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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ANATOMIA DOS MÚSCULOS DO OMBRO, BRAÇO E PLEXO BRAQUIAL DO TAMANDUÁ-BANDEIRA (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) Paulo Roberto de Souza Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo GOIÂNIA 2013

ANATOMIA DOS MÚSCULOS DO OMBRO, BRAÇO E PLEXO BRAQUIAL … · bíceps braquial é desenvolvido e divide-se em cabeças curta e longa, e esta última apresenta ainda uma parte superficial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ANATOMIA DOS MÚSCULOS DO OMBRO, BRAÇO E PLEXO BRAQUIAL DO TAMANDUÁ-BANDEIRA

(Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758)

Paulo Roberto de Souza Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo

GOIÂNIA 2013

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PAULO ROBERTO DE SOUZA

ANATOMIA DOS MÚSCULOS DO OMBRO, BRAÇO E PLEXO BRAQUIAL DO TAMANDUÁ-BANDEIRA

(Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758)

Tese apresentada para obtenção do grau de Doutor em Ciência Animal junto à Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Linha de Pesquisa:

Patobiologia animal, experimental e comparada

Orientador:

Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo - EVZ - UFG Comitê de Orientação: Prof. Dr. Júlio Roquete Cardoso - ICB - UFG Prof. Dr. Paulo Cesar Moreira - ICB - UFG

GOIÂNIA

2013

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À Maria Claudia, minha esposa.

Dedico

Aos meus filhos:

Lorena e Rafael,

Igor e Mariana,

Lauro.

Às minhas netas:

Maria Regina e Maria Clara.

Aos meus pais:

Francisco Antônio de Souza Júnior (in memorian),

Elza Martins de Souza

Aos meus irmãos:

Márcio e Uiara,

Celso e Helenice,

Francisco Carlos (in memorian),

Claudio e Lorena.

Aos meus sobrinhos.

À minha avó:

Enedina Pereira Barbosa (in memorian).

Ofereço

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AGRADECIMENTOS

Ao senhor meu Deus, que há de perdoar os meus erros e permitir que eu

consiga também praticar o bem.

Ao Programa de Pós-graduação em Ciência Animal/EVZ/UFG, pela

oportunidade a mim concedida.

Ao CETAS/IBAMA-GO, que prontamente nos concedeu os espécimes

utilizados nesse experimento.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, em

especial àqueles que me repassaram seus conhecimentos, também na

graduação, e aos que foram meus alunos na disciplina de Anatomia Veterinária.

A todos os colegas pós-graduandos, pelo incentivo e convívio.

Aos meus alunos da graduação, principalmente aos acadêmicos Anderson

Junqueira Martini e Isabelle Matos Macedo, pelo registro de imagens em forma

desenhos das estruturas do tamanduá-bandeira.

Ao Dr. Rafael Teixeira Alvarenga no suporte em questões sobre tecnologias

de informação.

A todos os colegas do DMORF, em especial, aos professores da área de

Anatomia Animal.

Aos amigos membros do corpo técnico e administrativo do DMORF, ICB e

EVZ na pessoa do Sr. Darci José dos Santos (in memorian), esse, companheiro

em todos os momentos.

Ao Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araujo, pela orientação na execução

dessa tese e incentivo em iniciar essa etapa.

Ao Prof. Dr. Paulo Cesar Moreira, membro do comitê de orientação, e chefe

do DMORF/ICB/UFG, pelo apoio constante.

Ao Prof. Dr. Júlio Roquete Cardoso, membro do comitê de orientação,

presente de Deus a mim concedido, sem o qual, não seria possível o término

desse trabalho de tese.

Ao Prof. Dr. Raul Conde, meu orientador na execução da especialização

em Técnicas Anatômicas.

À Profa. Dra. Simone Maria Teixeira Sabóia-Morais, minha orientadora na

execução da dissertação de mestrado.

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Agradeço, ainda, a todos que compartilharam comigo seus conhecimentos

e experiências, na pessoa do Prof. Orlando Alves de Brito.

Finalmente, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para

a realização do presente trabalho, o meu muito obrigado.

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O final

“E agora, meus amigos? O que faço?

Se é tão bom saber, sentir e ser...

Foge-nos a luz

mas, as sombras não permanecem

para sempre.

Sobra tempo, sobra espaço.

E o final?

Não. Não será fracasso.”

Elza Martins de Souza

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................. XVI

ABSTRACT ........................................................................................................ XVII

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................... 1

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1

1.1. Características gerais do Myrmecophaga tridactyla .................................... 2

1.2. Aspectos da anatomia do músculo estriado esquelético ............................. 4

1.3. Aspectos da anatomia dos nervos espinhais e do plexo braquial ............... 7

1.4. Formação dos nervos do plexo braquial .................................................... 13

1.5. Importância do conhecimento da anatomia do plexo braquial ................... 13

2. OBJETIVOS .............................................................................................. 15

3. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 16

CAPÍTULO 2 - ASPECTOS DA ANATOMIA DOS MÚSCULOS DO OMBRO E

BRAÇO DO Myrmecophaga tridactyla .................................................................. 25

RESUMO .............................................................................................................. 25

ABSTRACT .......................................................................................................... 26

1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 27

2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 28

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 29

4. CONCLUSÃO ............................................................................................ 51

5. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 52

CAPÍTULO 3 - GROSS ANATOMY OF THE BRACHIAL PLEXUS IN THE

GIANT ANTEATER (Myrmecophaga tridactyla) .................................................... 56

SUMMARY ........................................................................................................... 57

INTRODUCTION .................................................................................................. 57

MATERIALS AND METHODS .............................................................................. 58

RESULTS AND DISCUSSION ............................................................................. 59

ACKNOWLEDGEMENTS ..................................................................................... 65

REFERENCES ..................................................................................................... 66

CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 69

ANEXO .................................................................................................................. 71

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1 Figura 1 - Representação esquemática da estrutura do músculo estriado esquelético e seus anexos........................................................................

05

Figura 2 - Representação esquemática da estrutura do nervo espinhal......

07

Figura 3 - Corte transversal do tronco de um vertebrado apresentando a formação e distribuição dos nervos espinhais...............................................

08

CAPÍTULO 2 Figura 1 - A. Face lateral da escápula, úmero, rádio e ulna do membro torácico direito de M. tridactyla........................................................................

30

Figura 1 - B. Face medial da escápula, úmero, rádio e ulna do membro torácico direito de M. tridactyla........................................................................ .

30

Figura 1 - C. Face cranial do úmero de M. tridactyla....................................

30

Figura 1 - D. Face caudal do úmero de M. tridactyla.....................................

30

Figura 2 - Face lateral do ombro e braço do membro torácico esquerdo de M. tridactyla..................................................................................................

33

Figura 3 - Aspecto profundo da face lateral do ombro e braço do membro torácico esquerdo de M. tridactyla, após a remoção dos músculos deltoide e trapézio...........................................................................

35

Figura 4 - Face medial do ombro e braço do membro torácico direito de M. tridactyla.........................................................................................................

38

Figura 5 - Face cranial do ombro e braço do membro torácico esquerdo de M. tridactyla...................................................................................................

43

Figura 6 - Face medial do cotovelo no membro torácico esquerdo em M. tridactyla.........................................................................................................

48

Figura 7 - Aspecto caudocranial do cotovelo no membro torácico direito em M. tridactyla................................................................................................

49

CAPÍTULO 3 Figure 1. Ventromedial view of the right brachial plexus of an adult male M. tridactyla ………………………………...…………………………………………

59

Figure 2. Right brachial plexus removed from the body of an adult male M. tridactyla ……………………………………………………………..…………....

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

CAPÍTULO 1

Quadro 1 - Ramos ventrais dos nervos espinhais que participam da

formação do plexo braquial em mamíferos selvagens.................................

12

Quadro 2 - Composição dos nervos do plexo braquial de equino, bovino,

canino e suíno..................................................................................................

13

Quadro 3. - Composição dos nervos do plexo braquial em animais

selvagens....................................................................................................

14

CAPÍTULO 2

Quadro 1 - Sumário das inserções, inervação e hipótese de ação dos

músculos do ombro e braço em M. tridactyla..............................................

41

CAPÍTULO 3

Table 1. Nerves composition of the brachial plexus of the M. tridactyla

and other mammals........................................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAPÍTULOS 1 e 2

Ac Acrômio Anc M. ancôneo AnEp M. anconeoepitroclear Ax N. axilar Bcef M. braquiocefálico BicC M. bíceps braquial, cabeça curta BicL M. bíceps braquial, cabeça longa Braq M. braquial Brd M. braquiorradial C4 a C8 Nervos espinhais cervicais Ca Cabeça umeral CETAS Centro de Triagem de Animais Silvestres CEUA Comissão de ética no uso de animais Co Côndilo umeral Corb M. coracobraquial CSL Crista supracondilar lateral CSM Crista supracondilar medial DetAL M. deltoide acromial lateral DetAM M. deltoide acromial medial DetC M. deltoide clavicular DetE M. deltoide escapular DMORF Departamento de Morfologia ECE Espinha caudal da escápula EE Espinha da escápula EpL Epicôndilo lateral EpM Epicôndilo medial EVZ Escola de Veterinária e Zootecnia FDP M. flexor digital profundo FE Forame escapular FEC Fossa escapular caudal FEp Forame epicondilar FIe Fossa infraespinhosa FSe Fossa subescapular FSp Fossa supraespinhosa GraD M. grande dorsal IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos

Naturais enováveis ICB Instituto de Ciências Biológicas Infre M. infraespinhal IUCN União Internacional para a Conservação da

Natureza e dos Recursos Naturais Me N. mediano M. tridactyla Myrmecophaga tridactyla

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M. Músculo MC N. musculocutâneo N. Nervo NMI Neurônio motor inferior NMS Neurônio motor superior Nn. Nervos no Número Ol Olécrano Otr M. omotransverso Pc N. peitoral caudal Pcr N. peitoral cranial PeS M. peitoral superficial R N. Radial Rd Rádio RMa M. redondo maior RMe M. redondo menor SbE N. subescapular SE N. supraescapular Sube M. subescapular Supe M. supraespinhal T1, T2 Nervos espinhais torácicos TBr Tuberosidade braquiorradial TD N. toracodorsal TDe Tuberosidade deltoide TFAb M. tensor da fáscia antebraquial TL N. torácico longo TLat N. torácico lateral TMa Tubérculo maior do úmero TMe Tubérculo menor do úmero TR Tuberosidade redonda TRa Tuberosidade radial TrLa M. tríceps braquial, cabeça lateral TrLo M. tríceps braquial, cabeça longa TrMe M. tríceps braquial, cabeça medial Trp M. trapézio TSg Tubérculo supraglenoide TU Tuberosidade ulnar U N. ulnar UFG Universidade Federal de Goiás Un Ulna CAPÍTULO 3

1st First rib Ax Axillary nerve C3-C8 Cervical spinal nerves CaT Caudal trunk CCA Caudal cutaneous antebrachial nerve

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CP Caudal pectoral nerve CrP Cranial pectoral nerve CrT Cranial trunk D Dorsal ramus of C8 G Gray communicating branches GCt Cervicothoracic ganglion In1 First intercostal nerve M Median nerve MB Muscular branch. MC Musculocutaneous nerve Phr Phrenic nerve R Radial nerve SbS Subscapular nerve SC Spinal Cord SiT Single trunk SS Suprascapular nerve

ST Sympathetic trunk

T1 First thoracic nerve TD Thoracodorsal nerve TL Thoracic long nerve TLat Lateral thoracic U Ulnar nerve V Vertebral nerve VA Vertebral artery W White communicating branches

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RESUMO

Este estudo teve como objetivos: Descrever aspectos da anatomia dos

músculos do ombro e braço do M. tridactyla, com ênfase nas suas fixações ao esqueleto, relações topográficas, ação e inervação; Descrever anatomia do plexo braquial nesta espécie, com ênfase na sua formação, arquitetura e composição dos nervos. Desta forma, foram dissecadas as citadas regiões de 10 membros torácicos de cinco espécimes de M. tridactyla adultos, cedidos pelo CETAS - IBAMA-GO (licença 99/2011, processo CEUA-UFG nº 014/11). Nessa espécie o M. deltoide divide-se em três porções: acromial, escapular e clavicular. Os músculos supraespinhal e infraespinhal são típicos, embora o primeiro apresente uma inserção adicional no tubérculo menor do úmero. O M. redondo maior é bastante desenvolvido, origina-se na ampla fossa escapular caudal e apresenta inserção linear no úmero, o que aumenta seu poder de alavanca. O M. subescapular é largo e multipenado e não apresenta divisão em cabeças. O M. bíceps braquial é desenvolvido e divide-se em cabeças curta e longa, e esta última apresenta ainda uma parte superficial e outra profunda. O M. tríceps braquial é desenvolvido e dividido em três cabeças, a saber, longa, lateral e medial. Os músculos: redondo menor, coracobraquial, braquial, ancôneo, anconeoepitroclear e tensor da fáscia antebraquial (M. dorsoepitroclear) não apresentaram características peculiares. Os nervos supraescapular, subescapular, axilar, radial, musculocutâneo e ulnar participaram da inervação destes músculos. O plexo braquial é formado pelos ramos ventrais dos quatro últimos nervos espinhais cervicais, C5 até C8, e o primeiro nervo torácico, T1. Essas raízes primárias formam dois troncos, cranial (C5, C6 e C7) e caudal (C8 e T1). Os nervos originados destes troncos com sua formação mais frequente foram: supraescapular (C5 a C7); subescapular (C5 a C7); peitoral cranial (C5 a C8); peitoral caudal (C8 e T1); axilares (C5 a C7); musculocutâneo (C5 a C7); radial (C5 a T1); ulnar (C5 a T1); mediano (C5 a T1); toracodorsal (C5 a C8); torácica lateral (C7 a T1) e torácico longo (C6 e C7). Dentre as várias modificações musculares na região estudada, destacam-se a presença de músculos mais robustos envolvidos com o hábito fossorial do M. tridactyla. Em consequência, os nervos do plexo envolvidos com a inervação destes músculos são constituídos por número maior de ramos dos nervos espinhais do que se observa em outras espécies. Palavras-chave: Membro torácico, musculatura, nervos periféricos, xenarthra

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ABSTRACT

The goals of this study were: 1) To describe aspects of anatomy of the muscles of the shoulder and arm of M. tridactyla, with emphasis on their skeleton attachments, topography, syntopy, action and innervations; and 2) To describe the anatomy of the brachial plexus in this species with emphasis to its composition, architecture and nerve formation. For this purpose, the respective regions of ten thoracic limbs of five cadavers of adult M. tridactyla were dissected. The animals were provided by CETAS - IBAMA-GO (license 99/2011, CEUA-UFG no 014/11). The deltoid muscle is divided into three parts: acromial, scapular and clavicular. Supraspinatus and infraspinatus muscles do not show peculiar characteristics, although the former shows an additional insertion on the lesser tubercle of the humerus. The teres major muscle is quite developed. It originates from the whole broad teres major fossa of the scapula and has a wide linear insertion on the humerus, which increases its traction power. The subscapular muscle is wide and multipennate, but it is not divided into heads. The biceps brachial muscle is developed and divided into short and long heads and the latter shows superficial and deep parts. The triceps brachial muscle is developed and divided into three heads: long, lateral and medial. The teres minor, coracobrachialis, brachialis, anconeus, anconeoepitroclear and tensor of the antebrachial fascia (M. dorsoepitroclear) muscles are typical. The suprascapular, subscapular, axillary, radial, ulnar and musculocutaneous nerves contributed to the innervation of these muscular groups. The brachial plexus is formed by the ventral rami of the last four cervical spinal nerves, C5 through C8, and the first thoracic spinal nerve, T1. These primary roots joined to form two trunks: a cranial trunk comprising ventral rami from C5-C7 and a caudal trunk receiving ventral rami from C8-T1. The nerves originated from these trunks and their most constant arrangement were as follows: suprascapular (C5-C7), subscapular (C5-C7), cranial pectoral (C5-C8), caudal pectoral (C8-T1), axillary (C5-C7), musculocutaneous (C5-C7), radial (C5-T1), median (C5-T1), ulnar (C5-T1), thoracodorsal (C5-C8), lateral thoracic (C7-T1) and long thoracic (C6-C7). Among the several muscular modifications in the studied region, it could be highlighted the presence of stronger muscles related to the fossorial habit of the M. tridactyla. Consequently, the nerves of the plexus that are involved with the innervation of these muscles are formed by a larger number of spinal nerves rami than those in other species. Keywords: musculature, peripheral nerves, thoracic limb, xenarthra

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CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. INTRODUÇÃO

O Tamanduá-bandeira está incluído na lista da União Internacional

para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como uma espécie

vulnerável (IUCN, 2012). No Brasil, está classificado como vulnerável (CASELLA

et al., 2006). No entanto, a situação em cada estado pode ser mais preocupante,

pois em alguns deles, como no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, essa espécie

está provavelmente extinta; no Paraná, o tamanduá-bandeira está “criticamente

em perigo”, enquanto em São Paulo e Minas Gerais, está classificado como “em

perigo” de extinção (MIKICH & BÉNILS, 2004; GREGORINI et al., 2007;

CLOZATO et al., 2008).

