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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA PARECER Nº 297/02 – COGEL/DILIQ/IBAMA. Brasília-DF, 20 de novembro de 2002. Ao: Coordenador Geral de Licenciamento Assunto: Análise do EIA/RIMA, PBA e documentação adicional referente ao Aproveitamento Hidrelétrico Peixe Angical, empreendimento a ser implantado pela ENERPEIXE, no rio Tocantins, no município de Peixe/TO. Processo: 02001.001207/2001-14 1 – INTRODUÇÃO Este parecer tem por objetivo apresentar o resultado da análise do EIA/RIMA, do PBA e dos autos do processo administrativo referente ao Aproveitamento Hidrelétrico Peixe Angical, empreendimento proposto para ser implantado, sob a responsabilidade da ENERPEIXE, no rio Tocantins, incluindo terras pertencentes ao Estado de Tocantins, especificamente dos municípios tocantinenses de Palmeirópolis, São Salvador, Peixe e Paranã. O documento em tela foi encaminhado ao IBAMA após a decisão judicial proferida pela Justiça Federal de 1ª Vara – Seção Judiciária do Estado do Tocantins, que decidiu por acatar a Ação Civil impetrada pelo Ministério Público Federal, na qual requeria que o Ibama assumisse o licenciamento ambiental que vinha, até aquele momento, sendo conduzido pelo órgão estadual de meio ambiente, o Naturatins. O breve histórico apresentado a seguir relata fatos importantes. II – HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO O licenciamento ambiental para a UHE Peixe foi proposto ao Ibama em abril de 1999, momento no qual Furnas Centrais Elétricas apresentou projeto técnico em que o empreendimento possuiria potencial instalado de 1106 MW e área inundada de 940 km 2 , operando na cota 287 metros. O Ibama elaborou Termo de Referência para embasar EIA/RIMA, tendo encaminhado ao empreendedor em agosto de 1999.

Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERALMINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS –IBAMA

PARECER Nº 297/02 – COGEL/DILIQ/IBAMA.

Brasília-DF, 20 de novembro de 2002.

Ao: Coordenador Geral de Licenciamento

Assunto: Análise do EIA/RIMA, PBA e documentação adicional referente ao Aproveitamento

Hidrelétrico Peixe Angical, empreendimento a ser implantado pela ENERPEIXE, norio Tocantins, no município de Peixe/TO.

Processo: 02001.001207/2001-14

1 – INTRODUÇÃO

Este parecer tem por objetivo apresentar o resultado da análise do EIA/RIMA, do PBA edos autos do processo administrativo referente ao Aproveitamento Hidrelétrico Peixe Angical,empreendimento proposto para ser implantado, sob a responsabilidade da ENERPEIXE, no rioTocantins, incluindo terras pertencentes ao Estado de Tocantins, especificamente dos municípiostocantinenses de Palmeirópolis, São Salvador, Peixe e Paranã.

O documento em tela foi encaminhado ao IBAMA após a decisão judicial proferida pelaJustiça Federal de 1ª Vara – Seção Judiciária do Estado do Tocantins, que decidiu por acatar aAção Civil impetrada pelo Ministério Público Federal, na qual requeria que o Ibama assumisse olicenciamento ambiental que vinha, até aquele momento, sendo conduzido pelo órgão estadual demeio ambiente, o Naturatins. O breve histórico apresentado a seguir relata fatos importantes.

II – HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTOO licenciamento ambiental para a UHE Peixe foi proposto ao Ibama em abril de 1999,

momento no qual Furnas Centrais Elétricas apresentou projeto técnico em que o empreendimentopossuiria potencial instalado de 1106 MW e área inundada de 940 km2, operando na cota 287metros. O Ibama elaborou Termo de Referência para embasar EIA/RIMA, tendo encaminhado aoempreendedor em agosto de 1999.

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Em 10.12.1999, o IBAMA comunicou ao Naturantins, que de acordo com a área deabrangência, apresentada no Memorial Descrito da UHE Peixe, o licenciamento desseempreendimento é de competência Federal, conforme preconiza a Resolução CONAMA nº 237/97.

Em 02.02.2000, o Ibama solicitou a ANEEL, por meio do Ofício nº 01.124/2000-IBAMA/Diretoria de Controle Ambiental, referente à área de influência do Aproveitamentohidrelétrico de Peixes, reiterando solicitação, em 02.05.2000, tal por meio do Ofício nº 01.231/2000-IBAMA/Diretoria de Controle Ambiental.

A apresentação do Ibama no Estado do Tocantins, em 19.02.01, encaminhou Memo nº014/2001 – GR-IBAMA/TO, informando que a Naturantins havia realizado Audiência Publica, para aconstrução de uma nova hidrelétrica no rio Tocantins, município de Peixes, e considerando que oMinistério Público argumenta que a competência de licenciar é Federal, solicitou esclarecimento aDiretoria de Controle Ambiental quanto à condução do licenciamento desse empreendimento.

Em 14.03.2001, o DEREL respondeu a Representação do Ibama no Estado do Tocantins eencaminhou, no dia seguinte, os autos do processo para a Procuradoria Geral, para manifestaçãoacerca da competência, mediante despacho (folha 6). Como resposta, a PROGE manifestou que acompetência é do IBAMA.

Somente em 07/03/2001, que a ANEEL, respondeu ao Ibama, por meio do ofício nº

114/2001 – SPH/ANEEL, que conforme o Despacho ANEEL nº 503, de 21.12.2000, foi elaborado

um novo estudo de Inventário Hidrelétrico reavaliando a Divisão de Quedas no rio Tocantins, trechoCana Brava/Lajeado, sendo alterado o projeto inicial. Tal estudo culminou na partição de quedasnos seguintes aproveitamentos: Ipueiras (cota 235,00m), Peixe Angical (cota 263,00m) e SãoSalvador (cota 287,00m), os quais apresentariam potencia instalada de 520MW, 450MW e 280MWe área inundada de 944km2, 294,1km2 e 104,5km2, respectivamente Informa também que oEIA/RIMA de Peixe Angical foi protocolado na Naturatins.

O Ibama, após manifestação da PROGE, encaminhou ao Naturatins o ofício nº 01.335/01 –IBAMA/DCA, datado de 08.05.01, por meio do qual solicita cópia do EIA para análise do possívelsinergismo deste empreendimento com a UHE São Salvador. Tal solicitação foi atendida pelo oemaem 18.05.01, por meio do ofício/pres./Naturatins nº 392/2001.

A Gerência Executiva do Ibama em Tocantins encaminhou, em 13.11.01, memo nº203/2001 – GAB/IBAMA/TO, solicitando informações acerca da competência do licenciamentodeste empreendimento.

O Ministério Público Federal impetrou Ação Civil Pública, em 26.11.2001 contra a UHEPeixe Angical, tendo por base o argumento de que o órgão estadual de meio ambiente,especificamente o Naturatins, não possuía competência para proceder tal licenciamento porentender que estaria localizado em rio Federal (Tocantins).

A Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental recebeu, em 04.12.01, o Ofício nº710/2001/GAB, da Gerência Executiva do IBAMA no Estado do Tocantins, solicitando informaçõespara cumprir a determinação sobre pedido de liminar formulado nos autos da Ação Civil Pública nº2001.2955-1.

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Após análise do EIA/RIMA de São Salvador (abril/2002), o Ibama constatou que ambos osempreendimentos apresentam efeitos sinergéticos (Parecer técnico nº 188/02 –IBAMA/DILIQ/CGLIC, datado de 13.08.2002), com os impactos relacionados ao remanso da UHEPeixe devendo afetar a UHE São Salvador Inclusive, após entendimentos mantidos com oempreendedor de São Salvador durante vistoria técnica, o Ibama foi informado que a casa de forçadeste empreendimento seria afogada pelo remanso do reservatório de Peixe, podendo haverproblemas futuros (desapropriações de terras) caso a implantação dos empreendimentos não fossesincronizada.

Cumpre destacar que a Ação Civil impetrada pelo MPF/TO foi julgada, em 11.01.02, naprimeira instância favorável à paralização das obras, tendo sido concedida liminar que imputaria aoIbama a responsabilidade pela condução do processo de licenciamento. Entretanto, tal liminar foicaçada, tendo a condução do licenciamento retornando ao Naturatins.

Em agosto de 2002 (15/08), a Secretaria de Infra-estrutura do Tocantins expediu ao IBAMAo Of.GASEC/SEINF nº 2052/02, encaminhou cópia da Licença de Instalação, cópia do Decreto daPresidência da República que outorga a concessão para exploração do potencial hidráulico dePeixe Angical, além de mapa do local de implantação do empreendimento.

III – CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTOA Usina Hidrelétrica de Peixe Angical é um empreendimento para geração de energia

elétrica concedida pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, em favor do ConsorcioENERPEIXE, e que se encontra em implantação desde maio de 2002 no rio Tocantins.

O barramento está localizado no município de Peixe. Trata-se de uma barragem deterra/concreto com 5.500 metros de extensão e altura máxima de 37 metros. O reservatório, queapresenta regime de operação a fio d’água, possui área total no nível máximo de 294,1 km2. A cotanormal de operação é de 263,0 m e o volume total é de 2,7X10 8 m3 de água, atingindo terras deum total de 04 municípios (Peixe, Paraná, São Salvador do Tocantins e Palmeirópolis). Além destesmunicípios, serão também influenciados pelo empreendimento São Valério da Natividade e Gurupi,todos no Estado do Tocantins.

O vertedouro, com 12 vãos de superfície e em concreto armado, comporta uma descargamáxima de 42.500 m3/s. O conjunto tomada d’água/casa de força, em concreto armado, abriga 04grupos geradores, totalizando uma potência instalada para o empreendimento de 450 MW, geradosa partir de uma vazão máxima de engolimento das turbinas de 2.120m3/s.

A obra estava prevista para ser concluída em um prazo de 4 anos, conforme o EIA/RIMA.No primeiro ano, prevê-se a construção do canteiro de obras, as escavações dos canais de adoçãoe da fuga, além das escavações dos canais de adoção e de fuga, além da escavação dasestruturas de concreto da tomada d’água e casa de força, barragem de ligação e muros detransição, obras estas possibilitadas pela construção da ensecadeira de 1ª fase. No segundo ano,prevê a conclusão das obras de escavação e continuidade na concretagem das estruturas. Noterceiro ano, após a conclusão da concretagem do vertedouro e da tomada d’água, ocorrerá odesvio do rio e o fechamento do leito original a partir da construção das ensecadeiras de montante

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e jusante de 2ª fase. Tal desvio possibilitará a execução do muro de concreto (compactado a rolo)do leito do rio e seu amarramento com a barragem principal de terra, até o final das obras e damontagem dos equipamentos, no quarto ano.

IV – ANÁLISEO Estudo de Impactos Ambiental realizado para o empreendimento em tela levou em

consideração o diagnóstico dos meios físico, biótico e sócio-econômico, além da previsão deimpactos ambientais passíveis de ocorrerem em função da implantação do empreendimento e daproposição de medidas mitigadoras a esses impactos. A seguir, será realizada discussão acercados estudos apresentados, além do resultado das vistorias técnicas realizadas na área propostapara a implantação do empreendimento.

Áreas de Influência

Foram consideradas para o EIA/RIMA apenas duas áreas de influência, definidas como“Área Diretamente Afetada (ADA)” e “Área de Influência Indireta (AII)”.

No caso dos meios físico e biótico, a Área de Influência Indireta (AII) para oempreendimento corresponde como sendo a bacia hidrográfica de contribuição direta do futuroreservatório, considerando-se nela a área de jusante do reservatório até a cidade de Peixe.Portanto, corresponde a trechos dos rios Tocantins, Paraná e Palma, considerando os efluentesSanta Cruz e das Pedras, córregos Cruzeiros, Piabinha e Mutum (rio Tocantins) e rio das Lages eos córregos Matrinxã e Taboca (rio Paraná).

A Área Diretamente Afetada (ADA), para o meio físico e biótico, considerou a áreanecessária à implantação do empreendimento (barragem, canteiro de obras e instalação de apoio,áreas de empréstimo e bota fora e áreas destinadas para implantação de Unidade de Conservaçãoe reassentamento) acrescida uma faixa de terreno delimitada pela cota 300m, referida como“entorno da ADA”, compreendendo cerca de 30m acima de cota de inundação (263 m).

Para o Meio Sócio-Econômico foram considerados como AII os municípios que teriamperda de território em decorrência da implantação do empreendimento e aqueles que, devido àproximidade do canteiro de obras, sofreriam impactos de fluxos populacionais (Palmerópolis, Peixe,Paranã, São Salvador de Tocantins e São Valério da Natividade). A cidade de Gurupi, consideradapelo EIA como o centro polarizador da AII, foi analisada apenas sobre as atividades urbanas e dedinâmica demográfica.

A Área Diretamente Afetada, para a análise sócio-econômica, foi considerada como aquelanecessária à implantação do empreendimento “constituída pela área destinada à formação do

reservatório, acrescida uma faixa no entorno, delimitada até a cota 270,00 m; pelas áreas para

implantação da barragem; canteiro de obras e instalações de apoio; áreas de empréstimo e bota-

fora; obras complementares e por aquelas áreas destinadas à implantação de alguns programas

tais como relocação de população”.

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Meio FísicoO Estudo de Impacto Ambiental apresentado para o empreendimento denominado UHE

Peixe foi elaborado alicerçado em dados secundários colhidos na literatura específica afeta a cadaum dos temas abordados. Adicionalmente, foram realizadas visitas de campo para checagem dosdados. A área de influência definida para os aspectos relacionados ao meio físico corresponde,realmente, a uma porção da bacia hidrográfica que deverá suprir o reservatório, contrariando o queinforma o estudo, visto que apenas trechos dos rios Palmas e Paranã foram considerados. Oempreendimento influencia diretamente a área a ser alagada com a formação do reservatório, asáreas de empréstimos, canteiro de obras e áreas de bota-foras.

Entre as características relacionadas ao clima, apresenta-se como correspondendo aregião de influência da oscilação da Zona de Convergência Intertropical, com clima quente e úmido.O estudo traz a relação de estações meteorológicas utilizadas como fonte de dados pluviométricos,assim como as climatológicas (Ceres, Uruaçu, Niquelândia, Peixe, Paranã, Gurupi, São JoãoD’Aliança, Alvorada do Norte, Nova Roma, Rio da Palma e Natividade). Apresenta dadosrelacionados à precipitação média na bacia, que possui período chuvoso e seco bem definidos;regime de ventos atuantes na área do empreendimento, os quais podem interferir na formação deondas no reservatório; evaporação anual; umidade relativa do ar. Destaca-se que os dados formadescritos da forma sucinta. Entretanto, foram apresentados para os principais parâmetrosclimáticos (isotermas, isolinhas de evaporação, direção dos ventos). Dados de precipitação indicamque existiria um período de cheias no rio, caso não estivesse regularizado pelo barramento deSerra da Mesa, fator este que diminui o risco potencial de ocorrência de trombas d’água, e osimpactos e elas associados. Cumpri destacar que esta abordagem não foi apresentada.

O reconhecimento geológico realizado no âmbito do EIA/RIMA relacionado aoempreendimento em questão proporcionou detalhamento em escala 1:250.000 para área deinfluência indireta e 1:100.000 para área diretamente afetada pela implantação da usina.Regionalmente, a área está inserida no contexto geotectônico da Província Tocantins, nasunidades do Complexo Goiano e rochas supracrustais (Grupo Araxá e Grupo Arai), Além desedimentos aluviais recentes. O estudo apresenta uma abordagem regional pouco detalhada dosaspectos estruturais da área de inserção do empreendimento.

Especificamente na área diretamente afetada pelo empreendimento (reservatório),descreve, de forma sucinta, os litotípos associados às unidades aflorantes, em termospetrográficos, tendo-as demonstrado em um mapa, nas escalas 1:250.000 (AII) e 1:100.000 (ADA).Destaca-se que o mapa é confuso, em termos de visualização, e apresenta-s elaborado sob umabase cartográfica única, ou seja, o mapa 1:100.00 da ADA corresponde a uma ampliação do mapa1:250.000 relacionado a AII, não agregando nenhuma informação adicional. Ponto negativo, nestesentido a partir da análise do EIA é a ausência de abordagem acerca do detalhamento geotécnico(incluindo avaliação microestrutural) da região do eixo da barragem, além das jazidas deempréstimo de materiais. Não foi apresentado nenhum cadastramento de focos erosivos

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atualmente em desenvolvimento na ADA, nem a caracterização detalhada das possíveis áreascársticas diagnosticadas.

Os eventos sísmicos relacionados na região de influência do empreendimento podem semcaracterizados, em termos gerais, como de baixa a média magnitude, pertencendo a ZonaSismogênica de Porangatu. A região está inserida em zona intraplaca, caracteristicamente estável.Entretanto, os eventos associados a esta zona relacionam-se com reativações de antigasestruturas lineares, além de sismos induzidos pelos reservatórios formados, especificamente o deSerra da Mesa (de grande porte), Cana Brava e Lajeado. Destaca-se que o estudo abordou umalista listagem dos eventos ocorridos num raio de 200 km do centro do reservatório de Peixe.Apresenta um mapa informando a localização do epicentro dos sismos.

No que se refere aos recursos minerais, o estudo indica as possibilidades de ocorrênciasrelacionadas às unidades litoestratigráficas presentes na área de influência do empreendimento,além da listagem dos detentores de títulos minerários expedidos pelo DNPM. Aquelas interferentescom o reservatório foram plotadas em mapa. Ressalta-se que existe a necessidade de oempreendedor manter sempre atualizada tal listagem, de forma que no momento de se estabeleceràs negociações empreendedor e detentores de títulos minerários, não ocorram problemas. Por fim,cumpre destacar que o rio Tocantins é um local tradicionalmente exportador de areia, não tendosido observado no EIA nenhuma referência as possíveis dragas que nele (nas áreas influenciadapela UHE) operam assim como produtores de argila. Dever-se-á haver uma preocupação doempreendedor em fases posteriores do licenciamento.

O diagnóstico apresentado para a geomorfologia indica que, a área de influência doempreendimento está inserida no contexto do Planalto do Alto/Médio Tocantins. A porção centralpredominada pelo relevo rebaixado conhecido como Depressão do Tocantins. Foram apresentadosperfis das linhas de relevo derivados de caminhamentos realizados nas unidades de relevodiagósticadas, a saber; serras e morros, morrotes e morros residuais, colinas amplas e rampas,colinas pequenas e morrotes, colinas pequenas e médias, terraços e planícies de inundação. Porfim, apresentou uma breve discussão acerca da dinâmica superficial que atua nos terrenos. No quetange aos mapas apresentados, podem ser citados os mesmos problemas anteriormenterelacionados com escala. Entretanto, tendo em vista o estágio de implantação do empreendimento,tal consideração perde uma pouco do sentido de ser.

