço.

Segundo Giampá e Gonçales (2005, p.34), os poços profundos estão susceptíveis a 3

principais tipos de problemas, sendo provável determinar suas principais causas em busca de

soluções, por meio do quadro 3.1.

Quadro 3.1. Problemas, causas e possíveis soluções em poços tubulares. Fonte: Giampá e Gonçales (2005,

p.34).

Na prática, é possível estender essa relação para os problemas que podem surgir em um

poço, suas causas e ações de manutenção.

Page 49: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

49

Desconsiderando os erros humanos, possíveis de ocorrer durante a fabricação,

montagem e armazenamento de componentes eletromecânicos, o quadro 3.2 apresenta as

ações de manutenção sobre os principais itens de poços da unidade mantenedora, obtidos de

relatos e experiências acumuladas pela equipe de manutenção, que compreendem o histórico

do ano de 2015.

ITEM CLASSE EFEITO CAUSA DA FALHA AÇÃO

Relé térmico

(RT) Elétrica Sobreaquecimento

Sobrecarga-Motor

submerso; Pontos quentes

em emendas/ folgas em

terminais; Mal

dimensionamento de

condutores.

Ajuste do FS; Correção de

pontos quentes; ou

Substituição.

Contactor Elétrica Sobreaquecimento Ponto quente; Mal contato

(sujeira)

Reaperto; Limpeza; ou

Substituição.

Disjuntor Elétrica Sobreaquecimento;

Curto-circuito

*Ponto quente; 2-curto

entre fases; Distúrbios

elétricos.

Reaperto; ou Substituição.

Soft-start Elétrica

Sobreaquecimento;

Atuação de alarmes

de proteções

*Ponto quente/sobrecarga;

Falhas nas proteções; Falta

de energia.

Identificação e correção

dos PQs; Parametrização

do setup; ou Substituição.

Inversor de

frequência Elétrica

Sobreaquecimento;

Atuação de alarmes

de proteções

Ponto quente/sobrecarga;

Falhas nas proteções; Falta

de energia.

Identificação e correção

dos PQs; Parametrização

do setup; ou Substituição.

Motor Elétrica Sobreaquecimento

Sobrecarga; Curto-circuito

no enrolamento das

bobinas.

Substituição da

Motobomba.

Motor Elétrica Motor não liga

*Falha de comando;

*Atuação de proteções;

*Motor em curto ou

bobina queimada.

Corrigir falha no quadro de

comandos; Revisar

emendas; ou Substituir

cabo e motor danificado.

Motor Elétrica ou

Mecânica

Sobrecarga no

motor

*Distúrbios elétricos;

*Desgaste no bombeador;

*Velocidade alta; *Alta

vazão;

*Subarrefecimento/bomba

desacoplada.

Ajuste de tensão ou

aceleração; Revisão e

substituição dos itens

desgastados no

bombeador.

Cabos e fios

do CMBS Elétrica Sobreaquecimento PQs e Corrosão em cabos.

Refazer emendas; ou

Substituição.

Quadro de

medição

externo

Elétrica Sobreaquecimento;

Curto-circuito.

Sobrecarga na rede

elétrica, com desarme de

elo-fusível.

Acionamento da

concessionária de energia.

Bomba Mecânica Ausência ou perda

de vazão.

Vibração excessiva, Danos

nos rotores; Desgaste

corrosivo da estrutura

metálica e do selo de

proteção mecânica.

Acoplamento/rotor com

desgaste; Contaminação do

óleo isolante da bomba e

posterior curto circuito do

motor.

Substituição de tubulação

edutora danificada/

Substituição da

Motobomba.

Bomba Mecânica Vibração

*Lubrificação insuficiente

dos mancais; *Desgaste de

rolamentos; *Eixos tortos

ou com travamento parcial.

Revisar mancais,

rolamentos, substituir itens

gastos; ou Substituição

completa.

Bomba Mecânica Ruídos *Cavitação; *Rotores

desgastados.

Revisar bombeador; nível

dinâmico em operação e

Page 50: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

50

relés de nível (possível

formação de vórtices); ou

Substituição completa.

Tubulação

edutora Mecânica

Vazamento + Perda

de vazão

Incrustações; Perfuração

por corrosão. Substituição.

Válvula de

retenção Mecânica

Retorno de água +

Calço hidráulico na

retenção da bomba

Pino suporte e portinhola

desgastados.

(Estanqueidade deficiente)

Substituição

Registro Mecânica

Perda de vazão;

Operação em Shut-

off/Obstrução +

Sobreaquecimento

do motor.

Gaveta arriada devido à

desgaste. Substituição

Quadro 3.2. Principais falhas, efeitos, causas e ações corretivas de rotina, da manutenção operacional nos poços

da UNAP.

Os itens citados no quadro retratam os casos recorrentes, devido à carência de

manutenção preventiva. Predomina em muitos casos o efeito do sobreaquecimento em cabos e

conexões, causado por alterações na tensão, corrente e resistência, pelas solicitações

operacionais e de ciclos, e, pelos intemperes do ambiente de trabalho. Além dos itens citados,

é comum que componentes de proteção do sistema de potência sejam danificados, como: relé

falta de fase (FF), relé de nível (RN), relé programador horário (temporizador), relé de tempo,

chaves, fusíveis, e, em alguns casos, elo-fusíveis de proteções externas da concessionária de

energia elétrica, popularmente conhecido como canela do transformador.

É importante notar que todas as falhas com efeitos térmicos têm como parâmetros

identificadores a temperatura e a corrente elétrica, pois o sobreaquecimento é diretamente

proporcional ao aumento de corrente nos condutores. Após a parada do sistema o efeito ainda

será perceptível, mas dependerá da temperatura atingida no momento anterior à falha, do

intervalo de tempo até a medição e do material condutor. Nos registros do quadro 3.2, entre os

16 efeitos causados por falhas, 68% dos casos tem origem em sobreaquecimentos ou pontos

quentes em itens do circuito de potência da motobomba, conforme o gráfico 3.2.

Gráfico 3.2. Proporção de efeitos sobre ocorrências de falhas (%).

A maior fatia dentre os efeitos observados está associada a falhas de classe elétrica,

mas com efeito térmico. Os efeitos destacados no gráfico são discutidos na seção 3.5 a seguir.

68%

15%

11%6%

Sobreaquecimentos Perda de vazão Distúrbios elétricos Outras

Page 51: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

51

3.5. CAUSAS GERAIS DE FALHAS EM POÇOS TUBULARES

Em referência à proposta metodológica deste trabalho, entender os modos de falhas a

serem discutidos e criar mecanismos de mitigação de danos são condições para o

prolongamento da vida útil de equipamentos. Algumas das condições inerentes aos poços

tubulares seguem com as possíveis soluções para correção e/ou retardamento de falhas

graduais.

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do RN (SEMARH) o

estado do Rio Grande do Norte possui mais de oito mil poços tubulares perfurados,

constituindo um dado importante diante da inexistência de trabalhos científicos que tratam da

manutenção/reabilitação dessas fontes de abastecimento. Nesse domínio, o conhecimento

acumulado acerca do assunto vem de experiências pessoais e de empresas de perfuração e

exploração de água, a exemplo da CAERN (MELO et al, 2013).

3.5.1. Equipamento defeituoso ou instalação inadequada

A instalação de uma motobomba, seja de forma inadequada ou com defeitos de fábrica

(imperceptíveis), além de causar prejuízos financeiros com uma parada precoce, é muito

provável que leve ao retrabalho da instalação de um novo equipamento, o que exige, nesses

casos, um maior controle de qualidade. Nesse sentido, os itens que compõem a instalação de

uma motobomba (motor, bomba, cabos, tubulação edutora, etc.) devem ser inspecionados

cuidadosamente antes da execução da instalação, e, na sequência, os procedimentos de

montagem devem obedecer rigorosamente às recomendações técnicas e de segurança, a fim

de evitar falhas antecipadas por erros no processo de instalação.

3.5.2. Projeto de dimensionamento inadequado

É comum que a ocorrência prematura de avarias em motobombas seja um fator derivado

do seu mal dimensionamento no sistema, que contribui para a redução do tempo até a falha

desses equipamentos.

O correto dimensionamento de uma motobomba é a primeira condição para se alcançar

uma performance adequada frente ao intervalo de vazão demandado por um projeto de

Sistema de Abastecimento de Água (SAA). Em segundo plano, as condições de

acompanhamento são importantes na verificação dos parâmetros operacionais da motobomba.

Como requisito para o dimensionamento e implantação adequada de sistema de

bombeamento submerso, são requeridos o perfil litológico do poço e o teste de produção

datado (conforme Anexo A), contendo dados seguros sobre sua capacidade de produção,

profundidade, vazão recomendada, nível estático, nível dinâmico, intervalos dos filtros,

temperatura, descrição litológica e qualidade da água explorada. Além disso, o consumo

habitacional previsto é um dado básico na seleção da motobomba.

Page 52: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

52

Junto a essas informações, deve-se levar em conta a Altura Manométrica Total (AMT),

pressão, definida pela energia por unidade de peso fornecida ao fluido, a ser atendida pelo

projeto do SAA do poço. Na AMT são considerados o nível dinâmico da água, a altura de

recalque externa ao poço e as perdas de carga envolvidas, que resultam num valor que norteia

a escolha pela melhor relação entre vazão e altura manométrica requerida para a motobomba.

Outro ponto importante é a conformidade dos dados elétricos com os dados do conjunto

motobomba e do poço no projeto, onde a corrente nominal de operação deve ser considerada

até o limite suportável pelo fator de serviço do motor, para que o equipamento e a fiação não

sejam danificados.

3.5.3. Deterioração por presença de plantas e animais

A presença de raízes profundas de plantas, como Algaroba e Jurema, também pode

comprometer a integridade do poço, tubulação, e a operação da bomba e demais

equipamentos. Isso acontece quando as plantas das imediações buscam água nas regiões

fraturadas das rochas cristalinas, chegando até dentro do poço.

Segundo Melo et al (2013), é necessário limpar ao redor do poço dentro de um raio de

proteção de pelo menos 100 metros. A figura 3.3 mostra a penetração de raízes profundas em

poços.

Figura 3.3. Ilustração de raízes invasoras, Jurema e Algaroba. Fonte: Melo et al (2013).

A queda de objetos e materiais através da tampa do poço é um dos motivos para a

obstrução do crivo da bomba e para falha do motor por subarrefecimento.

Em regra, na tampa do poço deve ter um furo para verificação do nível d’água. Quando

esse ou a própria tampa estão abertos o risco de queda de animais é alto, inclusive na fase de

perfuração, onde a boca do poço fica mais exposta. Desde pequenos insetos, sapos, cobras, até

animais domésticos podem cair e comprometer a qualidade da água do poço, e o

funcionamento da motobomba com a obstrução do crivo. Há também o risco da queda de

crianças, quando o poço tiver diâmetro suficiente.

Page 53: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

53

Melo et al (2013), retrata dois casos, relatados em entrevista. O primeiro, sobre a queda

de um gato durante o processo de perfuração de um poço com 35 metros de profundidade no

município de Apodi – RN, na comunidade de Soledade, o segundo, sobre o aparecimento de

uma cobra quando uma equipe de teste de vazão da SEMARH estava retirando a tubulação de

um poço com 100 metros de profundidade e 6 polegadas de diâmetro, no município de Touros

– RN, na localidade de Umburama.

Como medida preventiva deve-se ter o cuidado durante os procedimentos de perfuração

do poço, assim como na instalação da motobomba, fazendo o fechamento da abertura superior

entre a tubulação edutora e a parede de revestimento do poço, e mantendo a tampa em bom

estado de conservação. Por segurança, uma altura mínima deve existir entre a boca do poço e

o nível do solo para evitar seu alagamento, sendo determinada durante a fase de instalação da

tubulação geomecânica de revestimento do poço, a depender da permeabilidade do solo e do

nível de precipitação de chuvas do local.

3.5.4. Qualidade dos filtros sobre desgaste e perda de vazão em motobomba

A qualidade e integridade dos pré-filtros e filtros de produção é fator primordial para a

retenção de sedimentos compostos por areias de diferentes granulometrias da formação

geológica. Numa situação em que os filtros e o crivo permitam a passagem de areia

succionada, esta passa a ser o agente deteriorante que acaba agindo como partícula abrasiva

nos estágios e mancais do bombeador, desgastando-os e reduzindo sua vida útil até a falha.

Neste caso, a condição construtiva do poço deve receber atenção, sendo completado com um

pré-filtro e filtros de granulometrias menores.

Nem sempre é possível reter toda a areia através desses filtros, é o caso de uma bateria

de 20 poços rasos operados pela CAERN na cidade de Porto do Mangue, onde mesmo assim,

produzem uma quantidade significativa de areia, que leva a paradas do sistema para remoção

do acúmulo em tanque de reunião por meio de caminhão.

A baixa vazão em poços pode surgir devido a problemas de desgaste e corrosão sobre

bombeadores, perda de rendimento do conjunto, mal dimensionamento, ou ainda, problemas

construtivos, em função da perda de carga causada pelos pré-filtros. Neste último caso,

[...]um pré-filtro de baixa qualidade (por exemplo, areia de rio), ou seja, anguloso

proveniente de gnaisse, gera muita perda de carga, já que o ajuste entre essas faces

diminui também a permeabilidade. Neste caso, um novo desenvolvimento não vai

resolver. O ideal é um pré-filtro proveniente de praia, os quais são constituídos de

grãos de quartzo, pois o mesmo é bem arredondado, cujo empacotamento favorece

uma boa permeabilidade e o fluxo. A qualidade “ambiental” do tipo do pré-filtro

está também relacionada com o licenciamento para a exploração do mesmo (MELO

et al, 2013).

Dessa forma, para cada formação geológica a escolha adequada do tipo de filtro na zona

produtora permite obter bons resultados de vazão em um poço, e, ao mesmo tempo, previne o

desgaste abrasivo no bombeador, ainda mais se este for revestido com material especial

antifricção.

Page 54: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

54

3.5.5. Atuação de ferrobactérias em poços

A operação de poços tubulares em condições normais induz alterações de propriedades

físicas da água, como pH, temperatura e pressão, sendo causadora de precipitações e corrosão,

variando de intensidade de acordo com a composição hidroquímica da água.

É comum na natureza a presença de micro-organismos que extraem sua fonte de energia

de reações químicas de oxidação. No caso das ferrobactérias, as fontes de energia são sais

solúveis de ferro, os quais após a metabolização transformam-se em hidratos de ferro,

formando precipitados de cor marrom que normalmente se apresentam em forma de flocos

(FREITAS et al., 2002). A presença de ferro solúvel em águas de poços provoca a atuação

dessas bactérias a partir de sua oxidação, de modo a formar precipitados insolúveis. A

equação 3.1 relaciona esse processo, onde os reagentes hidróxido de ferro II e oxigênio

formam óxido férrico e água (ferrugem úmida), produto de aspecto marrom gelatinoso.

(3.1)

As incrustações dão origem à cor marrom na maioria dos casos, como produto da

adesão de partículas oxidadas presentes na água sobre crostas existentes (Ferro e outros

minérios como carbonatos, cloretos, nitratos e sulfatos). Nessas superfícies rugosas criam-se

condições propícias ao processo de proliferação microrgânica e corrosão das tubulações.

Conforme entrevista conduzida por Melo et al (2013), a respeito das bactérias

precipitadoras de ferro, já foram detectadas na praia de Pititinga, litoral norte do RN, e em

Camurupim, litoral sul, assim como em Natal.

3.5.5.1. Incrustações por ferrobactérias

O tempo de uso de tubulações de ferro em meio agressivo leva à oxidação do metal

(ferrugem úmida), ao aparecimento de incrustações e à corrosão, embora tenha boa resistência

mecânica. Os pontos de conexão e mudança de direção de fluxo (curvas, roscas, válvulas,

registros, obstáculos) são mais suscetíveis ao surgimento de ferrugem, devido à variação da

pressão, o que provoca ao longo do tempo redução da espessura da parede nesses itens.

A figura 3.4 ilustra casos avançados de corrosão em colunas de poços. Em “A”, ocorreu

corrosão eletroquímica, em “B” a associação deste tipo de corrosão com a corrosão

eletrolítica de degradação localizada (mecanismo de dano pitting) deu origem a uma grande

fenda, que levou a uma perda de vazão e à falha da motobomba.

32222)(2 OFeOHOOHFe

Page 55: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

55

Figura 3.4. Colunas em estágios avançados de corrosão. Fonte: acervo pessoal, A e B (PT-43, 08/03/2016); C

(PT-12, 17/05/2016) e D (PT-36, 22/09/2015).

A atividade microbiológica de bactérias em poços tubulares se manifesta nocivamente

provocando incrustações nas colunas filtrantes do revestimento, nos motobombas e

tubulações, resultando em quedas de vazão. Esse problema pode se estender às Estações de

Tratamento de Água (ETA), acumulando flocos de modo excessivo, o que diminui o intervalo

entre lavagens das unidades filtrantes e, portanto, eleva o consumo de água nesse processo.

A formação de tubérculos aliada à ação de mecanismos de danos, favorecem o

surgimento de vazamentos na tubulação e conexões (ação dos corrosion-wear e pitting), perda

de performance do equipamento bombeador e alteração da qualidade da água. Neste processo

de enfraquecimento das paredes da tubulação, inibidores como o cloro residual existente na

água são absorvidos, tornando os sistemas desprotegidos.

Em seu trabalho, Netto et al. (2010) expõe a ineficiência do cloro para eliminação de

bactérias redutoras de ferro nos poços estudados, e em contrapartida, a eficácia do uso de

Orto-fosfatos ácidos, levando-se em conta o volume estático para aplicação dos produtos,

[...] a prática mostra que desinfecções com cloro, resultam em simples melhoria

instantânea do problema com seu reaparecimento de forma muitas vezes mais grave,

em intervalo curto de tempo. O cloro causa um efeito de desidratação superficial do

biofilme, atuando também na oxidação dos metais presentes neste, e assim, sua ação

fica restrita ao poço, não se aprofundando no pré-filtro e aquífero (sedimentar ou

fraturado). Compostos de cloro como o Hipoclorito de sódio, quando associados à

matéria orgânica geram Thrialometanos (THM), conhecida e comprovadamente

cancerígenos, acumulativos nos organismos e meio ambiente, desta forma, o

descarte de soluções cloradas requer um cuidado não observado no passado

(NETTO et al., 2010).

C D

B A

Page 56: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

56

Dessa maneira, a utilização do cloro para desinfecção de poços tubulares pode destruir

alguns dos microrganismos, mas, ao mesmo tempo gerar corrosão nos itens metálicos, a até

problemas de saúde com os Thrialometanos, não sendo a opção mais adequada para tais fins.

3.5.5.2. Incrustações por rochas calcárias

Em poços tubulares perfurados no calcário (solo rico em CaCO3 dissolvidos) as

incrustações dos filtros, crivos das bombas submersas e das tubulações edutoras foram

destacadas como as grandes causadoras da deterioração dos poços, onde em geral, são

necessários reparos nos motobombas, e substituições das tubulações edutoras danificadas,

conforme a figura 3.5 (MELO et al, 2013).

Figura 3.5. À esquerda o crivo de uma bomba submersa, à direita, tubulação edutora com incrustação de

calcário. Fonte: Melo et al (2013).

Em todo caso, o processo de incrustação nos poços é facilitado por mudanças na pressão

e velocidade do fluxo laminar de escoamento d’água para fluxo turbulento.

3.5.5.3. Ações para o combate de incrustações

Um estudo sobre poços tubulares foi efetivado por Netto et al. (2010), em que 27

processos de reabilitação foram realizados preferencialmente em poços da SABESP, com a

utilização do agente desincrustante “NO RUST”, a base de orto-fosfatos ácidos, que

demonstrou grande capacidade de recuperação de vazão e qualidade de água, redução do

consumo de energia elétrica (KW/m³ extraído), redução dos custos operacionais e rápida

recuperação dos investimentos necessários.

Aplicações de novos produtos no mercado (COMBA-T), que atuam na eliminação de

diversas incrustações, apontaram uma recuperação de 50% em poço da CAERN instalado em

aluvião do rio Ipanguaçu, com cerca de 50 metros de espessura, de tal maneira que o nível

dinâmico passou de 15 metros de profundidade, antes do tratamento, para 7 a 8 metros, após a

aplicação, mantendo a mesma vazão (MELO et al, 2013).

Quando a técnica construtiva do poço não é o agente modificador da qualidade da água,

surge, muitas vezes, aspectos naturais do próprio background que não obrigam a reabilitação

Page 57: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

57

do poço, portanto, livrando a empresa de eventuais ações judiciais. Em face disso, o mal

cheiro e coloração na água pode ser resultado do contato com alguma camada que contenha

fósseis ou matéria orgânica decomposta, onde a luz que incide sobre a água que sai do poço

provoca a ação de bactérias.

A prática tem confirmado que tubulações de ferro são sensíveis ao depósito de ferro

insolúvel e de outros minerais, formando tubérculos, devido à ação de bactérias oxidantes.

Caso a temperatura da água seja adequada à proliferação de bactérias, isso potencializará o

processo de formação de tubérculos e a “MIC” - Corrosão por Interferência Microbiológica

(Zona de Risco, 1999).

Determinados procedimentos químicos e físicos utilizados atualmente são eficientes

como soluções para eliminação de ferrobactérias, no entanto, de forma temporária porque as

mesmas voltam a proliferar, mantendo o problema sem solução definitiva.

Análises de composição da água, da extensão dos depósitos no interior das tubulações, e

da integridade física das tubulações (tipos de danos presentes), devem preceder qualquer

manutenção, para definir os métodos e ações mais indicados sobre as instalações do poço.

Nesta etapa, a água coletada passa por análises físico-química e bacteriológica para identificar

microrganismos presentes nos biofilmes e incrustações da tubulação, e a composição da água

(teor de dureza), onde a concentração de Ferro total na água permite até 0,3 mg/L, pela

Portaria 2.914 de 2011 (antiga 518) do Ministério da Saúde.

Algumas ações de manutenção, que incluem limpeza, reparo ou substituição de itens

afetados, aplicam-se na minimização dos problemas de incrustações e podem ser programadas

com periodicidade que vai depender do tipo e agravamento das mesmas:

Avaliação prévia sobre os casos de incrustações com utilização de ferramenta de

perfilagem óptica (vídeo-inspeção), a cada manutenção completa dos poços;

Lavagem do sistema “flushing” (descargas);

Limpeza mecânica com "Pigs" (dispositivos deslocados no interior de dutos para

limpeza e inspeção);

Limpeza química com produtos decompositores do biofilme bacteriano e completa

desincrustação de depósitos superficiais (com Orto-fosfatos ácidos), com ação eficaz

na formação geológica do poço e menor custo dentre os processos existentes;

Limpeza da motobomba e revestimento com filme anticorrosivo.

No caso das incrustações de óxidos de ferro,

[...] torna-se necessário fazer a limpeza utilizando reagentes ácidos para dissolvê-los

(prazo de 12 horas geralmente), entretanto estes podem corroer as tubulações de aço

inoxidável. A fase mecânica do pistoneamento também costuma ser aplicada

posteriormente, tanto para facilitar a introdução dos reagentes no aquífero, quanto

para a remoção dos sedimentos finos. A utilização do ar comprimido associado em

seguida, conferindo um superbombeamento, pode também dar bons resultados. Os

resultados mostram que às vezes o rendimento do poço recupera a vazão inicial, mas

outras vezes vai gradualmente perdendo o seu desempenho. Há situações

particulares em que o trabalho de manutenção permite a recuperação de uma vazão

específica superior a original, mas isto se deve à baixa vazão aplicada na fase de

desenvolvimento inicial, devido ao nível estático estar mais baixo naquele período

sazonal (MELO et al, 2013).

Page 58: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

58

Esse método de limpeza concorda com os procedimentos utilizados pela CAERN para

reabilitação de poços, tendo como exemplo hipotético o caso da seção 2.9 “Disponibilidade

média”. Na prática, o uso de produtos desincrustantes no interior dos poços é moderado. O

jateamento com partículas abrasivas de areia é uma opção para remoção de camadas de

óxidos e outras incrustações sobre a superfície de motobombas.

3.5.6. Corrosão em poços tubulares

A corrosão é um processo físico-químico de interação de um material com um meio, no

qual alterações são produzidas sobre as propriedades do material, sendo comum a atuação de

mecanismos de desgaste estrutural, as vezes associados a esforços mecânicos, que levam à

perda parcial ou total de sua composição, comprometendo significativamente a funcionalidade

e durabilidade do mesmo.

3.5.6.1. Corrosão Eletroquímica

De acordo com Gentil (2007), a corrosão eletroquímica é o tipo de corrosão mais

comum, pois é a que ocorre com os metais, geralmente na presença de água. Ela pode se dar

de duas formas principais:

Quando o metal está em contato com um eletrólito (solução condutora ou condutor

iônico que envolve áreas anódicas e catódicas ao mesmo tempo), formando uma pilha

de corrosão.

Quando dois metais são ligados por um eletrólito, formando uma pilha galvânica.

Na água os eletrólitos correspondem às substâncias químicas em dissolução. Em geral, a

corrosão eletroquímica em meio aquoso ocorre espontaneamente formando óxidos metálicos,

num processo de oxidação (do metal) e redução (da água). Parte destes óxidos e dos

precipitados formados pela própria água nos poços são comumente arrastados no momento de

acionamento das motobombas, pelo aumento de velocidade, gerando alterações de qualidade

na água (cor, turbidez e excesso de metais) e podendo torná-la não potável (NETTO et

al.,2010).

Exemplos de alguns dos problemas causados por corrosão em sistemas de

abastecimento por poços tubulares:

Proliferação de bactérias em tubulações de água potável;

Corrosão do motor, correspondente ao depósito de material incrustante na carcaça, que

leva à redução da refrigeração, restringindo a troca de calor com o meio e resultando

em sua queima por superaquecimento.

Corrosão da bomba, com incrustações nos estágios que podem provocar a redução e

até anulação da vazão.

Corrosão das tubulações de ferro com incrustações por depósito de ferrugem.

Page 59: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

59

Desgaste corrosivo da motobomba causado pelo retorno de cloro do sistema dosador

para o PT (falha da válvula de retenção);

Perda de pressão da água devido à redução do diâmetro tubular e obstruções;

Reparos reincidentes nos sistemas e equipamentos;

Custo elevado e queda de produção associados a paradas para manutenção de

equipamentos;

3.5.6.2. Corrosão Eletrolítica

É um processo eletroquímico que ocorre com a aplicação externa de uma corrente

elétrica. Esse processo não é espontâneo, ao contrário dos outros tipos de corrosão

mencionados. Quando não há isolamento ou aterramento, ou estes estão com alguma

deficiência, formam-se correntes de fuga, e quando elas escapam para o solo formam-se

pequenos furos nas instalações (MAINIER, 2001).

Esse modo de corrosão pode atuar nos vazamentos em tubulações de poços, associado à

corrosão eletroquímica de ferrugem (incrustações), sendo a fuga de corrente oriunda de

problemas no isolamento e aterramento das motobombas.

3.5.7. Rebaixamento do nível dinâmico

Em um manancial é evidente que o volume de água explorado seja fator preponderante

para o rebaixamento do nível dinâmico (ND) entre poços de uma mesma localidade. Nesse

sentido, o aumento do número de poços tubulares em operação contínua, para atender a uma

maior demanda populacional, certamente leva a uma interferência considerável entre eles, e,

portanto, maior rebaixamento de seus ND.

A exploração prolongada de uma bateria de poços causa a redução do aquífero e reflete

no rebaixamento dos níveis estáticos em toda a bateria (FREITAS et al., 2008). Nessas

condições de operação, é provável que em períodos de seca e de aumento do consumo de água

os motobombas sejam afetados por quedas de vazão acompanhadas pelo surgimento de bolhas

de ar na água geradas por vórtices na sucção. Isso pode acontecer quando há grande redução

do ND, e caso os poços não tenham proteção sobre as motobombas por eletrodos de nível.

Para tanto, é importante que se faça periodicamente o ajuste dos eletrodos do relé de

nível, a depender do rebaixamento do manancial medido através de sensor.

Com a redução de vazão e rebaixamento dos níveis, os conjuntos bombeadores saem de

seus pontos máximos de rendimento, e assim, ocorre um aumento do consumo de energia

elétrica por m³ de água explorada em um poço (NETTO et al., 2010). Esse processo gera

estresses elétricos e mecânicos, e se agrava com a falha das motobombas, exigindo medidas

que abrangem tanto os equipamentos (substituição para menor vazão) como os poços

tubulares, que podem chegar a ser desativados.

Page 60: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

60

3.5.8. Relação do NPSH para ocorrência de cavitação

A água, assim como qualquer líquido, exige determinadas condições de temperatura e

pressão para que seu estado de vapor se apresente. A propriedade da mudança de fase permite

com que o fluido coexista em suas fases líquida e gasosa, onde a temperatura de ebulição

diminui à medida que a pressão também se reduz.

Em decorrência dessa propriedade pode surgir o fenômeno da cavitação, que de acordo

com Santos (2007, p. 150) é a vaporização do fluido que acontece quando a pressão de um

escoamento diminui, por qualquer motivo, e alcança a pressão de vapor, correspondente a sua

temperatura. Em outras palavras, ao manter a temperatura da água constante, o fluido irá

cavitar quando a pressão for reduzida.

Isso pode acontecer em diversas situações, onde exista restrições de fluxo, aumento de

velocidade e escoamento turbulento, como em válvulas, placas de orifício, em rotores de

bombas e pás de turbina de reação, entre outros. As principais consequências da cavitação em

bombas são: Erosão do rotor; Diminuição drástica do rendimento; Vibrações e Ruídos

(SANTOS, 2007, p. 153). A erosão do rotor está associada à remoção de material pelos

mecanismos de danos “Wear erosion e abrasion” da Roda de Falhas.

O termo NPSH (do inglês net positive suction head) pode ser chamado de “altura livre

positiva de sucção”, conforme Filho (2009), que considera algumas definições,

O NPSHr (requerido) é uma característica da bomba e pode ser determinado por

testes de laboratório ou cálculo hidráulico, devendo ser informado pelo fabricante do

equipamento. O NPSHd (disponível) é uma característica do sistema e define-se

como sendo a disponibilidade de energia que um líquido possui, num ponto

imediatamente anterior ao flange de sucção da bomba, acima de sua tensão de vapor

(FILHO, 2009).

