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ISSN 1809-5860 Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 11, n. 48, p. 55-81, 2009 ANÁLISE NÃO-LINEAR DE ESTRUTURAS DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIO ATRAVÉS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO Gabriela Rezende Fernandes 1 & Wilson Sergio Venturini 2 Resumo Neste trabalho, a formulação linear do método dos elementos de contorno - MEC, baseada nas hipóteses de Kirchhoff, é adaptada à análise de estruturas de pavimentos de edifícios, levando-se em conta, além da flexão, o comportamento dos elementos como membrana. A formulação integral é deduzida a partir da primeira identidade de Betti, onde as lajes e vigas são consideradas com rigidez constante. A fim de reduzir o número de graus de liberdade, apresenta-se um modelo onde as vigas são representadas por seus eixos médios. Estende-se essa formulação à análise não-linear, através da inclusão de campos de esforços iniciais, onde as integrais de domínio são calculadas através da discretização em células internas. A solução não-linear é obtida a partir da formulação implícita, utilizando-se o operador tangente consistente. O critério elasto-plástico utilizado é o de Von Mises, sendo os esforços em uma seção qualquer da placa calculados numericamente a partir dos valores das tensões. Palavras-chave: Flexão de placas. Elementos de contorno. Pavimentos de edifício. NON-LINEAR ANALYSIS OF BUILDING FLOOR STRUCTURES BY THE BOUNDARY ELEMENT METHOD Abstract In this work, the plate bending linear formulation of the boundary element method - BEM, based on the Kirchhoff's hypothesis, is extended to incorporate beam elements. A numerical model to analyse building floor structures is obtained, in which stiffness is further increased by the presence of membrane effects. An alternative formulation where the number of degrees of freedom is further reduced is also investigated. Then, the formulation is extended to perform non-linear analysis by incorporating initial effort fields where the non-linear solution is obtained using the local consistent tangent operator. The domain integral required, to evaluate the initial effort influences, are performed by using the well-known cell sub-division. The non-linear behaviour is evaluated by the Von Mises criterion, that is verified at points along the plate thickness, appropriately placed to allow performing numerical integration to approach moments and normal forces using Gauss point schemes. Keywords: Plate bending. Boundary elements. Building floor structures. 1 INTRODUÇÃO O surgimento do método dos elementos de contorno e a sua utilização como uma alternativa para a obtenção de soluções numéricas em quase todos os campos da engenharia representa um avanço significativo que ocorreu nessa área do conhecimento nos últimos anos. Em muitos problemas, comprovadamente, esse método é uma alternativa mais precisa e que permite a obtenção de respostas mais confiáveis quando comparadas com as dos métodos usuais. Em algumas aplicações as equações integrais são representações exatas do modelo matemático utilizado para representar o problema físico, o que, em geral, é traduzido como aumento de confiança nos resultados obtidos. Esse 1 Doutora em Engenharia de Estruturas - EESC-USP, gabriela.fernandes@pq,cnpq.br 2 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, [email protected]

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ISSN 1809-5860

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 11, n. 48, p. 55-81, 2009

ANÁLISE NÃO-LINEAR DE ESTRUTURAS DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIO ATRAVÉS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO

Gabriela Rezende Fernandes1 & Wilson Sergio Venturini2

Resumo Neste trabalho, a formulação linear do método dos elementos de contorno - MEC, baseada nas hipóteses de Kirchhoff, é adaptada à análise de estruturas de pavimentos de edifícios, levando-se em conta, além da flexão, o comportamento dos elementos como membrana. A formulação integral é deduzida a partir da primeira identidade de Betti, onde as lajes e vigas são consideradas com rigidez constante. A fim de reduzir o número de graus de liberdade, apresenta-se um modelo onde as vigas são representadas por seus eixos médios. Estende-se essa formulação à análise não-linear, através da inclusão de campos de esforços iniciais, onde as integrais de domínio são calculadas através da discretização em células internas. A solução não-linear é obtida a partir da formulação implícita, utilizando-se o operador tangente consistente. O critério elasto-plástico utilizado é o de Von Mises, sendo os esforços em uma seção qualquer da placa calculados numericamente a partir dos valores das tensões. Palavras-chave: Flexão de placas. Elementos de contorno. Pavimentos de edifício.

NON-LINEAR ANALYSIS OF BUILDING FLOOR STRUCTURES BY THE BOUNDARY ELEMENT METHOD

Abstract

In this work, the plate bending linear formulation of the boundary element method - BEM, based on the Kirchhoff's hypothesis, is extended to incorporate beam elements. A numerical model to analyse building floor structures is obtained, in which stiffness is further increased by the presence of membrane effects. An alternative formulation where the number of degrees of freedom is further reduced is also investigated. Then, the formulation is extended to perform non-linear analysis by incorporating initial effort fields where the non-linear solution is obtained using the local consistent tangent operator. The domain integral required, to evaluate the initial effort influences, are performed by using the well-known cell sub-division. The non-linear behaviour is evaluated by the Von Mises criterion, that is verified at points along the plate thickness, appropriately placed to allow performing numerical integration to approach moments and normal forces using Gauss point schemes. Keywords: Plate bending. Boundary elements. Building floor structures.

1 INTRODUÇÃO

O surgimento do método dos elementos de contorno e a sua utilização como uma alternativa para a obtenção de soluções numéricas em quase todos os campos da engenharia representa um avanço significativo que ocorreu nessa área do conhecimento nos últimos anos. Em muitos problemas, comprovadamente, esse método é uma alternativa mais precisa e que permite a obtenção de respostas mais confiáveis quando comparadas com as dos métodos usuais. Em algumas aplicações as equações integrais são representações exatas do modelo matemático utilizado para representar o problema físico, o que, em geral, é traduzido como aumento de confiança nos resultados obtidos. Esse

1 Doutora em Engenharia de Estruturas - EESC-USP, gabriela.fernandes@pq,cnpq.br 2 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, [email protected]

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método vem despertando nos pesquisadores dos grandes centros de pesquisa um interesse crescente e que tem resultado em enorme progresso. Desse modo, o que se propõe a seguir, é mais um trabalho no qual se utiliza como método numérico apenas o método dos elementos de contorno e onde se pretende desenvolver uma formulação não-linear para análises de pavimentos de edifícios. O pavimento é modelado por uma placa composta de sub-regiões de diferentes rigidezes, sendo cada sub-região a representação de uma viga ou laje. Inicialmente, é desenvolvida uma formulação para análise linear de placas sujeitas à flexão simples, onde as sub-regiões são representadas por suas superfícies médias. Em seguida, é introduzido nessa formulação o efeito de membrana, para que se possa fazer a análise fora das superfícies médias das sub-regiões. Por último, é obtida a formulação não-linear, através da inclusão de esforços iniciais na formulação linear.

2 METODOLOGIA

A programação da formulação apresentada foi feita em linguagem FORTRAN para microcomputadores e a fim de se verificar o modelo proposto, foram analisados exemplos numéricos cujos resultados são comparados com os existentes na literatura ou cujas respostas podem ser obtidas analiticamente. Como método numérico, utilizou-se o MEC direto baseado em colocação, tendo sido considerado na análise não-linear o operador tangente consistente.

3 DESENVOLVIMENTO

A seguir será apresentada a formulação linear do MEC para flexão de placas compostas de sub-regiões de diferentes rigidez e definidas em diferentes planos. Pretende-se com essa formulação representar o pavimento de um edifício sujeito à flexão, considerando-se a presença de esforços de membrana. A formulação é obtida através de um acoplamento das teorias de chapa e placa delgada sujeita à flexão simples. A análise do pavimento será feita representando-se cada laje ou viga por uma sub-região. Inicialmente, será desenvolvida a formulação definindo-se as variáveis sobre o contorno externo e interfaces da placa. Nesse modelo, ao longo do contorno externo do pavimento e das interfaces entre duas sub-regiões serão considerados os seguintes graus de liberdade por nó: o deslocamento transversal (w), a derivada do deslocamento transversal na direção normal ao contorno, rotação (w,n) e os deslocamentos us, un no plano da placa, sendo s a direção tangencial ao contorno. Nas interfaces, ainda serão definidas as forças ps e pn.. Em seguida, será considerado o modelo alternativo, onde as variáveis são definidas nos eixos das vigas. Nesse modelo, serão definidas nos eixos das vigas as mesmas seis variáveis que existiam nas interfaces do modelo anterior e ainda as rotações us,n e un,n. O problema de placas em sub-regiões e sujeitas à flexão simples pode ser encontrado nos trabalhos de Venturini & Paiva (1988) e Venturini (1988).

