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ANÁLISE DE PROCESSO NO
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DO
SETOR DE MANUTENÇÃO DA ÁREA DE
PINTURA DE MONTADORA DE
AUTOMÓVEIS: ESTUDO DE CASO
Elton Schempp Sanches (FGV )
Fabricio Molica de Mendonca (UFSJ )
Susana Arcangela Quacchia Feichas (FGV )
O propósito deste trabalho foi analisar, por meio de um estudo de
caso, o sistema de gerenciamento de resíduos proveniente do setor de
manutenção da área de pintura de uma grande montadora de
automóveis, localizada no Estado de São Paulo, uutilizando-se da
abordagem de processos. A coleta de dados se deu por meio da
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, entrevista
semiestruturada e observação. O mapeamento do processo de pintura
permitiu identificar todos os resíduos provenientes da manutenção
gerados ao longo do processo de pintura. O mapeamento e a análise
do modelo de gestão de resíduos adotado pela manutenção mostrou
que o sistema se resume em acumular todos os resíduos em uma
caçamba, encaminhamento para uma Central de Tratamento de
Resíduos onde são triados. A análise do fluxo do resíduo, desde a
geração até o seu destino, mostrou falhas no processo, provocando
contaminações entre os resíduos. Conclui-se que, o problema do
modelo de gerenciamento de resíduo adotado está relacionado com a
identificação e triagem do resíduo apenas no final do processo.
Portanto, é necessário rever esse modelo.
Palavras-chaves: Manutenção, Pintura, Gestão de resíduos de
manutenção, mapeamento de processo.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
No Brasil, a Lei 12.305/2010 que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o
Decreto nº 7.404/2010 que se refere à gestão desses resíduos no país, associada a outras
legislações e normas ambientais vigentes têm dado à gestão de resíduos um papel de destaque
dentro das organizações na busca de ações preventivas ou medidas mitigadoras, voltadas para
a eliminação ou minimização dos impactos negativos de suas atividades, produtos e serviços
ao ambiente em toda a extensão do processo de suprimento e de produção (BRASIL, 2010ª;
BRASIL, 2010b).
Nesse contexto, o mapeamento e a análise de processos tem uma contribuição significativa
para avaliar o modelo de gestão de resíduos, visto que, ao adotar a abordagem de processos, a
organização consegue identificar todas as entradas e saídas desejáveis e indesejáveis, por
meio do fluxo do processo. Possibilita também identificar a origem de cada entrada e a
destinação de cada saída e os procedimentos adotados no tratamento de resíduos, permitindo
analisar a observância a legislação e a busca de melhorias continuas.
Em uma grande empresa montadora de veículos, na área de pintura, exemplo do presente
estudo de caso, há um volume significativo de resíduos gerados ao longo do processo pelo
setor de manutenção. Esse volume gira em torno de 1.200 quilos mensais, envolvendo
resíduos ferrosos, não-ferrosos, papelão, plásticos, materiais e componentes elétricos e
eletroeletrônicos e latas de óleo, que pelas suas características e classificação tem destinos
diversos. A atenção dada na gestão desses resíduos pelo setor responsável por sua geração é
importante para que a empresa possa atender as exigências das legislações e proporcionar
benefícios tanto para a empresa quanto para o ambiente.
Este trabalho teve por finalidade, analisar o sistema de gerenciamento de resíduos
provenientes do setor de manutenção da área de pintura de uma grande montadora de
automóveis, localizada no Estado de São Paulo, baseado em normas, legislações ambientais e
procedimentos de coleta, armazenamento e destinação desses resíduos, dentro da visão de
processos. Mais especificamente, este estudo pretendeu: a) mapear o processo de pintura da
empresa de modo a identificar os resíduos provenientes do setor de manutenção; b) analisar o
modelo de gestão de resíduos adotado pela manutenção na área de pintura; c) analisar o fluxo
dos resíduos, envolvendo geração, armazenamento e destinação dos resíduos.
