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RENNAN FRANCISCO PINTO ANÁLISE EM SUSPENSÃO AQUOSA DE AMIDO OXIDADO Assis 2010 Av. Getúlio Vargas, 1200 – Vila Nova Santana – Assis – SP – 19807-634 Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br

ANÁLISE EM SUSPENSÃO AQUOSA DE AMIDO OXIDADO · correção de viscosidade do amido na etapa de reação, ... (em torno de 45% de umidade) ... Tabela 1 - Quantidade de Amilose e

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RENNAN FRANCISCO PINTO

ANÁLISE EM SUSPENSÃO AQUOSA DE AMIDO OXIDADO

Assis2010

Av. Getúlio Vargas, 1200 – Vila Nova Santana – Assis – SP – 19807-634Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br

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RENNAN FRANCISCO PINTO

ANÁLISE EM SUSPENSÃO AQUOSA DE AMIDO OXIDADO

Trabalho de conclusão de curso de Curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, como requisito do Curso de Graduação

Orientador: Profª Drª Mary Leiva de Faria

Área de Concentração: Quimica

Assis2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

PINTO, Rennan Francisco Análise em Suspensão Aquosa de Amido Oxidado/ Rennan Francisco Pinto. Fundação Educacional do Município de Assis - FEMA -- Assis, 2010. 46p. Orientador: Mary Leiva de Faria. Trabalho de Conclusão de Curso – Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – IMESA.

1.Amido. 2.Amido Modificado. 3.Viscosidade

CDD:660 Biblioteca da FEMA

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ANÁLISE EM SUSPENSÃO AQUOSA DE AMIDO OXIDADO

RENNAN FRANCISCO PINTO

Trabalho de Consclusão de Curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, como requisito do Curso de Graduação, analisado pela seguinte comissão examinadora:

Orientador: Profª Drª Mary Leiva de Faria

Analisador: Profª Ms. Gilcelene Bruzon

Assis2010

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que me apoiaram

e fizeram deste momento um dos mais

importantes da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me dar saúde e força nas horas que mais precisei.

À professora, Mary Leiva de Faria, pela orientação e pelo constante estímulo

transmitido durante o trabalho, tanto as cobranças, que foram tantas, quanto aos

elogios para que eu pudesse seguir em frente.

Aos amigos da 9ª turma de Química Industrial, em especial aos mais próximos,

Helton, Izabel, Carlos e André pelos momentos difíceis que tornamos fáceis pela

descontração. E a todos que colaboraram direta ou indiretamente, na execução

deste trabalho.

Aos familiares, minha irmã, cunhado, sobrinha. Ao meu filho Pedro por me deixar

estudar quando necessário. À minha esposa Patrícia por me apoiar quando às vezes

queria que eu ficasse em casa. Em especial ao meu Pai e minha Mãe que fizeram

com que, diretamente, mais esta meta fosse cumprida na minha vida.

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"Ser Químico é manipular com sabedoria

e perspicácia as grandes forças da

natureza, para que, do seu uso racional,

possa o homem moderno colocá-las a

serviço do bem-estar da coletividade".

Anônimo

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RESUMO

Este trabalho descreve tanto o processo de obtenção de amido através da

mandioca, quanto do seu manuseio pelo homem, a fim de obter-se um produto com

aplicabilidade em indústrias alimentícias, indústrias de celulose, têxtil, farmacêutica,

etc. É feita também a descrição de como se obter um amido modificado de

qualidade, pelo processo de oxidação. Um problema encontrado neste processo

está relacionado com a viscosidade do amido modificado, pois se esta propriedade

físico-química não estiver nas especificações desejadas pelos clientes, em especial

da indústria têxtil, haverá reprovação de parte do amido, causando prejuízos. Assim,

o presente trabalho tem como objetivo desenvolver um método de análise e

correção de viscosidade do amido na etapa de reação, anterior a secagem e

estabelecer se com a correção nesta nova etapa, o amido modificado manterá a

viscosidade dentro das especificações após o processo de secagem. Este método

foi desenvolvido na empresa Rudolf Sizing Amidos do Brasil LTDA. Após 2 h de

reação de oxidação no tanque, a amostra de suspensão de amido em solução

aquosa (leite) foi coletada para a análise da viscosidade. Primeiramente o “leite” foi

desidratado (em torno de 45% de umidade) e então foi verificada a viscosidade da

amostra, utilizando um Viscosímetro RVT. Os resultados foram então comparados

com o mesmo amido, porém já seco. Foram encontrados valores como 76cps na

amostra do leite e 80cps no mesmo amido, após o processo de secagem. A

pequena variação de resultados é devido às variáveis do processo, como

temperatura e pH. Pelos resultados obtidos conclui-se que essa metodologia é

eficiente para o método de análise de viscosidade do amido ainda em suspensão

aquosa, possibilitando um menor índice de produtos reprovados. O presente

trabalho também aborda como o tema amido modificado pode ser empregado no

ensino médio para trabalhar as reações de fosfatação e esterificação, bem como a

aplicabilidade industrial do amido modificado.

Palavras-chave: Amido; Amido Modificado; Viscosidade.

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ABSTRACT

This paper describes both the process of obtaining starch with cassava, as his man-

handling in order to obtain a product with applicability in food, pulp industries, textile,

pharmaceutical, etc.. It finishes with a description of how to obtain a modified starch

quality for the oxidation process. One problem encountered in this process is related

to the viscosity of modified starch, because if this physicochemical property is not in

the specifications desired by customers, especially the textile industry, there will be

failure on the part of the starch, causing damage. Thus, this study aims to develop a

method of analysis and correction of viscosity of starch in the reaction step prior to

drying and to establish whether the correction in this new stage, the modified starch

will maintain the viscosity within specifications after the process of drying. This

method was developed in-Rudolf Sizing Starch from Brazil LTDA. After 2 h of

oxidation reaction in the tank, the sample suspension of starch in aqueous solution

(milk) was collected for analysis of viscosity. First the "milk" was dried (about 45%

moisture) and then we verified the viscosity of the sample using an RVT viscometer.

