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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO Anderson de Castro Vidal Estudo das Práticas Pedagógicas adotadas pelos professores de Ciências Contábeis das Universidades Federais de Minas Gerais Viçosa – MG Junho de 2008

Anderson de Castro Vidal - fucape.br€¦ · Administração da Universidade Federal de Viçosa ... 2.2. Conceitos na Área Educacional e Métodos de Ensino ... importância que as

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS , LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Anderson de Castro Vidal

Estudo das Práticas Pedagógicas adotadas pelos professores de

Ciências Contábeis das Universidades Federais de Minas Gerais

Viçosa – MG

Junho de 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS , LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Anderson de Castro Vidal

Estudo das Práticas Pedagógicas adotadas pelos professores de

Ciências Contábeis das Universidades Federais de Minas Gerais

Monografia apresentada ao Departamento de Administração da Universidade Federal de Viçosa como parte das exigências de conclusão do Curso de Ciências Contábeis, sob a orientação do professor Ms. Robson Zuccolotto.

Viçosa – MG

Junho de 2008

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Anderson de Castro Vidal

Estudo das Práticas Pedagógicas adotadas pelos professores de

Ciências Contábeis das Universidades Federais de Minas Gerais

Monografia apresentada ao Departamento de Administração da Universidade Federal de Viçosa como parte das exigências de conclusão do Curso de Ciências Contábeis, sob a orientação do professor Ms. Robson Zuccolotto.

Aprovado em 13 de junho de 2008

Profª. Dra. Luciana de Oliveira Miranda Gomes Integrante da Banca Examinadora Prof. Dr. Thiago Melo Teixeira da Costa Integrante da Banca Examinadora Prof. Ms. Robson Zuccolotto Orientador

Profª. Dra. Luciana de Oliveira Miranda Gomes

Coordenadora do Estágio Supervisionado

Viçosa – MG

Junho de 2008

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Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que Te conheça,

uma vontade que Te busque, uma sabedoria que Te encontre.

(S. Tomás de Aquino)

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AGRADECIMENTOS A Deus, razão da minha existência, detentor do meu amor e minha devoção. Àqueles que estiveram presentes em todos os momentos de minha vida:

À minha mãe, Maria Aparecida de Castro Vidal, por me ensinar a acreditar que vale a pena sonhar, se esses sonhos nos fizerem melhores e mais felizes, por me mostrar que com disciplina e dedicação podemos concretizar nossos sonhos. Figura essencial em minha vida, a quem dedico todo meu amor e gratidão, pois não mediu esforços para que eu chegasse a essa conquista e se entregou inteiramente em prol da educação dos seus filhos. Essa conquista é mais sua do que minha!

A Getúlio Gualberto Vidal, exemplo de retidão e caráter, que viveu para sua família. E mesmo não estando mais entre nós, me inspira para ser um ser humano melhor. Pessoa a quem tenho o orgulho de chamar de pai.

Ao meu irmão, André de Castro Vidal, companheiro e amigo leal de toda a vida, a quem dispenso enorme carinho e afeto.

A toda a minha família, exemplo de união fraternal.

À minha namorada, Vanessa de Castro Ferreira, pelo carinho, cumplicidade e preocupação para comigo. Pessoa a quem dedico grande carinho e amor. Obrigado por tudo, principalmente por me fazer mais feliz a cada dia.

Ao meu amigo-irmão Edson Koshin Iha, “companheiro de luta”, figura presente nesses anos de UFV. Amigo para todas as horas.

Aos meus amigos, Laércio José Oliveira, Wellington Faias da Silva, Fernando José Primo do Nascimento, José Elias Garajau, Júlio Nascimento de Carvalho, Cristiane das Dores Martins, Cleber Pereira Maciel, Dayana Gonzaga de Freitas Souza, que representam o valor de uma verdadeira amizade.

Aos amigos do Curso de Ciências Contábeis, especialmente da turma de 2004, pelos momentos inesquecíveis que passamos juntos.

Ao meu orientador, professor Robson Zuccolotto, pelos ensinamentos e orientações dedicados a realização desse trabalho.

Aos professores Thiago Melo Teixeira da Costa e Luciana de Oliveira Miranda Gomes por suas contribuições a essa Monografia.

A todos que participaram, direta ou indiretamente, dessa vitória, os meus sinceros agradecimentos.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 1.1. Objetivos ....................................................................................................... 4

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................... .................................................... 5

2.1. O Educador e a Sociedade Atual .................................................................. 5 2.2. Conceitos na Área Educacional e Métodos de Ensino ................................. 7 2.3. O Ensino de Contabilidade no Brasil .......................................................... 11

3. METODOLOGIA .................................... ........................................................... 14

3.1. Coleta de Dados ......................................................................................... 15 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................ .............................................. 17

4.1. Análise dos Dados ...................................................................................... 17 4.2. Análise das Respostas ............................................................................... 18

4.2.1. Questão 1: O modo como ministra aulas, métodos e técnicas utilizados ....................................................................................................................... 18 4.2.2. Questão 2: O desenvolvimento da Aula Modal (mais freqüente) ......... 22 4.2.3. Questão 3: Características Comportamentais versus Conhecimentos Técnicos como Fatores de Sucesso no Exercício da Docência ..................... 24 4.2.4. Questão 4: Características de “Um Bom Aluno” .................................. 27 4.2.5. Questão 5: A avaliação do aprendizado do aluno ................................ 29 4.2.6. Questão 6: Comentários dos professores ............................................ 31

5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 33 BIBLIOGRAFIA ...................................... .............................................................. 35 ANEXOS ............................................................................................................... 38

Anexo 1.............................................................................................................. 39

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Lista de Tabelas Tabela 1 – Os dez maiores cursos do Brasil por número de matrículas e concluintes ............................................................................................................11

Tabela 2 – Recursos citados pelos professores .................................................. 19

Tabela 3 – Técnicas citadas pelos professores ....................................................20

Tabela 4 – Avaliações aplicadas ...........................................................................30

Lista de Quadros Quadro 1 – Tendência de Propostas curriculares...................................................8

Quadro 2 – Quantidade de professores por disciplinas lecionadas ......................17

Lista de Gráficos Gráfico 1 – Fatores de Sucesso no Exercício da Docência ..................................25

Gráfico 2 – Critérios de avaliação por disciplina ministrada ..................................31

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VIDAL, Anderson de Castro. Estudo das Práticas Pedagógicas adotadas pelos professores de Ciências Contábeis das Universidades Federais de Minas Gerais (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Federal de Viçosa: Viçosa/MG, 2008.

RESUMO

Existem poucos estudos que tratam da temática ensino-aprendizagem na

área da educação contábil. Uma pesquisa realizada por Passos e Martins (2006)

em quatro universidades da Grande São Paulo abordou essa temática. No sentido

de corroborar essa pesquisa, o mesmo estudo foi realizado no estado de Minas

Gerais. O objetivo deste estudo foi identificar e analisar quais os métodos,

ferramentas e técnicas de ensino disponíveis que os professores de Ciências

Contábeis conhecem e aplicam nos centros de referência de ensino. Para tal

foram consultados quatorze professores de três Universidades Federais mineiras.

A partir do referencial teórico sobre Educação, Métodos de Ensino, Concepções

de Currículos e o Ensino de Contabilidade no Brasil foram aplicados vinte e oito

questionários entre dezembro de 2007 e abril de 2008. Aula expositiva é a técnica

mais citada, seguida por aplicação de exercícios, seminário também foi muito

mencionado. Coerentemente, quadro negro e datashow são os recursos didáticos

mais utilizados. O conteúdo ministrado segue do geral para o particular, ou seja, é

desenvolvido a partir do método dedutivo. A maior parte dos professores

considera fator de sucesso o equilíbrio entre características comportamentais e

conhecimentos técnicos, o que é um fator positivo, tendo em vista as novas

práticas pedagógicas vigentes. Quanto ao que se espera de um bom aluno foi

muito citado o trinômio participativo/interessado/comprometido. Os tipos de

avaliação mais citados foram prova escrita e trabalho escrito e os pesos são

distribuídos em sua maioria de uma forma linear do começo para o final do curso.

