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ANEXO REGULAMENTO DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1 o Este Regulamento estabelece as normas que regulam, em todo o território nacional, a inspeção e a fiscalização industrial e sanitária de produtos de origem animal, destinadas a preservar a inocuidade, a identidade, a qualidade e a integridade dos produtos e a saúde e os interesses do consumidor, executadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos estabelecimentos registrados ou relacionados no Serviço de Inspeção Federal (SIF). Art. 2 o Ficam sujeitos à inspeção e fiscalização previstas neste Regulamento os animais destinados ao abate, a carne e seus derivados, o pescado e seus derivados, os ovos e produtos de ovos, o leite e seus derivados e os produtos de abelhas e seus derivados, comestíveis e não comestíveis, seja ou não adicionado de produtos vegetais. Parágrafo único. A inspeção e a fiscalização a que se refere este artigo abrangem, sob o ponto de vista industrial e sanitário, a inspeção ante mortem e post mortem dos animais, a recepção, manipulação, beneficiamento, industrialização, fracionamento, conservação, acondicionamento, embalagem, rotulagem, armazenamento, expedição e trânsito de quaisquer matérias-primas e produtos de origem animal. Art. 3 o A inspeção e a fiscalização a que se refere o art. 2 o são privativas do Serviço de Inspeção Federal vinculado ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sempre que se tratar de estabelecimentos de produtos de origem animal que realizam o comércio interestadual ou internacional. § 1 o A inspeção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento se estende às casas atacadistas que recebem e armazenam produtos de origem animal, em caráter supletivo, sem prejuízo da fiscalização sanitária local, e tem por objetivo reinspecionar produtos de origem animal procedentes do comércio interestadual ou internacional. § 2 o A inspeção e a fiscalização de que trata este Regulamento, quando se tratar de estabelecimentos de produtos de origem animal que realizam comércio interestadual, poderá ser executada pelos serviços de inspeção dos Estados, Distrito Federal e Municípios, desde que haja reconhecimento da equivalência dos respectivos serviços junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e atendida a legislação específica do Sistema Unificado de Atenção Sanidade Agropecuária estabelecido pela Lei 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Art. 4 o A inspeção e fiscalização de que trata este Regulamento será realizada: I - nas propriedades rurais fornecedoras de matérias-primas destinadas à manipulação ou ao processamento de produtos de origem animal; II - nos estabelecimentos que recebem as diferentes espécies de animais previstas neste Regulamento, para abate ou industrialização; III - nos estabelecimentos que recebem o pescado para manipulação, distribuição ou industrialização;

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ANEXO

REGULAMENTO DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE PRODUTOS DE ORIGEM

ANIMAL

TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Este Regulamento estabelece as normas que regulam, em todo o território nacional, a inspeção e a fiscalização industrial e sanitária de produtos de origem animal, destinadas a preservar a inocuidade, a identidade, a qualidade e a integridade dos produtos e a saúde e os interesses do consumidor, executadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos estabelecimentos registrados ou relacionados no Serviço de Inspeção Federal (SIF). Art. 2o Ficam sujeitos à inspeção e fiscalização previstas neste Regulamento os animais destinados ao abate, a carne e seus derivados, o pescado e seus derivados, os ovos e produtos de ovos, o leite e seus derivados e os produtos de abelhas e seus derivados, comestíveis e não comestíveis, seja ou não adicionado de produtos vegetais. Parágrafo único. A inspeção e a fiscalização a que se refere este artigo abrangem, sob o ponto de vista industrial e sanitário, a inspeção ante mortem e post mortem dos animais, a recepção, manipulação, beneficiamento, industrialização, fracionamento, conservação, acondicionamento, embalagem, rotulagem, armazenamento, expedição e trânsito de quaisquer matérias-primas e produtos de origem animal. Art. 3o A inspeção e a fiscalização a que se refere o art. 2o são privativas do Serviço de Inspeção Federal vinculado ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sempre que se tratar de estabelecimentos de produtos de origem animal que realizam o comércio interestadual ou internacional. § 1o A inspeção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento se estende às casas atacadistas que recebem e armazenam produtos de origem animal, em caráter supletivo, sem prejuízo da fiscalização sanitária local, e tem por objetivo reinspecionar produtos de origem animal procedentes do comércio interestadual ou internacional. § 2o A inspeção e a fiscalização de que trata este Regulamento, quando se tratar de estabelecimentos de produtos de origem animal que realizam comércio interestadual, poderá ser executada pelos serviços de inspeção dos Estados, Distrito Federal e Municípios, desde que haja reconhecimento da equivalência dos respectivos serviços junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e atendida a legislação específica do Sistema Unificado de Atenção Sanidade Agropecuária estabelecido pela Lei 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Art. 4o A inspeção e fiscalização de que trata este Regulamento será realizada: I - nas propriedades rurais fornecedoras de matérias-primas destinadas à manipulação ou ao processamento de produtos de origem animal; II - nos estabelecimentos que recebem as diferentes espécies de animais previstas neste Regulamento, para abate ou industrialização; III - nos estabelecimentos que recebem o pescado para manipulação, distribuição ou industrialização;

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2. IV - nos estabelecimentos que produzem e recebem ovos para distribuição ou industrialização; V - nos estabelecimentos que recebem o leite e seus derivados para beneficiamento ou industrialização; VI - nos estabelecimentos que extraem ou recebem produtos de abelhas e seus derivados para beneficiamento ou industrialização; VII - nos estabelecimentos que recebem, manipulam, armazenam, conservam, acondicionam ou expedem matérias-primas e produtos de origem animal comestíveis, procedentes de estabelecimentos registrados ou relacionados; VIII - nos portos, aeroportos, postos de fronteira e aduanas especiais; e IX - nos estabelecimentos que recebem, industrializam e distribuem produtos de origem animal não comestíveis. Art. 5o A execução da inspeção pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal isenta o estabelecimento de qualquer outra fiscalização industrial ou sanitária federal, estadual ou municipal para produtos de origem animal. Art. 6o Entende-se por estabelecimento de produtos de origem animal, sob Inspeção Federal, para efeito deste Regulamento, qualquer instalação industrial na qual são abatidos ou industrializados animais produtores de carnes, bem como onde são obtidos, recebidos, manipulados, beneficiados, industrializados, fracionados, conservados, armazenados, embalados, rotulados ou expedidos, com finalidade industrial ou comercial, a carne e seus derivados, o pescado e seus derivados, o ovo e seus derivados, o leite e seus derivados ou os produtos de abelhas e seus derivados. Art. 7o A inspeção e a fiscalização industrial e sanitária em estabelecimentos de produtos de origem animal que fazem comércio municipal e intermunicipal poderão ser regidas por este Regulamento, quando os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não dispuserem de legislação própria. Art. 8o A inspeção e a fiscalização industrial e sanitária de que trata o presente Regulamento podem ser executadas de forma permanente ou periódica. § 1o A inspeção deve ser executada de forma permanente nos estabelecimentos de abate das diferentes espécies animais de abate, compreendendo os animais domésticos de produção, as espécies de pescado para abate, os animais silvestres e exóticos criados em cativeiros ou provenientes de áreas de reserva legal e de manejo sustentável. § 2o Nos demais estabelecimentos que constam deste Regulamento, a inspeção deve ser executada de forma periódica, com a frequência de inspeção estabelecida em normas complementares expedidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do seu órgão competente, considerando o risco dos diferentes produtos e processos produtivos envolvidos, o resultado da avaliação dos controles dos processos de produção e do desempenho de cada estabelecimento, em função da implementação dos programas de autocontrole. Art. 9o A inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal abrange os seguintes procedimentos: I - a inspeção ante mortem e post mortem das diferentes espécies animais; II - a verificação das condições higiênico-sanitárias das instalações, equipamentos e o funcionamento dos estabelecimentos; III - a verificação dos programas de autocontrole dos estabelecimentos;

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3. IV - a verificação da rotulagem e dos processos tecnológicos dos produtos de origem animal quanto ao atendimento da legislação específica; V - a colheita de amostras para análises oficiais e a avaliação dos resultados dos exames microbiológicos, histológicos, toxicológicos, físico-químicos ou sensoriais utilizados na verificação da conformidade dos processos de produção, bem como das respectivas práticas laboratoriais aplicadas nos laboratórios dos estabelecimentos inspecionados; VI - a verificação dos controles de resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes executados pelos estabelecimentos industriais e pelas cadeias produtivas; VII - as informações inerentes à produção primária com implicações na saúde animal, na saúde pública ou que façam parte de acordos internacionais com os países importadores; VIII - o bem-estar animal; e IX - outros procedimentos de inspeção, sempre que recomendarem a prática e o desenvolvimento da indústria de produtos de origem animal. Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, estabelecerá os procedimentos de inspeção previstos neste artigo em regulamento técnico específico ou outra norma complementar. Art. 10. Os procedimentos de inspeção poderão ser alterados mediante a aplicação da análise de risco, envolvendo, no que couber, toda a cadeia produtiva, segundo os preceitos instituídos e universalizados. Art. 11. A inspeção e a fiscalização previstas neste Regulamento são de atribuição do Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal, exercidas com a participação de agentes de inspeção, respeitadas as devidas competências. Art. 12. Os servidores incumbidos da execução deste Regulamento devem possuir carteira de identidade funcional fornecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e carteira de saúde atualizada. § 1o Os servidores a que se refere este artigo, no exercício de suas funções, devem exibir a carteira funcional para se identificarem. § 2o Os servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devidamente identificados, em serviço de fiscalização ou de inspeção industrial e sanitária, terão livre acesso a estabelecimento industrial de produtos de origem animal registrado ou relacionado no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 3o O servidor poderá solicitar o auxílio da autoridade policial, nos casos de risco à integridade física, impedimento ou embaraço ao desempenho de suas atividades. Art. 13. A simples designação produto ou derivado significa, para efeito deste Regulamento, que se trata de produto ou matéria-prima de origem animal julgados aptos para o consumo humano pela inspeção veterinária oficial. Art. 14. Para fins deste Regulamento, são adotados os seguintes conceitos: I - análise de controle: análise efetuada pelo estabelecimento para controle de processo e monitoramento da qualidade das matérias-primas, ingredientes e produtos; II - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC: sistema que identifica, avalia e controla perigos que são significativos, principalmente para a inocuidade dos alimentos;

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4. III - análise fiscal: análise efetuada por laboratório de controle oficial ou credenciado ou pela autoridade sanitária competente, em amostras colhidas pelo Serviço de Inspeção Federal; IV - análise pericial: análise laboratorial realizada a partir da amostra oficial de contraprova, quando o resultado da amostra de fiscalização for contestado por uma das partes envolvidas, para assegurar amplo direito de defesa ao interessado; V - animais exóticos: todos aqueles pertencentes às espécies da fauna exótica, criados em cativeiro, cuja distribuição geográfica não inclui o território brasileiro, aquelas introduzidas pelo homem, inclusive domésticas, em estado asselvajado, e também aquelas que tenham sido introduzidas fora das fronteiras brasileiras e das suas águas jurisdicionais e que tenham entrado em território brasileiro; VI - animais silvestres: todos aqueles pertencentes às espécies da fauna silvestre, nativa, migratória e quaisquer outras aquáticas ou terrestres, cujo ciclo de vida ocorra, no todo ou em parte, dentro dos limites do território brasileiro ou das águas jurisdicionais brasileiras; VII - Boas Práticas de Fabricação - BPF: condições e procedimentos higiênico-sanitários e operacionais sistematizados, aplicados em todo o fluxo de produção, com o objetivo de garantir a qualidade, conformidade e inocuidade dos produtos de origem animal, incluindo atividades e controles complementares; VIII - desinfecção: procedimento que consiste na eliminação de agentes infecciosos por meio de tratamentos físicos ou agentes químicos; IX - equivalência de serviços de inspeção: estado no qual as medidas de inspeção higiênico-sanitária e tecnológica aplicadas por diferentes serviços de inspeção permitem alcançar os mesmos objetivos de inspeção, fiscalização, inocuidade e qualidade dos produtos, estabelecidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal; X - higienização: procedimento que consiste na execução de duas etapas distintas, limpeza e sanitização; XI - limpeza: remoção física de resíduos orgânicos, inorgânicos ou de outro material indesejável, das superfícies das instalações, equipamentos e utensílios; XII - padrão de identidade: conjunto de parâmetros que permitem identificar um produto de origem animal quanto à sua natureza, característica sensorial, composição, tipo de processamento ou modo de apresentação, a serem fixados por meio de Regulamento Técnico; XIII - Procedimento Padrão de Higiene Operacional - PPHO: procedimentos descritos, desenvolvidos, implantados e monitorados, visando estabelecer a forma rotineira pela qual o estabelecimento industrial evita a contaminação direta ou cruzada do produto, preservando sua qualidade e integridade, por meio da higiene, antes, durante e depois das operações industriais; XIV - produto de origem animal: aquele obtido total ou predominantemente a partir de matérias-primas comestíveis ou não, procedentes das diferentes espécies animais, podendo ser adicionado de ingredientes de origem vegetal, aditivos e demais substâncias permitidas pela autoridade competente; XV - produto de origem animal comestível: produto de origem animal destinado ao consumo humano; XVI - produto de origem animal não comestível: produto de origem animal não destinado ao consumo humano; XVII - programas de autocontrole: programas desenvolvidos, implantados, mantidos e monitorados pelo estabelecimento, visando assegurar a inocuidade, a qualidade e a integridade dos seus produtos, que incluem Boas Práticas de Fabricação, Procedimento Padrão de Higiene Operacional, Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle ou programas equivalentes reconhecidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal; XVIII - qualidade: conjunto de parâmetros que permite caracterizar as especificações de um produto de origem animal em relação a um padrão desejável ou definido, quanto aos seus fatores intrínsecos e extrínsecos, higiênico-sanitários e tecnológicos; XIX - rastreabilidade: capacidade de detectar a origem e de seguir o rastro da matéria-prima e dos produtos de origem animal, de alimento para animais, de animal produtor de alimentos ou de

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5. substância a ser incorporada em produtos de origem animal, ou em alimentos para animais ou com probabilidade de sê-lo, ao longo de todas as fases de produção, transformação e distribuição; XX - Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade - RTIQ: ato normativo, com o objetivo de fixar a identidade e as características mínimas de qualidade a que os produtos de origem animal devem atender; XXI - sanitização: aplicação de agentes químicos ou de métodos físicos nas superfícies das instalações, equipamentos e utensílios, posteriormente aos procedimentos de limpeza, visando assegurar nível de higiene microbiologicamente aceitável.

TÍTULO II DA CLASSIFICAÇÃO GERAL

Art. 15. Os estabelecimentos de produtos de origem animal que realizam comércio interestadual e internacional, sob Inspeção Federal, são classificados em: I - de carnes e derivados; II - de pescado e derivados; III - de ovos e produtos de ovos; IV - de leite e derivados; V - de produtos de abelhas e derivados; e VI - de armazenagem.

CAPÍTULO I DOS ESTABELECIMENTOS DE CARNES E DERIVADOS

Art. 16. Os estabelecimentos de carnes e derivados são classificados em: I - Abatedouro Frigorífico; II - Fábrica de Produtos Cárneos; III - Entreposto de Carnes; IV - Entreposto de Envoltórios Naturais; V - Fábrica de Gelatina e Produtos Colagênicos; VI - Fábrica de Produtos Gordurosos Comestíveis; VII - Fábrica de Produtos Não Comestíveis; e VIII - Curtume. § 1o Entende-se por Abatedouro Frigorífico o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios específicos para o abate das diversas espécies animais, manipulação, industrialização, conservação, acondicionamento, armazenagem e expedição dos seus produtos sob variadas formas, dispondo de instalações de frio industrial e podendo ou não dispor de instalações para aproveitamento de produtos não comestíveis. § 2o Entende-se por Fábrica de Produtos Cárneos o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios para recepção e manipulação de matérias-primas das diversas espécies animais de abate, elaboração, conservação, acondicionamento, armazenagem e expedição de produtos de cárneos, dispondo de instalações de frio industrial, podendo ou não dispor de instalações para aproveitamento de produtos não comestíveis. § 3o Entende-se por Entreposto de Carnes o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios para recepção, desossa, conservação, acondicionamento, armazenagem e expedição de carnes e derivados das diversas espécies animais de abate, dispondo de instalações de frio industrial, podendo ou não dispor de instalações para aproveitamento de produtos não comestíveis.

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6. § 4o Entende-se por Entreposto de Envoltórios Naturais o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios para recepção de envoltórios naturais refrigerados, salgados ou dessecados das diversas espécies animais de abate, sua manipulação, conservação, acondicionamento, armazenagem e expedição, podendo ou não dispor de instalações de frio industrial e aproveitamento de produtos não comestíveis. § 5o Entende-se por Fábrica de Gelatina e Produtos Colagênicos o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios para recepção e manipulação de matérias-primas, elaboração, acondicionamento e expedição de gelatina e produtos colagênicos destinados ao consumo humano. § 6o Entende-se por Fábrica de Produtos Gordurosos Comestíveis o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios destinados exclusivamente ao aproveitamento de matérias-primas gordurosas para consumo humano, provenientes de espécies animais de abate. § 7o Entende-se por Fábrica de Produtos Não Comestíveis o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios para manipulação de matérias-primas, resíduos de animais ou outros derivados, destinados ao preparo exclusivo de produtos não utilizados na alimentação humana. § 8o Entende-se por Curtume o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios para transformação de pele em couro das diversas espécies animais que tenham entre outros objetivos a obtenção de matéria-prima destinada aos estabelecimentos produtores de gelatina e produtos colagênicos.

CAPÍTULO II DOS ESTABELECIMENTOS DE PESCADO E DERIVADOS

Art. 17. Os estabelecimentos de pescado e derivados são classificados em: I - Barco Fábrica; II - Entreposto de Pescado; III - Abatedouro Frigorífico de Pescado; IV - Estação Depuradora de Moluscos Bivalves; e V - Fábrica de Produtos de Pescado. § 1o Entende-se por Barco Fábrica a embarcação de pesca que possua dependências, instalações e equipamentos específicos à captura ou recepção, lavagem de matéria-prima, conservação, processamento, podendo realizar transformação sob qualquer forma, embalagem, rotulagem e, para elaboração de produtos congelados, dispor de equipamentos para congelamento rápido com armazenagem em unidade diferenciada, podendo possuir instalações para o aproveitamento de produtos não comestíveis. § 2o Entende-se por Entreposto de Pescado o estabelecimento que possua dependências, instalações e equipamentos específicos à recepção, lavagem, manipulação, fracionamento, acondicionamento, frigorificação, armazenagem e expedição do pescado e derivados, dispondo ou não de instalações para o aproveitamento de produtos não comestíveis. § 3o Entende-se por Abatedouro Frigorífico de Pescado o estabelecimento que possua dependências, instalações e equipamentos específicos para recepção, lavagem, insensibilização, abate, processamento, acondicionamento e frigorificação, com fluxo adequado à espécie de pescado a ser abatida, dispondo ou não de instalações para o aproveitamento de produtos não comestíveis.

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7. § 4o Entende-se por Estação Depuradora de Moluscos Bivalves o estabelecimento que possua dependências próprias para recepção, depuração, embalagem e expedição de moluscos bivalves. § 5o Entende-se por Fábrica de Produtos de Pescado o estabelecimento que possua dependências, instalações e equipamentos específicos, dependendo do tipo de produto a ser elaborado, para recepção, lavagem, preparação, transformação, acondicionamento, conservação, armazenamento e expedição de produtos de pescado e seus derivados, dispondo ou não de instalações para o aproveitamento de produtos não comestíveis.

CAPÍTULO III DOS ESTABELECIMENTOS DE OVOS E PRODUTOS DE OVOS

Art. 18. Os estabelecimentos de ovos e produtos de ovos são classificados em: I - Granja Avícola; II - Entreposto de Ovos; e III - Fábrica de Produtos de Ovos. § 1o Entende-se por Granja Avícola o estabelecimento destinado à produção, ovoscopia, classificação, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição de ovos, oriundos exclusivamente do próprio local de produção, podendo a classificação dos ovos na granja ser facultativa quando a atividade for realizada no Entreposto de Ovos. § 2o Entende-se por Entreposto de Ovos o estabelecimento destinado à recepção de produção própria ou de terceiros, ovoscopia, classificação, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição de ovos, facultando-se a operação de classificação para os ovos que chegam ao Entreposto já classificados, acondicionados e rotulados. § 3o Entende-se por Fábrica de Produtos de Ovos o estabelecimento destinado à recepção de ovos ou de produtos de ovos, ovoscopia, industrialização, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição de produtos de ovos, enquadrando-se também nesta classificação os estabelecimentos construídos especificamente para a finalidade de industrialização que não realizem a produção e expedição de ovos.

CAPÍTULO IV DOS ESTABELECIMENTOS DE LEITE E DERIVADOS

Art. 19. Os estabelecimentos de leite e derivados são classificados em: I - Propriedades Rurais; e II - Estabelecimentos Industriais, compreendendo Granja Leiteira, Posto de Refrigeração, Usina de Beneficiamento, Fábrica de Laticínios, Queijaria e Entreposto de Laticínios. § 1o Entende-se por Propriedades Rurais aquelas destinadas à produção de leite para posterior processamento em estabelecimento industrial sob fiscalização e inspeção sanitária oficial. § 2o Entende-se por Estabelecimentos Industriais os destinados à recepção, transferência, refrigeração, beneficiamento, manipulação, fabricação, maturação, fracionamento, embalagem, rotulagem, acondicionamento, conservação, armazenagem e expedição de leite e seus derivados. § 3º As especificações necessárias aos estabelecimentos de leite e derivados serão definidas em normas complementares.

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8. Art. 20. Os estabelecimentos industriais de leite e derivados são classificados em: I - Granja Leiteira; II - Posto de Refrigeração; III - Usina de Beneficiamento; IV - Fábrica de Laticínios; V - Queijaria; e VI - Entreposto de Laticínios. § 1o Entende-se por Granja Leiteira o estabelecimento destinado à produção, pasteurização e envase de leite para o consumo humano direto e à elaboração de derivados lácteos a partir de leite de sua própria produção. § 2o Entende-se por Posto de Refrigeração o estabelecimento intermediário entre as propriedades rurais e as Usinas de Beneficiamento ou Fábricas de Laticínios, destinado à seleção, recepção, pesagem, filtração, refrigeração e expedição de leite cru. § 3o Entende-se por Usina de Beneficiamento o estabelecimento que tem por finalidade principal a recepção, pré-beneficiamento, beneficiamento e envase de leite destinado ao consumo humano direto. § 4o Entende-se por Fábrica de Laticínios o estabelecimento destinado à recepção de leite e derivados para o preparo de quaisquer derivados lácteos. § 5o Entende-se por Queijaria o estabelecimento localizado em propriedade rural, destinado à fabricação de queijos tradicionais com características específicas, elaborados exclusivamente com leite de sua própria produção, observando-se o seguinte: I - a propriedade rural deve estar situada em região de indicação geográfica certificada ou tradicionalmente reconhecida e ser certificada oficialmente como livre de tuberculose e brucelose; e II - a Queijaria deve estar obrigatoriamente vinculada a um Entreposto de Laticínios registrado no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no qual será finalizado o processo produtivo com toalete, maturação, embalagem e rotulagem do queijo, garantindo-se a rastreabilidade. § 6o Entende-se por Entreposto de Laticínios o estabelecimento destinado à recepção, toalete, maturação, classificação, fracionamento, acondicionamento e armazenagem de derivados lácteos, sendo permitida a armazenagem de leite para consumo humano direto, desde que em instalações que satisfaçam as exigências deste Regulamento.

CAPÍTULO V DOS ESTABELECIMENTOS DE PRODUTOS DE ABELHAS E DERIVADOS

Art. 21. Os estabelecimentos de produtos de abelhas e derivados são classificados em: I - Unidade de Extração de Produtos de Abelhas; e II - Entreposto de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e Derivados. § 1o Entende-se por Unidade de Extração de Produtos de Abelhas o estabelecimento destinado à extração, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição, exclusivamente a granel, dos produtos de abelhas, observando-se o seguinte: I - este estabelecimento deve, obrigatoriamente, ter seus processos produtivos finalizados no Entreposto de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e Derivados; e

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9. II - permite-se a utilização de Unidade de Extração Móvel de Produtos de Abelhas montada em veículo, provida de equipamentos que atendam às condições higiênico-sanitárias e tecnológicas, operando em locais previamente aprovados pelo Serviço de Inspeção Federal, que atendam as condições estabelecidas em normas complementares. § 2o Entende-se por Entreposto de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e Derivados o estabelecimento destinado à recepção, classificação, beneficiamento, industrialização, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição dos produtos de abelhas, podendo realizar também a extração, dispondo de dependências, instalações e equipamentos compatíveis com o conjunto de operações e processos estabelecidos para cada produto.

CAPÍTULO VI DOS ESTABELECIMENTOS DE ARMAZENAGEM

Art. 22. Os estabelecimentos de armazenagem são classificados em: I - Entreposto Frigorífico; e II - Casa Atacadista. § 1o Entende-se por Entreposto Frigorífico o estabelecimento que possua instalações, equipamentos e utensílios para recepção, conservação pelo emprego de frio industrial, armazenagem e expedição de produtos de origem animal, podendo ser armazenados produtos que não necessitem de conservação pelo frio, desde que em instalações específicas. § 2o Entende-se por Casa Atacadista, para efeito de reinspeção, o estabelecimento que recebe produtos de origem animal prontos para comercialização, acondicionados e rotulados, que disponha de dependências exclusivas para a recepção, armazenagem e expedição dos diferentes produtos, observando-se o seguinte: I - não será permitido o fracionamento ou reembalagem de produtos na Casa Atacadista; e II - as Casas Atacadistas, para fins de comércio internacional de produtos de origem animal, devem atender aos requisitos higiênico-sanitários, tecnológicos e estruturais de que trata este Regulamento e às exigências técnico-sanitárias fixadas em acordos internacionais.

TÍTULO III DO REGISTRO E RELACIONAMENTO DE ESTABELECIMENTOS

CAPÍTULO I

DO REGISTRO E RELACIONAMENTO Art. 23. Nenhum estabelecimento pode realizar comércio interestadual ou internacional com produtos de origem animal sem estar registrado ou relacionado no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 1o O Título de Registro é o documento emitido pelo Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal ao estabelecimento, depois de cumpridas as exigências previstas neste Regulamento. § 2o O Título de Registro Descentralizado é o documento emitido pelo Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação ao estabelecimento, depois de cumpridas as exigências previstas neste Regulamento.

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10. § 3o O Título de Relacionamento é o documento emitido pelo Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação ao estabelecimento, depois de cumpridas as exigências previstas neste Regulamento. Art. 24. Para a realização do comércio internacional, além do registro junto ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os estabelecimentos devem ser previamente habilitados à exportação, atendendo às exigências técnico-sanitárias fixadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal e, quando for o caso, aquelas estabelecidas pelas autoridades sanitárias dos países importadores. Parágrafo único. O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal pode ajustar os procedimentos de execução das atividades de inspeção de forma a proporcionar a verificação dos controles e garantias para a certificação sanitária, consoante os requisitos firmados em acordos sanitários internacionais. Art. 25. Devem ser registrados os seguintes estabelecimentos: I - Abatedouro Frigorífico, Fábrica de Produtos Cárneos, Entreposto de Carnes, Entreposto de Envoltórios Naturais, Fábrica de Gelatina e Produtos Colagênicos, Fábrica de Produtos Gordurosos Comestíveis e Fábrica de Produtos Não Comestíveis; II - Barco Fábrica, Entreposto de Pescado, Abatedouro Frigorífico de Pescado, Estação Depuradora de Moluscos Bivalves e Fábrica de Produtos de Pescado; III - Entreposto de Ovos e Fábrica de Produtos de Ovos; IV - Granja Leiteira, Usina de Beneficiamento, Fábrica de Laticínios e Entreposto de Laticínios; V - Entreposto de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e Derivados; e VI - Entreposto Frigorífico. Art. 26. O estabelecimento deve ser registrado de acordo com sua atividade industrial e, quando este possuir mais de uma atividade industrial, deve ser acrescentada uma nova classificação à classificação principal. Art. 27. Em função da especificidade de suas atividades e das peculiaridades dos procedimentos de inspeção e fiscalização a que devem ser submetidos, serão vinculados ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação, mediante procedimento de registro descentralizado os seguintes estabelecimentos: I - Curtume; II - Granja Avícola; III - Posto de Refrigeração; IV - Queijaria; e V - Unidade de Extração de Produtos de Abelhas. Art. 28. Os estabelecimentos classificados neste Regulamento como Casa Atacadista serão vinculados ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação, mediante procedimento de relacionamento. Art. 29. Para a solicitação da aprovação prévia de construção de estabelecimentos, é obrigatória a apresentação dos seguintes documentos: I - laudo de aprovação prévia do terreno, elaborado por Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal;

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11. II - licença da autoridade municipal e do órgão de saúde pública competente para instalação do estabelecimento; III - plantas das respectivas construções nas escalas previstas neste Regulamento; IV - memorial técnico sanitário do estabelecimento; V - documento registrado na junta comercial e Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, vinculado ao endereço da unidade que se pretende registrar; VI - Inscrição de Produtor Rural ou Cadastro de Pessoa Física, quando aplicável. Parágrafo único. Para estabelecimento já edificado, além dos documentos relacionados neste artigo, deve ser realizada uma inspeção para avaliação das condições em relação ao terreno, dependências industriais e sociais, equipamentos, fluxograma, água de abastecimento, escoamento de águas residuais e a situação perante o órgão ambiental, com parecer conclusivo em laudo elaborado por Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal. Art. 30. As plantas das construções devem ser apresentadas conforme definido a seguir: I - planta de situação, na escala de 1:500 (um por quinhentos), contendo a posição da construção em relação às vias públicas e alinhamento dos terrenos, orientação, localização das partes dos prédios vizinhos construídos sobre as divisas dos terrenos e perfis longitudinal e transversal do terreno em posição média, sempre que este não for de nível; II - planta baixa de cada pavimento na escala de 1:100 (um por cem) com leiaute dos equipamentos e fluxograma referente à matéria-prima, aos produtos e funcionários; III - planta baixa com leiaute hidrossanitário na escala 1:500 (um por quinhentos); e IV - planta da fachada e cortes longitudinal e transversal na escala mínima de 1:100 (um por cem). § 1o As convenções de cores das plantas devem seguir as normas técnicas estabelecidas pelo órgão competente. § 2o Nos casos dos incisos II e IV em que as dimensões dos estabelecimentos não permitam visualização nas escalas previstas em uma única prancha, estas podem ser redefinidas nas escalas imediatamente subsequentes. Art. 31. O requerente de aprovação de projeto junto ao Serviço de Inspeção Federal não pode dar início às construções sem que ele tenha sido previamente aprovado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 32. A construção do estabelecimento deve obedecer a outras exigências que estejam previstas em legislação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de outros órgãos de normatização técnica, e que não contrariem as exigências de ordem sanitária ou industrial previstas neste Regulamento ou normas complementares editadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 33. Nos estabelecimentos de produtos de origem animal, para fins de registro ou registro descentralizado e funcionamento, exceto para Barco Fábrica e Unidade de Extração Móvel de Produtos de Abelhas, é obrigatória a apresentação prévia de boletim oficial de análise da água de abastecimento, dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Instituição reguladora da Saúde. § 1o Mesmo que o resultado da análise de água seja favorável, deve ser realizado tratamento complementar da água de abastecimento pela cloração ou processo tecnológico equivalente, desde que fique demonstrada pelo estabelecimento eficácia de inativação microbiológica equivalente à obtida com a cloração, e atenda aos demais parâmetros estabelecidos em legislação específica.

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12. § 2o A Unidade de Extração Móvel de Produtos de Abelhas deve dispor de registros que comprovem a potabilidade da água utilizada. § 3o O Barco-Fábrica deve dispor de água do mar limpa ou água potável para manipulação do pescado, observando-se o seguinte: I - entende-se por água do mar limpa a água do mar ou salobra que cumpre os mesmos critérios microbiológicos aplicados à água potável; e II - a água do mar ou salobra deve ser isenta de substâncias danosas, e o plâncton tóxico não deve estar em quantidades tais que possam afetar a qualidade sanitária do pescado. Art. 34. Finalizadas as construções de todo o projeto industrial aprovado e apresentados os documentos exigidos neste Regulamento, o Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde o mesmo está localizado deve instruir o processo com laudo final higiênico-sanitário e tecnológico do estabelecimento, elaborado por Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal, com formação em medicina veterinária, acompanhado, quando possível, de registros fotográficos, com parecer conclusivo para registro no Serviço de Inspeção Federal. § 1o Para o registro ou registro descentralizado no Serviço de Inspeção Federal, além das exigências já descritas neste Regulamento, o estabelecimento deve apresentar os programas de autocontrole, desenvolvidos especificamente para serem implementados no estabelecimento no início das suas atividades. § 2o Nos casos em que forem concluídas as instalações industriais, o estabelecimento poderá solicitar a concessão da reserva de número de registro para antecipar a confecção de documentos necessários ao posterior funcionamento do estabelecimento, devendo o Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde o mesmo está localizado instruir o processo com laudo higiênico-sanitário e tecnológico do estabelecimento acompanhado, quando possível, de registros fotográficos. Art. 35. O funcionamento do estabelecimento será autorizado mediante instalação do Serviço de Inspeção Federal, por documento expedido pelo Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação. § 1o Atendidas as exigências fixadas neste Regulamento, o Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal autorizará a emissão do Título de Registro, constando no mesmo o número do registro, nome empresarial, classificação do estabelecimento, localização e outros detalhes necessários.

§ 2º O Serviço de Inspeção Federal só será instalado após a emissão do Título de Registro,

Título de Registro Descentralizado ou Título de Relacionamento.

§ 3º Nos casos em que tenha sido concedida a reserva de um número de registro, a emissão do Titulo de Registro só pode ser realizada mediante a comprovação da finalização das construções de todo o projeto industrial e instalação de todos os equipamentos necessários ao funcionamento do estabelecimento.

§ 4º Quando o estabelecimento for construído em várias etapas de acordo com o projeto aprovado, pode ser concedido o Título de Registro, Registro Descentralizado ou Relacionamento e autorizada a instalação do Serviço de Inspeção Federal desde que as instalações e equipamentos existentes sejam compatíveis com o produto a ser elaborado, mediante apresentação de laudo técnico do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação para a categoria pretendida.

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13. §5º Emitido o Título de Registro, o Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação providenciará a instalação do Serviço de Inspeção Federal junto ao estabelecimento. Art. 36. Qualquer ampliação, remodelação ou construção no estabelecimento com registro ou registro descentralizado, tanto de suas dependências como instalações, que implique em alteração dos equipamentos, capacidade ou fluxograma referente à matéria-prima, produtos e funcionários, só pode ser feita após aprovação prévia dos projetos pelo Serviço de Inspeção Federal. Art. 37. O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal poderá realizar a inspeção periódica das obras no estabelecimento em construção ou em reforma para verificar o cumprimento do projeto aprovado. Art. 38. Ao estabelecimento que realize atividades distintas, em instalações diferentes, na mesma área industrial e pertencente ou não à mesma empresa, será concedida a classificação que couber a cada atividade, podendo ser dispensada a construção isolada de dependências que possam ser comuns.

