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DISSERTAÇÃO
ANÁLISE INTEGRADA DO MAPA DE USO E
OCUPAÇÃO DAS TERRAS DA MICROBACIA
DO RIO JUNDIAÍ-MIRIM PARA FINS DE
GESTÃO AMBIENTAL
EDUARDO PRETTO FREITAS
CAMPINAS, SP
2012
INSTITUTO AGRONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E
SUBTROPICAL
Análise integrada do mapa de uso e ocupação das terras da
microbacia do rio Jundiaí-Mirim para fins de gestão
ambiental
EDUARDO PRETTO FREITAS
Orientador: Dr. Jener Fernando Leite de Moraes
Dissertação submetida como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em
Agricultura Tropical e Subtropical, Área de
Concentração em Gestão de Recursos
Agroambientais.
Campinas, SP
Fevereiro 2012
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força
para superar as dificuldades e mostrar o caminho nas horas quando não havia luz.
Meus pais, claro, que no momento de dúvida me incentivaram a trilhar este caminho,
que com afeto e dedicação se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que muitas
vezes pudéssemos realizar os nossos. Pela longa espera, compreensão e amor, não bastaria
dizer obrigado, pois não tenho palavras para agradecer tudo isso. Mãe, o tempo e a distância
me mostraram o quanto o seu abraço fazia falta, te amo muito.
A meus irmãos, verdadeiros companheiros que preenchem minha vida com momentos
inesquecíveis de alegrias e muitas risadas. Obrigado família!
A minha tia Clarice e tio José, que propiciaram e incentivaram minha vinda ao IAC.
A meu orientador Jener Fernando Leite de Moraes, pela instrução, liberdade e
paciência.
Ao caro colega Samuel Fernando Adami pela grande contribuição durante o
desenvolvimento deste trabalho e em sua melhoria na fase de pré-banca.
A todos os funcionários do Laboratório de Geoprocessamento do IAC: Elisabete
Monteiro da Silva, Tânia Maria Nicoletti, João Paulo de Carvalho, Nícia Marcondes Zingra,
Alfredo Armando Carlstrom Filho; que sempre de braços abertos e com alegria me ajudaram
nesta caminhada.
A meus colegas estagiários do CEA: Stella Campos, Rafael Franchini, Túlio Pelizaro,
Guilherme Castioni, Marcio Junior e Daniel Queiroz, pela amizade e bons momentos vividos
neste tempo em Jundiaí tornando estes dias mais agradáveis, assim como ao Felipe Fengler,
Bruno Marques e meu irmão Samuel Pretto que de certa forma ajudaram neste trabalho.
A CAPES pela concessão da bolsa de estudos e ao IAC que literalmente foi minha
casa neste período de aperfeiçoamento.
Por ultimo, porém não menos importante, as pessoas que me orientaram nesse tempo
de CEA: Dr. Sérgio Kurachi e Moises Storino, sábios homens e bons amigos. Ao grande tutor
e amigo Afonso Peche, que com sua imensa sabedoria e bons conselhos fizeram desta uma
jornada concreta, agregando muito a este trabalho e meu desenvolvimento profissional.
Um abraço com muito carinho e que Deus abençoe todos vocês!
ii
SUMÁRIO
SUMÁRIO .................................................................................................................................. ii ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................ iv ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................. vi
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................ viii RESUMO .................................................................................................................................. ix ABSTRACT ............................................................................................................................... x 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 3
2.1 Sustentabilidade .................................................................................................................... 3 2.2 Ocupação e uso das terras ..................................................................................................... 5 2.3 Indicadores ambientais ......................................................................................................... 9 2.3.1 Indicadores para ambientes de proteção ambiental ......................................................... 14 2.3.2 Indicadores para ambientes de produção ......................................................................... 18
2.4 Sistemas de informação geográfica e análise multicriterial ............................................... 20 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 24 3.1 Seleção, caracterização e localização da área de estudo .................................................... 26
3.2 Análise dos ambientes de proteção ambiental .................................................................... 33 3.2.1 Critérios para priorização de recuperação ambiental em áreas de preservação
permanente................................................................................................................................ 33
3.2.1.1 Uso da terra ................................................................................................................... 33 3.2.1.2 Proximidade de vegetação nativa ................................................................................. 35 3.2.1.3 Proximidade de áreas urbanas ...................................................................................... 35
3.2.1.4 Proximidade a malha viária .......................................................................................... 35 3.2.1.5 Risco a erosão ............................................................................................................... 36
3.2.1.6 Capacidade de sustentação da vegetação nativa ........................................................... 36 3.2.1.7 Ordem dos canais de drenagem .................................................................................... 37
3.2.1.8 Categoria das áreas de preservação permanente........................................................... 38 3.2.1.9 Aplicação da análise multicritério ................................................................................ 39
3.2.2 Critérios para classificação e estratificação de fragmentos florestais ............................. 41 3.2.2.1 Proximidade de áreas urbanas ...................................................................................... 41 3.2.2.2 Proximidade em relação à malha viária ........................................................................ 42 3.2.2.3 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da vegetação nativa ................................ 42
3.2.2.4 Uso das terras no entorno dos fragmentos florestais .................................................... 43 3.2.2.5 Intensidade de fragmentação da vegetação nas sub-bacias .......................................... 44 3.2.2.6 Índice de cobertura vegetal remanescente .................................................................... 44 3.2.2.7 Tamanho do Fragmento ................................................................................................ 45 3.2.2.8 Índice de borda ............................................................................................................. 45
3.2.2.9 Conectividade ............................................................................................................... 46 3.2.2.10 Aplicação da análise multicritério .............................................................................. 46 3.3 Análise dos ambientes de proteção ambiental - Critérios para classificação e estratificação
de vinhedos. .............................................................................................................................. 47 3.3.1 Risco de erosão ................................................................................................................ 48 3.3.2 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da cultura ................................................... 48 3.3.3 Posição no relevo ............................................................................................................. 49
3.3.4 Proximidade de curso d’água .......................................................................................... 50 3.3.5 Fluxo de água ................................................................................................................. 50 3.3.6 Áreas degradadas ............................................................................................................. 51
iii
3.3.7 Aplicação da análise multicritério ................................................................................... 51 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 52
4.1 Análise dos ambientes de proteção ambiental .................................................................... 52 4.1.1 Critérios para priorização de recuperação ambiental em áreas de preservação
permanente................................................................................................................................ 52 4.1.1.1 Uso da terra ................................................................................................................... 53
4.1.1.2 Proximidade de vegetação nativa ................................................................................. 56 4.1.1.3 Proximidade de áreas urbanas ...................................................................................... 57 4.1.1.4 Proximidade a malha viária .......................................................................................... 59 4.1.1.5 Risco a erosão ............................................................................................................... 61 4.1.1.6 Capacidade de sustentação da vegetação nativa ........................................................... 62
4.1.1.7 Ordem dos canais de drenagem .................................................................................... 63 4.1.1.8 Categoria das áreas de preservação permanente........................................................... 64 4.1.1.9 Aplicação da análise multicritério ................................................................................ 65 4.1.2 Critérios para estratificação e classificação de Fragmentos Florestais............................ 70 4.1.2.1 Proximidade de áreas urbanas ...................................................................................... 71
4.1.2.2 Proximidade em relação à malha viária ........................................................................ 72 4.1.2.3 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da vegetação nativa ................................ 73 4.1.2.4 Uso do solo no entorno dos fragmentos florestais ........................................................ 74
4.1.2.5 Intensidade de fragmentação da vegetação nas sub-bacias .......................................... 76 4.1.2.6 Índice de cobertura vegetal remanescente .................................................................... 77 4.1.2.7 Tamanho do Fragmento ............................................................................................... 79
4.1.2.8 Índice de borda ............................................................................................................. 80 4.1.2.9 Conectividade ............................................................................................................... 82 4.1.2.10 Aplicação da análise multicritério .............................................................................. 83
4.2 Análise dos ambientes de produção - Critérios para classificação e estratificação de
vinhedos. ................................................................................................................................... 88
4.2.1 Risco de erosão ................................................................................................................ 89 4.2.2 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da cultura ................................................... 92
4.2.3 Posição no relevo ............................................................................................................. 93 4.2.4 Proximidade de curso d’água .......................................................................................... 95
4.2.5 Fluxo de água .................................................................................................................. 96 4.2.6. Área degradadas ............................................................................................................. 97 4.2.7 Aplicação da análise multicritério ................................................................................... 99 5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 104
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................ 106 ANEXOS ................................................................................................................................ 115
iv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Principais classes de uso e ocupação das terras na Bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
.................................................................................................................................................. 31 Tabela 2 - Classes de cobertura da terra e respectivos pesos para priorização de recuperação
da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. .............................................................................. 34 Tabela 3 - Classes de valores de risco a erosão em APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP e
pesos para priorização de recuperação. .................................................................................... 36 Tabela 4 - Classes de capacidade de uso das terras e respectivos pesos para priorização de
recuperação da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP........................................................... 37
Tabela 5 - Hierarquia dos canais de drenagem e respectiva valoração para priorização de
recuperação da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP........................................................... 38 Tabela 6 - Categoria da área de preservação permanente e pesos referentes à priorização de
recuperação na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ....................................................................... 38 Tabela 7 - Classes de prioridade de recuperação das áreas de preservação permanente na
bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ................................................................................................ 40 Tabela 8 - Pesos atribuídos às classes de capacidade de uso do solo nos fragmentos florestais
da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ........................................................................................... 42
Tabela 9 - Pesos atribuídos a qualidade ambiental no entorno dos fragmentos na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP em função do uso do solo. .......................................................................... 43 Tabela 10 - Classes de tamanho dos fragmentos florestais e respectivos pesos. ..................... 45
Tabela 11 - Classes qualidade ambiental dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 47 Tabela 12 - Classes de risco a erosão e peso referente ao manejo conservacionista em
vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ........................................................................... 48 Tabela 13 - Classes de capacidade de uso e ocupação das terras e pesos referentes ao manejo
conservacionista do solo em vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim. .................................... 49 Tabela 14 - Posição de vinhedos no relevo e pesos referentes ao manejo conservacionista na
bacia do rio Jundiaí-Mirim. ...................................................................................................... 50 Tabela 15 - Pesos atribuídos às classes de fluxos de água para manejo conservacionista da
bacia do rio Jundiaí-Mirim. ...................................................................................................... 51 Tabela 16 - Classes de manejo conservacionista na bacia do rio Jundiaí-Mirim. ................... 52 Tabela 17 - Uso do solo em APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. .................................... 54 Tabela 18 - Grau de urbanização das sub-bacias do rio Jundiaí-Mirim, SP. ........................... 57
Tabela 19 - Classes de risco de erosão em APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. .............. 62 Tabela 20 - Distribuição de área por classe de prioridade de recuperação da APP na bacia do
rio Jundiaí-Mirim, SP. .............................................................................................................. 66 Tabela 21 - Vegetação remanescente por sub-bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ...................... 78 Tabela 22 - Proporção de fragmentos florestais em relação a seu tamanho na bacia do rio
Jundiaí-Mirim. .......................................................................................................................... 80 Tabela 23 - Proporção de ocorrência da quantidade de fragmentos florestais dentro das
classes de índice de borda, na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ............................................... 82
Tabela 24 - Análise dos pesos atribuídos pelos especialistas, para critérios para avaliação da
qualidade ambiental dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ................ 84 Tabela 25 - Distribuição de área por classe de qualidade ambiental dos fragmentos florestais
na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ........................................................................................... 86
Tabela 26 - Risco de erosão em vinhedos na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ....................... 91 Tabela 27 - Corretivos e fertilizantes utilizados, época de aplicação e possibilidade de
poluição difusa da cultura da uva na Bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. .................................... 96
v
Tabela 28 - Análise dos pesos atribuídos pelos especialistas, para indicadores de do manejo
conservacionista de vinhedos na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ........................................... 99
Tabela 29 - Distribuição de área por zona de manejo conservacionista dos vinhedos na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP. ....................................................................................................... 102
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Localização da microbacia do rio Jundiaí-Mirim dentro da UGRHI – 5 ................ 26 Figura 2 - Imagem da microbacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. .................................................. 27 Figura 3 - Balanço hídrico climatológico para Jundiaí (SP). .................................................. 28
Figura 4 - Carta de uso e ocupação das terras na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP .................. 30 Figura 5 - Sub-bacias da bacia hidrográfica do rio Jundiaí-Mirim, SP. .................................. 32 Figura 6 - Tela do SIG-Ilwis, ilustrando a aplicação do método de análise multicritério de
programação por compromisso. ............................................................................................... 40 Figura 7 - Mapa das Áreas de Preservação Permanente segundo Código Florestal na bacia do
Rio Jundiaí-Mirim, SP. ............................................................................................................. 52 Figura 8 - Uso da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP...................................................... 53 Figura 9 - Carta indicadora de uso e ocupação das terras em APP na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 55 Figura 10 - Porcentagem de vegetação nativa por sub-bacia em áreas de preservação
permanente da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ....................................................................... 55 Figura 11 - Carta indicadora de proximidade da APP à vegetação nativa na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP. .................................................................................................................... 56
Figura 12 - Carta indicadora de proximidade de APP à áreas urbanas na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 58 Figura 13 - Carta indicadora de proximidade da APP à malha viária na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 60 Figura 14 - Carta indicadora de risco de erosão do solo em APP na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 61
Figura 15 - Carta indicadora da capacidade de sustentação da vegetação nativa na APP da
bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ................................................................................................ 63
Figura 16 - Carta indicadora de classificação da APP segundo sua hierarquia fluvial na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP. ......................................................................................................... 64
Figura 17 - Carta indicadora da categoria de APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. .......... 65 Figura 18 - Carta de prioridade de recuperação de áreas de preservação permanente na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP. ......................................................................................................... 66 Figura 19 - Áreas por sub-bacia na classe de prioridade “Muito Alta” e “Alta” para
recuperação de APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP........................................................... 67 Figura 20 - Fragmentos florestais e áreas urbanizadas na bacia do rio Jundiaí - Mirim, SP. . 70
Figura 21 - Carta indicadora de proximidade de fragmentos florestais à área urbanas, na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP. ......................................................................................................... 71 Figura 22 - Carta indicadora de proximidade de fragmentos florestais à malha viária, na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP. ......................................................................................................... 72 Figura 23 - Fragmento florestal coberto por lianas ................................................................. 73
Figura 24 - Carta indicadora da capacidade de suporte ao desenvolvimento da vegetação
nativa, na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ............................................................................... 74 Figura 25 - Carta indicadora da pressão borda adentro dos fragmentos florestais, segundo o
uso e ocupação das terras na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ................................................. 75 Figura 26 - Carta indicadora da intensidade de fragmentação da vegetação nativa, na Bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP. ......................................................................................................... 76 Figura 27 - Carta indicadora do índice de cobertura vegetal remanescente na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP. .................................................................................................................... 77 Figura 28 - Carta indicadora de tamanho dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 79
vii
Figura 29 - Carta indicadora do índice de borda dos fragmentos florestais na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP. .................................................................................................................... 81
Figura 30 - Carta da conectividade entre fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-Mirim,
SP. ............................................................................................................................................. 82 Figura 31 - Carta de qualidade ambiental dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 85
Figura 32 - Quantificação de áreas por classes de qualidade ambiental dos fragmentos
florestais dentre as sub-bacias do rio Jundiaí-Mirim, SP. ........................................................ 87 Figura 33 - Vinhedos na bacia do rio Jundiaí - Mirim, SP. ..................................................... 89 Figura 34 - Carta indicadora do risco de erosão nos vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim,
SP. ............................................................................................................................................. 90
Figura 35 - Carta indicadora da capacidade de suporte ao desenvolvimento dos vinhedos da
bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP; segundo sistema de capacidade de uso das terras. ................ 93 Figura 36 - Carta indicadora da posição topográfica dos vinhedos na Bacia do Rio Jundiaí-
Mirim, SP. ................................................................................................................................ 94 Figura 37 - Carta indicadora de proximidade dos vinhedos aos cursos d`água na bacia do rio
Jundiaí - Mirim, SP. .................................................................................................................. 95 Figura 38 - Carta indicadora de fluxos de água nos vinhedos da bacia do rio Jundiaí - Mirim,
SP. ............................................................................................................................................. 97
Figura 39 - Carta indicadora de áreas com processo de erosão visualmente perceptível em
vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ........................................................................... 98 Figura 40 - Imagem de vinhedo com processo erosivo visualmente perceptível em Jundiaí,
SP. ............................................................................................................................................. 99 Figura 41 - Carta de zona de manejo conservacionista dos vinhedos na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP. .............................................................................................................................. 101
Figura 42 - Sub-bacia com maior área dentro da classe de manejo conservacionista Muito
Intenso e Intenso na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP. ............................................................. 103
viii
LISTA DE SIGLAS
AAE – Avaliação Ambiental Estratégica
AMC – Análise Multicriterial
APP – Área de Preservação Permanente
CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CGT – Teoria dos Jogos Cooperativos
CMMAD – Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento
CNUMAD – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
DAE – Departamento de Águas e Esgotos
EIA – Estudos de Impactos Ambientais
EUPS – Equação Universal de Perda de Solo
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ILWIS – Integrated Land and Water Information System
IQA – Índice da Qualidade das Águas
MDE – Modelo Digital de Elevação
OCDE, OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PC – Programação de Compromisso
PER – Pressão-Estado-Resposta
PI – Plano de Informação
SAD-69 – Elipsoide South American 1969
SIG ou GIS – Sistema de Informação Geográfica
SWAT – Soil and Water Assessment Tool
UGRHI – Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos
UTM – Universal Transversa de Mercator
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
IQA – Índice de Qualidade de Água)
IQS – Índice de Qualidade do Solo)
ix
Análise integrada do mapa de uso e ocupação das terras da microbacia do rio Jundiaí-
Mirim para fins de gestão ambiental.
RESUMO
Apesar da conscientização pelas questões ambientais, existe uma crescente pressão
antrópica sobre os recursos naturais. A análise do uso e ocupação das terras é um ponto de
partida para adequação do ambiente antrópico a sua capacidade de suporte, portanto,
fundamental para criação de modelos de gestão com ênfase na sustentabilidade. O trabalho
trata de uma pesquisa dirigida a estudos ambientais, utilizando o geoprocessamento e a gestão
de informações do uso e ocupação do solo. O objetivo foi utilizar indicadores ambientais para
gestão das Áreas de Preservação Permanente (APP), dos fragmentos florestais e de áreas
agrícolas. Foram utilizados 8 indicadores para APP, 9 indicadores para fragmentos florestais e
6 indicadores para áreas agrícolas. O estudo foi realizado na bacia hidrográfica do rio Jundiaí-
Mirim, Jundiaí, SP e utilizou-se a análise multicriterial (AMC), através do método de
“Programação por Compromisso”, para a integração dos indicadores. Essa técnica permitiu
reunir e analisar diversas informações da área, atribuir pesos e valores para auxiliar na tomada
de decisão. Os resultados obtidos mostraram que apenas 44,6% da APP está em conformidade
com a legislação e que 32% dessas áreas são de alta prioridade para recuperação ambiental.
Os fragmentos florestais remanescentes, foram classificados e estratificados em função de seu
estado perturbação e 29 % da área ocupada pelos fragmentos florestais foi classificada dentro
das classes de “Baixa” e “Muito Baixa” qualidade ambiental, em razão dos critérios de
pressão antrópica considerados. Na ocupação das terras por atividades agrícolas a opção foi
analisar vinhedos, que ocorrem em áreas muito susceptíveis à erosão. Estes foram
classificados e estratificados em ambientes com manejo semelhante, sendo que 44,2 % de sua
área apresentou necessidade de manejo “Intenso” e “Muito Intenso” com vistas a preservação
ambiental dessas áreas. Os indicadores selecionados foram de fácil obtenção em SIG e
permitiram o aprimoramento de informações sobre o uso e ocupação das terras como
ferramenta para gestão ambiental.
Palavras-Chave: uso e ocupação das terras, sustentabilidade, indicadores ambientais,
geoprocessamento, análise multicriterial.
x
Integrated analysis of land use map of the Jundiaí-Mirim watershed for environmental
management.
ABSTRACT
Despite awareness of environmental issues, there is a growing human pressure on natural
resources, mainly nearby the large urban areas. The analysis of the land use can be considered
as a starting point for studies of anthropogenic environmental adjustment and it is essential to
propose models of management with emphasis on land sustainability. Within this context the
objective of this study was to use environmental indicators for management of Permanent
Preservation Areas (PPA), areas of forest fragments and agricultural areas. The study was
carried out in the Jundiaí-Mirim watershed, in São Paulo State, Brazil – SP. It was used eight
environmental indicators for PPA, nine environmental indicators for the forest fragments and
six environmental indicators for the agricultural areas. It was applied the multicriterial
analysis, using the method of “Compromise Programming” for the joint analysis of
environmental indicators. This methodology allowed to integrate different information about
the environment, assign weights and values for each indicator in order to assist the decision
making. The results showed that only 44.6% of APP is in accordance with the environmental
legislation and that 32% of these areas comprises the classes of high priority
for environmental restoration. The remaining forest fragments were sorted
and stratified according to their state of disturbance. It was observed that 29% of the forest
fragments showed low environmental quality according to parameters of human pressure
considered. Considering the agricultural occupations, it was analyzed the vineyards that
occur in areas highly susceptible to erosion. These areas were classified and stratified in
environments with similar soil management. It was found that 44% of the areas require
intense or very intense soil management practices. The selected indicators were efficient, easy
to obtain through GIS and allowed to generate information for environmental management
of the watershed.
Key-words: land use and occupation, environmental indicators, sustainability, GIS,
multicriteria analysis.
1
1 INTRODUÇÃO
A análise do uso e ocupação das terras está consolidada como uma prática importante
para a gestão ambiental. É aplicada no monitoramento das condições de solo em função do
uso e também como ferramenta para a gestão de sistemas de produção. Como uma ferramenta
de gestão pública, deve ser utilizada para análise da compatibilidade do desenvolvimento
econômico e social com a proteção ambiental. Os dados gerados nos mapeamentos de uso e
ocupação são relevantes para amparar políticas de fiscalização e desenvolvimento regional em
suas diferentes escalas, assim como subsidiar decisões de ocupação e manejo das áreas
agrícolas e outras.
A partir do momento em que a vegetação natural é retirada, qualquer ocupação das
terras causa impactos ambientais. Os impactos podem ser classificados em benéficos ou
adversos, diretos ou indiretos, reversíveis ou irreversíveis, imediatos ou em longo prazo,
temporários ou permanentes. A magnitude e intensidade dos impactos são determinadas pelo
grau de pressão das atividades antrópicas e influenciadas também, pela vulnerabilidade e
resiliência de cada ambiente, seja qual for a atividade desenvolvida. Quando os impactos
ultrapassam a capacidade de resiliência do ambiente, ocorre a perda de qualidade e
degradação.
Existe uma demanda por informações que subsidiem a tomada de decisão para gestão
ambiental, desde propriedades agrícolas até órgãos governamentais. A pesquisa de novos
métodos e usos de tecnologias consagradas como o sensoriamento remoto e o
geoprocessamento permite aperfeiçoar as informações geradas em diagnósticos
agroambientais.
O Sistema de Informação Geográfica (SIG), que é uma tecnologia do
geoprocessamento, permite o processamento de dados vinculados à localização espacial, a
utilização imagens de satélite e geração de mapas temáticos, facilitando a análise de uso e
ocupação do solo e permitindo avaliar, correlacionar uma gama de informações em local
definido além determinar as evoluções espacial e temporal de um fenômeno geográfico, assim
como as inter-relações entre diferentes fenômenos.
Em função das respostas negativas da natureza, nas três últimas décadas houve um
aumento significativo de conscientização em relação às questões ambientais. Sociedade,
governo e empresas iniciaram uma importante discussão sobre os caminhos do crescimento e,
2
em 1987, foi apresentado um novo conceito, elaborado pela Comissão Brundtland: o
Desenvolvimento Sustentável. Este conceito foi amplamente divulgado após a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, a Rio-92, e, de forma
muito resumida, é uma proposta de desenvolvimento que busca conciliar os aspectos
econômicos, sociais e ambientais (FIRJAN, 2008).
Desde a proposição da Agenda 21 existe um grande enfoque no monitoramento do
ambiente, para isto ainda é intenso o esforço e estudo de indicadores ambientais no sentido de
definir e produzir informações adequadas a orientar ações relativas ao ambiente e ao
desenvolvimento sustentável. Indicadores são dados transformados em informação para a
tomada de decisão. Ao se relacionar duas ou mais variáveis que representem informações
qualitativas ou quantitativas, é gerado um indicador que pode ser utilizado como instrumento
de auxilio ao processo decisório na gestão ambiental.
Grandes instituições mundiais como Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação (FAO), e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) ainda se dedicam na construção de indicadores sintéticos e simples que abordam
relações complexas e dinâmicas como as do ambiente. Relevantes são os resultados neste
sentido, como por exemplo o modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) da OCDE.
A espacialização de informações, utilizando-se SIG, a compreensão dos elementos
envolvidos e a aplicação de métodos de análise multicriterial, contribuem para a identificação
de problemas e consequentemente o aperfeiçoamento de modelos de gestão ambiental.
Auxiliando o tomador de decisões na seleção da melhor alternativa na presença de critérios
múltiplos e prioridades diferentes.
A hipótese do trabalho é que modelos de gestão podem ser desenvolvidos a partir de
indicadores ambientais obtidos pela analise da ocupação e uso das terras.
O objetivo deste trabalho é utilizar indicadores ambientais, baseados na análise
integrada de dados do meio físico de uma bacia hidrográfica, com a finalidade de gerar
informações para gestão ambiental. Dentro deste contexto são considerados três objetivos
específicos:
Identificar e priorizar áreas de preservação permanente para sua recuperação
ambiental;
Classificar e estratificar os fragmentos florestais, de acordo com seu grau e estado de
perturbação;
Classificar e estratificar áreas de videiras, com base no manejo conservacionista.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Sustentabilidade
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, Art. 225 -
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. Por compreender importância do tema a
Constituição Brasileira aborda a preservação do ambiente e deixa implícito o conceito de
sustentabilidade, e que este é o caminho para garantir condições mínimas de saúde às
próximas gerações, pois é o ambiente que garante as funções básicas da vida, como alimentos,
água potável, ar limpo, clima, etc. Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e
atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem
comprometer a necessidade das próximas gerações, significa possibilitar que as pessoas, agora
e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de
realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da
terra e preservando as espécies e os habitats naturais.
