125
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Eletrotécnica Curso de Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase Eletrotécnica Campus Curitiba Rogério Rodrigues Monteiro ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR PARA ALIMENTAR ERBs EM LUGARES ISOLADOS: O CASO DA ESTAÇÃO ANTONINA/PR CURITIBA 2007

ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

  • Upload
    dodieu

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Departamento Acadêmico de Eletrotécnica

Curso de Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase Eletrotécnica

Campus Curitiba

Rogério Rodrigues Monteiro

ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO

EÓLICO-SOLAR PARA ALIMENTAR ERBs EM LUGARES ISOLADOS:

O CASO DA ESTAÇÃO ANTONINA/PR

CURITIBA

2007

Page 2: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

Rogério Rodrigues Monteiro

ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO

EÓLICO-SOLAR PARA ALIMENTAR ERBs EM LUGARES ISOLADOS:

O CASO DA ESTAÇÃO ANTONINA/PR

Monografia de Projeto Final apresentada

na Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, curso de Engenharia Industrial

Elétrica – ênfase em Eletrotécnica, sob

orientação da Professora Maria de Fátima

R. Raia Cabreira, Dra. Eng.

CURITIBA

2007

Page 3: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

Rogério Rodrigues Monteiro

ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR PARA ALIMENTAR ERBs EM LUGARES ISOLADOS:

O CASO DA ESTAÇÃO ANTONINA/PR

Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Eletricista pela Universidade

Tecnológica Federal do Paraná.

Curitiba, 04 de Junho de 2007.

____________________________________

Prof. Paulo Sérgio Walenia, Esp. Coordenador do Curso

Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

___________________________________

Prof. Ivan Eidt Colling, Dr. Coordenador de Projeto Final de Graduação Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

_____________________________________

Profa. Maria de Fátima R. R. Cabreira, Dra. Orientadora

_____________________________________

Prof. Álvaro Augusto de Almeida, Esp. Membro da Banca

_____________________________________

Prof. Ayres Francisco da Silva Soria, M.Sc. Membro da Banca

____________________________________

Prof. Carlos Henrique Karam Salata, Esp. Membro da Banca

_____________________________________

Prof. Márcio Aparecido Batista, Esp. Membro da Banca

Page 4: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para

a realização deste trabalho: colegas, professores e minha orientadora.

À minha família, que sempre esteve presente ao longo deste período em que

estivemos distantes fisicamente.

Ao meu pai e meus irmãos, que sempre apoiaram meus projetos de vida.

Por fim, à minha mãe, que me ensinou sempre que nada acontece por acaso

e que se temos um sonho ou uma meta a atingir, devemos batalhar e lutar muito

para que isso se torne realidade sempre agindo para o bem e valorizando as coisas

simples da vida.

Page 5: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

“Não se deve engatinhar quem nasceu para voar”.

(Hellen Keller)

“A vida é como um espelho, devolve a cada um o reflexo de

seu entusiasmo, ações, pensamentos e crenças”.

(Maria Tereza Rodrigues Monteiro - Lelê)

Page 6: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

RESUMO

Neste trabalho foi desenvolvido um estudo de um sistema híbrido que utiliza

duas formas de energia renováveis: eólica e solar, para alimentar uma Estação

Rádio Base - ERB na cidade de Antonina no Paraná. Devido ao fato desta Estação

estar localizada a 450m da rede de distribuição, foi-se necessário realizar uma

extensão de rede que demorou 2 meses para sua conclusão e, durante este tempo

de espera, utilizou-se um grupo motor-gerador para suprir a demanda do sistema.

Em vista desta situação, surgiu a idéia de mostrar uma nova alternativa para

alimentar ERBs em lugares isolados, através de um sistema híbrido. Para o correto

dimensionamento deste sistema, foi necessário estudar o consumo da ERB, analisar

os dados de velocidade média do vento fornecido pelo SIMEPAR e verificar os

dados de insolação média fornecidos pelo CRESESB, através do programa

SUNDACTA. Os recursos energéticos da região apresentaram valores abaixo da

média nacional e quanto menor o potencial energético maior será o custo de

implantação deste sistema híbrido. A partir destes dados, foi possível dimensionar

todos os componentes do sistema híbrido e fazer uma comparação em relação ao

sistema convencional de energia e o uso do grupo motor-gerador.

Palavras-chave: energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico, sistema

híbrido, grupo motor-gerador.

Page 7: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

RÉSUMÉ

Une étude a été développée, dans ce travail, portant sur un système hybride

qui utilise deux formes d'énergie renouvelable: l'éolique et le solaire, pour alimenter

une "Station Radio Base" dans la ville d'Antonina, dans l'Etat du Paraná. Cette

station étant située à 450m de la ligne de distribution, il a été nécessaire de réaliser

une extension de cette ligne. Les travaux ont duré 2 mois, un générateur diesel a

alors été utilisé pour répondre à la demande énergétique du système. Au vu de cette

situation, l'idée nous est venue de proposer une nouvelle alternative pour alimenter

des ERBs isolées, grâce à un système hybride. Pour dimensionner correctement le

système, il a fallu étudier la consommation de la station, analyser les données de

vitesse moyenne du vent fourni par le SIMEPAR et vérifier les données de radiations

solaires fournies par le CRESESB, grâce au programme SUNDACTA. Les

ressources énergétiques de la région ont présenté des valeurs en dessous de la

moyenne nationale et d'autant plus faible est ce potentiel énergétique, d'autant plus

grand sera le coût d'installation de ce système hybride. Il fût possible, à partir de ces

données, de dimensionner tous les composants du système hybride et de faire une

comparaison avec le système conventionnel d'énergie et l'utilisation du générateur

diesel.

Mots-clés: énergie éolique, énergie solaire, panneau photovoltaïque, système

hybride, groupe moteur-générateur.

Page 8: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANATEL Agencia Nacional de Telecomunicações

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

CA Corrente Alternada

CC Corrente Contínua

CBEE Centro Brasileiro de Energia Eólica

CBTTE Centro Brasileiro de Testes de Turbinas Eólicas

CELPE Companhia Energética de Pernambuco

CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Elétrica

COELBA Companhia Elétrica da Bahia

COELCE Companhia Elétrica do Ceará

COPEL Companhia Paranaense de Energia

CRESESB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito

CTA Centro Técnico Aeroespacial

DEBRA Projeto de Parceria Alemanha e Brasil

DFVLR Centro Aeroespacial da Alemanha

EAG Energia Anual Gerada

ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

EMBRATEL Empresa Brasileira de Telecomunicações

ERB Estação Rádio Base

GEDAE Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas

GMG Grupo Motor Gerador

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MME Ministério de Minas e Energia

NUTEMA Núcleo Tecnológico de Energia e Meio Ambiente

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

PUC-RJ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

PWM Pulse Width Modulation (Modulação por Largura de Pulso)

SEMC Secretaria de Energia, Minas e Comunicações

SIMEPAR Sistema Meteorológico do Paraná

Page 9: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

TSR Tip Speed Ratio

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UFPR Universidade Federal do Paraná

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

WANEB Wind Atlas for the Northeast of Brazil (Atlas Eólico do Nordeste do

Brasil)

Page 10: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Anemômetro ............................................................................................26

Figura 3.2 - Moinhos antigos.......................................................................................28

Figura 3.3 - Princípio aerodinâmico da turbina eólica ................................................29

Figura 3.4 -Turbinas de eixo vertical (a) e horizontal (b) ............................................30

Figura 3.5 -Turbinas eólica Savonius .........................................................................31

Figura 3.6 - Turbina eólica de Paul de la Cour ...........................................................32

Figura 3.7 - Turbina eólica Darrieus............................................................................33

Figura 3.8 - Bônus 300 kW .........................................................................................33

Figura 3.9 - Turbina NEG Micon 2MW, Hagesholm, Dinamarca................................34

Figura 3.10 - Esquema básico de uma turbina eólica. ...............................................35

Figura 3.11 - Esquema básico de um aerogerador de pequeno porte.......................39

Figura 3.12 - Princípio básico de funcionamento de um aerogerador........................40

Figura 3.13 - Diagrama de blocos simplificado de um aerogerador...........................40

Figura 3.14 - (a) Curva característica do gerador para diferentes rotações (b) Curva

de potência do aerogerador em função da velocidade do vento. .........42

Figura 3.15 - Curva de potência típica de aerogeradores. .........................................42

Figura 3.16 - Curva de potência de aerogeradores com e sem regulação de passo

das pás. .................................................................................................43

Figura 3.17 - Exemplos de aerogeradores de pequeno, médio e grande porte.........44

Figura 3.18 - Mapa de ventos do Brasil ......................................................................48

Figura 3.19 - Usina eólica de Prainha - CE ................................................................49

Figura 3.20 - Usina eólica de Taiba - CE....................................................................49

Figura 3.21 - Usina eólica de Mucuripe - CE..............................................................50

Figura 3.22 - Usina eólica de Carmelinho - MG..........................................................50

Figura 3.23 - Parque Eólico de Osório - RS ...............................................................51

Figura 3.24 - Potencial eólico do Estado do Paraná. .................................................53

Figura 3.25 - Perfil de velocidades de vento para uma velocidade média de 10 m/s a

50m. .......................................................................................................55

Figura 3.26 - Relação entre o diâmetro do rotor e a potência nominal da turbina. ....57

Figura 4.27 - Conjunto de módulos fotovoltaicos. ......................................................60

Figura 4.28 - Esquema de um gerador fotovoltaico básico. .......................................62

Figura 4.29 - Ângulo azimutal (α) e ângulo de inclinação (β). ....................................65

Page 11: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

Figura 4.30 - Efeito causado pela variação de intensidade luminosa. .......................66

Figura 4.31 - Efeito causado pela variação da temperatura.......................................66

Figura 4.32 - Sistema de bombeamento fotovoltaico para irrigação ..........................67

Figura 4.33 - Telefonia pública utilizando energia fotovoltaica: Maceio/AL ...............68

Figura 4.34 – Sistema fotovoltaico residencial: Amazônia .........................................68

Figura 4.35 – Sistema fotovoltaico para iluminação pública: Ipatinga - MG ..............69

Figura 4.36 – Sistema fotovoltaico para telefones públicos: Bahia ............................69

Figura 4.37 - Módulo fotovoltaico Kyocera .................................................................70

Figura 4.38 - Módulo fotovoltaico Siemens.................................................................70

Figura 5.39 - Exemplo de sistema híbrido. .................................................................71

Figura 5.40 - Sistema híbrido instalado no Chile ........................................................72

Figura 5.41 - Sistema híbrido em Fernando de Noronha ...........................................73

Figura 5.42 - Projeto Tamaruteua ...............................................................................74

Figura 5.43 - Projeto Praia Grande.............................................................................75

Figura 5.44 - Partes de um sistema híbrido eólico-solar ............................................76

Figura 5.45 - Ligação série de elementos eletroquímicos formando uma bateria de

24V.........................................................................................................78

Figura 5.46 - Exemplos de baterias usadas em sistemas fotovoltaicos.....................79

Figura 5.47 - Tipos de chaveamentos em controladores de carga: (a) série (b)

paralelo. .................................................................................................81

Figura 5.48 - Controlador de Carga SunSaver ...........................................................81

Figura 5.49 - Controlador de Carga ProStar...............................................................81

Figura 5.50 - Formas de ondas obtidas através de modulação PWM. ......................82

Figura 5.51 - Inversor Xantrex ....................................................................................82

Figura 5.52 - Inversor Isoverter...................................................................................82

Figura 6.53 – Exemplo de ERB: BR 277, Km 41........................................................84

Figura 6.54 - Diagrama de blocos do bastidor Siemens.............................................86

Figura 6.55 - Grupo motor gerador .............................................................................88

Figura 6.56 - Fases das emissões de poluentes. .......................................................89

Figura 7.57 – ERB de Antonina/PR ............................................................................91

Figura 7.58 – Distância da rede de distribuição elétrica.............................................91

Figura 7.59 - Grupo motor gerador .............................................................................92

Figura 7.60 – Extensão de rede: acesso ....................................................................93

Figura 7.61 – Extensão de rede: transformador .........................................................93

Page 12: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

Figura 7.62 – Placa de identificação da torre .............................................................96

Figura 7.63 – Insolação média em 2006.....................................................................97

Figura 7.64 – Medição da corrente .............................................................................98

Figura 7.65 – Detalhe do alicate amperímetro............................................................98

Figura 7.66 – Aerogerador GERAR246 ................................................................... 101

Figura 7.67 – Curva de potência.............................................................................. 102

Figura 7.68 – Curva de capacidade de geração...................................................... 102

Figura 7.69 – Módulo Fotovoltaico KC 130TM ........................................................ 105

Figura 7.70 – Características de voltagem e corrente em relação a temperatura e

insolação............................................................................................. 106

Figura 7.71 – Controlador de carga XANTREX C60 ............................................... 110

Figura 7.72 – Bateria MOURA CLEAN .................................................................... 111

Figura 7.73 – Linha PROWATT de inversores ........................................................ 112

Figura 7.74 – Diagrama de blocos do Sistema Híbrido ........................................... 113

Figura 7.75 – Lay-out do sistema híbrido ................................................................ 114

Page 13: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Relação entre velocidade do vento e diâmetro do rotor.........................39

Tabela 3.2 - Principais características das unidades eólicas brasileira .....................49

Tabela 3.3 – Fabricantes de turbinas eólicas .............................................................58

Tabela 4.4 - Relação de rendimentos obtidos com algumas tecnologias comerciais63

Tabela 4.5 – Fabricantes de painéis fotovoltaicos......................................................70

Tabela 7.6 – Custos com o Grupo Motor-Gerador .....................................................92

Tabela 7.7 – Orçamento para extensão de rede ........................................................93

Tabela 7.8 – Velocidade média do vento....................................................................94

Tabela 7.9 – Velocidade média horária do vento (m/s) ..............................................95

Tabela 7.10 – Insolação média em Antonina..............................................................97

Tabela 7.11 – Consumo de energia por dia................................................................99

Tabela 7.12 – Características de aerogeradores de pequeno porte ....................... 100

Tabela 7.13 – Aerogerador ENERSUD GERAR246 ............................................... 101

Tabela 7.14 – Características de painéis fotovoltaicos ........................................... 104

Tabela 7.15 – Especificações Elétricas: módulo fotovoltaico KC 130TM................ 105

Tabela 7.16 – Quantidade de placas fotovoltaicas.................................................. 107

Tabela 7.17 – Especificação elétrica do controlador de carga................................ 110

Tabela 7.18 – Especificação elétrica do inversor .................................................... 112

Tabela 7.19 – Quantidade e custo dos equipamentos do sistema híbrido.............. 112

Tabela 8.20 – Investimento inicial............................................................................ 115

Page 14: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................................................. 16

1.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 16

1.2 PROBLEMA ......................................................................................................................................... 17

1.3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................................. 17

1.4 OBJETIVOS.......................................................................................................................................... 18

1.4.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................................... 18

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................................ 18

1.5 MÉTODO DE PESQUISA.................................................................................................................... 19

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................................... 20

2 ENERGIA E MEIO AMBIENTE............................................................................................................... 21

2.1 CUSTOS AMBIENTAIS...................................................................................................................... 22

2.2 ASPECTOS SOCIAIS .......................................................................................................................... 22

2.3 LINHAS DE TRANSMISSÃO............................................................................................................. 22

2.4 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...................................................................................... 23

3 ENERGIA EÓLICA ..................................................................................................................................... 25

3.1 CONCEITO........................................................................................................................................... 25

3.2 ENERGIA E POTÊNCIA ..................................................................................................................... 26

3.3 ENERGIA EÓLICA E SUA ORIGEM................................................................................................. 27

3.3.1 PARTES COMPONENTES .............................................................................................................. 35

3.3.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM AEROGERADOR ................................................. 40

3.4 ENERGIA EÓLICA NO BRASIL........................................................................................................ 45

3.4.1 MAPA DO POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO ........................................................................... 47

3.4.2 MAPA DO POTENCIAL EÓLICO DO PARANÁ ........................................................................... 52

3.5 COMPORTAMENTO DA VELOCIDADE DO VENTO COM A ALTURA .................................... 53

3.6 A POTÊNCIA EÓLICA........................................................................................................................ 55

3.7 FABRICANTES DE TURBINAS EÓLICAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE ............................. 58

4 ENERGIA SOLAR ....................................................................................................................................... 59

4.1 CONCEITO........................................................................................................................................... 59

4.2 VIDA ÚTIL DO SISTEMA FOTOVOLTAICO .................................................................................. 61

4.3 COMPONENTES DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO ................................................................. 61

4.4 POTÊNCIA E ENERGIA GERADAS ................................................................................................. 62

4.5 PROJETOS IMPLEMENTADOS NO BRASIL .................................................................................. 67

4.6 FABRICANTES DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS........................................................................... 70

4.6.1 MODELOS DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS............................................................................ 70

5 SISTEMAS HÍBRIDOS ............................................................................................................................... 71

5.1 SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR.............................................................................................. 72

5.2 PARTES DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR ................................................................ 75

Page 15: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

5.2.1 UNIDADES GERADORAS .............................................................................................................. 77

5.2.2 RETIFICADORES ............................................................................................................................ 77

5.2.3 BANCO DE BATERIAS.................................................................................................................... 78

5.2.4 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO........................................................................................................ 80

5.2.5 CONTROLADORES DE CARGA .................................................................................................... 80

5.2.6 INVERSORES DE FREQUÊNCIA................................................................................................... 81

5.2.7 SISTEMA DE PROTEÇÃO .............................................................................................................. 83

6 ESTAÇÃO RÁDIO BASE – ERB............................................................................................................... 84

6.1 EXTENSÃO DE REDE ........................................................................................................................ 87

6.2 GRUPO MOTOR-GERADOR ............................................................................................................. 88

6.2.1 IMPACTOS AMBIENTAIS............................................................................................................... 89

7 O CASO DA ESTAÇÃO ANTONINA/PR ................................................................................................ 91

7.1 GRUPO MOTOR-GERADOR ............................................................................................................. 92

7.2 EXTENSÃO DE REDE ........................................................................................................................ 93

7.3 RECURSOS ENERGÉTICOS.............................................................................................................. 94

7.3.1 CONDIÇÕES DE VENTO ............................................................................................................... 94

7.3.2 INCIDÊNCIA SOLAR....................................................................................................................... 96

7.4 ANALISE TÉCNICA DO SISTEMA HÍBRIDO................................................................................. 98

7.4.1 CONSUMO DE ENERGIA DA ESTAÇÃO ANTONINA................................................................. 98

7.5 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HÍBRIDO............................................................................. 99

7.5.1 AEROGERADOR ........................................................................................................................... 100

7.5.2 PAINEL FOTOVOLTAICO............................................................................................................ 104

7.5.3 CONTROLADORES DE CARGA .................................................................................................. 109

7.5.4 BANCO DE BATERIAS.................................................................................................................. 110

7.5.5 INVERSOR...................................................................................................................................... 111

7.6 ESPECIFICAÇÃO E CUSTO DO SISTEMA HÍBRIDO.................................................................. 112

7.7 DIAGRAMA DE BLOCOS DO SISTEMA ....................................................................................... 113

7.8 LAY-OUT DO SISTEMA HÍBRIDO................................................................................................. 114

8 COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES SISTEMAS........................................................................ 115

8.1 SISTEMA HÍBRIDO X SISTEMA CONVENCIONAL ................................................................... 115

8.2 SISTEMA HÍBRIDO X GRUPO MOTOR-GERADOR ................................................................... 116

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................................... 117

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................... 119

ANEXOS................................................................................................................................................................ 125

Page 16: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

16

1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 INTRODUÇÃO

A história do telefone celular no Brasil começa em 1990. Na época,

segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o país

contava com 667 aparelhos, número que passou para 6700 unidades no ano

seguinte e não parou mais de crescer, ultrapassando o número de telefones fixos

em 2005. A trajetória de crescimento teve como fator determinante a privatização

da telefonia móvel no Brasil, que até 1997 era um serviço estatal. A abertura do

mercado para o capital privado obrigou as antigas estatais e as novas empresas

que se instalavam a fazerem um grande investimento no setor. Com isto houve

um aumento significativo na escala de produção de aparelhos e oferta de novos

serviços atrelados a menores preços, numa ampla disputa pelo interesse dos

consumidores (ANATEL, s.d.).

