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A Constituio das Fronteiras Martimas Brasileiras: do Mar Territorial Amaznia Azul

Andrea Ribeiro Mendes 2006

Andrea Ribeiro Mendes

A CONSTITUIO DAS FRONTEIRAS MARTIMAS BRASILEIRAS: DO MAR TERRITORIAL AMAZNIA AZUL

Dissertao de Mestrado apresentada Escola Nacional de Cincias Estatsticas, para obteno do Ttulo de Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais.

rea

de

Concentrao:

Populao,

Sociedade e Territrio. Teoria e Pesquisa Interdisciplinar.

Orientador: Prof. Dr. Eli Alves Penha

Rio de Janeiro (RJ) 2006

i

AGRADECIMENTOS A Deus e Deusa sobre todas as coisas Essa pesquisa foi iniciada no curso de Graduao da UERJ e se desenvolve atravs desta dissertao de Mestrado, sem dvida nenhuma, graas ao apoio do Professor Doutor Eli Alves Penha, mais do que orientador, um grande amigo capaz de conciliar as crticas necessrias com as palavras de incentivo, sem as quais teria sido muito difcil prosseguir. Ao Almirante Armando Amorim Ferreira Vidigal, pela colaborao inestimvel atravs de sua entrevista extremamente esclarecedora e pela cesso do livro Amaznia Azul, antes mesmo de sua impresso oficial. Ao Comandante Alexandre Tagore Medeiros de Albuquerque, pelo esclarecimento de diversas dvidas e pela doao do livro contendo a Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar, em sua verso para a lngua portuguesa. Ao senhor Jairo Marcondes de Souza, da PETROBRS, pelas prestimosas informaes. Aos conhecimentos provenientes das aulas e orientaes de todos os professores do Mestrado da ENCE, em especial, Nelson Senra, Maria Salet Novellino, Neide Patarra e Lavnia Pessanha, verdadeiros facilitadores do conhecimento. Aos inesquecveis professores da graduao, da UERJ, que

acompanharam a evoluo da pesquisa, em especial o Professor Alexandre Mello, Joo Baptista, Miguel ngelo Ribeiro, Susana Pacheco, Hindenburgo Francisco Pires e Aureanice de Mello Correa. Ao Sr. Cleiton, bibliotecrio da Bibliex, por sua pacincia e competncia. Agradeo ao apoio das amigas do magistrio, Maria de Lourdes Tertuleano e Vera Alvarenga e equipe de trabalho do CEDERJ, Edme Nunes Salgado e Stella Alves Rocha, todas igualmente compreensivas quanto aos distanciamentos. s funcionrias da ENCE, Sueli, Fernanda e Marilene, cuja desenvoltura nas questes burocrticas foram essenciais ao longo e no final do curso. amiga de todas as horas Marina Rocha.

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DEDICATRIA

Dedico esse trabalho a Maurcio, Arthur, Fernanda e Guilherme.

perseverana dos apaixonados pelo Brasil e pelo mar.

A meu pai, meu tio e ao meu sogro (in memorian).

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Resumo

A Conveno das Naes Unidas Sobre o Direito do Mar, reunida na Jamaica em 1982, determinou aos pases com interesses em suas reas costeiras e marinhas o reconhecimento e a apresentao dos recursos nelas contidos. Alm disso, estipulou um ordenamento jurdico questo dos limites martimos, contados a partir da costa. No caso brasileiro, o Mar Territorial passou a ter 12 milhas, representando rea de soberania absoluta do Estado; a Zona Contgua, soberania parcial, e a Zona Econmica Exclusiva -ZEE- (188 milhas, incluindo a zona contgua). A Conveno tambm admitiu que a Plataforma Continental jurdica possa estender-se alm das 200 milhas da ZEE, aumentando a propriedade econmica brasileira em at 350 milhas martimas e proporcionando ao pas uma rea equivalente a cerca de 50% de seu valor territorial. A essas reas somadas, incluindo a ZEE e a Plataforma Continental, a Marinha do Brasil denomina de Amaznia Azul. O enfoque desta pesquisa est exatamente sobre os aspectos relacionados ao aproveitamento social, econmico e poltico dos limites martimos brasileiros, no perodo atual, enfatizando a sua relevncia para a consolidao da soberania nacional, assim como para a geopoltica brasileira do Atlntico Sul. A anlise considerar o levantamento sobre os recursos biticos e abiticos disponveis, apresentado pelos rgos coordenadores de projetos investigativos do Brasil, como o LEPLAC (Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira) e o REVIZEE (Programa de Avaliao do Potencial Sustentvel dos Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva). Assim, objetiva-se compreender como a sociedade e Governo beneficiam-se de seus consolidados espaos geogrficos, assim como podero efetivar as suas reivindicaes, relacionadas ampliao das guas territoriais Palavras-chaves: geopoltica, mar territorial, limites martimos, soberania.

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SUMRIO

Lista de Tabelas Lista de Figuras Resumo Abstract ndice Introduo I Geografia Marinha e Direito do Mar III O Domnio do Mar: Conflitos e Distenses no Estabelecimento dos Limites Martimos IV A Geografia Costeira Brasileira e a Constituio do Mar Territorial no Brasil V Levantamento dos Recursos do Espao Martimo Brasileiro Consideraes Finais Bibliografia Citada Anexos

viii viii x xi xii 01 10 39

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CAPTULO 1- GEOGRAFIA MARINHA E DIREITO DO MAR

Neste captulo pretendemos descrever a poro da superfcie terrestre coberta pelos oceanos e mares, incluindo o relevo submarino, a fim de caracterizar o espao ocenico e seus limites fisiogrficos. Tal descrio se faz necessria, uma vez que, sob o ponto de vista cientfico, as propriedades dos oceanos e da gua do mar determinam o uso e a apropriao desses espaos pelo homem. Geografia, ento, interessa o estudo dos oceanos, seja nos seus aspectos fsicos, atravs da Biologia, Climatologia, Qumica, Geologia, alm da Oceanografia, seja nos seus aspectos sociais, na qual o espao ocenico estudado sob o prisma de sua inter-relao com os processos econmicos e polticos mundiais. Sob esse ponto de vista, podemos considerar que o elemento marinho pode ter uma funo negativa como obstculo ao mesmo tempo poltico e militar, o que implicou na separao dos povos desde os tempos primitivos e positiva, como fonte de riquezas e como meio de circulao, permitindo uma maior integrao entre as sociedades. Quanto a essa temtica, o uso poltico do meio marinho, ser feita uma discusso mais precisa na segunda parte desse captulo, onde pretendemos apresentar a evoluo das questes inerentes ao Direito Martimo, em uma anlise que abrange desde as primeiras reivindicaes at as conferncias internacionais realizadas sobre o tema. A apreenso dos espaos marinhos como estratgicos, visando objetivos econmicos e de controle por parte da sociedade, sob a perspectiva de sua potencialidade, pauta de anlise da Geopoltica - (...) a poltica aplicada aos espaos geogrficos (MEIRA MATTOS, 1977: 84), ferramenta imprescindvel para essa pesquisa. Por Geopoltica podemos ainda entender (...) o reconhecimento (...) da potencialidade poltica e social do espao, ou seja, a do saber sobre as relaes entre espao e poder. (BECKER, 1988: 100); a concepo dos aspectos sociais ocorridos no espao, considerando, sem

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CAPTULO 2 O DOMNIO DO MAR: CONFLITOS E DISTENSES NO ESTABELECIMENTO DOS LIMITES MARTIMOS

Em funo das caractersticas do elemento marinho pode-se deduzir a sua fluidez, ou seja, a facilidade com que os limites nele estabelecidos so modificados, com capacidade de se dilatar e encolher, acarretando vrias conseqncias de natureza poltica. Utilizando a perspectiva histrica, o mar no pertencia a ningum, ou res nullius, tal como ficou consagrada essa expresso pelo direito martimo internacional e que, entretanto, cairia em desuso quando as civilizaes da Antiguidade passaram a proclamar soberania sobre o espao martimo tal como o faziam em terra. Mais recentemente, essas formas de apropriao foram denominadas por Mitchell (2000), como territorializao do espao ocenico, conceito subentendido na Proclamao de Truman de 28 de setembro de 1945, provocando profundas mudanas na maneira como o Direito do Mar vinha se constituindo desde ento, apoiado no princpio da liberdade de navegao. O motivo alegado pelos Estados Unidos a descoberta de depsitos de petrleo e gs natural na plataforma continental norte-americana, traduziu um novo entendimento do espao ocenico, por exibi-lo como palco de atividades exploratrias, potencializadas pela tecnologia em desenvolvimento e, cenrio de conflitos relativos s premissas de domnio martimo, por parte dos tericos geopolticos anglo-saxes. Essa realidade garante a percepo do mar como um prolongamento do continente, posto que as aes l ocorridas so reflexos das surgidas em terra. Considerando estas temticas, pretendemos neste captulo discutir alguns dos fatores determinantes ao estabelecimento das jurisdies martimas face ao processo histrico de expanso das fronteiras no mar, consubstanciado no conceito de Mar Territorial. Em seguida, apresentar as Convenes realizadas acerca da delimitao das zonas martimas, enfatizando as diferenas entre o Mar Territorial e a ZEE (Zona Econmica Exclusiva), fundamentadas pela III

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CAPTULO 3 A GEOGRAFIA COSTEIRA BRASILEIRA E A CONSTITUIO DO MAR TERRITORIAL NO BRASIL

Este captulo descreve o litoral brasileiro, interrelacionando os fatores fundamentais determinantes da morfologia litornea s reivindicaes de expanso jurdica dos limites martimos, alm de considerar suas caractersticas sob o ponto de vista geopoltico. Segue-se a apresentao de um histrico sobre a formao dos limites martimos nacionais, em especial do Mar Territorial, apreciando o que anteriormente foi abordado sobre a constituio do Direito Martimo.

