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1 Objetivo direcionado às colegas de núcleo e às professoras cooperantes.
Objetivos Questões de pesquisa Questões de entrevista
1) Compreender as conceções de
educadores/professores e futuros
educadores/professores relativamente à
autoestima;
Que conhecimentos têm sobre a
autoestima?
Quando realizou a sua formação profissional teve alguma
formação na área de Psicologia? E nesta formação teve a
oportunidade de estudar a autoestima?
O que se lembra? Que tipo de consequências acha que uma alta autoestima
poderá trazer a nível académico, social e psicológico?
O que pensa que poderá influenciar a autoestima das crianças em fase de Pré-escolar/1.ºCiclo?
E uma baixa autoestima?
Que importância é dada à autoestima pelos
educadores/professores e futuros educadores/professores?
Acha relevante o desenvolvimento da autoestima numa
fase inicial como o Pré-escolar/1.ºCiclo? Porquê?
Qual o papel do educador/professor na promoção da autoestima?
Que tipo de comportamentos acha que um professor deve
ter em atenção para detetar uma baixa autoestima?
Que tipo de atitudes, por parte do professor, acha que podem agravar o desenvolvimento de uma baixa
autoestima?
E quais as que podem propiciar o desenvolvimento de uma alta autoestima?
Que papel acha que o professor tem para a promoção
desta?
Já realizou alguma atividade específica para a promover?
2) Compreender como os futuros
educadores/professores e futuros
educadores/professores caraterizam os
seus alunos relativamente à sua
autoestima;1
Como caracterizam o grupo em geral? De uma forma geral, como caracteriza o grupo em relação
à autoestima?
Quais as crianças com baixa autoestima? Quais as crianças que destaca por parecerem ter uma baixa
autoestima? Como caracteriza as mesmas?
Quais as crianças com alta autoestima? Quais as crianças que destaca por parecerem ter uma alta
autoestima? Como caracteriza as mesmas?
5
Entrevista realizada a dois supervisores e dois estagiários
1)Quando realizou a sua formação profissional teve alguma formação na área de
Psicologia? E nesta formação teve a oportunidade de estudar a autoestima? O que se
lembra?
2)Acha relevante o desenvolvimento da autoestima numa fase inicial como o Pré-
escolar/1.º ciclo? Porquê?
3)O que pensa que poderá influenciar a autoestima das crianças?
4) Que tipo de consequências acha que uma alta autoestima poderá trazer a nível
académico, social e psicológico?
5) E uma baixa autoestima?
6)Que tipo de comportamentos acha que um professor deve ter em atenção para detetar
uma baixa autoestima?
7)Que tipo de atitudes, por parte do professor, acha que podem agravar o
desenvolvimento de uma baixa autoestima?
8)E quais as que podem propiciar o desenvolvimento de uma alta autoestima?
9)Que papel acha que o professor tem para a promoção desta?
8)Já realizou alguma atividade específica para a promover?2
Entrevista realizada às professoras cooperantes e às colegas de núcleo
10) De uma forma geral, como caracteriza a turma em relação à autoestima?
11) Quais as crianças que destaca por parecerem ter uma baixa autoestima? Como
caracteriza as mesmas?
12) Quais as crianças que destaca por parecerem ter uma alta autoestima? Como
caracteriza as mesmas?
2 Questão colocada apenas às professoras
6
Anexo III
Transcrições das entrevistas3
3 Foram retiradas partes de modo a aumentar a confidencialidade dos dados recolhidos.
7
Entrevista ProfC
Entrevistadora: Quando realizou a sua formação profissional teve alguma formação na
área de Psicologia?
Entrevistada: Na inicial, na minha formação inicial, não, tirando as cadeiras normais
de psicologia infantil acho eu que tive, de resto não fiz mais nenhuma formação a nível
de psicologia.
Entrevistadora: E nesta formação teve a oportunidade de estudar a autoestima?
Entrevistada: Não.
Entrevistadora: Não, não se lembra então.
Entrevistada: Da autoestima não falamos.
(barulho cadeiras)
Entrevistadora: Mas acha relevante o desenvolvimento da autoestima no 1º Ciclo?
Entrevistada: No 1º ciclo e não só, a autoestima deve ser trabalhada ao longo da vida é
claro que devemos começar no pré-escolar e 1º ciclo. Estamos a formar pessoas e acho
que sim, devemos trabalhar a autoestima deles, elevá-la. Queres o porquê?
Entrevistadora: Sim, já respondeu…
Entrevistada: Já.
Entrevistadora: O que pensa que poderá influenciar a autoestima das crianças nesta
fase?
Entrevistada: Da autoestima…os pares influenciam muito a autoestima, acho eu, será
o…nesta idade eles já começam a ligar muito ao que os pares dizem e acho que isso
influencia muito a imagem que eles têm de si, a questão dos pares. Depois tudo o resto,
a cultura familiar, os contextos escolares, tudo isto influencia o seu sucesso académico
8
também influencia, o seu sucesso a nível social influência, mas acho que os pares são o
mais importante nesta altura. Ligam muito ao que os pares dizem.
Entrevistadora: Que tipo de consequências acha que uma boa autoestima poderá trazer
a nível académico, social e psicológico?
Entrevistada: Sucesso académico, as crianças com maior autoestima, com melhor
imagem de si têm maior sucesso, sem dúvida. E há crianças que ultrapassam
dificuldades precisamente com a autoestima deles.
Entrevistadora: A nível social e psicológico?
Entrevistada: Claro, claro. Tudo isto, a nível social ganham competências, quanto
maior a sua autoestima maior as competências sociais, têm menos vergonha de si, têm
mais confiança em si, claro que sim (barulho cadeiras).
Entrevistadora: E uma baixa autoestima?
Entrevistada: Precisamente ao contrário, insucesso académico, é uma das primeiras,
nota-se nesta turma tive a oportunidade de ver isso, as crianças que têm menos
autoestima …têm menos sucesso académico, nota-se que está…há uma correlação
direta entre essas duas, entre esses dois itens.
Entrevistadora: E que tipo de comportamentos acha que um professor deve ter em
atenção para detetar uma baixa autoestima?
Entrevistada: Que tipo de comportamentos? O isolamento, é um dos primeiros que se
nota, quando a criança não quer interagir, o isolamento, o não falar, o não verbalizar, o
ter dificuldades em verbalizar os seus sentimentos, as suas opiniões, o repetir muito
aquilo que o outro diz, ir muito de acordo com o outro, a opinião dele ser sempre com
base naquilo que o outro disse, acho que são dos primeiros sinais que a gente recebe. O
isolamento, o não verbalizar e o imitar as opiniões dos outros.
9
Entrevistadora: E que tipo de atitudes, por parte do professor, acha que podem agravar
o desenvolvimento de uma baixa autoestima?
Entrevistada: Ui, tantas… (riso) são tantas as nossas atitudes que podem agravar a
autoestima da criança, desde advertências verbais mais agressivas que fazemos, sem
perguntar muitas vezes, nós fazemos uma advertência sem perguntar porque aquilo
aconteceu, pura e simplesmente repreendemos à frente de toda a gente, muitas vezes
não temos o cuidado de forma individualizada, sozinho, só com a criança e no momento
mais explosivo, acho que todas essas pequenas explosões que nós temos ou todas essas
chamadas de atenção que fazemos em grande grupo podem influenciar, acho que são
das que mais influenciam e eu faço essas.
Entrevistadora: É difícil evitar também, e que tipo…quais as que podem propiciar o
desenvolvimento da autoestima?
Entrevistada: O elogio, o reforço positivo e tudo isso também aumenta a autoestima da
criança, o valorizar as suas produções, destacar aquilo a que ele é bom, não valorizar só
o académico em si, a leitura, a escrita, o cálculo, mas valorizar o todo e detetar
realmente as áreas em que ele é bom, é forte, destacar as…estas alturas, ou seja, na
dramatização, na educação física, ou seja na comunicação oral, mas destacar naquilo
que ele realmente é bom e fazer com que ele tenha um papel minimamente importante
quando surgem essas oportunidade de mostrar as suas capacidades, o seu destaque.
Entrevistadora: Que papel acha que o professor tem para a promoção desta? Já
respondeu esta à pouco, não sei se quer aprofundar…
Entrevistada: Não, deixa estar.
Entrevistadora: Já realizou alguma atividade específica para a promover?
Entrevistada: Não, a autoestima não…o máximo que fiz foram leituras a socorrer da
literatura infantil para trabalhar um ou outro aspeto, agora específico, específico não.
Não tenho assim nada, agora que eu me lembro dentro da literatura…
[…]
10
Transcrição da entrevista à ProfP
Entrevistadora: A senhora Prof. P tem quantos anos de serviço?
Entrevistada: Ahh, 30.Tou no trigésimo.
Entrevistadora: E Quando realizou a sua formação profissional teve alguma formação
na área de Psicologia?
Entrevistada: Na área de Psicologia tive uma ou duas cadeiras de Psicologia.
Entrevistadora: E nessa formação teve a oportunidade de estudar a autoestima?
Entrevistada: Que eu não me lembro, não me lembro, se estudei não me lembro de
nada. Se estudei não me lembro de nada, se estudei não me lembro de nada, mas se
calhar estudei …se usa, ahh, quando se trabalha a psicologia da criança, fala-se da
autoestima. Mas não tenho ideia nenhuma. Se falei não me lembro.
Entrevistadora: Acha relevante o desenvolvimento da autoestima numa fase inicial?
Entrevistada: Sim muito, bastante.
Entrevistadora: E porquê?
Entrevistada: Ah, porque pronto a autoestima, se nós não gostarmos, se a criança não,
ou nós mesmos adultos, se não gostarmos de nós próprios, se não acreditarmos nas
nossas capacidades, não conseguimos fazer nada, portanto é importante desde que se
nasce até que se morre. Ahh o gostar-se de si, ter confiança naquilo que se sabe e
naquilo que se é capaz de fazer, acho que é relevante.
Entrevistadora: E o que pensa que poderá influenciar a autoestima nas crianças?
Entrevistada: Ahh, os reforços positivos, sempre reforços positivos, o a o a valorização
das coisas que são bem feitas e a minimização das coisas, da dos comportamentos e da
11
das tarefas que as crianças fazem que não correm tão bem, minimizar e não dar
importância e que as crianças, que as própria crianças começam a avaliar essas essas
coisas menos conseguidas como uma coisa que vai melhorar um dia.
Entrevistadora: E a que tipo de comportamentos acha que um educador deve ter em
atenção para detetar uma baixa autoestima?
Entrevistada: Ahh, observar bastante o seu grupo de crianças e cada criança em si e
distinguir entre o que é umm comportamento ahh um comportamento menos próprio, de
um comportamento de inibição de um comportamento de baixa autoestima, de timidez e
ai nós não…, nessas crianças que têm menos timidez, que têm… que não acreditam
naquilo que são capazes, que se recusam a fazer qualquer tipo de atividade com medo
de falhar, ah isso tem de ser bem observado e ir contra, pronto não é ir contra, mas
promover, conseguir que a criança faça e que seja capaz de ter sucesso nessa atividade
para que a sua a sua autoestima cresça.
Entrevistadora: Ahh, que tipo de atitudes, por parte do educador, acha que podem
agravar o desenvolvimento de uma baixa autoestima?
Entrevistada: Ahh, reforços positivos, sempre reforços positivos, ah é assim todas as
crianças precisam de reforços positivos, todos, de valorização, daquilo que eles são
capazes de fazer, os que nós detetamos com baixa autoestima temos que valorizar as
mais pequenas coisas, e fazer reforços positivos de todas as pequenas coisas e não dar
importância, não … não dar importância, nem valorizar as coisas, aquilo que a criança
não é capaz de fazer e portanto minimizar os insucessos e maximizar ao máximo aquilo
que a criança é capaz de fazer e que é um sucesso e que o resto do grupo que tenha
conhecimento daquilo que a criança é capaz de fazer, para…
Entrevistadora: Que tipo de consequências acha que uma alta autoestima poderá trazer
a nível escolar, social e psicológico?
Entrevistada: Todas, (riso) todas, porque uma criança segura, com uma alta
autoestima, acreditando nas suas capacidades é uma criança que vai ter sucesso, que
acredita que é capaz, porque conhece-se, o que é capaz e o que não é capaz, e portanto
12
vai ter sucesso, ora se eu sou capaz, toda a gente me leva a dizer que não sabes fazer e
tu não sabes fazer e tu não sabes fazer, eu convenço-me que não sou capaz de fazer e
portanto já não faço ou quando faço tou sempre com medo que as coisas corram mal.
Portanto, se tiver uma boa autoestima, mesmo que haja alguém que diga que não és
capaz de fazer, eu acredito que sou capaz de fazer, mesmo que seja menos…portanto
isso tem influência a todos os níveis, académico, social, na relação com os outros e
também a nível psicológico.
Entrevistadora: E uma baixa autoestima?
Entrevistada: É o contrário, é uma criança que tá sempre a recusar a fazer seja o que
for, porque quando ela faz ahh normalmente as pessoas dizem que ela não fez bem feito
e portanto isto vai, vai ficando do psi…no inconsciente da criança e ela já não faz,
porque tem medo porque sabe que não vai fazer e quando as crianças chegam ao pé do
adulto e mesmo da educadora e dizem: eu não faço porque eu não sei fazer, se a gente
deixar que não faça, ela vai acreditar que não é capaz, e portanto nunca mais faz,
portanto é preciso é dizer que ela é capaz mas estar ali, ser um suporte pa que pa que ela
consiga acabar a tarefa e que, e que ela consiga acabar a tarefa e que perceba que é
capaz de fazer, melhor ou pior, uma criança com baixa autoestima a fazer um desenho,
nem que seja um risco tem que ter um reforço positivo, seja lá o que for.
