73
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ANÁLISE DOS MICROSSISMOS REGISTRADOS NO ARQUIPÉLAGO DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO (ASPSP) E SUAS RELAÇÕES COM VARIÁVEIS OCEANOGRÁFICAS Autor: DANIEL ÉVORA DE QUEIROZ Orientador: Dr. ADERSON FARIAS DO NASCIMENTO DGEF / PPGG / UFRN Co-Orientador: Dr. MARIO PEREIRA DA SILVA DGEF / PPGCC / UFRN Natal-RN, Junho de 2014.

ANÁLISE DOS MICROSSISMOS REGISTRADOS NO ARQUIPÉLAGO DE … · A todos que fizeram parte da expedição 357 do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. A Marinha do Brasil, pelo

  • Upload
    vucong

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Exatas e da Terra

Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ANÁLISE DOS MICROSSISMOS REGISTRADOS NO ARQUIPÉLAGO

DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO (ASPSP) E SUAS RELAÇÕES COM

VARIÁVEIS OCEANOGRÁFICAS

Autor:

DANIEL ÉVORA DE QUEIROZ

Orientador:

Dr. ADERSON FARIAS DO NASCIMENTO

DGEF / PPGG / UFRN

Co-Orientador:

Dr. MARIO PEREIRA DA SILVA

DGEF / PPGCC / UFRN

Natal-RN, Junho de 2014.

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ANÁLISE DOS MICROSSISMOS REGISTRADOS NO ARQUIPÉLAGO DE SÃO

PEDRO E SÃO PAULO (ASPSP) E SUAS RELAÇÕES COM VARIÁVEIS

OCEANOGRÁFICAS

Autor:

DANIEL ÉVORA DE QUEIROZ

Dissertação apresentada em 27 de

junho de dois mil e quatorze, ao

Programa de Pós-Graduação em

Geodinâmica e Geofísica – PPGG,

da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte - UFRN como

requisito à obtenção do Título de

Mestre em Geodinâmica e Geofísica,

com área de concentração em

Geodinâmica.

Comissão Examinadora:

Dr. Aderson Farias do Nascimento (DGEF-PPGG-UFRN) – Orientador/Presidente

Dr. Marcelo Assumpção (IAG-USP) – Examinador Externo

Dra. Rosane Rodrigues Chaves (ECT-PPGCC-UFRN) – Examinadora Externa

Natal-RN, Junho de 2014.

ii

AGRADECIMENTOS

Fica difícil enumerar todos os que ajudaram direta ou indiretamente no

desenvolvimento desse trabalho, desde já agradeço a todos aos que não

estiverem citados nesta humilde relação de agradecimentos. No entanto existem

pessoas e instituições que não podem ficar de fora desses sinceros

agradecimentos.

Agradeço primeiramente a DEUS por ter permitido que tudo isso

acontecesse.

Ao meu orientador, professor Aderson Farias do Nascimento, pela

oportunidade de trabalhar neste projeto inovador, assim como a oportunidade de

conhecer o Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Agradeço ainda pela

orientação e auxílio no decorrer do trabalho.

Ao meu co-orientador, o professor Mario Pereira da Silva, pelas

prestimosas sugestões e ajuda nos assuntos pertinentes a sua alçada. Muito

obrigado pela amizade e demonstrações públicas de confiança em meu trabalho

durante o exame de qualificação. Sem dúvidas, aquelas palavras de confiança

foram fundamentais para eu não desistir.

Ao professor Martin Schimmel, por suas fundamentais sugestões para o

desenvolvimento deste trabalho, assim como por suas valiosíssimas correções

finais no artigo submetido, muito obrigado.

Ao amigo e nobre companheiro de sala Allan Rodrigues Silva, onde fica

difícil agradecer em poucas palavras. Primeiramente agradeço por todos os

fundamentais auxílios, diretos e indiretos, para o desenvolvimento de meu

trabalho e pelas agradáveis e profundas discussões de cunho científico.

Agradeço também pela amizade sua e da Thalyta Soares que me ajudaram a

relaxar nos momentos mais tensos e preocupantes, assim como pelos inúmeros

valiosos conselhos de como me comportar e encontrar a solução para inúmeras

situações complicadas em que enfrentei nesses dois anos de mestrado. Muito

obrigado mesmo!

À Secretária Nilda (PPGG) pela inegável competência e eficiência com

que desenvolve suas funções.

iii

Aos nobres colegas de Pós-Graduação Adriane, Alessandro, Antônio,

Diego, Luís Rodrigo, Rafaela, Virginie, Ygor e todos os outros, pelo

companheirismo, apoio moral e todos os valiosos auxílios no decorrer do curso.

Aos meus pais João e Sandra a quem agradeço enormemente por todo

apoio e confiança. Dedico essa conquista a vocês.

A todos meus familiares, a quem destaco minha irmã Joice e meu

sobrinho David, por todo apoio e momentos de descontrações.

A minha noiva Débora, por todo que me deu e confiança para que eu

conseguisse continuar forte em todos os momentos, em especial os de maior

dificuldade. Muito obrigado a você e todos de sua família.

A todos que fizeram parte da expedição 357 do Arquipélago de São Pedro

e São Paulo.

A Marinha do Brasil, pelo apoio do projeto PROARQUIPÉLAGO.

À CAPES pelo apoio financeiro, através da concessão de bolsa de

mestrado.

Obrigado a todos!

iv

RESUMO

Microssismos são vibrações contínuas na Terra registradas na faixa de

frequência de mili Hertz para 1 Hz. Estas vibrações são em sua maioria

compostas de ondas Rayleigh e são mais fortes na faixa de frequência de 0.04

– 1 Hz. Seus mecanismos de gerações ainda são questões de debates, mas é

consenso que eles estão relacionados com perturbações atmosféricas e ondas

oceânicas de gravidade. O Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP)

está localizado na região equatorial do Oceano Atlântico cerca de 1.100 km de

distância da costa do nordeste brasileiro. O ASPSP é composto por um

conjunto de várias pequenas formações rochosas com uma área total de

aproximadamente 17.000 m². Devido a sua localização distante do continente,

isolamento e ausência de ruídos provocados pela atividade humana, este local

é ideal para a medição de ruído microssísmico e investigação de sua relação

com algumas variáveis climáticas e oceanográficas. No ASPSP registramos

microssismos primários (PM) entre 0.04 - 0.12 Hz e microssismos secundários

(SM) entre 0.12 - 0.4 Hz durante 10 meses em 2012 e 2013. As análises

indicam uma boa correlação entre o ruído microssísmico na região e uma

dependência do clima de ondas. Em particular, com inverno no hemisfério

norte. Também é mostrado que a maior parte do PM é gerado no próprio

ASPSP. O local de geração do SM depende do comportamento das variáveis

climáticas e oceanográficas no hemisfério norte.

Palavras-chave: microssismos; ondas oceânicas de gravidade, Arquipélago de

São Pedro e São Paulo; clima de ondas, Oceano Atlântico.

v

ABSTRACT

Microseisms are continuous vibrations pervasively recorded in the mili Hertz to

1 Hz frequency range. These vibrations are mostly composed of Rayleigh

waves and are strongest in the 0.04 to 1 Hz frequency band. Their precise

source mechanisms are still a matter of debate but it is agreed that they are

related to atmospheric perturbations and ocean gravity waves. The Saint Peter

Saint Paul Archipelago (SPSPA) is located in the equatorial region of the

Atlantic Ocean about 1,100 km distant from the Brazilian northeastern coast.

The SPSPA is composed by a set of several small rocky formations with a total

area of approximately 17,000 m². Due to its remote distance from the continent

and the lack of cultural noise, this location is a unique location for measuring

microseismic noise and to investigate its relation with some climate and

oceanographic variables. In the SPSPA we have recorded both primary

microseisms (PM) at 0.04 – 0.12 Hz and the secondary microseisms (SM) at

0.12 – 0.4 Hz during 10 months in 2012 and 2013. Our analysis indicates a

good correlation between the microseismic noise in the region and a seasonal

dependency. In particular, the winter in the northern hemisphere. We have also

shown that most of the PM is generated in the SPSPA itself. The SM source

location depends with the seasonal climatic and oceanographic variables in the

northern hemisphere.

Key words: microseisms, ocean gravity waves, Saint Peter Saint Paul

Archipelago, wave climate, Atlantic Ocean.

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição de energia de ruído sísmico. Dados de estação TUC

(Tucson - Arizona), mostram a gama de variabilidade observada em 10 anos

para microssismos primários (PM) e secundários (SM) e hum. (figura

modificada de Bromirski, 2009) .......................................................................... 2

Figura 2 - Arquipélago de São Pedro e São Paulo. (figura modificada de:

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/03/g1-visita-arquipelago-mais-

inospito-do-brasil.html) ....................................................................................... 4

Figura 3 - Visão aérea do ASPSP. (foto obtida em:

http://www.popa.com.br/_2008/imagens/paisagens/paisagens_778.htm) .......... 4

Figura 4 - Esquema representativo do modelo do “escudo” de desenvolvimento

das ondas. Linhas em preto simulando a ação do vento atritando com a

superfície do oceano e gerando as ondas. (Figura modificada de

http://www.aprh.pt/rgci/glossario/ondasmarinhas.html) ...................................... 7

Figura 5 - Área de geração do vento. Ao sair da área, as ondas com pequenos

comprimentos de onda dão origem a ondas com grandes comprimentos de

onda. (Figura modificada de: http://cursos.unisanta.br/oceanografia/ondas.htm)

........................................................................................................................... 8

Figura 6 - Trajetórias descritas pelas partículas da água sob a ação de uma

OSG em águas profundas e em águas rasas (Figura modificada de: Trujillo A.

P. & Thurman A. V., 2008) ................................................................................. 9

Figura 7 - Sismograma de um evento registrado na estação do ASPSP

(18/06/2013 às 17h 55min e 42 segundos). ..................................................... 11

Figura 8 - a) Exemplo de sinal sem ruído; b) Exemplo de sinal com ruído.

(Figura obtida em:

http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialtvdconsis1/pagina_2.asp). ............... 11

Figura 9 - Ilustração da variação de pressão na coluna d`água gerada na

superfície pelas ondas. As regiões das setas em vermelho demonstram maior

pressão na coluna d`água sentida no fundo na passagem das ondas do que na

região da seta laranja, onde não tem onda na superfície do mar. (Figura

modificada de:

vii

http://www.aquaret.com/index.php?option=com_content&view=article&id=203&I

temid=344&lang=pt#Animations) ..................................................................... 13

Figura 10 - Espectro qualitativo dos diversos tipos de ondas presentes no

oceano. As forçantes encontram-se destacadas em vermelho. Os sinais de

microssismos dominantes dos oceanos estão relacionados às características

das ondas de gravidade, portanto, ocorrem entre cerca de 1s a 30s (destacado

em amarelo). (Figura modificada de: Kinsman, Blair (1965).

http://tidesandcurrents.noaa.gov/levelhow.html) .............................................. 14

Figura 11 - Locais possíveis para geração de microssismos. Em verde observa-

se o local de geração dos PM, na região costeira. Em vermelho (SM) os locais

para os SM. ...................................................................................................... 15

Figura 12 – Fluxograma com a sequência dos processamentos realizados. ... 19

FIGURAS DO MANUSCRITO:

Figure 1: Welch Power Spectra Density (PSD) in the SPSPA showing the

Primary Microseism (PM) with frequency at 0.04 – 0.12 Hz and Secondary

Microseism (SM) with frequency at 0.12 – 0.4 Hz. .......................................... 35

Figure 2: Location map of the SPSPA with location of the buoys used in this

study, and an aerial photo of the area. The extreme points of the SPSPA have

approximately 460 m (source of the aerial photo:

http://www.popa.com.br/_2008/imagens/paisagens/paisagens_778.htm). ....... 36

Figure 3: 3D visualization of the bathimetry around the SPSPA (modified from

Sichel et al., 2008) showing the mountain chain with gentle slope towards the

EW direction and a strong slope in the NS directions. The water depths around

the SPSPA is around 4,000 m and the area shown has approximately 400 km².

