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  • GAT-015

    21 a 26 de Outubro de 2001Campinas - So Paulo - Brasil

    GRUPO IVGRUPO DE ESTUDO DE ANLISE E TCNICAS DE SISTEMAS DE POTNCIA GAT

    ESTRATGIAS PARA AUMENTO DA SEGURANA DA MALHA ELTRICA NACIONAL: LIES EXTRADASDOS GRANDES BLECAUTES

    P. GomesONS

    J. W. Marangon Lima*EFEI

    M. Th. SchillingUFF

    RESUMO

    Os blecautes ocorrem nos sistemas eltricospor uma srie de razes tais como, a falta deinvestimentos em expanso da rede de transmisso,falhas em equipamentos de controle, operaoindevida por ao humana, fenmenos atmosfricos,etc. O entendimento destas causas e a implementaode medidas corretivas representam a base paraminimizao dos cortes de carga devido a grandesdistrbios na rede. A partir dos dados e anlises dosprincipais blecautes ocorridos no Brasil, este trabalhofaz uma comparao entre eles atravs de um conjuntode qualificadores. Aps esta avaliao, so tambmenumeradas as medidas adotadas a fim de produziruma viso geral do problema e consolidar oaprendizado oriundo de cada distrbio.

    PALAVRAS-CHAVE: blecaute; operao; segurana;distrbio; recomposio; sistema eltrico brasileiro.

    1.0 INTRODUOA crescente competio no setor eltrico tem sido

    o objetivo das recentes reestruturaes em vriospases. A criao do mercado de energia eltricacoloca consumidores e produtores frente a frente paranegociar preo e quantidade. Entretanto, os segmentosmonopolstas da transmisso e distribuio aindacarecem de uma operao centralizada, devido ssuas caractersticas fsicas.

    Com o redesenho do setor, onde h uma demandapor uma maior flexibilizao na operao do sistemainterligado, a ocorrncia de eventos como os blecautestende a aumentar. O estudo de suas causas e oestabelecimento de aes para mitigar os seus efeitosno sistema so preocupaes inerentes do governo, doONS e do rgo regulador. O estabelecimento deauditorias, punies (multas) e perda de concesso

    das empresas de transmisso so algumas medidasque o rgo regulador pode lanar mo mas quesempre trazem traumas para ambas as partes,dificultando a melhoria do desempenho do sistema.

    2.0 GRAVIDADE DE PERTURBAESAo analisar e comparar os fenmenos fsicos,

    interessante classific-los atravs de categorias de fciltratamento numrico. A criao de ndices o caminhomais usado. Eles so importantes para identificar ograu de prejuzo que uma determinada perturbaopode causar ao sistema e, consequentemente, aosconsumidores. Neste trabalho, alguns indicadores demrito foram sugeridos para classificar os principaisblecautes ocorridos no Brasil [1-9]. Tais ndices so: Estados afetados: Embora este nmero no

    identifique de forma precisa a extenso dodistrbio em termos de rea geogrfica, o seuefeito poltico importante porque ele registra onmero de unidades da federao afetadas;

    Carga cortada: Este indicador est diretamenteassociado aos consumidores, visto que a falta deenergia a maior preocupao para eles. Semaiores informaes so fornecidas sobre os tiposde consumidores cortados e tambm a durao dainterrupo, possvel mensurar economicamenteo malefcio causado pelo distrbio;

    Tempo de recomposio: A durao do distrbio um dado importante em termos econmicos.Alm disto, uma indicao importante paratomada de aes relacionada com a melhoria dosprocedimentos de recomposio do sistema;

    Severidade: um indicador clssico para avaliardistrbios, adotado em diversos pases. dadopela diviso da energia no servida em MWh, por

    (*) Grupo de Engenharia de Sistemas - GESis - EFEIAv. BPS, 1303, Pinheirinho, CEP: 37500-903, Itajub, MG, Brasil.

    Tel.: +55 (0xx35) 3629-1254, C-ele: [email protected]

  • 2uma base de potncia em MW, usualmentetomada como a ponta de carga do sistema ATabela 1 mostra como so classificados porseveridade os distrbios de sistemas eltricos.