§ 1o Será concedido apenas um registro, registro descentralizado ou relacionamento à mesma firma ou grupo empresarial localizado na mesma área industrial.

§ 2o Cada estabelecimento, caracterizado pelo número do registro, registro descentralizado

ou relacionamento, será responsabilizado pelo atendimento às disposições deste Regulamento nas dependências que sejam comuns, que afetem direta ou indiretamente a sua atividade. Art. 39. Qualquer estabelecimento que interrompa seu funcionamento por período superior a 6 (seis) meses só poderá reiniciar os trabalhos mediante inspeção prévia de todas as dependências, instalações e equipamentos, com elaboração de laudo técnico e aprovação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, observada a sazonalidade das atividades industriais. Parágrafo único. Será cancelado o registro, o registro descentralizado ou o relacionamento do estabelecimento que interromper seu funcionamento pelo prazo de 1 (um) ano. Art. 40. No caso de cancelamento do registro ou registro descentralizado ou do relacionamento, a rotulagem será apreendida e os materiais pertencentes ao Serviço de Inspeção Federal, inclusive os de natureza científica, os documentos, formulários de certificados, lacres e carimbos oficiais serão recolhidos pelo Serviço de Inspeção Federal. Art. 41. O cancelamento de registro deve ser oficialmente comunicado às autoridades estadual e municipal competentes e, quando for o caso, às autoridades federais, pelo Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde o estabelecimento está localizado. Art. 42. O registro descentralizado ou relacionamento do estabelecimento é requerido ao Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde ele está localizado e o processo respectivo deve obedecer ao mesmo critério estabelecido para o registro dos estabelecimentos, no que lhe for aplicável. Art. 43. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, expedirá normas complementares sobre os procedimentos de aprovação prévia de projeto, reforma e ampliação, bem como de registro, registro descentralizado e relacionamento de estabelecimentos.

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14. CAPÍTULO II

DA TRANSFERÊNCIA Art. 44. Nenhum estabelecimento previsto neste Regulamento pode ser alienado, alugado ou arrendado, sem que, concomitantemente, seja feita a competente transferência do registro, registro descentralizado ou relacionamento junto ao Serviço de Inspeção Federal. § 1o No caso do adquirente, locatário ou arrendatário se negar a promover a transferência, deve ser feita pelo alienante, locador ou arrendador imediata comunicação escrita ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, esclarecendo os motivos da recusa. § 2o Os empresários ou as sociedades empresariais responsáveis por estes estabelecimentos devem notificar aos interessados na aquisição, locação ou arrendamento a situação em que se encontram, durante as fases do processamento da transação comercial, em face das exigências deste Regulamento. § 3o Enquanto a transferência não se efetuar, continua responsável pelas irregularidades que se verifiquem no estabelecimento o empresário ou a sociedade empresária em nome do qual esteja registrado ou relacionado. § 4o No caso do alienante, locador ou arrendante ter feito a comunicação a que se refere o § 1o, e o adquirente, locatário ou arrendatário não apresentar, dentro do prazo máximo de 30 (trinta) dias, os documentos necessários à transferência respectiva, será cassado o registro, registro descentralizado ou relacionamento do estabelecimento. § 5o Adquirido, locado ou arrendado o estabelecimento, e realizada a transferência do registro, registro descentralizado ou relacionamento, o novo empresário ou sociedade empresária é obrigado a cumprir todas as exigências formuladas ao anterior responsável, sem prejuízo de outras que venham a ser determinadas. Art. 45. O processo de transferência deve obedecer, no que lhe for aplicável, ao mesmo critério estabelecido para o registro, registro descentralizado ou relacionamento.

TÍTULO IV DAS CONDIÇÕES GERAIS DO ESTABELECIMENTO

CAPÍTULO I

DAS INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS Art. 46. Não será autorizado o funcionamento de qualquer estabelecimento sem que esteja completamente instalado e equipado para a finalidade a que se destine, conforme projeto aprovado. Parágrafo único. As instalações e os equipamentos de que tratam este artigo compreendem as dependências mínimas, equipamentos e utensílios diversos, em face da capacidade de produção de cada estabelecimento. Art. 47. O estabelecimento de produtos de origem animal deve atender às seguintes condições básicas e comuns: I - estar localizado em pontos distantes de fontes produtoras de mau cheiro e potenciais contaminantes;

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15. II - ser construído em terreno com área suficiente para a circulação e fluxo de veículos de transporte, atendendo normas específicas das autoridades competentes do município e órgãos de controle ambiental; III - dispor de área adequadamente delimitada e suficiente para construção das instalações industriais e demais dependências; IV - dispor de vias de circulação e de pátio do perímetro industrial pavimentados e em bom estado de conservação e limpeza; V - possuir instalações dimensionadas de forma a atender aos padrões técnicos e demais parâmetros previstos em normas complementares; VI - dispor de dependências e instalações compatíveis à finalidade do estabelecimento, apropriadas para recepção, manipulação, preparação, transformação, fracionamento, conservação, embalagem, acondicionamento, armazenagem ou expedição de matérias-primas e produtos comestíveis ou não comestíveis; VII - dispor de dependências e instalações industriais de produtos comestíveis separadas por paredes inteiras daquelas que se destinam ao preparo de produtos não comestíveis, bem como de vestiários, sanitários, áreas de descanso, instalações administrativas, dentre outras; VIII - dispor de dependências e instalações apropriadas para armazenagem de ingredientes, aditivos, coadjuvantes de tecnologia, embalagens, rotulagem, materiais de higienização, produtos químicos e substâncias utilizadas no controle de pragas; IX - dispor de ordenamento das dependências, das instalações e dos equipamentos, de modo a evitar estrangulamentos no fluxo operacional e prevenir a contaminação cruzada; X - ter as dependências orientadas de tal modo que os raios solares não prejudiquem os trabalhos de fabricação dos produtos; XI - dispor de paredes e separações revestidas ou impermeabilizadas, com material adequado, devendo ser construídas de modo a facilitar a higienização, com ângulos arredondados entre paredes e destas com o piso; XII - as seções industriais devem dispor de pé-direito em dimensão suficiente para permitir a disposição adequada dos equipamentos e atender às condições higiênico-sanitárias e tecnológicas; XIII - possuir pisos impermeabilizados com material específico, devendo ser construídos de modo a facilitar a higienização, a coleta das águas residuais e a sua drenagem para a rede de esgoto; XIV - dispor de ralos de fácil higienização e sifonados onde necessários; XV - dispor de barreiras sanitárias que possuam equipamentos e utensílios específicos em todos os acessos à área de produção industrial, assim como de pias para higienização de mãos nas áreas de produção onde se fizer necessário; XVI - as janelas, portas e demais aberturas devem ser construídas de modo a prevenir a entrada de vetores e pragas e a evitar o acúmulo de sujidades, sendo de fácil higienização; XVII - dispor de luz natural ou artificial e de ventilação suficientes em todas as dependências, de acordo com legislação específica; XVIII - dispor de equipamentos e utensílios compatíveis e apropriados à finalidade do estabelecimento, de fácil higienização, que não permitam o acúmulo de resíduos, resistentes à corrosão e atóxicos; XIX - dispor de equipamentos ou instrumentos de controle de processo de fabricação calibrados e aferidos, que venham a ser considerados necessários para o controle técnico e sanitário da produção; XX - dispor de dependência para higienização de recipientes utilizados no transporte de matérias-primas e produtos; XXI - dispor de equipamentos e utensílios apropriados utilizados para produtos não comestíveis, exclusivos para esta finalidade e identificados na cor vermelha; XXII - dispor de rede de abastecimento de água, com instalações apropriadas para armazenamento e distribuição, suficiente para atender às necessidades do trabalho industrial, de dependências sanitárias e, quando for o caso, de instalações para tratamento de água;

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16. XXIII - dispor de rede diferenciada e identificada para água não potável, quando esta for utilizada para combate a incêndios, refrigeração e outras aplicações que não ofereçam risco de contaminação aos alimentos; XXIV - dispor de rede de esgoto em todas as dependências, projetada e construída de forma a facilitar a higienização e que apresente dispositivos e equipamentos destinados a prevenir o risco de contaminação industrial e ambiental; XXV - dispor, independentemente do número de funcionários, de vestiários e sanitários em número proporcional para cada sexo, instalados separadamente, com fluxo interno adequado, independentes para as seções onde são manipulados produtos comestíveis, de acesso fácil e protegido, de modo a evitar que os funcionários, quando uniformizados, transitem por áreas externas descobertas, respeitando-se as particularidades de cada seção, em atendimento às Boas Práticas de Fabricação; XXVI - dispor de refeitório na área industrial, de fácil acesso, de dimensão compatível com o número de funcionários, instalado e utilizado de modo a evitar a contaminação cruzada entre os funcionários uniformizados que trabalhem em áreas de diferentes riscos sanitários e a evitar que os funcionários uniformizados transitem por áreas externas descobertas, sem prejuízo do atendimento à legislação específica; XXVII - dispor de lavanderia própria ou terceirizada e demais dependências necessárias, cujo procedimento ou sistema de lavagem atenda aos princípios das boas práticas de higiene; e XXVIII – dispor de sede para o Serviço de Inspeção Federal, adequada às atividades desenvolvidas, compreendendo área administrativa, laboratório conforme a pertinência da atividade, vestiários e instalações sanitárias, no que for aplicável. Art. 48. O estabelecimento de produtos de origem animal, respeitadas as peculiaridades tecnológicas cabíveis e normas complementares, deve atender ainda as seguintes condições: I - só possuir telhado de meia-água quando puder ser mantido o pé-direito à altura mínima da dependência ou dependências correspondentes; II - possuir forro de material apropriado nas dependências onde se realizem trabalhos de recepção, manipulação e preparo de matérias-primas e produtos comestíveis; III - nas dependências onde o forro não for necessário, a superfície interna do telhado deve ser construída de forma a evitar o acúmulo de sujidade, o desprendimento de partículas e proporcionar perfeita higienização e vedação à entrada de pragas; IV - possuir escadas construídas de material apropriado, que apresentem condições de solidez e segurança; V - possuir elevadores, guindastes ou qualquer outro equipamento mecânico, que ofereçam garantias de resistência, segurança, estabilidade e fácil higienização; VI - dispor de água fria e quente suficiente nas dependências de manipulação e preparo, não só de produtos comestíveis, como de não comestíveis; VII - possuir instalações de frio industrial e dispositivos de controle de temperatura nos equipamentos congeladores, túneis, câmaras, antecâmaras e dependências de trabalho industrial, em número e área suficiente, segundo a capacidade projetada do estabelecimento; e VIII - dispor de caldeiras ou equipamentos geradores de água quente, com capacidade suficiente para atender às necessidades do estabelecimento. Art. 49. Os estabelecimentos de carnes e derivados devem atender ainda às seguintes condições, respeitadas as peculiaridades tecnológicas cabíveis e normas complementares: I - possuir instalações cujo dimensionamento atenda aos padrões técnicos e demais parâmetros previstos em normas específicas, de acordo com a espécie a ser abatida; II - dispor de instalações e equipamentos para recepção e acomodação dos animais, visando ao atendimento aos preceitos de bem-estar animal, localizadas a uma distância que não comprometa a inocuidade dos produtos;

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17. III - dispor de instalações específicas para exame dos animais; quando necessário, dispor de locais específicos para separação e isolamento de animais doentes; IV - dispor de instalação específica para necropsia, com forno crematório, autoclave ou equipamento equivalente, denominada de Departamento de Necropsia; V - dispor de abatedouro sanitário, quando necessário, de acordo com a espécie a ser abatida e normas complementares expedidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; VI - dispor de instalações e equipamentos para higienização de veículos transportadores de animais e tratamento de seus dejetos, de acordo com as exigências do órgão competente pelo meio ambiente; VII - dispor de dependência de abate com acesso independente e separada fisicamente das demais seções e de depósitos diversos; VIII - possuir depósitos para chifres, cascos, ossos, dejetos, cerdas, pelos, crinas, alimentos para animais e outros produtos não comestíveis, localizados em pontos afastados dos edifícios onde são manipulados ou preparados produtos destinados à alimentação humana; IX - dispor, conforme o caso, de instalações e equipamentos adequados para a colheita e preparo de extratos glandulares e obtenção de sangue fetal; X - dispor de instalações destinadas ao preparo de envoltórios naturais, de uso exclusivo para esta finalidade; XI - dispor de instalações e equipamentos apropriados para a recepção, armazenamento e expedição dos resíduos não comestíveis; e XII - dispor, quando necessário, de instalações e equipamentos apropriados para o processamento, o armazenamento e a expedição de produtos não comestíveis. Parágrafo único. No caso de estabelecimentos que abatem mais de uma espécie, as dependências devem ser construídas de modo a atender às exigências técnicas específicas para cada espécie, sem prejuízo dos diferentes fluxos operacionais. Art. 50. Os estabelecimentos de pescado e derivados, respeitadas as particularidades de cada espécie, devem atender ainda às seguintes condições: I - dispor de área suja, separada fisicamente da área limpa, destinada à recepção de pescado para abate, bem como de matéria-prima para fins de processamento industrial; II - dispor de área limpa destinada à execução das etapas tecnológicas, de acordo com o fluxograma do produto a ser elaborado a partir do abate, bem como da recepção da matéria-prima lavada ou processada; III - dispor de câmara de espera, fábrica e silo de gelo, dependendo do tipo de produto a ser elaborado, assim como das peculiaridades inerentes à matéria-prima; IV - pode ser dispensada a existência de fábrica de gelo em regiões onde existam facilidades para aquisição deste, desde que comprovada sua qualidade sanitária; V - dispor, nos estabelecimentos onde são elaborados produtos congelados, de equipamento congelador que atenda ao conceito de congelamento rápido, câmaras frigoríficas, para a armazenagem de pescado, de modo a manter o produto em temperatura não superior a –18ºC (dezoito graus Celsius negativos) no seu centro térmico, após a sua estabilização, e instrumentos para medição e registro da temperatura das câmaras; VI - dispor, no Barco Fábrica, de estrutura, instalações e equipamentos necessários à finalidade a que se destinem, conforme estabelecido em normas complementares; as dependências, instalações e equipamentos, bem como as condições de beneficiamento no Barco Fábrica, devem atender, no que for aplicável, de acordo com o produto a ser elaborado, as mesmas condições exigidas para o estabelecimento em terra;

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18. VII - dispor, nos estabelecimentos que possuem cais ou trapiche, de cobertura que permita a proteção do pescado durante as operações de descarga até o acesso aos locais de processamento, bem como de facilidades para a higienização das embarcações de pesca; VIII - dispor, nos estabelecimentos que possuem cais ou trapiche, de sanitários privativos para a tripulação dos barcos e vestiários específicos para os tripulantes que tenham acesso ao prédio industrial; IX - dispor de veículos e continentes isotérmicos para o transporte do pescado fresco com unidade geradora de frio para o transporte do pescado resfriado ou congelado, podendo ser aceitos outros tipos de transporte para atender características específicas das diferentes espécies, e desde que tecnicamente justificados; X - dispor, nas áreas de preparação e transformação do pescado, de ambiente climatizado com temperaturas previstas em normas complementares, naquelas etapas de processo onde outros mecanismos de manutenção da temperatura do produto não sejam comprovadamente eficazes para eliminar os riscos microbiológicos; XI - dependendo do tipo de produto a ser elaborado, assim como das peculiaridades inerentes à matéria-prima, poderá ser necessária a instalação de um sistema de refrigeração de água para manutenção da cadeia de frio; XII - dispor de contentores para transporte ou armazenagem do pescado fresco em gelo, adequados à finalidade; XIII - na Estação Depuradora de Moluscos Bivalves, devem ser atendidas as seguintes condições: a) antes de iniciar a depuração, os moluscos bivalves devem ser lavados em água limpa de modo a ser retirado o lodo e demais resíduos acumulados; e b) o funcionamento do sistema de depuração deve permitir que os moluscos bivalves recomecem rapidamente a alimentar-se por filtração e possam permanecer vivos após a depuração, e em boas condições para o acondicionamento, armazenagem e transporte, antes de serem disponibilizados ao consumo ou levados a estabelecimento para serem transformados; XIV - dispor de instalações e equipamentos específicos para o tratamento e o abastecimento de água do mar limpa, quando esta for utilizada em operações de processamento de pescado; XV - dispor, sempre que necessário, de laboratório para análise de rotina; e XVI - dispor de outras dependências necessárias ao seu funcionamento, conforme normas complementares estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. Os estabelecimentos de pescado devem obedecer, ainda, no que lhes for aplicável, as exigências fixadas para os estabelecimentos de carnes e derivados. Art. 51. Os estabelecimentos de ovos e produtos de ovos devem atender ainda as seguintes condições: I - condições comuns a todos os estabelecimentos: a) dispor de dependência ou de área coberta para recepção dos ovos; b) dispor de dependência para ovoscopia, exame de fluorescência da casca e verificação do estado de conservação dos ovos; c) dispor de dependência para classificação comercial; e d) dispor de câmaras frigoríficas, quando for o caso. II - Fábrica de Produtos de Ovos: a) dispor de dependências para recepção, manipulação, industrialização, embalagem, armazenamento e expedição dos produtos; e b) dispor de laboratório apropriado para realizar as análises de rotina, exames das matérias-primas e dos produtos de ovos.

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19. Art. 52. Os estabelecimentos industriais de leite e derivados, respeitadas as peculiaridades tecnológicas cabíveis, devem atender ainda as seguintes condições e dispor de: I - Granja Leiteira: a) instalações e equipamentos apropriados para a ordenha, separados fisicamente das dependências industriais; b) dependência para pré-beneficiamento, beneficiamento e envase de leite para consumo humano direto; c) dependência para manipulação e fabricação, que pode ser comum para vários produtos quando os processos forem compatíveis; d) refrigerador a placas, tubular ou equipamento equivalente para refrigeração rápida do leite; e) equipamento para pasteurização rápida do leite; f) câmara frigorífica dimensionada de acordo com a produção; e g) laboratório para as análises de rotina, previstas em normas complementares, do leite cru e beneficiado; II - Posto de Refrigeração: a) dependência para recepção de matéria-prima; b) refrigerador a placas, tubular ou equipamento equivalente para refrigeração rápida do leite; e c) laboratório para as análises de rotina, previstas em normas complementares, do leite cru; III - Usina de Beneficiamento: a) dependência para recepção de matéria-prima; b) dependência para pré-beneficiamento, beneficiamento e envase de leite para consumo humano direto; c) refrigerador a placas, tubular ou equipamento equivalente para refrigeração rápida do leite; d) equipamento para pasteurização do leite; e) câmara frigorífica dimensionada de acordo com a produção; e f) laboratório para as análises de rotina, previstas em normas complementares, do leite cru e beneficiado; IV - Fábrica de Laticínios: a) dependência para recepção de matéria-prima; b) dependências para manipulação e fabricação, podendo ser comum para vários produtos quando os processos forem compatíveis; c) refrigerador a placas, tubular ou equipamento equivalente para refrigeração rápida do leite, nos casos em que a refrigeração seja necessária; d) equipamento para pasteurização do leite; e) câmaras frigoríficas para salga ou secagem, maturação, estocagem e congelamento, com equipamentos para registro e controle da temperatura e da umidade relativa do ar, de acordo com o processo de fabricação e as especificações técnicas dos derivados lácteos fabricados; f) dependências para embalagem, acondicionamento, armazenagem e expedição; e g) laboratório para as análises de rotina, previstas em normas complementares, de leite fluido ou creme de leite; V - Queijarias: a) instalações isoladas fisicamente do local de ordenha; b) dependência para fabricação de queijo; e c) dependência para estocagem e expedição do produto até o Entreposto de Laticínios; VI - Entreposto de Laticínios: a) dependência para recepção e classificação das matérias-primas e produtos semiacabados;

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20. b) dependências e equipamentos adequados para as operações de recepção, toalete, maturação, fatiamento, fracionamento, embalagem, estocagem e expedição de derivados lácteos; e c) câmaras frigoríficas para a maturação e estocagem de queijos ou de outros derivados lácteos, com instrumentos para registro e controle da temperatura e da umidade relativa do ar, de acordo com o processo de fabricação e as especificações técnicas dos derivados lácteos. § 1o Sempre que uma Usina de Beneficiamento realizar também as atividades previstas para o Posto de Refrigeração, Fábrica de Laticínios ou Entreposto de Laticínios, devem ser atendidas as exigências estabelecidas para estas atividades neste Regulamento e em normas complementares. § 2o Sempre que uma Fábrica de Laticínios realizar também as atividades previstas para o Posto de Refrigeração ou Entreposto de Laticínios, devem ser atendidas as exigências estabelecidas para estas atividades neste Regulamento e em normas complementares. § 3o Todos os estabelecimentos em que se realize a operação de envase de derivados lácteos em pó devem possuir dependência específica dotada de ar filtrado e pressão positiva. § 4o Todos os estabelecimentos em que, no processo de fabricação, seja utilizada injeção direta de vapor ou o produto tenha contato direto com água aquecida por vapor, devem possuir equipamentos apropriados para a produção de vapor de grau culinário. § 5o Todos os estabelecimentos em que se realize fatiamento e fracionamento de produtos refrigerados devem dispor de ambiente climatizado para esses procedimentos. § 6o A Queijaria terá de ser vinculada a um Entreposto de Laticínios registrado, sendo o mesmo corresponsável em garantir a inocuidade do produto por meio da implantação e monitoramento de programas de sanidade do rebanho, de qualidade da matéria-prima e de autocontroles. § 7o Devem ser atendidas outras exigências em relação a dependências, instalações e equipamentos estabelecidas em normas complementares, em função das particularidades de produtos e processos produtivos. Art. 53. Os estabelecimentos destinados aos produtos de abelhas e derivados, de acordo com a classificação correspondente e finalidade, devem atender ainda as seguintes condições: I - dispor de dependências e equipamentos que obedeçam a um fluxograma contínuo, visando impedir contra-fluxo na sequência dos trabalhos de recepção, extração, classificação, beneficiamento, industrialização, acondicionamento, embalagem, rotulagem, armazenagem, expedição e outras necessárias, que atendam às condições higiênico-sanitárias e tecnológicas; e II - dispor de instalações para higienização de baldes e tambores, no caso de Entrepostos de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e Derivados. Art. 54. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal poderá exigir alterações na planta industrial, processos produtivos e fluxograma de operações, com o objetivo de assegurar a execução das atividades de inspeção, garantir a inocuidade do produto e a saúde do consumidor. Art. 55. Nenhum estabelecimento de produtos de origem animal poderá ultrapassar a capacidade de suas instalações e equipamentos aprovada pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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21. Art. 56. Poderá ser permitida a armazenagem de produtos de origem animal comestíveis de natureza distinta em uma mesma câmara, desde que haja compatibilidade em relação à temperatura de conservação, tipo de embalagem ou acondicionamento e espécie animal, quando se tratar de carnes e pescado em natureza. Art. 57. Poderá ser permitida a utilização de instalações e equipamentos destinados à fabricação de produtos de origem animal para o preparo de produtos que não estejam sujeitos ao registro pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, desde que não haja prejuízo das condições higiênico-sanitárias e da segurança dos produtos sob Inspeção Federal, ficando condicionada a permissão à avaliação dos perigos associados a cada produto. Parágrafo único. Nesses produtos não pode haver, impressos ou gravados, os carimbos oficiais de inspeção previstos neste Regulamento.

CAPÍTULO II DAS CONDIÇÕES DE HIGIENE

Art. 58. Os responsáveis pelos estabelecimentos devem assegurar que todas as etapas de fabricação dos produtos de origem animal sejam realizadas de forma higiênica, a fim de se obter produtos inócuos, que atendam aos padrões de qualidade, que não apresentem risco à saúde, à segurança e ao interesse do consumidor. § 1o O controle dos processos de fabricação deve ser desenvolvido e aplicado no estabelecimento, que deve possuir procedimentos de autocontrole e registros sistematizados auditáveis, que comprovem o atendimento aos requisitos higiênico-sanitários e tecnológicos estabelecidos neste Regulamento e nas normas complementares, desde a obtenção de matéria-prima e ingredientes até a expedição dos produtos. § 2o O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal estabelecerá os procedimentos oficiais de verificação dos controles dos processos de fabricação aplicados pelo estabelecimento, para assegurar a inocuidade e o padrão de qualidade dos produtos. Art. 59. Todas as dependências, equipamentos e utensílios dos estabelecimentos devem ser mantidos em condições de higiene, antes, durante e após a realização dos trabalhos industriais. Art. 60. Os pisos, paredes, equipamentos e utensílios devem ser higienizados diariamente e sempre que necessário, respeitando-se as particularidades de cada setor industrial, com o emprego de produtos saneantes previamente aprovados pela Instituição reguladora da Saúde. § 1o Durante os procedimentos de higienização, nenhuma matéria-prima ou produto deverá permanecer no local onde se realiza a operação de limpeza. § 2o Os procedimentos de higienização devem ser conduzidos de modo a evitar a contaminação cruzada entre os equipamentos e utensílios utilizados em produtos comestíveis e os utilizados em produtos não comestíveis. Art. 61. O destino das águas residuais decorrentes do processamento industrial e dos procedimentos de higienização deve estar em consonância com as exigências do órgão competente.

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22. Parágrafo único. Os ralos e as canaletas devem ser higienizados regularmente e as caixas de sedimentação devem ser mantidas limpas e vedadas Art. 62. Os estabelecimentos devem possuir programa eficaz e contínuo de controle integrado de pragas e vetores. § 1o Não será permitido o emprego de substâncias para o controle de pragas nas dependências destinadas à manipulação, no depósito de matérias-primas, produtos ou insumos. § 2o Quando utilizado, o controle químico deve ser executado por empresa especializada ou pessoal capacitado, conforme legislação específica, com produtos aprovados pela Instituição reguladora da Saúde. Art. 63. É proibida a presença de qualquer animal alheio ao processo nos estabelecimentos. Art. 64. Para o desenvolvimento das atividades industriais, todos os funcionários devem usar uniformes apropriados e higienizados. § 1o Para os funcionários que trabalham na manipulação e diretamente no processamento de produtos comestíveis, é obrigatório o uso de uniforme na cor branca. § 2o Para os funcionários que trabalham nas demais atividades industriais ou que executam funções que possam acarretar contaminação cruzada ao produto, os uniformes devem ser diferenciados por cores. Art. 65. Os funcionários envolvidos de forma direta ou indireta em todas as atividades industriais ficam obrigados a cumprir práticas de higiene pessoal e operacional que preservem a inocuidade dos produtos. Parágrafo único. Os funcionários que trabalham em setores onde se manipule material contaminado, ou onde exista maior risco de contaminação, não devem circular em áreas de menor risco de contaminação, de forma a evitar a contaminação cruzada. Art. 66. Deve ser prevista a separação de áreas ou a definição de fluxo de funcionários dos diferentes setores nas áreas de circulação comum, como refeitórios, vestiários, áreas de descanso e demais, de forma a prevenir a contaminação cruzada, respeitadas as particularidades das diferentes classificações de estabelecimentos. Art. 67. São proibidos o consumo e a guarda de alimentos, bem como o depósito de produtos, roupas, objetos e materiais estranhos às finalidades do setor onde se realizam trabalhos industriais. Art. 68. O Serviço de Inspeção Federal poderá, sempre que necessário, determinar melhorias e reformas nas instalações e equipamentos, de forma a mantê-los em bom estado de conservação e funcionamento, e minimizar os riscos de contaminação. Art. 69. As instalações de recepção e alojamento de animais vivos e depósito de resíduos industriais devem ser higienizados regularmente e, sempre que necessário, mediante o emprego de substâncias aprovadas pelo órgão competente.

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23. Art. 70. Durante todas as etapas de elaboração, desde a recepção até a expedição, incluindo o transporte, as matérias-primas, os insumos e os produtos devem ser mantidos em condições que previnam contaminações e transmissão de odores de qualquer natureza. Art. 71. Durante todas as etapas de elaboração, desde a recepção da matéria-prima até a expedição, incluindo o transporte, é proibido o uso de utensílios que, pela sua forma ou composição, possam comprometer a inocuidade da matéria-prima ou do produto. Art. 72. O responsável pelo estabelecimento deve implantar procedimentos para garantir que os funcionários que trabalham ou circulam em áreas de manipulação não sejam portadores de doenças que possam ser veiculadas aos alimentos. § 1o Deve ser apresentada comprovação médica atualizada, sempre que solicitada, de que os funcionários estão em boas condições de saúde para realização de suas funções. § 2o No caso de constatação ou suspeita de que o manipulador apresenta alguma enfermidade ou problema de saúde que possa comprometer a inocuidade dos produtos, o mesmo deve ser impedido de entrar em qualquer área de manipulação. Art. 73. Os reservatórios de água devem ser protegidos de contaminação externa e higienizados, a cada seis meses e sempre que necessário, devendo ser mantidos registros da operação, em consonância com o disposto nos programas de autocontrole do estabelecimento. Parágrafo único. As fábricas de gelo e os silos utilizados para seu armazenamento devem ser regularmente higienizados e protegidos contra contaminação. Art. 74. É proibido residir no corpo dos edifícios onde são realizadas atividades industriais com produtos de origem animal. Art. 75. As câmaras frigoríficas, antecâmaras, túneis de congelamento e equipamentos congeladores devem ser higienizados regularmente, respeitadas as suas particularidades, com o emprego de substâncias aprovadas pela Instituição reguladora da Saúde. Art. 76. No Barco Fábrica, devem ser adotados procedimentos operacionais de forma a impedir a contaminação dos produtos com águas residuais do fundo do porão, combustível, óleos lubrificantes ou outras substâncias nocivas. Art. 77. É obrigatória a higienização de recipientes e dos veículos transportadores de matérias-primas e produtos. Parágrafo único. Nos estabelecimentos de leite e nos Entrepostos de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e Derivados é obrigatória a higienização dos vasilhames antes da sua devolução. Art. 78. Nos ambientes onde há risco imediato de contaminação de utensílios e equipamentos, é obrigatória a existência de dispositivos ou mecanismos que promovam a sanitização com água renovável à temperatura mínima de 85ºC (oitenta e cinco graus Celsius) ou o emprego de substâncias saneantes ou outro método com equivalência reconhecida pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CAPÍTULO III DAS OBRIGAÇÕES DO ESTABELECIMENTO

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24. Art. 79. Ficam os responsáveis pelos estabelecimentos sob Inspeção Federal obrigados a: I - atender o disposto neste Regulamento e em normas complementares; II - disponibilizar, sempre que necessário, pessoal para auxiliar a execução dos trabalhos de inspeção, conforme normas específicas estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal; III - disponibilizar instalações, equipamentos e materiais julgados indispensáveis aos trabalhos de inspeção e fiscalização; IV - fornecer os dados estatísticos de interesse do Serviço de Inspeção Federal, alimentando o sistema informatizado do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal até o décimo dia útil de cada mês subseqüente ao transcorrido e sempre que solicitado; V - manter atualizado os dados cadastrais de interesse do Serviço de Inspeção Federal, conforme estabelecido em normas complementares; VI - avisar antecipadamente, em 12 (doze) horas, no mínimo, sobre a realização de trabalhos nos estabelecimentos sob inspeção permanente, mencionando sua natureza, hora de início e de provável conclusão; VII - avisar antecipadamente, em 24 (vinte e quatro) horas no mínimo, nos estabelecimentos sob inspeção periódica, sobre a paralisação ou reinício, parcial ou total, das atividades industriais, troca ou instalação de equipamentos e expedição de produtos que requeiram certificação sanitária; VIII - fornecer material, utensílios e substâncias específicas para os trabalhos de colheita, acondicionamento, inviolabilidade e remessa das amostras oficiais aos laboratórios; IX - manter locais apropriados para recepção e guarda de matérias-primas e produtos sujeitos à reinspeção, e para seqüestro de carcaças ou partes de carcaça, matérias-primas e produtos suspeitos; X - fornecer substâncias específicas para desnaturação e descaracterização visual permanente de produtos condenados, quando não houver instalações para sua transformação imediata; XI - dispor de controle de temperaturas das matérias-primas e produtos, do ambiente e do processo tecnológico empregado, conforme estabelecido em normas complementares; XII - manter registros diários auditáveis da recepção de animais, matérias-primas e insumos, especificando procedência, quantidade e qualidade, controles do processo de fabricação, produtos fabricados, estoque, expedição e destino dos mesmos, que devem estar sempre disponíveis para consulta pelo Serviço de Inspeção Federal; XIII - manter equipe regularmente treinada e habilitada para execução das atividades do estabelecimento; XIV - garantir o acesso de servidores do Serviço de Inspeção Federal a todas as instalações do estabelecimento para a realização dos trabalhos de inspeção, fiscalização, supervisão, auditoria, colheita de amostras, verificação de documentos ou outros procedimentos de inspeção e fiscalização industrial e sanitária previstos neste Regulamento; e XV - dispor de programa de recolhimento dos produtos por ele elaborados e eventualmente expostos à venda, quando for constatado desvio no controle de processo ou outra não-conformidade que possa incorrer em risco à saúde ou aos interesses do consumidor. § 1o Os materiais e equipamentos necessários às atividades de inspeção fornecidos pelos estabelecimentos constituem seu patrimônio, mas ficam à disposição e sob a responsabilidade do Serviço de Inspeção Federal local. § 2o No caso de cancelamento de registro ou registro descentralizado, o estabelecimento fica obrigado a inutilizar a rotulagem existente em estoque, sob supervisão do Serviço de Inspeção Federal.

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25. Art. 80. O estabelecimento deve dispor de mecanismos de controle para assegurar a rastreabilidade das matérias-primas e produtos, com disponibilidade de informações de toda a cadeia produtiva, em consonância com este Regulamento e com as normas complementares. Parágrafo único. Para fins de rastreabilidade da origem do leite, fica proibida a recepção de leite cru refrigerado transportado em veículo de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas não vinculadas, formal e comprovadamente, ao Programa de Coleta a Granel dos estabelecimentos sob Inspeção Federal. Art. 81. Os estabelecimentos devem apresentar toda documentação solicitada pelo Serviço de Inspeção Federal, seja ela de natureza contábil, analítica ou registros de controle de recepção, estoque, produção, expedição ou quaisquer outros necessários às atividades de fiscalização. Art. 82. Os estabelecimentos devem possuir responsável técnico na condução dos trabalhos de natureza higiênico-sanitária e tecnológica, cuja formação profissional deve atender ao disposto em legislação específica, comunicando ao Serviço de Inspeção Federal local sobre as eventuais substituições. Art. 83. Os estabelecimentos sob Inspeção Federal não podem receber produto de origem animal destinado ao consumo humano sem que este seja claramente identificado como oriundo de outro estabelecimento sob Inspeção Federal. Parágrafo único. É permitida a entrada de matérias-primas e produtos de origem animal procedentes de estabelecimentos registrados em outros âmbitos de Inspeção, desde que haja reconhecimento da equivalência deste serviço de inspeção junto ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

TÍTULO V DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA

CAPÍTULO I

DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE CARNES E DERIVADOS Art. 84. Nos estabelecimentos sob Inspeção Federal, é permitido o abate de bovídeos, equídeos, suídeos, ovinos, caprinos, aves domésticas e lagomorfos, bem como de animais exóticos, animais silvestres e pescado, usados na alimentação humana, desde que atendidas as demais disposições deste Regulamento. § 1o O abate de diferentes espécies em um mesmo estabelecimento pode ser realizado desde que haja instalações e equipamentos específicos para a finalidade. § 2o O abate pode ser realizado desde que seja evidenciada a completa segregação entre as diferentes espécies e seus respectivos produtos durante todas as etapas do processo operacional, respeitadas as particularidades de cada espécie, inclusive quanto à higienização das instalações e equipamentos.