A formulação não-linear é obtida a partir do primeiro teorema de Betti (1872), como foi feito para se obter a formulação linear, considerando-se porém, que a placa é sujeita também a campos de momentos e forças normais iniciais. Essa formulação também poderia ser usada para se fazer uma análise linear, onde os esforços iniciais seriam originários de gradientes de temperatura, por exemplo. Contudo, no processo iterativo da análise não-linear, tais esforços iniciais são considerados como sendo os campos de momentos e forças normais de correção que devem ser aplicados à placa, a fim de que ela alcance o seu equilíbrio. A análise não-linear da placa sujeita à flexão simples pode ser encontrada nos trabalhos de Chueiri (1994) e Fernandes (1998).

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3.1 EQUAÇÕES INTEGRAIS DE PLACAS PARA DOMÍNIOS COMPOSTOS

3.1.1 Relações básicas

No caso do problema de flexão, considerando-se o efeito de membrana, cada sub-região é representada pela superfície de referência e não mais por sua superfície média como era no caso da flexão simples. A superfície de referência é aquela em relação à qual se definem os valores das variáveis no contorno e interfaces. Considere-se a placa representada na Figura 1, onde se admite como superfície de referência, a superfície média do subdomínio Ω1

t 1 /2t 1 /2 t 3 /2

c3

t2/2

c 2x 1

x 2 x 3 2

3x

Superfície de referência

33x

Figura 1 – Placa subdividida em sub-regiões.

onde t1, t2 e t3 são, respectivamente, as espessuras das sub-regiões Ω1 Ω2 e Ω3; c2 e c3 representam o deslocamento da superfície média em questão em relação à superfície de referência, ou seja, nesse

caso: 2/t2/tc 122 −= e 2/t2/tc 133 −= ; 23x e 3

3x são os eixos na direção x3 tendo como referência

as superfícies médias das sub-regiões Ω2 e Ω3 e são dados por: 2323 cxx −= ; 33

33 cxx −= .

Para se obterem os tensores de deformação e de tensão na placa, sujeita à flexão composta, somam-se os problemas de chapa e placa delgada, onde são consideradas as hipóteses de Kirchhoff (1850). Com isso, no campo de deslocamentos, além da componente transversal w na direção x3, também há as componentes u1 e u2 nas direções x1 e x2 do plano da placa. Note-se que os deslocamentos u1 e u2 terão uma parcela referente ao problema de placa ( i3i ,wxu −= ) e outra relativa ao problema de chapa . Desse modo, o tensor de deformações é dado pela expressão:

Fij

D2ijij ε+ε=ε i,j=1,2 (1)

onde as parcelas do problema de chapa D2ijε e aquela do problema de flexão F

ijε são dadas,

respectivamente, por ( )i,jj,iD2

ij uu21

+=ε e ij3Fij ,wx−=ε .

Lembrando-se que se trata de um estado plano de tensão, com o tensor de tensão dado por:

Fij

D2ijij σ+σ=σ i,j=1,2 (2)

sendo D2ijσ e F

ijσ dados, respectivamente, por ( ) ( )[ ]D2ijij

D2kk2

D2ij 1

1E

εν−+δνεν−

=σ e

( ) ( )[ ]ijijkk23F

ij ,w1,w1Ex

ν−+δνν−

−=σ .

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Integrando-se as tensões ao longo da espessura da sub-região, obtêm-se os esforços resultantes na superfície média da mesma. Assim, o esforço normal Nij e os momentos mij em uma sub-região s, definidos em sua superfície média, são dados respectivamente, por:

=ijN( ) ( )[ ]D2

ijijD2

kk2 11

Eεν−+δνε

ν− i, j=1, 2 (3)

( )[ ]ijijkkij ,w1,wDm ν−+δν−= (i, j, k = 1,2) (4)

sendo ν o coeficiente de Poisson; E o módulo de elasticidade longitudinal; E tE= , ( )2

3

112EtD

ν−= ,

representa a rigidez à flexão da placa.

3.1.2 Equações integrais dos deslocamentos no domínio As equações integrais podem ser obtidas a partir do primeiro teorema de Betti (1872), que é válido

para cada subdomínio sΩ da Figura 1, ou seja:

∫ εσ∫ =εσss V

sij

*sij

V

*sij

sij dVdV (5)

onde *sijε e *s

ijσ são as soluções fundamentais para a sub-região sΩ e Vs seu volume.

É considerado apenas o caso em que todas as sub-regiões têm o mesmo coeficiente de Poisson, logo as tensões fundamentais não mudam de um sub-domínio para outro, ou seja: *s

ijσ = *ijσ .

Levando-se em conta as Eqs. (1) e (2), pode-se dizer que *sijkε = *s)D2(

ijkε - *sij

s3 ,wx e *

ijkσ = *)D2(ijkσ + *F

ijkσ .

Integrando-se ao longo da espessura ts e considerando-se separadamente os problemas bidimensional e de flexão, obtêm-se:

Ω∫ εΩ

dNs

ij*s)D2(

kij Ω∫ε=Ω

dNs

*kij

D2ij (6)

Ω∫Ω

dm,ws

ij*s

ij Ω∫=Ω

dm,ws

*ijij (7)

onde *ijkN e *

jkm são as conhecidas soluções fundamentais dos problemas bidimensional e de flexão.

Porém, a fim de se obterem as Eqs. (6) e (7) em função dos deslocamentos e forças na superfície de referência, considere as seguintes relações:

( ) ijsD2

ijD2

ij ,wcs

−ε=ε Ω (8)

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( ) ijsijij Ncmms

−=Ω (9)

onde ijε e ijm são as deformações e momentos na superfície de referência.

Além disso, para que se possa fazer o equilíbrio dos esforços e deslocamentos nas interfaces,

após a integração por partes, é conveniente escrever as Eqs. (6) e (7) em função das curvaturas ( *,ijw )

e deformações ( Dkij

2*ε ) fundamentais do sub-domínio onde está o ponto de colocação. Assim,

considere as seguintes relações:

D2*kij

s

*s)D2(kij E

Eε=ε (10)

*ij

s

*sij ,w

DD,w = (11)

onde D e E são relativos ao sub-domínio onde está o ponto de colocação. Substituindo-se as Eqs. (8) a (10) em (6) e (7), chega-se à:

=Ω∫εΩ

dNs

ijD2*

kij⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡Ω∫−Ω∫ ε

ΩΩd,wNcdN

EE

ss

ij*kijs

D2ij

*kij

s (12)

=Ω∫+Ω∫−ΩΩ

dm,wdN,wcss

ij*ijij

*ijs Ω∫

Ωdm,w

DD

s

*ijij

s (13)

Considerando-se um caso genérico de uma placa composta de Ns sub-regiões as expressões do problema bidimensional e de flexão são dadas respectivamente, por:

=Ωε∫Ω

dNijD2*

kij ∑ ∫∫= ΩΩ ⎥

⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡Ω−Ωε

s

ss

N

1sij

*kijs

D2ij

*kij

s d,wNcdNEE i, k,j =1, 2 (14)

=Ω+Ω− ∫∑ ∫Ω= Ω

dm,wdN,wc ij*ij

N

1sij

*ijs

s

s

∑ ∫= Ω

Ωs

s

N

1s

*ijij

s dm,wDD (15)

Integrando-se as Eqs. (14) e (15) por partes, chega-se às equações integrais dos deslocamentos de um ponto do domínio para os problemas bidimensional e de flexão, escritas em função de integrais ao longo do contorno externo da placa e das interfaces:

( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( ) ( )( ) +Γ+−=+− ∑ ∫= Γ

sN

1i

*kss

*knn

ikk dP,qpPuP,qpPu

EEquq,wqc

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )∑ ∫= Γ

Γ+−

−int

j

N

1jj

*kss

*knn

paj dP,qpPuP,qpPuE

EE ( ) ( )[∑ ∫= Γ

++SN

1in

*kni

i P,wP,qpcEE

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( ) ( )] Γ+ dP,wP,qp s*ks

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) +Γ+−

+∑ ∫= Γ

int

j

N

1jjs

*ksn

*kn

papajjdP,wP,qpP,wP,qp

EcEcE

( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )∫∫ΩΓ

Ω++Γ++b

dpbp,qupbp,qudPpP,quPpP,qu s*ksn

*kns

*ksn

*kn k=l,m (16)

onde q é o ponto de colocação; o ponto P indica um ponto campo p posicionado sobre o contorno ou uma interface; Nint é o número de interfaces; Γ é o contorno externo da placa; paΩ é a sub-região

adjacent; Γj é a interface pertencente ao domínio Ωj, que divide duas sub-regiões e que indica o sentido em que se faz a integração; n e s são as direções normal e tangencial ao contorno; k a direção da carga fundamental; m e l são as direções normal e tangencial ao contorno onde está o ponto de colocação.