The vertical scale is exaggerated 12 times relative to horizontal scale. ........... 37

Figure 4: Intensity map (speed in m/s) of ocean wind along the Atlantic Ocean

(warmer colours for greater wind intensity). (a) Winter in the southern

hemisphere (July—August) showing a greater wind intensity in the southern

hemisphere; (b) winter in the northern hemisphere (January—February)

showing a greater wind intensity in the northern hemisphere. .......................... 38

viii

Figura 5: Significant wave height. (a) for high latitude regions in the northern

hemisphere and (b) high latitude regions in the southern hemisphere. Data from

the WaveWatch III from NOOA. For the SPSPA location from May 2012 to

February 2013 we have: (c) significant wave height (Hs); (d) wave period (Tp),

and (d) wind speed (Ws). ................................................................................. 39

Figura 6: Microseismic energy distribution for the SPSPA station from May

2012 to February 2013. We highlight the PM bandwidth (0.04 – 0.12 Hz) and

the SM bandwidth (0.12 – 0.4 Hz). ................................................................... 40

Figura 7: Amplitude of the microseisms recorded at SPSP from May 2012 to

February 2013. PM (0.04 - 0.12 Hz) in red and SM (0.12 - 0.4 Hz) in black. The

grey stripe highlights the period in which PM and SM are poorly correlated. ... 41

Figura 8: Pearson monthly correlation values for the PM and SM amplitude

record. .............................................................................................................. 42

Figura 9: Normalised amplitude values for July 2012. (a) Normalised amplitude

for PM and SM showing a poor correlation between those two variables; (b)

Normalised amplitude for PM and Hs in SPSP showing higher values of

correlation during nearly the entire month (we highlight the high correlation

period in grey); (c) Normalised amplitude for SM and Hs in buoy 41041 location

(we highlight those high correlation period in grey). ......................................... 43

Figura 10: Normalised amplitude values for October 2012. (a) Normalised

amplitude for PM x SM showing a good correlation between those two

variables. (b) Normalised amplitude for PM x Hs in Amazon showing higher

values of correlation during nearly the entire month (we highlight the high

correlation period in grey); (c) Normalised amplitude for PM, SM x Hs at SPSPA

(we highlight those low correlation period in grey). ........................................... 44

Figura 11: Normalised amplitude values for December 2012. (a) Normalised

amplitude for PM and SM showing a good correlation between those two

variables hence indicating the same source for PM and SM; (b) Normalised

amplitudes for PM, SM and Hs at SPSP showing a good correlation in

practically the entire month (we highlight the high correlation period in grey); (c)

Normalised amplitudes for PM, SM and Hs at buoy 41041 showing a poor

correlation during this month (highlighted in grey). ........................................... 45

ix

LISTA DE TABELAS

Table 1: Monthly distribution of correlation values between PM and Hs in all the

locations we analised (including the SPSPA). The locations are presented as

function of their latitude (from north to south). Warmer colours show greater

correlation values and cooler colours represent lower correlation values. ....... 46

Table 2: Monthly distribution of correlation values between SM and Hs in all the

locations we analised (including the SPSPA). The location are presented as

function of their latitude (from north to south). Warmer colours show greater

correlation values and cooler colours represent lower correlation value .......... 47

x

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 ........................................................................................................ 10

Equação 2 ........................................................................................................ 10

Equação 3 ........................................................................................................ 16

Equação 4 ........................................................................................................ 17

Equação 5 ........................................................................................................ 17

Equação 5 ........................................................................................................ 60

Equação 6 ........................................................................................................ 60

Equação 7 ........................................................................................................ 61

Equação 8 ........................................................................................................ 61

Equação 9 ........................................................................................................ 61

Equação 10 ...................................................................................................... 61

Equação 11 ...................................................................................................... 62

Equação 12 ...................................................................................................... 62

Equação 13 ...................................................................................................... 62

Equação 14 ...................................................................................................... 62

1

Sumário AGRADECIMENTOS .......................................................................................... ii

RESUMO............................................................................................................ iv

ABSTRACT ........................................................................................................ v

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... ix

LISTA DE EQUAÇÕES ..................................................................................... x

1 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .................................................................... 2

2 CAPÍTULO II – CONCEITOS TEÓRICOS .................................................. 6

2.1 – Ondas Oceânicas de Gravidade ........................................................ 6

2.1.1 – Modelo de aproximações de águas profundas e águas rasas

para as OSG ............................................................................................... 8

2.1.2 – Altura Significativa de Onda (Hs) ................................................. 9

2.1.3 – Período de Pico (Tp) .................................................................. 10

2.2 – Microssismos ................................................................................... 10

2.2.1 – Microssismos Primários (PM) .................................................... 14

2.2.2 – Microssismos Secundários (SM) ............................................... 15

2.3 – Outras definições importantes .......................................................... 17

2.3.1 - Correlação de Pearson ............................................................... 17

3 CAPÍTULO III – Dados e Processamentos ............................................... 18

3.1 – Dados Utilizados e Ambiente de estudo ........................................... 18

3.2 – Fluxograma de Processamento ....................................................... 18

4 CAPÍTULO IV – MANUSCRITRO SUBMETIDO (Pure and Applied

Geophysics) ..................................................................................................... 22

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 56

6 ANEXO – I ................................................................................................ 60

2

1 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

A superfície da terra está sempre em movimento na banda de

frequências sísmicas, mesmo na ausência de terremotos. Estas vibrações, com

períodos menores do que 30 segundos (Figura 1), são dominadas por energia

microssísmica (ou ruído sísmico ambiente). Para períodos menores do que

30s, o ruído sísmico é dominado por energia microssísmica que são separados

em microssismos primários (PM) (período aproximado entre 12 e 18 s) e

secundários (SM) (período aproximado entre 6 e 9 s) [Bromirski, 2009]. Os PM

mostrando-se com menor energia e probabilidade de registros; os SM com

maior energia e probabilidade de registro. Para períodos acima de 30 s, ocorre

o registro do chamado “hum” que não será discutido neste trabalho.

Figura 1 - Distribuição de energia de ruído sísmico. Dados de estação TUC (Tucson - Arizona), mostram a gama de variabilidade observada em 10 anos para microssismos primários (PM) e secundários (SM) e hum. (figura modificada de Bromirski, 2009)

Os microssismos geralmente são causados por atividades humanas

diárias, tais como máquinas de fábricas, motores de automóveis e pessoas se

deslocando, assim como por fenômenos naturais, tais como fluxos de água de

rios, chuva, vento, movimento de marés, variação de pressão atmosférica e

ondas oceânicas [Lacoss e Toksöz, 1969]. Portanto, analisar microssismos

significa também, alternativamente, obter informações sobre as características

de eventos como os acima citados.

3

Neste trabalho, analisamos os microssismos gerados apenas por

fenômenos naturais. Como a natureza destas fontes de microssismos e seus

mecanismos de geração ainda não são completamente compreendidos, este

trabalho abre mais uma perspectiva para estudos no tema.

Portanto, o objetivo principal deste trabalho é estudar os microssismos e

a associação destes com dados climáticos da atmosfera e do oceano. Para

isto, infere-se a localização das fontes de microssismos (PM e SM) registrados

no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) e investigam-se os

comportamentos temporais dos registros de microssismos e suas relações com

algumas variáveis climáticas e oceanográficas, nas porções norte e sul do

oceano Atlântico. Em particular, busca-se relacionar os registros dos

microssismos com o a altura significativa das ondas na região do ASPSP e ao

longo do Oceano Atlântico, relacionando a sua geração com algum tipo de

perturbação atmosférica, no período de Maio de 2012 até Fevereiro de 2013.

Uma boa compreensão dessas fontes climáticas geradoras de

microssismos é de grande importância para aplicações em diversos estudos

com uso de dados microssísmicos, pois poderá otimizar a escolha do conjunto

de dados a serem utilizados. Logo, espera-se que este trabalho se constitua

numa base importante para o desenvolvimento de uma ferramenta de

monitoramento, a longo termo, in situ e em tempo real, para a identificação de

fenômenos oceânicos/atmosféricos a partir da análise de registros de

microssismos provenientes não só da estação do ASPSP, como também das

várias estações sismológicas a cargo do Departamento de Geofísica da UFRN.

O local escolhido para a realização deste trabalho foi o Arquipélago de

São Pedro e São Paulo (ASPSP) (Figura 2 e Figura 3). O ASPSP está situado

na região equatorial do Oceano Atlântico, localizado nas coordenadas 00º55.1’

N, 29º20.7’ W e distante cerca de 1.100 km do litoral brasileiro (Figura 2). É a

porção de terra pertencente ao território brasileiro mais próximo da África. O

ASPSP é constituído de um conjunto de pequenas ilhas rochosas (Figura 3)

que se ergue de uma profundidade de cerca de 4.000 metros, estando todas

elas sujeitas a abalos sísmicos e a condições muito severas do oceano e da

atmosfera.

4

Figura 2 - Arquipélago de São Pedro e São Paulo. (figura modificada de: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/03/g1-visita-arquipelago-mais-inospito-do-brasil.html)

Figura 3 - Visão aérea do ASPSP. (foto obtida em: http://www.popa.com.br/_2008/imagens/paisagens/paisagens_778.htm)

O ASPSP apresenta uma área total emersa de aproximadamente 17.000

m², altitude máxima de 18 m e cuja distância entre os pontos extremos é de

5

cerca de 420 m [Miguens, 1995]. A formação das ilhas é basicamente de

rochas que se projetam para o mar com forte declive, sendo desprovidas de

praias, vegetação e água potável.

Devido a seu posicionamento geográfico, entre os hemisférios norte e

sul e os continentes africano e americano, o ASPSP reúne condições especiais

para o desenvolvimento de pesquisas sismológicas e climáticas. [SECIRM,

2009]. Além disso, devido às características de isolamento do ASPSP, os

registros da estação sismológica do local estão menos susceptíveis à atividade

humana, fornecendo assim importantes informações relacionadas a fenômenos

naturais de uma região pouco explorada.

Os dados utilizados neste trabalho (dados sismológicos, de altura

significativa de ondas, velocidade dos ventos) são referentes ao período entre

maio de 2012 e fevereiro de 2013. Os dados de microssismos foram

registrados na estação de banda larga permanente do ASPSP e obtidos

durante a expedição 375 ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Os dados

de variáveis oceanográficas e atmosféricas foram extraídos de modelos

numéricos do NOAA.

Este trabalho faz parte do Programa Arquipélago de São Pedro e São

Paulo (PROARQUIPÉLAGO) e tem participação do Laboratório Sismológico do

Departamento de Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e

da Marinha do Brasil por meio da Secretaria da Comissão Interministerial para

os Recursos do Mar (SECIRM).

A dissertação está organizada da seguinte maneira. Neste capítulo 1,

apresentamos a introdução com as motivações que nos induziram a realizar

este trabalho e os objetivos definidos. Em seguida, no capítulo 2,

apresentaremos fundamentos teóricos da geração de microssismos por meio

da interação oceano-atmosfera, assim como alguns conceitos teóricos

necessários para o bom entendimento restante do texto. No capítulo 3,

discutiremos a respeito do conjunto de dados e os métodos utilizados para a

realização do trabalho. Finalmente, no capítulo 4, mostraremos o manuscrito

submetido, na revista ‘Pure and Applied Geophysics,’ com os resultados

obtidos e todas as discussões. (As figuras citadas no capítulo 4 estão entre as

páginas 35 e 47).

6

2 CAPÍTULO II – CONCEITOS TEÓRICOS

Este capítulo objetiva a compreensão de conceitos teóricos envolvidos

na geração de microssismos devido às ondas oceânicas geradas pelo vento.

2.1 – Ondas Oceânicas de Gravidade

A dinâmica oceânica é consequência da ação de forças que atuam

sobre o fluido, das suas características físicas e suas interações com as

vizinhanças. Do ponto de vista físico, embora existam vários tipos de força

atuando diretamente sobre suas águas, podendo-se citar a força gravitacional,

a força de atrito, a força de Coriolis, forças sísmicas, entre outras, apenas as

três primeiras destacam-se como sendo dominantes para o movimento

oceânico.

A ação conjunta dessas forças gera a circulação geral oceânica,

caracterizada por alguns movimentos específicos, tais como, as circulações

abissais, as correntes de giro e de contorno, ambas forçadas pelo vento, as

correntes de jato, etc. Em todos esses movimentos a ação do vento, que por

atrito transfere energia e momento linear para o mar ao soprar através da sua

superfície, possui influência fundamental.

