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Análise Mecânica de Componente Utilizando o Software Ansys
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Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos
Departamento de Engenharia Mecânica
ANÁLISE MECÂNICA DE COMPONENTE UTILIZANDO O
SOFTWARE ANSYS
Disciplina: SEM391 – Engenharia Auxiliada por Computador
Prof. Ernesto Massaroppi Júnior
Beatriz Flores Coutinho Porfírio – nº 7170855
Bruna Callegari – nº 7170917
São Carlos, dezembro de 2013
Sumário Objetivos ........................................................................................................................... 1
Introdução ......................................................................................................................... 1
Procedimentos .................................................................................................................. 2
Resultados ......................................................................................................................... 6
Conclusão .......................................................................................................................... 8
Referências ........................................................................................................................ 8
Análise Mecânica de Componente Utilizando o Software ANSYS
Objetivos
Este trabalho teve como objetivo a realização da análise mecânica de um
componente qualquer (no caso, uma chave combinada), por meio do software de CAE
(Engenharia Auxiliada por Computador) ANSYS, através da técnica de elementos
finitos.
Introdução[1]
Engenharia Auxiliada por Computador, ou Computer Aided Engineering (CAE), é
uma ferramenta de trabalho que utiliza o computador para dar suporte à engenharia,
auxiliando-a no desenvolvimento de projetos, por meio de análises predefinidas, tais
como: análises estáticas, dinâmicas, térmicas, magnéticas, de fluidos, acústicas, de
impacto e simulações. Sendo assim, o CAE é uma ferramenta poderosa para redução
de custos de um projeto, minimizado o tempo de lançamento do produto final.
O CAE está sustentado em ferramentas de CAD avançadas, as quais permitem
não apenas definir as dimensões do produto concebido, como também outras
características, como materiais, acabamentos, processos de fabricação e de montagem
e até interações com elementos externos, como forças aplicadas, temperatura, etc.
Assim, pode-se criar protótipos virtuais dos produtos, simulando sobre eles as
condições de uso e, assim, efetuar estudos prévios de estabilidade, resistência e outros
comportamentos. Para estes estudos, empregam-se amplas bases de dados e técnicas
de análise por elementos finitos, programadas em módulos, que se integram nas
ferramentas de CAD/CAE.
O processo principal do CAE é o método de análise por elementos finitos (MEF).
O MEF considera que um produto de forma irregular pode ser subdividido em
elementos finitos de tamanho menor, que podem ser tratados individualmente por
uma fórmula de tensão, sendo o efeito agregado à soma dos efeitos de todos os
elementos finitos do objeto. A análise por elementos finitos não é restrita apenas a
estruturas mecânicas, podendo ser aplicado aos vários problemas sob forma arbitrária,
cargas e condições de contorno quaisquer. Outra vantagem do método é a semelhança
física entre a malha de elementos finitos e a estrutura real, facilitando a visualização
dos resultados da análise.
Os sistemas CAE têm as seguintes vantagens:
Redução de tempo e custo na realização de um projeto;
Alterações podem ser feitas rapidamente;
Possibilidade de se corrigir e testar um projeto, evitando assim a necessidade de
construção de um protótipo, o que demanda muito tempo;
1
Permitem a eliminação ou uma significativa redução na quantidade de protótipos
de teste a serem construídos;
A eficiência do projeto é melhorada;
A realização de cálculos complexos na fase de engenharia por computador aumenta
a produtividade, pois agiliza o processo;
Permitem simular o processo de fabricação do produto;
A detecção de erros na fase de engenharia reduz o custo com as correções de
projeto;
Maior confiabilidade e qualidade para o produto.
Os sistemas CAE apresentam, por outro lado, as seguintes desvantagens:
Necessitam de estações de trabalho dedicadas para realização dos cálculos
complexos;
Não mostram qual o problema, apenas processam e exibem os resultados que, por
sua vez, necessitam de passar por uma mão-de-obra especializada para interpretá-
los;
Nem sempre a utilização de protótipos pode ser descartada totalmente, pois não é
possível realizar todas as simulações necessárias a fim de assegurar a qualidade do
produto final através do software;
O custo costuma ser alto, dependendo de sua finalidade;
Muitas ferramentas do CAE integram ferramentas do CAD, mas problemas de
integração com outras aplicações, como por exemplo, o CAM, costumam ocorrer.