    Tabela 1 - Mensurao de Distrbios por SeveridadeClassificao

    Severidade(sistema-minuto)

    Interpretao Comentrio

    Grau 0 < 1 aceitvel condio normal

    Grau 1 1 a 10 no grave significativa p/poucos agentes /

    consumidoresGrau 2 10 a 100 grave srio impacto p/

    todos os agentes /consumidores

    Grau 3 100 a 1000 muito grave muito srio impactop/ todos os agentes

    / consumidoresGrau 4 > 1000 catastrfica extremo impacto p/

    todos: colapso dosistema, blecaute

    Prejuzo Econmico: sob este ponto de vista,

    podem ser contemplados e/ou combinados osimpactos econmicos oriundos das seguintesnaturezas: (i) custos de no faturamento; (ii)custos de interrupo. No primeiro caso os custosesto associados s tarifas de energia erepresentam os prejuzos das empresas. O custoda interrupo reflete o impacto causado nosconsumidores. No Brasil, a estimativa do valormdio do custo de interrupo residencial situava-se em 1.11 US$/kWh, na moeda referida a Maiode 1998. A Tabela 2 mostra os valores de custo deinterrupo comercial e industrial referidos aDezembro de 1990. Combinando-se essesvalores, de acordo com os percentuais de cargaexistentes, tem-se que o custo unitrio mdio deinterrupo no Brasil

    situa-se em 1,54 US$/kWh.Para a estimao do prejuzo econmico aosclientes, causados pela interrupo da energiaeltrica durante os blecautes necessrio oregistro da durao da interrupo (considerandoas diversas etapas de recomposio paulatina dacarga), o conhecimento da natureza da cargainterrompida (percentuais de cargas residenciais,comerciais e industriais) e finalmente a estimativado montante da energia no suprida em MWh.

    Tabela 2- Custos da Interrupo de Energia no Brasil(US $ / kWh, Dezembro 1990)Durao da Interrupo Comercial (min)Incio

    Evento 0-3 3-15 15-30 30-60 60-120 >1200-8 h 0.98 1.83 2.80 2.55 2.45 2.698-18h 1.83 3.16 4.25 4.36 4.76 3.7618-24h 1.81 3.03 3.92 3.77 4.10 3.14

    Durao da Interrupo Industrial (min)0-8 h 2.87 1.23 1.07 0.90 0.81 0.788-18h 2.73 1.26 1.20 0.95 0.86 0.7818-24h 2.80 1.14 1.06 0.83 0.75 0.78

    A Tabela 3 apresenta alguns dos principaisblecautes ocorridos no Brasil desde 1980, com osrespectivos indicadores definidos acima.

    Observa-se claramente que o blecaute de 11de maro de 1999 foi o de pior consequncia para osistema, sob o ponto de vista de todos os indicadoresselecionados. O prejuzo causado pelo eventoalcanou o valor de US$ 140x 106

    Tabela 3 - Principais Blecautes no BrasilData Estados

    AfetadosCarga

    Cortada(MW)

    Durao(min)

    Severidade

    (sistema-minuto)

    Grau

    18Abr84 6 15762 160 97 218Ago85 10 7793 74 22 213Dez94 9 8630 75 9 126Mar96 9 5746 100 16 211Mar99 11 24900 260 117 316Mai99 3 2000 103 3 1

    3.0 - RECOMPOSIO PS-BLECAUTENo Brasil o processo de recomposio baseado

    em duas etapas, quais sejam: (i) recomposio fluente;(ii) recomposio coordenada.

    Na primeira fase, a partir das usinas comcapacidade de auto-restabelecimento e a identificaode uma configurao mnima de transmissopreferencial, so restabelecidos grandes blocos decarga prioritrios, com necessidade mnima decomunicao telefnica entre as instalaes. Esta fase executada pelos prprios operadores das usinas,segundo procedimentos preestabelecidos. O processotodo ocorre sem a interferncia dos centros deoperao, a no ser em casos excepcionais, quandoessa etapa no tem sucesso. Na segunda fase oscentros de operao coordenam o fechamento decircuitos paralelos ou anis entre subsistemasrecuperados na primeira fase e o suprimentos dascargas ainda desconectadas.