Segundo Filho (2009), para que não ocorra o fenômeno da cavitação, é necessário que a

energia que o líquido dispõe na chegada ao flange de sucção, seja maior que a que ele vai

consumir no interior da bomba, isto é, que o NPSH disponível seja maior que o NPSH

requerido, NPSHdNPSHr. Teoricamente é recomendada uma folga mínima de 5%, ou seja,

NPSHd1,05 x NPSHr, sendo esta folga limitada a um mínimo de 0,30m, isto é, 1,05 x NPSHr

NPSHr + 0,30m. Santos (2007, p.157) recomenda que essa diferença seja de pelo menos

0,50m.

Para evitar que aconteçam cavitações nas instalações de bombeamento alguns

procedimentos são elementares, tanto na fase de projetos como na de operação, a saber

(FILHO, 2009):

Tubulação de sucção a mais curta possível;

Escorvamento completo;

NPSHdNPSHr + 0,30m;

Medidas antivórtices;

Limitação da velocidade máxima de aspiração em função do diâmetro

(tabela 3.1);

Indicação clara da posição de abertura e de fechamento das peças especiais;

Page 61: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

61

Ligeira inclinação ascendente em direção à entrada da bomba nos trechos

horizontalizados (para facilitar o deslocamento das bolhas de ar na fase de

escorvamento);

Conexão da sucção com a entrada da bomba através de uma redução

excêntrica (também para facilitar o escorvamento);

Não projetar registros nas sucções positivas;

Emprego de crivos ou telas na entrada da sucção;

Emprego de válvula de retenção nas sucções positivas;

Tabela 3.1. Máximas velocidades de sucção.

Diâmetro (mm) Velocidade máxima (m/s)

50 0,75

75 1,10

100 1,30

150 1,45

200 1,60

250 1,60

300 1,70

400 1,80

Fonte: Filho (2009).

Um detalhe importante, é que bombas submersas ou afogadas podem ser aplicadas em

instalações com valores elevados de NPSHr, pois estas são dotadas de auto-escorvamento, o

que torna improvável a ocorrência de cavitação.

3.5.9. Vibrações no sistema de motobombas

As vibrações oriundas de qualquer um dos componentes de uma motobomba podem ser

transmitidas até a boca do poço, sendo identificados sensorialmente ou por auxílio de

instrumentos. Nas instalações de um sistema de bombeamento por poço, caso não exista

controle sobre o evento precursor de vibrações, aumentam-se as chances de colapso da

motobomba.

As vibrações do sistema estão relacionadas às seguintes causas de origem:

Desequilíbrio de massa dos elementos rotativos;

Variações hidráulicas, quando se opera fora do intervalo recomendado no projeto, ou

em estado de cavitação;

Atrito entre as partes fixas e rotativas;

Distúrbios da energia elétrica, que alteram a frequência de alimentação, podendo

resultar também em vibrações.

Page 62: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

62

3.5.10. Temperatura da água

As condições térmicas da formação produtiva dos poços tubulares são importantes na

prevenção de falhas prematuras de motobombas. Os dados sobre a temperatura de exploração

da água devem ser consultados nos registros de teste de produção geológica do poço, onde

será instalado o equipamento especificado para essa condição física. Em média, a temperatura

normal da água dos poços é de 30 a 40°C.

3.5.11. Pontos quentes nas instalações elétricas de poços

Em geral, os pontos quentes surgem devido à frouxidão mecânica nas conexões de

circuitos de potência, onde normalmente a corrente elétrica é alta. Quando existe uma alta

resistência elétrica, ou corrente anormal, a conversão de energia elétrica na forma de calor é

excedente, o que reduz a capacidade da carga de realizar trabalho, exigindo mais potência e

aumentando os riscos de danos às instalações elétricas.

Nas instalações elétricas, a temperatura dos contatos elétricos é diretamente

proporcional à corrente elétrica que os atravessa, devendo ser observado os limites

operacionais de temperatura dos contatos. Nesse sentido, os pontos quentes considerados

podem surgir no circuito de potência, desde o disjuntor do medidor de consumo até as

emendas dos terminais da motobomba, obedecendo as seguintes condições (FLUKE, 2014):

Cargas desequilibradas

Harmônicas (corrente da 3a no Neutro)

Sobrecarga dos sistemas/corrente excessiva

Conexões frouxas ou corroídas, que aumentam a resistência do circuito (normalmente,

um lado dos componentes é aquecido)

Falha no isolamento

Falha de componente

Erros de fiação (subdimensionamento)

Componentes abaixo das especificações (como fusíveis), que aquecem nos dois lados.

O registro de danos e falhas em circuitos de potência tem o intuito de melhorar o

planejamento e a execução de manutenções, baseado nisso, os eventos mais frequentes foram

registrados por meio de recortes de imagens diagnósticas, nas figuras 3.6, 3.7 e 3.8.

Page 63: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

63

Figura 3.6. Diagnóstico de ponto quente em emenda de cabo, PT-09 Bairro Cohabinal, em 23/06/2016.

Dessa figura, a falha ocorrida foi devido ao ponto quente identificado na emenda dos

cabos do motor submerso, próximo à boca do poço. A falha foi diagnosticada pelo desarme do

disjuntor ao tentar acionar a motobomba, onde, através de testes no Quadro de Comandos e

Proteção (QCP) verificou-se descontinuidade entre os terminais 1 e 2 do enrolamento do

motor. Na busca pela origem do problema, o mesmo teste foi realizado na emenda próxima ao

barrilete, sendo observada a continuidade entre os cabos do enrolamento do motor. Daí o

procedimento corretivo necessário foi levantar as colunas junto com a motobomba, de modo

que possibilitou refazer as emendas sobre o ponto quente.

A figura 3.7 ilustra uma falha em quadro de comandos e proteção com partida soft-

starter, onde se observou visualmente um ponto quente na fase “T” do disjuntor geral de 50A.

Figura 3.7. Diagnóstico de ponto quente em cabo do disjuntor, PT-20 Bairro Nova Parnamirim, em 08/11/2015.

A soft-starter apresentou em seu visor erro de temperatura, advertindo

sobreaquecimento. Outro dado notado com o poço fora de operação foi a vazão negativa, com

retorno de água da rede de distribuição provocada por problemas na válvula de retenção. A

correção da falha provocada pelo ponto quente se deu com a substituição do cabo danificado.

Page 64: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

64

Na figura 3.8, mostra-se um poço que estava operando de forma intermitente no

momento do teste da partida compensadora, onde foi identificada a corrente de 123,5 A nas

fases R e T de alimentação, cujo valor é muito alto para a especificação do motor de 15 cv.

Figura 3.8. Diagnóstico de descontinuidade entre terminais do enrolamento do motor, com sobrecarga nas fases

R e T, PT-17 Bairro Nova Parnamirim, em 06/01/2016.

No diagnóstico da falha, a outra fase (S) da motobomba apresentou descontinuidade

com as outras fases no enrolamento das bobinas, assim como valor zero de corrente. Como

alternativa para a correção, a motobomba foi substituído por um com vazão de 50m³/h para

uma altura manométrica de 71mca.

Além de problemas de conexão e emenda de cabos, parte das causas de pontos quentes é

oriunda de distúrbios da rede de energia elétrica, afetando principalmente a tensão e a corrente

elétrica em sistemas mais sensíveis, como soft-starter e inversor de frequência.

3.5.12. Temperatura de condutores em instalações elétricas

O limite de temperatura em regime permanente é considerado a propriedade

fundamental para determinar a capacidade de condução de corrente de um cabo, sendo

quantificado pela maior temperatura que a isolação pode alcançar em modo contínuo de

serviço normal.

De acordo com Norma Brasileira Regulamentadora – NBR 5410 (2005), da ABNT, que

trata sobre instalações elétricas de baixa tensão, para que a proteção dos condutores contra

sobrecargas fique assegurada, as características de atuação do dispositivo destinado a provê-la

(a exemplo do relé térmico) devem obedecer às condições:

(3.2)

e (3.3) zii 45,12

znB iii

Page 65: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

65

Onde:

IB é a corrente de projeto do circuito;

Iz é a capacidade de condução de corrente dos condutores, nas condições previstas para

sua instalação (ver 6.2.5 NBR 5410);

In é a corrente nominal do dispositivo de proteção (ou corrente de ajuste, para

dispositivos ajustáveis), nas condições previstas para sua instalação;

I2 é a corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou corrente convencional de

fusão, para fusíveis.

A condição posta pela equação 3.3, sobre as correntes i2 e iz, se aplica quando forem

assumidos os seguintes limites estabelecidos para o tempo de sobrecarga: as temperaturas

máximas especificadas, em função da isolação de condutores em regime operacional de

sobrecarga, não devem superar 100 horas durante doze meses consecutivos, nem superar 500

horas durante a vida do condutor (ABNT-NBR 5410, 2005). Quando esses limites não forem

atendidos prevalecerá a condição i2 ≤ iz.

O quadro 3.3 orienta os limites de temperatura para a capacidade de condução de

energia elétrica em alguns tipos de cabos, em funcionamento contínuo normal.

Quadro 3.3. Temperaturas características de condutores com diferentes tipos de isolação. Fonte: ABNT, NBR

5410 (2005).

A capacidade de condução de corrente deve ser determinada conforme o item 6.2.5.2.2

ou 6.2.5.2.3 da ABNT-NBR 5410 (2005).

3.5.13. Máximas Temperaturas Admissíveis para instalações elétricas de motobombas

Os valores de Máxima Temperatura Admissível (MTA), são limites de temperatura nas

quais componentes operam em regime permanente sem haver danos severos. O quadro 3.4

mostra alguns itens utilizados em instalações elétricas de motobombas submersas, com suas

respectivas MTA em °C, considerando uma temperatura ambiente de 30ºC.

Page 66: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

66

ITEM MTA (ºC)

Bobina de contactor 100

Conexões e Fusíveis 90

Régua de bornes 70

Condutores com isolação em PVC 70

Condutores com isolação em EPR 90

Chaves seccionadoras de média AT 50

Conexões de média ou AT 60

Bobinado de motores de indução classe F 155

Carcaça de motores de indução classe F 90

Quadro 3.4. MTA para itens de instalações elétricas de motobombas submersas. Fonte: CAERN, Regional Natal

Sul.

Nas medições realizadas em quadros de comandos, a temperatura ambiente é um fator

importante a ser considerado, visto que pode afetar no estresse térmico de componentes em

funcionamento e com isso no alcance da MTA.

Em um motor de indução trifásico o desequilíbrio de tensão entre as fases da ordem de 2

a 3% é responsável por um desequilíbrio de corrente da ordem de 17%, com um aumento da

temperatura em cerca de 30°C, levando ao sobreaquecimento do enrolamento do motor. A

cada 10ºC de sobreaquecimento acima da MTA, reduz-se sua vida útil em 50% (BELCHIOR,

2011). O quadro 3.5 representa os desequilíbrios de tensão, corrente e temperatura para um

motor de indução com especificação indicada.

Quadro 3.5. Exemplo de efeitos dos desequilíbrios de tensão em motor de indução trifásico. Fonte: Belchior,

2011.

O desequilíbrio de tensão é o fenômeno associado a alterações dos padrões trifásicos do

sistema de distribuição (ANEEL, 2016). O principal problema desses desequilíbrios é a

redução da qualidade da energia e o aumento das conversões na forma de calor.

3.6. PROBLEMAS DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA

É notório que a sustentabilidade do planeta está intimamente dependente das perdas de

energia provocadas pelas demandas crescentes de consumo, posto quando ainda existe uma

infinidade de equipamentos industriais e sistemas elétricos que são alimentados por energia

elétrica de má qualidade.

Page 67: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

67

Na indústria isso reflete em equipamentos que operam por meio de automação com

eletrônica embarcada e microprocessadores que tornam os sistemas mais sensíveis,

obedecendo à processos produtivos cada vez mais rigorosos.

Diante da definição é preciso entender que a qualidade da energia na indústria não está

associada ao funcionamento ininterrupto de máquinas ou equipamentos. Para o caso do

segmento de abastecimento d’água a produção é voltada para que os consumidores não sejam

afetados pela falta d’água, que pode ocorrer devido aos diversos modos de falhas elétricas.

Os aspectos indicadores da Qualidade de Energia Elétrica (QEE) em regime permanente

ou transitório, estão relacionados no módulo Prodist, ANEEL (2016):

a) tensão em regime permanente;

b) fator de potência;

c) harmônicas (distorções);

d) desequilíbrio de tensão;

e) flutuação de tensão;

f) variações de tensão de curta duração;

g) variação de frequência.

As definições relativas à QEE constam no Módulo 1 Prodist – Introdução (ANEEL,

2016). Em sistemas compostos basicamente de quadro de comandos elétricos, condutores,

motobomba (carga) e válvulas mecânicas de barrilete, há cada vez mais uma certa

dependência dos padrões de qualidade de energia, ao passo que são prejudicados por

distúrbios suprarelacionados, com destaque para surtos, variação de tensão, presença de

harmônicas e inconsistência do fator de potência das instalações.

O gráfico 3.3 mostra estimativas de como um distúrbio de falta de energia afeta os

custos de produção, em um tempo menor que 1 minuto, para diferentes setores industriais

(quadro 3.6).

Gráfico 3.3. Custos estimados para interrupção de processo por um intervalo inferior a 1 minuto. Fonte: Oliveira

(2014).

Page 68: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

68

Quadro 3.6. Discriminação dos setores da indústria, relativa ao gráfico 3.3. Fonte: adaptado, Oliveira (2014).

3.6.1. Distúrbios da energia elétrica em instalações de motobombas

A alteração da QEE passa por algumas mudanças como da amplitude e da frequência

constante na forma da onda senoidal, que é de 60 Hz no Brasil. As deformações afetam a onda

de grandezas elétricas provocando o mau funcionamento de equipamentos elétricos ou

causando falha, quer seja em condições de regime transitório ou permanente num sistema

elétrico. A geração e presença de outras frequências, que divergem da fundamental (60Hz),

distúrbios, ruídos e interrupções, são motivos de alteração do padrão de qualidade da energia

(MARTINHO, 2009, p.18).

A procura por manter a máxima eficiência de equipamentos no sistema produtivo ocorre

por uma preocupação sobre a falta de qualidade da energia, expressa através de alguns termos

como: surto, ruído, afundamento e elevação de tensão, interrupção, harmônica, entre outros.

As distorções harmônicas provocam efeitos indesejados no funcionamento de diversos

equipamentos, tais como: sobreaquecimento, elevação de perdas e redução da vida útil de

cabos e transformadores, redução do rendimento de motores trifásicos, ressonância em bancos

de capacitores, mal funcionamento de dispositivos de proteção, entre outros (ANEEL, 2011).

Ao destacar as harmônicas, na prática, elas aumentam a potência aparente e assim

diminuem o fator de potência global. As mesmas devem ser tratadas, por exemplo, filtrando-

as antes do deslocamento de fase ser corrigido, com a instalação de capacitores em paralelo

com as cargas indutivas (MINIPA, Manual 2014).

Conforme o manual Minipa (2014), isso se aplica quando o circuito em questão é

indutivo, tendo um fator de potência atrasado, com a corrente atrasada em relação à tensão (

e Sin são ambos “+”). No oposto, um circuito capacitivo é dito ter um fator de potência

adiantado pois a corrente está adiantada em relação à tensão ( e Sin são ambos “-”). Nos

casos sem distúrbios por harmônicas, é também chamado de ângulo de deslocamento de

fase da corrente em relação a tensão (MINIPA Manual, 2014, p.7).

Setores da indústria

A – Saúde L – Computadores

B – Gás M – Engenharia

C – Papel N – Equipamentos de Transporte

D – Órgãos Públicos O – Órgãos de Financiamento

E – Transportadoras P – Centros de Negócios

F – Comércio Atacadista Q – Mineração

G – Madeireiras R – Equipamentos Eletrônicos

H – Químicas S – Equipamentos Instrumentação

I – Plásticos/Borrachas T – Refinarias de Petróleo

J – Extração de Petróleo U – Siderúrgicas

K – Produtos Alimentícios V – Têxtil

Page 69: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

69

O quadro 3.7, adaptado de Paulillo (2013), apresenta uma síntese sobre as

características típicas dos principais distúrbios da QEE, sendo destacados em negrito aqueles

relacionados às possíveis falhas recorrentes nas instalações elétricas de motobombas (ver

quadro 2.1).

Distúrbios Causas Efeitos Soluções

Transitórios

impulsivos

*Descargas atmosféricas;

*Chaveamentos de cargas

e/ou dispositivos de

proteção.

*Excitação de circuitos ressonantes;

*Redução da vida útil de motores,

geradores, transformadores, etc.;

*Erros de processamento e perdas de

sinais.

*Filtros;

*Supressores de

surtos;

*Transformadores

isoladores;

Transitórios

oscilatórios

*Descargas atmosféricas;

*Chaveamentos de

capacitores, linhas, cargas

e transformadores;

*Transitórios impulsivos.

*Mau funcionamento de equipamentos

controlados eletronicamente, conversores

de potência, etc.;

*Redução da vida útil de motores,

geradores, etc.

*Filtros;

*Supressores de

surtos;

*Transformadores

isoladores;

Sub e

sobretensões

*Partidas de motores;

*Variações de cargas;

*Chaveamento de

capacitores;

*TAPs de

transformadores ajustados

incorretamente.

*Pequena redução na velocidade dos

motores de indução e no reativo dos

bancos de capacitores;

*Falhas em equipamentos eletrônicos;

*Redução da vida útil de máquinas

rotativas, transformadores, cabos,

disjuntores, TPs e TCs;

*Operação indevida de relés de proteção,

motores, geradores, etc.

*Reguladores de

tensão;

*Fontes de energia de

reserva;

*Chaves estáticas;

*Geradores de

energia.

Interrupções

*Curto-circuito;

*Operação de disjuntores;

*Manutenção.

*Falha de equipamentos eletrônicos e de

iluminação;

*Desligamento de equipamentos;

*Interrupção do processo produtivo (altos

custos).

*Fontes de energia

sobressalentes;

*Sistemas “no-break”;

*Geradores de

energia.

Desequilíbri-

os

*Fornos a arco;

*Cargas monofásicas e

bifásicas; Assimetrias

entre as impedâncias;

*Falta de transposição de

linhas de transmissão.

*Redução da vida útil de motores de

indução e máquinas síncronas;

*Geração, pelos retificadores, de 3º

harmônico e seus múltiplos.

*Operação simétrica;

*Dispositivos de

compensação.

Nível CC

*Operação ideal de

retificadores de meia

onda, etc.

*Saturação de transformadores;

*Corrosão eletrolítica de eletrodos de

aterramento e de outros conectores.

SOLUÇÃO NÃO

APRESENTADA

Harmônicos *Cargas não lineares.

*Sobreaquecimento de cabos,

transformadores e motores de indução;

*Danificação de capacitores, etc.;

*Operação indevida de disjuntores, relés,

fusíveis, etc.

*Filtros;

*Transformadores

isoladores;

*Reatores de linhas.

Inter-

harmônicos

*Conversores estáticos de

potência

*Cicloconversores

*Motores de indução

*Equipamentos a arco,

etc.

*Interferência na transmissão de sinais

Carrier;

*Indução de flicker visual no display de

equipamentos.

SOLUÇÃO NÃO

APRESENTADA

Notching *Equipamentos

eletrônicos de potência.

*Operação indevida de dispositivos de

medição e proteção.

SOLUÇÃO NÃO

APRESENTADA

Ruídos

*Chaveamento de

equipamentos eletrônicos

de potência;

*Radiações

eletromagnéticas.

*Distúrbios em equipamentos eletrônicos

(computadores e controladores

programáveis).

*Aterramento das

instalações;

*Filtros.

Flutuações de

tensão

*Cargas intermitentes;

*Fornos a arco;

*Partidas de motores.

*Flicker;

*Oscilação de potência e torque nas

máquinas elétricas;

*Sistemas estáticos de

compensação de

reativos;

Page 70: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

70

*Queda de rendimento de equipamentos

elétricos;

*Interferência nos sistemas de proteção.

*Capacitores em série.

Variação de

frequência

*Perda de geração, perda

de linhas de transmissão,

etc.

*Danos severos nos geradores e nas

palhetas das turbinas, etc. podem ocorrer.

SOLUÇÃO NÃO

APRESENTADA

Quadro 3.7. Classificação e destaque dos principais distúrbios da QEE associados a danos nas instalações de

motobombas. Fonte: Adaptada de Paulillo (2013) em O Setor elétrico.

Os distúrbios elétricos apresentam outras características relacionadas à distribuição em

função da frequência, ao conteúdo espectral, duração e magnitude (PAULILLO, 2013, O

Setor elétrico).

Segundo Martinho (2009, p.27), a onda que surge da geração de energia deve obedecer

uma senóide sem deformações, onde as fases devem estar simetricamente defasadas entre si,

com nível de tensão adequado, forma de onda e frequência, não importando se a ligação

trifásica seja em estrela ou em triângulo. Distúrbios ligados à deformação da onda senoidal e a

variações acima do limite de 5% da frequência fundamental de 60Hz, comprometem a

funcionalidade de equipamentos mais sensíveis, devido a um efeito dominó que acompanha o

sinal ondulatório desde a geração da energia elétrica (MARTINHO, 2009, p.28).

A suscetibilidade às descargas atmosféricas, intempéries e curto circuitos causados por

pequenos animais também deve ser motivo de preocupação na indústria, uma vez que causam

instabilidades através de grandes variações de tensão, surtos, paradas, entre outros.

É provável que esses distúrbios afetem a qualidade da tensão e corrente de alimentação

de motobombas em instalações elétricas de poços, levando a estados de comprometimento da

vida útil dessas cargas e das chaves de acionamento eletrônicas (Soft-starter e inversor de

frequência). As chaves eletrônicas de acionamento possuem maior sensibilidade frente às

variações de sinais elétricos, e aos procedimentos implícitos a um período de segurança para

estabilização das distorções na rede da concessionária de energia elétrica.

As chances de falhas antecipadas, em sistemas de motobombas, aumentam quando os

distúrbios elétricos atuam em conjunto com outros mecanismos de danos, associados à

temperatura e estresse.

3.6.2. Distúrbios em inversores de frequência

Um estudo feito pela Electric Power Research Institute (EPRI) indica o nível de

sensibilidade de acionadores de corrente contínua, conhecidos como inversores, a partir de

88% da tensão nominal (MARTINHO, 2009, p.41).

Os inversores de frequência são casos típicos de equipamentos que podem tanto ser

afetados por distúrbios da QEE quanto podem gera-los, sendo caracterizados como poluidores

elétricos, conforme Martinho (2009, p.15). Nessa particularidade, a forma da onda distorcida

pelo inversor é para garantir o controle de uma carga, porém, ao receber tensão com forma de

onda distorcida deixa de funcionar corretamente. Mesmo esse tipo de equipamento sendo

capaz de maximizar o desempenho de máquinas e motores, geram-se distorções sobre a

Page 71: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

71

energia distribuída nas linhas próximas desses equipamentos, devido às correntes harmônicas,

que podem afetar outros aparelhos eletrônicos mais sensíveis.

Ao dar seguimento a essa ideia, a compatibilidade entre a fonte de energia e o

equipamento elétrico ligado a essa é essencial para atender as demandas operacionais, o que

caracteriza a QEE.

3.7. CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO DE MOTOBOMBAS

O fornecimento de energia com problemas de geração deriva em fases desequilibradas,

presença de harmônicas e picos de tensão, além das variações de estresse sobre os

motobombas, causadas pelo grande número de acionamentos que o sistema possa ter. Como

principais efeitos, ocorre o superaquecimento do motor e da fiação elétrica, surgindo pontos

quentes, sendo esses problemas atenuados através das: melhoria da QEE na distribuição;

instalação de soft-starters e inversores de frequência para controle de velocidade do motor; e

correção do fator de potência.

O sobreaquecimento pode partir de uma causa própria da motobomba, neste caso, um

problema de sobrecarga pode estar relacionado com o enrolamento do motor, com

deficiências na isolação, e/ou bombeadores danificados. Quando ocorre queda de tensão

durante operação de motores submersos, o próprio equipamento solicita mais corrente

elétrica, para manter a potência de trabalho, mesmo afetando a qualidade da energia

convertida em potência mecânica no eixo. Em geral, esse problema é causado por fiação

longa e de secção fina, acarretando dissipação de energia por aquecimento, o que caracteriza o

chamado “efeito Joule” em condutores mal dimensionados. Com base nisso, a isolação do

enrolamento do motor se degrada e perder sua função, chegando a queima-lo.

As condições para medição e os fatores que afetam a resistência de isolamento de

motores trifásicos são descritas no item 6 da NBR 5383-1 (ABNT, 2002).

A falta de fase em unidades consumidoras é uma falha com origem no percurso da rede

elétrica de alimentação. Em redes trifásicas, esse incidente faz com que as fases restantes

induzam uma fase "fantasma" na bobina do enrolamento do motor, que eleva os valores de

corrente nas outras duas fases, provocando sua queima. Esse comportamento lembra a função

de um gerador, onde a corrente em uma segunda bobina é induzida com sentido invertido. A

prevenção do problema se dá por meio de proteção instalada no circuito acionador do motor,

utilizando relé de falta de fase para evitar que o motor seja alimentado eletricamente de forma

incorreta.

3.7.1. Fator de Serviço (FS)

O Fator de Serviço (FS) representa a porcentagem na qual um motor consegue trabalhar

acima de seu valor nominal de corrente, sendo essa informação localizada na placa do motor.

A exemplo de motobombas submersas, existem valores como 1.0, 1.1, 1.15, 1.20, sendo o

primeiro um caso em que a tolerância é zero para sobrecarga no motor, ou seja, ele só pode

Page 72: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

72

trabalhar em corrente nominal. Para um motor de corrente nominal igual a 44,6 A, e fator de

serviço de 1.15, sua corrente máxima de operação será de 51,3 A, havendo sobrecarga e até

queima do equipamento caso esse valor seja ultrapassado.

Adotando o valor do FS é possível calibrar o valor de sobrecarga de relés térmicos e a

parametrização de Soft-starts ou inversores de frequência para desativá-los antes de atingir a

corrente máxima de operação, com isso, evitando danos aos sistemas de acionamentos e até a

queima do motor. Uma forma de obter o fator de serviço conhecendo os valores de corrente

elétrica máxima e nominal é a partir da expressão:

(3.4)

3.7.2. Variação de tensão

A definição dos valores admitidos para variação de tensão na distribuição de energia

elétrica é vista em regra que consta na resolução n.°505 da ANEEL, a qual tem o papel de

fiscalizar os parâmetros de qualidade aceitáveis da energia fornecida pelas concessionárias.

Os parâmetros máximos de variação de tensão permitidos à concessionária de energia se

encontram entre 95% e 105% do valor nominal de operação, para a maioria dos níveis de

tensão aplicados (ANEEL, 2016).

Numa rede de distribuição de energia elétrica é permitido variações de até +/- 10% em

sua amplitude para que ela seja confiável. Assim, nas unidades consumidoras trifásicas

(380V) as faixas de variação da tensão nominal obedecem aos valores do quadro 3.8.

Quadro 3.8. Tensão nominal de atendimento para intervalos de variações em pontos de conexão igual ou

inferior a 1 kV (380/220). Fonte: Módulo Prodist (ANEEL, 2016, p.33).

Este quadro pode se aplicar nas medições baseadas na ficha de inspeção e modelo de

checklist para poços, permitindo a consulta dos valores de referência de tensão nominal para

efeito comparativo com o valor medido em campo.

Conforme Martinho (2009, p.39) o chaveamento de cargas de potência elevada

demanda uma energia extra da rede ao serem acionadas, o que provoca redução da tensão. O

mesmo ocorre no acionamento de bancos de capacitores de cargas de grande potência. A

desenergização causa o efeito contrário ao afundamento, elevando a tensão.

Para oferecer maior estabilidade na tensão de alimentação é fundamental separar

circuitos de potência e comando, além do uso de condicionadores de energia (UPS) de até

25% (MARTINHO, 2009).

1

n

nmáx

i

iiFS

Page 73: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

73

3.7.3. Sobretensão e Subtensão

O aumento de tensão acima dos níveis suportáveis danifica o componente, o qual fará

com que o equipamento a ele ligado também pare de funcionar, causando uma parada de

produção.

De acordo com Martinho (2009, p.49), uma elevação de tensão de intensidade pequena,

que seja suportada pelos equipamentos, acarreta outros distúrbios, como o desperdício de

energia e a diminuição da vida útil dos equipamentos alimentados pela linha alterada. Isso

acontece porque a sobretensão, ou a elevação de tensão, aquece os equipamentos ligados à

rede, e se o aquecimento não danificar o equipamento, diminui a sua vida útil, sendo mais

prejudicial que o afundamento de tensão.

Nesse âmbito, é importante destacar os significados dos termos sobretensão e subtensão,

Dentro da categoria de variação de tensão de longa duração, caracterizada por

variações que acontecem em torno do valor nominal por períodos maiores que um

minuto, estão os termos overvoltage ou sobretensão, quando o valor ultrapassa 10%

do valor nominal de tensão, sendo típico chegar até 20% da tensão nominal, e

subtensão ou undervoltage, quando atinge valores inferiores a 90% da tensão

nominal (MARTINHO, 2009, p.51).

Na prática, esses percentuais relativos à tensão nominal de uma instalação podem ser

confrontados com os valores de referência, constantes no quadro 3.8.

3.7.4. Potência elétrica

Na instalação elétrica de uma motobomba a potência aparente pode ser calculada com o

auxílio de um alicate amperímetro, por meio do qual é realizada a medição das correntes e das

tensões entre as fases do motor, e feito o produto entre elas, ou ainda de forma direta, através

da medição com alicate wattímetro. A título de exemplo, a tabela 3.2 mostra a potência

aparente total obtida da soma das potências aparentes.

Tabela 3.2. Potência aparente de uma instalação elétrica de motobomba.

Com esse dado de potência aparente, e conhecendo-se o fator de potência da instalação,

é possível calcular o valor da potência ativa.

FASE Corrente (A) Tensão (V) Potência (KVA)

R 28,3 380 10,7

S 27,1 382 10,3

T 28,9 380 10,9

Potência aparente total 32

Page 74: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

74

3.7.5. Correção do Fator de Potência (FP)

A correção do Fator de Potência (FP) é uma prática que evita cargas indutivas na rede

elétrica, isso beneficia por um lado o dimensionamento adequado de cabos para a carga

instalada, na redução de custos com o uso de cabos de menor bitola.

