Angela Carson -Julia 232 - Eterno Como Os Diamantes

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    ETERNO COMO OS DIAMANTES ANGELA CARSON

    ETERNO COMO OS DIAMANTES

    The Face of the StrangerAngela Carson

    Kate encostou-se no estofamento macio e fechou os olhos, imaginando alinda foto que daria ela, uma noiva moderna, naquela magnficacarruagem do sculo passado. m pequeno solavanco a fe! virar-se,assustada. "reville havia sentado ao seu lado e ordenava ao cocheiroque pusesse os cavalos em movimento. # rapa! afrou$ou as rdeas,estalou o chicote e, como num sonho, a carruagem come%ou a andar. #s&ra%os de "reville enla%ando-a e o som rom'ntico do galope dos animaiscriavam um clima t(o m)gico que ela se sentiu a pr*pria Cinderela. +orum momento, esqueceu que era uma simples fot*grafa de moda, e"reville or, o dono de um imprio de diamantes e de todo aquelecen)rio, um prncipe inatingvel

    /igitali!a%(o0 Ana Cris 1evis(o0 Adriana 2.

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    CAPTULO I3 Ai, que raiva eu tenho de voc4 3 desa&afou Kate, olhando pela

    dcima ve! para o arrogante rosto masculino que se revelava nafotografia que ela rece&era h) pouco.Sem d5vida, aquele n(o era a&solutamente o tipo de foto queesperava tirar em +aris, durante o desfile de apresenta%(o da e$*ticaCole%(o de +rimavera, do estilista 6eo d7Arvel.# pior era que o estranho da foto parecia fit)-la como se dissesse quea antipatia entre eles fora recproca. Sua indisfar%)vel e$press(o dedesdm e$teriori!ava muito &em seus sentimentos em rela%(o aosofisticado mundo da alta costura. 8a certa, a presen%a dodesconhecido no desfile se devera apenas a um mero acaso. 9, noque lhe di!ia respeito, um acaso &em dia&*lico...

    Kate tentou desviar a aten%(o, porm, instintivamente, seus olhosforam atrados pelo estranho magnetismo que emanava daquelasfei%:es m)sculas, penetrantes e... pertur&adoras.Sentada ; sua escrivaninha na sala da reda%(o, p

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    Apesar de sua vo! ter soado fria e sarc)stica, sua veia artstica lhedi!ia, no ntimo, que as fei%:es aristocr)ticas do petulante at quedariam um retrato not)vel. .3 2ualquer que tenha sido sua inten%(o, repito0 foto minha voc4 n(ovai pu&licar 3 ele insistiu, impertinente.

    3 +or qu4@ Tem alguma coisa a esconder@Apesar de ser &astante temperamental, ela n(o tinha por h)&ito sergrosseira com quem quer que fosse, muito menos com estranhos.Aquele caso, evidentemente, era e$ce%(o, pois &astaram algunspoucos segundos de conviv4ncia com aquele homem para que lheviesse ; tona uma irrita%(o incontrol)vel.3 Tenho meus motivos para n(o querer que o pessoal da imprensasensacionalista sai&a da minha presen%a aqui. 3 Kate arregalou osolhos. ?mprensa sensacionalista@ Com efeito # homem eraimpossvel. A&riu a &oca para protestar, mas calou-se no mesmoinstante, pois ele =) acrescentava0 3 +or isso, pode avisar ao editor dequalquer que se=a a droga de pu&lica%(o que voc4 represente que seminha foto aparecer, especialmente em primeira p)gina, vouprocess)-lo.Bas o su=eito era muito arrogante mesmo Com tantosacontecimentos importantes a&alando o mundo, como ele pretendiaser manchete@3 # senhor insuport)vel# coment)rio de Kate perdeu-se no ar, pois o homem dera-lhe ascostas e, com uma rapide! incrvel, sumira no meio da multid(o.Com sua &ai$a estatura e carregada de sacolas com equipamento

    fotogr)fico, seria impossvel locali!)-lo no meio de tanta gente. +ro-curou at ficar nas pontas dos ps, mas foi em v(o, porque a platiahavia se levantado para render homenagens ao promissor estilista.3 ravo ravo 3 gritavam./ei$ando a raiva de lado, Kate aca&ou se contagiando peloentusiasmo com que aplaudiam o indiscutvel sucesso do costureirofranc4s, =ovem e ainda desconhecido no cen)rio da moda. Sa&ia queaquele desfile poderia consagr)-lo ou derru&)-lo.8essa profiss(o, eram muitos os que tinham uma ascens(o mete*ricapara logo perderem todo &rilho no anonimato. 6eo, entretanto, vierapara ficar. Kate pressentira isso desde o dia em que ele invadira seu

    escrit*rio na revista e lhe fi!era aquela proposta &om&)stica.3 >oc4 quer mesmo que eu fotografe a primeira mostra de suaCole%(o de +rimavera para pu&licar na Dress? /eve estar louco #scostureiros em geral acham que as m)quinas fotogr)ficas s(o umamaldi%(o 3 advertira-o, surpresa. 3 8em mesmo o pessoalespeciali!ado em moda admitido na primeira mostra, quanto maisfot*grafos. . . 9 voc4 ainda quer que a sua cole%(o se=a pu&licadaantecipadamente@3 Dress n(o uma revista qualquer 3 argumentara o estilista, comuma e$press(o que lhe revelava o esprito sensvel e inteligente. 3Alm de internacional, e$clusiva para assinantes, n(o @3 Sim, claro3 9nt(o vai atingir e$atamente a clientela a quem se destinam as

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    minhas roupas 3 concluiu 6eo. 3 Bulheres de discernimento. . .3 9 dinheiro 3 ela acrescentou.6eo sorriu em assentimento e, de repente, tornou-se srionovamente.3 Dress sai quatro ve!es por ano, acompanhando as esta%:es. Assim,

    vou me programar para que minha cole%(o se=a lan%ada coincidindocom a pu&lica%(o do pr*$imo n5mero. /essa forma, os assinantes v(oconhecer os modelos vinte e quatro horas antes que os compradorese especialistas em moda =ovem e, quem sa&e, talve! at compare%amao desfile.3 Acha seguro@ Afinal, sempre h) o risco de pl)gio, ou como muitosdi!em de espionagem industrial. +or isso, toda precau%(o poucapara minimi!ar a possi&ilidade de que va!em informa%:es so&redetalhes e desenhos. # menor descuido e meses de tra&alho podemser desperdi%ados, resultando em roupas copiadas para venda avare=o e o fracasso financeiro do estilista. - >oc4 n(o ignora esserisco, n(o @3 l*gico que n(o +ensei inclusive em esta&elecer uma cl)usula deseguro em nosso contrato.# =ovem n(o era t(o ing4nuo como a princpio parecera a Kate. Almde artista, possua um alto senso de neg*cios que inspirava respeito.3 Ainda assim a idia inusitada 3 ela comentou, em&ora estivesseciente de que era perfeitamente vi)vel, apesar dos riscos.3 9spere e ver). Beus modelos que s(o inusitados9le n(o havia e$agerado. A cole%(o era realmente estupenda. Katetinha chegado ao desfile cedo e todos os olhares haviam se voltado

    em sua dire%(o quando ela entrou carregando a m)quina fotogr)fica.Alguns minutos ap*s o incio da apresenta%(o, a atmosfera de polidointeresse ficou carregada de e$pectativa e euforia diante daqueleshoD de originalidade, a ponto de Kate quase esquecer a c'mera paraadmirar, &oquia&erta, as roupas que desfilavam diante de seus olhos.Alegres e atraentes, os modelos provavam mais uma ve! o evidentetino comercial de 6eo, pois com um pouco de imagina%(o osfa&ricantes de roupas poderiam transform)-los para ser vendidos naslo=as da Eigh Street. Com muito traque=o e gra%a, as manequinspercorriam a passarela chamando a aten%(o para detalhes de corte,aca&amento, golas, cintos e acess*rios. #s vestidos eram muito

    femininos e pareciam t(o macios que, s* de v4-los, Kate teve vontadede renovar completamente o guarda-roupa.# estilista se revelara muito perspica! ao imaginar modelos que, almde =ovens, elegantes e caros, eram e$tremamente pr)ticos e us)veis.# ritmo do desfile era velo!. As manequins cru!avam a passarela emG e Kate procurava tirar o maior n5mero possvel de fotos de cadauma delas. /epois da apresenta%(o de dois impec)veis tra=es denoite, 6eo surgiu com o modelo final de sua cole%(oH um estupendovestido de &aile, em seda a!ul real, com riqussimos &ordados emprolas e lante=oulas e tendo por inspira%(o as &or&oletas.Kate soltou uma e$clama%(o admirada, enquanto por todo o sal(oressoavam murm5rios semelhantes. ateu rapidamente tr4s chapas,no momento em que a mo%a chegava ao centro da passarela, onde

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    fe! uma &reve pausa. 9m seguida, com a leve!a de uma &ailarina, amanequim deu um giro para que so&ressasse o movimento da saiaem camadas. 9ra o tipo do vestido com o qual toda mulher sonhava.Kate acionou mais uma ve! o o&turador da c'mera e nesse instante oestranho se levantou.

    /epois do r)pido incidente com o desconhecido e so& os aplausosentusiasmados da platia, 6eo apareceu para agradecer a merecidahomenagem. Kate n(o p

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    um rival. ma sensa%(o de alvio se apoderou de Kate novamente./everia ser por causa de Barion. 9la gostara da =ovem alta, loira, deca&elos curtos, e estava convencida de que a modelo faria um parmuito mais perfeito com 6eo, tam&m =ovem e atraente, do que comaquele tal de "reville. Come%ava a se animar com essas dedu%:es,

    quando a =ovem falou03 +or que n(o fica para a recep%(o, "reville@ 2ue diferen%a fa! umahora@ >oc4 poderia conhecer 6eo, conversar com ele. . .3 J) vi tudo o que precisava de 6eo 3 ele argumentou, em tomvenenoso, dando a entender que sentia ci5me do =ovem estilista. 3 #ca&elo dele tem o do&ro do comprimento do seu e, com aquele ternode veludo, s* precisa de um la%o no colarinho para ficar parecendoum perfeito pequeno lorde Fauntlero. # homem positivamente. . .3 Monsieur! 3 a costureira censurou-o, sem conseguir se conter eolhando-o com desaprova%(o.3 "reville, preciso ir voando, preciso mesmo. 6eo deve estar seperguntando onde me meti./ito isso, Barion se retirou imediatamente, enquanto a costureirafitava novamente o estranho com ar reprovador e colocava o vestidode &aile na cai$a, aca&ando com as 5ltimas esperan%as de Kate defotograf)-lo. /epois a mulher se retirou, dei$ando-a, pela segunda ve!naquela tarde, frente a frente com o estranho.3 Se voc4 n(o tivesse interferido, eu teria tirado minha foto e =)estaria a meio caminho do aeroporto a esta hora3 9, se voc4 n(o tivesse se metido sem ser chamada na nossaconversa, eu tam&m estaria 3 ele retrucou, acrescentando mal-

    humorado0 3 9 Barion estaria indo comigo.3 8(o necessariamente. 9la =) &em grandinha para sa&er o quequer. 3 8(o admitiria que ele a culpasse pela decis(o da mo%a,em&ora concordasse plenamente com a atitude dela. 3 "ra%as avoc4, provavelmente n(o perdi apenas minha foto, mas meu avi(otam&m./ando o assunto por encerrado, ela virou as costas e saiu pelo cor-redor dos fundos. /epois de alguns passos, e$clamou em vo! alta,sem se dar conta de que "reville se achava atr)s dela03 "ra%as ao idiota, provavelmente estourei o limite de pra!o paraentregar a matria 3 Ao ouvi-la, ele se apressou e passou ; frente

    dela, segurando a ma%aneta da porta. Ser) que ainda teria o descara-mento de fa!4-la se atrasar mais@ 3 /ei$e-me passar."reville encarou-a como se achasse divertida sua raiva e a&riu aporta, dei$ando-a sair. +ouco depois, apesar das tentativas de Kate dese livrar dele, o homem caminhava a seu lado. Kate aspirouprofundamente o ar 5mido de novem&ro, sentindo uma queima%(o noest

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    3 T)$i 3 gritou.3 T)$i 3 # estranho adiantou-se, passando pelos tr4s homens e porela e fa!endo sinal para o carro que, para consterna%(o geral paroue$atamente ao lado dele.3 9u fi! sinal primeiro 3 ela argumentou, irritada.

