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ANEXOS

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ANEXOS

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PRIMEIRA ENTREVISTA

ENTREVISTA COM A DIRETORA DOS SERVIÇOS DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL; DO LAR DA

MISERICÓRDIA DE ALVERCA

Informar que os objetivos da entrevista são para a construção do meu pré-projeto, uma preparação

para o relatório final do estágio Conhecer a missão da Instituição

Como se organiza

a instituição em

termos de

gestão?

Bem, somos uma grande equipa, gerimos o melhor que pudemos com os recursos que temos.

O público-alvo

são seniores de

que idades?

Idade mínima 63 e o mais velho vai fazer 100 anos

Solicitar o plano

de atividades

deste ano, 2015

Ver tabela em nexos

Pode falar-me sobre os objetivos e a missão estabelecida para o Lar “ Misericórdia” de Alverca?

Qual o plano de

atividades

definido para os

próximos

tempos, em

traços gerais?

Ver tabelas em anexos.

(Nós temos o que somos capazes de fazer, mas gostávamos de ter mais atividades no exterior,

sair mais com eles, ir ao teatro, cinema, revistas, eles gostam. Os de cadeiras de rodas ficam logo

de fora, não é possível levá-los, ficam.

Ter aplicação de escolas para estarem mais tempo com eles.

Aproximar mais os familiares das atividades que eles fazem.

Pode caraterizar-

me um pouco o

público-alvo do

Lar?

São mais Senhoras que homens. Cada vez vêm mais velhos de idade e mais dependentes.

Foi sempre

assim?

Não. Tivemos pessoas relativamente novas para estarem num lar, agora é que não. Nós

queríamos que eles fossem, mais autónomos, mas não são. Uma parte dos idosos é muito

ANEXO 1

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dependente.

Quais são os

órgãos de gestão

da instituição?

Direção: Presidente Jorge Silva; Vice-presidente Albino Vélez, ambos em regime de voluntariado.

Que projetos têm para o futuro?

O que gostariam

de implementar

para o futuro?

Proporcionar cada vez mais a inserção na sociedade, no exterior, as novas mudanças do dia-a-dia,

estarem atualizados, terem um bem-estar cada vez maior, principalmente a nível de saúde.

Que

financiamentos

têm?

Nós como uma IPSS, temos 25%. Sim.

Têm

financiamentos

sociais,

internacionais?

Não.

Colaboram com

outras

instituições?

Sim, colaboramos com as instituições da terceira idade na zona de Alverca, concelho Vila Franca

de Xira. Hospitais, Centro de saúde, Centro comunitário da Arcena (que os ensina como

preencher o IRS, e outros documentos, saber onde pagar a água e a luz).

O que gostariam

de mudar?

Mudar o plano de atividades em 2015. Termos as TIC. Que as acessibilidades fossem iguais para

todos, para que pudessem conviver com a população exterior, com crianças. Mas isso tem de

passar pela direção.

Que perspetivas,

mudanças

desejadas?

Que os idosos sejam mais independentes, facilitaria a organização interna. Que eles convivessem

mais. Levá-los ou trazer cá a grupos da Universidade Sénior da Póvoa de Santa Iria.

Que

potencialidade

tem a

organização para

a mudança?

Pouca, estamos todos a viver uma grande crise que se reflete em todos nós. Sabemos que é

possível mudar algumas coisas, mas não temos como fazer. Precisávamos de mais pessoal, mas

não podemos. Por questões de dinheiro.

Que

constrangimentos

e dificuldades

têm?

Constrangimentos, é a falta de dinheiro,

Que espetativas? Que nos ajude a desenvolver o projeto e que os idosos fiquem mais despertos e mais ocupados

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O que esperam

que da estagiária

para o

desenvolvimento

desta instituição?

para quebrar a rotina.

Outros dados que

me possam

ajudar a

construírem o

meu pré-projeto

Não temos, assim, mais nada que a possa ajudar. Damos-lhe o Regulamento Interno para ler, e

ver como funciona a nossa Instituição.

Outros dados alusivos à instituição e seus Funcionários

Quantos utentes

têm o Lar neste

momento?

Sessenta e nove.

Há mais mulheres

que homens,

instituídos?

Sim. Senhoras quarenta e sete, e homens vinte e um.

E em centro de

dia, há mais

homens ou

mulheres?

Há mais mulheres são quarenta, e homens quinze.

Há pessoas em

cadeiras de

rodas, quantas?

Vinte e duas

A quantas

pessoas dão

apoio

domiciliário?

Trinta

Quantos estão

internos? E

quantos em

centro de dia?

Internos são sessenta e nove, e em centro de dia cinquenta e cinco.

Quantos

funcionários têm

a instituição no

total?

Sessenta e sete

Quantos Dois, em regime de voluntariado

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elementos fazem

parte da Direção

da Instituição?

Existe secretária

de direção?

Sim, Maria Isabel

Quantas

funcionárias de

escritório têm a

instituição?

Duas senhoras a tempo inteiro de segunda a sexta-feira e sábado até às 13h.

Direção serviço

social, apoio a

idosos e famílias

Duas pessoas.

Que objetivos

tem a instituição?

Ajudar as pessoas idosas da freguesia

Quantas

enfermeiras?

Duas

Quantas pessoas

auxiliarem?

Doze

Quantas

animadoras? Que

horários fazem?

Duas. Ana Vélez das 9 às 18h e Joana Nunes 17h30´por semana, está a tempo parcial.

Têm pessoas a

trabalharem por

turnos?

Quarenta pessoas, divididas em três turnos.

A Instituição tem

Nutricionista?

Não. Mas já tivemos em tempos

Quantas pessoas

trabalham na

cozinha?

Dois cozinheiros e tês ajudantes, além do chefe de compras

A instituição tem

motoristas.

Quantos?

Três

Têm pessoal de

manutenção?

Sim, temos um homem.

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Há Senhoras,

utentes, a fazem

desfiles de

moda?

Há uns anos, sim, faziam, mas desde há anos que não fazem, por falta de tempo e recursos

humanos para toda a logística que é preciso fazer, para que tudo esteja pronto a tempo. É ir às

lojas pedir roupa emprestada, calçado, adereços, tratar de cabeleireiro, maquilhadora,

transportes. Dá muito trabalho e nós não temos quem faça isso.

Observação da

Diretora dos

Serviços de

Animação

socioculturais

Havia cá utentes que foram para as suas aldeias viver com a família. E os idosos que têm entrado,

vêm cada vez mais tarde, mais velhos, mantêm-se em casa mais tempo, quando chegam vêm

muito dependentes.

Obs. Os nomes das pessoas que figuram na entrevista não são os nomes verdadeiros

Data: 12 de maio de 2015

Maria Rosa Prates

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SEGUNDA ENTREVISTA

ENTREVISTA

COM A ASSISTENTE SOCIAL; DO LAR DA MISERICÓRDIA DE ALVERCA

Dados necessários à construção do relatório final do estágio

Conhecer a missão da Instituição

Como se organiza a instituição em

termos de gestão?

Bem, somos uma grande equipa, gerimos o melhor que pudemos com os

recursos que temos. Recursos financeiros e humanos.

O público-alvo são seniores de que

idades?

Idade mínima 64 e, o mais velho vai fazer 97anos

Solicitar o plano de atividades deste

ano, 2015

Ver tabela em anexos

Pode falar-me sobre os objetivos, e a missão estabelecida para o Lar “ Misericórdia” de Alverca?

Qual o plano de atividades definido

para os próximos tempos, em traços

gerais?

Nós temos o que somos capazes de fazer, mas gostávamos de ter mais

atividades no exterior, sair mais com eles, ir ao teatro, cinema, revistas, eles

gostam. Os de cadeiras de rodas ficam logo de fora, não é possível levá-los,

ficam.

Ter aplicação de escolas para estarem mais tempo com eles.

Aproximar mais os familiares das atividades que eles fazem.

Pode caraterizar-me um pouco o

público-alvo do Lar?

São mais mulheres que homens. Cada vez vêm mais velhos de idade e mais

dependentes.

Foi sempre assim? Não. Tivemos pessoas relativamente novas para estarem num lar, agora é

que não. Nós queríamos que eles fossem, mais autónomos, mas não são.

ANEXO 2

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Uma parte dos idosos é muito dependente.

Quais são os órgãos de gestão da

instituição?

Direção: Presidente Carlos Santos; Vice-presidente Senhor Vélez, ambos

em regime de voluntariado.

Que projetos têm para o futuro?

O que gostariam de implementarem

para o futuro?

Proporcionar cada vez mais a inserção na sociedade, no exterior, as novas

mudanças do dia-a-dia, estarem atualizados, terem um bem-estar cada vez

maior, principalmente a nível de saúde.

Que financiamentos têm? Nós como uma IPSS, temos 25%. Sim.

Têm financiamentos sociais,

internacionais?

Não.

Colaboram com outras instituições?

Sim, colaboramos com as instituições da terceira idade na zona de Alverca,

concelho Vila Franca de Xira. Hospitais, Centro de saúde, Centro

comunitário da Arcena (que os ensina como preencher o IRS, e outros

documentos, saber onde pagar a água e a luz).

O que gostariam de mudar?

Mudar o plano de atividades em 2015, termos as TIC. Que as

acessibilidades fossem iguais para todos, para que pudessem conviver com

a população exterior, com crianças. Mas isso tem de passar pela direção.

Que perspetivas, mudanças desejadas? Que os idosos sejam mais independentes, facilitaria a organização interna.

Que eles convivessem mais. Levá-los ou trazer cá a grupos da Universidade

Sénior da Póvoa de Santa Iria.

Que potencialidade tem a organização

para a mudança?

Pouca, estamos todos a viver uma grande crise que se reflete em todos nós.

Sabemos que é possível mudar algumas coisas, mas não temos como fazer.

Precisávamos de mais pessoal, mas não podemos. Por questões de dinheiro.

Que constrangimentos e dificuldades

têm?

Constrangimentos, é a falta de dinheiro,

Que espetativas? O que esperam da

estagiária para o desenvolvimento

desta instituição?

Que nos ajude a desenvolver o projeto e que os idosos fiquem mais

despertos e mais ocupados para quebrar a rotina.

Outros dados que me possam ajudar a Não temos, assim, mais nada que a possa ajudar. Damos-lhe o Regulamento

Page 9: ANEXOS - ULisboarepositorio.ul.pt/bitstream/10451/26704/2/ulfpie051224_tm_anexos.p… · moda? Há uns anos, sim, faziam, mas desde há anos que não fazem, por falta de tempo e recursos

construírem o meu projeto de estágio? Interno para ler, e ver como funciona a nossa Instituição.

