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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA DOUTORADO EM SAÚDE PÚBLICA NOVOS PRODUTOS NO MERCADO FARMACÊUTICO: IMPLICAÇÕES PARA O SISTEMA DE SAÚDE André Luís de Almeida dos Reis Orientadores: Jorge Antonio Zepeda Bermudez Lia Hasenclever Rio de Janeiro 2004

André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA

DOUTORADO EM SAÚDE PÚBLICA

NOVOS PRODUTOS NO MERCADO FARMACÊUTICO:

IMPLICAÇÕES PARA O SISTEMA DE SAÚDE

André Luís de Almeida dos Reis

Orientadores: Jorge Antonio Zepeda Bermudez Lia Hasenclever

Rio de Janeiro 2004

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1. Introdução ....................................................................................... 11.1. Inovação na indústria farmacêutica .................................................................. 4

1.1.1.Indústria farmacêutica e avaliação econômica................................ ...............

5

1.1.2. Apropriação das inovações e patentes na indústria farmacêutica .............. 10

1.2. Difusão e preços de produtos no mercado farmacêutico............................... 13

1.2.1. Padrões de inovação na indústria farmacêutica e preços de

medicamentos................................................................................................ ........ 15

1.2.2. Diferenciação de Produtos, Difusão de Novos Medicamentos e

Marketing Farmacêutico ......................................................................................... 19

1.2.3. Competição no mercado e medicamentos genéricos ................................. 21

1.2.4. Preços e demanda no mercado farmacêutico................................ ............. 25

1.3. Acesso a medicamentos nos países em desenvolvimento, preços e

patentes de produtos farmacêuticos................................................................ ...... 26

1.3.1. Acordo TRIPS: mudanças esperadas com a adoção de patentes .............. 28

1.4. Regulação de Mercado ................................................................ ................... 32

1.4.1.Avaliação econômica e regulação de mercado................................ ............ 35

1.5. Mercado Farmacêutico Brasileiro e Regulação................................ .............. 40

2. Objetivos ....................................................................................... 452.1.Objetivo Geral .................................................................................................. 45

2.2.Objetivos Específicos ....................................................................................... 45

3. Pressupostos Teóricos (Hipóteses) ................................ ........... 464. Metodologia ................................................................ .................. 474.1. Identificação dos novos medicamentos no mercado brasileiro ...................... 47

4.2. Levantamento do mercado farmacêutico brasileiro................................ ........ 49

4.3. Categorização dos produtos segundo grau de inovação ............................... 50

4.4. Segmentação do mercado ................................................................ .............. 54

5. Resultados e Discussão .............................................................. 665.3.1. Seleção dos produtos e mercados analisados................................. ........... 99

5.3.2. Caracterização dos mercados relevantes analisados............................... 108

5.3.2.1. Difusão dos novos medicamentos. ................................ .............. 118

5.3.2.2. Preços dos novos medicamentos. ................................ ............... 122

5.4. Mercados relevantes e regulação do mercado farmacêutico....................... 125

6. Conclusão ................................................................................... 130

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1. INTRODUÇÃO

As razões para o aumento dos gastos farmacêuticos nos diversos sistemas

de saúde estão basicamente relacionadas à difusão dos produtos, em que tange

as suas duas fases, adoção e uso, e ao nível de preços dos mesmos. Dessa

maneira, é possível sumariá-las a partir dos seguintes tópicos (NIHCM

Foundation, 2002a): i) a substituição de produtos mais antigos, e mais baratos,

por outros mais novos e com preços mais elevados; ii) o aumento no uso de

medicamentos; iii) a introdução de novos medicamentos para doenças para as

quais não havia tratamento farmacológico disponível (ou esse era menos eficaz);

iv) aumento nos preços dos medicamentos existentes.

A maneira como cada um dos itens acima se expressa está relacionada a

diversas características do mercado farmacêutico e à interação entre demanda e

oferta, condicionadas pelo pano de fundo do contexto organizacional e regulatório

do sistema de saúde específico analisado. Não obstante, como será discutido

mais adiante ao longo deste trabalho, um dos fatores principais para a difusão e o

estabelecimento de preços dos medicamentos é a percepção dos consumidores

sobre os atributos dos mesmos, na qual se baseia o processo de diferenciação de

produtos.

O aspecto principal a partir dos qual os produtos farmacêuticos são

diferenciados é o seu efeito terapêutico1. Geralmente, quando um prescritor

decide pela adoção de um novo medicamento o faz baseado num julgamento

sobre sua vantagem em termos de eficácia (e segurança) em relação às opções

1 Outros fatores de diferenciação neste contexto podem ser considerados, como a reputação da

empresa produtora ou a marca do produto.

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já disponíveis no mercado (ou eventualmente à falta das mesmas).

Conseqüentemente, podemos localizar a origem desse processo na autorização

de comercialização (registro farmacêutico), a qual é caracterizada pela avaliação

de eficácia, segurança e qualidade do produto. Dessa maneira, mesmo que essa

percepção seja construída de maneira enviesada, por conta dos apelos

promocionais das empresas farmacêuticas (usualmente exacerbando os aspectos

positivos da utilização do produto), é a partir das informações geradas nos

ensaios clínicos necessários ao registro de um novo medicamento que se

estabelecem as estratégias de marketing do produto.

O ensaio clínico tem um papel central na constituição do medicamento

moderno. É o momento no qual uma substância – obtida por síntese química,

métodos de biotecnologia, ou mesmo extraída da natureza – é legitimada como

recurso terapêutico, dando início à sua trajetória como tecnologia em saúde e

influenciando a mesma em todos os seus aspectos, incluindo seu desempenho no

mercado. Adicionalmente aos efeitos “à jusante”, para dizer como Philippe

Pignarre2, podemos acrescentar os efeitos “à montante” desse evento crucial,

influenciando as estratégias de inovação na indústria farmacêutica. Os custos e

incertezas relacionados ao desenvolvimento de novos produtos têm seu auge no

ensaio clínico (notadamente os ensaios de fase III), uma vez que um insucesso

nessa etapa implica um grande consumo de recursos sem perspectiva de auferir

ganhos com a inovação. Conseqüentemente, todas as etapas anteriores são

2 Philippe Pignarre (1997) em seu livro “Qu’est-ce qu’un médicament? Um objet étrange, entre

science, marché et société”. (“O que é o medicamento? Um objeto estranho entre ciência,

mercado e sociedade”) procura traçar um roteiro da constituição do medicamento moderno,

caracterizada enquanto construção social e tecno-científica, que se organiza a partir do ensaio

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organizadas em função de conferir o maior grau de previsibilidade possível ao

longo do desenvolvimento do produto, de modo a descartar precocemente

aquelas substâncias candidatas a medicamento com poucas chances de um bom

desempenho, reduzindo os gastos relacionados.

Esta centralidade do ensaio clínico na constituição do medicamento

moderno também de certa forma denuncia a insuficiência dos modelos teóricos

que buscam explicar o funcionamento dos fármacos (compreendendo os

mecanismos de ação farmacológica, de absorção, distribuição, metabolismo e

excreção em nível molecular) em captar a complexidade dos efeitos advindos da

interação de uma substância com o organismo, notadamente no ser humano e

sua dinâmica na população. Isto porque, apesar da importância destes modelos

na racionalização do desenvolvimento dos fármacos, é sempre necessário

recorrer ao empirismo do ensaio contra-placebo3, onde, em última essência, só é

possível testar hipóteses acerca da utilidade do tratamento para uma determinada

condição de doença (Pignarre, 1997: p.22-24). Dessa forma, esta incerteza

quanto ao desempenho de uma substância como agente terapêutico está

irremediavelmente relacionada ao processo de constituição do medicamento.

1.1. INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

A indústria farmacêutica é um exemplo arquetípico de uma indústria

intensiva em conhecimento (science-based), onde a inovação é largamente

clínico e da institucionalidade resultante, designada genérica e amplamente “laboratório de estudo

contra-placebo”.

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determinada por avanços conjuntos das ciências básicas e aplicadas, associados

a progressos complementares nas tecnologias de pesquisa, conduzidas tanto por

instituições públicas de pesquisa quanto no âmbito empresarial (Bottazzi et al.,

2000).

Freqüentemente, esta indústria tem sido analisada sob a ótica do

conceito de Sistema de Inovação Setorial, o qual pode ser definido como:

“... um sistema composto pelo conjunto de agentes heterogêneos que

estabelecem relações comerciais ou não comerciais para a geração,

adoção e uso de (novas e estabelecidas) tecnologias e para a criação,

produção e uso de (novos e estabelecidos) produtos pertinentes a um

setor (produtos setoriais).” (Malerba apud McKelvey & Orsenigo, 2001).

A indústria farmacêutica pode ser facilmente considerada um sistema (ou

rede), uma vez que as atividades de inovação envolvem, direta ou indiretamente,

uma grande variedade de atores, como diferentes tipos de firmas, universidades e

centros públicos e privados de pesquisa, instituições financeiras, autoridades

reguladoras e consumidores. Estes atores estão ligados por meio de uma rede de

diferentes relações que incluem transações de mercado, comando e controle,

competição, colaboração e diversas formas de intermediárias entre estes tipos

(McKelvey & Orsenigo, 2001).

A inovação é a principal forma de competição nesta indústria, através do

desenvolvimento de novos medicamentos (compostos por novas entidades

moleculares) e do incremento ou imitação de produtos existentes, determinando

3 Mesmo quando este ensaio se faz em referência a um tratamento padrão estabelecido, o

placebo está indiretamente presente, uma vez que em algum momento a eficácia deste padrão foi

testada em relação ao mesmo.

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largamente a dinâmica de crescimento e declínio das diferentes empresas

(Bottazzi et al., 2000).

O processo de pesquisa e desenvolvimento para medicamentos envolve

tomada de decisão seqüencial sob determinadas condições. Em cada etapa, a

companhia pode incorrer em custos incrementais para obter informação adicional,

e então decidir se pretende continuar para a etapa seguinte, existindo um

conjunto de pontos de decisão naturais neste processo. Esses envolvem

estabelecer um programa para descobertas numa área de doença em particular,

formar uma equipe de projeto para o desenvolvimento pré-clínico de um composto

promissor, o primeiro teste em humanos, o primeiro teste de eficácia em

pacientes, a decisão de conduzir ensaios clínicos em larga escala, submissão às

autoridades reguladoras e lançamento no mercado. A cada etapa os recursos

comprometidos crescem significativamente, principalmente por conta do

sucessivo aumento do número de pacientes envolvidos e de ensaios clínicos

(Grabowski, 1997).

1.1.1.Indústria farmacêutica e avaliação econômica

Conforme discutido inicialmente, um dos fatores que tem sido implicado

com o aumento dos gastos com medicamentos é a utilização de novos, e mais

caros, produtos farmacêuticos na terapêutica. Nos EUA, foi estimado que um

terço do aumento no dispêndio no período de 1995 a 1998 deveu-se a este fator

(Mullins et al., 2001), observando-se uma situação semelhante em diversos

países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et

al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos tem produzido uma

mudança no ambiente da demanda no mercado farmacêutico, com uma crescente

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expectativa sobre as empresas para justificar porque as autoridades e os

consumidores devem aceitar um preço mais elevado para um medicamento novo,

inclusive através de regulações específicas como para a inclusão em listas de

reembolso pela seguridade social (e.g. Austrália e Canadá). Neste contexto, há

uma crescente pressão para que a indústria produza medicamentos que sejam

não apenas seguros e eficazes, mas também custo-efetivos (Rizzo & Powe,

1999).

É cada vez mais claro que fatores e percepções econômicas aumentarão

sua influência no desenvolvimento de novos medicamentos, podendo se esperar

que as avaliações econômicas formem a base para questões estratégicas cruciais

durante esta fase. Diversos autores defendem que estas avaliações serão

importantes para ajudar a focalizar os rumos de pesquisa (e.g. para descartar

produtos potencialmente não lucrativos), para o estabelecimento de preços

(considerando a competição, custos de produção, a epidemiologia da condição

em análise e também para estabelecer faixas de preço para diferentes mercados),

para agilizar e facilitar o registro, para negociações de preço (para demonstrar

economias em outros setores, caso o preço aparente ser muito elevado),

reembolso (inclusão em formulários), marketing estratégico (dar suporte à

mudança de categoria de um medicamento de prescrição para venda livre), bem

como no processo de decisão relacionado à seleção de medicamentos para

formulários. (Assiff et al., 1999).

A indústria farmacêutica tem respondido à esse novo contexto através de

um crescente investimento em análises farmacoeconômicas, integrando-as ao

processo de inovação. Estudos empíricos recentes sobre a organização dessas

atividades dentro das empresas, realizados nos EUA, Canadá e Itália (DiMasi et

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al., 2001; Assiff et al. 1999; Colombo et al., 2001), demonstram um crescimento

nos departamentos de farmacoeconomia (pessoal, recursos alocados) e uma

tendência a um envolvimento cada vez maior nas etapas de desenvolvimento

clínico dos produtos, em adição ao planejamento de marketing. Esta tendência

também é observada para a participação em pontos críticos de tomada de

decisão sobre pesquisa e desenvolvimento, tendo esses departamentos atuado

na determinação de parâmetros importantes em ensaios clínicos.

A contratação de grupos e pesquisadores externos para o planejamento e

desenvolvimento dos estudos é significativamente presente, tanto por conta da

necessidade de suporte metodológico, em função da ainda limitada

disponibilidade de recursos humanos com a adequada experiência na área, bem

como de conferir maior credibilidade aos estudos através do envolvimento de

especialistas reconhecidos (Colombo et al., 2001; DiMasi et al., 2001).

É interessante notar que no caso do Canadá, a razão original relatada

pelas empresas para o estabelecimento dos departamentos de avaliação

econômica em saúde foi o suporte aos esforços de conseguir reembolso de seus

produtos pela seguridade social dos governos provinciais (Assiff, 1999), o que

ressalta o papel indutor da regulamentação.

Em adição a este novo contexto regulatório em desenvolvimento, diversas

modificações nas condições de concorrência no mercado farmacêutico têm

levado as empresas farmacêuticas a adotar novas estratégias na pesquisa e

desenvolvimento (P&D) de novos produtos, incorporando a análise

farmacoeconômica a esse processo.

Uma tendência importante é a introdução de versões genéricas dos

produtos inovadores, após o vencimento de suas patentes. Diversas áreas

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terapêuticas eventualmente ficarão saturadas de medicamentos genéricos,

aumentando efetivamente a barreira para o desenvolvimento de novos produtos

que ofereçam uma promessa de melhoria clínica, uma vez que, frente ao reduzido

preço dos competidores, terão que demonstrar um potencial terapêutico muito

superior de modo a justificar preços mais elevados (Clemens et al., 1993).

Neste ambiente mais competitivo, é imperativo que as companhias

realizem precocemente análises estratégicas de seus portifólios de P&D, sendo a

análise farmacoeconômica uma das suas principais ferramentas (Grabowski,

1997).

Antes de comprometer maiores recursos para um projeto de

desenvolvimento, onde os custos são crescentes ao longo da trajetória percorrida,

a empresa deve conhecer o valor potencial da nova terapia. É importante também

prever antecipadamente quem são os principais responsáveis na seleção dos

regimes de tratamento e como potencialmente eles ponderariam ganhos em

resultados clínicos, econômicos e de qualidade de vida, assumindo o caráter

multifacetado da demanda por medicamentos e a conseqüente necessidade de

direcionar as estratégias de marketing em função desta.

Através de uma modelagem precocemente estabelecida, a análise

farmacoeconômica pode ser útil em guiar o processo de desenvolvimento de

novos produtos, finalizando mais cedo os projetos identificados como

antieconômicos e concedendo maior prioridade àqueles mais promissores.

No primeiro momento do planejamento é necessária uma análise do

impacto da doença utilizando as opções de tratamento correntes, com o objetivo

de identificar que fatores contribuem para a maior parte desse impacto, e também

de obter uma referência de custo-efetividade das terapias em uso (Clemens et al.,

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1993). Usando as informações dessa análise, um modelo de simulação pode ser

construído, o qual analisa os efeitos pretendidos para o novo candidato a

medicamento na carga da doença, usando o perfil clínico objetivado. Este modelo

pode ser usado para estimar tanto a progressão do paciente através dos estados

de saúde, bem como custo-efetividade de várias opções, envolvendo diferentes

suposições sobre eficácia, tolerabilidade, preço e formulação da nova terapia

(Grabowski, 1997).

Esta modelização envolve diversos graus de incerteza, tanto maiores

quanto mais inicial for a etapa de desenvolvimento. Por esta razão, é importante

mapear o máximo possível a sensibilidade do custo-efetividade do produto em

diversos parâmetros. Esta é uma análise que deve ser feita tendo como referência

as opções de tratamento existentes e é incremental por natureza (Drummond et

al., 1997). Este tipo de informação será útil no planejamento dos esforços para

obtenção de dados, assegurando que as informações necessárias sejam obtidas

nos ensaios clínicos e em outras fontes (Grabowski, 1997). Se, por exemplo, o

custo-efetividade do medicamento em questão for altamente sensível aos custos

envolvidos em tratar reações adversas, este será um importante dado para o perfil

planejado para o medicamento.

Os ensaios clínicos apresentam limitações para a obtenção das

informações cruciais para análises de custo-efetividade e outras análises

farmacoeconômicas em função de produzirem um ambiente artificial, de modo a

poderem avaliar a eficácia de um medicamento. Os problemas incluem o uso de

placebo ao invés do padrão de tratamento usual, um foco em desfechos

intermediários mais do que nos resultados de saúde finais, o uso de populações

não representativas e o emprego de medidas extraordinárias para assegurar a

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adesão dos pacientes aos regimes de tratamento (Drummond & Davies, 1991).

Conseqüentemente, uma análise farmacoeconômica requer uma coleta de dados

significativa fora do ambiente de ensaios clínicos (e/ou modelização) para

suplantar a evidência de eficácia que deriva dos ensaios (Grabowski,1997).

A análise farmacoeconômica pode ser utilizada na estratégia de

estabelecimento de preços, em conjunção com a análise financeira interna e com

a análise do ambiente de mercado, para estabelecer uma faixa de preço ótima.

Na análise financeira interna é calculado o menor preço que seria comercialmente

viável (considerando custos de capital, pesquisa, produção, participação de

mercado projetada, distribuição, taxas de retorno e extensão da patente),

enquanto a modelização realizada pela análise farmacoeconômica permite

identificar o maior preço possível a ser aceito pelo mercado. A análise do

ambiente irá projetar as condições futuras esperadas no mercado à época do

lançamento do produto, considerando as forças aí em jogo, como políticas

públicas, forças reguladoras, consumidores e política corporativa (Clemens et al.,

1993), o que tipicamente resultará no estabelecimento de uma faixa de preço

entre os dois extremos determinados previamente.

1.1.2. Apropriação das inovações e patentes na indústria farmacêutica

As patentes são geralmente consideradas a maneira mais efetiva de

apropriação das inovações na indústria farmacêutica. Isto ocorre por conta da

própria natureza da tecnologia desenvolvida: um medicamento se constitui de

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uma entidade molecular4 mais a informação sobre seus efeitos em seres

humanos – incluindo eficácia terapêutica e segurança. A maior parte do

investimento em P&D de novos produtos se dá na geração de informação (desde

os estágios pré-clínicos até os ensaio clínicos de fase III requeridos para o

processo de autorização de comercialização) que se torna pública (Scherer, 1996:

360). Como os métodos de química orgânica sintética e de formulação

farmacêutica são razoavelmente disponíveis, uma empresa imitadora pode, na

ausência de patentes ou de qualquer outro tipo de direito de exclusividade de

comercialização, despender somente uma fração do investimento do inovador e

consumir muito menos tempo no desenvolvimento de uma cópia do produto

original. O mesmo não é verdadeiro para um novo produtor que tenta realizar

inovações incrementais a partir do padrão estabelecido, e.g. realizando pequenas

modificações na estrutura química do fármaco que não estejam protegidas pela

patente original, uma vez que este novo produto também terá que passar pelas

fases de desenvolvimento clínico. Daí serem as patentes encaradas como

incentivos à inovação nesta área: os ganhos resultantes dos gastos em P&D,

obtidos por meio da possibilidade de exercer preços acima do custo marginal de

produção, não serão acumulados por imitadores, ao menos durante o período de

exclusividade.

No entanto, auferir ganhos a partir da inovação também depende de outros

aspectos como capacidades e ativos complementares requeridos para a

comercialização bem sucedida da inovação (e.g. canais de distribuição, serviços,

tecnologias complementares). Estes aspectos guiam as decisões estratégicas de

4 Isto é verdadeiro também para medicamentos fitoterápicos, considerando-os um conjunto de

moléculas exercendo um efeito terapêutico.

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marketing das firmas, que podem escolher entre licenciar sua tecnologia,

terceirizar serviços, integrarem-se a outras empresas para a comercialização ou

investir no acesso destes ativos (Teece, 1986)5

Alguns desses ativos e capacidades estão correlacionados a fatores que

determinam os preços dos produtos, como será discutido mais adiante.

Conseqüentemente, deveriam ser considerados ao abordar-se a rentabilidade da

inovação na indústria farmacêutica. Estratégias de marketing, por exemplo, são

direcionadas no sentido de reforçar os atributos dos novos medicamentos,

conduzindo a avaliações favoráveis pelos consumidores (prescritores e pacientes)

e, como resultado, a uma maior possibilidade de determinar os preços dos

produtos.

Adicionalmente, os ganhos gerados pelas patentes farmacêuticas são

grandemente enviesados. Scherer (1993) estimou que cerca de 55% dos lucros

da indústria são resultantes de em torno de 10% dos medicamentos. Grabowski e

Vernon (2000), ao estudar 2 coortes de novas entidades moleculares (NME)

lançados nos períodos de 1980 a 1984 e 1988 a 1992, demonstraram que apenas

30% dos produtos com maior faturamento geravam valores maiores que o valor

médio de investimento em P&D de US$ 231 milhões por novo medicamento

(DiMasi et al., 1991). A despeito da controvérsia em torno deste último valor6, este

5 Considere-se, por exemplo, o conjunto de pequenas e médias empresas na indústria de

biotecnologia americana que contam com a proteção patentária para estabelecer uma forte

posição de barganha para a formação de uma joint venture ou para um acordo de licenciamento

com uma grande empresa farmacêutica que possui capacidade de produção e comercialização.

(Mazzoleni & Nelson, 1998). 6 Referir-se ao trabalho “Rx R&D Myths: The Case Against The Drug Industry’s R&D ‘Scare Card’”

(Public Citizen, 2001) para um questionamento acurado das estimativas originais feitas por DiMasi

e colaboradores.

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quadro indica o risco inerente a este tipo de investimento, mas principalmente

reflete as diferentes oportunidades de auferir ganhos com a inovação, resultantes

de fatores que impulsionam a difusão e o estabelecimento de preços dos produtos

farmacêuticos.

1.2. DIFUSÃO E PREÇOS DE PRODUTOS NO MERCADO FARMACÊUTICO

De uma maneira geral, é consenso considerar que o mercado farmacêutico

não pode ser descrito pelo modelo clássico de competição perfeita, por uma série

de fatores, como a assimetria de informações (o consumidor não detém a

informação necessária para avaliar amplamente os produtos), a tendência à

inelasticidade da demanda aos preços (por conta, entre outras coisas, do caráter

de essencialidade do bem, aumentos de preços não se refletem

proporcionalmente na diminuição do consumo), a fidelidade a marcas e as

barreiras à entrada de novos produtores (tecnológicas, de escala e

mercadológicas). Todas essas características ao final estarão relacionadas à

redução da possibilidade de substituição entre produtos, seja pela falta de opções

no mercado, seja pela não identificação dessas opções pelos consumidores (Reis

& Bermudez, 2004).

Conforme já assinalado, aqui a inovação é central para a concorrência,

uma vez que ela é a principal fonte de diferenciação de produtos, o que confere à

empresa um poder de mercado que permite à mesma fixar preços acima dos

concorrentes e ainda assim realizar vendas (Resende & Boff, 2002: p.75), o que

se reflete no grau de concentração do mercado, conforme discutido mais adiante.

Este contexto de competição é de fundamental importância para a

compreensão do processo de estabelecimento de preços pela indústria

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farmacêutica (e difusão dos produtos), onde diversas evidências empíricas

indicam a prevalência de fatores relacionados à demanda, a despeito de modelos

que privilegiam fatores associados à oferta, como os custos representados pelo

investimento em pesquisa e desenvolvimento (Schweitzer, 1997: p.102-103).

Esses fatores incluem a diferenciação de produtos (percepção da qualidade dos

produtos pelos consumidores), a competição no mercado, e também a prática de

diferentes preços, pela indústria farmacêutica, entre diversos tipos de

compradores.

Adicionalmente, é preciso considerar também o papel subjacente da

organização do sistema de saúde e do contexto regulatório na atuação recíproca

das forças de mercado. Este pode compreender o registro dos produtos

farmacêuticos, incluindo regras para a introdução de medicamentos genéricos, a

existência de mecanismos de controle de preços, o financiamento do gasto

farmacêutico (em que medida há reembolso deste, o fornecimento direto dos

medicamentos ou a sua aquisição por recursos próprios do paciente), regulação

da prescrição e dispensação dos produtos, controle do marketing farmacêutico,

características dos sistemas de distribuição e a tributação do setor (Reis et al.,

2004).

1.2.1. Padrões de inovação na indústria farmacêutica e preços de

medicamentos

Inicialmente, pode-se considerar a relação entre o perfil de inovação dos

novos produtos farmacêuticos e seus preços. Os medicamentos com maior grau

de inovação, geralmente compostos por fármacos que representam novos

mecanismos de ação e geralmente os primeiros produtos num segmento de

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mercado, são lançados a preços consideráveis, em função da inelasticidade da

demanda ocasionada pelo seu potencial terapêutico (i.e. os consumidores são

mais propensos a pagar por um produto que supostamente ofereça um melhor

resultado de saúde) e pelas condições de concorrência. Esses produtos

geralmente se convertem em blockbusters7 das empresas que os comercializam,

resultando em grande participação no faturamento das mesmas. Seus princípios

ativos passam a constituir os protótipos estruturais8 para o desenvolvimento de

novos fármacos que apresentem os mesmos mecanismos de ação.

Num grau subseqüentemente inferior de inovação, encontram-se os

medicamentos compostos também por novos princípios ativos (ou novas

entidades moleculares, NME), que seguem um padrão de estrutura molecular já

estabelecido num grupo terapêutico, apresentando um mesmo mecanismo de

ação farmacológica, freqüentemente referidos como me-toos. Como têm que

competir com os medicamentos do mesmo grupo já existentes no mercado,

tendem a ser lançados a um preço semelhante ou inferior aos deles, salvo

quando apresentam vantagens clínicas significativas (e.g. menos efeitos

colaterais, maior comodidade posológica) sobre os mesmos.

DiMasi (2000), num estudo sobre a tendência dos preços dos novos

medicamentos de prescrição no mercado americano, no período de 1995 a 1999,

descreveu justamente este comportamento dos preços relativo ao grau de

7 Do inglês “arrasa quarteirão”, devido à sua excepcional participação no segmento de mercado

em que é lançado. 8 Rigorosamente, o termo protótipo estrutural se aplica ao “composto originalmente identificado

que apresenta atividade farmacológica in vivo” (Barreiro & Fraga, 2001), não resultando

necessariamente num medicamento. Aqui seu significado original foi adaptado para indicar a

estratégia das firmas seguidoras (followers) buscando explorar uma estratégia de inovação bem

sucedida.

15

Page 18: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

inovação, ao analisar a introdução de novos produtos em grupos terapêuticos

específicos.