    3 9st)vamos aqui antes da senhorita 3 um dos homens protestou.A situa%(o chegava a ser c

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    ter tido coragem de =og)-la no li$o, como faria com qualquer outratirada em circunst'ncias id4nticas.3 2ue come%o de ano 8eve, contas a pagar. . . 3 lamentou-se Clive,no invari)vel estado de depress(o que o atacava sempre naquelapoca,

    3 Anime-se, homem 3 consolou Kate. 3 +ense em quantosassinantes conseguimos depois de apresentar a cole%(o de 6eod7Arvel na 5ltima edi%(o da revista9la =) n(o sa&ia mais o que di!er para tentar anim)-lo, uma ve! queseu pr*prio estado de esprito tam&m era depressivo.3 9st) tudo muito &em, mas eu queria alguma coisa nova para arevista 3 quei$ou-se Clive. 3 Algo realmente diferente. 8(o apenasuma vers(o modificada do que estamos cansados de apresentar,3 +or que n(o vamos ao desfile da Cole%(o de >er(o, de 6eo@ >oc4poderia mandar rodar um suplemento especial, e$clusivamente comos modelos dele. Se der certo, passa a lan%ar em todo come%o de anoum suplemento com estilistas diferentes. J) pensou@ At que iriamovimentar o mundo da moda e faria de cada incio de ano ummistrio para sa&er quem seria o figurinista escolhido. ma espciede Essa a sua vida da alta costura.A e$press(o do editor se iluminou ao comentar, interessado03 At que uma idia 6eo d7Arvel =) lhe deu a data de seu pr*$imodesfile@3 >ai ser no final de mar%o 3 ela informou, sem vacilar, enquantoestremecia, imaginando que talve! "reville tam&m estivessepresente. Tentando disfar%ar o quanto se encontrava a&alada pediu0

    3 +or favor, Clive, agora me dei$e so!inha3 /esculpe-me, n(o perce&i que atrapalhava. . .3 #h, n(o que preciso concluir este artigo so&re =*ias da 1e-nascen%a, e... 3 Kate calou-se de repente ao se dar conta do olharatento de Clive, diante de seu tom irritado. Se continuasse a agirdaquele =eito, ele logo aca&aria desconfiando de que algo andavaerrado. +rocurando ameni!ar a impress(o, comentou, num tomcasual0 3 8ossa, as mulheres naquela poca literalmente se co&riamde =*ias. 8em sei como conseguiam andar com tanto peso em cima.# dia transcorreu de maneira rotineira, mas ; tarde um telefonema de6eo a surpreendeu.

    3 8(o esperava ouvi-lo at o come%o de mar%o 3 ela disse.3 +reciso conversar com voc4 so&re minha Cole%(o de >er(o.+odemos nos encontrar no 6ighterman para um almo%o, na quarta-feira@3 #nde@3 8o 6ighterman, aquele restaurante pr*$imo ao T'misa. Alm dacomida e$celente, o am&iente ideal para a gente conversar ;vontade.3 9starei l).#utra surpresa a aguardava quando foi encontr)-lo no dia e localcom&inados. 6eo =) havia chegado quando ela entrou no restaurantee estava acompanhado por Barion.3 >oc4s =) se conhecem, n(o @ 3 ele perguntou.

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    Kate concordou com a ca&e%a e suspirou aliviada quando a mo%a n(omencionou as circunst'ncias do encontro anterior. Ali)s, a manequimn(o parecia interessada em nada que n(o se referisse a 6eo e, a

    =ulgar pelo modo como ele retri&ua os olhares, estava claro que ossentimentos dela eram correspondidos. Aquela aura de romantismo

    que envolvia os dois =ovens fe! com que o pensamento de Kate setransportasse para "reville.2ue loucura, censurou-se. Tudo o que sei daquele homem seuprimeiro nome. +or que seus olhos cin!entos me perseguem, mefa!endo lem&rar daquele contato enlouquecedor@ S* pode ser mesmoloucura. +rovavelmente nunca mais o encontrarei na vida.Kate precisou fa!er um grande esfor%o para se concentrar no que oestilista lhe di!ia. 1ealmente, estava atacada pela nostalgia.3 /) para voc4 repetir, 6eo@ 9u ando meio distrada3 9u disse que dese=o que as fotografias de minha Cole%(o de >er(ose=am tra&alhadas com composi%:es para ser pu&licadas na Dress.8(o gostaria que fossem apresentados os tra=es individuais. Ah, aprop*sito, suas fotos da Cole%(o de +rimavera ficaram fa&ulosas. . .3 #&rigada3 Acho que n(o necess)rio que eu lhe diga todo o prestgio quevoc4 conquistou, como uma das de! melhores fot*grafas domomento. 3 >endo-a corar com o elogio, 6eo afagou-lhe a m(o eprosseguiu03 S* que desta ve! quero que as fotos sugiram a atmosfera e oam&iente a que s(o destinadasH lugares elegantes, lu$uosos ....Kate mais do que depressa acrescentou0

    3 1icos 3 6eo concordou com um gesto de ca&e%a, e os dois riram,lem&rando-se de uma conversa semelhante que =) haviam tido.3 "ostei da idia. . . S* n(o imagino o lugar adequado para essepro=eto.3 J) o encontrei 3 Fitou-a com um ar triunfante ao anunciar0 3Fullcote Eall a propriedade do tutor de Barion, o cen)rio perfeito.Fica nas colinas de Chutem Eills.# Lool*gico de Mhipsnade tam&m, pensou Kate maldosa. Basachou melhor n(o provocar o =ovem franc4s e disse, sria03 um desperdcio apresentar uma cole%(o num cen)rio que n(ose=a +aris. ?sso me parece pouco prudente. . .

    6eo =) havia demonstrado sua predile%(o pelo inusitado, mas destave! parecia-lhe que o estilista estava cometendo um erro. Se eletivesse um nome famoso como /ior. . . 8(o restava d5vida de quesua primeira mostra alcan%ara uma e$celente repercuss(o, mas aescada para o sucesso dependia de cada degrau. Ser) que anotoriedade havia lhe su&ido ; ca&e%a. #u 6eo teria se dei$adoinfluenciar por Barion@3 #ra, o desfile =) est) marcado para o final de mar%o, em +aris 3e$clamou 6eo. 3 Antes, porm, quero que a cole%(o se=a fotografadaem Fullcote Eall. Barion e eu vamos estar l) nas primeiras semanasde mar%o.3 9 temos esperan%a de que voc4 possa ficar conosco 3 a manequimcompletou, ansiosa. 3 Lilla e Shelle, as duas modelos mais velhas,

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    v(o ficar indo e vindo conforme forem requisitadas para as fotos.Kate precisou esfor%ar-se para n(o dei$ar transparecer seudesagrado, pois =) tivera oportunidade de fotografar as duas emoutras ocasi:es. Lilla deveria ter por volta de trinta anos e erae$tremamente antip)ticaH e Shelle, por sua ve!, mostrava-se sempre

    alegre e n(o aparentava mais que vinte e seis anos.3 A temporada no campo ser) uma com&ina%(o perfeita de tra&alhoe la!er 3 comentou 6eo, sorrindo. 3 9ntre as sess:es de fotografiavoc4 e Barion poder(o descansar e aproveitar o ar puro. 9nquantoisso, vou aca&ando os desenhos da minha Cole%(o de #utono.3 Bas, como@ 8as duas ou tr4s primeiras semanas de mar%o@ 3 elaestranhou. 3 +or que com tanta anteced4ncia do desfile@ A cada diaaumenta o risco de va!arem informa%:es so&re detalhes da cole%(o.2ue medidas de seguran%a tomou em Fullcote Eall@3 #ra, nenhuma. >oc4 se preocupa demais3 8(o. Acho realmente que voc4 est) correndo um risco incrvel./epois da receptividade de sua 5ltima mostra, &asta um sussurropara levar uma multid(o de fot*grafos para l), ansiosos por serem osprimeiros a desco&rir os segredos da nova cole%(o.3 >amos dar um =eito nisso 3 o costureiro insistiu, tranqIilo. 3Fullcote Eall. . .3 /eve ter empregados que cuidem da propriedade 3 interrompeuKate com impaci4ncia. Julgara que o estilista tivesse maior tinocomercial do que estava demonstrando.3 Ah, o pessoal de Fullcote Eall tra&alha para a famlia de meu tutorh) sculos. 3 Barion e$agerou, fa!endo um gesto amplo com a m(o.

    3 +refeririam morrer a revelar um segredo da famlia.3 9 quanto a Lilla e Shelle@ >e=am, um su&orno polpudo pode seruma grande tenta%(o. Alm disso, voc4s sa&em muito &em que h)c'meras com lentes de longo alcance, &astando que o fot*grafo tenhaa informa%(o do local onde est(o sendo tiradas as fotos.Kate mencionara as duas, porque, apesar de n(o conhecer detalhesparticulares, era do conhecimento geral que Lilla levava um padr(ode vida muito e$travagante, at mesmo para seu alto sal)rio.3 Am&as as mo%as s(o manequins de primeira classe 3 o franc4sargumentou. 3 Se va!asse a menor informa%(o so&re a cole%(o antesdo desfile, e a suspeita recasse so&re elas, estariam com as carreiras

    arruinadas. Sa&em que nunca mais conseguiriam tra&alho.3 S* ficou faltando meu tutor, e ele n(o diferencia uma prega de umfran!ido. 8a verdade, ele desaprova tudo o que di! respeito a moda.3 /epois, Barion fitou-a e pediu0 3 Aceite, Kate. "aranto que ser)muito mais agrad)vel do que fotografar a cole%(o no desfile, no meiode um sal(o superlotado.Kate n(o s* sa&ia disso, como havia ainda a vantagem e$tra de queem Fullcote Eall n(o e$istiria o perigo de o estranho aparecer. Talve!uma mudan%a de am&iente at a a=udasse a tir)-lo da ca&e%a. . .3 >ou com voc4s 3 aceitou, impulsivamente.3 S* nos resta ent(o &rindar ao sucesso da Cole%(o de >er(o 3sugeriu 6eo, levantando o copo.3 Apenas ao sucesso da cole%(o@

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    # tom dessas palavras de Kate havia sido malicioso e era umarefer4ncia ao fato de os dois estarem com as m(os entrela%adas.9ntretanto, para seu espanto, o riso desapareceu dos l)&ios dos dois

    =ovens e am&os ficaram com ar melanc*lico. # estilista apressou-seem comentar0

    3 prematuro &rindar a n*s,3 Beu tutor n(o concorda que fiquemos noivos 3 e$plicou Barion. .38ada do que digo consegue convenc4-lo.3 >(o em frente, ent(o -3 encora=ou-os Kate. 3 S(o maiores deidade, n(o precisam do consentimento de ningum.3 Sei disso, porm n(o gostaria de come%ar nosso casamento numa&ase de desarmonia com minha famlia 3 a =ovem e$plicou, com umar infeli!.m tutor n(o era &em famlia, mas Kate achou melhor n(o replicar.Sem sa&er o que di!er, sentiu-se aliviada quando 6eo a salvou dasitua%(o, comentando com desagrado03 # tutor de Barion parece achar que todos os figurinistas de modas(o &o4mios irrepar)veis. Acredita que vou arrastar Barion ; pen5ria./esaprova n(o s* a mim, como ao mundo que represento,3 2uem sa&e, quando voc4 vier ficar conosco em Fullcote Eall, elemude de idia 3 a =ovem interveio. 3 Apesar de estar num campodiferente, voc4 tam&m pertence ao mundo da moda e ningumpoderia cham)-la de &o4mia. 9st) no auge de sua carreira, firme,atuante, famosa.9ssa o&serva%(o fe! com que Kate compreendesse a ra!(o dainsist4ncia para que ela se hospedasse em Fullcote Eall. Alm de

    fotografar a cole%(o de 6eo, serviria tam&m como uma espcie demediadora entre os dois apai$onados e o tutor medieval. Come%ou a=ulgar a perspectiva de permanecer em Chiltern Eills meio temer)ria.9m ve! de ser uma solu%(o para seus pr*prios pro&lemas, ao quetudo indicava iria acrescentar-lhe mais alguns. Como =) haviaaceitado, era tarde demais para recuar.Kate parou em um posto de gasolina para fa!er uma refei%(o ligeira ea&astecer o carro e, aproveitando a ocasi(o, pediu informa%:es so&reo tra=eto ao rapa! que a atendeu.3 Fullcote Eall@ 3 ele se espantou. 3 A senhora est) se referindo ;casa do sr. or@