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2. Referencial Teórico
2.1. A área de manutenção na pintura automotiva e a necessidade do gerenciamento dos
resíduos gerados
Em toda indústria, o setor de manutenção exerce uma posição de destaque, uma vez que é
responsável por manter todas as máquinas e equipamentos em perfeito funcionamento
(PINTO E XAVIER, 2004), assegurando, assim, o volume de produção e a qualidade de seus
produtos para atender ao mercado e as exigências do consumidor (CABRAL, 2009).
Para atingir sua finalidade a manutenção é dividida em dois ramos: a) da prevenção que é
voltado para prevenir que algo errado ocorra durante o processo de produção, em virtude do
mau funcionamento de alguma máquina ou equipamento; b) da correção que é a atuação para
correção da falha incorrida ou do desempenho menor que o esperado de alguma máquina ou
equipamento (BARREIROS, 2012).
Percebe-se que, a manutenção está presente em todos os processos da indústria, com pesos
diferenciados entre uma área e outra. No caso da área de pintura automotiva, a demanda pelos
serviços da manutenção é significativa (GUELBERT, 2004), em função do volume de
materiais e insumos que usa e do volume e diversificação de resíduos que gera.
A preocupação com a diversidade dos resíduos gerados, seus impactos ao ambiente e
possibilidades de reuso ou reciclagem fez com que, ao longo do tempo, fossem desenvolvidas
normas e diretrizes para a coleta, o tratamento e destino de resíduos. Tal obrigatoriedade tem
se intensificado com a criação da lei 12.305/2010 que instituiu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS).2.2. A identificação do resíduo dentro dos processos de uma
organização
As legislações ambientais nos últimos anos têm trazido contribuições significativas no que se
refere ao levantamento dos resíduos gerados dentro de uma organização, à identificação de
seus impactos e ao tipo de tratamento. No entanto, para a maior eficácia dessas legislações
torna-se importante identificar o ponto de geração do resíduo ao longo do processo produtivo
e seu trajeto até o destino final. Para isso, é importante que a gestão de resíduos esteja
alinhada com uma gestão voltada por processo, em que os processos são identificados
juntamente com as suas entradas e saídas desejáveis e indesejáveis.
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O termo Processo é definido por Harrington (1993) e pela NBR ISO 9000:2005 (ABNT,
2005a) como qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe valor e gera uma
saída (output) para um cliente interno ou externo, fazendo uso dos recursos da organização
para gerar um determinado resultado. O processo integra pessoas, ferramentas e métodos para
executar uma sequência de passos com o objetivo definido de transformar determinadas
entradas em determinadas saídas (CORTÊS & CHIOSSI 2001). Dessa forma, um processo é
composto de entradas, saídas, tempo, espaço, ordenação, objetivos e valores que resultam em
uma estrutura para fornecer serviços e produtos aos clientes. Dentro desse conceito, o termo
atividade passa a ter uma conotação genérica, usada para descrever o trabalho desempenhado
pela empresa e pode representar um processo, um subprocesso e, até mesmo, uma tarefa
(VALLE E OLIVEIRA, 2012). Tais termos são definidos por Oliveira et al (2006):
a) Processo - pode ser considerado como qualquer atividade desempenhada no interior da
organização e retratado como uma rede constituída por outras atividades em fluxo;
b) subprocesso - ocorre quando se tem um processo definido dentro de um processo maior;
c) A tarefa – pode ser considerada uma atividade atômica incluída num processo. A tarefa é o
desdobramento máximo do trabalho executado no processo.
Para incorporar a variável ambiental na análise dos processos da organização, é necessário
identificar os aspectos e os impactos de cada atividade do fluxo do processo no ambiente.
Desse modo, o fluxo de atividades deve ser decomposto em uma camada de detalhamento
específica, fazendo com que, os insumos, processamento, produtos e serviços.