Para completar este quadro, é necessário fazer referência aos produtos

que não são compostos por novos princípios ativos, mas que representam novas

formulações (incluindo novas formas farmacêuticas, como aquelas de liberação

programada), novas combinações de princípios ativos ou novos sais ou ésteres

de fármacos já em uso, aos quais podemos referir genericamente como

medicamentos com modificações incrementais (IMD). Em princípio, esses

produtos tendem a ter um menor caráter inovador em relação aos anteriores – e,

conseqüentemente, menores preços de lançamento. No entanto, podem haver

excessões, já que alguns desses produtos podem apresentar vantagens

terapêuticas significativas, como é o caso do medicamentos antiretroviral

combinando lamivudina e zidovudina.

Evidências empíricas corroboram a hipótese de que os preços dos novos

medicamentos estão relacionados a atributos dos produtos como grau de

inovação. Lu e Comanor (1996) analisaram os preços de novos medicamentos

introduzidos no mercado americano entre 1978 e 1987 e compararam a média

dos preços de lançamento de novos produtos em relação à média ponderada dos

preços de medicamentos competidores, indicando um nível de preços

proporcional ao grau de inovação dos produtos, conforme determinado pelo FDA

no processo de licenciamento9. Aqueles medicamentos traduzindo maior avanço

9 Até 1992, o FDA possuía um sistema de ordenamento em três níveis dos novos medicamentos

aprovados, de acordo com sua importância para a saúde humana, conforme descrito na Tabela 1

(Public Citizen, 2001).

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terapêutico apresentaram preços, em média, quase duas vezes maiores que os

produtos que representavam avanços mais modestos (Tabela 1).

Tabela 1: Preços de novos medicamentos relativos aos de produtos já existentes (Mercado americano, 1978-1987)

Razão dos Preços de Lançamento de Novos Medicamentos para os Preços de

Medicamentos Já Existentes Designação de Avanço Terapêutico pelo FDA

Uso em condições agudas Uso em condições crônicas

Importante 2,97 2,29

Modesto 1,72 1,19

Pequeno/nenhum 1,22 0,94

Fonte: Lu & Comanor, 1996.

Conforme descrito na Tabela 2, um padrão semelhante pode ser

depreendido da razão entre o preço médio por prescrição dos novos

medicamentos no mercado americano em 1995 e 2000 em relação aos produtos

já comercializados (aprovados antes de 1995), segundo o tipo de inovação

conforme assignado pela classificação do FDA (NIHCM Foundation, 2002b).

Tabela 2: Preços médios por prescrição de novos medicamentos relativos aos antigos* (Mercado americano, 1995 e 2000)

Razão dos Preços por Prescrição de Novos Medicamentos para os Preços por Prescrição de Medicamentos Antigos

Tipo de Inovação (classificação do FDA)a

1995 2000

NME prioritário 2,64 2,45

NME padrão 1,39 2,20

IMD prioritário 1,75 2,26+

IMD padrão 1,18 1,74

*Aprovados antes de 1995.

17

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aClassificação do FDA para processos de autorização de comercialização de novos medicamentos, segundo princípio ativo – novas entidades moleculares (NME, new molecular entities) e medicamentos com modificações incrementais (IMD, incrementally modified drugs) – e potencial terapêutico (processo de registro prioritário ou padrão). +Valor excluindo medicamentos anti-retrovirais. Valor incluindo anti-retrovirais = 3,81 Elaboração própria a partir de NIHCM Foundation, 2002b.

Nesse estudo do National Institute for Health Care Management

Foundation sobre mudanças no padrão de inovação farmacêutica, realizado a

partir dos dados do FDA (NIHCM Foundation, 2002b), é importante notar que os

medicamentos com modificações incrementais, classificados pelo FDA como

incrementally modified drugs (IMD), representaram 60% dos novos produtos

lançados nos EUA entre 1989 e 2000, identificando-se uma intensificação dessa

tendência ao se compararem os períodos de 1989 a 1994 e 1995 a 2000, onde os

IMD contribuíram com 71% do aumento do número de novos produtos lançados

(62% para IMD padrão). Apenas 3% do aumento total se deveram a novas

entidades moleculares (NME) prioritárias, aquelas caracterizadas pelo perfil mais

inovativo (NIHCM Foundation, 2002b).

Adicionalmente, o preço médio por prescrição desses produtos em relação

aos medicamentos mais antigos elevou-se significativamente entre 1995 e 2000,

aproximando-se dos preços dos medicamentos mais inovadores (ver Tabela 2).

Incluindo os medicamentos antiretrovirais pertencentes à categoria de IMD

prioritários, a razão entre os preços passa a ser de 3,81, superando os NME

prioritários (Tabela 2).

Esses dados refletem a estratégia das empresas diante das recentes

tendências no mercado farmacêutico: um número reduzido de novas entidades

moleculares lançadas mundialmente – o FDA aprovou apenas 17 NME em 2002 e

21 em 2003, em comparação a uma média de 31 nos cinco anos precedentes

(FDA, 2004) – e um grande número de produtos líderes com patentes expirando.

18

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Novas versões com modificações incrementais de medicamentos de marca são

agressivamente promovidas antes da expiração da patente, persuadindo os

médicos a passarem a tratar seus pacientes com os novos produtos, transferindo

a fidelidade às marcas e protegendo-as da competição com produtos genéricos

(NIHCM Foundation, 2002b). Este fenômeno indica a importância da

diferenciação de produtos na difusão e precificação de medicamentos, uma vez

que novos IMD não são geralmente (muito) melhores opções terapêuticas; no

entanto, os mesmos têm sido capazes de impor maiores preços.

1.2.2. Diferenciação de Produtos, Difusão de Novos Medicamentos e

Marketing Farmacêutico

A diferenciação de produtos baseia-se na percepção dos consumidores

sobre os mesmos, considerando-os diferentes. Assim, a diferenciação, em última

análise, decorre de preferências subjetivas distintas (mesmo que sobre aspectos

objetivos, como especificações técnicas), sendo possível uma infinidade de

possibilidades de diferenciação (Losekann & Gutierrez, 2002). Por exemplo, um

novo produto farmacêutico pode ser considerado melhor que os já

comercializados para uma determinada indicação terapêutica, favorecendo sua

adoção; ou os consumidores podem preferir o produto de uma empresa em

particular no lugar de produtos similares de competidores. De qualquer maneira, a

diferenciação interfere na identificação de produtos substitutos, limitando a

competição.

A difusão de uma tecnologia de saúde, como um medicamento, apresenta

duas fases: a adoção e o uso. Historicamente, a adoção tem sido mais estudada

e abordada pelas políticas públicas do que o uso. Apesar de o objetivo destas

19

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últimas ser otimizar o uso da tecnologia, é muito mais fácil controlar a adoção do

que influenciar o uso. Dentre os fatores que influenciam a adoção, podemos

enumerar as características da tecnologia, do adotante - instituições ou indivíduos

- e do ambiente - financiamento, planejamento etc. (Banta & Luce, 1993). A

diferenciação de produtos favorece a difusão de um novo medicamento por meio

da influência sobre as decisões acerca da adoção do produto.

O marketing realizado pela indústria farmacêutica visa justamente reforçar

a diferenciação dos produtos, de modo a maximizar a penetração do produto no

mercado, bem como potencializar a capacidade de estabelecimento de preços.

Neste contexto, o marketing é crítico para o sucesso de qualquer empresa. Um

bom retrato dessa situação foi a batalha entre o Tagamet® (cimetidina) e o

Zantac® (ranitidina) no final dos anos 80. O Tagamet®, primeiro agente

bloqueador-H2 antiulceroso, foi introduzido no mercado americano em 1977,

enquanto o Zantac®, versão de bloqueador-H2 do laboratório Glaxo, foi lançado

em 1981. Apesar deste apresentar menos efeitos colaterais que aquele, sua

verdadeira vantagem baseou-se na estratégia de marketing da Glaxo, contratando

o setor de vendas da Hoffman-La Roche para expandir sua capacidade de

promoção mundial do produto. Apesar do intervalo de quatro anos de entrada no

mercado e um preço 50% maior que o do Tagamet®, as vendas do Zantac®

aumentaram incrivelmente, totalizando mundialmente, em 1990, US$ 2,4 bilhões,

contra US$ 1,2 bilhão do concorrente (Schweitzer, 1997: 43).

20

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1.2.3. Competição no mercado e medicamentos genéricos

O exemplo anterior sublinha o fato de que um medicamento enfrenta

competição mesmo durante a vigência dos direito de exclusividade de

comercialização do seu produtor. Conforme discutido anteriormente, este é o caso

para a introdução dos chamados me-toos, mas também para produtos que

exercem seus efeitos farmacológicos por meio de diferentes mecanismos de

ação, mas direcionados ao mesmo uso terapêutico (e.g. estatinas e fibratos para

o tratamento da hipercolesteremia). Conseqüentemente, as características de um

segmento específico de mercado onde uma firma lança um novo produto

modulam sua estratégia de difusão no mercado, incluindo o preço de introdução e

as tendências de evolução do preço ao longo do tempo. Firmas que introduzem

medicamentos inovadores apresentam vantagens da “primeira firma a se mover”

(first movers), consolidando a fidelidade à marca, o que permite manter altos

preços enquanto retêm participações de mercado significativas por vários anos

(Scherer, 1996: 371). Empresas seguidoras (followers) se engajam numa

estratégia de “penetração”, onde os medicamentos têm seus preços inicialmente

estabelecidos em níveis mais baixos, de modo a ganhar participação de mercado,

para então aumentá-los ao longo do tempo (Schweitzer, 1997: 103). Tomando os

148 novos medicamentos lançados no mercado americano entre 1978 e 1987

(Tabela1), temos que seus preços ajustados à inflação oito anos após o

lançamento foram, em média, 7, 32 e 62% mais altos que os preços de

lançamento, para as categorias de avanço terapêutico importante, modesto ou

pequeno/nenhum, respectivamente (Lu &.Comanor, 1996).

A introdução de produtos genéricos após a expiração da patente (ou de

outros direitos de exclusividade de comercialização) resulta numa contínua

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erosão do processo de diferenciação de produtos, deslocando a concorrência

para os preços. Como resultado, haverá geralmente uma grande elasticidade-

preço da demanda10 entre o produto de referência e seus substitutos genéricos,

mas, possivelmente também, numa menor medida, entre substitutos terapêuticos

quimicamente distintos. Ellison e colaboradores (1997) descreveram este

fenômeno para o mercado de cefalosporinas orais nos EUA.

Diversos exemplos ilustram a competição entre o produto inovador e suas

versões genéricas. Um ano após a expiração da patente no mercado americano,

ocorrida em meados de 1997, o faturamento em farmácias do Zantac® (ranitidina)

caiu para 15% do nível anterior à expiração da patente e para 10% no ano

posterior, enquanto a participação de mercado dos genéricos alcançou 80 e 90%,

respectivamente. No caso do Tagamet® (cimetidina), foi observada uma situação

semelhante, com queda dos gastos em farmácia em torno de 80% e participação

de mercado dos genéricos de pouco mais de 80% no primeiro ano de perda de

exclusividade (Berndt, 2001). Grabowski e Vernon (1996), ao investigarem o

padrão de preços e participação no mercado americano para os principais

produtos que tiveram suas patentes expiradas entre 1984 e 1993, descreveram

que normalmente esses produtos perdem mais da metade da participação no

mercado (market share) no primeiro ano após o vencimento da patente. Como

conseqüência, as firmas inovadoras tendem a se concentrar nos consumidores

menos sensíveis ao preço11, reforçando dessa maneira a fidelidade à marca, de

10 Elasticidade-preço da demanda – ou simplesmente elasticidade da demanda – corresponde à

variação do consumo de um bem seguida à mudança em seu preço. Quanto mais elástica a

demanda, mais sensível ao preço é o consumo. 11 Estes podem ser caracterizados pela aversão ao risco, informação imperfeita e/ou generosa

cobertura de seguro saúde.

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modo a manter os preços num nível de maximização de lucro (Scherer, 1996:

376-378). No entanto, este pode não ser um padrão típico de adoção de produtos

genéricos seguida à expiração de patentes, conforme sugerido pelo estudo

multinacional (EUA, Reino Unido, Alemanha e Japão) realizado por Hudson

(2000). O mesmo descreve diferenças possivelmente relacionadas ao contexto

legal e de regulação, à organização do sistema de saúde e ao tamanho do

mercado.

Em 1984, o Congresso dos EUA aprovou uma nova legislação

(Waxman-Hatch Act), com o objetivo de promover a entrada de medicamentos

genéricos no mercado, por meio de um novo procedimento simplificado de

registro12, e que tem sido indicada como um pré-requisito para o aumento

posterior da competição pelos genéricos no mercado americano, como

apresentado acima. Adicionalmente, o Waxman-Hatch Act tem o objetivo de

incentivar a inovação no setor pela recuperação de parte do tempo de atuação no

mercado sob proteção da patente perdido durante o processo regulatório do FDA,

passando a permitir um período de exclusividade de comercialização

correspondente ao tempo consumido na análise do processo de registro (NDA,

new drug application), mais a metade do tempo gasto com os testes clínicos, até

um limite de 5 anos13. Para os novos medicamentos introduzidos entre 1991 e

1993, observou-se uma extensão média de 2,3 anos para um período médio de

12 Este novo procedimento, ANDA (abbreviated new drug application), dispensa o fabricante do

genérico de comprovar segurança e eficácia por meio de novos ensaios clínicos, usando para isso

a documentação referente ao produto inovador, sendo necessário apenas comprovar a

bioequivalência a este. 13Na primeira metade dos anos 90, a Comunidade Européia também aprovou legislação

semelhante sobre o tema (Grabowski e Vernon, 1996).

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vigência efetiva da patente no mercado de 11,8 anos. (Grabowski e Vernon,

1996).

Além das extensões da vigência das patentes descritas acima, as

empresas farmacêuticas têm se valido de outras estratégias visando à

continuidade da posição preponderante no mercado resultante do monopólio

legal.

Nos EUA, sob as provisões do Waxman-Hatch Act, é possível conseguir

um período de exclusividade de mercado de três anos para “novos usos” de um

produto de marca, a partir da aprovação pelo FDA. Esta denominação engloba

não apenas novas indicações, mas também outras modificações, como mudanças

na forma farmacêutica, na via de administração e a incorporação numa nova

associação medicamentosa. Assim, apesar de não impedir a entrada de um

genérico do produto original, evita a competição de novos produtores em relação

a estes “novos usos”.

Nesta linha, produtores de medicamentos de marca podem lançar uma

modificação do produto original anteriormente à data de expiração da patente e, a

partir de uma promoção agressiva da nova versão, persuadir os médicos a

mudarem seus pacientes para o novo produto, protegendo a marca da

competição por genéricos, conforme já descrito anteriormente.

O grande aumento no número de medicamentos com modificações

incrementais (IMD), conforme descrito no estudo sobre mudanças no padrão de

inovação farmacêutica nos EUA, referido acima, é um reflexo dessa estratégia, e

pode, provavelmente, estar implicado, junto com outros fatores ligados à

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Page 27: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

demanda14, na estabilização da participação de mercado, medida como

porcentagem do total de prescrições, dos medicamentos genéricos no mercado

americano a partir de 1996, na faixa de 43% (NIHCM Foundation, 2002b).

1.2.4. Preços e demanda no mercado farmacêutico

O caráter multifacetado da demanda por medicamentos resulta em

abordagens diferenciadas pela indústria farmacêutica quanto à promoção de seus

produtos e ao estabelecimento de preços. Este irá variar em função de uma

conjugação de fatores, como regulamentação e poder de mercado da demanda.

Há fortes evidências desta tendência: nos EUA, uma grande variação nos preços

pagos pelos mesmos produtos entre compradores no nível federal de governo

(Medicaid e Veterans Administration), hospitais e Health Maintenance

Organizations (HMOs) foi descrita (Reidenberg, 2001). Mesmo produtores de

medicamentos de marca inovadores que respondem à competição por produtos

genéricos através da manutenção de vendas por preços elevados (como discutido

anteriormente) são capazes de capturar uma parte dos consumidores mais

sensíveis ao preço, ao negociar descontos secretos com HMOs que desenvolvem

políticas mais agressivas de compras (Scherer, 1996: 378).

Um caso paradigmático da influência do poder de mercado da demanda no

estabelecimento de preços é o da evolução dos preços da zidovudina no Brasil

nos anos 1990. A despeito da entrada de produtores de medicamentos genéricos

14Alguns fatores incluem a rápida penetração de novas marcas protegidas por patente, a pouca

familiaridade dos consumidores com medicamentos genéricos, o limitado conhecimento dos

médicos sobre os preços dos medicamentos de prescrição e a promoção massiva de produtos de

marcar junto a profissionais e consumidores.

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neste mercado, uma queda dramática nos preços só ocorreu após o

estabelecimento de um programa nacional de aids, incluindo o acesso universal

ao tratamento e a compra centralizada dos medicamentos antiretrovirais

oferecidos (Oliveira et al., 2000).

1.3. ACESSO A MEDICAMENTOS NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO, PREÇOS E PATENTES

DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Quando a questão do estabelecimento de preços em função dos diferentes

tipos de demanda é examinada sob a perspectiva de distintos mercados

nacionais, levanta-se um argumento retórico sobre a precificação diferencial de

acordo com o nível de renda. Dessa maneira, uma empresa adaptaria o preço de

seu produto a um ponto de maximização do lucro correspondente à elasticidade

da demanda de um mercado em particular, resultando em preços mais baixos nos

países menos afluentes15. Isto implica que a contribuição destes mercados para

os lucros e recuperação das despesas de P&D seria (muito) menor do que a dos

mercados de países ricos, mas sem sua contribuição haveria menores ganhos

globais, considerando que o produtor haja no mercado internacional16 (Danzon,

1997), o que é o caso para o núcleo inovador da indústria farmacêutica. Não

obstante, há diversas exceções observadas nesse tipo de comportamento quanto

ao estabelecimento de preços. Alguns produtos são mais caros em países em

desenvolvimento do que em países desenvolvidos e diferenças inconsistentes de

preços existem entre países em desenvolvimento que apresentam níveis de renda

15 Uma explicação gráfica acessível pode ser encontrada em Scherer & Watal (2001). 16 Este padrão de precificação discriminando mercados em função da elasticidade da demanda

também é referido como “Precificação de Ramsey”.

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semelhantes (Maskus & Ganslandt, 2002; Balasubramanian, 1998; Bermudez et

al., 2001). Considerando os fatores que influenciam a demanda discutidos

previamente, as diferenças de preços observadas reforçam a percepção de que a

conduta da indústria parece ser a de aferir o maior preço possível num dado

mercado, em função do contexto característico deste.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do

Comércio (OMC), têm liderado o debate sobre o estabelecimento diferencial de

preços entre os mercados dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, no

sentido de conciliar as expectativas de financiamento da inovação pela indústria

farmacêutica e o acesso aos medicamentos nos países mais pobres, onde o

preço dos produtos é um componente importante, considerando que boa parte

dos gastos em saúde nestes países está relacionada à aquisição de

medicamentos (WHO et. al., 2001).

Por outro lado, este padrão de inovação da indústria farmacêutica, em

relação às necessidades de saúde pública dos países em desenvolvimento,

também tem sido objeto de intenso escrutínio, no sentido de buscar opções para

o financiamento de pesquisa e desenvolvimento de (novos) produtos para as

chamadas “doenças negligenciadas”, aquelas que afetam populações (e países)

cujos níveis de renda não possibilitam constituir mercado atraentes às empresas

farmacêuticas, e para as quais há limitadas opções terapêuticas – e.g. filariose,

malária, esquistossomose etc. (Trouiller et al., 2002; Henry & Lexchin, 2002).

Estas questões se tornam mais prementes ainda em função das

perspectivas advindas da adoção do reconhecimento de patentes farmacêuticas,

a partir da ratificação do Acordo sobre os Direitos de Propriedade Intelectual

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Relacionados ao Comércio (Acordo TRIPS) pelos diversos países como condição

para a adesão à OMC (Bermudez et al., 2000).

1.3.1. Acordo TRIPS: mudanças esperadas com a adoção de patentes

A principal implicação do Acordo TRIPS em relação aos preços dos

medicamentos será a limitação na introdução de cópias genéricas dos produtos

inovadores, o que poderia ajudar a conter os preços através de um aumento da

competição no mercado. Isto inclui não apenas países que possuem uma

capacidade de produção local para gerar estas versões genéricas, mas também

países que dependem principalmente da importação das mesmas.

As provisões do acordo TRIPS permitem que os países adotem alguns

mecanismos em suas legislações de propriedade intelectual que podem levar a

um aumento da competição no mercado advinda de produtos similares aos

patenteados, como a Exaustão Internacional de Direitos (a qual da margem à

importação paralela de produtos), Licenciamento Compulsório e Exceção Bolar

(early work exception).

O princípio da Exaustão Internacional (ou Regional) de Direitos considera

que os direitos do detentor da patente se exaurem com a primeira venda do

produto no mercado internacional (ou de uma região – e.g. Comunidade

Européia). Dessa maneira, é possível importar um produto de um país onde seu

preço seja menor sem infringir os direitos de patente (Bermudez et al., 2000)

O Licenciamento Compulsório permite impor ao fabricante do produto

inovador o licenciamento do mesmo a outros produtores naquele mercado,

mediante determinadas situações pré-estabelecida, como interesses da saúde

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pública, remediar práticas anticompetitivas e de concorrência desleal, falta de

produção legal, entre outras (Bermudez et al., 2004).

A Exceção Bolar (early work exception) possibilita que um fabricante de um

produto genérico tenha acesso à documentação usada para autorização de

comercialização do produto inovador, de forma a preparar todos os

procedimentos necessários à obtenção do registro sanitário, permitindo assim seu

lançamento imediatamente após a expiração da patente (Reis et al., 2004).

Apesar dessas condições, não está claro se os países em desenvolvimento

e os menos desenvolvidos estão consistentemente introduzindo essas provisões

em suas legislações nacionais. Oliveira e colaboradores (2004), ao estudar um

grupo representativo de países da América Latina e do Caribe, descreveram que

os mesmos não incorporaram completamente as flexibilidades do Acordo TRIPS

em suas leis, de maneira a poder obter melhores resultado de saúde pública.

Adicionalmente, há uma grande preocupação sobre em que medida

aqueles países terão capacidades técnicas e políticas suficientes para fazer uso

dessas provisões, mesmo que elas tenham sido adequadamente abordadas

adequadamente por suas legislações nacionais. E, finalmente, em que proporção

será economicamente viável para os produtores de medicamentos genéricos

(locais ou estrangeiros) entrarem nesses mercados, considerando escala, acesso

a canais de distribuição, o esforço de marketing necessário para enfrentar a

competição dos produtos inovadores17, as condições sob as quais o detentor da

patente será financeiramente compensado por uma licença compulsória e

17 Referir-se à discussão prévia sobre capacidades e ativos complementares necessários à

comercialização bem sucedida de uma inovação.

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eventuais incentivos públicos para que produtores/importadores superem estas

barreiras à entrada no mercado.

Existem alguns estudos, valendo-se de simulações por meio do uso de

modelos econométricos, abordando o impacto de se introduzir um regime de

patentes em países de baixa e média renda que já tenham uma significativa

indústria farmacêutica. As estimativas resultante indicam um aumento potencial

nos preços, com valores variando entre 12% e mais de 200%, dependendo das

suposições nas quais se baseiam os modelos (CIPR, 2002: 37; Scherer & Watal,

2001).

No entanto, as situações específicas que resultam da introdução de novos

medicamentos com diferenciados perfis inovativos também devem ser

consideradas, uma vez que seus efeitos sobre a eficiência do gasto farmacêutico

podem variar, afetando distintamente os sistemas de saúde. Por exemplo,

considere-se o caso de três medicamentos antiretrovirais patenteados (indinavir,

efavirenz e nelfinavir) que foram incluídos nos protocolos terapêuticos do

programa de aids brasileiro por sua efetividade no tratamento da infecção por HIV

e que consomem uma grande parte do orçamento para a compra de

medicamentos. O Ministério da Saúde foi capaz de negociar preços mais baixos

para estes produtos pelo uso da ameaça de licenciamento compulsório,

resultando em reduções de preço entre 40 e 65% (Bermudez & Oliveira, 2002; ‘t

Hoen, 2002). Estes resultados foram possíveis graças à visibilidade do problema

da aids e à demanda pública pelos produtos, bem como à determinação política

em assegurar a sustentabilidade do programa, e à capacidade técnica para

produzir as versões genéricas desses medicamentos.

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Por outro lado, pode-se considerar o caso dos novos medicamentos

antiinflamatórios não-esteróides (AINES) inibidores seletivos da enzima

ciclooxigenase-2 (COX-2). Na Austrália, houve uma difusão em larga escala

destes produtos em seguida à sua aprovação para reembolso, ameaçando a

sustentabilidade do Pharmaceutical Benefits Scheme (PBS) por meio de uma

aumento das despesas de $76 milhões em dezembro de 2000 para mais de $ 160

milhões no final de junho de 2001 (Dowden, 2003). As evidências demonstram

que o celecoxib e o rofecoxib forma usados de maneira suplementar às

indicações aprovadas, freqüentemente como primeira opção terapêutica e para

pacientes com menos de 65 anos, apesar dos AINES COX-2 seletivos não serem

mais efetivos que os AINES convencionais e apenas aqueles pacientes com um

grande risco de desenvolver uma séria complicação gastrintestinal têm

possibilidade de se beneficiar de seu risco relativo reduzido (Kerr et al., 2003;

National Prescribing Service, 2001).

Especulações sobre as razões deste comportamento prescricional

indicaram a influência das estratégias do marketing farmacêutico, as quais

procuraram reforçar a percepção de que esses medicamentos apresentassem

menos efeitos adversos, o que também foi favorecido pela ausência de um

acesso tempestivo a informação independente (Dowden, 2003). Apesar de

apresentarem uma redução de 50% do risco relativo para complicações

gastrintestinais, o risco absoluto para este efeito com AINES convencionais é tão

baixo quanto 1,4% na população geral, sendo de 5% e 0,4% com pacientes de

alto e baixo risco, respectivamente (National Prescribing Service, 2001).

As situações acima sublinham a importância de se avaliar os diferentes

cenários relacionados à introdução de novos medicamentos sob proteção

31

Page 34: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

patentária e como os mesmos podem representar distintas opções de políticas

públicas para lidar com seus efeitos nos sistemas de saúde. No caso dos novos

AINES COX-2 seletivos, por exemplo, claramente não seria possível emitir

licenças compulsórias para reduzir os preços por meio da competição por

genéricos, já que há outras opções terapêuticas disponíveis. Por outro lado, esta

situação seria mais bem abordada por políticas relacionadas ao uso racional de

medicamentos, uma vez que as evidências mostram que a difusão desses

produtos foi impulsionada por uma percepção enviesada de sua segurança e

eficácia.

1.4. REGULAÇÃO DE MERCADO

O principal objetivo da regulação do mercado farmacêutico é promover o

acesso da população aos medicamentos. Conforme demonstrado anteriormente,

a difusão e determinação dos preços dos produtos farmacêuticos se apresenta

como multifatorial, caracterizados pela interseção de diversos aspectos

relacionados à indústria e ao sistema de saúde, incluindo aí as próprias

características da terapêutica medicamentosa. Os diversos atores sociais, e

respectivos interesses, envolvidos no mercado farmacêutico ensejam um papel do

estado neste contexto, de modo buscar o uso mais eficiente dos recursos, em boa

parte das vezes não alcançado pela livre atuação recíproca entre demanda e

oferta, em função das diferenças de poder de mercado originadas.