3.1 Caractersticas Fisiogrficas do Litoral Brasileiro Com uma superfcie de 8 547 403,5 km2, o Brasil ocupa quase a metade da superfcie da Amrica do Sul, limitando-se ao Norte com a Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Caribe; a Leste com o Atlntico Sul; a Oeste, com a Argentina, Paraguai, Bolvia e Peru e Oceano Atlntico; ao Sul, com o Uruguai; a Oeste, com a Argentina, Paraguai, Bolvia e Peru e, a Noroeste, com a Colmbia, sendo seu litoral leste. A costa brasileira se estende pelo Oceano Atlntico, cobrindo 7.367 Km2, banhado pelo Atlntico. Possui vrias ilhas ocenicas, destacando-se as de Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindade. O Pas tem fronteiras comuns com todas as naes da Amrica do Sul, exceo do Chile e do Equador e desenha-se como um losango achatado ao norte, nas latitudes equatoriais, que se projeta para o estreito do Atlntico - pelo saliente do Nordeste e para os macios andinos - pela floresta Amaznica. Pelo fato de seus pontos extremos (N - S e L - O) serem eqidistantes entre si, o territrio brasileiro possui formato compacto. cortado por duas grandes bacias hidrogrficas, a do Amazonas e a do Rio da Prata, e por uma de mdio porte, a bacia do So Francisco, alm de outras; o pas detm o privilgio de escoar no momento em que o recurso se torna mais escasso - 12% da gua doce do planeta, dos quais 80% so da bacia Amaznica (CNIO, 1999).

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Captulo 4 Levantamento dos Recursos do Espao Martimo Brasileiro A promulgao da Lei 8617/93 no Brasil, como vimos no captulo anterior, foi uma das conseqncias da III Conveno das Naes Unidas Sobre o Direito do Mar (CNUDM) e atravs dela foram estabelecidos os limites martimos descritos anteriormente. Alm da instituio de um Mar Territorial abrangendo uma faixa de doze milhas martimas e a inovao representada pela ZEE, a III Conveno trouxe outras implicaes para o Brasil. A criao do Projeto LEPLAC - Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira - responsvel pela concepo do conceito Amaznia Azul, divulgado por setores da Marinha brasileira e cuja conseqncia direta para o Brasil a incorporao, a sua jurisdio, de extensas reas ocenicas alem dos limites das duzentas milhas (VIDIGAL, 2005), atravs do levantamento de informaes acerca do limite externo da plataforma; a instituio da Poltica Martima Nacional (PMN), objetivando o desenvolvimento das atividades martimas brasileiras; o IV Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM), tratando das atividades de pesquisa e prospeco dos recursos martimos no pas, complementando planos anteriores, e o Programa REVIZEE (Avaliao do Potencial Sustentvel de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva), conseqncia do IV PSRM so as principais delas. A Comisso Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), criada em 1974 e regulamentada em 2001, tem por finalidade coordenar os assuntos relacionados consecuo da Poltica Nacional para os Recursos do Mar (PNRM), que, por sua vez, objetiva o desenvolvimento de atividades voltadas utilizao, explorao e aproveitamento dos recursos vivos, minerais e energticos do Mar Territorial, da Zona Econmica Exclusiva e da Plataforma Continental. Este captulo ir descrever sucintamente o Projeto LEPLAC e o REVIZEE, alm de apresentar em sua ltima parte do captulo, as riquezas contidas no mar brasileiro, incluindo o transporte nele desenvolvido.

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CONSIDERAES FINAIS

A anlise da constituio dos limites martimos esteve presente em vrios estudos embasados por diferentes abordagens tericas. As sucessivas

modificaes ocorridas acerca das leis que regulamentam o estabelecimento dos limites martimos e os diretos dos Estados sobre cada um desses direitos, estiveram na pauta do Direito Privado e posteriormente do Direito Pblico, comandando as relaes econmicas e tambm polticas entre as naes. A Geografia encarregou-se de analisar a localizao e a posio dos Estados e esteve a servio da elaborao de estratgias que corroboraram o seu poderio naval. A Histria encarregou-se de mostrar a evoluo dos limites marinhos traados ao longo dos tempos. A idia de liberdade no mar esteve antagnica idia de soberania das naes, sobretudo sob o ponto de vista daquelas que sentiam sua influncia ameaada pela hegemonia dos Estados Martimos, prenhes de poderio naval, e aptos a explorar os litorais alheios. Inicialmente apoiados pelo no

reconhecimento de uma ordem jurdica nos oceanos, os pases do mundo viramse cooptados por uma nova ordem, ditada no s pelas relaes comerciais mas tambm pela demanda gerada pelos Estados que moldavam-se necessidade de incorporar parte do mar ao seu territrio. Assim, medida que novas reivindicaes por parte das naes surgiram, novas abordagens foram integradas viso anterior do mar como um espao sem-lei. Em face da imperiosa necessidade de suprir a demanda de matrias-primas, encontradas em graus variveis de esgotamento nos continentes, criaram-se leis a fim de racionalizar os diferentes usos dos mares. A recente realidade resulta perfeitamente da crescente dependncia sobre os recursos do mar e a urgncia de incorporar espaos estratgicos. Tal atitude careceu e ainda carece bastante de apoio tcnicocientfico e o resultado das novas incorporaes servem de estudo Geopoltica. Ao analisar a evoluo desse quadro, como o procuramos fazer no captulo Geografia Marinha e Direito do Mar, observamos a realizao de acordos que institucionalizam os limites e que concerniram, temporariamente, um carter

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BIBLIOGRAFIA CITADA

ALBUQUERQUE, Alexandre T. M. de. O Brasil e os Novos Espaos Martimos. In: Revista da Marinha Brasileira. v. 114, n. 4/6. Rio de Janeiro, 1994.

AGNCIA NACIONAL DE GUAS - MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE. A Navegao Interior e sua Interface com o Setor de Recursos Hdricos. Braslia, 2005.

BECKER, Bertha K. O Uso Poltico do Territrio: questes a partir de uma viso do terceiro mundo. In: Abordagens Polticas da Espacialidade. Rio de Janeiro, UFRJ, 1983.

_______. A Geografia e o Resgate da Geopoltica. In: Revista Brasileira de Geografia. ano 50. IBGE, 1988.

BACKHEUSER, Everardo. Curso de Geopoltica Geral e do Brasil. Rio de Janeiro, Bibliex,1952

BONAVIDES, Paulo. Cincia Poltica. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 1978

BUSTANI, Jos M.. A Pesquisa Cientfica Marinha de Genebra a Caracas: Uma Cincia sob Suspeita IV Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco do Ministrio das Relaes Exteriores. Braslia, 1981.

CABRAL, Milton. As Novas Fronteiras do Mar. Senado Federal, Braslia, 1981.

CAIXETA-FILHO, J. V. & GARMEIRO, A. H. (organizadores). Transporte e Logstica em Sistemas Agroindustriais. Atlas, So Paulo, 2001.

CMARA, Joo Batista D. & SANTOS, Thereza C. C. (organizadores). GEO Brasil: Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Edies IBAMA, Braslia, 2002.

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CONSIDERAES FINAIS

A anlise da constituio dos limites martimos esteve presente em vrios estudos embasados por diferentes abordagens tericas. As sucessivas

modificaes ocorridas acerca das leis que regulamentam o estabelecimento dos limites martimos e os diretos dos Estados sobre cada um desses direitos, estiveram na pauta do Direito Privado e posteriormente do Direito Pblico, comandando as relaes econmicas e tambm polticas entre as naes. A Geografia encarregou-se de analisar a localizao e a posio dos Estados e esteve a servio da elaborao de estratgias que corroboraram o seu poderio naval. A Histria encarregou-se de mostrar a evoluo dos limites marinhos traados ao longo dos tempos. A idia de liberdade no mar esteve antagnica idia de soberania das naes, sobretudo sob o ponto de vista daquelas que sentiam sua influncia ameaada pela hegemonia dos Estados Martimos, prenhes de poderio naval, e aptos a explorar os litorais alheios. Inicialmente apoiados pelo no

reconhecimento de uma ordem jurdica nos oceanos, os pases do mundo viramse cooptados por uma nova ordem, ditada no s pelas relaes comerciais mas tambm pela demanda gerada pelos Estados que moldavam-se necessidade de incorporar parte do mar ao seu territrio. Assim, medida que novas reivindicaes por parte das naes surgiram, novas abordagens foram integradas viso anterior do mar como um espao sem-lei. Em face da imperiosa necessidade de suprir a demanda de matrias-primas, encontradas em graus variveis de esgotamento nos continentes, criaram-se leis a fim de racionalizar os diferentes usos dos mares. A recente realidade resulta perfeitamente da crescente dependncia sobre os recursos do mar e a urgncia de incorporar espaos estratgicos. Tal atitude careceu e ainda carece bastante de apoio tcnicocientfico e o resultado das novas incorporaes servem de estudo Geopoltica. Ao analisar a evoluo desse quadro, como o procuramos fazer no captulo Geografia Marinha e Direito do Mar, observamos a realizao de acordos que institucionalizam os limites e que concerniram, temporariamente, um carter

