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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS CURSO DE DOUTORADO EM LINGUÍSTICA - DOSSIÊ DE DEFESA DA TESE INTITULADA PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO E PERCURSOS DE SENTIDURALIZAÇÃO NA DISCURSIVIDADE LITERÁRIA EM LYGIA FAGUNDES TELLES, ISMAEL FERREIRA ROSA ORIENTADO PELO PROF. DR. JOÃO BÔSCO CABRAL DOS SANTOS Por Marilda Alves Adão Carvalho

ANÁLISE DO DISCURSO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA - UFUINSTITUTO DE LETRAS E LINGUSTICAPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ESTUDOS LINGUSTICOSCURSO DE DOUTORADO EM LINGUSTICA

-DOSSI DE DEFESA DA TESE INTITULADA PROCESSOS DE SUBJETIVAO E PERCURSOS DE SENTIDURALIZAO NA DISCURSIVIDADE LITERRIA EM LYGIA FAGUNDES TELLES, ISMAEL FERREIRA ROSA ORIENTADO PELO PROF. DR. JOO BSCO CABRAL DOS SANTOS

Por Marilda Alves Ado Carvalho

UBERLNDIADEZEMBRO DE 2014DOSSI DE DEFESA DA TESE INTITULADA PROCESSOS DE SUBJETIVAO E PERCURSOS DE SENTIDURALIZAO NA DISCURSIVIDADE LITERRIA EM LYGIA FAGUNDES TELLES, ISMAEL FERREIRA ROSA ORIENTADO PELO PROF. DR. JOO BSCO CABRAL DOS SANTOS

Por Marilda Alves Ado Carvalho

OBJETIVOS Sopesar a discursividade literria na produo de Lgia Fagundes Telles; Observar o funcionamento da tridimenso do lingustico, do histrico e do subjetivo; Observar de que modo so produzidos sentidos e sujeitos no campo feminil em trs romances; Descrever e analisar o processo de construo dos sujeitos discursivos Rosa Ambrsio, Raza e Virgnia, que ocupam as respectivas formas-sujeito de autora, narradora e personagem e circunscrevem-se a lugares discursivos e sociais diversos, no nterim dos atos de mover-se e deslocar-se; sujeitos que, neste movimento dinmico, extravasam os limites das obras e intricam-se em um espao exterior e infinito a esses bordejos limtrofes; (63) Estabelecer uma percepo heurstico-hermenutica desse intrincamento no espao exterior aos limites textuais-lingusticos da materialidade das obras, mediante a extenso terica instncia enunciativa sujeitudinal, de forma a teorizar e sistematizar a amplitude e movncias de instncias sujeitos em um universo literrio; (63) Analisar os processos de subjetivao por que passa esta instncia enunciativa sujeitudinal, que a priori denominamos, no escopo analtico-pragmtico dessa pesquisa de Instancia Enunciativa Sujeitudinal Mulher, no crivo dos movimentos, deslocamentos, (des)construo, dilogos e duelos nesse espao exterior; e por fim, atrelado ao objetivo deste item; (63)

Delinear a sentiduralizao desses movimentos, deslocamentos, des construo, dilogos e duelos, provocadores de efeitos; (63) Perceber como na literatura aparecem efeitos de devir, como um devir-outro na lngua, que constroem ideias que no esto fora da linguagem mas que so o fora dessa linguagem; (28) Trazer reflexes acerca dos modos sobre como o discurso literrio se encontra demarcado a partir de instituintes que circundam sua arch fazendo pensar sua atividade no meio social como (des)construtor de sentidos e sujeitos; (29-30)

Analisar como sujeitos e sentidos so construdos nos meandros enunciativos de As Horas Nuas, Ciranda de Pedra e Vero no Aqurio; (31) Apontar como as noes de sujeito e sentido de Michel Pcheux podem atuar em uma pesquisa sobre o discurso literrio a partir do dilogo com as discusses dialgico-polifnicas sobre linguagem, literatura e sujeito de Mikhail Bakhtin; (32)

Articular as noes de paratopia de Maingueneau com as discusses acerca do universo literrio em Foucault; (32)

