Angola - The road to diversification

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    1/28

    ESTUDOS ECONMICOSE FINANCEIROS

    AngolaJunho 2014

    BPIBPIBPIBPIBPI

    ANGOLA - A CAMINHODADIVERSIFICAO

    O cenrio macroeconmico para Angola apresenta-se positivo, apesar de a actividadecontinuar relativamente vulnervel face aos desenvolvimentos no sector do petrleo. De

    acordo com as nossas projeces, o crescimento econmico em 2013 dever ter ficadonos 4.5% (acima das expectativas do FMI, ainda que aqum das estimativas do executivo),para depois acelerar para 5.3% em 2014 (com algum risco de reviso em baixa). Deuma maneira geral, no mdio prazo, Angola dever beneficiar de um perodo decrescimento econmico mais moderado, mas que dever permanecer vigoroso. Assim,durante este perodo, Angola deveria intensificar os seus esforos para diversificar aactividade econmica, de forma a reduzir a dependncia do sector petrolfero, obtendoum crescimento econmico mais inclusivo e sustentvel. Embora existam alguns sinaisque sugerem que a diversificao da actividade econmica est a avanar, a indstriapetrolfera continua a ter um peso considervel na economia, deixando o pas exposto adiversos riscos externos relacionados com o sector petrolfero. Neste contexto,apresentamos neste relatrio um artigo especial com uma anlise aprofundada do sec-tor petrolfero.

    Os dados mais recentes sobre a execuo oramental de 2013 (de acordo com os dadospublicados no ultimo relatrio do FMI) indicam que o sector pblico deve ter registadoum dfice pela primeira vez desde 2009, estimado em -1.5% do PIB, apesar designificativamente abaixo do oramentado. A execuo oramental, aqum do previsto,continua a ser justificada pela subestimao das receitas e pela fraca capacidade deexecuo das despesas de investimento. Em geral, a poltica fiscal parece estar a tomara direco certa, j que as autoridades se continuam a mostrar empenhadas em aumentaro investimento pblico de forma a melhorar as infra-estruturas, mas estes planos voltarama ficar constrangidos pela fraca capacidade institucional. Sendo assim, necessriomelhorar a planificao e execuo do oramento atravs do reforo dos sistemas degesto das finanas pblicas. Para 2014, as autoridades prevem que o dfice fiscalaumente para 4.8% do PIB, assumindo que se dever prosseguir com o plano deinvestimento em infra-estruturas. No entanto, face dificuldade de execuo das despesas, possvel que o dfice no atinja este nvel, mas em qualquer dos cenrios, a dvida

    pblica manter-se- sustentvel. O sector externo dever continuar dependente das exportaes de petrleo, mas os

    esforos das autoridades para reduzir esta dependncia, devero comear a reflectir-seneste sector. A introduo da nova pauta aduaneira, por exemplo, foi um passo importantepara desincentivar as importaes e desenvolver a indstria local, apesar de se esperarque este processo seja lento face s restries do lado da oferta. Ao mesmo tempo asautoridades tm mantido uma poltica conservadora de acumulao de reservasinternacionais, que apesar de recentemente terem cado ligeiramente, ainda so suficientespara cobrir cerca de 7 meses das importaes. Para alm disso, o desenvolvimento deinfra-estruturas parece estar a acelerar, contribuindo para colocar Angola como um destinocada vez mais atraente para os investidores estrangeiros. Isto por sua vez pode ajudara atrair IDE e contribuir para o desenvolvimento da indstria local.

    A poltica do BNA manteve-se eficaz, conseguindo manter a inflao em nveis baixos. Ainflao em Abril caiu para um novo mnimo histrico de 7.22% y/y. O impacto daintroduo das novas tarifas aduaneiras sobre os preos ainda no foi perceptvel, j quea legislao entrou em vigor apenas no incio de Maro. No entanto, acreditamos queeste impacto seja reduzido, uma vez que de acordo com o Ministrio das Finanas, cercade 70% dos bens afectados pelas novas tarifas, pertencem a sectores que esto cobertospela produo interna. Finalmente, 6 meses depois de a ltima fase da nova lei cambialter entrado em vigor, a reduo da util izao do dlar na economia tem continuado, como kwanza a ganhar cada vez mais relevncia nas transaces locais.

    ESTUDOS ECONMICOSE FINANCEIROS

    Paula Gonalves Carvalho

    Email: [email protected] Teixeira Felino

    Email: [email protected] Andr Coelho

    Email: [email protected]

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    2/28

    Angola-ParqueNacionaldeKissama

    Research DepartmentResearch DepartmentResearch DepartmentResearch DepartmentResearch Department

    Paula Gonalves Carvalho Chief Economist

    Luisa Teixeira FelinoNuno Andr CoelhoPedro Miguel Mendes

    Teresa Gil Pinheiro

    TTTTTECHNICALECHNICALECHNICALECHNICALECHNICALAAAAANALNALNALNALNALYSISYSISYSISYSISYSISAgostinho Leal Alves

    Tel.: 351 21 310 11 86 Fax: 351 21 353 56 94

    Email: [email protected]: [email protected]: [email protected]: [email protected]: [email protected] http://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://www.bancobpi.pt.bancobpi.pt.bancobpi.pt.bancobpi.pt.bancobpi.pt

    http://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://www.bpiinvestimentos.pt/Resear.bpiinvestimentos.pt/Resear.bpiinvestimentos.pt/Resear.bpiinvestimentos.pt/Resear.bpiinvestimentos.pt/Researchchchchch http://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://www.bfa.ao.bfa.ao.bfa.ao.bfa.ao.bfa.ao

    NDICE Pg.

    ANGOLA- A CAMINHODADIVERSIFICAO

    CONJUNTURAEXTERNAEPERSPECTIVASECONMICASDAREGIO 03

    PERSPECTIVASDECRESCIMENTOECONMICO 05Desenvolvimentos recentes no sector das indstrias extractivas 07

    POLTICAORAMENTAL 09Resultados preliminares da execuo oramental de 2013 09Oramento de Estado para 2014 09

    CONTASEXTERNAS 12

    POLTICAMONETRIAESECTORFINANCEIRO 14

    SECTORPETROLFEROEMANGOLA: ALGUNSFACTOSEPERSPECTIVAS 16O sector petrolfero 16

    Breve contextualizao histrica 16Petrleo pr-sal 17Capacidade de refinao 17

    Dependncia da economia do sector petrolfero 19Perspectivas de mdio prazo 21

    Factores do lado da oferta 21Factores do lado da procura 22Evoluo do preo 23

    BASEDEDADOS 25

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    3/28

    3

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    CONJUNTURAEXTERNAEPERSPECTIVASECONMICASDAREGIO

    De acordo com o relatrio World Economic Outlook de Abril,a actividade econmica global tem vindo a melhorarprogressivamente esperando-se que o crescimento acelere

    ligeiramente em 2014-15, sobretudo impulsionado pelaperformance das economias avanadas. Nessa altura, o FMIantecipava que o crescimento global acelerasse de 3% em2013 para 3.6% e 3.9% em 2014 e 2015 respectivamente,acompanhando a acelerao do crescimento da economiaamericana e a manuteno de um crescimento robusto porparte das economias emergentes. Este cenrio deverprovavelmente vir a ser revisto em baixa, de acordo comindicaes da prpria instituio, reflectindo informaes maisrecentes, designadamente relacionadas com ocomportamento pior que o antecipado da economia doEstados Unidos, desacelerao da China e desenvolvimentosdesfavorveis noutras economias emergentes (Brasil, por

    exemplo).

    Perspectivas econmicas globais

    (percentagem)

    Principais Projeces Econmicas do FMI para a frica Subsaariana

    Crescimento do PIB Inflao S. Conta Corrente(%, variao anual) (%, variao anual) (% PIB)

    2013 2014 2015 2013 2014 2015 2013 2014 2015frica Subsaariana 4.9 5.4 5.5 6.3 6.1 5.9 -3.6 -3.6 -3.9Exportadores de Petrleo 5.8 6.7 6.7 7.4 6.9 6.6 3.9 3.3 2.1

    Nigria 6.3 7.1 7.0 8.5 7.3 7.0 4.7 4.9 4.0Angola 4.1 5.3 5.5 8.8 7.7 7.7 5.0 2.2 -0.4Guin Equatorial -4.9 -2.4 -8.3 3.2 3.9 3.7 -12.0 -10.2 -10.9Gabo 5.9 5.7 6.3 0.5 5.6 2.5 10.6 6.9 4.5Rpublica do Congo 4.5 8.1 5.8 4.6 2.4 2.4 -1.2 2.0 0.1

    Pases de Rendimento Mdio 3.0 3.4 3.7 5.8 5.9 5.5 -5.7 -5.1 -4.9frica do Sul 1.9 2.3 2.7 5.8 6.0 5.6 -5.8 -5.4 -5.3Gana 5.4 4.8 5.4 11.7 13.0 11.1 -13.2 -10.6 -7.8Camares 4.6 4.8 5.1 2.1 2.5 2.5 -4.4 -3.5 -3.6Costa do Marfim 8.1 8.2 7.7 2.6 1.2 2.5 -1.2 -2.2 -2.0

    Botswana 3.9 4.1 4.4 5.8 3.8 3.4 -0.4 0.4 0.2Senegal 4.0 4.6 4.8 0.8 1.4 1.7 -9.3 -7.5 -6.6

    Pases de Rendimento Baixo 6.5 6.8 6.8 6.0 5.5 5.5 -11.8 -11.8 -11.7Etipia 9.7 7.5 7.5 8.0 6.2 7.8 -6.1 -5.4 -6.0Qunia 5.6 6.3 6.3 5.7 6.6 5.5 -8.3 -9.6 -7.8Tanznia 7.0 7.2 7.0 7.9 5.2 5.0 -14.3 -13.9 -12.9Uguanda 6.0 6.4 6.8 5.4 6.3 6.3 -11.7 -12.6 -12.1Rep. Dem. Do Congo 8.5 8.7 8.5 0.8 2.4 4.1 -9.9 -7.9 -7.2Moambique 7.1 8.3 7.9 4.2 5.6 5.6 -41.9 -42.8 -43.2

    Fonte: FMI (WEO Abril 2014).

    O pior desempenho da economia global em 2014 dever estar relacionado com factores temporrios e especficos,relacionados, por exemplo, com condies climatricas muito adversas nos primeiros meses do ano nos EUA, antecipando-se que a dinmica de expanso se fortalea ao longo do segundo semestre. Todavia, continuam a existir alguns riscos dedeteriorao deste cenrio, nomeadamente relacionados com a possibilidade de a inflao ficar aqum das expectativasnas economias avanadas e com a volatilidade nos mercados financeiros das economias emergentes resultante da retiradados estmulos de poltica monetria.

    7.1

    5.7

    2.6

    5.6 5.54.9 4.9 5.4

    5.5 5.8

    -4.0

    -2.0

    0.0

    2.0

    4.0

    6.0

    8.0

    2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

    Glo bal eco nomias avanadas A ngo la

    Fonte: FM I

    Apesar da moderao do cenrio global, acredita-se que numa evoluo tendencialmente positiva para a regio de AfricaSubsaariana. No relatrio de Abril, o FMI antecipava que o crescimento da actividade econmica na regio Subsaariana

    acelere de 4.9% em 2013 para 5.4% em 2014, reflectindo melhores perspectivas tanto para os pases exportadores depetrleo como para os pases de mais baixo rendimento. A actividade econmica dever continuar a ser suportada pelos

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    4/28

    4

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    elevados investimentos em infra-estruturas e explorao de recursos naturais, ao mesmo tempo que os fundamentosmacroeconmicos se fortalecem. A inflao dever permanecer contida, e as posies fiscais tendero a melhorar, mas ossaldos das balanas de conta corrente podem deteriorar-se (em mdia) face a um aumento considervel das importaes,que decorrer dos fortes investimentos em infra-estruturas (embora este saldo deva ser essencialmente compensadopelo investimento directo estrangeiro).