    4.0 AES PREVENTIVASDefinido a gravidade de cada blecaute

    importante identificar as causas e as aesnecessrias para evitar a ocorrncia de um outroevento com caractersticas similares e de mesmaspropores.

    A experincia tem indicado que a origem de umblecaute normalmente est localizada na malhaprincipal do sistema de transmisso ou na rede bsica,mas possvel encontrar a origem no sistema dedistribuio. As causas podem ser devido s condiesclimticas adversas, aos defeitos em equipamentos deproteo e controle, erro humano, condiesoperativas, etc. Em funo destas causas possvel

  • 3classificar as aes para mitigar um novo distrbio daseguinte forma:

    Novos investimentos: a partir da anlise daperturbao detectada a necessidade de novosinvestimentos em equipamentos ou mesmo emampliaes e reforos no sistema de transmisso.Apesar de, em geral, os estudos pr-operacionaisou os de planejamento apresentarem asnecessidades do sistema, muitas vezes, condiesextremas com potencial de provocar blecautes,no so estudadas;

    Manuteno do sistema: grandes perturbaesnormalmente so iniciadas devido a problemas demanuteno em equipamentos do sistema. Aesmais regulares, no sentido de minimizar os ndicesde falhas foradas, devem ser implementadas;

    Sistema de medio: comum, durante asanlises posteriores de tais perturbaesobservar-se uma grande carncia de informaese medidas, as quais s so obtenveis atravs deequipamentos para monitorao das grandezaseltricas, convenientemente localizados;

    Esquemas de controle de emergncia (ECE):uma das aes bastante empregada aps osdistrbios, a introduo de esquemas especiaiscom automatismos para minimizar ou eliminar oseventuais futuros colapsos do sistema;

    Ajuste de proteo: ao analisar a perturbao possvel que se detecte a necessidade de umnovo ajuste na proteo do sistema;

    Treinamento para a equipe de operao: muitasvezes a causa das perturbaes pode estar emprocedimentos errados, conduzidos pelas equipesde operao, o que demanda treinamentointensivo dessas equipes. A terceirizao deprofissionais desmotivados, mal remunerados,sem a devida proteo da legislao trabalhista econsequentemente sem esprito de equipe,tambm contribui para o mau desempenho daoperao.

    5.0 - PRINCIPAIS BLECAUTES NO BRASIL

    Nesta seo feito um relato sucinto de cadablecaute listado na Tabela 3, descrevendo as causas eas aes tomadas em cada caso.

    5.1 Blecaute de 18.04.84 (16:34 h)

    Sumrio: Desligamento do transformador T11 daSE Jaguara 500/345 kV s 16:35 h, que estava nolimite de sobrecarga em funo da necessidade deuma otimizao energtica entre as usinas doParan, Grande e Paranaba, aliado a umcrescimento de carga inesperado na regio de So

    Paulo (baixa luminosidade). O segundotransformador (T12) desta SE desligado s16:43 h e a partir da ocorre um desligamentoquase simultneo de 7 elementos do sistema detransmisso. Ocorreram oscilaes de potnciaentre as usinas do rio Paranaba e o restante dosistema interligado Sul/Sudeste provocandodesligamentos em cascata. Com injeo depotncia excessiva nas redes de 345 kV e 440 kVpara o Rio de Janeiro, So Paulo e Minas Geraisverificam-se quedas de tenso nesta rea,ocasionando perdas de carga da ordem de 5520MW. O sistema de 750 kV aberto evitando apropagao das oscilaes do Sudeste para o Sul.

    Principais Lies: (i) necessidade de melhoria namanuteno; (ii) treinamento para assegurar maiorsegurana na operao; (iii) investimento emsuperviso e controle.

