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Anatomia Humana A Página 1 Capítulo I - Instrumentação Cirúrgica 1. Definição A Instrumentação Cirúrgica é, no Brasil, uma profissão de nível técnico e hoje, imprescindível ao nosso país. O instrumentador cirúrgico tem a função de ajudar a equipe cirúrgica no ato cirúrgico, o qual abrange desde a preparação dos instrumentos até o término da cirurgia com a retirada dos pérfuro-cortantes. Para tal ofício exige-se não apenas uma formação adequada e rigorosa, como também uma prática segura, ágil e hábil, em apoio à equipe cirúrgica, de tal forma que a prática da cirurgia não prescinde de sua participação. 2. História A instrumentação cirúrgica nasce no Século XIX com forte influência de Jean Henry Dunant, considerado o pai histórico da Instrumentação Cirúrgica em razão de sua atuação como auxiliar instrumentador dos cirurgiões militares durante a Batalha de Solferino (1859), ainda que não se reconhecesse tal atividade como uma profissão. Henry Dunant - um cidadão suíço - assistiu à sangrenta Batalha de Solferino, travada no norte de Itália, entre o exército imperial austríaco e as forças aliadas da França e da Sardenha e da qual resultaram 40 mil vítimas fatais. Dunant rapidamente reuniu mulheres das aldeias mais próximas para que prestassem auxílio humanitário às vítimas da guerra. Em 1862, Dunant publicou "Recordação de Solferino", no qual, além de escrever as suas memórias da batalha, propôs algumas soluções políticas e lançou o desafio para a criação de sociedades nacionais de auxílio humanitário e de regras mínimas a serem respeitadas em tempos de guerra. Assim, ficaria traçado o caminho para as futuras Convenções de Genebra. Em Fevereiro de 1863, quatro cidadãos juntaram-se a Dunant para levar a cabo um projeto de constituição do "Comitê Internacional de Socorro a Feridos", que, mais tarde viria a ser designado "Comitê Internacional da Cruz Vermelha". Em resposta ao convite do Comitê, especialistas de 16 países reuniram-se em Genebra, em Outubro de 1863, para adotar as 10 Resoluções que formaram a Carta da Cruz Vermelha. Estavam, pois, definidas as funções e os métodos de trabalho para socorro a feridos. A partir desse momento, a Cruz Vermelha tornou-se uma realidade.

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Capítulo I - Instrumentação Cirúrgica

1. Definição

A Instrumentação Cirúrgica é, no

Brasil, uma profissão de nível técnico e hoje,

imprescindível ao nosso país. O instrumentador

cirúrgico tem a função de ajudar a equipe

cirúrgica no ato cirúrgico, o qual abrange

desde a preparação dos instrumentos até o

término da cirurgia com a retirada dos

pérfuro-cortantes. Para tal ofício exige-se

não apenas uma formação adequada e rigorosa,

como também uma prática segura, ágil e hábil,

em apoio à equipe cirúrgica, de tal forma que a prática da cirurgia não prescinde

de sua participação.

2. História

A instrumentação cirúrgica nasce no Século XIX com forte influência de Jean

Henry Dunant, considerado o pai histórico da Instrumentação Cirúrgica em razão de

sua atuação como auxiliar instrumentador dos cirurgiões militares durante a Batalha

de Solferino (1859), ainda que não se reconhecesse tal atividade como uma

profissão.

Henry Dunant - um cidadão suíço - assistiu

à sangrenta Batalha de Solferino, travada no

norte de Itália, entre o exército imperial

austríaco e as forças aliadas da França e da

Sardenha e da qual resultaram 40 mil vítimas

fatais. Dunant rapidamente reuniu mulheres das

aldeias mais próximas para que prestassem

auxílio humanitário às vítimas da guerra.

Em 1862, Dunant publicou "Recordação de

Solferino", no qual, além de escrever as suas

memórias da batalha, propôs algumas soluções

políticas e lançou o desafio para a criação de

sociedades nacionais de auxílio humanitário e de regras mínimas a serem respeitadas

em tempos de guerra. Assim, ficaria traçado o caminho para as futuras Convenções de

Genebra.

Em Fevereiro de 1863, quatro cidadãos juntaram-se a Dunant para levar a cabo

um projeto de constituição do "Comitê Internacional de Socorro a Feridos", que,

mais tarde viria a ser designado "Comitê Internacional da Cruz Vermelha".

Em resposta ao convite do Comitê, especialistas de 16 países reuniram-se em

Genebra, em Outubro de 1863, para adotar as 10 Resoluções que formaram a Carta da

Cruz Vermelha. Estavam, pois, definidas as funções e os métodos de trabalho para

socorro a feridos. A partir desse momento, a Cruz Vermelha tornou-se uma realidade.

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Foi nesse contexto que se escolheu o dia e mês de nascimento de Jean Henry

Dunant - 06 de maio de cada ano – para a comemoração do dia do Instrumentador

Cirúrgico em demonstração do reconhecimento, pelo Estado Brasileiro, da importância

do desse profissional para o desenvolvimento da Cirurgia e a melhoria da saúde do

nosso povo.

No Século XX aconteceu o período de maior desenvolvimento das cirurgias e

conseqüentemente crescimento do papel do instrumentador cirúrgico. Sendo assim,

tornaram-se necessários profissionais mais qualificados o que impulsionou o

surgimento de escolas formadoras desses profissionais.

As primeiras instituições de ensino

para Técnicos em Instrumentais Cirúrgicos

surgiram em Nice na França, datado em 1954

com o objetivo de preparar os profissionais

para a evolução cirúrgica, isto é, tempos

cirúrgicos, materiais para cada

especialidade entre outras atividades

cirúrgicas.

O profissional em Instrumentação

Cirúrgica tem uma função de extrema importância para o bom desempenho do ato

cirúrgico. Fica sobre os seus cuidados todo o instrumental utilizado antes, durante

e após a cirurgia.

Ele é responsável por facilitar a cirurgia ordenando, controlando e

fornecendo o instrumental e material cirúrgicos ao cirurgião e aos seus auxiliares.

Dessa forma ele auxilia o trabalho do cirurgião e beneficia o paciente ao reduzir o

tempo cirúrgico, diminuindo assim, os índices de contaminação e de infecção pós-

operatórias.

Com a evolução das intervenções cirúrgicas, exige-se concomitantemente o

aumento também do conhecimento de aparelhos e instrumentos modernos, além do

conhecimento básico das técnicas usualmente empregadas em atos operatórios, noções

de anatomia, assepsia, biossegurança, células e tecidos, ética profissional,

fisiologia, higiene e microbiologia.

O profissional de Instrumentação Cirúrgica é peça fundamental no bom

transcorrer do ato operatório. Sua função primordial é fornecer o instrumental

cirúrgico adequado ao cirurgião e ao auxiliar, sendo possível realizar as funções

de segundo auxiliar quando o primeiro estiver ocupado, resguardando-se às

atividades regidas pela legislação vigente à sua categoria. Ele deverá conhecer a

técnica empregada no ato operatório e estar atento à manutenção da antissepsia e

assepsia de toda a equipe cirúrgica e tudo que envolve a sala cirúrgica.

Conhecer os instrumentos por seus nomes, apelidos e gestos, entregar o

instrumento com presteza ao sinal ou pedido verbal do cirurgião, colocando-o em sua

mão de forma precisa e exata para uso imediato, não se distrair em nenhum momento

do decorrer da cirurgia, pois a antecipação às requisições do cirurgião depende

disso, e sempre antes da cirurgia certificar-se que tudo está em ordem, desde os

fios e agulhas, até os instrumentos especiais, também são funções importantes de um

instrumentador.

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Portanto, dentre as inerentes funções do Instrumentador Cirúrgico a sua maior

responsabilidade é com os instrumentais cirúrgicos. Seu objetivo maior, assim como

de toda a equipe cirúrgica, é a qualidade e segurança do procedimento cirúrgico,

atendendo ao cliente com maior eficácia e eficiência.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo II: A História da Anatomia Humana

1. Conceito A Anatomia (anã = em partes + tomein = cortar)

estuda macroscopicamente a constituição dos seres,

identificando órgãos e sistemas. Por ser antiga, é

considerada uma ciência-mãe, uma vez que dá suporte para

as demais ciências biológicas, o que permite a

identificação e o estabelecimento conceitual dos sistemas

orgânicos.

Vários anos foram necessários para que uma

linguagem padrão fosse estabelecida pelos anatomistas. A

nomenclatura anatômica, como foi chamada essa linguagem

universal, tornou possível a padronização nominal das estruturas do corpo,

diminuindo o vasto dicionário de termos anatômicos existentes, além de constituir

um avanço no campo conciliatório entre os anatomistas do mundo inteiro.

2. Breve Histórico da Anatomia Humana

O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de

Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em

animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a

anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles

mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que

provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal.

No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na

Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e

Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático.

A partir do ano 150 A.C. a

dissecação humana foi de novo proibida por

razões éticas e religiosas. O conhecimento

anatômico sobre o corpo humano continuou no

mundo helenístico, porém só se conhecia

através das dissecações em animais.

Parece que o estudo da anatomia

humana recomeçou mais por razões práticas

que intelectuais. A guerra não era um

assunto local e se fez necessário dispor de

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meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente

para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a

prática de “cocção dos ossos”.

O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a

causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia

matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade

infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana

cada vez mais freqüente.

A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As

ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos

escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos

alguns erros tanto de conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal qual os

antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do

próprio método de estudo.

A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia,

que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos

apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa

qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas

e esquemáticas foram suficientes.

Uma das primeiras e mais acertada solução para

uma reprodução perfeita das representações gráficas

foi encontrada nas ilustrações publicadas nos

tratados anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564),

que culminou com seu De humanis corpori fabrica em

1453, um dos livros mais importantes da história do

homem.

Vesálio nasceu em Bruxelas em 1514, no seio de

uma família muito relacionada com a casa de Borgonha

e a corte do Imperador da Alemanha. Sua primeira

formação médica foi na Universidade de Paris (onde

esteve com mestres como Jacques du Bois e Guinter de

Andernach), e foi interrompida pela guerra entre França e o Sacro Império Romano.

Vesálio completou seus estudos na renomada escola médica de Pádua, no norte da

Itália. Após seu término começou a estudar cirurgia e anatomia. Após alguns

trabalhos preliminares, em 1543, com a idade de 28 anos, publicou seu opus magnun,

que revolucionou não só a anatomia como também o ensino científico em geral.

As ilustrações da Fabrica destacam-se precisamente pela sua estreita relação

com o texto, já que ajudam no entendimento do que este expressa com dificuldade.

Supera a pauta expositiva usada por Mondino, e cada um dos sistemas principais

(ossos, músculos, vasos sangüíneos, nervos e órgãos internos) é representado e

estudado separadamente. As partes de cada sistema orgânico são expostas tanto em

conjunto como individualmente e mesmo assim são consideradas todas as relações

entre essas estruturas. Vesálio comprovou também que não são

iguais em todos os indivíduos

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No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e

da fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o

estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem

basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere

aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar.

Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha

e comum idéia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem

dúvida, continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton

descreveu as características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas

e sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se

como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre

glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no

sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas

cavidades. Niels Steenson em 1611 estabeleceu a diferença entre esse tipo de

glândula e os nódulos linfáticos ( que recebiam o nome de glândula apesar de

não formar parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro.

A nova concepção dos sistemas de

transporte do organismo que se obteve graças

às contribuições de muitos investigadores

ajudou a resolver os erros da fisiologia

galênica referentes à produção de sangue.

Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu

que após a ingestão abundante de comida o

peritônio e o intestino de um cachorro se

cobriam de umas fibras brancas que, ao serem

seccionadas, extravasavam um líquido

esbranquiçado. Tratava-se dos capilares

quilíferos. Até a época de Harvey se pensava

que a respiração estimulava o coração para

produzir espíritos vitais no ventrículo

direito. Harvey, porém, demonstrou que o

sangue nos pulmões mudava de venoso para

arterial, mas desconhecia as bases desta

transformação.

A explicação da função respiratória

levou muitos anos, mas durante o século XVII

foram dados passos importantes para seu esclarecimento. Robert Hook (1635-1703)

demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se

inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar

transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue

arterial e o venoso, a qual se devia ao contato com o ar dos pulmões. John Mayow

(1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de

alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era

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mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito

nitroaéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue.

Em 1664 Thomas Willis

(1621-1675) publicou De Anatomi

Cerebri (ilustrado por Christopher

Wren e Richard Lower), sem dúvida o

compêndio mais detalhado sobre o

sistema nervoso. Seus estudos

anatômicos ligaram seu nome ao

círculo das artérias da base do cérebro, ao décimo primeiro par

craniano e também a um determinado tipo de surdez. Contudo, sua obsessão em

localizar no nível anatômico os processos mentais o fez chegar a conclusões

equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos do coração, pulmões,

estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da imaginação.

2. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia

No século XVIII,

Edinburgh, na Grã-Bretanha, era

um grande centro de estudos

anatômicos. Na Universidade, a

cátedra de Anatomia foi ocupada

pela dinastia dos Monro por

três gerações. O primeiro

deles, Alexander Monro primus

lecionou de 1720 a 1758, tendo

sido substituído por seu filho

Alexander Monro secundus, que

se destacou como autor de

quatro importantes obras de

Anatomia, numa das quais, publicada em 1797, descreveu o chamado "buraco de Monro".

Sucedeu-lhe seu filho, Alexander Monro tertius, que não possuía as qualidades do

pai, e o ensino de Anatomia na Universidade entrou em declínio.

Na época, era permitido o ensino paralelo em escolas e cursos privados. Para

o ensino de anatomia destacava-se o curso extracurricular dirigido por John

Barclay, anatomista de grande renome e prestígio internacional. Barclay convidou

para ser seu assistente ao Dr. Robert Knox, que se tornou

um dos personagens do episódio que vamos narrar. Antes,

precisamos saber quem era Robert Knox.

Robert Knox (1791-1862) era natural de Edinburgh,

onde foi educado. No colégio fora um aluno brilhante,

tendo sido premiado por seu desempenho nos estudos e

conduta exemplar. Graduou-se em medicina em 1814,

ingressando no ano seguinte no Exército como cirurgião-

auxiliar. Uma de suas primeiras atuações foi a de atender

feridos da batalha de Waterloo. Em 1815 foi promovido a

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cirurgião-assistente, indo servir na África do Sul, onde permaneceu durante três

anos. Durante sua estada na África do Sul interessou-se por estudos de anatomia

comparada, antropologia e características étnicas dos povos africanos.

Retornando a Edinburgh em 1821 licenciou-se do Exército e foi estagiar em

Paris com Cuvier, um dos grandes anatomistas da época. De volta a Edinburgh aceitou

o convite de Barclay para ser seu assistente no curso de anatomia.

Entre 1821 e 1823 Knox publicou vários trabalhos científicos no Edinburgh

Medical Journal e em dezembro de 1823 foi eleito membro da Royal Society.

Barclay possuía uma grande coleção de peças anatômicas, que ele doou ao Royal

College of Surgeons de Edinburgh para instalação de um museu de anatomia e, em

1825, Knox foi indicado para Conservador do museu. Este museu foi enriquecido com

outra grande coleção de anatomia e anatomia patológica adquirida pelo Colégio, em

Londres, de Charles Bell. Knox encarregou-se de organizar o museu, catalogando

todas as peças.

Paralelamente a essas

atividades, Knox firmou-se como

professor de anatomia na escola de

Barclay. Suas aulas eram muito

apreciadas pelos alunos por seu

conteúdo, exposição didática e,

sobretudo, pelas demonstrações

práticas em dissecções de cadáveres.

Em agosto de 1826 Barclay

faleceu e Knox assumiu a direção da

escola, que contava, naquele ano, com

300 alunos matriculados.

Na ocasião, o ensino prático

de anatomia era dificultado pela

falta de cadáveres para dissecção. A

dissecção só era legalmente permitida

em corpos dos criminosos condenados

ao patíbulo, pois fazia parte da pena

de morte negar ao criminoso

sepultamento digno em terreno

santificado pela Igreja.

O número de criminosos

condenados à morte era insuficiente

para prover as necessidades do ensino

de anatomia. Em conseqüência, surgiu o mercado negro de cadáveres, os quais eram

exumados por ladrões no cemitério, logo após o sepultamento, e vendidos às escolas

médicas. Os cadáveres deviam ser recentes, pois não havia os métodos de conservação

atuais. Os ladrões de cadáveres passaram a ser chamados de ressurreccionistas.