Entrevistadora: Ahh, e, penso que já respondeu a esta questão que é: quais ahh o que é
que um educador pode fazer para propiciar o desenvolvimento de uma boa autoestima?
Entrevista: É reforços positivos e minimizar e apoiar todas as crianças que dizem que
não são capazes de fazer, fazer com que ela tenha um sucesso em qualquer tipo de
atividades, sejam de expressão plástica, expressão motora, expressão dramática,
qualquer criança que a gente se aperceba que ele não tem, é fazer, fazê-la fazer a
atividade, mas com muito cuidado para que não seja um pedido superior daquilo que ela
é capaz de fazer, porque se ela tiver insucesso, ela vai-se convencer que é incapaz de
fazer e vai… e a baixo a baixo, a autoestima nunca mais sobe. Portanto é pedir-lhe só
tarefas que a gente sabe que ela vai conseguir fazer e se não conseguir fazer na
perfeição, saber que tem ali um suporte que é o educador, que tá ali a apoiá-la naquilo
que ela tá a fazer.
13
Entrevistadora: Já realizou alguma atividade específica para a promover?
Entrevistada: Tenho impressão que não há nenhuma atividade específica para
aumentar a autoestima. Agora o que se pode fazer e que às vezes eu faço é: uma criança
que tem uma baixa autoestima e que tenha qualquer coisa que seja capaz de fazer
melhor que os outros, pô-la a fazer perante as outras crianças para ela ter um suporte,
um reforço positivo dos colegas.
[…]
Transcrição da entrevista à EA
Entrevistadora: Primeira questão: Quando realizou a sua formação profissional teve
alguma formação na área de Psicologia? E nesta formação teve oportunidade de estudar
a autoestima? E o que se lembra sobre ela?
Entrevistada: Ahh na formação que eu tive profissional, eu realmente tirei um curso de
banca e seguros e nesse curso nós tivemos uma cadeira sobre Psicologia. Mas era uma
cadeira muito ligada para a parte das vendas, aquilo que o cliente quer, a forma como
devemos lidar com o cliente. Portanto não abordou de qualquer forma a autoestima
porque eram outras, outras coisas que se tinham em conta. O que eu estudei de
Psicologia foi por acaso para entrar, para ingressar no curso. Eu fiz o exame de, de final,
o exame nacional, em psicologia e estudei por mim própria, durante as férias do verão
antes de ir fazer o exame, tive a estudar e realmente foi nesse tempo que li muitas coisas
sobre Psicologia, até de livros do 10º. 11º, 12º, fiz assim um apanhado e foi nessa á…
foi a partir daí que comecei a ter um certo fascínio até por Psicologia e eu gosto muito
do que é relacionado com isso e a autoestima, portanto li alguma coisas mas nada muito
profundado sobre sobre isso. Ahh lembro-me vagamente de é o que assim tem opinião
geral, é lembro-me vagamente do que li é que é considero que seja muito importante é
ter autoestima, mas nesse nessa vertente é só disso que me lembro.
14
Entrevistadora: Acha relevante o desenvolvimento da autoestima numa fase inicial
como o Pré-escolar/1ºCiclo? E porquê?
Entrevistada: Eu acho que é essencial no pré-escolar realmente desenvolver-se a
autoestima porque no pré… é é acho que é no pré-escolar que se tem de apostar mais na
educação a nível da formação pessoal e social mais até do nos outros níveis de ensino. E
portanto sendo sendo uma fase importantíssima para a formação pessoal e social…só
nessa formação pessoal como o próprio nome diz é formar-se como pessoa, não é? E eu
penso que nesse sentido a autoestima ajuda muito porque se a criança tiver uma baixa
autoestima ahh possivelmente pode não acreditar nas capacidades que realmente tem e
como não acredita e ninguém lhes e também ninguém lhes faz ver que ela tem essas
capacidades pode aos poucos ir-se desacreditando e com isso perder até a motivação
para aprender, motivação para tar com os outros, para lidar com os outros. Portanto no
pré-escolar é essencial, o que eu acho é que muitas vezes e neste contexto do nosso
curso, acho que até é positivo, nós termos uma formação a nível do pré-escolar e do 1º
ciclo porque muitas vezes se calhar o caminho que se faz no pré-escolar ahh as
professoras do 1º ciclo se não tiverem consciência do que é trabalhado aqui, muitas
vezes acho que chegam ao 1º ciclo e há uma rot… há uma quebra e tudo o que eles
aprenderam para trás, se calhar em questões de autoestima vêm a baixo, porque não dão
tanto valor na parte da educação… (entrada e saída de uma pessoa) Ahh e portanto a
esse nível penso ser então essencial a nível do pré-escolar mas que é importante dar uma
continuação nos outros níveis de ensino. […] Acho relevante como em todos, não só no
1º Ciclo, como em todos os níveis do Ensino. Eu penso que a autoestima da criança está
associada à própria aprendizagem dela, uma criança que tem uma baixa autoestima
também vai ter dificuldades nas aprendizagens
Entrevistadora: E o que pensa que poderá influenciar a autoestima das crianças em
fase de Pré-escolar/1º Ciclo?
Entrevistada: Eu penso que ahh aqui o papel da educadora é essencial porque ahh isto
a autoestima também já vem um pouco da própria personalidade da criança, acho que
influencia a personalidade das pessoas e ahh também questões familiares, aquilo que vai
acontecendo durante a infância da criança. Mas ao nível do pré-escolar e educador
poderá então ter um papel importante porque a criança quando chega se tem uma boa
15
autoestima, até pode ter uma autoestima até demais, ou ou má ou boa até demais, e a
educadora terá uma papel importantíssimo em estimular ou as crianças…estimular as
crianças que têm uma má autoestima, estimular e puxar por elas e também pôr-se talvez
um…(Entrevistadora: travão) travão naquelas que têm uma autoestima elevada demais.
[…]
Eu penso que na fase de 1º ciclo começam a alargar mais o campo para fora da sala de
aula e dão mais importância para aquilo que os colegas dizem, enquanto que no pré-
escolar estão muito influenciados pelo que a educadora, pelo que s adultos lhe dizem.
Aqui abrem mais o campo para os pares, penso que essa é essencialmente a diferença.
Entrevistadora: Que tipo de consequências acha que uma alta autoestima poderá trazer
a nível académico, social e psicológico?
Entrevistada: Tem, tem consequências, para mim, diretas, porque uma criança
que…acho que a autoestima começa-se a trabalhar realmente desde de criança, desde
idade pré-escolar e ahh isso isto é como seja uma bola de neve. Portanto se tiveres uma
boa autoestima no pré-escolar, se tiveres uma boa auto…, se te permitirem continuares a
ter uma boa autoestima nos níveis de ensino vai com certeza, penso eu, na minha
opinião, fazer com que a pessoa acredite mais em si, que veja melhor as capacidades,
que tenha consciência daquilo que sabe, mas também daquilo que não sabe, porque é
importante, acho que às vezes para autoestima…,às vezes as pessoas pensam que a
autoestima é só o ter consciência do que faz bem, mas para mim, a autoestima também é
bom que a pessoa tenha consciência dos seus limites, porque para saber viver com eles e
não ficar triste porque olha: eu não sei desenhar, eu não sei cantar, mas não vou ficar
triste com isso, vou dar a valor áquilo que sei fazer e deixar cair aquilo que não sei fazer
mas enfrentar de…de frente, não é? Enfrentar de frente. Ter consciência do que sabe
fazer, do que não sabe fazer e portanto, levando aqui à pergunta, isso vai fazer
claro…tem uma consequência direta no no…a nível social, não é? E psicológico, que é
a própria pessoa e depois académico porque é um ciclo atrás do outro, que se a pessoa
conseguir ter uma boa autoestima vai evoluindo. Uma má autoestima acho que poderá
travar o desenvolvimento a nível académico.
Entrevistadora: Quer acrescentar alguma coisa à questão 5: E uma baixa autoestima?
Se pensa que tem alguma influência?
16
Entrevistada: Portanto, é um pouco…é o contrário do que disse a cima. É …a alta
autoestima tem consequências diretas para o sucesso e a baixa autoestima tem
consequência diretas para o insucesso. De, quer a nível académico, social e psicológico.
Entrevistadora: Que tipo de comportamentos acha que um educador/professor deve ter
em atenção para detetar uma baixa autoestima?
Entrevistada: Ahh, eu penso que a este nível por exemplo, acho que é muito
importante ahh as conversas, a parte das rotinas, do acolhimento, nas conversas do
grande grupo e também apreciar as conversas entre a criança, criança com criança e
criança com adulto, porque aqui poderá ter, haver crianças que têm baixa autoestima
mas que até entre elas gerem bem e têm as conversas normais e tudo, mas depois aquela
criança poderá ao falar com um adulto já revelar uma autoestima baixa. Portanto acho
que é preciso tar atento a isso, a forma como a criança comunica, criança com criança,
criança com adulto, na nas conversas do acolhimento perceber se autonomamente
responde áquilo que lhe é dito e se procura também participar na conversa mesmo que
não lhe seja perguntado diretamente. Aquela criança que fica muito calada que tenta
passar despercebida e que só responde também se lhe for perguntado acho que é é um
comportamento a ter em conta. Não quer dizer também…lá está temos de respeitar a
personalidade da pessoa e da criança, não é? Há pessoas que gostam mais de estar no
seu canto, são mais caladas, são mais tímidas por natureza. Isso também não quer dizer
que seja preocupante, não é? Não quer dizer que essa pessoa, agora só porque é tímida,
vai ter mau futuro para a frente, são pequenos pormenores que a educadora deve ter em
atenção para saber se passa do que é normal para uma coisa mais profunda mais… […]
Eu penso que deve ter sempre em atenção a criança, se a criança tenta esconder-se, tenta
passar despercebida, se quando é questionada se mostra, se revela alguma timidez, acho
que o professor com esses pequenos pormenores, que depois consegue ver se a criança
tem uma baixa autoestima.
Entrevistadora: E que tipo de atitudes, por parte do educador, acha que podem agravar
o desenvolvimento de uma baixa autoestima?
Entrevistada: Ahh, por exemplo eu acho que quando o educador quando se apercebe
que uma criança tem autoestima baixa. Neste caso a pergunta é…exato, baixa
17
autoestima. Eu penso que é importante valorizar, dar sempre valor, quando a criança
vem mostrar um trabalho, se calhar mais do que às outras, as crianças que têm uma
autoestima normal ou até elevada, não é preciso estar sempre a reforçar porque isso
depois poderá fazer o contrário. É a criança achar também que é melhor do que os
outros, neste caso baixa autoestima acho que é muito importante o educador olhar para
um desenho e dizer: muito bem, conseguiste. Estar sempre a reforçar …
Entrevistadora: Mas isso é o que o educador pode fazer para aumentar a autoestima. O
que é que acha que ele faz …e que pode agravar?
Entrevistada: Ah para agravar, é exato, tava aqui a confundir …
[…]
Entrevistada: O que pode agravar é fazer precisamente o contrário. Portanto é uma
criança tem uma baixa autoestima, vir-nos mostrar qualquer coisa e nós a tratarmos com
indiferença. Por outro lado também, por exemplo se a criança tem uma autoestima
baixa, penso que não deve ser confrontada de forma muito direta, por exemplo em
conversa de grupo não deve ser obrigada, por exemplo lembro-me, tou me a lembrar de
dramatizações. Se a criança tem baixa autoestima e se tem vergonha, também não deve
ser obrigada a fazer, devemos tentar dar por exemplo dar um papel mais secundário, em
que ela participa também e sente-se a participar mas não tá tão exposta e portanto é a
esse nível, o que o que o educador poderá fazer é, para agravar, é obrigar por exemplo
obrigar a criança a expor e a obriga-la a falar quando tá em grande grupo acho que é
isso que pode fazer para agravar. […] É assim, o professor acho que pode ter muitas
atitudes, se a criança já é tímida, pode até não ter uma baixa autoestima, mas se por sua
natureza é ser tímida e se o professor a coloca em situações demasiado expostas, ou
então se o aluno erra e o professor evidencia e o crítica por errar, grita com a criança, se
a obriga a ir ao quadro quando a criança ainda não está muito segura do que vai fazer e
a coloca, por exemplo, numa situação de ir ao quadro e se a criança está com timidez e
tem uma baixa autoestima acho que isso é uma atitude que não deve ser tomada pelo
professor, poderá agravar a autoestima da criança.
Entrevistadora: E agora o oposto?
18
Entrevistada: É um pouco o que eu tava a dizer no início não é? É realmente, para
propiciar o desenvolvimento da boa autoestima é realmente fazer bastantes vezes o
reforço daquilo que está bem e não é só dizer: ah tá bem tá bem tá bonito, não é… é
quando por exemplo a criança está a dizer: ah eu não, mas eu não quero fazer porque
não consigo, ou eu não gosto disso, é se calhar insistir um pouco, se se também às vezes
as condições não permitem mas tentar sentar um pouco com a criança e dizer vá tu
consegues, eu fico aqui, eu ajudo-te e depois no fim reforçar, dizer: então tás a ver como
consegues, visto era mais fácil do que aquilo que estavas a pensar, tu consegues. Dar
esse tipo de reforço e acompanhamento.
[…] É o inverso, é por exemplo, ir, se a criança não está muito segura, o professor vai,
por exemplo, ao lugar, tenta perceber quais são as dificuldades dela, tentar ajudá-la e
depois para aumentar a autoestima diz: olha, agora vais ao quadro e corriges. Agora a
criança já vai com mais segurança, já teve o feedback, isso depois até pode ser bom para
mostrar aos colegas que fez e que soube. Mas acho que o professor tem que ter essa
atitude de lhe transmitir confiança. Mais para a criança perceber que tem ali um amigo,
não é? Em quem pode confiar.
