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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA ALBERT CERQUEIRA SANTOS ANÁLISE DO LAYOUT DE CANTEIROS DE OBRAS: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO VERTICAL EM FEIRA DE SANTANA FEIRA DE SANTANA 2010

ANÁLISE DO LAYOUT DE CANTEIROS DE OBRAS: ESTUDO …civil.uefs.br/DOCUMENTOS/ALBERT CERQUEIRA SANTOS.pdf · Figura 6 - Índice de boas práticas em canteiro de obra (check-list) (COSTA,

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

ALBERT CERQUEIRA SANTOS

ANÁLISE DO LAYOUT DE CANTEIROS DE OBRAS: ESTUDO

DE CASO EM UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO VERTICAL EM

FEIRA DE SANTANA

FEIRA DE SANTANA

2010

1

ALBERT CERQUEIRA SANTOS

ANÁLISE DO LAYOUT DE CANTEIROS DE OBRAS: ESTUDO

DE CASO EM UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO VERTICAL EM

FEIRA DE SANTANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito para a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. MSc. Cristóvão César Carneiro Cordeiro

FEIRA DE SANTANA

2010

2

ALBERT CERQUEIRA SANTOS

ANÁLISE DO LAYOUT DE CANTEIROS DE OBRAS: ESTUDO

DE CASO EM UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO VERTICAL EM

FEIRA DE SANTANA

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para a obtenção do título de BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL e aprovado em sua forma final pela banca examinadora na Universidade Estadual de Feira de Santana.

Feira de Santana, 28 de janeiro de 2010.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof. MSc. Cristóvão César Carneiro Cordeiro

Mestre pela Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro – Orientador.

_____________________________________________________

Prof. Carlos Antônio Alves Queirós

Especialista em Gerenciamento da Construção pela Universidade Estadual de Feira

de Santana, Bahia.

_____________________________________________________

Prof. Sergio Tranzillo França

Especialista em Segurança do Trabalho pela Universidade Federal da Bahia.

3

“Nenhuma sociedade poderá atingir o desenvolvimento sustentável sem que a construção civil, que lhe dá suporte passe por profundas transformações.”

Vanderley M. John

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e aos meus “pais” por sempre iluminar meus

caminhos. Agradeço todas as pessoas que fazem parte da minha família, em

especial a minha mãe e meus irmãos por serem mais que uma família e sim uma

parte de mim. Ao meu pai que, do seu jeito, foi muito importante para formar o

cidadão que sou hoje e a Carol por me acompanhar por toda essa jornada.

Agradeço a toda família “Sutras” e Via Maré por me proporcionar muitos

momentos de união e amizade, aos irmãos da “casa 50” por dividir saudades,

necessidades e muitas alegrias e aos meus amigos de Irará dos quais guardo

muitas lembranças.

Não posso esquecer de agradecer aos meus mestres que dividiram seus

conhecimentos, principalmente ao meu orientador pelo apoio e paciência durante a

pesquisa, a todos da família Donelisa por complementarem a minha formação como

engenheiro, a todo o curso de Engenharia Civil e a Universidade Estadual de Feira

de Santana por proporcionarem a realização de um grande sonho.

A todos muito obrigado!

5

RESUMO

SANTOS, A. C. Análise do layout de canteiros de obras: estudo de caso em uma obra de edificação vertical em Feira de Santana. Feira de Santana, 2010. 143p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Feira de Santana.

O planejamento do canteiro tem sido um dos aspectos mais negligenciados na indústria da construção, sendo que as decisões são tomadas na medida em que os problemas surgem no decorrer da execução. Em consequência, os canteiros de obras muitas vezes deixam a desejar em termos de organização e segurança, fazendo com que, criem uma imagem negativa das empresas no mercado e uma distância dos clientes. Embora seja reconhecido que o planejamento do canteiro desempenha um papel fundamental na eficiência das operações, cumprimento de prazos, custos e qualidade da construção, os gerentes geralmente aprendem a realizar tal atividade somente através da tentativa e erro, ao longo de muitos anos de trabalho. Considerando a necessidade que o planejamento de canteiro siga procedimentos estruturados, o presente trabalho apresenta um estudo de caso, em uma obra de edificação vertical em Feira de Santana, buscando avaliar a situação atual de seu layout e propor melhorias de forma a possibilitar que homens e máquinas trabalhem com segurança e eficiência, principalmente através da minimização das movimentações de materiais, componentes e mão-de-obra. Este trabalho foi dividido em três partes, sendo: avaliação da atual situação do canteiro a ser estudado, análise dos resultados iniciais e posterior possibilidade de implementação de melhorias no canteiro, e por fim avaliação e conclusão dos resultados e das possíveis ações implementadas. A constatação que pôde ser feita é o fato de não ter existido planejamento do canteiro estudado e de modo geral, os resultados apontam algumas dificuldades ainda enfrentadas e desempenho inferior ao esperado. As ferramentas aqui apresentadas mostraram-se adequadas para diagnosticar e auxiliar na resolução dos problemas que influenciam em tais resultados.

Palavras-chave: Canteiro; Layout; Planejamento.

6

ABSTRACT

SANTOS, A. C. Analysis of the layout of construction sites: a case study in a

vertical building in Feira de Santana. Feira de Santana, 2010. 143p.

Conclusion Course (Graduate in Civil Engineering) - Universidade Estadual

de Feira de Santana.

The planning of the construction sites has been one of the most neglected

aspects in the construction industry, and decisions are made as the problems arise

during the construction. As a result, construction sites often fall short in terms of

organization and safety, making the business on market creates a negative and a

range of customers. Although it is recognized that the planning has an important

function in the operation efficiency, timeliness, cost and quality of construction,

managers often learn to carry out such activity only through trial and error over many

years of work. Considering the need that the sites planning follow structured

procedures, this paper presents a case study in a vertical building in Feira de

Santana, seeking to evaluate the current layout and propose improvements in order

to enable men machines and work safely and efficiently, mainly by minimizing the

movement of materials, components and labor force. This work will be divided into

three parts, namely: evaluation of the current situation of the site to be studied,

analysis of the initial and subsequent ability to implement improvements in the site,

and finally conclusion and evaluation of results and possible actions implemented.

The observation that could be made is the fact that there was no planning of the

studied site and in general, the results indicate some difficulties still being

encountered and less performance than expected. The tools presented here showed

to be appropriate to diagnose and assist in solving problems that impact these

results.

Keywords: Construction Sites; Layout; Planning.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tipos de canteiro, Saurin (2006) ............................................................... 21

Figura 2 – Fluxograma das atividades para planejamento do canteiro de obras

(SOUZA, 2000). ..................................................................................................... 28

Figura 3 – Obra estudada.......................................................................................... 41

Figura 4 – Etapas da pesquisa .................................................................................. 42

Figura 5 – Cronograma da pesquisa ......................................................................... 42

Figura 6 - Índice de boas práticas em canteiro de obra (check-list) (COSTA, 2005). 44

Figura 7 - Check-list de recomendações para planejamento e verificação de

canteiros de obra. .................................................................................................. 46

Figura 8 – Cronograma Físico ................................................................................... 47

Figura 9 – Composição dos serviços ........................................................................ 47

Figura 10 a), b) e c) – Elevador de carga .................................................................. 48

Figura 11 – Ficha de controle do sistema de transporte vertical ............................... 49

Figura 12 - Mapa Estratégico ou Carta de Interligações Preferenciais ..................... 52

Figura 13 - Símbolos usados no diagrama de processo ........................................... 53

Figura 14 - Exemplo de mapofluxograma de processo para o serviço de desforma de

Viga (SALES, 2004). .............................................................................................. 55

Figura 15 - Notas do item instalações provisórias. .................................................... 57

Figura 16 – Mesa para realização de jogos............................................................... 58

Figura 17 – Mural de informações do canteiro .......................................................... 58

Figura 18 – Tapume da obra. .................................................................................... 59

Figura 19 – Escritório de engenharia. ....................................................................... 59

Figura 20 – Identificação dos materiais. .................................................................... 60

Figura 21 – Refeitório. ............................................................................................... 60

Figura 22 – Armários dos operários (vestiário). ......................................................... 61

Figura 23 – Instalações sanitárias. ............................................................................ 61

Figura 24 – Comparação dos resultados para instalações provisórias. .................... 62

8

Figura 25 – Notas para o item segurança da obra. ................................................... 63

Figura 26 – Falta das plataformas secundárias de proteção. .................................... 64

Figura 27 – Falta de advertência da carga máxima de trabalho do elevador da obra

............................................................................................................................... 64

Figura 28 – Quadro geral do canteiro ........................................................................ 65

Figura 29 – Comparação dos resultados para instalações provisórias ..................... 65

Figura 30 – Notas para o item sistema de movimentação e armazenamento de

materiais. ............................................................................................................... 66

Figura 31 – a) Armazenamento provisório; b) Armazenamento definitivo. ................ 67

Figura 32 – Estoque de cimento ................................................................................ 68

Figura 33 – Comparação dos resultados para sistema de movimentação e

armazenamento de materiais ................................................................................. 69

Figura 34 – Depósito temporário de entulho (interior da obra) .................................. 70

Figura 35 – Depósito permanente de entulho ........................................................... 70

Figura 36 – Comparação dos resultados para gestão dos resíduos sólidos no

canteiro .................................................................................................................. 71

Figura 37 – Notas dos elementos do grupo áreas laborais ....................................... 72

Figura 38 – Notas dos elementos do grupo áreas de apoio e instalações provisórias

............................................................................................................................... 73

Figura 39 – Notas dos elementos do grupo áreas de vivência .................................. 74

Figura 40 – Notas dos elementos do grupo estoques ............................................... 75

Figura 41 – Estoque de esquadrias. .......................................................................... 75

Figura 42 – Estoque de esquadrias. .......................................................................... 75

Figura 43 – Demanda de funcionário. ....................................................................... 77

Figura 44 - Frequência média de utilização do elevador de obra durante o dia ....... 78

Figura 45 - Percentual de movimentação de materiais no elevador de cargas ......... 78

Figura 46 – Diagrama de processo da argamassa para fachada no lay out atual..... 80

Figura 47 – Diagrama de processo do entulho no lay out atual ................................ 80

Figura 48 – Diagrama de processo da argamassa para fachada no lay proposto. ... 81

9

Figura 49 – Diagrama de processo do entulho no lay out proposto. ......................... 81

Figura 50 – Abertura usada para abastecimento dos jaús. ....................................... 82

Figura 51 – Duto e funil para abastecimento dos jaús (MANUAL, 2006) .................. 82

Figura 52 – (a) e (c) Duto para abastecimento dos jaús utilizados na obra; (b) funil

para abastecimento dos jaús utilizados na obra. ................................................... 83

Figura 53 – Tudo coletor de entulho (Saurin, 2006). ................................................. 83

Figura 54 – Mapofluxo argamassa layout atual. ........................................................ 85

Figura 55 – Mapofluxo argamassa no layout proposto. ............................................. 86

Figura 56 – Mapofluxo entulho no layout atual. ......................................................... 87

Figura 57 – Mapofluxo entulho no layout proposto. ................................................... 88

Figura 58 - Mapa estratégico ou carta de interligações preferenciais da obra. ......... 90

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resultado da aplicação do índice de boas práticas em canteiro de obra

............................................................................................................................... 56

Tabela 2 - Resultado da aplicação do check-list de recomendações para

planejamento e verificação de canteiros de obra ................................................... 72

Tabela 3 – Comparação dos resultados dos check-lists ........................................... 76

Tabela 4 – Comparação entre as distâncias percorridas no layout atual e no layout

proposto ................................................................................................................. 84

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 15

1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 16

1.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 16

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ....................................................................... 17

2 O CANTEIRO DE OBRAS ..................................................................................... 18

2.1 CONCEITOS ....................................................................................................... 18

2.1.1 Canteiro de obras ............................................................................................. 18

2.1.2 Layout ............................................................................................................... 19

2.2 TIPOS DE CANTEIROS ...................................................................................... 20

2.3 ELEMENTOS DO CANTEIRO ............................................................................ 22

2.4 TIPOS DE LAYOUT ............................................................................................ 24

3 PLANEJAMENTO E LOGÍSTICA DE CANTEIROS DE OBRA ............................ 27

3.1 DEFINIÇÃO DE PLANEJAMENTO DE CANTEIROS ......................................... 27

3.2 PROJETO DO LAYOUT ...................................................................................... 27

3.3 ETAPAS DO PLANEJAMENTO .......................................................................... 31

3.4 A LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS ......................................................... 32

3.4.1 Movimentação de materiais .............................................................................. 34

4 MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................................... 38

4.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 38

4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................... 39

4.2.1 A Empresa Parceira ......................................................................................... 40

4.2.2 O contexto investigado ..................................................................................... 41

4.2.3 Etapas da Pesquisa.......................................................................................... 41

4.2.3.1 Ferramentas de avaliação e planejamento de canteiro de obra. ................... 43

4.2.3.2 Análise dos dados ......................................................................................... 55

4.2.3.3 Conclusão ..................................................................................................... 55

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................... 56

5.1.1 Instalações provisórias ..................................................................................... 56

5.1.2 Segurança da obra ........................................................................................... 63

5.1.3 Sistema de movimentação e armazenamento de materiais ............................. 66

5.1.4 Gestão dos resíduos sólidos no canteiro .......................................................... 69

5.2 CHECK-LIST DE RECOMENDAÇÕES PARA PLANEJAMENTO E

VERIFICAÇÃO DE CANTEIROS DE OBRA .......................................................... 72

5.3 PREVISÃO DA MÃO-DE-OBRA ......................................................................... 77

12

5.4 ANÁLISE DE MOVIMENTAÇÕES DE MATERIAIS ............................................ 77

5.5 ANÁLISE DO FLUXO DE PROCESSOS ............................................................ 79

5.5.1 Diagrama de processos .................................................................................... 79

5.5.2 Mapofluxo dos processos ................................................................................. 84

5.6 MAPA ESTRATÉGICO OU CARTA DE INTERLIGAÇÕES PREFERENCIAIS DA

OBRA ..................................................................................................................... 89

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................... 92

6.1 CONCLUSÕES ................................................................................................... 92

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................... 94

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 95

APÊNDICE A - RELATÓRIO DE PROPOSTAS PARA ALTERAÇÕES DO LAYOUT

............................................................................................................................... 99

APÊNDICE B - ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO DO ESTUDO DE CASO............... 112

APÊNDICE C - CHECK-LIST DE RECOMENDAÇÕES PARA PLANEJAMENTO E

VERIFICAÇÃO DE CANTEIROS DE OBRA ........................................................ 115

APÊNDICE D – LAYOUT ATUAL DO CANTEIRO .................................................. 121

APÊNDICE E – LAYOUT PROPOSTO PARA O CANTEIRO ................................. 126

ANEXO A – ÍNDICE DE BOAS PRÁTICAS EM CANTEIRO DE OBRA .................. 132

13

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil, em especial o subsetor edificações, é

freqüentemente citada como exemplo de setor atrasado, com baixos índices de

produtividade e elevados desperdícios de recursos, apresentando, em geral,

desempenho inferior a outros setores da indústria, como por exemplo, o de

transformação. Um dos principais reflexos desta situação são os altos índices de

perdas de materiais, que é uma realidade dos canteiros de obras brasileiros

(FORMOSO et al , 2000).

