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Andre Melech da Silva LESAO DE REABSOR9AO ODONTOCLAsTICA FELINA (LROF) Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinaria da Faculdade de Ciemcias Biol6gicas e da Saude da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial para obten9110 do titulo de Medico Veterinario. Professor Orientador: Dr. Ricardo Maia Orientador Profissionai: Dr. Maria izabel Ribas Valduga Curitiba Novembro/2005

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Andre Melech da Silva

LESAO DE REABSOR9AO ODONTOCLAsTICA FELINA (LROF)

Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinariada Faculdade de Ciemcias Biol6gicas e da Saude daUniversidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial paraobten9110 do titulo de Medico Veterinario.

Professor Orientador: Dr. Ricardo Maia

Orientador Profissionai: Dr. Maria izabel Ribas Valduga

CuritibaNovembro/2005

SUMARIO

LlSTA DE FIGURAS .

RESUMO... .....H.....H..... ...H H H .

iii

iv

1. ETIOPATOGENIA .

2. MANIFESTAC;OES CLiNICAS .....•.................

3. DIAGNOSTICO .

4. CLASSIFICAC;Ao.......... . .

2

3

4

55. TRATAMENTO .

6. CUIDADOS POS-OPERATORIOS

7. CONCLUsAo .

8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .

.............. 5

6

7

LlSTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - LESAo DE REABSOR<;AO NO COLO DISTAL DO PRIMEIRO

MOLAR INFERIOR EM UM GATO.. . .

FIGURA 2 - LESAo DE REABSOR<;Ao ODONTOCLASTICA NO DENTETERCEIRO PRE-MOLAR SUPERIOR 2

FIGURA 3 - IMAGEM DE UMA RADIOGRAFIA INTRA ORAL PERIAPICAL,MOSTRANDO 4°PRE-MOLAR INFERIOR ESQUERDO COM LROF 3

FIGURA 4 - IMAGEM DE UMA RADIOGRAFIA INTRA ORAL PERIAPICAL,COM LROF DE TERCEIRO PRE-MOLAR 3

FIGURA 5 - SONDA DE EXPLORA<;AO............................ 4

FIGURA 6 - SONDA PERIODONTAL 4

iii

RESUMO

A lesao de reabsorc;:ao Odontoclastica dos felinos (LROF) e uma enfermidade

que acomete as porc;:oes organicas e inorganicas dos dentes, mostrando-se como

uma lesao no esmalte, cemento, dentina e envolvendo os ligamentos e estruturas

anexas. A ocorrencia e maior em felinos domesticos, mas ha relatos em leaD

(panthera leo) e Berger, 1996 e Gioso e Rossi junior (2000) relataram a doenc;:a em

grandes felideos (Suc;:uarana e Onc;:as Pintadas). Tambem e conhecida como FROL

(Feline odontoclastic resorptive lesion), neck lesion, cervical line lesions.

iv

LESAo DE REABSORCAo ODONTOCLAsTICA FELINA (LROF)

FONTE: ATLAS DE ODONTOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAlS, 1999. p.21B.

FIGURA 1: LESAO DE REABSOR<;:AO NO COLO DISTAL DO PRIMEIRO

MOLAR INFERIOR EM UM GATO

1, ETIOPATOGENIA

A etiologia da LROF ainda e incerta e muitas provaveis causas ja foram

levantadas: carie, estresse da mastigac;:ao, inflamac;:ao, agentes infeccioso,

desordem do sistema imune, desordem no sistema regulador de calcio, superficie

acid a das rac;:oes para gatos, v6mitos e alterac;:oes de pH e dietas com proporc;:oes

de calcio desbalanceadas (ROZA, 2004).

Porem algumas das teorias citadas sofreram questionamentos que

favoreceram 0 descarte delas.

- V6mitos frequentes: Por esta teoria as lesoes deveriam estar mais localizadas

na face lingual dos dentes, mas sabe-se que a grande maioria esta na face

vestibular, ha menor prevalencia nos animais que mastigam com relac;:ao aos que

engolem rapidamente 0 alimento (GIOSO, 2003).

- Agentes infecciosos: Sabe-se que a maioria dos gatos acometidos por FELV

e FIV frequentemente tem inflamac;:oes orais cronicas; entretanto a maioria dos

2

animais com LROF, testados para estas viroses, apresentam resultados negativos

(ROZA, 2004).

- Inflamac;:ao: Apesar de celulas inflamatorias estarem presentes na maiaria dos

casos de LROF, elas nao necessariamente estao presentes no inicio do processo.

Assim, ela pode ser apenas uma consequencia do processo (ROZA, 2004).

- Carie: Esta teoria surgiu em func;:ao da similaridade entre as les6es com

localizac;:ao de carie interproximal em humanos. A carie e um processo de

desmineralizac;:ao da substancia dentaria par substancias acid as produzidas por

bacterias, diferentemente das alterac;:6es provocadas pela LROF (ROZA, 2004).

2. MANIFESTAC;OES CLiNICAS

As rac;:asmais susceptiveis sao as puras asiaticas (Siames e Persa). Os dentes

mais afetados sao os pre-molares, em seguida os molares, principalmente os

inferiores, mas os incisivos e caninos tambem sao acometidos (GIOSO, 2003),

(ROZA,2004).

A reabsorc;:ao ocorre abaixo da margem da gengiva e narmalmente esta

associ ado com inflamac;:ao gengival, ou muitas vezes recobertas por gengiva

hiperplasica e/ ou hiperemica, placa bacteriana ou calculos (HARVEY & EMILY,

1993), (ROZA, 2004).

A lesao causa dor, anorexia devido a relutancia do animal em se alimentar,

sialorreia, disfagia e desidratac;:ao, mudanc;:as de comportamento (ROZA, 2004).

TERCEIRO PRE-MOLAR SUPERIOR.

3. DIAGNOSTICO:

o diagnostico deve ser feito atraves de uma boa anamnese, dos sinais clinicos

e de um exame clinico detalhado, com 0 paciente sob anestesia geral, e

complementado com radiografias (ROZA, 2004).

No exame clinico um explorador e cuidadosamente inserido no sulco gengival

do dente a procura de irregularidades na superficie radicular (ROZA, 2004).

FIGURA 3: IMAGEM DE UMA RADIOGRAFIA INTRA ORAL PERIAPICAL,

MOSTRANDO 4° PRE-MOLAR INFERIOR ESQUERDO COM

LROF.