Outros dados alusivos à instituição, e seus Funcionários

Quantos utentes têm o Lar neste

momento?

Quantos utentes em centro de dia?

Sessenta e nove, incluindo uma cama param residente temporário.

São cinquenta e cinco.

Há mais mulheres que homens,

instituídos?

Sim, Senhoras são cento e sete, e homens dezassete.

E em centro de dia, há mais homens,

ou mulheres?

Há mais mulheres, trinta e quatro, e homens onze

Há pessoas em cadeiras de rodas,

quantas?

Quantas pessoas precisam de usar

”ocasionalmente” cadeiras de rodas

para se deslocarem, além das três já

mencionadas?

Quantas pessoas usam andarilhos?

Quantas pessoas precisam de apoio

para se deslocarem?

Sim, são três, sempre sentados nestas cadeiras, uma delas é elétrica, da

própria pessoa, uma Senhora muito nova.

Umas três, também. Para virem do quarto para baixo, para irem comer, irem

à casa de banho, e para subirem ao quarto para descansarem depois do

almoço.

Cinco.

São, cento e sete, umas usam bengala, outras, canadianas, e outras são

ajudadas pelas auxiliares.

A quantas pessoas dão apoio

domiciliário?

Trinta pessoas individuais

Quantos estão internos? E quantos em

centro de dia?

Internos são sessenta e nove, e em centro de dia cinquenta e cinco.

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Quantos funcionários têm a instituição

no total?

Sessenta e sete

Quantos elementos fazem parte da

Direção da Instituição?

Dois, em regime de voluntariado

Existe secretária de direção? Sim, Isabel Cavaleiro

Quantas funcionárias de escritório têm

a instituição?

Duas senhoras a tempo inteiro de segunda a sexta-feira e sábado até às 13h.

Direção serviço social, apoio a idosos

e famílias

Duas pessoas.

Que objetivos tem a instituição? Ajudar as pessoas idosas da freguesia

Quantas pessoas auxiliarem? Que

habilitações têm?

Vinte e cinco. O ensino básico, e formação, de 35 a 40h anuais, dada pela

instituição, adequada às funções que vão desempenhar, gereonlotologia, e

ajudantes de cozinha

Quantas animadoras? Que horários

fazem?

Duas. Cristina Vélez das 9 às 18h, e Carla Robalo 17h30´por semana, está a

tempo parcial.

Têm pessoas a trabalharem por turnos? Cinquenta e quatro pessoas, divididas em três turnos.

A Instituição tem Nutricionista? Não. Mas já tivemos em tempos

Quantas pessoas trabalham na

cozinha?

Três cozinheiras, e tês ajudantes.

A instituição tem motoristas. Quantos? Três

Têm pessoal de manutenção? Sim, temos um homem.

Há Senhoras, utentes, a fazem desfiles

de moda?

Há uns anos, sim, faziam, mas desde há anos que não fazem, por falta de

tempo e funcionárias para toda a logística que é preciso fazer, para que tudo

esteja pronto a tempo. É ir às lojas pedir roupa emprestada, calçado,

adereços, tratar de cabeleireiro, maquilhadora, transportes. Dá muito

trabalho, e nós não temos quem faça isso.

Havia cá utentes que foram para as suas aldeias viver com a família. E os

idosos que têm entrado, vêm cada vez mais tarde, mais velhos, mantêm-se

Page 11: ANEXOS - ULisboarepositorio.ul.pt/bitstream/10451/26704/2/ulfpie051224_tm_anexos.p… · moda? Há uns anos, sim, faziam, mas desde há anos que não fazem, por falta de tempo e recursos

Observação da Doutora Sílvia Ventura em casa mais tempo, quando chegam vêm muito dependentes.

Quantos técnicos tem a Instituição e

quais as suas habilitações?

A Instituição tem Médico?

Duas Assistentes Sociais, Doutoras, e uma Animadora Sociocultural,

também Dr.ª.

Sim, temos dois, vêm três vezes por semana cada um, em dias alternados.

Quantas enfermeiras, tem o lar?

Duas

Quem trabalha comigo, estagiária, que

habilitações têm? Que Área?

Dr.ª Sílvia Assistente Social, Dr.ª Marta. Assistente Social. Dr.ª Carla

Robalo, Animadora Socio Cultural e Cristina Velez, auxiliar, com o ciclo

preparatório, e os cursos profissionais de técnicas de reabilitação de

fisioterapia, e animação

Quem me supervisiona tem alguma

ideia do que deveria ser o meu estágio?

Sim, que ajude os idosos, interaja com eles, e ajude a Cristina

Que equipamentos têm o lar? Três carrinhas, ajudas técnicas, camas articuladas, andarilhos, cadeiras de

rodas, muitas canadianas e bengalas.

O Lar tem pessoas acamadas? Não há pessoas acamadas. Mas há seis que depois de arranjadas se levantam

para o cadeirão, no quarto.

Quantos utentes são autónomos? Autónomos? Seis

Têm chefe de compras? Sim, temos um homem, é muita coisa, tem um gabinete para se organizar,

trabalha o dia todo. As compras vão desde fraldas, a tudo da despensa, é ele

que compra tudo o que faz falta.

Alverca, 23 de Setembro de 2015

Maria Rosa Prates

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tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que

ANEXO 3

MEMÓRIAS

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AO LONGO DA ESCRITA DAS MEMÓRIAS DOS IDOSOS, TENTEI SER FIEL À ORDEM E LINGUAGEM POPULAR DOS IDOSOS.

D.P.

“Nasci em Alfama, andei à escola perto de casa, ia a pé e vinha, sei ler e

escrever, sei algumas coisas, a minha mãe ensinou-me a ser educada com

todas as pessoas, naquele tempo era assim, as mães estavam em casa e

educavam os filhos à maneira antiga. “Conheci o meu namorado na rua, o

meu namoro era dentro de casa, sentados numa cadeira baixa ao lado um do

outro, tinha sempre uma a minha mãe ou uma irmã a vigiar-nos de perto que

se mantinha a ler, a bordar ou fazer costura. Casei-me aos vinte anos,

casamento que durou cinquenta anos, porque o meu marido faleceu, tive

vários namoricos, mas nada de serio, era só de brincadeira. Eu ia aos bailes

com uma amiga que ia com a mãe, ia com elas, que eram nossas vizinhas, a

minha mãe já me deixava ir, mas não dançava, ia só ver. A música dos bailes

era de uma orquestra, bailes feitos numa casa pequena. Quando me casei

tiraram-nos fotografias, que na altura eram a preto e branco, não era como

agora, o meu casamento foi pobre, não havia festas como agora, foi só a

família e as amigas que trabalhavam comigo, casei-me só pelo registo, nunca

tive filhos, nunca quisemos saber de qual era o problema, os dois fizemos

muitos tratamentos, mas não deram resultado, estou conformada, tenho

catorze sobrinhos e sobrinhos netos. Trabalhei desde os dez anos a fazer

caixas de cartão, umas pequenas e outras grandes, que eram para

transportarem eletrodomésticos. Eu tinha a profissão de cartonaxeira, e

trabalhei sempre, até me reformar.”

É uma idosa com bom aspeto muito educada, e lucida, sabe o que diz, é uma

pessoa autónoma, embora curvada e ande devagar, gosta que lhe chamem

Nônô, foi ela mesma que escolheu este nome, disse a brincar se não a

chamarem assim, que não responde.

“Tenho noventa e um anos, nasci num casal perto de Torres Vedras, não sei

ler, nem escrever, naquele tempo as meninas não iam á escola, não era

obrigatório. Tenho muita pena de não saber ler e escrever. Casei-me com o

primeiro namorado, eu já nem me lembro como é que começou, já foi á tanto

ano. O namoro era dentro de casa, sentados nuns bancos ao pé um do outro, e

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C. C.

a minha mãe a ver, casei-me aos vinte e um anos, só pelo registo, fomos só os

dois e os padrinhos. Tive um filho do primeiro marido, que é um bom filho e

uma boa nora, são uns anjos. Depois casei-me com outro homem e tive mais

dez filhos, morreram duas meninas, agora tenho nove filhos, um é mau filho e

a mulher dele umas “víbora”, os dois enganaram-me, compraram-me a minha

casa com tudo lá dentro sem eu dar por ela, por eu não saber ler, se soubesse

ler, eles não me enganavam, não. A vida ensinou-me muito. Fiz de tudo no

campo, cavei vinhas, mondei, apanhei fruta, cerejas, uvas, peras, maçãs, eu sei

fazer de tudo, nunca fiz outra coisa, desde criança que trabalhei sempre no

campo. A minha profissão é de ser cavadora. Agora já não faço nada, não

posso, fui operada a uma anca e desde ai, que a perna e o pé me incham

muito, e tenho de ter um apoio alto para estar melhor. Tenho dezassete netos e

cinco bisnetos, e sou viúva do segundo marido á treze anos. Vivo em casa de

uma neta, perto daqui, porque só uma filha que está no Algarve é que se

importa comigo, os outros não querem saber, e a minha neta veio-me por aqui,

estou só de dia, á tarde levam-me na carrinha para a casa da minha neta que é

num terceiro andar, para mim, é muito difícil uma casa tão alta. Elas vêm-me

esperar à porta do prédio. Esta idosa é bonita, mas muito cheia de rugas, é

bem-disposta e não gosta de incomodar ninguém, sabe falar bem, e tudo

quanto lhe pedem de atividades ela sabe fazer, e faz bem feito logo á primeira

vez. Todas as pessoas gostam dela.

F.C.

“Nasci em Santo Aleixo da Restauração, a trinta quilómetros de Moura, já

nem me lembro de quando era moço, aos quinze anos tive a primeira

namorada, ainda na escola, tive muitas namoradas, mas de brincadeira, a serio

tive duas, uma foi-se embora, ficou a outra com quem casei. Namorávamos

sentados a uma mesa, quando a irmã ou a tia dela que nos guardava ia embora

para outro lado da casa, dava um beijinho. Íamos aos bailes ao Domingo e

dias de festa, era um acordeonista que tocava e cantava, naquele tempo

dançávamos agarrados um ao outro, mas a gente não se podia encostar muito,

se alguém visse era uma vergonha, e ainda pior por ela não ter mãe, acabava

logo baile, para ela e para mim, que a irmã ou a tia chamavam logo para ir

para casa, tinha de haver muito respeito, ela vivia com o Pai e uma irmã mais

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velha e a avó. Quando casamos pela igreja, o banquete foi primeiro na casa do

pai da noiva e depois íamos a casa dos pais do noivo. Em solteiro era

agricultor, depois fiz a tropa, e depois da tropa vim para Alverca, já cá tinha

um cunhado que me disse que aqui arranjava trabalho, e arranjei trabalhei

numa fábrica, fui serralheiro mecânico, reformei-me em 1999, tive um

acidente de trabalho que fiquei sem esta mão (a mão direita) e um bocado do

braço, nessa altura, quando sai do hospital quis-me matar de desgosto, um

homem novo e sem um braço e a mão, quando a minha mulher morreu, há

nove anos, ainda foi pior. Se não fossem os meus filhos… tenho um rapaz e

uma rapariga e quatro netos, tenho uma neta que já é Engenheira, gosto muito

de a ver ir embora para Lisboa, onde ela estuda, vai toda vestida de preto, saia

preta, meias pretas, sapatos pretos, é tudo preto, e outra neta filha da minha

filha, está no segundo ano do conservatório nacional, é música de solfejo, são

o meu orgulho, e por eles é que ainda cá ando, se não fossem eles, eu já cá não

andava, a Senhora não queira saber, sofri muito, e sofro, ver-me de repente

assim, “e os olhos deles ficam vermelhos e cheios de lágrimas que ele tentou

disfarçar desviando o rosto, baixou a cabeça e calou-se afastei-me a pensar o

que é que aquele homem pode fazer um dia.

