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_Análise de Petróleo2

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TG petróleo

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  • 24 Ano I, n. 1 nov.2012/abr.2013

    ANLISE DE AMOSTRAS DE PETRLEO POR TERMOGRAVIMETRIA

    A SAMPLE ANALySIS Of OIL by ThERMOGRAVIMETRy

    MARCLIO PELICANO RIBEIROUniversidade Potiguar, Escola de Engenharias e Cincias Exatas.Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Ps-Graduao em Engenhariade Petrleo, Laboratrio de Catlise e Petroqumica.Email: [email protected]

    EDJANE FABIULA BURITI DA SILVAUniversidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto de Qumica, Laboratrio deCatlise e Petroqumica.Email: [email protected]

    ANTONIO SOUZA DE ARAUJOUniversidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto de Qumica, Laboratrio deCatlise e Petroqumica.Email: [email protected]

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    REsUmoA anlise termogravimtrica foi utilizada para estudar o comportamento de quatro amostras de diferentes tipos de petrleos brasileiros e os resultados comparados com dados de caracterizao j conhecidos desses leos. Foram observadas as regies de perdas de massa encontradas na literatura: a primeira, chamada de regio de destilao que ocorre da temperatura ambiente at em torno de 400C; a segunda, regio de craqueamento, que aparece entre 400 e 600C.

    Palavras-chave: Termogravimetria. Destilao. Craqueamento. Anlise trmica.

    AbsTRACTThermogravimetric analysis was used to study the conditions of four samples of different Brazilian oils and the results compared with knew characterization data of these oils. There were observed two mass losses regions in the literature: the first, called distillation zone, which occurs from the neutral temperature until around 400 C; and the second, in the cracking region, which appears between 400 and 600 C.

    Keywords: Thermogravimetry. Distillation. Cracking. Thermal analysis.

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    1 INTRODUO

    Segundo o International Confederation for Thermal Analysis and Calorimetry (ICTAC), Anlise Trmica significa a anlise da mudana da propriedade de uma amostra, a qual relacionada alterao controlada da temperatura (BROWN, 2001), ou seja, um conjunto de tcnicas que permi-te medir as mudanas de uma propriedade fsica ou qumica de uma substncia ou material em funo da temperatura ou tempo, enquanto a substncia submetida a uma pro-gramao controlada de temperatura (GIOLOTO, 1987).

    Uma das tcnicas de anlise trmica mais utilizada a termogravimetria, onde medies das mudanas da mas-sa da amostra em funo da temperatura so realizadas utilizando uma termobalana ou analisador termogravi-mtrico. Termobalana uma combinao de microbalan-a eletrnica, forno, programador de temperatura e com-putador de controle. Esse conjunto permite que a amostra seja simultaneamente pesada e aquecida (ou resfriada) de forma controlada, ao mesmo tempo em que os dados de massa, tempo e temperatura so capturados. A balana deve estar em um sistema fechado de forma que o ambien-te e a presso ao redor da amostra possam ser controlados (BROWN, 2001). Na termogravimetria (TG), o parmetro a ser medido a massa, enquanto que na termogravimetria derivativa (DTG), mede-se a variao da massa, ambos em funo do tempo ou da temperatura.

    Durante as ultimas dcadas, a anlise trmica tem sido utilizada para o estudo e caracterizao do petrleo e seus derivados. Para petrleos crus, as tcnicas so nor-malmente empregadas para avaliar sua pirlise e com-busto. Pirlise uma tcnica de caracterizao de deter-minado material, na ausncia de oxignio, pelas reaes de degradao qumicas induzidas por energia trmica. A termogravimetria auxilia o estudo do efeito da composi-o do leo e cintica de degradao. Os resultados so correlacionados com as propriedades fsico-qumicas e outras tcnicas de caracterizao.

    Kk (1993) caracterizou a pirlise como as proprieda-des de combusto e o estudo cintico de dois leos crus pesados de campos da Turquia, com API de 18.7 e 12.9. Durante a pirlise, quando o leo cru estava aquecido em uma atmosfera de nitrognio, dois mecanismos dife-rentes que causam perda de massa foram observados. A primeira regio, entre a temperatura ambiente e 400C onde ocorre a destilao. E uma segunda regio, entre 400 e 800C, envolvendo craqueamento trmico e visbre-aking, processo no-cataltico que reduz a viscosidade do leo por aquecimento e produz hidrocarbonetos leves.