É comum na construção civil responsabilizar a mão-de-obra pelos baixos

índices de produção do setor, sendo comum caracterizar os operários como

trabalhadores sem o domínio da técnica, sem motivação para o trabalho e outros

motivos. Entretanto, os operários, muitas vezes, não sabem o que devem executar e

não dispõem dos adequados instrumentos e materiais de trabalho, ou mesmo de um

local em boas condições para executar seus serviços (HANDA citado em SAURIN,

2006). Assim, para esses autores, eximir-se da culpa pela baixa produtividade é não

cumprir o seu papel de responsável no processo construtivo, evidenciando

negligência na questão do planejamento.

A preocupação com o planejamento do canteiro é cada vez maior, e esse

maior interesse, entre outros fatores, foi muito influenciado pelos conceitos da

produção enxuta (lean production), ou nova filosofia da produção, que tem seu foco

voltado para melhoria da produtividade e para redução de custos através da

diminuição de perdas em todo sistema produtivo, podendo se dar através de

materiais, mão-de-obra, equipamentos e aperfeiçoamento dos métodos produtivos

(OLIVEIRA, 2006).

14

1.1 JUSTIFICATIVA

A indústria da construção civil está em um momento de transição, com as

empresas sofrendo crescentes pressões do mercado em busca de menores custos,

melhorias em qualidade e flexibilidade no atendimento das exigências dos clientes.

Por esses motivos, as organizações têm procurado investir na melhoria de seus

processos de produção (SALES, 2004).

É notória a importância do planejamento do canteiro neste contexto, ainda

mais em dias que a busca pela alta produtividade está além da simples premissa de

aumento dos lucros e sim atrelada a um conjunto de fatores que, entre outros,

engloba: a satisfação, redução dos prazos e redução das perdas (FORMOSO et al,

2000).

Apesar das vantagens operacionais e econômicas de um eficiente

planejamento de canteiro serem mais óbvias em empreendimentos de maior porte e

complexidade, não se descarta o mesmo estudo em obras de pequeno a médio

porte, onde um estudo criterioso do layout e da logística do canteiro deve estar entre

as primeiras ações para que sejam bem aproveitados todos os recursos materiais e

humanos empregados na obra, qualquer que seja seu porte.

Tendo em vista que movimentações desnecessárias devido à má localização

de equipes, materiais e equipamentos causam prejuízos à qualidade e produtividade

e afeta diretamente os custos da produção, torna-se cada vez mais importante a

gestão dos fluxos físicos em canteiros, a fim de reduzir perdas nos processos

(SALES, 2004).

O planejamento do canteiro de obras é uma maneira de melhorar o processo

construtivo, otimizando a ocupação dos espaços, reduzindo perdas de materiais, re-

15

locações desnecessárias e tempo de transporte de materiais no canteiro (SALES,

2004).

Um fator importante é que as normas de certificações de qualidade vêm

exigindo cada vez mais das condições do canteiro, a exemplo do Programa

Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) que no item 7.1.1 (c)

do Referencial Normativo Nível “A” do Regimento Geral do Sistema de Avaliação da

Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SIAC), tem

como exigência o projeto do canteiro.

Outro fator que justifica a realização deste trabalho são as condições exigidas

pela Norma Regulamentadora 18 (NR-18, 1995) quanto ao oferecimento de

melhores condições de conforto e segurança nos canteiros de obra, além de um

planejamento formal do layout e das instalações de segurança da obra.

A escolha por realizar este estudo em Feira de Santana é justificada pela não

existência de estudo semelhante realizado na mesma e pela facilidade da análise do

objeto de estudo, já que o pesquisador já fazia parte do quadro de funcionários da

empresa caracterizando uma observação participante.

Estes fatores justificam a importância para a construção civil da realização

deste estudo.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho visa avaliar a atual situação de um canteiro de obra vertical em

Feira de Santana, com a possibilidade de propor melhorias na utilização do espaço

16

físico disponível, de forma a possibilitar que homens e máquinas trabalhem com

segurança e eficiência.

1.2.2 Objetivos Específicos

Averiguar as condições do canteiro com vistas à realização de operações

eficientes, seguras e boas condições ambientais de trabalho;

Melhorar o aspecto visual do canteiro através da organização do mesmo;

Verificar a aplicabilidade de ferramentas de planejamento de canteiro para a

melhoria na minimização das distâncias de transporte, reduzindo assim,

tempo de movimentação de pessoal e materiais.

1.3 METODOLOGIA

O trabalho tem como metodologia inicial uma revisão bibliográfica, para

fundamentar o tema a ser estudado, a qual será realizada por meios de livros,

revistas, jornais, internet e tendo como principal fonte de pesquisa artigos técnicos.

Posteriormente será feito um estudo de caso com o projeto de avaliação

formativa, a qual, busca a realização de um diagnóstico do sistema atual e

sugestões para sua reformulação (ROESCH, 1996).

Este projeto teve as seguintes etapas:

Análise da atual situação do canteiro, a qual foi efetuada com o uso de uma

lista de verificação (check-list), que permite uma análise qualitativa do

17

canteiro, no âmbito da logística, do layout e dimensionamento, segundo

quatro principais aspectos: instalações provisórias, segurança no trabalho,

sistema de movimentação e armazenamento de materiais e gerenciamento

de resíduos, avaliação do fluxo dos materiais no canteiro, estudo do processo

de movimentação dos principais materiais, cadastro do atual layout do

canteiro, além do registro fotográfico;

Diagnóstico para apresentar possíveis proposições de melhorias no canteiro,

com ações planejadas a partir dos resultados encontrados, buscando a

padronização das instalações e dos procedimentos de logística;

Análise final do trabalho e das possíveis ações implementadas buscando

avaliar a eficiência das mesmas, satisfação dos colaboradores, diretoria da

empresa e clientes.

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Este trabalho está dividido em seis capítulos. O primeiro consiste em uma

introdução da monografia, na qual são apresentadas a introdução do tema a sua

justificativa, objetivos, metodologia e estrutura da monografia.

No capítulo 2, são apresentados conceitos básicos sobre canteiro de obras e

layout, os tipos de canteiros, os elementos que compõem o mesmo e os tipos de

layout.

No capítulo 3, são fundamentados os conceitos sobre o planejamento e da

logística do canteiro de obra.

No capítulo 4, é apresentado o método de pesquisa usado no estudo.

No capítulo 5, são apresentados os resultados encontrados na pesquisa e

discussões sobre os mesmos.

O capítulo 6 é dedicado às conclusões da pesquisa e a sugestão de temas

para estudos futuros destinados a dar prosseguimento a pesquisas nesta área.

18

2 O CANTEIRO DE OBRAS

2.1 CONCEITOS

Por mais intimamente que estejam ligados, o canteiro de obra e o layout

possuem definições diferentes as quais aqui serão tratadas.

2.1.1 Canteiro de obras

O canteiro é definido, segundo a Norma Regulamentadora 18 (NR-18, 1995)

"área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio

e execução de uma obra."

A NBR 12284 (ABNT, 1991), define canteiro de obras como:

"áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da

construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência."

Sendo assim, observa-se que o canteiro de obra caracteriza-se por ser uma

estrutura bastante dinâmica e flexível, o qual durante o desenvolvimento da obra

assume características distintas em função dos operários, empresas, materiais e

equipamentos presentes nele. Por sua vez, as áreas de vivência são os locais

destinados ao descanso, higiene e permanência dos operários e gerentes da obra

(SAURIN, 2006).

O projeto do canteiro é um dos principais instrumentos para o planejamento e

organização da logística de canteiro. Ele afeta o tempo de deslocamento dos

trabalhadores e o custo de movimentação dos materiais e interfere, portanto, na

execução das atividades e também na produtividade global da obra e dos serviços.

Apesar disto, existe pouca preocupação por parte das empresas com a elaboração

de tal projeto (FRANCO, 1992).

19

Bons projetos de canteiro podem proporcionar significativas melhorias no

processo produtivo. Eles visam, principalmente, promover a realização de operações

seguras e manter a boa moral dos trabalhadores, além de minimizar distâncias e

tempo para movimentação de pessoal e material, reduzir tempo de movimentação

de material, aumentar o tempo produtivo e evitar obstrução da movimentação de

material e equipamentos (FORMOSO et al, 2000).

Segundo Ferreira (1998, p.4), o projeto do canteiro de obras é definido como:

Um serviço integrante do processo de construção, responsável pela definição do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e temporárias e das vias de circulação necessárias ao desenvolvimento das operações de apoio e execução, durante cada fase da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção do empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde e motivação aos trabalhadores e execução racionalizada dos serviços.

Para Serra (2001), a cada tipo de canteiro de obras corresponde uma forma

de organização do mesmo, pois existem diferentes formas de transporte e

movimentação de materiais e operários, tipos de equipamentos, localização das

instalações do canteiro etc.. A seqüência de execução também variará conforme o

planejamento podendo existir várias frentes de serviço atuando ao mesmo tempo.

2.1.2 Layout

O layout, ou arranjo físico, é uma das disciplinas mais importantes e

tradicionais da Engenharia de Produção, possuindo conceitos e implicações

aplicáveis a qualquer setor industrial ou de serviços. O tema é tratado, na maioria

das vezes de forma genérica, não sendo dirigido a nenhuma indústria em particular.

Assim, é necessário interpretar e adaptar os conceitos genéricos à indústria da

construção (SAURIN, 1997).

Entende-se por layout, a disposição física de homens, materiais,

equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem e, de um modo geral, a disposição

racional dos diversos serviços de uma empresa (FRANKENFELD, 1990 CITADO EM

SAURIN, 1997).

20

Na concepção de Krajewski e Ritzman (1993) citado em Saurin (1997), o

planejamento de layout envolve decisões sobre o arranjo físico de centros de

atividade econômica dentro de uma instalação. Um centro de atividade econômica

pode ser qualquer coisa que consuma espaço: uma pessoa ou um grupo de

pessoas, uma máquina, um departamento, uma escada, um relógio ponto, um

depósito, etc. De acordo com os mesmos autores, o termo arranjo físico levanta

quatro questões para o gerente:

a) quais elementos o layout deve incluir?

b) qual o espaço necessário para cada elemento?

c) como o espaço de cada elemento deve ser configurado?

d) onde cada elemento deve ser locado?

Estas mesmas questões podem ser aplicadas ao planejamento de layout de

canteiros de obra. A primeira questão refere-se à seleção das instalações

provisórias e áreas de armazenamento que o canteiro deve possuir; a segunda

questão ao dimensionamento destas áreas; a terceira à forma e os respectivos

arranjos físicos internos; e a quarta à localização de cada área (SAURIN, 2006).

2.2 TIPOS DE CANTEIROS

O tipo de canteiro é uma informação muito importante, podendo ser até

decisiva no planejamento do canteiro.

O canteiro de obra é classificado de acordo com Illingworth (1993) citado por

Saurin (1997) em três tipos: restritos, amplos (open field sites) e longos e estreitos:

Os restritos são aqueles em que a obra toma todo, ou quase, o espaço do

terreno, o que torna limitada as opções de layout e leva a necessidade de muitas

alterações no decorrer da obra. Outra característica importante é a dificuldade

encontrada no fluxo de materiais, equipamentos e mão-de-obra neste tipo de

21

canteiro. Canteiros restritos são comuns em centros urbanos principalmente em

construção de edifícios.

Os canteiros amplos são assim classificados devido à área que o mesmo

ocupa em relação à área do terreno ser relativamente pequena, possibilitando

maiores opções de layout. Ao contrário do canteiro restrito no amplo não se encontra

tanto problema com o fluxo e acessos na obra. Obras de condomínios residenciais

horizontais e obras isoladas como barragens e hidroelétricas são exemplos de obras

com canteiros amplos.

Outro tipo de canteiro são os longos, os quais são restritos em uma direção e

amplos na outra. Possuem certa facilidade de acesso e fluxo a depender do tipo de

obra. Nos canteiros longos, normalmente, as unidades do canteiro devem possuir

certa mobilidade devido às características dimensionais do canteiro. Obras de

estradas é um exemplo de canteiro longo.

Na figura 1 encontra-se um resumo dos tipos de canteiro.

Figura 1 - Tipos de canteiro, Saurin (2006)

22

2.3 ELEMENTOS DO CANTEIRO

Ao contrário do que diz a definição da NBR 12284 (ABNT, 1991),

anteriormente apresentada, Menezes (2003) não divide o canteiro em apenas áreas

de produção e áreas de vivência e sim em três grupos de elementos:

Áreas de vivência;

Áreas de apoio;

Áreas de produção (laborais).

As áreas de vivência (refeitório, vestiário, área de lazer, alojamentos e

banheiros) são áreas destinadas a suprir as necessidades básicas humanas de

alimentação, higiene, descanso, lazer e convivência, devendo ficar fisicamente

separadas das áreas de produção. Esta norma também exige, tendo em vista as

condições de higiene e salubridade, que estas áreas não sejam localizadas em

subsolos ou porões de edificações (SAURIN, 2006).

É nesses locais que os trabalhadores fazem suas refeições, tomam banho,

passam suas horas de folga e, muitos deles moram, durante a construção. As

exigências da Norma vão desde a implantação de áreas de lazer e refeitórios até a

instalação de ambulatório médico, banheiros, alojamentos, telefones comunitários e

bebedouros com água filtrada (MENEZES, 2003).