A comunidade científica entende que ações antrópicas aceleram a

extinção das espécies (REZENDE et al., 2010). Sim as principais causas da

queda na população dessa espécie estão ligadas à destruição ou degradação de

seu habitat, modificação dos seus ambientes naturais, provável modificação de

comunidades de formigas e cupins, a caça predatória e ataques de cães

(FONSECA et al., 1994; MEDRI & MOURÃO, 2005). No Brasil, as rodovias são

uma grande ameaça para os tamanduás-bandeira. Muitos são atropelados e

mortos nas rodovias que passam por fragmentos florestais (BARRETO, 2007;

DAHROUG et al., 2009). Um estudo realizado por MOREIRA et al. (2006)

demonstrou que em 200 km da rodovia GO-060, 104 tamanduás-bandeira foram

atropelados no período de um ano e meio.

Na tentativa de contribuir com a preservação da espécie, muitos

animais feridos têm sido encaminhados para tratamento e reabilitação, mas a

carência de conhecimentos nas áreas básicas, principalmente de anatomia, pode

dificultar uma abordagem clínico-cirúrgica mais eficiente a estes animais. E

quando se trata do membro torácico, em especial, a demanda por um tratamento

eficiente é fundamental para os tamanduás-bandeira, pois estes apêndices além

de importantes na deambulação, também são fundamentais para a defesa e para

a obtenção de alimento (TAYLOR, 1985; NAPLES, 1999; DAWKINS, 2009;

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RODRIGUES et al., 2009). Logo, qualquer deficiência neste membro inviabiliza o

retorno do animal ao seu habitat natural.

Dentre as espécies da superordem Xenarthra, já se estudou a

musculatura do membro torácico em tatu (MILES, 1941), tamanduá-mirim

(TAYLOR, 1978) e bicho-preguiça (NYAKATURA & FISCHER, 2010), todavia,

ainda não há estudos desta natureza em M. tridactyla, o que constitui uma lacuna

para se estabelecer o padrão morfológico desta superordem, que ostenta

características bastante peculiares.

No que tange aos estudos no campo da neurologia, a carência de

informações é maior, o que dificulta a atuação médica nestas espécies. Segundo

CORDEIRO (1996), o conhecimento anatômico da origem, trajeto e distribuição

dos nervos é indispensável na interpretação de lesões neurológicas, associando a

função dos músculos aos segmentos medulares.

1.1. Características gerais do Myrmecophaga tridactyla

Existem quatro grupos de mamíferos placentários: Euarchontoglires;

Afrotherios; Laurasiatérios; e Xenarthras. Sendo os Xenarthras e Afrotérios os

mais antigos. Os Xenarthras apresentaram desenvolvimento bem sucedido na

América do Sul, sendo formado pelas ordens Cingulata, cujos indivíduos

apresentam osteodermos, como é o caso dos tatus, e pela ordem Pilosa, que

apresentam pelos na cobertura corpórea, o que inclui os tamanduás e bichos-

preguiça (POUGH et al., 1993; WILSON & REEDER, 2005; DAWKINS, 2009).

O tamanduá-bandeira pertence à superordem Xenarthra, ordem Pilosa,

subordem Vermilingua e família Myrmecophagidae, onde estão incluídos os

gêneros Myrmecophaga, Tamandua e Cyclopes. Seus parentes mais próximos

são o Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim) e o Cyclopes didactylus

(tamanduaí, tamanduá-anão ou tamanduá-seda), ambos arborícolas e de menor

porte (POUGH et al., 1993; WILSON & REEDER, 2005; DAWKINS, 2009). O

termo xenartra significa articulação estranha, porque suas junturas intervertebrais

lombares apresentam articulações extras, não observadas em nenhuma outra

espécie. Esta especialização em T. tetradactyla e M. tridactyla provavelmente se

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relaciona com seus hábitos fossoriais (hábito de cavar o solo). O tronco é

estabilizado durante a atividade fossorial pelos processos xenartros na região

lombar e pelas costelas expandidas e músculos intercostais robustos na região

torácica (JENKINS JR., 1970).

O Myrmecophaga tridactyla caracteriza-se morfologicamente por um

crânio comprido, glândulas salivares desenvolvidas com secreção intensa e

ausência de dentição. Os membros torácicos são robustos e providos de garras

longas e fortes, encurvadas e fundamentais no ataque a formigueiros e

cupinzeiros, e para defesa (EISENBERG, 1981; NOWAK, 1999; DEEM &

FIORELLO, 2002; RODRIGUES et al., 2009). O animal adulto apresenta-se

pesando entre 18 e 39 kg e mede de 1,0 a 1,2 m de comprimento, fora a cauda,

que mede entre 65 e 90 cm. A língua é longa, podendo se estender por 61 cm

fora da boca, sendo revestida por saliva viscosa (SHAW, et al. 1987; NAPLES,

1999). Sua percepção olfativa é bem desenvolvida em detrimento da visão e da

audição (NOWAK & PARADISO, 1983). Apresenta uma taxa metabólica basal de

aproximadamente 34% do que se espera do seu tamanho corporal e têm uma

temperatura corpórea baixa quando comparada com a de outros mamíferos,

podendo variar de 32 a 34ºC de acordo com o ambiente (ROSA, 2007). Sua pele

espessa, cauda longa, pelagem densa e longa permite isolamento térmico

(McNAB, 1984, 1985; DE SAMPAIO, 2006). Durante o repouso, ele projeta a

cauda sobre o corpo conservando o calor e também auxiliando em sua

camuflagem (SHAW & CARTER, 1980).

Sua distribuição estende-se do sul de Belize e Guatemala ao noroeste

da Argentina e leste do Uruguai, estando presentes também no oeste dos Andes,

noroeste do Equador, sul da Venezuela, sudeste da Bolívia e oeste do Paraguai.

Na Colômbia e Brasil sobrevive em todo território. Apresenta habitat diversificado,

frequentando florestas, cerrados, campos abertos, pastagens e áreas alagadiças

(BERESCA & CASSARO, 2001; GREGORINI et al., 2007; MIRANDA & COSTA,

2007). MEDRI (2002) descreve para tamanduás-bandeira de vida livre, o espaço

territorial de 4,0 a 7,5 km2 como área de ocorrência de um macho da espécie, e

11,9 km2 da fêmea.

Quanto aos aspectos reprodutivos, sua maturidade sexual é atingida

aos dois anos e geram apenas um filhote por gestação. O período gestacional

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dura cerca de 190 dias, a mãe amamenta o filhote durante seis a oito meses e,

aos 12 meses, o jovem passa a ser independente (NOWAK & PARADISO 1983;

McNAB,1985; MIRANDA, 2006).

Na vida livre, o M. tridactyla é uma espécie altamente seletiva em

relação à alimentação. Sua dieta inclui formigas, cupins (térmitas) e seus ovos,

além de larvas e, raramente frutos (NOWAK, 1999; MORGADO, 2012). No

decorrer de um dia, visita muitos cupinzeiros e formigueiros, consumindo

aproximadamente 35.000 formigas ou cupins (EISENBERG, 1981; NOWAK,

1999). Em cativeiro, o tamanduá-bandeira prefere cupins ao invés de formigas

(CARVALHO & KLOSS, 1951; CARVALHO, 1966), o que não é observado em

animais de vida livre, onde a disponibilidade alimentar varia conforme o habitat e

sazonalidade (MONTGOMERY, 1985; REDFORD, 1986; DRUMOND, 1992). A

saliva tem função quimioatrativa às presas, neutraliza ação de secreções das

mesmas e auxilia na digestão de quitina do exoesqueleto dos insetos (REISS,

2000).

1.2. Aspectos da anatomia do músculo estriado esquelético

O estudo da anatomia macroscópica do sistema muscular oferece

informações a respeito da função de atividades nas espécies animais, ferramenta

esta importante na determinação de hábitos de indivíduos de determinada

espécie, podendo propiciar sua classificação nos diversos grupos taxonômicos

(ORR, 1986; STORER et al., 2000; RIBEIRO, 2002).

A parte ativa do aparelho locomotor é representada pelos músculos

esqueléticos e suas estruturas acessórias tais como, fáscias, tendões,

aponeuroses, bainhas e bolsas sinoviais (Figura 1). Os músculos como órgãos

são constituídos por tecido muscular estriado esquelético, tecido conjuntivo, vasos

e nervos (NICKEL et al., 1986).

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FIGURA 1 - Representação esquemática da estrutura do músculo estriado esquelético e seus anexos

Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Estrutura_de_um_m%C3%BAsculo_esquel%C3%A9tico.JPG?uselang=pt-br

Dos elementos conjuntivos, o epimísio é o mais externo, envolvendo o

ventre muscular. Ele é contínuo no interior da massa muscular com o perimísio,

que envolve os fascículos musculares. Cada fibra muscular, por sua vez, é

envolvida pelo endomísio. Estas estruturas permitem a passagem de vasos e

nervos no ventre muscular e são contínuas com os elementos de fixação dos

músculos ao esqueleto, tendões e aponeuroses (St. CLAIR, 1986; BANKS, 1991).

As fáscias musculares são membranas conjuntivas bastante

resistentes e relativamente pobres em vasos e nervos. A fáscia que é conectada

ao epimísio envolve músculos individuais ou porções de músculos, separando-os

em grupos. Elas emitem lamelas ou septos intermusculares, que podem seguir

entre os músculos ou se fixarem ao periósteo. Em certas regiões, próximas de

articulações, as fáscias formam estruturas para contenção de tendões,

denominadas retináculos (NICKEL et al., 1986).

Os músculos do ombro são aqueles que têm origem na escápula e

inserção no úmero. São eles o músculo deltoide, supraespinhal, infraespinhal e

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redondo menor, constituindo o grupo lateral. No grupo medial, encontram-se o

subescapular, redondo maior, coracobraquial e capsular (GETTY, 1986). Eles são

responsáveis pela flexão ou extensão, adução ou abdução, rotação lateral ou

medial e retração do úmero e, consequentemente, do membro torácico. No

homem, os músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e

subescapular, atuando sobre a articulação do ombro com auxilio da cápsula

articular, formam o manguito rotator, que promove a estabilização da articulação

do ombro (MOORE & DALLEY, 2011).

Os músculos do braço (GETTY, 1986), também classificados como

músculos da articulação do cotovelo (NICKEL et al., 1986), são aqueles

localizados principalmente em torno do úmero. A maior parte deles é formada por

músculos volumosos, que se originam na escápula e no úmero e se inserem

proximalmente no rádio e ulna, atuando essencialmente como flexores e

extensores. Com o animal em estação, eles fixam ombro e cotovelo, portanto,

todo o membro (NICKEL et al., 1986; KÖNIG & LIEBICH, 2004).

Estes dois grupos musculares, os músculos do ombro e do braço, são

especialmente importantes para a biomecânica do membro torácico, visto que são

os elementos proximais dos membros que mais contribuem para o deslocamento

das mãos e dos pés (FISCHER et al., 2002).

A utilização dos membros torácicos para a locomoção pode variar

significantemente, dependendo de como eles são usados em atividades tais como

caminhar, correr ou escalar. Outras possibilidades funcionais dos mesmos

incluem seu uso como órgãos para a obtenção de alimento, manipulação do

ambiente e como arma de defesa contra predadores (TAYLOR, 1985). O perfil

morfológico destes apêndices, portanto, varia consideravelmente entre as

espécies, em função de suas aptidões.

Em geral, as características dos músculos do membro torácico dos

demais xenartras remetem àquelas esperadas em animais com hábito fossorial,

conforme relatos de MILES (1941), TAYLOR (1978) e NYAKATURA & FISCHER

(2010). Toda a musculatura envolvida com a retração das garras, flexão de carpo,

flexão do cotovelo e retração do úmero é muito desenvolvida nessas espécies, o

que, naturalmente, é acompanhada por notáveis modificações osteoarticulares.

Conforme as observações desses autores, dentre os músculos proximais dos

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membros torácicos, os que mais se destacam em relação aos de outras espécies,

em termos de desenvolvimento, são o redondo maior, o bíceps e tríceps braquial,

justamente pelo envolvimento direto no comportamento fossorial.

1.3. Aspectos da anatomia dos nervos espinhais e do plexo braquial

Nervo é o conjunto de fibras nervosas agrupadas por intermédio de

tecido conjuntivo, onde o epineuro é o revestimento mais externo. Essa lâmina é

contínua com o perineuro, que envolve fascículos nervosos. Cada fibra nervosa,

por sua vez, é envolvida pelo endoneuro (Figura 2) (BANKS, 1991, MACHADO,

2006).

FIGURA 2. Representação esquemática da estrutura do nervo espinhal Fonte: http://pds21.egloos.com/pds/201203/01/78/d0116878_4f4f57b2dfbb4.jpg

Nervos espinhais são aqueles que fazem conexão com a medula

espinhal. Sua origem real corresponde ao local onde estão localizados os corpos

dos neurônios, podendo ser a coluna dorsal, lateral ou ventral da substância

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cinzenta da medula espinhal. A origem aparente é o ponto onde as radículas das

fibras eferentes deixam a medula espinhal (no sulco lateral ventral da medula

espinhal), ou as radículas das fibras aferentes adentram à mesma (no sulco

lateral dorsal) (MACHADO, 2006).

Quando as raízes dorsal e ventral se unem, surge o tronco do nervo

espinhal, que funcionalmente é misto (Figura 3). Logo que o nervo espinhal

emerge pelo forame intervertebral, se bifurca em um ramo dorsal, responsável

pela inervação do dorso, e um ramo ventral, responsável pela inervação ventral e

lateral do corpo, ambos mistos. O ramo ventral segue trajeto de maneira individual

(unissegmentar), ou troca fibras com nervos espinhais de segmentos próximos,

formando plexos, como o braquial e lombossacral. A partir dos plexos surgem os

nervos plurissegmentares, que seguem seu trajeto até as terminações nervosas

(CARPENTER, 1978; CHRISMAN et al. 2005; LORENZ & KORNEGAY, 2006).