Os poucos estudos sobre esse tema e, dada à importância do mesmo para a

profissão contábil, sugerem novas investigações nesse sentido e em outros

âmbitos do processo ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Educação contábil, métodos de ensino, processo ensino-aprendizagem.

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1. INTRODUÇÃO

A educação é fator determinante para o desenvolvimento de uma nação. É

difícil definir com exatidão seu conceito sem que ele nos remeta a correntes de

pensamento pelas quais temos mais ou menos afinidades intelectuais e

ideológicas.

Segundo Nascimento (2004), a educação é elemento-chave na construção

de uma sociedade fundamentada na informação, no conhecimento e no

aprendizado. É uma estratégia da sociedade para facilitar que cada indivíduo

alcance o seu potencial e para estimular cada qual a colaborar com outros em

ações comuns na busca do bem geral.

Para se chegar a uma educação de qualidade, os professores têm papel

fundamental. Segundo Smole (2002, p.3), atualmente há um consenso entre os

docentes de que os conhecimentos escolares devem contribuir principalmente

para a formação do cidadão, “cabendo a escola formar alunos em conhecimentos,

habilidades, valores, virtudes, formas de pensar e atuar na sociedade através de

uma aprendizagem que seja significativa”, ou seja, deve-se fornecer ao aluno

recursos para subsidiá-lo na sua tarefa e assim “resolver com êxito diferentes tipos

de problemas”. Entretanto, para que isso aconteça, esses recursos devem ser

apresentados em diversas situações e não apenas ocasionalmente.

Assim, o processo de aprendizagem exige que o educador desperte o

interesse do aluno para o conteúdo a ser estudado. Para tanto, ele deve utilizar de

estratégias adequadas para obter êxito. É importante, também, reconhecer que

nem sempre as atividades desenvolvidas em sala de aula podem gerar grande

satisfação, porém “o conhecimento dos determinantes da motivação intrínseca

pode auxiliar os professores a oportunizarem sua ocorrência nas situações

escolares” (GUIMARÃES, 2001, p.39).

Esse processo de aprendizagem envolve todo o sistema escolar, desde a

pré-escola até a formação superior. Nos últimos anos, os brasileiros perceberam a

importância que as grandes organizações dão à mão-de-obra qualificada, gerando

assim, uma grande demanda pelos cursos de graduação.

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Essa procura por profissionais qualificados deve-se pelos efeitos da

propagação das tecnologias da informação, a pressão do mercado e uma

acelerada renovação técnica e científica.

A área contábil se relaciona diretamente com as atividades econômico-

financeiras executadas pelas empresas, portanto a formação do contador é de

fundamental importância para que se cumpra o principal objetivo da Contabilidade

que, segundo Iudícibus (1994, p. 21), é o fornecimento de informações para os

vários usuários de maneira a propiciarem decisões racionais, envolvendo,

inclusive, informações preditivas e de tendências.

Atualmente, o curso de graduação em Ciências Contábeis tem sido a base

para a formação do contador. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), havia no Brasil um total de 510

cursos de Ciências Contábeis no ano 2000, em 2002 esse número passou para

610 cursos, em 2004 para 753 e, em 2006, esse total era de 951 cursos. Verifica-

se que num intervalo de apenas 6 anos, o total de cursos de Ciências Contábeis

aumentou em aproximadamente 86%.

Percebe-se um grande aumento no número de cursos de graduação em

Ciências Contábeis, ao mesmo passo nota-se um novo perfil de estudante, devido

às inovações tecnológicas e demais fatores socioeconômicos da última década.

Entretanto, cada professor tem uma maneira particular de ministrar as

aulas, fruto de suas experiências pessoais e profissionais. Caso haja uma

desatualização dos docentes quanto às ferramentas de ensino que surgem com

os avanços tecnológicos, pode ocorrer um desequilíbrio entre suas técnicas e o

perfil dos educandos, prejudicando o ensino. Sobre o perfil do professor, Feracine

(1990, p. 36) destaca:

Os professores vivem o que realizam. Isso revela que a metodologia, praticada em sala de aula, deixa transparecer toda uma mentalidade, um estilo de vida, um sistema de valores, uma cosmovisão. Em suma, a filosofia de vida do educador.

Nesse sentido, o docente é tido como um dos principais agentes na

evolução da educação, portanto não bastam os centros de ensino terem um

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programa bem definido, um currículo adequado, recursos financeiros abundantes,

se não tiver um corpo docente preparado, dedicado e comprometido com o

ensino.

Assim, a formação do professor de contabilidade deverá articular o que é

próprio da função docente com a realidade do trabalho da contabilidade,

possibilitando que situações de trabalho se convertam simultaneamente em

situações de formação. Tais articulações deverão tornar possível dimensionar a

gestão do conhecimento contábil para abranger as mudanças ocorridas no

mercado e na sociedade.

Todos esses aspectos deverão provocar vários efeitos na relação

professor-aluno. O professor tem que se adequar à realidade de mercado e à

necessidade do aluno. Para atingir essa meta, ele tem à sua disposição diversas

ferramentas para auxiliá-lo desde os tradicionais quadro e giz até recursos

multimídias.

Nesse sentido, algumas universidades merecem atenção especial pelo

desempenho de seus estudantes e pela avaliação feita pelo Ministério da

Educação e Cultura (MEC). No estado de Minas Gerais, três Instituições Públicas

de Nível Superior merecem destaque: Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Universidade Federal de

Viçosa (UFV). Os cursos desses Centros de Ensino receberam conceitos 4 e 5 no

Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), colocando-os assim no

patamar de bom a excelente.

Uma pesquisa realizada por Passos e Martins (2006) em quatro

universidades da Grande São Paulo concluiu que os professores utilizam diversos

tipos, pesos e critérios de avaliação. O interesse mostrado por esses professores

sugere que outras dimensões do processo ensino-aprendizagem devam ser

investigadas com professores e estudantes dos cursos de Ciências Contábeis. No

sentido de corroborar essa pesquisa, surge a necessidade de replicá-la nas

universidades federais do estado de Minas Gerais que obtiveram conceito superior

a 4 no ENADE.

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Diante da situação exposta chega-se ao problema central dessa pesquisa:

Quais os métodos, ferramentas e técnicas de ensino disponíveis que o

professores de Ciências Contábeis conhecem e aplicam nos centros de referência

de ensino de Minas Gerais?

1.1. Objetivos

Busca-se, diante do problema apresentado atingir-se o seguinte objetivo geral:

• Contribuir com os métodos de ensino utilizados pelos docentes de Ciências

Contábeis de três Instituições de Ensino Superior (IES) no estado de Minas

Gerais que levaram essas instituições a obter os melhores resultados do

país no ENADE.

Além disso, tem-se por objetivos específicos:

• Identificar as técnicas de ensino utilizadas pelos professores.

• Identificar os critérios de avaliação utilizados pelos docentes.

• Identificar a idade média dos professores do curso de Ciências Contábeis

nas instituições pesquisadas;

• Identificar o tempo médio de magistério dos professores nas instituições

pesquisadas.

• Analisar os métodos e técnicas utilizados pelos docentes das universidades

pesquisadas;

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O Educador e a Sociedade Atual

O conceito de educador vai além do de professor. Muitos estudiosos do

assunto debatem a respeito dessa diferença, argumentando que os educadores se

apresentam em menor número, enquanto os professores se apresentam em

grande número.

“(...) Educadores, onde estarão? Em que covas se terão escondido? Professores há aos milhares. Mas o professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança. Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem em nichos ecológicos, naquele conjunto precário de situações que as tornam possíveis e - quem sabe? - necessárias. Destruído esse habitat, a vida vai-se encolhendo, murchando, fica triste, mirra, entra para o fundo da terra, até sumir”. (ALVES; 2003, p. 2)

No argumento de Alves (2003), é importante ressaltar, não está presente

uma divisão entre educadores e professores. Um professor pode ser igualmente

um educador. O autor salienta, entretanto, que ser professor está relacionado a

uma prática política de abertura a modos de pensar, a modos de viver, não se

resumindo a uma preocupação monetária ou no cumprimento de uma carga

horária em sala de aula ou a suprir um currículo. Prosseguindo em seus

argumentos, Alves (2003, p. 4) diz:

“(...) os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma face, um nome, uma "história" a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma "entidade" sui generis, portador de um nome, também de uma "história", sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo para acontecer nesse espaço invisível e denso que se estabelece a dois. Mas professores são habitantes de um mundo diferente, onde o "educador" pouco importa, pois o que interessa é um "crédito" cultural que o aluno adquire numa disciplina identificada por uma sigla, sendo que, para fins institucionais, nenhuma diferença faz aquele que a ministra. Por isso professores são entidades "descartáveis”, copinhos de plástico para café descartáveis. De educadores para professores realizamos o mesmo salto que de pessoa para funções. É doloroso, mas é necessário reconhecer que o mundo mudou. As florestas foram abatidas. “Em seu lugar, eucaliptos”.