Com o surgimento de diversas operadoras de telefonia celular, a

competitividade aumentou consideravelmente fazendo com que estas empresas

busquem sempre melhorias no fornecimento desta tecnologia para se manter

neste mercado. Um dos principais objetivos destas empresas é disponibilizar o

acesso a esta tecnologia a todas as pessoas, independente do seu

posicionamento geográfico.

Muitas vezes o local escolhido para a instalação de uma nova Estação

Rádio Base (ERB) é desprovido de uma rede de distribuição elétrica. Quando

possível, pode-se solicitar a concessionária local a execução de uma extensão

de rede e um grupo motor-gerador será utilizado até que a obra seja concluída,

podendo levar alguns meses. Em alguns casos, a utilização do gerador se torna

permanente, devido à inviabilidade do projeto de extensão de rede.

Outra maneira de suprir esta falta de rede de distribuição seria utilizar um

sistema híbrido eólico-solar. Estes sistemas híbridos, têm por objetivo maximizar

a utilização de fontes alternativas de energia frente às fontes tradicionais,

mantidas a confiabilidade e qualidade da energia fornecida, sem causar danos

ao meio ambiente (CBEE, s.d.).

Page 17: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

17

1.2 PROBLEMA

A inexistência de redes de distribuição em lugares onde estão e/ou serão

instaladas ERBs, o atraso para executar-se uma extensão de rede, quando esta for

possível, geram um grande problema para as empresas de telefonia celular.

Geradores diesel são também bastante empregados na falta de rede de

energia, e estes têm a desvantagem de apresentar um elevado custo, de exigir um

abastecimento quase que diário e, além disso, degradar o meio ambiente.

1.3 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista a necessidade de instalação de novas estações celulares em

locais isolados, este trabalho, mostrará uma nova possibilidade de suprir o problema

da inexistência de uma rede de distribuição, utilizando fontes alternativas de energia

renováveis, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável satisfazendo as

necessidades da geração atual sem comprometer as necessidades das gerações

futuras.

A utilização de um sistema híbrido eólico-solar poderá atender as

necessidades energéticas de locais isolados com baixa demanda de energia e de

difícil acesso, fatores responsáveis pelo alto custo de eletrificação. O sistema híbrido

eólico-solar apresenta uma grande confiabilidade devido sua flexibilidade para

fornecer energia. Outro fator importante de se utilizar um sistema híbrido eólico-solar

deve-se ao fato dele ser praticamente isento de manutenção (CBEE, s.d.).

Além disso, este projeto terá continuidade, com o apoio da C.A.W. Projetos e

Consultoria Indl. Ltda, empresa de telecomunicações responsável pela instalação de

torres celulares em todo território nacional, e num futuro próximo, poderá tornar-se

possível e rentável a instalação de sistemas híbridos eólico-solar para a alimentação

de ERBs.

Page 18: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

18

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Analisar tecnicamente a implantação de um sistema híbrido eólico-solar para

alimentar ERBs em lugares isolados através do caso da Estação Antonina/PR.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

� Coletar dados sobre o funcionamento de uma ERB, tais como: tensão,

corrente, potência;

� estudar os sistemas híbridos eólico-solar, bem como sua aplicação em

telecomunicações;

� pesquisar os modelos de aerogeradores, painéis fotovoltaicos e demais

equipamentos disponíveis no mercado, que atendam a demanda deste

sistema híbrido;

� fazer o levantamento de todos os gastos relativos a extensão de rede e

uso de grupo motor-gerador na Estação Antonina;

� analisar os recursos energéticos na região de Antonina: condições de

vento e incidência solar;

� analisar a viabilidade técnica do sistema híbrido;

� dimensionar os componentes do sistema híbrido: aerogerador, painéis

fotovoltaicos, banco de baterias, inversor, disjuntor, etc.;

� fazer o levantamento de custo dos equipamentos do sistema híbrido,

projetos de instalação e custo de mão-de-obra;

� avaliar economicamente o sistema híbrido (avaliação básica);

� comparativo entre os diferentes sistemas.

Page 19: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

19

1.5 MÉTODO DE PESQUISA

Inicialmente, será feito o levantamento do referencial teórico através de

pesquisas em livros, internet e contato com empresas e profissionais das áreas

afins. As empresas Siemens e Claro fornecerão as características técnicas de

alimentação de uma ERB.

O conhecimento das características dos equipamentos que constituem o

sistema híbrido de pequeno porte, tais como aerogeradores, painéis fotovoltaicos,

baterias, inversores, controladores de carga, dentre outros, serão obtidos através de

catálogos técnicos de fabricantes, internet e contatos com empresas do setor.

Posteriormente será feita uma coleta de dados na Estação Antonina sobre o

uso do grupo motor-gerador, extensão de rede, condições de vento e incidência

solar. Estas características do local ajudarão na escolha do aerogerador, dos painéis

fotovoltaicos e demais equipamentos do sistema híbrido e servirão de base para

estudar a viabilidade técnica deste sistema.

Uma vez conhecido os equipamentos a serem utilizados será elaborado um

desenho do lay-out do sistema de alimentação e dos suportes para instalação do

painel solar e aerogerador.

O custo total do sistema, equipamentos e mão-de-obra, será obtido por meio

de consulta aos fornecedores e executores e depois será feito uma avaliação

econômica básica deste sistema híbrido, apontando suas vantagens e

desvantagens.

Page 20: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

20

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Capítulo 1. Introdução

� Proposta do projeto

Capítulo 2. Energia e Meio Ambiente

Capítulo 3. Energia Eólica

Capítulo 4. Energia Solar

Capítulo 5. Sistemas Híbridos

Capítulo 6. Estação Radio Base - ERB

Capítulo 7. O caso da Estação Antonina/PR

Capítulo 8. Comparativo entre Diferentes Sistemas

Capítulo 9. Considerações Finais

Referências

Anexos

Page 21: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

21

2 ENERGIA E MEIO AMBIENTE

No mundo de hoje a demanda energética apresenta um crescimento

vertiginoso para atender as necessidades da humanidade. O homem tem se voltado

para a natureza, buscando nos seus elementos as alternativas energéticas capazes

de fornecer a energia para sustentar o seu desenvolvimento social e tecnológico.

Dessa forma, as alternativas energéticas provenientes dos recursos naturais

renováveis estão sendo retomadas.

Os países desenvolvidos elegeram as energias solar e eólica como as mais

promissoras alternativas energéticas do futuro (AMBIENTE, 2004).

O pensamento ambiental tem muito a ver com aquela responsabilidade social:

o objetivo mais propagado é que a sobrevivência da humanidade depende da

natureza à qual pertence. Conservar o meio ambiente é uma forma de valorizar o

homem em todos os aspectos, desenvolvendo condições para a qualidade de vida.

É lógico que algum dano sempre é causado pela utilização dos recursos

naturais. Mas esse dano tem de ser minimizado por estudos de proteção ambiental

com embasamento científico. Sem isso, podem surgir previsões de desastres sem

fundamento técnico. Um exemplo foram as previsões “catastróficas” quando da

construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu: o assoreamento ocorreria em apenas 40

anos, em cinco anos a superfície do lago estaria coberta por plantas aquáticas

devido à poluição drenada pelos rios paulistas, em menos de dez anos teria induzido

a esquistossomose na Bacia do Prata e também disseminaria as piranhas. Depois

de quinze anos da formação do reservatório, não há qualquer evidência desses fatos

(ANEEL, 1998).

A difusão da previsão dessas catástrofes naturais e a reação popular contra

alguns empreendimentos são sinais de que alguns projetos precisam ser melhor

explicados. Os fatores relevantes em torno do projeto são:

� execução da avaliação dos impactos socioambientais;

� implantação de mecanismos de consulta e participação da sociedade,

especialmente nos aspectos que lhe afetam diretamente;

� distribuição das responsabilidades e dos custos socioambientais.

Page 22: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

22

Os entendimentos entre a engenharia e o ambiente resolvem os eventuais

conflitos existentes na fase inicial de um projeto. Esses entendimentos não são

fáceis por causa de diferenças no pensamento lógico que existem entre as duas

áreas (ANEEL, 1998).

2.1 CUSTOS AMBIENTAIS

A inserção dos custos ambientais deve ser realizada durante a previsão

orçamentária do projeto, sendo que a importância dada aos aspectos ambientais é

diretamente proporcional ao montante de recursos destinados (BLASQUES, 2005).

O maior peso dos custos de engenharia incide nas etapas de projeto básico e

executivo. Nos custos ambientais, o maior percentual incide na etapa da viabilidade.

2.2 ASPECTOS SOCIAIS

Como um fator ético social, deve ser levado em consideração o fato de uma

central de geração elétrica ter o dever de contribuir com o desenvolvimento da

região onde está localizada. Isso pode ser feito pelo fornecimento de energia local,

estrutura de telecomunicações, estradas e acessos, áreas de preservação,

educação e cultura, turismo, paisagismo, lazer, etc. (CRESESB 1, s.d.).

2.3 LINHAS DE TRANSMISSÃO

As linhas de transmissão exigem estudos de impacto ambiental, prevendo-se

as situações em que o desmatamento ao longo do percurso implique a adoção de

medidas ambientais complementares, tais como controle de erosão e corredores de

passagem de animais selvagens. Os problemas mais comuns das linhas de

transmissão são junto aos cursos d’água, quando a preservação das matas ciliares

impõem, por exemplo, a construção de torres de transmissão mais altas.

Page 23: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

23

2.4 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento sustentável tem como meta a conservação da natureza,

visando manter a capacidade do planeta para sustentar o progresso e considerando

a capacidade dos ecossistemas e as necessidades das futuras gerações.

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do

presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às

suas próprias necessidades. É um processo de transformação no qual a exploração

dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento

tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial

presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas.

A expressão produção mais limpa refere-se a uma abordagem de proteção

ambiental mais ampla considerando todas as fases de produção e o ciclo de vida do

produto, incluindo a sua utilização. Isso requer ações contínuas e integradas para

conservar energia e matéria-prima, substituir recursos não-renováveis por

renováveis, eliminar substâncias tóxicas e reduzir os desperdícios e a poluição

resultantes dos produtos e dos processos produtivos (BLASQUES, 2005).

A produção mais limpa é uma estratégia tecnológica permanente que se

contrapõe às soluções que visam controlar a poluição atuando no final do processo

produtivo. Quando esse tipo de solução tecnológica é utilizada em um sistema

industrial, os danos ambientais são reduzidos imediatamente, mas é necessário um

grande investimento inicial. É um tipo de solução reativa e seletiva, adotada

geralmente para atender aos padrões de qualidade ambiental estabelecidos. A

solução tecnológica que atua no final do processo produtivo corrige prejuízos

ambientais causados por um sistema produtivo, mas não combate as causas que o

produziram.

As tecnologias de produção mais limpa contemplam mudanças nos produtos

e seus processos de produção para reduzir ou eliminar todo tipo de rejeito antes que

eles sejam criados. Dessa forma, elas contribuem para a redução da necessidade

de insumos para um mesmo nível de produção e para a redução da poluição

resultante do processo de produção, distribuição e consumo. Os produtos devem ser

projetados para facilitar a sua fabricação, utilização e disposição final após a sua

vida útil.

Page 24: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

24

A idéia fundamental dessa política é atacar as causas da degradação

ambiental através da preservação, minimizando a geração de poluição na fonte e,

conseqüentemente, reduzindo o uso de insumos materiais e energéticos para a

mesma produção (CRESESB 1, s.d.).

Exigências da política de produção mais limpa:

� aperfeiçoamento dos processos produtivos para torná-los mais

eficientes;

� revisão dos projetos dos produtos para facilitar a sua produção e

melhorar o seu desempenho;

� utilização de matérias-primas com maior grau de pureza;

� eliminação de materiais perigosos;

� recuperação das águas utilizadas nos processos;

� manutenção preventiva na linha de processo;

� procedimentos para conservação de energia;

� programa de redução de perdas em manuseio e estocagem;

� realização de auditoriais sistemáticas;

� treinamento e conscientização de todas as pessoas que se envolvem

com o produto (até o nível do usuário).

A reciclagem de material é outro fator fundamental na política de produção

mais limpa. A reciclagem é a transformação dos resíduos em novas matérias-

primas, envolvendo a coleta de resíduos, processamento e comercialização. A

reciclagem reduz a necessidade de espaços destinados ao lixo doméstico e

industrial, e o seu processamento exige menos insumos do que a obtenção dos

materiais originais.

Na política do desenvolvimento sustentável, a proteção do ambiente é parte

integrante do processo de desenvolvimento. A empresa não deve se preocupar com

o ambiente apenas para atender os requisitos legais, mas também para alcançar

objetivos econômicos compatíveis com padrões sustentáveis de desenvolvimento.

Em termos de tecnologia, significa alcançar ganhos de produtividade através de

prevenção da poluição (ANEEL, 1998).

Page 25: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

25

3 ENERGIA EÓLICA

3.1 CONCEITO

O vento, movimento do ar na atmosfera terrestre, é a fonte primária do

sistema de energia eólica. Esse movimento do ar é gerado principalmente pelo

aquecimento da superfície da Terra nas regiões próximas ao Equador e pelo

resfriamento nas regiões dos pólos. Dessa forma, os ventos das superfícies frias

circulam dos pólos em direção ao Equador para substituir o ar quente tropical que,

por sua vez, desloca-se para os pólos.

O vento é influenciado pela rotação da Terra, provocando variações sazonais

na sua intensidade e direção, e pela topografia do local. Para utilizar a energia dos

ventos de maneira eficiente na geração de energia, é necessário medir a direção e a

intensidade dos ventos. Essas medições são feitas normalmente com anemômetros

instalados em alturas variadas dependendo do relevo e da finalidade da medição. É

possível fazer estimativas do comportamento dos ventos utilizando-se o tratamento

estatístico dos dados obtidos (CASTRO, 2005).

No tratamento desses dados, a curva mais importante (geradora de outras

curvas) é a curva da freqüência das velocidades, que fornece o período de tempo

(percentual) em que uma velocidade foi observada. Dessa curva deriva-se também a

curva de energia disponível (Wh/m²), também conhecida como potência média bruta

ou fluxo de potência eólica. Outras curvas importantes são as que fornecem o

período de calmaria e a ventos fortes.

Caso não exista disponibilidade de uma curva de freqüência de velocidade do

vento, as velocidades podem ser projetadas a partir da velocidade média, utilizando-

se a modelagem matemática baseada na distribuição de Rayleigh.

Conhecer a velocidade média do vento é fundamental para a estimativa da

energia produzida, porque os aerogeradores começam a gerar numa determinada

velocidade de vento e param de gerar quando a velocidade ultrapassa determinado

valor de segurança. Além disso, a velocidade média do vento é fator determinante

para o dimensionamento do sistema de armazenamento (BLASQUES, 2005).

Page 26: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

26

Figura 3.1 - Anemômetro

Fonte: AMBIENTE, 2004

3.2 ENERGIA E POTÊNCIA

A quantidade de trabalho que um sistema físico é capaz de realizar, durante

certo período de tempo, denomina-se energia. Então a energia não pode ser criada,

nem consumida ou destruída, mas ela pode ser convertida ou transferida para outras

formas: a energia cinética do movimento das moléculas do ar pode ser convertida

em energia de movimento pelo rotor de uma turbina eólica, que por sua vez pode ser

convertida em energia elétrica por um gerador acoplado à turbina. Em cada uma

destas conversões uma parte da energia original é convertida em energia calorífera

(BLASQUES, 2005).

A turbina eólica também é chamada de conversor de energia eólica, e sua

performance é medida em termos da quantidade de energia eólica que ela pode

converter da energia cinética do vento. Normalmente, essa energia é medida em

quilowatts-hora (kWh) ou megawatts-hora (MWh) durante um certo período de

tempo, geralmente uma hora, um mês ou um ano.

A potência elétrica é medida em Watt (W), quilowatt (kW), megawatt (MW),

etc.. Potência é a energia transferida por unidade de tempo e pode ser medida em

qualquer instante, enquanto que a energia tem de ser medida durante um certo

período de tempo: um segundo, uma hora ou um ano. Exemplo: uma turbina de 10

kW pode produzir 16.000 kW anualmente, suficiente para alimentar uma residência

Page 27: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

27

de bom porte. Uma turbina de 1,65 MW pode produzir cerca de 4,7 milhões de kW

em um ano, suficientes para abastecer uma pequena comunidade.

Se uma turbina eólica tem potência de 600 kW, isto significa que ela produz

600 kW de energia por hora de operação, na sua máxima performance. Se um local

tem 1.000 MW de potência instalada, este valor não traduz a quantidade de energia

produzida (GARCIA, 2004).

Algumas relações entre unidades:

� 1 kW = 1.359 HP;

� 1 MW = 1.000 kW = 1.000.000 W;

� 1 J (joule) = 1 Ws = 41.868 cal;

� 1 kWh = 3.600.000 J;

� 1 HP = 745,7 W.

3.3 ENERGIA EÓLICA E SUA ORIGEM

No século VII, na Pérsia, moinhos movidos por vento já eram utilizados para

moer grãos. Esses moinhos, onde a roda das pás (hélices) era horizontal e

sustentada por um eixo vertical, não eram eficazes.

Na Europa, os primeiros moinhos surgiram no século XII na França e

Inglaterra. Como características comuns, eles possuíam na sua parte superior um

eixo horizontal que suportava de quatro a oito vigas de madeira com comprimento e

3 a 9 metros. As vigas eram cobertas com telas ou pranchas de madeira e a energia

gerada pelo giro do eixo era transmitida por um sistema de engrenagens para as

máquinas do moinho, instaladas na base da estrutura.

Page 28: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

28

Figura 3.2 - Moinhos antigos

Fonte: ENERGIAS RENOVÁVEIS, 2002

O desenvolvimento dos moinhos de vento sofre uma parada com o advento

da revolução industrial do século XIX, onde a fonte de energia principal é

direcionada para o vapor, a eletricidade e os combustíveis fósseis. Entretanto, na

segunda metade do século XIX surge o moinho de pás múltiplas, tipo americano,

considerado um dos mais importantes avanços na tecnologia de aproveitamento do

vento, utilizado praticamente em todo o mundo para o bombeamento de água e

cujas características serviram de base para o projeto dos modernos geradores

eólicos (CASTRO, 2005).

A partir daí, outras aplicações foram desenvolvidas para os moinhos:

serrarias, fábricas de papel e prensa de grãos para produção de azeite.

Melhoramentos foram introduzidos na aerodinâmica das pás e freios hidráulicos

utilizados para deter o movimento das hélices. A aplicação de turbinas eólicas para

geração de eletricidade iniciou-se na Dinamarca, ao final do século XIX.

O primeiro aerogerador de grande dimensão foi construído na França em

1929, e era constituído de duas pás com 20 metros de diâmetro. Após algum tempo

em operação, ele foi destruído por uma tormenta. Nessa época foram construídos

diversos aerogeradores de grandes dimensões, com diâmetros variando entre 30 a

53 metros. Todos foram destruídos por tormentas. Os problemas estruturais para

enfrentar ventos de grande intensidade foram corrigidos e atualmente existem

Page 29: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

29

diversos aerogeradores com capacidade de 2.500 kW, diâmetro de pás até 93

metros, funcionando há mais de 20 anos (CRESESB 1, s.d.).

O princípio de funcionamento do gerador eólico-elétrico é o mesmo do

gerador hidrelétrico. Nas usinas hidrelétricas o fluxo de água é utilizado para girar o

rotor de uma turbina, e a turbina aciona o eixo de um gerador para produzir

eletricidade. Na energia eólica, o fluxo de ar provocado pelo vento é que impele o

rotor de uma turbina; o rotor gira e aciona o eixo de um gerador elétrico. A principal

diferença entre os dois sistemas é que o ar possui densidade menor do que a água,

e por isso o diâmetro da turbina eólica deverá ser muito maior. Outra diferença é que

o vento se apresenta melhor distribuído na natureza do que os rios, além de não ser

necessário canalizá-lo.

As turbinas modernas são acionadas por arraste, onde o vento empurra as

hélices, ou por elevação, onde as hélices atuam de modo parecido com as asas do

avião através de uma corrente de ar. As turbinas que funcionam por elevação

trabalham com maior velocidade de rotação e são mais eficazes em relação as

turbinas acionadas por arraste.