Não apresenta um mapeamento das encostas, indicando áreas que apresentam riscos dedeslizamentos apenas em função do potencial erosivo dos solos, não relacionando com orebaixamento do lençol freático, impacto que certamente será verificado nas áreas marginais aoreservatório. Adicionalmente, é relevante destacar que o estudo não abordou sobre a declividadedas encostas marginais ao empreendimento. Apesar de esta localizado num pediplano esculpidoao longo de muitos anos pelo rio, numa região onde as declividades são naturalmente menores, ointer-relacionamento entre estes dados com o tipo/potencial erosivo dos solos marginais definiráuma avaliação mais precisa acerca de possível desencadeamento de impactos erosivos peloempreendimento. Assim, sugere-se que o empreendedor adote tal metodologia nesta abordagem,

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para uma melhor avaliação deste impacto, principalmente nas áreas próximas a Retiro e SãoSalvador e no braço do reservatório localizado no rio Paranã, diagnosticado como áreas maisproblemáticas.

No estudo, não foi apresentada abordagem acerca do assoreamento do reservatório,principalmente do remanso localizado no braço que engloba o rio Paranã, responsável pela maiorcarga transportada. Não se apresentou dados de descarga, de forma que se pudesse avaliar a vidaútil do mesmo. O rio Tocantins apresenta-se barrado em duas localidades a montante doreservatório de Peixe, o que diminui em muito o aporte de sedimentos. Assim, em função dessesbarramentos de montante reterem o sedimento transportado pelo rio, é relevante citar que aformação de praias marginais no rio Tocantins encontra-se comprometida a este novo reservatórioirá contribuir para redução do aporte de sedimentos nestas praias, o que pode ser considerado umimpacto significativo, tanto cênico, como para as comunidades bióticas que delas se utilizam.Também não há discussão acerca do aumento da capacidade erosiva da corrente do rio a jusantedo empreendimento.

Quanto aos aspectos pedológicos, a área diretamente afetada pelo empreendimento foicaracterizada, de acordo coma nova nomenclatura e sistema de classificação proposto pelaEmbrapa, por acrescentar latosssolos, cambissolos, neossolos (flúvico, quartzarênico, litólico),além de áreas de afloramentos de rochas. Cabe ressaltar que cada unidade pedológica foiapresentada de forma sucinta, tendo sido apresentadas descrições acerca das formas de relevo aque se associam, além de suas características texturais, físicas e químicas. Diagnóstica a aptidãoagrícola dos solos e o potencial erosivo dos mesmos, ainda que superficial. Por fim, apresentamapeamento dos solos, em escala 1:250.000 e 1:100.000, devendo-se destacar que estes mapassão incongruentes (unidades distintas na mesma localização geográfica). Destaca-se que os solosnão foram caracterizados geotecnicamente, assim como não inter-relacionou tais característicascom a declividade dos terrenos associados e com o diagnóstico de elevação do lençol freático.

Em termo hidrográficos, o trecho do rio Tocantins que contribui para o reservatório a serformado drena área de 7.600 km2, constituindo-se de uma rede de drenagem de densidade média.Para determinação do estudo hidrográfico presente no EIA, utilizou três estações fluviométricas(Peixe, Fazenda Angical, São Félix, São Salvador e Porto Nacional – rio Tocantins; Ponte Paranã,Paranã e Monte B. do Palma – rio Paranã, Barra do Palma e rio da Palma – rio Palma), comperíodo de aquisição de dados desde janeiro de 1949 a dezembro de 1998. No que tange ahidrologia relacionada ao empreendimento em tela, cumpre destacar que não foram apresentadosdados fluviométricos que indiquem a vazão média mensal (de longo termo), vazões mínimas para operíodo de estiagem e máximas para o período de cheias, além da vazão permanente em 95% dotempo. Adicionalmente, não foram apresentados os cálculos realizados para a avaliação doremanso do reservatório em tempos de recorrência de 10, 25, 50 e 100 anos. Dados históricos nãoestão presentes no documento, assim como dados de carga e transporte de sedimentos.

É de se destacar que o rio Tocantins possuía um regime hidrológico muito característico ebem definido, fato que propiciava picos de hidrograma na época das chuvas, quando das cheias.

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Entretanto, após a regularização do rio com a formação do reservatório de Serra da Mesa, o regimefluvial encontra-se totalmente regularizado.

Em termos hidrogeológicos, apresenta discussão acerca do potencial das unidadesconstituintes do sistema hidrogeológico, informando que a área em questão encontra-se inserida nocontexto do sistema de rochas cristalinas pré-Cambrianas (aqüíferos fissurados/manto deintemperismo). O aquifero fissural possui baixo potencial hídrico, enquanto o das coberturas detrito-lateríticas (sedimentos cenozóicos, coluvios e aluvios) são caracteristicamente pouco profundos,com nível d’água bastante variável, ainda que possuam boa capacidade de infiltração. Destaca-seque em função da baixa profundidade destes aqüíferos, são muito propensos a contaminação,devendo-se tomar todos os cuidados para evitar a incidência deste impacto. No que tange aodiagnóstico do nível do lençol freático, apresenta um cadastramento dos poços rasos executadosnas margens do rio Tocantins, informando adicionalmente que existem poços para abastecimentonas sedes municipais de Peixe, São Salvador e São Valério da Natividade.

Cumpre destacar a necessidade de se propor ao empreendedor à execução de umamodelamento, a partir dos dados disponíveis e daqueles a serem obtidos do monitoramento donível d’água, de forma a se prever a localização de áreas críticas onde o lençol deverá aflorar,tornando-se alagadas e inutilizáveis, do ponto de vista da aptidão agrícola, ou ainda impróprias aabrigar edificações, no caso das áreas urbanas. Assim, o modelamento deverá estar alicerçado emdados provenientes do monitoramento que está sendo proposto, embora o mesmo deva ter suametodologia alterada para a implantação de um número maior de piezômetros e poços de inspeçãoao longo de todo o reservatório. Nas prováveis áreas cársticas, esta rede de monitoramento deveser mais intensificada, já que podem se constituir de áreas de escape de água, não possibilitando aestanqueidade do reservatório.

O EIA/RIMA não aborda aspectos relacionados a possíveis fontes de contaminação deágua subterrânea, principalmente aquelas localizadas proximamente às sedes municipais e à vilado Retiro. Haveria a necessidade de que o empreendedor cadastrasse todas estas fontes, a fim deintervir nas mesmas anteriormente ao enchimento do reservatório. Outro fator a destacar é que,tendo em vista que a usina irá operar a fio d’água, deverá haver uma flutuação diária no nível doreservatório, quando este estiver gerando energia em ponta. Trata-se de um impacto ambiental nãoavaliado e que pode influir sensivelmente no ambiente afetado pelo empreendimento. Tendo emvista que existe população urbana e rural utilizando poços para captação de água e que estes estãoessencialmente localizados em zonas aluvionares/coluvionares que em muitos casos serãoinundadas com a formação do reservatório e em outros casos, estão propensas à contaminação,existe a necessidade que o empreendedor comprometa-se, de antemão, a adotar providências nosentido de relocar estas captações (poços), caso os mesmos venham a ser impactados.

Avaliação dos impactos relacionados ao meio físico:Ao todo, foram relacionados e avaliados no EIA/RIMA alguns impactos ambientais

relacionados com o meio físico, a saber:

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alteração do microclima (umidade do ar, ventos e nevoeiro);

alteração do regime hídrico, tendo-se

alteração e variação do nível d’água a montante;

alteração do nível d’água a jusante;

intensificação dos processos de assoreamento;

alteração do nível freático com o enchimento do reservatório;

acréscimo na disponibilização de água subterrânea;

perenização e formação de novas áreas úmidas;

acréscimo da vulnerabilidade dos aqüíferos para contaminação;

efeito das variações do nível freático durante a operação.

para terrenos:

escorregamento, desplacamento de blocos e erosões;

colapso, abatimento e subsistência das encostas marginais;

ocorrência de sismos induzidos;

perda do potencial agrícola;

interferência com recursos minerais;

alteração da paisagem com a formação do reservatório;

degradação da paisagem pela movimentação de terras e de rochas.

Com relação à alteração do microclima, a premissa de que poderão ser produzidascondições físicas que melhorem o habitat de espécies de plantas e animais é incerta, visto que sãoespécies de plantas e animais é incerta, visto que são espécies nativas e adaptadas a umasituação que poderá ser alterada. Assim, a classificação dada a este impacto inerente àimplantação de empreendimentos hidroenergéticos e que deve ser acompanhado a partir daimplantação de um programa de monitoramento dos parâmetros climatológicos.

A ocorrência de sismos induzidos é outro impacto ambiental inerente à formação doreservatório, possuindo menor relevância, neste caso específico, por o empreendimento localizar-se em uma zona intraplacas bastante estável tectonicamente. Entretanto, o risco ambiental de opeso do volume de água acumulada reativar antigas zonas (fraturamentos/falhamentos) instáveispermanente, principalmente quando se integra a bacia do rio Tocantins como um todo,percebendo-se que o reservatório de Peixe constituir-se-à em um acréscimo de peso de volumed’água alto, já mantido por outros reservatórios em operação e previstos a serem implantadosnaquela região, notadamente os de Serra da Mesa, Cana Brava e Lageado, além do de SãoSalvador e Ipueiras, respectivamente. A adoção de um programa de monitoramento de forma aacompanhar a incidência deste impacto, além da proposição de possíveis medidas de segurança aserem adotadas, quando julgadas pertinentes, tornará este impacto mitigável.

No que tange aos processos erosivos, o comentário a ser estabelecido é o de que aavaliação deste impacto, por parte do EIA, caricia de um maior embasamento principalmente na

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caracterização geotécnica e na influência que o reservatório exercerá no nível d’água, além dadeclividade de vertentes e encostas marginais ao futuro reservatório. Assim sendo, cabe aquinovamente o comentário de que só com a integração destes dados é eu se pode obter umaavaliação mais precisa deste impacto. Entretanto, em função do estágio atual de instalação doempreendimento, não cabe mais aqui a determinação para que o empreendedor realize estudos dediagnóstico ambiental, mas que o mesmo utilize os programas ambientais que se encontram emestágio inicial de implantação para cumprir as etapas que faltaram quando da elaboração dosestudos ambientais. Assim, o programa de monitoramento das encostas marginais deve seradequado metodologicamente a fim de permitir a integração dos dados anteriormente citados, deforma que funcione como um monitoramento, mas também como um controle do desenvolvimentode processos erosivos. As áreas localizadas a jusante do barramento principal, próximo aovertedouro também deverão ser objeto de monitoramento, em função do potencial erosivo que estaestrutura possibilita. Cabe aqui destacar que o desenvolvimento de processos erosivos é umimpacto que atua não apenas nas encostas marginais ao reservatório mas também nas áreas daobras, tais como canteiros, acessos, áreas de empréstimo e bota-fora, as quais estão em plenodesenvolvimento. Neste último caso, para mitigar o impacto nestas áreas, deve-se implantar oPrograma de Recuperação de Áreas Degradadas.

Com a formação do reservatório, previu-se como impacto direto relacionado ao meio físicoa modificação do regime fluvial. Este deverá ser agravado principalmente na fase pré-operação,quando a vazão é sensivelmente diminuída para possibilitar a acumulação de água e formação doreservatório. A formação de remanso no reservatório também é relevante. Como proposta paramitigar estes impactos, propôs a adoção de um Programa de Monitoramento Hidrológico, paraverificar os níveis d’água afluentes ao reservatório. Adicionalmente, como medida deacompanhamento do impacto ambiental relacionado ao assoreamento provocado pela alteração doregime Iótico para lêntico neste trecho específico do rio Tocantins, e de seus efluentes (em especialo paranã), propôs a adoção de um Programa de Monitoramento Hidrossedimentométrico.

No caso das águas subterrâneas, avaliou como de média significância as interferênciasque serão causadas com a formação do reservatório nos fluxos de escoamento do lençol freático,os quais deverão ser totalmente alterados em função da elevação dos níveis de base, compossibilidade de contaminação do lençol. Indica que deverá se estabilizar após a formação doreservatório, ainda que não esteja levando em consideração a regra operacional do mesmo, queprevê geração em ponta e flutuação diária do reservatório neste período. Propôs, para mitigar esteimpacto, o monitoramento hidrogeológico, medida esta que isoladamente não mitigaria esteimpacto, visto tratar-se apenas de um acompanhamento do nível de incidência do mesmo. Devepropor, adicionalmente, medidas corretivas a serem adotadas no caso de verificação do mesmopor parte do monitoramento.

Ainda de acordo com a avaliação de impactos estabelecida no Estudo de ImpactoAmbiental, a interferência do empreendimento com áreas de autorizações e concessões minerais étida como de baixa magnitude, apesar do número de áreas registradas junto ao DNPM. Para

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mitigar este impacto, propôs a implementação de um programa de acompanhamento dasinterferências minerarias, onde pretende solicitar ao DNPM o bloqueio de novas áreas, além daatualização dos processos.

Programas Básicos Ambientais:

Foram propostos 08 programas ambiente para mitigar os impactos relacionados ao meiofísico, a saber:

Programa de Monitoramento do Clima

Programa de Monitoramento dos Níveis D’água

Programa de Monitoramento Sedimentológico

Programa de Monitoramento Sismológico

Programa de Monitoramento das Encostas Marginais

Programa de Monitoramento Hidrogeológico

Programa de Reabilitação de Áreas Degradadas

Programa para o Setor Mineral

A seguir, estes programas serão analisados separadamente, de acordo com o modo emque foram ou que deveriam ter sido detalhados:1. Programa de Monitoramento do Clima

O objetivo da implantação deste programa ambiental e o de se verificar possíveisalterações nos parâmetros meteorológicos após a implantação do empreendimento. Assim, previua adoção de ações tipo escolha de local para implantação de estação climatológica automática,estabelecimento de convênio como INMET, aquisição de equipamentos, além dos levantamentosde dados (totais diários de precipitação, temperaturas do ar médias máximas e mínimas diárias;intensidade e direção dos ventos; totais mensais de evaporação; médias diárias de umidaderelativa do ar; médias diárias de pressão atmosférica; e totais diários de horas de insolação), dadosestes que deverão ser tratados estatisticamente e disponibilizados na forma de arquivos digitais deséries temporárias.

Destaca-se ainda que o cronograma apresentado prevê um prazo de andamento desteprograma até o 2º ano após o início da operação comercial do empreendimento. Entretanto,cumpre ressaltar que o Ibama deverá avaliar a necessidade de continuidade, ou não, desteprograma após um prazo mínimo que deverá corresponder à validade da futura Licença deOperação a ser concedida (mínimo de 04 anos).

Por fim, apesar de não informar a periodicidade da emissão dos relatórios deacompanhamento, sugere-se que os mesmos sejam encaminhados ao Ibama semestralmente.

2. Programa de Monitoramento dos Níveis D’água

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O objetivo deste programa de monitoramento é avaliar a superfície inundada peloreservatório nos trechos dos rios Palma e Paranã a montante da sede municipal de Paranã e notrecho do rio Tocantins a montante da comunidade de Retiro, os quais correspondem a áreas deremanso, verificando-se as variações desta superfície inundada e função das consições deescoamento. Metodologicamente, prevê como ações que devem ser executadas para que oobjetivo do programa seja cumprido a relocação dos postos fluviométricos operados pela ANEEL eque serão afogados pelo enchimento do reservatório (fazenda Angical e São Salvador – Tocantins;Paranã e Montante Barra da Palma – Paranã; e Barra da Palma – Palma). Entretanto,anteriormente ao enchimento do reservatório, estes postos devem continuar operando, juntamentecom aqueles a serem implantados para relocação, a fim de que possam correlacionar os dadosfluviométricos (período mínimo de dois ciclos hidrológicos). Posteriormente, prevê a instalação delimnígrafo na barragem e o monitoramento dos níveis pelas réguas limnimétricas (leituras as 07 eàs 17 horas) e pelo limnígrafo. Os dados obtidos deverão ser tratados estatisticamente earmazenados em banco de dados específico.

O programa parecer estar adequado para atender o objetivo proposto. Entretanto, destaca-se a necessidade de que os equipamentos a serem adquiridos, em especial o limnigrafo, sejamespecificados e detalhados. A apresentação dos dados deverá ser realizada semestralmente apartir do encaminhamento de relatórios de andamento deste programa ao Ibama. A duração domesmo deverá considerar toda a vida útil do empreendimento, apesar do cronograma apresentadoprever sua duração até o final do ano de 2006 (2º ano após o início da operação comercial dausina). Destaca-se que não existem informações de custos de implantação de custos deimplantação deste programa.3. Programa de Monitoramento Sedimentológico

Este programa tem por objetivo acompanhar a evolução da deposição de sedimentos eavaliar o aporte das descargas sólidas ao reservatório. Assim, prevê como metodologia a seradotada a instalação de um posto sedimentométrico (posto São Salvador será afogado peloreservatório, necessitando ser transferido para o Toc-13 – fazenda Barreiro). Entretanto, até que oreservatório encha, este posto, juntamente com os postos Travessão São Miguel (rio Tocantins),Paranã e fazenda Santana (rio Paranã) e fazenda Areias (rio Palma), estes dois últimos situadosfora do remanso do futuro reservatório, poderão anda ser operados. Adicionalmente à relocação doposto São Salvador, propõe como ações metodológicas do programa, as medições de descargasólida e levantamentos batimétricos verificando a alteração dos bancos de areia depositados noreservatório. Apresenta ainda cronograma para desenvolvimento das ações previstas, dando comoprazo de encerramento do programa o 2º ano de operação do empreendimento.

Destaca-se que falhou detalhamento quanto aos aspectos relacionados aos equipamentospresentes e a serem instalados nas estações hidrossedimentométricas, assim como periodicidadedo monitoramento. Outro ponto a destacar é a necessidade de que este programa seja visto comoum monitoramento contínuo por um prazo mais longo, devendo ser avaliado pelo Ibama, órgãolicenciador, a necessidade de sua continuidade.

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4. Programa de Monitoramento Sismológico Tem por objetivo avaliar a atividade sísmica natural, antes do reservatório ser formatado, e

a induzida pelo reservatório, obtendo a relação de sismos e a inter-relação das feições geológicas eestruturais da área. Para isto, propõe como metodologia a ser adotada, ações relacionadas com acomplementação da caracterização da sismicidade regional, a escolha do local para a implantaçãoda estação, aquisição e implantação da estação sismográfica e o acompanhamento do programacom a aquisição e tratamento dos dados e interpretação dos resultados.

