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Andrew Murray - A Escola Da Obediência

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  • A Escola

    da

    Obedincia

    Andrew Murray

    Traduo Helio Kirchheim

  • A Escola da Obedincia Andrew Murray - 2 -

    Captulo 1 OBEDINCIA O LUGAR QUE ELA OCUPA

    NAS ESCRITURAS SAGRADAS

    Quando se pretende estudar uma palavra da Bblia, ou alguma verdade da vida crist, de grande auxlio fazer minucioso exame do lugar que elas ocupam nas Escrituras. medida que virmos onde aparecem, quantas vezes so mencionadas, e em que conexes se encontram, torna-se evidente a importncia que tm e como se relacionam com o todo da revelao. Permitam-me tentar, neste primeiro captulo, preparar o caminho para o estudo do que a obedincia, mostrando-lhes a que partes da Palavra de Deus nos devemos dirigir para descobrir a mente de Deus a esse respeito.

    I. CONSIDERE AS ESCRITURAS COMO UM TODO Comearemos no Paraso. Em Gnesis 2.16, lemos: E o Senhor Deus lhe deu

    esta ordem:..., e mais tarde, em Gnesis 3.11, Comeste da rvore de que te ordenei que no comesses? Perceba que a obedincia ao mandamento a nica virtude do Paraso, a nica condio da permanncia do homem ali, a nica coisa que o seu Criador lhe pede. Nada se diz sobre f, ou humildade, ou amor: a obedincia inclui isso tudo. Provm da soberania de Deus o direito e a autoridade de exigir obedincia, e fazer dela a coisa que vai DETERMINAR O DESTINO DO HOMEM. Na vida do homem, obedecer a nica coisa essencial.

    Volte-se agora do incio para o final da Bblia.

    No ltimo captulo se l (Ap 22.14): Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham poder na rvore da vida Temos o mesmo pensamento nos captulos 12 e 14, onde lemos sobre os descendentes da mulher (12.17), que guardam os mandamentos de Deus e tm o testemunho de Jesus; e da pacincia dos santos (14.12), os que guardam os mandamentos de Deus e a f em Jesus.

    Do incio ao fim, da perda do Paraso at a sua recuperao, permanece imutvel a lei somente a obedincia que permite acesso rvore da vida e ao favor de Deus. E se voc indagar o que que provocou a mudana entre a desobedincia inicial, a qual fechou o acesso rvore da vida, e a obedincia do final que proporcionou o retorno a ela, volte-se para O QUE ACONTECEU NO MEIO DO CAMINHO entre o incio e o fim a cruz de Cristo. Leia Romanos 5.19: ... por meio da obedincia de um s, muitos se tornaro justos; ou Filipenses 2.8,9: ... tornando-se obediente at a morte e morte de cruz. Pelo que tambm Deus o exaltou sobremaneira...; ou Hebreus 5.8,9: ... embora sendo Filho, aprendeu a obedincia pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeioado, tornou-se o Autor da salvao eterna para todos os que lhe obedecem..., e voc

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    perceber que a redeno de Cristo consiste na restaurao da obedincia a seu lugar apropriado.

    A beleza da Sua salvao consiste nisto, que Ele nos reconduz vida de obedincia, que a nica forma de a criatura dar ao Criador a glria devida a Ele, ou receber a glria da qual o Criador deseja fazer a criatura participante.

    Paraso, Calvrio, Ceu, todos proclamam a uma s voz: Filho de Deus! a primeira e a ltima coisa que teu Deus requer de ti simples, total, imutvel obedincia.

    II. EXAMINEMOS O ANTIGO TESTAMENTO Aqui vamos reparar como, em todo e qualquer novo comeo na histria do reino

    de Deus, a obedincia sempre colocada em especial proeminncia.

    1. Considere No, o novo pai da raa humana, e voc encontrar escrito por quatro vezes (Gn 6.22, 7.5,9,16) Assim fez No, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara. o homem que faz aquilo que Deus ordena, a quem Deus pode confiar Seu trabalho, a esse homem que Deus pode usar para salvar outros homens.

    2. Pense em Abrao, o pai da raa eleita. Pela f, Abrao, quando chamado, obedeceu... (Hb 11.8). Quando ele completou quarenta anos nessa escola de f e obedincia, Deus aperfeioou a sua f, coroando-a com Sua mais completa bno. Nada poderia qualific-lo para isso a no ser um coroador ato de obedincia. Quando ele amarrou o prprio filho no altar, Deus interveio e disse (Gn 22.17,18): ... deveras te abenoarei e certamente multiplicarei a tua descendncia... nela sero benditas todas as naes da terra, porquanto obedeceste minha voz. E a Isaque Ele disse (26.3,5): ... confirmarei o juramento que fiz a Abrao, teu pai ... porque Abrao obedeceu minha palavra...

    Oh, quando que vamos aprender o quo agradvel a obedincia aos olhos de Deus, e quo indizvel recompensa Ele concede ao obediente! A maneira de sermos bno para o mundo sermos homens obedientes; conhecidos por Deus e pelo mundo por essa CARACTERSTICA NICA uma vontade completamente rendida vontade de Deus. Que todos os que confessam andar nas pegadas de Abrao andem assim.

    3. Avance at Moiss. No Sinai, Deus lhe deu a mensagem para o povo (x 19.5): Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliana, ento, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos... E no poderia ser de outra forma. A santa vontade de Deus Sua glria e perfeio; somente ao identificar-se com Sua vontade, pela obedincia, que possvel passar a ser o Seu povo.

    4. Considere a construo do santurio no qual Deus haveria de habitar. Nos trs captulos finais de xodo, encontra-se dezenove vezes a expresso De acordo com tudo que o Senhor ordenara a Moiss, assim ele fez, e ento A glria do Senhor encheu o tabernculo. Igualmente assim em Levtico 8 e 9, encontramos, com referncia consagrao dos sacerdotes e do tabernculo, doze vezes a mesma expresso. E ento, ... a glria do Senhor apareceu a todo o povo. E eis que, saindo fogo de diante do Senhor, consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar... (9.23,24)

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    No h como tornar mais evidente que o prazer de Deus consiste em estar no ambiente criado por Seu povo obediente, e ao obediente que Ele coroa com Seu favor e presena.

    5. Depois de vaguear por quarenta anos no deserto, e da terrvel revelao do fruto da desobedincia, surgiu um novo comeo quando o povo estava para entrar em Cana. Leia Deuteronmio, com tudo que Moiss disse a respeito da terra, e voc descobrir que no h livro na Bblia que use a palavra obedecer com tanta frequncia, ou mencione tantas vezes a bno que a obedincia com certeza trar consigo. Tudo se resume nas seguintes palavras (11.26-28): Eis que, hoje, eu ponho diante de vs a bno e a maldio: a bno, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, ... a maldio, se no cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus.... Sim, UMA BNO SE OBEDECERDES!

    Esta a tnica da vida abenoada. Cana, da mesma forma que o Paraso e o Ceu, pode ser o lugar da bno medida que for o lugar da obedincia. Queira Deus que nos empenhemos nisso! Que no acontea que oremos apenas por uma bno. Que nosso interesse esteja na obedincia; Deus se encarregar da bno. Que meu nico pensamento como cristo seja 'Como posso obedecer e agradar ao meu Deus de forma perfeita?'

    6. O prximo novo comeo que temos por ocasio da indicao do rei de Israel. Na histria de Saul, temos a mais solene advertncia a respeito da necessidade de perfeita e completa obedincia por parte do homem a quem Deus vai estabelecer como governador do Seu povo. Samuel ordenou a Saul (1 Sm 10.8) que esperasse sete dias por ele para vir e sacrificar, e para lhe dizer o que fazer. Quando Samuel demorou (13.8-14), Saul resolveu tomar para si a responsabilidade de sacrificar. Ao chegar, Samuel lhe disse: Procedeste nesciamente em no guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou ... J agora no subsistir o teu reino ... porquanto no guardaste o que o Senhor te ordenou. Deus no vai honrar o homem que no obediente.

    Saul recebeu uma segunda oportunidade para mostrar o que lhe estava no corao. Ele enviado para executar o juzo de Deus sobre Amaleque. Ele obedece. Ele rene um exrcito de duzentos mil homens, empreende a marcha pelo deserto, e destroi Amaleque. Mas apesar de Deus haver ordenado ... destroi totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes..., ele poupou o melhor do gado e Agague. Deus fala com Samuel: Arrependo-me de haver constitudo Saul rei, porquanto deixou de me seguir e no executou as minhas palavras. Quando Samuel chega, Saul lhe diz duas vezes: executei as palavras do Senhor; dei ouvidos voz do Senhor e segui o caminho pelo qual o Senhor me enviou. Muitos at pensaro que ele obedeceu mesmo, mas a sua obedincia no foi completa. Deus demanda obedincia exata, completa. Deus havia dito destroi totalmente, nada lhe poupes! E isso ele no fez. Ele poupou o melhor das ovelhas para sacrificar diante de Deus. E Samuel disse: Eis que o obedecer melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele tambm te rejeitou a ti, para que no sejas rei. Triste exemplo de tanta obedincia que executa parte do mandamento de Deus, e contudo no a obedincia requerida por Deus!

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    O veredito de Deus a respeito de todo pecado e de toda desobedincia : Destroi tudo! No poupe nada! Queira Deus nos revelar onde de fato estamos agindo como Ele quer, procurando destruir completamente e no poupando nada que no esteja em perfeita harmonia com Sua vontade. Somente a obedincia de todo o corao, nos mnimos detalhes, pode satisfazer a Deus. Que nada menos que isso satisfaa voc; para no acontecer que, dizendo ns Eu obedeci, Deus diga Tu rejeitaste a palavra do Senhor.

    7. Vejamos mais um exemplo do Antigo Testamento. Depois do livro de Deuteronmio, o de Jeremias o que mais contm a palavra obedecer, embora infelizmente na maioria das vezes em conexo com o lamento de que o povo no obedeceu. Deus resume todo o Seu trato com os pais nesta nica palavra: Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifcios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: DAI OUVIDOS MINHA VOZ, E EU SEREI O VOSSO DEUS (7.22.23).

    Quem dera aprendssemos que tudo que Deus fala a respeito de sacrifcios, at mesmo do sacrifcio do Seu amado Filho, subordina-se a essa nica coisa a restaurao da Sua criatura completa obedincia. No h outra entrada para a plena compreenso do significado da palavra EU SEREI O VOSSO DEUS a no ser esta: DAI OUVIDOS MINHA VOZ.

    III. VEJAMOS, AGORA, O NOVO TESTAMENTO 1. Lembramos de imediato de nosso amado Senhor, e o destaque que Ele d

    obedincia como a razo por que Ele veio a este mundo. Ele, que entrou no mundo dizendo Eis aqui estou, para fazer, Deus, a tua vontade (Hb 10.7,9), sempre confessou aos homens: ... porque no procuro a minha prpria vontade, e sim a daquele que me enviou (Jo 5.30). A respeito de tudo que Ele fez e tudo que Ele sofreu, at mesmo a morte, Ele disse: Este mandato (mandamento) recebi de meu Pai (Jo 10.18). Se repararmos no Seu ensino, encontraremos a todo momento que a obedincia que Ele prestou a que Ele requer de todo o que pretende ser Seu discpulo.