Funções mínimas de responsabilidade governamental são propostas por

Bennett, Quick & Velásquez (1997), com a finalidade de determinar o

funcionamento correto e adequado dos mercados farmacêuticos:

32

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policy-making (desenvolvimento e monitoramento da política nacional de

medicamentos, englobando elementos sobre financiamento público de

medicamentos; capacidade aquisitiva - incluindo políticas de regulação e

competição de preços; uso racional de medicamentos; qualidade; e iniciativas

legislativas, regulatórias e programáticas para implementação da política);

regulamentação de medicamentos (diretrizes de registro e inspeção; registro,

controle de marketing e informação independente, vigilância pós-marketing);

padrões profissionais e substâncias de referência;

acesso aos medicamentos (subsidiar medicamentos essenciais, suprimento

através dos serviços públicos de saúde e promover o acesso universal);

uso racional de medicamentos (estabelecimento de padrões, educação e

informação).

Entre os principais desafios colocados pela Organização Pan-Americana

da Saúde (OPS) para serem enfrentados pelos países em desenvolvimento,

inclui-se o desenvolvimento e o fortalecimento de sistemas locais, englobando a

seleção, aquisição, garantia da qualidade, financiamento e informação

independente, relacionados com os medicamentos essenciais, principalmente nos

serviços públicos de saúde. Acesso e eqüidade, interação entre os setores

público e privado, interação com novos atores e o uso racional de medicamentos

são ações de igual importância neste sentido (OPS, 1995).

Na provisão de acesso universal à saúde, uma sólida base para o

financiamento estrutural dos sistemas de saúde é de vital importância. Na medida

em que o gasto farmacêutico em diversos países vem aumentando

consistentemente, os governos têm empreendido diversas medidas regulatórias,

33

Page 36: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

visando o gasto mais eficiente possível dos limitados recursos disponíveis para a

atenção à saúde.

Zerda e colaboradores (2001), ao estudarem o acesso a medicamentos em

diversos países da América, tipificaram as políticas de regulação de preços e do

mercado farmacêutico a partir de dois enfoques: as de intervenção, e as de

mercado.

As políticas de intervenção buscam estabelecer controles administrativos

sobre as características da oferta e sobre os preços. Dentre elas se destacam o

controle de preços – estabelecendo níveis máximos de venda ao público,

mediante imposição ou negociação – e a negociação de margens de lucro com os

laboratórios como condição para manter a liberdade de preços.

Já as políticas de mercado visam maior transparência e eqüidade na

interação entre oferta e demanda e na competição entre os produtores. Aqui

podemos ressaltar dois enfoques: as políticas que buscam aumentar a

competição entre produtos pela ampliação da oferta (como a introdução de

medicamentos genéricos ou a liberação da importação de produtos), e as que

buscam fortalecer o poder de mercado da demanda. Aí se incluem as compras

governamentais ou institucionais em grande escala; os contratos de provisão de

medicamentos por seguradoras de saúde, públicas ou privadas; as cooperativas

ou associações de hospitais especializadas em compras consolidadas; e a

publicação de informações sobre os preços dos medicamentos.

Vale aqui ressaltar que naqueles países onde existe um sistema de

reembolso do gasto com medicamentos pela seguridade social, como é o caso de

diversos países europeus, do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia, outras

opções de controle das despesas farmacêuticas são possíveis, como a utilização

34

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de listas positivas e negativas (ou seja, informando os produtos que serão

reembolsados e vice-versa), de sistemas de preço de referência (estabelecendo

um limite de pagamento para produtos dentro de um mesmo grupo terapêutico), e

co-pagamentos (limitando o nível de reembolso a um percentual do preço do

produto) (Rietveld & Haaijer-Ruskamp, 2002).

1.4.1.Avaliação econômica e regulação de mercado

Quando um novo medicamento não oferece uma real vantagem

terapêutica, o gasto adicional envolvido com seu uso vai resultar num maior custo

de oportunidade para o sistema de saúde; inversamente, quando se trata de uma

inovação que represente um verdadeiro progresso terapêutico, os recursos gastos

na sua utilização podem representar uma maior economia em outros setores do

sistema, por conta de uma melhoria nos resultados de saúde.

Alguns países têm abordado esta questão no âmbito de políticas

específicas de regulação, incorporando, por exemplo, a avaliação de custo-

efetividade para a inclusão de um produto na lista de reembolso pela seguridade

social.

Na Austrália, os fabricantes de produtos farmacêuticos devem submeter

avaliações econômicas como suporte aos processos para a inclusão de novos

medicamentos ao esquema nacional de reembolso de medicamentos; trata-se do

primeiro país em que este procedimento tornou-se obrigatório

(Johannesson, 1995). Um sistema similar também foi implementado nas

províncias canadenses de Ontário e British Columbia, e orientações sobre como

35

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conduzir estudos farmacoeconômicos foram instituídas para todo o Canadá

(Torrance et al., 1997; Anis et al., 1998).

Note-se que não se trata da inclusão de critérios de custo-efetividade para

a aprovação do registro para a comercialização de um medicamento, mas em

sistemas como os citados acima, a penetração de um novo produto no mercado é

determinada principalmente pela sua situação de reembolso. Também a

crescente exigência das agências reguladoras, principalmente em países

desenvolvidos, de que dados de avaliação econômica sejam apresentados, ao

menos como um auxílio na avaliação dos medicamentos, tem levado a se

considerar a avaliação econômica como uma “quarta barreira” à entrada dos

produtos no mercado, em adição às tradicionais (e obrigatórias) demonstrações

de eficácia, segurança e qualidade. Na Tabela 3, pode se observar o movimento

do papel da avaliação econômica, de voluntário para mandatório em diversos

países, quanto à avaliação dos medicamentos (Schubert, 2002).

Tabela 3: Mudanças no papel da avaliação econômica quanto à avaliação de medicamentos.

1997 2000

Mandatório Austrália, Canadá (Ontário)

Austrália, Canadá, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia,

Portugal, Irlanda, mais 3 organizações de managed care

americanas (Regence, Blue Cross/ Blue Shield, Foundation

Health)

Encorajado França, Bélgica, Noruega, Nova Zelândia

Voluntário Reino Unido, Itália, França, Bélgica, Alemanha, EUA

Espanha, Itália, Alemanha, U.S. Academy of Managed Care

Pharmacy A ser

estabelecido Japão

Fonte: adaptado de Schubert, 2002.

36

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Também os prestadores de atenção à saúde privados vêm incorporando

critérios de custo-efetividade a seus processos de seleção de medicamentos,

principalmente com o desenvolvimento do setor de managed care (Lyles et al.,

1997) que com a experiência tendem a se tornar mais exigentes quanto às

avaliações apresentadas pela indústria.

A avaliação econômica de medicamentos representa uma abordagem que

pode contribuir para maior eficiência na atenção à saúde, uma vez que pode ser

um fator para o desenvolvimento de novos medicamentos que sejam mais

custo-fetivos e também uma ferramenta na seleção de terapias mais eficientes.

No entanto, algumas questões devem ser consideradas no sentido de garantir

este papel.

As análises farmacoeconômicas, ao trabalharem com a modelização de

situações da terapêutica, a partir de dados de ensaios clínicos e dados

disponíveis sobre a utilização dos produtos (quando for o caso) acabam por

apresentar características tanto de artigos científicos originais quanto de artigos

de revisão. Como artigos científicos originais (como os descrevendo ensaios

clínicos), os métodos e os dados são explicitados, e as conclusões são baseadas

nos dados apresentados. Por outro lado, como artigos de revisão, as suposições

feitas na construção de modelos e os dados usados na análise são geralmente

selecionados seletivamente da literatura científica e estas escolhas podem ser

enviesadas (Drummond, 1998).

Esta forma de caracterizar as avaliações econômicas já aponta para

diversos fatores que potencialmente podem enviesá-las. Um deles é o patrocínio

dos estudos, sendo aqueles financiados pela indústria objeto de um implícito

conflito de interesses, entre os objetivos comerciais e a demonstração rigorosa

37

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dos resultados. No entanto, esta não é uma situação muito diferente da dos

ensaios clínicos, o que indica que é preciso conviver com essa realidade através

de regras para garantir a transparência dos mesmos e avaliações rigorosas dos

estudos (Rennie & Luft, 2000). Neste contexto, as diversas iniciativas de

estabelecimento de guias para a realização dos estudos (guidelines) são de

grande importância para assegurar padrões mínimos de qualidade no

fornecimento de dados farmacoeconômicos (Thwaites & Townsend, 1998).

À medida que diferenças locais (sistemas de saúde, panorama

epidemiológico etc.) podem determinar diferentes resultados para a análise

econômica de um medicamento, por conta de possíveis magnitudes de

efetividade e custos diversas, há uma tendência à expansão da pesquisa

farmacoeconômica relevante à mercados locais e ambientes específicos de

atenção à saúde. A partir de dados de avaliações publicadas, haverá uma

crescente ênfase em demonstrar sob que condições as conclusões do estudo

podem ser aplicadas em outros contextos (Thwaites & Townsend, 1998).

Países e instituições com recursos limitados tenderão a focar seus esforços

no desenvolvimento da capacidade de extrapolar os dados de estudos

farmacoeconômicos, ao invés de contar somente com estudos prospectivos

locais. Não que os mesmos sejam inapropriados, mas, ao menos inicialmente,

seria mais eficiente investir em atividades como o desenvolvimento de bases de

dados sobre os custos da atenção à saúde, interpretação e extrapolação de

resultados publicados, suporte metodológico e esboçar conclusões a partir de

modelagem e meta-análises. Assim, fica também ressaltada a importância da

formação de recursos humanos nesta área, de modo a melhor aproveitar o

potencial dessa ferramenta para o aumento da eficiência na atenção à saúde.

38

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1.5. MERCADO FARMACÊUTICO BRASILEIRO E REGULAÇÃO

Na segunda metade dos anos 90, mudanças importantes acontecem no

âmbito regulatório relacionado ao mercado farmacêutico brasileiro.

Em 1998, pela primeira vez na história recente do país, o Ministério da

Saúde explicita uma política de medicamentos em consonância com as diretrizes

da OMS (Bermudez et al., 2000), estabelecendo as bases e diretrizes para ações

setoriais relacionadas à garantia da necessária segurança, eficácia e qualidade

dos medicamentos, a promoção do seu uso racional e o acesso da população

àqueles considerados essenciais. Foram assim definidas as diretrizes que

norteiam essa política (MS, 1998):

I. adoção da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename);

II. regulamentação sanitária e padronização de medicamentos;

III. reorientação da assistência farmacêutica;

IV. promoção do uso racional de medicamentos;

V. desenvolvimento científico e tecnológico;

VI. promoção da produção de medicamentos;

VII. garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos;

VIII. acompanhamento e avaliação da política.

Em 1999, o governo federal promulgou a lei 9.782/99 (Brasil, 1999), que

define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, com a criação da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autarquia especial no âmbito da

estrutura do Ministério da Saúde (MS) contando com independência

administrativa, estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira. À Anvisa

cabe a implementação e execução da política nacional de vigilância sanitária,

estabelecida no âmbito do MS, coordenando o sistema. Dispõe para isso de

39

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poderes normativos, fiscalizatórios e disciplinares no seu âmbito de atuação.

Importante notar que inicialmente as questões relacionadas aos preços dos

medicamentos não faziam parte de suas atribuições, tendo sido incorporadas

posteriormente por Medida Provisória (IE/UFRJ, 2002).

Outro marco significativo foi a adoção de uma política de medicamentos

genéricos, a partir da lei 9.787/99 (Brasil, 1999b), visando controlar os preços dos

medicamentos por meio do aumento da competição de mercado, buscando

romper com a hegemonia das marcas líderes. Na tabela 3, correspondente à

evolução do mercado farmacêutico brasileiro de 1997 a 2002 (vendas em

farmácias), é descrita uma participação de mercado em torno de 5% para os

produtos genéricos após 2 anos do início da política, com um preço médio

correspondente a aproximadamente 80% do valor para os demais produtos no

mercado. Embora este valor em princípio possa representar uma diminuição nos

preços menor do que o antecipado, é preciso levar em conta que esta não é uma

comparação direta com os preços dos respectivos produtos de referência.

Adicionalmente, no universo de produtos considerado se encontram os produtos

similares (os quais não passaram pelos testes indicativos da equivalência

terapêutica), que historicamente têm apresentando, em média, menores preços

que os produtos de referência.

Desde dezembro de 2000, com a edição da Medida Provisória 2.063,

posteriormente transformada na lei 10.213, de 27/03/2001 (Brasil, 2001),

retomou-se o controle de preços do setor farmacêutico. Por meio desta legislação,

definiram-se normas de regulação para preços de medicamentos e criou-se a

Câmara de Medicamentos (CAMED). Esta se constituiu em um órgão

interministerial, composta de um Conselho de Ministros (Casa Civil, Justiça,

40

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Fazenda e Saúde) e um Comitê Técnico (composto pelos Secretários de Gestão

de Investimentos em Saúde/MS18; de Direito Econômico SDE/MJ; de

Acompanhamento Econômico SEAE/MF e por um representante da Casa Civil).

Uma das principais normas estabelecidas foi a adoção, como parâmetro

para os reajustes, da Fórmula Paramétrica de Reajuste de Preços de

Medicamentos (FPR) que determinava o valor máximo do Reajuste Médio de

Preços a ser permitido para todas as empresas. A diferença entre a Evolução

Média de Preços (EMP) de cada empresa e o Índice Paramétrico de Preços (IMP)

estabelecido pela lei é definido como o critério a ser utilizado para decidir se uma

determinada empresa pode ou não promover novos aumentos (IE/UFRJ).

A CAMED foi sucedida, em meados de 2003, pela Câmara de Regulação

do Mercado de Medicamentos19 (CMED), cujo ato de criação empreendeu

algumas mudanças neste contexto, destacada aqui a regulação do preço de

novos medicamentos (e novas apresentações).

O preço de entrada no mercado destes produtos passou a ser regulado a

partir dos critérios estabelecidos na resolução CAMED no 13, de dezembro de

2001 (CAMED, 2001), atualizados pela resolução CMED no 01, de junho de 2003.

Estes critérios consideram a avaliação de vantagem terapêutica em relação às

opções já comercializadas, a análise comparada do custo de tratamentos

alternativos, e o preço do novo produto praticado em um grupo de países de

referência (Espanha, Portugal, Itália, Canadá e Austrália) ou de outras

18 Com a reestruturação do Ministério da Saúde no primeiro semestre de 2003, este foi sucedido

pelo titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE). 19 A CMED é composta pelos Ministros da Saúde (que preside o Conselho de Ministros), da

Justiça, da Fazenda e da Casa Civil.

41

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apresentações alternativas presentes no mercado brasileiro, no caso de novas

apresentações.

Relevante notar na tabela 3 que justamente a partir de 2001 os preços dos

novos produtos (há 2 anos ou menos no mercado), excluídos os genéricos, sofre

um declínio, podendo estar indicando já um possível efeito desta regulação.

Adicionalmente, a lei 10.742/2003 (Brasil, 2003), que cria a CMED, alterou

a lei no 6360/1976 (relativa à vigilância sanitária de medicamentos), dando nova

redação ao artigo 16, que trata dos requisitos específicos para o registro de

medicamentos, incluindo a exigência da apresentação de informações

econômicas sobre o produto a ser registrado. Estas informações contemplam

dados sobre preço do produto em outros países; valor de aquisição do princípio

ativo; custo do tratamento mensal por paciente; mercado projetado (número

potencial de pacientes a ser tratado), preços pretendidos, com discriminação da

carga tributária; relação de todos os produtos substitutos existentes no mercado,

acompanhada de seus respectivos preços; e a discriminação da política de

comercialização do produto, incluindo os gastos previstos com o esforço de

venda, e com publicidade e propaganda. Essas novas exigências visam

claramente vincular a autorização de comercialização (registro) ao processo de

estabelecimento de preço de entrada no mercado.

Todo esse novo marco regulatório compreende um entendimento do

caráter multifatorial do processo de precificação dos produtos no mercado

farmacêutico. Conforme já discutido, diversas evidências empíricas indicam a

prevalência de fatores relacionados à oferta na determinação dos preços de

medicamentos, incluindo diferenciação de produtos, competição de mercado e

estabelecimento de preços distintos entre diversos tipos de compradores (tendo

42

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43

ainda como pano de fundo o contexto de regulação do sistema de saúde), os

quais possuem suas especificidades segundo os segmentos de mercado

considerados. Desta forma, o estudo destes se apresenta como importante para

analisar a dinâmica dos preços e difusão dos produtos.

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Tabela 3: Mercado farmacêutico brasileiro (1997 a 2002) - vendas em farmácias (x 1.000 mil) 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Mercado total: 1.

3

4

8

8.

2

9

0

1.

2

9

4

9.

0

1

5

1.

2

7

0

1

0.

3

9

4

1

1.

2

3

7

1.

2

8

9

1

1.

5

6

3

1.

2

5

2

1

3.

1

1

7

1.

2

7

8

Preço médio (R$): 6,15 6,96 8,18 8,71 9,24 10,26

Mercado total genéricos: 6

4

7

3

2

2

4

8

6

2

5

2

9

Preço médio (R$): 7,63 7,71 8,48

Participação de mercado genéricos:

0,

4

7

%

0,

4

2

%

2,

5

7

%

2,

1

4

%

4,

8

9

%

4,

0

4

%

Proporção entre preços médios (genéricos x total sem genéricos): 0,88 0,83 0,82

Mercado total sem genéricos: 1.

2

8

4

1

1.

1

9

1

1.

2

2

0

1

1.

3

1

6

1.

2

1

6

1

2.

5

8

8

44

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45

Preço médio (R$): 8,72 9,28 10,35

Mercado total novos

produtos (2 anos)

sem genéricos:

4

9

6

2

6

6

4

6

9

0

6

8

1.

2

1

6

6

5

1.

2

5

1

6

5

1.

0

1

7

8

1

1.

0

6

2

Preço médio (R$): 12,73 10,85 17,79 19,27 15,76 13,04

Mercado total

produtos antigos

sem genéricos:

1.

2

9

9

7.

6

6

5

1.

2

3

1

8.

3

2

6

1.

2

0

2

9.

1

7

8

1.

2

1

9

9.

9

4

0

1.

1

5

5

1

0.

2

9

9

1.

1

3

4

1

1.

5

2

6

Preço médio (R$): 5,90 6,76 7,64 8,16 8,91 10,16

Proporção entre

preços médios

(novos pdts.x pdts.

antigos):

2,16 1,61 2,33 2,36 1,77 1,28

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

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2. OBJETIVOS

2.1.OBJETIVO GERAL

• Elaborar um modelo de avaliação da difusão de novos medicamentos no

mercado farmacêutico, a partir da caracterização do processo de

introdução de novos produtos no mercado farmacêutico brasileiro.

2.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar os tipos de inovação correspondentes aos novos medicamentos

introduzidos no mercado farmacêutico brasileiro de 1998 a 2002.

• Determinar os segmentos de mercado nos quais se inserem os novos

medicamentos e caracterizar a evolução dos mesmos, incluindo

participação no mercado, unidades comercializadas e preços, no período

de 1998 a 2002.

• Identificar os principais mercados para novos produtos introduzidos

(público, privado, ambulatorial, hospitalar).

• Dimensionar a participação de medicamentos genéricos nos respectivos

segmentos de mercado, a partir de sua introdução.

• Caracterizar o potencial do modelo de avaliação desenvolvido para a

identificação de medidas regulatórias específicas que favoreçam a

eficiência do gasto farmacêutico.

45

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3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS (HIPÓTESES)

• A maioria dos novos produtos não representa inovações que signifiquem

um avanço terapêutico significativo.

• Novos produtos têm preços mais altos em relação aos produtos já

comercializados, no mesmo segmento de mercado.

• O nível de preços dos novos produtos está relacionado ao grau de

inovação dos mesmos.

• Novos produtos ganham mercado (valor e unidades) dos produtos mais

antigos.

• A conquista do mercado pelos novos produtos está relacionada ao grau de

inovação do produto;

• O padrão de difusão de novos produtos não é diferente naqueles

segmentos de mercado com a presença de medicamentos genéricos.

46

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4. METODOLOGIA

4.1. IDENTIFICAÇÃO DOS NOVOS MEDICAMENTOS NO MERCADO BRASILEIRO

No levantamento dos novos produtos farmacêuticos introduzidos no período de

1998 a 2002 procurou-se seguir uma abordagem sistemática que possibilitasse

identificar aqueles produtos que representassem uma inovação em relação aos

produtos já comercializados. Para isso, selecionaram-se inicialmente os tipos de

registro na categorização utilizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(Anvisa) que satisfizessem ao critério acima.

O regulamento vigente no período em estudo era a Instrução Normativa no 1,

que visava “estabelecer os documentos necessários para processos de petições, junto

à Secretaria de Vigilância Sanitária” (SNVS, 1994). No seu item 10, que trata do

registro de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e produtos dietéticos, são

consideradas duas categorias de registro: o de produto novo20 e o de produto similar21.

Na primeira se encontram os produtos enquadrados nas seguintes situações:

1. Produto resultante de:

a) alteração na concentração de substância ativa ou de propriedades

farmacocinéticas;

b) substância ativa não registrada para a indicação a que se pretende,

c) retirada de componente ativo de produto já registrado;

d) substituição de componente ativo de produto já registrado.

2. Produto resultante de entidade molecular nova.

20 Posteriormente, em 2003, a Anvisa expediu, por meio da RDC no 136, um novo regulamento técnico

específico para “medicamentos novos ou inovadores com princípios ativos sintéticos ou semi-sintéticos”

(Anvisa, 2003a). 21 A partir da promulgação da lei 9787/99 (Brasil, 1999), foi introduzida a categoria de medicamento

genérico.

47

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3. Sal novo, embora a entidade molecular correspondente já tenha sido

autorizada.

4. Duas ou mais substâncias ativas não registradas, juntas em um mesmo

produto.

Adicionalmente, é previsto na seção de “alteração de registro do tipo 2” que nos

casos de registro de pedido de nova forma farmacêutica relacionada a substância ou

associação ainda não registrada nesta forma farmacêutica a documentação solicitada

no processo será a mesma referente ao registro de produto novo.

Assim, consultando ainda a lista de códigos de assuntos de petição de

medicamentos da Anvisa (Anvisa, 2003b), identificou-se como relevante o

levantamento dos registros de “medicamento novo”, “nova forma farmacêutica no país”

e “nova associação no país” para o recorte pretendido no estudo.

Os dados de registros correspondentes aos critérios definidos acima foram

repassados, mediante solicitação, pela área de regulação econômica da agência, em

meio eletrônico, no formato de arquivo pdf. As informações sobre cada produto

consistiram em: princípio ativo, número do processo e data de entrada, apresentações

e número de registro correspondente, e data de deferimento do pedido de registro.

Estes dados foram compilados para uma planilha eletrônica, de modo a poderem ser

devidamente trabalhados, levantando-se também, no sítio Internet da Anvisa22 os

nomes comerciais desses produtos, possibilitando o cruzamento com as informações

referentes à comercialização dos mesmos.

22 Existe uma página neste sítio que possibilita consultar os medicamentos registrados.

48

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4.2. LEVANTAMENTO DO MERCADO FARMACÊUTICO BRASILEIRO

Uma vez obtidos os dados de registro necessários à pesquisa, passou-se à

identificação daqueles efetivamente comercializados no período de interesse, a partir

da base de do IMS (International Marketing Service), empresa que monitora a evolução

do mercado em diversos países, incluindo o Brasil. O acesso a essa base foi

oportunizado através de acordo junto à diretoria da Anvisa, sendo a agência cliente dos

serviços comercializados pela empresa. O levantamento realizado pelo IMS diz

respeito às vendas em farmácias e drogarias (comércio varejista), não incluindo

compras públicas e hospitalares. Malgrado esta limitação, constitui-se no único

levantamento sistemático – mensal - do comércio farmacêutico no Brasil, retratando

unidades vendidas e valores faturados, em reais e em dólares, o que permite obter o

preço médio real de comercialização de cada produto ao longo do tempo. É possível

ainda selecionar-se, entre diversas variáveis, os dados por produto e pelas suas

diversas apresentações disponíveis. Vale ressaltar que estes dados de comercialização

se referem às marcas pelas quais os produtos são comercializados, não havendo

nenhuma informação sobre os respectivos princípios ativos das mesmas.

A seleção das informações de interesse no programa de computador específico

que gerencia os dados do sistema do IMS foi realizada na sede da Anvisa, em Brasília,

em duas ocasiões distintas no primeiro semestre de 2003. Dessa maneira, foram

obtidos os valores correspondentes ao mercado nacional, categorizado pelas classes

terapêuticas de nível IV da sistematização empregada23, para os anos de 1997 a 2002.

A inclusão deste primeiro ano visou possibilitar o retrato da estrutura dos segmentos de

mercado estudados anterior à introdução de novos produtos em todas as situações,

incluindo lançamentos em 1998. Os dados selecionados foram recuperados na forma

23 A mesma será discutida em maior profundidade adiante na seção “Segmentação do mercado”.

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de planilhas eletrônicas, conforme permitido pela interface do programa do IMS, o que

possibilitou a manipulação dos mesmos, sendo um grupo de planilhas correspondente

aos anos de 1997 e 1998 e outro ao período de 1999 a 2002.

4.3. CATEGORIZAÇÃO DOS PRODUTOS SEGUNDO GRAU DE INOVAÇÃO

A caracterização das inovações representadas pelos novos produtos

farmacêuticos compreende várias possibilidades de classificação, dependendo das

concepções subjacentes à mesma. Recentemente, a International Society of Drug

Bulletins, visando caracterizar aquelas inovações relevantes do ponto de vista do uso

racional de medicamentos, apresentou possíveis perspectivas a considerar. Numa

perspectiva comercial, pode-se tratar de novos produtos comercializados (novas

substâncias, incluindo me-toos, novas indicações, novas formas farmacêuticas e novos

métodos de tratamento); numa perspectiva tecnológica, de inovações industriais, como

a utilização de técnicas de biotecnologia, de novos sistemas de administração para um

medicamento, ou a seleção de um isômero ou metabólito de um fármaco; e numa

perspectiva de progresso terapêutico, considerar os novos tratamentos que aportam

um benefício aos pacientes em comparação com os tratamentos já existentes (ISDB,

2002).

A utilização de uma classificação que indique o nível de avanço terapêutico de

um novo produto pode ser de grande valia como orientação preliminar para os

prescritores de medicamentos em suas decisões de adoção da nova tecnologia. Por

outro lado, poderia significar um critério de prioridade, conduzindo a um tratamento

diferenciado no processo de autorização de comercialização que resulte numa redução

do tempo de tramitação em função de uma avaliação inicial, a exemplo do FDA

americano.

50

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No período estudado, as decisões relativas à aprovação do registro de novos

produtos, a partir da avaliação de eficácia e segurança dos mesmos, estavam

vinculadas a pareceres específicos elaborados pela Comissão Nacional de

Assessoramento Tecnocientífico em Medicamentos (Conatem) e posteriormente pela

Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), instituída pela RDC no 89, de 08/05/1999

(Anvisa, 2001) Estes organismos são compostos por técnicos e especialistas advindos

de instituições de ensino e pesquisa, bem como de entidades da sociedade civil de

cunho científico e de defesa do consumidor, como a Sociedade Brasileira de Vigilância

de Medicamentos (Sobravime), sendo sucedâneos de outras estruturas congêneres

que exerceram a seu tempo funções semelhantes vinculadas à vigilância sanitária em

nível federal, como a Comissão Nacional de Avaliação Técnica de Medicamentos

(antiga Conatem) e a Comissão Técnica de Assessoramento em Assuntos de

Medicamentos e Correlatos (Crame) (Costa, 1999, p. 313-314), em que pese não se

discutir aqui os contextos particulares condicionantes dessa linha evolutiva.