A correção do FP é uma exigência das concessionárias de energia sobre grandes

consumidores, sobre a qual devem ficar atentos às multas aplicáveis em caso de

irregularidades. Normalmente as concessionárias de energia elétrica cobram o excedente de

energia reativa se o FP for menor que 0,92.

Para unidade consumidora ou conexão entre distribuidoras com tensão inferior a 230

kV, o fator de potência no ponto de conexão deve estar compreendido entre 0,92 e 1,00

indutivo ou 1,00 e 0,92 capacitivo, de acordo com regulamentação vigente do módulo Prodist

(ANEEL, 2016). A figura 3.9 ilustra o triângulo retângulo de potência, como forma genérica

de expressar as relações de potência sobre uma instalação elétrica.

Figura 3.9. Triângulo de potência. Fonte: WEG (2009, p.7).

O valor do FP é calculado utilizando as potências medidas ou as energias (EA, ER) a

partir das equações 3.5 e 3.6, onde S é a potência aparente; P é a potência ativa; e Q é a

potência reativa (ANEEL, 2016).

(3.5)

(3.6)

Para cargas lineares, o FP também pode ser definido como sendo igual ao cosseno do

deslocamento de fase do ângulo , de acordo com a equação 3.6.

22 EREA

EAFP

22 QP

PFP

P

Qarctg

S

PFP coscos

Page 75: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

75

3.8. PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

Ao saber que um dos objetivos deste trabalho é propor uma sistemática de manutenção

com base na metodologia de Roda de falhas, este capítulo irá expor alguns conceitos sobre

manutenção e preparar o leitor para o que será abordado dentro do panorama metodológico

proposto no trabalho.

3.8.1. Funções e considerações sobre a manutenção

Por definição, a manutenção é a combinação de ações técnicas, administrativas e de

supervisão, que tem por finalidade manter ou recolocar um item em um estado no qual possa

desempenhar uma função requerida, ou seja, fazer o que for preciso para assegurar que um

equipamento ou máquina opere dentro das condições mínimas de especificações (ABNT-

NBR 5462, 1994).

Segundo Koyano (2002), algumas funções básicas são atribuídas à atividade de

manutenção:

Repor ao equipamento a sua condição normal de operação;

Melhorar a segurança da operação;

Classificar os grupos, famílias e sistemas de manutenção;

Determinar os itens significativos;

Classificar as falhas;

Determinar as tarefas de manutenção.

Nesse sentido, o controle operacional constante das instalações industriais faz parte de

uma das mais eficazes funções da manutenção na prevenção de falhas, onde entram as ações

de inspeção e reparo para garantir a conservação e as boas condições de funcionamento das

instalações e de instrumentação das unidades produtivas.

Mesmo com toda a tecnologia, instrumentação e conhecimento disponíveis, ainda se

sustenta, nos tempos de hoje, a falsa opinião de imprevisibilidade da parada de um sistema ou

equipamento, quando é possível estimar a falha baseado na previsão da vida útil, dada pelo

fabricante. É preciso abolir a ideia de que o bom reparo é aquele que resolve o problema, ou

seja, o efeito, invés disso, o ideal seria assumir a ideia do impedimento de falhas para resolver

a causa do problema, algo que exige um caminho metodológico a percorrer pela engenharia

de manutenção.

3.8.2. Engenharia de Manutenção

Pôr em prática a Engenharia de Manutenção corresponde a uma quebra de paradigma e

uma mudança cultural sobre a manutenção na maior parte das empresas. A procura pelas

causas do mau desempenho e das falhas em equipamentos constitui o fundamento para evitar

consertos recorrentes. Na direção crescente da confiabilidade a engenharia de manutenção

Page 76: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

76

proporciona a melhoria dos padrões de performance de equipamentos, e maior

disponibilidade, favorecendo através da mantenabilidade retornos ao gerenciamento de

recursos materiais e humanos.

Esses recursos devem satisfazer de modo sistematizado a gestão dos custos sobre os

ativos, mediante as técnicas de manutenção e mão de obra especializada, e através da

aquisição e substituição de itens e ferramentas de forma eficiente. Nesse contexto, tomando o

exemplo tratado por Kardec e Nascif (2009), onde uma determinada planta industrial adota

Manutenção Preventiva para um conjunto de redutores de uma torre de refrigeração:

Sabemos que a estimativa mais acertada de tempo para as intervenções é

extremamente difícil, porque nesse tipo de equipamento a vida de diversos

componentes é diferente, apesar do pequeno número de componentes. Os

rolamentos têm uma vida diferente dos retentores que, por sua vez, têm vida

diferente das engrenagens. [...] No momento em que a estrutura de Manutenção

dessa planta estiver utilizando para análises estudos e proposição de melhorias,

todos os dados que o Sistema de Preditiva colhe e armazena, estará praticando a

Engenharia de Manutenção. A Engenharia de Manutenção utiliza dados adquiridos

pela Manutenção, para melhorar sempre (KARDEC e NASCIF, 2009).

Essa diferença de vida útil entre os componentes de redutores faz com que ocorra um

excesso de intervenções e trocas de itens com “meia vida”, ainda em boas condições de

trabalho. Os custos desnecessários com sobressalentes e sucessivas intervenções nos

equipamentos devem ser ponderados sob o aspecto das vantagens de um custo em relação ao

outro. Na situação apresentada, os ganhos com a adoção da preditiva no acompanhamento do

conjunto de redutores são garantidos por resultados globais mais satisfatórios. Dessa forma,

Kardec e Nascif (2009) afirmam, que o número de intervenções cairá drasticamente, o

consumo de sobressalentes também e o número de homens-hora alocado a esses

equipamentos, consequentemente, também será reduzido.

A qualidade atribuída ao acompanhamento preditivo está nos subsídios fornecidos pelos

dados relacionados ao acompanhamento, contendo histórico de medições e coletas de

parâmetros operacionais de uma planta, as curvas de tendência, e outras tantas informações de

importância para as pessoas que compõem a equipe de manutenção. Apesar disso, alguém que

esteja praticando Manutenção Corretiva não planejada terá um longo caminho a percorrer

para chegar a praticar Engenharia de Manutenção. E o maior obstáculo a ser vencido estará na

“cultura” que está sedimentada nas pessoas (KARDEC e NASCIF, 2009).

Numa empresa, o desenvolvimento de um programa de manutenção de ativos consiste

basicamente em determinar os métodos de manutenção adequados para cada estado funcional,

em registrar as tarefas de inspeção periódicas com medição de parâmetros operacionais, e os

danos e falhas na linha do tempo dos equipamentos. Paralelo a isso, atuam as medidas

manutentoras, que incluem as inspeções, prevenções, correções e substituições de itens. O

histórico, concebido por meio do registro de inspeções e das falhas, é um recurso útil na

tomada de decisões mais assertivas em outras intervenções, ao lado do conhecimento das

especificações dos equipamentos avaliados e da seleção dos métodos de manutenção mais

apropriados.

Page 77: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

77

O cumprimento de ordens de serviço prontas, sem a inclusão da evolução de um dado

item, costuma não representar essencialmente a melhor solução para os problemas, ainda mais

se o tipo de manutenção atribuída for a corretiva. A execução de um programa de manutenção

planejada condizente com as características operacionais de um sistema, dotado de pessoal

especializado, de instrumentação e dados, consegue facilmente aumentar a produtividade, a

disponibilidade de itens e a redução de custos.

As definições dos principais tipos de manutenção estão na próxima seção deste capítulo,

conforme subdivisões ilustradas na figura 3.10.

Figura 3.10. Subdivisão tipológica da manutenção.

3.8.3. Manutenção corretiva

A manutenção corretiva, conhecida também como reativa, pode ser entendida como a

manutenção não planejada, que tem o objetivo de localizar e reparar defeitos em

equipamentos que operam em regime de trabalho contínuo (ALMEIDA; SOUZA, 2001). Em

linhas gerais, pode-se dizer que as empresas do início do século XX não possuíam métodos de

gerenciamento com estratégias de manutenção baseadas na condição dos ativos.

No contexto da produção industrial, a manutenção corretiva visa o atendimento

imediato à produção, sendo que, além de instalações que operam em regime contínuo, ela

atende as instalações que trabalham em regime intermitente, pois estas também possuem valor

agregado à produção. Conforme Almeida e Souza (2001), pode-se entender duas formas de se

operar com manutenção não planejada:

Manutenção de Emergência: é aquela em que, constatado o defeito ou a falha, o

atendimento deve ser feito de imediato, para recolocar o equipamento em

funcionamento normal.

Manutenção Organizada por Fila Baseada em Prioridade: é feita registrando as falhas

dos equipamentos e ordenando-as seguindo determinados critérios de priorização.

Planejamento da manutenção

Manutenção Planejada

Manutenção Preventiva

Manutenção preditiva (função da condição)

Manutenção Detectiva

Manutenção não planejada

Manutenção Corretiva

Page 78: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

78

A priori, a manutenção não planejada oferece uma estrutura e um custo organizacional

menor em relação à prevenção de falhas, dispondo-se apenas a atender os itens que

apresentaram dois tipos de eventos: redução da performance esperada, ou falha. A correção a

posteriori da falha demanda, principalmente:

Reposição urgente de itens/equipamentos

Mão de obra extra (dependendo da dimensão da falha)

Horas extras de trabalho

Ônus econômico pela parada na produção.

Numa hipótese de várias falhas de produção ocorrerem, ao mesmo tempo, numa bateria

de poços voltados para o abastecimento, alguns seriam induzidos a entrarem numa fila de

espera por prioridade, enquanto outros seriam atendidos através do reparo ou substituição dos

itens afetados. Esse agravamento traria prejuízos à produção e aos consumidores envolvidos,

o que reduziria a arrecadação devido à exclusividade corretiva dos trabalhos de manutenção.

3.8.4. Manutenção detectiva

A partir da década de 1990 a manutenção detectiva começou a fazer referência na

literatura, sendo definida pela atuação em sistemas de produção buscando detectar falhas

ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de operação e manutenção (KARDEC e NASCIF

(2009). Tarefas de verificação de sistemas de proteção em funcionamento configuram a

manutenção detectiva. Em sistemas complexos devem ser executadas por profissional com

treinamento e habilitação na área de manutenção, auxiliado pelo pessoal de operação. Kardec

e Nascif (2009) exemplificam o caso do botão de teste de lâmpadas de sinalização e alarme

em painéis. Esse tipo de ação colabora na garantia da confiabilidade do sistema.

O aproveitamento de computadores, instrumentação e sistemas supervisórios, assistidos

por especialistas, é cada vez maior no controle operacional e detecção de falhas ocultas, o que

leva à conservação de tipos distintos de plantas industriais, muitas vezes sem tirá-los de

operação.

3.8.5. Manutenção preventiva

Segundo Koyano (2002), na manutenção programada com intervalos fixos, preventiva,

as intervenções sobre máquinas e equipamentos são programadas com base no histórico de

falhas e na economicidade. Passa pela simples lubrificação e ajustes de máquinas e de

equipamentos, chamada de manutenção de primeira linha, até o recondicionamento de todos

os itens e sistemas da planta industrial.

Muitas vezes, equipamentos de série já vêm com a sua programação de manutenção

elaborada pelo fabricante. Para sistemas mais complexos cabe à gestão de manutenção

elaborar um programa de manutenção preventiva, com cronogramas direcionados aos planos e

ao controle de manutenção.

Page 79: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

79

De forma antecipada, busca-se com a manutenção preventiva (KOYANO, 2002):

A programação da manutenção baseada em uma distribuição de falhas;

Reduzir paradas não programadas por falhas dos equipamentos;

Aumentar o tempo de disponibilidade dos equipamentos;

Reduzir o trabalho de emergência não planejado;

Impedir o aumento dos danos;

Estipular a vida útil média dos componentes de um equipamento;

Aumentar o grau de confiança no desempenho de um equipamento ou linha de

produção;

Determinar previamente as intervenções de fabricação para cuidar dos equipamentos

que precisam de manutenção.

A manutenção preventiva não leva em consideração a maximização do uso de peças ou

componentes, mas um conjunto de atividades que minimizam o custo total em relação à

ocorrência da falha.

Tinga (2010) esclarece que a eficiência de um processo de manutenção preventiva

depende em grande parte da medida da capacidade de se preverem os intervalos de

substituição de componentes. Em seu artigo, propõe dois novos conceitos de manutenção que

combinam as vantagens dos tradicionais conceitos estáticos e de manutenção baseada em

condição. Nesses novos conceitos, aplica-se o perfil de utilização ou de carga como parâmetro

de monitoramento durante o serviço para realizar uma avaliação física com base no modelo

do estado do sistema. Os diferentes conceitos são aplicados a um estudo de caso de turbina à

gás para ilustrar seus benefícios.

Laggoune et al. (2010) ressaltam que a perda produtiva comumente é grande quando

ocorrem paradas em unidades de produção contínuas, estando sua rentabilidade econômica

condicionada pela aplicação de política de manutenção adequada, que poderia aumentar a

disponibilidade e reduzir os custos operacionais.

A respeito de poços d’água e motobombas submersas, a manutenção preventiva pode

ser aplicada em casos importantes para identificação de falhas ocultas, com chances de gerar

falhas catastróficas. Em algumas situações observadas em concessionária de abastecimento

foram identificados poços com eletrodos de níveis danificados por desgaste corrosivo e tempo

de uso, que levam à possíveis falhas de motores submersos em situações em que o nível do

manancial é rebaixado, juntamente com o nível estático do poço em períodos de seca.

Na sequência desse problema o nível dinâmico do poço também seria rebaixado,

causando o surgimento de vórtices e possíveis entradas de ar no crivo da bomba, que levaria a

uma grave redução da vida útil da motobomba. A figura 3.13 detalha o perfil de instalação de

uma motobomba em poço. Para detecção desse problema seria conveniente realizar teste de

continuidade no relé de nível para proceder com a intervenção no poço para substituição dos

eletrodos e fiação.

A otimização de plano de manutenção preventiva, para um compressor de hidrogênio

em uma refinaria de óleo, é proposta através de um procedimento baseado em simulações de

Page 80: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

80

Monte Carlo com o método de busca informativa, tendo a técnica Bootstrap aplicada, a fim de

modelar as incertezas nas estimativas do parâmetro (LAGGOUNE et al., 2010). Nesse

contexto, buscam o momento oportuno para substituição de itens em sistema de

multicomponentes séries, considerando a incerteza de dados sobre falhas, onde o custo total

esperado por unidade de tempo é minimizado sob distribuição geral de vida.

O gráfico 3.4 mostra um exemplo típico de distribuição de vida aumentada em curva de

banheira, onde há pontos de substituições preventivas de itens entrando na etapa de desgaste.

Gráfico 3.4. Curva da banheira de probabilidade de falha para um sistema que passou por três substituições de

itens.

A curva mostra claramente que as substituições ocorreram em intervalos dentro do

tempo de vida útil do sistema, próximo à fase de envelhecimento (desgaste). O efeito gera um

deslocamento crescente da vida útil do sistema a partir dos traços em vermelho, com a

redução da função de risco “h(x)”.

3.8.6. Manutenção preditiva

O aspecto mais comum na parada de máquinas e equipamentos é que eles não avisam o

momento da falha, no entanto, manifestam sinais que indicam o modo de falha em curso,

como vibração, ruído, sobreaquecimento e outros.

Em face disso, a manutenção preditiva prognostica o tempo de vida útil dos

componentes das máquinas ou dos equipamentos e as condições para que não ocorra falha

antes desse tempo (ALMEIDA; SOUZA, 2001). Nessa óptica, ela se aplica a avaliação das

condições operacionais de itens, dos danos e falhas que eles podem apresentar e ao

gerenciamento dos métodos e ações de manutenção. Havendo a necessidade de intervir sobre

determinado equipamento, entra em ação a manutenção corretiva planejada.

Essa metodologia de manutenção permite alcançar a máxima disponibilidade para a

qual os equipamentos foram projetados, proporcionando aumento de produção e de

faturamento (KARDEC e NASCIF, 2009).

Segundo Koyano (2002), após análise dos fenômenos, a manutenção preditiva adota

duas linhas de ação para impedir a ocorrência de falhas ou defeitos:

Diagnóstico: detectada a anomalia, o responsável terá o encargo de estabelecer, dentro

do possível, um diagnóstico referente à origem e gravidade do defeito constatado. Esse

diagnóstico precede a programação de reparos.

Page 81: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

81

Análise da tendência da falha: a análise consiste em prever o dano ou a falha, por meio

de aparelhos que exercem vigilância constante, predizendo a necessidade do reparo.

A análise dos fenômenos que ocorrem em um sistema se dá sistematicamente por meio

do acompanhamento de parâmetros operacionais (tensão, corrente, vazão, pressão,

temperatura, etc.), e da avaliação da performance dos equipamentos. Esses dados podem

indicar caminhos tomados por avarias em curso nos itens inspecionados, em relação a dados

de um histórico operacional, de um padrão ou norma. Acompanha-los torna o processo de

manutenção mais preciso e confiável.

Na prática, a manutenção preditiva atua na interpretação dos sinais emitidos pelos

equipamentos através de medições de parâmetros elétricos, temperatura e desempenho,

inclusive com inspeção de desgastes, gerando-se com isso um diagnóstico que indica a origem

e a gravidade dos problemas. Ao dar sequência, o pessoal encarregado pela manutenção faz

uma análise da tendência de falha, periodicamente, a fim de prever este evento para uma

tomada de decisão mais assertiva sobre a técnica de manutenção, os custos e a produção de

uma empresa.

3.8.7. Justificativa para implantação da manutenção preditiva

Acredita-se que a manutenção preventiva tem sua completa ação e aperfeiçoamento

quando transpassa para a forma de manutenção preditiva. Em sua ampla função, a

manutenção preditiva busca de forma antecipada (KOYANO, 2002; CAVALCANTE, 2009):

Conhecimento do estado real do equipamento;

Eliminar desmontagens desnecessárias para inspeção;

Aumentar o tempo de disponibilidade dos equipamentos;

Reduzir o trabalho de emergência não planejado;

Impedir o aumento dos danos;

Aproveitar a vida útil total dos componentes e de um equipamento;

Aumentar o grau de confiança no desempenho de um equipamento ou linha de

produção;

Determinar previamente as interrupções de fabricação;

Para Kardec e Nascif, (2009), a Manutenção Preditiva prediz as condições dos

equipamentos e quando a intervenção é decidida o que se faz, na realidade, é uma manutenção

corretiva planejada. De forma direta, as condições básicas para adotar a Manutenção Preditiva

são as seguintes:

O equipamento, sistema ou instalação devem permitir algum tipo de

monitoramento/medição.

O equipamento, sistema ou instalação devem merecer esse tipo de ação em função dos

custos envolvidos.

As falhas devem ser oriundas de causas que possam ser monitoradas e ter sua

progressão acompanhada.

Um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico, sistematizado, deve ser

estabelecido.

Page 82: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

82

Nesse sentido, convém mencionar os fatores indicados para análise da adoção de

política de Manutenção Preditiva (KARDEC e NASCIF, 2009):

Aspectos relacionados com a segurança pessoal e operacional.

Redução de custos pelo acompanhamento constante das condições dos equipamentos,

evitando intervenções desnecessárias.

Manter os equipamentos operando, de modo seguro, por mais tempo.

São muitos os benefícios da adoção da manutenção preditiva por parte das indústrias,

em que o acompanhamento por análise funcional de equipamentos em operação auxilia na

antecipação de consertos ou trocas de componentes importantes, contribuindo para o aumento

da vida útil dos equipamentos.

Sendo utilizada de forma eficiente, esse tipo de manutenção evita paradas inesperadas

para correção de defeitos com desmontagem e substituição de itens, aumentando a

produtividade dos equipamentos. Com isso, permite programar paradas na produção ou

prestação de serviços para realizar intervenções nos ativos, reduzindo substancialmente trocas

prematuras e custos com manutenção e energia.

Ao propor a discussão de uma metodologia de manutenção preditiva para o segmento

tratado neste trabalho, surgem alguns percalços como os registros escassos sobre o

acompanhamento regular da manutenção de ativos e sobre dados de falhas, caracterizando a

lacuna de um programa de manutenção a ser consolidado institucionalmente.

Confrontado este cenário local com o nacional, constata-se que em muitas operações

industriais falta uma renovação na abordagem da manutenção de seu patrimônio. Faz-se uma

reflexão, e de acordo com Santos (2011):

[...] no Brasil, verificou-se que não há uma base de dados que possa subsidiar a

análise de confiabilidade e de mantenabilidade, tanto no setor industrial quanto

acadêmico. [...] em nível internacional há bases de dados com informações de falhas

e reparos como o Offshore Reliability Data (Oreda), Government Industry Data

Exchange Program (GIDEP), Reliability Analisys Center (RAC), dentre outras.

Esses organismos vendem pacotes contendo dados de falhas de alguns sistemas

técnicos, que retratam uma realidade específica ao seu campo de atuação (SANTOS,

2011, p.34-35).

Diante disso, seguramente existem empresas que registram e utilizam bancos de dados

próprios para suas análises e aplicações no campo da manutenção, mas não ultrapassam seus

muros administrativos.

3.9. CONCEITOS E MÉTODOS DE MANUTENÇÃO PLANEJADA

Nesta seção será feita uma descrição explanatória de algumas técnicas de análise de

falhas e de manutenção preditiva, visando um conhecimento geral e convergindo para a

metodologia abordada neste trabalho.

Page 83: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

83

3.9.1. Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC)

A Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC) ou Reliability Centered Maintenance

(RCM) é por definição um programa de agrupamento de técnicas de engenharia, voltadas a

garantir a continuidade do funcionamento de equipamentos em uma planta industrial,

conforme especificações (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009).

Nesse sentido, a disponibilidade de informações é requisito prévio indispensável, sendo

consolidada por meio de banco de dados, com registro e classificação de falhas sobre o

sistema. Isso permite que sejam desenvolvidos estudos de confiabilidade, úteis no

dimensionamento das ações de manutenção.

Conforme Nowlan e Heap (1978), programas de MCC consistem em tarefas específicas

baseadas nas características de equipamentos, que podem ser descritas na forma de quatro

tarefas preventivas básicas aplicáveis para diferentes circunstâncias:

Inspeção programada de um item em intervalos regulares para encontrar quaisquer falhas

potenciais;

Programação de retrabalho sobre um item antes de algum limite de idade previsto;

Programação de descarte de um item (ou uma de suas partes) antes de algum limite de vida

especificado;

Inspeção programada de um item de função sem visibilidade para encontrar eventuais

falhas funcionais.

Os três primeiros tipos de tarefas são direcionados a prevenir falhas individuais

e a quarta na prevenção de várias falhas generalizadas. Tarefas de inspeção podem

geralmente ser realizadas sem remover o produto a partir da sua posição instalada. O

retrabalho ou a substituição podem ocorre quando não há o cumprimento das tarefas básicas,

no primeiro caso, é comum a tarefa de remoção do item afetado de um equipamento para que

seja enviado para uma grande base de manutenção (NOWLAN e HEAP, 1978).

Para aproximar essas tarefas de um exemplo, em um sistema de bombeamento d’água

de poço o conjunto motobomba é o item a ser inspecionado regularmente, e que precisa em

determinados momentos (próximo ao fim da vida útil) ser retirado do poço para um trabalho

preventivo maior. Por ser um equipamento que opera em submersão, fica difícil realizar uma

inspeção programada sobre os elementos constitutivos sem sua remoção de dentro do poço.

Nesse sentido, quando a falha se encontra na motobomba, a jusante das proteções, a

manutenção torna-se mais dispendiosa, por ser preciso e desmontar a tubulação edutora e

manter o sistema parado até a conclusão de toda a logística de manutenção.

Em artigo, Selvik e Aven (2010) destacaram o conceito de Manutenção Centrada em

Confiabilidade (MCC), que é um método de análise para o planejamento de manutenção

preventiva. No trabalho, é proposta a análise de riscos e incertezas na abordagem sobre um

caso da indústria de gás e petróleo offshore, onde é sugerida a Manutenção Centrada na

Confiabilidade e Risco (MCCR), que avalia as consequências de falhas, para além do alcance

do método MCC. O principal objetivo do MCCR é reduzir os custos de manutenção e, ao

mesmo tempo, aumentar a confiabilidade e segurança.

Page 84: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

84

3.9.2. Manutenção Produtiva Total (MPT)

Segundo Fogliatto e Ribeiro (2009), a filosofia da Manutenção Produtiva Total (MPT)

sustenta-se na aplicação de alguns elementos gerais, que envolvem todos os departamentos e

colaboradores de um setor produtivo. A mudança cultural é um aspecto que assume a busca

por melhorias do rendimento geral da produção e dos equipamentos. Nas atividades de

manutenção autônoma, procura-se manter as condições básicas para operação de

equipamentos, recuperar e corrigir itens avariados, levando em conta suas particularidades e a

experiência do responsável pela manutenção.

Na prevenção de perdas, a MPT aponta condições para zero acidente, zero defeito de

qualidade e zero quebra, implicando na capacitação e treinamento de pessoal técnico e

operacional.

3.9.3. Análise dos Modos de Falhas e Efeitos (FMEA)

A análise Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) pode se dar conhecendo o sistema

de um ponto de vista externo, a fim de obter os sinais que ele emite. Desse modo, a busca dos

efeitos dos modos de falha é caracterizada como uma ação externa ao sistema. Caso a

investigação dos fenômenos se revele de um ponto de vista interno ao sistema, ou seja, sobre

os modos de falha atuantes, essa investigação se fará através dos componentes do sistema. Em

geral, a classificação das falhas é discutida nesta etapa (SAKURADA, 2001).

De acordo com Palady (1997), o método FMEA possui diretrizes gerais que orientam

sua elaboração, que exige a reflexão sobre cinco questões a respeito do sistema, a saber:

Como cada componente do sistema pode falhar;

Quais os efeitos dessa(s) falha(s) sobre o sistema;

Quão críticos são esses efeitos;

Como detectar a falha;

Quais as medidas contra essas falhas (evitar, prevenir a ocorrência das mesmas ou

minimizar seus efeitos).

O método FMEA tem o caráter qualitativo de análise para estimar a confiabilidade.

Normalmente, o mecanismo de falha do sistema deriva de uma avaliação e da conformidade

dos dados entre os especialistas. Para fins de complementação, é interessante realizar ensaios

para verificar a concordância das hipóteses dos modos de falhas, previstos na análise

qualitativa, com os identificados durante a operação do sistema em campo. As estratégias de

manutenção que se aplicam a este método são a preventiva e a preditiva.

3.9.4. Análise de Árvore de Falhas (FTA)

A análise de árvore de falhas é útil na obtenção de causas de falhas, através de um

diagrama lógico do conjunto mínimo de um evento estudado. Esse método foi desenvolvido

Page 85: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

85

pela Boeing com a finalidade de extinguir falhas do trem de pouso de suas aeronaves, na

década de 1960. É possível avaliar um evento indesejado sob dois aspectos, qualitativo, na

identificação das causas básicas ou do caminho que gerou a ocorrência de falha, e,

quantitativo, para inferir sobre a probabilidade de ocorrência de falha.

Para obter a probabilidade de ocorrência do evento indesejado, os seguintes passos da

metodologia devem ser atendidos (KUMAMOTO, 1996; ISO 14224, 2006 apud SANTOS,

2011):

Seleção do evento topo;

Determinação dos fatores contribuintes;

Diagramação lógica;

Simplificação booleana;

Aplicação dos dados quantitativos;

Determinação da probabilidade de ocorrência.

3.10. TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PREDITIVA

Existe um amplo conjunto de técnicas voltadas à qualificação e quantificação dos

fatores determinantes de falhas em máquinas e equipamentos, os quais remetem à vida útil

residual destes, tendo como recurso à manutenção os métodos baseados na predição das

falhas.

Até 1960 as técnicas de manutenção preditiva se limitavam às análises de ruídos de

máquinas e equipamentos. Indo em frente, a análise e monitoramento de vibração ganhou

espaço na indústria como técnica de sinalização da performance dos equipamentos

(NEPOMUCENO, 1999).

Neste viés, Nepomuceno (1999) expõe, para o caso de uma estrutura arbitrária, que a

análise da vida útil parte de algumas ideias bastante simples:

a) As falhas ou descontinuidades num componente qualquer podem aumentar, partindo de

dimensões diminutas até atingir tamanho apreciável.

b) Quando as descontinuidades crescem, atingem dimensões suficientemente grandes para

originar uma ruptura.

c) A ruptura pode ser evitada caso a descontinuidade seja detectada e o seu gradiente de

crescimento estabelecido através de cálculo.

A análise da vida útil residual de um componente corresponde a uma predição numérica

que poderá ser expressa em tempo de operação, número de ciclos ou outro parâmetro

subordinado ao equipamento ou estrutura. Com a análise é possível revelar áreas com

potencial de danos devido a corrosão, desgaste, fadiga e outros. Em Nepomuceno (1999,

p.794), a estrutura de um elevador instalado numa mina é abordada para análise de vida útil

devido a detecção de uma trinca no suporte da roldana do cabo de aço. A figura 3.11 revela a

predição da fratura mecânica realizada por análises de tensões, onde o crescimento da trinca

teve acompanhamento diário por meio de ensaios não destrutivos.

Page 86: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

86

Figura 3.11. Evolução de trinca em suporte da roldana de um elevador. Fonte: Adaptado (NEPOMUCENO,

1999, p.795).

A análise e os cálculos mostraram que era possível o elevador operar em condições

normais 100 ciclos por dia durante 50 dias, sem perigo de ruptura. Na figura 3.11 o gráfico

mostra que o suporte da roldana do cabo de aço foi substituído em aproximadamente 15 dias

após a análise de vida útil residual, prevenindo a evolução da trinca e um possível acidente. A

fadiga causada pelas deformações cíclicas em torno dos pontos de concentração de tensões

poderia levar a trinca a uma fratura, considerando esforços de tração em carregamento

dinâmico.

Dado o número elevado de falhas em turbinas à vapor os eixos de rotores têm sido

estudados com mais detalhes, onde,

No passado recente, mesmo quando não fossem detectadas fissuras ou trincas em

rotores, os mesmos deveriam ser retirados e substituídos por novos. [...] Com o

desenvolvimento das técnicas e sistemas de avaliação de vida útil residual dos

componentes, tais limitações foram totalmente eliminadas (NEPOMUCENO, 1999,

p.797).

Observadas as informações de um componente, esta avaliação se dá através do tempo

decorrido até que uma descontinuidade alcance dimensões de ruptura, sendo comum

empregar tais técnicas para definir a frequência de execução de inspeções.

