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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ANDRÉ FILIPE SOARES RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS AÇÕES DAS FIALIADAS À ASSOCIAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ Balneário Camboriú 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ANDRÉ FILIPE SOARES

RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS AÇÕES DAS FIALIADAS À ASSOCIAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2008

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ANDRÉ FILIPE SOARES

RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS AÇÕES DAS FIALIADAS À ASSOCIAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2008

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Marketing, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador : Alexandre de Sá Oliveira

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ANDRÉ FILIPE SOARES

A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS AÇÕES DAS FIALIADAS À ASSOCIAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração de Marketing da Universidade do

Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.

Área de Concentração: Responsabilidade Social

Balneário Camboriú, 02 de dezembro de 2008.

_________________________________

Prof. Alexandre de Sá Oliveira M.Sc.

Orientador

___________________________________

Prof. MSc. Marcio D. Kiesel

Avaliador(a)

___________________________________

Prof. MSc. Sônia R. de O. Ramos

Avaliador(a)

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EQUIPE TÉCNICA

Estagiário(a): André Filipe Soares

Área de Estágio: Responsabilidade Social

Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Mauri Eládio de Souza

Professor(a) orientador(a): Alexandre de Sá Oliveira

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DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Associação de Micro e Pequenas Empresas de B.C.

Endereço: Av. do Estado, n 3905. Centro, Balneário Camboriú - SC.

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Empresas associadas.

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Mauri Eládio de Souza

Carimbo do CNPJ da Empresa:

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 02 de dezembro de 2008.

A Associação de Micro e Pequenas Empresas de B.C. , pelo presente instrumento, autoriza a

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de Conclusão de

Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pelo acadêmico André Filipe

Soares.

___________________________________

Responsável pela Empresa

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AGRADECIMENTOS

Este estudo só foi possível devido à colaboração dos empresários entrevistados que

doaram seu tempo para a realização da pesquisa de campo.

À Associação das Micro e Pequenas Empresas de Balneário Camboriú que

disponibilizou informações necessárias para a elaboração da pesquisa.

Aos professores da UNIVALI que contribuíram para a minha formação acadêmica e

oferecem um grande embasamento teórico e prático sobre a arte de administrar.

Aos grandes amigos de curso, Jaime e Thiago que estiveram presente nesta jornada e

contribuíram para minha formação.

Ao meu amigo e orientador prof. Alexandre de Sá Oliveira que teve paciência e

disponibilidade para guiar meus passos no meu principal trabalho acadêmico.

À minha namorada e amiga, Francielli Dalprá Cardoso, que em inúmeros momentos

permaneceu ao meu lado, dividindo as dificuldades, disponibilizando seu tempo, escutando

minhas idéias, sempre disposta a contribuir.

Finalmente, a toda minha família que sempre ofereceu todo o suporte e desde criança

ensinaram-me a importância do estudo.

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RESUMO

RESUMO: O objetivo deste trabalho consiste em identificar quais são as ações de responsabilidade social empresarial praticada pelas integrantes da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Balneário Camboriú (AMPE).Portanto o trabalho buscou mais afundo na literatura o histórico, a evolução e o conceito de responsabilidade social empresarial que ganha cada vez mais espaço no meio empresarial. Atualmente a organização além de gerar lucro aos seus acionistas também deve estar preocupada com os problemas do seu meio e ser um agente de mudança. Neste contexto a tarefa de promover responsabilidade social não é apenas obrigação das grandes empresas, as pequenas e micro empresas apresentam um enorme potencial a ser explorado. O trabalho inspirou-se no Instituto Ethos de Empresa e Responsabilidade Social que se apresenta como um importante ator, engajado em incentivar a cultura da responsabilidade social nas empresas.

Palavras-chaves: Administração, Responsabilidade social empresarial, Micro e Pequenas

Empresas.

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ABSTRACT

ABSTRACT: The goal of this study consists on identifying which actions of corporate social responsibility are practiced by the integrants of Associação das Micro e Pequenas Empresas de Balneário Camboriú (AMPE). Therefore the study searched on the literature the history, the evolution and e concept about the corporate social responsibility which is getting more space into the corporate field .Lately an organization beyond making profit to their stockholders, also should be concerned about the issue of their environment and became transformer agent. Into this context the duty of social responsibility practice is not only an obligation of the major business, the small business show a great potency to be explore. The study has been inspired by Instituto Ethos de Empresa e Responsabilidade who show as important actor, engaged in incentive the culture of corporate social responsibility. Key-words: Management, Corporate social responsibility, Small Business.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 01- Estágios da responsabilidade social corporativa. .............................................. 38

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01- Missão AMPEBC .................................................................................................. 21

Quadro 02- As diferenças entre filantropia e a responsabilidade social................................... 31

Quadro 03- Efeitos das ações de responsabilidade social de acordo com o stakeholder envolvido. ................................................................................................................................. 41

Quadro 04- Classificação de empresas pelo número de empregados ....................................... 44

Quadro 05- Fórmula para cálculo da amostra .......................................................................... 49

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01-Realização de alguma ação social nos últimos dois anos ...................................... 52

Gráfico 02- Áreas em que são realizadas as ações sociais ....................................................... 53

Gráfico 03-Forma de realizações das ações sociais.................................................................. 54

Gráfico 04-Principais beneficiados das ações sociais da empresa ........................................... 55

Gráfico 05-Freqüência com que as ações sociais são realizadas .............................................. 55

Gráfico 06- Atuação da empresa em parceria com entidades locais a fim de influenciar políticas públicas, estabelecer alianças e participar de redes para maximizar sua contribuição para o desenvolvimento local ................................................................................................... 56

Gráfico 07-Realização de ações em favor dos colaboradores além das obrigações legais ...... 57

Gráfico 08-Benefícios aos colaboradores ................................................................................. 57

Gráfico 09-Incentivo à participação dos colaboradores na gestão e na construção das decisões estratégicas do negócio ............................................................................................................. 58

Gráfico 10-Existência de algum programa destinado à contratação de deficientes físicos, ex-detentos, idosos ou jovens aprendizes ...................................................................................... 58

Gráfico 11-Capacitação e aperfeiçoamento do conhecimento do público interno ................... 59

Gráfico 12-Freqüência de ações voltadas aos cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho ..................................................................................................................................... 59

Gráfico 13- Quais as ações desenvolvidas pelas empresas ...................................................... 60

Gráfico 14-Participação em comitês/conselhos para discussão da questão ambiental da região .................................................................................................................................................. 60

Gráfico 15-Existência de campanha ou programa destinado à melhoria da qualidade ambiental .................................................................................................................................................. 61

Gráfico 16-Quais as campanhas ou programas são desenvolvidos .......................................... 62

Gráfico 17-Sensibiliza os colaboradores e a comunidade local da importância da conservação do meio ambiente ..................................................................................................................... 62

Gráfico 18-Procura comprar apenas produtos devidamente certificados e que não degradam o meio ambiente .......................................................................................................................... 63

Gráfico 19-Motivo que leva as empresas a investirem na responsabilidade social .................. 64

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Gráfico 20- Dificuldade das micro e pequenas empresas para desenvolverem ações de responsabilidade social ............................................................................................................. 64

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15

1.1 TEMA ............................................................................................................................. 16

1.2 PERGUNTA DE PROBLEMA ..................................................................................... 17

1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 18

1.3.1 Geral ............................................................................................................................. 18

1.3.2 Específicos .................................................................................................................... 18

1.4 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 18

1.5 CONTEXTO DO AMBIENTE DE ESTÁGIO ............................................................. 20

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................ 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 23

2.1 ADMINISTRAÇÃO ..................................................................................................... 23

2.1.1 Histórico ....................................................................................................................... 23

2.1.2 Escolas Teóricas ........................................................................................................... 24

2.1.2.1 Teoria dos Sistemas ...................................................................................................... 26

2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ................................................... 27

2.2.1 Histórico Responsabilidade Social Empresarial ........................................................... 27

2.2.2 Evolução da Responsabilidade Social .......................................................................... 30

2.2.3 Conceitos da Responsabilidade Social Empresarial ..................................................... 32

2.2.4 As duas dimensões da responsabilidade social empresarial ......................................... 36

2.2.5 Estágios do exercício da responsabilidade social empresarial ..................................... 37

2.2.6 Stakeholders .................................................................................................................. 38

2.3 INSTITUTO ETHOS .................................................................................................... 41

2.4 MICRO E PEQUENA EMPRESA................................................................................ 43

3 PROCESSO METODOLÓGICO ................................................................................. 47

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................................... 47

3.2 SUJEITO DE ESTUDO ................................................................................................ 48

3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA .............................................................................. 49

3.4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO ................................................................................... 50

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ..................................................................................... 51

4 RESULTADOS .............................................................................................................. 52

4.1 COMUNIDADE ............................................................................................................. 52

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4.2 PÚBLICO INTERNO .................................................................................................... 56

4.3 MEIO AMBIENTE ........................................................................................................ 60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 65

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 68

APÊNDICE .................................................................................................................... 72

APÊNDICE A ................................................................................................................ 72

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15

1 INTRODUÇÃO

O antigo modelo econômico adotado desde o início da revolução industrial

voltado apenas aos lucros e que deixava as preocupações sociais e ambientais em

segundo plano vem sofrendo, nas últimas décadas, fortes críticas. O cenário atual

procura um modelo de racionalidade social que permita o desenvolvimento humano e

social, e que seja centrado na lógica do crescimento sustentável da sociedade.

Perante às pressões externas dos atores governamentais, sindicatos, organizações

não governamentais, e principalmente, de consumidores mais exigentes, as empresas

estão sendo pressionadas a trocarem seus paradigmas. Hoje, as organizações devem

assumir uma posição mais ética e responsável para acompanhar a tendência do mercado.

Nasce, portanto o conceito de Responsabilidade Social Empresarial, que

representa um avanço na forma de conduzir os negócios. O Instituto Ethos de Empresas

e Responsabilidade (2007) define responsabilidade social como a forma ética e

responsável que a empresa desenvolve todas as suas ações, suas políticas, suas práticas,

suas atitudes, tanto com a comunidade quanto com o seu corpo funcional.

Este modo de gerir a empresa apresenta mudanças significativas na cultura

organizacional. A empresa tornar-se mais comprometida com a comunidade, trabalha

em parceria com governo e demais entidades em programas sociais. Promove

investimento nas áreas sociais, procura desenvolver o bem-comum aos seus públicos

interessados. (MELO NETO; FROES, 2001).

Gradativamente mais empresas passam a dar importância à responsabilidade

social em suas estratégias de negócios. Um significativo número de organizações de

grande porte já adota condutas sócio-responsáveis. Segundo Ashley et al (2003) o

mundo dos negócios vê, na responsabilidade social, uma nova estratégia para aumentar

o lucro e potencializar seu desenvolvimento.

Embora se observe um aumento considerável de ações responsáveis por parte

das empresas não se pode fugir a realidade. Por ser um tema relativamente recente e que

propõe um novo modo de gestão, a Responsabilidade Social Empresarial, ainda, é

pouco disseminada na esfera dos pequenos negócios.

A incorporação dos aspectos sociais nas estratégias empresariais representa um

grande desafio para empresas de todos os portes. Entretanto, as micro e pequenas

empresas podem encontrar dificuldades, ainda, maiores para desenvolver uma política

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16

de responsabilidade social. Pois, buscam, diariamente, novos clientes, dispõem de

pouco tempo para planejar estrategicamente, estão limitadas a poucos recursos, pagam

inúmeros impostos, entre outros problemas.

No entanto, este porte de empresa representa um dos principias pilares da

economia brasileira. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE) (2007), as micro e pequenas empresas, responderam em

2002, por 99,2% do número total de empresas formais, por 57,2% dos empregos totais e

por 26% da massa salarial. Esses dados confirmam a força da pequena empresa na

economia nacional e ao mesmo tempo, salientam um enorme potencial para

disseminação da cultura da responsabilidade social.

Organizações deste âmbito possuem grandes vantagens em relação às grandes

empresas, pois estão muito mais perto da realidade de seus clientes. Algumas vezes, a

identidade das micro e pequenas empresas está diretamente ligada com a identidade da

comunidade, e assim ao desenvolverem práticas sócio-responsáveis possuem uma maior

chance de obterem sucesso. (GRAYSON; HODGES, 2001).

O Instituto Ethos, respeitada entidade na promoção da responsabilidade social

desenvolveu os Indicadores Ethos que auxiliam empresas de todos os portes a

identificar o grau de responsabilidade social em suas atividades. Esses Indicadores

tornaram-se uma importante ferramenta de diagnóstico para empresários

comprometidos com a busca de uma gestão responsável

Assim sendo, considerando a extrema importância das micro e pequenas

empresas na economia nacional e seu grande potencial de influência dentro da

comunidade, este trabalho busca levantar ações de responsabilidade social empresarial

praticadas no dia-a-dia pelas micro e pequenas empresas integrantes da Associação de

Micro e Pequenas Empresas localizadas no centro de Balneário Camboriú (AMPE).