The results were then compared with the starch, but already dry. Values were found

in the sample as 76cps 80cps milk and starch in the same after the drying process.

The small difference in results is due to process variables such as temperature and

pH. By the results it is concluded that this method is efficient method for the analysis

of starch viscosity even in aqueous suspension, allowing a lower rate of failed

products. This paper also discusses how the theme modified starch can be used in

high school to work the reactions of phosphorylation and esterification, and the

industrial applicability of the modified starch.

Keywords: Starch, Modified Starch, Viscosity

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Estrutura da Amilose...................................................................... 14

Figura 2 – Estrutura da Amilopectina............................................................... 15

Figura 3 – Efeito dos Grupos Carboxílicos na Separação das Cadeias de

Amilose.............................................................................................. 21

Figura 4 – Degradação do Amido Durante a Oxidação................................... 22

Figura 5 – Reação de Oxidação de Amido com Hipoclorito de Sódio............. 23

Figura 6 – Reação de Formação do Hipoclorito de Sódio............................... 23

Figura 7 – Estrutura Esquemática de Acetato de Amido (A) e Hidroxi-etil

Amido................................................................................................. 25

Figura 8 – Reação de Amido com Anidrido Acético em Presença de

Catalisador......................................................................................... 26

Figura 9 – Acetilação de Amido com Acetato de Vinila................................... 26

Figura 10 – Fluxograma do Processo de Extração do Amido de Mandioca...... 28

Figura 11 – Amostra do “leite”, Após Duas Horas de Reação........................... 31

Figura 12 – Amido Semi-desidratado................................................................ 32

Figura 13 – Sistema (aparato) para Agitação e Aquecimento do Amido para

Posterior Análise de Viscosidade......................................................

33

Figura 14 – Análise de Viscosidade do Amido no Rápido Visco Analisador..... 33

Figura 15 – Reação de Amido com Tri-meta Fosfato de Sódio em Presença

de Catalisador.................................................................................... 38

Figura 16 – Reação de Esterificação de Fischer............................................... 38

Figura 17 – Fixação da Goma de Amido Oxidado com Peróxido (A) e

Oxidado com Peróxido, Seguido de Acetilação na Fibra de

Algodão (B)........................................................................................ 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de Amilose e Amilopectina de Alguns

Amidos............................................................................................. 16Tabela 2 - Intervalo de Temperatura de Gelatinização de Alguns

Amidos.......................................................................................... 17Tabela 3 - Concentração de Peróxido x Quantidade de Metabissulfito de

Sódio................................................................................................ 34Tabela 4 - Comparativo dos Resultados de Análises de Viscosidade da

Amostra do Leite e do Amido após o Processo de Secagem......... 35

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................... 122. AMIDO................................................................................. 142.1 INTUMESCIMENTO DO AMIDO................................................. 162.2 GELATINIZAÇÃO DO AMIDO..................................................... 162.3 RETROGRADAÇÃO DO AMIDO................................................ 183. AMIDOS MODIFICADOS.................................................... 193.1 AMIDOS OXIDADOS.................................................................. 203.1.1 Oxidação com Hipoclorito de Sódio................................................ 223.1.2 Oxidação com Peróxido de Hidrogênio........................................... 243.1.3 Amidos Esterificados e Eterificados................................................ 243.1.3.1 Acetatos ou Acetilados.................................................................................. 26

4. PROCESSO INDUSTRIAL DE PREPARAÇÃO DE

AMIDO MODIFICADO DERIVADO DE MANDIOCA.......... 285. MATERIAIS E MÉTODOS................................................... 305.1 MATERIAIS E REAGENTES............................................................... 305.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL................................................... 315.2.1 Oxidação do Amido........................................................................... 315.2.2 Análise de Viscosidade do Amido................................................... 326. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................... 357. AMIDOS MODIFICADOS: UM TEMA PARA O ENSINO

DE REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO, FOSFATAÇÃO E

APLICABILIDADE DESTES AMIDOS NO RAMO

INDUSTRIAL.......................................................................

.

37

8. CONCLUSÃO...................................................................... 41REFERÊNCIAS:................................................................................ 42

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1. INTRODUÇÃO

A mandioca é um tubérculo amiláceo das Américas, possivelmente do Brasil. Dela é

extraído o amido, conhecido como fécula, que representa cerca de 24 a 28% de sua

massa (CEREDA; VILPOUX;DEMIATE, 2004).

Segundo Cereda, Vilpoux e Demiate (2004), o amido recebe esta designação

quando o mesmo é extraído das partes aéreas dos comestíveis vegetais (sementes,

frutos, etc.) e recebe a designação de fécula quando extraído das partes

subterrâneas dos vegetais (tubérculos, raízes e rizomas). Estes só podem ser

comercializados como amidos nativos ou naturais, para diferenciar dos amidos

modificados.

A região de Paranavaí é a principal produtora de fécula de mandioca do País. O

Paraná, em 2005, respondeu por 64,5% da produção nacional, que tem os mais

diferentes usos industriais. Caracteriza-se como uma cadeia produtiva muito

importante, uma vez que envolve vários aspectos socioeconômicos desde a venda

dos insumos, a produção agrícola, o processamento até a distribuição (ABAM,

2005).

O amido é o principal polissacarídeo de reserva da maioria das plantas e é

sintetizado por enzimas pelo processo de fotossíntese. É composto por duas

cadeias poliméricas: amilose e amilopectina. As ligações da amilose são, em sua

maioria, lineares, com ligações D-glucose em α 1-4. Já a amilopectina é altamente

ramificada em ligações do tipo α 1-6 (cerca de 5 a 6%) e também ligações lineares α

1-4 (FERREIRA;ROCHA;SILVA, 2009)

O amido tem grande variedade e larga distribuição na natureza, mas apesar disso o

número das maiores fontes para produção industrial de amido é relativamente

pequena. As maiores fontes comerciais de amido são o milho, batata, mandioca e o

trigo. Independentemente da fonte, todos os amidos ocorrem na natureza como

minúsculos grânulos, cada um com características inerentes como tamanho e forma.