A metodologia apresentada parece ser adequada para cumprir os objetivos propostos.Entretanto, falta no PBA relativo a este programa ambiental a apresentação de um projeto daestação sismográfica a ser implantada, com um croqui da edificação a ser construída e oequipamento a ser adquirido.

O cronograma apresentado indica que o empreendedor deve dar continuidade nomonitoramento até o final do ano de 2006 (2º ano de operação comercial do empreendimento).Cabe ressaltar que o Ibama deverá avaliar este programa anteriormente, a fim de verificar anecessidade de sua continuidade.

5. Programa de Monitoramento das Encostas Marginais Da forma como está propostos, este programa ambiental tem por finalidade detalhar o

potencial e as características dos processos erosivos, de escorregamentos, desplacamentos etombamentos de blocos e de fenômenos relacionados a rochas calcárias. Os locais prioritárioselencados a serem monitorados correspondem às proximidades das áreas urbanas de Retiro, SãoSalvador e Paranã e a jusante da barragem de Peixe; escorregamento e deslocamentos próximosa Retiro e a Serra do Boqueirão, além das áreas de ocorrência de rochas calcárias.

Em termos metodológicos, prevê a adoção de ações pertinentes a fotointerpretação emapeamento geológico-geotécnico, investigações de subsuperfície e investigações geofísicas einstalar a instrumentação prevista no monitoramento hidrogeológico, estudo das medidas deproteção eventualmente necessárias e o acompanhamento das condições de estabilidade eerosões das margens e das encostas marginais. As investigações de subsuperfície serãoexecutadas a partir de topografia, sondagens a percussão, a trado e poços de inspeção, além dainstalação de instrumentos.

Vale aqui comentar a necessidade de interação entre os dados obtidos a partir dainvestigação geológica/geotécnica pormenorizada e o monitoramento da elevação do lençolfreático, a fim de que se obtenham os melhores resultados no controle dos processos erosivos.Assim, existe a necessidade de se cadastrar, nesta etapa de investigação, as feições erosivas jáexistentes. Estas deve ser uma ação a ser sugerida para ser contemplada neste programa.

Adicionalmente, falta ao programa um detalhamento dos procedimentos a seremexecutados no caso de recuperação e proteção de processos erosivos, assim como odetalhamento dos instrumentos a serem utilizados nas investigações. Desta forma, cumpre aoempreendedor acrescentar neste programa detalhamento dos temas abordados.

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Por fim, cabe destacar que o cronograma apresentado prevê o fim da execução das açõesrelacionadas a este empreendimento para o fim do ano de 2006, que corresponde ao 2º ano deoperação comercial do empreendimento. Entretanto, como descrito no próprio PBA, a necessidadede se manter este monitoramento durante toda a vida útil do empreendimento justificaria uma maiordurabilidade ao programa, devendo o Ibama analisar o pedido do empreendedor em suspender omesmo, em decorrência dos dados apresentados.

6 Programa de Monitoramento Hidrogeológico Este programa foi elaborado objetivando avaliar as variações do nível de base do lençol

freático na borda do reservatório, especialmente nas áreas urbanas, monitorando ainda a qualidadedas águas. Para atender este objetivo, estão previstas ações relacionadas com fotointerpretação emapeamento geológico-geotécnico e hidrogeológico para caracterização de rochas calcárias,realização de investigações de subsuperfície (serviços de topografia, sondagens a percussão) cominstalação de monitores e medidores de níveis d’água, efetuação das leituras dos níveis d’água,efetuação das leituras dos níveis d’água e coletas de amostras para análise, além doacompanhamento do programa, com tratamento dos dados.

Destaca-se que conforme propõe o empreendedor no PBA, serão implantados 34 poços demonitoramento (piezômetro) nas sedes municipais de São Salvador e Paranã, além da vila doRetiro.

Entretanto, tendo em vista o risco de criação de áreas inundadas, gerando impactosdecorrrentes como perda do potencial agrícola e restrições para edificações, existe a necessidadede que este programa ambiental adote como metodologia a elaboração de um modelamentohidrogeológico para a identificação de áreas potencialmente problemáticas na elevação do lençol.Para tanto, torna-se necessário à implantação de um número maior de piezômetros e poços deinspeção ao longo de todo o reservatório, não apenas nas áreas urbanas. Nas prováveis áreascársticas, esta rede de monitoramento deve ser mais intensificada, já que podem se constituir deáreas de escape de água, não possibilitando o estanqueidade do reservatório.

No caso da qualidade da água subterrânea, falta ao PBA à avaliação das áreas propensasà contaminação, identificando-se as fontes contaminantes e listando-as. Adicionalmente, falta aoPBA comprometimento por parte do empreendedor em adotar providências no sentido de relocarestas captações (poços), caso os mesmos venham a ser impactados.

O cronograma proposto para este monitoramento deve ser alterado. O programa prevê acontinuidade do programa até o final do ano 2006. Entretanto, esta avaliação deve ser estabelecidapelo órgão licenciador, que deverá analisar os dados apresentados e tomar a decisão decontinuidade, ou não, do programa.

7. Programa de Reabilitação de Áreas Degradadas O programa de reabilitação de áreas degradadas tem por objetivo fornecer diretrizes para a

exploração das áreas de empréstimo e de bota-fora, facilitando a execução dos serviços de

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recuperação, além de diretrizes para o controle de processos erosivos desenvolvidos nestas áreas,indicar procedimentos para a reconstituição dos terreno são dos terrenos tanto em termostopográficos como de vegetacionais. Em termos metodológicos, prevê como ações a seremadotadas o planejamento dos trabalhos, tanto nas áreas de empréstimos e bota-foras, como naspedreiras, como também nos canteiros de obras, a remoção da cobertura vegetal, a remoção eestocagem da camada superficial de solo, o reafeiçoamento dos terrenos, execução de atividadesde revegetação e paisagismo.

Destaca-se que o PBA detalha as atividades que serão executadas, estando de acordocom os preceitos estabelecidos pelo órgão licenciador, O Ibama. Detalham as atividades dereafeiçoamento para todos os terrenos (áreas de empréstimos e bota-fora, pedreiras, canteiro deobras e áreas de apoio), além das atividades de plantio, época de plantio, sistemas eprocedimentos de plantio. Indica ainda a listagem das espécies escolhidas para a revegetação.

Assim, o programa pode ser considerado como adequado a mitigar os impactosrelacionados às áreas degradadas.

8. Programa para o Setor Mineral Este programa foi elaborado com o objetivo de se verificar o andamento dos procedimentos

do setor mineral, obtendo e acompanhando o bloqueio da áreas para novas atividades na área doempreendimento, acompanhar o andamento dos processos existentes (com regularização daseventuais pendências com os interessados), além de acompanhar as atividades informais deextração dos materiais a serem utilizados na obra. Prevê a adoção de ações especificadas taiscomo solicitação do bloqueio das áreas no DNPM, acopanhamento dos Alvarás de Pesquisa emvigor, além do acompanhamento das atividades informais de materiais naturais de construção.

Destaca-se que não foram detalhadas no PBA as ações a serem adotadas para os casosde interferências entre os detentores de títulos minerários com o empreendimento, tais comopropostas de acordos a serem estabelecidos entre empreendedor e detentores de títulos, a fim decompensação. Assim, esta deverá ser uma solicitação a ser requerida pelo Ibama à ENERPEIXEpara adequação deste programa ambiental.

Pelo cronograma apresentado, prevê-se que as atividades relacionadas a este programaestejam encerradas no prazo máximo de 6 meses após o início da operação comercial doempreendimento. Assim, o Ibama deve ficar atento à cobrança para o atendimento deste prazo,lembrando-se que os acordos entre detentores de títulos interferidos pelo empreendimento devemestar concluídos anteriormente ao início do enchimento do reservatório.

9. Programa de Recomposição da Infra-estrutura Viária O objetivo do programa é recompor e/ou proteger a infra-estrutura viária afetada, sendo

recompostos pontes, proteção de entroncamento dos aterros às pontes e recomposição dosacessos às fazendas.

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As interferências se darão na estrada estadual TO 387 (entre as cidades de Paranã e SãoSalvador), na TO 491 (entre São Salvador e a TO 280), nos encabeçamentos das pontes sobre osrios Tocantins, Paranã e Palma e nas estradas de acessos à fazendas no entorno do reservatório.Os projetos dos novos acessos serão adequados após a definição dos remanescentes daspropridades a serem afetadas e do projeto do novo sistema viário estadual, a serem acordadoscom os proprietários das terras e o empreendedor.

O traçado da futura BR 242 (ligação da cidade de Paranã a TO 280) interfere com oreservatório pela margem direita do Tocantins (ribeirão Santa Cruz e córrego José da Silva). Aestrada que liga Paranã – São Salvador, TO 387, está sendo adequada, a partir do asfaltamento daDERTINS.

Em 20/12/2001, foram realizados entendimentos e formalizado Convênio entre aENERPEIXE/DERTINS, os quais resultaram no seguinte acordo:

Responsabilidade da ENERPEIXE.

recolação da TO 491 entre São Salvador e o entroncamento com a TO 280, com projetoexecutivo aprovado pela DERTINS;

contratação de projeto para readequação do traçado da BR 242 entre a cidade de Paraná ea TO 280;

proteção dos taludes dos aterros das pontes existentes sobre os rio Tocantins, Paranã ePalma, afetada pelo reservatório.

Responsabilidade da DERTINS

projeto e execução das obras da TO 387, entre Paranã e São Salvador;

tratativas com o governo federal e gestões para aprovação do novo traçado e os estudosambientais para adequação da BR 242 entre Paraná e a TO 280.

No ante-projeto, foram descritos 4 trechos que serão relocados e foi empregado comocritério de projeto o temo de recorrência de cheias de 100 anos, levando-se em consideração oremanso e a navegação de barcos de pequeno porte.

Os principais trechos a sofrer adaptação são:

trecho 1 – ribeirão das Pedras, tem extensão de 6,6 km passará para 7,7 km;

trecho 2 – Vila do Retiro, com extensão de 800 m será relocado para evitar aterroselevados e pontes extensas;

trecho 3 – Córrego do Mato, com extensão aproximada de 7,0 km, se desenvolvendo nasvárzeas do córrego e outros afluentes; será quase todo inundado, terá 8,0 km de extensão;

trecho 4 – Córrego Piabanha, com extensão de 600 m será elevado o greide da estradaexistente pois como o contorno de reservatório é extenso seria necessário transpor váriosafluentes.

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Faz-se necessário a apresentação do convênio estabelecido entre asENERPEIXE/DERTINS. Com relação às atividades desenvolvidas, o IBAMA deverá ser informadoacerca do andamento das mesmas, sendo necessário apresentar planta e descrição das obras ecronograma. Estas atividades deverão estar prontas antes do enchimento do futuro lago.

Nas ações previstas de recomposição dos acessos das fazendas, este programa deveráser complementado com informações acerca do número de propriedades que serão afetadas,apresentando sua localização em mapa e descrevendo a metodologia de negociação com osproprietários. Deverá existir um documento assinado pelas partes (proprietário e empresa) selandoo acordo para execução do novo traçado.

10. Programa de Instalações de Apoio às Obras

O programa não fornece as diretrizes para as construções permanentes da usina:barragem, vertedouro, casa de força, subestação e outros. Fornece somente para a infra-estruturado canteiro de obras: central de britagem, centrais de concreto, pátios de forma, armação, pré-moldados, almoxarifados, oficinas de manutenção, escritórios administrativos, refeitórios,alojamentos, ambulatórios, centro comercial, acessos áreas de empréstimos, áreas deempréstimos, áreas de jazidas minerais, bota-fora.

O objetivo do programa é detalhar os procedimentos que deverão ser observadas nainstalação, funcionamento e desmobilização das instalações do canteiro de obras, o qual daráapoio à construção da usina. O detalhamento está organizado em 6 (seis) sub-programas:aquisição as terras; regates arqueológico; de atendimento médico, educação em saúde esegurança para os trabalhadores; de desmatamento das áreas das obras principais e para o meiofísico, propôs o sub-programa de especificações ambientais para a construção, compreendendo osprocedimentos a serem adotados pelas empreiteiras durante a instalação das obras principais e docanteiro de obras, considerando a operação e desmobilização da obra. As recuperações das áreasestão contempladas no Programa de Recuperação das Áreas Degradadas.

O início das obras do canteiro foi em abril de 2002, em ambas as margens do rioTocantins, no município de São Salvador (margem esquerda). Foi apresentada uma descriçãosucinta das instalações.

A estrada de acesso ao canteiro, com 4,7 km de extensão, partirá da estrada BR 242,futura conexão entre Peixe e Paranã. As obras do acesso foram iniciadas, resta ser apresentado oprojeto, cronograma e o acompanhamento.

As instalações industriais estão localizadas na margem direita, mais perto da barragem, eas instalações administrativas estão mais afastadas das obras. A energia será suprimida com aconstrução de uma subestação da CELTINS, um torre de telecomunicações, infra-estruturasanitária com reservatórios de água industrial sanitária com reservatórios de água industrial,estação de tratamento de água (ETA) e uma estação de tratamento de esgotos (ETE), todas estas

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obras já foram construídos e estão funcionamento. Resta realizar o acompanhamento e avaliaçãoda eficiência dos sistemas.

As obras estão localizadas em uma área de 4,134 há. A ENERPEIXE apresentou asespecificações gerais das atividades de construção civil; drenagem, terraplenagem, escavações,esgoto sanitário, poluição sonora, etc. Foi apresentado mapa do arranjo geral, das áreas deempréstimo, bota-fora;

O relatório de complementações do programa, além de apresentar um sub-programa deresgate da fauna e o sub-programa de educação ambiental, indicou o memorial descritivo,dimensionamento e projeto dos sistemas de tratamento dos efluentes, projeto do aterro sanitário,sistema de captação e tratamento de água, separador de óleo e água e sistema de tratamento deesgoto. Na vistoria técnica forma vistoriadas as instalações de tratamento dos efluentes que jáestavam construídas, aterro sanitário ETA e ETE. Foram vistoriados os tanques de combustívelque possuem os sistemas de coleta e de segurança para a operação de abastecimento, asoficinas possuem os dispositivos e caixas separadas de óleo e graxas.

O programa menciona que serão repassados os procedimentos e diretrizes para seremincorporadas pelas empresas contratadas. O programa deverá ser complementado, pois não trazquais atividades serão monitoradas. Para este item, falta a apresentação do caderno resumo doprojeto básico, a seqüência executiva obras permanentes da usina deverá ser atualizada eapresentada com maior detalhamento. O detalhamento do programa deverá trazer as metas,implantar pontos de monitoramento a jusante e montante dos efluentes lançados no ambiente,informar os indicadores ambientais e monitorar, metodologia, atividades, freqüência ecronogramas, equipe técnica, instituições envolvidas e um mapa como produto final.

Meio Biótico

O Estudo de Impacto Ambiental para avaliação dos impactos sobre o meio biótico na Áreade Influência Indireta (AII) do empreendimento foi feita com base nos dados secundários, obtidosdos estudos realizados em outras localidades, situadas a montante como estudo de UHE Serra daMesa e de Cana Brava. A elaboração do diagnóstico da vegetação coligiu, numa primeira etapa, osdados secundários de Referência Bibliográficas da tipologias ocorrentes no Cerrado.

A cobertura vegetal foi amostrada utilizando-se do Projeto RADAMBRASIL (1982), mapasdo Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado do Tocantins (Seplan, 1977) e interpretação deimagens de satélite TM Landsat, de agosto de 1999.

Os dados de fauna foram obtidos por meio de consultas aos relatórios do Projeto BásicoAmbiental da UHE Lajeado (THEMAG/INVESTCO, 1998), e o Relatório Final da UHE Serra daMesa (NATURE, 1996), o que levou a inferência da fauna provável na região de inserção doempreendimento.

Pautado na análise desses dados bibliográficos foram realizados os estudos de campo naÁrea Diretamente Afetada (ADA) e seu entorno imediato, visando complementar as informações

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existentes e obter dados da flora e da fauna local. A metodologia utilizada para os estudos estádescrita na apresentação das caracterizações.

Vegetação Foi realizada a caracterização da Área Diretamente afetada (ADA) e de Influência Indireta

(AII) utilizando-se imagens de satélite, caminhadas, fotografias, por sobrevôo da área ereconhecimento em campo, realizado no período de 26 a 31/05/00, para a definição das fisionomiasvegetais, e o estabelecimento das áreas e os critérios de amostragens.

No levantamento dos dados fitofisionômicos procedeu-se a coletas para a elaboração dalistagem florística, as quais consistiram em coletas botânicas realizadas em percursos através dasdireferentes fitofisionomias: Campos, Cerrados, “strictu senso”, Cerradões, Florestas de Galeria e

Florestas Paludosas. O material botânico foi encaminhado ao Herbário do Instituto de Botânica deSão Paulo, para identificação e incorporação do material fértil.

A metodologia adotada para o estudo quantitativo na ADA e entorno foi a de PontosQuadrantes, cujos pontos foram lançados a cada 10 m, seguindo uma linha de caminhamento. Oscritérios de inclusão para as áreas de cerrado foram indivíduos com circunferências de base (20 cmacima do solo) de 15 cm e, para as áreas de matas com circunferência acima de 30 cm na alturade peito. Aplicou-se o programa FITOPAC para determinar: densidade, freqüência, similaridade, IVIe IVC. Foram selecionadas 15 unidades amostrais (blocos) distribuindo-se três unidades para cadauma das cinco fitofisionomias, sendo que nas áreas de cerrado eram lançados 20 pontos porblocos e nas áreas de floresta 30 pontos. A descrição da estrutura vegetacional foi realizada paracada área através dos parâmetros fitossociológico definidos por MUELLER-DOMBOIS &ELLENBERG (1974) e os índices de diversidade especifica de Shannon-Wiener e equabilidade deMAGURRAN (1988).

A vegetação predominante da AII é o cerrado “latu sensu”, entremeado por florestas de

galeria típicas em áreas próximas aos cursos d’água, e florestas paludosas nas planícies deinundação.

As ares florestadas podem ser subdivididas nas seguintes formações: 1) Ciliares ouripárias – ocorrem às margens dos corpos d’água, acompanhando as linhas de drenagens,permanecendo sempre verdes, estando, geralmente, em contato com as formações de cerrado

mais abertas; 2) Florestas de galerias – correntes nos diques marginais ao longo das linhas de

drenagens, destacando por espécies de grande porte muito exploradas devido ao seu valormadeireiro, como: Tabeluia impitiginosa (ipê-roxo), Hymendea stignocarpa (ipê-roxo), Hymendea

stignocarpa (jatobá), Dipteryx alata (baru), Astronium fraxinifolium (Gonçalo-alves) Machaerium sp.

