Anestesia cesariana

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    FACULDADE DE JAGUARINA

    INSTITUTO BRASILEIRO DE PS-GRADUAO E EDUCAO CONTINUADA

    CAROLINA FERNANDA MOYSS DO NASCIMENTO

    ANESTESIA PARA CESARIANA EM CADELASREVISO DE LITERATURA

    SO PAULO

    2008

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    CAROLINA FERNANDA MOYSS DO NASCIMENTO

    ANESTESIA PARA CESARIANA EM CADELASREVISO DE LITERATURA

    Monografia apresentada para obteno do ttulo deespecialista Lato Sensu em Anestesiologia Veterinriada Faculdade de Jaguarina em convnio com oHospital Laguna, Piotto & Associados e o InstitutoBrasileiro de Ps-Graduao e Educao Continuada,

    sob orientao do Prof. Dr. Andr Leguthe Rosa.

    SO PAULO

    2008

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    ANESTESIA PARA CESARIANA EM CADELAS

    REVISO DE LITERATURA

    CAROLINA FERNANDA MOYSS DO NASCIMENTO

    Monografia apresentada para obteno do ttulo de especialista Lato Sensu emAnestesiologia Veterinria da Faculdade de Jaguarina em convnio com o HospitalLaguna, Piotto & Associados e o Instituto Brasileiro de Ps-Graduao e Educao

    Continuada.

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________Rodrigo Luiz Marucio

    Mestre / INBRAPEC / Inbrapec -SP

    ______________________________________________Francisco Teixeira Neto

    Doutor / INBRAPEC / UNESP - Botucatu

    ______________________________________________Eduardo Raposo Monteiro

    Doutor / UNIGRANRIO - RJ

    CONCEITO FINAL: _____________

    DATA: _____/_____/_____

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    A morte no nada, mas a dor um assunto muito srioA morte no nada, mas a dor um assunto muito srioA morte no nada, mas a dor um assunto muito srioA morte no nada, mas a dor um assunto muito srio(Henry Jacob Bigelow, 1871(Henry Jacob Bigelow, 1871(Henry Jacob Bigelow, 1871(Henry Jacob Bigelow, 1871))))

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    Resumo

    Nascimento, C. F. M. Anestesia para cesariana em cadelas reviso de literatura.Monografia apresentada para obteno do ttulo de especialista Lato Sensu emAnestesiologia Veterinria da Faculdade de Jaguarina em convnio com o HospitalLaguna, Piotto & Associados e o Instituto Brasileiro de Ps-Graduao e EducaoContinuada, sob orientao do Prof. Dr. Andr Leguthe Rosa, So Paulo, 2008.

    A escolha do protocolo anestsico para a interveno cesariana de

    fundamental importncia tanto para a parturiente quanto para os fetos. Visto que, a

    paciente gestante apresenta peculiaridades na sua fisiologia devido ao estado em que

    se encontra podendo interferir no procedimento anestsico. As mudanas fisiolgicascompreendem o aumento da freqncia cardaca da freqncia e respiratria, do dbito

    cardaco e do consumo de oxignio, alm da reduo da capacidade residual funcional.

    O procedimento anestsico deve buscar maior segurana para a me e para os fetos e

    a melhor tcnica aquela que causa pouca depresso fetal sem expor a me a riscos

    desnecessrios. Devido s propriedades fsico-qumicas, a maioria dos frmacos,

    conseguem atravessar a barreira placentria. Conseqentemente, o grau de depresso

    fetal ser diretamente proporcional ao grau de depresso materna. O conhecimento a

    respeito dos efeitos materno e fetal da anestesia geral em gestantes vasto quando se

    trata de literatura humana, porm torna-se escasso na medicina veterinria e muitas

    so as situaes em que a anestesia necessria para a realizao da cesariana

    eletiva ou de outras cirurgias no final da gestao. Dessa maneira, objetivou-se reunir a

    literatura disponvel sobre protocolos anestsico para a interveno cesariana em

    cadelas.

    Palavras-chave: neonato, depresso fetal, barreira placentria, anestesia

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    Abstract

    Nascimento, C. F. M. Anesthesia for cesarian in dogs review of literature.Monograph presented for attainment of the heading of specialist Lato Sensu inVeterinary Anestesiology of the University of Jaguarina in accord with the Laguna,Piotto Veterinary end Brazilian Institute of After-Graduation and Continuous Education,under orientation of the Dr. Andr Leguthe Rosa, So Paulo, 2008.

    The choice of anesthetic protocol for the intervention Cesarean section is of

    fundamental importance for both the mother and for the fetuses. Since the pregnant

    patient presents peculiarities in their physiology because of the state where can interfere

    with the anesthetic procedure. The physiological changes include increasing thefrequency of heart rate and breathing, cardiac output and consumption of oxygen,

    besides reducing the functional residual capacity. The anesthetic procedure should seek

    greater security for the mother and the baby and the best technique is one that causes

    fetal little depression without exposing the mother to unnecessary risks. Because the

    physical and chemical properties of the drugs can cross the placental barrier.

    Consequently, the degree of depression fetal will be directly proportional to the degree

    of maternal depression. Knowledge about the effects of maternal and fetal generalanesthesia pregnant women is vast when it comes to human literature, but becomes

    scarce in veterinary medicine and many are the situations where anesthesia is

    necessary for the transaction or elective Caesarean section other surgeries at the end of

    pregnancy. Thus, it was aimed to bring together the available literature on drug

    protocols for intervention by Cesarean section bitches.

    Key-words: newborns, fetal depression, placental barrier, anesthesia

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    SUMRIO

    1 Introduo ........................9

    2 Reviso de literatura ....................................................................................11

    2.1 Perodo frtil na espcie canina ..........................................................11

    2.2 Alteraes patolgicas do parto .........................................................14

    2.3 Alteraes cardiovasculares durante a gestao .............................16

    2.4 Alteraes respiratria durante a gestao .......................................17

    2.5 Alteraes gastrintestinais durante a gestao ................................18

    2.6 Funo renal e heptica durante a gestao .....................................19

    2.7 Alteraes do sistema nervoso durante a gestao .........................19

    3 Anestesia na cesariana ...............................................................................20

    3.1 Frmacos pr-anestsicos na cesariana ............................................21

    3.2 Anestesia geral inalatria na cesariana ..............................................24

    3.3 Anestesia injetveis na cesariana .......................................................28

    3.4 Anestsicos locais (epidural) na cesariana .......................................30

    4 Concluses ..................................................................................................35

    Referncias .....................................................................................................36

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    1 Introduo

    A cesariana geralmente sempre foi um procedimento de emergncia indicado em

    casos onde a distocia esperada. Porm ultimamente, esta prtica torna-se cada vez

    mais freqente tambm em casos eletivos. As raas braquiceflicas em especial, como

    o Bulldog Ingls de maneira geral sofrem de distocia, pois o dimetro da cabea do

    filhote no ultrapassa de maneira fisiolgica a crvix da me. A cesariana tambm pode

    ser necessria nessas raas como Bulldog Francs, Chihuahua, Labrador Retriever,

    Boxer, Mastiff, Golden Retriever, Yorkshire, Lhasa Apso e Malts. Nos casos mais

    graves onde h inrcia uterina, fetos enfisematosos ou mortos, perfuraes uterinas

    com presena de fetos a alternativa mais indicada a ovariosalpingohisterectomia

    (OSH), diminuindo a contaminao e evitando colocar em risco a vida da me.

    A gestante deve ser considerada uma paciente de alto risco, pois seu organismo

    est sofrendo uma srie de alteraes decorrentes desse processo. Durante a gestao

    ocorre aumento da freqncia cardaca e respiratria, do dbito cardaco e do consumo

    de oxignio, alm da reduo da capacidade residual funcional o que interfere noprocedimento anestsico (ROBERTSON; MOON, 2003). A escolha dos anestsicos

    corretos para a realizao da cesariana essencial, para que se tenha pouca ou

    nenhuma depresso fetal (LUZ, 2005).