    Durante todo o Seu ministrio, do incio ao fim, a obedincia A PRPRIA ESSNCIA DA SALVAO. No Sermo do Monte, Ele comeou com a obedincia: Ningum pode entrar no reino dos ceus, seno aquele que faz a vontade de meu Pai, que est nos ceus (Mt 7.21). E no sermo de despedida, quo maravilhosamente Ele revela o carter espiritual da verdadeira obedincia como nascida do amor e inspirada por ele, e como ela abre o caminho para o amor de Deus. Guarde no corao estas maravilhosas palavras: Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dar outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco,... Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse o que me ama; e aquele que me ama ser amado por meu Pai, e eu tambm o amarei e me manifestarei a ele. Se algum me ama, guardar a minha palavra; e meu Pai o amar, e viremos para ele e faremos nele morada (Jo 14.15,16,21,23).

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    No h forma mais simples nem mais poderosa de expressar o inconcebivelmente glorioso lugar que Cristo d obedincia, com suas duas possibilidades: 1) A obedincia s possvel a um corao que ama; 2) Ela possibilita tudo o que Deus tem para dar do Seu Santo Esprito, do Seu maravilhoso amor, da Sua habitao interior em Cristo Jesus. No conheo nenhuma outra passagem das Escrituras que conceda maior revelao da vida espiritual, ou do poder da amorosa obedincia como a sua principal condio. Oremos fervorosamente a Deus que, pelo Seu Santo Esprito, a luz desta verdade transfigure nossa obedincia diria com sua glria celestial.

    Repare como isso tudo se confirma no prximo captulo. Quo bem conhecemos a parbola da videira! Quantas vezes e com que fervor temos perguntado como podemos permanecer continuamente em Cristo. Temos pensado em mais estudo da Palavra, mais f, mais orao, mais comunho com Deus, e deixamos de reparar a verdade to simples que Jesus ensina com tanta clareza: Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, juntamente com a divina confirmao do Seu testemunho: ... assim como tambm eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneo (Jo 15.10). Tanto para Ele como para ns, a nica forma que existe para permanecer no amor divino guardar os mandamentos. Deixe-me perguntar: voc sabia isto, voc ouviu algum pregar isto, voc tem crido e provado essa verdade na sua experincia, que a obedincia na terra a chave para alcanar o amor de Deus no ceu? A no ser que haja alguma correspondncia entre o perfeito amor de Deus no ceu, e nossa completa e amorosa obedincia na terra, impossvel que Cristo Se manifeste a ns; Deus no pode fazer em ns morada, e ns no podemos permanecer em Seu amor.

    2. Se passarmos de nosso Senhor Jesus para os Seus apstolos, veremos no livro de Atos duas palavras de Pedro, que revelam que o ensino de nosso Senhor penetrou no Apstolo. Na primeira, ... o Esprito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem (5.32) ele comprova que conhecia aquilo que havia sido a preparao para o Pentecoste: a rendio a Cristo. Na outra, Julgai se justo diante de Deus ouvir-vos antes a vs outros do que a Deus... (4.19) aqui temos o lado humano da obedincia: ela para ser at a morte; nada neste mundo pode atrever-se nem consegue impedi-la no homem que se deu a si mesmo a Deus.

    3. Na Epstola de Paulo aos Romanos, encontramos, no incio e no final, a expresso a obedincia por f, entre todos os gentios (1.5; 16.26), como o propsito para o qual ele havia sido feito apstolo. Ele fala daquilo que Deus operou para tornar obedientes os gentios. Ele ensina que, da mesma forma que a obedincia de Cristo nos torna justos, ns nos tornamos servos da obedincia para a justia (6.16). Da mesma forma que a desobedincia em Ado e em ns foi o que gerou a morte, assim a obedincia, em Cristo e em ns, aquilo que o Evangelho revela como o caminho da restaurao a Deus e do Seu favor.

    4. Todos ns conhecemos bem como o apstolo Tiago nos adverte para que no sejamos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes, e como ele explica como Abrao foi justificado e teve sua f aperfeioada atravs das suas obras.

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    5. Na Primeira Epstola de Pedro, temos apenas de olhar o primeiro captulo, para ver o lugar que a obedincia tem a seus olhos. No verso 2, ele se dirige aos eleitos, segundo a prescincia de Deus Pai, em santificao do Esprito, para a obedincia e a asperso do sangue de Jesus Cristo, indicando-nos que a obedincia o eterno propsito do Pai, o grande objetivo da obra do Esprito, e a principal parte da salvao de Cristo. No verso 14, ele escreve Como filhos da obedincia, nascidos dela, caracterizados por ela, sujeitos a ela, tornai-vos santos tambm vs mesmos em todo o vosso procedimento. A obedincia O PRINCPIO DA VERDADEIRA SANTIDADE. No verso 22, lemos Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obedincia verdade a aceitao da verdade de Deus no consistiu em mero assentimento intelectual ou mesmo em forte emoo; ela foi a sujeio da vida ao domnio da verdade de Deus; a vida crist consistiu acima de tudo, e em primeiro lugar, em obedincia.

    6. A respeito do apstolo Joo, todos sabemos quo enrgicas so as suas afirmaes. Aquele que diz: Eu o conheo e no guarda os seus mandamentos mentiroso... (1 Jo 2.4). A obedincia A NICA PROVA DO CARTER CRISTO. Filhinhos, no amemos de palavra, nem de lngua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso corao; ... Amados, se o corao no nos acusar, temos confiana diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe agradvel (1 Jo 3.18,19,21,22). A obedincia o segredo da boa conscincia, e da confiana de que Deus nos ouve. Porque este o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos... (1 Jo 5.3). A obedincia que guarda seus mandamentos: esse o uniforme com que se revela o amor invisvel, e pelo qual ele se torna conhecido.

    este o lugar que a obedincia ocupa nas Escrituras Sagradas, na mente de Deus, e no corao dos Seus servos. justo que perguntemos: este o lugar que a obedincia ocupa em meu corao e na minha vida? Ser que temos de fato dado obedincia esse supremo lugar de autoridade sobre ns, que Deus deseja que ela ocupe, como a inspirao de toda e qualquer ao, e de cada movimento em direo a Deus?

    Se nos submetermos ao exame do Esprito de Deus, talvez descubramos que nunca demos obedincia o seu devido lugar em nosso estilo de vida, e que essa falha a causa de todo nosso fracasso na orao e no trabalho. Talvez descubramos que as mais profundas bnos da graa de Deus, e o completo gozo do amor de Deus e de sua presena tenham estado alm do nosso alcance simplesmente porque a obedincia nunca foi aquilo que Deus pretende que ela seja o ponto de partida e o alvo da nossa vida crist.

    Que este nosso primeiro estudo desperte em ns um sincero desejo de conhecer completamente a vontade de Deus a respeito desta verdade. Vamo-nos unir em orao para que o Santo Esprito possa nos mostrar quo deficiente a vida crist onde a obedincia no regula tudo; como essa vida pode ser substituda por uma vida de completa rendio a uma absoluta obedincia; e quo certo que Deus, em Cristo, nos h de capacitar a viver essa vida.

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    Captulo 2 A OBEDINCIA DE CRISTO

    Por meio da obedincia de um s, muitos se tornaro justos. No sabeis que... sois servos... da obedincia para a justia? (Rm 5.19, 6.16).

    Pela obedincia de um s, muitos se tornaro justos. Estas palavras nos dizem o que devemos a Cristo. Da mesma forma que em Ado nos tornamos pecadores, em Cristo fomos feitos justos. Essas palavras nos dizem tambm a que, em Cristo, devemos nossa justia.

    Como a desobedincia de Ado nos fez pecadores, a obedincia de Cristo nos tornou justos. Devemos tudo obedincia de Cristo. De todos os tesouros da nossa herana em Cristo este um dos mais ricos. Quantos nunca se dedicaram a estud-lo, de forma que chegassem a am-lo e a se deleitar nele, e a receber a plena bno desse tesouro! Queira Deus, por Seu Esprito Santo, revelar-nos sua glria, e fazer-nos participantes do seu poder.

    Com certeza, voc conhece a abenoada verdade da justificao pela f. Na Epstola aos Romanos, na seo que precede nosso texto (3.21-5.11), Paulo havia ensinado aquilo que o eternamente abenoado fundamento da justificao a propiciao do sangue de Cristo; a forma de se conseguir a justificao e seu meio a f na livre graa de Deus, que justifica o mpio; e quais so os seus abenoados frutos o dom da justia de Cristo, com imediato acesso ao favor de Deus, e a esperana da glria.

    Em nossa passagem ele agora segue revelando a mais profunda verdade da unio com Cristo pela f, na qual a justificao tem suas razes, e que torna possvel e correto que Deus nos receba em Sua presena. Paulo retrocede at Ado e nossa unio com ele, com todas as consequncias decorrentes dessa unio, para provar quo razovel, quo perfeitamente natural (no mais literal sentido da palavra) que aqueles que recebem Cristo pela f, e que desta forma so unidos a Ele, se tornem participantes da Sua justia e da Sua vida.

    nesse argumento que ele destaca de forma especial o contraste entre a desobedincia de Ado, com a condenao e morte que ela acarretou, e a obedincia de Cristo, com a justia e a vida que ela traz. medida que estudarmos o lugar que a obedincia de Cristo ocupa na Sua obra para nossa salvao, e virmos nela o prprio fundamento da nossa redeno, haveremos de ver qual deve ser o lugar da obedincia em nosso corao e em nossa vida. ... pela desobedincia de um s homem, muitos de tornaram pecadores... Como isto aconteceu?

    Havia uma dupla conexo entre Ado e seus descendentes a judicial e a vital.

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    CONEXO JUDICIAL E CONEXO VITAL Atravs da conexo judicial, a raa inteira, mesmo os que ainda no haviam

    nascido, recebeu uma a sentena de morte. ... reinou a morte desde Ado at Moiss, mesmo sobre aqueles como por exemplo as criancinhas que no pecaram semelhana da transgresso de Ado (Rm 5.14). Essa relao judicial se fundamentava na conexo vital. A sentena no poderia ter sido proferida sobre eles, se no estivessem em Ado.

    E a conexo vital se tornou a manifestao da judicial; cada filho de Ado entra nesta vida debaixo do poder do pecado e da morte. Pela desobedincia de um s homem, muitos se tornaram pecadores, tanto por sua posio, sujeitos maldio do pecado como pela sua natureza, sujeitos ao seu poder. Ado ... prefigurava aquele que havia de vir (Rm 5.14), e que chamado o Segundo Ado1, o Segundo Pai da raa humana.

    A desobedincia de Ado, em seus efeitos, a exata semelhana daquilo que a obedincia de Cristo se tornou para ns. Quando um pecador cr em Cristo, ele se une a Cristo, e imediatamente, por uma sentena judicial, declarado e aceito como justo na presena de Deus. O relacionamento judicial se fundamenta no relacionamento vital. Ele passa a possuir a justia de Cristo unicamente por possuir o prprio Cristo, e por estar nEle. Antes mesmo de saber qualquer coisa sobre o que significa estar em Cristo, ele pode com segurana saber que est livre de acusao e que foi aceito por Deus.

    Mas da em diante ele conduzido a conhecer a sua conexo vital, e a compreender que, da mesma forma que era real e completa a sua participao na desobedincia de Ado (com a morte e com a natureza pecaminosa), assim tambm real a sua participao na obedincia de Cristo, tanto com a justia como com a vida e a natureza obediente dela decorrentes.