    3 >oc4 o conhece@# tom dela, apesar de parecer desinteressado, ocultava um dese=oreal de desco&rir alguma coisa em rela%(o ao tutor de Barion, do qualsa&ia apenas o so&renome. 2uem sa&e, com um pouco de sorte,aquele rapa! lhe fornecesse maiores informa%:es.3 Buito mal, senhora. 9le aparece pouco por aqui.3 Ted, h) outro fregu4s esperando 3 # dono do posto interrompeu,com impaci4ncia.3 # dever me chama 3 &rincou Ted, dando meia-volta.3 9 como chego at l)@ 3 perguntou Kate, antes que ele seafastasse.3 Continue nessa estrada por dois ou tr4s quil

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    &onito e &em sinali!ado.Antes de sair, o rapa! lhe dirigiu um olhar de franca admira%(o, que afe! sorrir. /e fato, sentia-se &em naquela manh(. >estira um alinhadotailleur verde-escuro, que se harmoni!ava com a cor clara da &lusa deseda. A malha de cashmere era da mesma tonalidade, real%ando-lhe o

    verde dos olhos e o loiro dos ca&elos. ?nicialmente, pensara emcompletar o tra=e com um colar de pedras. Bas desistira da idia aoachar que ficaria muito austero, optando pelo colar e pulseira de ouro,que refletiam agora o &rilho do sol.As indica%:es do rapa! n(o poderiam ter sido mais precisas, e Katesuspirou aliviada ao dei$ar a estrada principal e tomar a secund)ria.Apesar de sentir uma inquieta%(o ine$plic)vel, a &ele!a do cen)rioera realmente digna de ser admirada. /o topo de cada colina sedescortinava uma paisagem inesperada. Arvores centen)rias,despidas de verde, ladeavam o caminho, lem&rando sentinelas deprontid(o ; espera da vida prestes a renascer. >e! por outra cru!avapor algum vilare=o encantador.Fullcote Eall, duas milhas.Kate fe! um pequeno mu$o$o. A placa podia significar duas coisasHisolamento ou import'ncia. m tutor repressor =) n(o era &om, masum tutor com idias feudais so&re sua pr*pria import'ncia era muitopior. A parada n(o seria f)cil. ?sso lhe despertou uma enorme vontadede fa!er meia-volta, mas Kate repreendeu-se em vo! alta03 8(o se=a covarde+oucos minutos depois, o carro entrava por dois pilares de pedra,su&indo por um caminho que cortava um gramado muitssimo &em

    cuidado, locali!ado em uma espcie de parque. 6ogo atr)s de umacurva, surgia ma=estosamente Fullcote Eall.Kate ficou &oquia&erta a contemplar a lu$uosa constru%(o. A casa era&ai$a, parecendo &rotar do solo, e rodeada por uma profus(o denarcisos amarelos. Assim que ela estacionou, p

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    3 #&rigado, Jac.3 9le disse sr. or@ 3 ela perguntou, engolindo em seco. 3 9nt(ovoc4 deve ser. . .3 Sim, sou o propriet)rio de Fullcote Eall 3 ele completou, com umar divertido.

    3 9...Kate n(o conseguiu concluir e sentiu as faces em &rasa. Ah, comodese=aria n(o ter colocado aquele tailleur verde. Sua so&riedade

    =amais impressionaria o homem. Ali)s, nada o impressionaria. Se pelomenos ela tivesse suspeitado quem fosse o tal sr. or. . .3 9 sou o tutor de Barion 3 ele confirmou."reville a fitava como se quisesse dei$ar claro que sa&ia muito &em omotivo pelo qual Barion a convidara para se hospedar ali. #s olhosdele pareciam avisar tam&m que tirasse da ca&e%a a idia de tentarpersuadi-lo a aceitar os planos futuros da mo%a, pois esse era umassunto que n(o di!ia respeito a Kate.9nfim, "reville or n(o aceitaria a interfer4ncia de ningum em suasdecis:es, muito menos a dela.Se =) n(o a empolgava a idia de enfrentar o tutor de Barion, o fatode sa&er que ele e o estranho que a havia impedido de fotografar ovestido de noite na Cole%(o de +rimavera eram a mesma pessoa s*lhe dava vontade de sumir dali. em, agora entendia a presen%a e aatitude dele depois do desfile, com rela%(o ; manequim. 9ntretanto, oque n(o agradava a Kate era o fato de seu cora%(o disparar daquelamaneira desenfreada, dei$ando-a pouco ; vontade diante do olharpenetrante do homem, que parecia ler a confus(o que se passava

    dentro dela. #correu-lhe, su&itamente, que n(o poderia de formaalguma revelar sua fraque!a ao advers)rio. 8esse momento, seusolhares se cru!aram, e Kate procurou sustentar o desafio, mas =)estava a ponto de desviar quando foi salva pela intempestiva chegadade Barion. N3 Kate 2ue &om que =) chegou 3 A =ovem viera correndo,parecendo uma adolescente comum com seu =eans e uma camiseta etra!endo uma raquete de t4nis na m(o. 9la a&ra%ou Katecarinhosamente, enquanto falava0 3 9stava na quadra, nos fundos dacasa e n(o ouvi sua chegada. Foi Jac, um dos nossos empregados,quem me avisou que a tinha visto com "reville. 2ue sorte voc4s dois

    terem se encontrado logo Eavia me esquecido de que seconheceram em +aris. Kate n(o agIentou as palavras de Barion. 8(oachava sorte alguma ter deparado =usto com aquele homem eadoraria esquecer aquele maldito encontro em +aris. Apagar aimagem de "reville or da mem*ria era a 5nica coisa que tentava,h) semanas...3 Barion,. que hist*ria essa de mandar Chip apanhar suas &olas det4nis@ Se pre=udicar a &oca dele, vai se entender comigo, senhorita 3amea%ou "reville, &em-humorado. 3 9le um cachorro de ca%a,treinado para o campo, e a anatomia da &oca a sua qualidadeprincipal.Agachada no ch(o, a&ra%ando o animal, Barion parecia pouco maisdo que uma crian%a. /iante desse quadro, Kate foi invadida por uma

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    s5&ita compreens(o para a relut'ncia de "reville em aceitar umcompromisso entre a modelo e 6eo. A mo%a era como uma rosa em&ot(o, que seria desperdi%ada, se colhida muito cedo.?nconscientemente Kate levantou os olhos para o famoso tutor esentiu um choque ao notar que ele parecia ler seus pensamentos. 8o

    mesmo segundo, porm, mudou de idia, convencendo-se de queBarion =) tinha idade suficiente para decidir a pr*pria vida.9ncarou-o, desafiante, decidindo que a qualquer custo tomariaposi%(o ao lado dos =ovens contra o senhor de Fullcote Eall. Barion,apesar de e$tremamente =ovem, conseguiria tornar-se umaprofissional respeit)vel em um ramo supercompetitivo, n(o podia,portanto, ser t(o ing4nua.

    Julgando que o ataque constitua a melhor forma de defesa, decidiureferir-se a 6eo d7Arvel, perguntando03 6eo estava =ogando com voc4@3 8(o, ele. . .3 +or que voc4 n(o convida Kate para =ogar uma partida@ 3 prop

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    8(o sa&eria di!er por quanto tempo se dei$ou ficar na mesmaposi%(o, at que de repente levantou-se, so&ressaltada. /everia estarna hora de se =untar aos demais, e ela ainda precisava tomar umaducha, trocar de roupa e maquilar-se discretamente. Fe! tudo issocom rapide! e saiu do quarto em seguida.

    #s modos de "reville n(o poderiam ser mais impec)veis ; mesa,so&retudo em rela%(o a 6eo, a quem se dirigia constantemente,procurando inclu-lo na conversa. 9m dado momento, porm, Katedeu-se conta de que aquele comportamento s* se destinava a colocaro estilista em desvantagem. 9ssa era a t)tica dele Convidar oadvers)rio para dentro de casa e ent(o derrot)-lo com maiorfacilidade. Ficava impossvel dei$ar de comparar os dois e noconfronto 6eo sempre saa perdendo, o que n(o passariadesperce&ido a Barion. Como estratgia, e$celenteH comocomportamento frente a um h*spede despre!vel.3 # +alomino est) precisando de um pouco de e$erccio, Barion.>oc4 n(o quer mont)-lo ho=e@#nde ele pretendia chegar com aquela conversa aparentementeneutra e caseira@ 8(o foi preciso esperar muito para sa&er.3 >oc4 anda a cavalo, d7Arvel@/iga que sim, diga que um cavaleiro e$periente, dese=ou Kateintimamente.3 8unca tive a oportunidade de montar, senhor.A resposta do mo%o mereceu um olhar de aprova%(o por parte deKate, que imaginou que o tratamento de senhor deveria ter feito"reville sentir-se t(o velho quanto Batusalm.

    3 Temos uma gua velha que muito d*cil e mansa. # rapa! daestre&aria poderia acompanh)-lo num passeio enquanto Barion e euvamos galopar.9ssa mania de "reville su&linhar as diferen%as e$istentes entreBarion e o rapa! come%avam a dei$ar Kate e$asperada.3 Amanh( cedo voc4s podem galopar ; vontade. 9u, particular-mente, vou adiantar alguns desenhos que est(o faltando para aminha Cole%(o de #utono.A conversa prosseguiu nesse mesmo ritmo durante toda a refei%(o.Kate mal controlava a vontade de gritar que parassem com aquelaguerra fria. 2uando finalmente o =antar terminou, "reville olhou

    significativamente para Barion, di!endo03 Senhoras@3 8(o se=a t(o formal, "reville 3 a manequim censurou. 3 ?sto uma reuni(o de famlia, n(o um acontecimento social.Kate suspirou aliviada ao ver a forma espont'nea como Barion haviare&atido a sugest(o implcita de que as duas passassem ; outra sala,para que "reville e 6eo conversassem so!inhos. # confronto seriadesigual e, quanto menos tempo os dois homens ficassem =untos,tanto melhor. Bas seu alvio durou pouco, pois logo a mo%a convidou03 9u e 6eo vamos dar uma volta. "ostaria de vir conosco, Kate@A e$press(o de Barion di!ia claramente que esperava que ela n(oaceitasse o convite.Se fugir o &icho pega, se ficar o &icho come, disse Kate a si mesma,

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    sem sa&er o que fa!er. Ficava apavorada ante a perspectiva de serdei$ada a s*s com "reville, mas tam&m n(o queria atrapalhar osnamorados. Feli!mente, encontrou um meio termo0 3 +refiro me deitar logo cedo. 9stou com um pouco de dor deca&e%a.