3. Metodologia
Para analisar o sistema de gerenciamento de resíduos provenientes do setor de manutenção da
área de pintura, adotando a abordagem de processos, foi realizada uma pesquisa qualitativa de
cunho descritivo, utilizando a técnica do estudo de caso em uma grande montadora
automotiva, localizada no Estado de São Paulo.
A coleta de dados foi realizada por meio de: a) pesquisa bibliográfica, que visou conhecer as
contribuições relacionadas ao tratamento de resíduos nas indústrias e o levantamento das
legislações pertinentes; b) pesquisa documental nos manuais da empresa; c) entrevistas
semiestruturadas aplicada a gestores e empregados do setor de pintura e de manutenção da
empresa estudada; d) observação in loco.
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O trabalho foi desenvolvido seguindo as seguintes etapas:
Etapa 1 - Mapeamento do processo de pintura. Essa etapa foi desenvolvida por meio da
pesquisa documental, entrevista semi-estruturada e observação in loco. Nessa etapa, além do
mapa de processo da pintura, pode-se identificar todos os resíduos provenientes da
manutenção que são originados na área de pintura;
Etapa 2 – Levantamento dos aspectos e impactos, relacionados com cada um dos resíduos, por
meio de análise documental, estudos em legislações específicas e nos manuais da empresa.
Etapa 3 – Elaboração do diagnóstico do fluxo de resíduos de manutenção bem como o tipo de
tratamento dos resíduos empregado pela organização.
Para a execução do trabalho, foi usada a ferramenta Visio 2010 para a modelagem. Foi
proposta a utilização da técnica do flowchart, adotando um estêncil simplificado (Figura 1).
Figura 1 - Estêncil de objetos do flowchart para a modelagem da empresa estudada
Entrada/saídaEntrada/saída Processo/operaçãoProcesso/operação DecisorDecisor Entrada e saída de algo
Entrada e saída de algo SubprocessoSubprocesso
Fonte: Elaboração própria.
4. Resultados e discussão
4.1. O processo de pintura de automóveis e a geração de resíduos de manutenção
O processo de pintura automotiva constitui-se numa das etapas de produção de um veículo
completo e pode ser resumido em 12 etapas: Tratamento de Superfície, formado por dez
tanques que tem por finalidade limpar a superfície das carrocerias; Cataforese (KTL), que
consiste em uma pintura por imersão; Estufas de Cura da Cataforese, que fazem a secagem e
acura do KTL; Massas Vedantes, que consiste na aplicação de massas de PVC como furos e
pinos de fixação; Estufa de Pré-cura da Massa Vedante, usada para secar a massa; Aplicação
Primer, usada para nivelar pequenas irregularidades superficiais existentes na tinta; Estufas de
Cura do Primer, usada para secar a camada de primer; Sistema de Seleção de Cores;
Aplicação de Base Cor, que consiste em aplicar uma tinta que proporciona o aspecto relativo
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à cor do veículo; Estufa de pré-cura de tinta, usada para secar a tinta aplicada; Aplicação de
Verniz, que proporcionará o aspecto relativo ao brilho da tinta no veículo; Estufas de Cura do
Verniz - curar a camada de verniz aplicado.
Esse é um dos processos mais críticos na questão ambiental, por conter em seus processos
produtivos, insumos e materiais que impactam o ambiente e que devem ser monitorados com
grande rigorosidade. Boa parte desses resíduos é proveniente de manutenções preventivas e
corretivas que são demandas ao longo do processo, conforme mostra a Figura 2.
