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ANCINE

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  • 1 EDIO

    Rio de JaneiroAgncia Nacional do Cinema

    2013

    PLANO DE DIRETRIZES E METAS PARA O AUDIOVISUAL O BRASIL DE TODOS OS OLHARES PARA TODAS AS TELAS

  • 2013 ANCINE

    Agncia Nacional do Cinema

    Pesquisa e redao: Paulo Ricardo Zilio

    Coordenao de produo: Rubia Mazzini

    Reviso: Anglica Coutinho e Luciano Trigo

    Projeto grfico e diagramao: Dockpress

    Contato: [email protected]

    Impresso: Zit Grfica e Editora

    Criao e Editorao: Dockpress

    CIP-Brasil. Catalogao na fonte

    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

    Plano de diretrizes e metas para o audiovisual: o Brasil de todos os olhares para todas as telas. 1 edio, julho/2013

    Rio de Janeiro: Agncia Nacional do Cinema, 2013

    ISBN 85-66724-00-41.

    As imagens das produes audiovisuais desta publicao foram cedidas pelos detentores dos direitos patrimoniais.

    Impresso no Brasil

    Printed in Brazil

  • SUMRIO

    NOTA PRELIMINAR ____________________________________________________________ 13

    OS PRESSUPOSTOS ____________________________________________________________ 19

    A PRODUO AUDIOVISUAL E O FINANCIAMENTO _______________________________ 29

    ALGUNS DADOS RECENTES SOBRE O CINEMA NO BRASIL _________________________ 39

    COM A CONVERGNCIA DIGITAL, UM NOVO CENRIO PARA A TELEVISO __________ 47

    INTERNET EM COMPUTADORES E MDIAS MVEIS: AMBIENTE PARA INOVAO ______ 59

    OS DESAFIOS DO PLANO DE DIRETRIZES E METAS ________________________________ 69

    DIRETRIZES PARA UM PLANO DE METAS DO AUDIOVISUAL ________________________ 79

    NOTA FINAL __________________________________________________________________ 99

    PLANO DE DIRETRIZES E METAS PARA O AUDIOVISUAL 2011-2020 __________________ 103

    PLANILHA DE INDICADORES __________________________________________________ 131

    NDICE DE GRFICOS E TABELAS _______________________________________________ 171

  • O AUDIOVISUAL COMO FERRAMENTA DE INCLUSO

    O audiovisual um segmento estratgico para a economia e a cultura de todas as naes. Para ns, brasileiros, em particular, ele constitui uma ferramenta fundamental de incluso social, de exerccio da cidadania e de manifestao de nossa identidade nacional. Da a importncia do desenvolvimento desse mercado, processo que j est em curso, por meio do estmulo produo e da universalizao do acesso a contedos audiovisuais que expressem a diversidade da cultura brasileira.

    Ns j temos o ingrediente principal para enfrentar esse desafio, que a criatividade do nosso povo, o verdadeiro motor da cultura. Cabe ao Estado, por meio da ao articulada do Conselho Superior do Cinema, da Secretaria do Audiovisual do Ministrio da Cultura e da Agncia Nacional do Cinema ANCINE, criar as condies para que expresses culturais plurais circulem e encontrem seu pblico po-tencial, viabilizando economicamente a atuao dos profissionais e empresas do setor. Cabe ao Estado, tambm, promover o acesso da populao aos produtos e servios culturais por meio, por exemplo, do Vale-Cultura, importante ferramenta de incluso cultural aprovada pelo Congresso Nacional.

    Isso s se faz com planejamento e com a compreenso de que o fortalecimento de nossa cultura uma responsabilidade coletiva, que deve ser compartilhada entre o Governo, em suas diferentes esferas, e a sociedade como est previsto no Plano Nacional de Cultura aprovado pelo Congresso Nacional. O PNC aborda a cultura em trs dimenses complementares: como expresso simblica; como direito de cidadania; e como campo potencial para o desenvolvimento econmico com sustentabilidade.

    nesse contexto que se insere o Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual, que identifica na expan-so e na desconcentrao do mercado interno a condio fundamental para a universalizao do acesso aos servios audiovisuais, de forma a transformar o Brasil em forte centro produtor e programador de contedos. Partindo de um diagnstico profundo da realidade de nosso mercado, este documento no traz frmulas rgidas, mas aponta caminhos para explorarmos de forma mais plena o potencial econmi-co dessa indstria, que fonte de riqueza e de afirmao da identidade nacional.

    Marta Suplicy, ministra da Cultura

  • COM OS OLHOS VOLTADOS PARA O FUTURO

    At 2020, o Brasil pode se transformar no quinto mercado do mundo em produo e consumo de contedos audiovisuais para cinema, televiso e novas mdias. Alm disso, o nosso pas poder ter 4.500 salas digitais, com capacidade para atrair 220 milhes de espectadores por ano, mais do que o dobro do volume atual. Com a consolidao da Lei 12.485/2011, a Lei da TV Paga, sero veiculados mais contedos nacionais, com diversidade e qualidade, fortalecendo as programadoras nacionais, as produtoras inde-pendentes e outros agentes do mercado.

    O que poderia parecer uma utopia h pouco mais de uma dcada hoje um horizonte plenamente al-canvel, graas continuidade da poltica pblica para o cinema e o audiovisual que vem sendo constru-da de forma consistente desde a criao da Agncia Nacional do Cinema ANCINE. Como resultados concretos dessa poltica, podemos apontar a crescente ocupao do mercado interno, o prestgio inter-nacional dos filmes brasileiros e o reconhecimento do pblico, que demanda cada vez mais contedos que falem a sua lngua e reflitam a sua imagem, em todas as telas.

    Mas a poltica nacional do cinema nunca se completa: cada conquista vem acompanhada por um novo desafio. Com os olhos voltados para o futuro, apresentamos este Plano de Diretrizes e Metas para o Audi-ovisual, aprovado pelo Conselho Superior do Cinema em agosto de 2012. Formado por representantes de nove ministrios e da sociedade civil incluindo cineastas e outros profissionais do mercado o Conselho tem a misso de formular as diretrizes que determinam a ao da ANCINE em sua misso de fomentar e regular o setor audiovisual, com vistas ao seu desenvolvimento. Essa misso se materializa neste documen-to, j submetido a Consulta Pblica e que traz um diagnstico detalhado do mercado, uma anlise de seus vetores de crescimento e projees para os prximos oito anos.

    Pela primeira vez, temos a capacidade de planejamento a longo prazo, condio necessria para o for-talecimento da indstria audiovisual no Brasil, na direo da sustentabilidade. Isso reflete o momento de crescimento econmico vivido por nosso pas, acompanhado por uma melhor distribuio de renda e um forte compromisso governamental de investimentos pblicos. Mas o sucesso do Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual depende fundamentalmente da pactuao entre os agentes pblicos e privados do audiovisual, com o Estado atuando como regulador e indutor. A ANCINE se orgulha em contribuir para esse processo.

    Manoel Rangel, diretor-presidente da ANCINE

  • A srie As canalhas

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  • NOTA PRELIMINAR

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  • 1. O audiovisual indispensvel vida em sociedade. De maneira cada vez mais veloz, atualizando assuntos, informaes, modos de fazer, parmetros que permitem linguagem comum e expecta-tivas mais seguras sobre o comportamento e o cotidiano, os bens audiovisuais e seus meios de exibio e transmisso esto presentes em todos os lugares e mentes. A acessibilidade a esses contedos tambm se radicaliza e torna-se complexa. Por conta das tecnologias em transforma-o, criadas e a criar necessidades, as pessoas medeiam suas relaes com o uso do audiovisual num nvel cada vez mais personalizado e exclusivo.

    2. Em meio a toda essa complexidade e excedncia de meios de consumo audiovisual, a sala escura, o seu lugar original, ao contrrio de se tornar obsoleta, transformou-se e foi valorizada. O cinema retomou seu espao na vida urbana, como vetor de agregao, de espetculo de fruio coletiva e compartilhada. Ir ao cinema tornou-se um programa que ancora atividades variadas e permite jogos sociais os mais diversos, lastreados por uma obra cultural que a ponta de lana do mercado audiovisual.

    3. Mais alm do cinema, as atividades de produo e a circulao de contedos audiovisuais assis-tiram disseminao de agentes e tcnicas de criao e ao surgimento de novos segmentos de mercado. A indstria audiovisual foi alada ao centro da dinmica econmica mundial. Novas oportunidades surgiram ao lado de fenmenos chamados convergncia digital ou sociedade da in-formao. Hoje, mais que oportunidades, so desafios para os pases atentos e dispostos a polticas de desenvolvimento, de afirmao da diversidade cultural, de incentivo a mais livre circulao das obras e de maior insero internacional.

    4. Esse momento poltico e tecnolgico encontra o cinema e o audiovisual no Brasil numa situa-o muito propcia para um salto em relevncia social e desenvolvimento econmico. Os trs ltimos anos registraram nmeros muito favorveis. A impresso geral de haver condies adequadas para um crescimento consistente e sustentvel no perodo imediato. Afora o vis de alta nos indicadores do cinema, sustentam essa expectativa as alteraes previstas para o mercado de televiso por assinatura, o crescimento das tecnologias mveis e da internet, a consolidao das polticas e instituies pblicas, o incremento na organizao e prestgio dos agentes privados.

    5. O salto imediato para o audiovisual brasileiro est em traduzir essas expectativas em organizao e planejamento. Isso quer dizer que as estratgias e aes de todos devem ser pautadas por um sentido comum, articulado e coerente. Esse um pacto necessrio para que o audiovisual consiga responder s exigncias e necessidades dos brasileiros e possa participar efetivamente do novo papel internacional do pas. Construir esse mapa do caminho representa um grande esforo de planejamento e legitimao das polticas audiovisuais junto sociedade. Isso comea por exigir uma postura de distanciamento das questes e interesses cotidianos e a abertura para a prospec-o do cenrio pretendido para os prximos anos.

    6. Neste sentido, o Conselho Superior do Cinema prope o debate de um plano de metas para o setor para o perodo at 2020. A formulao desse plano em si constitui uma novidade na poltica audiovisual brasileira. Tambm por isso, sua elaborao apresenta dificuldades e limites importan-tes. Pensar indicadores e metas significa enfrentar obstculos, lacunas e imprecises decorrentes das fragilidades dos dados em muitos dos segmentos da atividade, em especial no mais importante deles, a televiso aberta.

    7. Ressalte-se que um Plano de Metas no pretende prever o futuro. Antes, quer agregar previsi-bilidade aos movimentos dos agentes do setor em direo ao futuro. Por outro lado, no deve se confundir com um plano de ao ou uma agenda de compromissos dos agentes pblicos responsveis pelas polticas audiovisuais. , sim, referncia e orientao para esses planos, mas im-

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  • plica responsabilidades para todos os agentes econmicos. Ademais, para no perder sua funo aglutinadora e catalisadora, no deve ser entendido como frmula imutvel, mais ainda porque se trata de construo nova.

    8. Para o exerccio do debate, o ponto de partida envolve reunir alguns elementos para um diag-nstico do audiovisual no ltimo perodo e a identificao dos principais vetores do modelo que se pretende seguir.

    * Nota de Editor: Este documento foi aprovado pelo Conselho Superior do Cinema em 08 de agosto de 2012.

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  • Eu receberia as piores notcias dos seus lindos lbios

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  • OS PRESSUPOSTOS

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  • 9. O cenrio inicial para o debate do Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual tem como pressupostos alguns elementos polticos gerais que fundamentam a atuao do Estado, a orga-nizao da sociedade e o desenvolvimento econmico e tecnolgico da atividade audiovisual. A operao e consolidao das polticas e estruturas pblicas para o audiovisual constituem tambm elemento indispensvel para este exerccio. Esses fundamentos so apenas pontuados a seguir a ttulo de introduo abordagem dos dados conjunturais do audiovisual e das pers-pectivas que se vislumbram para cada segmento da atividade.