12

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Porém, a composição de cada material varia de acordo com alguns fatores como:

idade, solo, variedade e o clima (DI BERNARDO; DI BERNARDO, 2000).

O amido vem sendo cada vez mais utilizado pelas indústrias, devido ao seu relativo

baixo custo de extração, como ingrediente calórico e melhorador de propriedades

físico-químicas. Na Indústria alimentícia pode ser usado para ligar ou desintegrar;

clarear ou tornar opaco; reter a umidade ou inibi-la; produzir textura lisa ou polposa.

Também serve tanto para estabilizar emulsões quanto para formar filmes resistentes

ao óleo (SILVA et al., 2008).

O mercado de amido vem crescendo e se aperfeiçoando. O destino desse produto

varia de acordo com a região, abarcando as indústrias alimentícias o maior mercado,

com 69% do consumo, seguido das indústrias farmacêutica, de papel e celulose,

química e têxtil (LEONEL et al., 1998).

Segundo LEBOURG (1996 apud CARVALHO 2005): “o balanço de massa em uma

fecularia brasileira, que processa em torno de 200 toneladas de raízes/ dia é 254,5

kg de fécula e 928,6 kg de farelo úmido (cerca de 85% de umidade) para cada

tonelada de raiz de mandioca processada”.

Para que o amido produzido possa ser amplamente utilizado é necessário que

ocorra sua modificação. O amido natural é armazenado em tanques em solução

aquosa, seco em filtro a vácuo ou Piller e em seguida passa por uma tubulação de

vapor conhecida como flesh-dryer. Um problema encontrado neste processo está

relacionado com a viscosidade. Se esta propriedade físico-química não estiver no

padrão desejado, pode ocasionar a reprovação de parte do amido, causando

prejuízos. Portanto é necessário que as indústrias busquem alternativas para

controlar a viscosidade, evitando desperdícios e prejuízos financeiros.

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um método de análise e correção de

viscosidade do amido na etapa de reação, anterior a secagem e estabelecer se com

a correção nesta nova etapa o amido modificado manterá a viscosidade dentro das

especificações, após o processo de secagem.

13

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2. AMIDO

O amido é a principal substância de reserva nas plantas aéreas e fornece de 70 a

80% das calorias consumidas pelo homem (CEREDA, 2002).

É encontrado em sementes, raízes e tubérculos, caules, folhas, frutos e pólen. É um

polímero versátil (um polissacarídeo), podendo ser utilizado para um grande número

de aplicações como: alimentos, papel, adesivos, têxteis, cosméticos, produção de

álcool e etc. (ARAÚJO & TONDATO, 2008)

Há 3500 a.C., o amido era usado na fabricação de papel, como adesivo e

encorpador. O uso de amido em tecidos teve início na Idade Média, como agente

comum para engomar. Em 1744 os ingleses passaram a usar o amido em indústrias

têxteis para dar brilho às tramas tecidas. Em 1973 foram produzidos cerca de 3,6

bilhões de kg de amido nos Estados Unidos, destinados a quaisquer fins. Deste

total, cerca de 98% de amido era proveniente do milho (SHREVE & BRINK, 1997).

O grão de amido é uma mistura de dois polissacarídeos, amilose e amilopectina,

polímeros da α-glicose com eliminação de água. A amilose é uma macromolécula

constituida de 250 a 300 resíduos de D-glicopiranose ligadas por pontes glicosídicas

α-1,4, que conferem à molécula uma estrutura helicoidal. (ARAÚJO; TONDATO,

2008).

OHOH

CH2OH

OH

H

H

H

H

O

OHOH

CH2OH

OH

H

H

H

H

O

1

23

4

5

6

n

Ligação glicosídica α(1-4)

Figura 1 – Estrutura da amilose (In: SOLOMONS; FRYHLE, 2000, p. 1124)

14

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A amilopectina é uma macromolécula, menos hidrossolúvel que a amilose. É

constituída de aproximadamente 1400 resíduos de α-glicose ligadas por pontes

glicosídicas α-1,4, ocorrendo também ligações α-1,6, dando a ela uma estrutura

ramificada. Constitui em média 80% dos polissacarídeos existentes no grão de

amido (ARAÚJO; TONDATO, 2008).

cadeia principalLigação glicosídica α(1-4)

O

O

H

H

H

H

OH

CH2OH

OHH

O

O O

H

H

H

H

OH

CH2OH

OHH

OH

H

H

H

OH

CH2

OHH

O

O

OHOH

CH2OH

OH

H

H

H

H

O

OHOH

CH2OH

OH

H

H

H

H

O1

23

4

5

6

Ligação glicosídica α(1−6)

1

23

4

5

6

H

H

H

H

OH

CH2

OHH

O

O

OHOH

CH2OH

OH

H

H

H

H

O

ramificação

Figura 2 - Estrutura da amilopectina (In: SOLOMONS; FRYHLE, 2000, p. 1125).

O amido proveniente de cereais, tais como milho, trigo, arroz, etc., contém cerca de

75% de amilopectina e 25% de amilose. Amidos cerosos (Waxy) contêm de 80 a

100% de amilopectina. Amidos com alto teor de amilose, como os provenientes de

mandioca e batata, contém cerca de 50 a 75% de amilose (ARAÚJO; TONDATO,

2008). A tabela 1 mostra os valores mais aproximados:

15

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Amido Amilose (%) (m/m)

Amilopectina (%) (m/m)

Milho 28 72

Batata 21 79

Trigo 28 72

Mandioca 17 83

Milho waxy 0 100

Sorgo 28 72

Arroz 17 83

Tabela 1 – Quantidade de amilose e amilopectina de alguns amidos (In: MARINELLI, 1999, p 3)

2.1 INTUMESCIMENTO DO AMIDO

Os grânulos de amido são insolúveis em água à temperaturas inferiores a 50°C.