    Ao mesmo tempo, este cenrio vem acompanhado de alguns riscos. Relativamente ao sector externo, os pases maisabertos ao comrcio internacional e exportadores de recursos naturais apresentam-se vulnerveis a uma possveldesacelerao do crescimento da China, a uma quebra da procura por parte das economias avanadas e a preos maisbaixos nas principais commodities. Como resultado, o relatrio alerta para a importncia de os pases se manteremfocados em manter estabilidade macroeconmica, de forma a terem margem para ajustar as suas polticas fiscais naeventualidade de terem de responder a choques externos adversos.

    O cenrio macroeconmico para Angola est em consonncia com a mdia regional, com o FMI a projectar um crescimentode 5.3% em 2014 e em 5.5% em 2015. O processo de desinflao dever tambm continuar, estimando-se que a taxa deinflao anual caia para 7.7% em 2014 enquanto o excedente da balana corrente tender a diminuir. Apesar das fortesrelaes comerciais com a China, os riscos relativamente ao sector externo parecem no ser elevados j que se esperaque a procura por petrleo por parte da China se mantenha relativamente elevada (as ligaes entre os dois pases sobastante evidentes - Angola exporta cerca de metade do petrleo produzido para a China, e representa o seu maior

    fornecedor de petrleo). Por outro lado, a actividade econmica deve continuar extremamente vulnervel volatilidadenos preos do petrleo.

    Paralelamente, aproveitando este perodo de crescimento econmico robusto no mdio prazo, o principal desafio daseconomias da frica Subsaariana incidir sobre a sua capacidade de assegurar que o crescimento se torna inclusivo esustentvel. Tal como foi reconhecido neste estudo, face melhoria das polticas macroeconmicas e estabilidadepoltica, muitos destes pases conseguiram melhorias substanciais em termos de desenvolvimento humano (apesar dealguns destes pases no terem sido capazes de atingir as metas definidas pelos objectivos de Desenvolvimento doMilnio para 2015). Por exemplo, Angola foi um dos pases que mais se destacou por ter alcanado melhorias notveis emtermos de desenvolvimento humano comparando com outros pases da frica Subsaariana (o IDH de Angola avanou de0.375 em 2000 para 0.508 em 2012, permitindo-lhe subir da posio 22 para 13 entre 37 pases da regio Subsaariana),apesar destas melhorias ainda esconderem elevadas desigualdades entre a populao. Como resultado, de forma acolocar estas economias numa trajectria de desenvolvimento sustentvel, estes pases deveriam aproveitar esta fase de

    rpido crescimento para se debruarem sobre a implementao de mudanas estruturais, tais como a melhoria daeficincia das despesas pblicas e a implementao de reformas com vista diversificao da actividade econmica e aodesenvolvimento do capital humano.

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    5/28

    5

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Crescimento real do PIB por sector(estimativas 2013)(percentagem)

    Crescimento do PIB (em volume)

    (percentagem)

    PERSPECTIVASDECRESCIMENTOECONMICO

    As previses mais recentes das autoridades angolanas (talcomo apresentadas no Oramento de Estado pelo Ministriodo Planeamento) sugerem que o processo de diversificao

    da economia continuou a avanar moderadamente em 2013,com o sector no petrolfero a crescer mais rapidamente doque o sector petrolfero. Para o sector agrcola, prev-se umcrescimento robusto de 8.6%, ainda que abaixo da mdiahistrica, indicando uma recuperao da seca de 2012. Poroutro lado, apesar do aumento dos investimentos paramelhorar o sector de logstica (em particular com a construode portos e reabilitao de caminhos de ferro), o crescimentono sector da construo dever ter sido mais fraco em 2013(7.6% comparado com uma taxa de crescimento de 11.7%em 2012), o que poder estar relacionado com a fracaexecuo oramental. Em contrapartida, o sector energticocresceu a um ritmo robusto de 22.4%, ao mesmo tempoque foram feitos investimentos significativos para construir

    e reabilitar infra-estruturas de energia (para produo edistribuio de energia). As autoridades antecipam tambmum cenrio positivo para 2014, suportado por uma melhorperformance tanto do sector petrolfero como do sector nopetrolfero, estimando que a taxa de crescimento econmicoacelere para 8.8% em 2014, que compara com os 5.1%estimados para 2013. De acordo com as projeces doexecutivo, o crescimento econmico em 2014 dever sersuportado por uma acelerao do crescimento no sectorpetrolfero para 6.5%, acompanhado por um crescimentorobusto no sector no petrolfero de 9.9%.

    Entretanto, o FMI apresentou recentemente estimativas mais

    cautelosas para o crescimento econmico de Angola. Deacordo com esta entidade, a performance da economiaangolana durante 2013 foi marcada por um ligeiroabrandamento da actividade provocado por umabrandamento do sector do petrleo e por uma fracaexecuo oramental. A actividade no sector petrolfero foiafectada pelas flutuaes nos preos do petrleo e por umaquebra da produo, que esteve parcialmente relacionadacom problemas operacionais nos maiores campospetrolferos. Ao mesmo tempo, o crescimento no sector no

    Previses de crescimento (em volume)

    2013 2014Min. Fin. (OE 2014) 5.1 8.8FMI 4.1 5.3*OCDE/BAD 5.1 7.9BPI 4.5 5.3Nota: * sob reviso.

    petrolfero foi moderado, cerca de 5.8% de acordo com as estimativas do FMI, que compara com um crescimento mdiode 8% nos 4 anos anteriores (mdia considerando os dados do FMI), resultado da fraca execuo oramental. Assim,considerando o peso elevado do sector petrolfero no PIB, o crescimento da economia dever desacelerar de 5.2% em2012 para 4.1% em 2013. As projeces para 2014 so baseadas no pressuposto que a produo de petrleo ir

    aumentar em cerca de 3% para 1.8 milhes de barris por dia, enquanto os preos internacionais do petrleo se devemmanter relativamente estveis. Assim, apesar da desacelerao da produo de petrleo em 2013, espera-se que asnovas concesses on-shoree a produo de GNL (gs natural liquefeito) contribuam para uma acelerao da actividadeneste sector. Por seu turno, o sector no petrolfero dever expandir rapidamente medida que os investimentos pblicosvo criando oportunidades para crescimento nos sectores da construo e da energia. O FMI refere que o governo esta avanar com diversos projectos de investimento no sector energtico, contando aumentar a capacidade de produo deenergia elctrica em cerca de 380 MW atravs do investimento na construo de centrais elctricas, nomeadamente dehidroelctricas. Para alm disso, a recuperao do crescimento no sector agrcola, depois da seca de 2012, tambmdever conduzir a um crescimento robusto no sector no petrolfero, enquanto o desenvolvimento do sector financeirodever ser um vector chave para o crescimento no sector dos servios.

    A OCDE e o BAD apresentaram tambm recentemente o seu cenrio de perspectivas para a economia Angolana. Deacordo com os dados destas instituies, o crescimento econmico para 2013 dever fixar-se nos 5.1%, e acelerar para

    7.9% em 2014 e 8.8% em 2015, sustentado por preos do petrleo mais elevados e aumento dos fluxos de investimentoestrangeiro.

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    6/28

    6

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Produo industrial

    (taxa de variao homoga)

    ndice de conjuntura econmica

    (ndice)

    Valor acrescentado bruto por sector de actividade

    (percentagem do total do valor acrescentado bruto)2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Agricultura 3.7 3.4 4.6 4.6 4.2 4.0Pescas e Derivados 1.5 1.5 1.7 1.4 1.2 1.1Diamantes e Outros 1.3 1.0 0.7 0.9 1.2 0.6Petrleo 48.2 49.7 39.1 43.5 45.4 43.0Indstria Transformadora 3.4 3.5 3.7 4.0 6.0 7.3Construo 7.4 6.7 8.3 8.8 7.8 9.3Energia 1.1 0.6 1.1 0.8 0.8 1.2Servios total 34.4 35.0 42.9 37.4 34.8 34.9

    dos quais: Comrcio 9.4 9.0 9.9 8.7 7.0 5.0dos quais: Servios pblicos 8.9 9.6 13.5 10.7 12.1 11.9

    Fonte: INE

    As nossas projeces so mais conservadores do que as dasautoridades nacionais, apontando para um crescimento de4.5% em 2013 e de 5.3% em 2014 com possibilidade dereviso em baixa atendendo evoluo recente da produopetrolfera e ao encerramento da fbrica de LN6. De uma

    maneira geral, Angola dever passar por um perodo decrescimento econmico mais moderado que, contudo manter-se- elevado e dever ser mais sustentvel. Apesar deexistirem alguns sinais de que a diversificao da economiatem prosseguido, o peso do sector petrolfero ainda considervel, o que deixa a economia vulnervel a diversosfactores (o sector petrolfero pesava cerca de 43% no PIBde 2012 e representa uma percentagem esmagadora dasreceitas do Estado e das exportaes). No mdio prazo, aprocura por petrleo dever manter-se relativamente estvelmas as receitas do petrleo continuaro vulnerveis svariaes nos preos internacionais. Para alm disso, a dependncia da importao de bens de consumo deixa o pasvulnervel a alteraes nos preos internacionais dos produtos alimentares, se bem que a recente introduo de pautasaduaneiras pode compensar parcialmente este efeito. A nvel interno, apesar dos esforos do governo para promover a

    produo local, o investimento por parte do sector privado continua constrangido pelo nvel baixo do capital humano, pelafraca regulamentao e pela insuficiente capacidade de produo energtica.

    O Instituto Nacional de Estatstica publicou em Fevereirouma nova srie de dados das contas nacionais para operodo de 2007-2012. De acordo com estes nmeros, ocrescimento econmico foi fixado nos 5.8% em 2012,ligeiramente acima das estimativas anteriores queapontavam para um crescimento de 5.2%, de acordo como Ministrio das Finanas. Por outro lado, o crescimentomdio estimado para o perodo 2003-2012 foi mais baixodo que as estimativas anteriores do governo (7.9% vs.10.6%). Estes novos dados confirmaram que se observou

    durante este perodo uma ligeira modificao na estruturada economia. Ainda que o sector petrolfero mantenhauma posio central no crescimento da economia, serimportante notar que o peso do sector do petrleo naeconomia caiu de um mximo de 49.7% do VAB em 2008para 43% em 2012. Em particular, os sectores da indstriatransformadora, da construo e da energia parecem terganho uma maior relevncia na composio da economia.