=)q(w ( ) ( ) ( ) ( ) ( )+Γ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

∂∂∑ ∫

= Γ

SN

1i

*n

*n

i PdPwP,qVPnwP,qM

DD

( ) ( ) ( ) ( ) ( )+Γ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

∂∂

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+∑∫

= Γ

PdPwP,qVPnwP,qM

DDDint

j

N

1jj

*n

*n

paj ( ) ( )PwP,qRD

D3cN

1ici

*ci

)i(∑=

( ) ( )+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −− ∑

+

=

PwP,qRD

DD 2c1c NN

1ici

*cj

paj ( ) ( )+∑=

P,qwPRcN

1i

*cici

( ) ( ) ( ) ( ) ( )+Γ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−+ ∫Γ

∗∗ PdP,q

nwPMP,qwPV nnn ( ) ( )[∑ ∫

= Γ

+s

i

N

1i

*nni P,q,wPpc

( ) ( )] i*ss dP,q,wPp Γ+ ( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ] +Γ+−+∑ ∫

= Γ

int

j

N

1jj

*ss

*nnpaj dP,q,wPpP,q,wPpcc

( ) ( )( ) ( )∫Ω

∗ Ω+g

pdp,qwpg g ( ) ( ) ( ) ( )[ ]∑ ∫= Ω

Ω+−s

i

N

1ii

*ss

*nni dp,q,wpbp,q,wpbc (17)

onde Ωg é a região em que atua o carregamento transversal g; Dj é a rigidez referente ao domínio Ωj; Dpa a rigidez do domínio adjacente à Ωj; c1, c2 e c3 são os tipos de cantos definidos na Figura 2.

O canto c3 é um canto simples e envolve apenas um sub-domínio. O canto c2 envolve dois sub-domínios e está definido no encontro de duas vigas de rigidezes diferentes ou no encontro de uma viga com uma laje; já o canto c1 envolve três sub-domínios (caso do encontro de duas vigas com uma laje). No caso de c1 a rigidez Dpa se refere à viga que é interrompida (na Figura 2 para o canto formado por V1, V2 e Ωj, Dpa=Dv1).

Para pontos sobre o contorno ou interface, as Eqs. (16) e (17) devem ser modificadas, adicionando os termos livres no lado esquerdo da equação. Assim, o lado esquerdo da Eq. (16) se transforma em: ( )jsjkjpapa2

1 ,wcu)Et/tE1( −δ+ . Para o problema de flexão (Eq. 17), os termos livres para

os diferentes casos são dados na Tabela 1.

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c3

β2

β1

c3

c1

c3

c1

c3

c1

c1 c1

c1 c1 c1 c1

c1

β3

c2

c2

c2 c2

c2

c2 c2

c2

c2

c2

c1

Γj

Ωj

c3 γ

V1

V2

γ

c1

Figura 2 – Tipos de cantos na placa com sub-regiões.

Nas Eqs. (16) e (17) a variável w,s é eliminada, pois ela é aproximada por diferenças finitas. A

fim de se reduzir o número de gruas de liberdade do problema, serão feitas aproximações para os deslocamentos us, un, w e w,n e para as forças ps e pn sobre as interfaces, que possibilitarão definir essas variáveis apenas nas linhas médias das vigas. Para isso, considere a Figura 3. Os vetores indicados nos eixos das vigas (linhas tracejadas) representam os sentidos da normal das vigas interna e externa (nvi e nve), assim como os sentidos (svi e sve) em que os elementos devem ser declarados. Nas linhas contínuas estão indicados os sentidos de integração dos contornos das vigas, que acompanham sempre a orientação do contorno da laje. Note-se que no caso das vigas internas, se a mesma for definida na direção de y os elementos devem ser declarados no sentido inverso ao do eixo y e no caso dela ser definida na direção de x, esses devem seguir o sentido de x. Entretanto, para as vigas externas os elementos são declarados seguindo a orientação do contorno externo da placa. Portanto, no caso da viga externa as integrais sobre os contornos da viga são feitas no mesmo sentido da sua linha média, logo segundo as mesmas direções da normal e do contorno, isto é,

−ΓΓ ==vee

nnn ve e −ΓΓ ==vee

sssve . Porém, para a viga interna, a integral referente ao domínio Ω+ é feita

no sentido contrário da linha média, ou seja, −+ ΓΓ=−=

vivinnn vi e −+ ΓΓ

=−=vivi

sssvi .

Tabela 1 – Valores de K(Q)

VALOR DE K(Q) POSIÇÃO DE Q

K(Q)=0.5 Q no contorno externo

( )jpa D/D15.0)Q(K += Q na interface; ponto em jΓ da Figura 2

( ) ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=πβ2

QKD

D5.0 2+ ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛πγ

+2D

D3 Q do tipo c1 (Figura 2), para D(Q)=D=Dlaje, β é definido na laje e γ na viga (interrompida) de rigidez D3.

πγ

+πβ

=2D

D2

)Q(Kj

pa Q do tipo c2 (Figura 2), para D(Q)=Dj (Dj e Dpa são, respectivamente, as rigidezes da placa onde se definem β e γ)

πβ= 2/)Q(K Q do tipo c3 (Figura.2).

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Figura 3 – Modelo de pavimento que representa a viga pela sua linha média.

onde a largura da viga interna é dada por 2avi e a da viga externa por 2ave, sendo que essas larguras devem ser definidas sempre na direção da normal da viga. São feitas as seguintes aproximações para os deslocamentos:

( ) ( )( ) veeixon)eixo( a,wwwvee

+=Γ (18.a)

( ) ( )( ) veeixon)eixo( a,wwwveve

−=−Γ (18.b)

( ) ( )( ) vieixon)eixo( a,wwwvivi

+=+Γ (18.c)

( ) ( )( ) vieixon)eixo( a,wwwvivi

−=−Γ (18.d)

( )−ΓΓ

==veeve nneixon ,w,w,w (19.a)

( )−Γ+Γ

=−=vivi

vi nneixon ,w,w,w (19.b)

( ) ( )( ) veeixoni)eixo(ii a,uuuvee

+=Γ i = n, s (20.a)

( ) ( )( ) veeixoni)eixo(iia,uuu

veve−=−Γ

i = n, s (20.b)

( ) ( )( )[ ]vieixoni)eixo(iia,uuu

vivi+−=+Γ

i = n, s (20.c)

( ) ( )( ) vieixoni)eixo(iia,uuu

vivi−=−Γ

i = n, s (20.d)

( ) ( ) ( ) −+ ΓΓ ==vivi kikiviki ,u,u,u i,k = n, s (21.a)

( ) ( ) ( ) −ΓΓ ==vee kikiveki ,u,u,u i,k = n, s (21.b)

Com isso, surgem na formulação as rotações un,n e us,n definidas nos eixos de vigas. Sejam

agora as forças ps e pn sobre as interfaces. Considerando-se inicialmente que as forças estejam no sistema global (x1,x2), como está representado na Figura 4, as forças p1 e p2 das interfaces e que atuam na viga, são decompostas em duas parcelas:

Ω+

Ω-

nvi

nve

avi avi ave ave

+Γvi

−Γvi

−Γve

Γe

y

x

svi sve

+Γvin +Γvi

s

−Γvin

−Γvis −Γve

n −Γves

e

esΓ

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( ) iiei pp21p Δ−=Γ i=1,2 (22)

( ) iidi pp21p Δ+=Γ (23)

Nas Eqs. (22) e (23) a soma das parcelas pi/2 gera a resultante pi no centro, que corresponde

ao carregamento atuante na viga. Essa parcela produz tensões negativas ao longo do contorno Γe e tensões positivas ao longo de Γd. A soma das parcelas Δpi, não dá resultante no centro e produz tensão constante na viga. No entanto, as equações integrais são escritas utilizando-se o sistema local (n,s) das interfaces, logo deve-se ainda escrever as Eqs. (22) e (23) em função dos sistema local da interface e então passar as forças para o sistema local adotado no eixo (ver Figura 3). Feito isso, as forças Δps e Δpn são substituídas pela lei de Hooke, através das seguintes expressões:

( ) ⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡∂∂

ν+∂∂

ν−=Δ

su

nu

1Ep sn

2n (24)

( ) ⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡∂∂

+∂∂

ν+=Δ

su

nu

12Ep ns

s (25)

onde os deslocamentos un,n e us,n já são incógnitas existentes no eixo e os deslocamentos un,s e us,s são escritos, respectivamente, em função dos deslocamentos un e us, utilizando-se diferenças finitas.

Figura 4 – Decomposição de forças nas faces da viga.