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ANEXO I

Presidncia da Repblica Subchefia para Assuntos Jurdicos LEI N 8.617, DE 4 DE JANEIRO DE 1993. Dispe sobre o mar territorial, a zona contgua, a zona econmica exclusiva e a plataforma continental brasileiros, e d outras providncias. O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: CAPTULO I Do Mar Territorial Art. 1 O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas martima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas nuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil. Pargrafo nico. Nos locais em que a costa apresente recortes profundos e reentrncias ou em que exista uma franja de ilhas ao longo da costa na sua proximidade imediata, ser adotado o mtodo das linhas de base retas, ligando pontos apropriados, para o traado da linha de base, a partir da qual ser medida a extenso do mar territorial. Art. 2 A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espao areo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. Art. 3 reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. 1 A passagem ser considerada inocente desde que no seja prejudicial paz, boa ordem ou segurana do Brasil, devendo ser contnua e rpida. 2 A passagem inocente poder compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam

ANEXO III DECLARAO FEITA PELO GOVERNO BRASILEIRO AO ASSINAR A CONVENO DAS NAES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR EM MONTEGO-BAY, JAMAICA, EM 10 DE DEZEMBRO DE 1982

i.

A assinatura em nome do Brasil ad referundum da ratificao da Conveno de conformidade com os procedimentos constitucionais brasileiros, que incluem a aprovao pelo Congresso Nacional. O Governo brasileiro entende que o regime aplicado na prtica nas reas martimas adjacentes s costas do Brasil compatvel com as disposies da Conveno. O Governo brasileiro entende que as disposies do artigo 301, que probe qualquer ameaa ou uso da fora contra a integridade territorial ou a independncia poltica de qualquer Estado, ou de qualquer outro modo incompatvel com os princpios de direito internacional contidos na Carta das Naes Unidas se aplicam, em particular as reas martimas sob a soberania ou a jurisdio do Estado costeiro. O Governo brasileiro entende que as disposies da Conveno no autorizam outros Estados a realizar na zona econmica exclusiva exerccios ou manobras militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivos, sem consentimento do Estado costeiro. O Governo brasileiro entende que, de acordo com as disposies da Conveno, o Estado costeiro tem, na zona econmica exclusiva e na plataforma continental, o direito exclusivo de construir e de autorizar e regulamentar a construo, operao e uso de todos os tipos de instalaes e estruturas, sem exceo, qualquer que seja sua natureza ou finalidade. O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental, alem da distncia de duzentas milhas martimas das linhas de base, at o limite exterior da sua margem continental, tal como definido no artigo 76.

ii.

iii.

iv.

v.

vi.

Reproduzido de O Brasil e o Novo Direito do Mar (Ver referncia).

ANEXO I

Presidncia da Repblica Subchefia para Assuntos Jurdicos LEI N 8.617, DE 4 DE JANEIRO DE 1993. Dispe sobre o mar territorial, a zona contgua, a zona econmica exclusiva e a plataforma continental brasileiros, e d outras providncias. O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: CAPTULO I Do Mar Territorial Art. 1 O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas martima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas nuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil. Pargrafo nico. Nos locais em que a costa apresente recortes profundos e reentrncias ou em que exista uma franja de ilhas ao longo da costa na sua proximidade imediata, ser adotado o mtodo das linhas de base retas, ligando pontos apropriados, para o traado da linha de base, a partir da qual ser medida a extenso do mar territorial. Art. 2 A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espao areo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. Art. 3 reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. 1 A passagem ser considerada inocente desde que no seja prejudicial paz, boa ordem ou segurana do Brasil, devendo ser contnua e rpida. 2 A passagem inocente poder compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam

incidentes comuns de navegao ou sejam impostos por motivos de fora ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxlio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. 3 Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estaro sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. CAPTULO II Da Zona Contgua Art. 4 A zona contgua brasileira compreende uma faixa que se estende das doze s vinte e quatro milhas martimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Art. 5 Na zona contgua, o Brasil poder tomar as medidas de fiscalizao necessrias para: I - evitar as infraes s leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigrao ou sanitrios, no seu territrio, ou no seu mar territorial; II - reprimir as infraes s leis e aos regulamentos, no seu territrio ou no seu mar territorial. CAPTULO III Da Zona Econmica Exclusiva Art. 6 A zona econmica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze s duzentas milhas martimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Art. 7 Na zona econmica exclusiva, o Brasil tem direitos de soberania para fins de explorao e aproveitamento, conservao e gesto dos recursos naturais, vivos ou no-vivos, das guas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas explorao e ao aproveitamento da zona para fins econmicos. Art. 8 Na zona econmica exclusiva, o Brasil, no exerccio de sua jurisdio, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigao cientfica marinha, a proteo e preservao do meio martimo, bem

como a construo, operao e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalaes e estruturas. Pargrafo nico. A investigao cientfica marinha na zona econmica exclusiva s poder ser conduzida por outros Estados com o consentimento prvio do Governo brasileiro, nos termos da legislao em vigor que regula a matria. Art. 9 A realizao por outros Estados, na zona econmica exclusiva, de exerccios ou manobras militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivas, somente poder ocorrer com o consentimento do Governo brasileiro. Art. 10. reconhecido a todos os Estados o gozo, na zona econmica exclusiva, das liberdades de navegao e sobrevo, bem como de outros usos do mar internacionalmente lcitos, relacionados com as referidas liberdades, tais como os ligados operao de navios e aeronaves. CAPTULO IV Da Plataforma Continental Art. 11. A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das reas submarinas que se estendem alm do seu mar territorial, em toda a extenso do prolongamento natural de seu territrio terrestre, at o bordo exterior da margem continental, ou at uma distncia de duzentas milhas martimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental no atinja essa distncia. Pargrafo nico. O limite exterior da plataforma continental ser fixado de conformidade com os critrios estabelecidos no art. 76 da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar, celebrada em Montego Bay, em 10 de dezembro de 1982. Art. 12. O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental, para efeitos de explorao dos recursos naturais. Pargrafo nico. Os recursos naturais a que se refere o caput so os recursos minerais e outros no-vivos do leito do mar e subsolo, bem como os organismos vivos pertencentes a espcies sedentrias, isto , quelas que no perodo de captura esto imveis no leito do mar

ou no seu subsolo, ou que s podem mover-se em constante contato fsico com esse leito ou subsolo. Art. 13. Na plataforma continental, o Brasil, no exerccio de sua jurisdio, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigao cientfica marinha, a proteo e preservao do meio marinho, bem como a construo, operao e o uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalaes e estruturas. 1 A investigao cientfica marinha, na plataforma continental, s poder ser conduzida por outros Estados com o consentimento prvio do Governo brasileiro, nos termos da legislao em vigor que regula a matria. 2 O Governo brasileiro tem o direito exclusivo de autorizar e regulamentar as perfuraes na plataforma continental, quaisquer que sejam os seus fins. Art. 14. reconhecido a todos os Estados o direito de colocar cabos e dutos na plataforma continental. 1 O traado da linha para a colocao de tais cabos e dutos na plataforma continental depender do consentimento do Governo brasileiro. 2 O Governo brasileiro poder estabelecer condies para a colocao dos cabos e dutos que penetrem seu territrio ou seu mar territorial. Art. 15. Esta lei entra em vigor na data de sua publicao. Art. 16. Revogam-se o Decreto-Lei n 1.098, de 25 de maro de 1970, e as demais disposies em contrrio. Braslia, 4 de janeiro de 1993.

incidentes comuns de navegao ou sejam impostos por motivos de fora ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxlio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. 3 Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estaro sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. CAPTULO II Da Zona Contgua Art. 4 A zona contgua brasileira compreende uma faixa que se estende das doze s vinte e quatro milhas martimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Art. 5 Na zona contgua, o Brasil poder tomar as medidas de fiscalizao necessrias para: I - evitar as infraes s leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigrao ou sanitrios, no seu territrio, ou no seu mar territorial; II - reprimir as infraes s leis e aos regulamentos, no seu territrio ou no seu mar territorial. CAPTULO III Da Zona Econmica Exclusiva Art. 6 A zona econmica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze s duzentas milhas martimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Art. 7 Na zona econmica exclusiva, o Brasil tem direitos de soberania para fins de explorao e aproveitamento, conservao e gesto dos recursos naturais, vivos ou no-vivos, das guas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas explorao e ao aproveitamento da zona para fins econmicos. Art. 8 Na zona econmica exclusiva, o Brasil, no exerccio de sua jurisdio, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigao cientfica marinha, a proteo e preservao do meio martimo, bem