3.10.1. Inspeção termográfica

Muitas contribuições foram dadas por pesquisadores até a consolidação de tecnologias

voltadas para detecção de imagens infravermelhas, úteis sob diferentes aspectos e objetivos,

desde os períodos de guerras mundiais (1ª e 2ª) até hoje, e com aplicações mais frequentes

pela comunidade científica a partir de 1950, em especial a interessada pelos estudos de

confiabilidade e manutenção industrial. Em vista disso, a descoberta da radiação

infravermelha abriu uma gama de possibilidades para o desenvolvimento de inúmeras

tecnologias e métodos de análises, dentre elas a inspeção com câmera termográfica.

Page 87: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

87

A inspeção termográfica auxiliar no processo de identificar possíveis interferências que

venham a aumentar a temperatura normal de funcionamento de máquinas e equipamentos,

como uma sobrecarga que leva a um aquecimento acima do normal nos condutores de um

motor. Em sistemas elétricos identifica problemas causados por anomalias térmicas devido à

relação corrente/resistência dos componentes, geralmente causadas por deficiências de

contato. Quando utilizada em equipamentos mecânicos permite identificar problemas

causados pelo atrito entre peças devido à lubrificação deficiente ou inadequada,

desalinhamento de eixos pelo aquecimento nos dispositivos de acoplamento

Atualmente, no Brasil, a ABNT possui diversas normas sobre o tema “Termografia”, e

que podem ser utilizadas como referência. O quadro 3.9 apresenta as normas em vigor.

Quadro 3.9. Normas em vigor no Brasil sobre Termografia. Fonte: ABNT (2014).

A Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi) é uma

entidade técnico-científica fundada em 1979, que também dispõe de documentos, normas e

referências úteis para o trabalho de análise dos termografistas, e que podem ser consultadas no

website Abendi.

Além de ser uma técnica bastante utilizada na detecção de pontos quentes, a termografia

também auxilia na identificação de itens em temperatura abaixo da referência ou em

temperatura ambiente, o que indica itens fora de operação, podendo ser devido a alguma falha

própria, falha de comando elétrico, ou mesmo, por desligamento intencional.

Com isso, a termografia possibilita uma maior segurança operacional de sistemas,

antecipando danos que podem ser prevenidos para minimizar a elevação de custos, tempo e

mãe de obra com a manutenção corretiva não planejada.

Page 88: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

88

3.11. Custo de manutenção

Implicações financeiras fazem parte dos efeitos positivos ou negativos sobre a operação

de ativos, dentro da performance esperada, ou mediante intervenções ocasionadas por falhas.

Quando as paradas dos sistemas produtivos estão envolvendo muitos custos, especialmente

advindos de uma manutenção não planejada, isso indica a necessidade de estudo para

implantação de um programa de manutenção que atenda às demandas da empresa.

O planejamento das atividades de manutenção voltado ao controle dos ativos, em

conjunto com melhorias implementadas por programas de eficiência energética, é o principal

fator contribuinte para o aumento da competitividade, da produtividade, e com isso, do

faturamento nas indústrias. No quadro 3.10 é possível fazer comparações entre custos de

manutenção e faturamento bruto de diversos segmentos industriais.

Quadro 3.10. Custo de manutenção em relação ao faturamento bruto (Abraman 2011). Fonte: Junior et al

(2015).

Os dados mostram que no período analisado o setor que teve o maior percentual de seu

faturamento bruto com custo de manutenção foi o de transporte, seguido de mineração,

siderúrgico, e saneamento e serviços com 5%.

Segundo Mirshawka & Olmedo (1993), os custos gerados pela função manutenção são

apenas a ponta de um iceberg. Na parte invisível do iceberg estão os custos associados à

manutenção planejada e à maior disponibilidade dos ativos, diferentemente da parte visível,

que expõe os custos com peças e materiais de reposição, ferramentas, instrumentos, e mão de

obra. A figura 3.12 retrata o problema do iceberg, com os aspectos dos principais tipos de

manutenção.

Page 89: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

89

Figura 3.12. Visões sobre a assimilação de falhas funcionais. Fonte: Arte & Técnica website.

A figura do iceberg é bastante intuitiva na comparação entre os tipos de manutenção,

suas características e as profundidades do tratamento dado aos problemas. Na manutenção

corretiva o problema chama atenção pela visibilidade e prejuízo. Na manutenção preventiva

os efeitos não são muito aparentes, exigindo um olha especializado para a percepção dos

problemas e ações programadas. Como toda base suporta o que vem acima, ela é a parte

crítica onde nascem todos os problemas, os quais podem ser trabalhados na essência dos

fenômenos apresentados, através de sinais de parâmetros operacionais medidos em

equipamentos. Essa parte demanda maiores análises e se relaciona analogamente às

manutenções detectiva e preditiva.

A busca pela disponibilidade de 100% em equipamentos exige custos crescentes com

manutenção para otimização dos lucros. O gráfico 3.5 apresenta a relação entre custos de

manutenção preventiva e custos decorrentes de falhas.

Gráfico 3.5. Custos versus nível de manutenção. Fonte: Mirshawka e Olmedo (1993).

A visão obtida sobre os custos devido a falhas é que eles podem ser reduzidos ao longo

do tempo, caso existam investimentos paralelos em manutenção preventiva. No entanto, a

partir do ponto ótimo, mais investimentos com manutenção preventiva surtem poucas

vantagens para a redução de custos da falha, acabando por elevar o custo total.

Page 90: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

90

As necessidades de manter a operacionalização dos sistemas produtivos também vão de

encontro a elementos básicos dentro de uma empresa, com ressalva para o baixo estímulo aos

programas de educação e treinamento de funcionários. Infelizmente ainda existem gerentes

que insistem em enxergar os profissionais da manutenção como meros trocadores de peças,

implicando negativamente no desenvolvimento de novas habilidades de manutenção

(XENOS, 1998). Isso provoca, com frequência por parte dos gestores, o desconhecimento da

importância do aperfeiçoamento de colaboradores, como fator decisivo para atingir

produtividade e lucro mais satisfatórios.

3.11.1. Consumo Específico de Energia (CEE): implicações para eficiência energética e

custos

O Consumo Específico de Energia (CEE) é um índice que indica o total de energia

consumida para o processamento completo de um determinado produto ou para a prestação de

um serviço. É um dos parâmetros de maior importância em estudos que envolvem o uso

racional de energia nas empresas (MONACHESI, 2005, p.232).

Um caso prático do consumo específico, é a medição do consumo de combustível nos

veículos que serve para avaliar sua autonomia ou eficiência. Neste caso, o valor que interessa

não é simplesmente os litros de combustível gastos, mas os litros consumidos por quilômetro

rodado (L/Km). A eficiência é medida pelo inverso do consumo específico. Portanto, qualquer

que seja o âmbito de uma unidade consumidora deve haver interesse para que o CEE seja o

menor, mediante ações voltadas para o uso racional de energia. Isso procede em atuar no

numerador desse índice: o consumo de energia.

Para Monachesi (2005, p.232) diversas variáveis influenciam o consumo de energia

elétrica: o intervalo de leituras do medidor de energia elétrica pode variar, o clima, as férias,

novos equipamentos que são ligados, paradas programadas ou imprevistas, variação de

produção, etc.

Outro índice que pode ser gerenciado é o custo específico, que é o produto do preço

médio da energia elétrica (R$/kWh) de uma empresa pelo consumo específico (kWh/unidade

ou serviço produzido), ou seja, o custo de energia por unidade ou serviço produzido. Por

consequência, ao baixar o consumo específico de energia o índice do custo específico também

cai para a produção ou prestação de serviço.

3.12. CARACTERÍSTICAS GERAIS E ESPECIFICAÇÕES DE CONJUNTOS

MOTOBOMBAS SUBMERSAS

O abastecimento de água para consumo humano, a partir da extração em poços

profundos, é a atividade mais comum dentre as aplicações industrias de Conjuntos

Motobombas Submersas (CMBS). O esforço para trazer água de poços à superfície deu início

após a motobomba ser desenvolvido pelo russo Arutunoff em 1918, chegando à Europa

Ocidental por volta do ano de 1920.

Page 91: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

91

De acordo com Tsutiya (2006), o equipamento é projetado para operar mergulhado na

água na posição vertical, onde sua função é extrair água de poços tubulares por intermédio de

bomba hidráulica submersa, que funciona acoplada por eixo a um motor elétrico projetado

para esse fim. Em relação a um poço e aos elementos que compõe seu sistema, como recalque

e instalações civis, as motobombas têm manutenção e custos baixos quando instaladas de

maneira correta, além disso, na partida não são afetadas pelo problema de escorvamento,

sendo essas algumas das vantagens de sua aplicação. “Outros tipos de equipamentos, como

compressores, bombas ejetoras e bombas de eixo prolongado, possuem baixo rendimento e

são de uso restrito” (TSUTIYA, 2006, p.143).

Em um sistema voltado para o abastecimento d’água, os componentes básicos que

integram uma instalação de motobomba, em poço tubular, são definidos como:

Barrilete ou cavalete: parte da tubulação de recalque, identificada a partir da tampa do

poço na parte horizontal mais baixa do sistema, composta por curva, união, tê de redução

com manômetro, válvula de retenção, registro de gaveta e ventosa, sendo estes

componentes acoplados por meio de flanges e juntas;

Tubulação de recalque: tubos de aço galvanizado ou PVC unidos por luvas roscáveis, que

medem em regra entre 3 e 6 metros de comprimento;

Reservatório superior ou elevado: caixa d’água com desnível de elevação em relação ao

solo;

Poço: aquífero do lençol subterrâneo, revestimento em PVC geomecânico com seções

filtrantes próximas ao fundo (conforme NBR 13.604, 1996), em outros casos utiliza-se

revestimento em aço galvanizado ou aço INOX. Para medição do nível d’água, usualmente

utiliza-se tubulação instalada em PVC de ¾”, por onde pode ser introduzido eletrodo de

inspeção;

Sistema elétrico: motor, fiação, quadro de comandos e proteção, eletrodos de controle de

nível.

Essas características estão representadas no perfil de instalação de motobomba

submersa, na figura 3.13.

Page 92: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

92

Figura 3.13. Perfil típico de instalação de motobomba submersa em poço profundo. Fonte: Schneider (2014,

p.08).

O aspecto do poço em corte fornece uma visão sobre as medidas usadas no cálculo da

Altura Manométrica Total (AMT), para dimensionamento do sistema de bombeamento

conforme requisitos mencionados no item 3.5.2, destacando na figura os níveis estático,

dinâmico e a altura de recalque externa. No estágio inicial, após a perfuração de um poço,

esses parâmetros operacionais são obtidos e interpretados no teste de bombeamento, para de

fato haver o dimensionamento das especificações da motobomba. A submergência mínima é

um critério determinado pelo fabricante da bomba, definida pela distância entre o nível

dinâmico da água e este equipamento, para que não ocorra entrada de ar possivelmente gerado

Page 93: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

93

pela presença de vórtices, causados pelo efeito turbulento na água. Ao considerar a presença

deste efeito, o rendimento e a vida útil do conjunto estariam comprometidos. No Anexo B

encontram-se as plantas da CAERN, com cortes e detalhes do sistema de captação d’água em

PT.

O procedimento de operação de sistema motobomba submersa é geralmente

determinado através de procedimentos elaborados pela engenharia de processo, operação e

manutenção, e pelos manuais dos fabricantes. Os principais cuidados sobre as condições de

operação são com: fluxo reduzido; distúrbios da QEE; partida e parada de motobombas.

Para fins de manutenção, é aconselhável que se acompanhe e registre periodicamente os

parâmetros operacionais de um poço em forma de relatório. Isso se faz medindo a temperatura

de funcionamento das instalações, os dados elétricos e demais variáveis utilizadas no

dimensionamento do sistema, como os níveis estático e dinâmico. Não obstante, o controle da

qualidade da água explorada deve estar fundamentado na portaria n.º 2.914/2011 do

Ministério da Saúde (ME), por meio de análises físico-químicas e bacteriológicas,

possibilitando consultas futuras e tomadas decisões sobre os dados.

3.12.1. Especificações de motobombas

Na especificação de uma motobomba é fundamental garantir o desempenho operacional

e vida útil do equipamento, ao ajustar as condições de operação e minimizar as manutenções

corretivas, por meio de análises preditivas e do ponto de melhor rendimento. “Os constantes

aperfeiçoamentos de motobombas submersas conseguiram dar a estes equipamentos vida útil

superior a 60.000 horas, o que, em regime de 24 horas, corresponde a 7 anos de operação”

(JABORANDY, 2010). No entanto, esse tempo pode sofrer uma tênue redução, ou aumento,

este em razão do dimensionamento do equipamento de forma apropriada para um dado SAA.

Precedente a isso, e à conformidade do projeto de fabricação de uma motobomba, é essencial

que seja feita a correta instalação de todo o sistema elétrico e hidráulico.

Usualmente, o dimensionamento correto de um sistema de bombeio deve corresponder a

aplicação para a qual a motobomba estará disponível, observados os diversos aspectos

comentados que agregam confiabilidade, onde as especificações do motor e da bomba

submersa são de extrema relevância para a definição da vazão e da AMT pretendida.

3.12.2. Motor submerso

Na exposição de Tsutiya (2006), o motor precisa atender às solicitações de potência

consumida pela bomba, conforme curva de potência do projeto. Cooperando com essa

afirmação, Mello et al. (2010) sugere a necessidade de que haja uma folga entre a potência

consumida pela bomba e a potência nominal do motor, ao expor os dados da tabela 3.3.

Page 94: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

94

Tabela 3.3. Folga de potência em função do quociente entre potência nominal do motor e potência consumida

pela bomba.

Potência Nominal do Motor (CV) Potência Nominal / Potência Consumida

Potência Nominal ≤ 25 1,25

30 ≤ Potência Nominal ≤ 75 1,15

Potência Nominal ≥ 100 1,10

Fonte: Mello et al. (2010).

Deste modo, em um sistema de recalque onde a potência nominal do motor é 25cv, esta

deve corresponder a 25% a mais da potência de consumo da bomba, que seria de 20cv. Do

mesmo modo, na instalação de um motor de 40cv a bomba acoplada ao seu eixo deve

consumir até 34,8cv de potência, para que 15% de sua potência de consumo (5,2cv) seja a

folga em relação à potência do motor.

Em geral, o motor elétrico de bomba submersa funciona de modo assíncrono, com

alimentação por corrente alternada trifásica e frequência de rede elétrica de 60 Hz, através de

cabo elétrico do tipo chato. As ligações elétricas, a execução correta das emendas à prova

d’água nos cabos e a garantia de funcionamento das proteções são pontos cruciais a serem

observados durante a instalação, devendo seguir os ajustes conforme instruções de manuais de

instalação e serviço. Levando em consideração a distância do motor ao quadro de comandos e

proteção, e a espessura do cabo utilizado, calcula-se uma queda de tensão de até 3%.

Proteções contra surtos de tensão por descargas atmosféricas devem ser instaladas para

prevenir avarias ao motor, onde o aterramento do protetor deve ser o melhor possível e mais

eficiente que o aterramento do motor.

No arrefecimento e controle de pressão interna o motor submerso faz uso de água sem

aditivos em seu interior, a qual é isolada do meio externo, havendo ainda os que são

refrigerados à óleo. O acesso ao reservatório de água de refrigeração se dá por bujões, um

para entrada de água e outro para saída do ar. Segundo Tsutiya (2006, p.145), a temperatura

da água do poço também é um fator importante para o projeto de uma motobomba, uma vez

que a faixa de temperatura comum à operação do equipamento situa-se em torno de 24ºC,

chegando até 30°C. Algumas marcas trabalham com motores especificados para operar em

temperaturas de até 35°C, passando dessa condição a temperatura da água sobe naturalmente

em poços de grandes profundidades, conforme o grau geotérmico 33, que corresponde a

1ºC/33m.

Diferentemente de bombas lubrificadas de fábrica com graxas, os mancais de bombas

submersas dependem do preenchimento da água feito no motor para sua lubrificação. Esse

procedimento não pode ser negligenciado, sendo indispensável antes da instalação do

equipamento em poço, seguindo as devidas instruções do manual do fabricante, a fim de

prevenir a redução da vida útil do conjunto.

Na maioria dos projetos de motobomba submerso, a refrigeração do motor ocorre

devido a velocidade da água entre 1 e 3 m/s, conforme Tsutiya (2006). Esse fluxo ascendente

de água entre o motor e as paredes do poço é produzido pelo próprio conjunto motobomba, a

partir da sucção no crivo. O correto resfriamento é alcançado com um fluxo de 0,08 m/s para

motores de 4" de diâmetro a partir de 3 cv de potência, e com um fluxo de 0,16 m/s para

motores de 6" e 8".

Page 95: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

95

Em águas a temperaturas de até 30°C os motores elétricos de bombas submersas operam

usando todo o fator de serviço, a exemplo dos motores “Franklin Electric” (SCHNEIDER,

2014, p.22). Na tabela 3.4 são vistas as proporções entre fluxo de água exigido pelo diâmetro

do motor, diâmetro do poço (ou camisa adutora) e vazão requerida.

Tabela 3.4. Vazões e fluxos mínimos exigidos para a refrigeração de diversos diâmetros de motor e de poço,

com água até 30°C.

Diâmetro interno do poço ou da

camisa indutora

Motor 4” (3 a 10 cv)

Fluxo exigido:

0,08 m/s

Motor 6” Fluxo exigido:

0,16 m/s

Motor 8” Fluxo exigido:

0,16 m/s

Vazão requerida

(l/min.)

Vazão requerida

(l/min.)

Vazão requerida

(l/min.)

4” (102 mm) 4,5 – –

5” (127 mm) 26,5 – –

6” (152 mm) 49 34 –

7” (178 mm) 76 95 –

8” (203 mm) 114 170 40

10” (254 mm) 189 340 210

12” (305 mm) 303 530 420

14” (356 mm) 416 760 645

16” (406 mm) 568 1060 930

Fonte: Schneider (2014, p.22).

O sobreaquecimento no enrolamento do motor devido ao baixo fluxo de água é uma das

causas para redução de sua vida útil. Para corrigir esse problema, existe a camisa indutora de

fluxo, ou de sucção, item usado para ajustar a refrigeração de motor submerso na instalação

com diâmetro consideravelmente inferior ao do poço, a exemplo de quando se instala uma

motobomba de 4” em um poço de 6”, segundo indicação de Ebara ® (2012).

As características de aplicação desse item são notadas nas figuras 3.14 e 3.15.

Figura 3.14. Típica aplicação de camisa indutora de fluxo. Fonte: Electric (2013, p.06).

Page 96: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

96

Figura 3.15. Montagem de camisa de sucção em motobomba submersa. Fonte: Ebara ® (2012, p.07).

A utilização da camisa indutora se justifica quando o fluxo de água no motor é menor

do que o especificado na tabela 3.4, podendo se estender para poços e motores de dimensões

maiores. Outra aplicação da camisa indutora de fluxo está para motobombas submersas

instaladas na posição horizontal ou com inclinação em reservatórios, substituindo a operação

de bombas centrífugas horizontais, sendo indispensável sua montagem nas motobombas

voltadas para captação de água em lagos, cisternas, tanques, ou qualquer outro reservatório

aberto. É importante destacar que o uso da camisa indutora de fluxo pode gerar perdas de

carga no sistema de recalque, de acordo com o diâmetro do poço e do motor, e com a vazão

de operação, conforme Anexo C.

No âmbito dos motores instalados em poços com água quente, a profundidade e o uso

de camisa indutora de fluxo, quando necessário, somam-se à necessidade de um projeto

especial para fabricação do motor. Em contrapartida, existe a possibilidade de redimensionar

a potência do equipamento para prevenir que seja danificado por sobreaquecimento. Além

disso, os danos podem se estender ao bombeador, no caso em que a água entra na pressão de

vapor, causando problemas de cavitação. Algumas linhas de motores são projetadas para

funcionar em águas com temperaturas de até 90ºC, sem necessidade de usar a camisa

indutora. No entanto, quando um motor Standard (comum) opera em água com temperatura

acima dos 30ºC permitidos, requer-se um fluxo induzido de pelo menos 0,91 m/s, conforme

tabela 9.3 do Anexo C (ELECTRIC, 2013, p.07).

Corroborando a essência dessa exposição, Mello et al. (2010) explana,

As dificuldades encontradas para se obter equipamentos adequados podem ser

consideradas um entrave, pois além da temperatura da água normalmente acima de

50 °C, a profundidade dos poços profundos pode alcançar até 1560 m, apresentando

níveis dinâmicos da água em torno de 380 m. Desta forma necessitamos de

bombeadores com capacidades superiores a 400 mca (metros de coluna d’água),

consequentemente os sistemas de bombeamento exigem cuidados mais criteriosos na

seleção dos equipamentos. (MELLO et al., 2010).

Page 97: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

97

Em nota, Mello et al. (2010) coloca que no caso da água a uma temperatura de 50ºC,

associada ao fator profundidade do poço, haverá uma perda de potência de bombeio, em

virtude do baixo resfriamento de um motor comum, sendo necessário avaliar o fator de

degeneração. Como alternativa, a potência do motor pode ser redimensionada, seguindo os

procedimentos descritos por Electric (2013, p.07-08),

1) Usando a 2ª Tabela, determine a vazão (m³/h) exigida para a bomba, para

diferentes diâmetros de poço ou revestimento. Se necessário acrescente uma camisa

indutora de fluxo para obter, pelo menos, uma velocidade de fluxo de 0,91 m/s. 2)

Determine a potência necessária para a bomba a partir da curva do fabricante (Anexo

D). 3) Multiplique a potência exigida pela bomba pelo fator multiplicador de

temperatura da 3ª Tabela. 4) Selecione na 4ª Tabela uma potência de motor (cv) cuja

potência no Fator de Serviço seja pelo menos o valor calculado no item 3.

(ELECTRIC, 2013, p.07-08).

A título de exemplificação, utilizando os dados do poço PI da CAERN, são descritos os

procedimentos de redimensionamento da potência de um motor submerso comum, para uso

em água quente (60≥T≥35), baseados em Electric (2013, p.07-08).

O revestimento do poço é de 8” e o bombeador de 6”, para o motor submerso de 19cv

produzir 50m³/h a uma altura manométrica de 62 mca. Entretanto, numa hipótese, a água a ser

bombeada estaria a uma temperatura de 52°C. A 2ª tabela (Anexo C) mostra que, para esta

condição, é necessária uma camisa indutora de fluxo de 7" para aumentar a velocidade do

fluxo, de modo a garantir os 0,91 m/s. Na 3ª tabela (Anexo C), localizar o fator multiplicador

de calor de 1,32, já que a temperatura da água é maior que 50°C e a potência inicial do motor

está entre 7,5 e 30 cv. Em seguida, multiplicar a potência inicial (19cv) pelo fator

multiplicador (1,32), chegando a uma potência no Fator de Serviço (FS) de 25,08 cv, mínima

para operar em água a 52°C. Usando a 4ª tabela (Anexo C), selecionar um motor cuja potência

no fator de serviço fique acima de 25,08 cv. A tabela referida expõe que um motor de

potência nominal igual a 25 cv tem potência no fator de serviço igual a 28,75 cv. Portanto, um

motor de 25 cv pode ser usado. O perfil de dados do poço e da motobomba PI estão

disponíveis na descrição dos equipamentos analisados (seção 4.2).

A transferência de calor excedente pelo motor compreende um modo de operação de

risco, cuja refrigeração é deficiente, sendo oportuno para a análise de falhas ao assumir a

importância dos critérios de fluxo e temperatura da água de sucção. Nesse sentido, a

temperatura de extração da água em poços é um parâmetro que não pode ser negligenciado,

assim como as especificações para refrigeração de motores submersos e a escolha do

equipamento mais adequado para cada projeto de instalação.

3.12.3. Bomba submersa

As bombas de água fazem parte do grupo de máquinas de fluxo, ou bombas hidráulicas,

destinadas a fornecer velocidade e pressão à água, sob a forma de energia cinética através de

rotores. Essa energia é convertida em pressão dentro da bomba, favorecendo a elevação da

água na tubulação de recalque para pontos mais elevados numa tubulação de distribuição,

conforme Tsutiya (2006, p.226).

Page 98: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

98

Levando em conta os princípios físicos de conservação da massa e da energia,

abrangendo as estimativas para uma máquina de fluxo do tipo bomba centrífuga, é oportuno

observar algumas expressões importantes. “Desconsiderando a transferência de calor e as

variações na energia interna do fluido, a primeira lei da termodinâmica aplicada através da

bomba é (FOX, 2011, p.321) ”:

(3.7)

Nota-se que, para fins de análise de eficiência da bomba, deve-se considerar as

variações desprezadas na equação anterior. De acordo com Fox (2011, p.322), a altura de

carga (energia/massa) pode ser calculada usando:

Em muitos casos, os diâmetros de entrada e de saída da bomba, e desníveis, são os

mesmos ou têm diferenças desprezíveis, de modo a simplificar a equação 3.8 para:

(3.9)

Nessa particularidade, as velocidades em volumes fixos de controle numa bomba levam

esta equação a uma relação útil para a potência fornecida ao fluido, obtida a partir do seu

produto com o fluxo de massa Qm .

, sendo descrita pela equação 3.10.

(3.10)

No transporte até pontos mais elevados de uma tubulação de recalque, a pressão

fornecida à água é obtida por meio de uma parcela da potência motriz do motor, cedida pela

bomba. Logo, faz-se importante lembrar a expressão para a eficiência da bomba:

Esse processo corresponde à conversão de energia cinética, entre rotor e carcaça da

bomba, em potencial gravitacional, devido à pressão ou AMT que a água possa atingir dentro

de tubulações. Com base nisso, é vasto o uso de bombas submersas em sistemas voltados para

o abastecimento público de água, onde comumente existem desníveis entre os poços e os

reservatórios de distribuição.

A classificação das bombas submersas se enquadra dentre os principais tipos de bombas

esquematizados na figura 3.16.

(3.8)

(3.11)

bomba

bomba

ph

sucçãoadesc

gzVp

gzVp

mW22

2

arg

2..

sucçãoadesc

bomba

bomba gzVp

gzVp

m

Wh

22

2

arg

2

.

.

bombabomba pQW .

entrada

bomba

W

W.

.

Page 99: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

99

Figura 3.16. Principais tipos de bombas e classificação das bombas submersas. Fonte: Adaptado de Tsutiya,

(2006, p.227).

Baseado na geometria de percurso do fluido, nas máquinas de fluxo radial (centrífugas)

a trajetória do fluido é essencialmente radial, com mudanças significativas no raio, da entrada

para a saída, e, nas máquinas de fluxo misto, o raio da trajetória do fluido varia

moderadamente (FOX et al., 2011, p.434). Deste modo, sendo os rotores peças responsáveis

pelo fluxo de água no interior de uma bomba, o escoamento pode ocorrer de forma

perpendicular ao eixo de um rotor radial, e, na diagonal, quando o escoamento não é axial

nem radial, percorrendo o rotor semi-axial num curso formado sobre uma superfície

aproximadamente cônica.

A configuração de montagem dos rotores é em série para bombas submersas, onde no

topo deles existe uma válvula de retenção de aço inoxidável para evitar o refluxo e reduzir o

risco de golpe de aríete.

Dentre os componentes de uma motobomba, dois tipos de rotores de bombas submersas

estão ilustrados a seguir.

Bombas Submersas

Page 100: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

100

Figura 3.17. Cortes transversais em duas motobombas, uma com rotor radial e outra com rotor semi-axial.

Fonte: Zambon et al. (2016).

Em geral, a literatura técnica diz que os rotores radiais são projetados para atuar sobre

vazões de até 35 m³/h, enquanto que os rotores semi-axiais, ou de fluxo misto, produzem

vazões superiores, conforme Tsutiya (2006, p. 145) e Ebara® (2012, p.06). Sobre a água

bombeada por uma motobomba, é comum que os mecanismos de arrefecimento e de

lubrificação estejam em função do próprio fluxo gerado pelo equipamento.

É fundamental que o sentido de rotação do motor esteja correto para que se evite

operação à seco ou de vazão reduzida, vindo a comprometer drasticamente a vida útil do

conjunto. Com a bomba já instalada no poço, o procedimento de verificação segue com o

desacoplamento do barrilete e com o teste de bombeamento em descarga livre. A maior

pressão ou vazão indicará o sentido correto de rotação e da sequência de fases que alimentam

o motor.

No rotor de uma bomba a diferença de temperatura entre a sucção e o recalque pode

variar, em alguns casos, até 10 graus Celsius. (JABORANDY, 2010, p. 17). Diferenças de

temperaturas como essa, aliadas ao aumento da temperatura da água de acordo com a

profundidade do poço, podem ser suficientes para levar ao processo de cavitação nos rotores.

Nesse plano, a temperatura reafirma-se como um parâmetro útil nas análises de danos tanto

em motores quanto em bombas submersas.

Page 101: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

101

O trabalho fornecido pela bomba sobre a água potável pode ocorrer de forma regular

numa concentração de areia de até 15 g/m³ à temperatura ambiente (TSUTIYA, 2006, p.145).

A quantidade de areia succionada pelo sistema de bombeamento deve ser analisada pelo

fabricante para definir os materiais a serem empregados na construção do equipamento, e

prevenir possíveis danos abrasivos, sendo uma característica de sua especificação.

Conforme Tsutiya (2006), na construção da bomba submersa é comum utilizar os

seguintes materiais constantes no quadro 3.11.

ITENS MATERIAIS

Carcaça (concêntrica) Ferro fundido GG-20, GG-25 ou aço inox

Rotor (radial ou semi-axial) Bronze SAE 40

Eixo Aço inox

Luva do mancal Aço AISI 420 ou AISI 316

Parafusos, porcas e arruelas que permanecem

em contato com a água Aço inox (obrigatoriamente)

Crivo Aço inox

Quadro 3.11. Materiais utilizados nos principais itens de uma bomba submersa. Fonte: Tsutiya (2006, p.146).

Convém destacar, que os materiais utilizados em bombas submersas podem diferir em

termos de tecnologia por fabricante, pois novos materiais compósitos e ligas metálicas podem

agregar mais qualidade, melhorando a proteção e o desempenho do equipamento. A pouca

manutenção e o baixo ruído conferido pelas bombas submersas estão associados à sua correta

especificação e instalação.