As famílias dos mortos, para se defenderem dos ressurreccionistas, costumavam

proteger o túmulo com grades ou pagar vigias noturnos. Alguns cemitérios foram

cercados de muros ou dispunham de torres de observação e policiamento contínuo.

Mesmo assim, os ladrões de cadáveres conseguiam ludibriar toda a vigilância.

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Curiosamente, os ressurreccionistas, quando acusados, não eram condenados,

por falta de amparo legal, pois não havia lei prevendo este tipo de crime e a

violação da sepultura não se enquadrava como roubo, já que o cadáver não é

propriedade de ninguém.

Foi nesse ambiente que ocorreu o episódio

macabro que abalou a opinião pública, não somente na

Inglaterra, como em todo o mundo. Dois irlandeses,

William Hare e William Burke, que residiam em

Edinburgh, cometeram uma série de assassinatos com o

fim de vender os corpos das vítimas para dissecção nas

aulas de anatomia.

William Hare residia em uma pensão, cujo

proprietário, Mr. Log, veio a falecer. Hare casou-se com a viúva, Margaret,

passando da condição de hóspede a dono da pensão. William Burke e sua amante, Helen

Mc Douglas, foram residir na referida pensão como inquilinos.

Hare e Burke costumavam beber juntos e tornaram-se amigos. Em 29 de novembro

de 1827, um dos pensionistas, de nome Donald, aposentado que vivia só, morreu

subitamente, deixando uma dívida para com a pensão. Hare teve a idéia de vender o

cadáver para dissecção, com o fim de se ressarcir do prejuízo. Com a ajuda de Burke

simulou o sepultamento, colocando no caixão um peso equivalente ao de uma pessoa.

Hare tencionava vender o corpo para Alexander Monro, na Universidade, porém

foi informado por um estudante que a escola de anatomia do Dr. Knox pagaria um

preço melhor. O corpo foi vendido para o Dr. Knox por 7.1 libras.

Encorajados com o sucesso da operação, perceberam ambos que a venda de

cadáveres era um negócio muito lucrativo. Em lugar de violar sepulturas no

cemitério, o que era trabalhoso e arriscado, idealizaram um processo mais fácil de

obter o cadáver, que puseram em prática. A estratégia consistia em atrair para a

pensão pessoas desamparadas, pedintes de rua, cuja morte não seria notada pela

comunidade, passando despercebida.

A vítima era embriagada com

whisky e, a seguir, morta por

asfixia, comprimindo-se com um

travesseiro ou almofada seu rosto,

impedindo-a de respirar. Esse método

não deixava vestígio da causa da

morte. Burke se encarregava da

execução e Hare de negociar a venda

do corpo.

Os estudantes do curso de

Anatomia do Dr. Knox passaram a

desconfiar de que algo estranho

estaria ocorrendo, dada a quantidade de corpos disponíveis para dissecção, todos em

bom estado, ao contrário da escassez habitual.

Dois corpos chegaram a ser identificados por alguns estudantes: o de uma

prostituta, de nome Mary Paterson, e de um homem popular conhecido por Daft Jamie.

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Comunicaram o fato ao Dr. Knox, que não o levou em consideração, e os corpos foram

imediatamente dissecados.

Durante o ano de 1828 pelo menos 16

corpos foram vendidos à escola de anatomia

do Dr. Knox. A última vítima foi de uma

irlandesa de nome Mary Docherty, que

desapareceu da pensão de um dia para outro,

levantando suspeitas entre os demais

hóspedes, especialmente do casal Gray, que

encontrou o corpo debaixo de uma cama. A

polícia foi avisada, porém quando chegou à

pensão já o corpo não se encontrava no

local. Alguns vizinhos, contudo, relataram

ter visto dois homens carregando uma grande caixa de madeira. A polícia, já ciente

da suspeita que pairava na escola de anatomia do Dr. Knox, para lá se dirigiu, onde

encontrou e identificou o corpo da vítima.

Em 24 de dezembro de 1828 foram presos Hare e sua mulher e Burke com sua

amante. Na impossibilidade de obter uma prova concreta de que se tratava de

assassinato, visto que não havia ferimentos ou sinais de violência no corpo da

vítima, a polícia propôs a Hare que, se ele confessasse, somente Burke seria

julgado pelo assassinato de Mary Docherty.

Hare contou toda a verdade e foi posto em liberdade juntamente com sua

mulher. Burke foi julgado e condenado à forca. Sua amante, Helen Mc Donald, acusada

de cumplicidade, foi absolvida por falta de provas.

Antes de sua morte, Burke confirmou que havia matado, ao todo, 16 pessoas,

porém negou que jamais houvesse violado uma sepultura para roubo de cadáver.

Sua execução, na forca, ocorreu no dia 28 de janeiro de 1829 e foi assistida

por uma multidão de milhares de pessoas, de todas as classes sociais, que se

acotovelavam para ver de perto o criminoso. Fazia parte da sentença que o seu corpo

fosse publicamente dissecado pelo Prof. Alexander Monro tertius, o que foi feito.

Durante a dissecção, em presença de estudantes e de curiosos, houve um

tumulto e a maior parte da pele do criminoso, que já havia sido retirada,

desapareceu. Tempos depois apareceram à venda, livros encadernados com a pele

curtida de Burke. Um de tais livros pode ser visto no museu da Universidade, assim

como o esqueleto de Burke.

Dr. Knox foi apontado como receptador dos corpos das vítimas assassinadas e

levantou-se contra ele a suspeita de que teria conhecimento da procedência dos

cadáveres. Como não se comprovou sua culpabilidade, ele não foi processado, porém

caiu em desgraça perante a opinião pública. O seu curso de anatomia, que chegou a

ter 504 alunos matriculados nos anos de 1827 e 1828, esvaziou-se progressivamente.

Em 1831, sentindo-se constrangido e alvo de desconfiança e de ataques, Knox

deixou o cargo de Conservador do museu e em 1842 mudou-se definitivamente para

Londres, onde viveu os últimos anos de sua vida.

Hare fugiu para Londres, onde terminou seus dias como indigente. Ignora-se o

destino de Margaret Hare e Helen McDouglas.

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Os fatos ocorridos em Edinburgh repercutiram intensamente no Parlamento

britânico, que promulgou, em 1832, o Anatomy Act, segundo o qual passou a ser

permitido o uso de cadáveres não reclamados por familiares para o ensino de

anatomia. Com isto extinguiu-se na Grã Bretanha o mercado negro de cadáveres e a

prática de roubo de corpos nos cemitérios.

Este macabro episódio ficou marcado na história da língua inglesa pela

criação do neologismo burkism e do verbo to burk, com o sentido de sufocar, matar

alguém para venda do cadáver, assassinar sem deixar vestígio.

"Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido,

lembra-te que este corpo nasceu do

amor de duas almas,

cresceu embalado pela fé e pela

esperança daquela que em seu seio o

agasalhou.

Sorriu e sonhou os mesmos sonhos

das crianças e dos jovens.

Por certo amou e foi amado, esperou

e acalentou um amanhã feliz e

sentiu saudades dos outros que

partiram.

Agora jaz na fria lousa, sem que

por ele se tivesse derramado uma

lágrima sequer,

sem que tivesse uma só prece.

Seu nome, só Deus sabe.

Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade.

A humanidade que por ele passou indiferente"(Rokitansky, 1876)

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo III - Introdução ao Estudo da Anatomia

1. Conceito de anatomia

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Anatomia é a ciência que estuda,

macro e microscopicamente, a constituição e

o desenvolvimento dos seres organizados. Um

excelente e amplo conceito de anatomia foi

proposto em 1981 pela american association

of anatomists: anatomia é a análise da

estrutura biológica, sua correlação com a

função e com as modulações de estrutura em

resposta a fatores temporais, genéticos e

ambientais. Tem como metas principais a

compreensão dos princípios arquitetônicos

da construção dos organismos vivos, a

descoberta da base estrutural do

funcionamento das várias partes e a

compreensão dos mecanismos formativos

envolvidos no desenvolvimento destas. A

amplitude da anatomia compreende, em termos

temporais, desde o estudo das mudanças a

longo prazo da estrutura, no curso de

evolução, passando pelas das mudanças de

duração intermediária em desenvolvimento,

crescimento e envelhecimento; até as

mudanças de curto prazo, associadas com

fases diferentes de atividade funcional

normal. Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um sistema

biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas

celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana =

através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare =

cortar) e é equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia

é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência.

Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da

civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela

manipulação dos corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de

tecnologias inovadoras.

Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos:

Anatomia macroscópica

Anatomia microscópica e

Anatomia do desenvolvimento.

A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu,

utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a

Anatomia Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a

olho nu e requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios

ópticos e eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e

Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se organizam para a formação de

órgãos).

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A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir

do ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do

desenvolvimento até o nascimento.

Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a

existência de estudos específicos.

2. Normal e Variação Anatômica

Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é

encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem

prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa

cubital. Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao

nível da axila. Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre

prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia

for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral,

incompatível com a vida, é uma monstruosidade.

3. Nomenclatura

Anatômica

Como toda

ciência, a Anatomia tem

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Anatomia Humana A

Página 13

sua linguagem própria. Ao conjunto de termos empregados para designar e descrever o

organismo ou suas partes dá-se o nome de Nomenclatura Anatômica. Com o

extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado, graças aos

trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França,

Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações

diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de

metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos

chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira

tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica internacional ocorreu

em 1895. Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas

revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura

Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatomica). Revisões

subseqüentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica

tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja

razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos

Internacionais de Anatomia . A língua oficialmente adotada é o latim (por ser

“língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao

designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não

sejam apenas sinais para a memória, mas traga também alguma informação ou descrição

sobre a referida estrutura. Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos

(nome de pessoas para designar coisas) e os termos indicam: a forma (músculo

trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria

circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento

sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m.

levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e

situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram

conservados, porque estão consagrados pelo uso.

4. Posição Anatômica

Para evitar o uso de termos

diferentes nas descrições anatômicas,

considerando-se que a posição pode ser

variável, optou-se por uma posição

padrão, denominada posição de

descrição anatômica (posição

anatômica). Deste modo, os

anatomistas, quando escrevem seus

textos, referem-se ao objeto de

descrição considerando o indivíduo

como se estivesse sempre na posição

padronizada.

Nela o indivíduo está em

posição ereta (em pé, posição

ortostática ou bípede), com a face

voltada para a frente, o olhar

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Anatomia Humana A

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dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com

as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés

dirigidas para frente.

5. Divisão do Corpo Humano

O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça

corresponde à extremidade superior do corpo estando unida ao tronco por uma porção

estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas

cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na

cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores

ou pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma

parte livre.

6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano

CORPO HUMANO

TRONCO PESCOÇO CABEÇA MEMBROS

TÓRAX ABDOME SUPERIORES INFERIORE

S

COXA

PERNA

BRAÇO

ANTEBRAÇO

MÃO

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Anatomia Humana A

Página 15

A. Plano Sagital Mediano (ou, simplesmente, mediano): plano vertical que

passa longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em dois antímeros direito e

esquerdo.

Nota 1: chama-se, genericamente, de planos sagitais aos planos verticais que passam

através do corpo, paralelos ao plano mediano. Qualquer plano paralelo ao plano

mediano é sagital, por definição.

Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelo aos sagitais são denominados

laterais direito e esquerdo.

B. Plano Frontal Médio: plano vertical, que passa através do corpo em ângulo

reto com o plano mediano, dividindo-o em dois paquímeros ventral e dorsal.

Nota 1: denomina-se planos frontais (ou coronais) à quaisquer planos paralelos ao

frontal mediano e que dividem o corpo em partes anterior (frente) e posterior (de

trás).

Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelos aos frontais são denominados

ventral (ou anterior) e dorsal (ou posterior).

C. Planos Transversais (transversos): são planos horizontais,

perpendiculares aos planos sagitais e frontais, que dividem o corpo em metâmeros.

Nota 1: Ao plano paralelo aos transversais que tangencia a cabeça denomina-se

cranial ou superior; e ao que tangencia os pés é chamado de inferior ou podálico.

Nota 2: O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano que passa pelo

vértice do cóccix, o plano caudal.

7. Termos de Posição e Direção

A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos

planos de delimitação e secção.

Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamadas de medial

e lateral conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano

mediano do corpo.

Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior

(ou ventral) e posterior (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais

próxima ou mais distante do plano anterior.

Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou

cranial) para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais

distante deste plano.

Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros emprega-se,

comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente

mais próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo emprega-se os

termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e

mais distante da boca.

Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de

intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra

posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra

distal ou ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média.

Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas,

sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre

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Anatomia Humana A

Página 16

mediana, enquanto os outros termos de posição e direção são relativos, pois

baseiam-se na comparação do seu posicionamento.

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Anatomia Humana A

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8. Termos De Movimento

Na análise de movimento realizado, a determinação do eixo de movimento

realizado é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de

movimento é sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento. Assim,

todo movimento é realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é

perpendicular àquele plano.

MOVIMENTOS ANGULARES

Nestes movimentos há uma diminuição ou aumento do ângulo existente entre o

segmento que se desloca e aquele que permanece fixo.

Flexão e Extensão

Flexão: É a diminuição do ângulo de uma articulação ou aproximação de duas

estrutura ósseas.

Extensão: É o aumento do ângulo de uma articulação ou afastar duas estruturas

ósseas.

Adução e Abdução

São movimentos nos quais o segmento é deslocado, respectivamente, em

direção ao plano mediano (adução) ou em direção oposta, isto é, afastando-se

dele (abdução).

Circundação

Em alguns segmentos do corpo, especialmente nos membros, o movimento

combinatório que inclui adução, extensão, abdução e flexão resulta na

circundação. Neste tipo de movimento, a extremidade distal do segmento descreve

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Anatomia Humana A

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um círculo e o corpo do segmento, um cone, cujo vértice é representado pela

articulação que se movimenta.

Rotação

É o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal

(vertical). Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial, quando a

face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma rotação

lateral, no movimento oposto.

Mão:

Rotação medial do antebraço =

pronação.

Rotação lateral do antebraço =

supinação.

Pé:

Adução + Supinação (rotação

medial) = inversão (do calcâneo)

Abdução + Pronação (rotação lateral) = eversão (do calcâneo)

9. Divisão do

Estudo da Anatomia

Osteologia: parte da anatomia que estuda

os ossos.

Miologia: parte da anatomia que estuda os

músculos.

Sindesmologia ou Artrologia: parte da

anatomia que estuda as articulações.

Angiologia: parte da anatomia que estuda o

coração e os grande vasos.

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Anatomia Humana A

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Neuroanatomia: parte da anatomia que estuda o sistema nervoso central e o

periférico.

Estesiologia: parte da anatomia que estuda os órgãos que se destinam à captação

das sensações.

Esplancnologia: parte da anatomia que estuda as vísceras que se agrupam para o

desempenho de uma determinada função como: fonação, digestão, respiração,

reprodução e urinária.

Endocrinologia: parte da anatomia que estuda as glândulas sem ducto, que segregam

hormônios, os quais são drenados diretamente na corrente sanguínea.

Tegumento comum: parte da anatomia que estuda a pele e os seus anexos.

Nos próximos capítulos iremos estudar a Anatomia Humana dividida em sistemas

seguindo a seguinte ordem: Sistema Esquelético, Sistema Articular, Sistema

Muscular, Sistema Nervoso, Sistema Circulatório, Sistema Respiratório, Sistema

Digestório, Sistema Urinário, Sistema Reprodutor, Sistema Endócrino, Sistema

Sensorial e Sistema Tegumentar.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo IV – Sistema Esquelético

1. Considerações Gerais

Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de ossos,

cartilagens e ligamentos que se interligam para formar o arcabouço do corpo e

desempenhar várias funções, tais como: proteção (para órgãos como o coração,

pulmões e sistema nervoso central); sustentação e conformação

do corpo; local de armazenamento de cálcio e fósforo (durante

a gravidez a calcificação fetal se faz, em grande parte, pela

reabsorção destes elementos armazenados no organismo

materno); sistema de alavancas que movimentadas pelos

músculos permitem os deslocamentos do corpo, no todo ou em

parte e, finalmente, local de produção de várias células do

sangue.

