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Revista da SAMG e Coopanest-MG - Edição 9 Fev./Mar./Abr. 2015 Qualidade e segurança em anestesiologia Entrevista com Dra. Nádia Duarte, ex-presidente da SBA Responsabilidade Civil na Práca da Anestesiologia A sistemazação de processos e a mensuração de dados resultam em melhor atendimento ao paciente

Anestesiologia Mineira

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1Revista Anestesiologia Mineira

Revista da Samg e Coopanest-mg - Edição 9 Fev./Mar./Abr. 2015

Qualidade e segurança em anestesiologia

Entrevista com Dra. Nádia Duarte, ex-presidente da SBA

Responsabilidade Civil na Práticada Anestesiologia

A sistematização de processos e a mensuração de dados resultam em melhor atendimento ao paciente

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2Revista Anestesiologia Mineira

edito

rial Não falemos em crise e sim em qualidade,

mas será que é possível? Hoje em dia somos a todo tempo avaliados, cobrados e as metas são sempre algo que nos parece difícil de alcançar. Estamos sempre de um lado para outro, sempre ocupados nos afazeres e pensamentos.

Precisamos de tempo para mantermos a qualidade do que fazemos, não só em nossa vida profissional, mas em nossa vida pessoal. A qualidade requer dedicação e para tudo funcio-nar com a qualidade que queremos e em perfei-ta ordem, precisamos de ajuda. Devemos sem-pre lembrar que não caminhamos sozinhos e devemos trilhar por caminhos seguros para que as marcas deixadas por nós possam ser segui-das por outros em solo seguro. É comum termos uma preocupação com nossa vida profissional, a saúde financeira da instituição onde trabalha-mos: queremos manter nossa atividade profis-sional, devemos nos preocupar também com a qualidade do ensino de nossos residentes, que deve ser guiada pela qualidade e ética que é a essência do bom profissional, pois é esta nova geração que vai cuidar de nós nos momentos em que necessitarmos de atenção.

Trabalhamos em um setor fechado, como é todo bloco cirúrgico, e convivemos mais com nossos colegas de trabalho do que com nossos familiares, então o respeito a amizade devem ser estimulados. Tudo fica mais fácil e prazeroso quando estamos entre amigos e em ambiente agradável, isso também é uma mensuração de qualidade. O profissional que trabalha em um ambiente acolhedor e seguro transmite esses conceitos aos clientes.

Nas duas últimas décadas, a qualidade dos medicamentos com purificação das moléculas de sua formulação, novas drogas à disposição, as novas tecnologias incorporadas nos apare-lhos de anestesia, equipamentos e materiais fizeram com que a anestesia melhorasse em muito na qualidade e na segurança do atendi-mento, tudo isso não pode ser deixado de lado neste momento em que se procura reduzir os custos, pois a era dos medicamentos com uma

lista enorme de efeitos colaterais que deixavam os hospitais lotados por falta de condições de alta de seus pacientes já passou, e não pode-mos deixar que retorne. Digo isso pois sei que já se pensou em retornar em algumas instituições com drogas que tem baixo custo por ampola e um enorme custo em efeitos indesejáveis.

mas a crise econômica mundial é uma rea-lidade, e não podemos ficar alheios a tudo isso e diante de tudo não mudarmos de atitude. Re-centemente nos foi solicitado reduzir os custos no atendimento da anestesiologia. Por essa oca-sião, me foi entregue um papel com os custos totais anuais dos materiais e medicamentos uti-lizados pela anestesiologia e, ao virar a página, percebi que também haviam ali alguns custos de materiais e equipamentos utilizados nas ci-rurgias e que esses ultrapassavam mais de qua-tro vezes o da anestesiologia e foi aí que percebi que não podemos nos render às pressões ex-ternas que tentam reduzir os custos a qualquer preço, de uma maneira às vezes autoritária, e deixar com isso cair a qualidade do atendimento dos nossos pacientes.

a responsabilidade do atendimento e das complicações é do profissional que realiza o atendimento e este deve julgar o que é melhor e mais seguro para o seu trabalho. Devemos sempre lembrar que a qualidade está não só no resultado imediato, mas também na redução das complicações e na satisfação do paciente e de toda a equipe. Por vezes fica difícil dife-renciar o necessário do supérfluo, mas o que devemos ter em mente é que precisamos man-ter a qualidade com a responsabilidade profis-sional e social. Acho que quase todos nós já mudamos algum hábito ou atitude diante da crise global, os banhos ficaram mais curtos, os carros mais sujos, então devemos evitar o des-perdício, mas jamais deixar cair a qualidade do nosso atendimento.

Dra. Cláudia Helena Ribeiro da Silva,médica anestesiologista TSA/SBA

e intensivista AMIB

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sumário

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SAMG entrevista: ciência e arte

Informação a um toque

Qualidade e segurança contínuas

Vem aí a 49ª JASB

Coopanest-MG busca resgatar valores junto a operadoras

Plano protege beneficiários de cooperados

Responsabilidade Civil na Prática da Anestesiologia

Colega Anestesiologista

expediente

Coopanest-MG – Cooperativa dos Anestesiologistas de Minas GeraisDiretoria Executiva: Presidente: Dr. Lucas Araújo Soares • Diretor Administrativo: Dr. Rômulo Augusto Pinheiro • Diretor-Financeiro: Dr. Geraldo Teixeira Botrel • Conselho de Administração: Dr. Carlos Leonardo Alves Boni, Dr. José Gualberto Filho, Dra. Márcia Rodrigues Neder Issa, Dr. Nordnei Soares de Paiva Campos Moreira • Conselho de Ética/Técnico: Dra. Cláudia Vargas de Araújo Ribeiro, Dr. Francisco Eustáquio Valadares, Dra. Juliana Motta Couto, Dr. Rodrigo de Lima e Souza, Dr. Rodrigo Guimarães Leite • Conselho Fiscal: Dr. Adriano Bechara de Souza Hobaika, Dr. Crélio Viana, Dra. Izabela Fortes Lima, Dr. Marcelo de Paula Passos, Dr. Marcelo Fonseca Medeiros, Dr. Marcílio Batista Pimenta.

Rua Eduardo Porto, 575, Cidade Jardim • Belo Horizonte • MG • CEP: 30380-060Coopanest: Tels.: (31) 3291-2142, (31) 3291-5536, (31) 3291-2716, (31) 3291-2498 • Fax: (31) 3292-5326 • [email protected] • www.coopanestmg.com.brSAMG: Tel./Fax: (31) 3291- 0901 • [email protected] • www.samg.org.br

Produção: Prefácio Comunicação – Tel: (31) 3292-8660Jornalista responsável: Celuta Utsch (4667/MG) Redação: Guilherme Barbosa (MTB/MG 12.630)Revisão: Francisco Ferreira

SAMG – Sociedade de anestesiologia de minas geraisPresidente: Dr. Jaci Custódio Jorge • Vice-Presidente: Dra. Michelle Nacur Lorentz • 1º Secretário: Dr. Rogerio de Souza Ferreira • 2ª Secretária: Dra. Cláudia Helena Ribeiro da Silva • 1º Tesoureiro: Dr. Rômulo Augusto Pinheiro • 2º Tesoureiro: Dr. André Vinicius Campos Andrade • Diretor Científico: Dr. Antônio Carlos Aguiar Brandão • Diretor Social: Dr. Renato Hebert Guimarães Silva • Comissão Científica: Dra. Renata da Cunha Ribeiro, Dra. Flávia Quintão Silva Belém, Dr. Roberto Almeida de Castro, Dr. Jonas Alves Santana, Dr. Leandro Fellet Miranda Chaves • Comissão de Defesa Profissional: Dr. Joaquim Belchior Silva, Dr. Alexandre Assad de Morais, Dr. Nilson de Camargos Roso, Dr. Rodrigo Costa Villela, Dr. Celso Homero Santos Oliveira, Dr. Lucius Claudius Lopes da Silva • Comissão de Estatuto, Regulamentos e Regimentos: Dr. Eduardo Gutemberg M. Milhomens, Dr. Marcos Leonardo Rocha, Dra. Virginia Martins Gomes • Conselho Editorial: Coordenadores: Dr. Marcel Andrade Souki, Dra. Luciana de Souza Cota Carvalho – Membros: Dra. Bruna Silviano Brandão Vianna, Dra. Roberta Ferreira Boechat, Dr. Luciano Costa Ferreira, Dr. Wellington de Souza e Silva, Dra. Gisela Magnus, Dr. Thiago Gonçalves Wolf, Dra. Raquel Rangel Costa.