Figura 2 – O processo de pintura e as entradas e saídas provenientes da manutenção
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Processo de Pintura
ETAPAS DO PROCESSOENTRADA SAÍDA
Fase
INICIO
PRÉ TRATAMENTO
KTL
APLICAÇÃO DE FITAS E
CHAPELONAS
APLICAÇÃO DE MASSA PVC
LIXAMENTO
SELETIVIDADE
Lubrificação, Rolamentos/mancais, Motor transportador, Corrente transportadora, Skid, Sensores Trocador de calor
Pano/ Luvas sujas, Rolamento danificado, Componentes elétricos queimados, Latas de óleo, Placas de trocador sujas, Borracha de vedação dos trocadores danificadas, Placas do trocador de calor danificadas, FitasFios/cabos
Lubrificação, Rolamentos/mancais, Motor transportador, Redutor, Corrente transportadora, SkidSensores, Tubulação de lavagem PVC, Módulos de filtração, Bombas de circulação, Motores elétricos, Filtros
Pano/ Luvas sujas, Rolamento danificado, Componentes, elétricos queimados, Latas de óleo, Tubulação de PVC quebrada/ desgastada, Carcaça de aço e componentes metálicos da bomba, Fios/cabos, Fitas
Pistola de aplicação de massa, Mangueiras, Reguladores de fluxo, Bombas pneumáticas que alimentam o sistema de massa, Transportador de carrocerias via corrente térrea, Queimadores a diesel, Pirômetros analógicos, Motores e exaustores, Dispositivo para retirada de chapelonas e fitas, Lâmina cortadora de fitas, Dispositivos para chapelonas
Pistolas quebradas, Mangueiras furadas, Reguladores quebrados/desgastados, Bombas danificadas/desgastadas, Sensores queimados, Rolos de tração gastos, Correias desgastadas/quebradasLâminas gastas, Correntes quebradas/gastas, Dispositivos quebrados, Queimadores danificados, Pirômetros quebrados, Motores queimados, Exaustores danificados
Dispositivos manuais para colocação das fitas, Transportador de
carrocerias aéreo via corrente, Motores, Redutores, Lubrificação
Dispositivos manuais quebrados/danificados, Recipientes de
lubrificação, Corrente desgastadas, Motores queimados, Componentes elétricos e eletrônicos queimados/danificados, Redutores danificados
Transportador de carrocerias, via corrente térrea, Lixadeiras pneumáticas, Mangueiras, Dispositivos de fixação das lixadeiras, Lubrificação
Correntes desgastadas, Lixadeiras danificadas, Dispositivos danificados, Recipientes de lubrificação, Mangueiras furadas
Mesas transportadoras, Motores elétricos, SensoresLubrificação, Rolos transportadores em aço e revestidos de Poliuratano
Correias desgastadas, Motores e componentes elétricos queimados, Recipientes de lubrificação, Mangueiras furadas, Sensores queimados, Rolos danificados
Continua...
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Figura 2 – Cont.
Processo de Pintura
ETAPAS DO PROCESSOENTRADA SAÍDA
Fase
APLICAÇÃO DE PRIMER
APLICAÇÃO DE VERNIZ
ACABAMENTO
FLÚTEN
TECTIL
MONTAGEM FINAL
FIM
Pistolas de pintura Mangueira, Correntes transportadoras, Sistema de exaustão e ventilação, Sistema de circulação de água para captação de over spray, Lubrificação, Filtros de ar da cabineSistema eletropneumático de limpeza, Sistema de água quenteVálvula controladora de fluxo, Aquecimento por fluído térmicoFiltros de ar quente, Corrente transportadora, lubrificação
Pistolas danificadas, Mangueiras furadas, Recipientes de lubrificação, Motores elétricos queimados, Bombas danificadas, Filtros saturados, Tubulação desgastadas, Válvula danificada, Componentes elétricos e pneumáticos, danificados, Tubulação danificada, Filtros saturados, Correntes danificada, Recipiente de óleo
Pistolas de pintura Mangueira; Correntes transportadoras; Sistema de exaustão e ventilação; Sistema de circulação de água para over spray; Lubrificação; Filtros de ar; Sistema eletropneumático; Sensores; Robôs; Controladores eletrônicos; Válvula controladora de fluxo Mangueiras; Sistema de água quente;
