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NATLIA CRISTINA LIMA RODRIGUES
Anlise do desempenho da bioimpedncia eltrica e
somatria de pregas cutneas na avaliao da
composio corporal em pacientes renais dialticos
Dissertao apresentada Faculdade de
Medicina da Universidade de So Paulo para
obteno do ttulo de Mestre em Cincias
Programa de: Cirurgia do Aparelho Digestivo
Orientador: Prof. Dr. Dan Linetzky Waitzberg
SO PAULO 2011
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo
reproduo autorizada pelo autor
Rodrigues, Natlia Cristina Lima Anlise do desempenho da bioimpedncia eltrica e somatria de pregas cutneas na
avaliao da composio corporal em pacientes renais dialticos / Natlia Cristina
Lima Rodrigues. -- So Paulo, 2011.
Dissertao(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo.
Programa de Cirurgia do Aparelho Digestivo.
Orientador: Dan Linetzky Waitzberg.
Descritores: 1.Avaliao nutricional 2.Composio corporal 3.Insuficincia
renal crnica 4.Hemodilise 5.Impedncia eltrica 6.Antropometria
USP/FM/DBD-071/11
DEDICATRIA
Aos meus pais queridos Benedito e Sandra
Rodrigues, dedico a minha titulao e os mais
profundos agradecimentos por suas sbias lies de
esperana pelo e incentivo sempre em minha vida.
A minha irm Vanessa Rodrigues pelo
companheirismo, carinho em minhas decises.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Agradecimento Especial
Ao Paulo Vasconcellos pela amizade,
cumplicidade, incentivo e amor que sempre se
dedicou a mim.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao Prof. Dr. Dan Linetzky Waitzberg
Agradeo ao meu orientador, pela colaborao, pacincia e seus
conhecimentos repassados durante todo o desenvolvimento do trabalho,
pela pacincia e inestimvel apoio prestados e, principalmente, pela
oportunidade de muito aprender com a experincia e conhecimento cientfico
que lhes pertence e por ter colaborado com minha formao profissional e
pessoal, muito obrigada por ter sido meu professor.
A Ms. Raquel Suzana Torrinhas
Sou imensamente grata pelo incentivo e fortalecimento atravs da leitura
atenta das vrias correes. No apenas valorizo os comentrios e
observaes crticas a respeito do texto e as ricas lies, mas tambm sua
amizade.
A Ms. Maria Carolina Gonalves Dias
Que me proporcionou a oportunidade de integrar a novas reas, pela
confiana depositada em mim desde as primeiras pesquisas e pela
orientao firme e segura ao longo de todos os tempos de convivncia em
particular, durante o desenvolvimento deste trabalho. Sempre, incentivando-
me a prosseguir e contagiando-me com seu entusiasmo e afeto.
A Nut. Priscila Garla
Minha grande amiga e companheira, pelo grande apoio e incentivo dado
durante os momentos mais difceis. Por ter acompanhado de perto o
desenvolvimento deste trabalho, pelas constantes demonstraes de
amizade e principalmente contribuindo com suas opinies valiosas.
A Nut. Priscila Sala
Sempre to dedicada e preocupada comigo e com a tese. Com muita
cumplicidade e carinho muito obrigado pelas mltiplas e inestimveis
contribuies
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Ivan Cecconello, Titular da Disciplina de Cirurgia do
Aparelho Digestivo, obrigada por conceder a oportunidade de desenvolver
esta dissertao de mestrado.
Aos Professores Dr. Luiz Augusto Carneiro D Albuquerque e Dr. Jos
Jukemura, por terem acreditado na minha pesquisa e incentivo durante o
perodo do presente estudo.
Ao Departamento de Nefrologia do Instituto Central do Hospital das
Clnicas pela disponibilidade, confiana e apoio para desenvolvimento dessa
pesquisa.
Ao Servio de Epidemiologia e Estatstica do Departamento de
Cirurgia do Aparelho Digestivo ( Prof. Dr. Jlio Pereira, Dmerson Polli, Joo
talo Frana, Valria Baltar, Lizandra) pela disponibilidade, dedicao e
orientao, pelo apoio ao desenvolvimento da tese e do artigo.
A Diviso de Nutrio e Diettica (DND), pelo apoio e carinho pelo
desenvolvimento da pesquisa.
Ao Instituto do Cncer do Estado de So Paulo (ICESP), e ao Servio
de Nutrio Diettica (SND) pelo apoio, confiana e incentivo ao
desenvolvimento da pesquisa.
Aos amigos pesquisadores do LIM 35 (Metanutri), por terem
colaborado com opinies pertinentes, pela ateno durante a pesquisa, pela
convivncia diria e troca de experincia e amizade durante toda a execuo
desta dissertao o meu carinho a Graziela Rosa Ravacci, Mariana Raslan,
Cludia Alves, Ricardo Garib, Giliane Belarmino, Rita de Cssia, Daniele
Fontes, Cristiane Comeron, Lvia Samara e Lilian Mika Horie.
As funcionarias do Metanutri Elaine Muniz e Patrcia Macedo, por
sempre ter colaborado pelo sucesso da pesquisa.
A Erly Maria da Paz o meu muito obrigada pelo ensinamento,
pacincia, amizade e incentivo durante a minha pesquisa, por ter sempre
acreditado e apoiado em minhas realizaes.
A secretria da diretoria do GANEP (Grupo de Nutrio Humana)
Valdenice Galhardi, pela pacincia, dedicao em agendar reunies com
meu orientador.
Aos funcionrios da Ps Graduao do Departamento de Cirurgia do
Aparelho Digestivo, Vilma de Jesus Librio, Fabiana Renata Soares Bispo,
Mariza Ochner, Maria Cristina Rabello, Maria Jollice dos Reis Santos, Marta
Regina Rodrigues, Myrtes Freire de Lima Graa, pela ateno, pacincia,
boa vontade e ateno durante o desenvolvimento dessa pesquisa.
Maria Helena Vargas, meu agradecimento especial, pelo rigor da
reviso e ateno zelosa comigo e com o trmino da tese. Muito obrigada!
Aos pacientes, por terem colaborado e participado desta pesquisa.
