ANALIZANDO AS TRATDUÇÕES BÍBLICAS

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SEVERINO CELESTINO DA SILVA ANALISANDO AS TRADUES BBLICAS Refletindo a Essncia da Mensagem Bblica 6a Edio 4a. reimpresso Analisando as Tradues Bblicas - refletindo a essncia da mensagem bblica Severino Celestino da Silva. - 6a. ed. 4a. reimpresso. -Joo Pessoa: Ideia, 2009. [email protected] Nota: Devido os caracteres em hebraicos serem pouco usuais e em forma de imagens (desenhados) e, sendo este livro destinado aos deficientes visuais e, visto que os mesmos s apreciam textos e, de preferncia em Portugus, ns, no processo de digitalizao, os exclumos, por essas letras apresentarem-se plenamente dispensveis e tambm pelo fato de sua digitalizao ser muito difcil. (O digitalizador da obra). Agradecimentos A Deus por ter criado este universo maravilhoso, permitindo, ainda que eu possa fazer parte dele. A meus pais Jos Celestino e Hosana Celestino, a quem devo a presente encarnao. A minha esposa Maria das Graas e aos meus filhos, Dennys, Ennyo e Sheylla, Joslia e Joselita, ddivas que Deus colocou em meu caminho. Aos meus sogros Jos Crispim e Helena Crispim que, sem imposio, mostraram-me os caminhos desta doutrina libertadora. Editora SEDA na pessoa do Sr. Alamar Rgis pelo apoio na divulgao dessa obra. Agradecimento especial: professora Maria Alves da Rocha pela reviso dos textos em portugus. Ao meu professor de hebraico Avraham Avdan Ben-Avraham Corra, a Erwin Von-Rommel pelas informaes cabalsticas em alguns textos e ao israelense Gad Azaria pela reviso dos textos em hebraico. Ao ncleo esprita Bom Samaritano, minha querida casa, pelo apoio e auxlio espiritual. SUMARIO Consideraes preliminares 9 Regras de transliterao e de pronncia do hebraico 11 Prefcio 15 Esclarecimento 21 Introduo 25 Captulo I- A Bblia-Antes de o Mundo Ser Criado 33 Captulo II-A Histria das Tradues da Bblia 43 Captulo III- Interpretao da Bblia- Hermenutica e Exegese 59 Captulo IV-Livros do Pentateuco-A Tor 67 Captulo V-ABblia no condena o Espiritismo 79 Captulo VI - O Salmo 19,8: Um exemplo de divergncia nas Tradues Bblicas 105

Captulo VII - O Salmo 23 - O Deus Pastor 115 Captulo VIII - Troca de Preposio muda sentido reencarnacionista do xodo 125 Captulo IX - Deus, uma tentativa de definio 139 Captulo X - Atributos de Deus - Dificuldades de entendimento na Bblia 149 Captulo XI-A Reencarnao 157 Captulo XII-A Reencarnao na Bblia 167 Captulo XIII-A Reencarnao no livro de J 175 Captulo XIV-A Reencarnao nos Salmos 183 Captulo XV - Os Profetas e a Reencarnao 201 Captulo XVI - Reencarnao e Ressurreio Daniel - Apocalipse 217 Captulo XVII-A Reencarnao no Novo Testamento 235 Captulo XVIII - A Lei do Carma na Bblia 249 Captulo XIX - Os Profetas e os Mdiuns Espritas 261 Captulo XX - Fenmenos Medinicos e comunicao com os mortos na Bblia 271 Captulo XXI - Mais Fenmenos Medinicos e comunicaes na Bblia 287 Captulo XXII - Fenmenos Medinicos no Novo Testamento 297 Captulo XXIII - Passagens do Novo Testamento que parecem negar a Reencarnao 307 Concluso 319 Posfcio 321 Referncias 323 9 Consideraes Preliminares Eu devo o meu conhecimento da lngua hebraica a um homem extraordinrio. Um mestre completo na expresso da palavra. Algum que ensina por amor ao que faz sem se preocupar com o retorno material, mas apenas pelo prazer de colocar seus alunos em relao com um Mundo Novo. O meu contato com o professor Avraham Avdan foi mais espiritual do que material. A sua Cultura Judaica e o seu carisma em ensinar, despertaram a minha curiosidade e me levaram a penetrar no mundo da sua Cultura Oriental que muito veio enriquecer a minha atual viso do Espiritismo. Tem me ensinado o professor Avraham tudo que se espera de um grande mestre: conhecimento, dedicao, respeito, sobretudo para com o princpio religioso dos outros, alm de nos dar exemplos de como se amar indistintamente os que nos cercam. Conheo a sua simplicidade e at sei que ele, com certeza, no gostar desta minha declarao, no entanto, acho que justia para ser feita. Tudo que consta nesta obra, com relao ao Judaismo, fruto do que o professor Avraham conseguiu despertar em mim. Nosso estudo analisa a traduo dos textos da Bblia hebraica (Tanch), alguns textos gregos na Septuaginta e outros do Latim, na Vulgata, principalmente os textos considerados

mais divergentes, com relao s bases da Doutrina Esprita. A tradu10 o analisada, partindo dos versculos da Bblia hebraica e grega, em seu texto original, mostrando ao leitor onde esto as divergncias de traduo e o verdadeiro significado e anlise do texto, luz da verdade neutra e ecumnica. Os textos do Antigo Testamento (Tanch) foram analisados, tendo, como base principal, a lngua hebraica. Algumas passagens foram analisadas, mostrando as distores que ocorreram a partir das tradues para as lnguas grega e latina. O Hebraico, lngua materna de patriarcas, profetas e sbios, como Abrao, Isaac e Jac, foi escolhido por Deus para que seus enviados trouxessem sua mensagem ao mundo, razo pela qual possui as marcas e a majestade do Criador dos Cus e da Terra. Foi ainda a lngua escolhida na solido dos desertos, atravs da qual Deus entregou os dez Mandamentos e o resto da Tor a seu povo. Neste trabalho, utilizaremos essa lngua, para esclarecer ao leitor a verdadeira mensagem divina dos textos bblicos, bem como a inexistncia de condenao ao Espiritismo nos mesmos. 11 Regras de Transliterao e de Pronncia do Hebraico As regras utilizadas, para a transliterao dos textos, foram baseadas nas regras gerais estabelecidas pela Academia de Lngua Hebraica em 1956 e 1957. Em nosso trabalho, foram utilizados, para a transliterao dos textos em hebraico, os mtodos de transliterao do prof. Avraham Avdan Ben-Avraham Corra, do Curso de Hebraico, Prof. David Jos Prez, Niteri-Rio de Janeiro e adaptaes de outras regras de transliterao, como as regras das gramticas de Gordon Chown, Guilherme Kerr, W. Hollenberg e do Sidur (Livro de Oraes Judaicas) organizado por Jairo Fridlin. A transliterao foi adaptada tanto para o hebraico quanto para a leitura em portugus. Na transliterao, foram consideradas as regras de acentuao da lngua portuguesa. Nos casos onde isto no foi possvel, foram usados os acentos agudo e circunflexo para marcarem a slaba tnica das palavras no paroxtonas (abrindo ou fechando o som das vogais). Quando, no original hebraico, a palavra contm a letra in (V), de pronncia gutural, usase o apstrofo de separao. A letra lef X) toma o som voclico da vogal massortica que a acompanha. A consoante Gumel (3) tem o som G, porm, diante das vogais e e i, soa como GUE e

GUI. Hi ([) H, tanto no incio como no meio da palavra, deve ser pronunciado aspiradamente como half, em ingls. 12 Para a letra Hth (11) H, usamos o eh com som forte aspirado na garganta como o eh alemo ou J em espanhol. A letra Kf (D) no comeo da palavra soa como o K, no meio e no fim da palavra, usa-se o som aspirado e simbolizamos com eh, como rr na palavra carro. O Shin (52) transhterado com sh e deve ser lido como a letra x na palavra xcara. Smech (D) e Sin (52) tm o som S, sempre que estiverem no incio da palavra, precedidos ou seguidos de consoante, e o som SS, quando estiverem entre duas vogais. Tsdic(X) = TS. Em alguns casos, a shev foi transliterada por E, embora no como slaba tnica, e sim para facilitar a leitura. 13 Textos Bblicos Referenciais Todos os textos hebraicos, utilizados neste trabalho, foram extrados do TANCH (Bblia hebraica) da YAVNEH Publishing House Ltd. -Head Office: 4, Mazeh St., Tel- Aviv Israel e foram digitados e massoretizados pelo autor, usando a fonte SIL EZRA. Os textos gregos do Velho Testamento tambm foram digitados pelo autor e extrados da Septuaginta. Os textos gregos do Novo Testamento tiveram, como base de pesquisa, a coleo de Champlin R. N. em 6 volumes e o Novo Testamento, em Grego, da United Bible Societies, 1989. 15 PREFCIO Toda pessoa vem ao mundo com uma meta especfica que deve alcanar em sua vida. Se o homem no terminar sua misso, voltar em outra encarnao. Como no sabemos exatamente qual a meta de cada um, nos guiamos pelo objetivo comum a todos que fazer o bem atravs de Tor e Mitsvt. Esta a misso que cabe a todos os Iehudim, e devemos nos esforar ao mximo para cumpri-la da melhor forma.

Rabino Raphaet Shammah, Pensamentos, pag. 1; Diretor da IechivaOr Israel College, Cotia (SP), 2000. Pela primeira vez vejo uma obra na rea crist dedicada Reencarnao na Bblia, talvez at por desinformao minha, pois a impresso que me ficava do Espiritismo, atravs do que eu ouvia de muitos dos seus doutrinadores, era que os Espritas tinham certa averso ao texto do livro Sagrado, considerando-o mais como folclore, dedicando-se, por outro lado, quase Nota 1: Sempre que eu usar um termo hebraico no sentido judaico, deixo-o sociologicamente no original, quando uso no sentido ocidental, traduzo para a forma grecognica usual no Ocidente Os judeus no gostam de usar termos traduzidos para o que seu, sempre usando os termos originais. 16 inteiramente aos livros de Allan Kardec e congneres. Certamente eu estava muito mal informado. Do lado Protestante ou Catlico notria suas condenaes a tudo que se refere Reencarnao, incorporaes, obsesses, chegando os primeiros a atribuir tudo ao demnio... Muitos sabem que a Reencarnao faz parte das crenas Hindusta, Budista e de outras religies orientais ou antigas, o mesmo ocorrendo entre muitos povos primitivos. Na Religio Drusa (que j est prxima do Judasmo) a Reencarnao crena fundamental. Quando morre um druso, seus parentes deixam passar alguns anos na espera de sua reencarnao, depois comeam a procurar um (a) jovem que, base das memrias de sua vida anterior possa ser a reencarnao do parente desaparecido. Isto se torna verdadeira obsesso para os drusos que, quando identificam em algum a reencarnao do falecido, passam a consider-lo seu parente, membro de sua famlia. Isto, pelo menos, contribui para a coeso do grupo tnico-religioso druso numa grande famlia, o que muito importante para a sobrevivncia dos drusos, um grupo secularmente perseguido pelos muulmanos (turcos e rabes) no Oriente Mdio. Mas, quem conhece os drusos aqui no Ocidente? Todavia, pouqussimas pessoas sabem que a Reencarnao , antes de tudo, crena judaica; e se est no Judasmo teria que estar no Tanch2. Essa insapincia do grande pblico no de se admirar, considerando quo pouco o gentio (mesmo intelectual) sabe a respeito dos judeus e do Judasmo. Eu aconselharia o leitor, na Nota 2: No custa lembrar que nunca houve um s Judasmo monoltico, nem no passado distante, nem hoje. Aqui nos referimos especialmente s correntes ortodoxas e cabalistas. 17 impossibilidade de ler o Zhar e outras obras cabalsticas, que pelo menos lesse O