As áreas de vivências demonstram qual a preocupação que o gestor tem com

os trabalhadores, com as boas condições humanas para o trabalho, além de

satisfazer o trabalhador o que influencia o bem-estar do mesmo e,

conseqüentemente, aumentando a produção, além de melhorar a imagem dos

gestores. Os índices de acidentes estão fortemente ligados, nas condições de

trabalho dos colaboradores o que, além das próprias condições humanas, justifica

uma maior preocupação das fiscalizações de segurança com as áreas de vivências.

Abaixo temos uma breve descrição dos elementos que compõe área de

vivencia (MENEZES, 2003).

23

VESTIÁRIO E ARMÁRIO: Os trabalhadores que não moram no

canteiro de obras têm direitos a vestiário com chuveiro e armário

individual;

INSTALAÇÕES SANITÁRIAS: Devem ser adequadas e em perfeitas

condições de higiene e limpeza, com lavatório, mictório e vaso

sanitário, na proporção de um conjunto para cada grupo de 20

trabalhadores, e chuveiro na proporção de um para cada grupo de 10

trabalhadores;

REFEITÓRIO: O local para as refeições deve possuir piso de material

lavável e mesas com tampos lisos e laváveis. O refeitório não pode

estar localizado em subsolos ou porões das edificações;

ALOJAMENTOS: Se os empregados morarem no canteiro de obras, a

empresa deve proporcionar-lhes dormitórios confortáveis e arejados,

lavanderia e área de lazer;

BEBEDOUROS: Toda obra deve ter bebedouros com água filtrada e

potável na proporção de 1 bebedouro para cada grupo de 25

trabalhadores;

COZINHA: Deve estar presente sempre que houver preparo de

refeições. Além disso, deve estar previsto pia para lavar os alimentos e

utensílios, possuir instalações sanitárias, que com ela não se

comuniquem, de uso exclusivo dos encarregados de manipular

gêneros alimentícios, refeições e utensílios e possuir equipamentos de

refrigeração, para preservação dos alimentos;

LAVANDERIA: Deve haver um local próprio, coberto, ventilado e

iluminado, para que o trabalhador alojado possa lavar, secar e passar

suas roupas de uso pessoal. Este local deve ter tanques individuais ou

coletivos em número adequado;

AMBULATÓRIO: As frentes de trabalho com 50 (cinqüenta) ou mais

trabalhadores devem ter um ambulatório. Neste ambulatório, deve

haver o material necessário à prestação de Primeiros Socorros,

conforme as características da atividade desenvolvida. Este material

deve ser mantido guardado e aos cuidados de pessoa treinada para

esse fim.

24

Já as áreas de apoio (almoxarifado, escritório, guarita ou portaria e plantão de

vendas, salas da administração) compreendem aquelas instalações que

desempenham funções de apoio à produção, abrigando funcionário(s) durante a

maior parte ou durante todo o período da jornada diária de trabalho, ao contrário do

que ocorre nas áreas de vivência, as quais só são ocupadas em horários específicos

(SAURIN, 2006).

Estas áreas devem, ao contrário das áreas de vivência, estar o mais perto as

áreas de produção evitando maiores deslocamentos (SOUZA, 1997b).

O dimensionamento das áreas de apoio depende do tipo de canteiro, do porte

da obra e da utilização do espaço. Obras maiores possuirão almoxarifados maiores

ao passo que obras menores acontecerão o inverso (SAURIN, 2006).

As áreas de produção são aquelas onde de forma direta as atividades são

realizadas, como produção de concreto e argamassa, corte e dobra de aço entre

outras. O dimensionamento depende do porte do serviço e sua localização não pode

ser próxima de áreas de vivência e devem estar o mais próximo possível do local de

utilização de destinação (MENEZES, 2003).

2.4 TIPOS DE LAYOUT

Na década de 50, autores da área de layout industrial reconheceram a

conexão entre o layout e o modo de produção, constatando que o estilo ou tipo de

layout depende deste modo. Schroeder (1993), citado em Saurin (1997), reforça esta

visão, afirmando que as decisões de layout são altamente dependentes do processo

produtivo empregado. Dentro de uma mesma instalação, vários modos de produção

podem co-existir simultaneamente em áreas separadas, sendo que a caracterização

de cada modo é determinada por vários fatores, tais como a sequência e ciclo das

atividades, modelo do fluxo de recursos, etc.

Assim, como decorrência da variedade de modos de produção, os layouts

podem ser classificados em vários tipos, existindo pequenas diferenças nas

25

nomenclaturas adotadas por diferentes autores. A seguir, são comentadas

sucintamente as definições de Muther (1978), para os três tipos mais comuns de

layout:

LAYOUT POR PRODUTO OU LINEAR: é adotado para um único produto ou

produtos similares, fabricados em grande quantidade em um processo

relativamente simples, onde as máquinas são arranjadas de acordo com a

sequência de produção. Exemplos de layouts lineares são uma linha de

lavagem de carros, uma linha de montagem de automóveis, ou o auto-serviço

em um restaurante industrial;

LAYOUT POR PROCESSO OU FUNCIONAL: é adotado principalmente

quando há grande variedade nos produtos e na sequência de operações, os

equipamentos são de difícil movimentação e exigem suprimentos ou

construções especiais. Os produtos, neste caso, não são muito volumosos.

Exemplos de layouts funcionais são a fabricação de tecidos e roupas,

montagem de peças de metal por solda por pontos, rebitagem e soldagem;

LAYOUT POSICIONAL OU FIXO (OU POR PROJECTS): ocorre quando o

produto permanece estático, para o qual convergem os recursos (matérias-

primas, operadores e máquinas). Exemplos de indústrias que utilizam o layout

fixo são a construção civil, a construção naval e a montagem de grandes

máquinas.

Embora a construção da edificação propriamente dita possa ser inserida na

classe dos layouts posicionais, deve-se observar que em um canteiro há vários

layouts específicos por produto, como nas centrais de aço e fôrmas e no posto de

produção de argamassa (SAURIN, 2006).

Saurin (1997) define um project como uma atividade que só ocorre uma vez e

que produz um produto único, geralmente grande e difícil de mover. Uma operação

project pode ser a construção de um edifício, barragem, navio, locomotiva, ou até

mesmo a produção de um filme para cinema.

26

Estas operações têm duas características em comum. Primeiro, o fato de que

o manuseio de materiais é frequentemente uma importante consideração, sendo

difícil estabelecer um modelo definido dos fluxos. A segunda característica é que o

layout é ditado em grande parte por considerações tecnológicas e de programação

(SALES, 2004).

Um fator chave na determinação do layout de um empreendimento de

construção é a precedência tecnológica, pois os materiais são armazenados

conforme a sua data de chegada na obra, sendo este, um fator especialmente

importante quando o espaço é limitado. Assim, ao estabelecer a duração das

atividades, a programação define uma base para o layout das instalações da

construção (Schroeder, 1993, citado em Saurin 1997).

A pouca pesquisa acerca do layout de projects talvez seja justificada pela

dificuldade de estudá-lo, devido à unicidade de cada empreendimento (Schroeder,

1993, citado em Saurin 1997). Além disso, observa-se, especificamente na

construção, a existência de muitas deficiências no processo de planejamento, o que,

em parte, têm dificultado a solução de outros problemas, como o layout.

27

3 PLANEJAMENTO E LOGÍSTICA DE CANTEIROS DE OBRA

3.1 DEFINIÇÃO DE PLANEJAMENTO DE CANTEIROS

O planejamento de canteiro é definido como:

“... o planejamento do layout e da logística das instalações provisórias,

instalações de movimentação e armazenamento de materiais e instalações de

segurança” (SAURIN, 1997).

O planejamento da logística deve ser integrado ao planejamento do layout,

tratando de garantir o fornecimento de todas as condições de infra-estrutura

necessárias para o perfeito funcionamento dos processos relacionados às

instalações de canteiro. O planejamento logístico estabelece, por exemplo, as

condições de armazenamento de cada material, o tipo de mobiliário colocado nas

instalações provisórias ou as instalações de segurança de um guincho (tela,

campainha, etc.) (SAURIN, 1997).

3.2 PROJETO DO LAYOUT

Quanto maior o cuidado em relação ao projeto e implantação do layout do

canteiro de obras, melhores as probabilidades de sucesso quanto aos aspectos de

produtividade, qualidade e, principalmente, segurança do trabalho. A NR-18 ao

prescrever ações voltadas à segurança do trabalho tem no canteiro de obras o palco

para sua implementação. A exigência do Programa de Condições e Meio Ambiente

de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), apesar de contemplar apenas a

distribuição inicial das instalações, induz à criação de um projeto completo do

canteiro, onde além dos cuidados específicos quanto à segurança, surge a

necessidade de se determinar o processo construtivo de forma a minimizar os riscos

à saúde dos trabalhadores e outros. A Figura 2 demonstra as interfaces que existem

e que devem ser consideradas para a concepção do projeto do canteiro de obras

(SOUZA, 2000).

28

Figura 2 – Fluxograma das atividades para planejamento do canteiro de obras

(SOUZA, 2000)

Quando se estuda um projeto de layout, surgem diversas alternativas cada

uma favorecendo ou não a excelência de determinado atributo. A escolha de uma ou

outra alternativa de layout depende, na maioria dos casos, da consideração de

múltiplos critérios, cujos graus de importância são intrínsecos a cada caso particular

(SOUZA, 2000).

CAPITAL INVESTIDO: em qualquer situação esta é uma consideração

importante e fortemente relacionada à estratégia da empresa. Por exemplo,

no caso da construção, a compra de determinados equipamentos para

movimentação de materiais ou para as instalações provisórias (containers,

mobiliário, etc.) pode requerer investimentos elevados em relação ao porte da

empresa.

29

MANUSEIO DE MATERIAIS: os frequentes deslocamentos ou interações

entre centros de trabalho devem ser reconhecidos para que estes centros

sejam localizados próximos uns dos outros. Em uma planta industrial, esta

abordagem minimiza custos de manuseio de materiais, colocando-se itens

necessários para um mesmo fim próximos um do outro. Já em um escritório, a

comunicação e cooperação melhoram quando pessoas ou departamentos

que interagem com frequência são locados próximos uns dos outros.

Telefonemas ou faxes podem ser substitutos pobres para comunicações face-

a-face (Krajewski e Ritzman 1993, citado em Saurin 1997).

FLEXIBILIDADE: a flexibilidade de layout é determinada pelo grau de

reaproveitamento e de adaptação das instalações depois de ocorrerem

mudanças significativas no arranjo físico. A maximização da flexibilidade

depende da habilidade do gerenciamento em prever as futuras mudanças e

de um projeto de layout que minimize o custo das possíveis revisões

(Krajewski e Ritzman 1993, citado em Saurin 1997). A flexibilidade de layout é

um atributo extremamente importante no caso de canteiros de obras, nos

quais podem ocorrer várias mudanças no arranjo físico ao longo da execução

da obra. Para que a execução de tais mudanças seja facilitada, exige-se que

o plano de layout já as tenha previsto, além de uma tipologia das instalações

provisórias que permita a mobilização e desmobilização rápidas e com alto

grau de reaproveitamento dos materiais.

MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS: o layout deve facilitar o acesso aos

equipamentos que necessitam de manutenção, qualquer que seja a

frequência desta atividade.

SEGURANÇA E DOENÇAS DO TRABALHO: é indispensável que o arranjo

físico considere as necessidades de segurança, salubridade e higiene dos

trabalhadores. Assim, o layout deve facilitar o acesso e retirada dos materiais

dos estoques, bem como o transporte dos mesmos através da execução de

vias de circulação adequadas. As instalações utilizadas pela mão-de-obra tais

30

como: vestiários, banheiros e refeitórios, devem oferecer condições

satisfatórias de isolamento térmico, ventilação e iluminação.

GERENCIAMENTO VISUAL: o layout deve permitir que todos os participantes

dos processos produtivos (trabalhadores, gerentes, clientes, etc.) façam o

controle de tais processos de modo simples e rápido, se possível visualmente.

Aspectos como a limpeza, sinalização, facilidade de acesso e circulação a

todos os pontos do ambiente de trabalho contribuem para que se atinjam

estes propósitos. Em um canteiro de obras, por exemplo, aumenta-se a

transparência dos processos, facilitando o gerenciamento visual dos mesmos,

através de práticas tais como a demarcação de áreas de estoque (altura e

perímetro) e vias de circulação, capacetes de cores diferentes para diferentes

profissionais, quadros com explicitação de traços no posto de argamassa,

sinalização identificadora dos diversos setores do canteiro, etc.

OUTROS CRITÉRIOS: as linhas de fluxo dos diversos materiais devem ser

analisadas, pois o excesso de cruzamentos entre tais linhas pode gerar um

aumento nos tempos de transporte, fato que por sua vez ocasiona maiores

tempos de espera. Finalmente, as atitudes dos empregados podem depender

da oportunidade de socialização dada pelo layout, ou da colocação deles sob

o alcance visual permanente de um supervisor (Krajewski e Ritzman 1993,

citado em Saurin 1997).

A escolha dos critérios para a realização do projeto do layout depende das

prioridades de cada obra e de cada gestor o que torna o projeto uma característica

individual de cada obra.

31

3.3 ETAPAS DO PLANEJAMENTO

O planejamento dos canteiros deve ser normalmente realizado em quatro

etapas: diagnóstico, análise da situação problema, elaboração e por fim implantação

e controle do projeto (SAURIN, 2006).

O diagnóstico deve, de preferência, levar em consideração as outras obras da

empresa buscando a padronização.

O segundo Saurin (2006) diagnóstico deve atingir os seguintes objetivos:

Identificar padrões já existentes e padrões novos que necessitarão ser

elaborados;

Identificar as deficiências mais freqüentes e graves nos canteiros, as quais

poderão ter seus respectivos novos padrões priorizados para implantação;

Justificar a necessidade do trabalho de padronização e demonstrar a

importância do planejamento do canteiro, a partir do relato dos problemas.

Com o fechamento do diagnóstico deve ser feita uma reunião para a análise

dos resultados encontrados no mesmo. Esta reunião deve contar com a presença de

mestres, engenheiros de obra e diretores, sendo apresentadas e discutidas as

conclusões do diagnóstico, além de sugeridas soluções para os problemas

encontrados. Nesta reunião também devem ser definidos os participantes do grupo

de padronização e quais instalações serão padronizadas (SAURIN, 2006).