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Nesse sentido, há de se valorizar os “educadores”, aqueles que agregam

valor à vida de seus educandos, que conseguem abstrair deles o melhor de si. Há

de se valorizar mais ainda, levando em consideração uma sociedade marcada

pela competitividade, em que se exige muito mais dos profissionais.

Nos dias atuais, a informática está presente em quase todos os lares; a

internet não é mais privilégio de uma minoria, ou seja, a informação está mais

acessível. Mesmo aqueles alunos que não têm acesso à rede em suas

residências, têm como navegar pela web em suas universidades. Deter a

informação se tornou um dos principais requisitos para alcançar uma vaga no

mercado, acarretando um aumento na demanda pelo ensino superior.

Essas mudanças trouxeram alguns impactos no ensino superior. Krasilchik

(1998) apud Passos e Martins (2006, p. 67) cita algumas atuais tensões mundiais

geradas em conseqüências dessas mudanças:

1. “Aumento da demanda: as atuais habilidades e competências necessitam de constante reciclagem, pois com o avanço das tecnologias e com as mudanças do mercado o ensino deve manter-se atualizado, as pessoas procuram mais as instituições, elas são ”clientes” procurando por seu “produto”, o conhecimento. 2. Grupos minoritários: assunto polêmico, porém real, devido às diferenças raciais e sociais existe a discussão sobre a reserva de algumas vagas em universidades públicas para pessoas de baixa renda, negros, índios e etc. 3. Mudança da clientela: classes sociais que não buscavam cursos superiores agora procuram. 4. Diminuição de recursos: devido ao aumento da demanda houve um aumento das vagas em instituições públicas, porém sem o mesmo incremento das verbas. 5. Busca de fontes externas de financiamento: procura por financiamento em órgãos internacionais como BID, FMI, EU etc. 6. Competição internacional: busca por alunos de outros países. 7. Remapeamento do conhecimento: reorganização das Universidades. Ex.: O que é um Departamento? Local representante de uma disciplina?”

Diante dessas situações citadas, a demanda pelo ensino superior aumentou

consideravelmente, os brasileiros, especificamente, notaram a importância dada

pelas multinacionais às pessoas com maior grau de instrução.

Esses fatores fizeram a relação professor-aluno mudar consideravelmente.

Conforme muda as necessidades dos alunos, muda também as dos professores.

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Existem diversas ferramentas a disposição dos docentes, mas quais são

utilizadas? Segundo Feracine (1990, p. 36), a metodologia utilizada pelos

professores em sala de aula é o reflexo da sua filosofia de vida. Portanto, se

analisarmos a metodologia de ensino destes, saberemos a razão do seu sucesso

(ou insucesso) como educador.

2.2. Conceitos na Área Educacional e Métodos de Ens ino

A educação é de extrema importância para o desenvolvimento de qualquer

nação. Para Nérici (1997, p. 255), ela capacita o indivíduo a agir conscientemente

diante de novas experiências, tendo como base experiências passadas.

Para Smole (2002, p. 3), atualmente há um consenso entre os educadores

de que os conhecimentos escolares devem contribuir principalmente para a

formação de um cidadão, cabendo aos educadores fornecer ao aluno subsídios

para que ele possa ter uma aprendizagem significativa.

Os docentes têm a sua disposição diferentes métodos e técnicas de ensino

que pretendem melhorar o aprendizado de seus alunos, entretanto, o importante é

saber o melhor momento de utilizar uma técnica. Nesse sentido, Boruchovitch

(2001, p. 110), destaca que “O ensino e a utilização adequada de estratégias de

aprendizagem têm contribuído para ajudar o aluno a aprender a aprender e,

portanto, processar, armazenar e utilizar melhor a informação”.

Diante do que foi exposto, nota-se que cabe uma reflexão sobre qual o

momento adequado para se utilizar determinada técnica de ensino. Entretanto, de

acordo com Krasilchik (1998) apud Passos e Martins (2006, p. 67) existem

currículos que poderão ter outros objetivos.

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Quadro 1 – Tendência de Propostas curriculares Concepção de Currículo

Objetivo

Relação professor -aluno

Metodologia Avaliação

Desenvolvimento Cognitivo

Autonomia Intelectual

Professor estimulador para tornar o conhecimento significativo

Gerar situações problemáticas

Solução de problemas

Racionalismo Acadêmico

Aquisição de conhecimentos de valores comprovados

Aluno-receptor/ Professor-responsável

Apresentação do conhecimento em exposições, textos

Provas periódicas

Relevância Pessoal

Ajustamento do estudante como indivíduo

Aluno deve ter consciência da liberdade professor-facilitador

Aprendizagem individualizante

Auto-avaliação

Reconstrução Social

Construção de uma nova ordem social

Professor e aluno têm responsabilidades comuns

Gerar visão crítica do mundo - enfoque histórico

Ação

Fonte: Krasilchik (1998) apud Passos e Martins 2006.

Analisando o Quadro 1 observam-se as variáveis que existem no processo

de ensino-aprendizagem. Nota-se que uma Instituição de Ensino Superior (IES)

segue determinado currículo, porém isso não significa que ela precise ficar

necessariamente atrelada a ele, muito ao contrário, segundo Werneck (1999, p.

38) deve haver uma flexibilização do conteúdo abordado no sentido de atender às

necessidades dos alunos. O currículo serve apenas de meio norteador do ensino.

As variáveis ligadas ao currículo são: os objetivos, as modalidades didáticas

(métodos e técnicas) e a avaliação.

Ao fazer o planejamento da aula, o docente traça os objetivos a serem

alcançados, que é uma das variáveis do currículo. Outra variável é a avaliação, e

esta deve se adequar à realidade de cada turma. Já as modalidades didáticas ou

métodos e técnicas é a variável que une as demais e é fator determinante para o

sucesso no processo educacional. Segundo Nérici (1997, p. 257-266) têm-se os

seguintes métodos:

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I. Quanto à forma de raciocínio:

• Método Dedutivo: o assunto estudado segue do geral para o particular.

• Método Indutivo: o assunto estudado é apresentado por meio de casos

particulares, sugerindo-se que se descubra o princípio geral que rege os

mesmos.

• Método Analógico: quando os dados particulares apresentados permitirem

comparações que levam a concluir, por semelhança.

II. Quanto à coordenação da matéria:

• Método Lógico: quando os dados ou fatos são apresentados em ordem de

antecedente e conseqüente ou do menos complexo ao mais complexo.

• Método Psicológico: quando a apresentação dos elementos segue mais os

interesses, necessidades e experiências do educando.

III. Quanto à concretização do ensino:

• Método Simbólico ou Verbalístico: quando todos os trabalhos da aula são

executados através da palavra.

• Método Intuitivo: quando a aula é efetuada com auxílio constante de

concretizações, à vista das coisas tratadas ou de seus substitutivos

imediatos.

IV. Quanto à sistematização da matéria:

• Método de Sistematização Rígida: quando o esquema da aula não permite

flexibilidade alguma, através de seus itens logicamente entrosados.

• Método de Sistematização Semi-rígida: quando o esquema da aula permite

certa flexibilidade para melhor adaptação às condições reais da classe.

• Método Ocasional: quando é aproveitada a motivação do momento, bem

como os acontecimentos relevantes do meio.

V. Quanto às atividades dos alunos:

• Método Passivo: quando se dá ênfase à atividade do professor, ficando os

alunos em atitude passiva.