Adicionalmente aos fluxos provocados pelos movimentos acima citados

existem as Ondas de Superfícies, também conhecidas como Ondas

Superficiais de Gravidade (OSG), que têm o vento como seu agente gerador

principal e surgem devido a grande diferença entre as densidades do ar e da

água na superfície do oceano. No processo, o vento gera gradiente de pressão

horizontal no oceano e fricção que perturbam o equilíbrio da superfície dos

oceanos que, por sua vez, começa a sofrer deformações e ação de forças

restauradoras, gerando-se pequenas ondas com cristas arredondadas e cavas

em forma de "V" e com comprimentos de onda muito curtos, chamadas de

ondas capilares. Com a continuação do processo as ondas vão aumentando de

altura, de comprimento e de velocidade. [Jeffreys, H., 1925] (ver Figura 4)

7

Figura 4 - Esquema representativo do modelo do “escudo” de desenvolvimento das ondas. Linhas em preto simulando a ação do vento atritando com a superfície do oceano e gerando as ondas. (Figura modificada de http://www.aprh.pt/rgci/glossario/ondasmarinhas.html)

Em particular, as ondas superfíciais de gravidade podem ser geradas

tanto por ventos locais quanto por ventos intensos e tempestades que podem

estar distantes milhares de quilômetros do ponto de observação, ou seja, as

ondas nos oceanos podem viajar milhares de quilometros a partir do ponto

onde foram geradas antes de chegar à costa. [Tolman, H.L. (2009), Holliday,

Naomi P.; Yelland, Margaret J.; Pascal, Robin; Swail, Val R.; Taylor, Peter K.;

Griffiths, Colin R.; Kent, Elizabeth (2006)]

Os fatores que influenciam a formação das OSG estão relacionados à

velocidade do vento, ao fletch (que é distância de águas livres que o vento

sopra (Figura 5)), à largura da área afetada pelo fletch, ao tempo de duração

do vento que atinge uma determinada área e à profundidade da água. Esses

fatores agem conjuntamente na determinação das características físicas finais

das OSG.

Quando o vento transmite toda energia possível à superfície oceânica,

atinge-se um estado de equilíbrio, formando as ondas. Logo, a energia é

dissipada pelas ondas a mesma razão que recebe do vento. Com isso, ocorre o

estado de mar completamente desenvolvido em que a energia das ondas já

não aumenta. Depois que o vento para de soprar, as ondas por ele geradas

são chamadas de swell (Figura 5).

8

Figura 5 - Área de geração do vento. Ao sair da área, as ondas com pequenos comprimentos de onda dão origem a ondas com grandes comprimentos de onda. (Figura modificada de: http://cursos.unisanta.br/oceanografia/ondas.htm)

2.1.1 – Modelo de aproximações de águas profundas e águas rasas para

as OSG

À medida que as ondas vão se aproximando da costa deixam o domínio

de águas profundas, passam para águas intermediárias e, finalmente, para

as águas rasas, começando a interagir com o fundo do oceano

progressivamente com maior intensidade. As orbitas das partículas que,

em águas profundas, eram circulares passam, abaixo da superfície, a ser

elipsoidais, sendo o achatamento das órbitas cada vez maior à medida que a

distância ao fundo diminui. Isso provoca nas ondas uma combinação de

movimentos longitudinais (frente e trás) e transversais (cima e baixo). Quando

se propagam nas águas rasas, (onde a profundidade é menor que a metade do

comprimento de onda) as trajetórias das partículas são compactadas em

elipses. Para mais detalhes da dinâmica das ondas superficiais de gravidade

ver o ANEXO – I.

Assim, em águas rasas, a onda sofre uma série de processos de

interação com o fundo. Nessas interações com o fundo a onda vai dissipando

alguma energia. A velocidade da onda começa a ser determinada pela

profundidade da coluna de água, e como esta vai diminuindo a progressão da

onda vai se tornando cada vez mais lenta. Havendo diminuição

da velocidade de propagação da onda, ocorre o aumentando a altura da onda.

(Figura 6)

9

Figura 6 - Trajetórias descritas pelas partículas da água sob a ação de uma OSG em águas profundas e em águas rasas (Figura modificada de: Trujillo A. P. & Thurman A. V., 2008)

2.1.2 – Altura Significativa de Onda (Hs)

A altura de onda de uma onda de superfície é a diferença entre as

elevações de uma crista e um vale vizinho [Kinsman, 1984]. No mar, devido às

várias alturas de ondas que podem existir em uma determinada área, foi

definida como Altura Significativa de Onda (Hs) uma altura que representasse

as características de todas as ondas, desta área, em um determinado período

de tempo.

Dessa forma, necessita-se da definição de um parâmetro que possibilite

a medida das alturas das ondas detectadas pela boia. A definição prática desse

parâmetro e frequentemente utilizada, originalmente estabelecida por Walter

Munk durante a Segunda Guerra Mundial [Munk, W.H., 1944], reside no

conceito da Altura Significativa de Onda (Hs) no qual se considera a altura de

1/3 das ondas mais altas em um determinado período de tempo.

Mais recentemente, calcula-se a altura significativa a partir de

deslocamento da superfície da onda medida. De acordo com Hoffmann e Karst

(1975), se o mar contém uma faixa estreita de ondas, Hs está relacionado ao

desvio padrão do deslocamento da superfície do mar através da expressão:

10

2/124 Hs

Equação 1

onde, 2/1

2 corresponde ao desvio padrão do deslocamento da superfície.

2.1.3 – Período de Pico (Tp)

Período de pico (Peak Period), Tp, é o período correspondente à banda

de frequência com o valor máximo de densidade espectral no espectro de onda

não direcional. É representativo das ondas mais altas encontradas durante o

período de amostragem de onda. É o inverso da frequência de pico, Fp:

FpTp /1 Equação 2

2.2 – Microssismos

O microssismo é uma vibração de intensidade fraca e são provocados

por fenômenos naturais ou resultado da atividade humana, ou seja, não têm

origem devido a terremotos. O termo mais usualmente usado para se referir a

microssismo, é de ruído sísmico. Na sua maioria, são compostos de ondas

Rayleigh [Longuet-Higgins, 1950; Haubrich e McCamy, 1969] e causados por

ondas dos oceanos, rios e lagos. O sinal microssísmico pode ser registrado por

estações em qualquer localidade, em continente, em ilha ou mesmo no fundo

do mar [Stutzmann et al. , 2009].

A Figura 7 apresenta o sismograma de um registro das vibrações

sofridas no ASPSP devido um evento sísmico no dia 18/06/2013 às 17h 55min

e 42 segundos. Observar que mesmo antes do início do evento o sismograma

registra pequenas e contínuas oscilações, ou seja, não é uma linha reta.

11

Figura 7 - Sismograma de um evento registrado na estação do ASPSP (18/06/2013 às 17h 55min e 42 segundos).

Na ausência de vibrações, o sismograma seria uma linha reta. Contudo,

é raro obtê-las, visto que nosso planeta é constantemente abalado por alguma

forma de ruído. Portanto, essas pequenas e contínuas oscilações do solo

registradas pelos sismogramas são os microssismos. A Figura 8 “a” mostra

exemplo de um sinal sem ruído e a Figura 8 “b” um exemplo de sinal com

ruído.

Figura 8 - a) Exemplo de sinal sem ruído; b) Exemplo de sinal com ruído. (Figura obtida em: http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialtvdconsis1/pagina_2.asp).

Os microssismos associados a atividades humanas são dominados por

períodos menores que 1s, ou seja, frequências acimas de 1Hz [Kulhanek,

1990] e possuem claramente variação diurna em amplitude e período,

enquanto os microssismos associados aos fenômenos naturais, como ondas

oceânicas de gravidade (OSG), têm seus períodos predominantemente

maiores que 1s (frequências < 1Hz), com variações de amplitudes e períodos

associados aos padrões de tempo dos respectivos fenômenos. Assim, a

análise de registros de microssismos utilizando-se métodos apropriados de

filtragem é capaz de fornecer informações sobre a dinâmica de fenômenos

oceânicos e/ou atmosféricos em uma determinada região.

12

De acordo com Gutenberg (1924), a investigação de microssismos

gerados por ondas do oceano iniciou-se quando Wiechert (1904) propôs o

mecanismo pelo qual as tempestades produzem microssismos por meio da

quebra do swell oceânico ao longo das regiões costeiras. Avanços

fundamentais foram feitos quando Longuet Higgins (1950) desenvolveu uma

teoria sobre a geração de SM. Nesta teoria, ondas oceânicas que possuam o

mesmo período, ao se colidirem quando viajando em direções opostas geram

ondas estacionárias de metade do período e com amplitude proporcional a

altura das ondas. Assim, uma perturbação não linear da pressão se propaga

até o fundo do oceano praticamente sem sofrer atenuação.

Hasselmann (1963) usou uma abordagem estatística para mostrar que

as flutuações de pressão aleatórias causadas pelas ondas no oceano são

suficientes para gerar microssismos de amplitude considerável. Por meio de

comparação espectral Haubrich et al. (1963), demonstrou uma relação estreita

entre PM e o swell que chegam nas regiões costeiras. Logo, segundo estes

autores, os PM devem ser gerados em águas rasas pela quebra das ondas na

costa e/ou pela interação não-linear da onda do oceano exercida em declives

submersos, e tem o mesmo período das ondas que o gerou.

Comumente, o ruído microssísmico é dominado por dois picos (Figura

1), que possuem distintos mecanismos de geração e são classificados por:

microssismos primários (PM) (ou “single frequency”, pois tem a mesma

frequência da onda do oceano que gerou o registro), que exibe frequência

entre (0.04 – 0.1 Hz) e microssismos secundários (SM) (ou “double

frequency”, pois tem o dobro da frequência da onda do oceano que gerou o

registro), com frequências entre (0.1 – 1 Hz) [Longuet-Higgins, 1950; Haubrich

et al., 1963; Hasselmann, 1963; Holcomb, 1980; Webb, 1992; Bromirski and

Duennebier, 2002; Tanimoto, 2007; Webb, 2008; M. Schimmel et al., 2011].

Apesar de não ser de interesse para este trabalho, é possível também

identificar no espectro (Figura 1) um pico de menor frequência (maior período)

do que as dos microssismos, denominado de ‘Hum’, que é excitado por ondas

de infragravidade. [Rhie, J., and B. Romanowicz, 2006; Webb, S. C., 2008;

Bromirski, P. D., and P. Gerstoft, 2009]

13

Os microssismos gerados pelas ondas do mar têm a energia da onda

que é convertida em energia acústica na superfície do mar e essa onda

acústica se propaga até o fundo do oceano de forma a variar a pressão do

meio e finalmente sendo convertida em energia sísmica. Isso ocorre devido à

variação de pressão gerada que se forma na superfície do mar até o fundo do

oceano (Figura 6 e Figura 9). A teoria relacionada à forma como se obtém a

variação de pressão gerada na camada d’água, provocando assim uma

pressão sentida no fundo do oceano, é mostrada por Longuet-Higgen (1950) e

posteriormente por Hasselman (1963).

Figura 9 - Ilustração da variação de pressão na coluna d`água gerada na superfície pelas ondas. As regiões das setas em vermelho demonstram maior pressão na coluna d`água sentida no fundo na passagem das ondas do que na região da seta laranja, onde não tem onda na superfície do mar. (Figura modificada de: http://www.aquaret.com/index.php?option=com_content&view=article&id=203&Itemid=344&lang=pt#Animations)

Os sinais de microssismos dominantes dos oceanos estão relacionados

às características das ondas de gravidade do oceano, portanto, ocorrem entre

cerca de 1 a 30 segundos (Figura 10). Logo, para períodos menores que 30

segundos, o espectro de ruído do ambiente é dominado por energia

microssísmica (ver Figura 1).