O sistema esquelético pode ser dividido porções:

Uma mediana, formando o eixo do corpo, composta pelos

ossos da cabeça, pescoço e tronco,

O esqueleto axial formado pelo trono e cinturas,

O esqueleto apendicular. A união entre estas duas porções

se faz por meio de cinturas: escapular (ou torácica),

constituída pela escápula e clavícula e pélvica constituída

pelos ossos do quadril.

No adulto existem 206 ossos, distribuídos ao longo do corpo. Este número

varia de acordo com a idade (do nascimento a senilidade há uma redução do número de

ossos), fatores individuais e critérios de contagem.

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Anatomia Humana A

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2. Coluna Vertebral

No tronco destaca-se a coluna vertebral que é uma haste forte e flexível,

didaticamente dividida em duas porções: anterior, constituída pelo ligamento

longitudinal anterior, corpo vertebral, disco intervertebral e ligamento

longitudinal posterior, e outra, posterior, constituída pelo canal vertebral,

ligamento amarelo, articulações inter-apofisárias, ligamentos interespinhais e

supra-espinhais, pedículos, lâminas, processos transversos e espinhosos. A

flexibilidade é sua principal característica, pois as vértebras apresentam

mobilidade entre si. A estabilidade é fornecida por sua estrutura ligamentar e

osteomuscular.

Entre suas funções, temos: proteção da medula espinhal, movimentação e

marcha, manutenção da posição ereta, suporte do peso corporal e ligação de todas as

suas regiões desde a occipital até o sacro.

Os 33 corpos vertebrais constituem os principais pilares da coluna, todos

eles com características próprias, sendo:

• 7 cervicais

• 12 torácicos

• 5 lombares

• 5 sacrais

• 4 coccígeos

As vértebras são conectadas entre si pelas articulações posteriores entre os

corpos vertebrais e os arcos neurais. Elas se articulam de modo a conferir

estabilidade e flexibilidade à coluna, atributos necessários para a mobilidade do

tronco, postura, equilíbrio e suporte de peso, e em seu interior o canal vertebral,

eixo central que contém a medula espinhal.

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Anatomia Humana A

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3. Classificação dos Ossos

Há várias maneiras de classificar os ossos. Uma delas é classificá-los por

sua posição topográfica, reconhecendo-se ossos axiais (que pertencem ao esqueleto

axial) e apendiculares (que fazem parte do esqueleto apendicular). Entretanto, a

classificação mais difundida é aquela que leva em consideração a forma dos ossos,

classificando-os segundo a relação entre suas dimensões lineares (comprimento,

largura ou espessura), em ossos longos, curtos, laminares e irregulares.

Osso longo

Seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e

a espessura. Consiste em um corpo ou diáfise e duas extremidades

ou epífises. A diáfise apresenta, em seu interior, uma cavidade, o

canal medular, que aloja a medula óssea. Exemplos típicos são os

ossos do esqueleto apendicular: fêmur, úmero, rádio, ulna, tíbia,

fíbula, falanges.

Osso laminar

Seu comprimento e sua largura são equivalentes,

predominando sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal,

frontal, occipital e outros como a escápula e o osso do quadril,

são exemplos bem demonstrativos. São também chamados

(impropriamente) de ossos planos.

Osso curto

Apresenta equivalência das três dimensões. Os ossos do

carpo e do tarso são excelentes exemplos.

Osso irregular

Apresenta uma morfologia complexa não encontrando

correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e

osso temporal são exemplos marcantes.

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Anatomia Humana A

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Osso pneumático

Apresenta uma ou mais

cavidades, de volume variável,

revestidas de mucosa e contendo ar.

Estas cavidades recebem o nome de

sinus ou seio. Os ossos pneumáticos

estão situados no crânio: frontal,

maxilar, temporal, etmóide e esfenóide.

Osso sesamóide

Que se desenvolve na substância de certos tendões ou da

cápsula fibrosa que envolve certas articulações. os primeiros são

chamados intratendíneos e os segundos periarticulares. A patela é

um exemplo típico de osso sesamóide intratendíneo.

4. Configuração Interna do Osso

A análise do osso por microscopia

revela duas regiões que divergem entre si

pelo número de espaços livres entre as

trabéculas ósseas, denominadas substância

óssea compacta e substância esponjosa.

Embora os elementos constituintes sejam os

mesmo nos dois tipos de substâncias ósseas,

eles dispõem-se diferentemente conforme o

tipo considerado, e, seu aspecto

macroscópico também se difere.

Na substância óssea compacta as

lamínulas de tecido ósseo encontram-se

fortemente unidas umas às outras pelas suas

faces, sem que haja espaço livre interposto.

Por esta razão, esse tipo é mais denso e

rígido.

Na substância óssea esponjosa as

lamínulas ósseas, mais irregulares em forma

e tamanho, se arranja de forma a deixar

entre si espaços ou lacunas que se comunicam

umas com as outras.

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Anatomia Humana A

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5. Características Gerais Ósseas No vivente e no cadáver o osso se encontra

sempre revestido por delicada membrana conjuntiva,

com exceção das superfícies articulares. Esta

membrana é denominada periósteo e apresenta dois

folhetos: um superficial e outro profundo, este em

contato direto com a superfície óssea. A camada

profunda é chamada osteogênica pelo fato de suas

células se transformarem em células ósseas, que são

incorporadas à superfície do osso, promovendo assim

o seu espessamento.

Os ossos são altamente vascularizados. As

artérias do periósteo penetram no osso, irrigando-o

e distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu periósteo o

osso deixa de ser nutrido e morre.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo V - Sistema Articular

1. Definição

Os ossos unem-se uns aos outros para constituir o

esqueleto. Esta união não tem a finalidade exclusiva de colocar os

ossos em contato, mas também de permitir mobilidade e elasticidade

ao esqueleto. Esta união não se faz da mesma maneira entre todos

os ossos, assim, uma maior ou uma menos possibilidade de movimento

varia de acordo com o tipo de união.

2. Classificação das Junturas

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Anatomia Humana A

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As junturas são classificadas em três grandes grupos: fibrosas,

cartilaginosas e sinoviais, cuja definição é feita de acordo com o elemento

estrutural encontrado em cada tipo de juntura.

1. ARTICULAÇÕES FIBROSAS:

São formadas por tecido conjuntivo fibroso e conferem mais elasticidade do

que mobilidade; são encontradas principalmente no crânio. É evidente que a

mobilidade nestas junturas é extremamente reduzida, embora o tecido conjuntivo

interposto confira uma certa elasticidade ao crânio. Dentro das articulações

fibrosas, dois subtipos podem ser listados, a saber: suturas e sindesmoses.

A) Articulações fibrosas suturas: apresentam forma variável e, por isso, podemos

classificá-las em: planas (união linear, retilínea ou aproximadamente retilínea),

escamosas (união em forma de bisel) e serreadas (união em “linha dentada”).

Sutura Plana

Sutura Escamosa

Sutura Serreada

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Anatomia Humana A

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E interessante

comentar que, na vida

pré e pós-natal, o

tamanho das

articulações que

separam os ossos do

crânio é maior em

alguns pontos pela

presença de maior

quantidade de tecido

conjuntivo fibroso.

Essas regiões são

chamadas de fontanelas

(popularmente

conhecidas por

moleiras) e desaparecem após a ossificação completa do crânio.

B) Articulações fibrosas sindesmoses: apresentam também como tecido interposto

o conjuntivo fibroso, mas não ocorrem entre os ossos do crânio. Na verdade, só

há dois registros desse tipo de juntura: sindesmose tíbio-fibular, isto é, a

que se faz entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e rádio ulnar

entre as extremidades do rádio e da ulna.

2. ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS:

Apresentam também pouca mobilidade, são constituídas por cartilagem que pode

ser hialina (cartilagem articular que representa a porção do osso que não foi

invadida pela ossificação) ou fibrosa. Se na articulação o elemento encontrado for

cartilagem hialina, ela será classificada como articulação cartilaginosa

sincondrose; se cartilagem fibrosa, articulação cartilaginosa sínfise.

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Anatomia Humana A

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Sincondrose

Esternais

Cartilaginosa Sínfise

3. ARTICULAÇÕES SINOVIAIS:

Apresentam como elemento

estrutural a sinóvia, um líquido

viscoso que permite a mobilidade da

junção óssea com o mínimo de atrito

entre as extremidades do osso. Essas

extremidades ósseas são formadas por

cartilagem hialina, desprovidas de

suprimento sanguíneo e nervoso, o que

torna lento e difícil a regeneração do

tecido, em caso de lesões.

Além disso, encontramos nesse

tipo de articulação uma cápsula

articular, que envolve a articulação,

e uma cavidade articular onde se

encontra o liquido sinovial. Dessa

forma, a cápsula articular, a cavidade

articular e o líquido sinovial são

características das articulações

sinoviais.

Em várias junturas sinoviais, interpostas às superfícies articulares,

encontram-se formações fibro-cartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares,

de função discutida: serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam

ou seriam destinadas a receber violentas pressões, agindo como amortecedores.

Meniscos, com sua forma de meia lua são encontrados na articulação do joelho e

disco intra articular nas articulações esternoclavicular e têmporomandibular.

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Anatomia Humana A

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Os critérios utilizados para classificar as articulações sinoviais são: a

forma das superfícies ósseas que entram em contato e o movimento realizado por

elas, de forma que as articulações sinoviais podem ser classificadas em: plana,

gínglimo, trocóide, condilar, em sela e esferóide.

Plana: As superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas,

permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção.

Exemplo: articulação sacro-ilíaca.

Gínglimo: Denominado também de dobradiça refere-se muito mais ao movimento do

que à forma das superfícies articulares: realizam flexão e extensão. Exemplo:

articulação do cotovelo.

Trocóide: Permite rotação. Exemplo: articulação rádio-ulnar proximal

responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação

ocorre uma rotação medial do rádio e na supinação, rotação lateral.

Condilar: As superfícies articulares são elípticas. Permitem flexão,

extensão, abdução e adução, mas não permitem a rotação. Exemplo: articulação

rádio-cárpica (ou do punho), articulação têmporomandibular.

Em sela: A superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela,

apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa numa

segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido inverso da

primeira. Permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação (consequentemente

circundação). Exemplo: articulação carpo-metacárpica do polegar.

Esferóide: As superfícies articulares são segmentos de esferas e se encaixam

em receptáculos ocos. Permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução,

rotação e circundação. Exemplo: articulação do ombro (entre úmero e escápula) e

do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur).

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

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Anatomia Humana A

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Capítulo VI – Sistema Muscular

1. Conceito

O músculo é a unidade contrátil do ser vivo, que

obedece aos comandos do sistema nervoso central.

São estruturas que movem os segmentos do corpo por

encurtamento da distância que existe entre suas

extremidades fixadas, ou seja, por contração, estes

últimos são os elementos ativos do movimento. Além de

tornar possível o movimento, a musculatura também mantém

unidas – as

A literatura relata que os músculos podem ser classificados em:

Músculos estriado esquelético:

músculos do esqueleto humano.

Músculos estriado cardíaco:

presente no coração.

Músculo liso: presentes em

órgãos viscerais.

O ser vivo é disposto de uma

variedade de músculos que estão

fixados em regiões posterior,

anterior, lateral e medial no corpo

humano.

2. Funções Dos Músculos

Entre ao vários tipos de musculos existentes ao longo de nosso corpo, tanato

os músculos esqueléticos, quanto cardíaco e lisos realizam atividades específicas,

tais como:

Contração

muscular

Locomoção

Sutentação

Proteção

Regulaçao de

temperatura

Respiração

Elasticidade

Flexibilidade

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Anatomia Humana A

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3. Mecanismo de Contração Muscular

A contração do ventre muscular vai produzir

um trabalho mecânico, em geral representado pelo

deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair-

se o ventre muscular, há um encurtamento do

comprimento do músculo e conseqüente deslocamento

da peça esquelética.

O trabalho realizado por um músculo depende

da potência do músculo e da amplitude de contração

do mesmo. A amplitude de contração depende do

comprimento das fibras musculares. Assim, um

músculo longo tem o mais alto grau de

encurtamento. A potência (ou força) é função do

número de fibras que se contraem e número de

fibras contido em uma secção transversal do

músculo, o que é medido em ângulo reto com o eixo maior dos fascículos musculares e

não com o eixo maior do músculo como um todo.

Desta forma, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha

em força.

Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo

deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como

potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos

lisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se

produz um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou

seu diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo.

A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está

completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras

musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo,

vai depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora ao

conjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Desta forma um

músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros,

enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta

precisão e delicadeza.

Outra forma de classificar os músculos é observando o trabalho que eles

realizam, ou seja, sua função. Assim, quando o músculo executa um movimento, ele é

denominado agonista; quando se opõe ao movimento do agonista, ele é denominado

antagonista; ainda, quando potencializa a ação do agonista, ele é denominado

sinergista.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Page 30: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 30

Capítulo VII - Sistema Nervoso

1. Considerações Gerais

O sistema nervoso é dividido em duas partes

principais:

sistema nervoso central, composto de cérebro

e medula espinhal

sistema nervoso periférico, composto de

nervos cranianos e espinhais e seus gânglios

associados.

O sistema nervoso central é composto de grande número de células nervosas e suas

ramificações, mantidas por tecido especializado denominado neuróglia. Neurônio é o

nome dado à célula nervosa e todas as suas

ramificações. As ramificações longas de uma

célula nervosa são denominadas axônios, ou

fibras nervosas.

O interior do sistema nervoso central é

organizado em substância branca e cinzenta.

A substância cinzenta consiste em células

nervosas e das porções proximais; de suas

ramificações, encerradas em neuróglia.

A substância branca consiste em fibras nervosas encerradas em neuróglia.

Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os nervos cranianos e

espinhais são cordões de coloração branco-acinzentada. São constituídos de feixes

de fibras nervosas mantidos por fino tecido areolar.

Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e passam através

de forâmens do crânio. Existem 31 pares de nervos espinhais que partem da medula

espinhal e passam através de forâmens intervertebrais na coluna vertebral.

2. Funções do Sistema Nervoso

O sistema nervoso é um dos principais órgão do organismo vivo que desempenha as

seguintes funções:

Controlar

Comandar

Executar

Produzir

Conduzir

Direcionar

Ordenar

Liberar

Todos os tipos de comandos para que o seu vivo possa realizar as tarefas com todas

as suas integridades

3. Subdivisões do Sistema Nervoso

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Anatomia Humana A

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3.1 Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso periférico é composto por terminações nervosas, gânglios e

nervos. Estes são cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por

tecido conjuntivo e que têm por função levar (ou trazer) impulsos ao (do) SNC. As

fibras que levam impulsos ao SNC são chamadas de aferentes ou sensitivas, enquanto

que as que trazem impulsos do SNC são as aferentes ou motoras. Os nervos são

divididos em dois grupos: nervos cranianos e nervos espinhais.

3.2 Sistema Nervoso Autônomo

Tanto o SN somático quanto o SN visceral possuem uma parte aferente e outra

eferente. Denomina-se sistema nervoso autônomo (SNA) a parte eferente do SN

visceral. O SNA por sua vez é dividido em duas partes: o sistema simpático e o

sistema parassimpático. O simpático estimula as atividades que ocorrem em situações

de emergência ou tensão, enquanto o parassimpático é mais ativo nas condições

comuns da vida, estimulando atividades que restauram e conservam a energia

corporal. O simpático tem origens nas regiões torácica e lombar da medula espinhal,

enquanto o parassimpático as tem porções no tronco encefálico e nos segmentos

sacrais da medula espinhal. Ambos possuem fibras pré-ganglionares que fazem

conexões com gânglios (acúmulo de neurônios fora do SNC) e dos quais partem fibras

pós-ganglionares que vão até os órgãos efetuadores; contudo as fibras pré-

ganglionares simpáticas são curtas e as pós-ganglionares são longas, enquanto no

parassimpático ocorre o contrário. Existem várias outras diferenças, como no tipo

dos mediadores químicos, que fogem ao objetivo deste tópico.

Page 32: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 32

4. Condução de Informações nos Sistema Nervoso

As informações que são transmitidas pelo sistema nervoso, são chamadas de

impulsos elétricos ou potenciais de ação que trafegam por estruturas chamadas de

nervos ou fibras, que na verdade é um conjunto de axônios unidos para realizar esta

função.

Podendo então classificar este nervos em:

Fibras aferentes: levam todas as informações sensitivas ao sistema nervoso

central.