No passado, a responsabilidade pelas questões ambientais estava nos ministérios e
instituições ambientais que muitas vezes não tinham controle sobre a destruição causada pela
agricultura, indústria, desenvolvimento urbano. A sociedade tem falhado em dar a
responsabilidade e prevenir os danos ambientais. Assim, nossas práticas de gestão ambiental
têm-se centrado no pós, ou seja, na reparação de danos: reflorestamento, recuperação de terras
desérticas, a reconstrução de ambientes urbanos, restauração de habitats naturais, e
recuperação de terras selvagens (CMMAD, 1991).
O Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com o
título Nosso Futuro Comum, concluído em 1986, e conhecido também como Relatório
BRUNTLAND (CMMAD, 1991), discutiu pela primeira vez com maior profundidade, o
conceito de Desenvolvimento Sustentável. Segundo esse relatório, este conceito não
preconizava limites absolutos ao desenvolvimento econômico, mas tomava como referência
as limitações impostas pelo estágio de desenvolvimento tecnológico e da organização social
sobre os recursos ambientais, e pela capacidade da biosfera em absorver os impactos
decorrentes da atividade antrópica.
Muitas vezes o conceito de crescimento é confundidos com o de desenvolvimento.
Crescimento é medido pelo aumento do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja,
4
economicamente, não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não
leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de
riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimento,
por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las,
de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a
qualidade ambiental do planeta.
A consciência de desenvolvimento sustentável refere-se à noção de proteção e
necessidade de preservação ambiental, como uma iniciativa para retardar o esgotamento das
fontes de “recursos naturais”, propiciar o retorno econômico necessário à sobrevivência das
pessoas, pressupondo continuidade e permanência da qualidade de vida e das oportunidades
da sociedade ao longo do tempo, incorporando uma perspectiva de “longo prazo”.
A partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992, que resultou na Agenda 21,
intensificaram-se as discussões e busca de maior equilíbrio entre as questões ambientais e do
desenvolvimento. Um dos objetivos basilares da Agenda é a busca da sustentabilidade e
qualidade de vida em consonância com a melhoria da qualidade ambiental. Estudos relativos a
qualidade ambiental são muito complexos. Uma definição de “qualidade” depende das
posições filosóficas, ideológicas e políticas assumidas pelas pessoas ou o grupo que
pertencem. Psicologicamente, cada pessoa tem uma percepção individual do ambiente e de
sua qualidade, bem como uma interpretação própria em relação à sua qualidade de vida
(BOLLMANN, 2006).
Apesar dos avanços tecnológicos, os recursos naturais ainda são utilizados de forma
desordenada e irracional, e o uso indiscriminado tem sido a causa de uma rápida e intensa
degradação ambiental. Para SANCHEZ (2006), degradação ambiental pode ser conceituada
como qualquer alteração adversa dos processos, funções ou componentes ambientais, ou
como alteração adversa da qualidade ambiental. O conceito de qualidade ambiental por sua
vez esta relacionado a grandezas fisioquímicas que podem ser medidas e estabelecidos
padrões ambientais através de valores de referência que não causem dano a fauna, flora,
saúde, segurança e bem estar das populações.
Segundo OLIVEIRA E SOSA (1995) a degradação tem levado a diminuição da
capacidade produtiva da terra; sedimentação nos rios, lagos e açudes; desequilíbrio do regime
hidrológico; contaminação de aquíferos e águas superficiais; depreciação e extinção de
espécies vegetais e animais além de poluição do meio ambiente.
5
2.2 Ocupação e uso das terras
Os processos naturais como erosão, lixiviação e alteração da cobertura vegetal,
ocorrem de forma natural e modificam a paisagem. O uso e ocupação das terras intensifica a
ocorrência de tais processos que se tornam mais frequentes, acentuados e violentos.
A erosão é um processo de desagregação, decomposição, transporte e deposição de
materiais oriundos do intemperismo do solo. Sua intensidade depende de fatores como o
clima, tipo de solo, relevo e cobertura vegetal. A modificação de um ou mais destes fatores
pela ação antrópica provoca o desequilíbrio no ambiente.
A caracterização do uso e ocupação das terras indica a distribuição geográfica de
classes, identificadas por meio de padrões homogêneos da cobertura terrestre. São de grande
importância para garantir a sustentabilidade diante das questões ambientais, sociais e
econômicas. Os levantamentos são considerados importantes ferramentas na construção de
indicadores ambientais e para a avaliação da capacidade de suporte ambiental, visto que
proporcionam o conhecimento das diferentes formas de utilização das terras e identificam
alternativas que permitem o desenvolvimento sustentável (IBGE, 2006).
A expressão “uso da terra” pode ser entendida como a forma pela qual o espaço está
sendo ocupado pelo homem (ROSA, 1992), onde podemos avaliar se é explorado de forma
sustentável mantendo a qualidade ambiental, ou seja, de forma organizada, produtiva e com
mínimos impactos causados em cada ambiente.
A informação espacial referente ao processo de ocupação no território é estratégica
para responder indagações a respeito do que está acontecendo, do que pode acontecer e do
que aconteceu no espaço geográfico.
A transformação de ecossistemas naturais em um agroecossistema é uma ação
antrópica que causa impactos ambientais, esses são caracterizados por qualquer alteração
adversa ou benéfica do ambiente em qualquer momento das atividades, nos produtos ou
serviços de uma organização (ISO 14.001, 2004).
A abertura de áreas com aptidão incompatível à capacidade de uso, manejo
inadequado e falta de práticas conservacionistas leva a uma continua degradação do solo
como a compactação e a erosão. Mediante ocupação antrópica inadequada a erosão é
acelerada e intensificada tanto em áreas agrícolas como em urbanas. Solos sem cobertura
vegetal, compactados e recentemente movimentados através do preparo mecanizado, são mais
susceptíveis a desagregação, diminuição da capacidade de infiltração de água, e
consequentemente aumento do escoamento superficial (BERTONI e LOMBARDI NETO,
6
1990).
Os estresses ambientais causados pelas pressões acima da capacidade de suporte do
ambiente estão ligados uns aos outros. Por exemplo, o desmatamento acelera a erosão do solo
e assoreamento de rios e lagos. A poluição do ar prejudica florestas e lagos por acidificação.
Essas ligações significam que vários problemas devem ser tratados simultaneamente. E o
sucesso em uma área, como a proteção da floresta, pode aumentar as chances de sucesso em
outra área, tais como conservação do solo (CMMAD, 1991).
A identificação dos principais problemas de degradação dos recursos naturais de uma
área bem como a identificação de sua potencialidade agrosilvopastoril exige o diagnóstico
prévio do meio físico por meio de levantamento de informações sobre os solos, os aspectos do
relevo e da paisagem, o uso da terra e sua capacidade de uso entre outros. Desta forma é
imprescindível um diagnóstico do meio para levantarem-se os subsídios necessários para a
gestão do ambiente. A gestão ocorre por um conjunto de atividades integradas para a
realização de objetivos ou simplesmente sua melhoria.
A busca por formas sustentáveis de desenvolvimento econômico implica na adoção de
novos métodos de manejo e uso do solo. Segundo o relatório da CMMAD (1991), os estresses
ambientais estão ligados aos padrões de desenvolvimento econômico. Onde as políticas
agrícolas, energéticas, industriais, entre outras, estão associadas com o efeito estufa global,
com a acidificação, com o desmatamento, etc. Assim, a economia ecológica deve ser
integrada à tomada de decisões e aos processos legislativos não só para proteger o meio
ambiente, mas também para proteger e promover o desenvolvimento. Economia não retrata
apenas a produção de riqueza e ecologia não retrata apenas sobre a proteção da natureza;
ambos são igualmente relevantes para a sustentabilidade.
Segundo MAALOUF (2000), o desenvolvimento agrícola sustentável é baseado no
gerenciamento e conservação dos recursos naturais, segurança e satisfação das necessidades
humanas para gerações presentes e futuras. Este conceito é baseado em um desenvolvimento
que seja ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo.
O uso inadequado do solo em atividades agropecuárias pode levar a erosão e limitar a
sua capacidade produtiva (LAL, 2006; CASSOL e LIMA, 2003; SPAROVEK e DE MARIA,
2003), a perda das camadas superiores do solo (CASSOL e LIMA, 2003; BERTOL et al.,
2007); perda da fertilidade do solo (BERTOL et al., 2007; CROSSON, 2007; URI, 2000);
declínio da produção por unidade de insumos aplicados (PIMENTEL et al., 1995; BERTOL
et al., 2007); perda de receitas e lucros do agricultor (PIMENTEL et al., 1995; GARDNER e
BARROWS, 1985); em casos extremos, o declínio ou o colapso da atividade agrícola (LAL,
7
2006); perda de valor das terras agrícolas (GARDNER e BARROWS,1985); poluição dos
recursos hídricos (CLARK, 1985); destruição de recursos hídricos e do patrimônio público,
como estradas e pontes (PIMENTEL et al., 1995; CROSSON, 1995); alagamento de terras e
assoreamentos (CLARK, 1985; PIMENTEL et al., 1995; MARQUES, 1998); e êxodo rural
(GARDNER e BARROWS,1985).
Para uma mudança de cenário é necessária a conscientização sobre as questões
ambientais, desde produtores, consultores, prestadores de serviços, técnicos e pesquisadores,
que devem inserir a variável ambiental em seu pensamento e ações. Para VEIGA 1995, a
transição para a agricultura sustentável depende do avanço no conhecimento agroecológico e
das ciências correlatas, da difusão dos conhecimentos produzidos, na formação profissional
do agricultor, e na assistência técnica e extensão rural.
O uso de insumos alternativos que procuram não prejudicar o meio ambiente, a
utilização correta da tecnologia e a adoção de práticas de conservação do solo são
instrumentos importantes na agricultura sustentável reduzindo os efeitos da atividade humana
em sistemas agrícolas, propiciando a sua sustentabilidade. Esta é baseada na capacidade do
agroecossistema em manter um rendimento que não decline ao longo do tempo, mesmo
submetido a variadas condições.
A preocupação com a conservação do solo, com o controle da erosão e o assoreamento
dos rios, é antiga e ao mesmo tempo atual em São Paulo. Antiga, pelo fato de que já em 1939
ter sido criado o Serviço de Terraceamento no Estado de São Paulo e atual, visto que a lei nº
6171, que dispõe sobre o uso, a conservação e a preservação do solo agrícola no Estado de
São Paulo. Aprovada em julho de 1988, foi regulamentada em 16 de abril de 1997, pelo
decreto no 41.719, no dia seguinte a comemoração do Dia Mundial da Conservação do Solo.
O Código Florestal Brasileiro instituído em 1965, que regulamenta a ocupação e uso
do solo levando-se em conta suas características físicas, na maioria dos casos não é
respeitado. A resolução do CONAMA 302 e 303/02 impuseram restrições sobre o uso de
áreas denominadas de preservação permanente (APP), onde só é permitida a existência de
áreas florestadas. Estes locais apresentam a “função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas”.
A Lei Nº 10.257, de 10 de junho de 2001 regulamenta os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal sobre a elaboração a obrigatoriedade de elaboração de Plano Diretor que
regulamenta o uso e ocupação do solo em municípios. A partir de leis como: lei de uso e
ocupação do solo; lei de parcelamento do solo; lei orgânica; lei do sistema viário; código de
8
obras; código de posturas; plano de proteção ambiental; plano de gestão de bacias
hidrográficas e plano de drenagem.
Segundo ALMEIDA (2007), as bacias hidrográficas por apresentarem caráter
integrador são consideradas excelentes unidades de gestão dos elementos naturais e sociais,
pois sobre essa ótica, é possível acompanhar as mudanças introduzidas pelo homem e as
respectivas respostas da natureza.
Bacia hidrográfica corresponde a um conjunto de terras drenadas por um rio e seus
afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as águas das
chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para
formação de nascentes e do lençol freático. As alterações no uso do solo além da erosão
acelerada e depreciação do solo têm provocado modificações no comportamento das bacias
hidrográficas e consequentemente nos canais fluviais, alterando o aporte de sedimentos,
qualidade e disponibilidade de água. Segundo PROCHNOW (1992), o sistema bacia
hidrográfica deve ser considerado em termos de relações e de integração de todos os
fenômenos físicos, biológicos e socioeconômicos. Somente assim, através de uma visão
integrada e global da bacia e dos seus problemas ambientais, é possível apontar propostas de
solução e garantir o atendimento das demandas de água, evitando-se assim que os recursos
hídricos se transformem em um fator limitante para o desenvolvimento.
A partir do Diagnóstico Agroambiental para Gestão e Monitoramento da bacia do rio
Jundiaí-Mirim, já havia uma preocupação do ponto de vista de preservação de mananciais em
relação às classes de uso e ocupação por loteamentos e mineração, pois a expansão urbana é
um fator problemático, e de difícil reversão (MORAES et al., 2002).
Entre os demais problemas advindos da ocupação desordenada, destacam-se as
questões relativas à água. Como o Brasil é privilegiado quanto à disponibilidade de recursos
hídricos, não havia uma preocupação maior com estudos hídricos e a elaboração de uma
política nacional de gestão integrada dos recursos hídricos (MAGALHÃES, 1997).
A concentração exagerada de demanda em certas regiões e a precariedade das ações de
controle de poluição, resultam na escassez deste recurso, não pela indisponibilidade, mas por
sua degradação. Para MAGALHÃES (1997) o Brasil vem passando por um processo de
amadurecimento desde a década de 1980 no que se refere às discussões e reformas no campo
da gestão da água.
A qualidade da água de uma bacia hidrográfica pode ser influenciada por diversos
fatores, dentre eles: a cobertura vegetal, topografia, geologia, uso e manejo do solo. Esses
fatores são responsáveis por disponibilizar e regular a quantidade de sedimento e nutrientes
9
que serão carreados nos cursos d’água e, consequentemente, modificar suas características
físicas, químicas e biológicas (CUNHA, 2008).
2.3 Indicadores ambientais
Um dos princípios da boa gestão ambiental é o equilíbrio entre o desenvolvimento e a
conservação dos recursos naturais, portanto ao se implementar qualquer projeto que altere as
condições do meio físico surge o questionamento de quais são os aspectos ambientais
significativos de cada atividade? Como definir bons indicadores ambientais? O que medir?
Por que medir? Como medir?
Segundo MALCZEWSKI (1999) os dados apresentam pouco valor em si e para que
sejam úteis, devem ser transformados em informação. Este processo ocorre quando os dados
são organizados, analisados, interpretados e considerados úteis no processo de tomada de
decisão.
Indicadores são dados transformados em informações para a tomada de decisão, ou
seja, instrumentos de auxilio na gestão ambiental. Para MAGALHÃES JUNIOR (2007), são
modelos simplificados da realidade com a capacidade de facilitar a compreensão dos
fenômenos, de aumentar a capacidade de comunicação de dados brutos e de adaptar as
informações à linguagem e aos interesses locais dos tomadores de decisão. Para
GUERREIRO (2004), vive-se hoje num contrassenso, pois há um dilúvio de informação mas
a população está totalmente desinformada. O desafio é encontrar formas de organização da
informação e fazê-la chegar às pessoas.
Os indicadores devem ser compreendidos como informações quantitativas que
permitem que um componente ou ação de um sistema seja descrito nos limites do
conhecimento atual (UNESCO, 1984). Podem possuir valores de referência normativos
(regulamentares) ou científicos, mas alguns são avaliados em termos de dinâmica temporal,
independentemente de valor de referência.
A escolha ou a utilização de indicadores exige, muitas vezes, a diferenciação de seus
graus de importância ou a sua ponderação visando sinalizar quais são aqueles prioritários para
o alcance dos objetivos estabelecidos. A atribuição de pesos pode ocorrer segundo diferentes
critérios e técnicas estatísticas, mas muitas vezes não é possível ponderar sem incorporar
algum nível de arbítrio ou subjetividade nos critérios de avaliação.
Até a década de 1980, os indicadores mais utilizados nas políticas públicas eram de
caráter social e econômico (PIB, índices de preços ao consumidor, níveis de inflação, etc.).
10
Entretanto, estes indicadores sempre suscitaram críticas por atenderem aos objetivos
econômicos somente em seu aspecto mais restrito, não considerando as dimensões sociais e
ambientais relevantes para a sinalização do verdadeiro desempenho econômico e
principalmente da qualidade de vida humana e dos ecossistemas (MAGALHÃES JUNIOR,
2007).
A OCDE, um dos organismos pioneiros no desenvolvimento de indicadores de
sustentabilidade publicou vários trabalhos sobre listagens de indicadores voltados para a
melhoria dos padrões de desenvolvimento e para a avaliação do desempenho ambiental
(OCDE, 1999; OCDE 2001). Na publicação de “Indicadores Ambientais – Rumo ao
Desenvolvimento Sustentável” são vistos indicadores simples e de medição direta para
comparação com padrões de qualidade, voltados a questões de escala global, como por
exemplo, indicadores de:
mudança climática (intensidades de emissão do C e concentrações de gases de efeito
estufa),
destruição da camada de ozônio (produção e consumo substâncias destruidoras da
camada de ozônio, presença ozônio estratosférico)
qualidade do ar (intensidades de emissões, qualidade do ar nas cidades)
resíduos (produção de resíduos, reciclagem dos resíduos)
qualidade da água (qualidade dos cursos d’água, tratamento das águas residuárias)
recursos hídricos (intensidade de utilização dos recursos hídricos, abastecimento
público e preço da água)
recursos florestais (intensidade de utilização dos recursos florestais, florestas e
bosques
recursos haliêuticos (capturas e consumo: nível nacional, níveis mundial e regional)
biodiversidade (espécies ameaçadas, zonas protegidas)
Em “Indicadores Ambientais para Agricultura – Issues and Design” a OCDE classifica
quatro grupos chaves de indicadores:
Inerentes à qualidade do solo (que compara o uso atual do solo com sua capacidade
máxima de uso, refletindo áreas sujeitas a processos de degradação).
Risco de degradação dos solos por processos individuais (erosão hídrica, erosão
eólica, compactação, salinização, encharcamento).
Qualidades biológicas do solo (matéria orgânica do solo e sua decomposição
11
biodiversidade, solo).
Modelagem comportamento do solo em relação a estresse ou respostas (perda de
produtividade, nutrientes disponíveis, acidificação).
Observa-se neste documento que os indicadores começam a ganhar um enfoque mais
específico e refinado, onde se abordam indicadores importantes para as questões agrícolas,
como por exemplo, uso de nutrientes, uso de pesticidas, uso de água, uso e conservação do
solo, qualidade do solo, qualidade de água para uso, gases do efeito estuda, biodiversidade,
habitats selvagens, paisagem agrícola, gestão rural, recursos financeiros e recursos humanos.
Uma das funções do indicador é a de caracterizar uma situação, desta forma, os indicadores
locais são mais representativos e próximos à realidade quando desenvolvidos e utilizados em
escala menor.
O primeiro “Relatório do Meio Ambiente Brasileiro — Geo Brasil” foi publicado em
2002, pelo IBAMA. Este serviu como base para a Conferência Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável (Rio+10, em Johanesburgo, 2002). No relatório são
apresentados 141 indicadores ambientais propostos pelo IBGE com base em documentos do
Pnuma e da Universidade da Costa Rica. Os indicadores seguem a AAE (Avaliação
Ambiental Estratégica), elaborada de forma pública e participativa baseando-se nos princípios
da avaliação de impactos que regem os Estudos de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Tem, no
entanto, o objetivo de analisar a ação estatal em todos os seus aspectos, servindo de subsídio
na tomada de decisões ao disponibilizar informações sobre as possíveis consequências
ambientais das ações antrópicas, bem como das alternativas mitigadoras.
Em 2004 e 2008 o IBGE produziu documentos que ampliaram e aprimoraram o rol de
indicadores, bem como sua estruturação e sedimentaram-se como uma contribuição aos
tomadores de decisões. Em 2010 o IBGE deu continuidade às publicações intituladas
“Indicadores para o Desenvolvimento Sustentável” destacando o caráter abrangente e
importância maior que reside na análise do cenário delineado pelo conjunto das informações e
não simplesmente pelo exame individual de cada indicador.
A Agenda 21, aborda a necessidade de se desenvolver indicadores de desenvolvimento
sustentável que sirvam de base sólida para a tomada de decisão em todos os níveis,
contribuindo para o desenvolvimento sustentável e auto regulação dos sistemas integrados do
ambiente (UNCED, 2011). Também são utilizados elementos para avaliar o desempenho de
políticas ou processos com o maior grau de objetividade, tornando a gestão ambiental mais
eficiente através da aplicação prática de levantamentos de uso e ocupação.
12
Para MAGALHÃES JUNIOR (2007), os indicadores tem sua aplicabilidade à
sinalização do desenvolvimento, sendo informações quantitativas de monitoramento de uma
situação pontual ou evolutiva, seja ela de caráter político, econômico, social ou ambiental. No
monitoramento da implementação ou no de impactos, os indicadores têm tido seu campo de
aplicação especialmente valorizado no diagnóstico de políticas públicas, no sentido de sua
formulação (intenções) ou aplicação (resultados). Como tal, eles têm sido instrumentos
básicos de planejamento, monitoramento de tendências e medições do alcance de metas. Mas,
além de objetivos políticos, obrigatoriamente condicionados de forma jurídica (quadro legal),
os indicadores atendem também a objetivos científicos (recomendações) especialmente úteis
na ausência de normas de referência.
A definição de elementos e aspectos ambientais significativos deve orientar a seleção
de indicadores ambientais para que estes funcionem como tecnologia de monitoramento e
avalição, consequentemente norteando a gestão ambiental para que sejam traçados planos e
programas de redução de riscos e a mitigação de impactos ambientais. Em síntese, os
indicadores devem possuir certas qualidades que justifiquem sua escolha: simplicidade, nível
de acessibilidade social (compreensão por diferentes setores da sociedade), objetividade,
flexibilidade, relevância, base técnico-científica, condições analíticas, mensurabilidade (dados
facilmente disponíveis, em escalas temporais e custos aceitáveis), qualidade dos dados e
comparabilidade com outros indicadores (HAMILTON, 1996).
A seleção de indicadores para os modelos de gestão ambiental apresenta grande
complexidade e verifica-se que o uso e ocupação está presente em vários estudos dessa
natureza além de ser considerado como um dos indicadores chave para avaliação de fatores
inerentes a qualidade do solo.
A necessidade atual de se produzirem indicadores ambientais deve-se ao fato de que a
incorporação da dinâmica ecológica no desenvolvimento econômico e social tornou-se
fundamental no planejamento e na ação governamental. Isto porque, apesar do ambiente
desempenhar funções imprescindíveis à sobrevivência da espécie humana, o uso dos recursos
naturais e a consequente degradação ambiental eram variáveis dissociadas do crescimento
econômico.
Segundo FIRJAN (2008) há três tipos de indicadores aplicáveis as questões
ambientais: Condição, Pressão e Resposta. O conjunto dos indicadores ambientais pode
fornecer uma síntese das condições ambientais, das pressões sobre o meio ambiente e das
respostas encontradas pela sociedade para mitigá-las. Esta estrutura tem como base conceitual
os indicadores de Pressão-Estado-Resposta (PER), formulados pela Organização de
13
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 1994).
Segundo o relatório de Brundtland, documento produzido pela Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a sustentabilidade do desenvolvimento está
diretamente ligada à dinâmica do crescimento populacional: saneamento, destino de resíduos
sólidos, abastecimento de água, padrão habitacional e pode-se incluir também o tipo de
atividade econômica e mais, a maneira como se realizam essas atividades. No caso desse
estudo essa ‘maneira’ faz toda a diferença.
Neste sentido a produção de indicadores ambientais georreferenciados que retratem e
especializem as variáveis físico-ambientais, auxiliam não apenas a compreensão condições
ambientais mais também as pressões exercidas sobre o ambiente em função da “maneira” que
uma atividade econômica é realizada.
Usualmente, os indicadores podem ser construídos a partir de variáveis primárias ou
decorrentes da agregação dos dados primários para escalas que podem ser locais, regionais,
nacional ou ainda global.
Para BESSA JUNIOR & MÜLLER (2000), a aplicação dos indicadores ambientais
como informações temporais e espaciais para o planejamento urbano, estadual e até mesmo
federal deverá estar incorporada por uma orientação técnica e política de gestão voltada à
valorização de atributos, como a manutenção da diversidade biológica em diversos níveis
estruturais, a diversidade paisagística, a manutenção dos ciclos biogeoquímicos da biosfera, a
utilização sustentada dos recursos dos ecossistemas e outros fatores relacionados à qualidade
de vida das pessoas e principalmente aqueles ligados diretamente à conservação dos recursos
hídricos, solo e atmosfera.
Alguns indicadores como o IQA (Índice de Qualidade de Água) e IQS (Índice de
Qualidade do Solo) são mundialmente conhecidos. O IQA é um conjunto de indicadores que
contempla a disponibilidade de oxigênio na água, teor coliformes fecais, pH, demanda
bioquímica de oxigênio; teor de nitratos e fosfatos, temperatura, turbidez e STD (sólidos em
suspensão + sólidos dissolvidos). O IQS por sua vez, é um conjunto básico de indicadores de
ordem biológica, física e química como: textura, profundidade de solo e de raízes, densidade
do solo, infiltração de água no solo, capacidade de armazenamento e retenção de água,
conteúdo de água no solo, temperatura do solo, teores de C e N orgânico total, pH,
condutividade elétrica, teores de N mineral (NH4+ e NO3-), P, K, C e N da biomassa
microbiana, N potencialmente mineralizável, respiração do solo, C na biomassa em relação ao
C orgânico total e respiração microbiana em relação à biomassa.