Figura 3 - Corte transversal do tronco de um vertebrado apresentando a formação

e distribuição dos nervos espinhais Fonte: KARDONG (2010)

O ramo ventral dos nervos espinhais torácicos envia, ainda, ramos

comunicantes brancos (fibra pré-ganglionar) ao tronco simpático e recebe deste o

retorno de ramos comunicantes cinzentos (fibra pós-ganglionar). Os ramos

comunicantes cinzentos incorporam também os ramos ventrais dos demais

Dermátomo

M. epaxial

Gânglio do tronco

simpático

Elementos

esqueléticos

M. hipaxial

Músculos

dorsais

Divisão do

ramo ventral

Divisão do

ramo ventral

Músculos

ventrais

Ramo primário

ventral

Ramo primário

dorsal

Nervo espinhal

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nervos espinhais. Essas fibras são eferentes viscerais e constituem o sistema

nervoso autônomo (CARPENTER, 1978; SQUIRE et al., 2003; MACHADO, 2006).

Portanto, os componentes funcionais dos nervos periféricos espinhais são:

aferente somático, aferente visceral, eferente somático e eferente visceral

(KÖNIG & LIEBICH, 2004).

O sistema motor é composto pelo neurônio motor superior (NMS) e

pelo neurônio motor inferior (NMI) (CHRISMAN et al., 2005; DEWEY, 2006;

LORENZ & KORNEGAY, 2006; MACHADO, 2006). O NMS é o responsável por

iniciar as funções motoras voluntárias e está localizado no encéfalo ou na medula

espinhal, estimulando ou inibindo o NMI. Na doença do NMS, a paresia ou

paralisia, está associada ao tônus extensor normal ou aumentada e os reflexos

normais ou exagerados (LORENZ & KORNEGAY, 2006).

O NMI é classicamente definido como neurônio motor alfa (α) e suas

fibras caminham até as fibras musculares esqueléticas extrafusais

(CUNNINGHAM,1993). Seu corpo celular está localizado nos núcleos dos nervos

cranianos e nos cornos laterais e ventrais da substância cinzenta da medula

espinhal. As lesões do NMI, tanto do corpo celular, axônio ou terminação nervosa

levam à paralisia, perda do tônus e dos reflexos (THOMAS, 2000; LORENZ &

KORNEGAY, 2006).

O número de nervos espinhais corresponde ao número de vértebras,

com exceção dos nervos coccígeos e nervos cervicais. Na região cervical, o

primeiro nervo projeta-se através do forame vertebral do atlas, e os sete seguintes

surgem em posição caudal às vértebras cervicais, de forma que o número de

nervos cervicais torna-se superior ao de vértebras. Na região coccígea da medula

espinhal não há formação de segmentos relativos às vértebras da extremidade

distal da cauda (KÖNIG & LIEBICH, 2004; MACHADO, 2006).

Plexo nervoso é uma rede de nervos conectados entre si por um

grande número de ramos comunicantes. Eles combinam grupos de nervos

espinhais que inervam uma mesma área do corpo. Há vários plexos nervosos,

incluindo os plexos cervical, braquial, lombossacral, coccígeo, além dos plexos

viscerais, formados pelos nervos que integram o sistema nervoso autônomo

(GETTY, 1986; KÖNIG & LIEBICH, 2004; DYCE et al., 2010). Dentre eles,

destacam-se o plexo braquial e lombossacral que são altamente importantes pela

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incidência de acometimentos clínicos acarretando repercussões em distúrbios nos

membros torácicos e pélvicos.

O plexo braquial é um amplo plexo nervoso compreendido entre o

pescoço e a axila e que tem a função de conferir inervação motora e sensitiva

para o membro torácico e parte da parede torácica adjacente, podendo alcançar a

parede abdominal por meio do N. torácico lateral (SCHWARZE & SCHRÖDER,

1970; EVANS & deLAHUNTA, 2001; DYCE et al., 2010). Os nervos terminais,

originados do plexo braquial, são formados a partir da contribuição de fibras

nervosas provenientes dos segmentos medulares cervicais e torácicos. Essa

formação apresenta variações entre as espécies (Quadro 1).

O plexo braquial se localiza entre o M. serrátil ventral na sua face

medial e os músculos subescapulares e supraespinhal na sua face lateral. O

plexo alcança a axila, passando entre as partes do M. escaleno e logo se divide

em ramos periféricos que se dirigem para seus territórios de inervação (MILLER

et al., 1964; GETTY, 1986; KÖNIG & LIEBICH, 2004; DYCE et al, 2010).

A relação entre o plexo braquial e a artéria axilar é de particular

interesse no campo da medicina, porque este vaso serve de referência

anatômica, tanto para bloqueios, como em inspeções do plexo por meio de

ultrassonografia (CONCEIÇÃO et al., 2007). Em espécies como gorilas (KOIZUMI

& SAKAI, 1995), chinchilas (GAMBA et al., 2007) e hipopótamo (YOSHITOMI et

al., 2012), essa artéria atravessa o plexo entre C6 e C7. Em chimpanzés e gibões

(KOIZUMI & SAKAI, 1995), no entanto, ela não cruza o plexo, estando

posicionada ventralmente ao plexo braquial. Na espécie canina, esse vaso cruza

caudalmente o plexo braquial entre este e a borda cranial da primeira costela

(MILLER et al., 1964).

Embora a organização do plexo braquial em troncos e fascículos não

constitua um padrão morfológico nas espécies domésticas (FIORETTO et al.,

2003), esse arranjo é bem definido no plexo de macacos (MILLER, 1934,

KOIZUMI & SAKAI, 1995), tendo sido descrito também em golfinhos (SEKIYA et

al., 2008) e monotremados (KOIZUMI & SAKAI, 1997). No homem, C5 e C6 se

unem para formar o tronco superior; C7 constitui por si só o tronco médio e C8 e

T1 se unem para formar o tronco inferior. Cada tronco origina uma divisão anterior

e outra posterior. As divisões posteriores dos três troncos se juntam para formar o

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fascículo posterior. As divisões anteriores do tronco superior e médio se unem

para formar o fascículo lateral. A divisão anterior do tronco inferior continua como

fascículo medial. Cada fascículo emite ramos terminais, que são os nervos do

plexo braquial (JOHNSON et al., 2010).

O plexo braquial da maioria dos mamíferos compreende os ramos

ventrais de C(4)5-T1(2) (YOSHITOMI et al., 2012). Em suínos, o plexo braquial é

formado pelos ramos ventrais dos nervos espinhais C5 a T1, em ovinos e

caprinos por ramos de C6 a T1 e em bovinos, caninos e equinos por ramos

provenientes de C6 a T2 (GETTY, 1986). A composição deste plexo nas

diferentes espécies de mamíferos selvagens investigados até o presente

momento está sumarizada no quadro 1.

Significativas variações anatômicas têm sido relatadas na composição

do plexo braquial (SANTANA et al., 2003; RIBEIRO et al., 2005). Segundo

JOHNSON et al. (2010), a variação na arquitetura neural do plexo braquial

humano é mais uma regra do que uma exceção. A análise de 200 plexos de fetos

humanos abortados espontaneamente revelou que 46,5% dos mesmos possuíam

o padrão normal de organização, enquanto que 53,5% apresentaram uma

significativa variação anatômica (UYSAL et al., 2003). As variações mais comuns

envolvem contribuições de um segmento nervoso anterior ou posterior ao do

padrão, de forma que o plexo pode encontrar-se mais cefálica ou caudalmente do

que o normal. Consequentemente, são passíveis de identificação dois tipos de

plexos, pré-fixados e pós-fixados podendo também ser considerado o plexo

estendido (RIBEIRO et al., 2005; JOHNSON et al., 2010).

De acordo com a hipótese proposta por PARADA et al. (1989), durante

o processo evolutivo a origem deste plexo ascendeu no sentido cranial,

alcançando o quarto nervo espinhal cervical nos macacos e terceiro em humanos.

Porém, a presença de C4 na formação do plexo braquial em catetos, assim como

em monotremados (MILLER, 1934; KOIZUMI & SAKAI, 1995), marsupiais

(MILLER, 1934), bicho preguiça (AMORIM JÚNIOR et al., 2003) e em capivaras

(FIORETTO et al., 2003), mostra que a participação de ramos craniais não é

privilégio de espécies mais evoluídas. Fato este explicado pela posição mais

cefálica dos membros torácicos, em algumas espécies, os quais servem como

pontos de apoio, compensando o pescoço curto e o elevado peso da cabeça,

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mesmo estes animais estando numa posição inferior na escala evolutiva, o que

está de acordo com CARPENTER (1978) ao afirmar que as mudanças na origem

do plexo se devem a variações na posição de inserção dos brotos dos membros

em relação ao neuroeixo.

QUADRO 1 - Ramos ventrais dos nervos espinhais que participam da formação do plexo braquial em alguns mamíferos selvagens

Espécie Segmento medular

Referências

Primatas do velho mundo C4 a T2 MILLER (1934)

Primatas do novo mundo C4 a T1 MILLER (1934)

Chimpanzé (Pan troglodytes) Gorila (Gorilla gorilla) Gibão (Hylobates agilis)

C5 a T1 C4 a T1 C5 a T1

KOIZUMI & SAKAI (1995)

Ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus) (Tachyglossus aculeatus)

C4 a T1 C4 a T2

KOIZUMI & SAKAI (1997)

Porco-espinho (Hystrix cristata) C5 a T2 AYDIN (2003)

Bicho-preguiça (Bradypus variegatus)

C4 a C9 e T1

AMORIM JÚNIOR et al. (2003)

Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)

C4 a T1

FIORETTO et al. (2003)

Cervo-do-pantanal (Masana sp) C6 a T1 OLIVEIRA et al. (2003)

Mocó (Kerodon rupestri) C6 a T2 SANTANA et al. (2003)

Morcego (Tadarida brasiliensis) C6 a T1-2 DUMMER et al. (2006)

Lobo-marinho (Arctocephalus australis)

C6 a T1

SOUZA et al. (2006)

Chinchila (Chinchilla lanigera) C6 a T1 GAMBA et al. (2007)

Veado (Mazama gouazoubira) C6 a T1 MELO et al. (2007)

Cateto (Tayassu tajacu) C6 a T2 MOURA et al (2007)

Paca (Agouti paca) C5 a T2 SCAVONE et al. (2008)

Macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha)

C5 a T1

CRUZ & ADAMI (2010)

Bonobo (Pan paniscus) C5 a T1 KIKUCHI et al. (2010)

Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)

C5 a T1

CRUVINEL et al. (2012), CRUZ et al. (2012)

Hipopotamo (Hippopotamus amphibius)

C5 a T1

YOSHITOMI et al. (2012)

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1.4. Formação dos nervos do plexo braquial

São derivados do plexo braquial os nervos supraescapular,

subescapular, axilar, musculocutâneo, radial, mediano, ulnar, toracodorsal,

torácico lateral, torácico longo, peitorais e ramos musculares (MILLER et al.,

1964). A formação de cada um destes nervos varia consideravelmente entre as

espécies, em especial devido às diferenças na aptidão do uso dos membros

torácicos para defesa, locomoção ou busca de alimentos (DYCE et al., 2010). Sua

composição em algumas espécies domésticas e selvagens está sumarizada nos

quadros 2 e 3.

QUADRO 2 - Composição dos nervos do plexo braquial de alguns mamíferos domésticos

Nervo Equino Bovino Canino Suíno

Supraescapular C6,C7 C6,C7 C6,C7 C5,C6,C7

Subescapular C7 C6,C7 C6,C7 C6,C7

Peitorais C6,C7 C7,C8 C6,C7,C8,T1 C6,C7,C8

P/ M. subclávio C7,C8 - - -

Musculocutâneo C7,C8 C6,C7,C8 C6,C7,C8 C6,C7,C8

Mediano C7,C8,T1,T2 C8,T1,T2 C8,T1,T2 C7,C8,T1

Ulnar T1,T2 C8,T1,T2 C8,T1,T2 C8,T1

Radial C7,C8,T1 C7,C8,T1 C7,C8,T1 C7,C8,T1

Axilar C6,C7,C8 C7,C8 C7,C8 C5,C6,C7

Torácico longo C7,C8,T1 C7,C8 C7,C8 C7,C8

Toracodorsal C8,T1 C7,C8,T1 C7,C8,T1 C7,C8

Torácico lateral C8,T1,T2 C8,T1,T2 C8,T1,T2 C8,T1

Fonte: (GETTY, 1986)

1.5. Importância do conhecimento da anatomia do plexo braquial

Pelo fato do plexo braquial ser responsável pelo suprimento nervoso de

todo o membro torácico, qualquer análise de disfunção neurológica ou realização

de procedimento anestésico ou cirúrgico nestes apêndices requer

necessariamente conhecimento de sua anatomia (CORDEIRO, 1996).

O bloqueio anestésico do plexo braquial apresenta muitos benefícios,

incluindo-se o controle da dor nos membros, redução da demanda por opioides

sistêmicos e facilitação de alta hospitalar mais precoce após procedimentos

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ambulatoriais. Todavia, o bloqueio efetivo do plexo demanda uma completa

compreensão de sua anatomia e das possíveis variações anatômicas que podem

ocorrer (OREBAUGH et al., 2009).

O conhecimento da anatomia do plexo também é importante para o

diagnóstico e tratamento de afecções de suas raízes e nervos derivados. O plexo

braquial pode ser acometido por inúmeros processos, como compressões das

raízes no caso de doenças neoplásicas (ROSE et al., 2005), transtornos dos

discos intervertebrais em espondiloses, radiculopatias, neurites, avulsões (ARIAS

& STOPIGLIA, 1997; ARIAS et al., 1997) e neuropatias (BRAUND, 1994), entre

outros.

QUADRO 3 - Composição dos nervos do plexo braquial em diferentes espécies de mamíferos selvagens

Ax, N. axilar; M, N. mediano; MC, N. musculocutâneo; Pc, N. peitoral caudal; Pcr, N. peitoral cranial; R, N. radial; SbE, N. subescapular; SE, N. supraescapular; TD, N. toracodorsal; TL, N. torácico longo; TLat, N. torácico lateral; U, N. ulnar. Os nervos entre parênteses têm ocorrência variável. Autores: 1. YOSHITOMI et al. (2012); 2. MOURA et al. (2007); 3. GAMBA et al. (2007); 4. SCAVONE et al. (2008); 5. SOUZA et al. (2006); 6. FIORETTO et al. (2003)

A avulsão das raízes constitui-se na desordem do plexo braquial de

origem traumática mais comum em cães, estando associada normalmente a

atropelamentos. A lesão ocorre por tração do membro, o que gera forças

longitudinais ao longo dos nervos. Assim, raízes nervosas que formam o plexo

braquial, seus ramos ventrais e o próprio plexo braquial, podem ser lesionados

(ARIAS & STOPIGLIA, 1997).

