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Março de 2014
Ane
xo I
Anexo I - Regimes Tributários EspeciaisImpactos desfavoráveis e alternativas para eliminação destes impactos
1. Os impactos desfavoráveis sobre a indústria nacional de bens de capital
a. o viés importador.
• Via de regra, os Regimes Tributários Especiais estabelecem os incentivos de caráter
fiscal em forma de suspensão da incidência dos seguintes impostos e contribuições
federais sobre as aquisição no mercado interno e na importação de bens destinados
ao ativo imobilizado: (i) II (Imposto de Importação); (ii) IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados); (iii) PIS/PASEP (Contribuição para o Programa de Integração Social
e de Formação do Patrimônio do Servidor Público); (iv) COFINS (Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social); (v) PIS/PASEP- Importação; e (vi) COFINS-
Importação.
• No caso de aquisição de bens de capital nacionais, a suspensão dos impostos e
contribuições se dá na saída dos mesmos dos estabelecimentos fabricantes, o que
gera nestes, o tão temido e oneroso “crédito acumulado de tributos” (porque nessas
operações, há o crédito fiscal relativo às aquisições de matérias-primas, componentes
e materiais diversos de fabricação e não há débito na saída do bem fabricado).
• Por outro lado, no caso de bens importados, a suspensão dos tributos se dá no
momento do desembaraço alfandegário, de modo que a desoneração estabelecida
pelo Regime se dá prontamente, de uma só vez e sem qualquer outro ônus.
• Ainda mais, voltando para o caso dos bens nacionais, como a suspensão ocorre na
saída do estabelecimento produtor, é este que responde também pelo emprego
ou utilização imprópria dos equipamentos por parte de seu cliente beneficiário do
Regime, isso, pelo prazo de 5 anos.
• Resumindo: o chamado “viés importador” ocorre porque o fabricante, quando orça
ou faz a cotação de máquina ou equipamento cuja operação esteja beneficiada
por um Regime Especial, é obrigado a embutir no respectivo preço, os custos dos
impactos – ao menos o custo financeiro do crédito acumulado e da insegurança
jurídica decorrente da responsabilidade fiscal assumida na operação com suspensão
do recolhimento dos tributos.
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Anexo i
2. Alternativas para a eliminação dos impactos desfavoráveis dos Regimes Especiais.
b. A perversidade dos créditos acumulados de impostos.
Diz-se, no meio empresarial, que a questão do crédito acumulado de tributos é uma
perversidade, uma “maldade” das autoridades fazendárias porque ela não ocorreria
se houvesse o cumprimento ágil e rigoroso das normas tributárias que preveem
mecanismos para evitar que essa tragédia fiscal ocorra em prejuízo dos fabricantes.
• A situação tem sido insustentável sob todos os aspectos para as empresas
especializadas na produção de equipamentos utilizados por setores clientes
específicos como o dos operadores de portos, da indústria de pesquisa e produção
de petróleo e gás, o da geração de energia elétrica e outros. Por que ? Porque esses
fabricantes não têm como descarregar os créditos gerados na compra de insumos
nas saídas de produtos tributados.
• A verdade é que muitos desses fabricantes, possuidores de parques fabris de grande
porte, empregadores de recursos humanos de altíssima qualificação e detentoras de
tecnologias de ponta, encontram-se em sérias dificuldades, algumas em situação
desesperadora em razão de milhões de reais imobilizados em créditos acumulados.
• Pior, os mecanismos de compensação ou de ressarcimento desses créditos,
ainda que previstos nos regulamentos fiscais, não têm funcionado, em razão da
intransponível barreira burocrática quando se trata de devolução ao contribuinte
daquilo que foi arrecadado a maior.
• Mais ainda. Para aumentar ainda mais o ônus provocado pelo engessamento do
capital de giro, de custo elevadíssimo na nossa economia, os créditos acumulados
não estão protegidos contra a erosão inflacionária, ou seja, não vencem, nem juros,
nem correção monetária.
a. extinguir os regimes tributários especiais.
• Revogando as Medidas Provisórias, Leis ou Decretos que criaram os Regimes
Tributários Especiais.