Lanar um olhar-leitor sobre os processos identitrios e (des)construes sujeitudinais sentidurais do seguinte recorte de anlise: as instncias do sujeito-mulher Virgnia, Raza e Rosa Ambrsio nas trs obras de Lgia Fagundes Telles assinaladas anteriormente; A partir de recortes da materialidade lingustica da trilogia de Lgia Fagundes Telles, observar como a discursividade literria produz sujeitos e sentidos a partir de seu funcionamento; (32)HIPTESES

Os sujeitos mulheres centrais de Ciranda de Pedra, Virgnia, Vero no Aqurio, Raza e As Horas Nuas, Rosa Ambrsio, em suas movncias e deslocamentos, transpem limites de cada romance e estabelecem um intrincamento discursivo de natureza dialgico-polifnica, instaurador de efeitos que constri uma instncia enunciativa sujeitudinal mulher; (62) Essa Instncia Enunciativa Sujeitudinal Mulher, como que uma representao subjetiva da mulher, reflete e refrata a prpria condio da mulher nos movimentos socioculturais e ideolgicos da histria, construindo seus processos de subjetivao e percursos de sentiduralizao; (62)

Tais modos de subjetivao e percursos de sentiduralizao parecem apontar do rgido para o libertrio, do coagido para o livre, conforme sugerem os movimentos pedra-gua-nudez e as posies ocupadas pelos trs sujeitos, respetivamente, personagem-narradora-autora, porm em um movimento descontnuo e deslinear; (62-63)

QUESTES DA PESQUISA

Como sujeitos e sentidos, balizados por movncias e deslocamentos no nterim de um processo dialgico-polifnico, constroem-se na discursividade literria da enunciao de LTL, especialmente em HN, VA e CP, extravasando aos limites das obras e intricando-se no espao exterior e infinito da literatura? (61 - 62)

Qual(is) processo(s) de subjetivao(es) e(so) instaurado(s), nesse ato de intrincamento e de construo, da instncia enunciativa sujeitudinal mulher na referida trilogia de romances lygianos? (62)

Que efeitos de sentido decorrem dessas construes sujeitudinais e sentidurais, crivada por seu(s) processo(s) de subjetivao(es), no funcionamento da discursividade literria em Lygia? (62).

PROPOSTA DA PESQUISA

Sujeitos e sentidos so construdos na discursividade literria; (29) O discurso literrio se caracteriza pela disperso, heteroconstituio de diversas ordens que no devem ser desvinculadas nem pensadas separadamente; (30)

Essas ordens podem ser lingusticas, scio-histrico-culturais e ideolgicas e subjetivas; (30)

A discursividade literria tem seu funcionamento enquanto construtora de sujeitos e sentidos; (32) A discursividade literria instaurada esttico-plurivocalmente por um dilogo de linguagens em relao constitutiva com aspectos culturais e aspecto scio-histricos e ideolgicos da exterioridade; (31)

A partir de um batimento entre a descries e a interpretao que pode ser compreendida a dinmica de alternncia que se estabelece entre estas duas operaes, que se implicam e tornam-se necessrias para a anlise proposta; (33)PREMISSAS DA PESQUISA

A dicursividade literria pode ser pensada a partir das dimenses de dinmica discursivo-ideolgica e de constitutividade subjetivo-sentidural; (35)

A partir de Pcheux sob os ecos de Althusser possvel adentrar na ordem fluida do discurso (35);

A enunciao esttico-literria se configura como objeto de anlise pode ser percebida a partir dos elementos constituintes e constitutivos lngua, sujeito e histria; (35) O objeto literrio no se esgota ao ser descrito, delineado, (re)configurado; (36-37)

A discursividade literria produz efeitos (inter)subjetivos; (37) Tomando a trade da teoria discursiva lngua, histria e sujeito e transpondo-a para o campo literrio como esttica, sentido e subjetividade pode se tornar possvel perceber o literrio enquanto atividade que constri efeitos ideolgicos, filiaes histricas, processos de (des)(contra) identificaes; (58)

ASSERES TERICAS

A literatura consiste numa atividade que no apenas mantm um discurso sobre o mundo, mas gere sua prpria presena nesse mundo. (MAINGUENEAU); (37)