Entretanto indicadores de desenvolvimento sustentável não são simplesmente dados
14
mensurados da realidade, por exemplo, uma medida como de Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO). Um indicador de desenvolvimento sustentável requer a adição de um
conteúdo informativo, nele já se percebe uma visão, um conceito subjacente e também um
grau de elaboração que indique o estado ou tendência de um fenômeno, ambiente ou área com
um significado que vai além daquele que é medido diretamente. Além da compreensão do
potencial de uso e aplicação de indicadores, é preciso saber se há disponibilidade de dados
adequados para sua elaboração, assim se o território em estudo for um município, não adianta
ter dados apenas para o estado ou país, serão necessários dados mais detalhados para a área
em questão (GUERREIRO, 2004).
O crescimento e popularização da tecnologia SIG tem levado a uma recente busca por
indicadores georreferenciados, porém ainda se carece de uma linha-mestra que contemple as
diferentes escalas de atuação. Os trabalhos de BESSA JUNIOR & MÜLLER (2000) aplicados
a uma área de proteção e GUERREIRO (2004) aplicados a uma área de alta sensibilidade,
exemplificam a utilização do geoprocessamento nesta linha, que vem ganhando o conceito de
“Geoindicadores”.
2.3.1 Indicadores para ambientes de proteção ambiental
A chuva de sementes é um importante processo de regeneração da vegetação natural, o
processo de dispersão, independente da forma de ocorrência, é muito complexo e envolve
relações muito específicas entre plantas e diferentes agentes dispersores. WUNDERLE Jr.
(1997) registrou que a movimentação de agentes dispersores se concentrou entre 1 e 80
metros a partir da borda de uma floresta secundária indicando limitações para processos de
dispersão pela fauna para além dos limites florestais. CUBINA & AIDE (2001),
estabeleceram uma forte relação entre distância de fragmentos e intensidade da chuva de
sementes, sendo que quanto maior a distância menor a intensidade de propágulos.
NASCIMENTO et al. (2004) observou que a cutia (Dasyprocta azarae) é o principal
dispersor de sementes de acuri (Attalea phalerata Mart. ex Spreng) no Pantanal, pois
consomem e não destroem as sementes dos frutos que se alimentam, espalhando sementes em
até 50 m de distância.
O efeito de borda é o resultado da interação entre dois ecossistemas adjacentes que
estão separados por uma transição abrupta (MURCIA, 1995). A área de borda de fragmentos
florestais está sujeita à pressão exercida pelo uso do solo no seu entorno, estes efeitos
acarretam em diferenças bióticas e abióticas com relação ao seu interior, segundo MURCIA
15
(1995) os efeitos de borda podem ser separados em três tipos:
Abióticos - envolvendo mudanças nas condições físicas, como temperatura, umidade,
luminosidade e químicas, como disponibilidade de substâncias advindas de processos
de lixiviação;
Bióticos diretos - mudanças na abundância e distribuição de espécies causadas
diretamente por condições físicas próximas da borda, como por exemplo, dessecação,
vento e determinada por tolerâncias fisiológicas de espécies às condições próximas da
borda;
Bióticos indiretos - que envolvem mudanças nas interações das espécies, como
predação, parasitismo, competição, herbivoria, polinização e dispersão de sementes.
A proximidade de áreas com vegetação natural em relação de área urbana está
relacionada ao risco de degradação ambiental, por um lado em consequência da própria
expansão urbana e por outro, pela maior vulnerabilização destas áreas quanto as diversas
pressões antrópicas como deposição de lixo, queimadas, tráfego, etc. De acordo com
VALENTE (2005), para manutenção da biodiversidade e conservação e preservação florestal,
é importante que sejam priorizadas a conservação de áreas mais distantes de zonas urbanas.
As estradas são focos permanentes de erosão, principalmente em solos mais
susceptíveis, facilitam o acesso e consequentemente risco de incêndios, desmatamento, corte
seletivo e depósito de lixo e entulho. As margens de uma estrada influenciam os ecossistemas
adjacentes, atuando como fonte de poluição, barreiras para a dispersão de plantas e de animais
assim como fontes de mortalidade, também atuam como corredores que facilitam a dispersão
de agentes patogênicos além da propagação de distúrbios como o fogo e a caça
(SCHONEWALD-COX & BUECHNER, 1992).
NASCIMENTO e LAURANCE (2006) avaliaram o efeito de borda em fragmentos
florestais inseridos em uma paisagem de pastagem abandonada e observaram alta taxa de
mortalidade e danos nas árvores, principalmente nos fragmentos menores.
Se tratando de fragmentos florestais, uma atenção especial deve ser direcionada aos
cipós, também conhecidos como lianas que são trepadeiras lenhosas de caules grossos,
começam seu ciclo de vida como plântulas terrestres e são capazes de crescer na floresta
madura (GENTRY, 1991) e quando herbáceas ou sub-lenhosas são mais abundantes em
florestas abertas, clareiras e áreas perturbadas ou sucessionais (ENGEL et al., 1998).
Segundo ENGEL et al. (1998) elas podem atingir níveis onde os mecanismos de auto-
regulação ou homeostase do ecossistema são comprometidos, levando a processos
16
irreversíveis de degradação estrutural e funcional e mesmo que a presença de lianas não seja a
causa primária da degradação, elas podem estar contribuindo para este processo. O mesmo
autor fez observações em fragmentos florestais no interior de São Paulo que remetem a
muitos casos de árvores jovens quebradas, e adultas totalmente tortuosas devido a sucessivas
quebras causadas por lianas em áreas muito perturbadas.
A amarração de várias copas de árvores pelas lianas pode aumentar a estabilidade de
árvores individuais e sua resistência a ventos, entretanto quando uma árvore muito infestada
cai, muito provavelmente irá derrubar consigo outras árvores a ela conectadas (ENGEL, et al.
1998). PUTZ (1984) verificou no Panamá, onde árvores infestadas por lianas derrubaram
mais árvores na sua queda do que árvores sem lianas. A derrubada de árvores muito infestadas
por cipós gera clareiras com o dobro de tamanho das de árvores livres de lianas (VIDAL et
al., 1997)
Segundo LINDENMAYER & FICHER (2006), o fator mais influente na manifestação
do efeito de borda é seu grau de contraste com a matriz.
VIANA & PINHEIRO (1998) observaram que áreas florestais vizinhas à pastagem
estavam sujeitas a um efeito de borda mais intenso, visto que apresentavam número de
espécies sempre inferior às áreas cuja vizinhança era o Pinus.
BLUMENFELD (2008) ao avaliar efeitos de vizinhança em uma reserva florestal,
evidenciou uma distinção no efeito de borda de fragmentos florestais em relação a áreas
urbanas e agrícolas. Em seu estudo, a extensão de borda que apresentou mais diferenças com
a limítrofe de uma floresta, foi a ocupação urbana, o que sugere que o efeito de borda seja
mais expressivo neste ambiente.
RODRIGUES (2001) encontrou 35 m de efeito de borda em fragmentos, considerando
os parâmetros de déficit de pressão de vapor, similaridade e densidade de espécies. BARROS,
(2006) observou variações na vegetação numa faixa de 30 m da borda, porém a ocorrência do
efeito de borda apresenta variações de distâncias em função do indicador utilizado
(BLUMENFELD, 2008).
A fragmentação da vegetação esta relacionada ao isolamento e redução no tamanho
dos fragmentos florestais, ou seja, a fragmentação de habitats que segundo MMA/SBF (2003)
e FAHRIG (2003), pode causar a diminuição do fluxo gênico, perda da biodiversidade e até a
extinção de espécies. RODRÍGUEZ-CABAL et al. (2007) verificou que a fragmentação
florestal pode alterar as relações entre plantas e animais dentro dos fragmentos, resultando em
risco de extinção de algumas plantas em seu interior.
Para AGUILAR & GALETTO (2004) a redução no tamanho da população é um fator
17
que afeta a reprodução das espécies devido a um aumento do endocruzamento, perda da
variabilidade genética, diminuição da produção de sementes e eventualmente, maior do risco
de extinção de algumas populações. O mesmo autor observou em suas avaliações que o limite
crítico de tamanho de um fragmento florestal, com a possibilidade de prejudicar alguma
população, seria de 5 a 14 ha. Plantas que crescem em tais fragmentos podem estar expostas a
um alto risco de extinção.
O tamanho de fragmentos florestais é um indicador importante, considerando que
diferentes grupos de espécies (insetos, aves, mamíferos, microrganismos e espécies vegetais)
necessitam diferentes tamanhos de áreas para sobreviver, alguns autores consideram que
fragmentos muito pequenos não possuem integridade ecológica para manter certas populações
viáveis (PIRES et al., 2004; PRIMACK & RODRIGUES, 2001).
Para VIANA & PINHEIRO (1998), pequenos fragmentos não são auto-sustentáveis e
precisam de manejo florestal, onde sua área reduzida é relacionada a perda de espécies por
endogamia, problemas na polinização, dispersão e predação de sementes. Além da
potencialização destes fatores por perturbações de origem antrópica, especialmente a caça,
extrativismo predatório e incêndios florestais. PIRES et al., (2004) consideraram que o
tamanho mínimo deveria ser aquele em que o fragmento apresentasse uma relação entre a área
de interior e de borda superior a 2,5. Considerando um efeito de borda de 30 m, o tamanho
mínimo de um fragmento seria de 20 ha.
A formação de corredores de vegetação interligando fragmentos permite o fluxo
gênico, visto que os animais tem preferencias por estas áreas. A Resolução CONAMA Nº. 9
de 1996 define corredor como “a faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de
vegetação primária ou em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar
hábitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes”. Segundo a
legislação, os corredores entre remanescentes de vegetação podem constituir-se pelas
seguintes opções:
a) pelas matas ciliares em toda sua extensão e;
b) pelas faixas de cobertura vegetal existentes nas quais seja possível a interligação de
remanescentes, em especial, às unidades de conservação e áreas de preservação permanente.
Segundo PIRES et al., (2004), desconsiderando se indivíduos de grande mobilidade
como pássaros e grandes mamíferos, a capacidade máxima que a maioria das espécies tem de
se locomover na paisagem em áreas sem cobertura vegetal, é de 350 m.
18
2.3.2 Indicadores para ambientes de produção
Cada vez mais se torna difícil deslocar recursos para investimentos em grande
quantidade de insumos e implementos agrícolas modernos, visto que estamos próximo a um
limite tecnológico onde a viabilidade econômica e ambiental se tornam fatores ponderantes
em um mercado extremamente competitivo. Assim surge a necessidade do desenvolvimento
de estratégias e ações que visem à melhoria de eficiência dos ambientes produtivos e as
práticas neles utilizadas, visando à sustentabilidade. Esta visão, passa pelo entendimento de
que o ambiente de produção e a proteção ambiental estão em harmonia, em equilíbrio, onde
ao melhorar-se a qualidade ambiental como um todo se tem um melhor rendimento do
ambiente produtivo.
Na busca da melhoria da qualidade do ambiente produtivo, é necessária uma maior
eficiência do manejo da cultura assim como tratar o ambiente de forma heterogênea. Partindo
deste ponto é possível estratificá-lo em zonas consideradas homogêneas, e manejá-las de
forma a causar mínimos impactos negativos.
A atividade agrícola pode causar poluição dos rios pelo uso de insumos aliado a
processos erosivos e de infiltração da água no solo. Essa associação é muito complexa e
resultante de vários fatores simultâneos, como é o caso de aplicação de defensivos agrícolas,
chuvas torrenciais, tipo e saturação de solo, relevo (declividade do terreno e forma e
comprimento das vertentes), tipo de cobertura do solo, proximidade do curso d’água, etc.
Em ambientes com alto risco de erosão, o uso inadequado do solo faz com que as
taxas de perda sejam superiores ao processo de formação do solo. As consequências desse
processo estão relacionadas com a perda da fertilidade da camada superficial dos solos,
quando não do próprio solo; levando a contaminação das águas superficiais com altos teores
de elementos químicos, além da sedimentação dos cursos d’água e lagos. Gerando-se a
necessidade de reposição dos nutrientes via adições de fertilizantes que tendem novamente à
perda, caso não seja realizado um manejo conservacionista adequado.
O sistema de Capacidade de Uso das Terras (LEPSCH et al., 1983), visa identificar as
limitações permanentes e possibilidades de uso das terras, através da sistematização das
informações de uma determinada área para definir a máxima capacidade de uso, sem o risco
de degradação do solo, especialmente no que diz respeito a erosão acelerada.
Segundo FREITAS et al. (2011), na gestão de processos erosivos não se deve avaliar
pontos específicos como uma propriedade e sim a paisagem como um todo, pois mesmo um
sistema de controle de erosão bem dimensionado pode sucumbir frente à uma enxurrada
19
advinda de zonas superiores do relevo.
As zonas aluviais além de mais próximas aos cursos de água também estão mais
próximas ao aquífero ou nível freático, aumentando assim o risco de contaminação da água
por insumos agrícolas, estas áreas estão constantemente recebendo materiais das porções
superiores do relevo e, portanto, precisam manejo e monitoramento especial. As zonas
coluviais são as porções medianas do relevo, ou seja, as encostas que além de receber
matérias das zonas eluviais, também perdem material para as zonas aluviais. Nestes locais,
principalmente quando apresentam alta declividade, é gerado um fluxo de água das partes
superiores para inferiores do relevo que possui maior energia e velocidade, portanto é
necessária a integração de práticas intensas de controle de erosão junto ao terraceamento,
como os cordões de vegetação permanentes, faixas de bordadura evitando que o excesso de
água entre, ou seja, formado na propriedade (FREITAS, 2011). As zonas eluviais são as
porções superiores do relevo, estas são caracterizadas por constante processo de perda de
material, ou seja, dificilmente recebem sedimentos. Estas zonas precisam de atenção especial
quanto à adubação, assim como nas práticas conservacionistas para evitar a formação de fluxo
d’água.
O fluxo de água está diretamente relacionado com a forma do relevo, onde a água por
gravidade tende a ir para áreas mais baixas. Quando a água se acumula, forma enxurradas
com volume e velocidade variável em função da declividade, comprimento da encosta e
capacidade do solo de absorver a água (BERTONI e LOMBARDI NETO, 2005). Quanto
maior a declividade e comprimento de rampa, maior a energia cinética adquirida pela
enxurrada e consequentemente seu potencial de causar erosão.
A OCDE (1999) considera o risco de erosão como um indicador para a agricultura,
este indicador se baseia na Equação Universal de Perda de Solos – EUPS (WISCHMEIER
and SMITH, 1978) adaptada BERTONI e LOMBARDI NETO (2005) que utiliza informações
sobre clima, solo, relevo e uso da terra. A EUPS é a combinação de seis fatores que
expressam o efeito das variáveis que influenciam o processo de erosão hídrica. É representada
pela formulação:
A= R*K*LS*C*P
onde:
A = perda anual de solo em Mg.ha-1
.ano-1
;
R, K e LS são fatores dependentes das condições naturais de clima:
R = fator erosividade da precipitação e da enxurrada, em MJ.mm.ha-1
.h-1
. ano-1
;
K = fator erodibilidade do solo, definido pela intensidade de erosão por unidade de
20
índice de erosão da chuva, para um solo específico mantido continuamente sem cobertura,
mas sofrendo as operações normais, em um declive de 9% e comprimento de rampa de 25m,
em Mg.h-1
.MJ.mm-1
.
L = fator comprimento da encosta, definido pela relação de perdas de solo entre uma
encosta com um comprimento qualquer e uma encosta com 25m de comprimento, para o
mesmo solo e grau de inclinação, adimensional;
S = fator grau de declividade, definido pela reação de perdas de solo entre um terreno
com uma declividade qualquer e um terreno com declividade de 9%, para o mesmo solo e
comprimento de rampa, adimensional;
C e P são fatores antrópicos ;
C = fator de cobertura e manejo da cultura, definido pela relação de perdas de solo
entre um terreno cultivado e dadas condições e um terreno mantido continuamente
descoberto, em condições semelhantes àquelas em que o fator K é avaliado, adimensional;
P = fator prática de controle de erosão, definido pela relação de perdas de solo entre
um terreno cultivado com determinada prática e as perdas quando se planta morro abaixo,
adimensional.
Onde o risco de erosão (Re) resulta da relação Re = A/T. “A” representa a EUPS e “T”
o valor de tolerância de perda anual de solo segundo BERTONI e LOMBARDI NETO,
(2005).
A classificação das terras em função de seu potencial de exploração é um indicador de
degradação à medida que uma atividade desenvolvida está acima da capacidade de suporte do
ambiente. De acordo com LEPSCH et al. (1983), a classe VI de uso e ocupação das terras
representa terras impróprias para culturas anuais, podendo ser empregadas para cultivo de
perenes como as videiras, entretanto são mais indicadas para pastagens e reflorestamento por
apresentarem problemas de conservação. Classes acima desta são consideradas inaptas ao
cultivo de culturas perenes por apresentarem severas limitações para o desenvolvimento da
cultura e conservação do solo.
2.4 Sistemas de informação geográfica (SIG) e análise multicriterial (AMC).
Para GUERREIRO (2004), na adoção dos indicadores faz-se necessária uma base
territorial, pois é sobre ela que serão superpostos os dados. Tendo-se definido lugar, área,
território e de posse dos dados econômicos, sociais e ambientais que precisarão se inter-
relacionar, o SIG é a tecnologia que possibilita a agregação de todos esses elementos. O
21
grande mérito desta tecnologia provém de sua habilidade em integrar grandes quantidades de
informação sobre o ambiente e disponibilizar um repertório poderoso de ferramentas
analíticas para explorar esses dados, pois o que tem revolucionado os processos tradicionais
de utilização da informação é a maneira como ela pode ser rapidamente processada e utilizada
para diferentes objetivos com fácil visualização.
O SIG é uma tecnologia extremamente útil para estudos em bacias hidrográficas por
permitir mapeamentos precisos e rápidos, possibilita análises de modo efetivo a diferentes
fenômenos ou processos, possibilitando simulações e modelagens. Quando possuem base de
dados estrutural periodicamente atualizada, podem constituir-se numa fonte permanente de
subsídios aos órgãos interessados no monitoramento ambiental.
Segundo CÂMARA (2001) as dimensões em que a tecnologia de SIG tem grande
importância para estudos ambientais são: mapeamento temático, diagnostico ambiental,
avaliação de impacto ambiental, ordenamento territorial e os prognósticos ambientais.
O SIG é extremamente útil para a gestão agroambiental, pois reúne aplicativos que
permitem segundo XAVIER (2000) coletar, armazenar, recuperar, transformar, inferir e
representar visualmente dados espaciais e também estatísticos e textuais a eles relacionados, a
partir de uma base de dados georreferenciada.
O geoprocessamento vem se tornando uma tecnologia indispensável à realização de
análises e projetos relacionados à área de meio ambiente devido ao grande número de
variáveis presentes e as dimensões abrangidas. O geoprocessamento é um recurso importante
para a aquisição, manuseio e integração das bases de dados, sejam eles de natureza espacial
ou não; atuando na coleta e no tratamento da informação espacial, assim como no
desenvolvimento de novos sistemas e aplicações (PRADO, 2005). Permitindo uma
distribuição espacializada das informações e atendendo a demanda de dados sobre as
interações entre a sociedade e o meio ambiente, além de ter aplicabilidade em diversos níveis
de necessidade e áreas do conhecimento.
A tentativa de compreensão dos fenômenos naturais deve ser baseada em uma visão
sistêmica, pois a gestão dos recursos naturais, cada vez mais escassos ou comprometidos,
necessita de um entendimento menos baseado em métodos cartesianos simplificados e mais
carregado de variáveis que garantam a participação de elementos considerados como
secundários ou menos influentes (BOLLMANN, 2006). Para BOLLMANN (2006) é
crescente a convicção de que nada pode ser desprezado no entendimento das complexas inter-
relações que regem os fenômenos sociais e ambientais, pois a simples exclusão de uma
variável considerada de pouca influência pode interromper uma importante cadeia de reações
22
nos sistemas social e natural, redundando em um modelo grosseiramente simplificado da
realidade.
Na visão sistêmica "o todo é mais que a soma das partes", o que significa dizer que as
características constitutivas do sistema não são explicáveis a partir das características das
partes isoladas; as características do complexo, portanto, comparadas às dos elementos,
parecem novas ou emergentes (BERTALANFFY, 1973). Este complexo é o próprio sistema
que, por definição, é um conjunto de elementos em interação, ou uma "unidade global
organizada de inter-relações entre elementos, ações ou indivíduos" (MORIN, 1977).
Para BOLLMANN (2006) a modelagem de fenômenos naturais requer um
entendimento que o ambiente é resultado da ação conjunta de infinitas variáveis, porém na
prática é impossível representa-las em seu todo. Portanto reduz-se um modelo a alguns
poucos elementos considerados de maior importância ou influência. Corre-se o risco, nestas
considerações, de atribuir aos elementos selecionados, valores (ou grau de importância) nem
sempre corretos.
A resolução CONAMA 001/86 define que para elaboração de Estudos de Impactos
Ambientais (EIA) de algum empreendimento é necessária à formação de uma equipe
multidisciplinar. Isto ocorre, pois análises ambientais envolvem processos dinâmicos e
complexos que abrangem varias áreas do conhecimento, onde a alteração de um elemento
pode desencadear vários impactos.
A análise multicriterial é um método para a resolução de problemas que utiliza vários
critérios, gerando resultados que facilitam a gestão ambiental.
EASTMAN et al. (1995) estabelecem três domínios de aplicação dos SIG,
inicialmente como um sistema de gerenciamento de uma base de dados geoespaciais;
posteriormente como uma ferramenta analítica para derivar informações por meio de relações
lógicas e matemáticas entre mapas; e, funcionando como sistema de suporte a decisão a partir
das duas aplicações iniciais.
As avaliações multicriteriais visam determinar a adequabilidade das várias decisões
alternativas a partir de um conjunto amplo de critérios, um dos métodos mais comuns é
Programação por Compromisso que é a combinação linear ponderada, onde os critérios são
multiplicados por pesos e somados para obter-se um índice de adequação (EASTMAN et al.,
1995). São identificadas duas fontes de incertezas e riscos no processo de tomada de decisão,
a base de dados e as regras de decisão. Na base de dados podem ocorrer erros de medição e na
seleção de critérios. Enquanto a forma como são combinados os critérios – regras – podem ser
incorretas, ambos os tipos de incerteza levam ao risco de as decisões tomadas serem errôneas
23
(EASTMAN et al., 1995).
Os métodos multicriteriais de tomada de decisão têm como objetivo geral “auxiliar o
tomador de decisões na seleção da melhor alternativa entre várias escolhas viáveis na
presença de critérios múltiplos e prioridades diferentes” (JANKOWSKI, 1995).
Segundo JANKOWSKI (1995), os métodos de análise multicriterial para a tomada de
decisões demandam a definição do problema, a busca por alternativas e de critérios de
seleção, a avaliação das alternativas e, por fim, ordenamento e seleção das alternativas,
selecionando-se a mais adequada.
Em relação ao modelo de dados matricial, JANKOWSKI (1995) esclarece que para a
integração de métodos multicriteriais em SIG; “cada célula individual é considerada como
uma escolha alternativa e, portanto, é candidata a avaliação”. Devido ao normalmente elevado
número de células em bases de dados matriciais, o autor recomenda o procedimento de
comparação por soma ponderada. Dessa maneira, a análise multicritérios seria composta de
duas etapas em um SIG matricial, (a) o resultado da soma ponderada resultaria no mapa de
adequabilidade frente ao objetivo, e (b) um ordenamento e reclassificação dessas células
indicaria aquelas mais próxima ao objetivo selecionado.
Sobre a integração da análise multicriterial e do SIG, o autor esclarece que os atributos
são utilizados para mensurar o desempenho das alternativas nos diversos critérios em relação
a um objetivo e que, depois de estabelecida a estrutura hierárquica de objetivos e atributos, os
critérios devem ser representados como “Plano de Informações” (PI) um banco de dados
geoespaciais. A análise multicriterial demanda que os valores contidos nos mapas de critérios
sejam transformáveis para uma escala de valores comparáveis (MALCZEWSKI, 1999).
Para MALCZEWSKI (1999) as alternativas em um problema de decisão espacial
consistem de “pelo menos dois elementos básicos: ação (o que fazer?) e localização (onde
fazê-lo?)”.
A Programação de Compromisso (PC) é um método de análise multicriterial que se
baseia em uma noção geométrica de “melhor” (BOLLMANN, 2006). No método existe
possibilidade de comparar o ponto diagnóstico atual de qualidade ambiental com um ponto
considerado ideal. Em ambientes com influência antrópica este ponto ideal é intangível, mas
algumas combinações de ações e de proteção ambiental podem ser consideradas para alterar a
situação atual deste local, aproximando-o progressivamente do ponto ideal. Desta forma
também é possível identificar as soluções que estão mais perto da solução ideal mediante o
uso de uma medida de proximidade. Considera-se esta medida como sendo a distância que
separa uma dada solução da ideal.
24
FRANCISCO (2006) testou este método com o da Teoria dos Jogos Cooperativos
(CGT) e observou que apresentaram diferenças significativas entre si, porém o método PC
destaca a interação de fatores agravantes e, portanto foi escolhido para este trabalho.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Em função da proposta de trabalho ter aplicabilidade na análise de bacias hidrográficas
fez-se uso, como estudo de caso a Bacia do Rio Jundiaí-Mirim, principal fonte de
abastecimento de água da cidade de Jundiaí, SP.
Utilizou-se a base de dados do zoneamento agroambiental da bacia hidrográfica do rio
Jundiaí-Mirim (MORAES et al., 2002). Sendo estas:
Mapa de Sub-bacias
Modelo Digital de Elevação (MDE)
Mapa de Declividade
Mapa de Capacidade de Uso de Terras
Mapa de Risco de Erosão
Mapa de Uso e Ocupação das Terras (2001)
Toda base cartográfica foi trabalhada no formato matricial e georreferenciada na
Projeção Cartográfica UTM (Universal Transversa de Mercator), Datum SAD-69, Elipsóide
South American 1969, Zona 23. O software ILWIS (Integrated Land and Water Information
System, ITC, 2001) foi utilizado para manipulação e processamento de dados. Na construção
de cartas temáticas, utilizou-se o ArcGis (Environmental Systems Resarch Institute – ESRI,
1999).