• Método Ativo: quando se tem em mira o desenvolvimento da aula com a

participação do educando.

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VI. Quanto à globalização dos conhecimentos:

• Método de Globalização: quando, através de um centro de interesse, as

aulas se desenvolvem abrangendo um grupo de disciplinas.

• Método Não-Globalizado ou de Especialização: quando disciplinas e partes

das mesmas são tratadas de modo isolado, estanque, sem articulação

entre si.

• Método de Concentração: assume posição intermediária entre o globalizado

e o especializado ou por disciplina.

VII. Quanto à relação do professor com o aluno:

• Método Individual: quando se destina à educação de um só aluno. Um

professor para cada aluno.

• Método recíproco: quando o professor encaminha alunos a ensinar os

colegas.

• Método Coletivo: quando temos um professor para muitos alunos.

VIII. Quanto ao trabalho do aluno:

• Método de Trabalho Individual: quando, procurando atender principalmente

às diferenças individuais, o trabalho escolar é ajustado ao educando.

• Método de Trabalho Coletivo: quando dá ênfase ao ensino em grupo.

• Método Misto de Trabalho: quando planeja, em seu desenvolvimento,

atividades socializadas e individuais.

IX. Quanto à aceitação do que é ensinado:

• Método Dogmático: quando o aluno tem de guardar o que o professor

estiver ensinando, na suposição de que aquilo é a verdade.

• Método Heurístico: consiste em o professor interessar o aluno em

compreender antes de fixar.

X. Quanto à abordagem do tema de estudo:

• Método Analítico: implica a análise, do grego analysis, que significa

decomposição, isto é, separação de um todo em suas partes.

• Método Sintético: implica a síntese, do grego synthesis, que significa

reunião, isto é, união de elementos para formar um todo.

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2.3. O Ensino de Contabilidade no Brasil

O ensino superior de Contabilidade no Brasil surgiu em 1902 na Fundação

Escola de Comércio Álvares Penteado. Entretanto, esse ensino era

eminentemente prático, como revela Machado (1982). À medida que as

organizações se modernizavam, surgiu a necessidade de profissionais com

formação teórica mais consolidada. Nesse sentido surge em 1945, por força do

Decreto-Lei 7.988, o curso de Ciências Contábeis e Atuárias e em 1951, com a lei

nº. 1.401, o curso superior em Ciências Contábeis.

Com o passar dos anos houve uma grande expansão no número de cursos

de Ciências Contábeis, expansão essa que teve início na década de 1950. No

entanto, foi na década de 1990 que ocorreu a criação de vários cursos superiores

em Contabilidade.

Lacerda (2005) ressalta que o curso de graduação em Ciências Contábeis

foi, durante a década de 90, um dos dez maiores do Brasil, de acordo com

informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). A

classificação é feita com base no número de alunos ingressantes, matriculados e

concluintes. Em 2004, o curso já ocupava a sétima posição em número de

matrículas no Brasil, como mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Os dez maiores cursos do Brasil por núme ro de matrículas e concluintes Cursos Matrículas Percentual (%) Concluintes

Administração 620.718 14,9 83.659

Direito 533.317 12,8 67.238

Pedagogia 388.350 9,3 97.052

Engenharia 247.748 5,9 23.831

Letras 194.319 4,7 37.507

Comunicação Social 189.644 4,6 26.816

Ciências Contábeis 162.150 3,9 24.213

Educação Física 136.605 3,3 17.290

Enfermagem 120.851 2,9 13.965

Ciência da Computação 99.362 2,4 13.601

TOTAL DOS DEZ 2.692.794 64,7 405.172

BRASIL 4.163.733 100 626.617

Fonte: INEP

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Como dito, o número de cursos de Ciências Contábeis cresceu

consideravelmente a partir da década de 1950, entretanto, Nossa (1999, p. 9)

destaca que o ensino superior no Brasil expandiu-se na década de 50, muito

embora acredite que essa expansão tenha-se dado de forma quantitativa, não

havendo maiores preocupações relativas à qualidade.

O problema em relação à qualidade de ensino de Contabilidade é algo

antigo e passa por um fator determinante que é o professor. Para Nossa (1999, p.

108), o docente é tido como um dos principais agentes na evolução da educação,

uma vez que se não tiver um corpo docente preparado, dedicado e comprometido

com o ensino, de nada adiantará a Instituição ter um currículo adequado, um

programa bem definido e uma gama de recursos físicos e financeiros.

Segundo Iudícibus e Marion (1986, p. 55):

“precisamos do professor eminentemente teórico, com ampla cultura geral, para certas disciplinas (Teoria da Contabilidade, por exemplo) como também precisamos do profissional de sucesso, talvez part-time, para certas aulas e palestras (como Auditoria, Contabilidade de Custos etc.)”.

Vale salientar, que no processo ensino-aprendizagem o professor é o

sujeito que determina se os alunos vão atingir os objetivos pedagógicos traçados.

De acordo com Silva (2001, p.41), “a formação de cidadãos críticos, responsáveis

e conscientes, só pode ser atingida através de uma concepção pedagógica, que

possibilite ao aluno construir o conhecimento através de sua própria experiência”.

Para tanto, é necessário incentivar os sujeitos envolvidos no processo

ensino-aprendizagem a buscar uma melhor compreensão do meio onde vivem, do

mercado de trabalho e de tudo que envolve sua profissão, visando proporcionar ao

aluno uma formação mais crítica. Para Silva (2001, p.41):

A qualidade necessária aos cursos de Contabilidade impõe mudança de paradigma. Isto significa abandonar o modelo emanado da concepção pedagógica tradicional e tecnicista e adotar uma pedagogia que busque a autonomia e a reciprocidade entre educadores e educandos. A formação de cidadãos críticos, responsáveis e conscientes só pode ser atingida através de uma concepção pedagógica que possibilite ao aluno construir o conhecimento através de sua própria experiência.

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Nesse sentido, torna-se necessária a busca de novos métodos de ensino.

Entretanto, para que isso ocorra, faz-se necessário um grande comprometimento

por parte dos educadores. Para Franco (2007),

“os professores, mais que qualquer outro profissional, devem atualizar-se permanentemente, pois são eles a fonte de aprendizado de futuros profissionais; os professores de Contabilidade, em especial, precisam complementar seu saber teórico com experiência prática e conhecimentos técnicos atualizados”.

Tais afirmações nos revelam que é necessário vivenciar em sala de aula

casos que mostrem a relevância da teoria estudada. Assim, o ensino da

Contabilidade deve caminhar no seguinte sentido: com alunos que cobrem dos

professores metodologias que façam uma inter-relação entre o que é estudado e o

que se vivencia no mercado de trabalho.

Ao docente, cabe incentivar o debate sobre os assuntos apresentados em

sala, refletindo sobre que conhecimentos, competências e habilidades são

indispensáveis aos futuros profissionais da área contábil.

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3. METODOLOGIA

Essa pesquisa necessitou de envolvimento das partes relacionadas com a

mesma, a fim de buscar conhecer os fenômenos que circundam a organização do

trabalho do professor de contabilidade.

Em função dos propósitos do estudo utilizou-se uma abordagem empírico-

analítica com uso de questionários. Segundo Martins (2000, p. 26),

são abordagens que apresentam em comum a utilização de técnicas de coleta, tratamento e análise de dados marcadamente quantitativos. Privilegiam estudos práticos. Suas propostas têm caráter técnico, restaurador e incrementalista. Têm forte preocupação com a relação causal entre as variáveis. A validação da prova científica é buscada através de testes dos instrumentos, graus de significância e sistematização das definições operacionais.

Por trabalhar com um universo extenso de conceitos e significados que os

docentes de contabilidade do ensino superior atribuem ao trabalho pedagógico, o

estudo configura-se como qualitativo (PASSOS e MARTINS, 2006), pois serão

analisados os dados inerentes ao próprio ambiente dos educadores e educandos,

ou seja, o curso de graduação em Ciências Contábeis.

O roteiro utilizado para o questionário, em anexo 1, foi orientado pela

categorização de métodos de ensino propostas por Nérici (1997) e pelo trabalho

de Passos e Martins (2006).