    Vamos examinar e entender isso: Atravs da desobedincia de Ado, somos feitos pecadores. A nica coisa que Deus exigiu de Ado no Paraso foi a obedincia. A nica forma de a criatura glorificar a Deus, ou gozar Seu favor e bno, a obedincia. A nica razo por que o poder do pecado entrou no mundo, juntamente com a runa que ele provocou, foi a desobedincia.

    Toda a maldio do pecado que pesa sobre ns se deve desobedincia a ns imputada. Todo o poder do pecado que atua em ns, nada mais do que isto assim como recebemos a natureza de Ado, tambm herdamos dele a sua desobedincia ns nascemos como filhos da desobedincia (Ef 2.2). evidente que A PRINCIPAL TAREFA DE CRISTO era remover essa desobedincia sua maldio, seu domnio, sua natureza maligna e suas obras. A desobedincia era a raiz de todo pecado e de toda misria. O principal objetivo da Sua salvao era remover a raiz maligna, e restaurar o homem ao seu destino original uma vida de obedincia a seu Deus. Como Cristo fez isso? Acima de tudo, por vir como o Segundo Ado2, para desfazer o que o primeiro havia feito.

    1 Conforme 1 Corntios 15.45-49, Cristo o 'ltimo Ado', e o 'segundo homem'. Nota do Tradutor. 2 ltimo Ado. Nota do Tradutor.

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    O pecado nos levou a crer que era uma humilhao sempre procurar conhecer e fazer a vontade de Deus. Cristo veio para nos mostrar a nobreza, a felicidade da obedincia, e quo excelente ela . Quando Deus nos concedeu a roupagem da humanidade, no sabamos que a sua beleza, sua imaculada pureza, era a obedincia a Deus. Cristo veio e vestiu essa roupagem para que Ele nos pudesse mostrar como us-la, e como poderamos, com ela, entrar na presena e na glria de Deus. Cristo manifestou-Se para vencer, e assim remover nossa desobedincia, e substitu-la por Sua prpria obedincia em ns.

    To universal, to poderosa, to penetrante quanto foi a desobedincia de Ado, sim, e muito mais do que isso, o poder da obedincia de Cristo. O alvo da vida de obedincia de Cristo foi triplo: 1) Como um Exemplo, para nos mostrar o que a verdadeira obedincia. 2) Como nossa Segurana, por Sua obedincia Ele cumpriu toda a justia por ns. 3) Como nossa Cabea, para prover uma nova e obediente natureza para repartir conosco. Desta forma, Ele morreu, tambm, para nos mostrar que Sua obedincia significa a possibilidade de obedecer ao mximo, de morrer por Deus; que ela significa a pacincia vicria e a expiao da culpa da nossa desobedincia; que ela significa morrer para o pecado como meio de entrar na vida de Deus para Ele e para ns.

    A desobedincia de Ado, em todas as suas ramificaes, foi removida e substituda pela obedincia de Cristo.

    Judicialmente, por esta obedincia, somos feitos justos. Exatamente da forma como fomos feitos pecadores pela desobedincia de Ado, somos imediatamente e completamente justificados e libertos do poder do pecado e da morte: estamos diante de Deus como homens justos.

    Vitalmente porque o judicial e o vital so to inseparveis como no caso de Ado somos feitos um com Cristo em Sua morte e ressurreio, de forma que estamos to verdadeiramente mortos para o pecado e vivos para Deus, como Ele est. E a vida que recebemos nEle no outra seno a vida de obedincia.

    Que cada um de ns que deseja conhecer o que a obedincia considere muito bem: a obedincia de Cristo que o segredo da justia e da salvao que eu encontro nEle. A obedincia a prpria essncia dessa justia: obedincia salvao.

    Sua obedincia, antes de tudo para ser aceita, para nela confiar, e nela me regozijar, para cobrir e devorar e dar fim minha desobedincia, isso o fundamento imutvel, do qual nunca devo me esquecer esse o fundamento da minha aceitao. E ento, Sua obedincia exatamente como a desobedincia de Ado era o poder que governava minha vida, o poder da morte em mim a Sua obedincia se torna o poder vivificante da nova natureza em mim.

    Ento entendo por que Paulo nessa passagem une to estreitamente a justia com a vida. Se, pela ofensa de um e por meio de um s, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundncia da graa e o dom da justia reinaro em vida por meio de um s, a saber, Jesus Cristo (Rm 5.17), mesmo aqui neste mundo. ... veio a graa sobre todos os homens para a justificao que d vida (Rm 5.18).

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    Quanto mais cuidadosamente compararmos o primeiro e o Segundo Ado, e virmos como no primeiro Ado a morte e a desobedincia reinaram em seus descendentes da mesma forma que nele mesmo, e que ambas foram igualmente transmitidas pela unio com ele, tanto mais se fortalecer em ns a convico de que a obedincia de Cristo igualmente para ns, no apenas por imputao, mas por posse pessoal.

    A obedincia to inseparvel dEle que, receber a Ele e a Sua vida, receber Sua obedincia. Quando recebemos a justia que Deus nos oferece to graciosamente, ela imediatamente nos dirige a ateno para a obedincia da qual nasceu, com a qual a inseparavelmente una, e unicamente na qual pode viver e florescer.

    Veja como essa conexo se manifesta no prximo captulo. Depois de discorrer sobre nossa vida unio com Cristo, Paulo, pela primeira vez nesta epstola (6.12) d uma ordem: No reine, portanto, o pecado... mas oferecei-vos a Deus; e ento imediatamente segue ensinando que isso no significa outra coisa seno obedincia: No sabeis que... sois servos, seja do pecado para a morte ou da obedincia para a justia? (6.16). A sua relao com a obedincia coisa prtica; vocs foram libertos da desobedincia (a de Ado e a sua prpria), e agora se tornaram servos da obedincia e isso para a justia.

    A obedincia de Cristo foi para justia a justia que a ddiva de Deus para vocs. A sua sujeio obedincia o nico caminho em que seu relacionamento com Deus e com a justia pode ser mantido. A obedincia de Cristo para justia o nico incio de vida para vocs; sua obedincia para justia a nica forma de manter isso. H somente uma lei tanto para a Cabea como para os membros. To certo como tudo era em relao a Ado e seus descendentes, desobedincia e morte, assim tambm com Cristo e seus descendentes, obedincia e vida.

    O que unia Ado e sua descendncia, o que os tornava semelhantes, era a desobedincia. O que une Cristo e Seus descendentes, o sinal de semelhana entre eles a obedincia. Foi a obedincia que fez de Cristo o objeto do amor do Pai (Jo 10.17,18) e fez dEle o nosso Redentor; SOMENTE A OBEDINCIA que pode nos dirigir no caminho da permanncia nesse amor (Jo 14.21,23) e do gozo dessa redeno. ... por meio da obedincia de um s, muitos se tornaro justos (Rm 5.19).

    Tudo depende do nosso conhecimento e da nossa participao na obedincia, como a entrada e o caminho da completa fruio da justia. No ato da converso, a justia conferida f, de uma vez por todas, completamente e para sempre, com pouco ou nenhum conhecimento a respeito da obedincia. Mas medida que a justia de fato crida e medida que h submisso a ela e ela assume completo domnio sobre ns, como servos da justia, medida que a buscamos, ela nos abrir a sua abenoada natureza, proveniente da obedincia, e dessa forma sempre nos conduzindo de volta a sua divina origem. Quanto mais verdadeira a nossa posse da justia de Cristo, no poder do Esprito, tanto mais intenso ser nosso desejo de comungar a obedincia de onde ela provm.

    luz disso, vamos ESTUDAR A OBEDINCIA DE CRISTO, para que, como Ele, possamos viver como servos da obedincia para a justia.

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    1. Em Cristo, essa obedincia era um princpio de vida. Obedincia, para Ele, no significava um simples ato de obedincia aqui e ali, nem mesmo uma srie de atos, mas o esprito de toda a Sua vida. Eu vim no para fazer a minha prpria vontade. Eis-me aqui, Deus, para fazer a tua vontade. Ele veio ao mundo com um s propsito. Ele viveu unicamente para cumprir totalmente a vontade de Deus. O poder controlador supremo e nico da Sua vida foi a obedincia.

    Ele est desejoso para produzir isso mesmo dentro de ns. Foi isso que Ele prometeu, quando disse: ... qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse meu irmo, irm e me (Mt 12.50). O que une a famlia a vida comum compartilhada por todos e a semelhana entre uns e outros. O nosso elo com Cristo que Ele e ns juntos fazemos a vontade de Deus.

    2. Em Cristo, essa obedincia era uma alegria. Eu me alegro em fazer a Tua vontade, Deus. A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou. Nosso alimento refrigrio e revigorante. O homem sadio come seu alimento com gratido. Mas alimento mais do que satisfao ele essencial vida. Dessa forma, fazer a vontade de Deus era o alimento desejado por Cristo, sem o qual Ele no podia viver, era a nica coisa que saciava a Sua fome, a nica coisa que O revigorava e fortalecia e O tornava grato. algo assim que Davi queria dizer quando disse que as palavras de Deus eram mais doces que o mel e o destilar dos favos. medida que compreendemos isso e o aceitamos, a obedincia se tornar mais natural e necessria para ns, e mais vivificante do que nosso po dirio.

    3. Em Cristo, essa obedincia conduziu a uma espera na vontade de Deus. Deus no revelou toda a Sua vontade a Cristo de uma s vez, mas dia a dia, de acordo com as circunstncias do momento. Em Sua vida de obedincia houve crescimento e progresso; a lio mais difcil veio por ltimo. Cada novo ato de obedincia O capacitou para descobrir a prxima instruo do Pai. Ele disse ... abriste os meus ouvidos... agrada-me fazer a tua vontade, Deus meu... (Sl 40.6,8). medida que a obedincia se torna a paixo de nossa vida que os ouvidos nos so abertos pelo Esprito de Deus, para aguardar a Sua instruo, e passamos a no nos contentar com nada menos que a Sua vontade para ns.

    4. Em Cristo, essa obedincia era at a morte. Quando Ele disse ... no procuro a minha prpria vontade, e sim a daquele que me enviou (Jo 5.30), Ele estava pronto a ir s ltimas consequncias para negar Sua prpria vontade e fazer a vontade do Pai. Era isso que Ele queria dizer. Em nada a minha vontade; a vontade de Deus a qualquer custo. Essa a obedincia para a qual Ele nos convida e para a qual Ele nos capacita. Essa rendio de todo o corao obedincia em tudo a nica obedincia verdadeira, o nico poder que nos capacitar a fazer o que temos de fazer. Prouvera a Deus que os cristos pudessem entender que nada menos do que isso leva a alma gratido e capacitao! Enquanto houver alguma dvida sobre a total obedincia, e com isso um escondido senso de que se pode falhar, havemos de perder a confiana que nos assegura a vitria. Mas no momento em que pusermos o Senhor perante ns, como Quem realmente exige completa obedincia, e nos empenharmos por ela, e virmos que nada podemos Lhe oferecer menos que isso, nos entregaremos obra do divino poder, que, pelo Esprito Santo, haver de reger nossa vida toda.

