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27 de novembro de 2010

Ananias 70 anos

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Biografia de Ananias. Conhecido como Nizinho, fez 70 anos e ganhou de sua irmã e de sua esposa um livro sobre sua vida

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Ananias 70 anos - 2010

Birô de ImpressãoJuiz de Fora, Minas Gerais.

Título Original: Ananias - 70 anos2010

Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem prévia autorização dos responsáveis.

Capa e diagramação: Xênia Nascimento LeiteRevisão: Marisa Timponi e Cleide de Araújo HoncyImpressão e Acabamento: Birô de Impressão LtdaColaboração: Fuad Yazbeck

Marilucia dos Reis Lucheses e Ana Maria Zerlottini dos ReisAnanias - 70 anos

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Agradecimento

Primeiramente e sempre a Deus.

Em especial, a todos que colaboraram para que esta homenagem se concretizasse, des-

tacando meu reconhecimento à minha cunhada, amiga e irmã Marilucia, que não poupou

esforços e emoções fortes, pois as lembranças e saudades dominaram a sua narrativa.

Ana Maria

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Introdução

ÃNÃNIÃS.

Allan Dias Ferreira, Aloysio Antonio Siqueira Marques, Ãnãniãs Esteves dos Reis... A

chamada em cada aula começava assim na turma de economistas da UFJF de 1969, com a

voz anasalada do prof. Paletta, fazendo o Ananias soar como se todas as letras tivessem um

til. Aluno aplicado que era, raramente deixava de responder ao chamamento do seu nome, já

devidamente acomodado na cadeira, meticulosamente assoprada e espanada por um imacu-

lado lenço branco. Durante todo o curso usou um único caderno, anotando sistematicamente

a data e os dados relevantes da aula, até mesmo escrevendo, quando era o caso, “sem anota-

ção”. O comportamento calmo, os hábitos comedidos, o modo cerimonioso e gentil de agir,

permitiam vê-lo quase que como um fleumático súdito britânico.

Desde o início do curso, o Nizinho ocupou os primeiros lugares não apenas nas listas de

chamada, mas também, e principalmente, nos corações de todos os colegas. Conquista que

se consolidou em definitivo quando se revelou um craque no futebol, apesar de torcer pelo

Bangu, fazendo somar-se à simpatia pela personalidade cativante o pesar de ver alguém tão

bom de bola submetido ao destino de torcer por um time que conquistou apenas um campe-

onato em toda a segunda metade do Século XX. De acordo com o Márcio Barbosa, Nizinho

representava 50% da torcida do Bangu em Juiz de Fora, embora ninguém fosse capaz de

identificar os outros 50%.

Por ser a maior turma que até então entrara na Faculdade de Economia – 40 alunos – a

nossa veio a ser também a maior fornecedora de atletas para disputa das Olimpíadas Univer-

sitárias, jogos que congregavam todas as faculdades da ainda incipiente Universidade Fede-

ral de Juiz Fora, criada havia apenas 5 anos. A Faculdade de Engenharia, por ser a que tinha

o maior número de alunos, sobretudo homens, despontava quase sempre como vencedora na

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maioria das modalidades disputadas, às vezes ameaçada levemente pela Medicina ou pelo

Direito em um ou outro esporte. Mas, naquele ano de 1966, as coisas começaram a mudar,

a Economia aparecia com alguns já afamados craques como o Wagner Gouvêa, no futebol,

no vôlei e no atletismo, Marcelo Menezes no futebol, Jarbas Batitucci no vôlei, Márcio Tanu-

re no atletismo, Jesuí Penna no basquete e até mesmo algumas atletas femininas, como as

Cidinhas, a Loures e a Almeida. Embora ainda não muito conhecido do grande público uni-

versitário, a grande revelação do time de futebol da Faculdade de Economia nas Olimpíadas

Universitárias de 1966 foi o lateral direito Ananias. Naquele saudoso ano, a Economia des-

pontou como vice-campeã das Olimpíadas Universitárias, e para maior alegria do Nizinho,

foi também o ano do único campeonato do Bangu.

Da turma de economistas de 1969 da UFJF, poucos foram os que não se deram bem na

profissão. Nizinho, seguindo a regra geral, logo conquistou cargo relevante no Ministério

das Minas e Energia, cumprindo brilhante carreira que o levou, em 1987, a cursar a Escola

Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, onde nos reencontramos e compartilhamos mais um

ano de vida e proveitosos estudos. Pude então confirmar, sem qualquer surpresa, que toda a

vida vivida desde a faculdade até ali – e por certo, até hoje – só fizera ainda melhor lapidar e

polir o caráter alegre, singelo e sólido desse hoje jovem septuagenário.

Fuad Gabriel Yazbeck

Em nome de todos os colegas da turma de 1969 da Fac. de Economia da UFJF.

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por Marilucia

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Era 27 de novembro de 1940. Em um quarto desta casa (Fig 01), coberta por len-

çóis bem branquinhos, Luiza sentia as dores do parto. A parteira comentou que estava difícil,

e Luiza, devota de Nossa Senhora das Graças, prometeu que, se tudo desse certo, esta criança

ficaria alguns anos sem cortar os cabelos (Fig 02).

E foi assim, no meio dessa expectativa e ansiedade, que nasceu o 10º filho de Antonio e

Luiza.

E, aos 29 dias do mês de dezembro do mesmo ano, na capela que ficava no interior da

casa, este menino recebeu o 1º sacramento pelo padre Lourenço Musacchio.

Luiza, para homenagear seu sogro, deu a ele o nome de Ananias Esteves dos Reis. Foram

seus padrinhos de batismo Sr. Cândido José de Oliveira Filho e Dona Amélia Bellei.

Nesta fazenda, cercada por grandes plantações, muitos animais, um belo rio e uma fan-

tástica cachoeira, que Nizinho cresceu e passou dias felizes de sua infância.

O quintal em frente da casa foi cenário de muitas brincadeiras, festas e, ao mesmo tem-

po, o campo de futebol onde ele aprendeu a jogar bola com seus irmãos, tios e cunhados.

Mas sua infância não foi só de lazer: havia também seus deveres e responsabilidades, e

Nizinho sabia cumprí-los como ninguém.

Por ser um menino dedicado, cumpridor de suas obrigações, com grande capacidade de

aceitação, era considerado pelo pai um ‘menino de ouro’.

Eu era muito pequena para lembrar o que se passava neste momento, mas com certeza

estávamos unidos e passeando pela fazenda. Paramos apenas para fazer uma fotografia (Fig 04).

Amaury e Dercinho estavam sempre juntos. Participavam de nossas brincadeiras.

Da esquerda para direita: Amaury, Dercinho, Moninha, eu (Marilucia) e Nizinho, o dono

da história. Não recordo o nome da pessoa que nos acompanhava, com certeza era alguém

que cuidava dos menores.

Olhando para esta foto (Fig 06), meu coração acelera pois vem à minha memória uma

daquelas tardes de domingo que começava com muita alegria.

Como sempre, tínhamos visitas em casa. Nessa foto, junto com a mamãe, está Paulina,

uma das amigas italianas que já fazia parte da família.

Os meninos, Toninho, Joãozinho e Nizinho estavam na fazenda ao lado para jogar malha. Por

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um erro de visão, o Nizinho foi acidentado. A malha

acertou sua cabeça. Houve um corte bem profundo.

Desta varanda, na época alpendre, ouvíamos

o murmúrio, a gritaria na fazenda Passo da Pátria.

Ficamos por alguns momentos em grande expec-

tativa, sem saber o que havia acontecido. Logo che-

gou a notícia. Em seguida Nizinho foi levado para

a cidade, pois teria que levar alguns pontos no cor-

te. Felizmente tudo terminou bem. Isso acontecia

sempre, pois o que não faltava era criança para ser

machucada.

Um dia, estávamos no curral, cumprindo uma

daquelas tarefas que papai determinava: varrer e

ajuntar o esterco. Para nós, isso não passava de

uma grande brincadeira, uma farra, sempre na

supervisão de Nizinho, para que o serviço saísse

direito. Quando, em dado momento, Toninho nos

chamou atenção para que saíssemos do curral,

pois ele estava trazendo uma vaca que acabava

de dar uma cria, e estava brava. Corremos todos

para pular a porteira, mas, nesta ânsia de nos

livrarmos do perigo, Moninha caiu e quebrou o

nariz.

Nossa infância foi sempre assim: muito

trabalho que virava brincadeiras.

Os meninos picavam capim na máquina e

depois jogavam no silo para virar ração. Este

deveria ficar bem prensado e, para isto, pulá-

vamos em cima, para ficar bem socado. Que

maravilhosa brincadeira!

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Para descascar o milho e debulhar, íamos para o paiol. Era também um momento de

muita alegria. Subíamos nas traves que sustentavam as telhas e pulávamos em cima das pa-

lhas. Fazíamos esta ginástica várias vezes. A cada pulo, uma alegria.

Era hora de recolher o gado nos pastos. Alguém, que não era o Nizinho, já maquinava

uma peraltice. Aproveitávamos para apanhar canoas dos coqueiros e descer o morro des-

lizando com as mesmas. Parecia que estávamos flutuando, indo a caminho do mundo do

nada, do imaginário. Não existia nada melhor que esta brincadeira. Dava uma sensação de

liberdade, poder. Só não era melhor porque Nizinho nos chamava à realidade.

Quanta alegria meu Deus! Quan-

ta felicidade!

No dia desta foto, eu me lembro

bem. Ganhei minha primeira boneca de

louça.

Nizinho (1º a esquerda da última fila)

compenetrado, porém com expressão de

contentamento, alegria, juntamente com

todos nós: Joãozinho, Toninho, Gogóia

e Zé (primos que moravam em Barba-

cena), Amaury e Dercinho (sobrinhos),

Moninha e eu (Marilucia).

Foi um Natal maravilhoso, mui-

tas brincadeiras, casa cheia.

Papai e mamãe, antes do almo-

ço, foram à capela juntamente com

todos nós para agradecer a bênção de estarmos unidos, e confraternizar com aqueles

que nos ajudavam de alguma maneira.

Era assim que eles passavam para nós os valores da vida.