O mapa de uso e ocupação das terras possui uma grande quantidade de informações
que podem ser trabalhadas, gerando-se planos temáticos isolados ou de forma integrada em
estudos mais aprofundados do ambiente. Este trabalho baseou-se na integração de dados do
mapa de uso e ocupação das terras por meio da análise multicritérial “Programação por
Compromisso”. Neste estudo de caso foram selecionados elementos para composição e
análise de indicadores ambientais com o objetivo de elaborar mapas de gestão ambiental para:
Áreas de Preservação Permanente (APP)
Fragmentos Florestais
Vinhedos
25
A mata ciliar é um ambiente sob influência dos cursos de água. A APP por ser uma
delimitação de área segundo a legislação será neste trabalho tratada como um ambiente pode
estar localizada em áreas de mata ciliar. Estes locais assim como os fragmentos florestais são
importantes para manter o equilíbrio ecológico do ambiente como um todo, assim foram
escolhidos para esta análise. Os vinhedos representam os ambientes de produção e foram
escolhidos por ser uma atividade agrícola de importância econômica e histórica da região.
Em cada ambiente selecionou-se elementos de gestão para servir como indicadores
ambientais. Quando trabalhados, os elementos de gestão vão adquirindo importância para a
tomada de decisão, ou seja, indicadores ambientais.
Para a análise multicriterial no SIG os indicadores foram normatizados entre 0 a 1 para
os fragmentos florestais e vinhedos. Na APP os valores foram normatizados entre 1 a 2 e
posteriormente convertidos para uma escala de 0 a 1, seguindo desta forma a metodologia
apresentada por FRANCISCO (2006). Esta normatização ocorreu através da atribuição direta
de valores aos elementos de cada indicador ou sua conversão na escala desejada.
Independente dos dados de entrada, o SIG redistribuí os valores em uma faixa mais ampla ou
mais estreita de acordo com o mapa de entrada. Por exemplo, quando o conjunto de dados do
plano de informação (mapa) apresenta valores que variam de 0 a 200 os dados são
redistribuidos linearmente com a faixa de saída 0-1: o valor mínimo de entrada 0 não é
alterado e o dado máximo da entrada (200) é transformado para o valor de saída 1. Através da
equação 1 (ITC, 2001) obtem-se os demais valores:
SAIDA = (X – Emin) * ((Smáx – Smin) / (Emáx – Emin)) + Emin (1)
onde,
SAIDA = Resultado
X = Valor de entrada
Emin = Menor valor de entrada
Emáx = Maior valor de entrada
Smin = Menor valor de saída
Smáx = Maior valor de saída
Como a tomada de decisão envolve grande número de variáveis, a aplicação da análise
multicriterial baseou-se em um questionário enviado a especialistas na área de conservação do
solo, gestão ambiental e biologia. Cada especialista atribuiu um peso (valor, importância) a
cada indicador em função de sua influência nos processos ambientais. Posteriormente os
26
dados foram cruzados, permitindo a integração de todos os indicadores em cada ambiente
avaliado. Desta maneira, gerou-se uma carta temática por ambiente analisado, onde os dados
resultantes foram estratificados em cinco classes para facilitar a construção de diretrizes para
a gestão do ambiente local.
A descrição analítica dos ambientes foi realizada em 3 etapas: a primeira mostra a
priorização para a recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente (APP),
utilizando a proposta de FRANCISCO (2006). A segunda descreve a classificação e
estratificação dos fragmentos florestais para análise de qualidade ambiental em função das
perturbações avaliadas. A terceira parte descreve a classificação e estratificação dos vinhedos
com base no manejo conservacionista.
3.1 Seleção, caracterização e localização da área de estudo
A longo tempo a bacia do Rio Jundiaí-Mirim (Figura 1) recebeu vários estudos,
ADAMI (2001), MORAES et al. (2002), PRADO (2005), FREITAS et al. (2011), PECHE
FILHO et al. (2011), entre outros. Por apresentar grande fonte de dados selecionou-se esta
bacia para o presente trabalho.
Figura 1- Localização da microbacia do rio Jundiaí-Mirim dentro da UGRHI – 5 (MORAES
27
et al., 2002).
A bacia do rio Jundiaí-Mirim pertence à Unidade de Gerenciamento de Recursos
Hídricos 5, que abrange as bacias hidrográficas dos rios Piracicaba (11.313,31 km²), Capivari
(1.611,68 km² ) e Jundiaí (1.117,65 km²). O rio Jundiaí-Mirim é afluente da margem direita
do rio Jundiaí, nasce em Mairiporã e percorre os municípios de Campo Limpo Paulista,
Várzea Paulista, Jundiaí, Itupeva, Indaiatuba e Salto (MORAES et al., 2002).
A figura 2 apresenta a bacia do rio Jundiaí-Mirim delimitada por uma linha amarela
que abrange uma área de 11750 km² situada entre as latitudes 23º00’ e 23º30’ Sul e longitudes
46º30’ e 47º15’ Oeste; distribuída em três municípios vizinhos; Jundiaí com 58,5 % da área,
Jarinú e Campo Limpo Paulista com 34 % e 7,5 % respectivamente (MORAES et al., 2002).
Figura 2 - Ortofoto da microbacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
As informações sobre variações climáticas do local são uma importante fonte de dados
para gestão ambiental, pois estão diretamente relacionados ao desenvolvimento da vegetação,
recarga de mananciais e ao planejamento conservacionista dos ambientes de produção que
precisam suportar as chuvas de maior intensidade e atenuar ao máximo os processos erosivos.
28
O clima da região de acordo com a classificação de Köppen, fica na faixa de transição
entre Cwa e Cfa (RUSSO Jr., 1980). Segundo MORAES et al. (2002) a temperatura média
anual é de 21°C, com média das máximas de 27,4ºC e das mínimas de 14,5°C. A precipitação
pluviométrica anual atinge valor total de 1450 mm. Os totais pluviométricos nos meses mais
secos (junho, julho e agosto) atingem a faixa de 34 a 55 mm e durante os meses mais
chuvosos (dezembro, janeiro e fevereiro), encontram-se entre 139 e 235 mm mensais. No
período chuvoso, todos os meses apresentam precipitações máximas diárias acima de 80 mm.
O balanço hídrico é um método climatológico o qual permite contabilizar a quantidade
de água no solo disponível às plantas, além de indicar os períodos muito úmidos ou
considerados secos. O método leva em consideração, como entrada de água no sistema, a
chuva e/ou a irrigação, e como saída, a evapotranspiração (CAMARGO, 1971; PEREIRA et
al., 1997). O balanço hídrico representa importante ferramenta aos estudos fitotécnicos
relativos, sobretudo à implantação de culturas agrícolas, ao planejamento da irrigação e
drenagem, à modelagem da produção agrícola, entre outras aplicações (MORAES et al.,
2002).
A deficiência hídrica, com total anual de 2 mm, ocorre basicamente durante o mês de
agosto. De outubro a dezembro há um período de reposição de água no solo e, posteriormente,
de janeiro a março, aparecem os excedentes de água (454 mm), sujeitos a percolação e
escoamento superficial.
Figura 3 - Balanço hídrico climatológico para Jundiaí (SP).
30
Figura 4 - Carta de uso e ocupação das terras na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP (MORAES et
al., 2002).
31
No mapeamento de uso e ocupação (MORAES et al., 2002) houve um alerta sobre a
preocupação do ponto de vista de preservação dos mananciais do município em relação a
expansão urbana e a necessidade de um maior controle dos vetores de expansão urbana pela
fiscalização pública. O crescimento de loteamentos clandestinos resultou em um aumento da
carga de dejetos domésticos sem tratamento nos cursos d’água da microbacia e também a
degradação das matas ciliares.
A exploração agrícola é dificultada por questões topográficas, por solos pouco férteis
ou arenosos em algumas partes da bacia, nestes locais predominam o uso por reflorestamento
(eucalipto), fruticultura de clima temperado (uva, pêssego, morango e figo) e pastagem
(MORAES et al., 2002).
As principais ocupações no solo da bacia hidrográfica são pastagens, reflorestamento,
e loteamentos (Tabela 1). A grande proporção de loteamentos mostra a pressão do
crescimento urbano sobre a bacia hidrográfica.
Tabela 1 – Principais classes de uso e ocupação das terras na Bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classes Área (ha) Área (%)
Pasto limpo 1700,0 14,5
Reflorestamento (Eucalipto) 1683,9 14,3
Mata em estágio médio 1314,1 11,2
Pasto sujo 1081,0 9,2
Mata em estágio inicial 913,6 7,8
Loteamento 867,1 7,4
Chácara 682,8 5,8
Fruticultura - uva 522,7 4,4
Mata ciliar em estágio médio 436,4 3,7
Área urbana 400,1 3,4
Outros 2147,1 18,3
Total 11748,8 100,0
A vegetação original da área é caracterizada pela Floresta Subcaducifólia Tropical,
conhecida também por Floresta Latifoliada Tropical; Floresta Estacional Tropical Pluvial e
ainda Mata Mesófila. No Levantamento dos remanescentes florestais, constatou-se que estes
representam 17 % da bacia e apenas 13 % no município de Jundiaí (MORAES, 2002).
32
A maior abrangência territorial do grupo dos Cambissolos distróficos e da Associação
Cambissolo + Argissolo, ocorrendo em 64 % da área da bacia, seguido dos Latossolos e
Neossolo Litólicos, com 18 % e 8 % respectivamente. As demais unidades de mapeamento
são representadas pelos Cambissolos Gleicos, Argissolo Vermelho Amarelo, Solos Aluviais.
Os solos mais profundos, como os LATOSSOLOS, são encontrados nas partes menos
declivosas e com vertentes mais longas (MORAES et al., 2002).
Em consequência do relevo e dos solos, a bacia hidrográfica apresenta alta
susceptibilidade a erosão. PRADO (2005) utilizando o modelo SWAT (Soil and Water
Assessment Tool) estimou em 29,65 Mg.ha-1
.ano-1
a perda de solos na bacia hidrográfica.
Para uma melhor compreensão e análise dos indicadores ambientais, adotou-se a
subdivisão da microbacia do rio Jundiaí-Mirim de MORAES et al. (2002), em sub-bacias
hidrográficas. Esta subdivisão busca auxiliar na compreensão de como o uso e ocupação das
terras se relaciona aos elementos ambientais, assim como na definição de ações do poder
público na gestão e implementação de políticas públicas. A figura 5 ilustra a carta temática
com dezenove sub-bacias hidrográficas e duas represas, diferente do diagnóstico realizado por
MORAES et al., (2002) que não considerou a sub-bacia “Outra":
Figura 5 - Sub-bacias da bacia hidrográfica do rio Jundiaí-Mirim, SP.
33
3.2 Análise dos ambientes de proteção ambiental
3.2.1 Critérios para priorização de recuperação ambiental em áreas de preservação
permanente.
Utilizando-se os planos de informação da hidrografia e declividade da bacia gerou-se
com SIG o limite das áreas de preservação permanente. De acordo com as diretrizes do
Código Florestal adotou-se como APP 30 m para cursos d’água, 50 m para nascentes; 30 m ao
entorno de lagos e tanques e 100 m para represas. Não se incluiu neste estudo as áreas de topo
de morro e sim as áreas de encosta com declividade igual ou superiores a 45º.
Para MORAES et al., (2002), a definição de áreas prioritárias para recomposição
vegetal demanda uma série de levantamentos e análise integrada de várias informações, não
podendo se definir ou priorizar uma informação em específico. Assim a definição das áreas
prioritárias baseou-se em oito critérios, de acordo com proposta metodológica de
FRANCISCO (2006):
USO DA TERRA
PROXIMIDADE DA VEGETAÇÃO NATIVA
PROXIMIDADE DE ÁREAS URBANAS
PROXIMIDADE A MALHA VIÁRIA
RISCO A EROSÃO
CAPACIDADE DE SUSTENTAÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA
ORDEM DOS CANAIS DE DRENAGEM
CATEGORIA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
Para cada um deles foi gerado um plano de informação utilizando os seguintes
critérios de classificação:
3.2.1.1 Uso da terra (USOAPP)
As áreas com vegetação nativa dentro dos limites da APP não foram considerada para
a recuperação, pois estão em conformidade com a legislação. Dentre todos os indicadores,
este determina quais áreas serão consideradas na priorização para recuperação da APP.
Devido à dificuldade de recuperação as zonas impermeabilizadas (urbana, bairro rural e
34
sistema viário) não foram consideradas para recuperação.
Para obtenção do indicador de uso da terra nas áreas de preservação permanente,
cruzou-se em ambiente SIG, o mapa de uso e ocupação das terras com o plano de informação
de APP. A partir desse cruzamento analisaram-se as classes uso das terras dentro dos limites
da APP e estabeleceram-se pesos para as diferentes classes de uso, conforme apresentado na
tabela 2, para esse critério quanto maior a pressão de uso, maior a prioridade de recuperação.
Todos os pesos atribuídos variam de 1 a 2.
Tabela 2 - Classes de cobertura da terra e respectivos pesos para priorização de recuperação
da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Ocupação Área (ha) Área (%) Peso
Bosque 32,9 1,41 *
Café 0,4 0,02 1,6
Cana-de-açúcar 0,3 0,01 1,5
Chácara 134,9 5,78 *
Citros 16,2 0,69 1,8
Cobertura residual 76,5 3,28 1,0
Cultura anual 8,4 0,36 1,6
Fruticultura - outros 6,1 0,26 1,6
Fruticultura - uva 28,9 1,24 1,6
Horticultura 29,6 1,27 1,8
Loteamento 96,9 4,16 *
Mata ciliar em estágio inicial 90,9 3,90 *
Mata ciliar em estágio médio 161,3 6,92 *
Mata em estágio inicial 262,4 11,25 *
Mata em estágio médio 358,7 15,38 *
Mineração 22,3 0,95 2,0
Pasto limpo 356,7 15,30 1,4
Pasto sujo 217,4 9,32 1,4
Reflorestamento (Eucalipto) 295,8 12,69 1,2
Reflorestamento (Pinus) 5,8 0,25 1,2
Solo descoberto 38,9 1,67 2,0
Várzea 57,4 2,46 *
Área industrial 10,5 0,45 *
Área urbana 22,3 0,96 *
Total 2331,9 100,0
35
3.2.1.2 Proximidade de vegetação nativa (PROXVEG)
Para a elaboração da carta de proximidade de APP em relação aos remanescentes de
vegetação nativa utilizou-se o plano de informação de uso e ocupação das terras. A partir dele,
gerou-se um mapa temático dos fragmentos florestais formados pelas categorias de bosque,
mata ciliar em estágio inicial, mata ciliar em estágio médio, mata em estágio inicial e mata em
estágio médio.
Com auxílio do SIG, foi gerado um mapa de distâncias (buffer) que posteriormente foi
normatizado (escala 1 a 2) através de uma função linear decrescente, ou seja, pela inversão de
valores da equação (1). Estabeleceu-se um limite mínimo de 50 m de distância, medidos da
borda do fragmento de vegetação nativa, para que este fragmento florestal tivesse alguma
influência na ocorrência de chuva de sementes na APP dando maior condição de recuperação.
3.2.1.3 Proximidade de áreas urbanas (PROXURB)
APPs próximas a áreas urbanas apresentam um ponto desfavorável para a sua
recomposição vegetal em função da forte perturbação antrópica. Gerou-se um mapa temático
contendo apenas as áreas urbanizadas ou em processo de urbanização, formada pelas
categorias de área industrial, área urbana e loteamento. A partir desse mapa gerou-se um
mapa de distâncias (buffer) em relação a áreas urbanas, adotando uma faixa mínima de 200
metros de distância da borda das áreas urbanizadas, de acordo com proposta de FRANCISCO
(2006).
Para esse critério, quanto mais distante a APP de um núcleo urbano, maior a sua
prioridade de recuperação. Para sua normatização de 1 a 2, entre os valores de distância
gerados, empregou-se uma função linear crescente (equação 1) e qualquer área com distância
acima de 200 m recebe prioridade máxima de recuperação.
3.2.1.4 Proximidade a malha viária (PROXVIAS)
A partir do plano de informação de malha viária, gerou-se um mapa com distâncias de
até 200 m em relação às vias de acesso (rodovias, estradas pavimentadas e não pavimentadas).
Definiu-se assim que quanto mais próxima de APP se encontra de uma estrada menor sua
prioridade de recuperação.
As faixas de distâncias entre 0 e 200 m das vias de acesso foram normalizadas através
36
de uma função linear, assumindo valores contínuos crescentes entre 1 a 2. Quanto maior a
valoração, maior a prioridade de recuperação, qualquer área dentro da APP com distância
acima de 200 m recebe prioridade máxima de recuperação pelo critério de distância da malha
viária.
3.2.1.5 Risco a erosão (RISCO)
Obteve-se a carta indicadora referente ao risco de erosão por meio da atribuição de
pesos (Tabela 3) no mapa de risco de erosão do solo, sendo que os locais com maior risco
receberam maior prioridade (peso) para recuperação, pois áreas com processos erosivos
intensos não permitem o estabelecimento de vegetação.
Tabela 3 - Classes de valores de risco a erosão em APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP e
pesos para priorização de recuperação.
Relação A/T* Classes Peso
>1 Muito Baixo 1,0
1 a 2 Baixo 1,2
2 a 5 Médio 1,5
5 a 10 Alto 1,8
>10 Muito Alto 2,0
* Os valores indicam o número de vezes que o risco de perda anual de solo (A) é superior à perda tolerável de
solo (T).
3.2.1.6 Capacidade de sustentação da vegetação nativa (CAPUSO)
A obtenção do plano referente aos níveis de capacidade de sustentabilidade da
vegetação nativa na APP baseou-se no mapa de Capacidade de Uso das Terras. Nesse caso,
quanto mais aptas (maior fertilidade natural, menor impedimento físico, maior profundidade
do solo, menor declividade), possuem maior relevância para a priorização da recuperação da
APP.
A partir do cruzamento da APP com o mapa de capacidade de uso das terras, obteve-se
os respectivos níveis de sustentação para vegetação. Posteriormente, as classes de capacidade
de uso foram valoradas com pesos que variaram de 1 a 2, conforme apresentado na Tabela 4.
37
Tabela 4 - Classes de capacidade de uso das terras e respectivos pesos para priorização de
recuperação da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classes Área (ha) Área (%) Peso
IIf 5,9 0,3 2,0
IIIef 60,2 2,6 1,8
IIIefp 19,4 0,8 1,8
IIIf 9,1 0,4 1,9
IVef 40,7 1,8 1,7
IVefp 91,9 4,0 1,6
Va 453,5 19,5 1,5
VIef 85,8 3,7 1,3
VIefp 112,8 4,8 1,3
VIer 9,4 0,4 1,4
VIIefp 1088,5 46,8 1,1
VIII 349,7 15,0 1,0
Total 2327,1 100,0
3.2.1.7 Ordem dos canais de drenagem (ORDEM)
O critério de ordem de canais baseou-se na hierarquia fluvial de STRAHLER (1952),
onde canais menores sem tributários são considerados de primeira ordem, estendendo-se
desde a nascente até a confluência. Os canais de segunda ordem surgem da confluência de
dois canais de primeira ordem, e só recebem afluentes de primeira ordem; os canais de
terceira ordem surgem da confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber
afluentes de primeira e segunda ordem, e assim sucessivamente. Desta forma a área de
preservação permanente no entorno dos canais recebeu valores de 1 a 2 em função da
hierarquia fluvial (Tabela 5).
Foi atribuída maior prioridade a APP em volta de canais de primeira ordem, pois se
considerou que estes estão em zonas de captação de água são mais sensíveis e próximas à
afloração do aquífero, onde é indispensável a presença de vegetação para garantir a
estabilidade física e ecológica do ambiente. E que a poluição gerada na bacia aumenta de
concentração em sentido da jusante.
38
Tabela 5 - Hierarquia dos canais de drenagem e respectiva valoração para priorização de
recuperação da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe Área (ha) Área (%) Peso
1ª Ordem 1063,8 51,3 2,0
2ª Ordem 433,9 20,6 1,8
3ª Ordem 228,2 10,8 1,6
4ª Ordem 100,5 4,8 1,4
5ª Ordem 53,9 2,6 1,2
6ª Ordem 204,8 9,9 1,0
Total 2085,1 100,0
3.2.1.8 Categoria das áreas de preservação permanente (CATEAPP)
A obtenção do indicador referente a categoria da APP baseou-se na valoração de suas
classes, conforme apresentado na Tabela 6. Deve-se ressaltar que para esse critério, em áreas
de intersecção de duas classes, aquela de maior importância prevalece. Neste indicador os
elementos são priorizados pela sua capacidade de “produção de água”, onde as cabeceiras
recebem maior peso e os lagos, que na bacia geralmente são de captação, recebem menor
importância.
Tabela 6 - Categoria da área de preservação permanente e pesos referentes à priorização de
recuperação na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Categoria Área (ha) Área (%) Peso
Cabeceira 365,3 15,7 2,0
Rio 1282,1 55,3 1,7
Encosta 209,0 9,0 1,5
Lago 463,5 20,0 1,0
Total 2319,9 100,0
Consideram-se como APP de cabeceiras a vegetação a 50 m do entorno das nascentes,
como APP de rios a vegetação de 30 m no entorno dos canais de drenagem. Para os lagos a
39
área de APP é distribuída em 30 m de seu entorno quando em zonas urbanas, 100 m quando
em zonas rurais e com espelho d´água maior que 20 hectares. As áreas com declividade
superior a 45º representam a APP de encostas.
3.2.1.9 Aplicação da análise multicritério
Após a obtenção das diferentes cartas indicadoras para priorização de recuperação na
APP, o método de análise multicriterial de Programação por Compromisso (PC) é
implementado em ambiente SIG. Esta equação subsidia a tomada de decisão, pois permite a
integração dos indicadores, considerando a pior e melhor condição do ambiente avaliado:
Uma solução ideal é definida pela maximização da função objetivo:
ƒ* = Max ƒi (x)
O vetor ƒ*i onde seus valores são todos máximos é chamado de “vetor ideal”:
ƒ* = (ƒ
*1, ƒ
*2, ƒ
*3.............. ƒ
*n)
Esta distância é medida pela família métrica “ls”, definida pela equação 2:
onde,
αi é o peso atribuído a cada critério i;
ƒi* é o melhor valor obtido para o critério i;
ƒi,w é o pior valor obtido para o critério i;
ƒi (x) é o resultado da implementação da decisão x considerando o critério i;
ls(x) é a distância entre a solução obtida com o cenário x e a solução ideal; e
S é uma proporcionalidade aplicada aos desvios, sendo 1≤ S ≤ .
Neste trabalho, adotou-se a proposta de FRANCISCO (2006), e escolheu-se o valor de
S = 1, de forma a manter todos os desvios de ƒi* proporcionais às suas magnitudes.
Após o processamento dos mapas de critérios, gerou-se o mapa de prioridades de
recuperação da APP no SIG, através da implementação da equação 2 no programa ILWIS.
(2)
40
A figura 6 demonstra o ambiente operacional que utiliza a equação da análise
multicriterial, nota-se que cada componente é multiplicado por um fator, que corresponde ao
peso médio atribuído por especialistas consultados. Vale ressaltar que os pesos estão
relacionados ao grau de importância de cada indicador para a aplicação da Análise
Multicriterial, diferente dos pesos atribuídos para diferenciar os elementos dentro de cada
indicador. Utilizou-se a metodologia empregada por FRANCISCO (2006), os indicadores
tiveram seu valor subtraído de 2, invertendo-se a prioridade de recuperação.
Figura 6 - Tela do SIG-ILWIS, ilustrando a aplicação do método de análise multicritério de
programação por compromisso.
Após a AMC uma nova normatização foi realizada para valores de 0 a 1, e
estratificados em cinco classes de prioridade (Tabela 7).
Tabela 7 - Classes de prioridade de recuperação das áreas de preservação permanente na
bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe Valores para priorização de recuperação
Muito Baixa 0 - 0,2
Baixa 0,2 - 0,4
Média 0,4 - 0,6
Alta 0,6 - 0,8
Muito Alta 0,8 - 1,0
41
3.2.2 Critérios para classificação e estratificação de fragmentos florestais
O mapa referente ao ambiente de fragmentos florestais foi gerado a partir de uma
reclassificação nominal da proposta de MORAES et al. (2002); contendo as categorias de
bosque, mata ciliar em estágio inicial, mata ciliar em estágio médio, mata em estágio inicial e
mata em estágio médio.
A estratificação dos fragmentos florestais foi baseada na análise integrada de várias
informações relacionadas às pressões e estado de conservação dos mesmos e se baseou em
nove critérios:
PROXIMIDADE DE ÁREAS URBANAS
PROXIMIDADE DA MALHA VIÁRIA
CAPACIDADE DE SUPORTE AO DESENVOLVIMENTO DA
VEGETAÇÃO NATIVA
USO DO SOLO NO ENTORNO DOS FRAGMENTOS FLORESTAIS
INTENSIDADE DE FRAGMENTAÇÃO DA VEGETAÇÃO NAS SUB-
BACIAS
COBERTURA VEGETAL REMANESCENTE
TAMANHO DOS FRAGMENTOS FLORESTAIS
ÍNDICE DE BORDA
CONECTIVIDADE DOS FRAGMENTOS
Para cada um desses indicadores gerou-se um plano de informação que segue os
mesmos princípios utilizados na priorização de recuperação de APP, porém todos os valores
foram normatizados de 0 a 1 conforme descrição a seguir:
3.2.2.1 Proximidade de áreas urbanas (PROXURB)
Este indicador segue os mesmos princípios e procedimentos do item 3.2.1.3, onde a
maior qualidade ambiental de um fragmento florestal está relacionada à maior distância de
uma área urbana. Normatizaram-se os valores entre 0 a 1, onde o maior valor reflete maior
qualidade ambiental assim como qualquer área com distância acima de 200 m.
42
3.2.2.2 Proximidade em relação à malha viária (PROXVIAS)
A partir do plano de informação de malha viária, gerou-se uma carta com fragmentos
distanciados em até 200 m com relação às vias de acesso (rodovias, estradas pavimentadas e
não pavimentadas). Definiu-se assim que quanto mais próximo um fragmento florestal se
encontra de uma estrada, maior será a pressão sobre ele, prejudicado sua qualidade ambiental.