    POLTICAS PARA O CRESCIMENTO E A DISTRIBUIO DE RENDA

    10. As polticas econmicas e sociais do Brasil, nos ltimos anos, foram centradas em projetos e programas voltados ao crescimento econmico, incluso social e presena ativa do pas na cena internacional. Os resultados so muito positivos. A despeito da crise iniciada em 2008 e que ainda perdura, os principais indicadores de crescimento e gerao e distribuio de renda apre-sentaram evoluo positiva no perodo recente. A sinalizao para os prximos anos projeta otimismo, especialmente para os estratos mais numerosos e historicamente menos assistidos da populao. A estagnao vivida durante os anos 80 e 90 do sculo passado deu lugar a um pas dinmico que, sem sofismar seus graves problemas, v-se como artfice de um futuro de progresso e bem-estar.

    Grfico 1: Crescimento anual do PIB (em %)1

    11. A situao do mercado interno apresenta ao menos trs vetores a considerar para o debate do Pla-no de Diretrizes e Metas. Primeiro: h um ambiente de otimismo na populao que, alm de se ver contemplada com oportunidades de valorizao pessoal e integrao social, flagrada em sentimen-tos de orgulho cvico pelas conquistas recentes do pas. A realizao prxima da Copa do Mundo

    1 O primeiro levantamento do IBGE sobre as contas nacionais de 2012,publicado em maro de 2013, apurou crescimento do PIB abaixo das expectativas anteriores. As projees do governo e dos agentes econmicos apontam resultado mais expres-sivo para 2013

    Fonte: IBGE. Contas Nacionais.

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  • de futebol, em 2014, e dos Jogos Olmpicos, na cidade do Rio de Janeiro, em 2016, so dois eventos que sugerem a continuidade desse ambiente para os prximos anos. Segundo: a incorporao de dezenas de milhes de cidados no mercado de consumo representa um ativo muito significativo. Pelas dimenses continentais do pas, o mercado interno brasileiro o principal fator a considerar nas projees de crescimento do audiovisual. Terceiro: est em curso uma expressiva recomposio das classes sociais, com a expanso da classe C como elemento de destaque. Como se ver adiante, para alm do aumento da renda, uma relao simblica especial desses estratos mdios da socieda-de com o audiovisual, o cinema em particular, proporciona vantagens e oportunidades para o setor.

    Grfico 2: Crescimento anual da demanda interna (em %)

    AS AES CONTRA A DESIGUALDADE

    12. Crescer com distribuio de renda no um fenmeno comum na histria do Brasil e no regra na atual expanso dos pases emergentes. As polticas pblicas, construdas sobre o reposicio-namento do Estado brasileiro, internamente e no exterior, foram decisivas para dar efetividade ao ideal de incluso social. Os aumentos reais do salrio mnimo, o programa Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Famlia, os investimentos dos Programas de Acelerao do Crescimento em infraes-trutura social e urbana so exemplos de aes polticas que ajudaram a diminuir a desigualdade no pas pela melhoria na distribuio da renda. A evoluo do coeficiente de Gini, um indicador do nvel de desigualdade na distribuio da renda, demonstra que essa melhora expressiva, mesmo que ainda seja longo o caminho a percorrer 2.

    2 Em trabalho de maio de 2008, Sergei Soares, pesquisador do IPEA, anotava que, a se manter o ritmo de queda do coeficiente de Gini, o Brasil atingir, em 2012, o nvel do Mxico, igualando os Estados Unidos em 2018 e o Canad em 2030 (ver Grfico 4). O trabalho usou como base os dados da PNAD de 2006. Desde ento, o ritmo da queda do indicador permaneceu cons-tante, perfazendo dez anos consecutivos de melhora significativa. A estimativa para 2012 deve ser confirmada.

    Fonte: IBGE. Contas Nacionais Trimestrais.22

  • Fonte: PNAD/IBGE. *Em 2000 e 2010, no houve PNAD. **2010 e 2011: CPS/FGV a partir da PME e do Censo.

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    Fontes: Brasil: PNAD/IBGE; Mxico: INEGI; Estados Unidos: US Census Bureau; Canad: Statistics Canada. Pesquisa e projeo: Sergei Suarez Dillon Soares. O Ritmo de Queda na Desigualdade no Brasil Adequado? Evidncias do Contexto Histrico e Nacional. IPEA, 2008.

    13. Um dos vetores mais significativos das polticas pblicas brasileiras diz respeito ao movimento pela qualificao dos servios urbanos. Em 40 anos, de 1970 a 2010, as cidades brasileiras incorpora-ram quase 110 milhes de moradores, o equivalente s populaes somadas de Frana e Espanha. Em termos relativos, a populao urbana cresceu de 55% para 85% do total. Como se sabe, esse expressivo movimento demogrfico no foi acompanhado pelos necessrios investimentos em in-fraestrutura urbana e de servios. A organizao das periferias das cidades, lugar de destino desse xodo, ainda sofre com carncias em saneamento bsico, educao, sade, transporte, segurana e habitao. Hoje, porm, h mobilizao da sociedade e dos governos para a soluo desses problemas. O Mundial de Futebol e as Olimpadas devem ser vistos como fatores de aglutinao de esforos, buscados para acelerar esse movimento. O cinema, em especial, e os servios de TV por assinatura e internet de banda larga sero muito afetados por essa disposio.

    Grfico 3: Evoluo do Coeficiente de Gini no Brasil

    Grfico 5: Evoluo da populao urbana e rural brasileira (em milhes de habitantes)

    Grfico 4: Coeficiente de Gini em diversos pases

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  • A EVOLUO DAS POLTICAS AUDIOVISUAIS

    14. No perodo recente, as polticas pblicas para o audiovisual tambm evoluram para uma viso complexa e integrada que articula diversos elementos: o desenvolvimento do mercado interno, com a ampliao da oferta de servios e o aumento da competitividade das empresas brasileiras, a regulao do cinema, da televiso e das novas mdias, o apoio aos novos formatos e servios, e a insero internacional. A pedra angular deste edifcio a percepo de que o audiovisual brasileiro deve ser valorizado por seu valor simblico e cultural, mas somente encontra justificativa plena como objeto de poltica de Estado na medida em que se organiza como servio acessvel maioria dos cidados. Deste modo, j no se pode mais falar apenas de fomento produo de cinema, nem possvel admitir polticas audiovisuais para apenas 10% ou 20% da populao.

    15. Depois de mais de uma dcada em que as aes federais estiveram concentradas na administra-o de incentivos fiscais, a gesto pblica do audiovisual passou gradativamente a uma atitude mais proativa. A criao de vrios novos instrumentos, entre eles o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e os mecanismos de suporte automtico, passou a exigir dos rgos pblicos mais conhe-cimento especfico sobre cada atividade do audiovisual e sobre as relaes econmicas entre os agentes. O objetivo de desenvolver um mercado de obras audiovisuais brasileiras tornou-se mais claramente visvel, embora condicionado por uma institucionalidade pblica e privada ainda inci-piente, e por barreiras e prticas comerciais que restringem o dinamismo da economia.

    16. A edio recente da Lei N12.485, de 12 de setembro de 2011, ao estabelecer um novo marco re-gulatrio para a comunicao audiovisual de acesso condicionado, determinou algumas novas bases e objetivos para as polticas audiovisuais. A entrada de novos agentes, as necessidades mais comple-xas de servios de comunicao e as exigncias de desenvolvimento do pas demandam aes regu-latrias e de induo ao crescimento mais efetivas. Para fazer frente a isso, o novo marco legal traz para as polticas pblicas uma base conceitual consistente, contempornea e aberta, um mecanismo de cotas que tende a ampliar a demanda por contedos nacionais e independentes, e novos recur-sos para o financiamento da economia do audiovisual, destacadamente a produo independente.

    A GESTO PBLICA DAS POLTICAS AUDIOVISUAIS

    17. Sobre o quadro institucional pblico, as decises polticas do final do sculo so relevantes para o entendimento da situao atual. Em 1990, todos os rgos federais responsveis pelas polticas au-diovisuais foram extintos. A Embrafilme, o Concine, a Fundao do Cinema Brasileiro, o Ministrio da Cultura, a regulao do mercado, as polticas de apoio produo, a estrutura de distribuio de filmes, a coleta de dados e estatsticas, tudo foi completamente desarticulado. A produo regular de filmes brasileiros foi reduzida ao mnimo e sua exibio comercial desapareceu quase inteiramente do Brasil. Essa desarticulao permaneceu por mais de uma dcada, at que o siste-ma de gesto federal das polticas pblicas audiovisuais foi redesenhado no incio do novo sculo.

    18. A rearticulao da ao federal foi, ento, planejada a partir de trs instituies: o Conselho Su-perior do Cinema como rgo superior, a Agncia Nacional do Cinema, como agncia reguladora e de desenvolvimento, e a Secretaria do Audiovisual do MinC, responsvel pelas aes relativas cultura cinematogrfica e audiovisual e inovao de linguagem. A chave desse sistema o Con-selho Superior do Cinema. Pensado como rgo de definio das polticas e composto de forma paritria por nove Ministros e por representantes da sociedade civil e da indstria audiovisual, o CSC surgiu como um organismo democrtico de debate e formulao de diretrizes, entendido como o lugar em que se estabelece a legitimidade das polticas audiovisuais.

    19. A criao da ANCINE representou uma evoluo importante na gesto federal do audiovisual. A reunio de funes e instrumentos regulatrios e de desenvolvimento, a instituio de uma

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  • carreira pblica especfica e a construo gradual de uma pauta regulatria para as mltiplas cadeias do audiovisual so elementos que fizeram evoluir a ao do Estado. Polticas especficas direcionadas produo de obras independentes para a televiso, distribuio de cinema e ao investimento no parque de exibio cinematogrfica so exemplos de iniciativas recentes da ANCINE que tm repercusso sobre a dinmica da atividade. Nos debates do Congresso Nacional sobre os servios de comunicao audiovisual3 de TV por assinatura, o trabalho da Agncia, por meio do trato analtico dos assuntos regulatrios e dos dados do setor, ajudou a esquadrinhar com mais clareza o cenrio e as alternativas trazidos pela convergncia digital. Com a Lei N12.485, a ANCINE recebeu novas competncias relativas regulao e ao desen-volvimento do mercado de contedos audiovisuais para televiso.

    20. A Secretaria do Audiovisual (SAv) integra a estrutura do Ministrio da Cultura, como rgo de assessoramento, elaborao e execuo de polticas, planos e diretrizes. Aes dirigidas ino-vao de obras e formatos, a capacitao dos agentes, a preservao e difuso do patrimnio audiovisual, o apoio financeiro e suporte tcnico produo de curtas-metragens, a articulao com o circuito no comercial de exibio, o desenvolvimento de roteiros so alguns dos assuntos mais diretamente vinculados SAv.

    21. A Cinemateca Brasileira e o Centro Tcnico Audiovisual (CTAv) so rgos vinculados Secre-taria do Audiovisual. O CTAv presta servios de apoio tcnico atividade audiovisual, cedendo equipamentos para a produo e ps-produo e promovendo a pesquisa e a conservao de matrizes. A Cinemateca Brasileira o mais importante centro brasileiro de documentao e pesquisa em audiovisual, com um dos mais avanados laboratrios de restaurao e conservao da Amrica Latina. Alm de tambm prestar servios tcnicos, a Cinemateca depositria legal de cpia dos contedos audiovisuais produzidos com recursos pblicos ou incentivados. Ainda no mbito da SAv, em projeto desenvolvido pela Cinemateca Brasileira, a Programadora Brasil atua na difuso no comercial, disponibilizando seu catlogo de filmes e vdeos brasileiros para pontos alternativos de exibio, em especial espaos municipais e centros culturais ou de ensino. Nesta atividade, funciona como catalisador de organizaes e agentes sociais, contribuindo para a formao de pblicos, o debate e o reconhecimento crtico da produo nacional.