O CAE consegue se adaptar às mais diferentes áreas, devido a sua grande
flexibilidade, podendo ser utilizado em áreas que variam desde a construção civil à
indústria automobilística. Em áreas como a aeronáutica, por exemplo, o CAE pode
determinar custo de projeto, verificar falhas no projeto, na pré-visualização do
produto, apontar falhas no design ou na funcionalidade do produto e simular
comportamentos.
Procedimentos
A peça escolhida para a realização da análise foi uma chave combinada, como a
mostrada na Figura 1.
2
Figura 1. Chave combinada (fonte: http://pt.made-in-china.com/co_sg-tools/product_Gear-Spanner-
ST1096-_eusrnroig.html).
Para que fosse possível a análise, foi necessária a criação de um modelo
tridimensional da chave. O modelo foi criado utilizando-se o software Solid Edge ST3.
As Figuras 2 e 3 mostram o aspecto final do modelo e suas dimensões,
respectivamente. Então, o modelo foi importado em extensão .x_t (parasolid) no
ANSYS, para que fosse possível o início da análise.
Figura 2. Aparência final do modelo utilizado para a análise em vista (a) oblíqua e (b) frontal.
a)
b)
3
Figura 3. Dimensões do modelo final.
É importante ressaltar que a peça inicialmente concebida apresentava suas
bordas arredondadas, aproximando-se mais de um modelo real. Porém, durante a
passagem do desenho para o ANSYS, foi detectado um problema na geometria da
peça, que poderia apresentar falhas durante as operações booleanas de geração da
malha e análise, como mostra a Figura 4. Deste modo, optou-se pela remoção do
arredondamento das bordas da peça, simplificando-se, assim, a geometria e sua
análise. A concepção inicial da peça apresenta-se na Figura 5.
Figura 4. Aviso dado pelo programa ao tentar-se importar a peça com bordas arredondadas.
4
Figura 5. Concepção inicial da geometria da peça.
A etapa seguinte consistiu na criação da malha do objeto. Para isto, foi utilizado
o tipo Tet 10node 187, com tamanho de malha Smart Size 3. O resultado da geração da
malha está apresentado na Figura 7.
Figura 6. Peça em análise no ANSYS após a criação da malha.
O próximo passo consistiu na atribuição de propriedades mecânicas ao material
constituinte da chave. O material selecionado para a fabricação da peça foi o aço Cr-V
AISI 6150, muito comum na manufatura de ferramentas. Supôs-se um modelo
estrutural linear, elástico e isotrópico para a aplicação. Para os valores de módulo de
elasticidade e coeficiente de Poisson foram utilizados, respectivamente, 200 GPa e 0,3,
valores típicos para o material[2].
Em seguida, veio a etapa de aplicação dos esforços. No caso, o esforço aplicado
seria de flexão, já que é o tipo de solicitação sofrida pela ferramenta na realização de
sua função (apertar porcas e parafusos). Estimou-se uma força de cerca de 20 kg
(aproximadamente 196 N), que seria equivalente à aplicada por uma mão humana, na
direção do eixo z. A Figura 7 mostra a peça com a força aplicada na direção definida,
em uma posição estimada como sendo a localização do centro da mão, ao aplicar o
esforço sobre a ferramenta.
5
Figura 7. Componente com a indicação da carga a ser aplicada (seta vermelha). O posicionamento da
seta foi pensando com base no posicionamento da mão ao manuseá-la.
A última etapa anterior à realização da análise foi remoção dos graus de
liberdade da peça na parte onde ela se encaixa à porca, parafuso, ou o que estiver
fixando. Na Figura 8, os triângulos azuis indicam a fixação dos locais aos quais foram
aplicados deslocamentos nulos, para a fixação da peça.