Dibuk de An. Ski (Editora Perspectiva, So Paulo). A iniciativa do Dr. Severino Celestino da Silva importantssima porquanto mostra que todas as Verdades esto no Tanch, bastando, para V-las, l-lo no Hebraico original e com o esprito semtico em que foram escritos, jamais com a ptica Greco-romana. Quando o Cristianismo, ainda como seita judaica3, se expandiu, era de se esperar que semitizasse, judaizasse, o mundo greco-romano. Mas no foi o que aconteceu. Na realidade, ao se traduzir o Tanch para o grego e depois para o latim, e depois ainda s lnguas ocidentais, originando a Bblia que o Ocidente conhece, conceitos semticos incompreensveis para gregos e romanos (hindo-europeus) ou at opostos s concepes helnicas, foram adaptados a conceitos heleno-latinos, nem sempre exatos, para que as sociedades neocrists pudessem entend-las, embora com o sacrifcio do sentido original. Hoje sabemos que termos sociolgicos no se traduzem, porque refletem conceitos prprios desta ou daquela Cultura e sociedade, inexistentes naquela para a qual se est traduzindo. Mas isto um conceito moderno; no era assim que pensava um grego: tudo tinha que ser expresso em grego, traduzido inteiramente ao pensamento grego, ao risco de a traduo no conferir com o original (mas conferiria com a cabea de um grego). Vamos dar um exemplo: Se eu estivesse traduzindo um texto japons em que se falasse de Godzila, se eu fosse um grego antigo raciocinaria: Um brasileiro comum no entender o que seja Godzila; ento eu traduziria para mula sem cabea. Nota 3: A palavra hebraica Drech, que foi traduzida em Atos, como caminho, significa tambm interpretao, seita. 18 O brasileiro comum entenderia a traduo, mas isso seria qualquer coisa, mas no uma traduo fiel, seria uma traio ao original. Assim, quando eu leio certos trechos na Bblia, eles me soam estranhos, diferentes daquilo que, como judeu, semiticamente, leio no Tanch original. As palavras esto ali, mas o significado profundo diferente (sem contar as omisses e interpolaes que diferenciam o original hebraico do das tradues), porque no Tanch eu leio com cabea judaica, semtica. Vejamos alguns pontos, s para exemplificar: a) Quando o Tanch fala em Adam, no incio do livro Bereshit, eu entendo que DS fez o ser humano (Adam ser humano), no importa quantos ou onde colocou cada um, jamais como nome prprio de um s homem. E na palavra Hava eu entendo Vida, jamais o nome prprio de uma mulher, o que semiticamente (Eva) no me faz sentido. b) Quando o Tanch fala em Mlach-Anjo, a imagem que me vem semiticamente a de um homem adulto, barbudo, vestido com roupas iguais s de qualquer homem da poca (tanto que Avraham a princpio no os reconheceu como tais), jamais como um adolescente

imberbe, com asas s costas, vestido de camisolo branco, como se acabasse de baixar do Olimpo, na imagem que o Ocidente preservou, absolutamente grega e nada judaica. c) Quando um judeu fala em Shabat, est falando de algo diferente do sbado, como as pessoas comuns entendem este termo. d) Quando eu falo em Pssach, estou me referindo a uma Festa e cerimnia que nada tm a ver com a Pscoa, como os cristos a entendem. 19 e) Quando falamos em Roshe haShan, estamos nos referindo a algo absolutamente diferente daquilo que o gentio entende por Ano Novo, seja como data, seja como cerimonial, seja como significado, E assim por diante. Por tudo isto houve necessidade de esclarecer: Pscoa judaica, Ano Novo judaico, etc. Ora, no mnimo ilgico que se absolutize a cpia e adjetive o original. O trabalho do Dr. Severino Celestino mais relevante ainda porque no parte simplesmente de uma traduo eivada de defeitos, mas ele vai ao original de cada citao, sem preconceitos, transcrevendo o texto original em hebraico, sua transliterao (para quem no sabe hebraico, l-lo), analisando palavra por palavra, para retirar o vu lanado pelas antigas e modernas traies grecoromanides, deixando luz meridiana o sentido do texto hebraico. um trabalho original, de flego, com muita fora analtica, que precisaria estar em todas as livrarias, ao alcance de todos os que querem conhecer o que o Tanch diz sobre a Reencarnao. A Bibliografia brasileira sai bastante enriquecida com obra to incomum.

Assinatura de Avraham Avdan Ber-Avraham Corra4 - Petrpolis-RJ. Nota 4: Professor de hebraico, fundador e Diretor do Curso de hebraico Prof. David Jos Perez, em Niteri-PJ. 20 MINI-GLOSSRIO DO PREFCIO 1) ADAM. 2) BERESHIT. 3) CABAL: Ser humano. Em grego Gnese, o Livro das origens. O ensinamento esotrico do Judasmo, transmitido desde priscas eras, oralmente aos iniciados de gerao em gerao.

4) DIBUK. 5) HAVA. 6) IECHIV. 7) IEHUDIM. 8) MLACH. 9) MITSVT. 10) TALMUDE: A palavra significa Encosto, esprito obsessor. Viva, Vida. Seminrio para formao de Rabinos. Judeus. Enviado divino. (Plural de Mitsv) Boas aes, fazer o bem. Conjunto dos Tratados do Direito Consuetudinrio Judaico; so 63 Tratados originais e mais alguns acrescentados posteriormente. H dois Talmudes: o de Jerusalm e o da babilnia. Cada um est dividido em duas partes: a Misn (Os Tratados de Direito, propriamente ditos) e a Guemar (as Jurisprudncias). 11) TANACH: Nome hebraico da Bblia como um todo. H diferenas na forma de arrumar os livros e de classific-los, se comparado com a Bblia crist. 12)TOR: Palavra hebraica para o que os cristos chamam de Pentateuco. 13) ZHAR: Principal livro da doutrina cabalista; so 24 volumes enciclopdicos. 21 Esclarecimento Nasci em uma famlia catlica. Meus pais me introduziram logo cedo nos princpios religiosos apostlicos romanos. Conheci a Bblia pela primeira vez, em 1964, e o meu instrutor bblico inicial foi o Padre Marcos Augusto Trindade, de quem recebi a primeira Bblia e a quem dedico todo o meu respeito e gratido. Durante 27 anos, fui ligado igreja catlica. No entanto, a mediunidade me fez abraar a doutrina Esprita que ao mesmo tempo me ensinou a ser um averiguador das verdades divinas apresentadas pelos homens. Ao longo desses anos, muitos questionamentos me foram feitos sobre o motivo pelo qual me tornei Esprita. Aps concluir meus estudos na carreira de magistrio com os cursos de especializao, mestrado e doutorado, na rea profissional, dediquei-me a este trabalho na rea religiosa para responder a estes questionamentos. Meu conhecimento da lngua hebraica conduziu-me aos textos bblicos hebraicos e o que descobri me deixou apreensivo e, de certa forma, perplexo. Existiam tantas divergncias entre os textos das Bblias, em portugus, que pensava eu estar enganado. No entanto, medida em que me aprofundava em minhas pesquisas, mais e mais divergncias encontrava mais e mais discordncias iam surgindo, encontrando-me assim diante de uma verdadeira Torre de Babel provocada pelas tradues bblicas existentes. 22 A falta de fidelidade encontrada nos textos traduzidos, para nossa lngua, fez-me recordar a carta que So Jernimo escreveu ao papa Dmaso sobre a traduo da Bblia do grego para

o latim, traduo esta que passou a se chamar Vulgata. Eis o contedo da carta: Da velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma sorte, me coloque como rbitro entre os exemplares das Escrituras que esto dispersos por todo o mundo, e, como diferem entre si, que eu distinga os que esto de acordo com o verdadeiro texto grego. um piedoso trabalho, mas tambm um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a lngua de um velho e conduzir infncia o mundo j envelhecido. Qual, de fato, o sbio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mos um exemplar (novo), depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que est habituado a ler, no se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrlego, um falsrio, porque terei tido a audcia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos livros? Um duplo motivo me consola desta acusao. O primeiro que vs, que sois o soberano pontfice, me ordenais que o faa; o segundo que a verdade no poderia existir em coisas que divergem, mesmo quando tivessem elas por si a aprovao dos maus. (So Jernimotradutor da Vulgata - Bblia em latim). Logicamente meus motivos diferem dos de So Jernimo, no entanto, concordo plenamente com ele quando afirma que a verdade no poderia existir em coisas que divergem. No entanto, So Jernimo havia experimentado o mesmo que eu, ou seja, encontrou verses pouco literrias e muitas vezes inexatas. 22 Ele respondeu zombando aos partidrios de uma tradio imutvel Para o asno, a lira canta inutilmente (Carta 27,1). Eu no busco fazer uma nova traduo da Bblia, no entanto, apresento uma verdade que espero, venha atender sem divergncias s necessidades de todos. Estou entregando portanto uma resposta queles que me cobraram essa posio, traduzindo, diretamente do hebraico, alguns textos bblicos que julguei importantes. No exponho um exemplar novo, mas conceitos baseados no texto original, por isso sintome tranqilo ao apresentar meus achados pelos caminhos que me levaram VERDADE. E se me chamarem de sacrlego eu no me posicionarei igualmente a So Jernimo, afirmando que Para o asno, a lira canta inutilmente, mas o convido a verificar estas novas verdades para que voc descubra que a misericrdia divina existe para todos indistintamente. Meu propsito no provocar divergncias nem confundir voc, caro leitor. O que ora realizo fruto de uma busca incessante, movida apenas pela vontade de

transmitir a realidade, descoberta nesses anos de pesquisa, aos sedentos da verdade. Analisando as Tradues Bblicas levar voc a refletir e este o maior objetivo dessa obra. O Autor. 24 Pgina em branco. 25 Introduo A Bblia o livro mais lido no ocidente e um dos mais aceitos do mundo. Ns acreditamos, plenamente, nas verdades existentes em suas pginas, mas, no nas alteraes que nela fizeram os homens. Muita coisa foi perdida em sua traduo e, por esta razo, precisa ser melhor analisada. Sabemos que possui um contedo moral e sobretudo ecumnico, uma vez que a no citada nenhuma religio. Na Primeira Aliana, (Velho Testamento), predomina o Monotesmo, conduo do povo para um nico Deus. Nos Evangelhos, (Segunda Aliana), encontramos Jesus ensinando os mais lgicos princpios de moral e espiritualismo sem, no entanto, evidenciar qualquer religio, a no ser afirmando que no viera destruir a Tor nem os Profetas, representao do Judasmo, que era a sua religio. Durante muito tempo, ns temos convivido com as informaes dos textos bblicos que nos so trazidas por tradutores ocidentais e sobretudo tradutores no espritas. O resultado que ficamos merc dos que nos transmitem conceitos, dentro de suas interpretaes pessoais. Temos ainda o desprazer de conviver com as informaes tendenciosas que cada um coloca em suas tradues bblicas, fazendo uma exegese puramente pessoal e informando, categoricamente, que a Bblia condena o Espiritismo. A Bblia passou por muitas fases at chegar ao seu estgio atual. Desde a sua lngua original at chegar ao Ocidente, passou do hebraico para o grego na famosa traduo dos Setenta (LXX 26 Septuaginta), da para o Latim com a Vulgata de So Jernimo, depois para os diversos idiomas ocidentais e, finalmente, para o portugus at as nossas mos. O interessante, nisto tudo, que so encontradas muitas diferenas de traduo entre elas. E por qu? O texto que as originou no foi o mesmo? Por que falta unanimidade em suas tradues? E a nica resposta encontrada esta: a questo pessoal que cada corrente religiosa coloca