(jacarandá), Anadenanthera sp. (angico) entre outras; 3) Aluviais e de Terraços- são formaçõesflorestais intermdiarias entre as fisonomias savânicas e de galeria logalizados nos terrenos maiselevados ao longo das margens do rio Tocantins, com presença de áreas rebaixadas e algadiças,onde espécies resistentes às condições de alagamento temporário estão presentes, tais comocallisthene fasciculata (jacaré). Nas matas paludosas há predomínio de Qualea spp., bem como

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Calophyllum brasiliensis (Landi), Xylopia sp. (Envira), Bauhinia cf. membranácea (pata-de-vaca),

ciperáceas e gramíneas, podendo ocorrer ainda espécies de cerrado mais tolerantes à água,

citando-se Alibertia sp (marmelada), Curatella americana (lixeira), Siparuna sp. (limão-do-mato),entre outras.

As Áreas Úmidas ocorrem em áreas mais baixas, geralmente pequenas, compresença de lagoas. Correspondem às áreas onde o lençol freático é muito superficial aflorando emépocas de chuva. A vegetação é compostas predominante de ciperáceas e gramíneas, podendoocorrer espécies hidrófilas nas bordas das lagoas. São espécies herbáceas como o Echinodorus

tenellus, Saggitaria cf. lanceolata, Paepalanthus sp., Heliconia psittacorum etc. Segundo o estudo, é

pouco comum a presença de Mauritia vinifera (buruti) e Mauritiella oculeata (buritirama).

As áreas de Lagoas ocorrem em intersítios nos meambros do rio na área de inundação dascheias. Possui uma flora rica e particular com macrófitas aquáticas submersas (Myriophyllum e

Elodea) e semisubmersas (Nimphacea, Ludwigia aquática e L. setosa) e flutuantes (Eichhomea).

Com relação ao cerrado são encontradas as seguintes fisionomias: 1) Cerrado Denso(Cerradão) - ocorrem fisionomias fechadas com predomínio de espécies de porte arbóreo (de 5 a15m) como Hacornia speciosa (mangaba), Curatella americana (sambaíba), Pseudobombax

tomentosum (imbiruçu). Tabeluia caraíba (ipê amarelo), Salvertia convallariaeodora (pau-de-arara),

Caryocar brasiliesis (pequi), Bowdichia virgiloides (sucupira) e Physocalymma scaberrimum (cega-

machado); 2) Cerrado Aberto – ocorrem em áreas com freqüentes afloramentos rochosos,aspectos, aspecto fortemente xeromorfos, alturas variando de 3-4m a 6-8m, presença de estratoherbário entre os espaçamentos dos indivíduos arbóreos, predomínio de gramíneas, podendoocorrer cactáceas e bromeliáceos nas áreas mais rupículas. As espécies presentes possuem portede arvoretas e arbustos, como Cochlospermum regium (algodão-do-mato), Davilla elliptica

(sambidinha), Qualea spp. (pau-terra), entre outras. No estrato herbáceo ocorrem vários tipos de

palmeiras acaules como Syagrus cf. flexuosa. 3) Mosaico de cerrado e floresta em grotões –

vegetações que se desenvolvem sobre as vertentes de várias serras da área de estudo, como:Serra das Caldas, Serra Dourada, Serra do Boqueirão, Serra do Bananal e Serra do Lageado. Acobertura vegetal predominante é de cerrado aberto, como Campo Cerrado nas vertentes convexase nas cristas. Nas áreas de menor insolação com solos mais profundos e maior teor de umidadeocorre o Cerrado Denso e as Floretas Estacionais.

A maioria dessas formações está transformada em extensas áreas de pastagens, quedevido ao uso de queimadas e pisoteio do gado favorece o surgimento de campos sujos e decampos cerrados. Nas áreas de serras apresentam-se formações mais abertas de cerrado e nasvertentes observam-se formações florestais mais densas, proporcionadas por maior umidade eprofundidade de solo. Nessas áreas mais férteis podem ocorrer agricultura de subsistência.

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Convêm destacar que na margem esquerda do rio Paranã encontram-se grandes plantações demaracujá e culturas irrigadas.

Foram apresentados informações complementares à flora solicitado pela Naturatins. Taldocumento descreve a realização de mais uma campanha de campo ocorrida no período de 26.08a 03.09.01, ainda em época de seca, onde foram amostradas mais 4 áreas de cerrado e 6formações florestais nas margens dos rio Tocantins e Paranã, ao longo da porção central da área aser alagada pela UHE Peixe Angical. Foi utilizada a mesma metodologia, com exceção do critériode inclusão, para as formações florestais, do PAP (perímetro à altura do peito) igual ou superior a20 cm. O material botânico foi encaminhado para o herbário da Unitins (Universidade doTocantins).

Comentários

Com relação à AII não foram contemplados as sub-bacias do Paranã e Palma com seustributários. Não foi apresentada uma justificativa técnica quanto à delimitação da cota 300 m comoADA mais seu entorno. Assim sendo, deverão ser realizados estudos sobre a influência direta eindireta dos impactos advindos da implantação da UHE Peixe Angical sobre a biota aquática eterrestre no ecossistema como um todo. Não foi apresentado um mapa contendo a locação dasáreas onde foram realizadas amostragens de flora.

No EIA/RIMA foi apresentada uma caracterização da área com subdivisões parasfitofisionomias que não correspondem ao usual do bioma cerrado. Embora tenham sido detectadas408 espécies distribuídas em 237 gêneros e 96 famílias, verificou-se que na tabela constante noEIA/RIMA foram citadas 8 morfoespécies de Pteridófitas, sendo 4 não identificadas e 4identificadas apenas no nível de gênero; 54 espécies de monocotiledôneas com 19 apenas no nívelde gênero e 7 no nível de família; 353 espécies de dicotiledôneas, sendo 147 identificadas apenasem gênero e 19 apenas em família, totalizando 415 espécies, sendo 160 identificadas apenas emgênero, 26 em família e 4 não identificadas.

O documento apresentado com complementação ampliou o número de espécies arbórease arbustivas não contemplou amostragens do estrato herbáceo. Embora tenha aumentado onúmero de áreas amostradas, não se pode inferir que essas amostragens tenham sidosignificativas para caracterizar a área de influência do empreendimento. Para que se tenha umaamostragem representativa da área a ser impactada deve-se estimar a dimensão da áreas a seremlevantadas, além do número de pontos que deverão ser amostrados.

Fauna

Para o empreendimento denominado AHE Peixe Angical, são apresentados no escopo daEIA/RIMA correspondente, informações referentes à caracterização da fauna de vertebrados

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aquáticos (iciofauna) e presentes (tetrápodos). As informações pertinentes a essa caracterizaçãopossuem procedência primárias e principalmente secundárias, conforme descrição apresentadapelo referido estudo.

Para a áreas do empreendimento, o estudo apresenta uma riqueza de 479 espécies, sendo171 peixes, 32 anfíbios, 39 répteis, 185 aves e 52 mamíferos.

Nos itens seguintes, foi abordado cada um dos grupos de vertebrados levantados e foramdescritas considerações referentes às análises apresentadas no escopo do EIA/RIMA apresentadopelo empreendedor.

1. Fauna de Vertebrados (exceto peixes)

O Estudo de Impacto Ambiental apresentado fornece informações acerca de levantamentosdesenvolvidos em duas campanhas de campo, sendo a primeira realizada nas proximidades domunicípio e Paranã, situado à montante do empreendimento, no período de 28.05 a 09.06.2000. Asegunda campanha foi realizada no município de Peixe, localizado à jusante da área proposta paraa barragem, no período de 15.08 a 23.08.2002. Posteriormente, informações complementaressobre a fauna foram produzidos a pedido do órgão ambiental estadual de Tocantins(NATURATINS). As informações complementares foram obtidas com a realização de novoslevantamentos na porção central da área prevista para o reservatório, denominada como SãoSalvador, conforme a figura nº 6376-01-GL-830-DE-01287 (PBA: Informações ComplementaresFAUNA).

Todas as campanhas de campo foram desenvolvidas em época de seca, bem definida paraa região, Não são apresentados dados sobre a fauna de vertebrados ocorrentes na área deinteresse no período chuvoso. Portanto, de imediato, há necessidade de complementação dasinformações, exigindo-se a caracterização quali-quantitativa da fauna no período chuvoso.

Foi citada a coleta de um indivíduo utilizando-se arma de fogo (pág. 5.32), entretanto nãoforam apresentadas justificativas para o emprego de tal metodologia, bem como descrição doespécime coletado. Considerando que a metodologia não é usual para a coleta de fauna, além denão ser um procedimento amparado pela lei. O IBAMA deverá oficializar ao empreendedor aapresentação de justificativa quanto ao uso de metodologia de captura e exemplares da fauna comarma de fogo.

O estudo também ressalta a coleta de informações citogenéticas de parte do materialbiológico capturado/coletado 1 durante os trabalhos de campo. Segundo ainda o EIA/RIMA, todo omaterial coletado durante os trabalhos de campo foi depositado em coleção científica sobresponsabilidade do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ/USP). A legalidade detais procedimentos deve ser verificada, especialmente quanto à emissão de licença da

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captura/coleta específica pelo órgão ambiental para tal empreendimento, uma vez que não seencontra no processo de licenciamento nenhuma referência sobre o número de referidaautorização, bem como órgão ambiental emissor.

Ressalta-se que o empreendedor deverá apresentar copia da licença de captura/coletapara material biológico (licenças ambientais para resgate de fauna), conforme Medida Provisória nº2.186, de 23.08.2001. Deverá ainda, verificar a existência de documentação que comprove odepósito de todo o material biológico coletado em instituição científica credenciada.

1.1. Herpetofauna

Para a caracterização de herpetofauna existente na área de influência do empreendimento,foram apresentados dados obtidos em campo, utilizando-se de armadilhas de queda (pitfall traps).Conforme a apresentação no EIA-RIMA, foi instalado um total de 85 estações de armadilhas,formadas por quatro baldes de 20 litros cada. Para o levantamento efetuado no município deParanã foram utilizadas 50 estações, que permaneceram instaladas por 11 dias consecutivos. Jápara a Segunda campanha, no município de Peixe, foram instaladas 35 estações durante o períodode 07 dias consecutivos. Ainda segundo o estudo apresentado, as armadilhas foram dispostas deforma a abranger a diversidade de ambientes identificados na região.

Em relação à complementação de informações sobre a fauna, na terceira campanha foraminstaladas 41 estações de armadilhas de queda, no período de 25.08 a 04.09.2001.

Todas as estações de armadilhas, nas três campanhas, foram dispostas dentro ou próximada área diretamente afetada (ADA) pelo empreendimento. Portanto, verifica-se que não houve umdelineamento amostral que permitisse uma caracterização representativa da herbetofauna na áreade influência indireta (AII).

Outro fator verificado no presente estudo diz a respeito da quantificação dos dados. NOescorpo do EIA-RIMA, são apresentados apenas os valores totais de indivíduos coletados nascampanhas em Peixe e Paranã, não sendo, no entanto, informados os valores específicos paracada espécie. Já para a terceira campanha (São Salvador), realizada com o intuito decomplementar as informações do EIA-RIMA, a quantidade de indivíduos coletados de cadaespécies é fornecida . A quantificação se faz necessária, pois é considerada de grande importânciapara a mensuração dos impactos sobre as populações.

O estudo também indica um número reduzido de espécies exclusivamente florestais. Estefato pode estar relacionado ao período das amostragens (seca), sendo, portanto, ação importante o

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desenvolvimento de amostragens durante o período chuvoso, para se determinar de forma maisconfiável a comunidade de anfíbios, ocorrentes na área do empreendimento.

Em relação aos répteis, a comunidade amostrada é composta por 02 espécies de quelônio,01 crocolidiano, 18 lagartos, 01 anfisbena e 17 serpentes, totalizando 39 espécies.

O estudo descreve as principais famílias de répteis levantadas, indicando os respectivosambientes de ocorrência dessas espécies. Porém, assim como os anfíbios, não são apresentadosos números de indivíduos coletados para as duas primeiras campanhas, o que não permite aanálise quantitativa dos grupos. O mesmo ocorre em relação aos períodos das coletas, nãohavendo amostragens correspondentes à época chuvosa. Assim, são necessáriascomplementações dos estudos, com informações acerca das populações de répteis no períodochuvoso.

1.2. Avifauna

A avifauna foi caracterizada por meio de contatos visuais, auditivos e captura/coleta com ouso de redes de neblina (mist nets). Para as duas primeiras campanhas (Paranã e Peixe) foramlistadas 185 espécies de aves. A campanha realizada em São Salvador contribui para o acréscimode 24 espécies a lista anterior, totalizando portanto, para a área do empreendimento, uma riquezade 209 espécies. O estudo fornece informações referentes à sensibilidade em relação àsinterferências no ambiente de ocorrência, bem como à abundância relativa de cada espécie. Noentanto, não são apresentados os valores reais de indivíduos observados/capturados/ coletados oucontatos obtidos de cada espécie levantada, impossibilitando uma análise mais detalhada da atualsituação da comunidade existente na área. Assim, não houve o emprego de uma metodologiaquantitativa no estudo ou no caso, de ter sido empregada, os resultados não são apresentados.

Em relação a ocorrência de espécies ameaçadas, o estudo aponta o registro para a áreade apenas uma espécie de psitacídeo: Anodorynchus hyacinthinus (arara-azul-grande). Porém,apesar de não figurarem na lista oficial da fauna ameaçada de extinção do IBAMA, algumasespécies registradas são passíveis de atenção quanto a sua conservação.

1.3. Mastofauna

A mastofauna foi caracterizada por meio de abordagem direta, utilizando-se para tanto,aramadilhas do tipo (live-trap, pit-falls), redes de neblina, arma de fogo e captura/coleta manual.

Foram levantadas no total 52 espécies de mamíferos durante as três campanhasrealizadas. Conforme o próprio estudo, o esforço amostral para a mastofauna foi pequeno, não

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sendo suficiente para uma caracterização mais detalhada da riqueza em espécies. Outro fatorconsiderado para o baixo rendimento das coletas foi a amostragem das localidades no período deestiagem, igualmente ocorrido para os outros grupos animais.

O estudo aponta a ocorrência de 08 espécies de mamíferos presentes na lista oficial dafauna ameaçada do IBAMA, a saber: Myrmecophaga trhidactyla (tamanduá-bandeira), Priodontes

maximus (tatu-canastra), Ozotocerus benzoarticus (veado-campeiro), Chrysocyon brachyurus

(lobo-guará), Lontra longicaudis (lontra), Leopardus pardalis (jaguatirica), Puma concolor (onça-

parda) e Panthera onça (onça-pintada). O estudo aponta, ainda, que essas espécies ameaçadas

apresentam ampla distribuição geográfica. É importante salientar que a ocorrência dessas espéciesdeve ser analisada regionalmente e não no âmbito do território nacional. Portanto, deve-se daratenção à situação dessas espécies, bem como de outras listadas, dentro da bacia ou território doEstado de Tocantins.

A fauna de quirópteros, como também indicam os estudos, não foi caracterizada. Sabe-seque os morcegos são tidos como grandes dispersores de essências nativas, contribuindo para aregeneração de ambientes florestais ou para recuperação de áreas degradadas. Além disso, osmorcegos atuam como vetores de raiva e desencadeadores de milíase, podendo provocar prejuízoe pecuária e à saúde humana. Portanto, a caracterização da comunidade de morcegos ocorrentesna área do empreendimento é de grande importância.

2. Ictiofauna

A ictiofauna é caracterizada para a área diretamente afetada (ADA) tendo domo baseinformações quali-quantitativas primárias obtidas em campo e secundárias referentes aomonitoramento realizado pela Universidade de Tocantins em parcerio com FURNAS. Para a áreade influência indireta (AII), correspondente à bacia hidrográfica diretamente contribuinte, os dadosapresentados referem-se aos estudos realizados para o aproveitamento hidrelétrico de Serra daMesa, situado à montante do empreendimento em questão, no rio Tocantins, coletados no períodoentre dezembro de 1995 e outubro de 1996.

Na ADA, a comunidade de peixes foi caracterizada por amostragens realizadas nosperíodos de estiagem e cheia. O esforço amostral do período de seca foi maior, com coletasrealizadas durante 12 dias em 9 pontos distribuídos ao longo do eixo principal dos rios Tocantins eParanã. A amostragem realizada na época de chuva teve um esforço amostral de 05 dias, comcoletas em apenas 04 pontos.

O EIA/RIMA apresenta, para a ADA, a listagem contendo 171 espécies de peixes,relacionadas em ordens e classes taxonômicas. Porém, aproximadamente 41% (n=70) dasespécies listadas estão apresentadas apenas no nível taxonômico de gênero. Deste total, quatroespécies são indicadas como provavelmente novas.

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Comentários

Em diversos estudos ambientais, a análise quali-quantitativa da fauna de vertebrados temsido considerada como um fator determinante na avaliação de impactos sobre o meio. Muitos dosimpactos oriundos da implantação de determinado empreendimento refletem diretamente na faunaassociada aos ambientes a serem interferidos.

A diferença entre os esforços de amostragens dos períodos seco e chuvoso não permite acomparação das diversidades, equitabilidades e riquezas entre esses períodos.

Apesar da diferença no esforço amostral empregado para o dois períodos, as amostragenspermitiram caracterizar parcialmente a riqueza em espécies da ADA. Já para a caracterização daAII, as informações foram limitadas, não abrangendo os principais afluentes dos rios Tocantins eParanã. Sabe-se que a comunidade de peixes de uma bacia hidrográfica apresenta diferenças,tanto na riqueza como na abundância de espécies, ao longo de um gradiente sazonal e espacial,sendo este último interpretado como os diferentes ambientes existentes desde as cabaceiras até afoz de um rio.

Considerando que o estudo citou a ocorrência de quatro espécies provavelmente novas épossível sejam novas, suas populações já estariam ameaçadas de extinção pelo fato doempreendimento estar em implantação. Além disso, os estudos de monitoramento de Unitintas naregião de confluência dos rios Tocantins e Paranã já registraram mais de 200 espécies de peixes,incluindo uma espécie de pacu (gênero Mylesinus) que aparentemente é endêmica. Tal fato não foidiscutido tanto no estudo apresentado, quanto no programa referente ao monitoramento econservação de ictiofauna. Tal fato não foi discutido tanto no estudo apresentado, quanto noprograma referente ao monitoramento e conservação da ictiofauna. Medidas devem ser dirigidaspara que ocorra uma identificação exata em nível taxonômico das espécies de peixes ocorrentesna área de influência do empreendimento.

Quanto ao período reprodutivo, foi observada uma maior intensidade no período de cheia,quando ocorreu a maior freqüência de indivíduos em reprodução ou que já se reproduziram.Entretanto, ao longo do EIA/RIMA são citadas evidência de várias espécies que apresentamreprodução na época de estiagem, incluindo algumas espécies migratórias. Assim, são necessáriosestudos a respeito dos locais de reprodução ao longo de todo o ano e não somento de outubro aabril como foi proposto no PBA 12, além do monitoramento contínuo da escada para peixes debarragem e da ictiofauna dos tributários nas fases de enchimento e operação.