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    7/28

    7

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    A evoluo do ndice de produo industrial, publicado pelo INE, deve ser interpretada com cautela, j que o indicadorglobal apresenta essencialmente a performance do sector do petrleo (o peso deste sector no clculo do ndice total decerca de 94%). Contudo, o ndice desagregado mostra que os avanos nos sectores da indstria transformadora e daenergia, gs e gua tm sido maiores do que no sector do petrleo. O ndice para as indstrias extractivas cresceu emmdia 0.4% nos quatro trimestres de 2013, comparado com um crescimento mdio durante o mesmo perodo de 12.5%

    para a indstria transformadora e de 36% para a distribuio de electricidade, gs e gua. Mesmo assim, no ltimotrimestre de 2013, o ndice global caiu 2.2% em termos homlogos, devido a uma quebra de 2.9% y/y no sector dasindstrias extractivas. Outro ponto menos positivo foi o facto de o crescimento no sector da indstria transformadora terdesacelerado, de acordo com os ltimos dados, j que seria importante manter um crescimento vigoroso neste sector deforma a desenvolver a capacidade produtiva interna.

    Paralelamente, o indicador de confiana dos empresrios tambm sugere algumas melhorias em alguns dos sectores deactividade. O ndice de conjuntura econmica publicado pelo INE no ltimo trimestre de 2013 registou uma queda emtodas as categorias (excepto no turismo) face ao impacto da desacelerao da actividade do sector petrolfero nosrestantes sectores de actividade. Ainda assim, o ndice manteve uma evoluo positiva em vrios sectores de actividadeimportantes para o desenvolvimento da produo interna, em particular no turismo, transportes e vendas a retalho,enquanto o sector da construo continuou a ser pressionado pelos constrangimentos do lado da oferta.

    DESENVOLVIMENTOSRECENTESNOSECTORDASINDSTRIASEXTRACTIVAS

    Produo de petrleo

    (milhes de barris por dia)

    Projeces para os preos do petrleo

    (USD/bbl)

    De acordo com o Ministrio das Finanas, a indstriapetrolfera produziu uma mdia de 1.73 milhes de barrispor dia (Mb/d) em 2013, apenas ligeiramente acima daproduo de 2012 de cerca de 1.719 Mb/d e de 1.63 Mb/dem 2011, enquanto as receitas das exportaes caram deUSD 69.8 mil milhes em 2012 para USD 67.8 mil milhesem 2013. Mesmo assim, considerando o nvel actual dereservas provadas, a produo dever permanecer elevadanos prximos anos - a empresa estatal Sonangol indicaque as reservas provadas esto estimadas em cerca de12.667 mil milhes de barris, que devero ser suficientes

    para cobrir cerca de 20 anos de produo, assumindo quese mantem o mesmo nvel de extraco.

    As projeces do governo apontam para um aumento daproduo de petrleo para 1.79 Mb/d em 2014 e para 2.01Mb/d em 2015, mas existe uma probabilidade grande deque a produo evolua de forma mais moderada. De facto,a expanso do sector dos hidrocarbonetos poder serconturbada, tal como tem acontecido nos ltimos anos, jque o objectivo de elevar a produo para a meta de 2 Mb/d tem sido frequentemente adiado devido a problemastcnicos. Os dados mais recentes apontam para uma quedada produo: em Maio, as exportaes de petrleo atingiramo volume mais baixo desde Maio 2011, enquanto os preos

    do petrleo estagnaram (o preo mdio por barril era deUSD 106.2 em Maio, relativamente estvel face ao preomdio de 2013 de USD 107.5), provocando uma quebradas receitas de 6.4% y/y. A produo mdia durante osprimeiros trs meses do ano caiu para 1.56 Mb/d,consideravelmente abaixo da mdia do trimestre anteriorde 1.68 Mb/d e da mdia de 1.74 Mb/d do trimestrehomlogo. Ao mesmo tempo, as receitas do governotambm se deterioraram face baixa produo petrolfera,com as receitas a carem 17% no primeiro trimestre emtermos homlogos.

    Finalmente, as projeces para os preos do petrleo globais

    tambm no parecem ser muito prometedoras. De acordocom o FMI (no relatrio Commodity Market Review), o preo

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    8/28

    8

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    mdio do petrleo caiu ligeiramente em 2013 para USD/bbl 104.1, face a USD/bbl 105 em 2012, depois de uma recuperaocontnua dos preos desde 2009. Assumindo que a procura se dever manter relativamente estvel e que a ofertamundial tender a aumentar devido a um aumento da produo por parte de pases no pertencentes OPEP, asprojeces sugerem que o nvel dos preos manter-se- estvel em 2014 numa mdia de USD/bbl 104.2, devendo depoisdiminuir consideravelmente em 2015.

    Neste contexto, espera-se que a produo mdia continue a crescer mas a um ritmo lento, restringindo assim o crescimentoda actividade econmica como um todo, dada a dependncia da economia das receitas do sector. Por outro lado, os novosinvestimentos no sector podero transformar este cenrio para a indstria petrolfera. Recentemente, a empresa estatalSonangol anunciou um concurso para atribuio de licenas de explorao para 10 novos campos on-shorelocalizadosnas bacias do Baixo Congo e do Cuanza, sendo que a produo nestes novos blocos dever arrancar em 2015. Paralelamente,a operadora Total anunciou um investimento de USD 16 mil milhes para explorao de um bloco de guas-profundaslocalizado a cerca de 260 km de Luanda. Este projecto acrescentar 230 mil barris por dia ao total da capacidade deproduo a partir de 2017, explorando reservas de cerca de 650 milhes de barris. Para alm destes projectos, espera-se que a actividade da fbrica de processamento de GNL em Soyo (um dos maiores investimentos no pas, de cerca deUSD 10 mil milhes) possa trazer um importante valor acrescentado para o sector. No entanto, ainda no se sabe quandopoder a fbrica produzir em plena capacidade, dado que este projecto tambm tem enfrentando diversos problemasoperacionais: o primeiro carregamento de gs foi expedido em Junho de 2013, mas devido a questes tcnicas (quelevaram recentemente ao encerramento da fbrica), espera-se que a produo este ano fique ainda abaixo de metade da

    capacidade.

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    9/28

    9

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Receitas fiscais petrolferas

    (percentagem do PIB)

    1As reformas em discusso incluem o Cdigo Geral Tributrio, o Cdigo de Processo Tribut rio e o Cdigo das Execues Fiscais .

    Receitas fiscais no petrolferas

    (percentagem do PIB)

    Poltica Oramental

    Resultados preliminares da execuo oramental de 2013

    correntes mantiveram-se relativamente estveis, mas a execuo das despesas de investimento voltou a desapontar. Asdespesas de capital, que se referem essencialmente ao Programa de Investimentos Pblicos, caram de 11.8% do PIB em2012 para 10.7% do PIB em 2013, apesar de o executivo ter projectado aumentar a despesa para 14.3% do PIB.

    De uma maneira geral, as receitas ficaram acima do oramentado, acrescentando cerca de 0.7 p.p. ao total de receitaestimada no oramento de 37.4% do PIB. Por outro lado, as despesas ficaram 1.5 p.p. abaixo dos 41.1% do PIB previstosno oramento devido fraca execuo oramental, o que sugere que os esforos para diversificar a economia devero terficado aqum do esperado.

    Oramento de Estado para 2014

    As autoridades antecipam no Oramento de Estado para 2014 que o dfice pblico se agrave para 4.8% do PIB, dado quetencionam avanar com um programa de investimento ambicioso, ao mesmo tempo que as receitas do sector petrolferodevero cair ligeiramente. No entanto, dada a dificuldade de execuo das despesas de capital, o FMI estima que o dficese deva fixar em apenas 2% do PIB. Tal como nos anos anteriores, as autoridades continuam a apresentar pressupostosbastante conservadores quanto aos preos do petrleo (por exemplo, o oramento para 2014 assume que o preo mdiodo barril de petrleo rondar os USD 98, apesar de as projeces do FMI indicarem um preo mdio de USD104),enquanto as projeces para o crescimento do PIB se mantiveram relativamente optimistas. Como resultado, as receitasdo petrleo podem estar subestimadas e as receitas no petrolferas sobrestimadas. Alm disso, o oramento prev umcrescimento das receitas no petrolferas, no pressuposto de que as reformas tributrias devem prosseguir. No entanto,mesmo considerando receitas tributrias adicionais (como resultado das receitas das novas tarifas aduaneiras e datributao sobre o imobilirio), o objectivo para esta rbrica parece bastante ambicioso, uma vez que a capacidade decobrana dos impostos ainda reduzida e pode ser dificultada caso no se procedam com os avanos na reforma

    tributria geral. Por outro lado, o objectivo de aumentar as despesas de capital para 13.1% do PIB bastante ambicioso,mas pode tambm ser difcil de executar.

    De acordo com os dados avanados pelo FMI, o dfice

    oramental do sector pblico acabou por fixar-se em 1.5%do PIB em 2013, registando-se um dfice pela primeira vezdesde 2009, depois de ter registado um excedente mdiode 5.7% do PIB nos trs anos anteriores. Mesmo assim, odfice do ltimo ano ficou abaixo do valor inicialmenteprevisto no oramento, que previa um dfice de 3.8% doPIB. Esta fraca execuo oramental pode ser explicada emparte pelos factores que se seguem.

    Do lado da receita, apesar de a produo de petrleo terficado ligeiramente abaixo do estimado no Oramento deEstado de 2013 (as estimativas do oramento apontavampara exportaes de petrleo na ordem dos 673 milhes debarris, mas ficaram-se pelos 630 milhes de barris), o preo

    mdio efectivo do barril de petrleo foi significativamentemais elevado do que o nvel estimado no oramento (USD107 vs. USD 96), conduzindo as receitas fiscais petrolferasa excederem os objectivos do oramento (29.6% do PIB vs.26.9% do PIB), ainda que as receitas tenham diminudo faceao montante arrecadado no ano anterior (em que o totaldas receitas petrolferas tinha chegado a 37.3% do PIB).

    Por outro lado, as receitas no petrolferas devero ter-sefixado em cerca de 7% do PIB em 2013, ficando abaixo doobjectivo do governo de 9.2% do PIB, devido essencialmentea atrasos na implementao da reforma fiscal (apesar dosavanos nomeadamente no regime de impostos sobre o

    patrimnio imobilirio e de rendimentos de capitais, o novoCdigo Geral Tributrio ainda se encontra em discusso naAssembleia da repblica1) e a um pressuposto sobrestimadopara o crescimento do PIB. No lado da despesa, os gastos

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    10/28

    10

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Contas Pblicas

    2010 2011 2012 2013 2014 2010 2011 2012 2013 2014Oram. Prel. FMI Oram. Prel. FMI Oram. Prel. FMI Oram. Prel. FMI

    (AOA mil milhes) (% PIB)

    Receitas totais 3,295 4,776 5,054 4,570 4,474 4,745 5,020 43.5 48.8 45.9 37.4 38.1 36.4 39.3Impostos 3,094 4,528 4,826 4,400 4,291 4,540 4,815 40.8 46.3 43.8 36.0 36.5 34.8 37.7

    Petrolferos 2,500 3,817 4,103 3,282 3,472 3,313 3 ,910 33.0 39.0 37.3 26.9 29.6 25.4 30.6No-petrolferos 594 711 723 1,119 819 1,227 906 7.8 7.3 6.6 9.2 7.0 9.4 7.1

    Outras receitas 201 248 229 169 183 205 205 2.7 2.5 2.1 1.4 1.6 1.3 1.6Total da despesa 3,034 3 ,928 4 ,490 5 ,021 4 ,647 5 ,375 5 ,271 40.0 40.2 40.8 41.1 39.6 41.2 41.3

    Despesa Corrente 2,166 2,935 3,191 3,341 3,396 3,674 3,741 28.6 30.0 29.0 27.4 28.9 28.2 29.3 das quais: juros 90 95 105 65 86 128 130 1.2 1.0 1.0 0.5 0.7 1.0 1.0

    Despesas de Capital 868 993 1,299 1,680 1,251 1,701 1,530 11.5 10.2 11.8 13.8 10.7 13.1 12.0Saldo fiscal 261 848 564 -451 -173 -630 -251 3.4 8.7 5.1 -3.7 -1.5 -4.8 -2.0

    Dvida (bruta) do sector pblico 3 ,0 17 3 ,2 98 3 ,2 25 4 ,0 00 3 ,1 29 4 ,4 20 3 ,7 29 3 9.8 3 3.7 2 9.3 3 2.8 2 6.6 3 3.9 2 9.2Dvida externa pblica 1,641 1,925 2,120 2,530 2,034 2,959 2,392 21.7 19.7 19.3 20.7 17.3 22.7 18.7Dvida interna pblica 1,376 1,372 1,105 1,470 1,095 1,461 1,338 18.1 14.0 10.0 12.0 9.3 11.2 10.5

    Saldo f isca l prim. no-petrol fero -1,984 -2,627 -3,153 -3,500 -3,395 -3,641 -3,838 -26.2 -26.9 -28.6 -28.7 -28.9 -27.9 -30.1Fonte: FMI.