A Deus, por ter me dado o que tenho de mais precioso, minha vida.
E a todos que de alguma maneira colaboraram para realizao dessa
pesquisa.
Trabalho realizado no Centro de Estudos de Gasto Energtico e
Composio Corporal (CEGECC) do LIM 35 do Departamento de
Gastroenterologia, localizado no Instituto Central do Hospital das Clnicas -
ICHC da FMUSP.
O presente projeto de pesquisa recebeu o apoio financeiro:
FAPESP:
Auxlio Pesquisa processo:
Bodystat Ltda, Douglas, UK
Ger-Ar Comrcio de Produtos Mdicos Ltda.
Fundao Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo.
Esta tese est de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicao:
Referncias: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de So Paulo. Faculdade de Medicina. Servio de Biblioteca e Documentao.
Guia de apresentao de dissertaes, teses e monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro
da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Arago, Suely
Campos Cardoso, Valria Vilhena. 2 ed. So Paulo: Servio de Biblioteca e Documentao;
2005.
Abreviaturas dos ttulos dos peridicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.
SUMRIO
Lista de abreviaturas e siglas Lista de quadros Lista de figuras Lista de tabelas Lista de grficos Resumo Summary
1 INTRODUO .................................................................................................. 1 1.1 Avaliao de Composio Corprea ....................................................... 2 1.2 Medidas de Pregas Cutneas e Bioimpedncia Eltrica ........................ 3 1.3 Insuficincias Renal (IR) Dialtica ........................................................... 5 1.4 Avaliao da Composio Corporal na Insuficincia Renal
Crnica Dialtica (IRCD) ......................................................................... 8 1.5 Justificativa ........................................................................................... 10 1.6 Hiptese ................................................................................................ 11
2 OBJETIVOS ................................................................................................... 12
3 MTODOS .................................................................................................... 14 3.1 Protocolo de Estudo .............................................................................. 15 3.2 Aprovao do Protocolo de Estudo pela Comisso de tica ................ 15 3.3 Local de Desenvolvimento do Estudo ................................................... 16 3.4 Etapas de Desenvolvimento do Estudo ................................................ 16 3.4.1 Etapa 1 - Seleo dos pacientes registro de dados ......................... 16 3.4.1.1 Seleo dos pacientes ................................................................ 16 3.4.2 Mensurao: peso corpreo, altura e IMC ....................................... 18 3.4.3 Mensurao de composio corporal ............................................... 19 3.4.3.1 Somatria das pregas cutneas ................................................. 20 3.4.3.2 Bioimpedncia eltrica ................................................................ 22 3.4.3.3 Pletismografia de deslocamento areo (PDA) ............................ 24 3.5 Anlise Estatstica dos Dados .............................................................. 26
4 RESULTADOS ............................................................................................... 27 4.1 Etapa 1 - Caractersticas da Populao ................................................ 28 4.2 Etapa 2 - Composio Corporal ............................................................ 29
5 DISCUSSO .................................................................................................. 36
6 CONCLUSES ............................................................................................... 45
7 ANEXOS ....................................................................................................... 47
8 REFERNCIAS .............................................................................................. 58
APNDICE ....................................................................................................... 72
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMC - rea muscular do brao
BIA - Bioimpedncia eltrica
CAPPesq - Comisso de tica para Anlise de Projetos de Pesquisa
CEGECC - Centro de Estudo de Gasto Energtico e Composio Corporal
CC - Composio corporal
CCI - Circunferncia da cintura
CQ - Circunferncia do quadril
CMBD - Circunferncia muscular do brao
D - Densidade
DC Densidade corporal
LIM - Laboratrio de Investigao Mdica
M - Massa
MM - Massa magra
NIR - Near-infrared reactance
PDA - Pletismografia de deslocamento areo
PCB - Prega cutnea bicipital
PCSE - Prega cutnea subescapular
PCSI - Prega cutnea suprailaca
PCT - Prega cutnea tricipital
PD - Pr dilise
POD - Ps dilise
SPC - Somatria de pregas cutneas
V - Volume
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Caractersticas dos tipos de Insuficincia Renal (IR) de acordo com Ikizler et al.14 ......................................................... 5
Quadro 2 - Classificao do ndice de Massa Corprea (IMC) para baixo peso e desnutrio ......................................................... 19
Quadro 3 - Classificao do ndice de Massa Corprea (IMC) para eutrofia, sobrepeso e obesidade ............................................. 19
Quadro 4 - Clculo da Densidade Corporal (DC) desenvolvida por Durnin e Womersley (1974) utilizando a soma das pregas bicipital, tricipital, subescapular e suprailaca () ........................................................................................... 21
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Situaes clnicas decorrentes da perda da funo renal de acordo com Merck13 ................................................... 6
Figura 2 - Posicionamento do adipmetro para aferio das pregas bicipital, tricipital, subescapular e suprailaca .............. 21
Figura 3 - Leitura do resultado de avaliao de composio corporal, medida por aparelho BIA .......................................... 23
Figura 4 - Procedimentos para avaliao da composio corporal, por meio de Pletismografia de Deslocamento Areo, BOD POD Body Composition System: Life Measurement Instruments, Concord, CA ................................ 25
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados descritivos da amostra - Dados antropomtricos de pacientes renais crnicos avaliados imediatamente antes e depois de 20-30 minutos do tratamento de hemodilise ............................................................................. 28
Tabela 2 - Massa de gordura corporal e massa livre de gordura de pacientes renais crnicos avaliados imediatamente antes e 20-30 minutos aps o tratamento de hemodilise por pletismografia de deslocamento areo, somatria das pregas cutneas e bioimpedncia eltrica ..................................................................................... 30
Tabela 3 - Interclasse e coeficientes de correlao de concordncia por gnero da gordura corporal de pacientes renais crnicos, avaliada imediatamente antes e 20-30 minutos aps o tratamento de hemodilise por bioimpedncia eltrica e somatria de pregas cutneas, em relao pletismografia de deslocamento areo padro ouro ............................................ 34
Tabela 4 - Mdia de diferena e intervalo de confiana por gnero de gordura corporal de pacientes renais crnicos avaliados imediatamente antes e 20-30 minutos aps o tratamento de hemodilise atravs da anlise de bioimpedncia eltrica (BIA), somatria de pregas cutneas (SPC) e pletismografia de deslocamento areo (PDA) ............................................................................ 35
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 - Distribuio por sexo de valores diferenciados da gordura corporal de pacientes renais crnicos avaliados imediatamente antes e 20-30 minutos aps o tratamento de hemodilise por pletismografia de deslocamento areo, somatria de pregas cutneas e bioimpedncia eltrica, tal como interpretado pelo Bland-Altman Plots .................................................................. 31
RESUMO
Lima-Rodrigues NC. Anlise do desempenho da bioimpedncia eltrica e
somatria de pregas cutneas na avaliao da gordura corporal em
pacientes renais dialticos [dissertao]. So Paulo: Faculdade de Medicina,
Universidade de So Paulo; 2011.