    3 Talve! um pouco de brandy lhe fa%a &em 3 ofereceu "reville,solcito, estendendo-lhe o c)lice antes que ela pudesse recusar./epois virou-se para os dois =ovens, que se retiravam, recomendando03 6em&rem-se de entrar ;s on!e.2ue su=eito calculista Arquitetara um plano realmente indigno0 minaro relacionamento dos dois, sem fa!er uma oposi%(o a&erta.Simplesmente ignorava o namoro, tratando-os como se fossemadolescentes e sem lhes dar sequer uma ra!(o para que lutassemcontra ele.3 +retende sair um pouco antes de se deitar@A pergunta &rusca arrancou-a de suas refle$:es, o&rigando-a aencarar aquele homem arrogante que se recostara na lareira com umcopo de &e&ida entre os dedos, o&servando-a com um ar desuperioridade.Sentada numa &anqueta, Kate perce&eu-lhe a inten%(o de trat)-la damesma maneira que aos =ovens e levantou-se rapidamente.3 8(o. >ou direto para o quarto. Temos uma programa%(o pu$ada ;nossa frente e quero tirar o melhor proveito das fotos e$ternasenquanto houver sol. +or isso, preciso estar &em descansada.+elo menos durante as sess:es de tra&alho o anfitri(o estaria e$clu-do, e 6eo e Barion poderiam usufruir &astante da companhia um do

    outro.3 >ou para meu escrit*rio. Acompanho-a at a escada.Ser) que ele ia mesmo ao escrit*rio, ou isso n(o passava de umprete$to para comprovar se Kate iria mesmo se recolher@3 8(o h) necessidade de. . . 3 ela come%ou a di!er, quando seuacompanhante a&riu as portas duplas da sala de =antar, dei$ando-apassar primeiro./e repente, "reville parou, pu$ando-a de volta pelo &ra%o. Kateestremeceu ao contato e, imediatamente olhou em dire%(o ; porta deentrada, onde Barion e 6eo se &ei=avam, apai$onados.+ara surpresa de Kate, ele tornou a fechar as portas e, fitando-a com

    olhar travesso, disse cheio de malcia03 Acho melhor esperarmos um pouquinho.3 9nt(o n(o se importa@ Bas Barion contou. . .3 # que voc4 aca&ou de ver apenas uma manifesta%(o da. . .digamos, fe&re da primavera que se apro$ima. 3 "reville deu deom&ros, complacente e acrescentou0 3 Como muitas doen%as queafligem os =ovens, melhor dei$ar que complete seu ciclo./a maneira como falava, parecia que o casal n(o tinha mais do quequator!e anos. Kate n(o agIentou o ar de superioridade dele eretrucou03 Se fe&re da primavera, tome cuidado para n(o ser contagiado+erce&eu que ele ficou estranhamente quieto, fitando-a de formaamea%adora. 8o momento seguinte, teve a sensa%(o de que seu

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    cora%(o iria arre&entar quando ele a tomou nos &ra%os e pu$ou-acontra si, sussurrando-lhe ao ouvido03 Se for o caso, ent(o devemos estar os dois contagiados, poisam&os estivemos em contato com eles.9le acompanhou as palavras com um &ei=o terno. Kate entrea&riu os

    l)&ios, furiosa consigo mesma por ceder t(o facilmente. A emo%(oque sentiu, porm, foi t(o intensa que seria quase impossvel resistir.Assim, aca&ou correspondendo com sensualidade aos l)&iose$igentes que agora e$ploravam os seus./evo estar louca, ela pensou.Afinal, aquele era o homem a quem tinha =urado fa!er oposi%(o."reville sou&era direitinho como lidar com ela, valendo-se de suafraque!a. ma onda de revolta invadiu-a por se dei$ar levar t(odocilmente pela vontade dele.3 Solte-me 3 ordenou.9ntretanto, as m(os que a prendiam como duas tena!es n(oafrou$avam nem um milmetro o a&ra%o, apesar dos esfor%os delapara se li&ertar. # que mais a assustava, porm, era a certe!a de quea partir dali seu cora%(o ficaria aprisionado, ansiando pela presen%ade "reville a todo instante. Tomada de p'nico, ganhou novas for%as e&ateu com os punhos cerrados contra aquele peito musculoso.3 6argue-meFinalmente, com um empurr(o violento, Kate livrou-se daquelecontato enlouquecedor, fugindo da sala e da presen%a marcante de"reville.+assou feito uma &ala por perto do casal, que nem a notou e su&iu,

    tr

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    3 9stou sem apetite 3 =ustificou-se Kate, antes de perguntar, natentativa de mudar de assunto0 3 #nde est) Barion, 6eo@3 Cavalgando com "reville 3 ele respondeu, visivelmente tenso.Como Barion estava escalada para a primeira sess(o de fotos, Katen(o se conteve0

    3 Bas n(o possvel "reville sa&ia muito &em que cont)vamos comBarion para a primeira tomada de fotos. 9u at mencionei ontemdurante o =antar que pretendia fotografar o vestido a!ul tendo porfundo o pom&al Acho que "reville se acha muito esperto e pretendeestragar nosso tra&alho desde o come%o3 +elo contr)rio, samos para cavalgar muito cedo, com a inten%(o dechegar aqui a tempo para o caf e para o incio do tra&alho de Barion.Kate deu um pulo, so&ressaltada. 8(o havia perce&ido a presen%a de"reville, &em atr)s dela. >oltou-se para ele, achando-o mais atraentedo que nunca, enquanto se encaminhava para a mesa, elegante-mente vestido com um tra=e apropriado para montaria. 1e!ou intima-mente para que ele n(o se desse conta do quanto sua figuradominadora a pertur&ava. 9sfor%ando-se para controlar a respira%(o,acompanhou os movimentos dele ao parar por um momento, antes deescolher um lugar para sentar-se, entre Lilla e Shelle. 9m poucotempo, o anfitri(o come%ou a fa!er galanteios para as duasmanequins.2uando Lilla lhe dirigiu um olhar triunfante do outro lado da mesa,tudo o que Kate dese=ava era sumir dali. Bas decidiu n(o se mostrarindelicada e pai engordar, queridinha 3 intrometeu-se Lilla, num tomantip)tico.3 +osso comer quanto e o que quiser que n(o engordo 3 replicouBarion, sorrindo.Lilla, que tinha de fa!er um regime severo para manter o peso, secontorceu de despeito. +erce&endo a situa%(o, Shelle interveio,grace=ando03 Aproveite &em /aqui a alguns anos a hist*ria vai ser diferente.9la &em diferente da companheira, pensou Kate, que simpati!ava

    com aquela mo%a sempre &em-disposta e af)vel.3 Antes que isso aconte%a, Barion pode desistir da carreira. 9la n(oprecisa tra&alhar 3 esclareceu "reville, dirigindo-se a Shelle, masdei$ando claro que seu alvo, evidentemente, era 6eo.2ue come%o de manh( 8(o seria nada f)cil tra&alhar com umamanequim temperamental e com um estilista supere$igente, queficava uma pilha de nervos com a apro$ima%(o de cada desfile.8aquelas circunst'ncias, ent(o, Kate tinha a impress(o de que aatmosfera estava carregada de eletricidade e pronta para e$plodir aqualquer momento. Barion n(o ocultava sua e$press(o infeli!, 6eoparecia som&rio, e &astava um simples olhar para Lilla para certificar-se do quanto ela se rego!i=ava com a situa%(o. Apenas Shelle semostrava alheia a tudo. Buito loira e de temperamento d*cil, ela

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    contrastava em tudo com Lilla, morena, mesquinha e e$u&erante.3 Eora de ir 3 o estilista avisou, levantando-se.+erce&endo que ele se esquecera da pasta so&re a mesa, Kate oalertou03 8(o v) esquecer os desenhos.,

    3 >ou lev)-los para Barie, quando eu su&ir para me trocar 3prontificou-se Barion.3 /iga a ela que os tranque a sete chaves 3 recomendou 6eo,passando a pasta para que a =ovem a entregasse ; costureira, que seinstalara em um dos quartos do andar superior.Barion apanhou os papis e se retirou da sala com um ar displicente,que provocou uma certa apreens(o em Kate. Ali estavam os principaisdesenhos da Cole%(o de #utono que, sem d5vida, precisariam ficarmuito &em guardados. Considerando, porm, que aquela o&serva%(opoderia ser tomada como um insulto pelo anfitri(o, decidiupermanecer em sil4ncio. +ouco depois, como 6eo se demorasse a sair,apressou-o03 >ou acompanh)-lo, para discutirmos os 'ngulos das fotos.# =ovem fitou-a espantado, pois a conhecia o suficiente para sa&erque Kate tinha plenas condi%:es de decidir so!inha so&re aqueleassunto. /esconfiando que a inten%(o dela fosse apenas afast)-lo omais r)pido possvel de "reville, o franc4s sorriu, concordando03 9nt(o vamos3 9u tam&m preciso me trocar. 3 Shelle levantou-se e foi atr)sdeles. 3 >oc4 n(o vem, Lilla@3 +ara que sair e congelar nesse vento gelado antes que se=a

    preciso@ >ou ficar aqui com "reville at chegar a minha ve! de foto-grafar 3 ela declarou, fa!endo um mu$o$o dengoso e olhandolanguidamente na dire%(o do anfitri(o.3 Bais tarde, os encontro no =ardim para verificar como v(o indo ascoisas 3 avisou "reville.9ssa afirma%(o, aparentemente inocente, soou aos ouvidos de Katemais como uma amea%a. 8a certa, a presen%a dele s* serviria paraaumentar ainda mais o clima de tens(o que havia no ar. Talve! fossee$atamente essa a inten%(o A perspectiva de ser o&servada poraquele homem crtico e prepotente enquanto tra&alhava n(o lheagradava nem um pouco.

    3 6evante ligeiramente o p. 2uero um movimento natural na saia,assim.6eo se curvou e a=eitou pela dcima ve! a saia de Barion. Kate tinhavontade de gritar0 Apresse-se, 6eo, vamos terminar antes que"reville apare%a. . .Sua ansiedade era t(o grande que estava sendo quase impossvelcontrolar o tremor dos dedos enquanto &atia as fotos.3 A trepadeira est) arranhando a minha perna 3 a modelo quei$ou-se. 3 8(o agIento mais ficar sentada neste muro.3 9sque%a a sua perna 3 o figurinista retrucou. 3 2uero que ovestido caia perfeito.2ue su=eito perfeccionista 8em o vento cortante, nem a hostilidadedo tutor de Barion o demoveriam de perseguir a alta qualidade em

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    seu tra&alho. # vestido de seda a!ul-violeta, com a &lusa talhada eacinturada, era o tipo de roupa com que todas as =ovens sonhavam. 9Barion parecia a manequim ideal para e$i&i-lo.3 Se voc4 continuar implicando com essa do&ra da saia, vou morrerde frio aqui. Beu &um&um =) est) congelado de ficar sentado nesta

    pedra 3 a =ovem protestou.3 8(o vai acontecer a&solutamente nada com o seu traseiro porpermanecer mais um ou dois minutos a.