    De uma maneira geral, a poltica oramental parece estar a tomar o rumo certo, dado que as autoridades queremaumentar a despesa de forma a realocar recursos para outros sectores de actividade, de forma a prosseguirem com oobjectivo de diversificar a economia, embora a fraca capacidade de execuo oramental esteja a atrasar este processo.Assim, tendo em conta estes objectivos, o governo deveria apostar em melhorar o planeamento e a execuo oramental,atravs do fortalecimento dos sistemas de gesto das finanas pblicas.

    Neste sentido, deve reconhecer-se que nos ltimos anos foram dados importantes passos no sentido de reforar atransparncia e a responsabilizao no domnio da gesto das finanas pblicas. Tal como foi indicado no relatrio do FMI,as autoridades tm feito bons progressos no sentido de incluir as operaes quase-oramentais no Oramento de Estado,nomeadamente ao melhorarem a transparncia relativamente s transferncias de receitas do petrleo da Sonangol parao governo. O FMI reconheceu que tambm se observaram melhorias significativas na resoluo dos atrasos nos pagamentos,apesar de o actual stock de atrasos ainda ser considervel, nomeadamente no sector da construo (no final de 2013 ototal de atrasos verificado ascendia a USD 1.6 mil milhes). Por outro lado, a organizao alertou para a necessidade dese continuar o processo de reconciliao das receitas do petrleo, dado que este um elemento fundamental paramelhorarem as previses oramentais.

    Alm de reforar as capacidades administrativas em matrias fiscais, a prossecuo com outras reformas poderia tambmajudar a prevenir contra uma possvel deteriorao das finanas pblicas no futuro. Em primeiro lugar, seria importanteprosseguir com as reformas direccionadas para o sector no petrolfero, de forma a melhorar as receitas atravs do

    alargamento da base tributria e da reduo do peso do sector informal na economia. Por enquanto, as receitas do sectorno petrolfero tm crescido apenas ligeiramente, mas medida que a economia se desenvolve esta rbrica deverganhar uma maior relevncia e tornar-se crucial para a planificao do oramento, uma vez que este tipo de receitastender a ser mais estvel e menos voltil do que as receitas petrolferas. Assim, Angola devia intensificar o processo deaprovao de reformas fiscais no sector no petrolfero (de facto, j tm vindo a ser feitos alguns progressos nestesentido, mas a aprovao de um conjunto importante de legislaes tem sido constantemente adiada). Em segundo lugar,o FMI sugere que se deveria separar a funo de concessionria da Sonangol relativamente s suas actividades comerciais,e definir uma compensao mais adequada aos servios da Sonangol como concessionria (as autoridades j reduziramem 2013 esta contribuio para cobrir os custos da actividade da Sonangol de 10% para 7%, mas de acordo com ainstituio o prximo passo dever passar por avanar para um sistema em que os reembolsos so feitos com base noscustos incorridos efectivamente). Finalmente, o governo deve rever o peso dos subsdios aos combustveis, j que estesso considerados regressivos e representam uma despesa elevada para o governo (cerca de 4.8% do PIB).

    Apesar da deteriorao do saldo fiscal, a dvida pblica deve manter-se relativamente estvel, estimando-se que o totalda dvida pblica aumente para 29.2% do PIB (cerca de USD 38 mil milhes) em 2014, comparado com 26.6% do PIB em

    2013 e 29.3% do PIB em 2012. A dvida interna deve avanar de 9.3% do PIB em 2013 para 10.5% do PIB em 2014,enquanto se estima que a dvida externa cresa a um ritmo mais rpido, subindo de 17.3% do PIB em 2013 para 18.7%

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    11/28

    11

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    do PIB em 2014. Apesar de a divida externa ter um peso considervel no total da dvida (cerca de 65% do total da dividapublica), Angola continua a manter uma considervel "almofada financeira", considerando a acumulao de reservasinternacionais (cerca de USD 30 mil milhes) e a criao do Fundo Soberano de Investimento, que representam importantessalvaguardas na eventualidade de terem que enfrentar choques externos imprevistos. Alm disso, o governo est aavanar com medidas que tm em vista o desenvolvimento do mercado obrigacionista local, prevendo emitir a primeira

    Eurobond em 2014.

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    12/28

    12

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    CONTASEXTERNAS

    O Instituto Nacional de Estatsticas (INE) publicourecentemente as contas do comrcio externo para o ltimotrimestre de 2013. De acordo com o relatrio divulgado, o

    excedente comercial diminuiu para USD 8.4 mil milhesnos ltimos trs meses do ano por comparao com USD10.8 mil milhes no trimestre anterior, embora superioraos USD 6.7 mil milhes registados no perodo homlogo. Areduo do excedente comercial est principalmenterelacionada com a quebra nas receitas derivadas com aexportao de petrleo (-5.4% q/q) enquanto as importaescontinuaram a aumentar a um ritmo elevado (+20.6% qoq).A desacelerao da produo petrolfera ao longo do ano e alenta recuperao do sector agrcola face ao perodo de secaem 2012 justificam a reduo do valor das exportaes noconjunto do ano. Por outro lado, as importaes diminuramem 2013, embora esta diminuio tenha sido inferior reduo das exportaes. Consequentemente, o excedente

    comercial diminuiu de USD 41.9 mil milhes em 2012 paraUSD 40 mil milhes no ano passado. Apesar de os dadosreferentes balana de pagamentos de 2013 ainda no teremsido divulgados, as estimativas do FMI apontam para que adeteriorao do saldo comercial tenha contribudo para areduo do saldo da balana corrente para apenas 5%, porcomparao com 9.2% em 2012.

    A reduo do saldo comercial refora a necessidade dediversificao das exportaes. As importaes continuam aser dominadas por mquinas, veculos e combustveis, apesardos produtos agrcolas terem vindo a ocupar umapercentagem cada vez maior do total de produtos importados

    (contabilizando actualmente 11% das importaes). Areduo significativa das importaes de bens de capitalsugere que o investimento est a diminuir, reflectindo o fracodesempenho dos sectores da construo e dos transportes.Por outro lado, a reduo das importaes de bensalimentares em bebidas no ano passado, na ordem dos 14%,sugere uma substituio do consumo de bens com origemno exterior por bens produzidos localmente. Com base nestesresultados, a pauta aduaneira, introduzida em Maro de 2014,poder constituir um estmulo adicional ao desenvolvimentodas indstrias locais. A nova legislao aduaneira, queimplicou um aumento selectivo das tarifas sobre os produtosimportados (por exemplo, a tarifa mxima, aplicada cerveja,gua engarrafada, motociclos e tabaco, foi aumentada de

    30% para 50%), procura desincentivar o consumo de bensimportados e apoiar o desenvolvimento da produo local,embora os avanos na indstria local continuem a serpenalizados por vrios constrangimentos estruturais daeconomia, nomeadamente ao nvel das infra-estruturas.

    Comrcio internacional

    (variao homloga - 3m.m.a.; milhes de USD 3m.m.a.)

    Composio das importaes de bens (2013)

    (percentagem do total)

    Reservas internacionais e taxa de cmbio

    (milhes de de USD; AOA/USD)

    O banco central mantm uma poltica conservadora de acumulao de reservas internacionais, de forma a reduzir avulnerabilidade da economia face a choques externos adversos. Neste sentido, as reservas em moeda externa fixaram-se em USD 30.2 mil milhes em Maio de 2014, inferior ao mximo de USD 34 mil milhes atingido em Maio do anopassado, mas ainda assim suficientes para cobrir cerca de 7 meses de importaes, de acordo com dados do FMI. Areduo das reservas a partir do final de 2013 tem resultado em parte na transferncia de recursos do Fundo Petrolferopara Infra-estruturas (FPI) para o novo Fundo Soberano de Angola (FSA), como parte do financiamento do ltimo.

    Apesar de o FSA ter sido criado em Outubro de 2012, foram feitos reduzidos progressos na sua implementao. Apenasrecentemente foi confirmada a nomeao de um auditor independente para analisar as contas do fundo e, apesar de as

    11%7%

    5%

    3%

    10%

    20%

    26%

    7%

    11%

    Prod. Agric.

    Al imento s

    Pro d. Quim.

    Plsticos

    Metais

    M quinas

    Veculos

    Combustveis

    Outros

    Fonte: INE

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    13/28

    13

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Investimento privado por sector de actividade(2013)(milhes de USD)

    autoridades continuarem a promover a transparncia e responsabilidade pela prestao de contas, tm sido divulgadospoucos detalhes acerca do seu financiamento. De acordo com o ltimo comunicado divulgado, os primeiros investimentosdo FSA, que devero incluir instrumentos de taxa fixa emitidos por soberanos e ttulos de participao e investimentosalternativos em mercados globais e emergentes, devero ocorrer em 2014.

    A informao referente balana de pagamentos, divulgada pelo BNA, mostra um aumento do investimento directoestrangeiro (IDE) em 2012 para USD 15.1 mil milhes, superior aos USD 14.1 mil milhes do ano anterior. Ainda noforam divulgados dados referentes balana de pagamentos em 2013, embora estimativas preliminares do Banco Africanode Desenvolvimento sugiram que o IDE dever ter aumentado para USD 15.5 mil milhes.

    O ltimo relatrio divulgado pela Agncia Nacional para oInvestimento Privado tambm sugere um aumento do IDEno pas, indicando que foram aprovados 181 novos projectosde investimento em 2013 (69% financiados por capitalexterno), totalizando USD 4.7 mil milhes, cerca do dobrodo que tinha sido aprovado em 2012. Os projectos aprovadosdestinam-se a vrios sectores de actividade, embora 46%do investimento total tenha sido canalizado para o sectorpetrolfero. Por outro lado, os sectores da indstria

    transformadora e dos servios financeiros receberam 12%do investimento total aprovado pela ANIP e a agriculturaabsorveu 10%. Com o desenvolvimento das infra-estruturas,principalmente com a construo de portos martimos eaeroportos, Angola torna-se num destino de investimentocada vez mais atractivo, o que dever contribuir de formasignificativa para a estratgia nacional de diversificao.