Introduo: Em pacientes com insuficincia renal crnica em tratamento de
hemodilise (HD), existe necessidade de ferramenta simples, segura e
eficaz para avaliar a composio corporal (CC) e permitir diagnstico de
suas alteraes, com finalidade de planejamento e monitoramento de
tratamento nutricional. Objetivo: Em 60 pacientes em insuficincia renal
dialtica determinou-se a eficincia da anlise de bioimpedncia eltrica
(BIA) e a somatria das pregas cutneas (SPC) na estimativa da gordura
corporal total. Mtodos: Estudo prospectivo, observacional de comparao
de gordura corprea total (GC) e massa magra total (MM) estimadas, antes
e aps hemodilise,por BIA multifrequencial e pela SPC com os valores
estimados pelo mtodo de referncia, pletismografia a ar de deslocamento
(PDA). Resultados: A mdia estimada GC (kg,%) observado por PDA antes
da hemodilise (HD) foi 17,95 kg 0,99 (IC 95% 16,00-19,90) e 30,11%
1,30 (IC 95% 27,56-32,66); aps hemodilise (HD), foi 17,92 kg 1,11 (IC
95% 15,74-20 10) e 30,04% 1,40 (IC 95% 27,28-32,79). Em nenhum
perodo do estudo encontrou-se diferena de GC e de MM (para kg e %)
estimadas pelo mtodo SPC em comparao com PDA, no entanto, o BIA
subestimou a GC e superestimou a MM (para kg e %) quando comparado
com PDA. Concluso: O mtodo SPC mostrou resultados semelhantes aos
PDA e pode ser considerado adequado para avaliao GC em pacientes
HD. A BIA no foi considerada mtodo para ser utilizado nessas condies.
Descritores: Avaliao nutricional. Composio corporal. Insuficincia renal
crnica. Hemodilise.
SUMMARY
Lima-Rodrigues NC. Performance analysis of bioelectrical impedance
analysis and sum of skinfolds in assessing body composition in renal dialysis
patients [dissertation]. So Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de
So Paulo; 2011.
Introduction: In patients with chronic renal failure on hemodialysis (HD),
there is need for simple tool, safe and effective for assessing body
composition (BC) diagnosis and allow your changes, with the purpose of
planning and monitoring of nutrition therapy. Objective: In 60 patients in
renal dialysis efficiency was determined from the analysis of bioelectrical
impedance analysis (BIA) and sum of skin folds (SPC) in the estimation of
total body fat. Methods: Prospective, observational comparison of total body
fat (BF) and total lean mass (LM) estimated before and after hemodialysis by
multifrequency BIA and the SPC with the values estimated by the reference
method, air displacement plethysmography (PDA). Results: The estimated
average GC (kg,%) observed by PDA prior to hemodialysis (AHD) was 17.95
kg 0.99 (95% CI 16.00 to 19.90) and 30.11 1.30% (95% CI 27.56 to
32.66), after hemodialysis (DHD) was 17.92 kg 1.11 (95% CI 15.74 to 20
10) and 30.04% 1.40 (IC 95% from 27.28 to 32.79). At no period of the
study there was a difference of GC and MM (for kg and%) estimated by the
SPC method compared with PDA, however, the BIA underestimated FFM
and overestimated GC (for kg and%) compared to PDA. Conclusion: The
SPC method showed similar results to PDA and can be considered adequate
for evaluating GC in HD patients. The BIA was not considered to be the
method used in these conditions.
Keywords: Nutritional assessment. Body composition. Chronic renal
failure. Hemodialysis.
1 INTRODUO
INTRODUO - 2
1.1 Avaliao de Composio Corprea
O interesse em medir a quantidade dos diferentes componentes do
corpo humano iniciou-se no sculo XIX e intensificou-se no final do sculo
XX, devido associao do excesso de gordura corporal (GC) ao aumento
do risco de desenvolver doenas, como doena arterial coronariana,
hipertenso arterial sistmica, diabetes melito tipo II, doena pulmonar
obstrutiva, steo-artrites e certos tipos de cncer1.
Atualmente, o valor do peso corporal como um todo no mais usado
como referencial para verificao do excesso de GC, j que pessoas com a
mesma rea corporal, peso, estatura, idade e gnero podem apresentar
diferenas quantitativas nos compartimentos corporais. Por isso, uma
avaliao precisa e criteriosa do quanto significa a proporo de cada
componente faz-se necessria.
Mtodos de laboratrio altamente sofisticados para estimativa de GC
encontram-se disponveis para a prtica clnica atual, como, por exemplo, o de
condutividade eltrica total do corpo2, o ultrassnico3 e o de scanner com raios
infravermelhos4. Destacam-se tambm absormetria radiolgica de dupla energia
(DEXA), bioimpedncia eltrica (BIA), pletismografia de deslocamento areo
(PDA), hidrometria, espectometria, tomografia computadorizada, ressonncia
magntica, ativao de nutrons, interactncia de raios infravermelhos,
INTRODUO - 3
antropometria, excreo de creatinina, creatinina srica, absoro fotnica,
radiografia e 3-metil-histidina urinria5.