Quando entrou no lar em centro de dia, vinha uma pessoa triste, agora já está

com um semblante menos pesado, por vezes rir-se e parece estar integrado, o

corpo treme e a mão também, quando almoça e quando procura á pressa o

telemóvel. É um homem marcado pelo desgosto de não ter a mão, de não lhe

terem dado um maior grau de invalidez, porque ele tem dificuldades em tomar

banho, em se vestir, calçar-se pentear-se e, deixou de conduzir, aprendeu a

escrever com a outra mão, tudo isto acrescido de ter ficado viúvo, e ver-se

sozinho em casa até que decidiu vir para o lar.

“Nasci em Moura, em pequena brincava com as crianças minhas vizinhas com

os caquinhos da loiça que se partia, e a minha mãe fazia-me bonecas com

olhinhos e tudo, e a gente brincava assim, com essas coisas, depois quando fui

para escola já ajudava a minha mãe a lavar a loiça e lavava roupa pequena, e

varria a casa às vezes, comecei a namorar aos treze anos e ele tinha catorze,

ainda na escola, éramos vizinhos, íamos e vínhamos os dois, todos dias, ele foi

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M.J. á tropa e eu esperei por ele, naquele tempo era assim, ele veio bom, nunca

andou no mato. Casamos quando eu tinha vinte anos e ele tinha vinte e um,

tivemos dois filhos, tenho netos e bisnetos, agora sou viúva. O meu marido

quexava-se com uma dor e foi para o hospital velho de Vila Franca, era o

nosso hospital aqui, eu ia lá todos dias, levava o cmerzinho para ele e para

mim, se eu cmesse ó pé dele, ele tamém cmia, mas se eu levasse só para ele,

ele na sastrovia e nã cmia, e o cmer do hospital é que nem tocava, assim

sempre ele cmia alguma coisinha e era mais ao gosto dele, à nossa moda, do

Alentejo, mas ele não mlhorou, eu ficava lá o dia todo, ia de manhã e só vinha

ó fim do dia, ele estava muito magrinho, quando eu ia á casa de banho com

ele, ele punha a mão no meu ombro e íamos os dois, ele já não era capaz de

fazer nada, eu é que lhe puxava para fora… para ele urinar, vínhamos os dois

e eu ajudava-o a deitar, ajeitadinho. No dia que faleceu, mexeu a boca, mas

não falou, encostei o ouvido e disse para ele falar, mas nãn falou, arregalou

muito os olhos pra mim, esteve assim um bocado, cos olhos esbugalhados pra

mim, e eu chamava, António, António, queres alguma coisa, queres alguma

coisinha… ele fechou os olhos e eu ainda o chamei, mas já não os abriu,

quando eu vi que ele tinha morrido, ele sentiu que ia morrer e despediu-se de

mim assim. Estava só, foi muito difícil, ainda hoje é um desgosto muito

grande que nunca passa.”

Esta idosa tem demência moderada, tem bom aspeto e esta sempre bem-

disposta, sabe falar, mas de vez enquanto diz palavras à moda da terra dela,

está sempre pronta a fazer atividades, quando não tem nada para fazer

mantém-se sentada ao lado de outra idosa que diz não ver, conversam um

pouco, ajuda a outra idosa a sentar-se, e a ir à casa de banho e a fazer as

refeições, fecha os olhos e ali está sossegada.

“Lá vai Serpa, lá vai Moura, e Pias fica no meio”, parte de uma canção da sua

terra. Disse.”

. “ Nasci em Nelas, perto de Viseu, quando era pequena brincava com uns

paus com os meus amigos, da minha idade, a minha mãe de um pano fazia

uma boneca num instante, era um pano comprido apanhava mais ou menos ao

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A.J

meio, a fazer a cabeça da boneca, era só assim, quando a gente queria

desmanchávamos, e noutro dia fazíamos outra vez, víamos fazer e

aprendemos. Também brincávamos cum bonecas de papelão ca gente lavava e

o papelão descolava-se todo, em criança brincava co que havia, era cum

arames, co que calhava, brincava com meninos e meninas que murámos todos

perto. Nunca fui à escola, naquele tempo não era obrigatório, e os nossos pais

nunca mandaram os filhos ir á escola, brincávamos muito, e eu estava longe

da escola, eu nã fazia nada, ós dezassete anos fui pra casa dum tio na Figueira

da Foz, arranjei lá um namorado, um rapaz muito bonito, eu tinha lá um tio

com um hotel e fiquei lá quinze dias, eles não me deixavam fazer nada, ia para

a praia com os filhos deles e os amigos deles, um rapaz passou pela praia e

viu-me gostou logo de mim, falou logo comigo, mas eu não queria namorar,

nem ninguém perto de mim, mas ele insistiu, ele perguntou se eu não era dali,

eu disse que não, que era de Viseu e ele disse que queria falar com o meu Pai,

eu disse-lhe que não queria namorar, que ainda era muito nova, tinha

dezassete anos e ele trinta, nem gostava de ninguém, ele era fiscal na

construção de uma ponte, perguntou quando é que voltava para casa, e eu

disse, e ele disse: vou consigo, e eu disse não, não quero que vá, eu não quero!

Quando entrei no comboio para vir embora ele foi-se despedir de mim, mas

quando desci do comboio vi - o logo, ele veio ter comigo, ia no mesmo

comboio que eu, mas noutra carruagem, e eu não sabia, descemos em Canas

de Senhorim, o meu pai estava há minha espera, e ele falou logo com o meu

pai e fomos os três no carro, o meu pai mando-o entrar em casa e falaram os

dois, ele foi embora e começou logo a tratar dos papeis para casar, namoramos

pouco tempo, ele mandava-me postais pelo correio, mas eu não sabia ler, era

uma senhora que mos lia. Ele veio passar um fim-de-semana à terra, mas não

entrava em casa dos meus pais, mais tarde é que entrava, tratamos dos papéis

e casamos na Figueira da Foz, estivemos a viver dois anos num quarto, só

depois ele arranjou uma casa grande. Foi sempre muito bom para mim, e para

os filhos, ele era bom para toda a gente. Fizemos festa de casamento com as

duas famílias e amigos, foi um grande banquete com um conjunto que tocava

e a gente dançava á luz de candeeiros a petróleo. Em solteira nunca trabalhei,

ia para casa de uma senhora viúva que era costureira e eu ia ver e ouvíamos

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música. Depois de casada, o meu marido tinha lá na obra um rapaz que ele

mandava fazer as compras de tudo para a nossa casa, eu fazia as coisas de

casa e ia passear com os meus dois filhos, íamos à praia e ao café, um faleceu

aos oito anos fiquei só com um. Tive uma vida boa nos anos que vivi na

Figueira da Foz, nunca trabalhei, fazia as coisas de casa e passeava cos meus

filhos pela praia e íamos ó café, como o marido era fiscal de obras em pontes,

quando acabou lá o trabalho, foi destacado para Lisboa e nessa altura viemos

morar para Alverca, eu arranjei trabalho na Fabrica, a Mague como

cozinheira, onde estive até me reformar, depois tive um problema num joelho,

que fui operada, e agora ando nesta cadeira de rodas, pelo que tive vir para o

lar, Ele morreu já há vinte anos. E eu tenho agora oitenta e nove anos E eu

aqui estou até Deus querer. Gosto de fazer tudo o que me pedem, mas gosto

muito de pintar, tenho cadernos meus para pintar quando me apetece.

Esta idosa é uma pessoa muito bem-disposta e feliz,vê bem, não precisa de

óculos, está sempre sentada numa cadeira de rodas, fala com as outras idosas

que estão perto dela, anda por onde precisa sozinha, é muito decidida e gosta

muito de pintar como ela disse.

J.L

“Tenho setenta anos nasci em Canados, perto de Alenquer, naquele tempo não

havia brinquedos como agora, tive uma boneca de cartão que a lavá-la

estragou-se toda, descolou-se, as crianças vizinhas brincavam todas juntas

perto de casa, brincávamos com o que tínhamos, as bonecas naquele tempo

eram de pano, umas matrofonas que as nossas mães faziam, mas a gente

gostava. Fui à escola, mas só fui até à terceira classe, naquele tempo não era

obrigatório fazer a quarta classe, só os rapazes é que faziam e não eram todos,

iam logo trabalhar pró campo a fazer o que calhava, trabalhar para patrões.