Figura 3.3 - Princípio aerodinâmico da turbina eólica

Fonte: SALA DE FÍSICA, s.d.

A figura 3.3 ilustra o princípio aerodinâmico de uma turbina eólica com eixo

horizontal. O vento passa em ambas as faces do plano de sustentação da palheta

(lâmina) da hélice. A velocidade do vento é maior na face com superfície mais

extensa (face superior) da palheta, criando uma área de baixa pressão sobre o plano

de sustentação. A pressão diferencial entre as superfícies superior e inferior resulta

numa força, chamada de elevação aerodinâmica. Nas asas de um avião essa força

provoca a “subida” do plano de sustentação, possibilitando a decolagem e o vôo.

Page 30: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

30

As palhetas de uma turbina eólica são construídas para girar num plano em

torno do cubo1 da hélice, constituindo um movimento de rotação. Existe outra força,

chamada de arraste, que é perpendicular à força de elevação. A força de arraste se

opõe ao movimento de rotação. O principal objetivo no projeto de uma turbina eólica

é que a palheta da hélice tenha uma alta relação entre elevação e arraste. Esta

relação pode variar ao longo do comprimento da palheta, otimizando a energia

produzida para diversas velocidades do vento (CRESESB 1, s.d.).

As turbinas podem ter eixo principal paralelo ao solo, chamada de eixo

horizontal, e eixo vertical, perpendicular ao solo, conforme mostrado na figura 3.4.

As turbinas de eixo horizontal utilizadas para gerar eletricidade têm de uma a três

hélices, enquanto as utilizadas para bombeamento de água podem ter várias hélices

(PEREIRA, 2002).

(a) (b)

Figura 3.4 -Turbinas de eixo vertical (a) e horizontal (b)

Fonte: ENERGIAS RENOVÁVEIS, 2002

A turbina eólica de eixo vertical pode ter projeto baseado na elevação ou

arraste. O sistema em arraste é semelhante ao trabalho realizado pelo remo para

impulsionar uma canoa na água. Supondo remadas perfeitas (sem deslizamento do

remo em relação à água), a velocidade máxima é praticamente a mesma que a

1 Elemento de conexão das pás com o eixo do rotor transmitindo forças, conjugados e vibrações

(CRESESB 1, s.d.).

Page 31: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

31

velocidade da remada. O mesmo acontece com a ação do vento. O anemômetro de

pás, dispositivo comum para a medição da velocidade do vento, é um rotor de eixo

vertical baseado em arraste. Se a velocidade das pás for exatamente a mesma da

velocidade do vento, podemos afirmar que o instrumento está operando na razão de

velocidade máxima 1 (TSR – Tip Speed Ratio). As pás do anemômetro nunca

podem ter velocidade superior à do vento, assim TSR é sempre menor ou igual a 1.

Uma forma de determinar se uma turbina eólica de eixo vertical é baseada em

arraste ou elevação, é verificar se o TSR pode ser maior que 1. Um TSR acima de 1

significa alguma quantidade de elevação, enquanto TSR abaixo de 1 significa maior

ênfase em arraste. Os projetos baseados em elevação geralmente fornecem maior

potência, aliado a maior eficiência.

O rotor Savonius, mostrado na figura 3.5, é um exemplo de sistema eólico

com eixo vertical baseado em arraste. Ele possui baixa velocidade e alto torque,

sendo utilizado na moagem de grãos e bombeamento de água, mas não para gerar

eletricidade. Para gerar eletricidade, o número de rotações por minuto deve ser

superior a 1.000, enquanto que os projetos baseados em arraste possuem

velocidade abaixo de 100 rpm. No Savonius, a utilização de engrenagens para

multiplicar a velocidade de rotação causa perda de eficiência e dificuldade para

ultrapassar a inércia de partida.

Figura 3.5 -Turbinas eólica Savonius

Fonte: ENERGIAS RENOVÁVEIS, 2002

Page 32: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

32

A primeira turbina eólica operada automaticamente para geração de energia

elétrica foi construída por Charles Brush (1849 – 1929) em 1888. O diâmetro do seu

rotor tinha 17 m e possuía 144 pás de madeira. O gerador tinha 12 kW e funcionou

por 20 anos, carregando um sistema de baterias. A desproporção entre o tamanho

da turbina e a capacidade do gerador era devido ao tipo de sistema com elevado

número de pás, proporcionando baixa velocidade (PEREIRA, 2002).

Paul de la Cour (1846 – 1908) foi um dos pioneiros da aerodinâmica moderna,

tendo construído seu próprio túnel de vento para experimentos. Ele descobriu que

turbinas com menos pás, mais rápidas, são mais eficientes para a produção de

eletricidade.

Figura 3.6 - Turbina eólica de Paul de la Cour

Fonte: TIMS, 1998

No ano de 1980 surgiu a máquina Darrieus, mostrado na figura 3.7. Este

sistema eólico com eixo vertical é baseado em elevação, onde cada palheta recebe

torque máximo somente duas vezes por revolução. Dessa forma, a potência de

saída é elevada e senoidal. Algumas freqüências naturais de vibração devem ser

evitadas durante a operação de rotor Darrieus com palhetas longas. Um dos

principais problemas deste sistema é a montagem sobre torres pois a utilização de

estaiamento para manter a turbina ereta provoca a ação de forças sobre os

rolamentos da turbina (PEREIRA, 2002).

Page 33: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

33

Figura 3.7 - Turbina eólica Darrieus

Fonte: UNICAMP, 1996

Na mesma época foi desenvolvido um modelo de grande porte muito popular

na Europa, conhecido como Bônus 300 kW. A máquina Twind de 2 MW possui rotor

com diâmetro de 54 m girando em velocidade variável, acoplado a um gerador

síncrono.

Figura 3.8 - Bônus 300 kW

Fonte: UNICAMP, 1996

A turbina NEG Micon de 22 MW foi desenvolvida em 1999, possui rotor com

diâmetro de 72 m. A figura 3.9 mostra a instalação de Hagesholm, Dinamarca, com

a turbina montada numa torre de 68 m e fundações para receber mais duas turbinas.

Page 34: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

34

Figura 3.9 - Turbina NEG Micon 2MW, Hagesholm, Dinamarca

Fonte: ENERGIAS RENOVÁVEIS, 2002

Desenvolvimentos tecnológicos buscam a redução de custos por meio de

conceitos simplificados, tais como: utilização de potências modulares, projetos sem

caixa de multiplicação e sistemas com orientação livre. As pesquisas também

incidem sobre a redução de cargas por meio de articulações e com sistemas de

velocidade variável, e controle que reduza as flutuações. Ao mesmo tempo, há uma

preocupação em reduzir a poluição visual e sonora (CRESESB 1, s.d.).

O material tradicionalmente utilizado para a fabricação de hélices é a fibra de

vidro. Existe uma tendência para a utilização de epóxi (resina de poliéster) reforçado

com fibras de vidro ou carbono. Outra possibilidade é utilizar aramida (kevlar) como

material de reforço, mas é um material ainda antieconômico para turbinas de grande

dimensão. Alguns fabricantes de aerogeradores de pequeno porte utilizam madeira

para confecção de hélices.

Page 35: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

35

3.3.1 PARTES COMPONENTES

a) Aerogerador de grande porte

Figura 3.10 - Esquema básico de uma turbina eólica.

Fonte: CRESESB 1, s.d.

1- Cubo do rotor

2- Pás do rotor

3- Sistema hidráulico

4- Sistema de posicionamento

da nacele

5- Engrenagem de

posicionamento

6- Caixa multiplicadora de

rotação

7- Disco de freio

8- Acoplamento do gerador

elétrico

9- Gerador elétrico

10- Sensor de vibração

11- Anemômetro

12- Sensor de direção

13- Nacele, parte inferior

14- Nacele, parte superior

15- Rolamento do

posicionamento

16- Disco de freio do

posicionamento

17- Pastilhas de freio

18- Suporte do cabo de força

19- Torre

As principais partes componentes de uma instalação eólica para geração de

eletricidade são (CRESESB 1, s.d.):

� cubo: constitui elemento de conexão das pás com o eixo do rotor

transmitindo forças, conjugados e vibrações;

Page 36: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

36

� pás: o conjunto de pás, na maioria dos casos igual a três, é

denominado rotor. Visando o uso em máquinas para geração de

eletricidade, as pás devem conciliar uma série de características, entre

as quais podem ser citadas: leveza, rigidez, e um bom rendimento

aerodinâmico. Na maior parte das aplicações, as pás são produzidas

assumindo contorno retangular ou trapezoidal, sendo este último a

forma mais usada em unidades de médio e grande porte devido ao alto

rendimento aerodinâmico. Quanto ao comprimento, as pás variam de

cerca de 0,40 metros para unidades de 100 W de potência até cerca de

52 metros para unidades com 6 MW de potência. Quanto ao material

de fabricação, pás modernas usam na maioria dos casos compostos

de epoxy e polyester reforçados com fibra de vidro;

� eixo do rotor: nas unidades eólicas que não possuem engrenagens, o

eixo do rotor representa o próprio eixo do gerador elétrico; caso

contrário, a caixa de engrenagem realiza o casamento entre o eixo do

rotor e o eixo do gerador;

� caixa multiplicadora de rotação: presente na maioria das instalações

interligadas à rede elétrica funciona como elemento de ligação entre a

baixa rotação das pás e a elevada rotação do gerador elétrico. Se a

caixa de engrenagens possui apenas uma relação de velocidade, o

projeto deve ser realizado considerando a velocidade do vento mais

provável no local da instalação do ponto de vista estatístico. Algumas

unidades dispensam o uso de engrenagens através do uso de gerador

elétrico com elevado número de pares de pólos;

� gerador elétrico: elemento responsável pela geração de eletricidade.

Em geral, são empregadas máquinas de indução ou síncronas

convencionais para unidades de média e grande potência; para

unidades de pequena potência são empregadas também máquinas

síncronas com excitação de ímãs permanentes.

Page 37: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

37

� unidades de controle: responsáveis por diferentes tarefas, como o

acionamento do deslocamento angular das pás em torno do eixo e do

acompanhamento da direção do vento pela nacele;

� circuitos eletrônicos: estes componentes assumem diversas tarefas,

como o desacoplamento elétrico entre o gerador e a rede através de

circuitos retificadores, inversores, visando a operação em velocidade

variável das turbinas e a entrega de eletricidade dentro das exigências

de qualidade de energia;

� anemômetro: mede a velocidade do vento e transmite a informação

para o controlador;

� freio: utilizado em emergência, pode ser aplicado por meio mecânico,

elétrico ou hidráulico;

� controlador: aciona e desliga a máquina quando a velocidade do vento

atinge certos valores estabelecidos pelo fabricante da turbina eólica.

Certas turbinas não podem operar com velocidade do vento acima de

29 m/s (depende do fabricante) porque o gerador sofre sobreaque-

cimento e as estruturas ficam mais sujeitas ao processo de fadiga. Até

pouco tempo, o controlador da turbina era utilizado basicamente para

reduzir sua velocidade ou comando de parada, prevenindo a

sobrevelocidade e a vibração na ocorrência de vento muito forte.

Atualmente, estão sendo desenvolvidos controladores inteligentes que

otimizam a operação da turbina. Eles utilizam microprocessadores que

analisam continuamente as condições do vento e a operação da

turbina. O controlador ajusta a operação de modo a otimizar a

quantidade de potência gerada, protegendo a máquina do desgaste

excessivo e assegurando maior vida útil, além de garantir operação

segura;

� nacele: compartimento (estrutura de proteção) do conjunto contendo a

engrenagem, eixo de baixa e alta velocidade, gerador, controlador e

freio (todo o mecanismo do gerador). Em aerogeradores de grande

Page 38: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

38

porte, a nacele contém acessórios de manutenção e permite acesso de

técnicos ao se interior;

� passo: giro controlado das pás, alterando o seu perfil frente ao impacto

do vento. Com isso, a velocidade de operação da turbina pode ser

controlada;

� rotor: composto pelas pás e o cubo frontal de interligação entre pás e

eixo de acionamento;

� veleta (sensor de vento): fornece a medida de orientação do vento que

aciona o dispositivo que posiciona a face da turbina;

� torre: constitui o elemento de sustentação da nacele, compartimento no

interior do qual estão localizados a caixa de engrenagens e o gerador

elétrico. As primeiras torres de treliça deram lugar para torres de aço,

com alturas que podem chegar a 124 metros.

Os cabos que conduzem a corrente elétrica da turbina, através da torre,

podem ser danificados por excesso de torção caso o dispositivo de orientação fique

acionado somente num sentido.

Para evitar isso, a turbina é equipada com um contador de giro dos cabos,

que informa ao controlador a necessidade de inverter a direção de giro e distorcer os

cabos. O sistema de segurança para torção dos cabos é redundante: se os cabos

estão muito torcidos, uma chave de parada de emergência independente do

controlador é acionada.

A performance da turbina eólica depende principalmente da velocidade do

vento e diâmetro do rotor. A tabela 3.1 fornece uma relação estimada entre esses

dois fatores e a saída da turbina, em Watt-hora/dia.

Page 39: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

39

Tabela 3.1 - Relação entre velocidade do vento e diâmetro do rotor

Velocidade do vento (m/s)

Diâmetro do rotor (m) 4 5 6 7

1,5 35 70 94 117

3 152 269 386 468

5 421 769 1053 1287

7 831 1522 2107 2575

Wh / dia

Fonte: CRESESB 1, s.d.

a) Aerogerador de pequeno porte

Figura 3.11 - Esquema básico de um aerogerador de pequeno porte.

Fonte: AIRX, 2001.

Page 40: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

40

3.3.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM AEROGERADOR

O princípio de funcionamento do aerogerador, descrito na figura 3.12,

compreende dois processos de conversão, que são: o rotor, que retira a energia

cinética do vento e a converte em conjugado mecânico, e o gerador, que converte o

conjugado mecânico em eletricidade (PEREIRA, 2006).

Figura 3.12 - Princípio básico de funcionamento de um aerogerador.

Fonte: PEREIRA, 2004

Figura 3.13 - Diagrama de blocos simplificado de um aerogerador.

Fonte: LEITE, 2005

A transformação da energia mecânica em elétrica por meio de geradores

eletromecânicos é um problema tecnologicamente dominado, existindo vários

fabricantes destes equipamentos disponíveis no mercado, citados no item 3.8.

Page 41: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

41

Alguns problemas prejudicam a integração dos sistemas eólicos aos geradores,

podendo citar (CRESESB 1, s.d., LEITE, 2005):

� variações na velocidade do vento;

� variações do torque de entrada;

� controle de freqüência e tensão;

� confiabilidade.

A conversão da energia mecânica disponível no rotor é feita mediante o uso

de geradores síncronos (alternadores), geradores assíncronos (de indução) ou

corrente contínua, e cada um deles apresenta vantagens e desvantagens que

devem ser analisadas com cuidado na sua incorporação a sistemas de conversão de

energia eólica (FARRET, 1999).

Aerogeradores de pequeno porte normalmente são destinados à eletrificação

de pequenos consumidores e ao carregamento de baterias. As tensões de

funcionamento mais comuns são de 12 e 24V, podendo ser encontradas tensões

maiores. São fundamentalmente constituídos por geradores de corrente alternada,

necessitando de sistemas de retificação para armazenamento da energia, porém,

dispõem de diodos retificadores para converter a tensão alternada de saída em uma

tensão contínua (GARCIA, 2005).

Atualmente, em aerogeradores de pequeno porte, utiliza-se a tecnologia de

geradores com ímãs permanentes, que dispensam o uso de escovas. A utilização

desta tecnologia diminui consideravelmente a sua manutenção, uma vez que não

tem necessidade de efetuar a troca das escovas (elemento de alto desgaste por

atrito mecânico) (ELETRICISTA, 2004).

Não se utiliza aerogeradores em série. A associação paralela é utilizada para

a obtenção de maiores potências, embora existam no mercado aerogeradores com

as principais potências para várias aplicações.

A figura 3.14 mostra o comportamento teórico do sistema que forma o

aerogerador, determinado pela interseção entre as curvas da turbina para diferentes

velocidades e a curva do gerador elétrico para as mesmas rotações, como mostrado

em (a) gerando a curva mostrada em (b). Essa relação é conhecida como curva

característica do aerogerador ou curva de potência.

Page 42: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

42

(a) (b)

Figura 3.14 - (a) Curva característica do gerador para diferentes rotações (b) Curva de potência do aerogerador em função da velocidade do vento.

Fonte: GARCIA, 2005

A curva de potência reconhecida é aquela obtida experimentalmente. A

figura 3.15 mostra a curva característica típica de aerogeradores, onde a potência é

incrementada com o aumento da sua rotação (aumento da velocidade do vento) até

um ponto em que a alta rotação dificulta a passagem do vento pela turbina, e

mesmo com o aumento da rotação a potência produzida se mantêm constante ou

até mesmo diminui, chegando a um ponto em que velocidades muito altas cortam a

produção de energia.

Figura 3.15 - Curva de potência típica de aerogeradores.

Fonte: CAMARGO, 2005

Para começar a girar e se manter em movimento, o aerogerador precisa de

uma potência de vento suficiente para sobrepor o chamado torque de arranque.

Após arrancar, a máquina pode precisar de uma velocidade ainda maior para

começar a produzir eletricidade, devido ao fato do gerador elétrico necessitar atingir

uma rotação mínima. Esta velocidade do vento é conhecida como velocidade de

início de geração ou velocidade de partida.

Page 43: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

43

A partir da velocidade de partida, a potência produzida pelo aerogerador

aumenta até atingir o valor definido como potência nominal, estando o gerador

operando em velocidade nominal. Isto não significa necessariamente que a máquina

esteja fornecendo sua máxima potência. A partir do ponto de máxima potência

mudará o comportamento da máquina, alteração devida ao fato da turbina estar

“presa” ao seu eixo, e a força das altas velocidades do vento a deforma, piorando

suas características aerodinâmicas e diminuindo a potência produzida.

Um aerogerador pode possuir diversos sistemas de controle, destacando-se o

controle de velocidade e de orientação do rotor. A velocidade é regulada

principalmente pelos controles de passo e estol.

As pás de alguns aerogeradores podem girar sobre o eixo que as fixa ao rotor

da turbina devido à ação do vento. Essa característica mantém a rotação do

aerogerador e conseqüentemente não permite aumento na potência produzida.

Essas máquinas são chamadas de passo variável. As que não possuem este

sistema são conhecidas como de passo fixo.

A figura 3.16 mostra as curvas características idealizadas de dois

aerogeradores com e sem regulação do passo das pás, comprovando a diferença de

comportamento depois de atingida a velocidade nominal. Entre as velocidades de

início de geração (Vv0) e nominal da máquina (Vvn), os aerogeradores com e sem

regulação de passo tem comportamento semelhante, a partir da velocidade nominal,

a máquina de passo variável mantêm a potência gerada constante (GARCIA, 2005).

Figura 3.16 - Curva de potência de aerogeradores com e sem regulação de passo das pás.

Fonte: GARCIA, 2005

Page 44: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

44

Como já foi dito anteriormente, para velocidades de vento muito altas o

aerogerador não deve continuar funcionando, pois a elevada rotação pode causar

alguns danos à máquina e encurtar sua vida útil, além de que a máquina poderia cair

pela força do vento. Por esse motivo, contam com um sistema de proteção que em

alguns casos “afastam” o aerogerador da direção do vento, outros torcem as pás até

ângulos elevados diminuindo a ação do vento. A velocidade na qual isso acontece é

denominada velocidade de saída ou velocidade de corte (Vvs) (GARCIA, 2005).

As velocidades do vento mencionadas modificam a curva que representa a

curva característica teórica do gerador elétrico, como foi mostrado na figura 3.14,

obtendo-se como resultado a curva característica do aerogerador.

O controle da orientação do rotor, para máquinas de pequeno porte, é feito

empregando modelos aerodinâmicos ao desenho do aerogerador. A esse desenho é

adaptado um leme simples, como mostra a figura 3.17 (aerogerador de pequeno

porte), que mantém o equipamento sempre direcionado no sentido do vento

predominante (PEREIRA, 2004).

Figura 3.17 - Exemplos de aerogeradores de pequeno, médio e grande porte.