1.1 TEMA

O presente estudo será norteado por dois temas principais; a Responsabilidade

Social Empresarial e a Micro e Pequena empresa. Embora a ligação desses dois

conceitos ainda continue em sua fase inicial, não podemos negar a sua grande

importância para a sociedade.

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17

O modo de produção utilizado no início da revolução industrial pelas empresas

voltado apenas aos lucros e que deixa as preocupações sociais e ambientais em segundo

plano vem sofrendo, nas últimas décadas, fortes críticas. O cenário atual procura um

modo de produção econômica que permita o desenvolvimento humano e social, e que

seja centrado na lógica do crescimento sustentável da sociedade.

Desse modo, para acompanhar a tendência do mercado, as organizações devem

assumir uma posição mais ética e responsável diante seus públicos interessados. Surge,

assim, o conceito de Responsabilidade Social Empresarial, que representa um avanço na

forma de conduzir os negócios.

Segundo Ashley et al (2003) a utilização da responsabilidade social se aplica a

qualquer porte de empresa, desde o grande empreendedor até o pequeno. Surge,

portanto o interesse do pesquisador em levantar este conceito de responsabilidade junto

aos pequenos e micros empresários.

Segundo pesquisas do Sebrae (2007) o segmento é responsável por 25% do

Produto Interno Bruto (PIB), gera 14 milhões de empregos, ou seja, 60% da mão-de-

obra formal no país, além de representar 99% dos estabelecimentos formais existentes

no Brasil.

Diante dessa realidade percebida, entre a nova filosofia do modo de produção e

o grande potencial do pequeno empreendedor, surge o interesse em fazer está ligação e

identificar na prática como elas se comportam.

1.2 PERGUNTA DE PROBLEMA

Diante do exposto, chega-se ao seguinte questionamento:

Quais as ações no âmbito da responsabilidade social são praticadas pelas micro e

pequenas empresas integrantes da Associação de Micro e Pequenas Empresas

localizadas no centro de Balneário Camboriú (AMPEBC)?

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18

1.3 OBJETIVOS

A seguir, enunciam-se os objetivos geral e específicos.

1.3.1 Geral

Identificar as ações no âmbito da responsabilidade social empresarial praticadas

pelas micro e pequenas empresas integrantes da Associação de Micro e Pequenas

Empresas localizadas no centro de Balneário Camboriú (AMPEBC), tendo como

referência os indicadores de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) do Instituto

Ethos.

1.3.2 Específicos

• Resgatar uma base de dados teóricos sobre Responsabilidade Social Empresarial

(RSE);

• Expor os indicadores de RSE apontados pelo Instituto Ethos;

• Levantar a presença dos indicadores: comunidade, público interno e meio

ambiente junto às micro e pequenas empresas integrantes da Associação de

Micro e Pequenas Empresas de Balneário Camboriú.

1.4 JUSTIFICATIVA

Embora o Brasil apresente considerável evolução nas questões sociais, ainda são

milhões de pessoas vivendo em condições de absoluta carência social. O desemprego, o

conflito entre regiões, a poluição, a saúde e a desigualdade social, são apenas alguns dos

problemas existentes em nossa sociedade. Esses problemas segundo Furtado (1999 apud

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19

MELO NETO; FROES, 2001, p.03) “são frutos da gênese do capitalismo avançado,

cujo princípio está na contração da renda e do capital.”

Um movimento forte defendido por organizações mundiais, sindicatos de

trabalhadores e organização civil está se mobilizando a favor de um novo modo de

produção. O modelo econômico centrado apenas no lucro do capital começa a ser

repreendido. No Brasil e no mundo cresce a preocupação com a responsabilidade social,

tanto na área acadêmica quanto no dia-a-dia das organizações. (ASHLEY et al, 2003).

Os consumidores passam a exigir das empresas atitudes que vão além das

estabelecidas nas leis, as empresas são obrigadas a assumirem uma postura ética e

responsável. A produção do bem-comum deixa de ser apenas uma atribuição do Estado

e passa ser uma atividade fundamental para as organizações que desejam ter sucesso

neste mercado exigente.

As empresas para adequarem-se a esse novo modelo econômico são obrigadas a

migrarem da gestão fechada dos negócios, em que não possuíam nenhuma política

empresarial social para uma gestão aberta, preocupada com as necessidades dos seus

envolvidos. (KARKOTLI, 2006).

Na medida em que a responsabilidade social empresarial começa ser incorporada

à estratégia da organização, a empresa assume uma postura pró-ativa, buscando

implementar soluções para as desigualdades sociais, passa a cultivar e praticar valores

éticos além de se tornar referência para seus funcionários. (ASHLEY et al, 2003).

Conseqüentemente, dentro dessa visão, cabe à iniciativa privada ser o grande

agente de mudança. As empresas por exercerem enorme influência na sociedade podem

contribuir diretamente na diminuição dos problemas sociais e ambientais. Segundo

Ashley et al (2003), a utilização da responsabilidade social se aplica a qualquer porte de

empresa, desde o grande empreendedor até o pequeno. Conforme afirma a autora todas

as empresas são aptas a promover uma gestão social.

O pequeno empresário, por estar mais perto das verdadeiras necessidades de

seus clientes, pode se transformar no principal motor da promoção da responsabilidade

social. De acordo com o Instituto Ethos (2003) as micro e pequenas empresas engajadas

com a responsabilidade social se tornam agentes de profunda mudança na sociedade.

O desenvolvimento da responsabilidade social no ambiente de negócio além de

produzir uma cultura ética, transparente e responsável na organização, também

representa uma importante estratégia empresarial. Melo Neto e Froes (2005,

p.96),destacam alguns benefícios que as empresas obtém ao serem sócio-responsáveis:

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20

- ganhos de imagem corporativa;

- popularidade dos seus dirigentes, que se sobressaem como verdadeiros

líderes empresariais com elevado senso de responsabilidade social;

- maior apoio, motivação, lealdade, confiança, e melhor desempenho dos

seus relacionamentos com o governo;

- funcionários e parceiros

- melhor e maior disposição dos fornecedores, distribuidores, representantes

em realizar parcerias com a empresa;

- maiores vantagens competitivas (marca mais forte e mais conhecida,

produtos mais conhecidos);

- maior fidelidade dos clientes atuais e possibilidades de conquista de novos

clientes.

Diante desse contexto, este estudo se torna relevante para área acadêmica e para

próprio acadêmico no momento em que possibilita fazer a relação da prática, com a

teoria estudada na academia, assim como servirá de fonte de dados e incentivo às novas

pesquisas sobre o tema Responsabilidade Social tão importante a toda a sociedade.

O conhecimento produzido também será de grande valia a AMPEBC, pois

permitirá entender melhor a realidade da cultura da responsabilidade social na esfera das

suas associadas e consequentemente, poderá servir de base para motivar o

desenvolvimento de futuras ações sócio-responsáveis.

Dessa forma o presente trabalho terá o compromisso de investigar ações de

responsabilidade social, desenvolvidas pelos micro e pequenos empresários associados

à AMPE de Balneário Camboriú, de forma mais fiel possível à realidade pesquisada.

1.5 CONTEXTO DO AMBIENTE DE ESTÁGIO

A Associação de Micro e Pequenas Empresa de Balneário Camboriú está

localizada na Avenida dos Estados, n 3905. O seu principal objetivo é promover o

desenvolvimento do segmento empresarial de microempresas e empresas de pequeno

porte em seus diversos aspectos: tecnológicos, gerenciais e de recursos humanos, entre

outros relevantes às necessidades da realidade empresarial, sempre fundando-se nos

princípios associativistas.

Conforme o Quadro 01 a sua missão da AMPEBC é:

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21

• Representar seus Associados junto aos Poderes Públicos, propondo e sugerindo

medidas que atendam interesses dos Associados;

• Solicitar aos Poderes Constituídos, reconhecimento, auxílio, benefícios e leis

que proporcionem proteção e estímulo às Micro e Pequenas Empresas;

• Estimular e propor medidas que permitam às Micro e Pequenas Empresas o

desenvolvimento harmônico de suas atividades, especialmente aquelas que

visam o seu fortalecimento, como parcela representativa no contexto econômico-

social do Município, do Estado e do País;

• Incentivar o progressivo desenvolvimento dos seus Associados, através do

aperfeiçoamento técnico-profissional, visando a segurança, racionalização e

produtividade;

• Celebrar convênios, contratos e acordos com entidades e profissionais liberais,

no sentido de oferecer aos Associados serviços que auxiliem na consecução de

seus objetivos empresariais;

• Congraçar e promover socialmente os seus Associados.

Quadro 01- Missão AMPEBC Fonte: AMPEBC(2008). Atualmente a associação é gerenciada pelo presidente Mauri Eládio de Souza.

Considerada a Casa do pequeno e micro empresário da região, a associação mantém

cursos, palestras e troca de experiências, ampliando assim as oportunidades de negócios.

A Associação de Micro e Pequenas Empresas é o resultado da união de

empresários que buscam trabalhar em benefício dos micro e pequenos negócios. Com

essa união o segmento passa e se fortalecer e ter maior representatividade na região

onde atuam.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este estudo sobre as ações de responsabilidade social nas filiadas da AMPEBC,

está divido em cinco blocos: introdução, revisão bibliográfica, metodologia, resultados e

considerações finais.

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22

A introdução busca dar uma breve visão sobre a responsabilidade social e a

importância da micro e pequena para economia. Também discuti o objetivo geral e os

objetivos específicos assim como a justificativa do estudo.

Já a revisão bibliográfica tem como objetivo principal a investigação da literatura

e apresentação da base teórica necessária para o desenvolvimento da pesquisa, sendo

abordados temas como: administração, responsabilidade social, Instituto Ethos e Micro

e Pequenas Empresas.

O capítulo da metodologia refere-se ao esclarecimento dos processos

metodológicos adotados para o desenvolvimento da pesquisa. Nesta parte são

levantados a Tipologia de pesquisa, Sujeito de estudo, Instrumentos de pesquisa,

Análise e apresentação e Limitações da pesquisa.

O resultado é capítulo que contém a analise dos dados pesquisados. Este capítulo

está divido em três partes para facilitar a compreensão dos dados Comunidade, Público

Interno e Meio Ambiente.

A última parte do relata as considerações finais onde é discutido as conclusões

que o pesquisador identificou ao longo do estudo. Também é levantado a sugestões de

novos trabalhos.

O apêndice A contém o questionário utilizado para a pesquisa de campo deste

trabalho.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo tem como objetivo principal a investigação da literatura e

apresentação da base teórica necessária para o desenvolvimento da pesquisa. Para tanto,

abordados temas como administração, responsabilidade social, Instituto Ethos e Micro e

Pequenas Empresas.

2.1 ADMINISTRAÇÃO

A seguir, apresenta-se um pequeno histórico sobre administração e sua evolução

até chegar às escolas de pensamentos que contribuíram para o desenvolvimento da

administração atual.

2.1.1 Histórico

Definir, precisamente, quando e quem iniciou a história da administração é uma

questão de preferência. Alguns autores defendem a idéia que a administração começou

na Antiguidade, entretanto, outros afirmam que surgiu a partir do século XX. Na

verdade, o importante é que os princípios da administração caminham ao lado do

cotidiano do ser humano.

As grandes civilizações antigas já utilizavam práticas administrativas, seja na

construção de monumentos ou no comando de seus exércitos e até no controle do

império. O conhecimento deixado por Gregos, Romanos, Egípcios entre outros

produzem efeitos ainda hoje na administração moderna.

Pensadores e filósofos também exerceram influências na administração.

Aristóteles, por exemplo, no livro “A Política” distingue as três formas de

administração pública; Monarquia, Aristocracia e Democracia.

O General filósofo chinês Sun Tzu, que ainda é reverenciado nos dias atuais, já

advertia sobre a importância da organização:

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Quando o general é fraco e sem autoridade, quando as suas ordens não são

claras e distintas, quando aos oficiais e aos homens não são fixados os

deveres, o resultado é uma profunda desorganização. (GEORGE, 1972 apud

SILVA, 2004, p.90).

Organizações como a igreja católica e a militar, contribuíram com a formação

dos princípios da administração. A igreja católica através de suas normas

administrativas e sua organização em estrutura hierárquica composta de cinco níveis:

papa, cardeais, arcebispos, bispos e párocos, que duram há quase 2.000 anos. As

organizações militares auxiliaram também com sua hierarquia rígida e com seu conceito

de planejamento.

No entanto, nenhum evento exerceu tanta influência na história da administração

como a Revolução Industrial. Surgida no final do século XVIII na Inglaterra, marcou

um avanço tecnológico nunca presenciado anteriormente. “A essência dessa revolução

foi à substituição do trabalho humano pelo trabalho da máquina [...]” (SILVA, 2004, p.