Entrevistadora: Então que papel acha que o educador/professor tem para a promoção
da autoestima?
Entrevistada: Acho que tem um papel importantíssimo porque muitas vezes a criança
quando chega ao infantário já fez um, para ela, num sentido da fase a criança já fez um
longo caminho em casa, não é? E portanto o papel da família neste caso poderá ser
muito importante para uma boa ou para uma má autoestima. E quando chega ao
infantário o educador tem um papel muito importante nas vertentes que é: se deteta que
a criança tem má autoestima, tem um papel importante para a puxar para cima e tentar
desenvolver a autoestima, se por um lado vê que a família, porque às vezes acontece as
famílias, a mãe valorizarem demais as crianças em casa e elas quando chegam ao
infantário acham que são as melhores e que são boas em tudo e depois estão habituadas
a que os pais estão sempre de: tá tudo bem, és a melhor, e depois também não sabem
gerir muito bem quando…as atividades de grupo. Portanto, o papel do educador é muito
importante quer para a má quer para a boa, neste sentido de tentar caminhar e levar as
coisas até à melhor.
19
Transcrição da entrevista à EB
Entrevistadora: Deixa-me ver se tá gravando. Tá. Posso começar?
Entrevistada: Podes.
Entrevistadora: Obrigada desde já pela participação (risos). Ahh, quando realizou a
sua formação profissional teve alguma formação na área de Psicologia?
Entrevista: Sim, tivemos uma cadeira intitulada Psicologia do desenvolvimento da
criança, mas…
Entrevistadora: E nessa formação teve oportunidade de estudar a autoestima? E o que
se lembra?
Entrevistada: É assim do que me lembro não falam-mos da autoestima.
Desenvolvemos mais nessa cadeira foram as fases de desenvolvimento de Piaget, ahh os
comportamentos, dentro disso.
Entrevistadora: Ahh, acha relevante o desenvolvimento da autoestima numa fase
inicial como o Pré-escolar/1.º Ciclo? E porquê?
Entrevistada: Sim acho muito relevante porque nessa idade as crianças estão a
construir a sua identidade pessoal e precisam que os adultos os estimulem e precisam de
criar uma identidade própria e ao entrarem no pré-escolar têm de aprender a partilhar as
atenções com outros colegas, aprender a lidar com mais pessoas e para essa adaptação é
necessário um desenvolvimento da autoestima para que a criança não se feche em si
própria. […] Porque uma criança com uma boa autoestima vai-se conseguir integrar
bem na turma, vai conseguir desenvolver a aprendizagem de modo mais adequado, tem
uma presença e um comportamento diferente na sala, vai ter mais uma atitude de
participar, de cooperar e uma criança que não tem uma autoestima acaba-se por fechar
um bocadinho em si, acaba por considerar que não é capaz, claro que uma com boa
autoestima vai se sentir capaz e ai sentindo-se capaz vai conseguir desenvolver muito
melhor a sua aprendizagem
20
Entrevistadora: O que pensa que poderá influenciar a autoestima das crianças em fase
de Pré-escolar/1.º Ciclo?
Entrevistada: A meu ver a autoestima poderá ser influenciada por elogios realizados
por familiares e educadores, por superação de desafios colocados pelos educadores.
Acho que é muito importantes as crianças serem desafiadas, nunca limitarmos a
pequenos exercícios fáceis mas a desafios que os façam perceber que são capazes, mais
capazes. Ahh é isso (riso) […] Acho que principalmente o feedback que é dado pela
professora e também a relação com os alunos, se a professora elogiar, acompanhar,
estiver atenta não só aos erros mas também àquilo que eles sabem fazer de melhor, se
derem, se a professora der atenção a isso e se tiverem um bom relacionamento com os
colegas acho que o envolvimento com o resto dos alunos na turma tem grande
influência na autoestima, se não tiverem uma boa relação com o resto dos colegas
também acabam por não conseguir desenvolver uma boa autoestima.
Entrevistadora: Que tipo de consequências acha que uma alta autoestima poderá trazer
a nível académico, social e psicológico?
Entrevistada: Acho que tem uma grande influência na medida em que uma criança
com uma boa autoestima terá uma boa relação com os outros. Logo a nível social será
uma pessoa realizada e a participativa, participante ativa na sociedade. Conseguirá obter
bons resultados académicos porque vai acreditar em si, no seu potencial e terá um
equilíbrio emocional para gerir as adversidades da vida.
Entrevistadora: E uma baixa autoestima?
Entrevistada: Uma baixa autoestima levará a uma…levará que a criança tenha uma
falta de motivação para, uma falta de motivação para a questão académica. Pode levar
ao insucesso escolar, não vai acreditar em si e pode isolar-se das outras pessoas.
Entrevistadora: Que tipo de comportamentos acha que um educador/professor deve ter
em atenção para detetar uma baixa autoestima?
21
Entrevistada: O educador deve ter em atenção as crianças que se isolam do grupo, que
se recusam a participar nas atividades, que têm tendência a parecerem tristes e a
desinteressadas pelo que é realizado. […] Um professor deve estar atento a cada aluno,
ver se…aperceber-se se essa criança está isolada do resto da turma, se é uma criança
que praticamente não fala, não participa, estar atenta a essas crianças e tentar falar com
cada uma nem que seja por breves momentos ao longo do dia, mas tentar interagir
bastante com os alunos. Só assim poderá perceber se a criança tem baixa autoestima ou
não.
Entrevistadora: Que tipo de atitudes, por parte do educador/professor, acha que podem
agravar o desenvolvimento de uma baixa autoestima?
Entrevistada: Acho que se o educador fizer comentários do tipo: não és capaz, és
muito burro, não…tentar isolar a criança e não pedir a participação dessa criança nas
atividades, tentar pensar sempre que essa criança nunca vai ser capaz, essa criança vai
perceber a atitude do educador e vai ter um comportamento nesse sentido de sentir-se
não capaz. […] Se o professor estiver sempre a salientar os erros e irá frustrar a criança
se estiver sempre. Para já se não ligar a criança, se desprezar um pouco a criança, se só
vir nela atitudes negativas, os erros, o mau comportamento e se nunca salientar aquilo
de bom que a criança tiver, aí vai agravar o desenvolvimento e prejudicar muito a
criança, levando a uma baixa autoestima.
Entrevistadora: E quais as que podem propiciar o desenvolvimento da autoestima?
Entrevistada: O educador estar atento à criança, solicitar a sua participação, fazer
elogios, ahh dizer que esta vai conseguir, que tem de tentar, que se não for capaz pode
repetir, dentro disso. […] Acho que o acompanhamento da criança, fazer-lhe elogios,
como já tinha referido, falar com ela, pedir para participar na aula, dar-lhes papéis
importantes ao longo das aulas para perceber que tem…que pode participar, que é
importante naquele processo de aprendizagem, dentro disso.
22
Entrevistadora: Que papel então acha que o educador/professor tem para a promoção
da autoestima?
Entrevistada: Acho que o educador tem um papel muito importante porque nessa fase
em que as crianças tão estão a desprender-se dos pais e o educador acaba por ser uma
pessoa muito importante na vida deles e se o educador apoiar essas crianças, incentivá-
las as crianças vão sentir segurança e assim conseguem desenvolver a sua autoestima.
[…] O professor tem um papel muito importante, porque o professor acaba por
acompanhar muitas horas e meses e anos da vida da criança e sendo um adulto que está
a acompanhar, a orientar a educação e a aprendizagem da criança o adulto tem de estar
atento à autoestima da criança e tentar arranjar meios de promover a autoestima de todas
as crianças, não é? Integrando e diferenciando por grupos, diferenciar também, às vezes.
as crianças por grupos também acaba por não ser positivo, tentar tratar todos de igual
forma.
24
Categoria
Subcategoria (1) Indicador (2) Prof P Prof1 E A E S
1 2 1 2 1 2 1 3
Conceito de autoestima
Global Gostar de si/conhecer e aceitar suas potencialidades e capacidades
3 2
Aceitar as suas limitações e
fracassos
2
Específica Desempenho Académico
Física
Social
Fatores que influenciam a
autoestima
Características individuais 2
Sociedade Família 1 1 1 3 1
Contexto Escolar 2 1 2
Pares 4 2 4
Efeitos associados à baixa
autoestima
Insucesso Académico 2 1 1 1
Social 1
Recusa/ Não participa 2 2
Timidez 1
Aparentarem estar tristes 1
Medo de falhar 3
Dificuldades de interação Isolamento 1 3 5
Menor motivação Para aprender 1 2 1
Para estar com os outros 2
Não acreditar em si Nas suas capacidades 1 2 1 2
Dificuldade em se exprimir Sentimentos 2 1
Opiniões 1
De forma independente 4
Fazer-se de “engraçado”
Tentar passar “despercebido” 3
Dificuldades na aprendizagem 1
Evitar Falar 1 1 1
Olhar
Sucesso Académico 2 1 1 1 3
25
Efeitos associados à alta autoestima
Social 2 2
Aceitam fracassos e dificuldades Aceitam aquilo que não sabem 1
Ultrapassam dificuldades com maior facilidade 1 1
Sentem-se mais realizados 1
Equilíbrio emocional Sentimento de segurança 1 1
Adotam comportamentos cooperativos 1
Mais Participativos/mais autónomos nesta
participação
Escola 2 1 1
Sociedade 1
São líderes
Não têm medo
Têm menos vergonha de si 1
Acreditam em si /Têm confiança em si Nas suas capacidades 4 1 1 1 2 1
No que sabem 1 1
Procedimentos de caracterização
Observação do comportamento Em grande grupo 1 1 1
Individual 1
Análise do conteúdo da comunicação Criança-Adulto 2 3
Criança – Criança 3
Distinguir o que é normal do que é
diferente
Timidez 2 1 1 3
Desenvolvimento global menor
Indisciplina 1
Estratégias promotoras da
autoestima
Extinção 6
Destacar/valorizar capacidades e sucessos do aluno
Em grande grupo 4 2 4 1 2 1 2
Mostrar que acredita na criança Colocando desafios 1 2 3
Conversando 1 2 4
Empatia 1
Tratar todos da mesma forma 1
Incentivar participação Insistir um pouco 1 1
Diversificar as áreas curriculares de intervenção 1
Disponibilizar-se/apoiar/estimular/estar atento 6 4 4 10
Garantir o êxito/Pedir tarefas com êxito garantido 3
26
Adaptar atividades Dar papel de importância 1
Dar papel secundário 1
Trabalhar ao longo de toda a
vida/formação
De forma contínua 1 1
Desde idade pré-escolar 1 2
Reforços positivos 8 2 4 1
Valorizar áreas não curriculares 1
Realizar atividades com o objetivo central de aumentar a autoestima
Situações inibidoras da autoestima
Advertências verbais mais agressivas 2 1
Inexistência de reforços positivos 1 1
Repreender em público 2
Não perguntar causas para determinados comportamentos 1
Excluir criança/diferenciar Não “ligar” à criança 1 1
Excluir na participação 1
Salientar muito os erros 1 2
Confrontar de forma direta a criança 2
Desacreditar Salientar apenas aspetos negativos 1 3
Obrigar Falar 3 1
Participar em determinadas
atividades
2
29
Crianças consideradas com alta autoestima pelas entrevistadas (Pré-escolar)
Crianças consideradas com baixa autoestima pelas entrevistadas (Pré-escolar)
E.A.
E.S.
Prof. P.
31
Observações P11 P12 P14 P16 P7 P5 P17
Faz os trabalhos de forma apressada
Não termina trabalhos
Destabiliza aula (ex.: barulho) + +
Não quer realizar atividade + ++ ++
Recorre à agressividade (física ou verbal) ++
Afasta olhar + ++ + + +
Gestos nervosos (ex.: mexer na roupa) + +
Não realiza ação por iniciativa própria ++
Resiste ao pedido do educador ++ ++
Chora + ++ +
Isola-se +
Legenda
+ Observado uma vez
++ Observado mais que uma vez
32
Anexo VII
Entrevista à professora titular do 1.º Ciclo
(realizada pelas três estagiárias do núcleo)
33
Entrevista à professora Cooperante realizada pelas três estagiárias no início da
Prática Supervisionada II
Entrevistadora) Acha que a participação dos pais é importante no sucesso/desempenho
escolar dos alunos? Porquê?
Cooperante) Claro que sim.
Entrevistadora) Em que medida?
Cooperante) É importante a expetativa que o pai põe no aluno, mais do que ajudar… ter
boas expetativas perante a escola, auxiliar sempre a escola no sentido do que a escola
disser – sim senhor, deve ser isso. Não contrariar o que se faz na escola, só nesta medida
já é apoiar. Mais do que isso não podemos obrigar os pais… Nem todos os pais têm a
mesma formação. Os alunos não entram todos no mesmo patamar. Mas se andarmos
todos de mãos dadas já é importante, elevamos as expetativas em relação à escola, à sua
importância para a vida futura, social e académica.
Entrevistadora) Na sua opinião, qual a importância que as famílias dos alunos dão à
escola?
Cooperante) Nós temos, se viram no PCT, uma pequena percentagem que valoriza
muito a escola, os alunos valorizam e sabem que a escola vai ser importante. E depois
temos uma percentagem grande de pais que não quer saber, que a escola é um sítio onde
deixam os seus filhos e mais nada…que não aprendem nada, que os professores andam
a brincar… Portanto a expetativa é muito baixa em relação a nós, em relação aos filhos.