Seção I Da Inspeção Ante Mortem

Art. 85. O recebimento de animais para abate em qualquer dependência do estabelecimento sob Inspeção Federal deve ser feita com prévio conhecimento dela.

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26. § 1o A empresa deve verificar os documentos de trânsito animal e assegurar a procedência dos animais por ocasião do recebimento e desembarque dos mesmos. § 2o Os animais devem ser desembarcados e alojados em instalações apropriadas e exclusivas, respeitadas as particularidades de cada espécie, onde aguardarão avaliação pelo Serviço de Inspeção Federal, que julgará as condições físicas e sanitárias de cada lote, registrando em documento específico. § 3o Qualquer caso suspeito implica o exame clínico dos animais envolvidos, procedendo-se, quando necessário, ao isolamento de todo o lote e aplicando-se ações de sanidade animal que cada caso exigir. § 4o Os animais que chegarem em veículos transportadores lacrados por determinações sanitárias só podem ser desembarcados na presença do Inspetor do Serviço de Inspeção Federal. § 5o Sempre que o Serviço de Inspeção Federal julgar necessário, os documentos de procedência com informações de interesse sobre o lote devem estar disponíveis com no mínimo 24 (vinte e quatro) horas de antecedência para avaliação. Art. 86. Quando houver suspeita de doenças infectocontagiosas de notificação imediata determinada pelo serviço oficial de sanidade animal, além das medidas já estabelecidas, cabe ao Serviço de Inspeção Federal proceder como se segue: I - notificar ao serviço oficial de sanidade animal primeiramente na área de jurisdição do estabelecimento; II - isolar os animais suspeitos e manter o lote sob observação enquanto se aguarda definição das medidas epidemiológicas de sanidade animal a serem adotadas; e III - determinar a imediata desinfecção dos locais, equipamentos e utensílios que possam ter tido contato com resíduos dos animais ou qualquer outro material que possa ter sido contaminado, atendendo as recomendações estabelecidas pelo serviço oficial de sanidade animal. Art. 87. Nos casos em que no ato da inspeção ante mortem os animais sejam suspeitos de zoonoses, enfermidades infectocontagiosas ou tenham apresentado reação inconclusiva ou positiva em testes diagnósticos para essas enfermidades, o abate deve ser realizado em separado dos demais animais, adotando-se as medidas profiláticas cabíveis. Parágrafo único. No caso de suspeita de outras doenças não previstas neste Regulamento, o abate deve ser realizado também em separado, para melhor estudo das lesões e verificações complementares. Art. 88. O responsável pelo estabelecimento é obrigado a adotar medidas para evitar maus tratos aos animais, aplicando ações que visam à proteção e bem-estar animal, desde o embarque na propriedade de origem até o momento do abate. Art. 89. É proibido o abate de animais que não tenham permanecido em descanso, jejum e dieta hídrica, respeitadas as particularidades de cada espécie. Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal estabelecerá parâmetros referentes ao descanso, jejum e dieta hídrica dos animais em regulamento técnico específico ou outra norma complementar.

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27. Art. 90. É obrigatória a realização do exame ante mortem dos animais destinados ao abate, por Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal, de acordo com o disposto em normas complementares. Art. 91. Nenhum animal pode ser abatido sem autorização do Serviço de Inspeção Federal. Art. 92. É proibido o abate de aves que apresentem repleção do trato gastrintestinal. Art. 93. As fêmeas em gestação adiantada ou com sinais de parto recente, não portadoras de doença infectocontagiosa, podem ser retiradas do estabelecimento para melhor aproveitamento. Parágrafo único. As fêmeas com sinais de parto recente ou aborto só podem ser abatidas no mínimo 10 (dez) dias depois do parto, desde que não sejam portadoras de doença infectocontagiosa, caso em que são julgadas de acordo com este Regulamento. Art. 94. Animais com sinais clínicos de paralisia decorrente de alterações metabólicas ou patológicas devem ser destinados ao abate de emergência. Parágrafo único. No caso de paralisia decorrente de alterações metabólicas, é permitido retirar os animais para tratamento. Art. 95. É proibido o abate de suídeos não castrados ou que mostrem sinais de castração recente. Parágrafo único. É permitido o abate de suideos castrados por métodos não cirúrgicos, desde que o processo seja aprovado pela autoridade competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 96. Quando no exame ante mortem forem constatados casos isolados de doenças não contagiosas, que permitam o aproveitamento condicional ou impliquem a condenação total do animal, deve ele ser abatido ao final do abate ou em instalações específicas para este fim. Art. 97. Os animais de abate que apresentam alterações de temperatura, hipotermia ou hipertermia, podem ser condenados levando-se em consideração as condições climáticas, de transporte e os demais sinais clínicos apresentados, conforme normas complementares. Parágrafo único. Este artigo não se aplica às espécies de abate em que não é realizada a termometria. Art. 98. A existência de animais mortos ou impossibilitados de locomoção em veículos transportadores, nas instalações para recepção e acomodação de animais ou em qualquer dependência do estabelecimento deve ser imediatamente levada ao conhecimento do Serviço de Inspeção Federal, para providenciar o sacrifício ou necropsia, bem como determinar as medidas que se façam necessárias. § 1o As aves e pequenos animais recebidos mortos nas plataformas devem ser acondicionados em recipientes herméticos fechados até a realização da necropsia. § 2o As necropsias devem ser realizadas em local específico, previsto neste Regulamento.

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28. Art. 99. Quando o Serviço de Inspeção Federal autorizar o transporte de animais mortos ou agonizantes para o Departamento de Necropsia deve ser utilizado veículo ou continente especial, apropriado, impermeável e que permita desinfecção logo após seu uso. § 1o No caso de animais mortos com suspeita de doença infectocontagiosa, deve ser feito o tamponamento das aberturas naturais do animal antes do transporte, de modo a ser evitada a disseminação das secreções e excreções. § 2o Confirmada a suspeita, o animal morto deve ser incinerado ou autoclavado em equipamento próprio, que permita a destruição do agente. § 3o As aves necropsiadas podem ser encaminhadas ao setor ou estabelecimento que processa produtos não comestíveis. § 4o Concluídos os trabalhos de necropsias, o veículo ou continente utilizado no transporte, o piso da dependência e todos os equipamentos e utensílios que entraram em contato com o animal devem ser lavados e desinfetados. Art. 100. O Serviço de Inspeção Federal levará ao conhecimento do serviço oficial de sanidade animal o resultado das necropsias que evidenciarem doenças infectocontagiosas, remetendo, quando necessário, material para diagnóstico aos laboratórios oficiais ou credenciados, conforme recomendações do setor em questão. Art. 101. O lote de animais no qual se verifique qualquer caso de morte natural só deve ser abatido depois do resultado da necropsia, respeitadas as particularidades das diferentes espécies de abate. Parágrafo único. Considerando-se as particularidades de cada espécie, deve ser realizada a necropsia sempre que a mortalidade registrada no lote de animais, até o momento do abate, for considerada superior àquela estabelecida nas normas complementares ou quando houver suspeita clínica de enfermidades, a critério do Serviço de Inspeção Federal. Art. 102. A inspeção ante mortem de répteis se aplica aos jacarés e quelônios. § 1o Na inspeção ante mortem de jacarés, devem ser observados os seguintes critérios: I - se os animais apresentarem estado de caquexia devem ser abatidos em separado ou no final do processo normal de abate e condenados; II - se apresentarem lesões provenientes de canibalismo, quando oriundos de confinamento, podem ser afastados do abate para recuperação; e III - se apresentarem outras lesões ou afecções não provenientes de canibalismo, devem ser separados para melhor avaliação e destino. § 2o Na inspeção ante mortem de quelônios, devem ser observados: I - os aspectos sanitários e nutricionais no casco; II - a inspeção visual e tátil da carapaça, plastrão, pontes, narinas, olhos, pele e garras; e III - a presença de secreções leitosas ou purulentas nas narinas, edemas generalizados dos membros, feridas e abrasões na pele, presença de ectoparasitas, letargia e dificuldade de movimentação, não retração dos apêndices quando manipulados, conjuntivites infecciosas, ceratoconjuntivites, ceratites, exoftalmia, ou outras doenças e afecções, devendo ser abatidos em separado. Art. 103. A inspeção ante mortem de anfíbios se aplica às rãs.

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29. § 1o Na inspeção ante mortem, as rãs devem apresentar postura normal, olhos vivos, pele úmida e brilhante. § 2o Os animais que apresentem sinais de contusão ou esmagamento, edema generalizado, apatia, abdômen inchado, hemorragias pelas aberturas naturais ou pele, manchas avermelhadas, ulcerações na pele, cabeça encolhida ou outras afecções devem ser abatidos em separado. Art. 104. A inspeção de pescado abrange os procedimentos de depuração, insensibilização, sangria, abate e transporte de peixes de cultivo, realizados em propriedade rural, fazenda de cultivo ou equivalente, considerando os preceitos de bem-estar animal e risco mínimo de veiculação e disseminação de doenças, e, ainda, outros procedimentos equivalentes aos aplicados para as demais espécies animais de abate, definidos neste Regulamento e em normas complementares. Art. 105. A empresa é obrigada a fornecer, previamente ao abate, a documentação necessária para a verificação pelo Serviço de Inspeção Federal das condições sanitárias do lote e programação de abate, constando dados referentes à rastreabilidade, número de animais ingressos no estabelecimento, procedência, espécie, sexo, idade, meio de transporte, hora de chegada e demais exigências previstas em legislação específica. Art. 106. Abate de emergência é o abate dos animais que chegam ao estabelecimento em precárias condições de saúde, impossibilitados ou não de atingirem a dependência de abate por seus próprios meios, bem como dos que foram excluídos do abate normal, após exame ante mortem. Parágrafo único. Devem ser abatidos de emergência animais doentes, que apresentem sinais de doenças infectocontagiosas de notificação imediata, agonizantes, contundidos, com fraturas, hemorragia, hipotermia ou hipertemia, impossibilitados de locomoção, com sinais clínicos neurológicos e outros estados conforme normas complementares. Art. 107. Nos casos de dúvida no diagnóstico de processo septicêmico, o Serviço de Inspeção Federal realizará colheita de material para análise laboratorial, principalmente quando houver inflamação dos intestinos, úbere, útero, articulações, pulmões, pleura, peritônio ou lesões supuradas e gangrenosas. Parágrafo único. Quando se tratar de animais com sinais clínicos neurológicos, o Serviço de Inspeção Federal poderá realizar colheita de material para envio a laboratórios oficiais ou credenciados para diagnóstico, atendendo ao disposto em normas complementares. Art. 108. É proibido o abate de emergência na ausência de Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal. Art. 109. São considerados impróprios para consumo humano os animais que, abatidos de emergência, se enquadrem nos casos de condenação previstos neste Regulamento ou em normas complementares. Art. 110. As carcaças de animais abatidos de emergência que não foram condenadas, podem ser destinadas ao aproveitamento condicional ou, não havendo qualquer comprometimento sanitário, liberadas, conforme previsto neste Regulamento ou em normas complementares. Art. 111. As carcaças de animais que tenham morte acidental nas dependências do estabelecimento, desde que imediatamente sangrados, podem ser destinadas ao aproveitamento condicional.

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30. Parágrafo único. Nesses casos, o Serviço de Inspeção Federal deve avaliar a quantidade de sangue retida na musculatura, fenômenos congestivos das vísceras, sobretudo fígado, rins, baço e do tecido subcutâneo, verificar se a face interna da pele está ressecada, avaliando ainda a presença de congestão hipostática, se a ferida de sangria tem ou não suas bordas infiltradas de sangue, a coloração da parede abdominal e odor no momento da evisceração, além de outros sinais e informações que obtenha, para julgar se a sangria e a evisceração foram ou não realizadas a tempo.

Seção II

Do Processo de Abate dos Animais Art. 112. Só é permitido o abate humanitário de animais utilizando-se prévia insensibilização, baseada em princípios científicos, seguida de imediata sangria. § 1o Os métodos empregados para cada espécie animal devem ser aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, cujas especificações e procedimentos serão estabelecidos em normas complementares. § 2o É facultado o abate de animais de acordo com preceitos religiosos, desde que seus produtos sejam destinados total ou parcialmente ao consumo por comunidade religiosa que os requeira, ou ao comércio internacional com países que façam essa exigência. § 3o Os estabelecimentos autorizados a realizar o abate de animais para atender preceitos religiosos deverão dispor de instalações, equipamentos e utensílios adequados a esta finalidade e as operações deverão ser executadas em consonância com o disposto neste Regulamento. Art. 113. Antes de chegar à dependência de abate, os animais devem passar por banho de aspersão com água suficiente para promover a limpeza e remoção de sujidades, conforme normas complementares. Parágrafo único. O banho de aspersão pode ser dispensado atendendo às particularidades de cada espécie. Art. 114. A sangria deve ser a mais completa possível e realizada com o animal suspenso pelos membros posteriores ou por outro método aprovado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. Nenhuma manipulação pode ser iniciada antes que o sangue tenha escoado o máximo possível, respeitando o período mínimo previsto em normas complementares. Art. 115. As aves podem ser depenadas por quaisquer dos seguintes processos: I - a seco; II - após escaldagem em água previamente aquecida e com renovação contínua; ou III - outro processo autorizado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. A depenagem pode ser seguida ou não de imersão em substâncias adesivas. Art. 116. É obrigatória a depilação completa de toda a carcaça de suídeos pela prévia escaldagem em água quente ou processo similar aprovado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de

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31. Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sempre que for entregue ao consumo com pele. § 1o A operação depilatória pode ser completada manualmente ou por meio de equipamento apropriado, e as carcaças devem ser lavadas após a execução do referido processo. § 2o É proibido o chamuscamento de suídeos sem escaldagem e depilação prévias. § 3o É obrigatória a renovação contínua da água nos sistemas de escaldagem dos suídeos. § 4o Pode ser autorizado o emprego de coadjuvantes de tecnologia na água de escaldagem, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 117. O Serviço de Inspeção Federal pode determinar a interrupção do abate ou a redução na velocidade de abate aprovada, sempre que julgar necessário, até que sejam sanadas as deficiências observadas. Art. 118. A evisceração deve ser realizada em local que permita pronto exame das vísceras, de forma que não ocorram contaminações. § 1o A evisceração não deve ser retardada. § 2o Caso ocorra retardamento da evisceração, as carcaças e vísceras serão julgadas de acordo com o disposto em normas complementares. § 3o O Serviço de Inspeção Federal deve aplicar as medidas preconizadas no capítulo inspeção post mortem, no caso de contaminação das carcaças no momento da evisceração. Art. 119. Quando se tratar de partes de carcaças destinadas ao consumo humano, estas devem manter correspondência com a carcaça ou grupo de carcaças e suas vísceras, respeitando-se as particularidades de cada espécie, e não podem ser aproveitadas ou condenadas antes da avaliação do Serviço de Inspeção Federal. § 1o A cabeça, antes de removida do corpo do animal, deve ser marcada para permitir identificação com a respectiva carcaça e suas vísceras, respeitando-se as particularidades de cada espécie. § 2o É de responsabilidade do estabelecimento a manutenção da correlação entre carcaça e vísceras e o sincronismo entre estas nas linhas de inspeção. Art. 120. É permitida a insuflação como método auxiliar no processo tecnológico da esfola e desossa das espécies de abate, desde que previamente aprovada pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 1o O ar utilizado na insuflação deve ser submetido a um processo de purificação de forma que garanta a sua qualidade física, química e microbiológica final, devendo ser monitorado regularmente por meio de análises laboratoriais. § 2o É permitida a insuflação dos pulmões para atender às exigências de abate segundo preceitos religiosos.

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32. Art. 121. Todas as carcaças, partes de carcaças, órgãos e vísceras, ao serem armazenadas em câmaras frigoríficas onde já se encontrem outras matérias-primas, devem ser previamente resfriadas ou congeladas, dependendo da especificação do produto. Art. 122. As carcaças ou partes de carcaças, quando submetidas a processo de resfriamento pelo ar, devem ser penduradas em câmaras frigoríficas e dispostas de modo que haja suficiente espaço entre cada peça, e entre elas e as paredes, colunas e pisos. Parágrafo único. É proibido depositar carcaças e produtos diretamente sobre o piso. Art. 123. O Serviço de Inspeção Federal deve verificar o cumprimento dos procedimentos de desinfecção de dependências e equipamentos na ocorrência de doenças infectocontagiosas, no sentido de evitar contaminações cruzadas.

Seção III Da Inspeção Post Mortem - Aspectos Gerais

Art. 124. Nos procedimentos de inspeção post mortem, o Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal pode ser auxiliado por agentes de inspeção e auxiliares, devidamente capacitados. Parágrafo único. A equipe de inspeção deverá ser suficiente para a execução das atividades, conforme estabelecido em normas complementares. Art. 125. A inspeção post mortem consiste no exame da carcaça, partes da carcaça, cavidades, órgãos, vísceras, tecidos e linfonodos, realizado por visualização, palpação, olfação e incisão, quando necessário, e demais procedimentos definidos em normas complementares, específicas para cada espécie animal. Art. 126. Todos os órgãos, vísceras e partes de carcaça devem ser examinados na dependência de abate, imediatamente depois de removidos das carcaças, assegurada sempre a correspondência entre eles. Art. 127. Toda carcaça, partes de carcaça e órgãos com lesões ou anormalidades que possam torná-los impróprios para o consumo devem ser assinalados pela equipe do Serviço de Inspeção Federal e diretamente conduzidos ao Departamento de Inspeção Final - DIF, onde são julgados após exame completo. § 1o O julgamento e o destino de carcaças, partes de carcaça e órgãos são atribuição do Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal. § 2o Tais carcaças, partes de carcaça e órgãos não podem ser subdivididos ou removidos para outro local sem autorização expressa do Serviço de Inspeção Federal. § 3o Quando se tratar de doenças infectocontagiosas, o destino dado aos órgãos deve ser similar àquele dado à respectiva carcaça. § 4o As carcaças, partes de carcaças ou órgãos condenados ficarão sequestrados pelo Serviço de Inspeção Federal e serão removidos do DIF por meio de tubulações específicas (chutes), carrinhos especiais ou outros recipientes apropriados e identificados para este fim.

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33. § 5o Todo material condenado deve ser desnaturado ou sequestrado pelo Serviço de Inspeção Federal quando não possa ser processado no dia do abate ou nos casos em que forem transportados para transformação em outro estabelecimento. Art. 128. É proibida a remoção, raspagem ou qualquer prática que possa mascarar lesões das carcaças ou órgãos antes do exame pelo Serviço de Inspeção Federal. Art. 129. As carcaças julgadas em condições de consumo devem ser marcadas com carimbos previstos neste Regulamento, sob supervisão do Serviço de Inspeção Federal. Parágrafo único. Pode ser dispensado o uso de carimbo em aves, lagomorfos e pescados, respeitadas as particularidades de cada espécie. Art. 130. O Serviço de Inspeção Federal local nos estabelecimentos de abate deve disponibilizar, sempre que requerido pelos proprietários dos animais que tenham sido abatidos, laudo em que constem as eventuais enfermidades ou patologias diagnosticadas durante a realização da inspeção sanitária. § 1o Os estabelecimentos onde os abates tenham sido efetuados ficam responsáveis pela entrega, mediante recibo, dos mencionados laudos aos proprietários dos animais, retornando cópias acusando o recebimento para arquivo no Serviço de Inspeção Federal local. § 2o A notificação mencionada aos proprietários dos animais abatidos não dispensa o Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação de fornecer os resultados das inspeções sanitárias aos serviços oficiais de sanidade animal. Art. 131. Durante os procedimentos de inspeção ante mortem e post mortem, o julgamento dos casos não previstos neste Regulamento fica a critério do Serviço de Inspeção Federal, que deve direcionar suas ações principalmente para a preservação da inocuidade do produto, da saúde pública e da sanidade animal. Parágrafo único. Quando houver dúvida sobre o diagnóstico a ser firmado, deve ser colhido material e encaminhado para exame laboratorial, podendo as carcaças e vísceras permanecer seqüestradas em instalações específicas. Art. 132. Devem ser condenadas as carcaças, partes de carcaça e órgãos que apresentem abscessos múltiplos ou disseminados com repercussão no estado geral da carcaça, podendo-se ainda adotar os seguintes procedimentos: I - devem ser condenadas carcaças, partes de carcaça ou órgãos que sejam contaminadas acidentalmente com material purulento; II - devem ser condenadas as carcaças com alterações gerais como caquexia, anemia ou icterícia decorrentes de processo purulento; III - devem ser destinadas a tratamento pelo calor, a critério do Serviço de Inspeção Federal, as carcaças que apresentem abscessos múltiplos em vários órgãos ou partes da carcaça, sem repercussão no estado geral desta, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas; IV - podem ser liberadas as carcaças que apresentem abscessos múltiplos, em um único órgão ou parte da carcaça, com exceção dos pulmões, sem repercussão nos linfonodos ou no estado geral da carcaça, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas; e V - podem ser liberadas as carcaças que apresentem abscessos localizados, depois de removidos e condenados os órgãos e as áreas atingidas.

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34. Art. 133. Devem ser condenadas as carcaças que apresentem lesões generalizadas ou lesões localizadas de actinomicose e actinobacilose nos locais de eleição com repercussão no estado geral da carcaça, podendo-se ainda adotar os seguintes procedimentos: I - quando as lesões são localizadas, comprometendo os pulmões, mas sem repercussão no estado geral da carcaça, permite-se o aproveitamento condicional desta para esterilização pelo calor, depois de condenados os órgãos atingidos; II - quando a lesão é discreta e limitada à língua, comprometendo ou não os linfonodos correspondentes, permite-se o aproveitamento condicional da carne de cabeça para esterilização pelo calor, depois de removidos e condenados a língua e seus linfonodos; III - quando as lesões são localizadas, sem comprometimento dos linfonodos e outros órgãos, e a carcaça encontrar-se em bom estado geral, esta pode ser liberada para o consumo, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas; e IV - devem ser condenadas as cabeças com lesões de actinomicose, exceto quando a lesão óssea for discreta e estritamente localizada, sem supuração ou trajetos fistulosos. Art. 134. Devem ser condenadas as carcaças de animais acometidos de afecções extensas do tecido pulmonar, em processo agudo ou crônico, purulento, necrótico, gangrenoso, fibrinoso, associado ou não com outras complicações e com repercussão no estado geral da carcaça. § 1o A carcaça de animais acometidos de afecções pulmonares, em processo agudo ou em fase de resolução, abrangendo o tecido pulmonar e a pleura, com exsudato e com repercussão na cadeia linfática regional, mas sem repercussão no estado geral da carcaça, deve ser destinada ao tratamento pelo calor, a critério do Serviço de Inspeção Federal. § 2o Nos casos de aderências pleurais sem qualquer tipo de exsudato, resultantes de processos patológicos resolvidos e sem repercussão na cadeia linfática regional, a carcaça pode ser liberada para o consumo, após a remoção das áreas atingidas. § 3o Os pulmões que apresentem lesões patológicas de origem inflamatória, infecciosa, parasitária, traumática ou pré-agônica devem ser condenados, sem prejuízo do exame das características gerais da carcaça. Art. 135. Devem ser condenadas as carcaças de animais que apresentem septicemia, piemia, toxemia ou viremia, cujo consumo possa causar infecção ou intoxicação alimentar. Art. 136. Devem ser condenadas as carcaças e órgãos de animais com sorologia positiva para brucelose, quando em estado febril no exame ante mortem. § 1o Os animais que tiverem reagido positivamente a testes diagnósticos para brucelose devem ser abatidos separadamente, e suas carcaças, órgãos e vísceras devem ser encaminhados obrigatoriamente ao DIF. § 2o Devem ser destinadas ao tratamento pelo calor, a critério do Serviço de Inspeção Federal, as carcaças que apresentem lesões localizadas, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. § 3o Devem ser condenados o úbere, o trato genital e o sangue de animais que tenham apresentado reação positiva a teste diagnóstico, mesmo na ausência de lesões indicativas de brucelose, podendo a carcaça ser liberada para consumo em natureza.

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35. Art. 137. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais em estado de caquexia. Art. 138. Devem ser condenadas as carcaças de animais portadoras de carbúnculo hemático, inclusive peles, chifres, cascos, pêlos, órgãos, vísceras, conteúdo intestinal, sangue e gordura, impondo-se a imediata execução das seguintes medidas: I - não podem ser evisceradas as carcaças de animais com suspeita de carbúnculo hemático; II - quando o reconhecimento ocorrer depois da evisceração, impõe-se imediatamente a desinfecção de todos os locais que possam ter tido contato com resíduos do animal, tais como áreas de sangria, pisos, paredes, plataformas, facas, serras, ganchos, equipamentos em geral, bem como o uniforme dos funcionários e qualquer outro material que possa ter sido contaminado; III - uma vez constatada a presença de carbúnculo, o abate deve ser interrompido e imediatamente iniciada a desinfecção; IV - recomenda-se para desinfecção o emprego de uma solução de hidróxido de sódio a 5% (cinco por cento), hipoclorito de sódio a 1% (um por cento) ou outro produto com eficácia comprovada; V - devem ser tomadas as precauções necessárias junto aos funcionários que entraram em contato com o material carbunculoso, aplicando-se as regras de higiene e antissepsia pessoal com produtos de eficácia comprovada, devendo ser encaminhados ao serviço médico como medida de precaução; VI - todas as carcaças e partes de carcaças, inclusive pele, cascos, chifres, órgãos, vísceras e seu conteúdo, que entraram em contato com animais ou material infeccioso, devem ser condenados; e VII - a água do tanque de escaldagem de suínos por onde tenha passado animal carbunculoso deve ser desinfetada e imediatamente removida para o esgoto. Art. 139. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais acometidos de carbúnculo sintomático. Art. 140. Devem ser condenadas as carcaças de animais que apresentem alterações musculares acentuadas e difusas, bem como quando exista degenerescência do miocárdio, fígado, rins ou reação do sistema linfático, acompanhada de alterações musculares. § 1o Devem ser condenadas as carcaças cujas carnes se apresentem flácidas, edematosas, de coloração pálida, sanguinolenta e com exsudação e sejam provenientes de animais que tenham sido abatidos quando em estado febril. § 2o Podem ser destinadas à salga, tratamento pelo calor ou condenação total, a critério do Serviço de Inspeção Federal, as carcaças com alterações por estresse ou fadiga dos animais. Art. 141. Devem ser condenadas as carcaças, partes de carcaças, órgãos e vísceras com aspecto repugnante, congestas, com coloração anormal ou com degenerações. Parágrafo único. São também condenadas as carcaças em processo putrefativo, que exalem odores medicamentosos, urinários, sexuais, excrementícios ou outros considerados anormais. Art. 142. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras sanguinolentos ou hemorrágicos, uma vez que a alteração seja consequência de doenças ou afecções de caráter sistêmico. Parágrafo único. Devem ser condenadas ou destinadas ao tratamento pelo calor, a critério do Serviço de Inspeção Federal, as carcaças, órgãos e vísceras de animais mal sangrados.

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36. Art. 143. Devem ser condenados os fígados com cirrose atrófica ou hipertrófica. Parágrafo único. Podem ser liberadas as carcaças no caso do caput, desde que não estejam comprometidas. Art. 144. Devem ser condenados os órgãos com alterações como congestão, infartos, degeneração gordurosa, angiectasia, hemorragias ou coloração anormal, relacionados ou não a processos patológicos sistêmicos. Art. 145. As carcaças, partes de carcaça ou órgãos que apresentem área extensa de contaminação por conteúdo gastrintestinal, urina, leite, bile, pus ou outra contaminação de qualquer natureza devem ser condenadas quando não for possível a remoção completa da área contaminada. § 1o Nos casos em que não seja possível delimitar perfeitamente as áreas contaminadas, mesmo após a sua remoção, as carcaças, suas partes ou órgãos devem ser destinadas à esterilização pelo calor. § 2o Quando for possível a remoção completa das áreas contaminadas, as carcaças, partes de carcaça ou órgão podem ser liberadas. § 3o No caso de aves e lagomorfos, devem ser condenadas as carcaças e os cortes que entrarem em contato com o piso e materiais estranhos em qualquer fase do processo. Art. 146. Devem ser condenadas as carcaças de animais que apresentem contusão generalizada ou múltiplas fraturas. § 1o Devem ser destinadas ao tratamento pelo calor as carcaças que apresentarem lesões extensas, mas sem o comprometimento de toda a carcaça, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. § 2o Podem ser liberadas as carcaças que apresentem contusão, fratura ou luxação localizada, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. Art. 147. Devem ser condenadas as carcaças que no exame post mortem apresentem edema generalizado. Parágrafo único. Nos casos discretos e localizados, devem ser removidas e condenadas as partes das carcaças e órgãos que apresentem infiltrações edematosas. Art. 148. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais parasitados por Oesophagostomum sp (esofagostomose) quando houver caquexia. Parágrafo único. Podem ser liberados os intestinos ou partes dos intestinos que apresentem nódulos em pequeno número. Art. 149. Devem ser condenados os pâncreas infectados por parasitas do gênero Eurytrema, causadores de euritrematose. Art. 150. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais parasitados por Fasciola hepatica, quando houver caquexia ou icterícia.

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37. Art. 151. Devem ser condenados os fetos procedentes do abate de fêmeas gestantes. Art. 152. Devem ser condenadas as línguas que apresentem glossite. Art. 153. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais que apresentem cisto hidático, quando houver caquexia. Parágrafo único. Podem ser liberados órgãos e vísceras que apresentem lesões periféricas, calcificadas e circunscritas, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. Art. 154. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais que apresentem icterícia. Parágrafo único. Podem ser liberadas as carcaças de animais que apresentem gordura de cor amarela decorrente de fatores nutricionais ou características raciais. Art. 155. Devem ser condenadas as carcaças provenientes de animais sacrificados após a ingestão acidental de produtos tóxicos ou em virtude de tratamento por substância medicamentosa. § 1o Quando a lesão for restrita aos órgãos e sugestiva de intoxicação por plantas tóxicas, pode ser dado à carcaça aproveitamento condicional ou liberação para o consumo, a critério do Serviço de Inspeção Federal. § 2o Nos casos em que fique evidenciada a falta de informações sobre o cumprimento do prazo de carência do uso de drogas, o Serviço de Inspeção Federal pode sequestrar os lotes de animais ou produtos até que sejam realizadas análises laboratoriais que permitam decisão acerca de sua destinação. Art. 156. Devem ser condenados os corações com lesões de miocardite, endocardite e pericardite. § 1o Devem ser condenadas ou destinadas ao tratamento pelo calor, a critério do Serviço de Inspeção Federal, as carcaças de animais com lesões cardíacas, sempre que houver repercussão no seu estado geral. § 2o Podem ser liberadas as carcaças de animais com lesões cardíacas, desde que não haja comprometimento da carcaça, a critério do Serviço de Inspeção Federal. Art. 157. Devem ser condenados os rins com lesões tais como nefrites, nefroses, pielonefrites, uronefroses, cistos urinários ou outras infecções, devendo-se ainda verificar se estas lesões estão ou não relacionadas a doenças infectocontagiosas ou parasitárias, bem como se acarretam alterações na carcaça. Parágrafo único. Quando se tratar de lesões não relacionadas a doenças infectocontagiosas, a carcaça e o rim podem ser liberados para o consumo, dependendo da extensão da lesão, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas do órgão. Art. 158. Devem ser condenadas as carcaças que apresentem lesões inespecíficas generalizadas em linfonodos de distintas regiões, com comprometimento do estado geral da carcaça.

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38. § 1o No caso de lesões inespecíficas progressivas de linfonodos, sem repercussão no estado geral da carcaça, condena-se a área de drenagem destes linfonodos, com o aproveitamento condicional da carcaça para esterilização pelo calor. § 2o No caso de lesões inespecíficas discretas e circunscritas de linfonodos, sem repercussão no estado geral da carcaça, a área de drenagem deste linfonodo deve ser condenada, liberando-se o restante da carcaça, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. Art. 159. Podem ser destinadas ao aproveitamento condicional as carcaças, órgãos e vísceras de animais magros livres de qualquer processo patológico, a critério do Serviço de Inspeção Federal. Art. 160. Devem ser condenadas ou destinadas à esterilização pelo calor, a critério do Serviço de Inspeção Federal, as carcaças, órgãos e vísceras de animais que apresentem mastite, sempre que houver comprometimento sistêmico. § 1o Podem ser liberadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais que apresentem mastite, quando não houver comprometimento sistêmico, depois de removida e condenada a glândula mamária. § 2o As glândulas mamárias devem ser removidas intactas, de forma a não permitir a contaminação da carcaça por leite, pus ou outro contaminante, respeitando-se as particularidades de cada espécie e a correlação das glândulas com a carcaça. § 3o As glândulas mamárias que apresentem mastite ou sinais de lactação, bem como as de animais reagentes à brucelose, devem ser condenadas. § 4o O aproveitamento da glândula mamária para fins alimentícios pode ser permitido, depois de liberada a carcaça. Art. 161. Devem ser condenadas as partes de carcaças ou órgãos invadidos por larvas (miíases). Art. 162. Devem ser condenados os fígados com necrobacilose nodular. Parágrafo único. Quando a lesão coexistir com outras alterações que levem ao comprometimento da carcaça, esta e os respectivos órgãos e vísceras também devem ser condenados. Art. 163. Devem ser condenadas as carcaças de animais com neoplasias extensas, que apresentem repercussão no seu estado geral, com ou sem metástase. § 1o Deve ser condenado todo órgão ou parte de carcaça atingido pela neoplasia. § 2o Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais com linfoma maligno. § 3o Quando se tratar de lesões neoplásicas extensas, mas localizadas e sem comprometimento do estado geral, a carcaça e órgãos devem ser destinados à esterilização pelo calor depois de removidas e condenadas as partes e órgãos comprometidos.