em sua traduo. Sempre nos surpreendemos ao ouvir pessoas afirmarem que a Bblia condena o Espiritismo. E gostaramos de questionar com a seguinte pergunta: qual a Bblia que condena o Espiritismo? No difcil concluir que houve uma desnaturao dos conceitos mais evidentes da Bblia, adulterando-se a sua verdadeira essncia. Na verdade, a Bblia, em sua lngua original, no condena o Espiritismo, pois este nem existia na poca em que os profetas receberam os seus livros sagrados. Os textos hebraicos do Tanch101, os textos gregos da Septuaginta98 (LXX- Bblia em grego) e os textos da Vulgata21 (Bblia em latim) tambm no trazem condenao ao Espiritismo, o que lgico, visto que o Espiritismo no existia no perodo em que estas tradues foram realizadas. E de onde vm, ento, a condenao ao Espiritismo e a mediunidade citada em versculos dessas Bblias? Fica fcil deduzir quem foram os responsveis por estas introdues tendenciosas nos textos sagrados. Na questo 1009 do livro dos Espritos, Plato faz referncia necessidade de que se faa uma consulta aos textos sagrados em suas fontes originais, mostrando que os Gregos, os Latinos e os Modernos no deram a mesma significao aos textos originais hebraicos, em especfico com relao s penas eternas. O rabino Moshe Grylak afirma, em sua obra Reflexes da Tor55, que no possvel, para nenhum de ns, avaliar os eventos bblicos, pois a distncia fsica e de tempo impede uma avaliao objetiva e abrangente. 27 Como pode algum julgar com tanta veemncia textos do passado, adaptando-os s realidades do presente, bem como s suas crenas e convices pessoais? Os textos das Sagradas Escrituras, em sua lngua original, o hebraico, no possuem, em nenhuma de suas pginas, condenao Doutrina Esprita ou a qualquer outro princpio religioso. Todos sabem disto, inclusive os seus tradutores. As citaes que usam com referncia Doutrina Esprita so de livre responsabilidade deles. A Bblia de Jerusalm, Edies Paulinas, por exemplo, considerada a melhor edio da Sagrada Escritura, em portugus, traz, em sua apresentao, a informao de que sua traduo foi realizada por uma equipe de exegetas catlicos e protestantes. No entanto, aparece, em suas pginas, a condenao interrogao de Espritos. Isto em um texto que no possui a palavra esprito no original (veja Dt. 18: 11). Por que ser que estes tradutores

procederam assim? Diante do que encontramos nos textos traduzidos, podemos concluir que, se eles conhecem os textos, no conhecem o Espiritismo e ainda possuem tendncia contra a Doutrina Esprita, o que lamentvel, pois sabemos que o prprio Cristo perdoou as prostitutas e os Zaqueus da vida. No entanto, podemos observar ao longo da histria que nossos irmos tradutores ainda no aprenderam a respeitar aqueles que fazem parte de outro credo religioso, ainda que seja este, um credo Cristo, como o caso do Espiritismo. Cabe aqui um questionamento: por que precisam existir tantos tipos de Bblias em portugus, quando a Bblia hebraica que as originou uma s? Os homens criaram, atravs dos tempos, conceitos e adaptaes dos textos bblicos s suas convenincias pessoais. E o resultado que, ainda hoje, so encontradas, no ocidente, muita discrepncia, discordncia e derivaes da Bblia. Comea pela diferena entre a 28 Bblia Catlica com 73 livros e a Protestante com 66, quando a Bblia Hebraica tem apenas 24 livros11 Alm disto, temos ainda as seguintes Bblias conhecidas em nossa lngua: A Bblia Sagrada, traduzida em portugus por Joo Ferreira de Almeida (Sociedade Bblica do Brasil) que a mais aceita pelos protestantes, a Bblia de estudo Pentecostal, (Assemblia de Deus, baseada tambm na traduo de Joo Ferreira de Almeida), a Traduo do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (Testemunhas de Jeov), a Bblia de Jerusalm (traduzida por exegetas catlicos e protestantes), a Bblia Traduo Ecumnica (traduzida por estudiosos de diversas confisses crists e do judasmo), A Bblia na Linguagem de Hoje. Temos ainda a Bblia Sagrada do Centro Bblico Catlico, editora Ave Maria, a Bblia traduzida por Antnio Pereira de Figueiredo publicada em Lisboa, a Bblia Viva, editora Mundo Cristo, a Bblia Mensagem de Deus, Edies Loyola, a Bblia Sagrada editora Vozes e editora Santurio. Cada uma delas diz ser a mais correta e a mais digna de f de ofcio. Este trabalho no tem por objetivo condenar nenhum princpio ou crena religiosa, pois sabemos que Deus e o Cristo no fazem distino entre os homens. No h prmios nem castigos particulares reservados por Deus para ningum. Porque para Deus no h acepo de pessoas (Deut.l:17; 10:17 e 18; 16:19; J, 34:19; Is. 10:1 e 2; Rom. 2:11; Ef. 6:9 eCol. 3:25). Assim, o objetivo principal desta obra levar ao leitor esprita e no esprita uma reflexo sobre as verdades e esclarecimentos dos textos Sagrados que muitos, tendenciosamente ou no, alteraram durante sculos. A ttulo de esclarecimento, acrescentamos, aqui, que, no hebraico, existe uma palavra -

Datiim, plural de dati. Em geral, muito mal traduzida com o significado de religioso ou ortodoxo, como se as duas palavras tivessem o mesmo significado. No entanto, o sentido real desta palavra praticante, observante, ou seja, aquele que pratica as leis do Judasmo que so 613 mandamentos. 29 Assim, dati tambm um judeu Conservador, Liberal, Reformista, Reconstrucionalista ou Secular7 Na lngua hebraica no h uma palavra para religio: Dat significa Conhecimento, da a confuso no uso. Dati aquele que conhece, por isso, que pratica. E a prtica como conseqncia do conhecimento. A palavra religio provm do latim re-ligare, que quer dizer voltar a ligar aquilo que foi desconectado. Esse conceito no aparece nos textos da tradio hebraica, nem em sua tradio oral at a Idade Mdia. O conceito religar implica no ato de voltar a ligar duas ou mais coisas separadas. Para o judasmo a Criao est permanente unida a Deus do contrrio, no existiria113. Usa-se tambm em hebraico, a palavra - Emun=f ou crena: Emun Iehudit= (F judaica), Emun Notsrit., (F crist), Emun muslimit (F muulmana). Emun o treinamento do deseja de dar e beneficiar, a palavra vem de Imun, exerccio, portanto um treinamento permanente durante todos os momentos da vida, para no nos esquecermos do objetivo geral quando o confrontamos com nossos interesses particulares. Assim, no apenas crena, mas exerccio de ao permanente em favor dos que nos cercam113. Tambm no h Teologia em hebraico, teologia conceito cristo; no hebraico moderno h, sim, a palavra teologia, mas para traduzir conceitos cristos e no judaicos. Conclumos, portanto, que preciso muita firmeza para podermos emitir determinados conceitos, razo pela qual estamos empreendendo este trabalho com objetivos esclarecedores. Procuraremos ainda mostrar onde os textos bblicos foram traduzidos, objetivando atender a convenincia de princpios religiosos humanos sectaristas e no Divinos. Esperamos contar com a ajuda do Alto para sermos o mais coerente possvel, buscando a verdade que nos liberta sem ferir o princpio religioso dos nossos irmos que participam de outras correntes de f. 30 Finalmente mostraremos que a Primeira Revelao de Moiss (os Dez Mandamentos) e que a Segunda Revelao do Cristo (O Evangelho) no condenam o Espiritismo e esto ambas repletas de fenmenos medinicos. Tanto as revelaes de Moiss como as do Cristo esto lado a lado com a Doutrina Esprita, pois ambas se referem Terceira Revelao que o Espiritismo. O Espiritismo

O vocbulo Espiritismo surgiu com a codificao da Doutrina Esprita feita por Allan Kardec e lanada na forma de O Livro dos Espritos em 18 de Abril de 1857, conseqentemente, 4000 anos aps os livros da Primeira Aliana (Velho Testamento) serem escritos. Assim, o Espiritismo existe na Bblia na forma de fenmenos medinicos e no com o conceito que lhe atribudo atualmente. O Espiritismo no teve fundador. Milhares de espritos se encarregaram de espalh-lo pela terra inteira (Conforme previsto por Joel 3:1-3 e iniciado em Atos 2: 1-21. Completando o Cristianismo, o Espiritismo nos mostra claramente de onde viemos, o que estamos fazendo na terra e para onde iremos. Toda a prtica esprita gratuita, dentro do princpio do Evangelho: Dai de graa o que de graa recebeste (Mt. 10:8). A moral que o Espiritismo prega a moral crist, ditada por Jesus. O Espiritismo nos ensina que somos espritos imortais e quer estejamos na terra, quer no mundo espiritual, trabalhamos ativa e incessantemente para alcanar a perfeio. O Espiritismo respeita todas as religies, valoriza todos os esforos para a prtica do bem e trabalha pela confraternizao entre todos os homens, independentemente de sua origem, cor, nacionalidade, crena, nvel cultural ou social. Reconhece, ainda, que o verdadeiro homem de bem o que cumpre a lei da justia, do amor e da caridade, na sua maior pureza. 31 O Espiritismo nos demonstra que a Justia Divina rigorosamente cumprida, havendo recompensa para os bons e cobrana para os maus. (Mt. 5:25; Ef. 6:8 e 9; Col 3:25; Tia2:13; Gl. 6:6-8). E nos mostra tambm que no h penas eternas. O esprito culpado, logo que se arrependa do mal que praticou, obtm a condio de se reconciliar com aquele ou aqueles a quem ofendeu. Nesta condio, preciso trabalhar para corrigir o mal que foi praticado contra o semelhante. O Espiritismo no possui hierarquia religiosa, no tem sacerdotes, nem rituais ou formas de culto exterior e nem queima de incenso ou velas, no usa amuletos ou similares, altares, imagens, andores, velas, procisses, sacramentos, concesses de indulgncia, paramentos, bebidas alcolicas ou alucingenas, incenso, fumo, talisms, amuletos, horscopos cartomancia, cromoterapia, pirmides, cristais, bzios ou quaisquer outros objetos. Portanto, no confunda Espiritismo com Umbanda, Quimbanda, Feitiarias, Candombl, Macumba, Magia Negra, Magia Branca, Adivinhos, Necromantes e Cultos Afro-brasileiros. O Espiritismo o Evangelho redivivo de Jesus.

