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ANÁLISE DIALÓGICA DA CRÔNICA “SÃO PAULO” DE CLARICE LISPECTOR Aron Afonso Volante Daniel Perico Graciano Livia Beatriz Damaceno O texto tem por gênero, a crônica. Porém, é constituído a partir de uma função comunicacional ontogenética, pois é o resultado da interação de vários gêneros que se encontram na esfera da comunicação, tanto primária quanto secundária. A autora descreve que recebeu uma “carta”, sendo esse o gênero que inicia o diálogo. Logo depois, o receptor da carta telefona para o remetente, temos ai o segundo gênero. Ao pedir por meio do telefone a permissão para publicar a carta, podemos ver essa permissão concedida como o ponto de partida da hibridização entre os gêneros constituindo uma crônica. A própria carta, gênero que ajuda a constituir o texto, traz dentro de si uma enorme riqueza polifônica, além do tom de conversa com o destinatário (“Clarice”) aparecem as vozes de Tchecov, Brecht, e tá da própria Clarice Lispector. O conceito de cronotopos está refletido na forma o discurso fala do passado e projeta o futuro, em trechos como? “a luta de fizermos, não faremos para nós”, “nossa geração falhou, numa melancolia de ‘canção sem palavras’, tão comum no século XIX. O amor no século XXI é a justiça social.” As marcas de espaço da cidade de São Paulo estão

Análise Dialógica Da Crônica de clarice lispector

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análise bakhtiniana dialógica de um conto de clarice lispector

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Page 1: Análise Dialógica Da Crônica de clarice lispector

ANÁLISE DIALÓGICA DA CRÔNICA “SÃO PAULO” DE

CLARICE LISPECTORAron Afonso Volante

Daniel Perico GracianoLivia Beatriz Damaceno

O texto tem por gênero, a crônica. Porém, é constituído a partir de uma função

comunicacional ontogenética, pois é o resultado da interação de vários gêneros que se

encontram na esfera da comunicação, tanto primária quanto secundária.

A autora descreve que recebeu uma “carta”, sendo esse o gênero que inicia o

diálogo. Logo depois, o receptor da carta telefona para o remetente, temos ai o segundo

gênero. Ao pedir por meio do telefone a permissão para publicar a carta, podemos ver

essa permissão concedida como o ponto de partida da hibridização entre os gêneros

constituindo uma crônica.

A própria carta, gênero que ajuda a constituir o texto, traz dentro de si uma

enorme riqueza polifônica, além do tom de conversa com o destinatário (“Clarice”)

aparecem as vozes de Tchecov, Brecht, e tá da própria Clarice Lispector.

O conceito de cronotopos está refletido na forma o discurso fala do passado e

projeta o futuro, em trechos como? “a luta de fizermos, não faremos para nós”, “nossa

geração falhou, numa melancolia de ‘canção sem palavras’, tão comum no século XIX.

O amor no século XXI é a justiça social.” As marcas de espaço da cidade de São Paulo

estão ancoradas em “São Paulo”, “portas dos teatros”, etc. A junção entre espaço e

tempo, aparecem em frases como: “telefonemas ameaçam o terror para cada um de nós

em nossas casas de gente de teatro. É o nosso mundo.” Apresenta o memorável da

época, em que os artistas e os intelectuais eram perseguidos de forma mais explícita

pelo poder então vigente.

Referências:

LISPECTOR, C. A descoberta do mundo: crônicas. Rio de Janeiro: Rocco,

1999.

MACHADO, I. Gêneros discursivos. In: BRAIT, Beth (Orgs). Bakhtin:

conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2005.