Acredito eu, que quem mais aprendeu a lição foi o Nizinho. Aprendeu e sempre colocou

em prática. Muitas vezes, já quase adulta, quando estava confusa e em dúvidas sobre qual

atitude tomar, seguia sempre o exemplo dele e dava certo.

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Ele sempre dizia: “Ninguém perde por ser humilde, honesto, organizado e generoso.”

Este é seu estilo. Cuidava e cuida sempre intensamente de tudo, o certo, o correto, o ético.

Sexta-feira, dia de quitanda. Isso quer dizer: forno aceso, muita brasa, gamelas a postos,

muitos ovos, leite, manteiga, açúcar, canela, erva-doce, farinha, fubá, queijo, fermento... Já

vão começar as massas. Mamãe na liderança: broinha de fubá, raivinha, pão-de-ló, pão de

queijo, biscoito de polvilho, rosquinha disso, daquilo e muito mais.

Os meninos tinham que providenciar a lenha, o sabugo e a palha, tudo tinha que estar em

ordem. Os tabuleiros untados, todos tinham que ajudar. Ninguém ficava parado, até as crian-

ças faziam alguma coisa. Subíamos em bancos para mexer a massa, brincando na modelagem

em divertidas criações. Usávamos para isso, fundo de taças ou tampas de compoteiras.

Era um verdadeiro dia de folia. À tarde, um café fresquinho para saborear a broa que aca-

bava de sair do forno.

E era, justamente nestes afazeres domésticos, que ficava a lição dada com muito amor

pela mamãe: “Se você trabalhar a massa com serenidade, amor, numa atitude de gratidão por

tudo que tem para misturá-la, irá incorporar isto aos quitutes que mais tarde vai saborear

e oferecer a alguém.”

Hoje, já adulta e avó, posso compreender o que mamãe nos ensinava.

Era um verdadeiro laboratório, onde a experiência das poções mágicas da ternura e do

amor se misturam com o fermento para avolumar o pão e crescer numa relação de afeto, que

iremos levar na bagagem da vida.

- - - - -

Era madrugada, ouvi de longe um grito, ou melhor um lamento, parecido com choro. Era

o porco que chorava, pois seu fim estava chegando.

Com muita presteza e habilidade, Arlindo já havia matado e aberto o porco, separando a

barrigada das outras partes.

Quando chegamos à cozinha, o porco já estava em cima da mesa. As meninas: Glorinha,

Aparecida, Terezinha e Irene, lideradas pela mamãe, começavam a dividir as carnes.

Era mais um dia de grande alegria.

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Sal, sangue, alho, cebola, cheiro-verde, e, “já vai sair o chouriço.”

Carne moída, temperos, uma máquina com funil na ponta, “que linguiça deliciosa!”

Todos trabalhando, toucinho picado, um tacho no fogo e começa a fritura, “vamos ter um

maravilhoso torresmo!” A carne também é feita e colocada na gordura do torresmo.

Minha boca enche d’água só de lembrar da pele enrolada e passada na brasa. Que delícia!

Chegou a noite. Só o fogo aceso daquele fogão na cozinha já era o suficiente para res-

taurarmos do cansaço, mesmo quando a fumaça ardia em nossos olhos, a chaminé entupia,

a lenha demorava a queimar, era dali que vinha uma força de encantamento que nos unia, e

fazia crescer o amor de um pelo outro. A paciência e a ternura de nossa mãe e nosso pai nos

faziam sentir que a felicidade existia.

Antônio Lopes, com sua voz mansa, e a simplicidade de um grande historiador, começa-

va a contar uma daquelas histórias de arrepiar. Não me lembro bem, só algumas partes, as

quais faziam o Nizinho morrer de medo.

“Um monstro chegava ao curral e gritava: ‘O leite ou a vida!’ E alguém respondia: ‘Aqui é a

vida e não o leite.’ A voz ia se aproximando cada vez mais e fazendo a mesma pergunta. Talvez

pelo medo que causava no Nizinho e também em mim que só consigo lembrar desse trecho.

Aquele calor do fogo, aquela voz mansa, juntamente com o nosso cansaço de tantas

brincadeiras nos fazia ficar com sono e procurarmos a cama. Mas antes passávamos pela

capela para agradecer ao anjo da guarda por aquele dia maravilhoso.

Estes são momentos rápidos de nossa infância que não consigo viver por inteiro. Voltam

apenas em fragmentos, irresistíveis, emblemáticos e em tremores do coração (Fig 08).

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Havia um rio, uma cachoeira, o barulho da água parecia uma sinfonia, uma música aos

meus ouvidos.

E lá estávamos nós: Irene, Aparecida, Ivone, Glorinha, eu (Marilucia), tio Chiquito, Mo-

ninha, Áurea e Hildegard (irmãs de Aluízio) e Nizinho, desfrutando daquele momento, do

calor e ao mesmo tempo da frescura da água. Sentadas nestas pedras, era como se estivés-

semos num mundo de encantamento só nosso.

Aqui a farra estava mais animada (Fig 09). A alegria era contagiante. O rio nos per-

tencia como um presente nascido da terra, vinha do alto, rompendo das pedras, deslizava

cativo, seguindo sempre em frente.

Suas águas. Ah! As suas águas. Era isso que nos tra-

zia o desejo intenso de ficarmos mergulhados nelas, sen-

tindo o seu frescor. Toninho, de braços cruzados, pare-

cia tomar conta dos mais novos. Sua fisionomia era de

alegria, isso mostrava que fazia com prazer.

A cachoeira era viva tanto quanto nós. Falava,

suspirava, cantava; e sua água borbulhante, a sua

espuma branca, revelavam a nós apenas aquilo que

gostávamos de ouvir.

E em frente a esta maravilhosa cascata que

os galãs da fazenda - Nizinho, Joãozinho,

Peter (amigo de colégio) e Fifiu - faziam

poses de grandes artistas (Fig 10).

O relógio da sala de jantar badalava

seis vezes. Parecia que em cada batida ele

nos convidava para aquilo que deveria ser

feito. Papai e mamãe tomavam a direção do

quarto, apanhavam no criado mudo o terço.

Seguiam para a janela, pois dali, poderiam vi-

sualizar melhor o cruzeiro que ficava localiza-

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do no morro em frente. Eles sentiam talvez que assim estariam mais próximo de Deus. Um

reza a Ave Maria e o outro a Santa Maria. Eles levavam a sério o que Jesus nos ensinou:

“Onde houver um ou mais rezando em meu nome, estarei ali.”

As badaladas do relógio os chamavam para a oração, mas para nós, que ainda não tínha-

mos esta consciência para com as coisas religiosas, corríamos para a sala, onde em cima do

aparador existia um rádio. Estava na hora da esperada novela “Jerônimo, o herói do sertão”.

Será que Jerônimo vai conseguir fugir dos bandidos salvando a mocinha? O rádio começa a

chiar, ainda bem que Nizinho está por perto, pois só ele com sua paciência e tranquilidade

conseguia sintonizá-lo.

Mês de fevereiro, muita chuva, muita enchente, logo vamos ter a “enchente das goiabas”,

isto quer dizer que em breve vamos ter um grande serviço, ou melhor, uma grande farra. Cada

um de nós, com seu embornal pendurado no pescoço, saíamos em busca de goiaba.

Fazíamos até competição. Vamos ver quem consegue mais! Essas idéias nunca saiam da ca-

beça de Nizinho, pois a ele cabia sim a organização, a disciplina para que tudo saísse a contento.

Enquanto aguardavam as goiabas, Irene, Glorinha, Aparecida e Terezinha iam areando

os tachos, com muito zelo e capricho.

Terezinha pergunta ao tio Chiquito se tudo já estava providenciado para acender o fogo.

O louro (nosso papagaio) fica gritando, repetindo o que Terezinha dizia: “Querino ajuda aqui,

Chiquito olha o fogo!”

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Nesta bagunça de harmonia, onde cada um cuida de seus afazeres que saia a famosa

goiabada de Luiza. Pois a ela cabia a medida certa de cada ingrediente, o tempo exato que

deveria ficar no fogo, ou seja, o ponto.

Falando de goiabada, não poderia esquecer do queijo. Subindo por uma pedra que ficava

no fundo do quintal, perto do silo, chegávamos à queijeira: ali eram fabricados os queijos, a

manteiga, creme e soro. Tudo tinha seu tempo determinado. Eram feitos com muita higiene

e cuidado, não havia lugar para brincadeiras. A única coisa que acontecia fora do normal era

o desaparecimento de alguma forma, talvez raptada por alguns “ratinhos” que queriam sa-

borear com aquela goiabada. Que sabor delicioso tinha uma arte desta! Com tanta fartura de

tudo, o sabor era diferente, tinha a magia do segredo, do escondido.

Gente, o que vamos fazer hoje? Pescar? Pique-bandeira? Jogar bolinha de gude, triângulo?

Alguém sugeria: “Hoje está propício a caçar saracura.” Que maravilha! Saíamos todos

correndo, com os pés descalços, e infiltrávamos no brejo. Não consigo achar palavras para

descrever tamanha alegria ao pegar uma saracura.

Roberto, amigo ou melhor, irmão postiço de Nizinho, a princípio tinha medo, mas de-

pois era o que mais vibrava.

Todas brincadeiras eram feitas não só com os irmãos, mas também com os amigos. Em

época de férias a fazenda ficava cheia. Além do Roberto, tinha também André, Amândio,

Arcênio, Aluízio e Arnaldo.

Certa vez, Aluízio quase afogou no rio. Não estava acostumado, o rio estava muito cheio

e a correnteza forte. Foi o tio Lilinho que o salvou.

Era ainda madrugada, apenas ouço um toc-toc-toc pela casa. Era papai andando com

seu tamanco em direção ao quarto dos meninos para acordá-los. Querino já acendeu o fogo

e colocou a água para ferver, logo vai sair um café fresquinho. Os colonos, aqueles que mora-

vam na casa, vão chegando devagarinho. Pronto. Começa a distribuição dos afazeres do dia:

Toninho, leva com você o Aluízio e o Anderson para o curral de Marconove; Joãozinho, leva

o André e Arnaldo para o curral de cima; Nizinho e Roberto, ajudem o Geraldo no curral

da frente. Assim começava o dia na fazenda. Todos, até as visitas, tinham suas obrigações.