32 Pgina em branco. 33 CAPTULO I A Bblia Eu vos digo, em verdade, so chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas em seu sentido verdadeiro para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos. Esprito de verdade. Sentimos que est na hora de esquecermos o sectarismo religioso que nos aprisiona, e nos lembrarmos da verdade superior que nos liberta. Antes de o Mundo ser Criado A Bblia j existia antes da criao do mundo. Esta informao consta do Talmude, que em hebraico significa estudo, e a obra mais importante da Tor Oral (tradies judaicas que narram as histrias contidas na Bblia- Tor), editada sob a forma de um longo comentrio em aramaico sobre sees da Misn. A palavra Misn significa repetio. O Talmude tambm conhecido pelo seu nome aramaico, Guemar102. Transcrevemos, a seguir, informaes extradas da coleo Te34 souros de Agadot (Histrias) da Tor68, sobre a A Bblia e a Criao do Homem. Antes do mundo ser criado no havia nem luz nem trevas, nem gua nem cu, nem terra nem mar; no havia sol ou lua, animal ou besta nem mesmo o Homem, o escolhido da criao. O que precedeu tudo isto? A Tor! Dois mil anos antes do mundo ser criado, Deus criou a Tor. Ela foi escrita com fogo negro sobre fogo branco. Por que ela no foi escrita sobre um rolo de pergaminho? Porque os animais cuja pele poderia ser usada para preparar o pergaminho para este rolo da Tor tambm ainda no tinham sido criados. Tampouco foi a Tor gravada sobre prata ou ouro, porque os metais ainda no haviam sido criados. Ela tambm no foi talhada em madeira, pois as rvores no existiam. Quando Deus viu que no havia anjos no cu nem homens na terra, Ele desejou criar o mundo para que houvesse algum para estudar a Tor. Quando Deus concebeu a idia de criar o mundo, Ele consultou a Tor. A Tor lhe disse: Senhor do Universo, se um rei no tem exrcito nem tropas, sobre quem ele pode reinar? Se no h ningum para louvar o rei, onde est sua honra? Deus, ento, ouviu a Tor e decidiu criar o

mundo. O Primeiro Homem Segundo o Talmude Os primeiros cinco dias da criao haviam terminado. O mundo estava cheio de coisas maravilhosas, prontas. Para quem? Para o escolhido de todas as criaes: O Homem. Era isto que Deus desejava: criar um mundo para que o homem pudesse habit-lo e estudar a Tor! No sexto dia, Deus sentou em Seu trono, cercado de dezenas de milhares de anjos, e lhes disse: Faamos o homem nossa 35 imagem, com a nossa forma, que governar tudo o que Eu criei e impor medo a todos os animais da terra e s bestas do campo. A Tor ouviu isto e disse: Deus, o mundo Seu e Voc pode fazer com ele o que quiser. Mas o homem que Voc deseja criar ter uma vida efmera, cheia de aborrecimentos. Ele por fim vir a pecar, a menos que Voc lhe mostre pacincia e misericrdia infinitas. Seria melhor que Voc nem o criasse, antes de tudo. Meu Nome-Atributo no Paciente e Todo-Misericordioso? Respondeu Deus. A Tor disse: Seria melhor, O Deus, que Voc criasse apenas os anjos, j que eles no pecam. Eu repousarei no meio deles. S no me d ao homem, que apenas pecar abundantemente. Mas Eu j criei o arrependimento, explicou Deus, que o blsamo, a cura para os pecadores. Todo aquele que pecar poder arrepender-se e ser curado. Tambm criei o Jardim do den como recompensa para os justos que cumprirem os Meus mandamentos, e o xeol como castigo para aqueles que transgredirem os Meus desejos. Tambm criei o Messias, para reunir os exilados e livrar o mundo de todos os pecadores. A Tor recuou, aliviada. Voc o Todo-Poderoso, quem poder dizer-Lhe o que fazer? Deus consultou ento as foras celestiais e terrenas e os anjos ministrantes, perguntando a cada um se Ele devia criar o homem ou no. Por qu? Para ensinar ao homem boas maneiras e humildade, pois at o maior de todos os seres pediu conselho aos seres inferiores e solicitou a sua permisso. Quando Moiss escreveu a Tor e chegou ao versculo Faamos o homem, ele disse a Deus: Senhor do Universo, por que Voc d uma abertura para os descrentes dizerem que Deus no criou o mundo sozinho? Deus respondeu: Voc escreve. Todo aquele

36 que deseja errar, pode faz-lo. Eu dei ao Homem o livre-arbtrio. Que os habitantes da terra aprendam comigo at que Eu, o Criador, perguntei a todas as criaturas, grandes e pequenas, e consultei Minha hoste de anjos antes de criar o homem. Se um grande no pede permisso a um ser inferior antes de alguma deciso ou ao importante, o inferior pode dizer: Aprenda com o seu Criador, que primeiro consultou os anjos celestiais antes de criar o homem. E Deus criou o homem do p da terra, o homem estava deitado como um boneco sem vida. Os anjos ento Lhe perguntaram: Onde est este homem que voc criou? Deus lhes respondeu: Eu j o formei, agora lhe darei uma alma. Assim que Deus insuflou a alma no homem, este se levantou e ficou de p, abriu os olhos, olhou para cima e para baixo, para leste e para oeste, norte e sul, e contemplou todas as criaes de Deus, ficando admirado com o mundo e seus seres. Por ltimo, o homem foi criado para que achasse tudo pronto para ele quando entrasse no banquete do mundo. E tambm para que ele aprendesse a ser humilde. Porque, se ele se tornasse arrogante poderia ser repreendido: At mesmo a pequena mosca o precedeu na criao. A minhoca e o mosquito foram feitos antes de voc no quinto dia. Se o homem fosse digno, porm, serlhe-ia dito: O mundo inteiro foi criado somente para voc. Mas o homem no correspondeu a todo o desejo divino e tem errado por estes milnios afora, colhendo as conseqncias de suas atitudes at hoje, em sua caminhada evolutiva para Deus. Ser que Deus tambm sabia que os homens iriam ter tanta dificuldade com relao ao entendimento da Sua Tor? Talvez tudo isto ocorra, ainda hoje, como conseqncia da ignorncia, fruto da pouca evoluo que ainda reside no Homem terrestre! 37 A Bblia A palavra Bblia vem do grego (bibliaplural de biblion ou biblios = livro), portanto um conjunto de livros. Em hebraico, a Bblia chama-se O TANACH (o vocbulo masculino) e constitui o livro sagrado dos hebreus. Narra a histria da sada de Abrao da cidade de UR na Caldeia em busca da terra prometida (CANAAN). A palavra HEBREU vem do hebraico EVER (ivri) e pode ter dois significados: Em Gen. 14,13, Ever (hebreu) uma denominao dada a Abro. Desta forma, ivrim11 seriam os descendentes de EVER, (Abrao) e o termo designaria grupos tnicos. Pode significar tambm a outra margem. Em Josu 24:2 dizse que alm do rio (Bever hanahar) ficaram os pases de vossos pais, e tomei vosso pai (Avraham), Abrao, da outra

margem do rio... refere-se aos povos que vieram do outro lado do rio Eufrates, de onde veio Abrao. Neste caso, o termo tem um significado geogrfico, tnico e social. Avraham Ben Avraham Avdan, judeu, professor de hebraico e revisor desta obra, faz restries a palavra hebreu. Para ele, esta palavra resultou de uma criao de maus tradutores. Segundo ele, nunca existiu no esprito da Bblia um povo chamado hebreu. Para ele, a palavra Ivri vem de Avar =passar, indicando nomadismo. Quando Abrao diz: Ivri anochi, que foi traduzido como Eu sou hebreu, no era isto que ele estava dizendo, mas, Eu sou o que passa, um errante, um nmade (por isto no tenho uma terra onde enterrar a minha morta), acrescenta o professor. E Conclui: ver no a mesma coisa que Ivri. Ento os tradutores foram a similitude de Hber com Hebreu, que nada tem a ver entre si. Como podemos ver, os tradutores esto sempre presentes nas conseqncias marcantes da histria bblica. A Bblia hebraica constituda de 24 livros11 que narram toda a 38 trajetria do povo hebreu e no possui o que ns ocidentais chamamos de Novo Testamento. Para as religies ocidentais, a Bblia divide-se em duas grandes partes, chamadas respectivamente de VELHO TESTAMENTO E NOVO TESTAMENTO, constitudo, este ltimo, dos livros sagrados do Cristianismo e das religies dele derivadas ou seja: Igreja Catlica, Protestante, Ortodoxa Grega, Ortodoxa Russa, Armnia, Copta, Maronita, etc. O termo testamento vem do hebraico (brit) que significa Aliana, do grego (diathke) e finalmente no latim (testamentum), significando a antiga Aliana do Sinai para o judasmo e a Nova Aliana de Jesus, o Cristo. Existem portanto, como conseqncia, trs tipos de Bblia a definir: A Bblia Judaica que para ns constitui o Velho Testamento, ou o Tanch com 24 livros, a Bblia protestante com 66 livros e a Catlica com 73 livros. Ta-na-ch representa as iniciais dos trs conjuntos de livros que formam a Bblia hebraica: A Tor, Revelao ou Ensinamento que formada pelos cinco livros de Moiss, que juntos formam o Pentateuco (no grego, penta = cinco + teuco= livro (Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio). Neviim ou Profetas, alm dos livros que hoje chamamos de histricos. So em nmero de 8 livros. Ketuvim ou Escritos. Os Judeus designam por este nome, os livros dos Salmos, Provrbios, J, Cntico dos Cnticos, Rute, Lamentaes, Eclesiastes, Ester e Daniel, at aqui, so nove livros mais Esdra e Neemias (um s livro) e as Crnicas I e JJ, - Divrei Iamim(um s livro), num total de 11 livros, perfazendo assim, um total de 24 livros11. Este conjunto representa, para os ocidentais, o Velho Testamento. Conseqentemente, a Bblia Judaica no possui

Novo Testamento. 39 As Lnguas da Bblia: Hebraico e Aramaico Hebraico O hebraico uma lngua semtica, o que significa que pertence a uma grande famlia de lnguas, todas aparentadas umas s outras e todas formando a maioria de suas palavras, a partir de um radical (xrexe) constitudo de trs consoantes. Outras lnguas da mesma famlia so o rabe, o aramaico, o amrico (idioma oficial da Etipia), o tigre e o tigrnia, assim como outros dialetos falados na Somalilndia e outras partes da Etipia, as lnguas extintas dos cananeus e dos fencios, alm de outras de menor importncia, tanto vivas quanto mortas. O hebraico foi a lngua utilizada para a escrita da Bblia, ressalvando o caso dos livros de Daniel e Esdras que foram escritos em Aramaico. A Bblia foi escrita em um hebraico conhecido como hebraico consonantal, s com consoantes, ou seja, sem sinais de vocalizao. Os sinais de vocalizao que substituem as vogais so conhecidos como massoretas. Estes sinais foram criados pelos membros da Grande Assemblia dos Escribas que determinava a forma correta de escrita do texto. O sistema atual de texto em uso o da escola palestina de massoretas do sculo X. As edies atuais da Bblia, impressas em hebraico, incluem estes sinais de vocalizao. Para os judeus, o hebraico a lngua sagrada, com a qual Deus criou o mundo, e seu alfabeto mantm ainda um poder criador para aqueles que saibam combinar estas letras. a linguagem da orao em quase todas as sinagogas do mundo e tambm aquela em que a maioria dos livros sobre lei judaica escrita. Desde os tempos bblicos, foi, para os judeus, a lngua preferida para escritos religiosos de todos os tipos, por ser a nica que os judeus instrudos de todas as partes conhecem. De acordo com uma tradio rabnica, 40 no incio todos falavam o hebraico, at que a nica lngua no mundo dividiu-se em setenta lnguas, aps a construo da Torre de Babel (Gen. 11). No Egito, os israelitas continuaram a falar hebraico entre eles e, ao manterem sua identidade, mereceram ser redimidos de sua escravido. Por vrios sculos antes da Era Comum, a maioria das pessoas, em Jud e na GOLA (Dispora ou Exlio - comunidades judias fora de Israel), falavam um vernculo que era o Aramaico, e o hebraico passou a ser uma lingua erudita usada para fins literrios e litrgicos. Em Atos 21:40 e 22:2, quando Paulo preso em Jerusalm, ele fala em hebraico para o povo judeu e por isso melhor escutado. Na idade mdia, desenvolveram-se vrias pronncias diferentes do hebraico litrgico entre

os asquenasitas (judeus europeus que no seja de origem espanhola ou portuguesa). O termo aplica-se ainda aos seus descendentes nas Amricas e em outras partes. Mais especificamente, os asquenasitas so descendentes de judeus de fala idiche, alem, francesa, hngara e russa, assim como a maioria dos judeus da Escandinvia, Finlndia, Inglaterra e Holanda e sefaraditas (judeus de origem espanhola e portuguesa). Com o surgimento do sionismo moderno, o hebraico comeou a ser revivido, como lngua falada, por Ehazer Ben Iehud (1858-1922), que se recusou a falar qualquer outra lngua, cunhou novas palavras e comeou a compilar um grande dicionrio hebraico sem palavras aramaicas ou estrangeiras. Atualmente, no moderno Estado de Israel, fala-se o hebraico com uma pronncia sefaradita modificada. Acreditam os judeus que, nos dias do Messias, todas as naes voltaro a falar o hebraico. Aramaico a lngua dos arameus, povos que habitavam a antiga Sria (Apm). 41 uma lngua Semtica norte-ocidental estreitamente relacionada com o hebraico. Em semelhana, o aramaico est para o hebraico assim como o espanhol est para o portugus. A grande difuso dos arameus e suas atividades comerciaislevaram o aramaico a toda a regio da Palestina, da Sria e da Mesopotmia. Sobrevive, at hoje, como a lngua falada em algumas aldeias crists situadas na fronteira srio-libanesa. H um outro dialeto que, para alguns lingistas, no o aramaico, mas o estreitamente aparentado siraco, que constitui fala de milhares de pessoas, no Ir, na Turquia e no Iraque. Entre essas pessoas, encontra-se certo nmero daquelas que amide so denominadas de judeus curdos, ou seja, judeus do Curdisto. O aramaico considerado, pelos judeus, um idioma judaico, porque trs obras extremamente importantes esto escritas em aramaico (assim como muitos outros escritos, preces e hinos importantes). So elas: o Targum nquelos, traduo literal aramaica do Pentateuco, que se encontra em muitas edies impressas da Tor; a Guemar, que a concluso da Misn e constitui a base da lei oral, e o Zhar112, a mais importante obra da Cabala, a tradio mstica judaica. O aramaico com freqncia chamado de Lashon Targum (lngua traduzida) entre os judeus, sendo sempre impresso em caracteres (alfabeto) aramaicos. 42 Pgina em branco. 43 CAPTULO II