Já o projeto deve ser acompanhado pelos os principais responsáveis de cada

área da obra, engenheiros, mestres-de-obras e técnicos em segurança. É

fundamental que um ou mais dos componentes do grupo detenha poder de decisão

dentro da empresa, de forma que, com base nos recursos e necessidades da

32

mesma, seja dada agilidade às decisões, facilitando o processo de implantação do

padrão estabelecido (SAURIN, 2006).

A fase de implantação e controle é uma das fases mais fundamentais para o

sucesso do projeto, pois são os resultados encontrados nela que irão alimentar as

melhorias e servir de base para a elaboração de novos projetos. Muitas são as

ferramentas de análise e diagnóstico de canteiro de obra as quais serão citadas no

próximo capítulo.

3.4 A LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS

Uns dos problemas encontrados na construção civil são aqueles relativos aos

fluxos físicos de materiais e produtos processados e aos fluxos de informações. A

falta de planejamento detalhado do arranjo físico do canteiro estabelecendo os

fluxos dos principais materiais, a eliminação de fluxos desnecessários, a otimização

dos estoques, a mecanização das atividades de movimentação interna do canteiro

levam a perdas e desperdícios, pois geram atividades que não agregam valor ao

produto, que são as atividades que não estão ligadas diretamente com o

desenvolvimento do mesmo como: movimentação de materiais e retrabalho (Lalt

2003b citado em PINTO, 2005).

A logística de canteiro envolve as atividades de planejamento, organização,

direção e controle dos fluxos físicos na praça de trabalho. Inclui, portanto, a

resolução de interferências entre os serviços, a implantação do canteiro, a definição

dos sistemas de transportes e dispositivos de segurança no trabalho (SILVA, 2000).

O projeto do canteiro é um dos principais instrumentos para o planejamento e

organização da logística de canteiro. É óbvio, que ele afeta o tempo de

deslocamento dos trabalhadores e o custo de movimentação dos materiais e

33

interfere, portanto, na execução das atividades e também na produtividade global da

obra e dos serviços (SILVA, 2000).

Para facilitar a aplicação do conceito de logística na indústria da construção

civil, foi proposta a divisão da logística em externa e interna. Segundo Cardoso

(1996) citado em (PINTO, 2005), a logística externa é a logística de suprimentos e a

logística interna é a logística do canteiro. Essa subdivisão pode facilitar a

identificação das principais atividades de logística associadas a uma obra.

A logística de suprimentos trata da previsão de recursos materiais e da mão

de obra que serão utilizados na obra. Além disso, engloba o planejamento e

processamento das aquisições, as interfaces com os fornecedores, o transporte de

recursos até a obra e a manutenção de recursos materiais previstos no

planejamento (PINTO, 2005).

Já a logística do canteiro trata da gestão dos fluxos físicos ligados à execução

de tarefas; gestão dos fluxos de informações; gestão da interface entre agentes que

interagem no processo de produção (empreiteiros, fornecedores), mão de obra

terceirizada, movimentação interna e definição dos locais para estocagem de

materiais (PINTO, 2005).

É importante ressaltar que esses processos não podem ser adotados de

forma independente, e sim de forma complementar e integrada para que se

consigam benefícios conjuntos e não isolados.

34

3.4.1 Movimentação de materiais

O estudo e a definição dos equipamentos de movimentação de materiais,

bem como a definição das áreas de armazenagem, processamento e demais

elementos de canteiro, são atividades associadas ao projeto do canteiro. Convém

para ambos o desenvolvimento de padrões e cada empresa deve procurar defini-los

de acordo com a sua forma de trabalhar, com as normas de segurança vigentes e

com as características de suas obras (SILVA, 2000).

Não é difícil encontrar trabalhos que tratam sobre a escolha de materiais e

equipamentos e também das áreas de processamento dos materiais; dentre eles

podemos citar:

SOUZA (1997b) faz uma série de recomendações para a localização e

tamanho dos elementos dos canteiros de obras baseando-se nas normas de

segurança e na experiência de cinco empresas construtoras.

SOUZA (1997a) também discute a possibilidade de uso da grua em lugar do

elevador de obras.

No caso de canteiros restritos de obras verticais deve-se ter uma

preocupação maior com qual equipamento será feito o transporte para os

pavimentos superiores. Usualmente a dúvida fica entre a utilização de grua ou

elevador de carga.

Para se poder discutir a relação custo-benefício entre estas duas opções para

transporte vertical em obra é necessário, além de se quantificar os desembolsos

mensais associados a ter o equipamento disponível no canteiro, o levantamento de

35

possíveis vantagens ou desvantagens que ele pode gerar quanto aos serviços em

execução.

Para o caso da comparação grua com o elevador, é importante dar destaque

à execução da concretagem, da alvenaria e do revestimento, os quais são serviços

que demandam muito tempo e capacidade dos equipamentos de transporte. Para

cada serviço é importante analisar os tempos e equipes de transporte envolvidas,

bem como à produtividade induzida (SOUZA, 2000).

Existem algumas ferramentas para auxiliar na análise dos fluxos físicos no

canteiro de obra, dentre elas podemos citar o diagrama de processos e o

mapofluxos os quais serão detalhados no próximo capítulo, o estudo da

produtividade e do ciclo de transporte.

O estudo da produtividade da mão-de-obra nos serviços, por sua vez, permite

um conhecimento detalhado da relação entre os homens-hora e uma unidade de

serviço executada. Pode-se, de diversas maneiras, portanto, avaliar para as diversas

alternativas de transporte existente, as que possuem melhor desempenho (SILVA,

2000).

Já o estudo do ciclo de transporte possibilita uma avaliação quantitativa do

tempo total gasto para as diversas alternativas de transporte existentes, sendo

bastante útil quando o fator tempo for decisivo para a viabilidade técnica e

econômica do empreendimento (SILVA, 2000).

Outra discussão bastante presente acerca da movimentação de materiais é a

oportunidade e a vantagem da utilização de pallets como forma de embalagem e

facilitador no transporte de materiais proporcionando ao processo de produção de

edifício economia em termos de tempo e pessoal (SILVA, 2000).

36

SANTOS (1995), no seu trabalho de intervenção no sistema de

movimentação de materiais, estabelece os seguintes princípios para escolha das

melhores alternativas de transporte:

O melhor transporte é aquele que não existe;

A força motora mais econômica é a força da gravidade;

Cargas iguais devem ser movimentadas em conjunto;

A produtividade da movimentação aumenta quando as condições de trabalho

tornam-se mais seguras;

Quanto menor o peso transportado, mais econômicas as condições

operacionais;

O armazenamento, se possível, deve utilizar o espaço cúbico;

Utilizar o caminho o mais direto possível;

Evitar o cruzamento dos fluxos de transporte;

Prever os caminhos de ida e de volta;

Planejar o uso de cargas de retorno;

Diminuir distâncias entre postos de trabalho;

Entregar materiais diretamente no local de trabalho;

Transportar a máxima quantidade de peso de cada vez, atendendo às

restrições de caráter ergonômico;

Transportar preferencialmente em container, em vez de a granel;

Colocar cargas primeiro em plataformas, depois transportá-las;

Não empilhar diretamente sobre o chão, deixando o espaço para facilitar o

erguimento e a ventilação;

37

Prever as áreas de recepção, de preferência com plataforma;

Garantir amplo espaço de circulação em torno da área de estoque;

Proteger partes da obra ao longo do caminho de circulação;

Manter a obra limpa e plana;

Proteger e dar segurança ao material transportado;

Reduzir o máximo possível o transporte por esforço humano;

Usar equipamentos adaptáveis ao transporte de vários tipos de materiais.

38

4 MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo são apresentados a estratégia geral e os procedimentos da

pesquisa utilizados no desenvolvimento desta monografia. São discutidos os

métodos, técnicas e ferramentas de coletas de dados, bem como os procedimentos

para o processamento e análise dos mesmos.

4.1 TIPO DE PESQUISA

Segundo Patton (1990) citado em Roesch (1996), de acordo com seu

propósito, as alternativas de pesquisa podem ser classificadas em cinco: Pesquisa

básica, Pesquisa Aplicada, Avaliação de resultados, Pesquisa-ação e Avaliação

Formativa.

Na Pesquisa Básica, pretende-se entender como o mundo opera, procurando-

se basicamente entender e explicar o os fenômenos.

Já na Pesquisa Aplicada, procura-se trabalhar com problemas humanos,

buscando entender a natureza de problema para que se possa entender um

ambiente.

A Avaliação de Resultados propõe-se julgar a efetividade de um programa,

política ou plano.

39

A Pesquisa-ação procura resolver problemas específicos, dentro de um

grupo, organização ou programa.

E por fim a Avaliação Formativa, que é o tipo de pesquisa utilizado neste

trabalho. Na Avaliação Formativa, o propósito é melhorar ou aperfeiçoar sistemas ou

processos. A avaliação formativa normalmente implica um diagnóstico do sistema

atual e sugestões para sua reformulação; por isso requer certa familiaridade com o

sistema e, idealmente, a possibilidade de implementar as mudanças sugeridas e

observar seus efeitos. É um dos tipos mais escolhidos pelos alunos que trabalham e

identificam problemas ou oportunidades de melhoria em sua organização.

4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Este estudo foi realizado com um estudo de caso. O estudo de caso, de

acordo com Yin (1981) citado em Roesch (1996), é uma estratégia de pesquisa que

busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto. Difere dos

estudos experimentais, como na pesquisa-ação, no sentido de que estes

deliberadamente separam o fenômeno em estudo de seu contexto. Igualmente,

estudos de caso diferem do método histórico, por se referirem ao presente e não ao

passado.

Além desses fatores, o estudo de caso foi escolhido devido à possibilidade da

pesquisa ser efetuada com a Observação Participante.

A observação participante é um método de coleta de dados tradicional em

pesquisa e caracteriza-se pelo fato do pesquisador fazer parte do processo em

questão. Na pesquisa em organizações, tem sido utilizada pelo menos de duas

40

maneiras: de uma forma encoberta, quando o pesquisador se torna um empregado

da empresa; e de forma aberta, quando o pesquisador tem permissão para observar,

entrevistar e participar no ambiente de trabalho em estudo. No caso deste trabalho o

pesquisador já fazia parte do quadro de funcionários da empresa em estudo.

4.2.1 A Empresa Parceira

A empresa participante da pesquisa, denominada empresa parceira (EP), é

uma empresa de construção civil, fundada em 1983, com sede e atuação

predominante em Feira de Santana (BA), no estado da Bahia. Seu escopo esta

definido na construção de obras de edificações, com a construção de condomínios

residenciais horizontais e verticais, empreendimentos de caráter empresarial e de

característica mista (empresarial e residencial).

Classificada como de médio porte, nos últimos quatro anos seu quadro de

pessoal apresentou uma variação entre 200 e 350 profissionais, incluindo

funcionários próprios e de parceiros. Em geral, o corpo gerencial de produção e a

mão-de-obra operacional é formado por profissionais próprios e uma pequena parte

por funcionários sub-empreitados para serviços mais especializados como

instalações.

A empresa vem buscando aprimoramentos contínuos quanto às práticas

gerenciais. Possui certificações de qualidade ISO 9001:2000, PBQP-h e Qualiop

Nível A.

Os motivos pela escolha da empresa foram relacionados com a possibilidade

da realização de um estudo com um caráter de Observação Participante e da

possibilidade de intervenção no processo. Além disto, a empresa apresentou

41

interesse na melhoria de suas práticas, principalmente em função da forte exigência

por parte das instituições de fiscalização do trabalho e dos critérios para certificação

de qualidade.

4.2.2 O contexto investigado

O canteiro estudado é uma obra de edificação multifamiliar, composta de 13

pavimentos, sendo duas garagens, um playground e 10 pavimentos tipos com quatro

apartamentos cada. Possui área total construída de 3.591,00 m² e a área do terreno

é de 728,21 m², localizado em Feira de Santana.

O canteiro é do tipo restrito e a tecnologia empregada é a convencional como

mostra a figura 3.

Figura 3 – Obra estudada

4.2.3 Etapas da Pesquisa

42

A pesquisa foi dividida em quatro etapas, sendo que uma delas ocorreu

durante todo o processo de pesquisa enquanto as demais foram limitadas, como

mostram as figuras 4 e 5.

Figura 4 – Etapas da pesquisa

Figura 5 – Cronograma da pesquisa

A primeira fase foi a revisão bibliográfica, que se caracterizou por ter sido

realizada durante todo o processo de pesquisa, a qual teve como principal fonte de

informação artigos técnicos, dissertações e teses, devido a deficiência de literatura

especializada, não havendo muitos livros que trate sobre o tema.

De acordo com Alves (2000, p.53) citado em Bulhões (2001),

A pesquisa bibliográfica é de grande importância para a construção de uma teoria, pois fornece informações a respeito de domínios de aplicação desta, as relações entre os seus elementos constituintes e suas definições e, além disso, indica quais são as relações importantes a serem investigadas no desenvolvimento de uma pesquisa.

43

Já para Roesch (1996), a revisão da literatura permite entre outros propósitos

levantar soluções alternativas para tratar de uma problemática, o que pode permitir,

por exemplo, levantar dados e informações contextuais para dimensionar e qualificar

a problemática em estudo, levantar métodos e instrumentos alternativos de análise,

o que, assegura ao autor originalidade em seu trabalho.

Já Demo (1991) citado em Roesch (1996), apresenta uma visão mais

acadêmica, onde a revisão bibliográfica aparece como uma ferramenta que permite

conhecer quadros de referência alternativos, atualizar-se no problema teórico,

elaborar precisão conceitual e investir na consciência crítica.

A segunda etapa da pesquisa foi à coleta de dados, que ocorreu durante os

meses de outubro e novembro de 2009.

Durante a coleta de dados o pesquisador aplicou algumas ferramentas de

análise qualitativa do canteiro de obra (check-list), observou e colheu dados sobre a

movimentação de materiais e realizou o cadastro e registro fotográfico do atual

layout do canteiro.

4.2.3.1 Ferramentas de avaliação e planejamento de canteiro de obra.

Nesta seção encontra-se a descrição das ferramentas utilizadas e

desenvolvidas durante essa etapa de coleta de dados.

Índice de boas práticas em canteiro de obra (check-list)

44

O Índice de boas práticas é uma ferramenta muito utilizada na avaliação de

canteiros de obras por ser uma ferramenta que possibilita a verificação qualitativa do

canteiro no que diz respeito aos seus principais aspectos: Instalações provisórias,

higiene, segurança e bem estar do trabalhador, transporte e armazenamento de

materiais e gestão de resíduos de construção (COSTA, 2005).