    5.2 Blecaute de 18.08.85 (18:40 h) Sumrio: A partir de um curto fase-terra no circuito

    2 da LT Marimbondo-Araraquara 500 kV,provocado por queimada sob a linha, houve umaatuao incorreta da proteo do circuito 1 abrindosimultaneamente os dois circuitos. Em funo doarranjo do barramento da SE Marimbondo, aslinhas para Campinas e Poos de Caldas foramdesligadas. O ECE da SE Marimbondo quedeveria retirar mquinas desta usina no operoudevido a um ajuste inadequado de um rel. Istoprovocou a abertura do transformador de guaVermelha por sobrecarga, provocando aberturaautomtica de diversas linhas de transmisso egeradores, formando vrias ilhas no sistema epropagando a perturbao para a regio Sul.

    Principais Lies: (i) necessidade de instalardispositivos adequados para registro de freqnciae de oscilogramas em geral; (ii) maior rigor nosajustes de proteo e esquemas de controle; (iii)investimentos para melhorar os escoamento dagerao do Paranaba, tais como a duplicao dotransformador de gua Vermelha.

    5.3 Blecaute de 13.12.94 (10:12 h)

    Sumrio: Durante testes na SE Conversora deIbina, houve atuao acidental devido aohumana do esquema de isolao forada, queaplicou um curto trifsico limitado por resistoresnos terminais dos compensadores sncronos 2 e 4desta SE. Como conseqncia, os dois bipolos doelo CC foram bloqueados, significando a perda de5800 MW para o sistema interligado. Com a quedaacentuada de tenso na rea So Paulo,ocorreram oscilaes com perda de sincronismoentre Itaipu e a regio sudeste, abrindo o tronco de750 kV. Apesar de se ter um esquema de corte demquina em Itaipu para evitar sobrefrequncia nosistema Sul, este no foi suficiente. A aceleraodas unidades de Itaipu, associada sobretensoprovocaram a abertura dos circuitos em 750 kV

  • 4entre Foz e Ivaipor, retirando por completo ausina de Itaipu do sistema. Com o dficit degerao, atuam os ERACs da regio. Devido arapidez na recomposio do sistema estaperturbao no foi to crtica.

    Principais Lies: (i) os cortes de carga pelosERACs podem provocar desligamentos emcircuitos devido s sobretenses; (ii) os ajustesdos ERACs devem ser dinmico, devido variao da carga no sistema; (iii) ajustes dosECEs devem ser mais seletivos.

    5.4 Blecaute de 26.03.96 (09:18 h) Sumrio: A partir de uma manobra incorreta de

    chave seccionadora da Usina de Furnas, houve aatuao acidental, decorrente de falha humana, daproteo diferencial daquele barramento,provocando o seu desligamento total. Odesligamento provocou a sada simultnea de 7linhas de transmisso de 345 kV, que por sua vezocasionou o desligamento de linhas que interligamas usinas do rio Grande e Paranaba, incluindo otransformador de gua Vermelha. A sada desteselementos separou do sistema interligado toda amalha de suprimento aos estados de MinasGerais, Gois e Braslia. A carga interrompidaatingiu o montante de 5804 MW.

    Principais Lies: (i) reconhecida a importncia daadio de mecanismos adicionais de proteo queimpeam a atuao acidental da proteodiferencial de barras, mesmo com atuao errneade seccionadoras; (ii) investir em reforos nasredes de 500 e 440 kV para dar mais flexibilidadeoperativa; (iii) melhorar monitoramento do sistemapara identificao de ilhamentos; (iv) formao ecapacitao de equipes de operao emanutenso.

    5.5 Blecaute de 11.03.99 (22:16 h)

    Sumrio: A partir de um curto monofsico na SEBauru, houve a atuao das protees remotas delinhas de transmisso e abertura da interligao debarras devido ao arranjo desta SE. Foramdesligados 6 circuitos que partem desta SE,iniciando um processo oscilatrio que culminoucom os desligamentos em cascata de diversoselementos. Entre eles podemos citar: tronco de750 kV, isolando Itaipu do sistema Sul e Sudeste;linhas de 440 kV, isolando as usinas de TrsIrmos, Jupi, Porto Primavera, Capivara eTaquaruu, com um total de 2300 MW; linhas de500 kV da regio Sul, atuando os ECEs destaregio; elo CC, devido a colapso de tenso narea So Paulo; linhas de 500 e 345 kV desuprimento ao Rio e Esprito Santo, interligaoNorte/Sul. A carga interrompida total chegou a25000 MW. Apesar da demora dorestabelecimento em determinados locais (4:20 h

    no Rio e Esprito Santo), devido gravidade daperturbao e aos incidentes ocorridos durante oprocesso de recomposio, pode-se considerarcomo satisfatria a atuao das equipesresponsveis pelp processo.