A literatura se configura mais que um discurso, como uma discursividade; (37)

Assim como a literatura possui um lugar no histrico, no ideolgico, no lingustico, no filosfico, esta tambm no possui um lugar bem delimitado e marcado; (38)

A partir dessa assero de localizao entre o localizvel e o no-localizvel, da abertura de sentidos e da autogesto discursiva que a literatura assume os estatutos:

*paratopia (MAINGUENEAU);

*infinitude (FOUCAULT);

*campo de existir-como vida (BAKHTIN)

*Dilogo esttico entre linguagens, valores e axiologias;

*de devir (DELEUZE)

A discursividade uma atividade sentidural instauradora de efeitos intersubjetivos; (38)

A anlise de discursos se instaura a partir de um campo de entremeio entre a psicanlise, o materialismo histrico e a lingustica; (39) A anlise do discurso literrio de Maingueneau visa observar o funcionamento do discurso literrio; (39) Lngua como lugar de onde so apreendidos processos discursivos, enquanto lugar de produo de sentidos pelos e para os sujeitos em relao constitutiva com a histria, com o social, com a ideologia; (43)

O sujeito descentrado da psicanlise considerado enquanto sujeito das anlises do trabalho; (43)

A AD francesa se constitui no entremeio a partir de um imbricamento que suporta a conjuno epistemolgica do materialismo histrico, a linguagem e o discurso; (44)

O literrio projeta/denuncia as contradies do meio histrico-social, facultando empreendimentos transformadores da sociedade e do meio ideolgico que esta sociedade est se constituindo; (45-46)

A heterogeneidade, descontinuidade e pluralidade e descontinuidade com que o discurso literrio se constitui no podem ser ignorados ou minimizados, e as particularidades precisam ser observadas com cautela (45-46) Ao somente se ater busca por caracteres que universalizam/generalizam ou ento particularizam/especificam o discurso literrio, sua dinamicidade e heterogeneidade constitutivas so de certo modo interrompidas ou negligenciadas; (46) H efeitos de fixidez quando se parte de uma ou outra abordagem descrita no item anterior; (47)

O sujeito nunca homogneo, submisso ou subserviente; (47) O lingustico mais do que um sistema estrutural de signos, mediante o qual os sujeitos estabelecem relao com o mundo, com os outros e consigo mesmo; (52) O lingustico lugar de constituio e de materializao de prticas; (52)

Alm da materialidade lingustica esto os efeitos que esta materialidade produz; (53) Todo processo discursivo emerge de e em um complexo ideolgico, marcado por relaes contraditrias, por relaes de desigualdade-subordinao, inerentes s foras materiais das ideologias que constituem indivduos em sujeitos; (54) A histria dos homens enquanto espao de embates, de prticas e lutas inscritas em uma constante luta de classes; (56) O discurso literrio enquanto instaurador de discursividades;

ESTRUTURA DA PESQUISA

CAPTULO 1- Percursos tericos e fronteiras epistemolgicas basilares

Notas sobre a discursividade literria: Dificuldade de empreender investigaes que no diminuam a complexidade e heterogeneidade caracterstica da Literatura; (35)

Necessidade de trilhar caminho a partir do escopo terico-metodolgico escolhido; (36)

Construo da rota terica

A inesgotabilidade do objeto literrio; (36-37)

Singularizao do literrio pela inesgotabilidade (37)

Lugar/no-lugar do objeto literrio; (38)

A literatura assume lugar de paratpico, de infinitude, de campo do existir-como-vida, de dialogo esttico de linguagens, de axiologias, valores e tonalidades e de devir; (38)

O literrio uma atividade discursiva caracterizada por discursos e embates que (des) constri sujeitos e sentidos; (38)

Atividade discursiva marcada pela dinamicidade, disperso e heterogeneidade constitutiva e constituinte; (39) Apresentao da Anlise de Discurso Literrio; (39) Explorao do universo discursivo literrio; (41) Anlise do discurso: teoria do discurso e sua materialidade; (41) AD francesa como teoria de entremeio, de partes, incompleta e sem ferramentas estanques e homogneas, aplicveis do mesmo modo para todas as anlises (41-42) Marxismo e Althusser ideologia e materialismo histrico nas formaes e transformaes sociais; (43) Psicanlise sujeito descentrado; (43)