Fibras efetoras: trazem as informações do sistema nervoso central para a

realização dos movimentos.

5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso

5.1 Meninges

A proteção ao SNC dada

pelo crânio e pela coluna é

acentuada reforçada pela presença

de lâminas de tecido conjuntivo,

as meninges, que são, de fora

para dentro: dura-máter,

aracnóide e pia-máter.

A dura-máter é a mais

espessa delas. No crânio está

associada ao periósteo da face

interna dos ossos, enquanto entre

ela e a coluna vertebral existe um espaço, o espaço extradural (ou epidural). A

pia-máter é a mais fina e está intimamente aplicada ao encéfalo e à medula

espinhal. Entre a dura e a pia-máter está a aracnóide, da qual partem fibras

delicadas que vão a pia-máter, formando uma rede semelhante a uma teia de aranha. A

aracnóide é separada da dura-máter por um espaço virtual, o espaço subdural e da

pia-máter pelo espaço subaracnóideo, real, onde circula o líquido cérebro-espinhal

ou líquor, o qual funciona como absorvente de choques.

O líquido cérebro-espinhal, incolor, é constantemente produzido nos

ventrículos do encéfalo e constantemente deixa o espaço subaracnóideo para entrar

no sistema venoso. Atua na nutrição do SNC e como amortecedor, protegendo o SNC de

movimentos súbitos.

O SNC é heterogêneo quanto à distribuição dos corpos dos neurônios e de seus

prolongamentos. As regiões onde predominam os corpos neuronais são chamadas de

substância cinzenta. Outras regiões contêm, predominantemente, prolongamentos

neuronais (em especial seus axônios). Estes prolongamentos são, muitas vezes,

revestidos por mielina, o que lhes dá coloração mais pálida, daí a denominação de

substância branca.

No cérebro e no cerebelo a estrutura geral é a mesma: uma massa de substância

branca, revestida externamente por uma fina camada de substância cinzenta e tendo

Page 33: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 33

no centro massas de substância cinzenta constituindo os núcleos (acúmulos de corpos

neuronais dentro do SNC). Na medula, a substância cinzenta forma um eixo central

contínuo envolvido por substância branca, enquanto no tronco encefálico a

substância cinzenta central não é contínua, apresentando-se fragmentada, formando

núcleos.

5.2 Cérebro

O cérebro responde pelas

funções nervosas mais elevadas,

contendo centros para

interpretação de estímulos bem

como centros que iniciam

movimentos musculares. Ele

armazena informações e é

responsável também por processos

psíquicos altamente elaborados,

determinando a inteligência e a

personalidade.

Ele é constituído pelos

hemisférios cerebrais e pelo

diencéfalo. Os hemisférios

cerebrais são duas massas unidas por uma ponte de fibras nervosas, o corpo caloso e

separadas por uma lâmina de dura-máter, a foice do cérebro. Cada hemisfério é

dividido em cinco lobos, quatro dos quais vistos na superfície do cérebro e

correspondendo cada um aos ossos do crânio com que guardam relações, os lobos

frontal, parietal, temporal e occipital. O quinto lobo, a insula, fica coberto por

partes dos lobos temporal, frontal e parietal.

Os hemisférios são formados por uma camada externa de substância cinzenta, o

córtex cerebral - convoluto, formando giros e sulcos - e por uma massa interna de

substância branca, na qual estão enterrados diversos grupos de núcleos, os núcleos

da base, que fazem parte do sistema motor, participando do controle dos movimentos,

facilitando e sustentando os movimentos em curso e inibindo movimentos indesejados.

A cavidade dos hemisférios cerebrais forma os ventrículos laterais e a parte

rostral do terceiro ventrículo

O diencéfalo fica quase totalmente circundado pelos hemisférios cerebrais;

sua cavidade forma a maior parte do terceiro ventrículo. Constituído pelo tálamo,

pelo hipotálamo e pelo epitálamo.

O tálamo é centro de retransmissão de todos os impulsos sensitivos (exceto

olfato) para o córtex cerebral. O hipotálamo é local de regulação de atividades

viscerais (cardiovascular, temperatura corporal, do equilíbrio hidro-eletrolítico,

da atividade gastrintestinal e fome e das funções endócrinas), do sono e da

vigília, da resposta sexual e das emoções. O epitálamo é formado principalmente

pela glândula pineal, implicada no controle dos ritmos circadianos e na regulação

do início da puberdade. É produtora do hormônio melatonina.

Page 34: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 34

5.3 Tronco encefálico e cerebelo

O tronco encefálico apresenta é

formado por substância branca contendo

núcleos no seu interior. Divide-se em

mesencéfalo, ponte e bulbo.

O mesencéfalo é responsável pelos

reflexos visuais e auditivos (colículos

superior e inferior); seus núcleos e os

pedúnculos cerebrais participam do

controle da postura e dos movimentos.

A ponte é centro de retransmissão

de impulsos; contém núcleos de vários

nervos cranianos (III – VII); e

controla o ritmo e força da respiração.

O bulbo é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários

nervos cranianos (VIII-XII); e é centro autônomo visceral (respiração, ritmo

cardíaco, vasoconstrição).

O cerebelo tem estrutura geral parecida com a do cérebro (substância cinzenta

externa e substância branca interna) e atua na coordenação motora e no equilíbrio.

5.4 Medula espinhal Situada no interior do

canal vertebral, se continua

rostralmente com o bulbo. Ela

recebe informações do pescoço,

do tronco e dos membros e os

controla, por meio dos trinta e

um nervos espinhais. A medula

consiste em uma parte central

de substância cinzenta e outra

parte periférica, de substância

branca.

A substância cinzenta tem a forma aproximada da letra H. As projeções

posteriores são os cornos dorsais, os quais tanto contêm neurônios aferentes,

condutores de impulsos sensoriais periféricos, quanto dão origem às vias

ascendentes, condutoras de impulsos sensoriais para o encéfalo. As projeções

anteriores são os cornos ventrais, que contêm os neurônios motores da medula

espinhal. Nas partes torácica e lombar existem projeções laterais, as colunas

laterais, que contêm os neurônios pré-ganglionares simpáticos.

Page 35: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

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A substância branca contém fibras nervosas de trajeto longitudinal (tratos

ascendentes e tratos descendentes). Os principais tratos ascendentes são:

colunas dorsais (fascículos grácil e cuneiforme): tato discriminativo e

propriocepção

trato espinotalâmico: dor, temperatura, pressão e tato grosseiro

trato espinocerebelar: informação dos receptores musculares e articulares

Os principais tratos descendentes são:

trato corticoespinhal anterior: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores

corticais que não cruzaram de lado nas pirâmides do bulbo; termina na medula

torácica. Suas fibras cruzam para o lado oposto pouco antes de fazerem sinapse com

os neurônios motores medulares

tratos corticoespinhal lateral: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores

corticais que cruzaram de lado (decussaram) nas pirâmides do bulbo. Mais importante

por ter mais fibras está presente ao longo de toda medula

tratos rubro-espinhal, vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal: origem no tronco

encefálico; participam do controle motor.

6. Tecido Nervoso

O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos de celulares: os neurônios

e as células glias.

Neurônio: é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso que é especializada

para a comunicação rápida. Tem a função básica de receber, processar e enviar

informações.

Page 36: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

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São células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou com outras

células efetuadoras, usando basicamente uma linguagem elétrica. A maioria dos

neurônios possui três regiões responsáveis por funções especializadas: corpo

celular, dentritos e axônios.

Corpo celular: é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de todas

as proteínas neuronais. A forma e o tamanho do corpo celular são extremamente

variáveis, conforme o tipo de neurônio. O corpo celular é também, junto com os

dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos sinápticos.

Dendritos: geralmente são curtos e ramificam-se profusamente, a maneira de galhos

de árvore, em ângulos agudos, originando dendritos de menor diâmetro. São os

processos ou projeções que transmitem impulsos para os corpos celulares dos

neurônios ou para os axônios. Em geral os dendritos são não mielinizados. Um

neurônio pode apresentar milhares de dendritos. Portanto, os dendritos são

especializados em receber estímulos.

Axônios: a grande maioria dos neurônios possui um axônio, prolongamento longo e

fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal. O axônio

apresenta comprimento muito variável, podendo ser de alguns milímetros como mais de

um metro. São os processos que transmitem impulsos que deixam os corpos celulares

dos neurônios, ou dos dendritos. A porção terminal do axônio sofre várias

ramificações para formar de centenas a milhares de terminais axônicos, no interior

dos quais são armazenados os neurotransmissores químicos. Portanto, o axônio é

especializado em gerar e conduzir o potencial de ação.

Tipos de Neurônios:

São três os tipos de neurônios: sensitivo, motor e interneurônio. Um neurônio

sensitivo conduz a informação da periferia em direção ao SNC, sendo também chamado

neurônio aferente. Um neurônio motor conduz informação do SNC em direção à

periferia, sendo conhecido como neurônio eferente. Os neurônios sensitivos e

motores são encontrados tanto no SNC quanto no SNP.

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Anatomia Humana A

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Portanto, o sistema nervoso apresenta três funções básicas:

Função Sensitiva: os nervos sensitivos captam informações do meio

interno e externo do corpo e as conduzem ao SNC;

Função Integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada

ou interpretada;

Função Motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC em

direção aos músculos e às glândulas do corpo, levando as informações do SNC.

Sinapses:

Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram em

contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos

são denominados sinapses. Ou seja, os neurônios comunicam-se uns aos outros nas

sinapses – pontos de contato entre neurônios, no qual encontramos as vesículas

sinápticas, onde estão armazenados os neurotransmissores. A comunicação ocorre por

meio de neurotransmissores – agentes químicos liberados ou secretados por um

neurônio. Os neurotransmissores mais comuns são a acetilcolina e a norepinefrina.

Outros neurotransmissores do SNC incluem a epinefrina, a serotonina, o GABA e as

endorfinas.

Fibras nervosas:

Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presente, seu envoltório de

origem glial. O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina

(camadas de substâncias de lipídeos e proteína), que funciona como isolamento

elétrico. Quando envolvidos por bainha de mielina, os axônios são denominados

fibras nervosas mielínicas. Na ausência de mielina as fibras são denominadas de

fibras nervosas amielínicas. Ambos os tipos ocorrem no sistema nervoso central e no

sistema nervoso periférico, sendo a bainha de mielina formada por células de

Schwann, no periférico e no central por oligodendrócitos. A bainha de mielina

permite uma condução mais rápida do impulso nervoso e, ao longo dos axônios, a

condução é do tipo saltatória, ou seja, o potencial de ação só ocorre em estruturas

chamadas de nódulos de Ranvier.

Células Glias: compreende as células que ocupam os espaços entre os neurônios e tem

como função sustentação, revestimento ou isolamento e modulação da atividade

neural.

7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso

Do ponto de vista funcional, o sistema nervoso (SN) pode ser dividido em SN

somático e SN visceral. O SN somático é responsável por integrar o indivíduo ao

meio externo, uma vez que inerva estruturas periféricas, enquanto que o SN visceral

regula a atividade das vísceras, de forma a controlar a homeostase, ou seja, a

constância do meio interno.

A parte aferente do SN somático conduz aos centros nervosos impulsos

originados em receptores periféricos, informando a estes centros o que se passa no

ambiente. Por outro lado, a parte eferente do SN somático leva aos músculos

esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando movimentos que levam a um

maior relacionamento ou integração com o meio externo.

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Anatomia Humana A

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O SN visceral é muito importante para a integração da atividade das vísceras

no sentido da manutenção da constância do meio interno (homeostase). A parte

aferente conduz impulsos nervosos originados em receptores das vísceras a áreas

específicas do SNC. A parte eferente traz impulsos de certos centros nervosos até

as estruturas viscerais terminando pois em glândulas, músculo liso, músculo

cardíaco.

Por definição, denomina-se SN autônomo apenas a parte eferente (componente

eferente) do SN visceral, que por sua vez divide-se em simpático e parassimpático.

FIGURA 7: DIVISÃO FUNCIONAL DO SN VISCERAL

DIFERENÇAS ENTRE SN SOMÁTICO EFERENTE E SN VISCERAL EFERENTE OU SN AUTÔNOMO

Os sistemas nervosos visceral e o somático apresentam algumas diferenças

anatômicas e funcionais, as quais podem ser listadas: a natureza dos órgãos

inervados (somático inerva músculo estriado esquelético, enquanto visceral inerva

músculo estriado cardíaco, músculo liso ou glândulas), número de neurônios que

inervam o órgão efetor (somático tem um neurônio e visceral tem dois neurônios) –

no SN visceral dois neurônios ligam o SNC ao órgão efetor, sendo que um desses

neurônios tem seu corpo localizado dentro do SNC e o outro fora do SNC.

O neurônio cujo corpo está localizado dentro do SNC é denominado neurônio

pré-glanglionar e o que está localizado fora do SNC, de neurônio pós-glanglionar.

Esse agregado de corpos neuronais fora do SNC recebe o nome de glânglio. Já

no SNC esse mesmo agregado de corpos celulares recebe o nome de núcleo.

Diferentemente, o somático apresenta somente um neurônio que liga o SNC ao órgão

efetor, ou seja, ao músculo esquelético, terminando em uma estrutura chamada de

placa motora. Para fins didáticos, podemos dizer que o SN somático está envolvido

com ações voluntárias, e o visceral com ações involuntárias.

DIFERENÇAS ENTRE SN AUTÔNOMO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO

O SN autônomo é dividido em dois ramos, simpático e parassimpático. Esses

dois ramos apresentam diferenças anatômicas, farmacológicas e fisiológicas.

a) DIFERENÇAS ANATÔMICAS:

Posição dos neurônios pré-ganglionares: Como se sabe, os neurônios pré-

glanglionares têm seus corpos localizados dentro do SNC na medula e tronco

encefálico. No tronco encefálico, eles se agrupam formando os núcleos de origem de

alguns nervos cranianos. Na medula eles ocorrem do 1º ao 12º segmentos torácicos

(T1 até T12), nos dois primeiros segmentos lombares (L1 e L2), e nos segmentos S2,

S3 e S4 da medula sacral. No SN simpático os neurônios pré-ganglionares localizam-

se na medula torácica e lombar (entre T1 e L2), sendo chamados de SN simpático

tóraco-lombar. No SN parassimpático eles se localizam no tronco encefálico

(portanto dentro do crânio) e na medula sacral (S2, S3 e S4), sendo chamado de SN

parassimpático crânio-sacral.

Page 39: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

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Posição dos neurônio pós-ganglionares: No SN simpático, os neurônios pós-

glanglionares estão localizados longe das vísceras e próximo da coluna vertebral.

No SN parassimpático os neurônio pós-ganglionares estão localizados próximos ou

dentro das vísceras.

Tamanho das fibras pré e pós-ganglionares: Em conseqüência da posição dos

gânglios, o tamanho das fibras pré e pos ganglionares é diferente nos dois

sistemas. No SN simpático a fibra pré-glanglionar é curta e a pós-glanglionar é

longa. Já no SN parassimpático, temos o contrário: a fibra pré-glanglionar é longa

e a pós-ganglionar, curta.

Histologicamente, as fibras pós-glanglionares são amielínicos e as pré-

glanglionares são mielinizados.

b) DIFERENÇAS FARMACOLÓGICAS:

As diferenças farmacológicas dizem respeito à ação de drogas. Quando

injetamos em um animal certas drogas, como adrenalina e noradrenalina obtemos

efeitos (aumento da PA, da FC e etc) que se assemelham aos obtidos por ação do SN

simpático. Essas drogas que imitam a ação do SN simpático são denominadas

simpaticomiméticas. Existem também drogas como a acetilcolina que imitam as ações

do parassimpático e são chamadas de parassimpaticomiméticas.

A descoberta dos mediadores químicos veio explicar o modo de ação e as

diferenças existentes entre estes dois tipos de drogas. Sabemos hoje que a ação da

fibra nervosa sobre o efetuador (músculo ou glândula) se faz por liberação de um

mediador químico, dos quais os mais importantes são a acetilcolina e a

noradrenalina. As fibras nervosas que liberam acetilcolina são chamadas de

colinérgicas e as que liberam noradrenalina são chamadas de adrenérgicas.

O SN simpático e parassimpático diferem no que se refere à disposição das

fibras adrenérgicas e colinérgicas. As fibras pré-ganglionares tanto simpáticas

como parassimpáticas e as fibras pós-ganglionares parassimpáticas são colinérgicas.