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39. § 4o Quando se tratar de lesões neoplásicas discretas e localizadas, e sem comprometimento do estado geral, a carcaça pode ser liberada para o consumo depois de removidas e condenadas as partes e órgãos comprometidos. Art. 164. Devem ser condenados os órgãos, vísceras e partes que apresentem parasitoses não transmissíveis ao homem, podendo a carcaça ser liberada desde que não haja comprometimento da mesma. Art. 165. Podem ser liberadas para consumo humano direto as carcaças de animais que apresentem sinais de parto recente ou aborto desde que não haja evidência de infecção ou lesões na carcaça, devendo em todos os casos ser condenados o trato genital, o úbere e o sangue destes animais. Art. 166. Devem ser condenadas as carcaças com infecção intensa por Sarcocystis spp (sarcocistose). § 1o Entende-se por infecção intensa a presença de cistos em incisões praticadas em várias partes da musculatura. § 2o Entende-se por infecção leve a presença de cistos localizados em um único ponto da carcaça ou órgão, devendo a carcaça ser destinada ao cozimento, após remoção da área atingida. Art. 167. Devem ser condenadas as carcaças de animais com infestação generalizada por sarna, com comprometimento no seu estado geral. Parágrafo único. Quando a infestação for discreta e ainda limitada, a carcaça pode ser liberada, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. Art. 168. Devem ser condenados os fígados que apresentem lesão generalizada de teleangiectasia maculosa. Parágrafo único. Podem ser liberados os fígados que apresentem lesões discretas, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. Art. 169. As carcaças de animais portadores de tuberculose devem ser condenadas quando: I - no exame ante mortem o animal apresentar-se febril; II - for acompanhada de caquexia; III - apresentem lesões tuberculósicas nos músculos, nos ossos ou nas articulações, ou ainda nos linfonodos que drenam a linfa dessas partes; IV - apresentem lesões caseosas concomitantes em órgãos ou serosas do tórax e abdômen; V - apresentem lesões miliares ou perláceas de parênquimas ou serosas; VI - apresentem lesões múltiplas, agudas e ativamente progressivas, identificadas pela inflamação aguda nas proximidades das lesões, necrose de liquefação ou presença de tubérculos jovens; VII - apresentem linfonodos hipertrofiados, edemaciados, com caseificação de aspecto raiado ou estrelado em mais de um local de eleição; ou VIII - existirem lesões caseosas ou calcificadas generalizadas, e sempre que houver evidência de entrada do bacilo na circulação sistêmica. § 1o As lesões de tuberculose são consideradas generalizadas quando, além das lesões dos aparelhos respiratório, digestório e seus linfonodos correspondentes, forem encontrados tubérculos numerosos distribuídos em ambos os pulmões ou lesões no baço, rins, útero, ovário, testículos, cápsulas suprarrenais, cérebro e medula espinhal ou suas membranas.

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40. § 2o As carcaças podem ser destinadas à esterilização pelo calor, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas, quando: I - os órgãos apresentem lesões caseosas discretas, localizadas ou encapsuladas, limitadas a linfonodos do mesmo órgão; II - os linfonodos da carcaça ou cabeça apresentem lesões caseosas discretas, localizadas ou encapsuladas; e III - existirem lesões concomitantes em linfonodos e órgãos pertencentes à mesma cavidade. § 3o Carcaças de animais reagentes positivos a teste de diagnóstico para tuberculose devem ser destinadas à esterilização pelo calor, desde que não se enquadrem nas condições previstas nos incisos I a VIII do caput. § 4o Pode ser liberada a carcaça que apresente apenas uma lesão tuberculósica discreta, localizada e completamente calcificada em um único órgão ou linfonodo, depois de condenadas as áreas atingidas. § 5o Devem ser condenadas as partes das carcaças ou órgãos que se contaminem com material tuberculoso, por contato acidental de qualquer natureza. Art. 170. Nos casos de aproveitamento condicional a que se refere este Regulamento, os produtos devem ser submetidos, a critério do Serviço de Inspeção Federal, a um dos seguintes tratamentos: I - pelo frio, em temperatura não superior a -10ºC (dez graus Celsius negativos) por 10 (dez) dias; II - pelo sal, em salmoura com no mínimo 24ºBe (vinte e quatro graus Baumé), em peças de no máximo 3,5cm (três e meio centímetros) de espessura, por no mínimo 21 (vinte e um) dias; e III - pelo calor, por meio de: a) cozimento em temperatura de 76,6ºC (setenta e seis inteiros e seis décimos de graus Celsius) por no mínimo 30 (trinta) minutos; b) fusão pelo calor em temperatura mínima de 121ºC (cento e vinte e um graus Celsius); e c) esterilização pelo calor úmido, com um valor de F0 igual ou maior que 3 (três) minutos ou a redução de 12 (doze) ciclos logarítmicos (12 log10) de Clostridium botulinum, seguido de resfriamento imediato. § 1o A aplicação de qualquer um dos tratamentos condicionais anteriormente citados deve garantir a inativação ou destruição do agente envolvido. § 2o Podem ser utilizados processos diferentes dos propostos, desde que se atinja ao final as mesmas garantias, com embasamento técnico-científico e aprovação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 3o Na inexistência de equipamento ou instalações específicas para aplicação do tratamento condicional determinado pelo Serviço de Inspeção Federal, deve ser adotado sempre um critério mais rigoroso, no próprio estabelecimento ou em outro que possua condições tecnológicas para este fim, desde que haja efetivo controle de sua rastreabilidade e comprovação do recebimento pelo Serviço de Inspeção Federal no destino.

Subseção I Da Inspeção Post Mortem de Aves e Lagomorfos

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41. Art. 171. Na inspeção de aves e lagomorfos, aplicam-se os dispositivos cabíveis estabelecidos na Seção III deste capítulo, além dos que se consignam nesta subseção e em normas complementares. Art. 172. Quando os países importadores exigirem a presença de vísceras torácicas aderentes à carcaça, a inspeção ante mortem deve ser executada individualmente e a post mortem limitada aos caracteres externos das carcaças e exame das vísceras abdominais. Art. 173. As aves que, no exame post mortem, apresentem lesões ou forem suspeitas de tuberculose, pseudo-tuberculose, leucoses, influenza aviária, doença de Newcastle, bronquite infecciosa, hepatite por corpúsculo de inclusão, cólera aviária, doença de Gumboro, septicemia em geral, aspergilose, candidíase, síndromes hemorrágicas, erisipela, estafilococose, listeriose, doença de Marek, diátese exsudativa e clamidiose devem ser totalmente condenadas. Parágrafo único. Aves portadoras de laringotraqueíte infecciosa, criptosporidiose, tifose aviária, pulorose, paratifose, coccidiose, enterohepatite, histomoniase, espiroquetose, coriza infecciosa, bouba aviária, micoplasmose, sinovite infecciosa, quando em período agudo ou quando os animais estejam em estado de magreza pronunciada, devem ser condenadas. Art. 174. As carcaças de aves ou órgãos que apresentem evidências de processo inflamatório ou lesões características de artrite, aerossaculite, coligranulomatose, dermatose, dermatite, celulite, pericardite, enterite, ooforite, hepatite, salpingite, síndrome ascítica, miopatias e discondroplasia tibial devem ser julgadas com o seguinte critério: I - quando as lesões forem restritas a uma parte da carcaça ou somente a um órgão, devem ser condenadas apenas as áreas atingidas; ou II - quando a lesão for extensa, múltipla ou houver evidência de caráter sistêmico, carcaças e vísceras devem ser totalmente condenadas. Art. 175. Nos casos de endoparasitoses ou de ectoparasitoses das aves, quando não houver repercussão na carcaça, as vísceras ou áreas atingidas devem ser condenadas. Art. 176. No caso de lesões provenientes de canibalismo, com envolvimento extensivo repercutindo na carcaça, devem ser condenadas totalmente as carcaças e vísceras. Parágrafo único. Não havendo comprometimento sistêmico, a carcaça pode ser liberada após a retirada da área atingida. Art. 177. No caso de aves que apresentem lesões mecânicas extensas, incluindo as decorrentes de escaldagem excessiva, devem ser totalmente condenadas as carcaças e vísceras. Parágrafo único. As lesões superficiais determinam a condenação parcial com liberação do restante da carcaça e das vísceras. Art. 178. No caso de alterações putrefativas, exalando odor sulfídrico-amoniacal, revelando crepitação gasosa à palpação ou modificação de coloração da musculatura, devem ser condenadas as aves, inclusive as de caça. Art. 179. No caso de lesões de doença hemorrágica dos coelhos, mixomatose, tuberculose, pseudo-tuberculose, piosepticemia, toxoplasmose, espiroquetose, clostridiose e pasteurelose, devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras dos lagomorfos.

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42. Art. 180. No caso de lesões de necrobacilose, aspergilose ou dermatofitose, as carcaças de lagomorfos podem ter aproveitamento parcial, após remoção das áreas atingidas, desde que não haja comprometimento sistêmico da carcaça. Art. 181. No caso de endoparasitoses e ectoparasitoses dos lagomorfos transmissíveis ao homem ou aos animais ou com comprometimento da carcaça devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras. Parágrafo único. Quando não houver comprometimento da carcaça, devem ser condenadas apenas as vísceras ou áreas atingidas.

Subseção II Da Inspeção Post Mortem de Bovídeos

Art. 182. Na inspeção de bovídeos, aplicam-se os dispositivos cabíveis estabelecidos na Seção III deste capítulo, além dos que se consignam nesta subseção e em normas complementares. Art. 183. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de bovinos acometidos das seguintes doenças: hemoglobinúria bacilar dos bovinos, varíola, septicemia hemorrágica e febre catarral maligna. Art. 184. Devem ser condenadas as carcaças com infecção intensa por Cysticercus bovis (cisticercose bovina). § 1o Entende-se por infecção intensa quando são encontrados 2 (dois) ou mais cistos, viáveis ou calcificados, localizados simultaneamente em pelo menos 2 (dois) locais de eleição examinados rotineiramente na linha de inspeção (músculos da mastigação, língua, coração, diafragma e seus pilares, esôfago e fígado), totalizando pelo menos 4 (quatro) cistos, adicionalmente à confirmação da presença de 4 (quatro) ou mais cistos, simultaneamente, nas massas musculares integrantes de cada uma das principais grandes peças que compõem as diversas subdivisões da carcaça, a saber, paleta, dianteiro-sem-paleta, lombo e o conjunto coxão/alcatra, após pesquisa mediante incisões múltiplas e profundas no quarto dianteiro (músculos do pescoço, do peito e da paleta) e no quarto traseiro (músculos do coxão, da alcatra e do lombo). § 2o Permite-se, depois de removidas as áreas atingidas, o aproveitamento condicional das carcaças e demais tecidos envolvidos, nas seguintes situações: I - elaboração de produtos submetidos ao cozimento, assegurado, por intermédio de um programa de controle, que todas as partes do produto sejam aquecidas a uma temperatura não inferior a 60ºC (sessenta graus Celsius), após a remoção das áreas atingidas, em operação de desossa monitorada pelo Serviço de Inspeção Federal, quando forem observados mais de 1 (um) cisto, viável ou calcificado, e menos do que o fixado para infecção intensa, considerando a pesquisa em todos os locais de eleição examinados rotineiramente e na carcaça correspondente, consoante os procedimentos indicados no § 1o. II - tratamento pelo frio em temperatura não superior a -10ºC (dez graus Celsius negativos), em todos os pontos das massas musculares, de forma contínua, por no mínimo 10 (dez) dias a contar do término do congelamento ou, alternativamente, elaboração de charque mediante processamento por tecnologia tradicional, com duração total mínima de 7 (sete) dias, quando for observado 1 (um) cisto viável, considerando a pesquisa em todos os locais de eleição examinados rotineiramente, assegurado o atendimento dos seguintes parâmetros: a) espessura das mantas: ≤ 3,5cm (menor ou igual a três e meio centímetros); e

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43. b) umidade máxima e concentração mínima de sal do produto final conforme estabelecido neste Regulamento. § 3o As carcaças podem ser aproveitadas para consumo humano sem restrições, quando for encontrado 1 (um) único cisto já calcificado, considerados todos os locais de eleição examinados rotineiramente na linha de inspeção (músculos da mastigação, língua, coração, diafragma e seus pilares, esôfago e fígado) e, ainda, os músculos da ferida de sangria e a superfície da carcaça, após remoção e condenação da área atingida. § 4o O diafragma e seus pilares, o esôfago e o fígado, assim como outras partes passíveis de infecção, devem receber o mesmo destino dado à carcaça. § 5o Os procedimentos para pesquisa de cisticercos nos locais de eleição examinados rotineiramente devem atender ao disposto nas normas complementares.

Subseção III Da Inspeção Post Mortem de Equídeos

Art. 185. Na inspeção de equídeos, aplicam-se os dispositivos cabíveis estabelecidos na Seção III deste capítulo, além dos que se consignam nesta subseção e em normas complementares. Art. 186. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de equídeos acometidos das seguintes doenças: Meningite cérebro-espinhal, encefalomielite infecciosa, febre tifóide, durina, mal de cadeiras, azotúria, hemoglobinúria paroxística, garrotilho e quaisquer outras doenças e alterações com lesões inflamatórias ou neoplasias malignas. Art. 187. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras quando observadas lesões indicativas de um processo agudo de anemia infecciosa equina. Parágrafo único. Quando se tratar de uma infecção crônica, as carcaças podem ser liberadas para consumo, desde que não apresentem sinais de icterícia, depois de removidos os órgãos alterados. Art. 188. Devem ser condenadas as carcaças, órgãos e vísceras de animais nos quais forem constatadas lesões indicativas da ocorrência de mormo, observando-se os seguintes procedimentos: I - quando identificadas as lesões na inspeção post mortem, o abate deve ser prontamente interrompido e imediatamente higienizados todos os locais, equipamentos e utensílios que possam ter tido contato com resíduos do animal ou qualquer outro material potencialmente contaminado, atendendo às recomendações estabelecidas pelo serviço oficial de sanidade animal; II - devem ser tomadas as precauções necessárias junto aos funcionários que entraram em contato com o material contaminado, aplicando-se as regras de higiene e antissepsia pessoal com produtos de eficácia comprovada, devendo ser encaminhados ao serviço médico como medida de precaução; e III - todas as carcaças ou partes de carcaças, inclusive peles, cascos, órgãos, vísceras e seu conteúdo, que entraram em contato com animais ou material infeccioso, devem ser condenados.

Subseção IV Da Inspeção Post Mortem de Ovinos e Caprinos

Art. 189. Na inspeção de ovinos e caprinos, aplicam-se os dispositivos cabíveis estabelecidos na Seção III deste capítulo, além dos que se consignam nesta subseção e em normas complementares.

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44. Art. 190. Devem ser condenadas as carcaças de animais portadores de Coenurus cerebralis (cenurose) quando acompanhadas de caquexia. Parágrafo único. Os órgãos afetados, cérebro ou medula espinhal, devem sempre ser condenados. Art. 191. Devem ser condenadas as carcaças com infecção intensa pelo Cysticercus ovis (cisticercose ovina). § 1o Entende-se por infecção intensa a presença de 5 (cinco) ou mais cistos na superfície muscular dos cortes ou nos tecidos circunvizinhos, inclusive o coração. § 2o Permite-se, depois de removidas as áreas atingidas, o cozimento das carcaças e demais tecidos envolvidos, quando forem observados mais de um cisto e menos do que o considerado na infecção intensa, considerando-se a pesquisa em todos os pontos de eleição. § 3o A carcaça pode ser liberada para consumo após removida a área atingida, quando for observado no máximo 1 (um) cisto, considerando-se a pesquisa em todos os pontos de eleição. Art. 192. Devem ser condenadas as carcaças de animais que apresentem lesões de linfadenite caseosa em linfonodos de distintas regiões, com ou sem comprometimento do estado geral da carcaça. § 1o As carcaças com lesões localizadas, caseosas ou em processo de calcificação devem ser destinadas à esterilização pelo calor, desde que permitam a remoção e condenação da área de drenagem dos linfonodos atingidos. § 2o As carcaças de animais com lesões calcificadas discretas nos linfonodos podem ser liberadas para consumo, depois de removida e condenada a área de drenagem destes linfonodos. § 3o Em todos os casos em que se evidencie comprometimento dos órgãos e vísceras, estes devem ser condenados.

Subseção V Da Inspeção Post Mortem de Pescado

Art. 193. Entende-se por Pescado, os peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, répteis, equinodermos e outros animais aquáticos usados na alimentação humana. Parágrafo único. O pescado deve ser identificado com a denominação comum da espécie, respeitando-se a nomenclatura regional, sendo facultada a utilização do nome científico. Art. 194. Os dispositivos previstos neste Regulamento são extensivos aos gastrópodes terrestres, no que for aplicável. Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal estabelecerá os procedimentos de inspeção previstos neste artigo, em regulamento técnico específico ou outra norma complementar.

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45. Art. 195. Na inspeção de pescado aplicam-se os dispositivos cabíveis estabelecidos na Seção III deste capítulo e aqueles estabelecidos nesta subseção. Art. 196. Nas espécies de pescado para abate, são realizados na inspeção post mortem de rotina: I - observação dos caracteres sensoriais e físicos do sangue por ocasião da sangria e durante o exame de todos os órgãos; II - exame de cabeça, narinas e olhos; III - exames visual e táctil do casco, carapaça, plastrão e pontes; IV - exame dos órgãos internos e da cavidade onde estão inseridos; e V - exame geral da carcaça, serosas e musculatura superficial e profunda acessível. Art. 197. Na avaliação dos atributos de frescor do pescado, respeitadas as peculiaridades de cada espécie, devem ser verificadas as seguintes características sensoriais: I - peixes: a) superfície do corpo limpa, com relativo brilho metálico e reflexos multicores próprios à espécie, sem qualquer pigmentação estranha; b) olhos claros, vivos, brilhantes, luzentes, convexos, transparentes, ocupando toda a cavidade orbitária; c) brânquias ou guelras róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes com odor natural, próprio e suave; d) abdômen com forma normal, firme, não deixando impressão duradoura à pressão dos dedos; e) escamas brilhantes, bem aderentes à pele e nadadeiras apresentando certa resistência aos movimentos provocados; f) carne firme, consistência elástica, de cor própria à espécie; g) vísceras íntegras, perfeitamente diferenciadas, peritônio aderente à parede da cavidade celomática; h) ânus fechado; e i) odor próprio, característico da espécie; II - crustáceos: a) aspecto geral brilhante, úmido; b) corpo em curvatura natural, rígida, artículos firmes e resistentes; c) carapaça bem aderente ao corpo; d) coloração própria à espécie, sem qualquer pigmentação estranha; e) olhos vivos, proeminentes; f) odor próprio e suave; e g) as lagostas, siris e caranguejos devem ser preservados vivos e vigorosos; III - moluscos: a) bivalves: 1. devem ser preservados vivos, com valvas fechadas e com retenção de água incolor e límpida nas conchas; 2. odor próprio e suave; e 3. carne úmida, bem aderente à concha, de aspecto esponjoso, de cor característica de cada espécie; b) cefalópodes: 1. pele lisa e úmida; 2. olhos vivos, proeminentes nas órbitas;

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46. 3. carne firme e elástica; 4. ausência de qualquer pigmentação estranha à espécie; e 5. odor próprio; c) gastrópodes: 1. carne úmida, aderida à concha, de cor característica de cada espécie; 2. odor próprio e suave; e 3. devem ser preservados vivos e vigorosos; IV - anfíbio - carne de rã: a) odor suave e característico da espécie; b) cor rosa pálida na carne, branca e brilhante nas proximidades das articulações; c) ausência de lesões e elementos estranhos; e d) textura firme, elástica e tenra; V - répteis: a) a carne de jacaré deve apresentar odor característico da espécie, cor branca rosada, ausência de lesões e elementos estranhos e textura macia com fibras musculares dispostas uniformemente; e b) a carne de quelônios deve apresentar odor próprio e suave, cor característica da espécie, livre de manchas escuras e textura firme, elástica e tenra. § 1o As características sensoriais a que se refere este artigo são extensivas, no que for aplicável, às demais espécies de pescado usadas na alimentação humana. § 2o O pescado deve ser avaliado quanto às características sensoriais, por pessoal capacitado pela empresa, utilizando-se uma tabela de classificação e pontuação, de acordo com normas complementares. § 3o Nos casos em que a avaliação sensorial revele dúvidas acerca do frescor do pescado, deve-se recorrer a exames físico-químicos complementares. Art. 198. São vedados a recepção e o processamento do pescado capturado ou colhido em desacordo com as legislações ambientais e pesqueiras. Art. 199. É obrigatória a lavagem prévia do pescado utilizado como matéria-prima para consumo humano direto ou para a industrialização, respeitadas as particularidades das espécies, com água corrente sob pressão suficiente para promover a limpeza, remoção de sujidades e microbiota superficial. Art. 200. Qualquer que seja o meio de transporte utilizado para o pescado fresco, respeitadas as peculiaridades das diferentes espécies, este deve ser realizado em veículos ou contentores isotérmicos, acondicionado em recipientes impermeáveis, lisos e de fácil higienização, mantido em temperaturas próximas à do gelo fundente. Parágrafo único. É proibido o transporte de pescado fresco a granel, à exceção daquelas espécies de grande tamanho, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 201. O gelo utilizado na conservação do pescado deve ser produzido a partir de água potável ou de água do mar limpa.

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47. Art. 202. O pescado congelado, com exceção daquele congelado em salmoura e destinado como matéria-prima para a elaboração de conservas, deve, durante o transporte, ser mantido a uma temperatura constante não superior a -18ºC (dezoito graus Celsius negativos), em todos os pontos do produto, tolerando-se um aumento de até 3ºC (três graus Celsius). Parágrafo único. É proibido o transporte de pescado congelado a granel, à exceção daquelas espécies de grande tamanho, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 203. O pescado, depois de submetido ao congelamento, deve ser mantido em câmara frigorífica que possua condições de armazenar o produto a temperaturas não superiores a -18ºC (dezoito graus Celsius negativos) no seu centro térmico, com exceção das espécies congeladas em salmoura destinadas à elaboração de conservas, que podem ser mantidas a temperaturas não superiores a -9ºC (nove graus Celsius negativos) no seu centro térmico. Parágrafo único. O descongelamento sempre deve ser realizado em equipamentos apropriados e em condições autorizadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de forma a garantir a inocuidade e qualidade do pescado, observando-se o seguinte: I - uma vez descongelado, o pescado deve ser mantido sob as mesmas condições de conservação exigidas para o pescado fresco; e II - o pescado poderá ser submetido ao recongelamento, desde que atendidas as condições de conservação exigidas para o pescado fresco. Art. 204. Nos estabelecimentos de pescado, é obrigatória a verificação visual da presença de parasitas. Parágrafo único. O monitoramento deste procedimento deve ser executado por funcionário qualificado do estabelecimento e comprovado por registros auditáveis, utilizando-se um plano de amostragem representativo do lote, levando-se em consideração o tipo de pescado, área geográfica e sua utilização, realizada com base nos procedimentos aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, incluindo, se necessário, a transiluminação. Art. 205. Para preservação da inocuidade e qualidade do produto, respeitadas as particularidades das espécies, sempre que necessário o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal exigirá a sangria e a evisceração do pescado utilizado como matéria-prima para consumo humano direto ou para a industrialização. Art. 206. O julgamento das condições sanitárias do pescado resfriado, do congelado e do descongelado deve ser realizado de acordo com as normas previstas para o pescado fresco, naquilo que lhes for aplicável. Art. 207. Permite-se o aproveitamento condicional, conforme as normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do pescado que se apresentar: I - injuriado, mutilado, deformado, com alterações de cor ou presença de parasitos localizados; ou II - proveniente de águas suspeitas de contaminação ou poluídas, considerando os tipos e níveis de contaminação informados pelos órgãos competentes.

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48. Art. 208. Nos casos de aproveitamento condicional a que se refere esta subseção, o pescado deve ser submetido, a critério do Serviço de Inspeção Federal, a um dos seguintes tratamentos: I - congelamento; II - salga; e III - calor. Art. 209. Os produtos da pesca e da aquicultura infectados com endoparasitas com risco para a saúde pública não podem ser destinados ao consumo cru sem que sejam submetidos previamente ao congelamento à temperatura de -20ºC (vinte graus Celsius negativos) por 24 (vinte e quatro) horas ou a -35ºC (trinta e cinco graus Celsius negativos) durante 15 (quinze) horas. Parágrafo único. Podem ser aceitos outros binômios para o tratamento térmico descrito, desde que aprovado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com respaldo científico. Art. 210. Considera-se impróprio para o consumo humano o pescado: I - em mau estado de conservação e de aspecto repugnante; II - que apresente coloração, odor ou sabor anormais; III - portador de lesões, doenças ou substâncias que possam prejudicar a saúde do consumidor; IV - que apresente infecção muscular maciça por parasitas; V - tratado por antissépticos ou conservadores não autorizados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; VI - recolhido já morto, salvo quando capturado em operações de pesca; VII - que apresente resíduos de produtos de uso veterinário ou contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos em legislação específica; VIII - apresente outras alterações que o tornem impróprio, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; ou IX - quando não se enquadrar nos limites estabelecidos no Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade para o pescado fresco. Parágrafo único. O pescado nas condições deste artigo deve ser condenado, identificado, desnaturado e descaracterizado visualmente, podendo ser transformado em produto não comestível, considerando os riscos de sua utilização e de acordo com o disposto em norma de destinação. Art. 211. O pescado, partes dele e órgãos com lesões ou anormalidades que possam torná-los impróprios para consumo devem ser identificados e conduzidos a um local apropriado, com instalações específicas, onde devem ser inspecionados, considerando o risco de sua utilização.

Subseção VI Da Inspeção Post Mortem de Suídeos

Art. 212. Na inspeção de suídeos, aplicam-se os dispositivos cabíveis estabelecidos na Seção III deste capítulo, além dos que se consignam nesta subseção e em normas complementares. Art. 213. As carcaças que apresentem afecções de pele, tais como eritemas, esclerodermia, urticárias, hipotricose cística, sarnas ou outras dermatites, podem ser liberadas para o consumo, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas, desde que a musculatura se apresente normal.

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49. Parágrafo único. As carcaças acometidas com sarnas, em estágios avançados, demonstrando sinais de caquexia ou extensiva inflamação na musculatura, devem ser condenadas. Art. 214. Devem ser condenadas as carcaças com artrite em uma ou mais articulações, com reação nos linfonodos ou hipertrofia da membrana sinovial, acompanhada de caquexia. § 1o As carcaças com artrite em uma ou mais articulações, com reação nos linfonodos, hipertrofia da membrana sinovial, sem repercussão no seu estado geral, devem ser destinadas ao cozimento. § 2o As carcaças com artrite sem reação em linfonodos e sem repercussão no seu estado geral podem ser liberadas para o consumo, depois de retirada a parte atingida. Art. 215. Devem ser condenadas as carcaças com infecção intensa por Cysticercus celullosae (cisticercose suína). § 1o Entende-se por infecção intensa a presença de 2 (dois) ou mais cistos, viáveis ou calcificados, localizados em locais de eleição examinados rotineiramente nas linhas de inspeção, adicionalmente à confirmação da presença de 2 (dois) ou mais cistos nas massas musculares integrantes da carcaça, após pesquisa mediante incisões múltiplas e profundas na musculatura da carcaça (paleta, lombo e pernil). § 2o Permite-se, depois de removidas as áreas atingidas, o aproveitamento condicional das carcaças e demais tecidos envolvidos, nas seguintes situações: I - elaboração de produtos submetidos ao cozimento, assegurado, por intermédio de um programa de controle, que todas as partes do produto sejam aquecidas a uma temperatura não inferior a 60ºC (sessenta graus Celsius), após a remoção das áreas atingidas, em operação de desossa monitorada pelo Serviço de Inspeção Federal, quando for observado mais de 1 (um) cisto, viável ou calcificado, e menos do que o fixado para infecção intensa, considerando a pesquisa em todos os locais de eleição examinados rotineiramente e na carcaça correspondente; ou II - tratamento pelo frio em temperatura não superior a -10ºC (dez graus Celsius negativos), de forma contínua e verificada no produto por no mínimo 10 (dez) dias ou tratamento pelo sal conforme previsto neste Regulamento, quando for observado 1 (um) único cisto viável, considerando a pesquisa em todos os locais de eleição examinados rotineiramente e na carcaça correspondente. § 3o As carcaças podem ser aproveitadas para consumo humano sem restrições, quando for encontrado 1 (um) único cisto já calcificado, considerados todos os locais de eleição examinados rotineiramente na linha de inspeção e, ainda, os músculos da ferida de sangria e a superfície muscular exposta da carcaça, após remoção e condenação da área atingida. § 4o A língua, coração, porção muscular do esôfago e os tecidos adiposos, assim como outras partes passíveis de infecção, devem receber o mesmo destino dado à carcaça. § 5o Os procedimentos para pesquisa de cisticercos nos locais de eleição examinados rotineiramente devem atender ao disposto nas normas complementares. § 6o Pode ser permitido o aproveitamento de tecidos adiposos procedentes de carcaças com infecções intensas para a fabricação de banha, por fusão pelo calor, condenando-se as demais partes.

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50. Art. 216. Devem ser condenadas as carcaças de animais criptorquidas ou que tenham sido castrados, quando for comprovada, por meio de testes específicos, a presença de forte odor sexual. Parágrafo único. As carcaças com leve odor sexual podem ser destinadas à fabricação de produtos cárneos cozidos. Art. 217. Devem ser abatidos em separado os suídeos que apresentem casos agudos de erisipela, com eritema cutâneo difuso detectados na inspeção ante mortem. § 1o Nos casos previstos no caput, bem como nos animais com múltiplas lesões de pele ou artrite complicadas por necrose ou quando houver sinais de efeito sistêmico, as carcaças devem ser totalmente condenadas. § 2o Nos casos localizados de endocardite vegetativa por erisipela, sem alterações sistêmicas, ou nos casos de artrite crônica, a carcaça deve ser destinada ao cozimento, após condenação do órgão ou áreas atingidas. § 3o No caso de lesão de pele discreta e localizada, sem comprometimento de órgão ou carcaça, esta deve ser destinada ao cozimento, após remoção da área atingida. Art. 218. As carcaças de suínos que apresentem lesões de linfadenite granulomatosa localizadas e restritas a apenas um sítio primário de infecção, tais como nos linfonodos cervicais ou nos linfonodos mesentéricos ou nos linfonodos mediastínicos, julgadas em condição de consumo, podem ser liberadas após condenação da região ou órgão afetado. Parágrafo único. As carcaças suínas em bom estado, com lesões em linfonodos que drenam até dois sítios distintos, sendo linfonodos de órgãos distintos ou com presença concomitante de lesões em linfonodos e um órgão, devem ser destinadas ao cozimento, após condenação das áreas atingidas. Art. 219. Devem ser condenadas as carcaças de suínos acometidos de peste suína. § 1o Quando os rins e linfonodos revelarem lesões duvidosas e desde que se comprove lesão característica de peste suína em qualquer outro órgão ou tecido, a condenação deve ser total. § 2o Lesões discretas, mas acompanhadas de caquexia ou de qualquer outro foco de supuração, implicam igualmente condenação total. § 3o Quando as lesões forem discretas e circunscritas a um órgão ou tecido, inclusive nos rins e linfonodos, a carcaça deve ser destinada à esterilização pelo calor, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. Art. 220. Devem ser destinadas ao aproveitamento condicional, por meio de tratamento térmico pelo frio, as carcaças acometidas de Trichinella spirallis (Triquinelose). Parágrafo único. O tratamento térmico pelo frio deve atender aos seguintes binômios de tempo e temperatura: I - por 30 (trinta) dias a -15ºC (quinze graus Celsius negativos); II - por 20 (vinte) dias a -25ºC (vinte e cinco graus Celsius negativos); ou III - por 12 (doze) dias a -29ºC (vinte e nove graus Celsius negativos).

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51. Art. 221. Todos os suídeos que morrerem asfixiados, seja qual for a causa, bem como os que caírem vivos no tanque de escaldagem, devem ser condenados.

Seção IV Das Seções Anexas ao Abate

Art. 222. Seção de Miúdos é o local destinado à manipulação, toalete e preparo para melhor apresentação e subsequente tratamento dos órgãos, vísceras, carne industrial e de alguns cortes específicos, como diafragma e seus pilares, retirados dos animais abatidos. Parágrafo único. Podem ser manipulados nesta seção o encéfalo, língua, coração, fígado, pulmões, rins, baço, cabeça, aorta, traquéia, testículos, rabo, medula espinhal, ligamentos, tendões, glândula mamária, vergalho, cartilagens e glândulas endócrinas, preservadas as condições de fluxo e as estabelecidas em normas complementares de cada espécie, evitando-se riscos de contaminação cruzada, observando-se o seguinte: I - os rins destinados ao preparo de produtos cárneos devem ser previamente abertos e, a seguir, abundantemente lavados; II - no coração das espécies em que se fizer necessária a aplicação de incisões para realização da inspeção, deve-se verificar a existência de coágulos sanguíneos, os quais devem ser retirados; e III - os miúdos e as carnes industriais devem ser submetidos à prévia lavagem e ao escorrimento, seguido de pré-resfriamento, antes da frigorificação ou embalagem. Art. 223. Seção de Mocotós é o local destinado à manipulação, limpeza e preparo das patas de bovinos para fins comestíveis, preservadas as condições de fluxo e evitando-se riscos de contaminação cruzada. Art. 224. Seção de Bucharia é o local destinado à manipulação, limpeza e preparo dos estômagos de ruminantes para fins comestíveis, constituindo-se de 2 (duas) seções separadas fisicamente, sendo a primeira para esvaziamento do conteúdo gástrico e retirada da mucosa e a segunda para cozimento e preparo final. Art. 225. Os estômagos de ruminantes destinados à alimentação humana devem ser lavados imediatamente após o esvaziamento. § 1o Na fase de pré-cozimento, permite-se o branqueamento de estômagos de ruminantes pelo emprego de peróxido de hidrogênio, cal ou sua combinação com carbonato de sódio, além de outras substâncias aprovadas pela Instituição reguladora da Saúde e permitidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devendo ser lavados com água, depois do tratamento, para remoção total do produto empregado. § 2o Permite-se a extração da mucosa do abomaso para produção de coalho. Art. 226. Seção de Triparia é o local destinado à manipulação, toalete e preparo de órgãos e vísceras abdominais para fins comestíveis, constituindo-se de 2 (duas) seções separadas fisicamente, sendo a primeira para esvaziamento do conteúdo e retirada da mucosa e a segunda para cozimento ou salga e preparo final. § 1o Para o aproveitamento dos produtos de triparia, é necessário que sejam raspados e lavados, considerando-se como processos de conservação a dessecação, a salga ou outros aprovados pelo

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52. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 2o Permite-se o tratamento dos intestinos com coadjuvantes de tecnologia, desde que aprovados pela Instituição reguladora da Saúde e permitidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devendo os mesmos ser lavados com água depois do tratamento, para remoção total do produto empregado. Art. 227. Quando se tratar de produtos de triparia que exijam tratamento térmico, os procedimentos devem ser realizados em locais apropriados, completamente isolados e exclusivamente destinados a este fim, preservadas as condições de fluxo e evitando-se riscos de contaminação cruzada. Art. 228. Os produtos de triparia destinados ao consumo e à produção de envoltórios devem ser inspecionados, principalmente quanto à sua integridade, estado de conservação e limpeza. Art. 229. Permite-se o aproveitamento de glândulas e outros órgãos, cartilagens, mucosas e bile das diversas espécies animais de abate como matéria-prima destinada à elaboração de enzimas e produtos opoterápicos, bem como de sangue fetal para a obtenção de soro, desde que disponham de instalações e equipamentos apropriados, observadas as disposições da legislação específica. Parágrafo único. As atividades industriais previstas neste artigo somente podem ser executadas nos estabelecimentos classificados como Abatedouro Frigorífico e Entreposto de Envoltórios Naturais.