Pistolas danificadas; Mangueiras furadas; Recipientes de lubrificação; Motores elétricos queimadosBombas danificadas; Filtros saturados; Componentes elétricos e eletrônicos queimados; Componentes pneumáticos danificados; Carcaça e componentes; metálicos do robô; Tubulação desgastadas; Válvula danificada; Filtros saturados; Correntes desgastada; Recipientes de óleo
Mangueira; Correntes; Transportadoras; Sistema de exaustão e ventilação; Lubrificação; Filtros de ar; Sensores Lixadeiras e politrizes pneumáticas; Lixa; Boina
Recipiente de lubrificação; Lixa impregnada; Sensores queimados; Componentes de lixadeiras desgastados; Correias danificadas; Mangueiras furadas; Correntes desgastadas; Boinas desgastadas
Cera aquecida; Sensores e componentes elétricos eletrônicos; Motores elétricos; Mangueiras de trama de aço; Sistema de exaustão; Transportadores de carrocerias; Buchas de celastos para vedação
Mangueiras danificadas/desgastadasCorreias desgastadas; Buchas; Componentes eletroeletrônicos danificados; Motores queimados; Resíduos de cera; Estrutura dos transportadores desgastadas
Cera aquecida; Sensores e componentes eletroeletrônicos; Motores elétricos; Mangueiras pneumáticas; Pistolas de aplicação; Transportadores de carrocerias; Correntes transportadoras; Lubrificação
Mangueiras danificadas; Pistolas danificadas; Componentes; Resíduos de cera; Recipiente de lubrificação; eletroeletrônicos; Motores queimados; Estrutura dos transportadores desgastadas;
Fonte: Dados da pesquisa.
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A figura 2 representa o fluxo do processo de pintura com um recorte metodológico de
processo mostrando as entradas provenientes da manutenção preventiva e corretiva e as saídas
com os resíduos gerados dessas manutenções.
Analisando a figura, pode-se perceber que há a geração de 42 tipos de resíduos diferentes, que
podem ser agrupados em: resíduos ferrosos e não ferrosos, papel/papelão, plástico, pilhas e
baterias, componentes elétricos, latas de óleo. Tais resíduos, se não recolhidos, armazenados e
distribuídos corretamente, podem provocar impactos negativos no ambiente, seja
contaminando o solo, a água ou o ar.
4.2. Análise do modelo de gestão de resíduos adotado pela manutenção
O fluxo do sistema de descarte de peças, componentes e embalagens durante a manutenção
pode ser visualizada por meio da figura 3.
Figura 3 – Descarte de peças, componentes e embalagens na manutenção
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Início
Destinar resíduos
Verificar condição de reuso da peça
Há condição de reuso?
Substituição do novo componente
Proveniente de que Tipo de
manutenção?
Componentes/peças
Descartar na caçamba (resíduos
da pintura)
Corretiva
Embalagens plásticas
Papel, fios, fitas, etc.
Preventiva
Não
Armazenagem de peças usadas
Recolhimento resíduo
Fim
Recepção do novo componente e
material de apoio
Fonte: Elaboração própria.
Por meio da análise desse fluxo, percebe-se que o modelo de gerenciamento de resíduos da
manutenção é bastante simples, havendo uma diferenciação entre componentes e peças
originadas da manutenção corretiva e da manutenção preventiva. As originadas da
manutenção corretiva são descartadas nas caçambas existentes na oficina de manutenção. As
originadas da manutenção preventiva passam por um processo de triagem, ou seja, se o
componente puder ser ainda aproveitado, são armazenados para serem usados em um
momento futuro enquanto os que não forem aproveitados são descartados na caçamba. Os
outros tipos de resíduos de ambos os tipos de manutenção são descartados nessa mesma
caçamba, sem que haja qualquer processo de triagem.