Com o aumento da temperatura os grânulos de amido absorvem água e

intumescem, aumentando o tamanho original. Os grupos hidroxila presentes no

amido fazem com que este apresente características hidrofílicas porque permite que

o polímero estabeleça ligações de hidrogênio com a água (GARRIDO, 2008).

É comumente irreversível, porém limitado e os grânulos de amido se tornam muito

sensíveis a estresses mecânico e térmico ou a acidez do meio (DEMIATE, 2008).

2.2 GELATINIZAÇÃO DO AMIDO

Este fenômeno é observado quando o grânulo do amido é rompido, dando origem a

viscosidade, sendo esta constatada em viscoamilógrafos, como o Brander e o

Viscoanalisador (SILVA, et al. 2006).

16

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O amido é praticamente insolúvel em água fria, devido as fortes ligações de

hidrogênio presentes que mantêm as cadeias de amido unidas. Embora sofra certo

inchamento, a água só é incorporada na estrutura do grânulo quando sob

temperatura acima de 50 °C, variando de acordo com a fonte botânica, fato este

observado na tabela 2. Ao momento que o grânulo se rompe, ocorre o maior pico de

viscosidade, este pico é conhecido como Temperatura de Gelatinização (TEIXEIRA,

2007).

Amido Intervalo de Temperatura de Gelatinização (ºC)

Batata 56-66

Mandioca 58-70

Milho 62-72

Sorgo 68-75

Trigo 52-63

Arroz 61-77

Milho ceroso 63-72

Tabela 2 – Intervalos de temperatura de gelatinização de alguns amidos (In: BOBBIO; BOBBIO, 2003)

A gelatinização do amido é a quebra do arranjo molecular onde o grânulo do amido

sofre mudanças irreversíveis em suas propriedades de modo que o grânulo

intumesça, ocorre fusão da cristalinidade nativa, perda de birrefrigência e

solubilização do amido. O ponto de gelatinização e a proporção sobre o qual ocorre

é determinado pela concentração de amido, método de observação e a fonte

botânica do mesmo (MATSUGUMA, 2006).

17

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2.3 RETROGRADAÇÃO DO AMIDO

Essa propriedade é observada quando, após a gelatinização e resfriamento da pasta

à temperatura ambiente, ocorre um rearranjo das moléculas do amido por pontes de

hidrogênio, favorecendo a recristalização (MUNHOZ; WEBER; CHANG; 2004).

Segundo Silva et al. (2008) “a retrogradação é basicamente um processo de

recristalização das moléculas de amido que ocorre pela forte tendência de formação

de pontes de hidrogênio entre moléculas adjacentes”. Uma rede tridimensional é

desenvolvida pela associação das moléculas de amido, a qual é mantida coesa

pelas áreas cristalinas. (SILVA et al.,2008).

Sempre há liberação de moléculas de água anteriormente ligadas às cadeias de

amilose, no processo de retrogradação. Esta liberação de água é conhecida como

sinérese (BOBBIO; BOBBIO, 2003).

18

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3. AMIDOS MODIFICADOS

Os amidos modificados devem ser derivados dos amidos naturais, ou nativos.

Segundo Cereda; Vilpoux; Demiate (2004), “os grânulos não modificados dos

amidos hidratam facilmente, intumescem rapidamente, rompem-se, perde

viscosidade e produzem uma pasta pouco espessa, elástica e coesiva”. As

modificações são realizadas nos amidos nativos com a finalidade de aumentar a

utilidade deste polímero nas aplicações industriais (SILVA et al., 2006).

As razões pelas quais os amidos nativos são modificados são: (CEREDA; VILPOUX,

DEMIATE, 2004; SILVA, et al., 2006)

• Modificar as características de cozimento (gelificação);

• Diminuir a retrogradação;

• Reduzir a tendência de gelificação das pastas;

• Aumentar a estabilidade das pastas ao resfriamento e congelamento;

• Aumentar as transparências das pastas e géis;

• Melhorar a textura das pastas ou géis e a formação de filmes;

• Melhorar a adesão entre superfícies diferentes, como no caso da aplicação

em papel.

• Adicionar grupamentos hidrofóbicos e introduzir poder emulsificante.

As modificações na estrutura química do amido podem ser efetuadas por métodos

químicos, físicos; enzimáticos ou pela combinação de todos, formando produtos com

propriedades diferentes das do amido nativo (HENRIQUE; CEREDA; SARMENTO,

2008). A modificação química é compreendida entre os amidos ácido-modificados,

oxidados, esterificados, eterificados, fosfatados, pré-gelatinizados e por ligações

cruzadas (cross-linked). As modificações físicas incluem o calor, radiação e o

cisalhamento. As modificações por processos enzimáticos dão origem às dextrinas,

19

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maltose e glicose (CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004; HENRIQUE; CEREDA;

SARMENTO, 2008). Neste trabalho trataremos apenas de amidos oxidados e

esterificados.

3.1 AMIDOS OXIDADOS

A oxidação do amido pode resultar em diferentes produtos, dependendo do agente

utilizado. O amido oxidado forma uma pasta clara, fluida e adesiva, não resultando

em um gel rígido ao resfriar, conservando sua fluidez e natureza adesiva. É

destinado a vários fins, como na indústria papeleira e na indústria têxtil, na

engomagem de fios de tecido (CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004; SILVA et al.,

2008). Segundo Silva et al. (2008, p. 67) os amidos oxidados são utilizados na

indústria de papel, “pois produzem suspensões que podem ser usadas como

dispersantes, capazes de formar filmes uniformes, os quais selam os poros e

proporcionam melhor impressão”.

Para a indústria têxtil a principal finalidade da pasta de amido oxidado é a diminuição

na viscosidade (aumento da fluidez), formação de filme resistente e aumento da

solubilidade no tecido, facilitando assim a engomagem e posterior remoção da

mesma no tecido.

Vários métodos podem ser utilizados na oxidação de amido e com isso vários

agentes oxidantes como: hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, ar, oxigênio,

ozônio, permanganato e dióxido de nitrogênio. Para as matérias primas utilizadas

devem ser estudadas algumas variáveis: pH, concentração de agente oxidante e de

amido, sais inorgânicos e produtos das reações (BENINCA, 2008).