Têm baixa expetativa porque não há dinheiro, a perspetiva é casar e ter filhos.
Entrevistadora) Tem encontrado alguma dificuldade na relação com os pais? Por
exemplo, quando precisam da participação dos pais para alguma atividade…
Cooperante) Sim, nós pedimos. Este ano ainda não. Nós tentamos sempre chamar os
pais à escola. Quando é o dia do pai, no dia da mãe temos sempre uma atividade. No
ano passado fizemos jogos tradicionais com os pais, com as mães uma sessão de
aeróbica. Tivemos um festival de sopas, em que os pais trouxeram as sopas. Nós
34
chamamos os pais a participar e há uma percentagem significativa dos pais que
participam, mas depois são sempre os mesmos, são aqueles que à partida já têm boas
expetativas, que estão abertos a…que querem participar.
Entrevistadores) Normalmente estão associados aos alunos com melhores resultados…
Cooperante) Infelizmente, infelizmente é um bocadinho assim. Claro que temos
exceções à regra e felizmente que é assim… Senão não valia a pena acordar de manhã e
vir para aqui, há sempre surpresas. A escola em si chama muito os pais a participar e
também no Natal fazemos rifas para o sorteio do cabaz… partilha de alimentos.
Entrevistadora) Se fosse necessário a participação em contexto de um trabalho, um
projeto, em que fosse preciso que eles viessem cá fazer alguma coisa…
Cooperante) Se houvesse disponibilidade a nível profissional, tenho pais que sim. Claro
que há entraves a nível de horários porque os que participam são os que trabalham. Os
que estão em casa…estes, não vais ter grande colaboração. Infelizmente é assim…é a
minha realidade há 5 anos. Agora temos pais que participam…há trabalhos que eles
levam para fazerem em família…
Entrevistadora) Em que área a turma apresenta maiores dificuldades?
Cooperante) Só posso escolher uma?
Entrevistadora) Uma ou mais.
Cooperante) Língua Portuguesa e Matemática.
Entrevistadora) E o que é feito extra ao que está planificado?
Cooperante) Ter maior cuidado na planificação destas atividades, tenho sempre o
cuidado de em Língua Portuguesa apelar muito à leitura, à escrita, favorecer um
ambiente propício à escrita, fazer com que o aluno reflita bem, tentar dar um feedback
muito positivo ao aluno. Na Matemática, tento sempre fazer uma pequena rotina, um
aquecimento… repito muito o mesmo tipo de exercício para ver se ganham confiança,
para depois ir aumentando o grau de dificuldade. Nas outras áreas, onde eles estão mais
à vontade, já não é preciso este tipo de cuidado, este escalamento…eu começo sempre
do mais básico…vamos construindo na Matemática e Língua Portuguesa. No Estudo do
Meio já não há esta dificuldade…
35
Entrevistadora) Se calhar é uma área boa para fazer interdisciplinaridade, se calhar
puxá-los pelo Estudo do Meio, que gostam mais…
Cooperante) Eles não gostam mais de Estudo do Meio. Eles têm menos dificuldades em
Estudo do Meio, porque são atentos, eles conseguem captar o que estas a dizer, qualquer
um dos nossos alunos sabe do que se está a falar em Estudo do Meio… eles têm esta
noção e como não exige grande habilidade de escrita, nem de cálculo, nem de
leitura…fazemos muito a nível de oralidade, da transmissão de conhecimentos, usamos
muito os vídeos e os powerpoints e eles vão aderindo melhor a estes conteúdos, eles têm
uma noção… mas claro quando exigir estudo…isso vamos ver.
Entrevistadora) Que tipo de metodologias costuma utilizar mais nas suas aulas?
Situando mais nos modelos pedagógicos…qual é o que a professora tem mais…?
Cooperante) Eu não tenho, tento sempre o ensino pela descoberta, gosto pessoalmente
deste, formei-me um bocadinho neste. Tentar levar o aluno a construir o seu
conhecimento. Mas mais do que isso não uso nenhum em específico, nem nas técnicas
que uso para ensinar a, b ou c, não tenho uma única forma de o fazer… conforme o
feeedback que a turma me vai dando.
Entrevistadora) Em relação aos trabalhos de grupo… Eles costumam fazer trabalho de
grupo?
Cooperante) Sim.
Entrevistadora) Mais ou menos com que frequência?
Cooperante) É assim eles sentados estão sempre em grupo, mas não estão sempre a
fazer trabalho de grupo. Quer saber em que áreas fazem?
Entrevistadora) Que tipo de trabalho?
Cooperante) Eles fazem trabalho a pares na escrita, na correção…construção de
cartazes…é basicamente isso. Mas fazemos em todas as áreas.
Entrevistadora) E eles gostam? São receptivos a isso?
Cooperante) A turma gosta…a turma gosta de tudo, pode ser uma aula completamente
expositiva como pode ser uma aula em que estás a mostrar um vídeo. Eles motivam-se
36
facilmente, pode ser pelo tom da tua voz, pelo tema, pelo tipo de trabalho que estás a
pedir…eles não vão gostar mais porque é trabalho de grupo, nem vão reagir mal à aula
por ser trabalho de grupo. Eles aderem bem a qualquer atividade que tu proponhas.
Entrevistadora) Em relação aos trabalhos de casa, nós também sabemos que é frequente,
não é?
Cooperante) Eles têm sempre trabalho de casa, todos os dias.
Entrevistadora) De que tipo de trabalhos? Pesquisa, resolução de exercícios, usam o
manual…?
Cooperante) O trabalho de casa geralmente…eu tento que seja trabalho que possa ser
feito em 30 minutos e de forma autónoma. Raramente levam trabalho de casa que exija
a presença de um adulto. Eu tento sempre que eles levem trabalho que sejam capazes de
chegar a cada e fazer sozinhos. Quando é de pesquisa, evito este tipo de trabalho porque
nem todos estão na mesma situação. Temos alunos que têm internet ao seu dispor,
temos alunos com biblioteca…e depois temos alunos que não têm nada. E não gosto,
muitas vezes evito este tipo de situação para não os colocar na situação de quem teve
internet e livros conseguiu fazer, quem não teve não conseguiu fazer ou conseguiu
apresentar uma coisa mais pobre. Claro que tento sempre dizer quando há trabalho de
pesquisa, ainda no ano passado houve sobre a freguesia…foi muito pela oralidade, falar
com os mais velhos em casa, falar com a família. A pesquisa tem sido feita muito pelo
conto dos familiares, o que sabem sobre o tema. Evito sempre o tipo de pesquisa de
internet e livros porque não estão todos na mesma situação. Há pais que podem
transportar o filho para a biblioteca pública e tenho pais que fazem isso. E depois há
outros que…não me chateies com isso agora.
Entrevistadora) Por exemplo, num contexto em que seja facultada toda a informação
para pesquisa, por exemplo, trazemos nós… eles são receptivos a isso, têm autonomia
para seleccionar a informação?
Cooperante) Sim, dentro de início de 4º ano. Não se esqueçam de pensar que temos
alunos que acabaram agora o 3º ano. Não estão no final de um 4º ano. E o 3º ano deles
foi fraco. Não temos uma grande turma aqui. O nível deles é um bocadinho baixo, um
bocadinho elementar. Mas se nós reduzirmos um bocadinho a informação que estamos a
dar e tentar seleccionar…eles pelo menos tentam.
37
Entrevistadora) Se tentar dividir, dar a mesma informação mas dividir por áreas?
Cooperante) Se calhar é mais fácil, tentar sempre facilitar o que vai para casa, eu nunca
tento dificultar.
Entrevistadora) Em relação ao trabalho de projeto, eles já desenvolveram algum
trabalho de projeto? Este ano não porque não houve tempo mas no ano passado houve
algum trabalho de projeto com todos ou individualmente?
Cooperante) Eu acho que não… com a outra turma eu fiz mas com esta ainda não.
Entrevistadora) Que informações complementares é que pode acrescentar?
Cooperante) Nenhuma. A qualquer altura que queiram ver alguma apontamento mais
esclarecido…
Entrevistadora) Se tivesse uma varinha de condão e lhe fosse dado poder para
alterar/melhorar algum aspeto da sua turma ou das suas práticas diárias, quais seriam os
aspetos que mudaria?
Cooperante) Nada, não mudava nada, não mudava o aluno, não mudava a minha
prática…neste momento não mudava nada. Quando venho aqui para a escola tento dar
sempre o meu melhor. Nunca saio daqui com a sensação de que poderia ter feito mais.
Venho sempre para aqui com o meu máximo. Se mais não dou é porque não sei. Se
soubesse, eu própria construiria a minha varinha de condão. Mas não, não mudava nem
os alunos, nem o espaço. Está óptimo assim. É preciso é trabalhar com eles.
39
Nº Nome Idade Ano Nível Nº Retenções A.E. E.E.
1 C1 9 4 4 0 X
2 C2 9 4 4 0
3 C3 9 4 4 0 X
4 C4 9 4 4 1 X
5 C5 9 4 4 0 X
6 C6 9 4 4 0
7 C7 10 4 --- 0 X
8 C8 10 4 4 0 X
9 C9 9 4 4 0
10 C10 10 4 4 1 X
11 C11 9 4 4 0
12 C12 10 4 4 1 X
13 C13 10 4 4 1 X
14 C14 10 4 4 1
15 C15 9 4 4 0
16 C16 10 4 --- 0 X
17 C17 10 4 2/3 0 X
18 C18 10 4 4 1 X
19 C19 9 4 4 0
20 C20 10 4 4 1 X
21 C21 9 4 4 0
41
Crianças consideradas com alta autoestima pelas entrevistadas (1º Ciclo)
Crianças consideradas com baixa autoestima pelas entrevistadas (1º Ciclo)
43
Atividade “O mistério do lago”
Objetivos:
o Observar as características do texto em Banda Desenhada.
o Explorar as características físicas e psicológicas de cada aluno.
Explicação:
o Realiza-se a leitura da história – 1ª Parte
o Explora-se as características deste tipo de texto.
o Inicia-se um momento de diálogo com questões de compreensão de texto e
questiona-se os alunos sobre as suas características físicas, com o auxílio das
fichas do anexo XI.
o Realiza-se a leitura da 2ª Parte da história.
o Questiona-se os alunos sobre as suas características psicológicas, com o auxílio
das fichas do anexo XI.
PARTE 1 DA HISTÓRIA
“O mistério do lago” de Paulo Moreira
56
Teste do autor Miranda (2004), presente no livro: Um voo possível: O sucesso escolar
nas asas da auto-estima. Lisboa: Edições ASA.
Tu… Sempre Quase
sempre
Às vezes Quase
nunca
Nunca
Achas-te uma pessoa boa com os
outros?
Tens muitos amigos?
Gostas de ajudar os teus colegas?
Desistes facilmente das coisas que
fazes?
Achas que os outros são melhores do
que tu?
Achas que os outros gostam de ti?
És tímido?
Achas-te agressivo?
Acreditas em Deus?
Vives bem com a tua família?
Tens medo de errar?
Sentes-te feliz?
Sentes-te sozinho?
Interessas-te pelos estudos?
Gostarias de ter um corpo diferente?
Gostarias de ser diferente na tua
maneira de ser?
Sentes-te bem quando estás em grupo?
Gostas da escola?
Gostas dos teus professores?
Tens vergonha de ti mesmo?
Qual a aula de que gostas mais?
Matemática Português Estudo
do Meio
Inglês Educação Física
Qual a aula de que gostas menos?
Matemática Português Estudo
do Meio
Inglês Educação Física
58
A Extraordinária Força de um Ovo
(retirado de: http://www.cienciaviva.pt/projectos/scienceduc/exp_ovos.pdf)
Já reparaste como os ovos são fáceis de partir? Tem que se mexer
neles sempre com muito cuidado, não é? Já reparaste que nas
mercearias e supermercados estão numas caixas especiais que os
protegem?
Pois nem tudo é como parece... Se assim fosse como é que uma
galinha punha um ovo? Já pensaste que quando a galinha põe os ovos,
estes saem bem apertadinhos e caem no chão?
E que a galinha tem que chocar os ovos para os pintainhos nascerem?
Se os ovos fossem mesmo fraquinhos, há muito que já não havia
galinhas e outros animais que nascem de ovos.
Vamos testar a força de um ovo.
Material: Caixas de ovos; ovos; 1 tabuleiro; livros
Procedimento:
1 - Se tiveres uma caixa de ovos grande, põe um ovo em cada canto da
caixa. Se não tiveres, usa duas caixas pequenas como indicado na
figura. Nota que os ovos devem ser todos do mesmo tamanho.
2 - Põe sobre os ovos um tabuleiro. Verifica se ele fica bem assente
nos ovos todos, se não ficar vai experimentando outros ovos até
encontrares 4 do mesmo tamanho.
3 - Vai pondo livros sobre o tabuleiro e conta quantos consegues pôr.
Vais ver que vais ficar admirado. Se tiveres uma balança, podes até
pesar os livros que os ovos aguentaram até se partirem.
Nota:
Os ovos são muito fortes, mas não aguentam tudo... E esta experiência pode sujar um
pouco se algum ovo se partir. Assim, é melhor tapar a mesa com jornais ou um plástico.
59
Truque do ovo na garrafa (informação cedida por colega de curso)
Material
2 Ovos cozidos e sem casca
Garrafa de vidro de bocal largo (erlenmeyer ou balão de vidro de 1 ou 2l, depende do
tamanho dos ovos)
Pinça comprida
Algodão
Fósforos longos de lareira
Álcool
Procedimento
Apresentar todo o material necessário à realização da experiência, incentivando as
crianças a identificar cada peça. Dizer-lhes que esta garrafa é usada pelos cientistas, nos
laboratórios, para realizarem as suas experiências e que se designa por erlenmeyer.