Nesse caso as faixas de distâncias entre 0 e 200 m das vias de acesso foram normalizadas
através de uma função linear crescente, assumindo valores contínuos crescentes entre 0 a 1
para a pior e melhor condição respectivamente. As áreas com distâncias acima de 200 m
receberam qualidade máxima.
3.2.2.3 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da vegetação nativa (CAPUSO)
Com o cruzamento das cartas de fragmentos florestais e capacidade de uso das terras,
obteve-se a carta das condições para desenvolvimento da vegetação nativa. Posteriormente
esta foi valorada, recebendo pesos que variaram de 0 a 1, conforme apresentado na Tabela 8.
Tabela 8 - Pesos atribuídos às classes de capacidade de uso do solo nos fragmentos florestais
da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe Área (ha) Área (%) Peso
IIf 1,4 0,0 1,0
IIIef 74,7 2,5 0,8
IIIefp 9,2 0,3 0,8
IIIf 9,9 0,3 0,9
IVef 91,3 3,1 0,7
IVefp 64,1 2,2 0,6
Va 199,2 6,8 0,5
VIe 39,5 1,3 0,4
VIef 148,8 5,1 0,3
VIefp 169,9 5,8 0,3
VIIefp 1662,8 56,5 0,1
VIII 470,3 16,0 0,0
Total 2941,0 100,0
43
A obtenção do plano da capacidade de sustentabilidade da vegetação nativa baseou-se
na capacidade de uso das terras. Quanto menores as restrições do solo, como fertilidade,
impedimento físico entre outros; mais apto o local será para o estabelecimento da vegetação
nativa. Estas características estão diretamente relacionadas a resiliência do ambiente, quanto
melhores as condições de solo, maior a capacidade de resistência às pressões externas,
representando desta forma uma maior qualidade ambiental.
3.2.2.4 Uso das terras no entorno dos fragmentos florestais (BORDA)
Para obtenção desta carta indicadora considerou-se um efeito de borda de 30 m nos
fragmentos. Gerou-se um buffer de 200 m de sua borda, cruzando-o com o mapa de uso e
ocupação das terras para obtenção de uma carta intermediária. A partir desta, pesos referentes
ao grau de pressão no entorno dos fragmentos foram atribuídas às classes de uso e ocupação
(Tabela 9).
Tabela 9 - Pesos atribuídos a qualidade ambiental no entorno dos fragmentos na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP em função do uso do solo.
Classe Peso
Chácara 0,2
Área industrial 0,1
Área urbana 0,1
Café 0,5
Cana-de-açúcar 0,6
Citros 0,5
Cobertura residual 0,9
Cultura anual 0,4
Fruticultura - outros 0,5
Fruticultura - uva 0,5
Horticultura 0,7
Loteamento 0,1
Pasto limpo 0,5
Pasto sujo 0,6
Reflorestamento (Eucalipto) 1,0
44
Um novo buffer de 30 m foi gerado em direção ao interior dos fragmentos florestais,
resultando em uma nova carta de distâncias, com 30 m em direção ao interior dos fragmentos
que foi cruzada com o mapa de pesos, resultando em uma nova carta de distância ponderada,
estes resultados relacionam o peso da ocupação de borda com a distância do mesmo.
Para esse critério quanto mais distante da borda, menor a pressão externa, assim como
quanto mais intenso o uso do solo no entorno maior pressão de perturbação e menor é o peso.
Para sua normalização de 0 a 1, empregou-se uma função linear decrescente.
3.2.2.5 Intensidade de fragmentação da vegetação nas sub-bacias (IF)
Para obter esta carta indicadora atribuiu-se um valor a cada sub-bacia em função da
relação de quantidade de fragmentos florestais pela sua área. A intensidade de fragmentação é
obtida pela equação 3:
IF = Q/A (3)
onde,
IF = Intensidade da fragmentação da vegetação
Q = Quantidade de fragmentos florestais na sub-bacia
A = Área da sub-bacia (hectares)
Os índices obtidos são normatizados entre 0 e 1, por uma função linear decrescente, ou
seja os valores são invertidos para que a sub-bacia com menor fragmentação apresente maior
peso.
3.2.2.6 Índice de cobertura vegetal remanescente (CV)
A carta indicadora de cobertura vegetal remanescente representa a relação entre a área
de cobertura natural que ainda permanece na paisagem em relação a área total da sub-bacia.
Para sua obtenção utilizou-se a equação 4 onde:
CV = Af/Ab (4)
onde,
CV = Índice de cobertura vegetal remanescente
Af = Área do Fragmento Florestal por sub-bacia
Ab = Área da sub-bacia
45
Após o calculo valores são normatizados entre 0 e 1, por uma função linear que
representa respectivamente a sub-bacia com menor e maior cobertura remanescente.
3.2.2.7 Tamanho do Fragmento (TAMANHO)
Na obtenção da carta indicadora de tamanho do fragmento, estes foram estratificados
em 5 classes de acordo com a sua dimensão.
Os fragmentos pequenos receberam menor valor de qualidade ambiental. O tamanho
de fragmento considerado como “Adequado” baseou-se na relação entre a área de interior e de
borda superior a 2,5. As classes tiveram seus valores normatizados de 0 a 1, conforme a tabela
10.
Tabela 10 - Classes de tamanho dos fragmentos florestais e respectivos pesos.
Classe Área (ha) Peso
Muito pequeno < 0,5 0,00
Pequeno 0,5 - 1 0,25
Médio 1 - 5 0,50
Bom 5 - 20 0,75
Adequado > 20 1,00
3.2.2.8 Índice de borda (InB)
A carta indicadora relativa ao efeito de borda em cada fragmento foi obtida a partir de
uma relação entre seu perímetro e área. A borda de um fragmento está diretamente
relacionada ao seu tamanho e a forma, quanto menor o fragmento e mais alongado ou sinuoso,
mais forte será o efeito de borda. Os fragmentos que tendem a uma forma arredondada
apresentam perímetro mínimo em relação à área quando comparada a outras formas
geométricas, portanto ao se comparar fragmentos de mesma área, quanto mais o fragmento
florestal se assemelhar a um circulo, menor será sua borda, e consequentemente menores
serão as pressões do meio externo. Este indicador, também conhecido como índice de
circularidade, baseia-se na adaptação da proposta por PIRES (1995), conforme da equação 5.
46
InB = (2*√πA)/ L (5)
onde,
InB = Índice de Borda
A = Área do Fragmento
L = Perímetro
Nesta carta o resultado próximo de 1 significa menor o efeito da exposição. Os valores
foram normatizados em uma função linear de 0 a 1. A equação foi calculada para a área total
de cada fragmento da bacia do rio Jundiaí-Mirim.
3.2.2.9 Conectividade (CONECT)
Para a obtenção da carta indicadora de conectividade adotou-se a referência de PIRES
et al. (2004), onde 350 m de distância entre fragmentos limita a trafegabilidade animal.
Gerou-se um buffer de 175 m da borda dos fragmentos, aqueles que apresentaram
intersecções receberam peso 1 e os demais, peso 0. A maior valoração representa a
possibilidade de formação de corredores gênicos.
3.2.2.10 Aplicação da análise multicritério
Para a análise multicriterial enviou-se um questionário a profissionais de diferentes
áreas (Geoprocessamento, Conservação do Solo e Recursos Naturais), solicitando a opinião
com relação a atribuição de valores para a ponderação dos indicadores. Foi sugerida uma
escala de valores de 1 a 5. Estes valores foram processados pela equação 6 para obtenção dos
pesos referentes a cada indicador, as pontuações obtidas correspondem à média expurgada dos
pesos atribuídos a cada critério pelos especialistas.
Os valores expurgados relacionam-se à média dos pesos que satisfizeram a condição:
x – dp ≤ αi ≤ x + dp (6)
onde:
x é a média dos pesos dos especialistas, para o critério “indicador”;
dp é o desvio padrão dos pesos;
αi é o peso sugerido pelos especialistas para o critério “indicador”.
47
Este procedimento busca corrigir divergências de opinião entre os especialistas, pois
interpretações de alta divergência necessitam a interferência do tomador de decisão.
Após tratamento dos pesos atribuídos pelos especialistas, os valores resultantes da
equação 6 foram normatizados para que sua somatória resultasse em 1. Posteriormente, estes
valores foram inseridos no SIG pela equação 7 para aplicação da análise multicriterial de
Programação por Compromisso (PC), onde foram multiplicados pelo indicador
correnspondente. Vale ressaltar novamente que os pesos estão relacionados ao grau de
importância de cada indicador para a aplicação da Análise Multicriterial, diferente dos pesos
atribuídos para diferenciar os elementos dentro de cada indicador.
Qualidade dos fragmentos florestais = (0.099*PROXURB) + (0.101*PROXVIAS
+ (0.062*CAPUSO) + (0.132*BORDA) + (0.124*IF) + (0.101*CV) + (0.142*TAMANHO)
+ (0.116*InB) + (0.124*CONECT) (7)
Este processamento resultou em uma carta temática que foi normatizada em uma
função linear com valores 0 a 1. Estes valores foram estratificados com base na tabela 11 em
cinco classes de qualidade ambiental para os fragmentos florestais, resultando em uma nova
carta temática.
Tabela 11 - Classes qualidade ambiental dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
Classe Valores de qualidade ambiental
Muito Baixa 0 - 0,2
Baixa 0,2 - 0,4
Média 0,4 - 0,6
Alta 0,6 - 0,8
Muito Alta 0,8 - 1,0
3.3 Análise dos ambientes de proteção ambiental - Critérios para classificação e
estratificação de vinhedos.
Vinhedos ocupam boa parte das áreas produtivas da bacia, portanto optou-se pela
construção de uma carta indicadora de uso de acordo as condições ambientais.
48
Com o propósito de definir critérios para a estratificação dos vinhedos em função do
manejo conservacionista, foi aplicada uma análise multicriterial por Programação por
Compromisso, a partir de um conjunto de indicadores adaptados ao SIG conforme os
seguintes critérios:
RISCO A EROSÃO (RISCO)
CAPACIDADE DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA (CAPUSO)
POSIÇÃO NO RELEVO (ZONAS)
PROXIMIDADE DE CURSOS D’ÁGUA (PROXRIOS)
FLUXO DE ÁGUA (FLOW)
ÁREAS ERODIDAS (EROSAO)
3.3.1 Risco de erosão (RISCO)
Esta carta indicadora segue os mesmos princípios do item 3.2.1.5 e apresenta pesos
que variam de 0 a 1 para pior e melhor condição respectivamente, ou seja, quanto maior o
risco de degradação dos vinhedos por erosão, menor sua valoração (Tabela 12).
Tabela 12 - Classes de risco a erosão e peso referente ao manejo conservacionista em
vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Relação A/T* Classes Peso
>1 Muito Baixo 1,0
1 a 2 Baixo 0,8
2 a 5 Médio 0,5
5 a 10 Alto 0,2
>10 Muito Alto 0,0
* Os valores indicam o número de vezes que o risco de perda anual de solo (A) é superior à perda tolerável de
solo (T).
3.3.2 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da cultura (CAPUSO)
A obtenção desta carta indicadora baseou-se no mapa de capacidade de uso e
ocupação das terras. Quanto menores as restrições de cultivo do solo, melhor é o
49
desenvolvimento da cultura.
Pesos foram atribuídos à carta de capacidade de uso das terras, para obtenção de uma
nova carta que foi valorada de 0 a 1 conforme a tabela 13.
Tabela 13 - Classes de capacidade de uso e ocupação das terras e pesos referentes ao manejo
conservacionista do solo em vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim.
Classe Área (ha) Área (%) Peso
IIf 1,2 0,2 1,0
IIIef 29,9 5,7 0,8
IIIf 3,3 0,6 0,9
IVef 75,3 14,4 0,7
IVefp 15,5 3,0 0,6
Va 18,3 3,5 0,5
VIe 13,6 2,6 0,4
VIefp 36,4 7,0 0,3
VIef 61,5 11,8 0,3
VIIefp 233,3 44,8 0,1
VIII 32,7 6,3 0,0
Total 521,1 100,0
3.3.3 Posição no relevo (ZONAS)
Para este indicador, utilizou-se a proposta de FREITAS et al. (2011) e a partir do
MDE gerou-se uma carta hipsométrica com 5 classes de altitude. Esta foi cruzada com a carta
de vinhedos, que foram estratificados em função de sua posição no relevo.
A partir da posição do vinhedo na vertente, foi possível definir áreas em função de
suas características de perda, ganho e transporte de sedimentos.
A carta indicadora de posição no relevo permite estratificar os vinhedos em zonas que
somente perdem sedimento (eluvial), em zonas que recebem e perdem sedimentos (coluvial),
e zonas que somente recebem sedimento (aluvial). A partir desta estratificação foi atribuído
um peso de 0 a 1 de acordo com a dificuldade de manejo conservacionista e o potencial de
ocorrência de problemas ambientais.
50
Tabela 14 - Posição de vinhedos no relevo e pesos referentes ao manejo conservacionista na
bacia do rio Jundiaí-Mirim.
Zona Área (ha) Área (%) Peso
Aluvial 140,8 27,7 0,0
Coluvial 201,5 39,6 0,5
Eluvial 166,7 32,7 1,0
Total 509,0 100,0
3.3.4 Proximidade de curso d’água (PROXRIOS)
A proximidade dos ambientes de produção em relação aos cursos d’água está
relacionada ao risco de poluição difusa dos mesmos.
Considerando que o processo de contaminação ocorre principalmente através do
escoamento superficial, existe alto potencial para formação de enxurradas e transporte de
sedimentos em função do regime hídrico e do íngreme relevo da bacia do rio Jundiaí-Mirim.
Para este indicador gerou-se um buffer de 500 m de distância a partir dos cursos
d’água, este foi cruzado com o mapa de vinhedos e seus valores foram normatizados por uma
função linear crescente de 0 a 1. Quanto menor o valor, maior é a proximidade do vinhedo em
relação ao curso d’água e consequentemente maior o risco de poluição difusa.
3.3.5 Fluxo de água (FLOW)
Com a importância do caminhamento da água para manejo do solo nos vinhedos,
construiu-se uma carta indicadora para representar o acúmulo e formação de fluxos. Foram
realizados quatro procedimentos em ambiente SIG. Primeiro foi gerado um mapa do fluxo
direcional natural da água sobre o Modelo Digital de Elevação (MDE) da bacia. Com base
nesta carta é realizado o segundo procedimento, que conta o número de pixels que drenam
para pontos mais baixos do relevo e formam linhas simbolizam os “caminhos da água”. Estes
valores podem ser relacionados à área de captação de cada pixel, portanto quanto maior o
valor, maior a probabilidade de formação de enxurradas. O terceiro procedimento se baseia na
estratificação dos valores por classe de risco de degradação, quanto maior o valor, pior a
condição (Tabela 15). O último procedimento consiste em cruzar a carta resultante do terceiro
procedimento com a carta de vinhedos.
51
Tabela 15 - Pesos atribuídos às classes de fluxos de água para manejo conservacionista da
bacia do rio Jundiaí-Mirim.
Classe Peso
<25 1,0
25 - 50 0,8
50 - 100 0,6
100 - 200 0,4
200 - 500 0,2
>500 0,0
3.3.6 Áreas degradadas (ERODIDOS)
Esta carta indicadora representa áreas erodidas nos vinhedos. Para sua obtenção
utilizou-se a imagem digital da bacia e o plano de informação de fluxos de água, onde por
avaliação visual foram delimitadas as áreas que apresentavam indícios de erosão laminar e em
sulcos. Aquelas consideradas erodidas receberam peso 0 e as demais por apresentarem
melhores condições ambientais, receberam peso 1.
3.3.7 Aplicação da análise multicritério
Para a análise multicriterial dos ambientes de produção e sua estratificação em zonas
de manejo conservacionista homogêneo, foram realizados os mesmos procedimentos do item
3.2.2.10.
Após a atribuição de pesos aos indicadores, estes foram tratados pela equação 6 e
posteriormente normatizados. Os valores expurgados foram inseridas no SIG para aplicação
da análise multicriterial por Programação por Compromisso (PC) pela equação 8.
Risco de degradação do ambiente produtivo = (0,182*RISCO) +
(0,182*CAPUSO) + (0,178*ZONA) + (0,158*PROXRIOS) + (0,150*FLOW) +
(0,149*ERODIDOS) (8)
Este processamento resultou em uma carta temática que foi normatizada em uma
função linear com valores 0 a 1. Estes valores foram estratificados em função da tabela 16 em
52
cinco classes de manejo conservacionista para os vinhedos, resultando na carta indicadora de
zonas de manejo.
Tabela 16 - Classes de manejo conservacionista na bacia do rio Jundiaí-Mirim.
Manejo Valores de risco de degradação
Muito Intenso 0 - 0,2
Intenso 0,2 - 0,4
Médio 0,4 - 0,6
Baixo 0,6 - 0,8
Muito baixo 0,8 - 1,0
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise dos ambientes de proteção ambiental
4.1.1 Critérios para priorização de recuperação ambiental em áreas de preservação
permanente.
Figura 7 - Mapa das Áreas de Preservação Permanente segundo Código Florestal na bacia do
Rio Jundiaí-Mirim, SP.
53
A figura 7 representa áreas marginais a cursos de água, lagos e declividade superior a
45º que deveriam apresentar somente vegetação conforme o Código Florestal.
Desconsiderando áreas localizadas em topo de morros, a bacia hidrográfica do rio Jundiaí-
Mirim apresenta 19,9 % de seu território protegido em forma de áreas de preservação
permanente. Segundo a legislação vigente até o momento a remoção da vegetação nestes
locais somente é permitida em caso de obras de utilidade pública.
4.1.1.1 Uso da terra (USOAPP)
O mapeamento do uso da terra dentro dos limites das áreas de preservação permanente
mostra que o Código Florestal não é cumprido satisfatoriamente (Figura 8).
Figura 8 - Uso da APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Somente 44,6 % da APP (Tabela 17) está em conformidade com a legislação, a
degradação pode ser explicada pelo intenso processo de ocupação da bacia, que apresenta
densidade habitacional de 858,76 hab/km² (IBGE, 2012). Apesar de não serem consideradas
54
para recuperação devido à dificuldade de desapropriação e restauração ambiental, as áreas
urbanas tem grande impacto na APP, não somente pela retirada de vegetação em áreas
sensíveis e impermeabilização do solo, mas também como fonte de contaminação pontual,
liberando resíduos nos canais de água. As classes de maior uso do solo dentro dos limites de
APP são as pastagens e silvicultura, com respectivamente 24,6 % e 12,9 % de ocupação
irregular (Tabela 2). Desconsiderando-se estas duas classes, todos os demais usos agrícolas
ocupam 3,8 % da APP.
Tabela 17 - Uso do solo em APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe Área (ha) Área (%)
Vegetação 965,9 44,6
Urbano 61,2 11,4
Agrosilvopastoril 1040,1 41,4
Mineração e solo descoberto 264,7 2,6
Total 2331,9 100,0
A alta ocorrência de reflorestamentos em área de APP pode ser explicada pela
proximidade das indústrias de papel, esta classe teve um grande impulso no passado devido à
implantação do horto florestal, que fornecia madeira para a então Estrada de Ferro Santos-
Jundiaí. Muitas áreas de reflorestamento atingem os limites de áreas de preservação, que não
são respeitadas na ocasião do corte das árvores (MORAES et al., 2002).
A figura 9 representa a carta indicadora de uso da terra em APP assim como os pesos
atribuídos as classes de uso para análise multicriterial. A carta ilustra como o processo de
degradação ocorre de forma generalizada, em áreas de maior urbanização e em áreas de maior
uso agrícola. O uso agrícola expõe o solo frequentemente à ação erosiva da chuva e do vento,
como por exemplo, preparo do solo para plantio das culturas. Esse manejo impede a
regeneração natural e a formação de floresta nativa.
É possível observar na figura 10 que em nenhuma das sub-bacias hidrográficas a
vegetação remanescente em áreas de preservação permanente está em regularidade com o
Código Florestal. A melhor situação de conservação é encontrada no Ribeirão dos Soares, já a
pior situação é encontrada na sub-bacias Córrego Ananás, que é justamente a região mais
próxima ao centro urbano da cidade de Jundiaí e situa-se na parte sudoeste da bacia
hidrográfica. Metade das sub-bacias apresentam vegetação inferior a 30 % na APP.
55
Figura 9 - Carta indicadora de uso e ocupação das terras na APP da bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
Figura 10 - Porcentagem de vegetação nativa por sub-bacia em áreas de preservação
permanente da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Rib
eirã
o d
os
Soar
es
Rib
eirã
o d
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anq
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Jun
dia
í-M
irim
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sip
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Pin
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rin
ho
Có
rreg
o P
on
te A
lta
Taru
ma
Ho
rto
Có
rreg
o A
nan
ás
56
4.1.1.2 Proximidade de vegetação nativa (PROXVEG)
A figura 11 representa a carta indicadora de proximidade de APP em relação aos
fragmentos, bem como as respectivas distâncias e pesos para aplicação da análise
multicriterial. Quando o método selecionado é o de isolamento da APP para restauração
natural, estas áreas estão sob forte influência da chuva de sementes advindas dos fragmentos
mais próximos, facilitando o manejo e diminuindo custos em uma possível restauração.
Nesta carta é possível observar que em alguns locais a APP faz parte de fragmentos
florestais, este é um fator importante na proteção da APP principalmente pela diminuição do
efeito de borda, além de aumentar a barreira que segura os sedimentos advindos da erosão.
Figura 11 - Carta indicadora de proximidade da APP à vegetação nativa na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP.
Dentre suas diversas funções, a APP apresenta grande importância para conectar
fragmentos florestais, caso estivesse em conformidade com a legislação a maioria dos
fragmentos florestais da bacia hidrográfica estariam conectados.
57
4.1.1.3 Proximidade de áreas urbanas (PROXURB)
A bacia apresenta alta pressão por urbanização assim como alta concentração de
industrias, onde 65,5 % das áreas urbanas são compostas por loteamentos em processo de
instalação.
A porção mais urbanizada na bacia do rio Jundiaí-Mirim localiza-se no município de
Jundiaí, nas sub-bacias Tarumã, Córrego do Ananás, Córrego do Arreião, Córrego da Ponte
Alta, Jundiaí-Mirim Calha e Córrego do Albino (Tabela 18), que apresentam índice de
urbanização superior a 20 %.
Tabela 18 - Grau de urbanização das sub-bacias do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Sub-bacias Área Urbana (ha) Urbanização (%)
Tarumã 147,0 40,0%
Córrego Ananás 73,0 31,9%
Córrego do Areião 153,5 27,6%
Córrego Ponte Alta 270,8 26,8%
Jundiaí-Mirim Calha 209,0 22,1%
Córrego Albino 61,5 21,3%
Outra 4,1 16,0%
Parque Centenário 39,4 14,9%
Córrego do Perdão 200,0 14,5%
Horto 28,4 8,9%
Caxambu 40,3 6,1%
Córrego Caxambuzinho 13,4 5,8%
Pinheirinho 20,6 4,4%
Ribeirão do Tanque 35,8 2,9%
Ribeirão da Toca 9,3 2,4%
Ribeirão dos Soares 25,1 2,2%
Córrego da Roseira 9,3 1,0%
Escada Dissipação 2,4 0,2%
Represa Nova 0,0 0,0%
Total 1342,74
58
MORAES et al. (2002) alerta preocupação com expansão indiscriminada, saneamento
básico inadequado, manejo de resíduos sólidos, consumo excessivo de água, conscientização
a respeito da importância da bacia, resíduos industriais, falta de fiscalização, dispersão de
resíduos sólidos, contaminação dos mananciais, falta de eficiência na coleta de lixo, ausência
da coleta, queima sem critérios, enterro sem critérios, falta de conscientização da população,
falta de controle sanitário de endemias e necessidade de um programa de educação na bacia
do rio Jundiaí-Mirim.
A carta indicadora da proximidade de áreas urbanas é apresentada na figura 12, com as
respectivas distâncias e pesos referentes à pressão sobre a APP. Observa-se que a ocupação da
bacia se concentrou próximo aos cursos de água. A partir destes pontos iniciais de ocupação, a
mancha urbana se desenvolve ocupando extensas áreas e desrespeitando a legislação e locais
sensíveis à preservação ambiental.
Figura 12 - Carta indicadora de proximidade de APP à áreas urbanas na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
Ao avaliar os mananciais da bacia, MORAES et al. (2002) constatou que 53 % dos
59
pontos avaliados apresentavam lixo residencial. A qualidade da água de uma bacia é uma
resultante direta do uso e ocupação do solo.
A interferência do homem quer de uma forma concentrada como a geração de despejos
domésticos ou industriais ou de uma forma dispersa como na aplicação de defensivos
agrícolas, contribui para a introdução de compostos na água, afetando sua qualidade
(FADINI, 1998).
Além da pressão sobre a vegetação, o principal problema da proximidade urbana com
a APP é a contaminação dos cursos de água com despejo de esgoto. Segundo MORAES et al.
(2002) as sub-bacias de maior urbanização, parcelamento irregular do solo e ocorrência de
loteamentos irregulares, são as que apresentaram problemas de ocorrência de coliformes
fecais em níveis muito acima do limite da CETESB (200 N.M.P).
Apesar do município contar com uma rede de captação e tratamento de esgotos
urbanos, nem toda a área da bacia do rio Jundiaí-Mirim é atendida pelo emissário de cota de
esgoto, segundo MORAES et al. (2002) a grande maioria dos pontos de amostragem de água
apresentaram teores médios de coliformes fecais superiores a 1000 N.M.P / 100ml, além dos
casos mais graves como as sub-bacias da Roseira (47978 N.M.P / 100ml em 2002 e 23533
N.M.P/100ml em 2003), córrego do Areião (17139 N.M.P / 100ml em 2002 e 17525
N.M.P/100ml em 2003) e a sub-bacia do córrego Ponte Alta, bairro de Ivoturucaia onde
apesar de ter ocorrido alguns rompimentos do emissário de esgoto, o valor médio para o ano
de 2002 foi de 264000 N.M.P / 100ml enquanto para 2003 a média foi de 110957 N.M.P
/100ml.