Contudo, a grande maioria das fibras pós-ganglionares do simpático é adrenérgica

(exceto as fibras que inervam as glândulas sudoríparas).

c) DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS:

Tanto o simpático quanto o parassimpático atuam juntos, regulando o

funcionamento visceral. É fato que, quase sempre, essa atuação é antagônica entre

esses dois ramos, sendo que em alguns casos eles exercem o mesmo efeito no órgão

efetor.

A maior parte dos órgãos são mistos para o SN autônomo, ou seja, recebem fi-

bras simpáticas e parassimpáticas; entretanto, algumas estruturas apresentam so-

mente um tipo de inervação, ou simpática ou parassimpática, como por exemplo as

glândulas sudoríparas, que são glândulas exócrinas. As glândulas endócrinas não

possuem inervação simpática ou parassimpática, uma vez que o controle de sua

atividade é hormonal. Nessas estruturas, a atuação do SN autônomo se restringe aos

vasos que as nutrem.

O SN autônomo está conectado a algumas áreas do telencéfalo e diencéfalo,

envolvidos com o comportamento emocional, a saber: hipotálamo e sistema limbico.

Este fato explica as alterações do funcionamento visceral frente a distúrbios

emocionais e de emergência. Outra característica é o número de neurônios pós-

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ganglionares que fazem sinapse com o pré-ganglionar. No simpático, um neurônio pré-

ganglionar pode fazer sinapse com vários neurônios pós-ganglionares, enquanto que o

neurônio pré-glanglionar do parassimpático somente o faz com um único neurônio.

Assim, a ativação do SN autônomo produz uma descarga adrenérgica, levando o

organismo a um estado de alerta por ativar vários sistemas orgânicos.

O SN parassimpático tem ações sempre localizadas a um órgão ou setor do

organismo enquanto as ações do SN simpático tendem a ser difusas atingindo vários

órgãos.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo VIII – Sistema Circulatório

1. Considerações Gerais

O sistema circulatório é dividido em:

sistema circulatório sangüíneo, com as funções de levar

oxigênio e nutrientes aos tecidos e deles trazer seus

produtos, que serão redistribuídos a outros órgãos e tecidos

e seus resíduos, que serão eliminados (ver sistema urinário)

.

sistema circulatório linfático, que transporta para a

circulação sangüínea o excesso de líquido intersticial, bem

como substâncias de grande tamanho, incapazes de passar

diretamente dos tecidos para aquela. Além disto ajuda na

defesa do organismo contra o ataque de microrganismos.

Em síntese o sistema circulatório pode ser dividido

em: sistema sangüíneo composto por artérias, veias, capilares e coração e cujo

fluido é o sangue e em sistema linfático, formado por vasos linfáticos, linfonodos,

tonsilas e órgãos hemopoiéticos e cujo fluido é a linfa.

A principal estrutura do sistema circulatório é o coração, também conhecido

como bomba cardíaca.

2. Circulação Sanguínea

O coração, localizado no mediastino

torácico (porção mediana do tórax,

compreendida entre as cavidades pulmonares é

um órgão muscular oco que funciona como uma

bomba contrátil-propulsora. O tecido

muscular que forma o coração é de tipo

especial, tecido muscular estriado cardíaco,

e constitui sua camada média, o miocárdio.

Este é revestido internamente por endotélio,

o qual é contínuo com a camada íntima dos

vasos que chegam ou saem do coração. Esta camada interna é o endocárdio.

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Anatomia Humana A

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Externamente ao miocárdio, há uma serosa revestindo-o, denominada epicárdio. A

cavidade do coração é subdividida em quatro câmaras: duas à direita, o átrio e o

ventrículo direitos e duas à esquerda, o átrio e o ventrículo esquerdos. O átrio

direito se comunica com o ventrículo direito através do óstio atrioventricular

direito, no qual existe um dispositivo direcionador do fluxo, a valva tricúspide. O

mesmo ocorre à esquerda, através do óstio atrioventricular esquerdo, cujo

dispositivo direcionador de fluxo é a valva mitral. As cavidades direitas são

separadas das esquerdas pelos septos

interatrial e interventricular.

Ao átrio direito, através das

veias cavas inferior e superior

chega o sangue venoso do corpo (com

baixa pressão de O2 e alta pressão

de CO2). Ele passa ao ventrículo

direito através do óstio

atrioventricular direito e deste vai

ao tronco pulmonar e daí, através

das artérias pulmonares direita e

esquerda, dirige-se aos pulmões,

onde ocorrerá a troca gasosa, com

CO2 sendo liberado dos capilares

pulmonares para o meio ambiente e

com O2 sendo absorvido do meio

ambiente para os capilares pulmonares. Estes capilares confluem e,

progressivamente, se formam as veias pulmonares que levam sangue rico em O2 para o

átrio esquerdo. Deste, o sangue passa ao ventrículo esquerdo através do óstio

atrioventricular esquerdo e daí vai para a artéria aorta, que inicia sua

distribuição pelo corpo.

O trajeto ventrículo esquerdo aorta artérias de calibres

progressivamente menores capilares veias de calibres progressivamente maiores

veias cavas superior e inferior átrio direito, é chamado de grande circulação

ou circulação sistêmica.

O trajeto ventrículo direito tronco pulmonar artérias pulmonares direita

e esquerda, com redução progressiva de calibre capilares pulmonares veias

pulmonares com aumento progressivo de calibre átrio esquerdo, é chamado de

pequena circulação ou

circulação pulmonar.

3. Vasos

Sanguíneos Os vasos

sangüíneos são de três

tipos: artérias, veias e

capilares .

Page 42: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 42

As artérias levam o sangue do coração e o distribuem para os vários tecidos do

corpo por meio de seus ramos.

As veias são vasos que levam o sangue de volta para o coração; multas delas

possuem valvas. As veias menores são denominadas vênulas.

Os capilares são vasos microscópicos com a forma de uma rede conectando as

arteríola às vênulas.

3.1. Artérias

São tubos cilindróides, com propriedades elásticas e calibre variado, ou

seja: grande, médio, pequeno e arteríolas (com o menor diâmetro), cujos ramos podem

ser terminais (quando a artéria se ramifica e o tronco principal deixa de existir

após a divisão), colaterais (quando a artéria se ramifica e o tronco de origem

continua a existir) e recorrentes (quando o ramo colateral forma com a artéria

tronco um ângulo obtuso, neste caso o sangue circula em direção posta àquela da

artéria de origem).

As artérias podem ser superficiais ou profundas, sendo que a maioria é

profunda, o que funcionalmente é interessante, uma vez que esses locais oferecem

proteção a elas. As artérias superficiais têm um calibre pequeno, se destinam à

pele, ramificando-se a partir de artérias musculares.

FIGURA 4: ESQUEMA DOS RAMOS DE UMA ARTÉRIA

Fonte: DANGELO,J.G.; FATTINI, CA. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 3.

ed. São Paulo: Atheneu, 2007.

Os critérios mais comuns utilizados para designar as artérias estão

relacionados com: local por onde passam (artéria braquial), órgão irrigado (artéria

renal) e peça óssea mais próxima (artéria femoral).

3.2. Veias

São tubos que apresentam forma variada, dependendo, é claro, do volume de

sangue presente no vaso. Dessa forma, quando as veias estão cheias de sangue

tornam-se cilíndricas, mas quando estão com pouco sangue tornam-se achatadas. Essa

versatilidade na forma dos tubos é fruto da constituição de sua parede; esses vasos

apresentam pouca elastina e mais colágeno, o que confere ao tubo essa

distensibilidade.

Ramo Recorrente

Ramo Terminal Ramo Terminal

Ramo Colateral

Page 43: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

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O diâmetro dos vasos é variável, podendo ser encontrados vasos de grande,

médio e pequeno calibre, além de vênulas (estruturas do sistema venoso com menor

diâmetro). Enquanto as artérias se ramificam, formando outros vasos de menor

calibre, as veias de menor calibre vão se unindo com outras veias, formando vasos

de calibre maior. Essas veias que se confluem são chamadas de tributárias ou

afluentes.

Assim como as artérias, as veias podem ser superficiais e profundas, porém,

pode existir entre essas duas veias uma comunicação, estabelecida por vasos, de-

nominados veias comunicantes. As veias superficiais são subcutâneas, calibrosas e

funcionam como válvula de escape para o sangue venoso de origem muscular durante a

contração. As veias profundas são classificadas em satélites e solitárias; quando

acompanham o trajeto de uma artéria, são veias satélites, quando não acompanham,

são veias solitárias. Numerosas veias comunicam veias superficiais com veias

profundas e são denominadas veias comunicantes.

No corpo, a quantidade de veias é maior que as artérias. Fato justificado

pelo número de veias superficiais, superior ao de artérias, e pela presença de 2

veias acompanhando o trajeto dos vasos arteriais, denominadas veias satélites.

Ainda, as veias podem ser classificadas de acordo com as estruturas que drenam, ou

seja: veias que drenam vísceras ou órgãos são denominadas de veias viscerais,

enquanto as veias que drenam as paredes das vísceras são denominadas veias

parietais.

Outra característica das veias é a presença de válvulas no seu interior,

formadas a partir de uma projeção da membrana interna do vaso (prega membranosa da

camada interna da veia, em forma de bolso), cuja função é orientar o fluxo e

impedir o refluxo de sangue. Entretanto, veias do cérebro, pescoço e algumas veias

do tronco não apresentam válvulas, já que o fluxo sanguíneo nesses territórios é

favorecido pela gravidade. A falência das válvulas provoca estase sanguínea e

dilatação dos vasos, o que é acompanhado por muita dor. Esse quadro clínico é

conhecido por varizes.

FIGURA 5: ESQUEMA DE VÁLVULA VENOSA – TIPO BOLSO

Fonte: DANGELO,J.G.; FATTINI, CA. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 3.

ed. São Paulo: Atheneu, 2007.

O fluxo sanguíneo venoso é contrário ao das artérias, ou seja, em direção ao

coração. Além disso, de modo geral, enquanto as artérias transportam sangue

oxigenado para os tecidos, as veias transportam sangue pobre em oxigênio e rico em

produtos do metabolismo celular para os sítios de excreção (pulmões e rins).

Page 44: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 44

O sangue circula nas artérias por diferença de pressão, mas isso não acontece

com o sangue nas veias, onde a pressão é quase nula, o que torna o fluxo sanguíneo

lento. Dessa forma, outros mecanismos são necessários para que o sangue circule, a

saber: válvulas, peristaltismo (movimento das vísceras no tubo digestório),

contração muscular, movimentos respiratórios, pulsação das artérias e compressão da

planta dos pés.

3.3. Capilares Sanguíneos

São as menores estruturas do

sistema circulatório, formadas por

uma única camada de células

endoteliais, interpostas entre as

artérias e veias e com distribuição

universal, exceto em tecidos nos

quais a nutrição se dá por difusão,

como por exemplo, cartilagem

hialina, epiderme, córnea e lente.

Aqui ocorrem as trocas entre o

sangue e os tecidos.

Observação: O acréscimo no

material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo IX – Sistema

Linfático

1. Anatomia do Sistema

Linfático O sistema linfático tem sua origem

embrionária no mesoderma, desenvolvendo-se

junto aos vasos sanguíneos. Durante a vida

intra-uterina, algumas modificações no

desenvolvimento embrionário podem surgir,

constituindo assim, características

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Anatomia Humana A

Página 45

morfológicas pessoais, que variam entre os indivíduos (Garrido, 2000).

O sistema linfático tem como função imunológica à ativação da resposta

inflamatória e o controle de infecções. Através de sua simbiose com os vasos

sanguíneos, regula o balanço do fluído tissular. Esse delicado balanço é possível

pelo transporte unidirecional de proteínas do tecido para o sistema sanguíneo. Em

conjunção com o trabalho dos vasos, o sistema linfático mantém o equilíbrio entre a

filtração e a reabsorção dos fluídos tissulares (Miller, 1994).

As moléculas de proteínas transportam oxigênio e nutrientes para as células

dos tecidos, onde então removem seus resíduos metabólicos. Várias moléculas de

proteínas que não conseguem ser transportadas pelo sistema venoso são retornadas ao

sistema sangüíneo através do linfático. Conseqüentemente, o líquido linfático se

torna rico em proteínas, mas também transporta células adiposas, e outras

macromoléculas. A circulação normal de proteínas requer um funcionamento adequado

dos vasos linfáticos, caso contrário, os espaços intersticiais podem ficar

congestionados(Miller, 1994).

Capilares linfáticos

A rede linfática tem seu início

nos capilares linfáticos,

formando verdadeiros plexos que

se entrelaçam com os capilares

sanguíneos. Através dos vasos

pré-coletores e coletores, a

linfa prossegue até chegar ao

canal linfático direito e ao

ducto torácico, que desembocam

na junção das veias subclávia e

jugular interna. (Camargo,

2000).

Os capilares linfáticos

possuem um endotélio mais

delgado em relação ao sanguíneo. Suas células endoteliais sobrepõem-se em escamas,

formando microválvulas que se tornam pérvias, permitindo sua abertura ou

fechamento, conforme o afrouxamento ou a tração dos filamentos de proteção. Quando

tracionados (conforme a pressão ou a movimentação dos tecidos), os filamentos

permitem a penetração de água, partículas, pequenas células e moléculas de

proteínas no interior do capilar, iniciando então a formação da linfa. O refluxo

linfático não ocorre devido ao fechamento das microválvulas linfáticas (Garrido,

2000).

A rede capilar linfática é rica em anastomoses, sobretudo na pele, onde os

capilares linfáticos estão dispostos de forma superficial e profunda, em relação à

rede capilar sanguínea. O mesmo não ocorre nos vasos e ductos linfáticos Nos

capilares linfáticos, os espaços intercelulares são bem mais amplos, possuindo

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Anatomia Humana A

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"fendas" entre as células parietais, permitindo que as trocas líquidas entre o

interstício e o capilar linfático se façam com extrema facilidade não só de dentro

para fora, como de fora para dentro do vaso (Duque, 2000).

Vasos pré-coletores

Os vasos pré-coletores possuem uma estrutura bastante semelhante ao capilar

linfático, sendo o endotélio coberto internamente por tecido conjuntivo, onde, em

alguns pontos se prolongam juntamente com as células epiteliais, formando as

válvulas que direcionam o fluxo da linfa. Suas estruturas são fortalecidas por

fibras colágenas, e através de elementos elásticos e musculares, possuem também as

propriedades de alongamento e contratilidade (Camargo, 2000).

Coletores linfáticos:

Os vasos ou coletores linfáticos correm longo percurso sem se anastomosar.

Entretanto, em condições patológicas, as comunicações anastomóticas existem como

vias alternativas de fluxo linfático. O vaso linfático quer superficial ou

profundo, possuem numerosas valvas bivalvulares, sendo os espaços compreendidos

entre cada válvula chamada de linfangion (Garrido, 2000). Esses vasos são de maior

calibre possuindo estrutura semelhante a das grandes veias. Na constituição do vaso

linfático estão as três camadas: íntima, média e adventícia. A túnica íntima é a

mais interna, apresentando um revestimento endotelial e um retículo delicado, com

fibras elásticas dispostas longitudinalmente. Seu lúmem possui projeções internas

formando as várias válvulas. A túnica média envolve a íntima, sendo composta de

três a seis camadas de células de musculatura lisa arranjadas em espiral,

circularmente, com algumas fibras dispostas no sentido longitudinal do vaso. Ela é

responsável pela contratilidade do vaso e conseqüente propulsão da linfa. A túnica

adventícia é a mais externa e espessa, sendo formada por fibras colágenas

longitudinais, entre as quais existem fibras elásticas e feixes de musculatura.

Possui também tecido conjuntivo, terminações nervosas e a vasa vasorum. Os vasos

linfáticos assim constituídos são chamados de coletores linfáticos pré ou pós-

nodais, conforme a sua relação com os linfonodos, sendo os pré-nodais linfáticos

aferentes e, os pós-nodais, eferentes (Camargo, 2000).

Troncos linfáticos

Os troncos linfáticos, ou coletores terminais são vasos de maior calibre que

recebem o fluxo linfático, e compreendem os vasos linfáticos lombares, intestinais,

mediastinais, subclávios, jugulares e descendentes intercostais. A união dos

troncos intestinais, lombares e intercostais forma o ducto torácico. Os troncos

jugulares, subclávios e broncos mediastinal direito formam o ducto linfático

direito (Garrido, 2000).