O literrio como artefato esttico, facultador e engajado de empreendimentos transformadores da sociedade e do meio ideolgico em que a sociedade est se constituindo com o passar do tempo; (45-46)

Preocupao em no generalizar/universalizar nem particularizar/especificar o discurso literrio a partir para no negligenciar sua dinamicidade e heterogeneidade constitutivas; (46)

Anlise que se prope a partir do lingustico, do histrico e do subjetivo (47) Consideraes sobre o sujeito que se torna sujeito na e pela histria, que assujeitado pela lngua, constitudo pelo inconsciente e interpelado pela ideologia; (48)

Objeto da ideologia a relao do sujeito com o mundo para Althusser, ideologia que tem uma existncia material; A ideologia interpela os indivduos em sujeitos (50-51)

Nas prticas discursivas se deve buscar o lugar de materializao das ideologias; (52)

O lingustico como lugar de materializao de prticas; (52)

O histrico como prticas materiais do movimento do homem no espao e no tempo (56)

O literrio pensado enquanto uma atividade que constri efeitos ideolgicos, filiaes histricas, processos de (des) ( contra) identificaes (58)

Natureza da pesquisa

Pesquisa terico-analtica de cunho heurstico-hermenutico A partir de sequncias discursivas recortadas e delimitadas do corpus os trs romances de Ligia Fagundes Telles para analisar como a discursividade funciona produzindo sujeitos e sentidos; (60) O corpus discursivo; (61) Uma entre tantas investigaes acerca do sujeito e do sentido por se tratar do carter movedio com que estes conceitos se apresentam; (61) Apresentao de objetivos e hipteses da pesquisa; (63-65) Apresentao das caractersticas e pertinncias da utilizao do modelo de triple-hlice (64-65) Constituio do objeto de anlise Apresentao dos romances Ciranda de Pedra, Vero no Aqurio e As horas nuas; apresentao do sujeito-autor Lgia Fagundes Telles enquanto sujeito que se inscreve no lugar de algum que efetua a escrita, que organiza e estrutura uma obra literria; (65-66) A escrita entre movncias e a autoria entre deslimites e amplitude infinita de possibilidades; (67) O porqu da escolha dos trs romances: constituem uma trilogia sobre a condio humana por causa do elo de continuidade em relao ao projeto de construo da mulher e sentidos sobre a mulher; (68) Rosa Ambrsio, Raza e Virgnia situadas da meia-idade para a velhice, empreendem processos de busca de sentido para suas vidas; (68) Apresentao das narrativas que compem o corpus (69-82)CAPTULO 2- Fundamentos terico-conceptuais: a discursividade literria e sua produo subjetivo-sentidural no espao do existir-como-vida