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4.3. Análise do fluxo dos resíduos de manutenção na área de pintura na empresa
Na empresa estudada, os resíduos gerados pela manutenção na área de pintura podem ser
enquadrados em materiais ferrosos, materiais não ferrosos, componentes eletrônicos, óleos
graxos, plásticos, papel/papelão e sofrem as seguintes destinações dentro da empresa: a) os
materiais ferrosos e não ferrosos após serem gerados na manutenção preventiva e corretiva,
são levados para a área de manutenção e depositados em caçambas sem identificação ou em
lixeiras comuns; b) os óleos lubrificantes e as graxas são provenientes de manutenções
preventivas para lubrificação de correntes, redutores, rolamentos e mancais e os seus resíduos,
principalmente os recipientes usados para transportá-los em pequenas quantidades, após
serem contaminados, são descartados nas mesmas caçambas de materiais ferrosos; c) os
componentes elétricos e eletrônicos, provenientes da manutenção corretiva e preventivas da
área de pintura, também são descartados dentro das caçambas, d) os resíduos de papel/papelão
e plástico são gerados através de embalagens dos produtos comprados pela área e são
guardados no almoxarifado e depois enviados para a venda. Ressaltar que os resíduos se
encontram numa mesma caçamba. As caçambas são mantidas na oficina de manutenção e são
retiradas nas segundas e nas sextas feiras, por meio de um “carro coletor”, que na verdade é
um trator com caçambas grandes, com capacidade de recolher volumes significativos de
resíduos. Após o recolhimento dos resíduos de manutenção, esse carro também recolhe os
demais resíduos da área de pintura e de outras áreas e levados para a Central de Triagem de
Resíduos (CTR).Na CTR seis funcionários terceirizados fazem a separação nas esteiras para
selecionar os resíduos de acordo com suas características. Após a separação, os resíduos são
prensados em forma de cubos, são armazenados e ficam aguardando o destino final.
4.4. Legislação aplicável aos resíduos de manutenção na área de pintura
Tabela 1 Pela diversidade de resíduos gerados na manutenção da área de pintura, constata-se que além da lei
12.305/2010, há que considerar as legislações específicas para cada tipo de resíduo, conforme apresentadas
na Tabela 1.- Tipos de resíduos gerados pelo setor de manutenção e suas legislações
específicas
Tipos de resíduos Legislações específicas Conteúdo da legislação
Ferrosos e não ferrosos (tarugos
de alumínio, aço, ferro; cavacos de
usinagem; retalhos de
equipamentos, tubo e materiais;
barras; eixo e carcaças e
equipamentos)
Lei 12.305/2010
Resolução CONAMA
n°06/1988
Portaria Minter n°
53/1979
PNRS
Dispõe sobre a geração de resíduos nas
atividades industriais.
Dispõe sobre o destino e o tratamento
desses resíduos;
Papel/papelão Lei 12.305/2010 PNRS
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NBR 11.174/89 Trata do armazenamento e
acondicionamento de tais resíduos.
Plástico (Plástico bolha; filme
plástico; embalagens e garrafas
plásticas usadas em produtos)
Lei 13.316/2002 de
São Paulo
Dispõe sobre a coleta, destinação final
e reutilização de embalagens, garrafas
plásticas e pneumáticos.
Pilhas e baterias Lei 12.305/2010
Resolução CONAMA
nº257/1999 e
Resolução CONAMA
n° 263/1999
Lei 11.187/1987
PNRS
Estabelece a obrigatoriedade de
procedimentos de reutilização,
reciclagem, tratamento ou disposição
final para pilhas e baterias que
contenham chumbo, cádmio e
mercúrio.
Dispõe sobre o descarte e destinação
final de pilhas que contenham
mercúrio metálico, baterias de
telefone celular lâmpadas
fluorescentes, e artefatos que
contenham metais.
Componentes elétricos (cabos e
componentes elétricos: contatores,
inversores, sensores, fios de várias
bitolas, placas eletrônicas e
componentes
Lei 12.305/2010
Lei 13.576/2009
PNRS
Normas para a reciclagem,
gerenciamento e destinação final do
lixo tecnológico de eletrônicos.