Comecei a trabalhar no campo muito nova, aos nove anos já ia trabalhar a

ganhar dinheiro, fazia tanto com uma mulher, mas ganhava menos por ser

muito nova. Comecei cedo a raspar vinhas, e a apanhar fruta, fazia de tudo, ao

domingo pedia ao meu pai para ir ao baile, mas ele não deixava. As vizinhas

iam pedir e ele não deixava. Aos domingos o meu pai chamava-me e

desmanchávamos um muro e no domingo a seguir fazíamos o muro os dois,

foi sempre assim. Á segunda-feira ia ao mercado das mulheres para arranjar

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patrão, quem fosse melhor trabalhador, é que eles contratavam logo, nem era

preciso estar lá muito tempo, íamos pelas sete horas, que era para pegar cedo

ao trabalho no campo, levava logo o almoço num cabaz, às dez horas era o

almoço, o jantar era á uma e trinta da tarde, tínhamos duas horas, no verão

dormíamos a sesta, e quem não queria dormir fazia renda para o enxoval. E á

tarde tínhamos meia hora pra merenda, e trabalhávamos até ó sol-posto,

vínhamos já escuro, e tínhamos medo de atravessar aqueles matos, depois

quando já namorava sem o meu pai saber, ele e os namorados das outras iam

esperar a gente, mas no escuro da noite a gente não os conheciamos e

tínhamos medo e parávamos, eles vinham vindo e a gente só os conhecia

quando chegavam perto da gente, no verão o capataz fazia a gente trabalhar

mais, vínhamos já de noite, mas como era bom tempo e eramos novas,

cantávamos e dançávamos o caminho todo, era uma alegria. O pequeno-

almoço era sopas de café com leite. A minha mãe mandava-me o almoço num

tachinho, era uma sopa do dia anterior, grossa com muita coisa, eram couves,

grãos ou feijão, com carne de porco, era boa, alimentava bem, os meus pais

matavam porco com 120kg, era uma fartura. O meu namorado foi á tropa a

África, esperei por ele, depois casamos, eu tinha vinte e cinco anos, a festa de

casamento foi com as famílias e as pessoas amigas, havia comida para todos,

naquele tempo já havia quem tirasse fotografias a preto e branco, mas a gente

não tiramos, não havia dinheiro para isso. Depois de casada já não trabalhei

no campo, porque tinha muitos animais, eram porcos, bezerros e outros

animais domésticos, quando as minhas filhas já eram grandes, trabalhei outra

vez no campo, a raspar vinhas, ervas debaixo das árvores de fruto, sachar

milho, nas mondas, apanhar cerejas, nas vindimas e na zeitona, apanhava

figos, nozes, sei fazer tudo no campo. E recebíamos o dnheiro só ó fim de três

semanas, da temporada da cereja. Desde os oito anos que íamos todos os anos

para a praia de São Bernardino. Depois o meu marido morreu e eu doze anos

depois comecei a ter ataques epiléticos, as minhas filhas trabalham, e eu não

podia estar sozinha vim para aqui, estou acompanhada, mas a comida é ruim,

nunca há um bife, coelho que eu gosto tanto, uma coisa melhor, atão… é a

vida.”

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R.R.

“Tenho setenta e oito anos, nasci numa família pobre cum muitas dficuldades

cumecei a trabalhar no campo cum sete anos”. Nunca andei na escola, não era

obrigatório. Perguntei não brincava? Eu brincar? Não. Era trabalhar. Perguntei

novamente: até aos sete anos brincava sozinha ou com outras crianças? É

normal as crianças brincarem, e a idosa respondeu: “em mais pequenininha

brincava cum otras crianças nossas vzinhas, cum bcadinhos de vidro e de

pratos que se partiam e a minha mãe atirava fora, e bunecas de trapo que as

nossas mães faziam, nem todas tinham bunecas, a gente brincava cas bunecas

umas das outras, já nem me lembro bem, já se passou tanta coisa.” Diga, pedi

para continuar, conte, conte. “Quando já era mais velha, com dezassete anos,

trabalhava cum muitas raparigas, era um rancho, eramos muitas, vínhamos pa

estrada fora a cantar e a balhar, cas cestas do cmer á cabeça, depois quando já

namurávamos, as que namuravam ficavam pa trás pra virem com os rapazes

que iam ter ca a gente ó caminho, e as que ainda não tinham namurado

vinham pa frente. Depois quando os nossos pais sóberam ca gente namorava

deram orde de namorar in casa, dantes namurava-se dentro de casa sentados

numas cadeiras e uma pessoa sempre a ver a gente. Ós vinte e dois anos ia ó

balhe cu meu irmão que era mas novo que eu, os balhes eram cuma gaita de

beiços ou acordéon, umas vezes o home cantava, otras vezes não cantava,

tucava só, mas eu tinha horas pa chegar a casa. Os namoros in casa eram

quando são séros, já pa casar. Namorei nove meses e casei-me em casa, foi lá

o home do registo e depois do home ir imbora hove festa pa famila, mas não

hove balhe, Quando era pu carnaval, em solteira, imus ó balhe e fazímos

versos, ca gente chamava pulhas “ (pulhas eram ditos de carater satírico,

baseadas na vida da comunidade.” Dossier de Fundo Local I, 8. Eventos

Festivos (2007,p.9), [Consultado no núcleo museológico de Alverca do

Ribatejo], mas já não me lembro de nada disso. Depois de casada tive uma

vida melhor quim soltera, trabalhei sempre no campo, tive três filhos, uma

filha morreu ós oito anos com angina, ficaram só os dois rapazes. Eu ia á

apanha da cereja, á apanha da zeitona e ficava lá, só vinha a casa ó fim de

semana. Ia da minha casa a pé, que era na Calhandriz, a Vila Franca à carne, à

farinha, e a tudo que precisava. Passei muito. Nas grandes cheias que hove á

muitos anos a nha casa e a do mé filho mais velho, que já era casado, foram

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pa terra abaxo, e dotras pssoas tamém. Eu disse pró mé filho, vamos imbora

daqui, questa terra na presta, o mé filho ainda lá qria ficar, a casa dele estava

mas im baixo, mas estava mas dreta, eu disse que a casa ainda ia mas pra

baxo. As pssoas amigas, famila e vzinhos é que ajudaram a gente, a durmir,

deram roupa e depois quando já na chuvia tiramos tudo de dentro das casas, e

fomos comprar terra em Trancoso, a gente fez uma casa e o mé filho fez a

dele, naquele tempo o estado não dava nada. A gente é que fez tudo, pessoas

amigas deram tjolos, outras deram telhas, outras cimento, otras deram areia, e

ós pocos construímos a casa, ali era melhor, nunca mais tvemos prublemas ca

chuva. Tínhamos um trreno ca gente semiava lá coisas pa cmer, era uma

fartura, cu porco ca gente matava, era sempre à roda de cento e vinte kilos, era

o governo da casa, era a carne du porco e alguma criação ca gente tinha. Na

havia iletcidade e a carne du porco era salgada e punha-se numa arca, no

tocinho fazia-se uns golges a fazer quadrados e nesses golpes é que se punha

sal e folhas de loro, chegava pró ano intero. Nunca tive férias em nova, mas

quando os mês filhos eram grandes, alugava uma casa pquena na

Consolação[A Praia da Consolação localiza-se na freguesia de Atouguia da Baleia,

no concelho de Peniche],e íamos todos à praia. Agora já na vó a lado ninhum, o

mé marido morreu á oito anos e agora pa na ficar todo dia sozinha in casa cos

més filhos tem a vida deles, vim prá qui e eles vêm todos dias ver-me, vem

um de manhã e o outro de tarde.

É uma idosa bem-disposta, está sentada o dia inteiro, quando se levanta

queixa-se das pernas que não podem com o corpo, não faz nada por opção,

dormita muito, por vezes quando vou para lhe falar de manhã, depois do

pequeno-almoço, já ela dorme de cabeça pendurada para a frente, quando

acorda e me vê diz: já cá está? Sim, a senhora estava a dormir nem deu por eu

chegar, estive ao pé de si, mas não deu por isso. Respondeu: pois não.

“Tenho oitenta e cinco anos nasci em Lisboa perto do Hospital de Santa

Marta, os meus pais viviam numa casa pequena num terreno, aquilo não era

um quintal, por detrás duns prédios, andei na escola, era boa aluna, ao terceiro

dia já sabia fazer contas, quando vinha da escola ia para casa de uma senhora

que costurava muito bem, nuns prédios logo á frente, onde ainda hoje estão e

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M.S.

fazem uma curva, aos dez anos já fazia roupa para mim e para a família, mas

eram coisas simples, fazia saias. Casei-me com dezassete anos e fiquei a viver

numa casa nova feita para mim, junto dos meus pais, foi lá que vivi sempre,

aos vinte anos já tinha dois filhos e aos vinte quatro tinha quatro filhos, acabei

por ter três raparigas e três rapazes, tive seis filhos, perdi dois, o mais velho e

o mais novo, trabalhei muito para os criar e dar-lhes estudos, ensinei-os e

ajudava-os sempre nos trabalhos da escola, ensinei-os a pintar, trabalhei até a

ano passado sempre como costureira, se pudesse era costureira outra vez, é

um trabalho que gosto, cheguei a fazer vestidos para a Amália, eu ia trabalhar

onde havia mais costureiras, éramos umas poucas, por conta dum patrão, de

manhã o meu marido levava-me, mas á noite vinha a pé pra casa, porque não

havia dinheiro para os transportes, o meu marido era serralheiro de

automóveis e trabalhava por conta própria, também ganhava pouco, quando

eu chegava a casa, tinha da fazer tudo, e ainda fazia a roupa para os meus

filhos e para mim, andávamos todos bem vestidos, os fatos do meu marido é

que eram mandados fazer fora, porque eu nunca aprendi a fazer roupa de

alfaiate, as fardas que o meu marido tinha para trabalhar também era eu que as

fazia. Vim para o lar para ficar, e o meu marido está em Lisboa na nossa casa.

Agora gosto de pintar, ensinei os meus filhos pintar, e sei pintar bem.”

É uma das idosas que fala bem, arranja-se sozinha, é independente, não

mostra a idade que tem, é muito calada, enquanto está sentada numa cadeira

tem o hábito de juntar as mãos e deitar a cabeça sobre elas, num dia destes

disse-me que era a almofada, é muito educada, sabe pintar muito bem e gosta

de pintar, quando há trabalhos para pintar vamos convidá-la, levanta-se

depressa e vai trabalhar toda desembaraçada, faz as pinturas muito perfeitas,

no entanto é mais uma idosa com demência. Quando falei com ela as

primeiras vezes percebi que teria algum problema de saúde pelo olhar dela e

pela posição, fala sem se mexer e sem pestanejar, o que é estranho.

Riu-se e disse: “nasci em mil novecentos e trinta e um, tenho agora oitenta e

quatro anos, nasci na Freguesia dos Arcos, Estremoz, distrito de Évora.