O esforço amostral realizado foi pequena em relação aos impactos que o meio sofrerá.Devem-se fazer amostragens padronizadas entre os períodos de seca e chuva, com um estudomais detalhado nos principais afluentes, visando atender a sazonalidade. Os estudos sobre as

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comunidades de peixes e identificação de áreas de desova e criadouros naturais deverão seriniciados no primeiro bimestre de 2003.

3. Limnologia

Para o AHE Peixe Angical foram realizadas coletas limonológicas na ADA nos períodos deestiagem (julho/00) e de chuva (fevereiro/00). A caracterização da AII foi feita através deinformações de localidades situadas apenas a montante do empreendimento, mas especificamentedados do Rio Tocantins provenientes dos aproveitamentos hidrelétricos de Serra da Mesa e CanaBrava. Essas amostragens foram realizadas entre maio/95 e outubro/96.

No período de chuva foram utilizados dados da Fundação Universidade do Tocantinscoletados em apenas 4 pontos de amostragem. Foram consideradas as variáveis: temperaturas asvariáveis: temperatura do ar e da água, transparência, cor, oxigênio dissolvido (OD), condutividade,pH, nutrientes, íons (cálcio, cloreto, potássio e sulfato) e clorofila. Já no período de estiagem formaamostrados 12 pontos, sendo analisados os parâmetros citados acima além de sólidos totais emsuspensão, alcalinidade, oxigênio consumido, DBO, magnésio, sódio, ferro, fitoplâncton ezooplâncton.

As amostragens realizadas na ADA são insuficientes para caracterizar a área no período dechuva, além de não permitirem a comparação entre as estações. Além disso, não foram realizadasanálises das comunidades bentônicas. Os dados referentes à AII são muito antigas e nãopossibilitam o diagnóstico da bacia afetada.

Avaliação dos impactos relacionadas ao meio biótico:

Aumento da pressão antrópica sobre a vegetação – Efeito negativos na área de inundação e

entorno. A retirada da vegetação pela abertura de vias de acesso, e do canteiro de obras. A maiorcirculação de pessoas e de veículos na área de aumenta o risco de incêndios. Após o enchimentodo reservatório haverá a ampliação de áreas de pastagens ou agricultura. Estas pressõesantrópicas implicam em alteração na estrutura e na dinâmica das comunidades vegetais e naredução da diversidade e dispersão de propágulos.

Alem disso, os desmatamentos podem causar a disseminação de algumas doenças devido àpossibilidade de dominiciliação de insetos e ao adensamento de animais no entorno doreservatório.

Redução da vegetação por sobrelevação do nível de água no enchimento do reservatório –Impacto permanente e irreversível na vegetação, atingindo uma área de 294 km2, sendo cerca de

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15% de formações de florestas, 62% de cerrado e 23% de uso antrópico. A área a ser inundadacontém alguns locais com formações vegetais pouco freqüentes na região. Com alagamentoocorrerá a redução da biodiversidade, o que torna esse impacto de grande importância.

Fragmentação de ambientes, conseqüências na vegetação – As matas ripárias da regiãocontém representantes da flora amazônica e atlântica, indicando a importância dessas áreas para adisperção biológica. A formação do reservatório implicará na interrupção desta vegetação em umtrecho de aproximadamente 114 km no rio Tocantins e 54 km no rio Paranã, reduzindo aspossibilidades de dispersão de muitas espécies.

Alteração de ambientes, conseqüências na vegetação- Os novos ambientes formados noentorno do lago terão características diferentes na faixa ribeirinha atual. O tipo de vegetação que seestabelecerá e o tempo necessário para que as novas comunidades se instalem dependerão dascondições locais, como o tipo de solo, a presença de remanescentes próximos e a intensidade depressões antrópicas nessas áreas.

Perda de habitats e aumento da pressão antrópica sobre a fauna – O aumento dedesmatamento e de queimadas causam a redução e a alteração dos habitats naturais. Estasperturbações tem como conseqüência a pressão sobre os animais desses ambientes. No caso dasmatas de galeria, as espécies dependentes de floresta serão as mais afetadas. Com o aumento deambientes alterados, espécies oportunistas, de amplo espectro ecológico, tendem a serbeneficiadas.

Redução de populações animais por sobrelevação do nível de água no enchimento doreservatório – A inundação de uma ampla área representa um evento crítico para a fauna devidoao alagamento de habitats. Espera-se a mortalidade de animais por afogamento, principalmenteaqueles de baixa mobilidade e que se deslocam a curtas distâncias. Outro grupo afetado serão osanimais dependentes de ambientes que serão submersos. Os indivíduos deslocados sofrerãoimpactos secundários, decorrentes da perda do habitat e do deslocamento para ambientes ondenão estão familiarizados, aumentando a suscetibilidade à predação e à competição inter eintraespecífica com a fauna do novo local.

Quanto às espécies de hábitos semi-aquáticos (lontra, jacaré, quelônios), deverão tambémse deslocar para áreas a montante, podendo ocorrer redução de natalidade nos primeiros anosapós a formação do reservatório.

A alteração do regime hidrológico promoverá ainda o afastamento da população de botos(Inia goeffrensis) presentes a montante do eixo. Isso agrava o processo de isolamento daspopulações causado pela fragmentação, o que já está em curso devido às barragens implantadas eem implantação no rio Tocantins.

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Além disso, na área ocorrem espécies presentes na lista oficial de espécies ameaçadas deextinção (Portaria nº 1.522/89): Myrmecophaga tridactyla, Chrysocyon brachiurus, Leopardus

pardais, Oncifelis wiedii, Lontra longicauda, Ozotocerus bezoarticus, Panthera onça, Puma

concolor, Anadorhynchus hyacinthirus.

Os impactos sobre a fauna podem ser considerados de grande importância devido àsperdas irreversíveis e à contribuição para a redução da variabilidade genética das populações.

Fragmentação de ambientes, conseqüências na fauna – Com a fragmentação das matas degaleria algumas populações animais ficarão isoladas. Poderão ocorrer desequilíbrios na rede tróficacom desaproporção entre presas e predadores ou com pressão excessiva de herbivoria. Alémdisso, o barramento do rio Tocantins causará a fragmentação do ambiente fluvial com o isolamentodas populações de botos (Inia geoffrensis) a jusante e a montante do lago. A perda e a

fragmentação de habitats é um impacto de grande importância por apresentar efeitos nadiversidade biológica.

Alterações da qualidade da água a montante – As principais causas da eutrofização em lagos

artificiais são decorrentes da degradação da vegetação inundada e da ocorrência de estratificaçãotérmica. No Reservatório do Peixe Angical são esperadas alterações mais pronunciadas durante aetapa de enchimento e imediatamente após esta fase. Os resultados da simulação matemáticaapresentada na avaliação de impactos ambientais mostram que haverá uma forte depleção deoxigênio durante o enchimento. Embora em regiões tropicais pequenas variações térmicas possamser suficientes para impedir a mistura de água entre as camadas superficiais e mais profundas, abaixa profundidade média (10m), aliada ao rápido tempo de renovação das águas (18 dias) do lagodificultará o estabelecimento de estratificação térmica acentuada.

Com alagamento periódico de áreas rebaixadas, poderá ocorrer a proliferação demacróficas em áreas restritas do reservatório e o conseqüente aparecimento de ambientespropícios para hospedeiros de doenças como malária, febre amarela e dengue.

Na avaliação desses impactos não foi mencionada a passagem de ambiente Iótico paralêntico no lago. Esse evento implicará significativas mudanças nas características físicas equímicas da água, além da substituição das espécies fitoplanctônicas, perifíticas, zooplanctônicas ebentônicas por populações melhor adaptadas às novas condições. Também ocorrerá o aumento daprodução primária no sistema. Para os ecossistemas aquáticos os impactos devem serconsiderados de grande magnitude e importância, pois as alterações são responsáveis pordrásticas mudanças em todas as comunidades aquáticas do local.

Alterações da qualidade da água a jusante – Durante a fase de construção da barragem são

esperadas alterações devido ao aporte de partículas sólidas que aumentam a turbidez, interferindonas comunidades planctônicas e bentônicas. Além disso, é importante considerar-se os poluentes

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do lixo, do esgoto, do canteiro de obras e do descarte de óleos e graxas, devendo ser tomadasmedidas de controle.

As modificações de maior magnitude ocorrerão durante e após o enchimento, após ascaracterísticas da água a jusante refletem as condições da água a montante.

Alterações nas comunidades de peixes a montante – O enchimento do reservatório vai

ocasionar a rápida ou até eliminação, de espécies antes presentes no trecho do rio. Essasalterações a montante reflete também nos ambientes lóticos situados acima do lago.

Durante e imediatamente após o enchimento haverá a formação de compostos redutores,com a conseqüente depleção do oxigênio dissolvido, podendo resultar nos seguintes efeitos nacomunidade de peixes: 1. asfixia; 2. aumento da sucetibilidade e doenças e predação de indivíduosenfraquecidos; 3. alterações no comportamento e 4.aumento da pesca. O reservatório poderá levara um empobrecimento da ictiofauna em termos de diversidade. Também poderá ocorrer umaumento significativo de biomassa.

Além das modificações na composição da ictiofauna, vai ocorrer ainda o isolamento daspopulações devido a intransponibilidade da barragem. Devem-se adotas sistemas de transposiçãode peixes para mitigar os impactos na reprodução e na migração.

Alterações nas comunidades de peixes e jusante – Durante a fase de construção deverãoocorrer interferências na ictiofauna, pelo aumento da turbidez e pelo uso de explosivos, podendocausar mortandades localizadas de peixes. Durante e após o enchimento a alterações na qualidadeda água a jusante também pode provocar interferências na comunidade de peixes.

Quanto às variações no nível de água a jusante, sabe-se que estas causam efeitosnegativos na ictiofauna, pois interferem na sincronização entre o fenômeno reprodutivo e o nível dorio, além de danificar os ovos aderidos na vegetação marginal. No caso específico da AHE dePeixe, essas variações serão diárias e da ordem de um metro, sendo mais pronunciadas na épocada estiagem.

Comentários

Com relação ao EIA/RIMA apresentado, cabe ressaltar que a qualidade da documentaçãoapresentada, a qual subsidiou o licenciamento ambiental no estado de Tocantins, não atende aosrequisitos mínimos adotados pelo IBAMA para subsidiar uma avaliação precisa do impacto qudeverá advir com a implantação da UHE Peixe Angical. Tendo em vista que os levantamentos domeio biótico foram realizados sem atender à sazonalidade, não foram apresentados dadosquantitativos da fauna para subsidiar o seu monitoramento. Como o diagnóstico foi baseado emdados secundários e superficiais, não retrata adequadamente a situação real da área de influência

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do empreendimento. Portanto, a avaliação dos impactos da futura hidrelétrica foi subdimensionada,considerando que os levantamentos não abrangem uma porção representativa de todos osambientes. Assim, após a complementação dos levantamentos referentes ao meio biótico osprogramas ambientais propostos deverão ser reformulados.

Programas Básicos Ambientais:

Foram propostos sete programas ambientais para mitigar os impactos relacionados aomeio biótico, os quais serão analisados e comentados, conforme apresentado a seguir:

Levantamento e Manejo da Flora

Desmatamento e Limpeza do Reservatório

Levantamento, Acompanhamento e Manejo de Fauna

Monitoramento Limnológico

Monitoramento e Conservação da Ictiofauna

Unidades de Conservação

Faixa de Proteção do Reservatório

1. Programa de Levantamento e Manejo da Flora

Os objetivos propostos forma de documentar a flora local, formando coleções científicas dereferência, depositadas em Herbários oficiais; e estrutura da vegetação e a diversidade dascomunidades vegetais e comparar com outras localidades de Cerrado: promover o aproveitamentocientífico do material botânico da área que será alagada; fornecendo subsídios para programas derecuperação e de proteção ambiental; identificar espécies prioritárias para resgate; e propiciar oresgate de propágulos e a conservação, em parte, da variabilidade das populações locais deespécies consideradas prioritárias.

O programa apresenta as ações para o Resgate de Germoplasma as quais serãodesenvolvidas nas diversas etapas: fase inicial de construção, na área do Canteiro de Obras, fasefinal de construção, quando serão realizados os desmatamentos, no enchimento do reservatório edurante a operação da usina. Para o resgate serão selecionadas áreas prioritárias onde serão

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efetuadas as ações estabelecidas no programa. As ações e critérios fundamentados nos trabalhospro Cavalcante % Bueno (1966) e Walter (1996).

Convém ressaltar que esse programa deverá ser desenvolvido concomitantemente com oslevantamentos adicionais para complementar a caracterização da vegetação ocorrente na AII.Deverá contemplar os demais substratos herbáceos, arbóreos e arbustivo, bem como plantasepífitas.

Deverá ser apresentado previamente ao IBAMA a seleção das áreas para levantamentocomplementar da flora, visando a avaliação de sua representatividade. Tais áreas deverão estarplotadas em mapas topográficos, para melhor detalhamento da cobertura vegetal.

Os levantamentos realizados na área de influência do empreendimento deverão serpublicados como trabalhos científicos.

2. Programa de Desmatamentos e Limpeza do Reservatório

O programa apresenta objetivos que visam reduzir a eutrofização cultural e/ou acidificaçãodo futuro reservatório em decorrência da decomposição da vegetação submersa, processos estesque podem levar ao desequilíbrio e colapso na rede alimentar, além da diminuição da vida útil daturbinas de geração de energia.

Outra meta é que durante o processo de desmatamento da área de inundação estesdeverá ser realizado de forma gradativa para induzir a movimentação prévia e gradual da faunaterrestre pra fora da área prevista para inundação.

Propõe que a limpeza e primordial para eliminar potenciais focos de contaminação daságuas por organismos patogênicos.

Eliminar obstáculos que possam limitar o uso múltiplo do reservatório, principalmente noque refletir-se na segurança do público usuário, bem como evitar a formação de “paliteiros” emlocalidades de interesse paisagístico, contribuindo para a valorização cênica da paisagemresultante.

Promover o aproveitamento racional do material lenhoso presente na área prevista parainundação.

Entre as ações ressalta a necessidade de orientar os proprietários lindeiros para oaproveitamento de madeira da área oriunda de desmatamento do Canteiro de Obras, porem oempreendedor relata que somente executará o desmatamento nas áreas de formações de florestae ares prioritárias, e que nas áreas de cerrado será feito pelos proprietários lindeiros.

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Deverá ser apresentado uma modelagem para estimar o quantitativo da área comcobertura vegetal que deverá ser suprimida.

3. Programa de Levantamento, acompanhamento e manejo de fauna

A proposta do programa contempla o registro da composição da fauna e o monitoramentode algumas espécies antes, durante e após o enchimento do reservatório. Já os resgates (nasfases de desmatamento e enchimento) visam o atendimento de instituições de ensino/pesquisa e oapoio a solturas e adensamentos experimentais.

Para realizar o monitoramento das populações deslocados e das populações queatualmente vivem nas áreas de provável soltura, são necessários levantamentos quali-quantitativosda fauna dessas áreas antes do desmatamento local e enchimento do lago. No programa foramcitadas regiões para a seleção de áreas prioritárias para pesquisa divididas em 4 setores.Entretanto não foram feitos levantamentos da fauna nessas localidades.

As ações de desmatamento devem ser realizadas no sentido das margens do rio para fora,ou seja, das cotas mais baixas em direção às mais elevadas, como propostos nesse programa.Esse procedimento possibilita a indução do deslocamento do maior número possível de animais,reduzindo as densidades populacionais na área a ser alagada e adensamento gradualmente osremanescentes do entorno do futuro lago ou áreas de soltura.

Os levantamentos e estudo foram organizados em seis ações: seleção da áreas prioritáriaspara pesquisa, levantamento da fauna terrestre, projetos de pesquisa e monitoramento, resgatesdurante os desmatamento, resgate durante o enchimento do reservatório, relatórios emonitoramento após a soltura. Essas ações devem ser realizadas com o conhecimento eautorização prévia do IBAMA, de acordo com as propostas de estudo apresentadas. De acordocom o programa ambiental, a interação com órgão ambientais incluirá não apenas a solicitação deautorização de coleta, mas também na participação na seleção da eventuais áreas de soltura, noestabelecimento de quantitativos de material zoológico a ser enviado a instituições, bem como dediretrizes de acompanhamento e de fiscalização.

É importante ressaltar que será necessária a reapresentação do EIA, incluindo umlevantamento quali-quantitativo da fauna em uma área mais representativa que permita acaracterização de fauna terrestre da ADA e da AII. Esse levantamento deve ocorrer nos períodosde chuva e de seca antes do início do desmatamento.

Adicionalmente as considerações acima elencadas, deverão ser acrescidas ascomplementações reportadas no Parecer nº 001/2002-CGFAU/LIC, de 02.12.02, que trata dasdiretrizes que deverão ser adotadas no âmbito do Programa de Levantamento, acompanhamento emanejo de fauna.

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4. Programa de Monitoramento Limnológico

A formação de reservatórios altera as características limnológicas devido à transformaçãode ambiente lótico para lêntico ou semi-lêntico. A magnitude dos impactos depende dascaracterísticas pré-existentes e daquelas do ambiente a ser formado, principalmente quanto aosrelacionados à área inundada, volume, tempo de residência, configuração morfométrica, pecentualda vegetação inundada e, ainda, das características da barragem e da operação.

Como medidas mitigadoras de impactos devem ser realizados monitoramento periódicosdas características físicas e químicas da água em estações de amostragem nos rios Tocantins,Paranã e seus principais afluentes a montante e a jusante da barragem.

Os pontos de coleta e os parâmetros físicos, químicos e biológicos a serem monitoradospara as fases 1 (construção) e 2 (enchimento do reservatório e operação) apresentados noprograma são de extrema relevância no monitoramento limnológico da área. Essas mediçõespossilitarão realizar prognósticos da qualidade da água de acordo com os padrões propostos naResolução CONAMA no 20 e atingir a maior parte dos objetivos propostos no programa ambiental.Entretanto, as freqüências de amostragem não são suficientes para a finalidade do programa,sendo necessárias amostragens mais freqüentes na maior parte dos programas.

Durante toda a 1ª fase (construção), deverão ser realizadas coletas quinzenais de todos osparâmetros de rotina apresentados nesse programa, incluindo análise das comunidades defitoplâncton, zooplâncton e bentos, bem como análise de metais pesados. Essa mediçõesquinzenais são necessárias apenas nos pontos rio Tocantins acima da barragem, rio Tocantinsabaixo da barragem e um ponto extra situado exatamente no rio ao lado do local das obras.