Nas reações de oxidação, alguns grupos hidroxilas das moléculas de amido são

oxidadas primeiramente a grupos carbonila e, posteriormente, a grupos carboxila.

Estes grupos hidroxilas estão localizados nos carbonos (C-2), (C-3) e (C-6) (SILVA

et al, 2008).

Como os grupos carbonílicos e carboxílicos são mais volumosos do que os

hidroxílicos, estes grupos tendem a manter as cadeias de amilose separadas,

20

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evitando desta forma a retrogradação do amido. Esta separação é auxiliada ainda,

pela ionização dos grupos carboxílicos, os quais apresentam, além de efeito

estérico, o efeito eletrostático (figura 3) (BOBBIO; BOBBIO, 2003; HENRIQUE;

CEREDA; SARMENTO, 2008).

COO-H+

COO-H+

CH2OH CH2OH

CH2OH CH2OH

Figura 3 – Efeito dos grupos carboxílicos na separação das cadeias de amilose (In: BOBBIO; BOBBIO, 2003, p. 66)

Durante a reação de oxidação, o amido pode ser degradado através de uma

eliminação alílica (β-eliminação), levando à amidos de menor peso molecular (figura

4) e de viscosidade mais baixa (BOBBIO; BOBBIO, 2003; SILVA et al, 2008).

21

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OH

H

H

CH2 OH

OHO

OH

H

H

H

CH2 OH

OH

OH

OO

OH

OH

OHCH2

H

H

HH

O

OOOH

OH

OHCH2

H

H

HH

O

O

OH

H

CH2 OH

OH

O

OH

H

H

CH2 OH

OHOO

OH

OH

OHCH2

H

H

HH

O

OOOH

OH

COOH

H

H

HH

O

OHOH

H

OH

CH2 OH

O

OH

H

H

CH2 OH

OHO

OH OOH

H

OH

OH

OHCH2

H

H

HH

O

OOOH

OH

COOH

H

H

HH

OHH .OH +

Figura 4 – Degradação do amido durante a oxidação (In: BOBBIO; BOBBIO, 2003, p. 67)

Neste trabalho serão abordados apenas amidos oxidados com hipoclorito de sódio e

peróxido de hidrogênio.

3.1.1 Oxidação com Hipoclorito de Sódio

A oxidação por hipoclorito é uma das reações oxidativas comumente usada até hoje.

A primeira citação desta reação é uma parece ser uma patente datada de 1821, por

Samuel hall (CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004). Neste tipo de modificação

(oxidação) há formação de compostos em que algumas hidroxilas são oxidadas a

carbonilas ou carboxilas (figura 5) (BOBBIO; BOBBIO, 2003; HENRIQUE; CEREDA;

SARMENTO, 2008).

22

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OH

H

H

H

CH2 OH

OH

OH

O

OH

H

H

H

CH2 OH

OH

OH

OO

OH

OH

OHCH2

H

H

HH

O

OOOH

OH

OHCH2

H

H

HH

O

OH

H

H

H

CH2 OH

OH

OH

O

OH

H

H

CH2 OH

OHOO

OH

OH

OHCH2

H

H

HH

O

OOOH

OH

COOH

H

H

HH

O

O

NaClO

Figura 5 – Reação de oxidação do amido com hipoclorito de sódio (In: BOBBIO, BOBBIO, 2003, p. 66)

A reação é feita em meio alcalino, já que o hipoclorito provém de uma reação de

difusão de cloro gasoso em solução fria de hidróxido de sódio, formando hipoclorito

de sódio, cloreto de sódio e água (figura 6) (CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004).

2 NaOH + NaOCl + NaCl + H2OCl 2

Figura 6 - Reação de formação do hipoclorito de sódio (In: CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004p. 276)

Pela reação com hipoclorito de sódio, a pasta de amido passa apresentar coloração

clara e de baixa viscosidade. Estas características tornam bastante favoráveis a

utilização deste amido nas indústrias têxteis e de papel, já que a coloração da goma

é um dos principais fatores para a aquisição destes amidos pelas mesmas. Na

indústria têxtil o amido oxidado proporciona aos fios maior resistência e elasticidade

à abrasão (CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004; BENINCA, 2008).

23

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3.1.2 Oxidação com Peróxido de Hidrogênio

Esta é uma das reações mais complexas dentre as oxidativas, pois envolve não só

peróxido de hidrogênio, mas um determinado sal como catalisador. A oxidação com

peróxido de hidrogênio é mais eficiente em meio alcalino, na presença de sais como

sulfato de ferro e sulfato de cobre. Sem a presença de catalisador, em meio ácido a

reação não ocorre. Ocorre em meio alcalino, mas somente em carboidratos livres

(CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004).

O principal sal utilizado como catalisador é o sulfato de cobre, pois apresenta bom

rendimento, é barato e não danifica a cor do amido. O emprego de sulfato de ferro é

rentável, por ser mais barato e é utilizado na mesma concentração, porém deixa a

pasta de amido esverdeada, com a cor não-característica. O tempo necessário para

a reação com peróxido de hidrogênio, catalisada com sulfato de cobre, com

temperatura de 40 °C, e em pH alcalino é de 3h.

Segundo Shirai et al. (2007) a oxidação do amido com peróxido de hidrogênio tem

sido pesquisada, em decorrência da complexidade das reações que ocorrem no

meio e no substrato.

Estudos de oxidação de amido de batata com peróxido de hidrogênio em condições

ácidas e alcalinas, empregando cobre, ferro e tungstênio como catalisadores foram

efetuados. Constatou-se que cobre junto com o ferro foram mais eficientes, porém o

cobre sozinho era quase igualmente eficiente. Constatou-se ainda, que em

condições ácidas a modificação do amido produzido era maior, porém a degradação

do amido oxidado era mais intensa que em condições alcalinas (SHIRAI et al.,

2007).