    A utilizao de frmacos no perodo pr-natal tem foco especialmente voltado

    para as intervenes cesarianas. Dependendo do frmaco utilizado e do perodo de

    desenvolvimento fetal, podem ocorrer reaes adversas funcionais ou estruturais,

    representadas pela embriotoxicidade, letalidade e alteraes txicas ou teratognicas.Dentre os anestsicos utilizados em cesariana, com exceo dos bloqueadores

    neuromusculares, todos atravessam a barreira placentria (MUIR et al., 2001; RAFFE;

    CARPENTER, 2007).

    As informaes necessrias referentes ao procedimento anestsico em

    cesarianas e seus efeitos nos fetos ainda so escassas em medicina veterinria.

    Objetivou-se nessa monografia apontar os diferenciados protocolos anestsicos

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    existentes na literatura para cesariana em cadelas gestantes indicando o protocolo mais

    adequado para essas pacientes.

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    2 Reviso de literatura

    2.1 Perodo frtil na espcie canina

    A concentrao de estrognios circulantes eleva-se ligeiramente por volta de um

    ms antes do incio do pr-estro, ocorrendo ligeira polaquiria (necessidade imperiosa e

    freqente de urinar, destinada a aumentar a difuso de feromonas). Os folculos em

    crescimento produziro um aumento significativo da concentrao srica de

    estrognios, conduzindo ao aparecimento dos sinais caractersticos do pr-estro:

    corrimento vulvar sanguinolento, edema da vulva, edema das pregas vaginais,

    espessamento da mucosa vaginal e sua queratinizao. A ovulao ocorre quando

    concentrao srica de estrognios atinge o seu pico no final do pr-estro estimulando

    a libertao de hormnio luteinizante (LH) (CONCANNON et al., 1975).

    No primeiro dia do estro, normalmente ocorre o pico das concentraes

    plasmticas de LH e dura apenas 24 a 40 horas, retornando de imediato aos nveis

    basais. Cerca de 48 horas aps o pico de LH ocorre a ovulao que dura menos de 24

    horas. No final do pr-estro a concentrao plasmtica de progesterona comea a subirgradualmente, coincidindo com a queda no teor de estrognios, devido luteinizao

    pr-ovulatria das clulas foliculares e aumenta de forma muito marcada aps a

    ovulao (ROOT KUSTRITZ, 2001).

    Os gametas so ovulados no estdio de ocito primrio nas cadelas,

    necessitando de 2 a 3 dias de maturao no oviduto at atingir o estdio de ocito

    secundrio apto a ser fertilizado. Acredita-se que a viabilidade dos ocitos maturados

    seja de 24 a 48 horas. Portanto, o perodo frtil da cadela situa-se entre os dias 2 e 5aps a ovulao, correspondente aos dias 4 e 7 aps o pico de LH, devendo neste

    momento estar presente no do trato genital feminino uma populao competente de

    espermatozides (ALVES, 2002).

    No trato genital feminino os espermatozides tem viabilidade varivel durando

    normalmente de 3 a 5 dias podendo chegar at 11 dias nos machos com maior

    fertilidade (KAWAKAMI et al., 2000).

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    Aproximadamente 50% das cadelas, antes da implantao, os embries passam

    por um evento denominado migrao transcornual (TSUTSUI, 1975). De acordo comConcannon et al. (2001) esta migrao ocorre entre os dias 12 e 18 da gestao e tem

    como objetivo a distribuio equitativa dos embries entre os dois cornos uterinos.

    Aps a fertilizao, os embries passam pelo perodo de clivagem dos

    blastmeros e atingem o tero por volta do 11 dia (CONCANNON et al., 1989).

    Entretanto, entre os dias 12 e 13 aps a primeira cpula, embries em vrios estdios

    de desenvolvimento podem ser encontrados no interior do tero, desde zigotos at

    blastocistos eclodidos (MATTOS e SILVA, 2001).

    Segundo Thatcher et al. (1994) entre os dias 19 e 20, algumas protenas ligadas

    implantao embrionria so secretadas pelos embries, como as protenas caninas

    cP1, cP4, cP6 e cP7 e so semelhantes a protenas secretadas pelo endomtrio. J a

    protena cP7 apenas secretada pelos blastocistos, previamente implantao. A

    implantao embrionria inicia-se por volta dos dias 16 a 18 e completa-se at o dia 23

    da gestao.

    A placenta canina denominada microscopicamente endoteliocorial no tero

    inicial e final da gestao e hemocorial no tero intermedirio gestacional, e h quatrocamadas entre o feto e a me, sendo o endotlio materno, o crion, o mesnquima e o

    endotlio fetal observando-se o ntimo contato do epitlio corinico fetal com a parede

    vascular (endotlio) dos capilares maternos (AMBROSIO, 2004). Ela envolve

    completamente o feto, e nas suas margens so observados os hematomas marginais,

    de colorao esverdeada (MIGLINO et al., 2006). Favorecendo o transporte passivo de

    inmeras substncias, especialmente das molculas apolares e lipossolveis

    (BERNARDI, 1999).Segundo Luz et al. (2006) para o desenvolvimento da gestao, h necessidade

    de altas concentraes de progesterona (P4), que na cadela so produzidas

    exclusivamente pelos corpos lteos (CL). A formao do CL canino inicia-se antes das

    ovulaes, quando h o processo de luteinizao pr-ovulatria das clulas foliculares

    (Concannon et al., 1977). Tanto em cadelas gestantes como no diestro no gestacional,

    normalmente os CL so capazes de manter altas concentraes de P4 por pelo menos

    50 a 60 dias aps o pico pr-ovulatrio de LH (LUZ et al., 2006). Quando os CL no so

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    capazes de manter adequadas concentraes de P4, fenmeno conhecido como

    hipoluteoidismo, ocorre morte embrionria ou fetal e abortamento (LUZ, 2004). Naprimeira metade da gestao, os CL parecem no necessitar de suporte hipofisrio

    para a secreo de P4. Entretanto, na segunda metade da gestao, altas

    concentraes de prolactina so necessrias para a manuteno funcional dos CL

    (OKKENS et al., 1990).

    De acordo com Concannon et al. (1987) os CL so dependentes tanto de LH

    como de prolactina, enquanto Okkens et al. (1990) sugeriram ser a prolactina o

    hormnio de maior importncia luteotrfica em cadelas gestantes. Assim sendo, o uso

    clnico de antiprolactnicos como metergolina, cabergolina ou bromocriptina durante a

    gestao pode levar ao abortamento (LUZ, 2004).

    Johnston et al. (2001) afirmaram que a durao da gestao varia e depende do

    evento fisiolgico e comportamental que serve como dia zero. Segundo Concannon et

    al. (2001) os eventos da gestao parecem ocorrer de forma consistente entre cadelas

    com relao ao momento do pico de LH. Desta forma, a durao da gestao

    relativamente constante entre cadelas se for considerado o dia do pico de LH igual ao

    dia zero e bastante varivel se forem consideradas as datas das cpulas. Tendo comobase o pico pr-ovulatrio de LH, na maioria das cadelas a gestao tem durao de 65

    1 dia, mesmo se a cadela tiver sido acasalada ou inseminada artificialmente trs a

    cinco dias antes ou aps as ovulaes (CONCANNON et al., 1989).

    Entretanto, usando-se a data da primeira ou da ltima cpula ou inseminao

    artificial como referncia, a gestao pode durar de 56 a 68 dias. Fato este que pode

    ser explicado em parte pela presena de espermatozides caninos no interior do

    sistema reprodutivo da cadela que sobrevivem por at 11 dias (DOAK et al., 1967).Alm disso, embora ainda seja um assunto controvertido entre pesquisadores, pode

    existir, mesmo que pequena, uma variao na durao da gestao em cadelas por

    influncia racial, tamanho da ninhada ou quantidade de fetos (EILTS et al., 2005).