3.12.4. Dimensionamento da AMT

O dimensionamento das especificações de motobombas é um passo que precede sua

instalação para captação de água subterrânea em poços, sendo necessário conhecer e adequar

parâmetros desse equipamento como: AMT, vazão pretendida e potência. Estes parâmetros

podem ser consultados, respectivamente, nos Anexos C e D. No Anexo C constam dados de

potência e correte elétrica de operação de alguns modelos de motobombas submersas, sobre

os quais é fundamental ter conhecimento para dimensionar os itens elétricos dos quadros de

comandos e proteção, como disjuntores, contactores, cabos e relés, tomando como referência

a corrente nominal.

Nesse âmbito, existem também os parâmetros utilizados no monitoramento de poços e

motobombas:

Page 102: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

102

Quadro 3.12. Parâmetros de monitoramento de poços. Fonte: Giampá (2005, p.33).

3.12.5. Ponto de operação da bomba

Na operação de bombas submersas, diferentes condições de vazão e AMT podem

coexistir para uma mesma rotação. A configuração operacional de uma bomba é determinada

em função de sua curva característica, e da curva do sistema ou tubulação (altura geométrica

“Hg” e perda de carga total “∆H”), as quais se intersecionam para representar o ponto de

operação da bomba, ou ponto ótimo.

No cálculo da AMT o ponto mais baixo da curva do sistema de bombeio é o nível

dinâmico, que deve ser obtido com precisão para uma seleção assertiva de uma bomba. O

gráfico 3.6 mostra que a curva característica da bomba permite seu funcionamento dentro de

uma ampla faixa de valores de vazão e AMT, no entanto, deve obedecer à curva do sistema

elevatório para assegurar o ponto de operação/trabalho.

Gráfico 3.6. Curvas do sistema e da bomba submersa para um ponto de operação/trabalho genérico. Fonte:

Adaptado de Filho (2009, p.85).

Shut off

1 2 3 4

5 6

7

8

Page 103: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

103

Considera-se o registro totalmente aberto no ponto de operação, sendo a motobomba

especificada para trabalhar em torno do rendimento máximo, numa faixa aceitável onde as

condições técnicas são apropriadas. A operação fora dessas condições favorece a ocorrência

de perdas hidráulicas associadas aos problemas numerados de 1 a 8, na figura anterior.

Usualmente, as vazões ficam limitadas a ± 20% da Qponto de operação.

3.12.6. Cálculo da corrente nominal de motor submerso

O cálculo da corrente nominal é bastante útil quando se pretende identificar a corrente

de operação de um projeto de motobomba, no acompanhamento do balanceamento desse

parâmetro, ou para estimativa em situações em que não se pode medir. Em um sistema

trifásico, as fases devem estar defasadas em ângulos de 120° de forma ideal.

Para garantir o desempenho de motobombas, a corrente no circuito de potência deve

estar balanceada entre os valores de cada fase, sendo determinada a partir de duas formas,

uma com dados hidráulicos do conjunto e outra com dados elétricos do motor.

Para calcular a corrente nominal “ ni ” do motor elétrico a partir dos dados de vazão e

AMT especificados para a motobomba, utilizam-se as equações da potência elétrica

convencional para motor trifásico e a potência hidráulica do motor, de acordo com as

equações:

(3.12)

(3.13)

Logo, a relação de igualdade entre as expressões acima permite chegar na equação 3.14

da corrente nominal, sendo simplificada na 3.15:

(3.14)

(3.15)

Ao fazer o produto de um valor genérico atribuído aos motores submersos (

8,0 motorCos ) pelo valor da tensão de alimentação (380V) obtém-se um denominador

igual a 304 na expressão 3.16.

(3.16)

Onde in = [A], Q = [m³/h], e H = [m.c.a.].

270000.

HQP motorhidr

5,735

)(3.

nFmotorelét

iCosUP

Cos

HQin

3220270000

5,7351000

motor

nCos

HQi

380

72,2

304

72,2

HQin

Page 104: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

104

Na prática geral, é possível estimar os valores de corrente nominal dos motores

submersos de poços por meio de uma expressão que se aproxima em muitos casos aos valores

usuais. Nela se utilizam os valores da potência entregue pelo motor “ motorP ” (cv), da tensão de

alimentação “LU ” (V) e um valor genérico associado ao produto do fator de potência da

instalação “ Cos ” pelo rendimento “ motor ”, que, neste caso, fica no numerador da expressão.

Para efeito de cálculo, considera-se VUL 3803220 e 8,0 motorCos nas três

equações a seguir:

(3.17)

ou ainda,

(3.18)

Nesse script, o rendimento do motor “ motor ” (%) é dado por:

(3.20)

3.13. SISTEMA ELÉTRICO DE ACIONAMENTO E PROTEÇÃO DE

MOTOBOMBAS

Nos poços voltados para o abastecimento d’água, é comum o sistema elétrico de

alimentação da motobomba ser formado essencialmente pela fiação do circuito de potência,

que interliga o motor no interior do poço ao quadro de comandos.

O quadro de comandos é um compartimento fabricado em chapas de aço carbono ou

caixa termoplástica com grau de proteção IP 44, utilizado para alocar dispositivos elétricos

voltados para o acionamento, proteção e controle operacional de uma gama de cargas para

múltiplas funcionalidades. O principal uso envolve aplicações com motores, na operação de

compressores, refrigeradores, prensas, e outros equipamentos como a bomba submersa.

Chamado também de quadro de automação, ele se destina a receber energia elétrica de uma

fonte de alimentação e distribuí-la aos diversos circuitos, como circuito de potência (ou

força), onde se conectam as cargas, e circuito de comando, onde são comandados os

dispositivos de manobra e proteção. Em função disso, sua estrutura é encarregada de proteger

as conexões de condutores elétricos interligados aos dispositivos de proteção e controle.

(3.19)

L

motormotor

U

CosPi

5,735

380

4,588 motorP

i

55,1 motorPi

100elétrica

mecânicamotor

P

P

Page 105: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

105

Na composição dos sistemas de automação estão o circuito de potência e o circuito de

comando e proteção. O primeiro é encarregado da parte de força do motor, o segundo detém

as características operacionais. Os tipos de contatos distinguem-se pela corrente de operação

(potência ou comando) e pelo tipo de comando (fechamento ou abertura), onde no circuito de

potência a corrente é maior, e no circuito de comando os contatos são do tipo normalmente

aberto (NA) ou normalmente fechado (NF), com corrente baixa em torno de 5A.

As proteções como fusíveis, disjuntores e relés são montadas em série com o circuito de

comandos, de modo a garantir o funcionamento correto das instalações, sendo responsáveis

por desarmar o sistema (seccionar o comando) quando houver atuação especifica de relés de

proteção e controle. A título de exemplificação, estão os dispositivos presentes na maioria dos

quadros de comando e proteção da CAERN, conforme Filho et al. (2014):

Fusíveis

Disjuntores

Contatores de potência

Chaves de Partida

Contatores auxiliares

Botoeira e sinalizadores

Relé térmico de sobrecarga (RT)

Relé de falta de fase (FF)

Relé de nível (RN)

Relé programador horário

Relé de tempo

Relé de Sobre e Sub tensão

Relé de Sobre e Sub Corrente

Os contatos auxiliares, relés, botoeiras e chaves formam interruptores dos comandos e

proteções que atuam em modo aberto ou fechado. As lâmpadas são cargas sinalizadoras de

comando e os fusíveis e disjuntores elementos de proteção contra sobrecorrente e curto-

circuito.

Existem ainda, outros dispositivos controladores que atuam de forma modular em

conjunto com sensores de pressão e vazão, permitindo um gerenciamento eficiente sobre

níveis de reservatórios e consumo energético. Nesse campo de aplicação está a telemetria

associada ao telecomando, que forma um caso típico de aparelhamento aplicado ao

monitoramento constante de equipamentos. A gestão integrada de equipamentos por esses

recursos permite, inclusive, comandar bombas dosadoras de Cloro, constatar irregularidades

na operação e tomar decisões operacionais à distância, por meio de computadores.

Para todos os casos, a manutenção sobre componentes do sistema de acionamento de

motobombas depende da identificação de anomalias, diagnóstico e ação, através de

profissional da área. Isso corresponde a monitorar, inspecionar e corrigir alterações nos

estados dos dispositivos, avaliando no circuito (energizado ou não) todos os componentes

dependentes (em série) que são comandados na opção automática de acionamento.

É comum que a opção manual de acionamento assuma um papel emergencial, pois a

partir do circuito de comando o motor passa a funcionar sem as proteções da linha automática

da chave seletora, até a correção do problema. A chave seletora (manual-desligado-

automático) se localiza na frente do quadro de comandos, onde são registrados os parâmetros

operacionais, basicamente, por meio de amperímetro, voltímetro e horímetro.

Page 106: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

106

3.13.1 Considerações sobre a NR-10

Adequar instalações elétricas e procedimentos de trabalho em empresas pressupõe

aplicar as recomendações da NR-10. A Norma Regulamentadora n.°10 (Segurança em

instalações e serviços em eletricidade) é constituída nos preceitos básicos e condições

mínimas para colocar em prática medidas de controle e sistemas preventivos, voltados a

garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em

instalações elétricas e em serviços com energia elétrica.

Em serviços com energia elétrica, a NR-10 se destaca ao relevar a segurança em

instalações elétricas, apresentando prescrições a uma diversidade de aplicações, dentre as

fases de: geração, transmissão, distribuição e consumo. Nestas, incluem-se etapas de projeto,

construção, montagem, operação e manutenção, onde além dessa norma, devem ser

observadas as normas técnicas estabelecidas pelos órgãos competentes, e nos casos de

omissão ou ausência destas, as normas internacionais cabíveis. Nesse sentido, é válido notar

se as instalações elétricas BT estão em conformidade com as especificações previstas na NBR

5410, norma que regulamenta este assunto.

Na manutenção das instalações elétricas de motobombas, alguns assuntos de interesse

da NR-10 estão relacionados aos procedimentos de segurança para manuseio nos quadros de

comandos e proteção, seccionamento, isolamento das partes vivas, isolação dupla ou

reforçada, aterramento, bloqueios e impedimentos, sinalização, desenergização, energização e

zonas de risco.

3.13.2 Diagrama multifilar

O diagrama multifilar de um poço é um instrumento balizador de trabalhos de instalação

e manutenção, que permite consultar as características das instalações elétricas com

objetividade. De modo similar aos diagramas multifilares, na definição apresentada por

Pereira e Souza (2010, p.16):

Os diagramas unifilares são a representação gráfica dos componentes elétricos e das

suas relações funcionais e contém apenas os componentes principais dos circuitos,

representados por uma linha. Estes diagramas devem estar acompanhados de dados e

especificações das medidas de proteção instaladas, especialmente, do sistema de

aterramento elétrico, elemento de fundamental importância à segurança de

trabalhadores e usuários e dos demais equipamentos e dispositivos de proteção que

integram a instalação elétrica, tais como, fusíveis, disjuntores, chaves e outros

componentes associados à proteção.

Manter as especificações das instalações elétricas documentadas garante a segurança

nos procedimentos de substituição de itens de proteção, por outros compatíveis com os

demais itens da instalação, sem que haja aleatoriedade, proporcionando a correta atuação

desses dispositivos. Ao longo das intervenções e manutenções sobre as instalações elétricas de

um poço é indispensável manter atualizados os esquemas multifilares, com as especificações

do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção, baseado no que

consta no item 10.2.3 da NR-10.

Page 107: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

107

Na sequência, estão dispostos os diagramas multifilares representativos dos sistemas de

acionamentos das motobombas objetos desse estudo. Os diagramas disponíveis se referem aos

circuitos de potência e comando dos quadros de comandos e proteções, que reproduzem as

ligações elétricas e as cargas instaladas.

3.13.3 Acionamentos aplicados a motobombas: PD, PC, PS e PI.

Em aplicações de motobombas instaladas em poços tubulares o acionamento é realizado

através de chaves de partidas, selecionadas conforme potência instalada, carga aplicada,

percentual de redução desejado para a corrente e conjugado de partida, entre outros fatores.

Na concessionária envolvida neste estudo, as chaves de partidas mais aplicadas a motobombas

submersas nos SAA são as mencionadas a seguir.

Partida Direta

A partida direta é um método que se aplica a motores que partem a vazio ou a plena

carga. Possui elevada vida útil devido a utilização de contator para manobra, mas tem

desvantagem dentre as chaves de partidas elétricas quando aplicada a altas potências, devido

ao pico de corrente no início, que também acompanha o conjugado de partida.

Esse método de acionamento deve ser adotado sempre que a instalação permitir, pois a

condição de projeto dos motores elétricos estabelece que a máquina opere em tensão de rede e

corrente nominal, e, portanto, com conjugado (torque) nominal. Em face disso, a elevada

corrente de partida traz as seguintes consequências (WEG, 2015, p.76):

a) Elevada queda de tensão no sistema de alimentação da rede, provocando interferência em

equipamentos instalados neste sistema;

b) O sistema de alimentação (cabos, chaves, proteção, transformador) deverá ser

sobredimensionado, elevando os custos;

c) A imposição das concessionárias de energia elétrica que limitam a queda de tensão da rede;

d) Limitação no caso de redes isoladas operando com grupos geradores.

Devido à limitação da queda de tensão, imposta pelas concessionárias de energia

elétrica, a partida direta fica restrita a condições onde: os motores podem ter até 7,5 cv para

serem ligados na rede secundária da concessionária; a corrente de partida do motor deve ser

bem inferior à da rede; as instalações elétricas devem ter capacidade para conduzir a corrente

de partida (tempo curto) e a corrente nominal (regime permanente); os motores devem partir

sem carga (a vazio), somente depois de se ter atingido a rotação nominal é que a carga poderá

ser aplicada.

A figura 3.18 representa o diagrama multifilar, com o circuito de potência (à esquerda) e

circuito de comando (à direita).

Page 108: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

108

Figura 3.18. Diagrama multifilar de partida direta. Fonte: Adaptado WEG (2013).

Partida com chave Compensadora

A chave compensadora se aplica ao acionamento de motores elétricos sob carga, com a

finalidade de reduzir a corrente de partida e de evitar sobrecarga no circuito de alimentação.

Esse método permite ao motor atingir um conjugado suficiente para a aceleração até o regime

de trabalho. Isso ocorre com a redução da tensão nas bobinas do motor por meio de

autotransformador ligado em série, que possui normalmente TAPs de 50, 65 e 80% da tensão

nominal (WEG, 2015, p.77).

A depender da terminação utilizada no autotransformador a corrente de partida pode ser

reduzida a 42% do valor de partida direta (TAP 65%), e a 64% (TAP 80%). Por outro lado, o

autotransformador acaba delimitando a potência máxima do motor, demandando ainda um

espaço maior para sua instalação. Para motores a partir de 15 cv a norma NBR IEC 60947-4-2

recomenda a utilização da partida compensadora.

Na figura 3.19, observam-se os circuitos de potência e comando dessa chave de partida.

Page 109: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

109

Figura 3.19. Diagrama multifilar de partida compensadora. Fonte: Adaptado WEG (2013).

Partida com chave Soft-starter

Os avanços aplicados nos últimos anos, sobre a evolução das chaves de partidas,

trouxeram melhorias significativas no sentido de tornar mais eficazes os processos de

acionamentos de motores elétricos, bem como de agregar confiabilidade e vida útil aos

equipamentos envolvidos e à rede elétrica de alimentação, com o advento tecnológico das

chaves eletrônicas.

A Soft-starter é uma chave eletrônica composta de um conjunto de tiristores/diodos

SCRs (do inglês Silicon Controlled Rectifier - Retificador Controlado de Silício), que permite

o acionamento de cargas suavemente, por meio do controle da tensão para redução da corrente

de partida. Essa chave integra uma IHM capaz de programar tensão e tempos de rampas de

aceleração e desaceleração, e de configurar parâmetros de proteção, como limites de

subtensão, sobretensão, subcorrente e sobrecorrente, falta de fase, sequência, curto-circuito,

entre outros.

O controle da tensão de saída, assim como da corrente de partida, programados

previamente por usuário, leva a chave eletrônica a tirar proveito de vida útil em relação às

chaves eletromecânicas, por não possuir partes móveis ou que gerem arco elétrico (WEG,

2015, p.77).

O diagrama da figura 3.20 representa um típico sistema paralelo-série intertravado,

contendo os componentes essenciais do circuito de potência (à esquerda) e comando (à

direita) de um sistema de bombeamento submerso d’água acionado por soft-starter. A

descrição de seus itens permite identificar componentes comuns entre os diagramas alusivos

às 4 motobombas estudadas.

Page 110: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

110

Figura 3.20. Diagrama multifilar de uma chave de partida Soft-Starter, modelo 3RW30 fabricante Siemens.

Nessa configuração de diagrama multifilar se utiliza chave de partida soft-starter com

automático para acionamento de motobomba. Na linha da chave seletora para automático, os

contatos normalmente abertos (NA) identificam os itens de proteção e comando do circuito,

que incluem relé de falta de fase (K1), relé de nível (K2) e programador horário (K3), os quais

na ausência de problemas, e conforme programação do usuário, habilitam o acionamento da

motobomba por meio dos contatos da soft-starter. O contactor e o relé térmico são itens de

série desse tipo de chave acionadora, assim como na partida por inversor de frequência.

Ao usar outros tipos de partidas para acionamento da carga, a soft-starter seria

substituída por contactores associados a relés de proteção térmica, e outros implementos como

autotransformador para o caso de partida compensadora. Um esquema simplificado das soft-

starters é apresentado na figura 3.21.

Figura 3.21. Diagrama simplificado de chave de partida Soft-starter para instalação de motor trifásico. Fonte:

Adaptado WEG (2013).

Page 111: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

111

Partida com Inversor de frequência

O inversor de frequência é um equipamento com ampla aplicabilidade na automação

industrial, destinado ao acionamento de motores elétricos em corrente alternada, e que faz uso

de transistores de potência, IGBTs (do inglês Insulated Gate Bipolar Transistor – Transistor

Bipolar de Porta Isolada), para o processamento de suas funções em sistemas de controle.

Dentre os papéis que o inversor de frequência pode desempenhar estão a de transformar

tensão alternada em contínua, para em seguida converte-la em tensão de frequência e

amplitude ajustáveis na alimentação de um motor. O circuito interno do inversor utiliza uma

ponte retificadora trifásica e capacitores de filtro, tomando um terra como referência para

formar uma fonte CC simétrica. Quando comutados os contatos desse circuito interno,

seguindo lógica de controle, cria-se uma forma de onda alternada (quadrada) na qual a

frequência varia em função da frequência de chaveamento.

Com esse instrumento é possível reduzir o número de partidas e paradas repentinas de

motores e diminuir os danos mecânicos nos equipamentos, podendo realizar até 200 partidas

em um período de 24 horas, através de rampas de aceleração e frenagem (ELECTRIC, 2013).

Por meio de uma IHM é feita a parametrização das funções programáveis, que permitem

configurar o sistema de acionamento e proteção integrada de acordo com a necessidade de

aplicação.

Acionamentos que regulam a velocidade do motor, controlando a tensão e a frequência

da rede, têm alargado vastamente a abrangência das aplicações e capacidades dos motores

CA, entretanto, isso impacta no projeto, desempenho e confiabilidade dos mesmos (WEG,

2015, p.77).

Conforme WEG S.A (2015), a partida suave de um motor elimina os altos esforços da

partida no enrolamento do estator e barras do rotor que são comuns quando a partida ocorre

direto pela rede, além disso, velocidades baixas correspondem a ciclos menores, portanto,

fadiga minimizada sobre rolamentos e outros elementos girantes, refletindo em maior vida útil

para o motor. Contudo, existem alguns fatores importantes que geram problemas se não

considerados na especificação técnica inicial de motores que operam em velocidade variável:

Tensão de "Modo Comum"; Harmônicas; Frequências de Chaveamento e Ondas

Estacionárias; Faixa de Velocidade; Aspectos na Partida.

Os problemas relacionados a aplicações com velocidade variável que podem surgir, em

decorrência da não observância desses fatores, estão relacionados a: requisitos específicos da

carga, integridade da isolação, vibrações, qualidade dos materiais e da construção.

A Figura 3.22 representa um esquema de um circuito de potência típico de inversor de

frequência.

Page 112: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

112

Figura 3.22. Chave inversor de frequência, instalação para motor trifásico. Fonte: Adaptado WEG (2013).

3.13.4 Comparativo entre principais tipos de acionamentos

No momento em que um motor elétrico de indução trifásico é acionado a corrente

elétrica solicitada se eleva muito acima do valor nominal de operação, normalmente de 5 a 6

vezes, o que caracteriza a partida direta. Isso ocorre porque no instante inicial é necessário um

torque superior para vencer a inércia do motor mais a carga, até alcançar a rotação de serviço,

na qual as bobinas recebem tensão nominal. Para reduzir a amplitude da corrente de partida

existem diferentes métodos de acionamentos de motores, onde no gráfico 3.7 se faz um

comparativo.

Gráfico 3.7. Comparativo entre correntes de partida, para diferentes tipos de acionamentos. Fonte: Adaptado de

Mascheroni et al. (2005).

Dentre as curvas de corrente de partida, a de Inversor de Frequência oferece menor

oscilação na rede elétrica, pois durante a partida a carga é suavemente solicitada, de maneira

que não haja pico de corrente. No entanto, por ser um sistema embarcado de eletrônica

sofisticada, capaz de controlar a velocidade de rotação, dentre outros parâmetros na partida,

Page 113: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

113

em regime de operação e na parada, nem sempre apresenta melhor custo benefício, quando se

leva em conta a potência do motor e a aplicação a que ele se destina. Com isso, esse tipo de

acionamento acaba sendo mais indicado para motores com potência superior a 7,5cv

(conforme a concessionária de energia Cosern), e que demandam maior controle modular em

operação. Numa sequência decrescente, os tipos de partidas que apresentam melhores curvas

de corrente são: Inversor de Frequência, Soft-starter, Estrela-triângulo e Partida direta.

Para a maioria das motobombas que integram o SAA do qual as motobombas analisadas

fazem parte, o acionamento se dá normalmente através de partida Compensadora, invés da

partida Estrela-triângulo, esquematizada na figura 3.23.

Figura 3.23. Diagrama de partida estrela-triângulo. Fonte: Adaptado WEG (2013).

Em relação a este método de partida, a chave compensadora apresenta um pico de

corrente menor, pelo fato do motor continuar aumentando a rotação na passagem da tensão

reduzida para a tensão nominal da rede, além disso, o motor precisa apenas de três terminais

para alimentação.

Dentre as vantagens e desvantagens dos métodos de partidas, o quadro 3.13 apresenta as

principais.

Page 114: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

114

Partida Controle Vantagem Desvantagem

Direta ─

Melhor condição para o

motor.

É a condição que causa o

menor aquecimento.

Menor custo e ocupa menor

espaço na instalação.

Pior condição para a rede de alimentação.

Pior condição em termos de solicitações

mecânicas.

Sobredimensionamento de cabos e

contatores.

Chave

Compensadora

Ou Auto -

Transformador

Tensão

Variação de “TAP” de 65% e

80% da tensão da rede.

Limitação da corrente de

partida.

Utiliza três condutores para

alimentação do motor.

Muito utilizada para cargas de

baixa inércia.

Há uma queda também do conjugado, o

que pode acarretar problemas na partida se

esta não for considerada.

Mudança brusca nos TAPs, causando

transitórios nos chaveamentos; Na

instalação necessita de espaço maior.

Inadequado para cargas com altas

inércias.

Vida útil limitada (número de manobras).

Possibilidade de gerar faíscas ou arcos de

tensão devido as chaves serem mecânicas.

Soft-Starter

Ou Partida

Estática

(Eletrônica)

Tensão

Limitação da corrente de

partida.

Partida e desligamento suaves

(existem rampas de tensão

controladas por meio de

tiristores).

Vida útil elevada (não possui

desgastes mecânicos por

número de manobras).

Proteções ao motor

incorporadas.

Preço devido ao uso de componentes

eletrônicos em alta e média tensão.

Problemas para cargas com altas inércias

e conjugado constante.

Inversor de

Frequência Ou

Variador de

Frequência

Tensão e

Frequência

Limitação da corrente de

partida (próxima a nominal).

Acionamento de cargas com

altas inércias.

Controle de velocidade do

motor.

Opera acima da rotação

nominal do motor.

Preço elevado.

Motor deve ter isolamento adequado (a

operação do inversor gera picos de tensão

no isolamento do motor).

Harmônicas, geram aquecimento

adicional.

Podem ser usados filtros para reduzir ou

eliminar os efeitos prejudiciais do inversor

ao motor, entretanto o custo deles é muito

alto.

Quadro 3.13. Comparação entre os principais métodos de partidas. Fonte: Adaptado WEG (2015, p.81).

Esses tipos de acionamentos utilizam contatores e outros dispositivos auxiliares, para

promover o fechamento ou abertura sincronizada de contatos elétricos, que ligam a

alimentação trifásica aos terminais do motor, com tensão reduzida ou com tensão plena

(partida direta).

Page 115: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

115

CAPÍTULO IV

4. METODOLOGIA E PESQUISA DE DADOS

O presente cenário metodológico trata da análise preditiva de Conjuntos Motobombas

Submersas (CMBS) referentes a quatros poços tubulares d’água da concessionária CAERN,

unidade de Parnamirim, que operam com diferentes acionamentos e programações. Os poços

foram indicados no intuito de inferir sobre a confiabilidade das motobombas, devido à

criticidade desse equipamento para a garantia do fornecimento de água à população.

Optou-se por trabalhar um método alternativo pouco utilizado na área de manutenção

industrial, no entanto, promissor para a discussão sobre os principais modos de falhas que

afetam os equipamentos. Nessa convergência, foi aplicada a metodologia da Roda de falhas

para identificar os modos de falhas e estimar qualitativamente a confiabilidade, baseada nos

tipos de falhas recorrentes e na performance das motobombas submersas.

O fluxograma da figura 4.1 apresenta as etapas metodológicas deste trabalho,

destacando os passos desde a coleta de dados até a análise dos resultados.

Page 116: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

116

Não Sim

1ª ETAPA

2ª ETAPA

Figura 4.1. Fluxograma de etapas do trabalho.

Os procedimentos deste estudo de caso são definidos em duas etapas que antecedem a

análise dos resultados, planejadas e executadas com base em relatos sobre falhas recorrentes,

medições de parâmetros operacionais, e, dados de consumo e produção dos poços.

Entrevista e definição

das falhas recorrentes

nos poços

Procedimentos

do checklist

Critérios NR 10,

Inspeção

termográfica

Coleta de

dados

operacionais

Poços (23, 31).

Operação

constante

Poços (34, 63).

Operação com

paradas

ANÁLISE DE

CONFORMIDADE DOS

DADOS

Roda de

falhas

Análises e

discussão dos

resultados

Manutenção

planejada

Manutenção

corretiva não

planejada

Estimativa da

Disponibilidade e

Confiabilidade dos

sistemas

Identificação dos

modos de falhas

Cálculo dos

Consumos específicos

de energia (CEE).

Page 117: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

117

4.1 Descrição das etapas metodológicas

1ª ETAPA

Entrevista à equipe de manutenção

Destinou-se a colher informações sobre os tipos de falhas recorrentes nos poços, para

utilização na Roda de falhas, as quais foram obtidas por meio de relatos não formais e

experiência acumulada da equipe de manutenção da CAERN, em entrevista no dia

02/02/2016.

Dos eventos mais frequentes, a grande maioria está associada a falhas nas motobombas

(perda total ou parcial de vazão) e sobreaquecimentos em circuitos de potência a montante das

motobombas, nos quadros de comandos dos poços, as quais são causadoras de faltas de água

nos sistemas.

Medições de parâmetros operacionais

Realizada no dia 27/06/2016, as medições dos parâmetros elétricos e térmicos de

operação foram efetuadas sobre as grandezas tensão, corrente, potência e temperatura,

referentes a itens importantes dos circuitos de potência das motobombas, como: Disjuntores;

Contactores; Soft-starter e Inversor de frequência.

As medições destinadas ao diagnóstico foram conduzidas através do checklist (do

inglês “lista de verificações") de procedimentos genéricos (Apêndice A), utilizando a

instrumentação a ser descrita, com registro em ficha de inspeção de parâmetros operacionais,

para avaliar o estado operacional das motobombas. Os itens referentes às instalações

hidráulicas foram inspecionados sensorialmente (visão e audição), no entanto, apenas como

forma de verificar a conformidade do funcionamento, sem fins de utilização para a avaliação

destinada.

Nos procedimentos de inspeção não foi possível ter contato direto com as motobombas,

em virtude de estarem submersas, o que demandaria uma mão de obra e uma parada do SAA

não visados por este estudo. Os principais itens enumerados no checklist (14, 15, 16, 17, 18),

puderam auxiliar na avaliação da performance das motobombas em conjunto com as curvas

de performance do fabricante. Isso não dispensa a análise de conformidade das instalações a

partir dos demais itens.

Coleta, análise de dados e cálculo de Consumo Específico de Energia

Durou uma semana, a partir de 28/06/2016, para consulta de informações sobre

consumo e produção dos poços nos boletins de acompanhamento operacional, procedendo

com os cálculos dos Consumos Específicos de Energia Elétrica (CEE) mensal e anual por

poço.

O consumo especifico das motobombas dos poços é um índice indicador de eficiência

produtiva, expresso neste estudo pelas unidades KWh/m³, que relaciona, portanto, a energia

elétrica consumida a cada mês com o volume de água produzido.

Page 118: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

118

De modo a caracterizar a eficiência energética dos motores submersos para bombeio de

água nos poços, ao transformar energia elétrica em energia hidráulica, foi determinado o CEE.

A expressão utilizada é dada pelo quociente entre a média do consumo energético (mensal em

KWhmês ou anual em KWhano) e o volume produzido pelo equipamento (em m³), conforme

equação abaixo:

Partindo da expressão foram obtidas as médias de consumos de energia mensais e anual.

Dados sobre tempo de operação, consumo de energia elétrica, vazão, volume produzido e

potência instalada foram consultados nos Boletins de Controle Operacional (BCO) do

operador, compreendendo um período entre julho de 2015 e julho de 2016.

Em síntese, as formas de obtenção de alguns dados seguiram os processos conforme

descritos no quadro 4.1.