Figura 8. Indicação dos locais onde foram removidos os graus de liberdade da peça.
Resultados
Tendo todas as etapas necessárias à análise sido concluídas, prosseguiu-se
finalmente à análise mecânica da chave sob a aplicação dos esforços determinados. A
Figura 9 mostra a deformação sofrida pela peça, enquanto a Figura 10 mostra a
distribuição da tensão equivalente de Von Mises na mesma.
Figura 9. Deformação da peça, resultante da aplicação do esforço.
a)
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Figura 10. Distribuição da tensão equivalente de Von Mises na peça com as indicações de tensão
máxima (MX) e mínima (MN), nas vistas (a) oblíqua, (b) superior e (c) frontal.
A análise indica que o máximo deslocamento sofrido pela peça é de 0,0015 m
(1,5 mm), a máxima tensão é de 246 MPa e a mínima, de 0,688 Pa. O deslocamento de
1,5 mm é relativamente alto, e a tensão também, ainda que esteja bem abaixo do
valor de limite de escoamento do aço (415 MPa[2]). Duas justificativas podem ser
apresentadas para isso:
1. A estimativa de força aplicada por uma mão humana pode ter sido muito alta.
2. A tensão máxima pode ter sido elevada pelo fato de se localizar em um
concentrador de tensões, devido à mudança de seção transversal.
De qualquer modo, ainda assim a peça não falha.
Não se sabe se a alteração de geometria da peça, citada no início do trabalho,
tem influência significativa sobre os resultados. Como a remoção das bordas causa um
aumento da área sob carregamento, isso resulta em uma redução da tensão aplicada.
No entanto, a remoção do arredondamento também causa a formação de
concentradores de tensão (no caso, os cantos vivos).
Além disso, as localizações dos pontos de máximo deslocamento e máxima
localização estão de acordo com o esperado, uma vez que a força aplicada se encontra
próxima à extremidade direta da peça (ponto de máxima localização), a uma grande
distância do ponto de fixação da mesma. A contraposição da força aplicada com a
restrição do movimento gera um tensionamento máximo de tração/compressão nos
pontos avermelhados da peça, conforme mostrado na Figura 10.
A redução do tamanho de malha Smart Size de 3 para 2 não causou alteração
do deslocamento máximo, e causou apenas um ligeiro aumento na tensão máxima.
Levando em conta que o tamanho mínimo é 1, um refinamento do tamanho de malha,
neste caso, pode não ser necessário.
c)
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Como os pontos de tensão máxima são de pequena extensão, e quase
imperceptíveis, pode-se afirmar que, mesmo que a estimativa de carregamento
aplicado tenha sido muito alta, e que a tensão tenha possivelmente se aproximado do
limite de escoamento do aço, como já discutido anteriormente, ainda assim a situação
não é tão crítica, pois a quase totalidade da peça encontra-se em segurança.
Conclusão
O objetivo do trabalho, de realização da análise mecânica de um componente
pelo método dos elementos finitos, foi cumprido. A análise da chave sob esforços de
flexão possibilitou a observação de seu comportamento sob a solicitação definida, e foi
possível concluir que ela não falha, ao menos para este determinado carregamento.
A análise realizada foi relativamente simples, de um componente também
relativamente simples, apesar de terem sido encontrados alguns problemas, no que
diz respeito à geometria da peça. No entanto, o método é versátil e pode se estender
aos mais variados componentes, tendo elevadas chances de sucesso, principalmente
se utilizado por pessoas treinadas e capacitadas.
Um maior refinamento de malha próximo às regiões de carregamento mais
crítico poderia ser necessário, para uma maior precisão de resultados. No entanto, foi
visto que, no caso desta análise, o refinamento não trouxe mudanças significativas.
Referências
1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_assistida_por_computador (acesso em
16/11/2013).
2. http://www.azom.com/article.aspx?ArticleID=6744 (acesso em 16/11/2013).
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