A fase sistemática compreendeu a aplicação de questionários, com intuito

de verificar a dimensão do envolvimento dos docentes com as disciplinas por eles

ministradas. Para Chizzotti (1991, p. 51), a coleta de dados é a etapa da pesquisa

que exige um grande volume de tempo e trabalho para se reunir as informações

indispensáveis à comprovação da hipótese.

Como meio de conhecer um pouco mais, e de forma real, o espaço e os

sujeitos dessa pesquisa, aplicou-se um questionário a todos os professores.

Segundo Chizzotti (1991, p. 55),

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o questionário consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas, sistemática, e seqüencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os informantes saibam opinar ou informar.

O questionário aplicado é constituído por seis questões abertas. Escolheu-

se a forma aberta para as questões para que fosse possível identificar as técnicas

e os métodos sugeridos por Nérici (1997) e Passos e Martins (2006).

Essencialmente, buscou-se com esse tipo de questionário que o professor ao

respondê-lo tivesse uma gama imensa de opções, ou seja, pudesse expressar

quais os métodos por ele utilizados sem ficar atado a opções previamente

elaboradas por um terceiro.

Atualmente, existem quatro Universidades Federais no estado de Minas

Gerais que oferecem o curso de Ciências Contábeis, dentre as quais foram

selecionadas três, sendo elas: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),

Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Universidade Federal de Viçosa

(UFV). Pode-se dizer que seus níveis de ensino se assemelham: os cursos

receberam notas 4 e 5 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

(ENADE). Cabe ressaltar, que a outra Instituição de Ensino Superior (IES) que

oferece a graduação em Ciências Contábeis é a Universidade Federal de São

João Del Rei (UFSJ), entretanto, o curso dessa IES ainda não foi avaliado pelo

ENADE, sendo esta a razão de não estar participando deste estudo.

Com o intuito de explicar e compreender possíveis características

metodológicas de ensino (técnicas, métodos e procedimentos), bem como

características comportamentais e resultados avaliativos, foram levantadas

informações didáticas e comportamentais junto aos docentes.

3.1. Coleta de Dados

A coleta de dados é parte crucial de uma pesquisa. Para Ribeiro (2001, p.

15), ela pode servir para completar um diagnóstico, para identificar ações a serem

realizadas, para direcionar novos estudos, ou simplesmente para aprofundar o

estudo.

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Entre dezembro de 2007 e abril de 2008 foram aplicados vinte e oito

questionários, dos quais a metade foi respondida, totalizando uma amostra de

quatorze professores de graduação em Ciências Contábeis. A composição dos

participantes é a seguinte: dois professores da UFMG, quatro professores da UFU

e oito da UFV.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Análise dos Dados

Nessa pesquisa buscou-se levantar alguns dados junto aos docentes, os

quais serão expostos a seguir.

A faixa etária dos professores indagados está entre 27 e 64 anos, com

média de 45 anos e com um desvio padrão de 13,82 anos. O menor tempo de

magistério é de 3 anos e o maior é de 30 anos, sendo a média 14 anos com um

desvio padrão de 8,06 anos. Observa-se uma significativa dispersão de idades e

de tempo de magistério que, segundo Passos e Martins (2006) devem-se,

provavelmente, à recente expansão da rede de ensino superior.

Quadro 2 – Quantidade de professores por disciplina s lecionadas

Disciplinas Nº de

Professores Administração Financeira I 2 Administração Financeira II 1 Administração Municipal 1 Análise das Demonstrações Contábeis 1 Análise das Demonstrações Financeiras 2 Análise de Custos I 3 Análise de Custos II 1 Auditoria Governamental 1 Contabilidade Comercial 1 Contabilidade de Custos 1 Contabilidade Geral 1 Contabilidade Gerencial 1 Contabilidade Introdutória 1 Contabilidade Pública 1 Contabilidade Rural 2 Contabilidade Societária II 1 Econometria 1 Elaboração e Avaliação de Projetos 1 Finanças Corporativas 1 Finanças Públicas 1 Laboratório Contábil III 1 Matemática Financeira 2 Mercado de Capitais 1 Orçamento e Contabilidade de Instituições Públicas I 1 Orçamento e Contabilidade de Instituições Públicas II 1 Orçamento Empresarial 1

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Planejamento Tributário 1 Políticas Públicas 1 Teoria da Contabilidade 1 Tópicos Contemporâneos de Contabilidade 1

Fonte: Dados da Pesquisa

A amostra totalizou trinta disciplinas distintas, sendo dezessete de

contabilidade e treze de áreas afins. Passos e Martins (2006, p. 71) ressaltam que

é importante essa distinção na análise dos métodos de ensino, pois, de acordo

com determinado conteúdo, uma técnica torna-se mais aplicável do que outra. Por

exemplo: um professor acha mais praticável um seminário em Teoria da

Contabilidade do que em Contabilidade Introdutória.

4.2. Análise das Respostas

Coletados os dados foi feita a análise dos mesmos, onde considerou-se as

palavras e os seus significados, o contexto em que foram colocadas as idéias, a

consistência interna, a freqüência e a extensão dos comentários, a especificidade

das respostas, e a importância de identificar as grandes idéias (OLIVEIRA e

FREITAS, 1998, p. 87).

Como nesta pesquisa adotou-se um questionário com questões abertas

como forma de coleta de dados, o horizonte de respostas é extenso, portanto,

serão expostas algumas reflexões sobre cada pergunta para a melhor

compreensão dos resultados.

4.2.1. Questão 1: O modo como ministra aulas, métod os e técnicas utilizados

Essa pergunta foi feita no intuito de verificar os métodos e técnicas

utilizados pelos professores. Para Marion, Garcia e Cordeiro (2008, p.2) método

pode ser visto como processo ou técnica de ensino. Ele facilita a chegada ao

conhecimento ou à demonstração de uma verdade.

Um ponto relevante na escolha do método ou técnica utilizada pelo docente

é a disciplina que ele ministra. Os recursos mais citados foram: Quadro-negro e

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datashow. Dos recursos citados o percentual dos professores que os citaram pode

ser verificado na tabela 2.

Tabela 2 – Recursos citados pelos professores

Recursos Professores que citaram Quadro Negro 60,00% Datashow 50,00% Retroprojetor 30,00% Recursos Multimídia (Softwares específicos) 20,00% Webpage 20,00% Laboratório de Informática 20,00% E-mail 10,00%

Fonte: Dados da Pesquisa

Para Marion, Garcia e Cordeiro (2008, p.1) o método utilizado pelo

professor no processo de ensino-aprendizagem é de fundamental importância ao

sucesso do aluno. A metodologia de ensino está ligada aos recursos que por sua

vez estão ligados ao que o docente entende como importante no seu modo de

ministrar as aulas (PASSOS e MARTINS, 2006, p. 72).

Os professores que citaram e-mail e webpage ministram as seguintes

disciplinas: Contabilidade Societária II, Tópicos Contemporâneos de

Contabilidade, Econometria, Análise das Demonstrações Financeiras, Finanças

Corporativas. Normalmente, são aulas expositivas seguidas de exercícios. Eles

consideram esses recursos uma maneira eficiente de otimizar o tempo das aulas,

pois deixam os exercícios disponíveis previamente.

As técnicas mais citadas foram: Aula expositiva e Exercícios em sala e

extra-classe.

Das técnicas citadas, o percentual dos professores que as utilizam pode ser

verificado na tabela 3.

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Tabela 3 – Técnicas citadas pelos professores

Técnicas Professores que as

citaram Aula expositiva 100,00% Exercícios em sala e extra-classe 71,43% Seminários 21,43% Estudos de casos 21,43% Leitura de Artigos/Revistas 21,43% Trabalhos em Grupo 21,43% Pesquisas na web 7,14% Grupos de Discussão 7,14% Estudos dirigidos 7,14% Atividades de Campo 7,14% Fonte: Dados da Pesquisa

Alguns métodos utilizados merecem atenção. Dentre os métodos citados o

Seminário merece uma observação. Para Nérici (1981, p. 263), o seminário é um

procedimento didático que consiste em levar o educando a pesquisar a respeito de

um tema a fim de apresentá-lo e discuti-lo cientificamente.