Na escolha do mtodo para avaliao da composio corporal (CC),
deve-se levar em considerao o tempo disponvel para a sua realizao, o
custo para sua execuo e a qualificao tcnica do profissional que o
aplicar6. Nesse sentido, o uso desses mtodos limitado, pois se utilizam
de equipamentos caros, demandam gasto considervel de tempo e
necessitam de profissionais altamente qualificados para serem aplicados4.
Por essa razo, mtodos simples, de baixo custo e prticos como
antropometria e BIA so geralmente os mais utilizados para avaliao da CC
na prtica clnica. Esses mtodos avaliam quantitativamente os
compartimentos corporais de GC e tambm de massa magra (MM), onde o
termo massa magra refere-se parcela do corpo excluda de tecido
gorduroso (basicamente, gua, protenas e minerais).
1.2 Medidas de Pregas Cutneas e Bioimpedncia Eltrica
Dentre os mtodos antropomtricos de avaliao da CC, destacam-se
as medidas de pregas cutneas e de circunferncia do brao7. A somatria
(S4) de pregas cutneas (SPC) encontrada somando-se os valores obtidos
da aferio das pregas bicipital, tricipital, subescapular e suprailaca,
segundo a equao de Durnin e Womeresley8, onde A e B so coeficientes
elaborados de acordo com a idade e o sexo:
Densidade corporal = (A-B).log S4 pregas
INTRODUO - 4
A partir do valor de densidade corporal, a porcentagem de GC pode
ser estimada a partir da frmula de Siri9:
GC (%) = (4,95/densidade corporal-4,50) x 100
A MM kg pode ser ento obtido subtraindo-se a GC em kg expressa
do peso corpreo total do indivduo.
A BIA, por sua vez, considerada um mtodo rpido e no invasivo
para estimar os compartimentos corporais, bem como a distribuio dos
fluidos corporais nos espaos intra e extracelulares. Esse mtodo baseia-se
no princpio de que os componentes corporais oferecem resistncia
diferenciada passagem da corrente eltrica10.
Devido grande quantidade de gua e eletrlitos, os tecidos magros so
altamente condutores de corrente eltrica, ou seja, apresentam baixa resistncia
passagem desta. Por outro lado, gordura, osso e pele constituem meio de baixa
condutividade, apresentando, portanto, elevada resistncia11. A passagem de
uma leve e baixa corrente eltrica, imperceptvel ao paciente, atravs do corpo
possibilita a mensurao da impedncia em oposio ao fluxo da gua corrente12.
Existe considervel vantagem atribuda ao mtodo de BIA, quando
comparado ao de SPC, pois aquele tem capacidade de mensurao da gua
corporal total e por apresentar menor erro intra e inter-observador.
Considerando-se que vrios fatores como idade, gnero, etnia, consumo
alimentar, estgio fisiolgico, atividade fsica, presena de comorbidades e
diversas situaes clnicas podem influenciar a CC, a escolha do melhor
mtodo para sua avaliao deve considerar, entre outros, as caractersticas
particulares da populao a ser avaliada.
INTRODUO - 5
1.3 Insuficincias Renal (IR) Dialtica
A IR caracterizada pela incapacidade dos rins em remover
adequadamente os resduos metablicos e substncias txicas do
organismo. Ela pode ocorrer por diminuio rpida da funo renal, s vezes
com valores inferiores a 1 ou 2% da capacidade funcional normal (IR aguda -
IRA), ou por perda gradual e progressiva de grande parte dos nfrons
funcionantes (IR crnica - IRC). As caractersticas dos diferentes tipos de IR
encontram-se no Quadro 113.
Na presena de IR, quando os rins no conseguem mais remover
adequadamente os produtos da degradao metablica, a terapia dialtica
deve ser iniciada. Alm disso, a perda da funo renal acarreta diversas
situaes clnicas, como se v na Figura 114.
Quadro 1 - Caractersticas dos tipos de Insuficincia Renal (IR) de
acordo com Ikizler et al.14
IRA IRC
Perda abrupta e reversvel da funo renal
Perda progressiva e irreversvel da funo renal
Mximo 3 meses 3 meses
Ausncia de anemia Presena de anemia
Oligria Diurese normal
Rins normais Rins retrados
INTRODUO - 6
Figura 1 - Situaes clnicas decorrentes da perda da funo renal de acordo com Merck
13
A hemodilise (HD) terapia dialtica associada a complicaes
agudas e crnicas, a elevada taxa de hospitalizao e mortalidade e
distrbios nutricionais14,15.
H alguns condicionantes que contribuem para o desenvolvimento do
frequente estado de desnutrio em pacientes em tratamento de HD, como
estmulos catablicos proticos que resultam em modificaes do
procedimento dialtico per se e a perda de nutrientes para o dialisato,
acidose metablica, balano nitrogenado negativo, perda de massa magra.
O estado nutricional do paciente com IRC tambm afetado por diversas
condies clnicas, como anorexia, presena de toxinas urmicas, distrbios
gastrintestinais e alteraes metablicas16,17.
O Consenso Europeu (European Guidelines for the Nutritional Care of
Adult Renal Patients 2002)18 classificou a desnutrio em pacientes dialticos
em dois tipos: desnutrio do tipo 1 (resultante de ingesto inadequada,
nomeadamente energtica e/ou protica) e desnutrio do tipo 2 (associada
ativao da resposta inflamatria sistmica). Esses tipos de desnutrio
foram definidos por alguns autores como a sndrome MIA (Malnutrition,
Inflammation and Atherosclerosis), e associadas ao aumento de mortalidade
dos pacientes em HD, particularmente por doenas cardiovasculares17-19.
INTRODUO - 7
A desnutrio proteico-energtica em pacientes renais dialticos afeta
vrios compartimentos corporais, incluindo o tecido adiposo e as protenas
viscerais e somticas. O processo contnuo e se inicia com ingesto alimentar
inadequada ou catabolismo aumentado, provocando alteraes subclnicas
(inicialmente alteraes da CC e posteriormente de variveis laboratoriais
bioqumicas e imunolgicas) e clnicas, como alteraes anatmicas e falncia
de rgos com perda de sua funo, podendo levar o paciente ao bito20-23.