14

Figura 10 - Espectro qualitativo dos diversos tipos de ondas presentes no oceano. As forçantes encontram-se destacadas em vermelho. Os sinais de microssismos dominantes dos oceanos estão relacionados às características das ondas de gravidade, portanto, ocorrem entre cerca de 1s a 30s (destacado em amarelo). (Figura modificada de: Kinsman, Blair (1965). http://tidesandcurrents.noaa.gov/levelhow.html)

2.2.1 – Microssismos Primários (PM)

O pico de menor energia (PM na Figura 1) é para períodos maiores

(entre 12 e 18 s) e, segundo A. Friedrich et. al, (1998) pode ser explicado pelo

efeito das ondas de gravidade superficiais (ondas do mar gerado por ação dos

ventos) interagindo com o fundo do oceano em regiões costeiras (PM na Figura

11). A energia das ondas do mar pode ser convertida diretamente em energia

sísmica ao se colidirem diretamente com a costa, e/ou através de variações de

pressão verticais, sentida pelo fundo (assim como foi mostrado nas Figura 6 e

Figura 9). Estes microssismos tem o mesmo período que as ondas do mar que

os geram, e são geralmente chamados de “microssismos primários – (PM)”.

15

Figura 11 - Locais possíveis para geração de microssismos. Em verde observa-se o local de geração dos PM, na região costeira. Em vermelho (SM) os locais para os SM.

Segundo K. Hasselmann (1963), em águas profundas (maior do que ½

do comprimento de onda) este mecanismo é ineficaz na geração de

microssismos primários, pois a amplitude das flutuações de pressão das ondas

do oceano cai exponencialmente com a profundidade abaixo da superfície livre

do mar (Assim como foi discutido no tópico 2.1.1 – Modelo de aproximações de

águas profundas e águas rasas para as OSG e complementado no ANEXO –

I).

2.2.2 – Microssismos Secundários (SM)

Já o pico de maior energia (SM na Figura 1), causado por períodos

curtos (aproximadamente entre 6 e 9 s), é também devido a ondas de

gravidade superficiais na água, mas de acordo com A. Friedrich et. al, (1998)

resulta da interação de ondas com frequências iguais (ou quase iguais)

“colidindo” em direções opostas, que podem ocorrer em duas situações: 1)

diretamente na região do oceano onde esteja ocorrendo algum distúrbio

climático, como um ciclone (ver SM “1” na Figura 11), pois os ventos variam de

16

direção; 2) em alguma região do oceano devido ao encontro do swell, gerado

por esse distúrbio climático, colidindo com ondas refletidas na região costeira

(ver SM “2” na Figura 11).

Segundo M. S. Longuet-Higgins, (1950) esta interação de ondas gera

um pulso de pressão que se propaga, quase sem atenuação, em direção do

fundo do mar, onde é transformado principalmente em ondas sísmicas

Rayleigh que, como descrito anteriormente, pode se propagar em baixas

frequências por longas distâncias. Estas ondas sísmicas tem um período que é

a metade do período da onda do mar (e o dobro da frequência) e são

geralmente chamados de “microssismos secundários”, e pode ser entendido na

equação 1.

taaghpp sh

2cos2 2

21

Equação 3

Onde,

hp

é a pressão principal no fundo do oceano,

é a pressão na superfície livre

é a densidade da água

é a aceleração da gravidade

é a profundidade da lâmina da água

e são as amplitudes das ondas

é a frequência angular que se relaciona com o vetor de onda

através da relação de dispersão expressa pela equação 8 (ANEXO – I).

Dois casos especiais são de interesse: (a) quando, pontualmente, a

amplitude de uma das ondas opostas é zero, que é o caso de uma onda única

progressiva, então o lado direito da Equação 3 desaparece, e a pressão

principal sentida no fundo do oceano praticamente se mantêm constante (seria

o caso do microssismo primário); (b) quando as amplitudes das duas ondas

opostas são praticamente as mesmas, isto é:

17

aaa2

121 Equação 4

Pela Equação 3, temos que

taghpp sh

2cos

2

1 22

Equação 5

Logo, para uma onda estacionária, a pressão principal no fundo do

oceano varia com o dobro da frequência da onda original e com uma amplitude

proporcional ao seu quadrado.

2.3 – Outras definições importantes

2.3.1 - Correlação de Pearson

O coeficiente de correlação de Pearson (r) mede o grau da correlação

linear entre duas variáveis quantitativas. É um índice adimensional com valores

situados entre -1 e 1 que reflete a intensidade de uma relação linear entre os

dois conjuntos de dados. Onde:

r=1 pode significar uma correlação perfeita positiva entre as

duas variáveis;

r=-1 pode significar uma correlação negativa perfeita entre as

duas variáveis, isto é, se uma aumenta a outra sempre

diminui;

r=0 deve significar que as duas variáveis não dependem

linearmente uma da outra.

Mais detalhes em: Figueiredo Filho, D., Silva Junior, J. (2010)

18

3 CAPÍTULO III – Dados e Processamentos

Neste capítulo, discutiremos a respeito dos dados utilizados, ambiente

de estudo e a sequência dos processamentos realizados neste trabalho.

3.1 – Dados Utilizados e Ambiente de estudo

As ferramentas de análise utilizadas para o desenvolvimento deste plano

de trabalho foram os softwares abaixo, disponíveis no LabSis e Laboratório de

Oceanografia Física, ambos pertencentes ao Departamento de Geofísica da

UFRN: SAC (Seismic Analysis Code) desenvolvido pelo Lawrence Livermore

National Laboratory da Universidade da Califórnia, Estados Unidos [Tapley &

Tull, 1992] e MATLAB.

Para as análises dos dados sísmicos, foram utilizados dados da estação

sismológica permanente do ASPSP. Para as análises no domínio do tempo e

frequência, foram utilizados scripts do MATLAB disponibilizados pelo GISMO

(GI Seismology Matlab Objects). (Para mais informações do pacote GISMO

acessar: http://www.giseis.alaska.edu/Seis/EQ/tools/GISMO/). Os

processamentos foram realizados no SAC e no MATLAB.

Para as análises dos dados oceanográficos foram utilizados dados do

modelo numérico de ondas WAVEWATCH III (WIII), do National Oceanic and

Atmospheric Administration (NOAA), por onde foi possível a análise de dados

de período de onda, velocidade do vento e principalmente de altura significativa

de ondas para as regiões de interesse do estudo. Utilizando também dados do

NOAA, foram gerados os mapas de intensidade de velocidade do vento, em

todo o oceano atlântico. Os scripts para gerar os mapas de intensidade de

velocidade do vento foram disponibilizados pelo pesquisador Allan Rodrigues

Silva (Doutorando do Programa da Pós-Graduação em Ciências Climáticas -

PPGCC – UFRN). Todos os processamentos foram realizados no MATLAB.

3.2 – Fluxograma de Processamento

19

A Figura 12 mostra o fluxograma com a sequência dos processamentos

realizados neste trabalho.

Figura 12 – Fluxograma com a sequência dos processamentos realizados.

A seguir, temos uma breve descrição da sequência dos processamentos

realizados mostrado no fluxograma acima:

1. Dados sísmicos: No SAC, foi feita a conversão dos dados que estavam no

formato Reftek (formato do equipamento – estação sismológica permanente

do ASPSP) para o formato SAC.

20

2. Pré-processamentos: Com os dados no formato SAC, foram realizados os

seguintes processamentos:

2.1. Retirada da resposta instrumental: O registro em um sismômetro é um

conjunto de efeitos causados pela fonte, pela estrutura da Terra e pela

resposta do instrumento (equipamento). A resposta do sismômetro pode

ser retirada, permitindo assim que o registro forneça apenas as

informações necessárias, ou seja, da fonte e estrutura da terra.

2.2. Filtro passa baixa de 1Hz: Como nosso interesse está na analise dos

microssismos, frequências abaixo de 1Hz, fizemos um corte nas

frequência acima de 1Hz.

2.3. Remoção da média e da tendência linear: Correção de efeitos

indesejados no registro sísmico devido à relação entre a fonte e o

receptor.

3. Junção dos dados: Visto que os dados sismológicos estavam em arquivos

de hora em hora, foi necessária a junção dos dados. Logo, para as

necessidades do prosseguimento do trabalho, juntamos em arquivos de

mês a mês, e também um único arquivo contendo todos os dados utilizados

na realização deste trabalho (cerca de 10 meses completos: Maio de 2012 –

Fevereiros de 2013).

4. Pré-processamentos: Já no MATLAB, utilizando o valor médio,

decimamos o dado em amostras de 2Hz para as análises no domínio da

frequência.

5. FFT: Utilizamos a transformada rápida de Fourier (FFT) para converter o

sinal do domínio do tempo para o domínio da frequência.

5.1. Espectrograma: Foi gerado o espectrograma (gráficos de frequência x

tempo) dos 10 meses de dados sismológicos para análises da

densidade espectral de PM e SM.

5.2. Densidade espectral de potência: Usando o método (Welch, P.D, 1967),

foi calculada a densidade espectral dos dados sismológicos, para a

identificação das bandas de frequências de PM e SM.

5.3. Filtros passa banda para separar PM e SM: Com as bandas de

frequências de PM e SM identificadas, utilizando filtros de passa banda,

foram separados (em arquivos distintos) os PM e SM.

6. Pré-processamentos:

6.1. Decimate to 0.0003Hz: Utilizando o valor médio, decimamos o dado em

amostras de 0.0003Hz (1 amostra por hora). Isto foi necessário para

21

que os dados sismológicos (PM e SM) passassem a ter a mesma

amostragem dos dados oceanográficos (1 amostra por hora), permitindo

assim as corretas comparações que seriam realizadas no domínio do

tempo.

6.2. Valor absoluto dos dados: Foi calculado o valor absoluto dos dados

sismológicos (PM e SM) para as corretas comparações que seriam

realizadas, no domínio do tempo, com os dados oceanográficos. O valor

absoluto dos dados sismológicos pode ser entendido como a sua

amplitude a partir de zero.

7. IFFT: Utilizamos a transformada rápida inversa de Fourier (IFFT) para

converter o sinal do domínio da frequência para o domínio do tempo.

7.1. Curvas de amplitude x tempo de PM e SM: Com os arquivos de PM e

SM separados, plotamos os gráficos (no domínio do tempo) para PM e

SM.

8. Dados Oceanográficos: Utilizando os dados do NOAA, extraímos (para o

mesmo período de tempo em que tínhamos os dados sismológicos) os

dados oceanográficos (altura significativa de ondas, período de ondas e

velocidade do vento), todos com taxa de 1 amostra por hora.

8.1. Altura significativa de ondas, período de ondas e velocidade do vento:

Foram gerados gráficos no domínio do tempo para as análises e

correlações com os dados sismológicos.

8.2. Mapas da intensidade da velocidade do vento: Foram gerados mapas

da intensidade da velocidade do vento, ao longo do oceano Atlântico,

em diferentes épocas, para análises e comparações com os dados

sismológicos.

9. Normalização dos dados: Como as amplitudes das variáveis PM, SM e Hs

têm escalas diferentes, foi necessária a normalização destes dados. Assim,

foram possíveis as comparações e correlações entre as amplitudes de PM,

SM e Hs.

10. Correlações: Foram realizadas comparações e correlações entre os dados

sismológicos e oceanográficos.

10.1. Comparações: Gráficos dos dados sismológicos e oceanográficos

plotados juntos, para as análises e comparações.

10.2. Correlações de Pearson: Foram obtidos valores do

relacionamento entre os dados sismológicos e oceanográficos, por meio

da correlação de Pearson. Consideramos a correlação perfeita positiva

entre as variáveis como boa correlação (ou seja, valores tendendo a 1).

22

4 CAPÍTULO IV – MANUSCRITRO SUBMETIDO (Pure

and Applied Geophysics)

(As figuras citadas no capítulo 4 estão entre as páginas 35 e 47)

MICROSEISMIC NOISE IN THE SAINT PETER SAINT PAUL ARCHIPELAGO

AND ITS RELATION WITH SOME CLIMATE AND OCEANOGRAPHIC

VARIABLES

Daniel É. de Queiroz(1), Aderson F. do Nascimento(1, 2), Martin Schimmel(3),

Mario P. Silva(1, 2)

Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica – UFRN,

Natal, Brazil

Departamento de Geofísica – UFRN, Natal, Brazil

23

Instituto de Ciencias de la Tierra “Jaume Almera” – CSIC, Barcelona,

Spain

Abstract

Microseisms are continuous vibrations pervasively recorded in the mili Hertz to

1 Hz frequency range. These vibrations are mostly composed of Rayleigh

waves and are strongest in the 0.04 to 1 Hz frequency band. Their precise

source mechanisms are still a matter of debate but it is agreed that they are

related to atmospheric perturbations and ocean gravity waves. The Saint Peter

Saint Paul Archipelago (SPSPA) is located in the equatorial region of the

Atlantic Ocean about 1,100 km distant from the Brazilian northeastern coast.