Esta ferramenta foi desenvolvida por Saurin (1997) e foi elaborada com base

em várias fontes, dentre elas: normas sobre armazenamento de materiais e

segurança na obra (respectivamente, NBR 12655 - Concreto - Preparo, controle e

recebimento e NR-18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção), um manual de melhorias de qualidade e produtividade na construção

civil (Scardoelli et al, 1994), um manual sobre segurança em canteiros (Rousselet e

Falcão, 1988), além de requisitos definidos a partir de sugestões de profissionais

com experiência na área e daqueles decorrentes de noções básicas de layout e

logística.

Abaixo, na figura 6 encontra-se uma parte do check-list.

Figura 6 - Índice de boas práticas em canteiro de obra (check-list) (COSTA, 2005)

Como é mostrado na figura 6 o preenchimento do check-list é baseado em

respostas a perguntas sobre o canteiro, onde em cada item da lista existem as

opções sim (S), não (N) e não se aplica (NA), devendo ser assinalada somente uma

delas. No exemplo da figura 6, caso haja contrapiso nas áreas de circulação de

45

materiais ou pessoas, haveria concordância com a frase do item C1.1), cabendo ao

observador marcar um X na coluna dos sim. A coluna não se aplica seria marcada,

se o item em questão não puder ser atrelado à obra como, por exemplo, no caso de

uso de guincho o item grua não se aplicaria a obra. Também se deve estar atento

para com aqueles itens que estabelecem mais de uma condição em uma única

mesma frase, pois nestas situações, deve-se assinalar sim, caso toda a

especificação obtenha conformidade (SAURIN, 1997).

Ao final do preenchimento do check-list, pode-se encontrar uma nota para

cada item do mesmo (instalações provisórias, segurança no trabalho, sistema de

movimentação e armazenamento de materiais e gerenciamento de resíduos), e com

uma média das notas destes itens, a nota geral do canteiro.

Check-list de recomendações para planejamento e verificação de canteiros de obra

O Check-list de recomendações para planejamento e verificação de canteiros

de obra, é uma ferramenta que foi desenvolvida a partir de Souza (1997b). Neste

trabalho são apresentadas, para cada elemento do canteiro, informações a respeito

de como localizá-los no espaço disponível, qual a área necessária e outras

características que devem apresentar. Estas informações baseiam-se nas

exigências constantes da NR-18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção e NBR 12284 - Áreas de vivência em canteiros de obras,

além da experiência acumulada por cinco empresas de construção (SOUZA, 1997b).

O check-list possui a mesma lógica do Índice de boas práticas em canteiro de

obra, ou seja, é baseado em respostas a perguntas sobre o canteiro, onde em cada

item da lista existem as opções sim (S), não (N) e não se aplica (NA), devendo ser

assinalada somente uma delas.

46

Diferente do Índice de boas práticas, neste existe uma pontuação para cada

elemento analisado o que facilita a identificação dos elementos com maiores

problemas e possibilitando melhorias pontuais. Na figura 7 encontra-se uma parte do

check-list.

Figura 7 - Check-list de recomendações para planejamento e verificação de canteiros de obra

Previsão da mão-de-obra

Segundo Saurin (1997) uma das funções do planejamento do layout do

canteiro é o projeto das instalações provisórias e para o desenvolvimento do mesmo

é necessária a utilização das especificações das normas de higiene e segurança

(NR-18 e NBR 12284). A base das especificações destas normas é o número de

funcionários da obra, e no início do projeto do produto fica difícil saber a quantidade

de funcionário para o planejamento do layout. Para encontrar esse dado é

necessário unir o cronograma físico ao orçamento da obra. No orçamento

encontramos os índices de produção, os funcionários e o quantitativo dos serviços

enquanto no cronograma físico o percentual dos serviços em cada fase da obra.

Com os dados sobre os serviços é possível prever a demanda de funcionários

em cada fase da obra. Normalmente o pico de funcionários alocados na obra é na

47

fase onde há execução de serviços com maior demanda de mão-de-obra, como

estrutura e alvenaria, em paralelo com serviços como revestimentos em argamassa

e cerâmico. Abaixo temos nas figuras 8 e 9 exemplos de cronograma físicos e de

composição de serviço respectivamente.

Figura 8 – Cronograma Físico

Figura 9 – Composição dos serviços

Para encontrar a demanda de funcionários foram utilizados, nesta pesquisa,

um programa de planilha eletrônica, mas este dado pode ser encontrado em

programas de gerenciamento de projetos os quais podem, com maior facilidade,

realizar simulações e atualizações de informações.

Análise de movimentações de materiais

Conforme visto no capítulo anterior, quando se fala em movimentação de

materiais em canteiro de obra, muitas opções são possíveis para sua composição o

que vai depender, dentre vários fatores, do tipo de tecnologia empregada, da

48

demanda da obra, das condições financeiras da empresa e principalmente da

logística da obra e do tipo de canteiro (SOUZA, 2000).

No caso canteiro estudado, a escolha foi pela utilização do elevador de carga,

pois, a empresa, devido à menor valor de aquisição, optou por adquirir o mesmo (ver

figura 10).

(a) (b) (c)

Figura 10 a), b) e c) – Elevador de carga

Para avaliar o fluxo de transporte de materiais pelo elevador, foi realizada

uma adaptação do cronograma semanal de uso do sistema de transportes,

encontrado em Souza (2000, p.39).

Na figura 11 encontra-se o modelo da ficha de controle do elevador de carga.

49

Figura 11 – Ficha de controle do sistema de transporte vertical

Mapa Estratégico ou Carta de Interligações Preferenciais

O Mapa Estratégico ou Carta de Interligações Preferenciais, mostrada na

figura 12, é uma ferramenta para auxiliar na elaboração do planejamento do canteiro

e é a melhor maneira de integrar os serviços de apoio aos departamentos de

produção. Esse mapa é uma matriz triangular onde é representado o grau de

proximidade e o tipo de inter-relação entre certa atividade e cada uma das outras.

O objetivo básico da carta é mostrar quais as áreas devem ser localizadas

mais próximas e quais ficaram afastadas. Na figura vemos que cada losango é

dividido em duas partes. A parte superior é reservada para classificar a interligação

segundo a escala de valores A, E, I, O, U e X. Na parte inferior do losango coloca-se

a razão da classificação (HERRERA, 2000).

De acordo com Barbosa (1998) os procedimentos para a construção do mapa

estão descritos abaixo:

1. Identificar todas as atividades:

50

Fazer uma lista de departamentos, áreas, operações ou características e

fazer com que os chefes e supervisores de cada departamento verifiquem a

abrangência e terminologia da lista;

Agrupar as atividades semelhantes num diagrama de organização;

Não utilizar mais de quarenta e cinco atividades numa carta. Reunir essas

atividades em grupos, segundo algum critério.

2. Listar as atividades numa carta de interligações preferenciais:

Estabelecer as operações produtivas primeiro, depois os serviços de apoio;

Incluir características de prédios e terrenos.

3. Determinar as interligações entre cada par de atividades e as razões para isso.

Isso pode ser feito:

Pelo conhecimento do projetista das práticas de operação;

Levando em conta todas as considerações, ou razões, da mesma forma que

no caso do fluxo de materiais;

Discutindo com os chefes e supervisores de departamento;

Através de explicações em grupo e utilização de folhas de interligações;

Através de discussões em grupo, reunindo os chefes principais.

4. Colocar todos os dados na carta, pois ela será a base principal para o

planejamento das instalações:

A carta funcionará como uma lista de verificação, assegurando que todas as

atividades foram listadas, bem como suas inter-relações com as demais;

Conseguir aprovação.

51

A partir das relações de fluxo de materiais, combinadas com a carta de

interligações preferenciais, inicia-se a construção do diagrama de inter-relações.

Cada área departamental do canteiro de obras é representada por um retângulo e a

intensidade do fluxo pelas linhas que ligam cada par de departamentos. Desenha-

se, primeiramente, as interligações classe “A”, como por exemplo, as ligações entre

as betoneiras e os depósitos de brita e areia. Depois das inter-relações classe “A”

estarem diagramadas e rearranjadas, as relações da classe “E” são acrescentadas.

O mesmo deve ser feito para as inter-relações classe “I”, “O” e “U”. O diagrama

acabado representa a interligação teórica ideal das atividades, independente da área

necessária para cada um dos departamentos (BARBOSA, 1998).

52

Figura 12 - Mapa Estratégico ou Carta de Interligações Preferenciais

(BARBOSA, 1998)

53

Diagrama do fluxo de processo

O diagrama do fluxo é uma ferramenta utilizada para registrar o método de

fazer um trabalho (Slack et al., 1997 apud Bulhões, 2001). No trabalho, utilizaram-se

quatro símbolos básicos (figura 13) para descrever a seqüência de tarefas:

processamentos, inspeções, transportes e estoques.

Figura 13 - Símbolos usados no diagrama de processo

As técnicas de análises de processos, segundo Ishiwata (1991) citado em

Bulhões (2001), são utilizadas na busca pelas melhorias nos sistemas de produção

para atingir objetivos distintos. Ou seja, buscando a melhoria do produto, a análise

do processo será realizada em relação ao produto. Se o foco da melhoria é sobre o

operário, a análise do processo recairá sobre a operação.

As melhorias podem ser obtidas através do estudo dos fluxos (processos,

operações ou produtos), da identificação de perdas, redução de atividades que não

agregam valores e, também, de análises que consideram se os processos podem

ser reorganizados de uma forma mais eficiente, se o processo está fluindo de forma

continua e eficiente, ou seja, se existem problemas no layout dos equipamentos e

nos sistemas de transporte, e se os passos executados no processo são, realmente,

necessários e o que aconteceria se tarefas supérfluas fossem removidas.

54

Lee et al. (1999) citado em Bulhões (2001) argumentam que o diagrama do

fluxo do processo é uma forma eficiente de representar o modelo de processo, pois

distingue entre as atividades que adicionam ou não valor aos produtos e, também,

pode ser usada para identificar perdas no processo.

Mapofluxograma

O mapofluxograma, figura 14, é a representação do sequenciamento das

atividades apresentadas no diagrama de processo em uma forma espacial (plantas

ou croquis), e permite uma maior transparência da visualização de movimentação de

materiais. Segundo Gehbauer (2002) citado em Sales (2004), essa ferramenta é um

esboço que mostra os deslocamentos e as relações entre as situações de um

processo de produção, podendo, desta forma, auxiliar na visualização de restrições

e cruzamentos de fluxos.

Sua utilização mostra-se eficiente no planejamento de distribuição física dos

elementos do canteiro e pode ser usado, durante o desenvolvimento de atividades,

para avaliar mudanças em relação ao que foi planejado, podendo ser analisado e

revisto. A representação de pessoas e equipamentos também pode ser apresentada

nesse tipo de ferramenta, permitindo uma melhor visualização do processo. Uma

característica importante dos mapofluxogramas é que eles são representados em

planos horizontais, havendo assim a necessidade de vários dele para o caso de

atividades que ocorrem em vários pavimentos de uma obra vertical (SALES, 2004).

Normalmente, os mapofluxogramas são usados conjuntamente com os

diagramas para um maior entendimento do processo.

55

Figura 14 - Exemplo de mapofluxograma de processo para o serviço de desforma de

Viga (SALES, 2004)

4.2.3.2 Análise dos dados

Com base nos dados colhidos com as ferramentas acima citadas, foi

realizado um relatório com os itens do canteiro que podem ser melhorados e

projetos de melhorias do layout com base nas recomendações da literatura e das

normas existentes.

4.2.3.3 Conclusão

Ao final do trabalho além da comparação dos resultados finais da pesquisa

com seus objetivos iniciais, foi realizada uma pesquisa com agentes diretos da obra

para mensurar a significância deste trabalho para a EP e se as melhorias indicadas

puderam ou foram realizadas na obra, alem da sugestão para trabalhos futuros.

56

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo encontram-se os resultados da pesquisa e a análise dos

mesmos.

5.1 ÍNDICE DE BOAS PRÁTICAS EM CANTEIRO DE OBRA (CHECK-LIST)

Abaixo se encontra uma tabela com o resumo das notas do check-list.

Tabela 1 – Resultado da aplicação do índice de boas práticas em canteiro de obra

A existência de duas notas para o canteiro é explicada pela inclusão do item

“d”, gestão dos resíduos sólidos no canteiro no cálculo da nota final, item este que

não era utilizado em outros trabalhos, mas devido à maior preocupação atual com o

gerenciamento de resíduos este item foi incluído no cálculo da nota final e a nota

sem a utilização do referido item foi mantida para poder ser feita comparação com

resultados da literatura.

Saurin (1997) após aplicar este mesmo check-list em 25 canteiros chegou a

uma nota média de 5,3 o que demonstra que o canteiro aqui pesquisado situa-se

bastante próximo dessa média, já que alcançou nota, sem o item “d”, igual a 5,36.

5.1.1 Instalações provisórias

57

A figura 15 apresenta as notas referentes aos requisitos referentes a

instalações provisórias de canteiros de obras.

Figura 15 - Notas do item instalações provisórias

A nota mais baixa foi para o item acessos. Entre os itens analisados podem

ser destacados a falta de identificação dos portões a falta de pavimentação e

cobertura desde o portão até a área edificada e a utilização da via de maior tráfego

para a localização do portão entrada de materiais.

Já o item de maior nota foi o referente à área de lazer talvez pelo fato de não

haver maiores especificações de segurança para o mesmo. De fato, nesta obra não

há local específico para servir como área de lazer, sendo usada outra área do

canteiro para este fim, o que é comum em canteiros de obra já que não há nada

rigidamente especificado das normas de segurança vigentes, sendo recomendado

usar o refeitório com este intuito. Já na obra em questão os funcionários usam a

área de carpintaria como área de lazer, o que não é penalizado pelo check-list, mas

58

pode ser considerada uma condição maior de risco já que diz respeito a uma área

de produção (figura 16).

Figura 16 – Mesa para realização de jogos

Dentro do item tipologia das instalações provisórias podemos destacar

problemas com a falta de modulação dos barracos, a montagem destes ser

realizada por pregos e não por parafusos, a inexistência da planta do canteiro e da

divulgação do planejamento das atividades a serem realizadas pelas equipes de

trabalho como mostra a figura 17.