FIGURA 4: IMAGEM DE UMA RADIOGRAFIA INTRA ORAL PERIAPICAL,

COM LROF DE TERCEIRO PRE-MOLAR.

4

FIGURA 5: SONDA DE EXPLORAc;:Ao FIGURA 6: SONDA PERIODONTAL

4. CLASSIFICACAo:

As lesoes sao classificadas de acordo com sua origem e grau:

Classificagao quanto a origem:

• Tipo I: inflamat6ria. A sua origem esta associada ao complexo gengivite-

estomatite-faringite, a doenga periodontal ou a lesao endod6ntica. Esta

forma parece ser a menos comum (GIOSO, 2003).

• Tipo II: nao inflamat6ria. Forma mais usual da lesao. Ocorre

freqOentemente anquilose por substituigao de tecido mineralizado do

dente por tecido conjuntivo e posteriormente ossificagao (GIOSO, 2003).

Classificagao quanto ao grau da lesao:

Grau I: As cavitagoes estao restritas a esmalte ou cemento, nao

penetrando mais de 0,5 mm na superficie dentaria (ROZA, 2004).

• Grau II: Lesoes com cavitagoes ja bem maiores, que atingem a dentina,

mas ainda nao penetram 0 sistema endod6ntico (ROZA, 2004).

• Grau III: Lesoes com comprometimento pulpar

• Grau IV: Com envolvimento endod6ntico e perda de grande parte da

coroa do dente (ROZA, 2004).

• Grau V: Lesoes cr6nicas com perda total da coroa dentaria, persistencia

das raizes, muitas vezes recobertas por tecido de granulagao (ROZA,

2004).

5. TRATAMENTO:

o tratamento da LROF e relacionado a seu grau de lesao. 0 tratamento

conservador em geral nao e eficiente, restaura96es a base de ion6mero de vidro sao

eficazes em algumas les6es, porem sao dificeis de serem realizadas devido ao

sangramento excessive da gengiva (GIOSO, 2003).

• Grau I: 0 tratamento consiste na rem09ao das areas afetadas, seguidas

de aplica9ao de fluor.(ROZA, 2003). Para GIOSO (2003), esse

tratamento e controverso.

• Grau II: Restaura9ao com ion6mero de vidro (19% de sucesso apos 2

anos - Lyon, 1992) (GIOSO, 2003).

• Grau III: Essas les6es com envolvimento pulpar praticamente indicam

necessidade de exodontia. A avalia9ao clinica e radiogratica meticulosa

deve ser realizada antes de qualquer procedimento (ROZA, 2004).

• Grau IV: Sao les6es cujo tratamento e a exodontia, que deve ser

realizada com muita cautela, ja que a estrutura coronal esta muito

fagilizada (ROZA, 2004).

• Grau V: Nesse caso os fragmentos radiculares podem estar cobertos

pela gengiva. Se nao ha problemas periodontais e endod6nticos ou

les6es de estomatitei gengivite linfocitico-plasmocitaria associados, os

fragmentos podem ser deixados. Se houver necessidade de serem

retirados, deve-se proceder com cuidado e alavancas adequadas. Em

muitas vezes a pulveriza9ao com brocas de alta rota9ao acaba sendo 0

tratamento de elei9ao (ROZA, 2004).

6. CUIDADOS POS-OPERATORIOS:

Antibioticos e analgesicos devem ser administrados de acordo com 0

procedimento cirurgico realizado. A preven9ao da LROF e dificil ja que sua etiologia

e desconhecida. Os pacientes devem ser reavaliados a cada seis meses e a

alimenta9ao deve ser basicamente composta de ra9ao seca, a fim de minimizar a

forma9ao de placa bacteriana e calculo.

6

7. CONCLUSAO:

Apesar de estudos e esfon;:os de pesquisadores, a sua origem e desconhecida,

provavelmente infecciosa ou auto-imune, as les6es exp6em a dentina ou a polpa,

levando a dor intensa. 0 tratamento conservador nao e eficiente, uma alternativa ao

tratamento conservador e a extrayao.

o diagnostico deve ser afirmado somente com exames fisicos e radiologicos.

8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

GIOSO, M.A. Odontologia Para 0 Clinico de Pequenos Animais. Sao Paulo,

Sao Paulo, leditora 2003, ed. 5, p. 49-53.

HARVEY, C.E.; EMILY, P.P. Small Animal Dentistry. United States of

America, Missouri, Mosby 1993, p. 213-224.

ROMAN, F.S. Atlas de Odontologia de Pequenos Animais. Sao Paulo, Sao

Paulo, Manole 1999, p. 218.

ROZA, M.R. Odontologia em Pequenos Animais. Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, L.F. Livros de Veterinaria 2004, p. 249-252.

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAI

Faculdade de Ciencias Biologicas e da Saude

Curso de Medicina Veterinaria

TRABALHO DE CONCLUsAo DE CURSO(T.C.C.)

CuritibaNovembro/2005

Andre Melech da Silva

RELATORIO DE ESTAGIO CURRICULAR

Relat6rio de Estagio Curricular apresentado ao Curso deMedicina Veterinaria da Faculdade de Ci~ncias Biol6gicas eda Saude da Universidade Tuiuti do Parana, como requisitoparcial para obtenc;:ao do titulo de Medico Veterinario.

Professor Orientador: Dr. Ricardo Maia

Orientador Profissional: Dr". Maria Izabel Ribas Valduga

CuritibaNovembro/2005

ReitorProf" Luiz Guilherme Rangel Santos

Pro-Reitor AdministrativoSr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pro-Reitora AcademicaProf' Carmen Luiza da Silva

Pro-Reitor de PlanejamentoSr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pro-Reitora de Pos-Gradua«ao, Pesquisa e ExtensaoProf" Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini

Secreta rio GeralProf" Joao Henrique Ribas de Lima

Diretor da Faculdade de Ciencias Biologicas e da SaudeProf" Joao Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina VeterinariaProf' Neide Mariko Tanaka

Coordenador de Estagio Curricular do Curso de Medicina VeterinariaProf" Sergio Jose Meireles Bronze

Metodologia CientificaProf' Lucimeris Ruaro

CAMPUS CHAMPAGNATRua .Marcelino Champagnat, 505 - MercesCEP 80.215-090 - Curitiba - PRFone (41) 331-7958

APRESENTAc,;Ao

Este Trabalho de Conclusao de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de

Medicina Veterinaria da Faculdade de CiEmcias Biologicas e de Saude da

Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial para a obtengao do titulo de

Medico Veterinario e composto de um Relatorio de Estagio, no qual sao descritas

as atividades realizadas durante 0 periodo de 01/08 a 30/09/2005, periodo este em

que estive na Clinica Odontocao, localizada no municipio de Curitiba cumprindo

estagio curricular e tambem de uma Monografia que versa sobre 0 tema: "Lesao de

Reabsorc;:ao Odontoclastica Felina" (LROF).

iii

DEDICATORIA

Dedico,

A Deus.