De acordo com o consenso da National Kidney Foundation - NKF
(Fundao Nacional do Rim), publicado no ano 2000, a desnutrio proteico-
energtica no enfermo portador de nefropatia caracterizada pela insidiosa
perda de GC e de reservas somticas proteicas, reduo da concentrao
das protenas sricas e diminuio da capacidade funcional21. Essa
condio por sua vez, conduz a alteraes da integridade das membranas
celulares e, consequentemente, da distribuio dos fluidos corporais. Sendo
assim, aumento da gua extracelular (AEC), reduo da concentrao
intracelular de potssio e aumento correspondente da concentrao de sdio
so considerados indicadores de desnutrio24-27.
Distrbios nutricionais em pacientes em HD esto associados a
quadros infecciosos, alto tempo de permanncia hospitalar, elevada taxa
mortalidade e m qualidade de vida28-30.
de interesse, portanto, medir as modificaes de composio
corporal na IRCD para evitar estas complicaes em pacientes
hemodialisados, para quando precocemente diagnosticadas orientar na
correo.
INTRODUO - 8
1.4 Avaliao da Composio Corporal na Insuficincia Renal Crnica
Dialtica (IRCD)
A anlise da CC contribui para a avaliao do estado nutricional, e
consiste na medio de componentes individuais como gua, gordura, osso
e msculo31,32. Entretanto, a avaliao da CC de pacientes com IRC
dificultada por alteraes hidroeletrolticas e perda de massa ssea por
osteodistrofia renal, frequentes nessa populao33,34.
Adicione-se, ainda, a influncia da hemodilise, que pode se associar
a importantes alteraes no volume do fluido corporal, desde edema e
congesto pulmonar at hipotenso e desidratao. A hemodilise pode
remover de um a quatro litros de fluidos no perodo mdio de quatro horas, e
as constantes variaes hdricas podem tornar imprecisas as medidas da
CC, dificultando a avaliao e o acompanhamento do estado nutricional35,36.
Dentre as diversas tcnicas de aferio dos compartimentos corporais
disponveis na rotina clnica dos servios de hemodilise, o tradicional
mtodo de SPC e o mtodo da BIA tm sido adotados com maior frequncia,
em funo de sua praticidade, rapidez e pelo custo relativamente baixo37-39.
DEXA, por sua vez, considerada ferramenta de eleio pelas
recomendaes de sociedades europeia e americana de nutrio na
avaliao da CC dos doentes em dilise, vem sendo utilizada como
referncia em estudos comparativos de CC nos pacientes em HD20,21. No
entanto, a prtica de DEXA requer equipamento sofisticado, local adequado
e avaliador treinado para sua realizao, alm de apresentar alto custo.
Dessa forma, o DEXA tem a sua utilizao limitada, ficando seu uso restrito
a trabalhos de investigao21.
INTRODUO - 9
Na prtica clnica, a avaliao da CC nesses pacientes realizada por
mtodos indiretos, como medidas antropomtricas clssicas (recomendadas
pelas sociedades europeia e americana nefrolgicas de nutrio), e por BIA,
devido praticidade, rapidez e custo baixo desses mtodos20,21,40.
Entende-se por antropometria clssica a cincia que estuda a
mensurao do tamanho, peso e propores do corpo humano. Ela
utilizada na avaliao da CC em grandes estudos epidemiolgicos, apesar
de abranger mtodos com considervel coeficiente de variao, mesmo
quando realizado por profissionais treinados.
As medidas antropomtricas utilizadas na avaliao nutricional
incluem peso corpreo total, estatura corprea (E), pregas cutneas,
permetros e dimetros. A partir dessas medidas, podem ser calculadas
medidas secundrias, como ndice de massa corprea (IMC), porcentagem
de perda de peso, circunferncia muscular do brao (CMB) e rea muscular
do brao (AMB), utilizados como marcadores nutricionais nos doentes em
HD. A determinao indireta da GC atravs da medida das pregas cutneas
est baseada na suposio de que existe boa relao entre a gordura
corporal total e a gordura subcutnea, uma vez que a prega cutnea avalia
apenas a gordura subcutnea41.
Um novo mtodo conhecido como pletismografia de deslocamento
areo (PDA) vem sendo adotado na prtica clnica e se mostrado eficiente para
a avaliao da CC de pacientes portadores de diferentes enfermidades. Trata-
se de mtodo rpido e fcil para determinao da CC e que se utiliza da
relao inversa de presso e volume, baseado na Lei de Boyle (P1V1= P2V2),
INTRODUO - 10
para determinar o volume corporal. Uma vez determinado esse volume
possvel aplicar os princpios de densitometria para determinao da CC,
atravs do clculo da densidade corporal (D= m / v) quantificando a gordura
corprea, atravs da equao de Siri, para se encontrar a massa muscular
posteriormente42,43.
Mesmo sendo metodologia recente, vrios estudos tm sido conduzidos
para avaliar sua eficincia na avaliao da CC em diversas condies clnicas.
Em sua maioria, os trabalhos apresentam comparaes entre as metodologias
atualmente disponveis44,45, enquanto outros se preocuparam com a verificao
da sua validade enquanto novo mtodo de avaliao. Sendo assim considerado
um mtodo fidedigno para avaliao da CC46-48.
A PDA usada para avaliar CC em pacientes com IRC dialticos se
mostrou to sensvel e eficiente quanto DEXA, considerada padro ouro
para essa finalidade. Alm disso, a PDA mostrou-se menos limitante em
relao s avaliaes realizadas por DEXA, por ser utilizada em enfermos
com circunferncia superior e peso corpreo total de 150 kg49.
1.5 Justificativa
A avaliao da CC em indivduos portadores de IRC sob tratamento
dialtico importante para o acompanhamento das alteraes nutricionais e
orientao de planejamento e tratamento nutricionais, para prevenir e corrigir
quadros de desnutrio associados maior morbimortalidade desses pacientes.
Devido sua disponibilidade e praticidade, os mtodos mais utilizados
para a avaliao da CC de indivduos portadores de IRC sob tratamento
INTRODUO - 11
dialtico so medidas de pregas cutneas e BIA. No entanto, devido a
alteraes hidroeletrolticas e perda de massa ssea frequentes nessa
condio clnica, a eficincia da SPC e BIA como mtodos para avaliar a CC
nessa populao de pacientes permanece para ser confirmada.