Figura 17 – Mural de informações do canteiro

59

Já no item tapumes foi verificada a falta de alguma espécie de pintura

decorativa e/ou logomarca da empresa, o que é importante não só para a

divulgação, mas também relacionar a obra à mesma e que os tapumes não são

constituídos de material resistente e não estão em bom estado de conservação

como mostrado na figura 18.

Figura 18 – Tapume da obra

Da análise do escritório (sala do mestre/engenheiro) destacam-se a falta de

chaveiro com as chaves das dependências do canteiro e de um local adequado para

a realização de reuniões. Por outro lado a documentação técnica da obra está à

vista e é de fácil localização, figura 19.

Figura 19 – Escritório de engenharia

60

Já no item almoxarifado a falta de proximidade do ponto de descarga de

caminhões foi a única pontuação negativa, podendo destacar a existência de

etiquetas com nomes de materiais e equipamentos (figura 20) e de planilhas para

controle de estoque de materiais.

Figura 20 – Identificação dos materiais

No refeitório foi identificada a falta de depósito com tampa para detritos e um

número insuficiente de lugares, já que a obra possuía, até então, 45 operários e o

refeitório só dava suporte para apenas 37 funcionários.

Figura 21 – Refeitório

O vestiário da obra só foi penalizado pelo check-list por não ter área de 1,5

m²/pessoa segundo recomendação da NR-24, assim sendo deveria passar de 27 m²

61

para 67,5 m². Em contrapartida possuía armários com chave para todos os

funcionários (figura 22).

Figura 22 – Armários dos operários (vestiário)

Já as instalações sanitárias foram penalizadas por não possuir mictório, não

existir banheiros nos andares da obra para reduzir o deslocamento da mão-de-obra,

não ter suporte para cabide e sabonete nos banheiros e não ter um sanitário

exclusivo para a equipe técnica e visitantes. Em contra partida existem vasos

sanitários e chuveiros em número adequado, o piso é de material antiderrapante e

no momento da visita estava em boa condição de higiene (figura 23).

Figura 23 – Instalações sanitárias

Abaixo na figura 24 encontra-se uma comparação entre os resultados aqui

encontrados e os resultados da literatura.

62

Figura 24 – Comparação dos resultados para instalações provisórias

Os resultados aqui comparados são da pesquisa de Saurin (1997) com a

média da avaliação de 25 canteiros, de Saurin (2000), onde foram avaliados de 40

empresas do setor da construção civil e de Souza (2005) com a aplicação do índice

de boas práticas em 41 canteiros. Já nesta pesquisa os resultados foram

encontrados na aplicação em apenas um canteiro, o que não descarta a importância

da comparação com os resultados das pesquisas acima citadas.

Podemos observar que na pesquisa de Saurin (1997) não houve verificação

para o item área de lazer e que nas outras pesquisas há um avanço na avaliação

deste item, o que demonstra maior importância dada ao lazer dos funcionários na

obra com o passar do tempo. A nota encontrada em nossa pesquisa não indica

maior qualidade deste item em relação aos das outras pesquisas e sim que neste

estudo foi verificado apenas um canteiro e nos outros os resultados são médias de

vários canteiros.

63

Em outros itens como instalações provisórias, instalações sanitárias e

refeitório, pode-se verificar que apesar da diferença da época da aplicação dos

estudos ainda assim os resultados são parecidos o que vem mostrar o pouco

avanço na importância dada às instalações provisórias.

5.1.2 Segurança da obra

A figura 25 apresenta as notas referentes aos requisitos de segurança da

obra.

Figura 25 – Notas para o item segurança da obra

Pode-se verificar na figura 25 que alguns itens possuem nota zero o que

mostra a falta importância dada a alguns itens de segurança na obra.

A falta de proteção efetiva contra queda no perímetro dos pavimentos em

alguns pontos, a inexistência de plataformas secundárias de proteção a cada três

64

pavimentos e a falta de cobertura de todo o perímetro pela plataforma principal

apresenta-se como um grande risco de acidentes graves no canteiro.

Figura 26 – Falta das plataformas secundárias de proteção

Foi verificada a falta de identificação dos locais de apoio e insuficiência da

sinalização de segurança como os alertas quanto à obrigatoriedade do uso de EPI

específicos para a atividade executada, próximos ao posto de trabalho e as placas

no elevador de materiais e nos andaimes suspensos, indicando a carga máxima

permitida para a execução do trabalho (figura 27).

Figura 27 – Falta de advertência da carga máxima de trabalho do elevador da obra

Foi observada a boa condição das instalações elétricas do canteiro onde os

circuitos e equipamentos não têm partes vivas expostas, tais como fios

desencapados, junto a cada disjuntor há identificação do equipamento

65

correspondente e todas as máquinas e equipamentos elétricos estão ligados por

conjunto plugue e tomada (figura 28).

Figura 28 – Quadro geral do canteiro

Figura 29 – Comparação dos resultados para instalações provisórias

Pode ser verificado na figura 29 que nos itens guincho (elevador) e grua,

alguns resultados possuem notas zero, pois não se aplica a verificação, ou seja, em

Saurin (2000) e em Souza (2005) existia a utilização de grua enquanto neste

trabalho e no de Saurin (1997) era utilizado o guincho.

66

De uma forma geral pode-se observar que os melhores resultados foram

encontrados em Saurin (2000) e em contrapartida os resultados aqui encontrados

são os mais insatisfatórios o que mostra que mesmo depois de quase um década

ainda falta muito investimento na segurança das obras.

5.1.3 Sistema de movimentação e armazenamento de materiais

A figura 30 apresenta as notas referentes aos requisitos do sistema de

movimentação e armazenamento de materiais.

Figura 30 – Notas para o item sistema de movimentação e armazenamento de materiais

No item vias de circulação pode-se destacar a falta de contrapiso e de

caminhos previamente definidos para os principais fluxos de materiais, próximo ao

guincho, e nas áreas de produção de argamassa e armazenamento, o que poderia

67

reduzir significativamente o risco de acidentes nestas áreas e também a perda de

materiais devido à maior regularidade do piso.

Já no item armazenamento de materiais o principal problema é que alguns

materiais como areia e blocos não são armazenados no local definitivo como

podemos ver na figura 31, criando mais uma etapa para os processos dependentes

destes materiais, aumentando as atividades que não agregam valor ao produto, as

perdas de materiais e, por consequência o custo da obra.

(a) (b)

Figura 31 – a) Armazenamento provisório; b) Armazenamento definitivo

Outro problema está na forma de armazenar os materiais, como pode ser

mostrado na figura 32, onde não é respeitada a distância mínima de 30 cm para as

pilhas adjacentes as paredes do depósito, existindo dificuldade em seguir as

recomendações dos manuais de qualidade da empresa talvez por falta de um

envolvimento sistemático dos setores de qualidade e da própria gerência da obra.

68

Figura 32 – Estoque de cimento

Já no item produção de argamassa/concreto não encontramos muitos

problemas, podendo destacar boas práticas como a betoneira estar próxima do

elevador de carga, haver indicação visível dos traços para a produção de argamassa

e concreto e a dosagem da areia ser feita com equipamento dosador (carrinho

dosador, ver figura 31 (b)).

Na figura 33 encontra-se a comparação dos resultados, e o que se pode

concluir é que de uma forma geral quando de fala em sistema de movimentação

ainda existe muito que melhorar e há uma equivalência nas condições encontradas

nestes estudos o que pode ser verificado pelas notas mostradas nesta figura, ou

seja, as notas da obra pesquisada não destoaram muito das médias dos estudos

anteriores.

69

Figura 33 – Comparação dos resultados para sistema de movimentação e armazenamento de materiais

5.1.4 Gestão dos resíduos sólidos no canteiro

O maior problema encontrado nesta verificação foi no que diz respeito à

gestão dos resíduos sólidos no canteiro, pois não existe nenhuma política para a

gestão deste ou de qualquer outro resíduo gerado pela obra. Esta realidade é

mostrada pela nota recebida nesta verificação apresentada na tabela 1 onde a nota

recebida no item gestão dos resíduos sólidos foi responsável por uma redução de

25% na nota total do canteiro. Dentre os problemas na gestão de resíduos podemos

destacar o uso de local inadequado para a deposição, causando problemas de

segurança, higiene e movimentação de materiais como é mostrado nas figuras 34 e

35.

70

Figura 34 – Depósito temporário de entulho (interior da obra)

Figura 35 – Depósito permanente de entulho

Na figura 36 temos a comparação com os resultados encontrados em outras

pesquisas.

71

Figura 36 – Comparação dos resultados para gestão dos resíduos sólidos no canteiro

Aqui podemos verificar que a gestão de resíduos só foi verificada nos estudos

mais recentes o que mostra uma maior importância dada a esta prática

recentemente, fato que pode ser justificado pela criação de legislações como a

Resolução 307 de 2002 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente que

classifica e regulamenta a gestão de resíduos da construção civil.

72

5.2 CHECK-LIST DE RECOMENDAÇÕES PARA PLANEJAMENTO E

VERIFICAÇÃO DE CANTEIROS DE OBRA

Como já mostrado no capítulo anterior o check-list de recomendações para

planejamento e verificação de canteiros de obra é uma ferramenta de análise de

canteiros e abaixo na tabela 2 encontra-se um resumo dos resultados desta análise.

Tabela 2 - Resultado da aplicação do check-list de recomendações para planejamento e verificação de canteiros de obra

Abaixo, na figura 37, encontram-se as notas individuais dos elementos

estudados em cada grupo do check-list.

Figura 37 – Notas dos elementos do grupo áreas laborais

73

Podemos observar que os itens central de pré montagem de instalações e

central de formas obtiveram notas máximas, isso devido às poucas recomendações

para este tipo de elemento o que pode ser visto no apêndice c, já o item central de

argamassa obteve menor nota por não existir uma betoneira menor na obra para o

caso de uma emergência e por não haver tablado de madeira para o estoque diário

de cimento.

Na figura 38, observa-se que o item ligações de água, energia e esgoto

obteve nota zero, pois não existe nenhum aproveitamento de instalações existentes

ou utilização de instalações do próprio projeto da obra para a ligação das instalações

do canteiro baixando assim a média do grupo. Em contrapartida o item portão de

pessoal apresentou nota máxima isso devido a pouca recomendação para este

elemento. É importante ressaltar que o item tapume, como já mencionado no check-

list de boas práticas, aqui, também obteve avaliação baixa.

Figura 38 – Notas dos elementos do grupo áreas de apoio e instalações provisórias

Assim como no grupo áreas de apoio e instalações provisórias, pode-se

observar na figura 39 que no grupo áreas de vivência um dos elementos, área de

74

lazer, possui pontuação zero isso devido não haver especificação de segurança para

este elemento e só a recomendação do uso do refeitório para este fim, o que não é

realizado no canteiro estudado como mostra a figura 16. O item sala de

treinamentos e alfabetização aqui obteve nota máxima devido a possuir somente

uma recomendação que é a utilização de outra área para este fim.

Outra informação importante é a baixa pontuação do vestiário que é devido a

não utilização de especificações da NBR 12284.

Figura 39 – Notas dos elementos do grupo áreas de vivência

Na figura 40 estão as notas referentes aos itens do grupo estoques. Podemos

verificar que o item estoque de esquadrias não teve nenhuma pontuação positiva

principalmente por ser usado um local aberto como estoque, deixando-o exposto

(figura 41). Em contra partida outros estoques como os de tubos (figura 42) e

conecções (figura 20) alcançaram notas máximas.

75

Figura 40 – Notas dos elementos do grupo estoques

Figura 41 – Estoque de esquadrias

Figura 42 – Estoque de tubulação

No apêndice a encontra-se um relatório com todas as alterações propostas a

partir dos problemas encontrados nos check-lists do índice de boas práticas em

76

canteiro de obra e no de recomendações para planejamento e verificação de

canteiros de obra.

Na tabela 3 encontramos os resultados dos dois check-lists aplicados.

Tabela 3 – Comparação dos resultados dos check-lists

É importante salientar que por mais que sejam ferramentas de avaliação de

canteiros os dois check-lists, o índice de boas práticas e o de recomendações para

planejamento, são ferramentas que na sua totalidade não tratam dos mesmos itens,

sendo assim é comum divergirem no seu resultado final, o que fica provado nas

notas do canteiro apresentadas acima.

Um dado importante é a proximidade das notas do item instalações

provisórias do índice de boas práticas e do item áreas de apoio e instalações

provisórias do check-list de recomendações, o que está destacado na tabela 3. Esse

resultado era esperado, pois os dois itens tratam das instalações provisórias, o que

vem comprovar a coerência das ferramentas.

77

5.3 PREVISÃO DA MÃO-DE-OBRA

A partir da análise do cronograma físico, dos índices de produtividade das

composições unitárias e do quantitativo geral dos serviços chegou-se ao total de

funcionários por mês até o fim da obra que tem previsão para abril de 2010.

No item instalações gerais não existia composições, pois para este item como

é comum, foi designado uma verba devido à dificuldade de quantificar e compor este

serviço. Sendo assim de acordo com estimativa da gerencia técnica da obra foram

acrescidos cinco operários para a realização deste serviço.

A figura 43 mostra previsão de funcionários para a obra com um pico de 70

funcionários para o mês de dezembro de 2009, valor este que será usado no

dimensionamento do canteiro.

Figura 43 – Demanda de funcionário

5.4 ANÁLISE DE MOVIMENTAÇÕES DE MATERIAIS

As figuras 44 e 45 mostram os resultados da aplicação da ficha de controle do

elevador de carga.

78

Figura 44 - Frequência média de utilização do elevador de obra durante o dia

Figura 45 - Percentual de movimentação de materiais no elevador de cargas

Na figura 44 podemos verificar que o pico de utilização do elevador de carga

encontra-se no início da manhã, período este em que a argamassa é distribuída

para os pavimentos. Já a figura 45 mostra os materiais e os percentuais de

movimentação dos mesmos. Podemos verificar que os materiais mais movimentados

no canteiro são: argamassa, esquadrias e entulho. Este resultado é importante, pois

ele justifica a escolha da argamassa e entulho para análise de seus processos

buscando melhorias nos mesmos e redução de atividades que não agregam valor

como a própria movimentação de materiais. A movimentação das esquadrias não foi

escolhida, pois este serviço só foi executado no mês que foi feita a análise, assim

não poderia ser aplicadas melhorias em seu processo.