Pedir às crianças para repetiram a palavra erlenmeyer.
Perguntar às crianças se gostam de ovos cozidos. Mostrar os que já estão cozidos
previamente.
Colocar o ovo cozido no bocal da garrafa, o qual deve ser ligeiramente inferior ao
diâmetro do ovo para não o deixar entrar, e fazer o ovo saltitar no bocal, sem nunca o
deixar entrar.
Mostrar-se muito espantado por o ovo não entrar e perguntar por que é que o ovo não
entra. (R:) Normalmente não sabem. O que é que está dentro do erlenmeyer? (R: ar)
Então o que é que temos de fazer para o ovo entrar? (R: tirar o ar de dentro do
erlenmeyer) E o que vamos fazer para tirar o ar? Têm alguma ideia? (se os alunos não
tiverem nenhuma sugestão para o fazer, o monitor deverá lançar alguma perguntas de
modo a estes terem um participação mais activa na actividade. Ex: Virar a garrafa ao
contrário?...)
Para que serve o álcool? (R: desinfectar as feridas ou material, atear fogo). Explicar
para que vou utilizar o álcool e advertir para os perigos.
Retirar o ovo do gargalo da garrafa.
Embeber o algodão em álcool segurando-o com a pinça e colocá-lo dentro da garrafa.
Colocar o frasco do álcool na outra ponta da mesa e chamar a atenção para o facto de
Algodão
embebido
em álcool
60
que, quando mexemos em fósforos o frasco do álcool tem de estar bem longe para não
existir risco de incêndio.
Incendiar o pedaço de algodão com álcool, e colocar rapidamente o ovo novamente
no gargalo.
Chamar a atenção das crianças para o ovo a saltitar. Quando o ovo cair para dentro
da garrafa exclamar: O ovo entrou sem eu o empurrar!!!.
Explicar a razão pelo ovo saltitar: a chama aqueceu o ar; o ar quando fica quente
aumenta e tem que sair e por isso empurrou o ovo para sair)
Mas como é que o ovo entrou se ninguém o empurrou?! (R:). O que aconteceu
quando o algodão deixou de arder? O ar ficou mais frio ou mais quente? (R: mais frio)
Esse ar dentro do erlenmeyer, que ficou mais frio, “encolheu” deixando espaço (dentro
da garrafa ficou um espaço vazio e o ovo entrou para esse espaço) E agora? Como é
que vamos tirar o ovo de dentro da garrafa? (R) Ensaiar sempre que possível as suas
sugestões. Uma das hipóteses possíveis é soprar para dentro da garrafa.
Actividade opcional
No segundo processo, vira-se a garrafa ao contrário e coloca-se o ovo junto ao
gargalo e sopra-se com força
.
62
Iceberg de Plummer (2012)
Observáveis (ponta do Iceberg):
Afasta olhar, falta muito à escola, gestos nervosos/inquietação, postura débil, estraga o
próprio trabalho, problemas na fala, balança-se na cadeira, gosta de rotinas, causa
distração nos outros, chora muito, a criança “invisível”, não completa a totalidade do
trabalho ou completa de forma apressada, evita contacto/é reservado/senta-se sozinho,
rói as unhas/caneta/puxa a roupa, estabelece objetivos que não poderão ser atingidos,
agressivo com os colegas/intimida os outros/insulta os outros, interações restritas com
os outros/competências sociais fracas, precisa de atenção/barulhento/ o “palhaço” da
turma, pergunta com frequência: “falta muito para acabar as aulas/ o almoço/ o
intervalo?”, causa distração nos outros, quando elogiado, dispara contra outra pessoa,
não controla a urina, raramente sorri/ expressão vazia, desliga/tem dificuldade em
concentrar-se, dependente emocionalmente, automutilação
Não observáveis (parte submersa do Iceberg):
Sente-se diferente, sente-se rejeitado/indesejado, sente-se incompreendido,
zangado/ressentido, sente-se “revoltado” por dentro, frustrado, sente-se sozinho/posto
de lado, frustrado, intimidado, sente-se “estúpido”, tudo é um esforço, deprimido,
letárgico/cansado, nervoso/ansioso/posto de lado, medo de falhar, ritmo cardíaco
acelerado, ciumento, tem dores de estômago/de cabeça/sente-se enjoado/tem a boca
seca, com medo de falhar, ciumento, sente-se inadequado/inútil, sente-se pressionado,
não tem controlo, medroso, sente-se indigno, sente-se desesperado, assoberbado,
inseguro, isolado
64
Prática Pré-escolar
MOMENTOS DE RETORNO À CALMA/RELAXAMENTO
5 de março
A semente
A atividade “A semente” decorreu no primeiro dia de estágio, em contexto de
Pré-escolar e, tal como era previsto, realizou-se depois do intervalo de 30 minutos que
terminou às 10:30. Esta foi a primeira atividade dirigida pela estagiária, visto que de
manhã ocorrera a aula de Educação Física, onde tinha apenas de auxiliar o professor na
execução da mesma, e de seguida os alunos tinham apenas sido conduzidos para o
momento do leite.
Esta atividade foi retirada e adaptada do livro “Relaxar as crianças no Pré-
escolar”. Os objetivos principais desta eram: permitir atenuar alguma tensão nervosa e
muscular, consequente do momento de intervalo, favorecendo uma melhor descontração
e também permitir que as crianças aprendam a controlar os seus gestos, a fixar a sua
atenção e a concentrarem-se.
Depois de terminar o intervalo foi pedido que os alunos fizessem uma fila, o que
ocorreu normalmente visto que os alunos já estavam familiarizados com este pedido,
feito todos os dias pela educadora cooperante. Quando chegamos à entrada da sala os
alunos foram confrontados com o pedido da estagiária de entrarem em silêncio e
dirigirem-se para o tapete, sentando-se calmamente e em círculo no mesmo.
Logo de manhã, antes da chegada das crianças, já tinha sido colocado e testado o
cd com a música “A Primavera” necessária para a atividade. O grupo já estava
familiarizado com os momentos de retorno à calma (também eram realizados pela
educadora cooperante) e por isso a estagiária decidiu explicar diretamente a atividade.
No momento em que se deslocava para o leitor de cd’s, pediu para se levantarem e que
ficassem um pouco afastados uns dos outros. Neste momento foi observado como o
facto de a sala ser pequena dificultava a procura de espaço livre para todos os alunos.
Foi necessário orientar algumas crianças na sua posição visto terem ficado inertes ao
pedido (ex:. P6, P12, P1, P9). Depois de estarem todos num local adequado retomou-se
a ida para o leitor de cd’s. A partir dessa zona explicou-se que deveriam imaginar que
eram sementinhas e que deveriam imitar tudo o que a estagiária fazia. Depois de colocar
65
a música, num tom baixo, iniciou a atividade tal como tinha treinado (diversas vezes)
em casa:
Encolheu-se e disse: “- Tal como a semente, vamos tornar-nos muito
pequeninos. Estamos escondidos na terra, muito quentinhos. Não nos mexemos, não
falamos, respiramos “muito devagarinho”, ninguém sabe que estamos ali. A primavera
chega, o tempo começa a aquecer. A semente cresce só um bocadinho e começa a sair
da terra. (começa-se a levantar a cabeça); – A planta cresce…ela cresce cada vez mais.
(as mãos soltam-se); - um pouco mais alto, ainda mais alto, cada vez mais alto.
(começa-se a levantar o resto do corpo); - As folhas da planta crescem. (estica-se os
dedos); - Quando a planta fica madura transforma-se numa mãe e dá outras sementes.
(corpo o mais esticado possível); - No fim a planta começa a murchar. (realiza-se o
processo oposto até ficarem com o corpo encolhido) ”.
Durante este momento a educadora cooperante e as colegas decidiram fechar as
cortinas, o que imediatamente alertou-me para a relevância destes pormenores.
Tal como já tinha sido constatado nas observações, confirmou-se que era um
grupo muito participativo e interessado. Nenhuma criança referiu não querer fazer a
atividade. No entanto, o aluno P1. foi o único que não realizava qualquer movimento,
estando sempre na mesma posição. Tal situação fez com que diversas vezes, durante a
atividade, interrompesse o que estava a fazer/dizer para incentivar o aluno a participar.
Neste momento compreendo que, apesar de querer incentivá-lo, estava apenas a dar-lhe
ordens, como por exemplo: “Encolhe-te P1.”; “Finge que és uma semente pequena na
terra”; “Estica os braços”. Mas tais interrupções não serviram de incentivo e apenas
atraíram a atenção para o aluno em questão.
Os nervos durante esta atividade não existiram e por isso não tentei apressá-la.
Era sem dúvida uma atividade em que me sentia confortável. Decidi realizá-la
novamente, visto que reparei que algumas crianças tinham apenas observado o que tinha
feito e não tinham realizado todos os movimentos. Nesta segunda vez, não realizei
interrupções e consegui “fugir” mais da mimica estudada em casa e incluí outros
movimentos, como vento a bater na planta, o nascimento de frutos, o seu cheiro, a vinda
de uma tempestade e do bom tempo (Sol) depois. Apesar disto não consegui que o P1.
participasse ativamente. Neste momento, penso que poderia ter pedido aos alunos para
sugerirem alguns gestos para a atividade. Sair do zona de conforto, do que estava
planificado, parece ainda ser território a evitar. Fica o desejo de conseguir no momento
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da prática desprender-me do que planifiquei e conseguir ver o que poderei realizar para
melhorar a minha prática.
6 de março
O Senhor Polegar
Esta atividade decorrei na 1ª intervenção, na parte da tarde depois do intervalo.
Depois de estarem sentados no tapete cantámos uma música para retomar o silêncio.
Aproveitou-se o sossego e foi referido que os alunos iam conhecer o senhor Polegar e
que deveriam imitar tudo o que a estagiária fazia. Este tipo de atividade geralmente é do
meu gosto e por isso consegui realizar naturalmente e da forma como tinha treinado em
casa.
Inicialmente mostrei a minha mão com todos os dedos esticados e com um
pequeno rosto desenhado no dedo polegar. Neste momento aproveitei para pedir que
estivessem atentos e que fizessem os mesmos gestos. De seguida, falando suavemente e
com momentos de silêncio entre cada frase, disse: -Shiuuu, o Senhor Polegar tem sono.
Vou-o deitar. (dobra o polegar sobre a palma da mão). – Está muito barulho, é melhor
fechar a porta da cozinha. (dobra o dedo indicador), - E a porta da sala de jantar.
(dobra o dedo médio), - A porta da casa de banho também. (dobra o anelar), - Ah! E
sem esquecer a porta do quarto. (dobra o mindinho). Com o punho fechado sussurra: -
Senhor Polegar, está aqui? – Chiu! Estou a dormir! (tom de voz grave), - Senhor
polegar, estás aqui?, - Já vou sair! (bocejando e desdobrando o polegar), – E digo bom
dia a ti, indicador. (desdobra o indicador), - Bom dia a ti, médio! (desdobra médio), -
Bom dia a ti, anelar. (desdobra anelar), - Bom dia a ti, mindinho! (desdobra mindinho),
- E para acabar bom dia a toda a gente! (sacudindo mãos). Nesse momento decidi com
a mão que realizei a mimica fazer cocegas à criança ao meu lado, que era o P1, o que
criou um momento de risos entre todos os alunos.
Durante a mimica, anterior às cocegas, todos estavam muito interessados e até
pareciam hipnotizados. Estavam todos tão atentos com a atividade que não realizavam
qualquer dos gestos pedidos, limitavam-se a observar.
No final decidi que deveria repetir a atividade e esclarecer que todos deveriam
tentar realizar os gestos e sons comigo e que se fosse muito difícil controlar os dedos
poderiam utilizar a outra mão para auxiliar.
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Na segunda vez, alguns alunos já tentaram realizar as mimicas com a mão.
Muitos apresentavam, como era de esperar, dificuldade em controlar os movimentos dos
dedos. Alguns conseguiram realizar os gestos e dizer algumas partes mais fáceis como:
dizer shiuuu, fingir o bocejo, falar com voz grave. Com esta atividade consegui que
alunos mais tímidos (P5, P17) também realizassem estas pequenas dramatizações. O
facto de a atenção não estar “virada” para eles e todos estarem a fazer ao mesmo tempo
levou-me a pensar que isto poderá ter ajudado na desinibição dos mesmos. No final
relembramos os nomes dos dedos, muitos já se tinham esquecido.
27 de março
Mosquitos
Esta pequena atividade decorreu depois do intervalo do almoço. Esta pequena
dramatização é do mesmo estilo que “O Senhor Polegar” e por isso quando a escolhi
pensei que seria do agrado das crianças. Tal como das outras vezes as crianças estavam
sentadas em círculo no tapete. Referi que lhes queria ensinar algo muito giro que
aprendi com um senhor do continente. De facto isto era verdade, tinha aprendido com
um contador de histórias numa formação para voluntários do dia do Gil, é como o
professor Adolfo F. sempre nos diz: a formação para esta profissão constrói-se não só
na universidade…
Desta vez, ao contrário do Senhor Polegar decidi que deveria exemplificar
primeiro, dar a oportunidade que todos observassem. A dramatização decorreu tal como
tinha realizado em casa e todos estavam atentos, até a educadora referiu que até depois
de tantos anos aprende coisas novas connosco. Embora seja difícil de compreender a
atividade por escrito o desenvolvimento foi o seguinte:
Desenvolvimento: “ Bzzzz… O que é que os mosquitos fazem? (com a mão
fazemos um mosquito a voar) Picam (fingimos uma picadela na mão) …auuuu…o que é
que nós fazemos? Coçamos… (som de coçar e movimento) …Não! (dizer com dedo
não) Pomos pomada! (som e gesto de abrir pomada e depois som de por pomada na
mão) Ahhh (som de alívio) Vamos fazer agora sem dizer nada?” Repete-se tudo sem
falar, só com gestos e sons. “Mas também existem mosquitos muito pequeninooos.