Brincava com as crianças vizinhas, às bonecas, aos cinco anos já apanhava

bolota e sargaços para o forno de cozer pão. Fui á escola oito dias, porque sem

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L.C.

querer atirei uma pedrada a um gaiato, e o gaiato correu atrás de mim, mas

nunca me apanhou, e ele disse-me amanhã págas-mas, e eu com medo dele me

fazer mal nunca mais fui à escola, nem a minha irmã, o professor ainda foi

falar cu meu pai para me mandar à escola, que eu era inteligente, aprendia

com facilidade, mas já na fui, o professor disse ao meu pai que eu ao fim de

três dias já sabia escrever, foi uma pena, hoje é que eu vejo a falta que me faz

saber escrever e ler bem, porque naquele tempo não era obrigatório, o meu

irmão como é mais novo é que já foi à escola. Um dia já com nove anos, eu e

as minhas amigas, não tínhamos trabalho fizemos um baile de roda, na

estrada, mas o meu irmão era pequeno e não queria que eu dançasse, agarrava-

se a mim, a chorar e dizia que queria ir à mãe, e eu queria era brincadeira, para

ele se calar fui pô-lo dentro dum pote que estava enterrado no chão e só tinha

a boca fora da terra, aquilo era uma talha onde os homens do lagar punham o

bagaço da azeitona para dar aos porcos, mas ele cada vez chorava mais de se

ver lá dentro, punha os braços no ar, mas a gente tamém eramos gaiatas e não

chegávamos ás mãos dele que aquilo era fundo, fomos buscar uma corda, mas

nem assim fomos capaz de o tirar, porque a gente lembrou-se que ele na tinha

força para segurar a corda até sair, já todas chorávamos com medo de apanhar

uma sóva cada uma, e de o ver lá dentro. Quando vimos um cigano montado

num burro a passar na estrada, pedimos para tirar o rapaz de lá, foi então o

homem que foi tirar o gaiato. Hoje tenho -me lembrado muito desta passage.

Com doze anos fiz uma saia plissada com alças, a medida das pregas, para

serem iguais, era um bocado de cartão, o tecido era azul, ia coser á maquina á

casa de uma vizinha, quando acabei a saia passei-a muito bem a ferro e fui pô-

la muito direitinha, esticadinha em cima da cama, que era para a minha mãe

ver sem eu lhe dizer. A minha mãe quando viu a saia perguntou-me o que era

aquilo, quem é que a tinha feito e eu disse que tinha sido eu, a minha mãe não

acreditou e foi perguntar á vizinha quem tinha feito a saia. A vizinha disse á

minha mãe que eu só lá ia cozer, que eu é que a tinha feito, foi quando a

minha mãe acreditou, e a saia ficava-me tam bém! Gostei sempre muito dela.

Dos nove anos até namorar trabalhei sempre no campo, fazia de tudo, os meus

pais tiveram sete filhos, criaram-nos todos. Graças a Deus. Trabalhei sempre

por conta dum home que mais tarde foi o meu sogro, ele era Feitor num

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senhor muito rico. O meu sogro viveu sempre muito bem, tinha muitas casas,

tinha pau para duas colheres, era muito boa pessoa, ajudava muito os pobres,

mas amanhou-se no trabalho, fez casas prós filhos todos com côrelas. Aos

dezasseis anos comecei a olhar para os rapazes e a namorar, mas a sério foi só

com dezoito anos, até ós vinte e dois, namorava dentro de casa, mas à porta de

casa do lado de dentro, os dois ficávamos de pé, e era só ó Domingo, ele foi o

primeiro a ter bicicleta, fazia trinta quilómetros para me vir ver, e outros trinta

para ir para casa dos pais, ida e volta eram sessenta quilómetros, é porque

gostava mesmo de mim, eu era pobre, filha de gente pobre, seu disse-lhe: eu

sou pobre e você não é pobre como eu, eu sou pequena e você é alto, porque é

quer namorar comigo, eu só quero namorar um rapaz que seja a sério, eu

andava desconfiada, por ele ser mais rico, um dia no trabalho fizemos um

balhe depois de acabar uma empreitada, e andávamos a balhar numa roda, eu

andava de mão dada com o pai dele, ele chegou de barba feita, muito bem

arranjado, já parecia outro, o pai dele disse-lhe segura aqui que eu já ando

cansado, aquilo já era o pai a fazer com que a gente se desse, eu percebi,

quando ele agarrou a minha mão, ele apertou com muita força, e eu disse:

oiça, você pensa que esta a apertar alguma carrada de pão, e ele respondeu,

não, estou a apertar uma santa, aí eu quebrei, e foi assim o começo do nosso

namoro, ele foi sempre muito bom para mim, um santo, muito amigo de toda a

gente, e o filho é na mesma, Na cefa ficávamos lá trinta e quarenta dias,

tínhamos de levar comer pó tempo ca gente lá estava, quando vínhamos

embora pra casa era uma alegria.

Quando me casei foi um casamento grande com setenta pessoas, foi um

grande banquete com música e balhe com um acordeonista que tocava e

cantava á luz de candeeiros a petrol, dentro de casa, e na casa dos noivos já

estava um porco com dez arrobas, para começo de vida. Tive um filho um ano

depois de casada, é o que tenho, Deus não me quis dar mais. Aos cinquenta

anos estudei mais, mas havia de ainda ter estudado mais, da família do meu

marido era eu a única que sabia menos, e eu custava-ma aquilo. E ós sessenta

anos tirei a carta de condução, o médico disse ó meu marido que eu era

inteligente e se ele me deixava tirar a carta, que era uma pena eu não saber

conduzir, e o meu marido disse, atão senhor Doutor, e porque é que não há-de

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tirar, ainda conduzi doze anos. Depois rebentou-me uma úlcera no estômago,

estive muito mal no hospital, tenho uma úlcera na mesma, uma hérnia, um dia

a caiar a minha casa com cal e lixivia á mistura, caiu uma pinga na vista

esquerda fiquei a ver só um fiozinho de luz, a minha madrinha é que me levou

a um médico muito bom, e ele disse: cega não está, mas vê só um fiozinho de

luz. Agora da outra vista já vejo muito mal, uma trabalha pas duas. Enviuvei

aos setenta e dois e o meu marido, que Deus o tenha, tinha setenta e sete. Se

eu fosse agora nova, ai o que eu fazia, ia prá escola e aprendia até poder e

trabalhava na mesma, mas já havia de ser uma vida melhor, o meu marido foi

um santo, foi muito bom pra mim e pró filho, e o meu filho também é muito

bom pra mim, mas ele na tem tempo, é empresário, tem uma frota de camions

cisterna, trabalha muito, tenho muitas saudades da minha casa no Alentejo,

mas ele na pode lá ir comigo, a minha nora é muito doente, tamém na pode,

passa muito tempo na cama. A minha neta tamém na pode é casada tem um

menino, os dois trabalham, são formados, e trabalham muito. O meu filho na

tem domingos na tem nada. Estive num lar em Vila Fernando, quando me vim

embora prá qui choravam homens e mulheres de eu me vir embora, mas u

meu filho na me podia ir ver lá tã longe, ele aqui tamém na vem, mas eu sei

que ele na pode. Tem muita lida. Aqui gosto de pintar, sempre gostei muito de

arte, aprecio muito arte, às vezes até pergunto se não tem nada pa pintar, se na

têm fico aqui quietinha cos olhos fechados para os descansar, e vou fazendo

umas coisinhas para me entreter, ajuda a passar o tempo.

Esta idosa do Alentejo disse que se lembra muito bem da Colónia do Colégio

Correcional, em Vila Fernando, onde trabalhou na costura. “Conheci aquilo

muito bem, era importante, empregados eramos quinhentos e os rapazes desde

crianças piqueninas até aos maiores eram duzentos e tal, aquilo era

importante, havia os muito inteligentes que iam estudar fora, os que não eram

tão inteligentes iam á escola lá dentro e faziam cursos lá, porque havia

professores e monitores para tudo, eram serralheiros, carpinteiros, padeiros,

cozinheiros, lavadores, alfaiates, sapateiros, barbeiros, aprendiam a fazer tudo

naquela propriedade de muitos hectares (foi uma Princesa que não se casou

que deu aquilo por morte dela, para as crianças desamparadas, tanto que o uso

fruto da quinta era para a casa de Bragança), fazíamos passeios a Vila Viçosa

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a visitar o Palácio, tudo aquilo, até à tapada do palácio, até ó museu a gente

foi, conhecemos tudo, era importante e nunca pagávamos as viagens, eram

oferecidas pela casa, aos trabalhadores que iam numa camionete grande,

nunca me esqueço que quando foi a revolução, o Rei montou-se num cavalo e

veio pra Lisboa, foi morto com um tiro, a Rainha foi mais esperta, quando

soube estava deitada, levantou-se á pressa, mandou, logo, arrear o cavalo,

ainda hoje a cama está como ela a deixou, com a roupa para trás, ela montou-

se no cavalo e fugiu para Espanha, Olivença que era Portuguesa. Agora por

causa duns gulosos, dum só que deu cabo daquilo, aquilo era uma coisa boa,

prá gente trabalhar, era uma casa séria, todos se davam bem, aquilo tinha um

movimento enorme, havia escritórios, padaria, as pessoas podiam ir lá

comprar pão e outras coisas, era uma fartura…havia muito gado, eram

manadas de bois, varas de porcos á solta, porque eles tinham muitos porcos

em pocilgas que davam os restos, e muitas coisas para os criarem, e para

matarem para os rapazes comerem, havia rabanhos de ovelhas, muita criação,

galinhas, galos, perus, patos, gansos pavões, faisões, tudo á solta, muitos

coelhos, porquinhos-da-Índia, que os rapazes gostavam de ter, havia muita

coisa, aquilo era uma grande riqueza, ninguém faz ideia o que era aquilo.

Havia gruas enormes, muito altas que às vezes iam alugadas para obras fora.

Havia gente pra tudo, havia médicos, veterinários para os animais, o diretor da

colónia era médico, eram dois irmãos, os rapazes saiam dali uns homens,

tinham campos de bola para os rapazes jogarem, tinham muita coisa, alguns

tinham sido abandonados pelas madrastas, outros eram maus de criar e os pais

iam pô-los lá. Aquilo era bom para todos. Havia seareiros, muito trigo, muito

milho, feijão, batatas, fruta, muita fruta, era tudo muito, foi uma pena vir um

ladrão que deu cabo daquilo, agora está tudo ó bandono, havia muitas casa lá

dentro onde morava muita gente, deram cabo de tudo, roubaram portas, nada

escapou, levaram tudo quanto havia. Para irem á caça na colónia iam de

helicóptero, ainda andei de helicóptero e gostei, na colónia íamos á ceifa e

ficávamos lá um mês seguido, íamos em carros de parelhas, muitos carros

cheios de mulheres, atrás uns dos outros numa fila que nem se via o fim, nem

o princípio, e no fim dum mês iam buscar a gente com esses carros. Aquilo

tinha fama, iam lá pessoas da alta, que eu ainda cheguei a fazer comer para

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eles, e ia levar o comer às mesas e punha e levantava os pratos, aquilo tem

preceito levanta-se os pratos do lado esquerdo e põe-se o prato da direita e

serve-se do lado esquerdo. Conheci lá o Don Duarte de Bragança, é uma

pessoa muito simples, ele abria as garrafas de vinho, e falava bem com toda a

gente, ele agora está educar o filho mais velho para vir a ser rei, cheguei a

conhecer a mulher dele, é piquenina. Eu até choro quando me lembro daquilo.