• A partir dessa revogação, a desoneração dos investimentos passará a ser estabelecida
por normas de aplicação geral que existem nos regulamentos dos impostos
e contribuições. Com exceção do Imposto de Importação que tem natureza
específica de regular a competitividade dos produtos fabricados no país perante os
importados, todos os demais tributos indiretos incidentes sobre bens destinados ao
ativo imobilizado das empresas já contam com mecanismos de desoneração.
• No caso de investimentos nascentes ou em implantação em que os créditos
do imposto oriundos da aquisição ou importação de bens para o ativo fixo, não
possam ser compensados com as saídas de produtos fabricados, deverá ser criado
mecanismo de ressarcimento imediato (nem haveria necessidade de auditoria prévia
porquanto as empresas não estariam ainda em operação de produção).
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Conjuntura
4Anexo i
• Com isso, acabar-se-ia com o chamado “viés importador” descrito no item 1 porque
as empresas investidoras que importassem os bens destinados ao ativo imobilizado
pagariam os impostos e contribuições no desembaraço que seriam creditados
quando da entrada dos mesmos no estabelecimento fabril e compensados
imediatamente. Haveria, assim, isonomia de tratamento em relação aos bens
adquiridos no mercado interno.
b. manter os regimes tributários especiais estendendo a desoneração ao segundo elo da cadeia produtiva de bens de capital.
• O fabricante de máquinas e equipamentos destinados ao ativo fixo do adquirente
beneficiário de Regime Especial, passará a comprar e importar matérias-primas,
produtos intermediários e materiais auxiliares de produção, com suspensão dos
impostos e contribuições (II, IPI, PIS/PASEP, COFINS, PIS/PASEP-Importação, COFINS-
Importação e ICMS).
• Estando a saída das máquinas e equipamentos beneficiada com a suspensão dos
mesmos impostos e contribuições e não havendo crédito na aquisição e importação
de insumos de produção, deixaria de gerar o famigerado “acúmulo de créditos”,
eliminando-se também o chamado “viés importador”.
• Esta alternativa tem a vantagem de simplificar a burocracia das obrigações acessórias
atualmente existentes na contabilidade fiscal dos impostos e contribuições do tipo
IVA (imposto sobre o valor agregado). Como as aquisições dos insumos não gerarão
créditos, as saídas de produtos acabados que não estiverem beneficiados com o
incentivo (suspensão ou isenção) serão tributadas com as alíquotas cheias (inteiras)
de cada tributo. Uma pequena “reforma tributária”.
• Para a implementação desta alternativa, o Governo deverá criar um REGIME ESPECIAL
DE DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA DE BENS DE CAPITAL através do qual, todas as
empresas que a ele aderirem, passarão a adquirir no mercado interno e importar
matérias-primas, produtos intermediários e materiais auxiliares de produção, com
suspensão de impostos e contribuições.
• A suspensão genérica de tributos na aquisição de insumos por parte das empresas
fabricantes de bens de capital não representará renúncia adicional de arrecadação
por parte da Fazenda Pública porquanto, nas saídas de produtos não destinados aos
beneficiários dos Regimes Especiais, haverá incidência normal de todos os impostos
e contribuições.
c. manter os regimes tributários especiais com incidência dos impostos indiretos (ivA) a alíquotas reduzidas (moduladas) nas aquisições, pelas empresas beneficiárias, de bens destinados ao seu ativo imobilizado.
• Propõe-se estabelecer alíquotas moduladas dos impostos e contribuições do tipo
IVA (imposto sobre o valor adicionado) de modo a evitar a geração de créditos
acumulados na contabilidade fiscal dos fabricantes de bens de capital – condicionar
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Anexo i
que os créditos tributários oriundos das compras de insumos de produção sejam
mais ou menos iguais aos débitos devidos nas saídas dos produtos acabados (bens
de capital).
• Como foi amplamente descrito nos itens anteriores deste documento, a ocorrência
de acúmulo de créditos tributários é, para os fabricantes de bens de capital, um dos
principais fatores de comprometimento da competitividade diante dos produtos
importados (“viés importador”), além do efeito deletério sobre a gestão financeira
(imobilização de capital de giro).