Por outro lado, existem tcnicas padro ouro para avaliao da CC de
pacientes portadores de IRC sob tratamento dialtico, como DEXA e PDA.
No entanto, seu alto custo e necessidade de mo de obra especializada
limitam significativamente o uso desses mtodos na prtica clnica.
Torna-se de interesse comparar as tcnicas de SPC e BIA com a PDA
na sua capacidade de avaliar a gordura corprea total.
1.6 Hiptese
A hiptese do presente estudo considera que a tcnica SPC
superior a BIA na medida de GC em enfermos com IRCD.
Nossa hiptese ampara-se que a BIA mede a resistncia e passagem
de corrente eltrica por diferentes compartimentos orgnicos. No paciente
com IRCD, a pratica frequente de HD produz modificaes frequentes de
gua, que podem comprometer as medidas de BIA, cuja interpretao
matemtica pode levar a enganos de interpretao nas medidas
mensuradas de GC.
De outro lado a prega cutnea, sofre menos modificaes em sua
espessura pela remoo de liquido na HD e pode refletir com mais
propriedade a compartimento de GC.
2 OBJETIVOS
OBJETIVOS - 13
Verificar a eficincia dos mtodos de SPC e BIA na avaliao da
gordura corprea de pacientes portadores de IRCD, em comparao tcnica
de PDA.
3 MTODOS
MTODOS - 15
3.1 Protocolo de Estudo
O presente estudo prospectivo e clnico e abrange mensurao de
dados de CC de pacientes portadores IRCD do Ambulatrio de Nefrologia do
Instituto Central do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de So Paulo (ICHC- FMUSP), no periodo de fevereiro a julho
de 2009.
3.2 Aprovao do Protocolo de Estudo pela Comisso de tica
Todos os procedimentos desenvolvidos nos pacientes foram
aprovados pela Comisso tico Cientfica do Departamento de
Gastroenterologia da FMUSP em 22 de outubro de 2008 e pela Comisso de
tica para Anlise de Projetos de Pesquisa (CAPPesq) da Diretoria Clnica
do Hospital das Clnicas e da FMUSP em 5 de junho de 2008, sob o
protocolo de pesquisa nmero 0863/08 e Processo FAPESP: n 2008/58131-5
(Anexo A).
MTODOS - 16
3.3 Local de Desenvolvimento do Estudo
As atividades do presente estudo foram desenvolvidas no Laboratrio
de Nutrio e Cirurgia Metablica do Aparelho Digestivo do Departamento
de Gastroenterologia - LIM 35.
Foram selecionados e includos 60 pacientes adultos de ambos os
sexos em tratamento no Ambulatrio de Nefrologia do Instituto Central do
Hospital das Clnicas (ICHC) da Faculdade de Medicina da Universidade de
So Paulo (FMUSP).
As medidas de CC presentes nesse estudo foram realizadas no
Centro de Estudos de Gasto Energtico e Composio Corporal (CEGECC)
do LIM 35 do Departamento de Gastroenterologia, localizado no Instituto
Central do Hospital das Clnicas - ICHC da FMUSP.
3.4 Etapas de Desenvolvimento do Estudo
3.4.1 Etapa 1 - Seleo dos pacientes registro de dados
3.4.1.1 Seleo dos pacientes
Foram selecionados e includos 60 pacientes adultos de ambos os
sexos em tratamento no Ambulatrio de Nefrologia do ICHC da FMUSP.
Aps apresentao do estudo, foram includos na pesquisa apenas aqueles
pacientes que concordaram espontaneamente em participar do protocolo,
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo B) e se
encaixaram em critrios de incluso e excluso pr-estabelecidos:
Critrios de incluso:
- Idade entre 18 a 60 anos; ambos os sexos.
MTODOS - 17
- Portadores de doena renal crnica e sob terapia hemodialtica no
mnimo trs vezes por semana acima de dois anos de tratamento e
no tempo de quatro horas de tratamento dialtico.
- Anuncia em participar do estudo e assinatura do termo de
consentimento ps-informado.
Critrios de excluso:
- Portadores de doena renal no dialtica.
- Gestao ou lactao.
- Portadores de doena renal aguda, AIDS e cncer.
- Obesidade grave (IMC 35 kg/m3).
- Amputao fsica.
- Alcoolismo atual.
- Insuficincia heptica grave (ascite).
- Transplantados renais.
- Recusa em participar da pesquisa.
Para o processo de escolha dos pacientes candidatos ao estudo, a
listagem de enfermos em tratamento dialtico foi obtida inicialmente da coleta
de dados na Secretria do Ambulatrio de Nefrologia do ICHC. Aps a
excluso dos doentes que no preencheram os critrios pr-estabelecidos,
foram selecionados os pacientes aptos, iniciando-se a aplicao das
tcnicas de composio corporal.
O registro das medidas de CC previstas nos pacientes foi feito pelo
preenchimento de um protocolo de atendimento elaborado especificamente
para o presente estudo (Anexo C).
MTODOS - 18
3.4.2 Mensurao: peso corpreo, altura e IMC
Peso corpreo
Para aferir o peso corpreo dos pacientes, utilizou-se balana de peso
corpreo com rgua medidora, digital ou mecnica, do tipo plataforma, com
capacidade para 150 e 300 kg, da marca Filizola.
No momento da avaliao, os pacientes permaneceram em posio
ereta, em p e descalos, no centro da base da balana e somente com a
vestimenta do hospital. Registrou-se o peso em kilogramas (kg) com a
variao mnima de 100 gramas12.
Estatura
Para a medida da estatura corprea, foi feita por estadimetro (Sanny).
Os pacientes permaneceram de costas para o marcador da balana, com os
ps unidos e em posio ereta. A leitura da estatura foi realizada no centmetro
mais prximo ao marcador, quando a haste horizontal da barra vertical da
escala de estatura encostou-se cabea do paciente50,12.
ndice de Massa Corprea
Para calcular o ndice de Massa Corprea (IMC), tambm conhecido
como ndice de Quetelet, dividiu-se o peso corpreo em kilogramas pela
estatura elevada ao quadrado em centmetros51.