Fonte: ANEEL, 1998

Page 45: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

45

3.4 ENERGIA EÓLICA NO BRASIL

Não existem registros ou estudos no Brasil que revelem dados sobre o uso de

cata-ventos no país. No campo da geração de eletricidade, devido principalmente ao

grande potencial hidrelétrico do Brasil, as pesquisas para o uso dos ventos como

fonte de energia elétrica começaram tarde, quando comparadas com as

experiências internacionais (CASTRO, 2005).

Dentre os primeiros estudos visando o domínio da tecnologia eólica merecem

destaque os iniciados no ano de 1976 nos laboratórios do Centro Técnico

Aeroespacial (CTA), como resposta à primeira crise do petróleo de três anos antes.

Inicialmente foram desenvolvidos protótipos de pequena potência de 1 a 2 kW. Em

1979 foi construído o primeiro gerador de 5 kW com 8 metros de diâmetro, tendo

operado durante 9 meses no campo de teste da Barreira do Inferno no Rio Grande

do Norte. Em 1980 foi firmada parceria entre o CTA e o Centro Aeroespacial da

Alemanha (DFVLR) visando à construção de unidade de geração de 100 kW com 25

metros de diâmetro em projeto denominado DEBRA (Deutsche – Brasileiro). O

modelo e os moldes foram construídos no CTA, e em abril de 1983 os moldes para

fabricação das pás foram embarcados para a Alemanha onde foi construído o

primeiro protótipo, com início dos testes em julho de 1984. Ao todo foram

construídos e testados 15 protótipos até 1983, ano no qual as atividades foram

encerradas por motivos de diretrizes internas.

Em novembro de 1984, a Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (ELETROBRAS)

firmou convênio com a Fundação Padre Leonel França, ligada à PUC-RJ, com o

objetivo de elaborar o Atlas do Potencial Eólico Nacional. Desta forma, pela primeira

vez era feito esforço no sentido de determinar a viabilidade da utilização da energia

eólica no Brasil. Os dados eólicos foram apresentados em isolinhas de velocidade

média, velocidade máxima, probabilidade de calmaria e densidade de potência de

cada uma das regiões do Brasil e a síntese para todo o país (CRESESB 1, s.d.).

Como fruto de projeto entre a Companhia Energética de Pernambuco

(CELPE), Folkcenter da Dinamarca e a Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE), em julho de 1992 foi instalada na Ilha de Fernando de Noronha uma turbina

eólica com potência de 75 kW e três pás de 17 metros de diâmetro. Em março de

Page 46: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

46

1996 foi inaugurado em Olinda o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE),

envolvendo profissionais da Universidade Federal de Pernambuco.

Em meados da década de 1990 começaram a ocorrer encontros visando à

discussão sobre os rumos das energias solar e eólica. Em abril de 1994 realizou-se

em Belo Horizonte o “I Encontro para Definição de Diretrizes para o

Desenvolvimento de Energias Solar e Eólica no Brasil”, promovido pelo Ministério de

Minas e Energia (MME) e Ministério da Ciência e tecnologia (MCT). Foram

elaboradas metas e diretrizes, em reunião plenária com 120 participantes de 79

entidades formulando, como resultado final, a chamada Declaração de Belo

Horizonte. Ainda neste encontro, verificou-se a necessidade da formação de um

centro de referência de energia solar e eólica no país. Como resultado, em janeiro

de 1995 iniciou as atividades o Centro de Referência para Energia Solar e Eólica

Sérgio de Salvo Brito (CRESESB), com suporte de recursos humanos e laboratoriais

do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (CEPEL) localizado no Rio de Janeiro

(CRESESB 1, s.d.).

O “II Encontro para o Desenvolvimento de Energias Solar e Eólica” foi

realizado em Brasília em março de 1995. Em junho de 1996 realizou-se na cidade

de São Paulo o “III Encontro para o Desenvolvimento de Energias Renováveis”,

tendo como principal objetivo a apresentação do plano nacional de Ação para o

Desenvolvimento de Energias Renováveis.

Com o contínuo desenvolvimento do setor eólico no país começaram a surgir

os primeiros mapas de potencial em nível dos estados no início da década de 2000.

Dentre estes, podem ser destacados os seguintes levantamentos de potencial

eólico:

� Ceará: no campo do aproveitamento eólico, os primeiros estudos de

viabilidade técnica, financeira e econômica no estado foram realizados

pela Companhia Elétrica do Ceará (COELCE) no início da década de

90. O atlas do potencial eólico do Ceará, lançado em 2001,

acrescentou a estas medições levantamentos feitos pelas empresas

Wobben e Thyssen em torres de 50 e 40 metros de altura.

Considerando uma altura de 70 metros e ventos a partir de 7 m/s, há

um potencial de produção de eletricidade no estado de 51,9 TWh por

ano (COELCE, 2000);

Page 47: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

47

� Bahia: o mapeamento eólico do Estado da Bahia foi desenvolvido a

partir de medições anemométricas realizadas em 26 locais, utilizando

torres de 20 e 30 metros de altura. Os mapas resultantes apresentaram

um potencial eólico de cerca de 14,5 GW com capacidade de produção

de eletricidade de 31,9 TWh/ano (COELBA, 2000);

� Paraná: o mapa eólico do Estado do Paraná foi realizado pela

Companhia Paranaense de Energia (COPEL); o mapa revelou um

potencial de geração da ordem de 5,8 TWh por ano, considerando

ventos acima de 6,5 m/s (COPEL, 2001);

� Rio Grande do Sul: o mapeamento eólico do Estado do Rio Grande do

Sul foi realizado entre 2000 e 2002 pela Secretaria de Energia, Minas e

Comunicações (SEMC) a partir de medições anemométricas realizadas

em 21 locais, utilizando torres estaiadas de 40 e 50 metros de altura.

Os mapas resultantes apresentaram um potencial eólico de cerca de

15,8 GW (SEMC, 1998).

3.4.1 MAPA DO POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO

O Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE), com o apoio da Agência

Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT),

lançou em 1998 a primeira versão do Atlas Eólico do Nordeste do Brasil (WANEB –

Wind Atlas for the Northeast of Brazil) com o objetivo principal de desenvolver

modelos atmosféricos, analisar dados de ventos e elaborar mapas eólicos confiáveis

para a região. Um mapa de ventos preliminar do Brasil, gerado a partir de

simulações computacionais com modelos atmosféricos é mostrado na figura 3.18.

Page 48: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

48

Figura 3.18 - Mapa de ventos do Brasil

Fonte: CBEE, 1999

O atlas tornou-se possível, através de dados via satélite e pelo

desenvolvimento do MesoMap, um abrangente sistema de modelamento numérico

dos ventos de superfície. Esse sistema simula a dinâmica atmosférica dos regimes

de vento e variáveis meteorológicas correlatas, a partir de amostragens

representativas de um banco de dados validado para o período 1983/1999. O

sistema inclui condicionantes geográficas como o relevo, a rugosidade induzida por

classes de vegetação e uso do solo, a interação térmica entre a superfície terrestre e

a atmosfera, inclusive efeitos do vapor d’água presente. Os resultados, dessas

simulações são apresentados em mapas temáticos, que representam os regimes

médios de vento (velocidade, direções predominantes e parâmetros estatísticos de

Weibull) e fluxos de potência eólica na altura de 50m, na resolução horizontal de

1 km x 1 km, para todo o país (CBEE, s.d.).

Ao final da década de 1990, o Ceará tornou-se o maior produtor de energia

elétrica originária dos ventos em toda a América do Sul, com uma potência instalada

de 17,4 MW. Esta posição durou até o final de 2006, com a construção do Parque

Page 49: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

49

Eólico de Osório, com potência instalada de 150 MW, tornando o Rio Grande do Sul

o maior produtor de energia eólica da América do Sul.

As principais características das unidades eólicas no Brasil estão listadas na

Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Principais características das unidades eólicas brasileira

Localização Estado Potência (MW)

Prainha Ceará 10,0

Taíba Ceará 5,0

Mucuripe Ceará 2,4

Morro do Carmelinho Minas Gerais 1,0

Palmas Paraná 2,5

Recife Pernambuco 0,225

Fernando de Noronha Pernambuco 0,225

Fernando de Noronha Pernambuco 0,075

Macau Rio Grande do Norte 1,8

Bom Jardim da Serra Santa Catarina 0,6

Horizonte Santa Catarina 4,8

Osório Rio Grande do Sul 150,0

TOTAL 178,625 MW

Fonte: ANEEL, 1998.

Figura 3.19 - Usina eólica de Prainha - CE

Fonte: CRESESB 1, s.d.

Figura 3.20 - Usina eólica de Taiba - CE

Fonte: CRESESB 1, s.d.

Page 50: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

50

Figura 3.21 - Usina eólica de Mucuripe - CE

Fonte: CRESESB 1, s.d.

Figura 3.22 - Usina eólica de Carmelinho - MG

Fonte: CRESESB 1, s.d.

Até final de 2006, a capacidade eólica instalada no Brasil era de 28,625 MW

com turbinas eólicas de médio e grande porte conectadas à rede elétrica. Com a

conclusão do Parque Eólico de Osório no Rio Grande do Sul, o Brasil passou a ter

uma capacidade eólica de 178,625 MW. Esta obra foi financiada pela empresa

Ventos do Sul Energia S.A., fundada em 2005 para a implantação destes

aerogeradores e fazer um estudo do potencial eólico no Estado para projetos de

novos parques eólicos. Este Parque de Osório produz uma potência instalada de

150 MW e é subdivido em 3 complexos: Osório, Sangradouro e Índios que tem 75

aerogeradores planejados de 2 MW de potência cada. Cada aerogerador tem 135

metros de altura e 810 toneladas de peso.

O Parque Eólico de Osório é o maior conjunto eólico da América Latina e o

segundo maior do mundo. A energia gerada é suficiente para abastecer anualmente

o consumo residencial de aproximadamente 650 mil pessoas em Porto Alegre e será

adquirida pela ELETROBRAS por um prazo de 20 anos (JORNAL JÁ, 2000).

Page 51: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

51

Figura 3.23 - Parque Eólico de Osório - RS

Fonte: JORNAL JÁ, 2000

As pesquisas sobre o comportamento dos ventos e a adaptação das turbinas

às condições do país estão sendo realizadas pelo Centro Brasileiro de Testes de

Turbinas Eólicas (CBTTE), ligado à Universidade Federal de Pernambuco. O CBTTE

possui duas turbinas instaladas em Olinda, com capacidade total de 580 MWh por

ano.

O Brasil possui grande potencial eólico, confirmado pelas medições

realizadas até o momento, e é possível produzir eletricidade a custos competitivos

com centrais termoelétricas, nucleares e hidrelétricas. A capacidade de geração de

energia eólica em território brasileiro é estimada em 6.000 MW. A análise dos

recursos eólicos medidos em vários locais do país, mostram a possibilidade de

geração elétrica com custos em torno de US$ 0,70 por kWh. Para acelerar o

aproveitamento das fontes alternativas, foi criado o Programa de Incentivo ás Fontes

Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA) (CRESESB 1, s.d.).

Pré-requisitos técnicos e econômicos para a implantação de parques eólicos

da classe de MW no setor elétrico brasileiro:

� interesse declarado pelas concessionárias de energia elétrica,

motivado principalmente pela necessidade de expansão da geração de

energia elétrica;

Page 52: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

52

� diversidade das características dos projetos quanto à localização,

aspectos topográficos e características da rede;

� possibilidade de garantias de financiamento;

� desenvolvimento da indústria nacional de sistemas eólicos;

� estabelecimento de uma legislação favorável à disseminação da

tecnologia eólica para geração de eletricidade em grande escala.

3.4.2 MAPA DO POTENCIAL EÓLICO DO PARANÁ

Em 1998 iniciou-se a análise e preparação dos modelos para o cálculo de

interpolação dos dados anemométricos para todo o território paranaense. A

extrapolação para condições a 50m de altura, filtrando os efeitos locais de relevo e

rugosidade.

O mapa temático da distribuição dos recursos eólicos sobre o Estado do

Paraná foi realizado a partir de:

� medições anemométricas obtidas por rede de 25 anemógrafos digitais,

instalados em locais especialmente selecionados dentro do Estado do

Paraná;

� ajustes climatológicos: correlação e ajuste dos dados medidos, em

relação às médias climatológicas de longo prazo (15 anos) registradas

pelas estações da rede meteorológica do IAPAR;

� modelos geográficos: modelo digital do relevo e modelo digital de

rugosidade

Page 53: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

53

Figura 3.24 - Potencial eólico do Estado do Paraná.

Fonte: COPEL, 2001

3.5 COMPORTAMENTO DA VELOCIDADE DO VENTO COM A ALTURA

Dependendo da região selecionada, uma maior ou menor desaceleração do

vento é percebida quanto mais próximo se estiver da superfície. A rugosidade da

área determina quanto à velocidade varia com a altura referida a superfície.

O perfil de velocidades do vento com a altura pode ser definido através de

dois modelos. O conhecido como Lei Logarítmica considera a influência do terreno

através dos chamados comprimentos de rugosidade “Zo”. Como pode ser observado

na Equação 1, o valor do comprimento de rugosidade pode ser pequeno, como na

superfície das águas ou grande no caso de cidades. Esta equação define

matematicamente a Lei Logarítmica (MUELLER, 2004).

Page 54: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

54

=

zZ

zZ

VV

o

o

vv

1

2

12

ln

ln

(1)

sendo:

Vv1 = velocidade do vento na altura Z1 (conhecida) [m/s];

Vv2 = é a velocidade do vento a determinar, na altura Z2 [m/s];

O outro modelo é conhecido como Lei de Potência, e é definido através da

Equação 2.

=

Z

ZVV vv

1

212

α

(2)

sendo:

α = coeficiente de rugosidade.

É uma aproximação menos realista e mais fácil de ser interpretada do perfil

vertical do vento, definida como uma equação exponencial simples e que se utiliza

do parâmetro “α” como expoente, que também varia com o tipo de terreno, porém de

uma maneira mais abrangente. Cada valor de “α” está associado a uma maior

quantidade de tipos de superfície e engloba mais de um valor de “Zo”, classificando

de forma mais grosseira os tipos de superfície.

Os dois modelos permitem estimar a velocidade do vento em alturas maiores

(geralmente) a partir de velocidades de vento conhecidas em altura inferior,

contribuindo para a colocação dos anemômetros a baixas alturas (10m

normalmente).

A figura 3.25 mostra que os coeficientes devem ser adequados para que os

erros encontrados não sejam grosseiros a baixas altitudes. (MUELLER, 2004).

Page 55: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

55

Figura 3.25 - Perfil de velocidades de vento para uma velocidade média de 10 m/s a 50m.

Fonte: GARCIA, 2005

3.6 A POTÊNCIA EÓLICA

A turbina eólica transforma parte da energia cinética do vento em energia

elétrica. A potência fornecida pelo vento, expressa através da Equação 3, é

proporcional a área do rotor eólico exposta aos ventos e ao cubo da sua velocidade.

2

.. 3VAPV

ρ= (3)

sendo:

Pv = potência [W];

ρ = massa específica do ar [kg/m 3 ];

A = área varrida pelo rotor eólico [m];

V = velocidade do vento [m/s].

No entanto, a potência que pode ser realmente extraída de um regime de

ventos depende da eficiência de conversão da turbina eólica, que é representada

através de um coeficiente de potência, como é expresso na Equação 4.

Page 56: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

56

2

...

3VACP pV

ρ= (4)

sendo:

Cp = coeficiente de potência.

Este coeficiente de potência Cp é adimensional, e depende do regime de

ventos e da velocidade rotacional do rotor eólico. Tem um limite máximo teórico de

59%. Este valor é conhecido como Limite de Betz, formulado pela primeira vez em

1919, e aplicado para todos os tipos de turbinas eólicas. Projetos modernos de

turbinas eólicas para geração de eletricidade chegam a um valor de Cp igual a 40%.

As maiores perdas de eficiência existentes em uma turbina eólica real surgem do

arraste viscoso nas pás e das perdas de potência na transmissão e no sistema

elétrico (CAMARGO, 2005).

A avaliação do potencial eólico de um local tem por objetivo determinar a

energia possível de se obter mediante um sistema eólico durante um período

determinado, visando aceitar ou não sua exploração frente a outras opções, mais ou

menos econômicas. Por isso é importante uma boa caracterização dos ventos na

fase de projeto de uma usina eólica, pois de acordo com a Equação 1, uma

incerteza de 10% na velocidade do vento empregada provoca uma incerteza de

mais de 30% na potência determinada (CAMARGO, 2005).

A figura 3.26 mostra a relação entre o diâmetro do rotor e a potência nominal

fornecida pela máquina. Devido ao fato da área varrida pelo rotor variar com o

quadrado do raio, ao duplicar o diâmetro do rotor e o vento permanecer constante, a

potência aumentará quatro vezes.

Page 57: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

57

Figura 3.26 - Relação entre o diâmetro do rotor e a potência nominal da turbina.

Fonte: LEITE, 2005

A Equação 5 mostra que a velocidade angular do rotor é inversamente

proporcional ao diâmetro deste (CAMARGO, 2005).

drpm

1150= (5)

sendo:

rpm = rotação nominal da turbina;

d = diâmetro da turbina.

À medida que a tecnologia propicia dimensões maiores para as turbinas,

ocorre uma redução da sua rotação. Os diâmetros de rotores de aerogeradores de

grande porte, no mercado atual, variam entre 40m e 80m, o que resulta em rotações

da ordem de 30 a 15rpm, respectivamente (CAMARGO, 2005).

Usualmente, a geração elétrica dos aerogeradores inicia com velocidades de

vento da ordem de 2,5 a 3,0m/s. Abaixo desses valores, o conteúdo energético do

vento não justifica o aproveitamento.

A Equação 6 fornece uma forma simples e comum de representar as

potências extraídas do vento, que é a potência média do vento por unidade de área

da turbina (densidade de potência) (GARCIA, 2005).

Page 58: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

58

2

..3

VKPv

A

P eV ρ== (6)

sendo:

V = velocidade média do vento no período;

Ke = o fator padrão de energia, determinado pela Equação 7.

3

3

=

NV

NV

Kvi

vi

e (7)

sendo:

Vvi = amostra “i” da série de velocidades do vento;

N = total de amostras.

3.7 FABRICANTES DE TURBINAS EÓLICAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE

Tabela 3.3 – Fabricantes de turbinas eólicas

NACIONAIS ESTRANGEIROS

Aerogeradores Sul (RS) Aerocraft (Inglaterra)

Altercoop (RJ) Aeromax Engineering (EUA)

Cataventos do Nordeste (BA) Bergey (EUA)

Eletrovento (SP) Westwind (Irlanda)

Enersud (RJ)

Fonte: CRESESB 1, s.d.

Page 59: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

59

4 ENERGIA SOLAR

4.1 CONCEITO

Na década de 1950, cientistas descobriram que inserindo pequenas

quantidades de certas impurezas, chamadas dopantes, em um material

semicondutor, a densidade de elétrons livres poderia ser controlada. O dopante,

similar na estrutura e valência ao material semicondutor, tem um elétron a mais ou a

menos do que este. Um exemplo de dopante é o fósforo, que possui cinco elétrons

de valência e produz um semicondutor negativo (tipo N), com um elétron livre que

pode ser facilmente removido (CASTRO, 2004).

O alumínio, o boro, o índio e o gálio têm valência de três elétrons somente, e

o semicondutor resultante com sua dopagem é do tipo positivo (tipo P), que tem

lacunas onde deveriam estar os elétrons perdidos. Essas lacunas comportam-se de

maneira similar aos elétrons, exceto por sua carga, que é positiva. O conceito de

lacuna é teórico, assim como o elétron, e ambos podem ou não existir. Mas

podemos afirmar com certeza que se um deles existe, então ambos existem, porque

não podemos criar algo do nada no mundo físico.

Quando os dois tipos de semicondutores são inseridos juntamente em uma

junção PN, e os portadores possuem cargas opostas, eles se movimentam na

direção um do outro. Eles podem atravessar a junção, deplecionando a região de

onde eles se originam e transferindo sua carga para a nova região. Isso produz um

campo elétrico, chamado gradiente, que alcança rapidamente o equilíbrio com a

força de atração dos portadores em excesso. Esse campo torna-se uma parte

permanente do dispositivo, um tipo de rampa que faz os portadores tenderem a

deslizar através da junção, quando estão próximos.