Varias são as doenças relacionadas ao contato e uso de água contaminada com
coliformes fecais, como por exemplo a esquistossomose, febre tifóide, febre paratifoide,
diarreias e disenterias bacterianas como cólera (HELLER e MÖLLER, 1995).
Considerando os problemas deste tipo de pressão sobre a APP é imprescindível que o
plano diretor dos municípios contemple um planejamento de ocupação adequado e que a
fiscalização seja eficiente impedindo a ocupação destas áreas protegidas. Desenvolver
programas de educação e conscientização da população que vive no entorno destes locais,
para que deixem de atuar como agentes de degradação do ambiente em que vivem para gentes
de conservação, e consequentemente melhorar sua qualidade de vida.
4.1.1.4 Proximidade a malha viária (PROXVIAS)
A fragmentação da APP e consequentemente aumento de sua área de exposição a
60
pressões externas como o efeito de borda (MURCIA, 1995) pode resultar na degradação da
vegetação e até extinção de espécies vegetais (MMA/SBF, 2003; FAHRIG, 2003;
RODRÍGUEZ-CABAL et al., 2007) acarretando no comprometimento de suas funções
ambientais.
As estradas facilitam o fluxo de água, degradando e impedindo a regeneração natural
da APP (FREITAS et al., 2011). A carta indicadora de proximidade a malha viária com
respectivas distâncias e pesos (Figura 13) ilustra bem a intensidade de influência antrópica na
bacia, onde praticamente toda sua extensão sofre pressão por este critério. No detalhe da
figura é possível observar que as vias geralmente são locadas sobre a APP, acompanhando e
cruzando os cursos de água, este fato é permitido para obras de utilidade pública, porém é
visível a falta de planejamento e percepção as questões ambientais nestes locais.
As vias que cruzam a trechos de APP levam maior risco também, aos animais que
atravessam estes locais com a função de corredores biológicos.
Figura 13 - Carta indicadora de proximidade da APP à malha viária na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
61
4.1.1.5 Risco a erosão (RISCO)
O relevo íngreme da bacia tem grande influência no risco de erosão, somando-se as
classes de risco “Alto” e “Muito Alto”, 28,8 % da APP (Tabela 19) apresenta alta
probabilidade de degradação ambiental por localizarem-se sob altas declividades. Quando a
vegetação nas margens dos rios é retirada aumenta-se o risco, pois o encharcamento do solo
favorece o deslizamento dos barrancos.
O predomínio de ocupação antrópica dentro da APP se concentra em áreas de risco
“Muito alto” agravando ainda mais os problemas de erosão e sedimentação dos rios e lagos.
Além da retirada da vegetação ocorre a impermeabilização do solo e acúmulo de água, que
ganha volume, velocidade e força para causar erosão no solo e depreciar a APP em áreas
adjacentes.
A carta indicadora de risco de erosão com os respectivos pesos para aplicação da
análise multicriterial é apresenta na figura 14.
Figura 14 - Carta indicadora de risco de erosão do solo em APP na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
62
Tabela 19 - Classes de risco de erosão em APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe Área (ha) Área (%)
Muito Baixo 1314,1 56,3
Baixo 125,2 5,4
Médio 222,4 9,5
Alto 80,9 3,5
Muito Alto 590,1 25,3
Total 2332,7 100,0
PRADO (2005) estimou em 29,65 Mg.ha-1
.ano-1
a perda de solo na bacia considerando
o uso e ocupação do Diagnóstico Agroambiental para Gestão e Monitoramento da bacia do rio
Jundiaí-Mirim (MORAES et al., 2002), ao considerar o mesmo uso e ocupação porém com a
APP preservada, a perda de sedimentos foi estimada em 8,70 Mg.ha-1
.ano-1
. Segundo
BERTONI E LOMBARDI NETO (1990), outro fator tão importante quanto a mata ciliar, é
que sua presença aumenta a rugosidade da superfície da bacia, aumentando o tempo de
permanência da água na superfície do solo, aumentando sua infiltração.
4.1.1.6 Capacidade de sustentação da vegetação nativa (CAPUSO)
A carta indicadora capacidade de sustentabilidade da vegetação nativa com os
respectivos pesos para a aplicação da análise multicriterial é apresentada na figura 15, onde
61,8 % da APP se encontram nas classes VII e VIII de capacidade de uso e ocupação das
terras.
Considerando as características de solo e relevo, as classes VII e VIII de capacidade
de uso e ocupação das terras, quando comparadas às demais, apresentam maiores limitações
para o desenvolvimento da vegetação nativa. Por outro lado, as classes II e III apresentam
melhores características de solo e relevo e podem ser consideradas mais favoráveis a
sustentação da vegetação nativa. GALINDO et al. (2008) observou que solos pouco
profundos, com impedimento físico, baixa permeabilidade, elevado teor de Na contribuem
para dificultar a regeneração e o desenvolvimento das plantas, particularmente das espécies
lenhosas de porte alto.
A classe Va situa-se em zonas aluviais e em constante processo de inundação, ou seja,
são áreas de grande importância entre as demais áreas de manancial, porém devido a maior
63
dificuldade para o restabelecimento da vegetação, estas receberam prioridade média.
Figura 15 - Carta indicadora da capacidade de sustentação da vegetação nativa na APP da
bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
4.1.1.7 Ordem dos canais de drenagem (ORDEM)
A figura 16 representa a carta indicadora de APP em função da ordem dos canais de
drenagem, assim como os pesos para posterior aplicação da análise multicriterial. Nesta carta
51,1% da área encontra-se em canais de primeira ordem segundo metodologia de
STRAHLER (1952).
Os canais de primeira ordem são primordiais para a conservação dos recursos hídricos,
geralmente são pequenos córregos diretamente ligados as nascentes. A ocupação irregular da
APP tem uma concentração de 54 % nos canais de primeira ordem e sua poluição significa
comprometer um curso de água desde sua fonte.
64
Figura 16 - Carta indicadora de classificação da APP segundo sua hierarquia fluvial na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP.
4.1.1.8 Categoria das áreas de preservação permanente (CATEAPP)
A carta indicadora de categoria de área de preservação permanente é apresentada na
figura 17, assim como os pesos atribuídos para análise multicriterial. Nesta bacia 55,3 % da
APP está ao entrono de cursos d’água e 20 % ao entorno de lagos. Estas também são as áreas
com maior porcentagem de APP degradada pela ocupação irregular, 7,3 % para rios e 3,2 %
para lagos.
As cabeceiras são áreas onde ocorre o afloramento do aquífero e nascimento do rio,
são áreas muito sensíveis e em sua grande maioria estão localizadas em relevo acidentado,
com maior suscetibilidade aos processos erosivos. Observa-se grande número de nascentes na
bacia e sua priorização está diretamente relacionada a proteção do “olho d`água” pois sua
degradação pode comprometer toda a jusante do curso de água. Em função de sua
importância, a legislação ambiental atribui um raio de proteção maior para estes locais.
65
Figura 17 - Carta indicadora da categoria de APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
4.1.1.9 Aplicação da análise multicritério
Após a aplicação da análise multicriterial Programação por Compromisso e nova
normatização de valores entre 0 a 1 (Tabela 7), o cenário de APP foi estratificado em cinco
ambientes com diferentes prioridades de recuperação ambiental como apresenta a Figura 18.
Esta carta permite e serve de subsídio para a definição de estratégias especificas para
atuação na bacia hidrográfica, desde a definição de políticas para gestão como na atuação
direta de recuperação. As diferentes classes de prioridade também representam o nível de
pressão nestes locais, indicando se as técnicas de recuperação podem ser mais simples ou não.
Como a carta de prioridades esta vinculada a coordenadas, outros fatores como acessibilidade
e proximidade de viveiros para mudas devem também ser considerados para recuperação da
APP.
A visita de campo é imprescindível na definição de estratégias de recuperação e uma
vez que todas as células apresentam coordenadas, estes locais podem ser visitados. A
66
distribuição de áreas por classe é apresentada na tabela 20.
Figura 18 - Carta de prioridade de recuperação de áreas de preservação permanente na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Tabela 20 - Distribuição de área por classe de prioridade de recuperação da APP na bacia do
rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe Área (ha) Área (%) Peso
Muito Baixa 80,7 7,4 0 a 0,2
Baixa 237,3 21,8 0,2 a 0,4
Média 426,5 39,1 0,4 a 0,6
Alta 253,4 23,2 0,6 a 0,8
Muito Alta 92,3 8,5 0,8 a 1,0
Total 1090,1 100,0
A figura 19 representa uma hierarquização das sub-bacias segundo a prioridade de
67
recuperação da APP considerando-se as áreas com prioridade “Muito Alta”. As sub-bacias
que apresentam piores condições são: Horto, Córrego da Ponte Alta, Outra, Jundiaí-Mirim da
Calha e Represa Nova. Porém uma atenção especial deve ser dirigida a sub-bacia Córrego da
Ponte Alta, que possui 38,8 ha com “Alta” prioridade de recuperação, assim como nas sub-
bacias do Córrego do Perdão, Córrego da Roseira e Ribeirão do Tanque que apresentam área
próxima ou superior a 20 ha com “Alta” prioridade de recuperação.
Figura 19 - Áreas por sub-bacia na classe de prioridade “Muito Alta” e “Alta” para
recuperação de APP na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Os usos pastagens e reflorestamento predominaram na classe de prioridade “Muito
alta” com respectivamente 52,5 e 20,3 % de ocupação, assim como na classe de prioridade
“alta” para recuperação, com respectivamente 69,2 e 17,6 %.
Na APP com cobertura do solo por pastagem e sob influência do raio de 50 metros de
distância de fragmentos, geralmente, as classes tenderam para “Alta” e “Muito alta”
prioridade de recuperação, isso quando distante do raio de influência de 200 m de núcleos
urbanos e malha viária. Quando sob influência de ambas condições, a APP com cobertura de
pastagem e sob influência do raio de 50 m de fragmentos, foi classificada em “Média”
prioridade para recuperação. Apesar de ser um uso menos intensivo do solo e de menor
prioridade para recuperação dentro da carta indicadora de uso do solo, o reflorestamento
predominou em várias classes de prioridade de recuperação devido a alta proporção deste uso
05
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ho
Taru
ma
ha
Muito Alta
Alta
68
na bacia, assim como a sensível situação que estes locais se encontram. Os usos agrícolas
mais intensos como culturas anuais e fruticultura predominaram na classe de baixa prioridade
de recuperação ambiental.
Neste trabalho os indicadores utilizados para a priorização de recuperação da APP
também representam pressões ou características favoráveis a sua recuperação, e precisam ser
analisados antes que ações de recuperação sejam implementadas.
Não existem metodologias exatas e elaboradas que garantam sucesso a um processo de
recuperação ambiental, cada caso tem suas peculiaridades e necessitam de diferentes
estratégias para contornar os problemas encontrados. Alguns fatores são primordiais para a
restauração de uma área degradada, primeiramente deve-se avaliar seu potencial de
recuperação, em segunda instância devem ser definidas as estratégias de recuperação e por
fim, a implantação de políticas de educação ambiental e programas públicos de conservação e
monitoramento para que os problemas de degradação não sejam reincidentes.
O primeiro ponto a ser analisado em um processo de recuperação de uma área é a
avaliação das pressões externas. Quando as pressões são maiores que a capacidade de
resiliência do ambiente, este perde sua capacidade de recuperação natural, necessitando-se
que a fonte de pressão seja extinta ou atenuada para que ocorra sua recuperação. Porém
quando os impactos são muito intensos e se perpetuam por longos períodos, e levam o
ambiente a níveis muito baixos de biodiversidade, até mesmo sua resiliência é afetada. Nesta
situação, faz-se necessária a intervenção não apenas para atenuar às pressões externas, mas
também para corrigir os problemas de degradação e recuperar o local a condições mínimas
que garantirão o desenvolvimento de plantas.
Várias são as alternativas na literatura, porém o primeiro passo para recuperação de
uma área é estabelecer as ações que aproveitem o potencial de auto-recuperação existente, ou
que possam ser fornecidas pelos ecossistemas do entorno. KAJEYAMA & GANDARA
(2001) observam que a ocorrência de banco de plântulas e banco de sementes que podem
servir como fonte de propágulos para a área a ser recuperada, determinam o grau de
intervenção e o sistema de recuperação a ser adotado.
Em áreas onde exista um potencial relevante de auto-recuperação as ações de
intervenção consistem basicamente em isolar a área dos fatores perturbadores com a
construção de cercas e aceiros na busca dificultar ou impedir o trafego de pessoas e animais e
reduzir o risco de incêndio. Não se faz inicialmente o plantio de mudas de espécies nativas,
mas sim ações que induzam a expressão desse potencial de regeneração. Essas ações
envolvem a proteção, indução e condução da regeneração natural, e são avaliadas e
69
monitoradas ao longo do tempo, de maneira a sustentar a decisões posteriores que podem
implicar na necessidade ou não de ações de preenchimento (nos trechos que por algum motivo
não se regeneram naturalmente) e enriquecimento (introdução de novas espécies visando o
aumento da diversidade florística e genética) da área em processo de restauração, usando
mudas ou mesmo sementes.
Aproximadamente 472 dos 1090,1 ha da bacia hidrográfica que apresentam
necessidade de recuperação estão situados próximos a fragmentos florestais tem possibilidade
de serem restaurados por processo de “regeneração natural”.
O segundo passo consiste em iniciativas de restauração que resultem na reconstrução
de uma floresta com elevada diversidade, priorizando-se o uso de espécies adaptadas ao local.
Para isso são usadas outras estratégias de restauração além do plantio de mudas, como o
transplante de plântulas alóctones (oriundo de outras áreas), de mudas comerciais, uso de
espécies atrativas da fauna (poleiros naturais), poleiros artificiais, semeadura direta (plantio da
semente) para ocupação e enriquecimento de áreas, dentre outras que garantam o resgate não
só de espécies arbóreas, mas também de outras formas de vida (ATTANASIO et al., 2006).
A implantação de espécies arbóreas é um procedimento que permite pular as etapas
iniciais da sucessão natural, onde surgem primeiramente espécies herbáceas e gramíneas que
enriquecem o solo com matéria orgânica e alteram suas características, permitindo o
aparecimento de indivíduos arbustivo-arbóreos. Na implantação florestal esta etapa inicial é
eliminada, plantando-se mudas de espécies arbóreas e arbustivas, num solo previamente
corrigido e preparado. O preparo do solo, tanto químico como físico é fundamental para o
sucesso da restauração. No plantio heterogêneo com espécies nativas regionais a implantação
dos espécimes arbustivo-arbóreos pode ocorrer de forma simultânea, possibilitando a
acomodação tanto de espécies pioneiras, quanto de não-pioneiras. Estas ações seriam as mais
indicadas para a recuperação de áreas com prioridade média de recuperação da APP.
O terceiro passo está relacionado a se constituir um programa ambiental, incorporando
esta variável à população que vive próxima a APP, inibindo assim que outras ações de
degradação perpetuem ou voltem a ressurgir. Estas ações aliadas as de monitoramento,
garantem o sucesso e a efetivação das ações de restauração, além é claro da racionalização do
uso dos recursos e diminuição da perturbação das áreas ciliares restauradas.
A legislação aborda normas e procedimentos para a recuperação de áreas perturbadas,
como a Instrução Normativa Nº 5, de 8 de Setembro de 2009 (MMA) que dispõe sobre os
procedimentos metodológicos para restauração e recuperação das Áreas de Preservação
Permanentes e da Reserva Legal. Para o estado de São Paulo, a Resolução SMA 47 de
70
26/11/2003, que altera e amplia a Resolução SMA21/01, fixa orientações para o
reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas, determinando a implantação de no mínimo,
80 espécies em áreas com maiores que 1 ha, visando garantir uma biodiversidade que
possibilite a sustentabilidade da floresta implantada.
Qualquer forma de utilização ou degradação de APP é considerada crime. A Lei de
crimes ambientais Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Apesar da
existência, a lei não é cumprida e a APP continua sendo degradada, cabe ao poder público e
respectivos órgãos fiscalizadores, não somente aplicar as sansões pertinentes, mas impedir a
ocupação destas áreas. Isso não é uma situação isolada e verificada apenas nessa bacia, mas
de uma forma geral nos municípios de todo país. Isso denota um problema de ordem de
Política Ambiental na esfera municipal, estadual e federal, onde a falta de planejamento
regional voltada às preocupações ambientais traduz nas ocupações irregulares e permissivas
destas áreas.
4.1.2 Critérios para estratificação e classificação de Fragmentos Florestais
Figura 20 - Fragmentos florestais e áreas urbanizadas na bacia do rio Jundiaí - Mirim, SP.
71
A figura 20 representa a distribuição espacial das classes de fragmentos florestais da
bacia hidrográfica onde também é possível observar que os maiores fragmentos e a maior
proporção de vegetação se encontram distantes dos grandes núcleos urbanos.
Os fragmentos florestais representam áreas de vegetação nativa, onde o processo de
urbanização ou a agropecuária ainda não se estabeleceu. Correspondem a 2953,84 ha dos
11750 ha da bacia hidrográfica, ou seja, 25,1% de sua área. A vegetação total da bacia é
pouco superior à requerida para APP (19,9 %), considerando a necessidade de reserva legal, a
bacia não atende aos requisitos estabelecidos pela legislação.
4.1.2.1 Proximidade de áreas urbanas (PROXURB)
A figura 21 representa a carta indicadora de proximidade a ocupação urbana, onde
pesos são atribuidos em relação às distâncias e representam a pressão da zona urbana sobre o
fragmento.
Figura 21 - Carta indicadora de proximidade de fragmentos florestais à área urbanas, na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP.
72
A proximidade de áreas urbanas está diretamente relacionada à pressões de
crescimento imobiliário e também perda de qualidade ambiental por efeito de borda,
concentração de poluentes do ar, tráfego intenso de pessoas, introdução de espécies exóticas,
depósito de lixo, risco de incêndio, etc. Na carta é possivel observar que o crescimento de
bairros, tende a unir as zonas urbanas, transformando os maciços florestais em pequenos
bosques onde o efeito de borda e pressões do meio externo são intensificadas, levando perda
da característica de vegetação natural. Uma solução para estas áreas é o planejamento da
ocupação, com a criação de áreas verdes, assim como programas de educação ambiental e
concientização comunitária nos bairros próximos aos fragmentos.
4.1.2.2 Proximidade em relação à malha viária (PROXVIAS)
A figura 22 representa a pressão advinda de estradas e caminhos sobre os fragmentos
florestais, estas vias além de fragilizar a vegetação remanescente por fragmentação e aumento
do efeito de borda, facilitam a dispersão de agentes patogênicos, contaminação biológica,
incremento na mortalidade da fauna devido ao tráfego de veículos (GOOSEM, 1997), além de
facilitar a dispersão de fogo e acesso para a caça.
Figura 22 - Carta indicadora de proximidade de fragmentos florestais à malha viária, na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP.
73
A bacia hidrográfica se encontra em uma zona de intenso processo de urbanização na
qual as vias de transporte interligam todos os extremos. As estradas são a principal fonte de
fragmentação das florestas, por sua vez, a fragmentação está diretamente relacionada ao
aumento do efeito de borda nos fragmentos, causando alteração da luminosidade, temperatura
e transpiração pelo aumento de vento. Estas modificações podem prejudicar algumas espécies
vegetais e favorecer outras, como é o caso das lianas, que podem ser observadas em
abundância sob os fragmentos florestais da bacia hidrográfica (Figura 23), apesar de se
desenvolver melhor a borda dos fragmentos (PUTZ, 1984) e até formarem uma proteção
diminuindo o efeito de borda (RICHARDS, 1952), as lianas passam a dominar a copa das
árvores levando-as ao tombamento (PUTZ, 1984).
Figura 23 - Fragmento florestal coberto por lianas (Foto: AFONSO PECHE FILHO).
4.1.2.3 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da vegetação nativa (CAPUSO)
As espécies vegetais quando se desenvolvem pela seleção do ambiente, naturalmente
estão adaptadas ao local, porém quanto melhores as condições do solo como fertilidade e
74
disponibilidade de água, maior a resiliência da vegetação e sua capacidade de suportar as
pressões externas.
Na figura 24 é possível observar a carta indicadora de capacidade de sustentação da
vegetação e os respectivos pesos. Na bacia hidrográfica, 72,5 % dos fragmentos pertencem às
classes VII e VIII de capacidade de uso das terras, ao se comparar estes fragmentos com
outros sob a classe II, aqueles apresentam menor capacidade de recuperação caso algum
problema ambiental ocorra. Esta predominância nas classes VII e VIII pode ser explicada pela
tendência da ocupação de áreas melhores, usualmente destinadas a usos de maior
rentabilidade; no caso da agricultura as áreas mais férteis são destinadas ao cultivo enquanto
as de menor potencial produtivo usualmente são deixadas como reserva em forma de
fragmentos florestais.
Figura 24 - Carta indicadora da capacidade de suporte ao desenvolvimento da vegetação
nativa, na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
4.1.2.4 Uso do solo no entorno dos fragmentos florestais (BORDA)
75
A figura 25 representa a carta indicadora de pressão em 30 m para dentro da borda dos
fragmentos florestais, onde locais com pressões maiores, receberam pesos menores devido a
menor qualidade ambiental. As cartas de proximidade de vias de transporte e áreas urbanas
representam as pressões da influência antrópica direta na borda de fragmentos, por outro lado
a carta de uso do entorno busca representar as pressões antrópicas indiretas somada as
variações de microclima.
Figura 25 - Carta indicadora da pressão borda adentro dos fragmentos florestais, segundo o
uso e ocupação das terras na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Nesta carta indicadora os usos considerados de maior pressão de entorno como o
urbano, recebem pesos menores devido a pior qualidade ambiental. Estas perturbações de
borda seguem a proporção de uso e ocupação do solo em toda a bacia, onde os fragmentos
têm como principais vizinhos as pastagens, reflorestamentos e loteamentos.
Cada tipo de ocupação acarreta em alterações e pressões tanto pontuais como no
entorno, modificando as características naturais do ambiente. Independente das pressões
antrópicas, a borda dos fragmentos possui características diferentes do interior, pois sofre
alterações bióticas e abióticas como luminosidade, temperatura, umidade da borda,
76
competição entre espécies e polinização (MURCIA, 1995), além destas, o uso do solo em seu
entorno pode causar maiores perturbações devido a concentração de poluentes do ar e solo,
tráfego de pessoas, deposito de lixo ou deriva de defensivos agrícolas. Estas interferências são
mais intensas da borda para o interior dos fragmentos florestais (SANTOS, 2004).
O efeito de borda é a principal consequência da fragmentação da vegetação e segundo
NASCIMENTO & LAURANCE (2006) atua como o principal mecanismo que leva às
mudanças da estrutura e dinâmica florestal. Um fragmento florestal estará sujeito a maiores
ou menores pressões em função da intensidade de uso do solo em seu entorno (VIANA &
PINHEIRO, 1998).
4.1.2.5 Intensidade de fragmentação da vegetação nas sub-bacias (IF)
A figura 26 representa a carta indicadora de intensidade de fragmentação da vegetação
nativa e os respectivos pesos, que serão atribuídos apenas aos fragmentos florestais na
aplicação da análise multicriterial.
Figura 26 - Carta indicadora da intensidade de fragmentação da vegetação nativa, na Bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP.
77
A fragmentação da vegetação está diretamente relacionada ao aumento do efeito de
borda, diminuição do tamanho e consequentemente a perda de biodiversidade dos fragmentos
(MMA/SBF, 2003).
Para este indicador considera-se a melhor condição ambiental aquela em que a sub-
bacia apresenta o menor número de fragmentos, seguindo uma lógica de que a condição
ambiental ideal seria aquela em que toda a vegetação natural se concentrasse em um único
fragmento da sub-bacia. Foram identificados 474 fragmentos em toda a bacia, as sub-bacias
que apresentam menor fragmentação florestal são Tarumã, Ribeirão dos Soares e Horto,
enquanto a pior condição é encontrada na Represa Nova que tem como principal classe de
ocupação das terras o Reflorestamento de Eucalipto (27,3 %) e Córrego do Caxambuzinho
que tem como principal classe de ocupação das terras a Mineração (25,2 %).
4.1.2.6 Índice de cobertura vegetal remanescente (CV)
A carta indicadora do índice de cobertura vegetal remanescente é apresentada na
figura 27, assim como a escala de pesos atribuídos a cada sub-bacia. Na aplicação da análise
multicriterial estes valores serão atribuídos apenas aos fragmentos florestais.
Figura 27 - Carta indicadora do índice de cobertura vegetal remanescente na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP.
78
Os valores próximos a 1 representam melhor qualidade ambiental por maior área de
vegetação em cada sub-bacia. A melhor condição é a da sub-bacia Ribeirão dos Soares
seguida do Ribeirão do Tanque (Tabela 21). Observando a carta indicadora estas sub-bacias
apresentam grandes maciços de vegetação, esta região tem uso predominantemente agrícola
com pastagens e silvicultura. Também é possível observar que o índice de cobertura vegetal
diminui em direção as áreas mais urbanizadas como ocorre no oeste da bacia hidrográfica. As
piores condições são encontradas no Horto e Tarumã, que são sub-bacia mais próximas ao
centro urbano da cidade de Jundiaí. A sub-bacia Horto tem como principal classe de ocupação
do solo os pastos sujos, que ocupam 34,1 % de sua área e a sub-bacia Tarumã tem como
principal classe de ocupação do solo áreas urbanas, que ocupam 25,4 % de sua área.
Tabela 21 - Vegetação remanescente por sub-bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Sub-Bacia Área (ha) Área (%)
Ribeirão dos Soares 529,2 47,2
Ribeirão do Tanque 435,5 35,5
Córrego Caxambuzinho 71,7 31,4
Jundiaí-Mirim Calha 290,6 30,7
Córrego da Roseira 283,8 29,5
Ribeirão da Toca 101,3 26,4
Represa Nova 42,1 26,1
Córrego do Perdão 348,9 25,2
Escada Dissipação 254,7 24,6
Córrego Albino 69,8 24,2
Parque Centenário 51,0 19,4
Córrego do Areião 99,9 17,9
Pinheirinho 74,2 16,0
Córrego Ponte Alta 145,6 14,4
Caxambu 84,3 12,8
Córrego Ananás 28,6 12,6
Horto 19,8 6,2
Tarumã 22,6 6,1
Total 2953,8
79
4.1.2.7 Tamanho do Fragmento (TAMANHO)
A figura 28 representa a carta indicadora de tamanho de fragmentos florestais e seus
respectivos pesos. Existe uma forte correlação entre tamanho da área e diversidade de
espécies, fragmentos muito pequenos não possuem integridade ecológica para manter
populações viáveis de espécies que ocupam naturalmente hábitats maiores (PIRES et al.,
2004; PRIMACK & RODRIGUES. 2001).