    Na primeira regio, a perda de massa principalmente atribuda destilao, onde os hidrocarbonetos leves e m-dios se vaporizam devido ao aquecimento. Foi observado

    que uma relao aproximada pode ser feita entre a quanti-dade de perda de massa inicial e a proporo de hidrocar-bonetos saturados no petrleo.

    Nas reaes de pirlise, conforme a temperatura vai aumentando, comeam a ocorrer reaes qumicas como craqueamento e visbreaking. Nesta regio, se inicia a re-cuperao de asfaltenos e a formao de coque quando essa recuperao chega a um valor mximo. Nessa regio de craqueamento, as ligaes C-C, C-H e C-heterotomo so quebradas, produzindo radicais livres e reativos. Esses radicais podem no s continuar seu prprio craqueamen-to, como tambm contribuir na separao de materiais de carbono, com baixa relao H/C (KOK, 1993). Foi observa-do que a quantidade de material consumido nessa regio est diretamente relacionada com a quantidade de resi-nas mensuradas na caracterizao, porm no foi possvel realizar uma boa relao entre o material consumido e a quantidade de asfaltenos

    Kok e Karacan (1998) estudaram a pirlise e o compor-tamento cintico de seis diferentes leos crus atravs de termogravimetria. Na pirlise, foram observadas as mes-mas duas regies do trabalho anterior: a primeira entre a temperatura ambiente e 400C, onde ocorre a destilao das fraes de menor peso molecular e a segunda, entre 400 e 600C, onde se observa o visbreaking e o craquea-mento trmico.

    Alm disso, a quantidade de saturados existente no petrleo foi relacionada com a perda de massa nas duas regies, sendo que as amostras com maior quan-tidade de saturados perdeu mais massa na primeira re-gio: a de destilao (KOK; KARACAN, 1998).

    Assim, neste trabalho sero utilizadas amostras de petrleos brasileiros para a observao das duas regies, encontradas durante a pirlise, alm da comparao de outros dados previamente fornecidos de caracterizao dos leos, com as anlises termogravimtricas obtidas.

    2 METODOLOGIA As amostras

    As amostras analisadas foram fornecidas pela Petro-brs e compreendem quatro tipos diferentes de petr-leos, chamadas de PETA, PETB, PETC, PETD. Elas foram analisadas na ordem crescente do seu API (informado previamente).

    Foi tambm fornecida pela Petrobrs a caracteriza-o de cada petrleo por mtodos convencionais, sen-do de fundamental importncia para a anlise dos resul-tados experimentais. Dentre as informaes recebidas, a Tabela 1 mostra o grau API, tipos de hidrocarbonetos que constituem as amostras, fator de caracterizao, re-sduo de carbono micro, entre outros.

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    PETA PETB PETC PETD

    DENSIDADE (API) 11,0 15,4 25,2 32,7

    Densidade relativa (a 20/4 C) 0,9889 0,9592 0,8996 0,8579

    Resduo de carbono micro (% m/m) 14,0 9,7 5,3 3,2

    Fator de caracterizao 11,5 11,7 11,8 12,1

    Hidrocarbonetos (% m/m) saturados 39,50 41,20 48,30 72,10

    aromticos 27,50 26,30 31,00 16,00

    resina 21,90 28,70 18,79 11,10

    asfaltenos 11,10 3,84 1,91 0,85

    gua e sedimentos (% v/v) 14,0 < 0,05 < 0,05 < 0,05

    Tabela 1 - Caracterizao geral dos petrleos.

    Figura 1 - Desenho esquemtico de uma termobalana.

    Anlise termogravimtrica (TG) e termogravimtrica derivada (DTG).

    A anlise termogravimtrica se deu em uma ter-mobalana TGA/SDTA 851 Mettler Toledo. Confor-me o esquema da Figura 1, amostras com massas de aproximadamente 30 mg foram colocadas num cadi-nho de alumina de 900 L. O gs de arraste escolhi-do para a pirlise foi o hlio, a uma vazo controlada de 15 mL/min.

    O mtodo de anlise consistiu em submeter cada tipo de petrleo a uma razo de aquecimento no isotrmica de 20C/min, da temperatura ambiente at 900C. No final de cada corrida, o fluxo de gs de arraste continuava por mais cinco minutos, enquanto a balana resfriava, para arrastar impurezas existentes no forno.