O efeito fotovoltaico, que é a capacidade de uma célula solar transformar a

energia luminosa em energia elétrica, foi descoberto pelo físico Edmund Becquerel

em 1839, com a primeira aplicação prática realizada pelo Bell Laboratories no início

da década de 1950 (CRESESB 2, s.d.).

No interior de célula de silício há duas camadas de impurezas: uma delas é

dopada com um elemento que tende a absorver elétrons. A área de contato entre as

camadas é chamada de junção PN.

Page 60: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

60

A energia luminosa na forma de fótons cria um movimento de elétrons através

da junção PN (circulação de corrente quando existe uma carga acoplada). A

interligação em série e/ou paralelo das células forma um conjunto. Os conjuntos

podem ser agrupados em arranjos para compor uma fonte de energia de maior

capacidade.

Vários materiais e tipos de estruturas são usados na produção de células

fotovoltaicas. Atualmente o silício é o material mais utilizado, devido ao

conhecimento tecnológico adquirido sobre ele e a facilidade de se encontrar na

natureza. As formas de semicondutores de silício mais conhecidas são o silício

monocristalino, o amorfo e o policristalino.

A tecnologia mais utilizada é a de camadas ativas compostas de filmes finos

policristalinos ou amorfos, depositados em um substrato eletricamente passivo ou

ativo. Outras tecnologias utilizam silício com menor nível de pureza, lâminas de

silício com seção quadrada, silício na forma de placas ou fitas e esferas de silício

monocristalino (CRESESB 2, s.d.).

Outros materiais pesquisados para uso na tecnologia fotovoltaica são o

arseneto de gálio e o sulfeto de cádmio.

O painel solar é o conjunto de células fotovoltaicas interligadas e dispostas

em uma estrutura de sustentação que utiliza materiais comuns, devendo possibilitar

o agrupamento e interligação dos elementos de forma simples. O arranjo pode

dispor de equipamento para orientação do painel conforme o movimento do Sol.

Figura 4.27 - Conjunto de módulos fotovoltaicos.

Fonte: CRESESB 3, 1999

Page 61: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

61

Alguns métodos de fabricação de células fotovoltaicas utilizam materiais

perigosos, tais como o seleneto de hidrogênio e solventes. A destruição dos

conjuntos que contêm cádmio ou outros materiais pesados pode originar danos ao

meio ambiente, mas existe a alternativa da reciclagem. Isso minimiza os efeitos

danosos à natureza, além de ser viável economicamente (CASTRO, 2004).

Os custos do sistema fotovoltaico são determinados principalmente pela área

do coletor que, por sua vez, depende da eficiência com que a insolação é convertida

em eletricidade. Isso é verdadeiro para a célula plana (onde a área principal é de

material fotovoltaico ativo) e também para concentradores (área coberta por lentes

ou espelhos).

A eficiência do sistema depende da fração de energia solar que atinge a

célula e que é convertida em potência elétrica (tensão x corrente). A eficiência

máxima é obtida quando a potência é máxima (CASTRO, 2004).

4.2 VIDA ÚTIL DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

Testes práticos e de laboratórios demonstraram que a vida útil dos módulos

fotovoltaicos é superior a 20 anos.

Os outros componentes do sistema apresentam vida útil variável: baterias

entre 5 a 15 anos, e os componentes eletrônicos em torno de 10 anos

(CRESESB 3, 1999).

4.3 COMPONENTES DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO

Os componentes principais de um sistema fotovoltaico de produção de

energia elétrica são: conjunto de painéis fotovoltaicos, regulador de tensão, sistema

de armazenamento de energia (baterias) e inversor de corrente alternada. O painel

solar consiste num conjunto de células fotovoltaicas interligadas. Estes componentes

são detalhados no item 5.2, os mesmos usados em sistemas híbridos.

Page 62: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

62

Figura 4.28 - Esquema de um gerador fotovoltaico básico.

Fonte: CASTRO, 2004

4.4 POTÊNCIA E ENERGIA GERADAS

A potência gerada (Pg) depende basicamente de dois fatores: a insolação

horária incidente no painel coletor e a potência instalada.

RsAPg ××=η (8)

sendo:

η: rendimento do sistema, composto pelo rendimento do painel solar mais o

rendimento do sistema de condicionamento da potência.

A: área do painel solar [m2].

RS: radiação solar incidente em função do tempo [kW/m2].

Observação: a potência instalada é considerada como a potência obtida pelo

conjunto receptor durante o período de insolação máxima.

O rendimento ou eficiência de um coletor solar é a relação entre a quantidade

útil de calor recolhido num dado período e a irradiação total no mesmo tempo.

Existem critérios diferentes para determinação da potência instalada,

dependendo das condições de insolação local, do tipo de configuração (com sistema

de armazenamento ou não) e do tipo de utilização (CASTRO, 2004).

Page 63: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

63

O valor típico utilizado para a radiação solar máxima é de 1kW/m², que é o

valor de referência na fabricação das células.

O rendimento da célula solar depende do material utilizado na sua fabricação,

das técnicas de fabricação, temperaturas e outros fatores externos. O rendimento do

conjunto de células é um pouco menor do que a soma total devido às interligações,

eficiência óptica da cobertura frontal do conjunto e ao descasamento ente as

características internas.

O rendimento na parte do condicionamento de potência depende basicamente

da potência de entrada do inversor, indo de zero (entrada mínima de potência

nominal) até 15% para 100% da potência nominal (GARCIA, 2004).

A tabela 4.4 relaciona rendimentos obtidos com algumas tecnologias

comerciais.

Tabela 4.4 - Relação de rendimentos obtidos com algumas tecnologias comerciais

Tecnologia Célula

η (%)

Conjunto

η (%)

Silício monocristalino 15 13

Silício policristalino 12 11

Fitas e placas 11 10

Silício amorfo 9 9

Filmes finos 7 6

Fonte: CASTRO, 2004

Estratégias para solucionar problemas de limitação na eficiência:

� a luz que é refletida, ou perdida, pela superfície da célula pode ser

minimizada por meio de tratamento da superfície;

� a perda da luz que é refletida por contatos elétricos na parte frontal

da célula pode ser minimizada com a utilização de contatos elétricos

transparentes;

� a quantidade da luz que passa através do material semicondutor sem

colidir com algum elétron pode ser limitada pela seleção de materiais

com alto índice de absorção. Alguns tipos de filmes possuem

Page 64: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

64

espessura inferior a 1 mícron, absorvendo 90% da luz solar. Cristal

simples e silício policristalino devem possuir espessura entre 50 e 150

mícrons para apresentar absorção efetiva;

� elétrons e lacunas criados pelos fótons podem se recombinar antes

de alcançar a junção e formar corrente elétrica. Ligas de hidrogênio

são usadas para prevenir essa recombinação em materiais

policristalino e amorfos (não-cristalinos);

� a resistência elétrica no interior do semicondutor pode ser minimizada

durante a etapa de projeto.

A energia anual gerada por um sistema fotovoltaico é:

anohFcPEg /8760××= (9)

sendo:

Fc: fator de capacidade, que depende de fatores como disponibilidade de

insolação, perdas no sistema e capacidade instalada dos principais componentes.

Valores típicos estão entre 25% e 30%.

Quando for feita a instalação, os painéis devem ser posicionados de modo

que recebam o máximo de energia solar ao longo do dia, durante todos os meses do

ano. A condição ótima seria o painel instalado em um mecanismo que mantivesse o

painel perpendicular aos raios solares ao longo do dia, Contudo, esse mecanismo

aumentaria significativamente os custos do projeto, tornando-o inviável.

Na prática costuma-se instalar os painéis com uma inclinação intermediária

de forma a maximizar o aproveitamento da energia, tornando o sistema simples e

comprometendo pouco o sistema, pois as maiores perdas irão ocorrer no início da

manhã e no final da tarde, coincidindo com os períodos em que a intensidade da

radiação solar é baixa. O momento do dia em que ocorre a maior insolação está

compreendido entre as 11h e às 14h, quando o painel irá ter sua face bem

posicionada com relação ao sol (MACIEL, s.d.).

Page 65: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

65

O ângulo entre a horizontal e o painel solar deve ser igual à latitude do local,

sendo que no hemisfério norte o painel deve estar voltado para o Sul, enquanto que

no hemisfério Sul deve estar voltado para o Norte. Na figura 4.29, “α” é o ângulo

azimutal, ou seja, o ângulo entre a projeção horizontal na componente normal ao

plano do painel e o Norte, “β” por sua vez é o ângulo que corresponde à inclinação

entre o painel solar e a horizontal e “θs” é o ângulo entre o feixe de radiação direta

que incide no plano do painel e a reta normal ao mesmo.

Figura 4.29 - Ângulo azimutal (α) e ângulo de inclinação (β).

Fonte: RODRIGUEZ, 2005

O local de instalação do painel deve ser limpo e sem presença de obstáculos

que possam sombrear o painel além de estar situado o mais próximo possível das

cargas que serão atendidas. O painel não deverá estar situado a mais de 10m da

bateria e o centro de distribuição dos circuitos para as cargas (MACIEL, s.d.).

Geralmente, a potência dos módulos é dada pela potência de pico (watt de

pico) correspondente à condição ambiental de referência, que é de 25ºC para a

temperatura e radiação incidente igual a 1000W/m2 (CASTRO, 2004).

Tão necessário quanto este parâmetro, existem outras características

elétricas que melhor caracterizam o funcionamento do módulo. As principais

características elétricas dos módulos fotovoltaicos são: voltagem de circuito aberto,

corrente de curto-circuito, potência máxima, voltagem de potência máxima, corrente

de potência máxima (CRESESB 2, s.d.).

Os principais fatores que influenciam nas características elétricas de um

sistema fotovoltaico são a intensidade luminosa e a temperatura das células. Na

Page 66: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

66

figura 4.30 pode-se observar que a corrente gerada nos módulos do painel aumenta

linearmente com o aumento da Intensidade luminosa.

Figura 4.30 - Efeito causado pela variação de intensidade luminosa.

Fonte: CRESESB 2, s.d.

Por outro lado, o aumento da temperatura na célula faz com que a eficiência

do módulo caia abaixando assim os pontos de operação para potência máxima

gerada. A figura 4.31 mostra o comportamento de diferentes curvas de temperatura

em função da corrente e tensão e o ponto de operação para cada curva.

Figura 4.31 - Efeito causado pela variação da temperatura.

Fonte: CRESESB 2, s.d.

Page 67: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

67

4.5 PROJETOS IMPLEMENTADOS NO BRASIL

Atualmente, os sistemas fotovoltaicos vêm sendo utilizados em instalações

remotas possibilitando vários projetos sociais, agropastoris, de irrigação e

comunicações. As facilidades de um sistema fotovoltaico tais como: modularidade,

baixos custos de manutenção e maior vida útil, fazem com que sejam de grande

importância para instalações em lugares isolados. Além destes fatores, o

crescimento na utilização de energia fotovoltaica deve-se também ao fato de que

todo o território nacional apresenta um alto índice de radiação solar.

Instalações residenciais e comerciais também começaram a fazer uso desta

tecnologia limpa e renovável. Um dos fatores que impossibilitava a utilização da

energia solar fotovoltaica em larga escala era o alto custo das células fotovoltaicas.

As primeiras células foram produzidas com o custo de US$600/W para o programa

espacial. Com a ampliação dos mercados e várias empresas voltadas para a

produção de células fotovoltaicas, o preço tem reduzido ao longo dos anos podendo

ser encontrado hoje, para grandes escalas, o custo médio de US$ 8,00/W

(CRESESB 3, 1999).

Exemplos de sistemas fotovoltaicos instalados no Brasil:

� no município de Capim Grosso - BA, o sistema de bombeamento

fotovoltaico é formado por 16 painéis M55 Siemens. Devido às variações

sazonais do nível da água no açude, a solução mais prática foi a

instalação do sistema em uma balsa flutuante.

Figura 4.32 - Sistema de bombeamento fotovoltaico para irrigação

Fonte: CRESESB 3, 1999

Page 68: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

68

� sistema de cabine telefônica instalado em todo Estado de Alagoas

utilizando painéis fotovoltaicos.

Figura 4.33 - Telefonia pública utilizando energia fotovoltaica: Maceio/AL

Fonte: CRESESB 3, 1999

� projeto de sistemas fotovoltaicos domiciliares: instalados na Amazônia

Figura 4.34 – Sistema fotovoltaico residencial: Amazônia

Fonte: CRESESB 3, 1999

Page 69: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

69

� Iluminação publica: Ipatinga – MG

Figura 4.35 – Sistema fotovoltaico para iluminação pública: Ipatinga - MG

Fonte: CRESESB 3, 1999

� Telefone público via satélite: Bahia

Figura 4.36 – Sistema fotovoltaico para telefones públicos: Bahia

Fonte: CRESESB 3, 1999

Page 70: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

70

4.6 FABRICANTES DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS

Tabela 4.5 – Fabricantes de painéis fotovoltaicos

NACIONAIS ESTRANGEIROS

Alternativa Solar Ltda (MG) Kyocera (Japão)

Brasol Energia Solar (MG) Sharp (Japão)

Heliodinâmica S.A. (SP) Siemens (Alemanha)

ASE (EUA)

Photowatt (França)

Anet (Itália)

Isofoton (Espanha)

Fonte: CRESESB 2, s.d.

4.6.1 MODELOS DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS

Figura 4.37 - Módulo fotovoltaico Kyocera

Fonte: CRESESB 2, s.d.

Figura 4.38 - Módulo fotovoltaico Siemens

Fonte: CRESESB 2, s.d.

Page 71: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

71

5 SISTEMAS HÍBRIDOS

Sistemas híbridos de energia são sistemas autônomos de geração elétrica

formados por duas ou mais fontes de produção de energia operando em conjunto

para atender a demanda de um consumidor comum. Estes sistemas combinam

fontes de energia renovável e geradores convencionais.

Sistemas híbridos são adequados para atender as necessidades energéticas

de locais isolados devido ao alto custo da eletrificação de lugares com baixa

demanda e de difícil acesso. Geralmente, os sistemas isolados eletrificados utilizam

geração termelétrica com grupos geradores diesel (GARCIA, 2004).

O objetivo destes sistemas é produzir o máximo de energia possível das

fontes renováveis, como por exemplo: o sol e o vento, enquanto mantidas a

qualidade da energia e a confiabilidade especificadas para o projeto.

Figura 5.39 - Exemplo de sistema híbrido.

Fonte: CRESESB 2, s.d.

Page 72: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

72

5.1 SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR

Este tipo de sistema híbrido aproveita duas fontes renováveis de energia,

solar (painel fotovoltaico) e eólico (aerogerador).

Além das fontes de energia elétrica, esse sistema possui um acumulador de

energia, formado por um banco de baterias. Com a utilização de um banco de

baterias existe a necessidade de associar também um controlador de carga e

descarga, para aumentar sua vida útil e garantir que exista energia disponível para

atender ao uso determinado (BLASQUES, 2005).

Figura 5.40 - Sistema híbrido instalado no Chile

Fonte: SOLTEC, 2003

Page 73: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

73

Exemplos de sistemas híbridos instalados no Brasil:

Sistema híbrido para telecomunicações da Embratel

Local Ilha de Fernando de Noronha, Pernambuco

Data de instalação Maio de 1997

Projeto CBEE

Aplicação Telecomunicações. Geração de energia para a estação terrena da Embratel na Ilha de Fernando de Noronha.

Características técnicas

Turbina eólica com potência nominal de 6kW

Sistema fotovoltaico com 4,2Wp

Consiste no maior sistema híbrido eólico/solar

para telecomunicações da América.

Figura 5.41 - Sistema híbrido em Fernando de Noronha

Fonte: ANEEL, 1998

Page 74: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

74

Sistema híbrido para Tamaruteua

Local Marapanim, Pará

Data de instalação Julho de 1999

Projeto Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas - GEDAE e Centro Brasileiro de Energia Eólica - CBEE

Aplicação Eletrificação rural. Energia elétrica para uma vila com 40 famílias.

Características técnicas

Duas turbinas eólicas de 10kW

Sistema fotovoltaico com 1,9Wp

Um grupo grupo motor-gerador de 30kVA

Figura 5.42 - Projeto Tamaruteua

Fonte: CBEE, s.d.

Sistema híbrido para Joanes

Local Ilha de Marajó, Pará

Data de instalação Julho de 1997

Projeto Centro de Estudos e Pesquisas da Eletrobrás - CEPEL e NREL/USA

Aplicação Eletrificação rural. Energia elétrica para uma vila com 150 consumidores.

Características técnicas Quatro turbinas eólicas de 6kW

Sistema fotovoltaico com 10,2kWp

Page 75: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

75

Sistema híbrido para Praia Grande

Local Ilha de Marajó

Data de instalação Julho de 1999

Projeto Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas - GEDAE

Aplicação Telecomunicações. Geração de energia para a estação terrena da Embratel na Iha de Fernando de Noronha.

Características técnicas Duas turbinas eólicas de 10kW e 15kW

Dois geradores diesel de 7,5kW cada

Figura 5.43 - Projeto Praia Grande

Fonte: CBEE, s.d.

5.2 PARTES DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR

Este tipo de sistema possui uma série de componentes adicionais às

unidades geradoras e quanto maior a necessidade de confiabilidade, mais complexo

ele será. Em sistemas que utilizam banco de baterias para o armazenamento existe

a necessidade de associar também um controlador de carga e descarga, para

aumentar sua vida útil e garantir que exista energia disponível para atender ao uso

determinado. Se o uso for em CC deve-se alimentar diretamente a carga através de

uma rede de distribuição. Se o uso for em CA é necessário que seja adicionado um

Page 76: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

76

inversor de freqüência, para que a alimentação esteja compatibilizada com aquela

para qual à carga foi projetada. Se o sistema for utilizado para substituir a

alimentação de uma rede de concessionária, o mesmo precisa ter um chaveamento

seguro que evite um possível paralelismo das fontes, dependendo do caso utilizando

um sistema automatizado e supervisionado por software, aumentando assim ainda

mais a eficiência do conjunto e prevenindo contra descasamento de freqüências

entre fases (BLASQUES, 2005).

Figura 5.44 - Partes de um sistema híbrido eólico-solar

Fonte: SOLTEC, 2003

inversor

baterias

disjuntores

controlador de carga

Page 77: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

77

5.2.1 UNIDADES GERADORAS

As unidades geradoras de um sistema híbrido eólico-solar já foram

demonstradas nos capítulos anteriores. Para se efetuar o dimensionamento dos

equipamentos a serem utilizados em um projeto de pequeno porte existe a

necessidade de que se saiba a carga que será alimentada ou o potencial disponível

e assim aproveitá-lo da melhor forma possível (CRESESB, s.d.).

De posse das informações determina-se o valor da potência do aerogerador

e dos painéis fotovoltaicos.

Para tal deve-se satisfazer a Equação 10 de balanço:

apc EEE +≤ (10)

sendo:

Ec = demanda [W];

Ep = parcela de energia fornecida pelo sistema fotovoltaico [Wp];

Ea = parcela de energia fornecida pelo sistema eólico [W];

5.2.2 RETIFICADORES

No caso de sistemas com armazenamento as unidades geradoras devem

entregar a energia em CC. Painéis fotovoltaicos já possuem esta forma em seus

terminais, em aerogeradores pode-se encontrar nas duas formas CC ou CA, se o

equipamento for do tipo CA há a necessidade de retificar a saída e assim

transformá-la em CC para que esta energia possa estar sendo represada nos

acumuladores (baterias).

A retificação pode ser feita de duas maneiras, a primeira é com um conversor

rotativo, que nada mais é que dois motores acoplados mecanicamente, um CC e

outro CA. Alimenta-se o motor CA com a unidade geradora CA e faz-se com que o

Page 78: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

78

motor CC trabalhe como um gerador. A segunda forma é através de retificadores

estáticos, constituídos de pastilhas semicondutoras. São equipamentos eletrônicos e

que em aerogeradores de pequeno porte já fazem parte de sua construção.

5.2.3 BANCO DE BATERIAS

São dispositivos eletroquímicos que tem como finalidade o armazenamento

de energia elétrica em CC, associados em série ou paralelo, formando assim um

acumulador (bateria), o agrupamento de acumuladores constitui um banco de

baterias.

Eles possuem um conjunto de placas, chamados eletrodos, imersas em

solução iônica, que serve de meio de condução para os elétrons polarizados, e

através de reações químicas nas placas fazem a conversão de energia elétrica em

energia química, para assim poder armazená-la, e quando for exigida uma corrente

elétrica por uma carga externa, as reações químicas internas ao acumulador

convertem novamente todo o potencial armazenado em eletricidade.