CAPÍTULO II DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE OVOS E PRODUTOS DE OVOS

Art. 230. Entende-se por ovos, sem outra especificação, os ovos de galinha em casca. Parágrafo único. Os ovos de outras espécies devem denominar-se segundo a espécie de que procedam. Art. 231. Ovos frescos ou submetidos a processos de conservação aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, só podem ser expostos ao consumo humano quando previamente submetidos à inspeção e classificação previstos neste Regulamento. Art. 232. Entende-se por ovos frescos os que não forem conservados por qualquer processo e se enquadrem na classificação estabelecida neste Regulamento. Art. 233. Os ovos recebidos no Entreposto de Ovos ou Fábrica de Produtos de Ovos devem ser provenientes de estabelecimentos avícolas registrados junto ao serviço oficial de sanidade animal. § 1o Os Entrepostos de Ovos e Fábricas de Produtos de Ovos devem manter uma relação atualizada dos fornecedores. § 2o Os ovos recebidos nestes estabelecimentos devem chegar devidamente identificados e acompanhados de uma ficha de procedência, de acordo com o modelo estabelecido em normas complementares.

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53. Art. 234. Após a classificação dos ovos, o estabelecimento dever manter registros auditáveis e disponíveis ao Serviço de Inspeção Federal. Parágrafo único. Os registros devem abranger dados de rastreabilidade, quantidade de ovos classificados por categoria de qualidade e de peso e outros controles, conforme exigência do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 235. Os estabelecimentos de ovos e produtos de ovos devem executar os seguintes procedimentos, que serão verificados pelo Serviço de Inspeção Federal: I - garantir condições de higiene em todas as etapas do processo; II - armazenar e utilizar embalagens de maneira a assegurar a inocuidade do produto; III - realizar exame pela ovoscopia em câmara destinada exclusivamente a essa finalidade; IV - medir a altura da câmara de ar com instrumentos específicos; V - classificar e pesar os ovos com equipamentos específicos; VI - executar os programas de autocontrole; e VII - implantar programa de controle de resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes em ovos provenientes de estabelecimentos avícolas de reprodução. Art. 236. Os ovos destinados ao consumo humano devem ser classificados em ovos de categorias “A” e “B”, de acordo com as suas características qualitativas. Parágrafo único. A classificação dos ovos por peso deve atender ao Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade. Art. 237. Ovos da categoria “A” devem apresentar as seguintes características qualitativas: I - casca e cutícula de forma normal, lisas, limpas, intactas; II - câmara de ar com altura não superior a 6mm (seis milímetros) e imóvel; III - gema visível à ovoscopia, somente sob a forma de sombra, com contorno aparente, movendo-se ligeiramente em caso de rotação do ovo, mas regressando à posição central; IV - clara límpida e translúcida, consistente, sem manchas ou turvação e com as calazas intactas; e V - cicatrícula com desenvolvimento imperceptível. Art. 238. Ovos da categoria “B” devem apresentar as seguintes características: I - ovos considerados inócuos, mas que não se enquadrem nas características fixadas na categoria “A”; II - ovos que apresentem manchas sanguíneas pequenas e pouco numerosas na clara e na gema; ou III - ovos provenientes de estabelecimentos avícolas de reprodução que não foram submetidos ao processo de incubação. Parágrafo único. Os ovos da categoria “B” serão destinados exclusivamente à industrialização. Art. 239. Os ovos limpos trincados ou quebrados que apresentem a membrana testácea intacta devem ser destinados para a industrialização, tão rapidamente quanto possível. Art. 240. É proibida a utilização e a lavagem de ovos sujos trincados para a fabricação de produtos de ovos.

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54. Art. 241. Os ovos destinados para a produção de produtos de ovos devem ser previamente lavados antes de serem processados. Art. 242. Os ovos devem ser armazenados e transportados em condições que minimizem as variações de temperatura. Art. 243. São considerados impróprios para consumo os ovos que apresentem: I - alterações da gema e da clara, com gema aderente à casca, gema rompida, presença de manchas escuras ou de sangue alcançando também a clara, presença de embrião com mancha orbitária ou em adiantado estado de desenvolvimento; II - mumificação ou que estejam secos por outra causa; III - podridão vermelha, negra ou branca; IV - contaminação por fungos, externa ou internamente; V - cor, odor ou sabor anormais; VI - sujidades externas por materiais estercorais ou que tenham estado em contato com substâncias capazes de transmitir odores ou sabores estranhos; VII - rompimento da casca e que estiverem sujos; VIII - rompimento da casca e das membranas testáceas; IX - contaminação por substâncias tóxicas; ou X - resíduos de produtos de uso veterinário ou contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos em legislação específica. Parágrafo único. São também considerados impróprios para consumo humano os ovos que forem submetidos ao processo de incubação ou por outras causas previstas em normas complementares. Art. 244. Os ovos considerados impróprios para o consumo humano devem ser condenados, podendo ser aproveitados para uso não comestível, desde que a industrialização seja realizada em instalações apropriadas e sejam atendidas as especificações do produto não comestível que será fabricado. Art. 245. É proibido o acondicionamento de ovos em uma mesma embalagem quando se tratar de: I - ovos frescos com ovos submetidos a processos de conservação; e II - ovos de espécies diferentes. Art. 246. Os aviários, granjas e outras propriedades avícolas nas quais estejam grassando doenças zoonóticas com informações comprovadas pelo serviço oficial de sanidade animal não podem destinar sua produção de ovos ao consumo.

CAPÍTULO III DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE LEITE E DERIVADOS

Art. 247. A inspeção de leite e seus derivados, além das exigências previstas neste Regulamento, abrange a verificação: I - do estado sanitário do rebanho, do processo de ordenha, do acondicionamento, da conservação e do transporte do leite; II - das matérias-primas, do processamento, do produto, da estocagem e da expedição; III - das instalações laboratoriais, dos equipamentos, dos controles e dos processos analíticos; e IV - dos programas de autocontrole implantados.

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55. Art. 248. Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. § 1o O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda. § 2o Permite-se a mistura de leite de espécies animais diferentes, desde que conste na denominação de venda do produto e seja informada na rotulagem a porcentagem do leite de cada espécie. Art. 249. Entende-se por colostro o produto da ordenha obtido após o parto e enquanto estiverem presentes os elementos que o caracterizam. Art. 250. Entende-se por leite de retenção o produto da ordenha obtido no período de 30 (trinta) dias que antecedem a parição prevista. Art. 251. Entende-se por leite individual o produto resultante da ordenha de uma só fêmea e, por leite de conjunto, o resultante da mistura de leites individuais. Art. 252. Entende-se por gado leiteiro todo rebanho explorado com a finalidade de produzir leite. Art. 253. O gado leiteiro deve ser mantido sob controle veterinário, abrangendo os aspectos discriminados a seguir e outros estabelecidos em legislação específica: I - regime de criação; II - manejo nutricional; III - estado sanitário dos animais, especialmente das vacas em lactação, incluindo a adoção de medidas de caráter permanente contra a tuberculose, brucelose, mastite e outras doenças que possam comprometer a inocuidade do leite; IV - controle dos produtos de uso veterinário utilizados no rebanho; V - qualidade da água destinada aos animais e da utilizada na higienização de instalações, equipamentos e utensílios; VI - condições higiênicas dos equipamentos e utensílios, locais de ordenha, currais, estábulos e demais instalações que tenham relação com a produção de leite; VII - manejo e higiene da ordenha; VIII - condições de saúde dos ordenhadores para realização de suas funções, com comprovação documental; IX - exame do leite de conjunto e, se necessário, do leite individual; e X - condições de refrigeração, conservação e transporte do leite. Parágrafo único. É proibido ministrar substâncias estimulantes de qualquer natureza capazes de provocar aumento da secreção láctea com prejuízo da saúde animal e humana. Art. 254. Os diversos setores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, respeitando-se as suas competências, atuarão em conjunto para verificar, sempre que necessário, a execução dos controles referidos no artigo 253. Art. 255. O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal colaborará com o serviço oficial de sanidade animal na execução de um plano para controle e erradicação da tuberculose, da brucelose ou de quaisquer outras doenças dos animais produtores de leite. Art. 256. É obrigatória a obtenção de leite em condições higiênicas, abrangendo o manejo do gado leiteiro e os procedimentos de ordenha, conservação e transporte.

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56. § 1o Logo após a ordenha, manual ou mecânica, o leite deve ser filtrado por meio de utensílios específicos previamente higienizados. § 2o O leite cru mantido na propriedade rural deve ser conservado sob temperatura e período definidos em regulamentos técnicos específicos. § 3o O vasilhame ou equipamento para conservação do leite na propriedade rural até a sua captação deve permanecer em local próprio e específico, mantido em condições adequadas de higiene. Art. 257. Entende-se por tanque comunitário o equipamento de refrigeração por sistema de expansão direta, utilizado de forma coletiva exclusivamente por produtores de leite para conservação do leite cru refrigerado na propriedade rural. § 1o Excepcionalmente, o tanque comunitário poderá ser instalado fora da propriedade rural, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 2o O tanque comunitário deve estar vinculado a estabelecimento sob Inspeção Federal e deve atender a regulamento técnico específico. Art. 258. É proibido, nas propriedades rurais, o desnate parcial ou total do leite. Art. 259. É proibido o envio a qualquer estabelecimento industrial do leite de fêmeas que, independentemente da espécie: I - pertençam à propriedade que esteja sob interdição; II - não se apresentem clinicamente sãs e em bom estado de nutrição; III - estejam no último mês de gestação ou na fase colostral; IV - apresentem diagnóstico clínico ou resultado de provas diagnósticas que indiquem a presença de doenças infectocontagiosas que possam ser transmitidas ao ser humano pelo leite; V - estejam sendo submetidas a tratamento com produtos de uso veterinário durante o período de carência recomendado pelo fabricante; ou VI - receberam alimentos ou produtos de uso veterinário que possam prejudicar a qualidade do leite. Art. 260. A captação do leite cru, diretamente nas propriedades rurais, e o seu transporte até o estabelecimento de destino devem atender ao disposto em regulamento técnico específico. Parágrafo único. Para fins de rastreabilidade, na captação de leite por meio de carro-tanque isotérmico, deve ser colhida amostra do leite de cada produtor ou tanque comunitário previamente à captação, identificada e conservada até a recepção no estabelecimento industrial. Art. 261. Após a captação do leite cru na propriedade rural, é proibida qualquer operação envolvendo essa matéria-prima em instalações não autorizadas pelo Serviço de Inspeção Federal. Art. 262. Entende-se por Posto de Transvase o estabelecimento intermediário entre as propriedades rurais e os estabelecimentos industriais a que está vinculado, destinado exclusivamente à transferência de leite cru refrigerado entre carros-tanques isotérmicos. § 1o O Posto de Transvase deve atender às seguintes condições:

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57. I - instalação e equipamentos apropriados para a transferência de leite entre carros-tanques isotérmicos em sistema fechado; e II - equipamentos para higienização de utensílios, equipamentos e carros-tanques isotérmicos. § 2o O Posto de Transvase deve constar formalmente do Programa de Coleta a Granel do estabelecimento sob Inspeção Federal a que está vinculado. § 3o Os estabelecimentos de leite e derivados lácteos são responsáveis por manter atualizado o cadastro dessas instalações, bem como pelo cumprimento das exigências previstas neste Regulamento e em regulamento específico estabelecido para os Postos de Transvase. Art. 263. Os estabelecimentos que recebem leite cru de produtores rurais são responsáveis pela implantação de programas de melhoria da qualidade da matéria-prima e de educação continuada dos produtores. Art. 264. A análise das amostras de leite colhidas nas propriedades rurais para atendimento ao programa nacional da qualidade do leite é de responsabilidade do estabelecimento que primeiramente receber o leite dos produtores, e abrange: I - contagem de células somáticas (CCS); II - contagem bacteriana total (CBT); III - composição centesimal; IV - detecção de resíduos de produtos de uso veterinário; e

V - outras que venham a ser determinadas em regulamento técnico específico. Parágrafo único. Devem ser seguidos os procedimentos estabelecidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para a colheita de amostras. Art. 265. Considera-se leite normal o produto que apresente: I - características sensoriais (cor, odor e aspecto) normais; II - teor mínimo de gordura de 3,0g/100g (três gramas por cem gramas); III - teor mínimo de proteína de 2,9g/100g (dois inteiros e nove décimos de gramas por cem gramas); IV - teor mínimo de lactose de 4,3g/100g (quatro inteiros e três décimos de gramas por cem gramas); V - teor mínimo de sólidos não gordurosos de 8,4g/100g (oito inteiros e quatro décimos de gramas por cem gramas); VI - teor mínimo de sólidos totais de 11,4g/100g (onze inteiros e quatro décimos de gramas por cem gramas); VII - acidez titulável entre 0,14 (quatorze centésimos) e 0,18 (dezoito centésimos) expressa em gramas de ácido lático/100 mL; VIII - densidade relativa a 15ºC (quinze graus Celsius) entre 1,028 (um inteiro e vinte e oito milésimos) e 1,034 (um inteiro e trinta e quatro milésimos) expressa em g/mL; e IX - índice crioscópico entre -0,530ºH (quinhentos e trinta milésimos de grau Hortvet negativos) e -0,550°H (quinhentos e cinquenta milésimos de grau Hortvet negativos), equivalentes a -0,512ºC (quinhentos e doze milésimos de grau Celsius negativos) e a -0,531ºC (quinhentos e trinta e um milésimos de grau Celsius negativos), respectivamente.

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58. § 1o Para ser considerado normal, o leite cru oriundo da propriedade rural deve se apresentar dentro dos padrões para contagem bacteriana total e contagem de células somáticas dispostos em normas complementares. § 2o O leite cru deve apresentar reação positiva aos testes que identificam a presença das enzimas fosfatase alcalina e peroxidase. § 3o O leite não deve apresentar substâncias estranhas à sua composição, tais como agentes inibidores do crescimento microbiano, neutralizantes da acidez, reconstituintes da densidade ou do índice crioscópico. § 4o O leite não deve apresentar resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos em legislação específica. § 5o O leite cru oriundo de região específica que disponha de estudo técnico-científico sobre variações fisiológicas dos critérios supracitados poderá ser aceito após avaliação do DIPOA, que se encarregará das verificações e análises de provas necessárias apresentadas pelo interessado. Art. 266. A análise do leite para sua seleção e recepção no estabelecimento industrial deve abranger as seguintes especificações e outras determinadas em normas complementares: I - características sensoriais (cor, odor e aspecto); II - temperatura; III - teste do álcool/alizarol; IV - acidez titulável; V - densidade relativa a 15ºC (quinze graus Celsius); VI - teor de gordura; VII - teor de sólidos totais e sólidos não gordurosos; VIII - índice crioscópico; IX - pesquisa de agentes inibidores do crescimento microbiano; X - pesquisa de neutralizantes de acidez, de reconstituintes de densidade e conservadores; e XI - pesquisa de outros indicadores de fraudes que se faça necessária. Parágrafo único. Quando a matéria-prima for proveniente de Usina de Beneficiamento ou de Fábrica de Laticínios, deve ser realizada a pesquisa de fosfatase alcalina e peroxidase. Art. 267. O estabelecimento industrial é responsável pelo controle das condições de recepção do leite, bem como pela seleção da matéria-prima destinada à produção de leite para consumo humano direto e industrialização, conforme padrões analíticos especificados neste Regulamento e em regulamento técnico específico. Parágrafo único. Após as análises de seleção da matéria-prima e detectada qualquer não conformidade na mesma, a empresa receptora será responsável pela destinação, de acordo com o disposto neste Regulamento e nas normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 268. O Serviço de Inspeção Federal, quando julgar necessário, realizará as análises previstas em regulamento técnico específico ou nos programas de autocontrole, ou determinará a realização das análises pela empresa. Art. 269. Considera-se impróprio para qualquer tipo de aproveitamento o leite cru quando:

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59. I - provenha de propriedade interditada pela autoridade competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; II - apresente resíduos de produtos de uso veterinário ou contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos em legislação específica, inibidores, neutralizantes de acidez, reconstituintes de densidade ou do índice crioscópico, conservadores, agentes inibidores do crescimento microbiano ou outras substâncias estranhas à sua composição; III - apresente corpos estranhos ou impurezas que causem repugnância; IV - revele presença de colostro; ou V - apresente outras alterações que o torne impróprio, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. O leite considerado impróprio para qualquer tipo de aproveitamento, bem como toda a quantidade a que tenha sido misturado, deve ser descartado e inutilizado pela empresa, sem prejuízo da legislação ambiental. Art. 270. Considera-se impróprio para produção de leite para consumo humano direto o leite cru quando: I - não atenda aos padrões para leite normal; II - coagule pela prova do álcool/alizarol na concentração estabelecida em normas complementares; III - apresente anormalidades diferentes das previstas no art. 269; ou IV - apresente outras alterações que o torne impróprio, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. O leite em condições de aproveitamento condicional deve ser destinado pela empresa de acordo com o disposto neste Regulamento e nas normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 271. O processamento do leite após a seleção e a recepção em qualquer estabelecimento compreende as seguintes operações, entre outros processos aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: I - pré-beneficiamento do leite, compreendendo, de forma isolada ou combinada, as etapas de filtração sob pressão, clarificação, bactofugação, microfiltração, padronização do teor de gordura, termização (pré-aquecimento), homogeneização e refrigeração; e II - beneficiamento do leite compreendendo os processos de pasteurização, ultra-alta temperatura (UAT ou UHT) e esterilização. § 1o Permite-se o congelamento do leite para aquelas espécies em que o procedimento seja tecnologicamente justificado, desde que estabelecido em regulamento técnico específico. § 2o É proibido o emprego de substâncias químicas na conservação do leite. Art. 272. Entende-se por filtração a retirada das impurezas do leite por processo mecânico, mediante passagem sob pressão por material filtrante apropriado. Parágrafo único. Todo leite destinado ao processamento industrial deve ser submetido à filtração antes de qualquer outra operação de pré-beneficiamento ou beneficiamento. Art. 273. Entende-se por clarificação a retirada das impurezas do leite por processo mecânico, mediante centrifugação ou outro processo tecnológico equivalente aprovado pelo

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60. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. Todo leite destinado ao consumo humano direto deve ser submetido à clarificação. Art. 274. Entende-se por termização (pré-aquecimento) a aplicação de calor ao leite em aparelhagem própria com a finalidade de reduzir sua carga microbiana, sem alteração das características do leite cru. § 1o Considera-se aparelhagem própria aquela provida de dispositivo de controle automático de temperatura e de tempo, de modo que o produto termizado satisfaça às exigências deste Regulamento. § 2o O leite termizado deve: I - ser refrigerado imediatamente após o aquecimento; e II - manter as reações enzimáticas do leite cru. Art. 275. Entende-se por pasteurização o tratamento térmico aplicado ao leite com o objetivo de evitar perigos à saúde pública decorrentes de microrganismos patogênicos eventualmente presentes, promovendo mínimas modificações químicas, físicas, sensoriais e nutricionais. § 1o Permitem-se os seguintes processos de pasteurização do leite: I - Pasteurização lenta, que consiste no aquecimento indireto do leite entre 63ºC (sessenta e três graus Celsius) e 65ºC (sessenta e cinco graus Celsius) por 30 (trinta) minutos, mantendo-se o leite sob agitação mecânica, lenta, em aparelhagem própria; e II - Pasteurização rápida, que consiste no aquecimento do leite em camada laminar entre 72ºC (setenta e dois graus Celsius) e 75ºC (setenta e cinco graus Celsius) por 15 a 20 (quinze a vinte) segundos, em aparelhagem própria. § 2o Podem ser aceitos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento outros binômios de tempo e temperatura, desde que comprovada a equivalência ao processo. § 3o É obrigatória a utilização de aparelhagem convenientemente instalada e em perfeito funcionamento, provida de dispositivos de controle automático de temperatura, registradores de temperatura (termógrafos de calor e de frio), termômetros e outros que venham a ser considerados necessários para o controle técnico e sanitário da operação; para o sistema de pasteurização rápida, essa aparelhagem deve ainda incluir válvula para o desvio de fluxo do leite com acionamento automático e alarme sonoro. § 4o O leite pasteurizado destinado ao consumo humano direto deve ser refrigerado entre 2ºC (dois graus Celsius) e 4ºC (quatro graus Celsius), imediatamente após a pasteurização, envasado automaticamente em circuito fechado no menor prazo possível e expedido ao consumo ou armazenado em câmara frigorífica em temperatura não superior a 4ºC (quatro graus Celsius). § 5o É permitido o armazenamento frigorífico do leite pasteurizado em tanques isotérmicos providos de termômetros e agitadores automáticos a temperatura entre 2ºC (dois graus Celsius) e 4ºC (quatro graus Celsius).

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61. § 6o O leite pasteurizado deve apresentar provas de fosfatase alcalina negativa e de peroxidase positiva. § 7o É proibida a repasteurização do leite para consumo humano direto. Art. 276. Entende-se por processo de ultra-alta temperatura (UAT ou UHT) o tratamento térmico aplicado ao leite a uma temperatura entre 130˚C (cento e trinta graus Celsius) e 150˚C (cento e cinquenta graus Celsius), por 2 (dois) a 4 (quatro) segundos, mediante processo de fluxo contínuo, imediatamente resfriado a temperatura inferior a 32˚C (trinta e dois graus Celsius) e envasado sob condições assépticas em embalagens esterilizadas e hermeticamente fechadas. § 1o Podem ser aceitos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento outros binômios de tempo e temperatura, desde que comprovada a equivalência ao processo. § 2o É permitido o armazenamento do leite UAT em tanques assépticos e herméticos previamente ao envase. Art. 277. Entende-se por processo de esterilização o tratamento térmico aplicado ao leite a uma temperatura entre 110˚C (cento e dez graus Celsius) e 130˚C (cento e trinta graus Celsius) durante 20 (vinte) a 40 (quarenta) minutos, em equipamentos próprios. Parágrafo único. Podem ser aceitos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, outros binômios de tempo e temperatura, desde que comprovada a equivalência ao processo. Art. 278. No caso de conservação de leite, devem ser atendidos os seguintes limites máximos de temperatura: I - conservação e expedição no Posto de Refrigeração: 4˚C (quatro graus Celsius); II - conservação na Usina de Beneficiamento ou Fábrica de Laticínios antes da pasteurização: 4˚C (quatro graus Celsius); III - refrigeração após a pasteurização: 4˚C (quatro graus Celsius); IV - estocagem em câmara frigorífica do leite pasteurizado: 4˚C (quatro graus Celsius); V - entrega ao consumo do leite pasteurizado: 7˚C (sete graus Celsius); e VI - estocagem e entrega ao consumo do leite submetido ao processo de ultra-alta temperatura - UAT (UHT) e esterilizado: temperatura ambiente. Art. 279. O leite termicamente processado para consumo humano direto só pode ser exposto à venda quando envasado automaticamente, por meio de circuito fechado, em embalagem inviolável e específica para as condições previstas de armazenamento. § 1o Os equipamentos de envase devem conter dispositivos que garantam a manutenção das condições assépticas das embalagens e do processo. § 2o O envase do leite para consumo humano direto só pode ser realizado em Granjas Leiteiras e em Usinas de Beneficiamento de leite, conforme previsto neste Regulamento. Art. 280. O leite pasteurizado deve ser transportado em veículos isotérmicos com unidade frigorífica instalada.

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62. Art. 281. É proibida a comercialização e distribuição de leite cru para consumo humano direto em todo território nacional, nos termos da legislação. Art. 282. O leite beneficiado, para ser exposto ao consumo como integral, deve apresentar os mesmos requisitos do leite normal, com exceção do teor de sólidos não gordurosos e de sólidos totais, que devem atender ao regulamento técnico específico. Art. 283. O leite beneficiado, para ser exposto ao consumo como padronizado, semidesnatado ou desnatado, deve satisfazer às exigências do leite integral, com exceção dos teores de gordura, de sólidos não gordurosos e de sólidos totais, que devem atender ao regulamento técnico específico. Art. 284. Os padrões microbiológicos do leite beneficiado devem atender ao regulamento técnico específico. Art. 285. Quando as condições de produção, conservação e transporte, composição, contagem de células somáticas ou contagem bacteriana total não satisfizerem ao padrão a que se destina, o leite poderá ser utilizado na obtenção de outro produto, desde que se enquadre no respectivo padrão, devendo ser atendido o disposto neste Regulamento e nas normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 286. Permite-se a mistura de leites de qualidades diferentes, desde que prevaleça o de padrão inferior para fins de classificação e rotulagem.

CAPÍTULO IV DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE PRODUTOS DE ABELHAS E DERIVADOS

Art. 287. A inspeção de produtos de abelhas e seus derivados, além das exigências já previstas neste Regulamento, abrange a verificação: I - da extração, do acondicionamento, da conservação, da origem e do transporte dos produtos de abelhas; II - do processamento, da armazenagem e da expedição; e III - dos programas de autocontrole implantados. Parágrafo único. Fica proibida a recepção de mel que não tenha sido extraído em estabelecimento registrado no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou em outros âmbitos de inspeção, desde que haja reconhecimento da equivalência deste Serviço de Inspeção junto ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 288. As análises de produtos de abelhas, para sua recepção e seleção no estabelecimento processador, devem abranger as características sensoriais e as análises determinadas em normas complementares e legislação específica, além da pesquisa de indicadores de fraudes que se faça necessária. Parágrafo único. Após as análises de seleção da matéria-prima e detectada qualquer não conformidade na mesma, a empresa receptora será responsável pela destinação, de acordo com o disposto neste Regulamento e nas normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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63. Art. 289. O mel e o mel de abelhas sem ferrão, quando submetidos ao processo de descristalização, pasteurização ou desumidificação, devem respeitar o binômio tempo e temperatura e demais dispositivos constantes em normas complementares. Art. 290. São considerados alterados e impróprios para consumo humano, na forma como se apresentam, os produtos de abelhas que evidenciem: I - características sensoriais anormais; II - a presença de resíduos estranhos decorrentes de falhas nos procedimentos higiênico-sanitários e tecnológicos; ou III - a presença de resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos em legislação específica. § 1o Em se tratando de mel e mel de abelhas sem ferrão, são também considerados alterados os que evidenciem fermentação avançada, hidroximetilfurfural acima do estabelecido em legislação específica e microbiota capaz de alterá-los. § 2o Em se tratando de pólen apícola, pólen de abelhas sem ferrão, própolis e própolis de abelhas sem ferrão são também considerados alterados os que evidenciem microbiota capaz de alterá-los. § 3o Em se tratando de geléia real, é também considerada alterada a que evidencie conservação inadequada, indícios de colheita realizada após 72 (setenta e duas) horas, microbiota capaz de alterá-la e a presença de microrganismos patogênicos. Art. 291. São considerados alterados e impróprios para consumo humano, na forma como se apresentam, os derivados de produtos de abelhas, que evidenciem: I - características sensoriais anormais; II - a utilização de matéria-prima em desacordo com as exigências definidas para cada produto de abelhas usado na sua composição; III - a presença de resíduos estranhos decorrentes de falhas nos procedimentos higiênico-sanitários e tecnológicos; ou IV - microrganismos patogênicos. Parágrafo único. Em se tratando de composto de produtos de abelhas com adição de ingredientes, são também considerados alterados os que evidenciem o uso de ingredientes permitidos que não atendam às exigências do órgão competente. Art. 292. São considerados fraudados (adulterados ou falsificados) os produtos de abelhas que: I - apresentem substâncias que alterem a sua composição original; II - apresentem aditivos; III - apresentem características de obtenção a partir de alimentação artificial de abelhas; IV - evidenciem a subtração de qualquer dos seus componentes, em desacordo com este Regulamento ou normas complementares; V - forem de um tipo e se apresentem rotulados como de outro; VI - apresentem adulteração na data de fabricação, data ou prazo de validade do produto; ou VII - tenham sido elaborados a partir de matéria-prima imprópria para processamento. Parágrafo único. Em se tratando de mel e mel de abelhas sem ferrão são também considerados fraudados os que evidenciem a adição de açúcares.

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64. Art. 293. São considerados fraudados (adulterados ou falsificados) os derivados de produtos de abelhas que: I - forem de um tipo e se apresentem rotulados como de outro; II - apresentem adulteração na data de fabricação, data ou prazo de validade do produto; ou III - tenham sido elaborados a partir de matéria-prima imprópria para processamento. § 1o Em se tratando de composto de produtos de abelhas sem adição de ingredientes, são também considerados fraudados os que evidenciem a presença de aditivos ou quaisquer outros ingredientes não permitidos. § 2o Em se tratando de compostos de produtos de abelhas com adição de ingredientes, são também considerados fraudados os que evidenciem o uso de ingredientes não permitidos ou de ingredientes permitidos em quantidade acima do limite estabelecido em legislação específica. Art. 294. Os produtos de abelhas e derivados alterados, fraudados ou impróprios para o consumo humano, na forma como se apresentam, podem ter aproveitamento condicional quando previstos em normas complementares. Art. 295. Os estabelecimentos de produtos de abelhas que recebem matérias-primas de produtores rurais devem manter atualizado o cadastro desses produtores em sistema de informação adotado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conforme normas complementares. Art. 296. Os produtos de abelhas sem ferrão devem ser procedentes de criadouros, na forma de meliponários, autorizados pelo órgão ambiental competente.

TÍTULO VI DOS PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE

CAPÍTULO I

DOS ASPECTOS GERAIS Art. 297. Ingrediente é qualquer substância, incluídos os aditivos alimentares, empregada na fabricação ou preparação de um produto e que permanece ao final do processo, ainda que de forma modificada, conforme estabelecido em legislação específica e normas complementares. Art. 298. Aditivo alimentar é qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos produtos de origem animal, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a manipulação, industrialização, embalagem, acondicionamento, armazenagem ou transporte de um alimento conforme estabelecido pela Instituição reguladora da Saúde em Regulamento Técnico específico e normas complementares. Parágrafo único. Esta definição não inclui os contaminantes e as substâncias que sejam incorporadas ao produto para manter ou melhorar suas propriedades nutricionais. Art. 299. Coadjuvante de Tecnologia de Fabricação é toda substância, excluindo os equipamentos e os utensílios utilizados na elaboração ou conservação de um produto, que não se consome por si só como ingrediente alimentar e que se emprega intencionalmente na elaboração de matérias-primas, alimentos ou seus ingredientes, para obter uma finalidade tecnológica durante o tratamento ou fabricação, devendo ser eliminada do alimento ou inativada, podendo admitir-se no produto final a

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65. presença de traços de substância ou seus derivados, conforme estabelecido pela Instituição reguladora da Saúde em Regulamento Técnico específico e normas complementares. Art. 300. A utilização de aditivos ou coadjuvantes de tecnologia deve atender aos limites estabelecidos pela Instituição reguladora da Saúde em Regulamento Técnico específico e normas complementares. § 1o O uso de antissépticos, produtos químicos, extratos e infusões de plantas ou tinturas fica condicionado à sua aprovação prévia pela Instituição reguladora da Saúde e autorização pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 2o É proibido o emprego de substâncias que possam diminuir o valor nutritivo dos produtos ou que possam ser prejudiciais ou nocivas ao consumidor. Art. 301. Quando aditivos de igual função forem utilizados combinadamente, a soma de todos os limites não pode ser superior ao limite máximo de nenhum deles. Art. 302. Todos os ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia apresentados de forma combinada devem dispor de informação clara sobre sua composição e percentuais. Art. 303. O sal e seus substitutivos empregados no preparo de produtos de origem animal devem ser isentos de substâncias orgânicas ou minerais estranhas à sua composição e devem atender à legislação específica. Art. 304. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal estabelecerá regulamentos técnicos de identidade e qualidade para os produtos de origem animal previstos ou não neste Regulamento, assim como regulamentos técnicos específicos para seus respectivos processos de fabricação. Parágrafo único. Todos os produtos de origem animal elaborados em estabelecimentos sob Inspeção Federal devem atender aos regulamentos técnicos de que trata este artigo.

CAPÍTULO II

DOS PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE CARNES E DERIVADOS

Seção I Das Matérias-Primas e Produtos Cárneos

Art. 305. Entende-se por carnes, as massas musculares e demais tecidos que as acompanham, procedentes das diferentes espécies animais julgadas aptas para o consumo humano pela inspeção veterinária oficial. Art. 306. Entende-se por carcaça as massas musculares e ossos do animal abatido, tecnicamente preparado, desprovido da cabeça, órgãos e vísceras torácicas e abdominais, respeitadas as particularidades de cada espécie, observando-se ainda o seguinte: I - nos bovídeos e equídeos a carcaça não inclui a pele, patas, rabo, glândula mamária, testículos e vergalho, exceto suas raízes; II - nos suídeos a carcaça pode ou não incluir a pele, cabeça e pés; III - nos ovinos e caprinos a carcaça não inclui a pele, patas, glândula mamária, testículos e vergalho, exceto suas raízes, mantendo-se ou não o rabo;

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66. IV - nas aves a carcaça deve ser desprovida de penas, sendo facultativa a retirada de rins, pés, pescoço, cabeça e órgãos reprodutores em aves que não atingiram a maturidade sexual; V - nos lagomorfos a carcaça deve ser desprovida de pele, cabeça e patas; VI - nas ratitas a carcaça deve ser desprovida de pele e pés, sendo facultativa a retirada do pescoço; e VII - nas rãs e nos jacarés as carcaças são desprovidas de pele e patas e, nos quelônios, desprovida de casco. Parágrafo único. É obrigatória a retirada das carnes provenientes do local de sangria. Art. 307. Entende-se por miúdos, os órgãos, vísceras e partes de animais de abate destinados à alimentação humana, julgados aptos para o consumo humano pela inspeção veterinária oficial. Art. 308. Entende-se por produtos de triparia as vísceras abdominais consideradas como envoltórios naturais, tais como o estômago, intestinos e a bexiga, após receberem os tratamentos tecnológicos específicos. Parágrafo único. Podem ainda ser utilizados como envoltórios o peritônio parietal, a serosa do esôfago, o epíplon e a pele de suíno depilada. Art. 309. As carcaças, partes de carcaças e miúdos devem atender aos limites microbiológicos, físico-químicos e de resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes estabelecidos em normas complementares ou legislação específica. Art. 310. As carnes e miúdos utilizados na elaboração de produtos cárneos devem estar livres de linfonodos, glândulas, vesícula biliar, saco pericárdico, papilas, cartilagens, esquírolas ósseas, grandes vasos, coágulos e demais tecidos não considerados aptos ao consumo humano, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 311. É proibido o uso de tonsilas, glândulas salivares, glândulas mamárias, ovários, baço, testículos, linfonodos, nódulos hemolinfáticos e outras glândulas como matéria-prima para o preparo de produtos cárneos. Art. 312. Permite-se a utilização de sangue ou suas frações no preparo de produtos cárneos industrializados, desde que obtido em condições específicas definidas em Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade. § 1o É proibido o uso de sangue ou suas frações procedentes de animais que venham a ser destinados a aproveitamento condicional ou que sejam considerados impróprios para o consumo humano. § 2o É proibida a desfibrinação manual do sangue quando destinado à alimentação humana. Art. 313. Produtos Cárneos são aqueles obtidos de carnes das diferentes espécies animais cujas propriedades originais foram modificadas mediante processo tecnológico adequado que pode envolver a adição de ingredientes, aditivos ou coadjuvantes de tecnologia.