As classificaes do IMC para baixo peso e desnutrio e para
sobrepeso e obesidade esto descritas, respectivamente, nos Quadros 2 e
3, ambos referentes populao adulta.
MTODOS - 19
Quadro 2 - Classificao do ndice de Massa Corprea (IMC) para
baixo peso e desnutrio
IMC (kg/m2) Classificao
17 a 18,4 Magreza grau I
16,0 a 16,9 Magreza grau II
< 16,0 Magreza grau III
FONTE: World Health Organization52
Quadro 3 - Classificao do ndice de Massa Corprea (IMC) para
eutrofia, sobrepeso e obesidade
IMC (kg/m2) Classificao
18,5-24,9 Eutrofia
25,0-26,9 Sobrepeso grau I
27,0-29,9 Sobrepeso grau II (pr-obesidade)
30,0-34,9 Obesidade grau I
35,0 a 39,9 Obesidade grau II
40,0-49,9 Obesidade grau III (mrbida)
50,0 Obesidade grau IV (extrema)
FONTE: Salas-Salvad et al.53
3.4.3 Mensurao de composio corporal
Todos os pacientes selecionados foram submetidos avaliao da
composio corporal por medidas obtidas pelos mtodos de SPC, BIA e
PDA, antes e depois 20 a 30 minutos do tratamento dialtico. A coleta de
dados de todos os pacientes para o presente estudo compreendeu um
perodo de seis meses. No dia da avaliao de CC, os pacientes
compareceram com quatro horas de jejum completo, sem ter praticado
exerccio fsico nas 12 horas anteriores ou ingerido bebida alcolica nas 24
horas anteriores.
MTODOS - 20
3.4.3.1 Somatria das pregas cutneas
A somatria das pregas cutneas foi realizada de acordo com o
protocolo proposto por Costa54. Foram aferidas as pregas bicipital, tricipital,
subescapular e suprailaca no brao oposto ao da fstula arterio-venosa,
seguindo as tcnicas descritas na literatura16 com uso de adipmetro
cientfico (Lange - TBW/So Paulo), com preciso de 1 mm e presso
constante de 10 g/mm2 e fita mtrica inextensvel, flexvel e milimetrada.
Para estabelecer a quantidade estimada de GC, utilizando-se a
somatria de pregas cutneas, soma-se os valores obtidos da aferio das
pregas bicipital, tricipital, subescapular e suprailaca, e aplica-se a equao
de Durnin e Womersley onde densidade corporal = (A-B).log S4 pregas, e
onde A e B so coeficientes elaborados de acordo com a idade e o sexo (ver
Quadro 4) e S4 a somatria das quatros pregas. A partir do valor de
densidade corporal, a porcentagem de gordura corporal total pode ser
determinada com a frmula de Siri: gordura corporal (%) = (4,95/densidade
corporal-4,50) x 1008,9. A massa corporal magra pode ser ento obtida
subtraindo-se a gordura corporal encontrada do peso corpreo total do
indivduo.
MTODOS - 21
Quadro 4 - Clculo da Densidade Corporal (DC) desenvolvida por
Durnin e Womersley (1974) utilizando a soma das pregas
bicipital, tricipital, subescapular e suprailaca ()
Homens - Idade (anos) Mulheres - Idade (anos)
17-19: DC = 1,1620 -0,0630 x(log ) 17-19: DC = 1,1549 -0,0678 x(log )
20-29: DC = 1,1631 -0,0632 x(log ) 20-29: DC = 1,1599 -0,0717 x(log )
30-39: DC = 1,1422 -0,0544 x(log ) 30-39: DC = 1,1423 -0,0632 x(log )
40-49: DC = 1,1620 -0,0700 x(log ) 40-49: DC = 1,1333 -0,0612 x(log )
50+: DC = 1,1715 -0,0779 x(log ) 50+: DC = 1,1339 -0,0645 x(log )
Fonte: Cuppari12
Figura 2 - Posicionamento do adipmetro para aferio das pregas bicipital, tricipital, subescapular e suprailaca
MTODOS - 22
3.4.3.2 Bioimpedncia eltrica
Para a avaliao da composio corporal por meio de bioimpedncia
eltrica, utilizou-se aparelho porttil de quatro frequncias (5 khz, 50 khz,
100 khz e 200 khz - Bodystat - QuadiScan 4000 - United States) em sala do
CEGECC com temperatura ambiente. O paciente encontrou-se deitado em
decbito dorsal sobre maca com superfcie no condutora, com as pernas
afastadas (evitando o contato dos tornozelos e joelhos) e as mos e braos
afastados do corpo. Os eletrodos da BIA foram colocados em pontos
anatmicos pr-determinados (tornozelo e mo do lado oposto da fstula
dialtica), para medir a impedncia corporal. Quando ligado, o aparelho emite
um sinal eltrico de baixa intensidade e frequncia fixa.
Para a avaliao da GC por BIA, o peso e altura corpreos do
paciente foram previamente mensurados, conforme descrito no item 3.4.2.
A fim de garantir a qualidade da avaliao com a BIA, os indivduos
atenderam s seguintes exigncias:
- Jejum de quatro horas (mnimo duas horas)
- Nenhuma prtica fsica nas 12 horas anteriores
- Nenhuma ingesto de bebida alcolica nas 24 horas anteriores
Previamente anlise, todos os pacientes foram orientados a esvaziar a
bexiga urinria e retirar todos os objetos metlicos do corpo. Antes do incio do
procedimento, o paciente permaneceu 15 minutos de repouso na posio
supina, com braos e pernas em abduo de 30. Os eletrodos foram ento
colocados em locais especficos da mo e do p do lado oposto da fstula, para
leitura do resultado da composio corporal pelo aparelho.