    MUDANAS TECNOLGICAS E ORGANIZACIONAIS NA COMUNICAO

    22. Um pressuposto indispensvel elaborao do Plano de Diretrizes e Metas diz respeito s trans-formaes tecnolgicas nas comunicaes e s exigncias que os novos padres de consumo de informao e de contedo audiovisual trazem para a organizao dos agentes econmicos e para a estrutura jurdica. A convergncia entre os servios de comunicao social eletrnica e de teleco-municaes a que se incorporam at mesmo os servios das mdias impressas tradicionais faz prever um expressivo aumento na demanda por audiovisual. Nesse universo de comunicaes ub-quas, o contedo audiovisual o n central de onde partem e a que convergem os fios mais visveis.

    23. Por um lado, o constante avano tecnolgico, a multiplicidade de mdias, a internet, a telefonia celular, a convergncia digital exigem a definio de regras contemporneas para que o objetivo de ampliao do acesso dos brasileiros ao audiovisual seja alcanado. A implantao de cotas para a programao de contedos nacionais independentes, a eliminao de barreiras e o incentivo competio e pluralidade, a valorizao da programao regional independente, o tratamento dos investimentos estrangeiros no setor, a relao entre suas diversas atividades, a estrutura regu-

    3 No mbito deste documento, as expresses servios de comunicao audiovisual ou, resumidamente, servios audiovisuais designam a oferta pblica de contedos audiovisuais por qualquer meio, seja radiodifuso, transmisso por cabo ou satlite, projeo em salas de cinema ou mdias fsicas, e em qualquer ambiente, televiso, cinema, internet ou dispositivos mveis.

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  • latria dessa economia so temas enfrentados, nos ltimos anos, pelo Congresso Nacional e pela sociedade, num esforo para capacitar o pas a lidar com os desafios abertos pela digitalizao. As definies legislativas neste campo tero repercusso to evidente quanto decisiva sobre as metas da atividade audiovisual.

    24. De outra parte, esse looping tecnolgico gera oportunidades. Para os produtores, abrem-se fronteiras comerciais para os formatos, obras e servios mais variados, desde que haja atores dispostos e capazes inovao e ousadia. A reduo das barreiras comerciais e jurdicas e a relativa dissoluo das barreiras tecnolgicas e territoriais criam um tempo favorvel tambm para a organizao e fortalecimento de programadoras de canais de difuso linear e de vdeo sob demanda. Aqui, um mercado interno mais dinmico pode dar suporte a operaes sustentveis no exterior. Alm disso, a demanda universal por acesso, velocidade e capacidade de suportar servios traz para as empresas administradoras de redes fsicas a necessidade de adaptao, mais investimentos e ateno aos milhes de consumidores da classe C.

    25. Outro elemento a ser lembrado, relativo atualizao tecnolgica dos servios de comunicao audiovisual, diz respeito implantao da TV digital no pas. Alm das alternativas comerciais gera-das pela interatividade e pela mobilidade, a digitalizao dos servios trar consigo a possibilidade de ampliao do nmero de canais de TV aberta. Para as TVs pblicas, trabalha-se a implantao de uma plataforma nica de transmisso (Operador nico da Rede Nacional de TV Pblica Digital Terrestre-RNTPD), com ganhos de custo, qualidade e alcance dos servios. Essas novas atividades representam mais uma oportunidade de expanso da atividade audiovisual, a demandar progra-madoras e contedos brasileiros aptos a disputar seu lugar no cotidiano dos atuais 56 milhes de domiclios com televiso e no ambiente oferecido pelos dispositivos mveis de recepo. O processo de implantao da TV digital, iniciado em 2007, tem previsto para 2016 o encerramento das transmisses analgicas de televiso no Brasil.

    26. Finalmente, h que se mencionar o processo de renovao tecnolgica das salas de cinema. Com a digitalizao da projeo cinematogrfica, mudanas importantes ocorrero em todas as atividades do segmento, com riscos e oportunidades muito significativos. A produo brasileira deve adaptar seus processos produtivos aos padres tcnicos aceitos internacionalmente, alm de incrementar a realizao de filmes 3D, sob o risco de negligenciar parte importante do cir-cuito exibidor. Na distribuio, a alterao do modelo de custos e as facilidades de copiagem e transporte tendem a intensificar a disputa por espaos e a permitir a integrao de novas salas ao circuito de lanamentos. Na exibio, a atividade de programao ganha em importncia e com-plexidade, cresce a possibilidade de multiprogramao em complexos menores, e novos servios podem ser realizados, como os que envolvem contedo alternativo (shows musicais e esportivos, entre outros).

    ALGUNS ASPECTOS DA ORGANIZAO DOS AGENTES PRIVADOS

    27. A evoluo da organizao empresarial e institucional dos agentes privados um elemento com-plementar importante na abordagem dos pressupostos gerais do Plano de Diretrizes e Metas. Mais adiante, sero apresentados alguns dados sobre essa organizao em cada segmento ou ambiente do mercado audiovisual. Por ora, cabe destacar dois aspectos: (a) a necessidade de equi-lbrio entre o princpio de separao das empresas atuantes nas diversas atividades audiovisuais, para evitar concentrao e condutas nocivas concorrncia, e a convenincia de movimentos de integrao vertical, que em algumas situaes podem gerar desejvel economia de custo, reduo de riscos e ampliao da capacidade de planejamento; e (b) a importncia da participao das pequenas e microempresas na economia audiovisual, em especial na produo de contedos.

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  • 28. Sobre o primeiro aspecto, relevante considerar as relaes dos mercados brasileiros de cinema e de televiso com o sistema internacional de distribuio de filmes, de um lado, e das produtoras independentes com os conglomerados que encabeam as redes nacionais de TV aberta, de outro. No cinema, com a extino da Embrafilme, os filmes brasileiros perderam seu brao institucional para a distribuio, situao agravada pela drstica reduo do parque exibidor. Entre as alterna-tivas imediatas, a associao com as distribuidoras internacionais, alavancadas pelos recursos do artigo 3 da Lei do Audiovisual, supriu tardia e apenas parcialmente as necessidades de circulao dos filmes. Nos anos recentes, porm, alm do crescimento do circuito de cinemas, formou-se um grupo de distribuidoras brasileiras com posio relevante no mercado e projetos associativos importantes com a produo.

    29. No caso da televiso, o modelo de negcios dominante foi pautado por uma forte integrao vertical das atividades de produo, programao e provimento, financiada pela concentrao dos investimentos publicitrios na TV aberta. Este modelo apresentou resultados contraditrios. De um lado, devem ser apresentadas como conquistas a universalizao do servio de televiso, sua organizao em redes nacionais e regionais, e a produo de formatos e obras de referncia. Por outro lado, gerou distanciamento da produo independente e fortes barreiras entrada de competidores, alm da pequena penetrao no mercado externo e da atrofia, por longos anos, da TV por assinatura, apenas recentemente em expanso. Neste momento, a convergncia digi-tal, os movimentos de entrada de novos agentes, e necessidades mais complexas de servios de comunicao exigem respostas no providas pelo modelo.

    30. A participao das pequenas e microempresas deve ser percebida como elemento de carter estratgico na caracterizao da estrutura das atividades audiovisuais, a merecer ateno na com-posio das metas. A produo a atividade em que esta afirmao mais facilmente verificvel, seja pela frequente proximidade entre o desenvolvimento de uma marca ou uma obra audiovisual e o projeto da empresa em si mesma, seja porque a simplicidade e a flexibilidade da organizao das empresas menores facilitam o suporte renovao dos contedos. De fato, a produo independente de cinema e, mais recentemente, de televiso sustenta-se em larga medida sobre o trabalho e o talento reunido por essas empresas. Ressalte-se que o formato de pequenas e microempresas no exclusivo das produtoras. Servios diversos, desde a infraestrutura at a exibio de cinema, dependem de pequenos provedores para que o sistema funcione. Como referncia e pressuposto para o Plano de Metas, o modo de valorizao dessas estruturas serve como parmetro importante para a afirmao da diversidade dos contedos audiovisuais.

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    O jogo Rob Sucata

  • A PRODUO AUDIOVISUAL E O FINANCIAMENTO

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  • 31. A produo para cinema atividade audiovisual pioneira em inovao, gerao de smbo-los, agregao de valor e construo e ocupao do mercado. Organizada internacionalmente em torno de um sistema de distribuio baseado na ao e nas obras dos grandes estdios norte-americanos, a produo cinematogrfica na quase totalidade dos pases demanda proteo, apoio e financiamento estatal para manter-se e crescer.

    32. No Brasil, alm das dificuldades de distribuio internacional, a produo para cinema manteve--se distante do segmento audiovisual interno com maior rentabilidade, dinamismo e penetrao social, a televiso aberta. Somaram-se a essas fragilidades sucessivas descontinuidades das polticas de Estado para o setor, o que contribuiu para que os ciclos histricos de desenvolvimento do ci-nema brasileiro, qual os ciclos de desenvolvimento do pas, fossem repetidas vezes interrompidos.

    33. Neste momento, vive-se um novo perodo de crescimento, lastreado pela atuao das empresas brasileiras e por instituies e polticas pblicas construdas ao longo da ltima dcada. Alm da perspectiva de maior sustentabilidade do crescimento do cinema, o momento tambm traz, como novidade, uma evoluo na produo de obras independentes para televiso.

    O CRESCIMENTO DA PRODUO PARA CINEMA E TELEVISO

    34. Aps a queda do incio dos anos 1990, a recuperao e o financiamento da produo foram os problemas mais visveis a mobilizar os esforos e iniciativas dos governos e agentes do setor. Uma das conquistas importantes do perodo recente diz respeito quantidade de longas-metragens produzidos. De uma marca de 20 a 30 filmes anuais lanados do perodo da retomada at 2003, chegou-se a um patamar de 70 a 80 filmes, entre 2006 e 2010, com o pice de 99 lanamentos em 2011, impensvel h bem pouco tempo.

    Grfico 6: Longas-metragens brasileiros lanados anualmente em salas de cinema

    35. Por sua vez, a produo de obras com destinao inicial para televiso tambm cresceu no pero-do. Este crescimento demonstrado por dois indicadores: a evoluo do nmero de Certificados de Produto Brasileiro (CPB) emitidos para obras seriadas, e a evoluo do nmero de Certifica-dos de Registro de Ttulo (CRT) requeridos para os segmentos de TV aberta e TV por assinatura, relativos s obras brasileiras no publicitrias.

    Fontes: 2002 a 2005: Database Filme B; 2006 e 2007: Filme B e SEDCMRJ; 2008: Filme B, SEDCMRJ e SADIS/ANCINE; 2009 a 2011: SADIS/ANCINE. Pesquisa: SAM/ANCINE.

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  • 36. Os resultados desse mercado so ainda muito limitados por fatores conhecidos que dificultam a relao das TVs com a produo independente, destacadamente a organizao e modelo de negcios das televises, que sero anotados mais adiante. Apesar disso, tm sido ampliados o nmero e a qualidade dos projetos, a atuao e estrutura das empresas produtoras e os investi-mentos na produo independente de televiso. Este avano no seria possvel sem que as televi-ses, estimuladas pela poltica pblica, passassem a se abrir para a perspectiva de associao com a produo independente e as vantagens dela decorrentes.