The SPSPA is composed by a set of several small rocky formations with a total

area of approximately 17,000 m². Due to its remote distance from the continent

and the lack of noise, this location is unique for measuring microseismic noise

and to investigate its relation with climate and oceanographic variables. In the

SPSPA we have recorded both primary microseisms (PM) at 0.04 – 0.12 Hz

and the secondary microseisms (SM) at 0.12 – 0.4 Hz during 10 months in 2012

and 2013. Our analysis indicates a good correlation between the microseismic

noise in the region and a seasonal dependency. In particular, the winter in the

northern hemisphere. We have also shown that most of the PM is generated in

the SPSPA itself. The SM source location depends with the seasonal climatic

and oceanographic variables in the northern hemisphere.

Key words: microseisms,ocean gravity waves, Saint Peter Saint Paul

Archipelago, wave climate, Atlantic Ocean.

24

Introduction

Background seismic ambient noise is pervasive in broadband records

from few mili Hertz to about 1 Hertz. The weakest and strongest globally

observed ambient noise are the hum and the microseisms (Figure 1),

respectively. The hum [e.g., Suda et al., 1998; Tanimoto et al., 1998; Roult and

Crawford, 2000; Rhie and Romanowicz, 2004] are free oscillations of the Earth

around 4–20 mHz and are generated through infra-gravity waves in the shallow

ocean. Microseismic noise, however, are mostly Rayleigh waves and are

strongest in the 0.04 to 1 Hz frequency band.

Microseismic noise is divided into primary microseisms (PM) and

secondary microseisms (SM). PM (also called “single frequency peak”) exhibit

dominant frequencies at 0.04 – 0.1 Hz whilst SM (or “double frequency peak”)

have frequencies at about 0.1 – 1 Hz [Longuet-Higgins, 1950; Haubrich et al.,

1963; Hasselmann, 1963; Holcomb, 1980; Webb, 1992; Bromirski and

Duennebier, 2002; Tanimoto, 2007; Webb, 2008; Schimmel et al., 2011].

The PM (Figure 1) have the same frequencies of the ocean gravity

waves and are caused by the breaking near the shore and by interaction of

ocean waves with the (sloping) sea floor [Hasselmann, 1963]. The SM (Figure

1) are stronger signals and are caused by pressure oscillations through the

interference of waves with the same frequency but with opposite directions

[Longuet‐ Higgins, 1950; Hasselmann, 1963; Tanimoto et al., 2006; Ardhuin et

al., 2011; Stutzmann et al., 2012; Gualtieri et al., 2013]. These opposing swell

interactions produce through a standing wave mechanism pressure waves that

couple into seismic energy as function of bathymetry and frequency, even in the

deepest ocean. The corresponding seismic frequencies are the double of the

ocean wave frequencies due to the standing wave mechanism. The opposing

ocean waves can be due to one single storm which moves faster than the

ocean waves, due to waves generated by different storms which can be

separated by hundreds to thousands of kilometers and several days, or due to

ocean wave reflections at the coast or icebergs [Longuet‐ Higgins, 1950;

Gerstoft and Tanimoto, 2007; Chevrot et al., 2007; Kedar et al., 2007; Ardhuin

et al., 2011, Stutzmann et al., 2012].

25

The SM are the strongest noise and catch most of the attention. The SM

generation areas have been observed near the coast [ e.g., Friedrich et al.,

1998; Bromirski and Duennebier, 2002; Schulte‐ Pelkum et al., 2004; Rhie and

Romanowicz, 2006; Gerstoft and Tanimoto, 2007; Yang and Ritzwoller, 2008]

and far from the coast in the deep ocean [e.g., Cessaro 1994, Stelhy et al.

2006; Koper and de Foy, 2008; Gerstoft et al., 2008; Obrebski et al., 2012;

Obrebski et al. 2013; Gualtieri et al. 2014, among others]. Some other studies

find the SM sources near and far from the coasts [e.g., Friedrich et al., 1998;

Chevrot et al., 2007]. The quantitative modeling of the SM is now possible

thanks to ocean wave model hindcasts and theoretical development based on

Longuet Higgins (1950) and normal mode summations [surface waves: Kedar et

al., 2008; Ardhuin et al.,2011; Stutzmann et al., 2012; Gualtieri et al. 2013; body

waves: Gualtieri et al. 2014]. These modeling studies show that the strongest

SM sources are in the deep ocean which also is in agreement with Longuet‐

Higgins (1950). The analysis of the relationship of ocean wave spectra from

offshore and nearshore buoys with SM at ocean bottom or inland seismic

stations suggest that most of the microseisms are excited in nearshore areas

[Zopf et al., 1976; Bromirski and Duennebier, 2002]. Additionally, several

microseismic noise studies have focused on identifying their sources by

correlating their data with the significant ocean wave height (Hs) and period (Ts)

[Tindle e Murphy, 1999; Bromirski et al., 1999; Traer et al., 2012], wind speed

and storms [Bromirski, 2001; Bromirski e Duennebier, 2002; Bromirski et al.,

2005; Gerstoft et al., 2006; Gerstoft et al., 2008; Aster et al., 2010], and

seasonality [Gerstoft e Tanimoto, 2007; Stutzmann et al., 2009; Schimmel et al.,

2011; Grob et al., 2011].

The present paper presents the analysis of microseismic noise from a

broadband station in the Saint Peter Saint Paul (SPSP) Archipelago. The SPSP

Archipelago (SPSPA) has a very particular geographic location: it is situated on

the Mid-Atlantic Ridge transform faults, approximately 1,100 km from the

Brazilian NE coast. The SPSPA is close to the equator which makes this station

unique since it permits to relate northern and southern hemisphere climatic

perturbations through seismic noise observed in the middle of the Atlantic

ocean. In the following we analyse the relationship of the microseismic data with

26

ocean gravity waves, using significant wave height and period, and wind

velocity and seasonality in the SPSPA region. We show that the PM are mainly

locally generated and that the SM shows a strong dependence on the seasonal

variations of the northern hemisphere although the SPSPA is located very close

to the Equator.

Study area

The SPSPA is located in the equatorial region of the Atlantic Ocean (00º55.1’ N,

29º20.7’ W) about 1,100 km distant from the Brazilian northeastern coast

(Figure 2). The SPSPA is composed by a set of several small rocky formations

(Figure 2) that rise from approximately 4,000 m from the sea floor as shown in

Figure 3.

The SPSPA has a total area of approximately 17,000 m², a maximum

height above the mean sea level of 18 m altitude, and the greatest distance

between the furthermost points is around 420 m [Miguens, 1995]. The

environmental conditions for human life in the SPSPA are quite severe due to

the observed and felt seismic and storm activities, and lack of vegetation and

portable water. In addition, seismicity in the vicinity of the SPSPA and along the

Saint Paul Transform Fault Zone is mainly characterized by strike-slip

earthquakes [Angulo et al., 2013]. However, earthquakes with body-wave

magnitude equal or greater than 5.4 related to reverse faulting have also been

reported in the last decades [Wolfe et al., 1993].

Geologically speaking, the SPSPA is an outcrop of the subocean mantle

and is a rare case of isle formation from a tectonic fault [Motoki et al., 2009,

2010]. The SPSPA is the emerse part of a submarine mountain chain which has

approximately 400 km². SPSPA bathymetry (Figure 3) shows that this mountain

chain has an underwater landscape with crest-like elevations with a gentler

slope in the EW direction and a stronger slope in the NS direction. This NS

direction slope lies parallel to the north side of the Saint Paul Transform fault

zone, quite close to the diverging South-American and African Plates

[Mabessone and Coutinho, 1970; Bonatti, 1990; Hekinian et al., 2000; Becker,

2001]

27

The SPSPA is under a semidiurnal microtidal regime with mean tidal

amplitudes of 1.9 m at spring tides and 1.0 m at neap tides [Marinha do Brasil,

2011]. The seasonal maximum significant wave height is at 2.6 – 3.9 m, the

wave period is at 15 – 21 s with principal wave directions E, SE and NE

[Becker, 2001]. Annually, up to 40 high wave energy events occur, consisting of

one or two events with 3 – 4 m waves with the remainder between 2 and 4 m

[Pianca et al., 2010]. The SPSPA is under the influence of the North and South

Equatorial surficial currents, flowing mainly in a westerly direction. The Subsea

Equatorial Current provokes strong turbulences since it is faster than the

equatorial currents and flows along the Equator in the W-E sense, just opposite

to the South-Equatorial surficial current [Philander, 1986; Stramma, 1991;

Campos et al., 2010]. Despite the harsh conditions the SPSPA is permanently

occupied by the Brazilian Navy with military and/or research staff in the existing

scientific base. Since 2012 a broadband seismic station is operating in the

SPSPA.

Seismological data

Here, we used instrument corrected broadband seismic records between

May 2012 to February 2013 and therefore we have 289 days of continuous

record from a seismic station installed in the SPSPA. The vertical component

data was originally samples at 100 Hz and then decimated to 2 Hz for spectral

analysis. Figure 1 shows the power spectral density for August 2012 using

Welch's (1967) method. We can identify the PM and SM with frequency ranges

of 0.04 – 0.12 Hz and 0.12 – 0.4 Hz. Additionally, the Gulf of Guinea

microseism [Shapiro et al. 2006] is visible at frequencies of about 38 mHz. The

Hum is not seen in this figure.

28

Climate and Oceanographic data

WaveWatch III (WW3) model data

We also decided to use this model data because the South Atlantic does

not have the same buoy coverage as the North Atlantic. Therefore, we use

wave data from the WaveWatch III (WW3) [Tolman, 2009] available from the

“National Centers for Environmental Prediction” (NCEP) at

http://polar.ncep.noaa.gov/. From these data it was possible to obtain significant

hourly height (Hs), peak period (Tp), and wind speed (Ws).

The WW III wave data was used to obtain wave data for the different

locations we use in our analysis (Amazon, SPSPA, Fortaleza, Recife, Rio

Grande and Agulhas FA). For locations of buoys 62002, 44141, 41041, and

41043 we also to use the WW III output at these buoys locations since we could

not find wave data for the period we have microseismic data. In any case, these

locations are important because the wave data generated by the WW III is

calibrated with the real wave data using the available period.

NOAA/NCDC provides the multi-sattellite product Blended Sea Winds

(BSW) which we used to obtain wind speed. The BSW product combines

several (both passive and active) remote sensing observations via gaussian

interpolation to increase both temporal and spatial resolution [Zhang et al.,

2006]. This wind speed data is available in a 0.25 degree grid with spatial

resolution of 6 hours in a reference height of 10 m.

Data analysis

Wave climate and microseismic noise

According to Stutzmann et al. (2009) the strongest sources of

microseisms in the Atlantic Ocean are between January and February in the

North Atlantic; between July and August in the South Atlantic. The ocean waves

which generate the microseismic noise are associated to wind which makes that

the microseisms are also related to the wind

29

Figure 4 shows wind intensity (speed) velocity for the entire Atlantic

where we can clearly see that the strongest winds happen at high latitudes

during their respective winter season. Figure 4a shows the wind speed in the

winter of the southern hemisphere in red (note that the warmer colours are

mostly in the southern hemisphere); Figure 4b shows the wind speed during the

winter in the northern hemisphere (warmer colours in the northern hemisphere).

Figures 5a and 5b show the Hs measured at 4 different buoys, 2 in each

hemisphere. The observed seasonality is in concordance to the wind speed and

expected seasonality, that is, Hs amplitudes are largest during the local winter.

In the SPSPA, we do not observe a seasonal effect for Hs as shown in Figure

5c. This is expected due to its proximity to the Equator. As shown in Figures 5d,

the typical wave period (Tp) in SPSPA ranges between 8 – 20 seconds.

Surprisingly, as shown in Figure 5e, the wind velocity (Ws) at SPSPA indicates

a seasonal behavior with faster winds observed from July to December and

smaller values in January and February. Despite the proximity to the Equator,

the SPSPA wind velocity regime is more similar to the one in the southern

hemisphere (as seen in Figure 4).