Foi já depois do vinte e cinco dAbril que aquele ladrão estragou aquilo, e a

vida a muita gente. Agora os rapazes na têm pra onde ir, já na há aquelas

casas para os educar, andam a fazer mal onde calha. Na nossa terra, pelo

Natal, as pessoas faziam os fritos de Natal e o nogado, que era fazer açúcar

queimado e juntar amêndoa cortada aos bocadinhos, depois enrolava-se

aquilo, deixava-se arrefecer e comia-se nesses dias, isto é típico da nossa

região. Comia-se as coves com bacalhau com a família, era muito bonito o

Natal.

Esta idosa é uma pessoa muito bem-disposta e risonha, ela conta as memorias

dela com imenso gosto, por vezes ri bastante, mas quando se refere ao marido

que era muito bom para ela e para o filho, ela chora, tem dias que se queixa

das hérnias que tem, se se aventura a comer alguma coisa que as ulceras não

querem, ela fica doente, e quando ela fica mal, fica prostrada, sem ação e

muito amarela, tenho pena dela, porque dá entender que evitou ter mais filhos,

e agora vê-se sozinha, porque nem o filho, nem a família dispõem de tempo

para a visitar, é uma senhora que esconde o que lhe vai na alma, em relação á

ausência da família.

F.C

Perguntei a este idoso se queria contar um pouco das suas memórias, mas ele

não estava disposto a falar, riu-se e disse que não tinha nada de importante,

disse-lhe: todas as pessoas têm as suas memórias, então ele começou por falar,

que teve vários empregos porque não gostava de estar fechado num escritório,

que estudava a sociedade, de como ela vivia e mais tarde foi para França, e eu

perguntei-lhe e da sua terra que memorias tem? Ele disse: saí de lá há muito

tempo, embora lá tenha ido muitas vezes, mas não há nada de importante que

valha a pena falar.

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Questionei: não há? Há sim, Évora é muito importante, tem o templo de

Diana, e outros monumentos, diz idoso, pois há! Com uma expressão de

admirado, “há muitas coisas, há a Sé, uma igreja grande onde fazem muitos

casamentos, não reparo nisso, não dou grande importância, Évora tem muitos

restaurantes bons, boa comida, boa gente, aqui ri-se, a praça do Giraldo que

muitos turistas mesmo de inverno andam nas ruas, de mochila às costas a tirar

fotografias. Há o Vitorino que é muito conhecido por ser um cantor de

intervenção que apareceu depois do vinte e cinco de Abril, ele tem um irmão,

mas pouca gente o conhece, o Vitorino é que é conhecido, vai a televisão e

tudo. Temos as feiras, de São João e de São Pedro, montam as barracas antes

do São João que já ficam para a Festa de São Pedro. Temos os cantares

Alentejanos que são diferentes dos cantares do Baixo Alentejo. Évora é

conhecida por muita gente, até estrangeiros. Sou solteiro...eu não fazia nada,”

perguntei porquê? Se era rico, riu e disse que não lhe apetecia estar fechado,

que fez muitas coisas diferentes. Não gostava de estar muito tempo num sítio.

Veio para o lar em Alverca, porque tem cá um primo que lhe arranjou lugar,

entrou no dia dezasseis de setembro de 2015, como interno e decidiu não fazer

nada, quer, apenas, aproveitar os anos que têm para viver, não teve uma

profissão específica, fez varias coisas, trabalhou num escritório, pintou e

passeava.

Este idoso de Évora por vezes falava bastante, outras vezes não estava

disposto a falar, os homens falam menos, para ele nada era importante, disse

passar pelas coisas e não ligar, e mostrou-se admirado das outras pessoas

gostarem daquilo que a ele é normal existirem, depois lembrou-se do cantor

de intervenção e acabou por falar das festas dos santos populares.

E. M.

“Nasci em Amarante numa família pobre, nunca fui à escola, tenho três

irmãos, somos duas raparigas e dois rapazes, em pequena fugia para casa da

minha madrinha, que era muito perto, a minha mãe quando não sabia de mim,

ia logo lá á minha procura, e a minha madrinha que não tinha filhos, dizia:

quando não souberes dela, já sabes que está aqui, ela tinha muitos brinquedos,

bonecas e outras coisas, eu gostava muito de ir brincar na casa dela, quando

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era mais velha fui brincar com ovelhas a guardá-las, eram maiores que eu, e

aos dez anos fui cavar, brincar com uma enxada, o patrão pagava-me tanto

como às mulheres mais velhas, já com filhos, e o meu pai disse ao meu patrão,

mas ela é uma criança, e o patrão respondeu eu pago-lhe o mesmo, ela é muito

perfeitinha e trabalha tanto como as outras. Trabalhei sempre, em solteira e

em casada. Namorei dentro de casa, a minha mãe punha dois bancos ao lado

um do outro para a gente se sentar, e ela ficava a ver a gente para ele não me

beijar, aqui riu-se. Aquilo era sério, não era como agora que elas andam toda a

noite na rua, eu não gostava de ir aos bailes, ficava em casa, e os meus irmãos

iam e levavam a minha irmã, mas eu não ia, não gostava dos bailes, as

músicas eram de acordéon, assim como o do Quim barreiros, quando me casei

também houve baile, festa e tudo, era a minha família e a do meu marido, e

poucas pessoas amigas, fazia-se tudo em casa para a festa de casamento, a

minha mãe cozia pão de três colidades de milho, de centeio e de trigo, e dizia

que preferia fazer pão de trigo e de milho, que só uma de centeio, porque era

muito custoso amassar a farinha de centeio, prendia muito as mãos, dantes era

assim. Agora é que vão para os restaurantes, dantes não havia dinheiro para

estas coisas, mas é uma limpeza, acaba-se a festa e as pessoas não têm mais

trabalho, ficam com tudo arrumado à mesma. Fiquei a morar na minha terra e

ia trabalhar no campo à mesma, trabalhei sempre, até me dar o segundo AVC,

que foi mais forte e me deixou com o braço e a perna presos, mas antes isso

que pior, há quem tenha pior ainda que eu, agora sou só viver um dia de cada

vez. O meu marido morreu com sessenta e três anos, muito novo, mas eu tive

que continuar a trabalhar, Tive duas filhas, uma é má queria-me apanhar o

dinheiro todo, veio cá ó lar com essa intenção, como ela me respondeu mal,

tratou-me mal, nem parece irmã da outra que é boazinha assim como a minha

neta, a filha dela, às vezes traz-me colares e diz: Vó isto é para tu usares e faz-

me flores para por nas camisolas, aqui no peito, e aponta o local onde tem

uma a condizer com a roupa, eu disse há minha filha de Setúbal para me

falares assim, não apareças cá mais, e não veio, eu sou assim, parece que não

nasceu do mesmo sitio que a outra. Já depois de ter vindo viver em Vialonga

trabalhava para patroas, limpava casas, pintava e até tratava dos quintais,

quando vinham diziam-me muito contentes, mas eu só lhe pedi para tratar da

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casa, ficavam muito contentes com o arranjo dos quintais, vinham ver as

coisas já a nascer, o trabalho nunca me meteu medo. Aqui no lar arranjaram-

me este companheiro, e aponta o homem, idoso do lar há menos tempo que

ela, mas ele só quer é comer, levanto-me de noite para ir à casa de banho, ele

pergunta logo, já são horas de ir comer? Ele é muito egoísta, às vezes quando

estamos a comer olha para mim e diz, eu comia isso tudo, e eu já sei que ele

quer o eu tenho no prato dou-lhe a carne e às vezes tudo, é muito guloso. A

carne custa-me a comer, é dura, não tenho dentes e não consigo comer, se

estivesse na minha casa já tinha posto os dentes, mas aqui sempre… e como

não quero incomodar ainda não falei nisso.

Esta idosa é uma pessoa alta e muito séria, raramente ri, e está sempre muito

desperta, nunca dorme, mantém-se sentada muito direita, olha para tudo

quanto pode, está sempre vigilante a tudo quanto acontece na sala, diz ter tido

um segundo AVC que a deixou imobilizada do lado esquerdo, por vezes sorri,

mas logo fica de rosto fechado, diz que sempre foi assim, não é por mal, para

ela tudo está bem, agora não pode fazer nada, trabalhou até aos sessenta anos,

e se não fosse este segundo AVC continuava a trabalhar, porque era capaz de

continuar a trabalhar, mas este problema é que a prendeu, fala muito da filha e

da neta que moram relativamente perto do lar e a visitam todas as semanas.

M. E.

“Nasci em Trancoso distrito de Bragança, na minha infância brinquei muito

com bonecas e outras meninas minhas vizinhas, nunca trabalhei, fiz o enxoval

e casei-me aos vinte e três anos, namorávamos dentro de casa, o meu

casamento foi no Sameiro, porque conhecíamos um frade que me disse casas-

te onde eu estiver e, foi por isso que o casamento e a festa foi tudo no

Sameiro, a minha mãe trouxe tudo, cabritos assados, foi uma festa muito

grande naquele tempo, foi um repórter que tirou catorze fotografias, aos vinte

e quatro anos tinha o meu filho, e depois fomos para África, o meu marido em

solteiro já tinha uma oficina de mecânica de carros com três empregados, ele

era muito inteligente tirou dezoito valores no curso de mecânica. Ele tinha um

cunhado em África que lhe dizia gostar muito daquilo, e o meu marido foi ver

se gostava daquilo também, ele quando chegou lá gostou logo muito daquilo e

ficou á procura de arranjar trabalho, o meu cunhado era chefe da Policia e um

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dia multou a mulher de um Engenheiro da Petrogal, e o marido dela um dia á

noite foi à casa do meu cunhado pedir para tirar a multa, e o meu cunhado

tirou, e o senhor disse se precisarem de alguma é só dizerem, que ele estava á

disposição, o meu marido que estava a ouvir, disse que não tinha emprego,

ficou logo com trabalho, chegou a ser chefe de secção, é com esse dinheiro

que pago aqui o lar, e o meu marido tinha lá, em África, uma oficina de

mecânica de carros com dois homens um branco e um preto, a minha filha

nasceu lá, estivemos lá doze anos, depois viemos embora, para perto de Sines,

para o meu marido trabalhar na Petrogal, o meu filho veio de lá com o

bacharelato, mas não trouxe diploma, viemos embora e não o pedimos, ele fez

alfabetização lá e cá também, e depois quando quis ir fazer a licenciatura

pediram-lhe o diploma, que ele foi pedir à embaixada, de lá por telefone

disseram que ele tinha feito o bacharelato, mas tinha abandonado o país, por

isso não o tinha, ficou assim confirmado que ele o tinha feito. Ele era

conhecido pelo menino santo, um dia perguntaram-lhe se ele não tinha medo

dos pretos e ele respondeu, e dos azuis. Na altura não quis ter mais filhos com

medo de não lhes poder dar os estudos até onde eles quisessem ir, porque eu

também queria ter estudado, estive sempre em casa, nunca trabalhei fora, o

meu marido dizia ganhar bem, não era preciso eu trabalhar. Hoje tenho pena

de não ter tido mais filhos, os meus filhos são muito inteligentes, o meu filho

já fez o mestrado e o doutoramento depois de estar em Bruxelas, e a minha

filha continua a estudar, é investigadora, faz operações aos olhos, e às pessoas

pobres não leva nada, ela desceu o preço das consultas, e os colegas subiram e

ela leva cinquenta euros, os meus filhos são muito felizes. A minha filha tem

agora um menino com seis anos, é muito inteligente, já sabe mexer no skipe, e

diz á empregada o que quer e gosta e a empregada compra e depois diz á

minha filha, ao fim de semana ela vai para casa dela, á segunda-feira o

menino diz-lhe: já não vinhas á muito tempo, há quanto tempo é que não se

víamos? Os fins-de-semana são muito grandes…O meu filho tem cinquenta e

oito anos, e esta mulher tem menos catorze anos que ele, são muito felizes. A

primeira mulher do meu filho era má, queria ser dona do dinheiro, ele

mandava dinheiro para a Etiópia e ela não queria, até que ele a deixou e

arranjou esta, é muito boazinha, o pai dela é economista e a mãe é advogada.