    Todos estavam com a sensi&ilidade ; flor da pele e a qualquer mo-mento poderia haver uma e$plos(o de nervos. Kate, apesar de impa-ciente, agradecia ; sua &oa estrela o fato de n(o ser manequim. 8(oera &rincadeira usar modelos de inverno num calor escaldante evaporosos vestidos de ver(o em pleno inverno, tendo ainda demanter a e$press(o mais serena e perfeita possvel. Alm disso, haviaainda as rigorosas dietas que muitas precisavam fa!er para manter asilhueta es&elta, como era o caso de Lilla.8esse momento, Shelle, em&rulhada da ca&e%a aos ps numavolumosa capa, so& a qual n(o apareceria um milmetro do vestidoque seria fotografado, foi =untar-se ao grupo, perguntando03 , "reville n(o veio ainda@3 8(o, ele ainda est) l) dentro com Lilla 3 informou Kate,procurando soar natural.3 Sorte de Lilla. . . Eomens =ovens e atraentes s(o raros, o que dir)de um que alm disso rico e cheio dos &rilhantes.3 rilhantes@ 2ue quer di!er com isso@3 8(o sa&ia@ 3 A outra surpreendeu-se. 3 "reville o or, da

    9mpresa or O Steele, os ricos comerciantes de diamantes da Eatton"arden. # pai de Barion era o sr. Steele.3 +or que era@3 #s pais dela morreram num acidente areo, h) quatro anos. Comon(o tinha outros parentes, "reville assumiu a responsa&ilidade de sertutor dela.3 9nt(o por isso que ele se preocupa com quem ela vai se casar. 3murmurou Kate, mais para si mesma. 3 /evido aos diamantes. . .3 >oc4 quer di!er, por causa dos ca%a-dotes@3 Tenho certe!a de que 6eo n(o nenhum ca%a-dotes. /e qualquerforma, nada =ustifica a maneira como "reville o trata. Afinal, ele um

    h*spede.3 em, so&re isso n(o posso di!er nada, pois passo pouco tempoaqui. Bas se "reville est) t(o preocupado com a possi&ilidade deBarion escolher o homem errado, por que n(o se casa com ela@ Adiferen%a de idade entre os dois n(o t(o grande assim. Acho queseria a solu%(o ideal.Solu%(o ideal para quem@ Certamente n(o para a =ovem modelo, ques* tinha olhos para 6eo. 8em para Lilla, que fi!era quest(o de dei$ar&em claro seu interesse por "reville ou, o mais prov)vel, pelosdiamantes dele. 9 menos ainda para a pr*pria Kate, que se dei$araapanhar na armadilha de um rosto &onito e um &elo par de olhosacin!entados.3 >olte 3 disse 6eo, levantando-se e dando alguns passos para tr)s,

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    enquanto avisava0 3 8(o se me$a nem um centmetro, Barion.3 Besmo que eu quisesse, n(o daria. +are%o uma pedra de gelo.3 >ou ser o mais r)pida possvel, meu &em 3 prometeu Kate. /epoisretrocedeu alguns passos e afastou um pouco o gorro do casaco paraolhar melhor pelo visor. # vento frio contri&ua para que seus dedos

    tremessem ainda mais, enquanto a=ustava a lente.3 Beia d5!ia de fotos o suficiente 3 e$clamou 6eo.# cen)rio estava perfeito, com um chapu de palha &ranca enfeitadocom violetas aos ps de Barion, um &uqu4 de margaridas em suasm(os e alguns raios de sol se refletindo em seus ca&elos. S* faltavamalgumas pom&as para completar o quadro, e Kate virou a m)quina deum lado para o outro para encai$)-las em seu campo de vis(o, mas osp)ssaros n(o pareciam dispostos a cooperar.3 9les se assustam com a nossa presen%a, por isso fogem daqui 3 oestilista =ustificou.3 >amos nos afastar um pouco. . . 2uem sa&e os pom&os voltem 3sugeriu Kate.8um dia quente talve! at tivesse sido uma &oa idia, mas, naquelascircunst'ncias, Barion protestou, mal-humorada03 8(o vou ficar sentada aqui indefinidamente, esperando que aspom&as pousem. Aca&o morrendo de pneumonia antes que voc4 &ataa primeira foto3 Joguem um pouco de milho 3 disse "reville, em tom seguro. Katevirou a ca&e%a, assustada, e seus dedos se enri=eceram, fa!endo-aapertar o o&turador da m)quina.3 >e=a, voc4 me fe! estragar o filme 3 e$plodiu, voltando-se para

    ele !angada. 3 Tirei uma fotografia perfeita do ch(o2ue *dio sentia dele Aquele arrogante era o 5nico culpado por ela terdesperdi%ado uma foto, por ter levado um susto e por. . . pertur&)-latanto, dei$ando-a totalmente insegura.3 +recisamos das pom&as 3 insistiu Kate, procurando reco&rar oautocontrole.A e$press(o de Barion lhe revelava o dese=o de se recolher e tomarum &om &anho quente, e a de 6eo evidenciava o quanto n(o lheagradava a presen%a do anfitri(o.+ara piorar a situa%(o, "reville come%ou a dar instru%:es com a maiorfacilidade, ignorando o ressentimento estampado no rosto de 6eo.

    Colocou a m(o no &olso, tirou algumas sementes e as espalhou peloch(o, asso&iando &ai$inho, depois de recomendar03 Fiquem quietos por um momento.As pom&as foram se apro$imando, devagar. ma a uma, elasdesceram at que, em alguns segundos, um &ando &arulhento estavapousado no muro.3 8(o ali que as quer@ 3 perguntou "reville, com uma e$press(ovitoriosa.Kate n(o havia feito qualquer men%(o e, a &em da verdade, gostariaque os p)ssaros tivessem pousado &em longe de seu campo de vis(oapenas para contradi!er aquele presun%oso. Bas o que di!er se eleconseguira fa!4-las pousar e$atamente no lugar ideal para a foto-grafia@

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    3 Tire logo essas fotos, Kate, pelo amor de /eus. 8(o ve=o a hora deir para um lugar mais quente 3 implorou Barion.3 Tome meu agasalho 3 ofereceu Shelle, solcita, tirando a capa ecolocando-a so&re os om&ros da amiga assim que ela desceu domuro.

    3 #ra, voc4 fe! as pom&as voarem 3 protestou 6eo.?nstintivamente, Shelle levantou os &ra%os em dire%(o ;s pom&asque haviam se assustado, e "reville gritou03 Tire outra foto, Kate, r)pido?mpulsivamente, ela aceitou a sugest(o dele. A fotografia era umverdadeiro poema em &ranco. # vento &atia nos ca&elos loiros damanequim e fa!ia esvoa%ar as mangas largas da &lusa de seu vestido&ranco.8os minutos seguintes, Kate tirou v)rias outras fotos dela com aquelemesmo modelo, usando fundos diferentes, mas sa&ia que nenhumase compararia ;quela que "reville havia proposto. 9ssa certe!a, almde arranhar seu orgulho profissional, dei$ava-a furiosa por t4-loo&edecido.3 Aca&ou o filmeEaveria mais uma foto se o intrometido n(o a tivesse feito disparar,sem querer, a m)quina. Sua irrita%(o em rela%(o a ele cresceu aindamais, quando Kate n(o conseguiu imaginar que outra foto poderia&ater para superar a das pom&as esvoa%antes.3 Assim que Lilla terminar a parte dela, precisamos voltar para6ondres -3 comentou Shelle, quando retornavam a casa.3 Lilla s* vai poder posar no fim da tarde 3 afirmou 6eo,

    enfaticamente. 3 +rimeiro quero acertar um detalhe na saia do vesti-do a!ul. 8(o &asta apenas que ela este=a &onita.3 Bas, 6eo...Shelle interrompeu o protesto, pois o estilista =) se afastava,acompanhando Barion para cima, onde certamente demoraria horasacertando os detalhes que n(o lhe estavam agradando.3 +reciso estar de volta ; cidade l) pelas tr4s horas 3 reclamouShelle, apreensiva. 3 Tenho outro compromisso ;s quatro. 3 Comoela era autoc4 talve! at pudesse me fa!er o favor de levar o filmepara o escrit*rio.3 Claro, com todo o pra!er.3 Se voc4 for dirigindo o carro at l), eu escreverei um &ilhete paraClive no caminho mesmo. =?ntimamente, Kate se congratulava com a &rilhante sada quearrumara, pois uma ve! que Barion e 6eo estariam ocupados com acostureira, n(o lhe restaria escolha a n(o ser ficar com Lilla ou"reville, o que n(o prometia ser nada agrad)vel.3 Sinto muito, mas n(o sei guiar seu carro, que autom)tico.

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    3 6evo as duas em meu autom*vel 3 propoc4 parece gelada 2ue tal tomarmos um caf antes de voltar@ #&ar da esta%(o logo ali.Kate surpreendeu-se com a sugest(o dele, pois "reville pareciacom&inar mais com hotis sofisticados e restaurantes de lu$o do quecom um simples &ar.3 /ois cafs, por favor 3 ele pediu, ao entrarem.Com a maior simplicidade, ele &e&eu o caf da $cara descart)vel,pagou a conta e ao sarem notou o olhar de curiosidade de Kate emdire%(o ao entle. 9ncarando-a de forma divertida, ele perguntou0

    3 # que est) olhando@3 #s n5meros da placa.3 # que t4m eles@3 +ensei que um carro como o seu tivesse placa personali!ada, dotipo " P, ou coisa parecida.3 8(o preciso fa!er propaganda de minha pessoa 3 ele respondeu,seco. "reville a&riu-lhe a porta da frente e esperou que ela seacomodasse, antes de sentar-se do outro lado, acrescentandoenquanto ligava o motor0 3 8a verdade, gosto mesmo de via=arinc*gnito. Buitas ve!es chego at a via=ar de

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    corando quando ele se virou de repente, surpreendendo seu olhar.3 >ai me perguntar por que eu n(o uso uma placa personali!adapendurada no pesco%o@ 3 ele perguntou, sorrindo.3 1econhe%o que o sigilo se=a t(o importante na alta costura quantono comrcio de diamantes.

    8(o se conformava com o fato de ele t4-la surpreendido enquanto oo&servava e agora o odiava por estar tentando fa!4-la passar por tola.3 8(o h) compara%(o entre os dois.9le estacionou o carro no acostamento, num lugar de onde se tinhauma vista panor'mica do topo da colina e, recostando-se no &anco,p

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    fechando os olhos, aca&ou por se dei$ar sedu!ir pela for%a virildaquela &oca na sua, correspondendo com ardor ao &ei=o apai$onado.3 "reville... 3 murmurou, rouca.9 seus &ra%os entrela%aram o pesco%o dele, suas m(os afagaram-lheos ca&elos e seus l)&ios se entrea&riram, permitindo que trocassem

    &ei=os mais ntimos e mais profundos./e uma coisa Kate tinha certe!aH se Barion n(o sa&ia a diferen%a, ela,agora sa&ia.

    CAPTULO IV3 9 voc4, tem certe!a de que sa&e a diferen%a@"reville a afastara um pouco e fi!era a pergunta com os l)&ios quasero%ando os dela. Kate n(o poderia estar se sentindo mais at

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    3 Como fa%o para destravar@ 3 perguntou, voltando-se para ele. 39ste carro complicado demais para o meu modesto conhecimentoautomo&ilstico.3 As portas s(o travadas eletronicamente 3 ele e$plicou. 3 Se voc4tiver um minuto de paci4ncia, eu a&rirei.

    Kate, no entanto, n(o deu aten%(o ;s palavras dele e continuou afor%ar a ma%aneta, no mesmo momento em que ele acionava ocontrole e a porta se a&ria, pu$ando-a consigo para fora do carro.3 Cuidado Solte a porta. . .Bas o aviso de "reville chegou tarde demais, e Kate =) se haviaprecipitado para o =ardim, desa=eitadamente perdendo o equil&rio.6ouca da vida notou que Lilla n(o s* o&servava a cena com desdmmal disfar%ado como tam&m n(o ocultava seu desagrado por v4-laem companhia de "reville. Kate procurou se recompor e encarou amanequim, que di!ia03 9nt(o voc4 tam&m foi 6eo a procurou por toda a parte.3 9le sa&ia que eu ia levar Shelle at a esta%(o.8a verdade, n(o fora ela quem levara. Simplesmente acompanhara aamiga e era evidente que, perce&endo isso, Lilla ficara furiosa.Ali)s, o olhar que ela lhe dirigia dei$ava &em claro que t(o cedo n(o aperdoaria.3 Se voc4 estivesse aqui no momento em que foi necess)rio, eu =)teria sido fotografada e levado Shelle at 6ondres.3 6eo havia me avisado de que s* estaria disponvel para as suasfotos no final da tarde. . .Aquilo estava se degenerando num &ate-&oca indigno, e Kate sus-

    pirou aliviada ao ver que a manequim n(o retrucava mais. J) &astavasentir-se inferiori!ada por causa de sua estatura diante das modelos,que eram v)rios centmetros mais altas. 2ualquer discuss(o tendia aoridculo quando se tinha de levantar a ca&e%a para enfrentar oopositor. Bas talve! o que a incomodasse mesmo fosse o fato de aestatura de Lilla se apro$imar da de "reville. . . , os dois realmenteformavam um par ideal.3 +rometa que vai assistir ; minha ma%ante sess(o de fotografia,agora ; tarde 3 Lilla fe! o pedido em tom dengoso, pousando a m(oso&re o &ra%o de "reville como se am&os se conhecessem h) muitosanos. 9le deu um sorriso radioso, enquanto a condu!ia at os degraus

    da escada e assegurava, galante03 8(o a perderia por nada neste mundo A prop*sito, qual vai ser ocen)rio de fundo para as suas roupas@9ra demais aquele s5&ito interesse por parte de algum que sesupunha despre!ar o mundo da moda. Ser) que &astava um rosto&onito, um =eito tentador e uma ligeira adula%(o para se do&rar umhomem@3 6eo sugeriu o lago com os cisnes 3 Kate intrometeu-se, n(oagIentando ser ignorada.3 Cisnes n(o fa!em o meu g4nero. 3 Lilla fitou o anfitri(o com um arde s5plica, enquanto fa!ia um gesto e$pressivo em dire%(o ao entlee e$plicava0 3 >ou posar com roupas de viagem.3 +or favor, disponha do carro. #u melhor, ainda, por que n(o usa o