Primary Microseisms (PM) x Secondary Microseism (SM)

The SPSPA spectrogram for frequencies below 0.4 Hz shown in Figure 6

exhibits two frequency bands where energy is concentrated. The first one is at

0.04 – 0.12 Hz (PM) and the second band is at 0.12 – 0.4 Hz (SM). Figure 6

shows seasonal variations, i.e., from June to August the SM frequency band is

narrower due to decreased amplitudes than during other periods of the year

(September to February). This seasonal variation is not observed for the PM.

Figure 7 shows the mean amplitude computed for the PM and SM frequency

band. The decreased mean amplitudes from June to August are clear for the

SM while the PM do not show a similar amplitude decrease. It can be seen from

Figure 7 that PM and SM are well correlated between October and May (light

pink area) while during the remaining months no clear correlation is observed.

The SM recorded in the SPSPA therefore shows similar characteristics as SM

observed in the northern hemisphere. This suggests that the SM at SPSPA is

associated with the wave climate in the northern hemisphere while the local

30

wind speed at SPSPA (Figure 5e) suggests that SPSPA is more influenced by

Southern hemisphere climate. Figure 8 shows the monthly values for the

Pearson correlation value (r) for zero-lag correlations between the PM and SM.

The values can range between zero and one, where one indicates that PM and

SM are perfectly correlated, while zero means that there exist no correlation.

The correlations are not negative since the mean amplitudes (Figure 7) are all

positive. Figure 8 shows that PM and SM are clearly not correlated during

southern hemisphere winter. However, during northern hemisphere winter PM

and SM seem to be correlated.

According to Bromirski et al. (2005) the lack of correlation between PM

and SM is an indicator that those signals are generated at different locations. If

this is the case then our data show that from June to August the microseisms

are generated at different places due to different meteorological phenomena.

The higher correlation during the remaining months of the year, indicate that PM

and SM are often related to the same meteorological phenomena. This does not

mean that the noise generation occurs at the same place but that the

responsible ocean wave activity has the same origin. It is important to notice

that the poor correlation between PM and SM is during the northern hemisphere

summer when there exist smaller wind and ocean wave activity in the northern

Atlantic. During the remaining months with higher correlation it is winter in the

northern hemisphere with stronger wind and wave activity. Therefore, despite

that the SPSPA lies in the Equator, and despite that the local climate variables

exhibit no seasonality with exception of the wind speed which seems to be

governed by southern hemisphere dynamics the correlation between PM and

SM are majorly controlled by the wave climate in the northern Atlantic.

We have compiled the correlation results between PM and SM into three

cases:

Case 1: PM and SM are not correlated and are generated in different

regions;

Case 2: PM and SM are correlated and likely due to the same

meteorological phenomena but not in the SPSPA region;

31

Case 3: PM and SM are correlated and are likely due to the same

meteorological phenomena in the SPSPA region.

Case 1: occurs in July and is shown in Figure 9. In Figure 9a, we show the PM

and SM normalized amplitude of ground motion sampled at 1 sample per hour.

As can be attested, the correlation is very poor. Figure 9b shows the PM

normalized amplitude of ground motion and Hs at SPSPA during the same

period. The two curves agree quite well which is compatible with a local

generation of PM. The grey boxes indicate the periods in which the correlation

is higher (6th –12th July 2012 and 18th–22nd July 2012). Figure 9c shows the SM

normalized amplitude of ground motion and Hs for buoy 41041. The passage of

ocean waves at buoy 41041 which correlate with the SM indicate that the SM

source is likely in the northern hemisphere. The grey box indicates the period in

which the correlation is higher (12th – 17th July 2012).

Case 2: this case occurs during October and is shown in Figure 10. Figure 10a

shows the PM and SM normalized amplitude of ground motion sampled at 1

sample per hour. In general, during this period the correlation between PM and

SM is quite evident which indicates that both are generated due to the same

meteorological phenomena. Figure 10b show the normalized amplitude of

ground motion for PM and SM against Hs at location “Amazon”. These records

show a strong correlation which supports the hypothesis that this signal could

be generated in the Equatorial region away from the SPSPA for this period of

October The grey box indicates the period in which the correlation is higher (9th

–16th October 2012). Figure 10c shows the normalized amplitude of ground

motion for PM and SM against Hs in buoy “SPSPA”. In the grey box, we do not

observe a good correlation during this period between PM, SM and Hs at the

SPSPA. The coast line of the SPSPA is (very) short for PM generation which

might be the explanation why occasionally PM is recorded also from remote

areas suggested by the correlation between PM and Amazon.

Case 3: this case occurs in December and is shown in Figure 11. It can be

seen from Figure 11a that there exist a good correlation between PM and SM

meaning that the signals are generated due to the same cause. Figures 11b

show the correlation between the normalized ground motion for PM and SM,

32

with Hs in the SPSPA. The signals are quite well correlated during between 10th

and 28th December 2012 and support the fact that PM and SM are excited in

the SPSPA area. Figure 11c shows the normalized amplitude of ground motion

for PM and SM against Hs in buoy “41041”. For this case, we do not observe a

good correlation between the variables (PM, SM and Hs at buoy 41041) in the

considered period (shown in the grey box).

Origin of the PM in the SPSPA

An important question that could be raised from the results above is

regarding the origin of the PM in the SPSPA. Table 1 shows the distribution of

correlation values between PM and Hs at the six different locations we

considered (including the SPSPA). High and low correlation values are

indicated with hot and cool colors, respectively. In this table we present the

buoy as function of their respective latitudes. We can note that the highest

correlation values are for SPSPA. Recife buoy which is located somewhat

nearer to the SPSPA also presents high values especially during the local

winter (particularly in June and July). For the northern hemisphere (buoys

41043, 41041 and Amazon) the higher values of correlation are associated with

local winter months (November to January). Since the swell can propagate over

long distances before generating the microseism [Gerstoft e Tanimoto, 2007],

the seasonality analysis of wind speed (Figure 5e) in the SPSPA suggests that

the PM we observe in the SPSPA are not effect of local winds but are related to

swells remotely generated. Those swells hit the SPSPA to generate PM which

therefore are recorded at the seismic station. The coast line for PM generation

at SPSPA is short and this may cause that the SPSPA station can occasionally

record PM energy which has been generated remotely, for instance at the

Brazilian coast.

Origin of the SM in the SPSPA

Table 2 is analogous to Table 1 but related to the SM. We observe a

quite distinct behaviour now. The higher values of correlation are more diffusely

spread along the Table. We can observe that for the northern hemisphere

summer (July and August) the higher correlation values are found for those

33

locations which are located in the northern hemisphere (buoys 41043, 41041

and Amazon) and which in turn are far away from the SPSPA. For the northern

hemisphere winter (December, January and February) the higher correlation

values are concentrated in the SPSPA.As reported in the literature, SM can be

remotely generated in the ocean and can be recorded at long distances as

Rayleigh waves or even body waves [Haubrich and McCamy, 1969; Lacoss et

al., 1969; Dorman et al., 1993; Friedrich et al., 1998; Schulte-Pelkum et al.,

2004; Rhie and Romanowicz, 2004; Cessaro, 1994; Bromirski, 2001; Bromirski

et al., 2005; Obrebski et al. 2012, Obrebski et al., 2013; among others].

Table 2 supports the fact that SM have a strong dependence with the

northern hemisphere wave climate since during the southern hemisphere local

winter the SM seem to be generated in the northern regions of the SPSPA.

CONCLUSIONS

The new seismic station at SPSPA is probably the only seismic station at

the Mid Atlantic ridge in the equatorial area. The station is therefore unique for

different types of seismological studies. Here, we started with a characterization

of the microseismic noise from continuous records of almost 1 year duration.

We performed several comparative analysis between the microseismic energy

recorded at the SPSPA with different available climatic and oceanographic

measurements along the Atlantic.

During this period, most of the PM recorded in the SPSPA seems to be

generated in the SPSPA itself. On the other hand, PM and SM do not correlate

during southern hemisphere winter and the SM observed at SPSPA seem to be

governed by the wave climate of the northern Atlantic.

Here, we have shown that PM and SM relationship is seasonal and the

best correlation between those two microseisms is during the northern

hemisphere winter. During the southern hemisphere winter the correlation is

very low and therefore the PM and SM have different sources.

The observed PM are mostly generated at the SPSPA. Further, it seems

that PM can occasionally be correlated to the Hs from remote places at the

34

Brazilian coast which might be due to the fact that the SPSPA cosat line is short

and the water depths are large in general. That is, the local PM energy could be

overwhelmed by the PM from remote places.

SM recorded in the SPSPA are dominated by the northern hemisphere

seasonality. During the summer in that region, SM are mainly generated

remotely from the SPSPA; during the northern hemisphere winter, SM are

generated in the SPSPA itself.

35

Figure 1: Welch Power Spectra Density (PSD) in the SPSPA showing the Primary Microseism (PM) with frequency at 0.04 – 0.12

Hz and Secondary Microseism (SM) with frequency at 0.12 – 0.4 Hz.

36

Figure 2: Location map of the SPSPA with location of the buoys used in this study, and an aerial photo of the area. The extreme

points of the SPSPA have approximately 460 m (source of the aerial photo:

http://www.popa.com.br/_2008/imagens/paisagens/paisagens_778.htm).

37

Figure 3: 3D visualization of the bathimetry around the SPSPA (modified from Sichel et al., 2008) showing the mountain chain with

gentle slope towards the EW direction and a strong slope in the NS directions. The water depths around the SPSPA is around

4,000 m and the area shown has approximately 400 km². The vertical scale is exaggerated 12 times relative to horizontal scale.

38

Figure 4: Intensity map (speed in m/s) of ocean wind along the Atlantic Ocean (warmer colours for greater wind intensity). (a)

Winter in the southern hemisphere (July—August) showing a greater wind intensity in the southern hemisphere; (b) winter in the

northern hemisphere (January—February) showing a greater wind intensity in the northern hemisphere.

39

Figura 5: Significant wave height. (a) for high latitude regions in the northern hemisphere and (b) high latitude regions in the

southern hemisphere. Data from the WaveWatch III from NOOA. For the SPSPA location from May 2012 to February 2013 we

have: (c) significant wave height (Hs); (d) wave period (Tp), and (d) wind speed (Ws).

40

Figura 6: Microseismic energy distribution for the SPSPA station from May 2012 to February 2013. We highlight the PM bandwidth

(0.04 – 0.12 Hz) and the SM bandwidth (0.12 – 0.4 Hz).

41

Figura 7: Amplitude of the microseisms recorded at SPSP from May 2012 to February 2013. PM (0.04 - 0.12 Hz) in red and SM

(0.12 - 0.4 Hz) in black. The grey stripe highlights the period in which PM and SM are poorly correlated.

42

Figura 8: Pearson monthly correlation values for the PM and SM amplitude record.

43

Figura 9: Normalised amplitude values for July 2012. (a) Normalised amplitude for PM and SM showing a poor correlation between

those two variables; (b) Normalised amplitude for PM and Hs in SPSP showing higher values of correlation during nearly the entire

month (we highlight the high correlation period in grey); (c) Normalised amplitude for SM and Hs in buoy 41041 location (we

highlight those high correlation period in grey).

44

Figura 10: Normalised amplitude values for October 2012. (a) Normalised amplitude for PM x SM showing a good correlation

between those two variables. (b) Normalised amplitude for PM x Hs in Amazon showing higher values of correlation during nearly

the entire month (we highlight the high correlation period in grey); (c) Normalised amplitude for PM, SM x Hs at SPSPA (we

highlight those low correlation period in grey).

45

Figura 11: Normalised amplitude values for December 2012. (a) Normalised amplitude for PM and SM showing a good correlation

between those two variables hence indicating the same source for PM and SM; (b) Normalised amplitudes for PM, SM and Hs at

SPSP showing a good correlation in practically the entire month (we highlight the high correlation period in grey); (c) Normalised

amplitudes for PM, SM and Hs at buoy 41041 showing a poor correlation during this month (highlighted in grey).

46

Table 1: Monthly distribution of correlation values between PM and Hs in all the locations we analised (including the SPSPA). The

locations are presented as function of their latitude (from north to south). Warmer colours show greater correlation values and

cooler colours represent lower correlation values.