Substituindo-se as aproximações (20) a (23) nas Eqs. (16) e (17), obtêm-se as equações integrais escritas em função das variáveis definidas no contorno externo sem vigas, eixos de vigas e cantos. Para se obterem as equações dos deslocamentos uk,m e w,m basta derivar em relação à m, respectivamente, as Eqs. (16) e (17). A equação das curvaturas w,ij é obtida derivando-se duas vezes a Eq. (17) do deslocamento transversal.

3.1.3 Equações algébricas As integrais sobre o contorno e interfaces são transformadas em termos algébricos, dividindo-

se o contorno externo da placa e as interfaces em segmentos, denominados elementos de contorno.

p1/2

X1

X2

p1/2 p2/2 p2/2

Δp1

Δp2 Δp2

Δp1

s s n n

Γe Γd

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64

As variáveis são aproximadas nos elementos por funções interpoladoras, definidas em função de pontos previamente escolhidos em cada elemento, ditos nós ou pontos nodais. Nesse trabalho, são adotadas funções quadráticas. Assim, as equações integrais transformam-se em equações algébricas, que são escritas em função dos valores das variáveis nos nós do contorno e eixos de vigas, denominados de valores nodais, como está descrito no trabalho de Fernandes (1998). Nos pontos do contorno externo sem vigas, têm-se oito variáveis (un, us, pn, ps, w, w,n, Vn e Mn), das quais quatro variáveis são dadas como condição de contorno, logo é necessário escrever quatro equações nesses pontos. No caso de se ter claje=0, que será o caso tratado a seguir, têm-se dez variáveis nos pontos de vigas externas (un, us, pn, ps, w, w,n, Vn, Mn, un,n e us,n), sendo quatro delas conhecidas, pois são impostas nas condições de contorno. Nas vigas internas são definidas oito variáveis (un, us, pn, ps, w, w,n, un,n e us,n), sendo que nesse caso todas as variáveis são incógnitas do problema. Nos cantos têm-se ainda duas variáveis (w e Rc), sendo uma delas prescrita como condição de contorno. Com isso, para se obter a solução do problema de flexão composta de placas, para cada ponto situado sobre o contorno externo sem vigas escreve-se duas Eq. (17) do deslocamento transversal w (uma para o ponto sobre o contorno e outra para um ponto externo) e uma Eq. (16) relativa aos deslocamentos un e us. Contudo, se o ponto pertencer ao eixo de uma viga, escreve-se uma Eq. (17) do deslocamento transversal w, uma equação da derivada de w, uma Eq. (16) relativa aos deslocamentos un e us e, ainda, as equações das rotações un,n e us,n. Deve-se escrever ainda as equações das rotações un,s e us,s. somente para os pontos de viga interna. Além disso, deve ser escrita uma equação de w para cada canto. Escrevendo-se todas as equações necessárias para a resolução do problema, chega-se ao seguinte sistema de equações, do qual após a imposição das condições de contorno, obtêm-se as incógnitas nos eixos das vigas, nos cantos e no contorno da placa sem vigas.

[ ] [ ] [ ]

[ ] [ ] [ ]

{ }{ }{ }

[ ] [ ] [ ]

[ ] [ ] [ ]

{ }{ }{ }

+⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

−−−−−−−−−=⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

−−−−−−−−−

D2

C

F

D2

D2CF

D2

C

F

D2F

D2CF

PRP

G00

GGG

UwU

H0H

HHH { }

{ } ⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎧−−−

D2

F

T

T (26)

onde a parte superior se refere ao problema de flexão e a parte inferior ao problema de membrana; os vetores e matrizes são dados por:

• { }...,ww...U in

i

~

TF = contêm os valores nodais dos deslocamentos do contorno externo sem vigas

e dos eixos das vigas,

• { }...MV...P in

in

~

TF = é o vetor dos valores nodais dos esforços no contorno externo sem vigas e nos

eixos das vigas externas,

• { }Nci1 ccc

~

Tc w...w...ww = é o vetor dos deslocamentos nos cantos,

• { }Nci1 ccc

~

Tc R...R...RR = é o vetor das reações de canto,

• [HF] é resultante da integração dos esforços fundamentais ( *nV e *

nM ou suas derivadas) ao longo do contorno externo e interfaces;

• [GF] é obtida a partir da integração das funções *w e *,nw , ou suas derivadas, ao longo do contorno

externo ou eixos de vigas externas;

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65

• [Hc] e [Gc] são relativas aos cantos, sendo a primeira a matriz que traz os termos relativos aos esforços fundamentais ( *

CR ou sua derivada) nos cantos e a segunda contém os termos referentes

ao cálculo de *w ou sua derivada nos cantos.

• { }....uuuu...U in,n

in,s

in

is

~

TD2 = , é o vetor dos deslocamentos do problema de membrana nos

pontos sobre o contorno externo sem vigas e eixos de vigas (note-se que os deslocamentos us,n e us,n são definidos apenas nos pontos sobre os eixos das vigas);

• { }...pp...P in

is

~

TD2 = é o vetor das forças de superfície do problema de membrana, dos pontos

sobre o contorno externo sem vigas, eixos de vigas externas e internas;

• [ ] D2H é uma das matrizes que representa a influência do problema de membrana no de flexão e

cujos termos são obtidos da integração dos deslocamentos fundamentais *,nw e *, sw (ou suas derivadas) ao longo das interfaces.

• [ ] D2G é outra matriz que representa a influência do problema de membrana no de flexão e cujos

termos são obtidos da integração dos deslocamentos fundamentais *,nw e *, sw (ou suas derivadas) ao longo do contorno externo sem vigas e dos contornos longitudinais das vigas externas e internas.

• {0} é um vetor onde todos os termos são iguais a zero;

• [H2D], é a matriz do problema bidimensional, cujos termos são obtidos pela integração das funções *

knp e *ksp , ou suas derivadas, ao longo do contorno externo e interfaces;

• [ ]FH representa a influência do problema de flexão no problema de membrana sendo obtida pela

integração das funções *knp e *

ksp , ou suas derivadas, ao longo do contorno externo e interfaces;

• [G2D] é a matriz do problema de membrana, cujos termos são relativos à integração das funções *knu e *

ksu , ou suas derivadas, ao longo do contorno externo sem vigas ou no caso das vigas externas, seus termos são dados pela média daqueles obtidos com a integração das funções ao longo dos dois contornos longitudinais da viga;

• T2D é o termo correspondente ao carregamento no plano da placa

• TF é o termo correspondente ao carregamento transversal da placa

3.2 ANÁLISE NÃO LINEAR DO PAVIMENTO ENRIJECIDO

3.2.1 Equações Integrais da placa enrijecida sujeita à flexão composta e com a presença de campos de momentos e forças normais iniciais As equações integrais do problema não-linear são iguais àquelas do problema linear acrescidas

de integrais de domínio envolvendo os momentos e forças normais iniciais. Para um ponto q do domínio da placa chega-se às seguintes equações integrais:

=)q(w ( ) ( ) ( ) ( ) ( )+Γ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

∂∂∑ ∫

= Γ

SN

1k

*n

*n

k PdPwP,qVPnwP,qM

DD

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66

( ) ( ) ( ) ( ) ( )+Γ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

∂∂

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+∑ ∫

= Γ

PdPwP,qVPnwP,qM

DDDint

k

N

1kk

*n

*n

pak ( ) ( )PwP,qRD

D3cN

1kck

*ck

k∑=

( ) ( )+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −− ∑

+

=

PwP,qRD

DD 2c1c NN

1kck

*ck

pak ( ) ( )+∑=

P,qwPRcN

1ik

*ckck

( ) ( ) ( ) ( ) ( )+Γ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−+ ∫Γ

∗∗ PdP,q

nwPMP,qwPV nnn ( ) ( )[∑ ∫

= Γ

+s

k

N

k

*nnk P,q,wPpc

1

( ) ( )] k*ss dP,q,wPp Γ+ ( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ] +Γ+−+∑ ∫

= Γ

int

k

N

1kk

*ss

*nnpak dP,q,wPpP,q,wPpcc

( ) ( )( ) ( )∫Ω

∗ Ω+g

pdp,qwpg g ( ) ( ) ( ) ( )[ ] +Ω+−∑ ∫= Ω

s

i

N

1kb

*ss

*nnk dp,q,wpbp,q,wpbc

( )∫Ω

Ω− )p(d)p,q(,w)p(m *ij

0ij ( )∑ ∫

= Ω

Ω+sN

1k

*ij

0ijk )p(d)p,q(,w)p(Nc i,j=1,2 (27)

( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( ) ( )( ) +Γ+−=+− ∑ ∫= Γ

sN

1N

*kss

*knn

Nkk dP,qpPuP,qpPu

EEquq,wqc

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) +Γ+−

−∑ ∫= Γ

int

N

N

1NN

*kss

*knn

paN dP,qpPuP,qpPuE

EE ( ) ( )[∑ ∫= Γ

+SN

Nn

*kn

NN P,wP,qpEcE

1

( ) ( )] Γ+ dP,wP,qp s*ks

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) +Γ+−

+∑ ∫= Γ

int

N

N

1NNs

*ksn

*kn

papaNNdP,wP,qpP,wP,qp

EcEcE

( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) +Ω++Γ++ ∫∫ΩΓ b

dpbp,qupbp,qudPpP,quPpP,qu s*ksn

*kns

*ksn

*kn

( )( )∫Ω

Ωε+ )p(d)p,q()p(N *D2kij

0ij k=l,m i,j=1,2 (28)

3.2.2 Discretização do domínio em células A fim de se calcular as integrais de domínio das Eqs. (27) e (28), que envolvem os esforços iniciais na placa, deve-se discretizar os domínios das vigas e lajes em células, nas quais os momentos e forças normais iniciais de um ponto p da placa serão aproximados por funções de interpolação. Porém, não se adotará o mesmo tipo de discretização para as vigas e lajes. Para as vigas serão consideradas células retangulares e para as lajes, células triangulares, onde as vigas estão discretizadas em uma célula retangular e a laje em 4 células triangulares. Nas células triangulares das lajes, serão utilizadas funções aproximadoras lineares. Nas vigas, os esforços iniciais serão considerados constantes ao longo da largura, mas variáveis ao longo do comprimento. Cada célula retangular terá três nós, que são coincidentes com os nós do elemento e, será dividida em quatro células triangulares onde os esforços iniciais terão aproximação linear. No encontro de vigas tem-se uma célula retangular com apenas um nó, logo os esforços terão aproximação constante.

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67

3.2.3 Equações algébricas As equações algébricas são obtidas após a discretização do contorno externo sem vigas e

eixos de vigas em elementos e do domínio em células. Assim, a equação algébrica dos momentos elásticos em um ponto interno é obtida a partir da Eq. (4), sendo as curvaturas calculadas derivando-se duas vezes a Eq. (27). A equação aproximada dos momentos elásticos em todos os pontos nodais das células, na forma matricial, é dada por:

{ } [ ] [ ] [ ][ ]{ }{ }{ }

[ ] [ ] [ ][ ]{ }{ }{ }

+⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎧=

⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎧+

D2

C

F

D2CF

D2

C

F

D2CFe

PPP

*G*G*GUUU

*H*H*HM

{ } [ ] { } [ ] { }0D2

0FF N*EM*E*T +++ (29)

Derivando-se uma vez a Eq. (27) e considerando-se a Eq. (3), obtém-se a equação matricial

relativa à força normal elástica de um ponto q. Escrevendo-se essa equação em todos os pontos nodais das células, chega-se à:

{ } [ ] [ ] [ ][ ]{ }{ }{ }

[ ] [ ] [ ][ ]{ }{ }{ }

+⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎧=

⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎧+

D2

C

F

D2

D2

C

F

D2Fe

PPP

*G00UUU

*H0*HN

{ } [ ] { }0

~D2 N*E'*T ++ (30)

de { }0N e { }0M são, respectivamente, os resíduos de forças normais e de momentos

Fazendo-se algumas operações matemáticas nas Eqs. (29) e (30), essas podem ser escritas da seguinte forma simplificada:

~0

~N

~0

~M

~e

~NSMSKM ++= (31)

~0

~

'M

~0

~

'N

~e

~MSNS'KN ++= (32)

Nas Eqs. (31) e (32) {K} e {K’} contêm a resposta elástica, sem considerar os esforços iniciais;

[SM] e [SN] representam, respectivamente, a influência dos momentos e forças normais iniciais nos valores dos momentos elásticos; [ ]'

MS e [ ]'NS representam, respectivamente, a influência dos

momentos e forças normais iniciais nos valores das forças normais elásticas.

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68

3.2.4 Formulação não-linear implícita utilizando o operador tangente consistente A solução não-linear é obtida através de um procedimento incremental-iterativo, no qual a carga

total é subdividida em incrementos de carga. Em cada incremento, o equilíbrio da estrutura é verificado através do processo iterativo de correção de esforços. Na formulação implícita, as correções que devem ser dadas aos estados de curvatura e das deformações de chapa em uma determinada iteração, são obtidas através do operador tangente consistente, que é atualizado a cada iteração, e da correção dos esforços nos pontos da placa. O operador tangente consistente é determinado a partir da formulação com campo de esforços iniciais, considerando-se também o modelo constitutivo adotado. Nesse contexto, é interessante citar os seguintes trabalhos, não necessariamente de placas, que tratam de modelos que utilizam o método dos elementos de contorno e o operador tangente consistente: Bonnet (1995), Bonnet & Mukerjee (1996), Fudoli (1999) e Botta (2003).

Na solução não-linear, os momentos e forças normais na placa são dados por:

{ } { } { }0e MMM −= i, j =1,2 (33)

{ } { } { }0e NNN −= (34)

sendo { }eN e { }eM dados pelas Eqs. (31) e (32).

A partir das Eqs. (33) e (34), chega-se às seguintes equações de equilíbrio da placa:

{ } [ ] [ ] ( ){ } { }( ) [ ][ ] ( ){ }+−−+ r/1CIMr/1CSK mmM [ ] [ ]{ } { }( ) 0NCS D2NN =−ε (35)

{ } [ ][ ]{ } { }( ) [ ][ ]{ }+ε−−ε+ D2N

D2N

'N CINCS'K [ ] [ ] ( ){ } { }( ) 0Mr/1CS M

'M =− (36)

onde[CN] e [Cm] são os tensores de rigidez elásticos obtidos a partir da lei de Hooke; {1/r} é o vetor de curvaturas e {ε2D} o vetor de deformações do problema bidimensional.

Com isso, ao aplicar-se uma determinada carga à estrutura, se esta estiver equilibrada, as Eqs. (35) e (36) devem ser satisfeitas. Caso isso não ocorra, deve-se dividir a carga total em incrementos de carga, sendo que em um determinado incremento n, o equilíbrio é verificado através das seguintes equações:

{ } [ ] [ ] ( ){ } { }( ) [ ][ ] ( ){ } +Δ−Δ−Δ+Δ nmnnmMn r/1CIMr/1CSK

[ ][ ]{ } { }( ) 0NCS nnD2

NN =Δ−εΔ+ (37)

{ } [ ][ ]{ } { }( ) [ ][ ]{ } +εΔ−Δ−εΔ+Δn

D2Nnn

D2N

'Nn CINCS'K

[ ][ ] ( ){ } { }( ) 0Mr/1CS nnM'M =Δ−Δ+ (38)

Se as relações de equilíbrio (37) e (38) não forem verificadas, deve-se encontrar o valor de

{ } =εΔTn

t ( )n~

D2

~r/1

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ εΔΔ , que satisfaça as mesmas, isto é, deve-se encontrar os valores dos

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69

incrementos de curvaturas e de deformação de chapa que satisfazem tanto as equações de equilíbrio estático da estrutura quanto o modelo constitutivo. Para se obter { }n

tεΔ necessita-se de um procedimento iterativo (Newton), no qual o valor final dessa variável é obtido somando-se as

sucessivas correções ( ){ }in

tεΔδ que devem ser aplicadas ao sistemas de equações não-lineares (Eqs. 37 e 38) ao longo do processo iterativo do incremento n. Em uma iteração i, essa correção é dada por:

( ){ } ( ){ } ( ){ }in

t1in

tin

t εΔ−εΔ=εΔδ+

(ver Figura 11). O processo iterativo termina quando as relações (37) e (38) forem verificadas dentro de uma margem de erro pré-estabelecida, que é traduzido pelo critério de convergência utilizado.