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    5. Em Cristo, essa obedincia provinha da mais profunda humildade. Tende em vs o mesmo sentimento que houve tambm em Cristo Jesus, pois ele ... assumindo a forma de servo ... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente at a morte (Fp 2.5-8). o homem totalmente desejoso, que se esvazia a si mesmo, que est desejoso de ser e viver como o servo, um servo da obedincia, que est desejoso de ser humilhado completamente diante de Deus e do homem, a esse homem que a obedincia de Jesus se revelar na sua beleza celestial e em seu poder irresistvel. Pode ser que existe uma forte vontade, que secretamente confia em si mesma, que se esfora para obedecer, e falha. medida que nos curvarmos diante de Deus em humildade, mansido, pacincia, e completa rendio Sua vontade, e estivermos dispostos a nos curvar em total dependncia e incapacidade diante dEle, medida que nos desviarmos do nosso egosmo, que nos ser revelado que obedecer a esse glorioso Deus a mais abenoada tarefa de qualquer criatura!

    6. Em Cristo, essa obedincia era fruto da f em completa dependncia da capacitao de Deus. Eu nada posso fazer de mim mesmo (Jo 5.30). ... o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras (Jo 14.10). A entrega sem reservas do Filho vontade do Pai resultou na incessante operao do gracioso e ilimitado poder do Pai na vida do Filho. exatamente isso que acontecer conosco. Se aprendermos que a submisso de nossa vontade a Deus sempre a medida da Sua dispensao do Seu poder em ns, chegaremos compreenso de que uma rendio completa obedincia nada mais do que completa confiana de que Deus h de operar tudo em ns.

    A promessa de Deus na Nova Aliana consiste nisto: O Senhor, teu Deus, circuncidar o teu corao ... para amares o Senhor, teu Deus, de todo o corao e de toda a tua alma... (Dt 30.6). Porei dentro de vs o meu Esprito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juzos e os observeis (Ez 36.27). Creiamos, da mesma forma que o Filho, que Deus opera tudo em ns, e haveremos de ter a coragem de nos lanar numa obedincia sem reservas uma obedincia at a morte.

    Essa entrega a Deus se tornar a entrada na bendita experincia de nos conformarmos com o Filho de Deus em fazer a vontade do Pai, porque Ele contava com a capacitao do Pai. Que nos demos totalmente a Deus. Ele h de operar tudo em ns. Por acaso vocs no sabem que, justificados pela obedincia de Cristo, so como Ele, e nEle so servos da obedincia para a justia? na obedincia de Um s que a obedincia de muitos tem as suas razes, sua vida, sua segurana. Concentremos nossa ateno em Cristo, examinemos a Sua vida de obedincia, e creiamos como Ele creu, como nunca antes. Que seja esse o Cristo que recebemos e amamos, e imagem do qual procuramos nos conformar.

    Da mesma forma que a Sua justia nossa nica esperana, que seja a Sua obedincia o nosso nico desejo. Que nossa f nEle comprove sua sinceridade e sua confiana no poder sobrenatural de Deus operando em ns por meio de Cristo, o obediente, nossa verdadeira vida, como o Cristo que habita em ns.

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    Captulo 3 O SEGREDO DA VERDADEIRA OBEDINCIA

    Ele aprendeu a obedincia (Hb 5.8).

    O segredo da verdadeira obedincia deixe-me dizer de imediato o que eu creio que seja o livre e ntimo relacionamento pessoal com Deus. Todos os nossos esforos pela plena obedincia havero de falhar a no ser que nos acheguemos a essa permanente comunho com Ele. a santa presena de Deus, a conscincia da Sua morada em ns, que nos guarda de desobedecer a Ele.

    Obedincia deficiente sempre resultado de uma vida deficiente. Tentar melhorar e animar essa vida defeituosa por meio de argumentos e incentivos tem l seus benefcios, mas a maior bno que devem produzir fazer-nos sentir a necessidade de uma vida diferente, uma vida to completamente sujeita ao poder de Deus que a obedincia seja seu fruto natural.

    A vida defeituosa, a vida de comunho com Deus irregular ou truncada, tem de ser curada, e tem de dar lugar a uma vida inteiramente sadia; a ento se tornar possvel a obedincia completa. O segredo da obedincia verdadeira o retorno ntima e contnua comunho com Deus. Ele aprendeu a obedincia (Hb 5.8). E por que isso foi necessrio? E qual a bno que Ele nos concede? Oua: ... (Ele) aprendeu a obedincia pelas coisas que sofreu e, ... tornou-se o Autor da salvao eterna para todos os que lhe obedecem.

    O sofrimento no natural para ns; por isso nos conclama rendio de nossa vontade. Cristo teve de sofrer para que nele pudesse aprender a obedecer e abdicar da Sua vontade em favor do Pai a qualquer custo. Ele teve de aprender a obedincia para que, como nosso grande Sumo Sacerdote, pudesse ser aperfeioado. Ele aprendeu a obedincia, Ele tornou-Se obediente at a morte, para que pudesse tornar-Se o autor da nossa salvao. Ele se tornou o autor da salvao atravs da obedincia, para que pudesse salvar aqueles que lhe obedecem.

    Da mesma forma que para Ele a obedincia era absolutamente necessria para conquistar a salvao, para ns ela absolutamente essencial para herdar essa salvao. A essncia da salvao a obedincia a Deus. Cristo, como Aquele que foi obediente, nos salva e nos torna obedientes para Si. Quer seja em Seu sofrimento na terra, quer na Sua glria no ceu, quer em Si mesmo ou em ns, na obedincia que Seu corao est centrado. Aqui na terra, Cristo era aluno na escola da obedincia; no ceu, Ele a ensina a Seus discpulos que esto aqui na terra. Num mundo onde reina a desobedincia para a morte, a restaurao da obedincia est nas mos de Cristo. Da mesma forma que em Sua vida, assim tambm em ns, Seu propsito conservar a obedincia. Ele a ensina e a opera em ns. Vamos, agora, pensar no que e como Ele ensina: talvez descubramos quo pouco nos temos dedicado como alunos nessa escola, onde a nica lio por

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    aprender a obedincia. Quando se pensa numa escola normal, as principais coisas de que lembramos so: 1) o professor; 2) o livro texto; 3) os alunos. Vejamos o que so esses elementos na escola da obedincia de Cristo.

    I. O PROFESSOR Ele aprendeu a obedincia. E agora que Ele a ensina, Ele o faz antes de tudo e

    principalmente por revelar o segredo da Sua prpria obedincia ao Pai. Eu mencionei que o poder da obedincia verdadeira reside no livre relacionamento pessoal com Deus. Assim foi com nosso Senhor Jesus. Ele disse a respeito de tudo o que ensinou: Porque eu no tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu mandamento a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo (Jo 12.49,50).

    Isso no significa que Cristo recebeu os mandamentos de Deus na eternidade como parte da comisso do Pai para Ele ao entrar neste mundo. No. Dia aps dia, cada momento medida que Ele ensinava e trabalhava, Ele viveu, como homem, em contnua comunicao com o Pai e recebeu as instrues do Pai medida que necessitava delas. Ele por acaso no disse que o Filho nada pode fazer de si mesmo, seno somente aquilo que vir fazer o Pai; ... Porque o Pai ... lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrar... (Jo 5.19,20). ... na forma por que ouo, julgo... (Jo 5.30); ... no sou eu s, porm eu e aquele que me enviou (Jo 8.16); As palavras que eu vos digo no as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras (Jo 14.10)? Em todo lugar se v uma dependncia da constante e permanente comunho e operao de Deus, um ouvir e ver daquilo que Deus fala e faz e revela. Nosso Senhor sempre falou do Seu prprio relacionamento com o Pai como tipo e promessa de nosso prprio relacionamento consigo mesmo, e com o Pai atravs dEle. Da mesma forma que ocorria com Ele, nossa vida de obedincia contnua impossvel sem constante comunho e permanente ensino.

    somente quando Deus entra em nossa vida, numa proporo e num poder que muitos nem ao menos consideram possvel, quando cremos em Sua presena como o Eterno e Aquele Sempre presente Deus, e quando aceitamos essa constante presena da mesma forma que o Filho a cria e recebia, que pode haver alguma esperana de uma vida na qual todo pensamento trazido cativo obedincia de Cristo. a imperativa necessidade de continuamente recebermos nossas ordens e instrues do Prprio Deus que encontramos implcito nestas palavras: DAI OUVIDOS MINHA VOZ, E EU SEREI O VOSSO DEUS. A expresso obedecer aos meus mandamentos pouco usada nas Escrituras; quase sempre se usa obedecer a Mim ou dar ouvidos Minha voz.

    Com o comandante de um exrcito, o professor de uma escola, o pai de famlia, no o cdigo de leis, embora claras e boas, com suas recompensas ou punies, que assegura a obedincia verdadeira; o que o faz A INFLUNCIA PESSOAL E VIDA, o amor estimulante e o entusiasmo. a alegria de sempre ouvir a voz do Pai que dar alegria e fora obedincia verdadeira. a voz dEle que d poder para obedecer a palavra; de nada vale a palavra sem a voz que a vivifica. Quo claramente vemos isso ilustrado no

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    contraste que encontramos em Israel. O povo ouviu a voz de Deus no Sinai e ficou com medo. Pediram a Moiss que Deus no mais falasse com eles. Queriam que Moiss recebesse a palavra de Deus e a trouxesse a eles. Eles pensavam apenas em termos de mandamentos; no sabiam que o nico poder para obedecer se encontra na presena de Deus e na Sua voz falando conosco. E assim, tendo apenas Moiss falando com eles, e com as tbuas de pedra, sua histria toda de desobedincia, porque eles temiam um contato direto com Deus.

    E a situao ainda assim hoje. Muitos, muitos cristos consideram muito mais fcil receber ensino de homens de Deus em vez de esperar em Deus para receb-lo dEle Mesmo. A f deles repousa na sabedoria dos homens, e no no poder de Deus. Aprendamos a grande lio de nosso Senhor, que aprendeu a obedincia ao esperar a cada momento para ver e ouvir o Pai, para ver o que Ele tem a nos ensinar. somente quando, como Ele, nEle e por meio dEle, andamos continuamente com Deus, e ouvimos Sua voz, que temos condies de conseguir oferecer a Deus a obedincia que Ele exige de ns e promete operar em ns. Das profundezas de Sua prpria vida e experincia, Cristo pode nos ensinar isso.

    Ore fervorosamente para que Deus possa lhe mostrar a tolice de tentar obedecer sem o mesmo poder que Cristo necessitou, e que Ele torne voc disposto a abrir mo de tudo para que voc tenha a mesma alegria de Cristo na presena do Pai durante todo dia.

    II. O LIVRO TEXTO A direta comunicao que Cristo mantinha com o Pai no significou

    independncia das Santas Escrituras. Na divina escola da obedincia h apenas um livro texto, quer seja para o Irmo mais velho quer para a criana mais nova.

    No Seu aprendizado da obedincia Ele usou o mesmo livro texto que ns temos de usar. Ele apelava Palavra no somente quando estava ensinando ou procurando convencer os outros Ele precisava dela e a usava para sua prpria orientao e vida espiritual. Do incio da Sua vida pblica at o seu final, Ele viveu pela Palavra de Deus. Est escrito foi a espada do Esprito com a qual Ele derrotou Satans. O Esprito do Senhor Deus est sobre mim: esta palavra das Escrituras era a certeza interior com que Ele iniciou a pregao do evangelho. Era luz de Para que as Escrituras se cumpram que Ele Se resignava a todo sofrimento, e at mesmo Se entregou morte. Depois da Sua ressurreio, Ele exps aos discpulos o que a seu respeito constava em todas as Escrituras (Lc 24.27).