Temos diversos tipos de acumuladores e o que os diferenciam principalmente

são os materiais de que são feitos os eletrodos, um par de eletrodos individualmente

normalmente trabalha com uma tensão próxima a 2V. Na figura 5.45 vê-se um

exemplo para alcançar 24V, para definir qual a tensão do conjunto efetuam-se

combinações série/paralelo destes eletrodos.

Figura 5.45 - Ligação série de elementos eletroquímicos formando uma bateria de 24V.

Fonte: URBANETZ, 2005

A especificação da capacidade de um acumulador é dada pela unidade

ampére-hora [Ah], que traduz o nível de corrente de descarga multiplicado pelo

tempo de sua duração (URBANETZ, 2005).

Page 79: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

79

A solução eletrolítica deve ser adequada aos eletrodos, para elevar o

rendimento do acumulador, podendo ser líquida ou em forma de gel. Também a

tecnologia de seu invólucro influencia diretamente no item durabilidade, tanto para

suportar os esforços mecânicos que podem ocorrer quanto pela sua estanqueidade

para controlar a evaporação da solução eletrolítica, isto define se o acumulador

possui manutenção, baixa manutenção ou nenhuma manutenção.

Um fator determinante da duração do componente é o controle de carga e

descarga de cada elemento, os fabricantes estabelecem limites através de cálculos

e testes para prolongar sua vida útil que é determinada em ciclos de carga e

descarga. Este ciclo é uma função dos materiais que compõem o acumulador,

definindo assim a profundidade de descarga aceitável que não danifique as placas

quimicamente fazendo assim que se tenha novamente um ciclo de carga atingindo

os valores nominais especificados pelo fabricante.

Quanto mais desenvolvido o acumulador maior seu valor de aquisição, e na

aplicação em um sistema híbrido de pequeno porte o banco de baterias é o item que

possui o menor tempo de vida útil, necessitando a sua troca em intervalos de

tempos de até 4 anos, dependo da tecnologia aplicada e do controle de uso que

deve ser feito preferencialmente por um controlador de carga. Nestes termos uma

alternativa econômica é a utilização de baterias automotivas, preferencialmente

acumuladores selados (nenhuma manutenção) para obter ganhos em durabilidade.

Figura 5.46 - Exemplos de baterias usadas em sistemas fotovoltaicos.

Fonte: SOLENERG, 2004

Page 80: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

80

5.2.4 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

Através do sistema de distribuição é que se consegue entregar a energia

gerada para o consumidor, ou seja, para alimentar a carga.

Também existem diversas formas de concepção para o dimensionamento dos

condutores empregados levando-se em conta a distância entre o centro de controle

e o consumo e os níveis de tensão e corrente que serão exigidos pelo conjunto de

cargas. Neste item também se apresentam as proteções que devem ser instaladas

para impedir que usuários sofram acidentes e evitar possíveis danos a

equipamentos ligados ao sistema de distribuição.

5.2.5 CONTROLADORES DE CARGA

O controlador de carga é o elemento responsável em gerenciar toda a energia

do sistema, tanto das unidades geradoras para as baterias como para as cargas

diretamente e das baterias para as cargas também. Eles auxiliam a manter o

equilíbrio de fornecimento de energia para as baterias em função da sazonalidade

da geração (a geração depende das características meteorológicas e períodos

diurnos e noturnos), mantendo assim os níveis aceitáveis de carga e descarga

máximos do banco garantindo assim ao máximo a vida útil deste último

(BLASQUES, 2005).

Observa-se a existência de dois tipos de controladores de carga que são série

e paralelo. A figura 5.47 (a) mostra o tipo série onde retira-se a geração da linha que

carrega o banco e alimenta a carga, este tipo não é recomendado para

aerogeradores, pois ao desconectá-lo pode-se perder o controle de velocidade da

máquina, para este caso recomenda-se o controlador paralelo, representado na

figura 5.47 (b), este ao retirar a linha de carga do banco mantêm a geração em curto

circuito para dissipar a potência que ainda está sendo gerada.

Page 81: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

81

Figura 5.47 - Tipos de chaveamentos em controladores de carga: (a) série (b) paralelo.

Fonte: BLASQUES, 2005

Exemplos de controladores de carga disponíveis no mercado:

Figura 5.48 - Controlador de Carga SunSaver

Fonte: SOLENERG, 2004

Figura 5.49 - Controlador de Carga ProStar

Fonte: SOLENERG, 2004

5.2.6 INVERSORES DE FREQUÊNCIA

Inversores de freqüência são equipamentos que transformam uma tensão de

entrada CC em tensão de saída CA, podendo ser feito de duas formas: com

inversores rotativos ou então podem ser estáticos, totalmente eletrônicos, os mais

usados nos dias de hoje. Encontram-se também as mais diversas faixas de potência

de trabalho, uma vez que os elementos internos ao equipamento precisam suportar

as exigências de corrente e tensão da carga alimentada. O inversor faz com que a

energia que se encontra nas baterias seja revertida para uma forma a qual os

equipamentos eletro-eletrônicos conseguem utilizar para seu funcionamento

adequado.

Page 82: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

82

Os inversores estáticos possuem diversas tecnologias construtivas, dentre

elas pode-se citar o controle por largura de pulso (pulse width modulation – PWM) e

também os inversores de pulso ressonante (BLASQUES, 2005).

Os inversores mais utilizados em sistemas híbridos são os PWM, na

figura 5.50 podem ser observadas as formas de onda possíveis de obter em sua

saída: quadrada, quadrada modificada ou senoidal. Leva-se em conta para sua

especificação a potência demandada máxima, nível de tensão de trabalho das

cargas e que a forma de onda seja aceita pelo tipo de carga a ser conectada em sua

saída, podendo assim alimentar sem restrição os mais diversos equipamentos:

Figura 5.50 - Formas de ondas obtidas através de modulação PWM.

Fonte: BLASQUES, 2005

Exemplos de inversores disponíveis no mercado:

Figura 5.51 - Inversor Xantrex

Fonte: SOLENERG, 2004

Figura 5.52 - Inversor Isoverter

Fonte: SOLENERG, 2004

Page 83: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

83

5.2.7 SISTEMA DE PROTEÇÃO

Como qualquer sistema elétrico de potência, necessita de proteções contra

sobrecargas, curto circuitos, sobretensões e funcionamento indevido, para evitar

acidentes com operadores e usuários, preservar equipamentos, garantindo assim

um bom funcionamento do conjunto. Para a proteção deste sistema será instalado

um disjuntor geral dimensionado de acordo com a corrente total do conjunto.

Page 84: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

84

6 ESTAÇÃO RÁDIO BASE – ERB

A escolha do lugar onde será instalada uma nova ERB é determinada de

acordo com a necessidade de criar ou ampliar o sinal de transmissão de celular em

determinada região. O sinal de celular tem um limite de abrangência que se estende

entre 5 a 10 km dependendo da freqüência.

Quando uma operadora contrata uma empresa para fazer a instalação de

uma Estação de telefonia celular, ela não esta preocupada com os problemas que

possam ocorrer durante o cronograma da obra. A empresa contratada deve entregar

toda a infra-estrutura para o funcionamento do site em data estabelecida,

independente de como será feita a alimentação da ERB.

Em muitos casos, existe a necessidade de fazer o pedido de extensão de

rede a concessionária local. Normalmente levam-se alguns meses para aprovar uma

extensão de rede, comprometendo a conclusão da obra. Quando isto acontece, as

empresas são obrigadas a instalar um grupo gerador para alimentar provisoriamente

a ERB.

Figura 6.53 – Exemplo de ERB: BR 277, Km 41

Page 85: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

85

A infra-estrutura de uma Estação de celular é composta basicamente por:

� entrada de energia bifásica 220V/50A;

� malha de terra;

� estrutura vertical: torre ou poste;

� obras civis: fundação, alambrado;

� sistema irradiante: cabos e antenas;

� bastidor de energia de telecomunicações (ERB)

O bastidor é responsável por todo o gerenciamento de uma ERB, ou seja,

comunica-se através de uma interface digital serial com os retificadores e

conversores do sistema. Neste controle está incluído a definição da tensão de saída

do conversor, tensão de saída do retificador, limite de corrente, desligamento por

alta tensão, religamento do retificador e sequenciamento. A figura 6.54 apresenta

um diagrama de blocos básico do Bastidor de Energia Siemens e ilustra a

disposição e as interconexões dos componentes do sistema desde a entrada de CA

até a saída de CC. O sistema de energia recebe corrente alternada, de rede

comercial (concessionária) ou de uma fonte de alimentação de emergência CA

(grupo gerador) e a retifica para produzir alimentação CC para os equipamentos. Os

controles do sistema e as funções de alarme interagem com os retificadores e a

central. Além disso, o sistema fornece proteção contra sobrecorrente, além dos

mecanismos de carga, descarga e distribuição. As baterias de reserva fornecem

automaticamente uma fonte de alimentação CC , em caso de falha da alimentação

CA comercial ou de emergência. As baterias de reserva são dimensionadas para

fornecer alimentação de CC durante um período de tempo especifico. A capacidade

das baterias é dimensionada para, em condições normais, fornecer de 3 a 5 horas

de tempo de reserva (SIEMENS, 1998).

Page 86: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

86

Figura 6.54 - Diagrama de blocos do bastidor Siemens.

Fonte: SIEMENS, 1998

Funcionamento de uma ERB:

� a entrada de CA conecta as fontes de alimentação comercial ou de

emergência aos retificadores dentro do sistema, fornecendo

proteção contra sobrecorrente;

Page 87: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

87

� os retificadores convertem a tensão de alimentação CA em tensão

de 24 volts CC, necessária para a carga e flutuação das baterias, e

para alimentar os conversores do sistema e equipamentos

utilitários;

� os conversores convertem a saída de 24 Volts CC dos retificadores

em uma tensão de -48 Volts CC necessária a alimentação dos

equipamentos utilitários;

� o controlador fornece as funções de controle, monitoramento e

diagnostico, tanto locais quanto remotas, necessárias a

administração do sistema de alimentação;

� as baterias fornecem energia para uma alimentação dos

equipamentos durante a falta de CA ou falha nos retificadores;

� a distribuição de CC fornece proteção contra sobrecorrente, pontos

de conexão para os equipamentos utilitários e barramentos para

interconexão com os retificadores, baterias e distribuição de CC;

Além destes equipamentos que fazem parte de uma ERB, temos ainda as

placas de telecomunicações e componentes eletrônicos como: painel de controle,

placa de relé e placa de alarme.

A potência de uma ERB varia de acordo com a intensidade de chamadas de

celulares ocorridas a cada instante e está ligada diretamente ao consumo do ar

condicionado, ou seja, em períodos mais quentes o bastidor consome mais energia.

No caso da tecnologia do bastidor SIEMENS, esta potência pode variar de 1 a 3 kW.

Para dimensionar corretamente os componentes de um sistema híbrido eólico-solar

para alimentar uma ERB deve-se medir a corrente no local, a fim de obter um valor

de potência mais preciso.

6.1 EXTENSÃO DE REDE

Para entrar com um pedido de extensão de rede, a empresa solicitante deve,

primeiramente, ter o alvará da obra. Além disso, o solicitante deverá apresentar a

Page 88: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

88

planta do loteamento com as devidas aprovações junto a Prefeitura Municipal da

cidade e Órgãos Ambientais, juntamente com a via do termo de compromisso

devidamente assinada pela empresa (COPEL, 2001).

Para a conclusão do projeto final será feito o levantamento de todo custo

referente a este tipo de extensão de rede, que fica a cargo da empresa solicitante,

tais como: postes, cabos, transformador, acessórios e mão-de-obra.

6.2 GRUPO MOTOR-GERADOR

Os geradores têm sido historicamente o meio mais comum para fornecer

energia elétrica a instalações isoladas. O grupo gerador transforma a energia

térmica proveniente da combustão em energia elétrica. Ele é formado basicamente

por um motor a combustão interna acoplado mecanicamente a um gerador elétrico.

O combustível mais comumente utilizado neste tipo de aplicação é o óleo diesel.

Para alimentar ERBs utiliza-se geradores de pequeno porte, com potência

nominal que varia entre 10 e 15kVA.

No custo da energia fornecida participam os custos do combustível, do seu

transporte e armazenamento no local, assim como os de manutenção e

funcionamento das unidades de geração, custos que geralmente aumentam a cada

ano, aumentando o custo da energia fornecida (AMBIENTE BRASIL, 2000).

Figura 6.55 - Grupo motor gerador

Page 89: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

89

6.2.1 IMPACTOS AMBIENTAIS

A utilização do gerador diesel constitui uma fonte de emissões de poluentes

para a atmosfera, cujos efeitos nem sempre são contabilizados em sua totalidade.

As emissões provenientes dos motores do ciclo Diesel são classificadas em

dois grandes grupos. O primeiro se refere às emissões próprias, isto é, inerentes a

combustão interna que se opera durante o funcionamento do motor. O segundo

grupo está associado às emissões indiretas, ou seja, aquelas relacionadas com o

processo de produção do combustível. Enquanto que as emissões próprias ocorrem

no momento em que o motor está funcionando, as emissões indiretas, já teriam

acontecido, anteriormente, quando o combustível empregado para a geração de

eletricidade, estava em fase de preparação nas refinarias de petróleo (AMBIENTE

BRASIL, 2000).

Figura 6.56 - Fases das emissões de poluentes.

Fonte: AMBIENTE BRASIL, 2000

Várias substâncias poluentes são emitidas para a atmosfera pelos motores

diesel. O mesmo ocorre no processo de elaboração deste combustível nas

refinarias. Uma descrição sucinta das características destas substâncias é feita, em

seguida:

� monóxido de carbono (CO) – resulta da oxidação parcial do carbono, que é

regida pela quantidade de oxigênio disponível no momento da queima. A

relação ar combustível adotada pode aumentar, de maneira considerável, a

quantidade de CO emitida. Esta substância é conhecida pelo seu efeito letal

Page 90: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

90

quando inalada, pois combina com a hemoglobina do sangue, diminuindo a

capacidade de oxigenação do cérebro, do coração e de outros tecidos

orgânicos. Pode provocar tonturas, dor de cabeça, sono e redução de

reflexos, chegando em caso extremo, dependendo das condições de

confinamento, resultar em morte. Sua ação maior é de efeito local,

abrangendo áreas próximas das fontes emissoras.

� óxidos de enxofre (SOx) – resultam da oxidação do enxofre existente no

combustível. Os óxidos de enxofre se absorvidos pelo trato respiratório

superior podem provocar tosse, sensação de falta de ar, respiração ofegante,

rinofaringites, diminuição da resistência orgânica às infecções, bronquite

crônica e enfisema pulmonar. A ação dos óxidos de enxofre ocorre a nível

local, regional e continental. O dióxido de enxofre ao reagir na atmosfera

propícia a formação de partículas de ácido sulfúrico e de sais de sulfato,

podendo, também, participar na composição da chuva ácida.

� dióxido de carbono (CO2) – na acepção da palavra não tem sido considerado

como um poluente devido a sua baixa toxidade. Entretanto, devido a sua

intensa participação nos desequilíbrios que afetam o efeito estufa e das

implicações a nível global, há uma atenção particular quanto a emissão desta

substância que é objeto de acompanhamento e supervisão permanente por

diversos organismos nacionais e internacionais.

Page 91: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

91

7 O CASO DA ESTAÇÃO ANTONINA/PR

Conforme já descrito no capítulo 6, a instalação de novas ERBs é

determinada de acordo com a necessidade de criar ou ampliar o sinal de

transmissão de celular em determinada região. Na cidade de Antonina já existem

estações celulares localizadas no centro da cidade, mas existe a deficiência deste

sinal nos arredores da cidade. A nova ERB foi construída na entrada da cidade onde

o sinal era mais fraco.

O local escolhido foi o Morro da Caixa d’Água, mostrado nas figuras 7.57 e

7.58. Este lugar é desprovido de uma rede de distribuição elétrica. A linha de

distribuição mais próxima esta localizada a 450m. Em conseqüência disto, houve a

necessidade de fazer o pedido de extensão de rede à concessionária COPEL. Como

a extensão de rede seria concluída depois do prazo limite para conclusão da obra, a

empresa teve a necessidade de alugar um grupo gerador para alimentar

provisoriamente a ERB.

O grupo motor-gerador foi utilizado por um período de 2 meses. Os gastos

com o aluguel deste gerador e sua manutenção bem como os custos da extensão de

rede serão descritos a seguir.

Figura 7.57 – ERB de Antonina/PR

Figura 7.58 – Distância da rede de distribuição elétrica

Page 92: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

92

7.1 GRUPO MOTOR-GERADOR

Para o caso em estudo, na Estação Antonina, utilizou-se um grupo gerador de

pequeno porte, com potência nominal de 12kVA. Além do custo do aluguel do

gerador por 2 meses, existem também os custos com o seu transporte, sua

manutenção (abastecimento, filtros e reparos) e seu armazenamento (vigilância),

conforme descritos na tabela 7.6. O consumo de diesel varia de acordo com a carga

instalada e a troca de filtros é feita conforme o número de horas de funcionamento

do grupo gerador. Para este caso, o gerador consome 3 litros por hora e seus filtros

devem ser trocados a cada 200 horas.

Tabela 7.6 – Custos com o Grupo Motor-Gerador

Custos Diário (R$) 2 Meses (R$)

Aluguel 60,00 3.600,00

Transporte (2x) 250,00 500,00

Diesel 128,00 7.680,00

Manutenção 18,00 1.080,00

Vigilância 85,00 5.100,00

TOTAL 17.960,00

Figura 7.59 - Grupo motor gerador

Page 93: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

93

7.2 EXTENSÃO DE REDE

Os custos referentes a extensão de rede ficam a cargo da empresa

solicitante. Inicialmente a empresa deve apresentar a planta do loteamento com as

devidas aprovações junto a Prefeitura Municipal de Antonina e Órgãos Ambientais,

juntamente com a via do termo de compromisso devidamente assinada. Para este

caso, os custos são os seguintes:

� topógrafo para fazer a planta de loteamento;

� 1 transformador 13,2 kV/220-127V;

� 8 postes de distribuição;

� 450m cabos 3x04CAA;

� 30m cabo 4x35mm;

� mão de obra.

A empresa solicitou o orçamento a 2 empreiteiras para a realização do

serviço. Estas empresas trabalham em parceria com a COPEL e o custo da

extensão de rede é mostrado na tabela 7.7.

Tabela 7.7 – Orçamento para extensão de rede

Empresa Valor (R$) Prazo (dias)

ENLETEGE 26.950,00 45

NEOTÉCNICA 22.013,00 60

Figura 7.60 – Extensão de rede: acesso Figura 7.61 – Extensão de rede: transformador

Page 94: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

94

7.3 RECURSOS ENERGÉTICOS

Os recursos energéticos mais importantes para este estudo, já referidos

anteriormente, são: energia eólica e energia solar. Qualquer região do globo está

exposta a estes recursos, mas devemos verificar se, devidamente estimados, são

técnicamente viáveis.

Os dados sobre estes recursos na região de Antonina foram obtidos através

do CRESESB e do Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR). Estes resultados

são indispensáveis para o estudo de implementação do sistema híbrido na Estação

Antonina. Foi definido que seriam analisados os dados relativos aos meses de 2006.

7.3.1 CONDIÇÕES DE VENTO

O conhecimento do comportamento do vento, sua velocidade e sua direção

no local onde se pretende utilizar a energia eólica é muito importante para fazer uma

análise técnica e econômica mais precisa. Estes dados também são importantes

para o correto dimensionamento dos equipamentos.

Os dados disponíveis atualmente podem apresentar valores médios anuais,

sazonais, mensais, médias diárias e mesmo até médias horárias de velocidade do

vento. É muito importante definir o período de observação, uma vez que estes

valores podem variar, de um ano para o outro, tornando-se necessária a análise de

vários anos de medição.

Primeiramente, o SIMEPAR forneceu os dados relativos às velocidades

médias do vento em cada mês de 2006, conforme descrito na tabela 7.8:

Tabela 7.8 – Velocidade média do vento

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Velocidade média

do vento (m/s) 0,5 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,6 0,4 0,5 0,5

Fonte: SIMEPAR, 2006.