    Grfico 8: CRTs de obras brasileiras no publicitrias requeridos para TV aberta e por assinatura

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    019

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    198

    171156

    279

    200

    Grfico 7: CPBs emitidos para obras seriadas

    Fonte: SIF/SRE/ANCINE

    Fonte: SIF/SRE/ANCINE

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  • DIVERSIFICAO E AMPLITUDE DO FINANCIAMENTO PBLICO

    37. Para sustentar esse crescimento no cinema e na televiso, a poltica de financiamento pblico produo diversificou-se. Foram agregados alguns instrumentos financeiros importantes: o Fundo Setorial do Audiovisual, o Prmio Adicional de Renda (PAR), o Prmio ANCINE de Incentivo Qualidade (PAQ), os Programas Especiais de Fomento (PEF), os artigos 1A e 3A, alm de novos incentivos para os FUNCINES e mecanismos de apoio s coprodues internacionais. O volume de recursos tambm evoluiu. Em dlares americanos, o montante investido pelo governo federal em 2010 equivale, aproximadamente, a cinco vezes o disponvel em 2002.

    Tabela 1: Recursos pblicos diretos e incentivados aplicados em projetos audiovisuais (em R$)

    38. Em 2002, o financiamento pblico da atividade audiovisual praticamente se restringia aos meca-nismos de incentivo fiscal. Por meio da Lei Rouanet e dos artigos 1 e 3 da Lei do Audiovisual, os recursos captados foram aplicados principalmente em produo de longas-metragens (29 fo-ram lanados naquele ano). Em contraste, nos dados do ltimo perodo, percebe-se uma grande diversificao de fontes de financiamento. O FSA, constitudo por recursos gerados pela prpria atividade audiovisual (a arrecadao da CONDECINE e parte do FISTEL), passou a ser a origem mais significativa dos recursos4. A evoluo dos instrumentos financeiros apresentada no Grfico 9 mostra essa inflexo na poltica de financiamento, especialmente a partir de 2007.

    4 Em maio de 2012, foram abertas chamadas pblicas do FSA para produo e distribuio audiovisual com montante total de R$205 milhes. Houve ainda o incremento das operaes do Programa Cinema Perto de Voc, com R$30 milhes contra-tados entre crdito e investimento para 43 novas salas. Em 2012, sero anunciadas tambm as primeiras linhas financeiras lastreadas nos recursos previstos pela Lei N12.485.

    Fontes: SALIC/SFO, Relatrio de Acompanhamento Financeiro FSA/SDE, Relatrio Fomento Direto CFD/SFO. Cotao mdia anual do dlar americano: Banco Central do Brasil. Clculo: ANCINE.2EV(VWmRGLVFULPLQDGRVQDWDEHODDSHQDVRVPHFDQLVPRVGHLQFHQWLYRVFDODGPLQLVWUDGRVSHOD$1&,1(3DUDRVUHFXUVRVLQFHQWLYDGRVIRUDPFRQVLGHUDGDVDVGDWDVGHGHSyVLWRQDVFRQWDVGHFDSWDomR3DUDRVHGLWDLVGHSURGXomRHFRPHUFLDOL]DomRGR)6$IRUDPFRQVLGHUDGRVRVYDORUHVGHLQYHVWLPHQWRDQXQFLDGRVQDGDWDGHVHOHomRGRVSURMHWRV3DUDRFiOFXORGRVYDORUHVHP86'IRLREVHUYDGDDFRWDomRPpGLDGDPRHGDDPHULFDQDHPFDGDDQR(P)RPHQWR'LUHWRIRUDPLQFOXtGRVWRGRVRVUHFXUVRVGR2UoDPHQWR*HUDOGD8QLmRDSOLFDGRVHPSURMHWRVDXGLRYLVXDLVprivados, exceo dos valores do PAR, PAQ e FSA.

    ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL

    Art. 1 Lei 8.685 43.086.715 48% 52.331.611 42% 59.341.775 35% 46.573.616 32% 56.763.091 31% 47.487.017 27% 47.139.757 26% 36.684.800 20% 24.193.529 9% 413.601.911

    Art. 1A Lei 8.686 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 40.514.397 23% 54.147.675 30% 50.576.810 28% 62.125.255 23% 207.734.138

    Lei Rouanet 25.115.307 28% 20.404.190 17% 35.184.582 21% 40.464.568 28% 41.994.443 23% 9.176.088 5% 7.760.011 4% 8.549.600 5% 3.082.750 1% 191.361.539

    FUNCINES 0 0% 0 0% 0 0% 1.032.000 1% 3.441.000 2% 1.923.000 1% 8.185.000 5% 1.850.000 1% 6.600.000 2% 23.031.000

    Converso da Dvida 2.651.456 3% 2.432.936 2% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 5.084.392

    Art. 3 Lei 8.685 17.503.826 20% 34.921.822 28% 46.247.426 28% 35.330.650 24% 64.414.544 35% 37.700.138 22% 32.578.496 18% 23.540.873 13% 29.530.947 11% 321.768.721

    Art. 3A Lei 8.685 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 2.500.000 1% 28.201.047 11% 30.701.047

    Art. 39, X MP 2228-1 0 0% 2.893.837 2% 16.652.274 10% 14.001.912 10% 5.332.126 3% 20.904.037 12% 16.843.996 9% 11.801.379 7% 12.474.574 5% 100.904.136

    PAR e PAQ 0 0% 0 0% 0 0% 4.162.000 3% 8.700.000 5% 8.880.065 5% 8.815.909 5% 10.000.000 6% 9.667.951 4% 50.225.925

    Fomento Direto 1.000.000 1% 10.640.244 9% 10.618.997 6% 4.687.100 3% 3.678.487 2% 7.300.229 4% 5.753.985 3% 4.629.381 3% 5.246.320 2% 53.554.742

    FSA 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 29.485.587 16% 84.667.016 32% 114.152.603

    TOTAL REAIS 89.357.303 - 123.624.640 - 168.045.053 - 146.251.847 - 184.323.691 - 173.884.971 - 181.224.829 - 179.618.430 - 265.789.387 - 1.512.120.152

    TOTAL DLARES 30,497,373 - 40,268,612 - 57,549,676 - 60,185,945 - 84,552,152 - 89,171,780 - 98,491,755 - 89,809,215 - 151,016,697 - 701,543,206 33

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  • Grfi co 9: Composio do fi nanciamento pblico ao audiovisual (em % do total de recursos)

    39. Com o novo patamar de produo, o fi nanciamento pblico passou a ver alm da produo de longas-metragens. A distribuio dos fi lmes brasileiros recebeu mais ateno dos agentes econ-micos e da ANCINE com recursos disponibilizados por meio de FUNCINES, Lei do Audiovisual e de uma linha fi nanceira especfi ca do FSA. Uma poltica de fi nanciamento para a produo inde-pendente de televiso passou a coexistir com os investimentos em cinema.

    Grfi co 10: Recursos pblicos diretos e incentivados aplicados em produo para televiso (em R$)5

    5 Os recursos pblicos para a produo de obras com destinao inicial para a televiso devero ser signifi cativamente ampli-ados no prximo perodo. Nas chamadas pblicas do FSA lanadas em maio de 2012, foram reservados R$55 milhes para esta fi nalidade. Este tambm o principal foco do fi nanciamento pblico demandado pela Lei N12.485.

    Fontes: SALIC/SFO, Relatrio de Acompanhamento Financeiro FSA/SDE, Relatrio Fomento Direto CFD/SFO, Relatrio 2010 DECULT/BNDES.

    Fonte: ANCINE: SALIC/SFO/ANCINE, Relatrio de Acompanhamento Finan-ceiro FSA/SDE.

    Obs.: (1) Foram calculados apenas os me-FDQLVPRVGH LQFHQWLYRVFDODGPLQLVtrados pela ANCINE.

    (2) Para os recursos pblicos incenti-YDGRVIRUDPFRQVLGHUDGDVDVGDWDVGHdepsito nas contas de captao.

    3DUDRVHGLWDLVGR)6$IRUDPFRQsiderados os valores de investimento anunciado na data de seleo dos projetos.

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  • JOGOS ELETRNICOS: INTERATIVIDADE NA PRODUO AUDIOVISUAL

    40. A produo audiovisual tem multiplicado os tipos e os formatos das obras e suas possibilidades de interao com os diversos pblicos, alm daqueles do cinema e da televiso. Os jogos eletrnicos so o paradigma de obra interativa, com signifi cativa relevncia econmica e social, tm ampliado sua participao no tempo de consumo das pessoas e projetado crescimento na produo. O sig-nifi cado econmico dessa indstria pode ser medido pela comparao com o cinema: o mercado mundial de jogos envolve faturamento equivalente ao dobro das receitas totais de bilheteria. De outro lado, seu papel social pode ser entrevisto no fato de que, no Brasil, cerca de 50 milhes de horas dirias so despendidas pelos usurios dos games em todas as plataformas. Acrescentem-se ainda as inmeras possibilidades de desenvolvimento tecnolgico decorrentes dos jogos eletrni-cos, em especial inovaes na educao, sade, segurana e indstria, dos simuladores utilizados em processos industriais ou em diagnsticos clnicos, aos aplicativos e contedos de apoio ldico ao ensino e aprendizagem.

    41. O Brasil um mercado importante para os videojogos. Em pesquisa realizada em dez pases (Grfi co 11), o Brasil disputa a segunda posio em nmero de usurios, com 35 milhes. Des-tes, quase metade so jogadores pagantes. A dimenso desse mercado demonstra que, alm do exterior, a produo nacional tem muito espao para crescer internamente. Segundo dados de 20086 , a atividade envolvia 560 profi ssionais, empregados por 42 empresas. Naquele ano, 43% da produo nacional de software para jogos foram destinados exportao.

    Grfi co 11: Quantidade de usurios de jogos eletrnicos em diversos pases 2010 (em milhes)

    42. A organizao de incentivos para os profi ssionais e empresas brasileiras dedicadas aos jogos ele-trnicos uma necessidade para uma indstria audiovisual madura, preocupada em agregar valor a seus produtos e atender a todos os nichos e oportunidades. O pas desenvolveu talentos na rea de visualizao, software e animao, os quais j se integraram indstria internacional de jogos eletrnicos, atuando tanto como prestadores de servio, quanto como desenvolvedores. a que

    6 ABRAGAMES. A indstria brasileira de jogos eletrnicos. Pesquisa 2008.

    )RQWH1HZ]RR1DWLRQDO*DPHUV6XUYH\V2EV3HVTXLVDIHLWDHPFRPPLOSHVVRDVHPGH]SDtVHV%DVHSRSXODomRDWLYDGDLQWHUQHWHQWUHHDQRV(3) Escopo: jogos para consoles (inclusive portteis), computadores, redes sociais, dispositivos mveis e jogos online.

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  • reside o grande desafi o e a grande oportunidade. necessrio aproximar os agentes envolvidos com jogos eletrnicos dos agentes envolvidos na produo de obras audiovisuais, com o objetivo de am-pliar o esforo de desenvolvimento nacional, notadamente em projetos transmdia, capazes de dimi-nuir custos de investimento e ampliar produtos e frentes de consumo. Tanto no desenvolvimento dos jogos, como no cinema e na televiso, h uma intensa mobilizao do imaginrio dos consumidores, com a criao de marcas e personagens que podem ser aplicados em numerosos bens de consumo. O trnsito e a integrao de todas essas atividades audiovisuais tendem a se impor como forma de maximizar as receitas de explorao comercial das obras em seus vrios formatos.