    Por ltimo, de acordo com um estudo recente elaborado pela consultora EY ("EY's 2014 Africa Attractiveness Survey"),Angola actualmente o quarto destino mais atractivo para investimento estrangeiro em frica. O rankingcontinua a serliderado pela frica do Sul, seguida pela Nigria e pelo Qunia - estes trs pases em conjunto absorvem cerca 40% doinvestimento total em frica, enquanto Angola detm uma quota de 6.9%. Do outro lado, o Reino Unido o principalinvestidor em frica, seguido pelos EUA e pela frica do Sul. De acordo com o mesmo relatrio, o IDE aumentou na fricaSubsariana (+4.7% face a 2012) mas reduziu-se no Norte de frica (-3.1%) devido crescente incerteza poltica. Nota-se tambm que os projectos esto a ser direccionadas para outras actividades para alm das indstrias extractivas,assinalando-se ainda um aumento do investimento intra-Africano, impulsionado pela necessidade de construo de umacadeia de valor no continente.

    Balana Comercial

    3T13 4T13 2011 2012 2013milhes USD milhes USD % total % q-o-q % y-o-y milhes USD

    Exportaes 17,599 16,651 100.00 -5.4% -6.3% 66,422 70,842 67,770

    Petrleo 17,275 16,349 98.19 -5.4% -6.5% 65,192 69,708 66,599

    Prod. Agrcolas 17 11 0.07 -35.0% - 21 27 50

    Outros 307 290 1.74 -5.4% 0.9% 1,209 1,107 1,122Importaes 6,849 8,258 100.00 20.6% -25.1% 20,791 28,916 27,689

    Prod. Agrcolas 797 866 10.48 8.6% -35.7% 2,392 3,498 3,078

    Produtos Alimentares 466 601 7.27 29.0% -35.0% 1,499 2,263 1,948

    Qumicos 407 390 4.72 -4.1% -36.3% 1,044 1,710 1,405

    Plsticos e Borrachas 246 230 2.78 -6.4% -43.7% 624 1,075 863

    Metais Comuns 763 773 9.36 1.3% -41.8% 2,031 3,508 2,750

    Mq., Equip., e Aparelhos 1,577 1,445 17.50 -8.4% -46.4% 4,328 6,812 5,505

    Veculos e O. Mat. Transp. 736 2,450 29.67 232.9% 62.5% 4,070 5,260 6,973

    Combustveis 1,031 610 7.39 -40.8% -24.0% - 1,130 2,070

    Outros 826 893 10.81 8.0% - 4,805 4,658 3,098

    Balana de Bens 10,750 8,393 - - - 45,631 41,925 40,081

    Fonte: INE.

    2108

    566

    536

    468

    405

    289

    144 65 48

    Ind. Extr. Ind. Transf.

    Ac tiv. Fin. Agricultura

    Alo j. Rest. Cons t.

    Serv. Prest. Comrcio

    Outros

    Fonte: ANIP

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    14/28

    14

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    LUIBOR

    (percentagem)

    Depsitos e emprstimos em moedaestrangeira(percentagem do total)

    Crescimento do crdito total

    (variao percentual homloga)

    POLTICAMONETRIAESECTORFINANCEIRO

    A poltica monetria seguida pelo BNA continua a apoiar areduo da taxa de inflao sem comprometer a estabilidadedo sector financeiro. De acordo com o INE, o ndice de preos

    na cidade de Luanda aumentou 0.62% entre Abril e Maio,mantendo a tendncia de reduo da taxa de inflao anual,que atingiu um novo mnimo histrico de 6.95%, inferioraos 7.22% registados em Abril. O impacto da nova pautaaduaneira sobre o nvel de preos domstico tem sidolimitado, devendo continuar-se a observar com ateno aevoluo dos preos nos prximos meses uma vez que anova legislao s entrou em vigor no incio do ms de Maro.Os preos dos bens alimentares, que constituem quase 40%do cabaz utilizado no clculo do IPC, continuam a influenciardecisivamente a variao global do nvel de preos, tendocontribuindo com 0.24 pontos percentuais para a variaomensal do indicador. O impacto das novas tarifas devercontinuar reduzido, uma vez que, segundo dados do

    Ministrio da Indstria, a produo local suficiente paracobrir 70% das necessidades do mercado interno. Por outrolado, a estabilidade de preos poder ser comprometida pelapoltica oramental expansionista ao longo do ano.

    Depois de ter reduzido a taxa bsica em 100 pontos base aolongo de 2013, o BNA tem mantido a principal taxa de jurode referncia nos 9.25% desde Novembro suportado pelareduo da taxa de inflao (no oramento de Estado para2014, as autoridades definiram um intervalo objectivo paraa inflao anual definido entre 7 e 9%). A acomodao dapoltica monetria tem sido permitida pela estabilizao dainflao, que por sua vez tem sido determinada pela

    estabilidade cambial, pelo crescimento lento do crdito epela reduzida execuo oramental.

    Em linha com o objectivo de aumentar a quantidade derecursos financeiros disponveis para conceder emprstimos economia, o BNA decidiu em Janeiro diminuir o rcio dereservas obrigatrias aplicvel aos depsitos em moeda localde 15% para 12.5% (mantendo, por outro lado, o rcio dasreservas obrigatrias aplicvel aos depsitos em moedaexterna em 15%). Em Maro, o BNA reduziu a taxa decedncia de liquidez em 25 pontos base para 10%, ao mesmotempo que aumentando a taxa de absoro de liquidez para10.5% com o objectivo de incentivar os emprstimosinterbancrios e o crdito economia. Na ltima reunio de

    poltica monetria, referente ao final de Maio, o BNA mantevetodas as taxas inalteradas. Neste sentido, no mercadomonetrio interbancrio, as taxas LUIBOR continuam aapresentar uma tendncia decrescente, mais acentuada noprazo overnight, cuja taxa se situa inferior a 3%. A taxaLUIBOR overnightdiminuiu 1.75 pontos percentuais desdeo incio do ano e 3.2 pontos face ao perodo homlogo.

    A poltica monetria seguida tem tambm suportado umaacelerao do crdito economia.

    O crdito total interno cresceu a uma taxa de variaohomloga mdia de 13% nos ltimos 12 meses at Maro,

    inferior ao crescimento mdio de 16% nos 12 mesesanteriores, com o crdito ao sector pblico a crescer a um

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    15/28

    15

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Distribuio do crdito total por sector

    (percentagem do crdito total)

    Crdito vencido/Crdito Total

    (percentagem)

    ritmo mais acelerado do que o crdito ao sector privado. Ocrdito continua a ser canalizado principalmente paraactividades sociais e pessoais (que absorveram 23% docrdito total), para particulares (19%), para o sector docomrcio (18%) e para o sector do imobilirio e servios

    prestados s empresas (10%). Apesar do aumento da massamonetria em circulao, as taxas de juro aumentaramligeiramente, de 12.86% em Fevereiro para 12.90% emMaro em emprstimos a sociedades no-financeiras comprazo superior a 1 ano, e de 11.83% para 12.43% ememprstimos a particulares (tambm por prazos superioresa 1 ano).

    A reduo da utilizao do dlar na economia continua emcurso, 6 meses depois da ltima fase da nova lei cambial terentrado em vigor, com o kwanza a ganhar relevncia nastransaces locais. De acordo com dados do BNA, o rcio deemprstimos concedidos em moeda externa (em relao aototal de emprstimos) diminuiu significativamente, de 44%

    em Dezembro de 2011 para apenas 30.2% em Maro desteano, o que significa que os emprstimos concedidos emkwanzas j representam quase 70% dos emprstimos totais.A tendncia tem sido semelhante no caso dos depsitos,com os depsitos em moeda estrangeira (em percentagemdo total de depsitos) a diminurem de 50% para 35% nomesmo perodo.

    O sector bancrio mantm-se slido e robusto, apresentandoelevados nveis de capital, com o rcio de capital ponderadopelos activos ajustados pelo risco a fixar-se em 19.5% nofinal do ano passado. Por outro lado, o crdito mal paradocontinua a aumentar, tendo atingido cerca de 10% do crdito

    total em Dezembro de 2013. No entanto, este valor reflecteem parte alteraes regulamentares aos critrios para aclassificao dos emprstimos e poder estar tambmrelacionado com o atraso nos pagamentos do governo e comuma exposio crescente ao sector imobilirio.

    0% 5% 10% 15% 20% 25%

    Agricult ura

    Ind. Extractivas

    Ind. Transformadora

    Construo

    Comrcio

    Transportes

    Activ . Fin.

    Act iv. Imob.

    Servios sociais

    Individuos

    Outros

    Jan-14 Fev-14 Mar-14Fonte: BNA

    0%

    2%

    4%

    6%

    8%

    10%

    12%

    Dec-10 Jun-11 Dec-11 Jun-12 Dec-12 Jun-13 Dec-13

    Credito vencido/Crdito Total Fonte: BNA

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    16/28

    16

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    SECTORPETROLFEROEMANGOLA: ALGUNSFACTOSEPERSPECTIVAS

    Desde o final da guerra civil em 2002, a produo de petrleo em Angola aumentou exponencialmente, crescendo de umamdia diria prxima de 900 mil barris (bbl/d) at um mximo de 2.0 milhes bbl/d em 2008. O pas tornou-se no 2maior produtor de petrleo em frica, logo atrs da Nigria, e no 15 maior produtor a nvel mundial, com reservas

    estimadas em 9.1 mil milhes de barris. Como resultado, o sector petrolfero representa uma importante fonte de receitapara o pas mas tambm uma fonte de instabilidade, uma vez que a economia se tornou dependente da extraco depetrleo e actividades relacionadas, como ficou provado com a desacelerao do crescimento econmico aps o choquede 2009. Apesar de as autoridades terem vindo a aumentar os esforos para diversificar a economia, o sector petrolferoainda responsvel por quase metade da produo interna total e continua a deixar a economia vulnervel a choquesexternos. Perante a perspectiva de desacelerao do crescimento da procura mundial por petrleo e de reduo dospreos a nvel internacional, a contribuio do sector para o crescimento e desenvolvimento angolano estar agora maisdo que nunca em foco.

    O SECTORPETROLFERO

    Breve contextualizao histrica

    O incio da era petrolfera remonta a 1910, ano em que foi concedida a primeira licena para explorao de hidrocarbonetos.

    No entanto, apenas vrios anos mais tarde, em 1955, foi descoberto o primeiro campo petrolfero com valor comercial, narea onshore da Bacia do Kwanza pela petrolfera Belga Petrofina (foi tambm neste ano que a refinaria de Luandacomeou a ser construda). A descoberta de vastas reservas petrolferas nos campos offshorena provncia de Cabindanos anos 60 e a descoberta de vrios campos em guas profundas nos anos 90 foram tambm determinante para odesenvolvimento do sector.

    Foi tambm durante os anos 60 que as reas de explorao actuais foram definidas, com a rea onshorea correspondera 2.95 mil km2na Bacia do Congo e a 10.56 mil km2 na Bacia do Kwanza e com a rea offshore a corresponder a4.84 mil km2no Congo e a 10.24 mil km2no Kwanza. A produo actual provm principalmente dos campos offshoredeCabinda e dos campos de guas profundas na Bacia do Baixo Congo (veja-se a figura apresentada em baixo) 1.