Revista Anestesiologia MineiraCoordenadores: Dr. Celso Homero Santos Oliveira e Dr. Wanderley Rodrigues Moreira – Membros: Dr. Fernando Lima Coutinho, Dra. Flora Margarida Barra Bisinotto, Dr. Itagyba Martins Miranda Chaves, Dr. Lucius Claudius Lopes da Silva, Dr. Wellington de Souza Silva.

Dr. Lucas Araújo SoaresPresidente da Coopanest-MG

ao longo de sua existência, a Coopanest-mg tem se dedicado a integrar os anestesiologistas mineiros e se valer dos benefícios que o coope-rativismo pode oferecer. Temos foco no rece-bimento integral e justo do honorário médico, evitando o não pagamento do trabalho realizado, fato muitas vezes observado no nosso mercado de trabalho.

a Coopanest-mg, dentre seus focos de atua-ção, participa do Plano de Auxílio Mútuo da FE-BRACAN. O objetivo é compor uma força tarefa capaz de prestar atendimento rápido e adequa-do em situações de necessidade. Na eventuali-dade do falecimento de um cooperado, todos os anestesiologistas inscritos no Plano, em âmbito nacional - ou seja, vinculados a todas as Coope-rativas que formam a FEBRACAN –, contribuem com um valor correspondente a uma consulta médica, destinado à família do cooperado.

atenuar uma situação de grande dimensão com agilidade, sem as exigências rigorosas das seguradoras, viabiliza a resolução das dificulda-des. Inscrevam-se e divulguem esse projeto de adesão voluntária, sem fins lucrativos, que fun-ciona há vários anos nas Coopanestes e que já atendeu a diversas famílias.

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“Ciência e arte”

SAMG entrevista

À luz dos conhecimentos atuais, sa-bemos que a anestesia não apenas tem profundo impacto no perioperatório, como pode também modular respos-tas imunológicas a atuar no pós-opera-tório tardio. A senhora acredita que a anestesia possa mudar o prognóstico dos pacientes? Em que aspecto?

além das repercussões sistêmicas próprias da manipulação farmacológica e fisiológica, sabemos hoje ainda mui-to pouco sobre a modulação humoral e imunológica pelas interações entre anestésicos e o corpo humano. É um campo em que as pesquisas ainda nos trarão mais subsídios para fazermos as nossas escolhas. Opioid-free? Venosos x inalatórios? geral x regional? mas acre-dito que não exista uma resposta única, aplicável a todas as situações. Acredito na individualização do tratamento, no respeito às características de cada caso em particular, considerando as variáveis de cada situação que envolve o paciente, os profissionais e a instituição.

mas uma coisa é certa: um aneste-siologista bem formado e íntegro, física e mentalmente, com um paciente bem indicado e avaliado, uma equipe de as-sistência à saúde focada nos melhores resultados, em um ambiente anestési-co-cirúrgico adequado, fazem aumentar as chances de que o paciente seja bene-ficiado por essa anestesia.

Com o aumento da demanda pela presença do anestesiologista, principal-mente fora do ambiente cirúrgico, pas-sou a faltar anestesiologistas no Brasil?

Com o crescimento populacional do país, o atendimento à crescente e eviden-te demanda por médicos especialistas e a necessidade de ocupação responsável de todas as regiões do Brasil, principalmente das que são historicamente mal supridas de profissionais qualificados, é um com-promisso a ser planejado e estruturado entre a categoria médica e suas institui-

ções, o governo e a população em geral. Na anestesiologia essa realidade não é diferente, e os nossos centros forma-dores devem estar prontos para acatar, organizar e executar essa missão, desde que instrumentalizados com informações e dados demográficos consistentes e não aleatoriamente.

mas, no que diz respeito à formação e melhor distribuição geográfica, há uma contrapartida que precisa ser assumida pelos nossos governantes, que envolve uma série de itens, como provimento de qualidade de vida e de trabalho para o médico; garantia de atualização cien-tífica e do seu envolvimento nas novas cadeias formativas de médicos e espe-cialistas; respeito à sua individualidade; atenção às suas necessidades de acom-panhamento das diretrizes institucio-nalmente emanadas para as melhores práticas; plano de carreira e cargos, com remuneração justa e digna, e a certeza

da discussão e compartilhamento com a categoria, em tempo real e de forma democrática, das opções de resolução dos problemas que atingem o sistema de saúde como um todo, ou seja, gestão participativa.

Sabemos que a anestesiologia é uma das especialidades médicas mais completas, que demanda grande co-nhecimento técnico-científico, além de enorme responsabilidade. O espectro de atuação do anestesiologista am-pliou-se muito nos últimos anos. Como podemos explicar que nossa especiali-dade ainda seja tão desvalorizada nos dias de hoje?

a anestesiologia é uma especialida-de médica que reúne ciência e arte. É fundamentada em conhecimento cientí-fico, técnica especializada, destreza ma-nual, profissionalismo e profundo res-peito pelo ser humano. Não recebemos

Nesta edição da Revista Anestesiologia Mineira,

conversamos com a Dra. Nádia Duarte,

corresponsável pelo CET/SBA do Hospital das

Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e

ex-presidente da SBA na gestão de 2011. Entre os temas abordados, ela fez

críticas à desvalorização da classe e à falta de médicos especializados e defendeu a atualização dos níveis de

remuneração da categoria.

Divu

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ão

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5Revista Anestesiologia Mineira

SAMG entrevista

o tratamento dado aos fomentadores de moeda, pois a vida humana e seu per-feito funcionamento quase nunca são vistos como um bem palpável do ponto de vista mercantil.

mas, para aqueles que reconhecem as premissas de qualidade, somos uma especialidade de valor para qualquer sistema de saúde. Um exemplo que posso dar para ilustrar essa assertiva é a clássica publicação intitulada “Errar é Humano” (To Err is Human – Building a Safer Health System, Linda T. Kohn, Janet M. Corrigan, and Molla S. Donaldson), na qual a anestesiologia é citada como especialidade médica exemplo de supe-ração e um modelo de segurança para a redução de riscos.

No entanto, a existência de serviços de saúde cúmplices com a realização de anestesias por médicos sem a adequada qualificação profissional, que deve ser combatida pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM – MEC), põe sob suspeita a qualidade e a segurança da assistência em anestesiologia à po-pulação brasileira, e acrescenta risco de morbidade e mortalidade aos assistidos. acredito que esta enfermidade social deve ser rejeitada e eliminada. O profissional bem capacitado, portador do Título de Especialista em anestesiologia, é uma garantia, se não absoluta, de máxima importância da qualidade e segurança do ato anestésico e do consequente respeito e reconhecimento por essa área da Medicina, tão amada, criticada e acionada.