Principalmente a minha mae, pelo incentivo, amor que sempre me ofereceu.

Ao meu pai, meus avos Joao, Leonor e Idalina.

Aos meus tios (as) e primos (as).

Ao Medico Veterinario Dr. Vilmar Rodrigues Farias Lobo e sua familia.

A todos meus amigos.

Amo Voces

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeyo a Deus.

A medica veterinaria Dr. Maria Izabel Ribas Valduga pela oportunidade de estagio

na Odontoc80, pela amizade, conhecimentos e confianya oferecida.

Ao meu orientador Prof'. Dr. Ricardo Maia pel a colaboray80 e auxilio para execuy80

deste trabalho.

A toda equipe e amigos da Clinica Odontoc80.

A todos os professores da Faculdade de Ciencias Biol6gicas da Saude do Curso de

Medicina Veterinaria.

Aos meus amigos de turma do curso de Medicina Veterinaria.

v

Jovem, nao perea tua liberdade.

Seja livre, euidado com 0 muro ao teu redor ame a vida,

Nao tema as difieuldades, pois elas apareeem.

Sorria. 0 leque da vida esta se abrindo ..

Ame abraee a familia.

Negue a dise6rdia.

Seja feliz.

Leonor Cesar Melech

vi

Andre Melech da Silva

RELATORIO DE ESTAGIO CURRICULAR

Relatorio de Estagio Curricular apresentado ao Curso deMedicina Veterinaria da Faculdade de CiE'!ncias Biologicas eda Satlde da Universidade Tuiuti do Parana, como requisitoparcial para obten<;:.:iodo titulo de Medico Veterinario.

Professor Orientador: Dr. Ricardo Maia

Orientador Profissional: Dr". Maria lzabel Ribas Valduga

CuritibaNovembro/2005

SUMARIO

LlSTA DE FIGURAS .

RESUMO

1. INTRODUC;AO.

2. DESCRIC;AO DO LOCAL DO ESTAGIO

3. RELATO DOS CAS OS CLiNICOS .

iii

................................... iv

3.1 Doenr;:a Periodontal..

3.1.1 Revisaa de literatura

3.1.2 Relata de casa clinica

3.2 Fistula Oro-Nasal... . .

1

2

5

5

5

8

11

11

13

16

3.2.1 Revisaa de literatura .

3.2.2 relata de casa clinica .

3.3 Profilaxia Dental ..

3.1.1 Revisaa de literatura 16

3.1.2 Relata de casa clinica 18

3.4 Epulis 21

3.4.1 Revisaa de literatura .

3.4.2 Relata de casa clinica

4.CONCLUSAO .

21

23

26

275. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .

LlSTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - VISTA FRONTAL DA CLiNICA ODONTOcAo .

FIGURA 2 - RECEPyAo .

FIGURA 3 - SALA DE ESPERA

FIGURA 4 - CONSUL TORIO

2

2

2

3

3

FIGURA 6 - CENTRO CIRURGICO 4

FIGURA 5 - LAVABO .

FIGURA 7 - FOTOPOLIMERIZADOR E EQUIPO ODONTOLOGICO 4

FIGURA 8 - FASES DA ENFERMIDADE PERIODONTAL 6

FIGURA 9 - ODONTOGRAMA DA

FIGURA 10 - TECNICA DE RETALHO AVANyADO SIMPLES ..

9

12

12FIGURA 11 - TECNICA DE RETALHO DUPLO .

FIGURA 12 - ODONTOGRAMA DO DADIVOSO.. 14

FIGURA 13 - PASTA DE PEDRA POMES PARA PROFILAXIA E TAyAS DE.. 17

FIGURA 14 - ODONTOGRAMA DO BARTOLOMEU 19

FIGURA 15 - FOTOGRAFIA ANTES DA PROFILAXIA 20

FIGURA 16 - FOTOGRAFIA DEPOIS DA PROFILAXIA . 20

FIGURA 17 - EPULIS FIBROMATOSO.... 21

FIGURA 18 - EPULIS ACANTOMATOSO 22

FIGURA 19 - EPULIS EM DENTE 404.................. 23

FIGURA 20 - ODONTOGRAMA DO RUSKO..... 24

iii

RESUMO

A Clinica Veterinaria Odontocao esta em constante evolu<;:ao e inova<;:ao, ha

quase 10 anos no mercado dispoe de servi<;:os especializados na area de

odontologia, oferecendo aos animais de companhia higiene e tratamento bucal

necessaria para sua saude.

Na ciinica, acompanhava-se as consultas, caletas de exames, procedimentos

cirurgicos. Normalmente eram realizadas em media dais procedimentos par dia, que

variavam de simples profilaxias, doen<;:as periodontais de grau I ao grau V, fraturas

dentais, persistencias de dentes deciduos, ressec<;:oes de nodulos tumorais,

tratamentos de canais e radiografias para avalia<;:ao de denti<;:ao.