Talvez por isso, eles se sentiam importantes, pois papai confiava neles, eram úteis, eram bem

vindos (fig 12).

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Este é o sítio Sto Antônio (Fig 13), um pedaço de terra que fazia parte da fazenda Passo

da Pátria. Quando Lourdes casou com o Caquinho, foi morar ali e constituir sua família.

Muitas vezes, tomando o caminho da cachoeira, íamos até lá. Era um trajeto muito agra-

dável. Além de podermos nos maravilhar com o som, a frescura e a paisagem, podíamos

saborear um guaraná na venda do Valentinho.

Hoje os meninos vão bater uma pelada no campo de futebool. Acho que vai ser o time

do barriga branca. De repente, muita confusão e gritaria. Só vejo Nizinho passar correndo

seguido de Toninho. Não deu outra coisa, Nizinho não percebe um varal de arame farpado e

este corta seu supercílio.

Lourdes e Aparecida, preocupadas, não conseguem estancar o sangue, pois este jorrava

em grande quantidade. Já vai o Nizinho para o hospital. Como não poderia ser diferente, foi

mais um susto e tudo acabou bem.

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Chegou a hora de estudar.

Parar de brincar, calçar uma alpargata, colocar uniforme era uma situação não muito

agradável, mas fazíamos, pois estudar e aprender eram verbos que mamãe sabia conjugar

como ninguém.

Queria a todo custo que seus filhos mais novos conseguissem ter um diploma.

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E assim começa um novo ciclo de nossas vidas. Os meninos, Toninho, Joãozinho e Ni-

zinho seguem para Juiz de Fora, ingressam no Colégio Cristo Redentor. Moninha e eu para

o Colégio Stella Matutina.

Tempos depois, Toninho e Joãozinho retornam à fazenda e Nizinho segue para Viçosa.

Nossa vida de internato durou pouco. Mamãe adoeceu e logo em seguida partiu, deixan-

do um vazio muito grande em nossos corações.

Nos meses de sua enfermidade, rezávamos muito, pedíamos um milagre. Hoje refletindo

sobre isso, percebo os milagres que estavam acontecendo. Todos os dias, todos os momentos

foram plenos de milagres. A serenidade, a fortaleza dela, a sua imensa beleza interior, tão

nossa conhecida, sendo revelada de uma maneira mais intensa e espontânea, a sua fé ina-

balável, a sua tranquilidade e o seu deixar-se amar e deixar-se cuidar, oferecendo alegria e

serenidade a todos nós, nos momentos mais difíceis.

Não houve cura física, mas os tesouros que ela nos revelou durante todo o tempo, nos

enriqueceram e nos fazem felizes por ela ter sido nossa por algum tempo.

Penso que este é o milagre que nos foi dado. Sua falta foi enorme, mas o que ficou de sua

presença no coração de cada um de nós é maior que a sua ausência.

Alguns anos depois da partida de mamãe, papai, ainda fragilizado pela perda, resolveu

vender o Bom Retiro.

Mudamos para Paraíba do Sul (Fig 16).

Nizinho ficou em Juiz de Fora, moran-

do com a Glorinha, estava cursando o cien-

tífico. Em algumas datas comemorativas,

fins de semana ou férias, ele vinha passar

com a gente. Nessas ocasiões, ficávamos

na fazenda Maravilha. Esta não tinha a

mesma magia do Bom Retiro que tan-

to nos encantava, mas era agradável,

embora pairasse no ar um suspense,

algo parecido com lobisomem, mula-

sem-cabeça, coisas assim. Pois nela

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haviam marcas de um passado triste, de negros, escravos, senzalas...

Não sei se era por falta do cheiro da terra mineira, da brisa, o orvalho da cachoeira e as

noites de luar que tanto nos alegravam que não conseguíamos adaptar.

Mesmo assim ficamos ali por algum tempo. O leque de amizades foi crescendo: Joaquim

Novais, Maranhão, Geraldo e outros.

A família também estava crescendo. Papai resolveu fazer esta reunião (Fig 17).

Estávamos precisando disso. Quando estávamos unidos, a força nos fazia descobrir as

fagulhas por debaixo das cinzas, assoprar os gravetos, acender a lenha que estala e geme.

Quem faz fogo sabe que a lenha chora ao queimar. Mas esse choro se transforma em luz e

chamas que aquecem os corações. A vida precisa sempre dessa chama. Papai, em sua simpli-

cidade de homem do campo, era um grande sábio. Sabia do que precisávamos para continu-

armos nossos caminhos: era um aconchego, um pegar no colo, este calor humano vindo de

irmão para irmão, o juntar de sangue e bebermos todos juntos.

Com desculpa de querer continuar estudando, papai concordou com minha vinda para

Juiz de Fora. Mas, na verdade, o que eu queria mesmo era nossa casa de volta. Nossa união.

No princípio era só Papai, Nizinho, Gracinha e eu. Nada era igual, mas estávamos felizes, es-

távamos juntos. Nizinho continuava os estudos, não conseguia passar no vestibular. Naquele

ano, resolveu fazer o CTU para não ficar desocupado. Seus amigos Nilson, Toninho, Lelete

e Fernando frequentavam nossa casa. Era muita alegria. No fim daquele ano, Moninha ter-

minou o Magistério. Impossibilitado de comparecer à sua formatura, Nizinho mandou uma

linda carta, justificando sua ausência (Fig 18).

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Juiz de Fora, 19-12-64Dra. Mônica ou Dna MônicaAté que fica bacana!Quanto ao papel não se assuste! Ele é mesmo desta cor não ficou assim após eu pegá-lo.Tudo azul? Aqui tudo amarelo! Brinco para não chorar.É lamentável que isto tenha acontecido logo nestes dias, eu que com vocês vivi todos os preparativos para

sua formatura sinto-me agora na obrigação de conformar e é o que farei além do tratamento que devo seguir.Sem pensar mais, quero a 90km de distância desejar-lhe a mais completa felicidade, que êste dia marque

em sua vida muita alegria. Tudo aquilo de bom que fizeram o possível de ter neste dia que Deus às conceda. Parabéns minha irmã, procure esquecer aquilo que não te agrada e viva feliz êste dia é algo de especial não o esperdiça.

Quanto à valsa fica para a próxima, se Deus quiser...... Mais uma vez, felicidade para você e toda sua turma. Sinceramente, seu irmão.(não tinha outro papel)

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Nizinho, Moninha e eu, com o dinheiro recebido pela venda da fazenda, compramos

esse sobrado (Fig 19).

Foi aqui que passamos os momentos mais importantes de nossas vidas.

Moninha conheceu Alencar, Nizinho a Ana Maria e eu o Waltencir. Estes seriam nossos

companheiros e companheira, os pais de nossos filhos. Foi aqui que determinamos o nosso

futuro e nossos caminhos se separaram mais uma vez.

Mas levávamos, na bagagem, amor, fraternidade, companheirismo, fé, respeito e a cer-

teza de que iríamos continuar felizes.

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por Ana Maria

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Em 1966, passou no vestibular para o curso de Economia da Universidade Federal

de Juiz de Fora, Minas Gerais, depois de muito insistir para cursar Engenharia.

O trote, bem divertido e animado, dá início a uma outra fase na sua vida, conquistando

assim novos espaços e grandes amigos.

No primeiro ano de faculdade, durante as Olimpíadas Universitárias, evento este que

mobilizava todas as faculdades como Engenharia, Economia, Medicina, Direito, Filosofia,

Serviço Social, etc, foi escolhido para carregar o símbolo da conquista da Copa do Mundo,

a taça Jules Rimet. Lá estava Ananias, todo prosa, garboso, e, porque não, orgulhoso com o

feito.

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No segundo ano de Faculdade, mais precisamente em 15 de maio de 1967, conhece Ana

Maria no Ginásio de Esportes, durante um jogo de vôlei pelas Olimpíadas e inicia então um

namoro com aquela que, anos depois, viria a ser sua esposa e mãe de seus filhos. O namoro

durou dois anos regrados, é claro, com algumas desavenças, mas sempre com a certeza de

que um tinha sido feito para o outro.

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Em 12 de junho de 1969, oficializa o namoro, com o noivado realizado na residência de

Ana Maria e com a presença de toda a família, inclusive de seu pai Sr. Antônio. O evento é

noticiado no principal jornal da cidade, o Diário Mercantil.

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Durante o curso de Economia, participou de vários eventos, fazendo parte do time de

futebol.

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No último ano de Faculdade, fez uma viagem a Brasília para conhecer a nova capital,

que anos depois viria a ser sua nova residência. Esta viagem foi regada a muita brincadeira,

passando antes pela Gruta de Maquiné.

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Em dezembro de 1969, celebrou sua formatura com solenidades diversas: dia 19, Missa

na Catedral Metropolitana; dia 20, Colação de Grau no Salão Nobre da Reitoria da Universi-

dade Federal de Juiz de Fora, sendo paraninfo o Senhor Ministro Dr. Mário Henrique Simon-

sen e, orador da turma, Wagner de Andrade Gouvêa.

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Formado, e na esperança de conseguir logo um emprego, juntou-se aos amigos Wagner e

Itamar e foram para o Rio de Janeiro tentar a sorte. O fato foi também noticiado no jornal de

Juiz de Fora e as gozações vieram a seguir. Moraram por um bom tempo na Rua Domingos

Ferreira, em Copacabana, na pensão da D. Hilda que alugava quartos para rapazes.

Na noite do dia 21 de dezembro, no salão do Círculo Militar, a mesa animada do baile era

composta por Ananias, Ana Maria, Mônica e Alencar, Waltencir, Marilucia, Luenir e Toninho,

Élcio e Glorinha, Amaury e Deise, Neyde e Walter Baldi, Renato e Aparecida.

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Durante dois anos, Ananias ficou no Rio, trabalhou na Empresa Sadia, onde seu cunha-

do Jorge era gerente de vendas, mas sempre na expectativa de conseguir uma coisa melhor,

visto que se deslocava todas as sextas-feiras para Juiz de Fora, onde se encontrava com sua

noiva Ana Maria.

Pelas mãos do grande amigo e depois compadre Maranhão, ingressou no Ministério

das Minas e Energia, através de um curso de pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas e

depois aproveitado no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), onde exerceu

sua profissão, até se aposentar em março de 2001.