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    meu =atinho@ Complementaria muito &em seus tra=es de viagem.Kate involuntariamente comprimiu os l)&ios. 8(o precisava nem olharpara Lilla para v4-la e$ultante."reville, apesar de toda a fortuna e poder, n(o tinha o direito de se

    =ulgar melhor do que qualquer outro homem, ela considerou ao ouvir

    a recomenda%(o autorit)ria que ele lhe fa!ia.3 Binha 5nica restri%(o que n(o apare%am a placa e o prefi$o deidentifica%(o do avi(o.3 Talve! 6eo n(o aceite nenhum dos dois para fundo 3 retrucouKate, em tom rude, torcendo intimamente para que o figurinista n(oaceitasse mesmo.Bas esse dese=o foi em v(o, porque 6eo n(o poderia ter acolhido asugest(o com maior entusiasmo. 9ra evidente que o franc4s n(opermitia que sentimentos pessoais interferissem nas coisas quepudessem pro=etar ainda mais sua preciosa Cole%(o de >er(o.Assim, o resto do dia pertenceu a Lilla, que sou&e tirar o melhorpartido de cada minuto. 1esignando-se ; situa%(o, Kate tam&mdei$ou de lado seus sentimentos pessoais, consciente de quenaquelas circunst'ncias precisava manter sua postura profissionalacima de tudo. A modelo, porm, parecia determinada a lhe criardificuldades, me$endo-se propositalmente, toda ve! que ela iaapertar o o&turador, o que a o&rigava a repetir a mesma foto v)riasve!es.#s elegantes e sofisticados tra=es de viagem, em com&ina%:es devermelho, preto, &ranco e cin!a, foram fotografados em diversos'ngulosH na escada do avi(o, ao lado da asa, na porta do entle e ;

    entrada de Fullcote Eall. Cada modelo real%ava ainda mais o corpo&em-feito da morena, e o cen)rio de fundo n(o poderia ter sidomelhor escolhido. /epois de cada pose, a manequim se derretia numsorriso para "reville, dei$ando Kate revoltada a ponto de n(oconseguir conter uma o&serva%(o maliciosa, em vo! &ai$a03 Tentando agradar a platia, @3 # que voc4 disse@ 3 o anfitri(o perguntou, apro$imando-se.3 8ada. 3 9la n(o se dera conta de que "reville havia se colocado aoseu lado e dese=ava com todas as forcas que ele fosse em&ora dali.Sentia-se su=a e desalinhada em seu macac(o de tra&alho e n(osuportava a idia de ser comparada ; eleg'ncia e sofistica%(o da

    modelo. Sua cal%a estava empoeirada de tanto que ela se a=oelhavano ch(o para conseguir melhores 'ngulos e as pontas dos sapatoshaviam ficado esfoladas, dei$ando-a de pssimo humor.3 +or ho=e chega 3 disse 6eo, depois de alguns minutos.3 J)@ 3 perguntou Kate com ironia, dando um tapinha na m)quinapara e$travasar a raiva. 3 /roga"reville se inclinou, interessado, vendo-a lutar contra o mecanismo dac'mera e perguntou0 3 # que houve@3 # o&turador travou. 9ra s* o que me faltava3 >oc4 deveria tratar com mais cuidado um equipamento t(odelicado 3 ele comentou. Kate deu um suspiro, enquanto e$aminavaa m)quina com uma e$press(o de des'nimo. 8aquele precisomomento ela adoraria dar com aquele delicado equipamento na

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    ca&e%a daquele arrogante, mas se conteve e continuou a ouvi-loe$plicar0 3 E) uma lo=a de material fotogr)fico a alguns metros daesta%(o de trem, um pouco alm de onde estacionamos ho=e cedo.Ainda d) tempo para consertar a m)quina ho=e.3 +ode dei$ar que eu me viro 3 respondeu Kate, antes que ele se

    prontificasse a lev)-la.3 ?a sugerir que, como voc4 vai guiar at l) so!inha, seria melhor semanter na estrada principal, em ve! de pegar a mais panor'mica pelaqual fomos ho=e 3 ele continuou, em tom impessoal.>ai dirigir at l) so!inha, esse coment)rio ficou ecoando na ca&e%ade Kate.Sem d5vida, ele estava querendo di!er que n(o tinha a menorinten%(o de acompanh)-la at l), sen(o n(o teria dado tanta 4nfase;s palavras. Kate sentiu-se !angada consigo mesma, pois, ao invs deficar satisfeita por ele n(o pretender lev)-la, estava decepcionada.3 Acho que melhor eu ir tam&m 3 disse Lilla, visivelmenterelutante. 3 8(o gosto nada de via=ar no escuro. . .3Se sair =), chegar) antes que anoite%a 3 interferiu Kate comimpaci4ncia, desa&afando toda sua raiva na manequim e retri&uindo-lhe os maus momentos que a fi!era passar durante a tarde.9ntretanto, seu mau humor durou pouco e, assim que ela chegou ;lo=a, =) se estava sentindo envergonhada de sua e$plos(o. A viagemsolit)ria a a=udara a acalmar os nervos, e o conserto r)pido a dei$ouHquase feli!. 1esolveu voltar pelo caminho que fi!era com "revilleHpela manh( e recorreu ao au$lio de um mapa para se locali!ar.8(o vai ser "reville quem vai determinar o tra=eto que devo fa!er,

    disse para si mesma, em&ora sou&esse que o motivo que a levava apassar novamente por aquela estrada fosse outro.+arou e$atamente no mesmo ponto do acostamento onde eleshaviam se &ei=ado e p

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    a vir. . ., ela pensou, deprimida.3 Acredita que tam&m estou de frias@ 3 perguntou "us, de s5&ito.#&viamente ela n(o s* n(o acreditava, como sa&ia que ele tam&mn(o se convencera com sua hist*ria.3 #nde est) hospedada@ 3 o rep*rter insistiu.

    3 9stou e$cursionando. >ou parando aqui e ali, ao acaso."us sorriu e, como ela n(o lhe perguntasse nada, ficou meiodesconcertado e se despediu03 >e=o voc4 por a, ent(o.8(o, se eu puder evitar, assegurou Kate a si mesma, o&servando-ocolocar o carro em movimento.9le n(o acreditou em nenhuma das minhas palavras. Aposto comovai se esconder era uma das curvas, me dei$ando passar para depoisme seguir. +reciso coloc)-lo fora da minha pista o mais r)pidopossvel, sem permitir que ele me acompanhe at Fullcote Eall, elapensou.9la =) havia sido vtima de t)tica semelhante por parte daquelehomem e n(o hesitou em tomar uma resolu%(o ao avistar um enormehotel, locali!ado pr*$imo ; estrada. Seguiu em dire%(o do letreiro0The Mheel&ac. 9 estacionou o carro, plane=ando entrar como sefosse uma h*spede.Como ainda era cedo para as demais atividades do hotel, comorestaurantes, sala de espet)culos e &ares, n(o havia grandequantidade de pessoas circulando pelos am&ientes. Assim, se orep*rter a tivesse seguido, dedu!iria que ela estava hospedada ali.Kate torceu para que as coisas corressem como dese=ava. 8(o viu o

    menor sinal do homem enquanto se encaminhava decidida para agrande constru%(o &ranca e pediu para usar a ca&ine telef

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    Kate tentou ocultar a raiva que sentia e achou mais prudente n(ocomentar nada a respeito da presen%a de "us CraDford na regi(o.+rimeiro porque n(o pretendia gerar inquieta%(o e depois porque n(oqueria que "reville sou&esse que ela havia retornado pelo caminho eestacionado no mesmo ponto onde am&os haviam estado pela

    manh(.3 >oc4 est) muito quieta, Kate 3 a =ovem o&servou, sorrindo.3 9stou com um pouquinho de dor de ca&e%a.A mesma velha desculpa de sempre, pensou meio ve$ada,retri&uindo o sorriso de Barion, que revelava uma preocupa%(osincera.Apesar de o =antar estar e$celente, ela n(o conseguiu tirar da ca&e%aa figura de "us CraDford, perguntando-se se n(o teria sido maisaconselh)vel prevenir os demais so&re o ocorrido. 8(o queria, porm,preocup)-los com a pssima reputa%(o do rep*rter, pois isso aca&ariaestragando a noite de todos.#s olhos de Kate vagavam distrados pelo am&iente at que captaramum detalhe curioso. Se a princpio sua aten%(o fora atrada peloostensivo anel de &rilhantes que Lilla usava, logo ela se fi$ou em umadiscreta mancha de gra$a que havia ao lado do dedo indicador damodelo.9nt(o, o pneu va!io n(o fora acidental 8(o restava d5vida de que amancha tinha sido causada por uma mistura de *leo e su=eira doch(o, no momento em que a morena propositalmente esva!iava av)lvula, com a inten%(o de que "reville a convidasse para pernoitarl). +erto de algum t(o inescrupuloso, que chances restavam a Kate

    de concorrer ; aten%(o do anfitri(o@ A esse pensamento, sua dor deca&e%a se tornou real, provocando-lhe um des'nimo que todosinterpretaram como sendo de puro cansa%o. Assim, ningumprotestou quando ela avisou que iria se retirar cedo.3 Tam&m vou su&ir. Ainda me sinto gelada por ter ficado posandonaquele muro, ho=e cedo 3 quei$ou-se Barion.3 9 eu vou tra&alhar um pouco nos meus es&o%os para a Cole%(o de#utono 3 declarou 6eo.Kate se arrependeu de sua decis(o ao perce&er, contrariada, queestava fa!endo o =ogo de Lilla ao dei$)-la so!inha com o anfitri(o. #sorriso que a outra lhe dirigiu confirmava essa suposi%(o e n(o foi

    sem hesita%(o que se levantou.8(o vale a pena lutar por ele, mentiu a si mesma.Alm disso, estava prestes a chorar, o que dei$aria Lilla encantada,porque na certa "reville permaneceria indiferente ;s suas m)goas.3 oa noite para todos 3 despediu-se, sentindo a ca&e%a late=ar.Su&iu apressada para o quarto e vestiu uma camisola, atirando-se nacama, com um gemido rouco que mais parecia um solu%o. Adormeceude imediato, mas acordou so&ressaltada no meio da noite. #sponteiros do rel*gio marcavam pouco mais de uma hora, e ela sesentou na cama, com a desagrad)vel sensa%(o de que alguma coisahavia pertur&ado seu sono. Bas o qu4@ Agu%ou os ouvidos e os olhosna escurid(o. Aparentemente, permanecia tudo na mais perfeitaharmonia com o vento soprando forte e as pom&as fa!endo &arulho

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    no pom&al.3 As pom&as 3 e$clamou &ai$inho. - 9las n(o costumavam arrulhar;quela hora da noite. Como um rel'mpago, levantou-se da cama ecaminhou at a =anela. Alguma coisa ou algum devia t4-lasassustado. Seria "us CraDford@

    8o mesmo instante em que lhe passou essa possi&ilidade pela mente,Kate apanhou o roup(o so&re a cadeira, vestindo-o. /eu mais umaespiada pela =anela e constatou que tudo parecia normal. Atr)s das)rvores, porm, era possvel que se escondesse uma d5!ia derep*rteres.Se aquele mau-car)ter me seguiu, vou lhe dar uma li%(oinesquecvel, disse para si mesma./ecidida, cal%ou os chinelos e saiu devagarinho do quarto.?mediatamente perce&eu lu! so& a porta do quarto de 6eo, o queindicava que o figurinista ainda deveria estar tra&alhando em seusdesenhos. Kate hesitou por um momento, depois atravessou ocorredor e &ateu de leve ; porta, chamando03 6eo@3 Kate, o que h)@ 3 ele perguntou, a&rindo a porta. 3 9st) sesentindo mal@# padr(o do ro&e do franc4s era t(o espalhafatoso que ela quaserespondeu afirmativamente, mas se conteve a tempo e sacudiu aca&e%a, di!endo03 8(o. 9stou doente de raiva/epois, em vo! &ai$a colocou-o rapidamente a par do que haviaacontecido.