    Principais Lies: (i) necessidade de modificararranjos fsicos de SEs e nos sistemas decomando, proteo e controle; (ii) maiorplanejamento da manuteno para evitar aexposio do sistema a riscos elevados deblecautes; (iii) melhorar os sistemas deinformao principalmente devido ao novoambiente do setor; (iv) necessidade de modernizaros centros de controle; (v) necessidade deimplantao de esquemas de proteo paracontingncias mltiplas, mesmo comprobabilidades reduzidas de ocorrncias; (vi)necessidade de reavaliao constante dos ECEs;(vii) melhoria dos dispositivos de anlise deperturbaes.

    5.6 Blecaute de 16.05.99 (18:05 h)

    Sumrio: Durante a realizao de manobras na SEItumbiara para normalizao da LT Itumbiara- P.Colmbia, que se encontrava isolada apsmanuteno, a proteo diferencial de barra atuouocasionando o desligamento de todos os circuitosligados a esta SE. Este desligamento provocou ainterrupo de 785 MW de potncia que eraescoada para a rea Gois-Braslia, incluindoMato Grosso e Tocantins. Esta interrupoprovocou o colapso no abastecimento destasregies.

    Principais Lies: (i) necessidade de rever ajustesde protees para evitar atuaes indevidasdurante perturbaes; (ii) aumentar as precauesquando da re-insero no sistema de elementosque estejam em manuteno.

    6.0 PRINCIPAIS CONSTATAESA anlise dos principais blecautes ocorridos no

    sistema brasileiro nos ltimos 20 anos nos permiteconstatar:

    O critrio tradicional de planejamento daexpanso no Brasil o conhecido (N-1).Entretanto, constata-se que, na grandemaioria dos casos, os blecautes so causadospor contingncias mltiplas, no previstas nafase de planejamento.

    reconhecida a importncia dos sistemasespeciais de proteo como meio demelhorar o desempenho dos sistemaseltricos durante os distrbios. Isso demandamelhores ferramentas computacionais paraestudos dinmicos.

  • 5 muito difcil a identificao rigorosa das

    origens reais dos blecautes.

    Um dos grandes bices boa recomposicodo sistema aps os blecautes osubsequente congestionamento nascomunicaes entre os centros de controle eas demais instalaes.

    A opo pela otimizao energtica tem sidoprioritria algumas vezes, em detrimento dasegurana operativa.

    No Brasil, condies hidrolgicas crticaslevam o sistema a operar perto dos seuslimites, em todas as condies de carga,inclusive leve.

    Os engenheiros responsveis pela operao /recomposio do sistema no devem sersubmetidos a coaes de naturezahierrquica nos momentos imediatamentesubsequentes aos blecautes. Deve serobservado um regime de isolamento, similaraos existentes em salas de controle deaeroportos, centrais nucleares ou salas deoperao cirrgica. Contatos burocrticos comescales superiores ou imprensa devem sereliminados.

    O processo de superviso e controle dosistema deve ter prioridade absoluta.

    O treinamento de operadores deve ter altaprioridade.

    A simulao dos distrbios por computadoresdigitais um bom procedimento parar garantirum perfeito entendimento do fenmeno deblecaute como tambm dos modelosmatemticos utilizados na sintonia dasferramentas computacionais utilizadas.

    Constata-se a grande importncia do controleautomtico do perfil de tenso durante operodo dinmico. O ajuste das proteescontra sobretenso de circuitos, a inseroautomtica de reatores e a abertura decircuitos so elementos importantes nesteprocesso pois, alm de minimizar osproblemas, agilizam o processo derecomposio.