O interessante neste método é que o mais importante não é a apresentação

em si, mas a repercussão desta, o debate que ela provoca. Marion, Garcia e

Cordeiro (2008, p.2) salientam que muitas vezes o aluno não gosta deste método.

Ele tem a impressão que trabalha muito e o professor pouco. Por isso é

necessário que o professor mostre as vantagens deste método para o aluno, que

terá que exercitá-lo por muitas vezes na sua vida profissional.

Constatou-se que grande parte dos docentes que se utilizam desta técnica

não ministra disciplinas extremamente técnicas.

O Seminário, dadas as suas peculiaridades, merece destaque, entretanto,

inegavelmente, o método que merece maior atenção é o de aulas expositivas. Dos

professores investigados 100% disseram utilizar essa técnica. Essa técnica é, sem

dúvida alguma, a mais utilizada no ensino da contabilidade. Essa metodologia de

aula, segundo Gil (1990, p. 71) é adequada para:

• transmitir conhecimentos; • apresentar um assunto de forma organizada; • introduzir os alunos em determinado assunto; • despertar a atenção em relação ao assunto; • transmitir experiências e observações pessoais não disponíveis

sob outras formas de comunicação e ;

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• sintetizar ou concluir uma unidade de ensino ou um curso.

Essa metodologia é, sem dúvida, uma forma simples e econômica de

transmissão de conhecimentos. Entretanto, para Marion, Garcia e Cordeiro (2008,

p.2) a principal desvantagem neste processo é que em vez do aluno ser o agente

ativo do processo ensino-aprendizagem, o professor passa a sê-lo. A grande

maioria dos docentes se utiliza da técnica tradicional: Aula expositiva seguida de

exercícios de fixação. Segue algumas respostas que ilustram essa tendência:

Respondente 1:

Aula expositiva e resolução de exercícios

Respondente 2:

“Aulas expositivas (quadro-giz e retroprojetor); exercícios em classe e extra-classe (em duplas) e trabalhos em grupo. No Laboratório Contábil, trabalho com simulação empresarial, ou jogo de empresas. (aula prática)”

Respondente 3:

“Aulas eminentemente expositivas com uso de recursos multimídia tais como arquivos de power point e softwares estatísticos e de análise tais como o E-Views, Excel, Divext da CVM”.

Respondente 4:

“(...) Aulas expositivas intercaladas com apresentações de trabalhos em grupo feitos pelos alunos”.

Respondente 6:

“Utilizo aulas expositivas com auxílio de quadro e giz e folhas de exercícios para resolver junto com os alunos”.

Respondente 8:

“aula expositiva; resolução de exercícios; estudos de casos; seminários; trabalhos de pesquisa”.

Respondente 11:

“Todas as aulas são expositivas com uso frequente do quadro negro e exercícios práticos”.

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Respondente 12:

“Aula expositiva e seminários”

Respondente 14:

“Aulas expositivas. Apoio de transparências e data show. Aulas de exercícios (...)”

4.2.2. Questão 2: O desenvolvimento da Aula Modal ( mais freqüente)

Essa questão é uma continuação da primeira e seu objetivo é verificar qual

o ritmo de aula mais freqüente durante o curso. Como visto anteriormente, as

aulas na graduação em Ciências Contábeis são eminentemente expositivas. A

aula expositiva, segundo Nérici (1981, p.69),

consiste na apresentação oral de um tema logicamente estruturado. O recurso principal da exposição é a linguagem oral, que deve merecer o máximo cuidado por parte do expositor.

Entretanto, o destaque dado aos objetivos da aula expositiva pode variar.

Para Godoy (2000, p. 76), esse destaque depende do estilo de ensino do

professor e dos assuntos a serem trabalhados.

A partir das respostas pode-se também analisar o método quanto à forma

de raciocínio e a coordenação da matéria (Nérici, 1997).

Os docentes investigados, em sua totalidade utilizam o método dedutivo, ou

seja, seguem do geral para o particular.

O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999, p. 30)

Segundo Michel (2005, p. 58), o estudo dedutivo parte de uma verdade

estabelecida (geral) para provar a validade de um fato particular. Caminha-se da

causa para o efeito, ou seja, parte de princípios considerados verdadeiros e

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também indiscutíveis, podendo chegar a conclusões de maneira formal de acordo

com a sua lógica.

As respostas dos professores deixam evidente a utilização deste método

quanto forma de raciocínio:

Respondente 5:

“Aula expositiva, apoiada em retroprojetor, data-show, artigos de jornais/revistas. Sempre que possível, historio com algum exemplo prático.”

Respondente 7:

“As aulas são, em sua maioria, expositivas, utilizando-se de recursos visuais (multimídia) e quadro. É estimulada a participação dos alunos para que os mesmos coloquem seus questionamentos, seja enquanto for desenvolvido exemplos, listas de exercícios e correção das listas. Os alunos utilizam de livros, artigos indicados pelo professor, no plano de ensino, para o desenvolvimento dos conteúdos no decorrer do semestre. Os exercícios, gabaritos dos exercícios e materiais de aula são disponibilizados para xerox e em sistema on line de dados, no portal da disciplina do professor”.

Respondente 9:

“Aula expositiva, estimulando a reflexão crítica. Exercícios em sala de aula e listas para serem realizadas em casa.”

Respondente 10:

“Tento despertar o interesse do aluno indicando o objetivo da aula, suas aplicações e provocando a participação. Trabalho com aulas expositivas dialogadas e discussões.”

Respondente 13:

“As principais técnicas utilizadas nas aulas são: aula expositiva com atividades individuais e/ou em grupo após a exposição. Utiliza-se também, estudos de casos, estudos dirigidos, seminários e pesquisas de campo (atividades de campo são trabalhos desenvolvidos pelos alunos em empresas reais)”.

Com relação aos métodos quanto à coordenação da matéria verificou-se

que todos utilizam o método lógico, já que o método dedutivo em si é lógico, pois

pressupõe que existam verdades gerais que servem de base para se chegar a

novos conhecimentos. Vergara (1997, p.25) define método como uma forma lógica

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de pensar. Nesse sentido, faz necessário o uso do método lógico já que no ensino

superior é necessário que determinado conteúdo seja abordado.

4.2.3. Questão 3: Características Comportamentais v ersus Conhecimentos

Técnicos como Fatores de Sucesso no Exercício da Do cência

O objetivo dessa questão foi verificar quais eram as concepções do

professor quanto à atividade da docência.

Passos e Martins (2006, p. 73) ressaltam que o profundo conhecimento

técnico sobre determinada disciplina não constitui fator único para o sucesso no

exercício da docência. Deve existir uma preocupação, por parte do educador, com

todas as variáveis em jogo dentro do processo do ensino-aprendizagem.

Um aspecto importante que pode vir a estabelecer a relação professor-aluno é a história de vida de cada indivíduo envolvido nesta relação, pois cada um possui um repertório comportamental único, que adquire de forma particular nas diferentes interações com o ambiente (FRANÇA, 1997, p.116).

Nesse sentido, não basta o professor possuir o conhecimento de

determinada disciplina, se ele não levar em consideração o conhecimento de

mundo e o que é particular de cada aluno. Para Cunha (apud Veiga, 1988, p. 147)

A relação professor-aluno passa pelo trato do conteúdo do ensino. A forma com que o professor se relaciona com a sua própria área de conhecimento é fundamental, assim como sua produção de ciência e produção do conhecimento. E isto interfere na relação professor-aluno, é parte desta relação.

Assim, o docente deve, a cada nova disciplina que ministra, para cada nova

turma que leciona, vislumbrar novas maneiras de transmitir os conhecimentos,

pois como visto, cada aluno trás consigo uma bagagem distinta dos demais,

exigindo do professor uma percepção de qual seria a melhor forma de lecionar

determinado conteúdo.

Atualmente, muito se debate sobre os perfis dos docentes, como salientam

Passos e Martins (2006, p. 74):

Existe forte discussão sobre os novos perfis do professor: o facilitador, no sentido de orientação ao aluno para o “Learn to Learn”; o professor

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reflexivo, no sentido de que o modo de ministrar as aulas está ligado à compreensão do docente sobre os valores educacionais; o perceptivo, que se preocupa em conhecer o aluno e aprofundar questionamentos sobre o conteúdo exposto, procurando um desenvolvimento cognitivo do aluno.