47

Table 2: Monthly distribution of correlation values between SM and Hs in all the locations we analised (including the SPSPA). The

location are presented as function of their latitude (from north to south). Warmer colours show greater correlation values and cooler

colours represent lower correlation value

48

REFERENCES

Angulo, R.J., Maria Cristina de Souza, Thomas F.C. Campos, Francisco H.R.

Bezerra, Luiz Alberto Fernandes, Paulo César Fonseca Giannini, Fabio

Bettini Pitombo, Fernando Alvim Veiga, (2013), Evidence for Late

Quaternary episodic uplift of the São Pedro and São Paulo Archipelago,

Equatorial Atlantic, Quaternary International, Volume 317, 13 December

2013, Pages 102-111, ISSN 1040-6182,

http://dx.doi.org/10.1016/j.quaint.2013.06.023.

Ardhuin, F., E. Stutzmann, M. Schimmel, and A. Mangeney (2011), Ocean

wave sources of seismic noise, J. Geophys. Res., 116, C09004,

doi:10.1029/2011JC006952.

Aster, R. C., McNamara, D. E., Bromirski, P. D., (2010), Global trends in

extremal microseism intensity, Geophys. Res. Lett., Vol. 37, L14303,

doi:10.1029/2010GL043472

Becker, H. (2001), Hidrologia dos Bancos e Ilhas Oceânicas do Nordeste

Brasileiro. Uma Contribuição ao Programa Revizee. 2001. 151 f. Tese

(Doutorado). Universidade Federal de São Carlos, Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e

Recursos Naturais, São Carlos.

Bonatti, E. (1990), Subcontinental mantle exposed in the Atlantic Ocean on St

Peter-Paul islets. Nature, v. 345, p.800-802, 1990.

Bromirski, P. D., R. E. Flick, and N. Graham (1999), Ocean wave height

determined from inland seismometer data: Implications for investigating

wave climate changes in the NE Pacific, J. Geophys. Res., 104(C9),

20753–20766, doi:10.1029/1999JC900156.

Bromirski, P. D. (2001), Vibrations from the ‘‘perfect storm’’, Geochem.

Geophys. Geosyst., 2(7), doi:10.1029/2000GC000119.

49

Bromirski, P. D., and F. K. Duennebier, (2002). The near-coastal microseism

spectrum: Spatial and temporal wave climate relationships Journal of

Geophysical Research, Vol. 107, No. B8. (22 August 2002), 2166,

doi:10.1029/2001jb000265

Bromirski, P. D., F. K. Duennebier, and R. A. Stephen (2005), Mid-ocean

microseisms, Geochem. Geophys. Geosyst.,6, Q04009,

doi:10.1029/2004GC000768.

Campos et al. (2010), Holocene tectonic uplift of the St Peter and St Paul Rocks

(Equatorial Atlantic) consistent with emplacement by extrusion. Marine

Geology (Print), p. 177-186, 2010.

Cessaro, R. K. (1994), Sources of primary and secondary microseisms, Bull.

Seismol. Soc. Am., 84, 142–148.

Chevrot, S., Sylvander, M., Benahmed, S., Ponsolles, C., Lefèvre, J.M. and

Paradis, D. (2007). Source locations of secondary microseisms in western

Europe: Evidence for both coastal and pelagic sources. Journal of

Geophysical Research 112: doi: 10.1029/2007JB005059. issn: 0148-0227.

Dorman, L. M., A. E. Schreiner, L. D. Bibee, and J. A. Hildebrand (1993), Deep-

water seafloor array observations of seismo-acoustic noise in the eastern

Pacific and comparisons with wind and swell, in Natural Physical Sources

of Underwater Sound, edited by B. Kerman, pp. 165 – 174, Springer, New

York.

Friedrich, A., F. Kruger, and K. Klinge (1998), Ocean-generated microseismic

noise located with the Grafenberg array, J. Seismol., 2, 47– 64.

Gerstoft, P., M. C. Fehler, and K. G. Sabra (2006), When Katrina hit California,

Geophys. Res. Lett., 33, L17308, doi:10.1029/2006GL027270.

Gerstoft, P., and T. Tanimoto (2007), A year of microseisms in southern

California, Geophys. Res. Lett., 34, L20304, doi:10.1029/2007GL031091.

50

Gerstoft, P., P. M. Shearer, N. Harmon, and J. Zhang (2008), Global P, PP, and

PKP wave microseisms observed from distant storms, Geophys. Res.

Lett., 35, L23306, doi:10.1029/2008GL036111.

Grob, M., Maggi, A., Stutzmann, E., (2011), Observations of the seasonality of

the Antarctic microseismic signal, and its association to sea ice variability,

Geophys. Res. Lett., Vol. 38, L11302, doi:10.1029/2011GL047525

Gualtieri L., Stutzmann E., Farra V., Capdeville Y., Schimmel M., Ardhuin F.,

Morelli A. (2014), Modelling the ocean site effect on seismic noise body

waves, Geophys. J. Int., doi: 10.1093/gji/ggu042, 2014.

Gualtieri L., Stutzmann E., Capdeville Y., Ardhuin F., Schimmel M., Mangeney

A., Morelli A. (2013), Modelling secondary microseismic noise by normal

mode summation, Geophys. J. Int., doi:10.1093/gji/ggt090, 2013.

Hasselmann, K., (1963). Statistical analysis of the generation of microseisms.

Rev. Geophys. 1: 177–210.

Haubrich, R. A.,W. H.Munk & F. E. Snodgrass, (1963). Comparative spectra of

microseisms and swell. Bull. Seism. Soc. Am. 53: 27–37.

Haubrich, R. A., and K. McCamy (1969), Microseisms: Coastal and Pelagic

Sources, Rev. Geophys., 7(3), 539–571.

Hekinian, R. et al. (2000), Submersible observations of Equatorial Atlantic

Mantle: The St. Paul Fracture Zone region. Marine Geophysical Research,

v. 21, p. 529-560, 2000.

Holcomb, L. Gary. (1980), Microseisms: A twenty-six-second spectral line in

long-period earth motion Bulletin of the Seismological Society of America,

August 1980, v. 70, p. 1055-1070

Kedar, S., et al. (2007), The origin of deep ocean microseisms in the North

Atlantic Ocean, Proc. R. Soc. A, 464, 777–

793, doi:10.1098/rspa.2007.0277.

51

Kedar, S., M. Longuet-Higgens, F. Webb, N. Graham, R. Clayton, and C. Jones

(2008), The origin of deep ocean microseisms in the North Atlantic Ocean,

Proc. R. Soc., Ser. A, 464, 777–793, doi:10.1098/rspa.2007.0277.

Koper, K. D., and B. de Foy (2008), Seasonal anisotropy of short-period seismic

noise recorded in South Asia, Bull. Seismol. Soc. Am., vol. 98, No. 6),

doi:10.1785/0120080082.

Lacoss, R. T., E. J. Kelly, and N. M. Toksoz (1969), Estimation of seismic noise

structure using arrays, Geophysics, 34, 21–38.

Longuet Higgins, M. S., (1950). A Theory on the origin of microseisms. Philos.

Trans. R. Soc. Lond. A. 243: 1–35.

Mabessoone, J. M.; Coutinho, P. N. (1970), Litoral and shallow marine geology

of northern and northeastern Brazil. Trabalhos. Oceanogr. Univ. Fed. de

PE., Recife, v. 12, p. 1-214, 1970.

Marinha do Brasil, (2011). Boletim climatológico, vol. 14. Centro de Hidrografia

da Marinha, p. 15 relatório interno.

Miguens, Altineu P. (1995), Navegação Costeira, Estimada e em Águas

Restritas. Volume I. Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha. Rio

de Janeiro, 1995.

Motoki, A., Sichel, S.E., Campos, T.F.C., Vargas, T., Soares, R., Motoki, K.F.,

(2010). Morfologia abissal em torno do arquipélago de São Pedro e São

Paulo, Oceano Atlântico equatorial, e sua relação ao tectonismo de

soerguimento ativo. Revista de Geografia. Recife: UFPE e DCG/NAPA,

volume especial VIII SINAGEO, n. 2, Set, 318e330.

Motoki, A., Sichel, S.E., Campos, T.F.C., Srivastava, N.K., Soares, R., (2009).

Taxa de soerguimento atual do arquipélago de São Pedro e São Paulo,

Oceano Atlântico equatorial. Revista Escola de Minas, Ouro Preto 62 (3),

331e342.

52

Obrebski, MJ., Ardhuin, F., Stutzmann, E., Schimmel, M., (2012), How

moderate sea states can generate loud seismic noise in the deep ocean,

Geophys. Res. Let., 39, 11, doi:10.1029/2012GL051896.

Obrebski, MJ., Ardhuin, F., Stutzmann, E., Schimmel, M., (2013), Detection of

microseismic compressional (P) body waves aided by numerical modeling

of oceanic noise sources, J. Geophys. Res.: Solid Earth 118 (8), 4312-

4324, doi:10.1002/jgrb.50233.

Philander, S. G. (1986), Unusual conditions in the Tropical Atlantic Ocean in

1984. Nature, v. 322, p. 236-238, 1986.

Pianca, C., Mazzini, P.L.F., Siegle, E., (2010), Brazilian offshore wave climate

based on NWW3 reanalysis. Brazilian Journal of Oceanography 58 (1),

53e70.

Rhie, J., and B. Romanowicz (2004), Excitation of Earth’s continuous free

oscillations by atmosphere-ocean-seafloor coupling, Nature, 431, 552–

556.

Rhie, J., and B. Romanowicz (2006), A study of the relation between ocean

storms and the Earth's hum, Geochem. Geophys. Geosyst., 7, Q10004,

doi:10.1029/2006GC001274.

Roult, G. and W. Crawford (2000). Analysis of 'background' free oscillations and

how to improve resolution by subtracting the atmospheric pressure signal.

Phys. Earth Plan. Int. 121: 325-338.

Schimmel, M., E. Stutzmann, F. Ardhuin, and J. Gallart (2011), Polarized

Earth's ambient microseismic noise, Geochem. Geophys. Geosyst., 12,

Q07014, doi:10.1029/2011GC003661.

Schulte-Pelkum, V., P. S. Earle, and F. L. Vernon (2004), Strong directivity of

ocean-generated seismic noise, Geochem. Geophys. Geosyst., 5,

Q03004, doi:10.1029/2003GC000520.

53

Shapiro,N.M., Ritzwoller, M.H., Bensen, G.D., (2006), Source location of the 26

sec microseism from cross-correlations of ambient seismic noise,

Geophys. Res. Let., 33, 18, DOI: 10.1029/2006GL027010

Sichel, S.E., Esperança, S., Motoki, A., Maia, M., Horan, M.F., Szatmari, P.,

Alves, E.C., Mello, S.L.M. (2008), Geophysical and geochemical evidence

for cold upper mantle beneath the Equatorial Atlantic Ocean. Revista

Brasileira de Geofísica, 26-1, 69-86.

Stehly, L., M. Campillo, and N. M. Shapiro (2006), A study of the seismic noise

from its long-range correlation properties, J. Geophys. Res., 111, B10306,

doi:10.1029/2005JB004237.

Stramma, L.(1991), Geostrophic transport of the South Equatorial Current in the

Atlantic. Journal of Marine Research, v. 49, p. 281-294, 1991.

Stutzmann, E., Schimmel, M., Patau, G., Maggi, A., (2009), Global climate

imprint on seismic noise, Geochem. Geophys. Geosyst., Vol. 10, No. 11,

Q11004, doi:10.1029/2009GC002619

Stutzmann, E., Ardhuin, F., Schimmel, M., Mangeney, A., Patau, G. (2012),

Modelling long-term seismic noise in various environments , Geophys. J.

Int. , doi: 10.1111/j.1365-246X.2012.05638.x, 2012.

Suda, N., Nawa, K. & Fukao, Y., (1998), Earth's background free oscillations,

Science, 279, 2089–2091.

Tanimoto, T., Um, J., Nishida, K. & Kobayashi, N., (1998), Earth's continuous

oscillations observed seismically quiet days, Geophys. Res. Lett., 25,

1553–1556.

Tanimoto, T. (2007), Excitation of microseisms, Geophys. Res. Lett., 34,

L05308, doi:10.1029/2006GL029046.