• Considerando-se o índice médio de agregação de valor das empresas do setor, da
ordem de 60%, incluídas as despesas administrativas, de vendas e a margem de
contribuição, as alíquotas dos principais tributos do tipo IVA (imposto sobre o valor
agregado) deveriam ser:
• No caso do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), todos os itens de bens
de capital, saldo algumas exceções, estão com alíquota de zero por cento (0%),
gerando crédito acumulado. Por esta alternativa, a alíquota desses itens seria
aumentada de 0% para 2,0%, com o que o débito na saída do produto acabado
assimilaria os créditos oriundos das compras de insumos (matérias-primas, produtos
intermediários e materiais diversos de produção).
• No caso do PIS/PASEP e da COFINS, teria que haver mudança legislativa (Medida
Provisória ou Lei Ordinária) estabelecendo as alíquotas moduladas que passariam a
ser calculadas sobre a receita bruta de venda de bens de capital (discriminadas pelos
códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM).
d. corrigir o viés importador absoluto existente em alguns regimes tributários especiais.d.1) REPETRO:
• Admissão Temporária – Atualmente, este benefício é dado de forma indiscriminada,
para bens que poderiam ser fornecidos pela indústria nacional e até para produtos
de uso e consumo, num fragrante violação do objetivo para o qual o regime foi
criado. A concessão da admissão temporária deve ser limitada: (i) a bens sem
similar produzido no País; (ii) a bens que, após a utilização pelo tempo estabelecido,
possam ser removidos e devolvidos para o exterior; (iii) a máquinas e equipamentos
empregados no processo de pesquisa e exploração de jazidas de petróleo e gás
natural.
tributo Alíquota normal Alíquota modulada
IPI 0,00% 2,00%
PIS/PASEP 1,65% 0,65%
COFINS 7,60% 3,00%
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Conjuntura
6Anexo i
• Bem “Repetrável” - Estender a “exportação ficta” (sem a saída do bem do território
brasileiro) ao segundo elo da cadeia produtiva de bens passíveis de serem
beneficiados pelo Regime, em forma de suspensão da incidência de impostos e
contribuições indiretos (IPI, PIS/PASEP, COFINS e ICMS).
d.2) reB (registro especial Brasileiro) • DRAWBACK – Revogar o § 9º do artigo 11 da Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997, que
equipara às operações de exportação, a construção, a conservação, a modernização
e o reparo de embarcações prerregistradas ou registradas no REB. Enquanto vigorar
esta disposição legal, não se implantará no Brasil, uma verdadeira indústria naval,
compreendendo toda a sua cadeia produtiva. Hoje, o que é chamada de “indústria
naval” não passa de uma “indústria de cascos de navios” – os seus componentes (o
“miolo”) que incorporam tecnologias avançadas são totalmente importados.
e. • Concluindo, permitimo-nos afirmar, sem exagero nem pessimismo, de que enquanto
perdurarem as atuais desvantagens competitivas, a indústria brasileira de máquinas
e equipamentos, ou melhor, a indústria nacional de bens de capital como um todo,
não terá condições para reverter o processo de perda de participação na formação
bruta de capital fixo.
• Sabemos e temos consciência do quanto é difícil mudar procedimentos arraigados
ao longo dos anos, sobretudo se essas mudanças envolverem remoção ou redução
de privilégios e benefícios, ainda que reconhecidamente injustos e incompatíveis
com o interesse público. Mas essa mudança é inadiável diante das evidências de que
a indústria brasileira se encontra num franco e perigoso processo de encolhimento –
não são mais meras ameaças!
• Colocando-nos à disposição de Vossa Excelência para quaisquer esclarecimentos
adicionais que se fizerem necessários, valemo-nos do ensejo para renovar as
expressões do nosso apreço e consideração.
Respeitosamente,
luiz Aubert netoPresidente
ABimAQ - Associação Brasileira das indústrias de máquinas e equipamentosAv. Jabaquara, 2925 - 04045-902 - São Paulo - SP