    3 Acha mesmo que o tal rep*rter sa&e que a minha cole%(o est)sendo fotografada aqui@ 3 6eo estranhou aquilo, fran!indo asso&rancelhas.3 2ue outra ra!(o ele teria para vir a esta regi(o@3 >ou descer e verificar 3 assegurou 6eo, preocupado.3 9u o acompanharei.Qquela hora da madrugada, tudo adquiria um aspecto assustador. Aescada era um verdadeiro po%o de escurid(o, o corredor um lugarsom&rio e a armadura do hall mais parecia um fantasma ao lado daporta quando 6eo a destrancou, alertando03 Tome cuidado, sen(o vamos acordar a casa inteira. Kate saiu nas

    pontas dos ps atr)s do franc4s e soltou um gemido de frio quando ovento atravessou o tecido leve de seu penhoar. 3 2uem quer quese=a, s* pode estar &em perto do pom&al para assustar tanto as aves3 ele disse, pensativo.3 #u em algum canto atr)s das )rvores 3 cochichou Kate. Rrvores ear&ustos se confundiam com uma profus(o de plantas trepadeiras,ra!es e espinhos que a picavam, enquanto ela caminhava no escuro,sem conseguir se locali!ar direito. /e repente. .. um gato.3 Ai, que susto# &ichinho havia passado, miando, por entre as pernas de Kate,fa!endo-a pular para o lado, assustada com aquele contatoinesperado.3 Calma 3 6eo passou-lhe o &ra%o protetoramente pelos om&ros,

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    a=udando-a a reco&rar o equil&rio. 3 Foi apenas um gato +ara ondeser) que ele foi@# animal desaparecera na escurid(o, mas o rosnado &ravio de um c(osu&stituiu o sil4ncio da noite.3 8(o se movam, ou o cachorro os ataca. 2uero ver quem s(o voc4s.

    3 m facho de lanterna os cegou por um momento, e logo a vo! de"reville soou amea%adora0 3 2ue fa!em aqui@3 Ah, "reville 3 murmurou Kate. 3 "ra%as a /eus voc43 +elo que ve=o, cheguei &em a tempo 3 ele retrucou, som&rio.# anfitri(o fitou-os com raiva, percorrendo com o olhar oe$travagante roup(o de 6eo e o leve penhoar dela. 9m seguida,deteve a aten%(o no &ra%o do figurinista so&re os om&ros de Kate.3 A tempo para qu4@ 3 ela estranhou.+or uma fra%(o de segundo, Kate n(o perce&eu a insinua%(o, mas,logo que entendeu onde ele queria chegar, sentiu o sangue su&ir-lheao rosto. 1espirando fundo disse, com dificuldade03 >iemos ver o que pertur&ava as pom&as, e eu aca&ei trope%andonum gato. Se 6eo n(o tivesse me amparado, eu teria cado.3 2ue gato@ 3 indagou "reville, olhando em dire%(o ao pom&altranqIilo.3 9st) sugerindo... 3 come%ou, irritada com a atitude dedesconfian%a dele.3 9stou sugerindo que continuemos esta conversa em meu escrit*rio3 interrompeu "reville, friamente. 3 /a maneira como est) vestida...ou despida, melhor que permane%a dentro de casa onde maisquente.

    A 5ltima coisa de que ela necessitava naquele momento era de calor,pois sentia-se furiosa com a insultante incompreens(o daquelehomem. 2uando ele a pegou pelo &ra%o, porm, Kate n(o conseguiumais se controlar.3 Tire as m(os de mim3 Tire as m(os dela 3 "reville deturpou as palavras, dirigindo-as a6eo, que imediatamente tirou o &ra%o dos om&ros de Kate, enquanto"reville apertava-lhe o pulso com dedos de a%o. 3 >enham comigo8(o restava a Kate outra alternativa a n(o ser segui-lo, pois "revillepraticamente a arrastava atr)s de si, pu$ando-a pela m(o.?nutilmente, ela tentou se livrar daquele contato, mas desistiu,

    sa&endo que =amais conseguiria reunir for%as para tanto.Ao entrarem no hall, agora iluminado, ele trancou a porta, ainda semsolt)-la e sem di!er palavra. 8esse momento, Kate ouviu nitidamenteo rudo de uma porta se fechando, no andar superior.3 +or aqui 3 disse "reville, empurrando-a para um c

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    vestido.Lilla e ele devem ter se recolhido tarde, dedu!iu Kate.Claro, n(o havia outro motivo que =ustificasse o fato de ele aindaestar com aquelas roupas elegantes."reville indicou a 6eo uma cadeira ao lado dela.

    3 Sente-se.3 +refiro ficar em p, o&rigado 3 o figurinista recusou, im*vel?rritada, Kate dese=ou que o franc4s n(o tentasse &ancar o her*iagindo como algum que, de olhos vendados e encostado a umaparede, esperasse ser e$ecutado a qualquer momento./efinitivamente, isso de nada adiantaria com uma pessoa como"reville. Banter-se na defensiva serviria apenas para admitir culpa.3 Sente-se 3 o anfitri(o repetiu./esta ve! o tom autorit)rio dele n(o admitia recusa e, com umae$clama%(o espantada no rosto, 6eo se acomodou no lugar indicado.Ato contnuo, "reville recostou-se em um m*vel antigo, endireitandoo corpo de modo a real%ar ainda mais sua alta estatura, e declaroucom firme!a03 Agora, e$i=o uma e$plica%(o dos dois

    CAPTULO VKate se me$eu, inquieta, na cadeira, sem a menor vontade deprolongar aquela discuss(o constrangedora,3 Bas eu =) lhe dei uma e$plica%(o 3 afirmou.3 9nt(o h) outra@3 "reville, n(o deturpe as minhas palavras.

    3 # que me di!, 6eo@"reville, evidentemente, pretendia surpreender qualquer contradi%(oentre as duas vers:es. Sem se dar conta do ridculo da situa%(o, ofranc4s come%ou a di!er03 Kate foi at o meu quarto...3 Ah, @ ?nteressante... Continue.3 8(o a&solutamente nada do que voc4 est) imaginando 3 elagritou possessa, levantando-se de um salto.3 Como sa&e o que estou imaginando@9sfor%ando-se para controlar a vo! e a enorme vontade de despe=aruma por%(o de desaforos na cara dele, Kate falou0

    3 #u%a, "reville...3 9stou ouvindo.3 8(o sou o&rigada a lhe dar qualquer satisfa%(o so&re meus atos,mas como voc4 meu anfitri(o e, especialmente, para n(o dei$ar 6eoem situa%(o em&ara%osa que vou tentar esclarecer tudo.3 timo 9nt(o diga.3 Fui acordada pelo rudo das pom&as e tive receio de que a causafosse "us CraDford, da Echo, que ho=e, encontrei no caminhoenquanto voltava da lo=a de material fotogr)fico.3 >oc4 tam&m ouviu o &arulho, 6eo@3 8(o, eu, . .3 9 por acaso ficou sa&endo de alguma coisa so&re esse tal rep*rter@3 o anfitri(o interrompeu-o.

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    3 8(o, eu. . .3 Afinal, "reville, quer ou n(o me dar a chance de e$plicar@ 3perguntou Kate, e$asperada.3 #ra, n(o precisa ficar nervosa,3 6eo s* tomou conhecimento desses fatos depois. +ois &em, acordei

    so&ressaltada com o &arulho das pom&as e resolvi descer parainvestigar. 2uando sa no corredor, perce&i que havia lu! no quarto de6eo e conclu que ele estava acordado, por isso achei que seria maisprudente cham)-lo e descermos =untos, no caso de realmente serCraDford e ele tentar nos causar pro&lemas.3 Acho que sair vestida dessa maneira =) um convite a pro&lemas.Kate sentiu o rosto queimar de vergonha. 8o calor da raiva que sentiapor "reville, se esquecera do neglig transparente. Belindrada,procurou fech)-lo melhor, mas o tecido fino se colou mais ao corpo,evidenciando o contorno perfeito de suas curvas, o que n(o passoudesperce&ido a "reville que a fitou com uma e$press(o de dese=o.3 em, achamos que o que quer que fosse s* poderia estar entre as)rvores, =unto ao pom&al 3 ela continuou. 3 Bas tudo quedesco&rimos foi um gato, que me assustou. 9 eu teria cado se 6eon(o me amparasse nos &ra%os.3 Ah, sei. .Com o quei$o erguido, Kate ignorou a interven%(o de "reville econcluiu a e$plica%(o. Ao contar o que ocorrera, porm, perce&eu querealmente havia agido impulsivamente, sem parar para avaliar aspossveis conseqI4ncias de seu ato."reville os encarava, impaciente, sem esconder a incredulidade.

    3 Eavia mesmo um gato 3 o figurinista confirmou, timidamente.Kate o fe! calar-se com um olhar !angadoH o apoio tinha chegado umpouco tarde. Agora se defenderia muito &em so!inha3 #ra, n(o fa!ia nem cinco minutos que havamos sado quando voc4apareceu. # que o fe! sair@3 9stavam l) fora h) alguns minutos quando os surpreendi 3replicou "reville, ignorando aquela pergunta.3 Ah, ent(o posso dedu!ir que voc4 nos espionava... Talve!, tenhaat nos seguido.3 8ada disso. /epois de uma certa hora da noite, as portas da casas(o trancadas e, se algum sair, toca um alarme em meu quarto.

    9nt(o foi por esse motivo que "reville lhe perguntara se ela pretendiasair novamente, na noite de sua chegada, quando estava disposta ase recolher ao quarto. 9ssa informa%(o mudava completamente suaopini(o a respeito do sistema de seguran%a de Fullcote Eall. 8averdade, a casa era compar)vel ao Forte Kno$3 Se eu sou&esse que a casa era t(o &em vigiada, n(o teria sadopara investigar em, uma ve! que =) dei a e$plica%(o que nos pediu,ou melhor e$igiu, vou voltar ao meu quarto e dormir tranqIila,sa&endo que voc4 est) aqui de guarda 3concluiu, sarc)stica,dese=ando que o ch(o se a&risse, tragando aquele homem arrogante.9rguendo &em a ca&e%a para sentir-se mais alta e segura, Katepassou por ele e n(o perce&eu o ra&o do cachorro, que estava aosps do dono, no caminho.