Num primeiro momento buscou-se levantar junto à Anvisa a existência de

classificação específica para a orientação das análises dos pedidos de registro para

comercialização de novos produtos. Num exame preliminar no sítio internet da agência

pôde-se identificar, por meio dos resumos das atas das reuniões da Conatem e da

Cateme disponíveis (Conatem, 2003 e Cateme, 2003), que os produtos aprovados são

identificados pela natureza do pedido (novo produto, nova indicação etc.); no entanto

não há sinal de que isto signifique a asserção de prioridade para a avaliação dos

mesmos que reflita um possível incremento clínico representado pelo uso do produto

em questão, tendo-se a impressão do processo ser realizado de maneira seqüencial

em função da ordem de apresentação dos pedidos. Esta impressão foi confirmada

posteriormente pelo representante da Sobravime na Cateme, destacando a natureza

cartorial da instrução dos processos encaminhados a esta câmara (Bonfim, 2003).

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Recentemente, a Cateme deixou de exercer esta responsabilidade única pela

avaliação da eficácia e segurança dos produtos, passando, principalmente, a

desempenhar o papel de subsidiar a Anvisa por meio da padronização de critérios de

análise e da emissão de pareceres sobre temas controversos (Anvisa, 2004).

Conforme referido anteriormente, o FDA vale-se, para a análise dos processos

de autorização de comercialização de novos medicamentos (NDA, new drug

application), de uma classificação dupla (CDER, 2003). De um lado, considera os

princípios ativos dos novos medicamentos, classificando-os em (1) novas entidades

moleculares (NME, new molecular entities), para o caso de fármacos nunca antes

aprovados para comercialização no mercado americano, ou para a situação inversa, de

medicamentos que representam modificações incrementais (IMD, incrementally

modified drugs), em (2) novos sais ou ésteres de compostos aprovados, (3) novas

formulações e (4) novas combinações de princípios ativos. A NDA pode ainda ser

classificada como (5) medicamento já comercializado (novo produtor) e (6) nova

indicação de medicamento já comercializado (incluindo a mudança de condição de

venda sob prescrição para venda livre). Adicionalmente, é considerado o potencial

terapêutico do novo produto, o que leva à sua designação como prioritário ou padrão,

indicando o procedimento que será aplicado na análise do pedido (o que tem

implicações para o tempo de conclusão do processo). Para alçar a condição de

prioritário, o produto (ou nova indicação) deve demonstrar um incremento significativo

em pelo menos um dos seguintes quesitos: (1) evidência de aumento de efetividade no

diagnóstico, tratamento ou prevenção de uma doença; (2) eliminação, ou redução

substancial, de uma reação medicamentosa limitante do tratamento; (3) um aumento

da adesão dos pacientes ao tratamento que seja documentado; (4) evidência de

segurança e de efetividade para uma nova sub-população de pacientes (FDA apud

NIHCM Foundation, 2002b).

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Uma vez que as estatísticas sobre os novos produtos aprovados para

comercialização nos EUA estão disponíveis no sítio internet do Center for Drug

Evaluation and Research (CDER) – órgão do FDA responsável pela área de

medicamentos -, a partir do ano de 1990, indicando o produto e sua respectiva

classificação, e ainda considerando que o núcleo inovador da indústria farmacêutica

tem atuação no mercado global, e principalmente no mercado americano, que é o

maior mercado individualmente, decidiu-se por adotar no trabalho a classificação de

potencial terapêutico utilizada aí para os novos produtos. Dessa forma levantou-se a

situação dos medicamentos equivalentes aos lançados no Brasil no período estudado

junto ao CDER, de modo a fazer as correlações necessárias.

53

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4.4. SEGMENTAÇÃO DO MERCADO

O lançamento de produtos inovadores no mercado farmacêutico conduz à

possibilidade de diferenciação de produtos, conforme discutido anteriormente. Essa

diferenciação confere à empresa a possibilidade de fixar preços acima das demais e

mesmo assim realizar vendas. Ou seja, esta capacidade de controlar o preço de venda

do produto, mesmo diante da competição de produtos similares, está relacionada ao

poder de mercado virtual de uma empresa individual (Resende & Boff, 2002: p.75),

para o qual contribui grandemente o processo de diferenciação de produtos24.

Neste momento, se impõe uma questão fundamental para analisar a difusão de

novos produtos no mercado farmacêutico e o eventual poder de mercado adquirido

pelas empresas: que critério de delimitação de produtos utilizar para caracterizar a

competição nesse mercado? Qual segmentação do mercado pode resultar na unidade

de análise para abordar essa questão?

Quando se considera o mercado farmacêutico como um todo, de uma maneira

geral encontra-se um número razoável de produtores, cada qual detendo uma fatia de

mercado relativamente pequena, tipicamente abaixo de 10% em valor do mercado

total. Na Tabela 4, apresenta-se a participação, em faturamento, das dez empresas

líderes no mercado brasileiro para o ano de 2002, que equivale a aproximadamente

38% do mercado total. Considerando a participação das quatro primeiras firmas, que é

um dos indicadores de concentração de mercado (CR4) empregados, tem-se um valor

de 19,32%, que caracteriza uma situação razoavelmente competitiva.

Tabela 4. Principais companhias farmacêuticas no mercado brasileiro, 2002.

24 Outros fatores importantes para a comercialização bem sucedida dos produtos também concorrem

para a consolidação de poder de mercado. Ver a seção 1.1.2. Apropriação das inovações e patentes na

indústria farmacêutica.

54

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Posição Companhia Faturamento (US$ mil) Participação no mercado (%)

1 Aventis Pharma 266.527 5,76% 2 Novartis 238.244 5,16% 3 Aché 203.730 4,41% 4 Pfizer 183.932 3,99% 5 Roche 171.466 3,70% 6 Schering Plough 142.458 3,07% 7 EMS Sigma Pharma 140.064 3,06% 8 Schering do Brasil 134.308 2,91% 9 Boehringer Ingelheim 133.461 2,89%

10 Bristol Myer Squib 132.837 2,86% Total das 10

maiores: 1.747.027 37,81% Mercado Total 4.617.936

Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Por outro lado, ao considerar mercados relativos aos produtos contendo

determinados princípios ativos, encontrar-se-á, geralmente, um elevado grau de

concentração dos mesmos, com algumas firmas detendo grande parte do faturamento.

Esta situação é exemplificada pela participação das duas maiores empresas em

mercados selecionados, definidos por um princípio ativo, no Brasil, conforme descrito

na Tabela 5.

55

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Tabela 5. Participação de mercado (%) das duas maiores empresas por princípio ativo e origem de capital

Classe Terapêutica / Princípio Ativo

Número de Empresas

Produtoras

Participação de Mercado das 2

maiores empresas (%)

Origem do Capital

93,79 (Novartis) Multinacional Analgésico. Antiinflamatório / Diclofenaco de potássio

7

4,46 (Merck) Multinacional

96,98 (Eli Lilly) Multinacional Antibiótico / Cefalexina 8 2,91 (Glaxo Welcome) Multinacional 89,78 (BMS) Multinacional Anti-Hipertensivo.

Vasodilatador / Captopril

6

6,77 (Medley) Nacional

58,24 (SKB) Multinacional Antibiótico / Amoxicilina 14 21,39 (BMS) Multinacional 90,91 (Janssen-Cilag.) Multinacional Analgésico /

Paracetamol 3

8,35 (Sanofi Winthrop) Multinacional 77,01 (MSD) Multinacional Anti-Hipertensivo.

Vasodilatador / Maleato de Enalapril

4

20,00 (Biosintetica) Nacional

93,10 (HMR) Multinacional Analgésico. Antipirético / Dipirona

12 2,54 (Sanofi Winthrop) Multinacional 88,70 (Roche) Multinacional Ansiolítico /

Bromazepan 9

9,76 (Aché) Nacional 81,66 (Roche) Multinacional Ansiolítico / Diazepan 7 7,83 (União Química) Nacional

Fonte: Adaptação a partir de Hasenclever et al. (2000).

Diante desse quadro, onde situar a competição entre produtores no setor

farmacêutico? De fato, a segmentação desse mercado vai ser um reflexo da natureza

dos produtos comercializados, uma vez que um medicamento tem um espectro de

utilização que geralmente corresponde a uma gama específica de situações

terapêuticas relacionadas. Também por conta disso, caracterizar esta segmentação

apresenta algumas dificuldades, já que identificar os produtos que efetivamente

competem entre si significa considerar diversas possibilidades de interseção entre

produtos e indicações terapêuticas. Recortes do mercado em classes terapêuticas

podem ser muito amplos, em função do efeito que se deseja observar, pois, por

exemplo, ao considerar os medicamentos anti-hipertensivos, se estará agrupando

diuréticos com bloqueadores de canais de cálcio que terão situações peculiares de uso.

Por outro lado, considerar somente o mercado de medicamentos com um mesmo

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princípio ativo pode ser muito restritivo, pois desconsidera a competição de produtos

com fármacos semelhantes, que apresentem o mesmo mecanismo de ação e/ou

mesma indicação terapêutica.

A avaliação dos efeitos de novos produtos sobre os gastos com medicamentos e

sobre os resultados terapêuticos está relacionada a uma suposição subjacente de que

há áreas específicas de competição entre produtos utilizados para as mesmas

situações de tratamento farmacológico e que aí é exercido efetivamente o poder de

mercado das empresas, retratado pelo grau de concentração de cada um destes

segmentos de mercado. E que a dinâmica de difusão de novos produtos farmacêuticos

conduziria à adoção de medicamentos mais caros, aumentando o gasto farmacêutico,

sem guardar uma necessária relação com o valor terapêutico agregado a estes

medicamentos, conforme as hipóteses elaboradas para este trabalho.

Uma definição de segmentos de mercado condizente com o exposto acima é

aquela advinda da utilização do conceito de mercado relevante, conforme empregado

na legislação de defesa da concorrência (antitrust), que corresponde ao espaço de

competição real entre as empresas.

A definição de mercado relevante compreende uma dimensão geográfica, que

consiste na área geográfica onde se dá a concorrência entre os produtores, e uma

dimensão produto, onde se procura identificar os produtos que concorrem entre si,

incluindo não apenas aqueles idênticos (substitutos perfeitos), mas também os

substitutos próximos (Mello, 2002, p. 508). De uma maneira geral, considera-se o

componente geográfico para a definição de mercados na área farmacêutica, dadas as

suas características, como o próprio mercado nacional considerado, sendo então o

ponto fundamental a identificação dos produtos participantes (Bloch et al., 1997).

Esta abordagem foi utilizada no trabalho realizado pelo Instituto de Economia da

UFRJ (IE/UFRJ, 2002), em cooperação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

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(Anvisa) e contando com a participação do Núcleo de Assistência Farmacêutica

(NAF/ENSP/FIOCRUZ), no âmbito do projeto “Diagnóstico do Setor Farmacêutico:

proposta de acompanhamento de preços”, no qual se destaca a análise do grau de

concentração do mercado farmacêutico brasileiro no período de outubro de 1999 a

outubro de 2000, tendo o mercado relevante como unidade de análise. A segmentação

do mercado farmacêutico brasileiro concernente ao presente trabalho partiu da

experiência acumulada a partir da participação neste projeto.

Os mercados relevantes foram delimitados usando-se como guia a classificação

utilizada pela Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), que conta

com uma organização dos grupos e subgrupos farmacológicos em função do uso

clínico dos medicamentos. A opção pela Rename (MS, 1999)25 se deu, além dessa

característica, por ser a mesma elemento fundamental da Política Nacional de

Medicamentos (MS, 1998), devendo servir de referência para ações específicas no

âmbito desta, coerentemente com o objetivo geral do projeto de elaboração de uma

proposta de monitoramento do mercado farmacêutico brasileiro.

Assim, partiu-se da base de dados do IMS sobre informações do mercado

(produtos, produtores e faturamento), categorizadas por classes terapêuticas de nível

III, para o mês de outubro de 200026, considerando o consolidado dos doze meses

precedentes como fonte de informação sobre os medicamentos disponíveis no período.

Nesta base, os produtos estão organizados na classificação ATC (Anatomical,

Therapeutic, Chemical) da Associação Européia de Pesquisa de Marketing

Farmacêutico (EPHMRA, 2004) – padrão internacional nesta área -, a qual visa muito

25 Posteriormente, em 2002, o Ministério editou uma nova revisão da Rename, não implicando mudança

substantiva do sistema de classificação utilizado (MS, 2002). 26 A Anvisa disponibilizou para uso no projeto os dados de comercialização para o referido mês com

correspondentes valores acumulados no ano e nos doze meses anteriores em meio impresso, o que

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mais um completo inventário dos produtos do que indicar o grau de substituição entre

os mesmos (em que pese estes dois propósitos apresentarem grande interseção) e

está organizada em quatro níveis de classes terapêuticas. Este sistema classificatório

guarda grande semelhança com a classificação ATC da Organização Mundial da

Saúde (OMS), uma vez que esta derivou do uso inicial da primeira, nos primórdios da

OMS no período após a Segunda Guerra Mundial, tendo as duas posteriormente

evoluções distintas (WHOCC, 2003).

Dessa forma, foram estabelecidas possíveis correlações entre os grupos da

classificação ATC da EPHMRA e os da Rename de modo a facilitar o enquadramento

posterior dos produtos (tabela 6). Os mercados relevantes foram então determinados,

criando-se novas subdivisões dos grupos da Rename quando necessário, para dar

conta da possibilidade de substituição entre produtos para uma determinada indicação

clínica. Aqui é importante ressaltar que a análise dos produtos levou em conta os

princípios ativos dos medicamentos, não fazendo distinção entre diferentes

apresentações do mesmo produto, salvo quando as mesmas se encontravam em

diferentes grupos da classificação IMS, indicando claramente uma distinta utilização

(como foi o caso para antifúngicos ginecológicos). Obviamente, esta abordagem pode

representar algumas limitações em relação ao efetivo grau de substituição entre

produtos (e.g. situações onde formas farmacêuticas injetáveis não possam ser

substituídas por formas orais), mas considerou-se um modelo adequado para a

situação estudada, principalmente levando em conta a opção de considerar todas as

formas farmacêuticas disponíveis, o que introduziria um grau de complexidade de difícil

manejo; além disso, há de qualquer forma a possibilidade de variação individual no uso

dos produtos, que também não seria enquadrada por esta última opção. Os produtos

levou à necessidade de transposição dos mesmos para uma planilha eletrônica, de modo a poder

manipulá-los.

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constituídos por associações medicamentosas foram classificados conforme o seu uso

clínico, geralmente guiado pelo principal princípio ativo identificado. Por fim, decidiu-se

excluir da análise os produtos fitoterápicos, devido às suas peculiaridades de registro e

de uso (Anvisa, 2004), restando difícil sua comparação em termos de eficácia e

segurança com a maioria dos produtos composta por princípios ativos bem definidos.

No trabalho do IE/UFRJ, a escolha dos grupos farmacológicos a serem

trabalhados prioritariamente se deu a partir de possíveis correlações entre os grupos

da Rename e os capítulos da 10a Edição da Classificação Internacional de Doenças

(CID-10, 2001) identificados com as principais causas de morbidade e mortalidade no

Brasil, conforme exposto na Tabela 6. Ao final, chegou-se a um total de 148 mercados

relevantes, correspondendo a uma cobertura de 77% do faturamento do mercado

farmacêutico pesquisado pelo IMS no período (US$ 4,478 bilhões), incluindo 3.200

produtos e 199 laboratórios.

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Tabela 6: Possíveis correlações entre Capítulos da CID-10, Grupos Farmacológicos da Rename e Classe terapêutica nível I IMS

(na ordem decrescente de mortalidade/morbidade)

Capítulo CID Grupo Farmacológico Rename Classe terapêutica nível I IMS

IX. Doenças do aparelho circulatório

11 – Medicamentos que Atuam sobre o Sistema Cardiovascular C. Sistema cardiovascular

X. Doenças do aparelho respiratório

14 – Medicamentos que Atuam sobre o Sistema Respiratório R. Aparelho respiratório

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 5 – Antiinfecciosos J. Antiinfecciosos em geral

P. Parasitologia XI. Doenças do aparelho digestivo

13 – Medicamentos que Atuam sobre o Sistema Digestivo

A. Aparelho digestivo e Metabolismo

II. Neoplasias (tumores) 6 – Medicamentos Utilizados no Manejo das Neoplasias 7 – Imunoterápicos

L. Antineoplásicos e imunomoduladores

XIV. Doenças do aparelho geniturinário

15 – Medicamentos que Atuam sobre os Sistemas Endócrino e Reprodutor e Produtos Farmacêuticos Correlatos

G. Sistema genitouriano e hormônios sexuais

IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas

15 – Medicamentos que Atuam sobre os Sistemas Endócrino e Reprodutor e Produtos Farmacêuticos Correlatos 9 – Nutrientes

A. Aparelho digestivo e Metabolismo

V. Transtornos mentais e comportamentais VI. Doenças do sistema nervoso

10 – Medicamentos que Atuam sobre o Sistema Nervoso Central N. Sistema nervoso central

XIII.Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo

2 – Analgésicos e medicamentos antienxaqueca 3 – Antiinflamatórios e Antigotosos

M. Sistema músculo esquelético

III. Doenças do sangue, órgãos hematopoiéticos e transtornos imunitários

12 – Medicamentos que atuam sobre o sistema Hematopoiético

B. Sangue e órgãos formadores de sangue

XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 16 – Dermatológicos D. Dermatologia

VII. Doenças do olho e anexos 18 - Preparações Oftálmicas S. Órgãos dos sentidos

Fonte: Elaboração própria a partir de Datasus (2001), Rename e IMS.

A partir da classificação dos produtos nos mercados relevantes, caracterizou-se

cada um deles pelo número de produtos, de princípios ativos e laboratórios,

calculando-se o grau de concentração correspondente.

Quanto maior o valor da concentração, menor o nível de concorrência entre as

empresas, estando o poder de mercado virtual da indústria mais concentrado – em

algumas ou, eventualmente, numa empresa (o que, conforme já dito, está relacionado

61

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à capacidade da empresa ter controle sobre o preço de venda do produto). Este poder

assume forma aparente na participação no mercado (market share) da empresa,

parcela de suas vendas no total da indústria. Os índices de concentração de mercado

buscam prover um indicador sintético da concorrência existente num certo mercado

(Resende & Boff, 2002: p.74-75).

Neste caso, utilizou-se como medida do grau de concentração o índice de

Herfindahl-Hirschman (HHI), definido como 100001

2 ⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛= ∑

=i

nto do número de empresas

quanto

riores a 5.600

são entendidos como passíveis de ação de monopólio (IE/UFRJ, 2002).

n

i, onde s é a razão das

vendas da empresa i pelo total de vendas do mercado, ou seja, a parcela de mercado

da empresa i (i.e. a soma dos quadrados das participações de mercado individuais de

todas as firmas). Dessa forma, seu valor depende ta

isHHI

da dispersão relativa da repartição do mercado entre elas.

Na Tabela 7, os 148 mercados relevantes foram identificados de acordo com as

faixas de concentração definidas pelo HHI. As faixas utilizadas para inferir o poder de

monopólio ou grau de competição foram extraídas das diretrizes para política antitruste

dos EUA. Mercados com HHI inferior a 1.800 são considerados competitivos, aqueles

com HHI entre 1.800 e 5.600 são considerados oligopolizados, e os supe

62

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Tabela 7 - Faixas de concentração e poder de monopólio dos mercados relevantes

Faixas de

Concentração

Número de

Mercados

Relevantes %

Soma de

Vendas

(US$1.000) %

<1.800 30 20,3 2.127.701 44,8

1.800-5.600 70 47,3 2.454.984 51,7

5.600-9.999 37 25,0 156.886 3,3

10.000 11 7,4 9.853 0,2

Total

148

100,0

4.749.424

100,0

Fonte: Adaptação a partir de IE/UFRJ (2002).

Desses mercados, 80% apresentaram-se como não competitivos segundo os

critérios usuais da regulação da concorrência, correspondendo a 55% de participação

do mercado em valor.

Os mercados relevantes já delimitados foram utilizados no presente trabalho

para a análise da difusão dos novos produtos lançados no Brasil entre 1998 e 2002,

delimitando-se a análise àqueles onde os novos medicamentos identificados se

inseriram. Utilizando-se as correlações já determinadas entre os grupos IMS e

Rename, verificou-se a existência de produtos retirados do mercado anteriormente a

outubro de 2000 (mês de corte para os produtos no mercado no estudo inicial) que se

enquadrassem nos mercados relevantes, bem como produtos lançados posteriormente.

Os princípios ativos destes produtos foram levantados em diversas edições do

Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF, 1996, 2000, 2004). Adicionalmente,

foram delimitados, quando necessário, outros mercados relevantes correspondentes a

novos medicamentos introduzidos no período cujas indicações terapêuticas não haviam

sido contempladas inicialmente. Para este trabalho, utilizou-se como principal fonte de

informação o British National Formulary (BNF, 2003, 2004), além de outras fontes de

63

Page 67: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

referência em farmacologia e uso de medicamentos. A lista completa dos mercados

relevantes definidos encontra-se no Anexo 1.

Este conjunto de mercados onde novos produtos foram introduzidos no período

estudado teve sua evolução caracterizada a partir das informações provenientes da

base de dados IMS - produtos comercializados, fabricantes, unidades vendidas e

faturamento – e variáveis delas depreendidas, como preços e índice de concentração

(no caso o HHI). A partir dessa nova base de dados com a evolução dos mercados

relevantes definidos, incluindo também a categorização das inovações representadas

pelos novos produtos, passou-se ao teste das correlações supostas através das

hipóteses previamente formuladas.

Uma das limitações dessa metodologia é o fato de que os dados do IMS dizem

respeito ao mercado correspondente às vendas em farmácias e drogarias, não

incluídos aí os mercados hospitalar e público para medicamentos, conforme já

assinalado. Visando dimensionar esta limitação, buscou-se identificar os principais

mercados para os novos produtos, entre ambulatorial e hospitalar, e público e privado.

Algumas opções para a realização desta etapa incluíram consulta aos elencos dos

programas de distribuição de medicamentos do Ministério da Saúde (MS) e do

Programa de Medicamentos Excepcionais27, e ao Banco de Preços Hospitalares,

organizado pelo MS a partir dos dados de licitações públicas em diversos locais do país

e disponível em seu sítio internet (MS, 2004)

A participação dos medicamentos genéricos, introduzidos a partir da

promulgação da lei 9787/99 (Brasil, 1999b), nos mercados relevantes também foi

27 Medicamentos destinados ao tratamento de determinadas condições especiais (renais crônicos, certos

tipos de câncer, nanismo hipofisário, endometriose etc.), sendo geralmente produtos de alto custo. A lista

do programa é determinada pelo MS, que os financia contra faturamento dentro de um teto financeiro

estabelecido para cada estado, que operacionaliza o programa.

64

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dimensionada, de modo a identificar possíveis modificações nos mesmos,

principalmente no tocante ao padrão de difusão de novos produtos.

65

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. NOVOS MEDICAMENTOS INTRODUZIDOS NO MERCADO BRASILEIRO DE 1998 A 2002.

Os dados de registro das categorias de “medicamento novo”, “nova

associação no país” e “nova forma farmacêutica no país”, para os anos de 1998 a

2002, fornecidos pela Anvisa foram inicialmente inspecionados, de maneira a

certificar-se da sua adequação aos propósitos do estudo.

Os registros correspondentes a “nova forma farmacêutica no país”,

totalizaram 73 produtos, sendo apenas 5 efetivamente comercializados. Nenhum

deles pôde ser enquadrado na definição de novo produto, conforme a Instrução

Normativa no1 (SNVS, 1994), ao que se decidiu pelo descarte deste grupo.

Na categoria de “medicamento novo” foram encontrados 324 produtos

registrados, sendo 146 efetivamente comercializados no período (45%), segundo

verificação na base de dados do IMS. A distribuição destes produtos por ano de

registro encontra-se na Tabela 8.

Tabela 8: Registro de “medicamento novo”. Produtos registrados e comercializados (1998 a 2002).

Ano do registro

Produtos registrados

(Anvisa)

Produtos comercializados

(IMS)

Proporção entre produtos comercializados e

registrados

1998 107 60 56%

1999 92 47 51%

2000 73 23 32%

2001 24 11 46%

2002 28 05 18%

Total: 324 146 45%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa e IMS.

66

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Para a categoria de “nova associação no país”, havia 47 registros de

produtos para 16 efetivamente comercializados (34%), conforme descrito na

Tabela 9.

Tabela 9: Registro de “nova associação no país”. Produtos registrados e comercializados (1998 a 2002).

Ano do registro

Produtos registrados

(Anvisa)

Produtos comercializados

(IMS)

Proporção entre produtos comercializados e

registrados

1998 nenhum - -

1999 07 03 43%

2000 17 07 41%

2001 12 05 42%

2002 11 01 09%

Total: 47 16 34%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa e IMS.

A menor proporção observada entre registro e comercialização para os

produtos registrados em 2002 se deve possivelmente ao pequeno intervalo de

tempo transcorrido após o primeiro evento, considerando ainda que aqui não se

buscou trabalhar com o mês de publicação do deferimento daquele.

Uma vez tendo sido realizado este procedimento inicial para identificar os

produtos de interesse para o trabalho, passou-se a um escrutínio mais detalhado

para selecionar aqueles medicamentos que efetivamente integrariam as etapas

da análise pretendida.

Em primeiro lugar, foram excluídos 7 produtos, originalmente dispostos em

“medicamentos novos”, por evidentes erros de classificação, como registros por

similaridade de produtos e apresentações específicas. Além disso, outros 8

produtos desta categoria foram reclassificados como “nova associação no país”,

pois tratavam-se de associações de princípios ativos já comercializados

67

Page 71: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

anteriormente no Brasil. Alternativamente, um produto considerado inicialmente

em “nova associação no país” foi enquadrado como “novo medicamento”, por se

tratar de nova formulação de princípios ativos já comercializados em associação

anteriormente – corresponde a “produto resultante de a) alteração na

concentração da substância ativa ou de propriedades farmacocinéticas”, conforme

a Instrução Normativa no 1(SNVS, 1994).

Em seguida, passou-se ao enquadramento dos produtos nos mercados

relevantes já determinados no projeto “Diagnóstico do Setor Farmacêutico:

proposta de acompanhamento de preços” (IE/UFRJ), determinando-se, quando

necessário, outros mercados não contemplados anteriormente. A classificação

final (incluindo todos os segmentos de mercado definidos ao longo dos dois

trabalhos) encontra-se, na sua íntegra, no anexo 1.

Após a identificação dos mercados relevantes correspondentes a cada

produto, decidiu-se pela exclusão de 11 novos medicamentos cujas indicações

terapêuticas são pouco específicas, tendo-se dificuldade de identificar os

competidores para caracterizar um eventual avanço terapêutico, conforme pode

ser depreendido de suas respectivas classes terapêuticas IV da classificação

adotada pelo IMS (Quadro 1).

Decidiu-se também por incluir na análise mais um produto classificado em

“medicamento novo” – Allegra® (fexofenadina) - comercializado a partir de 1998

(embora registrado em 1997)28, dada a magnitude de sua penetração no mercado

relevante, onde mais outros dois produtos foram lançados no período.

28 Apesar do recorte temporal pretendido no trabalho não incluir este ano, os respectivos dados

estavam disponíveis.

68

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Quadro 1: Novos medicamentos excluídos da análise por representarem situações de uso pouco específicas.