    1

    A explo rao de petrleo principalmente efe ctuada em profundidades superiores a 1,200 metros. De acordo com a Sonangol, cada poo de guas profundas tem um custoestimado de USD 20-50 milhes.2A lei inicial seria substituda em 2004 pela Lei das Actividades Petrolferas.3A produo de petrleo tinha atingido um mximo de 172 mil bbl/d em 1974, imediatamente antes do fim do perodo colonial.

    A concessionria pblica do sector petrolfero, a SociedadeNacional de Combustveis de Angola (Sonangol), foi criada

    em 1976 com o objectivo de regular a explorao dehidrocarbonetos no pas, e um ano mais tarde, em 1977/78,foi criado o Ministrio dos Petrleos, responsvel pelasuperviso do sector petrolfero. Ao mesmo tempo, foiimplementada a Lei Geral das Actividades Petrolferas (Lei13/78)2, que definia os primeiros princpios para a regulaoda explorao de petrleo e concedeu Sonangol aexclusividade da explorao e direitos de propriedade sobreos hidrocarbonetos, mantendo-se o Estado como o nicoproprietrio de todos os recursos minerais.

    Foi apenas a partir de 2002, com a estabilidade proporcionadapelo final da guerra civil de 27 anos, que a produo depetrleo registou um crescimento notvel, at atingir os nveis

    actuais. De facto, em 1976 eram extrados apenas cerca de100 mil bbl/d3 e a maior parte da produo derivava da rea

    Crescimento da produo de petrleo em linhacom aumento das reservas provadas(mil milhes de barris dirios; mil milhes de barris)

    offshorede Cabinda e das reas offshoredo Congo e do Kwanza. Entre 2002 e 2008 (quando a produo de petrleoatingiu um mximo de 2.0 milhes bbl/d), o sector cresceu a uma taxa mdia anual de 14% como resultado do incio daproduo nos vrios campos de guas profundas descobertos nos anos 90 (o incio da explorao em guas profundasficou marcado pela concesso do bloco 16 em 1991), o que compara com uma taxa mdia de crescimento anual de 8%no perodo 1980-2001. Devido ao conflito interno de longa durao, a explorao onshore tem sido muito limitada,apesar dos recentes avanos. Angola tornou-se membro da Organizao dos Pases Produtores de Petrleo (OPEP) emJaneiro de 2007 e assumiu a sua presidncia em 2009.

    De acordo com a lei actual, as operadoras petrolferas so obrigadas por lei a estabelecer uma parceria com a Sonangol(que por sua vez pode decidir participar directamente na explorao ou apenas como scia, apoiando o financiamento dos

    0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    80 83 86 89 92 95 98 01 04 07 10 13

    0

    3

    6

    9

    12

    Produo de petrleo bruto Reservas provadas (ELD)Fonte: EIA

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    17/28

    17

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Principais produtores mundiais de petrleo

    Pas Produo (2013) Reservas provadas(mi l m il hes de bar ri s/ di a) (mi l m il hes de bar ri s)

    Arbia Saudita 11.59 268.4

    Russia 10.50 80.0China 4.46 24.4Canada 4.10 173.2Iro 3.42 157.3EAU 3.23 97.8Iraque 3.06 140.3Mxico 2.91 10.1Kuweit 2.81 104.0Brasil 2.71 13.2Venezuela 2.49 297.7Nigeria 2.37 37.1Catar 2.07 25.2

    Algria 1.85 12.2Angola 1.84 9.1Fonte: EIA.

    4 De acordo com estimativas do Ministrio das Finanas divulgada em Abril de 2014, as reservas provadas correspondem a 12.6 mil milhes de barris.5 De acordo com a pgina de internet da Petrobras: "O termo pr-sal refere-se a um conjunto de rochas localizadas em guas ultra-profundas de grande parte do litoral do Brasil, com potencial para agerao e acumulao de petrleo. Convencionou-se chamar de pr-sal porque forma um intervalo de rochas que se estende por baixo de uma extensa camada de sal, que em certas reas da costa atingeespessuras de at 2 mil metros. O termo pr utilizado porque, ao longo do tempo, estas rochas foram sendo depositadas antes da camada de sal. A profundidade total destas rochas, que a distnciaentre a superfcie do mar e os reservatrios de petrleo abaixo da camada de sal, pode chegar a mais de 7 mil metros."

    projectos e ficando com o direito de receber uma fracodos lucros) de modo a terem permisso para explorar osrecursos do pas. A maioria dos acordos contratuais entre asoperadoras petrolferas e a Sonangol so efectuados sob aforma de Contratos de Partilha de Produo (Production

    Sharing Agreements), em que o governo concede aexplorao s empresas que, por sua vez, podem deduziruma parcela da produo e cobrir os custos de investimento(a propriedade do petrleo permanece do governo). O sectorest dominado por operadoras multinacionais, como a Total,Exxon Mobil, Chevron e BP, devido aos elevados custos deexplorao e necessidade de tecnologia moderna (a maiorparte dos inputs tm que ser importados).

    Angola actualmente o segundo maior produtor de petrleoem frica, com uma produo aproximada de 1.8 milhesbbl/d em 2013 (a maior parte da qual - cerca de 97% -corresponde a petrleo em bruto e derivada das reasoffshore da Bacia do Baixo Congo e da Bacia do Kwanza),

    apenas atrs da Nigria, com uma produo equivalente a2.4 milhes bbl/d. Por sua vez, as reservas provadas(quantidade de recursos que podem ser extrados com algumgrau de certeza), estimadas em 9.1 mil milhes de barrispela US Energy Information Administration, esto entre as maiores a nvel mundial 4. A Sonangol tem como objectivoatingir uma produo mdia de 2 milhes bbl/d at 2015 como resultado do incio da explorao em vrios poos deguas profundas. No entanto, problemas tcnicos reportados recentemente tm resultado numa desacelerao da produo,o que coloca em risco esse objectivo.

    Petrleo pr-sal5

    Angola tem estado no centro das atenes nos ltimos anos depois de ter sido comprovado que a sua costa oesteapresenta algumas semelhanas com a costa este do Brasil, onde se estima que as formaes pr-sal acumulam vastas

    reservas de petrleo. Esta teoria, baseada na separao das placas tectnicas de frica e da Amrica do Sul durante operodo Cretceo Inferior, tem dinamizado os planos de investimento para explorao das formaes pr-sal no pas.

    As primeiras descobertas de petrleo pr-sal datam de 1983 e 1996, apesar de muitos dos blocos pr-sal actualmente emexplorao apenas terem sido concessionados em Janeiro de 2011, quando a Sonangol conduziu um leilo de 11 blocosde guas profundas e ultra-profundas na Bacia do Kwanza (em Fevereiro de 2014, existiam 17 blocos a explorar asformaes pr-sal do pas, de acordo com a EIA). Em Maio de 2014, a operadora petrolfera Cobalt International Energyanunciou a descoberta de quantidades significativas de petrleo nas formaes pr-sal em guas profundas da reaoffshoreda Bacia do Kwanza, marcando a maior descoberta at data. De acordo com as estimativas da operadora, asreservas nesta rea situam-se entre 400 e 700 milhes de barris.

    Capacidade de refinao

    Angola apenas possui uma pequena refinaria a operar em Luanda. Apesar de as suas reservas provadas estarem entre as

    maiores a nvel mundial, a capacidade de refinao do pas, que se tem mantido estvel em 30 mil bbl/d desde 1999, apenas a 88 maior do mundo (de acordo com a EIA). A construo de uma segunda refinaria - a Sonaref, na cidade doLobito - comeou em Dezembro de 2012, mas dever ficar operacional apenas em 2017, com uma capacidade derefinao inicial de 120 mil bbl/d. Em 2018, a capacidade de processamento da refinaria dever aumentar at aos 200 milbbl/d.

    Com um consumo de produtos petrolferos equivalente a 94 mil bbl/d (em 2012, de acordo com a informao maisrecente da EIA) e reduzida capacidade de refinao, Angola tem que importar mais de metade dos produtos consumidos.Neste sentido, as importaes de combustveis fixaram-se em USD 2.1 mil milhes em 2013 (7.5% do total das importaes),um valor muito superior aos USD 1.1 mil milhes de 2012. A procura por combustveis e outros produtos petrolferosdever aumentar em unssono com o crescimento da procura interna, o que refora a necessidade de existirem investimentosdireccionados para aumentar a capacidade de refinao local.

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    18/28

    18

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Fonte: Sonangol

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    19/28

    19

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    O sector petrolfero ainda ocupa uma fatia considervel do PIB

    (% do PIB)

    O preo do petrleo Angolano segue de perto opreo s p o tdo Brent(USD por barril)

    6 Tm sido apresentados vrios planos estratgicos de desenvolvimento e de investimentos direccionados para o objectivo de diversificao da economia. Por exemplo, as despesasprevistas no Oramento de Estado com o Plano de Investimentos Pblicos aumentaram 11.8% em 2014 quando comparadas com a execuo preliminar de 2013. Num outroexemplo, foi apresentado, em Maio de 2014, o Plano Geolgico de Angola, com o objectivo de construir o mapeamento dos recursos minerais do pas e de aumentar o potencialde extraco.

    Dependncia da economia do sector petrolfero

    Apesar dos recentes esforos das autoridades com o objectivo de diversificao da economia, o sector petrolfero aindacorresponde a quase metade da produo interna (considerando apenas efeitos directos, ou seja, excluindo efeitos decontgio para os restantes sectores de actividade)6. Em 2012, o sector petrolfero era responsvel por 43% do PIB do

    pas, apenas ligeiramente inferior ao peso que ocupava em 2002 (45%). Ainda assim, o peso do sector no PIB aindaaumentou entre 2002 e 2008, quando atingiu o mximo de 50%, antes de o choque petrolfero global ter provocado aqueda da produo no ano seguinte.

    A dependncia da economia no sector petrolfero reflecte-se tambm no saldo externo e nas contas pblicas. Por um lado,as exportaes de produtos no petrolferos so residuais (tendo sido responsveis por apenas 2% do valor total exportadono ano passado), enquanto as exportaes de petrleo so a principal fonte dos excedentes da balana corrente, tendocontribuindo com USD 69.7 mil milhes para o excedente de USD 13.9 mil milhes em 2012. Por outro lado, dada adependncia das receitas oramentais no sector petrolfero (de acordo com a execuo oramental preliminar de 2013,os impostos derivados da actividade do sector geraram 76% do total das receitas oramentais), o investimento pblicotorna-se bastante vulnervel s receitas petrolferas, que por sua vez uma fonte considervel de flutuaes no ciclo

    econmico. A sustentabilidade da dvida pblica est tambm dependente do sector, com o saldo oramental primriono-petrolfero (em percentagem do PIB no-petrolfero) fixado em 48.1% no ano passado, ainda assim inferior aos55.0% de 2012.

    Neste contexto, toda a actividade econmica se tornoubastante dependente nas receitas originadas pelo sectorpetrolfero, pelo que uma reduo no esperada nos preosinternacionais pode provocar uma desacelerao significativado crescimento da economia, como ficou comprovado com ochoque petrolfero de 2008 e pelo abrandamento de 2009.Com o preo spot do Brent (o preo de referncia para opetrleo Angolano) a cair de um mximo de USD 156.1 porbarril em Julho de 2008 para apenas USD 40 por barril emFevereiro de 2009, o crescimento econmico de Angola

    desacelerou consideravelmente, de uma mdia anual de15.2% entre 2002 e 2008 para apenas 2.4% em 2009. Porsua vez, a desacelerao inesperada do crescimento daeconomia no ano passado (a previso inicial do governo paraum crescimento de 7.1% acabou por ser revista em baixapara 5.1%, ainda assim mantendo-se superior nossaestimativa de um crescimento de 4.5%) foi em parte

    justificada pela diminuio do preo mdio por barril exportado de USD 111.0 em 2012 para USD 107.5 e pela subsequentequebra nas receitas petrolferas, o que ditou a reduzida execuo do investimento pblico (por sua vez j penalizado porproblemas estruturais da economia, como a falta de qualificao dos trabalhadores em geral e pela excessiva burocracia).