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67. Art. 314. Linguiça é o produto cárneo obtido de carnes das diferentes espécies animais, condimentado, adicionado ou não de tecidos adiposos, ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, embutido em envoltório natural ou artificial e submetido a processo tecnológico específico. Art. 315. Almôndega é o produto cárneo obtido a partir de carne moída de uma ou mais espécies animais, moldado na forma arredondada, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico. Art. 316. Hambúrguer é o produto cárneo obtido de carne moída das diferentes espécies animais, adicionado ou não de tecido adiposo, ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, moldado e submetido a processo tecnológico específico. Art. 317. Kibe é o produto cárneo obtido de carne moída das diferentes espécies animais, adicionado de trigo integral, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico. Parágrafo único. Quando a carne utilizada não for bovina ou ovina, será denominado de Kibe seguido do nome da espécie animal de procedência. Art. 318. Presunto é o produto cárneo obtido exclusivamente dos cortes do membro posterior de suínos, desossado ou não, cozido ou não, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico. Parágrafo único. Poderá ser utilizado o membro posterior de outras espécies animais desde que o produto seja denominado Presunto seguido do nome da espécie animal de procedência. Art. 319. Apresuntado é o produto cárneo cozido obtido de carne suína, condimentado, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico. Art. 320. Fiambre é o produto cárneo cozido obtido de carnes de uma ou mais espécies animais, condimentado, adicionado ou não de miúdos comestíveis, ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico. Art. 321. Mortadela é o produto cárneo cozido obtido da emulsão de carnes de diferentes espécies animais, condimentado, adicionado ou não de toucinho, ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, embutido em envoltório natural ou artificial, em diferentes formas e submetido a processo técnológico específico. Art. 322. Salsicha é o produto cárneo cozido obtido da emulsão de carnes de uma ou mais espécies de animais, condimentado, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, embutido em envoltório natural ou artificial e submetido a processo tecnológico específico. Art. 323. Salame é o produto cárneo obtido de carne suína, misturado ou não a carne bovina, adicionado de toucinho, outros ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, embutido em envoltórios naturais ou artificiais, curado, fermentado, maturado, defumado ou não e dessecado. Art. 324. Pepperoni é o produto cárneo elaborado de carne suína, misturado ou não a carne bovina, toucinho, adicionado ou não de outros ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia,

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68. embutido em envoltórios naturais ou artificiais, curado, apimentado, fermentado, maturado, dessecado, defumado ou não. Art. 325. Copa é o produto cárneo obtido do corte íntegro da carcaça suína denominado de nuca ou sobrepaleta, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, maturado, dessecado, defumado ou não. Art. 326. Lombo seguido da especificação que couber é o produto cárneo obtido do corte da região lombar dos suídeos, ovinos e caprinos, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico. Art. 327. Bacon é o produto cárneo obtido do corte da parede tóraco-abdominal de suínos, que vai do esterno ao púbis, com ou sem costela, com ou sem pele, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico, com defumação. Art. 328. Pasta ou Patê é o produto cárneo obtido a partir de carnes ou produtos cárneos, gordura ou miúdos comestíveis das diferentes espécies animais, transformado em pasta, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia e submetido a processo tecnológico específico. Art. 329. Charque é o produto cárneo obtido de carne bovina, salgado, cru, maturado, dessecado e submetido a processo tecnológico específico. Parágrafo único. Quando a carne empregada não for de bovino, depois da designação charque, deve ser mencionada a espécie animal de procedência. Art. 330. Gelatina é o produto obtido por meio de hidrólise térmica, química ou enzimática da proteína colagênica presente nas peles, aparas, ossos e outros tecidos das diferentes espécies animais, submetido a processo tecnológico específico. Art. 331. Caldo de carne é o produto cárneo líquido resultante do cozimento de carnes, filtrado, envasado e submetido a processo tecnológico específico. § 1o O caldo de carne concentrado, mas ainda fluído, deve ser designado Extrato Fluído de Carne. § 2o O caldo de carne concentrado até consistência pastosa deve ser designado Extrato de Carne que, quando condimentado, deve ser designado Extrato de carne com temperos. Art. 332. Carne Bovina Salgada Curada Dessecada (Jerked Beef) é o produto cárneo obtido de carne bovina, salgado, cru, adicionado ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, submetido a processo de maturação e dessecação. Art. 333. Carne Bovina em Conserva (Corned Beef) é o produto cárneo obtido de carne bovina, curado, cozido, embalado hermeticamente, submetido à esterilização comercial e resfriado rapidamente. Art. 334. Os produtos cárneos são considerados fraudados (adulterados ou falsificados) quando: I - não forem atendidas as especificações contidas neste Regulamento; II - forem empregadas carnes e matérias-primas em desacordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade ou em proporções diferentes das constantes na formulação aprovada;

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69. III - contenham carnes de espécies diferentes das declaradas nos rótulos; IV - contenham matérias-primas, aditivos ou outros ingredientes não permitidos ou em quantidades superiores aos limites permitidos pela legislação específica; e V - não forem atendidos os parâmetros físico-químicos estabelecidos em legislação específica. Art. 335. Os produtos cárneos devem ser considerados alterados e impróprios para consumo humano, na forma como se apresentam, quando: I - a superfície for úmida, pegajosa, exsudando líquido; II - à palpação se verifiquem partes ou áreas flácidas ou consistência anormal; III - há indícios de fermentação pútrida; IV - a massa apresenta manchas esverdeadas ou pardacentas, ou coloração sem uniformidade; V - rançosos, mofados ou bolorentos; VI - infestado por parasitas ou com indícios de ação por insetos ou roedores; VII - há alteração de suas características sensoriais; VIII - não forem atendidos os limites microbiológicos, de resíduos de produtos de uso veterinário ou de contaminantes estabelecidos em legislação específica; e IX - contiverem corpos estranhos ou sujidades internas, externas ou qualquer outra evidência de descuido e falta de higiene na manipulação, elaboração, preparo, conservação ou acondicionamento.

Subseção I Dos Processos de Fabricação - Controles Gerais

Art. 336. Para a fabricação de produtos cárneos embutidos é permitido o emprego de envoltórios naturais, como tripas, bexigas ou outra membrana animal, que devem estar limpos e sofrer outra lavagem imediatamente antes de seu uso. Parágrafo único. É permitido o emprego de películas artificiais, desde que previamente aprovados pela Instituição reguladora da Saúde. Art. 337. Os produtos cárneos cozidos que necessitam ser mantidos sob refrigeração, devem ser resfriados logo após o processamento térmico, em tempo e temperatura que preservem sua inocuidade. Art. 338. Permite-se a reutilização de salmouras filtradas por processo contínuo, para subseqüente aproveitamento, desde que não apresentem alteração de suas características originais, a critério do Serviço de Inspeção Federal. Parágrafo único. É proibido o reaproveitamento de sal, para produtos comestíveis, após seu uso em processos de salga.

Seção II Dos Produtos Gordurosos Comestíveis

Art. 339. Produtos gordurosos comestíveis, segundo a espécie animal da qual procedem, são os que resultam do processamento ou do aproveitamento de tecidos de animais, por fusão ou por outros processos tecnológicos específicos.

Seção III

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70. Dos Produtos Não Comestíveis

Art. 340. Produto não comestível é todo o material resultante da manipulação e do processamento de matéria-prima, produtos e resíduos de animais empregados na preparação de produtos não destinados ao consumo humano. Art. 341. Produto gorduroso não comestível é todo aquele obtido pela fusão de carcaças, partes de carcaça, ossos, órgãos e vísceras não empregados no consumo humano, bem como o que for destinado a esse fim pelo Serviço de Inspeção Federal. Parágrafo único. O produto gorduroso não comestível deve ser desnaturado pelo emprego de substâncias desnaturantes, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 342. Todos os produtos condenados devem ser conduzidos à seção de produtos não comestíveis, proibindo-se sua passagem por seções onde sejam elaborados ou manipulados produtos comestíveis. § 1º A condução de material condenado até a sua desnaturação pelo calor deve ser efetuada de modo a se evitar a contaminação dos locais de passagem, equipamentos e instalações. § 2º Os materiais condenados destinados a Fábricas de Produtos Não Comestíveis que não sejam anexas ao estabelecimento sob Inspeção Federal, devem ser previamente desnaturados por substâncias desnaturantes, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 343. Quando os resíduos não comestíveis se destinarem às Fábricas de Produtos Não Comestíveis que não sejam anexas ao estabelecimento sob Inspeção Federal, devem ser armazenados e expedidos em local exclusivo para esta finalidade e transportados em veículos vedados e que permitam sua completa higienização. Art. 344. É obrigatória a destinação de carcaças, partes de carcaças, ossos e órgãos de animais condenados e restos de todas as seções do estabelecimento, para o preparo de produtos não comestíveis, com exceção daqueles materiais que devem ser submetidos a outros tratamentos definidos em legislação específica. Parágrafo único. É permitida a cessão de peças condenadas, a critério do Serviço de Inspeção Federal, para instituições de ensino e para fins científicos, mediante pedido expresso da autoridade interessada, que declarará na solicitação a finalidade do material e assumirá inteira responsabilidade quanto ao seu destino. Art. 345. Permite-se o aproveitamento de matéria fecal oriunda da limpeza dos currais e dos veículos de transporte, desde que o estabelecimento disponha de instalações apropriadas para essa finalidade. Parágrafo único. O conteúdo do aparelho digestório dos animais abatidos deve receber o mesmo tratamento. Art. 346. Permite-se a adição de conservadores na bile depois de filtrada, quando o estabelecimento não tenha interesse em concentrá-la.

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71. Parágrafo único. Entende-se por bile concentrada o produto resultante da evaporação parcial da bile fresca. Art. 347. Óleo de Mocotó é o produto extraído das extremidades ósseas dos membros de bovídeos depois de removidos os cascos, por meio do cozimento em tanques abertos ou em autoclaves sob pressão, separação por decantação e, posteriormente, filtração ou centrifugação em condições específicas. Art. 348. Os produtos de origem animal não comestíveis tais como cerdas, crinas, pêlos, penas, chifres, cascos, conchas e carapaças, dentre outros, devem ser manipulados em seção específica para esta finalidade.

CAPÍTULO III DOS PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PESCADO E DERIVADOS

Seção I

Dos Produtos e Derivados Comestíveis de Pescado Art. 349. Produtos comestíveis de pescado são aqueles elaborados a partir de pescado inteiro ou de parte dele, aptos para o consumo humano. § 1º Para que o produto seja considerado como um produto “de pescado” deve possuir no mínimo 50% (cinqüenta por cento) do pescado que o designa, respeitadas as particularidades definidas no Regulamento Técnico específico; § 2º Quando a quantidade de pescado for inferior a 50% (cinqüenta por cento) o produto será considerado como um produto “à base de pescado”, respeitadas as particularidades definidas no Regulamento Técnico específico. Art. 350. Pescado fresco é aquele que não foi submetido a qualquer outro processo de conservação, a não ser a ação do gelo ou métodos de conservação de efeito similar, mantido em temperaturas próximas à do gelo fundente, à exceção daqueles comercializados vivos. Art. 351. Produtos frescos são aqueles obtidos do pescado fresco não transformado, inteiro ou preparado, acondicionados, conservados pela ação do gelo ou outros métodos de conservação de efeito similar, mantido unicamente em temperaturas próximas à de gelo fundente. Parágrafo único. Entende-se por preparados aqueles produtos frescos que foram submetidos a uma operação que alterou a sua integridade anatômica, tal como a evisceração, o descabeçamento, os diferentes cortes e outras formas de apresentação. Art. 352. Produtos resfriados são aqueles obtidos do pescado fresco, transformados, embalados e mantidos sob refrigeração. § 1o Entende-se por transformados aqueles produtos resultantes da transformação da natureza do pescado, de forma que não seja possível retornar às características originais. § 2o Os produtos obtidos de répteis e anfíbios, mesmo quando não transformados, podem ser designados como resfriados.

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72. Art. 353. Produtos congelados de pescado são aqueles submetidos a processos específicos de congelamento, em equipamento que permita a ultrapassagem da zona crítica, compreendida de –0,5˚C (cinco décimos de grau Celsius negativo) a –5˚C (cinco graus Celsius negativos) em tempo não superior a 2 (duas)horas. § 1o O produto somente pode ser considerado congelado após a temperatura de seu centro térmico alcançar –18˚C (dezoito graus Celsius negativos). § 2o As câmaras de estocagem do estabelecimento produtor devem possuir condições de armazenar o produto a temperaturas não superiores a –18°C (dezoito graus Celsius negativos). § 3o É permitida a utilização do congelador salmourador, quando o pescado for destinado como matéria-prima para a elaboração de conservas, desde que seja atendido o conceito de congelamento rápido e atinja temperatura não superior a -9˚C (nove graus Celsius negativos) em seu centro térmico, devendo ter como limite máximo esta temperatura durante a armazenagem. Art. 354. Produtos descongelados de pescado são aqueles que foram inicialmente congelados e submetidos a um processo específico de elevação de temperatura acima do ponto de congelamento e mantidos em temperaturas próximas à de gelo fundente. Parágrafo único. Na designação do produto deve ser incluída a palavra descongelado, devendo o seu rótulo apresentar no painel principal, logo abaixo da denominação de venda, em caracteres destacados, uniformes em corpo e cor sem intercalação de dizeres ou desenhos, em caixa alta e em negrito, a expressão NÃO RECONGELAR. Art. 355. Carne Mecanicamente Separada de Pescado é o produto congelado obtido de pescado, envolvendo o descabeçamento, a evisceração e a limpeza dos mesmos e a separação mecânica da carne das demais estruturas inerentes à espécie, como espinhas, ossos e pele. Art. 356. Surimi é o produto congelado obtido a partir da Carne Mecanicamente Separada de peixe, submetida a lavagens sucessivas, drenagem e refino, adicionada de aditivos. Art. 357. Produtos de pescado empanados são aqueles congelados elaborados a partir de pescado adicionado ou não de ingredientes, permitindo-se a adição de aditivos e coadjuvantes de tecnologia, moldados ou não e revestidos de cobertura que o caracterize, submetidos ou não a tratamento térmico. Art. 358. Produto de pescado em conserva é aquele elaborado com pescado, adicionado de ingredientes, permitindo-se a adição de aditivos e coadjuvantes de tecnologia, envasado em recipientes hermeticamente fechados e submetidos à esterilização comercial. Art. 359. Produto de pescado em semiconserva é aquele obtido pelo tratamento específico do pescado por meio do sal, adicionados ou não de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, envasado em recipientes hermeticamente fechados, não esterilizados pelo calor, conservado ou não sob refrigeração. Art. 360. Patê ou Pasta de Pescado, seguido das especificações que couberem, é o produto industrializado obtido a partir do pescado e transformado em pasta, adicionado de ingredientes e aditivos, submetido a processo tecnológico específico.

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73. Art. 361. Embutidos de pescado são aqueles produtos elaborados com pescado, adicionados de ingredientes e aditivos, curados ou não, cozidos ou não, defumados ou não, dessecados ou não, utilizando os envoltórios previstos neste Regulamento. Art. 362. Produtos Curados de pescado são aqueles provenientes de pescado, tratado pelo sal, adicionados ou não de aditivos. Parágrafo único. O tratamento pelo sal pode ser realizado por meio de salgas úmida, seca ou mista. Art. 363. Pescado Seco ou Desidratado é o produto obtido pela dessecação do pescado em diferentes intensidades, por processo natural ou artificial, adicionado ou não de aditivos, objetivando um produto estável à temperatura ambiente. Art. 364. Pescado Liofilizado é o produto obtido pela desidratação do pescado, em equipamento específico, por meio do processo de liofilização, adicionado ou não de aditivos. Art. 365. Os controles oficiais do pescado e seus produtos, no que for aplicável, abrangem, entre outros: I - origem das matérias-primas; II - análises sensoriais; III - indicadores de frescor; IV - histamina, nas espécies formadoras; V - outras análises físico-químicas ou microbiológicas; VI - aditivos, resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes; VII - biotoxinas ou outras toxinas perigosas para saúde humana; VIII - parasitos; IX - espécies causadores de distúrbios gastrintestinais, como Ruvettus pretiosus e Lepdocybium flavobrunneum; e X - espécies venenosas, como das famílias Tetraodontidae, Diodontidae, Molidae e Canthigasteridae. Art. 366. O pescado e seus produtos comestíveis, respeitadas as particularidades de cada espécie, de acordo com o processo de elaboração, são considerados alterados quando apresentem: I - deteriorações em suas características físicas, químicas ou biológicas; II - alterações em suas características sensoriais; III - alterações em suas características intrínsecas ou nutricionais; IV - tratamento tecnológico inadequado; V - cistos, larvas e parasitos; VI - corpos estranhos, sujidades ou outras evidências que demonstrem pouco cuidado na manipulação, elaboração, preparo, conservação ou acondicionamento; e VII - outras alterações que os tornem impróprios, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. Os produtos nessas condições serão apreendidos cautelarmente e terão seu destino definido pelo Serviço de Inspeção Federal, de acordo com as normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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74. Art. 367. O pescado e seus produtos comestíveis, respeitadas as particularidades de cada espécie, de acordo com o processamento, devem ser considerados alterados e impróprios para consumo humano na forma em que se apresentam, no todo ou em partes, quando apresentem: I - a superfície úmida, pegajosa e exsudativa; II - partes ou áreas flácidas ou com consistência anormal à palpação; III - sinais de deterioração; IV - coloração ou manchas impróprias; V - perfuração dos envoltórios dos embutidos por parasitos; VI - odor e sabor estranhos; VII - resultados das análises físicas, químicas, microbiológicas, parasitológicas, de resíduos de produtos de uso veterinário ou de contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos pela legislação específica; e VIII - cistos, larvas ou parasitos em proporção maior que a estabelecida em normas complementares. Parágrafo único. Podem ser também considerados impróprios para o consumo humano, na forma como se apresentam, o pescado e seus produtos, derivados e compostos comestíveis, quando divergirem do disposto nos Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade ou neste Regulamento para os produtos cárneos, naquilo que lhes for aplicável. Art. 368. O pescado e seus produtos comestíveis são considerados fraudados (adulterados ou falsificados) quando: I - elaborados com pescado diferente da espécie declarada no rótulo; II - contenham substâncias estranhas à sua composição; III - apresentem composição ou formulações diferentes das permitidas pela legislação ou das aprovadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; IV - houver adição de água ou outras substâncias com o intuito de aumentar o volume e o peso do produto; V - apresentar adulteração na data de fabricação, data ou prazo de validade do produto; VI - forem utilizadas denominações diferentes das previstas neste Regulamento ou nos Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade; ou VII - utilizados procedimentos técnicos inadequados que alterem as características sensoriais, podendo atingir os componentes do alimento, comprometendo sua inocuidade, qualidade ou valor nutritivo. Art. 369. Na elaboração de produtos comestíveis de pescado devem ser seguidas, naquilo que lhes for aplicável, as exigências previstas neste Regulamento para os produtos cárneos e legislação específica.

Seção II Dos Produtos Não Comestíveis de Pescado

Art. 370. Produtos não comestíveis de pescado são aqueles obtidos de pescado inteiro, suas partes ou qualquer resíduo destes, não aptos ao consumo humano. Parágrafo único. São considerados produtos não comestíveis de pescado a farinha de pescado, o óleo de pescado, a cola de pescado, o solúvel concentrado de pescado e o pescado para isca, entre outros.

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75. Art. 371. Na elaboração de produtos não comestíveis de pescado devem ser seguidas, naquilo que lhes for aplicável, as exigências previstas neste Regulamento para os produtos não comestíveis e legislação específica.

CAPÍTULO IV DOS PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE OVOS E PRODUTOS DE OVOS

Art. 372. Entende-se por produtos de ovos aqueles que forem obtidos a partir do ovo, dos seus diferentes componentes ou suas misturas, após eliminação da casca e das membranas. Parágrafo único. Os produtos de ovos podem ser líquidos, concentrados, pasteurizados, desidratados, liofilizados, cristalizados, resfriados, congelados, ultracongelados, coagulados ou apresentarem-se sob outras formas utilizadas como alimento, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 373. Os estabelecimentos que realizem o procedimento para quebra de ovos devem possuir o programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle ou programa equivalente implementado. Art. 374. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal estabelecerá critérios e parâmetros para os ovos e produtos de ovos, assim como para seus respectivos processos de fabricação em regulamento técnico específico ou outra norma complementar.

CAPÍTULO V DOS PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE LEITE E DERIVADOS LÁCTEOS

Seção I

Do Leite Art. 375. É permitida a produção dos seguintes tipos de leites fluidos: I - leite cru refrigerado; II - leite fluido a granel de uso industrial; III - leite pasteurizado; IV - leite submetido ao processo de ultra-alta temperatura - UAT ou UHT; V - leite esterilizado; e VI - leite reconstituído. Parágrafo único. É permitida a produção e beneficiamento de leite de tipos diferentes dos previstos neste Regulamento, mediante desenvolvimento de novas tecnologias, desde que definidos por regulamentos técnicos específicos. Art. 376. Leite cru refrigerado é o leite produzido em propriedades rurais, refrigerado e destinado aos estabelecimentos de leite e derivados submetidos ao Serviço de Inspeção Federal. Art. 377. Leite fluido a granel de uso industrial é o leite higienizado, refrigerado e mantido a 5º C, submetido opcionalmente à termização (pré-aquecimento), à pasteurização e à padronização da matéria gorda, transportado a granel de um estabelecimento industrial a outro para ser processado e que não seja destinado diretamente ao consumidor final.

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76. Art. 378. A transferência do leite fluido a granel de uso industrial e de outras matérias-primas transportadas a granel em carros-tanques entre estabelecimentos industriais deve ser realizada em veículos isotérmicos lacrados e etiquetados, acompanhados de boletim de análises, sob responsabilidade do estabelecimento de origem. Art. 379. São considerados leites para consumo humano direto o leite pasteurizado, o leite submetido ao processo de ultra-alta temperatura - UAT (UHT), o leite esterilizado e o leite reconstituído. § 1o A produção de leite reconstituído para consumo humano direto somente pode ocorrer com a autorização do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em situações emergenciais de desabastecimento público. § 2o É permitida a produção de outros tipos de leite para consumo humano direto, não previstos neste regulamento, desde que estabelecido em regulamento técnico específico. Art. 380. Leite pasteurizado é o leite fluido submetido a um dos processos de pasteurização previstos neste Regulamento. Art. 381. Leite UAT ou Leite UHT é o leite homogeneizado e submetido a processo de ultra-alta temperatura conforme definido neste Regulamento. Art. 382. Leite esterilizado é o leite fluido, previamente envasado e submetido a processo de esterilização, conforme definido neste Regulamento. Art. 383. Leite reconstituído é o produto resultante da dissolução em água do leite em pó ou concentrado, adicionado ou não de gordura láctea até atingir o teor de matéria gorda fixado para o respectivo tipo, seguido de homogeneização, quando for o caso, e tratamento térmico previsto neste Regulamento. Art. 384. Na elaboração de leite e derivados das espécies caprina, bubalina e outras, devem ser seguidas as exigências previstas neste Regulamento e demais legislações específicas, respeitando as respectivas particularidades.

Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por mei do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal estabelecerá critérios e parâmetros para os leites e derivados das espécies caprina, bubalina e outras, assim como para seus respectivos processos de fabricação, em regulamento técnico específico ou outra norma complementar. Art. 385. Considera-se impróprio para consumo humano o leite beneficiado que: I - apresente resíduos de produtos de uso veterinário ou contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos em legislação específica, inibidores, neutralizantes de acidez, reconstituintes de densidade ou do índice crioscópico, conservadores e contaminantes; II - contenha impurezas ou corpos estranhos de qualquer natureza; III - apresente substâncias estranhas à sua composição ou em desacordo com normas complementares; IV - não atenda aos padrões microbiológicos definidos em normas complementares; ou VI - apresente outras alterações que o torne impróprio, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. O leite considerado impróprio para consumo humano deve ser descartado e inutilizado pelo estabelecimento, sem prejuízo da legislação ambiental.

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77. Art. 386. Considera-se impróprio para consumo humano direto o leite beneficiado que: I - apresente características sensoriais anormais; II - não atenda aos padrões físico-químicos definidos em normas complementares; III - esteja fraudado; IV - for proveniente de centros de consumo (leite de retorno); ou V - apresente outras alterações que o torne impróprio, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Parágrafo único. O leite em condições de aproveitamento condicional deve ser destinado pela empresa de acordo com as normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 387. Considera-se fraudado (adulterado ou falsificado) o leite que: I - for adicionado de água; II - tenha sofrido subtração de qualquer dos seus componentes, em desacordo com este Regulamento ou normas complementares; III - for adicionado de substâncias, ingredientes ou aditivos em desacordo com normas complementares ou registro do produto; IV - tenha sido elaborado a partir de matéria-prima imprópria para processamento; V - for de um tipo e se apresentar rotulado como outro; VI - apresentar adulteração na data de fabricação, data ou prazo de validade do produto; ou VII - estiver cru e for envasado como beneficiado. Parágrafo único. Em qualquer destes casos, o leite beneficiado deve ser inutilizado ou destinado ao aproveitamento condicional, de acordo com as normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Seção II Da Classificação dos Derivados Lácteos

Art. 388. Os derivados lácteos compreendem a seguinte classificação: I - Produtos lácteos; II - Produtos lácteos compostos; e III - Misturas Lácteas. Art. 389. Produtos lácteos são os produtos obtidos mediante processamento tecnológico do leite, podendo conter ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, apenas quando funcionalmente necessários para o processamento. Parágrafo único. Leites modificados, fluido ou em pó, são os produtos lácteos resultantes da modificação da composição do leite mediante a subtração ou adição dos seus constituintes. Art. 390. Produtos lácteos compostos são os produtos no qual o leite, os produtos lácteos ou os constituintes do leite representem mais que 50% (cinquenta por cento) do produto final massa/massa, tal como se consome, sempre que os ingredientes não derivados do leite não estejam destinados a substituir total ou parcialmente qualquer dos constituintes do leite. Art. 391. Mistura láctea é o produto que contém em sua composição final mais que 50% (cinquenta por cento) de produtos lácteos ou produtos lácteos compostos, tal como se consome,

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78. permitindo-se a substituição dos constituintes do leite, desde que a denominação de venda seja “Mistura de ... (incluir o nome do produto lácteo ou produto lácteo composto que corresponda) e ... (produto adicionado)”. Art. 392. Os produtos que não sejam leite, produto lácteo ou produto lácteo composto não podem utilizar rótulos, documentos comerciais, material publicitário nem qualquer outra forma de propaganda ou de apresentação no estabelecimento de venda que declare, implique ou sugira que estes produtos sejam leite, produto lácteo ou produto lácteo composto, ou que façam alusão a um ou mais produtos do mesmo tipo. § 1o Excetua-se desta proibição a denominação de produtos com nome comum ou usual, consagrado pelo seu uso corrente, como termo descritivo apropriado, desde que não induza o consumidor a erro ou engano, em relação à sua origem e classificação. § 2o Os produtos que não sejam leite, produto lácteo, produto lácteo composto ou mistura láctea, quando elaborados em estabelecimentos sob Inspeção Federal e os ingredientes em maior proporção sejam de origem láctea, podem ser submetidos à análise e registro, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 393. Se um produto final estiver destinado a substituir o leite ou um produto lácteo ou um produto lácteo composto, não poderão ser utilizados termos lácteos em seus rótulos, documentos comerciais, material publicitário ou qualquer outra forma de propaganda ou de sua apresentação no estabelecimento de venda. § 1o Entende-se por termos lácteos, os nomes, denominações, símbolos, representações gráficas ou outras formas que sugiram ou façam referência, direta ou indiretamente, ao leite ou produtos lácteos. § 2o Excetua-se desta proibição a informação da presença de leite, produto lácteo ou produto lácteo composto na lista de ingredientes. Art. 394. Permite-se a mistura do mesmo derivado lácteo, porém de qualidade diferente, desde que prevaleça o de padrão inferior para fins de classificação e rotulagem. Art. 395. Na rotulagem dos derivados fabricados com leite que não seja o de vaca deve constar a designação da espécie que lhe deu origem, desde que não contrarie a identidade do produto. Parágrafo único. Ficam excluídos dessa obrigatoriedade os produtos que, em função da sua identidade, sejam fabricados com leite de outras espécies que não a bovina. Art. 396. Os derivados lácteos devem ser considerados impróprios para consumo humano quando: I - apresentem características sensoriais anormais que causem repugnância; II - apresentem a adição de substâncias estranhas à sua composição e que não seja possível o seu aproveitamento na elaboração de outro produto de origem animal; III - contenham impurezas ou corpos estranhos de qualquer natureza; IV - não atendam aos padrões microbiológicos definidos em normas complementares; V - apresentem estufamento; VI - apresentem embalagem defeituosa, expondo o produto à contaminação e à deterioração; e VII - não apresentem identificação de origem.

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79. § 1o Proíbe-se para consumo humano ou industrialização a utilização de resíduos da fabricação de produtos em pó (varredura). § 2o Em outros casos de anormalidades, o produto deve ser inutilizado ou submetido ao aproveitamento condicional, de acordo com as normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Subseção I Do Creme de Leite

Art. 397. Creme de leite é o produto lácteo rico em gordura retirada do leite por processo tecnológico específico, que se apresenta na forma de emulsão de gordura em água. Parágrafo único. Para ser exposto ao consumo humano direto, o creme de leite deve ser submetido a tratamento térmico específico. Art. 398. Creme de leite de uso industrial é o creme transportado em volume de um estabelecimento industrial a outro para ser processado e que não seja destinado diretamente ao consumidor final. § 1o Denomina-se Creme de leite a granel de uso industrial o produto transportado em carros-tanques isotérmicos. § 2o Denomina-se Creme de leite cru refrigerado de uso industrial o produto transportado em embalagens adequadas de um único uso. § 3o Proíbe-se o transporte de creme de leite de uso industrial em latões. Art. 399. Os cremes obtidos do desnate de soro, de leitelho, de outros derivados lácteos ou em decorrência da aplicação de normas de destinação estabelecidas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, podem ser utilizados na fabricação de outros produtos, desde que atendam aos critérios previstos nos Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade dos produtos finais.

Subseção II Da Manteiga

Art. 400. Manteiga é o produto lácteo gorduroso obtido exclusivamente pela bateção e malaxagem, com ou sem modificação biológica do creme de leite pasteurizado, por processo tecnológico específico. Parágrafo único. A matéria gorda da manteiga deve ser composta exclusivamente de gordura láctea. Art. 401. Manteiga da Terra, Manteiga do Sertão ou Manteiga de Garrafa é o produto lácteo gorduroso nos estados líquido e pastoso, obtido a partir do creme de leite pasteurizado, pela eliminação quase total da água, mediante processo tecnológico específico.

Subseção III Dos Queijos

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80.

Art. 402. Queijo é o produto lácteo fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do soro em relação ao leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado) ou de soros lácteos, coagulados pela ação do coalho, de enzimas específicas, produzidas por microrganismos específicos, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem adição de substâncias alimentícias, especiarias, condimentos ou aditivos. § 1o Nos queijos produzidos à partir de leite ou leite reconstituído, a relação proteínas do soro/caseína não deve exceder a do leite. § 2o Queijo fresco é o que está pronto para o consumo logo após a sua fabricação. § 3o Queijo maturado é o que sofreu as trocas bioquímicas e físicas necessárias e características da variedade do queijo. § 4o A denominação Queijo está reservada aos produtos em que a base láctea não contenha gordura ou proteína de origem não láctea. § 5o O leite a ser utilizado na fabricação de queijos deve ser filtrado por meios mecânicos e submetido à pasteurização ou tratamento térmico equivalente para assegurar a fosfatase residual negativa, combinado ou não com outros processos físicos ou biológicos que garantam a inocuidade do produto. § 6o Fica excluído da obrigação de pasteurização ou outro tratamento térmico o leite que se destine à elaboração dos queijos submetidos a um processo de maturação a uma temperatura superior a 5oC, durante um tempo não inferior a 60 (sessenta) dias podendo, após a realização de estudos conclusivos sobre a inocuidade do produto e de acordo com o estabelecido em regulamento técnico específico, ser alterado o período mínimo de maturação de queijos oriundos de Queijaria. § 7o Os queijos elaborados a partir de processo de filtração por membrana podem utilizar em sua denominação de venda o termo Queijo, porém sem referir-se a qualquer produto fabricado com tecnologia convencional. § 8o Considera-se a data de fabricação dos queijos frescos o último dia da sua elaboração e, para queijos maturados, o dia do término do período da maturação; os queijos em processo de maturação estar identificados de forma clara e precisa quanto a sua origem e ao controle do período de maturação. Art. 403. O processo de maturação de queijos pode ser realizado em estabelecimento sob Inspeção Federal diferente daquele que iniciou a produção, respeitando-se os requisitos tecnológicos exigidos para o tipo de queijo e os critérios estabelecidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para garantia da rastreabilidade do produto e do controle do período de maturação. Art. 404. Queijo de Coalho é o queijo que se obtém por coagulação do leite pasteurizado por meio do coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa dessorada, semicozida ou cozida, submetida à prensagem e secagem.

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81. Art. 405. Queijo de Manteiga ou Queijo do Sertão é o queijo obtido mediante a coagulação do leite pasteurizado com o emprego de ácidos orgânicos, com a obtenção de uma massa dessorada, fundida e adicionada de manteiga de garrafa. Art. 406. Queijo Minas Frescal é o queijo fresco obtido por coagulação enzimática do leite pasteurizado com coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas ou ambas, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa coalhada, dessorada, não prensada, salgada e não maturada. Art. 407. Queijo Minas Padrão é o queijo de massa crua ou semicozida obtido por coagulação do leite pasteurizado com coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, ou ambos, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa coalhada, dessorada, prensada mecanicamente, salgada e maturada. Art. 408. Ricota Fresca é o queijo obtido pela precipitação ácida a quente de proteínas do soro de leite, adicionado de leite até 20% (vinte por cento) do seu volume. Art. 409. Ricota Defumada é o queijo obtido pela precipitação ácida a quente de proteínas do soro de leite, adicionado de leite até 20% (vinte por cento) do seu volume, submetido à secagem e defumação. Art. 410. Queijo Mussarela é o queijo que se obtém pela coagulação do leite pasteurizado por meio de coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa acidificada, filada, não prensada, salgada e estabilizada. Art. 411. Queijo Parmesão é o queijo que se obtém por coagulação do leite por meio do coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa cozida, prensada, salgada e maturada. Art. 412. Queijo Petit Suisse é o queijo fresco, obtido por coagulação do leite com coalho ou enzimas específicas ou bactérias específicas, adicionado ou não de outras substâncias alimentícias. Art. 413. Queijo Prato é o queijo que se obtém por coagulação do leite pasteurizado por meio de coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa semicozida, prensada, salgada e maturada. Art. 414. Queijo Provolone é o queijo obtido por coagulação do leite pasteurizado por meio de coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa filada, não prensada, podendo ser fresco ou maturado. § 1o O queijo provolone fresco pode apresentar pequena quantidade de manteiga na sua massa, dando lugar à variedade denominada “Butirro”. § 2o Este queijo pode ser defumado, devendo atender às características sensoriais adquiridas nesse processo. § 3o Este queijo pode ser denominado Caccio-cavalo, Fresco ou Curado, quando apresentar formato ovalado ou piriforme.