Muito se evoluiu desde a primei-ra anestesia, mas especificamente as duas últimas décadas foram cruciais para o desenvolvimento tecnológico do procedimento. Infelizmente, mui-tos anestesistas não dispõem de todo o aparato tecnológico em virtude do custo dos monitores. Qual conduta deve ser seguida pelo profissional que trabalha em hospitais/clínicas sem os monitores obrigatórios?

a qualidade e a segurança de to-dos os procedimentos que envolvem a anestesiologia deu um passo secular na última década. Isso ocorreu por vários motivos: pelo maior acesso dos profis-sionais à informação de boa qualidade; pela chegada e uso de recursos mais modernos e seguros, que envolvem desde medicamentos, equipamentos e softwares; pelo comprometimento dos colegas que trabalham tanto no dia a dia da assistência médica quanto na política associativa e partidária e nos di-versos cargos de gestão de saúde; pela visão e exigência da população em geral quanto aos seus direitos como cidadã; pela maior sensibilização e percepção

de alguns administradores públicos e privados de que para o alcance de ín-dices favoráveis no desfecho dos atos anestésicos é imprescindível um plane-jamento estratégico, com busca inces-sante de metas em todas as instâncias; e pelo maior entendimento de que os gastos em saúde devem ser percebidos como investimentos e não como custos.

Os anestesiologistas brasileiros foram beneficiados por importantes medidas, como as resoluções do CFM 1802/2006, 1886/2008 e 1950/2010. mas muito há por fazer, pois a reali-dade é ainda nefasta e desalentadora para muitos que exercem a profissão no Brasil. Ter em seu ambiente de traba-

lho todas as condições, em obediência a essas e a outras resoluções, é um di-reito de todo anestesiologista e de seus respectivos pacientes. Com a certeza de estar sempre buscando oferecer as me-lhores condutas para aqueles que estão sob seus cuidados, tanto em se tratan-do de procedimentos eletivos quanto de urgências, o profissional deve ser incansável na busca dessas condições. Deve exigir o compromisso dos gestores e procurar ter uma participação efetiva e pró-ativa nas discussões do dia a dia da vida da instituição. Buscar inserir nas agendas de reuniões e/ou assembleias, nos cargos eletivos, e em cada momento em que puder colocar as suas sugestões e reinvindicações. Deve saber dos seus direitos e saber como fazer valê-los, re-correndo, se preciso for, aos órgãos de classe, como o Conselho, e a entidades como ministério Público, ao qual cabe a defesa dos direitos sociais e individuais, bem como o zelo pelo efetivo respeito dos poderes públicos aos direitos asse-gurados na Constituição.

Na sua opinião, a consulta pré--anestésica deve ser uma obrigação?

Sim, acredito nisso e pratico de for-ma sistemática. Esse bom padrão de conduta obviamente não nasceu com a Resolução 1802/2006 do CFM, mas foi muito bem regulamentado por meio dela. Assim, tanto serviços privados quanto públicos devem prever, em sua estrutura, os consultórios de avaliação pré-anestésica, para que seus anestesis-tas atendam a essa recomendação. Essa prática beneficia a todos – pacientes, profissionais e serviços de saúde. Reduz riscos, insatisfações, cancelamentos de procedimentos, complicações e danos irreversíveis.

Seria exagero dizer que o anestesista é o médico mais preparado para atender situações de urgência e emergência?

Não podemos nos perder nos labirin-tos da soberba sob pena de acabarmos sós. Somos preparados para situações ex-tremas, com risco de dano temporário ou definitivo à integridade da vida humana,

“A qualidade e a segurança de todos os procedimentos que envolvem a anestesiologia deu um passo secular na última década.”

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6Revista Anestesiologia Mineira

SAMG entrevista

mas devemos ter consciência de que um trabalho realizado com profissionalismo, humildade e seriedade, e sendo compar-tilhado com outros profissionais, sejam eles médicos de outras especialidades, bombeiros, ou mesmo cidadãos comuns bem intencionados e treinados.

Sabemos que o grande receio dos pacientes não é com o procedimento cirúrgico em si, mas, sim, com a anes-tesia; pelo menos é isso que ouvimos de muitos pacientes. Sendo assim, não seria razoável que os pacientes esco-lhessem não apenas o cirurgião, mas também o anestesista?

O temor ao desconhecido faz parte da natureza humana. O pouco conhe-cimento da população em geral sobre tudo o que envolve a anestesia contribui desfavoravelmente para o processo.

A Sociedade Brasileira de Anestesio-logia mantém em seu portal eletrônico uma área específica para o público em geral. Nessa área podem ser encon-tradas várias publicações sobre temas relacionados à anestesia, inclusive uma cartilha intitulada anestesia Segura (http://www.sba.com.br/comunicacao/publico_geral.asp).

Porém, a melhor sugestão para evitar a ansiedade e o medo da anes-tesia é consultar-se com o anestesiolo-gista antes do procedimento cirúrgico. A Resolução 1802/2006 do CFM reco-menda a avaliação pré-anestésica para todos os pacientes.

Qual a importância do TSA, mes-trado e doutorado, para o anestesio-logista? Esses títulos agregam valor à equipe de anestesia e ao hospital? Como incentivar os jovens anestesiolo-gistas a se interessarem em obter tais titulações?

a busca constante por mais capa-citação, seja por acréscimo de títulos como TSa, cursos de pós-graduação e de gestão, ou por trabalho ativo na política institucional, certamente tor-na o anestesiologista um médico mais respeitado e recompensado pessoal, social e profissionalmente para exercer

com plenitude a missão de prover, com qualidade, os cuidados anestésicos a seus pacientes. No mundo globalizado e competitivo em que vivemos, com acesso mais amplo e compartilhado de informações, com o surgimento de novas tecnologias e saberes humanos a cada dia, o conhecimento e a experi-ência advindos de uma boa formação após a especialização médica diferen-cia sujeitos como água do vinho, e os conduz a novas perspectivas pessoais e profissionais, dentro e fora de suas atuais instituições.

Para os mais jovens, devemos dedi-car todo respeito e carinho, pois é deles que depende o futuro. A eles consagro meu voto de apoio e confiança, para que não se abstenham de lutar a boa luta, que atravessem as tempestades e calmarias das suas vidas com segu-

rança e serenidade. Que tenham a mente focada não só em ser cidadãos realizados e felizes com seus próprios projetos, mas também imbuídos do ob-jetivo de contribuir com seu exemplo e trabalho para o engrandecimento das organizações que lhe abrigam, como a Sociedade Regional a que são filiados, a SBA, AMB, CRM, seus grupos de tra-balho, etc.

Antigamente, o trabalho do anes-tesiologista resumia-se ao pré-opera-tório. Atualmente, o anestesiologista passou a ter papel fundamental tanto no pré quanto no pós, cuidando do paciente na sala de recuperação, tra-tando a dor pós-operatória. Em alguns serviços, o anestesiologista chega a ser responsável pela alta do paciente.

Como explicar que, apesar do aumento expressivo do volume de trabalho, nos-sa remuneração não tenha aumentado proporcionalmente?

Foi uma exigência e uma necessida-de do próprio anestesiologista brasileiro deixar de restringir sua atuação às fun-ções assistenciais na sala de cirurgia. Nas últimas décadas, houve um aumento significativo de oportunidades de tra-balho em ambientes diversos, como nos procedimentos diagnósticos e cirúrgicos ambulatoriais, na avaliação pré-anesté-sica, na SRPa, no transporte de pacien-tes, nas equipes multidisciplinares de dor e cuidados paliativos, entre outros. A CBHPM incorporou muitos desses procedimentos. Mas, certamente, com uma previsão de remuneração que não atende às expectativas dos profissionais e não faz jus à intensidade e qualidade

do trabalho realizado. Sou defensora da ocupação desses

espaços por nossos especialistas, por-que são atividades afins da anestesio-logia, e é da nossa natureza se ocupar e preocupar com todo o contexto que envolve o perioperatório de um poten-cial ou real paciente.

A AMB e o CFM lutam por todos os médicos, e as especialidades devem formar os seus aglomerados e se apro-ximarem cada vez mais dessas entida-des maiores, para estabelecer o que é justo para a categoria. Os anestesiolo-gistas precisam estar unidos com a SBA e suas respectivas regionais, participar dos movimentos em defesa tanto de honorários quanto de outras premissas que resultem em qualidade de vida e bem-estar profissional.