O espao do existir-como-vida do/no literrio; (86) A obra literria no est submetida ao mundo real, tem existncia singularizada, acabada ou inacabada ; (84) O mundo do literrio atravessa e atravessado pelo real; (84) Amplitude e impossibilidade de estabelecer verdades categricas ou certezas objetivas para o universo literrio (84) A dinmica da atividade que o espao literrio instaura, a discursividade literria; (85) Existir-como-vida inerente ao literrio porque este instaura um espao que lhe prprio; (86) Na trade do esttico-lingustico, do subjetivo e do histrico: a discursividade literria; (89) O literrio uma discursividade; (89) O interior se define na relao com o exterior e vice-versa; (90) Literrio a imagem da linguagem do homem que vive em um meio social institucionalizado por relaes de poder que projetam normas, interdies, proibies; (90) O literrio funciona em razo de sua estrutura de representao; (91) O campo de existir-como-vida marcado pela incompletude e atravessado pela falta constituinte; (93) A subjetivao do/no literrio: construes sujeitudinais e a discursividade literria (94) O literrio habitado por sujeitos e tambm produz subjetividades; (94) Sujeitos se constroem na e pela discursividade literria; (94) Sujeito-escritor: ideolgico, social, poltico, filosfico, histrico, psicolgico, cultural, lingustico (referencialidade polifnica); (95-96) Instncia enunciativa sujeitudinal: em movimento marcado por descontinuidades e movncias; (99) A subjetivao e a sentiduralizao so processos dinmicos e moventes; (100)CAPTULO 3 Fundamentos terico-metodolgicos: o dispositivo nonessencial em triplo-hlice para uma abordagem da discursividade literria O dispositivo da N-essncia- SANTOS (2007) e sua extenso em duplo-hlice FERREIRA-ROSA (2009): uma possibilidade de anlise de funcionamentos discursivos Como abordar a discursividade literria sem deixar escapar as movncias e a natureza sempre aberta, enquanto atividade dinmica que a caracteriza; (107) N-essncia: mecanismo epistemolgico por meio do qual associamos conceitos ou categorias metodolgicas, construindo combinaes entre elementos constituintes; (108) Sempre se buscar uma hlice sujeitudinal, formada por instncias-sujeito que balizam enunciatibilidades e outra sentidural, instituda por elementos temtico-operadores de significao ou temtico-discursivos; (112) Hlice: metfora de sujeitos e sentidos em uma discursividade para analisar o funcionamento discursivo, por exemplo, de uma enunciatividade literria; (114) Somar produo de sentidos e sujeitos (dupla-hlice) o existir-como-vida (esttica) para compor o modelo nonessncia de tripla-hlice; (115) Se o objeto literrio for tomado como produo discursiva no h como pensar em verdades, em sentidos fechados, leituras vlidas, mas conceber efeitos que se constroem pela propulso dos sentidos no mutar e transmutar das instncias especiais e temporais perante sujeitos; (117) A discursividade literria como um espao constitutivamente marcado pela diversidade de ideaes, imagens e combinaes esttico-sentidurais; (118) s ordens conjuntiva e singular do modelo de dupla-hlice, somam-se ento a ordem dispersiva e a ordem acontecimental, para que no deixe de ser problematizado o carter dinmico e heterogneo da discursividade estudada; (119) A ordem acontecimental remonta ao devir; (120) Nonessncia balizadora de trs hlices da tridimensionalidade do literrio. 1.nonessncia sujeitudinal (o ponto central a instncia enunciativa sujeitudinal mulher) produzida no universo esttico-literrio de Lygia Fagundes Telles observando os seguintes critrios: i- ser sujeito mulher; ii- ser recorrente e iii- constituir uma regularidade (121-122) 2. Hlice Sentidunal e Hlice Esttical; (131) As vozes dos sujeitos mulher dos trs romances no so submissas voz do autor. Assim narrador e personagens (re)agem dialogando, interagindo e recriando-se; (135) Potencializando o dispositivo: nonessncias em triplo-hlice para uma abordagem tridimensional da/na discursividade literria; (116; 145) a partir do conceito de N-essncia de Santos (2007) e duplo-hlice de Ferreira Rosa (2009) e tcnica de recorte de Orlandi (1984) Dispositivo analtico-metodolgico em triplo-hlice a partir dos critrios de recorte de Orlandi em consonncia dos elementos de recorrncia, regularidade e a combinao de elementos constituintes, constitudos e constitutivos. Hlice 1. sujeitudinal (sujeito), 2. sentidural (sentido) e 3. estetical (esttica).CAPTULO 4- Discursividade literria e seu funcionamento em Lygia Fagundes Telles: algumas percepes heurstico-hermenuticas

Lngua, sujeito e histria precisam ser considerados; (147)