Princípio(s)

ativo(s)

Produ

to

Reg

istro

(an

o)

Mer

cad

o

(an

o)

Cód

igo

IMS

Classe

terapêutica IV

(IMS)

lactato de

amônio +

alantoina

Lactre

x

199

9

199

9

D02

A0

Emolientes/

protetores

dermatológicos

acetato de

vitamina A +

associados

(polivitaminic

o e

polimineral )

Centr

um

Silver

199

9

200

0

A11

A4

Outros

multivitamínicos

com minerais

cloridrato de

L-lisina +

vitaminas +

minerais

Kiddi

Phar

maton

200

0

200

0

A11

A2

Multivitamínicos

com minerais

pediátricos

carbonato de

cálcio +

colecalciferol

Calciu

m D3

199

9

199

9

A12

A0

Suplementos

minerais/ cálcio

sulfato de

condroitina

Duna

son

199

8

200

1

S01

K0

Lubrificantes

oculares e

lágrimas

artificiais

polividona Hypot 199 199

S01

K0

Lubrificantes

oculares e

69

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ears 8 9 lágrimas

artificiais

carmelose

sódica

Saliva

n

199

8

200

2

A01

A0 Estomatológicos

hidroquinona

Clarip

el

199

8

199

8

D11

A0

Outros

preparados

dermatológicos

ácido

salicílico

Duofo

rte

199

8

199

8

D11

A0

Outros

preparados

dermatológicos

gliconato de

clorexidina

Perio

Chip

199

9

200

1

A01

A0 Estomatológicos

17-alfa

estradiol Avicis

200

1

200

2

D11

A0

Outros

preparados

dermatológicos

Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa e IMS.

Os produtos remanescentes (145) foram então classificados de acordo

com a situação que suscitou o registro de produto novo: i) entidade molecular

nova; ii) duas ou mais substâncias ativas não registradas, juntas em um mesmo

produto; iii) alteração na concentração de substância ativa ou de propriedades

farmacocinéticas; iv) novo sal ou éster29, embora a entidade molecular

correspondente já tenha sido autorizada; v) substância ativa não registrada para a

indicação a que se pretende; e vi) nova associação (Tabela 10). Importante notar

que estas categorias, em que pese estarem descritas na Instrução Normativa no1

70

Page 74: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

(SNVS, 1994), não estavam incluídas nas informações sobre registro

disponibilizadas, tendo sido identificadas por análise dos produtos presentes no

mercado.

Tabela 10: Distribuição dos novos medicamentos comercializados segundo classificação de produto novo (Anvisa) – 1998 a 2002.

Classificação de produto novo (Anvisa)

Número

de

produtos

Proporção

do total

Entidade molecular nova 99 68,3%

Duas ou mais substâncias ativas não

registradas, juntas em um mesmo produto 02 1,4%

Novo sal ou éster, embora a entidade

molecular correspondente já tenha sido

autorizada

03 2,1%

Alteração na concentração de substância

ativa ou de propriedades farmacocinéticas 17 11,7%

Substância ativa não registrada para a

indicação a que se pretende 01 0,7%

Nova associação 23 15,8%

Total 145 100% Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa.

Estes resultados, quando comparados aos dados sobre novos

medicamentos aprovados nos EUA pelo FDA nos anos de 1998 a 2002,

conduzem à suposição de que houve, proporcionalmente, um maior lançamento

de produtos compostos por novas entidades moleculares no Brasil no período

estudado. Enquanto estes representaram, no mercado norte-americano, 33,8%

29 Aqui se decidiu incluir os novos ésteres de moléculas já comercializadas, apesar de não previsto

na regulação, por ser mais razoável qualificar estas substâncias desta maneira do que como

novas entidades moleculares.

71

Page 75: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

dos novos medicamentos, considerados em conjunto com os produtos

coletivamente referidos como medicamentos constituídos por modificações

incrementais (IMDs)30, que corresponderam aos 66,2% remanescentes (Tabela

11), no mercado brasileiro observou-se justamente o inverso, com os produtos

compostos por novas entidades moleculares respondendo por 70,1% do total31,

contra 29,9% dos registros equivalentes à classificação em IMDs (Tabela 10).

Esta situação parece contra-intuitiva, uma vez que as tendências mais recentes

no mercado mundial indicam uma diminuição do número de produtos com novos

fármacos, tendo o FDA aprovado apenas 17 e 21 NME em 2002 e 2003,

respectivamente, em comparação a uma média de 31 nos cinco anos

precedentes (FDA, 2004).

Tabela 11: Novos medicamentos no mercado norte-americano por tipo de NDA* e potencial terapêutico - 1998 a 2002.

Potencial

terapêutico

(FDA) Categorias de

medicamentos (FDA)

Número

de

registros

(NDA*)

Proporçã

o do totalP+ S#

nova entidade molecular 133 33,8% 58 75

novo sal ou éster de

composto já aprovado 08 2,0% 03 05

nova formulação 222 56,3% 29 193

nova associação 31 7,9% 03 28

Total 394 100% 93 301

*NDA = new drug application +P = priority review #S = standard review Fonte: Elaboração própria a partir de FDA (1998, 1999, 2000, 2001, 2002).

30 Aqueles incluídos nas categorias de novos sais ou ésteres de compostos aprovados, novas

formulações e novas combinações de princípios ativos. 31 Aqui computada também a classificação em “duas ou mais substâncias ativas não registradas,

juntas em um mesmo produto”.

72

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A explicação para esta aparente diferença no padrão de lançamento de

produtos pode ser localizada no próprio processo de registro sanitário. Nos EUA o

FDA considera a autorização de comercialização de uma nova formulação como

um novo registro, implicando uma grande participação desta categoria de novos

medicamentos no total de NDAs (new drug application). Já no Brasil, a Anvisa (e

anteriormente, a SNVS) considera a solicitação de comercialização para uma

nova formulação de um produto já registrado pelo mesmo produtor como um

pedido de alteração de registro32, seja de novo medicamento ou de medicamento

similar, tornando extremamente difícil identificar estas novas formulações como

novos medicamentos. Dessa forma, conclui-se que haja possivelmente uma

sub-representação das mesmas no universo dos produtos estudados,

corroborada pela grande discrepância observada na proporção dos tipos de novos

medicamentos lançados nos EUA e no Brasil (Tabelas 3 e 4).

5.2. GRAU DE INOVAÇÃO TERAPÊUTICA DOS NOVOS MEDICAMENTOS.

Os novos medicamentos introduzidos no mercado brasileiro de 1998 a

2002 foram categorizados segundo grau de inovação terapêutica por meio do

levantamento, no sítio Internet do FDA, da situação de registro dos produtos

equivalentes lançados no mercado norte-americano. Para isto foi necessário

recorrer às listas de medicamentos aprovados nos anos de 1991 a 2002 (FDA,

2003), onde há uma breve descrição do registro (NDA), incluindo a classificação

32 Estes pedidos foram regidos no período estudado pela Instrução Normativa no 1 (SNVS, 1994)

e, posteriormente, pela Resolução RE no 477, de 19/03/2002 (Anvisa, 2002). Esta foi

recentemente revogada pela Resolução RE no 893, de 29/05/2003 (Anvisa, 2003c).

73

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química (princípio ativo novo ou já comercializado) e a classificação de potencial

terapêutico - prioritário (P - priority) ou padrão (S - standard). Como estas listas se

encontram organizadas segundo periodicidade mensal, num total de

aproximadamente 100 listas, procurou-se primeiro identificar a data de

lançamento do produto no Orange Book - publicação do CDER que fornece as

informações relativas a patentes e situações de exclusividade de comercialização

dos produtos registrados (CDER, 2004a) -, para aí sim identificar exatamente a

lista onde o mesmo se encontrava.

Uma vez não localizado o medicamento, buscou-se pelo seu registro no

National Drug Code Directory (CDER, 2004b), onde estão inscritos todos os

medicamentos registrados nos EUA (porém não fornecendo as informações de

interesse para o presente trabalho), de modo a verificar a presença no mercado

norte-americano daqueles cuja NDA houvesse eventualmente sido aprovada

antes de 1991. No entanto, nestes casos, não foi possível identificar o potencial

terapêutico assinalado ao produto.

Seis produtos compostos por novas entidades moleculares obtidas por

meio de métodos de biotecnologia tiveram a avaliação de seu registro realizado

pelo Center for Biologics Evaluation and Research (CBER), responsável por este

procedimento para aquela categoria de produtos até 2002, quando então

passaram à responsabilidade do CDER (FDA, 2004c). Também estes produtos

não foram classificados quanto ao potencial terapêutico, pois esta avaliação, nos

moldes da realizada pelo CDER, não fazia parte dos procedimentos

empreendidos pelo CBER.

Dois produtos foram considerados pelo FDA como suplementos

nutricionais, tendo sido registrados de acordo com os procedimentos específicos

74

Page 78: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

75

desta categoria de produtos, não havendo, então, uma designação de avanço

terapêutico.

Finalmente, as informações de registro não foram localizadas para um

produto, apesar do mesmo ter tido sua data de autorização de comercialização

identificada no Orange Book.

A lista de todos os produtos analisados segundo inovação terapêutica

encontra-se no Quadro 2, incluindo laboratório requerente do registro e ano

correspondente à publicação do mesmo, ano de início de comercialização,

mercado relevante no qual foi enquadrado e a classificação de produto novo

segundo critérios da Anvisa.

Adicionalmente, identificaram-se os medicamentos pertencentes à lista do

Programa de Medicamentos Excepcionais, visando subsidiar a seleção dos

produtos e mercados relevantes eventualmente excluídos da análise de evolução

dos mercados, os quais também foram assinalados, por meio da identificação dos

respectivos motivos de exclusão, o que será discutido em maior profundidade

adiante.

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

cloridrato de oxicodona Oxycontin 1999 2000

Zodiac Produtos Farmacêuticos Ltda.

A.2.2 Analgésicos opióides moderados

Entidade molecular nova S

benzoato de rizatriptano Maxalt 1998 1999

Merck Sharp & Dohme Farmaceutica Ltda.

A.3 Medicamentos antienxaqueca

Entidade molecular nova S

cloridrato de naratriptano Naramig 1998 1999

Glaxo Wellcome S.A.

A.3 Medicamentos antienxaqueca

Entidade molecular nova S

zolmitriptano Zomig 1998 1998 Astrazeneca doBrasil Ltda.

A.3 Medicamentos antienxaqueca

Entidade molecular nova S

amoxicilina + sulbactam

Trifamox IBL BD 2000 2001

Merck S.A. Indústrias Químicas AI.1.1 Penicilinas Nova associação

não consta

quinupristina + dalfopristina Synercid 2000 2000 Rhodia Farma Ltda.

AI.1.11 Outrosantibacterianos

Duas ou mais substâncias ativas não

registradas, juntas em um

mesmo produto P Uso hospitalar cloridrato de moxifloxacino Avalox 1999 2000 Bayer S.A.

AI.1.7 Fluoroquinolonas orais

Entidade molecular nova S

gatifloxacina Tequin 1999 2000 Bristol-MyersSquibb Brasil S.A.

AI.1.7 Fluoroquinolonas orais

Entidade molecular nova

S

telitromicina Ketek 2001 2002 Aventis PharmaLtda.

AI.1.9 Macrolídios Entidade molecular nova

S Mercadoexcluído, pois único produto

lançado em 2002. acetato de caspofungina

Cancidas 2001 2001 Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda

AI.2.1 Antifúngicos sistêmicos

Entidade molecular nova

P Uso hospitalar

76

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

nitrato de fenticonazol

Fentizol 1998 1999 Asta Médica Ltda. AI.2.2 Antifúngicos Ginecológicos

Entidade molecular nova

não consta

lamivudina + zidovudina

Biovir 1998 1998 Glaxo Wellcome S.A.

AI.3.1.1. Inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos

Nova associação P Mercado hospitalar e/ou

público

sulfato de abacavir

Ziagenavir 1999 1999 Glaxo WellcomeS.A.

AI.3.1.1. Inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos

Entidade molecular nova

P Mercadohospitalar e/ou

público

sulfato de abacavir + lamivudina + zidovudina

Triovir 2001 2002 Glaxo WellcomeS.A.

AI.3.1.1. Inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos

Nova associação P Mercado hospitalar e/ou

público

amprenavir Agenerase 1999 1999 Glaxo WellcomeS.A.

AI.3.1.2. Inibidores da protease

Entidade molecular nova

P Mercadohospitalar e/ou

público

lopinavir + ritonavir

Kaletra 2000 2001 Abbott Laboratóriosdo Brasil Ltda.

AI.3.1.2. Inibidores da protease

Duas ou mais substâncias ativas não

registradas, juntas em um

mesmo produto

P Mercadohospitalar e/ou

público

oseltamivir Tamiflu 2000 2000 Produtos RocheQuímicos eFarmacêuticos S.A.

AI.3.2. Medicamentos contra influenza vírus

Entidade molecular nova

P Mercado excluído,pois dois únicos

produtos registrados e

77

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

lançados em 2000.

Zanamivir Relenza 2000 2000 Glaxo WellcomeS.A.

AI.3.2. Medicamentos contra influenza vírus

Entidade molecular nova

P Mercado excluído,pois dois únicos

produtos registrados e lançados em

2000. Mononitrato de isossorbida + ácido acetilsalisílico

Vasclin 2000 2001 Libbs FarmacêuticaLtda.

C.3.1 Nitratos Nova associação não consta

rilmenidina Hyperium 1998 1998 Servier do Brasil Ltda.

C.4.4 Bloqueadores adrenérgicos centrais

Entidade molecular nova

não consta

cloridrato de lercanidipina

Zanidip 1998 1999 Asta Médica Ltda. C.4.5 Bloqueadores dos canais de cálcio

Entidade molecular nova

NDCD

cloridrato de manidipina

Manivasc 1998 2000 Farmalab Inds.Quím. E Ftcas. Ltda.

C.4.5 Bloqueadores dos canais de cálcio

Entidade molecular nova

não consta

candesartan cilexetil

Atacand 1998 1998 Astra Química e Farmacêutica Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Entidade molecular nova

S

candesartan cilexetil

Blopress 1998 1998 Abbott Laboratóriosdo Brasil Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Entidade molecular nova

S

hidrocloro-tiazida + candesartan

AtacandHCT

1999 2000 Astra Química e Farmacêutica Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Nova associação S

78

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

cilexetil

irbesartana + hidrocloro-tiazida

Aprozide 2000 2000 Sanofi SynthelaboLtda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Nova associação S

telmisartam Micardis 1999 2000 BoehringerIngelheim do Brasil Química eFarmacêutica Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Entidade molecular nova

S

telmisartam + hidrocloro-tiazida

MicardisHCT

2001 2002 BoehringerIngelheim do Brasil Química eFarmacêutica Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Nova associação S

telmisartan Pritor 1999 2000 Glaxo WellcomeS.A.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Entidade molecular nova

S

valsartan + hidrocloro-tiazida

DiovanHCT

1998 1998 BiogalênicaQuímica Ftca. Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Nova associação S

cloridrato de delapril

Delakete 1998 1999 Farmalab Inds.Quím. e Ftcas. Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Entidade molecular nova

não consta

enalapril maleato + anlodipino besilato

Sinergen 2000 2000 LaboratóriosBiosintética Ltda.

C.4.7 Antagonistas do sistema renina-angiotensina

Nova associação não consta

79

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

fenofibrato micronizado

sim Lipidil 1998 1998 Allergan Prods. Farmacêuticos Ltda.

C.7 Medicamentos redutores de lipídios

Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

S

cilostazol Cebralat 2002 2002 LDZ ComércioImportação eExportação Ltda. (Libbs)

C.8 Vasoterapia Cerebral e Periférica

Entidade molecular nova

S

citicolina sodica

Somazina 1998 1999 LaboratóriosSintofarma S.A.

C.8 Vasoterapia Cerebral e Periférica

Entidade molecular nova

não consta

trapidil Travisco 1998 1998 Farmalab Inds.Quím. e Ftcas. Ltda.

C.9 Terapia coronariana, excluídos antagonistas do cálcio e nitratos

Entidade molecular nova

não consta

trimetazidina dicloridrato

Vastarel 1999 1999 Servier do Brasil Ltda.

C.9 Terapia coronariana, excluídos antagonistas do cálcio e nitratos

Entidade molecular nova

não consta

flutrimazol Micetal 2000 2002 LaboratóriosBiosintética Ltda.

D.1.1 Antifúngicos tópicos

Entidade molecular nova

não consta

Mercado excluído, pois único produto lançado em 2002.

butirato de hidrocortisona

Locoid 2000 2000 EurofarmaLaboratórios Ltda.

D.2.2 Antiinflamatórios tópicos

Sal novo, embora a entidade molecular

correspondente já tenha sido autorizada

S

80

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

aceponato de metilpredni-solona

Advantan 1998 1999 Schering do Brasil Química eFarmacêutica Ltda.

D.2.2 Antiinflamatórios tópicos

Sal novo, embora a entidade molecular

correspondente já tenha sido autorizada

não consta

isotretinoína/ ácido sulfônico fenilbenzimida-zólico/ butilmetoxidi-benzoilmetano/ octilmetoxici-namato

Isotrexol 2000 2001 Laboratorios StiefelLtda.

D.3 Agentesceratolíticos e ceratoplásticos

Nova associação não consta

isotretinoina + eritromicina

Isotrexin 1999 2002 Laboratorios StiefelLtda.

D.3 Agentesceratolíticos e ceratoplásticos

Nova associação não consta

cloridrato de raloxifeno

sim Evista 1998 1998 Eli Lilly do Brasil Ltda.

E.3 Medicamentos que interferem nometabolismo ósseo

Entidade

molecular nova P

risedronato sódico

Actonel 2000 2000 Aventis PharmaLtda.

E.3 Medicamentos que interferem nometabolismo ósseo

Entidade

molecular nova S

insulina aspart Novorapid 2000 2002 Novo Nordisk Ftca. do Brasil Ltda.

E.4.1 Insulinas Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

S Mercado excluído,pois único produto lançado em 2002.

81

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

farmacocinéticas

cloridrato de pioglitazona

Actos 2000 2000 Abbott Laboratóriosdo Brasil Ltda.

E.4.2 Hipoglicemiantes orais

Entidade molecular nova

P

maleato de rosiglitazona

Avandia 1999 2000 SmithklineBeecham BrasilLtda.

E.4.2 Hipoglicemiantes orais

Entidade molecular nova

P

repaglinida Novonorm 1999 2000 Novo Nordisk Ftca. do Brasil Ltda.

E.4.2 Hipoglicemiantes orais

Entidade molecular nova

P

replaglinida Prandin 1999 2000 Medley S.A.Indústria Farmacêutica

E.4.2 Hipoglicemiantes orais

Entidade molecular nova

P

cloridrato de metformina + glibenclamida

Glucovance 2001 2002 Merck S.A.Indústrias Químicas

E.4.2 Hipoglicemiantes orais

Nova associação S

nateglinida Starlix 2000 2000 Novartis BiociênciaS.A.

E.4.2 Hipoglicemiantes orais

Entidade molecular nova

S

estradiol hemihidratado

Estreva 1998 1998 Altana Pharma S.A. E.5.1 Estrógenos Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

S

17-beta estradiol

Hormodose 1998 1999 LaboratórioAmericano deFarmacoterapia S.A.(Farmasa)

E.5.1 Estrógenos Alteração na

concentração de substância ativa

ou de propriedades

NDCD

82

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

farmacocinéticas

valerato de estradiol micronizado

Merimono 1999 2000 Novartis BiociênciaS.A.

E.5.1 Estrógenos Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

NDCD

estradiol Riselle 1998 1999 Organon do BrasilIndústria e Comércio Ltda.

E.5.1 Estrógenos Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

NDCD Uso hospitalar

lutropina alfa (R-LH)

Luveris 2001 2002 Serono ProdutosFarmacêuticos Ltda.

E.5.4 Indutores da Ovulação

Entidade molecular nova

S Mercado excluído,pois único produto lançado em 2002.

levonorgestrel Postinor-2 1999 1999 Aché LaboratóriosFarmacêuticos S.A.

E.5.5 Contraceptivos Hormonais

Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

P

levonorgestrel Mirena 1999 2000 Schering do Brasil Química eFarmacêutica Ltda.

E.5.5 Contraceptivos Hormonais

Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

S

83

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

etonogestrel Implanon 2000 2001 Organon do BrasilIndústria eComércio Ltda.

E.5.5 Contraceptivos Hormonais

Entidade molecular nova

não consta

linestrenol + etinilestradiol

Ovoresta 1999 2000 Organon do BrasilIndústria eComércio Ltda.

E.5.5 Contraceptivos Hormonais

Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

não consta

acetato de noretisterona + estradiol

EstragestTTS

1999 1999 Novartis Biociência S.A.

E.5.6 Combinações de Estrógenos parareposição hormonal no climatério feminino

Alteração na

concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

S

estradiol + norgestimato

Prefest 2000 2000 Janssen-CilagFarmacêutica Ltda.

E.5.6 Combinações de Estrógenos parareposição hormonal no climatério feminino

Nova associação S

estradiol + estradiol/ acetato de norestisterona + estradiol

Trisequens2 mg

1999 1999 Medley S.A. Indústria Farmacêutica

E.5.6 Combinações de Estrógenos parareposição hormonal no climatério feminino

Alteração na

concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

não consta

estradiol + estradiol/ levonorgestrel

Lindisc duo 1998 1998 Schering do Brasil Química eFarmacêutica Ltda.

E.5.6 Combinações de Estrógenos parareposição hormonal no climatério feminino

Alteração na

concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

não consta

84

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

valerato de estradiol micronizado noretisterona micronizada

Merigest 1998 2000 Novartis BiociênciaS.A.

E.5.6 Combinações de Estrógenos parareposição hormonal no climatério feminino

Alteração na

concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

não consta

valerato de estradiol + valerato de estradiol + noretisterona

Mericomb 1999 2000 Novartis BiociênciaS.A.

E.5.6 Combinações de Estrógenos parareposição hormonal no climatério feminino

Alteração na

concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

não consta

acetato de ganirelix

Orgalutran 2001 2002 Organon do BrasilIndústria eComércio Ltda.

E.5.7 Antagonistas de Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)

Entidade molecular nova

P Mercado excluído,pois dois únicos

produtos lançados em 2001 e 2002.

acetato de cetrorelix

Cetrotide 2000 2001 Asta Médica Ltda. (Serono)

E.5.7 Antagonistas de Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)

Entidade molecular nova

S Mercado excluído,pois dois únicos

produtos lançados em 2001 e 2002.

cabergolina sim Dostinex 1998 1999 Pharmacia BrasilLtda.

E.7 Inibidores da prolactina

Entidade molecular nova

S

alprostadil Muse 1998 1998 Astra Química e Farmacêutica Ltda.

E.8 Medicamentos para disfunção erétil

Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

P

citrato de sildenafil

Viagra 1998 1998 Laboratórios PfizerLtda.

E.8 Medicamentos para disfunção erétil

Entidade molecular nova

P

85

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

cloridrato de apomorfina

Uprima 2001 2001 Abbott Laboratóriosdo Brasil Ltda.

E.8 Medicamentos para disfunção erétil

Entidade molecular nova

P

mesilato de fentolamina

Vasomax 1999 1999 Indústria Química e Farmacêutica Schering Plough S.A.

E.8 Medicamentos para disfunção erétil

Entidade molecular nova

NDCD

tartarato de tolterodina

Detrusitol 1998 1998 Pharmacia BrasilLtda.

E.9 Medicamentos para incontinência urinária

Entidade molecular nova

S

clopidogrel hidrogenos-sulfato

Plavix 1998 2000 Sanofi WinthropFarmacêutica Ltda.

H.3 Inibidores da agregação plaquetária

Entidade molecular nova

P

cloridrato de tirofiban monoidratado

Aggrastat 1998 1999 Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda.

H.3 Inibidores da agregação plaquetária

Entidade molecular nova

P

clopidogrel Iscover 1998 2000 Bristol-MyersSquibb Brasil S.A.

H.3 Inibidores da agregação plaquetária - Ver também C.3.3 Antiplaquetários (ácido acetilsalicílico)

Entidade molecular nova

P

celecoxib Celebra 1999 1999 Monsanto do Brasil Ltda. (Pharmacia Brasil)

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Entidade molecular nova

P

rofecoxib Vioxx 1999 1999 Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda.

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Entidade molecular nova

P

diclofenaco colestiramina

Flotac 1999 1999 Novartis BiociênciaS.A.

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Sal novo, embora a entidade molecular

correspondente já tenha sido

não consta

86

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

autorizada

etoricoxib Arcoxia 2002 2002 Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda.

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Entidade molecular nova

não consta

loxoprofeno sódico

Loxonin 1999 1999 Sankyo PharmaBrasil Ltda.

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Entidade molecular nova

não consta

polivitaminas (vitamina B12/B6/B1) + diclofenaco sódico

Alginac 2001 2002 Merck S.A.Indústrias Químicas

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Nova associação não consta

sulfato de glicosamina

Dinaflex 2000 2001 Zodiac ProdutosFarmacêuticos Ltda.

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Entidade molecular nova

Suple-mento nutri-cional

sulfato de glicosamina + cloridrato de lidocaína

Injeflex 2002 2002 Zodiac ProdutosFarmacêuticos Ltda.

I.1 Antiinflamtórios não-esteróides

Nova associação Suple-mento nutri-cional

capsaicina Moment 1998 1998 ApsenFarmacêutica S.A.

I.1.1 Antiinflamatórios não esteróides - preparações para uso tópico

Entidade molecular nova

não consta

87

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

hexacetonido de triancinolona

Triancil 1998 1998 ApsenFarmacêutica S.A.

I.2.2 Antiinflamtórios esteróides de duração de efeito intermediária e longa

Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

NDCD

interferon beta 1a

sim Avonex 1999 2000 Abbott Laboratóriosdo Brasil Ltda.

IM.1 Agentes imunoestimulantes

Entidade molecular nova

CBER Mercadohospitalar e/ou

público

peginterferon alfa 2 b

Pegintron 2001 2001 Indústria Química e Farmacêutica Schering Plough S.A.

IM.1 Agentes imunoestimulantes

Entidade molecular nova

CBER Mercadohospitalar e/ou

público

sirolimus sim Rapamune 2000 2001 LaboratóriosWyeth-Whitehall Ltda.

IM.2 Agentes imunosupressivos

Entidade molecular nova

S Mercadohospitalar e/ou

público

daclizumab Zenapax 1999 2000 Produtos RocheQuímicos eFarmacêuticos S.A.

IM.2 Agentes imunosupressivos

Entidade molecular nova

CBER Mercadohospitalar e/ou

público

infliximab sim Remicade 2000 2001 Indústria Química e Farmacêutica Schering Plough S.A.

IM.2 Agentes imunosupressivos

Entidade molecular nova

CBER Mercadohospitalar e/ou

público

88

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

basiliximab Simulect 1998 1999 Novartis BiociênciaS.A.

IM.2 Agentes imunosupressivos

Entidade molecular nova

CBER Mercadohospitalar e/ou

público

temozolomida Temodal 2000 2001 Indústria Química e Farmacêutica Schering Plough S.A.

NM.1.1 Alquilantes Entidade molecular nova

PV Mercadohospitalar e/ou

público

capecitabina Xeloda 1998 1999 Produtos RocheQuímicos e Farmacêuticos S.A.

NM.1.2 Antimetabólitos Entidade molecular nova

P Mercadohospitalar e/ou

público

raltitrexato Tomudex 1999 2000 Astrazeneca doBrasil Ltda.

NM.1.2 Antimetabólitos Entidade molecular nova

não consta

Mercado hospitalar e/ou

público

etoposido Nexvep 1998 2001 Bristol-MyersSquibb Brasil S.A.