Para verificar possíveis tendências dos docentes para se enquadrarem

nesses novos perfis foi feita essa pergunta. Apesar de ser uma questão aberta,

basicamente havia três opções de resposta: Os que acham que as características

comportamentais são mais importantes para o sucesso no exercício da docência,

os que consideram os conhecimentos técnicos mais importantes e os que

defendem a harmonia entre ambos.

Analisando as respostas chega-se a seguinte situação ilustrada pelo gráfico

1.

Gráfico 1 – Fatores de Sucesso no Exercício da Docê ncia

29%

21%

50%

CaracterísticasComportamentais

ConhecimentosTécnicos

Harmonia entre ambos

Fonte: Dados da Pesquisa

Nota-se no gráfico acima, que a maior parte dos professores considera fator

de sucesso o equilíbrio entre características comportamentais e conhecimentos

técnicos. Essa constatação é muito positiva e mostra a tendência dos docentes

em se enquadrarem nos novos perfis pedagógicos.

Seguem algumas respostas que ilustram essa tendência:

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Respondente 1:

“Os dois itens devem ser ponderados e tem igual importância para a docência”.

Respondente 7:

“A acessibilidade que professor dá aos seus alunos (evitar impressão de arrogância, por exemplo); a pontualidade em iniciar as aulas, bem como o aproveitamento adequado do tempo das mesmas; a exigência e manutenção de disciplina em sala de aula e cumprir datas marcadas para entrega de trabalhos; agir com imparcialidade e ser justo com os alunos quando detecta um problema (exemplo plágio ou cola) são características comportamentais que, na minha opinião, são importantes para o sucesso da carreira do professor. Por outro lado, estas características comportamentais são ressaltadas e complementadas pelas características técnicas: quando o professor apresenta domínio do assunto, traz exemplos de experiência ou conhecimento prático para a sala de aula, uso adequado de recursos pedagógicos, boa didática, indica e busca materiais interessantes para a aula, aplica avaliações que não fujam daquilo que foi exposto em sala de aula”.

Respondente 10:

“São complementares. É necessário o aprofundamento nos dois para que a prática da aula se torne mais proveitosa”.

Alguns, entretanto, consideram as características comportamentais mais

importantes. Seguem alguns exemplos:

Respondente 2:

“Atualmente as características comportamentais do professor parecem influenciar mais do que o próprio conhecimento técnico”.

Respondente 6:

“Conhecimentos técnicos são necessários; porém, o mais importante é como transmitir tais conhecimentos”.

Respondente 8:

“As características comportamentais (mais importante): Carisma, didática, oratória, humor, etc. Os conhecimentos técnicos (menos importante, ao menos no ensino de graduação): Contabilidade Geral, Finanças e Visão Política/Econômica brasileira/mundial”.

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Há, também, aqueles que vêem nos conhecimentos técnicos os fatores de

sucesso no exercício da docência:

Respondente 9:

“Sempre associei bom desempenho a treinamento e preparação”.

Respondente 12:

“O sucesso depende diretamente do conhecimento técnico”.

4.2.4. Questão 4: Características de “Um Bom Aluno”

Nessa questão buscou-se verificar a concepção do docente sobre qual

deveria ser o papel do aluno na relação ensino-aprendizagem. Marques (2000)

ressalta que:

Para muitas escolas, o bom aluno ainda é aquele que "tira dez em tudo" (...) é o que enquadra-se no perfil de uma inteligência monotônica elegida pela escola, que "recebe" e aceita o "saber" repassado pelo mestre infalível; mas ensinar, mesmo, é tornar esse aluno autônomo, capaz de articular diferentes conteúdos, de desenvolver uma visão sistêmica do conhecimento, de avaliar situações-problema, de formular hipóteses, de buscar soluções criativas, de alçar vôo além das informações "transmitidas", de ultrapassar seu próprio mestre. Ensinar, mesmo, é conseguir que o aluno aprenda a perguntar por que quer saber, e não porque pode "cair na prova".

Existem vários debates sobre qual seria o perfil ideal de um “bom aluno”,

entretanto, não há um consenso de como seria esse aluno. Para muitos

estudiosos as características que os professores esperam de um bom aluno são

contraditórias, como observa Charlot (2008)

O professor espera encontrar em sala de aula um clone ideal dele mesmo, ou seja, uma pessoa que ele gostaria de ser: crítico, reflexivo, leitor e dedicado. Mas o professor também deseja alunos obedientes. E essa contradição é insolúvel. Como ser, ao mesmo tempo, obediente, crítico e inquieto com a realidade? Na verdade, os critérios estão quase sempre baseados no comportamento: muitos acreditam que o bom aluno é aquele que não atrapalha o andamento da aula, chega na hora certa, levanta a mão para fazer perguntas inteligentes e conta com o interesse dos pais pelos estudos.

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Nas respostas dadas, constatou-se uma tendência dos docentes em

considerar um “bom aluno” aquele que participa, se esforça, a aquele que “tem

facilidade em aprender”. Claro que o fato de assimilar melhor o conteúdo é um

fator positivo, entretanto, a maioria dos professores investigados prefere o aluno

“interessado” ao aluno “inteligente/pouco interessado”. Em suas respostas, foi

muito citado o trinômio participativo/interessado/comprometido.

Outros termos foram citados: Aquele que tem dedicação exclusiva,

disposição para estudar, conhecimento de Língua Inglesa, motivado, tem vontade

de fazer, persistente, que possua identificação com a disciplina e com o curso,

realiza leitura prévia, tenha independência, tenha iniciativa, possua dinamismo,

tenha espírito de liderança, possua boa oratória, saiba trabalhar em equipe, tenha

senso de contribuição, possua conhecimento sócio-econômico (Visão do todo),

seja atualizado, assíduo, auto-crítico, educado, ético.

Nota-se, que existe uma tendência de buscar o desenvolvimento cognitivo

do aluno, construindo assim, um profissional com senso crítico capaz de enfrentar

as mais variadas situações que o exercício da profissão lhe exigirá.

Segue abaixo, algumas respostas dadas a essa questão:

Respondente 2:

“Características comportamentais esperadas de um bom aluno é o interesse. Se o aluno tiver interesse pelo assunto ministrado, com boa chance ele será um bom aluno”.

Respondente 5:

“Envolvimento (vontade de fazer) com o curso, participação nas aulas e nas atividades complementares (exercícios, leituras, etc.)”.

Respondente 7:

“(...) Comportamentalmente, são características boas quando o aluno não espera que os outros façam por ele; seja participante nas aulas, desenvolva as atividades propostas em tempo oportuno, tenha uma postura crítica e pró-ativa”.

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Respondente 10:

“(...) o fundamental é uma abertura para aprender, uma disponibilidade para se estar no local e no momento por inteiro. Acredito também que a dedicação à leitura e poder de síntese contribuem bastante”.

Respondente 14:

“O aluno que demonstra interesse, que busca se manter informado, que apresenta-se em sala de aula com espírito de colaboração. Que questiona e reflete, sem ser desrespeitoso. Que participa ativamente das atividades. O interesse do aluno constitui fator motivacional para o professor.”

4.2.5. Questão 5: A avaliação do aprendizado do alu no

O objetivo dessa questão foi verificar qual o critério regimental de avaliação

da Instituição, como o docente o administra e quais os tipos de avaliações e seus

respectivos pesos.

A avaliação é um ponto-chave no processo ensino-aprendizagem. Para

Krasilchik (apud Passos e Martins, 2006, p. 76) é uma variável importante que

está ligada ao planejamento do curso. Definindo determinado conteúdo, a maneira

como ele será transmitido e os objetivos educacionais, o docente consegue

identificar o tipo de prova que melhor se adapta a cada situação.

A importância da avaliação vai muito além do simples fato de verificar se o

aluno assimilou o conteúdo, ela é um aprendizado contínuo e recíproco, como

observa Freire (1976, p. 42) “a avaliação não é o ato pelo qual A avalia B mas o

processo pelo qual A e B avaliam juntos uma prática, seu desenvolvimento, os

obstáculos encontrados ou os erros e equívocos porventura cometidos”.