Durante a 2ª fase do monitoramento limnológico (enchimento e operação) a freqüência deamostragem de todos os parâmetros (inclusive agrotóxicos e metais pesados) deve ser mensal.

Além disso, foram propostas análises de plâncton, bentos, agrotóxicos e metais pesadosem um número reduzido de pontos de coletas e com menor freqüências em relação às variáveisfísicas e químicas, tanto na fase de construção quanto de enchimento e operação da usina. Nãoforam apresentadas as justificativas para a realização desse número reduzido de amostragens.

A determinação da produção primária deve ser realizada em um número maior de pontosde coleta no reservatório e com freqüência mensal durante toda a fase de enchimento doreservatório e operação.

Não foi apresentado um programa que objetivos encontrar os locais de maiordesenvolvimento da macrófitas aquáticas e avaliar o seu desenvolvimento. Além disso,m no PBA IInão são verificadas que serão empregadas para evitar a proliferação dessas plantas.

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O enchimento do lago vai inundar o ambiente terrestre com a conseqüente submersão deplantas e animais. Toda essa matéria orgânica vai contribuir para o enriquecimento de nutrientes noreservatório. A concentração de matéria orgânica no lago será uma determinante da eutrofizaçãodo ambiente. A baixa qualidade de água tem reflexos nas comunidades e também na duraabilidadedos equipamentos da usina. Assim, é de extrema importância o cálculo da área a ser desmatada.

5. Programa de Monitoramento e Conservação da Ictiofauna (PBA -12)

O programa de monitoramento de ictiofauna proposto no AHE Peixe Angical visaacompanhar as alterações que ocorrerão na comunidade de peixes após a formação doreservatório. O programa consiste de estudos e medidas que serão implantadas no decorrer daconstrução da obra, com continuidade durante a operação da usina.

Nesse programa foram citados 9 pontos de coleta para o monitoramento durante as obrase após o enchimento. No entanto, não há justificativas para a escolha desses pontos. Umaalternativa seria a realização de amostragens nos pontos onde serão realizadas as amostragenslimnológicas. Deve-se ainda acrescentar pontos de coleta em tributários dos rios Paranã eTocantins.

Quanto ao período reprodutivos, foi observada uma maior intensidade no período de cheia,quando ocorreu a maior freqüência de indivíduos em reprodução ou que já se reproduziram.Entretanto, ao longo do EIA/RIMA foram citadas evidências de várias espécies que apresentamreprodução na época de estiagem, incluindo algumas espécies migratórias. Assim, são necessáriosestudos a respeito dos locais de reprodução ao longo de todo o ano e não somente de outubro aabril como foi proposto no programa ambiental, além do monitoramento contínuo da escada parapeixes na barragem e da ictiofauna dos tributários nas fases de enchimento e operação.

Os estudos sobre as comunidades de peixes e identificação de áreas de desova ecriadouros naturais devem iniciar já no primeiro bimestre de 2003.

6. Programa da Unidade de Conservação

O presente programa tem por objetivo apresentar a proposta de repasse financeirocorrespondente aos 1,5% do valor da Obra ‘a área selecionada para a destinação dos recursos eos critérios que nortearam tal escolha, bem como as formas de alocação desses recursosfinanceiros.

Considerando o impacto significativo que os empreendimentos hidrelétricos temocasionado na bacia do rio Tocantins, é de suma importância a implantação de uma Unidade deConservação na área de inserção desse empreendimento. Deverá ser considerada com prioridadea área adjacente ao rio Alma, situado a jusante do barramento da UHE de Peixe. Este rio encontra-

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se bastante preservado, retratando uma fitofisionomia similar ao trecho do rio Tocantins que seráafetado.

Ressalta-se que os licenciamentos de significativos impacto ambiental são submetidos aCoordenação Geral de Unidades de Conservação – CGUC para o cálculo do valor do grau deimpacto, a luz do artigo 36 da Lei 9.985/2000.

A Coordenação encaminhou o Parecer Técnico nº 0025/2002/CGLIC – SAGIA relatandoque a análise final do grau de impacto ambiental resultou num valor final correspondente a 2,92%dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, atribuído a título decompensação ambiental. A destinação da área onde serão aplicados tais recursos seráestabelecida pela Diretoria de Ecossistemas, no prazo de 60 dias após a emissão da LI.

7. Programa de Faixa de Proteção do Reservatório

A implantação e manejo de uma Faixa de Proteção do Reservatório têm como objetivoprincipal compatibilizar o aproveitamento dos recursos hídricos para geração de energia e aconservação ambiental disciplinando-se usos do solo no entorno do reservatório.

O programa propõe com metas específicas compensar parcialmente a perda de vegetaçãonativa causada pela inundação, por meio de recuperação natural e revegetação de áreasprioritárias, reduzindo os eventuais processos erosivos e instabilização de áreas marginaiscolaborando assim para a preservação de recursos hídricos.

Essas diretrizes têm por fim estimular a proteção e a recuperação da vegetação,proporcionando condições mínimas para o estabelecimento de processos naturais e recuperaçãoda cobertura vegetal, de forma a favorecer a fauna local (terrestre e aquática) com abrigo erecursos tróficos.

Promover a valorização cênica de localidades próximas a áreas urbanas, disciplinando asrestrições de uso na Faixa de Segurança;

Compatibilizar atividades como lazer, eco-turismo, e outros usos eventuais com aconservação dos recursos ambientais.

Esse Programa trata de um instrumento de planejamento e gestão dos múltiplos usos daságuas e do solo nessa região, tendo características de um documento técnico, de naturezamultidisciplinar, orientado para uma abordagem ampla de todas as questões pertinente. Estabelecediretrizes e proposições de ações que assegurem a preservação dos recursos naturais, bem comoarticulação das políticas de desenvolvimento sustentável e de gestão descentralizada e participativados recursos hídricos.

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Convém destacar que o desenvolvimento desse programa visa, necessariamente, atenderàs determinações do CONAMA, respeitando-se a Resolução 302/02, que dispõe sobre osparâmetros, definições de limites das Áreas de Preservação Permanente e regimes de uso eocupação do entorno de reservatórios artificiais.

Conforme o Art. 4º da mencionada Resolução CONAMA nº 302/2002, o empreendedor, noâmbito do procedimento de licenciamento ambiental, deve elaborar o plano ambiental deconservação e uso do entorno de reservatório artificial em conformidade com o termo de referênciaexpedido pelo órgão ambiental competente, para os reservatórios artificiais destinados à geraçãode energia e abastecimento público, cabendo ao respectivo órgão ambiental competente aprovar talplano a partir da realização de consulta pública.

Portanto, uma das condicionantes da Licença de Instalação é exigir que o empreendedor“apresente o Plano, num prazo máximo de 60 dias, contados a partir da emissão do respectivoTermo de Referência a ser elaborado pelo IBAMA”

Meio Sócio-Econômico

O Estudo de Impacto Ambiental definiu como campo de trabalho para o diagnóstico dasócio-economica duas áreas, a Área de Influencia Indireta (AII) e a Área Diretamente Afetada(ADA). A primeira abarca cinco municípios (Palmeirópolis, Paranã, Peixe, São Salvador doTocantins e São Valério da Natividade) e menciona Gurupi para alguns aspectos específicos,sendo todos este municípios Tocantinenses. A segunda (ADA) delimita apenas as áreas inundadas,acrescidas atéa cota 270,00m e as áreas necessárias à execução das obras.

Os mapas apresentados localizado estas áreas não permitem visualizar com clareza a ADAcom relação a cota indicada. Conseqüentemente não é possível identificar a área estudada para aelaboração do diagnóstico.

Também não foram definidos os critérios utilizados para a delimitação desta áreas,principalmente da ADA. A Vila do Retiro, destrito do município de São Salvador e a área urbanadeste município não são consideradas em sua totalidade áreas diretamente afetadas, mesmosofrendo todo o processo de mudança social e cultural com a formação do reservatório. Infere-separa esta foram consideradas tão somente as áreas desapropriadas, canteiro de obras ereservatório (conforme definições no item II-análise-AI, pág deste parecer).

É importante observar que as sedes municipais de Peixe e São Valério também deveriamestar consideradas na ADA, pois receberão impactos diretos decorrentes da implantação doempreendimento, tais como aumento populacional com pressão nos serviços sociais eequipamentos de infra-estrutura.

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No que concerne a AII os estudos foram feitos com base em dados secundários,complementados com levantamentos de campo. Não foram apresentados descrições desteslevantamentos ou informações sobre a metodologia empregada.

Quanto ao uso e ocupação do solo, o estudo verificou que a principal ocupação na AII éagropecuária, notadamente a criação extensivas de bovinos. As áreas dedicadas à agriculturacorrespondem a menos de 1% da área destinada à agropecuária. O predomínio na região é degrandes propriedades (latifúndios). A maior parte da área de lavoura refere-se a culturastemporárias com destaque para a produção comercial de arroz e milho, além de culturas desubsistência.

A região apresenta perda de sua população rural com concentração da propriedade deterras, sendo que entre 1970 e 1995 os grandes estabelecimentos aumentaram de 43,3% para57,1% sua participação na área total explorada (ver EIA pág 2-12). Dentro da AII verifica-se umadiferença entre Palmeirópolis (predomínio de minifúndios) e Paranã (predomínio de latifúndios).Destaca-se que de acordo com o INCRA são consideradas grandes propriedades aquelas acimade 640 h.

Para os municípios que terão perda significativa de território, verifica-se uma predominânciade pequenos imóveis rurais no município de São Salvador, enquanto no município de Paranã existeum maior número de grandes imóveis (EIA pág 2-12). Praticamente inexiste atividade industrial naregião afetada, executando-se Gurupi.

O setor terciário é constituído por pequenos estabelecimentos comerciais, com poucadiversidade. Dentre os municípios afetados, os que apresentam melhores ofertas de serviços sãoPalmeirópolis e Peixe, com respectivamente 3 e 1 agências bancárias.

No que tange ao potencial turístico da região, verificou-se que os núcleos urbanos e Peixee Paranã contam com testemunhos do período colonial. Em Peixe existe a proximidade de praiafluvial, privatizada, com 3 km2 de areia branca onde se pratica pesca, canoagem e campismo.

Ainda em Peixe, voltado para o ecoturismo, existe uma praia, local de desova detartarugas, distante 15 minutos de barco, bem como o arquipélogo do Tropeço, formado por 366ilhas no rio Tocantins.

No município de Paranã existem praias naturais no rio Paranã, bem como fontes terminaisna encosta da Serra da Caldas (de difícil acesso e distante 42 km. da sede municipal.). As praiasmencionadas contam com infra-estrutura temporária na estação turística enquanto que em SãoSalvador do Tocantins a Praia da Liberdade praticamente não consta com estrutura, servindobasicamente ao lazer dos moradores locais.

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O estudo considera que as condições da infra-estrutura turística são bastante precárias emtoda região da AII, devido à falta de acessos viários de qualidade, alternativas de hospedagem,mão-de-obra treinada e condições sanitárias.

Em Palmeirópolis existem cinco hotéis (sendo apenas um considerado satisfatório),enquanto Paranã conta com dois hotéis, considerados superiores aos de Peixe. Gurupi, àsmargens da Rodovia Belém-Brasília é pólo regional (mas considerado fora da AII) existem 8 hotéise pousadas, restaurantes e terminal aeroviário secundário.

Em nenhum dos municípios da AII existe sistema de esgotos em operação, sendo quePeixe dispõe de um sistema instalado, o qual não está operando por falta de estação de tratamentocuja implantação não tem data prevista.

O sistema de abastecimento de água atende 100% das populações urbanas de Peixe,Palmeirópolis e São Salvador do Tocantins, e 90% das de Paranã e São Valério da Natividade.

Em Palmeirópolis, a captação de água é superficial com tratamento por cloração e 1.500ligações. Em Peixe, a captação é feita através de três poços, não sofrendo tratamento e atendendoa cerca de 900 ligações ativas.

Em São Salvador e São Valério, a captação também é feita em poços e sem tratamento,atendendo, respectivamente, a 300 e 630 ligações. Em Paranã, a água para abastecimento públicoé feita no rio Palma, com estação de tratamento tradicional e aproximadamente 860 ligações.

Quanto às finanças públicas municipais, a arrecadação apresenta baixos volumes devido àreduzida e pouco diversificada atividade econômica, e em todos os municípios da região a maiorfonte de receita é o Fundo de Participação dos Municípios. Esta participação varia de 69,9% emPalmeirópolis (aonde existem atividades econômicas mais estruturadas) a 96,9% em São Salvadordo Tocantins.

Esta situação de receitas reflete-se na baixa capacidade de investimentos e de oferta deserviços públicos à população dos municípios constantes da AII. O EIA/RIMA não detalha ouquantifica o aumento da arrecadação para os municípios advindo do pagamento de “royalties”

sobre a produção de eletricidade.

No que concerne à dinâmica demográfica, o estudo indica que o município de Gurupiapresenta atualmente uma taxa anual de crescimento (2,66%) semelhante à média estadual de2,66%, sendo acima da média nacional de 1,38% a.a. Este crescimento deve-se em grande parte afluxos migracionais, sendo que em 1996 verificou-se que 10.445 moradores haviam se mudadopara a cidade após 1991, sendo 575 oriundos de outros estados.

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Entretanto, o conjunto da AII perdeu 3.886 pessoas de sua população total entre 1991 e1996, sendo que o crescimento urbano não foi suficiente para compensar a perda na área rural.Embora ainda exista predomínio de população rural, observa-se um crescimento acelerado do graude urbanização, notadamente em Palmeirópolis. Verifica-se ainda um aumento da populaçãoinativa (de jovens e idosos) com relação à população potencialmente ativa, na proporção de 71para 100).

Observa-se também um elevado percentual de habitantes com baixos índices de instruçãona AII, especialmente na área rural. Em Paranã chegam a 85%os adultos considerados analfabetosfuncionais. Estes baixos índices constituem um fator limitador de mão-de-obra qualificada, podendoprovocar marginalização em relação ao processo produtivo.

Entretanto, estes fatores negativos podem ser reduzidos com o aumento verificado nonúmero de crianças freqüentando escolas dos municípios em questão.

Quanto aos indicadores de saúde, o EIA/RIMA constatou a precariedade das condiçõessanitárias nos municípios em questão, sem, entretanto, apresentar matrizes atualizadas ecompreensivas dos atendimentos na rede pública. Não foi mencionado tratar-se de regiãoendêmica de doenças infecto-contagiosas, sendo conhecida na década de 80 como áreaproblemática de malária e palco de epidemias de febre-amarela e doenças de Chagas.

Quanto aos estudos relativos à ADA, foram realizados com base em pesquisas efetuadasdiretamente no campo objetivando a caracterização da população afetada, os estabelecimentosexistentes e as atividades neles desenvolvidas. Esta pesquisa foi realizada com a aplicação dequestionários junto às populações afetadas, entretanto não foi descrita em termo que possibilitemuma avaliação da metodologia e da representatividade de amostragem, seja quanto às atividadeseconômicas ou quanto às características sociais ou educacionais dos entrevistados. Também nãoforam apresentadas cópias dos questionários aplicados.

Os mapas apresentados, identificando os núcleos urbanos afetados pelo reservatório,nãoindicam a localização da cota 270,00, limite definido para os estudos da ADA.

O diagnóstico apresenta um levantamento das propriedades rurais e urbanas afetadas peloreservatório, as quais são quantificadas e identificado o número de famílias residentes, bem comoas atividades econômicas realizadas em cada propriedade, sua situação fundiária e benfeitorias.De acordo com os estudos serão afetados 204 estabelecimentos rurais (em sua maioria nosmunicípios de São Salvador e Paranã) com 223 famílias residentes, entre proprietários, parentes efuncionários.

A formação do reservatório afetará parte das áreas urbanas de Paranã e São Salvador,utilizadas basicamente para fins residenciais, afetando 131 propriedades e 56 famílias residentes.

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Serão afetadas ainda 18 edificações institucionais nas áreas rurais e 2 nas áreas urbanas,incluindo-se 13 cemitérios simples, 2 escolas municipais, 1 igreja católica e 1 estação pluviométricade Furnas. Cabe observar que estes dados conflitam com os apresentados no PBA 28 que trata deRecomposição dos Serviços Sociais.

Não foram mencionados no diagnóstico atividades de pesca nem na ADA nem na AII,sendo entretanto regular o uso do Rio Tocantins pela população urbana para coleta de água,lavagem de roupa e lazer.

Não foram mencionados os Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU para aregião. Entretanto, sabe-se por estudos recentes que a região apresenta IDH entre 0 e 0,5000, oque significa baixo desenvolvimento.

Para o levantamento do patrimônio arqueológico, histórico e cultural foi realizada pesquisade campo e levantamento bibliográfico. Os dados levantados confirmaram a existência na regiãode um significativo patrimônio arqueológico pré-colonial e histórico, “de grande importância para a

compreensão dos processos de povoamento do Brasil Central” (EIA/RIMA, pág. 4.21).

Comentário ao diagnóstico sócio econômico

Um projeto do porto da UHE de Peixe em uma região com baixos índices de densidadedemográfica e reduzido desenvolvimento econômico apresenta relevantes impactos sócio-econômicos que transcendem o período de sua implantação. A região estudada (AII), trata-se deuma das mais pobres do país, sendo que a população rural da área de influência constitui-se apartir de grupos étnicos diferenciados e que tiveram em comum uma situação sócio-econômicaextremamente desfavorável. As atividades predominantes de trabalho rural estão relacionadas àagricultura de subsistência, especialmente milho e feijão e pequenos serviços prestados, assimcomo à pecuária extensiva.

Neste aspecto, o diagnóstico foi bastante superficial, não apenas deixando de indicar asmetodologias utilizadas como também não apresentados os questionários, tabelas e resultados dosentrevistas realizadas.

Também não foram apresentadas estudos relativos aos aspectos culturais da intensarelação da população local com rio. Em todo o diagnóstico, esta relação e apenas mencionada emum parágrafo. Não obstante, de um modo geral, o rio Tocantins vem sendo tradicionalmenteutilizado pela população local para abastecimento, lavagem de roupas, pesca, bem como atividadede lazer e dessedentação de animais domésticos. Estudos recentes indicam que a pesca artesanalno rio Tocantins é importante fonte de complementação alimentar.

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Além disso, não foram consideradas as expectativas da comunidade com relação àmudança do uso do rio em relação, aos seus modos de vida tradicionais. Assim, de alguma forma aavaliação dos impactos ficou prejudicada.