    A INTEGRAO COM O MERCADO PUBLICITRIO

    43. No Brasil, a produo de contedos independentes para cinema e televiso tem sua organizao in-tegrada com a realizao de obras publicitrias. No raramente, a prestao de servios de produo audiovisual para publicidade, com demanda mais regular e estruturada, d sustentao s empresas para atuar em outros segmentos de mercado e arriscar projetos de fi lmes e obras seriadas. Essa interao permite publicidade ser vista por inmeros profi ssionais como uma porta de entrada da atividade audiovisual no publicitria, alm de ser uma escola de qualifi cao tcnica para todo o setor.

    Grfi co 12: Obras audiovisuais publicitrias registradas na ANCINE

    44. O Brasil possui um parque de publicidade complexo, muito bem constitudo e com instituies numerosas e capazes. Tanto no plano da criao, realizada em geral pelas agncias de publicidade, quanto na atividade de produo das obras e nos servios mobilizados pelas produtoras, um con-junto de empresas e profi ssionais conforma a publicidade audiovisual brasileira como organizao criativa, qualifi cada e poderosa, em que a solidariedade institucional entre os agentes refl ete-se em inegvel prestgio internacional. Alm dos constantes prmios conquistados, a ao interna-cional das agncias e a exportao de servios de produo com a realizao, no pas, de variadas peas com veiculao no exterior evidenciam o carter global dessa atividade.

    Fonte: SIF/SRE/ANCINE.

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  • Fonte: Projeto InterMeios/Grupo Meio&Mensagem

    Fonte: Projeto InterMeios/Grupo Meio&Mensagem

    Fonte: Projeto InterMeios/Grupo Meio&Mensagem

    45. Afora a integrao institucional com a produo no publicitria, de se destacar que a televiso aberta e, em parte, a TV por assinatura, a internet e as mdias mveis dependem da publicidade como base de fi nanciamento. Neste sentido, os dados de evoluo do mercado publicitrio nos ltimos anos apresentam duas tendncias a se observar. Primeiramente, tem havido um cresci-mento expressivo e sustentado das receitas publicitrias (Grfi co 13). Em segundo lugar, ocorre uma redefi nio dos meios de veiculao, com perda continuada de participao das mdias im-pressas sobre as receitas. Em 2001, Jornais, Revistas e Guias e Listas respondiam por 34,4% de todo o mercado; em 2011, essa participao caiu para 20,1%. Esta queda aconteceu devido ao maior crescimento dos servios de comunicao audiovisual, em especial pela publicidade em internet e TV por assinatura.

    Grfi co 15: Distribuio das receitas do mercado publicitrio brasileiro por mdia (2011, em %)

    Grfi co 14: Taxa de crescimento das receitas publicitrias em 2011 (% sobre 2010)Grfi co 13: Evoluo das receitas do mercado publicitrio brasileiro (em R$ bilhes)

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    Tropa de Elite 2

  • ALGUNS DADOS RECENTES SOBRE O CINEMA NO BRASIL

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  • 46. Desde 2009, o cinema no Brasil vive um perodo de crescimento intensivo. Naquele ano, foi rompida a estagnao do segmento e iniciado um processo de diversificao dos servios, de amplia-o mais consistente do parque exibidor e incremento da produo e distribuio de fi lmes brasilei-ros. Os nmeros do perodo retratam o momento timo desse segmento do mercado audiovisual.

    47. O ano de 2010, especialmente, foi um ano de recordes. Quase todos os indicadores importantes su-peraram as estimativas mais otimistas: 134,8 milhes de bilhetes vendidos com R$1,26 bilho de renda; 0,71 bilhetes por habitante, melhor ndice desde os anos 80; 25,7 milhes de bilhetes e R$226 milhes para fi lmes brasileiros, market share de mais de 19% e crescimento de mais de 70% na receita bruta; Tropa de Elite 2 e seus 11,2 milhes de bilhetes, maior bilheteria nacional de todos os tempos. Em 2011, o vis de crescimento permaneceu. Nesse ano, o Brasil tornou-se o principal mercado latino--americano de cinema em receitas de bilheteria com quase 860 milhes de dlares de faturamento.

    48. Os resultados dos fi lmes e a resposta do pblico so ainda mais signifi cativos por estabelecerem uma taxa elevada de crescimento pelo terceiro ano consecutivo. Para o futuro imediato, os investimentos na produo e distribuio de fi lmes e na implantao de salas de cinema permitem projetar ao me-nos a manuteno deste patamar de desempenho e uma ampliao acelerada do parque exibidor. Nos pargrafos a seguir, a evoluo de alguns dados e ndices apresentada com a fi nalidade de identifi car desafi os e oportunidades para o cinema brasileiro e tornar possvel a defi nio de metas.

    TRS ANOS DE RESULTADOS EXPRESSIVOS NA EXIBIO

    49. Aps o perodo de bilheterias estagnadas em torno de 90 milhes de bilhetes entre 2005 e 2008, seguiram-se trs anos de resultados muito expressivos. Entre 2009 e 2011, o nmero total de bi-lhetes vendidos aumentou ano a ano: 25%, 20% e 7%. O crescimento mais expressivo de 2009 e 2010 deveu-se, particularmente, ao desempenho dos fi lmes brasileiros que cresceu trs vezes mais que a mdia, 76% e 60% nesses dois anos. Em 2010, o nmero de bilhetes vendidos, inclusive para fi lmes brasileiros, retomou o patamar do incio da dcada de 80. Em 2011, continuou a expanso do mercado de cinema, mesmo com a reduo da bilheteria dos fi lmes nacionais, submetida a uma base comparativa ampliada pelo desempenho excepcional de Tropa 2 no ano anterior.

    Grfi co 16: Evoluo do nmero de bilhetes vendidos

    )RQWHVD'DWDEDVH)LOPH%)LOPH%6('&05-6LQGLFDWRGDV(PSUHVDV'LVWULEXLGRUDV&LQHPDWRJUiFDVGR0XQLFtSLRGR5LRGH-DQHLURH6$0$1&,1()LOPH%H6('&05-)LOPH%6('&05-H6$',6$1&,1(D6$',6$1&,1(3HVTXLVD6$0$1&,1(2EVRVSHUFHQWXDLVGHFUHVFLPHQWRIRUDPFDOFXODGRVVREUHRUHVXOWDGRdo ano anterior.

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  • 50. A evoluo da receita de bilheteria foi ainda mais impressionante. Chegou a R$1,438 bilho, mar-cando o terceiro ano de crescimento expressivo. Em dlares, a receita de 2011 cresceu 77% sobre 2009, com USD 858 milhes7 . Com este resultado, o Brasil superou o Mxico na condio de maior mercado latino-americano de cinema em receitas de bilheteria8 . Em termos globais, o pas ocupou a dcima quarta posio em receitas e a dcima em bilhetes vendidos. Quanto aos fi lmes brasileiros, as taxas de crescimento fi caram em 88% e 71% em 2009 e 2010, com queda de 28% em 2011. O volume de receita foi recorde em 2010, R$226 milhes, quantia superior ao total de recursos pblicos e incentivados aportados em produo e distribuio cinematogrfi ca, recuando a R$163 milhes no ano seguinte.

    Grfi co 17: Evoluo da Renda Bruta de Bilheteria

    51. A exibio no comercial tambm contribuiu para este cenrio de crescimento. Em 2011, a Pro-gramadora Brasil contava com mais de 1,5 mil instituies associadas, organizadas em cerca de 850 cidades, distribudas por todos os Estados brasileiros. Desta forma, 15% dos municpios do pas tiveram acesso a um catlogo de 255 programas com 825 fi lmes e vdeos, com diversidade de autores, formatos, assuntos, gneros e olhares e destinados a todas as idades e pblicos (parte deles com recursos de audiodescrio e closed caption).

    52. No mbito da exibio no comercial, tambm merece destaque o Cine Mais Cultura, programa que alia a distribuio de equipamentos de projeo, o catlogo da Programadora Brasil e as ofi -cinas de capacitao cineclubstica, com o objetivo de ampliar o acesso ao audiovisual brasileiro principalmente nas comunidades sem salas de cinema. Alm de dar apoio aos 1.042 cineclubes brasileiros, a iniciativa estimula a formao e produo audiovisual local.

    7 O valor toma por referncia a cotao mdia do dlar americano em 2011.

    8 O Anuario Estadstico de Cine Mexicano 2011, do Instituto Mexicano de Cinematografa (IMCINE) aponta receita de bilheteria de 9.755 milhes de pesos mexicanos para 205,2 milhes de bilhetes vendidos. Considerada a cotao mdia anual do dlar, essa receita equivaleu a USD 786 milhes.

    Fontes: 2002 a 2005: Database Filme B; 2006: Filme B, SEDCMRJ e SAM/ANCINE; 2007: Filme B e SEDCMRJ; 2008: Filme B, SEDCMRJ e SADIS/ANCINE; 2009 a 2011: SADIS/ANCINE. Pesquisa: SAM/ANCINE. Obs.: (1) Valores em reais. (2) Percentuais de crescimento calculados sobre o resultado do ano anterior.42

  • NOVIDADES NA DISTRIBUIO DE CINEMA

    53. H algumas explicaes para esse crescimento. Em primeiro lugar, temos os motivos intrnsecos produo de cinema. A consolidao da produo cinematogrfi ca brasileira, o fortalecimen-to de algumas empresas, e o incremento da qualidade dos roteiros e produes e do prestgio dos profi ssionais, artistas e tcnicos brasileiros so elementos que constituem o substrato desse movimento. Mas as causas do cinema extrapolam a produo. Como sabido, a distribuio atividade decisiva para o desempenho dos fi lmes. Algumas alteraes importantes nesta atividade comeam a ser percebidas, especialmente pelo reposicionamento das distribuidoras brasileiras9 no mercado interno.

    54. Desde 2004, as distribuidoras brasileiras tm conquistado o mercado interno. Nesse pero-do, o nmero de bilhetes vendidos triplicou: de 12,8 para 39,8 milhes. Em market share, o resultado de 2004 foi dobrado entre 2007 e 2009. Atualmente, as distribuidoras brasileiras detm pouco menos de 30% do mercado nacional de cinema. Os fi lmes brasileiros passaram a responder por parte signifi cativa desse desempenho com 19,3 milhes de bilhetes e 14,3% de market share em 2010 (12,5 milhes e 8,7%, em 2011). Um dos dados mais signifi cativos demonstra a posio preponderante das distribuidoras brasileiras na distribuio de fi lmes nacionais: 75% (2010) e 70% (2011) dos bilhetes vendidos. Considerada a excepcionalidade do dado de 2010, pelo desempenho de Tropa de Elite 2, o resultado de 2011 ainda mais signifi cativo.

    9 A expresso empresas brasileiras refere-se s empresas de capital majoritariamente nacional administradas por brasileiros, segundo acepo utilizada pela legislao audiovisual.

    Grfi co 18: Market share das distribuidoras brasileiras (em % dos bilhetes vendidos)

    Grfi co 19: Bilheteria dos fi lmes de distribuidoras brasileiras (em milhes de bilhetes vendidos)

    )RQWHVD'DWDEDVH)LOPH%D6$',6$1&,1(LQFOXtGRVRVUHVXOWDGRVGHFRGLVWULEXLo}HVLQWHUQDFLRQDLVPesquisa: SAM/ANCINE.

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  • 55. O cruzamento desses dados com os resultados gerais de renda e pblico revelam que a parte mais substancial do desempenho do fi lme nacional esteve sob a responsabilidade das distribui-doras brasileiras. O aumento do market share do fi lme brasileiro foi devido sua atuao: em 2009, na maior parte; inteiramente, no caso de 2010. Nesse ano, a queda na distribuio de fi lmes brasileiros por empresas estrangeiras foi mais do que compensada pela atuao das nacionais. Em 2011, a reduo da participao das estrangeiras continuou, consolidando o papel das distribuido-ras brasileiras na comercializao dos longas nacionais.