Consultar Medir Calcular Dado

X Tensão, corrente, potência, temperatura

X Máxima corrente de operação “FS” (perfil do poço)

X X Fator de potência “FP”

X AMT (perfil do poço ou modelo no catálogo da bomba)

X Curva de performance (modelo no catálogo da bomba)

X X Consumo Específico de Energia (CEE)

Quadro 4.1. Formas de obtenção de dados.

2ª ETAPA

Metodologia da Roda de Falhas

A Roda de Falhas ou Failure Wheel foi aplicada ao desenvolvimento desse estudo, por

ser um método que possibilita uma abordagem visual mais direta e simplificada para

aplicação em campo, o que é bom para equipes que lidam diretamente com a manutenção de

sistemas.

De posse dos dados sobre a etapa descrita anteriormente, foi adaptado um modelo de

Rodas de falhas com a identificação dos principais mecanismos de danos atuantes nas

instalações das motobombas, para sistematizar os modos de falhas e mensurar o nível de

confiabilidade dos sistemas. Nessas condições, optou-se por fazer uma análise qualitativa

através da Roda de falhas e dos dados de CEE.

A avaliação sobre o funcionamento das motobombas se deu a partir da análise de

conformidade entre os dados coletados na 1ª etapa e os valores de referência, especificados

nos perfis das mesmas. Desse modo, os parâmetros operacionais e as variáveis de estresse

medidos in loco serviram para verificar o estado operacional das motobombas, fazendo uma

simples comparação com os valores de referência de tensão, corrente e temperatura (MTA dos

itens inspecionados), além de ponderar o fator de potência sobre as instalações em ficha de

inspeção.

(4.1)

produzido

consumida

V

ExCe

Page 119: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

119

Nessas análises, também foram consideradas informações sobre os quatro tipos de

acionamentos elétricos e estágios operacionais em que se encontravam as motobombas. Os

quais são descritos a seguir.

4.2 Descrição dos equipamentos analisados

O delineamento dos equipamentos não entrará em detalhes sobre todos os itens

constitutivos dos quadros de comandos, sendo suficiente no critério de análise deste trabalho a

descrição dos poços com as diferentes especificações das motobombas e chaves de partidas

trifásicas, como estão caracterizados através das figuras e tabelas mais adiante.

Em todas as chaves de partidas o acionamento na opção “automático” das motobombas

se dá de forma em que os comandos elétricos habilitam cada relé de proteção, até acionar a

bobina da chave de partida com tensão da rede elétrica 380 V, ou 220 V (fase e neutro). De

outra forma, a motobomba pode ser acionada manualmente sem que o comando passe pelas

proteções. Dessa maneira, etapas do circuito de comando e proteção são ignoradas,

permitindo uma seleção para acionamento direto em casos onde o percurso do circuito

automático esteja precisando de manutenção.

MOTOBOMBA PC: Equipamento possui acionamento por chave de Partida

Compensadora (PC), encontra-se na faixa de média vida com 2,48 anos de

funcionamento, sem registro histórico de manutenção.

Tabela 4.1. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PC.

PT-34 BOMBA MOTOR

Profundidade 84,0m Fabricante LEÃO Fabricante LEÃO

Diâmetro 8” Modelo S65-06 710 Série MB6-710/71E

Nível Estático 33,81m AMT 73 mca Potência 22,5 cv

Dinâmico 50,0m Vazão 55,0 Tensão 380V

Vazão 80,0m³/h N.º Estágios 6 Corrente “In” 35,9A

Crivo 54,0m Diâm. Coluna 4” Frequência 60Hz

Perfuração 02/03/2013 N. Colunas – Fator de serviço 1,15

Início-operação 21/03/2013 Comp. Coluna 6 m Rotação 3450 rpm

Último registro

de manutenção –

Acoplagem-

motor Chaveta Acionamento

COMPENSA-

DORA

Reg. Trabalho

até 11/07/2016 18h/dia

Bocal de

recalque 4”, rosca

BSP

Média de horas

de manutenção –

Vida útil média

da Motobomba 35040 h

Idade

operacional 21744 h

Confiabilidade

Motobomba –

Fonte: CAERN, 2016.

A figura 4.2 apresenta a parte frontal do quadro de comandos e o barrilete desse poço.

Page 120: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

120

Figura 4.2. À esquerda, parte frontal do quadro de comandos, à direita barrilete do poço com motobomba PC.

A figura 4.3 mostra os itens internos do quadro de comandos e proteção, empregado

para acionamento da motobomba PC.

Figura 4.3. Quadro de comandos e proteção da motobomba PC (Partida Compensadora).

Os itens que compõem a chave de partida compensadora localizados nessa figura são o

autotransformador, com Tap’s 65-80% da tensão nominal (na parte de baixo do QCP), o

contactor de potência principal alinhado à esquerda, modelo CJX2-4011 BHS tripolar com

corrente nominal de operação 40 A, T≤ 55°C, e, à direita deste, o contactor auxiliar modelo

LC1-D25 BHS, de 25 A. Na linha a montante do contactor de potência principal está o

disjuntor geral do QCP, modelo SD-C63 3P STECK, e a jusante se encontra o relé térmico de

sobrecarga (RT), modelo JRS2-40/Z (3UA5) BHS, com faixa de atuação de proteção entre 32

e 40 A.

Comandos e

proteções

Autotransformador

Amperímetro,

Horímetro, Voltímetro

e chave manual/

automático

Contactor

principal e

auxiliar

Programação de

operação (on-off)

Orifício para

medição de

nível de água

Alimentação

do motor

Page 121: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

121

MOTOBOMBA PD: Sistema discreto, com número reduzido de itens, através do qual

a motobomba é acionada por chave de Partida Direta (PD). A idade operacional desse

sistema é de 5,50 anos, o que caracteriza um tempo considerável para a realização de

manutenção preventiva, tendo em vista que não se tem registros de manutenção ao

longo de seu funcionamento.

Tabela 4.2. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PD.

PT-23 BOMBA MOTOR

Profundidade 80,00m Fabricante LEÃO Fabricante LEÃO

Diâmetro 6” Modelo R28A-04

610 Série MB6-610/61E

Nível Estático 28,35m AMT 50 mca Potência 8 cv

Dinâmico 33,98m Vazão 30 m3/h Tensão 380V

Vazão 30,00m3/h N.º Estágios 4 Corrente “In” 13,6A

Crivo 42,00m Diâm. Coluna 3” Frequência 60Hz

Perfuração 09/07/2010 N. Colunas – Fator de serviço 1,15

Início-operação 11/01/2011 Comp. Coluna 6 m Rotação 3450 rpm

Último registro

de manutenção –

Acoplagem-

motor Chaveta Acionamento

PARTIDA

DIRETA

Reg. Trabalho

até 11/07/2016 24h/dia

Bocal de

recalque 2 ½” BSP

Média de horas

de manutenção –

Vida útil média

da Motobomba 35040 h

Idade

operacional 48192 h

Confiabilidade

Motobomba –

Fonte: CAERN, 2016.

A figura 4.4 mostra o barrilete de exploração d’água do poço e o abrigo do quadro de

comandos e proteção.

Figura 4.4. À esquerda, o barrilete do poço com motobomba PD, à direita, o abrigo do QCP.

Barrilete do poço

Abrigo do quadro

de comandos

Page 122: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

122

A figura 4.5 se refere à parte externa frontal (à esquerda) e interna (à direita) do quadro

de comandos e proteção, onde se destacam os componentes elétricos.

Figura 4.5. Quadro de comandos e proteção da motobomba PD (Partida Direta).

Este quadro de comando é composto por uma chave de partida direta, definida pelo

contactor modelo LC1D18 Telemecanique de corrente nominal 18 A, cujo aciona o motor

submerso com 100% de carga na presença da tensão requerida nas três fases, caso os relés de

falta de fase FSN e relé de nível RN estejam habilitados. Logo abaixo do contactor está o relé

térmico de sobrecarga LDR21 Telemecanique, com faixa de atuação de proteção entre 12 e

18A.

MOTOBOMBA PS: Nesse sistema a motobomba é acionada de modo suave por

Partida Soft-Starter (PS), onde o sistema de bombeamento possui controle de

aceleração e desaceleração com base no torque do motor de indução. Os parâmetros de

operação estão integrados numa IHM para configuração. Com toda a configuração

sendo feita através de sua interface, os itens de proteção e comando também integram

a Soft-Starter, sendo ela considerada a melhor relação custo benefício para o sistema

de abastecimento do qual faz parte. A idade operacional desse sistema é de 2,37 anos.

Comandos

e proteções Contactor

e relé

térmico

Horímetro e

ficha com perfil

de poço e de

Motobomba

Disjuntores

de potência

e comando

Amperímetro e

Voltímetro

Chave

manual/

automático Alimentação

do motor

Page 123: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

123

Tabela 4.3. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PS.

PT-31 BOMBA MOTOR

Profundidade 73,00m Fabricante LEÃO Fabricante LEÃO

Diâmetro 8” Modelo S35-06 610 Série MB6-610/61E

Nível Estático 30,12m AMT 80 mca Potência 13 cv

Dinâmico 48,00m Vazão 30,0 Tensão 380V

Vazão 40,00m3/h N.º Estágios 6 Corrente “In” 22A

Crivo 57,00m Diâm. Coluna 4” Frequência 60Hz

Perfuração 21/11/2012 N. Colunas 9+(2m) Fator de serviço 1,15

Início-operação 25/02/2014 Comp. Coluna 6 m Rotação 3450 rpm

Último registro

de manutenção –

Acoplagem-

motor Chaveta Acionamento

SOFT-

STARTER

Reg. Trabalho

até 11/07/2016 24h/dia

Bocal de

recalque 3” BSP

Média de horas

de manutenção –

Vida útil média

da Motobomba 35040 h

Idade

operacional 20808 h

Confiabilidade

Motobomba –

Fonte: CAERN, 2016.

A figura 4.6 ilustra uma foto tirada do barrilete do poço com motobomba PS, onde estão

itens mecânicos como registro, válvula e ventosa, com diâmetros de 100 mm (DN 4”).

Figura 4.6. Barrilete do poço com motobomba PS.

A figura 4.7 apresenta a parte frontal do QCP (à esquerda) e os componentes internos do

circuito de potência e comando do QCP (à direita), referente ao poço com motobomba PS.

Figura 4.7. Quadro de comandos e proteção do poço com motobomba PS (Partida Soft-Starter).

Disjuntores

de potência

e comando

Chave Soft-Starter Caixa de

Fusíveis

Bornes de Alimentação

do QCP e do motor

Contactor

auxiliar Ventilação

lateral

Chave

manual/automático

Comutador voltímetro,

e horímetro

Sistema

ligado/desligado

Page 124: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

124

A Soft-Starter utilizada no PT-31, modelo Altistart 22 (ATS22D32Q) Schneider, opera

a motobomba sob uma corrente elétrica de 22 A, em que se observa a máxima temperatura

ambiente de 40°C na qual o equipamento pode operar até o limite da corrente nominal

especificada (32A). Essa Soft-Starter pode ser utilizada em ambiente com temperatura de até

60°C, desde que a corrente permanente máxima de classe 10 seja desclassificada em 2,2%

para cada grau acima de 40°C (104°F). Exemplificando, um modelo ATS22D32Q

funcionando a 50°C (>40°C) é desclassificada por 10 X 2,2% = 22%, logo, a corrente de 32 A

passa a ser 32 x (1-0,22) = 24,96 A, que é a corrente nominal máxima para o motor nessa

condição de temperatura ambiente, conforme o manual do fabricante.

MOTOBOMBA PI: Sistema acionado por Partida Inversor de Frequência (PI),

aplicado ao controle operacional mais eficiente, no qual toda a automação desejada

para o motor pode ser programada em uma IHM, no painel de controle local (LCP).

Essa, por sua vez, é bastante versátil, permitindo a parametrização e controle de

diversas variáveis como rampa de aceleração e desaceleração, velocidade do motor,

programação de funcionamento, e uma série de comandos de automação associados a

sensores que podem trabalhar em conjunto com esse equipamento. No mesmo

equipamento estão, de modo integrado, diversos outros componentes que substituem

as funções dos relés, proteções e chaves auxiliares, que são encontrados

separadamente em QCP de chaves de partidas convencionais, como nos dois primeiros

apresentados anteriormente. A idade operacional dessa motobomba é de 2,01 anos.

Tabela 4.4. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PI.

PT-63 BOMBA MOTOR

Profundidade 64m Fabricante LEÃO Fabricante LEÃO

Diâmetro 8” Modelo S65-05 710 Série MB6-710/ 71E

Nível Estático 29,34m AMT 62 mca Potência 19 cv

Dinâmico 42m Vazão 50 m³/h Tensão 380V

Vazão 80 m³/h N.º Estágios 5 Corrente “In” ~~31A

Crivo 48m Diâm. Coluna 4” Frequência 60Hz

Perfuração 02/03/2011 N. Colunas 8 Fator de serviço 1,15

Início-operação 05/07/2012 Comp. Coluna 6 m Rotação máx.=3450 rpm

Último registro

de manutenção –

Acoplagem-

motor Chaveta Acionamento

INVERSOR

DE FREQ.

Reg. Trabalho

até 11/07/2016 *~12 h/dia

Bocal de

recalque 4” BSP

Média de horas

de manutenção –

Vida útil média

da Motobomba 35040 h

Idade

operacional 17604 h

Confiabilidade

Motobomba –

Fonte: CAERN, 2016.

A figura 4.8 mostra o quadro de comandos com o circuito de potência e um relé de

nível, no centro os terminais utilizados para o comando e alimentação do inversor e do motor,

e à direita o LCP.

Page 125: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

125

Figura 4.8. QCP (à esquerda), terminais de comando e de alimentação (ao centro), e LCP do inversor (à direita).

O inversor ilustrado é projetado para uso em sistemas de água e efluentes, aplicado na

motobomba do PT-63. O modelo é o VLT AQUA Drive FC 202 P22K Danfoss, com

alimentação 3x380-480 VCA, 22kW, corrente de 31,7 A, eficiência 0,97, e com capacidade

de operar em diferentes valores de rotação (0-3450 rpm). A máxima temperatura ambiente de

operação é 50°C.

Sem entrar em detalhes em todas suas funções, a faixa de recursos padrão e opcionais

inclui uma série de funções que podem ser consultadas no manual do fabricante: Controle em

cascata; Detecção de funcionamento a seco; Detecção de final de curva; Alternação do motor;

Deragging; Rampas de dois degraus; Proteção da válvula de retenção; Torque de segurança

desligado; Detecção de fluxo reduzido; Fill Mode de tubagem; Sleep mode; Relógio de tempo

real; Proteção por senha; Proteção de sobrecarga; Smart logic control.

A função de sobrecarga corresponde a atuação sobre um valor de 110% da corrente do

motor, durante um tempo ajustável próximo a 1 minuto. Além de todas as vantagens, o

inversor de frequência funciona como um filtro, melhorando a qualidade da energia fornecida

à motobomba. A figura 4.9 representa as instalações do PT-63 com motobomba PI, no qual se

encontram itens típicos de barrilete com DN 4”: válvula de retenção, ventosa e registro. Após

o barrilete estão as caixas com a tubulação de recalque, onde se localizam os sensores de

pressão e vazão.

Figura 4.9. Barrilete do PT-63 com motobomba PI (à esquerda), transmissor de pressão (ao centro), e

macromedidor de vazão (à direita).

Circuito de

potência

alimentador do

Inversor de

frequência

Relé de nível

instalado no

comando do

inversor

Barrilete do poço

Caixa onde se

localizam o

pressostato e o

macromedidor

Page 126: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

126

O regime operacional variável da motobomba PI é em função do comando do

transmissor de pressão MBS 1700 Danfoss (de 0 a 10 bar), instalado em sua tubulação, que

funciona baseado no princípio da piezoresistividade, o qual converte o valor de pressão em

um sinal na escala de 4-20 mA para uma entrada analógica do inversor de frequência. Por esse

motivo, o regime operacional varia entre 5 h/dia em períodos de chuva até 19 h/dia na

estiagem. O sensor de vazão modelo MC 608 Euromag é do tipo eletromagnético sem

palhetas.

Dentre os tipos de partidas aqui mencionadas (vide seção 3.13.3), os custos para

aplicação seguem a ordem crescente: PD < PC < PS < PI. O custo da chave de partida direta é

o menor, sendo também o sistema mais simples. O custo da chave inversor de frequência é o

mais elevado em relação aos outros três tipos de acionamentos, o que restringe sua aplicação a

uma parte do total de poços da empresa que exige um controle operacional mais preciso.

4.3 Requisitos para operação das motobombas

Em motobombas o aumento da taxa de falhas se apresenta conforme os equipamentos

evoluem para o período de envelhecimento, o qual pode ser representado pela curva da

banheira (Modelo A – seção 2.8), em que durante determinado período do fim da vida útil

mecanismos de desgaste atuam com mais frequência.

Em relação aos 4 modelos de motobombas, a vida útil média dos equipamentos é de

quatro anos (35.040 h) de funcionamento em condições normais de operação, ou seja, levando

em conta os seguintes pontos importantes a serem observados (LEÃO S.A, 2015):

Condições de submergência;

Presença excessiva de areia no poço;

Temperatura d’água;

Refrigeração (Fluxo adequado para arrefecimento do motor);

Qualidade Físico-químico d’água;

Qualidade da energia elétrica disponível;

Número de Partidas – pré-determinada;

Tipo de acionamento do painel de comando;

Proteções do Painel de comando.

O tempo de operação dos conjuntos pode ainda variar, conforme desgaste dos

componentes internos. Para essas condições de operação especificadas pelo fabricante das

motobombas (LEÃO S.A, 2015), são observados os seguintes critérios:

Teor máximo de areia permitido: 30 g/m³.

Temperatura máxima: 40 ºC.

Submergência mínima de 6 metros abaixo do nível dinâmico.

Proteção do motor: IP 68.

Número máximo de acionamentos por hora: 10/hora, com um intervalo mínimo de 90

segundos.

Água limpa com pH entre 6,5 a 8,0.

Page 127: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

127

Os dados técnicos do fabricante recomendam ainda, proteção contra sobrecarga e curto-

circuito para as chaves de acionamento.

Como o número de manobras normalmente não ultrapassa 1 acionamento por dia entre

as motobombas, essa condição não será levada em conta para efeito comparativo entre os

fatores de redução da confiabilidade sobre os tipos de partidas desses equipamentos, e sim, o

modo como a disposição dos itens e como o comportamento da corrente de acionamento do

motor podem comprometer sua confiabilidade. A exceção está na motobomba PI, que pode

variar a rotação do motor e no número de acionamentos por dia, conforme a automação do

inversor de frequência a partir do transdutor de pressão.

4.4 Descrição da instrumentação utilizada e coleta de dados

A coleta dos dados nas instalações dos poços (vide planta de poço de captação Anexo B)

se deu por meio de colaboração da CAERN, sendo facilitada pelas práticas experimentadas no

dia a dia de trabalho com manutenção na empresa. Nas medições dos parâmetros elétricos e

térmicos de operação das motobombas utilizou-se a instrumentação com a descrição a seguir.

A medição da potência aparente foi feita por meio do Wattímetro da figura 4.10, modelo

ET-4091 de fabricação Minipa, com funções de medição de potência, fator de potência,

funções amperímetro/multímetro.

Figura 4.10. Alicate Wattímetro.

Inicialmente, foram efetuadas medições de tensão, corrente e potência elétrica com

carga balanceada sobre os circuitos de potência nos quadros de comandos, sendo este último

parâmetro medido conforme a instrução da figura 4.11. Na figura, o esquema elétrico de

montagem e medição é mostrado, usando a função potência trifásica balanceada do

wattímetro.

Page 128: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

128

Figura 4.11. Função Potência Trifásica com Carga Balanceada, chave na posição “3~Bal * 1~”. Fonte: MINIPA,

2014.

O método não destrutivo de inspeção termográfica foi utilizado no registro das

assinaturas térmicas dos quadros de comandos (circuitos de potência) com ajuste de

emissividade em 0,95, para mostrar as temperaturas dos principais pontos de fragilidade

térmica dos itens relacionados na ficha de inspeção. As temperaturas registradas foram

comparadas com as MTAs para os pontos inspecionados.

Quanto aos requisitos de segurança aplicáveis às áreas inspecionadas, efetivou-se uma

análise preliminar de risco (APR), obedecendo a NR 10, sob a qual o trabalho de inspeção

termográfica foi realizado com utilização de EPIs (óculos, luvas, botas isolantes), mantendo

uma distância de 1,0 m dos itens verificados.

Durante essas medições, também foram registradas as temperaturas ambiente e a umidade

relativa do ar, para uma possível análise sob a perspectiva de variáveis de estresse. Nesse

procedimento não foi necessário utilizar anemômetro, pois a velocidade do vento no local foi

considerada desprezível para efeito de análise. A figura 4.12 ilustra a câmera termográfica

utilizada, de modelo ET-4091 Minipa, com funções de captura de imagens no comprimento

de onda infravermelho.

Figura 4.12. Câmera termográfica, cedida pelo Laboratório de Energia UFRN.

Page 129: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

129

A identificação da umidade relativa do ar se deu com o auxílio do Termohigrômetro,

modelo MT-241 de fabricação Minipa, com as principais funções Umidade relativa do ar e

Temperatura ambiente, como retrata a figura 4.13.

Figura 4.13. Termohigrômetro utilizado durante as inspeções termográficas.

Em seguida, utilizou-se um manômetro na escala de 0 a 50 mca (metros de coluna

d’água) para auxiliar no cálculo da AMT da motobomba PC do PT-34, tendo em vista que na

ficha do perfil do poço registrava apenas o valor da pressão referente ao nível dinâmico de

operação. O manômetro foi instalado em um colar de tomada no barrilete do poço (do circuito

hidráulico do dosador de Cloro), a montante do início da adutora. Dessa forma, mediu-se a

pressão na boca do poço (equivalente a altura geométrica a partir do solo), a qual foi somada

ao ND para determinar a AMT a ser vencida pelo equipamento. Esta pressão foi confirmada

com o valor constante na tabela de especificação da motobomba, em Leão S.A (2015), no

modelo S65-06 710. O manômetro utilizado na medição da pressão em circuito hidráulico

fechado possui rosca de ¼” NPT saída reta, fabricante Cesar, com escala de 0 a 50 mca:

Figura 4.14. Manômetro utilizado.

Page 130: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

130

CAPÍTULO V

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 RESULTADOS DA 1ª ETAPA

A ocorrência de falhas nas motobombas submersas frequentemente tem levado à

abertura de RA’s com ordens de serviços (OS), que resultam em trocas desses equipamentos

por falta de manutenção preventiva. Na concessionária, as RA’s associadas a esse tipo de

problema são geradas durante o atendimento aos consumidores que reclamam de falta d’água,

cujo registro cumula para a formação do gráfico 3.1.

O referido gráfico 3.1 deriva de um banco de dados do sistema “Gsan” da CAERN-

Parnamirim, referente ao período de 2015, o qual serviu como indicador de faltas de água nos

bairros. Dentre 20 bairros contabilizados, Nova Parnamirim atingiu 100 de um total de 366

RAs, representando 27,3 % das falhas no período. Apesar de não ser o bairro com maior

quantidade de poços ativos, 27 de um total de 108, sua população é a que mais aciona a

empresa a respeito de problemas de falta de água, sendo um dos fatores determinantes no

bairro a predominância de edificações elevadas, para as quais as motobombas devem manter

sua performance para garantir o abastecimento de água.

5.1.1 Análise da conformidade dos dados

Os dados registrados nas fichas de inspeção no dia 27/06/2016 partiram dos

procedimentos do checklist, a partir dos quais foi verificado a integridade das características

funcionais das motobombas, dos relés de proteção e sensores, de acordo com suas

especificações.

As figuras 5.1, 5.2, 5.3, 5.4, apresentam os resultados obtidos das medições dos

parâmetros operacionais em ficha de inspeção.

Page 131: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

131

Figura 5.1. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PC.

Figura 5.2. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PD.

Page 132: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

132

Figura 5.3. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PS.

Figura 5.4. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PI.

Em geral, as medições no dia 27/06/2016 ocorreram em condições ambientes

favoráveis, onde em média a temperatura era de 32°C, umidade relativa de 53%, velocidade

do vento desprezível, com duração entre 9 e 14 minutos.

Ao comparar os dados medidos e registrados nas fichas de inspeção, destacados em

vermelho, com os valores de referência (VR) e MTA, os mesmos se mostraram dentro da

normalidade esperada, pois os valores de tensão estavam todos balanceados, dentro da faixa

adequada, não ultrapassando 399 V, nem se reduzindo abaixo de 350 V, conforme

recomendação constante no módulo 8 Prodist da ANEEL (2016).

As correntes medidas não indicaram estados de sobrecarga dos motores, pois ficaram

abaixo dos fatores de serviço, com base nas correntes nominais dos diferentes modelos de

motores submersos trifásicos (Anexo C). A respeito da corrente de operação, ela mostra um

Page 133: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

133

comportamento levemente variável quando a tubulação da rede de abastecimento está mais ou

menos cheia, (pressurizada), crescendo seu valor junto com a pressão.

As vazões das motobombas se mantiveram dentro das curvas de performance dos

modelos, constantes no Anexo D. De acordo com as curvas, verificou-se através da 1ª etapa

que os equipamentos estão dentro dos rendimentos especificados para cada modelo e potência

de motor.

Dos quatro poços analisados, todos possuem aterramento do QCP, mas, apenas dois

deles (PC e PD) atenderam às normalizações de aterramento funcional e de proteção,

conforme NR 5410. A ausência de aterramento da motobomba pode comprometer as

instalações elétricas em momentos de descargas, seja do motor para sua própria carcaça, ou

descargas atmosféricas, vindo a danificar os componentes e a gerar risco à segurança dos

manutentores.

Na ficha do PC, há uma exceção dentre as inspeções realizadas, onde numa ocasião foi

efetivado o primeiro registro de manutenção, após verificado que o contactor apresentava um

sobreaquecimento na fase “R”, sendo necessário a troca desse item e do cabo que ligava este

ao disjuntor. Feito a manutenção preventiva, a temperatura voltou a ser a de referência na fase

afetada.

As confiabilidades estimadas com base nas idades operacionais das motobombas, até o

dia 11/07/2016, foram determinadas pelos índices da tabela 5.1.

Tabela 5.1. Índices simbólicos de confiabilidades baseados nas idades operacionais e na vida média das

motobombas submersas.

POÇO Confiabilidade

Motobomba*

PC 0,620

PD -0,375

PS 0,593

PI 0,502

Observou-se, com base no critério analisado e nos dados dessa tabela, que as

motobombas operam com 62; -37,5; 59,3; e 50,2 % de confiabilidade, tendo as

disponibilidades os mesmos percentuais. Desses resultados verificou-se que um nível maior

disponibilidade está associado a:

• Utilização do menor número possível de componentes em série;

• Dimensionamento de equipamentos com margem de segurança adequada;

• Manutenção detectiva periódica das instalações das motobombas e poços;

• Prevenção de pontos quentes, com reapertos periódicos das conexões elétricas;

O maior grau conferido ao PC se deve ao fato de ser o sistema com menor idade

operacional, seguido do PS, PI e PD, sendo que este último apresenta maior risco de parada

funcional da motobomba, por estar no período pós vida útil (4 anos), em que excedeu o tempo

para ocorrência de manutenção. Ainda assim, esse critério usado tem limitação, pois vê

Page 134: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

134

apenas o tempo de funcionamento do equipamento, sem considerar a análise dos danos em

curso por meio de Roda de falhas específica para o equipamento, que permite justificar o

prolongamento de sua vida útil, e sem ponderar sobre os tipos de chaves de partidas, que

procedeu na próxima seção.

5.1.2 Inspeção termográfica

As termografias foram utilizadas para complementar as análises dos parâmetros

elétricos de operação dos poços, na identificação de anomalias térmicas nos quadros de

comandos e proteções, visando pontos quentes em corpos de itens que podem implicar em

falhas.

Ao comparar os níveis térmicos com as MTAs dos itens inspecionados (fichas de

inspeção), não foram identificados valores críticos para a realização de manutenção. Com

isso, as termografias mostradas nas figuras a seguir são apenas uma amostra das assinaturas

térmicas dos QCPs inspecionados, com destaque para os circuitos de potência.

Figura 5.5. Quadro de comandos PC.

Figura 5.6. Quadro de comandos PD.

Page 135: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

135

Figura 5.7. Quadro de comandos PS.

Figura 5.8. Terminais do inversor de frequência PI.

A figura 5.8 mostra a termografia da motobomba PI, operando em carga parcial

próxima de zero, onde o motor estava em baixa rotação na iminência de desligar, com baixa

temperatura registrada (32ºC) no alvo, próxima à temperatura ambiente (31,6°C), o que

confere uma das funcionalidades desse tipo de acionamento. Os demais equipamentos

responderam dentro da normalidade para as MTA nas termografias: PD (46,0ºC), PC

(56,5ºC), PS (43,1ºC).

Ainda na avaliação da ficha de inspeção, os fatores de estresse obtidos (temperatura

ambiente e umidade relativa do ar) não apresentaram riscos proeminentes de falhas às

instalações das motobombas, em virtude das condições regulares identificadas sobre esses

fatores (maior U.R. = 55; e, maior T.A.= 33,4).

Nesse sentido, os itens inspecionados estão em conformidade com as especificações

referidas dentro dos modos regulares de operação constatados, sem com isso apresentarem

motivos para realização de correções programadas nas instalações das motobombas. Como

forma de prevenir possíveis pontos quentes as conexões dos circuitos de potência foram

reapertadas.

Page 136: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

136

5.1.3 Médias de CEE por produção

O Consumo Específico de Energia (CEE) das motobombas é um índice que facilita a

apuração das economias e resultados sobre a produção, onde a performance desses

equipamentos foi indicada neste estudo, satisfatoriamente a cada mês, de julho de 2015 a

julho de 2016, a partir dos dados do BCO.

As figuras a seguir mostram dados das quatro motobombas, reunidos a partir de

consultas aos boletins operacionais da rota de acompanhamento dos poços. Para efeito de

análise o CEE é o dado mais importante dentre as informações apresentadas, medido em

KWhmês/m³.

Figura 5.9. Motobomba PC - Operação: 18h/dia.

Figura 5.10. Motobomba PD - Operação: 24h/dia.

Page 137: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

137

Figura 5.11. Motobomba PS - Operação: 24h/dia.

Figura 5.12. Motobomba PI - Operação: ~12h/dia.

Em casos particulares de motobombas onde se eleva a AMT e existam muitos fatores

para perdas de carga, entende-se que o indicador CEE possa apresentar valor superior em

relação a outras motobombas de poços, onde a AMT dimensionada para o sistema seja menor.