Palavras-chave: Odontologia, cavidade oral, higiene.

iv

1. INTRODUCAO:

Os ultimos anos, com 0 surgimento dos grandes centros urbanos cresce uma

classe que busca nos animais de estima9ao companhia e/ou seguran9a. Fica cada

vez mais comum notarmos pessoas que moram sozinhas, mas tem um animalzinho

como companheiro, animais cuidando de casas. Cresce tambem a conscientiza9ao

pela saude dos animais e qualidade de vida. Com 0 mercado cada vez mais

competitivo os profissionais estao buscando especializa90es para que 0 servi90

oferecido seja de melhor qualidade e aqueles profissionais que nao oferecerem

saude, qualidade de vida e longevidade terao cada vez menos espa90. Com surge a

odontologia veterinaria, pelo simples fato que a saude come9a pela boca. No Brasil

no inicio dos anos 90 foi criada a primeira cadeira optativa de odontologia

veterinaria, na Universidade Federal de Uberlandia. A cada dia cresce 0 interesse

dos profissionais a dedicarem seu tempo a odontologia veterinaria. Em Sao Paulo

em 1994, foi inaugurado 0 primeiro servi90 exclusivo de odontologia veterinara da

America Latina e segundo no mundo, 0 ODONTOVET. Em Curitiba Ora. Maria Isabel

Valduga oferece servi90 especializado desde 1997, no Rio de Janeiro encontramos

a Oentalvet, Belo Horizonte a Zoodonto, em Brasilia a CEOV, e na USP contamos

com 0 LOC (Laboratorio de odontologia comparada).

Este relatorio tem por finalidade demonstrar as atividades desenvolvidas

durante 0 estagio curricular obrigatorio do curso de Medicina Veterinaria da

Faculdade de Ciencias Biologicas e da Saude da Universidade Tuiuti do Parana. 0

estagio foi realizado na Odontocao clinica especializada em odontologia veterinaria,

finalizando num total de 322 horas, no periodo de 01/08/2005 a 06//10/2005. Foram

desenvolvidas atividades na area de Odontologia Veterinaria sob supervisao da Dr".

Maria Izabel Ribas Valduga.

2

2. DESCRICAo DO LOCAL DO ESTAGIO:

FIGURA 1 VISTA FRONTAL DA CLiNICA ODONTOcAo

A Odontocao esta localizada na Rua: Brigadeiro Franco, N° 419 - Merces na

cidade de Curitiba / PR. Com ampla recepc;:ao e sala de espera caso 0 proprietario

deseje aguardar 0 procedimento.

FIGURA 2: RECEP<;AO FIGURA 3: SALA DE ESPERA

Possui dois consult6rios equipados com recursos didaticos para uma boa

compreensao do proprietario a respeito do procedimento, vestiario destinado a

equipe realizar a paramentac;:ao cirurgica com toucas, mascaras e avental cirurgico,

uma sala de antissepsia complementar ou lavabo equipada com torneira com

acionamento atraves do pe, sala de esterilizac;:ao e higiene de equipamentos, uma

sala cirlirgica equipada com dois equipos odontol6gicos, duas mesas cirlirgicas para

odontologia, um aparelho de raios-X odontol6gico, caixa escura para revela9ao, um

compressor especial para odontologia, aparelho de anestesia inalat6ria, monitor

multiparametros, oximetro, capin6grafo, pressao nao-invasiva e invasiva,

eletrocardiograma, desfibrilador, fotopolimerizador, instrumentais para exodontia e

endodontia.

FIGURA 4: CONSUL TORIO

FIGURA 5: LAVABO

FIGURA 6: CENTRO CIRURGICO

FIGURA 7 FOTOPOLIMERIZADOR E EQUIPO ODONTOLOGICO

3. RELATO DOS CASOS CLiNICOS

3.1 DOENyA PERIODONTAL

3.1.1 Revisao De Literatura

A doenc;:a periodontal e a enfermidade mais comum em animais domesticos,

onde acomete as estruturas que suportam e protegem 0 dente: gengiva, osso

alveolar, cementa e ligamento periodontal (GIOSO, 2003).

As les5es no periodonto sao causadas pela placa bacteriana, que e um

material pegajoso, amarelado que se forma sobre 0 esmalte dentario e por toda a

boca. Os microorganismos da placa alojam-se sobre toda superflcie dental e,

principalmente, no sulco gengival, onde a limpeza natural, promovida pelo fluxo

salivar, lingua, abrasao dos alimentos e dos labios nao proporciona ac;:ao eficiente

(GIOSO, 2003).

o processo se inicia pela ader€mcia da placa bacteriana a superficie dentaria,

em nivel de coroa e tambem principalmente no sulco gengival onde ficam protegidas

dos agentes que promovem a limpeza natural (ROZA, 2004).

Logo ap6s inicia-se a adesao da primeira camada de bacterias que produzem

glicocalix, substancia semelhante a uma cola, e consequentemente sobre elas

agregam-se mais bacterias, minerais e subprodutos bacterianos. Essa placa sofrera

uma mineralizac;:ao a qual recebera 0 nome de calculo dental (ROZA, 2004).

A presenc;:a de placa bacteriana na area supra gengival e subgengival, leva a

inflamac;;ao da gengiva marginal livre e consequentemente, da gengiva aderida. Em

resposta a essa agressao, a gengiva responde com 0 desencadeamento de uma

reac;;ao inflamat6ria com presenc;;a de edema, vasodilatac;:ao e migrac;:ao celular

(ROZA, 2004).

Se nao houver tratamento adequado, com a remoc;:ao do agente causal 0

processo evolui e invade as estruturas mais profundas de suporte, causando a

periodontite (ROZA, 2004).

Se nao controlada, a periodontite vai levar a perda 6ssea e aumento da bolsa

periodontal, onde ocorre a deposic;:ao continua de placa e ocasionando maior

retrac;:ao gengival (ROZA, 2004).

6

Com a progressao da lesao, mais osso e tecidos moles sao perdidos e 0

ligamento periodontal e separado de seu suporte, 0 dente torna-se luxado no alveolo

e por fim acaba sendo eliminado (GlaSa, 2003).

a sinal mais comum e a halitose, decorrente da putrefagao dos tecidos e

fermentagao bacteriana no sulco ou bolsa periodontal (GlaSa, 2003).

A enfermidade periodontal possui cinco fases.

• Grau I. Gengivite marginal, produzida primariamente por falta de higiene

dental, e reversivel com procedimentos simples e polimento (ROMAN, 1999).

•Grau II. Inicio de edema. Tumefagao da gengiva marginal e inflamagao da

gengiva aderida, e revertida com profilaxia (ROMAN, 1999).

•Grau III. Inicio de formagao de bolsas. A maioria dos casos no inicio desta

fase e reversivel com profilaxia total, raspagem subgengival (ROMAN, 1999).

•Grau IV. Hi! uma res posta inflamatoria severa, formagao de bolsas profundas,

presenga de pus e inicio de perda ossea resultando na mobilidade dos dentes

(ROMAN,1999).