    2002Agricult ura

    5.9%

    Petrleo

    44.5%

    Construo

    5.5%

    Comrcio

    10.7%

    Transportes ecomun.

    2.8%

    Admin.

    pblica

    9.0%

    Imobilirio

    5.9%

    Outros

    15.9%

    2012Agricultura

    5.0%

    Petrleo

    43.0%

    Construo

    9.3%

    Comrcio

    5.0%

    Transportes e

    comun.

    5.4%

    Admin.

    pblica

    11.9%

    Imobilirio

    4.5%

    Outros

    15.9%

    Fonte: INE

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    J an-09 Jan-10 J an-11 Jan-12 J an-13 Jan-14

    Fonte: M inistrio d as Finanas, Blo omberg

    Brent spot

    Preo do petrleoAngo lano

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    20/28

    20

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Preo do petrleo (spot Brent) vs

    crescimento econmico

    (%; USD por barril)

    saldo da balana corrente

    (USD mil milhes; USD por barril)

    receitas oramentais

    (AOA mil milhes; USD por barril)

    reservas

    (USD mil milhes; USD por barril)

    7 O stock de reservas de moeda externa est tambm a ser reduzido devido ao esquema de financiamento do Fundo Soberano de Angola, que consiste em parte em transfernciasdo governo.

    As receitas petrolferas so tambm uma fonte de instabilidade macroeconmica. De facto, as reservas em moedaexterna do banco central so bastante correlacionadas com o preo spot do Brent, sugerindo que um choque adversosobre os preos internacionais do petrleo tem um impacto negativo sobre as reservas e por sua vez sobre a estabilidadecambial. As reservas lquidas, que atingiram um mximo de USD 20.1 mil milhes em Novembro de 2008 antes dediminurem mais de 40% para apenas USD 12.0 mil milhes em pouco mais de um ano, esto novamente a ser penalizadas

    pela desacelerao do preo do petrleo e pela respectiva quebra nas exportaes7

    . Depois de ter atingido um novomximo de USD 34.4 mil milhes em Maio de 2013, o stock de reservas diminuiu para USD 30.2 em Maio deste ano,enquanto no mesmo perodo as exportaes petrolferas caram 11.2% (em volume).

    Os grficos apresentados em baixo procuram ilustrar a sensibilidade das principais variveis macroeconmicas (crescimentoreal da economia, receitas oramentais, saldo da balana corrente e reservas de moeda externa) a flutuaes no preo dopetrleo. A anlise efectuada mostra que a correlao do preo spot do Brent com as receitas oramentais e com asreservas quase perfeita (prxima de 1), sugerindo que o preo do petrleo, as receitas e as reservas variam quasesimultaneamente na mesma direco. Por sua vez, tambm se encontrou uma correlao bastante elevada entre o preodo Brent e o saldo da balana corrente, e a correlao negativa encontrada com o crescimento do PIB, embora inferior(em magnitude), tambm significativa.

    Sources: BNA, IMF

    A (ainda) elevada utilizao de dlares da economia tambm consequncia do elevado peso da explorao de petrleono conjunto da actividade econmica, embora o kwanza tenha vindo gradualmente a ganhar peso nas transaces locaisao longo dos ltimos meses. As operadoras petrolferas apenas ficaram obrigadas a efectuar os pagamentos aostrabalhadores e fornecedores locais atravs das instituies domsticas e em kwanzas muito recentemente, depois daaprovao da nova lei cambial no incio de 2012 (a lei s ficou totalmente implementada em Outubro de 2013, depois de

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 130

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    Crescimento real do PIB Brent spot (ELD)

    correlao = -0.27

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 130

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    Saldo da balana corrente Brent spot (ELD)

    co rrelao = 0.66

    0

    1,000

    2,0003,000

    4,000

    5,000

    6,000

    02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13

    0

    20

    4060

    80

    100

    120

    Receitas oramentais Brent spot price (ELD)

    co rrelao = 0.98

    0

    5

    1015

    20

    25

    30

    35

    02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    Reservas em moeda externa Brent spot (ELD)

    correlao = 0.96

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    21/28

    21

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    8 Para mais detalhes, veja-se o nossa publicao "Implicaes da Nova Lei Cambial para o Sector Petrolfero" de Maro de 2013.9 Considerando a estimativa oficial para as reservas provadas de 12.6 mil milhes de barris, se a produo de 1.62 milhes bbl/d de Maro (de acordo com dados da EIA) semantiver e considerando um ano como tendo 365 dias, chegamos concluso de que as reservas provadas actuais so suficientes para manter 21.3 anos de produo.

    completadas as vrias fases associadas)8. At efectiva implementao da nova lei, a maior parte dos pagamentos eraefectuada em dlares norte-americanos, pelo que o banco central tinha pouco controlo sobre uma considervel fonte damassa monetria em circulao e a transmisso da poltica monetria estava limitada. Depois das reformas introduzidaspelas autoridades, o dlar tem perdido relevncia nas transaces dirias para o kwanza. A ttulo de exemplo, os rciosde crdito e depsitos concedidos em moeda local (em relao ao total) tm aumentado consideravelmente.

    Perspectivas de mdio prazo

    Factores do lado da oferta

    De acordo com as estimativas do FMI, a produo (real) petrolfera em Angola dever registar uma taxa de crescimentomdia anual de 3.0% entre 2014 e 2019, apenas com excepo do ano 2017, quando esperada uma contracoacentuada de 6.9%, medida que vrios campos atingem a maturidade e reduzem a produo (o impacto das novasdescobertas ainda no est incorporado nestas estimativas). A desacelerao da produo nos ltimos meses, devido paragem para manuteno de alguns campos petrolferos e quebra da produo derivada de vrios problemas tcnicos,continua a alertar para a existncia de constrangimentos estruturais e para o seu impacto no crescimento da economia.Estes obstculos (principalmente relacionados com as infra-estruturas, qualificaes da populao e burocracia) deveropersistir no mdio prazo, dificultando o desenvolvimento do sector e da economia em geral (embora existam esforos emcurso com o objectivo de os reduzir).

    Apesar do esgotamento das reservas petrolferas nalguns campos, as reservas provadas so suficientes para cobrir 21anos de explorao, considerando que a capacidade actual de extraco se mantm inalterada9. Mais ainda, o potencialpara novas descobertas permanece elevado medida que a explorao de petrleo pr-sal se desenvolve e vriosprojectos iniciam actividade.

    O prximo projecto a ter incio o CLOV (Cravo-Lrio-Orqudea-Violeta), cuja produo se dever iniciar no segundosemestre do ano e poder atingir a capacidade mxima de 160 mil bbl/d em 2015. Vrios outros projectos (offshore,principalmente em guas profundas) devero tambm inciar actividade em breve, ajudando a atingir o objectivo deproduo nacional de 2 milhes bbl/d. Por sua vez, a produo onshoretambm se dever desenvolver depois do leiloefectuado pela Sonangol no final de Maio, ter garantido os direitos de explorao de 10 blocos (no Bacia do Kwanza e doBaixo Congo). De acordo com a concessionria, a produo nestes blocos dever ter incio em 2015.

    Prximos projectos para explorao de petrleo em Angola

    Projecto Produo plena Operador Ano de incio Localizao(milhares bbl/d) (estimado)

    CLOV 160 Total 2014 Bloco 17 - guas profundasProjecto West Hub 80 Eni 2014+ Bloco 15/06 - guas profundas

    Mafumeira Sul 120 Chevron 2015 Bloco 0 - offshoreCampo Lianzi 46 Chevron 2015 Bloco 14 - guas profundas

    Satlites Kizomba Fase II 125 ExxonMobil 2016 Bloco 15 - guas profundasNegage 75 Chevron 2016+ Bloco 14 - guas profundasLucapa 100 Chevron 2016+ Bloco 14 - guas profundas

    Projecto East Hub 80+ ENI 2016+ Bloco 15/06 - guas profundasB31 SE 200+ BP 2016+ Bloco 31 - guas ultra-profundas

    Projecto Kaombo 200 Total 2017 Bloco 32 - guas ultra-profundasFonte: EIA - "Country Analysis Brief Overview", February 2014.

    A explorao de gs natural poder tambm dinamizar o sector, em parte compensando a desacelerao da produo depetrleo bruto medida que os campos atingem a maturidade. De facto, as reservas estimadas de gs natural em Angolaso equivalentes a 9.7 bilies de ps cbicos, correspondendo s 35as maiores a nvel mundial e s 2as maiores na fricaSubsariana, apenas ultrapassadas pelas reservas da Nigria. De acordo com dados da EIA, a produo quase quadruplicoudesde 1990, atingindo 383 mil milhes de ps cbicos em 2012.

    No entanto, apesar de ter vindo a aumentar gradualmente ao longo das ltimas dcadas, a produo para venda/

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    22/28

    22

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    exportao ainda reduzida, dado que grande parte do gs natural desperdiado na produo de petrleo, sendoqueimado ou re-injectado nos poos para facilitar a sua recuperao. Por sua vez, a inexistncia de infra-estruturasnecessrias para a comercializao de gs natural continua a impedir o desenvolvimento do sector. A construo daprimeira fbrica de produo de gs natural liquefeito (LNG) no Soyo representou um grande avano no sentido deresolver estes constrangimentos; no entanto, embora tenha exportado o primeiro carregamento em Junho de 2013 (um

    carregamento de 160 mil ps cbicos, com destino ao Brasil), a fbrica esteve sempre a operar abaixo do potencial (emcapacidade mxima, a fbrica conseguiria produzir 5.2 milhes de LNG, gs natural, propano, butano e condensado porano) antes de ter sido fechada em Abril devido a problemas tcnicos que provocaram uma interrupo da produo.

    Factores do lado da procura

    O crescimento do rendimento nos pases emergentes, o aparecimento de novas economias menos desenvolvidas em fasede expanso (potencialmente em frica) e a recuperao gradual dos pases desenvolvidos face aos efeitos provocadospela crise financeira global e pela crise da dvida soberana na Zona Euro, devero colocar presso sobre a procuramundial de petrleo. De acordo com as estimativas da EIA, o crescimento mdio anual do consumo de fontes de energia(lquidos e gs natural) dever fixar-se em 1.3% entre 2014 e 2040, com os maiores contributos vindos de pasesAsiticos no pertencentes OCDE. Neste sentido, as perspectivas para a procura e consumo de petrleo e gs naturalafiguram-se positivas.

    Uma vez que quase metade das exportaes Angolanas de petrleo bruto tm como destino a China, o crescimento nasegunda maior economia mundial ser determinante para a procura pelo petrleo local. Os desenvolvimentos econmicosnos EUA, para onde vo 13% das exportaes de petrleo bruto, na Unio Europeia (11%) e na ndia (10%), serotambm decisivos para influenciar a procura externa pelo petrleo Angolano. Considerando que a China dever registartaxas de crescimento sempre superiores a 6.5% ao longo do horizonte temporal do FMI (at 2019) e que o crescimentodas economias da ndia, Taiwan, frica do Sul e Indonsia dever acelerar no mdio prazo (at 6.8%, 4.5%, 3.0% e6.0%, respectivamente, em 2019), as perspectivas para a procura externa so positivas. A Unio Europeia tambmdever contribuir para o crescimento da procura pelo petrleo Angola, com o FMI a perspectivar um crescimento mdioanual da economia da regio de 1.8% entre 2014 e 2019.