101).

A Revolução Industrial transformou as antigas oficinas da Idade Média, que se

baseavam em uma produção de pequena escala, distribuídas em mercados regionais e

com trabalho artesanal, em empresas maiores, utilizando máquinas, empregando grande

número de empregados e atendendo mercados maiores e distintos. (KWASNICKA,

2003).

A invenção da máquina abriu novos horizontes para o meio industrial tornando-o

mais produtivo e lucrativo. Consequentemente, aumentou a complexidade do seu

controle o que permitiu a abertura gerando assim uma necessidade de novos métodos e

práticas administrativas. Abrindo assim as portas para as bases científicas, na busca da

melhoria das práticas empresarias.

2.1.2 Escolas Teóricas

Só a partir do final do século XIX e no começo do século XX, que estudos

formais sobre a teoria da administração surgiram. Um dos primeiros a tratar

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administração como ciência foi Frederick Winslow Taylor, que é considerado o pai da

Administração Científica.

A Teoria da Administração Científica baseava-se na estrutura formal e nos

processos das organizações. “As pessoas eram vistas como instrumentos de produção, e

utilizadas para alcançar a eficiência para a organização.” (SILVA, 2004, p. 117).

Segundo essa corrente de estudos o homem era considerado uma peça da máquina, pois

não podia questionar apenas executar as ordens.

Taylor defendia que a administração deveria assegurar o máximo de

prosperidade ao patrão e ao mesmo tempo, o máximo ao empregado. (ANDRADE;

AMBONI, 2007). A teoria científica tratava a organização como um sistema fechado,

pois não trazia nenhuma referência ao meio externo.

Quase na mesma época do desenvolvimento das teorias tayloristas surge a

Teoria Clássica da Administração, que defendia o aumento da eficiência da empresa

através da disposição de seus órgãos competentes (departamentos) e da suas estruturas.

(ANDRADE; AMBONI, 2007). Henri Fayol foi o grande idealizador desta corrente.

A grande ênfase da Teoria Clássica era a importância da estruturação da

organização e da centralização da autoridade. Esta corrente tratava o homem como

máquina e via a organização como um sistema fechado, sem interfaces com o meio

externo. (ANDRADE; AMBONI, 2007).

Com o crescimento e o aumento da complexidade das empresas, cresceu a

necessidade da melhor adequação dos objetivos pretendidos, a fim de garantir a máxima

eficiência possível. Assim, a Teoria Burocrática começou a ganhar espaço dentro das

organizações. Suas principais características são: divisão do trabalho; hierarquia de

autoridade; racionalidade; regras e padrões; compromisso profissional; registros escritos

e impessoalidade.

Algumas dessas características continuam em uso nas empresas modernas, no

entanto muito se critica sobre a abordagem burocrática como, por exemplo, a

inflexibilidade, a falta de visão do dinamismo organizacional e a atitude de proteção às

ameaças. (KWASNICKA, 2003).

Por volta de 1930, a Escola das Relações Humanas nasceu buscando solucionar

problemas deixados por outras escolas. A principal evolução dessa corrente foi a troca

do paradigma homem máquina, por outro que considera cada indivíduo como possuidor

de um potencial que pode ser desenvolvido para o bem da organização e do grupo no

qual ele está inserido. (KWASNICKA, 2003).

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Já no fim da década de 1940, a Escola Comportamentalista “amplia e diversifica

os conteúdos já explorados pelos estudiosos mecanicistas e humanistas. ’’ (ANDRADE;

AMBONI, 2007, p.121). Essa escola se preocupa com as ciências do comportamento

abandonando normas adotadas pelas teorias anteriores. O ser humano continua sendo o

principal fator, porém, dentro de uma perspectiva mais ampla. (ANDRADE; AMBONI,

2007).

A Escola Estruturalista desenvolveu-se através dos erros das abordagens

anteriores, o enfoque principal dessa escola foi estabelecer uma crítica sobre o que havia

sido escrito até então dentro desse campo. (KWASNICKA, 2003). Os estruturalistas se

preocuparam com a relação e interconexão das partes com o todo, defendendo a idéia de

que o todo é maior do que a soma das partes. (ANDRADE; AMBONI, 2007).

Na metade do século XX, o conceito de administração como ciência já estava

bastante consolidado e difundido por todo o mundo. As grandes escolas haviam

contribuído para a transformação e o aperfeiçoamento dos métodos administrativos.

Entretanto, até este momento as organizações empresariais, ainda, eram tratadas como

sistemas fechados e isolados do meio ambiente. Nenhuma abordagem havia antes

explorado a interação entre empresa e seu meio. Foi então que, a Teoria Sistêmica

rompeu esse modelo e sugeriu pela primeira vez o conceito de sistemas abertos.

2.1.2.1 Teoria dos Sistemas

A Teoria dos Sistemas surgiu com os trabalhos do biólogo Ludwing von

Bertalanffy e transformou a idéia de como as organizações eram percebidas. A grande

contribuição desta abordagem foi no modo como as empresas se relacionavam com seu

meio.Até esta época as empresas acreditavam que não interagiam diretamente com o

meio ambiente que as circundavam. Sendo assim, não recebiam nenhuma influência do

ambiente e por outro lado não o influenciavam.

No entanto, de acordo com abordagem sistêmica, as organizações são como

sistemas vivos, pois estão engajadas em transações com um sistema maior. Portanto,

estão interagindo a todo o momento com seu meio, através de insumos que entram na

forma de pessoas, matérias e dinheiro e na forma de forças políticas e econômicas. E

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são devolvidos como: produtos, serviços e recompensas aos seus membros.

(ANDRADE; AMBONI, 2007). Segundo Chiavenato (2003, p. 478), “O modelo de

sistema aberto é um complexo de elementos em interação e intercâmbio contínuo com o

ambiente.”

Seguindo a teoria dessa escola, as organizações não podem pensar mais como

um sistema isolado, pois estão dinamicamente ligados aos seus clientes, fornecedores,

concorrentes, entidades sindicais, órgãos governamentais, comunidade dentre vários

outros agentes externos.

Em suma o sistema aberto significa um conjunto de partes em constante

interação e interdependência, buscando um todo sinérgico, orientado para determinados

propósitos e em permanente interdependência com o ambiente. (CHIAVENATO,

2003).

“A abordagem sistêmica provocou profundas repercussões na teoria

administrativa.” (CHIAVENATO, 2003, p.478). Foi por meio dessa escola que o modo

como às organizações se comportavam com seu meio externo se transformou e abriu-se

a partir desse ponto à necessidade das empresas reverem suas atitudes.

A evolução das escolas e das teorias administrativas continua a acontecer com os

trabalhos da Teoria Contingência e com o Desenvolvimento Organizacional dentre

outras. No entanto, o ponto fundamental para este trabalho foi apresentar um breve

histórico da administração até o surgimento da Teoria Sistêmica, que transformou a

visão das organizações e criou um novo ambiente, possibilitando o início das bases da

responsabilidade social empresarial, que será discutida a seguir.

2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

2.2.1 Histórico Responsabilidade Social Empresarial

Tenório (2004) desenvolveu o histórico da responsabilidade social empresarial

baseado sob duas óticas. A primeira compreendeu o início do século XX, até a década

de 1950, caracterizado pela sociedade industrial. O segundo período estendeu-se de

1950 até os dias atuais, incorporado pela sociedade pós-industrial.

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A primeira etapa é marcada pela transição da economia agrícola para a

industrial, impulsionado por uma crescente evolução tecnológica. Nesse período o

liberalismo era a ideologia econômica dominante, que acreditava que a interferência do

Estado na economia era um obstáculo. Cabia então ao Estado ser responsável pelas

ações sociais. E as empresas deveriam buscar a maximização do lucro, a geração de

empregos e pagamento de impostos. Esse modo de atuação era entendido como função

social das empresas. (TENÓRIO, 2004).

Segundo Friedman (1985 apud TENÓRIO, 2004, p.15):

Em tal economia só há uma responsabilidade social do capital – usar seus recursos e dedicar-se a atividades destinadas a aumentar seus lucros até onde permaneça dentro das regras do jogo, o que significa participar de uma competição livre e aberta, sem enganos ou fraude.

O liberalismo não estimulava a prática de ações sociais, até era contrária, pois

acreditava que caridade não contribuía para desenvolvimento da sociedade. Portanto, a

responsabilidade social limitava-se ao filantropismo, praticado principalmente por

grandes empresários ou por fundações, como a Ford, a Rockfeller e a Guggenheim.

(TENÓRIO, 2004).

A partir do segundo período o modelo de maximização de lucro e o papel das

companhias começaram a ser questionadas pela sociedade. O objetivo de apenas atender

os interesses dos acionistas tornaram-se insuficiente. Então a partir de 1950 surgiram os

primeiros estudos teóricos sobre responsabilidade social empresarial. (TENÓRIO,

2004).

Os objetivos das organizações ganharam uma maior amplitude, sendo tarefa da

empresa garantir a qualidade de vida, a valorização do ser humano, o respeito ao meio

ambiente e a valorização das ações sociais, tanto das empresas quanto dos indivíduos.

No entanto, segundo Tenório (2004), só a partir de 1970, que os trabalhos

desenvolvidos a respeito deste tema ganharam destaque.

Já na visão de Ashley et al. (2005) a questão da responsabilidade e ética

corporativa ganhou notoriedade em 1919, com o julgamento do caso Dodge versos

Ford, nos Estados Unidos. Em 1916, Henry Ford presidente e acionista majoritário,

decide distribuir parte dos dividendos, e investir na capacidade de produção, no

aumento de salário e no fundo de reserva para a redução esperada de receitas em função

do corte nos preços dos carros, alegando objetivos sociais. A suprema Corte de

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Michigan foi favorável aos Dodges, justificando que as corporações existem para os

benefícios de seus acionistas e o dever dos diretores e garantir o lucro.

Ashley et al. (2005) também afirma que depois dos eventos da Grande

Depressão de 1929 e da Segunda Guerra Mundial, a idéia de que as empresas deveriam

apenas responder aos acionistas recebeu críticas. Segundo Berle e Means (1991 apud

ASHLEY et al. , 2005, p.46) “os acionistas eram passivos proprietários que abdicavam

de controle e responsabilidade em favor da diretoria da corporação.”

A discussão sobre responsabilidade social corporativa retoma aos debates

públicos em 1953 com o caso A. P. Smith Manufacturing Company versos Barlow.

Nesse caso a corte foi favorável à doação de recursos a Universidade de Princeton,

sendo contrária a vontade dos acionistas. Em cima deste cenário a justiça estabeleceu à

lei da filantropia, dando o direito à organização promover o desenvolvimento social.

(ASHLEY et al. , 2005).

No começo da década de 1960, o tema responsabilidade social corporativa ganha

popularidade nos Estados Unidos. Os problemas socioeconômicos, as transformações

sociais preparam o campo para aceitação da idéia. Os movimentos ecologistas, os

movimentos feministas e a defesa das minorias étnicas denunciaram a atuação

discriminatória das empresas. (DUARTE; DIAS, 1986).

Também nos anos 1960, as idéias de responsabilidade social empresarial

chegam à Europa Ocidental, oriundas de notícias de jornais e artigos de revistas que

levantavam a novidade no meio empresarial americano. A doutrina se difunde nos

meios acadêmicos e empresariais, levando entidades a patrocinarem pesquisas na área.

(DUARTE; DIAS, 1986).

Em outros países que buscavam a democracia política, as pressões eram

crescentes sobre os governos e às instituições. Nesses países a difusão da

responsabilidade social nas empresas contou com a ajuda da Igreja e de outras entidades

e movimentos atuantes. (DUARTE; DIAS, 1986).

Com a retomada da ideologia liberal em 1980, as idéias de responsabilidade

social empresarial receberam algumas mudanças, revestindo-se de argumentos a favor

do mercado. Dentro desse contexto o mercado é o principal responsável pela regulação

e fiscalização das atividades empresariais. O consumidor poderia fiscalizar também ao

boicotar produtos que desrespeitem os direitos ou poluam o meio ambiente.

(TENÓRIO, 2004).

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A história da responsabilidade social corporativa é muito recente no Brasil. Os

primeiros debates remontam a década de 70, tendo como principal ator a Associação

dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), que teve como objetivo inicial promover

a discussão sobre o balanço social. (TENÓRIO, 2004).

Somente a partir de 1990 que o movimento se intensificou, com o surgimento de

várias organizações não-governamentais e com o desenvolvimento do terceiro setor.

Instituições como a Fundação Abrinq, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas

(GIFE), o Instituto Ethos de Responsabilidade Social e a Rede de Informações do

Terceiro Setor (RITS), nasceram com o objetivo de ressaltar a importância das ações

sociais para os negócios e para a sociedade. (TENÓRIO, 2004).