Literrio como acontecimento vivo e significante, uma discursividade; (148) Sopesando os processos de subjetivao em LFT: anlise da primeira hlice Prescrutamento acerca de como os sujeitos mulheres centrais Virgnia, Raza e Rosa Ambrsio, em suas movncias e deslocamentos, relaes de alteridade, transpem os limites de cada romance e estabelecem um intrincamento discursivo dialgico-polifnico no espao paratpico e infinito da literatura instaurador de efeitos que constri uma instncia enunciativa sujeitudinal mulher; (148) A relao macropolar e o ponto de centricidade (149) Personagens se voltam para si e para o exterior para pensar na condio humana e na vida, para se (auto)descobrir, em uma relao exterior-interior; (149) Sujeito mulher na trilogia de Lygia Fagundes Telles oscilando entre lugares sociais, lugares discursivos, formas-sujeito e sujeito-discursivos, como representao refletora e refratria de subjetividade emergente extrapolando instancias de fixao temporal ou espacial para os sujeitos; (150) Sujeitos que no falam por si, mas lhes concedida voz por um narrador em terceira pessoa, dado o lugar discursivo que ocupam; (151) Virgnia se inscreve em lugar de submisso e passividade, inicialmente; (151) A voz de Virgnia tem apario a partir da voz do outro; (152) H instantes de resistncia em meio a resignao e submisso de Virginia; (154) Virginia desestabiliza a preludial posio submissa do incio do romance ao sentir vontade de sair de casa; (155) Virgnia, enquanto macropolaridades sujeitudinal determinativa exerce pertinentes influxos sobre a Instncia Enunciativa Sujeitudinal Mulher; (158) A relao micropolar e o ponto de centricidade em alteridade com as macropolaridades Raza com uma macropolaridades de natureza determinativa influi pertinentes direcionamentos sobre o ponto de centricidade da hlice sujeitudinal; (163) Raza portadora de voz prpria; sem mediaes de outrem; porm insegura de amar livremente; transita entre a liberdade e a coero; (164) Instncia sujeito em contnuo embate, em contnua rivalidade; (166) A relao traspolar e o ponto de centricidade em alteridade com as macro e micropolaridades Todo-singular transpassado por uma ordem do acontecimento, que constri devires; (168) Ordem transpolar que ao passar pelo todo-singular instaura acontecimentos que oscilam entre a coero e a independncia marcados pelo confronto e a determinao; (176) A relao transpolar e o ponto de centricidade em alteridade com os acontecimentos no todo-singular Acontecimentos traspassados por uma disperso, por elementos que escapam, que restam, mas estabelecem significaes; (177) Transpolaridade de personagem que pode ser sopesada como elemento de ordem sujeitudinal dispersiva; (177) Transpolaridade traz influxos outros a Instncia Enunciativa Sujeitudinal Mulher; (179) Grfico da movimentao dos eixos em suas ordens conjuntiva, singular, acontecimental e dispersiva instaurando sujeitos; (181) Percurso de revoluo, trnsito de lugares que reflete e refrata o percurso da mulher ao longo da histria; (182) Nestes embates, devires se constroem crivados pela paradoxalidade da obteno de espao e engajamento na luta; (182) No encalo dos percursos de sentiduralizao: anlise do movimento da primeira hlice em sincronia com a segunda hlice Dilogos com a exterioridade e o real, com os movimentos socioculturais e ideolgicos da histria que os romances constroem; (184) Um todo-singular em devir transpassado pela disperso de sentidos e sujeitos, balizado pela esttica do espao literrio analisado pela movimentao da triple-hlice; (191) Sentidos e sujeito na esttica: anlise do movimento tautcrono das trs hlices Processos polifnicos; (193-914) Relaes polifnicas de um eu-eu e tambm de um eu-outro; (195) Relaes polifnicas que balizam os percursos de subjetivao e de sentiduralizao esto em alteridade entre o eu, que se instaura construindo um todo polifnico da individuao atravessado pelo singular do socioideolgico; (197) Os sujeitos discursivos dos romances analisados vo ao encontro de espaos exteriores instaurando instncia enunciativa sujeitudinal mulher percebida pelos autores como uma representao subjetiva da mulher que reflete e refrata a condio feminina nos movimentos da histria , construindo processos relacionados a construo de sujeitos e sentidos do rgido para o libertrio, do coagido para o livre; (204) Sujeito discursivo se instaura na discursividade literria atravs das movncias e descontinuidades. Ento, se instaura o sujeito do devir (Deleuze) um devir-mulher que pode ser outro e continuar mudando a partir da relao com o outro e consigo mesma, j que este sujeito-mulher extrapola os limites do literrio e aponta para o alm-fronteiras com o exterior constituinte do discurso; (206) Assim, reflete e refrata os outros pares ou opressores- nas vias dos quais se descobriu, viu-se refletida ou refratada e buscou seu ato de subjetivar, projetando-se sentiduralmente (nas instncias dos efeitos de- sentidos); (207) O literrio entre elementos constituintes, constitutivos e constitudos de seu campo de existir-como vida. (207)BASE TERICA

Anlise de discurso de linha francesa (Michel Pcheux e Eni Orlandi)De Pcheux:

Sujeito, sentido e histria; Estrutura de representao; Efeito ideolgico; Identificao-interpelao; Coisas-a-saber; Tomada de posio; (inter)subjetivao;De Bakhtin: Esttica; tica; Ato de validao; Cronotopo; Arquitetnica; Campo do existir-como-vida;De Maingueneau: Paratopos;De Foucault:

Autor enquanto fundador de discursividades e organizador de obras; Exterioridade e infinitude;De Deleuze & Guatari

A noo de devir; O materialismo histrico como teoria das formaes sociais e de suas transformaes teoria das ideologias - Althusser Anlise do discurso literrio (Maingueneau) Sujeito descentrado, cindido da Psicanlise; sujeito do discurso (inconsciente) interpelado pela ideologia; Discursividade literria enquanto atividade que instaura instncias enunciativas sujeitudinais (SANTOS 2009); (59)BASE REFERENCIAL O dispositivo da nonessncia e sua extenso em dupla-hlice podem ser reconfigurados a fim de abranger uma terceira hlice para investigar o funcionamento de discursividades literrias; Anlise de discurso literrio permite investigar a natureza dos discursos; A discursividade literria como produtora de sujeitos e sentidos; A exterioridade que atravessa o literrio faz deste um objeto singular, nas movncias e descontinuidades em que este foi se constituindo com o passar do tempo; possvel pensar o sujeito como sujeito do devir e, portanto, a instncia enunciativa sujeitudinal mulher sujeito do devir porque sempre em transio no encontro com alteridades outras e consigo mesmo; A noo de recorte torna-se preponderante para pensarmos sequncias discursivas extradas da materialidade lingustica em que se encontram para perceber como sujeitos e sentidos so produzidos a partir da discursividade literria; A obra literria no se esgota em anlise alguma e fica sempre aberta outros gestos de investigao; A anlise se d no batimento entre a interpretao e a observao, entre a leitura e a interpretao;CONSTRUCTO TERICO DA PESQUISA

Sobre o sujeito discursivo pode-se dizer que no se trata de um indivduo, de uma pessoa, mas de um ser social, apreendido em um espao coletivo, que tem existncia em um espao social e ideolgico em dado momento histrico e no em outro. Desse modo, a voz desse sujeito aponta para o lugar social e expressa um conjunto de vozes que fazem parte de dada realidade histrica e social. A discursividade literria vista como produtora de sujeitos e sentidos e percebida no terreno de movncias e descontinuidades, o que faz com que as anlises que sobre ela se debrucem apreendam o sujeito como fluido, descontnuo, cindido e descentrado, tal como o sujeito da psicanlise;

O discursivo visto como acontecimento em que os sujeitos do discurso so lugares a ser ocupados nas instncias enunciativas que apontam para lugares sociais ideologicamente marcados; O exterior e a discursividade literria apontam para o imbrincamento entre vida e arte e a literatura deixa de ser vista como representao, mas como atividade que produz prticas de sujeitos interpelados pela ideologia e assujeitados pela lngua; O modelo de tripla-hlice visa apreender sujeito, sentido e histria a partir dos estudos discursivos em dilogos com os estudos bakhtinianos e outros autores para trazer contribuies aos estudos acerca da discursividade literria enquanto produtora de sujeitos e sentidos;POSIES TERICAS DA/NA PESQUISA

A anlise de discurso uma rea de estudos da linguagem que prope uma teoria do discurso e sua materialidade; (41) A AD norteia-se a partir de uma concepo scio-histrica e ideolgica para a linguagem; (41) uma teoria de entremeio que trabalha com o que escapa e o que no pode ser controlado; (42) O sujeito da psicanlise descentrado, cindido e da psicanlise que advm a teoria subjetiva para o interior de uma teoria do discurso; (43) Sujeito assujeitado pela lngua e indivduo interpelado pela ideologia em sujeito; indivduo se torna sujeito da/na histria;(48) O lingustico lugar de constituio e materializao de prticas (Althusser); (52) Dialogismo e polifonia: as vozes so muitas, os sujeitos multifacetados e os discursos esto sempre na relao com outros dizeres e discursos; (62) Dispositivo de Ferreira-Rosa de sujeito e o sentido deslocado para compreender trs ordens: sujeito, sentido e esttica, para que sejam observados o lingustico, o histrico e o subjetivo; (65) O que se pretende fazer analisar, lanando mo do modelo de tripla-hlice proposto, como a discursividade literria produz sujeitos e sentidos; (83) Memria discursiva Jean Jacques Courtine; (140)ENCAMINHAMENTOS DA PESQUISA

Processos de subjetivao e sentiduralizao mostram a dinamicidade e vivacidade do literrio e o funcionamento discursivo atravs da tripartio das hlices da esttica, do sujeito e do sentido que se bifurcam, entrecruzam e apontam para a dinamicidade da discursividade literria enquanto produtora de (efeitos de) sentidos, estticas e sujeitos; Sujeito discursivo se instaura na discursividade literria atravs das movncias e descontinuidades. Ento, se instaura o sujeito do devir (Deleuze) um devir-mulher que pode ser outro e continuar mudando a partir da relao com o outro e consigo mesma, j que este sujeito-mulher extrapola os limites do literrio e aponta para o alm-fronteiras com o exterior constituinte do discurso; (206) Assim, reflete e refrata os outros pares ou opressores- nas vias dos quais se descobriu, viu-se refletida ou refratada e buscou seu ato de subjetivar, projetando-se sentiduralmente (nas instncias dos efeitos de- sentidos) (207)QUESTIONAMENTOS EM TORNO DA PESQUISA

Na pgina 44, voc menciona discurso enquanto processo de determinao histrico-ideolgica da produo de sentidos. A palavra determinao me parece muito forte, poderia ser substituda por outra que tivesse denotao de menos irreversibilidade, porque parece apontar para certa contradio entre outro conceito discursivo, o de efeitos de sentido;

Na pgina 46, fala-se em discurso literrio. Nas que vm aps esta, esta noo deixa de existir e passa a ser utilizada ento discursividade literria. Discursividade literria, porm, no explicitada em relao ao contexto terico em que se situa. Para no cair na incorrncia de parecerem estar sendo tratadas como sinnimas, caberia uma nota de rodap a primeira vez que o termo discursividade literria aparecesse no texto; Na pgina 46, h um termo que ficou muito coloquial. No ltimo pargrafo, na terceira linha: meio que so frenadas. Ou so frenadas ou no so. Meio que uma expresso muito informal para trabalhos acadmicos.

Na pgina 63, apenas um termo est no singular em meio a vrios outros termos no plural: (des)construo (no item iii e iv). Talvez coubesse colocar tambm esta expresso no plural. Na pgina 60 temos uma contradio. Na linha 2 temos produzindo sujeitos e sentidos, que concorda com a afirmao da linha 9 produo de sentidos e sujeitos. Porm, na quarta linha do ltimo paragrafo desta folha temos analisar como sujeitos e sentidos so construdos. As duas expresses so tomadas como sinnimas. Talvez no valha arriscar um efeito de incoerncia no texto para o leitor;

Rever na pgina 90 esta frase: o literrio a imagem da linguagem do homem [...]; Nas pginas 158 e 163 aparece a palavra pertinentes, o que traz uma valorao explcita do autor do texto sobre os resultados encontrados. informal e no aconselhvel. No cabe saber se pertinente ou no, mas se houveram influxos sobre a IESM na p. 158 e se influi direcionamentos ou no sobre o ponto central da hlice sujeitudinal na p. 163;

Na pgina 197 h uma frase incompleta: ver terceira linha do pargrafo aps a citao direta com recuo: esto em alteridade entre o eu, que se instaura. Cabe rever, entre o eu e...

Assumir na pgina 61 que o trabalho partir de uma percepo e no a nica percepo tampouco a mais correta ou adequada foi muito pertinente. Encaixou-se muito bem coerente com a proposta do texto e do tema do trabalho.