Em uma iteração i+1, deve-se satisfazer as seguintes relações de equilíbrio:

{ } { } { } 0MMM 1in

int1in

int1n

ext =Δ−−++

+ (39)

{ } { } { } 0NNN 1in

int1in

int1n

ext =Δ−−++

+ (40)

Onde

{ } { }nnext KM Δ=Δ (41)

{ } [ ]{ } [ ] ( ){ }( ) [ ][ ] ( ){ } +Δ+Δ−Δ=Δ inm

inm

inM

in

int r/1CIr/1CMSM [ ] { } [ ]{ } ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ εΔ−Δ

in

D2N

inN CNS (42)

{ } { }nnext 'KN Δ=Δ (43)

{ } [ ] { } [ ]{ } [ ][ ]{ } +εΔ+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ εΔ−Δ=Δ

i

nD2

Ni

nD2

Nin

'N

in

int CICNSN [ ]{ } [ ] ( ){ }( )inM

in

'M r/1CMS Δ−Δ (44)

Utilizando-se o método de Newton Raphson as Eqs. (39) e (40) resultam em:

{ } { } { }( ){ }

( ){ } 0M

MM in

tin

t

in

int1i

nint

1next =εΔδ

εΔ∂

Δ∂−−

+

+ (45)

{ } { } { }( ){ }

( ){ } 0N

NN in

tin

t

in

int1i

nint

1next =εΔδ

εΔ∂

Δ∂−−

+

+ (46)

Na Figura 5 { }~~

T NMF = é o vetor dos esforços na placa; [KTC]i é a matriz tangente, que

relaciona o incremento de esforços internos ou verdadeiros e o incremento de deformações, na

iteração i, ( )intε é o vetor de deformações da iteração i, inΨ é o vetor de resíduo da iteração i, ext

nF 1+ é o

vetor de momentos e forças normais externos do incremento n+1, )( ienFΔ é o incremento de momentos

e forças normais elásticos da iteração i, inF é o vetor dos esforços internos verdadeiros da iteração i,

do incremento n e ( )ntε é o vetor de deformações do incremento n.

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70

Esforços (F)

)1(01nn F=Ψ

2nΨ

( )1ntεΔ

ε

extnF 1+

[KTC]0 [KTC]1

[KTC]2

2nF ⎭

⎬⎫

⎩⎨⎧

= ')1(

n

nen K

KF

ΔΔ

Δ

extnn FF =

2nFΔ

3nF

1nFΔ

( )1ntεδΔ

( )2ntεΔ

( )ntεΔ

( )ntε ( )2ntε ( )3ntε ( ) 1+n

Figura 5 – Método de Newton Raphson padrão.

Porém, considerando-se que os incrementos de momentos e forças normais elásticos na

iteração i+1 são dados por { } { } { } 1in

int1n

ext1in

e MMM +

+

+−=Δ e { } { } { } 1i

nint

1next1i

ne NNN +

+

+−=Δ , as Eqs. (45)

e (46) podem ser escritas como:

{ } { }( ){ }

( ){ } { }( ){ }

( ){ } 0M

r/1r/1

MM i

nD2

in

D2

in

intini

n

in

int1i

ne =εΔδ

εΔ∂

Δ∂−Δδ

Δ∂

Δ∂−Δ

+ (47)

{ } { }( ){ }

( ){ } { }( ){ }

( ){ } 0N

r/1r/1

NN i

nD2

in

D2

in

intini

n

in

int1i

ne =εΔδ

εΔ∂

Δ∂−Δδ

Δ∂

Δ∂−Δ

+ (48)

As Eqs. (47) e (48) podem ser escritas em uma mesma equação matricial:

{ }{ }

[ ] [ ][ ] [ ]

( ){ }{ } ⎭

⎬⎫

⎩⎨⎧

εΔδΔδ

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

ΔΔ

+

+

in

D2

in

inD2

inM

inD2

inM

1in

e

1in

e r/1KKKK

NM (49)

onde:

[ ] { }( ){ }i

n

in

intinM r/1

MKΔ∂Δ∂

= [ ] [ ] [ ] [ ][ ]⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ −= mm

in

epmM CICCS (50)

[ ] { }( ){ }i

nD2

in

inti

nD2M

KεΔ∂

Δ∂= [ ] [ ] [ ]⎟

⎞⎜⎝

⎛ −= Nin

epNN CCS (51)

[ ] { }( ){ }i

n

in

inti

nMr/1

NKΔ∂Δ∂

= [ ] [ ] [ ] [ ]( )[ ]min

epmM

i

nM CC'SK −= (52)

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71

[ ] { }{ }i

nD2

in

intinD2

NKεΔ∂

Δ∂= [ ] [ ] [ ] [ ][ ]NN

in

epN

'N CICCS +⎟

⎞⎜⎝

⎛ −= (53)

sendo:

[ ]( )

( )( )

=εΔ∂

σ∂=

εΔ∂

∂=

+

+

∫ 3in

1in

2/t

2/ti

nD2

)1i(ni

nepN dxNC [ ] 3

2/t

2/t

in

ep dxC∫−

(54)

[ ]( )

( ) ( )( )

( )( )

=Δ∂

εΔ∂εΔ∂

σ∂∂σσ∂

=Δ∂∂

=+

−+

++

∫ 3in

in

in

)1i(n

2/t

2/t1i

n

3)1i(

nin

)1i(ni

nepm dx

r/1x

r/1MC ( ) [ ] 3

2/t

2/t

in

ep23 dxCx∫

− (55)

onde [ ]inepC , que é obtido a partir do modelo constitutivo adotado, é a matriz tangente que relaciona a tensão real com o incremento de deformação (nesse trabalho é adotado o critério de Von Mises). A Eq. (49) pode ser escrita de forma simplificada como:

{ } [ ] { }in

t)i(TC)n(

1in

e KF εΔδ=Δ+

(56)

onde [ ])()(

iTCnK , que é o operador tangente consistente, é dado por:

[ ])i(TC)n(K [ ] [ ]

[ ] [ ] ⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

inD2

inM

inD2

inM

KKKK

(57)

Da resolução do sistema (49), se obtêm as correções de curvatura e deformações de chapa que devem ser dadas à estrutura. Na Eq. (49) tem-se ainda que:

{ } { }KM n1i

ne β=Δ

+ se i = 0, (58.a)

{ } { } { } { }inM

in

in

e1in

e MMM Ψ=Δ−Δ=Δ+

se 1i ≥ (58.b)

{ } { }'KN n1i

ne β=Δ

+ se i = 0 (59.a)

{ } { } { } { }inN

in

in

e1in

e NNN Ψ=Δ−Δ=Δ+

se 1i ≥ (59.b)

onde βn é coeficiente de multiplicação da carga, no incremento n; { }inMΨ e { }i

nNΨ são, respectivamente, os resíduos de momentos e forças normais da iteração i.

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3.2.5 Modelo estratificado Admite-se que a placa é dividida em camadas, as quais podem ter espessuras e propriedades diferentes, considerando-se, porém, constantes as propriedades sobre cada camada, como é mostrado no trabalho de Figueiras (1983). O cálculo em camadas é importante numa análise não-linear, pois permite representar a distribuição não-linear das tensões ao longo da espessura e é essencial na análise de placas compostas de materiais diferentes, pois material e modelos constitutivos distintos podem ser admitidos para cada camada. Para cada camada, atribui-se um valor de tensão associado a sua superfície média e considera-se que as componentes de tensão são constantes ao longo da espessura tn da camada (ver Figura 6), sendo a integração das tensões ao longo da espessura da placa feita através da fórmula de quadratura de Gauss.

Camadasde armaduras

Camadas deconcreto

tn

x3

σ ijC n( )

σ ijS n( )

ξ

ξn

ξ= -1

ξ= +1

Figura 6 – Modelo estratificado para o concreto armado.

Na Figura 11 tem-se que 2/tx2/t 3 ≤≤− , sendo t a espessura da placa. No caso da placa de concreto armado, os pontos de Gauss, definidos ao longo da espessura em função da coordenada homogênea ξ, representarão as camadas de concreto, como é mostrado na Figura 11, e as armaduras serão distribuídas em pontos adicionais, cujas posições são previamente estabelecidas. Para a placa de aço, que será ocaso a ser tratado aqui, os pontos de Gauss representam camadas de aço.

Os momentos e forças normais internos ou verdadeiros, no caso da placa de concreto armado, são calculados a partir das equações:

=ijM ig

Ng

1igig

)ig(ij

2

W4t ∑

=

ξσ kS3)k(S

Ns

1kij

)k(Sij xA∑

=

δσ+ (60.a)

=ijN ig

Ng

1ig

)ig(ij W

2t ∑

=

σ )k(S

Ns

1kij

)k(Sij A∑

=

δσ+ (60.b)

onde Ns é o número de armaduras, As a área da seção transversal da armadura e x3s sua posição.

Para a placa de aço, nas Eq. (60) existe apenas o primeiro somatório referente aos pontos de Gauss.

3.2.6 Procedimento incremental e iterativo para a obtenção da resposta não-linear O algoritmo é o seguinte: para uma iteração i+1 de um incremento n, segue-se os seguintes

passos:

1) Calculam-se os incrementos de momentos { } 1in

eM+

Δ e forças normais { } 1in

eN+

Δ elásticos, referentes a todos os pontos nodais das células, a partir das Eqs. (58) e (59).