2.2.2 Evolução da Responsabilidade Social

Inicialmente a única responsabilidade da empresa era maximizar os lucros,

Milton Friedman foi um dos autores que defendeu que uma empresa era socialmente

responsável quando atendia às expectativas de seus acionistas. Agir diferente seria

considerado como violação das obrigações morais, legais e institucionais da direção da

corporação. As outras preocupações sociais existentes são deveres das igrejas, governo

e organizações sem fins lucrativos. (ASHLEY et al , 2005).

Entretanto, esta visão começou a mudar quando empresários bem sucedidos em

seus negócios, decidiram distribuir à sociedade parte de seus ganhos. Nesse período

também surgiram às entidades filantrópicas que buscavam recursos junto aos

empresários. Para Melo Neto e Froes (2005, p.79), “as ações de filantropia

correspondem à dimensão inicial do exercício da responsabilidade social.” Apesar, que

para Castel (1998 apud LOPES, 2006, p.25), a filantropia é a esmola que “apaga o

pecado”, fazendo referência a uma compensação das empresas para a sociedade.

No entendimento de Tenório (2004, p.29):

A ação filantrópica empresarial pode ser caracterizada como uma ação social de natureza assistencialista, caridosa e predominantemente temporária. A filantropia empresarial é realizada por meio de doações de recursos financeiros ou matérias à comunidade ou às instituições sociais.

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A prática da filantropia, além de contribuir para a sobrevivência de grupos

sociais desfavorecidos, proporciona uma maior visibilidade à empresa e reforça a moral

dos funcionários quanto ao impacto social, sendo usada como uma forma de relação

pública ou publicidade, divulgando a imagem da empresa. (PORTER; KRAMER,

2005).

Além da filantropia empresarial, as organizações também desenvolveram outra

forma de melhorar sua imagem junto à sociedade, conhecida como voluntariado

empresarial que trata-se de ações promovidas pela empresa para incentivar os

funcionários a se engajarem em atividades voluntárias na comunidade. (TENÓRIO,

2004). Compõe-se de atividades praticadas dentro e fora do expediente, que são

estimuladas pela chefia ou pelos próprios trabalhadores. É considerada como uma ação

de responsabilidade social, pois promove a qualidade de vida. (BORBA, 2004 apud

INSTITUTO ETHOS, 2004).

O voluntariado empresarial traz benefícios à comunidade, pois auxilia em seus

problemas e aos próprios colaboradores, que possibilita o maior conhecimento da

realidade social e favorece seu crescimento pessoal. (CAMARGO, 2001).

É importante salientar que a incorporação da filantropia e do voluntariado

empresarial nas estratégias das empresas representam um avanço nos modelos de

gestão. No entanto, esses são apenas os primeiros passos para a construção da cultura de

responsabilidade social na organização. Tenório (2004) afirma que a utilização da

filantropia não garante que a empresa esteja respeitando o meio ambiente,

desenvolvendo a cidadania ou respeitando os direitos de seus empregados.

A seguir, para concluir a evolução da responsabilidade social empresarial

apresenta-se um quadro retirado da obra de Melo Neto e Froes (2005) que demonstra as

diferenças entre as práticas da filantropia e da responsabilidade social.

Filantropia Responsabilidade Social

Ação individual Ação coletiva

Fomento da caridade Fomento da cidadania

Base assistencialista Base estratégica

Restritas a empresários filantrópicos e abnegados Extensiva a todos

Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento

Decisão individual Decisão consensual

Quadro 02- As diferenças entre filantropia e a responsabilidade social Fonte: Melo Neto e Froes (2005, p.28).

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2.2.3 Conceitos da Responsabilidade Social Empresarial

O tema responsabilidade social empresarial nasceu da preocupação da sociedade

com os efeitos sociais e ambientais das atividades das empresas. Com os problemas

mais acentuados começou a se exigir novos valores por parte das organizações. Nesse

ambiente os resultados econômicos e financeiros deixaram de ser primordiais, tornando

fatores como credibilidade, valores éticos, morais, envolvimento social e ambiental

essenciais para o futuro da empresa.

Embora entenda-se da importância da responsabilidade social no ambiente atual,

o conceito ainda é ponto de discussão. A grande dificuldade em definir

responsabilidade social empresarial se dá pela amplitude do tema. Segundo Melo Neto e

Froes (2001, p.31) “o tema responsabilidade social corporativa é amplo, assim como é o

conceito. Da amplitude do tema, surge à complexidade do conceito.” Seguindo o

pensamento desses autores o tema parte desde uma conduta ética, às ações comunitárias,

o bom relacionamento com os funcionários até ao dinamismo das relações que a

empresa possui com os seus diversos públicos.

Portanto antes de começar a levantar o conceito de responsabilidade social

empresarial, cabe primeiro apresentar as diferentes visões sobre o tema. As visões

abaixo foram retiradas do livro de Melo Neto e Froes (2001, p.39):

a) a responsabilidade social como atitude e comportamento empresarial

ético e responsável;

b) a responsabilidade social como um conjunto de valores;

c) a responsabilidade social como postura estratégica empresarial;

d) a responsabilidade social como estratégia de relacionamento;

e) a responsabilidade social como estratégia de marketing institucional;

f) a responsabilidade social como estratégia de valorização das ações da

empresa (agregação de valor);

g) a responsabilidade social como estratégia de recursos humanos;

h) a responsabilidade social como estratégia de valorização dos produtos

e serviços;

i) a responsabilidade social como estratégia social de inserção na

comunidade;

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j) a responsabilidade social como estratégia social de desenvolvimento

da comunidade;

k) a responsabilidade social como promotora da cidadania individual e

coletiva;

l) a responsabilidade social como exercício da consciência ecológica;

m) a responsabilidade social como exercício da capacitação profissional;

n) a responsabilidade social como estratégia de integração social.

Devido a sua diversidade de visões, o conceito de responsabilidade social não se

apresenta de uma única forma. Mesmo sendo um tema que se popularizou recentemente,

é possível encontrar na literatura diversos conceitos. Geralmente o conceito de

responsabilidade social está ligado a uma postura de fazer o bem no ambiente dos

negócios.

Para Ashley et al. (2003), a responsabilidade social é um compromisso da

organização com a sociedade, marcado por atitudes que afetam positivamente a

comunidade, agindo de forma pró-ativa e ciente do seu papel dentro da sociedade.

Segundo essa autora as organizações assumem obrigações de caráter moral, além das

estabelecidas em lei. Portanto, as atividades da empresa devem atender as expectativas

sobre o que é legítimo e correto para seu público interessado.

Na mesma linha de pensamento Ferrel e Ferrel (2001 apud PONTES 2003,

p.30), explanam responsabilidade social como a “[...] obrigação que a empresa assume

com a sociedade. Ser socialmente responsável implica maximizar os efeitos positivos

sobre a sociedade e minimizar os negativos.”

Já para Camargo (2001, p.92) responsabilidade social corporativa significa:

[...] estratégias de sustentabilidade a longo prazo das empresas que, em sua lógica de desempenho e lucro, passam a complementar a preocupação com os efeitos sociais e /ou ambientais de suas atividades, com objetivo de contribuir para o bem comum e para a melhora da qualidade de vida das comunidades.

Camargo (2001) também defende a idéia de que as práticas sócio-responsáveis

são mais profundas que as previstas em lei, como as obrigações trabalhistas, tributárias,

comprimento de legislações ambientais, entre outras. Pois uma empresa responsável

socialmente adota e dissemina valores éticos, sociais e ambientais. Para ele, a

responsabilidade social se concretiza com a promoção do bem comum e eleva a

qualidade de vida de todos.

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Alves (2003) define responsabilidade social empresarial como uma nova visão

da empresa e do seu papel dentro da sociedade. Para ele a empresa passa a ser encarada

como uma cidadã, um membro fundamental da sociedade dos homens uma entidade

social que se relaciona com todos os outros agentes socioeconômicos e assim possui

direitos e deveres que vão além das obrigações legais estabelecidas no campo jurídico.

O Instituto Ethos (2007) entidade referência no País na promoção de práticas

sócio-responsáveis, entende responsabilidade social empresarial como a maneira de

gestão baseada em relações éticas e transparentes com todos os públicos com os quais a

empresa se relaciona e pela elaboração de metas empresarias coerentes com

desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais

para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das

desigualdades sociais.

A responsabilidade social empresarial consiste na “decisão de participar mais

diretamente das ações comunitárias na região em que está presente e minorar possíveis

danos ambientais decorrentes do tipo de atividade que exerce”. (D’AMBRÓSIO;

MELLO, apud MELO NETO; FROES, 2005, p.78).

No entanto, Melo Neto e Froes (2005, p.78) destacam que apenas promover o

desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não significa que a

empresa seja socialmente responsável. Assim os autores apresentam setes vetores da

responsabilidade social de uma empresa:

V1 apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua;

V2 preservação do meio ambiente;

V3 investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes e num

ambiente de trabalho agradável;

V4 comunicação transparente;

V5 retorno aos acionistas;

V6 sinergia com os parceiros;

V7 satisfação dos clientes e/ou consumidores.

Duarte e Dias (1986), também discutem a grande amplitude e diferença na

conceituação da responsabilidade social empresarial, no entanto, em sua obra eles

destacam três conceitos como os mais aceitos pela doutrina da responsabilidade social

( DUARTE; DIAS, 1986, p.56):

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A ampliação do alcance da responsabilidade da empresa, que não mais se

limita ao círculo dos acionistas;

A mudança na natureza das responsabilidades, que ultrapassam o âmbito da

prescrição legal, envolvendo também obrigações morais, ditadas pela ética;

A adequação as demandas sociais, num dado contexto sócio-econômico.

De acordo com Tenório (2004) a literatura atual sugere três interpretações para a

responsabilidade social empresarial. A primeira trata do cumprimento das obrigações

legais e o comprometimento com o desenvolvimento econômico. A segunda demonstra

o desenvolvimento da empresa em atividades comunitárias e a terceira está ligada aos

diversos compromissos que a organização possui com sua cadeia produtiva.

Já Melo Neto e Brennand (2004), ressaltam que o conceito de responsabilidade

social é relativamente antigo, no entanto, só ganhou notoriedade recentemente. Para

esses autores, conceituar responsabilidade social ainda é uma tarefa difícil ou quase

impossível nos dias de hoje. Entretanto, apesar das várias dificuldades, como enfoques

diversos, abrangência excessiva e falta de delimitação do conceito, eles desenvolveram

uma síntese baseado em diversos autores. Segundo eles, responsabilidade social

significa (2004, p.7):

Responsabilidade Social é uma atividade favorável ao desenvolvimento sustentável, à qualidade de vida no trabalho e na sociedade, ao respeito às minorias e aos mais necessitados, à igualdade de oportunidade, à justiça comum e ao fomento da cidadania e respeito aos princípios e valores éticos e morais.

A responsabilidade social empresarial se caracteriza por ampliar o foco da

empresa de um mero agente econômico para um agente social, preocupado com

problemas que vão além de fatores econômicos. De acordo com Luca (1998) uma

empresa além de produzir riqueza, também deve ser um agente social e assim como

qualquer outro componente da sociedade deve prestar contas aos demais, pois cada vez

mais está se exigindo respostas aos problemas socioeconômicos decorrentes do

desempenho das empresas.

Observa-se que não existe apenas uma linha de pensamento sobre o conceito de

responsabilidade social empresarial, entretanto nota-se que os autores concordam que a

responsabilidade social é uma obrigação que vai muito além do que a legislação

estabelece e trata a organização como um dos atores fundamentais na promoção e no

desenvolvimento da qualidade de vida da sociedade. Também há uma coerência entre os

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autores sobre a importância da incorporação de práticas éticas e morais com todos os

públicos relacionados ao negócio da empresa, público esse chamado de stakeholder.

2.2.4 As duas dimensões da responsabilidade social empresarial

Após uma busca na literatura sobre o conceito de responsabilidade social

empresarial, pode-se entendê-lo como um modo de gestão preocupado com as questões

ambientais e sociais além de gerar um relacionamento ético e moral com o seu público

interessado. Desse modo, a responsabilidade social empresarial pode ser classificada

sob duas dimensões: responsabilidade social interna e externa. (MELO NETO; FROES,

2005).

A responsabilidade social interna concentra-se no público interno da

organização, seus empregados e seus dependentes. O grande objetivo é motivar e

desenvolver um ambiente agradável no trabalho. Os resultados são: maior dedicação,

empenho e lealdade. Dentro desse modelo de gestão as principais ações são segundo

(MELO NETO; FROES, 2005, p.87):

Investimento no bem-estar dos empregados e seus dependentes (programas

de remunerações e participação nos resultados, assistência médica, social,

odontológica, alimentar e de transporte);

Investimento na qualificação dos empregados (programas internos de

treinamento e capacitação e programas de financiamento de custos externos,

regulares ou não, realizados por seus funcionários com vistas a sua maior

qualificação profissional e obtenção de escolaridade mínima.).