    Grfi co 20: Evoluo do market share de bilhetes vendidos (em %)

    56. O fortalecimento da produo e distribuio brasileiras foi gestado nos ltimos anos por vrios elementos, sobretudo pela infl exo das polticas pblicas audiovisuais a reforar a ca-pitalizao dos projetos em distribuio, e a valorizar tambm o desempenho comercial de fi lmes e empresas. Destaque-se, novamente, a diversifi cao do fi nanciamento ao audiovisual com a implantao de instrumentos fi nanceiros para a distribuio. Surgiram, tambm, novos e diversifi cados modelos de distribuio de obras, a explorar as possibilidades da projeo digital, a interatividade no trato com o espectador e os novos nichos de pblico. Estas al-ternativas ajudaram as distribuidoras brasileiras a disputarem os fi lmes nacionais de maior potencial. Um indicador importante para a compreenso dos motivos do bom desempenho dos fi lmes brasileiros o nmero total de salas com estreia de obras nacionais. Esse nmero mostra a evoluo dos investimentos em P&A no perodo. Em 2010, foram 25% a mais com relao a 2009.

    )RQWHVD'DWDEDVH)LOPH%D6$',6$1&,1(LQFOXtGRVRVUHVXOWDGRVGHFRGLVWULEXLo}HVLQWHUQDFLRQDLVPesquisa: SAM/ANCINE.

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  • Fonte: SADIS/ANCINEPesquisa: SAM/ANCINE

    2011*: at novembro

    Grfi co 21: Nmero de salas com estreias de fi lmes brasileiros

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  • 46

    A srie Peixonauta

  • COM A CONVERGNCIA DIGITAL, UM NOVO CENRIO

    PARA A TELEVISO

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  • 57. O mercado audiovisual brasileiro, considerado parcialmente, nos termos do Grfi co 22 (ex-cludos internet, mdias mveis, vdeo sob demanda e atividades ancilares), movimentou cerca de R$33 bilhes em receitas em 2011. Em termos relativos, esses valores superaram o crescimento do PIB brasileiro. As receitas concentram-se especialmente na televiso aberta e por assinatura, os segmentos mais rentveis desse mercado, esta ltima com a maior taxa de crescimento entre os segmentos listados. A principal fonte de recursos a publicidade. Em 2011, cerca de 63% dos investimentos do mercado publicitrio foram destinados TV aberta.

    Grfi co 22: Distribuio da receita bruta do mercado audiovisual brasileiro em 2011

    58. O modelo de organizao e negcios da televiso no Brasil apresenta barreiras histricas produo independente. A entrada de novos agentes econmicos e a convergncia digital ge-ram possibilidades e expectativas de alterao dessa situao, com maior circulao das obras, maior dinamismo do mercado e facilidade crescente de acesso do consumidor aos variados ser-vios de comunicao social por meio das diversas redes e plataformas disponveis. Neste ce-nrio de convergncia, os servios de comunicao audiovisual so os de maior valor agregado. O mercado de contedos audiovisuais deve crescer com grande potencial para parcerias entre empresas produtoras, agregadoras e distribuidoras de contedos. A situao envolve tambm riscos importantes: os produtores e programadores de contedo podem ter difi culdades de acesso s redes e vice-versa. A consequncia nesses casos a atrofi a dos investimentos com perdas para todos.

    59. A perspectiva de crescimento e reorganizao do mercado para esses novos tempos tem na Lei N12.485, de 12 de setembro de 2011, e que fi xa novas regras TV por assinatura, um elemento essencial e defi nidor de rumos. A implementao dos dispositivos da Lei implica um aumento exponencial do nmero de obras independentes exibidas nos diversos canais, alm de sinalizar para o crescimento da TV por assinatura no pas. Para o fi nanciamento da produo, a Lei trouxe novas receitas para o Fundo Setorial do Audiovisual, oriundas da ampliao da CONDECINE sobre os servios de telecomunicaes passveis de distribuir contedos audiovisuais. A relativa integrao das cadeias do audiovisual sugere que, com isso, toda a atividade ganhar em dinmica e desenvolvimento.

    Fontes: Projeto InterMeios/Grupo Meio&Mensagem (publicidade); SADIS/ANCINE (bilheteria); ANCINE YtGHRGRPpVWLFRHVXEVFULo}HV79SRUDVVLQDWXUD(*) Estimativa.Obs.: (1) Cinema: bilheteria e publicidade; 9tGHR YHQGD GH XQLGDGHV SUpJUDYDGDV SDUDvenda ou locao;79SRUDVVLQDWXUDVXEVFULo}HVHSXEOLFLGDGH79DEHUWDSXEOLFLGDGH

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  • TV POR ASSINATURA: ABRANGNCIA CRESCENTE, MAS AINDA PEQUENA

    60. Apesar do crescimento recente, a penetrao da TV por assinatura no Brasil ainda muito baixa. Na comparao com outros pases, o Brasil tem ocupado as ltimas posies na relao entre total de assinantes e de domiclios com televiso. No caso da TV por cabo e MMDS, apenas 8,4% dos municpios brasileiros (465) tm disponibilidade do servio, abrangendo uma populao de 91 milhes, 47% do total, percentual em declnio nos ltimos dez anos.

    61. As projees de crescimento da base de assinantes feitas pelo mercado10 tm sido amplamente superadas pela realidade. Os nmeros de maio de 2012 excedem em trs milhes de subscries o previsto para o fi nal de 2014. Isso aconteceu pela ampliao exponencial do nmero de assinantes de DTH (Direct to Home, modalidade de transmisso de TV por satlite), que j representa mais do que o dobro do projetado para 2014. O crescimento do DTH ocorre pela entrada das concessionrias de telefonia no mercado. Em maio de 2011, o DTH superou a TV a cabo como servio de TV por assina-tura dominante no pas, e deve encerrar o ano com cerca de 60% desse mercado. Embora cresa em ritmo menor, a TV a cabo tem agregado ao servio cerca de 500 mil assinantes por ano.

    62. A taxa de crescimento da base de assinantes tem sido muito expressiva nos ltimos anos, porm ainda sobre uma base pequena. A alta de 30%, em 2010 e 2011, no chegou a alterar substancial-mente a posio brasileira na relao com outros pases11. A baixa penetrao do servio, por ou-tro lado, revela o potencial de desenvolvimento desse mercado no Brasil. As alteraes propostas pela Lei N12.485 tendem a dinamizar investimentos e ampliar a participao da TV por assinatura na economia. Mantido o ritmo atual de crescimento, haver cerca de 16,5 milhes de subscries ao fi nal deste ano. As projees mais recentes j sinalizam um mercado com cerca de 25 milhes de assinantes em 2015, o dobro do que havia no fi nal de 2011.

    Grfi co 23: TV por assinatura: evoluo da base de assinantes (milhes de assinantes e % de crescimento)

    10 Projees feitas pela empresa de pesquisa de mercado Pay TV Survey (PTS), publicadas pela revista Tela Viva no quadro O Mercado de TV por Assinatura no Brasil 2010.

    11 Ver comparao internacional no Grfi co 50, relativa ao ano de 2009.

    )RQWH3UHVWDGRUDVGHVHUYLoRGH79SRUDVVLQDWXUD3HVTXLVD$1$7(/3DQRUDPDGRV6HUYLoRVGH79SRUDVVLQDWXUDHGLomRDEU2012: http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalPaginaEspecialPesquisa.do?acao=&tipoConteudoHtml=1&codNoticia=257512012*: dados at maio.

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  • 63. Uma explicao para a ainda baixa abrangncia desse segmento tem necessariamente que ob-servar as diferenas de preo praticadas nos diversos pases. A Tabela 2 e o Grfico 24 mostram que os servios de TV por assinatura no Brasil tm preos por canal em mdia 93% superiores ao praticado na mdia dos outros pases. Alm disso, na comparao entre pacotes da mesma faixa (o segundo mais barato), o nmero de canais ofertados no Brasil bem inferior: 38,5 em mdia contra 58,2 nos demais pases pesquisados. Esse dado acaba por estreitar o diferencial de variedade da TV por assinatura sobre a TV aberta, motivo relevante para a aquisio do servio (ver Grfico 28).

    Tabela 2: Preos do servio de TV por assinatura em diversos pases (fevereiro-maro/2012)

    PAS OPERADORA PACOTE CANAISPREO

    (MOEDA LOCAL)

    PREO (R$ 28/02/2012)

    PREO POR CANAL FONTES

    Portugal

    Meo Total 49 16,49 R$37,48 R$0,76 www.meo.pt/conhecer/tv/canais/Pages/satelite.aspw

    Zon TVTel Seleco 44 18,75 R$42,61 R$0,97 www.tvtel.pt/tv_televisao.html

    Espanha

    Canal + Plus + 23 15,95 R$36,25 R$1,58 tienda.plus.es/abonateacanalplus/configuracion.php?np=1

    Telecable Opcin Principal + Cine 31 24,90 R$56,59 R$1,83 web.telecable.es/portal.do?IDM=157&NM=3

    Chile

    DirecTV Chile Plata Digital 47 CH$17.980 R$64,01 R$1,36 www.directv.cl/planes/ver-planes/index?link=nav

    Claro TV Plan Sport 62 CH$22.000 R$78,32 R$1,26 www.clarochile.cl/planes_sport#

    Peru

    DirecTV Peru Oro 94 PEN120,00 R$76,92 R$0,82 www.directv.com.pe/paquetes/ver-paquetes/index?link=nav

    Movistar TV Standar 61 PEN68,42 R$43,86 R$1,39 www.directv.com.pe/tv/productos/movistar-tv-estandar#

    Argentina

    TV Fuego Bsico 74 AR$166,00 R$65,10 R$0,88 www.tvfuego.com.ar/index.php?s=W0821oe8ohkoj4u8wsqmg64$

    DirecTV Argentina DirecTV Plus 97 AR$212,98 R$83,52 R$0,86 www.directv.com.ar/paquetes/ver-paquetes/index?link=nav

    Brasil (Rio de Janeiro)

    Net Net Mais TV 30 R$69,90 R$69,90 R$2,33 www.netcombo.com.br/netPortalWEB/appmanager/portal/deskt

    Sky Sky Light 40 R$74,90 R$74,90 R$1,87 www.sky.com.br/CompraRapida/Pacotes/Default.aspx

    Claro TV Fcil HBO Brasil 16 R$59,90 R$59,90 R$3,74 www.viaembratel.com.br/gradecanais.aspw?idPacote=28

    Oi TV Oi TV + Telecine Light 41 R$79,90 R$79,90 R$1,95 www.oi.com.br/oi/oi-pra-voce/oi-tv/conheca-os-pacotes/oi-tv-mais#pacotes-e-canais

    TVA Famlia Mais 57 R$99,00 R$99,00 R$1,74 www.tva.com.br/Canais/Pacotes/RJ/Fam%C3%ADlia%20Mais

    GVT Ultra HD 47 R$89,90 R$89,90 R$1,91 www.gvt.com.br/portal/residencial/tv/planos/compare-planos/index.jsp

    Pesquisa: ANCINE. 2EV$FRPSDUDomRXWLOL]DRVHJXQGRSDFRWHPDLVEDUDWR9DORUHVUHIHUHQWHVjDVVLQDWXUDPHQVDOVHPGHVFRQWRV&XVWRVGHLQVWDODomRHHTXLSDPHQWRVQmRHVWmRLQFOXtGRV1~PHURGHFDQDLVGRSDFRWHH[FOXtGRVFDQDLVmust carry, canais cuja veiculao no requer pagamento da operadora programadora, e canais com acesso gratuito por outro meio (no caso do Brasil: canais DEHUWRVDFHVVtYHLVSRUVDWpOLWH%DQGD&GHYHLFXODomRREULJDWyULDWHOHYHQGDV la carte, pay per view, jogos, udio, cortesia, canais com programao repetida.