A tabela 7.8 mostra valores de velocidades médias muito baixos, que

inviabilizam o estudo técnico deste recurso energético para o referido caso. A partir

Page 95: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

95

destes valores e com a conclusão de que não poderia usar a força dos ventos para

dimensionar o sistema híbrido, procurou-se o responsável pela divulgação destes

dados no SIMEPAR que então, explicou que a velocidade média do vento mensal

em uma determinada região é um valor muito vago, visto que no mesmo dia

podemos ter rajadas de vento com mais de 4m/s durante algumas horas e no

restante do dia sem vento algum, ou seja, a média diária será um valor muito baixo.

Com base nesta explicação, foi requisitado junto a SIMEPAR valores médios

horários de velocidade do vento para fazer um novo estudo da viabilidade técnica.

O SIMEPAR forneceu um relatório de 168 páginas que mostra a velocidade

média horária do vento na região de Antonina. Neste relatório pode-se conhecer a

velocidade média do vento em qualquer hora de qualquer dia do ano de 2006,

conforme a tabela 7.9:

Tabela 7.9 – Velocidade média horária do vento (m/s)

Dia Hora Vel. Média Dia Hora Vel. Média

25/02/2006 00:00 0.3 25/02/2006 12:00 2.5

25/02/2006 01:00 1.5 25/02/2006 13:00 0.6

25/02/2006 02:00 5.1 25/02/2006 14:00 1.3

25/02/2006 03:00 1.8 25/02/2006 15:00 1.8

25/02/2006 04:00 5.6 25/02/2006 16:00 1.7

25/02/2006 05:00 2.5 25/02/2006 17:00 1.2

25/02/2006 06:00 0.8 25/02/2006 18:00 0.0

25/02/2006 07:00 0.0 25/02/2006 19:00 1.1

25/02/2006 08:00 1.3 25/02/2006 20:00 0.8

25/02/2006 09:00 2.1 25/02/2006 21:00 0.5

25/02/2006 10:00 0.6 25/02/2006 22:00 0.9

25/02/2006 11:00 2.1 25/02/2006 23:00 1.1

Fonte: SIMEPAR, 2006.

A tabela 7.9 evidencia que no dia 25/02/2006 a região de Antonina

apresentou ventos com velocidade média acima de 5m/s. Além destas rajadas de

Page 96: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

96

vento, pode-se observar também que ocorreram ventos com velocidade média

acima de 2,5m/s que, dependendo do tipo de aerogerador, daria inicio a geração de

energia.

Fazendo um estudo mais completo de todas as velocidades médias horárias

durante todo o ano de 2006 e analisando o período em que ocorreram, chega-se a

conclusão de que os ventos mais fortes ocorrem no período noturno e que, de modo

geral, pode-se dizer que diariamente esta região apresenta velocidade média de

4m/s, considerando uma média de 3h por dia de aproveitamento da velocidade

admitida pelo vento.

7.3.2 INCIDÊNCIA SOLAR

De acordo com o CRESESB, 2006 é possível saber a insolação média em

qualquer ponto do território nacional, basta conhecer as suas coordenadas

geográficas - latitude e longitude. Na visita à Estação Antonina, as coordenadas

geográficas foram retiradas da placa de identificação da torre no local, conforme a

figura 7.62.

Figura 7.62 – Placa de identificação da torre

Latitude: 25° 26’ 12,7”

Longitude: 48° 44’ 14,1”

Page 97: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

97

Com base nestas coordenadas, acessa-se o endereço eletrônico

http://www.cresesb.cepel.br/sundatn.htm e através do programa SUNDATA, verifica-

se os valores em Wh/m2.dia da insolação média diária mensal da Estação Antonina,

conforme tabela 7.10:

Tabela 7.10 – Insolação média em Antonina

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Insolação

(Wh/m2.dia) 4410 4810 4470 4120 4230 3630 3990 3870 3570 4290 4570 4570

Mínimo: 3570 Máximo: 4810 Média: 4210 Delta: 1240

Fonte: CRESESB 1, s.d.

A figura 7.63 mostra de uma maneira mais clara, a variação da insolação

média na cidade de Antonina em 2006.

Insolação Média em Antonina

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses de 2006

Inso

laçã

o [

Wh

/m2.

dia

]

Figura 7.63 – Insolação média em 2006

Fonte: CRESESB 1, s.d.

Page 98: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

98

7.4 ANALISE TÉCNICA DO SISTEMA HÍBRIDO

7.4.1 CONSUMO DE ENERGIA DA ESTAÇÃO ANTONINA

Conforme descrito no capítulo 6, página 86, o consumo de uma ERB varia de

acordo com a intensidade de sinal e principalmente com o consumo do ar

condicionado que, por sua vez, varia com a temperatura e o período do dia, ou seja,

quanto mais ligações de celular ocorrerem ao mesmo tempo, maior será o consumo

de energia e quanto mais quente a temperatura maior será o consumo do ar

condicionado.

A fim de obter uma medição mais precisa, foi-se ao local e, com o auxílio de

um alicate amperímetro, realizou-se a medição, verificando-se uma corrente de 8,8A

na fase de alimentação do bastidor de energia, conforme mostrado nas figuras 7.64

e 7.65. Esta medição foi realizada no dia 21 de janeiro às 13h da tarde e a

temperatura local passava dos 32°. Levando em consideração a elevada

temperatura e horário de pico em relação ao número de ligações de celular,

podemos considerar este valor de corrente como sendo próximo do máximo valor.

Na realidade, este valor de corrente varia ao longo do dia e não se pode adotar o

mesmo valor para as 24h do dia. Dependendo da região em que a ERB é instalada e

da especificação do ar condicionado interno do bastidor este valor de corrente no

período noturno pode cair a menos que a metade do valor de corrente no dia. Com

base nesta informação adotaremos um valor de corrente de 4,4A no período

noturno.

Figura 7.64 – Medição da corrente Figura 7.65 – Detalhe do alicate amperímetro

Page 99: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

99

Tabela 7.11 – Consumo de energia por dia

Consumo Descrição

Tensão

(Vca)

Corrente

(A)

Potência

(W)

Tempo de

uso (h) Wh Ah

ERB (diurno) 127 8,8 1117,6 12 13.411,2 1.117,6

ERB (noturno) 127 4,4 558,8 12 6.705,6 558,8

Total 20.116,8 1.676,4

De acordo com a tabela 7.11, verifica-se que o consumo médio diário será de:

Consumo médio diário = 20,12kWh

Para o consumo durante um mês temos:

Consumo médio diário x 30 dias = 603,5kWh/mês

Este valor é a energia mínima que o sistema deve fornecer para que possa

atender a Estação Antonina.

7.5 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HÍBRIDO

Visando otimizar os recursos naturais oferecidos pela região onde está

situada a ERB de Antonina, surgiu como proposta a união destas duas formas de

energias renováveis: eólica e solar, pretendendo assim, dar maior confiabilidade ao

sistema, pois não haverá dependência somente de um tipo de geração de energia.

O dimensionamento deste sistema consiste em calcular o número de placas

solares e aerogeradores necessários para a alimentação da carga especificada. O

objetivo é obter um balanceamento entre a máxima confiabilidade através de

especificações técnicas atuais no mercado interno e o menor custo.

Ainda, neste sistema devemos ter a confiabilidade de outros equipamentos,

que interligados fazem com que a qualidade e eficiência alcancem o resultado

esperado.

Page 100: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

100

7.5.1 AEROGERADOR

Para especificação de aerogeradores torna-se importante o conhecimento de

modelos existentes no mercado atual, conforme descrito na tabela 7.12:

Tabela 7.12 – Características de aerogeradores de pequeno porte

Fabricante/

Distribuidor Modelo Vel. min. do

vento (m/s) Potência (W)/ vel.

nominal do vento (m/s) Diâmetro N° de pás

BWC XL 1kW 2,5 1000 (12) 2,5 3

ENERSUD GERAR 246 2,2 1000 (12) 2,46 3

ENERSUD NOTUS 138 2 350 (12) 1,38 3

Eletrovento Turbo 500 3 500 (12,5) 1,9 3

Dados retirados da Internet na página de cada fabricante/fornecedor

Através da equação 11, podemos calcular a potência do vento que deverá ser

transformada em energia elétrica, através do aerogerador:

2

3ρ.A.V

.pCVP = (11)

sendo:

Pv = potência (W);

ρ = massa específica do ar (kg/m 3 );

A = área varrida pelo rotor eólico (m2);

V = velocidade do vento (m/s);

Cp = coeficiente de potência (rendimento do aerogerador).

O modelo de aerogerador escolhido para o sistema híbrido é o modelo

GERAR246 (ENERSUD, 2004), mostrado na figura 7.66, por apresentar uma

elevada potência nominal para uma baixa velocidade inicial de geração, conforme

descrito na tabela 7.13. Além disso, a escolha por um modelo nacional nos ajuda a

obter informações mais detalhadas sobre características técnicas e custo para,

posteriormente, fazer uma análise econômica.

Page 101: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

101

Tabela 7.13 – Aerogerador ENERSUD GERAR246

Diâmetro da hélice 2,46 m

Potência a 12 m/s 1000 W

Rpm a 12 m/s 630 rpm

Número de pás 3

Velocidade de partida 2,2 m/s

Torque de partida 0,3 Nm

Proteção contra altas velocidades Active Stall (Controle de Passo)

Sistema magnético neodímio (imã permanente)

Sistema elétrico trifásico

Tensão de saída 12/24/48 volts

Peso total (alternador+hélice+cab. Rot.) 32 kg

Material Anti Corrosão Alumínio / Inox / Mat. Galvanizado

Fonte: ENERSUD, 2005.

Figura 7.66 – Aerogerador GERAR246

Fonte: ENERSUD, 2005.

As figuras 7.67 e 7.68 mostram as curvas de potência e de geração de

energia do aerogerador GERAR246 em função da velocidade do vento.

Page 102: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

102

Figura 7.67 – Curva de potência

Fonte: ENERSUD, 2005.

Figura 7.68 – Curva de capacidade de geração

Fonte: ENERSUD, 2005.

A potência e a energia fornecida por este aerogerador pode ser obtida através

das curvas do fabricante, mas a fim de obter dados mais precisos de acordo com as

características da região em estudo, pode-se realizar todo o dimensionamento, a

partir das características técnicas do equipamento, conforme mostrado a seguir.

A partir do diâmetro da turbina do GERAR246 que é de 2,46m, pode-se

calcular, através da equação 12, a área varrida pelas pás (A).

22

2 75,42

46,2.. mrA =

== ππ (12)

Page 103: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

103

Conforme descrito no item 3.6 na página 55, o coeficiente de potência Cp é

adimensional, e depende do regime de ventos e do tipo de aerogerador. Este valor

nos indica a eficiência de conversão da turbina eólica, ou seja, a real potência que

pode ser extraída de um regime de ventos. Para este modelo de turbina eólica, o

coeficiente de potência é:

32,0=PC

A massa especifica do ar na região é de:

3/ 225,1 mkg=ρ

Com base destes valores, pode-se definir a potência deste aerogerador em

função da velocidade média do vento no local, definido como 4 m/s:

smkgPV /. 58,592

475,4225,132,0 3

=×××

= (13)

Sabe-se que: 1 kg.m/s=9,81W

Então:

WPV 58581,958,59 ≅×=

Para concluir o cálculo da energia fornecida pela turbina eólica, foi

considerado uma média de 3h/dia de aproveitamento da velocidade admitida pelo

vento.

mensalkWhEnergia

diasdia

hkWPEnergia V

/ 6,52

)(30)(3)(

=

××= (14)

Se, para este caso em estudo utilizasse somente aerogeradores, seria

necessário instalar 12 aerogeradores deste modelo para suprir o consumo de

Page 104: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

104

603,5 kWh/mensal. Este resultado, um pouco elevado, deve-se ao fato da região

apresentar velocidades médias de vento muito baixas.

7.5.2 PAINEL FOTOVOLTAICO

Da mesma maneira como foi realizado o dimensionamento do aerogerador

primeiramente, devemos conhecer os painéis fotovoltaicos existentes no mercado,

conforme tabela 7.14:

Tabela 7.14 – Características de painéis fotovoltaicos

Fabricante/

Distribuidor Modelo

Potência máxima

(Wp)

Corrente em Potência

máxima (A) Dimensões (mm) Peso

(kg)

REDIMAX SM-100 100 5,9 1320 x 660 x 56 11,5

BP SOLAR SX 120U 120 3,56 1456 x 731 x 26,9 12,8

ISOFOTON I-100 80 5,74 652 x 52 x 8 8

SHELL SOLAR SP 75 75 4,4 1200 x 527 x 56 7,6

HELIODINÂMICA HM 70D12 70 4,38 1242 x 487 x 45 8,6

KYOCERA KC 130TM 130 7,39 1425 x 652 x 58 11,9

Dados retirados da internet na página de cada fabricante/fornecedor

De acordo com a tabela 7.10 que mostra a insolação média na região de

Antonina, percebe-se que no período de inverno, a incidência solar reduz-se

consideravelmente, fazendo com que a quantidade de Ah/dia calculada diminua.

Esta capacidade média de geração está diretamente relacionada a insolação média

(Wh/m2.dia) do período em estudo. Para calcular a quantidade de horas média de

cada mês, conhecida como “Horas de Sol Pleno”, foi considerada uma insolação

média de 1000 W/m2 (KYOCERA, s.d.).

MédiaSolarRadiação

MédiaInsolaçãoasQuant. Hor

= (15)

Page 105: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

105

O painel fotovoltaico escolhido para este sistema híbrido é o modelo

KC 130TM, mostrado na figura 7.69, lançamento do fabricante KYOCERA por

apresentar a maior potência dentre os modelos vendidos no mercado nacional,

fazendo com que diminua o número total de painéis para este dimensionamento. A

especificação técnica do KC 130TM é descrita na tabela 7.15 e suas curvas

características são mostradas na figura 7.70.

Tabela 7.15 – Especificações Elétricas: módulo fotovoltaico KC 130TM

Máxima potência 130 W

Voltagem de máx. potência 17,6 V

Corrente de máx. potência 7,39 A

Voltagem de circuito aberto 21,9 V

Corrente de curto-circuito 8,02 A

Dimensões 1425 x 652 x 52

Peso 11,9 kg

Fonte: KYOCERA, s.d.

Figura 7.69 – Módulo Fotovoltaico KC 130TM

Fonte: KYOCERA, s.d.

Page 106: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

106

Figura 7.70 – Características de voltagem e corrente em relação a temperatura e insolação

Fonte: KYOCERA, s.d.

De acordo com a especificação técnica deste painel fotovoltaico, verificamos

que a corrente em máxima potência (130W), não deve ser superior a 7,39A.

Conhecendo-se a quantidade de horas que poderá ser absorvida a energia

solar e a corrente de cada placa fotovoltaica, pode-se calcular o consumo médio

diário em ampères (Ah/dia):

Exemplo: mês de janeiro

solarpor placa AhAhConsumo

CorrenteMáximaMédiaSolarRadiação

MédiaInsolaçãoConsumo

59,32)(39,7)(1000

4410

=×=

×=

Para a especificação dos painéis fotovoltaicos, deve-se conhecer o consumo

em ampères (Ah), calculado pela equação 16:

AhVcc

CmCa 4,1676

12

8,20116=== (16)

Page 107: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

107

onde:

Ca = consumo médio diário em ampères (Ah)

Cm = consumo médio diário (kWh)

Vcc = tensão de geração de energia dos painéis fotovoltaicos (12V)

Assim, o consumo médio diário do sistema é de 1,676kAh.

Considerando este consumo médio diário, pode-se calcular a quantidade de

placas que seriam necessárias, para instalar um sistema 100% solar. O

dimensionamento dos painéis fotovoltaicos referentes a cada mês é descrito na

tabela 7.16:

Tabela 7.16 – Quantidade de placas fotovoltaicas

Módulo fotovoltaico KC 130TM

Mês Insolação

(Wh/m2.dia) Quantidade

de horas Ah/dia

calculada Total de painéis

Jan 4410 4,41 32,59 52

Fev 4810 4,81 35,55 47

Mar 4470 4,47 33,03 51

Abr 4120 4,12 30,45 55

Mai 4230 4,23 31,26 54

Jun 3630 3,63 26,83 63

Jul 3990 3,99 29,49 57

Ago 3870 3,87 28,60 59

Set 3570 3,57 26,38 64

Out 4290 4,29 31,70 53

Nov 4570 4,57 33,77 50

Dez 4570 4,57 33,77 50

Fonte: CRESESB 1, s.d.

A idéia do sistema híbrido visa otimizar os recursos naturais oferecidos pela

região. Se a ERB de Antonina for atendida somente pelo sistema eólico, deveriam

ser instalados 12 aerogeradores conforme especificado na tabela 7.13. E, caso este

Page 108: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

108

sistema fosse alimentado apenas por energia solar, verificou-se que seria

necessário a instalação de 64 painéis na pior condição (mês de setembro).

A escolha da quantidade necessária de cada equipamento a ser utilizada para

melhor dimensionar este sistema híbrido necessitaria um estudo muito mais rigoroso

sobre os recursos energéticos da região, bem como o consumo da ERB.

Como a energia solar na região é mais abundante do que a energia eólica,

define-se uma quantidade mínima de aerogeradores e o restante da demanda será

suprida por painéis fotovoltaicos.

Utilizando 4 aerogeradores, temos:

l kWh/mensa,l kWh/mensa, 42106524 =×

Esta energia fornecida pelos aerogeradores representa 35% da energia

necessária para alimentar a ERB de Antonina. Como o consumo total da ERB é de

603,5kWh/mensal e os aerogeradores irão fornecer uma energia de 210,4

kWh/mensal, ainda nos resta 393,1kWh/mensal que serão fornecidos pelos painéis

fotovoltaicos:

kWh/dial kWh/mensa 1,1330

1,3931,393 ==

A quantidade de painéis fotovoltaicos deve ser recalculada para este novo

consumo e assim recalcular a quantidade de Ah/dia:

AhVcc

CmCa 1092

12

13103=== (17)

Para calcular o número de painéis fotovoltaicos, basta dividir o consumo

médio diário em Ah pelo consumo de cada placa solar, considerando o pior mês

(KYOCERA, s.d.):

de PlacasQuantidade 4238,26

1092== (18)

Page 109: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

109

A partir do número total de painéis fotovoltaicos, pode-se definir diversos

arranjos, a fim de obter diversas possibilidades de tensão de saída e valores de

corrente. Para este estudo dividiu-se a quantidade total de painéis em 4 arranjos

fotovoltaicos. Dois arranjos com 11 painéis ligados em paralelo e os outros dois

arranjos com 10 painéis também ligados em paralelo. Com esta disposição dos

painéis fotovoltaicos, tem-se uma tensão de 12V na saída e a corrente total de cada

arranjo será o somatório das correntes de cada painel que compõem o arranjo.

7.5.3 CONTROLADORES DE CARGA

O papel do controlador de carga da instalação é o de proteger o banco de

baterias contra cargas e descargas excessivas diminuindo sua vida útil.

Para a proteção do banco de baterias contra sobrecargas, o aerogerador

possui um controlador de carga interno, que vem junto com o produto. Este

controlador interrompe o fornecimento de energia quando a tensão alcançar um

valor previamente determinado.

O controlador de carga dos painéis fotovoltaicos é definido pela tensão de

trabalho dos módulos e pela máxima corrente do arranjo. A sua capacidade deve

superar a corrente total dos painéis a serem conectados. A divisão dos painéis

fotovoltaicos em 4 arranjos foi feita para diminuir a corrente total do conjunto, pois no

mercado interno encontra-se controladores de carga com capacidade máxima de

60A. O objetivo é instalar um controlador de carga para cada arranjo de painéis

fotovoltaicos. Para isso, devemos somar a corrente dos painéis fotovoltaicos.

Aláxima totaCorrente m

A,láxima totaCorrente m

3,81

39711

=

×=

Para a implementação deste sistema híbrido será necessário instalar 4

controladores de carga, um para cada arranjo. Foi escolhido o modelo XANTREX

Série C60, mostrado na figura 7.71, com capacidade para 60A e corrente de crista

máxima de 85A, conforme descrito na tabela 7.17.