Já a responsabilidade social externa está focada no desenvolvimento de ações

sociais que visam o bem da comunidade. Essas atividades podem ser doações de

produtos, equipamentos e materiais, transferência de recursos em regime de parceria

para órgãos públicos e Organizações Não-Governamentais (ONG´s), prestação de

serviço voluntário para a comunidade pelos funcionários da empresa, aplicações de

recursos em atividades de preservação do meio ambiente, geração de empregos,

patrocínio e investimento de projetos sociais criados ou não pela empresa. (MELO

NETO; FROES, 2005).

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Portanto, o principal objetivo da responsabilidade social interna é melhorar a

produtividade e proporcionar maior retorno aos acionistas, enquanto a externa visa um

maior retorno social, da imagem, publicitário e para os acionistas (MELO NETO;

FROES, 2005). No entanto, para os autores Melo Neto e Froes(2005) a organização só

se torna uma “empresa-cidadã” quando ambas as dimensões existirem.

2.2.5 Estágios do exercício da responsabilidade social empresarial

O processo de responsabilidade social empresarial deve ser dinâmico e

permanente. Ações esporádicas não garantem o título de empresa socialmente

responsável. Todavia, algumas empresas acabam se especializando em apenas uma das

dimensões da responsabilidade social. Por exemplo, têm empresas que fazem doações

para projetos e campanhas sociais, embora demitam muitos funcionários, remuneram

mal ou não possuem nenhum tipo de programa de benefícios. (MELO NETO; FROES,

2005).

Ao passo que existam empresas que trabalhem muito bem a relação com seu

público interno, mas não possuem ações voltadas ao seu público externo.

Conseqüentemente, uma empresa que almeje alcançar status de empresa socialmente

responsável deve estar preparada para enfrentar novas demandas sociais dia após dia.

Desse modo, Barroso e Marcelo (apud MELO NETO; FROES, 2001, p.79) explicam o

processo de responsabilidade social empresarial: “trata-se de um ato contínuo que pode

ser dividido em pelo menos três estágios de responsabilidade.”

A Ilustração 01 a seguir demonstra os estágios da responsabilidade social

empresarial.

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Ilustração 01- Estágios da responsabilidade social corporativa.

Fonte: Melo Neto e Froes (2001, p.81).

No primeiro estágio a empresa promove o exercício da responsabilidade interna,

com seus funcionários e familiares. No segundo estágio a empresa exerce a gestão da

responsabilidade externa, focando-se na sociedade e na comunidade. Por último o

terceiro estágio significa a gestão social cidadã, que representa o estágio mais amplo.

Pois nesse patamar a empresa promove “[...] ações sociais que extrapolam o âmbito da

comunidade local [...] e que se estendem à sociedade como um todo.” (MELO NETO;

FROES, 2001, p.81).

Como foi mencionado anteriormente, a responsabilidade social empresarial é

composta por um conjunto de ações externas e internas, praticada pela organização.

Esse processo de desenvolvimento sócio-responsável, envolve alguns estágios, onde a

empresa busca melhorar suas atitudes para se tornar uma empresa responsável

socialmente. No entanto, para que a empresa possa ser realmente considerada sócio-

responsável é preciso envolver seus stakeholders no processo. A seguir, será

apresentado o conceito de stakeholder e sua importância para o desenvolvimento da

responsabilidade social empresarial.

2.2.6 Stakeholders

Uma empresa é rodeada por agentes que influenciam os negócios ou são

influenciados pelos negócios da empresa. A Teoria Sistêmica já afirmava que uma

20 estágio 30 estágio Tempo

Foco da ação social da empresa

10 estágio

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organização é um sistema dinâmico e aberto onde, frequentemente, sofre ou provoca

interferência. Logo um importante passo para a organização que pretende tornar-se

socialmente responsável é identificar e envolver os stakeholders em seus processos.

O termo stakeholder é uma palavra em inglês que pode ser traduzido como

interessados ou público interessado, embora, é frequentemente utilizado na própria

língua inglesa em nossa literatura.

Nas últimas décadas do século XX, as empresas começaram a deixar de se

direcionar apenas aos stockholders (acionistas da empresa) e passaram a dar uma maior

atenção para todos os públicos interessados da organização, também, denominados

públicos estratégicos. Dessa forma os stakeholders, representam o público com o qual a

empresa interage. (INSTITUTO ETHOS, 2004).

Segundo Stoner e Freeman (1999 apud PONTES, 2003, p.41) stakeholders são

grupos ou indivíduos, direta ou indiretamente, afetados pela busca de uma organização

por seus objetivos.

Na mesma linha Hitt (2003, p.28) define stakeholders: “são os indivíduos e

grupos capazes de afetar e de serem afetados pelos resultados estratégicos alcançados e

que possuam reivindicações aplicáveis e vigentes a respeito do desempenho da

empresa.” Observa-se nesses dois conceitos que as organizações para alcançarem seus

objetivos, acabam afetando e sendo afetados direta ou indiretamente por diversos

públicos.

Os públicos interessados podem ser funcionários, fornecedores, credores,

acionistas, gestores, comunidade, governo, clientes, dentre outros. Waddock e Bodwell

(2007), dividem os stakeholders em dois grupos: primários e secundários.

Para esses autores, os stakeholders primários representam o grupo necessário

para a existência da empresa, estes podem ser representados pelos acionistas,

empregados, clientes e fornecedores. Já os secundários são os grupos indiretamente

afetados ou que indiretamente afetam as atividades da companhia, pode ser composto

pela comunidade, pelo governo e por organizações não governamentais.

Conforme o Instituto Ethos (2004), as empresas possuem obrigações e

responsabilidades com todos esses grupos, como por exemplo: fornecer produtos de

qualidade a preço justo, proporcionar um ambiente de trabalho saudável, preservar o

meio ambiente, contribuir para o desenvolvimento da comunidade local, cumprir as leis,

etc.

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Porém antes de começar a pensar em ações sócio-responsáveis a empresa precisa

conhecer quem são seus interessados e suas necessidades. Para essa etapa a empresa

deverá promover um mapeamento dos interessados, a fim de definir quem são os

principais grupos de stakeholders envolvidos com a empresa. (MCINTOSH, 2001).

Entender o que os stakeholders pensam sobre a empresa é fundamental para

mover a empresa à frente. Desse modo, o feedback recebido do engajamento dos

stakeholders é essencial para a empresa melhorar seu processo de responsabilidade

social.

O processo de engajamento entre empresa e stakeholders possui alguns passos

chaves como descrevem Waddock e Bodwell (2007, p.69, tradução livre):

1. Determinar como mover a companhia para uma interativa ou empenhada

posição de respeito com os stakeholders;

2. Identificar os importantes stakeholders e grupos de stakeholder

3. Desenvolver um processo de engajamento de stakeholders. Esse processo

inclui estabelecer uma apropriada comunicação de mão dupla de canais e

sistemas que permitam stakeholders se engajarem e serem engajados em um

processo mútuo de solução de problemas, clarificação e resolução de

assuntos;

4. Comunicar resultados ao stakeholders e mantê-los engajados todo o tempo

sem desgastar sua afeição.

O envolvimento dos stakeholders representa a melhor visão de longo prazo para

as empresas que buscam o reconhecimento através da utilização de práticas de

responsabilidade social. Para que a inclusão realmente aconteça é preciso a criação de

um relacionamento de longo prazo, baseado na boa comunicação, no respeito e

comprometimento da empresa. (WADDOCK; BODWELL, 2007).

Em sua obra, Machado Filho (2006, p.68) apresenta um quadro resumo das

oportunidades de ganhos ou minimização de risco que a integração dos stakeholders

garantem à empresa, a partir da promoção de ações de responsabilidade social.

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Stakeholder envolvido Oportunidade (ganhos de reputação)

Minimização de riscos

Comunidade Criação de legitimidade Minimizar risco de má- aceitação/ conflitos

Mídia Cobertura favorável Minimizar risco de cobertura desfavorável

Ativistas Colaboração/ imagem favorável Minimizar risco de boicote Investidores Geração de valor Minimizar risco de fuga de

investidores Funcionários Aumento do comprometimento Minimizar risco de mau

comportamento Consumidores Fidelização Minimizar risco de má aceitação/

desentendimentos/ boicotes Agentes reguladores Ação legal favorável Minimizar risco de ação legal

desfavorável Parceiros comerciais Colaboração Minimizar risco de defecção

Quadro 03- Efeitos das ações de responsabilidade social de acordo com o stakeholder envolvido. Fonte: Machado Filho (2006, p.68).

Observou-se que o desenvolvimento da responsabilidade social empresarial não

representa um processo isolado, pelo contrário significa a vontade da empresa em

envolver seu público interessado nesse processo. Assim, a responsabilidade social

empresarial inicia-se com mapeamento das necessidades dos stakeholders. A seguir,

será apresentada uma entidade comprometida em auxiliar as empresas a se tornarem

mais sócio-responsáveis.

2.3 INSTITUTO ETHOS

A valorização da responsabilidade social empresarial no Brasil só foi ter um

grande impulso recentemente, a partir da década de 1990, motivada pela a importante

participação de entidades não governamentais preocupadas com a questão. Entidades

essas que procuram promover e disseminar a utilização de práticas sócio-responsáveis.

Uma dessas organizações não governamentais é o Instituto Ethos de Empresas e

Responsabilidade Social. O Instituto Ethos, como é mais conhecido, foi fundado em

1998 com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios

de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma

sociedade sustentável e justa. (INSTITUTO ETHOS, 2007).

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Idealizado por empresários e executivos provenientes do setor privado, o

Instituto Ethos tornou-se um pólo de organização de conhecimento, troca de

experiências e desenvolvimento de ferramentas que auxiliam as empresas a analisar

suas práticas de gestão e aprofundar seus compromissos com a responsabilidade

corporativa. Hoje o Instituto é referência internacional na sua área de atuação.

O Instituto Ethos trabalha em parceria com diversas entidades em todo o mundo,

buscando incentivar empresas a alcançarem sucesso em seus negócios, aliado às práticas

que respeitem pessoas, comunidade e meio ambiente.

No Brasil, seus 1247 associados têm um faturamento anual correspondente a

aproximadamente 35% do PIB nacional e empregam cerca de dois milhões de pessoas.

Seus associados são desde pequenos empresários até grandes corporações.

(INSTITUTO ETHOS,2007).

No entanto, para buscar fortalecer o movimento pela responsabilidade social no

Brasil o Instituto Ethos desenvolveu os Indicadores Ethos. Trata-se de uma ferramenta

de auto-diagnóstico cuja principal finalidade é auxiliar as empresas a gerenciarem os

impactos sociais e ambientais decorrentes de suas atividades. Os Indicadores Ethos

funcionam como instrumentos para a auto-avaliação das práticas empresariais, além de

ser uma ferramenta de gestão e planejamento que ajuda na construção das políticas de

responsabilidades sociais. (INSTITUTO ETHOS,2007).

Os Indicadores Ethos têm como base um questionário de avaliação. Ele é um

instrumento de diagnóstico da situação específica da empresa, indicando o grau de

efetivação da responsabilidade social em suas atividades. O diagnóstico abrange sete

temas: Valores e Transparência, Comunidade Interna, Meio Ambiente, Fornecedores,

Consumidores, Comunidade e Governo e Sociedade.

O Instituto Ethos (2004, p.346), define de uma forma muito simples os

indicadores Ethos:

Valores e transparência:

1) Auto-regulação da conduta: compromissos éticos- enraizamento na cultura organizacional;

2) Relações transparentes com a sociedade: diálogo com as partes interessadas (stakeholders)- relação com a concorrência – balanço social. Governo e sociedade:

1) Transparência política: contribuição para campanhas políticas- políticas anticorrupção e antipropina;

2) Liderança social: liderança e influência social- participação em projetos sociais governamentais. Público interno:

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1) Diálogo e participação: relações com sindicatos – gestão participativa- participação nos resultados e bonificações;

2) Respeito ao indivíduo: compromisso com o futuro das crianças- valorização da diversidade;

3) Respeito ao trabalhador: comportamento diante das demissões – compromisso com o desenvolvimento profissional e a empregabilidade- cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho- preparação para aposentadoria. Meio ambiente:

1) Gerenciamento do impacto ambiental: gerenciamento do impacto no meio ambiente e do ciclo de produtos e serviços - minimização de entradas e saídas de materiais;

2) Responsabilidade diante das gerações futuras: comprometimento da empresa com a causa ambiental - educação ambiental. Fornecedores:

1) Seleção, avaliação e parceria com fornecedores: critérios de seleção e avaliação de fornecedores – trabalho infantil na cadeia produtiva - relações com trabalhadores terceirizados – apoio ao desenvolvimento de fornecedores. Consumidores—clientes:

1) Dimensão social do consumo: política de marketing e comunicação – excelência do atendimento – conhecimento dos dados potenciais dos produtos e serviços. Comunidade:

1) Relações com a comunidade local: gerenciamento do impacto da empresa na comunidade de entorno – relações com organizações locais;

2) Ação social: gestão da ação social – foco e alcance da ação social- integração entre empresa e ação social;

3) Trabalho voluntariado: estímulo ao voluntariado.