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2) Se i=0 calculam-se os incrementos de curvaturas ( ){ } 1inr/1 +Δ e de deformações de chapa

{ } 1i

nD2 +

εΔ através da lei de Hooke.

3) Se 1i ≥ , atualiza-se a matriz tangente global [ ])i(TC)n(K (Eq. 57) e calculam-se as correções que

devem ser dadas ao incremento de curvaturas ( ){ }inr/1Δδ e ao incremento das deformações de

chapa { }i

nD2εΔδ (Eq. 49), obtendo-se o novo estado de curvaturas e deformações de chapa na

placa: ( ){ } ( ){ } ( ){ }in

in

1in r/1r/1r/1 Δδ+Δ=Δ + e { } { } { }i

nD2i

nD21i

nD2 εΔδ+εΔ=εΔ

+;

4) Para cada ponto nodal das células, procede-se da seguinte maneira: 4.1 Verifica-se o modelo constitutivo para cada ponto de Gauss ig definido ao longo da espessura

da placa, seguindo os seguintes passos: a) Se 1i ≥ , calcula-se a correção no incremento de deformações

{ } { } ( ) ( ){ }inig3

in

D2in r/1x Δδ−εΔδ=εΔδ , o incremento de deformações { } { } { }i

nin

1in εΔδ+εΔ=εΔ + e

as deformações totais: { } { } { } 1in

1in

2in

+++ εΔ+ε=ε . Se 0i = , tem-se que

{ } { } ( ) ( ){ }1nig3

1n

D21n r/1x Δ−εΔ=εΔ .

b) Obtém-se o incremento de tensões elásticas, ou de tentativa, { } 1in

e +σΔ através da equação

{ } [ ] ( ){ }in

in

1in

e C εΔδ=σΔ+

se 1i ≥ ou a partir da equação { } [ ] ( ){ } 1in

1in

e C ++εΔ=σΔ (sendo [C] o

tensor elástico dado pela lei de Hooke) se 0i = . Soma-se esse último ao estado de tensão

verdadeiro da iteração anterior, obtendo-se as tensões totais { } { } { } 1in

e1in

2in

e +++σΔ+σ=σ .

c) Com as tensões totais verifica-se o modelo constitutivo, obtendo-se o vetor de tensão

verdadeiro { } 2in+σ , dado por { } { } { } { } 1i

np1i

ne1i

n2i

n++++ σΔ−σΔ+σ=σ , e o incremento de tensão

verdadeiro { } 1in+σΔ para o ponto em questão. Se a iteração não for elástica, deve-se atualizar

também a relação constitutiva elasto-plástica [Cep]. Procedendo-se, da mesma forma, para todos os pontos de Gauss, obtém-se uma nova distribuição de tensão ao longo da espessura.

4.2 Calculam-se os momentos e forças normais internos ou verdadeiros { } 2inM + e { } 2i

nN + , e o vetor

dos incrementos de momentos e forças normais internos ou verdadeiros { } 1inM +Δ e { } 1i

nN +Δ , que são calculados a partir das Eq. (60). Calculam-se, então, os vetores de momentos e forças normais residuais nos pontos plásticos:

{ } { } =Ψ=Δ ++ 1inM

1in

0M { } 1in

eM +Δ -{ } 1i

nM +Δ (61)

{ } { } =Ψ=Δ ++ 1inN

1in

0N { } 1in

eN +Δ -{ } 1i

nN +Δ (62)

4.3 Para todos os pontos ao longo da espessura, verifica-se o critério de convergência. 5) Segue-se o mesmo procedimento para todos os pontos nodais das células. Se o critério de

convergência não for verificado, para algum ponto, quer dizer que o estado de tensão na estrutura é tal que verifica o modelo constitutivo em todos os pontos, mas não é mais estaticamente admissível. Assim, aplicam-se { } 1i

nM+Ψ e { } 1i

nN+Ψ ao sistema como campos de esforços iniciais e

passa-se à iteração i+2 (passo 1). Caso o critério de convergência seja verificado, passa-se ao incremento (n+1) seguinte (passo 1, i=0).

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Ao final de um incremento, têm-se:

~

0

~N

0

~~M~~

NRMRLX ++= (63)

onde {X} é o vetor de incógnitas da placa; {L} a resposta elástica; {M0} e {N0} são os vetores dos resíduos de momentos e forças normais acumulados, que são obtidos somando-se a cada iteração os incrementos das forças residuais.

No algoritmo apresentado anteriormente, são feitas modificações no que diz respeito à verificação do critério para os pontos pertencentes às vigas ou para aqueles que representam o encontro de vigas.

Considere inicialmente, os pontos definidos ao longo de uma viga. Para esses pontos será corrigido apenas o incremento de tensão e

ss VVσΔ na direção sv do contorno no eixo da viga. Assim, os

incrementos de tensão ens VV

σΔ e enn VV

σΔ , sendo nv a direção da normal no eixo da viga, serão

considerados sempre elásticos. Com isso, considerando-se uma iteração i+1 de um incremento n, procede-se da seguinte forma para os pontos de viga:

• Obtém-se o vetor das tensões totais de tentativa ({ } 2in

e +σ ) no sistema (X1, X2) da mesma

maneira apresentada anteriormente.

• Calcula-se a tensão total ess VV

σ na direção sv da viga, através da equação:

exx

2exx

exx

2ess 222111VV

sensencos2cos ασ+ασα+ασ=σ (64)

sendo α o ângulo que a direção sv da viga faz com o eixo X1.

• Com ess VV

σ verifica o critério, obtendo-se { } 1i

np

ss vv

+σΔ .

• Calcula-se o incremento de tensões plásticas { } 1in

)s(p +σΔ no sistema (X1, X2) relativas apenas

ao incremento de tensão{ } 1i

np

ss vv

+σΔ , ou seja:

pss

2

2

)s(p12

)s(p22

)s(p11

VV

sencossencos

σΔ⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

αααα

=⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

σΔσΔσΔ

(65)

• Obtêm-se as tensões verdadeiras: { } { } { } { } 1in

)s(p1in

e1in

2in

++++ σΔ−σΔ+σ=σ (66)

No caso de um ponto que representa o encontro de duas vigas, segue-se o mesmo algoritmo do ponto pertencente a uma viga, porém nesse caso o critério deve ser verificado, separadamente, em cada uma das direções sv1 e sv2,, que são as direções do eixo das vigas que chegam no ponto.

4 RESULTADOS OBTIDOS

4.1 Exemplo numérico da formulação linear: placa enrijecida com quatro vigas externas e uma interna

Nesse exemplo analisa-se o caso de um pavimento simples, contendo uma viga interna e vigas de contorno (ver Figura 7) e cujas dimensões estão dadas em m. Foram considerados dois lados livres e os outros dois apoiados. Para as lajes foram adotados: espessura tL=8cm, módulo de elasticidade

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E=25000000kN/m2, coeficiente de Poisson ν=0,25. Para as vigas, adotaram-se o mesmo módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson, porém espessura tV=30cm. Ao longo dos lados apoiados foram prescritos momentos iguais a Mx =1000kNxm/m, mas com sinais contrários, prescreveu-se ainda ps=un=0 para todos os pontos, a menos de um ponto em uma das extremidades de um dos lados onde se impõe us=un=0. Nos lados livres tem-se: ps=pn=0.

0,1 4,0 0,1

0,1

0,1

0,1

2,0

2,0

x

Figura 7 – Placa enrijecida com vigas externas e uma viga interna.

1

19 20

38

39

57 58

76

77 93

94

102 103

119

120

128

129 145 146

154155

171

180

172

Figura 8 – Discretização considerando mod1.

1 17 18

26 27 29 30

38 39 55

56

64

65

67 568

76

77 93

Figura 9 – Discretização através da linha média das vigas (mod2).

No caso do modelo em que as variáveis são definidas nas interfaces (mod1), a análise foi realizada considerando-se uma malha de 84 elementos (ver Figura 8) e para o modelo em que as variáveis são consideradas nos eixos de vigas (mod2) foram consideradas duas discretizações: 42 e 122 elementos. Na Figura 9 tem-se a discretização de 42 elementos. Além disso, comparam-se esses resultados com aqueles obtidos através de um programa em elementos finitos desenvolvido por Sanches (2003).

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Figura 10 – Deslocamentos no eixo da viga interna.

Nas Figuras 10 e 11 apresentam-se os resultados obtidos no eixo da viga interna (eixo x da Figura 7), onde se pode observar, que os valores obtidos com a formulação da placa sujeita à flexão composta são menores que aqueles da placa sujeita à flexão simples considerando-se mod2, sendo a diferença relativa no ponto do maior deslocamento de 26%. No valor do maior momento essa diferença foi de 135 %. Os deslocamentos obtidos com o programa em elementos finitos foram muito próximos daqueles obtidos com o modelo mod1 e bem menores que aqueles do modelo mod2.