Page 110: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

110

Figura 7.71 – Controlador de carga XANTREX C60

Fonte: XANTREX, 2000

Tabela 7.17 – Especificação elétrica do

controlador de carga

XANTREX Série C60

Voltagem 12 a 24V

Corrente de carregamento/carga

60A

Corrente de crista máxima 85A

Peso 1,4 kg

Dimensões 254 x 127 x 63mm

Fonte: XANTREX, 2000

7.5.4 BANCO DE BATERIAS

Para o dimensionamento do banco de baterias precisa-se definir a autonomia

necessária deste sistema e sua capacidade total de carga em Ah.

Aha de cCapacidade 1676arg =

Um banco de baterias consiste de várias baterias conectadas em série e/ou

paralelo para alcançar a tensão e a capacidade de acumulação necessária para a

adequada operação do sistema.

Para este caso em estudo, temos uma tensão nominal de 12V e capacidade

de fornecimento de energia de 1676 Ah.

Foi escolhida uma bateria selada de 150Ah, do fabricante MOURA, série

Clean, conforme mostra a figura 7.72, que é uma bateria utilizada para

telecomunicações, no-breaks e reservas de energias alternativas. Esta bateria

fornece uma capacidade de carga de 150Ah com uma autonomia de 20h.

Page 111: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

111

Figura 7.72 – Bateria MOURA CLEAN

Fonte: MOURA, 2007

Modelo: 12MC150

Tensão Nominal: 12V

Capacidade (20h): 150Ah

Peso: 43,8kg

Dimensões: 512 x 211 x 233mm

Para este estudo serão necessárias 12 baterias ligadas em paralelo:

Quantidade de baterias = 1676 / 150 = 11,17 (19)

12 baterias = 1800Ah

A capacidade total do banco é de 1800Ah, o qual minimiza a quantidade de

energia não aproveitada devido ao funcionamento do controlador de carga.

7.5.5 INVERSOR

O inversor converte energia elétrica DC em energia AC. No estudo em

questão, o inversor deverá converter 12Vcc em 127Vca para alimentar a ERB.

O inversor é dimensionado pela sua tensão de entrada, tensão de saída e

potência total AC. No caso a maior potência será definida pela máxima corrente no

período diurno.

Potência do sistema = 1117,6W

Para o sistema híbrido foi escolhido o inversor PROWATT, modelo

PW 1500-12 fabricado pela XANTREX, mostrado na figura 7.73, cuja especificação

técnica é mostrada na tabela 7.18.

Page 112: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

112

Figura 7.73 – Linha PROWATT de inversores

Fonte: XANTREX, 2000

Tabela 7.18 – Especificação elétrica do inversor

PROWATT – PW 1500-12

Potência contínua 1500W

Potência de pico 3000W

Tensão de entrada 10 - 15 Vcc

Tensão de saída 115 Vrms (± 5%)

Freqüência de saída 60Hz ± 0,05Hz

Rendimento máximo 90%

Consumo próprio < 0,4A

Peso 3,800kg

Dimensões 240 x 410 x 80mm

Fonte: XANTREX, 2000

7.6 ESPECIFICAÇÃO E CUSTO DO SISTEMA HÍBRIDO

Após o dimensionamento dos equipamentos do sistema híbrido, foi realizado

um levantamento de todos os custos e acessórios necessários para a realização

deste projeto, conforme descrito na tabela 7.19.

Tabela 7.19 – Quantidade e custo dos equipamentos do sistema híbrido

Item Descrição Quant. Preço Unitário

(R$) Preço total

(R$)

1 Aerogerador GERAR 246, fabricante ENERSUD 4 5.900,00 23.600,00

2 Kit torre + cabos + acessórios para aerogerador 4 950,00 3.800,00

3 Placa solar KC 130TM, fabricante KYOCERA 42 1.800,00 75.600,00

4 Suporte de alumínio para módulos solares 4 250,00 1.000,00

5 Baterias 150 Ah, fabricante MOURA 12 650,00 7.800,00

6 Controlador de carga C60, fabricante XANTREX 4 900,00 3.600,00

7 Inversor PW 1500-12, fabricante XANTREX 1 1.300,00 1.300,00

8 Mão-de-obra 1 4.000,00 4.000,00

TOTAL 120.700,00 R$

Valores fornecidos pelos fabricantes/distribuidores

Page 113: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

113

7.7 DIAGRAMA DE BLOCOS DO SISTEMA

Figura 7.74 – Diagrama de blocos do Sistema Híbrido

Page 114: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

114

7.8 LAY-OUT DO SISTEMA HÍBRIDO

Figura 7.75 – Lay-out do sistema híbrido

Page 115: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

115

8 COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES SISTEMAS

Após um estudo sobre a implantação do sistema híbrido na ERB de Antonina,

será estudado a sua aplicação em diferentes situações.

No capítulo 7 foi analisado o custo de uma extensão de rede nesta região e

os gastos relativos ao uso de um grupo motor-gerador, bem como o custo total para

a implantação deste sistema híbrido. Agora faremos o comparativo desta nova

tecnologia com os sistemas convencionais.

8.1 SISTEMA HÍBRIDO X SISTEMA CONVENCIONAL

Fazendo um comparativo do custo do sistema híbrido e o valor da extensão

de rede somado aos gastos com energia elétrica ao longo dos anos, pode-se definir

o tempo que seria necessário para repor o investimento da implantação do sistema

híbrido.

/mês,R$ energiaFatura de

Tarifa h/mês] Consumo[kWenergiaFatura de

0025038711,05,603 ≅×=

×= (20)

Tabela 8.20 – Investimento inicial

Investimento Inicial (R$)

Sistema híbrido 120.700,00

Extensão de rede 22.013,00

TOTAL 98.687,00

Esta diferença entre os investimentos iniciais da implantação do sistema

híbrido e execução da extensão de rede será divido pela fatura mensal desta ERB a

fim de obter o número de meses que seriam necessários para cobrir o valor do

investimento do sistema híbrido.

Page 116: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

116

anos meses

mesesR

R

energiaFatura de

imentosdos investDiferença ssáriosMeses nece

33395

395250 $

687.98 $

===

Verifica-se que em lugares onde é possível a alimentação do sistema através

da rede de distribuição convencional, mesmo sujeito a extensão de rede, a

implantação deste sistema híbrido não seria viável, pois necessitaria um período

muito longo para retorno do investimento. Observa-se que, neste cálculo simples,

não são levados em consideração o tempo de depreciação natural dos

equipamentos e os juros e correções monetárias ao longo dos anos.

8.2 SISTEMA HÍBRIDO X GRUPO MOTOR-GERADOR

O uso do gerador, além de causar sérios danos ao meio ambiente, gera um

custo elevado/mês, conforme descrito no item 7.1 da página 91.

Fazendo um comparativo do custo do sistema híbrido e a utilização do grupo

gerador nos 2 meses de espera para a execução da extensão de rede, verifica-se

que a diferença entre estes dois investimentos seria muito grande. O custo do

gerador para este período representa apenas 15% do investimento do sistema

híbrido.

Caso não fosse possível realizar a extensão de rede, como acontece em

muitos lugares do Brasil, pode-se fazer uma comparação de quanto tempo seria

necessário para retorno do investimento da instalação do sistema híbrido.

O uso do grupo motor-gerador gera um custo de R$ 290,00 por dia, ou seja, o

custo do sistema híbrido seria pago em 416 dias.

diasR

RadorUso do Ger 416

290 $

700.120 $≅=

(21)

Este tempo, pouco mais que um ano, é bastante pequeno e deverá ser levado

em consideração sempre que for necessário a instalação de geradores diesel em

lugares isolados.

Page 117: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

117

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho apresentou um estudo sobre a implantação de um sistema

híbrido eólico-solar para alimentar Estações Rádio Base em lugares isolados,

aplicado a Estação Antonina no Paraná. Este estudo foi realizado a partir de dados

coletados no local e levantamento dos recursos energéticos da região.

O potencial eólico foi fornecido pelo SIMEPAR através das médias de

velocidade do vento no ano de 2006 e o índice de incidência solar foi fornecido pelo

CRESESB, através do programa SUNDATA. Os dados a respeito destes recursos

energéticos não foram muito satisfatórios, pois o Estado do Paraná apresenta uma

das velocidades médias de vento mais baixas do país e o litoral paranaense

apresenta um nível de incidência solar abaixo da média nacional. Estes dados é que

determinam o dimensionamento do sistema híbrido. Quanto menor o potencial

energético da região, maior o custo de implantação deste sistema, podendo até

inviabilizar o projeto.

Além do estudo e dimensionamento de um sistema híbrido, este trabalho

realizou um levantamento dos custos relativos ao uso de grupo motor-gerador para

alimentar uma ERB e material e mão-de-obra para executar uma extensão de rede

de distribuição.

Foi realizado um estudo referente a teoria e tecnologia de aproveitamento da

energia solar e eólica. A análise destas duas fontes de energias renováveis é

fundamental para o correto dimensionamento do sistema híbrido. Este sistema

híbrido foi dimensionado a partir do consumo da ERB de Antonina e com base nos

dados dos recursos energéticos da região.

Após o dimensionamento de todo o sistema híbrido, fez-se uma comparação

com o uso do grupo motor-gerador e a rede de distribuição convencional, e chegou-

se às seguintes considerações:

� em lugares onde é possível chegar com a rede de distribuição elétrica,

mesmo que leve algum tempo, o investimento inicial para implantação

do sistema híbrido dimensionado levaria muitos anos para ser reposto;

Page 118: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

118

� em lugares onde é necessário o uso de grupo motor-gerador, seja

provisório ou permanente, o sistema híbrido é viável economicamente,

pois em pouco tempo seria pago o investimento inicial;

Nestes considerações não foi levado em conta os custos com impacto

ambiental que uma extensão de rede e uso de grupo motor-gerador podem causar.

Este custo ambiental diminuiria o tempo de retorno de investimento do sistema

híbrido. Além deste custo ambiental, o uso do grupo motor-gerador mostra que, além

da degradação do meio ambiente, tem-se um custo mensal elevado devido a sua

manutenção. Isto deve ser levado em consideração sempre que existirem estudos

comparativos entre o uso do gerador e o uso de um sistema que utiliza fontes

renováveis de energia. Se a região em estudo apresentasse um potencial energético

mais favorável o custo do sistema híbrido reduziria bastante, aumentando assim,

sua viabilidade econômica.

Cabe ressaltar, que para otimizar o desempenho do sistema e torná-lo mais

confiável, seria necessário obter melhores informações sobre o consumo de uma

ERB e conseguir um histórico maior sobre os recursos naturais da região de no

mínimo 3 anos. Este trabalho, além do caso em estudo proposto, procura apresentar

de forma clara e sucinta a metodologia para desenvolvimento de outros projetos

similares, tais como:

� desenvolver um sistema híbrido para comunidades isoladas;

� projetar um controlador de carga para sistemas híbridos;

A realização deste trabalho foi muito importante para conhecer um pouco

mais sobre estas novas fontes de energia alternativas que vêm sendo usadas cada

vez mais nos dias atuais. Isso se deve ao fato do custo atual dos equipamentos ter

sofrido uma grande redução desde que foram desenvolvidos e principalmente, o

incentivo e imposições governamentais e sociais para o uso de fontes renováveis de

energia contribuindo para o desenvolvimento sustentável e redução do aquecimento

global.

Page 119: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

119

REFERÊNCIAS

AEROCRAFT. Disponível em: <http://www.aerocraft.de>. Acesso em: 10/2006.

AEROGERADORES Sul. Disponível em: <http://www.aerogerador.com.br>. Acesso

em: 10/2006.

AEROMAX. Disponível em: <http://www.aeromaxenergy.com>. Acesso em 10/2006.

AIRX. Disponível em :

<http://www.solarpanelsaustralia.com.au/downloads/airxmarine_manual.pdf>.

Acesso em 01/2007.

AMARANTE, Odilon A. Camargo do; BROWER, Michael; ZACK, John; SÁ, Antônio

Leite de. Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasília, 2001.

ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações. Disponível em:

<www.anatel.gov.br>. Acesso em: 08/2006.

ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: <www.aneel.gov.br>.

Acesso em: 08/2006.

AMBIENTE, Disponível em:

<http://www.ambiente.regione.umbria.it>. Acesso em 10/2006.

AMBIENTE BRASIL, Disponível em:

<http://www.ambientebrasil.com.br>. Acesso em 09/2006.

BLASQUES, Luis Carlos Macedo. Estudo da viabilidade técnico-econômica de

sistemas híbridos para geração de eletricidade. (Dissertação de Mestrado) –

Programa de pós-graduação em engenharia elétrica, UFPA, Belém, 2005.

Page 120: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

120

CAMARGO, Arilde Sutil Gabriel de. Análise da operação das usinas eólicas de

Camelinho e Palmas e avaliação do potencial eólico de localidades do Paraná.

(Dissertação de Mestrado) – PPCTE, CEFET-PR, Curitiba, 2005.

CASTRO, Rui M. G. Introdução à energia eólica. (Apostila) – Instituto Superior

Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, IST, Lisboa, 2005.

CASTRO, Rui M. G. Introdução à energia fotovoltaica. (Apostila) – Instituto

Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, IST, Lisboa, 2004.

CBEE - CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA. Disponível em:

<http://www.eolica.com.br/index_por.html>. Acesso em 08/2006.

COELBA - Companhia Elétrica da Bahia. Disponível em:

<http://www.coelba.com.br>. Acesso em: 10/2006.

COELCE - Companhia Paranaense Elétrica do Ceara. Disponível em:

<http://www.coelce.com.br>. Acesso em: 10/2006.

COPEL – Companhia Paranaense de Energia. Disponível em:

<http://www.copel.com>. Acesso em: 10/2006.

COSTA, Vanessa Senff et al. Gerador eólico de baixo custo. (Monografia de

Conclusão de Curso) – Curso de Engenharia Industrial eletrotécnica, CEFET-PR,

Curitiba, 2003.

CRESESB 1 - CENTRO DE REFERÊNCIA PARA ENERGIA SOLAR E EÓLICA

SÉRGIO DE SALVO BRITO, Energia eólica princípios e aplicações, Disponível

em: < http://www.cresesb.cepel.br/tutorial/tutorial_eolica.pdf>. Acesso em 09/2006.

CRESESB 2 - CENTRO DE REFERÊNCIA PARA ENERGIA SOLAR E EÓLICA

SÉRGIO DE SALVO BRITO, Energia solar princípios e aplicações, Disponível

em: < http://www.cresesb.cepel.br/tutorial/tutorial_solar.pdf>. Acesso em 09/2006.

Page 121: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

121

CRESESB 3 - CENTRO DE REFERÊNCIA PARA ENERGIA SOLAR E EÓLICA

SÉRGIO DE SALVO BRITO, Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos.

Rio de Janeiro, 1999.

DANISH WIND INDUSTRY ASSOCIATION. Disponível em:

<http://www.windpower.org/es/pictures/juul.htm>. Acesso em 10/2006.

DUARTE, Hamide Nataniel Monteiro. Utilização da energia eólica em sistemas

híbridos de geração de energia visando pequenas comunidades. (Trabalho de

conclusão de curso) – Engenharia elétrica, PUC-RS, Porto Alegre, 2004.

ELETRICISTA. Manual do eletricista. Material didático de conhecimentos gerais e

fundamentais de eletrotécnica. Departamento de eletromecânica e sistemas de

potência, UFSM, Santa Maria, 2004.

ELETROVENTO. Disponível em <http://www.eletrovento.com.br>.

Acesso em: 04/2006.

ENERSUD. Disponível em <http://www.enersud.com.br>. Acesso em: 04/2006.

EÓLICA Nordeste. Disponível em <http://www.eolicanordeste.com.br>.

Acesso em: 04/2006.

ENERGIAS EÓLICA. Disponível em: <http://www.infoeólica.com>.

Acesso em 10/2006.

ENERGIAS RENOVÁVEIS. Disponível em: <http://www.energiasrenovaveis.com>.

Acesso em 10/2006.

FADIGAS, Eliane A.; GABRIEL, Ricardo P.. Elaboração de diagnostico e plano de

metas orientadas a disseminação de geradores eólicos de pequeno porte nas

áreas rurais. Produção em iniciação científica da EPUSP – 2002.

Page 122: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

122

FARRET, Felix Alberto. Aproveitamento de pequenas fontes de energia elétrica.

Santa Maria: Ed. da UFSM, 1999.

FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA. Disponível em:

<http://www.nea.ufma.br/fae.php>. Acesso em 08/2006.

GARCÍA, Felipe Hernández. Análise experimental e simulação de sistemas

híbridos eólico-fotovoltáicos. (Tese de Doutorado) – Programa de pós-graduação

em engenharia mecânica, UFRGS, Porto Alegre, 2004.

GEDAE – Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas.

Disponível em: <http://www.ufpa.br/gedae>. Acesso em 10/2006.

JORNAL JÁ, Disponível em: http://www.jornalja.com.br>. Acesso em 11/2006.

KYOCERA, Disponível em: http://www.kyocerasolar.com.br>. Acesso em 03/2007.

LEITE, Andréa Pereira. Modelagem de fazendas eólicas para estudos de

confiabilidade. (Dissertação de Mestrado) – Programa de pós-graduação em

engenharia, UFRJ, Rio de Janeiro, 2005.

MACEDO, Wilson Negrão. Estudo de sistemas de geração de eletricidade

utilizando as energias solar fotovoltaica e eólica. (Dissertação de Mestrado) –

Programa de pós-graduação em engenharia elétrica, UFPA, Belém, 2002.

MACIEL, Nelson Fernandes; LOPES, José Demerval Saraiva.Energia solar para o

meio rural – fornecimento de eletricidade. Viçosa, CPT, s.d.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - MME. PROINFA. Disponível em:

<http://www.mme.gov.br/programs_display.do?prg=5 >. Acesso em 08/2006.

MUELLER, César Bittencourt. Seleção de um aerogerador para utilização em

uma torre de transmissão de dados em Taquari – RS. (Monografia de Conclusão

de Curso) – Curso de Engenharia Mecânica, UFRGS, Porto Alegre, 2004.

Page 123: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

123

NUTEMA, Núcleo Tecnológico de Energia e Meio Ambiente. Disponível em:

<http://www.em.pucrs.br/nutema/>. Acesso em 09/2006.

PEREIRA, Luiz César Sampaio; De CNOP, Bruno Bressan. Desenvolvimento e

aplicação de turbina eólica. In: Anais IV Encontro de Energia no Meio Rural.

Campinas-SP. p. 1-6. CD-ROM. 2002.

PEREIRA, Marcello Monticelli. Um estudo do aerogerador de velocidade variável

e sua aplicação para fornecimento de potência elétrica constante. (Dissertação

de Mestrado), programa de pós-graduação em engenharia elétrica, UFJF, Juiz de

Fora, 2004.

RODRIGUES, Carlos A. Mecanismos regulatórios, tarifários de econômicos na

geração distribuída: o caso dos sistemas fotovoltaicos conectados à rede.

(Dissertação de Mestrado) Programa de pós-graduação, UNICAMP, Campinas,

2002.

SALA DE FÍSICA. Disponível em:

<http://br.geocities.com/saladefisica5/leituras/eolica.htm>. Acesso em 10/2006.

SIMEPAR. Disponível em: <http://www.simepar.br>. Acesso em 01/2007.

SOLENERG, Disponível em: http://www.solenerg.com.br>. Acesso em 11/2006.

SOLTEC Energia Renovables, Disponível em: http://www.soltec-ltda.cl>.

Acesso em 11/2006.

TIMSMILLS. Disponível em:

<http://www.timsmills.info/Journal/BULLET64.HTM>. Acesso em 10/2006.

TOLMASQUIM, Maurício T. et al. Fontes renováveis de energia no Brasil. 1ª ed.,

Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2003

UNICAMP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINAS. Disponível em:

Page 124: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

124

<http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/eolica/eolica.htm>.

Acesso em 10/2006.

URBANETZ, Jair Júnior; MAIA, José da Silva. Sistemas de corrente contínua e

corrente alternada (Apostila). Departamento de Eletrotécnica. CEFET-

PR/PETROBRÁS. Curitiba, 2005.

XANTREX, Disponível em: <http://www.mbtenergia.com.br>. Acesso em 04/2007.

Page 125: ANÁLISE TÉCNICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA HÍBRIDO EÓLICO-SOLAR … · 2011-09-05 · Monografia de Projeto Final apresentada ... energia eólica, energia solar, painel fotovoltaico,

125

ANEXOS