Os tipos de avaliação mais citados foram prova escrita e trabalho escrito,

com maior destaque para o primeiro que foi citado por 100% dos professores

como ilustra a tabela 4.

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Tabela 4 – Avaliações aplicadas

Tipos de avaliação Professores que as

citaram Prova escrita 100,00% Trabalho escrito 61,54% Exercícios complementares 38,46% Seminários 23,08% Estudos de Casos 7,69% Testes 7,69% Participação 7,69% Relatórios 7,69% Trabalhos Práticos 7,69%

Fonte: Dados da Pesquisa

Na questão, os professores foram indagados sobre quais os pesos

utilizados nas suas avaliações. Constatou-se que os pesos são distribuídos em

sua maioria de uma forma linear do começo para o final do curso, ou seja, os

pesos dados as avaliações são o mesmos.

A avaliação em si é subjetiva, pois nela o professor acaba refletindo o seu

próprio ponto de vista sobre determinado assunto. Entretanto, se o professor

souber como administrá-la, ela se torna uma ferramenta importante no processo

de transmissão de conhecimento.

Nesse sentido, avaliar o aluno não significa apenas um julgamento sobre a

aprendizagem dele, mas serve, também, para revelar o que o aluno já sabe, o que

o aluno não sabe, o que pode vir a saber, suas possibilidades de progresso no

curso e suas necessidades para superação na busca do saber. Para Hoffmann,

(1994, p. 58) “Avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o

educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses,

encaminhando-se a um saber enriquecido.”

Krasilchik (1998) apud Passos e Martins (2006, p. 76), destaca que no

planejamento curricular, a variável avaliação está ligada a outras três: objetivos,

métodos&recursos e conteúdo. Logo, para os docentes da amostra que ministram

mais de uma disciplina, a última variável (conteúdo) é diferente entre um curso e

outro. Portanto, o ideal é flexibilizar seus critérios, tipos e pesos de avaliação, de

acordo com cada curso.

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Analisando as respostas dos professores, percebe-se que doze ministram

mais de uma disciplina e que desse total apenas 17 % adotam critérios diferentes

levando em consideração as características de cada disciplina. Os outros 83%

utilizam o mesmo critério de avaliação, tipos de prova e pesos para todas as

disciplinas que lecionam. Podemos observar essa tendência no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Critérios de avaliação por disciplina m inistrada

17%

83%

adota critérios diferentes

adota os mesmoscritérios

Fonte: Dados da Pesquisa

4.2.6. Questão 6: Comentários dos professores

Essa questão ficou aberta para os professores deixarem seus comentários

sobre o que eles consideram importantes no processo ensino-aprendizagem.

Seguem alguns deles:

Respondente 5:

“Tenho notado que os alunos realmente interessados no curso não ultrapassa os 50%. A maioria quer se descontrair do dia de trabalho que teve. Acho que nós professores devemos estar sempre atentos na busca de metodologias que procurem motivar os nossos alunos”.

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Respondente 8:

“Os cursos de Ciências Contábeis em geral ainda preparam o aluno para ser um mero figurante no processo administrativo. Precisamos capacitar nossos alunos para liderar, e assim, são necessários conteúdos para “abrir a visão” do estudante: economia, métodos quantitativos, formação de RH, como falar em público etc”.

Respondente 9:

“Acredito que o desempenho dos alunos está muito associado ao vestibular “concorrido” e ao corpo de professores extremamente competente”.

Respondente 11:

“Apesar de o professor ser o elemento mediador do conhecimento, o estilo e característica do aluno é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. O debate é fundamental, ambos devem estar preparados para a sustentação do conhecimento”.

Respondente 14:

“Acredito que a atividade docente transcende a sala de aula. O docente deve se empenhar para transmitir segurança aos estudantes, motivá-los e apoiá-los. Claro que esta é uma via de mão dupla, o trabalho só se completa se os estudantes forem receptivos e demonstrarem interesse”.

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5. CONCLUSÕES .

O primeiro curso de Contabilidade no Brasil surgiu em 1902 e o primeiro

curso de bacharelado em Ciências Contábeis foi criado em 1945, por força do

Decreto-Lei 7.988. Decorrido pouco mais de meio século da criação do primeiro

curso de bacharelado, a ciência contábil conseguiu grandes avanços.

No novo cenário mundial, na chamada “Era da informação” em que a busca

por conhecimento e novas tecnologias são fundamentais, é exigido do profissional

da área contábil uma postura mais atuante nos âmbitos econômico-financeiros,

substituindo, assim, a antiga figura de simples escriturário, o chamado “guarda-

livros”.

Nesse contexto, é exigida uma formação mais adequada para esses

profissionais e para tal necessita-se de universidades e, principalmente,

professores bem preparados para transmitir de forma adequada a educação

contábil aos ingressos no ensino superior.

A educação é um fator determinante para conquista de oportunidades e

investir no capital intelectual implica em aumentar a competitividade. O docente, e

conseqüentemente o discente, deve procurar ter conhecimentos gerais para obter

sucesso na profissão.

Assim, deve o professor observar as características dos alunos para adotar

sua prática pedagógica ideal. E essa prática está relacionada com os valores

pessoais do docente e as metodologias de ensino por ele utilizadas.

Partindo desse pressuposto e tendo como base o estudo realizado por

Passos e Martins (2006) buscou-se analisar as técnicas e métodos de ensino

utilizados nas principais universidades de Minas Gerais. A partir do levantamento

de informações junto a quatorze professores constatou-se que a aula expositiva,

seguida de exercícios, é a técnica mais utilizada pelos docentes. E,

coerentemente, o quadro-negro e o datashow são os recursos mais utilizados.

Observou-se, também, que o método dedutivo - partir do geral para o

específico - é o único utilizado entre os professores investigados, o que é natural

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dada a complexidade da educação contábil, que exige uma explanação geral para

posteriormente abordar temas mais específicos.

Um resultado extremamente positivo foi a constatação de que a maior parte

dos educadores considera o equilíbrio entre características comportamentais e

conhecimentos técnicos como fator primordial para o sucesso no exercício da

docência. Esse resultado é animador, pois, esse equilíbrio gera um clima

harmonioso na relação educador-educando e, consequentemente uma

transmissão de conhecimento mais rica.

O trinômio participativo/interessado/comprometido sintetiza o que a maioria

dos professores consultados considera um “bom aluno”.

Outro aspecto observado foi que os professores utilizam diversos tipos de

avaliações e que estas, em sua maioria, têm o mesmo peso do início ao fim do

curso. Notou-se, também, que apenas uma pequena minoria dos docentes que

ministram mais de uma disciplina, adota critérios distintos para cada uma delas.

Como visto, o ideal é que a avaliação esteja em consonância com as outras

variáveis do curso, portanto é um ponto a ser revisto pelos educadores.

Existem poucos estudos sobre a temática ensino-aprendizagem,

destacando que os resultados dessa pesquisa limitam-se a amostra de quatorze

professores investigados, e dada à relevância deste tema para a profissão

contábil, sugere-se novas investigações nesse sentido e em outros âmbitos desse

processo como, por exemplo: investigar se existe correlação entre as técnicas de

ensino e os resultados do ENADE, como também se existe correlação entre

critérios de avaliação utilizados e desempenho acadêmico.

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ANEXOS

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Anexo 1

QUESTIONÁRIO

Nome:.............................................Idade:............Tempo de magistério:...............

Disciplinas que leciona:..........................;...........................;.........................;

1. Fale-me sobre o modo que você ministra aulas, seus métodos, técnicas (aula

expositiva...), seu tipo de aula.

2. Como se desenvolve sua aula modal (mais freqüente)?

3. Por favor, contraste: características comportamentais versus conhecimentos

técnicos como fatores de sucesso no exercício da docência.

4. Quais as características técnicas e comportamentais esperadas de um “bom

aluno”?

5. Qual é o critério regimental de avaliação? Como você o administra? Quais os

tipos de avaliação e seus respectivos pesos?

6. Você gostaria de acrescentar algum outro comentário?