Linfonodos

O linfonodo consiste em um aglomerado de tecido retículo-endotelial revestido

por uma cápsula de tecido conjuntivo. Desempenha importante papel imunológico,

através da filtração da linfa proveniente dos vasos linfáticos e da produção de

células linfóides e reticulares, que realizam a defesa do organismo através da

fagocitose e da pinocitose. Variam em tamanho, forma e cor. Cada linfonodo

apresenta um hilo que corresponde ao local de emergência, não apenas do vaso

linfático, como da veia linfonodal, que acompanha a artéria e se destina ao

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Anatomia Humana A

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suprimento sanguíneo para o linfonodo. A conexão entre o sistema linfático e o

venoso é possível através da veia de drenagem do linfonodo. O número de linfonodos

varia entre as regiões e os indivíduos, e seu volume também é variável, ocorrendo

um importante aumento com a idade, em decorrência dos processos patológicos ou

agressões que a área de drenagem tenha sofrido.

Os linfonodos recebem de três a oito vasos linfáticos aferentes, saindo

apenas um vaso linfático eferente. O número de vasos linfáticos, após a conexão com

os linfonodos, diminui sensivelmente, porém seu calibre pouco se modifica, devido

às conexões linfovenosas existentes, por onde ocorre a passagem gradual do fluxo

linfático para o venoso.

Os vasos linfáticos vão em direção à raiz dos membros, formando o grupo de

linfonodos axilares e inguinais. Nas regiões do cotovelo e joelho, algumas vezes,

existem pequenos linfonodos (de 1 a 3). Nos linfocentros, estão os linfonodos de

maior importância, sendo que na região cervical eles se dispõem em cadeias.

2. Fisiologia do Sistema Linfático

As circulações

linfáticas e sanguíneas

estão intimamente

relacionadas. A macro e

a microcirculação de

retorno dos órgãos e/ou

regiões é feita pelos

sistemas venoso e

linfático. As moléculas

pequenas vão, em sua

maioria, diretamente

para o sangue, sendo

conduzidas pelos

capilares sanguíneos, e

as grandes partículas

alcançam a circulação

através do sistema

linfático. Entretanto,

mesmo macromoléculas

passam para o sangue

via capilares venosos,

sendo que o maior

volume do fluxo venoso

faz com que, no total,

o sistema venoso capte

muito mais proteínas

que o sistema linfático. Contudo, a pequena drenagem linfática é vital para o

organismo ao baixar a concentração protéica média dos tecidos e propiciar a pressão

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Anatomia Humana A

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tecidual negativa fisiológica que previne a formação do edema e recupera a proteína

extravasada (Duque, 2000).

A captação das macromoléculas protéicas dos interstícios pode também ser

feita por estruturas interligadas ao sistema linfático canalicular e aos pré-

linfaticos, chamadas de sistema para-linfatico, uma vez que fazem o transporte

paralelo e de suplência, ao sistema linfático (Duque, 2000).

A formação e o transporte da linfa podem ser explicados através da hipótese

de Starling sobre o equilíbrio existente entre os fenômenos de filtração e de

reabsorção que ocorrem nas terminações capilares. A água, rica em elementos

nutritivos, sais minerais e vitaminas, ao deixar a luz do capilar arterial,

desembocam no interstício, onde as células retiram os elementos necessários ao seu

metabolismo e eliminam os produtos de degradação celular. Em seguida, o liquido

intersticial, através das pressões exercidas, retoma a rede de capilares venosos

(Leduc, 2000).

Várias pressões são responsáveis pelas trocas através do capilar sanguíneo

(Vogelfand, 1996).

Pressão hidrostática (PH): a pressão hidrostática sanguínea (PHs) impulsiona o

fluido através da membrana capilar, em direção ao interstício, sendo sua pressão

aproximadamente de 30 mmHg no capilar arterial e de 15 mmHg no capilar venoso. A

pressão hidrostática intersticial (PHi) é a que tende a movimentar o fluido de

volta para os capilares. É considerada igual a zero, uma vez que nas condições de

normalidade do interstício ela se equilibra em ambos os extremos capilares.

Pressão osmótica: é originada pela presença de moléculas protéicas no sangue e no

fluido intersticial. A pressão osmótica sanguínea (POs) tende a movimentar o fluido

do interstício em direção ao capilar, sendo de aproximadamente 28 mm Hg em ambos os

extremos capilares. A pressão osmótica intersticial (POi) é a força oposta, que

tende a "sugar" fluido dos capilares, sendo de aproximadamente 6 mm Hg nos extremos

dos capilares.

Pressão de filtração (PF): surge da relação entre as pressões hidrostáticas e

osmóticas, sendo no extremo arterial igual à pressão positiva de 8 mm Hg ( PF =

(PHs + POi ) - (PHi + POs) ), produzindo assim a ultrafiltração. No extremo venoso,

corresponde a pressão negativa de 7 mm Hg, produzindo a reabsorção. Assim sendo,

90% do fluido filtrado é reabsorvido, o restante (2 a 4 litros/dia) são absorvidos

pelo sistema linfático.

Pressão tissular: a pressão hidrostática tissular é a pressão exercida sobre o

fluido livre nos canais tissulares. É negativa na maioria dos tecidos. A pressão

tissular total é o resultado da soma vetorial da pressão hidrostática tissular e da

pressão do tecido sólido. Pode ser negativa, quando o interstício abre as junções

endoteliais através dos filamentos de ancoragem, ou positivas, quando os músculos

se contraem, comprimindo os linfáticos iniciais.

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Anatomia Humana A

Página 49

3. Mecanismo de Formação da Linfa

Ultrafiltração: é o

movimento de saída de H2O,

O2 e nutrientes do interior

do capilar arterial para o

interstício, ocorrendo pela

PH positiva no capilar

arterial e a PH negativa ao

nível do interstício.

Absorção venosa: é o

movimento de entrada de

H2O, CO2, pequenas

moléculas e catabólitos do

interstício para o interior

do capilar venoso,

ocorrendo por difusão, quando a pressão intersticial é maior do que a existente no

capilar venoso

Absorção linfática: é o início da circulação linfática, determinada pela entrada

do líquido intersticial, com proteínas de alto peso molecular e pequenas células,

no interior do capilar linfático inicial, que ocorre quando a pressão é positiva e

os filamentos de proteção abrem as micro-válvulas endoteliais da parede do capilar

linfático . Este começa a ser preenchido pelo líquido intersticial e, quando o

preenchimento chega ao máximo, as microválvulas se fecham, iniciando a propulsão da

linfa através dos pré-coletores e coletores (Camargo, 2000).

Diversas forças conduzem à movimentação da linfa. Primeiramente, ocorre

saída de água e de proteínas dos capilares sanguíneos. O aumento da permeabilidade

do capilar sanguíneo, aumentando o volume e a pressão intersticial, provoca a

formação de mais linfa. Conseqüentemente, a permeabilidade capilar venosa aumenta,

juntamente com o extravasamento de líquido e de proteínas, levando também, ao

aumento da entrada de linfa dentro do capilar linfático. O aumento da temperatura,

assim como a hipotermia, agem no mesmo sentido, aumentando o volume de líquidos

intersticiais e o fluxo da linfa.

No interstício, as grandes moléculas protéicas fracionam-se, adquirindo maior

poder osmótico, atraindo mais líquido para o interstício e potencializando os

mecanismos formadores da linfa.

A compressão do vaso linfático orienta e permite o fluxo da linfa. Agem neste

sistema as compressões externas sobre o tegumento cutâneo, assim como a

movimentação do membro, que desencadeia inúmeras formas de compressão sobre os

capilares e troncos linfáticos. A compressão muscular e a compressão subcutânea

gerada pela movimentação do corpo são, de certa forma, semelhantes ao "coração

periférico" das panturrilhas no mecanismo de refluxo venoso dos membros inferiores,

entretanto, em nível linfático, é mais difuso e é despertado com qualquer movimento

de qualquer parte do corpo.

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Anatomia Humana A

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A movimentação da linfa é facilitada pelas forças aspirativas torácicas,

agindo sobre os canais torácicos direito e esquerdos e sobre os troncos linfáticos

do tórax.

Os batimentos arteriais também podem contribuir para conduzir e impulsionar a

linfa ao longo dos troncos linfáticos. Os batimentos das artérias fariam a

compressão do tronco linfático, gerando a movimentação da linfa com o auxílio das

válvulas linfáticas.

Outra força adicional de movimentação da linfa advém dos shunts linfático-

venosos que ocorrem ao nível dos linfonodos.

O sistema muscular é o grande impulsionador da linfa nos membros, pois no

momento da contração muscular, os troncos linfáticos são comprimidos pelos músculos

que os cercam e, graças ao sistema valvular, a movimentação da linfa é enormemente

aumentada.

Em resumo, a formação e a condução da linfa são condicionadas por diversos

sistemas. Um, em nível molecular, é o sistema angiolacunar de líquidos e

eletrólitos. Dentro deste sistema de difusão, e por ele potencializado, insere-se o

sistema de ultrafiltração capilar sanguíneo, ainda no nível microscópio, somam-se

às trocas líquidas, pressóricas e protéicas do plasma dos interstícios e dos

capilares linfáticos. Nos membros, instalam-

se forças ainda mais grosseiras, e

localmente mais intensas, que surgem em

determinadas situações, tais como qualquer

movimentação e compressão tecidual (Duque,

2000).

4. Câncer e Sistema

Linfático

O sistema linfático, além de atuar

como mecanismo regulador primário para absorção de liquido protéico intersticial, é

o principal sistema de defesa do organismo, sendo o responsável pela filtração de

bactérias, eritrócitos, êmbolos tumorais e partículas inanimadas. Células malignas

ou organismos infectantes são removidos em virtude da impossibilidade mecânica das

células tumorais atravessarem os linfonodos intactos ou, então, elas são

fagocitadas, dentro dos linfonodos, pelas células reticulo-endoteliais (Alcadipani,

1996).

As células malignas, após a invasão local do estroma circunjacente, penetram

nos vasos linfáticos e vasculares, podendo crescer nos locais invadidos e

desprender-se na forma de células isoladas ou agregados celulares. O sistema

linfático transporta então estas células, chegando aos gânglios linfáticos, onde

proliferam, passam para os gânglios vizinhos e ingressam na circulação sanguínea.

Durante a invasão das células tumorais, o processo de infiltração e expansão das

células dos tecidos pode trazer, como conseqüência, a penetração dos vasos

linfáticos de pequeno calibre, provocando metástases nos gânglios regionais ou em

outros órgãos (Nicolson, 1993).

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Anatomia Humana A

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Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo X – Sistema Respiratório

1. Considerações Gerais

O sistema respiratório

contem os tubos que transportam

o ar do meio externo aos pulmões

e vice-versa e os alvéolos dos

pulmões, onde ocorrem as trocas

gasosas. Respiração é o processo

pelo qual gases são trocados

entre o meio ambiente e as

células do corpo.

2. Nariz

Formado por ossos e

cartilagens, apresenta duas

aberturas, as narinas, que

permitem a entrada do ar.

A cavidade nasal é o espaço

situado posteriormente ao nariz

e é dividida medianamente pelo

septo nasal. As paredes laterais

da cavidade nasal apresentam saliências, as conchas nasais, que aumentam a

superfície de contato entre o ar e a mucosa da cavidade nasal. Esta mucosa filtra,

aquece e umedifica o ar inspirado.

Os seios paranasais são cavidades existentes em alguns ossos do crânio e que se

abrem na cavidade nasal. Seu revestimento é contínuo e idêntico ao da cavidade

nasal. Além de reduzirem o peso do crânio, apresentam as mesmas funções da cavidade

nasal.

3. Faringe

Apresenta três partes: naso, oro e laringo-faringe. Destas três, a nasofaringe é,

exclusivamente, via aérea. A laringo-faringe é somente via digestiva e a oro

faringe é um caminho comum ao ar e aos alimentos. Da orofaringe o ar inspirado vai

para a laringe.

4. Laringe

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Anatomia Humana A

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Atua como passagem de ar e ajuda a evitar, através do reflexo da tosse, que

corpos estranhos penetrem na traquéia. Além disto ela contem as pregas vocais

(errônea e popularmente chamadas de cordas vocais), saliências músculo-ligamentares

em sua luz, que produzem os sons básicos da fala, por vibrarem com a passagem do ar

durante a expiração. A movimentação das pregas vocais as leva a maior ou menor

tensão (o que regula se os sons serão mais ou menos agudos) e a uma maior ou menor

aproximação mediana (o que produz sons mais ou menos intensos).

5. Traquéia

Além de servir de passagem de ar também ajuda a aquecê-lo e a umedificá-lo.

Termina dividindo-se em brônquios principais direito e esquerdo.

6. Brônquios

Ramificam progressivamente, formando a árvore bronquial, que leva o ar da

traquéia aos alvéolos pulmonares. Os pulmões são formados pelo conjunto dos

alvéolos, da maior parte da árvore bronquial e de tecidos de sustentação.

7. Fisiologia da

Respiração

A inspiração (entrada do ar) e

a expiração (saída do ar) são

acompanhadas de alterações dos

diâmetros da caixa torácica.

Para que a inspiração ocorra é

necessário que o tórax se expanda,

reduzindo assim a pressão dentro

dele, o que vai permitir a expansão

dos tecidos pulmonares e a sucção do

ar do meio ambiente. Esta expansão do

tórax ocorre no diâmetro crânio-

podálico as custas da contração e

conseqüente abaixamento (em direção

ao abdome) do músculo diafragma,

constituindo o principal movimento inspiratório. Os diâmetros látero-lateral e

ântero-posterior aumentam devido movimentos das costelas.

A expiração, ao contrário da inspiração, que sempre envolve gasto energético,

quando feita de forma tranqüila, o que ocorre habitualmente, é passiva, sem gasto

de energia, pois é feita às custas da energia potencial acumulada nas fibras

elásticas pulmonares, distendidas durante a inspiração (como uma borracha estirada

volta a seu tamanho original sem ser preciso empregar energia).

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

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Anatomia Humana A

Página 53

Capítulo XI – Sistema digestivo

1. Conceito Digestão é o processo de

transformar os alimentos em formas

possíveis de serem absorvidas pelo

organismo. O sistema digestivo, que

realiza esta tarefa, é composto

pelo canal alimentar ou tubo

digestivo e por várias glândulas

anexas.

1. Boca

Adaptada a receber os

alimentos e iniciar o processo de

digestão. Também atua como órgão da

fala e do prazer. As bochechas são

seu limite lateral, enquanto que os lábios a delimitam superior e inferiormente. Os

lábios são muito móveis e possuem grande variedade e quantidade de receptores

sensitivos, utilizados para analisar as características do alimento.

2. Dentes

Vinte, primariamente e trinta e dois, secundariamente atuam cortando o

alimento em pedaços pequenos, aumentando assim a área exposta às ações digestivas.

3. Língua

Basicamente, uma estrutura muscular revestida por mucosa que atua misturando

o alimento com a saliva e encaminhando-o à faringe. A superfície irregular da

língua, além de facilitar a movimentação dos alimentos também apresenta receptores

gustativos.

4. Palato

Forma o teto da cavidade bucal e apresenta

duas partes, o palato duro, ósseo e o palato mole,

muscular. Este se move e ajuda a ocluir a

comunicação com a cavidade nasal durante a

passagem dos alimentos em direção à faringe.

5. Faringe e Esôfago

Atuam, somente, como tubos condutores,

levando o alimento da boca até ao estômago. A

faringe é dividida em nasofaringe, orofaringe e

laringo-faringe. Destas três, a nasofaringe é,

exclusivamente, via aérea. A laringo-faringe é

somente via digestiva e a oro faringe é um caminho comum ao ar e aos alimentos. A

deglutição dos alimentos se inicia com eles sendo misturados com a saliva, na boca,

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Anatomia Humana A

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e empurrados para a orofaringe. A seguir, reflexos involuntários encaminham o

alimento até ao esôfago, do qual é encaminhado ao estômago.

6. Estômago

Recebe os alimentos, mistura-os com o

suco gástrico, absorve-os (limitadamente) e os

encaminha ao intestino delgado.

7. Intestino delgado

Composto de três partes (duodeno,

jejuno e ílio) mede, no vivo, cerca de 3 a

4 metros de comprimento. Após a morte,

pela perda do tônus muscular, pode atingir

até 7 metros. Ele recebe o bolo alimentar

do estômago, mistura-o com secreções

provenientes do pâncreas, da vesícula

biliar e dele mesmo e completa o processo

de digestão, absorvendo seus produtos e

encaminhando seus resíduos ao intestino grosso.