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  • TV POR ASSINATURA: ORGANIZAO E CONCORRNCIA EMPRESARIAL

    64. H 154 operadoras de TV por assinatura no Brasil, organizadas em 84 grupos econmicos. A Net Servios chegou a deter mais da metade dos assinantes com as operaes por cabo, participao que foi reduzida pela entrada das telefnicas nas operaes de DTH. Hoje, faz parte do grupo lder do mercado, controlado pela Embratel. Em maro de 2012, a distribuio dos assinantes de TV pelas operadoras observava o descrito no Grfi co 26.

    Grfi co 26: Distribuio dos assinantes por operadora (mar/2012)Grfi co 25: Evoluo da base de assinantes

    Grfi co 24: Preos mdios dos canais: 2 pacote mais barato em operadoras e pases selecionados (fev-mar/2012, em R$)

    Fonte: sites das operadoras.Pesquisa: ANCINE.Obs.:(1) Nmero de canais do segundo pacote mais barato.(2) Preo dos pacotes em reais calculado pela FRWDomRGDVPRHGDVHPIHY

    )RQWH$1$7(/KWWSZZZDQDWHOJRYEU3RUWDOYHULILFD'RFXPHQWRVGRFXPHQWRDVS"QXPHUR3XEOLFDFDR SXE RULJLQDOILOWUR GRFXPHQWR3DWK SGI

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  • 65. Na atividade de programao, havia, em 2009, no Brasil, 41 grupos econmicos que ofereciam 116 canais comerciais. Entre as poucas programadoras de capital nacional, destaca-se a Globosat que ex-plora alguns dos canais de maior audincia no pas. A Globosat detinha, em 2009, nove canais, alm de ter parcerias em vrios outros (sete canais da rede Telecine, um canal com a Universal). Desde ento, o segmento tem vivido um momento de ampliao do nmero de canais disponveis, moti-vado pelo crescimento da base de assinantes e pelo novo marco regulatrio da TV por assinatura.

    Grfi co 27: Canais comerciais por origem do capital da programadora (2009)

    66. Quanto ao contedo dos canais, a importncia e atratividade das obras audiovisuais de es-toque12 para o usurio da TV por assinatura so comprovadas por alguns dados. Segundo o IBOPE13, entre os 20 canais de maior audincia, nove tm programao baseada em fi lmes e sries. Outra pesquisa feita por esse Instituto apresenta a programao de fi lmes como terceiro principal motivo apontado pelos usurios para a assinatura dos servios.

    Grfi co 28: Motivos para a assinatura do servio de televiso (resposta mltipla)

    12 Obras audiovisuais de estoque so os longas-metragens, seriados, minissries, novelas, telefi lmes entre outros, cuja explora-o no se esgota com a primeira exibio ao pblico. Na abordagem apresentada, contrapem-se s obras de fl uxo, como as jornalsticas.

    13 Fonte: www.almanaqueibope.com.br, acesso em 20/10/2009. Dados relativos a 2008. Citado em Mapeamento TV Paga 2010. SAM/ANCINE.

    )RQWH &RQYHUJH &RPXQLFDo}HV Anurio de Mdias Digitais 2009; e Revista TelaViva O Mercado de TV por Assinatura 2010.Pesquisa: SAM/ANCINE. Mapeamento TV Paga 2010.

    Obs.:1mR IRUDPFRQVLGHUDGRVRVFDQDLVDEHUWRV ORFDLVpay per view, de udio, interativos e televendas.

    (2) Alguns canais abertos (Esporte Interativo, Futura, MTV Bra-VLO5HFRUG1HZVH6(6&79QmRIRUDPFRQVLGHUDGRVPDVWrPRSHUDomRDQiORJDDRVFDQDLVGH79SRUDVVLQDWXUDIRUDGHVXDrea de concesso.

    )RQWH ,ERSH0tGLD7DUJHW*URXS,QGH[DJRDDJR3XEOLFDGR HP0tGLD )DWRV $%7$ KWWSZZZPLGLDIDWRVFRPEU3')BKWP0DQXDOSGI

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  • 67. Os fi lmes e obras seriadas brasileiras, no entanto, tm espao minsculo nas grades de progra-mao. Em 14 canais baseados em programao de longas-metragens, o monitoramento feito em 2009 pela ANCINE apontou apenas 64 ttulos num universo de 4.734 longas-metragens exibidos. Nmeros semelhantes foram observados para as obras seriadas. Em contraste a isso, destaque-se a programao do Canal Brasil, dedicada a contedos brasileiros, que exibiu naquele ano 844 longas-metragens brasileiros em 4.744 horas de programao.

    TV ABERTA: ORGANIZAO E AUDINCIA DO PRINCIPAL SEGMENTO DO MERCADO AUDIOVISUAL

    68. A radiodifuso de sons e imagens o meio audiovisual mais abrangente do pas. Por qualquer indicador que se escolha estrutura, nmero de usurios, tempo dirio dedicado ao consu-mo ou faturamento , a TV aberta representa a principal forma de contato da populao bra-sileira com as obras audiovisuais. Segundo a PNAD 2009 do IBGE, a TV aberta atingia 95,7% dos domiclios brasileiros. Suas receitas representaram, em 2011, 63% do mercado publicit-rio brasileiro e 55% do faturamento somado de TV, vdeo e cinema (Grfi co 22): R$18 bilhes (sobre R$33 bilhes de publicidade, bilheteria, assinaturas, vendas de vdeo). Trata-se de uma categoria de servios audiovisuais que deve ser valorizada, mas precisar adequar-se s novas exigncias colocadas pelo processo de digitalizao e pelo novo ambiente de concorrncia.

    69. H 514 geradoras de televiso aberta (60% comerciais) e 10.506 retransmissoras outorgadas, distribudas por todo o territrio nacional (2011). O segmento organiza-se em redes nacionais ou regionais que centralizam a maior parte da programao e das receitas com publicidade. A principal rede de televiso do pas, a Rede Globo, tem sua programao veiculada por quase um tero das geradoras e retransmissoras comerciais de TV do pas.

    Grfi co 30: Longas exibidos em canais monitoradosGrfi co 29: Obras seriadas exibidas em canais monitorados

    Fonte: SAM/ANCINE.2EV)RUDPPRQLWRUDGRVFDQDLVFRPSURJUDPDomRSUHGRPLQDQWHPHQWHGHORQJDVPHWUDJHQV7HOH&LQH+%2&LQHPD[H717'DGRVGHORQJDVPHWUDJHQVSRUQ~PHURGHWtWXORV'DGRVGHREUDVVHULDGDVSRUKRUDVGHH[LELomR)RUDPH[LELGRVORQJDVHVWUDQJHLURVHEUDVLOHLURV)RUDPH[LELGDVKRUDVGHPLQLVVpULHVHVHULDGRVHVWUDQJHLURVHKRUDVGHGXDVPLQLVVpULHVEUDVLOHLUDV

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  • 70. Essa organizao repercute sobre o espectador. A audincia da TV aberta distribui-se pelas prin-cipais redes do pas, segundo a disponibilidade do servio, qualidade do sinal e atratividade da programao. Em termos de audincia, h que se destacar dois fenmenos: a pequena recepo das TVs pblicas no Brasil, em contraste com a realidade dos pases que construram seu modelo de desenvolvimento sobre os canais pblicos, e as possibilidades das emissoras regionais na esteira do crescimento das economias locais.

    Grfi co 32: Retransmissoras por vnculo com as redes (2009)Grfi co 31: Emissoras por vnculo com as redes (2009)

    )RQWH$1$7(/6LVWHPDGH&RQWUROHGH5DGLRGLIXVmR'DGRVUHODWLYRVDRXWRUJDV

    )RQWH,%23($QXiULRGH0tGLD Fonte: Projeto InterMeios/Grupo Meio&Mensagem.

    Grfi co 34: Distribuio do bolo publicitrio em TV aberta por regio (2009)Grfi co 33: Audincia em relao ao total de TVs ligadas (2009) 55

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  • TV ABERTA: ENTRE FILMES E SRIES, PREDOMNIO DE OBRAS ESTRANGEIRAS

    71. As grades de programao das emissoras so organizadas a partir dos programas fornecidos pelas cabeas de rede. Enquanto o espao para o jornalismo predominantemente local, obras seriadas, fi lmes e novelas so centralizados nas cabeas das redes nacionais. Isso deriva, particu-larmente, da estrutura da principal fonte de fi nanciamento para essas obras, o mercado publici-trio nacional, e das restries contratuais presentes na organizao das redes. De sua parte, as emissoras pblicas, por no participarem deste modelo de fi nanciamento, dependem fortemente dos oramentos pblicos. Sua programao envolve maior capacidade e potencial para veiculao dos contedos regionais e independentes. Segundo acompanhamento feito pela ANCINE, quase 90% do espao das grades foi ocupado por programas brasileiros em 2009. Nessa participao, destacam-se os programas religiosos e de telecompras que ocuparam, somados, 24,1% do tempo de programao das emissoras.

    72. A participao das obras seriadas e fi lmes brasileiros ainda reduzida. Nesse mercado, pre-dominam as obras de produo norte-americana. O monitoramento da ANCINE apontou 1.809 longas-metragens exibidos pelas redes de TV aberta, em 2009, sendo 206 ttulos brasileiros e 1.411 ttulos dos Estados Unidos. No mesmo ano, das 4.708 horas de miniss-ries e sries exibidas pelas cabeas de rede (137 sries e minissries distintas), 774 horas corresponderam s obras brasileiras e 3.378 horas foram dedicadas a sries e minissries produzidas nos Estados Unidos. Nesse universo, a rede pblica responde pela maior parte do contedo independente veiculado.

    Grfi co 36: Origem dos programas (2009)Grfi co 35: Diviso do contedo exibido (2007)

    Fonte: FGV/ABERT. Pesquisa sobre televiso no Brasil.

    Fonte: sites das emissoras cabeas de rede (Band, CNT, Globo, SBT, Record, Rede TV!, TV Cultura, TV Gazeta e TV Brasil)/grades de programao.Pesquisa: SAM/ANCINE

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  • Grfi co 38: Origem das minissries e seriados exibidos nas redes de TV aberta (2009)Grfi co 37: Origem dos longas-metragens exibidos nas redes de TV aberta (2009)

    Fonte: sites das emissoras cabeas de rede (Band, CNT, Globo, SBT, Record, Rede TV!, TV Cultura, TV Gazeta e TV Brasil)/grades de programao. Pesquisa: SAM/$1&,1(2EV'DGRVGHORQJDVPHWUDJHQVSRUQ~PHURGHWtWXORVPLQLVVpULHVHVHULDGRVSRUKRUDVGHH[LELomR

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  • INTERNET EM COMPUTADORES E MDIAS MVEIS: AMBIENTE

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  • 73. O audiovisual nasceu como um entretenimento coletivo, com presena destacada nas ruas das cidades. Com a televiso e, mais tarde, o vdeo domstico, passou a ocupar espao nos lares e a concentrar a ateno das famlias. Desde o fi nal do sculo 20, as tecnologias de comunica-o, a organizao dos servios e as necessidades das pessoas tornaram o audiovisual tambm um fenmeno personalizado, de fruio individual. Hoje, os meios que permitem todos esses n-veis de consumo esto cada vez mais interligados e onipresentes. A internet e as mdias mveis, chamadas convencionalmente de novas mdias, tornaram-se os ambientes onde o audiovisual mais se expande, sob formatos e por modelos de difuso em que as regras so muito fl exveis.