Figura 11 – Momentos, na direção x, na viga interna.

4.2 Exemplo numérico da formulação não-linear: placa enrijecida com vigas externas e uma viga interna com carga uniformemente distribuída

A placa analisada nesse exemplo está na Figura 12, onde as unidades são dadas em metro. A placa é simplesmente apoiada com carga uniformemente distribuída. Adotou-se E=25000KN/cm2, K=2500KN/cm2, σy=24kN/cm2, ν=0,25, tV=25cm, tL=8cm e carga distribuída q=20N/cm2. Foram consideradas duas discretizações. Na primeira, a placa for discretizada em 42 elementos (ver exemplo 4.1) e cada laje em 16 células. A discretização do domínio das lajes segue o modelo daquela indicada na Figura 13, porém consideram-se apenas três pontos internos ao invés de cinco.

-10-8-6-4-202468

10

0 1 2 3 4

x(m)

w(c

m)

mod1 - 84 elem -f lexão simples

mod2 - 42 elem -f lexão simples

MEF - f lexãosimples

mod2 - 122 elemflexão composta

-14

-9

-4

1

6

11

0 0,6 1,2 1,8 2,4 3 3,6 4,2

x(m)

mx

(103

kNm

/m)

mod1 - 84 elem -flexão simples

mod2 -42 elem-flexão simples

mod2 - 122 elem -flexão composta

MEF - flexãosimples

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Figura 12 – Placa simplesmente apoiada, enrijecida com vigas externas e uma interna.

Na segunda discretização, consideraram-se 122 elementos e 48 células em cada laje. Nesse

caso, a discretização do domínio das lajes foi feita seguindo o mesmo modelo daquela indicada na Figura 14, dividindo-se porém, o lado maior em seis partes iguais, ao invés de quatro. A placa foi analisada considerando-se flexão simples e flexão composta. Para o problema de chapa, foram consideradas as seguintes condições de contorno: ps=pn=0 para os dois lados externos perpendiculares à viga interna e também para um dos lados externos no mesmo sentido dessa viga. No outro lado, considerou-se: us=un=0 em um ponto localizado em uma das extremidades do lado e ps=un=0 para um ponto da outra extremidade desse lado.

1 2 3 4 5 6 78

9

1011121314151617

18

19

20

21 22 23 24 25

Figura 13 – Discretização da laje com 24 células.

Figura 14 – Discretização da laje com 32 células.

Os deslocamentos do ponto central da viga interna ao longo do processo incremental estão representados na Figura 15. No cálculo com a flexão simples, a plastificação se deu no segundo incremento, onde β=2,2, na região central da viga interna. Com a malha menos refinada, no incremento 23 onde se tinha β=3,7, o cálculo não convergiu mais. Com a outra discretização o cálculo foi dividido em 44 incrementos e a carga limite obtida foi de q=91,2N/cm2 quando o ponto central da viga interna alcançou o valor máximo da deformação plástica efetiva.

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Figura 15 – Curva carga-deslocamento do ponto central da viga interna.

Na análise com flexão composta a plastificação se deu para β=1 e a carga limite de q=52N/cm2

foi atingida no incremento 9. Os deslocamentos transversais nesse incremento, para a malha mais refinada, estão na Figura 16. Nesse caso, os deslocamentos obtidos com a malha de 122 elementos e 96 células foram muito menores que aqueles da malha de 42 elementos e 32 células. Pode-se ver na Figura 15 que a carga limite obtida com a flexão simples foi quase o dobro daquela considerando-se flexão composta e os deslocamentos obtidos com a flexão composta foram muito menores que aqueles da flexão simples.

Figura 16 – Deslocamentos na viga interna no incremento 8 da análise de flexão composta com 96 células.

5 CONCLUSÕES

O trabalho mostra que a análise de estruturas planas enrijecidas pode ser feita através de uma formulação que envolva apenas elementos de contorno, dispensando-se portanto a combinação com o MEF tradicionalmente utilizada. O pavimento é considerado como sendo uma placa subdividida em sub-regiões, sendo cada sub-região a representação de uma viga ou laje. Com isso, não é necessário definir elementos de placa e viga. A formulação usando-se apenas MEC leva a um número menor de graus de liberdade, reduzindo também as aproximações. O equilíbrio de forças ao longo das interfaces é automaticamente satisfeito. A aplicação em estruturas de edifício é um objetivo interessante; vai permitir uma grande redução das dimensões do problema e melhorar a precisão da solução.

0

1

2

3

4

5

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4

w (cm)

flexao composta - 96 cel

flexao composta -32cel

flexao simples -32 cel

flexao simples - 96 cel

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Os dois modelos desenvolvidos para análise da flexão simples de placas enrijecidas com vigas mostraram-se ser bastante eficientes. Porém, no modelo em que discretiza-se todo o contorno das vigas, necessita-se de um número muito elevado de nós na discretização, o que eleva muito o custo computacional, além de dificultar consideravelmente a entrada de dados. O modelo alternativo, em que discretizam-se apenas as linhas médias das vigas mostrou-se ser mais interessante, devido à redução do número de graus de liberdade do problema. As diferenças obtidas nos resultados dos dois modelos não foram significativas, quando se mantêm as mesmas distâncias entre as linhas onde se prescrevem as condições de contorno. Caso contrário, se as dimensões das lajes e vigas forem exatamente iguais, nas duas análises, que é o caso dos exemplos apresentados aqui, em quase todos os exemplos, o modelo alternativo mostrou-se ser mais rígido, devido às aproximações feitas nos deslocamentos e rotações das vigas.

Com relação à análise linear do pavimento considerando-se o efeito de membrana, em todos os exemplos, a menos da placa esconsa, os deslocamentos foram menores que aqueles obtidos com a formulação de flexão simples, como era de se esperar. O exemplo da placa esconsa é muito complexo, sendo difícil justificar porque os resultados seriam maiores na flexão composta, porém uma justificativa possível seria o efeito da torção nas vigas provocada pela excentricidade. Nos exemplos numéricos, cujas respostas podiam ser verificadas analiticamente, o modelo apresentou ótimos resultados.

Em todos os modelos, considerando-se flexão simples ou composta, os resultados apresentaram boa convergência com o refinamento da malha, gerando respostas com boa precisão mesmo com malhas não muito refinadas.

A inclusão de campos de esforços iniciais na formulação obtida considerando-se carregamentos transversais e no plano da placa, possibilita a análise de placas sujeitas a efeitos de temperatura e retração, bem como a análise não-linear. Na análise não-linear utilizou-se um algoritmo incremental-iterativo, baseado no Método de Newton-Raphson, computando-se a correção a partir do procedimento de aplicação de campos de tensões iniciais, onde as matrizes envolvidas são atualizadas a cada iteração. A utilização do operador tangente consistente, associada à formulação implícita de elementos de contorno, mostrou-se ser bem eficiente. Nos exemplos, cujos valores dos esforços podiam ser verificados analiticamente, os resultados foram muito bons. O modelo não-linear mostrou-se ser estável, pois foi capaz de encontrar a carga limite e apresentou boa convergência dos resultados com o refinamento da malha. O procedimento para obtenção da correção no estado de curvaturas e de deformações de chapa, a ser aplicada em uma dada iteração, em que os pontos plásticos são separados dos elásticos, diminuiu consideravelmente o esforço computacional, pois ao invés de inverter a matriz tangente relativa a todos os pontos da estrutura, se invertia apenas a parcela relativa aos pontos plásticos.

Na análise não-linear, o cálculo dos esforços internos na placa foi feito considerando-se um modelo estratificado, onde a placa é dividida em camadas, nas quais verificam-se os modelos constitutivos adotados para cada camada. Nesse trabalho, foi considerado apenas o caso em que a placa é composta de apenas um material, cujo comportamento não-linear possa ser bem representado pelo critério de Von Mises, como é o caso do aço. No entanto, o modelo pode ser facilmente estendido para o caso de placas compostas de diferentes materiais, como é o caso do concreto armado. O tensor de momentos e forças normais internos é obtido, integrando-se numericamente as tensões ao longo da espessura da placa.

6 AGRADECIMENTOS

Agradecemos à FAPESP pelo apoio financeiro, sem o qual esta pesquisa não poderia ter sido realizada.

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Análise não-linear de estruturas de pavimentos de edifício através do método dos elementos de contorno

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 11, n. 48, p. 55-81, 2009

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VENTURINI, W. S. Um estudo sobre o método dos elementos de contorno e suas aplicações em problemas de engenharia. 1988. Tese (Livre-Docência) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1988.