•Grau V. Avangada perda ossea.

as graus IV e V requerem tratamento cirlirgico, para 0 controle perfeito da

enfermidade.

gengiva saudavel gengivite periodontite inicial

inflamacao genqival"~ calculo subgengival

perda6ssea inicial

periodontite moderada perlodontite aV<lInc;ada

Fonte: Ilustracao do quadro demonstrativo Pfiser®

FIGURA 8 FASES DA EN FERMI DADE PERIODONTAL

Se nao houver tratamento, efeitos sistemicos da doenc;:a podem ocorrer. Sendo

um processo cronico, les6es continuas em determinados orgaos poderao causar

insuficiencia de sua func;:ao, acometendo principalmente os rins, 0 figado, as

articulac;:5es, corac;:ao e pulmao (GIOSO, 2003).

o exame para avaliac;:ao de doenc;:a periodontal e baseado na inspec;:ao direta

do orgao dental, na sondagem e explorac;:ao das bolsas e avaliac;:ao radiologica

(ROZA, 2004).

A meta do tratamento periodontal e controlar os microrganismos, restaurar a

anatomia e a fisiologia normal, e evitar nova adesao de placa.(ROZA, 2004)

Os animais de vida livre que se alimentavam de uma dieta natural, precisavam

rasgar e fazer a separac;:ao da sua cac;:a,0 que auxiliava em grande parte a limpeza

dos dentes e da gengiva (HARVEY & EMILY, 1993).

Apos 0 tratamento e necessaria a escovac;:ao diaria dos dentes por toda a vida

do animal (MITCHELL, 2005).

Esta deve ser feita com escovas macias e pasta dental veterinaria, a qual nao

contem fluor ou sabao e nao necessita de enxague. Oferecer osso de couro e

brinquedos mastigaveis, favorecendo a remoc;:ao da placa (ROZA, 2004).

3.1.2 Relato de Caso

Nome do Animal: Soraya

Numero da ficha: 1786

Especie: Can ina

Ra(fa: Yorkshire

Sexo: Femea

Idade: 3 anos e 2 meses

Peso: 2.500g

Anamnese:

No dia 23 de agosto de 2005 0 animal deu entrada na clinica Odontoc8o para

realizar sua primeira avaliag80 odontol6gica, com hist6rico medico saudavel, com

queixa principal de acumulo de "tartaro" e persistencia de deciduo. A alimentag80 do

animal era composta de comida caseira (queijo branco e petiscos), rag80 seca e

ossos artificiais.

Exame Fisico:

o animal possui estado geral bom, oclus8o normal, linfonodos normais. A

cirurgia foi agendada para 0 dia 29 de agosto de 2005 e prescrito medicag80 pre-

cirurgica: Stormogyl®' 2mg por 7 dias e Cetoprofeno transdermico 24 hr antes do

procedimento.

Foram solicitados exames de sangue (hemograma completo, creatinina, ureia,

ALP, proteina total e fosfatase alcalina).

Diagnostico:

Parecer clinico: Periodontite e persistencia de deciduo.

Tratamento recomendado: Periodontal e exodontia.

Avalia(f80 pre-anestesica:

Freqliencia cardiaca: 200 bpm.

1 Espiramicina e metronidazol.2 Alanino-aminotransferase.

9

Frequencia respiratoria: 20 mpm.

Pulso: Forte

TPC: 1s.

MedicaC;80 pre-anestesica: Levomepromazina (0,3 mg/kg) + Fentanil (0,003

mg/kg) 1M as 9:04.

InduC;80: Propofol (5mg/kg) IV as 9:21.

ManutenC;80: Halotano.

Fluidoterapia: Ringer com lactato 8 ml/kg/h.

GV Md IIII Cd III ~Plmm

~~m~,t1ifJt@@ ~vv,174J~ ~e e~ ~ ~'J~1lV \7U~~~

Cd III Cd V Cd I Cd II

Cd: Calculo dental (I, II, III, IV e V)

G: Gengivite (I, II, III, IVe V)

Md: Mobilidade dental (I, II, III)

Bp: Bolsa Periodontal (em mm)

X: Dentes extrafdos

FIGURA 9: ODONTOGRAMA DA SORAYA

Tratamento:

Inicialmente realizou-se a remoC;80 do calculo dentario com a caneta de ultra-

som. Apos a remoC;80 do calculo, os dentes foram po lidos com tac;a de borracha

acoplada a caneta de baixa rotaC;80, utilizando pedra pomes e fluor. 0 polimento tem

a finalidade de tornar os dentes lisos, assim facilitando a remoC;80 natural de placa e

a recidiva do problema.

10

Foi extraido 0 dente canino superior direito (deciduo) pelo metodo da alavanca. Os

dentes terceiro pre-molar superior direito e esquerdo apresentaram gengivite grau

cinco, e os dentes incisivo lateral superior direito, canino superior direito e 0 primeiro

pre-molar superior direito apresentaram gengivite grau dois. 0 dente segundo molar

superior esquerdo apresentou mobilidade dental grau tres e bolsa periodontal com

3mm, 0 qual foi extraido devido ao comprometimento dos ligamentos periodontais.

Medicac;:ao prescrita:

Cetoprofeno transdermico 2,5mg

Gel clorexidine BID por 5 dias

Alimentac;:ao recomendada:

Na data da cirurgia foi recomendada alimenta<;ao pastosa AID Hill's, e

alimentos macios durante tres dias.

Discussao:

Como hoje os animais praticamente se tornaram membros de nossas familias,

oferecemos alimenta<;ao industrializada ou muitas vezes alimenta<;ao caseira, a qual

propicia um maior acumulo de calculo, e para manter os dentes dos animais

saudaveis e necessario 0 controle profilatico.

Esse controle e feito atraves de profilaxia, a qual inclui, raspagem com canetas

de ultra-som, polimento com algum dentifricio geralmente pedra pomes, se a raiz for

afetada e feito raspagem manual com curetas e em seguida realizar 0 aplainamento

da raiz, removendo todo 0 tecido necrosado.

11

3.2 FisTULA ORO-NASAL:

3.2.1 Revisao de Literatura

A fistula oro-nasal e uma comunicayao anormal entre as cavidades oral e

nasal. Geralmente acontece depois da perda do dente canino ou se houver

sangramento do nariz durante algum procedimento de extrayao (HARVEY & EMilY,

1993).