É importante observar que foram citadas como áreas urbanas diretamente afetadas apenasparte da vila do Retiro, parte da sede do município de São Salvador e a orla de Paranã. No entanto,durante sobrevôo de vistoria, foi identificada uma vila, ou povoado, na margem esquerda do rioParanã (do lado oposto à cidade de Paranã, próxima a esta). Este local não é mencionado nodiagnóstico, mesmo estando provavelmente dentro da cota 270 m.

Cabe reforçar que os mapas apresentados, com as áreas urbanas afetadas, nãoidentificaram a cota 270 m limite para os estudos da ADA, fato que prejudica o entendimento dasua abrangência, principalmente no que se refere a esta vila próxima a Paranã.

Por meio destes mapas também foi possível identificar a existência de uma lagoa na vila doRetiro, próxima ao rio Tocantins, a qual não é mencionada no diagnóstico. Devido a proximidade davila,é possível haver a sua utilização pela população local para pesca e outros usos.

É de suma importância destacar que o diagnóstico negligencia inteiramente a ocorrênciados fluxos migracionais de vastos contingentes atraídos pela possibilidade de trabalho direto eindireto durante a construção da UHE, contingentes estes não estão incluídos nos númerosapresentados de trabalhadores diretos e indiretos. Entretanto, a ocorrência deste fluxo é certa einevitável, já ocorrendo atualmente no município de Peixe, causando sérios impactos na já precáriaoferta de serviços públicos.

A tabela abaixo retirada do PBA 17 (adequação da Infra-estrutura Social), retrata apenas apopulação flutuante oriunda dos empregos diretos e indiretos, ignorando os fluxos migracionaisadicionais. Mesmo sem considerar os fluxos adicionais estes municípios estarão recebendo umacréscimo superior a 50% da sua população urbana.

Cidades População total Pop. urbana Pop. Flutuante Pop.flutuante

esperada urbana

Peixe 8.763 3.671 2.200 59,9%

São Valério da 5.057 2.241 1.230 54,9%

Natividade

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Também foi superficial o diagnóstico das condições sanitárias da região, não mencionadasa existência prévia de epidemias de malária, febre amarela e doença de Chagas, e a possibilidadede usa propagação, por se tratar de região endêmica e onde ocorrerão fluxos populacionais aliadosà transformação drástica do meio ambiente.

Avaliação dos impactos relacionados ao meio sócio-econômico:

Ao todo foram relacionados e avaliados no EIA/RIMA quatro modalidades de impactossócio-ambientais, totalizando vinte impactos relacionados com o meio sócio-econômico, sendoapenas quatro considerados positivos e os demais negativos, a saber:

Alteração da organização territorial, tendo-se:

Interferência com a infra-estrutura existente (-).

Interferência com áreas urbanas (-).

Interferência com edificações institucionais (-)

Alteração de Modos de Vida

Atração de contingentes populacionais (-)

Geração de expectativas e insegurança na população (-)

Transtornos à população ocasionados pelas obras (-)

Deslocamento compulsório da população rural (-)

Deslocamento compulsório da população urbana (-)

Pressão sobre o equipamentos sociais e infra-estrutura (-)

Alterações na condições da saúde da população (-)

Alterações da Base Econômica

Criação de novos postos de trabalho e aumento da massa salarial (+)

Especulação imobiliária (-)

Animação econômica dos núcleos urbanos com aumento da demanda (+)

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Aumento da arrecadação pública (+)

Interferência com atividades econômicas rurais e urbanas com perdas de terras pelaformação de reservatório (-)

Redução do número de empregos e da massa salarial após a conclusão das obras (-)

Redução da animação econômica após a conclusão das obras (-)

Perdas de locais de lazer e de oportunidades de ocupação temporária (-)

Recuperação e potencialização da atividade turística (+)

Alteração do Patimônio Arqueológio e Cultural

Quanto ao impacto “Interferências sobre a infra-estrutura existente”, trata-se daquelesrelacionados às rodovias, pontes e acessos às propriedades. Descreve este impacto como demédia magnitude e média importância, mas não descreve as suas conseqüências no caso dosacessos as propriedades. Também não informa quantas propriedades serão afetadas. Esteconhecimento permitiria avaliar melhor sua importância e magnitude.

Ao abordar a modalidade de impacto “Modos de Vida”, não lista entre os impactos o

Aumento do Fluxo Migratório para estas cidades. Apenas considera no impacto “Atração de

contingentes populacionais em busca de trabalho” a população que será atraída pela oferta de

empregos direto e indiretos num total de 5.200 trabalhadores (2.600 diretos e 2.600 indiretos).Observa-se também que esta soma corresponde ao número de trabalhadores empregados fora dopico da obra. Considerando este dado o número subiria para 6.100 trabalhadores. Subtraído destetotal os 1.800 trabalhadores que residirão no canteiro de obras teremos, 4.300 operários a seremdistribuídos entre as cidades de Peixe, São Valério da Natividade e Gurupi.

É sabido que os empregados diretos serão ocupados por operários treinados e comexperiência em barragens, profissionais estes que virão de fora. A avaliação considera comoempregos disponíveis para a população local apenas os indiretos.

A avaliação deste impacto e a distribuição da população nos municípios foram embasadosem “experiência de aproveitamentos hidrelétricos em andamento na região”. Essa “experiência”

deveria ser utilizada também para aferir quanto ao fluxo migratório que não será empregado nasobras, mas que, no entanto causará sobrecarga na infra-estrutura local, aumento de violência,marginalização e favelização, entre outros.

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Sugere o estudo, para minorar este impacto, um programa de comunicação social eemprego preferencial da mão de obra local. Entretanto, como mencionado anteriormente, apopulação economicamente ativa do município é inferior ao necessário, além de não estarcapacitada profissionalmente para o trabalho.

Este impacto, aliado ao da “Redução da Animação Econômica após a Conclusão das

Obras”, acarretará certamente em problemas sócio-ambientais que não podem ser mitigadosapenas com um programa de Comunicação Social.

Ainda quanto às alterações nos “Modos de Vida”, não foi mencionado ou avaliado oimpacto cultural da perda do contato cotidiano com o rio das populações rurais e urbanas,no queconcerne aos seus hábitos de higiene, lazer, abastecimento e alimentação.

O estudo subestima o impacto do empreendimento sobre os “Equipamentos Sociais e

Serviços de Infra-estrutura existentes em Peixe e São Valério”, principalmente no que concerne

escolas, saneamento e saúde, conforme verificaremos na análise dos PBA´s.

Quanto aos impactos positivos, são listados apenas quatro, dentre os vinte, sendo trêsrelacionados ao aumento de arrecadação pública. Todavia o estudo não quantifica este possívelaumento.

Programas Básicos Ambientais:

1. Programa de Aquisição de Terras

Este programa tem como objetivo indicar aos empreendedor as ações a serem realizadaspara a aquisição de 30.370 há afetados pela formação do reservatório e 4.134 há necessários àinstalação do canteiro. As ações mencionadas são: Esclarecimento aos Proprietários; DemarcaçãoTopográfica; Avaliação de terras e Benfeitorias e Aquisição de Imóveis.

De acordo com o último relatório de andamento dos Programas as terras necessárias àimplantação do canteiro já foram adquiridas, sem no entanto informar como foram as tratativas.Considera como ações emergenciais a informação à Comunidade afetada e os trabalhos dedemarcação topográfica, devido à necessidade de definir os espaços para plantio.

Deve-se considerar que a ação de Esclarecimento aos Proprietários não esta contempladano Programa de Educação Ambiental. Este PBA apenas menciona o Programa de ComunicaçãoSocial como meio de esclarecimento. Dessa forma este item deverá ser reformulado para quecumpra o seu objetivo.

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2. Programa de Adequação da Infra-estrutura Social

Este programa tem por fim adequar a infra-estrutura existente às pressões decorrentes do

aumento populacional e de serviços durante o período da obra. Houve um significativo sub-

dimensionamento da demanda de serviços e seus impactos, o que torna os planos de ação não

apenas insuficientes mas, para alguns impactos simplesmente inexistente.

A não consideração dos fluxos migracionais paralelos aos de empregados diretos e

indiretos da obra não permite prever com clareza a totalidade dos impactos. Como exemplo,

podemos citar a previsão de aumento das vagas necessárias em escola, prevista neste PBA em

um total de 660 no pico das obras em toda a AII. Neste momento, a prefeitura de Peixe já acusa

um aumento 700 alunos somente naquele município, ocasionando sérios problemas estruturais e

financeiros (Ofício nº 421/02/GAB/PMP de 05/11/2002).

Deverão ser modificados os planos de ação no que concerne a:

a. Abastecimento de Água:

b. Lixo:

c. Habilitação

d. Segurança Pública

e. Educação

f. Lazer, recreação e esportes

Estes planos dimensionar adequadamente a demanda incremental, para permitir o cálculo

correto de perfurações de poços e extensão da rede de distribuição, aquisição de equipamentos de

coleta de lixo, aumento do número de salas de aula e contratação de profissionais.

3. Programa de Relocação Urbana

Page 47: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

Este Programa tem três objetivos básicos, sendo estes: promover a relocação da

população urbana afetada dos municípios de Paranã (7), São Salvador do Tocantins (14) e do

distrito de São Salvador, a vila do Retiro (34); adequar de forma visual e funcional as áreas urbanas

afetadas e implantar um sistema de abastecimento de água na vila do Retiro. Para tanto, o

programa é dividido em três sub-programas: 1-Relocação da População Urbana, 2-Adequação

Urbanística da Borda do Reservatório e 3 – Sistema de Saneamento na vila do Retiro.

Para a Relocação da População Urbana, o programa estabeleceu três grupos de

Tratamento para atenderem às 55 famílias distribuídas nos 130 lotes afetados (população 227)

pessoas).

O Grupo dos Proprietários não Residentes, o programa estabeleceu como única opção a

compra do imóvel pelo valor de mercado. São 79 imóveis nesta condição sendo 51 em Paranã, 13

em São Salvador e 15 na Vila do Retiro.

O Grupo dos Proprietários Residentes, que totalizam 42 famílias (3 em Paranã. 09 em São

Salvador e 28 na vila do Retiro), serão remanejados ou indenizadas em dinheiro ou receberão

Carta de Crédito no valor do custo do reassentamento urbano. De acordo com o programa, as

famílias poderão ser remanejadas para lotes vagos ou loteamento novo na área urbana. A

dimenção dos lotes obedecerá ao padrão da prefeitura e caso o anterior tenha dimensões maiores,

o proprietário receberá a diferença. A casa a ser construída deverá ser em alvenaria, com telha de

barro e piso de cimento queimado com 54m2 para famílias de 4 e 5 pessoas, quando os filhos são

do mesmo sexo. Para famílias mais numerosas, deverá seguir a proporção de 3 filhos por quarto.

E finalmente o Grupo dos Moradores não proprietários. Este foi dividido em dois, sendo o

primeiro o dos locatários (5 famílias) que receberão uma indenização equivalente a três meses de

aluguel tendo como referencia o imóvel que residia. O segundo, o dos parentes, agregados e

empregados serão relocados para residências de padrão similares às utilizadas nos programas

sociais existentes no município em que residem. Também podem receber uma carta de crédito no

valor de uma moradia dos programas sociais.

Page 48: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

O Sub-programa Relocação da População Urbana prevê as seguintes ações: Atualização

cadastral; divulgação do Plano Específico; Formulação e atuação do Foro de negociação;

Identificação dos grupos por trabalhamento; Seleção e Aquisição das Áreas; Elaboração e

implementação dos Projetos Executivos e Mudança das Famílias.

De acordo com o relatório de andamento dos PBA´s, foram realizados contatos com a

população afetada para a entrega de correspondência e esclarecimentos sobre o

empreendimento.Também foi feita a tomada de preços e contratação da empresa responsável pela

execução da atualização e revisão cadastral.

Este programa deverá fornecer maior detalhamento sobre as condições de vida da

população a ser relocada e considerar a necessária melhoria dessa condição, caso ela seja

precária. Deverá ser apresentado o projeto arquitetônico das residências dos programas sociais.

Apresentar em forma de complementação.

O Sub-programa 2- Adequação Urbanísticas da Borda do Reservatório tem por objetivo

adequar de forma visual e funcional as áreas urbanas afetadas pelo reservatório, mantendo as

condições de acesso e interesse público, criando condições físicas de proteção aos lotes

residenciais em relação às enchentes e dando tratamento paisagístico a área de proteção do

reservatório. Consiste basicamente na implantação de parques com quadras poliesportiva nas

áreas de uso intensivo e reposição das praias (detalhamento no PBA-21).

Apresenta como ações: Articulação com prefeituras e órgãos responsáveis; Caracterização

física das áreas afetadas (levantamento topográfico e da infra-estrutura); Elaboração dos projetos

executivos; Arranjos na infra-estrutura; Terraplenagem; Alterações no sistema viário; Tratamento

paisagístico e urbanístico.

O sub-programa 3 – Sistema de saneamento na vila do Retiro, tem por objetivo implantar

um sistema de abastecimento d’água e a instalação de fossas sépticas em todos os domicílios da

Vila. Para tanto, a articulação com a SANEATINS e a prefeitura de São Salvador é a primeira ação.

Page 49: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

Apesar de informar no escopo do subprograma que a SANEATINS possui um projeto de

saneamento para esta área, sem levar em consideração do empreendimento e que um poço

profundo já foi perfurado. No relatório de andamento dos programas, fornecido ao IBAMA em

agosto de 2002, não consta nenhuma ação realizada ou emergencial com relação a este problema.

4. Programa de Relocação Rural

Este Programa, como o de relocação urbana, define as premissas e os tipos de tratamento

a serem dados aos grupos de atingidos. Serão afetadas 204 estabelecimentos rurais, sendo que

destes 78 possuem famílias residentes. Nos 126 restantes abrigam-se 224 famílias.

Os grupos de Tratamento apresentados são: 1-Proprietários, que terão tratamentos

diferenciados conforme o tamanho da propriedade e a existência ou não de remanescentes

economicamente viáveis. Dessa forma os proprietários de terras com mais de 80 hectares (39

famílias) poderão receber indenização de terras e benfeitorias ou optarem por permanecerem no

remanescente, caso este seja economicamente viável. Os proprietários de áreas menores que 80

hectares (19 famílias) poderão optar por reassentamento coletivo ou individual, indenização total,

carta de crédito ou permanência no remanescente. 2- Não Proprietários (166 famílias) terá as

seguintes opções: permanência nos remanescentes (com autorização do proprietário);

reassentamento individual em lotes de 15 há; reassentamento periurbano (características rurais

próximo a área urbana) ou perirurais (próximo a assentamentos rurais) em lotes de 04 há, carta de

crédito, moradia e apoio social.

Chama atenção neste programa a falta de opção, aos não proprietários, do

reassentamento coletivo e assistência técnica para recomporem as suas vidas. O assentamento

coletivo deve estender-se para este grupo de atingidos por estarem perdendo a moradia e muitos o

emprego, alterando assim o modo de vida já estabelecido. Dessa forma, devem ter o devido

tratamento para que possam se estabilizar e não criar mais um problema social para esta região.

Também o tamanho dos lotes (15 e 04 hectares) não parece adequado, por se tratarem de terras

pouco produtivas (solos com baixa fertilidade e pedregosos) onde a pecuária predomina.

Page 50: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

Estabelece ainda como ações: Delimitação da área afetada; Atualização do cadastro;

Divulgação das propostas de tratamento; Formação e atuação do foro de negociação; Identificação

dos grupos de tratamento; Elaboração dos projetos e mudanças das famílias; Apoio social e

jurídico e Assistência técnica para o reassentamento.

De acordo com o Relatório da ENERPEIXE (08/2002) foram realizados apenas contatos

com a população afetada para “entrega de correspondência e esclarecimentos” e a contratação da

empresa responsável pela atualização cadastral e demarcação topográfica.

Deve-se levar em consideração o baixo nível de escolaridade da maioria da população

atingida, bem como a necessidade de estabelecer programa de Educação Ambiental que seja

esclarecedor dos impactos decorrentes do empreendimento assim como dos direitos dos atingidos.

5. Programa de Monitoramento da Qualidade de Vida da População

Este programa tem por finalidade verificar se a qualidade de vida da população atingida foi

melhorada ou, pelo menos, manteve-se em condição igual àquela anterior ao empreendimento.

O programa em questão restringi-se ao monitoramento da qualidade de vida da população

relocada devido ao empreendimento, excluindo as famílias que optarem por indenização pecuniária

ou auto-reassentamento.

No entanto, deverá ser feito também o monitoramento da população residente na AII, para

verificar o efetivo impacto do empreendimento na qualidade de vida dessas comunidades.

6. Programa de Recomposição de áreas de Turismo e Lazer

Este programa descreve as ações para a recomposição das praias de São Salvador do

Tocantins e Paranã, as quais deverão ter dimensões semelhantes as atuais e “deverão na medida

do possível reproduzir as condições atuais em que nela se desenvolve a atividade de turismo e

lazer”. As novas praias deverão estar localizadas dentro ou próximas do perímetro urbano.

O programa apresenta também proposta de mitigação dos impactos da operação da usina

sobre a praia de Peixe, a serem negociadas com a Prefeitura de Peixe. Entretanto as ações

Page 51: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

propostas de monitoramento e sinalização do nível de água e acessos de embarcações foram

rejeitadas pela Prefeitura de Peixe (Ofício nº 420/02/GAB/PMP de 05/11/2002). A prefeitura de

peixe solicita como medida mitigadora à flutuação dos níveis da água a implantação de uma praia

artificial.

Apesar do programa prever que o incremento da infra-estrutura viária e sanitária

provocarão o incremento do turismo este não contempla ações de treinamento e capacitação de

mão de obra. A implementação desta ação poderá mitigar os impactos econômicos e culturais

negativos do empreendimento.

Ações deste PBA deverão ser negociadas com as três prefeituras envolvidas.

7. Programa de Saúde Pública

De acordo como projeto apresentado esse Programa deverá garantir o atendimento aos

trabalhadores das obras, reforçar a capacidade de rede existente e reforçar os serviços de

vigilância e controle da saúde pública. Para tanto foi sub-dividido em quatro sub-programas: 1-

Atendimento médico, educação em saúde e segurança para os trabalhadores das obras

(incorporado ao PBA – 27); 2- Atendimento à população dos municípios de Peixe e São Valério; 3 –

Controle de doenças endêmicas e de notificação compulsória e o 4 – Monitoramento de populações

de vetores de doenças na área de influência do AHE Peixe Angical.

O Projeto Atendimento à população tem como objetivo reforçar a capacidade de

atendimento hospitalar, melhorar o serviço de diagnóstico e adequar os recursos humanos e

matérias disponíveis na unidade de serviço.

Prevê como ações: Entendimentos com a Secretaria Estadual e as Secretarias Municipais

de Saúde e a Definição de Projetos de construção, reforma e aquisição de equipamentos.