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82. Art. 415. Queijo Regional do Norte ou Queijo Tropical é o queijo obtido por coagulação do leite pasteurizado por meio de coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, ou ambos, complementada pela ação de fermentos lácticos específicos ou de soro-fermento, com a obtenção de uma massa dessorada, cozida, prensada, salgada. Art. 416. Queijo Azul é o queijo obtido da coagulação do leite pasteurizado por meio de coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas ou ambos, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas, mediante processo de fabricação que utiliza fungos específicos (Penicillium roqueforti), complementado ou não pela ação de fungos ou leveduras subsidiários ou ambos, encarregados de conferir ao produto características típicas durante os processos de elaboração e maturação. Art. 417. Queijo tipo Roquefort é o queijo obtido do leite de ovelha cru ou pasteurizado, de massa crua, não prensada, maturado pelo período mínimo de 3 (três) meses e apresentando as formações características verde-azuladas bem distribuídas, devidas ao Penicillium roqueforti. Art. 418. Queijo tipo Gorgonzola é o queijo de fabricação idêntica ao do tipo Roquefort, diferenciando-se deste apenas por ser fabricado exclusivamente com leite de vaca. Art. 419. Queijo Ralado é o produto obtido por esfarelamento ou ralação da massa de uma ou até quatro variedades de queijos de baixa ou média umidade. Art. 420. Permite-se exclusivamente para processamento industrial a fabricação de queijos em formas e pesos diferentes dos estabelecidos em Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade, desde que sejam mantidos os requisitos previstos para cada tipo de queijo. Parágrafo único. É proibida a venda direta desses produtos inteiros, fracionados ou fatiados ao consumidor final. Art. 421. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal estabelecerá regulamentos técnicos de identidade e qualidade específicos para os queijos não previstos neste regulamento.

Subseção IV

Dos Leites Fermentados Art. 422. Leites Fermentados são produtos lácteos ou produtos lácteos compostos obtidos por coagulação e diminuição do pH do leite ou do leite reconstituído adicionados ou não de outros produtos lácteos, por fermentação láctea mediante ação de cultivos de microrganismos específicos, adicionados ou não de outras substâncias alimentícias. § 1o Os microrganismos específicos devem ser viáveis, ativos e abundantes no produto final durante seu prazo de validade. § 2o São considerados Leites Fermentados o Iogurte, o Leite Fermentado ou Cultivado, o Leite Acidófilo ou Acidofilado, Kumys, Kefir e Coalhada.

Subseção V Dos Leites Concentrados e Desidratados

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83. Art. 423. Leites concentrados e leites desidratados são os produtos lácteos resultantes da desidratação parcial ou total do leite por processos tecnológicos específicos. § 1o Consideram-se produtos lácteos concentrados o leite concentrado, o leite evaporado, o leite condensado, bem como outros produtos que atendam a essa descrição. § 2o Considera-se produto lácteo desidratado o leite em pó, bem como outros produtos que atendam a essa descrição. Art. 424. Na fabricação dos leites concentrados e desidratados, a matéria-prima utilizada deve atender às condições previstas neste Regulamento e em normas complementares. Art. 425. Leite Concentrado é o produto resultante da desidratação parcial do leite fluido ou obtido mediante outro processo tecnológico aprovado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de uso exclusivamente industrial. Parágrafo único. Este produto não pode ser reconstituído para fins de obtenção de leite para consumo humano direto. Art. 426. Leite Evaporado ou Leite Condensado sem Açúcar é o produto resultante da desidratação parcial do leite fluido ou obtido mediante outro processo tecnológico com equivalência reconhecida pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que resulte em produto de mesma composição e características. Art. 427. Leite Condensado é o produto resultante da desidratação parcial do leite adicionado de açúcar ou obtido mediante outro processo tecnológico com equivalência reconhecida pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que resulte em produto de mesma composição e características. Art. 428. Leite em Pó é o produto obtido por desidratação do leite integral, desnatado ou parcialmente desnatado e apto para alimentação humana, mediante processo tecnológico adequado. § 1o O produto deve apresentar composição de forma que, quando reconstituído conforme indicação na rotulagem, atenda ao padrão do leite de consumo a que corresponda; § 2o Para os diferentes tipos de leite em pó, fica estabelecido o teor de proteína mínimo de 34% (trinta e quatro por cento) massa/massa com base no extrato seco desengordurado.

Subseção VI

Dos Outros Derivados Lácteos

Art. 429. Leite Aromatizado é o produto lácteo resultante da mistura preparada com leite e os seguintes ingredientes, de forma isolada ou combinada: cacau, chocolate, suco de frutas e aromatizantes, opcionalmente adicionada de açúcar e aditivos funcionalmente necessários para a sua elaboração, e que apresente a proporção mínima de 85% (oitenta e cinco por cento) massa/massa de leite no produto final, tal como se consome. Art. 430. Doce de Leite é o produto obtido por concentração do leite ou leite reconstituído sob ação do calor à pressão normal ou reduzida, adicionado de sacarose (parcialmente substituída ou não

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84. por monossacarídeos, dissacarídeos ou ambos), com ou sem adição de sólidos de origem láctea, creme e outras substâncias alimentícias. Art. 431. Requeijão é o produto lácteo ou produto lácteo composto obtido pela fusão de massa coalhada, cozida ou não, dessorada e lavada, obtida por coagulação ácida ou enzimática, ou ambas, do leite, opcionalmente adicionado de creme de leite, manteiga, gordura anidra de leite ou butter oil, separados ou em combinação, podendo ser adicionado de condimentos, especiarias e outras substâncias alimentícias. Parágrafo único. A denominação Requeijão está reservada ao produto no qual a base láctea não contenha gordura ou proteína de origem não láctea. Art. 432. Bebida Láctea é o produto lácteo ou produto lácteo composto obtido a partir de leite ou leite reconstituído ou derivados de leite ou da combinação destes, adicionado ou não de ingredientes não lácteos. Art. 433. Composto Lácteo é o produto lácteo ou produto lácteo composto em pó obtido à partir de leite ou derivados de leite ou ambos, adicionado ou não de ingredientes não lácteos. Art. 434. Queijo em Pó é o produto lácteo ou produto lácteo composto obtido por fusão e desidratação, mediante um processo tecnológico específico, da mistura de uma ou mais variedades de queijo, com ou sem adição de outros produtos lácteos, sólidos de origem láctea, especiarias, condimentos ou outras substâncias alimentícias, no qual o queijo constitui o ingrediente lácteo utilizado como matéria-prima preponderante na base láctea do produto. Art. 435. Queijo Processado ou Fundido é o produto lácteo ou produto lácteo composto obtido por trituração, mistura, fusão e emulsão, por meio de calor e agentes emulsionantes de uma ou mais variedades de queijo, com ou sem adição de outros produtos lácteos, sólidos de origem láctea, especiarias, condimentos ou outras substâncias alimentícias, na qual o queijo constitui o ingrediente lácteo utilizado como matéria-prima preponderante na base láctea do produto. Art. 436. Massa para Elaborar Queijo Mussarela é o produto lácteo intermediário, de uso exclusivamente industrial destinado à elaboração de queijo mussarela, que se obtém por coagulação de leite pasteurizado por meio de coalho ou enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não por ação de bactérias lácticas específicas. Art. 437. Massa Coalhada é o produto lácteo intermediário, de uso exclusivamente industrial, cozido ou não, dessorado e lavado, que se obtém por coagulação ácida ou enzimática do leite, destinado à elaboração de requeijão ou outros produtos, quando previsto em regulamento técnico específico. Art. 438. Soro de Leite é o produto lácteo líquido extraído da coagulação do leite utilizado no processo de fabricação de queijos, caseína e produtos similares. Parágrafo único. Este produto pode ser submetido à desidratação parcial ou total por processos tecnológicos específicos. Art. 439. Gordura anidra de leite ou Butter oil é o produto lácteo gorduroso obtido a partir de creme ou manteiga pela eliminação quase total de água e sólidos não gordurosos, mediante processos tecnológicos adequados.

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85. Art. 440. Lactose é o açúcar do leite obtido mediante processos tecnológicos específicos. Art. 441. Lactoalbumina é o produto lácteo resultante da precipitação pelo calor das albuminas solúveis do soro oriundo da fabricação de queijos ou de caseína. Art. 442. Leitelho é o produto lácteo resultante da batedura do creme pasteurizado durante o processo de fabricação da manteiga, podendo ser apresentado na forma líquida, concentrada ou em pó. Art. 443. Caseína Alimentar é o produto lácteo resultante da precipitação do leite desnatado por ação enzimática ou mediante acidificação a pH 4,6 a 4,7 (quatro inteiros e seis décimos a quatro inteiros e sete décimos), lavado e desidratado por processos tecnológicos específicos. Art. 444. Caseinato Alimentício é o produto lácteo obtido por reação da caseína alimentar ou da coalhada da caseína alimentar fresca com soluções de hidróxidos ou sais alcalinos ou alcalino-terrosos ou de amônia de qualidade alimentícia, posteriormente lavado e submetido à secagem, mediante processos tecnológicos específicos. Art. 445. Caseína Industrial é o produto não alimentício obtido pela precipitação do leite desnatado mediante a aplicação de soro ácido, de coalho, de ácidos orgânicos ou minerais. Art. 446. Produtos Lácteos Protéicos são os produtos lácteos obtidos por separação física das caseínas e proteínas do soro por tecnologia de membrana ou outro processo tecnológico com equivalência reconhecida pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 447. Admite-se a separação de outros constituintes do leite pela tecnologia de membrana ou outro processo tecnológico com equivalência reconhecida pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 448. Farinha láctea é o produto resultante da dessecação, em condições próprias, da mistura de farinhas de cereais ou leguminosas com leite, nas suas diversas formas e tratamentos, e adicionada ou não de outras substâncias alimentícias. § 1o O amido das farinhas deve ter sido tornado solúvel por técnica apropriada. § 2º A farinha láctea deve ter no mínimo 20% de leite m/m (massa/massa) do total de ingredientes do produto. § 3o O rótulo da farinha láctea deve apresentar no painel principal o percentual de leite contido no produto. Art. 449. Além dos produtos já mencionados, são considerados derivados do leite outros produtos que se enquadrem na classificação de produto lácteo, produto lácteo composto ou mistura láctea, de acordo com o disposto neste Regulamento. Art. 450. Sempre que necessário, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento solicitará parecer da Instituição reguladora da Saúde para registro de produtos com alegações funcionais, indicação para alimentação de criança de primeira infância ou grupos populacionais que apresentem condições metabólicas e fisiológicas específicas ou outros que não estejam estabelecidas em normas específicas.

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86.

CAPÍTULO VI DOS PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PRODUTOS DE ABELHAS E DERIVADOS

Seção I Dos Produtos de Abelhas

Art. 451. Produtos de abelhas são aqueles elaborados pelas abelhas, delas extraídos ou extraídos das colméias, sem qualquer estímulo de alimentação artificial e obtido mediante processamento específico, classificando-se em: I - produtos de abelhas melíferas, que são o mel, o pólen apícola, a geléia real, a própolis, a cera de abelhas e a apitoxina, sem outra especificação; e II - produtos de abelhas sem ferrão, indígenas ou nativas, que são o mel de abelhas sem ferrão, o pólen de abelhas sem ferrão e a própolis de abelhas sem ferrão. Art. 452. Mel é o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas, que ficam sobre as partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos favos da colméia. Art. 453. Mel Industrial é o produto que se apresentar fora das especificações para o índice de diástase, de hidroximetilfurfural, de acidez ou em início de fermentação, que indique alteração em aspectos sensoriais que não o desclassifique para o emprego em produtos alimentícios, devendo ser proibidas em sua rotulagem, indicações que façam referência à origem floral ou vegetal. Art. 454. Pólen Apícola é o produto resultante da aglutinação do pólen das flores, efetuada pelas abelhas operárias, mediante néctar e suas substâncias salivares, o qual é recolhido no ingresso da colméia. Art. 455. Geléia Real é o produto da secreção do sistema glandular cefálico, formado pelas glândulas hipofaringeanas e mandibulares de abelhas operárias, colhida em até 72 (setenta e duas) horas. Art. 456. Própolis é o produto oriundo de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas, colhidas pelas abelhas de brotos, flores e exsudatos de plantas, nas quais as abelhas acrescentam secreções salivares, cera e pólen para a elaboração final do produto. Art. 457. Cera de Abelhas é o produto secretado pelas abelhas para formação dos favos nas colméias, de consistência plástica, de cor amarelada e muito fusível. Art. 458. Apitoxina é o produto de secreção das glândulas abdominais ou glândulas do veneno de abelhas operárias, armazenado no interior da bolsa de veneno. Art. 459. Mel de Abelhas Sem Ferrão é o produto alimentício produzido por abelhas sem ferrão a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos potes da colméia. Parágrafo único. Não é permitida a mistura de mel com mel de abelhas sem ferrão.

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87. Art. 460. Pólen de Abelhas sem Ferrão é o produto resultante da aglutinação do pólen das flores, efetuada pelas abelhas operárias sem ferrão, mediante néctar e suas substâncias salivares, o qual é recolhido dos potes da colméia. Parágrafo único. Não é permitida a mistura de pólen apícola com pólen de abelhas sem ferrão. Art. 461. Própolis de Abelhas sem Ferrão é o produto oriundo de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas, colhidas pelas abelhas sem ferrão de brotos, flores e exsudatos de plantas, nas quais as abelhas acrescentam secreções salivares, cera e pólen para a elaboração final do produto. Parágrafo único. Não é permitida a mistura de própolis com própolis de abelhas sem ferrão.

Seção II

Dos Derivados de Produtos de Abelhas Art. 462. Derivados de Produtos de Abelhas são aqueles elaborados com produtos de abelhas, adicionados ou não de ingredientes permitidos, classificando-se em: I - composto de produtos de abelhas sem adição de ingredientes; ou II - composto de produtos de abelhas com adição de ingredientes. Art. 463. Composto de produtos de abelhas sem adição de ingredientes é a mistura de dois ou mais produtos de abelhas combinados entre si, os quais devem corresponder a 100% (cem por cento) do produto final. Art. 464. Composto de produtos de abelhas com adição de ingredientes é a mistura de um ou mais produtos de abelhas, combinados entre si, adicionado de ingredientes permitidos. § 1o O composto de produtos de abelhas com adição de ingredientes deve ser constituído por no mínimo 50% (cinquenta por cento) de produtos de abelhas no produto final. § 2o É proibido o emprego de açúcares ou soluções açucaradas como veículo de ingredientes de qualquer natureza na formulação dos compostos de produtos de abelhas com adição de outros ingredientes. § 3o O composto de produtos de abelhas com adição de ingredientes não pode apresentar-se sob a forma de cápsulas, comprimidos, drágeas, tabletes ou outras formas de apresentação que possam induzir o consumidor a enganos sobre supostas propriedades medicinais ou terapêuticas.

TÍTULO VII DO REGISTRO DE PRODUTOS

CAPÍTULO I

DA EMBALAGEM E DA ROTULAGEM Art. 465. Os produtos de origem animal devem ser acondicionados ou embalados em recipientes ou continentes que confiram a necessária proteção. § 1o As embalagens devem atender às características específicas do produto e às condições de armazenamento e transporte.

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88. § 2o O material utilizado para confecção das embalagens que entram em contato direto com o produto deve ser previamente autorizado pela Instituição reguladora da Saúde. § 3o Quando houver interesse sanitário ou tecnológico, de acordo com a natureza do produto, pode ser exigida embalagem ou acondicionamento específico. Art. 466. Tratando-se de produtos destinados ao comércio internacional, é permitida a utilização de embalagem diferente dos padrões tradicionais, quando solicitada pelo interessado, com anuência da autoridade sanitária do país importador. Art. 467. Permite-se a reutilização de recipientes para o envase ou acondicionamento de produtos e matérias-primas utilizadas na alimentação humana quando íntegros e higienizados, a critério do Serviço de Inspeção Federal. Parágrafo único. É proibida a reutilização de recipientes que tenham sido empregados no acondicionamento de produtos ou matérias-primas de uso não comestível, para o envase ou acondicionamento de produtos comestíveis. Art. 468. Os estabelecimentos só podem expedir ou comercializar matérias-primas e produtos de origem animal registrados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e identificados por meio de rótulos, quer quando destinados diretamente ao consumo, quer quando enviados a outros estabelecimentos que os vão processar. § 1o Os rótulos, assim como seus dizeres, devem estar visíveis e com caracteres perfeitamente legíveis ao consumidor e indeléveis, conforme legislação específica. § 2o Os rótulos de produtos fracionados devem possuir identificação que permita sua rastreabilidade. § 3o Em se tratando de pescado fresco, respeitadas as peculiaridades inerentes à espécie e às formas de apresentação do produto, pode ser dispensada a aposição de rótulos, conforme definido em normas complementares. Art. 469. Todo o produto de origem animal deve ser registrado no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conforme atribuição definida em normas complementares. § 1o Para efeito de registro de produto, o estabelecimento deve obter a aprovação do processo de fabricação e da composição do produto, assim como atender outras determinações que venham a ser fixadas em normas complementares. § 2o A documentação referente ao processo de fabricação e composição dos produtos apresentados para aprovação e registro pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento devem vir acompanhados de parecer do Serviço de Inspeção Federal junto ao estabelecimento. § 3o O registro dos produtos importados deve atender às determinações fixadas em normas complementares.

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89. Art. 470. Na descrição dos processos de fabricação apresentados para aprovação, devem constar: I - as matérias-primas e ingredientes, com discriminação das quantidades e percentuais utilizados; II - a descrição das etapas de recepção, manipulação, beneficiamento, industrialização, fracionamento, conservação, embalagem, armazenamento e transporte do produto; III - a descrição dos métodos de controle realizados pelo estabelecimento para assegurar a identidade, qualidade e inocuidade do produto; e IV - a relação dos programas de autocontrole implantados pelo estabelecimento. Parágrafo único. Para análise das solicitações de registro, podem ser exigidas informações ou documentação complementares, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 471. Permite-se a fabricação de produtos de origem animal não previstos neste Regulamento, desde que seu processo tecnológico e sua composição sejam aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. § 1o A denominação ou designação de venda, o processo de fabricação, a composição e os requisitos de qualidade, além de outras especificações técnicas e de embalagem, devem ser propostas pelos fabricantes interessados no seu registro no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que julgará a pertinência do pedido, levando em consideração: I - a inocuidade do produto e a segurança do uso de novas tecnologias, ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia; II - a identidade e a qualidade do produto proposto, preservando os interesses do consumidor; III - as informações acerca do histórico do produto; e IV - as legislações nacional e internacional e a literatura técnico-científica. § 2o Nos casos em que a tecnologia proposta possua similaridade com processos produtivos já existentes, também será considerado na análise da solicitação a tecnologia tradicional de obtenção do produto e as características consagradas pelos consumidores. Art. 472. O uso e a respectiva declaração na rotulagem de ingredientes, aditivos e coadjuvantes de tecnologia, em produtos de origem animal, devem atender à legislação específica. Art. 473. Os rótulos só podem ser usados nos produtos registrados a que se correspondam, devendo constar destes a declaração do número de registro do produto no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parágrafo único. As informações expressas na rotulagem devem retratar fidedignamente a verdadeira natureza, composição e características do produto. Art. 474. O produto deve seguir a denominação de venda do respectivo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade. Parágrafo único. Casos de designações não previstas neste Regulamento e em normas complementares serão submetidos à avaliação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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90. Art. 475. Além de outras exigências previstas neste Regulamento ou em legislação específica, os rótulos devem conter, de forma clara e legível, as seguintes indicações: I - denominação de venda do produto no painel principal, em caracteres destacados, com no mínimo ⅓ (um terço) das dimensões da maior inscrição do rótulo, em cor contrastante com o fundo do rótulo, uniformes em corpo e cor, sem intercalação de desenhos ou outros dizeres; II - nome empresarial e endereço do estabelecimento produtor; III - nome empresarial e endereço do importador, no caso de produto de origem animal importado; IV - carimbo oficial do Serviço de Inspeção Federal; V - classificação do estabelecimento; VI - CNPJ ou CPF, nos casos em que couber; VII - marca comercial do produto, quando houver; VIII - data da fabricação, prazo de validade e identificação do lote; IX - lista de ingredientes e aditivos; X - indicação do número de registro do produto no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; XI - identificação do país de origem; XII - instruções sobre a conservação do produto; XIII - indicação quantitativa, conforme legislação do órgão competente; e XIV - instruções sobre o preparo e uso do produto, quando necessário. § 1o No caso de terceirização da produção, deve constar a expressão “fabricado por”, ou expressão equivalente, seguida da identificação do fabricante, e “para”, ou expressão equivalente, seguida da identificação do estabelecimento contratante. § 2o No caso onde ocorra apenas o processo de fracionamento ou de embalagem de produto, deverá constar a expressão “fracionado por” ou “embalado por”, respectivamente, em substituição à expressão “fabricado por”, cabendo ao estabelecimento onde o produto é fracionado e embalado a comprovação da identificação do estabelecimento de origem e o atendimento da legislação específica e das normas complementares. § 3o Nos casos previstos no § 2o, deve constar a data de fracionamento ou de embalagem e a data de validade, com prazo menor ou igual ao estabelecido pelo fabricante do produto. § 4o Nos rótulos de produtos de origem animal, que apresentem em sua formulação produtos de abelhas como ingredientes, à exceção dos derivados dos produtos de abelhas, devem constar, no painel principal, o percentual utilizado destes produtos. Art. 476. A data de fabricação, prazo de validade e identificação do lote conforme a natureza do continente ou envoltório, devem ser impressos, gravados ou declarados por meio de carimbo, atendendo às normas complementares. Art. 477. Nos rótulos podem figurar referências a prêmios ou menções honrosas, desde que devidamente comprovadas as suas concessões. Art. 478. Na composição de marcas é permitido o emprego de desenhos a elas alusivos. Parágrafo único. O uso de marcas, dizeres ou desenhos alusivos à Bandeira Nacional, símbolos ou quaisquer indicações referentes a atos, fatos ou estabelecimentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, deve seguir a legislação do órgão competente.

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91. Art. 479. Os produtos de origem animal embalados não devem apresentar no rótulo descrição, expressões, vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras representações gráficas que possam transmitir informações falsas, incorretas, insuficientes ou que possam induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano em relação à verdadeira natureza, composição, rendimento, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, características nutritivas ou forma de uso do produto. § 1o Os rótulos dos produtos de origem animal não podem destacar a presença ou ausência de componentes que sejam intrínsecos ou próprios de produtos de igual natureza, exceto nos casos previstos em legislação específica. § 2o Os rótulos dos produtos de origem animal não podem indicar propriedades medicinais ou terapêuticas. § 3o O uso de alegações de propriedade funcional ou de saúde em produtos de origem animal deve ser previamente aprovado pela Instituição reguladora da Saúde, atendendo aos critérios estabelecidos em legislação específica. § 4o As marcas que infringirem este artigo, embora registradas no órgão competente, não poderão ser usadas, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 5o Quando são adotados processos de fabricação segundo tecnologias características de diferentes origens geográficas, objetivando a obtenção de produtos de origem animal com propriedades sensoriais semelhantes com àquelas típicas de certas zonas reconhecidas, na denominação do produto deve figurar a expressão "tipo", com letras de igual tamanho, realce e visibilidade daquelas correspondentes à denominação aprovada em legislação específica. Art. 480. Um mesmo rótulo pode ser usado para produtos idênticos, fabricados em diferentes unidades da mesma empresa, desde que cada estabelecimento tenha o seu processo de fabricação e composição aprovados. Parágrafo único. Tais rótulos devem declarar a classificação e localização de todos os estabelecimentos da empresa, seguida dos números de registro do produto, fazendo-se a identificação de origem pelo número contido no carimbo do Serviço de Inspeção Federal gravado ou impresso sobre o continente ou rótulo. Art. 481. Os rótulos devem ser impressos, litografados, gravados ou pintados, respeitando a ortografia oficial e o sistema legal de unidades e medidas. Parágrafo único. É permitido usar, em produtos destinados ao consumo em território nacional, rotulagem impressa, gravada, litografada ou pintada em língua estrangeira, com tradução em vernáculo das informações obrigatórias, em caracteres nunca inferiores às informações em língua estrangeira. Art. 482. A rotulagem aplicada em produtos destinados ao comércio internacional pode ser impressa em uma ou mais línguas estrangeiras, desde que contenha o carimbo do Serviço de Inspeção Federal, além da indicação de que se trata de produto de procedência brasileira e do número de seu registro no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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92. Art. 483. Nenhum rótulo, etiqueta ou selo pode ser aplicado escondendo ou encobrindo, total ou parcialmente, dizeres obrigatórios de rotulagem ou o carimbo do Serviço de Inspeção Federal. § 1o Em rótulos de produtos importados pode ser permitido o uso de etiquetas adesivas com tradução em vernáculo das informações obrigatórias, afixadas no painel principal, em local que não oculte a identificação de origem do produto. § 2o Em rótulos de produtos a serem exportados, será permitido o uso de etiquetas adesivas com informações na língua do país importador, respeitadas as exigências para rotulagem de produtos destinados ao comércio internacional e atestado pelo fabricante o atendimento à legislação do país importador. Art. 484. Os produtos destinados ao comércio internacional devem atender a legislação do país importador. Parágrafo único. Os produtos que forem submetidos a processos tecnológicos ou apresentarem composição permitida pelo país importador, mas em desacordo com o que determina a legislação específica, devem estar devidamente identificados, e sua comercialização em território nacional somente poderá ocorrer quando assegurada a proteção da saúde do consumidor, a juízo do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 485. Os rótulos e carimbos do Serviço de Inspeção Federal devem referir-se ao último estabelecimento onde o produto foi submetido a algum processamento, fracionamento ou embalagem. Art. 486. Os rótulos das embalagens de produtos não destinados à alimentação humana devem conter, além do carimbo do Serviço de Inspeção Federal, a declaração NÃO COMESTÍVEL, em caracteres destacados e atendendo às normas complementares. Art. 487. Carcaças ou partes de carcaças em natureza de bovídeos, equídeos, suídeos, ovinos, caprinos e ratitas, recebem o carimbo do Serviço de Inspeção Federal diretamente em sua superfície e, quando destinadas ao comércio, devem possuir, além deste, embalagem de proteção e etiqueta-lacre inviolável. § 1º As etiquetas-lacres e os carimbos devem conter as exigências previstas neste Regulamento e em normas complementares. § 2º Os miúdos devem ser identificados com carimbo do Serviço de Inspeção Federal, conforme normas complementares. § 3º Quando constatadas irregularidades nos carimbos, estes devem ser imediatamente inutilizados pelo Serviço de Inspeção Federal. Art. 488. A rotulagem dos produtos de origem animal deve atender às determinações estabelecidas neste Regulamento, em normas complementares e em legislação específica. Art. 489. No caso de não conformidade constatada no rótulo, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de realizar as ações fiscais de sua competência, comunicará o fato aos demais órgãos de fiscalização competentes, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis.

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93. Art. 490. Os estabelecimentos sob Inspeção Federal devem ser responsabilizados administrativamente, sem prejuízo das responsabilidades civis e criminais cabíveis, por eventuais riscos causados à saúde ou aos interesses dos consumidores, devido a quaisquer irregularidades apresentadas nos rótulos, tais como ausência de dizeres obrigatórios ou informações incorretas sobre sua natureza, qualidade, quantidade, composição e prazo de validade dos produtos entre outros.

CAPÍTULO II DOS CARIMBOS DE INSPEÇÃO

Art. 491. O carimbo de Inspeção representa a marca oficial do Serviço de Inspeção Federal e constitui a garantia de que o produto é procedente de estabelecimento inspecionado e fiscalizado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 492. O número de registro do estabelecimento deve ser identificado no carimbo oficial cujos formatos, dimensões e emprego são fixados neste Regulamento. § 1º O carimbo deve possuir a expressão “Ministério da Agricultura” na borda superior externa, "Brasil" na parte superior interna acompanhado da palavra "Inspecionado" ao centro e das iniciais "S.I.F.", na borda inferior interna. § 2o As iniciais "S.I.F." traduzem a expressão "Serviço de Inspeção Federal". § 3o O número de registro do estabelecimento constante do carimbo de inspeção não será precedido da designação "número" ou de sua abreviatura (no) e será aplicado no lugar correspondente, equidistante dos dizeres ou letras e das linhas que representam a forma. § 4o Pode ser dispensado o uso da expressão “Ministério da Agricultura” acompanhando a borda superior dos carimbos oficiais de inspeção, nos casos em que estes forem gravados em relevo em vidros, latas, plásticos termo-moldáveis, lacres e os apostos em carcaças. Art. 493. Os estabelecimentos sujeitos ao registro descentralizado devem usar, quando for o caso, um carimbo com a designação abreviada "E.R.D.", significando "Estabelecimento com Registro Descentralizado", seguida de barra, da sigla da Unidade da Federação e do número que lhe couber no Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde está localizado. Art. 494. Os carimbos do Serviço de Inspeção Federal devem obedecer exatamente à descrição e aos modelos determinados neste Regulamento e em normas complementares, respeitadas as dimensões, forma, dizeres, idioma, tipo e corpo de letra, devendo ser colocados em destaque nas testeiras das caixas e outras embalagens, nos rótulos ou produtos, numa cor única, de preferência preta, quando impressos, gravados ou litografados. Parágrafo único. Nos casos de embalagens pequenas, cuja superfície visível para rotulagem seja menor ou igual a 10 cm² (dez centímetros quadrados), o carimbo não necessita estar em destaque em relação aos demais dizeres constantes no rótulo. Art. 495. Os diferentes modelos de carimbos do Serviço de Inspeção Federal a serem usados nos estabelecimentos inspecionados e fiscalizados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento devem obedecer às seguintes especificações: I - Modelo 1:

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94. a) dimensões: 0,07m x 0,05m (sete centímetros por cinco centímetros); b) forma: elíptica no sentido horizontal; c) dizeres: deve constar o número de registro do estabelecimento, isolado e abaixo das palavras "Inspecionado", colocada horizontalmente e "Brasil", que acompanha a curva superior da elipse; logo abaixo do número de registro do estabelecimento devem constar as iniciais "S.I.F.", acompanhando a curva inferior; e d) uso: para carcaça ou quartos de bovídeos, equídeos e ratitas em condições de consumo em natureza, aplicado externamente sobre as massas musculares de cada quarto; II - Modelo 2: a) dimensões: 0,05m x 0,03m (cinco centímetros por três centímetros); b) forma e dizeres: idênticos ao modelo 1; e c) uso: para carcaças de suídeos, ovinos e caprinos em condições de consumo em natureza, aplicado externamente sobre as massas musculares de cada quarto; III - Modelo 3: a) dimensões: 0,01m (um centímetro) de diâmetro quando aplicado em embalagens com superfície visível para rotulagem menor ou igual a 10cm² (dez centímetros quadrados); 0,02m (dois centímetros) de diâmetro quando aplicado nas embalagens de peso até 2kg (dois quilogramas); 0,03m (três centímetros) de diâmetro quando aplicado em embalagens de peso superior a 2kg (dois quilogramas) até 5kg (cinco quilogramas); 0,04m (quatro centímetros) de diâmetro quando aplicado em embalagens de peso superior a 5kg (cinco quilogramas) até 10kg (dez quilogramas) e 0,05m (cinco centímetros) de diâmetro para embalagens de peso superior a 10kg (dez quilogramas); b) forma: circular; c) dizeres: deve constar o número de registro do estabelecimento, isolado e abaixo da palavra "Inspecionado" colocada horizontalmente e "Brasil", que acompanha a curva superior do círculo; logo abaixo do número de registro do estabelecimento deve constar as iniciais "S.I.F.", acompanhando a curva inferior; a expressão “Ministério da Agricultura” deve estar disposta ao longo da borda superior externa; e d) uso: para rótulos ou etiquetas de produtos de origem animal utilizados na alimentação humana; IV - Modelo 4: a) dimensões: 0,01m (um centímetro) de lado quando aplicado em embalagens com peso menor ou igual a 1kg (um quilograma); 0,02m (dois centímetros) de lado quando aplicado em testeiras e embalagens de peso superior a 1kg (um quilograma) até 2kg (dois quilogramas); 0,03m (três centímetros) de lado quando aplicado em testeiras e embalagens de peso superior a 2kg (dois quilogramas) até 5kg (cinco quilogramas); 0,04m (quatro centímetros) de lado quando aplicado em testeiras e embalagens de peso superior a 5kg (cinco quilogramas) até 10kg (dez quilogramas) e 0,05m (dez centímetros) de lado quando aplicado em embalagens de peso superior a 10kg (dez quilogramas); b) forma: quadrada; c) dizeres: idênticos e na mesma ordem que aqueles adotados nos carimbos precedentes e dispostos todos no sentido horizontal; a expressão “Ministério da Agricultura” deve estar disposta ao longo da borda superior externa; e d) uso: para produtos não comestíveis; V - Modelo 5: a) dimensões: 0,07m x 0,06m (sete centímetros por seis centímetros); b) forma: retangular no sentido horizontal; c) dizeres: a palavra "Brasil" colocada horizontalmente no canto superior esquerdo, seguida das iniciais "S.I.F."; logo abaixo destes, a palavra “condenado” também no sentido horizontal; e d) uso: para carcaças ou partes condenadas de carcaças; VI - Modelo 6: a) dimensões: 0,07m x 0,06m (sete centímetros por seis centímetros); b) forma: retangular no sentido horizontal;

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95. c) dizeres: a palavra "Brasil" colocada horizontalmente no canto superior esquerdo, e abaixo no canto inferior esquerdo, as iniciais "S.I.F."; na lateral direita, dispostas verticalmente as letras "E”, "S" ou "C" com altura de 0,05m (cinco centímetros) e “TF” ou “FC” com altura de 0,025m (vinte e cinco milímetros) para cada letra; e d) uso: para carcaças ou partes de carcaças destinadas ao preparo de produtos submetidos aos processos de Esterilização pelo Calor (E), Salga (S), Cozimento (C), Tratamento pelo Frio (TF) ou Fusão pelo Calor (FC), respectivamente; VII - Modelo 7: a) dimensões: 0,015m (quinze milímetros) de diâmetro; b) forma: circular; c) dizeres: deve constar o número de registro do estabelecimento, isolado e sobre as iniciais "S.I.F." colocadas horizontalmente, e a palavra "Brasil" acompanhando a borda superior interna do círculo; logo abaixo do número, a palavra "Inspecionado" seguindo a borda inferior do círculo; e d) uso: em lacres utilizados para o fechamento e identificação de recipientes usados para o transporte de matérias-primas ou produtos comestíveis a serem manipulados, beneficiados ou acondicionados em outros estabelecimentos, podendo ser de material plástico ou metálico. § 1o Permite-se a impressão do carimbo em relevo ou pelo processo de impressão automática a tinta, indelével, na tampa ou fundo das embalagens, quando as dimensões destas não possibilitarem a impressão do carimbo no rótulo, conforme previsto neste Regulamento. § 2o Nos casos de etiquetas-lacres de carcaça e etiquetas para identificação de caminhões tanques, o carimbo de inspeção deve apresentar forma e dizeres previstos no modelo 3 (três), com 0,04m (quatro centímetros) de diâmetro.