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Em 20 de agosto de 1971, contraiu matrimônio com Ana Maria, tendo sido o evento des-

taque na coluna social do Diário Mercantil.

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A cerimônia civil foi realizada às 10 horas na residência dos pais de Ana Maria, Sr. Irênio

e Dona Zezé; e a religiosa, às 20 horas, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, oficializada pelo

Pároco Pe. Aloysio Derossi Costa que foi quem também celebrou o batizado de Ana Maria.

No civil, os padrinhos foram:

De Ananias: Marilucia e Waltencir; Nely e Joãozinho; Zezé e Galeno; Glorinha e Luiz

Roberto Bellei.

De Ana Maria: Cirene e Jack de Freitas; Stela e Antônio; Dirce e Waltinho; Janice e An-

tônio Damião.

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Na cerimônia religiosa, os padrinhos foram:

De Ananias: Aparecida e Renato; Monica e Alencar; Luenir e Maranhão; Wilma e Nylcio.

De Ana Maria: Hermínia e Gustavo; Regina e Luiz Quinet; Dadá e José Luiz; Maria e

Fernando Turqueto.

Após a cerimônia religiosa, foi servido um coquetel na residência da noiva e depois os

noivos seguiram na mesma noite para o Rio de Janeiro onde iriam fixar residência.

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Em novembro, mudaram para Rua Domingos Ferreira 130, apt. 801, pois já estavam na

expectativa do primeiro filho, Alexandre, que chegaria no início do ano seguinte.

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Em abril de 1973, realiza com

Ana Maria uma viagem à Salvador

- BA. Reparem o detalhe: o bigode

(depois de casado, pela primeira

vez adota este novo visual).

Nessa época, aconteceu um fato interessante. Ananias gostava muito de jogar na loteria

esportiva, tinha sempre seus palpites e sonhava ganhar um dia o tão esperado prêmio, afinal

a família ia aumentar e nada mal uns trocadinhos a mais.

Não é que ele realmente ganhou...

Só que teve que dividir com muita gente e o rateio que lhe coube serviu para comprar o

enxoval, o carrinho e o berço do bebê que estava para chegar.

Naquele tempo, usava publicar no jornal o nome dos ganhadores e não é que ele foi no-

tícia novamente?

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Em 04 de março de 1972, pesando 3,680kg e medindo 49cm, nasce na Casa de Saúde

São Clemente, em Botafogo, pelas mãos do Dr. Cabral, o 1º filho, ALEXANDRE. Encheu de

orgulho não só os pais como também os avós, Irênio e Zezé e os tios paternos.

Alexandre era a concretização do amor de Ananias e Ana Maria.

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Alexandre fez aulas de taekwondo, e jogou também futebol, mas o seu esporte preferido

era mesmo andar de bicicleta.

Desde cedo mostrava sua inclinação para bicicleta, e participava de corridas embaixo do

bloco e depois nas federações de ciclismo.

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Em 1982, por ocasião do Dia dos Pais, Alexandre fez uma redação que deixou Ananias

feliz e vaidoso.

Escola Paroquial Santo AntônioBrasília, 5 de agosto de 1982Aluno: Alexandre ReisRedaçãoMeu Pai PaiMeu pai ele tem os cabelos brancos, mas é um craque de bola.Meu pai todas as sextas feiras ele vai para a sinuca depois do trabalho, ele gosta muito dos meus peixes e pas-sarinhos, pois nos domingos é ele que limpa o aquário e as gaiolas dos passarinhos.Meu pai gosta muito de jogar bola ele antigamente, em 81, jogava num campo, de futebol que eles alugavam com rede pronta, trave e tudo.Meu pai eu vou cantar um verso para você por tudo que você fez por mim por tanto tempo.Meu pai é o homem mais legal do mundo, ele é um barato.Um beijo Alexandre

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Em 2006, Alexandre trouxe para família de Ananias, Cláudia e Rodrigo. Foram dois

anos de uma convivência harmoniosa, mas Cláudia nos deixou em 29 de dezembro de 2008,

ficando em nossa lembrança seu sorriso, simpatia, sua loirice, seus olhos azuis inquietos que

buscavam a base de uma família para continuar sua caminhada.

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Hoje, Alexandre constitui sua

família com Fernanda e Rodrigo;

ela, com seu jeitinho meigo e cari-

nhoso, tem nos conquistado.

Hoje, aos 38 anos, Alexan-

dre é tricampeão brasileiro e

Medalha de Bronze no Paname-

ricano de ciclismo em Mar Del

Plata – Argentina, na sua cate-

goria. Enche de orgulho o paizão

que, se pudesse, sempre o acom-

panharia nas corridas.

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Em 04 de outubro de 1974, nova emoção, nova realização. Nasce GUSTAVO, pesando 3,400kg

e medindo 49cm, pelas mãos do Dr. Olavo, na Casa de Saúde Santa Helena, em Brasília.

Gustavo chega para juntar-se a Alexandre, Ananias, Ana Maria, como novo membro

desta família alegre e feliz que o recebeu com muito amor e carinho.

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Gustavo desde cedo

mostrou sua inclinação para

o futebol. Participou de di-

versas escolinhas, entre elas,

a do Professor, e ex-jogador

de futebol, Nilton Santos.

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Em 7 de maio de 2005, Gustavo casa-se com Glenda que veio unir-se à nossa família,

trazendo sempre muita alegria.

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Em 10 de dezembro de 2008, desta união nasce PEDRO, que é muito comunicativo, den-

goso e adora brincar com o vovô de boizinho, batendo a testa um no outro.

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Em 12 de agosto de 1977, nasce RAPHAEL, fazendo trio com Alexandre e Gustavo. Pe-

sava 3,200kg e media 49cm. Chega pelas mãos do Dr. Olavo, no Hospital Santa Helena, em

Brasília. Seu nome é dado pelo futuro padrinho Maranhão, pois era uma homenagem ao

falecido vovô Irênio que assim o queria. Raphael era loirinho e de olhos azuis.

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Em 1982, Raphael sofre uma cirurgia no coração, em São Paulo, no Hospital Sírio Li-

banês, sendo operado pelo Dr. Adib Jatene. Ananias encontra muito apoio no amigo-irmão,

Roberto Italiano.

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Em 2001, Raphael resolve aperfeiçoar seus estudos na Austrália, morando por 3 anos

em Sidney, deixando aqui um grande vazio, pois é sempre muito espirituoso e brincalhão.

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Depois de 4 anos de namoro com Paula, Raphael oficializa o noivado em 30 de julho de

2010. Com seu jeitinho meigo e delicado, Paula já conquistou nossos corações.

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Em 25 de agosto de 1979, nasce PATRÍCIA, com 3,180kg e medindo 49cm, também

pelas mãos do Dr. Olavo, no Hospital Santa Helena, em Brasília. É impossível descrever o

sentimento que tomou conta não só de Ananias e Ana Maria como de todos que torciam

pela chegada da princesinha. Marisa e Sônia, que faziam companhia à vovó Zezé e Ananias,

presenciaram o choro de alegria do novo pai coruja. Não é preciso dizer que ela se tornou o

denguinho do papai e o chamego dos irmãos.

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Patrícia despertou logo para o Ballet e suas apresentações enchiam os olhos do papai

Ananias que ficava admirado com o talento da filha.

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Mais tarde, Patrícia encontra em Igor o seu escolhido e com ele germina uma nova se-

mentinha, que, em 21 de novembro de 2006, nasce no Hospital Santa Helena, em Brasília, o

1º neto, BRUNO.

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Durante os anos que trabalhou no DNPM, Ananias realizou muitas viagens, entre elas:

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Durante o ano de 1987, Ananias é selecionado para fazer no Rio de Janeiro o curso da

ESG - Escola Superior de Guerra. Sua família ficou em Brasília, pois, com os filhos em idade

escolar, não valia a pena mudar só por um ano. A saudade era amenizada com suas vindas de

15 em 15 dias. Durante este período, viajou por todo o Brasil, de Norte a Sul.

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Eu e o DNPM

“No dia 12 de março de 1972, ingressava no Serviço Público Federal, mais precisamente

no DNPM-RJ, através da CAEEB, como economista, Ananias Esteves dos Reis.

Era Diretor do DNPM, naquela época, Ivan Barretto de Carvalho, técnico da Petrobrás,

um bom dirigente. Sua gestão transcorreu de forma tranquila, com poucas surpresas e muito

trabalho.

Havia concluído o curso de Economia Mineral e de Energia na Fundação Getúlio Vargas,

estava bastante motivado, cheio de esperança e com muita vontade de trabalhar.

Fui muito bem recepcionado pela então Direção do DNPM. Ouvi, quando da minha

apresentação, um discurso entusiasmado, cheio de otimismo.

Verdade é que tudo transcorria como previsto. Dois anos depois, ainda sob a mesma

administração, fomos transferidos para Brasília. Outra boa surpresa! Já com um filho a tira-

colo, o Alexandre, encarei com disposição e coragem, mais este desafio.

Em termos de bem-estar familiar tudo ia bem, graças a Deus. Vivíamos bem, confiantes

e felizes.

No trabalho, do ponto de vista profissional, tudo ok... Minha ascensão acontecia de forma

rápida. Um ano depois do meu ingresso era promovido a Chefe de Seção, depois Assessor, etc...

Por outro lado, do ponto de vista organizacional, comecei a experimentar, já em 1974/75,

as primeiras surpresas desagradáveis. Medidas irresponsáveis começavam a tirar nossa tran-

quilidade. Primeiro foi o fim dos convênios, depois do F.A.S, Tabelas Especiais, etc...

Eu, apesar de tudo isto, continuava entusiasmado. Minha dedicação mantinha-se exemplar.

Em 1976, na Administração do Dr. Acyr Ávila da Luz, assumi a Chefia da Assessoria de

Planejamento do DNPM, depois Coordenadoria...

Em 1979, depois de um período muito bom para o DNPM, Dr. Ivan Barretto de Carva-

lho reassumiu a Direção do DNPM. Outro dirigente completamente diferente daquele que

conhecemos em 1972. Era o início do fim...

(Texto escrito por Ananias em 1992)

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Logo que assumiu, deixou claro seu compromisso: recuperar o prestígio da CPRM, mes-

mo que para isto tivesse que prejudicar o DNPM. Na sua bagagem vieram: a Direção da

DGM, DEM, DFPM, Distritos, residências e vários Assessores.

O DNPM passou a ser, nas mãos desses homens, um instrumento para ser usado em

benefício da CPRM. Coisas do DNPM, que contrariassem os interesses daquela Empresa,

deveriam ser eliminadas. Assim foi que perdemos o RADAMBRASIL, CEIEM, etc...

O projeto RADAM representava uma ameaça para a CPRM. Ele era um exemplo vivo de

que a CPRM havia sido um lamentável engano.

O RADAM estava, na época, em vias de se transformar num órgão com personalidade

jurídica e tudo, a fim de assumir, definitivamente, o comando dos estudos e dos trabalhos ge-

ológicos no território brasileiro. Com isto ocuparia de vez, todo o espaço reservado a CPRM

e que ela não demonstrava competência para tal.

Ante os problemas conjunturais que já eram muito sérios, e sem os mesmos recursos de

antes, surgiam os primeiros complicadores. Como se isto não bastasse, aconteceu durante

esta mesma gestão, o maior escândalo na vida do DNPM. Uma verdadeira briga de comadres,

com denúncias de corrupção e outras coisas mais. Instalou-se o caos no órgão. O DNPM

transformou-se num verdadeiro mar de lama. Daí para frente só somamos prejuízos.

Depois do RADAM, além de perder o CETEM, perdeu-se a responsabilidade direta so-

bre os programas de mapeamento básico, recursos hídricos, manutenção do CGA e outros...

Isto, agora, em 1991, quando a CPRM foi transformada em Entidade Supervisionada.

O DNPM diminui, a cada dia, de importância. Não sabemos se ele ainda consegue jus-

tificar sua existência. Sequer teve força para reagir recentemente, quando da reforma admi-

nistrativa, mesmo sabendo que esta só lhe prejudicaria, como realmente prejudicou.

Desacreditado, desestruturado, dificilmente sobreviverá... Mesmo se transformando em

Autarquia, como realmente ocorreu.”

Em 05.03.1992

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Uma boa recordação que Ananias tem é das suas férias em Rio das Ostras - RJ. Frequen-

tou aquela praia por mais de 30 anos. Ali passava o mês de férias e as crianças adoravam o con-

vívio com os primos e amigos. Durante o carnaval, ficava irreconhecível, pois toda sua timidez

era transformada pelas fantasias que vestia durante o desfile do famoso bloco do general..

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Todos os anos, tinha o compromisso de passar pelo sítio do seu irmão Toninho em Itaguaí,

onde as crianças já estavam, às vezes, desfrutando das férias, antes de ir para Rio das Ostras.

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Nas comemorações dos seus 50 anos, foi surpreendido com a vinda de 8 dos seus 11 ir-

mãos. Foi uma festa muito boa, realizada na residência dos amigos Jadir e Evaristo no Lago

Sul. A presença dos irmãos ratificou a união, a amizade, o carinho e o respeito que tinham

uns pelos outros.

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Aproveitando a vinda dos irmãos, Ananias, com eles, fez belos passeios para mostrar

Brasília

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Desde pequeno, quando estudava interno na Academia do Comércio, seu time de futebol

era o Bangu, pois cada turma representava um clube de destaque. Sua paixão pelo Bangu

continuou mesmo depois de formado e qual não foi sua surpresa quando recebeu, na data de

seu aniversário, um cartão de felicitações.

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Com o tempo, passou também a torcer pelo

Cruzeiro Esporte Club de Belo Horizonte, ga-

nhando inclusive um kit com camisa e relógio.

Atualmente, tem verdadeira paixão

pelo tênis e seu ídolo é o Roger Federer.

O primeiro cachorrinho, que Ananias teve em nossa casa, foi o Guri, dado ao seu filho

Alexandre pelo amigo/irmão Carlos. Veio de Recife, num avião e logo mostrou que seria mui-

to sapeca, pois fugiu dentro do compartimento de carga do avião que o trazia. Anos depois,

fez sua maior peraltice, fugiu e nunca foi encontrado. Era da raça FoxTerrier Inglês.

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Anos mais tarde, seu filho Gustavo ganha de um amigo a cadelinha Julieta, vira-lata,

que se tornou não só de Ananias, mas de todos que a conheceram, um verdadeiro Xodó.

Quando partiu em agosto de 2008, deixou um vazio e uma tristeza imensa em toda família.

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No casamento da sobrinha Cláudia, em Itaguaí, sua atração por animais fica mais uma

vez evidenciada. Olha a cachorrada em seu colo.

Atualmente, sua dedicação é ao cachorrinho Guti da raça shitsu , que pertence a Gustavo

e Glenda e se hospeda em nossa casa sempre que eles viajam. É um grude só. Ananias não

consegue fazer nada sem a presença do Guti, que tem verdadeira paixão por ele.

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Em nossa casa, sempre tivemos ajudantes que nos auxiliavam no trabalho doméstico e

com as crianças. Primeiro veio a Leila, Maria Helena, depois, Nalva que foi quem mais nos

ajudou a criar nossos filhos e nos presenteou, também, com uma neta de coração, a Raquel.

Hoje é Neide, que divide conosco nossas tristezas e nossas alegrias.

Durante muitos anos, sua sogra Dona Zezé morou em nossa casa, mais precisamente, de

março de 1991 a março de 2004 (13 anos), quando partiu para a Casa do Pai.

Engraçado dizer que o cuidado que Ananias tinha com sua sogra Zezé, muito chamava a

atenção dos que com eles conviviam. Era uma relação de filho para mãe e vice-versa. O cari-

nho e a dedicação que Ananias dedicou a D. Zezé jamais serão esquecidos por aqueles que lhe

querem bem.

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A grande devoção de Ananias é a Nossa Senhora das Graças, pois foi no seu dia que ele

nasceu. Sua religiosidade o faz participar toda semana da Santa Missa, ora na Capelinha do

Bom Jesus, ora na Igreja São Camilo de Lélis ou nas cerimônias no Hospital SARAH .

Em 1985, foi convidado a carregar o andor de Nossa Senhora, na procissão que saiu da

sua casa para a Capela do Bom Jesus, no encerramento do mês de maio, mês de Maria.

No hall de sua casa, encontra-se, em um pedestal, a imagem de Nossa Senhora das Gra-

ças, que ele tanto louva e venera, pois todas as noites está diante dela, pedindo e agradecendo

as graças até hoje recebidas.

Ananias tinha uma preocupação com o bem-estar de D. Zezé, tomava conta mesmo, dei-

xava de sair para lhe fazer companhia, atitudes de um filho, zelando pela sua mãe.

Quando D. Zezé partiu, ele dizia a todos que tinha perdido não uma sogra, mas uma

verdadeira mãe.

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A sua casa foi palco de vá-

rias celebrações religiosas: terços,

novenas e missas celebradas, em

geral nos aniversários da sogra -

mãe Zezé.

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No ano de 1979 , funcionava, ao lado da Capela do Bom Jesus, o Seminário Menor da

Arquidiocese de Brasília. Sob a direção do Padre Joaquim de Lamare, estreitamos contato

com vários seminaristas que, aos domingos, iam a nossa casa e almoçavam conosco. Desta

aproximação, veio o convite do então seminarista, e hoje Pe. Joaquim Cavalcante, para que

Ananias o crismasse. Hoje, ele é responsável pela Paróquia São Pedro e São Paulo da Diocese

de Itumbiara - Goiás.

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Desde que chegou a Brasília, em 04 de janeiro de 1974, Ananias fez muitas amizades.

Com a família morando distante, os novos amigos tornaram-se, desde cedo, sua nova famí-

lia. O texto abaixo bem traduz o que é ter amigos:

Amigos, como é importante os ter...

O tempo passa. A vida acontece. A distância separa... As crianças crescem. Os empregos

vão e vêem. O amor se transforma em afeto. As pessoas não fazem o que deveriam fazer. O cora-

ção pára sem avisar. Os pais morrem. Os colegas esquecem os favores. As carreiras terminam.

Mas os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo nem quantos quilôme-

tros tenham afastado vocês.

Um AMIGO nunca está distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por

você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, abençoando sua vida!

Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabemos das incríveis alegrias e

tristezas que experimentaremos à frente, nem temos boa noção do quanto precisamos uns

dos outros...

Mas, ao chegarmos ao fim da vida, já sabemos muito bem o quanto cada um foi importan-

te para nós!

(Autor Desconhecido)

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‘‘Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas

montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos e mais perto de Deus, devemos cui-

dar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los!’’

(Zilda Arns)

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Ele ou ela?

Não se sabe ainda...

Mas que importa...

Se o coração bate mais acelerado

Por essa sensação que é ímpar?

Ser avô... que coisa linda!

Não se vê a hora do anjinho chegar!

Corre-se para as lojas... compra-se de tudo

Para o quartinho enfeitar:

São bichinhos de pelúcia...

Cortinas de renda...

Até a cadeira de balanço,

Para o bebê acalentar!

Busca-se no baú das lembranças

As cantigas de ninar!

Parece que os dias não passam

O tempo fica ali... zombando da gente...

Retardando o grande momento.

Mas... quando ele é chegado...

A emoção toma conta da gente!

O coração parece ficar pequenino

Para tanta emoção suportar!

As lágrimas surgem teimosas...

junto ao riso de contentamento!

Ah! A emoção sentida

(A. Nery Vanti)(A. Nery Vanti)

Ser Avô

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Não pode ser explicada...

Não há nada semelhante!

Aconchegar o netinho ao peito...

Tão miudinho... dependente...

É como apertar nos braços

O próprio filho... novamente!

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O Valor da Amizade

"Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mes-

mos as qualidades que naquela admiramos."

Sócrates

O Nylcio e o Nyldio estudavam em Juiz de Fora e moravam na pensão da tia Alzira e

do tio Tcheco. Eles já estavam bem erradicados na cidade, enquanto o resto da família morava

em Lafaiete. Por obra do destino, o Nylcio se apaixona por uma vizinha da pensão da tia Alzira

cujos pais eram donos de fábrica de meias. Após ter observado as condições favoráveis que a

cidade de Juiz de Fora possuía para instalar fábricas, o Nylcio, também influenciado pela fa-

mília da vizinha, arriscou em investir em uma fábrica de malhas, inaugurada em 1965 com o

nome de Malharia Dreska.

Nesta ocasião, nossa família morava em Lafaiete. Somente no ano de 1968, o Nylcio

convenceu a mamãe de mudarmos para Juiz de Fora.

Não foi fácil adaptar. Por outro lado, o sorriso do Nylcio, Nyldio, Ica e Eloísio era trans-

bordante, pois a família estava unida novamente. Eu ficava impressionada de ver como eles

já tinham amigos e viviam rodeados deles. Eu ouvia-os comentar sobre seus amigos e, em

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especial, falavam de um tal de Ananias de uma maneira diferente. Sem conhecê-los, não ti-

nha dúvidas de que Dora, mamãe e eu sabíamos que o Ananias era um moço muito especial,

principalmente porque a família dele era conhecida e amiga da tia Alzira e do tio Tcheco.

O pai do Ananias visitava semanalmente os nossos tios. No ano de 1968, o Nylcio se

casou com a linda vizinha Wilma e até a família dela torcia para que, um dia, quem sabe, a

Loren, filha do Nylcio e da Wilma, pudesse se casar com o filho do Ananias...

Realmente, o Ananias era uma pessoa especial também para Dona Ilda, sogra do Nylcio,

e à medida que o tempo passava, mais a família amava o Ananias.

Também, como descrever uma pessoa de caráter tão nobre como o Ananias? Um homem

jovem, extremamente educado, sensato, altivo, socialmente entrosado e querido intensamente

pelos amigos. O Ica, Nyldio, Nylcio e Eloísio demonstraram um carinho tão grande por ele que

não tinha como explicar. Eu percebia que os meninos se encantavam mais com a simplicidade

e educação do Ananias. A amizade entre eles foi se aprofundando e criando tenras raízes.

Ananias casou-se com a sua amada Ana e se mudaram para Brasília. Tiveram quatro

filhos maravilhosos. Assim que chegavam a Juiz de Fora, procuravam se encontrar com os

amigos que ficaram para trás, porém nunca saíram do seu coração.

Muito mais tarde, em 1986, eu me casei e mudei para Brasília. O Nylcio fazia mil planos

para me visitar e muito mais: queria se encontrar com Ananias... e o Nylcio, Nyldio, Eloísio e Luit

vieram a Brasília. O Nylcio já havia telefonado para o Ananias e lhe passado meu endereço.

Como fiquei surpresa com o encontro deles em Brasília. O Ananias chamava o Nylcio de

“Bisnaga” e como o Nylcio ficava feliz.

Várias vezes eles voltavam a Brasília e o Ananias era o “ponto turístico” por ele almeja-

do. Como eles se gostavam, entendiam e sentiam orgulho por aquela sólida amizade.

Hoje, dia 27 de novembro, data em que você, Ananias, completa setenta anos, gostaria

de lhe parabenizar em nome do Nylcio (in memoriam) que a você tinha como irmão querido

e abençoado. Não existem palavras, Ananias, que expressem na altura do merecimento que

lhe deve ser conferido.

Você, Ananias, leva tranquilidade onde não existem expectativas de entendimento. É luz

para aqueles que estão nas trevas da incompreensão. Seu jeito manso e humilde demonstra

respeito e deixa o outro desconsertado. Sua serenidade, ternura, meiguice e firmeza de cará-

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ter são características raríssimas nos cidadãos de hoje em dia.

Bem aventurados meus irmãos que puderam desfrutar de sua amizade, companhia e

cumplicidade.

Como é gratificante ver você tão unido com seus irmãos de Juiz de Fora que sempre lhe

fazem festas-surpresa.

Será porquê, hein Ananias? Você merece tudo de bom e maravilhoso. Pessoas de caráter

nobre como você é preciso ser guardada debaixo de sete chaves e do lado esquerdo do peito

que lateja palpitante ao perceber a sua delicada e ditosa presença e verdadeira amizade.

Que Deus abençoe você e toda a sua maravilhosa família, filhos e netos. Esteja certo de

que hoje e sempre o “Bisnaga” estará contigo seja onde for que ele estiver, pois a morte existe

para aqueles que não são amados, portanto, vocês estarão eternamente em plena comunhão.

Tânia

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Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade...

Eu era criança e quando ouvia tal afirmação pensava: ‘Homem de boa vontade é aquele

que perdoa sempre, que ouve com atenção o ‘chato’ que, por mais ‘chato’ que seja, é capaz

de ajudar o filho ou irmão de quem já lhe ofendeu’. Não obstante a pouca idade, achava que

deviam ser muito poucos os merecedores de tal qualificação. Entendimento singelo, sem pro-

fundidade e/ou abrangência analítica. Faltava-me experiência de vida.

E mais anos foram se passando e eu reconsiderei alguns requisitos, de início rígidos,

pois então entendi que perfeito só Deus. Condescendi, eu admito, mas ao longo de uma jorna-

da de 70 janeiros encontrei pouquíssimos homens de boa vontade e dentre estes, NIZINHO,

filho do venerando Antônio Esteves dos Reis, o meu COMPADRE muito querido ANANIAS.

Quem, no seu ambiente de trabalho, entre seus parentes, no seu convívio com amigos de

Minas e Brasília, poderia falar de faltas suas, por mais insignificantes. Peço permissão para

apelar ao dito popularesco político: “Ananias, o amigo de todas as horas”, ou melhor, o fra-

terno amigo, o genro dedicado, o irmão mais irmão, o marido apaixonado e o pai extremoso

de todas as horas.

Para a sociedade, Nizinho, você é paradigma de cidadania, e para mim, seu amigo Ma-

ranhão, um homem de boa vontade.

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Faz tempo... mais de vinte anos. Foi em 1987, reunidos, a maioria homens mas também

algumas mulheres, muitos militares, mas também diplomatas, juízes, empresários, econo-

mistas, médicos e outros profissionais liberais, com o objetivo de estudar o nosso País na

Escola Superior de Guerra.

Em meio a camaradagem geral, entre os então desconhecidos, aproximavam-se, for-

mando grupos entre os que sentiam mais simpatia mútua.

Disputado por todos os grupos, um senhor de face jovem e cabelos grisalhos, sempre

compreensivo e disposto a ajudar, circulava detendo-se mais no grupo em que eu fazia parte

- o Ananias. Seu segredo: saber ouvir. Ouvir com interesse as nossas estórias, as mais varia-

das, por mais desinteressantes que fossem. Por sua postura amiga, eu, o Farias, o Moisés, o

Cambiaghi, o Domingos, o Eli e tantos outros estimávamos a presença dele entre nós.

O destino fez que, neste intervalo de tempo, cada um seguisse seu caminho, alguns até

mesmo para o repouso eterno dos homens bons.

Como um privilégio, o destino conservou minha proximidade e convivência com o Ananias

e o entrosamento entre nossas famílias. É mais uma coisa que tenho que agradecer a Deus.

Gélio Fregapanni

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Ananias 70 anos - 2010

Ananias é, será e sempre foi um ser humano espetacular. Calmo, sereno, amigo do pei-

to, adorado por todos. Em todo os anos que convivemos nunca ouvi de ninguém uma crítica

sequer ao querido Ananias. Carinhoso, afável com os amigos, alguém que se tem orgulho em

ser amigo.

Eu, particularmente, sempre tive grande admiração por ele.

UM HOMEM DE BEM.

Jarbas Batitucci

Sério, compenetrado, observador, fala pouco e mansamente, bonito, vaidoso, está sempre

impecável louco pela família, nunca esquecendo suas raízes... Um homem que viveu em função

do trabalho e da família, procurando passar para seus filhos os princípios de caráter, honesti-

dade, simplicidade, cidadania e religiosidade.

Um genro que soube entender tia Zezé e aceitá-la em sua casa por muitos e muitos anos,

coisa que não é fácil.

Sinto-o como um marido apaixonado... Assim percebo Ananias, meu querido compadre.

Quero deixar registrado dois fatos que retratam a sua generosidade e bondade:

Em 1972, passei num curso no Rio de Janeiro e o apartamento que iria morar com umas

amigas estava em obras. Ananias e Ana eram recém-casados (6 meses) e é com muita emo-

ção que falo e relembro: fui morar com eles num apartamento na Rua Domingos Ferreira em

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Copacabana, e lá fiquei 6 meses. Já pensaram no incômodo que foi, pois eu nem parente dele

era? Sinto uma gratidão imensa e registro aqui a grandeza de alma do Ananias. Obrigada

meu compadre.

O outro fato foi quando voltávamos de uma temporada em Rio das Ostras e Ananias e

Ana vieram de carona no meu carro. Em dado momento, a Ana diz: "Vamos rezar o terço ?"

Ananias acompanhava tudo sabendo até qual o mistério a ser contemplado. Fiquei realmente

encantada!

Neste mundo em que os valores que citei são tão raros, conhecer uma pessoa como você,

Ananias, é um presente para nós.

Um grande abraço e um beijo carinhoso,

Dadá- - - - -

Tio Parrudo, por morarmos em cidades

diferentes temos pouco contato, mas você é

um tio muito querido. Sempre, ao chamar-

me de “fiinha”, sentia em sua fala uma gran-

de ternura.

Lembro-me que, quando nasceu meu

primeiro filho, recebi sua visita ainda no

hospital em Juiz de Fora. Que alegria! E o

Sr., na sua ternura de sempre, perguntou-

me: “Ô fiinha, como ele vai se chamar?”

“Luiz Fernando, tio”. E o Sr. respondeu: “Dois nomes é ruim”. Nos olhamos e acho que

o Sr. se deu conta que os nomes dos pais são: Ana Lúcia e Marco Antônio (rsrsrsrs). E o se-

nhor acrescentou: “Ele é lindo!” Esse é, aos meus olhos, o meu adorado tio Nizinho, sempre

educado, mesmo no “mico”.

Tio, que Deus continue te protegendo e iluminando para que possa continuar sendo esse

ser humano maravilhoso. Tudo, mas tudo mesmo de bom.