    Segundo Okkens et al. (2001), em estudo com cadelas de raas grandes, ocorre

    uma variao de quatro a sete dias na durao da gestao, mesmo tendo sido o

    perodo de ovulao considerado como referncia para o clculo da durao. De

    acordo com Eilts et al. (2005), cadelas com quatro ou menos fetos possuem gestao

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    mais prolongada do que cadelas com cinco ou mais fetos, sendo o prolongamento de

    um dia.

    2.2 Alteraes patolgicas do parto

    Quando ocorre problema na expulso dos fetos, uma vez que o parto tenha

    iniciado ou quando h falha em iniciar o parto no momento correto denominamos parto

    anormal ou distcico, necessitando de interveno cirrgica como a cesariana. De

    acordo com Walett-Darvelid e Linde-Forsberg (1994), 75% das distocias em cadelas

    so de origem materna e 25% de origem fetal.

    Segundo Johnston et al. (2001) a inrcia uterina primria um dos fatores

    maternos que contribuem para o parto anormal, caracterizada pela falha em expulsar

    fetos de tamanho normal pelo canal do parto, o qual no apresenta irregularidades,

    exceto pela incompleta dilatao da crvix. Aps prolongada contrao uterina sem

    xito em expulsar o feto que obstruiu o canal do parto denominado de inrcia uterina

    secundria. Desta forma, ocorre fadiga da musculatura uterina aps as sucessivas

    contraes improdutivas. A administrao de ocitocina no capaz de produzirresposta muscular uterina na inrcia uterina primria nem na secundria (JOHNSTON

    et al., 2001; LUZ, 2004).

    Eneroth et al. (1999) observaram que fmeas de determinadas raas apresentam

    maior predisposio distocia, como cadelas de raas braquiceflicas, Bulldogs e

    Pugs. Alteraes presentes na conformao do sistema genital tambm podem

    influenciar dramaticamente a expulso fetal. Dentre essas, destacam-se a fratura prvia

    de pelve, obstruo do canal vaginal, prolapso vaginal e uterino e persistncia do hmen(ENEROTH et al., 1999; JOHNSTON et al., 2001; LUZ, 2004).

    Jackson (1995) observou que cadelas idosas ou obesas podem ter dificuldade

    em produzir contraes uterinas, principalmente no 2 estgio do parto.

    Sampaio et al. (2002) observaram que tores uterinas de diferentes graus

    podem ocorrer predispondo distocia. Os casos de ruptura uterina so mais freqentes

    aps a administrao de ocitocina em dose excessiva.

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    Para Johnston et al. (2001) existem outras causas maternas que predispem

    distocia como as estenoses vaginais, vagina hipoplsica, vagina dupla, hiperplasia deassoalho vaginal, vulva infantil, vulvovaginites, presena de septos vaginais, ruptura

    diafragmtica, perfurao de traquia, dor, medo o qual provoca a inibio voluntria do

    parto, excesso de gordura perivaginal e placentites.

    Os fatores fetais que contribuem para o parto anormal esto relacionados a

    alteraes na apresentao, posio, postura do feto durante o parto. Sessenta por

    cento dos filhotes de ces nascidos de parto normal nascem em apresentao

    longitudinal anterior, e os 40% restantes em apresentao longitudinal posterior. Apesar

    da apresentao longitudinal posterior ser considerada uma variante normal do parto

    em cadelas, partos prolongados e distocias tm sido associados a esse tipo de

    apresentao (JOHNSTON et al., 2001).

    O desenvolvimento fetal anormal como o aparecimento de monstros fetais com

    hidrocefalia, Schistosomus reflexus ou fetos edematosos podem resultar em distocia

    obstrutiva. O diagnstico dessas alteraes deve ser feito por meio de exames

    radiogrficos ou ultra-sonogrficos, no perodo pr-natal (CRUZ et al., 2003; LUZ,

    2004).

    2.3 Alteraes Cardiovasculares durante a gestao

    As alteraes cardiovasculares iniciam-se na metade do perodo gestacional e

    continuam at o momento do parto (ROBERTSON; MOON, 2003).

    Durante a gestao ocorrem alteraes fisiolgicas importantes relacionadas

    ventilao e hemodinmica a qual afetar os fetos mais diretamente atravs dosefeitos sobre o fluxo sanguneo. A demanda metablica na cadela alta, aumentando o

    dbito cardaco (DC) pela maior resistncia perifrica (induzidas pelas alteraes

    hormonais). O aumento do DC atinge cerca de 30 a 50%, devido ao aumento da

    freqncia cardaca e do volume sistlico, porm no est acompanhado de

    acrscimos de presses arteriais (HALL, et al., 2001). A freqncia cardaca (FC)

    tambm se eleva devido liberao de catecolaminas pelo estresse e pela dor. Com o

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    aumento do DC e da FC, o fluxo cerebral fica maior, proporcionando menor tempo de

    induo anestsica em fmeas gestantes (MASTROCINQUE, 2002).O volume sanguneo materno aumenta em at 30% nas gestantes (MUIR III, et

    al., 2001) porm, as presses sistlica e diastlica se mantm inalteradas. Entretanto,

    durante o parto a presso sistlica aumenta de 10 a 30 mmHg (THURMON et al.,

    1996).

    O hematcrito e a concentrao de protenas plasmticas esto diminudos

    (MUIR III, et al., 2001) portanto a dose dos anestsicos deve ser reduzida nas

    gestantes. O volume do plasma aumenta mais do que o nmero de hemcias,

    diminuindo o volume globular e a concentrao de hemoglobina, levando a uma anemia

    relativa da gestao (PASCOE; MOON, 2001). Segundo Carneiro et al. (2000) houve

    uma diminuio significativa dos valores do eritrograma a partir da terceira semana de

    gestao at o momento do parto, com recuperao parcial dos mesmos ao final da

    amamentao em cadelas da raa pastor alemo.

    O decbito dorsal, em mulheres gestantes pode resultar em compresso da veia

    cava caudal e da artria aorta devido ao aumento do volume uterino, diminuindo o

    retorno venoso e o dbito cardaco, resultando em hipotenso e conseqentementediminuio do fluxo sanguneo uterino e renal (THURMON et al., 1996).

    De acordo com Probst e Webb (1983) que estudaram o efeito do decbito

    adotado durante o procedimento cirrgico ou anestsico para a ocorrncia ou no da

    sndrome supina em sete cadelas, de 9 a 16 kg, com 60 2 dias de gestao. A

    induo anestsica foi realizada com tiamilal sdico e a manuteno com halotano

    associado ao xido nitroso e oxignio. Os animais foram posicionados em cinco

    decbitos (lateral esquerdo, lateral direito, lateral esquerdo e direito com inclinao de10 a 15 e dorsal), durante 10 minutos, para posterior mensurao dos parmetros

    estudados. Na condio gestante, as cadelas apresentaram valores inferiores da

    presso arterial sistlica, da PaO2, do hematcrito e valores mais elevados da PaCO2 e

    da freqncia respiratria, quando comparados aos observados na condio no-

    gestante, no observando-se os efeitos da sndrome supina nesses ces.

    Segundo Abitbol (1978) concluiu que a sndrome supina em ces no causada

    somente pela compresso da veia cava inferior, ou seja, decorrente unicamente do

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    decbito adotado. A diminuio da presso sangunea e do fluxo sanguneo uterino em

    ces ocorre somente com a ocluso das veias renais ou da veia cava inferior acima dasveias renais.