Nervo Hipopó- tamo1

Cateto2 Chinchi- la3

Paca4 Lobo-

marinho5 Capivara6

SE C5-T1 (C4,C5)C6-C7 C6-C7 C5-C6(C7) C6-C7 (C4)C5-C6(C7)

SbE C5-T1 (C5)C6-C7 C6-C7 C6 C7 -

Pcr C5-T1 - - - C6 -

Pc C7-T1 C7-C8 C8-T1 C8-T1 C8-T1 -

MC C5-T1 C7-C8(T1) C6-C7 (C6),C7,(C8) C8-T1 C6-C8(T1)

M C7-T1 C7-T1,(T2) C7-T1 (C7)C8-T1 C8-T1 C6-C8(T1)

U C7-T1 C8-T1(T2) C7-T1 C8-T1 C8-T1 C6-C8(T1)

R C5-T1 C8-T1(T2) C7-T1 C7-C8(T1) C7-T1 C6-C8(T1)

Ax C7-T1 C6-C7 C6-C7 C6-C7 C7-T1 C5-C6(C7)

TL - C7-C8 C7-C8 C7-C8 C7-C8 (C6)C7(C8)

TD C7-T1 C6-C8 C8 C8-T2 C6 C6-C8(T1)

TLat - C8-T1(T2) C8-T1 C8-T2 C8-T1 (C7)C8-T1

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O trauma que abduz ou desloca o membro torácico pode arrancar as

raízes ventrais, dorsais ou ventrais e dorsais dos nervos espinhais formadores do

plexo braquial. A avulsão ocorre principalmente de forma intradural no ponto em

que as raízes emergem da medula espinhal. As avulsões foram classificadas em

completas (todo o plexo), craniais (raízes de C6 e C7) e caudais (raízes de C8 a

T2) (CHRISMAN et al., 2005; DEWEY, 2006; LORENZ & KORNEGAY, 2006). A

atrofia muscular neurogênica tem início em uma semana (ARIAS et al., 1997). As

anormalidades mais frequentes da avulsão do plexo braquial são paralisia flácida,

ausência dos reflexos do panículo, tricipital, bicipital e extensor radial do carpo,

atrofia dos músculos tríceps braquial, bíceps braquial, supraespinhal,

infraespinhal e extensores do carpo, anestesia cutânea distal em nível do cotovelo

e ulceração na face dorsal da mão (abrasão) (ARIAS & STOPIGLIA, 1997).

2. OBJETIVOS

A fim de contribuir com dados sobre a morfologia, este estudo teve

como objetivo descrever no M. tridactyla os aspectos da anatomia dos músculos

do ombro e braço, com ênfase nas suas fixações ao esqueleto, relações

topográficas, ação e inervação; alem de descrever o plexo braquial, com ênfase

em sua formação, arquitetura e composição dos nervos originados desse plexo.

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2003. 95. WILSON, D. E.; REEDER, D. M. Mammals species of the world, v. 1, 3. ed. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2005. 96. YOSHITOMI, S.; KAWASHIMA, T.; MURAKAMI, K.; TAKAYANAGI, M.; INOUE, Y.; AOYAGI, R.; SATO, F. Anatomical Architecture of the Brachial Plexus in the Common Hippopotamus (Hippopotamus amphibius) with Special Reference to the Derivation and Course of its Unique Branches. doi: 10.1111/j.1439-0264.2012.01135.x Anatomia Histologia Embryologia. Berlin, 2012.

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CAPÍTULO 2 - ASPECTOS DA ANATOMIA DOS MÚSCULOS DO OMBRO E

BRAÇO DO Myrmecophaga tridactyla

RESUMO

Longe de se restringirem a órgãos locomotores, os membros torácicos do tamanduá-bandeira desempenham papel fundamental na defesa, e, em especial, no comportamento alimentar desta espécie, refletindo assim em várias adaptações ósseas e musculares em todo o membro. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi o de descrever aspectos da anatomia dos ossos e músculos do ombro e braço do M. tridactyla, com ênfase nas suas inserções ósseas, relações topográficas, ação e inervação. Para tal finalidade, foram dissecadas regiões de 10 membros torácicos de cinco cadáveres de M. tridactyla adultos, cedidos pelo CETAS - IBAMA-GO (licença 99/2011, processo CEUA-UFG no. 014/11). O M. tridactyla apresenta uma robusta musculatura nestas regiões, em especial aquela relacionada diretamente ao comportamento fossorial desta espécie, associado a significativas adaptações ósseas para conferir, particularmente, ampla fixação à mesma. O M. deltoide está dividido em três porções: acromial, escapular e clavicular. Os músculos supraespinhal e infraespinhal são típicos, embora o primeiro apresente uma inserção adicional no tubérculo menor do úmero. O M. redondo maior é bastante desenvolvido, origina-se na fossa escapular caudal e tem uma extensa inserção linear no úmero, o que aumenta seu poder de alavanca. O M. subescapular é largo e multipenado, mas não apresenta divisão em cabeças. O M. bíceps braquial é desenvolvido e divide-se em cabeças curta e longa, e esta última ainda apresenta uma parte superficial e outra profunda. O M. tríceps braquial é desenvolvido e dividido em três cabeças, longa, lateral e medial. Os músculos: redondo menor, coracobraquial, braquial, ancôneo, anconeoepitroclear e tensor da fáscia antebraquial (M. dorsoepitroclear) são típicos. Participaram da inervação destes musculos os nervos supraescapular, subescapular, axilar, radial, musculocutâneo e ulnar. Pode-se concluir que as adaptações osteomusculares das regiões abordadas favorecem a força em detrimento à velocidade e estão diretamente ligadas ao hábito fossorial do M. tridactyla. Sua anatomia remete àquela dos demais membros da superordem Xenarthra, em especial a do Tamandua tetradactyla e o Dasypus novemcinctus texanus, que também apresentam hábito fossorial, em detrimento ao Choloepus didactylus, cujo hábito é exclusivamente arborícola. Palavras-chave: Inervação, membro torácico, musculatura, tamanduá-bandeira

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CHAPTER 2 - ASPECTS OF ANATOMY OF THE MUSCLES OF THE

SHOULDER AND ARM OF THE Myrmecophaga tridactyla

ABSTRACT

Far from being restricted to locomotor function, the thoracic limbs of anteaters play a fundamental role in the defense and in particular in the feeding behavior of this species, reflecting in various musculoskeletal adaptations in the whole limb. Thus, the objective of this study was to describe aspects of anatomy of the muscles of the shoulder and arm of M. tridactyla, with emphasis on their skeleton attachments, topography, syntopy, action and innervation. For this purpose, the respective regions of ten thoracic limbs of five cadavers of adult M. tridactyla were dissected. The animals were provided by CETAS - IBAMA-GO (license 99/2011, CEUA-UFG no 014/11). M. tridactyla shows a robust musculature in these regions, especially that directly associated to fossorial behavior of this species in addition to significant skeletal adaptations, which in turn gives a particularly broad attachment area to it. The deltoid muscle is divided into three parts: acromial, scapular and clavicular. Supraspinatus and infraspinatus muscles are typical, although the former shows an additional insertion on the lesser tubercle of the humerus. The teres major muscle is quite developed. It originates from the whole broad teres major fossa of the scapula and has a wide linear insertion on the humerus, which increases its traction power. The subscapular muscle is wide and multipennate, but it is not divided into heads. The biceps brachial muscle is developed and divided into short and long heads, and the latter shows superficial and deep parts. The triceps brachial muscle is developed and divided into three heads: long, lateral and medial. The teres minor, coracobrachialis, brachialis, anconeus, anconeoepitroclear and tensor of the antebrachial fascia (M. dorsoepitroclear) muscles are typical. The suprascapular, subscapular, axillary, radial, ulnar and musculocutaneous nerves contributed to the innervation of these muscular groups. It can be concluded that the musculoskeletal adaptations of the studied regions favor strength rather than speed and are directly related to fossorial habit of the M. tridactyla. Its anatomy leads to that of the other members of superorder Xenarthra, especially that of the Tamandua tetradactyla and Dasypus novemcinctus texanus, which also present fossorial habit in detriment to Choloepus didactylus, whose habit is exclusively arboreal. Keywords: Giant anteater, innervation, musculature, thoracic limb

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1. INTRODUÇÃO

A superordem Xenarthra é formada pelas ordens Cingulata, cujos

integrantes apresentam osteodermos, como é o caso dos tatus, e pela ordem

Pilosa, com indivíduos apresentando pelos na cobertura corpórea, o que inclui os

tamanduás e os bichos-preguiça (GARDNER, 2005). O tamanduá-bandeira

(Myrmecophaga tridactyla) (ordem Pilosa, subordem Vermilingua, família

Myrmecophagidae) tem como parentes mais próximos e integrantes da mesma

subordem o Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim) e o Cyclopes didactylus

(tamanduaí, tamanduá-anão ou tamanduá-Seda), ambos arborícolas e de menor

porte (GAUDIN, 1999; DEEM & FIORELLO, 2002; DAWKINS, 2009; RODRIGUES

et al., 2009).

Há carência de informações sobre os aspectos morfofisiológicos dos

tamanduás-bandeira, principalmente em relação aos apêndices locomotores.

Quando se trata dos membros torácicos, a demanda por intervenções clínico ou

cirúrgica eficiente é fundamental para essa espécie, pois além de importantes na

deambulação, esses apêndices também são básicos para a defesa e obtenção do

alimento, por meio do uso de suas poderosas garras (TAYLOR, 1985; NAPLES,

1999; DAWKINS, 2009; RODRIGUES et al., 2009). Logo, qualquer deficiência

nesses membros, em especial osteomuscular, inviabiliza o retorno do animal ao

seu habitat natural. Além do mais, o estudo da anatomia macroscópica do sistema

muscular apresenta relevantes informações a respeito do comportamento,

ferramenta importante na determinação de hábitos de indivíduos de determinada

espécie (AVERSI-FERREIRA et al., 2005).

Os músculos do membro torácico já fora descrita em outros indivíduos

da superordem Xenarthra, como em tatus (MILLES, 1941), tamanduá-mirim

(TAYLOR, 1978) e bicho-preguiça (NYAKATURA & FISCHER, 2010), mas ainda

não foi abordada no M. tridactyla. As informações do presente estudo permite

avaliar as características peculiares dos integrantes dessa superordem, contribuir

com a clínica médica e cirúrgica, anatomia comparativa e futuros estudos

filogenéticos.

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Assim, o objetivo deste estudo foi o de se descrever aspectos da

anatomia dos músculos do ombro e braço em M. tridactyla com ênfase nas suas

fixações ao esqueleto, relações topográficas, ação e inervação.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados neste estudo cinco exemplares de tamanduá-

bandeira, adultos, sendo três fêmeas e dois machos. Os animais foram cedidos

pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) - IBAMA-GO (licença

99/2011), portanto, nenhum animal sofreu eutanásia especificamente para esse

trabalho, que foi previamente aprovado pela comissão de ética no uso de animais

(Processo CEUA-UFG no. 014/11). Todos os espécimes tiveram os dois

antímeros dissecados, assim os resultados desse estudo é produto da análise de

10 membros torácicos.

O preparo, acondicionamento e dissecação foram realizados no

Laboratório de Anatomia Animal do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da

Universidade Federal de Goiás (UFG). Os animais foram descongelados à

temperatura ambiente, por um período de aproximadamente 48 h, higienizados

em água corrente e fixados, por meio de injeção intra-arterial de aldeído fórmico

10%. Decorrido período de 24 horas após a fixação, essas peças foram

submersas em solução de aldeído fórmico a 4% e dissecadas a partir de no

mínimo 72 horas após imersão (RODRIGUES, 2010). Na dissecação, foi

removida a pele e, em segundo plano, a fáscia superficial. Em sequida, foram

removidas as fáscias profundas para a evidenciação dos músculos do ombro e

braço, bem como os nervos destinados a esses músculos. Para evidenciação dos

músculos profundos, bem como das inserções musculares, a musculatura

superficial teve seus ventres ou tendões seccionados, quando necessário.

A ação hipotética dos músculos foi estabelecida a partir da análise de

sua morfologia, topografia e de seus pontos de fixação ao esqueleto.

Os resultados foram documentados por meio de fotografias, obtidas

com câmera digital (Canon® EOS 50D) e a terminologia empregada obedeceu à

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nomenclatura estabelecida pelo International Committee on Veterinary Gross

Anatomical Nomenclature (2012).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diferente da maioria dos mamíferos domésticos, cujos membros

torácicos são especializados puramente em órgãos locomotores (NICKEL et al.,

1986), estes apêndices no tamanduá-bandeira desempenham também papel

fundamental na defesa, e, em especial, no comportamento alimentar desta

espécie. O papel principal do membro torácico neste tipo de comportamento

alimentar envolve uma poderosa retração das garras em direção ao corpo para

rasgar e destruir montículos de terra e troncos de árvores infestados por insetos

(TAYLOR, 1978), o que reflete em várias adaptações ósseas e musculares em

todo o membro (MILES, 1941).

Animais de hábito fossorial apresentam no membro torácico músculos

flexores mais desenvolvidos, com predomínio de inserções tendinosas em relação

às carnosas, conferindo maior força em relação à velocidade e inserções

musculares mais distais e amplas, aumentando o poder de alavanca dos

músculos (MILES, 1941, TAYLOR, 1978, NICKEL et al., 1986; ENDO et al.,

2002).

As adaptações ósseas no membro torácico do M. tridactyla também

são notáveis. O modelo biomecânico observado nos três gêneros de

Myrmecophagidae (Cyclopes, Tamandua e Myrmecophaga) enfatiza a força em

detrimento da velocidade (OLIVEIRA, 2001).

A escápula é ampla e apresenta a fossa escapular caudal para fixação

do M. redondo maior. Esta fossa é separada da fossa infraespinhosa pela espinha

caudal da escápula (Figura 1). A presença dessa fossa aumenta

consideravelmente a largura da escápula, de forma que esta medida supera o

comprimento dorsoventral. As fossas supraespinhosa e infraespinhosa

apresentam dimensões equivalentes e a fossa subescapular é profunda e ampla.

A porção distal da fossa supraespinhosa apresenta um forame para a passagem

do N. supraescapular. O acrômio é desenvolvido e forma um arco voltado

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cranialmente, oferecendo uma maior área para inserção muscular, assim como

em demais membros da superordem Xenarthra (MILES, 1941; TAYLOR, 1978;

NYAKATURA & FISCHER, 2010). O processo supraglenoidal é pouco

desenvolvido e não apresenta o processo coracoide.

FIGURA 1 - A. Face lateral da escápula, úmero, rádio e ulna de M. tridactyla B. Face medial da escápula, úmero, rádio e ulna de M. tridactyla C. Face cranial do úmero de M. tridactyla D. Face caudal do úmero de M. tridactyla

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Em comparação com os demais membros da superordem Xenarthra, a

escápula do M. tridactyla apresenta as mesmas características descritas no

tamanduá-mirim (TAYLOR, 1978). O tatu (MILES, 1941) não apresenta o forame

para passagem do N. supraescapular, e tanto o tatu quanto o bicho-preguiça não

apresentam a fossa escapular caudal. O processo coracoide, que está ausente no

M. tridactyla, encontra-se fundido ao acrômio no bicho-preguiça (NYAKATURA &

FISCHER, 2010).

A clavícula do M. tridactyla é curta, ovoide e não se articula com o

esqueleto, estando inserida na intersecção tendínea do M. braquiocefálico. As

clavículas do tatu (MILES, 1941) e bicho-preguiça (NYAKATURA & FISCHER,

2010), entretanto, são completas e desenvolvidas. TAYLOR (1978) não faz

referência à clavícula em seu estudo em tamanduá-mirim.