Esse projeto deverá ser readequado considerando que as estimativas sobre a população

atraída foi subestimada e os impactos já são hoje maiores que os previstos. A manifestação

recente da Prefeitura de Peixe demonstra a desarticulação da empresa com os órgão resonsáveis,

Page 52: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

sendo necessárias novas negociações. Novos entendimentos também deverão ser mantidos com a

prefeitura de São Valério da Natividade.

Já o subprograma Controle de doenças endêmicas e de notificação compulsória prevê

como ações: entendimentos com a secretaria Estadual e as municipais de saúde, auxílio financeiro

ao Programa de Atenção Básica (PAB) em saúde e reforço dos serviços de vigilância

epidemiológica.

Quanto ao subprograma Monitoramento de populações de vetores de doenças na área de

influência do AHE. Peixe Angical este deverá ser aprovado pela FUNASA de acordo co o

estabelecido na Resolução CONAMA nº 286/2001.

Em se tratando de região endêmica de malária e considerando as transformações

ambientais que já se fazem na região devido ao empreendimento, estes dois sub-programas

deverão ser adequados e reforçados. Deverá ser encaminhado um relatório das ações de

prevenção, cuidados e orientações realizadas na área do canteiro de obras, onde as instalações,

desmatamentos e alterações nos corpos hídricos vem ocorrendo desde maio do corrente ano.

Como previstos neste documento os levantamentos das áreas de amostragem de vetores

“Deverão ser iniciados antes dos desmatamentos e enchimento”.

Este PBA 22 Também não prevê como ação, em nenhum dos seus sub-programas, a

difusão de informações e esclarecimentos às populações urbanas de todos os municípios afetados

nas AII e ADA sobre cuidados contra contaminação e como evitar proliferação de doenças e

vetores. Os PBA’s de Educação Ambiental e Comunicação Social que poderiam esta fazendo este

papel também não contemplam estas ações no seu planejamento.

8. Programa de Resgate do Patrimônio Arqueológico e Histórico.

De acordo com o relatório de andamento dos PBA’s encaminhado ao IBAMA pela

ENERPEIXE, todas as ações do programa de resgate do Patrimônio Arqueológico estão aprovadas

e acompanhadas pelo IPHAN que emitiu portaria em 18/10/2001. Os trabalhos de resgate vem

Page 53: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

sendo realizados na área do canteiro de obras e na ilha da Paz. O empreendedor deverá

encaminhar cópia desta portaria.

Quanto ao Resgate do Patrimônio Histórico, este também deverá ser aprovado pelo IPHAN

e consultada a Fundação Palmares.

9. Programa de Educação Ambiental

Este programa define como objetivo propiciar, por meio de ações pedalógicas, a

compreensão dos impactos locais e regionais provocados pelo empreendimento e as ações

propostas para mitigar estes impactos. Diz ainda que deverá contribuir para outros programas que

envolvem as questões de uso do solo, disposição de resíduos sólidos, esgotos, caça e

desmatamentos.

Deve-se considerar que o Programa de Educação Ambiental apresentado pela empresa

não está de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Coordenação Geral de Educação

Ambiental (CGEAM), do IBAMA, no que concerne a propiciar às populações atingidas os elementos

necessários à participação nas decisões que afetem sua qualidade de vida. Tais elementos seriam

necessários para, entre outros, que a população possa participar de maneira mais consciente na

negociação das aquisições de terras e recolação rural e urbana.

Este Programa foi submetido à análise da Coordenação Geral e Educação Ambiental que

emitindo o Parecer Nº16/2002-CGEAM/DIGET, concluiu pela sua reformulação que deverá ocorrer

baseado no Termo de Referência para Elaboração e Implementação de Programa de Educação

Ambiental.

10. Programa de Comunicação Social

Os objetivos declarados para este programa são:

Estabelecer canais de comunicação entre empreendedor e sociedade, de forma a

assegurar a informação contínua e interativa para proporcionar respostas ao longo do

processo de implantação do projeto.

Page 54: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

Manter a sociedade permanente informada, de maneira e evitar boatos e distorções que

prejudiquem o relacionamento do empreendedor e a população local.

Divulgar informações sobre o contingente de mã-de-obra a ser efetivamente empregado.

Informar a população sobre os possíveis transtornos durante a instalação do

empreendimento.

Dar suporte aos programas ambientais previstos.

Para atingir estes objetivos, o programa pretende utilizar recursos “mediáticos” como rádio,

televisão e jornais, além de material impresso de divulgação. O público alvo seriam a população

local, entidades civis que poderiam intervir no processo (sindicatos, movimento dos atingidos por

barragem e outras ONG´s), além das autoridade locais e estaduais.

Tal como se apresenta, este programa constitui-se apenas como um plano de Relações

Públicas da empresa, destinando-se basicamente a evitar agravamento de possíveis conflitos com

a população local, regional e formadores de opinião.

O projeto foi elaborado a partir de entrevistas de campo em número muito pequeno (100

questionários, sendo 55 em área rural e 45 em área urbana) e sem definir quais os critérios de

amostragem.

O programa não aborda questões relevantes como os impactos sociais dos fluxos

migracionais, tais como o aumento da violência, prostituição e problemas sanitários. Também não

aborda a questão das doenças infecto contagiosas que poderão ser propagar na região (tais como

AIDS, malária e doença de Chagas), seja em decorrência do aumento populacional como advindo

das alterações causadas nos meios físico e biológicos como o enchimento do reservatório.

No que tange ao estabelecimento de canais de comunicação interativos, o plano propõe

um questionário “Fale conosco”, quando o baixo nível de escolaridade da população local

Page 55: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

pressupõe o uso de ferramentas mais adequadas, com a criação de um canal de acesso ao

Empreendedor e responsáveis pelas obras.

11. Programa de Recomposição dos Serviços Sociais.

Este PBA tem por objetivos recompor a infra-estrutura social a ser afetada pelo

empreendimento, transferindo as instalações para local seguro permitindo a continuidade do

serviço.

Serão afetados 15 campos santos (cemitérios), 5 escolas, 1 estação pluviométrica de

FURNAS, 1 igreja, a garagem da prefeitura e 1 poço da SANEATINS.

A ação principal deste PBA é a Articulação com Órgãos, Instituições e Particulares

responsáveis pelos serviços para que leis, diretrizes e orientações sejam obtidas e assim o projeto

implantado com o menor impacto possível.

IV – CONCLUSÃO

Após a análise das informações aludidas na documentação encaminhada ao IBAMA,

notadamente o Estudo de Impacto Ambiental, o Programa Básico Ambiental, o relatório de

andamento dos programas ambientais e os autos do processo de licenciamento, além dos

resultados da vistoria técnica, o empreendimento denominado UHE Peixe Angical pode ter a

continuidade de sua implantação autorizada desde que seja conduzida respeitando preceitos

ambientais, os quais têm o objetivo de potencializar os impactos ambientais positivos decorrentes

da obra e principalmente mitigar, da maneira mais eficaz possível, os impactos ambientais

negativos.

Assim, tendo em vista o fato de que não mais de discute a viabilidade ambiental da

localização do empreendimento (já em implantação), e ponderando as deficiências identificadas ao

longo deste parecer, entende-se serem necessárias reformulações dos Programas Ambientais

propostos, além de complementação de diagnóstico.

Page 56: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

No tange ao Relatório de Vistoria nº 042/02- NLA/IBAMA-TO, enviada pela Gerência

Executiva do Ibama em Tocantins concomitantemente à renovação da Licença Especial nº 02/2002

em 20 de setembro do corrente ano, destaca-se que a equipe responsável por sua confecção não

foi informada que o empreendedor havia encaminhado ao IBAMA/Sede o Relatório de Andamento

dos Programas Ambientais, condicionante da referida Licença. Assim, a pendência elencada no

relatório não se aplica, tampouco a sugestão de suspensão da licença.

Cabe ressaltar ainda a necessidade de que a ENERPEIXE protocole uma cópia dos

documentos encaminhados ao IBAMA/Sede na Gerência Executiva do Tocantins.

Dessa forma, considera-se necessário que a Licença de Instalação a ser concedida pelo

Ibama ao empreendimento em tela contenha, em seu bojo, as seguintes condicionantes

ambientais:

1. Implantar os Programas Ambientais propostos, considerando os aspectos complementares

requeridos pelo Ibama, apresentando relatório semestrais de andamento dos mesmos.

2. Detalhar e apresentar, no prazo de 60 (sessenta) dias, os equipamentos a serem utilizados nas

estações hidrossedimentolétricas e fluviométricas.

3. Apresentar, num prazo de 60 (sessenta) dias, detalhamento geológico geotécnico dos materiais

aflorantes da área de implantação das obras civis (barragem, túneis de adução, casa de força,

entre outras) e das áreas de empréstimo e bota-fora;

4. Incluir uma cadastramento das feições erosivas em pleno desenvolvimento na área

diretamente afetada pelo empreendimento, no escopo do Programa de Monitoramento das

Encostas Marginais, onde deverá propor ainda, ações/soluções técnicas e corretivas para

proteção às áreas sensíveis diagnosticadas.

5. Incluir, no Programa de Monitoramento Hidrogeológico, um número de pontos de

monitoramento da elevação do nível do lençol freático, com piezômetros e poços de inspeção,

ao longo de todo o reservatório, em especial nas áreas cársticas, além daqueles propostos

para as áreas urbanas, incluindo modelamento do nível de base do lençol freático.

Page 57: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

6. Apresentar, em 120 (cento e vinte) dias, uma cadastramento de todas as possíveis fontes de

contaminação, para estabelecimento da qualidade das águas subterrânea, incluindo-o no

Programa de Qualidade da Água.

7. Apresentar, em um prazo de 90 (noventa) dias, os procedimentos de acordo/compensação a

serem estabelecidos com os detentores das áreas de mineração, incluindo os produtores de

areia e argila que operam na área do reservatório, mantendo sempre atualizada a listagem dos

detentores de títulos minerários.

8. Apresentar, em um prazo de 60 (sessenta) dias, cópia do convênio firmado entre

ENERPEIXE/DERTINS, além das atividades desenvolvidas, planta e descrição das etapas a

serem realizadas e cronograma do Programa de Recomposição da Infra-estrutura Viária.

9. Complementar o Programa de Instalações de Apoio as Obras, em um prazo de 60 (sessenta)

dias, indicando as metas, plantas, pontos de monitoramento a jusante e montante dos efluentes

lançados no ambiente, informando os indicadores ambientais a monitorar, metodologia,

atividades, freqüência e cronogramas, equipe técnica, instituições envolvidas.

10. Apresentar, em um prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, caderno resumo detalhado do projeto

básico e arranjo do empreendimento, inclusive o detalhamento da seqüência executiva das

obras.ç

11. Apresentar, num prazo de 60 (sessenta) dias, a seleção dos locais para os levantamentos

complementares da biota, considerando cálculo estimativo da área a ser amostrada, as quais

deverão ser plotadas em mapa topográfico.

12. Realizar estudos de caracterização da flora e fauna existente nas áreas de possível soltura.

13. Indicar e quantificar as espécies bioindicadoras, bem como os critérios utilizados para a sua

determinação;

14. Apresentar Inventário Florestal, para subsidiar a análise da respectiva Autorização Supressão

da Vegetação.

Page 58: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

15. Atualizar, num prazo de 60 (sessenta) dias, a caracterização da vegetação de acordo com

referências bibliográficas mais recentes e em uso para o bioma cerrado.

16. Apresentar, num prazo de 60 (sessenta) dias, listagens dos levantamentos de flora, fauna e

ictiofauna, com as espécies devidamente identificadas quanti-qualitativamente, com

padronização do esforço-amostral, encaminhando declaração das instituições que receberam o

material biológico.

17. Licenciar-se, junto ao Ibama, para proceder resgate de fauna e coleta de material biológico

(flora e germoplasma).

18. Complementar o Programa de Levantamento, Acompanhamento e Manejo de Fauna nos

seguintes aspectos:

dar continuidade ao levantamento qualitativo e quantitativo da fauna, em locais mais

representativos da área de influência do empreendimento, em períodos de chuva e de seca

antes do início do desmatamento.

realizar um maior esforço amostral para a mastofauna, incluindo estratificação das

amostragens no sub-bosque e no dossel;

incluir programa de monitoramento específico para todas as espécies raras e/ou

ameaçadas de extinção, para espécies novas, ou ainda não descritas, e em especial para

Iguana (Iguana iguana);

caracterizar os quirópteros hematófagos (Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata, Diaemus

youngi), apresentando programa de manejo para os mesmos;

adequar o período de desmatamento e enchimento do reservatório, de forma a otimizar as

ações de resgate de fauna;

incentivar a formação de coleções científicas no Estado do Tocantins;

atender as complementações reportadas no Parecer nº 001/2002-CGFAU/LIC.

Page 59: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

19. Complementar o Programa de Levantamento e Manejo da Flora nos seguintes aspectos:

contemplar os substratos herbáceos, arbóreos, arbustivos, epífitas e demais plantas.

para o desmatamento e limpeza do reservatório, estimar o quantitativo necessário da área

com cobertura vegetal a ser suprimida.

20. Complementar o Programa de Monitoramento Limnológico nos seguintes aspectos:

incluir pontos de amostragens nos principais afluentes dos rios Tocantins e Paranã para os

monitoramentos mensais das características físicas, químicas e biológicas da água;

durante o período de construção, realizar coletas quinzenais de todos os parâmetros de

rotina, incluindo análise das comunidades de fitoplânton, zooplâncton, bentos e análise dos

comunidades de fitoplâncton, zooplâcton, bentos e análise de metais pesados apenas nos

pontos rio Tocantins acima e abaixo da barragem e um ponto extra situado nas

proximidades de obras;

incluir as análises de plâncton, bentos, agrotóxicos e metais pesados em todos os pontos

de amostragem citados no programa ambiental, além dos novos pontos que serão

localizados nos tributários;

determinar a produção primária em um número maior de pontos de coleta no reservatório e

com freqüência mensal durante toda a fase de enchimento do reservatório e operação;

identificar os prováveis locais de maior desenvolvimento de macrófitas aquáticas e

enumerar as medidas que serão empregadas no controle dessas plantas;

Page 60: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

21. Complementar o Programa de Monitoramento e Conservação da Ictioufauna nos seguintes

aspectos:

amostrar ictiofauna ocorrente, realizando amostragens em pontos coincidentes com os

limnológicos, além dos principais tributários dos rios Tocantins e Paranã e em todas as

lagoas intermitentes e perenes presentes na área;

desenvolver, a partir do primeiro bimestre de 2003, estudos sobre as comunidades de

peixe e identificação de áreas de desova e criadouros naturais (locais de reprodução) ao

longo de todo o ano;

22. Detalhar, num prazo máximo de 90 (noventa) dias, Programa de Compensação Ambiental, de

acordo com as diretrizes e prerrogativas da Coordenação Geral de Unidades de Conservação,

conforme Parecer Técnico nº 025/02 – CGLIC/SAGIA/IBAMA.

23. Apresentar o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório, num prazo

de 60 (sessenta) dias, contados a partir da emissão do respectivo Termo de Referência a ser

elaborado pelo IBAMA.

24. Reformular o Programa de Relocação Rural referente às famílias de não proprietários atingidos

pelo empreendimento, para que tenham tratamento adequado, apresentando os critérios

utilizados para definição do tamanho dos lotes.

25. Apresentar estudos complementares sobre a vila Espírito Santo, localizada próxima a cidade de

Paranã, descrevendo os impactos que sofrerá com a implantação do empreendimento e suas

medidas mitigadoras.

26. Reformular o Programa de Saúde, acrescentando, no mínimo, o detalhamento das proposições

de ações de aprimoramento dos serviços de vigilância epidemiológica (aprovado pela

FUNASA), dos serviço de divulgação de informações e adequação da estrutura médico

sanitária.

Page 61: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

27. Apresentar complementação ao Programa de Relocação Urbana, detalhando as condições de

vida da população a ser relocada, considerando a possibilidade de melhoria dessa condição,

caso ela seja precária.

28. Apresentar projeto arquitetônico das residências urbanas para relocação.

29. Relocação o Programa de Educação Ambiental, que deverá basear-se no Termo de Referência

para Elaboração e Implementação de Programas de Educação Ambiental do IBAMA,

considerando, no mínimo, as ações do programa de Saúde Pública, Aquisição de Terras e

Relocação Rural e Urbana.

30. Reformular o Sub-programa de Educação Ambiental do PBA 27, especificando as “Ações

Práticas” previstas e seu cronograma de execução, levando em consideração a necessidade d

esclarecimentos sobre saúde, pública, comportamento social e outros temas que possam

auxiliar a mitigação dos impactos sobre a população local.

31. Encaminhar ao IBAMA, no prazo máximo de 15 dias, cópia da Portaria do IPHAN que autoriza

os trabalhos de Resgate do Patrimônio Arqueológico.

32. Encaminhar ao IBAMA, no prazo máximo de 60 dias, documento do IPHAN de Aprovação do

Programa de Resgate do Patrimônio Historico.

33. Reformular o Programa de Recomposição das áreas de Turismo e Lazer, notadamente para a

praia da cidade de Peixe, incorporando ações de treinamento e capacidade de mão de obra e

considerando a existência de outros projetos de Aproveitamento Hidrelétrico na Bacia.

34. Apresentar programa de mitigação dos impactos a serem gerados pelo desaquecimento da

economia regional após o término da obra.

35. Reformular o Programa de Adequação da Infra-estrutura Social e dimensionar adequadamente

a demanda incremental, permitindo o cálculo correto de perfurações de poços e extensão da

rede de distribuição, aquisição de equipamentos de coleta de lixo, aumento do número de salas

de aula e contratação de profissionais, entre outras.

Page 62: Análise do EIA RIMA_UHE_PeixeAngel

36. Reformular o Programa de Comunicação Social. contemplando as ações de esclarecimentos

relativas aos impactos na saúde pública e no aumento dos fluxos migracionais, e

estabelecimento canal interativo de comunicação adequado ao perfil educacional da população

atingida.

37. Reformular o Programa de Monitoramento da Qualidade de Vida da População incluindo neste

o monitoramento da população residente na AII, para verificar o efetivo do impacto do

empreendimento na qualidade de vida dessas comunidades.

À consideração superior,

Dilma Lúcia Resende Carvalho – Bióloga

Inês Caribe Nunes Marques – Engº Agrônoma

Marcus Vinicius L. Cabral de Melo – Geólogo – analista Ambiental

Mariângela Borges de Araújo – Engª. Civil

Caio Waldemar Ferreira Marques – Comunicador – Analista Ambiental

Carina Tostes Abreu – Bióloga Analista Ambiental

Luciano Bonatti Regalado – Biólogo – Analista Ambiental

Edílson Esteves – Médico Veterinário/IBAMA-TO