3.1.3 Amidos Esterificados e Eterificados

Também conhecidos como amidos estabilizados, os amidos esterificados e

eterificados são produzidos em presença de catalisador alcalino. O número de

radicais introduzidos é expresso em grau de substituição (GS), que é definido como

24

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o número de substituição por unidade de glicose (CEREDA; VILPOUX, DEMIATE,

2004).

Segundo Swinkels (1996 apud CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004) observa-se

que a substituição dá-se nos carbonos C-2, C-3 e C-6 da unidade de glicose na

molécula de amido. A distribuição é determinada pela reatividade relativa do grupo

hidroxil e a natureza da reação de substituição

A reação de amido com reagentes que produzem esterificação e eterificação

monofuncionais é uma forma introduzir cadeias laterais, adicionando irregularidades

às cadeias de amido (figura 7).

OH

OH

O C

O

CH3

OH

OH

OH

OH

O CH2 CH2 OH

OH

OH

A B

Figura 7 – Estrutura esquemática de acetato de amido (A) e hidroxi-etil amido (B) (In: CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004, p. 288)

A estrutura do amido fica em caráter desordenado, em especial a amilose,

impedindo a formação de estruturas ordenadas nas pastas de amido, retardando

assim a retrogradação e estabilizando a viscosidade. A retrogradação diminui com o

aumento do grau de substituição (CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004). Por isto é

que os ésteres e éteres de amidos são denominados com frequência de amidos

estabilizados.

25

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3.1.3.1 Acetatos ou Acetilados

A reação mais comum para produção de amidos acetilados é por meio de anidrido

acético, como descreve a equação da figura 8:

Am OH +

CH3 C

O

CCH3

O

O(Amido)

(Anidrido acético)

Am O C CH3

O

(Amido acetilado)

+ CH3COOH

(ácido acético)

Figura 8 - Reação de amido com anidrido acético, em presença de catalisador (In: CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004, p. 291)

Normalmente a reação é feita após uma oxidação, a fim de diminuir a viscosidade da

pasta. Após a oxidação é feita a acetilação, também em suspensão aquosa. Para

uma maior eficiência, a acetilação é em caráter lento, com temperatura de 38 a 40

°C e pH entre 9,0 e 10,0. Após a acetilação os produtos são neutralizados até pH 5,0

e secados em filtro a vácuo ou pillers.

Um outro produto utilizado para acetilação de amidos é o acetato de vinil,

patenteado por Smith e Turschoff, em 1957. A reação com o amido ocorre de acordo

com a figura 9.

NaOHAm OH +

(Amido)

Am O C CH3

O

(Amido acetilado)

+CH2 CH O C CH3

O

(Acetato de vinil)

CH3C

O

H

(Acetaldeído)

Figura 9 - Acetilação de amido com acetato de vinila (In: CEREDA; VILPOUX, DEMIATE, 2004, p. 291)

Acetatos de amido são preparados em suspensão aquosa, com temperaturas de 35

a 40 °C e pH entre 9,0 e 10,0. è adicionado carbonato de sódio como catalisador e

26

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funciona também como uma solução tampão. Os produtos são recuperados quando

neutralizados em pH 6,0 e 7,0 e secados convencionalmente (CEREDA; VILPOUX,

DEMIATE, 2004).

27

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4. PROCESSO INDUSTRIAL DE PREPARAÇÃO DE AMIDO MODIFICADO DERIVADO DE MANDIOCA.

A mandioca é transportada em caminhões e pesadas na entrada da fábrica

(recepção). Depois de pesada, a mandioca é descarregada na primeira etapa de

processo, conhecida como bicão (figura 10).

Figura 10 - Fluxograma do processo de extração do amido de mandioca.

Após a etapa de descarregamento, a mandioca é passada por lavadores que, com a

ajuda de braços de ferro, retiram parte da casca e a transportam para um picador e

depois, em pequenas frações, é processada em um ralo, conhecido também como

cevadeira. É nesta parte do processo que o amido é totalmente extraído da fibra da

mandioca. Com o auxílio de água neste processo a mandioca já está com aparência

líquida e com isso ela é agora transportada através de canos para centrífugas

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conhecidas como GL’s. Essas GL’s contêm telas que separam o amido da fibra e

cascas, também com o auxílio de água. Este amido é então passado por centrífugas

de lavagem de grânulo. Depois dessa etapa o amido passa por centrífugas de

concentração de leite que vai ser enviada aos tanques reatores, onde o operador

controla o Baumé, que é a concentração de amido em suspensão aquosa. O amido

é armazenado, a fim de serem modificados, em reatores que variam de 10000 a

40000 l. Após a modificação, o amido passa por um processo de filtração, seguido

por secagem em tubulação a vapor e armazenada em silos.

As indústrias de modificação de amido em geral buscam alternativas para diminuir o

índice de produtos reprovados, onde o amido possa ser corrigido antes do processo

de secagem.

29

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido na empresa Rudolf Sizing Amidos do Brasil LTDA,

onde os reatores são de 10000 L, que correspondem a aproximadamente 4000 kg

de amido (20 ºBé).

5.1. MATERIAIS E REAGENTES:

• Béquer de 500 mL;

• Balança semi-analítica (Marte, AS 2000C);

• Bastão de vidro;

• Balão de reação fundo redondo 1000 mL;

• Manta aquecedora (Fisatom, 102);

• Agitador mecânico (Quimis, G250 M2);

• Cronômetro (Timex);

• Termômetro analítico 100 ºC;

• Funil para filtro a vácuo;

• Filtro a vácuo (Prismatec, 131);

• Kitassato 1000 mL;

• Papel de filtro qualitativo (Nalgon, 80 g/m²);

• Espátula;

• Água destilada;

• pHmetro (Gehaka, PG 2000);

• Viscosímetro RVT (Rápido Visco Analisador) (Brookfield, 1);

• Infravermelho (Marte, ID 200);

• Indicador de Peróxido Merckoquant (Merck, 1.10011);

• Hidróxido de sódio 1M (F. MAIA);

• Metabissulfito de sódio (F. MAIA).