“O pouco conhecimento da população em geral sobre tudo o que envolve a anestesia contribui desfavoravelmente para o processo.”

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7Revista Anestesiologia Mineira

Tecnologia

Já está disponível para download na AppleStore e PlayS-tore o novo aplicativo desenvolvido pela Coopanest-MG/SAMG. Nele, todo o conteúdo da revista Anestesiologia mineira poderá ser acessado por meio de smartphone ou tablet. Dr. Rômulo Augusto Pinheiro, membro da diretoria da SAMG, conta que o desenvolvimento do app partiu da necessidade de se reduzir custo com impressão e distribui-ção da revista, além de modernizar e reforçar a comunica-ção entre a Cooperativa e os médicos.

Todo o conteúdo trimestral trazido pela publicação continuará sendo veiculado normalmente, mas agora no no formato exclusivamente digital, sendo extinta a versão impressa. A revista seguirá sua linha editorial, trazendo artigos, matérias, entrevistas e novidades que interessam aos anestesiologistas.

Informação a um toqueRevista Anestesiologia Mineira passa a ter o formato digital para smartphone ou tablet

Como baixar o appAnestesiologia Mineira

1 Entre na AppleStore (se seu aparelho for iPhone) ou na PlayStore (se seu aparelho for Android).2 Clique em buscar e procure pelo aplicativo Anestesiologia Mineira. 3 Coloque para baixar e pronto! Todo o conteúdo da revista estará em suas mãos.

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Capa

Qualidade esegurança contínuasProcedimentos sistematizados e consulta pré-anestésica vêm melhorando o atendimento a pacientes em todo o mundo

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9Revista Anestesiologia Mineira

Em um mercado cada vez mais competitivo, qualidade nos produ-tos ou serviços oferecidos ao con-sumidor passa a ser pré-requisito e não apenas uma vantagem com-petitiva. Na saúde, a realidade não é diferente. Com mais acesso à in-formação, os pacientes estão atu-alizados sobre os procedimentos cirúrgicos e, consequentemente, mais exigentes quanto aos serviços que envolvem um determinado tratamento.

Com isso, a responsabilidade de médicos, enfermeiros e toda a equipe hospitalar aumenta conside-ravelmente, afinal, realizar um tra-balho seguro e de qualidade requer concentração e capacidade técnica das pessoas envolvidas e também dos processos adotados. Para o Dr. Fabiano Soares Carneiro, anestesio-logista do Hospital Lifecenter, a qua-lidade do atendimento ao paciente pode ser resumida no tratamento humanizado e na redução de even-tos adversos durante a internação. Isso pode ser feito com um treina-mento contínuo de toda a equipe hospitalar, com o objetivo de ame-nizar os efeitos negativos da inter-nação e da afecção do paciente. “A diminuição de eventos adversos é possível, principalmente, com a identificação e prevenção de fatores de risco. Com isso, tem-se maior probabilidade de atingir um resultado positivo e uma melhor satisfação do paciente”, resume o médico.

Certamente, o caminho para uma anestesia de qualidade e de

segurança passa pela verificação de todos os processos e por um fator fundamental: o diálogo en-tre as equipes. Antes de adotar qualquer procedimento e, princi-palmente, após a ocorrência de um evento adverso, é importan-te que os profissionais busquem mensurar as consequências de eventuais problemas e identificar suas causas.

O intuito central da realização de reuniões após a ocorrência de eventos adversos não deve ser o de apontar culpados, e sim evi-tar que o fato se repita. Por isso, reuniões periódicas e notificação oficial do caso são de grande valia para se ter uma visão geral e crítica do processo adotado. A medição sistemática e estruturada dos da-dos colhidos em um determinado período permite às organizações monitorar seu desempenho e, dessa forma, realizar mudanças rapidamente, com base em infor-mações pertinentes e confiáveis. O líder que não mede e controla tem poucas chances de gerir sua equipe de maneira adequada.

Um bom ponto de partida, re-comendado inclusive pela Socie-dade Brasileira de Anestesiologia, é adotar o Ciclo PDCA (do inglês plan, do, check e action) de Con-

trole de Processos, que determina, do início ao fim, todos os proce-dimentos necessários para uma anestesia segura, como definição das metas a serem atingidas e a padronização dos processos imple-mentados. “O estabelecimento de protocolos evita erros e melhora a qualidade do atendimento, ge-rando satisfação dos pacientes”, corrobora Dr. Rodrigo de Lima e Souza, responsável pelo Centro de Ensino e Treinamento (TSA/SBA) do Hospital Madre Teresa.

Checklist A OMS criou um protocolo cha-

mado “Cirurgia Segura”, que prevê um conjunto de regras com o obje-tivo de tornar as intervenções mais seguras para pacientes em todo o mundo. Essa sistematização deu origem a um checklist padrão que deve ser seguido pela equipe. Três etapas são fundamentais: a primei-ra envolve a conferência antes da indução anestésica; a segunda pre-cede a incisão cirúrgica; e a última se dá ao final do processo, antes que o paciente deixe a sala de ci-rurgia. Dr. Fabiano destaca a impor-tância da realização do checklist não só para o sucesso do procedimento, mas também como prática a ser se-guida pelos especializandos.

E a eficácia do checklist é irre-futável. De acordo com estudo pu-blicado pelo New England Journal of medicine, sua realização reduz em 37% as complicações periope-ratórias e em 42% a mortalidade decorrente de complicações cirúr-

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10Revista Anestesiologia Mineira

gicas. Se o pouco tempo utilizado para aplicar o checklist evitar um único evento adverso, o procedi-mento já se justifica.

Entre outros fatores, esse embasamento teórico explica os bons resultados alcançados pelo procedimento anestésico-cirúrgico ao longo dos anos. “Isso se deve ao avanço dos estudos, da moni-torização, dos fármacos e, princi-palmente, da elaboração de pro-tocolos baseados em evidências científicas. A consciência de que a maioria dos incidentes é evitável gerou checklists importantes para a segurança do paciente”, opina

Dra. Núbia Campos Faria Isoni, anestesiologista corresponsável pelo CET do Hospital Santa Casa de Belo Horizonte.

mesmo no tratamento de complicações consideradas mais comuns durante a cirurgia, como as respiratórias, grandes avanços foram registrados. A melhoria da monitorização, o surgimento de dis-positivos eficazes para o manuseio das vias aéreas, o desenvolvimen-to de novas drogas e a capacitação adequada da equipe de saúde vêm facilitando a condução dos procedi-mentos cirúrgicos. Mas, de acordo com o Dr. Juarez Lopes, anestesio-

logista e clínico da dor do Hospital Belvedere, outro fator tem sido essencial para os bons resultados. “Hoje temos um maior número de pacientes comparecendo às consul-tas pré-anestésicas, possibilitando a identificação antecipada de pro-vável IOT difícil e, assim, a tomada de providências necessárias. Além disso, podemos realizar uma pre-paração adequada de pacientes pneumopatas.”

Valorização da classemesmo com o avanço da com-

preensão sobre a necessidade e a importância da realização da con-sulta pré-anestésica – é consenso entre os anestesistas que a espe-cialidade é uma das pioneiras no estudo e implantação de procedi-mentos que visam à segurança do paciente –, infelizmente, muitos pacientes ainda não têm essa cons-ciência. Dra. Núbia conta que não é raro as pessoas ignorarem a exis-tência da consulta pré-anestésica.

Certo mesmo, entretanto, é que o trabalho de conscientização cabe principalmente ao anestesio-logista. É por meio da aproxima-ção e do atendimento humani-zado dispensado ao paciente e a seus familiares durante a consulta pré-anestésica que o profissional pode demonstrar seu valor. Resta esperar que o reconhecimento ain-da insuficiente venha a se constituir num elemento motivador para que a especialidade evolua de forma contínua na segurança e qualida-de do atendimento aos pacientes.