como a construo, operao e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalaes e estruturas. Pargrafo nico. A investigao cientfica marinha na zona econmica exclusiva s poder ser conduzida por outros Estados com o consentimento prvio do Governo brasileiro, nos termos da legislao em vigor que regula a matria. Art. 9 A realizao por outros Estados, na zona econmica exclusiva, de exerccios ou manobras militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivas, somente poder ocorrer com o consentimento do Governo brasileiro. Art. 10. reconhecido a todos os Estados o gozo, na zona econmica exclusiva, das liberdades de navegao e sobrevo, bem como de outros usos do mar internacionalmente lcitos, relacionados com as referidas liberdades, tais como os ligados operao de navios e aeronaves. CAPTULO IV Da Plataforma Continental Art. 11. A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das reas submarinas que se estendem alm do seu mar territorial, em toda a extenso do prolongamento natural de seu territrio terrestre, at o bordo exterior da margem continental, ou at uma distncia de duzentas milhas martimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental no atinja essa distncia. Pargrafo nico. O limite exterior da plataforma continental ser fixado de conformidade com os critrios estabelecidos no art. 76 da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar, celebrada em Montego Bay, em 10 de dezembro de 1982. Art. 12. O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental, para efeitos de explorao dos recursos naturais. Pargrafo nico. Os recursos naturais a que se refere o caput so os recursos minerais e outros no-vivos do leito do mar e subsolo, bem como os organismos vivos pertencentes a espcies sedentrias, isto , quelas que no perodo de captura esto imveis no leito do mar

ou no seu subsolo, ou que s podem mover-se em constante contato fsico com esse leito ou subsolo. Art. 13. Na plataforma continental, o Brasil, no exerccio de sua jurisdio, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigao cientfica marinha, a proteo e preservao do meio marinho, bem como a construo, operao e o uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalaes e estruturas. 1 A investigao cientfica marinha, na plataforma continental, s poder ser conduzida por outros Estados com o consentimento prvio do Governo brasileiro, nos termos da legislao em vigor que regula a matria. 2 O Governo brasileiro tem o direito exclusivo de autorizar e regulamentar as perfuraes na plataforma continental, quaisquer que sejam os seus fins. Art. 14. reconhecido a todos os Estados o direito de colocar cabos e dutos na plataforma continental. 1 O traado da linha para a colocao de tais cabos e dutos na plataforma continental depender do consentimento do Governo brasileiro. 2 O Governo brasileiro poder estabelecer condies para a colocao dos cabos e dutos que penetrem seu territrio ou seu mar territorial. Art. 15. Esta lei entra em vigor na data de sua publicao. Art. 16. Revogam-se o Decreto-Lei n 1.098, de 25 de maro de 1970, e as demais disposies em contrrio. Braslia, 4 de janeiro de 1993.

consensual ao feito. No entanto, como procuramos esclarecer, as diferenas entre as naes, ao contrrio do ambicionado pelas Convenes, no parecem diminuir e sim adquirir novas faces, sobretudo no contexto da projeo de novos limites, tal como agora, quando ocorre a possibilidade de expanso do limite relacionado plataforma econmica em todas as naes e criao, no Brasil, da Amaznia Azul. Para entender as atribulaes geradas em torno da instituio e do exerccio das delimitaes jurdicas foi preciso considerar a especificidade do meio marinho, a cujas caractersticas intrnsecas esto diretamente relacionadas. Tal fator, mais concreto por ser fsico, est associado ao fato do mar ser um sistema nico, subdividido em vrios subsistemas, e, como assinalamos, ter suas linhas e marcos fsicos sem visibilidade aparente. Isso tornou difcil a tarefa de encontrar uma legislao aplicada utilizao dos recursos que respeite estes subsistemas, ou seja, que fique restrita a um espao marinho local ou regional e que, ao mesmo tempo atenda s necessidades do Estados costeiros envolvidos. Justifica-se, assim, o tempo de elaborao da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), vigente atualmente: em torno de dez anos perodo entre 1973 a 1982. Dessa maneira, itens to diversos, cuja pretenso de abarcar temas controversos, como por exemplo - a gesto integrada dos ambientes costeiro e ocenico, o fomento de projetos e atividades capazes de assegurar a disponibilidade dos recursos, ou ainda, a atualizao da legislao dos Estados inevitavelmente produziram polmica e provocaram a impresso, nem sempre falsa, de exerccio inconcilivel. Tornou-se evidente que ao pas cuja tecnologia dedicada s cincias marinhas desenvolvida interessa no apenas a defesa e a explorao dos seus prprios recursos, mas tambm a possibilidade de explorar os recursos contidos em mares pertencentes a outras naes. Ao contrrio, aos pases cuja tecnologia incipiente, a simples possibilidade de explorar seus recursos j representa um grande desafio e, no caso brasileiro, soma-se a essa preocupao, outra relacionada ao policiamento e defesa da sua extensa costa, dependentes de efetivos que a guarneam, alm de outras solues apontadas como a

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monitorao por satlites ou o efetivo areo. Esse abismo que definiu a diferena entre o Estado capaz de explorar os recursos martimos alm de sua fronteira e aquele que tenciona somente promover o inventrio sobre os mares adjacentes a sua costa, capaz de garantir seus direitos frente Conveno. O Brasil tem auxiliado, munido do conhecimento posto em prtica com o seu prprio LEPLAC (Levantamento da Plataforma Continental), o arrolamento de pases como a Nambia, Angola e Moambique, pases notadamente defasados em seu desenvolvimento cientfico e tecnolgico. Assim, as leis so universais, comuns a todos, mas o domnio tecnolgico, no. Os recursos destinados pelos governos ao ensino e pesquisa no so os mesmos nos diversos pases do mundo. E este parece ser na atualidade o primeiro obstculo constituio de uma ordem ocenica mundial, ou que contemple todos os pases. O mar ter nos dias de hoje seu valor estratgico regulado pelo ritmo desigual de explorao e pelas diferenas entre as naes, apesar dos esforos das Convenes de que tal fato no se concretize. Por outro lado, os pases perifricos tm no Direito Martimo Internacional, meios de garantir o controle efetivo de seus espaos marinhos, considerando-se a legislao strictu sensu. Na intoduo dessa pesquisa, vimos a inteno exposta na CNUDM (Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar), de que os pases perifricos tivessem mais representatividade, atravs da solicitao de controle desses espaos para fins polticos, econmicos e de navegao, atrelando essas reivindicaes ao estatuto jurdico definido na Conveno. No entanto, foi possvel comprovar o problema, igualmente exposto na introduo desse trabalho, representado pelos vrios dispositivos criados a fim de manobrar algumas situaes atravs da anlise da negociao das questes propostas na Conveno. Exemplificamos artifcios como a negociao das solues em blocos, ou seja, o agrupamento na apresentao de temas ao invs de itens isolados, o que obrigou a resoluo de situaes polmicas, em que os interesses dos pases subdesenvolvidos conflitavam com os dos pases centrais. Outra manobra, porm desvantajosa para os pases perifricos, diz respeito adoo do consenso em detrimento do voto democrtico nas resolues. Tornou-

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se perceptvel, pela leitura do captulo O Domnio do Mar: Conflitos e Distenses no Estabelecimento dos Limites Martimos, a conduo dos ento denominados pases do Terceiro Mundo, que se utilizaram da estratgia de prolongar ao mximo o tempo da resoluo dos temas, a fim de atrair os pases ainda indecisos para a causa referente ao prolongamento do Mar Territorial. Outra evidncia de artifcios a utilizao - e supresso de termos jurdicos na elaborao dos artigos, fato que permite o surgimento de dbias interpretaes: a lei n 8.617/93, que dispe sobre a ZEE (Zona Econmica Exclusiva), cita a expresso consentimento prvio investigao cientfica marinha por outros Estados, quando deveria citar consentimento prvio e por escrito do governo brasileiro. Em relao realizao de manobras e exerccios militares por outros Estados, a mesma lei define que poder ocorrer com o consentimento do governo brasileiro, eliminando os termos prvio e expresso. Por fim, porm no menos importante, a prpria criao da Zona Econmica Exclusiva apontada por vrios autores como uma soluo engenhosa para a diminuio do Mar Territorial, ou seja, uma espcie de compensao deciso de revogar o limite das duzentas milhas onde a soberania era total. Esses exemplos corroboram a nossa conjetura de utilizao de meandros para a consecuo dos pontos mais polmicos abordados pelas Convenes sobre o Direito Martimo e nos alertam para a provvel repetio do fato nas prximas negociaes. Mas tambm foi possvel perceber o quo difcil a imposio das soberanias dos mais fracos, quando incapazes de cumprir as exigncias impostas nos acordos internacionais. Ao mesmo tempo em que pudemos entender como ponto positivo da Conveno a possibilidade dos pases perifricos desenvolverem estudos sobre os recursos minerais contidos em seu sub-solo marinho, os vemos de mos atadas, desprovidos de conhecimento tecnolgico para a execuo adequada desta tarefa. Neste exato momento, em que o Brasil termina de apresentar a proposta de ampliao de sua plataforma continental, aps uma longa trajetria de investigao cientfica, caracterizada pela criao de instituies e do envolvimento de diversos setores da sociedade, j sofre oposio dos Estados Unidos da Amrica, que questionam a preciso de seus dados sobre