    7.0 PRINCIPAIS RECOMENDAES

    Cada blecaute, historicamente tem nosensinado algo novo sobre o sistema. Todo evento tempropiciado um processo de aprendizado, que aponta asfragilidades e carncias do sistema. Pode-se afirmarque as anlises dos blecautes demonstram que no hpossibilidade de garantir absoluta confiabilidade dosistemas de potncia. A grande lio bsica a

    seguinte: grandes distrbios vo continuar aocorrer no futuro, no h sistema absolutamenteconfivel.

    No obstante, cabe aos responsveis pela gestodo sistema, tomar uma srie de medidas cautelares,visando a maior segurana possvel. Entre elas, pode-se mencionar as seguintes:

    Reavaliar as protees de sobretenses daslinhas de transmisso para aumentar aagilidade no processo de recomposio.

    Modificar a configurao de barras dassubestaes antigas no sentido de minimizaro impacto de faltas em barras na seguranado sistema (a viabilidade de cada rearranjodeve ser analisada junto com os requisitos dealteraes de proteo e flexibilidadeoperativa).

    Revisar o critrio de aplicao da 3 zona e deoutras protees retaguarda de distncia daEAT.

    Explorar e conceber sistemas especiais deproteo que possam ser implantados a curtoprazo como meio de garantir a segurana dosistema quando de contingncias mltiplas.

    Implementar um amplo sistema de controle deemergncias baseado na aplicao desistemas especiais de proteo.

    Examinar as condies e os dispositivoscrticos no processo de recomposio.

    Constituir um ncleo de pessoasespecializadas em relacionamento com amdia, aps grandes distrbios.

    Manter atualizados os planos derecomposio.

    Implementar um amplo sistema demonitoramento e de aquisio de dados paraanlise do desempenho do sistema.

    Desenvolver mecanismos/ferramentas paraoperao do sistema em tempo real.

    Reforar a rede de transmisso, no sentido depermitir capacidade de escoamento, dentro decondies apropriadas de confiabilidade.

    Desenvolver um gil processo decomunicao envolvendo o ONS, MME,ANEEL, agncias estaduais, empresas, etc.

    Modernizar os centros de controle.

    Implementar um programa de manutenoespecial para as instalaes consideradas

  • 6vitais para a segurana do sistema como umtodo.

    Valorizar, de diferentes formas, o trabalho dospesquisadores, engenheiros, tcnicos egerentes que atuam no setor.

    8.0 CONCLUSO

    Este artigo apresentou uma anlise dosprincipais blecautes ocorridos no Brasil nos ltimos 20anos, tentando grupar as principais caractersticas eaes necessrias para assegurar uma maiorconfiabilidade e segurana ao sistema.

    Em funo das incertezas e da quantidade deestados operativos a serem analisados, os estudos deplanejamento normalmente no conseguem vislumbraras vrias situaes que podem ocasionar um blecaute.Contingncias mltiplas no conseguem ser simuladasem funo do nmero excessivo de casos.

    Aspectos econmicos e financeiros,relacionados com as novas exigncias que vm seimpondo s empresas de energia eltrica, podero vira criar presses para que estas passem a privilegiarpolticas de operao que promovam um maior retornofinanceiro, que nem sempre corresponderia a umamaior segurana operativa. Este novo ambientecontrasta com o tradicional no qual, aps estabeleceruma estratgia segura de operao, buscava-se aminimizao dos custos.

    inquestionvel que os blecautes causamdesconforto e prejuzos a uma nao alm de serempsicologicamente ruins para os cidados. Aflora, apsum blecaute, um sentimento de fragilidade edesconfiana no governo e meios bsicos deproduo. A anlise destas perturbaes no sistemaeltrico, associada recomendao de medidas paraelimin-las ou minimiz-las, de suma importncia,principalmente em momentos de reestruturao dosetor eltrico brasileiro e de outros pases. Apreendercom os erros e incorporar os ensinamentos para evitarnovas ocorrncias so as aes que devem serperseguidas.

    AGRADECIMENTOS: Registra-se o apoio do CNPq e doprojeto 0626/96-SAGE, FINEP/RECOPE.