Fistula oro-nasal alveolar e uma complicayao comum da extrayao inadequada

dos caninos superiores e, menos comum, da extrayao err6nea de pre-molares de

caes e gatos. A periodontite, com perda da extremidade do osso vertical, pode

originar uma fistula oro-nasal (ROMAN, 1999).

Fistula oro-nasal traumatica ocorre como resultado de mordidas penetrantes,

desde a cavidade oral ate a fossa nasal e atraves do palato (ROMAN, 1999).

Os sinais mais comuns associados a fistula oro-nasal sao espirros, descarga

nasal mucopurulenta geralmente unilateral, acompanhando a fistula. A introduyao da

sonda periodontal causa epistaxe (ROZA, 2004).

A avaliayao pre-operatoria deve ser rigorosa pois a pneumonia por aspirayao

pode estar associada.

Tres tecnicas principais sao descritas para a correyao deste tipo de fistula:

sutura simples da fistula e flapes de aposiyao simples e dupla (ROZA, 2004).

A tecnica de flapes simples, 0 defeito e corrigido criando um flap e avanyando

com ele por cima do defeito e suturando-o no epitelio palatal de preferencia com fio

absorvivel, realizar dissecayao antes da sutura para que 0 flap nao fique com muita

tensao. 0 reavivamento das bordas facilitarao 0 processo de cicatrizayao (HARVEY

& EMilY, 1993).

E a tecnica de retalho duplo, inicialmente a fistula e coberta com um retalho da

mucosa palatina, em seguida e sobreposto um flap da mucosa labial, recobrindo a

fistula e 0 defeito criado do flap palatino. 0 uso das tecnicas de flaps e satisfatorio

obtendo otimos resultados (HARVEY & EMilY, 1993).

o pos-operatorio deve ser cuidadoso com alimentayao macia de duas a tres

semanas (ROZA, 2004).

Fonte: Atlas de odontologia de pequenos animais, p.240.

FIGURA 10 TECNICA DE RETALHO AVANt:;ADO SIMPLES

Fonte: Atlas de odontologia de pequenos animais, p.240.

FIGURA 11: TECNICA DE RETALHO DUPLO

12

13

3.2.2 Relato de Caso

Nome do Animal: Dadivoso

Numero da ficha: 1773

Especie: Can ina

Rac;a: poodle

Sexo: Macho

Idade: 13 anos e 3 meses

Peso: 2.000g

Anamnese:

No dia 23 de agosto de 2005 0 animal deu entrada na clinica Odontocao, a

proprietaria se queixava que 0 animal senti a dor, possuia halitose e calculo dental, a

proprietaria relatou que levou 0 animal para fazer limpeza em 06/2005 e houve

extrac;:6es. Devido 0 animal ser cardiaco e possuir idade avanc;:ada 0 procedimento

que foi realizado em determinada clinica foi realizado sem uso de anestesia

conforme mencionado pela proprietaria. 0 animal recebia alimentac;:ao de lata AID

Hill's. 0 animal espirrava muito.

Exame Fisico:

Apesar de ser cardiaco, deficiente visual e possuir uma das cabec;:as do femur

amputada 0 animal possui bom estado geral, linfonodos norma is, apresentava fistula

oro-nasal. A cirurgia foi agendada para 0 dia 25 de agosto de 2005 e prescrito

medicac;:ao pre-cirurgica: Stormogyl® 2mg por 7 dias.

Foram solicitados exames de sangue (hemograma completo, creatinina, ureia,

AL T, proteina total e fosfatase alcalina).

Diagnostico:

Parecer clinico: Periodontite grave.

Tratamento recomendado: Exodontia multipla e sutura de fistula.

Avaliac;ao pre-anestesica:

Frequencia cardiaca: 100 bpm.

Frequencia respiratoria: 12 mpm.

1-1

Pulso: Forte

TPC: 1s.

Medicagao pre-anestesica: Levomepromazina (0,1 mg/kg) 1M + Midazolam

(0,15 mg/kg) 1M+ Morfina (0,2 mg/Kg) 1Mas 858.

Indugao: Etomidato (2,5mg/kg) IV as 9:19.

Manutengao: Isoflurano.

Fluidoterapia: Ringer com lactato 10 ml/kg/h

J! EF III+CDV+ ~ Fistula. .)!' Fistula)!'

;a~U ~o~ ".HI (4~~V11It

Cd: Calculo dental (I, II, III, IVe V)

RG: Retragao Gengival (em mm)

EF: Exposigao de Furca (I, II e III)

Bp: Bolsa Periodontal (em mm)

X: Dentes extraidos

FIGURA 12 ODONTOGRAMA DO DADIVOSO

Tratamento:

Inicialmente realizou-se a remogao do calculo dentario com a caneta de ultra-

som. Com a remogao do calculo evidenciou exposigao de furca, bolsa periodontal e

retragao gengival. Foram extraidos os dentes terceiro e quarto pre-molar inferior

direito, primeiro e segundo molar inferior direito e quarto pre-molar superior direito.

Os caninos inferiores e 0 incisivo lateral direito apresentaram bolsas periodontais,

mas foram preservados.

15

A fistula oro-nasal direita foi suturada com 0 metodo de falp gengival simples. E

a fistula esquerda nao possuia comunicac;ao com a cavidade nasal, e devido a

prevenc;oes anestesicas foi mantida em observac;ao.

Medica930 prescrita:

Carproflan + opioide AlC Proprietaria (Veterinaria)

Alimenta930 recomendada:

Foi recomendado alimentac;ao pastosa por 7 dias.

DiscuSS30:

A cicatrizac;ao dos pontos foi excelente e nao ha mais comunicac;ao com a

cavidade nasal. A fistula que foi mantida em observac;ao nao ocorre acumulo de

alimentos, porem a proprietaria sempre realiza a higiene do local, 0 animal adquiriu

250 9 de peso e nao apresenta mais espirros, que eram gerados quando inalava

liquidos provenientes da fistula.

16

3.3 PROFILAXIA DENTAL:

3.3.1 Revisao de Literatura:

Antes de iniciarmos a profilaxia dental, devemos realizar um cuidadoso exame

da cavidade oral com auxilio de sonda periodontal, em busca de outros problemas

(ROMAN, 1999).