Beijos, sua sobrinha

Ana Lúcia (Xi! São dois nomes! Rsrsrs)

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Oi tio,Foi bom saber que eu fiz parte desta história.E como seria se eu tivesse com o senhor ai tio Nizinho?Acho que seria bom, né? Mais com um condição se a minha mãe fosse junto e meus irmãos também.Assim eu não teria que ficar indo e vindo de Brasília.Obrigado pelo Carinho!!!E parabéns pelos grandes 70 anos. E que eu chegue lá.Ass. Robert Alexander.

Tio Nizinho,

Serenidade em pessoa, pelo menos é o

que acho! Parece que não se abala nunca!

Transmite paz e tranquilidade a todos! Do-

tado de uma calma invejável!!!

Esse é o Tio Nizinho!!!

Adriana Reis

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Ananias 70 anos - 2010

São Paulo, setembro de 2010Meu caro amigo-irmão Ananias,Ao chegar a Juiz de Fora em 1952 não imaginava que pudesse encontrar uma cidade com gente tão boa

e nem que ali eu conheceria um cara tão especial como você e toda sua família. Houve uma afinidade grande logo e eu, o italianinho mal sabia que estava diante de uma pessoa que até hoje posso chamar de amigo.

Você é um dos poucos a quem eu posso chamar... Teria tantas coisas para contar mas acho que a principal é ter tido a sorte de ser recebido com tanta hospitalidade.

Até hoje lembro da alegria que sentia ao embarcar no ônibus de Bicas e ir contando as curvas e retas que conhecia de cor...

A Bom Retiro foi o lugar onde eu vivi muito intensamente minha adolescência. Obrigado Nizinho “Par-rudo” por você existir. Parabéns. Teu amigo

Roberto

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João! ... Toninho! ... Nizinho! ... “Filipe”! ... “Binidito”! ...Tá na hora!! É Diiia!Moninha! Mariluci! Vom vê.Plac! Plac! Plac! Fazia o tamanco de Sr. Antônio. Nessa hora era o “Nogueira” Porque ninguém queria levantar...

_ E eu Seu Antônio? – (Chupeta)_ Você vai comigo no ônibus das 10!

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Ao escrever esta mensagem para você, irmão querido, vou relembrar o que sempre digo.

Quantas coisas boas se passaram nestes 70 anos...

O seu nascimento foi uma grande surpresa: um menino, que papai adorou, e nós, suas

irmãs, ficamos contentes com a sua chegada.

Suas artes não foram poucas: muito chorão. Eu e Terezinha tínhamos que fazer chuqui-

nha de açúcar para você dormir quando queríamos sair para brincar. Mesmo assim, com

seus choros e manhas, você foi e é um irmão querido e amado por todos nós.

Que Deus te abençoe sempre e que sua vida se prolongue por muitos e muitos anos!

Te amo sempre e sempre.

Irene

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Ananias 70 anos - 2010

Tinana,

É como sempre chamei! O mais organizado e metódico de todos!

70 Anos... É para comemorar em grande estilo!

Desejamos muita saúde, paz, amor e tudo de melhor que só Deus pode lhe oferecer!!!

Felicidades hoje e sempre!!!

Com carinho,

Moninha

- - - - -

Querido irmão, ouvir histórias é uma das mais remotas formas de entretenimento do

ser humano.

Agora, contar histórias, principalmente nossa, transporta-nos à nossa infância e faz bro-

tar em nossa memória momentos de grande alegria, de aprendizado e crescimento.

Nestes últimos dias fui beneficiada por este grande prazer: relembrar o quanto você foi

importante em meu crescimento. Ter você perto de mim, seguindo seus passos, seu exemplo.

Deus nos abençoe e nos conceda ainda muitos momentos juntos.

Te amo,

Marilucia

- - - - -

Parrudo, sinto saudades do período que passamos juntos, lembro-me perfeitamente de

você, brincando com meus filhos, era de grande ajuda.

Enquanto vocês brincavam eu podia costurar. Você dizia: “Deixa sua mãe, ela está tra-

balhando!”

Foi um período muito bom.

Obrigada por você existir, estando sempre ao nosso lado.

Deus te abençoe.

Glorinha

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Ananias 70 anos - 2010

Tio Nizinho,

Estamos aqui nesta foto de penetras, mas foi uma coincidência oportuna, pois estamos

representando a Vó Zezé.

Aproveito a oportunidade para parabenizá-lo pelos seus 70 anos. Muita saúde, paz e

felicidades.

Um beijo de seus sobrinhos:

Juninho, Jordana, Letícia

- - - - -

Ananias,

Que bacana poder estar aqui participando

desta homenagem aos seus 70 anos.

Você sempre foi uma pessoa muito especial

para mim. Mesmo distante, sempre presente,

amigo e, hoje em dia, até mesmo paterno... Não

sabe o valor que isso tem para mim!

Sua serenidade para tudo, seu lado metódico

de ser, sua vaidade (mesmo roubando meus perfu-

mes)... Tudo isso faz de você esta pessoa especial e

única (observado até mesmo pelo mais novo agre-

gado da família, o Dudu).

É isso, tio, que bom poder estar dizendo isso agora... Obrigada por todo

seu carinho!!!

Muita Paz e Saúde, parabéns!!!!

Caisa

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Ananias 70 anos - 2010

Tio Nizinho!!

Filho Nizinho, Irmão Nizinho, Neto Nizinho, Marido Nizinho, Pai Nizinho, Avô Nizinho,

com seu jeito, seu carinho e seu modo simples de ser, foi sempre exemplo para nós.

Meu Padrinho, tenho muito orgulho de você. A distância física, que sempre esteve entre

nós, nunca foi empecilho para que não lembrássemos sempre de você. Amaremos sempre

você.

Eu e meus filhos, Matheus e Gabriel, estamos felizes por prestarmos esta homenagem.

Felicidades!

Roberto

- - - - -

Há coisas na vida que a gente, por mais que se esforce, não consegue expressar; por

exemplo, a admiração por alguém tão próximo e tão amigo, tão importante em nossa vida. É

isso, nesse momento, que eu sinto por você, Ananias.

De todo coração,

Maria Tereza

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Ananias 70 anos - 2010

Olá meu compadre! Gostaria de lhe estar escre-

vendo, tendo ao meu lado seu irmão, mas...

Porém ele nos deixou grandes recordações: mui-

to alegres! Também conflitantes... Foram, graças a

Deus, 67 anos bem vividos.

Vamos lembrar de Rio das Ostras... Meu Deus!

Daria um livro! Lembra-se quando chegava de ma-

drugada, soltando fogos, acordando a todos, até os vi-

zinhos?... Os churrascos, a água do coco e os queijos.

Você com postura de anfitrião: ria, questiona-

va, mas ficava feliz!

Lembra-se, no carnaval, de ele vestido de mu-

lher, andando pela rua, tendo você dito: “nem mais

conheço, vou ficar longe”. Quando Ana, Henrique e Antônio Luis colocavam lenha na foguei-

ra, era uma grande molecagem; que era bom demais.

É Nizinho, como Toninho gostava de você! Sempre dizia, com muito orgulho: “Meu ir-

mão que estudou...”

A vida é assim, como eu disse, e temos mais para contar.

Com certeza, onde ele estiver, deve estar feliz pelo seu 70º aniversário; que, se vivo, es-

taria aí para lhe abraçar, beijar e dizer: “COLOSSO!”

Meu irmão e compadre, saiba que Deus lhe mandou o melhor presente que você poderia

ter em sua vida, isto é, sua família.

Seus netos, filhos e essa esposa maravilhosa. Que apesar dos problemas, que todos nós

temos, estão sempre unidos.

Nizinho, nós – eu, meus filhos, meus genros, nora e netos – desejamos-lhe toda a felici-

dade do mundo, muita saúde, paz e amor.

Mil abraços.

De sua irmã.

Luenir

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Quando eu era pequeno, via meu Pai como meu super-herói. Achava que tudo ele resol-

veria! Se eu estivesse com medo, inseguro ou não sabia como resolver alguma coisa... Estava

lá meu Super-Pai. Isso era tão real para mim que, quando pediram no colégio para fazer uma

redação para o dia dos Pais, não perdi a viagem: tava lá meu Pai, super-herói.

Meu Pai não só é exemplo de sucesso, vitória, luta, honestidade, caráter, bondade, hu-

mildade, família, Fé... Ele também era o goleiro do meu time ou o juiz da partida, o parceiro

do jogo de bolinha de gude, a dupla que faltava para jogar “BETE”, o que ia me encontrar na

praia, pescando de tardinha, o carro de apoio e meu maior torcedor nas minhas corridas de

bicicleta.

Meu Pai também foi, por vezes, duro e severo! E por isso também me fez assim um ho-

mem de bem, de caráter, honesto, lutador!

Meu Pai é exatamente o que eu queria que ele fosse. Meu Pai é para mim o exemplo de

homem que carrego dentro de mim, não só geneticamente e fisicamente, mas de admiração,

amor e orgulho.

É muito difícil transpor nestas linhas um Amor infinito e imensurável... Um amor, um

exemplo, um ídolo, um super-herói... O MEU PAI!!!

TE AMO... seu filho,

ALEXANDRE

Meu pai,

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Certo dia, quando eu tinha uns 1O anos, meu Pai me pediu para comprar um maço de ci-

garro para ele. Peguei o dinheiro fui à padaria e voltei todo contente, porque a moça do caixa

se confundiu no troco. Voltei para casa com o maço de cigarro e mais dinheiro do que tinha

levado. Chegando em casa, todo feliz, fui correndo dar a “boa’’ notícia. Eis que meu pai, após

explicar os motivos, pediu que eu voltasse à padaria e devolvesse a parte do dinheiro referen-

te ao erro da moça do caixa. Pode parecer besteira para muitos, mas para mim, ainda mais

hoje que sou pai e preocupado com a formação do meu filho, é com essas pequenas atitudes

que os pais constroem o caráter dos filhos. Fiz um concurso em que o tema da prova falava

sobre a falta de significado linguístico para os nomes próprios. Através de textos mostrava

que somos nós que damos significado ao nosso nome. Como exemplo, citava alguns nomes

desconhecidos, que não conseguimos ligar a coisa alguma e, por isso, são apenas palavras

sem significado. Em contrapartida, destacava alguns nomes conhecidos, que imediatamente

ligamos a coisas boas ou ruins, dependendo do propósito que o sujeito deu à vida dele. Se eu

tivesse falado sobre meu pai, teria passado no concurso. Começaria o meu texto, falando do

quanto ele é correto, honesto e que seu senso de justiça é certamente bem acima da média

das pessoas. Falaria da saudade das disputas de “bafo “no tapete da sala, das partidas de

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botão, dos jogos de bolinha de gude, das corridas de tampinha. Não esqueceria de mencionar

o dia em que, antes de um jogo de futebol que eu participaria, contra o time do iate clube,

quando eu treinava com o professor Pradera no Colégio Rio Negro, eu tinha uns 11 anos, ele

passou na loja “Camisa 10” na 107 sul e comprou uma chuteira nova para mim. Nesse dia,

eu mal consegui jogar com receio de estragar a chuteira. Contaria dos finais de tarde, que

ele chegava do trabalho e, muitas vezes, descia para brincar com a gente, das nossas férias

em Rio das Ostras... Resumindo, teria falado de um pai sempre presente, um exemplo a ser

seguido.