    Nas Escrituras Ele encontrou o plano e o caminho que Deus Lhe havia traado. Ele Se entregou para cumprir tudo. Foi na Palavra de Deus e por meio dela que Ele recebeu o contnuo e direto ensino do Pai. Na escola da obedincia de Deus, a Bblia o nico livro texto. Isso nos revela a disposio com que temos de nos achegar Bblia com o desejo simples de encontrar nela aquilo que est registrado a respeito da vontade de Deus para ns, com o propsito de cumpri-la.

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    As Escrituras no foram escritas para aumentar nosso conhecimento, e sim para dirigir nossa conduta; a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2 Tm 3.17). Se algum quiser fazer a vontade dele, conhecer... (Jo 7.17). Aprenda de Cristo a considerar tudo que est nas Escrituras sobre a revelao de Deus, e do Seu amor, e do Seu conselho, como simples auxlios para o grande propsito de Deus: que o homem de Deus seja capacitado a fazer a Sua vontade, assim como ela feita no ceu; que o homem possa ser restaurado perfeita obedincia que o corao de Deus almeja acima de tudo, e que , somente ela, a grande alegria.

    Na escola da obedincia de Deus a Palavra o nico livro texto. Cristo teve necessidade do ensino de Deus, e recebeu instruo de Deus para saber como aplicar essa Palavra em Sua prpria vida e conduta, e para saber como posicionar-se com cada diferente poro da Palavra se se aplicava a Ele ou no. Ele que fala em Isaas: Ele me desperta todas as manhs, desperta-me o ouvido para que eu oua como os eruditos (Is 50.4). Mesmo assim, Aquele que dessa forma aprendeu a obedincia, no-la ensina dando-nos o Esprito Santo em nosso corao como o divino Intrprete da Palavra.

    Essa a grande obra do Esprito Santo que em ns habita aplicar a Palavra que lemos e na qual meditamos em nosso corao, e torn-la viva e poderosa ali, de forma que a palavra viva de Deus possa operar eficazmente em nossa vontade, nosso amor, em todo o nosso ser. por no compreendermos isso que a Palavra fica destituda de poder para operar a obedincia. Vou tentar falar sobre isso de forma muito franca.

    Ns nos regozijamos no crescente interesse que existe no estudo da Bblia, e com os testemunhos que ouvimos sobre o interesse renovado nela e nos benefcios recebidos por isso. Mas no nos enganemos. Podemos nos deliciar com o estudo da Bblia; podemos nos encher de admirao e nos sentir encantados com as novas revelaes da verdade de Deus; os pensamentos obtidos pelo estudo podem nos impressionar profundamente e despertar em ns os mais agradveis sentimentos religiosos; e no entanto ser muito pequena a sua influncia em nos tornar santos ou humildes, amorosos, pacientes, prontos tanto para servir como para sofrer. A razo por que isso pode acontecer que no recebemos a Palavra como ela de fato , como a Palavra do Deus vivo, que tem de falar conosco Ele mesmo, se que ela deve exercer sobre ns o seu divino poder.

    A letra da Palavra, embora a estudemos e nos deliciemos nela, no possui nenhum poder salvador ou santificador. A sabedoria humana e a vontade humana, embora redobrem seus esforos, no tm capacidade de dar nem de ordenar esse poder. O Esprito Santo o grande poder de Deus: somente medida que o Esprito Santo ensina voc, somente medida que o evangelho pregado a voc ou por homens ou por um livro, com o Esprito Santo enviado dos ceus, que ele realmente h de lhe dar, com cada mandamento, a capacidade de obedecer, e operar em voc a prpria ordem que Ele d.

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    Com o ser humano, conhecer e querer, querer e fazer, at mesmo querer e executar esto, por carncia de capacidade, muitas vezes separados, ou at mesmo divergentes. Mas isso nunca acontece com o Esprito Santo. Ele ao mesmo tempo a luz e o poder de Deus. Tudo o que Ele e faz e d tem em si tanto a verdade como o poder de Deus. Quando Ele mostra a voc o mandamento de Deus, Ele sempre o mostra como algo possvel e capaz de ser executado, como um dom e como a vida divinamente preparada para voc. E Aquele que os est revelando poderoso para comunic-los a voc.

    Amado estudante da Bblia, aprenda a crer que somente quando Cristo, pelo Esprito Santo, ensina voc a compreender a Palavra e a receb-la em seu corao, que Ele pode de fato ensinar voc a obedecer como Ele mesmo obedeceu. Creia, toda vez que voc abrir sua Bblia, que to certo como voc ouve a divina e santa Palavra inspirada pelo Esprito, assim o Pai, em resposta orao da f e dcil espera, conceder a vivificante operao do Esprito Santo ao seu corao. Faa com que todo o seu estudo da Bblia seja matria de f. No apenas prove e creia as verdades ou promessas que voc l. Isso pode ser feito pelo seu prprio esforo. Em vez disso, creia no Esprito Santo, na Sua presena em voc, na operao de Deus em voc atravs dEle.

    Receba a Palavra em seu corao, na tranquila f de que Ele o capacitar a am-la, a ajustar-se a ela, a guard-la; e nosso bendito Senhor Jesus far com que o livro seja para voc aquilo que foi para Ele, quando falou a respeito das coisas que esto escritas a Meu respeito. A Escritura toda se tornar na simples revelao daquilo que Deus far por voc, e em voc, e atravs de voc.

    III. O ALUNO J vimos como nosso Senhor nos ensina a obedincia por meio da revelao do

    segredo de como Ele mesmo a aprendeu, em Sua permanente dependncia do Pai. J vimos como Ele nos ensina a usar o Sagrado Livro como Ele o usou, como uma revelao divina daquilo que Deus tem preparado para ns, com o Esprito Santo revelando e capacitando.

    Se agora considerarmos o lugar que o crente ocupa na escola da obedincia como aluno, haveremos de entender melhor o que Cristo, o Filho, requer para efetuar em ns a Sua obra com eficcia. Num aluno dedicado h vrias coisas que despertam e estimulam sua simpatia para com um professor confivel. Ele se submete completamente sua liderana. Ele deposita perfeita confiana no professor. O aluno lhe dedica tanto tempo e ateno quanto o professor requer.

    quando nos apercebemos de que Cristo tem direito a tudo isso, e nos dobramos a isso, que podemos aguardar a experincia de quo maravilhosamente Ele pode nos ensinar uma obedincia como a que Ele mesmo viveu.

    1. O verdadeiro aluno, quer seja de um grande msico ou de um pintor, dedica a seu mestre uma confiante submisso de todo o seu corao. Quer seja na prtica das escalas quer seja na mistura das cores, no lento e paciente estudo dos elementos de sua arte, ele entende que sbio obedecer com simplicidade e inteireza. essa submisso de

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    todo o corao direo do Mestre, essa submisso implcita Sua autoridade, que Cristo requer. Ns nos achegamos a Ele suplicando que nos ensine a perdida arte de obedecer a Deus assim como Ele o fez. Ele nos pergunta se estamos dispostos a pagar o preo. Isso significa completa e total renncia de si mesmo! Isso significa abrir mo de nossa vontade e de nossa vida at a prpria morte! Isso significa estar pronto a fazer o que quer que Ele mande!

    A nica maneira de aprender algo pela prtica. A nica maneira de aprender a obedincia de Cristo abrir mo de sua vontade para Ele, e fazer da vontade dEle o grande desejo e prazer do seu corao. A no ser que voc se comprometa com a absoluta obedincia no momento em que voc entra nesta sala da escola de Cristo, ser impossvel fazer qualquer progresso.

    2. O verdadeiro discpulo de um grande mestre considera fcil render-lhe essa obedincia sem reservas pelo simples fato de que ele confia no mestre. Ele sacrifica com gratido a sua prpria sabedoria e vontade para ser guiado por outra superior. dessa confiana que precisamos para com nosso Senhor Jesus. Ele veio do ceu para aprender a obedincia, para que fosse capaz de ensin-la bem. A Sua obedincia o tesouro pelo qual no s o dbito da nossa desobedincia passada pago, mas por meio do qual a graa da nossa presente obedincia suprida.

    Em Seu divino amor e perfeita identificao com a natureza humana, em Seu divino poder sobre nosso corao e vida, Ele convida, Ele merece, Ele conquista nossa confiana. pelo poder da admirao pessoal, pela afeio Sua Pessoa, pelo poder do seu divino amor, por toda obra efetuada em nosso corao pelo Esprito Santo, despertando em ns um amor que corresponde ao dEle, que Ele desperta nossa confiana, e comunica a ns o verdadeiro segredo do sucesso na Sua escola. To absolutamente como confiamos nEle como o Salvador que nos resgata da nossa desobedincia, assim confiemos nEle como o Mestre que nos guiar para longe da desobedincia. Cristo nosso Profeta ou Professor.

    Um corao que com entusiasmo creia no Seu poder e capacidade como Professor descobrir, para a alegria dessa f, que fcil obedecer. a presena de Cristo conosco todo o dia que ser o segredo da obedincia verdadeira.

    3. Um aluno dedica a seu mestre toda a ateno e aplicao que ele solicitar. o mestre que diz quanto tempo tem de ser devotado ao contato pessoal e instruo.

    A obedincia a Deus uma espcie de arte celestial, nossa natureza to completamente avessa a ela, o caminho em que o Filho aprendeu a obedincia foi to lento e longo, que no nos devemos admirar se o aprendizado no vem de uma s vez. Nem devemos nos admirar se for necessrio muito mais tempo aos ps do Mestre em meditao, e orao, e espera, em dependncia e auto-sacrifcio, do que a grande maioria est disposta a dar. Mas disponhamos nosso corao a dar esse tempo.

    Em Cristo Jesus, a obedincia celestial se tornou humana outra vez, a obedincia se tornou nosso direito de nascena e nossa natureza: apeguemo-nos a Ele, creiamos na Sua presena em ns e roguemos por ela. Com Jesus Cristo, que aprendeu a obedincia como nosso Salvador, com Jesus Cristo, que ensina a obedincia como nosso Mestre,

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    podemos viver uma vida de obedincia. A Sua obedincia no podemos estudar a lio com excessivo fervor Sua obedincia a nossa salvao; nEle, no Cristo vivo, encontramos essa obedincia e dela participamos momento aps momento.

    Supliquemos a Deus que nos mostre como Cristo e Sua obedincia so de fato a nossa vida a cada momento: isso far de ns alunos que Lhe do totalmente o corao e todo o seu tempo. E Ele h de nos ensinar a guardar os Seus mandamentos e permanecer no Seu amor, da mesma forma que Ele guardou os mandamentos do Seu Pai e permaneceu no Seu amor.

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    Captulo 4 A VIGLIA MATINAL NA VIDA DE OBEDINCIA

    E, se forem santas as primcias da massa, igualmente o ser a sua totalidade; se for santa a raiz, tambm os ramos o sero (Rm 11.16).