5.1.4 Comparativo do CEE por produção

A menor variação do índice CEE indica menor variabilidade na performance de

motobombas, o que implica em menores solicitações sobre o equipamento, e no consequente

aumento de vida útil e confiabilidade. A figura 5.13 expressa a comparação entre os CEEs das

4 motobombas analisadas em KWhmês/m³, no período de julho de 2015 a julho de 2016, em

que não houve paradas para manutenção nesses sistemas.

Page 138: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

138

0,39

0,54

0,45

0,31

0,83

0,240,36

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

PC PD PS PI Médias 0,59 0,48 0,52 0,28

Gráfico 5.1. Resumo comparativo entre os resultados de CEE por produção dos poços.

Desse resultado, a motobomba PD apresentou a menor variabilidade de CEE por

produção e a maior confiabilidade relacionada ao regime operacional contínuo (24h/dia). A

ordem de variabilidade do CEE foi: ∆CEE = 0,09 (PD) < ∆CEE = 0,12 (PI) < ∆CEE = 0,44

(PC) < ∆CEE = 0,52 (PS).

A motobomba PI apresentou o menor CEE na média anual (CEE= 0,28), portanto, o

melhor aproveitamento de energia. Sua eficiência energética está associada ao tipo de

acionamento (Inversor de frequência) e ao controle operacional automatizado por meio de

transdutor de pressão.

Comparando o CEE entre os poços, a motobomba PI foi a que obteve melhor

rendimento, oferecendo maior eficiência energética para bombeio d’água, como esperado. A

mesmo demonstrou melhor equilíbrio da carga na produção, e risco reduzido de falhas típicas

em relação aos sistemas analisados, tendo em vista o menor nível térmico em operação

apresentado na termografia, a 61,2% da carga total. Para tanto, neste quesito seu nível de

confiabilidade foi o maior. Os demais resultados por ordem de qualidade foram: PS, PD e PC.

5.2 RESULTADOS DA 2ª ETAPA

5.2.1 Modelo de Roda de Falhas das motobombas submersas.

A aplicação da Roda de falhas foi essencial para a análise das motobombas submersas,

onde o critério visado na elaboração do modelo foi identificar as principais causas de paradas

desses equipamentos nas instalações dos poços, como eventos que sucedem os chamados

mecanismos de danos. Embora cada equipamento tenha um tipo de acionamento distinto, os

modos de falhas convergem para um único modelo de Roda de falhas, estando os principais

mecanismos de danos relacionados às causas gerais de falhas, onde estão implícitos os fatores

inerentes às especificações das motobombas, ao ambiente e ao uso operacional.

Page 139: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

139

De posse dos dados alçados por meio das consultas e inspeções realizadas, a figura 5.14

contribuiu para traçar um modelo de Roda de falhas adaptado para as motobombas analisadas,

onde foram categorizados os mecanismos de danos e as transições que tendem para as falhas.

Figura 5.13. Modelo de Roda de falhas adaptado para motobombas submersas. Fonte: Adaptado de ASM

HANDBOOK, Tanzer e Westinghouse (2002, p. 733).

O modelo de Roda de falhas para os equipamentos avaliados ilustra os principais

mecanismos responsáveis por seus modos de falhas. A partir dessa visão foram indicados os

ambientes dos mecanismos de danos primários: Wear (Abrasion, Adhesion, Erosion);

Corrosion; Electricity, Temperature e Stress. Os mecanismos de danos secundários mais

atuantes sobre esse tipo de sistema são destacados por elipses que se relacionam com outros

mecanismos através de setas.

Ao tomar os quatro ambientes que caracterizam os modos de falhas típicos das

motobombas submersas, os mecanismos de danos secundários destacados na Roda de falhas

implicam em transições que levam em conta os comportamentos mecânico, elétrico e térmico,

com inclusão de variáveis de estresse sujeitas aos equipamentos, conforme diagrama da figura

5.15.

Electricity

Hot spot electric

Overheating

Page 140: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

140

Figura 5.14. Principais mecanismos de danos secundários, envolvendo transições em ambientes do modelo da

Roda de falhas.

O diagrama demonstra os principais modos de falhas e seus mecanismos a partir dos

ambientes que caracterizam o modelo de Roda de falhas. Desse modo, os mecanismos de

danos que melhor representam os estados previstos para os modos de falhas são:

Overheating (Sobreaquecimento): Ocorre em partes dos circuitos de potência e/ou das

bobinas do motor e isolamento, que podem levar à queima no enrolamento. Para os

motores submersos esse mecanismo está relacionado a problemas de distúrbios

elétricos e falta de fase, além de danos por subarrefecimento, “Hot spot electric” e

“Lubrication Breakdown”.

Hot spot electric (Ponto quente elétrico): Devido ao aumento de resistência e

sobrecorrente em emendas de cabos e conexões elétricas.

Lubrication Breakdown (Baixa lubrificação): Ocorre em rolamentos, aquecimento de

mancais e do motor.

Oxidation (Oxidação): Fase que antecede a corrosão em meio aquoso, e a corrosão

microbiológica.

Hot corrosion (Corrosão a quente): Pontos quentes em emendas de cabos elétricos e

conexões, expostos à ambiente de estresse oxidativo, onde a umidade e o vapor de

produtos químicos como o Cloro, usado no tratamento de águas, tendem a acelerar

esse processo.

Microbiological corrosion (Corrosão microbiológica): Desgaste da tubulação edutora

do poço e do bombeador, por corrosão de ferrobactérias e desenvolvimento de

incrustações.

ESTRESSE:

Umidade e Temperatura

ELECTRICITY E TEMPERATURE

Overheating;

Hot spot electric;

Lubrication Breakdown;

Oxidation

CORROSION

Hot corrosion;

Microbiological corrosion;

Pitting;

Corrosion fatigue

Cavitation

WEAR

Abrasion;

Adhesion;

Erosion.

Page 141: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

141

Pitting (Corrosão alveolar): Arrancamento de material, associado à corrosão

localizada em tubulação edutora;

Corrosion fatigue (Fadiga por corrosão): Fadiga de material com carga aplicada

associado à corrosão, que normalmente afeta a tubulação edutora e com o tempo leva à

ruptura pela conexão/rosca.

Cavitation (Cavitação): Bombas que operam em poços com ND rebaixado, ou sob

critério do NPSHd

Abrasion, Adhesion e Erosion (Abrasão, Adesão e Erosão): Desgastes provocados por

partículas de areia e outros fragmentos, por processo de cavitação e tempo prolongado

de uso.

A partir do modelo de Roda de falhas é possível verificar que uma falha de lubrificação

(exemplo: Lubrication breakdown) estaria presente na interface entre desgaste e aquecimento

(Wear-Temperature), uma falha por sobreaquecimento estaria no ambiente de eletricidade

com temperatura (Electricity-Temperature), no entanto, uma falha por abrasão só é possível

no ambiente de desgaste (Wear).

Dentre uma variedade de problemas que afetam as motobombas estão alguns sintomas

externos importantes, relacionados a atuação dos mecanismos de danos e à diminuição da

confiabilidade desses conjuntos, são eles: redução da vazão; redução do fluxo de água para

arrefecimento do motor submerso; e; redução da capacitância e resistência de isolamento das

bobinas. A respeito deste último sintoma, a deterioração do isolamento é indicada por

alterações da temperatura do material, por perdas superficiais, tendo como fatores de estresse

a temperatura da água elevada, e a infiltração de umidade e sujeira.

Os mecanismos de danos presentes até a falha das motobombas levam a crer que o

sobreaquecimento, os desgastes corrosivo e abrasivo sobre os rotores do bombeador, e os

distúrbios de parâmetros operacionais, como tensão e corrente, são alguns dos mais

importantes que limitam a confiabilidade dos equipamentos.

Entende-se que os mecanismos de desgaste por corrosão são importantes para as

motobombas deste estudo de caso, uma vez que os equipamentos estão numa região litorânea,

que naturalmente intensifica os danos, e que existem outros processos como os de corrosão

ferrobacteriana identificados outrora em campo. O fato de que os poços se encontram em

região litorânea também impõe que o ambiente seja propício a um nível mais elevado de

umidade, constituindo-se como uma variável de estresse importante, pois ela intensifica a

oxidação tanto para equipamentos expostos ao ar como para os submersos em água,

provocando perdas de espessura em tubulações, surgimento de fendas, além da redução da

capacitância e resistência de isolamento nas bobinas dos motores quando houver infiltração.

Nas informações colhidas e na literatura discutida, a respeito das causas gerais de falhas

em poços, o sobreaquecimento (overheating) está presente como principal causa na maioria

das falhas típicas de motobombas. Esse fato levou a considerar esse mecanismo de dano como

o mais importante efeito no critério de análise em Roda de falhas, dentro do ambiente

“Electricity” e “Temperature”. Apesar disso, dentre as causas gerais de falhas das

motobombas, um ou mais efeitos podem surgir, simultaneamente, ou de forma independente,

como resultados da atuação desses mecanismos de danos ao longo da vida operacional,

afetando a vida útil dos equipamentos.

Page 142: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

142

5.2.2 Análise sob o aspecto das chaves de partidas

Ao considerar as altas correntes que podem percorrer os enrolamentos dos motores, as

chaves de partidas foram ordenadas quanto aos níveis de confiabilidades, relacionados aos

danos térmicos que podem provocar aos motores submersos, ao comprometer a resistência do

isolamento elétrico. Esses danos são originados por picos de correntes nas partidas e por

variações de tensão, que refletem na redução das confiabilidades das motobombas como

partes críticas dos sistemas. Além disso, é importante destacar que o pico de corrente durante

o acionamento, quando prolongado ou intermitente, afeta consideravelmente o acoplamento

do conjunto motobomba, implicando em solicitações mecânicas severas devido a variações no

conjugado de partida.

Comparou-se as quatro motobombas submersas, embora com idades, potências e tipos

de acionamentos diferentes, avaliou-se a suscetibilidade a danos térmicos e mecânicos já

mencionados sobre os conjuntos, ocasionados pelos tipos de partidas e seus arranjos de

componentes. Assim, segue a descrição das chaves de partidas dos poços analisados,

qualitativamente, por ordem crescente de confiabilidade:

PC – Poço/partida compensadora: sistema paralelo-série intertravado entre o circuito

de comando e o de potência, com maior quantidade de itens montados no QCP.

PD – Poço/partida direta: sistema paralelo-série intertravado entre o circuito de

comando e o de potência, com menor quantidade de itens em relação ao sistema PC.

PS – Poço/soft-starter: sistema paralelo-série intertravado entre o circuito de comando

e o de potência, com proteções integradas à IHM. Após o acionamento ocorre o “by-

pass” desse sistema, passando a opera a motobomba em rotação nominal.

PI – Poço/inversor de frequência: sistema paralelo-série intertravado entre o circuito

de comando e o de potência, com proteções integradas à IHM. Após o acionamento

esse sistema possibilita controlar a carga através da rotação do motor, e, com isso,

manter a vazão constante com variação de pressão na bomba, ou manter a pressão

constante com variação da vazão, sendo esse controle feito por meio de comando

associado a um transdutor de pressão.

Como discutido na fundamentação teórica, entre dois sistemas, um com n elementos

associados em série e outro com a mesma quantidade de itens associados em paralelo, a

confiabilidade será maior no segundo. Nesse sentido, de acordo com a avaliação procedida, as

condições operacionais das motobombas diagnosticadas “in loco” permitiram estimar graus

de importância de disponibilidade e confiabilidade, seguindo a ordem: PC< PD< PS< PI.

As motobombas PC e PD admitem modos de falhas relacionados aos tipos de

acionamentos, onde as correntes de partidas estão fortemente associadas a problemas nos

isolamentos elétricos dos motores, representando uma perspectiva de confiabilidade reduzida

em relação aos poços PS e PI, que possuem chaves de partidas eletrônicas com acionamentos

e desligamentos suaves. A motobomba PC diferencia-se da PD pelo fato de ter mais itens

associados à chave de partida, apresentando menor pico de corrente na partida, e tendo isso

como maior vantagem. Por outro lado, a partida direta é preferível para as características

funcionais dos motores elétricos, quando se dispensa controlar de modo variável a rotação da

bomba para as necessidades do sistema de abastecimento. No entanto, sua potência se limita a

Page 143: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

143

valores recomendados pelas concessionárias de energia elétrica, que em média é de 7,5cv,

estando a motobomba PD dentro da tolerância com 8,0 cv de potência.

A motobomba PI configura-se como mais eficiente e menos suscetível a falhas, em

virtude de ser um sistema capaz de controlar progressivamente a rotação do motor, associado

ao controle de pressão da bomba por transdutor, sem picos de corrente e de tensão, contando

ainda com alarmes de proteção sobre incoerências operacionais. Em razão desse sistema

oferecer maior disponibilidade, mostram-se algumas vantagens operacionais em relação às

outras motobombas: melhoria nas condições de abastecimento de água; melhoria do fator de

potência para valor próximo a 0,99; redução do consumo de energia elétrica e do CEE;

supressão do pico de corrente na partida; redução das perdas de água na rede de distribuição;

redução de falhas sobre a motobomba; retorno do custo da instalação.

As características operacionais da motobomba PS se aproximam bastante da

motobomba PI, excetuando o controle da rotação em operação, que se distingue como

principal vantagem desta.

Dessa maneira, os níveis de confiabilidades das motobombas também foram associados

às funções gerais das chaves de partidas, as quais dependem das confiabilidades dos circuitos

de potência, comando e proteção, para redução das probabilidades de falhas.

5.3 CONSIDERAÇÕES

5.3.1 Roda de Falhas

Diante da proposta metodológica da Roda de falhas, procura-se reduzir ao máximo os

danos sobre as motobombas em operação, em que para a análise são realizadas inspeções nas

instalações elétricas, QCP, e hidráulicas, barrilete, executando as correções necessárias e o

reaperto fundamental em conexões elétricas. Nesse âmbito, a Roda de falhas é útil como

ferramenta guia para identificação de danos durante a manutenção detectiva. O modelo prevê

os mecanismos de danos mais atuantes, a partir da inspeção e investigação dos fenômenos que

afetam a operação da máquina, colaborando para a tomada de decisões sobre ações corretivas

e preventivas de manutenção, e para a restituição da disponibilidade média dos sistemas.

A motobomba submersa foi classificada como item potencialmente mais crítico nos

sistemas dos poços, pois alterações na qualidade da energia e uma série de danos apresentados

no capítulo 2 geram reduções na sua performance, tendo um agravante que nem sempre a

falha do conjunto é evidente para o operador, o que motiva a realização de inspeções

periódicas. A prática de inspeções permite o aprimoramento contínuo da rotina de

manutenção da empresa, correlacionando medidas de temperatura e demais parâmetros

operacionais com as origens dos modos de falhas, identificados sobre um modelo de Roda de

falhas para diferentes equipamentos.

Uma forma de ampliar a aplicabilidade de uma Roda de falhas dedicada a uma

motobomba ou qualquer outro equipamento, em que se pretenda analisar falhas, é utilizar

softwares de gerenciamento da manutenção, possibilitando extrair informações de forma mais

ágil e reuni-las para determinação de tendências de falhas.

Page 144: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

144

5.3.2 Manutenção

A operação contínua de sistemas de bombeamento sem manutenção planejada leva ao

crescimento da probabilidade de falhas, o que foi identificado mediante os modos de falhas

que atuam nos poços estudados. A presença de um ambiente operacional com variáveis de

estresse pode não ser identificada sensivelmente de imediato, sendo necessário utilizar

instrumentos de medição de temperatura ambiente, umidade e outros sensores correlatos.

Muitos dos problemas surgem de forma silenciosa, na parte submersa do sistema

(motobomba), por isso a importância da manutenção detectiva e preditiva.

Como já discutido no capítulo 1 a manutenção corretiva não planejada traz sérios

entraves à disponibilidade de equipamentos e aos custos envolvidos na produção, devido a

maior frequência de falhas (como as que constam no Anexo E) quando não se acompanham os

ativos. Isso acaba limitando investimentos importantes no próprio sistema de abastecimento,

em detrimento dos custos com sobressalentes, energia elétrica e despesas extras com pessoal.

A respeito das instalações elétricas das motobombas, é fundamental que toda equipe de

manutenção, quando realizar intervenções, esboce um croqui com as modificações dos

diagramas multifilares, para anexação nos quadros de comandos, deixando acessível também

as especificações das motobombas, bitola de cabos e perfil do poço, para facilitar o acesso e

manutenção.

5.3.3 Performance e confiabilidade

Mesmo que uma motobomba tenha sido bem dimensionada, instalada, e esteja operando

dentro da performance desejada (como no exemplo do Apêndice C, que simula a

confiabilidade de um sistema genérico), este equipamento ficará sujeito a reduções

imperceptíveis de vazão e a falhas precoces. Com o passar do tempo, as curvas características

de altura versus vazão e rendimento versus vazão dessas bombas, podem afastar-se das

referências de desempenho informadas pelos fabricantes. Esse afastamento decorre do

desgaste natural do equipamento eletromecânico (conjunto motor-bomba) e da tubulação

edutora, ou ainda, de avarias causadas por mecanismos de danos como os identificados no

modelo de Roda de falhas, devendo ser verificado caso a caso.

Ocorrendo a queda do rendimento da motobomba pode ser conveniente substituí-la

junto com a tubulação danificada, em decorrência do acréscimo do consumo de energia

elétrica. Essa substituição será tão necessária quanto maior for o afastamento entre as curvas

características observadas, quando comparadas com as curvas características do equipamento

novo.

Nos diferentes tipos de acionamentos dos motores submersos percebeu-se que o excesso

de calor no circuito de potência (pontos quentes) e a variação no CEE de cada sistema

refletem numa menor confiabilidade.

O fato de não existirem registros de falhas sobre as motobombas e equipamentos

associados dificultou a obtenção dos MTTF dos equipamentos, tendo em vista que as ordens

de serviços de manutenção na unidade da concessionária não apresentam descrição suficiente

Page 145: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

145

para inclusão em banco de dados de sistema gerenciador. Os MTTF para os itens que

compõem os quadros de comandos dos poços não foram identificados, em consequência

também de serem considerados itens complexos (Modelo F componentes eletroeletrônicos –

seção 2.8) e com taxas de falhas aleatórias.

5.3.4 Gargalos nas instalações das motobombas

Percebeu-se um gargalo de produção no sistema ao qual os poços fazem parte. Nele a

maioria dos outros poços operam em regimes de trabalho de 24h todos os dias, ou seja, na

máxima produção. Os mesmos só param de funcionar para realização de correções necessárias

no próprio sistema e em algumas ocorrências de serviços para a retirada de vazamentos nas

redes de distribuição. Isso gera uma margem de insegurança para o sistema de distribuição,

pois as redes ficam pressurizadas indefinidamente. Por outro lado, esse regime operacional

aumenta a dependência sobre os poços, quando da ocorrência de falhas ou da exploração

continuada do manancial, gerando riscos de falta d’água generalizada, caso um ou mais poços

que já operam no limite falhem.

Uma vez que a pressão na rede de distribuição deixa de ser a mesma, recomenda-se o

controle por gravidade, através da aplicação de reservatórios elevados, ou ainda, da utilização

de pressostatos em todos os comandos dos poços.

Devido a pressão ser uma grandeza que varia sazonalmente com o período de consumo,

seu controle da forma mais eficiente traz muitos benefícios. A exemplo disso, o estudo

desenvolvido por Oliveira (2012) mostrou vantagens de sistemas de distribuição sem

reservatório, operados com controle inteligente de pressão, obtendo redução da potência

requerida pela bomba ao motor, diminuição do desperdício de produto químico e de água.

Fica evidente que o uso de transdutores de pressão, associados a inversores de

frequência ou controladores, favorece a redução de perdas de energia elétrica, da saturação

das redes de distribuição abastecidas diretamente por poços, e, portanto, reduz vazamentos,

com aumento da confiabilidade do SAA.

Page 146: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

146

CAPÍTULO VI

6 CONCLUSÕES

Ao reduzir as intercorrências, causadas por paradas indesejáveis e perdas de

produtividade nos poços, desonera-se a elevação dos custos de ordem produtiva e sanitária,

com manutenção e energia elétrica, com trocas prematuras de equipamentos, consumo de

produtos desinfetantes como Cloro, além dos transtornos gerados aos consumidores. Nesse

sentido, a exploração dos recursos hídricos pela CAERN, designada pela UNAP, motivou a

realização de um estudo relevante acerca de falhas em motobombas, mediante a pesquisa e o

trabalho vivenciado em campo na empresa.

Nos propósitos pelos quais este trabalho se desenvolveu, a identificação dos principais

modos de falhas recorrentes, dentre as causas gerais de falhas em poços tubulares, alicerçou a

descrição de um modelo de Roda de falhas para as motobombas submersas analisadas. Esse

modelo forneceu, como principal vantagem para a manutenção, uma visão abrangente sobre

os danos atuantes e suscetíveis aos equipamentos, permitindo seu uso qualitativo como

ferramenta para análises preditivas ágeis sobre as causas raízes das falhas dos sistemas

abordados em campo, e com isso, colaborando para a tomada de decisão sobre as

manutenções. Dentre as maiores vantagens da aplicação da Roda de falhas, está a de tornar

eficiente a substituição de componentes em percurso de falha, aliada à inspeção, e baseada nas

condições de operação e tempo de uso, servindo, portanto, como indicador decisivo para a

execução de planos de manutenção.

O conjunto de dados coletados em campo expressaram de maneira satisfatória um

diagnóstico qualitativo sobre as quatro motobombas instaladas nos poços. Baseado nos

critérios de análise, em que o prognóstico considerou a conformidade operacional das

motobombas para o sistema de abastecimento, os modos de falhas, e as características das

chaves de partidas sobre essas máquinas, chegou-se à conclusão. Foi estimado para a

motobomba PI o melhor grau de confiabilidade e disponibilidade, seguido dos demais

equipamentos PS, PC e PD. Dessa forma, considerando a tipificação das chaves de partidas,

reforçou-se à ideia de que a motobomba PI tem vantagem operacional em relação às outras,

como visto nos resultados e considerações.

É relevante que as inspeções nas instalações das motobombas submersas satisfaçam

uma periodicidade para que as intervenções de manutenção não sejam executadas em

intervalos de tempo curtos ou longos de mais, sob o risco de gerar indisponibilidade no

fornecimento de água. Do contrário, o custo de produção tende a sair caro pela

indisponibilidade provocada por paradas frequentes de manutenção, ou por falhas

catastróficas devido à falta de manutenção. Frente a essa discussão, acredita-se que a análise

em torno dos modos de falhas das motobombas, a partir do modelo de Roda de falhas, mostra

viabilidade como método para predição de falhas prematuras desses conjuntos tão importantes

para o cotidiano da população.

A continuidade desse trabalho sistemático permite atingir resultados ainda melhores

com a implantação de uma política de manutenção planejada. Para tanto, torna-se importante

Page 147: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

147

criar um banco de dados de relatórios de inspeção e manutenção de poços, integrando a

medição da temperatura como parâmetro relevante, tanto quanto os parâmetros operacionais

já utilizados. Assim, a perspectiva de implantação dessa metodologia teria como base a

manutenção detectiva (inspeções e acompanhamento) e a preditiva (análise de mecanismos de

danos em Roda de falhas), para redução da manutenção corretiva não planejada.

Por fim, investir na engenharia de manutenção é um novo caminho que começa a ser

trilhado nas empresas brasileiras. O reflexo disso está na necessidade de acompanhar os

avanços tecnológicos, de máquinas, equipamentos e processos, e de atender ao crescente

número de usuários cada vez mais exigentes. Nesse sentido, manter os equipamentos

funcionando pela maior parte do tempo, identificar os modos de falhas para corrigi-las com

agilidade, e, evitar falhas catastróficas de itens críticos, como motores e bombas, são

premissas alcançadas através da aplicação sistemática dessa proposta.

6.1 PERSPECTIVAS DE TRABALHOS

A produção deste trabalho indica que ele não se esgote por aqui, por esse motivo,

sugere-se uma série de ideias baseadas na inspeção e nas condições operacionais, para o

acompanhamento preditivo e aprimoramento da manutenção em poços:

Aplicar a Roda de falhas dentro de um programa de manutenção planejada, com roteiros de

inspeção e registro de falhas com MTTF em banco de dados de motobombas, para

identificar as tendências de falhas e a confiabilidade dos sistemas por meio de simulações

(exemplo Apêndice C), e, com isso, retroalimentar a manutenção, otimizando a

disponibilidade desses conjuntos.

Realizar medições periódicas de temperatura nas instalações elétricas, para levantar um

histórico com curvas do comportamento térmico de equipamentos, úteis no controle das

MTA como indicadores de manutenção.

Investigar o melhor modo de monitorar a temperatura do motor submerso e da água, por

meio de sensores de fluxo, a fim de verificar a influência da temperatura na vida útil das

motobombas submersas.

Avaliar o CEE das motobombas considerando as paradas dos sistemas, com base no

histórico do banco de dados a ser levantado.

Analisar variáveis de estresse como umidade, temperatura, e vapor de Cloro, utilizando

sensores para identificar o grau de influência sobre danos causados às instalações dos

poços.

Desenvolver um aplicativo “mobile” com interface para entrada de dados do BCO, que

permita ao operador de sistema registrar eletronicamente os dados operacionais dos poços,

contribuindo para consultas e tomadas de decisões por equipe de manutenção.

Page 148: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

148

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma Brasileira Regulamentadora 5462 – NBR

5462: Confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994, p.2, 37p. Disponível em:

<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk3wAC/nbr5462>. Acesso em: 20 set. 2015.

______. NBR 13.604: Filtros e tubos de revestimento em PVC para poços tubulares profundos.

1996. Disponível em: <http://docslide.com.br/download/link/nbr-13604-filtros-e-tubos-de-

revestimento-em-pvc-para-pocos-tubulares-profundos>. Acesso em: fev. 2015.

______. NBR 5383-1: Máquinas elétricas girantes Parte 1: Motores de indução trifásicos –

Ensaios. 2002, 62 p.

______. Norma Brasileira Regulamentadora NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão. Rio

de Janeiro: ABNT, mar. 2005, 209 p. ISBN 978-85-07-00562-9. Disponível em:

<http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/normas%20e%20relat%F3rios/NRs/nbr_5410.pdf>. Acesso em:

18 set. 2015.

ACCIOLY, Ricardo M.S. Análise da duração do tempo de vida de bombas centrífugas submersas.

Tese (Mestrado em Engenharia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenação dos

Programas de Pós-Graduação em Engenharia, Rio de Janeiro, 1995. Disponível em:

<https://www.researchgate.net/publication/267632268>. Acesso em: 04 jan. 2016.

ALMEIDA, A. T.; SOUZA, F. M. C. Gestão da manutenção na direção da competitividade.

Recife: UFPE, 2001.

ALVES, Alessandro Pereira; ALMEIDA, Rodrigo Santana de; COGAN, Samuel; BOMFIM, Paulo

Roberto Clemente Marques; GOUVEIA, Verônica Andréa Lima. Utilizando o Processo de

Raciocínio da Teoria das Restrições para a Gestão de Projetos de Pesquisas e Atividades

Científicas. XVII Congresso Brasileiro de Custos, Belo Horizonte, 03 a 05 nov. 2010.

ANEEL-Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no

Sistema Elétrico Nacional – PRODIST. Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica: ANEXO I: Faixas

de Classificação de Tensões – Tensões de Regime Permanente. Revisão 7, ANEEL, 2016.

Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/M%c3%b3dulo8_Revis%c3%a3o_7.pdf>.

Acesso em 27 jan. 2016.

ARTE & TÉCNICA. Manutenção: Você atua na causa ou no efeito dos seus problemas de

manutenção? Iceberg da manutenção, Website Arte & Técnica, São Paulo. Disponível em:

<http://www.artetecnica.com.br/manut_problemas.asp>. Acesso em: 14 abr. 2015.

BARCAUI, André B; QUELHAS, Osvaldo. Corrente Crítica: uma Alternativa à Gerência de

Projetos Tradicional. Revista Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de Produção, Brasil, n.2, p. 1-

21, jul. 2004.

BENEDETTI, J. A. Manutenção centrada em confiabilidade e análise de vibração. Dissertação de

mestrado, Escola de Engenharia UFRGS, Porto Alegre, 2002. Disponível em:

<http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/3793>. Acesso em: ago. 2015.

BLACHE, M.K. & SHRIVASTAVA, B.A., Defining Failure of Manufacturing & Equipment. In:

Proceeding Annual Reliability and Maintainnability Symposium, p.69-75, 1994.

BRASIL. Lei 8.078 de 11/09/90: Código de defesa do consumidor. Brasília, Diário Oficial da União,

1990. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 16 out.

2015.

Page 149: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

149

BRASIL, MS. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria MS n.º 2914/2011.

Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:

<http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/PORTARIA%20No-

%202.914,%20DE%2012%20DE%20DEZEMBRO%20DE%202011.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2016.

BULGARELLI, R., Proteção Térmica de Motores de Indução Trifásicos Industriais. Dissertação,

Escola Politécnica de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3143/tde-01122006-134918/pt-br.php>. Acesso em: 08

set. 2015.

CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte: relatos e experiências da equipe

de manutenção. Entrevista, Parnamirim: 2015.

CAVALCANTE C. A. V. Engenharia de manutenção. Recife: Universidade Federal de

Pernambuco, 2009.

EBARA. APOSTILA PARA DIMENSIONAMENTO: motobomba submersa. 60 Hz, 2012.

Disponível em: <www.ebara.com.br/lib/upload/download.php?codsisupload=290>. Acesso em 01

nov. 2015.

ELECTRIC, Franklin. MANUAL MOTORES SUBMERSOS: Aplicação, Instalação, Manutenção -

Motores Monofásicos e Trifásicos - 60 Hz. Joinville: Franklin Electric Indústria de Motobombas

S.A., 2013, p.06. Disponível em: <http://www.schneider.ind.br/media/204807/manual-motores-

aim.pdf>. Acesso em 17 dez. 2015.

FILHO, Carlos F.M. Apostila: Abastecimento de Água. Notas de aulas: Saneamento

Básico/Engenharia Sanitária, Departamento de Engenharia Civil UFCG: 2009. Disponível em:

<http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Abstagua.docx>. Acesso em: 16 abr. 2015.