    2.4 Alteraes respiratrias durante a gestao

    No parto, a ventilao pode estar muito aumentada pelo efeito da dor, do medo e

    da ansiedade (BENSON e THURMON, 1987). Na funo respiratria haver aumento

    da sensibilidade do centro respiratrio presso parcial de dixido de carbono do

    sangue arterial (PaCO2) pela ao progestacional srica aumentada que causa um

    aumento da ventilao alveolar (MOON-MASSAT; ERB, 2002). Em contra partida, o

    organismo reage com hiperventilao aumentando o volume-minuto, resultando em

    hipocapnia e alcalose respiratria, compensada fisiologicamente com excreo renal de

    bicarbonato (MASSONE, 2003). Diminuindo os valores da PaCO2 e de bicarbonato

    (HALL et al., 2001). Durante a hipocapnia h um aumento da afinidade da hemoglobina

    materna pelo oxignio, portanto apesar da hiperventilao pode haver hipxia fetal,

    portanto a hiperventilao deve ser evitada (FANTONI; CORTOPASSI, 2002). Oaumento da ventilao alveolar e a diminuio da capacidade residual funcional

    tambm resultam em um aumento alveolar mais rpido dos anestsicos inalatrios

    (MUIR III, et al., 2001).

    Ocorre aumento do volume minuto em aproximadamente 50% devido,

    principalmente, ao aumento da freqncia respiratria (ROBERTSON; MOON, 2003).

    A presso arterial de dixido de carbono (PaCO2) em pacientes gestante de 30

    a 33 mmHg, sendo 40 mmHg em pacientes no gestantes (GREENE, 1995). Essadiminuio da PaCO2 no altera o pH sanguneo devido compensao renal atravs

    da excreo de bicarbonato que, quando no-compensada, diminui o fluxo sanguneo

    placentrio, levando a hipxia e a acidose fetal (THURMON et al., 1996).

    Quando ocorrer a hiperventilao, onde a PaCO2 20 mmHg, seja por estresse

    materno ou por ventilao excessiva por presso positiva, ocorrer diminuio do fluxo

    sanguneo uterino levando aos efeitos citados anteriormente (PASCOE e MOON,

    2001).

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    A progesterona tambm afeta a mecnica ventilatria atravs do relaxamento da

    musculatura brnquica resultando em diminuio da resistncia pulmonar total eaumento da condutncia das vias areas (GAIDO, 1997).

    A diminuio no volume pulmonar e da capacidade residual funcional tambm

    pode ser ocasionando pelo tamanho e o peso do tero gestante que causam o

    deslocamento cranial do diafragma (MUIR III, et al., 2001). Segundo Machado, (1997) a

    alterao respiratria mais importante a diminuio da capacidade residual funcional

    dos pulmes. Essa diminuio na reserva de oxignio (O2) chega a ser de 20 a 25% no

    momento em que a paciente tem 20 a 35% de aumento do consumo de oxignio, o que

    proporciona maior risco de hipxia para a parturiente.

    2.5 Alteraes gastrointestinais durante a gestao

    As alteraes gastrointestinais so marcadas pelo aumento da presso intra-

    abdominal provocada pelo tero gravdico e pelo tnus diminudo do esfncter gastro-

    esofgico induzido por hormnios. Devido ao deslocamento fsico do estmago pelo

    tero associado diminuio da sua motilidade o esvaziamento gstrico torna-se tardiona gestao. O aumento dos nveis das enzimas gstricas como a gastrina produzida

    pela placenta torna o contedo gstrico mais cido. Pode ocorrer regurgitao e

    aspirao do contedo gstrico pelos pulmes devido ao aumento da presso intra-

    gstrica e a diminuio do tnus do esfncter gastro-esofgico (ROBERTSON; MOON,

    2003). Aumenta tambm a necessidade de um posicionamento correto de tubo

    endotraqueal com cuff (MUIR III, et al., 2001).

    2.6 Funo renal e heptica durante a gestao

    Em cadelas prenhes o fluxo sanguneo renal e a taxa de filtrao glomerular

    aumentam em aproximadamente 60%. Diminuindo assim a concentrao de creatinina

    e uria neste perodo (FANTONI; CORTOPASSI, 2002). O balano hdrico e de sdio

    esto alterados (BENSON; THURMON, 1987).

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    Durante a gestao no ocorre alteraes importantes na funo heptica.

    Porm, a concentrao de bilirrubina no se altera e a concentrao de protenaplasmtica diminui ligeiramente (THURMON et al., 1996).

    2.7 Alteraes do Sistema nervoso durante a gestao

    Os agentes inalatrios, em ovelhas gestantes, tiveram a concentrao alveolar

    mnima (CAM) diminuda. A reduo da CAM do halotano foi de 25%, do metoxiflurano

    foi de 32% e do isoflurano foi de 40% (PALAHNIUK et al., 1974). Sabe-se apenas que

    este fato pode ocorrer devido s alteraes das concentraes hormonais e opiides

    endgenos. Na gestao, a concentrao plasmtica de progesterona est elevada e

    esta produz atividade sedativa e em humanos quando em altas doses pode produzir

    inconscincia (PALAHNIUK et al., 1974).

    A concentrao aumentada de progesterona diminui a necessidade de

    anestsico inalatrio (MUIR III, et al., 2001). Segundo Gin e Chan (1994) a necessidade

    de anestsico inalatrio isoflurano em mulheres gestantes diminuiu em 28%, do

    halotano em 27% e do enflurano em 30%.A necessidade de anestsicos locais nas gestantes menor produzindo o

    mesmo nvel de bloqueio epidural que as pacientes no gestantes (CHEEK, GUTSCHE,

    1987). Isso devido ao engurgitamento vascular reduz o tamanho do espao epidural e

    diminui o volume de anestsico necessrio para a anestesia epidural (MUIR III, et al.,

    2001).

    3 Anestesia na cesariana

    Aps todas essas consideraes realizadas acima, podemos notar que a

    gestante apresenta-se como um paciente diferenciado para o anestesista que deve

    manter o bem estar da paciente e de seus fetos. A maior parte dos agentes anestsicos

    possui baixo peso molecular, alta capacidade de difuso, rpida solubilidade lipdica e

    baixo grau de ionizao, alcanando a barreira placentria, em maior ou menor grau,

    afetando assim os fetos (MASSONE, 2003).

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    Dessa forma o grau de depresso fetal diretamente proporcional ao grau de

    depresso materna e os efeitos dos anestsicos afetam o feto diretamente, porcruzarem a placenta ou indiretamente por alterarem a funo cardiopulmonar materna.

    importante ressaltar a circulao fetal, pois todos os frmacos que passam pela

    barreira placentria j comeam a ser metabolizados pelo fgado do feto (MASSONE,

    2003).

    A placenta endoteliocorial das cadelas facilita a passagem dos anestsicos para

    os fetos devido a sua espessura menor e as propriedades fsico-qumicas dos

    frmacos, como o peso molecular, grau de ligao s protenas plasmticas,

    lipossolubilidade e grau de ionizao tambm so fatores que permitem maior ou menor

    acesso placenta (HALL et al., 2001).

    Os efeitos dos anestsicos atingem o feto diretamente atravs da placenta e

    indiretamente pela alterao da funo cardiopulmonar materna, fazendo com que o

    grau de depresso fetal seja diretamente proporcional ao grau de depresso materna.

    Essa depresso fetal apresentar grau varivel dependendo do agente indutor utilizado,

    assim como a sua dose e tempo transcorrido desde a induo at a retirada do feto

    (HELLYER, 1998).Levando em considerao que a permeabilidade hematoenceflica fetal alta, a

    sensibilidade aos frmacos anestsicos aumenta. Assim como, a funo renal do feto

    imatura, dificultando a excreo dos frmacos, alm do fato de que a atividade

    microssmica enzimtica tambm deficiente (MASSONE, 2003).