O úmero do M. tridactyla é relativamente mais curto, porém mais

robusto em comparação com o de espécies de porte físico semelhante. Este perfil

pode estar relacionado ao uso em movimentos mais lentos, porém mais vigorosos

dos membros torácicos devido ao hábito fossorial (OLIVEIRA, 2001).

As cristas supracondilares lateral e medial se unem às tuberosidades

deltoidea e redonda maior, respectivamente, conferindo ao úmero um perfil

achatado craniocaudalmente. Isto amplia a área de inserção muscular

melhorando o sistema de alavancas nos movimentos de rotação do úmero. Os

epicôndilos desenvolvidos oferecem grande área para fixação dos potentes

músculos flexores e extensores do carpo e dos dedos. Um grande forame

epitroclear está presente no epicôndilo medial, que segundo MILES (1941) dá

passagem à artéria braquial e ao N. mediano (MILES, 1941).

Os músculos do ombro são aqueles que se originam na escápula e se

inserem no úmero, podendo ser divididos em dois grupos, um lateral e outro

medial. O grupo lateral inclui o músculo deltoide, supraespinhal, infraespinhal e

redondo menor. O grupo medial o músculo subescapular, redondo maior,

coracobraquial e capsular (GETTY, 1986), esse último, não encontrado no

tamanduá-bandeira.

Os músculos do braço são aqueles agrupados em torno do úmero,

sendo eles: bíceps braquial; braquial; tensor da fáscia antebraquial; tríceps

braquia; e ancôneo. Originam-se na escápula e no úmero e se inserem no

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antebraço, agindo sobre a articulação do cotovelo e fáscia do antebraço (GETTY,

1986), ressaltando-se que no tamanduá-bandeira foi encontrado o M.

anconeoepitroclear.

Tomando-se como base a origem, inserção e a posição das fibras

musculares em relação às articulações e ao eixo envolvido em cada movimento,

foram propostostas hipóteses de ação dos músculos do ombro e braço em M.

tridactyla.

A seguir serão descritas as inserções, inervação e hipótese de ação

dos músculos do ombro e do braço (Quadro 1), assim como a localização e

estrutura desses músculos no tamanduá-bandeira.

Músculo deltoide

O M. deltoide recobre craniolateralmente o contorno do úmero, o M.

infraespinhal e também a superfície laterocranial do M. tríceps braquial (Figura 2).

Está dividido em três porções: acromial, escapular e clavicular, conforme

observado no bicho-preguiça (NYAKATURA & FISCHER, 2010), mas há

significativa variação no número de partes entre as espécies. Por exemplo, em

equinos e suínos, ocorre apenas a porção escapular, enquanto cães, gatos e

ruminantes apresentam as porções acromial e escapular (NICKEL et al., 1986).

MILES (1941), no tatu, cita a existência da porção clavicular e acromial. Na

toupeira, também são encontradas três porções: cleidodeltoidea,

acromiodeltoidea e espinodeltoidea, sendo observado que as duas primeiras

porções se originam na clavícula (WHIDDEN, 2000) já no esquilo THORINGTON,

JR. et al. (1997) observou três porções: acromiodeltoidea, espinodeltoidea e

clavodeltoidea.

A porção acromial tem sua origem no acrômio, espinha da escápula e

tubérculo supraglenoide; segue em sentido distal e se divide em duas partes,

estando os músculos braquiorradial e braquial intercalado entre elas (Figura 2).

Este padrão de divisão da porção acromial não foi descrito em outras espécies. A

parte medial se insere na tuberosidade deltoide, enquanto a lateral se insere no

epicôndilo lateral do úmero, crista supracondilar lateral e na fáscia dorsal do

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antebraço, em conjunto com a porção escapular, o que difere de outras espécies.

No cão (EVANS & deLAHUNTA, 2001), mão pelada (SANTOS et al., 2010a),

quati (SANTOS et al., 2010b) e no hipopótamo pigmeu (FISHER et al., 2007), a

porção acromial se une com a escapular para se inserir na tuberosidade deltoide.

No bicho-preguiça, a porção acromial forma um tendão comum com o M. peitoral

superficial posterior e distalmente, em comum com o M. bíceps braquial, insere-se

no rádio (NYAKATURA & FISCHER, 2010).

FIGURA 2 - Face lateral do ombro e braço do membro torácico esquerdo de M.

tridactyla. Brd, M. braquiorradial; DetAL, M. deltoide acromial lateral; DetAM, M. deltoide acromial medial; DetE, M. deltoide escapular; GraD, M. grande dorsal; Otr, M. omotransverso; RMa, M. redondo maior; TFAb, M. tensor da fáscia antebraquial; TrLa, M. tríceps braquial, cabeça lateral; TrLo, M. tríceps braquial, cabeça longa; Trp, M. trapézio

A porção escapular origina-se na espinha da escápula, relaciona-se

cranialmente com a porção acromial e caudalmente com a cabeça longa do M.

tríceps braquial.

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A porção clavicular apresenta-se como uma delgada lâmina de fibras

musculares, posicionada cranialmente ao ombro (Figura 4). Origina-se na

clavícula vestigial e se insere na superfície cranial da tuberosidade deltoide, junto

ao M. peitoral superficial. Com a regressão da clavícula, a porção clavicular nos

mamíferos domésticos está descrita como porção cleidobraquial do M.

braquiocefálico (GETTY, 1986; SCHALLER, 1999).

Embora a ação do M. deltoide se resuma à flexão da articulação do

ombro e abdução do braço nos mamíferos domésticos (GETTY, 1986;

SCHALLER, 1999; KÖNIG & LIEBICH, 2004), mão pelada (SANTOS et al.,

2010a), quati (SANTOS et al., 2010b) e hipopótamo pigmeu (FISHER et al.,

2007), no M. tridactyla, a ação de suas partes é mais complexa. A porção

escapular flexiona a articulação do ombro, abduz o braço, e promove rotação

axial lateral do úmero. Por outro lado, a porção acromial provoca extensão da

articulação do ombro, abdução do braço e, devido à inserção no antebraço,

auxilia na flexão da articulação do cotovelo. Por último, a porção clavicular, em

conjunto com a porção cleidocefálica do M. braquiocefálico, auxilia na protração

do ombro.

À semelhança do que ocorre nos mamíferos domésticos a inervação do

M. deltoide no M. tridactyla é realizada pelo N. axilar (GETTY, 1986; SCHALLER,

1999; KÖNIG & LIEBICH, 2004).

Músculo supraespinhal

O M. supraespinhal (Figuras 3 e 4) tem a forma cônica, ocupa toda a

fossa supraespinhosa e está recoberto pelo M. trapézio. Sua fáscia espessa fixa-

se na borda cranial da escápula e na espinha da escápula, inclusive no acrômio, o

que confere resistência à espinha e acrômio, por contrapor as tensões exercidas

pela contração do M. deltoide, que se fixa na borda oposta dessa projeção óssea.

As fibras musculares de seu ventre cruzam cranialmente a articulação

do ombro, profundamente ao desenvolvido acrômio, para se inserirem nos

tubérculos maior e menor do úmero. O tendão para o tubérculo menor cruza

superficialmente o tendão da cabeça longa do M. bíceps braquial, semelhante ao

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suíno, bovino e equino (GETTY, 1986; KÖNIG & LIEBICH, 2004). A dupla

inserção em M. tridactyla difere daquela observada em outras espécies, como no

esquilo (THORINGTON, JR., 1997), toupeira (WHIDDEN, 2000), bicho-preguiça

(NYAKATURA & FISCHER, 2010), macaco Cebus albifrons (CRIBILLERO et al.,

2009), mão pelada (SANTOS et al., 2010a) e quati (SANTOS et al., 2010b), onde

sua inserção ocorre somente no tubérculo maior, e no tatu; onde ocorre a fusão

dos tendões dos músculos supra e infraespinhal, antes de se inserirem neste

mesmo tubérculo (MILLES, 1941).

FIGURA 3 - Aspecto profundo da face lateral do ombro e braço do membro

torácico esquerdo de M. tridactyla, após a remoção dos músculos deltoide e trapézio. Anc, M. ancôneo; Braq, M. braquial; Infre, M. infraespinhal; RMe, M. redondo menor; Supe, M. supraespinhal; TrLa, M. tríceps braquial, cabeça lateral; TrLo, M. tríceps braquial, cabeça longa

O M. supraespinhal em M. tridactyla atua como um extensor da

articulação do ombro. NYAKATURA & FISCHER (2010) acrescentam ainda que,

no bicho-preguiça, a ação conjunta dos músculos supraespinhal, infraespinhal e

subescapular presumivelmente guia a retração do úmero, evitando a abdução do

braço, e, segundo FISHER et al. (2007) e MOORE & DALLEY (2011), com auxilio

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dos músculos redondo menor, infraespinhal e subescapular, ele atua sobre a

articulação do ombro promovendo sua estabilização.

Sua inervação é proveniente do N. supraescapular, como em outras

espécies com no tatu (MILLES, 1941) e em mamíferos domésticos (GETTY,

1986), acrescentando-se que no caso do M. tridactyla, esse nervo não contorna o

colo da escápula como nos mamíferos domésticos (GETTY, 1986), mas sim

passa entre as fibras do M. subescapular e cruza a escápula através do forame

escapular (Figura 1), localizado na parte distal e cranial da fossa supraespinhosa.

Músculo infraespinhal

O M. infraespinhal (Figura 3) ocupa a totalidade da fossa

infraespinhosa, que se equivale em proporção à fossa supraespinhosa e é

separada caudalmente da fossa escapular caudal pela espinha caudal da

escápula (Figura 1). Está recoberto pelo M. deltoide e cruza lateralmente a

articulação do ombro para se inserir no tubérculo maior do úmero, conforme

ocorre em outras espécies (GETTY, 1986; CONCHA et al., 2004; SANTOS et al.,

2010 ab).

Este músculo é inervado pelo N. supraescapular e sua ação varia

bastante entre as diferentes espécies de mamíferos. No bovino, ele estende a

articulação do ombro e no equino promove a abdução do braço (GETTY, 1986).

Por outro, no quati (SANTOS et al., 2010b) e mão pelada (SANTOS et al., 2010a),

pode tanto estender como flexionar a articulação do ombro. Já no cão (GETTY,

1986) e quati (SANTOS et al., 2010b) atua como ligamento colateral da

articulação do ombro. Baseado na sua posição e nos pontos de fixação, em M.

tridactyla ele auxilia na flexão da articulação do ombro e rotação lateral do úmero.

Músculo redondo menor

O M. redondo menor (Figura 3) localiza-se profundamente ao M.

deltoide, acompanhando a borda ventral do M. infraespinhal. Origina-se na

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extremidade distal da espinha caudal da escápula e se insere no tubérculo maior

do úmero, distalmente à inserção do M. infraespinhal. No bicho-preguiça, insere-

se na borda caudal da escápula (NYAKATURA & FISCHER, 2010).

Apesar desse músculo estar bem individualizado no presente estudo,

conforme também ocorre nos mamíferos domésticos (GETTY, 1986), ele

apresenta íntima relação anatômica com o M. infraespinhal, o que dificulta sua

identificação. A relação anatômica com esse músculo também é reportada em

outras espécies. No hipopótamo pigmeu, ele se origina do M. infraespinhal

(FISHER et al., 2007), ou está fusionado a ele, conforme se observa no tatu

(MILES, 1941), no esquilo (THORINGTON, JR., 1997) e no bicho-preguiça

(NYAKATURA & FISCHER, 2010). No tatu, a separação destes músculos só é

possível acompanhando a inervação dos mesmos (MILES, 1941).

Em M. tridactyla, o M. redondo menor auxilia na flexão da articulação

do ombro, corroborando as descrições de FISHER et al. (2007), para o

hipopótamo pigmeu e MOORE et al. (2012), para o texugo americano. No entanto

a sua inserção no tamanduá-bandeira pode permitir também a rotação axial

lateral do úmero.

Sua inervação se dá pelo N. axilar, à semelhança que se observa nos

mamíferos domésticos (GETTY, 1986) e no bicho-preguiça (NYAKATURA &

FISCHER, 2010).

Músculo subescapular

O M. subescapular (Figuras 3 e 4) é um músculo largo e multipenado,

que ocupa toda a ampla fossa subescapular, ultrapassando seu limite caudal e

cranial. As fibras musculares têm origem em toda a face medial da escápula, da

borda cranial até a borda caudal, distalmente à face serrátil. Proximalmente à sua

inserção no tubérculo menor do úmero, seu ventre é atravessado pelo tendão

comum de origem dos músculos bíceps braquial e coracobraquial (Figura 4) e

pelo N. supraescapular.

O M. subescapular no M. tridactyla apresenta, de forma geral, a mesma

topografia, origem e inserção que a observada nos animais de sua ordem, quer

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seja, o tatu (MILLES, 1941), o tamanduá-mirim (TAYLOR, 1978) e o bicho-

preguiça (NYAKATURA & FISCHER, 2010). Todavia, não foi observado em M.

tridactyla a divisão deste músculo em cabeças, sendo duas as descritas na

toupeira (WHIDDEN, 2000) e no hipopótamo pigmeu (FISHER et al., 2007) e três

no tatu (MILLES, 1941).

O M. subescapular do M. tridactyla promove a adução do braço, à

semelhança do descrito por MOORE et al. (2012) no texugo americano e FISHER

et al. (2007) no hipopótamo pigmeu. Além da flexão ou extensão da articulação do

ombro, na dependência da posição do braço e, conforme o descrito no tamanduá-

mirim (TAYLOR, 1978), provoca também a rotação medial do úmero. No texugo

americano (MOORE et al., 2012) e no hipopótamo pigmeu (FISHER et al., 2007),

o M. subescapular promove a adução e a estabilização da articulação do ombro.

FIGURA 4 - Face medial do ombro e braço do membro torácico direito de M.

tridactyla. AnEp, M. anconeoepitroclear; BicC, M. bíceps braquial, cabeça curta; BicL, M. bíceps braquial, cabeça longa; Brd, M. braquiorradial; Corb, M. coracobraquial; DetC, M. deltoide clavicular; Sube, M. subescapular; Supe, M. supraespinhal; TrMe. M. tríceps braquial, cabeça medial; TrLo, M. tríceps braquial, cabeça longa

Este músculo é inervado pelo N. subescapular, à semelhança do

observado no tatu (MILLES, 1941) e nos animais domésticos, exceto no equino

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onde recebe também contribuição de fibras dos nervos peitoral cranial e axilar

(GETTY, 1986).

Músculo redondo maior

Por estar diretamente envolvido com o hábito fossorial (promovendo a

retração do úmero), o M. redondo maior do M. tridactyla constitui uma

desenvolvida massa muscular, que se encontra posicionada caudoventralmente

aos músculos infraespinhal e tríceps braquial (Figura 2).

A origem deste músculo apresenta uma característica em comum com

algumas espécies de mamíferos que compartilham d hábito fossorial. Assim,

enquanto sua origem se restringe à borda caudal da escápula e M. subescapular

nos mamíferos domésticos (GETTY, 1986), esquilos (THORINGTON, JR., 1997),

hipopótamo (FISHER et al., 2007) e nos texugos americanos (MOORE et al.,

2012); nos animais cavadores, devido ao grande volume deste músculo, a

escápula apresenta uma área adicional para a sua origem, denominada fossa

escapular caudal, cuja área supera inclusive a das fossas supra e infraespinhal à

semelhança do observado no presente estudo e essa característica foi descrita no

tamanduá-mirim (TAYLOR, 1978) e na toupeira (WHIDDEN, 2000).