Vamos fazer?” Repete-se tudo só que com gestos e sons muito pequenos. “Mas também
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existem mosquitos muito grandeees.” Repete-se tudo novamente mas com sons e gestos
bem grandes.
Numa segunda vez, todos realizaram comigo. Rapidamente conseguiram
apreender os movimentos e sons a realizar. Quando vi que o P1. estava a realizar fiquei
muito contente, com a atividade a sementinha não tinha conseguido tal feito!
Parecia que todos estavam a gostar, principalmente de fazer os gestos e sons
muito grandes. Realmente a oportunidade de dizer o mais alto possível “Ahhh!” (som
de alívio) numa sala não é muito comum. Ainda repetimos mais uma vez e de seguida o
P14 sugeriu que fizéssemos as abelhas, a ideia pareceu-me muito interessante e por isso
realizámos.
29 de março
Em que criança estou a pensar? (sentimento de competência)
Esta atividade de retorno à calma foi realizada depois do intervalo de almoço.
Depois de todos estarem sentados, em círculo no tapete, procedeu-se à explicação da
atividade, apesar de nunca a terem realizado pareceu-me, no momento, que todos
tinham percebido. Explicou-se que neste jogo a estagiaria iria pensar numa criança e
que eles teriam de descobrir quem era, para isso teriam pistas. Nesse momento uma
criança perguntou: o que são pistas? O significado desta palavra pareceu-me tão
evidente que a melhor maneira que encontrei de explicar foi através de um exemplo.
Talvez deveria ter explicado primeiro o significado para de seguida dar o
exemplo…Apesar disto a criança pareceu compreender e conseguiu participar na
atividade normalmente. Na primeira criança que pensei, logo após ter dito uma pista (É
uma rapariga) todos apressaram-se para dizer: Eu sei!! Ora aí estava a consequência de
não ter dito na explicação que deveriam esperar por várias pistas para terem a certeza de
quem era a criança. Só quando fui confrontada com esta situação é que esclareci-lhes
sobre este facto. Realmente, ao longo da atividade as regras foram sendo explicitadas
em vez de terem sido todas apresentadas inicialmente.
Nos primeiros exemplos as crianças participavam livremente, quem sabia
respondia…Mas com o passar do tempo fui-me apercebendo que eram sempre as
mesmas crianças que participavam, por exemplo, P8, P7, P18, P11, P3, P4, P14, P13.
Tentando inverter a situação, primeiramente, decidi que quem achava que sabia deveria
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levantar o dedo, caso dissesse sem ter o dedo levantado perdia. Esta técnica auxiliou-me
muito na observação de quem queria participar e quem não participava e a controlar os
mais excitados com a atividade. Numa segunda fase, ao ver que existia um grupo que
necessitava de ser incentivado, decidi escolher a criança que deveria descobrir.
Crianças que por vontade própria não participavam, como o P1, o P6, o P19, a
P5 quando questionados sabiam responder. De todo o grupo quem mostrou mais
dificuldades foi o P2 e o P12.
Apesar de não estar especulado na planificação, optei, numa fase final, permitir
que os alunos pensassem numa criança e formulassem as pistas. O grau de dificuldade
era superior e nem todos os alunos tiveram a oportunidade de realizar esta tarefa.
Algumas crianças que a realizaram tiveram de ter apoio, por exemplo quando não
sabiam uma pista eu dava um exemplo de pista e perguntava se estava certa. Por
exemplo: Esse menino que estás a pensar está de calças de ganga?; a criança respondia
se sim ou não e isso ajudava os colegas. Talvez com a realização dessa atividade mais
uma vez os alunos realizariam as pistas de forma mais autónoma.
30 de março
As massagens (consciência do outro/contacto)
Descrição: As crianças, em pares, irão fazer massagens umas às outras,
seguindo as minhas indicações. A educadora mostra às crianças a maneira como se
deslocam diversos animais, por exemplo, o elefante, a serpente, a formiga e muitos
outros. As crianças dispõem-se livremente no tapete, em pares, uma deitada e a outra a
fazer as massagens e vice-versa. A criança que realiza as massagens pressiona com as
mãos nas costas do seu companheiro simulando as pegadas que deixariam os animais ao
deslocar-se: por exemplo, o elefante faz-se de punhos fechados; a formiga com a
pontinha dos dedos; a rã com movimentos descontínuos, como se saltitasse; a serpente
com um movimento contínuo. Este exercício de relaxamento tem por objetivo
sensibilizar zonas distintas das costas e responder a uma reação táctil.
Esta atividade foi escolhida porque na intervenção da minha colega E.S. os
alunos mostraram muito interesse. No tapete, sentados em círculo, depois do intervalo
de almoço disse aos alunos que íamos fazer as massagens que a E.S. tinha ensinado.
Imediatamente ficaram todos interessados. As minhas colegas fecharam as cortinas e
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referi o par de cada criança. Não houve escolha prévia, as crianças faziam ao que estava
ao seu lado. O P14 queria receber as massagens mas quando era a sua vez de agir referia
que doía nos dedos fazer. Foi necessário chamar-lhe constantemente à atenção.
7 de maio
A caixinha mágica (criatividade)
Descrição: Caixinha mágica - Esta é uma atividade para desenvolver a
criatividade. No tapete, começo por dizer que tenho uma caixinha mágica invisível (que
só funciona com silêncio) finjo abrir a caixa e tiro de lá o que quiser, por exemplo
quando abro digo que tem lá borboletas e faço o gesto de borboletas (as crianças têm de
fazer o mesmo gesto). Quando finjo que fechei a caixa todos têm logo de parar os
gestos. Passo a caixa a uma criança que faz o mesmo mas “sai” da caixa o que ela quiser
e assim sucessivamente.
Esta atividade decorreu depois do intervalo do almoço e como de costume
estavam todos sentados em círculo no tapete. Como o professor Adolfo Fialho já nos
tinha dito é necessário, às vezes, criar o efeito mistério e por isso comecei por referir
que tinha uma coisa muito especial para lhes mostrar mas que só funciona com muito
silêncio. Depois do silêncio fingi que estava a pegar numa caixa e meti na minha frente,
todos estavam atentos. Expliquei que da caixa consigo tirar tudo o que quiser e aí fingi
abri-la e tirar de lá borboletas (gesto com a mão), pedi que todos fizessem também
borboletas, quando fingi fechar a caixa todos tiveram de parar os gestos. Ao mimar
passar a caixa a uma criança perguntei o que ia sair da caixa mágica. Todos os alunos
participaram e houve alunos que quiseram repetir…ao que parece estavam cheios de
ideias! Alguns deles eram: o P13, o P14, o P8, a P18, o P12 e o P15. Durante a
atividade saíram borboletas, aviões, carros, motas, tratores, sapos, leões… da nossa
caixa mágica. Foi muito bom ver o P1. entusiasmado e a tirar da caixa motos e carros.
Um facto interessante foi de que algumas crianças não queriam “fechar” a caixa
mágica e quando dizia para passarem a outro colega referiam: Mas ainda não fechei a
caixa! E lá tinha eu de os convencer a fazê-lo… Outro facto interessante foi que
perguntaram se tinha mesmo ali um caixa invisível…Ouvir isso foi muito compensador,
ver que tinham mergulhado na fantasia. Claro que afirmei até ao fim estar ali uma caixa!
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7 de maio
O Comboio (sentimento de pertença)
Descrição: O comboio é uma atividade de trabalho de equipa, no momento em
que as crianças vão para o recreio fazem uma fila. Algumas destas serão o motor do
comboio (fazem som de motores), outras são as rodas (fazem gestos com os braços de
rodas a movimentarem-se), outras são o motorista (conduz na frente), outras os apitos
(fazem som de apito) e por fim outras as chaminés (som de fumo a sair). Os meninos
que são os apitos e chaminés emitem o som apenas quando for indicado pelo motorista.
Esta atividade decorreu antes de irmos para o recreio das 10:30, todos os alunos
estavam sentados no tapete e os encarregados do dia foram a meu pedido para o lado da
porta. Como de costume pedi para cantarem “Se eu fosse um peixinho”, canção
utilizada para chamá-los para a fila. Quando todos já estavam na fila pedi para que
ficassem dois a dois, o que causou alguma agitação. Expliquei que iriamos fazer um
comboio especial para irmos para o recreio e que nesse comboio cada um ia ter um
papel muito importante, que uns iam ser as rodas, outros o motor… Durante esta
explicação, no fundo da fila, alguns já não prestavam atenção e por isso tive de repetir.
Nesse momento arrependi-me de os ter levantado e formado já a fila, a explicação e
distribuição dos papéis de cada um ainda no tapete ter-me-ia facilitado a vida em muito!
A verdade é que a falta de tempo apressou a atividade.
A distribuição dos papéis de cada um foi aleatória, os da frente eram os
motoristas, depois os seguintes eram as rodas, depois tinha os apitos, os do meio eram
as chaminés e os do fundo eram motores. Posteriormente à distribuição, a estagiária fez
o som/movimento correspondente a cada uma das partes. Foi necessário insistir nesta
parte perguntando a alguns alunos o que eram e o que tinham de fazer. Testámos o
nosso comboio ainda dentro da sala mas parados, teria sido interessante ter andando
pela sala… Os motores que estavam ao fundo eram os menos ativos, penso que era o
som mais difícil de produzir e como estavam no fundo tinham ser mais incentivados. Os
motoristas trabalharam bem e os apitos e chaminés trabalhavam sempre que um
motorista fazia o seu gesto correspondente. No entanto, às vezes era necessário referir o
que os motoristas tinham mandado fazer. Teria sido interessante se os motoristas
tivessem placas, ora para as chaminés ora para os apitos. Sempre que levantassem uma
delas os colegas já saberiam, talvez para uma próxima… Percorremos o corredor e
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fomos até ao pátio, no final era visível o orgulho de algumas das crianças no seu
comboio, mas noutras nem tanto…
8 de maio
A rede da amizade (elogio)
Explicação: Nesta atividade, um rolo de lã vai passando pelas crianças que têm
de fazer um elogio sobre o colega a que passam o rolo de lã, no final teremos uma teia
de amizade.
Esta foi a última atividade de retorno à calma realizada pela estagiária e por isso
já havia uma grande empatia, a meu ver. Sendo já no último dia, em casa não
perspetivei qual o possível seguimento que a atividade poderia ter.
Depois de chamar o grupo do recreio, como realizava normalmente, formaram
uma fila e dirigiram-se para a sala, onde foi pedido que entrassem em silêncio e que se
sentassem em círculo no tapete. Isto foi depois da hora de almoço e como de costume,
por essa hora, estavam mais excitados. Houve algum barulho e como já tinha ocorrido
noutras situações a P3 e o P7 discutiram pelo local onde se iam sentar. Para resolver a
situação meti o P7 no meu lado. Como estavam um pouco agitados e tinha na mão o
rolo de lã necessário para a atividade, começaram logo a perguntar “Mas para que é?”, o
que ajudou a aumentar a confusão. Ai recorri à velha técnica da chantagem…Escondi o
rolo e referi que só saberiam quando estivessem calados e resultou… Aproveitei o
silêncio e a curiosidade e expliquei a atividade.
Referi que com apenas aquela lã iriamos criar um círculo da amizade, o nosso
círculo da amizade. Inicialmente esta atividade tinha como nome rede da amizade. Mas
no momento, quando vi o quão excitado estava o grupo para tocar e puxar o fio deduzi
que estarem a passar uns aos outros de um lado para o outro não iria ser viável e a
confusão iria se instalar novamente. A solução que encontrei, na circunstância, foi de
que os alunos iam passando ao colega do lado e assim formava-se o nosso círculo da
amizade. Referi que para passarem ao colega do lado tinham de fazer um elogio, dizer
algo bonito, simpático, mas verdadeiro sobre aquela pessoa. Optei por não dar
exemplos. Neste momento a educadora cooperante interveio e questionou os meninos se
ainda se lembravam do arquipélago “Eulândia” que visitaram. Este arquipélago tinha
várias ilhas e num dia as crianças “visitaram” uma ilha, a dos elogios. Este projeto tinha
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estado na posse da estagiária e tinha sido folheado. Logo no momento compreendi
como a ligação entre as aprendizagens realizadas com as novas é essencial, também
desejei ter aquela capacidade de mobilização como a educadora cooperante. Talvez a
experiência auxilie…
O primeiro elogio foi realizado por mim e foi direcionado ao P7 que estava ao
meu lado. Nesse momento percebi como o facto de não podermos escolher a pessoa que
queremos elogiar poderá aumentar o grau de dificuldade. Com a vontade de não mostrar
hesitação optei por um elogio, a meu ver, pouco pessoal (És um menino muito bem
comportado). O que referi realmente era sentido mas logo na ocasião achei que poderia
realizar melhor.
A maioria do grupo realizou os elogios mas a P5 no seu momento não
conseguiu, parecia envergonhada por ter a atenção direcionada para si ou então por ter
de realizar um elogio a um rapaz, o P8. A educadora cooperante chamou-a e disse para
lhe dizer ao escuto, mas manteve o olhar para o chão e mãos sempre juntas. A
educadora acabou por referir que ela era assim, que ela fica com um “nó” na garganta e
que nunca mais dizia nada. Durante esta situação, a meu ver, parecia que o P8 queria
receber também um elogio e que observava a colega à espera que algo saísse. Quando a
P5 retomou para o seu lugar decidi que deveria de dar o elogio, ao qual o aluno sorriu.