    9.0 - REFERNCIAS

    [1] Gomes P., Segurana Operativa dos Sistemas Eltricosem Ambiente Competitivo, Tese de D.Sc. (emelaborao), EFEI, Itajub, prev. 2001.

    [2] Bianco A., Dornellas C.R.R, Martins N., Wey A., PilottoL.A.S., Mello J.C.O., Schilling M. Th., Almeida P.C.,Power System Nodal Risk Assessment: Concepts andApplications, VII SEPOPE, Curitiba, 21-26/05, 2000.

    [3]. Gomes P., Martins N., Marangon Lima J.W., Schilling M.Th., Recomposio de Sistemas de PotnciaConsiderando a Existncia de Mltiplos Agentes noMercado, VIII ERLAC, CIGR, Ciudad del Este,Paraguay, 30/05-03/06, 1999.

    [4] Gomes P, Schilling M. Th., Marangon Lima J.W., MartinsN., Confiabilidade em Sistemas Competitivos:Critrios para a Aferio da Freqncia e Tenso, VIIIERLAC, CIGR, Ciudad del Este, Paraguay, 30/05-03/06,1999.

    [5]. Marangon Lima J.W., Schilling M Th., Fontoura Filho R.N.,O Planejamento Indicativo no Novo Ambiente doSetor Eltrico, XV SNPTEE, Grupo VII, GPL/13, Foz doIgua, 17-22.Outubro 1999.

    [6] Fontoura Filho R.N., Schilling M. Th., Silveira M.A.N.,Soares N.H.M., Marangon Lima J.W., Mello J.C.O.,Planejamento do Sistema de Transmisso com Baseem Critrios Probabilsticos no Novo ContextoInstitucional do Setor Eltrico Brasileiro, XV SNPTEE,Grupo VII, GPL/02, Foz do Igua, 17-22.Outubro 1999.

    [7] Gomes P.,Schilling M. Th., Marangon Lima J. W., Costa B.G., Novos Indicadores para o Monitoramento daQualidade da Frequncia e Tenso de EnergiaEltrica, ELETROEVOLUO, CIGR-BRASIL, no. 10,pp. 50-53, Dezembro, 1997.

    [8] Lefvre M.A.P., Silveira J.R., Blecautes: causas,impactos e medidas que podem evit-los, EletricidadeModerna, Nov 1996, pp.80-91.

    [9] Schilling M.Th., Gomes P., An Approach to Bulk PowerSystem Performance Assessment, Electric PowerSystems Research, Vol. 32, no. 2, pp. 145-151, 1995.

    [10] Vieira Filho X., Couri J.J.G., Gomes P., Baptista O.L.L.,Garcia A., A Experincia em Grandes Perturbaes Problemas Operacionais e Solues Encontradas, IXSNPTEE, 1987.

    PERFIL DOS AUTORES

    ENG PAULO GOMES formou-se pela UERJ em 1973, emEngenharia Eltrica, M.Sc. (1970) pela EFEI e estprestes a completar os requisitos para a obteno doD.Sc. (2001), pela EFEI. Trabalhou na Eletrobrs eatualmente Gerente do ONS ([email protected]).PROF. JOS WANDERLEY MARANGON LIMA formou-sepelo IME em 1979, em Engenharia Eltrica, M.Sc. pelaEFEI em 1990, D.Sc. pela COPPE/UFRJ em 1994. FoiEngenheiro da Eletrobrs, Assessor da Diretoria daANEEL e atualmente Professor Titular da EFEI eCoordenador do CESE ([email protected]).PROF. MARCUS THEODOR SCHILLING formou-se pelaPUC/RJ em 1974, em Engenharia Eltrica, M.Sc. eD.Sc. (1979, 1985) pela COPPE/UFRJ. Trabalhou emFurnas, Eletrobrs, Universitt Dortmund (Alemanha),Ontario Hydro (Canad), PUC/RJ e CEPEL. Foi Chefeda Diviso de Estudos Eltricos (DOEL) da Eletrobrs.Atualmente Professor Titular da UFF e Consultor doONS ([email protected]).