TÍTULO VIII DA ANÁLISE LABORATORIAL

Art. 496. As matérias-primas, os produtos de origem animal prontos para consumo, bem como toda e qualquer substância que entre em sua elaboração, estão sujeitos a análises físico-químicas, toxicológicas, microbiológicas e tecnológicas. Parágrafo único. Sempre que o Serviço de Inspeção Federal julgar necessário, realizará a colheita de amostras para análises laboratoriais. Art. 497. As metodologias analíticas devem ser padronizadas e validadas pela autoridade competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 498. Em casos excepcionais, a critério do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, podem ser aceitas metodologias analíticas além das adotadas oficialmente, desde que reconhecidas internacionalmente ou por instituições de pesquisa, mencionando-as obrigatoriamente nos respectivos laudos. Art. 499. Nos casos de análises fiscais de produto com padrões microbiológicos não previstos em Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade ou em legislação específica, permite-se seu enquadramento nos padrões estabelecidos para um produto similar. Art. 500. Para realização das análises fiscais, será colhida amostra em triplicata da matéria-prima, produto ou qualquer substância que entre em sua elaboração, assegurando-se sua inviolabilidade e conservação.

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96. § 1o Uma das amostras colhidas deve ser encaminhada ao laboratório oficial ou credenciado, e as demais serão utilizadas como contraprova, sendo uma entregue ao detentor ou responsável pelo produto e a outra mantida em poder do laboratório ou do Serviço de Inspeção Federal local. § 2o Em casos excepcionais, se a quantidade ou a natureza do produto não permitirem a colheita das amostras em triplicata, uma única amostra será encaminhada para o laboratório oficial ou credenciado, sendo que nestes casos os estabelecimentos produtores devem ser notificados, podendo fazer-se representar por técnico capacitado quando da realização da análise fiscal. § 3o As amostras para análises fiscais realizadas em produtos que apresentem prazo de validade curto, não proporcionando tempo hábil para a realização da análise de contraprova, não serão colhidas em triplicata, e nestes casos, os estabelecimentos produtores devem ser notificados, podendo fazer-se representar por um técnico capacitado quando da realização da análise fiscal. § 4o Pode ser dispensada, a critério do Serviço de Inspeção Federal, a colheita em triplicata, quando se tratar de análises fiscais realizadas durante os procedimentos de inspeção oficial. § 5o A colheita de amostras para realização de análises fiscais microbiológicas não será em triplicata, por não ser aplicável a realização de análise de contraprova. Art. 501. A colheita de amostra de matéria-prima, produto ou qualquer substância que entre em sua elaboração e de água de abastecimento para análise fiscal deve ser efetuada por servidores do Serviço de Inspeção Federal. § 1o A amostra deve ser colhida, sempre que possível, na presença do detentor do produto ou de seu representante, conforme o caso. § 2o Não deve ser colhida amostra de produto cuja identidade, composição, integridade ou conservação estejam comprometidas. § 3o Nos casos previstos no § 2°, as intervenções legais e penalidades cabíveis não dependerão das análises e de laudos laboratoriais. Art. 502. As amostras para análises devem ser colhidas, manuseadas, acondicionadas, identificadas, conservadas e transportadas, de modo a garantir a sua integridade física. Parágrafo único. A autenticidade das amostras deve ser garantida pela autoridade competente que estiver procedendo à colheita. Art. 503. Nos casos de resultados de análises fiscais em desacordo com a legislação, o Serviço de Inspeção Federal deverá notificar o interessado dos resultados analíticos obtidos e adotar as ações fiscais e administrativas pertinentes. Art. 504. É facultado ao interessado requerer análise pericial na amostra de contraprova, nos casos em que couber, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas da data da ciência do resultado. § 1o Ao requerer a análise da contraprova, o interessado deve indicar no requerimento o nome do assistente técnico para compor a comissão pericial, podendo também indicar um substituto.

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97. § 2o O interessado deve ser notificado sobre a data, a hora e o local em que se realizará a análise pericial na amostra de contraprova. § 3o Será utilizada na análise pericial a amostra de contraprova que se encontra em poder do detentor ou interessado. § 4o A análise pericial não será efetuada no caso da amostra de contraprova apresentar indícios de alteração, violação ou expiração do prazo de validade. § 5o Comprovada a violação, o mau estado de conservação da amostra de contraprova ou a expiração do prazo de validade, deve ser considerado o resultado da análise de fiscalização. § 6o Em caso de divergência quanto ao resultado da análise fiscal condenatória ou discordância entre os resultados desta última com a da análise pericial de contraprova, deve-se realizar novo exame pericial sobre a amostra de contraprova em poder do laboratório ou do Serviço de Inspeção Federal local. § 7o O não comparecimento do assistente técnico indicado pelo interessado na data e hora determinadas ou a inexistência da amostra de contraprova sob a guarda do interessado implica na aceitação do resultado da análise de fiscalização. Art. 505. O estabelecimento deve realizar análise de controle de seu processo produtivo, abrangendo aspectos tecnológicos, físico-químicos, toxicológicos ou microbiológicos, de acordo com seu programa de autocontrole, de acordo com métodos com reconhecimento técnico e científico comprovados e dispondo de evidências auditáveis que comprovem a efetiva realização da mesma. Art. 506. Em caráter supletivo, visando atender a programas e demandas específicas, pode ser realizada, em estabelecimentos varejistas, a colheita de amostras de produtos de origem animal registrados no Serviço de Inspeção Federal. Art. 507. Os procedimentos de colheita de amostras para análises fiscais, bem como sua frequência, devem ser regulamentados em normas complementares ou legislação específica.

TÍTULO IX DA REINSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA

Art. 508. Os produtos de origem animal devem ser reinspecionados sempre que necessário, antes de sua liberação para consumo interno, ou para o comércio interestadual ou internacional. Art. 509. Na reinspeção de matérias-primas ou de produtos que apresentem evidências de alterações ou fraudes (adulterações ou falsificações) devem ser aplicados os procedimentos previstos neste Regulamento. § 1o Os produtos que, na reinspeção, forem julgados impróprios para o consumo humano devem ser reaproveitados para a fabricação de produtos não comestíveis ou inutilizados, sendo vedada a sua destinação a outros estabelecimentos sem prévia autorização do Serviço de Inspeção Federal. § 2o Os produtos que, na reinspeção, permitam aproveitamento condicional ou rebeneficiamento devem ser submetidos a processamento específico autorizado e estabelecido pelo Serviço de Inspeção Federal, e novamente reinspecionados antes da liberação.

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98. Art. 510. É permitido o aproveitamento condicional de matérias-primas e de produtos de origem animal em outro estabelecimento sob Inspeção Federal, desde que haja prévia autorização do Serviço de Inspeção Federal, além de efetivo controle de sua rastreabilidade e comprovação do recebimento pelo Serviço de Inspeção Federal no destino. Art. 511. É proibido recolher novamente às câmaras frigoríficas, sem conhecimento e avaliação do Serviço de Inspeção Federal, produtos e matérias-primas delas retirados e que permaneceram em condições inadequadas de temperatura, podendo, desta forma, acarretar perdas de suas características originais de conservação. Art. 512. O procedimento de reinspeção de matérias-primas e produtos de origem animal a ser estabelecido em norma complementar deve ser realizado em local apropriado e abranger as condições de integridade das embalagens, a rotulagem e as marcas oficiais de inspeção dos produtos, bem como as datas de fabricação e os prazos de validade. Parágrafo único. Quando cabível, devem ser igualmente fiscalizados o documento sanitário de trânsito que acompanha o produto, a identificação do veículo transportador, bem como o número e a integridade do lacre do Serviço de Inspeção Federal de origem ou do correspondente serviço oficial de controle do estabelecimento de procedência, no caso de produtos importados. Art. 513. Os produtos de origem animal importados, antes de serem liberados, devem ser reinspecionados pelas autoridades competentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

TÍTULO X DO TRÂNSITO E CERTIFICAÇÃO SANITÁRIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Art. 514. O trânsito de matérias-primas e de produtos de origem animal deve ser realizado por meios de transporte apropriados, garantindo a sua integridade. § 1o Os veículos, continentes ou compartimentos devem ser higienizados e desinfetados antes e após o transporte. § 2o Os veículos, continentes ou compartimentos utilizados para o transporte de matérias-primas e produtos frigorificados devem dispor de isolamento térmico e, quando necessário, equipamento gerador de frio e instrumento de controle de temperatura, em atendimento ao disposto em normas complementares. Art. 515. Os produtos e matérias-primas de origem animal procedentes de estabelecimentos sob Inspeção Federal, satisfeitas as exigências deste Regulamento, têm livre trânsito e podem ser expostos ao consumo em qualquer parte do território nacional. Parágrafo único. Os produtos e matérias-primas de origem animal procedentes de estabelecimentos sob Inspeção Federal podem constituir objeto de comércio internacional, desde que atendida a legislação do país importador. Art. 516. Os produtos de origem animal procedentes de estabelecimentos nacionais, quando em trânsito por portos, aeroportos, postos de fronteira ou aduanas especiais, podem ser reinspecionados mesmo que se destinem ao comércio interestadual, de acordo com o disposto em normas complementares, respeitadas as competências específicas.

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99. Art. 517. A importação de produtos de origem animal ou suas matérias-primas só será autorizada quando: I - procederem de países cujo sistema oficial de Inspeção for reconhecido equivalente pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; II - procederem de estabelecimentos habilitados à exportação e constantes na lista de exportadores, estabelecida em norma complementar; III - o processo de fabricação e composição de seus produtos for previamente aprovado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; IV - estiverem rotulados de acordo com a legislação específica; e V - vierem acompanhados de certificado sanitário expedido por autoridade competente do país de origem. § 1o Caso o país de origem requeira o procedimento de legalização consular nos certificados sanitários expedidos pelo Brasil, procedimento idêntico deve ser exigido do requerente. § 2o A circulação de produtos de origem animal importados no território nacional será autorizada após fiscalização, fornecendo-se documento sanitário, com base nos elementos constantes do certificado sanitário expedido no país de origem, que deve seguir até o local de reinspeção. Art. 518. A autoridade competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento pode determinar o retorno ao país de procedência de quaisquer produtos de origem animal, quando houver infração ao que dispõe este Regulamento. Art. 519. Os produtos de origem animal, quando devidamente rotulados, têm livre trânsito no território nacional. § 1o Pode ser determinada a obrigatoriedade de acompanhamento de certificado sanitário para o trânsito de matérias-primas ou produtos, em função da especificidade dos mesmos ou para atender acordos internacionais. § 2o Em se tratando de produtos de origem animal importados, os mesmos só serão dispensados da certificação sanitária depois de reinspecionados, devendo ser acompanhados de documento comprobatório da reinspeção a ser estabelecido em normas complementares. Art. 520. É obrigatória a emissão de documento sanitário para o trânsito de matérias-primas ou produtos de origem animal destinados ao aproveitamento condicional ou à condenação. § 1o Nos casos de matérias-primas ou produtos destinados ao aproveitamento condicional, é obrigatória a comprovação do recebimento destes pelo Serviço de Inspeção Federal do estabelecimento de destino. § 2o Nos casos de matérias-primas ou produtos condenados, após desnaturação na origem, pode ser solicitada pelo Serviço de Inspeção Federal junto ao expedidor a comprovação do recebimento destes pelo estabelecimento de destino. § 3o Novas partidas de matérias-primas ou produtos somente serão liberadas pelo Serviço de Inspeção Federal após comprovado o recebimento da partida anterior.

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100. Art. 521. Os Certificados Sanitários para produtos de origem animal destinados ao comércio internacional, quando redigidos em língua estrangeira, devem ser traduzidos em vernáculo. § 1o Os Certificados Sanitários para produtos de origem animal destinados ao comércio internacional devem ser assinados por Inspetor Veterinário do Serviço de Inspeção Federal. § 2o Ao solicitar a emissão de Certificado Sanitário para produtos de origem animal destinados ao comércio internacional, o estabelecimento deve apresentar comprovação de que o produto a ser certificado atende aos requisitos do país importador. Art. 522. Os documentos sanitários nacionais ou internacionais emitidos para os produtos de origem animal devem atender aos modelos estabelecidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Art. 523. Todos os produtos de origem animal destinados à provedoria de bordo devem estar acompanhados de certificado sanitário emitido de acordo com os modelos definidos em normas complementares.

TÍTULO XI DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES

CAPÍTULO I

DAS INFRAÇÕES Art. 524. As infrações a este Regulamento devem ser punidas administrativamente, sem prejuízo das responsabilidades civis e criminais cabíveis, sendo consideradas infrações a este Regulamento: I - a desobediência ou inobservância aos preceitos higiênico-sanitários, tecnológicos e de bem-estar animal dispostos neste Regulamento e em normas complementares referentes aos produtos de origem animal; II - os atos que procurem embaraçar a ação dos servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no exercício de suas funções, visando dificultar, retardar, impedir, restringir ou burlar os trabalhos de fiscalização; III - ações ou tentativa de desacato, intimidação, ameaça, agressão ou suborno aos servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no exercício de suas funções; IV - a inobservância das exigências sanitárias relativas ao funcionamento e higiene de equipamentos e dependências, bem como dos trabalhos de manipulação e preparo de matérias-primas e produtos; V - elaborar produtos em desacordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade específico ou com os processos de fabricação, formulação e composição aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; VI - utilizar rótulo em desacordo com a legislação específica ou que não possua processos de fabricação, formulação e composição aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; VII - alterar ou fraudar (adulterar ou falsificar) qualquer matéria-prima, ingrediente ou produto de origem animal; VIII - armazenar ou expedir matérias-primas, ingredientes, produtos ou embalagens armazenados em condições inadequadas; IX - receber, utilizar, transportar, armazenar ou expedir matéria-prima, ingrediente ou produto desprovido de comprovação de sua procedência;

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101. X - simular a legalidade de matérias-primas, ingredientes ou produtos de origem desconhecida; XI - utilizar produtos com prazo de validade vencido, apor aos produtos novas datas depois de expirado o prazo ou apor data posterior à data de fabricação do produto; XII - produzir ou expedir produtos que representem risco à saúde pública; XIII - produzir ou expedir produtos que sejam impróprios ao consumo humano; XIV - utilizar matérias-primas e produtos condenados ou não inspecionados no preparo de produtos usados na alimentação humana; XV - utilizar processo, substância, ingredientes ou aditivos em desacordo com a legislação específica; XVI - construir, ampliar ou reformar as instalações sem a prévia autorização do Serviço de Inspeção Federal; XVII - utilizar, substituir, subtrair ou remover, total ou parcialmente, matéria-prima, produto, rótulo ou embalagem apreendidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e mantidos sob guarda do estabelecimento; XVIII - prestar ou apresentar informações, declarações ou documentos falsos ou inexatos perante o órgão fiscalizador, referente à quantidade, qualidade e procedência das matérias-primas, ingredientes e produtos ou qualquer sonegação de informação que seja feita sobre assunto que, direta ou indiretamente, interesse ao Serviço de Inspeção Federal e ao consumidor; XIX - fraudar (adulterar ou falsificar) documentos oficiais; XX - fraudar (adulterar ou falsificar) registros sujeitos à verificação pelo Serviço de Inspeção Federal; XXI - ceder ou utilizar de forma irregular lacres, carimbos oficiais, rótulos e embalagens; ou XXII - não cumprir os prazos estabelecidos pelo estabelecimento em seus programas de autocontrole, bem como nos documentos expedidos ao Serviço de Inspeção Federal, em atendimento à intimação ou notificação. Art. 525. Consideram-se impróprios para o consumo humano, na forma como se apresentam, no todo ou em parte, as matérias-primas ou produtos de origem animal que: I - se apresentem danificados por umidade ou fermentação, rançosos, com características físicas ou sensoriais anormais, contendo quaisquer sujidades ou que demonstrem pouco cuidado na sua manipulação, elaboração, conservação ou acondicionamento; II - apresentem-se alterados; III - apresentem-se fraudados (adulterados ou falsificados); IV - contenham substâncias tóxicas, compostos radioativos ou microrganismos patogênicos em níveis acima dos limites permitidos em legislação específica; ou V - revelem-se inadequados aos fins a que se destinam. Art. 526. Nos casos previstos no art. 530 deste Regulamento, independentemente da penalidade administrativa aplicável, será adotado o seguinte procedimento: I - nos casos de apreensão, após reinspeção completa, o produto pode ser condenado ou pode ser autorizado o seu aproveitamento condicional para a alimentação humana, conforme disposto na legislação específica; e II - nos casos de condenação, pode ser permitido o aproveitamento das matérias-primas e produtos para fins não comestíveis. Art. 527. São consideradas alteradas as matérias-primas e produtos que apresentem modificações de natureza física, química ou biológica que possam interferir em suas características sensoriais, composição intrínseca, valor nutritivo e inocuidade.

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102. Parágrafo único. As alterações podem ainda ocorrer por tratamento tecnológico inadequado, por negligência ou por imperícia do produtor durante as etapas do processamento. Art. 528. Além dos casos específicos previstos neste Regulamento, são considerados matérias-primas ou produtos fraudados aqueles que apresentem adulterações ou falsificações. § 1o São considerados adulterados: I - as matérias-primas e produtos que tenham sido privados parcial ou totalmente de seus componentes característicos em razão da substituição ou não por outros inertes ou estranhos, em desacordo com a legislação específica; II - as matérias-primas e produtos que tenham sido adicionados de ingredientes, aditivos, coadjuvantes de tecnologia ou substâncias de qualquer natureza com o objetivo de dissimular ou ocultar alterações, deficiências de qualidade da matéria-prima, defeitos na elaboração ou aumentar o volume ou peso do produto; III - os produtos em que, na sua manipulação ou elaboração, tenham sido empregados matérias-primas ou ingredientes impróprios ou em desacordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade ou registro do produto; IV - os produtos em que tenham sido empregados ingredientes, aditivos ou coadjuvantes de tecnologia diferentes daqueles expressos na formulação original ou sem prévia autorização do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; ou V - os produtos em que ocorrer adulteração na data de fabricação, data ou prazo de validade do produto. § 2o São considerados produtos falsificados: I - quando forem usadas denominações diferentes das previstas neste Regulamento, em normas complementares ou no registro de produtos aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; ou II - os que tenham sido elaborados, fracionados ou reembalados e expostos ou não ao consumo com a aparência e as características gerais de um produto oficialmente aprovado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e se denomine como este, sem que o seja.

CAPÍTULO II DAS PENALIDADES

Art. 529. As sanções a serem aplicadas por autoridade competente terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado o direito à ampla defesa. Art. 530. Sem prejuízo das responsabilidades civis e penais cabíveis, a infração de dispositivos deste Regulamento e de atos complementares, considerada a sua natureza e gravidade, acarretará, isolada ou cumulativamente, as seguintes sanções: I - advertência, quando o infrator for primário e não tiver agido com dolo ou má-fé; II - multas, tendo como valor máximo o importe de R$ 19.897,09 (dezenove mil, oitocentos e noventa e sete reais e nove centavos): a) para infrações leves, multa de até 25% (vinte e cinco por cento) do valor máximo; b) para infrações graves, multa de 26% (vinte e seis por cento) até 50% (cinquenta por cento) do valor máximo; e c) para infrações gravíssimas, multa de 51% (cinquenta e um por cento) até 100% (cem por cento) do valor máximo;

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103. III - apreensão ou condenação das matérias-primas e produtos de origem animal; IV - suspensão de atividade; V - interdição total ou parcial do estabelecimento; e VI - cancelamento de registro, do registro descentralizado ou do relacionamento. § 1o As multas previstas neste artigo serão agravadas até o grau máximo, nos casos de artifício, ardil, simulação, desacato, embaraço ou resistência à ação fiscal, levando-se em conta as circunstâncias atenuantes ou agravantes. § 2o A interdição ou a suspensão podem ser levantadas após o atendimento das exigências que motivaram a penalidade. § 3o A interdição de uma ou mais linhas de produção do estabelecimento pode, mediante processo administrativo, resultar em cancelamento do registro do produto envolvido na infração. § 4o Se a interdição total não for levantada, nos termos do § 2° deste artigo, decorridos 12 (doze) meses, será cancelado o registro, o registro descentralizado ou o relacionamento do estabelecimento. Art. 531. Para a fixação da penalidade, as infrações são consideradas: I - leve: aquela em que o infrator tenha sido beneficiado por circunstância atenuante; II - grave: aquela em que for identificada a ocorrência de uma circunstância agravante; ou III - gravíssima: aquela em que for verificada a ocorrência de duas ou mais circunstâncias agravantes ou o uso de ardil, simulação ou emprego de qualquer artifício visando encobrir a infração ou causar embaraço à ação fiscalizadora, tentativa de suborno ou, ainda, nos casos de fraude (adulteração ou falsificação). Art. 532. Para efeito da fixação das penalidades, são consideradas a gravidade do fato em vista de suas consequências para a saúde humana e a defesa dos interesses do consumidor, os antecedentes do infrator e as circunstâncias atenuantes e agravantes. § 1o São consideradas circunstâncias atenuantes: I - quando a ação do infrator não tiver sido fundamental para a consecução do fato; II - quando o infrator, por espontânea vontade, procurar minorar ou reparar as consequências do ato lesivo; ou III - ser o infrator primário ou a infração cometida configurar-se cabalmente sem culpa ou dolo. § 2o São consideradas circunstâncias agravantes: I - ser o infrator reincidente; II - ter o infrator cometido a infração visando obter qualquer tipo de vantagem; III - se, tendo conhecimento de ato lesivo à saúde pública, o infrator deixar de tomar as providências para evitá-lo; IV - ter o infrator coagido outrem para a execução material da infração; V - ter a infração consequência danosa para a saúde pública ou para o consumidor; VI - ter o infrator colocado obstáculo ou embaraço à ação da fiscalização ou à inspeção; VII - ter o infrator agido com dolo ou má-fé; ou VIII - o descumprimento das obrigações do depositário relativas à guarda do produto. § 3o Havendo concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes, a aplicação da pena deve ser considerada em razão das que sejam preponderantes.

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104. § 4o Para os efeitos deste Regulamento, considera-se reincidência a prática de nova infração, depois de cumpridas as penalidades aplicadas, antes de decorrido o período de 5 (cinco) anos. § 5o Quando a mesma infração for objeto de enquadramento em mais de um dispositivo legal, prevalece para efeito de punição o enquadramento mais específico em relação ao mais genérico.

CAPÍTULO III DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

Art. 533. São responsáveis pela infração às disposições deste Regulamento, para efeito de aplicação das penalidades nele previstas, as pessoas físicas ou jurídicas: I - fornecedoras de matéria-prima de origem animal, desde a fonte até o recebimento nos estabelecimentos com registro, registro descentralizado ou relacionamento no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; II - proprietárias, locatárias, comodatárias ou arrendatárias de estabelecimentos com registro, registro descentralizado ou relacionamento no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento onde forem recebidos, manipulados, beneficiados, processados, fracionados, industrializados, conservados, acondicionados, rotulados, armazenados, distribuídos ou expedidos produtos de origem animal; e III - que expedirem ou transportarem produtos de origem animal. Parágrafo único. A responsabilidade a que se refere este artigo abrange as infrações cometidas por quaisquer empregados ou prepostos das pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades industriais e comerciais de produtos de origem animal. Art. 534. Sempre que houver indício ou evidência de que um produto de origem animal constitui risco à saúde ou aos interesses do consumidor, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, cautelarmente adotará um regime especial de fiscalização, podendo executar as seguintes medidas, isoladas ou cumulativamente: I - interdição total ou parcial do estabelecimento, suspensão total ou parcial das atividades ou expedição dos produtos; II - determinar a revisão dos programas de monitoramento da qualidade das matérias-primas e dos produtos, e condicionar a sua execução à homologação pelo Serviço de Inspeção Federal; ou III - realizar análises prévias dos lotes produzidos durante o regime especial de fiscalização, assim como dos lotes em estoque, em laboratório oficial ou credenciado, para sua liberação. Art. 535. As ações fiscais a serem executadas por servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na constatação de irregularidades, durante a realização das inspeções e fiscalizações previstas neste Regulamento, sem prejuízo das demais definidas em normas complementares, consistem em apreensão, condenação ou inutilização de matérias-primas, produtos, ingredientes, rótulos, embalagens e outros materiais, interdição parcial ou total de equipamentos ou instalações, suspensão temporária das atividades do estabelecimento e suspensão do registro de produtos e autuação. Art. 536. Para fins deste Regulamento, são considerados documentos decorrentes do processo de fiscalização, além de outros que vierem a ser instituídos: I - Termo de Fiscalização; II - Termo de Intimação; III - Termo de Colheita de Amostra; IV - Auto de Apreensão;

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105. V - Auto de Depósito; VI - Auto de Infração; VII - Termo Aditivo do Auto de Infração; VIII - Termo de Destinação; IX - Termo de Suspensão; X - Termo de Interdição; XI - Termo de Julgamento; XII - Termo de Advertência; XIII - Auto de Multa; e XIV - Termo de Cancelamento de Registro, Registro Descentralizado ou Relacionamento do Estabelecimento. § 1o Termo de Fiscalização é o documento lavrado sempre que for realizada inspeção ou fiscalização em estabelecimentos previstos neste Regulamento. § 2o Termo de Intimação é o documento para estabelecer prazo com o objetivo de reparar irregularidades, solicitar documentos ou informações e determinar a adoção de providências. § 3o Termo de Colheita de Amostra é o documento que formaliza a colheita de amostras para fins de análise laboratorial. § 4o Auto de Apreensão é o documento para reter matéria-prima, produtos, ingredientes, rótulos, embalagens e outros materiais para fins de destinação, conforme legislação específica, podendo ter caráter cautelar, pelo tempo necessário às averiguações indicadas. § 5o Auto de Depósito é o documento que nomeia a pessoa física para responder pela guarda de produto, até ulterior deliberação. § 6o Auto de Infração é o documento para a autoridade fiscalizadora autuar pessoa física ou jurídica quando constatada a violação do disposto neste Regulamento e demais atos normativos referentes à inspeção e fiscalização de produtos de origem animal, que dá início ao processo administrativo de apuração de infrações. § 7o Termo Aditivo ao Auto de Infração é o documento para corrigir eventuais impropriedades na emissão de Auto de Infração, assim como para acrescentar informações nele omitidas. § 8o Termo de Destinação é o documento para a descrição da providência e destino adotados, tais como liberação, aproveitamento condicional, condenação ou inutilização da matéria-prima, produto, insumo, rótulo, embalagem ou outros materiais apreendidos. § 9o Termo de Suspensão é o documento para a suspensão parcial ou total das atividades do estabelecimento ou da utilização de produtos e matérias-primas, quando causem risco ou ameaça de natureza higiênico-sanitária, como medida cautelar no regime especial de fiscalização, nos casos de reincidência, nos casos de embaraço à ação fiscalizadora ou em outras situações julgadas necessárias pelo Serviço de Inspeção Federal. § 10. Termo de Interdição é o documento para interromper parcial ou totalmente as atividades de um equipamento, seção ou estabelecimento, quando for constatada a inexistência de condições higiênico- sanitárias adequadas e nos casos de fraudes (adulterações ou falsificações) habituais do produto.

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106. § 11. Termo de Julgamento é o documento por meio do qual a autoridade competente decide, motivadamente, pela procedência ou não da autuação, aplicando a penalidade cabível. § 12. Termo de Advertência é o documento para cientificar o infrator, quando houver a aplicação da pena de advertência. § 13. Auto de Multa é o documento para cientificar o infrator da penalidade de multa aplicada. § 14. Termo de Cancelamento do Registro, Registro Descentralizado ou Relacionamento do Estabelecimento é o documento que cancela o registro, registro descentralizado ou o relacionamento do estabelecimento. Art. 537. O descumprimento às disposições deste Regulamento e dos atos complementares será apurado em processo administrativo devidamente instruído, iniciado com a lavratura do auto de infração, observados os procedimentos e prazos estabelecidos neste Regulamento. Art. 538. O auto de infração será lavrado pela autoridade fiscalizadora que houver constatado a infração, no local onde foi comprovada a irregularidade ou no órgão de fiscalização do Serviço de Inspeção Federal. Art. 539. O auto de infração deve ser claro e preciso, sem entrelinhas, rasuras nem emendas, devendo conter: I - o número de referência do auto; II - o local, a data e a hora da lavratura; III - a qualificação do autuado: nome ou nome empresarial, endereço completo, CNPJ ou CPF, número de registro, registro descentralizado ou relacionamento, se for o caso; IV - a descrição pormenorizada dos fatos ou dos atos caracterizadores da infração; V - o dispositivo legal infringido; VI - a intimação do autuado, enfatizando o seu direito e prazo para apresentar a defesa; VII - a identificação da autoridade que o lavrou, a sua assinatura, a indicação do seu cargo ou função; e VIII - a assinatura, identificação e data da cientificação do autuado. Art. 540. O auto de infração será lavrado em modelo próprio a ser estabelecido pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com numeração sequencial controlada, composto de três vias. § 1o Lavrado o auto de infração, a primeira via será entregue ao infrator, a segunda irá compor e dar início ao processo administrativo e a terceira via será arquivada junto ao local de exercício funcional de quem o lavrou. § 2o Para comprovação da infração, sempre que possível, o auto será acompanhado de laudo pericial ou da documentação comprobatória da irregularidade. Art. 541. A assinatura no auto de infração por parte do autuado, ao receber sua cópia, constitui recibo de intimação. § 1o O auto de infração deve ser encaminhado para o Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação do Estado onde ocorreu a infração, para a formalização do processo administrativo.

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107. § 2o Nos casos em que a ciência do auto de infração deva ocorrer em outro local que não o da constatação da infração, os autos do processo devem ser encaminhados ao Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação do Estado onde está localizado o autuado para ciência. § 3o Em caso de recusa do autuado em assinar o auto de infração, o fato será consignado no próprio auto de infração, sendo que: I - a assinatura de duas testemunhas supre a assinatura do autuado, considerando-o cientificado; ou II - a remessa da primeira via ao autuado, por via postal, com aviso de recebimento (AR) ou outro procedimento equivalente caracteriza a sua cientificação. Art. 542. A defesa do autuado deverá ser apresentada por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, contados da data da intimação, devendo ser remetida ao Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde ocorreu a infração, para instruir o processo administrativo. Art. 543. Compete ao Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde foi constatada a infração, por ocasião do julgamento em primeira instância, sem prejuízo das demais ações fiscais adotadas no momento da autuação, a aplicação das penalidades previstas neste Regulamento. § 1o O processo será instruído com relatório circunstanciado para subsidiar o julgamento da infração. § 2o Proferida a decisão, devem ser lavrados os termos de julgamento e de notificação, e encaminhados ao autuado por ofício, juntamente, quando for o caso, com o termo de advertência ou auto de multa e a guia de recolhimento, além da notificação de outras penalidades aplicadas, fixando, no caso de multa, um prazo de 10 (dez) dias para recolhimento, a contar da data do recebimento da notificação. § 3o O Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação, quando do seu julgamento, poderá ratificar ou suspender a ação fiscal adotada no momento da constatação da autuação. Art. 544. Após o recebimento do termo de julgamento em primeira instância, cabe ao autuado a apresentação de recurso, em face de razões de legalidade e do mérito, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão. Parágrafo único. O recurso independe de pagamento da multa aplicada e será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não o reconsiderar em 10 (dez) dias, deve se manifestar sobre a concessão de efeito suspensivo e encaminhá-lo ao Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, para proceder ao julgamento em segunda e última instância. Art. 545. O recurso não será reconhecido quando interposto: I - fora do prazo; II - perante órgão incompetente; III - por quem não tenha legitimidade; ou IV - depois de exaurida a esfera administrativa. Art. 546. Os prazos começam a correr a partir da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte, se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for iniciado depois ou encerrado antes da hora normal.

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108. § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. § 3o As manifestações do interessado, encaminhadas por via postal, serão consideradas como entregues na data de postagem, marcada pelo correio e, caso o dia do vencimento do prazo seja feriado no município do remetente da manifestação, o mesmo deve encaminhar a prova desse fato, juntamente com a sua manifestação. § 4o As manifestações do interessado devem ser encaminhadas ao local onde estejam os autos do processo. Art. 547. O auto de multa será lavrado pelo Chefe do Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação e conterá os elementos que motivaram a infração. § 1o O auto de multa será lavrado em 3 (três) vias, sendo a primeira via entregue ao infrator, a segunda juntada ao processo administrativo e a terceira arquivada no Serviço de Inspeção Federal na Unidade da Federação onde se iniciou o processo administrativo. § 2o O auto de multa será encaminhado por ofício, juntamente com o documento para recolhimento da multa, pessoalmente ou por via postal, com aviso de recebimento (AR). Art. 548. O não recolhimento do valor da multa no prazo legal, comprovado nos autos do processo, implica o encaminhamento do débito para inscrição em dívida ativa da União. Art. 549. Podem ser divulgados, por meio da imprensa ou outros meios de comunicação, quais os produtos e estabelecimentos que incorreram em fraudes (adulteração ou falsificação) comprovadas em processos administrativamente irrecorríveis. Parágrafo único. Igualmente, pode ser divulgado, por meio da imprensa ou outros meios de comunicação, o recolhimento de produtos que coloquem em risco a saúde ou os interesses do consumidor. Art. 550. A lavratura do auto de infração não isenta o infrator do cumprimento das exigências que a tenham motivado.

TÍTULO XII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 551. Serão instituídos, no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, comitês técnico-científicos de caráter consultivo para tratar de assuntos inerentes à inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal, cujos membros serão designados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Parágrafo único. A composição do comitê e a designação dos integrantes serão definidas em norma complementar, sem ônus de caráter remuneratório para seus representantes, titulares e suplentes. Art. 552. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal poderá implementar procedimentos complementares de inspeção e fiscalização decorrentes da existência ou suspeita de doenças, exóticas ou não, que possam ocorrer no país.

Page 109: ANEXO REGULAMENTO DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E … · leite e seus derivados e os produtos de abelhas e seus derivados, comestíveis e não comestíveis, seja ou não adicionado de

109. Parágrafo único. Quando, nas atividades de fiscalização e inspeção sanitária, houver suspeita de doenças infectocontagiosas de notificação imediata, o Serviço de Inspeção Federal deve notificar ao serviço oficial de sanidade animal. Art. 553. As disposições para o processamento e a rotulagem de produtos orgânicos devem atender à legislação específica. Art. 554. Os casos omissos ou as dúvidas que se suscitarem na execução deste Regulamento serão resolvidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com base em informações técnico-científicas. Art. 555. As penalidades aplicadas, administrativamente irrecorríveis, serão consideradas para determinação da reincidência em relação a fato praticado depois do início da vigência deste Regulamento. Art. 556. Aos estabelecimentos registrados ou relacionados no Serviço de Inspeção Federal ou aqueles que já tiverem protocolado os pedidos de registro ou relacionamento na data da entrada em vigor deste Decreto será estabelecido pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal um prazo para as adequações necessárias, em função da complexidade de suas atividades industriais. Art. 557. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio de Resolução do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal publicará, sempre que necessário, normas complementares a este Regulamento.