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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Engenharia Mecânica
MARIO CESAR DA SILVA
Análise do Ecossistema Empreendedor
Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso
para a Gestão de Incubadoras de Empresa
CAMPINAS
2017
MARIO CESAR DA SILVA
Análise do Ecossistema Empreendedor
Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso
para a Gestão de Incubadoras de Empresa
Orientador: Prof. Dr. Rosley Anholon
CAMPINAS
2017
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de
Engenharia Mecânica da Universidade
Estadual de Campinas como parte dos
requisitos exigidos para obtenção do título de
Doutor em Engenharia Mecânica na Área de
Matérias e Processos de Fabricação.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO MARIO
CESAR SILVA E ORIENTADA PELO PROF. DR.
ROSLEY ANHOLON.
.......................................................................
ASSINATURA DO ORIENTADOR
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MANUFATURA E MATERIAIS
TESE DE DOUTORADO
Análise do Ecossistema Empreendedor
Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso
para a Gestão de Incubadoras de Empresa
Autor: Mario Cesar Silva
Orientador: Rosley Anholon
A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Tese:
__________________________________________
Prof. Dr. Rosley Anholon, Presidente
Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia Mecânica
__________________________________________
Prof. Dr. Iris Bento da Silva
Universidade de São Paulo – Campus São Carlos
__________________________________________
Profa. Dra. Rita de Cássia da Silveira M. Bittar
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Faculdade de Tecnologia - Campus Resende
__________________________________________
Prof. Dr. Carlos Raul Etulain
Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Ciências Aplicadas
__________________________________________
Prof. Dr. Robert Eduardo Cooper Ordoñez
Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia Mecânica
A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica do aluno.
Campinas, 08 de fevereiro de 2017.
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Rosley Anholon cujas orientações e intervenções foram cruciais para que este
trabalho pudesse caminhar e ser concluído.
Agradeço ao Prof. Dr. Rubens Caram pelo estímulo para a realização deste doutorado.
Ao Prof. Dr. Dirceu Silva por sua inestimável contribuição para a correta aplicação das
ferramentas estatísticas.
À Mestranda Izabela Rampasso pelo discreto e fundamental suporte aos encaminhamentos
desta pesquisa.
À Profa. Andrea Maria Biondo por sua precisão linguística e orientação para a melhor e mais
clara redação.
Aos respeitabilíssimos autores referenciados nesta tese, aos entrevistados e às incubadoras de
empresa visitadas que tanto contribuíram com informações e conhecimentos.
A todos os familiares, amigos e colegas que, mesmo que indiretamente e involuntariamente,
me proporcionaram alguma lucidez para conduzir este trabalho.
Ao Engo. Ilson Gonçalves de Moraes (in memoriam) por ter me despertado, desde muito cedo,
o amor aos estudos.
Graças a Deus, às Marias e a todas as divindades pela essência de alma e de sanidade que me
proporcionaram no período desta pesquisa.
Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo analisar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro e os Fatores
Críticos de Sucesso (FCS) para as incubadoras de empresa. Tanto a análise deste ecossistema
empreendedor quanto o estudo dos referidos FCS deram-se por meio de surveys realizadas junto
a 74 profissionais qualificados e envolvidos com incubadoras de empresa. Para a análise do
Ecossistema Empreendedor Brasileiro, utilizou-se do modelo teórico proposto por Bitencourt
et al. (2014), adaptado de Isenberg (2011), e da análise de dados via Modelagem de Equações
Estruturais. Para os FCS, aplicou-se uma revisão sistemática da literatura, por meio da qual
foram identificados 29 FCS e realizou-se uma análise de dados via Análise Fatorial
Exploratória. Os resultados evidenciaram um ecossistema empreendedor que, apesar de possuir
possibilidades de melhorias, se mostra adequado ao desenvolvimento das incubadoras
brasileiras de empresa. Ainda, tais resultados permitiram, baseado em análise estatística, validar
19 dos 29 FCS apontados pela literatura, sendo possível agrupar os mesmos em 7 constructos
temáticos. De forma complementar, estes 19 FCS validados foram utilizados como protocolo
de pesquisa para a realização de 12 Estudos de Caso em incubadoras de empresa das regiões
Sul e Sudeste do Brasil. A contribuição desta pesquisa reside na validação de um modelo útil
para a análise do desempenho do Ecossistema Empreendedor Brasileiro e na validação de FCS
para a realidade das incubadoras de empresa, algo inexistente na literatura até o presente
momento, o que reforça, também, a sua originalidade.
Palavras-chave: ecossistema empreendedor, incubadoras de empresa, Fatores Críticos de
Sucesso, modelagem de equações estruturais, análise fatorial exploratória.
Abstract
This research aimed to analyze the Brazilian Entrepreneurial Ecosystem and the Critical
Success Factors (FCS) for business incubators. Both the analysis of this entrepreneurial
ecosystem and the study of the mentioned FCS were obtained through surveys conducted with
74 qualified professionals and involved with business incubators. For the analysis of the
Brazilian Entrepreneurial Ecosystem, it was used the theoretical model proposed by Bitencourt
et al. (2014), adapted from Isenberg (2011), and from data analysis via Modeling of Structural
Equations. For the FCS, a systematic review of the literature was applied, through which 29
FCS were identified and a data analysis was performed via Exploratory Factor Analysis. The
results showed an entrepreneurial ecosystem that, although it shows possibilities for
improvement, is suitable for the development of Brazilian incubators. Moreover, these results
allowed, based on statistical analysis, to validate 19 of the 29 FSCs indicated in the literature,
grouped them in 7 thematic constructs. Complementarily, these 19 validated FCS were used as
a research protocol for carrying out 12 Case Studies in incubators of companies in the South
and Southeast regions of Brazil. The contribution of this research resides in the validation of a
useful model for the analysis of the performance of the Brazilian Entrepreneurial Ecosystem
and in the validation of FCS for the reality of the business incubators, something that is not
found in the literature until the present moment, which also reinforces its originality.
Keywords: entrepreneurial ecosystem, business incubators, critical success factors, structural
equation modeling, exploratory factor analysis.
Lista de Ilustrações
Figura 2.1 Distribuição percentual das incubadoras no mundo. 38
Figura 2.2 Ecossistema empreendedor segundo: (a) Isenberg (2011) e (b) Bitencourt et al.
(2014). 41
Figura 2.3 Interação a partir do suporte incubadora. 44
Figura 2.4 Objetivos estratégicos e Fatores Críticos de Sucesso. 45
Figura 3.1 Classificações de pesquisa por critérios clássicos. 68
Figura 3.2 Estrutura da pesquisa. 70
Figura 3.3 Idade das publicações. 72
Figura 3.4 Distribuição anual das publicações. 73
Figura 3.5 Meios consultados. 73
Figura 3.6 Distribuição temática. 74
Figura 3.7 Distribuição geográfica dos artigos. 74
Figura 3.8 Caracterização da amostra em função da atuação do profissional. 77
Figura 3.9 Caracterização da amostra em função da formação do profissional. 77
Figura 4.1 Modelo do ecossistema empreendedor para incubadoras estruturado no Software
SmartPLS 2.0. 92
Figura 4.2 Modelo do Ecossistema Empreendedor Brasileiro para incubadoras de empresa
com os respectivos coeficientes de caminho. 97
Lista de Quadros
Quadro 2.1 Construtos que compõem um ecossistema, conforme Isenberg (2010, 2011). 24
Quadro 2.2 Pontos importantes na estruturação de um ecossistema segundo Yaribeigi et al.
(2014). 27
Quadro 2.3 Análise comparativa baseada em indicadores de empreendedorismo. 30
Quadro 2.4 Medidas para o desenvolvimento de incubadoras. 36
Quadro 2.5 Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa. 46
Quadro 2.6 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) levantados na literatura. 48
Quadro 3.1 Bases científicas consultadas. 71
Quadro 3.2 Variáveis utilizadas na estruturação do questionário – Parte 1 e na MEE. 75
Quadro 3.3 Etapas para a Modelagem de Equações Estruturais. 82
Quadro 3.4 Fatores Críticos de Sucesso utilizados na estruturação do questionário – Parte 2.83
Quadro 3.5 Escala para o índice KMO. 86
Quadro 3.6 Etapas para a realização da Análise Fatorial Exploratória. 89
Quadro 4.1 AVE, CC, R2 e AC para os constructos. 93
Quadro 4.2 Cargas cruzadas para cada variável em função do constructo. 93
Quadro 4.3 Valores de t entre variáveis e constructo e entre constructo e modelo decorrentes
da técnica de reamostragem. 95
Quadro 4.4 Comunalidade e redundância geral para cada constructo. 96
Quadro 4.5 Médias obtidas para cada variável e para os constructos. 98
Quadro 4.6 Índice KMO para cada variável na matriz anti-imagem de correlações eproduzidas
na primeira tentativa. 101
Quadro 4.7 Valores de comunalidade para as variáveis estudadas na segunda tentativa. 102
Quadro 4.8 Matriz anti-imagem de correlação para as variáveis restantes estudadas. 103
Quadro 4.9 Valores de comunalidades para as variáveis restantes estudadas. 103
Quadro 4.10 Variância Total Explicada pelos 7 componentes com autovalores superiores a
1,0. 104
Quadro 4.11 Matriz componente rotativa e cargas fatoriais superiores a 0,6. 105
Quadro 4.12 Apresentação dos fatores críticos validados. 106
Quadro 4.13 Síntese do grau de observância do Fator Crítico de Sucesso (variáveis) para as
incubadoras estudadas. 123
Quadro 4.14 Diagrama de cores destacando a observância de cada Fator Crítico de Sucesso
(variáveis) para as incubadoras estudadas. 124
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
AC - Alfa de Cronbach
AFE - Análise Fatorial Exploratória
ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores
AVE - Average Variance Extracted
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CC - Confiabilidade Composta
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
FCS - Fatores Críticos de Sucesso
Finep - Financiadora de Estudos e Projetos
GEM - Global Entrepreneurship Monitor
GoF – Goodness of Fit
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INBIA - International Business Innovation Association
KMO - Kaiser-Meyer-Olkin
MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MEE - Modelagem de Equações Estruturais
MPT - Ministério Público do Trabalho
OECD - Organisation for Economic Co-operation na Development
ONG - Organizações Não-Governamentais
OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
R - Coeficiente de Correlação de Pearson
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE
STF - Supremo Tribunal Federal
TEA - Total Entrepreneurial Activity Rate
TRT - Tribunal Regional do Trabalho
Sumário
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 Contexto 14
1.2 Problema de pesquisa 16
1.3 Objetivos principais 17
1.4 Objetivos específicos 17
1.5 Justificativa e originalidade da pesquisa 18
1.6 Estrutura da tese 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19
2.1 Empreendedorismo, inovação e o papel das incubadoras de empresa 19
2.2 Ecossistema empreendedor 22
2.3 Estruturação e avaliação de ecossistemas empreendedores 26
2.4 Análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro 30
2.5 Incubadoras de empresa 32
2.5.1 Origem e principais gerações das incubadoras de empresa 32
2.5.2 Definições e características das incubadoras de empresa 35
2.5.3 A relação entre as incubadoras de empresa, o SEBRAE e a ANPROTEC 38
2.6 O modelo de ecossistema empreendedor para as incubadoras de empresa 41
2.7 Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa 45
2.7.1 FCS1: Existência de políticas claras por parte da incubadora 51
2.7.2 FCS2: Existência de metas bem definidas a serem alcançadas pelas incubadoras 51
2.7.3 FCS3: Conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde a
incubadora está inserida 52
2.7.4 FCS4: Reserva de vagas para empresas com projetos correlatos às necessidades da região
onde a incubadora está instalada 52
2.7.5 FCS5: Análise da contribuição do impacto das atividades da incubadora na região onde
está inserida 52
2.7.6 FCS6: Eficiente processo de seleção dos candidatos a incubados 53
2.7.7 FCS7: Suporte da comunidade nas atividades desenvolvidas pela incubadora 53
2.7.8 FCS8: Ensino e difusão do empreendedorismo por parte da incubadora 54
2.7.9 FCS9: Acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora 54
2.7.10 FCS10: Sustentabilidade financeira da incubadora 54
2.7.11 FCS11: Integrar rede estabelecida de empreendedorismo no estado onde a incubadora
atua 55
2.7.12 FCS12: Gerente capacitado e com experiência focada na gestão de incubadoras 55
2.7.13 FCS13: Equipe de gestão dinâmica e qualificada 56
2.7.14 FCS14: Existência de atividades que estimulam a criatividade e a integração das
empresas incubadas 56
2.7.15 FCS15: Avaliações periódicas realizadas pela gerência sobre o desempenho das
incubadas 57
2.7.16 FCS16: Desenvolvimento de parcerias internacionais 57
2.7.17 FCS17: Oferecimento de consultorias focadas nas necessidades de cada empresa
incubada 58
2.7.18 FCS18: Possibilitar diferentes períodos de incubação de acordo com as características
de cada empresa 58
2.7.19 FCS19: Existência de serviços de pré e pós-incubação 59
2.7.20 FCS20: Nível do mix de serviços oferecidos pela incubadora às empresas incubadas
59
2.7.21 FCS21: Instalações disponibilizadas pela incubadora 60
2.7.22 FCS22: Interação com outras incubadoras 61
2.7.23 FCS23: Desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora 61
2.7.24 FCS24: Intenso fluxo de informação entre a gerência e as empresas 61
2.7.25 FCS25: Parceria sólida e transparente entre a mantenedora da incubadora e sua gerência
62
2.7.26 FCS26: Contar com um conselho de orientadores externos atuante 62
2.7.27 FCS27: Estímulo para a participação em redes virtuais de empresas pré-incubadas,
residentes e pós-incubadas 62
2.7.28 FCS28: Contato com fundos de investimentos para potencializar empresas incubadas por
meio de aportes financeiros 63
2.7.29 FCS29: Localização próxima a centros de pesquisas e/ou universidades 63
3 MÉTODO DE PESQUISA 65
3.1 Classificação da pesquisa 65
3.1.1 Classificação da pesquisa descrita por esta tese 65
3.2 Visão macro das etapas desenvolvidas na pesquisa 69
3.3 Descrição das etapas desenvolvidas nesta pesquisa da pesquisa 71
3.3.1 Detalhes sobre revisões da literatura 71
3.3.2 Estruturação dos questionários de pesquisa, seleção da amostra e coleta de dados 75
3.3.3 Estudos de Caso 90
3.3.4 Análise dos resultados e debates 91
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 92
4.1 Análises do Ecossistema Empreendedor Brasileiro 92
4.2 Resultados para a análise dos Fatores Críticos de Sucesso associados à gestão das
incubadoras de empresa 100
4.3 Estudos de Caso de incubadoras brasileiras de empresa 110
4.3.1 Descrição dos Estudos de Caso 111
4.3.2 Debates sobre os Estudos de Caso relativos às incubadoras visitadas e analisadas 125
5 CONCLUSÕES 131
REFERÊNCIAS 134
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - original 147
APÊNDICE B - Tópicos avaliados em cada pergunta do questionário 151
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contexto
Dados da Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2015) evidenciam o Brasil como um
país com grande intenção para empreender, visto que sua Taxa de Atividade Empreendedora
(TEA) corresponde a 21%. A TEA pode ser entendida como o percentual da população
economicamente ativa de 18 a 64 anos que está diretamente envolvida em algum tipo de negócio
(Tietz et al. 2015; GEM, 2015). Apesar desta realidade aparentemente favorável, entretanto, a
mesma pesquisa aponta que grande parte destes empreendedores atua de maneira informal e são
motivados pela necessidade de renda e não pela oportunidade de negócios. Mesmo quando
formalizados, praticamente um quarto dos negócios brasileiros tem sua mortalidade decretada
após dois anos de existência, como demonstra pesquisa conduzida pelo Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2016). Esta dualidade abre questionamentos
sobre a real situação do Ecossistema Empreendedor Brasileiro e faz com que pesquisadores
direcionem-se para conhecer suas deficiências, suas potencialidades e novas formas de avaliá-
los.
A análise do ecossistema empreendedor é o primeiro passo para se estruturar um ambiente
propício para o surgimento de novos negócios (BØLLINGTOFT; ULHØI, 2005; IRINA;
ALINA, 2015; HAYTER, 2016). Para Isenberg (2011), um ecossistema empreendedor é
constituído por seis grandes constructos, sendo eles Políticas (fatores relacionados às
regulamentações governamentais, incentivos fiscais e outras estratégias para incentivar o
empreendedorismo), Finanças (estrutura para atrair pequenos investidores, investidores anjos,
grandes fundos de equity private, entre outros), Cultura (como é a tolerância ao erro, quão
valorizado são os empreendedores de sucesso, qual é ambição da população para empreender,
entre outros), Apoio (como se dá o apoio do ponto de vista de infraestrutura e a serviços
profissionais às empresas nascentes), Capital Humano (aborda questões relacionados à formação
profissional para o empreendedorismo e treinamentos) e Mercados (parâmetros relacionados à
regionalização da economia, diversificação, entre outros).
De forma um pouco mais ampla, Garud et al. (2014) concordam com este ponto de vista
ao mencionar que um ecossistema empreendedor é composto por diferentes partes interessadas,
incluindo empreendedores, investidores, os responsáveis pelo estabelecimento de leis e diretrizes
públicas, agências de suporte e a população em geral. Para Autio et al. (2014) e Holienka (2015),
15
ao se corrigir as deficiências em cada uma destas partes pode-se evoluir e prosperar tanto do
ponto de vista qualitativo quanto quantitativo. Ademais, Holienka (2015), citando a teoria de
Baumol (1996) menciona ainda a hipótese de que um ecossistema empreendedor não deve
fornecer aos empresários os objetivos a serem seguidos, mas sim as regras e possibilidades de
forma clara para que cada um deles desenvolvam seus próprios negócios.
Dentro de um ecossistema empreendedor, muitos são os mecanismos utilizados para
auxiliar o desenvolvimento de novas empresas, dentre os quais se destacam as incubadoras de
empresa (VANDERSTRAETEN; MATTHYSSENS, 2012; SHEPARD, 2013; ALBORT-
MORANT; OGHAZI, 2016; McADAM; McADAM., 2008; RUBIN et al., 2015). Uma
incubadora de empresas, segundo Chandra e Fealey (2009), pode ser definida como uma
organização que favorece a criação e o desenvolvimento de novos negócios, em especial aqueles
com intensivo conteúdo intelectual e inovador. Por meio de avaliações, orientações, consultorias,
entre outras atividades têm-se o ambiente propício para o fortalecimento das empresas nascentes
(SHEPARD, 2013; BARALDI; HAVENVID, 2016).
Para Al-Mubaraki e Busler (2012), as incubadoras de empresa são utilizadas como
instrumentos para o desenvolvimento de companhias empreendedoras em todo o mundo e podem
ser de caráter público, privado, econômico ou social. Seu principal objetivo é a maturação de
companhias nascentes por meio de um sólido programa de suporte, ajudando as mesmas no
estabelecimento e crescimento. Cooper et al. (2012) e Rubin et al. (2015), além das
características mencionadas pelos autores anteriores, também definem uma incubadora de
empresas como um ambiente inovador, no qual a simples aproximação física entre empresas com
objetivos similares acaba por criar uma atmosfera empreendedora. O crescimento na utilização
deste mecanismo de apoio dentro dos ecossistemas empreendedores a partir dos anos 2000 fez
com que o tema ganhasse notoriedade e passasse a ser amplamente estudado no mundo
acadêmico (RUBIN et al., 2015).
Em relação ao número de incubadores presentes no Brasil atualmente, observam-se dados
discordantes. O dado de maior credibilidade refere-se ao último censo realizado pela Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) em 2012.
Segundo este último estudo, nesta ocasião, o Brasil possuía 384 incubadoras (ANPROTEC,
2016) em relação a um total de 5.000 incubadoras presentes no mundo (COOPER et al., 2012),
caracterizando-se, assim, um percentual de 7,7% em relação ao total. Para efeitos de comparação,
nesta mesma ocasião segundo Bruneel et al. (2012), os Estados Unidos possuíam 1400
incubadoras (28% em relação ao total) e a Europa, 900 incubadoras (18% em relação ao total).
16
Autio et al. (2014) alegam que um bom desempenho das incubadoras de empresa de um
país contribui positivamente para o desenvolvimento de um ecossistema empreendedor e, neste
sentido, faz-se interessante o estudo dos Fatores Críticos de Sucesso que possibilitem tais
instituições atingirem seu máximo desempenho. Para que isto ocorra, contudo, é necessária a
existência de um mínimo desenvolvimento dos atores que compõem este ecossistema, de forma
que ele aproveite das incubadoras de empresa para sua evolução e vice-versa.
Assim, mediante ao exposto, define-se como temática desta tese o estudo dos Fatores
Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa brasileiras, sendo este estudo precedido de
uma análise do ecossistema empreendedor do nosso país.
1.2 Problema de pesquisa
Pesquisa realizada pelo GEM (2015) acerca dos ecossistemas empreendedores de 62
nações coloca o Brasil em um estágio intermediário de desenvolvimento, apresentando ainda
algumas deficiências e oportunidades de melhorias. Esta pesquisa, no entanto, apresenta uma
abordagem bem ampla do Ecossistema Empreendedor Brasileiro, o que desperta, nesta tese o
interesse de analisar mais detalhadamente o desempenho deste ecossistema e das incubadoras de
empresa, sob a ótica dos profissionais que lidam com estas organizações.
Bitencourt et al. (2014) procuraram adaptar de forma teórica o modelo de ecossistema
empreendedor de Isenberg (2011) ao cotidiano das incubadoras de empresa, descrevendo quatro
variáveis críticas para cada constructo original. Assim, no constructo Apoio, as variáveis fazem
referência ao (1) apoio à prática empreendedora, (2) ao auxílio dados às incubadoras, (3) à
infraestrutura oferecida e (4) ao apoio jurídico e especializado ofertado. No constructo Cultura,
fazem referência ao (1) estímulo dado à inovação, criatividade e experimentação, (2) à tolerância ao
erro, (3) ao status social que é dado ao empreendedor e (4) à difusão de casos de sucesso. No
constructo Finança, faz referência (1) à oferta de microcrédito, (2) ao capital para iniciantes, (3)
ao desenvolvimento de fundos de investimentos e (4) ao mercado de capitais. No constructo
Governo, faz referência aos (1) incentivos e legislação atrelado ao empreendedorismo, (2) ao
apoio de seed money (capital pré-operacional para despesas como construção de protótipos e
pesquisa de mercado), (3) ao desenvolvimento de instituições de pesquisa e (4) às políticas
voltadas para o empreendedorismo. No constructo Capital Humano, faz referência à (1) formação
profissional e acadêmica, (2) aos treinamentos oferecidos, (3) à qualificação da força de trabalho
e (4) às políticas para a criação de empreendedores em série. Por fim, o último constructo
denominado Mercado, faz referência às (1) oportunidades na economia brasileira, (2) às
17
contribuições de companhias multinacionais, (3) à diversificação e regionalização e (4) à criação
de novos mercados.
Há de salientar, contudo, que Bitencourt et al. (2014) não realizaram uma validação
estatística de tal escala e, mediante a esta situação, emergem alguns questionamentos como: 1) o
modelo teórico proposto por Bitencourt et al. (2014) adaptado a partir de Isenberg (2011)
realmente pode ser utilizado para avaliar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro para as
incubadoras de empresa? 2) em caso afirmativo, é possível evidenciar desbalanceamentos
críticos entre os seis constructos propostos na visão de profissionais que lidam com as
incubadoras de empresa?
Validado o modelo de ecossistema e sua capacidade de evidenciar possíveis
desbalanceamentos, é útil verificar os estudos existentes acerca dos Fatores Críticos de Sucesso
para as incubadoras de empresa brasileiras que descrevem Estudos de Caso apenas pontuais sobre
organizações específicas que, apesar de importantes e válidos, não apresentam um panorama
formal e amplo acerca do pensamento daqueles profissionais que lidam com as referidas
incubadoras. Emerge-se, assim, uma terceira questão de pesquisa: 3) quais são os efetivos Fatores
Críticos de Sucesso associados à gestão das incubadoras de empresa na visão dos mesmos
profissionais supracitados?
1.3 Objetivos principais
Os objetivos principais são desmembrados a partir destas questões norteadoras
mencionadas. Esta tese apresenta como objetivos principais (1) avaliar o Ecossistema
Empreendedor Brasileiro na visão dos profissionais que lidam com incubadoras de empresa e (2)
determinar os Fatores Críticos de Sucesso para a gestão das incubadoras de empresa.
1.4 Objetivos específicos
Caracterizam-se como objetivos específicos desta tese: (1) validação de um procedimento
para avaliar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro na visão das incubadoras de empresa
valendo-se de modelo proposto por Biterncourt et al. (2014) e da técnica de Modelagem de
Equações Estruturais (MEE/ Análise Fatorial Confirmatória); (2) Avaliar as variáveis validadas
dentro de cada constructo estudado, identificando assim deficiências e oportunidades de
melhorias; (3) definir os Fatores Críticos de Sucesso para a gestão das incubadoras de empresa,
valendo-se da técnica estatística de Análise Fatorial Exploratória (AFE); 4) Realizar 12 Estudos
18
de Caso em incubadoras de empresa brasileiras a fim de traçar um panorama acerca de como os
Fatores Críticos de Sucesso estão sendo implantados.
1.5 Justificativa e originalidade da pesquisa
Destacam Autio et al. (2014) e Holienka (2015) que, ao se corrigir deficiências de um
ecossistema empreendedor evolui-se na estruturação para a formação de um ambiente propício à
negócios inovadores, potencializados por instrumentos como as incubadoras de empresa (AL-
MUBARAKI; BUSLER, 2012). Frente aos pressupostos apresentados por estes autores e a ampla
realidade relatada pela pesquisa do GEM (2015), justifica-se o desenvolvimento desta tese, pois
não existe na literatura acadêmica trabalho publicado que avalie o ecossistema empreendedor
brasileiro na visão de profissionais que lidam com incubadora de empresa e uma análise ampla
sobre os Fatores Críticos de Sucesso que conduzem à gestão eficiente destas organizações
(MIGLIOLI, S., 2012). Trata-se, assim, de uma pesquisa nova que usa técnicas estatísticas
inéditas para as temáticas em questão, a partir de uma amostra unicamente composta por
profissionais qualificados do empreendedorismo e os resultados singulares alcançados poderão
ser úteis para os gestores de incubadoras de empresas e para pesquisadores nas áreas de
empreendedorismo e gestão.
1.6 Estrutura da tese
Esta tese está estruturada em cinco Capítulos. Este Capítulo 1 é o introdutório. No Capítulo
2 (Revisão Bibliográfica), é apresentada a revisão da literatura sobre ecossistemas
empreendedores e incubadoras de empresa, procurando traçar um panorama atual e relevante
sobre os conceitos utilizados nesta tese. O Capítulo 3 (Procedimentos Metodológicos) retrata a
classificação da pesquisa segundo os critérios clássicos da metodologia científica, descreve as
fases para a realização deste trabalho e as técnicas estatísticas que conferem a validade e a
confiabilidade aos resultados apresentados. Os detalhes apresentados neste Capítulo têm o
objetivo de permitir a replicabilidade da pesquisa por outros pesquisadores, caso assim desejem.
As análises dos resultados, discussões e correlações com a literatura são desenvolvidas no
Capítulo 4 (Resultados e Discussões) e, por fim, no Capítulo 5 (Conclusões), são apresentadas
as principais conclusões obtidas, as considerações finais, as limitações da pesquisa e a proposição
de trabalhos futuros.
19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este Capítulo tem por objetivo apresentar definições, conceitos, teorias e o estado da arte
acerca dos temas que delimitam a pesquisa. Os tópicos centrarão atenção nos estudos nacionais
e internacionais acerca dos ambientes empreendedores (ecossistema empreendedor) e suas
principais características e das incubadoras de empresa e seus Fatores Críticos de Sucesso.
2.1 Empreendedorismo, inovação e o papel das incubadoras de empresa
O termo empreendedor é de origem francesa "entrepreneur" e significa aquele ator
econômico essencial para alavancar a sociedade de consumo de massa do século XX, por sua
disposição de assumir riscos, uma vez que sua ação pode ser frustrada e não produzir fruto algum.
Voluntariosamente lança mão de seus recursos financeiros, agrega recursos econômicos de
terceiros e recursos sociais e os transforma ao criar novos valores de mercado, enriquecendo a
sociedade (ÉDITIONS LAROUSSE, 2016). Por outro lado, Carpintéro e Bacic (2000, p. 8 e 9)
interpretam o processo empreendedor como o produto de uma dinâmica social, política e
econômica, por conta das “interações pessoais, profissionais, culturais e sociais e, parte de um
processo integrado de desenvolvimento econômico e social” e das “políticas de incentivo ao
empreendedorismo na sociedade como um todo através de distintos programas (desde
universidades, institutos de pesquisa, órgãos de apoio, incubadoras, etc.)”, sendo o empreendedor
não um indivíduo isolado, mas sim um agente integrado cooperativamente em “equipes de
pessoas empreendedoras, econômica, social e culturalmente determinadas” (op. cit, p. 14) .
Criar novos valores de mercado, a inovação, segundo Schumpeter (1997), caracteriza-se
como a construção de uma nova combinação produtiva mais eficaz do que a anterior, como
fabricar um novo produto/serviço ou melhorar um já existente. A inovação revela um
empreendedor dinamizando a economia e alterando a vida social ao criar valor (DRUCKER,
2013). Assim, para Schumpeter (1997), Giarola et al. (2013), Araújo e Onusic (2014), Bitencourt
et al. (2014), o empreendedor é essencialmente o agente da criação do novo e todo
empreendedorismo é inovador por sua essência.
A escola comportamentalista entende que o empreendedor é um líder criativo e persistente
desejoso de realização e de sucesso; enquanto a visão econômica delineia o empreendedor como
a força que impulsiona o desenvolvimento de um país na medida em que, por meio da inovação,
gera mudanças na dinâmica do mercado de bens e de serviços (ARANHA, 2008)
20
Schumpeter (1997), Dornelas (2002), Isenberg (2011), Arruda et al. (2013), Yaribeigi et
al. (2014), Bitencourt et al. (2014), Sheriff e Muffatto (2015) e Vogel (2015) afirmam que o
empreendedorismo é fonte de desenvolvimento e de empregos, uma solução para minorar crises
econômicas. Carpintéro e Bacic (2000) concordam que há uma clara relação entre
empreendedorismo e crescimento econômico (novos empreendimentos e empregos gerados),
porém não necessariamente aliviam o desemprego. O processo empreendedor, por necessidade
decorrente do desemprego e não por oportunidade de novos negócios, evidencia uma situação de
disfunção de um sistema econômico que não cresce a taxas adequadas e não propicia o
desenvolvimento econômico que proporciona melhores condições de vida da população.
Portanto, cabe ao Estado, preponderantemente, e a outros agentes econômicos, políticos, sociais
e educacionais dar atenção ao ecossistema empreendedor possível e adequado a cada país para
promover os negócios oriundos dos empreendedores, buscando a inovação tecnológica e de
processos e o desenvolvimento econômico.
Galindo e Méndez‐Picazo (2013), Jucevičius e Grumadaitė (2014), Rabelo e Bernus (2015)
entendem que o empreendimento e a inovação são mutuamente complementares como faces de
uma mesma moeda. Assim, ser empreendedor é ser o ator principal de um movimento produtivo
em que a inovação está sempre presente.
Não basta desenvolver uma boa ideia e escrever um plano de negócio claro e convincente
para conseguir desenvolver um empreendimento e levá-lo ao sucesso, segundo Lewrick et al.
(2001) e Löfsten (2016). Os empreendedores devem ter uma preocupação especial na busca de
um futuro sustentável, estando atento aos atributos básicos organizacionais que precisam mudar
conforme as demandas dos ambientes externo e interno.
A inovação e o empreendedorismo são conceitos que frequentemente encontram-se
associados, principalmente, ao mundo acadêmico e ao tecnológico, em que os estudos e as
pesquisas diárias geram o conhecimento novo e a sua possível aplicação em proveito das pessoas
e das instituições econômicas, governamentais e sociais. No mundo empresarial, contudo, falar
em inovação chega a ser uma redundância, pois a diferenciação, a versatilidade, a flexibilidade e
a competitividade exigidas dos empreendedores faz da inovação uma rotina a ser seguida,
conforme pontua Schumpeter (1997) acompanhado de Giarola et al. (2013) e Araújo e Onusic
(2014) e Löfsten (2016).
As inovações, o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico mantêm entre si uma
correlação importante (GALINDO; MÉNDEZ-PICAZO, 2013; ARAÚJO; ONUSIC, 2014;
BITENCOURT et al., 2014), sendo que a inovação desempenha um papel predominante no
21
processo de desenvolvimento econômico de um país e, neste processo, o empreendedor é o agente
disseminador de novas tecnologias.
A correlação entre investimentos em pesquisa (baseado na proporção do investimento bruto
em pesquisa e desenvolvimento para o PIB, em inglês proporção GERD - gross expenditure on
R&D para GDP – gross domestic product) e inovação estão comprovadas segundo Gackstatter
et al. (2014). Entretanto, não é tão simples comprovar a correlação entre investimentos em
pesquisas e desenvolvimento econômico de um país, segundo os mesmos autores, o que delineia
uma ação necessária de auxiliar as inovações alcançadas pelas iniciativas de pesquisa por meio
de mecanismos eficazes como, por exemplo, as incubadoras de empresa. Pesquisa realizada com
empresas americanas (AZEVEDO; GUTIERREZ, 2009) apontou uma relação direta, no longo
prazo, entre investimentos em pesquisa e desenvolvimento e o crescimento dos seus lucros, como
foram constatadas através dos testes em ambas as regressões, justificando os frequentes e
intensos investimentos promovidos por aquelas empresas. Por outro lado, Queiroz, (2010)
conclui, com ressalvas apontando como a da falta de padronização de demonstrações financeiras,
não haver evidência na correlação entre investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a taxa
de crescimento de curto prazo nos lucros das empresas brasileiras por ele estudadas.
As incubadoras de empresa, ao reunir empreendimentos inovadores e levá-los à
consolidação de empresas estáveis e sustentáveis, geram e mantêm empregos e produzem riqueza
econômica, segundo Chandra e Fealey (2009) e Shepard (2013). A incubadora de empresa, de
acordo com Chandra e Fealey (2009) pode ser definida como uma organização que promove a
criação e desenvolvimento de novos negócios, especialmente aqueles com conteúdo intelectual
e inovador intensivo. Por meio de avaliações, orientações, consultorias, entre outras atividades,
elas são o ambiente propício para o fortalecimento das empresas nascentes (SHEPARD, 2013;
BARALDI; HAVENVID, 2016). Portanto, para o desenvolvimento do empreendedorismo,
dentro de um ecossistema empresarial, há alguns mecanismos auxiliares utilizados que buscam
o desenvolvimento de novas empresas, com destaque às incubadoras de empresa que apoiam
políticas públicas na dinamização da criação de empresas, produtos, renda, emprego e
arrecadação tributária (VANDERSTRAETEN; MATTHYSSENS, 2012; SHEPARD, 2013;
ALBORT-MORANT; OGHAZI, 2016; McADAM; McADAM, 2008; RUBIN et al., 2015).
A seguir, os tópicos apresentarão maiores detalhes sobre ecossistemas empreendedores e
as incubadoras de empresa.
22
2.2 Ecossistema empreendedor
A ciência da Ecologia, por várias décadas detentora de uma terminologia restrita, na década
de 1960 forneceu repertórios aos movimentos ambientalistas e, de modo geral, municiou termos,
como ecossitema, a outras áreas do conhecimento (VIGLIO; DA COSTA FERREIRA, 2013.).
A ideia de fazer um paralelo do ambiente econômico dos negócios com o ecossistema natural
aparece de forma bastante evidente nos estudos acerca do comportamento organizacional
realizados por Moore (1993). Desde então, o termo ecossistema vem moldando diversas novas
abordagens sobre o arranjo industrial no domínio econômico, sobre negócios em geral, negócios
digitais, sistemas de inovação tecnológica e sobre o empreendedorismo, mesmo carecendo, por
vezes, de uma conceituação mais clara (VOICU-DOROBANŢU, 2016). A abordagem do
ecossistema empreendedor tenta superar análises e compreensões segmentadas e limitadas acerca
do empreendedorismo, pois na perspectiva de um ecossistema, a multiplicidade e dinâmica de
interações neste tecido complexo e aberto revelam possibilidades de intervenções de melhoria de
desempenho mais efetivas para as realizações dos empreendedores (UHLMANN, 2002; STAM,
2015; HOLIENKA, 2015).
De acordo com Bøllingtoft (2012), Irina e Alina (2015) e Hayter (2016), a análise do
ecossistema empreendedor é o primeiro passo na estruturação de um ambiente propício para o
surgimento de novos negócios. Diversos são os tipos de ecossistemas e, ao discutirem o conceito
de ecossistemas no domínio econômico, Pilinkienè e Mačiulis (2014) tratam das analogias e
comparam diferentes ecossistemas, como o industrial, o de inovação, o de negócios, o de
negócios digitais e o do empreendedorismo.
Os ecossistemas promovem o nível de produtividade das entidades, influenciando no
desempenho da inovação e podem ter um efeito sobre os processos de negócios. A dinâmica do
ecossistema muda os hábitos dos consumidores e dos fabricantes e pode ajudar a manter um nível
de convivência sem devastar o meio ambiente. Por outro lado, um ecossistema empreendedor
eficiente incentiva à criação de empresas e ao desenvolvimento em áreas específicas
(PILINKIENÈ; MAČIULIS, 2014).
Os níveis de competitividade, de produtividade e de empreendedorismo são afetados pela
saúde do ecossistema e mostram que o sistema pode ser um determinante importante de
crescimento econômico sustentável. Em outras palavras, o impacto do ecossistema nos níveis
micro e macro da atividade econômica depende da interação eficaz de agentes constituintes do
sistema como em um ambiente natural. Fazendo uma analogia ao ecossistema natural, o
isolamento de um ator pode causar consequências negativas, incluindo o efeito sobre a saúde do
23
sistema. Cada componente ou agente do sistema não pode funcionar bem em separado; a sinergia
só é conseguida por meio de um relacionamento, que opera em um ambiente dinâmico,
competitivo, mas também cooperativo (PILINKIENÈ; MAČIULIS, 2014).
Para Isenberg (2010), da Babson College, uma verificação da robustez de um ecossistema
empreendedor passa pela avaliação de alguns elementos essenciais como:
a) A ação efetiva de gestores públicos e da máquina governamental, promovendo o
empreendedorismo e removendo barreiras ao seu desenvolvimento.
b) A presença de valores, atitudes e comportamentos positivos para a atividade
empreendedora, como a vontade de inovar e criar, a tolerância ao fracasso e o desejo de
enriquecer; o conhecimento, a capacidade e a habilidade para desenvolver projetos.
c) A disponibilidade de recursos financeiros para empresas iniciantes.
d) A presença e atuação de organizações não governamentais, associações, entidades
econômicas, instituições de ensino e pesquisa com interesse no empreendedorismo.
e) A concentração regional de atividades de pesquisa, desenvolvimento, ensino, produção,
serviços de consultorias e assessorias, associações profissionais entre outros.
f) A existência de redes de relacionamentos locais, regionais e internacionais entre
empreendedores.
g) A disponibilidade de um mercado de compradores qualificados para retroalimentar
melhorias e com capacidade econômico-financeira para suportar as necessidades de caixa dos
novos negócios.
Isenberg (2011) cria um diagrama com as seis dimensões ou pilares do ecossistema
empreendedor, como resumido no Quadro 2.1, de forma a sistematizar e conferir uma percepção
holística e interativa dos seus elementos essenciais e dos seus agentes. O ecossistema
empreendedor, proposto por Isenberg (2011), desenvolve algumas percepções que afastam uma
visão linear de encadeamento de interações como causa-efeito, possibilitando ao empreendedor
pautar suas ações cotidianas referenciadas nas seis dimensões, interagindo simultaneamente com
elas. Também, mostra um sistema complexo e com alto grau de incerteza que impulsiona o agir,
o fazer para acontecer o que se busca, com o envolvimento de diversos agentes para efetivar os
objetivos de cada um deles, muito além dos empreendedores, uma vez que todos, pessoas físicas
ou jurídicas, de direito público ou privado, têm o que ganhar com os resultados proporcionados
pela produção sistêmica (ISENBERG, 2011; BRESCIANI, L. P.. et al., 2014).
24
Quadro 2.1 Construtos que compõem um ecossistema, conforme Isenberg (2010, 2011).
Políticas Fatores relacionados com marcos regulatórios, incentivos fiscais e outras
estratégias para incentivar o empreendedorismo.
Finanças Estrutura para atrair pequenos investidores, investidores anjo, grandes
fundos de ações, entre outros.
Cultura Tolerância ao erro, reconhecimento social dos empresários bem-
sucedidos, a ambição popular por empreender, entre outros.
Suporte Apoio do ponto de vista da infraestrutura e serviços profissionais para as
empresas incubadas (startups).
Capital
humano Questões relacionadas à formação profissional para o empreendedorismo.
Mercados Parâmetros relacionados com a regionalização da economia,
diversificação e outros.
Garud et al. (2014) e Holienka (2015) concordam com as proposições de Isenberg (2010 e
2011), e destacam ainda que um ecossistema empreendedor é composto por diferentes partes
interessadas, incluindo empresários, investidores, pessoas responsáveis pelo estabelecimento de
leis e políticas públicas, agências de apoio e da população em geral.
Theodotou et al. (2012), em concordância com Isenberg (2010 e 2011), Garud et al. (2014)
e Holienka (2015), afirma que um ecossistema empreendedor consiste em dez componentes-
chave, a saber: cultura; clientes e mercados; empreendedores e as suas startups; financiamentos
de investidores anjo e investidores de risco; marco regulatório; contatos, mídia social ,
publicações, jornais, revistas, blogs, TV, rádio, entre outros; prestadores de serviços (contadores
e auditores, advogados, consultores, seguradoras entre outros); universidades e instituições de
pesquisa e desenvolvimento; e setor produtivo (câmara de comércio , associações empresariais,
organizações não-governamentais, grupos empresariais informais, incubadoras, aceleradores e
outros).
Também, Isenberg (2010 e 2011) e Yaribeigi et al. (2014) apontam que o ecossistema
empreendedor tem três fatores chave: 1) massa crítica de empreendedores, empresas e
instituições especializadas em um dado local; 2) uma densa rede de relacionamentos entre os
atores; e, 3) uma cultura que reúna elementos incentivadores.
Para Autio et al. (2014) e Holienka (2015), um ecossistema empreendedor pode prosperar
se cada uma de suas partes forem analisadas e melhoradas. Além disso, Holienka (2015), citando
25
a teoria da Baumol (1996), também, menciona a hipótese de que um ecossistema empreendedor
não deve oferecer aos empresários objetivos a alcançar, porém as regras e possibilidades claras
para que cada um deles possa empenhar-se e desenvolver seus próprios negócios.
Um ecossistema empreendedor bem-sucedido é o resultado de uma longa evolução, e não
há uma receita única que se adapte a todos os casos ou países (Holienka, 2015). Iniciativas de
construir ecossistemas empreendedores podem falhar por razões como a falta de adaptações
adequadas dos modelos existentes para uma cultura e um ambiente local e específico; a
prevalência de uma visão restrita da natureza do processo de inovação, dos resultados esperados
e do tempo necessário de amadurecimento do ecossistema, não obstante seja importante
considerar sempre que há múltiplos caminhos para o sucesso dos empreendimentos
(GACKSTATTER et al., 2014; KSHETRI, 2014).
Cada ator envolvido em um ecossistema empreendedor tem o seu próprio sistema
individual e particularidades intrínsecas e metas pessoais, isto é, o ecossistema é um sistema de
sistemas. Portanto, uma das dificuldades de uma construção de ecossistemas é o esboço de um
quadro comum por meio do qual atores heterogêneos podem-se harmonizar (MORAES, 2015;
RABELO; BERNUS, 2015).
Assim, desvendam-se as razões para o fracasso de construção de um ecossistema
empreendedor e inovador que incluem: mentalidade inadequada para a inovação; falta de preparo
dos atores e inadequadas estruturas legais para se trabalhar de forma coordenada, convergente e
de um modo confiável; subestimação das dificuldades e do tempo requerido para atingir o nível
necessário de habilidade; fluxo de caixa insuficiente ao longo de toda a cadeia de inovação;
gestão do ecossistema como um empreendimento tradicional, sem compreender as características
intrínsecas da necessária inovação; pouca diversidade no ambiente intelectual endógeno;
tentativa de replicar casos de sucesso sem entender as especificidades de cada ambiente;
infraestruturas e instituições de apoio inadequadas; baixa qualidade de vida das cidades;
inexistência de mecanismos abrangentes de transferência de tecnologia (LUNDVALL et al.,
2002; HOWELLS, 2005).
Mason e Brown (2014, p. 5) procuram definir o ecossistema empreendedor como um
“conjunto de atores interconectados empresariais (tanto existentes e quanto potenciais),
organizações empresariais (por exemplo, empresas, capitalistas de risco, investidores anjos,
bancos), instituições (universidades, órgãos públicos, organismos financeiros) e processos
empresariais (por exemplo, a taxa de natalidade de negócios, número de empresas de alto
crescimento, taxas de sucesso empreendedor, quantidade de reprodução de empreendedores, o
grau de motivação para realizar negócios e os níveis de ambição empreendedora) que
26
formalmente e informalmente se aglutinam para se conectar, mediar e gerir o desempenho dentro
do ambiente empresarial local” e para Gobble (2014, p. 7) apud Szerb et al. (2015) tais
ecossistemas “são sistemas complexos, adaptativos e reprodutivos onde mesma ação não produz
os mesmos resultados, onde o comportamento do sistema não é a somatória de suas partes, onde
acontecem disrupções e eclosões e onde efeitos ocorrem em diferentes condições de equilíbrio”.
2.3 Estruturação e avaliação de ecossistemas empreendedores
A literatura apresenta algumas iniciativas bem-sucedidas para a estruturação de um
ecossistema empreendedor confiável e aberto, sendo elas: pouca burocracia e baixos custos de
transação; fluxo de dinheiro ocorrendo ao longo de todo o processo de inovação; modelos de
inovação e de negócios flexíveis; ambiente colaborativo e compartilhável; espírito empresarial
justo; altruísmo, voluntarismo, parceria e liderança; instituições de apoio preparadas, tais como
incubadoras de empresa; marcos legais adequados; regras de funcionamento claras e
transparentes; equidade na gestão dos atores envolvidos no ecossistema empreendedor; atuação
adequada nos níveis institucional e estratégico dos empreendimentos; respeito pelos direitos de
propriedade intelectual e transferência de conhecimento; boa integração com a sociedade civil;
diversidade da cultura e crenças; aceitação do fracasso como oportunidade de aprendizagem; boa
infraestrutura para empreendedores e atmosfera social saudável (LUNDVALL et al., 2002;
HOWELLS, 2005; RAHATULLAH, 2013).
Isenberg (2010) propaga que o empreendedorismo contribui para o desenvolvimento, para
o aumento do produto e do emprego de um país; no entanto, necessita do envolvimento ativo do
governo para ajudar a construir ambientes favoráveis à atividade empresarial criativa. Logo, aqui,
o empreendedorismo reveste-se do sentido de criação e não de simplesmente iniciar uma
atividade com foco econômico exclusivamente, como poderia se dar com o incentivo para
microempresas de qualquer gênero e, mesmo mais especificamente, para microfanquias
(THURIK; WENNEKERS, 2004; CHRISTENSEN et al., 2010), quando se concede o direito de
operar um negócio utilizando marca alheia e condições do franqueador.
Cabe avaliar um ecossistema com base em suas potencialidades, não apenas em seus
resultados, pois há condições que, se ajustadas e encaminhadas, podem fazer a diferença entre o
sucesso e o fracasso (BØLLINGHTOFT, 2012; IRINA; ALINA, 2015; HAYTER, 2016). Deste
modo, atores sistêmicos como executivos, empresas familiares, universidades, sindicatos,
fundações, investidores ajudam na criação de empresas inovadoras quando tomam a iniciativa de
promover o aprendizado do empreendedorismo, promover eventos e políticas que estimulem um
27
ambiente propício à concepção de novos produtos e de novas empresas. Portanto, os setores
público e privado e as diversas instituições culturais, sociais, acadêmicas, entre outras, devem
assumir as suas responsabilidades com clareza neste processo criador.
A clareza das necessárias ações destes atores surge da avaliação correta das variáveis
sistêmicas. Novamente, ao abranger diversos atores do ecossistema empreendedor, importa
lembrar o que Isenberg (2010) ressalta que não há uma regra ou um roteiro para criar, fomentar
e desenvolver um ecossistema empreendedor, mas sim a pesquisa e as ações práticas, as tentativas
são o caminho para o fortalecimento de um ecossistema empreendedor.
Yaribeigi et al. (2014) destaca alguns pontos importante na estruturação de um ecossistema
empreendedor. Tais pontos são apresentados pelo Quadro 2.2.
Quadro 2.2 Pontos importantes na estruturação de um ecossistema segundo Yaribeigi et al.
(2014)
1 Não se deve copiar modelos bem-sucedidos;
2 Deve-se considerar na modelagem do ecossistema as condições locais;
3 Sempre envolver o setor privado ao longo de todo o processo;
4 Focar e alocar os recursos nos empreendedores ambiciosos que buscam mercados
de alto potencial de crescimento;
5 Adotar um caso de sucesso local como estimulante para o ambiente de negócios;
6
Fomentar a mudança cultural (atitudes, valores e comportamentos) em favor do
empreendedorismo, com as pessoas motivadas a fazer de sua profissão a criação
de negócios empreendedores e inovadores;
7
Ensinar os empreendedores a trabalhar com recursos minimamente necessários e
suficientes, de forma a exercitar a criatividade e a capacidade de se desenvolver
apesar da escassez de recursos;
8 Identificar e fortalecer organizações setoriais preexistentes e não criar um
ambiente artificial para negócios;
9 Revisar leis, regulamentos, processo e procedimentos burocráticos para que não
atrapalhem ou impeçam o desenvolvimento dos empreendimentos.
Diferentes nações devem buscar construir ecossistemas empreendedores apropriados para
estimular o surgimento de empresas bem-sucedidas. É necessário, portanto, avaliar e
compreender as forças e fraquezas locais de uma região para fortalecer o seu ecossistema
28
empreendedor, de acordo com as necessidades da realidade específica de cada lugar (ARRUDA
et al., 2013)
Castaño et al. (2015) reforçam que as condições econômicas e culturais são fatores do
ecossistema empreendedor que, de fato, influem no desenvolvimento de novas empresas. É
importante considerar as características e potenciais regionais, pois aumenta-se, assim,
consideravelmente o potencial de bons resultados das novas empresas.
Aspectos atinentes a custos operacionais, disponibilidade de mão de obra, concentração de
empresas concorrentes, densidade populacional, acesso a instituições de pesquisa podem afetar
diretamente na sobrevivência dos novos empreendimentos (FRITSCH et al., 2006). Portanto,
fatores governamentais, econômicos e tecnológicos acabam por contribuir para a ecologia de
inovação de um país.
A força da ecologia de inovação de um país remete às possibilidades e oportunidades de
um empreendedorismo sustentável. Muito embora a influência do governo e o ambiente
econômico encorajem a ecologia de inovação, os recursos para pesquisa e desenvolvimento, o
capital humano e o financiamento de negócios embrionários mostram-se indicadores-chave da
inovação de acordo com Griffiths et al. (2009).
Quanto maior o grau de pesquisa e desenvolvimento, a disponibilidade de uma força de
trabalho altamente qualificada e o montante de capital de risco público e privado para
financiamento, maior é a probabilidade de que uma robusta ecologia nacional de inovação se
consolide e conduza à criação de novas ideias de negócio e às oportunidades de crescimento. Os
resultados das análises Griffiths et al. (2009) atentam para a grande importância do investimento
em inovação para o crescimento e o desenvolvimento de novos negócios.
O exame do potencial do fluxo de influência das instituições formais e informais e do
desenvolvimento econômico sobre o comportamento produtivo de negócios, em nível nacional,
proposto por Ostapenko (2015), indica que o desenvolvimento econômico provoca mudança nas
instituições e estas influem no empreendedorismo. A produtividade dos negócios de determinado
país é afetada de modo direto e simultâneo pela cultura nacional, pelas instituições formais e
órgãos de desenvolvimento econômico. Assim, desenvolvimento econômico muda a cultura
nacional, ao reescalonar valores e reposicionar atitudes, e, como consequência, as regras do
domínio econômico mudam também, afetando a produtividade dos negócios (PORTER, 2007 e
OSTAPENKO, 2015).
Carayannis et al. (2012) acreditam que um ecossistema empreendedor deve ser orientado
pelo conceito de Quíntupla Hélice. Este conceito evoluiu a partir do conceito Tripla Hélice e
mais tarde da Quádrupla Hélice. A Tripla Hélice liga o desenvolvimento de um ecossistema
29
empresarial inovador às interações entre governo, empresas e universidades (SILVEIRA, 2007;
JOHNSON, 2008). A Quádrupla Hélice acrescenta a perspectiva do conhecimento gerado e sua
divulgação. Finalmente, a Quíntupla Hélice coloca em perspectiva os temas ecologicamente
sensíveis (CARAYANNIS et al., 2012).
Ampliando a dimensão conceitual das “n” hélices, a aplicação da Teoria Geral dos Sistemas
e da Teoria da Complexidade na avaliação e organização de ecossistemas de inovação propõem
uma visão mais apurada e sensível dos fatores implicados no sucesso de empreendimentos
inovadores (UHLMANN, 2002). Deve ser considerada a interação dos diversos fatores dentro e
fora de subsistemas, como exemplo, os fatores culturais quando são avaliadas as atitudes
tendentes à cooperação ou à competição (neste mesmo sentido, GACKSTATTER et al., 2014);
os fatores econômicos e os fatores legais quando restringem ou liberam a criação e
desenvolvimento de negócios. A consideração das dinâmicas de sistemas e subsistemas sociais
na análise e formulação de políticas voltadas ao ecossistema empreendedor de uma região ou
país supera as limitações de sistemas de inovação tradicionais como os das “hélices” que buscam
soluções bem definidas e, frequentemente, lineares para a implantação e desenvolvimento de
sistemas de inovação, ficando estes fragilizados diante de forças e mudanças de cenários não
consideradas inicialmente (LI; MATLAY, 2006; BIANCHI, 2013; JUCEVIČIUS;
GRUMADAITĖ, 2014).
Robertson et al. (2003) e Mason e Brown (2013) asseveram que as políticas públicas que
dão suporte ao empreendedorismo necessitam despachar ações mais específicas, ajustadas aos
casos singulares e que conduzam a uma maior efetividade do sucesso dos empreendimentos,
considerando-se que as firmas de alto crescimento são heterogêneas e apresentam significativa
dispersão de atividades.
Cabe salientar que essas firmas existem em todos os setores e não apenas estão confinadas
nas indústrias de tecnologias de ponta. Também, as políticas públicas e seus instrumentos
regulatórios devem considerar a necessária preservação e o cuidado com a aquisição das
pequenas firmas de alto crescimento por empresas maiores, pois podem prejudicar o
desenvolvimento de um novo empreendimento em uma dada região geográfica.
As políticas públicas podem estimular o crescimento e a sobrevivência de novos negócios
e detectar os gargalos para os negócios que se iniciam, além de estabelecerem estratégias que
promovam o empreendedorismo, atuando mesmo junto aos estudantes interessados em
desenvolver atividades em suas startups, por meio das instituições de ensino superior
(ROBERTSON et al., 2003; MASON; BROWN, 2013).
30
2.4 Análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro
O conhecimento do ecossistema empreendedor pode ser um roadmap útil para a
formulação de políticas nacionais em uma condição de empreendedorismo autossustentável
(BØLLINGTOFT, 2012, IRINA; ALINA, 2015; HAYTER, 2016). A importância de um
ambiente empreendedor produtivo é a sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento
econômico e para a geração de emprego e renda.
Concentrando-se especificamente na análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro,
observam-se dados publicados pelo GEM (2015). Segundo a pesquisa do GEM, a Total
Entrepreneurial Activity Rate (TEA) brasileira é de 21%, mais de um quinto da população
economicamente ativa entre 18 e 64 anos de idade está envolvida em algum tipo de negócio
(GEM, 2015; TIETZ et al., 2015). No Brasil, 55.5% da população percebe boas oportunidades
para iniciar um empreendimento em sua região, 44,7% demonstram medo de falhar em um
negócio e 50% imaginam ter habilidades e experiência para iniciar um negócio, o que coloca o
país classificado, nesses indicadores, entre os melhores do mundo.
Por outro lado, apesar desta realidade aparentemente favorável, a mesma pesquisa mostra
que a maioria desses empresários são informais por custos e burocracia para formalização e
operação dos negócios legalizados. Mais de 40% são motivados pela necessidade e não pelo
desejo primordial de empreender (GEM, 2015). Quase um quarto dos empreendimentos
brasileiros, mesmo formalizados, encerram-se após dois anos de existência, como, também,
mostra pesquisa conduzida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2016). Esta aparente contradição acrescenta dúvidas acerca das condições reais do
ecossistema empresarial brasileiro, suas oportunidades e deficiências.
O Relatório da OECD (2015) traz uma análise comparativa, baseada em indicadores de
empreendedorismo, de diversos países. Dispõem-se a apresentar uma coleção de indicadores
harmonizados propostos pelo Programa Eurostat de Indicadores de Empreendedorismo (EIP da
OECD) e é relevante apontar algumas observações relativas ao Brasil, como pode ser visto, no
Quadro 2.3, os principais pontos da análise a seguir.
Quadro 2.3 Análise comparativa baseada em indicadores de empreendedorismo. (Fonte:
OECD, 2015).
P1: em todos os países, as empresas de alto crescimento são mais prevalentes no setor
dos serviços, exceto Brasil, Canadá, Letônia e Nova Zelândia, onde a maioria das
empresas de alto crescimento estão no setor da construção civil.
31
P2: de 2008 a 2012, nos países europeus, notou-se uma diminuição no número de
grandes empresas manufatureiras e um concomitante aumento no número das pequenas
e médias empresas, que podem ser resultantes do fechamento das grandes empresas.
No mesmo sentido, houve uma queda no emprego nesses países, contrariamente na
Alemanha e no Brasil.
P3: a rotatividade de emprego nas empresas brasileiras foi alta no período acima e tal
rotatividade foi interpretada como reflexo de uma significativa dinâmica de negócios,
principalmente na indústria da construção civil e nos serviços.
P4: as barreiras comerciais, tarifárias e de investimento estrangeiro cresceram no Brasil
desde 2008, o que prejudica os negócios privados.
P5: a percepção de oportunidades e atitudes para empreendimentos no Brasil foram
consideradas altas.
Na análise contextual de Marcotte (2014), considerando os conceitos de inovação de
Schumpeter (1997), o Brasil apresenta uma situação de razoável proporção nos investimentos
das empresas já estabelecidas em pesquisa e desenvolvimento, o que caracterizaria um
posicionamento institucionalizado de inovação, não obstante uma baixa proporção de
empreendedores criativos e inovadores e, mesmo de empreendedores em busca de ganhos
econômicos, diante das lacunas de ofertas existentes nos seus mercados. Kirzner (2015)
corrobora com as afirmações de Marcotte (2014).
No viés da inovação, tais avaliações sobre o Brasil abrangendo oferta de cientistas e
engenheiros, qualidade de instituições pesquisa, número de patentes registradas, investimentos
públicos em tecnologia avançada, investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento,
capacidade de inovação, convênios universidade-indústria voltados para pesquisas, indicadores
de governança, contexto econômico e transparência do Estado, o Brasil é agregado em um cluster
contendo a Rússia, a China, Hungria, Romênia, Turquia e Filipinas, segundo os estudos de
Wiseman (2015).
O referido cluster é caracterizado por pontuações menores em quase todas as variáveis de
medida da atividade empreendedora consideradas, exceto na razão moderadamente positiva do
investimento em Pesquisa e Desenvolvimento para o Produto Interno Bruto. Segundo Marcotte
(2014), está razão moderadamente positiva aponta para a possibilidade de prosperidade da
atividade empreendedora inovadora de um país.
Neste mesmo sentido, Gackstatter et al. (2014) constatam o esforço de investimento em
pesquisa e desenvolvimento no Brasil, porém em vez de acompanhar uma tendência do mundo
32
ocidental em inovações pontuais e mais baratas, parece optar pelas inovações decorrentes de
grandes projetos com tecnologia de ponta, o que pode delongar por muitos anos o surgimento de
algum resultado importante, talvez, por isso o desenvolvimento tecnológico e a capacidade de
aplicar os seus resultados parecem pouco efetivos.
Inegavelmente, tais dados e informações ajudam a contextualizar o ecossistema de
empreendimentos do Brasil, muito embora alguns dados tragam uma realidade anterior à
revelação de uma importante crise econômica e política a partir de 2014 que prejudicou e ainda
prejudica o ecossistema empreendedor de nosso país. Para Galindo e Méndez‐Picazo (2013), a
crise econômica de um país pode estimular o empreendedorismo de necessidade, mas parece
desestimular o de oportunidade, baseado em soluções inovadoras.
Focando-se um pouco mais o ecossistema empreendedor atrelado ao desenvolvimento de
parques tecnológicos e incubadoras de empresa, tema este que será detalhado em tópicos
posteriores, existem críticas na forma com o mesmo está organizado. Uma das principais críticas
é realizada por Da Silva e Dagnino (2011) segundo o qual no Brasil, a política de parques
tecnológicos e incubadoras de empresa baseou-se em pressupostos estranhos à realidade
brasileira e elabora, assim, uma crítica ao arranjo do Ecossistema Empreendedor Brasileiro,
quando este desconsidera uma análise de política tecnológica ampla e busca compor abertamente
o espectro de interesses de poder presentes na sociedade.
Vellenich e Santos Junior (2009) corroboram com esta posição e alegam que a concepção
de parques tecnológicos que privilegia os interesses de grupos de poder local só pode levar a
resultados pífios do ponto de vista da promoção do empreendedorismo inovador. As referidas
concepções apenas emulam modelos internacionais de parques tecnológicos, porém ajustados no
sentido de acomodar os interesses políticos de atores da comunidade de pesquisa e
desenvolvimento, de entidades partidárias, econômicas e sociais locais. Portanto, a implantação
de um parque tecnológico pode, ao contrário de promover a integração de esforços voltados para
a inovação tecnológica, acabar por meramente atender a interesses diversos da ciência, da
tecnologia e da economia produtiva, segundo os autores.
2.5 Incubadoras de empresa
2.5.1 Origem e principais gerações das incubadoras de empresa
As incubadoras de empresa são instituições que abrigam e ajudam os novos negócios a
prosperarem, uma vez que tais negócios não teriam razoáveis possibilidades de firmarem-se no
ambiente competitivo de mercado. Prosperaram nos Estados Unidos da América e no mundo,
33
após uma inciativa de superação de uma adversidade, o fechamento de uma grande fábrica. A
fábrica da Massey Ferguson de Batávia, em Nova Iorque, havia fechado em 1956 e deixado um
saldo de 205 desempregados na região, conforme relata a International Business Innovation
Association (INBIA, 2016).
A família de Joseph Mancuso, querendo reverter o quadro de desemprego, adquiriu a
enorme área e o incumbiu de administrá-la em 1959. As instalações necessitavam de muitas
manutenções, o que levou Mancuso a decidir alugar espaços a empresas distintas, oferecendo
serviços de escritório compartilhado, ajuda na captação de capitais e orientações para negócios.
Seus primeiros inquilinos foram uma adega, uma entidade de caridade e uma empresa de frangos
que serviu de inspiração a Mancuso para a criação do termo “incubadora de empresa”,
caracterizando o seu bem-sucedido Centro Industrial Batávia (ARANHA, 2008; LAHORGUE,
2008; CAETANO, 2011; BRUNEEL et al. 2012, SHEPARD, 2013; INBIA, 2016).
Na década de 70, o choque da elevação de preços do barril de petróleo causou uma crise
econômica internacional elevando tanto nos Estados Unidos da América quanto na Europa o
nível de desemprego. Neste quadro crítico e recessivo, o movimento de incubação de empresas
teve um importante desenvolvimento e penetração, por representar uma solução viável para
resolver o problema da ocupação e da renda das pessoas, segundo Bruneel et al. (2012) e Shepard
(2013).
Lalkaka (2001) e Shepard (2013) fazem um interessante quadro de gerações ao longo do
tempo para descrever o desenvolvimento de incubadoras de empresa nos Estados Unidos da
América e indicam três principais períodos ou gerações na história da incubação de empresas.
A primeira geração, entre os anos de 1959 até 1979, marca o surgimento e o
desenvolvimento do conceito de incubação, baseado na oferta da infraestrutura para os
empreendimentos, gerando economia de escala pelo compartilhamento de recursos. É a época
que marca o início e o desenvolvimento do conceito de incubação. A missão das incubadoras de
empresa de primeira geração buscou trabalhar um ambiente de negócios para aproveitar-se da
indústria de serviços de rápido crescimento, promovendo apoio de aconselhamento e orientação,
sendo importante de nota neste momento o papel das universidades no fomento de novas
empresas e empreendedores (LALKAKA, 2001; SHEPARD, 2013).
A segunda geração caracteriza-se por pesquisar o crescimento e desenvolvimento dos
empreendimentos, fomentando conhecimentos para evoluir a curva de aprendizagem (meados de
1980 até 1999). Na segunda geração, a importância do empreendedorismo e da inovação foi
reconhecida pelos entes governamentais, fazendo com que a missão das incubadoras exigisse
uma ampliação dos suportes ofertados, em marketing, pesquisa e desenvolvimento e serviços
34
contábeis e advocatícios; além de uma preocupação com a criação de empregos a longo prazo
pelas empresas graduadas (LALKAKA, 2001; SHEPARD, 2013).
A terceira geração investiga o fortalecimento de redes de relacionamento e o
estabelecimento de cadeias de valor, com base na busca incessante da inovação, que possibilita
novos saltos de desenvolvimento (de 2000 em diante). Nesta terceira geração, fica evidente que
o papel da incubadora de empresa é muito maior do que simplesmente prover espaço físico para
empresas nascentes. Com uma missão bastante expandida, os serviços oferecidos pelas
incubadoras passaram a contemplar a formulação de canvas, planos de negócios, treinamentos,
orientações, formação, acesso a capital de risco e desenvolvimento de atividades virtuais de
abrangência nacional e internacional (LALKAKA, 2001; SHEPARD, 2013).
Bruneel et al. (2012) e Theodorakopoulos et al. (2014) resumem as informações anteriores
da seguinte forma: as incubadoras de empresa atuais orientam-se, preferencialmente, para
recepcionar empreendimentos de base tecnológica, enquanto as suas antecessoras, de segunda
geração, tinham foco na prestação de serviços intangíveis às empresas incubadas e, as de primeira
geração, basicamente o provimento de infraestrutura física para as suas incubadas.
Nowak e Grantham (2000) ao realizarem um estudo de reflexão sobre as incubadoras de
empresa apresentaram uma nova tendência que vem se tornando real e pode se caracterizar como
uma quarta geração de incubadoras: as incubadoras em rede ou incubadoras virtuais. Em seu
trabalho, os autores propuseram um modelo de "incubadora virtual" para aumentar as
possibilidades de sucesso de formação e operacionalização de rede de negócios, com foco na
cadeia de valor virtual, conectando startups com seus potenciais parceiros estratégicos no
mercado. Deste modo, pode-se afirmar que uma nova geração de incubadoras está tomando
forma, uma vez que nos últimos anos tem aumentado significativamente o número dos que atuam
com esta concepção, conforme apontam trabalhos de diversos autores (LALKAKA, 2001;
HACKETT; DILTS, 2004; BØLLINGTOFT; ULHØI, 2005; AL-MUBARAKI; BUSLER, 2012;
PETERS et al., 2014).
Diferentemente das incubadoras de primeira, segunda e terceira gerações, as incubadoras
físicas nas quais os empreendedores compartilham do mesmo espaço, das facilidades coletivas,
do convívio e dos recursos produtivos; a incubadora em rede ou virtual não se baseiam naquela
tradicional sinergia territorial, na simbiose relacional e em economias de escopo. Na virtualidade
as demandas dos empreendedores, concentram-se em redes de valores (MIZIARA;
CARVALHO, 2008; SHEPARD, 2013; RATINHO et al., 2013).
35
2.5.2 Definições e características das incubadoras de empresa
Segundo a International Business Innovation Association (INBIA, 2016), uma incubadora
de empresas é um agente que desenvolve um programa para acelerar o desenvolvimento bem-
sucedido de empresas nascentes, ofertando um conjunto de recursos internos e externos,
planejados, organizados e liderados por um gestor deste programa. Os serviços ofertados pela
incubadora abrangem aqueles desenvolvidos por sua gestão direta, bem como pela sua rede de
contatos. As empresas graduadas têm potencial para criar novos empregos, revitalizar zonas
geográficas, fomentar inovações e repercutir positivamente em economias locais, nacionais e
globais.
O Sebrae (2016) distingue incubadoras de aceleradoras de empresas. As aceleradoras têm
foco em startups que apresentem potencial de crescimento rápido, com um modelo de negócio
para uma boa ideia, apoiadas por mentorias, são comandadas por gestores ou investidores
experientes no mercado de negócios, que tocam tais entidades com capital privado. Por outro
lado, as incubadoras, caracteristicamente, cuidam de pequenas empresas orientadas por diretivas
governamentais ou regionais, apoiadas no todo ou parte por verbas públicas e por consultores
contratados pelo seu gestor, devendo este ser um bom mediador entre empresas privadas, poder
público e universidades e centros de pesquisa.
Para a Anprotec (2016), a incubadora é uma entidade que oferece suporte para que
empreendedores possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos
de sucesso. A Anprotec caracteriza-se como a principal entidade no Brasil associada às
incubadoras de empresa e representa os interesses de entidades promotoras de empreendedorismo
inovador, incubadoras de empresa e parques tecnológicos. (GIAROLA et al., 2013).
Uma incubadora de empresas deve ser entendida como um processo ou uma ferramenta
para criar empresas e gerar produtos, serviços e processos a partir de conhecimentos; e jamais
vista de forma simplista como uma estrutura física organizada e posicionada em uma região para
abrigar frágeis empreendimentos (ARANHA, 2008). Logo, para cada situação ou necessidade
deve-se buscar uma solução de incubação física ou virtual, especializada ou generalista, pública,
privada ou não-governamental, acadêmica, comunitária, via institutos de pesquisa, empresarial,
consorciada ou mista e assim por diante.
Segundo Phan et al., (2005) e Grimaldi e Grandi (2005), as incubadoras de empresa são
organizações com uma missão para ajudar startups (empreendimentos incubados) por meio da
reunião de conhecimentos e compartilhamento de recursos, corrigindo os erros e minorando os
riscos dos negócios de seus residentes. O crescimento do uso de incubadoras dentro dos
36
ecossistemas empresariais dos anos 2000 fez o tema ganhar notoriedade e passou a ser bastante
estudado no mundo acadêmico.
Para Aernoudt (2004), Ratinho et al. (2009), Al-Mubaraki e Busler (2014), Monsson e
Jørgensen (2016), as incubadoras de empresa são utilizadas como ferramentas para criar
empresas empreendedoras e seu objetivo principal é a maturação de empresas nascentes por meio
de um programa de apoio sólido, ajudando as a se estabelecer e crescer. Adicionalmente, Al-
Mubaraki e Busler (2014) argumentam que estas instituições devem ser modelos dinâmicos de
desenvolvimento de negócios autossustentáveis, devem promover a geração de empregos, apoiar
e estimular os empreendimentos de valor agregado e a inovação, atuando em redes de
relacionamentos com instituições de ensino, de pesquisa e desenvolvimento e com órgãos de
financiamentos de pesquisas e de empreendimentos.
Cooper et al., (2012), além das características mencionadas pelos autores anteriores,
também definem uma incubadora de empresas como um ambiente inovador em que a simples
aproximação física de empresas com objetivos semelhantes cria uma atmosfera empresarial
interessante e potencializadora de realizações.
Rubin et al. (2015) argumentam que existem muitas possibilidades de classificação para as
incubadoras de empresa, sendo interessante apresentar algumas delas. Para os referidos autores
elas podem ser classificadas como: 1) centro de criação de negócio inovadores, 2) incubadoras
privadas independentes, 3) incubadoras universitárias e 4) incubadoras de empresa privadas
independentes, cada qual com suas características e modelos de gestão próprios.
Caetano (2011) realizou um estudo com incubadoras portuguesas e enumerou algumas
medidas para o desenvolvimento destas entidades que também podem ser utilizadas em outras
nações segundo o próprio autor. Tais medidas são apresentadas no Quadro 2.4.
Quadro 2.4 Medidas para o desenvolvimento de incubadoras. (Fonte: Caetano, 2011)
1 Reforço dos laços dos atores do ecossistema empreendedor, de modo formal e
informal, congregando recursos e conhecimentos para otimizar os resultados da
incubação o gestor.
2 Profissionalização e dedicação do gestor.
3 Acesso a redes de consultores e especialistas.
4 Seleção criteriosa das empresas a incubar, focando em empreendimentos de maior
valor agregado e condizentes com os recursos e possibilidades da incubadora.
5 Esforços para desenvolver conglomerados tecnológicos (para maiores sinergias) e
a busca pela internacionalização dos empreendimentos.
37
Com relação a sua tipologia, muitas são as classificações possíveis para as incubadoras de
empresa, segundo Dornelas (2002) e Carmo e Nassif (2005). São elas: incubadoras tecnológicas
(empreendimentos de base tecnológica que desenvolvem tecnologias resultantes da pesquisa
científica.); tradicionais (empreendimentos com tecnologias já difundidas e que buscam agregar
valor aos seus produtos e processos); mistas (convivência de empresas de base tecnológica e
empresas de setores tradicionais); setoriais (empreendimentos dedicados a um único setor);
culturais (empreendimentos culturais); agroindustriais (empreendimentos agropecuários),
cooperativas (foco em cooperativas); sociais (foco em projetos sociais); rurais (empreendimentos
localizados na zona rural) e virtuais (prestação de apoio sem a oferta de infraestrutura física
compartilhada).
Com relação à gestão das incubadoras, seus gestores devem estar convencidos de que a sua
atuação pode acelerar o desenvolvimento de novos produtos e possibilitar uma rápida inserção
dos empreendedores no mercado. As suas estratégias, processos e estilos de tomada de decisões,
se transformacional ou tradicional (YAGHOUBIPOOR et al., 2013), fazem a diferença para o
sucesso mercadológico do empreendimento (CLAUSEN; KORNELIUSSEN, 2012). Deste
modo, às incubadoras é importante atentar para fatores que estão diretamente relacionados com
o desempenho dos empreendimentos e que estas possam influenciar e mudar para uma direção
positiva durante o processo de incubação. Portanto, a capacidade e a experiência do gestor da
incubadora são essenciais para o empreendedor desenvolver-se rapidamente para estrear no
mercado com seu produto e, assim, sobreviver e expandir (HACKETT; DILTS, 2004;
GARTNER et al., 2004 apud CLAUSEN; KORNELIUSSEN, 2012).
Outro ponto a ser analisado é decorrente do debate da proximidade das incubadoras de
empresa e universidades. Régis (2005) e Remiro et al. (2008) concluem que a proximidade com
a academia fortalece os empreendimentos incubados por conta da aderência destes à marca da
academia, o que abre a possibilidade de obtenção de recursos ofertados pelas agências de
fomento, cursos de capacitação gerencial, transferência de conhecimento, participação em
eventos, entre outros.
Barquette (2002) e Danson e Burnett (2014), analisando os fatores de localização de
incubadoras de alta tecnologia, revelam que os gestores passam a considerar novos elementos
contemporâneos relacionados à geografia, como a dinâmica das relações sociais, disponibilidade
de mão de obra qualificada, o intercâmbio entre empresas, centros de pesquisa, universidades, o
acesso à informações e a implementação de políticas e estratégias específicas. Tais elementos
parecem exigir mais atenção dos gestores de incubadoras do que os chamados fatores geográficos
clássicos como a oferta de meios de transportes, o custo da mão de obra, a coleta de esgotos e
38
resíduos, a vizinhança com os consumidores e outros característicos de economias de
aglomeração.
Quanto ao número de incubadoras presentes no Brasil atualmente, os dados são
discordantes. Provavelmente, são mais críveis os dados apresentados pelo último censo realizado
pela Anprotec em 2012. De acordo com este levantamento, o Brasil tinha 384 incubadoras
(ANPROTEC, 2016). Mundialmente, estima-se um total de 5.000 incubadoras (COOPER et al.,
2012), tendo o Brasil, portanto 7,7% deste total. Para efeito de comparação, no mesmo período,
de acordo com Bruneel et al. (2012), os Estados Unidos tinham 1.400 incubadoras (28% em
relação ao total) e a Europa 900 incubadoras (18% em relação ao total). A Figura 2.1 ilustra esta
distribuição.
Figura 2.1 Distribuição percentual das incubadoras no mundo
(Fonte: ANPROTEC, 2016) e BRUNEEL et al., 2012)
Segundo estudo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI, 2016) de em
2011, as incubadoras de empresa acolhiam 2.640 empresas que empregavam 16.394 empregos.
Com relação às empresas já graduadas naquela ocasião, elas correspondiam a um total de 2.509,
geravam receitas de R$ 4,1 bilhões e empregavam 29.205 postos de trabalho. Infelizmente, este
foi o último panorama publicado pelo MCTI em relação às incubadoras de empresa brasileiras.
2.5.3 A relação entre as incubadoras de empresa, o SEBRAE e a ANPROTEC
A fim de compreender melhor a atual dinâmica das incubadoras de empresa, torna-se
necessário apresentar a estreita relação existente entre as referidas organizações, o Sebrae (2016)
e a Anprotec (2016).
Desde a sua criação, em 1972, a atuação do Sebrae ganhou uma dinâmica importante para
o esforço empreendedor nacional. À medida que os anos passaram-se, esta entidade provou ser
um instrumento bastante útil da intervenção do Estado na economia, tornando-se quase essencial
39
para melhorar as chances de sobrevivência de empreendedores, principalmente, aqueles voltados
à produção de bens e serviços inovadores por oferecer um inédito suporte de treinamento,
consultoria e assessoria às suas iniciativas dentro e fora do ambiente de incubação (SEBRAE,
2016).
Em 2002, o Sebrae estabelece parcerias para conduzir o Programa Incubadoras de Empresa
de Base Tecnológica que prevê a oferta de assessorias, consultorias e cursos às empresas
incubadas de forma a facilitar o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços que
apresentem densidade tecnológica e propostas inovadoras (SEBRAE, 2016). Este suporte de
orientação e conhecimento proporcionado pelo SEBRAE aos empreendedores foi realizado por
profissionais (consultores e instrutores) experientes e competentes, contratados por empresas ou
cooperativas prestadoras de serviços para o SEBRAE. Cabendo, então, a estas pessoas jurídicas
desenvolver e aplicar cursos e consultorias para pequenos e microempresários, sob estrita
supervisão do SEBRAE.
Porém, em 2004, o Ministério Público do Trabalho (MPT), após algumas reclamações
trabalhistas, ingressou com uma Ação Civil Pública questionando o SEBRAE pelo fato de
contratar prestadores de serviços de assessoria, consultoria e treinamento (consultores e
instrutores, então designados “facilitadores”) por intermédio de cooperativas ou pessoas
jurídicas. Alegava o MPT que o modo de obtenção dos serviços desses “facilitadores” era
contrário à legislação trabalhista e aos valores sociais do trabalho. Esta ação arrastou-se por seis
anos, até que em maio de 2010 foi proferido o ACÓRDÃO Nº: 20100263130, posteriormente
recorrido, mas sem sucesso, que pôs fim aos contratos de cerca de dez mil “facilitadores” que
prestavam serviços a 50 cooperativas e 300 empresas credenciadas, em números arredondados
(TRT, 2014; STF, 2014).
Vencido em tal ação, foi sentido um impacto muito forte na atuação do SEBRAE junto às
incubadoras especialmente. Ele foi instado a deixar de lado o modelo de contratação de
consultores de negócio no mercado, por meio de instituições terceiras, para auxiliar os
empreendedores nascentes. Ao cessar a oferta de cursos e consultorias por meio de
“facilitadores”, foi percebida a descontinuidade, também, na dinâmica do fluxo de
conhecimentos de negócios; paralisando ou restringindo bastante as consultorias e treinamentos,
que são necessários para nutrir o desenvolvimento e consolidação de novos empreendimentos na
fase pueril. Para as incubadoras, em sua rotina diária, os instrutores e consultores
disponibilizados via SEBRAE – na prática – escassearam muito (SEBRAE, 2016).
Após o cancelamento ou enfraquecimento do modelo de suporte de treinamento e
consultoria preexistente a 2010, o SEBRAE, com apoio da ANPROTEC, buscou – além de
40
continuar a aparentemente captação de consultores e instrutores no mercado, conforme
constatável em seu portal - implementar um outro modelo de atuação das incubadoras (SEBRAE,
2016).
O Sebrae e a Anprotec publicam periodicamente editais para acolherem projetos de apoio
técnico e financeiro às incubadoras de empresa. Estimula-se, também, o apadrinhamento de uma
incubadora por outra, de forma que a madrinha (incubadora mais avançada) possa oferecer à
afilhada (incubadora nascente ou menor) conhecimentos de gestão e suporte técnico e
administrativo para a implantação e consolidação do modelo de maturidade, o Cerne - Centro de
Referência para Apoio a Novos Empreendedores (ANPROTEC, 2016).
O modelo de maturidade Cerne, desenvolvido especificamente para incubadoras
harmoniza-se com o Sistema de Gestão da Qualidade da norma ABNT NBR ISO 9001:2015
(ABNT, 2016; ANHOLON, 2006, DIONÍSIO et al., 2012; FERREIRA, N. M. et al., 2013).
Caracteriza-se como uma estratégia de gestão dos processos na medida em que buscam
continuamente ações preventivas e corretivas no sentido de melhorar a eficácia e a eficiência de
atuação da incubadora.
O modelo, em sua lógica de organização dos Níveis de Maturidade, indica logo no primeiro
nível, denominado Cerne 1, a preocupação em garantir os chamados “elementos essenciais para
que uma organização seja considerada uma incubadora de empresas de referência” e, para isso,
orienta a implantação de sistemas de planejamento, capacitação, assessoria, acompanhamento,
orientação e avaliação na incubadora. Isto considerado como objetivo mínimo para uma
incubadora reconhecida como de referência, traz o pressuposto de que o problema do suporte de
conhecimentos ofertados às incubadas estaria suprido (ANPROTEC, 2016).
A busca, escolha e implementação de um novo modelo de atuação sempre trará questões
práticas que devem ser equacionadas de forma simples, uma vez que o quadro de suporte às
incubadoras e incubadas já mostra complexidades suficientes.
Assim, o equacionamento do fluxo regular de recursos financeiros escassos; o modelo de
vínculos jurídicos entre o Sebrae (2016), as incubadoras e os profissionais, pessoas físicas ou
jurídicas; o dimensionamento e equilíbrio dos esforços de suportes (financeiros e de orientações);
o estado de maturidade e carência das incubadoras brasileiras; a extensão territorial e a
diversidade de necessidades regionais; os comprometimentos responsáveis e profissionais entre
as partes envolvidas; e, a sinergia de interesses entre tais partes se apresentam como importantes
desafios para a evolução dos incentivos ao empreendedorismo no Brasil, via modelo binomial
incubadora-incubada.
41
2.6 O modelo de ecossistema empreendedor para as incubadoras de empresa
Concentrando-se na realidade brasileira, Bitencourt et al. (2014) procuraram aplicar o
modelo de ecossistema empreendedor desenvolvido por Isenberg (2011) para o cotidiano das
incubadoras de empresa e descreveram quatro variáveis críticas para cada construto, conforme
Figura 2.2 a e b a seguir.
(a)
(b)
Figura 2.2 Ecossistema empreendedor segundo: (a) Isenberg (2011) e (b) Bitencourt et al.
(2014)
42
A interação entre agentes e interessados (stakeholders) segregados nos diversos construtos
mostrados na Figura 2.2, fortalece o empreendedorismo na perspectiva de um ecossistema de
negócios (BITENCOURT et al. 2014; SIMATUPANG et al., 2015, PROCHAZKOVA, 2016).
O construto Governo, abrange os gestores de políticas públicas, com o poder de criar os
instrumentos eficazes para o desenvolvimento do empreendedorismo (BITENCOURT et al.
2014). Ações voltadas para a livre iniciativa de pequenas e médias empresas, às ações, às
legislações tributárias, trabalhistas, comerciais, civis e processuais, aos processos administrativos
que contribuem com a criação de condições que nutram o ecossistema empreendedor, mesmo
que o esforço governamental, por si só, não seja suficiente para garantir bons resultados desse
ecossistema (MASON; BROWN, 2014). Atuar no ecossistema, impõe ao Governo, ator
fundamental, uma postura atenta à dinâmica das interações entre seus agentes, aos nichos de
oportunidades, à capacidade das empresas, às necessidades específicas dos empreendedores, às
sinergias de ações holísticas, integradas e estimuladoras da participação ativa da comunidade
empreendedora, das grandes empresas, num movimento top down (ações de governo para
agentes) e bottom up (estímulo de governo para que agentes contribuam para o ecossistema), na
perspectiva de Mason e Brown, 2014; Simatupang et al., 2015, Prochazkova, 2016.
Em Finanças coloca-se a questão dos tipos de financiamentos disponíveis ou possíveis para
fomentar os negócios nascentes, tais como, autofinanciamento, bootstrappin (auto capitalização),
dinheiro de família, de amigos, crowdfunding (arrecadação de recursos financeiros em campanha
eletrônica), seed capital, de investidores anjos, capital de risco e bancos. O empreendedor
necessita de capital necessário e suficiente para encarar seus desafios, promover seus estímulos
e a eficiente governança (OLIVEIRA; COSTA, 2007; ISENBERG, 2011; GILL; BIGGER, 2012;
MASON; BROWN, 2014).
A Cultura Empreendedora implica na disposição do empreendedor para enfrentar riscos e
superar dificuldades, ter tolerância a falhas e ter atitude para aprender por meio de erros. Ele deve
confiar no potencial de seu projeto e otimismo moderado para não perder a realidade de
perspectiva; mostrar vontade de empreender, enfrentar desafios na criação de novos negócios;
dedicar-se e ter vontade de enriquecer, sentir entusiasmo pelo sucesso próprio e de terceiros,
cultivar heróis empreendedores, almejar sucesso internacional (ISENBERG, 2011; MASON;
BROWN, 2014; TORRES; SOUZA, 2016). Propagação do ensino de empreendedorismo em
escolas, desde os primeiros anos, modificando as expectativas do aluno que passa a vislumbrar
um futuro empreendedor em sua comunidade, em seu país e fora dele. O desenvolvimento de
eventos locais, como feiras, simpósios, encontros, palestras entre outros voltados para a
divulgação da atividade empreendedora e das pequenas empresas (BITENCOURT et al. 2014).
43
No construto Apoio ou Suporte, instituições, profissionais, arranjos produtivos, acordos,
eventos e outras ações que não se referem diretamente a recursos financeiros e nem a apoio
governamental são importantes incentivos aos empreendimentos e compõem uma sinergia retro
alimentadora dentro do ecossistema, como exemplo de assessorias e redes dinamizando as
startups e estas realizando seus objetivos de graduação e de geração de emprego, renda e receitas
tributárias, fortalecendo os resultados e imagem da incubadora, dos acordos, das parcerias e das
políticas (XAVIER et al., 2008; TORRES; SOUZA, 2016).
Em relação ao construto Capital Humano, a despeito de Lash et al. (2007) relativizarem a
importância deste construto e da experiência do empreendedor no sucesso da empresa diante de
, deve-se salientar a importância detectada pela literatura do estímulo à agregação majoritária do
empreendedor serial (oportunidade, não necessidade) no ambiente de negócios, possibilitado por
uma formação acadêmica estimuladora de pessoas que querem se aventurar em criar novos
produtos, novas soluções e novos negócios. Desde a educação básica até a qualificação superior
e em nível de mestrado e doutorado, não desprezando sucessivas atualizações e treinamentos, e
um foco especial no empreendedorismo pode qualificar melhor o novo empreendedor
(ISENBERG, 2011; BITENCOURT et al., 2014; TORRES; SOUZA, 2016). Além do
desenvolvimento de habilidades gestoras, importante pontuar a formação acadêmica de boa
qualidade para o exercício de atividades técnicas dos projetos, com conhecimento e talento. Tanto
o conhecimento técnico e o empreendedor, de pessoas locais ou de imigrantes, mostram-se
necessários no ecossistema (ISENBERG, 2011; SOMSUK et al., 2012; ARRUDA et al., 2013;
PROCHAZKOVA, 2016).
Finalmente, o último construto, Mercado abrange a capacidade de o ecossistema dispor de
uma dinâmica de desenvolvimento e crescimento econômico e social com diversificação de
atividades, formação de polos regionais e setoriais, com o envolvimento de grandes empresas e
expansão de mercados para novos produtos e novas soluções, propulsionada pelo aumento de
renda e um consumo massivo, com repercussões de geração de mercado interno e externo. Neste
sentido, o desempenho macroeconômico do país atua como uma força sistêmica que estimula o
empreendedorismo de oportunidade nos ciclos de expansão e o empreendedorismo de
necessidade, nos ciclos de retração da atividade econômica e com o desemprego (ARRUDA et
al., 2013; BITENCOURT et al., 2014; TORRES; SOUZA, 2016).
Deste modo, a Figura 2.3 ilustra a integração da incubadora de empresas, uma instituição
de apoio ao empreendedorismo, na perspectiva do empreendedorismo em um ecossistema de
agentes. Tendo a incubadora um sistema de gestão consolidado e sustentável, suas ações
repercutem neste ecossistema ao recepcionar, organizar, assessorar e graduar novas empresas,
44
cumprindo diretrizes políticas, acordos e parcerias e atuando – assim - como um instrumento
catalisador do processo de desenvolvimento do ecossistema empreendedor de uma cidade e de
uma região, com a geração de emprego, renda e receita tributária.
Figura 2.3 Interação a partir do suporte incubadora. (Fonte: Elaborado pelo autor baseado
Isenberg, 2011 e em Bitencourt et al., 2014)
45
2.7 Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa
Os Fatores Críticos de Sucesso podem ser definidos como um conjunto limitado de ações
essenciais que se realizadas com eficácia podem garantir sucesso dos objetivos estratégicos de
uma organização (BULLEN; ROCKART, 1981) e caso sejam negligenciados ou ignorados,
provavelmente, contribuirão para o fracasso da organização, razão esta da criticidade dessas
ações ou fatores que não devem ser confundidos com indicadores ou critérios de sucesso.
Deste modo, como podem ser visualizados na Figura 2.4, os objetivos estratégicos de uma
instituição condicionam os fatores críticos de seu sucesso e, para cada Fator Crítico de Sucesso,
é possível elencar-se um conjunto de indicadores que revelarão o desempenho das ações críticas
aos objetivos estratégicos e o comprometimento da gestão com tais objetivos dessa instituição.
Trabalhar com foco nos Fatores Críticos de Sucesso em um universo empresarial complexo e
dinâmico aumenta as possibilidades dos gestores em atingir seus objetivos.
Figura 2.4 Objetivos estratégicos e Fatores Críticos de Sucesso. (Fonte: Elaborado pelo autor)
46
Lee e Osteryoung (2004) realizaram um estudo comparativo entre os Fatores Críticos de
Sucesso para incubadoras nos EUA e Coréia do Sul e concluíram visões assemelhadas acerca
dos 14 fatores por eles listados. Estes fatores são apresentados no Quadro 2.5. Salienta-se que o
mesmo quadro apresenta ainda a referências de outros autores que corroboram com a visão de
Lee e Osteryoung (2004).
Quadro 2.5 Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa.
(1) ter políticas claras e metas atingíveis, também, mencionado por Dornelas,
(2002); Buys e Mbewana (2007).
(2) ter estratégia operacional para a concretização dos planos.
(3) dispor de fácil acesso às instalações e equipamentos.
(4) ter acesso ao local comum de trabalho.
(5) ter acesso a uma rede de suporte aos negócios, mencionado por Smilor e Gill
(1986).
(6) ter acesso a especialistas;
(7) ter suporte para realizar transferência de tecnologia e atividades de pesquisa e
desenvolvimento;
(8) ter acesso a consultorias de negócios e jurídica;
(9) ter apoio;
(10) ter programa de ensino e difusão do empreendedorismo, mencionado por
Dornelas (2002); Ribeiro et al. (2005).
(11) ter rede para articulação institucional.
(12) ter rede de empreendedores e de empresas, inclusive virtual, mencionado por
Lee e Osteryoung (2004); Da Silva, J. M. et al. (2012).
(13) ter rede de empresas investidoras e fundos de investimentos para fortalecer as
empresas incubadas por meio de empréstimos e financiamentos, mencionado por
Smilor e Gill (1986).
(14) ter apoio de esferas da administração pública que busca atender as
necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde a incubadora está
inserida (RIBEIRO et al., 2005).
47
Assim, presentes e operacionais, estes 14 fatores apresentam-se críticos para o sucesso de
incubadoras de países diversos (LEE; OSTERYOUNG, 2004). Para Theodotou et al. (2012), os
resultados das incubadoras bem geridas podem levar até 20 anos para se apresentarem
significativamente, pois trata-se de uma atividade que exige persistência e trabalho duro.
Al-Mubaraki e Busler (2012) relacionaram, em um estudo de casos, os seguintes Fatores
Críticos de Sucesso para incubadoras de empresa: cooperação com pesquisa e desenvolvimento,
busca pela inovação, transferência de tecnologia, geração de postos de trabalho, graduação de
novas empresas e sustentabilidade financeira, também mencionado por Buys e Mbewana (2007)
e Da Silva, J. M. et al. (2012) e rede eficaz de relacionamentos. Adicionalmente, puderam ainda
constatar em sua pesquisa que o desenvolvimento econômico elevado revela a existência de uma
elevada taxa de sobrevivência de empreendimentos e está sobrevivência promove uma
significativa empregabilidade, confirmando, assim, que as incubadoras são vitais para o
desenvolvimento econômico; que a comercialização intensa de tecnologia indica uma sinergia
entre pesquisa, desenvolvimento, inovação e transferência tecnológica; e que o clima empresarial
é estimulado pelo empreendedorismo intenso, alimentando a sustentabilidade e o crescimento
inteligente dos negócios, em um verdadeiro círculo virtuoso.
Contrastando realidades e confirmando os pontos importantes para a atenção dos gestores
de uma incubadora, Araújo e Onusic (2014) estudaram uma incubadora de empresas brasileira e
apontaram problemas com o suporte fornecido aos microempresários, a inexistência de rede
estruturada de relacionamento vinculativa dos empreendimentos incubados com atores locais,
falta de planejamento estratégico formal, caracterizando-se uma contradição da incubadora frente
aos gestores incubados, e uma administração deficiente.
Sun e Leng (2007) e Caetano (2011) apresentam três categorias de Fatores Críticos de
Sucesso, sendo estes:
a) relativos ao ambiente de incubação (a cultura dos indivíduos para o empreender e o
compromisso das autoridades governamentais),
b) à própria incubadora (modelo de gestão da incubadora, programa de incubação e sua
operacionalização, suporte material e imaterial disponíveis, cooperação com universidades e
institutos de pesquisa e desenvolvimento, acesso a redes de relacionamento, conhecimento e
trabalho) e
c) aos empreendimentos (qualificação e atitudes dos gestores dos empreendimentos) que
estão relacionados com a cultura social e o desenvolvimento econômico dos países.
Apesar de diversos fatores críticos de sucesso permanecerem praticamente os mesmos ao
longo da história das incubadoras de empresa, a profundidade, complexidade, atualidade e
48
dinamicidade fazem a diferença de uma incubadora para outra. Não basta à incubadora dispor de
suporte, importa sim a qualidade e o ajuste deste suporte para o empreendedor (SHEPARD,
2013).
Nos estudos bibliográficos desta tese, foi possível colecionar 29 ações críticas para a gestão
operacional bem-sucedida das incubadoras de empresa. Algumas poderiam ser agrupadas em
temas macro, porém perderiam a sua necessária individualidade que revela sutilezas do foco a
que se propõem. O Quadro 2.6 apresenta os fatores levantados ao longo do estudo e, na sequência,
detalha-se cada um destes fatores.
Quadro 2.6 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) levantados na literatura. (Fonte: Diversas)
FCS1: Existência de políticas claras por parte da incubadora. Fonte: Dornelas (2002); Buys
e Mbewana (2007); Araújo e Onusic (2014).
FCS2: Existência de metas bem definidas a serem alcançadas pelas incubadoras. Fonte:
Dornelas (2002); Maletz e Siedenberg (2007); Buys e Mbewana (2007); Bezerra (2007);
Santos G. D. et a. (2007); Ferreira, M. P. et al. (2008); Ramalheiro et al. (2013); Araújo e
Onusic (2014).
FCS3: Conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde a
incubadora está inserida. Fonte: Ribeiro et al. (2005); Sun et al. (2007); Caetano (2011).
FCS4: Reserva de vagas para empresas com projetos correlatos às necessidades da região
onde a incubadora está instalada. Fonte: Maletz e Siedenberg, (2007); Buys e Mbewana,
(2007); Sun et al. (2007); Da Silva, J. M. et al. (2012).
FCS5: Análise da contribuição do impacto das atividades da incubadora na região onde está
inserida. Fonte: Mota (2010); Thurik e Wennekers (2004); Isenberg (2011); Marchis
(2011); Caetano (2011); Da Silva, J. M. et al. (2012); Theodorakopoulos et al. (2014);
Bitencourt et al. (2014)
FCS6: Eficiente processo de seleção dos candidatos a incubados. Fonte: Smilor e Gill
(1986); Mian (1997); Lanari (2000); Verma (2005); Hackett e Dilts (2004); Buys e
Mbewana (2007); Al-Mubaraki e Busler (2012); Bruneel et al. (2012); Carvalho e Galina
(2015).
FCS7: Suporte da comunidade nas atividades desenvolvidas pela incubadora. Fonte: Maletz
e Siedenberg (2007); Buys e Mbewana (2007)
FCS8: Ensino e difusão do empreendedorismo por parte da incubadora. Fonte: Dornelas
(2002); Ribeiro et al. (2005)
49
FCS9: Acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora. Fonte: Smilor e Gill
(1986); Lee e Osteryoung (2004); Ribeiro, et. al. (2005); Oliveira e Costa (2007); Buys e
Mbewana (2007); Lash (2007); Xavier et al. (2008); Scillitoe e Chakrabarti (2010); Gill e
Biger (2012); Castaño, et al. (2015); Monsson e Jørgensen, (2016).
FCS10: Sustentabilidade financeira da Incubadora. Fonte: Buys e Mbewana (2007);
Lahorgue (2008); Ribeiro e Andrade, (2008); Da Silva, J. M. et al. (2012).
FCS11: Integrar rede estabelecida de empreendedorismo no estado onde a incubadora atua.
Fonte: Smilor e Gill (1986); Hackett e Dilts (2004); Da Silva, J. M. et al. (2012); (Bresciani,
L. P. et al. (2014)
FCS12: Gerente capacitado e com experiência focada na gestão de incubadoras. Fonte:
Ribeiro e Andrade, (2008); Silva et al. (2010); Da Silva, J. M. et al. (2012); Al-Mubaraki
e Busler (2012); PMI (2016); Ramalheiro et al. (2016); Monsson e Jørgensen, (2016)
FCS13: Equipe de gestão dinâmica e qualificada. Fonte: Oliveira e Costa. (2006); Maletz e
Siedenberg (2007); Buys e Mbewana (2007); Costa, L. F. S. et al. (2010); Shepard (2013);
Ratinho et al. (2013).
FCS14: Existência de atividades que estimulam a criatividade e a integração das empresas
incubadas. Fonte: Verma (2005); Maletz e Siedenberg (2007); Miziara e Carvalho (2008);
Serra et al. (2011); Da Silva, J. M. et al. (2012).
FCS15: Avaliações periódicas realizadas pela gerência sobre o desempenho das incubadas.
Fonte: Xavier et al. (2008); Da Silva, J. M. et al. (2012); Araújo e Onusic (2014); Cerne
(2015)
FCS16: Desenvolvimento de parcerias internacionais. Fonte: Verma (2005); Lee e
Osteryoung (2004); Serra et al. (2007); Maletz e Siedenberg (2007); Da Silva, J. M. et al.
(2012); Leung e Wang (2015).
FCS17: Oferecimento de consultorias focadas nas necessidades de cada empresa incubada.
Fonte: Audretsch et al. (2000); Agarwal e Audretsch (2001); Verma (2005); Chan e Lau
(2005); Fritsch et al. (2006); Schwartz (2009); Al-Mubaraki e Busler (2012); Albort-
Morant e Oghazi (2016); Mas-Verdú et al. (2015); Monsson; Jørgensen (2016).
FCS18: Possibilitar diferentes períodos de incubação de acordo com as características de
cada empresa. Fonte: Serra et al. (2011); Da Silva, J. M. et al. (2012); Anholon e Silva, M.
C. (2014).
50
FCS19: Existência de serviços de pré e pós-incubação. Fonte: Lee e Osteryoung (2004);
Carayannis e von Zedtwitz (2005); Buys e Mbewana (2007); Miziara e Carvalho (2008);
Lahorgue (2008); Aranha (2008); Ferreira et al. (2013).
FCS20: Nível do mix de serviços oferecidos pela incubadora às empresas incubadas. Fonte:
Smilor e Gill (1986); Lee e Osteryoung (2004); Carayannis e von Zedtwitz (2005); Chan e
Lau (2005); Buys e Mbewana (2007); Maletz e Siedenberg (2007), Da Silva, J. M. et al.
(2012); Schwartz (2013); GEM (2015); Startupi (2016).
FCS21: Instalações disponibilizadas pela incubadora. Fonte: Hansen et al. (2000); Buys e
Mbewana (2007); Maletz e Siedenberg (2007); Xavier et al. (2008); Serra et al. (2010)
FCS22: Interação com outras incubadoras. Fonte: Hansen et al. (2000); Scillitoe e
Chakrabarti (2010); Bøllingtoft (2012); Pilinkienė e Mačiulis (2014).
FCS23: Desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora. Fonte: Dornelas
(2002); Maletz e Siedenberg (2007); Buys e Mbewana (2007); Xavier et al. (2008); Costa
L. F. S. et al. (2010).
FCS24: Intenso fluxo de informação entre a gerência e as empresas. Fonte: Lee e
Osteryoung (2004); Da Silva, J. M. et al. (2012); Miziara e Carvalho (2008)
FCS25: Parceria sólida e transparente entre a mantenedora da incubadora e sua gerência.
Fonte: Aranha (2008); Smilor e Gill (1986); Oliveira e Costa (2007); Ribeiro e Andrade
(2008); Cerne (2015).
FCS26: Contar com um conselho de orientadores externos atuante. Fonte: Smilor e Gill
(1986); Lee e Osteryoung (2004); Buys e Mbewana (2007); Da Silva, J. M. et al. (2012).
FCS27: Estímulo para a participação em redes virtuais de empresas pré-incubadas,
residentes e pós-incubadas. Fonte: Lee e Osteryoung (2004); Maletz e Siedenberg (2007);
Costa, L. F. S. et al. (2010); Da Silva, J. M. et al. (2012).
FCS28: Contato com fundos de investimentos para potencializar empresas incubadas por
meio de aportes financeiros. Fonte: Smilor e Gill (1986); Andino (2005); Oliveira e Costa
(2007); Maletz e Siedenberg (2007); Gill e Biger (2012); Mason e Brown (2013); Mason e
Brown (2014)
FCS29: Localização próxima a centros de pesquisas e ou universidades. Fonte: Maletz e
Siedenberg (2007); Mota (2010); Bathula et al. (2011); Da Silva, J. M. et al. (2012);
Barquette (2002) Danson e Brnett (2014)
51
2.7.1 FCS1: Existência de políticas claras por parte da incubadora
A incubadora de empresas é uma organização que tem por objetivo o amadurecimento de
empresas fazendo com que estas consigam sobreviver nos mercados nos quais atuam. Neste
cenário, na incubadora, torna-se necessária a existência de políticas claras bem definidas sendo
tal aspeto considerado crítico para o sucesso da organização (DORNELAS, 2002; BUYS;
MBEWANA, 2007). Contrastando realidades e confirmando os pontos mencionados, Araújo e
Onusic (2014) identificaram problemas para as incubadoras por eles analisadas decorrentes da
falta de planejamento estratégico formal, levando tais organizações a uma administração
deficiente.
2.7.2 FCS2: Existência de metas bem definidas a serem alcançadas pelas incubadoras
Como reforço da necessidade de ações organizadas para alcançar os seus objetivos, ainda
as incubadoras de empresa devem delinear estratégia operacional para a concretização dos
planos, um planejamento com as metas bem definidas que viabilizem os seus objetivos
(DORNELAS, 2002; ARAÚJO; ONUSIC, 2014). Cabe, aqui, considerar a importância do
acompanhamento dos indicadores de desempenho da incubadora. Os indicadores de desempenho
são formas de se medir a atuação operacional e estratégica de uma organização, permitindo
avaliar a efetividade das ações operacional e estratégica de uma organização (MALETZ;
SIEDENBERG, 2007; FERREIRA, M. P. et al., 2008).
Santos, G. D. et al. (2007) concluem que os indicadores de desempenho de uma incubadora
de empresas devem harmonizar as diretrizes estratégicas dos stakeholders e seus objetivos ou
finalidades próprios, na busca de resultados positivos para todos os envolvidos e para a sua área
geográfica. Também, devem medir resultados de pesquisa e desenvolvimento, eficiência e
eficácia operacionais e econômico-financeiras, considerando a autossustentabilidade (MALETZ;
SIEDENBERG, 2007; BUYS; MBEWANA, 2007; BEZERRA, 2007).
Neste sentido, apoiados em um estudo de caso, Ramalheiro et al. (2013) propõem um
modelo de avaliação e de apoio à gestão de incubadoras constituído por dois grupos de
indicadores: de gestão (ocupação, retenção, graduação e sustentabilidade institucional) e de
resultado (desempenho ambiental, inovações, desempenho econômico, desempenho
sociocultural e desempenho político institucional), cada um apresentando diversos componentes
internos, em um total de 54 variáveis, sendo que em uma incubadora tecnológica, os indicadores
devem ter pesos diferentes daqueles de uma incubadora mista, sendo, deste modo, uma proposta
flexível para avaliar diferentes tipos de incubadoras de empresa.
52
2.7.3 FCS3: Conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde
a incubadora está inserida
Este item está relacionado ao tipo e profundidade de sua inserção regional. Muitas vezes a
incubadora possui algum grau de apoio de esferas da administração pública municipal, estadual
ou nacional e possui como um de seus objetivos o desenvolvimento tecnológico da região onde
está inserida (RIBEIRO et al., 2005). Tal característica influenciará no modelo de gestão da
incubadora, em seu programa de incubação e sua operacionalização, no suporte material e
imaterial que disponibiliza, na cooperação com universidades e institutos de pesquisa, no acesso
a redes de relacionamento, conhecimento e no trabalho (SUN et al., 2007; CAETANO, 2011). O
ambiente de incubação (a cultura dos indivíduos para o empreender e o compromisso das
autoridades governamentais) e os empreendimentos (qualificação e atitudes dos gestores dos
empreendimentos), também, estão relacionados com a cultura social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico regional e nacional (SUN et al., 2007).
2.7.4 FCS4: Reserva de vagas para empresas com projetos correlatos às necessidades da
região onde a incubadora está instalada
A ação de reservar vagas para empreendimentos que lidem com a busca da satisfação das
necessidades da região onde a incubadora está instalada foi considerada por Da Silva, J. M. et al.
(2012); Maletz e Siedenberg, (2007) e Buys e Mbewana (2007) como uma das condições da
inserção regional da incubadora e é uma demonstração prática e complementar do conhecimento
das necessidades de desenvolvimento da região da incubadora. É crítico que a seleção dos
empreendimentos, além da qualificação e atitudes dos empresários, considere, também, os
aspectos orientados para a realidade econômica, tecnológica e social da região (SUN et al., 2007).
2.7.5 FCS5: Análise da contribuição do impacto das atividades da incubadora na região
onde está inserida
A ação dos gestores da incubadora, de análise do impacto das atividades desta em sua
região de atuação, visa ao aprimoramento dos resultados positivos para todos os envolvidos da
área geográfica (MOTA, 2010; DA SILVA J. M. et al., 2012; THURIK; WENNEKERS, 2004;
MARCHIS, 2011). É crítica a evidência dos impactos positivos das incubadoras, principalmente,
diante do apelo do empreendedorismo de gerar emprego e renda, sensibiliza os órgãos políticos
e administrativos, empresariais e sociais no reforço da imagem e do conceito da incubadora.
A contribuição regional da incubadora é sensível quando seu modelo é especificamente
regional, porém deve, também, ser analisada a contribuição regional das incubadoras
53
universitárias (com foco acadêmica e científico), corporativas para desenvolver novas unidades
de negócio independentes (corporate spin-offs) e as virtuais (empreendimentos que não ocupam
espaços físicos na incubadora) (CAETANO, 2011; THEODORAKOPOULOS et al., 2014).
Em seu trabalho, Isenberg (2011) e Bitencourt et al. (2014) procuraram mapear
qualitativamente as percepções dos atores do ecossistema aplicado à cidade de Itajubá (MG-
Brasil), evidenciando um ecossistema regional capaz de catalisar a dinâmica de negócios e
contribuir para o desenvolvimento local, gerando emprego, renda e arrecadação fiscal.
2.7.6 FCS6: Eficiente processo de seleção dos candidatos a incubados
Segundo Smilor e Gill (1986), Lanari (2000) e Buys e Mbewana (2007), a seleção eficiente
dos empreendimentos qualificados para se tornarem empresas graduadas sustentáveis é um fator
crítico de sucesso na gestão das incubadoras de empresa. O rigor maior ou menor da seleção dos
empreendimentos é um fator crítico para os objetivos estratégicos da incubadora, por que a
qualidade dos empreendimentos impacta diretamente no tempo de incubação, na realização dos
objetivos inovadores dos projetos incubados (MIAN, 1997; VERMA, 2005; CARVALHO;
GALINA, 2015) e na taxa de graduação de empresas. As incubadoras de empresa devem impor
simultaneamente critérios de seleção rigorosos e implantar regras claras de graduação
(BRUNEEL et al., 2012).
Al-Mubaraki e Busler (2014) ressaltam a criticidade de políticas de seleção e de graduação,
juntamente com suporte e orientação financeira, assessoria e suporte gerencial aos
empreendedores para o sucesso das incubadoras. De um modo simples, apenas os
empreendimentos promissores e sem recursos devem ingressar em uma incubadora, ficando de
fora aqueles que não necessitam de incubação e os que não cumprem os requisitos para serem
incubados (HACKETT; DILTS, 2004).
2.7.7 FCS7: Suporte da comunidade nas atividades desenvolvidas pela incubadora
O suporte da comunidade nas atividades da incubadora se explica pelos frequentes apoios
ofertados pelo poder público e pelos arranjos produtivos regionais, sendo a comunidade
representada por entes. No entanto, este fator crítico de sucesso depende da intensidade, da
sinergia e da organização dos processos de suporte à incubadora. O apoio da comunidade à
incubadora pode ser material, financeiro e consultivo.
A sustentabilidade financeira da incubadora apura a essência e a intensidade dos apoios
demandados da comunidade para ações e projetos de estimulo ao empreendedorismo regional,
exigindo maior habilidade política do gestor na atração e manutenção dos suportes necessários
54
para o desenvolvimento das atividades da incubadora (MALETZ; SIEDENBERG, 2007; BUYS;
MBEWANA, 2007).
2.7.8 FCS8: Ensino e difusão do empreendedorismo por parte da incubadora
Dornelas (2002) e Ribeiro et al. (2005) consideram um dos principais fatores críticos para
os resultados da incubadora a oferta do ensino de empreendedorismo, mesmo na educação básica
de crianças, colocando foco nas maneiras de se identificar as oportunidades de potenciais
negócios de sucesso, uma vez que a incubadora depende essencialmente dos empreendedores. O
ensino e a difusão do empreendedorismo em uma região são parametrizados pelas incubadoras
locais, mas apresentam um potencial multiplicador quando contam com a participação do poder
público, instituições de ensino e instituições econômicas e sociais, públicas e privadas
(DORNELAS, 2002 e RIBEIRO et al., 2005).
2.7.9 FCS9: Acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora
É fundamental que as incubadoras solucionem suas necessidades de acesso a recursos para
desenvolver seus projetos (SMILOR; GILL, 1986; XAVIER et al., 2008; LEE; OSTERYOUNG,
2004; OLIVEIRA; COSTA, 2007; RIBEIRO et. al., 2005). Assim, concorrem por recursos
financeiros provenientes de entes governamentais ou apoiados por estes. As incubadoras de porte
médio enfrentam dificuldades no acesso a recursos, uma vez que perdem para as incubadoras
maduras, grandes e estruturadas, com densidade e experiência na busca desses recursos e perdem,
também, para as incubadoras recém-criadas que recebem incentivos de seus apoiadores para que
possam se consolidar.
É importante que haja políticas governamentais destinadas à criação e à manutenção de
ecossistemas propícios para os negócios de incubação, com especial atenção aos recursos
financeiros necessários para o desenvolvimento dos projetos da incubadora, que se traduz na
produção de novos negócios (BUYS; MBEWANA, 2007; LASH, 2007; SCILLITOE;
CHAKRABARTI, 2010; GILL; BIGER, 2012; CASTAÑO et al., 2015; MONSSON;
JØRGENSEN, 2016).
2.7.10 FCS10: Sustentabilidade financeira da incubadora
A questão da manutenção da incubadora é um fator crítico de sucesso muito sensível. É
bastante desejável, apesar de raro, que as incubadoras apresentem-se como sistemas
autossustentáveis (BUYS; MBEWANA, 2007; DA SILVA J. M. et al., 2012). A preocupação
com a sustentabilidade está presente em todas as incubadoras, que procuram ajustes de modelos
55
estratégicos de gestão, a prestação de serviços, locação de espaços para empresas consolidadas,
participação no sucesso das graduadas, entre outras ações (LAHORGUE, 2008; RIBEIRO;
ANDRADE, 2008). Para Buys e Mbewana (2007), entretanto, a grande maioria das incubadoras
são dependentes de mantenedoras públicas ou privadas, de governos, empresas ou instituições
de ensino ou pesquisa.
2.7.11 FCS11: Integrar rede estabelecida de empreendedorismo no estado onde a
incubadora atua
Smilor e Gill (1986) e Hackett e Dilts (2004) identificaram no ecossistema das incubadoras
uma rede de empreendedorismo formada por universidades, empresas, prestadores de serviços,
as organizações do setor público e as associações. Estes elementos formam uma rede de
indivíduos e organizações importantes para os empreendedores em sua consolidação como
empresa do mercado. A incubadora, como “agente de intervenção mais importante para o sucesso
das incubadas seu papel abrange a responsabilidade de fomentar uma rede de relacionamentos”
(DA SILVA et al., p. 720, 2012).
Uma dificuldade encontrada na construção e no fortalecimento de redes de cooperação de
instituições de pesquisa e desenvolvimento no Brasil é a burocracia que permeia as instituições
e os condicionantes das formas jurídicas das tratativas de negócios com que se revestem, o que
pode enfraquecer esforços de criação de redes regionais (BRESCIANI, L. P. et al., 2014).
2.7.12 FCS12: Gerente capacitado e com experiência focada na gestão de incubadoras
Para Da Silva, J. M. et al. (2012) as funções mais importantes desempenhadas por um
gerente de incubadora são o monitoramento e o controle do desempenho da incubadora e a
orientação aos empreendedores. A atuação do gestor da incubadora é essencial para que esta
cumpra com os seus objetivos. Al-Mubaraki e Busler (2012) indicam como uma das razões da
possível falha de um dos maiores e mais antigos programas de incubação norte-americanos, a
Maryland Technology Development Corporation, a falta de um gerente qualificado.
O objetivo principal de uma incubadora é a graduação de empresas fazendo com que estas
sobrevivam e cresçam no mercado (RIBEIRO; ANDRADE, 2008). Para que isto aconteça, a
gestão deve atuar de modo eficiente e eficaz em todo o macroprocesso, composto pela seleção,
incubação e graduação, que demandem ferramentas gerenciais e de negócios aplicáveis aos
empreendimentos incubados e, mesmo, à incubadora que os acolha e os cultive.
Da Silva, J. M. et al. (2012) realizaram um estudo no qual relacionaram os resultados
alcançados por uma incubadora com alguns indicadores, muitos deles relacionados à atuação do
56
gerente. Notaram que, nas incubadoras com melhores resultados, o gestor dedicava 50% de sua
atuação ao auxílio às incubadas, frente a um índice de 39% para as demais incubadoras
analisadas. Concluíram ainda que gerentes pouco experientes tendem a manter um controle maior
dos empresários o que parece restringir os resultados da incubadora, uma vez que tal controle
não é percebido como importante pelo empreendedor; enquanto os gerentes mais experientes
colocam foco no longo prazo, agindo para melhorar as competências dos empreendedores,
desenvolvendo as redes internas e externas e acolhendo novos empreendimentos de modo mais
assertivo (RAMALHEIRO et al., 2016; PMI, 2016).
Para Monsson e Jørgensen (2016), o papel atual do gerente da incubadora é um misto de
provedor de conhecimentos de negócios aos empreendedores e um articulador de redes amplas
de relacionamentos, ajudando as incubadas com conselhos práticos e cuidando das demandas
diárias da operação e do desenvolvimento do programa da incubadora efetivamente
(MONSSON; JØRGENSEN, 2016).
2.7.13 FCS13: Equipe de gestão dinâmica e qualificada
Os gestores de incubadoras devem construir diariamente a confiança e ter sabedoria na
tomada de decisões como recomendam Oliveira e Costa (2007) e Shepard (2013) e, para tal,
devem contar com uma equipe de gestão dinâmica e qualificada (COSTA, L. F. S. et al., 2010).
Se não possuir uma equipe com tais características, corre o risco de desenvolver ações
desnecessárias e ineficiente que consomem recursos e pouco contribuem com o amadurecimento
das incubadas, segundo Ratinho et al. (2013).
Conclui-se, desta forma, que representa um fator crítico para o sucesso da incubadora a
existência de uma equipe dinâmica e qualificada que atue junto a um gerente qualificado
(MALETZ; SIEDENBERG, 2007 e BUYS; MBEWANA, 2007).
2.7.14 FCS14: Existência de atividades que estimulam a criatividade e a integração das
empresas incubadas
A incubadora contribui muito para o sucesso dos empreendimentos quando promove
atividades que estimulam a criatividade e a integração dos residentes (VERMA, 2005; MALETZ;
SIEDENBERG, 2007; MIZIARA; CARVALHO, 2008; DA SILVA J. M. et al., 2012). A
promoção de atividades para a integração propicia o estabelecimento de vínculos que podem
levar ao estabelecimento de relações comerciais, estimulando a criatividade para novas ideias de
produtos e de modelos de negócios, e de um amadurecimento mais célere dos empreendedores,
graças aos laços de amizade que surgem dos contatos pessoais. Os contatos pessoais podem se
57
dar espontaneamente em espaços comuns, como restaurantes, cafeteria e encontros sócias (cafés
da manhã, almoços, happy hours e churrascos de fim de semana, por exemplo) ou promovidos
pelo gestor da incubadora, estimulando por meio da apresentação das atividades e projetos entre
os empreendedores incubados e graduados. O desempenho da incubadora é afetado quando
facilitam a integração das incubadas e delas próprias em redes relacionais (SERRA et al. 2010).
2.7.15 FCS15: Avaliações periódicas realizadas pela gerência sobre o desempenho das
incubadas
Xavier et al. (2008) e Da Silva, J. M. et al. (2012) salientam a necessidade de realizar
avaliações periódicas sobre o desempenho das incubadas mesmo reconhecendo as dificuldades
para medir alguns parâmetros tangíveis e intangíveis. Para os referidos autores, tais avaliações
possibilitam avaliar, também, a capacitação ofertada pelas incubadoras.
Para os seus gerentes, uma vez gestores de projetos de novas empresas, monitorar e
controlar o desempenho de cada um dos projetos ou empreendimentos demanda um processo de
avalição periódica para correção das ações planejadas. Realizar avaliações periódicas
sistemáticas acerca do desempenho de projetos, processos ou produtos está na essência da prática
administrativa; portanto é um fator crítico de sucesso e não se afasta da realidade de incubadoras
de empresa (XAVIER et al., 2008; DA SILVA, J. M. et al., 2012; CERNE, 2015). Não realizar
tais avaliações é deixar os empreendedores desconhecedores de técnicas ou métodos de medição
de desempenho de negócios expostos à sorte, não fazendo sentido a adoção de um plano de
negócios ou de um planejamento estratégico (ARAÚJO; ONUSIC, 2014).
2.7.16 FCS16: Desenvolvimento de parcerias internacionais
Acredita-se que a diversidade cultural é promotora de soluções criativas, embora não seja
necessariamente uma verdade absoluta, uma vez que se se estabelecer na equipe multicultural
uma dinâmica negativa os resultados não acontecem (LEUNG; WANG, p. 273, 2015).
Entretanto, suspeita-se que, dentre os recursos ofertados na incubadora, os empresários percebam
que o desempenho de seus empreendimentos pode ser beneficiado por uma adequada rede de
relacionamentos (PAYLAK, 1980; MALETZ; SIEDENBERG, 2007; LEE; OSTERYOUNG,
2004; SERRA et al., 2010; DA SILVA, J. M. et al. 2012) que proporcione produtivas parcerias
para colaborações, inclusive internacionais (VERMA, 2005).
58
2.7.17 FCS17: Oferecimento de consultorias focadas nas necessidades de cada empresa
incubada
Para Al-Mubaraki e Busler (2012), a falta de consultoria para as incubadoras ajuda a
explicar o insucesso destas e da própria incubadora. Logicamente, um maior ou menor
aproveitamento destas consultorias dar-se-á em função do conhecimento dos empreendedores e,
também, de sua experiência (VERMA, 2005; ALBORT-MORANT; OGHAZI, 2016). Para
Albort-Morant e Oghazi (2016), se os empreendedores apresentarem uma combinação sinérgica
de atributos pessoais, a efetividade das consultorias e apoio dos especialistas da incubadora serão
potencializados.
Para Schwartz (2009) e Mas-Verdú et al. (2015), cada empreendimento possui
características próprias e, desta forma, necessita de consultorias focadas. A capacidade para
exportar seus produtos e serviços, o setor de atuação, operação em mercados em crescimento ou
consolidados, entre outras características, devem ser avaliadas de forma pontual (AGARWAL;
AUDRETSCH, 2001; FRITSCH et al., 2006; AUDRETSCH et al., 2000 apud, MAS-VERDÚ
et al., 2015). Chan e Lau (2005), também, concordam com o fato de que as consultorias em um
incubadora devem ser flexíveis e priorizada de acordo com a maturidade de cada empreendedor.
Monsson e Jørgensen (2016) apontam ainda a necessidade de se considerar o grau de
maturidade dos incubados na estruturação dos serviços ofertados pela incubadora. Empresários
em estágio inicial, frequentemente, requerem conhecimentos e orientações que podem vir de
treinamentos, cursos e de consultorias; enquanto empreendedores mais experientes, com maior
tempo de incubação e mais confiantes, demandam outros suportes como a expansão das redes de
relacionamento e dos acessos a capitais de risco. Programas de suporte desenvolvidos para
atender as necessidades e desejos específicos de empresários faz aumentar a efetividade do
suporte das incubadoras (CHAN; LAU, 2005).
2.7.18 FCS18: Possibilitar diferentes períodos de incubação de acordo com as
características de cada empresa
As incubadoras devem estar atentas às necessidades de tempo de maturação das residentes
para a sua inserção no mercado oferecendo um ambiente adequado e o tempo necessário para
que os projetos se tornem produtos, negócios e empresas (SERRA et al. 2011). A possibilidade
de oferta de diferentes períodos de incubação, de acordo com as características de cada empresa
é um fator crítico de sucesso.
Para Da Silva, J. M. et al. (2012), estabelece-se no Brasil de forma geral um período de
dois anos como padrão para incubação, não sendo considerado o tipo de empreendimento e suas
59
necessidades. Como apontam Anholon e Silva (2014), a flexibilização dos prazos de incubação
pode proporcionar resultados interessantes como os observados na Incubadora Celta de
Florianópolis. As heterogeneidades dos empreendimentos refletem-se, além de suas diferentes
taxas de crescimento, nas suas idades, tamanhos, origens e propriedades, estando, assim,
colocado um desafio considerável para os formuladores de políticas de incentivo ao
empreendedorismo e para os gestores das incubadoras (SERRA et al. 2011).
2.7.19 FCS19: Existência de serviços de pré e pós-incubação
Muitas incubadoras desenvolvem uma gama de serviços de assessorias de gestão e
tecnológica, infraestrutura, acesso a recursos financeiros, a redes relacionais adequados às
demandas de incubadoras que se encontram, também, em pré-incubação e pós incubação (LEE;
OSTERYOUNG, 2004; CARAYANNIS; VON ZEDTWITZ, 2005; BUYS; MBEWANA, 2007;
MIZIARA; CARVALHO, 2008; FERREIRA, N. M. et al., 2013).
Os serviços de pré-incubação servem para ajudar a consolidar os futuros empreendimentos,
acelerando a maturidade dos empresários, pois as empresas que passam pela pré-incubação
apresentam-se mais preparadas para a incubação, podendo ter o prazo de residência reduzido,
debutando mais precocemente (LAHORGUE, 2008).
Há muito interesse e planos dos gerentes de incubadoras de estabelecerem relações formais
com as empresas graduadas para auferir receitas, prestar serviços, realimentar o processo de
incubação, aproveitar os conhecimentos dos empresários graduados para consultorias ou
mentorias aos incubados, porém esta oportunidade de mercado para as incubadoras não é comum
(LAHORGUE, 2008). Por intermédio da rede de pós-graduação, as empresas podem receber
auxílio para estabelecer parcerias de comercialização; promoção comercial; novos canais de
distribuição; parcerias internacionais mediante missões e encontros e, principalmente,
capacitação gerencial (ARANHA, 2008).
2.7.20 FCS20: Nível do mix de serviços oferecidos pela incubadora às empresas incubadas
Carayannis e Von Zedtwitz (2005), Buys e Mbewana (2007) e Lee e Osteryoung (2004)
realçam a importância crítica do mix de serviços ofertados pela incubadora. Quanto maior este
mix, maior a chance da incubadora suportar suas incubadas. Segundo a literatura, os serviços
básicos deste mix incluem a disponibilidade de espaço a um preço baixo (subsidiado),
compartilhamento de serviços ou facilidades (secretaria, comunicação, energia, água, limpeza e
higiene, segurança, jurídico, contábil, mercadologia, entre outros), suporte de negócios aos
empreendimentos (por meio de consultorias, assessorias e treinamentos) e acesso a rede
60
estabelecida de empreendedorismo e tecnologias (a universidades e instituições de pesquisa, aos
investidores, às instâncias políticas, ao poder público, às entidades da iniciativa privada, a
empreendedores e incubadoras diversos, ao mercado como um todo, entre outros) Tais elementos
são considerados básicos por sua essencialidade à constituição integral dos negócios de uma
incubadora, sendo críticos para a sua operação bem-sucedida (CHAN; LAU, 2005;
SCHWARTZ, 2013).
Incubadoras mais desenvolvidas pensam na oferta de serviços menos evidentes adequados
à necessidade das incubadas, como salientam Maletz e Siedenberg (2007), Da Silva, et al. (2012),
Smilor e Gill (1986), Carayannis e Von Zedtwitz (2005). Muitos destes serviços estão atrelados
a soluções que estimulam investidores anjo, programas e cooperativas de crédito e microcrédito,
financiamentos colaborativos (crowdfunding), subsídios e incentivos fiscais e regulatórios
(GEM, 2015; STARTUPI, 2016).
2.7.21 FCS21: Instalações disponibilizadas pela incubadora
As instalações oferecidas pela incubadora às empresas residentes contribuem
sensivelmente para o sucesso destes empreendimentos, uma vez que possibilitam interações
profissionais para troca de conhecimentos e experiências, estabelecimento de redes e tratativas
comerciais. As instalações podem facilitar a integração e a cooperação entre os
empreendimentos, embora seja essencial a ação gerencial da incubadora para dinamizar os
contatos e consolidar a cultura da colaboração (BUYS e MBEWANA, 2007; XAVIER et al.,
2008).
Os empreendedores sentem-se mais atraídos pelas incubadoras instaladas em áreas
metropolitanas, com mais acesso a recursos materiais, tecnológicos e de serviços e que fornecem
uma cesta mais diversificada de serviços agregados e uma estrutura física convincente
(MALETZ; SIEDENBERG, 2007; SERRA et al., 2010). A tendência crescente de virtualização
de processos de negócios, com a atuação das incubadoras de rede há mais de uma década
(HANSEN et al., 2000), não descaracteriza a singela análise acima, uma vez que o espaço pode
ser considerado em suas dimensões tangíveis, como uma sala, uma bancada e outros objetos
materiais; e, dimensões intangíveis, como canais de comunicação pela internet, computadores
para processamento de dados e espaços em nuvens para o armazenamento de dados e
informações.
61
2.7.22 FCS22: Interação com outras incubadoras
Para Hansen et al. (2000), a interação entre incubadora proporciona benefícios em escala
na medida em que possibilita trocas de conhecimentos, experiências, processos e operações,
captação de recursos, parcerias e aquisições. Um ecossistema empreendedor sadio apresenta
interações entre seus atores para o desenvolvimento de seus negócios (BØLLINGTOFT, 2012,
PILINKIENĖ; MAČIULIS 2014). A interação cria acesso à rede preferencial de instituições,
promove a unidade empresarial e permite economias de escala (HANSEN et al., 2000;
SCILLITOE; CHAKRABARTI, 2010).
2.7.23 FCS23: Desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora
Para Maletz e Siedenberg (2007) a divulgação de uma imagem de sucesso é fundamental
para a incubadora firmar-se como instituição importante em sua comunidade e favorecer a
inserção de suas empresas incubadas ou graduadas no mercado. Para tanto, fazer promoção
mercadológica institucional por meio de folhetos, revistas e catálogos de excelente qualidade,
em que apresentam os serviços oferecidos, as parcerias existentes, a divulgação de palestras e,
principalmente, casos de sucesso fortalece a incubadora em sua comunidade.
A imagem é um fator fundamental para o sucesso da incubadora que deve cuidar de sua
divulgação, promoção e fortalecimento por diversificados e eficazes meios de comunicação
adequados aos seus stakeholders (BUYS; MBEWANA, 2007). Se a incubadora for percebida
pelo mercado como um empreendimento de sucesso, atrairá atenções e recursos disponíveis no
ecossistema (DORNELLAS, 2002). Xavier et al. (2008) e Costa, L. F. S. et al. (2010) afirmam
que a boa imagem da incubadora transfere credibilidade informal de sua qualidade, seriedade e
competência para as suas empresas.
2.7.24 FCS24: Intenso fluxo de informação entre a gerência e as empresas
Lee e Osteryoung (2004) consideram sensível que a incubadora tenha um processo
operacional de tratamento de informações de interesse dos empreendedores, de forma a reunir e
distribuir tais informações seletivamente a cada empresa. A perspectiva de Da Silva, J. M. et al.
(2012) ao considerar a incubadora uma gestora de portfólio de projetos, gestora de um conjunto
de empresas incubadas estruturadas em planos de negócios adequados a cada projeto
dempreendedor, torna evidente a sensibilidade do eficaz fluxo de informações entre gestor e
empreendedores. Miziara e Carvalho (2008) lembram a importância da informação para
empresas que lidam com tecnologia quando, então, os conhecimentos das pessoas envolvidas
precisam ser alimentados initerruptamente de informações atualizadas e seletivas.
62
2.7.25 FCS25: Parceria sólida e transparente entre a mantenedora da incubadora e sua
gerência
A incubadora, quando na condição de dependência de uma instituição mantenedora, deve
ter tal condição formalmente descrita, com o estabelecimento da relações, compromissos,
competências, autoridades e responsabilidades da gerência, o que evidencia a criticidade deste
fator. A instituição mantenedora pode ser, segundo Aranha (2008), “universidades, comunidades,
institutos de pesquisa, empresas, consórcios, organizações governamentais (prefeituras), ou não-
governamentais (ONGs)”. A mantenedora pode viabilizar suporte de pesquisa, ciência e
tecnologia; manter condições adequadas e atualizadas da infraestrutura; ofertar treinamento,
capacitação e rendimentos para funcionários e gestores da incubadora; apoio na promoção de
eventos e promoção mercadológica da incubadora.
A cultura empreendedora da instituição mantenedora é uma condição que favorece a
sinergia da gestão da incubadora. Deste modo, as condições de uma parceria transparente e sólida
entre os gestores da incubadora e a sua mantenedora estariam estabelecidos e promoveriam um
fortalecimento da cultura empreendedora no ambiente de incubação (SMILOR; GILL, 1986;
OLIVEIRA; COSTA, 2007; RIBEIRO; ANDRADE, 2008; CERNE, 2015).
2.7.26 FCS26: Contar com um conselho de orientadores externos atuante
O gerente da incubadora de empresas deve responder para uma congregação formal ou
informal de interessados direta ou indiretamente nos resultados desta entidade promotora de
negócios e de inovação, o que basta para ser necessária uma relação sólida e transparente deste
gerente com tal congregação. A existência de um conselho de orientadores externos atuante, para
Buys e Mbewana (2007), impacta positivamente nos resultados da atuação do gerente da
incubadora. Assim, quando formalmente há uma mantenedora da incubadora, a relação e
comunicação dos integrantes desta, constituídos em um conselho com a gerência, é um fator
crítico de sucesso dos resultados dessa incubadora (SMILOR; GILL, 1986). Espera-se um
intenso fluxo de informações na comunicação entre a gerência e as empresas incubadas (LEE;
OSTERYOUNG, 2004; DA SILVA, J. M. et al., 2012).
2.7.27 FCS27: Estímulo para a participação em redes virtuais de empresas pré-incubadas,
residentes e pós-incubadas
A interligação das empresas da incubadora (pré-incubadas, residentes ou graduadas) e entre
incubadoras, de forma virtual, é uma facilidade da tecnologia da informação que dinamiza as
informações e, por tratar-se de um fluxo de conhecimentos, configura-se como um fator crítico
63
para o sucesso dos negócios (LEE; OSTERYOUNG, 2004; DA SILVA, J. M. et al., 2012). Costa,
L. S. F. S. et al. (2010) apresentam a incubadora como uma rede que agrega indivíduos e
organizações, internos e externos a ela, o que aproxima as empresas pré-incubadas, as residentes
e as graduadas. Dos estudos de Maletz e Siedenberg (2007), ressalta-se que a aproximação virtual
redunda em amadurecimento e conhecimento para as empresas nascentes e renovação e
integração para as graduadas, com a possibilidade de se fomentar palestras, seminários e cursos,
muito além de fronteiras locais e nacionais.
2.7.28 FCS28: Contato com fundos de investimentos para potencializar empresas
incubadas por meio de aportes financeiros
A incubadora deve aconselhar os empreendimentos para que possam fazer uma boa gestão
dos recursos financeiros, essenciais para os negócios. A gestão destes recursos inclui a sua
captação, emprego e resultados do investimento que propiciaram. A incubadora, além da
informalidade dos aconselhamentos, deve facilitar o acesso a habilitados e registrados
consultores e prestadores de serviços profissionais de assessoria financeira e fiscal (SMILOR;
GILL, 1986; MALETZ; SIEDENBERG, 2007). Quanto à captação, conforme Oliveira e Costa
(2007, p. 01) “[...] obter recursos, em muitas ocasiões, torna-se proibitivo e inatingível visto que
os empréstimos são dispendiosos em demasia para o empreendedor iniciante ou pequeno
empresário. Além disso, as garantias bancárias praticadas não condizem com o padrão de posses
do pequeno e futuro empresário, assim como as altas taxas de juros que inibem as iniciativas de
se arriscar em um endividamento no longo prazo”. A falta de financiamento, os desafios do
mercado e questões de regulamentação podem ser barreiras ao crescimento dos
empreendimentos, conforme constatado por Gill e Biger (2012) no Canadá.
Atenção especial, na questão do apoio financeiro, requerem os empreendimentos de
crescimento rápido (high growth firms, HGF, encontradas em todos os setores da economia.),
conforme asseveram Mason e Brown (2013). Cabe às incubadoras promoverem o contato com
fundos de investimentos para potencializar as empresas incubadas por meio dos aportes
financeiros (SMILOR; GILL, 1986; ANDINO, 2005), pois estas apresentam dificuldades de
acesso às referidas fontes de financiamentos.
2.7.29 FCS29: Localização próxima a centros de pesquisas e/ou universidades
A interação da incubadora de empresas com universidades e instituições de pesquisa tem
dado bons resultados, uma vez que permite um intercâmbio de ideias inovadoras e recursos
humanos, materiais e imateriais (BARQUETTE, 2002; MALETZ; SIEDENBERG, 2007;
64
DANSON; BURNETT, 2014). Os empreendimentos vinculados à universidade têm como
característica marcante a vocação tecnológica, uma vez que o ambiente propicia uma vivência
com a inovação oriunda das pesquisas realizadas, apoio à proteção de conhecimentos, acessos
laboratoriais e contatos com a iniciativa privada.
A decisão sobre a incubação de empresas apoiadas às universidades deve levar em contas
condições e ofertas da universidade em um contexto socioeconômico local, considerando as
necessidades de desenvolvimento tecnológico regionais e o impacto das atividades da incubadora
no desenvolvimento da economia de sua região (MOTA, 2010; DA SILVA, J. M. et al., 2012).
Esta mesma visão é corroborada por Bathula et al., 2011.
65
3 MÉTODO DE PESQUISA
3.1 Classificação da pesquisa
Nesta tese, a classificação da pesquisa está fundamentada na literatura que permite localizar
os instrumentos necessários e possíveis para a confirmação ou refutação das questões acadêmicas
propostas.
3.1.1 Classificação da pesquisa descrita por esta tese
Uma vez apresentados os critérios clássicos, a pesquisa descrita por esta tese pode ser
classificada como:
Dedutiva e indutiva. O método indutivo pressupõe a possibilidade de generalizações de
verdades a partir de casos particulares suficientes (GIL, 2010). Além disto, são indutivos os
argumentos que concluem com uma descrição de um acontecimento individual e que trazem
generalizações estatísticas (LAMBERT; BRITTAN, 1972). O método dedutivo, resumidamente,
propõe que o explanandum (o fato explicado) é consequência lógica do explans (as razões que
explicam o fato) e este inclui pelo menos uma lei geral ou premissas verdadeiras. (LAMBERT;
BRITTAN, 1972; LAKATOS; MARCONI, 1991). Na dedução, o raciocínio lógico flui das
premissas consideradas verdadeiras para explicar um fato ou caso particular e apenas este fato
ou caso. No método hipotético-dedutivo, a verdade é apurada em um processo cíclico,
formulando hipóteses, deduzindo proposições e testando as hipóteses para aceitá-las ou refutá-
las. Por fim, o método dialético busca explicar os fatos sociais em uma perspectiva histórica de
contraposição de forças antagônicas (tese e antítese), sendo uma forma de entender os fenômenos
a partir da integração de diferentes esferas contraditórias do real (ZAGO, 2013).
A pesquisa atual parte de premissas colocadas por especialistas que assumem a presunção
de verdade (explanans) e, consequentemente, por meio de deduções, busca-se o explanandum
plausível, uma vez que a decorrência deste está apoiada em algum grau de probabilidade no
explanans. (LAMBERT; BRITTAN, 1972). É importante salientar que o autor desta tese
classifica parte de sua pesquisa como indutiva, ao apoiar-se em tratamento estatístico, mesmo
que a amostragem utilizada é por conveniência ou não probabilística;
Abordagem mista – quantitativa e qualitativa. Quanto às abordagens, na pesquisa
qualitativa, busca-se obter vários tipos de dados, por diferentes caminhos, para que se entenda a
complexidade e dinâmica do fenômeno. Assim, lança-se mão da pesquisa documental, do estudo
de caso e da etnografia, abrangendo pessoas, lugares, processos para que o pesquisador possa
entender a dinâmica dos fenômenos sob a perspectiva de cada participante do processo, em um
66
entendimento do todo integrado (GODOY, 1995). Na pesquisa quantitativa, por sua vez, busca-
se medir e comparar valores para que se chegue a uma medição objetiva e quantificada de
resultados, segundo o crivo de avaliação de confiabilidade (DALFOVO et al., 2008).
Abordagem é quantitativa no que respeita a coleta e o tratamento estatístico dos dados para
a análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso para as
incubadoras de empresa. Para o tratamento das informações constantes dos Estudos de Caso,
aplicou-se uma abordagem qualitativa, buscando-se entender a dinâmica dos fenômenos sob
todas as perspectivas e com o uso de diversificados instrumentos;
Pesquisa bibliográfica, levantamento e estudo de caso. Quanto à estratégia de enfoque,
a pesquisa descrita por esta tese pode ser classificada como pesquisa bibliográfica (revisão da
literatura a fim de gerar o conhecimento necessário), uma vez que é realizada em publicações
relevantes e confiáveis são essenciais para melhor qualificar o estudo em andamento, dando-lhe
consistência de saberes de outros estudiosos quando da tradição de conhecimentos. Para Gil
(2010), a pesquisa bibliográfica tem por base principal os livros e os artigos científicos e,
praticamente, todo tipo de estudo científico conta com esta estratégia de pesquisa; apresenta
levantamento ou survey (coleta de dados por meio de questionário, tabulação e tratamento
estatístico) uma vez que faz-se o questionamento direto de pessoas que fazem parte de um grupo
significativo de indivíduos que apresentem potencialmente condições de responder as questões
importantes do pesquisador. Cuidados devem ser tomados nesta estratégia de pesquisa quanto às
distorções subjetivas; à pouca profundidade no estudo de dados que extrapolam o indivíduo e
ingressam na esfera dos fenômenos sociais; ao caráter estático do levantamento que pode “cegar”
a visão de tendências; além obviamente da adequada seleção estatística da amostra e tratamentos
das informações colhidas (GIL, 2010); e, estudo de caso junto às incubadoras de empresa, uma
vez que realiza-se o estudo aprofundado e detalhado de um ou poucos objetos de pesquisa para
desenvolver um conhecimento vasto e meticuloso. Gil (2010) comenta sobre a crescente
utilização do estudo de casos com diferentes objetivos, dentre eles, a descrição da situação do
contexto da investigação, o desenvolvimento de teorias e formulação de hipóteses e a descrição
de variáveis causais de fenômenos em situações complexas que inviabilizam levantamentos e
experimentos. Seus resultados não servem para generalizações, entretanto, são eficazes para a
obtenção de uma visão global do problema ou da identificação dos possíveis fatores que explicam
o problema (GIL, 2010). Para Yin (2015), um estudo de caso ajuda a entender fenômenos sociais
complexos em uma perspectiva holística e referenciada no mundo real, com o foco em um ou
mais casos específicos.
67
Aplicada. A natureza de uma pesquisa científica é classificada como básica quando voltada
para a geração de novos conhecimentos na exploração de um tema ou aplicada quando busca
oferecer soluções para problemas postos (SILVA; MENEZES, 2001). Quanto à natureza, esta
pesquisa tem caráter aplicado quando visa a explicitar fatores que possam solucionar limitações
no desempenho de incubadoras de empresa, buscando contribuir para soluções de problemas
existentes;
Objetivos mistos: pesquisa exploratória, descritiva e explicativa. Em relação aos
objetivos da pesquisa científica, os mesmos podem ser classificados como exploratórios,
descritivos ou explicativos. A pesquisa exploratória busca desenvolver ideias para a proposição
de hipóteses, a descritiva tem por objetivo representar as características de populações e
fenômenos com profundidade e precisão e a explicativa, por sua vez, busca testar hipóteses (GIL,
2010). Em termos de objetivos, a atual pesquisa pode ser classificada como mista. Será
exploratória no momento em que procurar avaliar as condições do Ecossistema Empreendedor
Brasileiro na visão de profissionais que lidam com incubadoras de empresa; explicativa no
momento em que procura respostas para quais são os Fatores Críticos de Sucesso associados à
gestão das mesmas; e descritiva ao detalhar as características de gestão das incubadoras de
empresa objetos dos Estudos de Caso;
Técnicas mistas: entrevistas semiestruturadas, questionários e pesquisa documental.
Para a coleta de dados, pode-se escolher uma ou mais técnicas, como entrevistas,
questionários/formulários, análise documental, observação (direta ou observação participante)
e/ou simulação. Na survey, por exemplo, aplicam-se as técnicas de interrogação por meio de
entrevistas, questionário e/ou formulário (GIL, 2010).
A entrevista envolve pessoas que, sincronicamente, tomam parte do processo de coleta de
dado; uma parte pergunta e a outra responde (GIL, 2010). Ela pode ser realizada de forma
estruturada, semiestruturada ou desestruturada (YIN, 2015). Na entrevista estruturada, o
entrevistador elabora previamente as questões e estas constituem o roteiro fixo que ele cumprirá
(MARCONI; LAKATOS, 1990 e GIL, 2010). Na entrevista semiestruturada, o entrevistador
utiliza-se de questões pré-elaboradas, porém, tem a liberdade para fazer perguntas oportunas na
dinâmica da entrevista. Por fim, a entrevista desestruturada ou não-estruturada não dispensa um
planejamento, pois o entrevistador prepara um esboço dos pontos a serem abordados
previamente; mas ao provocar os temas (tópicos) informalmente e de modo não dirigido o
pesquisador possibilita que o pesquisado decida a forma de construir a resposta (DE MATTOS,
2005 e GIL, 2010).
68
O questionário é um documento que traz questões para que o pesquisado as responda por
escrito, sem a presença do pesquisador (GIL, 2010). No formulário, o pesquisador elabora as
perguntas em um documento e anota, ele mesmo, as respostas do pesquisado (GIL, 2010). O
preenchimento do documento que contém as perguntas faz a diferença entre um questionário e
um formulário, pois, neste, o pesquisador é quem anota as respostas do pesquisado, enquanto,
naquele, é o próprio pesquisado que responde por escrito e sem a presença do pesquisador
(LAKATOS; MARCONI, 1991; ANDRADE, 1999). Para Gil (2010), o formulário usado para a
coleta de dados coloca-se entre a entrevista e o questionário.
Quando a coleta de dados ocorre por meio de documentos, configura-se uma pesquisa
documental que deve ser estruturada em um planejamento que viabilize a obtenção dos resultados
buscados (YIN, 2015).
Por último, mas não menos importante, a simulação caracteriza-se como uma técnica de
coleta de dados que procura modelar a realidade, reduzindo a interferência do pesquisador e de
outros fatores externos, além de proporcionar rapidez e economia na obtenção dos resultados
(CARMO, E. F., 2011)
Valeu-se, aqui, de entrevistas semiestruturadas nos Estudos de Caso e de questionários
aplicados aos especialistas (Apêndice B), além de pesquisa documental em alguns relatórios de
entidades ligadas ao mundo empreendedor e incubadoras foco de estudo.
Com a Figura 3.1, a seguir, é possível visualizar a classificação comentada.
Figura 3.1 Classificações da presente pesquisa por critérios clássicos. (Fonte: Elaborado pelo
autor).
69
Cabe observar que não se classifica esta pesquisa como pesquisa-ação ou pesquisa
participativa, pois a pesquisa-ação é uma estratégia de pesquisa em que o pesquisador tem
participação ativa no processo coletivo estudado, servindo para entender aspectos de um dado
interesse da práxis política, logo, a ação do pesquisador teoricamente fundamentada, mas
socialmente comprometida, transformando a teoria em um processo histórico dialético
(FRANCO, 2012); e, a pesquisa participativa é uma estratégia de pesquisa que pode se confundir
com a pesquisa-ação, exceto pelo fato da pesquisa-ação ter uma ação planejada, enquanto que a
pesquisa-participante advoga uma ciência popular contraposta a uma ciência dominante. O senso
comum trabalhado pelo investigador cria o conhecimento para grupos de pessoas e para o próprio
pesquisador que atuam em interação cooperativa e participativa (GIL, 2010). Ambas não
contribuem para revelar conhecimentos nesta tese, que não tem natureza essencialmente social
ou política, assim como não se aplica nesta tese a estratégia ex-post facto uma vez que não há
acompanhamento de qualquer variável histórica (LORD, 1973).
3.2 Visão macro das etapas desenvolvidas na pesquisa
O autor desta tese entende que só foi possível estudar os Fatores Críticos de Sucesso para
a gestão das incubadoras de empresa se o Ecossistema Empreendedor Brasileiro apresentar, ao
menos, um desempenho mediano e não possuir deficiências graves na visão de especialistas que
lidam com incubadoras de empresa, o que vem a justificar a sequência das análises, em três
frentes de estudos, a saber: a análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro na visão de
especialistas que lidam com incubadoras de empresa, a análise dos Fatores Críticos de Sucesso
para a gestão destas incubadoras e Estudos de Caso desenvolvidos junto a 12 incubadoras
selecionadas. A Figura 3.2 apresenta a macroestrutura da pesquisa.
70
Figura 3.2 Estrutura da pesquisa. (Fonte: Elaborado pelo autor).
Deste modo, após a revisão da literatura nos temas “incubadoras de empresa”, “ecossistema
empreendedor”, “empreendedorismo” e “fatores críticos de sucesso” para as incubadoras,
estruturou-se dois questionários para serem aplicados (em conjunto) em 100 profissionais
(pesquisadores) diretamente envolvidos com incubadoras de empresa. Um questionário com 24
perguntas sobre as condições para os negócios inovadores no Ecossistema Empreendedor
Brasileiro e outro questionário abordando a avaliação dos respondentes sobre os 29 Fatores
Críticos de Sucesso, importantes para as incubadoras de empresa levantados na literatura
internacional. As respostas sobre o Ecossistema Empreendedor Brasileiro foram tratadas
estatisticamente utilizando-se a Modelagem de Equações Estruturais, com foco na Análise
Fatorial Confirmatória, que permite avaliar se as respostas são consistentes e confiáveis e se o
modelo proposto para este ecossistema brasileiro é viável e, sendo viável, se apresenta condições
para a atividade das incubadoras e dos seus empreendedores. Validado o ecossistema, a Análise
Fatorial Exploratória permite filtrar, dos 29 Fatores Críticos de Sucesso da literatura mundial,
quais aqueles fatores que realmente impactam na gestão das incubadoras nacionais, na visão dos
respondentes. Para confrontar dados da bibliografia e das entrevistas com as condições reais de
campo, realizou-se visitas a 12 incubadoras de empresa de expressão no cenário nacional para
efetuar Estudos de Caso, com ênfase na gestão dos Fatores Críticos de Sucesso mais impactantes.
Cabe salientar que dos 100 profissionais contatados, 74 retornaram com resposta completas e
71
plenamente aproveitáveis. Este roteiro de pesquisa permitiu revelar as respostas das questões
colocadas nesta tese.
3.3 Descrição das etapas desenvolvidas nesta pesquisa da pesquisa
3.3.1 Detalhes sobre revisões da literatura
Segundo Gil (2010), a revisão da literatura proporciona a base teórica para que o
pesquisador possa conduzir sua pesquisa alicerçado em conceitos sólidos, sendo em geral
realizada por meio de consultas a livros e artigos científicos. A revisão da literatura desenvolvida
nesta pesquisa ocorreu em duas frentes distintas, a primeira delas relacionada aos temas
“ecossistemas empreendedores” e “incubadoras de empresa” e, a segunda, relacionada aos temas
“incubadoras de empresa”, “gestão” e “Fatores Críticos de Sucesso ”. Nos dois casos, foram
realizadas varreduras virtuais em diversas bases científicas e fontes de artigos, sendo as mais
recorrentes (acima de quatro consultas): Elsevier, Emerald Insight, Springer, Anprotec,
Proquest, Research Gate e Scielo. Outras 93 fontes de artigos científicos e livros foram
consultados nesta tese, que considerou para análises e redação um total de 184 artigos, conforme
ilustra a Quadro 3.1.
Quadro 3.1 Bases científicas consultadas. (Fonte: Elaborado pelo autor).
Bases de Dados Quantidade de artigos
ELSEVIER 35
EMERALD INSIGHT 23
SPRINGER 10
ANPROTEC 7
PROQUEST 6
RESEARCHGATE 5
SCIELO 5
Outros 93
Total geral 184
Importante salientar que as investigações para a primeira revisão bibliográfica ocorreram
por meio das palavras ‘incubadoras de empresa”, “incubadoras de empresa + Brasil”,
“ecossistema empreendedor”, “ecossistema empreendedor + incubadora de empresas” e
“ecossistema empreendedor + Brasil”. Foi encontrada uma quantidade razoável de artigos
associados ao tema “incubadora de empresa”, mas, quando a varredura passou a adicionar o
termo “ecossistema empreendedor” e “Brasil” o número de artigos caiu significativamente.
72
Para a segunda revisão bibliográfica, associada aos Fatores Críticos de Sucesso das
incubadoras foram utilizadas as palavras “incubadoras de empresa”, “Fatores Críticos de Sucesso
”, “Fatores Críticos de Sucesso + incubadoras”, “desempenho + incubadoras” e “incubadoras +
gestão”. Para ambas as revisões, as varreduras foram realizadas em português e inglês.
Todos os trabalhos foram segregados segundo seus objetivos e métodos utilizados e, na
sequência, foram analisados. Em relevo, ainda, a informação de que foi realizada uma varredura
em artigos associados às técnicas estatísticas utilizadas, a saber: modelagem de equações
estruturais e análise fatorial exploratória.
Da literatura utilizada nesta pesquisa 72,2%, em um total de 135 publicações, têm menos
de 10 anos, como ilustra a Figura 3.3.
Figura 3.3 Idade das publicações. (Fonte: Elaborado pelo autor).
A revisão da literatura contou com 98 trabalhos científicos publicados entre 2011 e 2017.
Os 58 artigos, brasileiro, estrangeiros e de parcerias internacionais, consultados nos últimos 3
anos representam mais de 30% do total da bibliografia trabalhada, A Figura 3.4 ilustra o perfil
de idade das publicações consultadas, deixando claro que o foco temático desta tese tem grande
interesse a atualidade nacional e internacional. As publicações mais antigas são referências
básicas, principalmente, na temática estatística.
73
Figura 3.4 Distribuição anual das publicações. (Fonte: Elaborado pelo autor).
Os conteúdos dos trabalhos científicos consultados foram publicados pelos seguintes
meios: artigos (144), livros (19), sites institucionais (14) e dissertações ou teses (10), como
mostra a Figura 3.5. A predominância de artigos publicados visa a conferir a esta tese um
embasamento de conhecimentos previamente avaliados e aprovados pela comunidade científica.
Figura 3.5 Meios consultados. (Fonte: Elaborado pelo autor).
A Figura 3.6 apresenta a distribuição temática das consultas, mostrando a predominância
dos temas (quantidade e percentual) “incubadoras de empresa” e “ecossistema empreendedor”,
seguido pela importância metodológica que o assunto exige, acompanhado pelos temas
essenciais ao escopo desta tese: “empreendedorismo” e “Fatores Críticos de Sucesso ”.
74
Figura 3.6 Distribuição temática. (Fonte: Elaborado pelo autor).
Por fim, a Figura 3.7 mostra a distribuição geográfica, ou a origem, dos artigos consultados
nesta tese. É significativa a produção originada no Brasil, nos Estados Unidos e por meio das
parcerias internacionais de pesquisadores. A Figura 3.7 apresenta os países que propiciaram 5 ou
mais referências para esta tese, sendo que outras 41 referências provieram de 21 países diferentes
(Outros) dos indicados a seguir.
Figura 3.7 Distribuição geográfica dos artigos. (Fonte: Elaborado pelo autor).
75
3.3.2 Estruturação dos questionários de pesquisa, seleção da amostra e coleta de dados
Conforme pode ser visualizado pela Figura 3.2, os questionários (Apêndice B) foram
utilizados em dois momentos da pesquisa, primeiro para coletar dados acerca do Ecossistema
Empreendedor Brasileiro na visão de profissionais que lidam com incubadoras de empresa e,
posteriormente, para coletar dados relacionados aos Fatores Críticos de Sucesso na gestão das
mesmas. Descreve-se, a seguir, para cada um dos casos como ocorreu a estruturação do
questionário, a coleta de dados e o tratamento estatístico das informações.
a) Análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro
O questionário utilizado para a análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro (Apêndice
B) tomou por base o modelo proposto por Bitencourt et al. (2014). Conforme já destacado no
Capítulo 2 desta tese, o referido modelo apresenta seis construtos e cada construto quatro
variáveis, de forma que o questionário final acabou sendo constituído por 24 questões. O Quadro
3.2 apresenta os construtos e variáveis utilizados na estruturação do questionário. Salienta-se
ainda que, neste mesmo quadro, são apresentadas as siglas a serem utilizadas na Modelagem de
Equações Estruturais (MEE).
Quadro 3.2 Variáveis utilizadas na estruturação do questionário – Parte 1 e na MEE
(adaptado de Bitencourt et al., 2014)
Construto Variável Descrição
Apoio
A_1 Apoio de maneira ampla à prática empreendedora no Brasil.
A_2 Auxílio à rede de incubadoras e APLs existentes no Brasil.
A_3 Infraestrutura oferecida no Brasil aos novos empreendedores de modo geral.
A_4 Apoio jurídico e especializado oferecidos aos empreendedores de modo geral.
Cultura
C_1 Estímulo a inovação criatividade e experimentação atrelados à cultura
C_2 Tolerância ao erro e ao fracasso por parte do empreendedor.
C_3 Status social que é dado ao empreendedor pela sociedade.
C_4 Difusão de casos de sucessos e reconhecimentos por parte da sociedade.
Finanças
F_1 Oferta de microcrédito para empresas já formalizadas.
F_2 Oferta de capital para empresas iniciantes (empresas em fase de implantação).
F_3 Desenvolvimento dos fundos de investimentos em comparação a outros países.
F_4 Desenvolvimento do mercado de capitais tendo como foco empreendimentos
nascentes.
76
Governo
G_1 Incentivos e legislação atrelados ao empreendedorismo.
G_2 Apoio financeiro por meio de seed money.
G_3 Desenvolvimento de instituições de pesquisas.
G_4 Políticas voltadas para o empreendedorismo.
Capital
Humano
H_1 Formação profissional e acadêmica no Brasil
H_2 Treinamentos oferecidos para o empreendedor de modo geral.
H_3 Qualificação da força de trabalho de modo geral.
H_4 Políticas para a criação de empreendedores em série.
Mercado
M_1 Crescimento da economia brasileira.
M_2 Contribuição de companhias multinacionais ao desenvolvimento do
empreendedorismo.
M_3 Diversificação e regionalização da economia brasileira.
M_4 Criação de novos mercados.
Para cada variável que deu origem à pergunta do questionário, o entrevistado deveria
avaliar, dentro de uma escala de 1 a 10, o nível de maturidade de cada item, entendido tal nível
como o grau de presença ou de disponibilidade do item questionado no Ecossistema
Empreendedor Brasileiro, tomando-se por base os vínculos deste ecossistema com as
incubadoras de empresa. Nos extremos, a nota 1 referencia-se à inexistência da prática ou
maturidade baixíssima e a nota 10 referencia-se à maturidade plena. Uma vez estruturado o
questionário, o mesmo foi submetido a um pré-teste junto a dois gerentes de incubadoras para
identificar erros e corrigir os mesmos antes de sua aplicação. É importante salientar ainda que,
no Brasil, toda pesquisa envolvendo seres humanos, mesmo que seja em caráter de opinião, deve
ser submetida a um Comitê de Ética em Pesquisa, segundo Resolução no. 466 do Ministério da
Saúde e, assim, foi feito.
Foi preparado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A), explicando
os pormenores da pesquisa e o questionário (Apêndice B) foi aprovado para a coleta de dados
com a concessão do Certificado de Apresentação para Apresentação Ética CAAE no.
51730915.0.0000.5404. A fim de facilitar a coleta de dados, foi utilizada a ferramenta Google
Forms.
Em relação à amostra, o autor optou por amostragem por julgamento ou conveniência. Este
tipo de amostra, segundo Selltiz et al. (1987), é utilizada quando o pesquisador por meio de um
bom julgamento e estratégia adequada escolhe os casos que ele acredita serem necessários para
que a amostra atenda às necessidades da pesquisa, usualmente, aqueles definidos como típicos
da população. A amostra por julgamento é uma forma de amostra por conveniência em que o
77
julgamento do pesquisador é usado para selecionar os elementos de amostra (HAIR et al., 2009
e PINTO, 2013).
Foram selecionados 100 profissionais com formação em nível superior e que atuam com
incubadoras de empresa, destacando-se o fato de todos eles possuírem ao menos um artigo
publicado no principal evento relacionado ao tema no Brasil e desenvolvido pela Anprotec.
Destes 100 profissionais contatados, 74 responderam à pesquisa que ficou à disposição dos
entrevistados por três meses. As Figuras 3.8 e 3.9 apresentam características dos profissionais
participantes da pesquisa.
Figura 3.8 Caracterização da amostra em função da atuação do profissional. (Fonte: Elaborado
pelo autor).
Figura 3.9 Caracterização da amostra em função da formação do profissional. (Fonte:
Elaborado pelo autor).
Uma vez findada a coleta, os dados foram tabulados em formato de ponto e vírgula (csv),
sendo, inicialmente, realizada a análise descritiva para as médias e desvios padrões. O software
selecionado para a realização da Modelagem de Equações Estruturais (MEE) foi o SmartPLS
78
2.0.1 Segundo Klem (1995) e Tenenhaus et al.(2005), a MEE é uma abordagem estatística para
testar hipóteses a respeito das relações entre variáveis latentes (constructos) e observadas. A
MEE pode ser vista como extensão da regressão múltipla quando se considera que, na aplicação
da regressão, o pesquisador está interessado em prever uma única variável dependente, enquanto,
na MEE, há mais de uma variável dependente. (MARUYAMA, 1997). Ela pode ser desenvolvida
por meio de duas técnicas: o método dos mínimos quadrados parciais (PLS-SEM, baseado na
variância dos fatores) e o método baseado na covariância CB-SEM (HAIR et al., 2016). A
presente pesquisa, utilizou-se a PLS-SEM com o intuito de ponderar o modelo proposto. Na MEE
foi utilizada a técnica da Análise Fatorial Confirmatória de segunda ordem – para a confirmação
do agrupamento de variáveis e validação da escala dos constructos, conforme recomendam De
Souza, C. C. M. et al. (2014).
A fim de facilitar a MEE bem como a apresentação dos resultados, foram definidas dez
etapas tomando por base as considerações propostas por Hair et al. (2016) e Ringle et al. (2014).
Esta mesma sequência será utilizada na descrição dos resultados.
Etapa 1) Definição do modelo estrutural inicial, atendendo às hipóteses da pesquisa acerca
das relações constructos e variáveis. Deve-se definir o modelo e a relação entre suas variáveis.
Etapa 2) Cálculo do tamanho da amostra mínima a ser utilizada baseado no modelo
estrutural proposto utilizando o software G*Power2. Para tal, Hair et al. (2009) recomenda 80%
para o poder do teste e tamanho de efeito mediano em 15%.
Etapa 3) Validação do modelo proposto e aplicação do método dos mínimos quadrados
parciais (PLS). Uma vez carregado os dados no formato cvs, o software analisará sua validade.
Em caso positivo de validade, roda-se o algoritmo PLS. Seguindo recomendações de Ringle et
al. (2014), os seguintes parâmetros foram escolhidos: “Path Weighting Scheme”, defaut do
modelo: variância 0 e desvio padrão = 1; número máximo de rotações para convergir o modelo
= 300; critério de parada dos cálculos = 0,00001. Desta análise, resultará um relatório com
diversos resultados estatísticos que serão analisados nas etapas subsequentes.
1 Ringle, C. M., Wende, S., Becker, J. –M. SmartPLS. Boenningstedt: SmartPLS GmbH, Disponível em
<http:/www.smartpls.com>. Acesso em 04 de dezembro de 2014. 2 Faul, F., Erdfelder, E., Lang, A.-G., Buchner, A. G*Power3: A flexible statistical power analysis program for the
social, behaviorial, and biomedical sciences. Behavior Research Methods, 39, 175-191, 2007.
79
Etapa 4) Medição das validades convergentes por meio da análise das variâncias médias
extraídas (Average Variance Extracted – AVE), que é a variância nas variáveis observadas que
é explicada pelo constructo latente (MALHOTRA, 2012), expressa matematicamente por:
AVE = ∑ 𝜆𝑖
2𝑝𝑖=1
∑ 𝜆𝑖2𝑝
𝑖=1 +∑ 𝛿𝑖𝑝𝑖=1
(3.1)
onde:
λ é a carga fatorial completamente padronizada;
δ é a variância de erro;
p é o número de variáveis observadas;
Seguindo-se as recomendações de Ringle et al. (2014), utiliza-se o critério de Fornell e
Larcker (1981), segundo o qual para cada constructo a AVE deve ser maior que 0,50. A AVE
pode ser entendida como parte dos dados que é explicada por cada constructo na visão das
variáveis. Se todas as AVEs são maiores que 0,5, o modelo é satisfatório. Caso contrário, se
algum constructo apresentar AVE menor que 0,5, variáveis com menor poder de explicação
devem ser retiradas do constructo e o algoritmo rodado novamente até que se alcance a validade
convergente. Neste caso, novos resultados serão gerados.
Etapa 5) Verificação das consistências internas por meio do Alfa de Cronbach (AC ou 𝛼),
conforme Cronbach e Meehl (1955) e da Confiabilidade Composta (CC). Estes dois parâmetros
são utilizados para verificar se a amostra está livre de vieses e se seus dados são confiáveis. Para
Hair et al. (2016), valores acima de 0,60 para a AC e acima de 0,70 para CC são considerados
satisfatórios. É importante salientar, entretanto, que Ringle et al. (2014) consideram a CC mais
adequada para a MEE.
O coeficiente Alfa de Cronbach é dado pela seguinte equação (3.2):
𝐴𝐶 = (𝑘
𝑘−1) ∗ (1 −
∑ 𝑆𝑖2𝑘
𝑖=1
𝑆𝑡2 ) (3.2)
80
Sendo: k corresponde ao número de perguntas do questionário, 𝑆𝑖2 corresponde à variância
das respostas de cada questão e 𝑆𝑡2 corresponde à variância total do questionário, determinada
como a soma de todas as variâncias.
A Confiabilidade Composta é calculada pela equação 3 (MALHOTRA, 2012):
CC = (∑ 𝜆𝑖
𝑝𝑖=1 )2
(∑ 𝜆𝑖𝑝𝑖=1 )2+(∑ 𝛿
𝑝𝑖=1 )
(3.3)
onde:
λ é a carga fatorial completamente padronizada;
δ é a variância de erro;
p é o número de variáveis observadas;
Etapa 6) Avaliação da validade discriminante. Ela pode ser entendida como indicador de
que os constructos são independentes um dos outros e as variáveis encontram-se localizadas no
constructo adequado. Ringle et al. (2014) apresentam alguns critérios, dentro os quais os autores
deste artigo selecionaram o critério de Chin (1998 apud RINGLE et al., 2014, p. 63), para cargas
cruzadas. Segundo este critério, as cargas fatoriais de cada variável devem se mostrar mais altas
em seus constructos no que dos demais. Com esta análise, terminam-se os ajustes do modelo de
mensuração.
Etapa 7) Avaliação dos coeficientes de determinação de Pearson (R) que indica a
intensidade da associação linear de variáveis ou a qualidade do modelo ajustado e R2 mede a
proporção da variação em uma variável que é explicada pela outra (MALHOTRA, 2012):
R2 = 𝑉𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎
𝑉𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (3.4)
Se R = 0 indica que não há relação linear entre as variáveis estudadas, latentes e observadas.
Nesta etapa, inicia-se a análise do modelo estrutural e, para tal, utiliza-se coeficientes de
determinação de Pearson que indica a qualidade do modelo ajustado. Cohen (1998) sugere que
R2=2% seja classificado como efeito pequeno, R2=13% como efeito médio e R2=26% como
efeito grande para a área de ciências administrativas.
81
Etapa 8) Avaliação das correlações e regressões lineares para níveis de p-valores ≤ 0,05.
Neste caso, a lógica é verificar se é possível utilizar regressão linear e correlação na MEE. Assim,
deve-se interpretar que para os graus de liberdade elevados, valores acima de 1,96 correspondem
a p-valores ≤ 0,05, deixando claro que em menos de 5% dos casos as correlações e regressões
lineares não podem ser utilizadas. Para realizar essa análise, procede-se com uma técnica de
reamostragem, uma reposição aleatória de um conjunto de dados, denominada Bootstrapping.
Os parâmetros utilizados no software foram os recomendados por Hair et al. (2016): Missing
Value Algorithm: Casewise Replacement, Número de sujeitos da sua amostra (74 para esta tese)
e em Samples (reamostragem): 500.
Etapa 9) Avaliação dos parâmetros de Relevância ou Validade Preditiva (Q2) e Indicador
de Cohen (f2). Estes dois parâmetros estão relacionados à qualidade do ajuste do modelo segundo
Ringle et al. (2014). O Q2 é obtido por meio da análise da redundância geral e avalia o quanto o
modelo se aproxima do que se esperava dele, devendo possuir valores acima de zero (Q2 > 0),
segundo Hair et al (2016). Já o indicador de Cohen (f2) é obtido pela análise das comunalidades
e explica o quanto cada constructo é útil para o ajuste do modelo. Ambos são calculados por meio
do módulo Blindfolding no SmartPLS 2.0. Para a área das ciências administrativas, Hair et al
(2016) considera valores adequados de f2 acima de 0,15.
Etapa 10) Indicador de ajuste geral do modelo GoF (Goodness of Fit). Segundo Ringle et
al. (2014), Tenenhuaus et al. (2005) propuseram um índice de adequação do modelo que é dado
pela média geométrica entre o R2 médio e a média ponderada das AVE em função do número de
variáveis presentes em cada constructo. Para este indicador, Wetzels et al. (2009) recomendam
valores acima de 0,36 como adequado para as áreas de ciências sociais e do comportamento
(gestão e administração).
Na próxima página, o Quadro 3.3 sintetiza as informações anteriormente apresentadas.
82
Quadro 3.3 Etapas para a Modelagem de Equações Estruturais. (Fonte: Elaborado pelo
autor tomando por base Ringle et al., 2014)
83
b) Análise dos Fatores Críticos de Sucesso para a gestão das incubadoras
O questionário utilizado (Apêndice B), nesta segunda, parte foi estruturado a partir de 29
Fatores Críticos de Sucesso levantados na literatura científica. Os Fatores Críticos de Sucesso
podem ser entendidos como as técnicas que resultam no êxito dos propósitos desenhados pela
incubadora (VOISEY et al., 2006; PADRÃO, 2011)
Da mesma forma como apresentado anteriormente e seguindo as recomendações de Gil
(2010), o questionário foi submetido a um pré-teste junto a três docentes da Faculdade de
Engenharia Mecânica da Unicamp com o intuito de verificar possibilidades de melhorias.
Também, foi solicitada a autorização para execução da pesquisa junto ao Comitê de Ética em
Pesquisas da Unicamp, sendo concedida autorização pelo certificado CAAE anteriormente
apresentado. O Quadro 3.4 mostra os 29 Fatores Críticos de Sucesso que deram base ao
questionário, sendo que as suas respectivas referências foram apresentadas no Quadro 2.6 da
revisão da literatura. É importante salientar que as siglas apresentadas para cada Fator Crítico de
Sucesso serão utilizadas na descrição dos resultados do Capítulo 4.
Quadro 3.4 Fatores Críticos de Sucesso utilizados na estruturação do questionário – Parte 2.
(Fonte: Elaborado pelo autor)
Fatores Críticos de Sucesso (FCS) utilizados na estruturação do questionário –
Parte 2
FCS1: Existência de políticas claras por parte da incubadora.
FCS2: Existência de metas bem definidas a serem alcançadas pelas incubadoras.
FCS3: Conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde a incubadora está
inserida.
FCS4: Reserva de vagas para empresas com projetos correlatos às necessidades da região onde a
incubadora está instalada.
FCS5: Análise da contribuição do impacto das atividades da incubadora na região onde está inserida.
FCS6: Eficiente processo de seleção dos candidatos a incubados.
FCS7: Suporte da comunidade nas atividades desenvolvidas pela incubadora.
FCS8: Ensino e difusão do empreendedorismo por parte da incubadora.
FCS 9: Acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora.
FCS10: Sustentabilidade financeira da Incubadora.
FCS11: Integrar rede estabelecida de empreendedorismo no estado onde a incubadora atua.
FCS12: Gerente capacitado e com experiência focada na gestão de incubadoras.
84
FCS13: Equipe de gestão dinâmica e qualificada.
FCS14: Existência de atividades que estimulam a criatividade e a integração das empresas incubadas.
FCS15: Avaliações periódicas realizadas pela gerência sobre o desempenho das incubadas.
FCS16: Desenvolvimento de parcerias internacionais.
FCS17: Oferecimento de consultorias focadas nas necessidades de cada empresa incubada.
FCS18: Possibilitar diferentes períodos de incubação de acordo com as características de cada empresa.
FCS19: Existência de serviços de pré e pós-incubação.
FCS20: Nível do mix de serviços oferecidos pela incubadora às empresas incubadas.
FCS21: Instalações disponibilizadas pela incubadora.
FCS22: Interação com outras incubadoras.
FCS23: Desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora
FCS24: Intenso fluxo de informação entre a gerência e as empresas incubadas.
FCS25: Parceria sólida e transparente entre a(s) mantenedora(s) da incubadora e sua gerência.
FCS26: Contar com um conselho de orientadores externos atuante.
FCS27: Estímulo para a participação em redes virtuais de empresas pré-incubadas, residentes e pós-
incubadas.
FCS28: Contato com fundos de investimentos para potencializar empresas incubadas por meio de aportes
financeiros.
FCS29: Localização próxima a centros de pesquisas e ou universidades.
Para cada Fator Crítico de Sucesso, os profissionais selecionados deveriam atribuir uma
nota variando de 1 a 10 segundo a importância do mesmo para a gestão das incubadoras de
empresa. Nos extremos, a nota 1 faz referência a um fator que não é crítico para o processo de
incubação de empresas e a 10 faz referência a um fator extremamente crítico para o processo de
incubação de empresa.
A amostra para este segundo questionário correspondeu aos mesmos 74 profissionais que
responderam a primeira pesquisa, não sendo necessário, portanto estabelecer novamente
considerações acerca do perfil da amostra. Este segundo questionário ficou à disposição dos
participantes por três meses e, também, utilizou a plataforma do Google forms. Uma vez
tabulados os dados coletados, procedeu-se o tratamento estatístico dos mesmos calculando-se o
coeficiente de Alfa de Cronbach e realizando-se a Análise Fatorial Exploratória.
Coerência interna dos dados: segundo Almeida et al. (2010), o coeficiente de Alfa de
Cronbach (α) pode ser utilizado para verificar a confiabilidade interna dos dados e se os mesmos
se encontram livres de vieses. Para estudos acadêmicos, como o realizado nesta tese, Hair et al.
85
(2016) recomendam valores do coeficiente superiores a 0,60 em um intervalo variando de zero a
um.
O cálculo do coeficiente de Alfa de Cronbach foi realizado por meio do software SPSS 22.3
Malhotra (2012) afirma que valores acima de 0,60 representam coerência interna satisfatória dos
dados, embora deva-se cuidar para não incluir na amostra itens redundantes, pois acrescentariam
valor ao indevido ao coeficiente.
Redução dos Fatores Críticos de Sucesso: A Análise Fatorial Exploratória (AFE), por
sua vez, pode ser entendida com uma técnica para redução do número de variáveis que descrevem
um fenômeno. Esta técnica, também, permite verificar como as variáveis alocam-se dentro de
fatores e quais deles conseguem explicar a maior parte das variâncias observadas. Para Malhotra
(2012), a análise fatorial permite olhar para grupos de variáveis que tendem a ser correlacionadas
uma a outra e identificar dimensões subjacentes que explicam estas correlações. Nesta tese de
doutorado, em especial, a AFE foi utilizada com o intuito de tentar reduzir o grande número de
Fatores Críticos de Sucesso levantados junto à literatura (29 incialmente), proporcionando um
estudo mais focado sobre os Fatores Críticos de Sucesso realmente importantes para a gestão das
incubadoras de empresa.
Assim, como ocorreu no caso da modelagem por equações estruturais, o autor desta tese
estruturou 8 etapas por meio das quais descreve como a redução do número de Fatores Críticos
de Sucesso foi realizada. Estas etapas tomaram por base diferentes autores e critérios
mencionados a seguir. Salienta-se, desde já, que a redução do número de Fatores Críticos de
Sucesso dá-se com a realização das sete primeiras etapas, sendo a oitava dedicada à apresentação
dos Fatores Críticos de Sucesso resultantes. Todos as análises foram realizadas por meio do
software SPSS 22.
Etapa 1: escolha do método de análise fatorial e de rotação: para a realização da AFE,
o autor desta produção acadêmica escolheu o método de extração das componentes principais e
o método de rotação ortogonal varimax, pois conforme Hair et al. (2016), estes demonstram-se
adequados para o tipo de estudo realizado. Malhotra (2012) afirma que o método de extração,
por meio da análise de componentes principais, leva em conta a variância total dos dados ao
contrário da análise de fator comum. O método de rotação ortagonal varimax, por sua vez,
minimiza o número de variáveis que tem cargas fatoriais elevadas em cada fator, isto é, cada
variável é associada a um único fator e pouco com os outros.
3 IBM SPSS Statistics. Disponível em < http://www-03.ibm.com/software/products/pt/spss-stats-base/>. Acesso
em 04 de dezembro de 2014.
86
Etapa 2: análise do índice de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) para toda a amostra.
Segundo Cajazeiras et al. (2007), este índice está relacionado à adequação de amostragem e deve
apresentar valor mínimo superior a 0,5. Pereira (2001) e Fávero et al. (2009) propõem uma escala
para o índice KMO, que se relaciona à qualidade dos resultados obtidos. Esta escala indica: 1,00-
0,90 (Muito Bom); 0,90-0,80 (Bom); 0,80-0,70 (Médio); 0,70-0,60 (Razoável); 0,60-0,50 (Má);
< 0,50 (inaceitável e a AFE não pode ser utilizada), conforme organiza o Quadro 3.5 abaixo:.
Quadro 3.5 Escala para o índice KMO. (Fonte: Fávero et al, 2009)
Índice KMO Análise Fatorial
1,00 – 0,90 Muito bom
0,90 – 0,80 Bom
0,80-0,70 Médio
0,70-0,60 Razoável
0,60-0,50 Má
Abaixo de 0,50 Inaceitável e a AFE não
pode ser utilizada
É importante salientar neste momento que alguns autores recomendam que a amostra a ser
utilizada em um estudo de AFE deve ser da ordem de 1 para 5 na relação variável-respondente,
embora isto não necessariamente garanta a qualidade dos dados. Ao contrário, o teste KMO para
toda amostra garante tamanho adequado ao estudo.
Etapa 3: análise do teste de Esfericidade de Bartlett. Este teste é baseado na distribuição
estatística de qui-quadradro do determinante da matriz de correlação. Segundo Pereira (2001),
ele testa a hipótese nula de que as variáveis não estão correlacionadas na população, a matriz de
correlações da população é a matriz identidade (na qual todos os termos da diagonal principal
são iguais a 1 e os restantes iguais a zero). De forma resumida, Fávero et al. (2009) e Malhotra
(2012) menciona que tal teste verifica se todas as correlações dentro da matriz de correlações são
significativas, ou seja, que as variáveis apresentem correlações. Caso a hipótese nula seja
rejeitada, a AFE pode ser realizada. Valores altos para esta estatística de teste de Esfericidade de
Bartlett permite a rejeição da hipótese nula.
Etapa 4: análise do índice KMO para cada variável na matriz anti-imagem de
correlação. A matriz anti-imagem de correlação é a matriz das correlações parciais, após a
análise dos fatores. A verificação da diagonal da matriz anti-imagem leva à remoção de variáveis
da amostra por insuficiência e a uma nova análise fatorial. Para Cajazeiras et al. (2007) as
87
variáveis que apresentarem KMO inferior a 0,5 não podem ser utilizadas no estudo, devendo as
mesmas serem eliminadas e o estudo da AFE realizado novamente. Ao contrário, os índices
KMO acima de 0,5 demonstram a adequação de cada variável para ao estudo da AFE. Ao
realizar-se este procedimento, observa-se que o índice geral KMO para a amostra como um todo
tende a aumentar.
Etapa 5: análise das comunalidades. Uma vez que a análise fatorial assemelha-se à
análise de regressão múltipla, quando cada variável é a combinação linear de fatores subjacentes,
a quantidade de variância que uma variável compartilha com todas as outras variáveis da análise
é chamada de comunalidade. Logo, segundo Malhotra (2012, p. 479), a comunalidade representa
a “porção da variância que uma variável compartilha com todas as outras variáveis consideradas.
É, também, a proporção de variância explicada pelos fatores comuns”. Para Cajazeiras et al.
(2007) as comunalidades observadas para cada variável (método de extração por análise de
componente principal) devem ser superiores a 0,5. Caso isto não seja observado, deve-se eliminar
a variável do estudo e a AFE refeita.
Etapa 6: análise dos componentes principais gerados. Segundo Hair et al. (2009), o
modelo fatorial gerado deve explicar ao menos 60% das variâncias para os fatores que
apresentam autovalores superiores a 1,0 (critério de normalização de Kaiser). Caso isto não
ocorra, o estudo da AFE apresenta baixa validade.
Etapa 7: seleção das variáveis mais influentes em cada fator. Por meio da matriz de
componente rotativa é possível observar as cargas fatoriais de cada variável. A carga fatorial
pode ser entendida como a correlação simples entre as variáveis e os fatores, segundo Malhotra
(2012). Para a pesquisa descrita por esta tese, em especial, solicitou-se que o software
apresentasse apenas as correlações superiores a 0,6, uma vez que o tamanho da amostra de 74
respondentes é adequado para a significância (HAIR et al., 2009), sendo este o critério utilizado
para definir as variáveis mais influentes para o estudo. A inclusão ou a exclusão da variável será
o nível de associação entre a variável e o fator extraído, sinalizado pelo valor da comunalidade.
Deve-se utilizar as variáveis com cargas fatoriais mais expressivas em cada fator para proceder
com sua nomeação. Os resultados desta etapa possibilitam a interpretação e nomeação dos
fatores. Para a nomeação dos fatores requer-se conhecimento, experiência e habilidade do
pesquisador.
88
Etapa 8: apresentação das variáveis selecionadas por meio das médias conferidas
pelos profissionais participantes da pesquisa. Uma vez realizada a redução do número de
variáveis a serem estudadas, estas foram apresentadas com o cuidado de terem, todas elas, notas
acima da média de importância na gestão das incubadoras de empresa.
O Quadro 3.6, a seguir, sintetiza as etapas para a realização da Análise Fatorial
Exploratória.
89
Quadro 3.6 Etapas para a realização da Análise Fatorial Exploratória. (Fonte: Elaborado pelo
autor).
90
3.3.3 Estudos de Caso
Os 12 Estudos de Caso apresentados de forma codificada neste trabalho têm finalidade
exploratória e comparativa. A escolha das incubadoras (amostra) foi não probabilística por
julgamento, considerando-se esta uma estratégia adequada e conveniente, (SELLTIZ et al., 1987;
HAIR et al., 2009; PINTO, 2013), por ser tratar de casos típicos da população de incubadoras de
base tecnológica de sucesso no Brasil, sendo que o estudo de caso tem como essência tentar
explicar o porquê da tomada de certas decisões, de que forma foram implantadas e que resultados
afloraram, não obstante cuidar para que o julgamento (interpretação dos fatos) seja objetivo,
iluminado pela literatura científica e pela evidência dos fatos (Yin, 2015). As incubadoras
escolhidas para este estudo encontram-se na região Sul e Sudeste e são representativas de uma
realidade de mercado competitivo, abrangendo mais de 7% do PIB brasileiro, considerados
apenas os municípios de residência dessas organizações (IBGE, 2016).
Os dados e informações foram coletados em entrevistas semiestruturadas, realizadas
diretamente com os gerentes de incubadoras de empresa, tomando por base os Fatores Críticos
de Sucesso validados na AFE. As entrevistas foram precedidas de uma pesquisa para levantar
informações publicadas acerca da incubadora, no sentido de orientar e focalizar a exploração dos
dados e informações relevantes sobre o modelo de gestão praticado. Deste modo, buscou-se
aproveitar da metodologia de estudo caso em sua flexibilidade de planejamento, sua
multiplicidade no tratamento de dimensões de um problema e de sua capacidade de aprofundar
o entendimento dos processos e das relações entre eles; com o cuidado de evitar os equívocos da
generalização dos resultados obtidos, conforme alerta Ventura (2007).
Buscou-se compreender em que medida os sucessos de cada incubadora pode ser
justificado pela maior ou menor atenção e aproveitamento de Fatores Críticos de Sucesso
apontados pelo estudo estatístico. Ao final das descrições dos Estudos de Caso, sintetizou-se
todas as informações levantadas por meio quadros que correlacionam a presença observada no
survey de cada Fator Crítico de Sucesso com a incubadora em questão. Nestes quadros, que tem
a finalidade de unicamente propiciar uma comparação e contraste de situação entre as
incubadoras, os Fatores Críticos de Sucesso foram classificados segundo o grau de observância
por estas entidades, da seguinte forma: altíssima observância (grau 3): forte atenção, presença ou
cultivo do fator pela incubadora; alta observância (grau 2): presença significativa do fator; média
observância (grau 2): atenção média da incubadora ao fator; observância baixa ou inexistente
(grau 1): pouca ou inexistente atenção ao fator na incubadora. Os impactos da ausência ou menor
91
atenção a algum Fator Crítico de Sucesso em uma determinada incubadora de empresa
necessitam ser avaliados com muito cuidado e não são tratados nesta pesquisa.
3.3.4 Análise dos resultados e debates
Uma vez obtidos os resultados decorrentes da MEE, foi possível estruturar o modelo final
para o Ecossistema Empreendedor Brasileiro na visão dos profissionais que lidam com as
incubadoras de empresa. Tomando-se por base os coeficientes de caminho definidos para cada
relação entre variável/construto e construto/ecossistema e as médias para cada variável, foi
possível avaliar cada construto e chegar-se a uma avaliação global.
Para os Fatores Críticos de Sucesso, a Análise Fatorial Exploratória permitiu uma redução
do número de variáveis. Os Fatores Críticos de Sucesso mais relevantes que emergiram das
entrevistas foram confrontados com a literatura para pacificar qualquer possível discordância de
ênfases ou importâncias, sendo possível apontar para as especificidades da realidade das
incubadoras brasileiras.
Utilizando-se a metodologia de Estudos de Caso, associou-se o sucesso efetivo de cada
incubadora em particular e de um quadro coletivo do universo de incubadoras delimitado, com a
atenção da administração da incubadora ao aproveitamento de cada fator relevante, visto como
oportunidade ou recurso a ser desenvolvido, e considerado crítico para encaminhar tal sucesso,
possibilitou-se a proposição de um debate sobre a gestão de uma incubadora brasileira como
determinante principal do seu sucesso.
92
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análises do Ecossistema Empreendedor Brasileiro
a) Resultados da Modelagem de Equações Estruturais
Os resultados serão apresentados em concordância com as etapas descritas no item 3.3.2
do Capítulo 3. Sendo assim, definiu-se o modelo inicial a ser testado (Etapa 1) que correspondeu
exatamente ao modelo proposto por Bitencourt et al. (2014), considerando que o Ecossistema
Empreendedor Brasileiro para as incubadoras é composto pelos constructos Apoio, Cultura,
Finanças, Governo, Capital Humano e Mercado e cada um deles por quatro variáveis. As
variáveis e as siglas utilizadas para sua representação na Modelagem de Equações Estruturais
(MEE) foram apresentadas no Quadro 3.2. A Figura 4.1 apresenta a modelagem realizada no
software SmartPLS 2.0.
Figura 4.1 Modelo do ecossistema empreendedor para incubadoras estruturado no Software
SmartPLS 2.0. (Fonte: Elaborado pelo autor a partir do software).
93
Com o modelo estruturado e valendo-se do software G*Power, foi calculada a amostra
mínima necessária para os parâmetros recomendados e o modelo estruturado (Etapa 2). O
resultado evidenciou uma amostra mínima de 55 respondentes, algo atendido nesta pesquisa já
que a mesma contou com 74 entrevistados. Damásio (2012, p.222) comenta “que soluções
fatoriais estáveis foram encontradas com um número variando de 1,2 a 3 respondentes por item”,
ou seja, 74 respondentes é um número adequado. Aliás, há de se destacar que para este tamanho
de amostra, considerando o mesmo tamanho do efeito (f2), o poder do teste passou para 90,5%,
reforçando ainda mais a validade das informações.
Posteriormente, o algoritmo PLS foi rodado com os parâmetros estabelecidos no item 3.3.2.
a (Etapa 3), obtendo-se os resultados apresentados pelos Quadros 4.1, 4.2 e 4.3.
Quadro 4.1 AVE, CC, R2 e AC para os constructos. (Fonte: Elaborado pelo autor a partir do
SmartPLS 2.0).
Constructo AVE CC R2 AC
APOIO 0,689533 0,898706 0,805867 0,849607
CULTURA 0,637179 0,874885 0,65405 0,815418
FINANÇAS 0,81622 0,946641 0,721907 0,924424
GOVERNO 0,733353 0,916477 0,751851 0,877717
HUMANO 0,644329 0,878057 0,707108 0,813772
MERCADO 0,613874 0,962245 0,490355 0,786273
Quadro 4.2 Cargas cruzadas para cada variável em função do constructo. (Fonte: Elaborado
pelo autor a partir do SmartPLS 2.0)
APOIO CULTURA FINANÇAS GOVERNO HUMANO MERCADO
A_1 0,816381 0,638114 0,557032 0,570874 0,446646 0,702406
A_2 0,793596 0,474153 0,444187 0,568113 0,505838 0,61624
A_3 0,875301 0,70473 0,637422 0,69866 0,633406 0,439709
A_4 0,834092 0,673921 0,568574 0,571889 0,610903 0,426341
C_1 0,763224 0,849932 0,608411 0,613909 0,61056 0,537343
C_2 0,571937 0,813426 0,440664 0,404918 0,487753 0,366066
C_3 0,401467 0,706453 0,26768 0,123875 0,202428 0,144296
C_4 0,582323 0,815839 0,531572 0,506289 0,567982 0,439453
F_1 0,547276 0,441911 0,85062 0,730162 0,54903 0,396355
F_2 0,629983 0,541637 0,927701 0,739739 0,647077 0,410044
F_3 0,62158 0,622154 0,935719 0,632803 0,585174 0,4104
94
F_4 0,614461 0,59648 0,897289 0,599983 0,577875 0,384103
G_1 0,615593 0,488958 0,683177 0,883224 0,61723 0,407842
G_2 0,51553 0,415348 0,715885 0,801485 0,575532 0,350007
G_3 0,707283 0,47961 0,572768 0,826011 0,603087 0,423159
G_4 0,649097 0,551654 0,595729 0,910305 0,628219 0,47813
H_1 0,517392 0,376359 0,375537 0,498566 0,782437 0,405255
H_2 0,626412 0,559288 0,569517 0,656388 0,873819 0,439689
H_3 0,556993 0,517525 0,629554 0,614071 0,839255 0,547416
H_4 0,411939 0,550184 0,49718 0,482354 0,705126 0,323807
M_1 0,417346 0,415686 0,308782 0,315446 0,32395 0,758005
M_2 0,37673 0,351575 0,23918 0,156145 0,382805 0,626612
M_3 0,610911 0,425435 0,390854 0,509202 0,509333 0,838844
M_4 0,592248 0,397222 0,418695 0,463836 0,460329 0,88579
A primeira análise a ser realizada em relação aos resultados obtidos corresponde à análise
das variâncias médias extraídas (AVE) que como salientado devem ser maiores que 0,5 (Etapa
4). A análise da primeira coluna do Quadro 4.1 mostra que todos os construtos possuem AVE
maior que 0,5 e desta forma nenhuma variável precisa ser eliminada.
Pode-se observar, também, que os resultados estão livres de vieses e apresentam
confiabilidade (Etapa 5), como pode ser verificado pela análise das colunas 2 e 4 do Quadro 4.1.
Nelas, é possível observar que o coeficiente Alfa de Cronbach (AC) para todos os parâmetros
encontram-se acima de 0,6 e que todos os coeficientes para Confiabilidade Composta (CC) se
encontra acima de 0,7 como recomendado.
Para verificar se as variáveis estavam bem alocadas dentro de cada constructo, foi utilizado
o critério de Chin (1998 apud RINGLE et al., 2014, p. 63), que calcula a carga fatorial de cada
variável no construto de origem e nos demais construtos (Etapa 6). Como pode ser observado
pelos resultados apresentados pelo Quadro 4.2 e destacados em amarelo, todos as cargas fatoriais
são maiores nos construtos de origem, evidenciando, então, que as variáveis estão corretamente
alocadas.
Parte-se na sequência para a avaliação da qualidade do modelo ajustado (Etapa 7),
avaliação está feita por meio do coeficiente de determinação de Pearson (R2). Este coeficiente é
apresentado pela terceira coluna do Quadro 4.1 e, como pode ser visto, apresenta valores
superiores a 26%, caracterizando um bom ajuste.
A avaliação do uso pertinente das correlações e regressões lineares (Etapa 8) foi feita por
meio da técnica de reamostragem Bootstrapping, valendo-se dos parâmetros de ajustes citados.
Como podem ser visualizadas por meio do Quadro 4.3, todas as análises conduziram a um valor
95
de t de Student superior a 1,96 em módulo, demonstrando probabilidades menores de 5% para
casos em que a as correlações e regressões lineares não são válidas.
Quadro 4.3 Valores de t entre variáveis e constructo e entre constructo e modelo decorrentes
da técnica de reamostragem. (Fonte: Elaborado pelo autor a partir do SmartPLS 2.0)
Modelo t Constructo t Variável
EC
OS
SIS
TE
MA
EM
PR
EE
EN
DE
DO
R B
RA
SIL
EIR
O
35,135
APOIO 16,574 A_1
APOIO 15,210 A_2
APOIO 35,745 A_3
APOIO 17,801 A_4
21,802
CULTURA 27,393 C_1
CULTURA 12,642 C_2
CULTURA 7,358 C_3
CULTURA 14,768 C_4
20,667
FINANÇAS 21,744 F_1
FINANÇAS 47,326 F_2
FINANÇAS 57,995 F_3
FINANÇAS 29,538 F_4
24,204
GOVERNO 29,819 G_1
GOVERNO 18,020 G_2
GOVERNO 19,870 G_3
GOVERNO 41,114 G_4
20,962
HUMANO 15,760 H_1
HUMANO 30,906 H_2
HUMANO 19,092 H_3
HUMANO 8,942 H_4
10,366
MERCADO 11,239 M_1
MERCADO 7,142 M_2
MERCADO 17,800 M_3
MERCADO 36,324 M_4
A relevância ou validade preditiva (Q2) e a análise do indicador de Cohen (f2) para o ajuste
do modelo se valeu dos resultados de comunalidades e redundâncias gerais apresentados pelo
Quadro 4.4, calculados pela técnica do Blindfolding no SmartPLS 2.0. (Etapa 9). Ambas as
análises conduziram a um bom ajuste do modelo, já que para a redundância todos os valores
demonstraram-se superiores a zero e para a comunalidade superiores a 0,15, denotando um ajuste
de alta qualidade.
96
Quadro 4.4 Comunalidade e redundância geral para cada constructo. (Fonte: Elaborado pelo
autor a partir do SmartPLS 2.0).
Comunalidade Geral (f2) Redundância Geral (Q2)
APOIO 0,689533 0,55477
CULTURA 0,637178 0,388096
FINANÇAS 0,81622 0,599004
GOVERNO 0,733353 0,551013
HUMANO 0,64433 0,452513
MERCADO 0,613874 0,298057
Por fim, calcula-se o ajuste geral do modelo (GoF – Goodness of Fit), sendo que este índice
se demonstra adequado para valores superiores a 0,36 (Etapa 10). No caso específico do modelo
analisado todos os construtos possuem quatro variáveis e, desta forma, a média ponderada das
AVEs será a mesma que média global. O valor da AVE média foi de 0,689081 e o valor médio
de R2 igual a 0,688523 (Quadro 4.1), podendo-se desta forma chegar ao valor do GoF pela
seguinte equação (4.1):
𝐺𝑜𝐹 = √𝐴𝑉𝐸𝑚é𝑑𝑖𝑎 ∗ Rmédio2 = √0,689081 ∗ 0,688523 = 0,6888 (4.1)
Pode-se observar que o valor obtido é bem superior a 0,36, denotando assim um bom ajuste
do modelo concebido para estudos nas áreas de gestão, administração e engenharia de produção.
Chega-se, portanto, ao modelo final validado e com os coeficientes de caminho definidos, como
apresentado pela Figura 4.2 na página seguinte.
97
Figura 4.2 Modelo do Ecossistema Empreendedor Brasileiro para incubadoras de empresa com
os respectivos coeficientes de caminho. (Fonte: Elaborado pelo autor a partir do SmartPLS 2.0).
b) Médias obtidas para cada variável e para os constructos
Os resultados apresentados anteriormente demonstram a validação das 24 variáveis
estudadas e suas corretas alocações em cada um dos seis constructos. Pode-se apresentar as
médias das respostas obtidas para cada uma delas e as médias para os constructos. É importante
salientar que: 1) uma variável não poderia ser analisada se não tivesse sido validada pelo estudo
anterior; 2) as cargas fatoriais para cada variável demonstram o quanto cada variável está bem
alocada em seus constructos e não foram utilizadas para ponderações. Desta forma, a média do
constructo apresentada corresponde à média aritmética simples dos valores obtidos para cada
variável. O Quadro 4.5 apresenta estes valores.
98
Quadro 4.5 Médias obtidas para cada variável e para os constructos. (Fonte: Elaborado pelo
autor).
Variável Média Variável Média Variável Média
A_1 6,49 F_1 5,05 H_1 5,81
A_2 5,93 F_2 4,34 H_2 6,16
A_3 5,51 F_3 4,01 H_3 5,38
A_4 5,22 F_4 3,95 H_4 4,57
Média constructo 5,79 Média constructo 4,34 Média constructo 5,48
Variável Média Variável Média Variável Média
C_1 5,62 G_1 5,12 M_1 5,62
C_2 4,68 G_2 4,34 M_2 5,14
C_3 5,85 G_3 6,30 M_3 6,18
C_4 5,76 G_4 5,61 M_4 6,80
Média constructo 5,48 Média constructo 5,34 Média constructo 5,94
c) Debates sobre os resultados obtidos acerca do ecossistema empreendedor
O primeiro ponto a ser aqui debatido refere-se à validação do modelo teórico proposto por
Bitencourt et al. (2014). Todas as variáveis foram validadas em seus respectivos constructos,
demonstrando que o mesmo se faz adequado para analisar o Ecossistema Empreendedor
Brasileiro do ponto de vista de profissionais que atuam com incubadoras de empresa, seja como
gestores ou pesquisadores. Isto faz-se importante, visto que tal modelo, que reflete
satisfatoriamente o ecossistema em cada construto e, ainda, em que cada variável observada
reflete bem o seu constructo, pode ser utilizado para análises das condições do ecossistema
empreendedor em outros momentos. A análise periódica pode contribuir para identificar como o
mesmo está evoluindo e servir como base para que órgãos governamentais e associações ligadas
a incubadoras de empresa atuem em sua melhoria.
Os resultados da modelagem de equações estruturais revelaram resultados interessantes
como, por exemplo, evidenciaram que o Ecossistema Empreendedor Brasileiro está fortemente
relacionado a todos os construtos estudados (coeficientes de reta maiores que 0,7), existindo um
pequeno destaque para os constructos Apoio (0,898) e Governo (0,867). O constructo Mercado
foi aquele que apresentou a menor carga fatorial reflexiva do ecossistema, apesar de a mesma
ainda poder ser considerada alta. Ao pensar em um Ecossistema Empreendedor Brasileiro
maduro, os profissionais que atuam junto às incubadoras de empresa pensam mais fortemente no
apoio às incubadoras e nas ações governamentais do que propriamente em Mercado. Isto acaba
indo ao encontro do que prega a literatura (AL-MUBARAKI; BUSLER, 2014; MALETZ;
99
SIEDENBERG, 2007; BUY; MBEWANA, 2007; RIBEIRO et. al. 2005), pois se existe apoio à
atividade empreendedora em um país ou região, maiores são as chances de uma empresa vencer
no mercado mesmo que este esteja vivenciado períodos de crise. Oportunidades para
empreendedores existirão em momento de bonança ou crise para aqueles que souberem
aproveitar as mesmas.
Realizando-se em um primeiro momento uma análise sobre as médias das notas atribuídas
pelos entrevistados para cada constructo, observa-se que de forma geral o Ecossistema
Empreendedor Brasileiro para as incubadoras de empresa é satisfatório, com notas variando de
4,34 (constructo Finanças) e a 5,94 (constructo Mercado). Trata-se de um ambiente em que não
existem discrepâncias graves entre os elementos analisado, mas que, ainda assim apresentam
grande potencial de melhoria.
O constructo Apoio apresentou média de 5,79, sendo a maior nota dada para a variável A_1
(6,49 - apoio de maneira ampla à prática empreendedora no Brasil) e a menor dada para a variável
A_4 (5,22 - apoio jurídico e especializado oferecidos aos empreendedores de modo geral). Por
meio destas médias, é possível observar que os respondentes reconhecem que, no Brasil, o apoio
dado ao empreendedorismo em sentido amplo faz-se maior do que aquele dado aos programas
de incubadoras de empresa e cluster locais que podem oferecer infraestrutura, apoio jurídico e
especializado às novas empresas. Uma possível explicação para esta realidade talvez esteja
relacionada à atuação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas que estimula
fortemente no Brasil a atividade empreendedora por meio de treinamentos amplos e cartilhas
para todo tipo de empreendedor, não necessariamente aquele de caráter mais inovador e foco das
incubadoras de empresa.
O constructo Cultura apresentou média de 5,48, sendo a menor nota conferida à variável
C_2 (4,68 - tolerância ao erro e ao fracasso por parte do empreendedor). Este é um ponto que
chamou a atenção nos resultados, visto que deixa claro que no Brasil ainda se tolera pouco o erro
e a falha no processo empreendedor. É preciso lembrar que muitos empreendedores alcançam o
sucesso depois de várias tentativas frustradas e que tais falhas devem ser entendidas como
amadurecimento e experiência. É preciso que entidades governamentais e outras associações
ligadas ao Ecossistema Empreendedor Brasileiro passem a divulgar esta nova visão sobre o que
é empreender para as gerações atuais e as novas gerações, utilizando inclusive exemplos de
empreendedores que falharam por muitas antes de alcançarem o sucesso.
O constructo Finanças foi o que apresentou menor média entre todos os construtos (4,34).
Foi possível observar que existe uma avaliação ligeiramente maior associada ao microcrédito
para as empresas já formalizadas (F_1 = 5,05) do que para empresas em fase de estruturação ou
100
até mesmo novas ideias (F_2, F_3 e F_4). Realmente, as linhas de créditos existentes hoje no
Brasil são voltadas para empresas formalizadas e pouco escuta-se falar de crédito voltados a
ideias e empresas nascentes. As incubadoras brasileiras procuram fazer a aproximação entre
incubadas e fundos de investimentos, mas estas iniciativas são raras. Este corresponde a um ponto
a ser amadurecido pelas entidades governamentais.
O constructo Governo apresentou média de 5,34, sendo a menor nota conferida para a
variável G_2 (4,34 - apoio financeiro por meio de seed money). Esta baixa avaliação está
diretamente relacionada com o que foi explicado anteriormente no constructo Finanças, visto que
no Brasil as ações de crédito privilegiam, principalmente, as empresas formalizadas. O poder
público deve estar mais sensível para o fato de que o aumento de suporte financeiro por meio de
seed money pode alavancar a atividade empreendedora e proporcionar melhores resultados à sua
economia, deixando de encarar o mesmo com um capital de alto risco.
O constructo Capital Humano apresentou média de 5,48, apresentando destaque negativo
para a variável H_4 (4,57 - políticas para a criação de empreendedores em série). Por mais que
exista uma política de apoio amplo à atividade empreendedora no Brasil divulgada
principalmente pelo SEBRAE, esta política precisa ser aprofundada levando em conta a formação
dos empreendedores sob a perspectiva de uma nova cultura que, como mencionada
anteriormente, tolere erros, estimule o aprendizado e motive a persistência para se alcançar
resultados. Inclusive, falta ao Brasil uma melhor inserção de práticas empreendedoras em suas
escolas e universidades.
Por fim, observa-se que a maior média global foi atribuída ao constructo Mercado (5,94),
mesmo o Brasil passando por uma crise financeira no momento em que a pesquisa foi realizada.
Como salientado anteriormente, é possível encontrar oportunidades de negócios em momentos
de crise ou de bonança e cabem aos empreendedores desenvolverem novas ideias de negócios
para solucionar problemas existentes. Como demonstrado pelas notas das variáveis M_3 (6,18)
e M_4 (6,80), por mais que exista problemas existe uma boa diversificação e regionalização da
economia brasileira bem como possibilidades para a criação de novos mercados.
4.2 Resultados para a análise dos Fatores Críticos de Sucesso associados à gestão das
incubadoras de empresa
Uma vez que o desempenho avaliado do Ecossistema Empreendedor Brasileiro pode ser
considerado acima do mediano e não possui deficiências graves na visão de especialistas que
lidam com incubadoras de empresa, cabe estudar ao Fatores Críticos de Sucesso que influem no
desempenho das incubadoras de empresa.
101
a) Resultado para a análise de confiabilidade interna via Alfa de Cronbach
Os dados coletados referentes aos Fatores Críticos de Sucesso foram analisados segundo
sua confiabilidade interna e ausência de viés por meio do coeficiente de Alfa de Cronbach. O
valor calculado para este coeficiente foi de 0,8927, sendo superior ao valor de 0,60 recomendado
por Hair et al. (2016), qualificando, assim, os dados para estudo posterior.
b) Resultados decorrentes da Análise Fatorial Exploratória
As 8 etapas estruturadas para a redução do número de Fatores Críticos de Sucesso,
conforme mencionado no item 3.3.2 b desta tese, passam a ter seus resultados descritos a seguir:
O primeiro passo correspondeu a seleção do método de extração por meio da análise de
componentes principais e a rotação ortogonal varimax. A partir desta definição, a Análise Fatorial
Exploratória (AFE) foi realizada conseguindo adequação à todas as etapas na terceira tentativa.
Na primeira tentativa, a AFE foi paralisada na Etapa 4 visto que duas das 29 variáveis
analisadas (variável 7 e variável 18) apresentaram problemas associados ao índice KMO, como
demonstra o Quadro 4.6. Estas variáveis foram eliminadas do estudo e uma nova tentativa foi
realizada para adequar a amostragem que deve apresentar valores acima de 0,5 para Cajazeiras
et al. (2007).
Quadro 4.6 Índice KMO para cada variável na matriz anti-imagem de correlações
reproduzidas na primeira tentativa. (Fonte: Elaborado pelo autor a partir do SPSS 22)
Na segunda tentativa de aplicação da AFE, o estudo foi paralisado na Etapa 5 uma vez que
a variável 19 apresentou comunalidade abaixo de 0,5 e, desta forma, não se fazia adequada àquilo
v1 v2 v3 v4 v5 v6 v7 v8 v9 v10 v11 v12 v13 v14 v15 v16 v17 v18 v19 v20 v21 v22 v23 v24 v25 v26 v27 v28 v29
v1 ,766a -,410 -,113 -,082 ,129 -,174 -,117 ,166 -,086 ,071 ,161 -,129 -,199 ,264 -,070 -,135 ,024 ,124 ,335 -,237 ,063 -,077 ,159 ,042 -,183 -,234 ,136 -,097 -,287
v2 -,410 ,739a ,017 -,125 -,105 ,075 ,253 -,451 -,005 -,152 -,101 -,034 ,251 -,016 -,053 ,193 -,114 ,131 -,246 ,051 ,089 ,145 -,047 -,003 -,093 ,073 -,190 ,028 ,068
v3 -,113 ,017 ,722a -,218 -,592 -,131 ,156 -,040 -,030 ,360 -,049 ,044 ,142 -,287 ,222 -,117 ,013 -,100 -,385 -,101 -,075 ,121 -,301 ,163 ,005 ,014 ,056 -,052 ,063
v4 -,082 -,125 -,218 ,686a -,133 -,073 -,099 -,150 ,040 -,231 -,021 -,012 ,022 ,233 -,179 ,019 ,258 -,033 ,184 ,078 -,060 -,147 ,189 ,039 -,115 -,098 -,022 ,118 ,130
v5 ,129 -,105 -,592 -,133 ,724a ,209 -,183 -,037 -,049 -,225 ,068 ,023 -,299 ,249 -,217 -,003 -,001 ,332 ,309 ,147 -,120 -,342 ,246 -,146 ,047 -,089 -,119 ,110 -,162
v6 -,174 ,075 -,131 -,073 ,209 ,809a -,215 -,116 -,221 -,152 ,185 -,013 -,252 ,117 -,236 -,042 ,076 ,330 ,092 ,045 -,275 -,330 -,074 -,155 ,088 ,147 ,080 ,110 -,007
v7 -,117 ,253 ,156 -,099 -,183 -,215 ,493a -,386 ,044 -,077 -,153 -,041 ,167 -,018 ,225 -,049 -,055 -,231 -,125 ,019 ,138 ,206 -,052 -,270 -,006 ,202 -,069 -,012 ,095
v8 ,166 -,451 -,040 -,150 -,037 -,116 -,386 ,564a -,003 ,308 ,146 ,057 -,174 -,180 ,131 -,041 -,191 -,310 ,135 -,203 ,108 -,150 -,169 ,250 ,227 -,075 ,235 -,014 -,211
v9 -,086 -,005 -,030 ,040 -,049 -,221 ,044 -,003 ,643a -,065 ,007 -,045 ,243 -,084 -,080 -,129 ,042 -,051 -,103 -,129 ,045 ,174 ,321 -,107 -,395 -,140 ,255 -,384 ,214
v10 ,071 -,152 ,360 -,231 -,225 -,152 -,077 ,308 -,065 ,746a ,020 ,203 -,010 -,296 ,090 ,093 -,208 -,172 -,207 -,134 -,041 ,049 -,274 ,175 ,095 ,026 -,056 -,228 -,067
v11 ,161 -,101 -,049 -,021 ,068 ,185 -,153 ,146 ,007 ,020 ,813a ,062 -,202 -,047 -,239 -,070 ,128 -,017 ,191 -,280 ,121 -,366 ,043 ,031 ,027 -,137 -,033 -,053 -,053
v12 -,129 -,034 ,044 -,012 ,023 -,013 -,041 ,057 -,045 ,203 ,062 ,837a -,333 -,165 -,175 ,246 -,137 -,193 -,012 ,055 -,020 -,168 -,260 ,151 ,078 ,174 -,392 ,118 ,045
v13 -,199 ,251 ,142 ,022 -,299 -,252 ,167 -,174 ,243 -,010 -,202 -,333 ,702a -,420 ,120 ,154 -,278 ,080 -,398 -,027 ,237 ,452 ,077 -,090 -,245 -,100 ,160 -,267 ,160
v14 ,264 -,016 -,287 ,233 ,249 ,117 -,018 -,180 -,084 -,296 -,047 -,165 -,420 ,680a -,157 -,332 ,297 ,274 ,327 -,034 -,298 -,321 ,100 -,056 -,063 -,166 ,144 ,298 -,170
v15 -,070 -,053 ,222 -,179 -,217 -,236 ,225 ,131 -,080 ,090 -,239 -,175 ,120 -,157 ,764a ,025 -,401 -,165 -,286 ,028 ,196 ,276 -,157 -,176 ,136 ,142 -,131 ,202 -,268
v16 -,135 ,193 -,117 ,019 -,003 -,042 -,049 -,041 -,129 ,093 -,070 ,246 ,154 -,332 ,025 ,617a -,325 -,108 -,227 ,220 ,217 ,084 -,047 -,142 ,171 ,084 -,518 -,059 ,116
v17 ,024 -,114 ,013 ,258 -,001 ,076 -,055 -,191 ,042 -,208 ,128 -,137 -,278 ,297 -,401 -,325 ,727a -,089 ,229 -,279 -,030 -,079 ,191 ,035 -,221 -,159 ,173 -,186 ,262
v18 ,124 ,131 -,100 -,033 ,332 ,330 -,231 -,310 -,051 -,172 -,017 -,193 ,080 ,274 -,165 -,108 -,089 ,401a -,055 ,118 -,141 -,191 ,152 -,058 -,138 -,336 ,201 ,102 -,154
v19 ,335 -,246 -,385 ,184 ,309 ,092 -,125 ,135 -,103 -,207 ,191 -,012 -,398 ,327 -,286 -,227 ,229 -,055 ,613a -,150 -,095 -,337 ,198 ,088 ,016 -,043 -,054 -,004 -,142
v20 -,237 ,051 -,101 ,078 ,147 ,045 ,019 -,203 -,129 -,134 -,280 ,055 -,027 -,034 ,028 ,220 -,279 ,118 -,150 ,843a -,289 -,082 -,086 -,055 ,146 ,111 -,261 ,301 -,013
v21 ,063 ,089 -,075 -,060 -,120 -,275 ,138 ,108 ,045 -,041 ,121 -,020 ,237 -,298 ,196 ,217 -,030 -,141 -,095 -,289 ,710a ,326 ,109 ,025 -,261 -,210 -,043 -,332 -,243
v22 -,077 ,145 ,121 -,147 -,342 -,330 ,206 -,150 ,174 ,049 -,366 -,168 ,452 -,321 ,276 ,084 -,079 -,191 -,337 -,082 ,326 ,690a ,031 -,150 -,265 ,100 -,093 -,371 ,164
v23 ,159 -,047 -,301 ,189 ,246 -,074 -,052 -,169 ,321 -,274 ,043 -,260 ,077 ,100 -,157 -,047 ,191 ,152 ,198 -,086 ,109 ,031 ,756a -,284 -,381 -,252 ,091 -,266 -,069
v24 ,042 -,003 ,163 ,039 -,146 -,155 -,270 ,250 -,107 ,175 ,031 ,151 -,090 -,056 -,176 -,142 ,035 -,058 ,088 -,055 ,025 -,150 -,284 ,855a -,055 -,151 ,011 ,010 -,323
v25 -,183 -,093 ,005 -,115 ,047 ,088 -,006 ,227 -,395 ,095 ,027 ,078 -,245 -,063 ,136 ,171 -,221 -,138 ,016 ,146 -,261 -,265 -,381 -,055 ,789a ,133 -,108 ,306 -,003
v26 -,234 ,073 ,014 -,098 -,089 ,147 ,202 -,075 -,140 ,026 -,137 ,174 -,100 -,166 ,142 ,084 -,159 -,336 -,043 ,111 -,210 ,100 -,252 -,151 ,133 ,743a -,331 ,138 ,206
v27 ,136 -,190 ,056 -,022 -,119 ,080 -,069 ,235 ,255 -,056 -,033 -,392 ,160 ,144 -,131 -,518 ,173 ,201 -,054 -,261 -,043 -,093 ,091 ,011 -,108 -,331 ,728a -,195 ,013
v28 -,097 ,028 -,052 ,118 ,110 ,110 -,012 -,014 -,384 -,228 -,053 ,118 -,267 ,298 ,202 -,059 -,186 ,102 -,004 ,301 -,332 -,371 -,266 ,010 ,306 ,138 -,195 ,624a -,171
v29 -,287 ,068 ,063 ,130 -,162 -,007 ,095 -,211 ,214 -,067 -,053 ,045 ,160 -,170 -,268 ,116 ,262 -,154 -,142 -,013 -,243 ,164 -,069 -,323 -,003 ,206 ,013 -,171 ,755a
102
que se pretendia estudar, os Fatores Críticos de Sucesso associados à gestão das incubadoras de
empresa. O Quadro 4.7 apresenta as comunalidades para as variáveis nesta segunda tentativa.
Após esta análise, eliminou-se a variável 19.
Quadro 4.7 Valores de comunalidade para as variáveis estudadas na segunda tentativa. (Fonte:
Elaborado pelo autor a partir do SPSS 22)
Var Extração Var Extração Var Extração
v1 0,726 v11 0,568 v21 0,773
v2 0,697 v12 0,673 v22 0,713
v3 0,767 v13 0,703 v23 0,591
v4 0,717 v14 0,772 v24 0,696
v5 0,708 v15 0,763 v25 0,598
v6 0,724 v16 0,690 v26 0,614
v8 0,712 v17 0,806 v27 0,820
v9 0,672 v19 0,488 v28 0,674
v10 0,542 v20 0,583 v29 0,747
Na terceira tentativa de aplicação da AFE, para a redução de escala, todas as etapas foram
atendidas e são estes os resultados aqui apresentados. O primeiro passo novamente correspondeu
à aplicação do método de extração por meio da análise de componentes principais e a rotação
ortogonal varimax (Etapa 1).
Na sequência, procedeu-se com o teste de Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) para toda
a amostra. O resultado encontrado foi de 0,766, o que denota a qualidade dos resultados obtidos
como bom segundo escala proposta por Pereira (2001) para a adequação da amostra.
O teste de Esfericidade de Bartlett apresentou valores de qui-quadradro de 1024,73,
rejeitando-se, então, a hipótese nula de que a matriz de correlação corresponde à matriz
identidade. Desta forma, confirma-se que as correlações entre as variáveis existem e são
significativas.
Uma análise mais detalhada do teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), também, foi realizada
para cada uma das 26 variáveis restantes estudadas, valendo-se do uso da matriz anti-imagem de
correlação. A Quadro 4.8 apresenta a referida matriz, na qual se destacam os índices KMO em
amarelo. Todos os valores encontram-se acima de 0,5 e se fazem adequados, como denotam
Cajazeiras et al. (2007).
103
Quadro 4.8 Matriz anti-imagem de correlação para as variáveis restantes estudadas. (Fonte:
Elaborado pelo autor a partir do SPSS 22).
As comunalidades das variáveis estudadas, também, apresentaram valores satisfatórios
como propõem Cajazeiras et al. (2007). Por meio do Quadro 4.9, é possível observar que as
comunalidades para as 26 variáveis restantes apresentam valores superiores a 0,5.
Quadro 4.9 Valores de comunalidades para as variáveis restantes estudadas. (Fonte: Elaborado
pelo autor a partir do SPSS 22).
Var Extração Var Extração Var Extração
v1 0,719 v11 0,582 v22 0,712
v2 0,698 v12 0,673 v23 0,586
v3 0,769 v13 0,703 v24 0,690
v4 0,711 v14 0,773 v25 0,603
v5 0,710 v15 0,760 v26 0,661
v6 0,727 v16 0,700 v27 0,827
v8 0,731 v17 0,816 v28 0,685
v9 0,675 v20 0,576 v29 0,761
v10 0,533 v21 0,766 - -
Analisando o modelo fatorial gerado, é possível observar que o mesmo é composto de 7
componentes com autovalores superiores a 1,0 (critério de normalização de Kaiser) que explicam
69,801% das variâncias dos dados. Este valor é considerado aceitável frentes aos 60% mínimos
recomendados por Hair et al. (2009). O Quadro 4.10 apresenta estes componentes
v1 v2 v3 v4 v5 v6 v8 v9 v10 v11 v12 v13 v14 v15 v16 v17 v20 v21 v22 v23 v24 v25 v26 v27 v28 v29
v1 ,819a -,384 ,048 -,147 -,041 -,320 ,182 -,050 ,177 ,090 -,109 -,076 ,156 ,065 -,054 -,043 -,215 ,122 ,086 ,083 ,015 -,193 -,187 ,130 -,110 -,232
v2 -,384 ,813a -,114 -,111 -,051 ,139 -,323 -,024 -,149 ,015 ,005 ,123 -,021 -,159 ,209 -,053 -,022 ,094 ,062 -,034 ,101 -,056 ,069 -,229 -,010 ,030
v3 ,048 -,114 ,777a -,204 -,524 -,032 ,065 -,082 ,327 ,067 ,023 -,027 -,187 ,097 -,238 ,100 -,178 -,137 -,058 -,244 ,239 ,007 -,074 ,083 -,064 -,029
v4 -,147 -,111 -,204 ,731a -,189 -,030 -,150 ,083 -,201 ,020 -,040 ,100 ,159 -,119 ,069 ,203 ,081 ,034 -,110 ,147 -,037 -,098 -,144 ,036 ,072 ,129
v5 -,041 -,051 -,524 -,189 ,826a ,041 -,063 -,002 -,143 -,031 ,109 -,227 ,093 -,074 ,117 -,045 ,198 -,067 -,192 ,163 -,196 ,088 ,077 -,221 ,111 -,053
v6 -,320 ,139 -,032 -,030 ,041 ,801a -,240 -,224 -,133 ,115 ,057 -,246 ,049 -,166 -,003 ,108 ,056 -,287 -,250 -,148 -,189 ,118 ,361 -,015 ,128 ,105
v8 ,182 -,323 ,065 -,150 -,063 -,240 ,518a -,023 ,247 -,056 -,036 -,017 -,041 ,243 -,156 -,327 -,132 ,065 -,148 -,157 ,177 ,175 -,113 ,336 ,117 -,247
v9 -,050 -,024 -,082 ,083 -,002 -,224 -,023 ,607a -,106 ,016 -,055 ,232 -,030 -,136 -,167 ,070 -,137 ,015 ,141 ,371 -,097 -,416 -,175 ,265 -,381 ,205
v10 ,177 -,149 ,327 -,201 -,143 -,133 ,247 -,106 ,802a ,011 ,169 -,061 -,170 ,018 ,003 -,189 -,139 -,106 -,043 -,212 ,167 ,060 -,017 -,054 -,205 -,117
v11 ,090 ,015 ,067 ,020 -,031 ,115 -,056 ,016 ,011 ,878a ,067 -,102 -,057 -,203 -,058 ,112 -,237 ,108 -,326 ,032 -,001 -,011 -,099 -,066 -,005 ,012
v12 -,109 ,005 ,023 -,040 ,109 ,057 -,036 -,055 ,169 ,067 ,840a -,361 -,122 -,218 ,226 -,168 ,076 -,034 -,229 -,243 ,121 ,055 ,126 -,371 ,137 ,010
v13 -,076 ,123 -,027 ,100 -,227 -,246 -,017 ,232 -,061 -,102 -,361 ,762a -,424 -,001 ,103 -,210 -,121 ,244 ,379 ,160 -,024 -,244 -,147 ,162 -,329 ,112
v14 ,156 -,021 -,187 ,159 ,093 ,049 -,041 -,030 -,170 -,057 -,122 -,424 ,807a -,020 -,245 ,276 -,047 -,233 -,211 -,033 -,070 -,006 -,103 ,154 ,277 -,121
v15 ,065 -,159 ,097 -,119 -,074 -,166 ,243 -,136 ,018 -,203 -,218 -,001 -,020 ,816a -,052 -,378 ,007 ,133 ,149 -,077 -,129 ,128 ,064 -,125 ,248 -,377
v16 -,054 ,209 -,238 ,069 ,117 -,003 -,156 -,167 ,003 -,058 ,226 ,103 -,245 -,052 ,592a -,306 ,220 ,196 -,004 ,024 -,171 ,159 ,058 -,553 -,042 ,079
v17 -,043 -,053 ,100 ,203 -,045 ,108 -,327 ,070 -,189 ,112 -,168 -,210 ,276 -,378 -,306 ,717a -,261 ,004 -,018 ,163 -,011 -,240 -,201 ,226 -,203 ,292
v20 -,215 -,022 -,178 ,081 ,198 ,056 -,132 -,137 -,139 -,237 ,076 -,121 -,047 ,007 ,220 -,261 ,839a -,285 -,133 -,089 -,042 ,185 ,139 -,290 ,281 -,034
v21 ,122 ,094 -,137 ,034 -,067 -,287 ,065 ,015 -,106 ,108 -,034 ,244 -,233 ,133 ,196 ,004 -,285 ,704a ,299 ,181 ,079 -,317 -,284 -,047 -,301 -,279
v22 ,086 ,062 -,058 -,110 -,192 -,250 -,148 ,141 -,043 -,326 -,229 ,379 -,211 ,149 -,004 -,018 -,133 ,299 ,762a ,145 -,118 -,312 -,005 -,069 -,403 ,082
v23 ,083 -,034 -,244 ,147 ,163 -,148 -,157 ,371 -,212 ,032 -,243 ,160 -,033 -,077 ,024 ,163 -,089 ,181 ,145 ,771a -,324 -,372 -,223 ,086 -,314 -,027
v24 ,015 ,101 ,239 -,037 -,196 -,189 ,177 -,097 ,167 -,001 ,121 -,024 -,070 -,129 -,171 -,011 -,042 ,079 -,118 -,324 ,857a -,070 -,161 ,032 ,004 -,347
v25 -,193 -,056 ,007 -,098 ,088 ,118 ,175 -,416 ,060 -,011 ,055 -,244 -,006 ,128 ,159 -,240 ,185 -,317 -,312 -,372 -,070 ,774a ,114 -,100 ,352 -,009
v26 -,187 ,069 -,074 -,144 ,077 ,361 -,113 -,175 -,017 -,099 ,126 -,147 -,103 ,064 ,058 -,201 ,139 -,284 -,005 -,223 -,161 ,114 ,756a -,276 ,168 ,141
v27 ,130 -,229 ,083 ,036 -,221 -,015 ,336 ,265 -,054 -,066 -,371 ,162 ,154 -,125 -,553 ,226 -,290 -,047 -,069 ,086 ,032 -,100 -,276 ,692a -,203 ,059
v28 -,110 -,010 -,064 ,072 ,111 ,128 ,117 -,381 -,205 -,005 ,137 -,329 ,277 ,248 -,042 -,203 ,281 -,301 -,403 -,314 ,004 ,352 ,168 -,203 ,583a -,187
v29 -,232 ,030 -,029 ,129 -,053 ,105 -,247 ,205 -,117 ,012 ,010 ,112 -,121 -,377 ,079 ,292 -,034 -,279 ,082 -,027 -,347 -,009 ,141 ,059 -,187 ,760a
104
Quadro 4.10 Variância Total Explicada pelos 7 componentes com autovalores superiores a 1,0.
(Fonte: Elaborado pelo autor a partir do SPSS 22).
Variância total explicada
Componente
Valores próprios iniciais
Total % de variância % cumulativa
1 8,346 32,100 32,100
2 2,289 8,805 40,905
3 1,948 7,494 48,399
4 1,753 6,743 55,142
5 1,555 5,981 61,122
6 1,183 4,549 65,672
7 1,074 4,130 69,801
Método de Extração: Análise de Componente Principal.
Por fim, tomando-se por base os sete principais componentes apontados na etapa anterior,
procurou-se analisar as variáveis mais influentes em cada um deles. O Quadro 4.11 apresenta a
matriz de componente rotativa somente para as cargas fatoriais superiores a 0,6 (HAIR et al.,
2009) em cada um dos componentes gerados, como definido no item procedimentos
metodológicos. Salienta-se, mais uma vez, que o autor desta tese não tem por objetivo analisar
as variáveis segundo seus componentes, mas sim proceder a redução de escala.
105
Quadro 4.11 Matriz componente rotativa e cargas fatoriais superiores a 0,6. (Fonte: Elaborado
pelo autor a partir do SPSS 22).
A análise do Quadro 4.11 permite identificar 7 variáveis (v1, v6, v10, v13, v20, v21 e v25)
que não se enquadram em nenhum dos componentes gerados pelo modelo e, desta forma,
possuem pouca capacidade de explicar o tema central da pesquisa.
De forma complementar, observa-se, no Quadro 4.12, um conjunto de 19 variáveis capazes
de representar os fatores críticos para a gestão de incubadoras de empresa. Estas variáveis
validadas evidenciam a importância destes Fatores Críticos de Sucesso na gestão das incubadoras
de empresa. As variáveis do Quadro 4.12 encontram-se agrupadas em seus componentes ou
fatores (F1 a F7).
1 2 3 4 5 6 7
v1
v2 ,613
v3 ,608
v4 ,840
v5 ,661
v6
v8 ,790
v9 ,789
v10
v11 ,662
v12 ,674
v13
v14 ,654
v15 ,661
v16 ,819
v17 ,765
v20
v21
v22 ,646
v23 ,632
v24 ,715
v25
v26 ,648
v27 ,694
v28 ,720
v29 ,847
Matriz de componente rotativaa
Componente
106
Quadro 4.12 Apresentação dos fatores críticos validados. (Fonte: Elaborado pelo autor).
Fator Var Fator Crítico de Sucesso
F1 v12 Gerente capacitado e com experiência focada na gestão de incubadoras.
F1 v15 Avaliações periódicas realizadas pela gerência sobre o desempenho das incubadas.
F1 v17 Oferecimento de consultorias focadas nas necessidades de cada empresa incubada.
F2 v23 Desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora
F2 v24 Intenso fluxo de informação entre a gerência e as empresas incubadas.
F2 v29 Localização próxima a centros de pesquisas e ou universidades.
F3 v11 Integrar rede estabelecida de empreendedorismo no estado onde a incubadora atua.
F3 v16 Desenvolvimento de parcerias internacionais.
F3 v22 Interação com outras incubadoras.
F3 v27 Estímulo para a participação em redes virtuais de empresas pré-incubadas, residentes e pós-incubadas.
F4 v2 Existência de metas bem definidas a serem alcançadas pelas incubadoras.
F4 v3 Conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde a incubadora está inserida.
F4 v4 Reserva de vagas para empresas com projetos correlatos às necessidades da região onde a incubadora está instalada.
F4 v5 Análise da contribuição do impacto das atividades da incubadora na região onde está inserida.
F5 v9 Acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora.
F5 v28 Contato com fundos de investimentos para potencializar empresas incubadas por meio de aportes financeiros.
F6 v14 Existência de atividades que estimulam a criatividade e a integração das empresas incubadas.
F6 v26 Contar com um conselho de orientadores externos atuante.
F7 v8 Ensino e difusão do empreendedorismo por parte da incubadora.
Os sete componentes ou fatores da variância total explicada podem representar variáveis latentes
ou constructos que permitem discutir a agregação de valor direto às incubadoras pelas ações de
gestão (F1), a dinâmica de gestão da incubadora (F2), as parcerias e alianças necessárias às
incubadoras e incubadas (F3), as ações de planejamento estratégico (F4), os recursos financeiros
(F5), a criatividade e inovação (F6) e a formação empreendedora (F7). Nesta tese as variáveis de
cada componente são os Fatores Críticos de Sucesso que restaram como os mais importantes na
visão dos entrevistados, sendo a seguir debatidos por permitirem maior entendimento contextual
comparados com o foco mais genérico dos constructos gerados.
c) Debates sobre os resultados obtidos pela Análise Fatorial Exploratória
A sobrevivência da incubadora, uma instituição econômica, depende de recursos
financeiros, físicos e humanos, conforme validado pelos respondentes (F5/v9). O
107
equacionamento do suprimento dos recursos é uma preocupação permanente, pois tais
instituições não são, em regra no Brasil, autossustentáveis (LAHORGUE, 2008; RIBEIRO;
ANDRADE, 2008). Se a incubadora tem origem em políticas públicas ela depende do poder
público e dos arranjos institucionais dos governantes, dos legisladores e dos gestores de
universidades, dos centros de pesquisa e das indústrias, o que demanda uma sinergia de esforços
e de uma combinação de interesses nem sempre presentes (MALETZ; SIEDENBERG, 2007;
BUYS; MBEWANA, 2007; LASH, 2007; SCILLITOE; CHAKRABARTI, 2010; GILL;
BIGER, 2012; MONSSON; JØRGENSEN, 2016; CASTAÑO et al., 2015).
A necessidade de gerente capacitado na gestão da incubadora (F1/v12) justifica-se pelo
crucial papel desempenhado pelo executivo à frente das instituições econômicas e suas
consequências políticas, sociais e tecnológicas (DA SILVA, J. M. et al., 2012; AL-MUBARAKI;
BUSLER, 2012; RIBEIRO; ANDRADE, 2008). A atuação eficiente do gerente da incubadora
viabiliza ou promove:
a) contatos com fundos de investimentos que detêm importantes recursos para as empresas
incubadas (F5/v28);
b) consultorias (F1/v17); as atividades para estimular a criatividade e integração das
incubadas (F6/v14); participação de redes virtuais de empresas pré, pós e incubadas
(F3/v27) e as avaliações destas empresas (F1/v15);
c) o ensino e a difusão do empreendedorismo internamente e para a sociedade (F7/v8);
d) parcerias locais por meio de interação com outras incubadoras (F3/v22), integração de
rede de empreendedorismo (F3/v11) e de redes virtuais de empreendedores (F3/v27);
e) parcerias internacionais para a incubadora e para as suas empresas (F3/v16);
f) a integração econômica, tecnológica e social da incubadora com a sua região ao cumprir
metas (F4/v2) e privilegiar projetos de empreendedores (F4/v4) que atendam às
necessidades tecnológicas locais, aderentes às atividades desenvolvidas nos centros de
pesquisa e nas universidades de sua proximidade (F2/v29), contribuindo, assim, para
impactar a melhorais da renda, do emprego e da arrecadação tributária dessa região
(F4/v5), com uma atuação efetiva junto aos stakeholders, especialmente os orientadores
externos (F6/v26);
g) o desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora (F2/v23), não somente com
o uso de instrumentos formais de comunicação mercadológica, como propaganda,
publicidade, relações públicas, entre outros, porém alcançando o sucesso e a admiração da
comunidade local ou internacional. (ANHOLON; SILVA, M., 2015; MALETZ;
108
SIEDENBERG, 2007; BUYS; MBEWANA, 2007, COSTA, L. F. S. et al., 2010, XAVIER et
al., 2008).
As consultorias (F1/v17) são uma grande preocupação dos respondentes, pois, conforme
acentuam Al-Mubaraki e Busler (2012), Albort-Morant e Oghazi (2016) e Monsson e Jørgensen
(2016), cada empreendedor necessita ser assessorado, orientado e educado para superar as suas
deficiências de gestor de seu próprio negócio. Neste sentido, a promoção da integração interna
da incubadas (F6/v14), a participação em redes virtuais de empresas em diversos graus de
maturidade (F3/v27), o acesso a suportes e soluções proporcionados pela interação de
incubadoras (F3/v22) participantes de redes regionais, estaduais, nacionais (F3/v11) ou
internacionais (F3/v16) contribuem com o esforço de cada empreendedor na superação de suas
deficiências de gestor e estimulam a criatividade (F6/v14) e inovação.
O gestor da incubadora é chamado para atuar nas avaliações periódicas (XAVIER et al.,
2008; DA SILVA, J. M. et al., 2012) de seus empreendedores (F1/v15), ação percebida como
carente de mais atenção pelos respondentes. Uma vez mais, evidencia-se a necessidade de gerente
qualificado, experiente, com conhecimento e atitude, organizado, atuante e com autoridade para
realizarem medições adequadas do desempenho dos negócios incubados (ARAÚJO; ONUSIC,
2014).
A preocupação com a localização próxima a centros de pesquisa e de universidades
(F2/v29) justifica-se pelos ganhos de atuação da incubadora uma vez pautada por instituições
sólidas (as universidades e centros de pesquisa), inseridas e comprometidas com os interesses e
necessidades de sua região (F4/v3), que – por externalidades - é impactada diretamente pelas
ações e resultados de suas instituições (F4/v5), além das possibilidades de intercâmbio de ideias,
pessoas e recursos (MALETZ; SIEDENBERG, 2007; BARQUETTE, 2002; DANSON;
BURNETT, 2014).
A preocupação demonstrada pelos respondentes com o desenvolvimento de atividades,
promovidas pela incubadora, para estimular a criatividade e a integração dos empreendimentos
incubados (F6/v14) encontra base nos casos de sucesso (SERRA e al., 2010) em que se constatou
a importância dos contatos pessoais e das atividades de desenvolvimento de habilidades,
conhecimentos e atitudes dos empreendedores (consultorias, coaching, apresentações de
projetos, participação conjunta em eventos entre outros), como corroboram estudos de Serra et
al. (2010), Maletz e Siedenberg (2007), Miziara e Carvalho (2008) e Da Silva, J. M. et al. (2012).
O acesso a recursos financeiros (F2/v24) depende bastante da disponibilidade estruturada
pela política econômica e industrial; logo, do envolvimento dos diferentes níveis de governo
(BUYS; MBEWANA, 2007; LASH, 2007; SCILLITOE; CHAKRABARTI, 2010; GILL;
109
BIGER, 2012; MONSSON; JØRGENSEN, 2016; CASTAÑO et al., 2015) ou de investidores
privados, no caso de incubadoras corporativas. Para as incubadoras dependentes do setor público
e de encaminhamentos políticos, este fator é crítico para o desenvolvimento de seus projetos e
para a promoção do empreendedorismo. A sua essencialidade e risco de sua disponibilidade
tempestiva e adequada torna as incubadoras bastante vulneráveis, justificando a preocupação
importante apresentada pelos respondentes.
O planejamento da incubadora impõe o estabelecimento de metas bem definidas (F4/v2) e
atingíveis (DORNELAS, 2002; BUYS; MBEWANA 2007; ARAÚJO; ONUSIC, 2014),
coerentes com as necessidades de desenvolvimento da sua região (F4/v3), privilegiando projetos
(F4/v4) que se alinhem com as ações que impactem (F4/v5) no desenvolvimento tecnológico, do
emprego e da renda dessa região (RIBEIRO et al., 2005; MOTA, 2010; DA SILVA, J. M. et al.,
2012; THURIK; WENNEKERS, 2004; MARCHIS, 2011).
Os respondentes indicaram preocupação com a atuação efetiva da incubadora nas
atividades de ensino do empreendedorismo (F7/v8), assim como Dornelas (2002) e Ribeiro et al.
(2005), tanto para as suas empresas pré-incubadas e residentes, como para as unidades escolares
de crianças e adolescentes, além de universidades. Tal atuação, concatenada em ações com o
poder público e entidades privadas, ajuda na formação de gestores de negócios, tolerantes ao
risco e em busca de soluções inovadoras. Enfim, na difusão da cultura empreendedora que
contribui com as ações de governo para ajudar a solucionar a restrição ou estagnação de vagas
de emprego nas médias e grandes corporações.
O fluxo de informações entre gerente e empreendedores em uma incubadora (F2/v24),
assim como para Lee e Osteryoung (2004), Da Silva, J. M. et al. (2012), Miziara e Carvalho
(2008), é considerado pelos respondentes como sensível fator para que a incubadora possa fluir
seus processos operacionais. Os empreendimentos compondo um portfólio de projetos geridos
pela incubadora somente desenvolvem-se por meio de um fluxo eficaz de informações entre o
gestor e os empreendedores.
O conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região (F4/v3)
orienta as metas (F4/v2) definidas pelos gestores públicos ou privados, pelo conselho da
incubadora (F6/v26) que de fato tenham um impacto importante e positivo (F4/v5) na economia
e na sociedade da região, do estado ou do país (RIBEIRO et al., 2005, SUN et al., 2007;
CAETANO, 2011).
Preocupam os respondentes, a integração em uma rede geográfica local, nacional (F3/v11)
ou internacional (F3/v16) de incubadoras e a manutenção de alguma forma de interação com
outras incubadoras (F3/v22), pois, assim, pontes importantes são erigidas com universidades,
110
empresas, advogados, contadores, consultores, organizações públicas e associações corporativas.
Tais atores podem ajudar os empreendedores a afirmarem-se no mercado interno ou
internacional, conforme anotam Smilor e Gill (1986), Hackett e Dilts (2004), Da Silva, J. M. et
al. (2012) e Bresciani, L. P. et al. (2014). A participação de um networking empreendedor abre
a possibilidade de trocas de experiências, contatos e culturas bastante positivo para a gestão de
cada uma delas, além criar canais para o estabelecimento de redes e parcerias das suas empresas
incubadas (F3/v27).
Por fim, consideram os respondentes muito importante o cultivo de uma imagem ou de
uma marca que confira à incubadora credibilidade e conceito de sucesso (F2/v23). Para Maletz e
Siedenberg (2007), a imagem de sucesso é fundamental, afirma a incubadora em sua
comunidade, realimenta a produção de bons resultados (BUYS; MBEWANA, 2007) ao atrair
recursos (DORNELLAS, 2002) e empoderar as empresas residentes, conforme estudos de Xavier
et al. (2008) e Costa, L. F. S. et al. (2010). Logo, a imagem serve para atrair apoio político, social
e institucional, facilitar o acesso a recursos, tanto pela incubadora como pelas empresas
residentes. Atrai, assim, empreendedores mais qualificados, que buscam o amparo do prestígio
da incubadora para facilitar o desenvolvimento de seus negócios, em um período de residência
menor. Também, desperta maior atenção de investidores de risco, uma vez que a uma imagem
vencedora e transparente estimula projetos e contratos. Conquista a boa vontade da classe política
e de formuladores de políticas de desenvolvimento econômico para contribuírem com
protagonismo para o estabelecimento de planejamentos estratégicos da região e atração de
recursos financeiros para si e para os empreendedores (F5/v28), razão esta por si só de crucial
importância para os respondentes.
4.3 Estudos de Caso de incubadoras brasileiras de empresa
A seguir, serão expostos, de forma resumida e não identificada, 12 Estudos de Caso de
incubadoras brasileiras visitadas e analisadas, levando-se em conta os cuidados. Buscou-se
confrontar os Fatores Críticos de Sucesso discutidos no item 4.2 com a situação encontrada nas
incubadoras à época das visitas. É apresentada, ao final, uma síntese das condições de observação
(observância) dos Fatores Críticos de Sucesso por cada incubadora de empresa. Assim, será
possível comparar ou contrastar o grau de observância de cada incubadora a Fatores Críticos de
Sucesso vistos como os mais significativos pelos profissionais entrevistados.
É muito importante destacar que o fato de uma dada incubadora não buscar atender a um
determinado fator crítico de sucesso não determina seu fracasso ou seu baixo desempenho. As
111
especificidades da atuação e das demandas de cada incubadora formatam e priorizam a sua cesta
individual de Fatores Críticos de Sucesso, que devem ser contemplados em seu planejamento
estratégico.
4.3.1 Descrição dos Estudos de Caso
a) Incubadora #1 (SP): Localizada em área de universidade e integrante desta (F6/v26; F2/v29) tem
foco na atração e no desenvolvimento de empresas das áreas de biotecnologia, sistemas de
produção, tecnologia de informação, análises laboratoriais e máquinas e equipamentos. A seleção
dos empreendimentos pela incubadora dá-se por atendimento às condições estabelecidas em um
processo seletivo. Sem recursos suficientes, as consultorias (F1/v17) são feitas apenas por uma
“empresa amiga” (aspas do autor) do gestor da incubadora e as suas intervenções são realizadas
segundo necessidade pontuais. Oferece a orientação no desenvolvimento dos negócios, suporte
às empresas por meio de parceria informais com entidades e universidades (F7/v8) e apenas apoio
na busca de recursos públicos ou de investidores privados (F5/v28). O gerente é contratado como
pessoa jurídica (F1/v12). O seu estilo é liberal e não cobra diretamente resultados das incubadas,
mas faz acompanhamento geral dessas empresas (F1/v15) e obtém feedback por meio da
interação pessoal, com cada empreendedor e funcionários, buscando orientar as ações da
incubadora inspirado no Quadrante de Pasteur (STOKES, 2005), em que os empreendimentos
atenderiam as soluções apresentadas pelas gradações de pesquisas básicas e aplicadas de
interesse social (F4/v3; F4/v4). O gerente reúne-se com cada empresa para ver se a mesma não
está fugindo de seu foco de atuação. Não há troca sistemática de informações entre as empresas
incubadas internamente ou redes virtuais, nem mesmo entre incubadoras (F3/v11; F3/v16;
F3/v22; F2/v24; F3/v27), apenas informalmente (F6/v14). Os recursos financeiros modestos
(F5/v9) provêm de fundos de subvenção, verbas da iniciativa privada, aluguéis de espaço,
empresas associadas e doações. O escopo e as fronteiras da organização se documentados, não
se encontram atualizados. As funções organizacionais, responsabilidades e autoridades não são
sistematizadas em processos. Não há implementação e controle dos processos principais da
organização documentados (F4/v2). Há preocupação apenas informal com a qualidade, não há
um sistema de gestão da qualidade em funcionamento. A determinação do que, como e quando
pontos de controle devem ser monitorados, também, é tratada de modo informal pelo gerente que
estima importante o impacto da incubadora na sua área e na região (F4/v5). As comunicações
internas e externas não estão sistematizadas, embora haja registros e documentos referentes a
112
aspectos considerados relevantes para a organização. Disponibiliza-se um site e página em rede
social para divulgar a incubadora e seus empreendimentos. (F2/v23).
b) Incubadora #2 (SP): Incubadora ligada à administração pública, parte um órgão fomentador
de desenvolvimento econômico e tecnológico (F4/v3) que funciona como um conselho para a
incubadora (F6/v26), integrando diversas iniciativas de produção econômica (F3/v11), situada
próxima a universidades e centros de pesquisa (F2/v29). Seleciona formalmente
empreendimentos (F4/v4) voltados para grandes temas nacionais e mundiais (tecnologia da
informação, energia, meio ambiente entre outros). O gestor da incubadora e, também, do órgão
fomentador, à época, era prestigiado cientista e muito experiente em instituições de ensino e
pesquisa (F1/v12) e tinha grande influência na conformação dos empreendimentos residentes
(24), com os quais mantinha estreita comunicação e, desta forma, exercia a sua avaliação
(F1/v15). Contabilizava os resultados da incubadora pelo número de empresas graduadas, além
de aspectos intangíveis relacionados ao aproveitamento do potencial local de geração de produtos
de alta tecnologia e de empregos qualificados, contribuindo para o desenvolvimento da região.
Quanto aos principais gargalos, problemas, riscos e perigos vividos pela incubadora, na visão de
seu gerente, nada se mostrava relevante, uma vez que esta é parte de um negócio e de uma política
maior. Portanto, da análise perfil da incubadora não ficou clara a existência de planejamentos
estratégicos ou de projetos específicos da incubadora, uma vez que sempre se encontra no bojo
dos negócios do órgão que a coordena (F4/v2). Apesar da alta qualificação pessoal de seu gestor,
um modelo documentado de gestão não ficou evidentes para a atuação da incubadora
especificamente. Há um planejamento, implementação e controle dos processos principais da
organização documentados dentro da perspectiva do órgão superior, alinhado aos interesses da
administração municipal, do qual a incubadora é parte. Seu foco está na inovação, geração de
empregos e fomento da economia local e nacional (F4/v5). As funções organizacionais,
responsabilidades e autoridades estão definidas em processos amplos, embora não haja evidência
de um sistema de qualidade implantado. Não há clara evidência de como a organização atuará
preventivamente para evitar ou mitigar os riscos de seu negócio. Os recursos da incubadora
provêm do poder público (F5/v9) e encontram restrições por insuficiência de suporte financeiro
ou econômico. Desenvolve parcerias com a Anprotec e com o Sebrae, que contribuem para oferta
de consultorias (F1/v17) e, formalmente, não há parceria internacional (F3/v16). Não há
informações relevantes sobre atividades voltadas para estimular a criatividade e a integração das
empresas residentes (F6/v14) A incubadora não atua no ensino e na difusão do
empreendedorismo em sua região (F7/v8). A interação com outras incubadoras não se dá por
instrumentos formais diretos (F3/v22), mas por comunicação pessoal da equipe gestora. Não há
113
informação sobre a existência formal de redes virtuais para empresas da incubadora (F3/v27). A
busca por investimentos é realizada pelas próprias empresas incubadas, que contam
fundamentalmente apenas como o prestígio institucional da incubadora e de seu órgão detentor
(F5/v28), mas sem a interveniência direta destes. As comunicações internas estão sistematizadas,
havendo registros e documentos referentes a aspectos considerados relevantes para a organização
A ação preventiva propiciada por um sistema de gestão, baseada na prática da melhoria contínua,
não é evidenciada nesta organização, exceto de modo informal, conforme ação promovida pelo
gerente da organização. A incubadora integra a rede paulista de incubadoras tecnológicas
(F3/v11). Apresenta um site para comunicar-se com a sociedade, porém a visibilidade da
incubadora fica em plano secundário diante do órgão que a abriga e promove, tendo a sua imagem
projetada de forma limitada no mercado regional (F2/v23).
c) Incubadora #3 (SP): Esta incubadora de empresas e projetos, criada para desenvolver um
setor de alta tecnologia, foi viabilizada por um convênio entre a prefeitura local e uma fundação,
da qual é um empreendimento e de onde recebe seus limitados recursos (F5/v9) para cumprir as
metas definidas pelos seus controladores e mantenedores (F4/v2). A fundação, que tem em sua
composição um conselho diretor e um conselho curador (F6/v26), foi instituída por uma
prestigiosa faculdade da área militar, ligada ao governo federal, que busca apoiar projetos de
capacitação e de tecnologia. A incubadora está instalada na área da faculdade (F2/v29) e, por
parceria com esta e com entidades de fomento tecnológico, compartilha laboratórios, professores,
pesquisadores e recebe alunos para estágios e para desenvolver empreendimentos. Este
intercâmbio possibilita o estabelecimento de relações internacionais, sem a mediação direta da
incubadora (F3/v16). O acesso a investidores é facilitado pessoalmente pelo gerente da
incubadora, ele mesmo um investidor-anjo (F5/v28). Por sua função de existir, por sua
especialização setorial, por sua localização e vizinhança, as empresas candidatas, as empresas
incubadas e as graduadas proprietários, quase sempre, alunos e ex-alunos da faculdade. As
incubadas são pré-selecionadas por um processo conduzido pelo gerente da incubadora, que
avalia a aderência dessas empresas às exigências do edital e posteriormente, a candidata pré-
selecionada, deve apresentar um plano de negócios a um comitê (F4/v4). A incubadora oferece
uma adequada e confortável infraestrutura (F2/v29) e mix de serviços e apoio gerencial, técnico,
administrativo e jurídico para os empreendimentos; além de uma importante rede intrarrelacional
(F3/v11), caracterizada pelo acesso a professores e laboratórios, pela congregação de alunos e
pela interação com empresas que atuam no mesmo setor, o que cria uma dinâmica criativa e
inovadora (F6/v14), com foco em demandas sincronizadas com o estado da arte do setor (F4/v3,
114
F4/v5). O principal gargalo para a incubadora, na visão e seu gerente, é o aporte sustentável de
recursos para mantê-la (F5/v9). Mantém relações mornas com as outras incubadoras da região
(F3/v22), embora o gerente entenda que o governo local deveria racionalizar e harmonizar a
atuação das incubadoras, de forma a fortalecê-las politicamente e materialmente. A difusão de
conhecimento empreendedor, as assessorias e consultorias são prestadas aos empreendedores, na
falta de recursos para contratação e de forma precária, pelos gestores da fundação, por professores
da faculdade e pelo gerente da incubadora (F7/v8, F1/v17). São relevantes a importância e
impacto da incubadora na comunidade empreendedora da região (F4/v5) onde angaria bastante
prestígio (F2/v23). As comunicações internas não estão sistematizadas, embora haja registros e
documentos referentes a aspectos considerados relevantes para a organização e tenha um site
para comunicar-se com a sociedade (F2/v24).
d) Incubadora #4 (SP): Incubadora tecnológica de universidade privada que se dedica ao
desenvolvimento de microempresas de base tecnológica e habilitada para receber recursos da lei
de informática (Lei 8248/1991). Fica localizada na área da universidade que possibilita um
crescimento físico e uma evolução importante (F2/v29). Há escassez de recursos financeiros,
uma vez que após o fim do convênio com o Sebrae restaram apenas as entradas de 40% das
necessidades, providas pelo governo local (F5/v9). Para cobrir custos com a administração da
incubadora, higienização e gastos com telefone é cobrada dos empreendedores uma taxa
progressiva de uso do espaço físico (F5/v9). A estrutura da incubadora é bastante enxuta e não
há recursos para participação em feiras, tendo como funcionários o gerente, a secretária e uma
faxineira. As empresas graduadas e bem-sucedidas não remuneram a incubadora, uma vez que,
mesmo que desejável, não há previsão contratual para tal (F5/v9). A seleção dos
empreendimentos dá-se segundo um processo que consta das seguintes fases: pré-seleção,
apresentação de plano de negócios, defesa presencial junto a um comitê técnico (uma
organização social que visa estimulara a produtividade e a competitividade de empresas e
estimula a cooperação produtiva no sistema de tríplice hélice), que faz a seleção final (F4/v4).
Além das instalações físicas e serviços de energia elétrica, telefonia e internet, o seu
comprometido e experiente gerente procura ajudar – mesmo que precariamente - os
empreendedores em busca de maiores habilidades em negócios, provendo cursos sobre plano de
negócio e treinamento em “canvas” e orientando-os na condução dos negócios (F1/v17, F7/v8).
Porém, não há um suporte para obtenção de financiamentos dos projetos dos empreendedores
(F5/v28). A interação entre os empreendedores incubados não é sistemática, dá-se no “café”, sem
nenhuma ação para estimular a criatividade dos empreendedores (F6/v14). Os professores da
115
universidade não estão disponíveis para auxiliar as incubadas. A gestão é personalíssima, com
uma grande flexibilidade na gestão dos contratos das incubadas. Trata-se de uma incubadora com
dificuldades para retomar a sua plenitude operacional, em crise, desde o afastamento do Sebrae
(F5/v9), buscando modos de sua manutenção de atividades e de qualidade de serviços. A
incubadora, apesar das importantes realizações e planos de seu gerente não está em condições
materiais de iniciar um processo para a implantação de um modelo de excelência de gestão. Há
um grau de compreensão da incubadora acerca das necessidades e expectativas das partes
interessadas, de seu ecossistema (F2/v23). Porém, não há um planejamento (F4/v2),
implementação e controle dos processos principais da organização documentados ou escritos. A
determinação do que, como e quando pontos de controle devem ser monitorados é tratada de
modo informal pelo gerente (F1/v15). As comunicações internas não estão sistematizadas
(F2/v24), entretanto mantém um site da incubadora que divulga as suas atividades. Não há uma
gestão de redes e parcerias, como uma forte interação entre incubadoras, uma integração de
atividade empreendedoras regionais, fisicamente ou virtualmente (F3/v22, F3/v11, F3/v27); nem
fomento de parcerias internacionais (F3/v16). Deste modo, mesmo sendo uma incubadora
importante na região, a percepção de seu impacto e de sua imagem têm bastante espaço para
crescer (F4/v5, F2/v23).
e) Incubadora #5 (SP): A incubadora ocupa as instalações físicas de importante universidade
paulista, sendo uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), com caráter
muito mais de aceleradora de empresas do que propriamente incubadora, com o objetivo (F4/v2)
de alcançar a competitividade das empresas do setor de programas de computador e serviços de
tecnologia da informação, o que lhe projeta nacionalmente no seu setor de atuação (F2/v23). Atua
como entidade gestora de um programa de tema afim (F4/v3, F4/v5) do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI). A seleção dos projetos de desenvolvimento de produtos ou
serviços de software devem ser aprovados por um conselho curador, após avaliação do comitê
técnico e conformes às condições preestabelecidas em edital de seleção e no regimento interno
da incubadora. Oferece infraestrutura e apoio de consultorias em gestão empresarial (F1/v17),
mercadologia, jurídica e contábil e formas de acesso (sem interferência direta) aos recursos nas
entidades de fomentos visando ao sucesso das incubadas (F5/v28), embora não foque, em
especial, no ensino e na difusão do empreendedorismo (F7/v8). Promove, semanalmente,
(segundas-feiras) reuniões das empresas com seus mentores para debaterem os resultados da
semana anterior e trocarem informações (F6/v14). O salário dos funcionários e gerentes é
mantido pela universidade (F5/v9). Busca uma associação com a outra incubadora da
116
universidade para compartilhar recursos e melhorar suas consultorias (F3/v22; F1/v17). Tem
convênio com o Sebrae para adotar as boas práticas de gestão de incubadoras do modelo CERNE,
uma vez que intenta desenvolver sua gestão, baseada na melhoria contínua de seus processos
(F1/v12, F1/v15, F2/v24). Pela estrutura de seus conselhos de administração (composto por
órgãos e agências do governo federal, de parlamentares, e diversas instituições civis) e fiscal
(empresas privadas e representantes ministeriais) exibe uma ampla rede de parcerias, que busca
viabilizar os seus projetos e a sua missão (F3/v11, F3/v27, F3/v16).
f) Incubadora #6 (SP): Incubadora de empresas de base tecnológica de uma importante
universidade, em que está instalada (F5/v9, F2/v29), e parte de uma agência voltada para a
inovação, busca estimular a criação e o desenvolvimento de novos empreendimentos de base
tecnológica. Oferece infraestrutura, orientação e capacitação tecnológica, gerencial, financeira,
mercadológica, de planejamento, “canvas”, produtiva e operacional às empresas incubadas
(F7/v8, F1/v17). Ajuda na elaboração e encaminhamento de projetos para obtenção de recursos
financeiros (sem, porém, dispor de um processo específico para tal, F5/v28), orienta as empresas
nas ações para a proteção da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia (F1/v17).
Os empreendedores pagam mensalmente para custear os insumos utilizados coletivamente
(F5/v9), sendo a contabilidade de cada empresa contratada pelo empreendedor. A incubadora
conta com empreendedores proativos e flexíveis que têm conferido sucesso aos
empreendimentos, mesmo que de alguma forma avessos e carentes de habilidades de gestão
(F4/v4, F7/v8, F1/v17). Após graduar uma empresa, a incubadora a direciona para um parque
tecnológico administrado pela agência de inovação. A incubadora tem os seus necessários
recursos garantidos pela universidade e compartilha com poder de compra desta (F5/v9). A
incubadora desfruta de uma forte imagem de excelência e de sucesso (23), em parte por seus
méritos e, por outro, lado pela marca forte da universidade da qual é parte. Se apresenta como
uma “vitrine dos projetos” da universidade, nas mais diversas áreas do conhecimento, com a
possibilidade de maior integração das soluções e criatividade estimulada pela
multidisciplinaridade (F6/v14). A gestão da incubadora evita as designações “empresa
incubada”, “residente” ou “graduada” para não rotular e enfraquecer a empresa pré-incubada. O
ambiente da incubadora, interno e externo, é rico de externalidades da universidade, como a
estreita convivência com pesquisadores que se encontram no estado da arte de sua ciência, da
maior facilidade no acesso a recursos financeiros (F5/v28, F6/v14, F3/v11, F3/v27) e uma grande
visibilidade de mercado. A maioria das empresas apoiadas é da área de TI, mas outras áreas como
consultoria, engenharia, alimentos, energia, telecomunicações e educação, também, destacam-
117
se. Estes indicadores não são, ainda, considerados suficientes para entender as métricas do
empreendedorismo e outros indicadores devem ser pensados, não tendo a incubadora um
processo documentado de acompanhamento dos importantes impactos de sua atuação (F4/v5)
que, entretanto, é reconhecida no mercado nacional (F4/v5, F2/v23). Os projetos oriundos da
universidade frequentemente têm a contribuição de algum pesquisador estrangeiro, o que
caracteriza uma parceria internacional (F3/v16).
g) Incubadora #7 (SP): Incubadora constituída a partir de uma iniciativa de incubação de
empresas da associação comercial e industrial local para apoiar micro e pequenas empresas em
parceria com a prefeitura municipal local, com a participação do Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo – CIESP, que compartilha o terreno e instalações com a incubadora (F2/v29) e
garante a sua projeção regional (F2/v23). Trata-se de uma incubadora mista voltada para ajudar
empresas nascentes, de interesse regional. Para tanto, salienta a disponibilização uma
infraestrutura física e de comunicação completa para as empresas. É intensa a atividade de
treinamentos, com cursos semestrais, com aulas aos sábados para atender demandas de
conhecimento dos empresários, transformando-se em uma escola de gestão administrativa
(F7/v8). Não há atividades específicas para estimular a criatividade e a inovação, provavelmente,
por conta do perfil misto da incubadora (F6/v14). As empresas bem-sucedidas (graduadas)
costumam voltar para participar dos cursos gratuitos dos sábados (F3/v11). Oferece consultorias
on the job, com a contratação de professores universitários, bem como consultoria de viabilidade
econômico-financeira, via Sebrae (F1/v17). Não oferece meios sistematizados para que
empreendedores obtenham recursos financeiros (F5/v28). Além das empresas que abriga, obtém
renda de duas empresas consolidadas no mercado que funcionam como âncoras e pagam aluguel
com valor pouco abaixo do mercado, porém superiores aos da incubadas, o que cobre as despesas
da incubadora (F5/v9). A interação entre os empreendedores das incubadas acontece nas pré-
aulas de sábado, em campanhas sociais e grupos de amizades formados na incubadora (F3/v11).
São promovidas rodadas de negócios e a incubadora contribui ou patrocina visitas a feiras,
oferecendo lanches e transporte. Anualmente, as empresas participam como expositores na feira
do comércio e da indústria local, promovida pela associação comercial e industrial e uma
faculdade, para fomentar a economia regional (F4/v3, F4/v5). O gestor da incubadora é um líder
experiente, administrador de empresa e empresário ligado à associação (F1/v12, F6/v26), que faz
a escolha das incubadas e promove suporte aos empreendimentos, com cursos, trocas de
experiências e apoio material e de orientação aos negócios incubados. A incubadora não pede
relatório de desempenho das empresas (F1/v15). Regionalmente, não mantém qualquer relação
118
com a universidade estadual, sendo constatado desinteresse dos professores desta universidade
nas atividades da incubadora (F3/v22, F3/v11, F3/v27); também, não há parcerias internacionais
(F3/v16). Não se documenta o planejamento, a implementação e o controle dos principais
processos da incubadora. As comunicações internas não estão sistematizadas (F2/v24), exceto
seu site para comunicar-se com a sociedade.
h) Incubadora #8 (SC): Incubadora vinculada a uma fundação independente fomentadora de
tecnologias inovadoras e formada para contribuir com o desenvolvimento da atividade
econômica de sua cidade (F4/v2), aproveitando-se dos conhecimentos desenvolvidos pela
universidade federal local, da qual originou-se tal fundação de tecnologia e da qual encontra-se
geograficamente próxima (F2/v29). A incubadora estimula a criação e gestação de novas
empresas e a interação dessas com o meio ambiente científico e de negócios. Como sendo um
centro de referência da fundação, alinhada com as diretrizes traçadas pelos conselheiros desta
fundação (F6/v26), a incubadora atua atenta à necessidades e potencialidades regionais (F4/v3)
e promove um forte impacto na economia local (F4/v5). As vagas para incubação são ofertadas
em um processo seletivo disputado e rigoroso (F4/v4) uma vez que a imagem de sucesso da
incubadora é muito forte local e nacionalmente (F2/v23). Tal imagem funciona como um polo
de atração de parcerias nacionais e internacionais (F3/v16) e de uma rede consolidada de
empreendedores e de incubadoras (F3/v11, F3/v22, F3/v27). Além disto, atrai investidores que
aportam recursos para os projetos das incubadas (F5/v28). Proporciona uma ampla diversidade
de apoios e serviços às incubadas, como escritório de contabilidade, orientação jurídica, além de
uma confortável infraestrutura física, com serviços bancários, restaurante, lanchonete, auditórios,
salas de reuniões, entre outros. Também, oferece assessorias e consultorias de tecnologias e
mercados (F1/v17), com orientações para atuações no mercado internacional, inclusive, cursos
de capacitação empreendedora e atividades e eventos que estimulam a integração e a criatividade
para a inovação (F7/v8, F6/v14). O gestor da incubadora é um profissional de muita experiência,
conhecimento e trânsito no mundo empreendedor nacional que exerce uma liderança com traço
forte de personalidade (F1/v12), faz a instituição confundir-se com o seu gestor. Estabeleceu um
fluxo administrativo empresarial (que reflete o seu perfil) para a sua instituição, na qual os
empreendedores são acompanhados de perto, inclusive em seus desempenhos econômico-
financeiros (F1/v15). Do ponto de vista de modelo de gestão, a incubadora foi referência para
implantação de várias outras incubadoras em todo o Brasil. Os elementos importantes desta
incubadora alcançar são realçados como razão de seu sucesso estão diretamente ligados ao
período de incubação (que é definido de acordo com a realidade de cada empresa incubada), o
119
acompanhamento pontual de cada empresa incubada e análises críticas para correções de
problemas (F1/v15), ser administrada como um negócio autossustentável (F5/v9), preparar as
empresas para enfrentar as condições reais de mercado e desenvolver parcerias (F3/v22, F3/v16).
Desenvolve ações internacionais estruturadas na gestão da incubadora (F3/v16). As
comunicações internas apresentam-se bem estruturadas e sistematizadas (F2/v24) e há um site
com muitas informações de interesse das partes interessadas.
i) Incubadora #9 (MG): A incubadora está integrada à instituição de pesquisa, que provê os
recursos (F5/v9) para a sua manutenção, e está localizada no campus da universidade (F2/v29),
em que cumpre um papel complementar no currículo dos alunos de graduação. Na atualidade, o
ambiente empresarial da cidade está fortemente envolvido com negócios oriundos das atividades
de ensino e pesquisa do instituto de ensino e da incubadora. Esta condição expõe uma forte
sinergia de ações empreendedoras envolvendo a incubadora, outras incubadoras (F3/v22) locais,
os empresários, o poder público, as escolas de educação infantil, ensino fundamental, médio e
superior. As necessidades regionais (F4/v3) estão contempladas nas metas (F4/v2) para a
incubadora que, por sua vez, impacta fortemente no ambiente de negócios local por ser uma
referência temática, uma divulgadora de tendências tecnológicas, estimuladora do
empreendedorismo por conta das diversas atividades e eventos que protagoniza e pela graduação
bem-sucedida de diversas empresas, com repercussão local e nacional (F4/v5). A imagem de
muito sucesso da incubadora (F2/v23) atrai empreendedores de boa qualidade para desenvolver
os temas de interesse da região (F4/v4). Administrativamente, a incubadora é um braço de um
núcleo de fomento, cultivo e divulgação (F7/v8) do empreendedorismo da instituição de
pesquisa. Para a sua gestão, é designado um gerente capacitado (F1/v12) que desenvolve as
atividades designadas para a incubadora, dentro da perspectiva do núcleo de empreendedorismo
e da instituição (F6/v26), compondo uma equipe de trabalho que compartilha todas as
informações e planejamentos, além de rotinas operacionais como a administração da
infraestrutura e da supervisão, suporte (consultorias e assessorias) e avaliação das incubadas
(F1/v17, F1/v15). As ações e recursos para o ensino, a difusão do empreendedorismo e as
atividades para estimular a criatividade e a inovação (F6/v14) são plenamente desenvolvidas por
programas como laboratório estimulador de novas ideias (ambientes de criação conjunta de
novos negócios, de coworking e de convivência), bancos de ideias, olimpíadas de
empreendedores, programas de milhagem (atividade extracurriculares que são convertidas em
bonificações e prêmios aos alunos) e observatório de empreendedores (encontros mensais de
empresários e alunos ou ex-alunos que têm desejo de virarem empreendedores). Os recursos
120
financeiros, via investidores, para os negócios incubados são atraídos pela intensa atividade da
incubadora e pelo apoio social que desfruta (F5/v28). Deste modo, a incubadora e suas empresas
incubadas desfrutam de uma integração em redes reais e virtuais (F3/v11 F3/v27) de
empreendedorismo locais, estaduais e nacionais. A atuação internacional da incubadora pode ter
maior relevância devido aos desenvolvimentos das empresas graduadas e aos convênios firmados
pela instituição de ensino e pesquisa a qual está vinculada (F3/v16).
j) Incubadora #10 (MG): Trata-se de uma incubadora de empresa da Prefeitura Municipal,
braço operacional de um projeto da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia, Indústria e
Comércio voltado para o arranjo produtivo local (APL), com o objetivo de desenvolver a
economia e gerar rendas no município, no que tem sido bem-sucedido (F4/v5). Este projeto,
coordenado pela administração pública (F6/v26), estabelece um convênio com as principais
instituições de ensino local, e parcerias com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Secretaria de Estado de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais, Instituto da
Federação da Indústria de Minas Gerais que promove a interação de empresas centros de pesquisa
e desenvolvimento no estado e o principal sindicato patronal local. A cidade é pequena, o que
aproxima fisicamente (F2/v29) a incubadora de outras incubadoras, das instituições de pesquisa
e ensino e dos parceiros de negócios locais (F2/v29). Os recursos mais importantes para
incubadora estão condicionados e provêm da administração pública (F5/v9). A cidade tem uma
dinâmica de interação empresarial muito forte e há sinergia das incubadoras e da classe
empresarial local (F3/v22). O poder público estimula a divulgação do empreendedorismo nas
escolas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio (F7/v8). A incubadora deste
caso apresenta-se como um ícone do mundo dos negócios no estado e, talvez, no país, com uma
história de empreendedorismo que se funde à história da cidade (F2/v23). A divulgação de muitos
casos de sucesso e de heróis empreendedores exerce uma forte atração de empreendedores de
boa qualidade, da cidade e da região, para desenvolver negócios de interesse local (F4/v4). As
metas da incubadora são as metas (F4/v2) da política de desenvolvimento da região (F4/v3)
necessidades regionais (F4/v3) e têm claro impacto na economia e atividade empreendedora da
região (F4/v5). O gerente da incubadora é experiente e capacitado (F1/v12), trabalha em sintonia
com o secretário de tecnologia local, cumprindo com as diretrizes políticas do município, o que
– por outro lado – condiciona as suas ações. Dentre as atividades do gerente, estão a
disponibilização da infraestrutura de qualidade para as incubadas, ao menos a aproximação com
121
investidores (F5/v28), orientação e encaminhamento para aprendizado de habilidades
empreendedoras (F7/v8), a avaliação dos empreendimentos (F1/v15), apoios de consultorias,
assessorias (F1/v17) e serviços contábeis, fiscais jurídicos, por meio da atuação sinérgica da casa
do empreendedor. Não há uma forte ação para o estímulo da criatividade e para a integração
(F6/v14). A incubadora opera processos de pré-incubação, incubação e incubação avançada de
empresas de base tecnológica (uma modalidade para que empresas de mercado que buscam
desenvolver inovações, possam obter apoio do poder público municipal). A incubadora oferece
acesso ao apoio das instituições de fomento e à linhas de crédito para os empreendedores
(F5/v28). A incubadora e suas empresas incubadas participam ativamente das redes reais
(F3/v11) de empreendedorismo locais, estaduais e nacionais, porém as redes virtuais (F3/v27) e
as parcerias internacionais não foram realçadas pela incubadora na data da visita (F3/v16).
k) Incubadora #11 (RJ): A incubadora de empresa é uma área funcional, constituída em uma
unidade complementar autônoma da universidade (F2/v29), parte de um centro universitário
fundado para a busca da inovação e no estímulo e apoio efetivo à atividade empreendedora do
país, com repercussões locais e internacionais (F4/v5). O foco de ação se dá no ensino (F7/v8) e
cultura empreendedora e na inovação considerados críticos para o desenvolvimento de novas
empresas. As fontes de receita da incubadora são provenientes das incubadas (20%), cursos de
extensão e projetos junto a empresas para apadrinhamento de atividades empreendedoras
(F5/v9). O salário do gestor do centro, a limpeza, a segurança e o aluguel de suas instalações na
universidade são bancados por esta universidade. Busca a captação de novos empreendedores,
por meio de um processo de seleção e admissão criterioso (duas vezes ao ano, com seis meses de
duração), priorizando as vagas para os projetos de interesse do centro (F4/v4), reservados a
alunos, ex-alunos, professores, ex-professores e funcionários que pretendam atuar em ações
impactantes na sociedade local (F4/v3, F4/v5), estadual e nacional, com repercussões
internacionais. Tais repercussões, amparadas por premiações (nacionais e internacionais) da
incubadora e pelos projetos bem-sucedidos de empresas graduadas junto a importantes empresas
nacionais e estrangeiras ajudam a projetar uma imagem de muito sucesso do centro (F2/v23). Por
se tratar de uma função do centro, a atividade da incubadora é gerida por uma pessoa preparada,
com atividades focadas no apoio aos empreendedores, no acompanhamento dos indicadores da
incubadora e na coordenação das consultorias para os empreendedores. A atuação do gestor da
incubadora complementa-se pela equipe interdisciplinar e multidimensional do centro (F1/v12),
orientada por um planejamento estratégico (F4/v2) aprovado pelos níveis superiores da
universidade (F6/v26). Oferece uma ampla gama de serviços aos empreendimentos incubados,
122
incluindo apoio jurídico e consultorias (F1/v17), porém não provê serviços contábeis. O
acompanhamento das atividades das incubadas (F1/v15) realiza-se por meio de dados
informatizados, a cada três meses, e de um acompanhamento por meio do diálogo constante com
os empreendedores (F2/v24). Não é constante a reunião espontânea dos incubados e a promoção
de eventos sociais para estes estava em implementação na data de visita à incubadora (F3/v22).
A oferta de cursos e palestras gratuitas, cursos de extensão, banco de mentores e o cultivo da
cultura empreendedora ajudam na integração e, de forma indireta, no estímulo à criatividade e à
inovação coletiva (F6/v14). Dispõe de ampla rede de empreendedorismo com entidades
profissionais, instituições privadas e públicas, em redes físicas e virtuais (F3/v11, F3/v27,
F2/v29), com outras incubadoras locais e nacionais (F3/v22), entidades estrangeiras (F3/v16) e
orientação para acesso a fundos de investimentos (F5/v28). Considera ter pontos fortes na alta
taxa de sobrevivência das graduadas, no crescimento do faturamento das empresas que acolhe e
em seu networking. Como dificuldade, aponta o desconhecimento objetivo e confiável dos dados
de desempenho das graduadas, não sendo possível medir o impacto delas no mercado
confiavelmente.
l) Incubadora #12 (RJ): Incubadora de empresa ligada à um instituto de pós-graduação de
universidade e localizada em suas dependências (F2/v29) e tem como objetivo fomentar a
geração de novas empresas que apliquem os conhecimentos tecnológicos gerados pelos grupos
de pesquisa (F4/v3). Oferece serviços de capacitação frequente (quinzenalmente, F7/v8), apoio
a patentes, assessorias, consultorias e mentoring e oferta de palestras frequente e diversas
(F1/v17) às incubadas que podem despertar a criatividade e estimular a interação (F6/v14) dos
empreendedores. O gerente ou coordenador da incubadora é escolhido entre os profissionais mais
capacitados e experientes (F1/v12) e mantém reuniões de monitoramento baseado em
informações alimentadas em formulário em plataforma informatizada (F2/v24, F1/v15). As
metas da incubadora (F4/v2) são estabelecidas por um conselho do instituto e da universidade
(F6/v26), considerando uma atuação harmônica com o parque tecnológico e com os programas
de pesquisas desenvolvidos (F4/v3). Trata-se de uma incubadora importante na atração de
empreendedores, por seu impacto regional e nacional (F4/v5), abrindo vagas a alunos, em um
processo seletivo institucionalizado (F4/v4), que apresentem projetos alinhados com os eixos
tecnológicos do instituto de pós-graduação. Os recursos para a incubadora (F5/v9) provêm,
principalmente, da universidade e do instituto (com as limitações de verbas públicas), de projetos
acordados com Sebrae, Finep e outras instituições de fomento à pesquisa, o que ajuda a contratar
consultores, porém não há participação de professores universitários na incubadora. Desenvolve
123
e estimula a participação dos empreendedores em diversos eventos locais e nacionais, o que
aproxima empresários jovens de profissionais mais maduros, contribuindo para a formação de
uma rede de empreendedorismo (F3/v11, F2/v29), não necessariamente focada na interação
virtual (F3/v27). A incubadora interage local e nacionalmente com outras incubadoras, o que
configura uma rede informal de parceiros (F3/v22). A incubadora aproveita-se da marca do
instituto a qual pertence, que tem imagem tecnológica forte no país e no exterior, além de sua
localização e vinculação direta coma universidade que mantém o instituto (F2/v23). Para o
financiamento das incubadas (F5/v28), buscar orientar a busca do fomento em instituições
públicas de amparo a pesquisa e a projetos e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). As parcerias internacionais ocorrem mais precisamente com as empresas da
incubadora (residentes ou graduadas) que desfrutam de uma condição privilegiada de forte
intercâmbio de pesquisadores e professores de institutos e universidades estrangeiros (F3/v16),
que podem – mas não necessariamente - ser comunicados aos empreendedores.
O Quadro 4.13 sintetiza o grau de observância de cada Fator Crítico de Sucesso (variável
na linguagem estatística) observado nas incubadoras mencionadas.
Quadro 4.13 Síntese do grau de observância do Fator Crítico de Sucesso (variáveis) para as
incubadoras estudadas. (Fonte: Elaborado pelo autor)
As incubadoras 1, 3, 4 e 7 são aquelas cujas gestões não atentam de modo formal para um
importante conjunto de Fatores Críticos de Sucesso. Por outro lado, os gestores das incubadoras
Incubadora
Pontos Muito Fortes Pontos Fortes Pontos MédiosPontos Fracos ou
Inexistentes
# 1 v3; v4; v26; v29 v5; v12; v14; v23 v8; v9; v15v2; v11; v16; v17 v22;
v24; v27; v28
# 2v3; v4; v5; v11; v26; v23;
v24; v29v9; v12; v15; v17 v2
v8; v14; v16; v22; v27;
v28
# 3 v3; v4; v5; v11; v29v2; v8; v12; v14; v15;
v17; v23; v26
v9; v16; v22; v24; v27;
v28;-
# 4 - v3; v4; v12; v26; v29v2; v5; v11; v22; v23;
v27
V8; v9; v14; v15; v16;
v17; v24; v28
# 5v2; v3; v5; v12; v15; v24;
v26; v29
v4; v9; v11; v14; v16;
v23; v27v8; v17; v22; v28 -
# 6v2; v3; v4; v5; v8; v9; v12;
v22; v23; v24; v26; v29
v11; v14; v15; v16; v17;
v27v28 -
# 7 v3; v9; v12; v26v2; v4; v5; v8; v11; v17;
v23; v29v14; v24
v15; v16; v22; v27;
v28
# 8v2; v3; v4; v5; v9; v11;
v15; v17; v23; v24; v26;v12; v16; v22; v27; v29 v8; v14; v28 -
# 9
v2; v3; v4; v5; v8; v9; v11;
v12; v14; v15; v17; v22;
v23; v24; v26; v27; v29
v28 v16 -
# 10
v2; v3; v4; v5; v8; v11;
v15; v17; v22; v23; v24;
v26; v29
v9; v12 v14; v27; v28 v16;
# 11
v2; v3; v4; v5; v8; v11;
v12; v15; v16; v17; v22;
v23; v24; v26; v29
v9; v27 v14; v28 -
# 12
v2; v3; v4; v5; v8; v11;
v12; v15; v17; v22; v23;
v24; v26; v29
v9; v16; v14; v27; v28 -
Estudos de Caso e os Fatores Críticos de Sucesso das Incubadoras
124
6, 8, 9, 10, 11 e 12 estão bastante atentos aos Fatores Críticos de Sucesso depurados nesta tese,
embora dispensem prioridades distintas a alguns destes fatores, parece que não há
comprometimento dos desempenhos importantes dessas incubadoras.
O Quadro 4.14, a seguir, apresenta uma visão complementar ao quadro 4.13, destacando-
se por meio de um diagrama de cores o observado para cada variável.
Quadro 4.14 Diagrama de cores destacando a observância de cada Fator Crítico de Sucesso
(variáveis), em seus Componentes, para cada Incubadora estudada. (Fonte: Elaborado pelo
autor).
É possível notar que os recursos financeiros (F5) apontam os FCS de mais sensível
observância pelo conjunto das incubadoras estudadas, que encontram gargalos no
equacionamento de recursos para os seus projetos e para as suas empresas incubadas. As
atividades estimuladoras da criatividade, inovação e integração das empresas incubadas (intra e
inter incubadoras) podem apresentar melhores resultados com a participação efetiva de
orientadores externos (F6), promovendo as parcerias e alianças necessárias e pouco trabalhadas
#9 #11 #6 #12 #10 #8 #5 #3 #2 #7 #1 #4
12
15
17
23
24
29
11
16
22
27
2
3
4
5
9
28
14
26
F7 8
F6
F1
F2
F3
F4
F5
IncubadoraComponentes
FCS
(variáveis)
Legenda
Altíssima observância (grau 3): forte atenção, presença ou cultivo do fator pela incubadora.
Alta observância (grau 2): presença significativa do fator.
Média observância (grau 1): atenção média da incubadora ao fator.
Observância baixa ou inexistente (grau 0): pouca ou inexistente atenção ao fator na incubadora.
125
nas incubadoras estudadas (F3). Demanda atenção a questão da solução mais sistêmica da
formação empreendedora, que apresenta soluções caseiras e pouco compartilháveis entre as
incubadoras (F7). As ações de gestão (F1), a dinâmica de gestão (F2) e as ações de planejamento
estratégico (F4) aparecem como bem observadas pela maioria das incubadoras, porém – com o
baixo grau de parceria institucional e formal – resultam em soluções fracionadas e carentes de
uma inserção orgânica com forças e comprometimentos desde e para o ecossistema
empreendedor.
A seguir é apresentada uma análise dos resultados dos Estudos e Caso resumidamente
ilustrados nos Quadros 4.13 e 4.14 acima.
4.3.2 Debates sobre os Estudos de Caso relativos às incubadoras visitadas e analisadas
De um modo geral, as 12 incubadoras estudadas apresentam pontos fortes, porém, mesmos
estes, necessitam ser mais cuidados e aprimorados. A incubadora mais carente de cuidados
apresenta ausência de atenção (observância) ou gestão insuficiente aos Fatores Críticos de
Sucesso, apontados pelos entrevistados como prioritários. A incubadora mais equilibrada e
cuidadosa com os Fatores Críticos de Sucesso, também, tem ações de gestão permanentes para
manter, aprimorar e atualizar o que está funcionando e melhorar o que ainda está deficiente.
Por meio dos Quadros 4.13 e 4.14, é possível analisar o desempenho de cada variável
validada pelos respondentes. O acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora
(F5/v9) foi percebido como bem equacionado por quatro incubadoras e, razoavelmente,
resolvidos por outras cinco, sendo que das incubadoras estudadas apenas uma acusou a
criticidade preocupante quanto a este mais sensível Fator Crítico de Sucesso (SMILOR; GILL,
1986; XAVIER et al., 2008; LEE; OSTERYOUNG, 2004; OLIVEIRA; COSTA, 2007;
RIBEIRO et. al., 2005). Deste modo, no universo estudado, as incubadoras brasileiras de empresa
apresentam razoável acesso aos recursos para suportar as suas atividades e tais recursos atendem,
de alguma forma, as suas perspectivas atuais de realizações.
As incubadoras estudadas dispõem de gestores capacitados razoavelmente e experientes
(F1/v12), o que satisfaz a necessidade expressa pelos entrevistados por este importante Fator
Crítico de Sucesso. Por outro lado, metade destas incubadoras devem se atentar para que
gerentes, mesmo que qualificados, mantenham-se atentos ao monitoramento e ao controle do
desempenho da incubadora e a orientação aos empreendedores, como alertam Da Silva, J. M. et
al. (2012). Daí, serem mais atuantes na solução de carências dos empreendedores por
consultorias e assessorias ajustadas às necessidades destes, acompanhem de perto as incubadas,
126
constituam redes de relacionamentos locais e internacionais, busquem novos perfis investidores
que apoiem os empreendimentos, teçam mais articulações com o mercado em busca de canais
para integrar os investimentos em grandes corporações e encaminhem a realização das inovações
desenvolvidas pelos empreendedores.
Cinco incubadoras deram solução à demanda por consultores por seus empreendimentos
incubados (F1/v17). Outras quatro incubadoras ressentem-se de mais presença de profissionais
de mercado para ajudar seus empreendedores; sendo que para três outras, este Fator Crítico de
Sucesso encontra-se insatisfatório, o que pode afetar a qualidade e sobrevivência dos
empreendimentos que se graduarem com tais carências. Carece atenção de todas as incubadoras
este fator, pois além de, necessariamente, a prestação de serviços de consultorias externas ter de
estar disponível aos empreendedores, deve ser ajustada à maturidade e necessidade de cada
empreendedor (VERMA, 2005; AL-MUBARAKI; BUSLER, 2012; ALBORT-MORANT;
OGHAZI, 2016).
O acompanhamento sistemático do desempenho dos empreendimentos pela gerência da
incubadora (F1/v15) é inexistente em duas das doze incubadoras estudadas e, em outras quatro,
é apenas satisfatório. É parte da responsabilidade do gestor da incubadora zelar pelo bom
desenvolvimento dos empreendimentos, uma vez que está na essência do negócio da incubadora
a oferta ao mercado e à sociedade empresas bem-sucedidas e sustentáveis que gerem emprego,
riqueza e bem-estar social. Além disto, periodicamente, não avaliar a incubada faz com que a
incubadora perca a oportunidade de aprimorar a capacitação ofertada, conforme salientam Xavier
et al. (2008) e Da Silva, J. M. et al. (2012).
A incubadoras estudadas, de forma geral, encontram-se bem localizadas (F2/v29) e têm um
bom intercâmbio com a academia e com centros de pesquisa (BARQUETTE, 2002; MALETZ;
SIEDENBERG, 2007; DANSON; BURNETT, 2014), o que combina com a vocação tecnológica
de todas elas. Têm fácil acesso, além de universidades e instituições de pesquisa, às empresas, às
organizações sociais, ao poder público, à oferta de potenciais empreendedores e à mão de obra
capacitada. O mercado comprador dos produtos das empresas incubadas nem sempre circunda a
incubadora, o que demanda um esforço do gestor, dos empreendedores e outros stakeholders em
estabelecer canais para acessar mercados remotos, em uma abrangência nacional ou
internacional.
A estruturação e aplicação sistemática de atividades motivadoras da criatividade e do
trabalho integrado entre os empreendedores incubados (F6/v14) é um grande desafio a ser
vencido pelas incubadoras estudadas. Apenas uma incubadora desenvolve “intensa" (aspas do
autor) atividade criativa e integradora, sendo que quatro outras tratam disto de maneira informal
127
ou não completa. Mais da metade delas apresentam uma condição de gestão da integração e da
criatividade bastante insuficiente. Uma vez que a incubadora, quando estimula a criatividade e a
integração dos residentes, contribui muito para o sucesso destes (VERMA, 2005; MALETZ;
SIEDENBERG, 2007; MIZIARA; CARVALHO, 2008; DA SILVA, J. M. et al., 2012), tal
deficiência repercute diretamente nas empresas graduadas, comprometendo a sua valorização e
sobrevivência em um mercado altamente competitivo e globalizado.
A aproximação dos empreendimentos com investidores potenciais e a orientação para a
boa administração dos recursos financeiros disponíveis (próprios, de família, de terceiros entre
outros.) é uma das grandes deficiências do modelo de gestão das incubadoras estudadas (F5/v28).
Isto porque cabe à incubadora o aconselhamento dos empreendedores e a facilitação de acesso a
consultores financeiros que equacionem soluções para cada caso, de modo a superar dificuldades
de gestão, investimentos, empréstimos, financiamentos e regulamentações (SMILOR; GILL,
1986; MALETZ; SIEDENBERG, 2007). Os empresários necessitam de orientações e assessorias
para fazer uma adequada gestão de seus recursos financeiros. A dinamização de parcerias e de
comprometimento de stakeholders não tem sido suficiente para atrair e alavancar recursos
financeiros satisfatórios para os empreendimentos incubados de quase todas as incubadoras
analisadas. Uma forte ação planejada para reforçar vínculos no ecossistema empreendedor deve
ser levada adiante e deve ser capitaneada pelo gerente da incubadora, cumprindo metas e
objetivos de um planejamento estratégico real, efetivo e atualizado permanentemente.
A existência de metas bem definidas não é um problema para grande parte das incubadoras
pesquisadas (F4/v2). No entanto, a questão que se coloca é a formalização destas metas em
instrumentos formais de gestão, observados pelos gerentes e conselhos das incubadoras,
consubstanciada na necessidade de traçar e seguir ações organizadas para alcançar os seus
objetivos (DORNELAS, 2002; ARAÚJO; ONUSIC, 2014). Ter metas não significa ter desafios
para superar dificuldades e aumentar a qualidade e quantidade dos resultados da incubadora, é
fundamental verificar o desempenho por meio de indicadores e verificar cumprimento de metas
e a realização das estratégias organizacionais (MALETZ; SIEDENBERG, 2007; FERREIRA,
M. P. et al., 2008). Os Fatores Críticos de Sucesso, apontados no debate desta tese, poderiam
integrar um plano de ações para a maioria das incubadoras.
O ensino e a difusão do empreendedorismo apresentam-se bastantes desiguais (F7/v8). Está
presente em incubadoras de maior visibilidade setorial e ausente nas de projeção mais modesta.
Este fator foi um dos mais afetados com a mudança de atuação do Sebrae junto às incubadoras
e, passados seis anos de indefinição da forma de suporte de consultores, grande parte das
incubadoras apresentam-se deficientes na prestação deste suporte para as suas incubadas. O
128
empreendedor perde competividade de negócios pela falta de melhor preparo. Entretanto, este
fator extrapola a ação da incubadora e extravasa a responsabilidade para outros agentes
econômicos, políticos, sociais e educacionais, como poder público, instituições de ensino e
instituições econômicas e sociais, públicas e privadas (DORNELAS, 2002; RIBEIRO et al.,
2005).
Apesar do porte modesto e, assim, da proximidade física entre as empresas e o corpo
administrativo da incubadora, a intensidade do fluxo de informações (F2/v24) entre a gerência
de quatro incubadoras e suas incubadas necessita maior atenção para o estabelecimento de uma
comunicação objetiva, registrada e de mão dupla. A comunicação insatisfatória impede a
evolução de novos conceitos de soluções tecnológicas e de modelos de negócios, além de turvar
uma visão mais definida das necessidades específicas e atuais de cada empreendedor. Trata-se
de um fator sensível a coleta e tratamento de informações importantes que devem estar sempre
atualizadas (LEE; OSTERYOUNG, 2004; DA SILVA, J. M. et al., 2012; MIZIARA;
CARVALHO, 2008).
O Fator Crítico de Sucesso relativo ao conhecimento das necessidades de desenvolvimento
da região na qual se encontra a incubadora (F4/v3) apresenta uma avaliação bastante satisfatória
em todos os estudos e caso. Isto deve-se à origem, aos vínculos acadêmicos, empresarias e
políticos das incubadoras, bem como à experiência e relacionamentos de seus gerentes. Em parte,
tal conhecimento decorre de ações estruturadas de planejamentos estratégicos, observados o tipo
e a profundidade de sua inserção regional (RIBEIRO et al., 2005; SUN et al., 2007; CAETANO,
2011).
A integração em uma rede estabelecida de empreendedorismo na região geográfica onde
se encontra a incubadora (F3/v11) não é uma prática sistemática ou operacional de todas as
incubadoras analisadas, porém, de um modo geral, este fator apresenta-se satisfatório. A
incubadora é o agente de intervenção para fomentar uma rede de relacionamentos (DA SILVA,
J. M. et al., 2012, p. 720). Há a necessidade de melhorias no tratamento das redes de
empreendedorismo, tornando-as instrumentos de retroalimentação e de efetivos intercâmbios
entre empreendedores, incubadoras, universidades, empresas, governos e a sociedade civil, como
identificado por Smilor e Gill (1986) e Hackett e Dilts (2004).
Outro fator satisfatório para o conjunto de incubadoras estudadas é aquele relativo à
imagem e a sua gestão para divulgar as conquistas e o sucesso da incubadora (F2/v23), um fator
fundamental de afirmação institucional, segundo Maletz e Siedenberg (2007). Regionalmente,
todas as incubadoras deste estudo cultivam uma imagem de respeito, mesmo que nem tanto
conhecidas pela sociedade civil. Assim, mesmo que respeitadas, muitas destas incubadoras
129
necessitam melhorar a penetração de suas imagens, atuações e realizações no seu ecossistema.
Deste modo, poderão catalisar simpatias e esforços que possam se traduzir em consultorias,
parcerias, suportes financeiros, apoios políticos, acesso a novos mercados e consolidação da
incubadora como um patrimônio econômico, social e cultural de uma região. Deste modo, a
incubadora firma-se como instituição importante em sua comunidade e favorecer a inserção de
suas empresas incubadas ou graduadas no mercado, estas contando com uma credibilidade e
seriedade, como pontuam Xavier et al. (2008) e Costa, L. F. S. et al. (2010).
Todas as incubadoras tratadas aqui estão bem posicionadas no Fator Crítico de Sucesso
relativo ao conselho de orientadores externos atuantes (F6/v26). A atuação deste conselho
impacta nos resultados da atuação, porém pode ser mais ou menos efetiva na medida em que suas
orientações possam ser traduzidas em objetivos e metas mensuráveis no planejamento estratégico
das incubadoras, segundo Buys e Mbewana (2007). Almeja-se um fluxo intenso na comunicação
entre o conselho de orientadores, a incubadoras e suas incubadas (SMILOR; GILL, 1986; LEE;
OSTERYOUNG, 2004; DA SILVA J. M. et al., 2012).
A verificação do impacto causado em sua região de atuação (F4/v5) é uma ação praticada
por quase todas as incubadoras, destoando apenas entre elas a sistematização da prática de análise
de impacto regional. A análise deste impacto não é dispensável para nenhum modelo de
incubadora, mesmo aquelas que não tenham como primordiais objetivos a solução para emprego
e renda em a sua região, como as incubadoras virtuais, as corporate spin-offs e as universitárias
(THURIK; WENNEKERS, 2004; MOTA, 2010; CAETANO, 2011; MARCHIS, 2011; DA
SILVA, J. M. et al., 2012; THEODORAKOPOULOS et al., 2014).
A interação entre incubadoras, diferentemente da interação entre gerentes de incubadoras
(F3/v22), é um fator crítico de sucesso bastante deficiente no contexto estudado nesta tese. A
falta de uma troca de experiências, informações da construção de sucessos e das lições de
fracassos não permite o enriquecimento de aprendizados na maioria dos casos estudados
(HANSEN et al., 2000). Maior transparência de gestão e entre gestores, tendo como
consequência uma melhora nas condições de negócios, com estabelecimento de rede preferencial
de instituições, economias de escala e uma unidade de atuação, pode reforçar este essencial Fator
Crítico de Sucesso (SCILLITOE; CHAKRABARTI, 2010; BØLLINGTOFT, 2012;
PILINKIENĖ; MAČIULIS, 2014).
Bastante deficiente mostra-se o estímulo para as redes virtuais empreendedoras, como uma
iniciativa da incubadora (F3/v27). A ação gerencial não parece suficientemente sensível a esta
dinâmica de comunicação possibilitada pelas mais diversas soluções propiciadas pelas
tecnologias de informação e comunicação. A participação nestas redes tem sido iniciativa dos
130
empreendedores, mas poderiam ser potencializadas pelo engajamento mais contundente das
incubadoras de empresa por meio de seus gestores. Não têm sido aproveitadas as oportunidades
ofertadas pelas tecnologias de informação e comunicação (LEE; OSTERYOUNG, 2004; DA
SILVA, J. M. et al., 2012), perdendo-se oportunidades de melhorar o conhecimento e o
amadurecimento dos empreendedores incubados, de uma ligação mais efetiva com as empresas
graduadas e incubadoras mais distantes em escala nacional ou internacional (MALETZ;
SIEDENBERG, 2007).
De um modo geral, o desenvolvimento de parcerias internacionais (F3/v16) é o ponto
crítico mais sensível (menos tratado) entre as incubadoras deste estudo. Exceto uma, todas as
outras nada desenvolvem ou tratam disto por meio dos próprios empreendedores, nada
contribuindo com uma ação diferencial. Há muita dificuldade em tecer uma rede de parceiros
globais e as razões para tal carecem de um estudo específico, dada a complexidade e
multidisciplinariedade do tema. O resultado é um desperdício de oportunidade de aproveitamento
de experiências e culturas de negócios diversas (LEUNG; WANG, 2015) e um desempenho
piorado dos empreendedores por falta dos benefícios de uma rede de relacionamentos globais,
que abririam oportunidades de parcerias mais complexas e complementares aos seus negócios
(PAYLAK, 1980; VERMA, 2005; LEE; OSTERYOUNG, 2004; SERRA et al., 2010; DA
SILVA, J. M. et al. 2012).
Da Silva, J. M. et al. (2012), Maletz e Siedenberg, (2007), Buys e Mbewana (2007) e Sun
et al. (2007) salientam a importância da atenção das incubadoras para as necessidades de
desenvolvimento da sua região, da adequação e da escolha dos empreendimentos em função da
realidade econômica, tecnológica e social da região. No estudo aqui desenvolvido constatou-se
que as incubadoras mostram-se sensíveis à importância de se priorizar acessos a
empreendimentos que atendam, primordialmente, necessidades regionais (F4/v4). Entretanto, à
medida que a sofisticação tecnológica se estabeleça, uma visão global de atendimento de
necessidades diversas das locais e mais globais, poderá tornar este fator crítico menos impactante
para o real sucesso da incubadora.
Por fim, o fato de uma incubadora não observar um determinado Fator Crítico de Sucesso,
presente na gestão de outras, por si só não permite concluir que tal condição se trata de uma
fraqueza ou carência. A incubadora é um subsistema do ecossistema empreendedor e há uma
inter-relação e realimentação de influências entre ações e reações de gestão da incubadora com
os diversos domínios ou constructos ecossistêmicos. Deste modo, otimização dos parâmetros de
gestão, aqui inclusos os Fatores Críticos de Sucesso, é uma pré-condição da racionalidade e da
eficiência administrativa.
131
5 CONCLUSÕES
Esta tese procurou responder a três questões, sendo duas delas relacionadas ao Ecossistema
Empreendedor Brasileiro e uma relacionada à gestão de incubadoras de empresa.
A primeira questão teve como foco a real possibilidade de utilização do modelo de
Bitencourt et al. (2014) para a avaliação do Ecossistema Empreendedor Brasileiro sob a
perspectiva das incubadoras de empresa. A constatação da aplicabilidade deu-se por meio de uma
survey realizada junto a 74 profissionais qualificados (mestres, doutores e pesquisadores com
publicações próprias) e envolvidos com as incubadoras de empresa, sendo os dados coletados
analisados estatisticamente por meio da Modelagem de Equações Estruturais (MEE). Os
resultados apontaram que o modelo de ecossistema empreendedor de Bitencourt et al. (2014)
ajusta-se satisfatoriamente para estudar e aprimorar as condições ambientais dos negócios das
incubadoras de empresa. É importante salientar que este modelo de ecossistema empreendedor
apresenta uma forte relação com todos os construtos considerados (coeficientes de reta superiores
a 0,7) e que cada variável observada está bem alocada em seu constructo.
Quanto à segunda questão, uma vez confirmado que o modelo de Bitencourt et al. (2014)
é adequado para avaliar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro, a presente pesquisa mostrou
que é possível evidenciar desbalanceamentos entre os seis constructos propostos na visão de
profissionais que lidam com as incubadoras de empresa. Os desbalanceamentos encontrados,
entretanto, não podem ser considerados limitadores das possibilidades de realização do
ecossistema.
Tais desbalanceamentos apresentam-se nas diferentes notas dos profissionais entrevistados
e apontam para aspectos reveladores de expectativas e de preocupações de melhorias. Assim, a
despeito da crise econômico-financeira em meio a qual esta pesquisa foi realizada, a maior nota
média global foi atribuída pelos profissionais ao constructo Mercado (5,94), o que revela a
expectativa de se encontrar oportunidades de negócios em momentos de crise ou de crescimento
econômico, desafiando os empreendedores a inovarem continuamente. O mercado brasileiro
apresenta diversificação importante e possibilidades de regionalização, bem como de criação de
novos mercados. A menor nota dos profissionais recaiu sobre o constructo Finanças (4,34),
decorrente das restrições presentes no mercado ao crédito produtivo de modo geral e, em especial,
ao microcrédito para as pequenas empresas já formalizadas e para empresas em fase de
estruturação ou dinheiro para ajudar a alavancar novas ideias. O crédito preferencial flui para
empresas formalizadas e que apresentam menor risco. Poucas são as ações das incubadoras nesta
132
seara para equacionar e encaminhar uma solução mais sistêmica na busca de recursos financeiros
voltados a ideias e empresas nascentes. Por sua importância e repercussão na sobrevivência de
ideias e negócios, o constructo Finanças demanda maior cuidado dos formuladores de políticas
de empreendimentos e dos investidores. Outros alertas dos profissionais recaem sobre: a
necessidade de mudar a tolerância de todos os agentes do ecossistema com o fracasso de um
negócio, que deve ser absorvido como aprendizado e motivação para novas tentativas; o
estabelecimento de políticas de geração em série de empreendedores, estes formados desde as
primeiras lições escolares e sempre como uma resposta aos desafios de uma economia baseada
na inovação e na realização pessoal e profissional, independente de vínculos empregatícios.
Havendo um ecossistema satisfatório para explicar e avaliar a atuação dos seus diversos
agentes, cabe trazer a terceira questão desta pesquisa, que problematiza os efetivos Fatores
Críticos de Sucesso associados à gestão das incubadoras de empresa, em geral, na visão ampla
dos mesmos profissionais entrevistados. Os dados coletados foram investigados por meio da
Análise Fatorial Exploratória, visando à redução de escala, sendo possível validar 19 dos 29
Fatores Críticos de Sucesso estudados na literatura. Todos os 19 fatores devem ser considerados
no planejamento estratégico das incubadoras de empresa, embora as ênfases e escolhas de planos
ou indicadores devam ser objeto de ajustes às realidades específicas de cada organização.
Portanto, cada Fator Crítico de Sucesso extraído neste estudo serve para uma análise crítica e
para um aprofundamento da perspectiva individual da atuação e realização presente e futura de
cada incubadora de empresa.
Os Estudos de Caso realizados evidenciam a presença e a importância destes 19 Fatores
Críticos de Sucesso validados nas incubadoras estudadas. Fica claro que não há um
escalonamento de hierarquia de importância entre estes fatores. Porém, no planejamento
estratégico, é essencial ao gestor da incubadora entender a maior ou menor atenção que os fatores
merecem, do quanto estes estão alinhados àquele. Como decorrência, elencar quais indicadores
de desempenho da incubadora de empresa que refletem os essenciais Fatores Críticos de Sucesso,
de forma a aprofundar-se na sua compreensão e métrica. O gestor deve ter claro discernimento
sobre quais indicadores ou fatores é possível prescindir-se, formatando, assim, a sua adequada
cesta de Fatores Críticos de Sucesso. As incubadoras estudadas explicam seu sucesso e as suas
limitações na maior ou menor possibilidade de ações decorrentes dos Fatores Críticos de Sucesso.
Portanto, a aplicação do procedimento de pesquisa usado nesta tese possibilita monitorizar
as condições do Ecossistema Empreendedor Brasileiro periodicamente, de modo a permitir a
atuação corretiva e propositiva de melhorias pelos seus agentes públicos e privados, empresariais
e acadêmicos, financeiros, políticos e mercadológicos, em níveis estratégicos, táticos e
133
operacionais. Também, permite refletir, periodicamente, sobre as ações mais adequadas às novas
conjunturas que se reconfiguram dinamicamente ao longo do tempo no Ecossistema
Empreendedor Brasileiro, evoluindo a conceituação de cada fator crítico para uma gestão bem-
sucedida de incubadora de empresa.
Este estudo reconhece como limitação a possibilidade de algum desvio de dados da amostra
decorrente de falhas de entendimentos conceituais na comunicação estabelecida pelo autor e
pelos entrevistados, a despeito de eles serem de alta qualificação profissional e testes de validade
e confiabilidade terem sido previamente executados nesta amostra. Outra limitação é a exclusão
dos Fatores Críticos de Sucesso expressos pelas variáveis v7, v18 e v19 que foi uma decorrência
da grande variância que apresentaram nas respostas dos entrevistados. Outros sete fatores críticos
(v1, v6, v10, v13, v20, v21 e v25) foram extraídos na Análise Fatorial Exploratória (AFE) pela
pouca capacidade (cargas fatoriais insuficientes) de representarem as ações essencialmente
necessárias para o sucesso das incubadoras de empresa na visão global dos entrevistados na
oportunidade da coleta de dados desta tese. Os fatores excluídos ou extraídos não podem ser
considerados descartados em futuros trabalhos, pois poderão desempenhar importante papel na
análise da gestão de incubadoras em outro contexto histórico. Os Estudos de Caso baseiam-se
em metodologia própria, que apresenta limitações referentes à objetividade e à precisão e, assim,
devem ser consideradas neste trabalho. Porém, diante da multiplicidade de soluções
administrativas aplicáveis no amplo contexto das incubadoras de empresa e seus ambientes de
negócios, a confrontação dos Fatores Críticos de Sucesso necessitou da abordagem direta do
pesquisador neste contexto em que as ações de gestão efetivamente acontecem, justificando-se o
método de Estudo de Caso como capaz de revelar um pouco mais de conhecimento de uma
realidade complexa, como demonstrado nesta produção acadêmica.
Sugere-se como futuro trabalho, decorrente desta pesquisa, o estudo dos Fatores Críticos
de Sucesso, segundo a tipologia de incubadoras de empresa ou de acordo com setores específicos
da gestão da geração de novos empreendimentos, podendo ser definido um escalonamento de
impacto causado por cada fator. Outro trabalho proposto é a matriciação das variáveis do
Ecossistema Empreendedor Brasileiro com cada Fator Crítico de Sucesso, de forma a revelar os
gargalos e possíveis sinergias latentes para a atividade empreendedora.
134
REFERÊNCIAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 9001:2015. Disponível
em: <http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=345041>. Acesso em 20 de setembro de
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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - original
Análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso
associados ao processo de incubação de empresas
Nome dos responsáveis: Mario César da Silva e Prof. Dr. Rosley Anholon
Número do CAAE: 51730915.0.0000.5404
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este documento,
chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como
participante e você poderá manter uma cópia do mesmo, caso assim deseje.
Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver
perguntas antes ou mesmo depois de indicar sua concordância por meio eletrônico, você poderá
esclarecê-las com os pesquisadores. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus
familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá nenhum tipo de penalização
ou prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização em qualquer momento.
Justificativa e objetivos:
A principal justificativa para a realização desta pesquisa é a de que ainda são poucos os trabalhos
que analisam os fatores críticos de sucesso na visão dos especialistas em incubadoras de empresas
de forma mais profunda e que façam uma análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro
tomando por base o modelo proposto pelo Babson College.
Procedimentos:
Você está sendo convidado a participar de uma survey e para tal solicitamos o preenchimento de
algumas informações. Inicialmente, assinale a opção declarando que recebeu e leu o TCLE e
deseja participar desta pesquisa como voluntário. Em seguida, insira seus dados, a relação que
possui com o tema “incubadoras de empresas” e seu e-mail, caso deseje receber os resultados
tratados estatisticamente. O questionário será composto por duas partes. A primeira parte tratará
de questões acerca dos fatores críticos para o processo de incubação de empresas e a segunda
parte irá expor questões relativas à análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro. O tempo
148
estimado para responder às questões é de 15 minutos para a primeira parte e de 13 minutos para
a segunda parte, totalizando assim 28 minutos. Segue o detalhamento de como proceder em cada
parte.
PARTE 1: FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO PARA O PROCESSO DE INCUBAÇÃO
Para a primeira parte do questionário serão avaliados os Fatores Críticos de Sucesso associados
ao processo de incubação. Atribua uma nota variando de 1 a 10 para cada um dos fatores
apresentados. Nos extremos, a nota 1 faz referência a um fator que não se apresenta como crítico
para o processo de incubação e a nota 10 faz referência a um fator extremamente crítico para o
referido processo. Atribua a nota segundo sua opinião.
PARTE 2: ANÁLISE DO ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR BRASILEIRO
A segunda parte deste questionário é dedicada à análise do Ecossistema Empreendedor
Brasileiro. Este termo foi criado por Isenberg (2012) da Babson College e analisa aspectos
relevantes do ambiente empreendedor de um país em cinco grandes áreas: Governo, Mercado,
Apoio, Cultura, Capital Humano e Finanças. Para cada grande área existem subitens específicos
e pedimos gentilmente que você avalie cada um destes em relação ao Ecossistema Empreendedor
Brasileiro, a fim de verificar seus pontos críticos e de destaque. Atribua notas de 1 a 10 segundo
sua opinião.
Desconfortos e riscos:
Não há riscos previsíveis nesta pesquisa. Você não deve participar deste estudo se sentir qualquer
desconforto em fornecer as informações solicitadas.
Benefícios:
O grande benefício indireto associado a esta pesquisa está relacionado à contribuição para o
conhecimento científico na área de gestão de incubadoras e ao fato do respondente poder receber,
caso deseje, os resultados tabulados e tratados estatisticamente. Tais informações poderão ser de
grande valia para a instituição na qual atua ou em sua vida profissional.
149
Acompanhamento e assistência:
A todo o momento, os responsáveis por essa pesquisa estarão disponíveis via meios eletrônicos
(e-mail, telefone, entre outros) ou pessoalmente (se possível) para prestar assistência e
acompanhamento. Tais contatos são apresentados posteriormente.
Sigilo e privacidade:
Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será
dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos
resultados desse estudo, seu nome (quando constar na planilha de respostas, pois o mesmo não é
de preenchimento obrigatório) não será citado.
Critérios de Inclusão e exclusão dos participantes
Para participar desta pesquisa o participante deverá possui ao menos uma publicação em relação
ao tema “incubadora de empresas” em um dos eventos promovidos pela Associação Nacional de
Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Atendendo a este requisito,
os dados serão coletados e analisados estatisticamente. A primeira análise estará associada ao
estudo dos dados outliers e neste momento ferramentas como Escalonamento Multidimensional
(EMD) ou boxplot serão utilizadas. Os dados do participante serão excluídos da análise se tais
ferramentas evidenciarem os mesmos como outliers, ou seja, como percepções distantes da
média global identificada para os demais. A explicação desta exclusão fará parte dos resultados.
Contato:
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com os pesquisadores
1) Mario César da Silva, Curso: Rua Falcão Filho, 233, apto 81, Ed. Cascais. Botafogo,
Campinas, São Paulo, telefone (19) 98122-3933, e-mail [email protected]
2) Professor Doutor Rosley Anholon, Rua Mendeleyev, 200, Departamento de Engenharia de
Manufatura e Materiais (DEMM), Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), Universidade
Estadual de Campinas, telefone (19) 3521-3312, e-mail [email protected], sala EE207
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo,
você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
UNICAMP das 08:30 hs às 11:30 hs e das 13:00 hs as 17:00 hs na Rua: Tessália Vieira de
150
Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou (19) 3521-7187; e-
mail: [email protected].
O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
O papel do CEP é avaliar e acompanhar os aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo
seres humanos. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), tem por objetivo
desenvolver a regulamentação sobre proteção dos seres humanos envolvidos nas pesquisas.
Desempenha um papel coordenador da rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) das
instituições, além de assumir a função de órgão consultor na área de ética em pesquisas.
Consentimento livre e esclarecido:
Após ter recebido esclarecimentos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,
benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, indique o aceite à
pesquisa, como já mencionado anteriormente.
Responsabilidade do Pesquisador:
Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na
elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Asseguro, também, ter disponibilizado via online uma via deste documento ao participante.
Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado e pela
CONEP, quando pertinente. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta
pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o
consentimento dado pelo participante.
____________________________________________ Data: ____/_____/______.
Mario Cesar da Silva
____________________________________________ Data: ____/_____/______.
Rosley Anholon
151
APÊNDICE B - Tópicos avaliados em cada pergunta do questionário
PARTE 1: ANÁLISE DO ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR BRASILEIRO
Constructo Apoio
Questão 1: Apoio de maneira ampla à prática empreendedora no Brasil.
Questão 2: Auxílio à rede de incubadoras e APLs existentes no Brasil.
Questão 3: Infraestrutura oferecida no Brasil aos novos empreendedores de modo geral.
Questão 4: Apoio jurídico e especializado oferecidos aos empreendedores de modo geral.
Constructo Cultura
Questão 5: Estímulo a inovação criatividade e experimentação atrelados à cultura
Questão 6: Tolerância ao erro e ao fracasso por parte do empreendedor.
Questão 7: Status social que é dado ao empreendedor pela sociedade.
Questão 8: Difusão de casos de sucessos e reconhecimentos por parte da sociedade.
Constructo Finanças
Questão 9: Oferta de microcrédito para empresas já formalizadas.
Questão 10: Oferta de capital para empresas iniciantes (empresas em fase de implantação).
Questão 11: Desenvolvimento dos fundos de investimentos em comparação a outros países.
Questão 12: Desenvolvimento do mercado de capitais tendo como foco empreendimentos
nascentes.
Constructo Governo
Questão 13: Incentivos e legislação atrelados ao empreendedorismo.
Questão 14: Apoio financeiro por meio de seed money.
Questão 15: Desenvolvimento de instituições de pesquisas.
Questão 16: Políticas voltadas para o empreendedorismo.
Constructo Capital Humano
Questão 17: Formação profissional e acadêmica no Brasil
Questão 18: Treinamentos oferecidos para o empreendedor de modo geral.
Questão 19: Qualificação da força de trabalho de modo geral.
152
Questão 20: Políticas para a criação de empreendedores em série.
Constructo Mercado
Questão 21: Crescimento da economia brasileira.
Questão 22: Contribuição de companhias multinacionais ao desenvolvimento do
empreendedorismo.
Questão 23: Diversificação e regionalização da economia brasileira.
Questão 24: Criação de novos mercados.
PARTE 2: FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO PARA A GESTÃO DE INCUBADORAS DE
EMPRESA
Questão 1: Existência de políticas claras por parte da incubadora.
Questão 2: Existência de metas bem definidas a serem alcançadas pelas incubadoras.
Questão 3: Conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde a
incubadora está inserida.
Questão 4: Reserva de vagas para empresas com projetos correlatos às necessidades da região
onde a incubadora está instalada.
Questão 5: Análise da contribuição do impacto das atividades da incubadora na região onde está
inserida.
Questão 6: Eficiente processo de seleção dos candidatos a incubados.
Questão 7: Suporte da comunidade nas atividades desenvolvidas pela incubadora.
Questão 8: Ensino e difusão do empreendedorismo por parte da incubadora.
Questão 9: Acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora.
Questão 10: Sustentabilidade financeira da Incubadora.
Questão 11: Integrar rede estabelecida de empreendedorismo no estado onde a incubadora atua.
Questão 12: Gerente capacitado e com experiência focada na gestão de incubadoras.
Questão 13: Equipe de gestão dinâmica e qualificada.
Questão 14: Existência de atividades que estimulam a criatividade e a integração das empresas
incubadas.
Questão 15: Avaliações periódicas realizadas pela gerência sobre o desempenho das incubadas.
Questão 16: Desenvolvimento de parcerias internacionais.
Questão 17: Oferecimento de consultorias focadas nas necessidades de cada empresa incubada.
153
Questão 18: Possibilitar diferentes períodos de incubação de acordo com as características de
cada empresa.
Questão 19: Existência de serviços de pré e pós-incubação.
Questão 20: Nível do mix de serviços oferecidos pela incubadora às empresas incubadas.
Questão 21: Instalações disponibilizadas pela incubadora.
Questão 22: Interação com outras incubadoras.
Questão 23: Desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora
Questão 24: Intenso fluxo de informação entre a gerência e as empresas incubadas.
Questão 25: Parceria sólida e transparente entre a(s) mantenedora(s) da incubadora e sua
gerência.
Questão 26: Contar com um conselho de orientadores externos atuante.
Questão 27: Estímulo para a participação em redes virtuais de empresas pré-incubadas, residentes
e pós-incubadas.
Questão 28: Contato com fundos de investimentos para potencializar empresas incubadas por
meio de aportes financeiros.
Questão 29: Localização próxima a centros de pesquisas e ou universidades.