    Os dados de DTG foram obtidos pelo prprio software do equipamento e calculados atravs da razo de perda de massa em relao variao da temperatura.

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    3 RESULTADOS E DISCUSSESO estudo consistiu em estabelecer relaes e con-

    cluses entre os resultados encontrados na caracteri-zao dos petrleos fornecida pela Petrobrs, com a anlise trmica.

    Plotados os grficos de TG e DTG que representam o comportamento geral das amostras, pode-se perce-ber nas curvas de TG, Figura 2, que elas possuem picos de perda de massa que praticamente coincidem com a ordem do API, sendo que o petrleo mais leve (maior API) apresenta perdas de massa maiores do que os pe-

    trleos mais pesados num primeiro momento da de-gradao, em uma regio chamada de regio de des-tilao que vai da temperatura ambiente at em torno de 388C.

    A segunda regio, denominada de regio de craque-amento e visbreaking, ocorre entre 388 e 527C. Aps 527C as perdas de massa, permanecem em valores mui-to baixos at 900C, onde termina a pirlise e os resduos formados foram medidos.

    Analisando o grfico da DTG, Figura 3, pode-se perce-ber bem essas duas regies, destilao e craqueamento, como sendo os dois principais eventos de perda de massa.

    Figura 2 -TG das amostras de petrleo.

    Figura 3- DTG das amostras de petrleo

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    Amostra 1 Regio 2 Regio 527 - 900C Resduo a

    30 - 388C (%) 388 - 527C (%) (%) 900C (%)

    PETA 47,1 37,8 2,5 12,6

    PETB 52,1 38,0 2,0 7,9

    PETC 71,0 22,0 1,7 5,3

    PETD 85,0 10,6 2,6 1,8

    Tabela 2 - Perda de massa por regio das quatro amostras a 20C/min.

    Comparando os dados obtidos nos grficos TG/DTG e na Tabela 2 com os dados de caracterizao informados na Tabela 1 da metodologia experimental, podem-se ob-servar correlaes diretas entre:

    g O percentual de asfaltenos e o resduo formado a 900 C;

    g O percentual de saturados e a perda de massa na re-gio de destilao;

    g O API e a perda de massa na regio de destilao;

    g O percentual de resinas e a perda de massa na regio de craqueamento;

    Alm disso, a massa da amostra a 600C foi compa-rada com o resduo de carbono micro, sendo observada uma relao muito prxima, como mostra a Tabela 3:

    4 CONCLUSESNa anlise por TG e DTG, as curvas de degradao

    trmica apresentaram picos de perda de massa dire-tamente proporcionais ao API e foram observadas as duas regies de perda de massa descritas na literatura, a regio de destilao e a de craqueamento. A porcen-tagem dos tipos de hidrocarbonetos em cada amostra pode ser relacionada com essas regies de perda de massa.

    Os resduos formados a 600C so comparveis com boa concordncia ao valor de resduo de carbono micro, uma tcnica de caracterizao utilizada atualmente, que aquece o petrleo at 550C e mede o resduo formado.

    AGRADECIMENTOS Esse trabalho foi realizado atravs de uma parceria

    entre o Laboratrio de catlise e Petroqumica da UFRN (LCP) e o Centro de Pesquisa da Petrobrs (CENPES).

    Massa a 600C (%) Resduo de carbono (%)

    PETA 14,20 14,0

    PETB 9,5 9,7

    PETC 6,7 5,3

    PETD 4,0 3,2

    Tabela 3 - Relao entre a massa a 600C e o resduo de carbono

    REfERNCIAS

    BROWN. M. E. Introduction to thermal analysis: techniques and applications. 2. ed. Dordrecht: KluwerAcademicPublishers, 2001.

    GIOLITO, I. Apostila de mtodos termoanalticos. So Paulo: IQ/USP, 1987, V. 1 e 2.

    KOK, M. V. Use of thermal equipment to evaluate crude oils. ThermochimicaActa, v. 214, p. 315-324, 1993.

    KOK, M. V.; KARACAN, O. Pyrolysis analysis and kinetics of crude oil, Journal of Thermal Analysis, v. 52, p. 781-8, 1998.