Figura 28 - Carta indicadora de tamanho dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
Segundo AGUILAR & GALETTO (2004) fragmentos menores que 14 ha apresentam
alto risco de degradação devido a incapacidade de reprodução e eventual extinção de algumas
populações vegetais. Para este indicador considerou-se como condição ideal fragmentos
maiores que 20 ha, ao observar a tabela 22 apenas 3,7 % dos fragmentos se enquadram nesta
condição. A classe de fragmentos menores que 0,5 e 1 ha representam a maior proporção de
fragmentos (58,8 %).
80
A região é constituída por pequenas propriedades rurais (chácaras) e grandes áreas
urbanas onde esse processo de fragmentação é comum, pois o produtor retira a vegetação
nativa das áreas mais planas para o cultivo, deixando apenas as encostas íngremes e pequena
faixa junto aos rios. Porém a urbanização é a principal responsável pelos fragmentos menores
que 0,5 ha, que são reduzidos a pequenos bosques em praças e parques.
Tabela 22 - Proporção de fragmentos florestais em relação a seu tamanho na bacia do rio
Jundiaí-Mirim.
Classe Área (ha) (%)
Muito ruim < 0,5 42,1
Ruim 0,5 - 1 16,6
Regular 1 - 5 28,4
Bom 5 - 20 9,2
Ideal > 20 3,7
As diferentes espécies de insetos, aves, mamíferos e árvores possuem necessidades
diversas quanto ao tamanho da área, apenas dois fragmentos da bacia apresentam área
superior a 100 ha, um com 248,52 ha e outro 1036,53 ha. Algumas populações de animais
silvestres conseguem se manter em fragmentos de tamanho reduzido ou permanecem isoladas
nestas áreas (LAURANCE & BIERREGAARD Jr, 1997). Fragmentos pequenos tem grande
importância como trampolim ecológico principalmente para espécies de grande mobilidade
como aves e grandes predadores. Segundo BELOVSKY (1987) apud CALDAS (2006)
apenas fragmentos superiores a 1000 ha tem a capacidade necessária para suportar uma
população mínima de mamíferos.
4.1.2.8 Índice de borda (InB)
A figura 29 representa a carta indicadora do índice de borda e seus respectivos pesos.
Valores próximos a 1 representam fragmentos arredondados e quanto menor o índice mais
alongados ou sinuosos são os fragmentos.
Nesta carta os grandes fragmentos florestais chamam a atenção devido ao alto efeito
de borda que é representado pela coloração vermelha. Apesar de algumas sub-bacias como a
do Ribeirão dos Soares apresentarem grandes maciços florestais, maior cobertura vegetal
81
remanescente e menor fragmentação, estes se encontram com alto índice de borda.
A área e o perímetro dos fragmentos determinam o grau do efeito de borda sobre cada
fragmento e a maior ou menor influência dos fatos externos sobre sua biodiversidade, quando
a forma de um fragmento difere muito de uma forma circular o fragmento tem maior
susceptibilidade às pressões externas.
Segundo o Código Florestal um rio de 10 m de largura deve apresentar 30 m de
vegetação em cada lado da margem, considerando um efeito de borda de 30 m, toda a APP da
bacia estaria sobre intensa pressão de bordadura.
Figura 29 - Carta indicadora do índice de borda dos fragmentos florestais na bacia do rio
Jundiaí-Mirim, SP.
Observa-se que os fragmentos pequenos apresentam forma mais próxima do ideal.
Apesar da grande área ocupada por fragmentos com alto efeito de borda, 56 % deles
apresentam baixo efeito de borda por este indicador, como é possível observar nas classes
“Bom” e “Ideal” de InB (Tabela 23).
82
Tabela 23 - Proporção de ocorrência da quantidade de fragmentos florestais dentro das
classes de índice de borda, na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe InB (%)
Muito ruim < 0,2 0,9
Ruim < 0,4 11,1
Regular < 0,6 32,0
Bom < 0,8 33,7
Ideal >0,8 22,3
4.1.2.9 Conectividade (CONECT)
Figura 30 - Carta da conectividade entre fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-Mirim,
SP.
A figura 30 representa a carta de conectividade dos fragmentos florestais, aqueles que
não atenderam o critério de 350 m de proximidade (PIRES et al., 2004), foram considerados
83
isolados e receberam peso zero. O grau de isolamento dos fragmentos não ocorre apenas pela
distância entre os mesmos, mas também pelo tipo de uso e ocupação das terras no seu
entorno. Quanto maior o contraste entre a estrutura dos fragmentos e a vizinhança, maior a
dificuldade do fluxo de organismos, sementes e grãos de pólen na paisagem (METZGER,
2008).
Dos 7 fragmentos considerados isolados todos tem como principal vizinhança áreas
urbanas. Estas apresentam características físicas completamente distintas do fragmento,
dificultando ou impedindo o trafego de organismos. Apenas um fragmento na sub-bacia do
Córrego do Perdão, também faz vizinhança com reflorestamento de eucalipto, fator que pode
funcionar como um corredor ecológico e ajudar este fragmento a manter certo fluxo gênico de
espécies até os fragmentos mais próximos.
Os demais fragmentos isolados se concentram na parte sudoeste da bacia e tem grande
possibilidade de serem tomados pela expansão urbana, ou degradados pelo isolamento. Em
áreas urbanas é praticamente impossível a formação de corredores de vegetação até
fragmentos vizinhos.
4.1.2.10 Aplicação da análise multicritério
Dos 10 questionários enviados aos analistas, 6 enviaram suas sugestões de pesos. O
tratamento das médias tendeu a expurgar valores próximos a moda. Os pesos atribuídos
variaram entre 1 para a menor importância e 5 para a maior importância. Tomando-se como
referência o desvio padrão 1, que representa 20 %, observa-se que 4 dos 9 critérios
apresentaram elevado desvio padrão (Tabela 24).
Desvios elevados significam diferenças de opinião entre os especialistas em relação ao
critério. O caso marcante foi em relação ao indicador de “Intensidade de fragmentação da
vegetação nas sub-bacias”, no qual um dos especialistas atribuiu peso 0, enquanto que os
outros atribuíram pesos maiores que 4. Pode-se interpretar esta diferença a uma interpretação
incorreta do critério ou ao seu não entendimento pelo especialista. Casos como este chamam a
atenção do tomador de decisão, sugerindo a necessidade de sua interferência. O uso da média
expurgada, como descrito nos métodos deste trabalho, reduziu as variações nas opiniões dos
especialistas, reduzindo os desvios.
O uso da média expurgada, contudo, não atenua efeitos relativos a uma possível
interpretação equivocada do critério pelos especialistas. Nesse momento, a experiência do
84
tomador de decisão é importante – e deve ser utilizada – para realizar esse julgamento, já que
não necessariamente a maioria (das respostas dos especialistas) pode estar correta. Entretanto,
os valores expurgados e normatizados coincidiram com os resultados esperados e não foram
alterados.
Tabela 24 - Análise dos pesos atribuídos pelos especialistas, para critérios para avaliação da
qualidade ambiental dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Critério Especialistas
Média DP Média
Expurgada
Valores
Normatizados Pesos*
Proximidade de áreas urbanas 3 4 5 3 3 3 3,50 0,84 3,20 0,099
Proximidade em relação à malha viária 3 4 3 3 5 2 3,33 1,03 3,25 0,101
Capacidade de suporte ao
desenvolvimento da vegetação nativa 1 2 2 4 2 2 2,17 0,98 2,00 0,062
Uso do solo no entorno dos fragmentos
florestais 4 5 4 3 5 4 4,17 0,75 4,25 0,132
Intensidade de fragmentação da
vegetação nas sub-bacias 4 4 4 0 5 3 3,33 1,75 4,00 0,124
Índice de cobertura vegetal remanescente 3 4 3 3 4 3 3,33 0,52 3,25 0,101
Tamanho do Fragmento 4 5 5 4 5 2 4,17 1,17 4,60 0,142
Índice de borda 4 4 4 3 5 1 3,50 1,38 3,75 0,116
Conectividade 4 5 4 4 5 4 4,33 0,52 4,00 0,124
* Pesos atribuídos pelos especialista consultados para definição do grau de importância de cada
indicador para aplicação da AMC.
Em relação aos pesos resultantes dos questionários observa-se que o indicador de
“Tamanho do fragmento” obteve maior importância. O segundo indicador na ordem de
importância foi o “uso do solo no entorno dos fragmentos” que obteve menor desvio padrão,
isto indica o consenso dos analistas em relação a sua importância para a qualidade ambiental
dos fragmentos. Essas opiniões corroboram com o fato de que as pressões externas por
fragmentação e exposição de borda são a principal fonte de degradação dos fragmentos
florestais, e também que estes precisam de uma área mínima para manutenção de sua
sustentabilidade.
O critério “Intensidade de fragmentação da vegetação nas sub-bacias” foi o que sofreu
maior divergência de opiniões entre os especialistas devido a uma atribuição de peso zero. O
85
indicador que recebeu menor peso entre os especialistas foi “Capacidade de suporte ao
desenvolvimento da vegetação nativa”, talvez este critério recebeu o menor peso devido a
conhecida adaptabilidade da vegetação as condições do meio.
Com a aplicação da análise multicriterial (Equação 7), posterior normatização e
estratificação (Tabela 11) dos valores em cinco classes, obteve-se a carta de qualidade
ambiental dos fragmentos florestais (Figura 31). Mesmo com alto índice de borda, as
melhores condições ambientais para os fragmentos florestais ocorreram apenas no centro dos
grandes maciços de vegetação. O indicador de “proximidade de malha viária” alterou de
“Muito Alta” para “Alta” a qualidade de uma larga faixa de borda dos fragmentos maiores
que 20 ha, e de “Alta” para “Média” em fragmentos de 5 a 20 ha. A distância de áreas urbanas
também é determinante na ocorrência destas classes de qualidade, apesar do indicador ter
recebido um dos menores pesos para aplicação da análise multicritério, a urbanização está
diretamente relacionada a outros fatores de pressão como a intensidade de fragmentação,
cobertura vegetal remanescente, tamanho de fragmentos e maior malha viária.
Figura 31 - Carta de qualidade ambiental dos fragmentos florestais na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
86
Diferente da sub-bacia do Ribeirão do Soares, a sub-bacia Jundiaí-Mirim Calha
apresenta um grande fragmento em sua parte leste, que devido sua proximidade com a zona
urbana tem a classe “Média” de qualidade como predominante, e a classe “Baixa” em suas
partes mais fragmentadas.
A classe de qualidade “Muito Baixa” ocorreu principalmente em fragmentos menores
que 0,5 ha e na borda de fragmentos “Baixa” qualidade ambiental. A análise desta carta
indicadora evidenciou a relação entre a proximidade de zonas urbanas com a baixa qualidade
ambiental dos fragmentos.
A distribuição de áreas por classe é apresentada na tabela 25, onde 28,8 %
apresentaram qualidade “Muito Baixa” e “Baixa”. Em um plano de gestão, este tipo de
informação auxilia a estabelecer limites de controle perante a necessidade de intervenção para
recuperação ambiental, assim como a priorização de ações em várias escalas, desde a
manutenção das melhores condições, até a recuperação ambiental das piores áreas.
Tabela 25 - Distribuição de área por classe de qualidade ambiental dos fragmentos
florestais na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classe Área (ha) Área (%)
Muito Baixa 246,3 8,5
Baixa 613,9 21,3
Média 924,2 32,0
Alta 659,1 22,9
Muito Alta 441,23 15,3
Total 2884,8 100,0
A figura 32 representa uma hierarquização das sub-bacias segundo proporção de áreas
na classe “Muito Alta” e “Alta” de qualidade ambiental dos fragmentos. As melhores
condições foram encontradas na sub-bacia Ribeirão dos Soares e Ribeirão do Tanque, que
possuem 92 % e 54 % de sua área na classe “Muito Alta” e “Alta”. Estas informações
ressaltam a importância da criação de unidades de conservação para proteção de extensas
áreas. As piores condições ocorreram na sub-bacia Córrego do Ananás onde predomina a
ocupação por Loteamentos, seguida da sub-bacia Horto e Represa Nova onde predomina a
ocupação por Pastagens. As piores condições de qualidade dos fragmentos acompanham a
diminuição da área de fragmentos florestais por sub-bacia, como no caso do Córrego do
87
Ananás, Horto e Represa Nova que possuem respectivamente 95 %, 76% e 69% de suas áreas
nas classes de qualidade “Baixa” e “Muito Baixa”.
Figura 32 - Ordem das sub-bacias por quantidade de áreas nas classes “Muito Alta” e “Alta”
de qualidade ambiental dos fragmentos nas bacias do rio Jundiaí-Mirim, SP. Gráfico “A” em
escala de 0 a 350 ha e gráfico “B” em escala de 0 a 60 ha.
Se os distúrbios ou fatores de degradação permanecerem, como é o caso da maioria
dos fragmentos analisados, existe grande tendência da redução da qualidade ambiental destes
locais, resultando em uma degradação gradual que fatalmente alterará suas características
0
50
100
150
200
250
300
350
ha Muito Alta
Alta
Média
Baixa
Muito Baixa
0
10
20
30
40
50
60
ha
Muito Alta
Alta
Média
Baixa
Muito Baixa
Gráfico B
Gráfico A
88
naturais, ou substituição por outro tipo de ocupação da terra.
PRADO (2005), ao comparar a evolução da ocupação da bacia do rio Jundiaí-Mirim,
observou uma redução de 57% na área de mata em estágio médio entre os períodos de 1972 e
2001. A autora também ressalta uma redução de 23% das áreas de mata ciliar por outros usos,
e aponta as atividades agrícolas de pastagens e silvicultura como a principal causa de
desmatamentos, assim como a expansão dos loteamentos.
Estas pressões favorecem a degradação dos fragmentos principalmente pela instalação
de espécies oportunistas e com alto potencial competitivo, como é o caso das lianas, que
tendem a se desenvolver rapidamente acelerar degradação do ecossistema. Vários dos
fragmentos da bacia apresentam necessidade de intervenção para controlar as lianas, porém
está é uma medida paliativa, pois logo elas voltarão a se desenvolver e prejudicar os
fragmentos, além de gerar elevadas receitas caso se opte por um manejo de corte.
As informações disponíveis neste trabalho possibilitam a compreensão da situação das
condições de preservação dos fragmentos e servem de subsidio para sua gestão, a carta
indicadora, ao representar qualidade ambiental, também exemplifica as zonas de pressão nos
fragmentos. É também uma ferramenta para planejamento conservacionista da bacia
hidrográfica, e de definição de diretrizes e políticas que visem à preservação destes locais com
estratégias de manejo na busca de garantir sua preservação.
Os fragmentos florestais apresentam diversas funções ambientais onde se destacam a
biodiversidade, a influência sobre o clima, proteção do solo, zona de recarga de aquíferos,
redução da poluição sonora, sombra, alimentos e abrigos aos animais. Todas as suas funções
estão diretamente relacionas a qualidade de vida do homem, portanto a sua preservação é de
alto interesse público.
4.2 Análise dos ambientes de produção - Critérios para classificação e estratificação de
vinhedos.
As videiras ocupam 521,3 ha dos 11750 ha da bacia do rio Jundiaí-Mirim, ou seja,
4,4% de sua área. A figura 33 ilustra a distribuição de vinhedos que se concentram na sub-
bacia do Caxambu, Ribeirão da Toca, Córrego da Roseira, Escada da Dissipação e Córrego da
Ponte Alta.
A ocupação por vinhedos foi selecionada para o estudo de caso, por apresentar uma
importância econômica e histórica para a região, porém esta análise tem aplicabilidade em
89
qualquer outro uso agrícola da bacia hidrográfica.
Figura 33 - Vinhedos na bacia do rio Jundiaí - Mirim, SP.
4.2.1 Risco de erosão (RISCO)
As videiras apresentam um histórico de ocupação do solo em áreas de meia encosta e
maiores latitudes como nas regiões serranas de São Paulo e Rio Grande do Sul, características
típicas de zonas com alta susceptibilidade à erosão. A erosão é a principal causa de
degradação e redução do potencial produtivo do solo (BERTONI e LOMBARDI NETO,
2005).
Cerca de 290 ha (55,6%) dos vinhedos da bacia estão em áreas com declividade de 18
a 45 %. Este aspecto, aliado aos altos índices pluviométricos locais (entre 139 e 235 mm
mensais durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro), obrigatoriamente implicariam em
técnicas intensas de conservação do solo, porém isto não ocorre na bacia hidrográfica.
No período de inverno quando ocorre a diminuição dos índices pluviométricos as
práticas de conservação do solo devem ser mantidas. Dentre essas práticas destaca-se a
90
utilização de culturas de cobertura, pois as videiras perdem suas folhas e o solo fica
susceptível a chuvas de maior intensidade. Em Julho de 1995 e Novembro de 1978, foram
registradas chuvas de 60 e 138,4 mm respectivamente em Jundiaí (Estação meteorológica do
Centro de Fruticultura em Jundiaí, SP). As áreas mais susceptíveis são aquelas de solo menos
estruturado, mais raso e com alta declividade, estas áreas recebem os menores pesos na carta
indicadora do risco de erosão nos vinhedos (Figura 34).
Figura 34 - Carta indicadora do risco de erosão nos vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim,
SP.
Constatou-se que 84,3% das videiras se se encontram em declividades acima de 12%,
sendo isto um indicativo do alto índice de erosão das áreas além de dificultar operações com
máquinas e a implantação de terraços.
A base da conservação do solo na fruticultura consiste na adequação do local. A
drenagem superficial deve ser prioritária como forma do preparo do solo e instalação dos
talhões. O manejo que visa a infiltração e condução das águas de chuva começa no
conhecimento sobre o regime pluviométrico e na determinação da probabilidade de ocorrência
91
de chuvas máximas. Em locais com alta declividade o uso de terraços em patamares é
essencial, porém sozinho esta prática não controla a erosão, sendo necessária a adoção de
práticas complementares como caixas de infiltração, canais dissipadores e cobertura
permanente da superfície do solo, além da proteção dos canais de escoamento natural.
A sistematização e integração de técnicas conservacionistas são essenciais na
implantação de culturas perenes, pois na presença de problemas uma intervenção posterior se
torna mais complexa e onerosa.
Na tabela 26 observa-se que 61,5% dos vinhedos apresentam risco de perda anual de
solo superior a 10 vezes a tolerada, mostrando a importância de um planejamento e manejo
conservacionista adequado, assim como programas públicos conscientização e de incentivo a
conservação do solo.
Tabela 26 - Risco de erosão em vinhedos na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classes Área (ha) Área (%)
Muito Baixo 62,5 12,0
Baixo 13,4 2,6
Médio 65,3 12,5
Alto 59,9 11,5
Muito Alto 320,9 61,5
Total 521,9 100,0
Os vinhedos da bacia hidrográfica ocorrem predominantemente em Cambissolos e
Latossolos, com respectivamente 58 e 33 % de áreas. Estes solos apresentam características
distintas quanto a capacidade de infiltração da água, os Cambissolos encontrados são rasos e
com perfil pedológico pouco desenvolvido, levando em consideração o alto índice
pluviométrico, ocorrência de chuvas de alta intensidade e características de relevo, estes solos
tem alta susceptibilidade a erosão pois além da baixa capacidade de infiltração rapidamente
atingem a saturação. Neste momento ocorre a formação de enxurradas com grande energia e
capacidade de erosão.
SILVA et al., 2001 e SILVA et al., 2005 ao comparar perdas de solos em Cambissolos
e Latossolos encontraram valores de perda de solo até 62 vezes superiores para os
Cambissolos.
Os Latossolos apresentam maior capacidade de infiltração e perfil bem desenvolvidos,
92
essa velocidade de infiltração resulta em enxurradas de menor volume e força, já sua maior
profundidade proporciona maior volume de armazenagem, diminuindo os problemas de
erosão. Porém, este fator também pode ser um risco em regiões de maior declividade, uma
movimentação de massa neste solo pode resultar em grandes voçorocas.
Independente do tipo, deve preconizar-se a construção de um perfil cultural do solo
com alta capacidade de infiltração. Para isto, uma boa opção é a rotação de culturas com
gramíneas e leguminosas de rápido crescimento e sistema radicular vigoroso e profundo.
4.2.2 Capacidade de suporte ao desenvolvimento da cultura (CAPUSO)
O “sistema de capacidade de uso das terras” (LEPSCH et al., 1983) fornece
informações imprescindíveis para o planejamento conservacionista dos vinhedos, como a de
profundidade efetiva do solo. Na bacia hidrográfica, 54,8 % dos vinhedos apresentam
limitações de profundidade e 3 % limitações de excesso de água (Tabela 13).
Para o cultivo de plantas perenes o sistema de capacidade de uso considera inapta a
classe VII e recomenda intensas práticas de conservação na classe VI. Aproximadamente
21,4% dos vinhedos se enquadram na classe VI e 44,8% na classe VII que é recomendada
apenas a reflorestamento e pastagens ainda assim com uso de práticas intensivas para a
conservação do solo (Tabela 13).
A cultura da uva responde muito bem as condições do microclima e de manejo do
solo. Porém, a ocupação inadequada destas áreas causa grandes impactos ambientais,
acelerando e intensificando os processos erosivos. Como resultante ocorre a perda de
fertilidade do solo e de rendimento da cultura.
Dentre as classes de capacidade e uso das terras onde ocorrem as videiras, as classes
III e IV apresentam menores problemas de conservação do solo, assim como limitações de
fertilidade para o desenvolvimento da cultura. A classe V geralmente ocorre em zonas
aluviais e quando o sistema de conservação do solo é mal dimensionado ou a cultura mal
manejada, pode ocorrer problemas de inundação ou aeração radicular, causando danos
irreversíveis a cultura e prejudicando sua viabilidade econômica.
Os efeitos do uso e ocupação indevida das terras podem ser muito danosos, já que
grande parte da bacia apresenta relevo acidentado, susceptível a ação intensa dos processos
erosivos e lixiviação dos solos. Este problema não é uma exclusividade desta bacia
hidrográfica, CHIARINI e DONZELI (1973) ao comparar a carta de uso e ocupação das terras
com a capacidade de uso, constataram que diversas vezes o uso da bacia do rio Jundiaí não se
93
adequava as exigências desta classificação.
A figura 35 ilustra a classificação dos vinhedos segundo sistema de capacidade de uso
das terras, onde pesos maiores são atribuídos as menores limitações do solo para o
desenvolvimento da cultura. Além de identificar as limitações permanentes e máxima
capacidade de uso das terras sem o risco de degradação do solo, o sistema permite estabelecer
as restrições de cultivo para as culturas de interesse.
Figura 35 - Carta indicadora da capacidade de suporte ao desenvolvimento dos vinhedos da
bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP; segundo sistema de capacidade de uso das terras.
4.2.3 Posição no relevo (ZONAS)
Na gestão de processos erosivos não se deve avaliar pontos específicos como uma
propriedade e sim a paisagem como um todo, pois mesmo um sistema de controle de erosão
bem planejado poder falhar em função de uma enxurrada proveniente de zonas superiores do
relevo. A carta indicadora de posição topográfica dos vinhedos e seus respectivos pesos para
aplicação da análise multicriterial são apresentados na figura 36.
94
Figura 36 - Carta indicadora da posição topográfica dos vinhedos na Bacia do Rio Jundiaí-
Mirim, SP.
Considerou-se que as maiores movimentações de terra ocorrem na zona coluvial. A
zona aluvial devido sua proximidade dos cursos de água, do nível do aquífero e por receber
constantemente sedimentos de outras áreas, apresentam as piores condições ambientais e
consequentemente receberam os piores pesos.
Os vinhedos encontram-se respectivamente com 39,58 % de suas áreas na zona
coluvial, 27,67 % na zona aluvial e 32,75 % na zona eluvial. Na zona eluvial, devem ser
priorizadas práticas que visem a infiltração da água e acumulo matéria morta para evitar a
formação de enxurrada e consequentemente problemas mais graves.
Para o controle do fluxo de água das partes superiores é necessária a integração de
práticas mais intensas de controle de erosão. A utilização de terraços com cordões de
vegetação permanente e caixas de infiltração pode ser uma boa alternativa para conter que o
excesso de água entre na propriedade. Plantas de cobertura devem estar sempre presentes e
quando necessário, canais de drenagem/escoadouros devem ser vegetados e bem
dimensionados para conduzir o excesso de água.
95
4.2.4 Proximidade de curso d’água (PROXRIOS)
Outro problema associado a erosão do solo é a possibilidade de poluição difusa das
águas por insumos agrícolas. Uma atenção especial deve ser dada às áreas aluviais, que
recebem materiais de outras partes do relevo. Esse material pode ser conduzido diretamente
para os cursos d’água ou atingir o nível do aquífero, através da percolação. Portanto seria de
interesse monitorar tais locais para avaliar possível contaminação.
Algumas áreas com videiras se encontram próximas ao leito de cursos d´água, onde a
atenção com normas e procedimentos para utilização de defensivos agrícolas deve ser
redobrada e a fiscalização constante. Todos os vinhedos da bacia apresentam risco de
poluição difusa por insumos utilizados na cultura, e são representados na carta indicadora de
proximidade dos cursos de água com os respectivos pesos atribuídos a cada faixa de distância
e risco de contaminação (Figura 37).
Figura 37 - Carta indicadora de proximidade dos vinhedos aos cursos d`água na bacia do rio
Jundiaí - Mirim, SP.
96
O Departamento de Águas e Esgotos (DAE) monitora os parâmetros inerentes ao
Índice da Qualidade das Águas (IQA), mas alguns poluentes os resíduos de agrotóxicos não
são monitorados.