As fibras musculares do M. redondo maior dirigem-se obliquamente em

sentido cranial e distal entre os músculos tríceps braquial e grande dorsal,

inserindo-se na tuberosidade redonda do úmero, por intermédio de uma lâmina

tendinosa, coberta em sua face medial pela inserção também laminar do M.

grande dorsal. No bicho-preguiça a inserção é mais proximal, ocorrendo na crista

do tubérculo menor, o que confere menor capacidade de alavanca deste músculo

nessa espécie em relação ao M. tridactyla.

O M. redondo maior do M. tridactyla é responsável pela rotação medial

do úmero e flexão do ombro, retraindo o úmero e o ombro caudalmente,

corroborando assim com os relatos de GETTY (1986), FISHER et al. (2007) e

MOORE et al. (2012). Neste sentido, esta ação desempenha importante papel no

hábito alimentar dos tamanduás-bandeira, pois a tração do membro em direção

ao corpo permite a escavação e destruição de montículos de cupins e formigas.

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O M. redondo maior do M. tridactyla é inervado pelo N. axilar,

concordando assim com as descrições existentes para mamíferos domésticos

(NICKEL et al., 1986). Curiosamente, no tatu, que é também membro da

superordem Xenarthra, a inervação deste músculo é realizada pelo N.

subescapular (MILES, 1941).

Músculo coracobraquial

O M. coracobraquial (Figura 4) é uma forte faixa muscular que tem

origem conjunta com a cabeça curta do M. bíceps braquial na face craniomedial

do colo da escápula. Esta origem em comum com o bíceps braquial não é usual,

sendo relatada também no macaco Cebus albifrons (CRIBILLERO et al., 2009).

Todavia, nesta espécie o M. coracobraquial apresenta as porções média e

profunda. No tatu (MILLES, 1941), no bicho-preguiça (NYAKATURA & FISCHER,

2010) e na toupeira (WHIDDEN, 2000), se origina isoladamente no processo

coracoide, acidente este ausente em M. tridactyla.

Seu tendão, conjuntamente com o tendão da cabeça curta do M.

bíceps braquial, cruza medialmente a articulação do ombro, seguindo em sentido

distal, na face medial do úmero. Sua face profunda está em contato com o N.

mediano, artéria e veia braquial, corroborando as descrições de MILLES (1941),

feitas para o tatu. Após separar-se da cabeça curta do M. bíceps braquial, na

altura do terço distal do úmero, ele se insere na crista supracondilar medial,

diferindo do tatu, cuja inserção no epicôndilo medial é mais distal (MILLES, 1941).

A hipótese de ação para este músculo é adução do braço, enquanto

nos mamíferos domésticos esse o mesmo é capaz de estender e aduzir a

articulação do ombro (SCHALLER, 1999). Sua inervação ocorre pelo N.

musculocutâneo, conforme encontrado por MILLES (1941) no tatu e NICKEL et al.

(1986) nos mamíferos domésticos.

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QUADRO 1 - Resumo das inserções, inervação e hipótese de ação dos músculos do ombro e braço em M. tridactyla

Músculos Origem Inserção Inervação (Nn.) Hipótese de ação

Supraespinhal Fossa supraespinhosa Tuberosidade lateral e medial do úmero Supraescapular Extensão e estabilização do ombro

Infraespinhal Fossa infraespinhosa Tuberosidade lateral do úmero Supraescapular Flexão do ombro e rotação lateral do úmero

Deltoide acromial Acrômio, espinha da escápula e tubérculo supraglenoide

Tuberosidade deltoide, epicôndilo lateral, crista supracondilar lateral e fáscia dorsal do antebraço

Axilar Extensão da articulação do ombro, abdução do braço e flexão da articulação do cotovelo

Deltoide escapular Espinha da escápula Epicôndilo lateral, crista supracondilar lateral e fáscia dorsal do antebraço

Axilar Flexão do ombro, abdução do braço e rotação axial lateral do úmero

Deltoide clavicular Clavícula Tuberosidade deltoide Axilar Protração do ombro

Redondo menor Espinha caudal da escápula

Tubérculo maior do úmero Axilar Flexão do ombro e rotação axial lateral do úmero

Subescapular Face medial da escápula Tubérculo menor do úmero Subescapular Adução do braço, flexão ou extensão do ombro e rotação medial do úmero

Redondo maior Fossa escapular caudal Tuberosidade redonda do úmero Axilar Rotação medial do úmero, flexão do ombro, retração do úmero e ombro caldaumente

Coracobraquial Face craniomedial do colo da escápula

Crista supracondilar medial Musculocutâneo Adução do braço

Bíceps braquial cabeça longa

Tubérculo supraglenoide Tuberosidade radial e ulnar Musculocutâneo Extensão do ombro, flexão cotovelo e supinação do antebraço.

Bíceps braquial cabeça curta

Face craniomedial do colo da escápula

Tuberosidade radial Musculocutâneo Adução do braço, flexão do cotovelo e supinação do antebraço

Braquial Face caudal do úmero e tuberosidade deltoide

Tuberosidade ulnar Musculocutâneo Flexão do cotovelo e supinação do antebraço

Tensor da fáscia antebraquial

M. Grande dorsal e quarta vértebra torácica

Epicôndilo medial e fáscia do antebraço Radial, toracodorsal e ramos dos Nn. espinhais torácicos

Extensão do cotovelo, flexão do ombro, retração do braço e tensão da fáscia do antebraço

Tríceps braquial cabeça longa

Borda caudal e espinha da escápula

Olécrano Radial Extensão do cotovelo e flexão do ombro

Tríceps braquial cabeça lateral

Terço proximal do úmero Olécrano e fáscia do antebraço Radial Extensão do cotovelo e tensão da fáscia do antebraço

Tríceps braquial cabeça medial

Crista supracondilar medial Olécrano Radial Extensão do cotovelo e supinação do antebraço

Ancôneo Epicôndilo lateral e crista supracondilar lateral

Olécrano e fáscia do antebraço Radial Extensão do cotovelo, pronação do antebraço e tensão da fáscia do antebraço

Anconeoepitroclear Epicôndilo medial e crista supracondilar medial

Olécrano e fáscia do antebraço Ulnar Extensão do cotovelo, supinação do antebraço e tensão da fáscia do antebraço

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Músculo bíceps braquial

O M. bíceps braquial em M. tridactyla é bastante desenvolvido,

apresentando duas cabeças (Figuras 4 e 5), conforme descrito no tamanduá-

mirim (TAYLOR, 1978), humanos (MOORE & DALLEY, 2011), canguru

(HOPWOOD, 1974), esquilos (THORINGTON, JR., 1997), primatas (MOORE &

DALLEY, 2011; CRIBILLERO et al., 2009) e bicho-preguiça (NYAKATURA &

FISCHER, 2010). Nesta última espécie, ele origina-se por um único tendão no

processo coracoide da escápula, mas logo a seguir divide-se em dois ventres;

anterior e posterior (NYAKATURA & FISCHER, 2010). Por outro lado, nos

mamíferos domésticos (EVANS & deLAHUNTA, 2001; KÖNIG & LIEBICH, 2004),

no tatu (MILLES, 1941), na toupeira (WHIDDEN, 2000), no hipopótamo pigmeu

(FISHER et al., 2007), no mão pelada (SANTOS et al., 2010a), e no quati

(SANTOS et al., 2010b), o bíceps braquial apresenta apenas uma cabeça e,

portanto, um único ponto de origem.

A cabeça longa origina-se no tubérculo supraglenoide e seu tendão

cruza a superfície cranial da articulação do ombro (Figura 5), passando pelo sulco

intertubercular e seguindo em sentido distal em contato com a face cranial do

úmero. Após cruzar a articulação do cotovelo, divide-se em duas partes,

superficial e profunda. A parte superficial insere-se na tuberosidade radial,

localizada na face medial da cabeça do rádio, juntamente com a cabeça curta. A

parte profunda por sua vez insere-se na tuberosidade ulnar, localizada na face

cranial da extremidade proximal da ulna, em associação com a inserção do M.

braquial.

A cabeça curta origina-se na face craniomedial do colo da escápula em

um tendão comum com o M. coracobraquial (Figura 5), diferindo assim da

toupeira (WHIDDEN, 2000) e tatu (MILES, 1941), cuja origem se dá no lábio

glenoidal. Esse tendão cruza a face medial da articulação do ombro em sentido

distal, mantendo contato com o N. musculocutâneo e o úmero. Na altura do terço

distal do úmero, esses dois músculos se separam e a cabeça curta do bíceps

braquial se insere no rádio através de um tendão comum com a divisão superficial

da cabeça longa.

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FIGURA 5 - Face cranial do ombro e braço do membro torácico esquerdo de M. tridactyla. BicC, M. bíceps braquial, cabeça curta; BicL, M. bíceps braquial, cabeça longa; Braq, M. braquial; Sube, M. subescapular; Supe, M. supraespinhal; TMeU, Tubérculo menor do úmero

A ação do M. bíceps braquial no M. tridactyla, devido às suas

características anatômicas, assemelha-se à descrita em humanos (MOORE &

DALLEY, 2011) e outros primatas (CRIBILLERO et al., 2009). A cabeça longa,

assim como nos mamíferos, promove extensão da articulação do ombro, flexão

da articulação do cotovelo e supinação do antebraço. A cabeça curta promove

adução do braço, flexão da articulação do cotovelo e supinação do antebraço.

Sua inervação é realizada pelo N. musculocutâneo, corroborando o descrito para

outras espécies de mamíferos (MOORE & DALLEY, 2011; EVANS &

deLAHUNTA, 2001; KÖNIG & LIEBICH, 2004).

Músculo braquial

O M. braquial (Figuras 3 e 5) em M. tridactyla localiza-se

profundamente aos músculos deltoide, bíceps braquial e braquiorradial. Sua

origem ocorre na face caudal da extremidade proximal do úmero, conforme

observado no tatu (MILLES, 1941). Seu ventre contorna obliquamente a face

lateral do úmero no sentido distal e cranial. Cruza a face cranial da articulação do

cotovelo, profundamente ao tendão do M. bíceps braquial, para em seguida,

inserir na tuberosidade ulnar, localizada na face cranial da extremidade proximal

da ulna, em comum com a inserção da porção profunda da cabeça longa do M.

bíceps braquial, conforme descrito no bicho-preguiça (NYAKATURA & FISCHER,

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2010). No tatu, esta inserção ocorre também na ulna, porém distalmente à

inserção do bíceps braquial (MILLES, 1941).

A ação do M. braquial varia conforme seu local de inserção. Assim, nas

espécies cuja inserção ocorre no rádio, como é o caso dos animais domésticos

(KÖNIG & LIEBICH, 2004), e do hipopótamo (FISHER et al., 2007), sua ação

restringe-se à flexão do cotovelo, conjuntamente com os músculos bíceps

braquial e braquiorradial. Em M. tridactyla, entretanto, por se inserir na ulna, o M.

braquial pode ainda contribuir com a supinação do antebraço, contrapondo assim

o descrito por TAYLOR (1978) que sugere somente o movimento de flexão do

cotovelo no Tamandua tetradactyla, apesar do M. braquial apresentar nessa

espécie a mesma inserção observada no M. tridactyla.

O M. braquial é inervado pelo N. musculocutâneo, não sendo

encontrada em M. tridactyla inervação adicional proveniente do N. radial,

conforme ocorre no tatu (MILLES, 1941) e no equino (GETTY, 1986).

Músculo tensor da fáscia antebraquial

Assim como no tatu (MILES, 1941) o M. tensor da fáscia antebraquial

(Figura 2) é desenvolvido e localiza-se na face caudal e medial do antebraço,

mantendo relação em sua face profunda com o M. tríceps braquial. Apesar da

variação na terminologia, o M. tensor da fáscia antebraquial é descrito em várias

espécies, inclusive a humana, onde ele é inconstante mas pode ser observado

em embriões (HANINEC et al., 2009).

No presente estudo adotou-se a terminologia M. tensor da fáscia

antebraquial, conforme a “International Committee on Veterinary Gross

Anatomical Nomenclature (2012)”. Todavia, o termo dorsoepitroclear foi utilizado

em vários estudos (RAVEN & HILL, 1950; SWINDLER & WOOD, 1973; TAYLOR,

1978; THORINGTON, JR., 1997; WHIDDEN, 2000; NYAKATURA & FISCHER,

2010), além de latissimocondiloideo (HOPWOOD, 1974), dorso-olécrano

(AVERSI-FERREIRA et al., 2005) e epitroclear (MOORE et al., 2012).

A origem deste músculo varia significativamente entre as espécies.

Duas origens foram observadas no presente estudo. As fibras musculares

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posicionadas cranialmente originam-se no M. grande dorsal, coincidindo com as

descrições no tatu (MILLES, 1941), canguru (HOPWOOD, 1974), tamanduá-mirim

(TAYLOR, 1978), macaco-prego (AVERSI-FERREIRA et al., 2005), macaco

Cebus albifrons (CRIBILLERO et al., 2009), bicho-preguiça (NYAKATURA &

FISCHER, 2010), toupeira (WHIDDEN, 2000), chimpanzés e babuínos

(SWINDLER & WOOD, 1973) e, quando presente no homem (HANINEC et al.,

2009).

As fibras posicionadas caudalmente acompanham a borda cranial do

M. grande dorsal no sentido proximal para se fixarem no processo espinhoso da

quarta vértebra torácica, sendo esta uma característica típica do M. tridactyla,

acrescentando a este músculo a capacidade de contribuir com a flexão da

articulação do ombro e auxílio na retração do braço. Todavia, um segundo ponto

de fixação foi também relatado em outras espécies, como no ângulo caudal da

escápula do tamanduá-mirim (TAYLOR, 1978), no M. redondo maior do esquilo

(THORINGTON, JR., 1997) e nos músculos peitorais do texugo americano

(MOORE et al., 2012).

A inserção em M. tridactyla ocorre no epicôndilo medial do úmero,

assim como no gorila (RAVEN & HILL, 1950), bicho-preguiça (NYAKATURA &

FISCHER, 2010) e, quando presente, no homem (HANINEC et al., 2009); se

insere também na fáscia profunda caudal do antebraço, conforme observado no

Cebus albifrons (CRIBILLERO et al., 2009). No chimpanzé e babuíno

(SWINDLER & WOOD, 1973), esquilo (THORINGTON, JR., 1997), macaco-prego

(AVERSI-FERREIRA et al., 2005) e texugo americano (MOORE et al., 2012), a

inserção ocorre no olécrano. No canguru (HOPWOOD, 1974), puma (CONCHA et

al., 2004) e quati (SANTOS et al., 2010b), a inserção distal acontece na fáscia do

antebraço e olécrano. Já a toupeira ocorre na fáscia do antebraço (WHIDDEN,

2000). Conforme descrito por AVERSI-FERREIRA et al. (2005), a inserção no

úmero gera mais força e menos amplitude de movimento. Ao atravessar a

articulação do cotovelo para se inserir no olécrano; ocorre perda efetiva de força,

porem com ganho na amplitude de movimentos.

O M. tensor da fáscia antebraquial tenciona a fáscia do antebraço e

estende a articulação do cotovelo. A existência do segmento com origem na

vértebra torácica flexiona a articulação do ombro e auxilia o M. grande dorsal na

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retração do braço. Nos mamíferos domésticos, GETTY (1986) considera que a

ação deste músculo se restringe à tensão da fáscia do antebraço e extensão da

articulação do cotovelo, apesar de citar a flexão do ombro no cão. AVERSI-

FERREIRA et al. (2005) afirmam que esse músculo é fundamental para a

execução de movimentos rápidos, principalmente em primatas de hábitos

arbóreos.