Com a exploragao da cavidade oral, devemos tambem observar a cabega no

geral, 0 focinho e orificio nasal. Examinar os ductos das glandulas salivares, os

tecidos linguais e palatinos, a lingua e 0 assoalho da boca, observar 0 odor, a regiao

faringea e amidalas (HOLMSTROM et ai, 1992).

A profilaxia inicia-se com a remogao grosseira do calculo com instrumentos

manuais e mecanicos. Existem dois tipos de aparelhos de Iimpeza ultra-s6nicos

utilizados na eliminagao da placa e do calculo: aqueles cuja a ponta funciona

seguindo um padrao linear (Piezo scalers) e aqueles que seguem um padrao eliptico

(Cavitron types). Preferimos os de padrao linear, porque produzem menor danos ou

escarificagoes no dente, quando usarmos qualquer tipo de aparelho de limpeza

mecanica, devemos ter 0 cuidado de nao utilizarmos diretamente a ponta do

instrumento sobre a superficie do dente, ja que produziremos uma escarificagao

adicional (ROMAN, 1999).

A maioria dos veterinarios nao costuma polir os dentes apos remogao grosseira

da placa e do calculo. Durante a eliminagao da placa e do calculo, manual ou por

meio de instrumentos mecanicos, criamos irregularidades na superficie dental.

Essas irregularidades fazem com que a placa volte a aderir a superficie do dente, de

forma muito mais rapida que em uma superficie pol ida. 0 polimento e um

procedimento muito simples, e necessario 0 usa de uma taga de borracha e uma

pasta profilatica em uma pega de mao a baixa velocidade. Ao usar a taga de

borracha e preciso ter especial cuidado para nao produzir calor excessiv~, podendo

provocar necrose da polpa (ROMAN, 1999).

Apos 0 polimento 0 sulco gengival deve ser irrigado com solugao salina, peroxido de

hidrog€mio a 50% e agua, ou uma solugao anti-septica diluida, a fim de evitar uma

reorganizagao de componentes bacterianos no sulco gengival apos a profilaxia

(ROMAN,1999).

17

A saude bucal exige manutenl(ao e algumas regras de dietas e higiene

apropriada. A escoval(ao frequente dos dentes e essen cia I para a saude dental,

controle da placa e redul(ao da halitose. Nunca devemos utilizar os dentifricios

humanos e 0 bicarbonato de s6dio (ROMAN, 1999).

FIGURA 13: PASTA DE PEDRA POMES PARA PROFILAXIA E TAC;:AS DE

BORRACHA

18

3.3.2 Relato de Caso:

Nome do Animal: Bartolomeu

Numero da ficha: 1802

Especie: Canina

Ra~a: Cocker Spainel

Sexo: Macho

Idade: 9 anos e 11 meses

Peso: 11 Kg

Anamnese:

o animal deu entrada na clinica no dia 14 de setembro de 2005 para realizar

sua primeira avaliagao. 0 proprietario relatava que 0 animal possuia muito "tartaro" e

nao conseguia roer ossos de couro e ragao dura. 0 animal possuia halitose.

Exame Fisico:

o animal possui estado geral bom, oclusao normal, linfonodos normais. A

cirurgia foi agendada para 0 dia 19 de setembro de 2005 e prescrito medicagao pre-

cirurgica: Spiraphar® 10 mg por 5 dias.

Foram solicitados exames de sangue (hemograma completo, creatinina, ureia,

AL T, proteina total e fosfatase alcalina)

Diagnostico:

Parecer clinico: Acumulo de calculo.

Tratamento recomendado: Profilatico.

Avalia~ao pre-anestesica:

Frequencia cardiaca: 80 bpm.

Frequencia respiratoria: 15 mpm.

Pulso: Forte

TPC: 1s.

Medicagao pre-anestesica: Levomepromazina (0,3 mg/kg) + Morfina (0,1

mg/kg) 1Mas 1007 h.

Indugao: Propofol (5mg/kg) IV as 10:25 h.

19

Manuten<;:ao: Isofluorano.

Fluidoterapia: Ringer com lactato 10 ml/kg/h.

COli COli

~~W~M~~ ~~ ~~~q(f~~~ ~m~f7.$tR3f]\j ~VV!7J\~ we ij~ ~ ~'J Q\)ilV 6U~~~

CDII COl CDII

Cd: Calculo dental (I, II, III, IV e V)

Md: Mobilidade dental (I, II, III)

X: Dentes extraidos

FIGURA 14: ODONTOGRAMA DO BARTOLOMEU

Tratamento:

Realizou-se a remo<;:ao do calculo dentario com a caneta de ultra-som. Apes a

remo<;:ao do calculo, os dentes foram polidos com ta<;:a de borracha acoplada acaneta de baixa rota<;:ao, utilizando pedra pomes e fluor.

MedicaC30 prescrita:

Spiraphar' 10 mg SIDI 5dias.

AlimentaC30 recomendada:

Na data da cirurgia foi recomendada alimenta<;:ao pastosa AID HiWs, apes nao

houve restri<;:6es alimentares.

Discuss30:

A profilaxia ao contrario que muitas pessoas pensam, nao significa a mesma

coisa que tratamento periodontal, a profilaxia e uma medida de contrale do acumulo

J Espiramicina e Dirnetridazol

20

de calculo e placa bacteriana afim de evitar 0 envolvimento do period onto. A

profilaxia e feita quando 0 animal possui quantidades baixas de acumulo da calculo

e sao facilmente removidos com a caneta de ultra-som, sem a necessidade de

realizar raspagens subgengivais. 0 procedimento dura em torno de 20 minutos.

FIGURA 15: FOTOGRAFIA ANTES DA PROFILAXIA

FIGURA 16: FOTOGRAFIA DEPOIS DA PROFILAXIA

21

34 EPULIS

34.1 Revisao de literatura:

Os epulis sao neoplasias de origem periodontal, que se dividem em tres tipos,

segundo sua caracteristica histol6gica: fibromatosos, ossificantes e acantomatosos.

Nao se conhece nenhuma predisposigao de raga ou sexo. Mas foi determinada uma

predisposigao familiar no Boxer (ROMAN, 1999).

o epulis fibromatoso apresenta-se como uma massa firme, de superficie lisa,

pedunculada que se estende pelo sulco gengival (ROZA, 2004).