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“A diminuição de eventos adversos é possível, principalmente com a identificação e prevenção de fatores de risco. Com isso, tem-se maior probabilidade de atingir um resultado positivo e uma melhor satisfação do paciente.”

Dr. Fabiano Soares Carneiro, anestesiologista do Lifecenter

“Hoje temos um maior número de pacientes comparecendo às consultas pré-anestésicas, possibilitando a identificação antecipada de provável IOT difícil e, assim, a tomada de providências necessárias. além disso, podemos realizar uma preparação adequada de pacientes pneumopatas.”

Dr. Juarez Lopes,anestesiologista e clínico

da dor do Hospital Belvedere

“A consciência de que a maioria dos incidentes é evitável gerou checklists importantes para a segurança do paciente.”

Dra. Núbia Campos Faria Isoni, anestesiologista corresponsável pelo CET do Hospital Santa Casa

de Belo Horizonte

Capa

10 PASSOS PARA A ANESTESIA SEGuRA*

*Fonte SMA, modificado pela SAMG

1. Realização de consulta pré-anestésica preferencialmente alguns dias antes da cirurgia.

2. Preenchimento correto e completo dos documentos da anestesia (Termo de Consentimento Informado).

3. Higienização correta das mãos e uso EPI (Equipamentos de proteção Individual): luvas, máscara e óculos de proteção.

4. Confirmar o nome do paciente, qual será o procedimento cirúrgico e local a ser operado logo que o paciente chegar a sala de cirurgia.

5. Checagem de segurança Anestésica 3M: Medicamentos, Materiais e Máquinas.

6. Planejamento do acesso à via aérea antes da indução da anestesia.

7. Planejamento da monitorização antes do início da anestesia.

8. Planejamento da analgesia antes do início da anestesia.

9. Reposição da volemia do paciente de forma individualizada e guiada por metas.

10. Realização do transporte seguro do paciente à SRPa (sala de recuperação pos-anestésica) ou ao CTI.

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3 a 5 julho Belo Horizonte 2015 Hotel Mercure Lourdes

JASB Jornada de Anestesiologiado Sudeste Brasileiro

XXV JORNADA MINEIRA DE ANESTESIOLOGIA

Eventos

Sexta-feira, 3 de julho de 2015 Sábado, 4 de julho de 2015Auditório 1

Auditório 4

Auditório 114h às 15h:15: MESA-REDONDA – ANESTESIA AMBuLATORIAL14h às 14h:20: Estratégias poupadoras de opioides e o impacto na alta precoce14h:20 às 14h:40: O desflurano faz realmente a diferença?14h:40 às 15h: Revisão dos critérios para indicação de anestesia ambulatorial15h às 15h15: DISCUSSÃO 15h:15 às 16h:30: MESA-REDONDA – NOVAS DIRETRIZES SOBRE O MANuSEIO PERIOPERATÓRIO EM CIRuRGIAS NÃO CARDÍACAS15h:15 às 15h:45: Prevenção, diagnóstico e tratamento da isquemia miocárdica15h:45 às 16h:15: Recomendações sobre os anti-hipertensivos e betabloqueadores16h:15 às 16h:30: DISCUSSÃO 16h:30 às 16h:45: COFFEE-BREAK 16h:45 às 18h: MESA-REDONDA – DESAFIOS EM NEuROANESTESIA16h:45 às 17h:05: Novas tendências no manuseio perioperatório do paciente com hipertensão intracraniana17h:05 às 17h:25: Reposição volêmica e hemotransfusão no neurotrauma.17h:25 às 17h:45: Quando e como extubar com segurança o paciente na sala de cirurgia?17h:45 às 18h: DISCUSSÃO

14h às 15h:15: MESA-REDONDA – A AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA E O IMPACTO NOS DESFECHOS CLÍNICOS14h às 14h:20: Em pacientes pneumopatas14h:20 às 14h:40: Em pacientes diabéticos14h:40 às 15h: Em paciente obesos15h às 15h:15: DISCUSSÃO

15h:15 às 16h:30: MESA-REDONDA – O ESTADO ATuAL DA ANESTESIA15h:15 às 15h:45: No cérebro em desenvolvimento e no cérebro do idoso15h:45 às 16h:15: Uso racional do óxido nitroso16h:15 às 16h:30: DISCUSSÃO 16h:30 às 16h:45: COFFEE-BREAK 16h:45 às 18h:00: MESA-REDONDA – ABORDAGEM PERIOPERATÓRIA EM SITuAÇÕES ESPECIAIS16h:45 às 17h:05: Paciente Testemunha de Jeová17h:05 às 17h:25: Usuário de drogas ilícitas 17h:25 às 17h:45: Paciente em uso de antidepressivos e ansiolíticos 17h:45 às 18h: DISCUSSÃO

08h às 10h:30: SIMPÓSIO DE CIRuRGIA CARDÍACA08h às 08h:25: O papel da ecocardiografia transesofágica08h:25 às 08h:50: Estratégias de proteção pulmonar, cerebral e renal08h:50 às 09h:15: Como o anestesiologista pode ajudar na prevenção de sangramento importante?09h:15 às 09h:40: Manuseio do paciente com dificuldade de saída de CEC09h:40 às 10h:05: Paciente sangrou e voltou para a sala de cirurgia. O que eu faço?10h:05 às 10h:30: DISCUSSÃO 10h:30 às 10h:45: COFFEE-BREAK 10h:45 às 12h: MESA-REDONDA – ANESTESIA NA HEMODINÂMICA: AVALIAÇÃO E CONDuTAS PERIOPERATÓRIAS10h:45 às 11h:05: Implante Percutâneo de Endoprótese Valvar Aórtica11h:05 às 11h:25: Correção endovascular de aneurismas da aorta torácica e abdominal11h:25 às 11h:45: Embolização de aneurismas cerebrais11h:45 às 12h: DISCUSSÃO 12h às 14h: ALMOÇO 14h às 15h:15: MESA-REDONDA – REPOSIÇÃO VOLÊMICA: O ESTADO DA ARTE14h às 14h:20: Reposição volêmica guiada por metas e o impacto nos desfechos clínicos14h:20 às 14h:40: Reposição volêmica no politraumatizado: existe um fluido ideal?14h:40 às 15h: Uso de soluções coloidais: passado, presente e futuro15h às 15h:15: DISCUSSÃO 15h:15 às 16h:30: MESA-REDONDA – ANESTESIA PARA CIRuRGIAS ONCOLÓGICAS 15h:15 às 15h:45: O uso de opioides na anestesia para cirurgias oncológicas15h:45 às 16h:15: Uso racional de hemocomponentes em cirurgias oncológicas16h:15 às 16h:30: DISCUSSÃO 16h:30 às 16h:45: COFFEE-BREAK

16h:45 às 18h: MESA-REDONDA – ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA EM CIRuRGIAS ORTOPÉDICAS: EM BuSCA DA EXCELÊNCIA16h:45 às 17h:05: Artroscopia e artroplastia de ombro: bloqueio de plexo braquial versus bloqueio do nervo supraescapular17h:05 às 17h:25: Artroplastia de joelho: bloqueio de nervo femural versus bloqueio do canal do adutor17h:25 às 17h:45: Como otimizar a analgesia em cirurgias de coluna?17h:45 às 18h: DISCUSSÃO

Vem aí a 49ª JASB

A capital mineira será sede de um dos mais importantes eventos da classe médica. Trata-se da Jornada de Anestesiologia do Sudeste Brasileiro (JASB), que acontecerá entre os dias 3 e 5 de julho, no Hotel Mercure, no bairro Lourdes. A expectativa é que cerca de 500 pessoas participem do evento. As inscrições podem ser feitas pelo site www.samg.org.br. Confira a programação:

BH será a casa do evento que tem o tema Anestesia e Medicina Perioperatória: o despertar de um novo Belo Horizonte

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13Revista Anestesiologia Mineira

3 a 5 julho Belo Horizonte 2015 Hotel Mercure Lourdes

JASB Jornada de Anestesiologiado Sudeste Brasileiro

XXV JORNADA MINEIRA DE ANESTESIOLOGIA

Eventos

Sábado, 4 de julho de 2015

Domingo, 5 de julho de 2015

Informações e inscrições pelo site www.samg.org.br

Auditório 1

Workshops

08h às 09h:15: MESA-REDONDA – ANALGESIA DE PARTO E O ESTADO ATuAL DO CONHECIMENTO08h às 08h:20: Analgesia peridural versus analgesia combinada: existem diferenças nos desfechos clínicos?08h:20 às 08h:40: Manuseio da dor de difícil controle08h:40 às 09h: Existe espaço na atualidade para a raquianalgesia contínua?09h às 09h:15: DISCUSSÃO 09h:15 às 10h:30: MESA-REDONDA – NOVOS HORIZONTES09h:15 às 09h:45: Analgesia de parto controlada pela paciente09h:45 às 10h:15: Analgesia e o parto humanizado10h:15 às 10h:30: DISCUSSÃO 10h:30 às 10h:45: COFFEE-BREAK 10h:45 às 12h: MESA-REDONDA – OTIMIZANDO OS CuIDADOS PERIOPERATÓRIOS EM ANESTESIA PARA CESARIANA10h:45 às 11h:05: Qual regime ideal para a utilização de vasopressores na vigência de hipotensão materna?11h:05 às 11h:25: Falha de raquianestesia: a realização de outra é realmente segura e eficaz?11h:25 às 11h:45: O papel do TAP block na analgesia pós-operatória em cesarianas11h:45 às 12h: DISCUSSÃO

08h às 09h:15: MESA-REDONDA – ESTRATÉGIAS ADJuVANTES E ALTERNATIVAS EM ANALGESIA PERIOPERATÓRIA 08h às 08h:20: Uso da lidocaína e sulfato de magnésio intravenosos 08h:20 às 08h:40: Dexmedetomidina08h:40 às 09h: Cetamina09h às 09h:15: DISCUSSÃO 09h:15 às 10h:30: MESA-REDONDA – NOVOS HORIZONTES 09h:15 às 09h:45: Novos conceitos em reação inflamatória no perioperatório.09h:45 às 10h:15: Prevenção e tratamento da náusea e vômito: o que mudou?10h:15 às 10h:30: DISCUSSÃO 10h:30 às 10h:45: COFFEE-BREAK 10h:45 às 12h: MESA-REDONDA – MONITORIZAÇÃO AVANÇADA10h:45 às 11h:05: Novas tecnologias para monitorização do nível de consciência no intraoperatório 11h:05 às 11h:25: Monitorização minimamente invasiva do débito cardíaco e seus desfechos clínicos11h:25 às 11h:45: Tromboelastometria: Avaliação da hemostasia11h:45 às 12h: DISCUSSÃO

08h às 10h:30: SIMPÓSIO DE SAÚDE OCuPACIONAL08h às 08h:20: Riscos da exposição à radiação08h:20 às 08h:40: Anestésicos inalatórios e seus impactos08h:40 às 09h: Estresse, burnout e depressão 09h às 09h:20: Longas jornadas de trabalho: implicações09h:20 às 09h:40: Anestesiologistas e abuso de drogas: como abordar?09h:40 às 10h:00: Riscos biológicos10h às 10h:30: DISCUSSÃO 10h:30 às 10h:45: COFFEE-BREAK 10h:45 às 12h: MESA-REDONDA – REVISANDO CONCEITOS EM ANESTESIA PEDIÁTRICA10h:45 às 11h:05: Preparo e conduta na criança com IVAS11h:05 às 11h:25: Prevenção e tratamento da agitação e delírio no despertar11h:25 às 11h:45: Analgesia pós-operatória: além do bloqueio caudal11h:45 às 12h: DISCUSSÃO

12h às 14h: ALMOÇO 14h às 15h:15: MESA-REDONDA – COAGuLOPATIA E HEMOTRANSFuSÃO NO PERIOPERATÓRIO14h às 14h:20: Importância dos testes viscoelásticos 14h:20 às 14h:40: Novos anticoagulantes e antiplaquetários 14h:40 às 15h: Uso racional dos antifibrinolíticos15h às 15h:15: DISCUSSÃO 15h:15 às 16h:30: MESA-REDONDA – FÁRMACOS ÚTEIS EM SITuAÇÕES CRÍTICAS15h:15 às 15h:35: Emulsão lipídica15h:35 às 15h:55: Sugamadex15h:55 às 16h:15: Esmolol16h:15 às 16h:30: DISCUSSÃO

16h:30 às 16h:45: COFFEE-BREAK 16h:45 às 18h: MESA-REDONDA – ANESTESIA PARA CIRuRGIAS ABDOMINAIS16h:45 às 17h:05: Manuseio intraoperatório em cirurgias laparoscópicas de grande porte17h:05 às 17h:25: Novos conceitos na indução de sequência rápida para pacientes com risco de broncoaspiração17h:25 às 17h:45: Analgesia pós-operatória: além do neuroeixo17h:45 às 18h:00: DISCUSSÃO

Auditório 4

Auditório 4

Sexta-Feira – 3 de julho de 2015

AUDITÓRIO 02 – 08h às 17h – Ventilação Mecânica (24 vagas)

Sábado – 4 de julho 2015

AUDITÓRIO 02 – 08h às 17h – Via Aérea (24 vagas)AUDITÓRIO 03 – 08h às 17h – Bloqueios Guiados por Ultrassom (24 vagas)

*Programação sujeita a alterações

3 a 5 julho Belo Horizonte 2015 Hotel Mercure Lourdes

JASB Jornada de Anestesiologiado Sudeste Brasileiro

XXV JORNADA MINEIRA DE ANESTESIOLOGIA

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14Revista Anestesiologia Mineira

Coopanest-MG busca resgatar valores junto a operadoras

a disposição de lutar pelos interesses da categoria tem levado a Coopanest-mg a nego-ciar com algumas operadoras de saúde o pa-gamento em atraso por serviços prestados. Os

advogados Ronaldo Cardoso Pereira e Sidnei Frederico, contratados pela Cooperativa, estão trabalhando para garantir os pagamentos da forma mais adequada e ágil possível.

Convênios em atrasoCassiCaso ajuizado e em fase pericial.VitaeValor em aberto. Jurídico notificou extrajudicialmente a operadora e tenta negociarvalores antes de recorrer à Justiça.Minas Center (All Saúde)Alguns valores em aberto quando a empresa ainda se chamava All Saúde.Cheques foram enviados como pagamento, mas foram devolvidos por falta de saldo.Fundação DiamantinoCoopanest-MG já recebeu parte do valor, mas ainda aguarda outra parcela.Empresa foi notificada.

Glosas

Convênio

Febracan – Plano de Auxílio Mútuo

A Federação Brasileira de Cooperativas de Anestesiologistas (Febracan) possui um Plano de auxílio mútuo de fácil operação, com o ob-jetivo de resguardar e dar suporte financeiro imediato aos beneficiários do cooperado logo após seu falecimento.

O custo (R$ 55,00), que se baseia no valor da consulta médica estabelecido pela CBHPM, é descontado do cooperado inscrito no plano somente nos casos em que houver sinistro. O re-

passe aos beneficiários do profissional falecido é feito imediatamente pela Febracan por meio de crédito em conta bancária. Até o momento, exis-tem 967 médicos anestesistas participando em todo o Brasil, sendo 123 em Minas Gerais. Ao todo, o valor depositado chega a R$ 53.185,00.