8. Intestino grosso

Formado pelo ceco, pelos colos

ascendente, transverso, descendente e

sigmóide, pelo reto e pelo canal anal,

recebe os resíduos da digestão vindos do

intestino delgado, reabsorve a água e os

eletrólitos neles contidos e forma e estoca

as fezes. Estas consistem de material não

digerido, água, eletrólitos, secreções

mucosas e bactérias.

9. Glândulas Anexas

9.1 Glândulas salivares

Secretam a saliva, a qual umedece os

alimentos, facilita a mastigação, possibilita a

gustação, inicia a digestão e ajuda a limpar a

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Anatomia Humana A

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língua. Existem três pares de glândulas salivares maiores (parótida, submandibular

e sublingual) e um número variável de glândulas salivares menores disseminadas pela

cavidade oral.

9.2 Pâncreas

Estreitamente relacionado com o duodeno,

produz o suco pancreático, Além disto, tem

ações como glândula endócrina, produzindo dois

hormônios, a insulina e o glucagon, que atuam no

metabolismo dos açucares.

9.3 Fígado

É a maior glândula do corpo humano. Além

de produzir diversas substâncias fundamentais

para a vida, ele atua na digestão através da

produção da bile, a qual é armazenada,

concentrada e excretada pela vesícula biliar.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo XII – Sistema Excretor

1. Conceito

Designa-se como sistema excretor qualquer

conjunto de órgãos que, num organismo, é

responsável pela manutenção do meio interno,

regulação do teor de água e sais minerais e

eliminação de resíduos nitrogenados formados

durante o metabolismo celular. No ser humano

podemos considerar como sistemas excretores o

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sistema urinário (onde é produzida a urina) e a pele (que produz suor através das

glândulas sudoríparas). O sistema respiratório, ao eliminar dióxido de carbono, que

é um dos principais resíduos da respiração celular, é por vezes, também incluído

neste grupo por alguns autores (ainda que, na verdade, não seja responsável pela

produção de uma "excreção" no sentido próprio da palavra).

2. Néfron

Unidade funcional dos rins;

Etapas da atividade renal em cada néfron:

O filtrado glomerular passa para o túbulo contorcido proximal, ocorrendo

transporte activo de sódio de volta para o sangue. Processo este estimulado pelo

hormônio chamado aldosterona (das supra-renais).

Na alça de Henle, há reabsorção de água, e a urina primária torna-se mais

concentrada. Este é o local de maior reabsorção de água.

No túbulo contorcido distal volta a acontecer o transporte activo, com reabsorção

de glicose e aminoácidos. Mas neste local também há reabsorção passiva de água,

estimulada pelo ADH (hormônio antidiurético).

O líquido que chega nos tubos colectores já não contém mais aminoácidos, glicose

ou vitaminas, o seu teor de água é relativamente pequeno, e ele já pode ser

considerado urina.

Substâncias reabsorvidas:

Água, Glicose, Eletrólitos, Aminoácidos, Vitaminas

Substâncias excretadas

Água, Uréia, Ácido Úrico, Amônia, Creatinina, Resíduos metabólicos; Controle

Hormonal da Diurese: ADH

Hormônio Anti-Diurético

Produção na Hipófise (glândula do cérebro que produz e armazena hormônios); -

Atua no Néfron aumentando a reabsorção, e portanto diminuindo a diurese.

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3. Principais Catabólitos

Amônia

Excretada por animais aquáticos, muito solúvel em água e muito tóxica, por isso

deve ser diluída em alto volume de água. Chamados de amoniotélicos.

Uréia

Excretada por animais terrestres não ovíparos (anfíbios e mamíferos), menos

tóxica que a amônia. O que representa uma economia hídrica. Chamados de

ureotélicos.

Ácido úrico

O menos tóxico dos três, e também o menos solúvel em água. Excretado por insetos

e vertebrados ovíparos terrestres (maioria dos répteis e aves). Chamados de

uricotélicos.

4. A Eliminação da Urina

4.1 Ureter

Os néfrons desembocam em dutos

coletores, que se unem para formar

canais cada vez mais grossos. A fusão

dos dutos origina um canal único,

denominado ureter, que deixa o rim em

direção à bexiga urinária.

4.2 Bexiga urinária

A bexiga urinária é uma bolsa de

parede elástica, dotada de musculatura lisa, cuja função é acumular a urina

produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode conter mais de ¼ de litro (250 ml)

de urina, que é eliminada periodicamente através da uretra.

4.3 Uretra

A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na mulher, na região vulvar

e, no homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação com a bexiga mantém-se

fechada por anéis musculares - chamados esfíncteres. Quando a musculatura desses

anéis relaxa-se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se, urinamos.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

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Anatomia Humana A

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Capítulo XIII - Sistema Genitais

1. Sistema Reprodutor Masculino

1.1 Pênis

Parte do sistema reprodutor

masculino responsável pela copula,

instrumento no qual os espermatozóides

são ejaculados no interior do aparelho

reprodutor feminino. Consiste de corpo

cilíndrico coberto por pele

relativamente frouxa, com a extremidade

expandida, formando a glande. A pele

continua ao redor da glande,

identificada como o prepúcio. O pênis é

formado por três corpos cilíndricos (dois corpos cavernosos e um esponjoso), cada

um dos quais é envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo que está coberta de

pele. Têm sua origem no tecido conjuntivo ricamente vascularizado chamado tecido

erétil, e apresenta diversas cavidades esponjosas que se enchem de sangue durante a

estimulação sexual, promovendo o seu enrijecimento e alongamento/ereção. Os dois

corpos cilíndricos dorsais são chamados corpos cavernosos do pênis.

anatomia externa do sistema genital masculino:

1.Testículos;

2.Epidídimo;

3.Corpos

cavernosos;

4.Prepúcio;

5.Membrana;

6.Abertura da

uretra;

7.Glande;

8.Corpo esponjoso;

9.Corpo do pênis;

10.Saco escrotal

(escroto)

Tamanho e crescimento

O crescimento do pênis ocorre assim que o menino adentra a puberdade, fase em

que todas as características sexuais e os órgãos reprodutores começam a se

desenvolver. O crescimento do pênis se dará normalmente até aos 18 anos de idade.

Durante este processo ocorre também o crescimento dos pêlos púbicos. Como regra

geral o pênis de um animal é proporcional ao seu tamanho, mas tal fato varia muito

entre as espécies. O gorila, por exemplo, apesar de seu tamanho ser grande, tem o

pênis menor que o do chimpanzé. Comparativamente o pênis humano é maior em relação

ao seu tamanho do que qualquer outro primata.

1.2 Saco Escrotal ou Bolsa Escrotal ou Escroto

Camada de pele que envolve e protege os testículo.

Um espermatozóide leva cerca de 70 dias para ser produzido. Eles não podem se

desenvolver adequadamente na temperatura normal do corpo (36,5°C). Assim, os

testículos se localizam na parte externa do corpo, dentro da bolsa escrotal, que

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Anatomia Humana A

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tem a função de termorregulação (aproximam ou afastam os testículos do corpo),

mantendo-os a uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3°C abaixo da corporal.

Como a função do escroto é manter os testículos a uma temperatura inferior à

do resto do corpo. O calor excessivo destrói os espermatozóides. Sendo um músculo,

o escroto contrai-se e distende-se, conforme seja necessário aumentar ou reduzir,

respectivamente, temperatura no seu interior. Embora a temperatura ideal varie

conforme a espécie, nos animais de sangue quente parece haver uma maior necessidade

de controle, e daí a necessidade e evolução do escroto, apesar dos riscos por não

oferecer proteção aos testículos.

1.3 Corpo Cavernoso

No interior do pênis existe uma região abaixo da uretra, que pode ficar com

seus vasos sanguíneos muito cheios quando o homem está excitado. O corpo cavernoso

é cheio de vasos que ao se encherem de sangue promovem a ereção.

1.4 Corpo Esponjoso

No interior do pênis existe outra região, envolvendo a uretra que apresenta

espaços vazios, ou seja, cheios de ar, que permitem aos vasos sanguíneos ocuparem

espaços quando o homem fica excitado. Quando o vasos se enchem eles aumentam de

volume precisando se expandir e assim, ocupando mais volume.

1.5 Túbulos seminíferos

São ductos que conduzem o líquido seminal produzido nas glândulas como a

próstata, as vesículas seminais e a glândula de Cowper.

1.6 Bexiga

Órgão do aparelho excretor, a bexiga é ligada ao pênis através da uretra.

Sendo muito ácida em sua composição, compromete a vida dos espermatozóides e por

este motivo antes da ejaculação uma pequena gota de sêmen ou esperma passa pela

uretra para limpar o caminho e tirar a acidez provocada pela urina, que é letal aos

espermatozóides. A uretra é também o canal por onde passa a urina, através do

pênis. Mas quando o esperma está saindo, um músculo perto da bexiga fecha a

passagem da urina. Por isso os dois nunca saem ao mesmo tempo. .

2. Sistema Genital Feminino

O sistema reprodutor feminino é

responsável pela produção de óvulos e

hormônios, pela criação de condições

propícias à fecundação e, quando esta

ocorrer, pela proteção ao desenvolvimento do

embrião. Está constituído basicamente pelos

ovários, trompas de Falópio, útero, vagina.

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Anatomia Humana A

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O aparelho reprodutor feminino compõe-se de órgãos genitais externos,

composta pelos pequenos e grandes lábios vaginais e pelo clitóris que em conjunto

formam a vulva. O útero só começa a crescer na puberdade. Os ováriosproduzem os

hormônios femininos e armazenam os óvulos. As trompas de Falópio ligam o útero aos

ovários e estão posicionadas de tal forma que o óvulo, quando expelido do ovário no

momento da ovulação, consegue chegar a elas com facilidade. A anatomia da vagina

permite receber o pênis e serve de canal para o parto do bebê. O hímen é uma

delicada membrana incompleta que protege a entrada da vagina antes da primeira

experiência sexual. Esta é a membrana que se rompe quando a mulher tem a sua

primeira relação sexual. Na maioria das meninas, o hímen não é uma cobertura total,

mas contém perfurações que permitem a passagem de fluxo menstrual.

2.1 Órgãos Genitais Internos

Ovários

Representam as gônadas femininas. Correspondem a duas glândulas mistas com um

formato semelhante ao das amêndoas, medindo aproximadamente 4 cm de comprimento por

2 cm de largura. Localizam seno interior da cavidade abdominal, nos lados direito e

esquerdo do útero.

São responsáveis pela produção

de óvulos e secreção dos hormônios

estrógeno e progesterona. Cada ovário

apresenta duas regiões distintas,

sendo a mais externa denominada de

cortical, e a mais interna denominada

de medular. A região cortical é

coberta pelo epitélio germinativo. Nas

crianças, ele apresenta um aspecto

liso de cores branquiçada. Na mulher

adulta, assume um tom acinzentado com

uma série de cicatrizes que

correspondem às ovulações ocorridas. Após a menopausa, os ovários apresentam

superfície enrugada, devido às inúmeras ovulações ocorridas ao longo da vida

reprodutiva da mulher. No final do desenvolvimento embrionário de uma menina, ela

já tem todas as células que irão transformar-se em gametas nos seus dois ovários.

Estas células - os ovócitos primários - encontram-se dentro de estruturas

denominadas folículos de Graaf ou folículos ovarianos. Apartir da adolescência, sob

ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a desenvolver. Os

folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno. Mensalmente, apenas um

folículo geralmente completa o desenvolvimento e a maturação, rompendo-se e

liberando o ovócito secundário (gameta feminino): fenômeno conhecido como ovulação.

Após seu rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo lúteo ou

amarelo que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com o tempo, o

corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou corpo branco, uma pequena

cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário. O gameta feminino liberado na

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Anatomia Humana A

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superfície de um dos ovários é recolhido por finas terminações das tubas uterinas -

as fímbrias.

Tubas uterinas ou ovidutos ou trompas de Falópio

São dois ductos que unem o ovário ao útero. A extremidade livre de cada

trompa, alargada e franjada, situa-se junto a cada um dos ovários. O interior dos

ovidutos é revestido por células ciliadas que suga o óvulo, juntamente com o

líquido presente na cavidade abdominal. No interior da trompa, o óvulo se desloca

até a cavidade uterina, impulsionado pelos batimentos ciliares. As tubas uterinas

ou trompas de Falópio têm por função encaminhar o óvulo em direção ao útero. Elas

são formadas por dois condutos com aproximadamente 12 cm de comprimento,

localizados na cavidade abdominal.

Podemos distinguir três regiões diferentes em cada uma das trompa: a

intramural, a ístmica e a infundibular. A primeira localiza-seno interior da parede

uterina, atravessando-a e abrindo-se no interior do útero, através de um

pequeníssimo orifício. A porção intermediária ou ístmica representa maior parte

datrompa e também a mais estreita. Na extremidade oposta à porção intramural,

encontra-se a porção infundibular que é mais dilatada. Possui is bordas franjeadas

(fímbrias) que ficam em contato com os ovários e são responsáveis pela captura do

óvulo quando ele eclode na superfície dos ovários. É no interior da região

infundibular das trompas que ocorrem o processo de fecundação e a formação do

zigoto, o qual é conduzido ao útero para a nidação.

Útero

É um órgão musculoso e oco, do tamanho aproximadamente igual a uma pêra. Em

uma mulher que nunca engravidou, o útero tem aproximadamente 7,5cm de comprimento

por 5cm de largura. Os arranjos dos músculos da parede uterina permitem grande

expansão do órgão durante a gravidez (o bebê pode atingir mais de 4 kg).

Podemos distinguir três regiões diferentes em cada uma das trompas: a

intramural, a ístmica e a infundibular. A primeira localiza-se no interior da

parede uterina, atravessando-a e abrindo-se no interior do útero, através de um

pequeníssimo orifício.

A porção intermediária ou ístmica representa maior parte da trompa e também a

mais estreita. Na extremidade oposta à porção intramural, encontra-se a porção

infundibular que é mais dilatada. Possui as bordas franjeadas (fímbrias) que ficam

em contato com os ovários e são responsáveis pela captura do óvulo quando ele

eclode na superfície dos ovários. É no interior da região infundibular das trompas

que ocorrem o processo de fecundação e a formação do zigoto, o qual é conduzido ao

útero para a nidação.

O colo do útero é uma zona que une o útero à vagina, através de uma passagem

chamada canal cervical. Por ação de um hormônio, o estrogênio, o colo do útero

durante a ovulação produz um liquido viscoso que favorece a progressão dos

espermatozóides para as trompas de Falópio. O colo do útero tem uma grande

capacidade de dilatação que é regulada a nível hormonal e se manifesta no momento

do parto, pois a criança ao nascer tem de passar através dele. O útero tem uma

forma vagamente triangular, com a ponta virada para baixo, em direção à vagina. Na

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Anatomia Humana A

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maioria das mulheres, o corpo do útero está dobrado ligeiramente para frente sobre

a bexiga e de cada lado superior partem as trompas de Falópio. Na extremidade de

cada trompa, prolongamentos em forma de dedo rodeiam cada um dos ovários. O

interior do útero é revestido por um tecido ricamente vascularizado (o endométrio).

A partir da puberdade, todos os meses, o endométrio fica mais espesso e rico em

vasos sanguíneos, como preparação para uma possível gravidez. Deixando de ocorrer

por volta dos 50 anos, com a chegada da menopausa. Se a gravidez não ocorrer,o

endométrio que se desenvolveu é eliminado através da menstruação junto ao sangue.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo XIV - Sistema Endócrino

1. Considerações Gerais

As glândulas

endócrinas, juntamente com o

sistema nervoso, coordenam a

atividade sincronizada entre

os vários sistemas do corpo

humano (digestivo,

circulatório, respiratório).

O sistema endócrino nada mais

é do que um conjunto de

órgãos e estruturas, capazes

de produzir hormônios.

Hormônios: Substancias

químicas produzidas pelas

glândulas endócrinas, ou ate

mesmo por células isoladas, que quando lançadas no sangue, agirão a distancia,

inibindo ou estimulando a função de certos órgãos-alvos. Estes hormônios atuam

sobre estruturas especializadas e especificas na membrana, chamadas de receptores

químicos de membrana.