79

5.5 ANÁLISE DO FLUXO DE PROCESSOS

5.5.1 Diagrama de processos

Como foi dito anteriormente devido ao maior fluxo de movimentação no

canteiro será analisado apenas o fluxo da argamassa e do entulho. Abaixo nas

figuras 46 e 47 encontram-se os diagramas de processo para argamassa e entulho

para o layout atual, respectivamente.

Na figura 46 podemos verificar dois pontos onde os processos podem ser

melhorados. O primeiro seria removendo o estoque temporário do arenoso o que

reduziria duas etapas do processo. Já o segundo poderia ser melhorado com a

utilização de grua ao invés de elevador de carga, assim poderia tornar o transporte

da argamassa com menos decomposição dos trajetos, já que a grua realiza o

transporte vertical e horizontal de forma simultânea.

Dos dois casos citados acima, apenas o primeiro pode ser implementado na

obra estudada, pois na situação em que a obra se encontra não há possibilidade da

utilização de grua, devido à inviabilidade da instalação da mesma no canteiro e da

escolha do elevador como meio de transporte o que também consta no orçamento

da obra.

Deste modo, efetuou-se a sugestão de remoção do estoque intermediário, a

partir da alteração do layout proposto (apêndice e), o que reduziria em duas etapas

o diagrama de processo para argamassa como mostrado na figura 48.

80

Figura 46 – Diagrama de processo da argamassa para fachada no layout atual

Figura 47 – Diagrama de processo do entulho no layout atual

81

Figura 48 – Diagrama de processo da argamassa para fachada no lay proposto

Figura 49 – Diagrama de processo do entulho no layout proposto

82

Durante a análise do processo foi verificada a dificuldade no abastecimento

dos jaús pela argamassa, o qual é feito por pequenas aberturas existentes nas

esquadrias como mostra a figura 50, o que dificulta o a execução do serviço.

Figura 50 – Abertura usada para abastecimento dos jaús

O que poderia ser feito para melhorar o abastecimento dos jaús é a utilização

de dutos abastecidos por funis localizados no último pavimento da obra (figura 51)

melhorando a logística do serviço e reduzindo o cruzamento de linhas de fluxo de

materiais na obra.

Figura 51 – Duto e funil para abastecimento dos jaús (MANUAL, 2006)

Essa alternativa de abastecimento dos jaús já tinha sido tentada

anteriormente na obra como mostra a figura 52, mais fracassou devido à

incompatibilidade da consistência da argamassa com o tubo corrugado utilizado.

Assim, antes da adoção desta alternativa é importante a verificação da

83

compatibilidade da consistência da argamassa utilizada com o duto, para possibilitar

a utilização do mesmo.

(a) (b) (c)

Figura 52 – (a) e (c) Duto para abastecimento dos jaús utilizados na obra; (b) funil para abastecimento dos jaús utilizados na obra

Já no caso do entulho, podemos ver na figura 47 que existem etapas do

processo que poderiam ser eliminadas com a remoção do estoque temporário e

adoção de tubo coletor do entulho como mostrado na figura 53, o qual reduziria o

transporte em apenas uma etapa, reduzindo no total quatro etapas do processo.

Figura 53 – Tudo coletor de entulho (Saurin, 2006)

Devido à condição da obra, não seria o mais viável a adoção do tubo coletor,

pois a localização do deposito de entulho fica afastada da periferia do edifício.

Sendo assim, seria proposta a remoção do depósito temporário e a utilização de

tonéis sobre páletes como depósito em cada pavimento para melhorar a

84

acomodação do entulho no mesmo e facilitar o transporte que passaria a ser

realizado por carros porta-páletes. Deste modo seriam reduzidas ao invés de quatro

apenas duas etapas e o diagrama de processo ficaria como mostrado na figura 49.

5.5.2 Mapofluxo dos processos

A partir da análise dos processos foi possível a elaboração dos mapofluxos

que são apresentados a seguir, e assim verificar a redução nas distâncias

percorridas nos processos analisados como mostra a tabela 3.

Tabela 4 – Comparação entre as distâncias percorridas no layout atual e no layout proposto

O aumento da distância percorrida no caso da argamassa foi causado por

uma recomendação da gerência técnica da obra que solicitou que na elaboração do

layout a ser proposto a área de produção de argamassa fosse removida do interior

da obra para a execução do piso do subsolo onde esse material estava localizado

anteriormente.

Mesmo com o aumento da distância percorrida pela argamassa, no final, foi

possível reduzir em 20,76% o deslocamento nestes serviços, distância esta que

poderia ser reduzida ainda mais se a mesma análise fosse realizada em outros

serviços.

85

Fig

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54

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89

5.6 MAPA ESTRATÉGICO OU CARTA DE INTERLIGAÇÕES PREFERENCIAIS DA

OBRA

O mapa estratégico ou carta de interligações preferenciais, como já explicado

no capítulo anterior, é uma ferramenta importante no planejamento do layout do

canteiro.

O preenchimento do mapa foi elaborado de acordo com especificações de

segurança, buscando reduzir o percurso de materiais e operários e também pela

conveniência pessoal, neste caso, do responsável pela obra que foi consultado para

aprovar a importância dada às interligações entre os elementos da obra, pois

também se trata de preferências as quais devem ser atribuídas a empresa parceira.

Esta carta foi preenchida com 19 elementos da obra os quais foram

escolhidos pela maior importância na logística e em consulta a gerência da mesma,

totalizando 171 interligações.

Das 171 interligações, 16 tiveram grau de importância absolutamente

necessárias, 13 muito importantes, 11 importantes, 10 pouco importantes, 58

desprezível e 63 indesejáveis.

Na figura 58 encontra-se o mapa estratégico da obra.

90

Figura 58 - Mapa estratégico ou carta de interligações preferenciais da obra.

91

Apartir do relatório com as alterações propostas apartir dos problemas

encontrados nos check-lists, dos resultados da análise da demanda de mão-de-obra,

da análise do fluxo dos processos, do mapa estratégico ou carta de interligações

preferenciais da obra, e seguindo as especificações da NR-18 e da NBR 12284 foi

elaborada uma proposta de layout para o canteiro que se encontra no apêndice “e”.

Pode-se verificar nas plantas no apêndice “d” e “e” que no layout proposto o

número de cruzamentos de linha de fluxo de pedestre com linhas de fluxo de

materiais foi reduzido em relação ao mesmo número no layout atual, isso foi possível

principalmente pelo afastamento da entrada de pedestre das entradas de materiais,

pela criação de uma entrada de materiais secundária que seria usada para fluxo de

materiais mais pesados e pela diminuição significativa da distância do almoxarifado

aos pontos de recebimento de materiais.

Outra informação importante é que o layout proposto foi dimensionado para

um número de 70 funcionários como explicado em 5.3, sendo assim necessário um

novo dimensionamento das áreas de vivência e o acréscimo de um ambulatório

como especifica a NR-18 para canteiros com mais de 50 funcionários.

92

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6.1 CONCLUSÕES

Como foi definido inicialmente, o objetivo principal deste estudo foi avaliar a

atual situação de um canteiro de obra vertical em Feira de Santana, com a

possibilidade de propor melhorias na utilização do espaço físico disponível.

Foi possível avaliar o canteiro por duas ferramentas de avaliação, o índice de

boas práticas e o check-list de recomendações para planejamento de canteiro, este

ultimo que foi desenvolvido durante a pesquisa. As duas ferramentas de avaliação

são distintas em alguns itens, mas seus resultados apontaram a mesma situação

insatisfatória para o layout do canteiro, sendo ideal a aplicação conjunta das duas

ferramentas.

Da comparação dos resultados encontrados nesta pesquisa com resultados

de pesquisas anteriores, foi possível constatar que o canteiro analisado possui nota

semelhante à nota de trabalhos de doze anos atrás, mesmo depois da criação das

certificações de qualidade como a ISO e o PBQP-H e a resolução 307 do CONAMA,

o que comprova a necessidade de melhorias em todas as partes integrantes do

objeto avaliado.

A aplicação do check-list de recomendações para planejamento de canteiro

de obra mostrou-se uma boa ferramenta para a avaliação do layout de canteiros

principalmente por avaliar as áreas de estoques o que não é avaliado em nenhuma

outra ferramenta de avaliação de canteiros. Entretanto, esse check-list mostra

deficiência por possuir poucas recomendações em itens como área de lazer e

algumas áreas de estoques o que pode mascarar a real situação do elemento

estudado.

93

Outra fase da avaliação do canteiro foi a analise da logística, onde foi

realizado estudo da utilização do elevador de carga e posterior análise dos

processos da movimentação da argamassa para fachada e da remoção do entulho.

Foi possível propor melhorias para os processos analisados, melhorias estas que

podem reduzir em pouco mais de 20% a movimentação de materiais e por

consequência a redução de perdas e riscos de acidentes.

A aplicação das ferramentas de avaliação em conjunto com a análise da

logística do canteiro mostrou-se uma ótima alternativa para elaboração da proposta

de layout. Assim foi possível a elaboração de uma proposta que pode melhorar a

logística do canteiro e proporcionar melhores condições de trabalho mais segurança

na execução dos serviços.

Ao final foi comprovada a grande utilidade e praticidade da utilização das

ferramentas aplicadas neste estudo no planejamento e verificação de canteiros de

obra, principalmente por utilizar das especificações normativas de segurança,

recomendações de estudos sobre canteiro e experiência de outras empresas.

É importante relatar que a empresa demonstrou satisfação no estudo

realizado. Na entrevista com o gerente técnico da obra estudada (apêndice b)

obteve-se a afirmação que: o estudo veio para registrar em que situação está o

layout da obra e a importância que a empresa de um modo geral gerencia seus

canteiros. Ele servirá para a aplicação e melhoria dos layouts das obras da empresa.

Podemos concluir que os objetivos iniciais do trabalho foram alcançados, que

além da avaliação da atual situação do canteiro foi possível elaborar propostas de

melhorias para o mesmo.

94

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A partir dos resultados que foram obtidos neste trabalho e de todos os

conhecimentos que foram adquiridos ao longo de sua realização, pode-se fazer

algumas sugestões para o desenvolvimento de estudos futuros:

a) estudar novas modificações a serem implementadas no check list do índice de

boas práticas e no de recomendações para planejamento e verificação de canteiros

de obra, para uma melhor adequação aos diversos tipos de canteiro e para

determinar o melhor modo de realizar a caracterização geral do canteiro;

b) continuar a análise de canteiros de obra em Feira de Santana e estimular as

empresas a cadastrarem suas obras e os respectivos resultados da aplicação do

check list nas mesmas, para que seja possível realizar novas análises, estas com

um maior número de canteiros na amostra;

c) discutir a relação entre a qualidade do layout e da logística de canteiros de obras

com a presença de programas de certificação da qualidade nas empresas, como

ISO 9001 e o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-

H);

d) aplicação e aperfeiçoamento do indicador proposto;

95

REFERÊNCIAS

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BARBOSA, E.; OSÓRIO, M.; TAVARES, R. A. L. Planejamento do Layout de canteiros de obras : Aplicação do SLP (Systematic Layout Planning), Anais do XVIII ENEGEP / IV Congresso Internacional de Engenharia Industrial, 1998. BULHÕES, I. R. Método para medir o custo de perdas em canteiros de obras:

Proposta baseada em dois estudos de caso. 2001. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 175p. COSTA, D. B, et al. Sistema de indicadores para benchmarking na construção civil: manual de utilização. Porto Alegre: UFRGS/PPGEC/NORIE, 2005. FERREIRA, E. A. M.; FRANCO, L. S. Metodologia para elaboração do projeto do canteiro de obras de edifício. Boletim Técnico - Departamento de Engenharia de

Construção Civil da EPUSP - BT/PCC/210. São Paulo, 1998. 21p. FORMOSO. C. T. et al. As perdas na construção civil: conceitos, classificações e seu papel na melhoria do setor. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2000. FRANCO, L. S. Aplicação de diretrizes de racionalização construtiva para a evolução tecnológica dos processos construtivos em alvenaria estrutural não armada. 1992. 319p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 1992. HERRERA, W. D. M.; COSTA, H. G. O método electre III aplicado ao desenvolvimento de arranjos físicos. Laboratório de Engenharia de Produção/CCT/UENF – Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos/RJ. MANUAL de revestimento de fachada. Salvador. 2006 MENEZES, G. S.; SERRA, S. M. B., Análise das áreas de vivência em canteiros de obra. Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. 2003. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora 18 (NR-18) Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, 1995.

MUTHER, R. Planejamento do layout: sistema SLP. São Paulo: Edgard Blucher,

1978.

96

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UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, 2005 ROESCH, S. M. A. Projetos de estágios do curso de administração: guia para pesquisa, projetos, estágios e trabalho de conclusão de curso. São Paulo – SP – Atlas, 1996. ROUSSELET, E.; FALCÃO, C. A segurança na obra; manual técnico de segurança do trabalho em edificações prediais. 2. ed., Rio de Janeiro: Senai,

1988. SANTOS, A. Metodologia de intervenção em obras de edificações enfocando o sistema de movimentação e armazenamento de materiais. 1995. 145p.

Dissertação (Mestrado) - UFRGS, 1995. SALES, A. L. F. et al. A gestão dos fluxos físicos nos canteiros de obras focando a melhoria nos processos construtivos. Fortaleza, CE: Universidade

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Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CPGEC/UFRGS), Porto Alegre. 1997. SAURIN, T. A; FORMOSO C. T. Análise das práticas de planejamento de layout e logística em um conjunto de canteiros de obra no Rio Grande do Sul. Revista Produto & Produção. Porto Alegre, vol. 4, n. 3, p. 14-25, out. 2000. SAURIN, T. A., FORMOSO, C.T. Subsídios para o aperfeiçoamento da NR-18.

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Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

97

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Difusão, O Nome da Rosa, 2000. 96p ISBN 8586872105 (broch.)

SOUZA, J. S. Avaliação da aplicação do Índice de Boas Práticas de Canteiros de Obras em empresas de construção civil. 2005. 80p. Trabalho de Diplomação

(Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

98

APÊNDICES

99

APÊNDICE A - RELATÓRIO DE PROPOSTAS PARA ALTERAÇÕES DO LAYOUT

100

RELATÓRIO DE PROPOSTAS PARA

ALTERAÇÕES DO LAYOUT

Observações:

1) As propostas aqui apresentadas foram realizadas com base nas normas

de segurança, em experiências acumuladas em de outras empresas e em

artigos técnicos sobre o assunto;

2) Antes da implementação das propostas indicadas é importante consultar

as normas e exigências em vigor;

3) Este documento deve ser analisado pelo responsável do setor técnico e

pelo responsável pelo setor de segurança da empresa;

4) Estas propostas foram feitas a partir da análise do dimensionamento do

layout do canteiro com base em: instalações provisórias, segurança no

trabalho, sistema de movimentação e armazenamento de materiais e

gerenciamento de resíduos. Assim sendo, “não” contempla todas as

exigências de segurança para a execução de uma obra;

5) De forma nenhuma nos responsabilizamos pela implementação das

propostas e pelos resultados das mesma.