Para se filiar, basta preencher a documenta-ção disponível na sede da Coopanest-MG. Quem já está filiado, deve comparecer à Cooperativa para atualizar o cadastro, quando for o caso.

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A Sociedade Brasileira de Anes-tesiologia (SBA) em parceria com o Escritório montanha, alcântara & advogados associados desenvolveu um projeto que, a partir de uma ini-ciativa verdadeiramente pioneira de sua Diretoria, criou um banco de da-dos de valor inestimável, compilando praticamente toda a jurisprudência brasileira existente, ao menos a mais relevante, no período compreendido entre janeiro de 2003 até junho de 2013, relativa à responsabilidade civil na prática da anestesiologia.

Dentre os principais objetivos desse projeto, podemos citar: es-tabelecimento de um quadro claro sobre a jurisprudência brasileira relativa à responsabilidade civil na prática da anestesiologia; melhoria no atendimento de pacientes, redu-zindo os riscos associados à anes-tesiologia; elaboração de materiais de divulgação e de conscientização sobre a responsabilidade civil do anestesiologista; aumento da cons-cientização dos associados em rela-ção aos seus direitos e deveres no exercício da medicina; fortalecimen-to institucional da SBA e melhoria da satisfação dos associados.

A partir da pesquisa de juris-prudência realizada, foi possível a identificação de particularidades dos casos concretos analisados pe-los tribunais, bem como o entendi-mento jurisprudencial de tais cor-

tes sobre os aspectos gerais acima traçados, no que toca aos diversos matizes da responsabilidade civil do anestesiologista.

Constatamos que um elemento central no procedimento probatório de tais demandas é a prova pericial, tendo em vista o caráter técnico dos casos levados ao Judiciário, que ul-trapassa o conhecimento dos ma-gistrados sobre os meandros do ato médico e, em especial, para os fins do presente estudo, do ato anesté-sico. Na maioria esmagadora dos ca-sos, a prova pericial foi o elemento central para a aferição da culpa. Os tribunais, de forma geral, acatam o entendimento do magistrado de pri-meiro grau que acompanha o laudo pericial do Perito que analisou o caso. Ainda assim, cumpre lembrar que o magistrado não está jungido ao laudo pericial, sob o princípio da livre apreciação das provas. E pode, assim, discordar em diversos casos da opinião do expert, com base nos demais elementos probatórios dos autos. Inclusive, pode dispensar a re-alização de tal prova, com fulcro nes-ses outros elementos (probatórios).

Porém, na prática, os tribunais se-guem, de maneira geral, as constata-ções das perícias, inclusive reforman-do as decisões de primeiro grau que as indeferem ou as desconsideram.

Na avaliação qualitativa de condutas culposas frequentes do

anestesiologista nesse projeto, ob-servamos:

NÃO REALIZAÇÃO/REALIZAÇÃO DEFICIENTE DO EXAME Ou CON-SuLtA Pré-ANEStéSICA

Um dos cuidados mais impor-tantes que o profissional da aneste-siologista deve tomar, antes de um procedimento anestésico, é a rea-lização da consulta pré-anestésica, a fim de se precaver de possíveis intercorrências e definir qual o me-lhor procedimento a ser adotado em relação àquele paciente específico. a ausência do procedimento pré--anestésico, em condições normais de atendimento, resulta na respon-sabilização do médico, caso o pa-ciente venha a ter complicações de-rivadas da anestesia, por violações aos deveres de cuidado imanentes à espécie, resultando na culpabilidade do médico por imprudência ou ne-gligência. De igual forma, a realiza-ção deficiente da anamnese implica na condenação do médico quando houver consequências danosas ao paciente devido à anestesia.

a tomada dos devidos cuida-dos na fase pré-operatória, além de proporcionar um procedimento mais seguro, permite a exclusão de responsabilidade do médico na hipó-tese de ocorrência de complicações imprevistas ao paciente no âmbito da anestesia.

Artigo

responsabilidade Civil na Prática da Anestesiologia

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Artigo

ACOMPANHAMENTO DEFICIENTE DuRANTE A ANESTESIA

Por sua vez, deve o médico anes-tesiologista, devido à sua respon-sabilidade pelo monitoramento do paciente durante toda a anestesia, acompanhar com o devido cuidado o paciente. É pacífica a impossibilidade de o anestesiologista se ausentar da sala cirúrgica, não podendo deixar o paciente por um momento sequer durante todo o procedimento anes-tésico, sob pena de, caso o paciente venha a sofrer qualquer tipo de dano em tal período de ausência, ainda que breve, configurar a responsabilização civil do médico, por imprudência e negligência. De tal vedação decorre o impedimento de o anestesiologista praticar procedimentos anestésicos em pacientes simultâneos. De ma-neira ampla, as complicações que o paciente vier a ter, por deficiência de monitoramento durante a cirurgia, serão imputadas ao anestesiologista que violou seus deveres funcionais.

Inclusive, a jurisprudência des-taca o dever do anestesiologista de interromper a cirurgia quando a con-tinuidade desta implicar em risco ao paciente, sob pena de sofrer respon-sabilização pela negligência resultan-te da inobservância de tal dever.

NÃO ACOMPANHAMENTO/ACOMPANHAMENTO FALHO DO PóS-oPErAtórIo

a responsabilidade do monito-ramento do paciente pelo aneste-siologista persiste até a recuperação anestésica completa do paciente no momento pós-operatório. Nesse es-tágio, o paciente ainda está sujeito a diversas complicações que podem

ser evitadas ou sanadas com a atua-ção diligente do médico anestesiolo-gista. A relação obrigacional existente entre as partes apenas se finda, e é completamente adimplida pelo mé-dico, após o paciente estar fora de risco e devidamente recuperado do procedimento anestésico. Tal pers-pectiva, observada a partir da cate-goria jurídica da obrigação de meio, indica que a recuperação em si do pa-ciente não pode ser necessariamen-te garantida pelo médico, tendo em vista a álea resultante da operação cirúrgica e do próprio procedimento anestésico. Porém, constitui obriga-ção do anestesiologista tomar todas as medidas possíveis para que tal re-cuperação ocorra, bem como tomar todas as precauções necessárias para evitar qualquer evento danoso para o seu paciente.

Na hipótese de inobservância de tais obrigações, configurar-se-á a culpa do médico e o seu respectivo dever de indenizar as repercussões danosas de sua desídia. Assim, no que tange à produção probatória de tais casos, haverá o afastamento da responsabilidade quando o médico desincumbir-se de provar a aplicação de todos os meios possíveis para a não ocorrência do resultado danoso.

IMPRuDÊNCIA DO ANESTESIOLO-GISTA NA APLICAÇÃO DA ANESTESIA

age com imperícia e imprudência o médico que aplica a anestesia de forma contrária aos protocolos médi-cos consolidados para o atendimento do caso daquele determinado tipo de paciente. A não observância das normas técnicas, em tais hipóteses, gera o dever de indenizar eventuais

reações adversas do paciente, que podem, por sua vez, implicar em repercussões danosas à integridade física e moral deste último.

ERRO DO ANESTESIOLOGISTA POR CONTA DA NÃO VERIFICA-ÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Outro tipo de caso que surge com alguma frequência na jurisprudência dos tribunais brasileiros, em relação ao exercício da anestesiologia, é o erro médico perpetrado pelo anes-tesiologista por aplicação errônea da medicação. Infelizmente, tal erro poderia ser facilmente evitado pelo anestesiologista, caso tomasse ele as devidas precauções de verificar a dro-ga antes de aplicá-la e, acima de tudo, estabelecer os mecanismos de segu-rança, como a prática do checklist.