    Quo maravilhosa e bendita a separao do primeiro dia da semana como um dia santo de descanso. No (como alguns pensam) que tenhamos apenas um dia de descanso e refrigrio espiritual no meio do cansao da vida, mas esse dia santo, no incio da semana, santifica todo o resto, ajudando-nos e capacitando-nos a cultivar a santa presena de Deus durante toda a semana, enquanto trabalhamos.

    Com as primcias santas, todo o resto santo; com a raiz santa, todos os ramos so tambm santos. Quo graciosa tambm a proviso sugerida por tantos tipos e exemplos do Antigo Testamento, pelos quais a hora matinal no incio do dia pode nos tornar capazes de assegurar a bno sobre todo o seu trabalho, e nos dar a garantia do PODER PARA A VITRIA sobre toda e qualquer tentao.

    Quo indizivelmente gracioso que na hora matinal o lao que nos une a Deus pode ser to firmemente amarrado que durante horas, quando temos de nos mover no meio da agitao dos homens e dos deveres, quando dificilmente se pode pensar em Deus, a alma pode ser guardada segura e pura; que a alma pode retirar-se, num tempo de adorao secreta, guardada por Ele, que a tentao s faz nos ajudar a nos unir mais ainda a Ele. Que motivo de louvor e alegria, que a viglia matinal possa renovar assim cada dia e fortificar a entrega a Jesus e a f nEle, que a vida de obedincia pode no apenas ser mantida com renovado vigor, mas possa de fato progredir de fora em fora.

    Eu gostaria de mostrar com alegria quo ntima e vital a conexo entre a obedincia e a viglia matinal. O desejo por uma vida de inteira obedincia dar novo significado e valor viglia matinal, assim como somente a viglia pode garantir a fora e a coragem necessrias para a plena obedincia.

    I. O PRINCPIO MOTIVADOR Pense antes de mais nada no princpio motivador que nos levar a amar e a

    guardar fielmente a viglia matinal. Se a tomarmos sobre ns meramente como uma obrigao, e como uma parte necessria da nossa vida religiosa, bem rapidamente ela se tornar um fardo. Ou, se o pensamento central for a nossa alegria e segurana, isso no vai fazer da viglia algo verdadeiramente atraente.

    H somente uma coisa que pode fazer isso o desejo por comunho com Deus. Foi para isso que fomos criados imagem de Deus. com isso que esperamos gastar a eternidade. somente isso que nos capacita para uma verdadeira e abenoada vida,

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    mesmo agora, ou no alm. Ter mais do prprio Deus, conhec-lO melhor, receber dEle a comunicao do Seu amor e da Sua fora, ter nossa vida cheia da dEle, para isso que Ele nos convida a entrar no recinto interior e fechar a porta. no oculto, na viglia matinal, que nossa vida espiritual tanto testada como fortalecida. ali o campo de batalha onde se decide cada dia se Deus h de ter tudo, se nossa vida h de ser de absoluta obedincia.

    Se verdadeiramente formos vencedores ali, livrando-nos de ns mesmos para as mos do Altssimo Senhor, garantimos a vitria durante o dia. ali, no lugar secreto, que daremos prova se realmente nos deleitamos em Deus, e nos decidiremos a am-lO com todo o nosso corao. Que essa seja, ento, nossa primeira lio: a presena de Deus a principal coisa em nosso tempo de devoo.

    Encontrar a Deus, dar-nos a ns mesmos Sua santa vontade, saber que somos agradveis a Ele, ouvi-lO dando-nos as Suas ordens, e colocando a Sua mo sobre ns, e nos abenoando, e nos dizendo Vai nessa tua fora quando a alma aprende que isso que ela deve buscar e encontrar na viglia matinal, dia aps dia, a que aprenderemos a desejar essa hora e nos deliciaremos nela.

    II. LER A BBLIA Vamos agora falar sobre ler a Palavra de Deus como parte do tempo que

    gastaremos na viglia matinal. A esse respeito tenho mais do que uma coisa que pretendo dizer.

    1. Uma delas que a no ser que vigiemos, a prpria Palavra, que se destina a nos conduzir a Deus, pode na verdade interferir e escond-lO de ns. A mente pode at estar ocupada e interessada e se deleitar naquilo que encontra, e contudo, pelo fato de isso ser mais conhecimento intelectual do que qualquer outra coisa, nos trar pouco benefcio. Se no nos conduz a esperar em Deus, a glorific-lO, a receber Sua graa e poder para tornar nossa vida mais grata e santa, esse conhecimento se tornar mais empecilho do que ajuda.

    2. Outra lio que no se pode repetir vezes demais, ou com demasiada veemncia, que somente mediante o ensino do Esprito Santo que podemos chegar ao real significado do que Deus quer dizer com Sua Palavra, e que a Palavra de fato tocar nossa vida interior, e h de operar em ns.

    O Pai celeste, que nos deu a Sua Palavra do ceu, com seus divinos mistrios e mensagem, fez habitar em ns o Seu Esprito, para nos explicar essa Palavra e para que nos apropriemos dela internamente. O Pai deseja que cada vez Lhe roguemos que nos ensine pelo Esprito Santo. Ele deseja que nos curvemos numa mansa e ensinvel atitude mental, e creiamos que o Esprito h de vivificar a Sua Palavra e faz-la operar nas profundezas ocultas do nosso corao. Ele deseja que nos lembremos que o Esprito nos foi dado para que sejamos guiados por Ele, pra que andemos aps Ele, para que nossa vida esteja totalmente debaixo do Seu comando; por isso Ele no pode nos ensinar pela manh a no ser que honestamente nos entreguemos Sua direo.

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    Mas se o fizermos e pacientemente esperarmos nEle, no para obter novas ideias, mas para receber o poder da Palavra em nosso corao, podemos contar com Seu ensino. Que seu lugar secreto seja a sala de aula, que sua viglia matinal seja a hora de estudo, em que seu relacionamento de inteira dependncia e submisso ao ensino do Esprito Santo sejam experimentados com Deus.

    3. Gostaria de fazer uma terceira observao, confirmando o que dissemos acima. o seguinte: estude sempre a Palavra de Deus com um esprito de inteira disposio para obedecer. Voc deve saber quantas vezes Cristo e Seus apstolos nas Epstolas falam sobre ouvir e no fazer. Se voc se acostuma a estudar a Bblia sem um sincero e definido propsito de obedecer, voc estar se endurecendo na desobedincia.

    Nunca leia a vontade de Deus a seu respeito sem honestamente comprometer-se a execut-la imediatamente, e pedir graa para faz-lo. Deus nos deu a Sua Palavra para nos dizer o que Ele quer que faamos e dizer da graa que Ele providenciou para nos capacitar a fazer o que Ele ordena. lamentvel pensar em algo to santo como ler essa Palavra sem um honesto esforo para obedecer-lhe! Queira Deus nos guardar desse terrvel pecado!

    Faamos nosso este sagrado hbito, dizer a Deus: Senhor, qualquer coisa que eu descobrir que Tua vontade, eu quero obedecer imediatamente. Leia sempre com um corao rendido em voluntria obedincia.

    4. Mais uma observao. Tenho falado at agora de mandamentos que j conhecemos, e que so facilmente compreendidos. Mas, lembre-se de que h muitos mandamentos para os quais talvez sua ateno nunca tenha sido dirigida, ou outros cuja aplicao to ampla que voc no os percebeu ainda.

    Leia a Palavra de Deus com o profundo desejo de conhecer toda a Sua vontade. Se h coisas que parecem difceis, mandamentos que parecem elevados demais, ou para os quais voc precisa de direo divina para saber como cumpri-los, e h muitos desse tipo que eles levem voc a buscar o ensino de Deus. No o texto mais fcil ou mais encorajador que traz maior bno, mas o texto, quer seja fcil ou difcil, que lana voc mais sobre Deus.

    O desejo de Deus que voc esteja cheio do conhecimento da Sua vontade em toda sabedoria e entendimento espiritual; no lugar secreto que essa obra maravilhosa ser feita. Lembre-se, somente quando voc sabe que Deus est dizendo a voc que faa algo que voc saber com certeza que Ele d o poder para faz-lo. somente medida que desejamos conhecer toda a vontade de Deus que Ele de tempo em tempo nos revelar mais dela, e ns seremos habilitados a execut-la.

    Que tremendo poder ser a viglia matinal na vida daquele que fizer uma firme resoluo de encontrar Deus ali; a renovar a sua entrega inteira obedincia; que humilde e pacientemente espera no Esprito Santo para ser ensinado de toda a vontade de Deus; e que recebe a certeza de que cada promessa dada a ele na Palavra infalivelmente se tornar realidade! Aquele que assim ora por si mesmo se tornar um verdadeiro intercessor em favor de outros.

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    III. A ORAO luz desses pensamentos que agora pretendo dizer algumas palavras sobre o

    que a orao deve ser na viglia matinal.

    1. Antes de tudo, assegure-se da presena de Deus.

    No se contente com nada menos do que ver a face de Deus, assegurando que Ele est contemplando voc em amor, e ouvindo e operando em voc. Se nossa vida diria deve ser cheia de Deus, quanto mais a hora matinal, que o nico lugar onde se pode conseguir o selo de Deus para a vida deste dia.

    Em nossa religio, nada queremos mais do que MAIS DE DEUS Seu amor, Sua vontade, Sua santidade, Seu Esprito vivendo em ns, Seu poder operando em ns em favor dos homens. No h, debaixo dos ceus, outra maneira de conseguir isso a no ser atravs de ntima e pessoal comunho. E no h horrio to apropriado para assegurar isso e para pratic-lo como a viglia matinal.

    A superficialidade e a fragilidade de nossa religio e do trabalho religioso provm toda de haver to pouco contato verdadeiro com Deus. Se verdade que somente Deus a fonte de todo amor e bondade e alegria, e que possuir tanto quanto possvel da Sua presena e Sua comunho, da Sua vontade e do Seu agir, representam a nossa mais verdadeira e profunda felicidade, ento com certeza comungar com Ele, sozinhos, na viglia matinal, deve ser NOSSO PRIMEIRO CUIDADO.

    O fato de Deus haver aparecido para eles e falado com eles era com todos os santos do Antigo Testamento o segredo da sua obedincia e da sua fora. D a Deus tempo em secreto para que Se revele a voc, para que a sua alma possa ser chamada de Peniel Porque eu vi a Deus face a face.

    2. Meu pensamento seguinte : faa com que a renovao da sua rendio completa obedincia naquele dia seja a principal parte do se sacrifcio matinal.

    Qualquer pecado que haja deve ser confessado com clareza defina claramente e abandone tudo o que esteja entristecendo a Deus. Ore tambm com clareza por graa por um andar santo e pea e receba em f a graa e a fora de que voc necessita de forma especial naquele momento. Que seu propsito para o dia que voc est comeando seja uma firme resoluo de que a obedincia a Deus ser o seu PRINCPIO CONTROLADOR.

    Entenda que no h caminho mais certo, ou melhor, no existe outro caminho possvel para entrar no amor de Deus e na bno da orao, do que entrar na Sua vontade. Em orao, entregue-se de forma mais absoluta bendita vontade de Deus: isso ser de maior proveito do que ficar pedindo muito.

    Suplique a Deus que lhe mostre essa grande misericrdia, que Ele lhe admitir voc, que Ele o capacitar a entrar na Sua vontade, e permanecer ali isso far com que conhecer e fazer a vontade Dele na sua vida se torna uma bendita certeza. Que a sua orao seja de fato um sacrifcio matinal, um colocar-se a si mesmo como um holocausto no altar do Senhor. A medida da entrega inteira obedincia ser a medida da sua confiana para com Deus.