101

ÁREAS DE APOIO E INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS

A1) TIPOLOGIA DAS INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS

Buscar modulação dos barracos para padronizar as instalações provisórias;

Unir os painéis com parafusos, grampos ou solução equivalente que facilite o

processo de montagem e desmontagem

Divulgar o planejamento das atividades a serem realizadas pelas equipes de

trabalho;

Produzir planta com layout do canteiro indicando locais de descarga,

armazenamento, processamento e circulação.

A2) TAPUMES

Pintar logomarca da empresa buscando não só a divulgação da marca da

empresa, mas também relacionar a obra à mesma;

Buscar manter em bom estado de conservação os tapumes da obra.

A3) ACESSOS

Providenciar campainha ou vigilância no portão de entrada de pessoas;

Criar no portão de entrada fechadura e puxador, além de conter inscrição

identificadora (tipo ″Entrada de pessoas″) e solicitação de identificação;

Criar caminho, calçado e coberto, desde o portão até a área edificada;

Criar outra opção para entrada de materiais sendo localizado na rua com

trânsito menos movimentado;

A4) ESCRITÓRIO (Sala do mestre/Engenheiro)

Criar chaveiro, para as chaves das instalações da obra e dos apartamentos;

Adquirir estojo com materiais para primeiros socorros;

Existe janela ou abertura que permita a visualização da obra;

102

Prever local adequado para a realização de reuniões.

A5) ALMOXARIFADO

Localizá-lo o mais próximo do ponto de descarga de materiais.

A6) LOCAL PARA REFEIÇÕES

Providenciar depósito com tampa para detritos (NR-18);

Aumentar a capacidade de 37 para 45 operários;

Criar local para aquecimento (não confecção) de refeições, segundo

especificação da NR-18, como aquecedor elétrico (banho-maria ou estufa,

NBR 12284);

Prever local para lavagem de utensílios.

A7) VESTIÁRIO

Dimensionar para uma proporção de 1,5 m²/pessoa, segundo especificação

da NR-24;

Criar bancos com largura mínima de 30 cm, segundo especificação da NR-18;

Os armários individuais devem ter:

Altura = 0,80;

Largura = 0,50;

Profundidade = 0,40.

segundo especificação da NBR 12284;

Um banco de 1,0 de comprimento e 0,3 m de largura por 0,40 m de altura

para cada chuveiro;

103

Prever eventual vestiário independente para empreiteiro.

A8) INSTALAÇÕES SANITÁRIAS

Possuir mictórios em número suficiente, sendo um para cada 20

trabalhadores, segundo especificação da NR-18;

Providenciar banheiros volantes nos andares possibilitando menor

deslocamento da mão-de-obra;

Criar suporte para sabonete e cabide para toalha correspondente a cada

chuveiro;

Criar banheiro exclusivo para o pessoal de administração da obra (mestre,

Eng°, técnico, estagiários);

Procurar associar as instalações sanitárias ao vestiário.

A9) ÁREA DE LAZER

Pode-se usar o refeitório, segundo especificação da NR-18;

Recomenda colocação de aparelho de televisão no refeitório ou outro local,

segundo NBR 12284.

A10) CENTRAL DE ARGAMASSA

Prever tablado para estoque dos sacos de aglomerante necessários para o

dia de trabalho;

A11) ALMOXARIFADO DE FERRAMENTAS

Localizar próximo das entradas.

104

A12) ESCRITÓRIO DO ENGENHEIRO E ESTAGIÁRIO, SALA DE REUNIÕES,

ESCRITÓRIO DO MESTRE E DO TÉCNICO

Criar sanitário Próprio;

Eventual sala técnica para empreiteiro;

A13) CHAPEIRA DE PONTO

Localizar, se possível, em local que implique em se bater o cartão após trocar

de roupa (no início do turno) e antes de entrar no vestiário (no final do turno).

A14) LIGAÇÕES DE ÁGUA, ENERGIA E ESGOTO

Tentar utilizar as já existentes;

Compatibilizar com projeto definitivo.

A15) PORTÃO DE MATERIAIS

Criar mais de um para melhor acessar diferentes partes do canteiro e localizá-

lo na rua de menor tráfego;

Buscar maior proximidade ou melhor acesso ao elevador de obras;

A16) TAPUME

Buscar altura da ordem de 2,50 m;

Conservar em boa aparência (“cartão de visitas” da obra).

105

B) SEGURANÇA DA OBRA

B1) ESCADAS

Providenciar corrimão provisório constituído de madeira ou outro material de

resistência equivalente e possui uma travessa superior a 1,20m de altura e

intermediária a 0,70m e rodapé de 0,20m de altura segundo especificações

da NR-18;

Buscar posicionar lâmpadas nos patamares das escadas.

B2) ESCADAS DE MÃO

Garantir que ao usar escadas de mão, elas ultrapassam em cerca de 1,0 m o

piso superior, segundo especificação da NR-18;

Fixar as escadas de mão nos pisos, superior e inferior, ou são dotadas de

dispositivo que impeça escorregamento, segundo especificação da NR-18.

B4) PROTEÇÃO CONTRA QUEDA NO PERÍMETRO DOS PAVIMENTOS

Criar proteção efetiva, constituída por anteparo rígido com guarda-corpo e

rodapé revestido com tela em todo o perímetro com risco de queda, segundo

especificação da NR-18.

B5) ABERTURAS NO PISO

Buscar criar fechamento provisório resistente em todas as aberturas nos

pisos.

B6) PLATAFORMA DE PROTEÇÃO (bandeja salva-vidas)

106

Criar plataformas secundárias de proteção a cada três lajes, a partir da

plataforma principal e que tenha 1,40 m + 0,80 m (a 45°), segundo

especificações da NR-18;

Contornar toda a periferia da edificação com as plataformas de proteção,

segundo especificação da NR-18;

Fixar os painéis das bandejas com parafuso, borboletas ou solução

equivalente possibilitando maior facilidade na montagem e desmontagem e

maior possibilidade de reaproveitamento.

B7) SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

Identificar todos os locais de apoio (banheiros, escritório, almoxarifado, etc.)

que compõe o canteiro, segundo especificação da NR-18;

Colocar alertas, quanto à obrigatoriedade do uso de EPI, específicos para a

atividade executada, próximos ao posto de trabalho (NR-18);

Indicar a carga máxima e a proibição do transporte de pessoas no elevador

de materiais, segundo especificação da NR-18.

B8) EPI’s

Buscar utilizar o cinto limitador de espaço durante qualquer a elevação até

1,20m de altura.

B9) INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Proteger os circuitos e equipamentos de modo a não têm partes vivas

expostas, tais como fios desencapados, segundo especificação da NR-18;

B10) ANDAIMES SUSPENSOS E SIMPLESMENTE APOIADOS

107

Revestir com tela e posicionar uma travessa superior a 1,20m de altura e

intermediária a 0,70m e rodapé de 0,20m de altura segundo especificação da

NR-18;

Prender no guarda-corpo e rodapé com tela de arame, náilon ou outro

material de resistência equivalente, segundo especificação NR-18;

Sustentar o andaime é por perfis I chumbados na laje através de braçadeiras

ou dispositivo semelhante, segundo especificação NR-18;

Usar escadas ou rampas quando utilizar andaimes simplesmente apoiados

com piso de trabalho superior a 1,50 m de altura, segundo especificação NR-

18;

Usar, em local visível, identificação onde conste a carga máxima de trabalho

permitida nos andaimes, segundo especificação NR-18;

Executar e documentar verificação diária dos dispositivos de sustentação dos

andaimes suspensos antes do início dos trabalhos, segundo especificação

NR-18.

B11) PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO

Possui extintor de incêndio próximo a:

Serra elétrica;

Almoxarifado;

Depósito de madeiras.

Criar sistema de alarme;

Trinar equipes de operários para o combate ao fogo.

B12) GUINCHO

Revestir a torre do guincho com tela, segundo especificação NR-18;

108

Dotar todas as rampas de acesso à torre com guarda-corpo e rodapé, sendo

planas ou ascendentes no sentido da torre, segundo especificação NR-18;

Isolar e proteger com cobertura para proteção contra queda de materiais o

posto de trabalho do guincheiro, segundo especificação NR-18.

C) SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS

C1) VIAS DE CIRCULAÇÃO

Revestir com contrapiso as áreas de circulação de materiais ou pessoas;

Prever caminhos definidos para os principais fluxos de materiais, próximo ao

guincho, e nas áreas de produção de argamassa e armazenamento.

C2) ELEVADOR DE CARGAS

Chegar em ambiente amplo.

C3) ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS

CIMENTO

Praticar estocagem do tipo PEPS (o primeiro saco a entrar é o primeiro a

sair), e utilizar marcação da data de entrega em cada saco para ter um maior

controle do estoque;

Manter as pilhas a uma distância mínima de 0,30 m das paredes para permitir

a circulação de ar e evitar a absorção da umidade;

Estocar em local isento de umidade;

109

Afastar 30 cm das paredes do ambiente.

AGREGADOS E ARGAMASSA

Cimentar os fundos das baias para evitar contaminação do estoque;

Buscar descarregar a areia no local definitivo de armazenagem (não haver

duplo manuseio);

TIJOLOS/BLOCOS

Armazenar o estoque em local limpo e nivelado, sem contato direto com o

solo;

Buscar descarregados os tijolos no local definitivo de armazenagem.

TUBOS de PVC

Armazenar os tubos em camadas, com espaçadores, separados de acordo

com a bitola das peças, segundo especificação da NR-18.

ESTOQUE DE ESQUADRIAS

Localizar em fechado;

Área da ordem de 20 m².

ESTOQUE DE BARRAS DE AÇO

Delimitar “baias” para diferentes diâmetros;

Localizar nas proximidades do processamento (corte/dobra/pré-montagem)

das barras;

Evitar estocagem sobre lajes (sobrecarga).

110

C4) PRODUÇÃO DE ARGAMASSA/CONCRETO

Fazer com que a betoneira descarregue diretamente nos carrinhos/masseiras.

D) GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO CANTEIRO

D1) DISPOSIÇÃO DO RESÍDUO

Depositar os resíduos em local adequado, de forma a não prejudicar a

segurança e circulação de materiais e pessoas;

Separar dos resíduos em Classe A, Classe B, Classe C e Classe D de acordo

com a classificação da Resolução CONAMA 307 (2002):

Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como

agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e

reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura,

inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:

componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de

revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-

moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas

nos canteiros de obras.

Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais

como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.

Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a

sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do

gesso.

111

Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de

construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles

contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de

clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

Armazenados os resíduos em locais que eliminam a possibilidade de mistura

com solo argiloso;

Proteger os resíduos da chuva;

Transportar o entulho para o térreo através de equipamento adequado.

112

APÊNDICE B - ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

113

ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

Empresa: Empresa Parceira

Cargo: Engº. Residente

Entrevista aberta

1. Foi elaborado projeto do canteiro antes da execução da obra? Por quê?

Sim. Em primeiro plano para atender o setor de vendas, e depois o espaço físico do

terreno.

2. Existe planta do atual layout da obra? Está na obra? As plantas prevêem

futuras alterações no arranjo físico do canteiro?

Sim, está na obra, mas não prevêem futuras instalações. Conforme as grandes

etapas da obra vão sendo executadas, vão sendo realizados novos layouts.

3. Quem foi o responsável pela elaboração do layout inicial? Por que se

decidiu por este arranjo?

A solicitação do layout inicial foi dada pela diretoria da empresa, e esse layout foi

ajustado na medida do possível para atender as necessidades da engenharia. E foi

elaborado pelo diretor técnico e os estagiários.

4. Existiu algum critério para o dimensionamento das áreas de vivência e

estoques ou estimaram-se as áreas com base na experiência pessoal?

O layout original não seguiu os dimensionamentos previstos em normas, foi

elaborado como dito anteriormente, para atender ao plano mercadológico da

empresa.

5. Existe alguma exigência da NR-18 que considera equivocada ou exagerada?

114

De modo algum. Ela contempla todos os aspectos vivenciados no dia-a-dia da obra,

o que vejo exagerado é forma de fiscalização de órgãos como a DRT, que em

alguns casos, não fazem a interpretação do que está escrito, pois sabemos que as

normas são de caráter universal, mas cada situação tem suas peculiaridades.

6. A obra já sofreu visitas da fiscalização? Quais problemas foram detectados?

Sim, diversas vezes. Foram encontrados problemas desde a documentação de

funcionários até o mau dimensionamento da área de vivencia.

7. Você acha importante planejar o layout do canteiro? Por quê?

Sim. Ele melhora o fluxo de matérias e pessoas, minimiza os riscos de acidentes,

eleva a auto-estima dos operários, dinamiza a elaboração das atividades, entre

outros benefícios.

8. Quais os principais problemas enfrentados para a implantação do novo

layout?

O atraso físico-financeiro da obra.

9. Você conseguiu enxergar resultados positivos e/ou negativos no estudo

realizado? Explique.

Sim, o estudo veio para registrar em que situação está o layout da obra e a

importância que a empresa de um modo geral gerencia seus canteiros.

10. Qual sua avaliação final sobre o estudo? E a pesquisa agregou algo para a

empresa?

O trabalho realizado foi muito positivo, diante de todas as circunstancias e fluxos

vivenciados no dia-a-dia do canteiro, onde ele servirá para a aplicação e melhoria

dos layouts das obras da empresa.

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APÊNDICE C - CHECK-LIST DE RECOMENDAÇÕES PARA PLANEJAMENTO E

VERIFICAÇÃO DE CANTEIROS DE OBRA

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APÊNDICE D – LAYOUT ATUAL DO CANTEIRO

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APÊNDICE E – LAYOUT PROPOSTO PARA O CANTEIRO

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ANEXO A – ÍNDICE DE BOAS PRÁTICAS EM CANTEIRO DE OBRA

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