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ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

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Page 1: ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE

AUTA DE SOUZA

Canto de Paz

Page 2: ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

UM POUCO SOBRE RIMA

Classificação• Posição no verso: externas / internas• Posição na estrofe: cruzadas ou alternadas /

interpoladas ou intercaladas / emparelhadas / encadeadas ou internas / misturadas / versos brancos ou soltos

• Tonicidade: agudas ou masculinas / graves ou femininas / esdrúxulas

• Sonoridade: perfeitas / imperfeitas• Valores: pobres / ricas / raras / preciosas

Page 3: ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

CANÇÃO MATERNA

Filho do coração, além das doresDa cruz de pranto que te dilacera,Fulge, sublime, excelsa primaveraAo sol do amor de todos os amores.

Agradece os espinhos e amargoresEm que te afliges sob a longa espera...E lançando ao futuro a alma sincera,Vara, gemendo, os trilhos redentores.

Chora, louvando as lágrimas doridasQue nos lavam as sombras de outras

vidasComo forças de imensa tempestade...

Trabalha, serve e crê, ama e confiaE ascenderás à glória da alegriaNo coração de luz da Eternidade.

Page 4: ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

Análise estética

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CANÇÃO MATERNA

Filho do coração, além das dores

Da cruz de pranto que te dilacera,

Fulge, sublime, excelsa primavera

Ao sol do amor de todos os amores.

A

A

B

B

Inte

rpola

das

Fi-lho-do-co-ra-ção,-a-lém-das-do(res)

Da-cruz-de-pran-to-que-te-di-la-ce(ra),

Ful-ge,-su-bli-me,ex-cel-sa-pri-ma-ve(ra)

Ao-sol-doa-mor-de-to-dos-os-a-mo(res).

Versos decassílabos (heróicos?)

Externas, graves, perfeitas. AA: pobre; BB: rica.

Page 6: ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

CANÇÃO MATERNA

Agradece os espinhos e amargores

Em que te afliges sob a longa espera...

E lançando ao futuro a alma sincera,

Vara, gemendo, os trilhos redentores.

A

A

B

B

Inte

rpola

das

A-gra-de-ceos-es-pi-nhos-ea-mar-go(res)

Em-que-tea-fli-ges-so-ba-lon-gaes-pe(ra)...

E-lan-çan-doao-fu-tu-roaal-ma-sin-ce(ra),

Va-ra,-ge-men-do,os-tri-lhos-re-den-to(res).

Versos decassílabos (heróicos?)

Externas, graves, perfeitas. AA: pobre; BB: rica.

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CANÇÃO MATERNA

Chora, louvando as lágrimas doridas

Que nos lavam as sombras de outras vidas

Como forças de imensa tempestade...

C

C

D

Cho-ra,-lou-van-doas-lá-gri-mas-do-ri(das)

Que-nos-la-vam-as-som-bras-deou-tras-vi(das)

Co-mo-for-ças-dei-men-sa-tem-pes-ta(de)...

Versos decassílabos (heróicos?)

Externas, graves, perfeitas. CC: rica e emparelhada.

Page 8: ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

CANÇÃO MATERNA

Trabalha, serve e crê, ama e confia

E ascenderás à glória da alegriaNo coração de luz da

Eternidade.

E

E

D

Tra-ba-lha,-ser-vee-crê,-a-mae-com-fi(a)

Eas-cen-de-rá-sà-gló-ria-daa-le-gri(a)

No-co-ra-ção-de-luz-daE-ter-ni-da(de).

Versos decassílabos (heróicos?)

Externas, graves, perfeitas. EE: rica e emparelhada. DD: pobre e interpolada

Page 9: ANÁLISE ESTÉTICA E SEMÂNTICA – POESIA DE AUTA DE SOUZA Canto de Paz

Análise semântica

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CANÇÃO MATERNA

Filho do coração, além das doresDa cruz de pranto que te dilacera,Fulge, sublime, excelsa primaveraAo sol do amor de todos os amores.

Agradece os espinhos e amargoresEm que te afliges sob a longa espera...E lançando ao futuro a alma sincera,Vara, gemendo, os trilhos redentores.

Chora, louvando as lágrimas doridasQue nos lavam as sombras de outras

vidasComo forças de imensa tempestade...

Trabalha, serve e crê, ama e confiaE ascenderás à glória da alegriaNo coração de luz da Eternidade.

Referência religiosa; anúncio

de que são redentoras, com

fim determinado.

Afirmação convicta:

argumento de autoridade.

Metáfora: de que? Por que essa? Primavera é

estação do ano; com isso, já avisa

implicitamente que aquelas dores (inverno) são

naturais, sazonais, vão passar. A

primavera seria a vida verdadeira, a pátria ontológica

do Espírito esclarecido.

Uma metáfora belíssima de

Deus.

Observemos que, na primeira

estrofe, ela o avisa do que o

espera, inevitavelmente

, como fatalidade feliz,

por ação do “amor de todos os amores”. Daí em diante, vêm as orientações

sobre qual postura adotar

diante das dores, portanto direcionamento

s (ação tipicamente materna).

Toda espera é longa, quando

estamos sentindo dor.

A tônica da esperança, porém proativa, disposta.

Vínculo com a imagem de cruz:

assim como a cruz foi redentora para o

Cristo, essas dores, que são cruz, serão redentoras para ele.

Aqui, ela é bem doutrinária: usa

encantadora metáfora para

avisá-lo de que o que ele está

passando é uma expiação e que

Deus é misericordioso (lágrimas com

força de imensa tempestade).

Aqui ela afirma que a felicidade é uma

conquista, um patamar mais alto

que precisa ser galgado, pelas ações

do verso anterior.

Essa felicidade reside na Eternidade, portanto é um

patamar de auto-reconhecimento, não necessariamente uma

condição post-mortem. A vida eterna, a vida verdadeira é a

primavera excelsa, iluminada

incansavelmente pelo sol do amor de todos

os amores, Deus.

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AO SOL DO CAMPO

Prossegue, semeador, alçando monte acima,

A plantação da fé na gleba da esperança,

Ara, semeia, aduba, e, intimorato, avança,

Consagrando a servir no sonho que te arrima.

Não aguarde lauréis de transitória estima

E se a nuvem de angústia e lágrimas te alcança,

Deténs na própria fé refúgio e segurança,

No grande espinheiral de amor que te sublima.

Vara vento, granizo, injúria, lama, provaE espalha, aqui e além, a paz que te

renova,No tempo a recordar solo vivo e

fecundo.

Ama, serve e constrói!... Onde lidas e esperas,

Trazes contigo a luz dos gênios de outras eras

Que promovem, com Cristo, a redenção do mundo.