A P5 ficou de dizer, se quisesse, no final, um elogio ao P8, mas tal não aconteceu. O
pior é que não lhe voltei a perguntar…
Na sua maioria, os elogios, ao contrário do que estava à espera, eram muito
concretos e baseados em situações do dia-a-dia, como por exemplo: Jogas bem futebol,
sabes pintar muito bem, gosto de brincar contigo, sabes cantar muito bem, és bom a
matemática…Havendo também alguns que referiram: és meu amigo(a) és bonito(a).
O facto de não ter mentalmente os elogios associados às crianças que os fizeram
e às que os receberam mostra que a minha atenção não estava focada no essencial da
atividade, mas sim focada em controlar o P14 e o P2 que constantemente queriam puxar
o fio para si! Foram constantes as vezes que tive de os chamar à atenção.
Penso que foi uma atividade interessante, mas alguns alunos repetiam outros
colegas. Inicialmente, fui deixando passar, no entanto, com o passar dos alunos, aos
poucos ia dizendo que era repetido e que deveriam pensar noutros elogios. A verdade é
que com estas crianças tinha de dar vários exemplos e eles escolhiam um. Na ocasião
pareceu-me uma boa opção, mas a realidade é que o elogio estava a ser dado por mim,
no fim de contas, e não pela criança. Mas como eu própria não tinha estado totalmente
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satisfeita com o elogio que tinha feito inicialmente consegui compreender a dificuldade
que esta atividade trazia para crianças tão pequenas.
No final, conclui referindo que o nosso círculo da amizade estava formado. Os
objetivos principais da atividade eram: que as crianças recebessem elogios e que
conseguissem realizá-los aos colegas. Creio que foram bem-sucedidos.
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Aula de Educação Física
“Descrição das atividades
Dia 7 de maio
(Segunda-feira)
No dia 7 de maio a rotina diária terá início às nove horas com a ida do grupo
para a aula de Educação Física. Esta aula será orientada pela estagiária e iniciar-se-á
com o jogo dos abraços (aquecimento). Neste jogo, a estagiária tem uma pandeireta que
vai tocando, enquanto tocar, as crianças correm pela área, quando parar de tocar, as
crianças têm de fazer o que esta manda. Exemplo: Se disser barriga a criança tem de
procurar um par, tocar na barriga dele e ficar parada até a estagiária voltar a tocar a
pandeireta. O mesmo procedimento acontece com outras partes do corpo.
Numa segunda fase, a estagiária explica que agora em vez de tocarem em partes
do corpo quando parar de tocar pandeireta, têm de arranjar um par para abraçarem. Para
aumentar o grau de dificuldade aumenta o número de pessoas no abraço até ocorrer um
abraço coletivo.
Depois do aquecimento, a estagiária vai referir que existiam três tartarugas, a
Verdinha, a Bolinhas e a Fresquinha, que viviam na praia e que um dia decidiram ir
caçar camarões para o seu jantar. Mas quando iam no caminho, as três magoaram-se
numa das patas! De seguida será referido que os meninos […] terão de ajudá-las a
chegar ao veterinário. As crianças serão divididas em três grupos. Cada grupo vai ter de
levar uma tartaruga (lençol) de uma ponta do polivalente até à outra (onde está o
veterinário). No começo as crianças podem se mover para diferentes direções e pode
demorar algum tempo até que elas percebam que têm que trabalhar juntas para a
tartaruga se mover (o objetivo do jogo é mesmo este trabalho de equipa). Quando
chegarem ao veterinário (outra ponta do polivalente), vai ser referido que as tartarugas,
agora que já estão tratadas, têm de voltar a casa (fazem caminho oposto). De seguida
será referido que enquanto as tartarugas ficaram em casa, a melhorar das suas patas,
apareceram na praia uns meninos muito mal comportados, que sujaram a praia toda!
(nesse momento coloco no chão diversos objetos - papéis, plásticos) e que as crianças
deverão ajudar a limpar a “praia” (Distribuo sacos do lixo a cada um).
Neste momento será explicado que na limpeza, não podem colocar o lixo no seu
saco mas sim no saco de outro menino (tornando o trabalho mais cooperativo que
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competitivo). Também será relembrado quais os objetos que devem ir para o saco
amarelo e quais para o saco azul (como na reciclagem).
Quando a praia estiver toda limpa, para celebrar os meninos vão jogar o Jogo de
congelados (criança quando é apanhada fica congelada e para a salvarem têm de passar
entre as pernas dela). Posteriormente, dependendo do tempo, o relaxamento ocorrerá ou
no ginásio ou na sala. Neste momento, cada criança vai fingir que é um coala, para o
caso de não conhecerem este animal vou levar uma imagem […] Irei explicar que os
coalas são conhecidos por serem muito preguiçosos, dorminhocos e que fazem
movimentos muito lentos. Todas as crianças terão de fazer movimentos idênticos aos da
estagiária de forma a realizarem alongamentos. “ (In Sequências Didáticas)
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Da estagiária para
alunos
“Os teus queques estavam muito bons! És um bom pasteleiro ” – C7
“Gostei da carta que me enviaste Vou guardá-la!” – C1
“Fizeste muito bem de conjurado! Gostei ” – C21
“O desenho que me ofereceste era muito giro! Gostei muito, obrigada ” – C3
“És uma atinada! Podias ser espanhola… falaste muito bem espanhol!” Parabéns ” – C2
“Gostei do fim da tua história dos “Chibos sabichões” – C11
“Foste o único que tentou decorar a fala na dramatização, gostei! Obrigada pela pulseira, vou guardá-la!” – C5
“O desenho que fizeste do Convento de Mafra ficou muito giro!” - C20
“Gostei de te ver como Marquês de Pombal! Boa dramatização” – C8
“És bom a História! Parabéns ” – C10
“Gosto tanto da tua franja ” – C5
“Gostei de ser tua professora e da tua mensagem também. Beijinhos” - C17
“Gostei muito de te ver de conjurado. Tens jeito! !
“És rápida a correr e a escrever também! Gosto! ” – C13
“Tens sempre uns laços tão lindos no cabelo! És uma linda!” – C16
“És bom a dizer trava-línguas. “A Sasha fez chichi no chão da sala” ” – C6
“Sempre pronta para ajudar os colegas e a professora. Parecias a minha assistente ” – C9
“Reparei que és bom a História. Parabéns!”- C12
“C19, o meu priminho Passei todos os dias a usar a tua mesa. Obrigada!” – C19
“Li a tua carta e prometo nunca te esquecer! És inesquecível Um exemplo de aluna” – C14
“Já vi que és muito boa a História. Parabéns ” – C15
De alunos para
outros alunos
“Oh! C18, eu gosto muito de brincar contigo, quando tu vais para São Roque. Eu gosto de ir brincar contigo e ir para a
tua casa jogar” – De C10 para C18
“Olá C13, sabes que eu gostei muito de brincar contigo? E tu já sabes o que é que tu vais brincar amanhã? Pensa bem. Tu
és a minha melhor amiga do fundo do coração. Tu sabes, não sabes? Eu já sei o que nós vamos fazer amanhã. Podemos
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fazer tanta, tanta coisa, podemos passear com as nossas amigas e podemos partilhar beijinhos.” – De C14 para C13
“És fixe e tu és o maior amigo de todos e estás sempre as brincar comigo” – De C4 para ?
“Olá C9, és uma excelente amiga. E mais uma coisa, como amiga és gira, bonita e gosto muito de ti. <3” – De C19 para
C9
“Gosto de ti porque és meu primo, eu gosto de brincar às escondidas e tu o que gostas de brincar?” – De C5 para C6
“Tu és o meu melhor amigo e eu nunca te vou esquecer. Estás no meu coração e não sais de lá dentro, de onde faz tum!
Tum! tum!” De C6 para C21
“Olá como estás? Eu sei que tu tens um namorado. Sei quem é <3” – De C1 para C3
“Eu gosto muito de brincar contigo. Tu vais estar sempre no meu coração, aconteça o que acontecer <3” – De C3 para C9
“És um bom amigo e também és fixe. Lindo como amigo e adoro brincar contigo. FIXE ” – De C20 para C21
“Gosto de ser teu amigo!” – De C7 para C11
“Gosto da tua roupa e gosto de brincar contigo!” – De C15 para C1
“És um bom amigo e um bom colega. Fazes sempre os trabalhos.” – De C12 para C18
“C14, eu gostei de estar contigo no recreio com as nossas amigas. Eu quero que a gente fique sempre amigas. Eu quero
dizer-te eu sou a tua amiga para sempre.” – De C13 para C14
“Gostei muito de brincar contigo hoje e gostei da nossa brincadeira. Tu és um grande amigo e gosto que tu sejas meu
amigo.” – De C21 para C6
“Olá” Gosto de ser o teu melhor amigo e gosto de brincar contigo.” – De C11 para C7
“Gosto de brincar contigo às apanhadas, escondidas e ao congela. Quem me dera estar sempre contigo em casa do meu
pai” – De C18 para C10
“Gosto muito de brincar contigo no recreio e quando vais para a minha casa e a gente anda de patins e brinca à bola lá
fora. E gosto muito de ti <3” – De C9 para C13
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Atividade com a reta cronológica da 4ª Dinastia
Ilustração 1
Justificação da atividade, retirada da última sequência didática do 1º Ciclo : “Na
construção das coroas, cada aluno tem liberdade para criar a sua própria coroa e
desenvolver a sua criatividade. Ao conseguir realizar, de forma independente, a
moldagem, o recorte e a decoração, pretende-se que ganhem confiança para atividades
autónomas mais difíceis. Conforme o desempenho dos alunos, nesta atividade, partir-se-
á, no dia seguinte, para uma atividade mais difícil, em que devem, na medida do
possível, resolver de forma autónoma. Esta atividade, que consiste em preencher uma
reta cronológica, centra-se no desenvolvimento do raciocínio lógico. Foi observado que
muitos alunos têm dificuldade em contextualizar os resultados que obtêm nos seus
cálculos, por exemplo, na ficha de avaliação, realizada pela minha colega […], o C8
realizou um cálculo onde o resultado da subtração era maior que os dois números
juntos. Esta atividade poderá ainda ajudar os alunos a refletirem mais sobre os números
e as relações existentes entre eles” (in Sequências Didáticas 1.º Ciclo)
Explicação: Antes de realizar esta atividade os alunos já estavam familiarizados com o
recurso friso cronológico. Cada formando teve um friso (apresentado em baixo) para
completar com datas importantes. Houve ainda uma exploração conjunta de questões
matemáticas e questões históricas, com o auxílio de um friso grande (ilustração 1).
Etapas da atividade:
o Apresentar a reta cronológica em tamanho grande, que estará colada no quadro.
o Cada aluno recebe um friso em tamanho A3 e folha com informações sobre a 4ª
Dinastia.
o Recortam os nomes dos reis e os acontecimentos que posteriormente têm de
colar na sua reta cronológica.
85
o De seguida, colocam-se diversas questões relacionadas com esta dinastia e com
Matemática.
o Depois de procurarem autonomamente a resposta à questão colocada pela
estagiária, em conjunto, resolve-se na reta cronológica grande.
Impacto junto dos alunos:
o A estagiária crê que a atividade/recurso auxiliou os alunos a situarem no tempo
acontecimentos importantes.
o Ainda que o trabalho fosse de cariz autónomo muitos alunos necessitavam de
reforços positivos.
o Os alunos tiveram a oportunidade de explicar, aos colegas, os seus diferentes
raciocínios para a resolução da mesma questão.
Exemplos de questões colocadas:
o Sublinha, na reta, a verde todo o século XVIII. Faz o mesmo para o século XIX,
utiliza a cor vermelha.
o Quem foi o 1º rei da 4ª Dinastia? E o último?
o Em que século foi descoberto o ouro no Brasil? E em que reinado?
o Que rei da 4ª Dinastia reinou mais anos? Utiliza cálculo mental.
o Quantos anos durou a 4ª Dinastia? Utiliza cálculo mental.
o Quantos séculos esta dinastia percorreu?
Jogo de memória – Professor dá uma pista sobre a pergunta que vai fazer e dá um
pequeno tempo para os alunos olharem para a reta. De seguida, todos tapam a reta e o
professor escolhe alguém para responder à questão (proibido olhar para a reta).
86
4ª Dinastia – Dinastia de Bragança
l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l
1640 1656 1683 1706 1750 1777 1816
1910
1908 1889 1861 1853 1834
1826
1828
87
D. João IV D. Afonso VI D. Pedro II D. João V D. José I D. Maria I D. João VI
D. Pedro IV D. Miguel D. Maria II D. Pedro V D. Luís I D. Carlos I D. Manuel II
1 de dezembro de 1640
Restauração da Independência
1693
É descoberto ouro no Brasil
1755
Terramoto de Lisboa
1807
1ª invasão francesa
A família real
parte para o Brasil
1809
2ª invasão francesa
1810
3ª invasão francesa
1869
Fim da escravatura
1910
Implantação
da República
89
Transcrição de vídeo realizado durante de uma das atividade de autoestima
Esta atividade decorreu nos dias 22 e 23 de novembro de 2012 com a turma do
1.º Ciclo que realizei o estágio. No primeiro dia realizaram a construção de coroas com
diferentes materiais e com total liberdade. No dia seguinte realizou-se a entrega das
coroas e a aprendizagem de uma dança típica do século XVIII. Esta transcrição insere-
se neste segundo momento. Antes da gravação a estagiária, em conjunto com os alunos,
desviou algumas mesas de forma a existir no meio da sala um corredor. O aluno, que era
chamado pela estagiária, tinha de percorrer este corredor e no fim, junto ao quadro,
tinha de proferir uma razão real de porque merecia ser rei. Após isto seria “coroado” e
voltaria ao seu “trono” (cadeira) com a coroa. Depois de explicados os passos e a
atividade, começou a parte que está gravada.