    Portanto, o ideal que o mnimo de frmacos depressores atinja os fetos e que a

    me recupere a conscincia rapidamente, de maneira a aceitar, reconhecer e cuidar de

    seus filhotes imediatamente promovendo ainda ampla analgesia, relaxamento musculare narcose (HALL; CLARK, 1987). Lembrando que altas doses de analgsicos, sedativos

    ou anestsicos podem causar depresso cardaca excessiva (THURMON et al., 1996).

    Alm de todos esses fatores que tornam a gestante um paciente diferenciado, h

    necessidade de conteno e a manipulao adequada, causando o menor estresse

    possvel, proporcionando ao animal um conforto pr, trans e ps-operatrio. Os

    anestsicos utilizados em medicina veterinria para procedimentos obsttricos incluem

    os anestsicos locais, o propofol, o etomidato, os opiides, a cetamina e os anestsicos

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    inalatrios como o halotano, o isoflurano e o sevoflurano (GREENE, 1995). Todos

    atravessam a barreira placentria sendo, infelizmente, impossvel anestesiar a me demaneira seletiva, sem deprimir o feto (BENSON; THURMON, 1987). Pode-se contudo,

    amenizar essa depresso, diminuindo o tempo de exposio do feto aos frmacos,

    quanto ainda no tero (GREENE, 1995).

    3.1 Frmacos pr-anestsicos na cesariana

    Tanto a atropina quanto a escopolamina so classificados como anticolinrgicos,

    frmacos anticolinestersicos, que inibem a acetilcolina, causando efeitos

    parassimpatolticos. Atravessam a barreira placentria rapidamente observando-se

    taquicardia fetal dentro de 10 a 15 minutos aps a aplicao. Tambm causam

    desorientao fetal ou excitao pela ao central da atropina e da escopolamina.

    Podem diminuir a atividade da placenta. Os efeitos fetais podem variar dependendo da

    quantidade de frmaco absorvida. O glicopirrolato no atravessa a barreira placentria

    e nem a barreira hematoenceflica em quantidades significativas devido a sua grande

    molcula e carga eltrica, por isso isento de efeitos nos fetos e no SNC (MUIR III, etal., 2001). Podem ser utilizados quando se requer uma diminuio da salivao e para

    reverter a bradicardia devido estimulao uterina causada por estimulo do tnus vagal

    (RAFFE; CARPENTER, 2007).

    Os frmacos pr-anestsicos como tranqilizantes, sedativos e opiides

    diminuem a quantidade de anestsicos gerais intravenosos. As fenotiazinas como

    acepromazina, clorpromazina e levomopromazina aparecem rapidamente no sangue

    fetal, porm produzem pouco ou nenhum efeito no recm nascido quando empregadaem dosagens clnicas e promove diminuio do tnus uterino. O bloqueio -1

    adrenrgico das fenotiazinas pode produzir hipotenso em animais estressados,

    resultando em reduo do fluxo sanguneo uterino e em hipxia fetal (MUIR III, et al.,

    2001). Podendo ser utilizados somente em doses baixas em pacientes agitados e

    agressivos. A clorpromazina tem sido a mais indicada por ter um maior efeito anti-

    emtico, podendo ser uma alternativa na dose de 0,2 mg/kg pela via intramuscular,

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    sendo este via a de escolha, pois a hipotenso menor comparada a via intravenosa.

    (RAFFE; CARPENTER, 2007).Os benzodiazepnicos como diazepam e midazolam so frmacos

    miorrelaxantes de ao central, produzindo seu efeito atravs de estimulao GABA.

    Produzem maiores concentraes no sangue fetal do que no sangue materno,

    causando depresso crdio-respiratria fetal caracterizada por ausncia de

    vocalizao, letargia, apnia e hiportemia nos recm nascidos (MOON-MASSAT et al.,

    2002). Promovem efeitos depressores mnimos no sistema cardiorespiratrio. Sua

    durao de ao depende da redistribuio para fora do SNC (MUIR III, et al., 2001).

    Embora doses pequenas no acarretem em alteraes importantes, o uso de injees

    repetidas pode culminar em srios problemas como, hipotonia neonatal, alimentao

    deficiente, termognese insuficiente para resposta ao frio e hipotermia neonatal

    (MCALLISTER, 1980; RAFFE; CARPENTER, 2007).

    Os agonistas de 2 como a xilazina, detomidina e romifidina podem promover

    acentuada depresso respiratria tanto na me quanto no feto. Tambm aumentam a

    presso uterina em bovinos podendo ser abortivos. Os efeitos em outras espcies so

    pouco conhecidos. Os antagonista de 2 so ioimbina, tolazolina e atiapamazol (MUIRIII, et al., 2001). A xilazina alm cruzar a barreira placentria rapidamente apresenta

    uma depresso cardiorespiratria intensa nos fetos e lentamente eliminada

    (GRRENE, 1995).

    A associao de xilazina com cetamina tambm pode causar alteraes

    importantes, devendo ser evitadas (THURMON et al., 1996; RAFFE; CARPENTER,

    2007).

    Os opiides (Meperidina, Morfina, Butorfanol, Fentanil, Remifentanil, Naloxona)so empregados freqentemente como medicao pr-anestsica para analgesia,

    sedao ou administrados por via epidural. Atravessam a placenta facilmente podendo

    ocorrer concentraes maiores nos fetos do que na me devido ao pH fetal ser menor.

    Em dosagens moderadas, no produzem depresso sria do SNC dos neonatos e seus

    efeitos podem ser revertidos com a utilizao dos antagonistas opiides como a

    naloxona. A naloxona tem durao de ao mais curta que a maioria dos opiides,

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    portanto, os neonatos devem ser observados por vrias horas e dosificados novamente

    conforme necessrio (MUIR III, et al., 2001).A meperidina alcana rapidamente a circulao fetal e no apresenta depresso

    significativa se o parto ocorrer dentro da primeira hora aps a administrao. A morfina

    provoca depresso clinicamente observvel do SNC do recm-nascido. Possui efeito

    vasoconstritor direto nos vasos placentrios (MUIR III, et al., 2001).

    A oximorfona produz melhor analgesia e sedao do que a meperidina ou a

    morfina, porm tem menor durao de ao. A fentanila cem vezes mais potente em

    analgesia do que a morfina com depresso respiratria de menor durao (MUIR III, et

    al., 2001).

    O uso de opiides agonista-antagonistas como o butorfanol e a nalbufina

    permitem tranquilizao e analgesia com efeitos depressores respiratrios mnimos

    para os fetos (FANTONI; CORTOPASSI, 2002).

    3.2 Anestesia Geral Inalatria na cesariana

    Na paciente gestante, a anestesia geral a conduta mais indicada e segura, poisoferece timas condies de trabalho ao cirurgio, permitindo intubao traqueal, o que

    controla as vias areas da me, prevenindo a aspirao de contedo gstrico. Alm

    disso, permite a manuteno materna sempre conectada administrao de oxignio.

    As desvantagens ocorrem quando o plano anestsico est superficial liberando

    catecolaminas pela me, diminuindo a perfuso uterina e acarretando alteraes

    severas da funo cardiopulmonar (SREFFEY, 1996).

    Os anestsicos inalatrios provocam depresso fetal, a qual diretamenteproporcional profundidade anestsica da me. Portanto, importante manter a

    anestesia em um plano adequado para o procedimento anestsico, j que nveis

    profundos de anestesia causam hipotenso materna, diminuio do fluxo sanguneo,

    com hipxia e acidose fetal (THURMON et al., 1996).

