Análise do poema: Procura da poesia - Carlos Drummond de Andrade

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  • 1. Seminario de IEL Anlise do poema A Procura da Poesia De Carlos Drummond de Andrade

2. Seminario de IEL Membros: Clara Silva Giovanna Nunes Leonardo Coelho Nathalia Conti Nubia Vieira Pedro Sales Sidney Lopes 3. Procura da Poesia No faas versos sobre acontecimentos. No h criao nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida um sol esttico, no aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversrios, os incidentes pessoais no contam. No faas poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortvel corpo, to infenso efuso lrica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro so indiferentes. No me reveles teus sentimentos, que se prevalecem de equvoco e tentam a longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda no poesia. No cantes tua cidade, deixa-a em paz. O canto no o movimento das mquinas nem o segredo das casas. No msica ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto linha de espuma. 4. O canto no a natureza nem os homens em sociedade. Para ele, chuva e noite, fadiga e esperana nada significam. A poesia (no tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto. No dramatizes, no invoques, no indagues. No percas tempo em mentir. No te aborreas. Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, vossas mazurcas e abuses, vossos esqueletos de famlia desaparecem na curva do tempo, algo imprestvel. No recomponhas tua sepultada e merencria infncia. No osciles entre o espelho e a memria em dissipao. Que se dissipou, no era poesia. Que se partiu, cristal no era. 5. Penetra surdamente no reino das palavras. L esto os poemas que esperam ser escritos. Esto paralisados, mas no h desespero, h calma e frescura na superfcie intata. Ei-los ss e mudos, em estado de dicionrio. Convive com teus poemas, antes de escrev-los. Tem pacincia, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silncio. No forces o poema a desprender-se do limbo. No colhas no cho o poema que se perdeu. No adules o poema. Aceita-o como ele aceitar sua forma definitiva e concentrada no espao. 6. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrvel que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda midas e impregnadas de sono, rolam num rio difcil e se transformam em desprezo. 7. Comentrio Nasceu em 31 de outubro de 1902.Formou-se em farmcia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veculo de afirmao do modernismo em Minas. 8. Comentrio O modernismo no chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, a dominante , na verdade, a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidao. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilao cotidiana e subjetiva Poeta popular. 9. Comentrio Em 1962 se aposenta do servio pblico mas sua produo potica no para. Os anos 60 e 70 so produtivos.Morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade 10. Comentrio O LutadorLutar com palavras a luta mais v. Entanto Lutamos Mal rompe a manh. So muitas, eu pouco. Algumas, to fortes Como um javali. No me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encant-las. (...)Insisto, solerte. Busco persuadi-las. Ser-lhes-ei escravo De rara humildade. (...) 11. Comentrio A Palavra Mgica Certa palavra dorme na sombra de um livro raro. Como desencant-la? a senha da vida a senha do mundo. Vou procur-la. (...) 12. Aspectos sonorosNo possui rimas Versos brancos Versos e estrofes livres Dez estrofes Aliterao do r em rumor do mas nas ruas Alternncia entre aliteraes suaves, feitas com som de s (suaviza o verso), e o uso de consoantes que soram mais fortes, aumentando o tom do verso. 13. Aspectos semnticos e morfossintticos Predominncia de perodos simples e de predicados nominais. Poucas subordinadas e coordenadas; O poema, metalingustico, pode ser dividido em duas partes: Primeira at a sexta estrofe; Stima at a dcima estrofe. 14. Aspectos semnticos e morfossintticos Primeira ate sexta estrofe: Tom paternal, com verbos no imperativo da segunda pessoa do singular (faas, reveles, forces). Contm o que NO se deve colocar em um poema. Nessa parte h repetio do no para enfatizar essa dica, estruturada com base em imperativos e elementos negativos (nem, indiferentes, imprestvel, etc). 15. Aspectos semnticos e morfossintticos Stima at a dcima estrofe Contm a matria prima de uma poesia, agora com imperativos afirmativos para reforar a ideia do que tem que se basear um poema. O poeta d vida a elementos que no a tem, principalmente poesia: elas se refugiam na noite, as palavras, L esto os poemas que esperam ser escritos 16. Interpretao 17. Interpretao No faas versos sobre acontecimentos:No meio do caminho () Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas to fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho (...)Drummond 18. Interpretao No h criao nem morte perante a poesia:Para Sempre () Morrer acontece Com o que breve e passa Sem deixar vestgio. Me, na sua graa, eternidade. (...) Drummond 19. Interpretao As afinidades, os aniversrios, os incidentes pessoais no contam.:Loucos e Santos Escolho meus amigos no pela pele ou outro arquetipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.(...)Marcos de Lara RezendeSoneto Ao meu primeiro filho nascido Morto com 7 meses incompletos 2 fevereiro 1911 () Ah! possas tu dormir feto esquecido, Pateisticamente dissolvido Na noumenalidade do NO SER! Augusto dos Anjos 20. Interpretao No cantes tua cidade, deixa-a em paz:Confidncia do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Pricipalmente, nasci em Itabira. (...) Drummond 21. Interpretao 22. Obrigado!