Empresas de todos os portes estão fazendo uso desses indicadores para

identificar o grau de responsabilidade social em suas atividades. Os Indicadores Ethos

tornaram-se uma importante ferramenta de diagnóstico para empresários

comprometidos com a busca de uma gestão responsável. Este trabalho procura se

inspirar nos Indicadores Ethos, focando-se principalmente nos indicadores de

comunidade, público interno e meio ambiente para a melhor elaboração da pesquisa de

campo.

2.4 MICRO E PEQUENA EMPRESA

“Historicamente, as empresas de pequeno porte sempre exerceram um papel

importante no desenvolvimento de um país.” (LONGENECKER, 1997 apud

PREVIDELLI; MEURER, 2005, p.29). No Brasil esta afirmação não é diferente. O país

apresenta uma economia fortemente baseada nas empresas de pequeno porte. Segundo

Koteski (2004) as micro e pequenas empresas representam um dos pilares da economia

brasileira.

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Pesquisas do Sebrae (2007) afirmam que o segmento é responsável por 25% do

Produto Interno Bruto (PIB), gera 14 milhões de empregos, ou seja, 60% da mão-de-

obra formal no País, além de representar 99% dos estabelecimentos formais existentes

no Brasil.

Essa forte atuação das micro e pequenas empresas na economia se dá por sua

grande capacidade de flexibilização, adaptação, fidelidade e agilidade nos processos de

solução e decisão de problemas. Estas virtudes permitem às micro e pequenas empresas

uma maior competitividade dentro do atual mercado. (INSTITUTO ETHOS, 2004).As

empresas de pequeno porte têm sido usadas também como instrumento de mobilidade

social, pois muitos desempregados tentam a sorte como empresários. (INSTITUTO

ETHOS, 2004).

Além de absorverem um grande número de trabalhadores oriundos de empresas

de médio e grande porte, também possuem um importante potencial de produzir mão-

de-obra para essas mesmas empresas. (PREVIDELLI; MEURER, 2005).

Ao estabelecer o conceito de Micro e Pequena Empresa, a Lei Geral das Micro e

Pequenas Empresas, fixa limites de faturamento. No caso das microempresas, a receita

bruta deve ser igual ou inferior a R$ 240.000,00, e no caso das empresas de pequeno

porte, a receita bruta deve ser superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$

2.400.000,00.Porém o Sebrae adota uma classificação baseada no porte da empresa e no

setor de atividade econômica no qual ela pertença, conforme discriminado no Quadro 3.

Classificação de Empresas pelo Número de Empregados

ME (Microempresa)

Na indústria: até 19 empregados No comércio ou serviços: até 9 empregados Na agropecuária: de 10 a 50 hectares

PE (Pequena empresa)

Na indústria: de 20 a 99 empregados No comércio ou serviços: de 10 a 49 empregados Na agropecuária: de 51 a 100 hectares

MDE (Média empresa)

Na indústria: de 100 a 499 empregados No comércio ou serviços: de 50 a 249 empregados

GE (Grande empresa)

Na indústria: acima de 499 empregados No comércio ou serviços: mais de 249 empregados

Quadro 04- Classificação de empresas pelo número de empregados Fonte: Sebrae (2007).

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Embora com aumento da pobreza, exclusão social e problemas no meio

ambiente a sociedade passou a valorizar aspectos sociais que incluem distribuição de

renda mais justa, qualidade de vida, relacionamento humano entre outros. Diante desse

cenário o papel social das empresas pequenas torna-se relevante. (PREVIDELLI;

MEURER, 2005).

Assim além da importância econômica para o país, as pequenas empresas

possuem várias características que contribuem para o desenvolvimento social. Para

Previdelli e Meurer (2005, p.31), as pequenas empresas contribuem socialmente através

da “distribuição de renda, geração de empregos e a criação de uma classe empresarial

nacional.” Também apresentam uma forte flexibilização locacional, possibilitando o

desenvolvimento em qualquer área, ajudando desta forma o desenvolvimento local e

diminuendo o êxodo rural. (PREVIDELLI; MEURER,2005).

Koteski (2004) defende que as empresas pequenas permitem fixar o homem no

seu local de origem, pois possibilitam a distribuição de renda de forma eqüitativa, além

de estimularem iniciativas individuais e coletivas. Por estarem muito mais perto do seu

público, as pequenas empresas contribuem para a solução dos problemas de suas

comunidades. (PREVIDELLI; MEURER, 2005).

Segundo o Instituto Ethos (2003), quando as micro e pequenas empresas

assumem uma postura comprometida com a responsabilidade social, elas se tornam

agentes de profunda mudança cultural, contribuindo para a construção de uma sociedade

mais justa e solidária.

Mesmo que seja visível a importância econômica e social das micro e pequenas

empresas para o desenvolvimento da nação, a realidade vivida por esse segmento não é

nada fácil. De acordo com estudos realizados pelos Sebrae (2004) nos anos 2000, 2001

e 2002, revela que 49,4% encerram as atividades com dois anos de existência, 56,4%

com até três anos e 59,9% não sobrevivem além dos quatro anos.

As principais causas para a mortalidade, de acordo com a pesquisa são: falta de

capital de giro, recessão econômica, carga tributária elevada, maus pagadores,

concorrência, falta de clientes, ponto inadequado, falta de crédito e desconhecimento do

mercado.

Na visão de Silva (1998) as pequenas empresas não têm condições de investir no

seu desenvolvimento, porque seu potencial de acumulação de capital é baixo. Outro

problema levantado pelo autor é que na maioria das pequenas empresas o dono

representa o produtor, vendedor, o gerente, tudo na mesma pessoa o que dificulta o

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desenvolvimento da empresa. Viapana (2001 apud PREVIDELLI; MEURER, 2005,

p.34) descreve que: “Outro fator importante que influencia a gestão da pequena e média

empresa é a carga tributária, que, por ser elevada no Brasil contribui para diminuir os

escassos recursos existentes nas pequenas empresas.”

A falta de recursos financeiros para investir em maquinário moderno a compra

de matéria-prima a custo elevado, ligado a falta de conhecimento e planejamento

limitam o crescimento e tornam as pequenas empresas menos concorrente.

(PREVIDELLI; MEURER, 2005).

Conclui-se que as empresas de pequeno porte são responsáveis por um papel

fundamental no movimento da economia brasileira aliado ao seu grande potencial de

transformação e desenvolvimento social, característica que pode contribuir para o

desenvolvimento sustentável do País. Entretanto o cenário atual ofereça grandes

dificuldades para o desenvolvimento e a permanência dessas empresas no mercado.

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3 PROCESSO METODOLÓGICO

O capítulo seguinte refere-se ao esclarecimento dos processos metodológicos

adotados para o desenvolvimento da pesquisa. Como afirma Gil (1999, p.26), “pode-se

definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método científico

como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o

conhecimento.”

Tendo como base o referencial teórico exposto no capítulo anterior, buscou-se

encontrar o método científico mais adequado à realidade do público alvo para melhor

alcançar os objetivos propostos. A seguir, serão apresentados a tipologia da pesquisa, o

sujeito de estudo, os instrumentos de pesquisa, a análise dos dados e as limitações da

pesquisa.

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA

A fim de atingir os objetivos estabelecidos, está pesquisa foi norteada pelo modo

descritivo que representa o ato de observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou

fenômenos sem manipulá-los como afirma Cervo e Bervian (1996). Já segundo Gil

(1999), a pesquisa descritiva tem como objetivo principal a descrição das características

de determinada população, fenômeno ou representa o estabelecimento de relações entre

variáveis.

Aliado ao método quantitativo que “caracteriza-se pelo emprego da

quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento

delas por meio de técnicas estatísticas [...]” (RICHARDSON, 1999, p.70.). A utilização

desse método permite garantir a precisão dos resultados, tendo em vista que evita as

distorções de análise e interpretação, garantindo assim uma margem de segurança

quanto às interferências. (RICHARDSON, 1999).

O tipo de pesquisa escolhida para orientar o estudo foi o levantamento (survey),

que pode ser definido por Gil (1999, p.70), como a: “[...] interrogação direta das pessoas

cujo comportamento se deseja conhecer. ” É essencialmente a solicitação de

informações a um grupo expressivo de pessoas sobre o problema a ser estudado,

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mediante a uma análise quantitativa, pode-se obter conclusões corresponde aos dados

coletados.(GIL, 1999).

Na visão desse mesmo autor, os levantamentos dispõem de algumas vantagens

como, por exemplo: o conhecimento direto da realidade, maior economia e rapidez e

permite a quantificação que possibilita a sua análise estatística. Para ele os

levantamentos são muito adequados ao estudo descritivo. (GIL, 1999).

3.2 SUJEITO DE ESTUDO

Os sujeitos desta pesquisa são as organizações associadas da AMPE de

Balneário Camboriú, totalizando um universo de 110 empresas de vários segmentos.

Entretanto, este estudo focalizou a investigação, somente, nas associadas localizadas no

Bairro Centro de Balneário Camboriú, que apresenta uma população de 86 empresas.

O tamanho da amostra foi calculado através do uso de fórmulas estatísticas, em

especial pela fórmula da amostra aleatória simples. Com um nível de confiança de 95%

e um erro permitido de 5%.

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Quadro 05- Fórmula para cálculo da amostra Fonte: Richardson (1999, p.170-171).

Portanto a amostra obtida para este estudo foi de 70 empresas. A triagem das

empresas que participaram da pesquisa partiu do pressuposto da predisposição, isto é,

foram entrevistadas aquelas que aceitaram ser voluntárias por livre escolha. A pesquisa

atingiu 100% da amostra.

3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

A pesquisa baseou-se na utilização de dados primários que representa a “[...]

relação física direta com os fatos analisados, existindo um relato ou registro da

Fórmula:

n= σ².p.q.N

____________

E²(N-1) +σ².p.q

n = 2².50.50.86

_____________

5²(86-1)+2².50.50

n = 70

Onde:

n = Tamanho da amostra

σ² = Nível de confiança, 95% equivale a 2.

p = Proporção da característica pesquisada no universo, calculado em

percentagem

q = 100- p (em percentagem)

N = Tamanho da população

E² = Erro de estimação permitido

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experiência vivenciada.” (RICHARDSON, 1999, p.253). O instrumento de coleta

desses dados foi o questionário. Segundo Collis e Hussey (2005, p.165), “um

questionário é uma lista de perguntas cuidadosamente estruturadas, escolhidas após a

realização de vários testes, tendo em vista extrair respostas confiáveis de uma amostra

escolhida.” De acordo com Richardson (1999), o questionário permite obter um grande

número de pessoas em um tempo relativamente curto. Além de facilitar a tabulação dos

dados recolhidos.

Adotou-se, neste estudo o questionário estruturado, contendo apenas perguntas

fechadas “nas quais a resposta do respondente é selecionada de várias alternativas

predeterminadas” (COLLIS, HUSSEY, 2005, p.171). Este tipo de pergunta facilita a o

preenchimento do questionário, é menos cansativo ao entrevistado e fácil de codificar

para o pesquisador. (RICHARDSON, 1999).

Os questionários foram apresentados para os respondentes (pessoas responsáveis

pelas empresas) via entrevistas pessoais, entre os dias 16 de fevereiro e 01 de março de

2008, na sede das empresas. Todos os 70 questionários foram aplicados pelo próprio

pesquisador. Coube, também, ao pesquisador a tarefa de ler todas as perguntas e as

alternativas de resposta assim como esclarecer os objetivos e as eventuais dúvidas sobre

o questionário.

Antes de ser aplicado, definitivamente, o questionário, passou por um pré-teste

sendo aplicado em 10 empresas. Segundo Gil (1999), o pré-teste tem o intuito de revelar

possíveis falhas na elaboração. Não houve necessidade de nenhuma alteração no

questionário.

3.4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO

Para a elaboração da análise e tabulação dos dados recolhidos, utilizou-se o

programa Microsoft Excel 2003, que contribuiu no desenvolvimento dos gráficos.

Foram utilizados gráficos em formado de pizza e de barras para melhor apresentação

dos dados. Também foi utilizado a análise estatística dos dados, que foi feita via

computador.