FILHO, Isaias de Almeida da Costa, et al. (org.). NOÇÕES SOBRE OPERAÇÃO DE ESTAÇÕES

ELEVATÓRIAS. Natal: CAERN - Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte, out.

2014. 100p. Disponível em:

<http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/caern_intranet/DOC/DOC000000000044017.PDF>. Acesso em: 12

fev. 2016.

FOGLIATTO, Flávio Sanson; RIBEIRO, José Luis Duarte. Confiabilidade e Manutenção

industrial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

FOX, Robert W.; PRITCHARD, Philip J.; MCDONALD, Alan T. Introdução à Mecânica dos

Fluidos. 7ª Ed.: Rio de Janeiro: LTC, 2011. Disponível em:

<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgoAoAH/fox-pritchard-mcdonald-introducao-a-mecanica-

dos-fluidos-7>. Acesso em: 19 dez. 2015.

FREITAS, C.A.; INEZ, G. B.; JOROSKI, R. Projeto Piloto de Combate às Ferro Bactérias em

Poços Tubulares no Aquífero Aluvionar de Amaro Lanari no Vale do Aço – MG. XII Congresso

Brasileiro de Águas Subterrâneas, ABAS/DNPM/UFSC-PPGEA, Florianópolis, 2002. eISSN 2179-

9784. Disponível em: <https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/22628/14854>.

Acesso em: 21 fev. 2016.

FREITAS, C.A; CLEMENTE, A.R.; NETTO, J.P.G.M. Reabilitação de Poços Tubulares

Paralisados Por Baixa Vazão, Através de Processos Químicos de Alta Eficiência. XV Congresso

Brasileiro de Águas Subterrâneas, Natal, 2008. eISSN 2179-9784. Disponível em:

<https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/23821/15887>. Acesso em 20 jan.

2016.

Page 150: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

150

GENTIL, Vicente. Corrosão. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 2007. 353 p.

ISBN 9788521615569.

GIAMPÁ, Carlos E. Q.; GONÇALES, Valter Galdiano. Orientações para a utilização de águas

subterrâneas no estado de São Paulo. Realização FIESP, DMA e ABAS - Associação Brasileira de

Águas Subterrâneas, São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.abas.org/arquivos/aguasf.pdf>.

Acesso em: 15 mai. 2015. p. 32-34.

GOLDRATT, E. M., COX, J. The Goal: A Process of Ongoing Improvement. 2 ed. Great

Barrington: North River Press, 1992. Disponível em:<http://www.pilotsystems.net/cloud/ressources-

cloud/the-goal-theory-of-constraints/view>. Acesso em: 20 abr. 2016.

JABORANDY, Sérgio. Curso de Bombas Hidráulicas. 2010. Disponível em:

<http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM120/APOSTILA_MH/apostila%20_curso_de_bombas-1.pdf>.

Acesso em: 11 fev. 2015.

JUNIOR, José W. B. A falha não é uma opção. 26º Congresso Brasileiro de Manutenção, Rio de

Janeiro: abraman, 2011. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/arquivos/192/192.pdf>. Acesso

em: 10 jul. 2015.

JUNIOR, J.J.M.G.; RIBEIRO, M.V.;| FRANCO, B.C. Custo de manutenção de ativos numa óptica

operacional e estratégica no ambiente industrial. Artigo, XII SEGeT – Simpósio de Excelência em

Gestão e Tecnologia, Resende: 2015. Disponível em:

<http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/23022234.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2016.

KARDEC, A., NASCIF, J., 2009. Manutenção – Função Estratégica. 3 ed. Rio de Janeiro,

Qualitymark. Disponível em: <http://servidor.demec.ufpr.br/disciplinas/TM285/2015-

2/Conte%FAdos/Resumo%20Livro%20Manuten%E7%E3o.pdf>. Acesso em: 03 nov. 2015.

KNIGHT, C. R., 1991. Four decades of reliability progress. Proceedings of the Annual Reliability

and Maintainabiliity Symposium [S.1]: IEEE Reliability Society. p. 156 – 159.

KOYANO, M. Chão de fábrica: as sete ferramentas da qualidade. Mobilizar - Programa Móbile de

Treinamento Industrial. Revista Mobile Fornecedores, Bento Gonçalves/RS, (146): 48-60, set. 2002.

LAFRAIA, J.R.B. Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade. Rio de Janeiro:

Qualitymark, 2001.

LAGGOUNE, R. et al. Impact of few failure data on the opportunistic replacement policy for

multi-component systems. Reliability Engineering & System Safety, 95 (2): 108-119, feb. 2010.

Disponível em: <http://fulltext.study/preview/pdf/806988.pdf>. Acesso em: 09 fev. 2016.

LEÃO S.A, Bomba. Tabela de Curvas Características 60 Hz: Motobombas submersas. Leão, set.

2015. Disponível em: <http://www.leao.com.br/media/261587/Curvas-60Hz.pdf>. Acesso em: 06 jan.

2016.

LEWIS, E.E. Introduction to Reliability Engineering. 2. ed. Nova York: John Wiley, 1996. 435p.

MAGALHÃES, Eduardo R.P.V. de. O Uso da Abordagem Seis Sigma para a Melhoria da

Confiabilidade em Locomotivas. Especialização, Pós-Graduação em Métodos Estatísticos

Computacionais, UFJF, Juiz de Fora, 2013, 88p. Disponível em:

<http://www.ufjf.br/estatistica/files/2014/10/ME_2013_Eduardo-Magalhães.pdf>. Acesso em: 28 ago.

2015.

MAINIER, F.B.; LETA, F.R. O ensino de corrosão e de técnicas anticorrosivas compatíveis com o

meio ambiente. In: Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 2001. Disponível em:

<http://www.pp.ufu.br/Cobenge2001/trabalhos/EMA002.pdf> Acesso em: 19 dez. 2015.

Page 151: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

151

MASCHERONI, José M.; LICHTBLAU, Marcos; GERALDI, Denise. Guia de aplicação de

inversores de frequência. 3ª ed. Santa Catarina: WEG Automação, 2005, 267p.

MARTINHO, Edson. Distúrbios da energia elétrica. 2 ed. São Paulo: Érica, 2009.

MELLO, Ronnie C.M.de; ASSUNÇÃO, Marlon; ZANATTA, L.C. Análise de equipamentos para

captação de água em poços profundos para abastecimento público em Santa Catarina. XVI

Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas e XVII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços. São

Paulo, 2010. Disponível em:

<https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/22912/15053>. Acesso em: 21 out.

2015. 13 p.

MELO, R.A.C.; PEREIRA, Roberto; SILVA, F.H.R; JESUS, E.A. Deterioração de poços tubulares

no estado do Rio Grande do Norte. Artigo, XX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS

HÍDRICOS, Bento Gonçalves: 2013/ ISSN 2318-0358. Disponível em:

<https://www.abrh.org.br/SGCv3/UserFiles/Sumarios/c1071db7324bebe327a247c11ade0eb3_679915

706a27a0fb53216d42899dd66e.pdf>. Acesso em: 09 fev. 2016.

MINIPA. Manual de instruções: ALICATE WATTÍMETRO DIGITAL, Modelo ET-4091.

MINIPA DO BRASIL LTDA: São Paulo, 2014. P/N: 7M1C-1051-0000. Disponível em:

<http://www.minipa.com.br/Content/Manuais/ET-4091-1100-BR.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2015.

MINIPA. Proposta técnica do produto. CARACTERÍSTICAS: ALICATE WATTÍMETRO

DIGITAL, Modelo ET-4091. MINIPA DO BRASIL LTDA: São Paulo, 2014. Disponível em:

<http://www.minipa.com.br/Content/img/proposta/ET-4091-1302-BR.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2015.

MIRSHAWKA, V.; OLMEDO, N.C. Manutenção: combate aos custos na não-eficácia: a vez do

Brasil. São Paulo: Editora McGraw-Hill Ltda., 1993.

MME – Ministério de Minas e Energia. SÉRIE ESTUDOS DA DEMANDA. NOTA TÉCNICA DEA

08/15, NOTA TÉCNICA ONS 076/2015. 1ª Revisão Quadrimestral das Projeções da demanda de

energia elétrica do Sistema Interligado Nacional 2015-2019. EPE, Rio de Janeiro, maio de 2015,

p.15.

MME – Ministério de Minas e Energia. Boletim de Monitoramento do Sistema Elétrico, março de

2016. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/energia-

eletrica/publicacoes/boletim-de-monitoramento-do-sistema-eletrico>. Acesso em: 11 abr. 2016.

MONACHESI, Marcelo Gaio. Eficiência Energética em Sistemas de Bombeamento. Anexo A:

Consumo específico. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2005, 272p. Disponível em:

<http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2014/04/22/6281/LivroBombeamento.pdf>

. Acesso em: 11 mar. 2016.

MOUBRAY, John. Maintenance Management: A New Paradign. Paper, p.1-15, 1995. Disponível

em: <http://reliabilityweb.com/articles/entry/maintenance_management_a_new_paradigm/>. Acesso

em: 09 nov. 2015.

NEPOMUCENO, L. X. Técnicas de manutenção preditiva. v. 2. São Paulo: Edgar Blucher, 1999.

NETTO, J.P.M.; MORAES, N.G.; FILHO, F.W.B.F.; NETO, C.B. O Aumento da Produção de

Água, Redução do Consumo de Energia Elétrica e Recuperação de Investimentos, Através da

Manutenção e Desincrustação Química em Poços, com a Utilização de Produto a Base de

Ortofosfatos Ácidos. 14° Encontro Internacional de Saneamento / Simpósio Luso-Brasileiro de

Engenharia Sanitária e Ambiental, Porto-Portugal, 2010. Disponível em:

<http://www.maxiagua.com/press/14.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2016.

Page 152: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

152

NOWLAN, F.S. and HEAP, H.F. "Realibility Cetered Maintenance". San Francisco, Dolby Access

Press, 1978.

OLIVEIRA, José Kleber Costa de. Controle Inteligente de pressão para uma rede sem

reservatório de abastecimento urbano de água. Dissertação - Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Elétrica e Computação - UFRN, Natal, 2012. Disponível em:

<https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/15407>. Acesso em: 09 mar. 2015.

OLIVEIRA, Ualison R.; MARINS, F. A. S.; ROCHA, H. M. Procedimento integrado para

mapeamento de falhas em manufatura: Um estudo empírico em uma montadora de pneus, SIMPOI

2012. Disponível em: <http://www.aedb.br/wp-content/uploads/2015/05/20124.pdf>. Acesso em: 18

out. 2015.

OLIVEIRA, J. C. Qualidade da Energia Elétrica: Uma visão da área. Universidade Federal de

Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica, Palestra, Uberlândia, 2014. Disponível em:

<www.cck.com.br/artigos/palestras/Qualidade.pps>. Acesso em: 12 dez. 2015.

ONS – OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Boletim de Carga Mensal Nº 1 -

Janeiro 2015 “arquivo PDF”. Disponível em:

<http://www.ons.org.br/analise_carga_demanda/201501_janeiro.aspx#>. Acesso em: 12 mar. 2016.

PAULILLO, Gilson. Capítulo I – Conceitos gerais sobre qualidade da energia: Categorias de

classificação dos distúrbios associados à qualidade da energia. Ed. 84, Revista O Setor elétrico:

2013. Disponível em:

<http://www.osetoreletrico.com.br/web/documentos/fasciculos/Ed84_fasc_qualidade_energia_cap1.pd

f>. Acesso em: 26 mar. 2016.

PEREIRA, J. G; SOUSA, J. J. B. Manual de auxílio na interpretação e aplicação da NR10: NR10

Comentada. São Paulo: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo –

SRTE/SP, 2010. 100 p. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/publicacoes-do-

mtps/trabalho/inspecao-do-trabalho/item/287-manual-de-auxilio-na-interpretacao-e-aplicacao-da-nr-

10>. Acesso em: 16 jun. 2015.

SAKURADA, Eduardo Yuji. As técnicas de Análise do Modos de Falhas e seus Efeitos e Análise

da Árvore de Falhas no desenvolvimento e na avaliação de produtos. Florianópolis: Dissertação

Eng. Mecânica/UFSC, 2001. Disponível em:

<http://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/professores/marcelor/Cap.fmea.pdf>. Acesso em: 29 out. 2015.

SANTOS, S.L. Bombas & Instalações Hidráulicas, São Paulo: LTCE Editora, 1. Ed., 2007.

SANTOS, J. C. dos. ANÁLISE DE CONFIABILIDADE DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA:

APLICAÇÃO NA INJEÇÃO DE ÁGUA PARA RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO. UFRN –

BDTD-Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – PPGEM. 17-Set-2011. Disponível

em:<http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/handle/123456789/15648> Acesso em: 08 abr. 2015.

SCHNEIDER. Manual de Instrução. Motobombas, Bombeadores e Motores Submersos. Mai. 2014.

Disponível em: <http://www.schneider.ind.br/media/204806/manual-submersas.pdf>. Acesso em: 11

nov. 2015.

SEBRAE-SP. Indústria: economize energia para lucrar mais. Dicas do SEBRAE-SP e da ABESCO

para a sua unidade industrial. Abesco, 2014, p.5.

SELLITTO, M. A., 2005. Formulação estratégica da manutenção industrial com base na

confiabilidade dos equipamentos. Revista Produção, Vol. 15. No. 1 pág. 44 – 59. Disponível em:

<http://www.redalyc.org/pdf/3967/396742023005.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2015.

Page 153: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

153

SELVIK, J. T. & AVEN, T. A framework for reliability and risk centered maintenance.

Reliability Engineering & System Safety, (96):324-331,11 aug. 2010. Disponível em:

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0951832010001869>. Acesso em: 27 jul. 2015.

TANZER, Aaron; WESTINGHOUSE, Siemens. ASM HANDBOOK. Failure Analysis and

Prevention: Damage Mechanism Categorization. Materials Park, v. 11, p. 733, USA, 2002.

TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. 3ª Ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica

e Sanitária. Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2006. p.143-152, 643p.

UNFER, Ricardo. Definições e Tipos de Falhas. Aula 2, UDESC – Universidade do Estado de Santa

Catarina, FEJ – Faculdade de Engenharia de Joinville, set. 2011. Disponível em:

<http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/unfer/materiais/MAN_AULA_2___Falhas__Modo_

de_Compatibilidade_.pdf>. Acesso em: 25 out. 2015.

WEG. Automação: Guia de Seleção de Partidas. WEG S.A, Jaraguá do Sul, ago. 2013. 44 p.

Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-guia-de-selecao-de-partidas-50037327-

manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2016.

WEG. Motores elétricos assíncronos e síncronos de média tensão: especificação, características e

manutenção. WEG S.A, Jaraguá do Sul, jul. 2015. 166 p. Disponível em:

<http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-curso-dt-6-motores-eletricos-assincrono-de-alta-tensao-

artigo-tecnico-portugues-br.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2016.

WEG. Manual para Correção do Fator de Potência, modelo 958, WEG Automação S.A., 2009. 40

p. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-correcao-do-fator-de-potencia-958-

manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2016.

XENOS, H. G. Gerenciando a Manutenção Preventiva: o caminho para eliminar falhas nos

equipamentos e aumentar a produtividade. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial,

1998.

ZAMBON, Renato C.; CONTRERA, Ronan C.; SOUZA, Theo S. O. de. Captação de águas

subterrâneas. São Paulo: Escola Politécnica da USP - Departamento de Engenharia Hidráulica e

Ambiental. Disciplina Saneamento II, 2016. 64 p. Disponível em:

<http://www.pha.poli.usp.br/LeArq.aspx?id_arq=16847>. Acesso em: 16 jul. 2016.

ZONA DE RISCO. Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia. Fontes: Wilson Titton –

Sanclen; Microbiologically Influenced Corrosion of Fire Sprinkler Systems. The updated 1999

edition of NFPA 13 addresses MIC concerns, Dana Haagensen. Disponível em:

<http://zonaderisco.blogspot.com.br/2012/01/corrosao-em-tubulacao-de-incendio.html>. Acesso em

20 jan. 2016.

Page 154: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

154

APÊNDICES

APÊNDICE A – Checklist genérico de inspeção e manutenção para poços

Nº POÇO:______ DATA: ___/___/_____

Sim

Não

Guia de procedimentos em campo

Descrição do roteiro Notas/ Providências Ações de Manutenção

1

As instalações elétricas estão aterradas? X Exceto a Motobomba. Aterrar a Motobomba.

2 A tensão de alimentação entre as fases da carga está

dentro da tolerância (conforme módulo 8 Prodist)? X

Acompanhar parâmetro no BCO.

Programar inspeção com Wattímetro ou analisador de energia.

3 As correntes de operação nas fases da carga estão

equilibradas? X

Valores medidos próximos da corrente nominal.

4 As temperaturas medidas nos principais itens do

circuito de potência estão dentro da tolerância (MTA)? X

Acompanhar na próxima inspeção térmica.

Termografia/termometria programada para 3 meses.

5 A resistência elétrica das bobinas do motor submerso

está normal? X

Conforme teste de continuidade e resistência elétrica do enrolamento.

Teste programado para 3 meses.

6 A resistência do isolamento das bobinas do motor

submerso está dentro da tolerância? X

Conforme teste de resistência à massa do motor.

Teste com Megôhmetro, quando houver cabo terra.

7 A vazão está compatível com a AMT, curva de trabalho

da Motobomba e com o perfil do poço? X

Conforme macromedidor de vazão.

Providenciar teste de vazão e aferição do macromedidor.

8 Os diâmetros do motor submerso e do poço são

compatíveis para que haja a correta refrigeração? X

Não há necessidade de camisa indutora de fluxo.

Conferir fluxo de refrigeração recomendado pelo fabricante.

9 Existe alguma vibração excessiva no barrilete ou no

quadro de comandos? X Funcionamento normal.

Verificar itens 10 e 11 do roteiro/ Realizar limpeza nos contatos do contactor.

10

A estanqueidade da válvula de retenção está normal? X Há fluxo negativo quando ocorrem paradas.

Substituição urgente.

11

A seção de abertura do registro gaveta está livre? X Não há obstrução. Verificar integridade durante manutenção (item 10).

12

O tempo operacional do poço está de acordo a programação ou faixa de pressão ajustada?

X ___h diárias conforme o BCO.

Medir pressão no ponto mais alto da rede de distribuição.

13

O ajuste da corrente de sobrecarga no relé térmico está de acordo com o fator de serviço (FS) do motor?

X FS ( )1,15 In ; ( )1,20 In. Conferir cálculo com base na In.

14

O fator de potência (FP) da instalação está adequado? X Cos =___, medido

com Wattímetro.

Instalar banco de capacitores para reduzir a pot. Reativa.

15

O consumo de energia elétrica está compatível com a programação?

X Consumo regular, de acordo com o BCO.

Acompanhar eficiência da Motobomba a cada 3 meses.

16

O CEE mensal da Motobomba sofreu alterações nos últimos 6 meses?

X CEE regular, de acordo com cálculos realizados a partir do BCO.

Acompanhar eficiência da Motobomba a cada 3 meses.

17

O CEE no ano anterior esteve próximo ao valor encontrado atualmente, para a mesma configuração operacional?

X O CEE sofreu uma redução. Inspeção das instalações da carga e teste de vazão.

18

Os parâmetros analisados estão de acordo com as especificações da Motobomba?

X ─ ─

19

O diagrama multifilar das instalações elétricas encontra-se atualizado?

X Não está disponível junto ao QCP. Consultar setor de manutenção.

Esboçar croqui com modificações/ Afixar cópia dos diagramas no QCP.

20

Existe algum item das instalações da Motobomba com anomalia?

X ─ ─

Page 155: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

155

APÊNDICE B – Recortes das medições de parâmetros operacionais e de manutenções

Figura B.1. (PC) PT-34. À esquerda medição da pressão na boca do poço (24 mca), para determinação da AMT.

À direita, medições no quadro de comandos do PC. Potência aparente (22,36 KVA) e fator de potência (0,88).

Figura B.2. PT-20. Ponto quente em terminal de disjuntor geral, causado por erro de instalação de cabos de

alumínio. A seção dos cabos foi substituída por cabos de cobre, normalizando as temperaturas nas fases R=

35,8ºC, S=37,6ºC e T= 35,3ºC, registro em 05/12/2015.

Figura B.3. PT-24 NPA. Teste de vazão de motobomba (38m³/h), registro em 28/09/2015.

Page 156: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

156

Figura B.4. PT-07. À esquerda ponto quente em terminal de fusível à montante do inversor de frequência; à

direita, dados operacionais antes da falha. Registro em 22/12/2015. Nota: Por falta de manutenção preventiva

este equipamento e a motobomba precisaram ser substituídos semanas depois.

Figura B.5. PT-24. Substituição de motobomba com efeito de falha no enrolamento do motor, realizada com

auxílio de caminhão munck. Motobomba nova: Q= 80m³/h, i= 44,6 A, P= 27,5cv, registro em 07/04/2015.

Figura B.6. (PC) PT-34. Modelo TP-20 de dosador de Cloro pastilha, registro em 04/08/2015.

Page 157: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

157

APÊNDICE C – Simulação de vida de motobomba genérica via software Blocksim

A título de exemplificação, um sistema de poço genérico foi simulado para análise de

vida, no software comercial BlockSim® 10 da Reliasoft, a fim de mostrar a utilidade dessa

ferramenta na estimativa da confiabilidade, probabilidade de falhas e disponibilidade dos

sistemas, no entanto, sem demonstrar os axiomas da estatística.

A continuidade do estudo de caso, a partir da criação de um banco de dados e

implementação de política de manutenção preditiva, conforme colocado nas Perspectivas de

trabalhos, pode trazer resultados ricos para a predição e para a tomada de decisão nas

manutenções de equipamentos com tempos de vida e condições operacionais diferentes. A

partir do conhecimento dos MTTFs, para os tipos de acionamentos de cada sistema, seria

viável uma análise mais apurada sobre a influência das chaves de partidas para a ocorrência

de falhas em motobombas. Por essa razão é fundamental ter informações sobre os MTTF e

MTTR de todos os equipamentos.

A plataforma do BlockSim permite converter uma FTA em diagramas de blocos,

facilitando a compreensão e os cálculos, visto que neste arranjo é possível inserir os dados

quantitativos, de acordo com estudo aplicado feito por Santos (2011, p.65).

O Diagrama de Blocos de Confiabilidade (sigla do inglês RBD) considerado nas

simulações de vida adotou os blocos Circuito de Potência e CMBS (Conjunto MotoBomba

Submersa), em que predominam componentes elétricos. A distribuição exponencial de

probabilidade, com taxa de falhas constante, foi atribuída ao processamento dos eventos por

se tratar de uma função bastante utilizada por vários autores em aplicações desse caráter. Na

simulação não foi possível incluir os blocos denominados Chave de Partida e, Circuito de

Comando e proteção por falta de conhecimento e registro a respeito dos MTTF e taxas de

falhas para os sistemas analisados neste trabalho, além das incertezas relatadas na entrevista à

equipe de manutenção.

Entrada de dados

A simulação foi realizada em 100mil eventos, para um tempo final de 87600 horas (10

anos), com resultados em intervalos a cada 730 horas, e sem paradas para manutenção.

Devido a carência de dados históricos sobre os MTTF, para os blocos “Circuito de

comando e proteção” e “Chave de Partida”, e por serem considerados itens complexos

(conforme Modelo F – seção 2.8), estes foram desconsiderados, e inserido apenas os valores

do primeiro e do último bloco. No primeiro (circuito de potência) incidiu a opinião técnica,

sobre a média de ocorrência de falhas em sistemas de poços da concessionária. O CMBS

genérico refere-se a um modelo S35-06 610, com MTTF consultado no fabricante (Leão, S.A,

2015), em que o sistema considerado é novo, com idade zero.

Mesmo assim, no diálogo com a equipe de manutenção e na entrevista não formal a

funcionários mais antigos se obteve a informação de que o MTTF dos quadros de comandos,

numa situação sem manutenção planejada, varia bastante, mas que em média gira em torno de

2,5 anos (21.900 h), especificamente o “circuito de potência”. O quadro a seguir apresenta o

resumo dos dados de entrada para o modelo processado no BlockSim:

Page 158: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

158

Fonte: ReliaSoft-BlockSim.

Diagrama de Blocos de Confiabilidade (RBD) na interface do BlockSim

A seguinte figura representa o diagrama de blocos elaborado no software BlockSim para

estimativa dos parâmetros de confiabilidade de um sistema genérico de motobomba.

Fonte: ReliaSoft-BlockSim.

Interface para entrada de dados

Na interface do software o tempo de vida esperado para o equipamento é colocado no

campo “Tempo Médio” em “Parâmetros e Entradas”, dentro da opção “Modelo de

Confiabilidade (h)”, na tela de “Propriedades do bloco”. O tempo operacional é inserido no

campo “Idade Atual”, conforme a figura a seguir.

Blocos MTTF (horas)

(relatado) Distribuição

Tempo final

da

simulação

Número de

eventos de

simulação

Circuito de Potência 61320 (7 anos) Exponencial

Circuito de Comando e

Proteção Indeterminado O bloco não falha

87600 horas

(10 anos)

100.000

Chave de Partida Indeterminado O bloco não falha

CMBS (modelo S35-06

610) 35040 (4 anos)

fabricante Exponencial

Page 159: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

159

Fonte: ReliaSoft-BlockSim.

Na tela “Simulação da Mantenabilidade/ Disponibilidade”, no campo "tempo final da

simulação", é inserido o tempo referente à análise, 87600 h (10 anos). Na mesma interface

coloca-se no campo correspondente o número de simulações fixas, 100 mil vezes, de acordo

com a figura abaixo.

Fonte: ReliaSoft-BlockSim.

Resultados da simulação – BlockSim

A próxima tabela apresenta os resultados do ciclo de vida para os blocos e para o

sistema genérico de motobomba.

Parâmetros e Entradas do bloco: Idade operacional

(0 h); e Modelo de distribuição com tempo médio

do bloco (Exponencial – 35040 h).

Page 160: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

160

Fonte: ReliaSoft-BlockSim.

As confiabilidades dos blocos “Chave de Partida” e “Circuito de comando e proteção”

apresentaram valor 1 (100%); indisponibilidade e total de paradas igual a 0 (zero); e

disponibilidade 1 (100%), igualando o tempo total disponível ao tempo final para a simulação,

como definido inicialmente.

No RBD, os itens denominados Chave de Partida, e Circuito de Comando e proteção

foram classificados como os menos críticos, conforme o índice RS FCI (0,00%), seguido do

Circuito de Potência (RS FCI: 36,19) e do CMBS (RS FCI: 63,81).

Em 35040 horas, “tempo de vida do CMBS”, o sistema mostra uma confiabilidade de

20,7%. Os resultados pontuais do sistema genérico de CMBS se encontram na tabela mais a

frente.

Curva da Confiabilidade pontual vs Tempo:

PARÂMETROS DO SISTEMA DE

POÇO TUBULAR

(Tempo Final 87600 h)

PARÂMETROS POR BLOCO

UNIDADES CMBS Circuito

de

Potência

Chave

de

Partida

Circuito de

Comando e

Proteção

Confiabilidade “R(t)” 1,97 37,45 64,53 100 100 %

Disponibilidade Média

(Todos Eventos) 24,94

52,13 72,81 100 100 %

Tempo Disponível 41825,41

(4,77 anos)

45666,18 63784,69 87600 87600 Horas

Tempo Indisponível

Total

45774,58

(5,23 anos)

41933,81 23815,30 0 0 Horas

Desvio Padrão

(Disponibilidade Média) 0,2338

- - - - Unitário

Quantidade Esperada de

Falhas “F(t)” 0,9802

0,6255 0,3547 0 0 Unitário

Desvio Padrão

(Quantidade de Falhas) 0,1390

- - - - Unitário

RS FCI 63,81 36,19 0,00 0,00 %

Page 161: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

161

Probabilidade de falha do sistema:

A primeira falha ocorre com 4,77 anos (41825,4 h), conforme o gráfico da

disponibilidade/ indisponibilidade do sistema:

Os resultados mostram que confiabilidade e disponibilidade dos sistemas são máximas

no início das simulações, referindo-se às supostas condições de início operacional. A predição

de vida do sistema de motobomba em condições normais de operação mostra razoável

aproximação do tempo médio de vida deste equipamento (4 anos), especificado pelo

fabricante, no entanto, é limitada por não levar em consideração os MTTFs de todos os blocos

dos itens.

Na tabela a seguir são apresentados os resultados pontuais da simulação, levando em

consideração os tempos para o modelo genérico de motobomba e circuito de potência.

Page 162: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

162

Resultados pontuais para os Tempos do Sistema genérico de motobomba (todos os eventos):

Page 163: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

163

Fonte: ReliaSoft.

Page 164: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

164

ANEXOS

ANEXO A – Dados técnicos, perfil litológico, teste de produção e da qualidade da água

de poço tubular (CAERN)

Page 165: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

165

Page 166: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

166

Page 167: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

167

Page 168: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

168

ANEXO B – Planta da captação, com cortes e detalhes do tratamento, comando e poço

tubular (CAERN)

Page 169: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

169

ANEXO C – Informações necessárias para um dimensionamento correto da AMT,

Vazão e Potência de MotoBombas Submersas

Fonte: Apostila de dimensionamento, EBARA, 2012.

1- Perdas de carga aproximadas em metros para algumas vazões, entre a carcaça e

a camisa indutora:

Fonte: ELECTRIC, Franklin (2013, p.7).

Page 170: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

170

2- Vazão mínima requerida para um fluxo de 0,91 m/s:

Fonte: ELECTRIC, Franklin (2013, p.7).

3- Fator Multiplicador de Temperatura para Fluxos de 0,91 m/s:

Fonte: ELECTRIC, Franklin (2013, p.7).

4- Potência no Fator de Serviço:

Fonte: ELECTRIC, Franklin (2013, p.7).

Page 171: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

171

5- Correntes para diferentes modelos de motores:

Fonte: Leão S.A. (2015).

Page 172: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

172

ANEXO D – Curvas características das quatro bombas submersas analisadas

Curva de performance da bomba submersa Leão S.A., (2015) – PC (PT-34):

Curva de performance da bomba submersa Leão S.A., (2015) – PD (PT-23):

Page 173: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

173

Curva de performance da bomba submersa Leão S.A., (2015) – PS (PT-31):

Curva de performance da bomba submersa Leão S.A., (2015) – PI (PT-63):

Page 174: ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS … · 2017-11-05 · ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN,

174

ANEXO E – Quadro com defeitos, causas e soluções sobre motobombas

Fonte: Leão S.A (2015).