Objetivos da 1ª etapa:
- Desenvolver o sentimento de competência através da realização de trabalho autónomo;
- Desenvolver a criatividade dos alunos;
Objetivos da 2ª etapa da atividade:
- Promover a reflexão sobre si mesmo;
- Promover o desenvolvimento do sentimento de ser uma pessoa digna e especial;
Objetivo da 3ª etapa:
- Reconhecer o trabalho realizado pelos alunos através da utilização das coroas durante
a aprendizagem da dança Bourreé.
Legenda:
> símbolo de passagem de um aluno pelo corredor (ida)
< símbolo de passagem de um aluno pelo corredor (regresso)
As falas que são de “Aluno” são de crianças que não foi possível reconhecer a voz.
90
Transcrição da entrega de coroas
Duração:
10 minutos
Observações Comentários
Estagiária:
Porque é que achas que
deves ser rei?
Professora titular:
Playstation…
Estagiária:
Deixa-me ver quem é o
seguinte…C8…Anda
(sorri)
Faço gesto com o dedo
para o C18 ficar em
silêncio.
Sabes jogar com teu
irmão é?
Não quero repetições
(sorri). Muito bem.
(fui buscar outra coroa)
(estou a tirar coroa)
Alunos:
C12 – Porque eu sei jogar
Playstation
<
>
C8 – (atravessa corredor)
Porque é que achas que
mereces ser rei?
C18 – Eu também ia dizer
isso.
C8 – Porque eu gosto de
jogar com meu irmão.
Diz que sim apenas com a
cabeça (atravessa corredor
sorrindo)
<
C21: Mais vale a pena tirar a
mochila.
Quando é coroado o grupo
ri-se.
Parece apressado em
atravessar o corredor.
(está permanentemente
sorrindo, parecendo muito
feliz ao ser coroado)
Tom assertivo e não
autoritário (Estagiária)
Alunos em silêncio
parecem atentos.
Ao dizer isto parece
“farto” que eu toque na
mochila dele quando
passo.
91
(vejo o nome na coroa)
C19.
(olho para o relógio)
Shiu (com gesto) Acabou.
C19, porque é que achas
que deves ser rei?
Boa.
(C21 passa-me uma
coroa)
C6: Ainda bem não foi a
minha.
C10: A minha está em cima
da caixa de primeiros
socorros.
Aluno: E a minha.
>
C19. (levanta-se e dirige-se
para o corredor)
Aluno: Há pessoas.. ( não se
percebe o resto)
C19: Porque gosto muito de
Portugal.
<
O aluno estava sentado na
frente e poderia não
atravessar o corredor todo,
mas optou ir para o fundo
da sala e atravessar na
totalidade.
Alunos parecem bem-
dispostos, havendo
pequenos risos.
Demora mais que os
colegas a atravessar.
Penso que olhei para o
relógio para ver o tempo
que ia demorar esta etapa
da atividade.
Estava silêncio, por isso
penso que o “shiu” era
para o aluno que falou.
Parece que o que o aluno
disse não era adequado.
Aluno viu eu que precisava
de uma coroa e mostrou-se
ativo em ajudar, visto que
estavam em cima da sua
mesa. No vídeo não é
possível ver mas a C14 e
92
2 minutos
C9!
C18 (gesto para se calar)
Porque é que achas que
deves ser rainha?
É a melhor coisa que tu
fazes é jogar computador?
C6!
Porque é que achas que
deves ser um rei?
Boa.
C4!
Shiu.
C9: Eu?? Ah professora…
>
C9: Porque sou boa a jogar
computador.
Sim.
>
Ehh.
>
C6: (“abrindo” os dois
braços) Porque gosto da
minha família.
<
C9 também estavam a
ajudar, tirando as coroas
do armário e colocando na
mesa do C21.
Sorri constantemente e
apressa-se para ir para o
corredor.
Chamo o C18 para voltar a
estar atento.
Enquanto coroava a C9 o
C21 já estava a escolher
qual a coroa seguinte que
me queria dar.
Não sorriu durante toda a
“coroação”, no fim faz um
sorriso “falso” olhando
para o C10, parece não
gostar da atividade, os
colegas mantêm as coroas
mas ele logo após de se
sentar tirou a sua.
Nem está muito barulho,
apenas sussurros.
93
C4, porque é que achas
que deves ser um rei?
Aqui tens a tua coroa
artista (sorri)
C3!
Porque é que achas que
mereces ser uma rainha?
Diz.
C21!
Porque é que achas que
mereces ser um rei?
(Começo-me a rir)
Oh, agora atenção. C18.
>
Porque sou artista e quero
uma coroa artista (aponta
para a coroa)
C4: Yeah.
Aluno: És artista. <
(C6 tem novamente a sua
coroa na cabeça)
>
(atravessa com mãos juntas
e a fazer barulho com os
pés)
(fala muito baixo, não se
percebe)
C3: Porque gosto de ajudar
minha mãe.
<
C21: Porque eu sou muito
lindo e sou muito bom.
(sorri)>
<
(turma ri durante uns
segundos)
Parece satisfeito ao sorrir.
Parece que estou com
pressa porque a C3 ainda
não terminou de atravessar
o corredor e já estou a
perguntar!
O seu percorrer do
corredor, ida e volta,
parece diferente dos
colegas, meio
“apalhaçado”
Tem um andar muito
natural na ida, já na vinda
desfila - parece satisfeito
com os risos
94
Diz lá!
Porquê?
Fazes muito bem ajudar
tua avó!
C13!
(olho para o relógio)
Pronto já está…C13 agora
és tu.
Posso-me sentar aqui?
(pergunto baixinho ao
C11)
(Sento-me no canto da
mesa do C11, mas, um
segundo depois volto-me
a levantar)
Porque é que achas que
deves ser uma rainha?
(ainda na mesa diz)
O que eu gosto muito é de
ajudar a minha avó.
>
C18: (ri-se enquanto fala,
não se percebe o início)
…porque eu gosto de ajudar
minha avó.
Porque eu bato o recorde em
ajudar minha avó.
<
E eu ainda ajudei minha avó
enquanto estava de braço de
gesso.
C13 (em tom baixo) Nãoo…
(colegas riem)
(C11 diz que sim, acenando
a cabeça)
>
(C13 percorre o corredor e
em dado momento tapa os
olhos com a mão)
Como o aluno começou a
falar mais cedo esqueci-me
de fazer a pergunta.
Parecia muito interessado
em falar da sua relação
com a avó.
Parece estar envergonhada.
95
4minutos
Gostas de ajudar teu
irmão.
(Pego em duas coroas de
uma vez)
C10!
Oh vai também…
C10, porque mereces ser
um rei?
Porque ele gosta de ajudar
o seu pai. Muito bem.
(eu endireito a coroa)
Estagiária Sofia: Daniela,
a C16.
C13: (em tom baixo e a
esfregar as duas mãos
constantemente) Porque
gosto de ajudar meu irmão.
Aluno: Hem?
<
(C13 não percorre o
corredor por completo na
vinda- “faz atalho”)
(C10 dirige-se para o fundo
do corredor)
C18: Ouh para onde é que
ele vai?
>
C10: Tá ao contrário (aponta
para coroa)
Porque eu gosto de ajudar
meu pai.
C6: ‘Tá de lado.
<
C18: Ela ‘tá de lado, vê ´tá
toda torta.
C6 referia-se à coroa do
colega.
Alguns alunos riem, por
isso aparentemente o
ambiente é agradável
ainda.
Colega de estágio alertou-
me porque a aluna em
questão tinha de sair da
96
5 minutos
C7, anda.
C7, porque é que mereces
ser um rei?
Porque ajudas tua mãe.
Muito bom!
Podes ir para o teu trono.
Mereces uma salva de
palmas (rio-me)
Podes ir para o teu trono.
C16!
É melhor eu ir… (dirijo-
me para aluna em questão
e desvio mesas)
C7, deixa a tua (mesa).
Silêncio meninos.
C16, porque mereces ser
uma rainha?
>
C7: Porque ajudo minha
mãe.
Eu mereço uma salva de
palmas.
(turma bate palmas)
<
Aluno: Chega a mesa mais
para a frente)
(C2, C6, C4 e C15 desviam
as suas mesas)
C18: Tnantanan
>
(C8 sorri e bate palma
olhando para C16 a
atravessar o corredor e
acaricia-lhe o braço)
(C18 toca-lhe no braço)
Bolsista que acompanha a
criança: Porque adoro
comer.
(risos gerais)
sala mais cedo (aluna com
síndrome de Rett).
Não foi necessário eu pedir
para baterem palmas.
Sem pedir os alunos
ajudavam-me a organizar a
sala para a aluna de cadeira
de rodas conseguir passar.
C18 fez som típico de
cortejo durante a sua
passagem. Parecem ter
carinho pela aluna.
97
6 minutos
Linda.
C14!
Oh C21, acabou…
C14, porque merces ser
uma rainha?
Muito bem. Vais dar uma
bela rainha (rio).
C17! Porque mereces ser
um rei?
Gostei muito. Muito bem.
És sempre amigo. Gostei.
C15!
Porque mereces ser uma
rainha?
Muito bem.
(C19. começa a bater
palmas)
(turma bate palmas)
<
C21: Óh professora, eu sou
tão mau…
>
C14 (fala mexendo no
cachecol) Gosto de Portugal
e gosto dessas pessoas que
aqui vivem.
<
(risos)
>
C17: (sem mexer o corpo e
gaguejando) Porque quando
os amigos separam-se eu
tento …a ser outra vez
amigos.
(Aluno reage sorrindo)
<
(algumas crianças batem
palmas)
Aluno: Metade da turma já
‘tá coroada.
>
C15.: Porque gosto de
Penso que o C21 referia-se
ao facto de estar a escolher
a ordem. Respondi-lhe
num tom assertivo e não
autoritário)
Ambiente positivo
contínua.
Postura rígida, parece
“desconfortável”
98
C20!
C20, quase que és mais
alto que eu.
Porque mereces ser um
rei?
Professora titular: É
repetido.
C5!
Porque mereces ser uma
rainha?
Porque gostas dos teus
amigos.
Estagiária S: Do C11?
Eu: O C11 também tem
ali. Fiz uma para a C1 e
para o C11, porque eles
…
(Vou buscar as coroas do
C11 e C1, ao fundo da
sala)
Espera aí...
ajudar.
<
C21: (ao entregar-me a
coroa) C20.
(sorri)
>
C20: Porque gosto de ajudar.
<
(saindo tapa a cara)
>
C5: (em tom baixo e com as
mãos a mexer no quadro)
Porque gosto dos meus
amigos.
<
C18 e outros alunos
completam: Faltaram!
Aluno: Ah, tão bonito.
A professora titular ficou
falar um pouco com ele.
Penso que tapou a cara por
termos referido que era
repetido.
Turma parece estar atenta e
alunos continuam curiosos,
a seguir o que faço.
99
8 minutos
C2!
Porque mereces ser uma
rainha?
Porque gostas da tua mãe
e do teu pai.
C1!
C1, porque mereces ser
uma rainha?
Podes ir.
E finalmente o C11!
Podes ir, vai.
‘Tá certo, vai C11 (rio).
A nossa rainha (referindo-
me a C16)
C11, porque mereces ser
um rei?
Não (gesto com a cabeça)
isso é repetido, já
C18: E a do C11?
Ouh, a do C11 ‘tá bonita.
>
C2: (enquanto fala, num tom
baixo, esfrega as mãos)
Porque gosto da minha mãe
e do meu pai.
(sai sorrindo)
<
C18: (dirigindo-se a algum
colega): A do C11 ‘tá louca.
>
Porque gosto dos meus
irmãos.
<
Aluno: É por ali.
(fica por instantes em pé
parado)
(C16 geme)
>
C11: Porque gosto de jogar
no computador.
E gosto de aprender.
Parece envergonhada mas
ao mesmo tempo contente.
Parece confuso, sem saber
por que caminho ir.
100
disseram isso.
Porque gostas de
aprender…
Adulto presente na sala:
Era bom C11.
Estagiária: Ele
gosta…Não gostas?
Adulto presente na sala:
Gosta muito de aprender e
de sujar os joelhos.
<
(acena com a cabeça)
102
Aluno Declaração
C12 “Porque eu sei jogar Playstation”
C8 “Porque eu gosto de jogar com o meu irmão.”
C19 “Porque gosto muito de Portugal”
C9 “Porque eu sou boa a jogar computador”
C6 “Porque gosto da minha família”
C4 “Porque sou artista e quero uma coroa artista”
C3 “Porque gosto de ajudar a minha mãe”
C21 “Porque eu sou muito lindo e sou muito bom”
C18 “Porque eu gosto muito de ajudar a minha avó. Porque bato o recorde a
ajudar minha avó”
C13 “Porque gosto de ajudar meu irmão”
C10 “Porque eu gosto de ajudar o meu pai”
C7 “Porque ajudo minha mãe”
C16 –
Bolsista
“Porque adoro comer”
C14 “Gosto de Portugal e gosto dessas pessoas que aqui vivem”
C15 “Porque eu gosto de ajudar”
C20 “Porque eu gosto de ajudar”
C5 “Porque gosto dos meus amigos”
C11 “Porque gosto de jogar computador (repetido) e gosto de aprender”
C1 “Porque gosto dos meus irmãos”
C17 “Porque quando os amigos separam-se eu tento… a ser outra vez amigos”