Poucos autores citam a inervação do M. tensor da fáscia antebraquial,

sendo ela realizada pelo N. radial no macaco-prego (AVERSI-FERREIRA et al.,

2005), no bicho-preguiça (NYAKATURA & FISCHER, 2010) e nos mamíferos

domésticos (MILLER et al., 1964; GETTY, 1986). No M. tridactyla, entretanto, sua

inervação provém de vários nervos. A parte caudal do músculo é inervada pelo N.

radial e por um ramo proveniente do primeiro nervo torácico. As fibras localizadas

cranialmente ao M. grade dorsal são inervadas pelo N. toracodorsal e por ramos

dorsais de nervos espinhais torácicos. A presença da participação do N.

toracodorsal na inervação desse músculo contribui para sustentar a hipótese de

que ele colabora com o M. grande dorsal na flexão do ombro e retração do braço,

uma vez que estes músculos recebem fibras nervosas originadas do mesmo

nervo.

Músculo tríceps braquial

O M. tríceps braquial ocupa o espaço caudal à articulação do ombro,

entre a escápula e o úmero (Figuras 2 e 3). As fibras musculares de suas três

cabeças seguem no sentido distal para se inserirem na tuberosidade do olecrano

e na fáscia do antebraço.

A cabeça longa é a mais desenvolvida e está em contato, em sua face

cranial, com a cabeça lateral e com o M. deltoide escapular enquanto sua face

caudal está em contato com os músculos redondo maior e tensor da fáscia

antebraquial (Figura 2). Este músculo tem uma ampla origem, que inclui a espinha

da escápula, face lateral da escápula entre as inserções dos músculos deltoide,

redondo maior e também na borda caudal do terço distal da escápula.

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A cabeça lateral apresenta-se como uma lâmina espessa em contato

com a face cranial da cabeça longa e com a face caudal do M. deltoide. Origina-

se na face lateral e caudal do terço proximal do úmero e, além da inserção no

olécrano, insere-se também na fáscia do antebraço (Figura 3), auxiliando na

tensão da mesma.

A cabeça medial é a menos desenvolvida delas, apresentando-se

como uma faixa delgada de fibras musculares curtas e paralelas, com origem na

parte proximal da crista supracondilar medial do úmero. Suas fibras estão

direcionadas no sentido caudal e distal em contato com a borda proximal do M.

anconeoepitroclear para se inserirem no olécrano (Figuras 4, 6A e 6B). A sua face

profunda está em contato com o N. ulnar e com a cabeça umeral proximal do M.

flexor profundo dos dedos (Figura 7).

O M. tríceps braquial apresenta quatro cabeças (longa, lateral, medial e

acessória) nos ruminantes e caninos (GETTY, 1986; NICKEL et al., 1986), quati

(SANTOS et al., 2010b) e mão pelada (SANTOS et al., 2010a), duas cabeças nos

cetáceos, sendo elas a cabeça longa e, de forma vestigial, a cabeça lateral

(COOPER et al., 2007). No gato, a cabeça lateral, está dividida em porções

acessória, intermédia e curta (GETTY, 1986).

TAYLOR (1978) cita que as fibras constituintes da cabeça medial do M.

tríceps braquial em M. tridactyla incorporam o M. anconeoepitroclear e considera

a cabeça umeral proximal do M. flexor profundo dos dedos, em tamanduá-mirim,

como cabeça medial do M. tríceps braquial. Os achados do presente estudo, em

M. tridactyla diferem dos descritos por TAYLOR (1978) e corroboram os

resultados encontrados em esquilos (THORINGTON, JR., 1997), texugos

americanos (MOORE et al., 2012) e toupeiras (WHIDDEN, 2000), onde, de forma

independente existem dois músculos, o anconeoepitroclear e a cabeça medial do

tríceps braquial.

A ocorrência, no presente estudo, de ramos do N. radial destinados a

este conjunto de fibras musculares encontradas na borda proximal do M.

anconeoepitroclear confirma que elas constituem realmente a cabeça medial do

tríceps braquial, possibilitando durante a dissecação a separação das fibras do M.

anconeoepitroclear que são inervadas por ramos do N. ulnar (Figura 6).

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FIGURA 6 - Face medial do cotovelo no membro torácico esquerdo em M. tridactyla: AnEp. M. anconeoepitroclear recebendo fibras do N. ulnar (U); Me, N. mediano; TrMe, Cabeça medial do M. tríceps braquial recebendo fibras nervosas do N. radial (R)

À semelhança dos mamíferos já investigados (GETTY, 1986; ORR,

1986; GARDNER et al., 1998; STORER et al., 2000), o M. tríceps braquial do

tamanduá-bandeira, particularmente as cabeças longa e lateral, é um potente

extensor da articulação do cotovelo enquanto a cabeça longa, por se originar na

escápula, também flexiona o ombro. A cabeça lateral também tenciona a fáscia

do antebraço. A cabeça medial contribui com o M. anconeoepitroclear com a

adução da ulna durante a supinação, potencializando a movimentação de rotação

do antebraço e a movimentação lado a lado do antebraço, em conjunto, mas

antagonicamente à ação do M. ancôneo, corroborando as descrições em

tamanduá-mirim (TAYLOR, 1978). Esse movimento lado a lado ou latero-lateral

observado na articulação do cotovelo é possível ao se constatar que a superfície

articular do rádio apresenta-se de forma esférica, e o contato com a ulna sugere

que essa articulação seja classificada, quanto à forma, como esferoide.

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Músculo ancôneo

O M. ancôneo é pequeno, localizado na face lateral e caudal da

articulação do cotovelo (Figura 7), recobrindo lateralmente a fossa do olécrano.

Está recoberto pela cabeça lateral do M. tríceps braquial (Figura 3). Suas fibras

têm origem no epicôndilo lateral e crista supracondilar lateral, seguindo

obliquamente para inserção na tuberosidade do olécrano e fáscia do antebraço.

Curiosamente, este músculo não é citado por MILLES (1941) e NYAKATURA &

FISCHER (2010), em seus estudos no tatu e bicho-preguiça, respectivamente.

Porém, é descrito no tamanduá-mirim (TAYLOR, 1978) apresentando a mesma

morfologia daquela descrita no M. tridactyla.

FIGURA 7 - Aspecto caudocranial do cotovelo no membro torácico direito em M. tridactyla. Anc, M. ancôneo; AnEp, M. anconeoepitroclear; FDP, Porção proximal da cabeça umeral do M. flexor digital profundo; Me, N. mediano; U, N. ulnar; TrMe, M. tríceps braquial, cabeça medial recebendo fibras nervosas do N. radial (R)

No M. tridactyla o M. ancôneo contribui com a extensão da articulação

do cotovelo, corroborando os relatos de MOORE et al. (2012), THORINGTON,

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JR. (1997) e GETTY (1986), além de tencionar a fáscia do antebraço. Promove

também abdução da ulna durante a pronação do antebraço, potencializando a

movimentação de rotação do antebraço, conforme descrito em humanos (MOORE

& DALLEY, 2011). À semelhança do descrito para mamíferos domésticos

(GETTY, 1986) sua inervação é proveniente do N. radial.

Músculo anconeoepitroclear

O M. anconeoepitroclear é curto e suas fibras cobrem a porção medial

da fossa do olécrano, distalmente à cabeça medial do M. tríceps braquial (Figuras

4, 6 e 7). Origina-se na parte distal da crista supracondilar medial e insere-se na

face medial do olécrano e na fáscia do antebraço. A sua face profunda está em

contato com o N. ulnar e com as fibras musculares da cabeça umeral proximal do

M. flexor profundo dos dedos (Figura 7). Em M. tridactyla, recebe fibras nervosas

do nervo ulnar, o que facilita a sua individualização (Figura 6). Apesar de não

estar presente na maioria dos mamíferos domésticos, o M. anconeoepitroclear é

descrito em várias espécies, como no canguru (HOPWOOD, 1974), no tamanduá-

mirim (TAYLOR, 1978), no esquilo (THORINGTON, JR., 1997) e na toupeira

(WHIDDEN, 2000). Nesta última espécie, há presença de duas cabeças: uma

superficial, maior e com origem no epicôndilo medial do úmero, e outra profunda

com origem na face caudal do úmero. Dentre os mamíferos domésticos, o M.

anconeoepitroclear foi descrito somente no gato, sendo composto por algumas

fibras localizadas na superfície medial do cotovelo (GETTY, 1986).

Em tamanduá-bandeira o M. anconeoepitroclear tenciona a fáscia do

antebraço e promove extensão da articulação do cotovelo, com o auxílio do M.

ancôneo e M. tríceps braquial. Promove também, com auxilio da cabeça medial

do M. tríceps braquial, a adução da ulna durante a supinação do antebraço,

potencializando a movimentação de rotação do antebraço, contrapondo-se assim

à ação do M. ancôneo. Ao descrever o tamanduá-mirim TAYLOR (1978) mostra

também a movimentação lado a lado do antebraço, conjuntamente e em sentido

contrário à ação do M. ancôneo, citando ainda que uma contração isométrica dos

músculos ancôneo e anconeoepitroclear poderia estabilizar o cotovelo.

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O M. anconeoepitroclear é inervado pelo N. ulnar, não havendo na

literatura relatos para fins de comparação (Figura 6).

4. CONCLUSÃO

As projeções ósseas não articulares são proeminentes, dando suporte

à fixação de músculos robustos, formando sistema de alavancas que favorece a

forca em detrimento da velocidade.

Os anexos musculares fibrosos do M. tridactyla, em especial as

fáscias, são bem desenvolvidos. Os músculos são individualmente volumosos,

com predominância das inserções tendinosas em detrimento às musculares e

estas ocorrem em projeções ósseas protuberantes e localizadas mais distantes

das articulações e do eixo dos movimentos, o que permite movimentos mais

amplos e vigorosos. Nesse aspecto, destacam-se os músculos que constituem os

principais agonistas dos movimentos associados ao hábito fossorial, como o

deltoide, redondo maior, bíceps e tríceps braquial.

Dentre as várias modificações musculares observadas nesta espécie,

destacam-se: a divisão do M. deltoide em três porções a saber acromial,

escapular e clavicular; o M. redondo maior bastante desenvolvido, com origem na

ampla fossa caudal da escápula e uma vasta inserção linear no úmero; o M.

bíceps braquial também desenvolvido e dividido em cabeças curta e longa, onde

esta última apresenta ainda uma parte superficial e outra profunda.

Neste sentido, a anatomia dos músculos do ombro e braço em M.

tridactyla remete àquela dos demais membros da superordem Xenarthra, em

especial a do Tamandua tetradactyla e o do Dasypus novemcinctus texanus, que

também apresentam hábito fossorial.

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5. REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 3 - GROSS ANATOMY OF THE BRACHIAL PLEXUS IN THE GIANT

ANTEATER (Myrmecophaga tridactyla)

Title page

Federal University of Goias

Gross anatomy of the brachial plexus in the giant anteater

(Myrmecophaga tridactyla)

P. R. SOUZA1, J. R. CARDOSO

1*, L. B. M. ARAÚJO

2, P. C. MOREIRA

1, V. S. CRUZ

1,

E. G. ARAÚJO2

Addresses of authors:

1 Department of Morphology, Federal University of Goias, Goiânia, 74001-970 Goiás,

Brazil; 2 Department of Veterinary Medicine, EVZ - Federal University of Goias, Goiânia, 74001-

970 Goiás, Brazil

*Correspondence:

Tel.: +55 062 35211143;

Fax: +55 062 35211487;

e-mail: [email protected]

With 2 figures and 1 table

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Gross anatomy of the brachial plexus in the giant anteater

(Myrmecophaga tridactyla)

Summary

Ten forelimbs of five M. tridactyla were examined to study the anatomy of the

brachial plexus. The brachial plexuses of the M tridactyla observed in the present study

were formed by the ventral rami of the last four cervical spinal nerves, C5 through C8, and

the first thoracic spinal nerve, T1. These primary roots joined to form two trunks: a cranial

trunk comprising ventral rami from C5-C7 and a caudal trunk receiving ventral rami from

C8-T1. The nerves originated from these trunks and their most constant arrangement were

as follows: suprascapular (C5-C7), subscapular (C5-C7), cranial pectoral (C5-C8), caudal

pectoral (C8-T1), axillary (C5-C7), musculocutaneous (C5-C7), radial (C5-T1), median

(C5-T1), ulnar (C5-T1), thoracodorsal (C5-C8), lateral thoracic (C7-T1) and long thoracic

(C6-C7). In general, the brachial plexus in the M. tridactyla is similar to the plexuses in

mammals, but the number of rami contributing to the formation of each nerve in the M.

tridactyla was found to be larger than those of most mammals. This feature may be related

to the very distinctive anatomical specializations of the forelimb of the anteaters.

Key words: Myrmecophagidae, Nerves, Nervous system, Xenarthra,

Introduction

The Myrmecophaga tridactyla (Linnaeus, 1758) is the largest species of anteater in

the world and widely distributed in Central and South America (Collevatti et al., 2007).

Together with the armadillos and sloths, anteaters are members of the superorder

Xenarthra (Nowak, 1999).

The brachial plexus is the complex network of nerves, which supplies motor,

sensory, and sympathetic fibers to the thoracic limb and part of the thoracic wall (Dyce et

al., 2004; Johnson et al., 2010). The general composition of this plexus in terrestrial

mammals seems to primarily include C5-T1 with a minor contribution from C4 and/or T2

(Yoshitomi et al., 2012). The nerves which are branches of the brachial plexus or are direct

continuations of the formative ventral branches include the suprascapular, subscapular,

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axillary, musculocutaneous, radial, median, ulnar, thoracodorsal, lateral thoracic, long

thoracic, pectoral and muscular branches (Miller et al., 1964).

The anatomical morphology of the brachial plexus has been the object of numerous

studies in man and in various vertebrates because of its direct application in the diagnosis

of neuromuscular dysfunctions, regional anesthesia, and surgical procedures (Koizumi and

Sakai, 1997; Fioretto et al., 2003; Johnson et al., 2010). The lack of anatomical and

physiological information may hinder the effective clinical practice and surgical

procedures in anteaters that undergo car collisions on roads each year. The knowledge on

anteaters’ anatomy of the brachial plexus may be useful not only for wild animal veterinary

medicine, but also for morphological, zoological and phylogenetic studies. Thus, the aim

of this study was to describe the anatomy of the brachial plexus in the giant anteater

(Myrmecophaga tridactyla) with emphasis on its composition, architecture and nerve

formation.

Materials and Methods

Ten brachial plexuses of five adult M. tridactyla (two males and three females)

were examined by gross dissection after the experimental protocol had been approved by

the Ethics Committee for Animal Use of the Federal University of Goiás - Brazil (protocol

nº 014/11). All cadavers used in this study were provided by IBAMA - Brazilian Institute

of Environment and Renewable Natural Resources) (license 99/2011), where they were

preserved in a frozen state. After thawing, the specimens were fixed and preserved in 10%

aqueous solution of formaldehyde.