NM.1.3 Produtos Naturais

Alteração na concentração de substância ativa

ou de propriedades

farmacocinéticas

NDCD Mercadohospitalar e/ou

público

mesilato de imatinib

Glivec 2001 2001 Novartis BiociênciaS.A.

NM.1.5 Outros Entidade molecular nova

PV Mercadohospitalar e/ou

público

89

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

trastuzumab Herceptin 1999 2000 Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.

NM.1.5 Outros Entidade molecular nova

CBER Mercadohospitalar e/ou

público

exemestano Aromasin 2000 2000 Pharmacia BrasilLtda.

NM.2.6 Inibidores enzimáticos

Entidade molecular nova

SV Mercadohospitalar e/ou

público

etabonato de loteprednol

Loteprol 2000 2002 BL Indústria Ótica Ltda. (BauschLomb)

O.2 Agentes antiinflamatórios

Entidade molecular nova

S Mercado excluído,pois único produto lançado em 2002.

sulfato de gentamicina + dexametasona

Dexamytrex ophtiol

2000 2000 BL Indústria Ótica Ltda. (BauschLomb)

O.3 Associações de antiinflamatórios eantiinfecciosos

Nova associação não

consta

bimatoprost Lumigan 2001 2001 Allergan Prods.Farmacêuticos Ltda.

O.5 Medicamentos mióticos eantiglaucomatosos

Entidade

molecular nova P

travopost Travatan 2001 2001 Alcon Laboratóriosdo Brasil Ltda.

O.5 Medicamentos mióticos eantiglaucomatosos

Entidade

molecular nova P

unoprostona isopropílica

Rescula 1998 1999 Ciba Vision Ltda. O.5 Medicamentos mióticos eantiglaucomatosos

Entidade

molecular nova P

brinzolamida Azopt 1998 1999 Alcon Laboratóriosdo Brasil Ltda.

O.5 Medicamentos mióticos eantiglaucomatosos

Entidade

molecular nova S

dorzolamida + timolol

Cosopt 1998 1998 Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda.

O.5 Medicamentosmióticos e antiglaucomatosos

Nova associação S

90

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

cloridrato de olopatadina

Patanol 1998 1998 Alcon Laboratóriosdo Brasil Ltda.

O.8 Medicamentos para o tratamento de conjuintivite inespecífica

Entidade molecular nova

S

difumarato de emedastina

Emadine 1999 2000 Alcon Laboratóriosdo Brasil Ltda.

O.8 Medicamentos para o tratamento de conjuintivite inespecífica

Entidade molecular nova

S

xinafoato de salmeterol + propionato de fluticasona

Seretidediskus

1999 2000 Glaxo Wellcome S.A.

R.1.4 Associações de Antiinflamatórios respiratórios e agonistas simpaticomiméticos

Nova associação S

fumarato de formoterol + budesonida

sim Symbicortturbuhaler

2001 2001 Astrazeneca do Brasil Ltda.

R.1.4 Associações de Antiinflamatórios respiratórios e agonistas simpaticomiméticos

Nova associação não consta

montelucaste sódico

Singulair 1998 1998 Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda.

R.1.5 Antagonistas de receptor de leucotrieno

Entidade molecular nova

S

cloridrato de fexofenadina

Allegra 1997 1998 Aventis PharmaLtda.

R.3 Anti-histamínicos sistêmicos

Entidade molecular nova

S

desloratidina Desalex 2001 2002 Indústria Química e Farmacêutica Schering Plough S.A.

R.3 Anti-histamínicos sistêmicos

Entidade molecular nova

S

cloridrato de hidroxizina

Prurizin 1998 1999 DarrowLaboratórios S.A.

R.3 Anti-histamínicos sistêmicos

Substância ativa não registrada

para a indicação a que se pretende

NDCD

91

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

Cloridrato de fexofenadina + cloridrato de pseudofedrina

Allegra D 1998 1999 Aventis PharmaLtda.

R.4 Preparações nasais sistêmicas

Nova associação S

esomeprazol magnésio triidratado

Nexium 2000 2001 Astrazeneca doBrasil Ltda.

SD.1.1 Anti-secretores Entidade molecular nova

S

rabeprazol sódico

Pariet 1999 1999 Janssen-CilagFarmacêutica Ltda.

SD.1.1 Anti-secretores Entidade molecular nova

S

lanzoprazol + claritromicina + amoxicilina

Pyloripac 1999 1999 Medley S.A.Indústria Farmacêutica

SD.1.2 Anti-microbianos Nova associação n.e.

omeprazol + azitromicina + amoxicilina

Erradic 2000 2001 Libbs FarmacêuticaLtda.

SD.1.2 Anti-microbianos Nova associação não consta

racecadotril Tiorfan 1999 1999 SmithklineBeecham BrasilLtda.

SD.4.1 Antidiarréicos sintomáticos

Entidade molecular nova

não consta

cloridrato de mebeverina

Duspatalin 1998 2001 Altana Pharma S.A.(Solvay Farma)

SD.4.2 Antidiespasmódicos

Entidade molecular nova

não consta

orlistat Xenical 1998 1999 Produtos RocheQuímicos eFarmacêuticos S.A.

SD.6 Preparações contra a obesidade, excluindo produtos dietéticos

Entidade molecular nova

P

entacapone sim Comtan 1998 1999 Novartis BiociênciaS.A.

SNC.2 Antiparkinsonianos

Entidade molecular nova

S

pramipexol sim Mirapex 1998 1999 Pharmacia BrasilLtda.

SNC.2 Antiparkinsonianos

Entidade molecular nova

S

92

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento

Exclusão da análise dos mercadoseProduto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Med exca

zaleplom micronizado

Sonata 2000 2000 LaboratóriosWyeth-Whitehall Ltda.

SNC.3.1 Hipnóticos Entidade molecular nova

S

cloridrato de ziprasidona

sim Geodon 1998 2001 Laboratórios Pfizer Ltda.

SNC.4 Antipisicóticos Entidade molecular nova

S

fumarato de quetiapina

sim Seroquel 1998 1999 Astrazeneca do Brasil Ltda.

SNC.4 Antipisicóticos Entidade molecular nova

S

cloridrato de bupropiona

WellbutrinSR

1999 2002 Glaxo Wellcome S.A.

SNC.5.1 Antidepressivos

Entidade molecular nova

S

cloridrato de milnaciprano

Ixel 1999 2001 Asta Médica Ltda. SNC.5.1 Antidepressivos

Entidade molecular nova

não consta

reboxetina Prolift 1998 1999 Pharmacia BrasilLtda.

SNC.5.1 Antidepressivos

Entidade molecular nova

não consta

cloridrato de donepezil

sim Eranz 1998 2000 LaboratóriosWyeth-Whitehall Ltda.

SNC.6 Medicamentos para doença de Alzheimer, inibidores da colinesterase

Entidade molecular nova

P

rivastigmina sim Exelon 1998 1998 BiogalênicaQuímica Ftca. Ltda.

SNC.6 Medicamentos para doença de Alzheimer, inibidores da colinesterase

Entidade molecular nova

S

acamprosato Campral 1998 2000 Merck S.A.Indústrias Químicas

SNC.7 Medicamentos utilizados nadependência ao álcool

Entidade

molecular nova NDCD

cloridrato de bupropiona

Zyban 1999 1999 Glaxo WellcomeS.A.

SNC.8 Medicamentos utilizados nadependência à nicotina.

Entidade

molecular nova S

cloridrato de betaistina

Betaserc 1999 2002 Altana Pharma S.A.(Solvay Farma)

SNC.9 Medicamentos antivertigem

Entidade molecular nova

não consta

Mercado excluído, pois único produto lançado em 2002.

93

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento

Exclusão da análise dos mercadoseProduto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Med exca

acetato de terlipressina

Glypressin 1999 1999 LaboratoriosFerring Ltda.

Indicado para sangramento de varizes esofageanas.

Entidade molecular nova

não consta

Não há concorrentes para

a indicação terapêutica do

produto. Dietilestil-bestrol

Destilbenol 1998 1998 ApsenFarmacêutica S.A.

Raramente utilizado para o tratamento de câncer de próstata por conta de seus efeitos colaterais. Ocasionalmente utilizado em mulheres com câncer de mama na menopausa.

Entidade molecular nova

não consta

Não há concorrentes para

a indicação terapêutica do

produto.

protirrelina TRH 1999 2001 LaboratoriosFerring ltda.

Indicado para o diagnóstico de hiper e hipotiroidismo leves, mas seu uso têm sido superado pelos imunoensaios para o hormônio estimulante da teireóide (TSH).

Entidade molecular nova

não consta

Não há concorrentes para

a indicação terapêutica do

produto.

verteporfirina Visudyne 2000 2000 Ciba Vision Ltda. Indicada para o tratamento fotodinâmico da neovascularização da coróide subfoveal associada à degeneração macular relacionada à idade ou à miopia patológica.

Entidade molecular nova

P Não háconcorrentes para

a indicação terapêutica do

produto.

94

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Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento

Exclusão da análise dos mercadoseProduto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Med exca

tegaserode Zelmac 2002 2002 Novartis BiociênciaS.A.

Indicado para o tratamento da síndrome do cólon irritável em mulheres por estimular o peristaltismo e acelerar o trânsito intestinal como reflexo de sua ação agonista parcial sobre o receptor de serotonina tipo 4 (AustralianPrescriber).

Entidade molecular nova

P Não háconcorrentes para

a indicação terapêutica do

produto.

pimecrolimus Elidel 2002 2002 Novartis BiociênciaS.A.

Indicado para o tratamento do eczema tópico leve a moderado a partir de ação sobre a resposta imune.

Entidade molecular nova

S Não háconcorrentes para

a indicação terapêutica do

produto. leflunomide sim Arava 1999 1999 Aventis Pharma

Ltda. Inclui-se entre os

medicamentos anti-reumáticos modificadores de doença que afetam a resposta imune. No entanto, os mesmos são também utilizados em outras situações terapêuticas não distinguíveis com os dados de mercado disponíveis (e.g. metotrexato como antitumoral).

Entidade molecular nova

P Mercado paraprodutos

concorrentes não identificado.

95

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96

Quadro 2: Novos medicamentos no mercado brasileiro analisados segundo grau de inovação terapêutica - 1998 a 2002.

Medicamento Med exca Produto

Ano regb

Ano comc Laboratório Mercado relevante

Classificação produto novo

(Anvisa)

Poten terapd (FDA)

Exclusão da análise dos mercadose

podofilotoxina Wartec 1998 2001 LaboratóriosWyeth-Whitehall Ltda.

Indicado para o tratamento decondiloma acuminado. Outras opções como 5-fluorouracila têm outros usos, não distinguíveis com os dados de mercado disponíveis.

Entidade

molecular nova não

consta Mercado para

produtos concorrentes não

identificado.

cloridrato de ciprofloxacino + hidrocortisona

Cipro HC 1999 1999 Alcon Laboratóriosdo Brasil Ltda.

Classe terapêutica não presente na RENAME, correspondendo a uso inadequado.

Nova associação S Produto excluído, uso inadequado

(apresentação em gotas otológicas).

a Incluído no programa de medicamentos excepcionais. b Registro. c Comercialização. d Potencial Terapêutico e Evolução dos mercados relevantes. Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa, IMS e FDA.

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Dentre os 145 novos medicamentos analisados, apenas 61,4% (89

produtos) puderam ser classificados quanto à designação de potencial terapêutico

do FDA (Tabela 12). A categoria prioritário (P) foi assinalada a 35 produtos

(39,3%), enquanto 54 produtos (60,7%) corresponderam à categoria padrão (S).

Apesar da categoria (S) ser majoritária, ou seja, quase dois terços dos

medicamentos não corresponderem a um avanço terapêutico significativo, a

mesma não se apresenta na mesma proporção que entre os produtos registrados

pelo FDA (76,4%). Possivelmente este seja um reflexo da sub-representação dos

medicamentos constituídos por modificações incrementais (IMD) no universo dos

produtos brasileiros, conforme já discutido acima, considerando que boa parte dos

produtos avaliados como (S) nos EUA procede deste grupo (Tabela 11).

Quando estes 89 produtos são considerados separadamente segundo

medicamentos compostos por novas entidades moleculares (NME) e

medicamentos constituídos por modificações incrementais (IMD), é possível

observar um padrão de inovação semelhante ao descrito para o mercado dos

EUA no mesmo período (Tabela 11).

Sessenta e nove produtos lançados no Brasil foram caracterizados como

NME. Destes, 44,9% (31 medicamentos)33 corresponderam à categoria prioritário

(P), enquanto os remanescentes 55,1% (38 medicamentos) à categoria padrão

(S) (Tabela 12). Já os produtos norte-americanos classificados em NME foram

133, dos quais 43,6% avaliados como (P) – 58 medicamentos – e 56,4% como (S)

– 75 medicamentos (Tabela 11).

33 Incluindo-se também os produtos classificados em “duas ou mais substâncias ativas não

registradas, juntas em um mesmo produto”.

96

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97

Concomitantemente, os produtos considerados IMD se distribuíram entre

20% (4 produtos) enquadrados como (P) e 80% (16 produtos) como (S) (Tabela

12), no mercado brasileiro. Para os EUA esta proporção foi de 13,4% (35

produtos) e 86,6% (226 produtos) para as categorias de (P) e (S),

respectivamente (Tabela 11).

É relevante ressaltar que esta análise comparativa não procede ser

realizada considerando-se as diversas categorias abordadas em relação à

totalidade dos produtos considerados, em função da possível sub-representação

dos IMD no universo de produtos brasileiros estudados advinda das

peculiaridades do processo de registro sanitário, conforme já referido.

É de grande relevância notar que 26,2% dos medicamentos (38 produtos)

no mercado brasileiro aqui considerados não possuem registro no FDA. Em que

pese a independência da Anvisa (e anteriormente da SNVS) no processo de

avaliação de pedidos de registro em relação a agências congêneres em outros

países e os avanços alcançados mais contemporaneamente, não é possível

deixar de colocar em perspectiva as históricas deficiências da vigilância sanitária

nesta área, ainda mais tendo em conta o período estudado, restando sob

suspeição a pertinência dos registros destes produtos.

Assim, considerando os dados analisados em conjunto, podemos concluir

que expressiva maioria dos produtos farmacêuticos lançados no mercado

brasileiro entre 1998 e 2002 não representa inovações que impliquem num

avanço terapêutico significativo.

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98

Tabela 12: Novos medicamentos no mercado brasileiro segundo Classificação de Produto Novo (Anvisa) e Classificação de Potencial Terapêutico e Situação de Registro (FDA) – 1998 a 2002.

Classificação de Potencial Terapêutico e Situação de Registro (FDA)

Prioritário (Priority review)

Padrão (Standard

review) NDCD* CBER+ Suplemento

Nutricional Não

registrado Classificação

não encontrada Total

Entidade molecular nova 29 38 03 06 01 22 - 99

Duas ou mais substâncias ativas não registradas, juntas

em um mesmo produto 02 - - - - - - 02

Alteração na concentração de substância ativa ou de

propriedades farmacocinéticas 02 05 05 - - 05 - 17

Novo sal ou éster, embora a entidade molecular

correspondente já tenha sido autorizada

- 01 - - - 02 - 03

Substância ativa não registrada para a indicação a que se

pretende - - 01 - - - - 01

Cla

ssifi

caçã

o de

Pro

duto

Nov

o (A

nvis

a)

Nova associação 02 10 - - 01 09 01 23

Total 35 54 09 06 02 38 01 145

* National Drug Code Directory + Center for Biologics Evaluation and Research Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa, IMS e FDA.

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5.3. EVOLUÇÃO DOS MERCADOS RELEVANTES ONDE SE INSEREM OS NOVOS

MEDICAMENTOS.

5.3.1. Seleção dos produtos e mercados analisados.

Partindo da identificação dos novos medicamentos analisados quanto ao

grau de inovação e seus respectivos mercados relevantes, passou-se à seleção

daqueles que teriam sua evolução no período caracterizada, em função da

compatibilidade da demanda de mercado pelos mesmos com as características

da base de dados do IMS, fonte das informações de comercialização dos

produtos, e da existência de competidores para suas indicações terapêuticas (o

que determina a inclusão num determinado mercado relevante).

Obviamente, não há situações totalmente estanques relacionadas à

demanda por medicamentos, ou seja, inúmeros produtos de amplo uso em nível

ambulatorial também podem ser utilizados em ambiente hospitalar.

Adicionalmente, produtos adquiridos por gasto privado também podem ser

financiados em programas públicos de saúde, sendo o inverso possível nas duas

situações. No entanto, como os dados do IMS provêm de vendas no mercado

varejista, se colocou como importante identificar aqueles produtos e/ou mercados

relevantes onde a demanda fosse predominantemente hospitalar e/ou pública,

considerando que nesses casos o mercado para os produtos estaria

sobremaneira sub-dimensionado, não sendo de utilidade para retratar a difusão

dos mesmos no sistema de saúde.

Para os mercados onde não há essa predominância, as informações de

comercialização disponíveis correspondem à uma aproximação satisfatória do

total do mercado, considerando que se estima a participação da demanda pública

em torno de 20 a 30% do mercado geral (IE/UFRJ, 2002).

99

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Quanto aos produtos excluídos individualmente por apresentarem

principalmente uso hospitalar foi possível identificar 3 medicamentos - um

antibacteriano, um antifúngico sistêmico e uma formulação de estradiol para

implante sub-cutâneo a ser aplicada exclusivamente em ambiente hospitalar

(Quadro 2).

Seis outros produtos foram excluídos da análise por não apresentarem

concorrentes para suas indicações terapêuticas no mercado brasileiro, no período

estudado. Em outros 2 casos não foi possível delimitar os respectivos mercados

relevantes com os dados de comercialização disponíveis, pois os mesmos não

permitiram distinguir entre outros usos de produtos concorrentes. Esta foi a

situação, por exemplo, do leflunomide, incluído entre os medicamentos

anti-reumáticos modificadores de doença, cujos principais competidores têm

outros usos, como o metotrexato, que também é utilizado como antitumoral

(Quadro 2).

Um outro produto ainda foi excluído por corresponder a uma associação

medicamentosa inadequada, a de antiinfecciosos com agentes corticosteróides

para uso tópico otológico (Quadro 2).

A identificação dos medicamentos estudados incluídos na seleção do

Programa de Medicamentos Excepcionais (MS, 2002a e 2002b), de modo a

auxiliar na identificação da demanda pública dos produtos conduziu a 14

medicamentos. No entanto, destes apenas 4 puderam ser caracterizados como

majoritariamente financiados por recursos públicos, dois quais 3 se incluíam em

mercados relevantes já associados a este tipo de financiamento e/ou uso

hospitalar (agentes imunoestimulantes e agentes imunosupressivos), restando o

leflunomide, já excluído por ausência de concorrentes (Quadro 2).

100

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Os mercados relevantes excluídos dividiram-se em três grupos. O primeiro,

constituído pelos seis mercados onde só houve lançamento de apenas um

produto, em 2002. Uma vez que a menor unidade de tempo considerada na

análise foi um ano, não seria possível captar a evolução da difusão destes

produtos.

Um segundo grupo incluiu dois mercados constituídos apenas por dois

produtos cada um, registrados e comercializados quase simultaneamente. Os

medicamentos contra influenza vírus, ambos lançados em 2000 e os antagonistas

de hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), com um medicamento

introduzido em 2001 e outro em 2002. Consideraram-se estas situações fora do

escopo pretendido para o trabalho, pois só considera a competição entre novos

produtos e num período de tempo muito curto (Quadro 2).

Por fim, foram excluídos os mercados relevantes identificados com uma

demanda predominantemente hospitalar e/ou pública. Estes incluíram os

medicamentos antiretrovirais inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos e

inibidores da protease; os agentes imunoestimulantes e os agentes

imunosupressivos; os medicamentos antineoplásicos alquilantes, os

antimetabólitos, e outros antineoplásicos; e os adjuvantes da terapia

antineoplásica inibidores enzimáticos. Ao todo estes mercados perfizeram 18

produtos excluídos.

Assim, ao cabo deste processo de seleção reduziu-se a 105 os produtos

estudados na análise da evolução dos mercados relevantes, os quais incluíram 45

(Tabela 13) dos 65 mercados delimitados inicialmente.

Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

101

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Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

N02

A0

Analgésicos

narcóticos

Apenas os

produtos com

cloridrato de

oxicodona.

A.2.2

Analgésicos

opióides

moderados N02

B0

Analgésicos não

narcóticos e

antipiréticos

Apenas os

produtos com

codeína e tramadol.

N02

C1

Triptânicos

antienxaqueca

A.3

Medicamentos

antienxaqueca N02

C9

Todos outros

preparados

antienxaqueca

J01

C1

Penicilinas orais de

largo espectro

AI.1.1 Penicilinas J01

H1

Penicilinas de

peq/med espectro

pura

AI.1.7

Fluoroquinolonas

orais

J01

G1

Fluorquinolonas

orais

Não inclui as

Fluoroquinolonas

injetáveis (J01G2),

por serem

predominantemente

de ambiente

hospitalar (mercados

distintos).

AI.2.2

Antifúngicos

Ginecológicos

G01

B0

Antifungicos

ginecologic

Retirado os

produtos compostos

por tetraciclina +

anfotericina B

C.3.1 Nitratos C01

E0

Nitritos e nitratos

C.4.4 C02 Antihipert puro-

102

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Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

A1 acao cent

C02

B1

A-hipert(n v)+diuret

cent

C02

B2

A-hipert(n v)+diuret

peri

C02

C0

Alc rauwolf+ot a-hip

herb

Bloqueadores

adrenérgicos

centrais

C02

D0

Alc rauwolf+ot a-

hip+diur

C08

A0

Antagonistas calcio

puros

C.4.5

Bloqueadores dos

canais de cálcio C08

B2

Antag calc+beta

blok comb

C09

A0

Inibidores ace

puros

C09

B1

In.eca

assoc.a/hip.diur.

C09

B3

In.eca

assoc.antag/calc.

C09

C0

Ant.puros

angiotensi.ii

C.4.7

Antagonistas do

sistema renina-

angiotensina

C09

D0

Ant.angiotensi.ii,

assoc.

C10

A1

Inibid.reductase

hmg-coa

C.7.

Medicamentos

Redutores de

Lipídios C10

A2

Fibratos

C.8 Vasoterapia

Cerebral e

C04 Vasoter cer/per exc

103

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Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

A1 ant c

Periférica C04

A2

Ant.calcio c/act.

Cereb.

C.9 Terapia

coronariana,

excluídos

antagonistas do

cálcio e nitratos

C01

D0

Ter coronar exc ant

c+ni

D.2.2

Antiinflamatórios

tópicos

D07

A0

Corticoides top

puros

D.3 Agentes

ceratolíticos e

ceratoplásticos

D10

A0

Antiacneicos

topicos

M05

B0

Reguladores calcio

osseo

Em 1997 a 1998,

era o grupo M05B0

Reguladores calcio

osseo,

posteriormente

desmembrado em

M05B1 bisfosf o reg

calc osseo e M05B2

bisfosf I reg calc

osseo.

M05

B1

Bisfosf o reg calc

osseo

1999 a 2002

H04

A0

Calcitonina

E.3

Medicamentos que

Interferem no

Metabolismo Ósseo

G03

H0

O h sex e prod

similares

Somente o

raloxifeno (Evista)

104

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Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

A10

B1

A-diabet

sulfoniloureia

A10

B2

A-diabet biguanidas

A10

B3

Comb.a-dia

sulf+biguanid

A10

B4

A-diabet

tiazolinediona

A10

B5

A-diab inib alfa-

glucosi

E.4.2

Hipoglicemiantes

orais

A10

B9

Out.a-diabeticos

orais

E.5.1 Estrógenos G03

C0

Estrogen exc

g3a,g3e,g3f

G03

A1

P.monof.c/estrog.<50

mcg

G03

A2

P.mon.c/estrog.>=50m

cg

G03

A3

Preparacoes

bifasicas

G03

A4

Preparacoes

trifasicas

G03

A5

P.or.so

c/progesterona

E.5.5

Contraceptivos

Hormonais

G03

A9

O.hormonas

contracp.sist

E.5.6 G03

105

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Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

E0 Androg/estrog/progest Combinações de

Estrógenos para

reposição hormonal

no climatério

feminino

G03

F0

Ass estrog/progest

E.7 Inibidores da

prolactina

G02

D0

Inibidores

prolactina

E.8

Medicamentos para

disfunção erétil

G04

B3

Prod.disfuncao

erectica

E.9

Medicamentos para

incontinência

urinária

G04

B4

Prod.incontinen.urinari

a

B01

C1

Ini ciclo-ox ini a

plaqu

B01

C2

Ant recep adp ini

plaqu

B01

C3

An gp iib/iiia in a

plaq

B01

C4

Enh amp c plaq in a

plaq

H.3 Inibidores da

agregação

plaquetária

B01

C5

Comb ini c-

oxig+inib pde

M01

A1

A-

reum.n/esteroid.puros

M01

A2

Ass.a-

reum.n/esteroides

I.1

Antiinflamatórios

não-esteróides M01

A3

Coxibs

106

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Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

I.1.1

Antiinflamatórios

não esteróides -

preparações para

uso tópico

M02

A0

A/reumat rubefac

top

H02

A1

Corticoest.inject.puros

H02

A2

Corticoest.orais

puros

I.2.2

Antiinflamtórios

esteróides de

duração de efeito

intermediária e

longa H02

B0

Ass/cort/ester sist

Menos produtos

contendo

hidrocortisona

(duração de efeito

curta).

O.3 Associações

de antiinflamatórios

e antiinfecciosos

S01

C1

Corticoest oftal+a-

infec

O.5

Medicamentos

mióticos e

antiglaucomatosos

S01

E2

Prep

anti/glauc/miot/top.

O.8

Medicamentos para

o tratamento de

conjuntivite

inespecífica

S01

G0

Prep.trat.conj.n/esp.

R.1.4

Associações de

Antiinflamatórios

respiratórios e

agonistas

simpaticomiméticos

R03

F1

Estim-b2/cortic-

inalantes

R.1.5

Antagonistas de

R03

J2

A-asmat a-leucot

sistemi

107

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Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

receptor de

leucotrieno

R.3 Anti-

histamínicos

sistêmicos

R06

A0

A/histaminicos sist

R.4 Preparações

nasais sistêmicas

R01

B0

Prep.sistemicas

nasais

A02

B1

Antagonista

receptores h2

SD.1.1 Anti-

secretores A02

B2

Inibidores da

bomba acida

SD.1.2 Anti-

microbianos

A02

B2

Inibidores da

bomba acida

Associações com

anti-microbianos.

A07

H0

Inibidores da

motilidade

SD.4.1

Antidiarréicos A07

X0

Tod.out.antidiarreicos

Somente o

racecadotril (Tiorfan)

A03

A0

Antiespam+anticol

puros

A03

D0

Ass.a/espasmodic./an

alg.

SD.4.2

Antidiespasmódico

s

A03

E0

A/espasmod/ass.out.p

rod

SD.6

Preparações contra

a obesidade,

excluindo produtos

dietéticos

A08

A0

Anor.mod.hab.alim.lip

ol.

108

Page 113: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

SNC.2

Antiparkinsonianos

N04

A0

A/parkinsonianos

N05

B1

Hipn/sed n/barb

puros

Dois produtos

contendo

bromazepam foram

retirados de N05A9

Antipisicóticos

convencionais.

N05

B2

Ass/hipn/sed n/barb

N05

B3

Hipn/sed barb

puros

N05

B4

Ass/hipn/sed barb Em 1997 e 1998

os produtos

enquadrados

posteriormente em

N05B5

HIPNOT/SEDATIVO

S HERBAL estavam

classificados neste

grupo.

SNC.3.1

Hipnóticos

N05

C0

Tranquilizantes Só os

benzodiazepínicos

(retirados os produtos

contendo buspirona).