As principais glândulas endócrinas ou mistas do corpo humano são:

Hipófise ou pituitária.

Tireóide.

Paratireóides.

Supra-renais ou adrenais.

Pâncreas.

2. Principais Glândulas Endócrinas, seus respectivos

hormônios e suas funções.

Hormônio Efeito Principal Estimulante/

Moderador

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Anatomia Humana A

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Glândula

Hipotálamo

(hormônios

acumulados e

liberados

pela

neuro-hipofise)

Ocitocina

Contrações musculares

do útero (durante o

parto) e ejeção do

leite nas glândulas

mamárias.

Estímulo nervoso

(SNC) / -.

ADH (Hormônio

antidiurético)

Controla a excreção

de água nos túbulos

renais.

Concentração

osmótica sanguínea

e receptores

nervosos no

hipotálamo.

Adeno –

hipófise (Lobo

anterior da

hipófise)

STH (Hormônio

somatotrófico)

Crescimento corporal

do indivíduo.

Hormônio liberador

no hipotálamo / -.

TSH (Hormônio

tireotrofico)

Estimulante da

tireoide

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Hormônios

tireoidianos no

sangue.

ACTH (Hormônio

adrenocorticotrofico)

Estimulante do córtex

das adrenais

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Hormônios das

adrenais no sangue.

Prolactina

Estimula produção de

leite nas glândulas

mamárias.

Estímulo nervoso

provocado pela

sucção da mama / -.

FSH (Hormônio

folículo-estimulante)

Na mulher:

Regularidade do ciclo

menstrual.

No homem: produção de

espermatozóide.

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Estrogênios no

sangue da mulher.

LH (Hormônio

luteinizante)

Na mulher: estimula

formação do corpo

lúteo.

No homem: estimula a

produção de

testosterona.

Hormônio liberador

hipotalâmico /

Progesterona

(mulher) e

testosterona

(homem) no sangue.

Tireóide T3 (Triiodotironina)

e T4

(Tetraiodotironina ou

tiroxina)

Estimulantes do

metabolismo celular

(consomem iodo na sua

produção).

TSH/ Sistema

nervoso central

bloqueando

liberação de TSH.

Calcitoninca

Dificulta a retirada

de cálcio dos ossos

pelo paratormônio.

Concentração de

Ca++/ Idem.

Paratireóides

Paratormônio

Mantem níveis normais

de cálcio no sangue,

retirando-o dos ossos

e aumentando sua

absorção no

intestino.

Concentração de

Ca++/ Idem.

Córtex das

adrenais Cortisol

(Glicocorticóides)

Controle do

metabolismo de

açúcares a partir de

gorduras e proteínas.

ACTH/ Concentração

de glicose

sanguínea.

Page 64: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

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Androgênios

(Hormônios

masculinos)

Liberação de

hormônios masculinos

e femininos na

circulação.

ACTH/-.

Medula das

adrenais Adrenalina ou

epinefrina

Aumento da pressão

arterial e do ritmo

cardíaco. Aumenta

açúcar no sangue.

Sistema nervoso/-.

Pâncreas

(Glândula mista) Insulina

Baixa glicose

sanguínea e estimula

produção de

glicogênio no fígado.

Concentração de

glicose no

sangue/Idem.

Glucagon Quebra de glicogênio

no fígado.

Concentração de

glicose no

sangue/Idem.

Ovários

(Glândulas

mistas)

Estrogênios

(Hormônios femininos)

Caracteres sexuais

secundários

femininos.

FSH/Concentração de

estrogênios no

sangue.

Progesterona Atuação sobre o

útero. LH/ Concentração de

progesterona no

sangue. Testículos

(Glândulas

mistas)

Testosterona

Caracteres sexuais

secundários

masculinos.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo XV – Sistema Sensorial

1. Introdução

O ser humano possui cindo

órgãos dos sentidos e está em

contato com o meio ambiente

através do tato, olfato,

gustação, visão e audição.

Os órgãos dos sentidos

levam informações do meio para o

sistema nervoso e, dessa forma,

contribuem para a manutenção do

perfeito funcionamento do

organismo

Em cada órgão do sentido

há três elementos nervosos:

Page 65: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 65

Receptor externo: recebe a impressão sensitiva na periferia do organismo;

Transmissor: transporta essas impressões através de fibras nervosas;

Receptor interno (cérebro): recebem do transmissor as impressões colhidas e as

transportam em sensações.

Este tipo de sistema é composto por um conjunto de sensores, localizados por

todo o organismo, que detecta todos os tipos de informações gerados no organismo ou

fora dele. Quando a informação é originada no interior do organismo, ela é

interoceptiva; quando originada no meio ambiente, é exteroceptiva. A audição,

olfação, tato, visão e gustação são modalidades sensoriais que nos permitem

explorar o meio em que estamos constituindo, portanto, informação exteroceptiva.

Uma vez detectada a informação, ela precisa ser conduzida até o SNC, onde é

decodificada. Assim, podemos classificar os elementos que formam os sistemas

sensoriais em: receptores sensoriais, que detectam o estímulo; circuitos

sensoriais, por onde os estímulos são transportados até o SNC na forma de sinais

elétricos e os centros superiores de integração, que identificam o sinal.

2. Tato ou Somestesia

A pele, mucosa, músculos, tendões, periósteo e algumas

vísceras apresentam receptores sensitivos na sua superfície,

formando o sistema somestésico. Essa modalidade sensorial é

subdividida em tátil, térmica e dolorosa.

Na sensibilidade tátil, a transdução de sinal é mediada por

receptores mecânicos (mecanorreceptores), cuja estimulação se dá

pela deformação da célula. Funcionalmente, esses receptores são

divididos em mecanorreceptores de adaptação rápida e de adaptação lenta; os

receptores de adaptação rápida respondem no início e no término do estímulo e os

receptores de adaptação lenta respondem durante toda a estimulação; estão

distribuídos pela epiderme (corpúsculos de Meissner e de Merkel, corpúsculos de

Pacini e de Ruffini)

Vale ressaltar que os termorreceptores refletem a temperatura ambiente e não

estão envolvidos com a regulação da temperatura interna do organismo; esta é

detectada por termorreceptores no hipotálamo, e não pêlos cutâneos.

Os receptores para dor, conhecidos como nociceptores estão localizados na

pele e em tecidos

profundos, e sinalizam

um estado de alerta, ou

seja, se algo não está

bem, precisa ser

identificado e

resolvido.

3. Audição

O ouvido externo

atua como receptor das

ondas sonoras, sendo

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Anatomia Humana A

Página 66

dividido em pavilhão auditivo ou orelha e canal auditivo. Ao contrário de alguns

animais que possuem a capacidade de orientar livremente o pavilhão auditivo para

captar com maior facilidade a fonte sonora, a orelha humana é imóvel.

O pavilhão auditivo é recoberto por uma estrutura cartilaginosa, à exceção do

extremo inferior do lóbulo, que se apresenta carnoso e pendular. O rebordo externo,

ou hélice da orelha, circunda uma segunda dobra interna, ou antélice, a qual, por

sua vez, delimita a concha do canal auditivo. Na concha existem duas saliências,

que constituem o extremo da antélice. O canal auditivo, delimitado por uma

estrutura fibrocartilaginosa, apresenta pêlos e glândulas ceruminosas, que produzem

o cerume ou cera, substância que protege o acesso ao ouvido médio.

Várias cavidades ligadas entre si, que constituem a denominada caixa do

tímpano, formam o ouvido médio. Este encontra-se limitado exteriormente pelo

tímpano, membrana sensível que transmite as vibrações sonoras aos ossos do ouvido.

O primeiro desses ossos, o martelo, está fixado à membrana timpânica, seguido da

bigorna e do estribo, comunicando-se este último com a chamada janela oval, que

marca a transição para o ouvido interno. A vibração desses minúsculos ossos,

fixados à parede da cavidade auditiva por meio de pequenos ligamentos, reduz a

amplitude das ondas sonoras que os atingem, ao mesmo tempo em que amplificam-lhes a

intensidade. Esse sistema é fundamental para que as ondas que se propagam nesse

meio possam passar ao meio líquido do ouvido interno.

A pressão do ar sobre ambos os lados do tímpano deve ser equivalente à

atmosférica para que a transmissão dos sons seja adequada. Esse equilíbrio é

alcançado pela trompa de Eustáquio, canal que comunica o ouvido médio à garganta. O

ar contido na cavidade auditiva é absorvido pela mucosa que a recobre, sendo

substituído pelo que penetra na trompa com a deglutição da saliva.

O ouvido interno, também denominado labirinto, devido a sua complexidade

estrutural, consta basicamente de um conjunto de cavidades situadas na região

mastóidea do osso temporal do crânio, as quais se encontram cheias de um líquido

denominado perilinfa; e de um grupo de membranas internas, em cujo interior flui a

chamada endolinfa. Assim, estabelece-se uma diferença entre o labirinto ósseo e o

membranoso. A estrutura óssea é formada por três cavidades: o vestíbulo, em contato

com o ouvido médio por meio da janela oval; a cóclea ou caracol, orgânulo disposto

em espiral em torno de um eixo cônico; e os três canais semicirculares, ligados ao

vestíbulo por cinco aberturas.

Aos orgânulos ósseos correspondem várias partes membranosas do labirinto.

Assim, ao vestíbulo correspondem dois divertículos membranosos, o utrículo e o

sáculo, enquanto os canais semicirculares apresentam os condutos homônimos como

equivalente membranoso. É nessas minúsculas estruturas que se localizam as células

responsáveis pelo equilíbrio, as quais contêm os chamados estatolitos e otólitos,

corpúsculos reguladores dessa função.

Na cóclea óssea está situado o canal coclear, sede do órgão de Corti. Este é

o sistema terminal acústico e compreende os bastonetes de Corti, as células

auditivas e seus correspondentes elementos de apoio. Em seu interior realiza-se a

transformação das vibrações sonoras em impulsos nervosos que, transmitidos ao nervo

acústico, passam ao cérebro.

Page 67: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 67

4. Gustação

Os receptores gustativos estão agrupados em

papilas gustativas e podem ser encontrados não somente

na língua, mas na faringe, epiglote e porção superior do

esôfago. Eles são capazes de identificar o doce,

salgado, azedo e amargo. O azedo e o amargo normalmente

estão relacionados com substâncias nocivas, por isso

produzem sensações desagradáveis. As papilas gustativas

detectam o azedo pela acidez dos alimentos; o íon

hidrogênio bloqueia os canais de potássio da célula

gustativa, que, em paralelo à entrada de sódio e cálcio,

gera um potencial de ação.

As informações gustativas são transmitidas até o núcleo gustatório do núcleo

do trato solitário (NTS) pêlos nervos facial e glossofaríngeo, sendo que o vago

também transmite as sensações gustativas da epiglote e porção superior do esôfago.

5. Olfato

Os dendritos dos neurônios olfativos

se projetam para a superfície epitelial da

cavidade nasal, expressando vários cílios

na sua superfície. Nesses cílios são

encontrados receptores, denominados

receptores odoríferos, especializados em

detectar o odor. A interação entre a

molécula odorífera e seu receptor induz a

geração de segundos mensageiros que

aumentam a condutância da membrana do

neurônio ao sódio e ao cálcio, disparando um potencial de ação que trafega até o

córtex olfativo.

6. Visão

A visão é um dos sentidos que não nos permite somente detectar a luz e as

imagens, mas também nos permite interpretá-las, ou seja, vê-la. Por este motivo no

sentido da palavra visão, requer a intercessão de zonas especiais do cérebro, que é

chamado de córtex visual, essas zonas analisam e resumem as informações recolhidas

como as formas, as cores, as texturas, etc.

No interior do olho está a

Retina, que é composta de cones e

bastonetes, onde se da os primeiros

passos do processo perceptivo.

As principais partes do olho humano

são:

-A córnea: É a face do olho, é

transparente e esférica.

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Anatomia Humana A

Página 68

-O cristalino: Tem a função de uma lente, pois é capaz de focalizar a luz que chega

ao olho, formando a imagem na retina. A convergência do cristalino correta faz com

que a imagem de um objeto fique bem clara e bem definida.

-A íris: é a parte colorida do olho, nela encontra-se a Pupila, que administra a

quantidade de luz que entra no olho. Quando a Pupila é exposta a um local muito

iluminado, ela diminui, este processo é chamado de miose, e quando está em um lugar

mais escuro a Pupila aumenta processo denominado midríase.

-A retina: Parte do olho, onde é formada a imagem, ou seja, a retina capta as

imagens e interpreta para o cérebro. É formado por duas células o cones e

bastonetes.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo XVI – Sistema Tegumentar

1. Introdução

Dentro desse

tópico são

abordados pele e

seus anexos. A pele

é formada por duas

camadas, uma mais

superficial e outra

adjacente a ela,

denominadas

epiderme e derme,

respectivamente. É

muito distensível,

característica

assegurada pela

presença de fibras

colágenas elásticas

presentes na derme.

A derme é altamente vascularizada e apresenta elevações que se projetam para a

epiderme, conhecidas como papilas dérmicas; estas formam cristas que são separadas

por sulcos, visíveis somente na polpa dos dedos, constituindo as impressões digi-

tais. A derme repousa sobre uma tela subcutânea, rica em tecido adiposo, cuja

quantidade de gordura varia nas diferentes partes do corpo. No entanto, essa tela

de gordura está ausente nas pálpebras e no prepúcio. O tecido subcutâneo é

importante para impedir a perda de calor e fornecer material nutritivo.

Na pele são encontradas glândulas cujo produto de secreção é liberado na

superfície da pele. Essas glândulas são as sudoríparas e sebáceas.

Page 69: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 69

As glândulas sudoríparas estão localizadas na derme e tecido subcutâneo; seu

dueto se abre na pele por meio de um poro, permitindo a saída do suor; a palma das

mãos e a planta dos pés são locais que mais expressam essas glândulas.

As glândulas sebáceas estão localizadas na derme e o seu dueto se abre nos

folículos pilosos, o que é importante para a pele e para o pêlo, já que o produto

de secreção dessas glândulas serve para lubrificar o pêlo e a pele. O pigmento

responsável em dar cor à pele é a melanina, sendo que quanto maior for à quantidade

de melanina na pele, mais escura ela é.

2. Funções da Pele

O tegumento comum compreende a pele e seus anexos, que desempenham várias

funções, tais como:

Recobrir a superfície do corpo como um envoltório protetor;

Participar do equilíbrio térmico através da sua rede de capilares e da excreção de

suor;

Proteger o organismo contra as agressões térmicas e a penetração de

microrganismos;

Sintetizam a vitamina D pela utilização dos raios ultravioleta do sol;

Ser responsável pela sensibilidade superficial do corpo através das terminações

nervosas para o tato, a temperatura e a pressão;

Eliminar substâncias tóxicas e residuais através do suor e do sebo;

Armazenar gordura e outros componentes do metabolismo.

3. Anexos da Pele

O pêlo, as unhas e a mama são considerados anexos da pele. Os pêlos

apresentam uma haste e uma raiz; esta se aloja em um tubo conhecido como folículo

piloso.

As unhas são formadas por um processo de proliferação e diferenciação de

células epiteliais; estas células se queratinizam para formar a unha. Assim como os

pêlos, as unhas apresentam um corpo e uma raiz. O corpo fica exposto, enquanto a

raiz é coberta por um prolongamento de uma das camadas da epiderme, a córnea.

As mamas são formadas por glândulas cutâneas que se especializam na produção

do leite, situadas ventralmente a músculos da região peitoral, entre as camadas

superficiais e profundas da tela subcutânea. A mama é constituída por 3 elementos:

parênquima, estroma e pele. O parênquima é o tecido funcional, formado pelas

glândulas; o estroma é o tecido conjuntivo que envolve o tecido funcional e a pele

cobre toda superfície externa da mama. As glândulas mamárias liberam seu produto em

duetos que se confluem formando duetos maiores; estes desembocam na papila mamaria.

A papila mamaria é uma projeção da mama, circundada por uma área hiperpigmentada, a

aréola mamária. Durante a gravidez o volume das mamas aumenta por ação hormonal.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Page 70: Anatomia Human A

Anatomia Humana A

Página 70

Capítulo XVII - Referência Bibliográficas

Anatomia - 2ª Ed. Autor: Richard S. Snell Editora: Medsi Editora Médica e

Científica Ltda Publicação: 1984

AMABIS & MARTHO. Biologia dos organismos. Volume 2. São Paulo, Editora Moderna,

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