    A utilizao dos anestsicos inalatrios tambm pode diminuir a temperatura

    corporal causando bradicardia, reduzindo a presso parcial de oxignio, do dbito

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    cardaco, aumento do consumo de oxignio e acidose metablica. A associao desses

    fatores pode prejudicar o feto causando acidose, hipxia e morte fetal (YAZBEK, 2002).Durante a gestao ocorrem mudanas hormonais que diminuem a necessidade

    de anestsicos, aumentando o risco de sobredose anestsica. (GREENE, 1995). O

    aumento da ventilao alveolar e a diminuio na capacidade residual funcional nas

    gestantes podem esclarecer, em parte, a facilidade com que podem ser anestesiada

    com doses convencionais de anestsicos inalatrios. Entretanto, Palahniuk et al. (1974)

    observaram a possibilidade de alterao da necessidade de anestsicos durante a

    gestao. Para tanto, estudaram a CAM de trs anestsicos inalatrios em gestantes e

    no-gestantes. Os animais foram anestesiados com isoflurano, halotano e

    metoxiflurano, com intervalos de 48 horas entre as administraes, atravs de induo

    com mscara facial e manuteno anestsica com intubao. Nas gestantes, obteve-se

    reduo de 25% da CAM do halotano, 40% da CAM do isoflurano e 32% da CAM do

    metoxiflurano, em relao s no gestantes.

    Os anestsicos menos solveis como o enflurano, isoflurano, sevoflurano e

    desflurano promovem uma recuperao mais rpida quando comparado ao halotano

    (HALL et al., 2001).Alta lipossolubilidade e baixo peso molecular so caractersticas dos anestsicos

    inalatrios que facilitam a passagem pela barreira placentria. Os pacientes de alto

    risco devem ser poupados do halotano por causar vasodilatao perifrica e reduzir a

    presso arterial. Tambm deve ser evitado em fmeas idosas, anmicas, toxmicas ou

    hipovolmicas. Porm, o sevoflurano indicado para estes pacientes (MASSONE,

    2003).

    O sevofluorano possui baixo coeficiente de solubilidade sangneaconseqentemente produz induo e recuperao anestsicas rpidas, o que permite

    fcil controle da profundidade anestsica, podendo assim, ser til em cesarianas,

    ressaltando que ainda fazem-se necessrias maiores investigaes a respeito dos

    efeitos desse frmaco, sobre a cadela gestante (OLIVA, 1997).

    Em ces onde a induo anestsica foi realizada atravs de mscara facial o

    aumento da freqncia cardaca foi observado a 1,2 CAM de sevoflurano (135 8 bpm)

    quando comparado aos valores basais (85 2 bpm) (BERNARD et al., 1990). O

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    aumento da freqncia cardaca ocorreu significativamente com 1 CAM, em relao aos

    valores basais, mantendo valores similares com 1,5 e 2,0 CAM (MUTOH et al., 1997).Quando utilizado como agente de manuteno anestsica, o sevoflurano

    provocou discreta elevao da freqncia cardaca e manuteno dos valores de

    presso arterial com ou sem adio de xido nitroso como diluente (OLIVA et al., 2000).

    Ao contrrio dos resultados obtidos por Gabas et al. (2006) onde a freqncia cardaca

    sofreu significativa reduo na manuteno com sevoflurano em ces.

    Ocorreu depresso respiratria significativa em ces quando utilizou-se uma

    concentrao de sevoflurano a partir de 2 CAM (MUTOH et al., 1997).

    Segundo Skerman et al. (1991) os anestsicos inalatrios so potentes

    relaxantes uterinos. O halotano em planos superficiais, 1 CAM e mdios, 1,5 CAM de

    anestesia, no altera o fluxo sanguneo placentrio. Porm, em planos profundos, 2

    CAM, resulta em diminuio do fluxo sanguneo uterino. O isoflurano produz efeitos

    praticamente idnticos a esses.

    Os efeitos do halotano, enflurano e isoflurano na mulher e no feto foram obtidos

    atravs de quatro protocolos diferenciados, 50% de oxignio e 50% de xido nitroso e

    os outros trs com a adio de 0,5% de halotano, 1% de enflurano ou 0,75% deisoflurano. O anestsico intravenoso utilizado para a induo em todos os grupos foi o

    tiopental. No observaram diferenas significativas entre os grupos nas tenses de

    gases sanguneos materna e fetal, no equilbrio cido-bsico e nos valores de lactato.

    Concluindo que as concentraes analgsicas de halotano, enflurano e isoflurano

    podem ser adicionadas ao oxignio e ao xido nitroso de maneira segura, mantendo

    plano anestsico adequado, alm de manter os valores dos gases sanguneos normais

    tanto para a me como para o feto (WARREN, et al., 1983).O halotano aparece rapidamente na circulao fetal. Possui um efeito de

    relaxante uterino rpido e potente, inibindo a involuo uterina e aumentando o risco de

    hemorragia uterina. Caso seja empregado na cesariana, deve-se realizar o mais rpido

    possvel. A depresso neonatal do SNC resolve-se rapidamente se for fornecida

    ventilao adequada ao nascimento (MUIR III, et al., 2001).

    O xido nitroso atravessa a placenta rapidamente e com uma administrao por

    mais de 15 minutos pode resultar em depresso do SNC fetal. A hipxia de difuso que

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    pode ocorrer no feto pode ser minimizada com a administrao de oxignio. Usado na

    me com quantidade adequada de oxignio produz efeitos mnimos no neonato (MUIRIII, et al., 2001).

    3.3 Anestsicos injetveis na cesariana

    Os agentes indutores mais utilizados na medicina obsttrica humana so o

    propofol e o tiopental. Apresentam a vantagem proporcionar uma rpida induo,

    recuperao rpida, ausncia de efeitos excitatrios na induo e recuperao com

    mnima depresso residual fetal. O propofol foi associado com um melhor vigor fetal

    quando comparado com o tiopental e sem efeitos cumulativos (ROBERTSON, MOON,

    2003).

    Os barbitricos atravessam facilmente a placenta. O fenobarbital deve ser

    evitado por causa da depresso prolongada do SNC fetal e da reduzida capacidade

    fetal de biotransformar frmacos. Os barbitricos de ao ultracurta como o tiopental

    atravessam facilmente a barreira placentria alcanando o equilbrio em 5 minutos. Na

    dosagem de 8 mg/kg na induo s produz transferncia modesta pela placenta e noameaa o feto normal. O pico de concentrao no feto ocorre em 10 minutos. Como a

    durao de ao depende da redistribuio, o emprego de dosagens baixas de

    barbitricos de ao ultracurta no associado com o grau significativo de depresso

    do SNC fetal. No recomendado a redosagem (MUIR III, et al., 2001).

    O agente no-barbitrico como o propofol provoca alteraes cardiovasculares

    que consistem em discreta diminuio da presso arterial sem aumento compensatrio

    na freqncia cardaca (SHORT, BUFALARI, 1999). Durante a induo o propofolpromove uma diminuio do dbito cardaco devido reduo da pr-carga por um

    efeito vasodilatador (GOODCHILD; SERRAO, 1989).

    O mecanismo de ao do propofol ainda no est bem elucidado, no entanto,

    sugere-se que, de forma similar a outros hipnticos como os benzodiazepnicos, os

    barbitricos e o etomidato, o propofol desenvolve suas atividades farmacolgicas

    atravs interao com os receptores inibitrios do cido--aminobutrico A (GABAA)

    (MUIR III, et al., 2001).

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    A metabolizao do propofol heptica, porm questiona-se a participao de

    stios extra-hepticos tambm (THURMON et al., 1996).Comparando propofol, tiopental, etomidato e metohexital, Mccoluum e Dundee

    (1986) concluram que apesar do propofol promover maior diminuio da presso

    arterial quando comparado ao tiopental, o aumento da freqncia cardaca foi de

    apenas 5%, enquanto que o metohexital produziu um aumento de 24% para os

    mesmos parmetros.

    Gabas et al. (2006) observaram que acepromazina, propofol e sevoflurano

    provocaram relativa depresso cardaca e acidemia em cadelas gestantes submetidas

    cesariana. Porm, este protocolo mostrou-se seguro para a me e para os fetos

    constituindo uma boa opo para a anestesia geral em cadelas gestantes ao

    proporcionar taxa de mortalidade neonatal muito semelhante que ocorre no parto

    normal.