30

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5.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.2.1 Oxidação do amido

A modificação por oxidação é feita adicionando uma certa quantidade de peróxido

de hidrogênio e sulfato de cobre, em pH alcalino e temperatura em torno de 40 °C. O

tempo de reação é de 3h. O sistema de secagem é composto de 2 filtros a vácuo,

com capacidade de carga de 2000 kg/h cada filtro. Este amido é depositado em um

silo de armazenagem de amido, com umidade em torno de 14%.

Após 2h de reação de oxidação no tanque (1h antes da reação terminar) a amostra

do amido em suspensão aquosa (leite) é coletada. Essa amostra é então levada até

o laboratório para análise de viscosidade (figura 11).

Figura 11: Amostra do “leite”, após 2h de reação.

31

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5.2.2 Análise de viscosidade do amido

Pesa-se 220,00 g de leite em um béquer de 500 mL (figura 11) e com o indicador de

peróxido faz-se a mensuração da quantidade de peróxido na amostra. Adiciona-se

metabissulfito de sódio (conforme tabela 3) e acerta-se o pH do leite para 7,3-7,5

com hidróxido de sódio 1M. Passa-se esse leite para o filtro a vácuo, a fim de

desidratar o amido (figura 12).

Figura 12: Amido semi-desidratado

Depois de esgotado o excesso de água o amido estará com umidade em torno de

45% (utiliza-se o Infravermelho para um valor mais exato). O amido é então

“raspado” do filtro para então colocá-lo no balão de reação de 1000 mL, e montar um

sistema (aparato) para que este seja agitado (agitação sob 600 rpm) e aquecido até

uma temperatura de 90 ºC (figura 13).

32

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Figura 13: Sistema (aparato) para agitação e aquecimento do amido para posterior análise de viscosidade.

Quando atingida essa temperatura ela deve ser mantida por 15 min. Decorrido este

tempo a goma (amido gelatinizado) deve ser transferida para um béquer de 500 mL

e então é verificada a viscosidade da amostra, utilizando um Viscosímetro RVT –

(Rápido Visco Analisador), como ilustrado na figura 14.

Figura 14: Análise de viscosidade do amido no Rápido Visco Analisador.

33

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Concentração de Peróxido

na amostra (mg H2O2/L)

Quantidade de Metabissulfito

de sódio a ser adicionada (g)0 – 2 0,002 – 5 0,035 – 10 0,0510 – 25 0,0825 – + 0,12

Tabela 3: Concentração de peróxido x Quantidade de metabissulfito de sódio

34

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A metodologia utilizada na análise de viscosidade é da empresa Rudolf Sizing

Amidos do Brasil LTDA. A adição de metabissulfito de sódio é para inativar o

peróxido, já que o metabissulfito é um redutor.

Os resultados das análises de viscosidades das amostras do “leite” foram obtidos e

comparados com as viscosidades do amido após o processo de secagem, como

segue na tabela 4.

Amostra Concentração de peróxido na amostra do

“leite” (mg H2O2/L)

Viscosidade (cps) da amostra do

“leite”

Viscosidade (cps) do amido após o

processo de secagem

01* 25 – + 76 80

02* 25 – + 72 72

03* 25 – + 126 128

04* 10 – 25 112 108

05* 5 – 10 54 54

06* 5 – 10 66 64

07* 25 – + 92 98

08* 25 – + 132 136

09** 0 – 2 70 70

10** 0 – 2 44 46

*Amido modificado por oxidação. *Amido modificado por oxidação, seguido de acetilação.

Tabela 4 - Comparativa dos resultados das análises de viscosidade da amostra do leite e do amido após processo de secagem

35

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Os resultados obtidos demonstraram que não foi necessário correção de

viscosidade. Porém, quando os dados indicarem que a viscosidade do leite não está

no padrão de especificação esta correção será feita. A metodologia mostrou-se

eficiente para esta correção.

O tempo estimado para a análise de viscosidade do amido já seco é de 50 minutos.

Se o produto não estiver na especificação desejada, serão reprovados quase 2000

kg de amido. Com este método a viscosidade é determinada no amido ainda em

suspensão aquosa, quando este já está com aproximadamente 3h de reação. Com

isso, é feito a correção do amido no reator, sendo que, para uma viscosidade mais

alta são adicionados mais oxidantes, e para uma viscosidade mais baixa, adiciona-

se amido sem modificações, uma vez que a viscosidade de amidos nativos é

extremamente elevada.

As especificações dos produtos tem um certo intervalo, conhecido como faixa de

viscosidade. Esse intervalo varia desde 30 até 100cps, pois as variáveis de processo

são muitas, tanto na empresa que produz o amido, quanto na empresa que compra

o produto. Portanto, os resultados são próximos, nem sempre os mesmos.

Nota-se que para no amido acetilado, os resultados são mais próximos, uma vez

que, nessas amostras não houve necessidade de adição de metabissulfito de sódio.

36

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7. AMIDOS MODIFICADOS: UM TEMA PARA O ENSINO DE REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO, FOSFATAÇÃO E APLICABILIDADE DESTES AMIDOS NO RAMO INDUSTRIAL.

É comum encontrar em escolas, públicas e particulares, alunos que não se

interessam pela disciplina de química. Isso se deve ao fato de ainda ser utilizado

materiais e métodos automáticos, os quais segundo Cavalcanti et al. (2010), “não

permitem uma ponte entre o conhecimento escolar e o mundo cotidiano dos

estudantes”. Segundo estes mesmos autores a abordagem do cotidiano

relacionando a Química e a sociedade é uma metodologia que vem sendo

empregada, com o intuito de despertar o interesse dos alunos por esta disciplina.

Outra estratégia empregada que tem se mostrado eficiente é a experimentação, que

abordando temas do cotidiano faz com que haja uma relação entre o que o aluno já

sabe e aquilo que ele está aprendendo, tornando a aprendizagem mais significativa

(GUIMARÃES, 2009). A maioria das escolas públicas de ensino médio, contudo, não

utiliza ou não dispõe de laboratórios para o ensino prático de química, exigindo do

aluno quase sempre apenas a pura memorização (MEC, 1999).