    74. As projees internacionais indicam um crescimento acelerado dessas mdias nos prximos anos. Estima-se que, em 2014, a velocidade mdia da banda larga ter quadruplicado em relao a 2009. Em relao a esse ano, a projeo para 2016 indica um trfego de dados dez vezes superior. A maior parte desse fl uxo ser ocupada por contedos audiovisuais acessados por computadores ou destinados aos novos servios de televiso.

    75. Mais do que o volume de dados transportado pelas redes, o consumo de contedos audio-visuais por internet e mdias mveis dever ser substancialmente incrementado. A projeo para 2014 indica que dobrar o tempo total despendido na internet em relao a 2009. O maior crescimento dever ser reservado para o consumo de vdeo em computadores pesso-ais e em televiso, chegando em 2014 a cerca de um tero das horas de internet. Alm disso, essas projees colocam a Amrica Latina como um mercado importante e em rpida evolu-o, mesmo que, nessa previso, a TV por internet aparea com um desenvolvimento tardio e com pouca expresso no fi nal do perodo. Para o Brasil, o potencial das novas mdias fi ca claro, especialmente, pelo contraste entre a rpida evoluo dos acessos internet em banda larga e a baixa penetrao da TV por assinatura. Ambas as mdias concorrem na entrega de vdeo por demanda.

    Grfi co 40: Projeo do trfego de dados na internet (em ExaBytes por ms)Grfi co 39: Mdia mundial de velocidade da banda larga (em Megabits por segundo)

    Fonte: Cisco Visual Networking Index 2010. Fonte: Cisco Visual Networking Index Maio 2012.

    VdeoDadosVdeo ComunicaesJogos Online

    Compartilhamento de ArquivosInternet e outros dadosComunicao por voz

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  • 76. Especula-se, tambm, que o consumo domstico de audiovisual dever transitar dos meios tradicionais de provimento de televiso para o ambiente da internet. Servios de comuni-cao audiovisual como a TV por assinatura via protocolo de internet (IPTV) e servios de vdeo por demanda ou webTV que utilizam as redes de outros fornecedores de banda larga (over the top) devero constituir terreno frtil para a inovao no mbito do audiovisual.

    Grfi co 43: Projeo da assistncia de televiso vs. vdeo por internet (em horas de consumo por semana)

    Grfi co 42: Evoluo do trfego de vdeo para PC e televiso na internet 2009-2014 por regio (em PetaBytes por ms)

    Grfi co 41: Projeo da distribuio do consumo de internet 2009-2014 (em trilhes de minutos por ms)

    Fonte: Cisco Visual Networking Index 2010.

    3HVTXLVD7KH'LIIXVLRQGroup (TDG), 2010.

    Compartilhamento de Arquivos

    Vdeos da Internet para o PC

    Internet/Dados

    Rede de TV ao vivo

    Vdeo na Internet

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    VoIP

    Vdeo Chamada

    Jogos Online

    Vdeos da Internet para a TV

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  • Pesquisa: Screen Digest. Evolution of Home Entertainment. 2010.

    77. O desenvolvimento e a popularizao das novas mdias geram novas possibilidades para a comer-cializao de audiovisual no linear, sob demanda. A internet e os novos servios de televiso do aos agentes econmicos oportunidade de prover o mercado com produtos baratos e distribudos em larga escala com custo marginal prximo a zero. O acesso amplo, barato e veloz s novas mdias o requisito mais importante para a consecuo dessa possibilidade. Desde 2011, a oferta de vdeo sob demanda tem crescido em ritmo vertiginoso no Brasil. Agentes econmicos diversos organizam servios em diferentes plataformas de comunicao. Empacotadoras de televiso por assinatura, empresas da indstria da informtica, varejistas eletrnicos com operao na internet e no mercado de vdeo domstico, e fabricantes de equipamentos eletrnicos concorrem pela en-trega de contedos audiovisuais ao espectador. A fruio dos contedos tambm assume formas e utiliza equipamentos diversifi cados, desde os tradicionais computadores e TVs at smartphones, tablets e smarTVs.

    78. Parte signifi cativa desse mercado tem migrado para um modelo de loja virtual centralizada, com ambiente controlado e regras comerciais mais rgidas sobre os contedos ofertados. Nessas ope-raes, destacam-se, em especial, os fabricantes internacionais de equipamentos e as possibilida-des trazidas pela conectividade dos novos modelos de televiso digital (smarTVs). Esse movimento de integrao vertical, em particular, traz novas questes para a ao regulatria pelo impacto sobre as relaes de consumo, a organizao das empresas e investimentos, e a distribuio dos contedos audiovisuais.

    79. Ressalte-se que consumo domstico de audiovisual sob demanda, uma das mais populares formas de acesso ao audiovisual no Brasil, hoje suprido especialmente pelo comrcio de vdeo doms-tico. Esse segmento do mercado, com milhares de lojas e videolocadoras espalhadas pelo pas, sofre o impacto das mudanas tecnolgicas e do comrcio de cpias no autorizadas. necess-rio combater o comrcio ilegal e apoiar o parque de videolocadoras na busca de alternativas de adequao s novas tecnologias e organizao do consumo.

    Grfi co 44: Negcios globais em entretenimento domstico (em bilhes de transaes)

    Compra de DVDAluguel de DVDDigital

    Compra de Blu-rayAluguel de Blu-ray

    Neg

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    Aluguel VHSCompra VHSTV sob demanda (Vod)

    Negcios globais em entretenimento domstico 1981-2010

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  • 80. As chamadas mdias mveis representam uma forma de fruio de contedo audiovisual ainda mais pessoal do que a internet em computadores pessoais ou aparelhos de televiso. Nesse ambiente, a velocidade de expanso do trfego de dados ainda maior, conforme se pode ver nas projees do Grfi co 45 e do Grfi co 46. A previso para 2015 aponta o audiovisual como responsvel por mais de dois teros de todo o fl uxo. Em termos globais, a tendncia para a banda larga na internet acompanha o vertiginoso crescimento da telefonia celular. No Brasil, a banda larga mvel o servio de comunicao mais dinmico. Em 2010, ultrapassou os acessos da banda larga fi xa e superou a TV por assinatura.

    Grfi co 45: Projeo do consumo de internet em dispositivos mveis por regies 2010-2015 (em PetaBytes por ms)

    Grfi co 46: Projeo da distribuio do consumo de internet em dispositivos mveis 2010-2015 (em PetaBytes por ms)

    Fonte: Cisco Visual Networking Index 2010.

    Fonte: Cisco Visual Networking Index Mobile, 2011.Obs.: Projeo para VOIP, em HTXLYDOHDGRWRWDO

    Europa Central e do Leste (CEE)

    Oriente Mdio e frica (MEA)

    Amrica Latina (LATAM)

    Japo

    Amrica do Norte (NA)

    Europa Ocidental (WE)

    VLDH3DFtFR$3$&

    VoIP em Mdia Mvel

    Jogos em Mdia Mvel

    M2M em Mdia Mvel

    P2P em Mdia Mvel

    Internet/Dados em Mdia Mvel

    Vdeo em Mdia Mvel

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  • Grfi co 48: Projeo da expanso da banda larga em funo do preo do servio e do PNBL

    81. Universalizar o acesso a esses ambientes um dos desafi os mais importantes das polticas de comunicao do pas. O Plano Nacional de Banda Larga, coordenado pelo Ministrio das Co-municaes, o principal instrumento para este propsito. Trata de prover o pas da infraes-trutura que impulsionar a penetrao ampla de dispositivos mveis e internet com capacidade cada vez maior.

    Grfi co 47: Evoluo da banda larga no Brasil (em milhes de acessos)

    Fontes: ANATEL e site www.teleco.com%DODQoR+XDZHLSURMHo}HVH

    Fontes: IPEA (2009) e CGI (2010). Pesquisa: MiniCom

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  • 82. As aes dirigidas infraestrutura, porm, no esgotam o problema da universalizao do aces-so. Oferta, qualidade, diversidade e preo dos servios exigem competio para uma equao favorvel ao consumidor. A exigncia de desagregao e a garantia de neutralidade das redes de telecomunicaes so exemplos de iniciativas regulatrias que previnem desequilbrios con-correnciais em defesa dos usurios. A destacar tambm que o carter global da internet, avessa s fronteiras polticas, coloca novas exigncias em termos de diversidade e de proteo ao contedo nacional e aos empreendimentos dos agentes econmicos brasileiros.

    83. O acesso amplo banda larga e um ambiente de negcios equilibrado e competitivo so requisitos que organizam oportunidades para a inovao em vrias reas da atividade audiovisual. Na pro-duo, a forma peculiar de fruio, exigida pelos usurios da internet e, especialmente, das mdias mveis, cria um campo virgem para propostas de todos os tipos. Na comercializao, os modelos de negcio, a questo do financiamento do uso gratuito, o modo de organizao de catlogos de obras, as estratgias de divulgao e de fidelizao de usurios so temas sem solues padronizadas. Pos-sibilidades abrem-se especialmente na organizao de programadoras de vdeo por demanda para esses ambientes. Todos esses aspectos devem merecer tratamento do Plano de Metas.

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    O Palhao, de Selton Mello

  • OS DESAFIOS DO PLANO DE DIRETRIZES E METAS

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  • 84. O crescimento do pas, a opo por um desenvolvimento inclusivo e a nova posio do Brasil nas relaes internacionais representam grandes desafi os para a atividade audiovisual. Os agentes econmicos do setor, as instituies e poderes pblicos, os diversos grupos sociais organizados e, especialmente, o conjunto das pessoas que produzem e consomem imagens em movimento tero de defi nir o papel que cabe ao audiovisual, particularmente ao audiovisual brasileiro, na economia e no concerto das relaes sociais. Essa defi nio est longe de ser um jogo com fi nal predeterminado. O cinema disputa seu lugar na arquitetura das cidades. A televiso por assinatura tem de competir por espao no oramento domstico e no tempo livre das pessoas. A TV aberta precisa adequar-se ao novo momento de competio para preservar sua relevncia. O audiovisual brasileiro concorre por espao nessas e nas novas mdias.

    85. Esse desafi o geral do Plano de Diretrizes e Metas pode ser desdobrado em trs pontos que resumem as oportunidades trazidas pela ocasio: (a) a expanso do mercado interno, em que se focaliza a dinmica interna como a base para uma estratgia de desenvolvimento; (b) a universali-zao do acesso aos servios audiovisuais, em que se aposta numa expanso uniforme e descon-centrada, voltada para um mercado de massas; e (c) a transformao do Brasil em forte centro produtor e programador de contedos audiovisuais, para que os agregadores de valor econmico e cultural nas obras sejam os agentes e referncias locais.

    EXPANDIR O MERCADO INTERNO

    86. O mercado audiovisual brasileiro est concentrado no segmento de TV aberta, presente em 95,7% dos domiclios (PNAD 2009). O vdeo domstico, embora tambm mantenha uma amplitude social signifi cativa, tem visto declinar suas operaes regulares pela concorrncia com o comrcio pirata e com as novas maneiras de provimento de vdeo sob demanda. Expandir o mercado interno signifi ca fazer avanar o cinema, a TV de acesso condicionado e o audiovisual no linear, de modo a ampliar a demanda por contedos audiovisuais. A expanso desses trs segmentos tende a ampliar a parti-cipao do espectador no fi nanciamento das diversas atividades do setor.

    Grfi co 49: ndice nacional de habitantes por sala de cinema (em milhares de hab/sala)