ERRO DO ANESTESIOLOGISTA DEVI-DO à AuSÊNCIA/PROBLEMA DOS EQuIPAMENTOS NECESSÁRIOS

O anestesiologista é ainda res-ponsável por verificar a integrida-de e o bom funcionamento dos equipamentos que utiliza em sua prática profissional, sob pena de responder caso esses apresentem algum problema e ocasionem danos ao paciente. Veja que tal maquiná-rio é extremamente relevante no suporte à vida e ao monitoramento do paciente durante a anestesia. Desta feita, a responsabilidade do anestesiologista se estende à pró-pria presença desses equipamentos durante a prática do ato anestésico, bem como a todos eventos danosos que advierem da respectiva ausên-cia. Tal responsabilidade concorre com a do hospital, que tem o de-

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Artigo

ver de manutenção e aquisição de tais equipamentos para as cirurgias realizadas em suas dependências. Por sua vez, a responsabilidade do médico, em tais hipóteses, será a de verificar a existência e condições dos referidos equipamentos antes de realizar o procedimento.

AuSÊNCIA Ou FALHA DE REGIS-troS (AVALIAção Pré-ANEStéSI-CA, FICHA DE ANESTESIA, PRON-tuárIo, DENtrE outroS)

O médico tem a responsabilida-de, decorrente do Código de Ética médica, de manter todos os regis-tros dos procedimentos realizados com o paciente. Ele responderá por eventuais ausências, falta de clareza ou incorreções dos referidos regis-tros. O registro servirá como prova da correção dos procedimentos adotados. Na falta desses, devido ao ônus probatório ínsito à sua ati-vidade, haverá presunção de culpa de eventuais danos ocorridos ao pa-ciente. Isso é especialmente relevan-te no que toca ao exame/consulta pré-anestésico, sendo o registro em prontuário médico o melhor meio de prova da regularidade do ato médico. A jurisprudência entende que a falta ou falha do registro não pode prejudicar o paciente, ante a responsabilidade dos profissionais de saúde pelas anotações nos pron-tuários, e a do hospital de exigir e de guardar tais registros.

AuSÊNCIA/FALHA DO TERMO DE CONSENTIMENTO

O consentimento informado do paciente pode ser compreendi-do como “uma decisão voluntária,

verbal ou escrita, protagonizada por uma pessoa autônoma e capaz, to-mada após um processo informati-vo para aceitação de um tratamento específico ou experimentação, cons-ciente de seus riscos, benefícios e possíveis consequências”. Este cons-titui dever do médico e direito do paciente e sua ausência implicará na responsabilização do médico por consequências danosas não espe-radas pelo paciente por ocasião do procedimento anestésico. Embora tal consentimento possa ser dado verbalmente, esse terá maior valida-de como prova caso seja apresenta-do de maneira escrita, assinado pelo paciente e pelo médico responsável. a jurisprudência entende que a falta do consentimento só é possível em hipóteses excepcionais, mormente naquelas situações de emergência em que o paciente não está em condições de exará-lo e nem possui familiar próximo acessível pelo mé-dico. A ausência do fornecimento de informações claras ao paciente, aqui sobre o procedimento anestésico a que será submetido, resulta em vio-lação aos deveres anexos ou laterais de conduta na relação obrigacional existente entre este e seu médico, gerando, de tal sorte, responsabili-zação na hipótese de ocorrência de repercussões danosas.

ainda que de maneira simplista e generalizante, ressalta-se sinteti-camente que, para evitar responsa-bilização por acidentes anestésicos, deverá o anestesiologista cumprir, de maneira absolutamente fiel, a Resolução n.º 1.802/2006 em to-das as fases do ato anestésico. Isso basicamente consiste em realizar

de forma adequada a consulta pré--anestésica, acompanhar com aten-ção o paciente durante a anestesia e até ao final do pós-anestésico. Caso tais deveres não sejam cumpridos adequadamente, a probabilidade de condenação é muito alta quando houver danos ao paciente.

Ao analisar os dados quantitati-vos da pesquisa, verificou-se o au-mento dos casos de responsabilida-de analisados pelo Judiciário entre 2003 e 2013, bem como o aumento dos valores totais de condenações, principalmente de reparação de danos morais. As maiores concen-trações de casos e valores de conde-nação mais elevados encontram-se nas regiões Sul e Sudeste. Os casos de maior gravidade são os que pre-ponderam dentre aqueles em que houve condenação.

Concluindo, entendemos que a Sociedade Brasileira de Anestesio-logia tem um papel importante na educação continuada de seus as-sociados. Esse estudo mapeia, de forma quantitativa e qualitativa, a jurisprudência brasileira relativa à Responsabilidade Civil da aneste-siologia nos últimos dez anos.

A Sociedade Brasileira de Anes-tesiologia, disponibiliza em seu site (Espaço do Conhecimento – na forma de e-book) o trabalho de Responsabilidade Civil da aneste-siologia na íntegra.

Você é um integrante da prá-tica da Anestesia Segura e com Qualidade.

Visite já!!! Esperamos você.

Diretoria da SBADr. Antonio Fernando Carneiro

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Colega Anestesiologista

Dr. Múcio Pereiradiz que o diálogo

aberto entre as duas partes foi

fundamental para avançar na

negociação

No final do ano passado, a Unimed-BH reajustou a tabela que serve como referência dos valores pagos aos anestesiolo-gistas. A reportagem da Revista Anestesiologia Mineira conver-sou com Dr. Múcio Pereira Diniz, diretor administrativo-financeiro da Unimed-BH para falar como foi essa negociação e qual a im-portância dessa iniciativa para a classe.

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Colega Anestesiologista

Por que a unimed chegou à conclusãode que seria importante ajustar osvalores dos procedimentos?

A Unimed-BH tem como política a valorização contínua do trabalho médico em suas diversas es-pecialidades, e o reajuste dos honorários, dentro de parâmetros seguros e sustentáveis, tem sido uma prática usual da Cooperativa. O reajuste recente, contudo, trouxe uma particularidade, pois se somou à adequação dos portes previstos na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Ou seja, estamos trabalhando duplamente pela valorização da especialidade, o que reforça o compromisso da Unimed-BH com seus médicos cooperados.

Quais foram os reajustes mais relevantes?• Os honorários dos portes anestésicos foram reajustados ao patamar de 90% da CBHPM 2010 desde 1º de novembro de 2014.• Os portes de 372 procedimentos serão alinhados à CBHPM 2010 nos próximos três anos, na proporção de um terço do montante a cada ano. A primeira etapa dos reajustes contemplou 141 procedimentos do porte 4 a partir de janeiro deste ano.• Também a partir de janeiro, foram assegurados ganhos em exames de imagem. Na tomografia com-putadorizada e na ressonância nuclear magnética, a remuneração passou a ser referente ao número de exames realizados, observadas as definições da Circular INCOOP de 14/1/2009. Nos exames de colonos-copia e endoscopia digestiva alta (EDA) realizados simultaneamente, a remuneração pela anestesia subiu de 50% para 70% da EDA.• Outro avanço foi o pagamento pela assistência ao trabalho de parto desde fevereiro.

Podemos dizer que isso foi frutode um diálogo aberto que a unimed-BH tem com a classe?

A proposta para avançar ainda mais na remuneração da especialidade foi construída pela Unimed--BH, a Cooperativa dos Anestesiologistas de Minas Gerais e a Sociedade de Anestesiologia de Minas Gerais, conjuntamente. Os avanços são fruto de um ambiente de diálogo e confiança entre a Coopera-tiva e a especialidade, que traz importantes melhorias à remuneração dos anestesiologistas, de forma sustentável e com responsabilidade na gestão dos recursos assistenciais. Não fosse pelo bom relaciona-mento entre a nossa diretoria na Unimed-BH e os diretores da Coopanest – Lucas Araújo Soares, Rômulo Augusto Pinheiro e Geraldo Teixeira Botrel – e da Samg – em especial, os doutores Jaci Custódio Jorge, Michelle Nacur Lorentz e André Vinicius Campos Andrade – possivelmente não chegaríamos a uma ne-gociação justa. Essa disposição para o diálogo está alinhada com as diretrizes de atuação da Unimed-BH.

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