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3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

A principal barreira encontrada no desenvolvimento da pesquisa de campo foi à

dificuldade de acesso ao responsável da empresa. Percebeu-se que os micro e pequenos

empresários dispõem de pouco tempo livre. Em sua grande maioria essas empresas

possuem um pequeno número de funcionários o que aumenta as obrigações dos donos.

Assim sendo, para conseguir entrevistar o responsável, muitas vezes era

necessário se dirigir à empresa mais de uma vez. Além de ter que esperar vários minutos

antes de ser atendido.

Outra limitação do estudo foi ela ter apenas se focado nas empresas localizadas

no centro de Balneário Camboriú.

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52

4 RESULTADOS

A pesquisa de campo, realizada nas micro e pequenas empresas associadas à

AMPE do centro de Balneário Camboriú, procurou identificar as ações de

responsabilidade social praticadas, assim como a presença dos indicadores Ethos no

cotidiano destas empresas.

4.1 COMUNIDADE

O primeiro ponto investigado na pesquisa focou-se na relação das Micro e

Pequenas Empresas (MPEs) com a comunidade. Nesta fase inicial as seis primeiras

perguntas estão direcionadas a levantar e entender as ações sociais praticadas e a

interação das empresas com sua comunidade.

A pesquisa revelou que um percentual expressivo das MPEs entrevistadas,

realizam algum tipo de benefício à sociedade. Cerca de 70% das MPEs afirmam ter

praticado ações sociais de maneira espontânea nos últimos dois anos. Entretanto, 30%

revelaram não desenvolver nenhuma ação social.

Apesar do alto número de MPEs envolvidas nas questões sociais, observou-se

que alguns empresários acabam fundindo suas práticas sociais particulares de pessoa

física com as da própria empresa.

70%

30%

SimNao

Gráfico 01-Realização de alguma ação social nos últimos dois anos Fonte: Pesquisa de Campo.

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53

Entre as MPEs engajadas na promoção de ações sociais, destaca-se o elevado

número de citações voltadas à caridade e filantropia, correspondendo a 48%, seguido

por ações sociais na área da saúde com 24%, educação 16% e programas para crianças e

adolescentes com 16%. Em menor quantidade estão as ações ligadas a esporte e cultura

que representam 14%, programas para idosos 6%, segurança e meio ambiente 4%,

assim como outros 2%. Uma ampla parte das empresas entrevistadas praticam ações

sociais, em mais de uma esfera, revelando uma diversidade em suas práticas.

O grande percentual de empresas comprometidas com ações de caridade e

filantropia denota uma natureza assistencialista e caridosa por parte dos micro e

pequenos empresários assim como afirma Tenório (2004) citado no marco teórico.

Enquanto, Melo Neto e Froes (2005) definem a filantropia como a dimensão inicial da

responsabilidade social.

0%

0%

2%

4%

4%

6%

14%

16%

16%

24%

48%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Proteção aos Animais

Programas para Jovens

Outros

Meio Ambiente

Segurança

Programas para Idosos

Esporte e Cultura

Programas para Crianças e Adolescentes

Educação

Saúde

Caridade e Filantropia

Gráfico 02- Áreas em que são realizadas as ações sociais Fonte: Pesquisa de Campo. Nota: Uma empresa pode ter citado mais de uma alternativa.

A pesquisa revelou que a doação em dinheiro representa 61% de todas as ações

sociais realizadas pelas MPEs; a segunda forma mais comum se dá através da doação de

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54

produtos da própria empresa com 51%. A doação de alimentos representa 18% e é

geralmente realizada conjuntamente com outras ações.

Ações como trabalho voluntário dos funcionários e donos, empréstimo do

espaço da empresa e assim como, algumas outras formas de atuação também fazem

parte do repertório de ações das empresas, porém, em menor grau. Cabe ressaltar que

algumas empresas doam seus produtos não pelo ato da bondade e preocupação com as

causas sociais, mas pelo fato dos mesmos estarem próximos do vencimento da data de

validade, não representando esta ação um ato de responsabilidade social, mas um

simples remanejo do estoque.

61%

51%18%

8%4%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Doação em dinheiro

Doação em produtos da empresa

Doação de alimentos

Trabalho Voluntariado dos funcionários e donos

Outros

Gráfico 03-Forma de realizações das ações sociais Fonte: Pesquisa de Campo. Nota: Uma empresa pode ter citado mais de uma alternativa.

Os principais beneficiados das ações sociais das MPEs são as instituições de

caridade que representam 65% dos atores ajudados. A comunidade local também é

beneficiada de maneira significativa com cerca de 25% da citação das empresas.

Instituições religiosas, organizações públicas, comunidades distantes e outros atores

completam a lista dos favorecidos.

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55

65%25%

10%8%

6%6%

4%0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Instituições de caridadeComunidade (local)

Instituições religiosasOutros

Organizações públicasOrganizações comunitárias

Comunidade (distantes)Familiares dos empregados

Gráfico 04-Principais beneficiados das ações sociais da empresa Fonte: Pesquisa de Campo. Nota: Uma empresa pode ter citado mais de uma alternativa.

No âmbito das empresas que afirmam praticar ações sociais, 43%, menos da

metade, possuem uma regularidade na prática das ações, o restante se divide em 20% de

empresas que praticam três ou mais vezes, 10% duas vezes e um considerável número

com 27% que realiza apenas uma ação por ano.

Estes dados demonstram que a cultura da responsabilidade social, ainda, não está

enraizada nas estratégias das MPEs. Na medida em que 57% das empresas não tratam as

ações sociais de forma contínua, o que representa um predomínio de ações temporárias.

Segundo Melo Neto e Froes (2005), o processo de responsabilidade dever ser dinâmico

e permanente, ações esporádicas não garantem o título de empresa socialmente

responsável.

0%27%

10%

20%

43%

Nunca

Uma vez por ano

Duas vezes por ano

Três ou mais vezes porano

Ação contínua

Gráfico 05-Freqüência com que as ações sociais são realizadas Fonte: Pesquisa de Campo.

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56

A pesquisa identificou que as ações sociais são em sua grande maioria praticadas

de forma isolada, tendo em vista o baixo nível de envolvimento das MPEs com outras

entidades locais, a fim de estabelecer redes e criar uma sinergia entre suas atividades.

Ressalta-se que apenas 23% das empresas alguma vez já atuaram em parceria. A falta

desta interação com o meio externo pode levar a prática de ações sociais não coerentes

com as verdadeiras necessidades da comunidade local.

77%

6% 7% 7% 3%0%

20%

40%

60%

80%

100%

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Gráfico 06- Atuação da empresa em parceria com entidades locais a fim de influenciar políticas

públicas, estabelecer alianças e participar de redes para maximizar sua contribuição para o desenvolvimento local

Fonte: Pesquisa de Campo.

4.2 PÚBLICO INTERNO

O segundo bloco de questões está direcionado ao público interno da Micro e

Pequenas Empresas e procura compreender a relação existente entre estas duas partes.

A partir dos dados levantados verificou-se que a maior parte das MPEs, 63%,

não oferece nenhuma ação além das obrigações legais. No entanto 37% afirmam

desenvolver ações que ultrapassam a obrigação da lei. Destacam-se as ações de

treinamento e planos médicos com 35% respectivamente e em menor nível aparecem

seguro e alimentação, com 15% apresentadas no Gráfico 08.

Estes números demonstram que as MPEs ainda têm um grande caminho a

percorrer, pois segundo Camargo (2001) as práticas sócio-responsáveis são mais

profundas que as previstas em lei.

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57

37%

63%

Sim

Não

Gráfico 07-Realização de ações em favor dos colaboradores além das obrigações legais Fonte: Pesquisa de Campo.

35%

15%35%

15%

Treinamento

Seguro

Plano Medico

Alimentos

Gráfico 08-Benefícios aos colaboradores Fonte: Pesquisa de Campo.

Em relação à participação dos colaboradores na gestão e no desenvolvimento das

decisões estratégicas do negócio, as MPEs se mostraram bastante abertas.

Aproximadamente 71% das empresas incentivam sempre ou freqüentemente a

participação dos colaboradores. Somente 8% afirmaram envolver raramente ou nunca

seu público interno nas decisões da empresa.

O envolvimento dos stakeholders internos é fundamental no desenvolvimento da

responsabilidade social. Colaboradores engajados aumentam seu comprometimento e

diminuem o risco de mau comportamento segundo Machado Filho (2006). Pode-se

afirmar que de um modo geral as MPEs estão preocupadas com a participação de seus

colaboradores.

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58

4% 4%

40%

21%

31%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Gráfico 09-Incentivo à participação dos colaboradores na gestão e na construção das decisões estratégicas do negócio

Fonte: Pesquisa de Campo.

Constatou-se que na realidade das micro e pequenas empresas, os deficientes

físicos, ex-detentos, idosos e jovens aprendizes não dispõem de um cenário favorável,

tendo em vista que apenas 31% das empresas possuem algum programa de contratação

para este público em suas estratégias de negócios. A justificativa dos empresários se

baseia na razão das MPEs possuírem um contingente reduzido de colaboradores. Boa

parte das empresas que têm este tipo de programa utiliza jovens aprendizes,

principalmente estagiários universitários.

31%

69%

Sim

Não

Gráfico 10-Existência de algum programa destinado à contratação de deficientes físicos, ex-

detentos, idosos ou jovens aprendizes Fonte: Pesquisa de Campo.

As MPEs apresentam um baixo grau de incentivo ao aperfeiçoamento do

conhecimento dos seus colaboradores, somente 10% oferece este beneficio com

regularidade, 34% oferecem às vezes e cerca de 56% ou raramente ou nunca oferecem.

Estas informações revelam a incipiente visão por parte dos empresários da importância

do aperfeiçoamento contínuo.

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59

46%

10%

34%

6% 4%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Gráfico 11-Capacitação e aperfeiçoamento do conhecimento do público interno Fonte: Pesquisa de Campo.

Em relação aos cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho ficou

claro a carência de preocupação das empresas nestes aspectos. Em 53% das empresas

entrevistadas não existe qualquer forma de campanha ou programa. Embora, em

somente 34% das empresas os cuidados com os colaboradores têm uma relevância

significativa.

53%

7% 6%15%

19%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Gráfico 12-Freqüência de ações voltadas aos cuidados com saúde, segurança e condições de

trabalho Fonte: Pesquisa de Campo.

Programas de segurança no trabalho, com 56% das respostas, e orientação

(espaço para diálogo entre donos e colaboradores), com 44%, representam os principais

programas utilizados pelas MPEs.

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60

5 6 %

4 4 %

Programas deseguraça

Orientaçao

Gráfico 13- Quais as ações desenvolvidas pelas empresas Fonte: Pesquisa de Campo.

4.3 MEIO AMBIENTE

O terceiro grupo de perguntas está direcionado a medir a interação entre as

questões do meio ambiente e as micro e pequenas empresas. Tentou-se avaliar as

práticas ambientais e a importância dada aos recursos naturais pelos empresários.

A primeira pergunta relacionada ao meio ambiente investigou o quanto as MPEs

participavam de discussões a respeito da questão ambiental local. A pesquisa levantou

um baixíssimo envolvimento dos empresários, onde 85% das empresas nunca haviam

participado de nenhuma discussão relativa ao assunto. Ressalta-se que apenas 15% já

participaram ou participam ativamente.

85%

3% 4% 4% 4%0%

20%

40%

60%

80%

100%

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Gráfico 14-Participação em comitês/conselhos para discussão da questão ambiental da região Fonte: Pesquisa de Campo.

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61

Quando questionadas sobre ações, campanhas ou programas destinados a

contribuir com a qualidade ambiental, 66% das empresas responderam que tal prática

não faz parte de suas estratégias, enquanto que para 34% das empresas tais práticas

fazem parte do contexto do dia-a-dia.

A reciclagem de lixo é a atividade mais comum entre as empresas,

correspondendo a 83%, entretanto a diminuição de papel com 13% e o tratamento de

água com 4% também fazem parte das atividades das micro e pequenas empresas.

O relevante número de citações a respeito da reciclagem de lixo pode estar

ligado ao fato da Prefeitura de Balneário Camboriú disponibilizar um serviço de coleta

seletiva na cidade.

34%

66%

Sim

Não

Gráfico 15-Existência de campanha ou programa destinado à melhoria da qualidade ambiental Fonte: Pesquisa de Campo.

A reciclagem de lixo é a atividade mais comum entre as empresas,

correspondendo a 83%, entretanto a diminuição de papel com 13% e o tratamento de

água com 4% também fazem parte das atividades das micro e pequenas empresas.

O relevante número de citações a respeito da reciclagem de lixo pode estar

ligado ao fato da Prefeitura de Balneário Camboriú disponibilizar um serviço de coleta

seletiva na cidade

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62

83%

4%13%

Reciclagem de Lixo

Tratamento de agua

Diminuicao de papel

Gráfico 16-Quais as campanhas ou programas são desenvolvidos Fonte: Pesquisa de Campo.