N05

A1

Antipsicoticos

atipicos

Menos

benzodiazepínicos aí

classificados. SNC.4

Antipisicóticos N05

A9

Antipsicoticos

convencio

109

Page 114: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Tabela 13: Mercados relevantes analisados.

Mercado relevante

Código

Classes terapêuticas IV (IMS)

Observações

N06

A0

Antidepressivos Em 1997 a 1998,

era o grupo N06A0

Antidepressivos, que

passou a N06A1,

N06A2

Antidepressivos,

plantas, e N06A3

Estabilizadores do

humor.

SNC.5.1

Antidepressivos

N06

A1

A/depress.

Excl.plantas

Em 1999 a 2002.

SNC.6

Medicamentos para

doença de

Alzheimer,

inibidores da

colinesterase

N07

D1

Prod a-alz inib

colinest

SNC.7

Medicamentos

utilizados na

dependência ao

álcool

N07

E0

Prod usados dep

alcool

SNC.8

Medicamentos

utilizados na

dependência à

nicotina.

N07

B0

Produtos anti-

tabaco

Fonte: Elaboração própria.

110

Page 115: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

5.3.2. Caracterização dos mercados relevantes analisados.

Uma vez definidos os 45 mercados relevantes a serem analisados,

passou-se à delimitação dos produtos inseridos em cada situação, conforme

descrito na seção metodologia. Os dados de comercialização de cada produto,

num total de aproximadamente 2.300, foram transpostos das planilhas extraídas

da base de dados do IMS correspondentes aos períodos de 1997 a 1998 e 1999 a

2002 para novas planilhas correspondentes a cada mercado, de modo a construir

uma nova base de dados com as características necessárias ao estudo, incluindo

unidades vendidas e faturamento, participação de mercado, cálculo dos preços

médios e da média dos preços dos produtos, novos e antigos, e a proporção entre

os mesmos, além do grau de concentração do mercado, conforme medido pelo

índice de Herfindahl-Hirschman (HHI). Adicionalmente, os dados para os

medicamentos genéricos introduzidos no período foram também computados

separadamente, de modo a poder dimensionar sua participação nos mercados.

As informações resultantes deste trabalho encontram-se no Anexo 2 (Variáveis

dos Mercados Relevantes).

O intervalo de tempo analisado para cada mercado relevante

correspondeu àquele constituído pelo ano imediatamente anterior ao lançamento

do primeiro novo medicamento até 2002, visando assim dimensionar o efeito da

difusão dos novos produtos em cada situação.

A grande maioria dos mercados relevantes – 33 (73,3%) - teve entre um e

dois novos produtos lançados no período, o que equivaleu a 44,8% dos produtos

estudados. Em contrapartida, apenas cinco mercados com mais de 5

medicamentos novos cada corresponderam a um terço dos produtos (Tabela 13).

111

Page 116: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Tabela 13: Mercados relevantes segundo o número de novos medicamentos introduzidos – 1998 a 2002.

Novos medicamentos

no mercado relevante Mercados

Total de

produtos %

01 19 19 18,1

02 14 28 26,7

03 05 15 14,3

04 02 08 7,6

05 01 05 4,8

06 02 12 11,4

08 01 08 7,6

10 01 10 9,5

Total 45 105 100 Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa e IMS.

Os 45 mercados relevantes corresponderam, para o ano de 2002, quando

todos os produtos incluídos na análise já estavam em comercialização, a

500.491.171 unidades vendidas e faturamento de R$ 6.094.830.323,00 (Tabela

14), representando, respectivamente, 39,2% e 46,5% do mercado total levantado

pelo IMS.

O preço médio por unidade correspondente a esta porção do mercado foi

de R$ 12,18, 19% mais elevado que para o mercado geral neste ano (R$ 10,26),

o que sugeriu, preliminarmente, um possível efeito da introdução dos novos

medicamentos. No entanto, ao se considerarem as diferenças equivalentes a

cada um dos outros anos da série histórica analisada (1997 a 2001),

observaram-se valores maiores em torno de 20%, não podendo se inferir, a partir

destes dados, tal efeito dos novos produtos na maior proporção dos valores de

preço médio para os mercados estudados, uma vez que não há uma variação

significativa ao longo do tempo. É preciso se considerar aqui que, como os

valores dos novos produtos também são incorporados ao valor do mercado total,

112

Page 117: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

provavelmente a análise a partir do preço médio do mercado geral não seja a

mais adequada para inferir um efeito dos novos medicamentos sobre o nível de

preços dos produtos (Bermudez e Reis, 1999).

Tabela 14: Unidades vendidas e faturamento – mercados relevantes (2002) Unidad

es

vendida

s

Mercado

relevante

Faturame

nto (R$)

Mercado

relevante

Meno

r

valor

149.02

6

SD.1.2 Anti-

microbianos

4.196.34

2

SNC.7

Medicamentos

utilizados na

dependência

ao álcool

Maior

valor

68.834.

717

I.1

Antiinflamatóri

os não-

esteróides

663.137.

508

I.1

Antiinflamatóri

os não-

esteróides

Médi

a

11.122.

026

135.440.

674

Medi

ana

7.157.3

85

88.384.6

16

Total 500.49

1.171

6.094.83

0.323

Fonte: Elaboração própria a partir de dados Anvisa e IMS.

Analisando o nível de concentração dos mercados neste mesmo ano,

encontrou-se um valor médio para o HHI de 2.893 (mediana igual a 2.417). Ao se

113

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estratificarem os valores pelas faixas de concentração utilizadas na inferência do

grau de competição de mercado34, pôde-se identificar 60% dos mercados (27)

como oligopolizados (Tabela 15)

Tabela 15: Faixas de concentração e poder de monopólio dos mercados relevantes – 2002.

Faixas de concentração (HHI) Mercados Relevantes %

<1.800 16 35,6

1.800-5.600 27 60,0

>5.600 02 4,4

Total 45 100,0

Amplitude da série (HHI): 798 - 8958

Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Esta análise do nível de competição nos mercados por faixa de

concentração foi expandida na tentativa de se inferir um efeito da difusão dos

novos medicamentos. Aqui se consideraram os valores de HHI correspondentes

ao período a partir do qual o mercado passou a ser analisado, ou seja, o ano

imediatamente anterior à introdução do primeiro produto (ano 0), o primeiro ano

de comercialização (ano 1) e assim por diante – e não a série temporal

cronológica. Este procedimento, repetido posteriormente em outras análises,

34 Extraídas das diretrizes para política antitruste dos EUA. Mercados com HHI inferior a 1.800 são

considerados competitivos, aqueles com HHI entre 1.800 e 5.600, oligopolizados, e os superiores

a 5.600 entendidos como passíveis de ação de monopólio (IE/UFRJ, 2002).

114

Page 119: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

procurou captar justamente um possível padrão na evolução dos mercados

consecutivo à difusão dos novos produtos.

Ao se analisar a evolução da distribuição dos mercados pelas faixas de

concentração de mercado ao longo do tempo de introdução dos novos

medicamentos (Tabela 16), nota-se uma pequena tendência de queda na soma

das duas faixas de maior concentração (>1.800), variando de 79,1% dos

mercados no ano 0 a 61,8% no ano 4 (com um aumento a 76,5% no ano 5,

possivelmente enviesado pela grande redução do número de mercados).

Tabela 16: Análise do grau de competição nos mercados relevantes em função do tempo de introdução de novos medicamentos.

Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

HHI

MR* %

MR* %

MR* %

MR* %

MR* %

MR* %

<1.8

00 9

2

0

,

9

1

1

2

4

,

4

1

3

2

8

,

9

1

3

3

1

,

7

1

3

3

8

,

2

4

2

3

,

5

1.80

0-

5.60

0

2

4

5

5

,

8

2

4

5

3

,

3

2

3

5

1

,

1

2

3

5

6

,

1

1

7

5

0

,

0

1

1

6

4

,

7

>5.6

00

1

0

2

3

,

3

1

0

2

2

,

2

9

2

0

,

0

5

1

2

,

2

4

1

1

,

8

2

1

1

,

8

Tota

l:

4

3

1

0

0

4

5

1

0

0

4

5

1

0

0

4

1

1

0

0

3

4

1

0

0

1

7

1

0

0

Amp 1.062 1.046 727 a 789 a 830 a 822 a

115

Page 120: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

litud

e da

séri

e:

a

10.00

0

a

9.078

7.504 8.362 8.822 8.958

Méd

ia: 3.635 3.565 3.250 3.139 2.974 3.429

Med

iana

:

2.670 2.867 2.570 2.582 2.225 2.617

*MR = mercados relevantes Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Estratificando-se esta análise segundo a presença de medicamentos

genéricos nos mercados, obteve-se, para a participação percentual das faixas de

HHI superiores a 1.800, respectivamente, ao longo da série temporal, valores

ligeiramente decrescentes, indo de 100% e 95,7% (anos 0 e 1) a 88,9% e 90%

(anos 4 e 5), para os mercados onde não houve comercialização de produtos

genéricos. Já nos mercados em que houve participação destes, a queda foi

bastante acentuada, com os valores para a série do ano 0 ao 4 de 59,1%, 54,5%,

50%, 45% e 31,3%. No ano 5 houve novo aumento para 57,1% devido

possivelmente ainda à redução drástica do número de mercados considerados

(de 22 e 16 para 7).

Os resultados acima parecem indicar um efeito de desconcentração dos

mercados resultante da difusão de produtos genéricos, reproduzindo um padrão

já observado em outros mercados (Berndt, 2001; Grabowski & Vernon, 1996).

O fato de não se ter podido caracterizar um padrão de aumento da

concentração dos mercados em razão da difusão dos novos produtos não pode

ser assumido necessariamente como um indicativo de que as empresas que os

comercializem não adquiram um maior poder de mercado. Os valores de HHI

116

Page 121: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

refletem a estrutura do mercado em questão, dependendo do número de

empresas atuantes no mesmo, bem como da dispersão relativa de sua repartição

entre elas. Deste modo, pode haver acomodações intramercado que modifiquem

as posições relativas das empresas, incluindo aí a própria expansão do mercado

em função da introdução de novas firmas e/ou produtos.

Neste trabalho, não foi possível avaliar diretamente a evolução do poder

de mercado das firmas que lançaram os novos medicamentos, uma vez que a

base de dados do IMS vincula um determinado produto à empresa proprietária do

mesmo quando da consulta ao seu sistema35. Em função das diversas estratégias

das firmas no mercado, envolvendo comercialização da titularidade de produtos e

aquisições e fusões das próprias empresas, poder-se-ia chegar a uma avaliação

equivocada, principalmente do momento de lançamento de cada novo

medicamento.

No entanto, tendo em conta que o foco principal da pesquisa foi a difusão

dos novos medicamentos em relação aos já utilizados na terapêutica (e sua

possível relação com o grau de avanço terapêutico), analisou-se a evolução da

participação de mercado daqueles, o que, indiretamente, indica uma possível

variação do poder de mercado da empresa36.

Considerando coletivamente as participações dos novos produtos em cada

mercado relevante ao longo da sua comercialização no período, observou-se um

contínuo incremento, tanto em unidades como em faturamento (Tabela 17),

35 No caso deste trabalho, os dados refletiram a situação vigente no primeiro semestre de 2003,

ocasião do levantamento dos mesmos. 36 No entanto, é logicamente possível que a introdução de um novo produto apenas altere as

contribuições relativas de todos os produtos da empresa, sem implicar um aumento significativo da

sua participação de mercado.

117

Page 122: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

resultando em respectivos valores médios de 23,33% e 31,28% após cinco anos

no mercado.

Tabela 17: Participação dos novos medicamentos nos mercados relevantes em função do tempo de introdução no mercado(%).

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Média:

7

,

6

0

1

1

,

0

6

1

0

,

2

5

1

5

,

9

2

1

4

,

0

6

2

1

,

1

0

1

7

,

5

6

2

5

,

8

3

2

3

,

3

3

3

1

,

2

8

Media

na:

0

,

5

0

1

,

3

9

1

,

9

9

5

,

2

7

5

,

1

7

8

,

5

4

6

,

7

7

1

0

,

8

0

8

,

5

3

1

5

,

6

9

Amplit

ude

da

série:

0

,

0

0

a

9

0

,

3

4

0

,

0

1

a

8

9

,

4

8

0

,

0

3

a

8

2

,

5

6

0

,

0

8

a

8

8

,

4

3

0

,

0

1

a

9

1

,

1

4

0

,

0

1

a

9

4

,

2

1

0

,

0

5

a

9

7

,

2

0

0

,

1

6

a

9

6

,

9

1

0

,

0

6

a

9

3

,

3

9

0

,

2

0

a

9

6

,

8

7

Total

de

merca

dos:

45 45 41 34 17

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

118

Page 123: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

No entanto, ao se distinguirem os mercados segundo a introdução de

medicamentos genéricos, deparou-se com significativas diferenças na

participação de mercado dos novos produtos, conquistando estes proporções

muito mais consideráveis naqueles mercados onde não foram comercializados

produtos genéricos, conforme pode ser depreendido do contraste entre os dados

constantes das Tabelas 11 e 12, considerando ainda que os mercados

distribuem-se de maneira eqüitativa entre os dois grupos.

Tabela 18: Participação dos novos medicamentos nos mercados relevantes em função do tempo de introdução no mercado(%) – mercados sem

presença de medicamentos genéricos. Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Média:

1

4

,

0

4

1

9

,

8

3

1

8

,

0

9

2

6

,

7

7

2

4

,

0

5

3

3

,

7

4

2

8

,

8

0

3

9

,

0

2

3

6

,

0

4

4

5

,

4

7

Media

na:

0

,

9

0

3

,

3

4

4

,

1

8

1

3

,

4

6

7

,

6

8

2

7

,

5

8

7

,

9

5

2

8

,

8

9

1

9

,

3

3

3

6

,

4

5

Amplit

ude

da

0

,

0

0

,

0

0

,

0

0

,

0

0

,

0

0

,

0

0

,

5

2

,

9

3

,

2

7

,

8

119

Page 124: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

série: 1

a

9

0

,

3

4

9

a

8

9

,

4

8

5

a

8

2

,

5

6

8

a

8

8

,

4

3

1

a

9

1

,

1

4

1

a

9

4

,

2

1

0

a

9

7

,

2

0

3

a

9

6

,

9

1

8

a

9

3

,

3

9

7

a

9

6

,

8

7

Total

de

merca

dos:

23 23 21 18 10

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Tabela 19: Participação dos novos medicamentos nos mercados relevantes em função do tempo de introdução no mercado(%) – mercados com

presença de medicamentos genéricos. Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Média:

0

,

8

7

1

,

9

0

2

,

0

6

4

,

5

8

3

,

5

6

7

,

8

3

4

,

9

3

1

0

,

9

9

5

,

1

6

1

1

,

0

0

Media

na:

0

,

2

2

0

,

5

8

1

,

3

7

2

,

5

7

3

,

2

0

5

,

7

9

3

,

6

2

8

,

3

6

1

,

3

0

4

,

0

9

Amplit

ude

0

,

0

,

0

,

0

,

0

,

0

,

0

,

0

,

0

,

0

,

120

Page 125: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

da

série:

0

0

a

4

,

3

4

0

1

a

8

,

2

0

0

3

a

1

0

,

8

4

0

9

a

1

5

,

8

8

0

4

a

1

5

,

1

4

1

1

a

2

5

,

9

3

0

5

a

1

8

,

0

6

1

6

4

2

,

8

2

0

6

a

1

3

,

0

9

2

0

a

3

0

,

3

9

Total

de

merca

dos: 22 22 20 16 07

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Procurou-se, assim, dimensionar a evolução da participação de mercado

dos medicamentos genéricos de modo a tentar inferir um efeito de limitação da

difusão dos novos produtos ensejado por esses (Tabela 20). Malgrado uma

penetração significativa ao longo de três anos de comercialização, a magnitude

desta não aparenta ser suficiente para justificar a grande diferença observada

entre os dois grupos de mercados nas Tabelas 11 e 12, sugerindo dinâmicas

distintas de evolução. Sendo assim, buscou-se caracterizar esta evolução no

contexto do comportamento do mercado farmacêutico brasileiro no mesmo

período de tempo estudado na análise (1997 a 2002).

Tabela 20: Participação dos medicamentos genéricos nos mercados relevantes em função do tempo de introdução no mercado(%)

121

Page 126: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Un.* R$ Un.* R$ Un.* R$

Média: 1,90 1,25 9,38 6,18

16,6

0

10,4

4

Mediana: 0,34 0,35 6,05 3,33

13,4

4 7,39

Amplitude da

série:

0,00

a

9,81

0,00

a

6,26

0,18

a

39,6

8

0,15

a

22,4

4

0,51

a

52,0

0

0,30

a

31,0

6

Total de

mercados: 22 21 16

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Na Tabela 21, os grupos de mercados relevantes em questão têm sua

evolução anual no período contrastada com a evolução do mercado geral.

Enquanto nos mercados onde houve introdução de medicamentos genéricos a

evolução anual se manteve próxima à do mercado como um todo, naqueles onde

os mesmos não se apresentaram houve um crescimento sensivelmente maior.

Importante ressaltar aqui que este padrão é observado já anteriormente à adoção

dos medicamentos genéricos, em 2000, sugerindo que outras características dos

mercados em questão estejam por detrás do mesmo.

Tabela 21: Evolução anual dos mercados relevantes (1997 a 2002)

122

Page 127: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

segundo presença de medicamentos genéricos (%). 1997-

1998

1998-

1999

1999-

2000

2000-

2001

2001-

2002

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Mercados com medicamentos genéricos

Média:

-

2

,

8

1

2

,

7

0

,

8

1

7

,

9

2

,

0

9

,

2

0

,

2

1

,

9

5

,

6

1

4

,

2

Media

na:

-

2

,

8

1

4

,

4

-

1

,

3

1

5

,

6

2

,

3

1

1

,

1

1

,

7

0

,

2

5

,

6

1

3

,

9

Total

de

merca

dos:

9 16 20 22 22

Mercados sem medicamentos genéricos

Média:

4

7

,

3

1

1

7

,

2

4

0

,

7

6

5

,

1

3

5

,

4

3

7

,

4

6

,

5

1

3

,

9

5

,

6

1

5

,

6

Media

na:

2

,

8

1

5

,

5

9

,

1

3

3

,

9

1

0

,

2

1

5

,

7

3

,

3

9

,

4

4

,

2

1

4

,

2

Total

de

merca

dos:

9 17 21 23 23

Mercado farmacêutico geral

-3

8,

-1

15

1,

8,

-2

2,

2,

13

123

Page 128: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

,9

7 ,9

,3

6 1 ,9

9 1 ,4

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Uma possível explicação pode advir da constatação de que os mercados

onde os produtos genéricos foram introduzidos eram, em média, duas vezes

maiores que os outros mercados – em unidades e faturamento, e ao longo de

toda a série histórica. Dessa maneira esses mercados já teriam sua demanda

potencial grandemente explorada, não havendo muitas possibilidades de

incremento de suas dimensões. Por outro lado, essa maior demanda consolidada

deve também acabar por contribuir para a entrada nos mesmos de firmas

produtoras de versões genéricas dos produtos já comercializados.

Conseqüentemente, é plausível concluir-se que nos mercados onde não

houve presença de produtos genéricos uma parte considerável do aumento da

participação de mercado dos novos medicamentos deveu-se, provavelmente, à

ampliação dos mesmos, enquanto que nos mercados com medicamentos

genéricos, boa parte da difusão dos produtos analisados – e também dos

produtos genéricos - deve se originar da substituição dos produtos mais antigos.

O efeito de desconcentração observado nestes mercados a partir da análise da

evolução do HHI descrita anteriormente concorre para corroborar esta conclusão.

5.3.2.1. Difusão dos novos medicamentos.

De modo a avaliar a difusão dos novos medicamentos, buscando

identificar um possível padrão relacionado à substituição dos medicamentos já

utilizados, caracterizou-se a participação do conjunto de novos produtos na

evolução de cada mercado relevante ao longo dos anos de comercialização.

124

Page 129: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Em 21 mercados (correspondentes a 47,6% dos produtos), os novos

produtos se difundiram às custas da conquista de parcelas dos mercados

correspondentes aos demais produtos. Esta situação é caracterizada pela

ocorrência de variação negativa no número de unidades comercializadas no

mercado relevante frente a um aumento deste número para os novos

medicamentos (o que ocorreu em 18 mercados); alternativamente, as vendas dos

novos produtos podem ter suplantado o aumento observado para o mercado,

tendo esse sido positivo (observado em 3 casos).

Nos 24 mercados remanescentes (52,3% dos produtos), o crescimento das

vendas (em unidades) dos novos medicamentos não suplantou a variação do

mercado. Estes tiveram, em média, um aumento correspondente a um terço do

avanço dos mercados. Obviamente, este resultado não indica expressamente a

ausência de substituição de produtos, mas sim que este processo não pode ser

caracterizado como principal fator implicado, coletivamente, na difusão dos novos

produtos nestes mercados relevantes.

Em seguida, buscou-se estratificar o resultado acima segundo a ocorrência

de medicamentos genéricos nos mercados, buscando mais um indício da

diferença do padrão de difusão dos novos medicamentos nestas duas categorias

de mercados (Tabela 22), conforme indicado anteriormente.

Tabela 22: Padrão de difusão dos novos medicamentos nos mercados relevantes segundo a ocorrência de medicamentos genéricos.

Mercados

Padrão de difusão sem genéricos

com genéricos

total

15 9 24

65,2% 40,9% 100% Ampliação do

mercado

31 pdts* 24 pdts* 55 pdts.

125

Page 130: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

08 13 21

34,8% 59,1% 100% Substituição de

produtos 15 pdts* 35 pdts* 50 pdts.

*pdts = novos medicamentos Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Conforme observado, nos mercados sem a participação de genéricos a

difusão dos novos medicamentos parece ocorrer majoritariamente por meio da

ampliação dos mercados (65,2% dos mercados). Inversamente, nos segmentos

onde os medicamentos genéricos foram introduzidos, a substituição de produtos é

o principal padrão de difusão (59,1%). Esta análise corrobora a explicação

formulada anteriormente, onde as características dos mercados relevantes nos

quais se inserem os produtos genéricos parece determinante do padrão de

difusão.

Para completar o estudo do padrão de difusão dos novos medicamentos,

analisou-se a participação de mercado dos produtos individualmente, ao longo do

período de comercialização. A partir da Tabela 23 pode-se depreender que os

novos produtos tiveram um consistente aumento de sua parcela de mercado,

tanto em unidades quanto em faturamento, ao longo de sua comercialização. O

fato da participação nas vendas em valor ter um maior incremento já antecipa um

nível de preços superior ao dos outro produtos já comercializados.

Tabela 23: Participação individual dos novos medicamentos nos mercados relevantes em função do tempo de introdução no mercado(%).

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

126

Page 131: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Média:

3

,

7

8

5

,

5

4

5

,

6

6

8

,

9

2

7

,

2

0

1

1

,

1

4

1

0

,

1

7

1

4

,

3

6

1

5

,

7

5

1

9

,

5

4

Media

na:

0

,

4

6

0

,

9

2

1

,

0

8

2

,

2

6

1

,

5

1

2

,

4

2

1

,

7

5

3

,

6

7

2

,

2

3

5

,

7

8

Amplit

ude

da

série:

0

,

0

0

a

9

0

,

3

4

0

,

0

0

a

8

9

,

4

8

0

,

0

0

a

8

2

,

5

6

0

,

0

3

a

8

3

,

9

5

0

,

0

1

a

8

4

,

3

5

0

,

0

1

a

9

1

,

3

5

0

,

0

0

a

8

9

,

7

9

0

,

0

0

a

9

3

,

8

8

0

,

0

0

a

9

0

,

8

0

0

,

0

0

a

9

4

,

6

0

Total

de

produt

os:

105 96 82 52 20

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Quando os produtos são estratificados pelo grau de inovação terapêutica,

conforme categorização empreendida anteriormente37 (Tabela 24), observam-se

valores maiores para aqueles enquadrados na categoria prioritária (P), porém

37 Incluídos os novos medicamentos para os quais se identificou a designação de avanço

terapêutico conforme avaliação do FDA.

127

Page 132: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

com significativas flutuações na magnitude dessa vantagem ao longo do período

de comercialização.

Tabela 24: Participação individual dos novos medicamentos nos mercados relevantes em função do tempo de introdução no mercado(%).

Análise segundo grau de inovação terapêutica. Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Classificação prioritária (P)

Média:

5

,

6

0

8

,

9

3

6

,

6

9

1

1

,

3

4

9

,

2

9

1

5

,

3

4

1

4

,

6

0

1

8

,

9

2

3

6

,

3

6

3

9

,

6

0

Media

na:

0

,

8

1

1

,

7

8

1

,

9

0

4

,

9

6

1

,

9

2

6

,

9

3

5

,

1

6

9

,

2

4

1

8

,

2

9

2

4

,

2

0

Amplit

ude

da

série:

0

,

0

0

a

7

2

,

0

,

0

4

a

8

3

,

0

,

0

0

a

7

0

,

0

,

0

7

a

8

0

,

0

,

0

1

a

8

4

,

0

,

1

2

a

9

1

,

0

,

0

0

a

8

9

,

0

,

0

0

a

9

3

,

0

,

0

0

a

9

0

,

0

,

0

0

a

9

4

,

128

Page 133: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

2

0

2

6

6

3

6

2

3

5

3

5

7

9

8

8

8

0

6

0

Total

de

produt

os:

19 19 16 9 3

Classificação padrão (S)

Média:

3

,

4

8

5

,

8

1

6

,

1

6

1

0

,

4

2

7

,

9

7

1

2

,

3

8

1

1

,

6

3

1

6

,

9

7

1

6

,

6

5

2

0

,

8

7

Media

na:

0

,

5

2

1

,

0

0

1

,

4

6

2

,

3

8

1

,

7

5

3

,

3

5

2

,

4

7

4

,

6

3

3

,

8

6

6

,

3

7

Amplit

ude

da

série:

0

,

0

0

a

6

3

,

2

1

0

,

0

0

a

7

7

,

4

7

0

,

0

1

a

6

9

,

4

4

0

,

3

0

a

8

3

,

9

5

0

,

0

1

a

8

0

,

6

1

0

,

1

9

a

8

9

,

2

8

0

,

3

7

a

7

9

,

5

0

1

,

3

4

a

8

2

,

3

2

0

,

3

7

a

8

8

,

0

7

1

,

2

6

a

9

0

,

0

2

Total

de 45 40 38 23 12

129

Page 134: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

produt

os:

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

5.3.2.2. Preços dos novos medicamentos.

Os preços médios dos novos medicamentos38, quando comparados à

média dos demais produtos presentes num mesmo mercado relevante,

corresponderam a valores, em média, em torno de 2,5 maiores que os destes

(Tabela 25). Esta tendência, já antecipada na delimitação do quadro teórico

concernente à introdução de inovações no mercado, é justamente um dos fatores

apontados como responsável pelo aumento do gasto farmacêutico nos diversos

sistemas de saúde (Joncheere et al., 2003; Bastida & Mossialos, 2000; Mullins et

al., 2001).

Tabela 25: Proporção entre o preço médio do novo medicamento e a média dos preços dos outros produtos no mercado relevante,

em função do tempo de introdução no mercado(%). Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Média: 3,03 3,00 2,63 2,29 2,52

Media

na: 1,91 1,86 1,88 1,74 2,04

Amplit

ude

da

série:

0,12 a

31,13

0,13 a

37,27

0,16 a

26,35

0,65 a

9,90

0,68 a

10,17

Total

de 105 96 82 52 20

38 Ou seja, aquele obtido pela divisão do seu faturamento pelo número de unidades vendidas do

conjunto de suas respectivas apresentações comercializadas, as quais tiveram seus valores

consolidados, segundo discutido na seção 4. Metodologia.