MTODOS - 23
Durante a avaliao pelo aparelho de BIA, correntes eltricas
imperceptveis de 5, 50, 100 e 200 khz foram introduzidas no paciente, via
eletrodos distais na mo e no p. A voltagem dessas correntes foi detectada
pelos eletrodos proximais, localizados no calcanhar e punho do hemicorpo e
oferece valores de impedncia nas quatro frequncias supracitadas e
consequente estimativa da composio corporal (Figura 3).
Figura 3 - Leitura do resultado de avaliao de composio corporal, medida por aparelho BIA
A partir dos valores de impedncia oferecidos pelo aparelho de BIA
fora obtidos valores de resistncia e reactncia nas frequncias avaliadas,
atravs de programa de informtica BodyStat Ltda, Douglas, UK.
MTODOS - 24
3.4.3.3 Pletismografia de deslocamento areo (PDA)
A estimativa da composio corporal pela PDA foi realizada pelo
aparelho BOD POD Body Composition System; Life Measurement
Instruments, Concord, CA. O aparelho estima o volume corporal com base
na lei de deslocamento de ar de Boyle42, na qual o volume varia
inversamente com a presso enquanto a temperatura permanece constante,
que pode ser representada pela seguinte equao:
P1 x V1 = P2 x V2
Onde P1 a presso exercida pelo cilindro de calibrao, V1 o
volume do cilindro de calibrao, P2 a presso exercida pelo indivduo e
V2 o volume corporal do indivduo a ser determinado.
Atravs de um software especfico, instalado em um microcomputador
conectado ao equipamento, foram avaliadas as variaes de volume de ar e
a presso em seu interior primeiramente com o equipamento desocupado e,
depois, ocupado pelo indivduo a ser avaliado. Foram analisadas, ainda,
variveis pulmonares necessrias para a estimativa do volume corporal, que
foi calculado automaticamente pelo software do aparelho, e a partir dele foi
possvel aplicar os princpios da densitometria para a determinao da
composio corporal, atravs do clculo da densidade corporal
(Densidade=massa/volume)55-57.
Previamente s avaliaes, o aparelho foi calibrado, utilizando-se um
cilindro com volume conhecido (50 litros). Aps essa calibrao, os
voluntrios foram avaliados vestindo o mnimo de roupa possvel e uma
MTODOS - 25
touca, com o intuito de prender os cabelos. Durante todo o teste, o paciente
avaliado permaneceu sentado dentro do equipamento.
No ltimo passo da avaliao, foi solicitado ao paciente a realizao
de trs incurses respiratrias. Caso essas incurses estivessem acima do
padro aceitvel, o prprio software do equipamento recusaria os valores
obtidos, exigindo, portanto, nova avaliao, at que a mesma fosse
considerada adequada. Para se evitar alteraes indesejveis em relao
aos resultados, e conforme j recomendado na literatura, durante a
avaliao no foi permitido o uso de objetos metlicos como brincos, anis,
correntes, piercings etc.42 (Figura 4).
Figura 4 - Procedimentos para avaliao da composio corporal, por meio de Pletismografia de Deslocamento Areo, BOD POD Body Composition System: Life Measurement Instruments, Concord, CA
MTODOS - 26
3.5 Anlise Estatstica dos Dados
Os dados das medidas antropomtricas e de composio corporal
foram submetidos anlise descritiva e comparados entre os estados pr e
ps-tratamento dialtico por teste t pareado. Para comparar as estimativas de
composio corporal pela PDA, SPC e BIA, foi utilizado o teste ANOVA e
comparou-se ainda estruturas de dependncia entre os modelos ajustados
usando o critrio de Akaike para escolher entre simetria composta e
autorregressiva heterognea. A concordncia entre os mtodos foi
determinada atravs da anlise precisa e acurada de Bland-Altman58-60.
Foram realizadas tambm testes como o coeficiente de correlao
intraclasse (ICC) e o coeficiente de concordncia (CCC), que fornece uma
medida da concordncia entre os mtodos.
Os resultados foram apresentados na forma de mdia e desvio
padro, adotando-se como nvel de significncia p < 0,05.
4 RESULTADOS
RESULTADOS - 28
4.1 Etapa 1 - Caractersticas da Populao
A amostra do presente estudo foi composta por 60 pacientes (29
mulheres/31 homens) portadores de doena renal crnica dialtica com idade
mdia de 41,7 9,1 anos. A mdia de tempo do tratamento hemodialtico foi
de 8 2,2 anos. Quanto doena de base da IRC, predominou a
glomerulonefrite crnica (37,5%), seguida de hipertenso arterial (28,1%) e
de diabetes melito (9,4%). A anlise e variveis antropomtricas como altura
e medidas de circunferncia da cintura e do quadril no mostrou diferena
entre os perodos pr e ps-dilise para ambos os sexos (Tabela 1).
Tabela 1 - Dados descritivos da amostra - Dados antropomtricos de
pacientes renais crnicos avaliados imediatamente antes e
depois de 20-30 minutos do tratamento de hemodilise
Variveis PD POD
Peso (kg) 58 9,2 56 9,0
Altura (m) 1,62 0,088 1,62 0,088
IMC(kg/m2) 22,4 2,5 21,4 2,4
CCI (cm) 79,7 9,2 79,2 9,1
CQ (cm) 91 7,9 90,8 7,8
IMC = ndice de massa corporal; CCI = circunferncia da cintura; CQ= circunferncia do quadril; PD = pr hemodilise; POD = ps hemodilise
Dados expressos como mdia desvio padro
* Teste: t de Student, sem diferena estatstica (p> 0,05)
RESULTADOS - 29
4.2 Etapa 2 - Composio Corporal
As mdias da estimativa de GC e MM em kg e porcentagem
observada pelos diferentes mtodos estudados nos perodos pr e ps-
dilise encontram-se na Tabela 2.
Em ambos os perodos dialticos (pr e ps), no houve diferena
significativa na estimativa de GC pelo mtodo de SPC quando comparado
com PDA; Pr dilise (PD) - kg (p
RESULTADOS - 30
Tabela 2 - Massa de gordura corporal e massa livre de gordura de
pacientes renais crnicos avaliados imediatamente antes e
20-30 minutos aps o tratamento de hemodilise por
pletismografia de deslocamento areo, somatria das
pregas cutneas e bioimpedncia eltrica
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