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    3 Cuidado para n(o pisar em Chip 3 ele alertou. Tarde demais parase esquivar, ela trope%ou no cachorro, que imediatamente selevantou, fa!endo-a escorregar no assoalho encerado. 3 Avisei paraque tomasse cuidado+ela segunda ve! em uma hora, Kate foi amparada por &ra%os

    masculinos, que a impediram da humilha%(o de cair com a cara noch(o. S* que desta ve! os &ra%os eram mais vigorosos ee$perientes. . . &ra%os que talve! tivessem aca&ado de a&ra%ar Lilla.Sem conseguir controlar-se, ela fechou os olhos e se apoiou um pouconos om&ros dele. 9ntretanto, logo se desvencilhou, receosa de que"reville pudesse perce&er o efeito avassalador que aquele contato lhecausava.3 Torceu o torno!elo quando escorregou@3 8(o, n(o muito. Acho que posso andar.As palavras lhe saram quase num sussurro, e Kate levantou as m(osna tentativa de afastar os &ra%os dele, que insistiam em lhe dar apoio.Fitou-o com ar suplicante para que a soltasse e deparou com doisolhos cin!entos muito preocupados, que a fi!eram esquecer 6eo, oc(o e toda raiva que sentira, dei$ando-a sem for%as para resistir aoestranho magnetismo que a prendia a ele. "reville foi o primeiro aque&rar aquele encantamento, recomendando03 8(o force mais o p por ho=e.Como se tivesse rece&ido um &anho de )gua fria, Kate enri=eceu ocorpo no mesmo instante e reuniu for%as para afastar os &ra%os de"reville.3 S* vou for%)-lo a me levar at a cama

    9m seguida, ela correu para a porta, sentindo que "reville o&servavasua dificuldade em a&rir a dura ma%aneta. Sem dar a menorimport'ncia ao torno!elo, Kate levantou ligeiramente o penhoar esu&iu os degraus da escada de dois em dois.Ao chegar no corredor, perce&eu que tanto a porta do quarto de"reville quanto a do quarto de 6eo permaneciam a&ertas. Semretri&uir ao &oa-noite que o franc4s lhe dirigira ainda do patamarinferior, ela entrou imediatamente no quarto e foi direto para a cama,n(o se dando sequer ao tra&alho de acender a lu! e correndo o riscode mais uma ve! trope%ar em algum m*vel.Co&riu-se &em e ficou atenta ao &arulho dos passos que su&iam a

    escada. 6eo foi o primeiro a trancar a porta do quarto e logo depois seouvia o rudo de passos que pararam diante de seu dormit*rio. Katesentiu-se tensa e susteve a respira%(o at quando, segundos depois,a pessoa se afastou pelo corredor, e a porta do quarto de "reville sefechou.3 Kate Kate J) est) acordada@3 Sim, sim # que foi@ 3 Kate vestiu o penhoar e saiu correndo paraatender o figurinista, que parecia muito agitado. A cena damadrugada parecia se repetir, s* que invertida. 3 +elo amor de /eus,o que houve@3 Beus desenhos desapareceram 3 ele e$plicou, com o rosto lvidoe os ca&elos em desalinho.3 #s da Cole%(o de #utono@ 8(o possvel

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    3 9$atamente eles, Kate3 Bas como@ >oc4 estava tra&alhando neles ontem ; noite, quando&ati ; sua porta3 S* sei que sumiram3 >amos dar mais uma procurada, 6eo. Acalme-se

    A 5nica coisa que restava a fa!er era tentar manter a calma.+recisavam dar uma &usca minuciosa pela casa ; procura dosdesenhos antes de se perderem em divaga%:es e suposi%:es so&re oque poderia ter acontecido.3 /eve t4-los dei$ado por aqui quando voc4 desceu comigo a noitepassada./ecidida, Kate foi levantando tudo o que via pela frente, at que sedeparou com a pasta, onde 6eo arquivava suas cria%:es.3 Sei que a pasta est) a, mas est) va!ia 3 ele disse, irritado. 3 J)lhe disse, foram os desenhos que desapareceram3 9sses n(o s(o alguns dos modelos@ 3 ela perguntou com um fio deesperan%a, ao se deparar com alguns es&o%os.3 Kate, sumiram apenas os desenhos da Srie Colheita/essa ve!, Kate n(o conseguiu ocultar o quanto tam&m estavaapavorada.A Srie Colheita fa!ia parte da Cole%(o de #utono e constitua a natado tra&alho do figurinista.3 9u os havia dei$ado so&re esta mesa na hora em que voc4 mechamou ontem ; noite. 3 6eo apontou para uma pequenaescrivaninha do lado oposto ; porta, onde v)rios papis ainda seachavam espalhados.

    3 8a volta para o quarto, nem me preocupei em verificar os es&o%os,pois, aparentemente, tudo permanecia em ordem.3 2uer di!er que voc4 n(o se deu conta do desaparecimento delesat.. .3 At poucos minutos atr)s, quando os procurei para arquiv)-los napasta =unto com os demais.3 J) verificou todos os lugares@3 Claro Fi! isso antes de chamar voc4.Ali)s, a pergunta era dispens)vel, pois pela desarruma%(o do quarto,ficava evidente que o figurinista reme$era cada canto. +arecia mesmoque o am&iente fora varrido por um vendaval. As gavetas estavam

    a&ertas e todo seu conte5do se espalhava pelo ch(o, roupas,almofadas e materiais de desenho.3 ?sso pode ter sido o&ra de "us CraDford 3 concluiu Kate,desanimada.3 Bas como@3 Ao sairmos para o p)tio na noite passada, voc4 fechou a porta dafrente@3 8(o. 9la ficou a&erta para que pudssemos entrar de volta.3 8(o podemos nos esquecer tam&m que seria muito f)cil paraCraDford reconhec4-lo por causa de seu sotaque. ..3 9 da@3 /a que, em alguns segundos, ele pode ter entrado e vindo at oseu quarto. 8(o ficava difcil reconhecer qual dos dormit*rios era o

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    seu, pois a porta estava a&erta. "us deve ter apanhado os desenhos efugido antes mesmo de chegarmos ao pom&al.3 8esse caso, precisamos encontr)-lo3 Antes de mais nada, vou acordar "reville e lhe contar tudo queaconteceu.

    3 J) acordei e quero mesmo sa&er o que est) havendo. 3 Assustadacom aquela s5&ita interven%(o, Kate se virou para a entrada doc

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    m(os.A lem&ran%a maldosa de "reville dei$ou-a ainda pior. 8uncaimaginaria que o &reve momento de irrita%(o que a fi!era danificar am)quina lhe custaria t(o caro. /e repente, uma sensa%(o dee$aust(o se a&ateu so&re ela, aumentando a raiva e a preocupa%(o

    que a dominavam.3 +ensem de mim o que quiserem. 3 Sua vo! soou impassvel, mascontinha mais dignidade do que qualquer demonstra%(o de raiva. 8(olhe importava mais a impress(o que estava causando, queria apenaster o direito de colocar sua vers(o so&re os fatos. Sem pressa,acrescentou0 3 A presen%a de "us CraDford na regi(o n(o responsa&ilidade minha. 8(o marquei nenhum encontro com ele, pelocontr)rioH fi! tudo que era possvel para despist)-lo. 3 1apidamente,e$plicou aos dois homens tudo que havia acontecido, inclusive sua idaao hotel para esconder-se, e concluiu0 3 /e forma alguma mencioneia CraDford a presen%a de 6eo aqui, nem direta, nem indiretamente.Afinal, o sigilo t(o importante para uma revista quanto paraqualquer estilista.3 8esse caso, suponho que voc4s v(o suspender as atividades aqui.3 Non, non. +arar agora quase impossvel3 Completamente impossvel 3 enfati!ou Kate. 3 6eo precisa dapu&licidade e eu tenho uma data-limite para entregar a matria.A vida profissional impunha certas o&riga%:es que chegavam a serat uma &4n%(o na vida do indivduo. 8aquele momento, Kate achavamais que oportuno ter um pra!o para entregar seu tra&alho, pois issoa a=udava a dei$ar de lado seus sentimentos e frustra%:es pessoais.

    A=udava-a at a enfrentar "reville3 #ra, ent(o este=am ; vontade. 3 "reville deu de om&ros, como seo assunto n(o tivesse grande import'ncia e completou0 3 S* n(oentendo como v(o conseguir ca%ar CraDford e manter os hor)rios dassess:es de fotografia ao mesmo tempo.3 /aremos um =eito 3 garantiu 6eo, ainda n(o refeito da surpresadesagrad)vel.3 8(o precisamos sair ca%ando ningum 3 ela negou, contrariada.3 Bas Kate. . .3 6eo, se "us CraDford pegou os desenhos, pode d)-los por perdidos.Com toda certe!a eles ilustrar(o a p)gina de moda da edi%(o de

    amanh( da Echo, para que o mundo inteiro os ve=a 3 ela argumentoucom firme!a.3 Bas minha Srie Colheita. . .3 Considere perdida, 6eo. # =eito voc4 desenhar algumas outraspe%as. Se possvel, ainda mais &onitas. . . a 5nica maneira de dar otroco a CraDford.3 Se que foi CraDford mesmo quem os pegou 3 interferiu "reville.+ouco depois, enquanto vestia o macac(o de tra&alho e uma malhade l( para se proteger do frio, Kate ficou remoendo as palavras mal-dosas do anfitri(o. Sua intui%(o lhe di!ia que aquele dia seria umaluta, e assim que desceu para se =untar aos outros essepressentimento se confirmou.3 2ue tal come%armos pelo vestido amarelo com &ordado ingl4s, de

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    Barion@ 3 propamos encenarum piquenique so& uma )rvore, tendo o lago como fundo.3 8(o s* estar(o faltando as folhas, como Barion tam&m 3anunciou "reville, calmamente. Fe!-se um sil4ncio pesado noam&iente e, como ningum tecesse qualquer coment)rio diante da

    surpresa, ele prosseguiu0 3 9la acordou muito gripada ho=e cedo. 3 #tom de censura revelava sua inten%(o de di!er0 # que voc4sesperavam depois de o&rig)-la a permanecer tanto tempo penduradanaquele muro so& o vento gelado@ Bas, em ve! disso, ele informou03 1ecomendei a Barion que permanecesse em repouso. /aqui apoucos dias ela estar) completando de!enove anos e n(o quero quecomemore doente.A atitude autorit)ria de "reville o&rigava 6eo a se su&meter ; suavontade e criava um novo motivo de tens(o entre os dois. # diaaparentemente seria mais difcil do que Kate havia imaginado. ComBarion fora de campo, s* restava Lilla, que a&solutamente n(o fa!ia og4nero de sentar-se so& uma )rvore para um piquenique. 6eocompartilhava dessa opini(o e teve uma iniciativa que Kate admirou.3 8esse caso, vamos chamar Lilla e usar a carruagem que voc4prometeu nos emprestar."ouch!, e$clamou Kate, para si mesma e imediatamente olhou paraa e$press(o impassvel de "reville./aria um *timo =ogador de p

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    3 Bagnifique8(o restavam d5vidas de que 6eo se referia apenas ao tra=e, e umae$press(o de contrariedade alterou por um segundo o rosto perfeitode Lilla, que desfe! a pose e recome%ou a descer. Kate ent(o desvioua aten%(o para "reville e sentiu um aperto no cora%(o ao ver a

    maneira em&evecida com que o anfitri(o fitava a manequim, quecaminhou at ele, consciente de estar sendo o centro das aten%:es.3 Bagnfica, mesmo 3 repetiu "reville, s* que o elogio desta ve!era para a manequim e n(o para o tra=e.3 9sse tra=e para ser fotografado com a carruagem ao fundo, e n(oa escada 3 a mulher reclamou.Kate sentiu a vis(o meio turva ao escutar que a outra a criticava porter desperdi%ado tempo e filme, mas n(o retrucou, pois de fato elaestava com ra!(o.#lhou para a carruagem preta, muito &rilhante, com os metaiscuidadosamente polidos e um lindo par de cavalos cin!entos ; frente,e comentou, impulsiva03 # ideal seria fotografar uma noiva descendo dela e n(o apenas umtra=e comum J) imaginaram um vestido de renda &ranco contra ofundo preto da carroceria@ 9sta a sua chance, 6eo. 8(o v4@ /esenheum vestido de noiva e esque%a a Srie Colheita.3 Bas foi o melhor tra&alho que fi!.3 9ste vai ser o melhor tra&alho de todos 3 retrucou Kate, e$citada.3 +ense numa noiva. 3 Fe! uma pausa para estimul)-lo, sa&endoque imediatamente o figurinista se lem&raria de Barion, e prosseguiu,entusiasmada0 3 "us CraDford lhe fe! um grande favor ao sumir com

    a Srie Colheita ontem ; noite.3 Como pode di!er isso@ Aqueles desenhos foram fruto da mais purainspira%(o 3 o estilista protestou.3 # que h) com esse "us CraDford@ 3 perguntou Lilla, em vo!aguda.3 Achamos que ele andou circulando por aqui no fim da noite deontem 3 informou Kate, de m)