Te amo, pai...

Bjo e parabéns.

GUSTAVO

– – – – – –

“Há 13 anos, conheci o "Pai do meu namorado", um senhor bonito, elegante, cabelo arru-

mado, fala mansa... Que senhor gentil, sempre com o mesmo semblante, sereno, educado.

Me tratava como "filhinha", dizendo "Oi, filhinha!". Eu achava o máximo! Já querendo

ser "a da família", rs...

Mais uns 8 anos se passaram... o "pai do meu namorado" já era meu SOGRÃO querido!

E continuava ali, bonito, vaidoso, carinhoso, calmo e educado.

Com a convivência, foram outras tantas qualidades que descobri do meu sogro. Um pai

zeloso, presente. Um homem honesto. Uma criança que ama esportes, e torce apaixonada-

mente. Um EXEMPLO!

Sinceramente, eu acho que tive muita sorte. Eu "peguei" o filho mais parecido com ele!

Há há há! Tudo bem que tive que superar o choque da descoberta de um "defeito de fábrica",

não gostarem de dançar, mas... resolvi me CASAR!

Sim, eu aceitei casar com o filho do meu sogro querido. Casei.

Já se passaram mais 5 anos, e hoje tenho certeza de que sou uma sortuda, pois entrei

para uma família maravilhosa. Seu patriarca, o Sr. Ananias REIS, pai do meu marido, avô

do meu filho, meu sogrão, continua LINDO, educado, com o cabelo sempre nos "trinques",

falando "pronto" ao atender ao telefone, tomando seu cafezinho preto no copinho de vidro,

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andando com sua velha carteira de couro legítimo debaixo do braço, caminhando na quadra

pelos mesmos horários, indo à missa, passeando com o cachorro (dessa vez o Gutinho), sol-

tando aquelas piadas que eu sempre acredito, perdendo qualquer festa de arromba por um

jogo de tênis do Federer, fazendo seus jogos na loteca, concentrado em todos os capítulos de

malhação, novelas das seis, sete e oito, me dando um abraço e um beijo a cada dia que entro

pela porta da sua casa e dizendo "OI, FILHINHA!"

Eu adoro ele! E hoje sou também sua filha, com muito orgulho.

Fico feliz de saber que, juntamente com sua esposa, D. Ana, formou o caráter do homem

da minha vida, Gustavo, meu marido, que é um homem sensacional, lindo, honesto, justicei-

ro de carteirinha, super companheiro e fiel, como o pai. E que ele certamente irá educar o

Pedro, nosso filho, para que seja um SUPER-HOMEM também.

Tio Ananias,

Obrigada pelo carinho. Obrigada pela alegria. Obrigada pelo apoio.

Obrigada pelas risadas. Obrigada por tudo.

Peço para você a paz e a alegria, a fortaleza e a prudência, a lucidez e a sabedoria, para

continuarmos nessa família unida e feliz!

Tenha uma vida repleta de bênçãos, com muita saúde, cheio de pique para correr atrás

dos netinhos, e quem sabe no futuro torcendo por eles nas "arquibancadas do mundo".

Beijos de quem te admira e ama

A nora,

GLENDA

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Pai, neste dia que você completa aniversário, a minha alegria é muito grande por vê-lo

com saúde.

Agradeço a você toda a educação e caráter que tenho, todas as suas preocupações, dedi-

cações e lições que só me fizeram crescer.

Desejo a você muitas felicidades.

Parabéns pelo seu aniversário, 70 anos!

RAPHAEL

– – – – – –

Sogrão,

Quero aproveitar este dia para te parabenizar pela pessoa maravilhosa que você é, pela

linda família que você construiu e que eu me sinto feliz em fazer parte.

Posso dizer que ganhei na loteria, pois tenho ao meu lado a pessoa que amo e também

um sogro e uma sogra que me aceitaram como filha.

Hoje é o dia do seu aniversário. Desejo de coração que toda felicidade do mundo esteja

ao seu alcance, não somente hoje, mas por muitos e muitos anos.

Felicidades! Beijos,

PAULA

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Pai, primeiramente, eu gostaria de tentar passar um pouco o que senti quando sentei

para escrever uma mensagem para você...

Fiquei pensando por onde começar e as milhares de coisas que poderia escrever, mas

tentei simplificar o não simplificado, pois dizer a você o quanto é IMPORTANTE na minha

vida e o quanto TE AMO, parece ser óbvio, mas não é o bastante!

Deixei a emoção “brotar” e não demorou muito....

Paizinho, você representa pra mim um exemplo de pessoa correta e trabalhadora (foi

muito né? Pois pra poder sustentar essa família de quatro filhos não foi nada fácil). Uma pes-

soa do Bem, que NUNCA deixou que nos faltasse nada. Brigava nas horas necessárias e, do

seu jeito, demonstrava carinho. Pra mim não existe melhor forma de exemplificar o quanto

você é parceiro como foi quando começamos a procurar apartamento pra morar e com a re-

forma da nossa casal Puxa vida, jamais vou esquecer o seu zelo e cuidado além de ter dado o

que podia e não podia para que eu me sentisse feliz!

Dizer OBRIGADA é muito pouco, você foi naqueles 4 meses todas as qualidades de um

PAI reunidas em uma só pessoa, VOCÊ!

Agradeço à Deus por ser sua filha (e tão parecida emocionalmente com você). É muito

bom e importante para mim, quase todas as manhãs receber a sua visita lá em casa, sei que

você vai ver o Bruno e de repente não te recebo com um abraço ou mesmo um beijo (jeitinho

fechado Esteves dos Reis que corre nas veias), mas saiba que me sinto protegida e amada por

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tê-lo por perto.

Bom, o que desejar a você nesta data tão especial? Além de muita saúde, desejo que você

se sinta muito feliz e pode ter certeza de uma coisa, chegar aos 70 anos de vida, olhar para

trás e ver que você continua sendo e sempre será um PAIZÃO; e apesar de estar incluindo

meus irmãos, a prova disto é que cada um de nós buscamos sempre o melhor, pois nos espe-

lhamos em você e na mamãe que são exemplos de dedicação e AMOR incondicional.

Muito obrigada por ter me dado a oportunidade de existir (se não fosse você e mamãe

isto não seria possível), e por ter me ensinado tanto e continuar me ensinando, principalmen-

te, a ser uma pessoa do BEM!

Te amo muito,

Sua filha PATRÍCIA

– – – – –

Ananias,

Nascestes no mesmo dia que eu e isso faz de você mais especial ainda...

Como bom sagitariano, sua energia é muito positiva, um exemplo para todos.

Desejo-te toda saúde e que possa curtir muito os netos.

Seu genro,

IGOR

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Quando pensei em fazer

este livro, não imaginava o misto de sen-

timentos que tomariam conta de mim: ale-

gria, tristeza, saudade, e muita emoção...

Iniciei, lembrando do dia que conheci

Ananias e da nossa troca de olhares, no ginásio

do Sport Club Juiz de Fora, durante as Olimpíadas

Universitárias. O nosso namoro transcorreu na

normalidade, com carinhos, beijos e brigas tam-

bém. Papai, preocupado com o novo genro que

surgia, tratou logo de perguntar ao Sr. Brega e

D. Lolota quem era este rapaz? A resposta ratifica o que no começo deste livro Sr. Antônio

falou, referindo-se a Ananias: “É UM RAPAZ DE OURO”.

O tempo foi passando, veio o noivado e depois o casamento. Os filhos, e olha que são

quatro, foram chegando de mansinho e tornando a nossa vida mais completa e mais feliz.

Ananias sempre preocupado com o nosso bem-estar, não poupava esforços para que

nada nos faltasse. Se um filho ficava doente, era um “Deus nos Acuda”. Ficava junto, sem

dormir, na expectativa de uma melhora. Quando Raphael precisou ir para São Paulo sub-

meter-se a uma cirurgia cardíaca, até o último instante ele não acreditava que isto estava

acontecendo conosco. Graças a Deus, tudo terminava bem.

É um esposo dedicado e amoroso. Nossa Casa é o seu altar de meditação.

Nossos netos são hoje sua maior fonte de alegria. Com eles, vê-se o ciclo de nossas vidas

completando.

Com minha mãe, foi de uma dedicação ímpar. Era um zelo, um amor, um carinho, que

só as pessoas de coração puro têm.

Lendo um pensamento de Albert Einstein que diz: “Se um dia você tiver de escolher

entre o mundo e o amor lembre-se: se escolher o mundo ficará sem amor, mas se você

escolher o amor, com ele conquistará o mundo’’, acho que fiz a escolha certa, pois ao

escolher Ananias como o homem e o amor de minha vida, tenho aos poucos conquis-

tado o mundo, construindo com ele uma família maravilhosa.

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Hoje, ao comemorarmos os seus 70 anos, elevo meu pensamento a Deus e agradeço por

tudo que passei e ainda passarei ao seu lado e, se me fosse dado a escolher, faria tudo do

mesmo jeito e muito mais. Agradeço o marido, o amigo, o companheiro, que, às vezes, reluta

em sair de casa para ir a uma festa, um casamento, um aniversário, mas é este homem que

escolhi. Com ele quero envelhecer e juntos terminarmos nossa caminhada aqui na terra.

O destino decide quem você encontra na vida...

Suas atitudes decidem quem fica.

Com amor, Ana...