Embora seja uma neoplasia benigna e nao tenha desenvolvimento invasiv~, em

alguns casos se estende e engloba 0 dente (ROMAN, 1999).

FIGURA 17 EPULIS FIBROMATOSO

o epulis ossificante apresenta 0 mesmo comportamento biol6gico que 0 epulis

fibromatoso, mas neste destaca-se 0 componente oste6ide. Sao duros e dificeis de

serem cortados (ROMAN,1999).

Tanto 0 ossificante como 0 fibromatoso a intervengao cirlirgica s6 e indicada se

a massa estiver interferindo na mastigac;:ao (ROMAN, 1999).

o epulis acantomatoso, mostra-se como uma massa r6sea carnosa com areas

de ulcerac;ao ou coberta por uma membrana mucosa intacta (ROZA, 2004).

o epulis acantomatoso atinge comumente a porc;ao mais rostral da mandibula,

na regiao dos incisivos, embora possam localizar-se em qualquer parte da arcada

dentaria. 0 comportamento biol6gico dessa neoplasia e caracterizado por ser

localmente agressiva e causar lise e ossos adjacentes (ROMAN, 1999).

FIGURA 18 EPULIS ACANTOMATOSO

Essas neoplasias tem sido tratadas com bons resultados par meio de

radioterapia, criocirurgia e excisao cirurgica. Os epulis acantomatosos recidivam com

frequEmcia no local da excisao, caso tenha ocorrido uma incompleta eliminac;ao do

mesmo. A maxilectomia ou mandibulectomia parcial podem estar indicadas

(ROMAN,1999).

3.4.2 RELATO DE CASO:

Nome do Animal: Rusko

Numero da ficha: 1736

Especie: Canina

Ra"a: Labrador

Sexo: Macho

Idade: 6 anos

Peso: 51 Kg

Anamnese:

o animal deu entrada na clinica no dia 01 de agosto de 2005 para realizar sua

primeira avaliac;:ao. 0 proprietario relatava que 0 animal possuia aumento de gengiva

sobre 0 canino inferior, observado a seis meses e esta aumentando. 0 animal

recebia alimentac;:ao caseira e rac;:ao.

FIGURA 19: EPULIS EM DENTE 404

Exame Fisico:

o animal possui estado geral born, oclusao normal, linfonodos normais,

aumento de volume gengival. A cirurgia foi agendada para 0 dia 17 de outubro de

2005 e ("prescrito medicac;:ao pre-cirurgica: Spiraphar® 10 mg por 5 dias").

24

Foram solicitados exames de sangue (hemograma completo, creatinina, ureia,

AL T, proteina total e fosfatase alcalina).

Diagnostico:

Parecer clinico: N6dulo em dente canino inferior direito.

Tratamento recomendado: Profilaxia + ressecg30 cirurgica + histopatol6gico.

Avaliayao pre-anestesica:

Freqliencia cardiaca: 100 bpm.

Freqliencia respirat6ria: 22 mpm.

Pulso: Forte

TPC: 1s.

Medicag30 pre-anestesica: Acepromazina (0,05 mg/kg) + Tramadol (1mg/kg) as

09:56.

Indug30: Propofol (5mg/kg) IV as 10:31.

Manuteng30: Halotano.

Fluidoterapia: Fisiol6gico 10 ml/kg/h.

CD II CD I CD I CD I CD I CD II

~~W~M'~~~g~~4~ M ®m'tJ,~ ,It .....:. ,.... 'u u: .01

Cd: Calculo dental (I, II, III, IV e V)

E: Ausencia dentaria.

FIGURA 20 ODONTOGRAMA DO RUSKO

25

Tratamento:

Inicialmente realizou-se a remo<;:ao do calculo dentario com a caneta de ultra-

som. Ap6s a remo<;:ao do calculo, os dentes foram polidos com ta<;:a de borracha

acoplada a caneta de baixa rota<;:ao, utilizando pedra pomes e fluor. Ap6s a profilaxia

e higiene dos dentes, iniciou-se a ressec<;:ao do n6dulo. A ressec<;:ao foi realizada

com bisturi.

Medica!(30 prescrita:

Cetoprofeno 20 mg 2+1/2 comprimido 24h p6s cirurgia e clorexidina gel Bid por

3 dias.

Alimenta!(30 recomendada:

Na data da cirurgia foi recomendada alimenta<;:ao pastosa AID Hill's, e

alimentos macios durante tres dias.

DiscuSS30:

o caso acompanhado optou-se pela ressec<;:ao com bisturi a frio, pois essa

tecnica possui uma cicatriza<;:ao melhor do que a feita com 0 bisturi eletr6nico. 0

animal esta em observa<;:ao, caso haja recidiva do n6dulo sera realizado a

mandibulectomia obedecendo a margem de seguran<;:a para que anule a recidiva.

26

4. CONCLUSAO:

o est<3gio curricular e 0 momento em que devemos colocar em pratica os

conhecimentos adquiridos e e 0 meio de sentirmos a realidade da profissao, e

descobrir a afinidade com determinada area de atuac;:ao.

Com a realizac;:ao do meu estagio curricular na Odontocao, tive a oportunidade

de adquirir conhecimento e conviver neste curto periodo com profissionais altamente

qualificados.

Em relac;:ao ao estagio curricular meus objetivos foram alcanc;:ados,

27

5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

GIOSO, M.A. Odontologia Para 0 Clinico de Pequenos Animais. Sao Paulo,

Sao Paulo, leditora 2003, ed. 5, p. 49-53.

HARVEY, C.E.; EMILY, P.P. Small Animal Dentistry. United States of

America, Missouri, Mosby 1993, p. 213-224.

HOLMSTROM, S.E; FROST,P; GAMMON, R.L. Tecnicas dentales de

pequeiios animales. Atlampa, Mexico, Interamericana, 1992, p.106-136.

MITCHELL, P.Q. Odontologia de Pequenos Animais. Sao Paulo, Sao Paulo,

Roca 2005, p. 50.

ROMAN, F.S. Atlas de Odontologia de Pequenos Animais. Sao Paulo, Sao

Paulo, Manole 1999, p. 218.

ROZA, M.R. Odontologia em Pequenos Animais. Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, L.F. Livros de Veterinaria 2004, p. 249-252.