    Da mesma maneira, Matsubara et al. (2006) utilizando acepromazina, propofol e

    sevoflurano observaram que esse protocolo no interferiu significativamente nas

    variveis cardiorespiratrias na cadela com 45 dias de gestao, podendo ser utilizada

    com segurana nesse perodo em caso de necessidade de interveno cirrgica.Estudando o mesmo protocolo anestsico acepromazina, propofol e sevoflurano

    em cadelas hgidas com 45 dias de gestao, Matsubara et al. (2007) observaram

    diminuio da presso sangnea arterial materna, porm sem causar depresso fetal,

    podendo ser utilizado com segurana no caso de interveno cirrgica e/ou anestsica

    durante esse perodo gestacional.

    Em induo da anestesia em cesariana na mulher com a associao do tipental

    em doses reduzidas (2 mg/kg) e da cetamina (0,5 mg/kg), comparativamente ao uso dotiopental e da cetamina isolados, nas doses de 4mg/kg e 1 mg/kg, respectivamente

    foram estudados. A associao do tiopental e cetamina resultou em condies

    circulatrias mais estveis e no atrasou a adaptao do neonato, concluindo que a

    induo com os dois frmacos associados superior a utilizao isolada dos mesmos,

    tanto para a me como para o feto (KRISSEL et al., 1994).

    De acordo com Yau et al. (1991) em estudo com 40 mulheres chinesas

    submetidas cesariana eletiva onde, vinte pacientes receberam propofol 2mg/kg para a

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    induo seguido de 6 mg/kg/hora em infuso contnua e as outras vinte pacientes

    receberam tiopental 4 mg/kg para a induo e enflurano 1V% para a manuteno daanestesia. Todos os pacientes receberam atracrio e foram colocados na ventilao

    controlada com 50% de xido nitroso em oxignio at a entrega do neonato. A resposta

    hipertensiva aps intubao foi de curta durao em comparao com o grupo com

    propofol comparado ao grupo com tiopental. O tempo entre a induo at a entrega dos

    neonatos variou de 5 a 14 minutos e os neonatos de ambos os grupos obtiveram

    ndices similares e satisfatrios de Apgar (A aparncia, P pulso, G careta, A

    atividade, R respirao). No entanto, a infuso prolongada de propofol antes do

    nascimento pode causar baixa capacidade adaptativa neurolgica dos neonatos. Os

    autores observaram que no houve diferena significativa no tempo de recuperao

    materna ou na performance psicomotora.

    Segundo Moon-Massat et al. (1998) avaliando as diferentes tcnicas anestsicas

    e a taxa de sobrevivncia neonatal em ces submetidos cesariana, observaram que

    os nicos frmacos associados baixa taxa de mortalidade foram o propofol e o

    isoflurano, enquanto que a xilazina e o metoxilfurano apresentaram resultados

    inferiores.Os agentes dissociativos como a cetamina e a tiletamina produzem boa

    conteno e analgesia, porm causam escasso relaxamento muscular. Atravessam

    rapidamente a placenta, produzindo depresso fetal dentro de 5 a 10 minutos aps a

    sua aplicao. A cetamina promove boa conteno em gatas, com depresso fetal

    mnima quando empregado por via intravenosa (IV) ou intramuscular (IM) em baixas

    dosagens 2 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente. Tambm pode aumentar o tnus

    uterino e diminuir o fluxo sangneo uterino levando a hipxia fetal. Os nveissangneos fetais alcanam 70% do valor materno e observa-se pouca depresso. A

    tiletamina associada ao zolalepam recebe o nome de telazol tem efeito similar

    cetamina, porm produz melhor relaxamento muscular e maior depresso respiratria

    (MUIR III, et al., 2001).

    A associao de cetamina com benzodiazepnicos j foi descrita na literatura

    humana com efeito indesejvel em neonatos aps a utilizao desse grupo de agentes

    (DYSON, 1992).

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    Os relaxantes musculares perifricos como succinilcolina, pancurnio, atracrio e

    vecurnio so altamente ionizados com elevada massa molecular, resultando emtransferncia placentria precria ou inexistente. No produzem analgesia e no h

    efeitos demonstrveis no recm-nascido (MUIR III, et al., 2001).

    3.4 Anestsicos locais (epidural) na cesariana

    Cerca de 2.000 anos antes do descobrimento da Amrica do Sul, foi encontrado

    em tribos peruanas relatos sobre o uso das folhas do arbusto Erythoxylon cocaplanta

    originria da zona tropical dos Andes. A qual, quando mascada libera baixas doses de

    cocana, substncia ativa da planta. Em 1862, Schroff e Demarle observaram que a

    cocana produzia analgesia da lngua e passaram a utiliz-la para o alvio da dor na

    laringe (GAY et al., 1975). Carl Koller, oftalmologista vienense, introduziu a cocana

    como anestsico local para procedimentos oftalmolgicos. Em 1898, vrios mdicos

    utilizavam cocana como anestsico local, em anestesia espinal (GAY et al., 1975).

    O anestsico local ao entrar na circulao, liga-se de 5 a 95% s protenas

    plasmticas, glicoprotenas cidas em particular, albumina em uma proporo muitomenor e s hemcias. Alm de penetrar no sistema nervoso central, atravessam

    facilmente a placenta e ocasionalmente podem induzir a depresso cardaca grave no

    feto (YAGIELA, 2002).

    O destino metablico de determinado frmaco depende, em grande parte, da

    ligao qumica entre a parte aromtica e o resto da molcula. As drogas do tipo ster

    so inativadas por hidrlise. Os derivados do cido p-aminobenzico (ex: procana,

    tetracana) so preferencialmente metabolizados no plasma pela pseudocolinesterase,a relao entre a hidrlise plasmtica e heptica dos outros steres varivel. Os

    produtos da clivagem hidroltica podem sofrer biotransformao adicional no fgado

    antes que sejam eliminados na urina (HAAS, 2002).

    A meia vida para a hidrlise da procana menor que 1 minuto, e menos de 2%

    da droga excretada em forma inalterada pelo rim. O metabolismo das drogas

    amdicas ocorre primariamente no fgado. Alguns metabolitos dos anestsicos locais

    retm acentuada atividade farmacolgica e podem contribuir a toxicidade da droga. A

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    maior parte do efeito sedativo da lidocana, por exemplo, foi atribuda a seus

    metablitos desetilados monoetilglicinexilidida e glicinexilidida (FERREIRA, 1998).Segundo HAAS (2002) com respeito aos anestsicos locais a lidocana nenhum

    dano fetal foi observado em ratos com at 6.6 vezes a dose mxima, que seria de 500

    mg de lidocana. A mepivacana os estudos em animais no foram concludos. A

    bupivacana demonstrou a diminuio de ratos recm-nascidos depois de nove vezes a

    dose mxima. A benzocana, dyclomine e a tetracana tem baixa probabilidade de

    absoro sistmica, podendo levar a prejuzos para o feto (YAGIELA, 1998).

    Para uma droga anestsica local afetar o feto diretamente, tem que atravessar a

    placenta, atravs da circulao materna. A toxicidade tambm est relacionada com a

    taxa de metabolizao da droga dentro da circulao do feto. Anestsicos locais so

    altamente solveis em lipdios e eles atravessam placenta e prontamente alcanam o

    feto. O grau de transferncia do anestsico para o feto depende de trs fatores:

    Capacidade de ligao da protena, grau de dissociao da droga e taxa de

    metabolismo da droga. Um anestsico com alta capacidade de ligao com protenas,

    baixo grau de dissociao, e rpido metabolismo no plasma diminuiria os potenciais

    efeitos fetais. Felizmente a maioria dos anestsicos locais comumente utilizadosencontram esses requisitos (FERREIRA, 1998).