A Histria das Tradues da Bblia A Tor tem sua prpria terminologia complexa e um nico conjunto de regras e linhas mestras pelas quais pode-se interpret-la. Uma traduo direta pode facilmente levar a uma distoro, mau entendimento, e at a negao da unidade de Deus. Rebe de Lubavitch A traduo da Bblia para o Ocidente: uma Torre de Babel O Gnesis nos relata, em seu captulo 11, a histria da Torre de Babel. Toda a terra possua uma s lngua e serviam-se das mesmas palavras. Os homens construram uma torre cujo cimo atingia os Cus, com o objetivo de tornarem clebres os seus nomes. Mas Deus percebeu que eles queriam ir alm dos seus limites, e lhes confundiu a linguagem, dispersando-os por toda a terra. Semelhantemente, a Bblia possua uma s lngua, que era completa e tinha seu conjunto de regras e terminologia prprias para o seu entendimento. No entanto, vieram os gregos e mudaram a essncia e significados dessa lngua, espalhando-a por todo o 44 mundo. Produziram, assim, uma nova Torre de Babel com sua Traduo. Fica difcil compreender o porqu de tantas modificaes. Comearam logo com a alterao nos nomes dos livros de Moiss Bereshit virou Gnesis, Shemt foi traduzido como xodo, Vaicr passou a Levtico, a Bamidbar chamaram Nmeros, enquanto Devarim tornou-se Deuteronmio. Estas alteraes continuaram por todo o seu texto, e o resultado o que se tem, hoje, uma verdadeira Torre de Babel, nas diversas verses da Bblia, em portugus. Apresentaremos, a seguir, a histria destes acontecimentos que trouxeram as divises, divergncias e dificuldades no entendimento da mensagem bblica. A Septuaginta ou verso dos LXX - Bblia Grega A verso grega da Bblia hebraica enfrentou muitas dificuldades, desde a questo das idias teolgicas e exegticas do judasmo palestino e alexandrino, at a questo lingstica. A questo lingstica a mais sria de todas, seno vejamos: o hebraico uma lngua semtica oriental que se escreve da direita para a esquerda, no tem vogais e muito pobre em vocabulrio, tendo um princpio gramatical todo especial. Um deles que merece considerao, por exemplo, o verbo SER que no se conjuga no presente do indicativo, por questo divina e cabalista. No sentido divino s IAHVH pode dizer EU SOU. E segundo os cabalistas113, o verbo hai ( SER), na verdade significa muito mais do que SER, Existir, no sentido passivo da palavra; ele significa acima de tudo tornar-se, ou

seja, viver de uma forma altamente ativa. O verbo hai (SER) no conjugado no presente, pois na realidade o presente no tem tempo para ser: mal deixou o passado quando logo se depara com o 45 futuro. Nem mesmo um nico instante constitui o presente! E, no entanto, esse instante, o aqui e agora, o ponto de partida da ao futura. Pois neste momento do presente que brota do passado, neste hoje que o homem age, faz, dirigindo seus esforos para o futuro. H um amanh que o presente. A est um pequeno exemplo dos elementos que precisam ser considerados numa traduo. Agora analise todo o exposto acima e imagine as dificuldades enfrentadas quando se deseja transferir um texto hebraico, para o grego ou para qualquer outra lngua. O grego uma lngua muito diferente do hebraico, possuindo alm disso, os seus modismos gramaticais e transformaes. Comparado ao hebraico que no tem vogais, o grego tem muitas, constituindo-se de sete ao todo. uma lngua ocidental do grupo das Indo-Europias, escreve-se como as lnguas ocidentais, da esquerda para a direita, tem uma gramtica tambm especfica e muito rica em declinaes, conjugaes e casos gramaticais. Hoje j dividido em antigo e moderno. O antigo com uma pronncia e escrita que s existem basicamente nos textos bblicos. J o moderno o que se fala hoje na Grcia e est totalmente diferente do antigo. As dificuldades enfrentadas pelos tradutores foram imensas e com certeza muita coisa importante ficou perdida no meio desta traduo. A explicao e justificativa dadas pelo Talmude mostram muito bem como no houve harmonia e igualdade nesta traduo. Vejamos e analisemos a sua histria e tiremos nossas concluses. No sculo III a. C. uma importante colnia judaica vivia no Egito, especificamente em Alexandria, onde se falava comumente a lngua grega. Havia uma necessidade premente de que o povo judeu possusse a Bblia em grego, alm da importncia que representava para a biblioteca de Alexandria que ainda no possua a Bblia nessa lngua. No reinado do rei egpcio, Ptolomeu Filadelfo II (285-247 a. C), 46 a pedido de Demtrio Falario, o bibliotecrio do rei, o sumo sacerdote Eleazar, conforme a carta apcrifa de Aristias, enviou de Jerusalm setenta e dois sbios, seis representantes para cada uma das doze tribos de Israel, a fim de realizarem a traduo da Bblia hebraica para o grego. Aristias foi um estudioso judeu que morava em Alexandria na segunda metade do sculo II antes de Cristo e quis passar por gentio e valido na corte de Ptolomeu

Filadelfo. Conta ainda Aristias que a traduo foi completada em 72 dias. Segundo o Rebe de Lubavitch no Livro Discursos Hassdicos45, qualquer traduo uma tarefa rdua e transpor a Tor, Divina vontade, em outra lngua, especialmente perigoso. A Tor tem sua prpria terminologia complexa e um nico conjunto de regras e linhas mestras pelas quais pode-se interpret-la. Uma traduo direta pode facilmente levar a uma distoro, mau entendimento, e at a negao da unidade de Deus. Sem emendas nas tradues nos possveis maus direcionamentos de palavras e frases, deplorveis danos poderiam resultar. A traduo para o grego recebeu o nome de Septuaginta e passou a fazer parte da biblioteca do rei Ptolomeu Filadelfo em Alexandria. Chamou-se Setenta em virtude das principais lnguas do mundo serem em nmero de setenta, sendo as outras, variantes, hbridas, ou dialetos dessas setenta. O rabino Meir Masliah Melamed75, em sua traduo da Tor, refere-se ainda aos setenta homens dos ancios de Israel que representam as setenta almas que desceram ao Egito, as setenta naes que h na terra, os setenta nomes pelos quais foi chamado o Eterno, os setenta nomes pelos quais foi chamado o povo de Israel e os setenta nomes que tem a cidade de Jerusalm. O Talmude comenta que o dia da traduo foi to doloroso quanto o dia em que o bezerro de Ouro foi construdo, pois a Tor no poderia ser acuradamente traduzida. Alguns rabinos disseram que as trevas cobriram a terra por trs dias quando a LXX (Setenta ou Septuaginta) foi escrita75. 47 Segundo a verso talmdica da histria, enquanto a traduzia, cada sbio era confinado em celas separadas, na ilha de Faros, e cada um completou a traduo inteira em 72 dias, produzindo assim tradues totalmente independentes. No entanto, seus coraes estavam plenos de sabedoria divina, e eles criaram verses idnticas. Todos fizeram as mesmas mudanas em suas tradues, para que o rei no alimentasse qualquer dvida que talvez existisse se as tradues do hebraico fossem literais. Flon Judaeus afirma que cada sbio se encheu de inspirao divina, orientando-o neste trabalho e fazendo com que esta traduo fosse altamente valorizada pelos cristos. A designao de verso da LXX referia-se, no incio, somente traduo do Pentateuco. Os demais livros foram traduzidos mais tarde, at meados ou, no mximo, final do sculo II a. C. Durante essas tradues, alguns escritos novos foram acrescentados sem que os judeus de Jerusalm os reconhecessem como inspirados, porque no faziam parte do Tanch. Estes livros foram escritos em grego e so os seguintes: Tobias e Judite, alguns suplementos dos livros de Daniel e de Ester, I e II livro dos Macabeus, os livros da Sabedoria, do

Eclesistico (Sirac), Baruc e a Carta de Jeremias, que se l hoje no ltimo captulo de Baruc. A igreja Catlica admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros. Na poca da Reforma, os protestantes, depois de terem hesitado por algum tempo, decidiram no mais admiti-los nas suas Bblias, pelo simples fato de no fazerem parte da Bblia hebraica primitiva. Da a diferena que ainda hoje existe entre as edies da Bblia protestante e as da Bblia catlica que possui 7 livros a mais. Muitas essncias e valores foram perdidos com a traduo da Tor Modernamente nos servimos das letras do alfabeto para designar os 48 sons componentes das palavras da nossa lngua. Na sua fase antiga, ideogrfica, o alfabeto era composto de sinais que sugeriam idias em vez de sons. No decorrer dos tempos, porm, apagou-se por completo esse aspecto primitivo dos sinais grficos para remanescer, unicamente, o valor fontico e ser adotado por todas as naes do mundo em nossos dias. Nesse particular, o alfabeto hebraico constitui uma verdadeira exceo, pois continuou sendo objeto de ramificada interpretao ideolgica, a qual, no fundo, sublima e desenvolve, em profundidade, o seu primitivo princpio ideogrfico. Com efeito, volumes e mais volumes poderiam ser escritos, versando sobre o valor ideolgico atribudo s suas letras por exegetas hebreus e cristos nas vrias pocas da Histria, em que o valor exclusivamente fontico dos sinais grficos j estava definitivamente fixado. Eusbio (260-340), Ambrsio (333-397) e Jernimo (340-420) referem-se, nas suas obras, s letras do alfabeto hebraico, atribuindo-lhes valores ideolgicos: Alef (ifr) -doutrina, Beth - casa, etc, referindo-se ora ao significado da figura, ora semntica de seu nome. Desta conduta, derivaram-se muitos conceitos novos que, na verdade, acabaram por no traduzir o verdadeiro sentido do texto, alm de alterarem o sentido original ou mesmo deixarem de atribuir valores que no poderiam ficar de fora. O Zhar112 afirma que, em cada uma das palavras da Tor, esto contidas verdades supremas e segredos sublimes. Assim, os textos da Tor no so mais do que suas vestes exteriores. O vinho deve ser colocado num cntaro para se conservar, assim tambm a Tor deve ser envolvida numa roupagem exterior. Essa roupagem feita de fbulas e narrativas, mas ns devemos penetrar atravs dela. Ainda segundo o Zhar, a palavra Bereshit (bar-shit) significa criou seis, ou seja, Deus criou em seis e este um significado correto, pois a Tor fala em seis dias primordiais da criao. No stimo foi o descanso. 49 Tomaremos, a ttulo de exemplo, a primeira palavra da Bblia que BERESHIT (D WD) e