130

Page 135: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

produt

os:

Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

O referido aumento potencialmente implica diferentes efeitos para a

assistência à saúde, na medida em que o ganho terapêutico representado pelos

novos medicamentos pode significar economia em outras áreas do sistema, e.g.

diminuindo a necessidade de internações hospitalares. Inversamente, é possível

que haja um incremento nos gastos gerais (além dos custos diretos com

aquisição dos produtos) em função de conseqüências advindas do uso desses

novos produtos, como, por exemplo, maior incidência de reações adversas ou

mesmo menor efetividade terapêutica. Assim, o aumento do gasto farmacêutico

enseja a avaliação da eficiência deste gasto, visando, do ponto de vista da

regulação do mesmo, no âmbito das políticas de saúde pública, favorecer a

adoção e uso daqueles medicamentos que aportem proporcionalmente melhores

resultados por unidade de custo (Reis & Bermudez, 2004).

Assim, buscou-se analisar as diferenças entre os preços dos novos

medicamentos lançados no mercado brasileiro em relação aos demais produtos

comercializados em cada segmento estudado, em função do grau de inovação

terapêutica, à semelhança do empreendido anteriormente para a participação de

mercado (Tabela 26).

Tabela 26: Proporção entre o preço médio do novo medicamento e a média dos preços dos outros produtos no mercado relevante,

em função do tempo de introdução no mercado(%). Análise segundo grau de inovação terapêutica.

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Classificação prioritária (P)

Média: 3,09 2,91 2,88 2,33 1,46

131

Page 136: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Media

na: 2,34 1,92 2,27 1,72 1,20

Amplit

ude

da

série:

0,49 a

10,93

0,64 a

9,10

0,69 a

6,56

0,89 a

5,91

1,17 a

2,03

Total

de

produt

os:

19 19 16 9 3

Classificação padrão (S)

Média: 2,97 2,92 2,93 2,12 2,22

Media

na: 2,02 1,96 2,06 2,02 2,05

Amplit

ude

da

série:

0,79 a

20,88

0,75 a

22,99

0,73 a

26,35

0,71 a

6,20

0,68 a

6,36

Total

de

produt

os:

45 40 38 23 12

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Os medicamentos incluídos nas categorias prioritário (P) e padrão (S), não

apresentaram diferenças quanto à proporção de seus preços em relação aos já

comercializados39, levando-se a supor que esta característica dos produtos não

tenha significado uma vantagem comparativa importante no processo de

estabelecimento de preços. De fato, conforme já discutido anteriormente, este

39 Não considerando o último ano de comercialização, onde o reduzido número de produtos na

categoria P pode estar enviesando o resultado, consistente ao longo dos outros anos da série.

132

Page 137: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

processo é dependente de diversos fatores - incluindo a percepção do progresso

terapêutico pelos consumidores – e da conjugação entre os mesmos, tendo

especificidades referidas ao contexto onde se dá a competição entre as

empresas, delimitada num mercado relevante (Reis et al., 2004).

Estes mesmos fatores também estão implicados na difusão dos novos

produtos. Assim, tendo em conta o padrão observado para os preços em função

do grau de avanço terapêutico, é razoável supor que as flutuações observadas na

vantagem dos medicamentos enquadrados na categoria prioritário (P) para sua

difusão ao longo do período no mercado seja também fruto da maior influência de

outros fatores nas vantagens comparativas entre os produtores para a

comercialização de seus produtos.

5.4. Mercados relevantes e regulação do mercado farmacêutico.

A segmentação do mercado farmacêutico a partir da aplicação do conceito

de mercado relevante, ao realizar uma aproximação à dinâmica de competição

entre as empresas que comercializam produtos utilizados para uma determinada

indicação terapêutica, possibilita um acompanhamento da difusão dos

medicamentos que permite identificar medidas regulatórias específicas a cada

caso que favoreçam o uso mais eficiente dos mesmos, incluindo desde políticas

de regulação de preços e de defesa da concorrência, à promoção do uso racional

de medicamentos.

Neste sentido, o acompanhamento da evolução dos mercados relevantes

pode significar um refinamento importante das políticas de regulação do mercado

farmacêutico, conferindo maior precisão e eficácia às mesmas, uma vez que

possibilita levar em conta as especificidades de cada contexto.

133

Page 138: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

Um caso exemplar extraído da análise realizada neste trabalho é o da

evolução do mercado dos medicamentos antiinflamatórios não-esteróides

(AINES). Este mercado relevante foi o de maior expressão, tanto em unidades

vendidas quanto em faturamento, ao longo do período estudado (Tabela 27). Sua

participação no mercado geral, em reais, variou de 5,94% até 5,06% indicando

um aumento absoluto menor que a média do mercado, não contribuindo assim

significativamente para o aumento do gasto farmacêutico geral. No entanto, ao se

analisar a dinâmica da evolução intramercado é possível avaliar melhor o efeito

da difusão dos novos produtos.

Tabela 27: Evolução do mercado dos antiinflamatórios não-esteróides (1998 a 2002).

1998 1999 2000 2001 2002

Unida

des

78.874.

958

76.612.1

87

73.511.0

99

67.503.2

86

68.834.7

17

%

(merc

ado

geral)

6,09% 6,03% 5,70% 5,39% 5,38%

R$

535.381

.038

609.887.

457

650.346.

758

597.884.

709

663.137.

508

%

(merc

ado

geral)

5,94% 5,87% 5,79% 5,17% 5,06%

*Un. = unidades Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

Oito novos medicamentos foram introduzidos neste mercado (4 em 1999, 1

em 2001 e 3 em 2002). Destes, se dará destaque a 3 produtos classificados

usualmente como uma subclasse dos AINES, a dos inibidores seletivos da

enzima ciclooxigenase-2 (COX-2) - COXIBS.

134

Page 139: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

O desenvolvimento destes inibidores seletivos baseou-se na hipótese de

que a COX-2 originaria as prostaglandinas mediadoras do processo inflamatório,

enquanto a que a outra isoforma da enzima (COX-1) seria a fonte destes mesmos

autacóides em diversos tecidos do organismo, onde eles exercem funções

fisiológicas usuais, como o estímulo à produção de muco no epitélio gástrico,

provendo proteção ao mesmo (Fitzgerald, 2004), a qual estaria preservada com a

inibição seletiva da COX-2.

No entanto, conforme discutido anteriormente40, esta vantagem não se

apresentou com a dimensão antecipada, pois apesar dos COXIBS apresentarem

uma redução de 50% do risco relativo para complicações gastrintestinais, o risco

absoluto para este efeito com AINES convencionais é tão baixo quanto 1,4% na

população geral, sendo de 5% e 0,4% com pacientes de alto e baixo risco,

respectivamente (National Prescribing Service, 2001). Apesar disso, uma

excepcional penetração de mercado vem ocorrendo com os mesmos, muito

provavelmente em função das estratégias do marketing farmacêutico, procurando

reforçar a percepção de que esses medicamentos apresentam menos efeitos

adversos (Dowden, 2003).

Adicionalmente, estes agentes vêm apresentando novas reações

adversas, principalmente cardiovasculares (Petit-Zeman, 2004). Muito

recentemente, o aumento significativo do risco de infarto do miocárdio associado

ao uso de um deles, o rofecoxib, motivou a retirada do mercado do produto

correspondente (Vioxx®) voluntariamente pelo seu fabricante (Merck), no que tem

40 Na seção 1.3.1. “Acordo TRIPS: mudanças esperadas com a adoção de patentes” da

Introdução.

135

Page 140: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

se caracterizado como o maior recall de um produto farmacêutico já ocorrido,

motivando inclusive críticas contundentes ao procedimento do FDA no caso,

diante das evidências desse efeito acumuladas ao longo dos últimos cinco anos

(Topol, 2004).

Relevante observar aqui que dois dos três COXIBS introduzidos no Brasil

(celecoxib e rofecoxib) tiveram sua comercialização autorizada nos EUA, tendo

sido designada a ambos a classificação de prioritário (P), segundo o potencial

terapêutico. Seguramente esta avaliação se deu em função dos ensaios clínicos

utilizados para o processo de registro (Sliverstein et al, 2000; Bombardier et al.,

2000), onde é retratada a redução do risco relativo para eventos adversos

gastrintestinais graves. No entanto, cabe ressaltar que a avaliação do

risco-benefício de um novo produto deve ser constantemente revista em função

das novas evidências científicas que se acumulam com seu uso nas situações

reais da terapêutica. Além disso, cabe considerar também as críticas quanto à

mudança do sistema de classificação do FDA, em 1992, de um sistema em três

níveis (avanço terapêutico importante, modesto e pequeno e/ou nenhum), que era

muito mais informativo, para o atual, em função de pressões da indústria

farmacêutica (Public Citizen, 2001).

No mercado brasileiro, os COXIBS tiveram grande difusão no período,

onde provavelmente a substituição de produtos teve importante participação, uma

vez que o mercado relevante apresentou, no período estudado, uma variação

negativa de aproximadamente 10 milhões de unidade, contra um aumento de

magnitude semelhante (9 milhões) para os COXIBS. Estes dados, associados ao

fato de que o preço destes novos medicamentos em relação ao dos outros

produtos comercializados foi em torno de 70% maior, levariam a esperar um

136

Page 141: André Luís de Almeida dos Reis André Reis.pdf · países, como na Espanha (Bastida & Mossialos, 2000) e na Suécia (Gerdtham et al., 1993). Este aumento da despesa com medicamentos

grande crescimento do faturamento deste mercado ao final dos anos

considerados, o que não pôde ser observado.

Obviamente, a contenção do aumento do gasto farmacêutico neste

mercado relevante pode ser debitada à introdução dos medicamentos genéricos,

os quais alcançaram em 2002 uma participação de mercado em unidades

semelhante à dos COXIBS (14,22% contra 13,10%), no entanto com um

faturamento relativo a um terço destes (Tabela 28). Na verdade, não fosse a

excessiva utilização dos COXIBS, esperar-se-ia uma redução real do gasto

farmacêutico neste mercado. Dito de outra forma, a economia gerada com a

introdução de medicamentos genéricos foi desperdiçada em conseqüência da

difusão dos COXIBS, desproporcional à sua relevância como opção terapêutica

no panorama dos antiinflamatórios não-esteróides.

Tabela 28: Participação dos COXIBS, medicamentos genéricos e produtos antigos no mercado relevante dos AINES (%) – 1998 a 2002.

1999 2000 2001 2002

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

Un.*

R$

COXIBS

3,

2

1

5,

1

7

6,

9

4

1

1,

9

0

9,

7

2

1

7,

4

8

1

3,

1

0

2

4,

0

0

Genérico

s - -

0,

2

9

0,

1

5

7,

7

3

4,

1

8

1

4,

2

2

7,

8

6

Produtos

antigos*

9

5,

9

3,

8

8,

8

3,

7

7,

7

2,

6

7,

6

1,

137

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6

6

3

7

8

7

9

7

1

3

5

6

7

2

8

9

*Excluídos os produtos genéricos e outros novos produtos. Fonte: Elaboração própria a partir de dados IMS.

A situação descrita realça a importância das políticas públicas destinadas à

regulação do mercado farmacêutico levarem em conta a multiplicidade de fatores

determinantes da adoção, uso e estabelecimento de preços dos produtos

farmacêuticos. A maior ênfase em determinados aspectos, sem considerar outros

possíveis desenvolvimentos, pode conduzir a uma ineficiência dessas políticas

regulatórias, em função do contexto específico de um segmento de mercado.

É claro que a política de medicamentos genéricos no Brasil obteve

diversos avanços, mediante um grande esforço para sua implementação

(Bermudez, 2001). No entanto, no caso aqui exemplificado para os AINES, este

esforço não obteve um resultado na mesma proporção, devido à dinâmica da

adoção e uso dos novos medicamentos pelos consumidores (prescritores e

pacientes), que muito provavelmente foi influenciada, a exemplo do descrito para

a Austrália (Kerr et al., 2003; Dowden, 2003), pelas estratégias de marketing das

empresas farmacêuticas, construindo uma percepção de maior eficácia e

segurança dos COXIBS em relação aos AINES tradicionais. Esta situação, uma

vez tempestiva e suficientemente monitorada, poderia ensejar iniciativas de

regulação relacionadas ao uso racional de medicamentos.

138

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6. CONCLUSÃO

O aumento do gasto farmacêutico representa um crescente desafio aos

sistemas de saúde no âmbito do seu financiamento, cuja viabilidade é ameaçada

por pressões constantes pela adoção de novas e mais caras tecnologias, aí

incluídos os medicamentos.

Este contexto sublinha a importância da regulação dos diversos fatores

relacionados à difusão dos produtos farmacêuticos, no sentido de garantir maior

eficiência no seu uso. Uma vez que esta é função dos custos e resultados de

saúde associados, é preciso compreender da maneira mais abrangente possível

estes dois componentes.

Neste trabalho, foram discutidos diversos aspectos relacionados à

introdução de novos medicamentos no mercado farmacêutico, incluindo seu

desenvolvimento, o estabelecimento de preços e a dinâmica subjacente à adoção

e uso dos mesmos.

Assumindo a importância do contexto dos mercados específicos

correspondentes às diversas indicações terapêuticas a que se destinam os

produtos farmacêuticos, foi elaborado um modelo de avaliação da difusão de

novos medicamentos, a partir do estudo da introdução de novos medicamentos

no mercado farmacêutico brasileiro, tendo como principal unidade de análise o

mercado relevante correspondente a cada novo produto.

Por meio da categorização dos novos medicamentos segundo grau de

avanço terapêutico, foi possível caracterizar que a maioria destes produtos não

representou inovações que implicassem um significativo ganho terapêutico,

consoante com o padrão observado em outros mercados nacionais.

130

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Observou-se para a maior parte dos mercados relevantes um grau de

concentração correspondente a uma oligopolização dos mesmos, com uma

pequena redução ao longo do período estudado, possivelmente como efeito da

introdução de medicamentos genéricos.

Os novos medicamentos apresentaram uma consistente evolução da sua

participação em cada mercado relevante, tanto quando considerados em

conjunto, quanto individualmente.

A estratificação desta evolução para o conjunto de novos produtos em

cada mercado segundo a introdução de medicamentos genéricos possibilitou

identificar padrões de difusão diferenciados, com uma maior penetração nos

mercados onde estes não estiveram presentes. No entanto, a menor difusão dos

novos medicamentos nos outros mercados não pôde ser justificada plenamente

pela adoção de produtos genéricos, levando a suposição de que dinâmicas

distintas destes mercados determinaram as diferenças.

Nos mercados onde as versões genéricas foram comercializadas,

caracterizou-se como principal padrão para a difusão de novos medicamentos a

substituição de produtos. Como estes segmentos correspondiam, em média, ao

dobro do tamanho dos outros mercados, supôs-se que neles a demanda potencial

já estivesse grandemente explorada - contribuindo assim para atração de

produtores de medicamentos genéricos -, não havendo oportunidade de maiores

crescimentos, ocorrendo o inverso nos mercados sem produtos genéricos, onde o

principal padrão de difusão foi, possivelmente, a ampliação do mercado.

O preço dos novos medicamentos se apresentou como aproximadamente

2,5 vezes maior do que a média dos outros produtos comercializados no mesmo

131

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segmento, indicando o potencial impacto da sua difusão sobre o gasto

farmacêutico, ressaltando a importância da regulação neste setor.

Não foi possível observar diferenças entre os preços dos produtos

avaliados como de maior potencial terapêutico em relação aos de reduzido

potencial. Isto, associada à observação de que esta vantagem em termos

terapêuticos também não se traduziu numa diferença sistemática na difusão dos

produtos, indica que provavelmente outros fatores tiveram maior importância para

a penetração e precificação destes medicamentos. Mais uma vez, a compreensão

da mútua atuação destes diversos fatores, referida à especificidade do contexto

de cada mercado relevante, apresenta-se como de grande potencial para a

regulação da difusão e estabelecimento de preços dos medicamentos.

O exemplo específico do mercado dos antiinflamatórios não-esteróides

sublinha a importância da abordagem a partir da aplicação do conceito de

mercado relevante, possibilitando um refinamento das políticas de regulação

econômica do mercado farmacêutico para além do simples controle dos preços,

de modo a favorecer o melhor uso dos produtos farmacêuticos, considerando

resultados terapêuticos e custos associados.

132

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Anexo 1: Mercados Relevantes definidos a partir da Classificação Rename.

Classe Terapêutica Mercado Relevante

(corresponde à menor divisão em cada item)

A.1 Analgésicos não-opióides

A.2 Analgésicos opióides e antagonistas A.2.1 Analgésicos opióides fortes A.2.2 Analgésicos opióides moderados A.2.3 Antagonistas

A. Analgésicos e

medicamentos

antienxaqueca

A.3 Medicamentos antienxaqueca

AI.1 Antibacterianos AI.1.1 Penicilinas AI.1.2 Cefalosporinas AI.1.3 Monobactâmicos AI.1.4 Carbapenêmicos AI.1.5 Aminoglicosídios AI.1.6 Sulfas e antissépticos urinários AI.1.7 Fluoroquinolonas

AI.1.7.1 Fluoroquinolonas orais AI.1.7.2 Fluoroquinolonas injetáveis

AI.1.8 Tetraciclinas AI.1.9 Macrolídios AI.1.10 Lincosaminas AI.1.11 Outros antibacterianos AI.1.12 Medicamentos para o tratamento da tuberculose AI.1.13 Medicamentos para o tratamento da

hanseníase

AI.2 Antifúngicos AI.2.1 Antifúngicos sistêmicos AI.2.2 Antifúngicos ginecológicos

AI.2.2.1 Associações de antifúngicos

ginecológicos e triconomicidas

AI. Antitinfecciosos

AI.3 Antivirais AI.3.1 Antiretrovirais

AI.3.1.1. Inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos AI.3.1.2. Inibidores da protease

AI.3.2 Medicamentos contra influenza vírus

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Anexo 1: Mercados Relevantes definidos a partir da Classificação Rename.

Classe Terapêutica Mercado Relevante

(corresponde à menor divisão em cada item)

AI.4 Antiparasitários AI.4.1 Anti-helmínticos AI.4.2 Antiprotozoários

AI.4.2.1 Antiamebianos, antigiardíase e triconomicidas

AI.4.2.1.1 Triconomicidas tópicos AI.4.2.2 Antimaláricos AI.4.2.3 Medicamentos antitoxoplasmose AI.4.2.4 Medicamentos antitripanosômicos AI.4.2.5 Medicamentos antileishmaniose

AI.5 Antissépticos e desinfetantes

C.1. Glicosídeos cardíacos

C.2. Antiarrítmicos

C.3. Antianginosos C.3.1 Nitratos C.3.2 Heparinas C.3.3 Antiplaquetários (ácido acetilsalicílico)

C.4. Anti-hipertensivos C.4.1. Diuréticos

C.4.1.1 Tiazídicos C.4.1.2 Poupadores de potássio (e associações com tiazídicos)

C.4.2 Bloqueadores beta adrenérgicos

C.4.3. Bloqueadores alfa adrenérgicos

C.4.4. Bloqueadores adrenérgicos centrais C.4.5. Bloqueadores de canais de cálcio C.4.6. Vasodilatadores diretos C.4.7. Antagonistas do sistema renina-

angiontesina

C.5. Diuréticos C.5.1.Tiazídicos (ver C.4.1.1) C.5.2 Poupadores de potássio (e associações com tiazídicos) (ver C.4.1.2) C.5.3 De alça (e associações) C.5.4 Diuréticos osmóticos

C.6. Medicamentos usados no choque vascular C.6.1 Medicamentos vasoativos e inotrópicos C.6.2 Expansores plasmáticos

C - Medicamentos que Atuam sobre o Sistema Cardiovascular

C.7. Medicamentos Redutores de Lipídios

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Anexo 1: Mercados Relevantes definidos a partir da Classificação Rename.

Classe Terapêutica Mercado Relevante

(corresponde à menor divisão em cada item)

C.8 Vasoterapia Cerebral e Periférica

C.9 Terapia coronariana excluídos antagonistas do

cálcio e nitratos

D.1 Medicamentos antiinfecciosos tópicos D.1.1 Antifúngicos tópicos D.1.2 Antibióticos tópicos D.1.3 Antivirais tópicos

D.2 Antipruriginosos e antiinflamatórios tópicos D.2.1 Antipruriginosos D.2.2 Antiinflamatórios tópicos

D.3 Agentes ceratolíticos e ceratoplásticos

D.4 Escabicidas e pediculicidas

D. Dermatológicos

D.5 Protetores dermatológicos

E.1 Hormônios hipofisários e correlatos E.1.1 Somatotrofina E.1.2 Desmopressina

E.2 Hormônios tiroidianos, medicamentos antitiroidianos e adjuvantes

E.2.1 Hormônios tiroidianos E.2.2 Tionamidas

E.2.3 Iodeto de potássio E.2.4 Calcitonina

E.3 Medicamentos que Interferem no metabolismo

ósseo.

E.4 Insulinas e outros agentes antidiabéticos

E.4.1 Insulinas E.4.2 Hipoglicemiantes orais

E. Medicamentos que Atuam

sobre os Sistemas

Endócrino e Reprodutor

E.5 Hormônios sexuais e antagonistas E.5.1 Estrógenos

E.5.1.1 Estrógenos de uso tópico E.5.2 Gestágenos E.5.3 Andrógenos E.5.4 Indutores da ovulação E.5.5 Contraceptivos hormonais

E.5.6 Combinações de estrógenos

para reposição hormonal no climatério

feminino

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Anexo 1: Mercados Relevantes definidos a partir da Classificação Rename.

Classe Terapêutica Mercado Relevante

(corresponde à menor divisão em cada item)

E.5.7 Antagonistas de hormônio

liberador de gonadotrofinas (GnRH)

E.5.8 Outros hormônios sexuais e

produtos similares

E.6 Medicamentos que atuam na contratilidade uterina

E.7 Inibidores da prolactina

E.8 Medicamentos para disfunção erétil

E.9 Medicamentos para incontinência urinária

H.1 Antianêmicos H.1.1 Reposição de ferro

H.1.2 Ácido fólico, cianocobalamina (vit. B12) e

associações

H.1.3 Eritropoetina

H.2 Anticoagulantes e antagonistas H.2.1 Anticoagulantes orais H.2.2 Heparinas (ver também C.3.2 Heparinas) H.2.3 Antagonistas de anticoagulantes

H.3 Inibidores da agregação plaquetária (ver C.3.3

Antiplaquetários (ácido acetilsalicílico))

H.4 Fatores de coagulação e correlatos

H.5 Trombolíticos

H. Medicamentos que atuam

sobre o Sistema

Hematopoiético

H.6 Hemoderivados e substitutos do plasma (ver C.6.2

Expansores plasmáticos)

I.1 Antiinflamatórios não-esteróides I.1.1 Antiinflamatórios não esteróides -

preparações para uso tópico

I.2 Antiinflamtórios esteróides

I.2.1 Antiinflamtórios esteróides de duração de

efeito curta

I.2.2 Antiinflamtórios esteróides de duração de

efeito intermediária e longa

I. Antinflamatórios e

antigotosos

I.3 Antigotosos

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Anexo 1: Mercados Relevantes definidos a partir da Classificação Rename.

Classe Terapêutica Mercado Relevante

(corresponde à menor divisão em cada item)

IM.1 Agentes imunoestimulantes IM. Imunomoduladores

IM.2 Agentes imunosupressivos

N.1 Nutrição e reposição hidroeletrolítica parenteral

N. Nutrientes

N.2 Vitaminas e minerais N.2.1 Vitaminas

N.2.1.1 Vitamina A N.2.1.2 Vitaminas do Complexo B N.2.1.2.1 Vitamina B6 N.2.1.2.2 Vitamina B12 N.2.1.3 Vitamina C N.2.1.4.1 Alfacalcidiol N.2.1.4.2 Calcitriol N.2.1.5 Vitamina E N.2.1.6 Ácido Glutâmico N.2.1.7 Multivitamínicos

N.2.2 Minerais N.2.2.1 Cálcio N.2.2.2 Hidroxiapatita N.2.2.3 Magnésio N.2.2.4 Potássio N.2.2.5 Selênio N.2.2.6 Zinco N.2.2.7 Flúor N.2.2.8 Outros

NM.1.Antineoplásicos NM.1.1 Alquilantes NM.1.2 Antimetabólitos NM.1.3 Produtos Naturais NM.1.4 Antibióticos NM.1.5 Outros

NM. Medicamentos utilizados no manejo de neoplasias

NM.2 Adjuvantes da terapia antineoplásica NM.2.1 Análogos de hormônio liberador de gonadotrofina NM.2.2 Progestagênios NM.2.3 Estrogênios NM.2.4 Antiestrogênios NM.2.5 Antiandrogênios NM.2.6 Inibidores enzimáticos

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Anexo 1: Mercados Relevantes definidos a partir da Classificação Rename.

Classe Terapêutica Mercado Relevante

(corresponde à menor divisão em cada item)

O. Preparações Oftálmicas

O.1 Agentes antiinfecciosos O.2 Agentes antiinflamatórios O.3 Associações de antiinflamatórios e antiinfecciososO.4 Anestésicos locais O.5 Medicamentos mióticos e antiglaucomatosos O.6 Midriáticos O.7 Substitutos da lágrima

O.8 Medicamentos para o tratamento de conjuntivite

inespecífica

R.1 Antiasmáticos R.1.1 Agonistas simpaticomiméticos e parassimpaticolíticos R.1.2 Xantinas R.1.3 Antiinflamatórios respiratórios R.1.4 Associações de Antiinflamatórios respiratórios e agonistas simpaticomiméticos R.1.5 Antagonistas de receptor de leucotrieno

R.2 Antitussígenos e fluidificantes R.2.1 Antitussígenos R.2.2 Fluidificantes

R.3 Anti-histamínicos sistêmicos s

R.4 Preparações nasais sistêmicas

R. Medicamentos que Atuam

sobre o Sistema Respiratório

R.5 Agentes tensoativos pulmonare

SD.1. Antiulcerosos SD.1.1 Anti-secretores SD.1.2 Anti-microbianos

SD.2. Antiácidos

SD.3. Antieméticos e agentes pró-cinéticos SD.3.1 Antieméticos SD.3.2 Agentes pró-cinéticos

SD.4. Antidiarréicos sintomáticos, antiespasmódicos e correlatos

SD.4.1. Antidiarréicos sintomáticos SD.4.2 Antiespasmódicos SD.4.3. Correlatos (reposição eletrolítica)

SD.5. Laxativos

SD - Medicamentos que

Atuam sobre o Sistema

Digestivo

SD.6 Preparações contra a obesidade, excluindo

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Anexo 1: Mercados Relevantes definidos a partir da Classificação Rename.

Classe Terapêutica Mercado Relevante

(corresponde à menor divisão em cada item)

produtos dietéticos

SNC.1 Anticonvulsivantes

SNC.2 Antiparkinsonianos

SNC.3 Hipnóticos e ansiolíticos SNC.3.1 Hipnóticos SNC.3.2 Ansiolíticos

SNC.4 Antipisicóticos

SNC.5 Antidepressivos e antimaníacos SNC.5.1 Antidepressivos SNC.5.2 Antimaníacos

SNC.6 Medicamentos para doença de Alzheimer,

inibidores da colinesterase

SNC.7 Medicamentos utilizados na dependência ao

álcool

SNC.8 Medicamentos utilizados na dependência à

nicotina.

SNC. Medicamentos que

atuam sobre o Sistema

Nervoso Central

SNC.9 Medicamentos antivertigem