The access to the brachial plexus and spinal cord was performed by dorsal and

ventral approaches. The dorsal approach was achieved by removing the epaxial muscle

mass and vertebral arches from the second cervical through third thoracic vertebras,

whereas the ventral approach was reached by removing the longus colli muscle and the

vertebral bodies. The fiber fascicles trajectories and nerve composition were carefully

examined under a stereomicroscope (Nikon® SMZ 445) after epineurium removal. The

entire region related with the plexus was dissected in order to expose the apparent origin of

the spinal rami, the nervous trunks and the proximal part of the brachial plexus nerves

along with muscles and the coursing blood vessels. All dissection stages were documented

by drawings and digital images taken with a digital camera and the terms were used in

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agreement with the Nomina Anatomica Veterinaria (International Committee on

Veterinary Gross Anatomical Nomenclature, 2012).

Results and discussion

The brachial plexus of the M. tridactyla showed only one pattern of formation

comprising the ventral rami of the spinal nerves C5-T1 (Figures 1 and 2, Table 1) as that of

swine (Getty, 1986), rat (Uzun et al., 2001), monkey Cebus apella (Ribeiro et al., 2005),

bonobo (Kikuchi et al., 2010), hippopotamus (Yoshitomi et al., 2012) and lesser anteater

(Cruz et al., 2012). Moreover, this is the typical formation of the man’s brachial plexus

(Johnson et al., 2010). C7 and C8 were thicker than C6 and T1, while C5 was the thinner

root and gave off a ramus that united with rami from C4 and C6 to form the phrenic nerve.

Figure 1. Ventromedial view of the right brachial plexus of an adult male M. Tridactyla

showing: SC, spinal cord; C5-C8, cervical spinal nerves, T1, first thoracic nerve; CrT and

CaT, cranial and caudal trunk of the plexus, respectively; Phr, phrenic nerve; GCt,

cervicothoracic ganglion; 1st, first rib; VA, vertebral artery.

The cranial bound of the brachial plexus of the M. tridactyla differ from that of

other mammals, such as lemurs (Miller, 1934), platypus (Koizumi and Sakai, 1997),

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gorillas, chimpanzees and gibbon (Koizumi and Sakai, 1995), capybara (Fioretto et al.,

2003) and collared peccary (Moura et al., 2007), whose plexuses start with C4, and from

domestic animals (Getty, 1986; Dyce et al., 2004; König and Liebich, 2004), rock cavy

(Santana et al., 2003), South American fur seal (Souza et al., 2010), collared peccary

(Moura et al., 2007), chinchillas (Gamba et al., 2007), deers (Melo et al., 2007), where

brachial plexus originate from C6. The involvement of C3 in the brachial plexus

composition is less frequent, being reported in monotremes (Koizumi and Sakai, 1997).

The thoracic segment contribution in the M. tridactyla’s brachial plexus

composition was the ventral ramus of T1, which is the commonly caudal bound of this

plexus demonstrated in mammals (Fioretto et al., 2003, König and Liebich, 2004, Souza et

al., 2010, Gamba et al., 2007, Melo et al., 2007, Cruz et al., 2012, Yoshitomi et al., 2012).

However, the involvement of T2 in the brachial plexus composition has been also

demonstrated in many species, such as new and old world monkeys (Miller, 1934), bovine,

dog and horse (Getty, 1986), monotremas (Koizumi and Sakai, 1997), porcupine (Aydin,

2003), rock cavy (Santana et al., 2003), collared peccary (Moura et al., 2007) and paca

(Scavone et al., 2008). Among mammals, only the La Plata River dolphin (Pontoporia

blainvillei) does not show thoracic contribution in its brachial plexus, which is comprised

by C4 through C8 cervical roots (Strickler, 1978).

The textbooks on domestic animals anatomy do not describe the pattern of the

brachial plexus organization in trunks and cords. In agreement with Fioretto et al., (2003),

it does not constitute a morphological pattern and a distinct and well-defined root

arrangement in these animals. Nevertheless, the presence of three trunks is a common

arrangement of the brachial plexus of primates, as reported in new and old world primates

(Miller, 1934), chimpanzees, gorillas and gibbons (Koizumi and Sakai, 1995), even though

this formation has been also described in monotremes (Koizumi and Sakai, 1997). In man,

C5 and C6 join to form the superior or upper trunk, C7 constitutes by itself the middle

trunk, and C8 and T1 join to form the inferior or lower trunk. The three trunks split into

anterior and posterior divisions. The posterior divisions of all three trunks join to form the

posterior cord. The anterior divisions of the superior and middle trunk join to form the

lateral cord. The anterior division of the lower trunk continues as the medial cord. Each

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Figure 2. Right brachial plexus removed from the body of an adult male M. tridactyla .

Ax, axillary nerve

C4-C8, cervical spinal nerves

CaT, caudal trunk

CCA, caudal cutaneous antebrachial nerve

CP, caudal pectoral nerve

CrP, cranial pectoral nerve

CrT, cranial trunk;

D, dorsal ramus of C8

G, gray communicating branche

GCt, cervicothoracic ganglion

In1, first intercostal nerve

M, median nerve

MB, muscular branch

MC, musculocutaneous nerve

Phr, phrenic nerve

R, radial nerve

SbS, subscapular nerve

SC, spinal cord

SiT, single trunk.

SS, suprascapular nerve

ST, sympathetic trunk

T1, first thoracic nerve

TD, thoracodorsal nerve

TL, thoracic long nerve

TLat, lateral thoracic

U, ulnar nerve

V, vertebral nerve

W, white communicating branche

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cord branches into two terminal branches, which are the nerves of the brachial plexus

(Johnson et al., 2010).

In contrast, the brachial plexus of the M. tridactyla consisted of two trunks as that

of the La Plata River dolphin (Strickler, 1978), porcupine (Aydin, 2003) and hippopotamus

(Yoshitomi et al., 2012). The cranial trunk is thicker and comprised ventral rami from C5-

C7, whereas the caudal trunk received ventral rami from C8 and T1 (Figures 1 and 2). The

two trunks run ventrally between the longus cervicis and scalene muscles and unite

cranially to the distal third of the first rib to form a single large trunk, which in turn

ramifies into the terminal branches of the brachial plexus without formation of cords. The

data reported here also differs from findings in rodents, such as capybaras (Fioretto et al.,

2003) and rocky cavies (Santana et al., 2003) and even from lesser anteaters, where just

one trunk was formed and from pacas (Scavone et al., 2008), whose brachial plexus did not

show trunks.

The suprascapular, subscapular, axillar, musculocutaneous and thoracic long nerves

arose from the cranial trunk and the caudal pectoral from the caudal trunk. The median,

ulnar and radial nerves received in 100% of the cases contribution from both trunks. The

remaining nerves of the plexus had a variable origin. The cranial pectoral and

thoracodorsal nerves arose from the cranial trunk in 60% and 40% of cases, respectively

and from both trunks in 40% and 60% of cases, respectively. The lateral thoracic nerve

arose from the caudal trunk in 80% of cases and received contribution from both trunks in

20% of cases. The brachial plexus composition of each nerve of the M. tridactyla in

comparison with those of other mammals is summarized in the table 1.

In general, the giant anteater brachial plexus nerves had a greater number of rami

from the spinal nerves than those of most of mammals. This feature probably relates to the

distinctive anatomical specializations of the anteaters forelimb. In addition to its

locomotive functions, the forelimb is used as an organ for obtaining food and for defense.

They use their powerful forelimbs and large claws to dig into termite and ant mounds. The

main role of the forelimb in this type of feeding behavior involves forcefully pulling the

claws toward the body (Taylor, 1978). For example, the median and ulnar (Figure 2),

which innervate the large muscles involved with powerful flexion of the carpus and claws

received contribution from five spinal nerves (C5-T1). The same occurred with the radial

nerve. This arrangement is comparable to that demonstrated in man (Moore and Dalley,

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Table 1. Nerves composition of the brachial plexus of the M. tridactyla and other mammals.

Nerves M. tridactyla Collared peccary1 Chinchilla

2 Paca

3 Fur seal

4 Capybara

5

SS C5-C7 (80%)

(C4,C5)C6-C7 C6-C7 C5-C6(C7) C6-C7 (C4)C5-C6(C7) C5-C6 (20%)

SbS C5-C7 (C5)C6-C7 C6-C7 C6 C7 -

CrP C5-C8 (40%)

C5-C7(60%) - - - C6 -

CP C8-T1 C7-C8 C8-T1 C8-T1 C8-T1 -

MC C5-C7 C7-C8(T1) C6-C7 (C6),C7,(C8) C8-T1 C6-C8(T1)

Med C5-T1 C7-T1,(T2) C7-T1 (C7)C8-T1 C8-T1 C6-C8(T1)

U C5-T1 C8-T1(T2) C7-T1 C8-T1 C8-T1 C6-C8(T1)

Rad C5-T1 C8-T1(T2) C7-T1 C7-C8(T1) C7-T1 C6-C8(T1)

Ax C5-C7 C6-C7 C6-C7 C6-C7 C7-T1 C5-C6(C7)

TL C6-C7 (60%)

C7-C8 C7-C8 C7-C8 C7-C8 (C6)C7(C8) C5-C7 (40%)

TD C5-C8 (60%)

C6-C8 C8 C8-T2 C6 C6-C8(T1) C5-C7 (40%)

TLat C7-T1 (20%)

C8-T1 (80%) C8-T1(T2) C8-T1 C8-T2 C8-T1 (C7)C8-T1

Ax, axillary nerve; CP, caudal pectoral nerve; CrP, cranial pectoral nerve; M, median nerve; MC, musculocutaneous nerve; R, radial nerve;

SbS, subscapular nerve; SS, suprascapular nerve; TD, thoracodorsal nerve; TL, long thoracic nerve; TLat, lateral thoracic; U, ulnar nerve; The

spinal nerves between parentheses have varied occurrence. Authors: 1. Moura et al. (2007); 2. Gamba et al. (2007); 3. Scavone et al. (2008); 4.

Souza et al. (2010); 5. Fioretto et al. (2003).

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2001) and other primate species (Kikuchi et al., 2010), where these nerves are composed of

four or five roots. In contrast, the median, ulnar and radial nerves of domestic mammals

(Getty, 1986, Schaller, 1999), rodents (Fioretto et al., 2003, Santana et al., 2003; Gamba et

al., 2007; Moura et al., 2007, Scavone et al., 2008) receive only two or three rami. In

addition, the suprascapular, subscapular, musculocutaneous and lateral thoracic nerves

(Figure 2) had in most of cases at least one ramus more in M. tridactyla than those of other

mammals (Table 1).

The thoracodorsal nerve (Figure 2) was formed by four rami in most cases (60%) as

that of bonobo (Kikuchi et al., 2010) and in this respect it differs from those of other

mammals. It comprised one ramus in domestic ruminants and horse (Getty, 1986), fur seal

(Souza et al., 2010) and chinchillas (Gamba et al., 2007), two rami in swine and cat (Getty,

1986) and three rami in collared peccary (Moura et al., 2007), paca (Scavone et al., 2008),

hippopotamus (Yoshitomi et al., 2012) and man (Moore and Dalley, 2001). This difference

reinforces the premise that the greater number of rami composing some nerves of the

brachial plexus in M. tridactyla than those of other mammals may be related to the

fossorial activity, once the thoracodorsal nerve innervates the latissimus dorsi muscle,

which is the most important muscle for retracting the limb (Getty, 1986). Cruz et al. (2012)

studied the origin of the brachial plexus in the lesser anteater however they did not show

the nerve composition of this species, which could contribute to a better understanding of

this feature.

The knowledge of the correlation between the brachial plexus and the axillary

artery is of particular interest in the medical field because this vessel is the anatomical

reference, in the surface, for axillary brachial plexus block (Conceição et al., 2007).

Although, there are many variations in the interrelationships between the brachial plexus

and axillary artery among the primate species (Conceição et al., 2007; Johnson et al., 2010;

Kikuchi et al., 2010), this feature has not been reported in other mammals.

Interestingly, the long thoracic nerve, which was not described in the lesser anteater

(Cruz et al., 2012) was present in the giant anteater, receiving contribution from C5, C6

and C7. It inervetes the well developed ventral serratil muscle.

The axillary artery of gorillas (Koizumi and Sakai, 1995), chinchillas (Gamba et al.,

2007) and hippopotamus (Yoshitomi et al., 2012) went through the brachial plexus on the

position between C6 and C7, or between the median and ulnar nerves in collared peccary

(Moura et al., 2007). In chimpanzees, gibbons (Koizumi and Sakai, 1995) and bonobo

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(Kikuchi et al., 2010), however, the axillary artery and the brachial plexus did not cross

over, but the axillary artery positioned anterior to the brachial plexus all the way along.

The axillary artery did not cross the brachial plexus of the M. tridactyla as well, however,

it passed in between the caudal trunk and the first rib as described in dogs (Miller et al.,

1964).

In conclusion, although the brachial plexus in the M. tridactyla resembles that of

the other mammals regarding to origin and architecture, some differences are noteworthy,

such as the presence of two trunks, which unite forming a single trunk, the location of the

axillary artery caudally to the plexus and the presence of a larger number of rami

contributing to the formation of the plexus nerves in this species than in other mammals.

Acknowledgements

The authors would like to thank IBAMA - Brazilian Institute of Environment and

Renewable Natural Resources for donating the M. tridactyla specimens used in this study.

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CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as espécies de mamíferos que habitam o cerrado brasileiro,

optamos pela investigação do M. tridactyla pelos motivos que se seguem. Esta é

uma espécie importante para o ecossistema cerrado, pois contribui decisivamente

para a manutenção do equilíbrio biológico das populações de formigas e, em

especial de cupins, que causam prejuízos a produtores rurais e à própria

natureza. É uma espécie que se encontra ameaçada de extinção, sendo uma das

mais prejudicadas pela ação antrópica, haja vista o número de animais que

morrem atropelados nas vias que cruzam o território nacional. Goza de

características anatômicas e fisiológicas muito peculiares e que despertam a

curiosidade.

Optou-se pelo estudo do membro torácico, pois considerando a

possibilidade de que esse trabalho pudesse contribuir de alguma maneira para a

preservação da espécie, admitindo que nesse sentido a abordagem desse

apêndice se faz fundamental. Dada a importância dos membros torácicos para a

sobrevivência desta espécie, é praticamente insustentável restituir à vida livre

tamanduás-bandeira portadores de qualquer deficiência nesse apêndice.

Considerando-se que a morfologia reflete o aspecto funcional, os

achados desse estudo estão diretamente associados ao comportamento do M.

tridactyla.

As projeções ósseas onde ocorrem as inserções musculares são mais

proeminentes, dando suporte à fixação de músculos mais robustos, envolvidos

com o hábito de cavar (M. deltoide, redondo maior, bíceps braquial e tríceps

braquial). A distância entre o ponto de inserção muscular e o eixo do movimento é

maior, o que resulta em grande poder de alavanca.

Os músculos são individualmente volumosos, as inserções musculares

predominantemente tendíneas, favorecendo a força em detrimento à velocidade

ou precisão de movimentos. Os nervos do plexo braquial recebem contribuição de

número maior de segmentos medulares, quando comparados aos de qualquer

outra espécie não primata já estudada.

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Espera-se, portanto, que os resultados desse estudo possam contribuir

para a compreensão das funções exercidas pelas estruturas descritas nesse

trabalho de tese, tornando possível a intervenção médica nas inúmeras injúrias,

às quais os indivíduos dessa espécie estão sujeitos. Espera-se ainda estimular

outros grupos de pesquisadores a continuarem as investigações neste importante

campo de pesquisa.

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ANEXO

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OA-189.R1 [email ref: SE-8-a]

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Date Sent: 12-Mar-2013