O monitoramento de poluentes provenientes da agricultura requer técnicas específicas
de análise. Estas raramente são utilizadas, porém sua adoção é uma importante ferramenta
para avaliação de poluição da água, visto que produtos químicos são largamente utilizados nas
várias culturas agrícolas dentro desta bacia (MORAES et al., 2002).
A tabela 27 apresenta os principais elementos e período de risco de poluição difusa
advindos da cultura da uva na bacia do rio Jundiaí-Mirim segundo levantamento da CATI
(Coordenadoria de Assistência Técnica Integral).
Tabela 27 - Corretivos e fertilizantes utilizados, época de aplicação e possibilidade de
poluição difusa da cultura da uva na Bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Quantidade de corretivos e
fertilizantes
Época de aplicação Risco de poluição difusa.
3.000 kg de calcário dolomítico maio/junho Baixo
9.000 kg esterco de galinha junho/julho Baixo
1.350 kg de 4-14-8 julho/agosto Baixo
900 kg de 10-10-10 set/dezembro Alto
Fonte: Casa da agricultura de Jundiaí – CATI.
4.2.5 Fluxo de água (FLOW)
Os principais problemas de erosão em áreas agrícolas estão vinculados a formação de
enxurradas. O tamanho e quantidade do material em suspensão arrastado pela água dependem
da velocidade com que ela escorre, essa velocidade é resultante do comprimento da rampa, do
grau de declividade do terreno, rugosidade da superfície, entre outros (BERTONI e
LOMBARDI NETO, 2005).
O manejo conservacionista deve preparar o solo para infiltrar toda a água proveniente
das chuvas, seja qual for sua intensidade. Porém, como isto nem sempre é possível, deve-se
evitar o acúmulo e escoamento superficial.
O conhecimento das características do ambiente de produção auxilia a identificação
dos fluxos de água e consequentemente dos pontos mais susceptíveis a erosão, como por
97
exemplo, um local onde o terraço pode ser desfeito pela força da água.
As estradas e carreadores são estruturas que favorecem a formação do fluxo de água,
portanto devem ser construídos de forma a dissipar a concentração de água evitando seu
escoamento. Quando isto não acontece, funcionam como catalizadores aumentando a
velocidade dos fluxos de água advindos da área produtiva e consequentemente agravando
ainda mais os problemas de erosão.
A figura 38 representa a capacidade de formação de enxurrada nos locais de fluxos
naturais dentro de vinhedos, quanto maior a capacidade de captação do fluxo e declividade,
maior o risco de erosão e degradação dos vinhedos, portanto estes locais recebem um peso
menor devido as piores condições ambientais.
Figura 38 - Carta indicadora de fluxos de água nos vinhedos da bacia do rio Jundiaí - Mirim,
SP.
4.2.6. Área degradadas (Erodidos)
Devido a perda gradativa de solo no decorrer dos anos algumas manchas de solo
98
passam a produzir menos e somente quando a erosão ocorre de forma mais expressiva ou
quando uma amostragem planejada e detalhada do solo é realizada, estes problemas são
identificados.
Estes locais necessitam de manejo especial de conservação, primeiramente com a
correção da fonte do problema e posteriormente com um novo dimensionamento para o
sistema conservacionista.
Quando a fonte do problema é corrigida, a recuperação do potencial produtivo do solo
deve ser realizada a partir de correções químicas mais intensas e um manejo que leve ao
incremento de matéria orgânica no solo.
A carta indicadora de áreas com processo erosivo nos vinhedos (Figura 39) mostra que
34,57 % dos vinhedos já apresentam processo de erosão que é visualmente perceptível.
Figura 39 - Carta indicadora de áreas com processo de erosão visualmente perceptível em
vinhedos da bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
A figura 40 ilustra apresenta um vinhedo com processo intenso processo de erosão
laminar, como é possível observar varias manchas de tonalidade mais clara na imagem.
99
Figura 40 - Imagem de vinhedo com processo erosivo visualmente perceptível (manchas
brancas) em Jundiaí, SP.
4.2.7 Aplicação da análise multicritério
Dos 10 questionários enviados aos analistas, 6 enviaram suas sugestões de pesos (Tabela 28).
Tabela 28 - Análise dos pesos atribuídos pelos especialistas, para indicadores de do manejo
conservacionista de vinhedos na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Critério Especialistas
Média DP Média
Expurgada
Valores
Normatizados Pesos*
Risco de erosão 3 2 5 5 5 5 4,17 1,33 4,60 0,182
Capacidade de suporte ao
desenvolvimento da cultura 5 3 4 5 5 4 4,33 0,82 4,60 0,182
Posição no relevo 4 5 4 5 5 4 4,50 0,55 4,50 0,178
Proximidade de curso d’água 4 4 2 4 5 3 3,67 1,03 4,00 0,158
Fluxo de água 5 1 4 2 5 3 3,33 1,63 3,80 0,150
Áreas degradadas 4 3 4 4 5 2 3,67 1,03 3,75 0,149
* Pesos atribuídos pelos especialista consultados para definição do grau de importância de cada
indicador para aplicação da AMC.
100
Tomando-se como referência o desvio padrão 1, que representa 20 % do máximo de
peso atribuível pelos especialistas (peso 5), observa-se que 4 dos 6 critérios apresentaram
elevado desvios padrão. Desvios elevados significam diferenças de opinião entre os
especialistas em relação ao critério, o caso mais marcante foi em relação ao indicador de
“Fluxo de água” com DP de 1,63. Pode-se interpretar esta diferença a uma interpretação
relativa à área de conhecimento dos especialistas, onde aqueles voltados a ciências agrárias
consideraram este indicador como muito importante em relação a profissionais de outras
áreas.
Novamente o uso da média expurgada, como descrito nos métodos deste trabalho,
reduziu as variações nas opiniões dos especialistas, reduzindo os desvios. Vale ressaltar
novamente que o uso da média expurgada, não atenua efeitos relativos a uma possível
interpretação equivocada do critério pelos especialistas.
Em relação aos pesos resultantes dos questionários observa-se que os indicadores de
“Risco de erosão” e “Capacidade de suporte ao desenvolvimento da cultura” obtiveram maior
valor. Essas opiniões afirmam a importância destes 2 indicadores, que já são ferramentas
conhecidas no estudo de conservação dos ambientes de produção. O segundo indicador na
ordem de importância foi o de “Posição no relevo”, este também obteve menor desvio padrão,
o que indica consenso dos analistas em relação a sua importância para o manejo
conservacionista dos vinhedos.
O ambiente é um sistema dinâmico sob a influência de diversos elementos e faz-se
necessária a busca pelo aperfeiçoamento destes indicadores, integrando-os com outras
informações. A quantidade e disponibilidade de informações, juntamente com ferramentas
práticas como os SIGs, torna esta integração rápida e de fácil aplicabilidade.
O indicador que recebeu menor peso entre os especialistas foi “Área degradada”,
porém, as variações dentre os valores normatizados foram muito pequenas, indicando
consenso que todos os indicadores selecionados têm significativa importância para o manejo
conservacionista dos ambientes de produção.
Após a obtenção dos pesos, estes foram inseridos no SIG para aplicação da análise
multicriterial por Programação por Compromisso (PC) pela equação 8. Após normatização e
estratificação (Tabela 16) dos valores em cinco classes de manejo conservacionista para os
vinhedos, obteve-se a carta de zonas de manejo, como apresentado na figura 41. A carta
indicadora de zonas de manejo ilustra perfeitamente o fato que as áreas de cultivo são
heterogêneas e apresentam diferentes ambientes de produção. Portanto, o manejo deveria ser
diferenciado. Mesmo em talhões a fragmentação do ambiente produtivo não deve ocorrer por
101
unidade de hectares, mas sim por suas características.
Figura 41 - Carta de zona de manejo conservacionista dos vinhedos na bacia do rio Jundiaí-
Mirim, SP.
Além de estratificar o ambiente em zonas de manejo a carta mantém a ilustração de
fluxos de água, considerando estes locais sempre como uma classe de manejo mais intensa
que seus pontos vizinhos.
Na classe com necessidade de manejo “Muito Intenso” e “Intenso” predominaram as
zonas de risco de erosão “Alto” e “Muito Alto” assim como as classes VI, VII e VIII de
capacidade de uso e ocupação do solo.
As zonas com necessidade de manejo “Muito Baixo” ocorrem em áreas distantes dos
rios e que não apresentaram áreas degradadas, à medida que outros indicadores com fatores de
risco mais elevados compõem a equação da análise multicriterial, estes locais tendem a uma
necessidade de manejo mais intensa.
As classes de capacidade de uso VI, VII e VIII quando consideradas em baixa
necessidade de manejo conservacionista ocorreram apenas em locais de “Baixo” e “Muito
102
baixo” risco de erosão.
A zonas coluvias mesmo com menor peso que as zonas aluviais dentro da carta de
“Posição no relevo” apresentaram maior proporção de áreas dentro da classe de manejo
conservacionista “Muito Intenso” e “Intenso”, invertendo-se gradativamente de proporção em
relação às zonas aluviais a medida que as classe de manejo conservacionista diminuiu.
A distribuição de áreas por classe é apresentada na tabela 29.
Tabela 29 - Distribuição de área por zona de manejo conservacionista dos vinhedos na bacia
do rio Jundiaí-Mirim, SP.
Classes Área (ha) Área (%)
Muito intenso 60,4 11,6
Intenso 169,6 32,6
Médio 152,5 29,3
Baixo 95,6 18,4
Muito baixo 42,9 8,2
Total 520,9 100,0
A carta mostrou-se como uma ferramenta para o produtor rural na definição das
estratégias de manejo conservacionista dos vinhedos, como também uma ferramenta de
utilidade pública, na definição de diretrizes e políticas que visem a conscientização dos
agricultores na preservação do solo.
A carta indicadora de “Risco de Erosão” e “Capacidade de uso e ocupação das terras”
são excelentes ferramentas para definição do manejo conservacionista do solo. Porém, uma
integração de indicadores ambientais permite uma melhor representação da dinâmica dos
processos ambientais e consequentemente um melhor planejamento conservacionista. Por
exemplo, os fatores comprimento de rampa e declividade da EUPS consideram a formação de
enxurradas, mas não quando esta vem de uma posição superior no relevo, ou seja, considera
fatores pontuais e não leva em consideração fatores em macro escala como, por exemplo, a
posição topográfica. Em geral, um terraço na posição mais alta de uma propriedade é
construído com metade da distância recomendada para evitar este tipo de problema, mas
como cada caso é um caso, esta medida pode ser insuficiente na contenção de um processo
erosivo.
As sub-bacias Córrego da Roseira e Escada da Dissipação apresentaram maior
103
ocorrência de vinhedos com maior proporção de classes de manejo conservacionista “Muito
Intenso e Intenso” (Figura 42). Desta forma precisariam de uma maior assistência técnica na
busca de atenuar os problemas ambientais relacionados ao risco de degradação, que além da
perda do potencial produtivo causam outros problemas ambientais como o assoreamento dos
cursos de água. A degradação destes locais já se apresenta como um problema, pois englobam
70 % dos vinhedos considerados degradados.
Figura 42 - Sub-bacia com maior área dentro da classe de manejo conservacionista Muito
Intenso e Intenso na bacia do rio Jundiaí-Mirim, SP.
O método de Programação por compromisso permite comparar o ponto diagnóstico
atual com um ponto considerado ideal, desta forma é uma ferramenta maleável que permite
uma avaliação de acordo com a realidade deste tipo de ambiente produtivo. Esta avaliação por
si já é uma ferramenta de gestão ambiental, permitindo não apenas identificar os problemas
encontrados, mas também como uma ferramenta prática e de fácil manuseio para auxiliar na
busca de soluções.
Esta carta pode ser utilizada como uma ferramenta de gestão da qualidade na busca da
melhoria continua, sempre que os problemas são corrigidos ou atenuados devido a uma
melhoria no desempenho dos agricultores, uma nova escala é gerada possibilitando a
definição de novos objetivos e estratégias para atenuar ao máximo possível os impactos
gerados pelo uso e ocupação do solo. Em ambientes com influência antrópica o ponto ideal é
intangível, mas algumas combinações de ações e de proteção ambiental podem ser
05
1015202530354045
ha
Muito Intenso
Intenso
104
consideradas para alterar a situação atual deste local, aproximando-o progressivamente do
ponto ideal. Desta forma também é possível identificar as soluções que estão mais perto da
solução ideal.
Este modelo de análise aliado à espacialização de informações em SIG permite uma
melhor compreensão dos elementos ambientais envolvidos, contribuindo para a identificação
de problemas e o aperfeiçoamento de programas de gestão ambiental. Consequentemente
auxilia os gestores ambientais na seleção das melhores alternativas caso necessária alguma
intervenção ambiental.
5 CONCLUSÕES
Considerando os procedimentos metodológicos e os resultados obtidos, foi possível
desenvolver modelos de gestão a partir da análise e proposição de indicadores ambientais.
O levantamento uso e ocupação das terras disponibilizou informações que devem ser
aproveitadas como ferramenta de análise e tomada de decisão na gestão ambiental em bacias
hidrográficas.
Os indicadores selecionados foram de fácil manipulação no Sistema de Informação
Geográfica (SIG) e permitiram gerar informações norteadoras de políticas públicas para fins
de gestão ambiental. Assim como nortear um uso do solo que cause menor impacto ao
ambiente. São ferramentas de mensuração e direcionamento da sustentabilidade por sua
capacidade de agregação de informação e sensibilidade a mudanças nos diferentes aspectos
avaliados.
A análise multicriterial integrada a técnicas de geoprocessamento possibilitou a
espacialização dos indicadores ambientais, classificação e estratificação dos ambientes em
função de suas características e dos objetivos desejados.
Os dados disponíveis e elementos avaliados resultaram em 8 indicadores na análise
das áreas de preservação permanente para sua recuperação ambiental, que com análise
multicriterial resultou em 5 classes de priorização. Foram selecionados 9 indicadores para
classificação dos fragmentos florestais e sua estratificação em 5 classes de perturbação
ambiental. Nas áreas agrícolas foram selecionados 6 indicadores para classificar os ambientes
produtivos, assim como sua estratificação em 5 classes de manejo conservacionista.
O método de “Programação por Compromisso” (PC) permitiu a combinação dos
indicadores por meio de pesos assim como a comparação de um ponto diagnóstico em relação
105
a um ponto considerado ideal ou de melhor qualidade. Foi eficiente ao destacar fatores
agravantes durante a análise, como a possibilidade de ocorrência de fluxos de água em
vinhedos.
O trabalho mostra que a pesquisa relacionada com a potencialidade de integração de
dados gerados a partir de cartas de uso e ocupação, deve ser intensificada na busca de
informações relacionadas com outros estudos, como é o caso da segurança ambiental,
automação, logística, competitividade entre tantos.
As cartas de indicadores podem ser utilizadas individualmente como ferramenta de
gestão ambiental, mas visto que o ambiente é uma integração de elementos, recomenda-se a
utilização de todos os indicadores selecionados para esta análise multicriterial.
Para o caso de uma área não dispor de informações suficientes para geração de todos
os indicadores empregados neste estudo, recomenda-se em futuros trabalhos, utilizar
indicadores que sejam facilmente obtidos. Para as áreas de APP sugerem-se os seguintes
indicadores: uso e ocupação na APP e sua proximidade em relação a fragmentos florestais.
Para fragmentos florestais sugerem-se os indicadores de proximidade dos fragmentos de
zonas urbanas e da malha viária. Para os locais de produção agrícola, recomenda-se utilizar a
classificação de capacidade de uso das terras como forma de orientação de práticas de manejo
e conservação do solo.
106
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115
ANEXOS
Anexo 1. Recomendações de práticas conservacionistas em função das classes de manejo
conservacionista.
Vale ressaltar que se tratando de uma cultura perene e de maior rentabilidade, todos os
cuidados possíveis devem ser tomados para evitar a degradação deste ambiente e necessidade
de intervenção futura. O fator econômico apesar de limitante deve ser ponderado para a
escolha das práticas conservacionistas, porém não deve receber prioridade.
Além do manejo da cultura e fatores climáticos, quem garante a remuneração e lucro
do agricultor é o ambiente produtivo, as videiras são apenas a estratégia econômica utilizada
na ocupação do solo. Independente das características do local, quanto maior a integração de
práticas de conservação, melhores serão os resultados e garantia de um ambiente produtivo.
A seguir segue a ilustração de um modelo de gestão baseado na carta de zonas de
manejo, como exemplo de análise e recomendações de práticas conservacionistas:
Classe de manejo conservacionista “Muito Baixo”:
o fertilização segundo o solo e exigências da cultura
o cobertura da entrelinha com culturas de inverno e/ou mato
Classe de manejo conservacionista “Baixo”:
o práticas do manejo conservacionista “Muito Baixo”;
o preparo do terreno no período de outono;
o manejo do mato no período de chuva;
o tratos culturais e controle de pragas e doenças;
o proteção contra fogo.
Classe de manejo conservacionista “Médio”:
o práticas do manejo conservacionista indicadas nas classes de menor
limitação;
o controle de sulcos e pequenas voçorocas porventura existentes;
o plantio e cultivos em nível ou em contorno;
o terraceamento em nível ou com gradiente;
o calagem
o manutenção dos terraços.
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Classe de manejo conservacionista “Intenso”:
o práticas do manejo conservacionista indicadas nas classes de menor
limitação;
o cuidado especiais no preparo do solo evitando excesso de exposição;
o plantio em sulcos ou covas niveladas assim como forrageiras que
formam densa vegetação;
o estabilização de voçorocas por ventura existentes;
o controle de compactação;
o canais escoadouros e de divergência complementando o sistema de
terraços em gradiente;
o cobertura vegetal e manutenção dos canais
Classe de manejo conservacionista “Muito Intenso”:
o práticas do manejo conservacionista indicadas nas classes de menor
limitação
o solo sempre coberto;
o substituição de indivíduos de qualidade inferior;
o uso de espécies adaptadas;
o uso de obras de bioengenharia para conter ou atenuas fluxos de água.
Ao se vincular os resultados obtidos da análise multicriterial com os elementos que o
compões é possível aperfeiçoar a análise de acordo com objetivos ou interesses específicos,
como por exemplo as limitações especificas de cada ambiente, disponibilizadas pela carta
indicadora de “capacidade de uso e ocupação das terras”:
Classe III de capacidade de uso e ocupação. Subclasses IIIf e IIIef – apresenta
problemas de fertilidade e suscetibilidade à erosão. Presente em 5,7 % dos
vinhedos da bacia hidrográfica, está adequada a ocupação por vinhedos.
Classe IV de capacidade de uso e ocupação. Subclasses IVf, IVe, IVef –
problemas de fertilidade e suscetibilidade à erosão. Presente em 17,4 % dos
vinhedos da bacia hidrográfica, está adequada a ocupação por vinhedos.
Classe V de capacidade de uso e ocupação. Subclasse Va – apresenta limitação
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por excesso de água. Presente em 3,5 % dos vinhedos da bacia hidrográfica,
necessita de práticas de drenagem e condução do excesso de água.
Classe VI de capacidade de uso e ocupação. Subclasses VIe, VIfe e VIefp –
problemas de fertilidade, pedregosidade e suscetibilidade à erosão. Essas terras
encontram se principalmente nos trechos de elevada declividade, presente em
21,4 % dos vinhedos da bacia hidrográfica. Necessitam intensas práticas de
conservação e são mais indicadas para ocupação por pastagens e silvicultura.
Classe VII de capacidade de uso e ocupação. Subclasses VIIefp – problemas de
fertilidade, suscetibilidade á erosão e pedregosidade. Presente em 44,8 % dos
vinhedos da bacia hidrográfica, está inadequada a ocupação por vinhedos por
apresenta gravíssimos problemas de conservação do solo.
Classe VIII de capacidade de uso e ocupação. Terras impróprias para cultivo,
recomendadas apenas para armazenamento de água ou como abrigo e proteção
da flora e fauna, ou seja, reserva legal e APP.
Além destas práticas conservacionistas deve-se levar em consideração outras, como:
Respeitar os artigos Código Florestal, com relação a proteção das áreas de
preservação permanente em declividades elevadas, assim como em sítios de
valor cênico e histórico.
Tratamento de resíduos sólidos, compostagem de resíduos orgânicos ou sua
destinação adequada unidades de reciclagem assim como resíduos sólidos;
Reflorestar as margens dos rios, recuperando as matas ciliares e vegetação de
várzea, considerando a áreas, solo e critérios na seleção de espécies, além das
técnicas utilizadas e manutenção constante;
Cuidados com o uso do agrotóxico, com aplicação restrita à quantidade
necessária, manejo adequado das embalagens atenção a distância mínima
exigida para aplicação em proximidade de corpo d água;
É importante salientar que raramente uma única prática é adequada para
proteger um solo do perigo de erosão, usualmente 3 ou mais delas podem ser
combinadas para obter um programa balanceado.
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Anexo 2. Questionário enviado aos especialistas para atribuição de peso aos indicadores.
Prezados(as) colegas,
Vimos solicitar sua colaboração para preenchimento deste questionário, com a
finalidade de auxiliar em um estudo de planejamento ambiental que é parte de uma pesquisa
de mestrado no Instituto Agronômico. A área de estudos é a bacia do Rio Jundiaí-Mirim (SP)
e busca-se a estratificação de ambientes visando ao desenvolvimento de modelos de gestão
ambiental. Os parâmetros analisados são: Fragmentos Florestais remanescentes e Vinhedos,
que é a principal atividade agrícola da bacia.
Solicita-se que o(a) respondente especifique o grau de importância aos diferentes
critérios relacionados e descritos a seguir, com a finalidade de se classificar e estratificar os
fragmentos florestais em função de seu estado de conservação como uma ferramenta de base
para desenvolvimento de modelos de gestão ambiental mais adequados as variadas situações
encontradas na bacia hidrográfica. Quanto aos vinhedos o objetivo é realizar uma
classificação para que sejam estratificados em de áreas manejo conservacionista similar.
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DA TABELA
1 – Para cada um dos critérios relacionados na tabela, dê sua avaliação sobre o grau de
importância relativa destes critérios para atender à finalidade descrita acima;
2 – Solicitamos que, para cada critério, seja atribuído grau de importância seguindo a
escala de 0 a 5. O grau de importância deve aumentar com o número, ou seja, quanto maior
importância, maior deve ser a nota, sendo que o “zero” exclui o critério em questão por ser
considerado irrelevante para o objetivo.
Pedimos a gentileza do preenchimento do questionário e devolução do mesmo a um
dos solicitantes no endereço de e-mail abaixo, o mais breve possível, dentro das suas
possibilidades. Em havendo qualquer dúvida, favor entrar em contato conosco.
Na certeza de contar com sua colaboração, agradecemos imensamente a atenção.
Atenciosamente,
Eduardo Pretto Freitas (Engº Agrº, mestrando, IAC)
E-mail: [email protected]
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Tabela – Fragmentos Florestais
Critério Descrição do Critério Valor (0 a 5)
1 – Proximidade de
áreas urbanas
Distância dos fragmentos em relação a área urbana,
quanto menor esse valor, maior seria a
susceptibilidade a degradação.
2 –Proximidade da
malha viária
Distância dos fragmentos em relação a malha viária,
quanto menor esse valor, maior seria a maior
susceptibilidade a degradação.
3 – Capacidade de
uso do solo
Capacidade de sustentar a vegetação nativa.
Definidos pelo Sistema de Classificação da
Capacidade de Uso das Terras. Quanto menores as
restrições do solo, quanto a fertilidade, impedimentos
físicos, entre outros, mais apto será para o
estabelecimento da vegetação nativas.
4 – Uso do solo no
entorno do
fragmento.
Pressão causada 30 metros adentro a borda do
fragmento em função dos diferentes usos do solo em
seu entorno. Usos menos intensivos como um
reflorestamento causa menor pressão sobre o
fragmento quando comparado com um uso agrícola.
5 – Índice de
fragmentação da
vegetação
Nota atribuída a sub-bacia hidrográfica referente ao
número de fragmentos florestais em relação a área da
bacia. Bacias com menor índice de fragmentação
apresentam menor risco de auto degradação dos
fragmentos florestais, facilitando o fluxo gênico.
6 – Índice de
Circularidade
Indica quando a feição do fragmento se aproxima de
um círculo. Quanto mais semelhante a um círculo,
menor é o efeito de borda no fragmento, ou seja, a
influência o meio externo.
7 – Conectividade
dos Fragmentos
A proximidade entre fragmentos propicia a possível
formação de corredor de vegetação. Quando um
fragmento se encontra muito distante de outro tende a
desaparecer.
8 – Índice
cobertura Vegetal
Indicativo da área da bacia ocupada com vegetação
natural, ou seja, menor é a influência antrópica.
9 – Tamanho do
fragmento
Fragmentos maiores tem maior biodiversidade e
capacidade de auto sustentação.
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Tabela – Manejo conservacionista dos Vinhedos
Critério Descrição do Critério Valor (0 a
5)
1 – Risco de
Erosão
Representa o risco de ocorrência de processos
erosivos, perda de nutriente e degradação do
ambiente local.
2 – Proximidade
de rios
Distância dos rios. Representa o risco de
contaminação direta dos cursos d’água e por
poluição difusa
3 – Capacidade
de uso do solo
Avaliação da capacidade do solo de suportar o
cultivo da uva com menor ou maior impacto
ambiental negativo. Baseado no Sistema de
Classificação da Capacidade de Uso das Terras
descrito por Lepsch et al. (1983). Quanto menos
restritivas as classes de uso do solo, menores os
risco de degradação do ambiente além de favorecer
o desenvolvimento da cultura.
4 – Posição no
terreno
Zona Eluvial, coluvial e aluvial. A posição no
terreno pode representar as características de solo,
fluxo de vento e água, comportamento de
sedimentos, risco de poluição de dos mananciais em
zonas de aluviais entre outros. A estratificação do
manejo nos vinhedos pode receber grande
influência da posição no terreno.
5 – Fluxo de água Pontos dentro dos vinhedos onde os fluxos de água
concentram-se são mais susceptíveis a degradação e
ocorrência de problemas ambientais como o risco
de rompimento de terraços.
6 – Área erodidas Áreas dentro dos vinhedos que já apresentam
processos visíveis de erosão laminar e em sulcos.