    O tamanho da molcula tambm interfere na passagem pela placenta pois esse

    mecanismo feito atravs de difuso passiva. A prilocana, por exemplo atravessa a

    placenta mais rapidamente que os demais agentes anestsicos locais lidocana,

    mepivacana e bupivacana. Doses excessivas de prilocana em gestantes podem

    causar metemoglobinemia no feto (FERREIRA, 1998).

    No sangue materno, uma poro do anestsico local liga-se as protenasplasmticas, restringindo sua passagem pela placenta, ou seja, o agente anestsico

    somente atravessa a placenta se estiver na forma livre. Quanto maior o grau de ligao

    protica, maior o grau de proteo ao feto (FERREIRA, 1998).

    Os vasoconstritores desempenham um potencial para comprometer o fluxo de

    sangue uterino, porm estudos no demonstram efeitos fetais adversos. Alm disso, as

    doses de epinefrina usadas em frmulas de anestsicos locais so baixas

    impossibilitando afetar o fluxo de sangue uterino. Os vasoconstritores impedem a

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    absoro sistmica e assim reduzem os efeitos txicos dos anestsicos locais. A sua

    presena tambm prolonga a durao da anestesia local (HAAS, 2002).Os frmacos anestsicos locais administrados por qualquer via atravessam a

    barreira placentria. A anestesia regional epidural possui como vantagem a mnima

    exposio dos fetos aos frmacos, o menor sangramento intra-operatrio e os menores

    riscos de aspirao do contedo gstrico (SENDAG et al., 1999). Devido ao bloqueio

    simptico que proporciona, apresenta a possibilidade de ocorrncia de hipotenso

    (RATRA et al., 1972).

    A anestesia epidural est relacionada com baixos ndices de mortalidade fetal,

    porm essa tcnica necessita de treinamento, alm de os anestsicos locais

    produzirem paralisia temporria dos membros posteriores aumentando assim o tempo

    necessrio para a fmea se recuperar e cuidar dos filhotes (FUNKQUIST et al., 1997).

    Estudo realizado comparando a anestesia geral inalatria com a epidural

    demonstrou que as vantagens da anestesia geral inalatria incluem a velocidade e a

    facilidade de induo, confiana e controle da anestesia. A anestesia geral inalatria

    promove timas condies de cirurgia, a intubao traqueal assegura o controle das

    vias respiratrias e a administrao de oxignio prevenindo a aspirao do vmito.Entretanto, causa maior depresso neonatal que a anestesia regional. Quando o plano

    anestsico muito superficial acarreta na liberao de catecolaminas pela paciente

    podendo causar hipertenso e diminuio da perfuso tero-placentria, causando

    estresse fetal (BENSON, THURMON, 1987).

    Luna et al. (2004) estudaram quatro protocolos anestsicos para avaliar o estado

    neurolgico e cardiorrespiratrio de ces nascidos de cesariana. Todos os animais

    receberam medicao pr-anestsica com clorpromazina 0,5 mg/kg e aps 15 minutosa induo intravenosa, que foi diferenciada. Os animais do grupo 1 foram induzidos

    com tipontal 8 mg/kg. Os animais do grupo 2 receberam a associao de cetamina 2

    mg/kg + midazolam 0,5 mg/kg. Grupo 3, propofol 5 mg/kg. Grupo 4, epidural com

    lidocana 2% (com vasoconstritor) 2,5 mg/kg + bupivacana 0,5% (com

    vasoconstritor) 0,625 mg/kg. Com exceo do grupo 4, todas as cadelas foram

    intubadas e a anestesia inalatria mantida com enflurano. Os autores observaram que a

    freqncia respiratria nos filhotes foi maior com a anestesia epidural. E os reflexos

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    neurolgicos testados foram muito depressivos aps o protocolo com

    cetamina/midazolam, seguido do tiopental, propofol e anestesia epidural.O propofol e o isoflurano foram estudados para a anestesia de cesariana em

    ces e compararam com um estudo retrospectivo onde se utilizou a analgesia epidural

    com lidocana ou a induo com o tiopental sdico. Utilizando 141 cadelas que foram

    submetidas a cesariana eletiva, no perodo de dois anos. A induo foi realizada com

    propofol e a manuteno com isoflurano. Verificaram que a taxa de viabilidade fetal foi

    similar no protocolo com propofol e isoflurano (70%) e com epidural (72%) sendo

    significativamente mais alta que no protocolo com a utilizao do tiopental (34%).

    Observaram ainda, que no houve diferena significativa no grau de depresso entre o

    primeiro e o ltimo neonato retirados do tero, mesmo em grandes ninhadas. As mes

    recuperaram-se rapidamente e sem excitao, passando a cuidar dos filhotes logo aps

    a extubao (FUNKQUIST et al., 1997).

    Lavor et al. (2004) concluram que a utilizao de anestesia epidural seguida de

    induo direta com halotano superior em promover mnima depresso neonatal e

    materna aos protocolos anestsicos com propofol, etomidato e tiopental, sendo esse

    ltimo mais depressor da vitalidade fetal.A lidocana o anestsico de escolha para cesariana devido experincia

    clnica e relativa baixa toxicidade. Aparece no sangue fetal dentro de 2 a 3 minutos.

    No foi encontrada correlao entre o grau de depresso de neonatos e a concentrao

    venosa umbilical de lidocana (MUIR III, et al., 2001).

    A dose de lidocana para fmeas no gestantes de 1 mg para cada 4,5 kg

    administrada no espao lombossacro. Na fmea parturiente essa dose deve ser

    reduzida uma vez que os vasos do espao epidural esto dilatados, diminuindo otamanho deste (MUIR et al., 2001). A dose empregada pode ser reduzida em 20 a 30%,

    sendo mais adequado o anestsico sem adio de adrenalina, pelo fato dessa

    catecolamina retardar a involuo uterina no perodo ps-parto (GREENE, 1995).

    Alm dos anestsicos locais, os opiides tambm podem ser empregados na

    anestesia epidural para promover analgesia em obstetrcia. A morfina tem grande

    utilizao no homem, porm novos agentes como o fentanil e sulfentanil tm surgido

    apresentando alto grau de lipossolubilidade, possuindo latncia bastante reduzida de 6

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    a 9 minutos, quando comparada morfina com 30 a 60 minutos, e menor durao de

    ao com menor ndice de efeitos colaterais (RAMANATHAN, 1995).

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    4 Concluses

    De acordo com todas as consideraes realizadas de desenvolvimento deste

    trabalho, as melhores condies proporcionadas fmea gestante na cesariana

    envolvem o menor estresse possvel, e os frmacos utilizados devem promover tima

    analgesia, preveni a hipoxemia e a hipotenso materna, minimizar a depresso fetal e

    materna ps-operatria e no induzir nem impedir as contraes uterinas.

    Diante de todas essas caractersticas necessrias para a boa realizao de uma

    cesariana, tanto a anestesia regional como a anestesia intravenosa-inalatria (propofol-

    isoflurano ou propofol-sevoflurano) so tcnicas seguras para cesarianas se

    executadas corretamente, e a escolha de qual tcnica utilizar dever ser feita pelo

    anestesista, verificando as vantagens e desvantagens de cada uma para cada paciente.

    Tudo isso associado anestesia peridural que aparenta causar menor depresso fetal.

    Desta forma, a cesariana sendo um procedimento de emergncia ou de eleio

    requer tcnicas anestsicas que sejam sempre seguras para a parturiente e para os

    fetos permitindo anestesia e analgesia adequadas para a sua realizao em tempo

    hbil, trazendo os filhotes em estado vigoroso e mes atentas para atenderem seusfilhotes.

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  • 8/2/2019 Anestesia cesariana

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