O amido, uma das principais fontes de carboidratos, é um tema presente na vida

cotidiana do aluno, sendo utilizado nas mais variadas indústrias, desde a indústria

alimentícia até a de vestuário. Neste contexto, as reações de modificação destes

amidos e sua aplicabilidade no ramo industrial estão diretamente ligadas ao

cotidiano do aluno e ao ensino de química.

Na indústria alimentícia o amido é empregado, por exemplo, como ingrediente

calórico e melhorador de propriedades físico-químicas (SILVA et al., 2008). Em um

alimento congelado ou refrigerado, por exemplo, amido fosfatado evita a

retrogradação, podendo assim ser empregado para a produção de gelatinas, gomas

coloidais, conferindo estabilidade ao congelamento (ARAÚJO, 2008). A reação de

fosfatação está descrita na figura 15:

37

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Amido OH + Na3P3O9

(Amido) (Trimetafosfato de sódio)

NaOH Amido O P O

O

OH

Amido2

(Di-amido fosfato)

+ Na2H2P2O7

(Dihidrogênio de sódio pirofosfato)

Figura 15: Reação de amido com tri-meta fosfato de sódio, em presença de catalisador (CEREDA; VILPOUX; DEMIATE, 2004, p. 309).

Não somente na reação de fosfatação de amido, o grupo fosfato atua também em

reações de obtenção de produtos de limpeza, como detergentes em pó, na produção

de fertilizantes utilizados na lavoura. É possível abordar também que sais de fosfato

são utilizados como agente de flotação no tratamento de águas e na indústria

automobilística, formando sais complexos de fosfato como o [Zn 3 (PO 4 ) 2 .4H 2 O ],

como protetor de metais contra corrosão (OSÓRIO, et al., 2001; RAMOS, et al.,

2008). Ao abordar a corrosão o professor pode trabalhar também com os alunos o

tema oxido-redução e como é feito o cálculo de nóx dos elementos químicos.

Pode-se abordar também aos estudantes do ensino médio que os amidos

esterificados, também conhecidos como amidos acetilados, são utilizados como

agentes de sabor em alimentos ou como agente de engomagem na indústria têxtil.

Os primeiros ésteres foram obtidos em 1895 por Fischer e Speier através do

aquecimento de um ácido carboxílico e um álcool na presença de um catalisador

ácido. Esta reação ficou conhecida como esterificação de Fischer, descrita na figura

16 (COSTA, et. al, 2004).

OHR

O

+ R´ OHH+

OR

O

R´ + H2O

Figura 16: Reação de Esterificação de Fischer (COSTA et. al. 2004, p. 36).

Ao trabalhar com a esterificação de Fischer o professor pode descrever que os

ésteres, principalmente os de baixa massa molar, apresentam aroma agradáveis,

estando presentes em frutas e flores. Com isso é possível apresentar aos alunos as

38

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estruturas dos ésteres que conferem aroma à maçã, à laranja, ao abacaxi e à

banana, por exemplo. Por fim, pode-se explorar ainda a aplicabilidade destes

ésteres na indústria de alimentos como agente flavorizante, conferindo aos

alimentos característica degustativa e olfativa (COSTA, et. al, 2004).

Outra aplicabilidade do amido modificado que pode ser ilustrada é na indústria têxtil.

Neste tipo de indústria o amido modificado é utilizado para que os fios sejam

engomados, aumentando a resistência à tração que será exercida no fio de urdume

para a produção de tecidos.

Para que o aluno possa entender melhor este tema, o ideal é que se faça uma aula

prática com engomagem de tecidos, partindo-se de um comparativo entre dois tipos

de modificação de amido, o oxidado com peróxido de hidrogênio e o oxidado com

peróxido de hidrogênio, seguido de uma esterificação (amido acetilado).

A reação de fixação da goma, produzida pela gelatinização do amido, é descrita na

figura 17.

A

B

CH2OH

HO

HO

HO

HO

HO OHOH

OH

OH

OH

OH

OH

OH

OH

O OOO

OO

O

CH2OH CH2OHC O

O

CH3

n

12

3

4

5

6 12

3

4

5

6

C O

O

H

CH2OHCH2OH

OO

OO O

OO

OH

OH

OH

OH

OH

OH

OH

OHOHHO

HO

HO

HO

HO

CH2OH

n

12

3

4

5

6 12

3

4

5

6

Figura 17: Fixação da goma de amido oxidado com peróxido (A) e oxidado com peróxido, seguido de acetilação na fibra do algodão (B) (In: Adaptado de BALAN, 2006; p. 2).

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Deve-se notar que o amido acetilado (figura 17 B) é removido mais facilmente do

tecido após a lavagem devido ao grupo acetila presente na molécula, que impede a

interação total dos grupos hidroxila. Isso faz com que o amido esterificado seja

altamente solúvel no tecido¹, já que o mesmo apresenta menos interações por

ligações de hidrogênio que o amido somente oxidado com peróxido de hidrogênio

(figura 17 A), o que facilita a remoção. Essa característica de fácil remoção é um

fator muito importante para a indústria têxtil, pois quanto menor o percentual de

goma no final do processo, maior utilidade este amido terá nas fábricas de

tecelagem.

Nos resultados os alunos notarão que o amido oxidado com peróxido de hidrogênio,

seguido de uma acetilação terá mais solubilidade no tecido do que um amido que

sofreu somente a oxidação com peróxido. Observado este fenômeno, pode-se

concluir que o amido sofreu o precesso de esterificação.

____________

¹ Diz-se de amido altamente solúvel no tecido aqueles que são removidos mais

facilmente do mesmo.

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8. CONCLUSÃO

Pelos resultados obtidos conclui-se que essa metodologia é eficiente para o método

de análise de viscosidade do amido ainda em suspensão aquosa, possibilitando um

menor índice de produtos reprovados.

Qualquer empresa que produzir amido oxidado com peróxido de hidrogênio poderá

utilizar este método.

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