traduzida significa no princpio. Mostraremos quantos significados transmitidos por Deus, em sua escrita hebraica, foram perdidos com sua traduo para outros idiomas. Acompanhemos estes significados seguindo letras e palavras que esto contidas neste vocbulo. n13 BERESHIT- No princpio. 3= BT: B significa casa. A palavra casa nem sempre significa uma estrutura material e, no Velho Testamento, ela apresenta vrios significados: uma famlia dinstica por exemplo, casa de David. Num sentido mais amplo, ela designa um grupo maior como uma tribo. Assim usam-se os termos, casa de Levi, casa de Jud ou ainda um povo inteiro, casa de Israel. O templo era chamado casa de Iahvh. A palavra Betel (Beit - EI), por exemplo, significa casa de Deus. n(BKl)3= observe as trs letras dentro do parntese. Elas formam a palavra ROSH que significa cabea, direo, comando, domnio. No pensamento hebraico, cabea tem uso metafrico significando pessoas ou coisas que precedem na ordem, na classe ou na qualidade. Assim, a origem de uma srie, o melhor de uma coleo, o cume (de montanhas), o chefe ou governador de uma comunidade. Cristo - cabea no Novo Testamento - uma concepo original derivada, em parte, do uso de cabea, no Antigo Testamento. No grego, este significado no acompanha o mesmo sentido, pois o grego no usava cabea para designar o chefe de uma comunidade. nffi512 Observe mais uma vez as letras do parntese que formam a palavra ISH que significa homem. Elemento principal da criao divina e com quem Deus fez o seu pacto de fogo (sh) 50 que tambm est na mesma palavra. ISH (homem) e SH = KK (fogo) so escritos com as mesmas letras, (lef = X + Shin ), possuindo apenas sons diferentes, portanto, so vocbulos homgrafos com significados diferentes. rTH = BRIT, outra palavra tambm extrada de BERESHIT e significa Aliana. Representa o pacto especial entre Deus e o homem. Esta aliana vem do acordo entre Deus e Abrao (Veja Gn. Caps. 15:17 e 17) e envolve a Circunciso (Brit mil). Esta aliana envolve tambm um pacto de fogo (sh) que tambm est incluso na mesma palavra (Bereshit). Veja Ex. 3:2, a Sara Ardente, Ex. 13:21, a coluna de fogo e Ex. 19:18 O Sinai Fumegante, Iahvh descera sobre ele no fogo. A Tor possui 613 mandamentos, (mtsvt), divididos entre afirmativos e negativos, cujos valores numricos esto contidos nas letras da palavra BERESHIT. Vejamos: 3 -BT=02

1 -RSH=200 K -LEF01 -IUD=10 n -TAV400 Total = 613 mandamentos da Tor. Este valor numrico, bem como todos os outros significados, ficaram perdidos quando se traduziu para o grego a palavra BERESHIT por EN ARCH e para o latim IN PRINCIPIO. Estes so alguns exemplos de significados perdidos com a traduo 51 da Bblia e claro que, nesta palavra, ainda existem muitas outras mensagens e valores no notados por ns, e, portanto, no citados aqui. Outra palavra de significado interessante ffl3=MET que, em hebraico, significa VERDADE. Segundo o Midraxe, (coleo de comentrios bblicos, compilados da Tor Oral), o selo de Deus constitudo por trs letras que so lef = K (primeira letra do alfabeto hebraico), por Mem= D (letra intermediria do alfabeto) e o Tav=D (ltima letra do alfabeto). Assim, a verdade, (MET), composta de comeo, meio e fim. Ela completa em sua construo e essncia grfica no hebraico. Em Isaas 44:6 est escrito: Eu sou o primeiro e o ltimo, fora de mim no h Deus, em hebraico: (Ani rishon vaani acharon). Deus a prpria verdade, o comeo, o meio e o fim. Lembre-se de que o Cristo fala no Apocalipse 1:8 e 22:13 que Ele o Alfa e o Omega. Semelhantemente, as letras gregas, Alfa e Omega, representam o princpio e o fim do alfabeto. A palavra AMOR, em hebraico DP = ahav), apresenta como valores numricos absolutos de suas letras, o nmero 13. Confia LEF = 1 HEI= 5 BT = 2 HEI = 5 Total 13. A palavra UNIDADE, em hebraico (IPllj = chad), apresenta tambm os valores absolutos de suas letras iguais a 13. Confira: LEF = 1 HET = 8 DLET = 4

Total 13. 52 Agora veja a palavra IAHVH (ITirP). Confira a soma dos valores numricos de suas letras: IUD = 10 HEI = 5 VAV = 6 HEI = 5 Total = 26. Assim, observe que a soma dos valores da palavra amor= 13, mais unidade13, em hebraico, igual a 26, que a soma dos valores absolutos da palavra IAHVH, DEUS. Assim, fica evidente que DEUS igual a AMOR e UNIDADE, porm isto s pode ser verificado na lngua hebraica. Todos estes valores se perdem aps a realizao da traduo destas palavras para outras lnguas. Imagine agora o quanto se perdeu com toda a traduo da Bblia! Poderamos comparar a Bblia com um grande banquete preparado para o mundo. Este banquete s pode ser realmente consumido por aqueles que, pelo menos, entendem o HEBRAICO. Assim, ns ocidentais, por exemplo, recebendo sua traduo literal e unilateral, podemos dizer que nos restou, deste grande banquete, apenas a sobremesa. Vai ainda aqui a ttulo de esclarecimento, um comentrio sobre o primeiro versculo da Bblia, que possui duas (2) discordncias de sentido em todas as tradues ocidentais existentes em portugus. Veja e acompanhe a traduo Gn. 1:1 Texto Hebraico 53 Todas as Bblias ocidentais traduzem este versculo da seguinte maneira: No princpio criou Deus os cus e a terra. Quanto primeira palavra da Bblia (Bereshit), da qual mostramos acima alguns exemplos, esta apresenta uma riqueza de significados ainda no esgotados, mesmo depois de milnios de Exegese. J o primeiro verbo da Bblia (bar), traduzido normalmente com o significado de criou, no representa um sentido to exato como quando traduzido por criava31, tempo

imperfeito, uma vez que denota o sentido ainda incompleto ou inacabado da criao. Deus comeou a criar naquele momento, ainda estava em plena atividade criativa, portanto no se justifica criou e sim criava. Elohim - Deus - o primeiro nome divino escrito na Bblia. H uma controvrsia com relao ao sentido de plural ou singular nesta palavra. Ns aceitamos Elohim como um plural majestoso de EL Deus, mas ratificando que Deus nico. Et hashamaim - uma palavra traduzida como os Cus ou Firmamento, no entanto, quando lemos o versculo seguinte, o de nmero 2, do Gnesis, encontramos a informao de que o esprito de Deus pairava sobre as guas (hamaim). Como pode ento o esprito de Deus pairar sobre a face das guas, se estas ainda no haviam sido criadas at aquele momento? O significado correto de Shamam carrega gua, ali existe gua; fogo e gua; que misturados um ao outro formaram os Cus83. 54 Com este significado, justifica-se a existncia de gua no versculo 2. Donde podemos concluir que a criao das guas antecedeu criao da terra e dos Cus. Logo, o primeiro versculo da Bblia corretamente traduzido fica assim: No princpio criava Deus as guas e a terra. Observe que, no segundo dia, que Deus chama o firmamento de Cus que ainda no existia no primeiro. Confira em Gnesis 1:8. Diante de tudo isto, temos condies de entender o porqu das afirmativas dos rabinos e do Talmude de que a terra cobriu-se de trevas quando a Tor foi traduzida. Acrescentam os rabinos, ainda, que este dia foi comparado ao dia da construo do bezerro de ouro pelos hebreus, na plancie do Sinai. A Vulgata de So Jernimo A Vulgata a traduo da Bblia, do grego para o latim, que foi realizada por So Jernimo a pedido do papa Dmaso -1. A Septuaginta s contm os livros da Primeira Aliana (Velho Testamento). O Novo Testamento em grego no acoplado Septuaginta, s existindo em separado. Assim, quem quiser possuir a Bblia completa, em grego, tem que possuir a Septuaginta e o Novo Testamento em grego. So Jernimo fez exatamente isto, traduziu e uniu o Velho e o Novo Testamento numa s obra, do grego para o latim Tudo comeou com as dificuldades reinantes no sculo III da era crist. Escritos em meio das convulses que assinalavam a agonia do mundo judaico, depois sob a influncia das discusses que caracterizavam os primeiros tempos do cristianismo, os Evangelhos se ressentiam das paixes, dos preconceitos da poca e da perturbao dos espritos. Grandes

divergncias dogmticas agitam o mundo cristo e provocam sanguinolentas perturbaes no Imprio, at que Teodsio, conferindo a supremacia ao papado, impe a 55 opinio do bispo de Roma cristandade. A partir da, o pensamento, criador demasiado fecundo de sistemas diferentes, h de ser reprimido. A fim de pr termo a essas divergncias de opinio, no momento em que vrios conclios acabam de discutir acerca da natureza de Jesus, uns admitindo, outros rejeitando a sua divindade, o papa Dmaso confia a So Jernimo, em 384, a misso de redigir uma traduo latina do Antigo e do Novo testamento. Essa traduo dever ser, da por diante, a nica reputada ortodoxa e tornar-se- a norma das doutrinas da Igreja44. So Jernimo sentiu o peso da responsabilidade, escreveu ao papa um demonstrativo de suas preocupaes, referindo-se sua traduo latina dos evangelhos. Eis o seu desabafo44: Da velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma sorte, me coloque como rbitro entre os exemplares das Escrituras que esto dispersos por todo o mundo, e, como diferem entre si, que eu distinga os que esto de acordo com o verdadeiro texto grego. um piedoso trabalho, mas tambm um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a lngua de um velho e conduzir infncia o mundo j envelhecido. Qual, de fato, o sbio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mos um exemplar (novo), depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que est habituado a ler, no se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrlego, um falsrio, porque terei tido a audcia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos livros? Um duplo motivo me consola desta acusao. O primeiro que vs, que sois o soberano pontfice, me ordenais que o faa; o segundo que a verdade no poderia existir em coisas que divergem, mesmo quando tivessem elas por si a aprovao dos maus. Observe como So Jernimo foi sbio e coerente diante da respon56 sabilidade assumida, dando-nos, assim, um testemunho das alteraes que realizou na Bblia e, com sua verso latina, tentou pr fim a estas dificuldades, surgindo, dessa maneira, a conhecida Vulgata (a divulgada). Vemos, nestas declaraes, o testemunho das modificaes e adaptaes por que passou a Bblia e, por isso, no se pode afirmar, categoricamente, que tudo que existe neste livro, em portugus, apura verdade. Santo Agostinho, bispo de Hipona, escreve a So Jernimo no ano 395, demonstrando sua preocupao com relao sua traduo e testificando a inexistncia de exatido nas

tradues bblicas. Vejamos a sua carta: A meu ver, eu preferiria que tu antes nos interpretasse as Escrituras gregas cannicas que so atribudas aos setenta intrpretes, pois se h dissonncia entre o latim das antigas verses e o grego da Setenta, pode-se ir verificar, mas se h dissonncia entre o latim da nova verso e o texto conhecido do pblico, como dar a prova da sua exatido? A Bblia nem sempre foi dividida em captulos e versculos como ocorre atualmente. Inicialmente a Tor (os cinco livros de Moiss) foi dividida em sees chamadas peraxit niHS para leitura na Sinagoga judaica. Cada perax (seo) lida em uma semana e a quantidade de peraxit (sees) igual ao nmero de semanas do ano judaico. O restante da Bblia hebraica (O Tanch), ou seja, a Primeira Aliana ou Velho Testamento foi dividida em versculos e sees para a leitura na sinagoga, antes da era crist. No entanto, a diviso moderna e a numerao em captulos so atribudas a Estvo Langton, (no ano de 1228), professor em Paris e mais tarde Arcebispo de Canterbury. possvel que ele tenha utilizado a diviso j existente. A diviso moderna do Antigo Testamento em versculos foi realizada por Sante Pagnini em 1528. O redator parisiense, Robert Etienne, adotou a numerao de Pagnini e numerou os versculos do Novo Testamento, em 1555. Tal diviso e distribuio, como tambm o ttulo e a ordem dos Livros sagrados apresentam leve diferena entre a Vulgata e as tradu57 es atuais. Por exemplo: do Salmo 10 ao 148, a numerao da Bblia hebraica est uma unidade frente da numerao da Bblia grega e da Vulgata, que renem os Salmos 9 e 10 e os Salmos 114 e 115, mas dividem em dois os Salmos 116 e 147. Existem, ainda, nas bblias, diferenas de ordem na disposio dos livros. Por exemplo: na Bblia judaica (Tanch), temos, como ltimo livro, o II livro das Crnicas; na Vulgata, o ltimo livro do Velho Testamento o II livro dos Macabeus; nas bblias ocidentais catlicas ou protestantes, o ltimo livro do Velho Testamento o Livro de Malaquias, descobrindo-se ainda outras diferenas, medida que manuseamos cada uma delas. A traduo de Joo Ferreira de Almeida Para maiores esclarecimentos, colocamos aqui algumas observaes sobre a traduo da Bblia, feita por JOO FERREIRA DE ALMEIDA. JOO FERREIRA DE ALMEIDA foi um pastor protestante nascido em Torre de Tavares, Portugal. Aprendeu o hebraico e o grego, e assim usou os manuscritos dessas lnguas como base de sua traduo, ao contrrio de outros tradutores que fizeram suas tradues a partir da Vulgata Latina de So Jernimo. Dentre estes, podemos citar D. Diniz, rei de Portugal, (1279-1325) que traduziu os vinte primeiros captulos do Gnesis, usando a Vulgata como base e ANTNIO PEREIRA DE FIGUEIREDO (portugus de Mao - Portugal) que, durante dezoito anos, traduziu a Bblia inteira diretamente dos textos da Vulgata que foi publicada em 1879.

A traduo de JOO FERREIRA DE ALMEIDA foi muito discutida e controvertida, porque apresentava muitos erros. Ele traduziu primeiramente o Novo Testamento, publicando-o em 1681, em Amsterdam, na Holanda. O ttulo do Novo Testamento era O Novo Testamento, Isto he o Novo Concerto de Nosso Fiel Senhor e Redemptor Iesu Christo, Traduzido na Lngua Portuguesa, o qual por si mesmo revela o tipo de portugus arcaico que foi usado. 58 Essa traduo tinha numerosos erros e o prprio Almeida compilou uma lista de dois mil (2.000). Muitos desses erros foram feitos pela comisso holandesa, que procurou harmonizar a traduo de Almeida com a verso holandesa de 1637. Almeida baseou-se no Textus Receptus feito por Erasmo, em 1516 (considerado um texto inferior), pois ele representa o Texto Bizantino, o mais fraco e mais recente entre os manuscritos gregos. Lembramos que na poca de Almeida no existia nenhum papiro, razo pela qual ele lanou mo de fontes inferiores24. Almeida s conseguiu a sua traduo e publicao completa da Bblia no sculo XVIII. Apesar do texto inferior por ele usado, bem como dos muitos erros e das edies e correes, essa a traduo que tem sido mais bem aceita pelos nossos irmos protestantes de lngua portuguesa. Imagine todas estas dificuldades e erros, aliados descrena na reencarnao por parte de Almeida e seus seguidores! O resultado de tudo isto o que conhecemos hoje nas edies da Bblia de Almeida. Revises e mais revises, correes e mais correes. Por exemplo: Reviso de 1945, por uma comisso, sob os auspcios da sociedade Bblica do Brasil, reviso da traduo de Almeida da Imprensa Bblica Brasileira, publicada em 1967, Bblia de Estudo Pentecostal, revista e corrigida na Edio de 1995. No entanto, apesar de todas estas correes, encontramos alguns irmos protestantes mais entusiastas, afirmando que o contedo de suas bblias, em portugus, representa a expresso inquestionvel da verdade. Aconselhamos nossos irmos a lerem a obra de Robin Lane Fox, professor de Histria Antiga no New College, Oxford, pgina 37, o captulo que fala sobre A palavra infalvel52. Obs: Aconselhamos o leitor a estar de posse de um exemplar da Bblia para acompanhar as citaes e diferenas nos diversos captulos desta obra. 59 CAPTULO III Interpretao da Bblia

Hermenutica e Exegese A hermenutica e a exegese so dois princpios ocidentais utilizados pelos telogos como meio de entendimento da mensagem bblica. Isto decorre do fato de que nem sempre os textos bblicos se apresentam de uma forma clara e precisa. A linguagem bblica uma linguagem divina e, s vezes figurada, revelada por Deus em uma lngua semtica e, para um povo especfico, em uma poca tambm muito especial. Adaptar esses textos para nossa realidade atual uma tarefa que exige um conhecimento todo especial, primeiramente da lngua em que o texto foi escrito, em seguida da realidade da poca e dos costumes e da natureza do povo para quem Deus os revelou. Hermenutica uma palavra grega (hermeneutike) que significa interpretao. A hermenutica indica o sentido literal do texto. A interpretao literal tem sido a mais preferida pelos homens, derivando disto verdadeiros absurdos. preciso que se busque, no texto, a mensagem divina, desprovida de cunho e interesses pessoais. Deriva da a necessidade da utilizao da EXEGESE que o significado Moral e Espiritual do texto. Observe os exemplos a seguir para melhor entendimento e diferenciao: No princpio criava Deus as guas e a terra. (Gn. 1:1). Aqui a hermenutica indica a criao do Universo. O sentido literal est claro e no deixa dvidas no seu entendimento. 60 No entanto, ao lermos Por que reparas no cisco que est no olho do teu irmo e no percebes a trave que est no teu? (Mt. 7:3), vemos que o sentido literal ou a Hermenutica faz uma alegoria que s pode ser compreendida atravs da Exegese. A Exegese vai nos levar compreenso de que vemos os pequenos defeitos dos outros e no enxergamos os nossos. Assim, as parbolas de Jesus eram narradas em sentido literal, (Hermenutica), mas atravs da Exegese que entendemos o seu sentido moral e espiritual. Concluindo para melhor entendimento, esclarecemos: Hermenutica sentido literal. Exegese - sentido espiritual e moral. Existe uma pequena histria que esclarece bem o perigo de algum querer se orientar pelo sentido literal do texto bblico, aplicando a hermenutica indistintamente. Veja o exemplo: Conta-se que dois jovens eram amigos inseparveis. Quando havia festas ou qualquer tipo de diverso, l estavam os dois participando ativamente. Onde estivesse um, sempre se encontrava o outro. Ocorre, porm, que, um dia, um dos jovens comete, de uma forma inexplicvel, o suicdio. O outro sofreu tremendo choque e ficou inconsolvel. Como poderia o amigo ter praticado tamanho ato de insensatez? Por que no lhe falara do problema que o atormentara tanto? Aconselhado por algum, procurou o lder religioso de sua comunidade, que, aps tomar conhecimento do fato perguntou-lhe:

- Voc tem a Bblia em casa? - Sim, possuo! Ento voc tem o remdio. Pegue a sua Bblia e abra aleatoriamente em qualquer versculo, que a ter a resposta e consolo de que precisa. O jovem aflito chega em casa, pega sua Bblia e medita sobre o gesto tresloucado do seu amigo. Por que fazer aquilo? O suicdio no soluo, pelo contrrio, aquisio de problemas. Abre sua Bblia, aps esta breve meditao, e o que encontrou no versculo o surpre61 endeu bastante. Estava escrito, em Lucas 10, no final do versculo 37: Vai, tambm tu, faze o mesmo. Pelo exemplo, podemos ver como no possvel seguir a aplicao da hermenutica bblica de forma irrefletida. O texto citado faz parte da concluso da parbola do Bom Samaritano. Quando voc analisa o texto como um todo, encontra coerncia neste versculo. No entanto, isoladamente no define o contedo da mensagem em que est inserido. Assim, os textos bblicos so srios e nem sempre podem ser utilizados isoladamente, mas estudado e analisado com seriedade, buscando-se o sentido verdadeiro no contexto. Para os rabinos, anlise oriental, existem quatro categorias bsicas de interpretao da Bblia102. Eles utilizam a palavra Pards que de origem persa, e usada na literatura hebraica para significar jardim, ou pomar e posteriormente paraso. As quatro consoantes desta palavra (p-r-d-s) so usadas como mnemnica das quatro categorias de interpretao bblica, como segue abaixo: 1-Peshat - o significado simples e muitas vezes literal, correspondente realidade histrica, ao significado objetivo, bvio e comum. 2-Remez - o significado alegrico, oculto nas entrelinhas do texto, examinado no seu sentido mais profundo, como se fosse composto de smbolos alusivos a novos significados. Esses dois caminhos de entendimento (Peshat e Remez) cuidam do interior da Tor, j que ocultam mais do que revelam112. 3-Derush - o significado moral, midrxico ou homiltico, que analisa o texto, interpretandoo com intuitos pedaggicos e ticos de ensinamento, para aplic-los s circunstncias. Derush provm do verbo hebraico exigir (lidrosh), encerra uma busca, pela qual o homem exige um significado mais profundo do texto do que nas perspectivas anteriores. 4-Sod - O significado esotrico, que interpreta o texto no seu sentido pretensamente oculto, secreto ou mstico e cabalstico. Sod signi-

62 fica segredo. O Zhar define o sod como causa, j que quem conhece a causa, conhece a conseqncia, ou seja, o segredo. A Cabala a parte interior da Tor, que sintetiza, une e forma a Tor como um todo indivisvel. O vocbulo, Cabala, significa literalmente recepo, ou seja, o estudo que prepara o homem para receber todos os graus e planos de vida como uma nica realidade112 Essas categorias tm validades equivalentes, cada qual em sua rea, pois a Bblia como uma rocha que pode ser espedaada em muitos fragmentos sob o martelo da interpretao. No entanto, sempre se d importncia ao significado simples do versculo bblico. Os sbios dizem: Quem l e busca s o sentido simples ou literal do texto bblico, assemelha-se ao homem que vai colher o trigo, come a palha e joga fora os gros. Devemos sempre iniciar a interpretao pelo sentido literal da lngua e do tempo em que o texto foi escrito, pois sabemos que as verdades e as palavras mudam com o tempo. At o mundo muda com o tempo. Partindo destas consideraes, devemos buscar, atravs das diversas interpretaes, a busca do real significado da passagem. A sua interpretao deve ser realizada em um nico sentido, porm em nveis diferentes. muito importante a necessidade de um estudo profundo e atualizado que traga um conhecimento novo para as verdades existentes na Bblia. A Bblia est repleta de passagens que trazem, atravs do povo hebreu, luzes para revelao de um monotesmo, onde Deus evidenciado como nico e universal. Em todo seu contedo e histria, encontramos passagens e fatos que ratificam e comprovam os fenmenos medinicos em suas vrias categorias, atravs dos profetas, que eram na verdade grandes mdiuns. O esprita no pode ficar parte destes conhecimentos e preocupa-nos muito a viso equivocada de alguns com relao Bblia. A grande maioria dos cristos divide a Bblia em Velho e Novo Testamento, afirmando que s o Novo Testamento que tem importncia 63 para estudo, considerando o Velho Testamento apenas como aspecto histrico. Se fizermos um estudo no Livro dos Espritos vamos encontrar observaes do Esprito de Verdade que demonstram um conceito diferente deste. Analisemos o que diz o Livro dos Espritos, na questo 59, referente criao. O Esprito de Verdade afirma que a Bblia no um erro, mas que os homens se equivocaram ao interpret-la. Na questo 275, o Esprito de Verdade nos manda ler os Salmos. Na questo 560, cita o Eclesiastes como verdade superior. Na questo 1009, Plato, em mensagem, afirma que , no sentido relativo, que se deve interpretar os textos sagrados. Na questo 1010, So Lus informa que o Espiritismo ressalta a cada passo do prprio texto das Escrituras Sagradas. Como se pode desconhecer estas colocaes dos

espritos superiores? O Novo Testamento, para ratificar a sua autenticidade, cita os livros do Velho Testamento como os Salmos, os Provrbios, os profetas, alm de inmeras outras passagens. Veja por exemplo, o Evangelho de Mateus que foi escrito para os judeus convertidos ao cristianismo e apresenta citaes do Antigo Testamento em todos os seus captulos. Jesus afirma no Evangelho de Mateus, Captulo 5 : 17,18 e 19, que no veio destruir a Tor e os Profetas, mas veio cumprir. No passar um s iud da Tor sem que tudo seja cumprido. Portanto, Jesus jura fidelidade Tor. Afirmando que tudo que tem nela importante. Afirma ainda, no versculo 19 que ai daquele que altera um s iud da Tor e assim ensinar aos meus filhinhos ser chamado o menor no reino dos cus. O Apocalipse de Joo, ditado pelo Cristo, possui 404 versculos, dos quais 278 referem-se ao Antigo Testamento. Ser que as pessoas, que pensam assim com relao ao Antigo Testamento, esto corretas em seu raciocnio? Emmanuel, em seu livro A Caminho da Luz110, na pgina 67, faz referncia ao Judasmo e ao Cristianismo. 64 Reproduzimos aqui o texto, na ntegra, para sua reflexo: Estudando-se a trajetria do povo israelita, verifica-se que o Antigo Testamento um repositrio de conhecimentos secretos, dos iniciados do povo judeu, e que somente os grandes mestres deste povo poderiam interpret-lo fielmente, nas pocas mais remotas. Eminentes espiritualistas franceses, nestes ltimos tempos, procuraram penetrar os seus obscuros segredos e, todavia, aproximando-se da realidade com referncia s interpretaes, no lhes foi possvel solucionar os vastos problemas que as suas expresses oferecem. Os livros dos profetas israelitas esto saturados de palavras enigmticas e simblicas, constituindo um monumento parcialmente decifrado da cincia secreta dos hebreus. Contudo, e no obstante a sua feio esfingtica, no conjunto um poema de eternas claridades. Seus cnticos de amor e de esperana atravessam as eras com o mesmo sabor indestrutvel de crena e de beleza. por isso que, a par do evangelho, est o Velho Testamento tocado de clares imortais, para a viso espiritual de todos os coraes. Uma perfeita conexo rene as duas leis, que representam duas etapas diferentes do progresso humano. Moiss, com a expresso rude de sua palavra primitiva, recebe do mundo espiritual as leis bsicas do Sinai, construindo deste modo o grande alicerce do aperfeioamento moral do mundo; e Jesus, no Tabor, ensina a humanidade a desferir, das sombras da terra, o seu vo divino para as luzes do cu. Que acha? Emmanuel est equivocado? O que nos falta, na verdade, o conhecimento mais aprimorado da Bblia para

descobrirmos que ela endossa a Doutrina dos espritos e est de mos dadas com ela. Que ambos se completam. Achamos inconcebvel o desconhecimento destas coisas, no s pelos espritas, como tambm por todos os cristos de qual65 quer credo religioso que em vez de procurarem compreender estas verdades atravs do estudo, passam, como a maioria das pessoas, a criticar o que desconhecem. Vejamos o texto da questo 1010 do Livro dos Espritos acerca da Bblia: Logo se reconhecer que o Espiritismo ressalta a cada passo do prprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espritos no vm, pois, destruir a religio, como alguns o pretendem mas, ao contrrio, vm confirm-la, sancion-la por provas irrecusveis. Mas como chegado o tempo de no mais empregar a linguagem figurada, eles se exprimem sem alegoria e do s coisas um sentido claro e preciso que no possa estar sujeito a nenhuma interpretao falsa. Eis porque, dentro de algum tempo, tereis mais pessoas sinceramente religiosas e crentes que as que no tendes hoje. Observe o que diz a Gnese63 de Kardec em seu Cap. I item-29 Mas, quem toma a liberdade de interpretar as Escrituras Sagradas? Quem possui as necessrias luzes, sero os telogos? Quem o ousa? Primeiro a Cincia, que a ningum pede permisso para dar a conhecer as leis da Natureza e que salta sobre os erros e os preconceitos. Quem tem esse direito? Neste sculo de emancipao intelectual e de liberdade de conscincia, o direito de exame pertence a todos e as Escrituras no so mais a Arca Santa na qual ningum se atreveria a tocar com a ponta do dedo, sem correr o risco de ser fulminado. Quanto s luzes especiais, necessrias, sem contestar as dos telogos, por mais esclarecidos que fossem os da Idade Mdia, e, em particular, os Pais da Igreja, eles, contudo, no o eram bastante 66 para no condenarem como heresia o Movimento da Terra e a crena nos antpodas. Mesmo sem ir to longe, os telogos dos nossos dias lanaram antema teoria dos perodos de formao da Terra? Os homens s puderam explicar as Escrituras com o auxlio do que sabiam, das noes falsas ou incompletas que tinham sobre as leis da natureza mais tarde reveladas pela cincia. Eis porque os prprios telogos, de muito boa f, enganaram-se sobre o sentido de certas palavras e fatos do Evangelho. Querendo a todo custo encontrar nele a confirmao de uma idia preconcebida, giravam sempre no mesmo ciclo, sem abandonarem o seu ponto de vista, de modo que s viam o que queriam ver, e por muito instrudos que fossem, eles no podiam compreender causas dependentes de leis que lhes eram desconhecidas. Mas, quem julgar as interpretaes diversas e muitas vezes contraditrias, fora do campo da teologia? O futuro, a lgica e o bom senso. Os homens, cada vez mais esclarecidos,

medida que novos fatos e novas leis se forem revelando, sabero separar da realidade os sistemas utpicos. Ora, as cincias tornam conhecidas algumas leis; o Espiritismo revela outras; todas so indispensveis inteligncia dos Textos Sagrados de todas as religies, desde Confcio e Buda at o Cristianismo. Quanto teologia, essa no poder judiciosamente alegar contradies da Cincia, visto como tambm ela nem sempre est de acordo consigo mesma. , . 67 CAPTULO IV Os Livros do Pentateuco - A Tor Chama-se Lei de Moiss ou Pentateuco (em hebraico Humash, Hamish Humshei Tor ou simplesmente Tor) ao conjunto dos cinco primeiros livros da Bblia, que so: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio (em hebraico: Bereshit, Shemt, Vaicr, Bamidbar e Dvarim). Os nomes que derivam do grego esto relacionados com o contedo, enquanto que as denominaes hebraicas so constitudas pela primeira ou principal palavra do incio de cada livro. A autoria do Pentateuco atribuda a Moiss, que o escreveu sob inspirao divina. A crena afirma que a Tor que possumos hoje a mesma que nos transmitiu Moiss. Esta afirmao faz parte dos treze Artigos de F Judaica de Maimnides (Shelosh-esr ikarim la Rambam). Existem trs diferentes redaes do Pentateuco: a judaica, a samaritana e a grega da Verso dos Setenta ou Septuaginta e a verso latina desta, denominada Vulgata. A mais prxima judaica a grega. A redao judaica foi vocalizada pelos rabinos massoretas, aproximadamente no sculo VII depois da era comum. A redao samaritana, a mais recente das trs, difere bastante da judaica e da verso grega. 68 O Pentateuco contm cinco mil oitocentos e quarenta e cinco versculos75 e narra a histria do Homem, a origem do povo hebreu e toda sua legislao civil e religiosa, finalizando com a morte de Moiss. Segundo o Talmude, a autoria dos oito versculos finais da Tor, que tratam da morte e sepultamento de Moiss (Deut.34:5-12), atribuda a Josu, seu sucessor, o qual acompanhou o seu mestre at os ltimos momentos. Por razes bvias que apresentaremos adiante, no existe condenao ao Espiritismo nos

livros da Tor (Pentateuco) e o seu relacionamento com o Espiritismo, na forma de fenmenos, est patente em vrias passagens. Colocamos aqui alguns tpicos, para dirimir dvidas quanto a alguns versculos destes livros, que so freqentemente citados como referentes condenao do Espiritismo. Gnesis O primeiro livro da Bblia chama-se Gnesis, isto , origem e em hebraico, Bereshit, que significa no princpio. Esses ttulos so adequados a um livro que trata da criao do mundo, das origens do gnero humano e da iniciao da histria do povo hebreu. O livro est dividido em trs partes: a primeira trata do princpio do Mundo e da Humanidade (cap. 1 - 11); a segunda, da vida patriarcal (cap. 12-36) e a terceira, da histria de Jos (cap. 37-50). As primeiras palavras do Gnesis, que tratam da cosmogonia, so cheias de solene majestade, sem adornos, sem fantasias inteis e impressionam justamente por isto. Somente Deus existia naquele tempo, com a sua Onipotncia e a sua vontade de criar o mundo. Este conceito to elevado da realidade e do pensamento humano est expresso de uma maneira simples e sem nenhum esclarecimento sobre o feito maravilhoso da criao. Os primeiros captulos do Gnesis encerram em si os profundos 69 princpios e mistrios da Criao, tais como foram desvendados no Talmude e na Cabala. impossvel considerar o sentido literal ou aparente desses captulos. O verdadeiro sentido muito mais profundo, e seu estudo necessita de um prvio conhecimento das doutrinas completas da Tor. A segunda parte narra a histria dos patriarcas Abrao, Isaac e Jac. Essa histria demonstra a existncia da idia monotesta entre esses antigos progenitores do povo de Israel. Os patriarcas foram homens e no figuras divinas. Com o carter essencialmente humano, tiveram uma f religiosa superior, pela qual compreenderam a Unidade de Deus, permanecendo fiis a Ele, cuja existncia sentiram em toda parte. O estilo narrativo e s vezes dramtico, como o relato do sacrifcio de Isaac, o engano de Jac e a ira de Esa. Termina esta segunda parte com a triste e falsa notcia da morte de Jos. A terceira parte est dedicada, principalmente, histria de Jos e alcana uma dramaticidade elevada e humana no relato do encontro de Jos com seus irmos. O Gnesis conclui com o estabelecimento, no Egito, dos doze filhos de Jac, fundadores das doze tribos de Israel, e a morte de Jos, para narrar outro perodo importante da histria dos israelitas, no segundo Livro, o xodo.75

(Gn. 2:7). E formou Iahvh Deus o homem do p da terra, soprou em suas narinas um sopro de vidas e o homem se tornou uma alma ou ser vivente. Concordncia com a questo 134 do Livro dos Espritos, que nos informa ser a alma o esprito encarnado. Na seqncia, vamos encontrar no captulo 4, 3-7 do Gnesis: Passado o tempo, Caim apresentou produtos do solo em oferenda a Iahvh; Abel, por sua vez, tambm ofereceu as primcias e a gordura do seu rebanho. Ora, Iahvh agradou-se de Abel e de sua oferenda. Mas no se agradou de Caim e de sua oferta, e Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido (Significado reencarnatrio). 70 Ainda no Gn.4:15, Deus afirma: Portanto, quem matar Caim sete vezes ser vingado (Significado reencarnatrio). Em Gnesis 15:15 e 16 quanto a ti, em paz irs para os teus pais, sers sepultado numa velhice feliz. na quarta gerao que eles voltaro para c, porque at l a falta, o erro ou delito dos amorreus no ter sido pago (Significado reencarnatrio). Encontramos, no captulo 21:8 do Gnesis, Deu