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    3. Depois, lembre-se de que a verdadeira orao e comunho com Deus no so vias de mo nica.

    Temos de estar quietos, para esperar e ouvir a resposta de Deus. Esse o ofcio do Santo Esprito, ser a voz de Deus para ns. Nas maiores profundezas do corao, Ele d a secreta mas certeira segurana de que fomos ouvidos, que estamos sendo agradveis, que o Pai se empenha em fazer por ns aquilo que Lhe pedimos.

    Para ouvir a Voz, para receber essa certeza, precisamos da quieta calma que aguarda em Deus, a quieta f que confia em Deus, o quieto corao que se curva em insignificncia e em humildade diante de Deus, e permite que Ele seja tudo em todos.

    quando se espera que Deus interfira em nossa orao que nos vir a confiana de que receberemos o pedimos, que foi aceita a entrega de ns mesmos em sacrifcio de obedincia, e que por essa causa podemos contar com o Esprito Santo para nos dirigir a toda a vontade de Deus, medida que Ele nos leva a conhec-la e a execut-la.

    Quo grande glria nos alcanar na viglia matinal, e atravs dela todo o nosso viver dirio, se essa hora for empregada com o Deus Trino, com o propsito de que o Pai, atravs do Filho e do Esprito, sejam nossa consciente possesso durante o dia. Haver, ento, pouca necessidade de instar com os filhos de Deus para se dedicarem viglia matinal!

    4. E agora chegamos ao ltimo e ao melhor de tudo Faa de sua orao uma intercesso em favor dos outros.

    Na obedincia de nosso Senhor Jesus, assim como em toda a Sua comunho com o Pai, o elemento fundamental era o seguinte: tudo era pelos outros. O Esprito flui atravs de todo membro do corpo; quanto mais o soubermos e vivermos de acordo, tanto mais nossa vida ser aquilo que Deus quer que ela seja.

    A mais alta forma de orao a intercesso. A razo principal porque Deus escolheu Abrao e Israel e a ns mesmos o Seu propsito de nos fazer uma bno para o mundo. Somos o sacerdcio real uma nao de sacerdotes.

    Enquanto a orao for para ns um simples meio de desenvolvimento e felicidade pessoal, nunca conheceremos seu completo poder. Que a intercesso seja uma sincera splica pela alma daqueles que nos rodeiam, um verdadeiro carregar do fardo do seu pecado e da sua necessidade, uma real splica pela extenso do reino de Deus, verdadeiro labor em orao pela execuo de propsitos definidos permita que a viglia matinal seja dedicada a intercesso dessa qualidade, e veja que novo interesse e atrao ela apresentar.

    Intercesso! Perceba o que ela significa! Tomar o nome, e a justia e a dignidade de Cristo, vesti-los e ento apresentar-se diante de Deus! Em nome de Cristo agora que Ele no mais est no mundo, para suplicar a Deus, pelo nome, por cada homem e suas necessidades, onde a Sua graa pode realizar o seu trabalho! Na certeza de nossa prpria aceitao, e na uno do Esprito para nos capacitar para o trabalho, saber que nossa orao pode salvar uma alma da morte, isso pode fazer descer sobre ns a bno dos ceus sobre a terra! Pense que na viglia matinal esse trabalho pode ser renovado e desenvolvido dia aps dia, cada recinto secreto mantendo sua prpria

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    comunho individual com o ceu, e todos juntamente colaborando para trazer luz a comunho da bno.

    A mais alta forma de piedade, de verdadeira semelhana a Cristo, cultivada mais na intercesso do que no zelo que opera em sua prpria forma com pouca orao. na intercesso que o crente se levanta em verdadeira nobreza no poder de repartir vida e bno. para a intercesso que temos de nos dirigir para haver qualquer crescimento no poder de Deus na igreja e em seu trabalho em favor dos homens. Mais uma palavra guisa de concluso.

    Volte agora e pense novamente sobre A NTIMA E VITAL CONEXO entre a obedincia e a viglia matinal. Sem obedincia no pode haver poder espiritual para penetrar o conhecimento da Palavra de Deus e da Sua vontade. Sem obedincia no pode haver a confiana, a ousadia, a liberdade que sabe que ouvida. Obedincia comunho com Deus na Sua vontade; sem isso no existe a capacidade de ver e requerer e manter as bnos que Ele tem para ns.

    Dessa forma, por outro lado, sem uma definida e viva comunho com Deus na viglia matinal, no h condies de manter a vida de obedincia. ali que o voto da obedincia pode ser renovado a cada manh e pode ser confirmado l do alto. ali que so asseguradas a presena e comunho que tornam possvel a obedincia. ali que se recebe a fora para executar tudo o que Deus h de pedir, na obedincia de Um, e na unio com Ele mesmo. ali que se recebe o entendimento espiritual da vontade de Deus, o qual conduz a um andar digno e inteiramente agradvel ao Senhor.

    O chamado de Deus para Seus filhos para uma vida maravilhosa, celestial, completamente sobrenatural. Que a viglia matinal seja para voc a cada dia como A PORTA ABERTA DO CEU, atravs da qual a Sua luz e poder fluam em seu anelante corao, e atravs da qual voc passe para andar com Deus o dia inteiro.

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    Captulo 5 A ENTRADA NA VIDA DE PLENA OBEDINCIA

    Obediente at morte (Fp 2.8).

    Depois de tudo que j dissemos sobre a vida de obedincia, eu me proponho a falar, neste captulo, sobre como entrar nessa vida.

    Talvez voc considere um erro que consideremos para nossa meditao o texto acima, no qual temos a obedincia levada a seu grau mximo de perfeio. Mas no o escolhemos por engano.

    O segredo do sucesso nessa corrida ter bem definido, desde o incio, o alvo que pretendemos alcanar. Ele tornou-se obediente at morte. No h outro Cristo para nenhum de ns, nenhuma outra obedincia que agrade a Deus, nenhum outro exemplo que possamos imitar, nenhum outro Mestre de quem possamos aprender a obedincia.

    Os cristos sofrem muito porque no aceitam, de uma vez por todas, o fato de que esse o nico tipo de obedincia a que devem almejar. O mais jovem cristo h de se perceber fortalecido se, desde o incio de sua vida de f, fizer disto o seu voto e a sua orao: Obediente at morte. Essa , ao mesmo tempo, a beleza e a glria de Cristo. A maior bno que Ele tem para nos dar e fazer com que sejamos co-participantes disso. At mesmo o mais jovem crente pode desej-lo e render-se a isso.

    H um incidente na Histria Antiga que nos ajudar a lembrar o que significa esse conceito. Um rei orgulhoso, chefe de um grande exrcito, exige a rendio do rei de uma pequena mas valente nao. Quando os emissrios do primeiro rei entregaram a mensagem, o segundo rei chamou um de seus soldados e ordenou que ele se matasse. E o soldado obedeceu prontamente. Chamou um segundo soldado, que tambm obedeceu de imediato, tirando a prpria vida. Chamou um terceiro, que tambm obedeceu de imediato. Vo e contem ao seu senhor que eu tenho trs mil homens do mesmo tipo; digam-lhe que pode vir guerra.

    O rei contava com homens que no consideravam a prpria vida valiosa se o rei a requisitasse. esse tipo de obedincia que Deus requer. Foi esse tipo de obedincia prestada por Cristo. esse tipo de obedincia que Ele ensina. Que seja esse tipo de obedincia e nada menos que ns procuremos aprender. Que seja, desde o incio de nossa vida crist, esse o nosso alvo, para evitarmos o erro fatal de chamar Cristo de Senhor e contudo no fazer o que Ele manda.

    Que todo aquele que, atravs das nossas palavras, se viu convicto do pecado de desobedincia, se esforce, medida que estudamos a Palavra de Deus, para fugir desse pecado e que entre na vida que Cristo pode dar a entrada na vida de plena obedincia.

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    I. A CONFISSO E A PURIFICAO DA DESOBEDINCIA fcil perceber que esse tem de ser o primeiro passo.

    Deus diz, atravs de Jeremias, o profeta que mais que qualquer outro fala da desobedincia do povo de Deus: Volta, prfida Israel, diz o Senhor, ... porque eu sou compassivo... To-somente reconhece a tua iniquidade, reconhece que ... no deste ouvidos minha voz, diz o Senhor. Convertei-vos, filhos rebeldes, diz o Senhor (Jr 3.12-14).

    Se no houver sempre nova e mais profunda convico de pecado e subsequente confisso, ser bastante superficial a experincia de perdo do recm-convertido e ser tambm, depois disso, superficial a libertao do poder dominador do pecado e da consequente desobedincia a que o pecado induz. A percepo de nossa desobedincia no deve se restringir a uma vaga e nebulosa sensao. Temos de detectar os atos especficos de desobedincia em que incorremos; e, de forma bem definida, tem de ser renunciados e submetidos s mos de Cristo, para que Ele nos limpe desses pecados.

    Somente depois disso que podemos ter esperana de entrar no caminho da verdadeira obedincia. Examinemos nossa vida luz do ensino de nosso Senhor.

    1. Cristo recorreu lei. Ele no veio para revogar a lei, mas para assegurar o seu pleno cumprimento.

    Ao jovem rico, Ele disse: Sabes os mandamentos (Mc 10.19). Que seja a lei o nosso primeiro teste. Consideremos um pecado qualquer mentir, por exemplo.

    Certa vez, recebi a informao de uma jovem senhora de que ela queria ser plenamente obediente, e que ela sentia-se na urgente necessidade de me confessar uma inverdade que me havia dito. No era algo importante, mas ainda assim ela julgou corretamente que a confisso ajudaria a arrancar isso dela.

    Quanto dessas mentiras temos na nossa sociedade, quanto disso temos na vida escolar, que no passaria no teste da estrita veracidade! E dessa forma, h outros mandamentos, por exemplo o ltimo deles, com a condenao de toda cobia e desejo pelo que no nosso, em que to frequentemente o cristo d lugar desobedincia.

    Tudo isso tem de chegar a um fim definitivo. Temos de confess-lo e, no poder de Deus, abandon-lo para sempre, se que temos a pretenso de entrar na vida de completa obedincia.

    2. Cristo revelou a nova lei do amor.

    A religio que Jesus ensinou aqui na terra foi a seguinte: ser misericordioso como o Pai celeste, perdoar exatamente como Ele perdoa, amar os inimigos e fazer bem aos que nos odeiam, e viver uma vida de sacrifcio pessoal e de boas obras.

    Encaremos um esprito que no perdoa quando somos provocados ou quando abusam de ns; consideremos pensamentos descaridosos e palavras duras; vejamos a ausncia de misericrdia quando somos chamados a fazer o bem e abenoar; tudo isso temos de encarar e considerar como desobedincia, e deve ser visto como olho direito que tem de ser arrancado, antes que tenhamos o poder da plena obedincia.

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    3. Cristo falou muito de renncia de si mesmo.

    O egosmo a raiz de toda falta de amor e obedincia. Nosso Senhor chamou Seu discpulo a negar a si mesmo e tomar a sua cruz; a abandonar tudo, a odiar e a perder a prpria vida, a humilhar-se e a tornar-se servo de todos. Ele mesmo fez isso, porque o egosmo, a vontade prpria, o agradar a si mesmo, fazer a prpria vontade isso a origem de todo e qualquer pecado.