Tindle, C.T., Murphy, M.J. (1999), "Microseisms and ocean wave

measurements," Oceanic Engineering, IEEE Journal of , vol.24, no.1,

pp.112,115, Jan 1999

54

doi: 10.1109/48.740159

Tolman, H. L., (2009): User manual and system documentation of

WAVEWATCH III version 3.14. NOAA / NWS / NCEP / MMAB Technical

Note 276, 194 pp.+ Appendices

Traer, J., P. Gerstoft, P. D. Bromirski, and P. M. Shearer (2012), Microseisms

and hum from ocean surface gravity waves, J. Geophys. Res., 117,

B11307, doi:10.1029/2012JB009550.

Webb, S. C., (1992), The equilibrium oceanic microseism spectrum, J. Acoust.

Soc. Am., Vol. 92,No. 4-1, pp. 2141-2158, doi:10.1121/1.405226

Webb, S. C., (2008), The Earth's hum: the excitation of Earth normal modes by

ocean waves, Geophys. J. Int., Vol. 174, pp. 542-566, doi:10.1111/j.1365-

246X.2008.03801.x

Welch, P.D, (1967), "The Use of Fast Fourier Transform for the Estimation of

Power Spectra: A Method Based on Time Averaging Over Short, Modified

Periodograms," IEEE Trans. Audio Electroacoustics, Vol. AU-15 (June

1967), pp.70-73.

Wolfe, C.J., Bergman, E.A., Solomon, S.C., (1993), Oceanic transform

earthquakes with unusual mechanism or locations: relation to fault

geometry and state of stress in the adjacent lithosphere. Journal of

Geophysical Research 98, 16187e16211.

Yang, Y., and M. H. Ritzwoller (2008), Characteristics of ambient seismic noise

as a source for surface wave tomography, Geochem. Geophys. Geosyst.,

9, Q02008, doi:10.1029/2007GC001814.

Zhang, H.-M.; Reynolds, R. W.; Bates, J. J. (2006), Blended and gridded high

resolution global sea surface wind speed and climatology from multiple

satellites: 1987–present. In: American Meteorological Society 2006 Annual

Meeting, Paper P. [S.l.: s.n.], 2006. v. 2.

55

Zopf, D. O., H. C. Creech, and W. H. Quinn (1976), The wavemeter: A land-

based system for measuring nearshore ocean waves, Mar. Technol. Soc.

J., 10, 19–25.

56

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bromirski, P. D., and F. K. Duennebier, (2002). The near-coastal microseism

spectrum: Spatial and temporal wave climate relationships Journal of

Geophysical Research, Vol. 107, No. B8. (22 August 2002), 2166,

doi:10.1029/2001jb000265

Bromirski, P. D (2009), Earth Vibrations, 22 MAY 2009 VOL 324 SCIENCE, pg

1026.

Bromirski, P. D., and P. Gerstoft (2009), Dominant source regions of the Earth's

“hum” are coastal, Geophys. Res. Lett., 36, L13303,

doi:10.1029/2009GL038903.

Figueiredo Filho, D., Silva Junior, J. (2010). Desvendando os Mistérios do

Coeficiente de Correlação de Pearson (r). Revista Política Hoje, América

do Norte, 18, jan. 2010. Disponível em:

http://www.revista.ufpe.br/politicahoje/index.php/politica/article/view/6.

Acesso em: 21 Set. 2014.

Friedrich, A., F. Kruger, and K. Klinge (1998), Ocean-generated microseismic

noise located with the Grafenberg array, J. Seismol., 2, 47– 64.

Hasselmann, K., (1963). Statistical analysis of the generation of microseisms.

Rev. Geophys. 1: 177–210.

Haubrich, R. A.,W. H.Munk & F. E. Snodgrass, (1963). Comparative spectra of

microseisms and swell. Bull. Seism. Soc. Am. 53: 27–37.

Haubrich, R. A., and K. McCamy (1969), Microseisms: Coastal and Pelagic

Sources, Rev. Geophys., 7(3), 539–571.

Holcomb, L. Gary (1980). Microseisms: A twenty-six-second spectral line in

long-period earth motion Bulletin of the Seismological Society of America,

August 1980, v. 70, p. 1055-1070

57

Hoffman D., and O.J. Karst. (1975). The theory of the Rayleigh distribution and

some of its applications. Journal of Ship Research 19 (3): 172–191.

Holliday, N. P., M. J. Yelland, R. Pascal, V. R. Swail, P. K. Taylor, C. R.

Griffiths, and E. Kent (2006), Were extreme waves in the Rockall Trough

the largest ever recorded? Geophys. Res. Lett., 33, L05613,

doi:10.1029/2005GL025238.

Jeffreys, H. (1925), On the Surface Waves of Earthquakes. Geophysical

Journal International, 1: 282–292. doi: 10.1111/j.1365-

246X.1925.tb05376.x

Kinsman, Blair (1965), Wind Waves: Their Generation and Propagation on the

Ocean Surface. Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs, New Jersey, 1965, p.

23

Kinsman, B.(1984). (Book) - Wind Waves: Their Generation and Propagation on

the Ocean Surface. Ed.Dover.

http://books.google.com.br/books?id=xKROnQEACAAJ

Kulhanek, O., (1990), Anatomy of seismograms: Developments in solid Earth

geophysics, 18, Elsevier.

Lacoss, R. T., E. J. Kelly, and N. M. Toksoz (1969), Estimation of seismic noise

structure using arrays, Geophysics, 34, 21–38.

Longuet Higgins, M. S., (1950). A Theory on the origin of microseisms. Philos.

Trans. R. Soc. Lond. A. 243: 1–35.

Miguens, Altineu P. (1995), Navegação Costeira, Estimada e em Águas

Restritas. Volume I. Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha. Rio

de Janeiro, 1995.

Munk, W.H. (1944). Proposed uniform procedure for observing waves and

interpreting instrument records. La Jolla, California: Wave Project at the

Scripps Institute of Oceanography.

58

Philander, S. G. (1986), Unusual conditions in the Tropical Atlantic Ocean in

1984. Nature, v. 322, p. 236-238, 1986.

Rhie, J., and B. Romanowicz (2006), A study of the relation between ocean

storms and the Earth's hum, Geochem. Geophys. Geosyst., 7, Q10004,

doi:10.1029/2006GC001274.

SECIRM, (2009). O Arquipélago de São Pedro e São Paulo: 10 anos de

Estação Científica/ Orgs. Danielle de Lima Viana... [et al.]. -- Brasília, DF.

Schimmel, M., E. Stutzmann, F. Ardhuin, and J. Gallart (2011), Polarized

Earth's ambient microseismic noise, Geochem. Geophys. Geosyst., 12,

Q07014, doi:10.1029/2011GC003661.

Stutzmann, E., Schimmel, M., Patau, G., Maggi, A., (2009), Global climate

imprint on seismic noise, Geochem. Geophys. Geosyst., Vol. 10, No. 11,

Q11004, doi:10.1029/2009GC002619

Tanimoto, T. (2007), Excitation of microseisms, Geophys. Res. Lett., 34,

L05308, doi:10.1029/2006GL029046.

Tapley, W.C., Tull, J.E., (1992). SAC-Seismic Analysis Code, Users Manual,

Revision 4. Lawrence Livermore National Laboratory, Livermore, CA. 278

pp.

Tolman, H. L., (2009): User manual and system documentation of

WAVEWATCH III version 3.14. NOAA / NWS / NCEP / MMAB Technical

Note 276, 194 pp.+ Appendices

Webb, S. C., (1992), The equilibrium oceanic microseism spectrum, J. Acoust.

Soc. Am., Vol. 92,No. 4-1, pp. 2141-2158, doi:10.1121/1.405226

Webb, S. C., (2008), The Earth's hum: the excitation of Earth normal modes by

ocean waves, Geophys. J. Int., Vol. 174, pp. 542-566, doi:10.1111/j.1365-

246X.2008.03801.x

Welch, P.D, (1967), "The Use of Fast Fourier Transform for the Estimation of

Power Spectra: A Method Based on Time Averaging Over Short, Modified

59

Periodograms," IEEE Trans. Audio Electroacoustics, Vol. AU-15 (June

1967), pp.70-73.

Wiechert, E. (1904), Verhandlungen der zweiten Internationalen

Seismologischen Konferenz, Strassburg, 1903, Gerlands Beitr. Geophys.,

2, 41–43.

60

6 ANEXO – I

Dinâmica das Ondas Superficiais de Gravidade

Do ponto de vista físico, a dinâmica das OSG encontra-se representada

na chamada equação de momento, também conhecido como a equação de

Navier-Stokes. Esta equação corresponde a 2ª. Lei de Newton aplicada a

fluidos, na qual se considera que as forças mais importantes no movimento

oceânico são devidas ao gradiente de pressão, a rotação da Terra, a gravidade

e ao atrito. [Da Silva M. P., 2011]

aFgv2p1

Dt

vD

Equação 6

Mesmo com tais considerações a equação de Navier-Stokes é uma

equação não-linear e necessita que outras condições sejam propostas para

que ela apresente soluções analíticas. Essas condições se traduzem por

considerar: (1) a condição de equilíbrio hidrostático no qual, sendo o oceano

um fluido considerado incompressível, pode-se sempre trabalhar em situações

próximas do equilíbrio e (2) a aproximação de Boussinesq, na qual se

especifica que o agente gerador da dinâmica oceânico-atmosférica não é a

pressão hidrostática, mas sim os desvios da mesma e, ainda, que são esses

desvios os agentes geradores das forças de gradiente de pressão.

A fim de se determinar a relação de dispersão das OSG faz-se

necessário o estabelecimento de critérios de linearidade para a solução da

equação de Navier-Stokes. Mostra-se, também, que para uma OSG o balanço

de forças se dá entre a aceleração local e a força de gradiente de pressão por

unidade de massa, o que significa que a aceleração de Coriolis não exerce

influência sobre as OSG. Utilizando-se tais assertivas obtém-se uma expressão

para o desvio da pressão hidrostática que é solução da equação de Laplace,

ou seja:

0p~2 Equação 7

61

onde p~ corresponde ao desvio da pressão hidrostática. A solução da equação

acima nos dá a seguinte expressão para a pressão p~ :

)cos()(cosh)cosh(

),,,(~ 0 tlykxHgKKH

gtzyxp

Equação 8

onde, é o módulo do vetor de onda é a amplitude, é a densidade, a

profundidade e g a aceleração da gravidade.

O uso de condições de contorno adequadas (cinemática e dinâmica)

fornece a seguinte relação de dispersão na frequência )K( para uma

OSG:

)KHtanh(gK2 Equação 9

Uma análise preliminar da equação acima mostra que depende do

módulo do vetor de onda , mas não da sua direção, ou seja, as OSG são

isotrópicas.

Por outro lado, de acordo com a equação abaixo, onde a velocidade de

fase de uma onda é definida como sedo velocidade com que se propaga uma

linha de mesma fase (crista),

K

K

Kc

Equação 10

Logo, a velocidade de fase fica escrita como:

2/1

)KHtanh(K

g

Kc

Equação 11

de forma que as OSG são ondas do tipo dispersivas.

62

A velocidade da onda é função de seu comprimento de onda . Quanto

maior este parâmetro, maior a sua velocidade, ou seja, as ondas com maior

comprimento de onda deslocam-se mais rapidamente do que as que têm

menor comprimento.

Aproximações de Águas Profundas e Águas Rasas para as OSG

Da relação de dispersão [Equação 9], fazendo HKx e utilizando-se

as aproximações para 1x e para 1x , tem-se:

a) Aproximação de Ondas Curtas ou Águas Profundas: O

comprimento de onda é muito menor que a espessura da lâmina

d´água.

gK2 Equação 12

cuja trajetória das partículas descreve um círculo e é representada pela

equação

Kz22

0

22 ezx Equação 13

onde, 0 representa a amplitude da onda na superfície

b) aproximação de Ondas Longas ou Águas Rasas: O comprimento

de onda é muito maior que a espessura da lâmina d´água.

2/1)gH(K Equação 14

e a trajetória das partículas descreve uma elipse. Sua representação e

dada pela equação

1z

)Hz(K

KHx)

KH( 2

2

0

22

0

Equação 15

1xtanh xxtanh