Latas de óleo Resolução CONAMA
nº9/1993
Resolução CONAMA
362/2005
Resolução CONAMA
nº450/2012
Determina a obrigatoriedade do
recolhimento e da destinação do óleo
lubrificante usado.
Regulamenta as obrigações e
responsabilidades quanto ao descarte,
recolhimento e destinação de óleo
lubrificante.
Alterou os artigos 9º, 16, 19, 20, 21 e
22, e acrescentou o art. 24-A à
Resolução 362.
Fonte: Dados da pesquisa.
A segregação efetuado no Centro de Triagem de Resíduos e o destino dado a cada um são
indicativos que empresa tem atendido as legislações vigentes. No entanto, a identificação e
controle do resíduo ao final do processo tem provocado a contaminação de um resíduo pelo
outro e, até mesmo, a contaminação do solo e do ar durante o armazenamento e o transporte.
Por isso, sugere-se que seja mudado tanto o modelo de gerenciamento de resíduos de
manutenção, de modo a segregar os resíduos já no momento em que são gerados e, ainda, que
sejam revistos os procedimentos usados para armazenar e transportar resíduos até a CTR.
5. Conclusão
Este trabalho teve por objetivo analisar o sistema de gerenciamento de resíduos proveniente
do setor de manutenção da área de pintura de uma grande montadora de automóveis,
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localizada no Estado de São Paulo. Para isso, utilizou-se de uma pesquisa qualitativa de cunho
descritivo, por meio da técnica do Estudo de caso em que a coleta de dados se deu através de
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, entrevista semi-estruturada e observação.
O levantamento do processo de pintura de automóveis, com o recorte metodológico para
analisar as entradas de materiais e componentes das manutenções preventivas e corretivas e as
respectivas saídas em forma de resíduos possibilitou verificar que a manutenção é responsável
pela geração de 42 tipos de resíduos que surgem ao longo do processo de pintura que, se não
recolhidos corretamente, podem provocar impactos negativos no ambiente.
Ao analisar o modelo de gestão de resíduos de manutenção na área de pintura, percebeu-se
que tal modelo é bastante simples, fazendo com que grande parte dos resíduos seja descartada
em uma mesma caçamba, localizada na oficina de manutenção, para ser recolhida
periodicamente. Durante o transporte periódico, usado para transferir o resíduo para a Central
de Tratamento de Resíduos (CTR), há a coleta de outros resíduos que são juntados aos
resíduos da manutenção, aumentando a contaminação entre eles.
Percebe-se, então, que há uma preocupação da empresa em atender as legislações vigentes.
No entanto, como a identificação e controle dos resíduos só ocorrem no final do processo, há
a contaminação de um resíduo pelo outro. Então, o modelo de gerenciamento de resíduos da
manutenção deve ser mudado de modo que sejam identificados no momento em que são
gerados nos processos e, ainda, que sejam mudados os procedimentos usados para armazenar
e transportar resíduos até o CTR. No entanto, essa modificação, pode ser sugerida como uma
nova pesquisa.
A identificação e avaliação dos aspectos e impactos ambientais presentes na forma de
armazenamento, transporte, triagem e destino final dos resíduos subsidiarão propostas de
melhoria a gestão de resíduos deste segmento da empresa.
6. Referências
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 11.174 – Armazenamento de resíduos classes II A
(não-inertes) e II B (inertes), 1989. 1989. Disponível em:
http://www.terraconsult.com.br/NBR_11174_NB_1264_-_Armazenamento_de_residuos_classes_II_-_N.pdf,
Acesso em: 22 de março de 2013.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 14.001:2004, a Nova Versão para
Implementação de Sistemas de Gestão Ambiental, 2004. Disponível em:
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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http://www.pluridoc.com/Site/FrontOffice/default.aspx?module=Files/FileDescription&ID=452&state=TD.
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