A pesquisa aponta um equilíbrio por parte dos empresários a respeito da

sensibilização de seus colaboradores e comunidade local em prol da importância da

conservação do meio ambiente. Perto de 33% das empresas afirmam sensibilizar seu

público interessado. Em 34% das empresas esta prática ocorre às vezes. Já em 33% das

empresas, a sensibilização raramente ou nunca acontece.

Previdelli e Meurer (2005) defendem a visão de que por estarem mais perto do

seu público as pequenas empresas podem contribuir para a solução dos problemas

locais. Assim, ao dialogarem com seus stakeholders as MPEs podem disseminar boas

práticas ambientais. Ressalta-se que em 74% das empresas investigadas, existe alguma

iniciativa sendo feita.

26%

7%

34%

13%

20%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Gráfico 17-Sensibiliza os colaboradores e a comunidade local da importância da conservação do

meio ambiente Fonte: Pesquisa de Campo.

A procedência dos recursos utilizados nas empresas é um ponto importante na

gestão da empresa. Nesse quesito, um volumoso número de MPEs se mostrou sensível à

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63

compra de produtos com a devida certificação e que não acarretem danos ao meio

ambiente. Cerca de 71% das empresas utilizam sempre ou freqüentemente produtos com

certificados. Em 26% das empresas às vezes, e apenas 3% raramente. Cabe salientar que

nenhuma empresa citou a alternativa nunca.

0% 3%

26% 24%

47%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Gráfico 18-Procura comprar apenas produtos devidamente certificados e que não degradam o meio ambiente Fonte: Pesquisa de Campo.

As últimas duas perguntas não estão dentro dos objetivos propostos da pesquisa,

entretanto, oferecem informações de grande valia para a melhor compreensão da

realidade da responsabilidade social no ambiente das micro e pequenas empresas, pois

buscam levantar os motivos e dificuldades da implantação desta prática.

Percebe-se que para 40% das empresas entrevistadas, colaborar com a sociedade

é o motivo principal que leva as MPEs a investirem na responsabilidade social. Já 34%

acreditam ser um dever da empresa. Outro grupo, com 17% das citações, afirma que

investem para melhorar a imagem da empresa, enquanto 4% citam a vantagem

competitiva perante a concorrência como motivo. Um pequeno número de 3% alega

outras razões.

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64

40%

34%

17%4%

3%1%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Colaborar com a sociedade

Dever da empresa

Melhorar a imagem da empresa

Gerar vantagem competitiva perante a concorrência

Outros

Solicitação de entidades

Gráfico 19-Motivo que leva as empresas a investirem na responsabilidade social Fonte: Pesquisa de Campo. .

A maior dificuldade, na opinião dos empresários, para desenvolverem ações de

responsabilidade social, esbarra na questão financeira com 41%. Seguido pela falta de

incentivo governamental com 26%. O conhecimento técnico com 16% e o tempo com

10% também são dificuldades levantadas pelos donos de empresas. Enquanto 7%

declaram outras dificuldades, dentre elas a mais expressiva foi à falta de iniciativa por

parte dos próprios empresários.

41%

26%

16%

10%

7%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Financeira

Falta de incentivo Governamental

Conhecimento técnico

Tempo

Outros

Gráfico 20- Dificuldade das micro e pequenas empresas para desenvolverem ações de

responsabilidade social Fonte: Pesquisa de Campo.

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65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da relevância do tema responsabilidade social na sociedade e nas

organizações, o presente trabalho procurou apresentar através da investigação teórica e

da pesquisa de campo, um estudo focado nas ações de responsabilidade social das micro

e pequenas empresas associadas à AMPE de Balneário Camboriú.

A responsabilidade social empresarial (RSE) defende a postura ética das

empresas perante aos problemas sociais. Cabe aos empresários, portanto, incorporar em

suas culturas organizacionais práticas éticas e morais que envolvam todos os públicos

interessados, na busca do desenvolvimento do bem comum.

Assim, o objetivo principal deste trabalho representou a identificação das ações

no âmbito da responsabilidade social empresarial praticadas pelas micro e pequenas

empresas associadas à (AMPE) do centro de Balneário Camboriú, tendo como

referência os indicadores de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) do Instituto

Ethos.

A partir do objetivo principal foram criados objetivos específicos que

contribuíram para o alcance da finalidade do estudo. Estabeleceram-se os seguintes

objetivos específicos: resgate de uma base de dados teóricos sobre RSE, apresentar os

indicadores de RSE apontados pelo Instituto Ethos e por fim levantar a presença dos

indicadores de comunidade, público interno e meio ambiente junto às micro e pequenas

empresas.

Através de uma busca literária sobre os principais aspectos da responsabilidade

social empresarial e do entendimento dos indicadores Ethos pôde-se obter embasamento

para se desenvolver a pesquisa de campo.

A pesquisa possibilitou identificar na prática quais as verdadeiras ações que as

micro e pequenas empresas estão promovendo. Foram levantadas as ações sociais em

três esferas: comunidade, público interno e meio ambiente, todas fundamentadas nos

indicadores Ethos.

Em relação à comunidade ficou evidenciado que grande parte das empresas

desenvolve ações sociais, no entanto em sua maioria de cunho filantrópico e

principalmente, direcionadas às instituições de caridade por meio da doação de dinheiro

e produtos da própria empresa. Identificou-se que estas ações, ainda, não possuem uma

regularidade no cotidiano do micro e pequeno empresário. E por fim, o fato mais

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66

impressionante é que essas empresas promovem suas obras sociais, praticamente, sem

nenhum envolvimento com a comunidade local.

Na questão do público interno percebeu-se que as ações praticadas pelas MPEs

continuam limitadas às estabelecidas pela lei, poucas empresas possuem iniciativas que

superaram a legislação trabalhista. Ficou nítido o descaso por ações voltadas a

contratação de pessoas menos favorecidas, como também o baixo número de empresas

comprometidas em promover programas de saúde, educação e segurança no trabalho.

Porém, o que chamou a atenção foi o alto índice de incentivo a participação dos

colaboradores no processo de construção das estratégias de negócio.

Sobre as ações direcionadas ao meio ambiente comprovou-se um elevado grau

de negligência por parte dos micro e pequenos empresários. As práticas a favor do meio

ambiente resumiram-se, quase que unicamente a reciclagem de lixo. Embora existam

empresas conscientes, que apenas compram produtos devidamente certificados e que

não degradam o meio natural, e outros empresários que admitem sensibilizar seus

públicos interessados sobre a questão ambiental. No entanto, a pesquisa revelou que as

ações ligadas ao meio ambiente continuam fora dos planos das micro e pequenas

empresas.

Na presença destas informações levantadas e baseando-se no referencial teórico,

chega-se a conclusão que as ações promovidas pelas micro e pequenas empresas

associadas à AMPE do centro de Balneário Camboriú encontram-se apenas na fase

inicial da responsabilidade social empresarial e representam os primeiros passos para a

construção da cultura sócio-ambiental. Tendo em vista que as ações são basicamente

filantrópicas e não possuem uma continuidade, ligado ao fato de um baixo

relacionamento entre empresa e seu público interessado.

A empresa socialmente responsável participa ativamente na promoção e no

desenvolvimento de ações sociais e ambientais de maneira contínua, baseada em uma

gestão ética e transparente com todos os públicos com os quais a empresas se relaciona.

Isso implica em ampliar o foco da empresa de um mero agente econômico para um

agente social.

Apesar das ações de responsabilidade social empresarial das MPEs estarem em

sua fase preliminar, isso representa um enorme avanço na cultura das organizações. O

primeiro passo já está sendo efetuado, cabe agora a essas empresas continuarem a

ampliar suas atitudes sociais e construírem uma verdadeira rede de relacionamento com

seu público interessado, a fim de transformarem-se em agentes sociais.

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67

O estudo das ações de responsabilidade social empresarial no ambiente dos

micro e pequenos empresários é de fundamental importância, tanto para a esfera

acadêmica quanto para a área prática da administração. O presente trabalho confronta a

teoria da RSE versus a prática do dia a dia dos pequenos empresários. Abre-se, assim,

um espaço para analisar e discutir como este tema está sendo encarado pelas

organizações, ao passo que permite entender como a responsabilidade social

empresarial se aplica.

Através deste trabalho, espera-se que surjam novos estudos mais profundos que

possam aproximar a realidade à prática. Identificaram-se, nesta pesquisa, as ações de

responsabilidade social empresarial, porém sugere-se que trabalhos futuros possam

entender as principais dificuldades e barreiras para o desenvolvimento desta cultura ou

analisar cada ator do processo e suas contribuições na implementação da RSE. Assim

como medir os impactos das ações sociais das empresas na comunidade local. Este

trabalho também pode contribuir para que a AMPEBC se mobilize junta aos seus

associados e desenvolva ações de responsabilidade social em conjunto, visando

dinamizar a atuação do pequeno e micro e empreendedor na área da responsabilidade

social. A criação de um prêmio anual para as empresas mais cidadãs é outra

possibilidade para incentivar as MPEs as práticas sociais.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Questionário

1. A empresa realizou alguma ação social nos últimos dois anos? (...) Sim (...) Não * Se a resposta for Não pular para a questão 6. 2. Em quais áreas foram realizadas as ações sociais? (...) Saúde (...) Meio Ambiente (...) Segurança (...) Esporte e Cultura (...) Programas para crianças e adolescentes (...) Educação

(...) Caridade e filantropia (...) Proteção aos Animais (...) Programas para idosos (...) Programas para jovens (...) Outros. Qual?............................................

3. De que forma as ações socais são realizadas: (...) Doação em dinheiro (...) Doação em produtos da empresa (...) Doação de alimentos (...) Trabalho Voluntariado dos funcionários e donos

(...) Ceder espaço da empresa (...) Outros. Qual?.............................................

4. Quem são os principais beneficiados das ações sociais da empresa? (...) Instituições de caridade (...) Comunidade (local) (...) Comunidade (distantes) (...) Organizações públicas

(...) Organizações comunitárias (...) Familiares dos empregados (...) Instituições religiosas (...) Outros

5. Qual a freqüência com que as ações sociais são realizadas: (...) Nunca (...) Uma vez por ano (...) Duas vezes por ano (...) Três ou mais vezes por ano

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(...) Ação contínua 6. A empresa atua em parceria com entidades locais buscando influenciar políticas públicas, estabelecendo alianças e participando de redes a fim de maximizar sua contribuição para o desenvolvimento local. (...) Nunca (...) Raramente (...) Às vezes (...) Frequentemente (...) Sempre 7. A empresa realiza ações em favor dos colaboradores além das obrigações legais? (...) Sim (...) Não Qual?..................................................................................................................... 8. A empresa incentiva a participação dos colaboradores na gestão e na construção das decisões estratégicas do negócio? (...) Nunca (...) Raramente (...) Às vezes (...) Frequentemente (...) Sempre 9. A empresa possui algum programa destinado à contratação de deficientes físicos, ex-detentos, idosos ou jovens aprendizes? (...) Sim (...) Não 10. A empresa promove a capacitação ou oferece bolsa de estudo ou similares para a aquisição e aperfeiçoamento do conhecimento? (...) Nunca (...) Raramente (...) Às vezes (...) Frequentemente (...) Sempre 11. Em relação aos cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho a empresa desenvolve algum tipo de campanha ou programa? (...) Nunca (...) Raramente (...) Às vezes (...) Frequentemente (...) Sempre

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Qual? .................................................................................................................. 12. Participa de comitês/conselhos para discutir a questão ambiental da sua região? (...) Nunca (...) Raramente (...) Às vezes (...) Frequentemente (...) Sempre 13. A empresa possui alguma ação, campanha ou programa destinado à melhoria da qualidade ambiental? (...) Sim (...) Não Qual?..................................................................................................................... 14. Busca de alguma maneira sensibilizar os colaboradores e a comunidade local da importância da conservação do meio ambiente. (...) Nunca (...) Raramente (...) Às vezes (...) Frequentemente (...) Sempre 15. Compra apenas produtos devidamente certificados e que não degradam o meio ambiente? (...) Nunca (...) Raramente (...) Às vezes (...) Frequentemente (...) Sempre 16. Em sua opinião qual o motivo que leva as empresas a investirem na responsabilidade social? (...) Colaborar com a sociedade (...) Solicitação de entidades (...) Melhorar a imagem da empresa (...) Dever da empresa (...) Gerar vantagem competitiva perante a concorrência (...) Outros

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17. Qual a maior dificuldade das micro e pequenas empresas para desenvolverem ações de responsabilidade social? (...) Financeira (...) Conhecimento técnico (...) Tempo (...) Falta de incentivo Governamental (...) Outros