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O meu filho já tem netos, a minha neta é psicóloga e tem uma menina, e o

meu neto é jornalista, estão todos em Bruxelas, estão todos muito bem, só a

minha filha é que está cá, o irmão já lhe deu há uns anos um GPS, ainda não

havia cá, dá jeito, aquilo diz para onde é se tem de ir, ela mete-se por aquelas

ruas em Lisboa e vai onde quer com aquilo a indicar, as pessoas que a minha

filha ópera de graça dizem-lhe que têm coisas para lhe dar, e dão-lhe muitas

coisas, uma vez uma senhora fez um buraco num garrafão de água e enche-o

de ovos., ela nas operações trabalha com as mãos e os pés, nuns pedais. Os

meus filhos são muito bons e muito amigos um do outro, viajam muito só os

dois, nas fotografias parecem dois namorados. Eu sou muito feliz pelos meus

filhos, tive o problema de ser operada á anca e ficar a andar com dificuldade,

mas em casa da minha filha ando por todo o lado, na casa dela oiço música

Espanhola, de que gosto muito, num aparelho que a gente pode ouvir músicas

de qualquer país, eu gosto mais da música Espanhola, percebo melhor. Aqui

não me levanto tanto, nem ando muito levantada para não incomodar as

pessoas. A perna quer descanso.

Esta idosa tem demência leve, fala muito bem e pausadamente, fala sempre

dos filhos, é uma pessoa bem-disposta e feliz, fala com um leve sorriso no

rosto, a alegria dela é a família, apesar do problema que tem com a perna

esquerda, ela não se mostra preocupada com este aspeto.

A. L.

“A terra onde nasci é Seda, Concelho de Alter do Chão, e Distrito de

Portalegre, a minha terra agora já tem muitas casas e hortas, fica perto de

Benavila, e Alter do Chão tem São Pedro de Alter, tem as termas que são boas

para muitas doenças e vai muita gente lá no verão, agora já há um hotel,

antigamente havia uma fábrica de farinhas, que fechou há muito tempo, há

muito olival, e na Chança que fica perto há a tradição dos enchidos de carne

de porco criados a bolota, a minha terra é pobre por isso muita gente saiu de

lá, uns voltaram mas eu não, fiquei por cá, temos a Coudelaria que foi muito

importante, tinha muitos animais diferentes, empregava muita gente, agora

aquilo também está mudado, agora praticamente só há criação de cavalos de

raça pura, eu já não vou lá há anos, vou lá fazer o quê? Aqui é que é a minha

vida, agora é descansar e ler um pouco, a vista está cansada. Perguntei: e de

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Portalegre e de toda a região de Portalegre o que é que o senhor sabe? Viajou

pelo país, sabe muito, mas deve saber mais da sua região que é grande. “É.

Portalegre tinha uma fábrica de lanifícios que já fechou e também uma fábrica

de cortiça, Portalegre é grande e deve também estar muito diferente, mas não

sei… “

Este idoso disse não se lembrar de coisas muito antigas, perguntei, não se

lembra de quando era criança, adolescente e já homem feito, disse que fez

uma operação de muitas horas e depois disso perdeu a memória, que não se

lembrava, então ele contou o que se lembrou, é bem-disposto, lê muito,

quando o convido para fazer atividades levanta-se logo, mostra interesse e faz

bem feito, tem problemas de visão, tem sempre os olhos cheios de lágrimas,

mas não desiste de ler.

S.S.

“Sou viúva e tenho 85 anos e nasci em Beja, Baixo Alentejo, em criança

brincava com as crianças minhas vizinhas, brincávamos com as coisas umas

dos outras, naquele tempo não havia brinquedos como agora, as meninas

brincavam com matrafonas que as mães faziam e a gente via e quando

tínhamos um bocado de pano fazíamos à nossa maneira, era o que havia no

meu tempo, já mais velhinha, eu era muito teimosa, a minha mãe mandava-me

ir buscar um pau para me bater com ele, comecei a sachar com sete anos, a

partir daí nunca mais parei, trabalhei muito no campo, a minha mãe era pobre,

e a gente tinha de trabalhar para termos o que precisávamos, a minha mãe teve

um namorado de quem engravidou, eu nasci e a minha mãe nunca mais quis

saber de homem nenhum, eramos só as duas, trabalhamos muito no campo,

fazíamos de tudo, por conta dum patrão, namorei e casei-me nova, mas não

fui feliz com o casamento, tenho três filhos, dois filhos e uma filha, estão

todos bem, com empregos bons, um filho trabalha numa relojoeira no Rato,

em Lisboa, o Patrão é um senhor Suíço que veio para cá há muitos anos, o

meu filho quando saía da escola, com sete anos ia para lá aprender a arte.

Trabalhei muito no campo, e no lixo por conta da Camara de Vila Franca de

Xira, e ia a pé de Vila Franca para Lisboa, com os três filhos, demorávamos

três horas, para os por num colégio interno, por conta da Camara, que eu não

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tinha dinheiro para o transporte, e quando os ia levar e buscar eu fazia seis

horas de caminho, três horas para lá e outras três horas para cá, na volta para

trabalho ou para casa, entretanto reformei-me e aqui estou no centro de dia,

tenho saúde graças a Deus, mas tenho um filho muito doente no hospital, não

come, tem a barriga inchada e os médicos não dizem o que ele tem, passei

muita fome, mas tive sempre muita força para criar os filhos sozinha, porque o

meu marido faleceu cedo, e eu não me entendo com homens. Se fosse nova

agora gostava de trabalhar no campo, mesmo que tivesse alguns estudos, fazia

outra coisa, mas no campo, talvez trabalhar nas estufas. Eu sou forte e tenho

muita força e coragem, um dia veio um ladrão para me roubar o fio de ouro

grosso que tenho ao pescoço, quando senti ele a puxar-mo joguei a mão, ele

ficou com metade e eu fiquei com outra metade, discuti com ele e disse, há

ladrão não te ficas a rir, eu sou capaz de dar cabo de ti, e era.” Esta idosa era

uma pessoa alta e bem capaz de dar uma “tareia” a um homem, não há no lar

outra mulher com ela se ela se pusesse seria metia respeito, é bem-disposta ri

e gosta de conversar, preocupa-se muito com uma filha que trabalha por conta

própria e tem dias que não faz nada, por não haver trabalho, a filha é

massagista de desporto. O filho tem trabalho e ganha o suficiente. Graças a

Deus.

S. P

“Tenho setenta e sete anos, sou viúva há cinco anos, tenho um filho, e um

neto com dezasseis anos, nasci em Caçarelhos, concelho do Vimioso, Trás-os-

Montes, em criança brincava com as vacas, e via a minha cara no espelho da

água das fontes, onde as vacas iam beber água, levava as vacas de um lado

para outro onde havia pasto para elas, muito maiores que eu, inquiri: antes de

ir guardar as vacas com certeza que brincava, porque era muito pequenina,

que brinquedos tinha? Com que brincava? Respondeu: “brincava com os

frutos dos carvalhos, que a gente chamava bugalhaços, é o que me lembro. O

que me lembro bem, é que chorava muito”, perguntei: e porque chorava?

Respondeu: “porque via a minha mãe chorar e a minha irmã e eu chora de as

ver chorar, nós eramos muito pobres, eramos dez filhos, e a minha mãe dizia

se eu tivesse um bocado de unto fazia uma panela de comer, e eu quando fui

trabalhar para casa de uns senhores muito ricos lá na terra, eles tinham muitas

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terras, muitas vacas, bezerros, carneiros, tinham de tudo e muito, tirava um

bocado de unto e ia levar há minha mãe para ela fazer comer, eles eram muito

ricos nem davam por falta, não me arrependo disso. Comecei a trabalhar em

criança, em casa de uns senhores, a tomar conta de um menino que faleceu

com uma broncopneumonia, que apesar da família ser a mais rica da terra e

serem médicos, o menino morreu, naquele tempo os médicos não sabiam

como tratar as pessoas, depois de eu ter ido embora, fui trabalhar com os meus

pais na lavoura. Os meus pais tinham uma terra á renda que a gente tratava,

mas depois tinham de pagar a renda ó dono e a gente ficava com pouco, mas

já era uma ajuda, porque a gente não tinha nada.

Nunca tive sorte, o seu melhor tempo apesar de ser uma criança foi quando

tomei conta daquele menino, era só olhar por ele, não fazia mais nada. Casei-

me nova e como o meu marido já era chefe na fabrica da INDEP meteu-me lá

na fabrica, que era de armas de guerra, não gostava nada de lá trabalhar, além

de serem armas eu ouvia os tiros o dia todo, dos ensaios numa sala isolada, e

afastada, mas eu ouvia, e arrepiava-me como seria numa guerra com aquelas

armas todas, tantas que eu carimbava, mil por hora, e os carimbos que saiam

mal tinha de os refazer e fazer a mesma quantidade por hora, era muito difícil

e duro o trabalho, porque eu pegava numa arma já feita, só lhe faltando o

carimbo, tantas que segurava que já não podia com os braços e as costas, tinha

muitas dores e cansaço. Ninguém aguentava aquele trabalho, só eu, à conta do

meu marido ser chefe, estive anos naquele serviço, o meu marido dizia-me

que eu era capaz, não podia sair daquele trabalho, era a mulher dele, era dar

parte fraca. Agora com a viuvez e porque a minha nora não é boa para mim,

não gosta de mim, e o meu filho faz o que a mulher quer, encheram – me a

casa de tudo um pouco, sem me dizerem nada apareciam, e deixavam móveis

e o que calhava e eu ia ficando sem espaço para me mexer, vi-me obrigada a

vir para o lar e a dormir na casa do meu filho, porque ele lhe diz: o que fazes

lá sozinha, porque eu preferia dormir na minha casa, quando chego a casa do

meu filho, depois da carrinha do lar me deixar à porta de casa, meto – me logo

no quarto se o meu filho me chama para jantar, eu vou, se não chamar, só saio

do quarto no outro dia para vir para o lar outra vez, e assim, passo os dias sem

alegria.