    Quando agradamos a carne em algo to simples como comer e beber; quando gratificamos o ego ao procurar ou aceitar ou regozijar-se naquilo que favorece nosso orgulho; quando se tolera e fortifica a vontade prpria, fazendo proviso para que seus desejos se cumpram, somos culpados de desobedincia a Seus mandamentos.

    Gradualmente, isso anuvia a alma e torna impossvel o pleno gozo da Sua luz e paz.

    4. Cristo requer para Deus o amor do corao.

    Ele igualmente requer para Si Mesmo que todos venham e O sigam. E todo cristo que ainda no decidiu definitivamente em seu corao faz-lo, o cristo que ainda no decidiu buscar graa para viver dessa forma, culpado de desobedincia.

    Talvez haja muitos religiosos que parecem pessoas boas e honestas, mas que possivelmente no tenham a alegre conscincia de saber que esto fazendo a vontade de seu Senhor e guardando os Seus mandamentos.

    Quando se ouve o chamado para vir e comear agora, de forma nova, uma verdadeira vida de obedincia, h muitos que tm o desejo de faz-lo, e procuram entrar nessa vida sem fazer muito alarde. Pensam que podem entrar nessa vida orando mais ou lendo mais a Bblia pensam que, gradualmente essa vida h de vir. Mas esto completamente errados.

    A palavra que Deus usou em Jeremias talvez lhes mostre onde esto errados: Convertei-vos, filhos rebeldes, diz o Senhor. A alma completamente honesta e que fez o voto de plena obedincia pode talvez crescer de uma vacilante obedincia para uma obedincia mais completa.

    Mas no existe o crescimento da desobedincia para a obedincia. O que se precisa de uma volta, uma converso, uma deciso, uma crise. E isso somente vem atravs de uma clara viso daquilo que est errado, e pela confisso com vergonha e deciso de no mais praticar aquilo. Somente ento que a alma haver de buscar essa grande e divina purificao de toda a sua impureza, purificao essa que prepara o indivduo para receber, conscientemente, o dom de um novo corao, e o Esprito de Deus nele, que nos faz andar em Seus Estatutos.

    Se voc deseja viver uma vida diferente, se deseja tornar-se um homem ou uma mulher obediente semelhana de Cristo, at a morte, comece suplicando a Deus pela convico do Esprito Santo, que lhe revele toda a sua desobedincia e que conduza voc em humilde confisso em busca da purificao que Ele prov. E no descanse enquanto no o alcanar.

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    II. CRER QUE A OBEDINCIA POSSVEL Esse o segundo passo. Para darmos esse passo, temos de procurar entender com

    toda a clareza o que a obedincia.

    1. Para obter essa clareza, temos de entender cuidadosamente a diferena entre pecado voluntrio e pecado involuntrio.

    A obedincia diz respeito apenas ao primeiro tipo de pecado, o voluntrio. de nosso conhecimento que o novo corao que Deus concede a Seus filhos est localizado no meio da carne pecaminosa. atravs dela que surgem, mesmo naquele que est andando em verdadeira obedincia, perversas sugestes de orgulho, falta de amor, impureza, impulsos sobre os quais o homem no tem controle direto. Eles habitam a sua natureza plenamente pecaminosa e vil; mas no so imputados ao homem como atos de transgresso. No so atos de desobedincia que ele pode localizar e lanar fora como aqueles que mencionamos h pouco.

    A libertao desses impulsos vem de outra forma, ela no se consegue atravs do exerccio da vontade do homem regenerado, atravs da qual sempre vem a obedincia, mas essa libertao vem atravs do poder purificador do sangue e da habitao interior de Cristo.

    medida que se manifesta a sua natureza pecaminosa, tudo o que ele pode fazer detest-la e confiar no sangue que de imediato o limpa e mantm limpo. DE GRANDE IMPORTNCIA reparar nessa distino. Isso livra o cristo de ver a obedincia como algo impossvel. Isso o anima a buscar e a oferecer sua obedincia numa esfera prtica e proveitosa.

    E apenas medida que se permanece nessa esfera que se mantm a capacidade de obedecer que a vontade tem, e que se pode confiar no poder do Esprito e se pode obt-lo para executar a obra purificadora daquilo que est alm da capacidade da vontade.

    2. Quando se remove essa dificuldade, muitas vezes surge uma segunda, que nos tenta fazer duvidar se a obedincia de fato possvel. As pessoas associam a plena obedincia com perfeio absoluta.

    Elas pe juntos todos os mandamentos da Bblia; pensam em todas as graas para as quais esses mandamentos apontam, na sua mais alta medida possvel; e depois imaginam um homem com todas essas graas, a cada momento em sua mais completa perfeio, como se isso fosse um homem obediente.

    Mas quo diferente a exigncia do Pai celeste! Ele se interessa por tudo o que diz respeito a cada um de Seus filhos. Ele pede de cada filho apenas a obedincia de cada dia, ou melhor, de cada hora, uma de cada vez. Ele sabe se eu de fato escolhi e me dediquei de todo o corao para cumprir cada mandamento que eu conheo. Ele sabe se realmente estou desejando e me esforando para conhecer e fazer toda a Sua vontade. E quando um de Seus filhos faz isso, em f simples e amor, a obedincia aceitvel. O Esprito nos d a doce certeza de que somos inteiramente agradveis a Ele, e nos capacita a ter confiana diante de Deus porque guardamos os seus mandamentos e

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    fazemos diante dele o que lhe agradvel (1 Jo 3.21,22). Essa obedincia de fato um grau de graa que se pode alcanar. Para um andar obediente, indispensvel crer que essa obedincia possvel. Voc me pergunta onde me fundamento na Palavra de Deus? Voc vai encontr-lo na promessa da Nova Aliana de Deus: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, tambm no corao lhas inscreverei porei o meu temor no seu corao, para que nunca se apartem de mim (Jr 31.33, 32.40).

    A grande fraqueza da Antiga Aliana era que ela exigia obedincia sem contudo suprir o poder de execut-la. E exatamente isso que a Nova Aliana faz. Com a palavra corao se quer dizer o amor, a vida. Colocar a lei no corao, escrever a lei no corao, significa que ela tomou posse da vida interior e do amor do homem renovado. O novo corao se deleita na lei de Deus, ele tem disposio de obedecer, alm de capacidade para faz-lo. Talvez voc duvide disso pelo fato de sua experincia contradizer essa realidade. Tambm no de admirar! A promessa de Deus matria de f; e, j que voc no cr nela, no pode experiment-la.

    Voc j deve ter ouvido falar de tinta invisvel. Voc escreve num papel mas nada se pode ler, a no ser aquele que conhece o segredo da coisa. Diga isso a quem desconhece os fatos, e pela f a pessoa passa a conhec-los. Erga, agora, o papel contra o sol, ou espalhe algum produto qumico nele, e a aparece a escrita invisvel. dessa forma que a lei de Deus escrita em seu corao. Se voc firmemente o cr e se dirige a Deus dizendo que a Sua lei est ali, no mais ntimo do seu ser, e se erguer esse corao luz e ao calor do Santo Esprito, voc ver que verdade. A lei escrita no seu corao significar fervoroso amor aos mandamentos de Deus, juntamente com o poder de obedecer.

    Conta-se a seguinte histria de um dos soldados de Napoleo. Um mdico estava tentando extrair uma bala que se havia alojado na regio do corao, quando o soldado gritou: Corte mais fundo, e voc achar Napoleo alojado ali. Cristo! creia que a lei est escrita no mais profundo do seu ser! Profira em f as palavras de Davi e de Cristo: agrada-me fazer a tua vontade, Deus meu; dentro do meu corao, est a tua lei (Sl 40.8; Hb 10.7). Essa f ser a sua garantia de que a obedincia possvel. Esse tipo de f o ajudar a entrar na vida de verdadeira obedincia.

    III. SAIR DA DESOBEDINCIA E PASSAR A OBEDECER ACONTECE PELA RENDIO A CRISTO

    Voltai, filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebelies diz Deus a Israel (Jr 3.22). Eles eram o Seu povo, mas haviam se desviado dEle; o retorno tinha de ser imediato e de todo o corao.

    Abandonar a vida dividida de desobedincia e pela graa de Deus dizer Eu vou obedecer pode ser obra de um momento. A capacidade de fazer esse voto e de mant-lo procede do Cristo vivo. J dissemos anteriormente que a capacidade de obedecer reside na majestosa influncia da viva presena de uma Pessoa.

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    Enquanto extrairmos nosso conhecimento da vontade de Deus meramente de um livro ou de homens, nada mais podemos esperar do que o fracasso. Mas se considerarmos Jesus em Sua imutvel proximidade tanto como nosso Senhor como nossa Fora, ento podemos obedecer. A mesma voz que ordena a que capacita. O olho que guia o olho que encoraja. Cristo Se nos tornou tudo em todos; o Mestre que ordena, o Exemplo que ensina, o Auxiliador que fortalece. Volte-se de sua vida de desobedincia para Cristo; entregue-se a Ele em rendio e f. Em rendio.

    Entregue tudo a Ele. Entregue a sua vida para ser to repleta dEle, da Sua presena, da Sua vontade, Seu servio quanto Ele puder fazer. Entregue-se a Ele no para ser salvo da desobedincia, para que dessa forma voc passe a ser feliz vivendo sua prpria vida sem pecado e sem tribulao. No; faa-o para que Ele tenha voc totalmente para Si mesmo, como um vassalo, como um canal que Ele possa encher de Si mesmo, com Sua vida e amor pelos homens, usando-o em Seu abenoado servio. Em f, igualmente. Numa nova f.

    Quando algum vislumbra essa nova possibilidade em Cristo o poder de obedecer continuamente essa pessoa precisa de uma nova f para penetrar nessa bno especial da Sua grande redeno. A nica f que compreende o Obediente at a morte da Sua expiao como um motivo para o amor e a obedincia, agora aprende a considerar a palavra como as Escrituras a empregam: Tende em vs o mesmo sentimento que houve tambm em Cristo Jesus, ... pois ele ... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente at morte... (Fp 2.5-7). Essa f reconhece que Cristo ps Sua prpria mente e esprito em ns, e nessa certeza recebe capacitao para agir dessa mesma forma. Deus enviou Cristo a este mundo para restaurar a obedincia a seu lugar prprio em nosso corao e nossa vida, a fim de restaurar o homem para junto de Si, na obedincia a Deus.

    Cristo veio e, tornando-se obediente at morte, revelou o que a verdadeira obedincia. Ele a revelou e a aperfeioou em Si mesmo, como uma vida que Ele conquistou atravs da morte, e agora a passa para ns. O Cristo que nos ama, que nos lidera, ensina e nos fortalece, que vive em ns, o Cristo que foi obediente at morte. Obediente at morte a prpria essncia da vida que Ele comunica. No a aceitaremos e no confiaremos nEle para manifest-la em ns?

    Voc deseja entrar na abenoada vida de obedincia? Veja aqui a porta aberta Cristo diz Eu sou a porta. Veja aqui o novo e vivo caminho Cristo diz Eu sou o caminho. Comeamos agora a ver isso: toda a nossa desobedincia se devia ao fato de no conhecermos a Cristo adequadamente. Ns agora o vemos; a obedincia somente possvel numa vida de incessa