    Previses de crescimento nos principais parceiroscomerciais(crescimento real do PIB)

    Exportaes de petrleo bruto em 2012, por pasde destino(% do total)

    Importaes anuais lquidas de petrleo bruto dosEUA, por pas de origem(milhares bbl/d)

    O maior risco para o sector est relacionado com o aumentoda utilizao de fontes de energia no-convencionais,principalmente nos EUA. A reduo dos custos de explorao,com o avano da tecnologia disponvel, tem permitido odesenvolvimento das fontes de energia alternativas, como opetrleo de xisto (shale oil). De acordo com as projecesdo FMI, a produo de petrleo e de gs na Amrica doNorte dever aumentar em 3.9 milhes bbl/d e contribuircom metade do crescimento mundial da produo at 2018.O aumento da produo destas fontes de energia nos EUAtem contribudo para reduzir as importaes do pas,penalizando tambm as importaes com origem em Angola.De facto, as importaes de petrleo Angolano j diminuram

    mais de metade desde 2006, de acordo com os dados daEIA: se em 2006, estas importaes correspondiam em mdia

    China46%

    EUA13%

    UE11%

    ndia10%

    Taiwan7%

    frica do Sul4%

    Indonsia4%

    Canad3%

    Outros2%

    Fonte: EIA

    -2%

    0%

    2%

    4%

    6%

    8%

    10%

    12%

    2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

    China EUA UEndia Taiwan frica do SulIndonsia Fonte: FM I

    Previses

    0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    2.5

    3.0

    2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012

    0.0

    2.5

    5.0

    7.5

    10.0

    12.5

    15.0

    Angola Algria Arbia Saudita

    Canad Nigria KuwaitTotal (ELD) Fonte: EIA

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    23/28

    23

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Contributos para o crescimento mundial daproduo petrolfera(pontos percentuais)

    Previses apontam para crescimento do preo nomdio prazo(USD de 2012 por barril)

    a 534 mil bbl/d, em 2013 eram equivalentes a apenas 216 mil bbl/d, verificando-se uma quebra de 60%. Deste modo, aprocura de mercados alternativos ser determinante para o desenvolvimento futuro do sector petrolfero em Angola.

    Evoluo do preo

    O aumento do preo do petrleo ao longo dos ltimos anosteve como resultado um aumento massivo do investimentono sector a nvel mundial, conduzindo a um crescimentosubstancial da oferta global de petrleo, que ultrapassou ocrescimento do consumo. De acordo com o FMI10, a produoglobal de petrleo em 2018 dever atingir 106 milhes bbl/d enquanto a procura dever aumentar para apenas 96milhes bbl/d. O aumento da oferta, impulsionado pelareduo dos custos de explorao e melhor tecnologia(principalmente suportado pelo aumento da produo noIraque, EUA, Canad e Brasil) e pelo aumento do consumode fontes de energia alternativas, dever colocar pressodescendente sobre o preo do petrleo nos mercadosinternacionais no mdio prazo.

    Por outro lado, no longo prazo, o preo dever aumentar,acompanhando o crescimento gradual da procura porpetrleo. As projeces da EIA apontam para uma reduodo preo spot do Brent para USD 91.8 em 2017 (medido emdlares de 2012) antes de aumentar gradualmente a partirdesse ano. Assim, o cenrio provvel para a evoluo dopreo do petrleo dever ser dominado pelo aumento daoferta no curto prazo, conduzindo a preos mais reduzidos,mas pelo crescimento da procura no longo prazo, conduzindoa preos mais elevados.

    10 Para mais informaes, pode consultar o "Appendix I. Changing Trend in Oil Markets?" includo em Nigeria: 2013 Article IV Consultation--Staff Report.

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13

    Canad EUA M dio Orientefrica Rss ia Outro sTot al (%) Fonte: EIA, BPI

    80

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    150

    2012 2016 2020 2024 2028 2032 2036 2040

    Brent spot Fonte: EIA

    Previses

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    24/28

    24

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    25/28

    25

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Principais indicadores econmicos

    2009 2010 2011 2012E 2013P 2014P 2015P

    Pop.(milhes de hab.) 18.50 19.05 19.63 20.21 20.82 21.44 22.09PIBper capita(USD PPC)5,608 5,699 5,862 6,092 6,247 6,485 6,762

    Fonte: FMI WEO Abril 2014.

    Produto Interno Bruto

    2009 2010 2011 2012E 2013P 2014P 2015P

    PIB nominal (mil milhes AOA) 5,988.7 7,579.5 9,780.1 11,010.7 11,745.2 12,767.4 13,829.4PIB nominal (mil milhes USD) 75.5 82.5 104.1 115.3 121.7 129.8 138.2

    PIB real (variao %) 2.4 3.4 3.4 5.3 5.1 8.8 8.8Petrolfero -5.1 -3.0 -5.6 4.3 2.6 6.5 4.0No-petrolfero 8.3 7.8 9.1 5.6 6.5 9.9 11.2

    PIB, ptica da produo (var. %)Agricultura 29.0 6.0 11.4 -22.5 8.6 - -Pescas e derivados -8.7 1.3 3.5 9.7 9.8 - -Diamantes e outros 4.6 -10.3 -3.3 0.3 6.6 - -Indstria transformadora 5.3 10.7 3.8 6.5 8.0 - -Electricidade 21.3 10.9 15.0 23.9 7.6 - -Construo 23.8 16.1 6.8 7.5 22.4 - -Comrcio -1.4 8.7 12.3 10.0 5.4 - -Outros 5.9 4.7 8.2 8.3 5.0 - -

    Fonte: FMI WEO Abril 2014, Ministrio das Finanas.

    Previses para o crescimento real do PIB - Angola (%)

    2013 2014 2015

    BPI (Maio 14)* 4.5 5.3 4.5Oramento de Estado 2014 5.1 8.8 8.8FMI (Abril 14) 4.1 5.3 5.5OCDE (Maio 14) 5.1 7.9 8.8EIU (Maio 14) 3.6 5.0 6.6Nota: * cenrio em reviso.

    Base de DadosBase de DadosBase de DadosBase de DadosBase de Dados

    Petrleo

    2009 2010 2011 2012E 2013P 2014P 2015P

    Prod. de petrleo (milhes barris/dia) 1.81 1.76 1.66 1.73 1.78 1.79 2.01

    Preo mdio/barri l de petrleo de Angola (USD) 60.9 77.8 110.1 111.6 100.5 98.0 92.0

    Fonte: Ministrio das Finanas.

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    26/28

    26

    E.E.F. - Angola * Junho 2014

    Inflao

    2009 2010 2011 2012E 2013P 2014P 2015P

    Final de perodo (%) 14.0 15.3 11.4 9.0 7.7 8.0 7.5Fonte: FMI WEO Abril 2014.

    Sector externo

    2009 2010 2011 2012E 2013P 2014PExportaes (% PIB) 54.2 60.4 64.6 62.9 58.3 55.1das quais: petrleo 52.8 58.8 62.3 61.5 56.8 53.6Importaes (% PIB) 30.0 20.2 19.4 19.4 20.7 21.8Balana corrente (% PIB) -9.9 8.1 12.6 9.2 5.0 2.2Reservas inter. brutas (mi l mi lhes USD) 13.2 19.3 28.4 33.0 33.2 33.9Reservas inter. brutas (meses de importaes) 4.5 5.3 7.0 7.5 7.0 6.9

    Fonte: FMI WEO Abril 2014.

    Finanas pblicas

    2009 2010 2011 2012E 2013P 2014PReceitas (% PIB) 34.5 43.5 48.8 45.9 38.1 39.3 das quais: petrleo 24.2 33.0 39.0 37.3 29.6 30.6Despesa (% PIB) 41.9 40.0 40.2 40.8 39.6 41.3Saldo oramental (% PIB) -7.4 3.4 8.7 5.1 -1.5 -2.0Saldo primrio no-petrolfero(% PIB no-petrolfero) -53.7 -47.4 -51.1 -52.6 -49.9 -49.8Dvida pblica bruta (% PIB) 49.9 39.8 33.7 29.3 26.6 29.2 da qual: externa 20.2 21.7 19.7 19.3 17.3 18.7Fonte: FMI WEO Abril 2014.

    Principais indicadores financeiros

    2009 2010 2011 2012 2013 2014*Taxa de cmbio

    USD/AOA (final de perodo) 89.2 92.6 95.5 96.1 97.9 97.9USD/AOA (mdia) 79.2 91.9 94.0 95.6 96.9 97.9

    Taxas de juro nominais (moeda nacional, final de perodo)Taxas activas (sector empresarial)

    at 180 dias 15.6% 19.0% 16.7% 15.3% 15.1% 15.4%181 dias - 1 ano 19.4% 18.2% 16.3% 14.4% 13.9% 14.1%> 1 ano 19.0% 23.7% 17.2% 15.1% 13.1% 12.9%

    Taxas passivasDepsitos ordem 2.6% 2.4% 0.1% 0.0% 0.0% 0.0%at 90 dias 12.1% 8.2% 3.8% 3.1% 3.3% 3.9%91 - 180 dias 12.6% 10.0% 5.0% 4.7% 3.9% 4.2%181 dias - 1 ano 11.6% 6.8% 5.4% 4.9% 5.1% 5.8%> 1 ano 4.6% 1.6% 5.2% 7.0% 5.6% 4.9%

    Fonte: BNA, Bloomberg.Nota: * Com base em dados disponveis a 20-06-2014.

    Base de DadosBase de DadosBase de DadosBase de DadosBase de Dados

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    27/28

  • 7/25/2019 Angola - The road to diversification

    28/28

    BANCO BPI, S.A.

    Rua Tenente Valadim, 284 4100 - 476 PORTOTelef.: (351) 22 207 50 00 Telefax: (351) 22 207 58 88

    Largo Jean Monnet 1 9 1269 067 LISBOA

    BPIBPIBPIBPIBPI

    "Esta publicao destina-se exclusivamente a circulao privada.A informao nela contida foi obtida de fontes consideradasfiveis, mas a sua preciso no pode ser totalmente garantida.As recomendaes destinam-se exclusivamente a uso interno,podendo ser alteradas sem aviso prvio. As opinies expressasso da inteira responsabilidade dos seus autores, reflectindoapenas os seus pontos de vista e podendo no coincidir com aposio do BPI nos mercados referidos. O BPI, ou qualquerafiliada, na pessoa dos seus colaboradores, no se responsabilizapor qualquer perda, directa ou potencial, resultante da utilizaodesta publicao ou seus contedos. O BPI e seus colaboradorespodero deter posies em qualquer activo mencionado nestapublicao. A reproduo de parte ou totalidade desta publicao permitida, sujeita a indicao da fonte. Por opo prpria, osautores no escrevem segundo o novo Acordo Ortogrfico. Osnmeros so apresentados na verso anglo-saxnica, ou seja,utilizando a vrgula como separador de milhares e o ponto comoseparador decimal e utilizando a designao de "milhar demilho" para 10^9."