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a espessura de sedimentos em um ponto especfico de nossa margem continental. Apoiados em modernos e sensveis aparelhos tornam-se capazes de pr em dvida a caracterizao feita por outros Estados e, conseqentemente, por em xeque as suas soberanias. A explotao das riquezas contidas nas guas adjacentes costa de um Estado indispensvel manuteno da sua hegemonia. Como vimos no captulo O Domnio do Mar: Conflitos e Distenses no Estabelecimento dos Limites Martimos, a prpria CNDUM (Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar) estabelece que, em alguns casos como na plataforma econmica, por exemplo, o aproveitamento dos recursos estar associado ao inventrio de toda rea envolvida. No caso brasileiro, surgiram protestos sobre a incapacidade da Marinha e de outros rgos envolvidos no patrulhamento e na segurana da rea sob sua jurisdio, permitindo que outros Estados explorem inadvertidamente nossas riquezas. Isso se deveu, mais uma vez, ao carter da Conveno de Montego Bay: se por um lado, apresenta o que muitos estudiosos consideram pontos positivos, existem aqueles dbios ou mesmo negativos. Vejamos: dentre os positivos, podemos citar no s o mrito da complexa delimitao martima - o Mar Territorial em doze milhas martimas, a zona contgua em vinte e quatro milhas martimas (na realidade, doze milhas), a ZEE com duzentas milhas (na realidade, 188 milhas) e uma plataforma continental de duzentas milhas (que pode se estender at as trezentas e cinqenta milhas martimas). No poderamos esquecer das situaes dos Estados Arquipelgicos, estreitos ou sem costa, tambm contemplados. Dentre os pontos dbios, a Conveno criou espao para questes polmicas, como a que estabeleceu a cooperao internacional entre os pases, no tocante transferncia de tecnologia marinha e a determinao da rea (fundo do mar internacional) como res communnis (patrimnio comum da Humanidade). Nesse caso, foi possvel classific-lo como dbio, pois parece certa a polmica em torno de um espao que no pertence a ningum, mas passvel de ser explorado por todos. Teramos espao aberto s potncias martimas explorao de ndulos polimetlicos existentes nessa poro do oceano: uma nova riqueza, para velhos exploradores.

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A CNUDM permitiu que as tomadas de deciso pelo mtodo de consenso, ao invs do voto democrtico, trouxessem tona a hegemonia dos pases centrais, fragilizando a defesa dos interesses dos pases perifricos, como vimos anteriormente. Ao permitir, na ZEE, a cesso, pelo Estado costeiro de suas quotas de explorao e explotao de riquezas, invadiu a sua soberania, sob o ponto de vista econmico. Da mesma forma, ao permitir a ICM (investigao cientfica marinha) por outros Estados na ZEE e na plataforma continental dos Estados Costeiros, ainda que mediante o consentimento dos mesmos, tornou possvel a criao de um desequilbrio. Pela simples anlise do exposto conclumos que a soluo dos problemas relacionados ao Direito Martimo ainda no ficou assegurada pela Conveno vigente. E a situao tende a se agravar com o estabelecimento dos novos limites. Para o nosso pas, algumas diretrizes puderam ser apontadas: alm da urgncia bvia em pesquisa, a criao de uma conscincia martima nacional, ou seja, a divulgao de uma poltica social e econmica baseada na conscientizao nacional sobre a utilizao dos recursos naturais. A exemplo do que aconteceu na dcada de setenta no Brasil, quando se inicia uma mobilizao em diferentes setores da sociedade, atravs de uma onda ufanista, o governo tende a reproduzir alguns aspectos. Os projetos mais atuais neste sentido agem em parceria com Instituies de pesquisa e ensino, universidades, comunidades locais de pescadores, dentre outros, a fim de atender as necessidades locais. O surgimento de novos atores sociais medida que novas reas ricas em recursos vo sendo reconhecidas, mostram uma realidade que ser impossvel de ignorar. A questo econmica pressiona mais sensivelmente, embora Meira Mattos (1977) tenha alertado para o engano da valorizao econmica dos mares como maior trunfo estratgico. Fundamentados nesse autor pudemos deduzir a importncia de entender nossos estmulos martimos e conect-los aos estmulos continentais. A multidisciplinaridade do tema envolvendo a definio dos limites do mar, componente valorizado por essa pesquisa, implicou em um nmero maior de contribuies a fim de auxiliar a compreenso dos oceanos como fonte de recursos vitais, deixando de ser somente rea de jurisdio nacional. De fato,

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decorre da o cerne da conscientizao da populao brasileira, a fim de humanizar esse espao, ao qual se atribui a gerao de empregos e de renda nacional. Surgiu a necessidade de desenvolver pesquisas de carter local e regional, que j aparecem nas universidades, para a compreenso desse novo quadro. Pareceu apropriada a associao do exerccio e da garantia da soberania nacional com a criao de polticas de aproveitamento de recursos, tendo como produto final o benefcio da sociedade brasileira. A questo que tem como essncia a conscincia estratgica dos oceanos, como deflagradora de vocaes martimas, essencial para a efetivao de uma poltica nacional no mar e para a consecuo de uma viso de aproximao entre o valor contido nos oceanos e as decises tomadas pelo Estado. Os resultados dos projetos que foram apresentados nessa pesquisa, assim como as anlises sob a perspectiva do Direito, da Economia, dos estrategistas ligados Defesa nacional, do Ambientalismo, da Biologia, da Geofsica, da Oceanografia e da Geografia fizeram parte de um todo, constitudo para dar molde s decises relacionadas poltica martima nacional. Assim, na prtica, os estudos investigativos produzidos no Brasil, esto voltados, hoje, para o embasamento da proposta de solicitao de distenso da Plataforma Econmica. A criao e divulgao da expresso Amaznia Azul, pela Marinha do Brasil, traduz a grandeza do projeto, e alude a riqueza e a imensido da regio. A incorporao de uma rea somada de aproximadamente quatro milhes e meio de quilmetros quadrados1 (a Zona Econmica Exclusiva e a Plataforma) representa nus e bnus, sem dvida, pois a despeito da retomada de valorizao estratgica, como j citado, necessria a criao de efetivos que assegurem a defesa do patrimnio adquirido e forte investimento no setor tecnolgico de pesquisa marinha. A criao de sistemas operacionais de monitoramento ocenico, in situ ou apoiados em tecnologia de sensoriamento remoto uma realidade em andamento no Brasil. So alguns deles: Programa Global Ocean Observing; System - GOOS-Brasil, o Programa Nacional de Bias

1

A rea tem exatos 4 451 766 km2.

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(PNBia), alm da participao de cientistas brasileiros no Programa Global SeaLevel Observing System (GLOSS) e o Projeto PIRATA (Pilot Research Array over the Tropical Atlantic) (MINISTRIO DA CINCIA E DA TECNOLOGIA). A execuo desses projetos demanda evidentemente recursos financeiros elevados e, dada a sua relevncia, como assegurou o Ministro chefe do Gabinete de Segurana Institucional, Jorge Armando Felix, em palestra proferida no Encontro de Estudos, realizado em 2005 pelo Gabinete de Segurana Institucional, e que consta nas referncias desta pesquisa, faz-se urgente a existncia de patrulhamento, atravs de navios. Gera-se, assim a necessidade de estruturao da Marinha brasileira. A criao do Poder Naval nacional est associada a uma Esquadra (...) com capacidade de mobilidade, flexibilidade, versatilidade e permanncia. Tais aes contrastam com eventuais redues no oramento nacional dedicado ao Ministrio da Defesa (REVISTA ISTO , 15/01/2005). Alm disso, para assegurar a eficincia das atividades j desenvolvidas, como o transporte de cargas e a pesca, mister a reformulao de algumas polticas econmicas e da legislao interna que as regula. Assim como outros caminhos envolvidos diretamente com o aproveitamento dos recursos, como a integrao dos ambientes costeiro e ocenico, e o pensamento, de fato, do Oceano Atlntico como a principal via de comunicao exterior, essencial ao desenvolvimento brasileiro. Nesse sentido a realizao de manobras militares controlada pela Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN) no Arquiplago de Cabo Verde, em junho de 2006, pe sob ameaa a posio estratgica brasileira, uma vez que para Pesce (2006: 33), (...) qualquer ameaa militar clssica que possa surgir teria origem extracontinental, e tendo em vista a projeo do litoral do Brasil em direo frica, cuja instabilidade poltica a submete aos interesses das grandes potncias e ameaa a defesa das rotas do Atlntico Sul, assim como o prprio territrio brasileiro, acarretando conseqncias evidentes sobre a constituio da Amaznia Azul.

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em

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consensual ao feito. No entanto, como procuramos esclarecer, as diferenas entre as naes, ao contrrio do ambicionado pelas Convenes, no parecem diminuir e sim adquirir novas faces, sobretudo no contexto da projeo de novos limites, tal como agora, quando ocorre a possibilidade de expanso do limite relacionado plataforma econmica em todas as naes e criao, no Brasil, da Amaznia Azul. Para entender as atribulaes geradas em torno da instituio e do exerccio das delimitaes jurdicas foi preciso considerar a especificidade do meio marinho, a cujas caractersticas intrnsecas esto diretamente relacionadas. Tal fator, mais concreto por ser fsico, est associado ao fato do mar ser um sistema nico, subdividido em vrios subsistemas, e, como assinalamos, ter suas linhas e marcos fsicos sem visibilidade aparente. Isso tornou difcil a tarefa de encontrar uma legislao aplicada utilizao dos recursos que respeite estes subsistemas, ou seja, que fique restrita a um espao marinho local ou regional e que, ao mesmo tempo atenda s necessidades do Estados costeiros envolvidos. Justifica-se, assim, o tempo de elaborao da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), vigente atualmente: em torno de dez anos perodo entre 1973 a 1982. Dessa maneira, itens to diversos, cuja pretenso de abarcar temas controversos, como por exemplo - a gesto integrada dos ambientes costeiro e ocenico, o fomento de projetos e atividades capazes de assegurar a disponibilidade dos recursos, ou ainda, a atualizao da legislao dos Estados inevitavelmente produziram polmica e provocaram a impresso, nem sempre falsa, de exerccio inconcilivel. Tornou-se evidente que ao pas cuja tecnologia dedicada s cincias marinhas desenvolvida interessa no apenas a defesa e a explorao dos seus prprios recursos, mas tambm a possibilidade de explorar os recursos contidos em mares pertencentes a outras naes. Ao contrrio, aos pases cuja tecnologia incipiente, a simples possibilidade de explorar seus recursos j representa um grande desafio e, no caso brasileiro, soma-se a essa preocupao, outra relacionada ao policiamento e defesa da sua extensa costa, dependentes de efetivos que a guarneam, alm de outras solues apontadas como a

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monitorao por satlites ou o efetivo areo. Esse abismo que definiu a diferena entre o Estado capaz de explorar os recursos martimos alm de sua fronteira e aquele que tenciona somente promover o inventrio sobre os mares adjacentes a sua costa, capaz de garantir seus direitos frente Conveno. O Brasil tem auxiliado, munido do conhecimento posto em prtica com o seu prprio LEPLAC (Levantamento da Plataforma Continental), o arrolamento de pases como a Nambia, Angola e Moambique, pases notadamente defasados em seu desenvolvimento cientfico e tecnolgico. Assim, as leis so universais, comuns a todos, mas o domnio tecnolgico, no. Os recursos destinados pelos governos ao ensino e pesquisa no so os mesmos nos diversos pases do mundo. E este parece ser na atualidade o primeiro obstculo constituio de uma ordem ocenica mundial, ou que contemple todos os pases. O mar ter nos dias de hoje seu valor estratgico regulado pelo ritmo desigual de explorao e pelas diferenas entre as naes, apesar dos esforos das Convenes de que tal fato no se concretize. Por outro lado, os pases perifricos tm no Direito Martimo Internacional, meios de garantir o controle efetivo de seus espaos marinhos, considerando-se a legislao strictu sensu. Na intoduo dessa pesquisa, vimos a inteno exposta na CNUDM (Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar), de que os pases perifricos tivessem mais representatividade, atravs da solicitao de controle desses espaos para fins polticos, econmicos e de navegao, atrelando essas reivindicaes ao estatuto jurdico definido na Conveno. No entanto, foi possvel comprovar o problema, igualmente exposto na introduo desse trabalho, representado pelos vrios dispositivos criados a fim de manobrar algumas situaes atravs da anlise da negociao das questes propostas na Conveno. Exemplificamos artifcios como a negociao das solues em blocos, ou seja, o agrupamento na apresentao de temas ao invs de itens isolados, o que obrigou a resoluo de situaes polmicas, em que os interesses dos pases subdesenvolvidos conflitavam com os dos pases centrais. Outra manobra, porm desvantajosa para os pases perifricos, diz respeito adoo do consenso em detrimento do voto democrtico nas resolues. Tornou-

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se perceptvel, pela leitura do captulo O Domnio do Mar: Conflitos e Distenses no Estabelecimento dos Limites Martimos, a conduo dos ento denominados pases do Terceiro Mundo, que se utilizaram da estratgia de prolongar ao mximo o tempo da resoluo dos temas, a fim de atrair os pases ainda indecisos para a causa referente ao prolongamento do Mar Territorial. Outra evidncia de artifcios a utilizao - e supresso de termos jurdicos na elaborao dos artigos, fato que permite o surgimento de dbias interpretaes: a lei n 8.617/93, que dispe sobre a ZEE (Zona Econmica Exclusiva), cita a expresso consentimento prvio investigao cientfica marinha por outros Estados, quando deveria citar consentimento prvio e por escrito do governo brasileiro. Em relao realizao de manobras e exerccios militares por outros Estados, a mesma lei define que poder ocorrer com o consentimento do governo brasileiro, eliminando os termos prvio e expresso. Por fim, porm no menos importante, a prpria criao da Zona Econmica Exclusiva apontada por vrios autores como uma soluo engenhosa para a diminuio do Mar Territorial, ou seja, uma espcie de compensao deciso de revogar o limite das duzentas milhas onde a soberania era total. Esses exemplos corroboram a nossa conjetura de utilizao de meandros para a consecuo dos pontos mais polmicos abordados pelas Convenes sobre o Direito Martimo e nos alertam para a provvel repetio do fato nas prximas negociaes. Mas tambm foi possvel perceber o quo difcil a imposio das soberanias dos mais fracos, quando incapazes de cumprir as exigncias impostas nos acordos internacionais. Ao mesmo tempo em que pudemos entender como ponto positivo da Conveno a possibilidade dos pases perifricos desenvolverem estudos sobre os recursos minerais contidos em seu sub-solo marinho, os vemos de mos atadas, desprovidos de conhecimento tecnolgico para a execuo adequada desta tarefa. Neste exato momento, em que o Brasil termina de apresentar a proposta de ampliao de sua plataforma continental, aps uma longa trajetria de investigao cientfica, caracterizada pela criao de instituies e do envolvimento de diversos setores da sociedade, j sofre oposio dos Estados Unidos da Amrica, que questionam a preciso de seus dados sobre

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a espessura de sedimentos em um ponto especfico de nossa margem continental. Apoiados em modernos e sensveis aparelhos tornam-se capazes de pr em dvida a caracterizao feita por outros Estados e, conseqentemente, por em xeque as suas soberanias. A explotao das riquezas contidas nas guas adjacentes costa de um Estado indispensvel manuteno da sua hegemonia. Como vimos no captulo O Domnio do Mar: Conflitos e Distenses no Estabelecimento dos Limites Martimos, a prpria CNDUM (Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar) estabelece que, em alguns casos como na plataforma econmica, por exemplo, o aproveitamento dos recursos estar associado ao inventrio de toda rea envolvida. No caso brasileiro, surgiram protestos sobre a incapacidade da Marinha e de outros rgos envolvidos no patrulhamento e na segurana da rea sob sua jurisdio, permitindo que outros Estados explorem inadvertidamente nossas riquezas. Isso se deveu, mais uma vez, ao carter da Conveno de Montego Bay: se por um lado, apresenta o que muitos estudiosos consideram pontos positivos, existem aqueles dbios ou mesmo negativos. Vejamos: dentre os positivos, podemos citar no s o mrito da complexa delimitao martima - o Mar Territorial em doze milhas martimas, a zona contgua em vinte e quatro milhas martimas (na realidade, doze milhas), a ZEE com duzentas milhas (na realidade, 188 milhas) e uma plataforma continental de duzentas milhas (que pode se estender at as trezentas e cinqenta milhas martimas). No poderamos esquecer das situaes dos Estados Arquipelgicos, estreitos ou sem costa, tambm contemplados. Dentre os pontos dbios, a Conveno criou espao para questes polmicas, como a que estabeleceu a cooperao internacional entre os pases, no tocante transferncia de tecnologia marinha e a determinao da rea (fundo do mar internacional) como res communnis (patrimnio comum da Humanidade). Nesse caso, foi possvel classific-lo como dbio, pois parece certa a polmica em torno de um espao que no pertence a ningum, mas passvel de ser explorado por todos. Teramos espao aberto s potncias martimas explorao de ndulos polimetlicos existentes nessa poro do oceano: uma nova riqueza, para velhos exploradores.

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A CNUDM permitiu que as tomadas de deciso pelo mtodo de consenso, ao invs do voto democrtico, trouxessem tona a hegemonia dos pases centrais, fragilizando a defesa dos interesses dos pases perifricos, como vimos anteriormente. Ao permitir, na ZEE, a cesso, pelo Estado costeiro de suas quotas de explorao e explotao de riquezas, invadiu a sua soberania, sob o ponto de vista econmico. Da mesma forma, ao permitir a ICM (investigao cientfica marinha) por outros Estados na ZEE e na plataforma continental dos Estados Costeiros, ainda que mediante o consentimento dos mesmos, tornou possvel a criao de um desequilbrio. Pela simples anlise do exposto conclumos que a soluo dos problemas relacionados ao Direito Martimo ainda no ficou assegurada pela Conveno vigente. E a situao tende a se agravar com o estabelecimento dos novos limites. Para o nosso pas, algumas diretrizes puderam ser apontadas: alm da urgncia bvia em pesquisa, a criao de uma conscincia martima nacional, ou seja, a divulgao de uma poltica social e econmica baseada na conscientizao nacional sobre a utilizao dos recursos naturais. A exemplo do que aconteceu na dcada de setenta no Brasil, quando se inicia uma mobilizao em diferentes setores da sociedade, atravs de uma onda ufanista, o governo tende a reproduzir alguns aspectos. Os projetos mais atuais neste sentido agem em parceria com Instituies de pesquisa e ensino, universidades, comunidades locais de pescadores, dentre outros, a fim de atender as necessidades locais. O surgimento de novos atores sociais medida que novas reas ricas em recursos vo sendo reconhecidas, mostram uma realidade que ser impossvel de ignorar. A questo econmica pressiona mais sensivelmente, embora Meira Mattos (1977) tenha alertado para o engano da valorizao econmica dos mares como maior trunfo estratgico. Fundamentados nesse autor pudemos deduzir a importncia de entender nossos estmulos martimos e conect-los aos estmulos continentais. A multidisciplinaridade do tema envolvendo a definio dos limites do mar, componente valorizado por essa pesquisa, implicou em um nmero maior de contribuies a fim de auxiliar a compreenso dos oceanos como fonte de recursos vitais, deixando de ser somente rea de jurisdio nacional. De fato,

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decorre da o cerne da conscientizao da populao brasileira, a fim de humanizar esse espao, ao qual se atribui a gerao de empregos e de renda nacional. Surgiu a necessidade de desenvolver pesquisas de carter local e regional, que j aparecem nas universidades, para a compreenso desse novo quadro. Pareceu apropriada a associao do exerccio e da garantia da soberania nacional com a criao de polticas de aproveitamento de recursos, tendo como produto final o benefcio da sociedade brasileira. A questo que tem como essncia a conscincia estratgica dos oceanos, como deflagradora de vocaes martimas, essencial para a efetivao de uma poltica nacional no mar e para a consecuo de uma viso de aproximao entre o valor contido nos oceanos e as decises tomadas pelo Estado. Os resultados dos projetos que foram apresentados nessa pesquisa, assim como as anlises sob a perspectiva do Direito, da Economia, dos estrategistas ligados Defesa nacional, do Ambientalismo, da Biologia, da Geofsica, da Oceanografia e da Geografia fizeram parte de um todo, constitudo para dar molde s decises relacionadas poltica martima nacional. Assim, na prtica, os estudos investigativos produzidos no Brasil, esto voltados, hoje, para o embasamento da proposta de solicitao de distenso da Plataforma Econmica. A criao e divulgao da expresso Amaznia Azul, pela Marinha do Brasil, traduz a grandeza do projeto, e alude a riqueza e a imensido da regio. A incorporao de uma rea somada de aproximadamente quatro milhes e meio de quilmetros quadrados1 (a Zona Econmica Exclusiva e a Plataforma) representa nus e bnus, sem dvida, pois a despeito da retomada de valorizao estratgica, como j citado, necessria a criao de efetivos que assegurem a defesa do patrimnio adquirido e forte investimento no setor tecnolgico de pesquisa marinha. A criao de sistemas operacionais de monitoramento ocenico, in situ ou apoiados em tecnologia de sensoriamento remoto uma realidade em andamento no Brasil. So alguns deles: Programa Global Ocean Observing; System - GOOS-Brasil, o Programa Nacional de Bias

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A rea tem exatos 4 451 766 km2.

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(PNBia), alm da participao de cientistas brasileiros no Programa Global SeaLevel Observing System (GLOSS) e o Projeto PIRATA (Pilot Research Array over the Tropical Atlantic) (MINISTRIO DA CINCIA E DA TECNOLOGIA). A execuo desses projetos demanda evidentemente recursos financeiros elevados e, dada a sua relevncia, como assegurou o Ministro chefe do Gabinete de Segurana Institucional, Jorge Armando Felix, em palestra proferida no Encontro de Estudos, realizado em 2005 pelo Gabinete de Segurana Institucional, e que consta nas referncias desta pesquisa, faz-se urgente a existncia de patrulhamento, atravs de navios. Gera-se, assim a necessidade de estruturao da Marinha brasileira. A criao do Poder Naval nacional est associada a uma Esquadra (...) com capacidade de mobilidade, flexibilidade, versatilidade e permanncia. Tais aes contrastam com eventuais redues no oramento nacional dedicado ao Ministrio da Defesa (REVISTA ISTO , 15/01/2005). Alm disso, para assegurar a eficincia das atividades j desenvolvidas, como o transporte de cargas e a pesca, mister a reformulao de algumas polticas econmicas e da legislao interna que as regula. Assim como outros caminhos envolvidos diretamente com o aproveitamento dos recursos, como a integrao dos ambientes costeiro e ocenico, e o pensamento, de fato, do Oceano Atlntico como a principal via de comunicao exterior, essencial ao desenvolvimento brasileiro. Nesse sentido a realizao de manobras militares controlada pela Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN) no Arquiplago de Cabo Verde, em junho de 2006, pe sob ameaa a posio estratgica brasileira, uma vez que para Pesce (2006: 33), (...) qualquer ameaa militar clssica que possa surgir teria origem extracontinental, e tendo em vista a projeo do litoral do Brasil em direo frica, cuja instabilidade poltica a submete aos interesses das grandes potncias e ameaa a defesa das rotas do Atlntico Sul, assim como o prprio territrio brasileiro, acarretando conseqncias evidentes sobre a constituio da Amaznia Azul.

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4.1- Os Programas Investigativos

A Declarao Brasileira no Ato de Assinatura da Conveno, subscrita pelo Governo brasileiro em 1982, contm os compromissos assumidos pelo Brasil, tais como a elaborao de cartas martimas e listas de coordenadas geogrficas com a indicao das linhas de base do Mar Territorial e demarcao dos espaos martimos brasileiros; a adoo de medidas necessrias melhor gesto dos recursos vivos (REVIZEE) e de recursos minerais (o programa REMPLAC) e a concluso de trabalhos de levantamento, com vistas ao estabelecimento efetivo do limite exterior da plataforma continental (programa LEPLAC). Para cumprir tais tarefas, o Brasil tem a necessidade de promover investigao cientifica marinha (ICM) nos espaos. Sobre esse fato, todos os Estados independentemente da sua situao geogrfica, e as organizaes internacionais competentes tm o direito de realizar ICM que, segundo a CNUDM (artigo 240), deve ter exclusivamente fins pacficos. O estmulo pesquisa com fins de conhecer, inventariar, avaliar o potencial, o aproveitamento sustentvel, a gesto e ordenamento do uso dos recursos vivos e no-vivos existentes nas reas martimas sob jurisdio e de interesse nacional, no Brasil, uma estratgia implementada pela Poltica Nacional para os Recursos do Mar (PNRM), em decreto aprovado em fevereiro de 20051 (em anexo). De maneira geral, os Estados costeiros tm no seu Mar Territorial o direito exclusivo de regulamentar, autorizar e realizar ICM, que, por sua vez, depende de autorizao expressa desse mesmo Estado e nas condies por ele estabelecidas. No entanto, o direito de regulamentao na ZEE e na plataforma continental2 estar de conformidade com as disposies pertinentes da1

As diretrizes gerais para a Poltica Nacional para os Recursos do Mar (PNRM) foram baixadas pelo Presidente da Repblica em 1980. Desde ento, com a entrada em vigor da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), em novembro de 1994, uma atualizao das suas diretrizes foi realizada 2 Para Mattos (1996: 137), um dos aspectos negativos da Conveno de Montego Bay diz respeito a esse item, em particular. A admisso da investigao marinha por outros Estados e Organizaes na ZEE e na plataforma continental dos Estados Costeiros, pode, na prtica, gerar desequilbrio poltico estratgico. Sobre esse tpico voltaremos a tratar nas consideraes finais dessa pesquisa.

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CNDUM, contando tambm, a exemplo do Mar Territorial, com o consentimento do Estado costeiro. Nessas condies, ao Estado solicitante caber fornecer ao Estado costeiro uma descrio completa da natureza e dos objetivos da pesquisa a ser iniciada, e esse, por sua vez, dever fornecer uma resposta num prazo mximo de seis meses. possvel, em contrapartida, que as pesquisas autorizadas sejam suspensas a pedido do Estado costeiro na ZEE ou na plataforma continental, caso as condies iniciais no estejam vigorando e, como j citado, nesse sentido, as embarcaes estrangeiras de pesquisa costumam contar com especialistas do prprio Estado costeiro, objetivando a fiscalizao das normas estabelecidas (VIDIGAL, 2005: 27). Sobre a questo da transferncia de tecnologia, os Estados, devem cooperar na promoo do desenvolvimento e a transferncia da cincia e da tecnologia marinhas3. Segundo Goffredo, (2005: 41), a questo da transferncia de tecnologia foi exigncia do Brasil na III Conferncia da ONU e, por esse motivo, essa parte seria denominada de Clusula Brasil, sendo bastante contestada pelos pases desenvolvidos, relutantes em transferir sua tecnologia.Os Estados, directamente ou por intermdio das organizaes internacionais componentes, devem cooperar, na medida das suas capacidades, para promover activamente o desenvolvimento e a transferncia da cincia e da tecnologia marinhas segundo modalidades e condies eqitativas e razoveis. Os Estados devem promover o desenvolvimento da capacidade cientfica e tecnolgica marinha dos Estados que necessitem e solicitem assistncia tcnica neste domnio, particularmente os Estados em desenvolvimento, incluindo os Estados sem litoral e aqueles em situao geogrfica desfavorecida, no que se refere explorao, aproveitamento, conservao e gesto dos recursos marinhos, proteco e preservao do meio marinho, investigao cientfica marinha e outras actividades no meio marinho compatveis com a presente Conveno, tendo em vista acelerar o desenvolvimento econmico e social dos Estados em desenvolvimento. (CNDUM, Parte XIV, seco 1, artigo 266).

Um exemplo de cooperao regional pode ser dado pela Cooperao Atlntico Sul Ocidental Superior (Asos), responsvel pela coordenao das atividades de pesquisas oceanogrficas brasileiras, uruguaias e argentinas, em todos os ramos da pesquisa ocenica. Alm disso, o Brasil mantm acordos bilaterais que visam ao intercmbio de cientistas para desenvolvimento de projetos conjuntos, com pases como a Alemanha, a Argentina, a ndia e a Frana.

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O histrico da pesquisa oceanogrfica no Brasil demonstra que a criao da CIRM4, fato comentado no captulo anterior, foi fundamental na evoluo das pesquisas na rea de ICM. Da mesma maneira, o foi tambm para a elaborao das pesquisas sobre os recursos da Zona Econmica Exclusiva, com a execuo e sistematizao de levantamentos sobre recursos vivos (REVIZEE).

Posteriormente, a partir de 1990, as atribuies de pesquisa passaram CNPq e a implementao do REVIZEE passou para o Ministrio do Meio Ambiente (CNIO, 1998). A CIRM passou tambm a gerenciar o Programa Antrtico Brasileiro (PROANTAR), cujas diretrizes so fornecidas pela Poltica Nacional para Assuntos Antrticos (POLANTAR), e que objetiva a realizao de pesquisas cientficas no continente antrtico5 (VIDIGAL, 2005). Alm disso, h o PROMAR Programa de Mentalidade Martima, cuja realizao tem como objetivo a criao de aes planejadas aes planejadas, como por exemplo, o acesso s instituies de ensino, palestras em universidades, instituies de pesquisa, dentre outros, a fim de estimular a conscincia sobre os valores martimos na populao brasileira. Podemos citar a recente divulgao do livro Amaznia Azul, sobre o tema, nas escolas de ensino fundamental, como uma das atividades relacionadas ao programa.

A CIRM, coordenada pelo Ministrio da Marinha, inclui representantes de doze ministrios: Defesa, Meio Ambiente, Educao, Transportes, Relaes Exteriores, Cincia e Tecnologia, Indstria e Comrcio, Interior, Minas e Energia, Planejamento, Oramento e Gesto, Turismo, e Agricultura, Pecuria e Turismo, e tambm, a Casa Civil da Presidncia da Repblica e a Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca. No mbito da CIRM, foram editadas as normas do PNGC, estabelecido o Grupo de Integrao do Gerenciamento Costeiro GI-GERCO, e planejada uma reviso peridica do PNGC por um grupo legalmente estabelecido, denominado COGERCO. A CIRM , de fato, o facilitador do processo de gerenciamento da zona costeira no Brasil, tendo proporcionado, desenvolvido e patrocinado inmeros programas, normas e polticas costeiras e ocenicas. A coordenao das aes federais conduzida pelo GI-GERCO, com o apoio legal da Cmara Tcnica Permanente para o Gerenciamento Costeiro (no CONAMA), tendo a CIRM como facilitador. 5 As operaes antrticas realizadas pelo Brasil, ocorreram a partir de uma estratgia de desenvolvimento cientfico. Exceto pelas dificuldades iniciais criadas pela Argentina, a presena brasileira na Antrtida fez valer uma tendncia pr-internacionalizao do continente, sem manifestar pelo menos explicitamente, interesses de soberania. No entanto, o Brasil demonstrou a possibilidade de mudar suas posies diplomticas caso seja necessrio, em funo da posio estratgica da Antrtida na costa do Atlntico. (PENHA, 1998).

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A PNRM engloba hoje o Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM) e o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC). O PNRM se desdobra em outros programas, alm do REVIZEE, como o Programa Train-Sea-Coast, destinado a capacitar recursos humanos que atuam nas reas costeiras e ocenicas; o Programa Mentalidade Martima, cujo principal objetivo estimular o desenvolvimento de uma mentalidade martima na populao brasileira; o Programa Arquiplago6, coordenando pesquisas cientficas na regio do arquiplago de So Pedro e So Paulo e o Programa GOOS, desenvolvendo um sistema global de observao dos oceanos. No que diz respeito ao Programa Arquiplago, a existncia de sulfetos polimetlicos na rea prxima Cordilheira Meso-Ocenica, onde ocorrem atividades termais, justifica o interesse de deteno do direito de explorao do fundo marino dessa rea, inserida na Zona Econmica Exclusiva. Em relao ao Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, a finalidade estabelecer normas gerais visando gesto ambiental da zona costeira. Finalmente, em decorrncia da PNRM, a CIRM tambm coordena o Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC).

4.1.1 - O Programa REVIZEE (Avaliao do Potencial dos Recursos Vivos na ZEE)

Este programa tem como proposta o levantamento dos potenciais sustentveis de captura dos recursos vivos na ZEE (Zona Econmica Exclusiva), visando assegurar medidas apropriadas de conservao e gerenciamento para evitar ameaas de extino das espcies com possveis capturas em excesso. Ou seja, inventaria os recursos e as caractersticas ambientais de suas ocorrncias, determinando suas biomassas e estabelecendo potenciais de captura. Uma vezPrograma da CIRM cujo objetivo estratgico criar condies para que o Arquiplago (Penedos) de So Pedro e So Paulo gere uma ZEE de 200 milhas de largura, de acordo com a Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar (Glossrio de termos tcnicos e siglas de programas, projetos e instituies - nacionais e internacionais - referentes ao programa REVIZEE).6

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que o Programa se destina a determinar a capacidade de pesca nacional, sua existncia de suma importncia para que se possa dimensionar a frota pesqueira, de forma a no ceder a outras naes o direito de pesca na ZEE (CNIO, 1998). O REVIZEE uma conseqncia do IV Plano Setorial para os Recursos do Mar7, da CIRM, com base na ratificao, pelo Brasil, da Conveno da ONU/82 e da Lei n 8617/93, como visto anteriormente (Mattos, 1996). Nos estudos esto includas as variaes das condies ambientais que provocam oscilaes espaciais e sazonais na distribuio das espcies e, por isso, o programa anuncia, como estratgia bsica, o envolvimento da comunidade cientfica, especializada em pesquisa oceanogrfica e pesqueira, e o

aproveitamento da capacidade das Universidades e Instituies de pesquisa voltada para o mar. Esse fato confere um carter amplo e complexo ao Programa, a ponto de subdividi-lo em quatro grandes regies, conforme as caractersticas oceanogrficas e biolgicas: I - Costa Norte onde h pesca de camaro abrangendo da foz do rio Oiapoque foz do rio Parnaba; II - Costa Nordeste da foz do rio Parnaba a Salvador (BA), incluindo Fernando de Noronha, Atol das Rocas e o arquiplago de So Pedro e So Paulo; nessa rea, h recursos pesqueiros no volumosos, embora de qualidade, por causa da pouca largura da plataforma continental; III - Costa Central de Salvador ao Cabo de So Tom, incluindo as ilhas de Trindade e Martins Vaz. Nessa poro so pescados lagostas e camares; IV - Costa Sul do Cabo de So Tom ao Chu; nesta regio h extrema abundncia de peixes (atuns, sardinhas, camares, anchova, etc). O setor pesqueiro conta com os parques industriais instalados no Rio de Janeiro, So Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em cada uma dessas regies, a responsabilidade de coordenao e execuo das Universidades e Instituies de pesquisas marinhas locais, alm da participao do SetorO IV Plano (1994 - 98) trata das atividades de pesquisa e prospeco dos recursos martimos do pas, complementando Planos anteriores (I, II, III), com base na ratificao, pelo Brasil, da Conveno da ONU/82. O Ministrio da Cincia e da Tecnologia, divulgou em 15/09/2005, a resoluo CIRM n 5, onde considera as aes a serem empreendidas, previstas no VI Plano Setorial Para Os Recursos Do Mar (VI PSRM). Nela, aprova a criao do Comit Executivo para o Levantamento e Avaliao do Potencial Biotecnolgico da Biodiversidade Marinha (BIOMAR).7

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pesqueiro regional. Este setor dever beneficiar-se com um aproveitamento industrial, alm da formao de uma frota pesqueira ocenica, destinada ao aproveitamento dos recursos da ZEE, como parte de um dos objetivos do Programa.

4.1.2 O Projeto LEPLAC

Este projeto, institudo no Brasil tambm como conseqncia da III Conferncia, um auxlio tarefa assumida pelo Brasil de delimitar os limites exteriores da sua plataforma continental (jurdica) externa. A Comisso de Limites da Plataforma Continental, da ONU, concedeu um prazo de at dez anos, contados a partir da data de entrada em vigor, para delimitar a plataforma. O objetivo fixar os limites exteriores da plataforma para alm das trezentas e cinqenta milhas martimas, alm portanto, das 200 milhas da ZEE,

proporcionando tarefa uma grande importncia poltico-estratgica para o Brasil (MATTOS, 1996). Uma srie de levantamentos, sob coordenao da CIRM foi iniciada a partir de 1987. Os dados coletados (cerca de 230 000km de perfis geofsicos) ao longo da toda a extenso da margem continental brasileira so os que podero levar a jurisdio alm das duzentas milhas, o que significa, como j visto, a expanso do direito exclusivo de e