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Esta idosa é uma pessoa de aspeto sempre triste, diz não ter alegria, acha que a

vida é um engano a vida inteira, diz com semblante carregado de melancolia.

A todos os idosos, um grande obrigado,

Lembro – me de alguns idosos dizerem, que eu lhes devolvi a esperança de melhores dias.

“…que me devolveu o gosto de viver, quando a vida me parecia tão longe, quase sem esperança, a

olhava!”

Paulo Freire

Que os dias bons sejam eternos, porque os ruins esses, eu já dei um jeito.

Daiane Lavandoski

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Grelha das horas de estágio

ANEXO 4

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1

Fotografia do lar da Misericórdia de Alverca do Ribatejo,

retirada de misericordia-alverca.webnode.pt/, em outubro de

2015.

Fachada principal do edifício do lar.

Fotografia da parte detrás do lar, espaço de relva e jardim com

um lago, retirada de misericordia-alverca.webnode.pt/, em

outubro de 2015.

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3

Atividade do lar - motricidade fina – telha pintada por uma idosa

e, garrafas decoradas por mim para venda de artesanato

Atividade de motricidade fina, feita pelos

idosos e por mim, sinos para decoração das à

rvores de Natal, feitos a partir de canudos

feitos de tiras de paple de jornal.

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4

Atividade do lar – motricidade fina, idosa a decorar uma telha

para a venda de natal.

Jardim dos Budas, idosos ao fundo da imagem.

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5

Aspeto de uma parte da sala de estar dos idosos, na hora

do pequeno-almoço, lar da Misericórdia de Alverca.

Imagem de uma parte da sala de refeições na hora do

lanche, Lar da Misericórdia de Alverca.

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6

Atividades de motricidade fina feitas pelos idosos, por mim e

pela monitora, o cesto ao fundo. Atividades diferentes do lar.

Atividades de memória e cognição-anedotas.

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7

Atividades do lar de motricidade fina-feita pelos idosos e por mim,

aspeto da mesa de trabalho na hora do lanche.

Coroas feitas a partir de papel de jornal, envoltas em papel de

embrulho e, decoradas com parras e um mocho – atividades de

motricidade fina, feitas pelos idosos, por mim e pela monitora.

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Atividade do lar, de motricidade fina-feita pelos idosos – alusiva

ao dia de São Martinho.

Almoço de confraternização dos vários lares em Alverca do

Ribatejo, nas instalações do campo da bola.

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Grupo o cavaquinho, pelo aniversário do lar da Misericórdia de

Alverca.

Idosos no jantar de aniversário do lar da Misericórdia de

Alverca.

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Bolo de aniversário do lar- treze anos.

Atividade de cognição e motricidade fina feita por um grupo de

idosos.

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Atividade de cognição - encontrar as diferenças entre dois

desenhos aparentemente iguais-atividade feita por cinco idosos

sentados nos seus lugares – a fotografia apenas mostra duas

idosas.

Atividade cognitiva – encontrar os telefones e as tesouras e

circunda-los, feita por uma idosa que pediu mais para fazer até ir

ao almoço.

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Atividades de conhecimento, o idoso não teve dificuldades em

perceber a atividade, ele demorou muito tempo, porque tinha

dificuldades de visão periférica, como ele disse.

Atividades diferentes, de conhecimento e compreensão -

selecionar pratos de alimentos saudáveis e não saudáveis, e

encontrar as imagens e telefones e tesouras e circundá-las.

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Atividade de conhecimento e compreensão - selecionar pratos

de alimentos saudáveis e não saudáveis.

Atividade de conhecimento – identificar e selecionar pratos de

alimentação não saudável.

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Atividade de conhecimento – identificar e selecionar pratos de

alimentação saudável.

Atividade cognitiva e motora – identificar e contar quantos

círculos, quadrados, retângulos e triângulos havia dentro da

imagem maior e escrever em números nas linhas ao lado

Na imagem em baixo era unir os pontos para se fazer a imagem

do caldeirão da bruxa.

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Atividade de cognição e motora – este idoso não teve

dificuldades em compreender e fazer a atividade,

escrevendo por extenso o número de imagens

geométricas dentro da imagem maior.

Atividade sensorial e de conhecimento – uma idosa tenta

identificar o cheiro de cominhos.

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Atividade de conhecimento e memória – identificar os diferentes

objetos na imagem e com eles tapados dizer em que posições

estavam.

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Árvore de Natal do lar com sinos e estrela feitos pelos idosos,

por mim e pela monitora.

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Argolas feitas de papel de jornal – envolvidas por papel crepe de

cor verde com fita prateada e laços de massas alimentícias

pintados pelas idosas, trabalhos feitos por mim, pelos idosos e

terminado pela monitora.

Atividade cognitiva e motora – este idoso não teve dificuldade

em fazer a atividade.

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Motricidade fina, atividade do lar- pinturas em imagens

diferentes alusivas ao natal.

Atividade cognitiva e motora

Cada idoso participante fez uma grelha, esta atividade consistia em

somar o número que estava na margem à esquerda ao número

inscrito na filha, somando sempre este numero ao que ficava em

ultimo lugar até terminar a grelha, alguns idosos e idosas tiveram

que contar pelos dedos com se vê na fotografia.

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Atividade de memória, a idosa devia responder às questões

feitas ao que está impresso, como ela não quis fazer o que lhe

expliquei, fez cópia e disse que era para praticar.

Atividade de cognição e motora – identificar as regiões do país.

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Exemplo da atividade de motricidade fina e de cognição -

identificar e escrever no mapa de Portugal, em cada região, a

região correspondente, atividade feita pelos idosos.

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Exemplo de atividade cognitiva, feita por alguns idosos –

encontrar o número sete, os números menores que noventa e

superiores a noventa.

Atividade cognitiva, encontrar os números iguais e fazer uma

cruz por cima. Os seis idosos que fizeram a atividade riscaram

os números todos.

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Atividade do lar- de motricidade fina, pinturas, recorte e

colagens, tudo feito por idosos, por mim e pela monitora.

Atividade do lar, de motricidade fina feita pelos idosos,

sob orientação da monitora e de mim.

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Lenda da flor de Natal, alguns idosos não quiseram ouvir ler e quiseram

ser eles a ler.

Atividade do lar-de motricidade fina-feita pelos iodosos e por mim,

postais de natal para o lar oferecer a todos os funcionários do lar e

às pessoas que o lar presta apoio domiciliário.

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Venda de bolos às fatias e de artesanato-venda feita por mim,

estagiária.

Aula da Professora voluntaria antes do natal, na cave,

sala multiusos.

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Distribuição dos presentes de natal do lar aos idosos, por

algumas funcionárias.

Sacerdote a dar a comunhão, na missa de natal.

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Sacerdote a dar o menino jesus a beijar, estes idoso já faleceu.

Atividade de concentração, compreensão e motricidade

fina, pintar as imagens iguais ao modelo. A idosa pediu,

para pintar, porque não via para fazer cópia.

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Atividade de cognição preencher as casas vazias e escrever por

ordem, de modo que os números ficassem todos seguidos, o

idoso não teve dificuldades em compreender e fazer a atividade.

Atividade de compreensão e conhecimento, identificar as

imagens escrevendo, esta idosa não quis descrever a imagem,

mas disse o que via em cada uma.

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Atividade cognitiva-procurar a palavra que não fazia parte em cada grupo

de palavras.

Atividade cógnita - a seguir aos números existentes, escrever os

números a seguir nas quadrículas em branco.

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Atividade do lar, motricidade fina, feita pelos idosos, por mim e pela

animadora. Vê-se o idoso a fazer colagem só com uma mão, por não ter

a mão direita.

Exemplo de uma ementa para uma semana, do lar da

Misericórdia de Alverca.

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Atividade motricidade fina, feita por uma idosa e um idoso do

grupo escolar, da professora voluntária.

Missa da Páscoa, quinta-feira santa na sala de estar dos idosos,

lar da Misericórdia de Alverca.

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Presentes da Páscoa para a monitora, a animadora e dois idosos

distribuírem um presente a cada idoso.

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Atividade do lar, de motricidade fina – letras e flores para a festa

da flor em maio no encontro de idosos de diferentes

instituições, em Vila franca de Xira.

Jogo do micado com seis idosos, atividade de

concentração, o jogo foi repetido e feito com outos

idosos.

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Bolo de aniversário de todos os idosos e idosas que fizeram anos

durante o mês de março, hoje dia 31. Neste bolo puseram um

cartão, como se vê, a agradecerem-me pela minha estadia no lar,

como estagiária.

Um de abril de 2016, fui ter ao núcleo museológico para assistir

e acompanhar os idosos que vão todas as sextas-feiras fazer

trabalhos de motricidade fina.

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Atividade de motricidade fina. Os idosos falaram pouco durante

a atividade. No fim perguntaram se já era para irem embora,

pois queriam continuar fora das instalações do lar.

Atividade de motricidade fina. Esta idosa no lar nunca fez

atividades, porque não quer. Mas quer ir ao núcleo museológico

para poder sair à rua.

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Atividade motora e de motricidade fina. Atividade feita com as

capsulas do café achatadas, este idoso está a fazer com elas

flores em botão e folhas que dispõe ao longo de galhos de

laranjeira, colados com cola em pistola, a quente.

Trabalho concluído, uma rosa.

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Trabalho concluído, rosas vermelhas e pétalas soltas para

colagem na próxima atividade, no núcleo museológico de

Alverca.

Rosas pintadas por alguns idosos, não estão todas juntas,

algumas ficaram junto de quem as pintou, ficam todas em espera

para serem coladas as pétalas numa outra aula neste local,

núcleo museológico de Alverca.

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Sacos com alfazema que fiz para oferecer a todas as idosas e

idosos também, no dia da Mãe, fui de propósito para os oferecer.

Cento e trinta e sete sacos com alfazema.

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis