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ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES ANO IV - SÉRIE II REVISTA Nº07 - 2012 3,50 EUR 450 KWZ 5,00 USD ISSN 1647-3574 ‘É a nossa instituição. Deve-nos prestar contas da sua atividade’. A frase dita por um empreendedor, apela à ação dos empresários. Distinguido pela ‘sua’ produção de café biológico, Roque Gonçalves aponta soluções para a agricultura anastácio roque [cesacopa angola] “O GOVERNO NãO é O PAI” QUEM é O ‘NOVO’ AFRICANO? Jovem, urbano, cultural e politicamente esclarecido. Conheça a geração africana multilingue que se impõe pelo seu valor e luta para criar impacto STEVE JOBS DE ÁFRICA Chama-se Inye e é o primeiro tablet de baixo custo projetado em exclusivo para o mercado africano. O seu inventor quer revolucionar o acesso às novas tecnologias HOTELARIA EM ALTA O Grupo Pestana prevê inaugurar a sua primeira unidade hoteleira no país em 2014. Sinais do crescimento de um setor que quer ser alavanca do turismo ELife&Style e edição especial O QUE IDEALIZAMOS QUANDO PENSAMOS EM LUXO? A ANGOLA’IN FEZ ESSA PERGUNTA E PARTIU à DESCOBERTA PARA LHE OFERECER O MELHOR DO MUNDO. INSPIRE-SE!

Angola'in - Edição 7

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Na semana em que os angolanos exercem esse direito, a Angola'in publica o 'testemunho' de um empreendedor, com ideias inovadoras sobre os diferentes desafios a serem vividos por todos, sem excepção. Distinguido internacionalmente, a visão de um angolano que no fundo é o retrato do próprio país

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ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES

ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº07 - 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

· Nº0

7 · 2012

‘É a nossa instituição. Deve-nos prestar contas da sua atividade’. A frase dita por um empreendedor, apela à ação dos empresários.

Distinguido pela ‘sua’ produção de café biológico, Roque Gonçalves aponta soluções

para a agricultura

anastácio roque [cesacopa angola]

“O gOvernO nãO é O pai”

Quem é o ‘novo’ africano?

Jovem, urbano, cultural e politicamente esclarecido.

Conheça a geração africana multilingue que se impõe pelo seu valor

e luta para criar impacto

Steve JobS de África

Chama-se Inye e é o primeiro tablet de

baixo custo projetado em exclusivo para o

mercado africano. O seu inventor quer

revolucionar o acesso às novas tecnologias

Hotelaria em alta

O Grupo Pestana prevê inaugurar a sua

primeira unidade hoteleira no país

em 2014. Sinais do crescimento de um

setor que quer ser alavanca do turismo

eLife&Styleeedição especial

O QUE IDEALIZAMOS QUANDO

PENSAMOS EM LUxO?

A ANGOLA’IN FEZ ESSA

PERGUNTA E PARTIU à

DESCObERTA PARA LhE

OFERECER O MELhOR DO

MUNDO. INSPIRE-SE!

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Espaço LEitor—Fiquei fascinado com o espaço da Microsoft. Fantástico. Não admira que seja uma das melhores empresas para trabalhar. Quando estiver em Lisboa vou aproveitar para visitar as instalações que estão abertas ao público. Além do mais a Microsoft tem uma localização fantástica.Sérgio LucaS

—Parabéns pelo trabalho desenvolvido sobre os Jogos Olímpicos. Que os nossos atletas consigam superar-se e dar o seu melhor em Londres. Estamos a torcer por todos.Maria João

—Muito interessante a entrevista do vice-presidente do Comité Olímpico. Palavras sábias que esperemos que se concretizem no futuro próximo. Com as novas infraestruturas e o curso de desporto acredito que as nossas formações vão dar o salto esperado, pois há qualidade e muitos talentos em bruto por esse país. Quero dar o meu apoio a todos os participantes nos Jogos Olímpicos e acredito que é possível trazer uma medalha já este ano.JoSé Loureiro

—O Pedro Pinotes é o melhor atleta angolano. Boa sorte! Que supere todas as suas melhores marcas!JoeLMa Figueiredo

—Parabéns Angola’in. Adorei a reportagem da Microsoft. Muito interessante e repleta de curiosidades que desconhecia.carLa Monteiro

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SUMÁRIO

Esta revista é escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

envie as suas para o seguinte endereç[email protected]

MarcaS id

pionEiros no 4G

cuLtura & LaZerLuanda Jazz FEstivaL—a melhor edição de sempre. o título não é vaidade, mas a constatação do ambiente que se viveu no cine-atlântico durante o último festival. o espaço voltou a receber os apaixonados pela música e sonoridade do jazz com elegância e saber. o cariz, cada vez mais, internacional continua a surpreender e este ano voltou a marcar pontos

—Há dez anos era uma utopia. Hoje é realidade. a tecnologia 4g chegou a angola por via do crescimento económico acelerado e de um mercado ávido de novas tecnologias. descubra os motivos que fazem do país um alvo tão apetecível pelas marcas de telecomunicações

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Sociedadea nova dimEnsão da CpLpreforço da cooperação política e diplomática, investimento na segurança alimentar e promoção da língua portuguesa são algumas das ações que ficam associadas ao nome de angola. dois anos de agenda intensa que recordamos nesta edição.

arQuitetura & conStruÇãona pista do FuturoLuanda, Soyo, Saurimo, Menongue, Luena, cuito e cuanevale são algumas das empreitadas que integram a lista de beneficiação de espaços aeroportuários. o governo quer renovar 16 aeroportos até ao final do ano. conheça as maiores construções em curso.

PerSonaLidadeSEm proL dos outrosSimão Pascoal Hossi sente na pele as necessidades dos mais carenciados. é impulsionador dos direitos das mulheres e fá-lo em qualquer parte do mundo. recentemente partilhou a sua história no tedxLuanda.

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MoSaico

inSide

Mundo

uM dia coM...

FotorePortageM

inoVaÇão & deSenVoLViMento

deSPorto

18

081 014

465260

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in Foco

standard Bank Group —oportunidade para todos! é com este slogan que a marca está presente no país há dois anos. em entrevista, Pedro Pinto coelho, ceo do grupo em angola, aponta o benchmark como ferramenta para o sucesso e a aposta do banco em desenvolver projetos transnacionais para o crescimento da região

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06 2012

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AngolARua Rainha Ginga, nº 228 – 2º andarMutamba – LuandaTEL 923 416 175 / 923 602 924

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EDITORIAL

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)06 2012

Sem margem para dúvida, votar é um direito e um dever. Exercer livremente essa ação é ter noção do peso de uma palavra da qual tudo depende: responsabilidade.

Razão pela qual, as próximas eleições em Angola devem ser vividas de forma participativa, composta por pessoas mo-tivadas a escrever nas urnas a expressão da sua vontade, pois a liberdade também é isso. Votar é eleger e eleger é governar. A soberania popular só se expressa por intermédio do voto e é a garantia de que as pessoas serão representadas pelos seus eleitos, de forma livre e consciente. Essa é a grande conquista e este é o momento de a viver. Todos temos a possibilidade de eleger e de sermos elegidos, sendo essa é a base da democracia representativa, que permite à sociedade participar das deci-sões do Estado.

Uma fraca participação no ato eleitoral dará uma imagem negativa do país e da sua sociedade, revelando falta de interesse.

Tanto mais que as eleições de 2012 serão apenas as terceiras na história de Ango-la. Houve escrutínios apenas em 1992, depois dos Arcordos de Bicesse que in-terromperam a guerra civil entre MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e em 2008, seis anos depois do fim da guerra entre o MPLA e a UNITA.

Esta pequena resenha histórica, conta também que o conceito de um homem–um voto, ou se quisermos uma pessoa-um voto, não é uma prática longa. De facto, na maior parte da história da humanidade, os dirigentes foram sendo escolhidos com base na força e por im-posição. Lembrar que até à década de 60, os indivíduos negros não tinham direito a voto nos Estados Unidos da América, apregoado bastião da liberdade, lembrar que as mulheres demoraram décadas até lhes ser consagrado este direito, lembrar que o regime do apartheid, mantido até aos anos 80 na África do Sul, retirava o di-reito a voto de uma imensa maioria, com base na cor da pele, tudo isto nos faz ter certeza do imenso valor patriótico que tem este ato para o nosso país.

Estes momentos abriram caminho para um desejo legítimo de escolha.

Nestas eleições vai estar em jogo para os angolanos não só a escolha dos seus elei-tos, mas também os grandes investimen-tos, as taxas de juro, a educação, a saúde, a política agrícola, a política internacional, a difusão cultural, a água, o saneamento, etc. Questões que não são assuntos de ou-tros, mas nossos, de todos! Assuntos que todos, mesmo todos, devemos opinar, participar, não de lado, não de fora, não de longe porque votar é a única opção res-ponsável para os cerca de nove milhões de eleitores registados.

A Direção

Voto patriótico

—ISSN 1647-3574DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

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MoSAiCo Manuela Bártolo

—Planeta Vermelho—A viagem começou em novembro de 2011. O robô percorreu 570 milhões de quilómetros dentro de uma cápsula até à atmosfera marciana. Depois, com a ajuda dos motores, pousou suavemente. Parece simples, mas a verdade é que este feito só foi possível porque o Curiosity é o mais moderno de todos os que já partiram da terra. A sua missão? Colher gases da atmosfera, fragmentos do solo, medir a radiação, temperatura, vento, humidade e a pressão, de forma a permitir aos investigadores identificar possíveis bactérias, ou seja, ajudar na procura de vida fora deste ‘nosso’ planeta. Uma história que já dura há mais de 60 anos, em que no intervalo acompanhamos a ida do homem à Lua!

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inSiDE Patrícia Alves Tavares

Ministério da EnErgia invEstE na iMagEM—O Ministério da Energia e Águas (MINEA) escolheu a agência Brandimage para desenvolver o seu plano de criação de nova imagem e de desenvolvimento de uma campanha de comunicação do organismo. A entidade quer reforçar o contacto com o exterior e ser mais eficiente na divulgação de atividades. A Brandimage África já trabalhou com empresas internacionais e prepara-se auxiliar o MINEA a comunicar de forma mais eficiente com a população.

odEbrEcht constrói barragEM—A construtora brasileira ganhou a construção de uma das maiores barragens do país. O projeto, que vai custar 370 milhões de dólares, será erguido no Médio Kwanza e será o maior depois da barragem de Capanda. O empreendimento, que vai fazer o aproveitamento hidroelétrico de Laúca, terá uma capacidade de produção de mais de dois mil megawatts, sendo capaz de levar energia para o norte e centro do país. O prazo de execução é de cerca de cinco anos e a infraestrutura vai produzir quatro vezes mais energia que o Capanda.

infraEstruturas até 2025—Ana Dias Lourenço, ministra do Planeamento, reiterou que o Governo continuará a investir na reabilitação e modernização das infraestruturas, prevendo-se que o país possa a curto prazo ter um crescimento nesta área semelhante ao dos países em desenvolvimento. O intuito do Executivo consiste em atingir um desenvolvimento sustentável até 2025. Para alcançar essa meta, a responsável admite que é necessário reforçar o investimento em recursos humanos. “Estamos a recuperar e construir infraestruturas como os caminhos-de-ferro, barragens, aeroportos, hospitais, escolas, pólos de desenvolvimento industrial e estradas”, acrescentou a ministra, fazendo alusão a um estudo do Banco Mundial que revela que o país gastou 4,3 mil milhões de dólares por ano em infraestruturas, ou seja, 14% do Produto Interno Bruto. A maior parte do valor foi aplicada na área dos transportes, mediante verbas atribuídas pelo Orçamento Geral de Estado (OGE) e pela linha de crédito da China.

autosuEco na fiLda—A AutoSueco Angola aproveitou a presença da 29ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA) para apresentar o seu mais recente modelo, o camião Volvo FMX. A empresa é a única representante da marca, nos segmentos de comercialização, distribuição e assistência pós-venda. A marca aproveitou o certame que recebe anualmente centenas de visitantes, nomeadamente empresários internacionais, para dar a conhecer as mais recentes soluções de transporte adaptadas às diversas empresas que operam no país, uma vez que dispõem de equipamentos à medida das necessidades dos vários setores de atividade.

forMação unE angoLaE MoçaMbiquE —Os ministérios da Educação de Angola e Moçambique desenvolveram no último mês uma ação conjunta de promoção da formação dos jovens dos dois países. A oficina de educação decorreu em Luanda e permitiu aos responsáveis analisar o grau de execução das atividades estabelecidas no plano estratégico de Cooperação Sul-Sul para o período 2011-2012. O programa destina-se a fomentar a parceria entre os países de língua portuguesa nos domínios da alfabetização e da educação de jovens adultos. Em vigor desde 2006, o modelo apoia os países na meta de cumprir os objetivos internacionais para o milénio, no âmbito da educação, através de parcerias e trocas de conhecimento intragovernamentais.

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38 MiLhõEs EM rEdE dE frio—É o valor que a portuguesa Hipogest vai investir nos próximos meses para montar uma rede de frio com cobertura nacional. O projeto no valor de 38 milhões de euros conta com a participação de empresários angolanos e vai facilitar o escoamento e distribuição de produtos alimentares, uma ação que será coordenada com os cinco pólos que serão erguidos no país. Portugal tem uma larga experiência na área da logística, de frio e da refrigeração e a infraestrutura será importante para impulsionar a agricultura e agro-indústria. O contrato de investimento já foi validade pelo Conselho de Ministros.

sEgunda Loja da MovifLor EM 2013—A marca de mobiliário portuguesa Moviflor prepara-se para expandir a sua atividade no país. A diretora geral da marca anunciou que existe o projeto de abertura de uma segunda loja em Luanda, já no próximo ano. O plano faz parte do programa de internacionalização da empresa, que está a estudar a construção de uma plataforma logística em Angola para melhor abastecer o mercado. A aposta no país está relacionada com o nível de aceitação e o notável aumento da procura do mobiliário luso, sendo que metade dos produtos vendidos são fabricados em Portugal.

sistEc E sEndys parcEiros—A Sistec e a empresa portuguesa Sendys assinaram no último mês um acordo de cooperação com a Sistec. Com a nova parceira, a empresa lusa que detém um software de gestão vai faturar 1,2 milhões de euros até ao final do ano. O valor representa a duplicação dos lucros obtidos em Angola no ano anterior. O protocolo faz parte de um investimento de 650 mil dólares, em que a Sendys procederá ao reforço do posicionamento no mercado, através da adaptação do seu produto aos clientes, legislação e moeda. Está ainda incluído no investimento a formação de quadros nacionais.

cfL invEstE nas cargas—A entrada em funcionamento dos Caminhos-de-Ferro de Luanda colocou um novo player no mercado de transporte de carga em contentores. A empresa entrou na concorrência deste tipo de transporte de mercadorias e começa a ganhar terreno face aos restantes operadores, devido ao menor custo. De janeiro a julho, mais de quatro mil contentores partiram do Porto Comercial da capital para o porto seco de Viana nos vagões dos comboios. O preço do serviço permite uma poupança de 321 dólares face ao transporte rodoviário. O mesmo acontece em relação a um contentor vazio, em que o transporte por camião é mais dispendioso.

Mais café no Kwanza suL—O governador do Kwanza Sul, Serafim Maria do Prado, está confiante de que a província será capaz de aumentar em 23% a taxa de produção de café. Atualmente, a região tem 18 mil hectares de produção e a campanha “Bago Vermelho” prevê colher 2900 toneladas de café, só este ano. A província tem investido bastante neste setor, tendo reabilitado nos últimos anos mais de cinco mil hectares de terra. O programa de desenvolvimento da agricultura inclui ainda um projeto “de plantação de café arábica nos municípios do Mussende e de Cassonge”. O responsável lembrou ainda que com o referido plano “4090 famílias estão a beneficiar de apoio e de financiamento do Fundo Comum, destinado à produção de produtos básicos no campo”.

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inSiDE

univErsidadE coM invEstigação ciEntífica—O plano é da Universidade Kimpa Vita, no Uíge, e conta com o apoio de investigadores alemães. Vários alunos estão envolvidos na criação de um projeto de pesquisa sobre a energia e água, que vai incidir na investigação das quedas de água da província. Paralelamente, arrancou o estudo sobre botânica no Kwanza Norte, em que os estudantes de enfermagem vão fazer uma lista sobre as doenças epidemiológicas dos municípios, de modo a poderem apoiar as populações através dos conhecimentos adquiridos na faculdade. A Universidade planeia ainda criar uma cooperativa agrícola, que conte com a participação de todos os munícipes da envolvência.

1,2 MiLhõEs para pLanos huManitários—Angola é um dos países que vai integrar o fundo de 1,2 milhões de dólares, disponibilizado pelo Brasil para projetos humanitários. De acordo com um comunicado dos responsáveis pela gestão do fundo, a verba será ainda aplicada em ações que contribuam para a redução dos riscos de ocorrência de desastres na América Latina. Cada país receberá 100 mil dólares para aplicar em projetos apoiados pela ONU e organizações não-governamentais locais.

fundação Lwini soLidária—A Federação das Associações de Pessoas com Deficiência (Fadepa), a Associação Nacional de Deficientes de Angola (Anda), A Associação de Mutilados Militares de Angola (Ammiga), o Comité Para-olimpico Angolano, os centros Ortopédico de Viana e de Reabilitação Física foram as entidades contempladas com 105 cadeiras de rodas, 25 triciclos e vários pares de canadianas. O material foi doado pela Fundação Lwini, que atribuiu igualmente equipamentos a alguns deficientes que não estão em nenhuma instituição. A oferta representa o término da campanha que a instituição desenvolveu desde maio e que abrangeu todas as províncias. Durante esse período foi ainda disponibilizada ajuda técnica. O projeto contou com o auxílio do Ministério da Assistência e Reinserção Social e com os parceiros da função (entre eles, a Chevron e a WeecHiar Fundacion).

sEgurançaaLiMEntar na cpLp—Angola terminou o seu mandato enquanto presidente rotativo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) com um balanço positivo. A elaboração e respetiva aprovação da estratégia comunitária de segurança alimentar e nutricional da comunidade, em 2011, é o fator de maior relevo. O país conseguiu criar o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP, que será responsável pela implementação de políticas e programas que visem o desenvolvimento deste setor e das matérias associadas no âmbito da conduta de todos os membros do organismo. A coordenação entre os Estados lusófonos será fundamental para garantir a continuidade dos programas agrícolas e de pescas que vão assegurar o direito a uma alimentação de qualidade e segura.

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MunDo Patrícia Alves Tavares

ImobIlIárIo afrIcano é dos chIneses—Um relatório da consultora Knight Frank indica que apesar do abrandamento da economia, os promotores internacionais continuam a encontrar boas oportunidades imobiliárias no continente africano. O documento acrescenta que as cidades africanas ainda têm pouca oferta de qualidade e que as regiões produtoras de petróleo e gás natural são as que registam uma procura superior à oferta. Em relação aos interessados neste setor, os chineses surgem no topo da lista.

ferro em moçambIque—O primeiro destino da exportação de ferro moçambicano é a China. O país vai constituir um lote de cerca de 28 mil toneladas de magnetite de ferro e vai inaugurar as exportações da matéria no final do ano. Moçambique prepara-se para entrar no mercado internacional do minério de ferro, com um produto bastante requisitado pela indústria siderúrgica, conquistando de imediato o país que detém a segunda maior economia do mundo.

GuIné equatorIal na cPlP—É quase certa a adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Membro observador desde 2004, o país apresentou o pedido de adesão a membro de pleno direito em 2008. O tema foi debatido na Cimeira de Maputo em julho e dos oito países lusófonos apenas Portugal se manifestou contra.

aGrIcultura famIlIar dInamIzada—Vários países africanos vão recorrer ao modelo brasileiro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para desenvolver um projeto piloto na área da agricultura familiar. Nigéria, Malawi, Moçambique, Senegal e Etiópia são as nações que pretendem investir dois milhões de dólares para a aquisição de alimentos junto de famílias dos diversos municípios. O programa vai contar com a parceria e auxílio da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O projeto tem como finalidade garantir que as populações em situação de insegurança alimentar e nutricional tenham acesso a alimentos em quantidade suficiente e com a qualidade e regularidade necessárias. Por outro lado, é promovida a inclusão social através do fomento da agricultura familiar. O programa existe no Brasil, Índia e China e, no caso brasileiro, tem sido possível “dignificar o trabalho da agricultura familiar por meio do programa de aquisição de alimentos e por meio da compra da produção para a merenda escolar”.

Yahoo!no femInIno

—Marissa Mayer é a nova

diretora executiva da Yahoo!. A empresária de 37 anos

assume-se assim como uma das mulheres mais importantes

no domínio tecnológico e empresarial dos Estados Unidos. A responsável evidenciou-se na Google, onde foi responsável por

produtos locais e geográficos, nomeadamente o Google Maps, o Google Earth e Street View. O

salto na carreira vai permitir à executiva liderar um dos

principais sites da Internet que tem mais de 700 milhões de

usuários. Mayer vai substituir o diretor-executivo interino da

Yahoo!, Ross Levinsohn, que assumiu o cargo em maio, após

renúncia de Scott Thompson.

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make It In GermanY—São sinais do mundo cada vez mais global e que se repercute no mercado laboral. O Governo alemão está a recrutar profissionais fora do país. Com um crescimento de 3% em 2011, a Alemanha quer trabalhadores altamente qualificados e criou uma plataforma, o Make it in Germany, que convida engenheiros, médicos, especialistas em ciência, tecnologia e matemática a trabalhar em terras germânicas. O site destina-se a facilitar a procura de emprego e a auxiliar os novos emigrantes a instalarem-se e a ultrapassarem as burocracias. Apesar do crescimento, o défice demográfico contribuiu para que o país possa ter um défice de emprego de seis milhões de pessoas, em 2025.

PrImeIra mulher na comIssão afrIcana—Foi a candidata da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e acabou eleita para presidente da Comissão Africana. A sul-africana Nkosazana Dlamini Zuma foi a escolhida na cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), que decorre em Addis Abeba (Etiópia), derrotando o candidato gabonês Jean Ping, que liderava a organização há cinco anos. A ministra do Interior da África do Sul é a primeira mulher a assumir o organismo. É também inédita a nomeação de um país da SADC para a presidência da Comissão Africana.foram distribuídos panfletos junto ao estádio do Maracanã.

1,4%crescImento do Gás natural—O gás natural assume-se no mercado mundial cada vez mais como a alternativa energética com maiores vantagens e menor custo. Um estudo da International Gas Union (IGU) revela que a procura desta matéria vai aumentar 1,4% por ano até 2030. O crescimento galopante da procura está relacionado com as suas mais-valias ambientais.

Produção de bIocombustíveIs duPlIcará—Nos próximos dez anos a produção mundial de biocombustíveis deverá duplicar. A conclusão é do relatório “AS Previsões Agrícolas da FAO e da OCDE”, publicado em Itália, que avança que os Estados Unidos serão os responsáveis pelo maior aumento do fabrico de etanol, seguindo-se o Brasil e a União Europeia. A produção seguirá a mesma tendência relativamente ao bioetanol e biodiesel. No contexto africano, a África do Sul vai liderar o crescimento ao crescer 8% por ano, atingindo os 951 milhões de litros em 2012.

mandela de Parabéns—

A África do Sul esteve em festa. Nelson Mandela celebrou o 94º aniversário e a população assinalou a data

através de trabalhos comunitários, nomeadamente construção de casas para os sem-abrigo e auxílio em tarefas em infantários e lares de idosos. Milhares de sul-africanos dedicaram mais do que os 67 minutos recomendados pela efeméride a ajudar os outros, seguindo o exemplo do primeiro presidente negro da história do país. “Esta herança deve ser mantida e estimulada, estes 67 minutos em honra de Mandela fazem uma diferença tremenda

na sociedade e mesmo as gerações mais novas, crianças que não eram sequer nascidas quando

Mandela foi presidente, já percebem e abraçam o potencial de unidade e solidariedade das tarefas

propostas por aquele que foi, afinal, o fundador da nova nação”, explicou Manny de Freitas, deputado

lusodescendente da Aliança Democrática à imprensa internacional.

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MunDo

PortuGal rendIdo aos GenérIcos—A quota de mercado dos medicamentos genéricos já ultrapassa os 60% em Portugal. Com as novas regras que entraram em vigor a 1 de junho e que obrigam os médicos a prescrever os medicamentos pelo seu princípio ativo contribuiu para que as farmácias fossem conduzidas a vender os mais baratos. Segundo o vice-presidente da Associação Nacional de Farmácias de Portugal, Paulo Duarte, os dados indicam “que a medida está a ter efeitos do ponto de vista do comportamento do mercado”, pelo que se registou a “maior redução do preço médio dos medicamentos” desde o início do ano.

construção sobena ue—Na zona euro, a produção na construção avançou 0,1% em maio. De acordo com o Eurostat, Portugal registou o maior avanço entre abril e maio, ao subir 3,6%. Contudo, em termos anuais, o país tem um desempenho negativo, apresentando a terceira maior descida da União Europeia, com 16,4% de queda.

faz 20 anos…—Foi há duas décadas que surgiu a primeira fotografia na Internet. Foi em 1992 que foi colocada online a primeira imagem que retratava uma banda feminina, muito popular junto da comunidade científica daquele ano, e que se chamava “As Horríveis Cernettes”. O grupo era composto por quatro funcionárias do CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear). O autor da fotografia é Silvano de Gennaro, que trabalhava em tecnologias de informação nessa empresa, que se evidenciou pelos avanços na busca da “Partícula de Deus” e pela proximidade com os cientistas que inventaram a Web. A imagem foi captada a 18 de julho de 1992 nos bastidores do Hardronic Music Festival, um evento anual que foi criado pelos administradores do CERN.

aeroPortos brasIleIrosde qualIdade—A pensar no Mundial de Futebol de 2014, o governo brasileiro vai fixar metas de qualidade para os onze aeroportos das cidades-sede. O objetivo consiste em diminuir o tempo de espera, designadamente reduzir em 50% o tempo de ‘check-in’ e da recolha de bagagens até 2013. As infraestruturas detêm atualmente uma classificação de nível C (o mínimo de conforto) atribuída pela Associação Internacional de Transportes Aéreos. Com esta medida, o país quer equiparar-se ao serviço prestado pelos norte-americanos e europeus. A meta deverá ser alargada posteriormente às estruturas do Rio de Janeiro, Fortaleza, Curitiba, Salvador, Porto Alegre, Recife, Manaus e Cuiabá.

2,1 bIlIõeslucro do bankof amerIca—O banco americano Bank of America anunciou que no segundo trimestre do ano teve um lucro de 2,1 biliões de dólares. Recorde-se que o organismo tinha perdido 9,1 biliões no período homólogo do ano anterior. Cada ação teve o lucro líquido de 19 centavos.

IceberGue GIGante sePara-seda GronelândIa—É uma ilha de gelo com 120 quilómetros quadrados e é maior que a cidade lusa de Lisboa. Este icebergue separou-se do glaciar Peteremann, que é um dos dois maiores da Gronelândia. Aconteceu em julho e foi registado pelo satélite Aqua. Foi a segunda vez em menos de dois anos que icebergues desta dimensão se desprenderam do referido glaciar. De acordo com os especialistas, à semelhança do que aconteceu em 2010, o bloco de gelo acabará por entrar no estreito de Nares, um canal entre o Norte da Gronelândia e o Canadá, onde se deverá quebrar.

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in FoCo Manuela Bártolo

“somos o único bAnco com rAting investment grAde bbb+”defensor de um setor bancário mais profissional e moderno para fazer face a novos desafios, pedro pinto coelho, presidente do conselho de administração do grupo standard bank angola, vê a criação da bolsa como “um passo importante para o desenvolvimento do sistema financeiro angolano, de forma a permitir diversificar as fontes de captação de capital”. em entrevista à angola’in, o dirigente faz a análise dos dois últimos anos de atividade e refere a importância do desenvolvimento de projetos transnacionais para o crescimento da região. confiante quanto à evolução do banco em angola, prescreve análises constantes da informação do mercado e “benchmark” como receitas fundamentais para o sucesso. no caso de angola, acredita que o país pode desenvolver-se adoptando soluções mais avançadas e permitindo saltar estágios de desenvolvimento que outros países já passaram.

Manuela Bártolo

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quais são as principais van-tagens competitivas do stan-dard bank angola face a outras entidades bancárias existentes no país?É o único banco internacional com presença em 30 países, dos quais 18 em África. É o maior ban-co do continente com uma capi-talização bolsista de $22 biliões. Tem uma existência de mais de 150 anos e é o único banco com rating investment grade BBB+. em termos de presença e di-mensão/quota de mercado, quais são os objetivos a mé-dio prazo? que análise faz do posicionamento da marca no mercado nacional?Os objetivos são estar presente em Luanda e nas principais pro-víncias em Angola, com uma quota de mercado significati-va. A marca no mercado angola-no está posicionada como uma marca sólida e associada à qua-lidade de serviço e segurança.

como tem sido realizada a evolução do banco em ango-la face aos objetivos do gru-po, isto é, mesmo em termos de notoriedade da marca no mercado. têm sido cumpri-dos?Sim. A evolução tem sido bastan-te positiva. Os clientes reconhe-cem o valor da marca Standard Bank.

uma das apostas do banco é o apoio ao desenvolvimento da economia angolana e de ex-pansão às províncias. quais são os setores que conside-ram prioritários para esse crescimento e qual a estraté-gia para os alcançar?Os setores mais relevantes são os das infraestruturas, ener-gia, indústria e agro-indústria. O banco estuda projetos nes-tes setores e tenta apoiar o seu financiamento com recursos quer domésticos, quer interna-cionais.

como caracteriza o vosso ti-po de clientes/empresários, sobretudo em matéria de tendência de investimento/consumo e quais os vossos principais produtos? quais as grandes apostas do banco em termos de inovação e di-ferenciação de mercado?Os nossos clientes são clientes que valorizam a qualidade de serviço e a rapidez de execução. Os nossos principais produtos estão associados ao crédito de diversos tipos, em função do segmento do cliente e produtos transacionais, de forma a facili-tar a vida do cliente.

AngolA tem um conjunto significAtivo de plAyers que operAm numA concorrênciA sAudável. AcreditAmos que os próximos Anos vão permitir Ao mercAdo recuperAr o AtrAso em relAção A outros pAíses do continente AfricAno, designAdAmente no que diz respeito à introdução de legislAção de produtos finAnceiros que já são umA reAlidAde noutros mercAdos.

”estrAtegicAmente, AngolA é hoje um mercAdo prioritário pArA o grupo stAndArd bAnk

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face à sua experiência, de que forma pode o Governo e os agentes melhorar as condições do setor? quais são, no seu en-tender, as medidas mais im-portantes para impulsionar e qual é o modelo de crescimento da economia que aponta como mais eficaz para o momento atual?A melhor forma de apoiar o setor é tendo um regulador forte que per-mita assegurar o crescimento sau-dável do sistema financeiro. a economia angolana é, cada vez mais, foco de atenção por parte dos organismos inter-nacionais. no que respeita ao setor bancário, quais as van-tagens que este comportamen-to (interesse) externo acarreta para o país e o que ainda fal-ta cumprir para que o mesmo atinja melhores desempenhos? a criação da bolsa é, no seu entender, um fator preponde-rante para um maior reconhe-cimento?Esta atenção obriga a que o setor bancário seja mais profissional e se modernize para fazer face a no-vos desafios. A criação da bolsa é com certeza um passo importante para o desenvolvimento do siste-ma financeiro de forma a permitir diversificar as fontes de captação de capital.

a vossa atuação em angola está também marcada por ações de responsabilidade social. que benefícios acarreta para o gru-po estas medidas e qual o obje-tivo que as fundamentam, para além da estratégia de marca?As ações de responsabilidade so-cial são importantes na medida

em que permite que a organização se foque na contribuição para o bem comum, apoiando ações que têm impacto na sociedade civil. que balanço faz destes quase dois anos de presença no mer-cado angolano? quais os princi-pais obstáculos e conquistas? o stardard bank é o único banco a operar no mercado nacional implantado em todos os países que fazem fronteira com ango-la. esta foi uma vantagem?Nestes dois anos o Standard Bank rapidamente atingiu reconheci-mento por parte dos seus clientes e notoriedade no setor bancário. Isto resulta de trabalho árduo e do seu compromisso de ser o melhor banco em Angola. O facto de estar-mos em todos os países que fazem fronteira com o país permite coor-denar ações especificas com esses mercados para apoiar nas rela-ções comerciais entre estes países e permite igualmente apoiar em-presas em fase de expansão para esses mercados.

”o grupo stAndArd bAnk está presentes nAs principAis prAçAs finAnceirAs mundiAis, o que lhe permite ‘ApresentAr’ AngolA à comunidAde finAnceirA internAcionAl, fAcilitAndo-lhe o Acesso Ao mercAdo de cApitAis internAcionAl

A bAncA em AngolA deverá evoluir no sentido de permitir ter instituições finAnceirAs sólidAs, bem cApitAlizAdAs e com umA quAlidAde de serviço AdequAdA. A economiA AngolAnA tem já muitos clientes exigentes, que exigem do sistemA finAnceiro solidez, cApAcidAde de respostA às suAs necessidAdes e preços competitivos É bom pArA o mercAdo AngolAno que hAjA umA boA AvAliAção dAs suAs entidAdes bAncáriAs A nível internAcionAl, desde logo porque incentivA As suAs instituições finAnceirAs A preocupArem-se em prosseguir umA melhoriA contínuA dAs suAs operAções, dos seus produtos e serviços e, em últimA Análise, dos seus resultAdos. A bAncA AngolAnA tem já um peso importAnte no contexto AfricAno, por exemplo. váriAs instituições AngolAnAs surgem em diversos rAnkings entre As principAis instituições AfricAnAs, o que reflete A dimensão dA economiA AngolAnA e permitirá, no futuro, que estAs instituições sejAm plAyers importAntes no processo de consolidAção do setor finAnceiro em áfricA.

gruPo StAnDArD bAnk há século e meio que o grupo existe e está presente em áfri-ca com um crescimento as-sinalável. Pode-se dizer que cresceu junto com o continen-te, ajudando-o a desenvolver-se. como é que o organismo se renova e quais os projetos que antecipa para este conjunto de países? ou seja, quais os merca-dos cujas previsões apontam para um maior índice de cres-cimento e são a vossa principal aposta?O grupo prevê crescer no con-tinente aumentando a sua pe-netração nos vários segmentos de atividade económica, nome-adamente em projetos transna-cionais que sejam chave para o desenvolvimento da região. Dentro dos 18 países em que es-tá presente em África, Angola é uma das principais apostas.

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hoje, somos o mAior grupo finAnceiro AfricAno, com umA cApitAlizAção bolsistA de cercA de 22 biliões de usd. A suA presençA nA mAioriA dos pAíses AfricAnos É um Aspeto diferenciAdor e determinAnte pArA o sucesso do stAndArd bAnk em AngolA, nA medidA em que se Assiste hoje A um crescente Aumento dAs trocAs comerciAis entre os diferentes pAíses do continente. tAmbÉm As multinAcionAis que estão presentes em vários pAíses em áfricA dão preferênciA A instituições finAnceirAs que tenhAm elAs própriAs umA presençA forte em vários estAdos em simultâneo.

oPinião& CArrEirAé um dos gestores mais res-peitado no país. como anali-sa o seu percurso?O meu percurso tem sido orien-tado por aceitar novos desafios que considero interessantes em termos profissionais. A mi-nha ambição é contribuir mais e mais para o desenvolvimento de uma organização em que os colaboradores se sintam realiza-dos e partilham a satisfação de servir o cliente da melhor for-ma. Uma decisão que marcou a minha carreira como gestor foi a de abraçar desafios inter-nacionais. Viver e trabalhar em geografias distintas é uma ex-periência impossível de repli-car e de grande valor quando no dia à dia temos que analisar temas cada vez mais complexos num mundo globalizado.

o MElhor EM ÁFriCAO Grupo Standard Bank foi eleito na última edição dos prémios do setor financeiro, que teve lugar em Washington, Estados Unidos da América, o melhor Banco Africano do Ano 2011. A gala organizada pela publicação The African Banker reuniu cerca de 300 principais intervenientes da indústria e altos funcionários dos governos do continente africano e do mundo, para homenagear as realizações das empresas e dos indivíduos que tenham contribuído, significativamente, para a reforma, modernização e expansão dos serviços bancários em África e do sistema financeiro em geral. Para o vice-administrador delegado do Grupo Standard Bank, Ben Kruger, a presença e o desempenho consistente do Standard Bank em avaliações desta natureza são o testemunho do seu compromisso em sustentar o crescimento do grupo em todo o continente africano. “Ganhar prémios é sempre um motivo de orgulho, mas para nós o significado real é o reconhecimento externo da estratégia do Standard Bank em África, o que nos permite oferecer aos nossos clientes produtos e serviços relevantes”, salientou Ben Kruger. O Grupo Standard Bank possui agora 2,5 milhões de clientes e 3 milhões de contas ativas em todas as suas operações no continente africano, excluindo a África do Sul.

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tender o que ele quer e como satisfazê-lo num momento de explosão da economia angolana, qual o ti-po de modelo de gestão públi-co e privado que defende para que tanto empresários, como empresas se sintam integra-das no sistema e tenham con-dições de investimento para se desenvolver?Para que haja condições de in-vestimento deve haver ins-tituições sólidas que dêem confiança e protejam os inves-tidores.

Para si, qual é a característi-ca mais importante para se vencer no setor financeiro?O mais importante é ser perse-verante e não desistir quando se encontra a primeira dificul-dade. em 1992, bill clinton afir-mou: ‘It’s the economy, stu-pid!’ para argumentar que a economia é o principal motor de um país. concorda com es-ta ideia?A economia é de facto a base que permite fazer um país chegar ao nível de desenvolvimento dese-jado. No entanto, a componente social não deve ser esquecida. O ser humano para se sentir re-

alizado precisa desse equilíbrio entre o bem estar económico e o social. a denominada ‘economic in-telligence’ é, cada vez mais, uma ferramenta importan-te no crescimento dos mer-cados. acredita que um forte investimento nesta área é crucial para o sucesso empresarial? como encara a aplicação desta metodologia num país como angola, que está ainda à espera de se afir-mar? é possível?Sim, este tema é de facto mui-to importante. Sem análises constantes da informação do mercado e “benchmark” não é possível ter sucesso. No caso de Angola, é ainda mais critico porque o país pode desenvol-ver-se adoptando soluções mais avançadas e permitindo saltar estágios de desenvolvimento que outros países já passaram. na sua opinião que caracte-rísticas demarcam um orga-nismo para que este consiga atingir uma posição de lide-rança?Para atingir a liderança é neces-sário inovar de forma sistemáti-ca e simultaneamente assegurar uma qualidade de serviço cons-tante.

SAbiA quE...Para além da presença em 18 países afri-canos, o grupo tem também escritórios nos principais centros financeiros mundiais: No-va Iorque, Hong Kong, Londres, São Paulo e Dubai. Paralelamente, estabeleceu uma par-ceria estratégica com o Industrial and Com-mercial Bank, da China. Em todos os países em que está representado, as suas atividades assentam em três pilares principais: banca comercial, de investimento e gestão de for-tunas. Como parte do recente realinhamento das atividades, foram identificadas oportu-nidades para alavancar as infraestruturas existentes e o conhecimento dos países que integram os mercados emergentes.

uma gestão de e para pesso-as é, cada vez mais, uma polí-tica empresarial de sucesso. acredita que esta máxima pode ser um elemento dife-renciador para gestores e em-presas?Sim. As empresas têm de ter cada vez mais a capacidade de se aproximarem do cliente de forma humana procurando en-

AFriCA

angoLagHanaMaLawinaMibiaSwaZiLandZaMbiabotSwanaKenyaMauritiuSnigeriatanZaniaZiMbabwedrcLeSotHoMoZaMbiQueSoutH aFricauganda

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EConoMiA&nEgÓCioS

MultitEl

CresCimentode 3 milhões Usd Empresa apresenta um crescimento nos negócios na ordem dos 20% comparativamente ao ano passado. Para o ano em curso, prevê faturar 21 milhões USD.

Manuela Bártolo

A Multitel, empresa nacional voca-cionada para serviços de telecomuni-cações, prevê resultados líquidos na ordem dos 3 milhões USD e um cash flow à volta dos 5 milhões USD para este ano. De acordo com o diretor-geral da empresa, António Geirinhas, este objetivo deverá ser cumprido, simultaneamente, através de ações

de investimento, crescimento a ta-xas grandes, preparação e formação dos trabalhadores. “Esta articulação reflete-se no crescimento previsto na ordem dos 20% em volume de negó-cios comparativamente ao ano passa-do”, explicou. Para o ano em curso, a empresa perspetiva facturar cerca de 21 milhões USD. O responsável afirma

ainda que a entidade realizou, nos úl-timos quatro anos, um investimento de 15 milhões USD. Em 2008, a Multitel iniciou com o ritmo de investimentos, sendo que anualmente essas aplica-ções ficam perto dos 3 milhões USD, aplicados na aquisição e implemen-tação das mais recentes plataformas tecnológicas de telecomunicações,

que devem assegurar todas necessi-dades operacionais por mais quatro anos”. Por outro lado, inaugurou re-centemente a sua primeira filial, na cidade de Benguela. O PCA da em-presa, Luís Todo Bom, salientou que a referida aposta deve-se à crescente importância que o eixo Benguela-Ca-tumbela-Lobito vai assumindo para a

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caSH-FLow

Multitel. Desde o dia 1 de julho, a cober-tura e gestão do território a sul do país são garantidas por esta filial. “Embora tenha clientes em todo o país, a ope-ração era até agora toda comandada a partir de Luanda e nas regiões mais remotas através de parcerias com ser-vice providers (prestadores de servi-ços) que garantiam a disponibilização dos serviços”, refere. O responsável salienta que a filial de Benguela de-verá obedecer a duas vertentes, no-meadamente, a da proximidade e ao atendimento de um nicho empresa-rial crescente. “Há motivos fortes para apostarmos nessa província”, subli-nhou, destacando “a intensificação do desenvolvimento empresarial de Benguela, com a vantagem de ter um porto, os caminhos-de-ferro, novas cimenteiras, o próximo aeroporto in-ternacional, o parque industrial e fu-turamente a nova refinaria”.

“Por isso, é essencial possuir plata-formas mais recentes com maior nível de capacidade de entrega de dados e níveis de segurança, apesar de estar numa fase experimental, cremos que terá sucesso”, disse António Geirinhas.

A empresa garante a transferência de dados e de Internet a entidades esta-tais, como a Segurança Social, serviços de emissão de BI e os pagamentos por multicaixa e Visa, mas continua a ter um grande foco no segmento empre-sarial. “Acreditamos que a entrada em funcionamento do segundo cabo de fi-

bra óptica submarino reduzirá o custo de acesso à conetividade internacional em cerca de 30% para os operadores. O que se espera que venha a repercu-tir-se para o cliente final”, destacou.

Há seis anos, trabalhavam na Multitel cerca de 30 pessoas, das quais quatro expatriadas. Atualmente, conta com 80 quadros formados essencialmente nas áreas de engenharia e economia, recrutados a partir das universidades localmente ou no estrangeiro. Segun-do Luís Todo Bom, os quadros ango-lanos vão todos os anos à Portugal Telecom, em formação multifacetada. “Agora vamos admitir jovens quadros em Benguela e treiná-los em Luan-da, de momento começam com cin-co, mas prevêem dobrar o número de efetivos, quando normalizarem a ope-ração nessa província, disse Luís Todo Bom. Por outro lado, a empresa estu-da a possibilidade de abertura de uma terceira filial, devido ao crescimento eminente de uma presença empresa-rial forte no Soyo, província do Zaire. Além de um projeto em parceria com a Angola Telecom que envolve a utili-zação de uma nova plataforma, com capacidades distintas das atuais pa-ra a Multitel expandir a sua cobertura.

caLL cEntEr ‘angoLa invEstE’

O Ministério da Economia inaugurou recentemente o call center do An-gola Investe, um serviço criado pa-

ra responder às questões e dúvidas dos empresários e da sociedade em geral, no quadro do Programa de De-senvolvimento das Micro, Pequenas e Médias, coordenado e implementado pelo Minec. O programa, também co-nhecido por Angola Investe, tem co-mo principal objetivo criar e fortalecer as MPME’s nacionais, tornando-as ca-pazes de gerar emprego em grande escala e contribuir para o desenvolvi-mento do país. O mesmo incorpora 12 iniciativas específicas, orientadas para todas as MPME’s que atuam em seto-res identificados como prioritários.

Estas 12 açõEs Estão organizadas sEgundo as 4 vErtEntEs do prograMa:› Facilitar o acesso ao crédito;› Desenvolver programas de capaci-tação para as MPME’s;› Potenciar a desburocratização e os apoios fiscais e institucionais;› Promover o incentivo à produção nacional.

o MEsMo vai concEdEr taMbéM bEnEfícios às MpME’s quE sE traduzEM EM:› Condições vantajosas de financia-mento;› Bonificação de juro com taxa má-xima de 5%; linha de financiamento;› Linha de crédito bonificado superior a 3000 milhões de dólares até 2015;› Garantias públicas até 70% do cré-dito concedido;› Fundo global para garantias públi-cas de até 1000 milhões de dólares;› Apoio a financiamentos de até 200 mil dólares por micro empresa, de até 1,5 milhões de dólares por pequena, e de até 5 milhões de dólares por mé-dia empresa.

paraLELaMEntE, a Estas vantagEns foraM criados bEnEfícios fiscais, quE incLuEM:› Redução de taxas previstas no códi-go de impostos industriais;› Isenção do imposto de consumo so-bre matérias primas;› Isenção de imposto de selo para mi-cro empresa;› Contratação privilegiada das enti-dades do Estado às MPME’s.› A adesão ao programa poderá ser feita junto dos bancos operadores que são um total de 20.

De referir que o Angola Investe visa fundamentalmente diversificar a eco-nomia para outros setores para além

do petróleo e gás, aumentar a produ-ção nacional, reduzindo às importa-ções, combater a pobreza através da criação de emprego e auto emprego, estimular a formalização das ativida-des económicas no país e melhorar a taxa de bancarização. Em termos operacionais, o INAPEM será respon-sável pela vertente de capacitação dos empreendedores e empresários aderentes ao programa. O instituto vai aconselhá-los na melhor forma de aproveitar os instrumentos de apoio ao seu dispor e prestar serviços de formação e consultoria que contri-buam para o seu desenvolvimen-to. Estes serviços incluem formação, consultoria especializada, suporte na candidatura a financiamento, rede de incubadoras INAPEM e certificação das micro pequenas e médias empre-sas. De referir, que desde o início do processo de certificação, em abril des-te ano, o INAPEM certificou em todo o país mais de 1900 empresas.

O call center inaugurado recentemen-te está instalado na sede da “UCALL”, contratada pelo Ministério da Econo-mia por dispôr de todas as valências para atender à demanda que se es-pera.Com a criação deste serviço, o gover-no pretende responder ao crescen-te volume de solicitações realizadas por inúmeros interessados em aderir aos diferentes programas do Angola Investe.O mesmo vai funcionar 12 horas ao dia, de segunda a sexta-feira através do numero 923190195.

grandE agEnda

A “grande agenda” de Portugal em Angola é o que vai ser realizado em conjunto nos próximos 30 anos, salien-tou o ministro-adjunto e dos assuntos parlamentares português, Miguel Rel-vas, na sua última visita a Luanda. A representar Portugal na 29ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA), o responsável assumiu este compro-misso em declarações à imprensa, que tinha como objetivo apresentar o ba-lanço dos contactos políticos que ali manteve. “Tudo o que for estabilidade política, desenvolvimento económico e social para Angola é bom para nós. Portugal só tem a ganhar com uma An-gola desenvolvida e uma Angola está-vel. A agenda de Portugal em Angola é o que vamos fazer juntos nos próxi-mos 30 anos. Esta é a grande agenda de Portugal”, vincou.

Em Benguela, a operadora está a implantar plataformas de origem israelita

que permitem maior banda, como também maior nível de segurança

e confiança dos dados.

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Jovem, urbano e culturalmente esclarecido

—JOVEM, URBANA, CULTURALMENTE ESCLARECIDA E POLITICAMENTE CONSCIENTE, ASSIM É A NOVA GERAçãO DE AFRICANOS E PESSOAS DE ASCENDêNCIA AFRICANA, qUE COM UMA PERSPETIVA, CADA VEZ MAIS, GLOBAL, PROCURAM CAUSAR IMPACTO NAS DIVERSAS COMUNIDADES EM qUE SE INSEREM. MULTILINGUES E, MUITAS VEZES, COM DIFERENTES MISTURAS ÉTNICAS, VIVEM EM VÁRIOS PONTOS DO MUNDO. EM NOVA IORqUE, NAS PRINCIPAIS CAPITAIS EUROPEIAS DA MODA OU NAS MEGACIDADES MULTICULTURAIS EM ÁFRICA ExPANDEM AS RAÍZES COM O INTUITO DE PROMOVER A SUA IDENTIDADE, MAS TAMBÉM POR UMA qUESTãO DE DIFERENCIAçãO.

uma forte relutância por parte dos empregadores, que receiam os ele-vados custos e compromissos que uma contratação implica, são dis-so exemplo.

Uma afirmação que reflete a sua frustração com um sistema que é visto como injusto, pois os ‘con-tactos’ dependem grandemente do contexto pessoal/familiar e do acesso a círculos privilegiados que a maioria dos jovens não possui e não consegue obter. Simultanea-mente, a prática de distribuir em-pregos com base em ‘contactos’ representa um claro indicador de escassez de bons empregos. Num mercado de trabalho sólido, são os empregadores a competir pelos trabalhadores e têm de lançar uma rede aberta e ampla para atrair a mão de obra de que precisam. É apenas em caso de oferta exces-siva de estreantes no mercado de trabalho que os empregadores po-dem depender dos contactos para preencher as suas vagas. A infor-mação sobre onde encontrar em-prego é encarada, por isso, pelos jovens como um problema muito menor.

O desânimo acerca do mercado de trabalho é muito superior entre os jovens com um elevado nível de educação. Os jovens com menos educação encaram a sua falta de competências como um problema maior. Entre os diplomados uni-

A uni-los um objetivo comum - regressar ao seu país de origem e tentar melhorá-lo. No entanto, apesar de poder parecer à parti-da um movimento sedeado na diáspora, a verdade é que muitos países africanos já vivem in loco este fenómeno. Angola é um deles. Cada vez mais, surgem grupos de pessoas que estão a emergir inter-nacionalmente, usando a cultura nacional de forma criativa para

mudar a perceção sobre o país. A prevalência da internet e televisão por satélite tem permitido alcan-çar uma visão global, que está em sintonia com as mesmas tendên-cias culturais e questões políticas.

Ora todo este conhecimento, fê-los tomar uma nova consciên-cia do que se passa em seu redor, como os obstáculos internos à conquista dos seus objetivos. Bar-

reiras como a discriminação con-tra os que procuram o primeiro emprego, uma forte preferência de experiência profissional por parte dos empregadores, a neces-sidade de redes profissionais e as regulamentações de mercado que dão origem a mercados de traba-lho segmentados, onde os deten-tores de emprego (adultos) estão protegidos e os que procuram em-prego (jovens) se deparam com

QUem é o ‘novo afriCano’?

Manuela Bártolo

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outSide

versitários, 30% consideram que os contactos são fundamentais, por contraste com 13% entre os jovens sem educação formal. Os jovens com menos educação vêm, em vez disso, a “falta de formação adequada” como o seu principal obstáculo a encontrarem empre-go. Todos os jovens sem educação universitária consideram a sua falta de formação um obstáculo importante. A diferença entre os sem educação, com educação pri-mária e com educação secundá-ria é diminuta (19% para os sem educação contra 21% para aqueles com educação secundária). Estes resultados salientam que os jo-vens de todos os contextos educa-tivos enfrentam uma carência de empregos. Os jovens com menos educação pressupõem que é a fal-ta desta a culpada. Curiosamente,

os jovens deste estudo concordam que a carência de empregos é a questão atual mais premente, mas também estão desiludidos com a necessidadede ‘contactos’

david adJayE É um dos arquitetos mundiais mais elogiado e com trabalho reconhecido a nível internacional.Nascido na Tanzânia, é filho de pais ganeses e vive atualmente em Londres.

damBisa moyo A revista norte-americana Time distinguiu a economista Dambisa Moyo como uma das “100 personalidades mais influentes do mundo”. Nascida na Zâmbia, Moyo foi para a universidade no Reino Unido e Estados Unidos. Os seus livros “Dead Aid” e “How the West was Lost” têm tido um percurso literário altamente controverso, mas também muito influente.

ExEmpLos dE suCEsso Lá Fora...

spoEkE mathamBoEste vocalista e produtor sul africano é pioneiro no género musical “township tech” que incorpora elementos de electro, house e dubstep. As suas músicas podem ser ouvidas nas pistas de dança mais exigentes de todo o mundo.

mayra andradEDir-se-á que a cantora Mayra Andrade é uma verdadeira globetrotter (viajante). Nascida em Cuba, cresceu em Cabo Verde, passou pelo Senegal, Angola e Alemanha e agora vive em Paris. As suas baladas de jazz inspiradas pela bossa nova do Brasil têm conquistado, cada vez mais, fãs.

os jovens com educação secundá-ria são os que apresentam maior probabilidade de encarar a respec-tiva inadequação educativa como o principal obstáculo a encon-trarem um emprego, mais até do que os seus colegas sem nenhuma educação. Os jovens com educa-ção universitária deparam-se com uma falta de emprego semelhante à dos outros grupos. No entanto, visto que percorreram todos os percursos educativos disponíveis, não encaram a sua falta de forma-ção, e sim um mercado de trabalho que é injusto (devido à necessida-de de contactos) e ineficaz (devido à carência de bons empregos dis-poníveis), como o principal obstá-culo. Esta dinâmica pode explicar parcialmente a ligação entre as elevadas taxas de desemprego no seio dos jovens com formação uni-

Chris oFiLi O artista Chris Ofili nasceu em Manchester, Inglaterra, e é filho de pais nigerianos. O seu trabalho serviu de inspiração para uma viagem de pesquisa sobre o Zimbabwe, o que lhe permitiu conquistar o prestigioso prémio Turner Prize para a arte, na Grã-Bretanha.

hazEL aGGrEy-orLEansCom sede em Londres, a estilista Hazel Aggrey-Orleans nasceu na Alemanha, filha de mãe alemã e pai nigeriano. Cresceu em Lagos, na Nigéria. Com frequência diz que que os seus desenhos coloridos refletem a sua formação multicultural e as viagens que tem feito pelo mundo.

andy aLLoCantora e guitarrista camaronesa, Andy Allo vive atualmente nos Estados Unidos. Teve o seu grande desafiou de carreira quando atuou com o famoso músico internacional Prince. Descreve o seu trabalho de produção como “alter-hip-soul.”

huGh masEkELaCom 72 anos de idade, o músico sul africano Hugh Masekela prova que não é necessário ser-se jovem para criar furor. Depois de viajar pelo mundo, voltou ao seu país natal e vive em Soweto com seu povo.”

versitária observadas em muitos países do Norte de África e as re-voltas juvenis no Egito e na Tunísia no início de 2011.

Fatores que impedem estes mes-mo jovens de ter sucesso ‘dentro de portas’ e que os obriga a sair com a esperança de no exterior fazer vingar o seu valor e deter-minação. Este é o ‘novo’ africa-no: entusiasta da internet e das possibilidades que este avanço acarreta; representante da gera-ção com mais estudos de sempre. Uma geração de revolucionários do bem, que sabe que o futuro não é algo que se possa prever, mas algo que precisa de cons-truir e alcançar. E é a estes que os governos africanos têm de estar atentos para fazer crescer as suas economias e sociedades.

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bAnCo VAlor ÚLtiMa PreViSão

PiB CresCe 7,7%em 2012

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banca & SeguroS

A última avaliação publicada pelo Outlook, Pré-Co-mité de Política Monetária (CPM), do Banco Valor, referente ao mês de julho, traça um retrato posi-tivo da economia nacional e internacional, destacan-do alguns indicadores de crescimento para o merca-do. Em declarações à co-municação social, Eduardo Velho, diretor de investi-mento do organismo, reve-lou-se confiante na retoma da economia mundial, ape-sar do cenário difícil que se vive. No entanto, para es-te responsável é claro que “houve uma piora com os indicadores de bolsa, de moeda, commodities e juros” e, por conseguinte, “do risco financeiro no mercado internacional. Ho-je, a maioria dos países estão com um regime de meta de inflação, com juros reais negativos ou seja abaixo do nível da inflação e inclusive da meta da inflação”, salientou. A par desta situação, Eduar-do Velho fez também questão de referir o facto de “nos EUA estar a ocorrer a estiagem agrícola através do chamado ‘choque agrícola’, prevendo-se que a demanda do petróleo ‘esteja a ser avaliada por baixo e o preço deva ter uma configuração in-flacionária’. Razão pela qual, sublinhou, que a ava-liação do banco “vai ao encontro da expectativa do FED (sistema de reserva federal norte-americano), concluindo que, em primeiro lugar, “há um risco fiscal para o final do ano e o impasse do congresso sobre a dívida pública”, uma vez que a mesma deve bater o “tecto” acordado antes de 6 de novembro.

As previsões de produção média do petróleo e a incorporação de novas projeções de crescimento de importantes parceiros comerciais da economia angolana, faz com que o Banco Valor baixe a sua estimativa da taxa real de crescimen-to económico do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola para 7,7%, em 2012. Segundo as análises deste organismo, no capítulo da po-lítica monetária, o balanço de riscos de con-vergência melhorou entre as reuniões do CPM de junho e julho, sendo de realçar que a recu-peração do preço do barril do petróleo con-figura um melhor saldo fiscal nos próximos meses, ainda com preços superiores ao orça-mento. “Ressaltamos que os nossos exercí-cios econométricos estimavam uma inflação anual superior à meta central referida, porém inferior à projeção do Outlook anterior e que se situaria em redor dessa meta. Esse cená-rio referencial incorporou os parâmetros nas vésperas do CPM de julho, como a manuten-ção da taxa média de câmbio em kwanzas de 95/USD, a taxa básica de juros de 10,25% e do índice médio de commodities em todo o horizonte da pro-

jeção’. O banco salienta ainda que ‘no único ajuste da taxa de referência pelo BNA, realizado na reu-nião de janeiro deste ano, constatou-se uma me-

lhoria na perceção do risco. Naquele período, o CPM do BNA reduziu a sua taxa básica de juros em 0,25 pontos percentuais, de 10,50% para 10, 25%, o que sinaliza, em tese, que a fle-xibilização da política monetária estaria mais vinculada à melhoria da projeção da inflação, do que estritamente às variações de curtíssimo prazo do risco internacional’.

Com base no desempenho fiscal abaixo do es-perado, nas previsões de produção média do petróleo e na incorporação das novas proje-ções de crescimento de importantes parceiros comerciais da economia angolana, rebaixamos a nossa estimativa da taxa real de crescimento

económico do PIB de Angola para 7,7% em 2012. O crescimento do total de crédito de médio prazo aponta sinais de desaceleração, enquanto se man-tém uma expansão real mais elevada do crédito de curto prazo’.

No evento de apresentação, o presidente do con-selho de administração do Banco Valor, Rui Miguês de Oliveira, destacou ainda a importância do do-cumento para análise “dos principais indicadores económicos e financeiros do país”, salientando que o objetivo é que o mesmo possa “contribuir pa-ra a compreensão da informação económica que vem sendo providenciada todos os dias ao público em geral e em especial aos especialistas na maté-ria”. Adiantando que o organismo “normalmente fazia com pouca antecedência o seu Outlook face ao CPM (Comité de Política Monetária”, que, como se sabe, reúne uma vez por mês e toma decisões importantes relativamente à taxa básica de juros do banco central. Este exercício pretende, por isso, antecipar quais podem vir a ser estas decisões pa-

ra além de tentar ex-plicar o contexto em que estas decisões ocorrem”, referiu. Rui Miguês, desta-cou ainda que a insti-tuição que dirige, ao realizar este Outlook tem, por outro la-do, por objetivo dar ‘um contributo para a educação financei-ra do país. É no fun-do um desafio que todas as instituições do país têm e princi-palmente um desafio que o banco central

colocou aos bancos, no sentido de darmos todos uma contribuição para a educação financeira da nossa população’.   

Já a nível interno, a evolução da economia nacional está a ser influenciada por um desempenho fiscal abaixo do esperado

O Banco Valor indica que nos últimos trinta dias se constatou a continuidade da redução da taxa de juros de referência Luibor e a maior venda de divisas cambiais pelo BNA, o que proporcionou a liquidez referenciada pelo mercado.

Reportando-se em concreto à situação europeia, a que está a afetar mais drasticamente a economia mundial, Eduardo velho referiu-se à previsão nos Yields dos bónus da zona euro, onde na Espanha o resgate bancário e o ajuste fiscal aprovados pelo parlamento não foram suficientes e a ajuda deve ser ampla, o que inclui as províncias. Na Grécia, há um desempenho fiscal ‘péssimo’ pelo que a troika – designadamente o BCE, (Banco Central Europeu) que, em conjunto com a Comissão Europeia e FMI disponibilizou a ajuda financeira à Grécia proíbe as colaterais dos bónus gregos no curto prazo. Em Portugal, destacam-se a venda dos bónus e con-seguiu com menor custo yields.

ExportaçõEs:portugaL E angoLaNOVOS SEGUROS DE CRéDITO

Com o objetivo de apoiar as trocas comerciais en-tre os dois países, Portugal e Angola vão estudar a criação de seguros de crédito de incentivo à troca de exportações para os dois mercados. De acordo com o ministro português da Economia e do Em-prego, Álvaro Santos Pereira, Portugal está a estu-dar a possibilidade de desenvolver toda uma série de instrumentos para apoiar as suas empresas e in-dústrias, “quer ao nível dos seguros de crédito para a exportação das empresas angolanas que querem exportar para Portugal, quer das empresas portu-guesas que querem exportar para Angola”, referiu. O ministro acrescentou que os dois governos estão também a estudar outros mecanismos para apoiar a diversificação da economia angolana. “Acima de tudo, estamos num clima de confiança muitíssimo elevado, que mostra que os dois governos estão totalmente empenhados em facilitar os climas de negócios e promover a integração económica para níveis que nunca foram atingidos entre duas eco-nomias irmãs”, acentuou.

arranquE da caixa sEguros

A Caixa Seguros foi lançada oficialmente em Angola através da sua nova companhia – a Universal Segu-ros, da CGD. Segundo a gestão, o ‘break-even’ é para atingir até 2015. “Atingir vendas de 30 milhões de dólares em 2014, alcançar o ‘break-even’ até 2015 e estar, a prazo, entre os cinco maiores operadores do mercado segurador angolano” são algumas das me-tas definidas, adianta Jorge Magalhães Correia. Em declarações à comunicação social, o presidente da Fidelidade - companhia que resultou da fusão entre a Fidelidade Mundial e a Império Bonança - estima também que, no espaço de cinco anos, a Universal já represente 4% das vendas de seguros Não Vida do grupo. Magalhães Correia admite que este inves-timento em Angola “poderá constituir uma mais-va-lia” no processo de venda da Caixa Seguros, embora assegure que a operação não foi efetuada “a pensar na anunciada privatização”.

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EConoMiA&nEgÓCioS

o PaPel da aUditoria

internaPRINCIPAIS ATRIBUTOS E AS

OPçõES ESTRATÉGICAS DE sourcing NO MERCADO ANGOLANO

—POR RUI BRANCO,

Senior Manager de ManageMent & riSk ConSulting DA KPMG

EM PORTUGAL E ANGOLA

AuDitoriA intErnA:COMPONENTE CHAVE DAS ORGANIZAçõES

A auditoria interna deixou de ser aque-la função que se focava essencialmen-te nas transações contabilísticas, nas normas e procedimentos em vigor, com uma atuação de caráter geral-mente detetivo e inspetivo, em que o relacionamento com os auditados era muitas vezes adverso. Deverá ser, ca-da vez mais, uma função com foco no negócio e nos riscos que podem co-locar em causa os principais objetivos da organização, orientada à análise de processos e à preservação de va-lor, apresentando uma postura proa-tiva e de parceiro das outras áreas da organização. Como sabemos, a fun-ção de auditoria interna deve, hoje em dia, assumir-se cada vez mais co-mo uma componente chave e de va-lor acrescentado para o sucesso das

organizações angolanas, contribuin-do para a consecução dos objetivos estratégicos definidos. Em paralelo, decorrente de uma cada vez maior internacionalização das empresas an-golanas e consequente presença em várias localizações geográficas, im-porta igualmente considerar estraté-gias de sourcing alternativas, onde o mix de competências entre a função de auditoria interna e uma eventual entidade externa seja o mais adequa-do possível.

Mas qual o papel da função de au-ditoria interna na organização e como se enquadra no modelo das 3 linhas de defesa?Considerando o que habitualmente se designa pelo modelo das 3 linhas de defesa de uma organização, temos numa primeira linha de defesa os res-ponsáveis intermédios que têm como objetivo assegurar que, face aos riscos

inerentes aos processos que gerem no dia-a-dia, se encontram implementa-dos os controlos adequados de mi-tigação, no sentido de permitir aos processos atingir os objetivos preco-nizados. Numa segunda linha de defe-sa é incluído um conjunto de funções cujo objetivo é de supervisão funcio-nal (e.g. organização, risco, complian-ce, recursos humanos, qualidade) e que alinhadas com os órgãos de ges-tão (conselho de administração/co-missão executiva), definem políticas de gestão de risco, regras e procedi-mentos que pautam e balizam a atua-ção da primeira linha de defesa. Assim, as duas primeiras linhas têm como res-ponsabilidade, em conjunto com os ór-gãos de gestão, a gestão do risco da organização. A função de auditoria interna enquadra-se na terceira linha de defesa e tem como papel principal, não o da gestão de risco, mas sim o de avaliar e melhorar a eficácia e eficiên-

cia da gestão do risco, dos controlos e da gestão dos processos numa or-ganização, possibilitando aos órgãos de gestão um “reasonable assurance” sobre aqueles temas.

quais os principais atributos que uma função de auditoria interna deve possuir para desempenhar adequadamente a terceira linha de defesa?A criação de uma função de audi-toria interna eficaz e eficiente pode ser um desafio para muitas organiza-ções. Mas as empresas que investem o tempo e os recursos necessários para reforçar a capacidade de atua-ção da função de auditoria interna po-dem depois usufruir de um conjunto de benefícios competitivos, incluindo melhorias ao nível dos processos de gestão de risco, do ambiente de con-trolo e do reforço do seu relaciona-mento com os próprios reguladores,

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Consultório

Por outro lado, e com particular importância para o mercado angolano, consi-dera-se fundamental analisar a função de auditoria interna ao nível do atribu-to pessoas, ou seja, se existem as competências adequadas e uma estratégia de recursos humanos alinhada com a missão da organização, se é propiciado aos auditores um desenvolvimento de carreira e, ao mesmo tempo, se a fun-ção se caracteriza pela existência de uma forte cultura e desenvolve uma po-lítica de retribuição que seja diferenciadora em função da performance dos colaboradores.

quando aplicável. Os principais atributos de uma função de auditoria interna centram-se no posicionamento que aquela função deve ter na organização, nas pessoas e competências que a devem integrar e nos processos que regem o desenvolvimento da sua atividade. Nesta base importa entender se a função de auditoria interna da nossa organização se encontra com o posicionamento adequado, considerando a sua missão, os seus clientes e os serviços que presta, a sua organização e estrutura, a forma como é financiada, bem como os crité-rios de sucesso pelos quais é avaliada a sua performance.

As competências core da função de auditoria interna são adequa-das à sua missão, função e âmbito de trabalho?

A estratégia de recrutamento da função de auditoria interna reflete a sua missão, papel e competências core necessárias, sendo sufi-cientemente flexível para fazer face a mudanças na organização?

A função de auditoria interna tem um programa de desenvolvi-mento de carreiras definido, o qual incorpora formação e desen-volvimento de competências?

A cultura em que opera a função de auditoria interna promove e protege o bem-estar dos colaboradores, assim como a consecução dos seus objetivos?

Os colaboradores da função de auditoria interna são recompensa-dos de forma adequada e com base na sua performance?

1

2

3

4

5

CompetênCias

estratégia de reCursos Humanos

desenvolvimento Carreira

Cultura

retribuição

PessoasA função de auditoria interna tem uma estratégia ao nível das pessoas que permita responder de forma adequada aos objetivos que se encontram definidos?

ÁREA DE NEGÓCIO 1

ÁREA DE NEGÓCIO 2

[…]

ÁREA DE NEGÓCIO N

ÁREA DE SUPORTE 1

ÁREA DE SUPORTE 2

[…]

ÁREA DE SUPORTE N

CHIEF RISK OFFICE [CRO] CHIEF AUDIT EXECUTIVE [CAE]

LEGAL/COMPLIANCE

RH

ETC…

“1ª LINHA DE DEFESA” UNIDADES DE NEGÓCIO

“2ª LINHA DE DEFESA” SUPERVISÃO FUNCIONAL

“3ª LINHA DE DEFESA” AUDITORIA INDEPENDENTE

REGULADORES

ADMINISTRAÇÃO / COMISSÃO EXECUTIVA

DIRECÇÃO

ÁREAS DE NEGÓCIO

ÁREAS DE SUPORTE

COMITÉ DE RISCO COMITÉ DE AUDITORIA

AUDITORIA EXTERNA

RISCO E CONTROLO INTERNO

AUDITORIA INTERNA

DEPARTAMENTOSESPECIALIZADOS

Os drivers da função de auditoria interna encontram-se alinhados com os objetivos da organização e com as necessidades dos seus principais stakeholders?A missão e o papel da função de auditoria interna encontram-se formalmente definidos integrados numa framework de Corporate Governance mais vasta e têm sido comunicadas de forma eficaz?

Os stakeholders e serviços da função de auditoria interna foram formalmente identificados e definidos para endereçar as necessi-dades do negócio/organização?

A estrutura da função de auditoria interna promove a objetividade, consistência e conhecimento do negócio?

A função de auditoria interna é financiada de forma a promover a objetividade e consistência na qualidade dos serviços que presta a toda a organização?

Encontram-se definidos critérios de sucesso para a função de au-ditoria interna e é avaliada de acordo com os mesmos?

missão e drivers

Clientes e serviços

organização e estrutura

Funding

Critérios de suCesso

1

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3

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5

PosiCionamentoA função de auditoria interna encontra-se posicionada na organização de forma a poder contribuir para a boa performance do negócio?

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EConoMiA&nEgÓCioS

te capacitada em termos de recursos e competências, gerida com eficácia e que se encontre alinhada com os obje-tivos da organização.Com o aumento do âmbito e da res-ponsabilidade dos auditores internos, muitas organizações em Angola co-meçam a ter necessidade de reforçar as suas funções de auditoria interna ao nível da quantidade de recursos e de competências para que possam assegurar, de forma efetiva, o cum-primento das suas responsabilidades. Assim, o sourcing é uma possibilida-de para a organização conferir à sua função de auditoria interna a tal agili-dade e capacidade para responder de forma mais célere e eficaz aos desa-fios atuais. O sourcing pode assumir diversas alternativas, representando cada uma das mesmas um determi-nado nível de “ownership” e um mix de custos fixos e variáveis.

quAiS oS bEnEFíCioS Do SourCing EStrAtégiCo?Quando implementado de forma efe-tiva, o sourcing estratégico pode ge-rar benefícios imediatos para a função de Auditoria Interna quer ao nível da redução de custos, quer ao nível de eficiência. Apresentam-se de seguida alguns desses benefícios.

b Converter Custos fixos em Custos variáveisTransferir custos de auditoria interna (pessoas, formação e infra-estrutu-ras) para um outsourcer pode reduzir os custos fixos da organização aloca-dos à função de auditoria in-house. A redução de custos pode ser significa-tiva, particularmente em organizações onde a função de auditoria interna tem uma atividade muito oscilante, com maior carga operativa em períodos específicos do ano.

b reduzir CustosNo atual ambiente de forte conscien-cialização para alteração da estrutura de custos operacionais, o outsourcing pode ser uma alternativa viável para redução de custos com o pessoal.

b Possibilitar um maior enfoque nas ComPetênCias Core do negóCioAs maiores organizações estão a con-centrar as suas atenções no que fazem melhor e a delegar funções não core a empresas externas, como por exem-plo funções de IT e call centres.

b utilizar just in time os reCursos de um outsourCer esPeCializadoO sourcing estratégico da função de auditoria interna pode fornecer à or-ganização acesso imediato a recursos especializados, que facilitam a rápi-da adaptação às alterações das con-dições de negócio. Esta flexibilidade pode ser crítica na forma como se lida com a diversidade de desafios atuais, desde temas como a segurança de sis-temas, à gestão de canais, à função de compras.

b alavanCar a infra-estrutura do outsourCer Os maiores custos de desenvolvi-mento e manutenção da função de auditoria interna, desde formação a colaboradores a sistemas de auditoria topo de gama, são transferidos para o outsourcer libertando os recursos e capital da organização.

b modelos de Custo fixos e/ou variáveisAtualmente, a função de auditoria in-terna pode seguir um de três modelos de sourcing, cada um com um mix di-ferente na estrutura de custos: • in-house: A função de auditoria in-terna é desenvolvida e mantida pela or-ganização. Todos os custos são fixos.• CosourCed: Uma empresa de out-sourcing é contratada para apoiar a equipa interna de auditoria interna em projetos específicos, como auditorias por exemplo a processos de IT. Exis-te uma componente de custos fixos e uma componente de custos variáveis. • outsourCed: A totalidade da fun-ção de auditoria interna, ou uma com-ponente significativa da mesma (ex: Função de AI numa operação interna-cional do Grupo), é adjudicada a uma empresa de outsourcing. Os custos são totalmente variáveis.

quAiS oS DESAFioS Do SourCing EStrAtégiCo?Apesar de muitas das organizações em Angola terem compreendido os benefícios que a implementação de um modelo de strategic sourcing pode trazer, existem diversos desafios que têm de ser considerados. Existem as áreas de risco indicadas seguidamente que, se não forem devidamente ende-reçadas, podem comprometer signifi-cativamente a credibilidade da função de auditoria interna e, em último caso, o seu sucesso.

Finalmente, um outro atributo que não é menos relevante que os anteriores, está relacionado com os processos da função de auditoria interna. Nesta perspetiva, é importante aferir se a função possui um plano estratégico definido e baseado na avaliação dos principais riscos da organização, bem como se os programas de auditoria interna estão orientados ao risco. Deveremos também avaliar se são utilizadas ferramentas de IT na realização dos trabalhos de auditoria de forma a garantir que os seus recursos se concentram nas principais atividades de risco.Igualmente, deveremos perceber se existe um conjunto de indicadores que per-mita avaliar a performance da função, bem como se é assegurada a existência de uma correta gestão do relacionamento com as áreas auditadas, no sentido de poderem ver a auditoria interna como um parceiro que os apoia na consecu-ção dos seus objetivos.

A função de auditoria interna presta um serviço de qualidade e tem implementado uma metodologia de planeamento adequado com base no risco?

A função de auditoria interna utiliza a tecnologia com o objetivo de suportar e melhorar de forma mais eficiente, a qualidade do serviço prestado?

A função de auditoria interna tem implementados processos de suporte que permitem que as suas atividades core sejam efetuadas de forma eficiente?

A função de auditoria interna possui uma framework adequada para a avaliação do seu desempenho?

A função de auditoria interna mantém um relacionamento adequado e efetivo com todos os principais clientes auditados?

planeamento e entrega

teCnologia

gestão administrativa

avaliação perFormanCe

gestão da relação

1

2

3

4

5

ProCessosOs processos implementados permitem à função de auditoria interna atingir os seus objetivos e responder de forma adequada às constantes alterações das necessidades do negócio/ organização?

SourCing EStrAtégiCo DE AuDitoriA intErnA Considerando o crescimento a que se tem vindo a assistir nos últimos anos no mercado angolano e os riscos que naturalmente advêm desta realida-de, bem como da importância de um crescimento saudável da atividade de cada organização, que implica neces-sariamente a existência um ambiente de controlo mais robusto, existe cada vez mais o reconhecimento por parte dos órgãos de gestão da importância de beneficiar de uma função de audi-toria interna que seja ágil, devidamen-

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2012 33

Consultório

b esColher o outsourCer CertoÉ necessário selecionar um outsourcer que seja “compatível” com a organiza-ção a diferentes níveis. Compatibilida-de cultural, experiência na indústria e conhecimento do negócio, são fatores chave no estabelecimento de uma par-ceria/acordo de outsourcing. A não verificação deste alinhamento entre a organização e o outsourcer poderá potenciar os aspetos negativos deste acordo e causar mais problemas do que os existentes anteriormente.

b alinhar exPetativas As expetativas num acordo de out-sourcing podem ser medidas a diver-sos níveis. Na gestão financeira, se a redução de custos e aumento da efici-ência aportadas pelo outsourcer estão alinhadas com o potencial maior cus-to (por hora) dos recursos alocados. Também na gestão da performance, interna e externa, nomeadamente se os níveis de satisfação e a qualidade percebida pelo cliente interno melho-raram. A organização terá também desta forma acesso a um conjunto de metodologias e boas práticas que ele-vam a qualidade do trabalho realizado ao nível da função de auditoria interna.

b desenho e transição Para a nova função de auditoria internaA credibilidade e a aceitação de uma renovada função de auditoria interna, em regime de outsourcing, são indica-dores críticos de sucesso. A aceitação por parte do cliente interno resulta da interação que exista com as áreas a se-rem auditadas, da recolha do seu input e da entrega de resultados de acordo com as expetativas. Se este processo de transição não funcionar, a descon-fiança e insatisfação pode comprome-ter a qualidade do trabalho entregue. Um outsourcer de auditoria interna ex-periente deverá propor e implementar um plano de transição multi-faseado que garanta um processo de transição suave e pacífico. Por último, mas não menos importante, quer os órgãos de gestão, quer os órgãos de fiscalização, deverão sentir-se confortáveis com o desenho da nova função de auditoria interna, assim como com o processo de transição.

Face ao exposto estamos convictos que o dinamismo e a evolução dos diferen-tes setores da economia angolana serão potenciados se forem acompanhados por um rigor, cada vez maior, na monitorização das operações e dos riscos das organizações. Face ao atual nível de maturidade das empresas angolanas, con-sidera-se recomendável que se proceda a uma avaliação de qual o modelo de sourcing estratégico para a função de auditoria interna que melhor se adequa à sua realidade, considerando os principais desafios associados à implementação do modelo, no sentido de assegurar que passam a poder contar com uma fun-ção de auditoria interna mais robusta e capacitada para apoiar a organização na consecução dos seus objetivos.

Integração entre os processos e sistemas da companhia e do prestador.

Controlo da operação e dos níveis de serviço.

Garantir a uniformização do nível de serviço ao cliente.

Definição de mecanismos que permitam voltar a internalizar a operação.

Nível adequado de participação e conhecimento dos recursos internos.

Adequação do grau de dependência em relação ao prestador.

PROS[+] Know-How interno[+] Controlo total do processo[+] Desenvolvimento dos recursos internos

CONTRAS[-] Maior necessidade de tempo de gestão[-] Maior custo de recrutamento, formação e gestão de RH[-] Modelo de custos fixos (não dependente do volume)

PROS [+] O controlo funcional permanece na organização[+] Redução dos custos de formação/recrutamento[+] Flexibilidade de custos (acesso a recursos consoante a necessidade)[+] Cobertura Geográfica

PROS [+] O controlo funcional permanece na organização[+] Redução dos custos de formação/recrutamento[+] Flexibilidade de custos (acesso a recursos consoante a necessidade)[+] Cobertura Geográfica

CONTRAS[-] Necessidade de forte articulação entre as 2 partes[-] Necessidade de forte sponsorship da organização

PROS[+] Maior eficiência de custos[+] Focalização da gestão dos temas mais críticos[+] Menor custo de gestão de RH[+] Variabilidade da estrutura de custos[+] Acesso a know how /Tecnologia especializados

CONTRAS[-] Menor nível de conhecimento na organização[-] Menor capacidade para potenciar o desenvolvimento interno dos colaboradoresD

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PRINCIPAIS DESAFIOS ALTERNATIVAS DE SOURCING (ALGUNS PRÓS E CONTRAS)

RECURSOS “IN HOUSE”

CO-SOURCING

OUTSOURCING COMPLETO

FULL IN-HOUSE

CO-SOURCING

FULL OUTSOURCING

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34 2012

EConoMiA&nEgÓCioS

Steve JobSde África

com apenas 29 anos, saheed ade-poju conseguiu ultrapassar gigan-tes mundiais ao apresentar um computador adaptado ao sistema operacional google android, com o modelo de base E130. de acordo com o próprio, a segunda geração do ta-blet está já em produção, fruto do sucesso que tem obtido com o pri-meiro. o jovem não descurou até a inclusão de alguns aplicativos espe-cializados, que disponibilizam, por exemplo, música nigeriana, manu-ais de prevenção sobre o hiv e con-selhos/dicas em dialetos nigerianos a nível local e nacional. adepoju jus-tifica que deu início à empresa no reino unido com o objetivo de de-senvolver todo o projeto desde a nigéria, o seu país-natal, a que re-gressou em 2009.

Segundo o empresário, a chave do sucesso e motivo pela qual as vendas têm aumentado exponencialmente é o preço – 350 dólares contra cerca de 700 dólares, que é o valor estimado de um iPad. Fator que o faz acreditar na existência de um grande potencial de consumo não só no mercado nige-riano, mas também em outros países africanos, particularmente entre os estudantes. Atualmente o seu maior objetivo é vender o tablet ao governo da Nigéria, tendo como meta principal que este seja utilizado em cada provín-cia do país.

“Trata-se fundamentalmente de um dispositivo de oito polegadas, isto é, um aparelho que fica a meio caminho entre um laptop e um telefone móvel”, explicou recentemente no programa da BBC ‘Sonho Africano. “Comercia-lizamos os aplicativos de software padrão que vêm pré-instalados e de seguida disponibilizamos ao utilizador aqueles em que temos vindo a traba-lhar junto dos vários agentes de desen-volvimento local para agregar ainda mais valor ao tablet”, acrescentou. Como já foi referido, entre essas apli-cações locais, existem duas às quais emprega mais atenção. O primeiro, está relacionado com o aumento da consciencialização sobre os perigos do HIV, e o segundo, trata das ques-tões referentes à água e saneamento. “Trabalhamos com promotores locais que têm experiência em áreas espe-cíficas. Não gostamos de trabalhar isolados, pelo contrário defendemos e apoiamos uma ação colaborativa e de proximidade para obter melhores resultados. Úteis para todos”, referiu.

O título pode parecer inusitado e até algo exagerado, mas a

verdade é que a mais recente inovação lançada pelo estudante nigeriano Saheed Adepoju valeu-

lhe, para já, a famosa alcunha. O jovem apresentou, no Reino

Unido, o primeiro ‘iPad africano’, um tablet de baixo custo, que

promete revolucionar o acesso às novas tecnologias no continente.

Depois de terminar o mestrado em computação avançada, na

Universidade de Bournemouth, fundou o Grupo Encipher,

uma empresa de tecnologia, responsável pela colocação no

mercado do Inye - o primeiro tablet dirigido exclusivamente

para o mercado africano.

Manuela Bártolo

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2012 35

teLecoMunicaÇõeS

PASSA A PAlAvrAAdepoju tem uma pós-graduação em desenvolvimento especializado de software e um prestigioso certificado de programação Java. Depois de fa-zer uma licenciatura em matemática e ciência da computação na Nigéria, completou um grau mais avançado no Reino Unido. Após a sua formatura, em 2009, regressou ao país de origem e começou por trabalhar numa empre-sa de consultoria. Ao fim de oito me-ses tinha sido demitido por causa de divergências com a direção. Segundo palavras do próprio “tinha abordagens diferentes de fazer negócio”. Por volta da mesma altura (janeiro de 2010), a Apple lançava o iPad, acontecimento que o inspirou e foi responsável para idealizar e construir um produto idên-tico, mas idealizado para o mercado africano, relembra. Com esse objetivo em mente, pediu dinheiro empresta-do a familiares e amigos – perfazen-do um total de 60 mil dólares – e deu início à sua própria empresa. Segundo Adepoju, esse montante foi gasto na sua maioria em logística e dispositivos. “Não tinha sequer orçamento para ma-rketing ou publicidade, pelo que inicial-mente o meu maior suporte foi o ‘passa a palavra’ das pessoas que iam conhe-cendo o projeto e que fizeram com que este ‘saltasse’ para a comunicação so-cial”. As primeiras 100 unidades do Inye, que significa Um em linguagem comum e Igala em nigeriano, foram construídas na China. “Só depois de receber feedback positivo de muitos usuários, decidi avançar para uma se-gunda versão, que foi lançada em maio de 2011”, explica. Atualmente, o grupo Encipher, que Adepoju co-fundou com o especialista em web Anibe Agamah, oferece ainda serviços de TI persona-lizados e produtos, que incluem ‘com-putação em nuvem’, na sua maioria baseados em tecnologia aberta para manter sempre os custos baixos.

CAPItAl: ProCurA-SEDe acordo com o jovem, a empresa e os aplicativos que desenvolve es-tão focados em preservar a cultura do país através de tecnologia e fabri-cação de produtos específicos para o mercado nacional. Outro projeto em que a empresa tem vindo a trabalhar baseia-se na criação da Encipher TV, uma box que irá permitir às pessoas assistir a séries, filmes e outro tipo de conteúdos em africano. No entanto, Adepoju reconhece que não tem sido

fácil captar investimento. “A falta de financiamento é o principal obstácu-lo para que o rápido desenvolvimen-to do negócio não se concretize”, admite. “O capital de risco ainda está a dar os primeiros passos no país e a maioria das empresas que existe pre-ferem investir em projetos testados, de confiança e que lhes garanta algu-ma forma de tração ao risco”, apon-ta. “Deparamo-nos com o desafio de despertar os agentes para a neces-sidade de ouvir a nossa proposta. Visitamos uma série de investidores privados e também o governo”, re-lembra. Atualmente, o plano imedia-to é “primeiro, captar investimento proveniente de qualquer fonte, se-ja ela nacional, internacional, priva-da ou pública, e segundo, procurar, tanto, quanto possível, aumentar a notoriedade da marca”.

Será que o tablet de Adepoju terá o mesmo sucesso num ambiente mais competitivo? Só o tempo o di-rá. Para já, o jovem empresário, fa-miliares e amigos estão plenamente confiantes que este novo dispositivo irá não só conquistar a Nigéria, mas também todos os outros mercados africanos.

O nigeriano Saheed Adepoju é o jovem responsável pelo Inye – o primeiro tablet projetado em exclusivo para o mercado africano

O Inye é um dispositivo de internet móvel, que permite o acesso à internet, a reprodução de arquivos de media e a visualização de filmes

Saheed adepoJu

› IDADE: 29 ANOS

› LICENCIATURA EM MATEMáTICA E CIêNCIAS DA COMPUTAçãO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE TECNOLOGIA, EM MINNA, NIGÉRIA, 2005

› MESTRADO EM COMPUTAçãO AVANçADA, PELA UNIVERSIDADE DE BOURNEMOUTH, REINO UNIDO, 2008

› PRIMEIRO EMPREGO FOI NUMA EMPRESA DE CONSULTORIA

› CO-FUNDADOR DO GRUPO ENCIPHER, COM ANIBE AGAMAH

› CAPITAL INICIAL: $60,000

› O INyE ENCIPHER FOI LANçADO EM 2010

› INyE SIGNIFICA UM EM IGALA, UMA LINGUAGEM DA NIGÉRIA

tablet inye

› eCrã ‘TOUCHSCRREN COM 8 POLEGADAS DE CAPACIDADE

› proCessador: 1GHZ

› Conetividade: WIFI, 3G, BLUETOOTH

› i/o: USB, MICRO USB, SD CARTãO SLOT (ATÉ 32GB), 35MM SOUND jACk, HDMI, CARTãO SIM PARA 3G

› os: ANDROID

› bateria: 5 HORAS

› armazenamento: 8GB INTERNO, 16GB NA BOx

› garantia: 12 MESES

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36 2012

e, seguindo a estratégia da marca de envolvimento e parceria com to-dos os intervenientes do negócio da construção, a Sika Portugal arran-cou no passado mês de Junho com a primeira ação de formação des-tinada ao público académico an-golano.  “A convite dos professores Fazenda e Karim Hassam, do curso de engenharia civil da Universidade Independente de Angola, em Luan-da, a Sika proporcionou uma sessão técnica focada em soluções para a construção, nomeadamente, adju-vantes para betão, reforço estru-tural e soluções de revestimentos contínuos em pavimentos”, refere o responsável.

Segundo a mesma fonte, a eleva-da adesão do público académico angolano a esta ação de formação leva a ponderar, para breve, a reali-zação de novos encontros junto de estudantes universitários. “O suces-so obtido com esta ação leva-nos a implementar um plano sistemático de formação, dedicado às universi-dades, à semelhança do que é de-senvolvido em Portugal com a Sika Academy”, e complementar ao pla-no de formação que já temos para os

EConoMiA&nEgÓCioS

Ao nível do setor privado, estão re-gistadas 22 instituições de ensino superior, 16 das quais localizadas em Luanda, quatro na província da Huíla, uma na província do Huam-bo e outra na província de Bengue-la. Apesar do salto significativo em termos quantitativos, Maria Cândida Teixeira afirmou existir ainda um dé-fice porque as instituições de ensino superior ainda não têm ainda capa-cidade de absorção do contingente de candidatos que anualmente são inscritos. A exiguidade do corpo do-cente qualificado e apropriado para cada instituição constitui motivo de grande preocupação para este grau de ensino. “Estas questões dão-nos a ideia do investimento que ainda é necessário realizar para dar respos-ta a essa carência”, disse a minis-tra. O executivo está empenhado em melhorar a qualidade do ensino superior. “O ministério desenvolve o projeto de avaliação institucional através do qual cada escola supe-rior deve primar pelo cumprimento dos padrões de qualidade, tendo em vista uma formação sólida e com-petitiva”, esclareceu A qualidade de ensino prende-se também com o capital humano, pelo que a minis-

aUmentam os Universitários

tra recomenda a estas instituições a aposta urgente na formação e supe-ração dos docentes através de cur-sos de pós-graduação.

sika PortUgal reforça formaçãono País A Sika Portugal quer, até ao final do ano, formar pelo menos 500 ango-lanos – estudantes e profissionais do setor da construção – numa ope-ração que se estenderá por um total de 3000 horas e que vai permitir du-plicar o número de formandos que a empresa recebeu até ao momen-to. Destinadas a clientes, especialis-tas e técnicos do setor, bem como a estudantes universitários das áreas de arquitetura e engenharia civil, as ações de formação visam aprofun-dar os conhecimentos técnicos em tecnologias e soluções inovadoras para a construção. “Em Portugal, como em Angola, não queremos ser mais uma empresa a vender produ-tos, mas um parceiro fiável em so-luções tecnicamente comprovadas e duráveis para a construção” ex-plica José Soares, diretor geral da Sika Portugal. Com vista a refor-çar a aposta no mercado angolano

A sika portugal

quer atingir os €3m em

Angola, até ao final

de 2012, duplicando

assim os resultados

obtidos naquele que foi o

primeiro ano de atividade intensiva no

país.

—O MINISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR E DA CIêNCIA E TECNOLOGIA REGISTOU UM AUMENTO DE UM TERçO DO NúMERO DE ESTUDANTES, COM O INGRESSO DE CERCA DE 45 MIL NOVOS ESTUDANTES NO PRESENTE ANO LETIVO EM TODO O PAÍS. A INFORMAçãO FOI AVANçADA RECENTEMENTE PELA MINISTRA DO ENSINO SUPERIOR E DA CIêNCIA E TECNOLOGIA, MARIA CâNDIDA TEIxEIRA. SEGUNDO A MESMA, O AUMENTO DE 150 MIL PARA 195 MIL ESTUDANTES FOI POSSÍVEL GRAçAS AO INVESTIMENTO EFETUADO PELO ExECUTIVO NAS INFRAESTRUTURAS DE ENSINO SUPERIOR EM TODO O PAÍS PARA A ABSORçãO DE UMA MAIOR POPULAçãO ESTUDANTIL.

Manuela Bártolo

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2012 37

plomata disse que estão a ser dados passos importantes com vista a es-tabelecer bases para o alargamento da cooperação entre os dois países. A presença da Sonangol no mercado de petróleos e gás da Venezuela, a troca de visitas entre delegações dos dois países, demonstram a vontade dos dois Estados em reforçar os laços de cooperação,  disse o diplomata.Nas universidades da Venezuela es-tão 40 estudantes angolanos a ser formados. Jesus Garcia afirmou que os acordos assinados há cinco anos consolidaram as relações bilaterais. A cooperação entre os dois é regu-lada pelo “Memorando para consul-tas políticas”.  Em Angola vivem 300 cidadãos venezuelanos, na sua maio-ria funcionários de empresas petro-líferas.  O ministro conselheiro defendeu co-mo uma das formas de ajudar Angola a diversificar a economia a aposta no setor não petrolífero, como a agricul-tura, e que a indústria petroquímica abre caminho para desenvolver na área dos derivados de petróleo. “A solidariedade entre os povos deve passar pela partilha de conhecimen-to, pela fraternidade e relações pací-ficas”, afirmou o diplomata.

nossos clientes em Angola, afirma o diretor geral da filial portuguesa. A empresa garante nas formações que desenvolve não só a presen-ça de técnicos Sika, como a parti-cipação de especialistas do mundo da construção. “As formações são desenvolvidas por técnicos Sika, especializados em cada uma das tecnologias apresentadas, os quais possuem uma vasta experiencia e formação pedagógica adequada, sendo que procuramos também contar com a colaboração de espe-cialistas externos como professores universitários ou nomes fortes no setor, por forma a enriquecer ainda mais as ações de formação”, refere o diretor português.

ensino e transferênCiade teCnologia A Venezuela quer apostar na for-mação de quadros e transferência de tecnologias para reforçar a co-operação estratégica com Angola. Jesus Alberto Garcia, ministro con-selheiro da embaixada da Venezue-la, anunciou recentemente também a abertura para breve de um con-sulado angolano no seu país. O di-

eMPrego & ForMaÇão

CooPeraçãona aQUiCUltUraDez técnicos de aquicultura ango-lanos estão a receber atualmen-te formação no Brasil , informou a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério da Integração Nacio-nal brasileiro. A cooperação foi f irmada em protocolo assinado pelo presidente da Codevasf, El-mo Vaz, e o embaixador de An-gola no Brasil , Nelson Manuel Cosme. A formação está a decor-rer no Centro Integrado de Re-cursos Pesqueiros e Aquicultura da cidade de Betume, no estado brasileiro de Sergipe, e irá ter a duração de seis meses. O projeto tem o objetivo de passar aos téc-nicos instruções sobre técnicas de propagação artif icial , criação de peixes, estudo da água dos la-gos e conservação ambiental. A intenção, segundo a Codevasf, é contribuir com a operação de dois centros em Angola que irão atender à piscicultura familiar e promover o desenvolvimento da aquicultura.

saBia QuE...O vice-ministro da

Saúde, Carlos Alberto Masseca, assegurou publicamente que a

promoção de cursos de formação contínua e

pós-graduações é uma aposta do Executivo para

melhorar e enriquecer os trabalhadores do sistema nacional de saúde nos aspetos

técnico e profissional. Esteja atento!

Atualmente, “há pelo menos uma instituição

pública de ensino superior em cada

província”.

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38 2012

—HÁ DEZ ANOS ERA UMA UTOPIA. HOJE É REALIDADE. A TECNOLOGIA 4G CHEGOU A ANGOLA AINDA ANTES DE ENTRAR NA EUROPA E NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. CRESCIMENTO ECONóMICO ACELERADO E MERCADO ÁVIDO DE NOVAS TECNOLOGIAS PARECEM SER O ISCO qUE TEM CAPTADO A ATENçãO DAS OPERADORAS MóVEIS. DESCUBRA OS MOTIVOS qUE FAZEM DO PAÍS UM ALVO TãO APETECÍVEL PELAS MARCAS DE TELECOMUNICAçõES…

pioneirosno 4g?siM,é possívEL!

100 milhõesEConoMiA&nEgÓCioS Manuela Bártolo

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2012 39

MarcaS id

São 100 milhões de dólares investidos em parceria com a chinesa ZTE para a maior aposta de sempre no mercado das telecomunicações. Com um golpe de mestre e embora garanta não seguir a concor-rência, a Movicel conseguiu posicionar-se à frente da concorrência ao anunciar o lançamento da mais avançada tecnologia móvel, a de quarta geração (4G) em Angola, ultrapassando inclusive as gran-des potências mundiais.

É a resposta da empresa ao estudo da ARCchart, consultora no setor das telecomunicações mó-veis, que coloca a Unitel no 13º lugar, no que to-ca a velocidade de transferên-cia de dados no acesso à Internet e na qualidade de cobertura de rede de dados em smartpho-nes. Nesse es-tudo, que compara várias empresas da região africana e Médio Oriente, a Movicel surge em 33º lugar.

O parceiro chinês oferece todo o equipamento (terminais móveis incluídos) e participa no inves-timento de mil milhões de dólares que a Movicel injetou na infraestrutura. Com os equipamentos móveis a serem fabricados na China, a operadora de comunicações dá o salto direto para a tecnolo-gia mais rápida e avançada da atualidade. Termi-nadas as duas fases de implementação do projeto, a empresa espera angariar um milhão de clientes até ao final do ano. Se conseguir, terá alcançado o objetivo de em poucos meses ter passado de uma base de 4,5 milhões de clientes para os se-te milhões.

DESCENtrAlIzArO centro de Luanda não foi a eleita para a pri-meira rede LTE em África. O serviço está disponí-vel desde abril em Cabinda e posteriormente será alargado às restantes províncias. A produção de petróleo nesta região parece ser a razão pela es-colha da localidade para os primeiros testes. Luanda e as 15 cidades com maior densidade popu-lacional são as visadas na primeira fase. Mais tarde, a empresa promete levar o 4G a 30 outras locali-dades. O plano da empresa contempla igualmente a inclusão da tecnologia em computadores tablet que já foram encomendados ao gigante chinês.

A operadora garante que com o 4G a população poderá transferir dados no telemóvel a velocidade superior do que se verifica em Londres, no Reino Unido. O interesse pelas tecnologias de vanguarda é considerado natural pela empresa uma vez que é um setor estratégico para que o país possa manter o crescimento acelerado.

Porquê 4G?“As telecomunicações são um sector estratégico”, referiu António Francisco, COO da Movicel, em entre-vista recente à BBC. “Não podemos pensar no cres-cimento da economia a não ser que tenhamos boas infraestruturas de telecomunicações. O que estamos a fazer é trazer a mais recente tecnologia que possa fornecer a melhor banda larga possível”, explicou.

Ao inaugurar este projeto, o país colocou-se na dianteira da concorrência internacional, ultrapas-sando o Brasil, várias nações europeias e os EUA

que ainda estudam a colocação do 4G nos seus mercados do-mésticos. Por exemplo, os bra-sileiros apontam a entrada da tecnologia apenas em 2013, ini-cialmente nas cidades que vão albergar o Mundial de Futebol. Com esta estratégia, a Movicel ‘esmaga’ os concorrentes dire-tos e coloca a tecnologia como o

meio para a evolução económica do país. Num ce-nário onde mais de 70% da população vive abaixo da linha de pobreza e onde as ligações energéticas e telecomunicações ainda são por vezes pericli-tantes, Yon Junior, diretor-executivo da Movicel, lembra que a operadora “está a jogar um jogo para o futuro”. Ainda em entrevista à BBC, garante que o 4G tem condições para prosperar pois estão a construir uma rede para “acelerar o crescimento económico do país”.

100% NACIoNAlEntrou no mercado em 2003, mas o ano de vira-gem da Movicel foi em 2010, altura em que a em-presa apostou numa forte divulgação da marca e lançou três grandes campanhas de comunicação. A aposta na comunicação do dia-a-dia foi notória, com a criação de um novo logótipo e da assinatura “Fala Comigo”.

Conquistado o objetivo de aproximar os clientes da marca e revelar o lado social, a Movicel lançou em julho de 2010 a nova marca, durante a FILDA e, em dezembro desse ano, lançou a campanha da nova marca “Para Ti”, com duas fases distintas de “teaser e revelação”.

Atualmente, o grupo entende que “a ‘angolanida-de’ da marca Movicel respira-se nas imagens, pa-lavras, aromas, sons, emoções e ritmos que assim comunicam a identidade e a alegria do povo”.

A introdução do 4G é a segunda aposta de marke-ting bem-sucedida. A entrada da tecnologia GSM no mercado nacional, há dois anos, fez-se pe-la mão da Movicel, que atualmente assegura aos clientes do serviço de voz a transmissão de dados multimédia, como MMS e fotografias, e o acesso à Internet e redes sociais.

Sabia que..—

A marca Movicel foi relançada em 2010 com

nova imagem e presença na FILDA. No mesmo ano,

lançou uma campanha de apoio à Seleção

Nacional de Basquetebol que participou no

Campeonato do Mundo na Turquia e, em dezembro, com a campanha “Para ti”,

presente em outdoors, televisão e rádio

de dólares é o valor do investimentona tecnologia 4G100 milhões

‘Terminadas as duas fases de implementação do 4G,a Movicel espera angariar um milhão de clientes até ao final do ano’

CurioSiDADES—

a marca foi criada em seis meses e foi alvo de

um processo de auditoria de comunicação e de ‘focus-group’ interno

com os colaboradores e diretores da empresa

Movicel resulta da junçãode Móvel + Celular

a marca está nas 18 províncias com soluções

para particulares e empresas

em 2007, o inacoM elegeu-a como a melhor

operadora do país

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40 2012

EConoMiA&nEgÓCioS

As 11 mAiores empresAs que utilizAm o neuromArketing no mundo

MarcaS id

neUromarketingO DESEjO DE COMPRANUNCA FOITãO ESTIMULADO—POR JOãO DUARte, PCA DO GRUPO YOUNGNETWORK

ções e comportamentos pertinentes ao mundo que engloba o consumo humano, o marketing une-se a estu-dos das áreas de psicologia, antro-pologia e sociologia para um melhor entendimento do que pode ser cha-mado de “a caixa-preta do cérebro”. A congruência de esforços entre profis-sionais das mais diversas áreas deve ser dissoluta quando da análise dos resultados. A verificação de atividade em determinada área cerebral pode ser indício de muita coisa e nada ao mesmo tempo, já que é necessário um detalhamento minucioso sobre os estímulos percebidos pela men-te. O neuromarketing é, por isso, um avanço em relação a tudo que já foi estudado sobre o desejo do consumi-dor e que proporcionará a descoberta de mais “chaves de ignição” do desejo de compra. Já se sabe, de forma em-pírica, que humor e corpos saudáveis contribuem na memorização de mar-

cas. Mas que cor estimula mais que outra? Há variação de acordo com sexo, classe social, faixa etária e re-gião? Viva ao estudo, a análise e ao avanço do marketing! Assim caminha a humanidade.

onze grAndes empresAs que usAm o neuromArketing Hoje, para entender o comportamen-to do consumidor tanto no meio físi-co, como no meio digital, as grandes empresas têm vindo a contratar ser-viços para mapear o comportamento dos seus consumidores através dos recursos avançados nas pesquisas do neuromarketing.  A NeuroFocos, considerada líder mundial no seg-mento, e a NeuroSense são as princi-pais empresas que atendem grandes marcas, como as 11 que listamos abaixo. As mesmas avaliam o com-portamento dos seus consumidores com o auxílio do neuromarketing

para analisar os seus produtos, ser-viços, sites, lançamentos, design de logotipo etc. Cabe lembrar que mui-tas marcas pagam pesquisas compa-rativas e outras não permitem que divulguem as suas  pesquisas aplica-das. Um exemplo de pesquisa com-parativa foi a realizada pela Nielsen (atual proprietária da NeuroFocus), o Relatório de Uso do Consumidor (“http://blog.nielsen.com/nielsenwi-re/mediauniverse/”Nielsen’s State of the Media: Consumer Usage Report.). A pesquisa detetou que a marca Mi-crosoft teve quase 94 milhões de vi-sitantes únicos dos EUA no seu site e  os consumidores da mesma cate-goria (marcas top na categoria de aparelhos eletrônicos),  gastaram mais tempo em sites da Apple, onde 68,7 milhões de visitantes passaram em média uma hora e dois minutos, em comparação aos sites da Micro-soft com 42 minutos em 2011. 

Manuela Bártolo

Desvendar os mistérios do consumo e os principais fatores motivadores pa-ra compra são os principais desafios do neuromarketing. A procura cons-tante pelo aprimoramento nas técni-cas de persuasão que um produto ou marca pode ter sobre o seu consumi-dor vai além do campo de análise do marketing, mas não do entendimen-to humano. Utilizando novas tecnolo-gias da medicina, como a ressonância magnética, os profissionais de marke-ting, cada vez mais, procuram enten-der as mais profundas camadas da mente humana  para verificações de consumo. Analisar como a mente hu-mana reage a estímulos de uma mar-ca, cor, sabor e até como se comporta o cérebro humano ao ver um outdoor são as novas tendências. A mais difí-cil das tarefas não é a de desenvolver ideias fantásticas, mas a de verificar a sua eficiência e, principalmente, efi-cácia. Após anos de estudo de emo-

google Microsoft intel

Facebook PayPal HP unilever

glaxoSmithKline P&g citi Mcdonalds

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2012 41

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42 2012

SoCiEDADE

a nova dimensão da CPlP—REFORçO DA COOPERAçãO POLÍTICA E DIPLOMÁTICA, INVESTIMENTO NA SEGURANçA ALIMENTAR E PROMOçãO DA LÍNGUA PORTUGUESA SãO ALGUMAS DAS AçõES qUE FICARãO ETERNAMENTE ASSOCIADAS AO NOME DE ANGOLA. O PAÍS TERMINOU NO MêS PASSADO O SEU MANDATO NA PRESIDêNCIA ROTATIVA DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP). DOIS ANOS DE AGENDA INTENSA qUE A ANGOLA’IN RECORDA NESTA EDIçãO.

Patrícia Alves Tavares

“Este período de dois

anos fica marcado por um conjunto

de avanços que poderão

dotar a nossa comunidade de uma renovada capacidade de intervenção”,

Fernando Dias Piedade, vice-presidente de

Angola

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2012 43

jeito de balanço da atuação 2010-2012.O programa da presidência angolana visou elevar a CPLP a organismo que servirá de alavanca para o de-senvolvimento das relações multilaterais entre todos os Estados membros da lusofonia, focando todos os níveis de cooperação, nomeadamente o novo regi-mento do fundo especial da associação e respetivo manual operativo. Tratam-se de dois mecanismos que permitirão o financiamento de ações conjuntas dentro da comunidade. É a resposta à crescente pro-cura de atividades de cooperação intracomunitária. As contribuições financeiras regulares foram essen-ciais para a concretização de múltiplas atividades de-senvolvidas no seio da comunidade em Lisboa e para o fundo de apoio à situação na Guiné-Bissau. aLiMEntação LusófonaA elaboração da estratégia comunitária de segurança alimentar e nutricional da CPLP foi uma das medidas da presidência angolana mais aplaudida pela comu-nidade. O plano foi aprovado no ano passado e a sua elaboração partiu do Ministério da Agricultura, De-senvolvimento Rural e Pescas.

A sua formalização consubstanciou-se na criação do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da Comunidade, um organismo que terá a responsa-bilidade de implantar políticas, programas e ações que garantam a boa alimentação das populações, combata a fome e promova as políticas baseadas na agricultura e pescas, partindo sempre de um traba-lho conjunto entre CPLP, instituições privadas e so-ciedade civil.

orçaMEnto é constrangiMEntoA questão orçamental é o principal problema com que a comunidade se depara neste momento. A ci-meira de Maputo serviu para que todos os Estados membros refletissem sobre essa dificuldade, espe-

“Para a organização cumprir com a ambição de um papel de maior relevância na história dos países membros da CPLP devem ser superados constran-gimentos orçamentais e as dificuldades de natureza operativa”, anunciou José Eduardo dos Santos, pre-sidente de Angola, na cimeira de Luanda, em 2010. Nesse discurso, o país acabava de receber a missão de comandar os destinos da comunidade durante 24 meses. Dois anos depois, a nação entregou a pasta ao parceiro lusófono Moçambique e o balanço vai de encontro às expectativas. Nem todas as dificuldades económicas foram superadas, mas há a certeza de que a cooperação saiu reforçada especialmente com a inauguração das novas instalações do organismo, em Lisboa, Portugal.

Inspirada no princípio de que a língua é o instrumen-to privilegiado de projeção coletiva, a presidência angolana dedicou parte da sua atenção à promoção e difusão da língua portuguesa, enquanto elemento crucial para o fortalecimento da CPLP. Na IX Cimeira, que decorreu em Maputo, Moçambique, Angola viu aprovado o relatório do diretor do Instituto Interna-cional de Língua Portuguesa. O programa nacional deu continuidade ao plano de dinamização do português, desenvolvido pela pre-sidência lusa, que antecedeu a angolana. A título de exemplo as estruturas executivas da CPLP deram ao Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) autonomia para implementar projetos de promoção desta componente, que é responsável pela direção da ação cultural (entretanto criada). Merece igual-mente destaque a participação de Angola nas 65ª e 66ª sessões da Assembleia Geral da ONU, em que as declarações foram proferidas na íntegra em portu-guês e a comitiva assegurou a tradução do discurso de todos os oradores lusófonos.

Contudo, o vice-presidente de Angola reconhece que “relativamente à presença da língua portuguesa na ONU e a sua adoção como língua oficial, resta um longo e complexo caminho a percorrer, que passa necessariamente pela vontade política dos Estados membros financiarem projetos conducentes a uma presença efetiva na língua portuguesa como língua de documentação e/ou de trabalho”.

a novidadEA dimensão económica, designadamente o incentivo à cooperação e relacionamento intracomunitário, é a chave desta presidência. Até então, a Comunidade assumia-se como um órgão de intercâmbio de ideias e iniciativas mais de âmbito cultural e educacional. A vertente financeira e económica nunca foi prioridade para os Estados membrosAngola introduziu essa nova dimensão na agenda comunitária. “Este período de dois anos fica marca-do por um conjunto de avanços que poderão dotar a nossa comunidade de uma renovada capacidade de intervenção, o que muito contribuirá para o cum-primento dos seus objetivos estatutários”, afirmou o vice-presidente do país, Fernando da Piedade, em

A horA DE MoçAMbiquE

MOçAMBIqUe sUBstItUI ANgOlA NA pResIDêNCIA ROtAtIvA DA COMUNIDADe

DOs pAíses AfRICANOs De líNgUA pORtUgUesA (Cplp). AINDA COM Os

estAtUtOs INteRNOs pOR DefINIR, MOçAMBIqUe AssUMe O CARgO

pelOs pRóxIMOs DOIs ANOs e pARA O pResIDeNte ARMANDO gUeBUzA A INstItUCIONAlIzAçãO DOs pAlOp é

UMA DAs MetAs A AtINgIR COM A MAIOR BRevIDADe pOssível, pOIs seRá UM

pAssO DeCIsIvO pARA A CONsOlIDAçãO DA ORgANIzAçãO.

É a idade da CPLP, que é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal,São Tomé e Príncipe e Timor Leste16 anos

rando-se que no futuro o orçamento seja elabora-do a pensar no crescimento da organização. A boa nova é que nos últimos dois anos, graças ao esforço de Angola e Portugal, foi possível ultrapassar outro constrangimento: a inadequação do espaço da sede às necessidades da associação. Foi durante a presi-dência angolana que foram erguidas as novas ins-talações.

Atualmente, e devido à crise económica, equilibrar a tesouraria será mesmo o maior desafio da nova dire-ção da CPLP, a cargo de Moçambique para o próximo biénio. «Perante dificuldades acrescidas de todos os estados membros, a organização vê-se fortemente limitada em recursos, para o funcionamento e expan-são das suas atividades», constatou Georges Chikoti, chefe da diplomacia angolana na XVII reunião ordiná-ria do Conselho de Ministros da CPLP que precedeu a IX Cimeira da organização, que decorreu em Maputo, Moçambique.

No balanço da governação, o ministro nacional das Relações Exteriores assumiu que “a Guiné-Bissau constituiu a grande frustração da presidência ango-lana”. O responsável reconheceu que os esforços da CPLP falharam na resolução do golpe de Estado, lem-brando que os militares “não consentirão em ceder voluntariamente o poder que detêm”. O apoio nos Estados membros da CPLP não foi es-quecido e Georges Chicoti recordou que todos “nu-ma só voz se juntaram na condenação ao golpe de Estado, na expressão de solidariedade ao povo gui-neense e na procura de vias para uma solução que devolva a plenitude da paz, dignidade e estabilida-de política e social”. Elogiou igualmente a eleição de Nkozazama Zuma para presidente da Comissão da União Africana, que abre um novo capitulo na par-ticipação da comunidade internacional na regulação do caso da Guiné-Bissau.

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luanda, CaPitalinternaCionalda mediCina dentária

44 2012

SoCiEDADE

“a Maior de todaS aS deSCobertaS é o reConheCiMento do faCto de que a Cárie dental é uMa doença infeCto-ContagioSa paSSível de Ser prevenida, detida ou revertida, na qual aS leSõeS (CavitadaS ou não) São apenaS SinaiS da preSença da doença nuM deterMinado período da vida do indivíduo”

Professor Narciso Baratieri, especialista em Odontologia

aGEnda—

11, 12 e 13 de outubroi congresso

internacional

de Medicina dentária

Patrícia Alves Tavares

Page 45: Angola'in - Edição 7

2012 45

a saúde oral é cada vez mais considerada como um aspeto fundamental da medicina. a cons-ciencialização da importância de cuidar dos dentes e de que uma boa higiene bucal afasta problemas que podem causar várias doenças está a conduzir os profissionais do setor a uma crescente especialização e aposta na formação dos seus qua-dros. o país organiza em outubro o primeiro Congresso internacional de medicina dentária e abre uma nova etapa no modo como os den-tistas são encarados.

Após levar a saúde dentária às esco-las, o Ministério da Saúde está com-prometido em incentivar a formação contínua dos médicos e melhorar a aprendizagem dos futuros dentis-tas. A transferência de know-how é essencial para acompanhar o de-senvolvimento do setor da medicina dentária e os progressos realizados neste âmbito colocaram o país no trajeto das grandes conferências.Em outubro, Angola recebe o pri-meiro Congresso Internacional de Medicina Dentária. Organizado pela universidade Jean Piaget, o certame irá juntar oradores nacionais, portu-gueses e espanhóis que vão dissertar sobre diversas temáticas, nomeada-mente cirurgia oral e maxilo-facial, estética dentária, endodontia e pe-riodontologia. Durante três dias (11, 12 e 13 de ou-tubro), especialistas e estudantes de medicina dentária poderão ficar a conhecer as técnicas mais recentes e inovadoras desta área da saúde. O evento tem como ponto alto a parti-cipação do médico Narciso Baratieri, editor chefa da Revista Clínica Jour-nal of Brazilian Dentistry. O profes-sor de dentisteria na Universidade Federal de Santa Catarina, no Brasil, vai ministrar um curso de seis horas sobre “Odontologia Restauradora”.

“Luanda a sorrir”Foi na escola 3022, na Ingombota, em Luanda, que o projeto do Minis-tério da Saúde, em parceria com o Banco Espírito Santo (Besa), se apre-sentou a pais, educadores e crianças. Sensibilizar para a importância de uma boa higiene oral e desmistificar o receio da figura do dentista são os motivos que movem uma equipa de especialistas portugueses.O programa é dirigido a crianças em idade escolar, período em que é

fundamental dar início aos cuidados com a saúde oral. Na primeira fase, a iniciativa contempla 500 crianças do primeiro e segundo ciclos das esco-las da capital e será alargado poste-riormente a outros estabelecimentos de ensino.Os rastreios são gratuitos e promo-vidos por uma equipa portuguesa, que chegou da Escola Profissional de Saúde, em Vila Nova de Gaia, e que irá trabalhar conjuntamente com o Centro de Diagnóstico 4 de Feverei-ro, em Luanda, local onde serão as-segurados os tratamentos clínicos. A presença lusa está ainda relacionada com o programa de cooperação en-tre a instituição e o Ministério da Saú-de, nomeadamente na elaboração de planos de formação e de transferên-cia de conhecimentos. A inovação é outra das componen-tes que o plano pretende desenvol-ver. O objetivo consiste em promover o contacto dos profissionais nacio-nais com as recentes tecnologias. O “Luanda a Sorrir” introduz a compo-nente digital nos rastreios, ou seja, os médicos recorrem a um chip (câma-

ra intra-oral) que regista e emite pa-ra um computador o diagnóstico do paciente, emitindo no final da con-sulta uma ficha digital com todos os resultados e necessidades de cada criança.

províncias atEntasA saúde oral é cada vez mais uma preocupação dos governantes e assume destaque nas agendas po-líticas das províncias. A direção pro-vincial de saúde de Luanda incluiu a temática na recente feira de saúde que ocorreu no bairro de Cacoba, na Kissama. Com o lema “saúde da criança, res-ponsabilidade de todos”, o evento promoveu uma campanha de de-monstração das mais-valias do re-curso ao dentista e da fora correta para manter uma boa higiene bucal. Durante a feira, que levou cuidados primários de saúde à população e atividades de sensibilização para a adoção de comportamentos pre-ventivos, foram distribuídas escovas a todas as crianças com idades entre os 12 meses e 15 anos.

‘O primeiro Congresso Internacional de Medicina Dentária tem como ponto alto a participaçãodo médico Narciso Baratieri, editor chefa da Revista Clínica Journal of Brazilian Dentistry’

sEtE EspECiaListas mundiaisEm Luanda

—Dr. Rui pereira da Costa - Universidade Internacional de

Catalunha (Espanha) e Universidade Fernando Pessoa (Portugal): mestrado em Endodontia, Barcelona

Dr. Ricardo faria Almeida - Universidade de Madrid (Espanha): presidente da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e do

Conselho Científico da Ordem dos Médicos Dentistas

Dra. Cecília Domingos - Especialista em cirurgia maxilo-facial: chefe do serviço de Cirurgia Maxilo-facial do Hospital do

Prenda, em Luanda

Dra. Claudia Cohen - Universidade de Lisboa (Portugal): especialização em Ortodontia pela Fundação Gnathos,

Portugal

Dra. Jabier Mareque Bueno - Universidade Internacional da Catalunha (Espanha): especialista em cirurgia oral e

maxilofacial, com artigos publicados e participação em investigação científica

Dra. eunice Carrilho - Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (Portugal): investigadora do Instituto Biomédico

da Luz e Imagem, fundadora da Academia Portuguesa de Estética Dentária

Dra. Natália Oliveira - Universidade Internacional da Catalunha (Espanha): mestrado em Cirurgia Oral, Implantologia e Prótese, com vários artigos publicados em revistas

internacionais da especialidade

saBia QuE…—

as doenças buço-orais são os problemas mais

frequentes em todos os grupos etários e

constituem um grave problema de saúde pública. Ministério,

governo e organizações de saúde têm apostado

crescentemente na sensibilização para a criação de hábitos

diários de higiene bucal

Page 46: Angola'in - Edição 7

46 2012

Manuela BártolouM DiA CoM… ANASTÁCIO ROQUE GONÇALVES

‘Angola sempre exportou café para a Europa e já foi grande exportador de

commodities como o

algodão, sisal e bananas. É um país com

potencial para produzir tudo’

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—“O governo não é o ‘pai’. É a nossa instituição.

Deve-nos prestar contas da sua atividade.” —

É com esta frase direta e objetiva que anastácio roque Gonçalves, diriGente da cesacoPa, justifica a resPonsabilidade dos emPresários em edificar o seu

PróPrio Percurso, com saber e esPírito de iniciativa. crítico construtivo, aPela ao estado Para a necessidade de emPoderamento das Pessoas com

menos recursos atravÉs do aPoio ao micro, Pequeno e mÉdio emPreendedor. franco, inteliGente e com o dom da observância, tem sido um ProtaGonista ativo num dos setores com maior imPortância Para o desenvolvimento do

País – a aGricultura. o ‘seu’ Projeto de Produção de cafÉ biolóGico de Primeira qualidade, na localidade da Gabela, amboim, Província do Kwanza sul, foi distinGuido recentemente na euroPa. uma conquista que o Permite aGora

sonhar com a “oPortunidade de ver um dia o nome da cesacoPa numa loja de uma multinacional de cafÉ, num qualquer País desenvolvido no mundo,

a rePresentar a marca do cafÉ orGânico amboim”.

O gOvernOnãO é O ‘pai’

RetRato inteRnoo país rompe hoje com anos consecutivos de perda num setor base para o desenvolvimento da sua população – a agricultura. face à sua experiência de que forma pode o governo melhorar as condições do setor e, por conseguinte, das empresas a operar na área?É por demais consabido que a ti-tularidade e posse da terra são os pressupostos fundamentais para o desenvolvimento da agricul-tura, para além do know-how e da disponibilidade de terras ará-veis. Por outras palavras, se não tenho um documento que ates-te que a terra é minha, tenho dificuldades de negociar com o banco, de ter acesso ao crédito e, consequentemente, de desenvol-ver a minha atividade. O governo

ainda tem inúmeras dificulda-des em legalizar as propriedades fundiárias. Isto é um fator des-motivador. O grande problema do crédito agrícola, que ainda precisa de ajustes e reajustes, e a falta de capacidade técnica dos nossos agricultores são alguns dos constrangimentos que vive a agricultura angolana da atuali-dade. É fundamental a formação do nosso agricultor. Como ela-borar um plano de negócios; co-mo preparar uma folha de caixa; planificar um controlo da conta-bilidade; saber como se compor-ta o mercado; quais os produtos que são viáveis no momento; o que é ser um empreendedor. To-das estas questões necessitam de resposta adequada. O sacrifí-cio, o dom, a disciplina, a visão, as infraestruturas, o meio que o rodeia, a família... É este manan-cial de coisas que fazem o empre-

endedor. O empreendedor deve perceber todos estes aspetos pa-ra influenciar as políticas do go-verno. O governo não é o ‘pai’. É a nossa instituição. Deve-nos pres-tar contas da sua atividade.

quais as políticas que são mais importantes para o impulsionar e qual o modelo de crescimento da economia que aponta como mais eficaz para o momento atual?O governo deve olhar para o em-poderamento das pessoas com menos recursos e isto só será pos-sível quando se prestar atenção ao micro, pequeno e ao médio empreendedor. É do que peque-no que se faz o grande. O gover-no tem um programa que visa a redução progressiva das impor-tações, colocando à disposição dos cidadãos alguns instrumen-tos como os incentivos fiscais, a

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uM DiA CoM… ANASTÁCIO ROQUE GONÇALVES

descentralização do poder, le-gislação específica, entre outros. Este criou o Balcão Único do Em-preendedor que visa o desenvol-vimento do empreendedorismo. Tenho as minhas apreensões em relação a este programa porque não tem a complementaridade que é a formação dos empreen-dedores. Existem algumas ini-ciativas do governo, tais como o INEFOP (Instituto Nacional de Formação Profissional). O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimen-to), que é a instituição onde tra-balho, realizou recentemente um seminário sobre “Elabora-ção e Apresentação de Planos de Negócios”, onde participaram 27 empreendedores. Estas pe-quenas ações não satisfazem a demanda. É fundamental que o governo crie programas susten-táveis e contínuos de formação de empreendedores antes de es-tes acederem aos balcões do em-preendedor para que possam gerir os seus negócios com efi-ciência, reduzindo o risco de fa-lência. O modelo de crescimento deve passar, sempre, pela diver-sificação sustentada da econo-mia. Prestar-se o devido apoio aos setores da agricultura e pes-cas, energia e águas, à indústria transformadora, à prestação efi-ciente de serviços e ao turismo, reduzindo-se assim a excessiva dependência da exportação do petróleo e a grande dependência de bens de primeira necessidade e de produtos manufaturados.

esta indústria tem uma tendência a nível global para as fusões ou concentrações em grandes grupos económicos. como analisa esta questão e o que é para si fundamental que aconteça no país? Angola precisa de parcerias que tragam know-how para o an-golano, no sentido de que ele, o angolano, seja valorizado. Em segundo lugar, o estrangeiro que venha investir em Angola, deve-se preocupar em formar o seu empregado local. Não é novi-dade que alguns investidores es-trangeiros trazem até indivíduos que prestam serviços básicos que podem muito bem, se calhar, até

ser melhor prestados por ango-lanos. Penso que um motorista angolano de camião domino melhor as nossas vias do que um motoris-ta asiáti-co e pode até evitar acidentes. Não tenho nada con-tra as parcerias estrangeiras, mas elas deviam estar voltadas para o empoderamento dos angolanos. Transferência de tecnologias e desenvolvimento da ciência.

Não podemos ter estrangeiros a cavar buracos, serventes de em-

preiteiros de cons-trução, motoristas, operadores de má-quinas ou até forne-cedores de inertes de construção. Isto não traz desenvol-vimento inclusivo para os angolanos.

qual é a sua visão de desenvolvimento

para o setor? acredita que angola tem potencial para competir e exportar? quando é que esse objetivo poderá ser atingido e quais as áreas

PRémio melhoR Project Incubator—A CESACOPA COnquiStOu Em junhO últimO O PrémiO PrOjEt inCubAtOr AFiF 2012. EStA é umA iniCiAtivA EmrC lAnçAdA Em 2008, Em rOmA, nA SEdE dA FAO – OrgAnizAçãO dAS nAçõES unidAS PArA A AlimEntAçãO E AgriCulturA. O trOFéu viSA inCEntivAr A inOvAçãO E O EmPrEEndEdOriSmO Em ÁFriCA, EntrE AS PEquEnAS E médiAS EmPrESAS (PmE). rEAlizAdA Em COnjuntO COm OS dOiS PrinCiPAiS FórunS dE nEgóCiOS EmrC (AgribuSinESS FOrum E AFiF), um dESAFiO é lAnçAdO PArA EmPrESÁriOS E EmPrEEndEdOrES quE quEirAm APrESEntAr AS SuAS PrOPOStAS dE PrOjEtOS. OS FinAliStAS SElECiOnAdOS têm A POSSibilidAdE dE APrESEntAr OS SEuS PrOjEtOS dE nEgóCiOS durAntE A SESSãO PlEnÁriA dO Fórum E O grAndE vEnCEdOr é AnunCiAdO nO jAntAr dE gAlA. é AtribuídO AO vEnCEdOr um PrémiO mOnEtÁriO, quE nA últimA EdiçãO, durAntE O AFiF2012, nA hOlAndA, FOi nO vAlOr dE 15.000.00 dólArES, ASSim COmO tOdO O dEStAquE mEdiÁtiCO E PrEStígiO ASSOCiAdO A EStA diStinçãO. O PróximO PrOjECt inCubAtOr AwArd vAi SEr PrOmOvidO nO Fórum AgribuSinESS 2012 A tEr lugAr nO mêS dE nOvEmbrO Em dAkAr, nO SEnEgAl.

‘Angola sempre exportou café para a Europa e já foi grande exportador de commodities como o algodão, sisal e bananas. É um país com potencial para produzir tudo’

A cooperativa deverá investir mais de U$200.000,00 em infraestruturas e suporte à produção

Roque Gonçalves com Idit Miler, diretora executiva e vice-presidente da EMRC

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da agricultura com maiores índices de crescimento?Angola é um país com poten-cial para produzir tudo. A agri-cultura foi a base da economia no passado. Angola sempre ex-portou café para a Europa, já foi grande exportador de commo-dities como o algodão, sisal e bananas. Têm estado a surgir iniciativas de produção agríco-la de larga escala que poderão competir e exportar para outros mercados, apesar de que temos ainda uma grande necessidade de satisfazer o consumo local. Como pode ver, a exportação de produtos agrí-colas de Angola – excetuando o café – é um processo a médio e longo prazos. Será necessário sa-tisfazer primeiro o mercado lo-cal aumentando os volumes de produção, agregando valor e só depois pensar-se na exportação. O país ainda depende muito das importações.

o setor do café esteve durante anos abandonado. como se encontra hoje esta agricultura em termos de quantidade e qualidade? Porque decidiram apostar na produção biológica e qual a dimensão do investimento e seus objetivos?Falando concretamente da região do Amboim, a cultura do café es-tá a ser revitalizada no âmbito do projeto de fomento da cafeicul-tura, promovido pelo Instituto Nacional do Café – INCA. Está-se a melhorar a qualidade com a introdução de novas mudas e a tendência será o aumento dos volumes de produção. A aposta no café biológico tem a ver com uma visão de futuro. Este tipo

de café tem maior cotação e vai trazer um incremento nos rendi-mentos das famílias, permitindo assim uma melhoria significati-va na sua qualidade de vida. O in-vestimento é grande, atinge mais de 4 mil associados, o que corres-ponde a mais de 4 mil hectares de plantações novas. Pretende-

se, a curto pra-zo, aumentar as áreas de produção, ad-quirir equipa-mento para processar o ca-fé na coopera-tiva e instalar o laboratório de controlo de

qualidade do café produzido. Es-tes são os pressupostos para agre-gar valor ao café do Amboim.

quais os índices de crescimento previstos e como caracteriza o consumidor atual? em matéria de tendência de consumo, o que vai mudar ao nível dos produtos e quais vão ser as grandes apostas da cooperativa em termos de investimento, inovação e diferenciação?A CESACOPA é uma cooperati-va de produtos de café, mas que também produz culturas diver-sas, tais como a banana, o ana-nás e os hortícolas. Isto porque o café produz apenas uma vez por ano e é necessário produzir cul-turas de rendimento imediato para sustentar, em certos casos, a cultura do café. Existe uma ten-dência de expansão do mercado do café, tanto o de exportação, como o de consumo local, já que os maiores produtores mundiais (Brasil e Vietname) têm o proble-ma de espaço disponível para a produção de café. Há a compe-

tição entre as outras culturas alimentares (soja, milho, arroz, feijão) e o café, reduzindo-se assim a área disponível para a produção deste. Isto aumenta a oportunidade de Angola e de ou-tros grandes produtores de café em África de se posicionar no mercado de forma privilegiada. Nesse sentido, a visão de futuro é ter o café do Amboim a marcar posição de destaque no mercado internacional, com um volume de exportações anuais de 200 mil toneladas de café amboim robus-ta, atingindo rendimentos uni-tários na ordem dos 500kg/ha de café comercial, contribuindo assim para a reabilitação do café robusta amboim e tentar regres-sar à posição que Angola ocupa-va no mercado internacional até há altura da sua independência. Em termos de investimento a co-operativa deverá aplicar mais de U$200.000,00 em infraestrutu-ras e suporte à produção. Como inovação, a cooperativa vai mon-tar um laboratório de controlo de qualidade do café com o valor do prémio ganho (U$15.000,00) no Incubator Award da AFIF.

acredita que o continente africano poderá tornar-se um grande fornecedor alimentar mundial a longo prazo? o que importa fazer para que tal seja atingido?Acredito piamente nisso. Os afri-canos devem perceber que este é o seu momento. As crises das grandes economias, o problema das mudanças climáticas e com elas a escassez de alimentos afe-tando grandemente a Europa, a América e a Ásia irão desenvolver a visão dos africanos no sentido de que de-vem produzir mais e melhor para entra-rem na alta competi-ção dos mercados dos países desenvolvidos. A pobreza não deve significar uma heran-ça para os africanos, é necessário compre-ender que a inclusão é fundamental para que se desen-volvam e tenham o conhecimen-to, a capacidade de viver sem a mão permanentemente estendi-da. Compreender que as guerras,

os golpes de estado não trazem desenvolvimento, destroem qua-se tudo e trazem mais pobreza. Os africanos devem olhar para o desenvolvimento inclusivo par-tindo das estruturas regionais existentes, tais como a SADC ou a CEDEAO, por exemplo, com po-líticas que facilitem as trocas co-merciais inter-regionais e a livre circulação de pessoas e bens.

Vida de exemPloé um empreendedor influente, cada vez mais, admirado pelo desenvolvimento das ações que realiza em prol da cesacoPa. como caracteriza o seu percurso até hoje e que ambições transporta consigo? se elegesse uma decisão que o tenha marcado ao longo da sua atividade como decisor, qual seria?

Sempre persegui um princípio de Confúcio: “Se conheces uma coisa, atua como homem que a conhece. Se não a conheces, re-conhece que não a conheces. É isto o saber”. Quanto temos a ca-pacidade de reconhecer os nos-sos feitos na mesma proporção das nossas derrotas, aí somos “formatados” para sermos bons. Bons naquilo que fazemos, bons nos nossos relacionamentos, bons! É isso que o meu percur-so me deu. Ser um dos bons! Dos que aprenderam com a vida e a escola académica que a humil-dade, honestidade e sinceridade são valores fundamentais para

se estar bem na vi-da. Transporto co-migo a ambição de um dia ter a oportunidade de ver numa loja de uma multinacio-nal de café, num país desenvolvido no mundo, o nome da CESACOPA co-mo uma marca do café orgânico Am-boim. É um longo percurso, eu sei,

mas acredito e tenho muita espe-rança de que isso venha a acon-tecer brevemente. Uma decisão: quem não trabalha em equipa, pode sair.

Sabia que...—A EmrC tEm ExPEriênCiA dE 20 AnOS nA PrOmOçãO dE nEgóCiOS Em ÁFriCA. A OrgAnizAçãO AtuA COmO PlAtAFOrmA dE FACilitAçãO dE nEgóCiOS E PrOmOvE O dESEnvOlvimEntO ECOnómiCO AFriCAnO PElA PrOmOçãO dE AtividAdES dE rEFOrçO dE COnhECimEntOS E dE rEdE dE COntAtOS intErnACiOnAiS.

‘A Europaé o principal mercadodo caféde Angola’

‘Os africanos devem perceber que este é o seu momento’

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uM DiA CoM… ANASTÁCIO ROQUE GONÇALVES

tem sido reconhecido por apoiar uma ‘gestão de rosto humano’, que aposta na proximidade das populações ao poder local como veículo de humanização e democratização social. na sua opinião, qual é o melhor modelo público administrativo para que as empresas e cooperativas se sintam integradas e se possam desenvolver no país?Tenho alguma dificuldade de definir um modelo porque cada caso é um caso, mas para uma integração de cooperativas é fundamental que haja compro-missos escritos. Dificilmente se consegue um contrato de forne-cimento entre a cooperativo e o comprador. Não existe a garantia de que os riscos são assumidos por todos e isto, muitas vezes, dei-xa a cooperativa de mãos atadas.

fé, sacrifício, luta. na sua opinião qual é a característica mais importante para vencer e porque princípios rege as suas decisões? em que aspetos é que o cooperativismo pode ser uma boa ferramenta de sucesso num país como angola?A característica mais importan-te para vencer é a disciplina. Como empreendedores, temos sempre de ser disciplinados. Disciplinados connosco pró-prios, com os nossos parcei-ros, com as con-tas e até com a sociedade. A disciplina traz a honestidade e com ela a sin-ceridade. É a chave do sucesso.

Para si, que características demarcam uma empresa para conseguir alcançar uma posição de liderança? num mercado globalizado como o atual, acha possível defender a premissa “um cliente, um amigo”?“Um cliente, um amigo” faz lem-brar o ditado português que diz: “boas contas fazem bons ami-gos”. Neste mercado globalizado

existem relações interpessoais, negócios que gerem e geram confiança. Qualquer negócio de-pende sempre da confiança e da honestidade entre as partes en-volvidas. Quando estes dois ele-mentos não estão presentes vem o conflito e, consequentemen-te, o prejuízo. A empresa atin-ge características de liderança quando consegue ter uma gestão transparente, inovadora, integra-da, que consiga satisfazer os seus clientes, ter lucro e responder às necessidades do mercado.

diStinção inteRnacional

o que simbolizou para si e para a cooperativa que representa a conquista do prémio de melhor Projeto Incubador afIf 2012? o que esperam angariar com esta distinção internacional e de que forma incentiva na prossecução do vosso trabalho?Este prémio foi das melhores coi-sas que aconteceram à CESACOPA desde que ela foi fundada. Elevou o seu nome, vai permitir a insta-lação de um laboratório que irá contribuir bastante para agregar valor ao café comercializado pe-la cooperativa. Tem todas as aten-

ções voltadas para si como consequência do prémio. Co-mo pode ver, o mesmo é muito importante em todos os senti-dos. É um bom exemplo para os empreende-dores porque

mostra que os angolanos são ca-pazes de muitas realizações.

quais os projetos que têm para o futuro?Criar as condições necessárias para a certificação orgânica e ade-são ao mercado do preço justo pa-ra o café amboim robusta.

imAgEnS gEntilmEntE CEdidAS PElO dePartamento de comunicaçãoe marKetinG emrc

‘A economia é o volante de crescimento e do desenvolvimento de qualquer país’

rAiO xangola PaRa Si é.. A PÁtriA quEridA!

a Sua maioR Realização PeSSoal é..tEr umA FAmíliA, quE nOS tEmPOS dE hOjE é ‘rArA’. FilhOS muitO intEligEntES E bEm-EduCAdOS, umA ESPOSA COmPrEEnSivA E umA FAmíliA AdmirAdA PElOS PArEntES, PElOS AmigOS, PElOS PrOFESSOrES dOS FilhOS, EnFim! umA bênçãO dE dEuS E um grAndE ESFOrçO dOS PAiS nOS diAS dE hOjE.

qual a Paixão de que não abdica?múSiCA!! Fui diSC jOCkEy (dj), tOquEi Em CASAS nOturnAS nOS AnOS 80, Em FEStAS E Em AmbiEntES FAmiliArES. EntrE 1978 E 1980, tOquEi tumbAdOrAS nO AgruPAmEntO muSiCAl kudiAnguElA, nO huAmbO, umA ESPéCiE dE APêndiCE dO AgruPAmEntO muSiCAl OndAkA yO wiñi, quE FOi um dOS CElEirOS dO grAndE AgruPAmEntO muSiCAl kiSSAnguElA. dAí A minhA grAndE PAixãO PElA múSiCA. hOjE COlECiOnO múSiCA (Cd’S, vinil, FiChEirOS nO COmPutAdOr E nA minhA PróPriA mEmóriA).

quaiS oS ValoReS PoRque Rege a Sua Vida?A hOnEStidAdE, A lEAldAdE, A Fé, A PErSiStênCiA E A AmizAdE SãO FundAmEntAiS PArA O nOSSO SEr E EStAr.

qual é a Sua contRibuição maiS imPoRtante PaRa angola? trAbAlhO dESdE hÁ mAiS dE 10 AnOS PArA A inCluSãO dOS mEnOS FAvOrECidOS, PArA O AumEntO dOS SEuS rEndimEntOS E PArA O dESEnvOlvimEntO humAnO. EStOu A APOiAr umA COOPErAtivA dE PrOdutOS dE CAFé COm CErCA dE 5 mil mEmbrOS, num univErSO dE CErCA dE 6 mil FAmíliAS. PEnSO quE iSSO é umA gOtA nO OCEAnO PArA O grAu dE nECESSidAdES quE tEmOS nO PAíS, mAS AChO quE O quE FAçO FAz AlgumA diFErEnçA E imPACtA dirEtAmEntE nA vidA dE muitAS PESSOAS.

um liVRo e um filme que o tenha maRcado... ArA livrO ESCOlhO O ‘O FAlECidO mAtiA PASCAl’, dE luigi PirAndEllO, E PArA FilmE O ‘APOCAlyPtiCO’, dO AtOr/rEAlizAdOr mEl gibSOn

um deStino de eleição...ilhAS SEyChEllES

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FotorEPortAgEM

provasupErada— Por seis vezes a bandeira nacional subiu mais alto. A juventude alcançou um feito inédito nos VIIIº Jogos da CPLP, que decorreram em Portugal e colocaram em competição atletas de diversas modalidades oriundos dos países lusófonos. Num período em que tanto se investe na formação e criação de infraestruturas desportivas, os resultados começam a ser visíveis e provam que há talento em abundância na quente terra vermelha. Foi no futebol, no voleibol de praia, andebol e ténis masculinos que Angola arrecadou o bronze. O ouro chegou pelos pés de Esperança Jicasso, que venceu os 100 metros no atletismo adaptado. Um resultado histórico que deixou os impulsionadores do desporto individual e das modalidades coletivas motivados para dar continuidade ao seu trabalho, fazendo mais e melhor. Nesta edição, mostramos os momentos da alegria lusófona captados pela objetiva…

Texto Patrícia Alves Tavares | Fotografia Sapo.pt/jogoscplp

FutEbol BRONZE Angola - Cabo Verde

téniS Angola - Brasil

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téniS Angola - Brasil

VolEibol PrAiA Angola - S. Tomé

VolEibol PrAiA Angola - S. Tomé

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FotorEPortAgEM

FutEbol Angola - Moçambique

FutEbol Angola - Moçambique

VolEibol PrAiA Angola - S. Tomé

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bASquEtEbol Angola - S. Tomé

FutEbol Angola - Moçambique

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ArquitEturA&ConStrução Patrícia Alves Tavares

na Pistado fUtUroLuanda, Soyo, Saurimo, Menongue, Luena, Cuito e Cuanevale são algumas das grandes empreitadas que integram a lista de beneficiação de espaços aeroportuários. O Governo quer renovar 16 aeroportos nacionais até ao final do ano. O objetivo é dar continuidade ao crescimento económico e social do país. O programa de modernização das infraestruturas abrange todos os meios e o transporte aéreo é cada vez mais um suporte da produção interna. Nesta edição, conheça as maiores construções em curso.

CAMAQUENSE(LUANDA NORTE)

CABINDA

4 FEVEREIRO(LUANDA)

KUITO(BIÉ)

17 SETEMBRO(BENGUELA)

CUITOCUANEVALE

(KUANDO KUBANGO)

LUBANGO(HUÍLA)

ALBANO MACHADO(HUAMBO)

SOYO(ZAIRE)

SAURIMO(LUANDA SUL)

MENONGUE(KUANDO KUBANGO)

DUNDO(LUANDA NORTE)

LUENA(MOXICO)

CARIANGA(KWANZA NORTE)

MBANZA CONGO(ZAIRE)

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‘em 2014, o novo aeroporto internacional de luanda, na zona do bom jesus, entra em plena atividade. o novo aeroporto terá capacidade receber o Airbus A380, o maior avião comercial do mundo’

Edificação e reparação das áreas de passagei-ros e das pistas; melhoria das infraestruturas de apoio aos terminais de embarque e desem-barque; modernização dos equipamentos ae-roportuários e das estruturas de transporte, controlo de passageiros e de bagagem e a re-modelação parcial ou total dos edifícios são as atividades que o Governo está a desenvolver desde os últimos anos e que pretende concluir antes do final de 2012.

São 16 os aeroportos que estão a beneficiar da medida do Ministério dos Transportes que quer melhorar a mobilidade das pessoas e mercadorias na globalidade do território. Com as trocas comerciais a crescerem e a cla-ra aposta na promoção turística do país, os aeroportos são a porta de chegada e, natural-mente, devem oferecer as melhores condições para turistas, locais e receção dos produtos im-portados.

O programa de reabilitação e modernização dos aeroportos não deverá ficar pelas constru-ções em curso, uma vez que o ministério está a “desenhar uma nova filosofia de organização, gestão e exploração aeroportuária que vai de-finir e enquadrar melhor a forma como o Esta-do deve intervir na cobertura dos défices de exploração dos aeroportos”.

Quebrar o isolamento das populações, corri-gir as assimetrias e aliar a promoção turística com a rápida circulação de mercadorias são os motivos que levaram à criação de um amplo programa aeroportuário.

oBras no maior aeroPortoÉ o principal aeroporto do país e aquele que movimenta maior número de passageiros e mercadorias. As obras de requalificação e ampliação do Terminal de Voos Domésticos do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro arrancaram em março e estão a decorrer dentro do previsto.

O terminal de chegadas já tem nova roupa-gem e o terminal doméstico está na fase final de intervenção. Após concluída a reabilitação do equipamento, este duplicará a capacidade de movimentação de passageiros (de 600 para 1300 em hora de ponta).

‘desde 2008, o ministério dos transportes em parceria com a enana reabilitou os aeroportos do lubango, benguela, mbanza congo, kuito, luanda, huambo, malange, ondjiva, cabinda e o aeródromo de carianga, no kwanza norte’

AeroPorToS eSTão nA LiSTA de ModernizAção eM CurSo PeLo GoVerno16

Em 2014, o novo aeroporto internacional de Luanda, na zona do Bom Jesus, entra em plena atividade. Em construção desde 2008, estima-se que a primeira fase seja inaugurada no final do mês, que inclui a torre de controlo, o ter-minal VIP, a área dos bombeiros, o edifício da administração aeronáutica, o edifício do ter-minal principal e a zona de voos norte.

Os terminais, bases para construção da torre de controlo e edificação das duas pistas, norte e sul constituem a primeira parte da emprei-tada, que terá um fluxo anual de carga de 600 mil toneladas/ano. O novo aeroporto terá ca-pacidade receber o Airbus A380, o maior avião comercial do mundo.

CamaQUense ConClUídoAté ao final de agosto, o aeroporto de Cama-quense, na Lunda-Norte, fica totalmente ope-racional. O espaço está em funcionamento há alguns meses. Porém, só a partir deste mês terá capacidade para funcionar a nível inter-nacional. Com a conclusão da empreitada o espaço ganha capacidade para 250 passagei-ros, devido à nova aerogare, torre de controlo e pista para três aviões de grande porte e dois de pequeno porte.

Ainda para este mês está previsto o corte da fi-ta inaugural do novo terminal de passageiros no aeroporto do Luena. Pode parecer uma pe-quena intervenção, mas as novas salas de em-barque e desembarque que estão em fase final vão albergar 500 passageiros (anteriormente tinha capacidade para 20 pessoas). Para aco-lher os utilizadores da estrutura, a Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Nave-gação Aérea (Enana) optou por alargar a área para integrar serviços, como lojas e restauran-tes, de forma a propiciar uma maior comuni-dade a quem atravessa o Moxico.

As obras no equipamento provincial começa-ram em 2007, com a ampliação e reabilitação da pista. A nova infraestrutura inclui a cons-trução de uma torre de controlo.

reQUalifiCação em CUrsoNo Zaire, o aeródromo do Soyo está em obras desde o início do ano. O edifício principal será

demolido e no seu lugar vai nascer uma cen-tral moderna, alargada e com capacidade para acolher os serviços necessários para satisfazer as necessidades dos passageiros, cujo fluxo tem crescido exponencialmente. Ainda sem data definida para a conclusão da empreitada, a circulação de pessoas e mercadorias será as-segurada por um edifício provisório. Em junho, o Executivo inaugurou o aeroporto de Cuito Cuanavale, na província do Kuando Kubango. A estrutura custou aos cofres do Es-tado 60 milhões de dólares e sofreu uma evo-lução considerável. Passou de aeródromo que teve funções militares para um aeroporto com uma pista de 2740 metros de comprimento e todas as condições para acolher voos comer-ciais. Apelidado do “23 de março”, tem capa-cidade para 100 passageiros e instalação para quartel de bombeiros.

Desde 2008, o Ministério dos Transportes em parceria com a Enana reabilitou os aeroportos do Lubango, Benguela, Mbanza Congo, Kuito, Luanda, Huambo, Malange, Ondjiva, Cabinda e o aeródromo de Carianga, no Kwanza Norte.

4 FEVEREIRO(LUANDA)

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O Grupo Pestana prepara-se para inaugurar a sua primeira unidade hoteleira no país entre finais do próximo ano e início de 2014. Após África do Sul, Luanda é a nova aposta do grupo que pretende deixar a sua marca no continente africano. O investimento não deverá ficar por aqui já que a empresa assume que este é apenas a primeira obra em Angola.

ArquitEturA&ConStrução

Ainda é cedo para adiantar uma da-ta definitiva para a inauguração do PESTANA LUANDA BAY – HOTEL & TROPICAL SPA. No entanto, sabe-se que o Grupo Pestana se prepara para entrar no mercado nacional da hote-laria e turismo com um grande pro-jeto, um hotel de cinco estrelas, que está em construção desde o ano pas-sado e abrirá portas até 2014. O complexo multiusos que está a nas-cer na baixa de Luanda é o primeiro hotel do maior grupo de turismo e lazer português, que após ter con-solidado a sua posição no mercado sul-africano, escolheu a capital an-golana para dar seguimento à sua es-tratégia de internacionalização em terras africanas.

A empreitada, próxima do Bairro Miramar, terá uma área superior a 100 mil metros quadrados. Associa-da a um projeto âncora de urbaniza-ção do bairro da Boavista, o futuro hotel irá integrar uma obra megaló-mana que é composta por duas tor-res com 230 apartamentos (entre o T1 e T6), ambas com piscina, ginásio e sauna. Serão edificados mais dois ‘arranha-céus’ destinados a acolher escritórios, lojas, casino, discoteca, restaurantes e bares. É aliás nestes edifícios que ficará localizado o ho-tel, que irá dispor de 255 quartos, spa, piscina e jardins tropicais que prometem conquistar os turistas desde o primeiro olhar. Tudo com a chancela do grupo luso.

A unidade hoteleira será gerida pela marca Pestana Hotels & Resorts. “Es-te empreendimento irá responder a uma clara necessidade do mercado, não só no segmento de negócios, co-mo familiar, ao criar um espaço mul-tifunções em plena baixa da cidade de Luanda onde se possa trabalhar, viver e usufruir de amplas zonas de lazer, com qualidade, segurança e au-tossuficiência energética”, indicou Florentino Rodrigues, Presidente do Conselho de Administração da hol-

mUltiUsos CinCo

estrelas ding do Grupo Pestana para África (Salvintur), numa das poucas decla-rações que prestou à imprensa por ocasião do lançamento da obra.

O grupo hoteleiro espera com es-ta unidade alcançar o mercado cor-porativo das empresas através da conjugação da valência hotel/ escri-tórios. Ao criar espaços para a imple-mentação do tecido empresarial, a marca acredita que conseguirá ins-talar o empresariado no hotel, que beneficia da proximidade dos escri-tórios e tem uma vista privilegiada para a Baía de Luanda.

apoSta noS emergenteSO Grupo Pestana nasceu em 1972 e está presente em três continentes. A marca lusa, que opera sobretudo no setor do Turismo, tem desenvolvido e consolidado a sua atividade nos principais mercados fora de Portu-gal. Com o agravar da crise económi-ca no país-sede da empresa, a aposta tem recaído na internacionalização.

Além de Luanda, o grupo prepa-ra-se para até 2013 abrir novos in-vestimentos em Miami (EUA), Montevideu (Uruguai) e Casablan-ca (Marrocos). Angola é o segundo alvo do Grupo Pestana em África. As expectativas à volta deste inves-timento são elevadas e a intenção é expandir o projeto palanca, tal co-mo tem acontecido na Argentina, por exemplo, onde a marca irá inau-gurar brevemente a terceira aposta imobiliária, o Pestana Buenos Aires Golf & Residences.

Recorde-se que a marca Pestana entrou na Europa em 2010, com a primeira unidade hoteleira em Lon-dres, e dois anos depois atua em dez países (Portugal, Inglaterra, Alema-nha, Brasil, Argentina, Venezuela, Moçambique, África do Sul, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe), onde tem uma posição consolidada.

‘Associada a um projeto âncora de urbanização do bairro da Boavista, o futuro hotel irá integrar uma obra

megalómana composta por duas torres com 230 apartamentos, piscina, ginásio e sauna’

Patrícia Alves Tavares

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concluída 2ª fase da Baía de Luanda—As obras da segunda fase da requalificação da Baía de Luanda terminaram no final do mês passado. A empreitada visou a construção de quatro novas vias para automóveis e outras quatro faixas para motociclos e bicicletas. Além da criação de novos espaços verdes, ficou concluída a rede de drenagem que irá escoar as águas residuais. Quanto à terceira fase, os trabalhos na atual Avenida da Marginal terão início em 2013 e vão prolongar-se por seis meses.governamentais que visitem a região.

reciclar resíduosda construção—É uma das novas tendências do mercado de construção. Engenheiros e arquitetos defendem o aproveitamento dos resíduos da construção civil, que podem ser reciclados e ter novas utilidades. É uma forma de dar uma melhor qualidade de vida às comunidades. “Atualmente, a reciclagem de resíduos passa pela britagem, ou seja, pela quebra dos resíduos em pedaços pequenos que podem ter até 63 milímetros de diâmetro”, adiantou o engenheiro Faustino Panzo, em entrevista à agência de notícias Angop. Na sua opinião, a ausência de reciclagem destes materiais pode provocar graves danos ambientais e na saúde pública. A sua utilidade é abrangente, podendo ser aplicado em obras públicas e infraestruturas. É exemplo disso o caso dos destroços do prédio da Angola Telecom, em Luanda, que foi recentemente demolido e cujo material retirado será usado para a criação de fundações de empreitadas previstas no programa de construção e de reabilitação de infraestruturas sociais. Também os arquitetos consideram que se tratam de materiais que são desperdiçados e que poderiam ser reutilizados noutros setores de atividade. Para tal, sugerem uma melhor cooperação entre empresas de limpeza e de saneamento para que apostem numa recolha sustentável e eficiente destes resíduos que, caso não ganhem uma nova vida, sejam depositados de modo adequado para não prejudicar o meio ambiente.

ciaLp e Uaa juntas—Em junho celebrou-se um memorando de entendimento entre a União Africana de Arquitetos (UAA) e o Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP). O documento representa a aproximação entre as duas organizações que assumiram o compromisso de aprofundar as relações e o intercâmbio entre os seus agentes. A Ordem dos Arquitetos de Angola teve um papel decisivo no acordo que possibilita a participação dos profissionais lusófonos na UAA.

Ferrovia Lobito/Luau em 2013—É mais um passo para cumprir a intenção de interligar todos os países da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) por via férrea. A recuperação da linha ferroviária de Benguela ficará concluída nos próximos meses e prevê-se que a circulação no troço Lobito (Benguela)/ Luau (Moxico) entre em vigor a partir do primeiro trimestre do próximo ano. Até ao momento, a primeira fase do programa de modernização destas infraestruturas já contemplou a recuperaçãodas linhas Luanda/ Malange/ Kwanza Norte e Namibe/ Menongue.

Sabia que…—A União Africana de Arquitetos atribuiu a medalha de Ouro ao presidente do Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa, João Belo Rodeia. A distinção serviu para reconhecer o papel do responsável na aproximação das duas organizações.

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inoVAção&DESEnVolViMEnto Patrícia Alves Tavares

A Internet technologIes AngolA vAI estender o seu servIço de Internet wIreless A todAs As províncIAs. ousAdA e InovAdorA, A empresA pretende AlcAnçAr este objetIvo dentro de doIs Anos. Até lá congrAtulA-se lIgAr A generAlIdAde do pAís vIA sAtélIte. sItuAção que Irá mudAr com A rede sem fIos.

chegou A net sem fIos

sAbiA que…—O ITA tem Pontos de Presença (POPs) no mundo inteiro, nomeadamente Joanesburgo, Lisboa e Reino Unido. Está ainda presente em várias cidades do país, operando em IDirect hubs em Luanda.

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Foi em fevereiro que a Internet Te-chnologies Angola (ITA) começou a recorrer ao satélite AMOS 5 para le-var a Internet às 18 províncias, bem como os serviços VPN (redes priva-das virtuais para serviços de teleco-municações). Porém, a empresa de raiz angolana sonha ir mais longe. Quer implementar em todo o país a experiência que adquiriu com o no-vo serviço que funciona em Luanda e que permite a ligação ao meio virtual através de rede wireless. E até esta-beleceu um prazo: dois anos.

Atualmente, a entidade fornecedora de serviços informáticos e de Internet disponibiliza net sem fios a todos os clientes da capital. Para tal, recorre à fibra ótica para assegurar as ligações internacionais (através do cabo sub-marino SAT-3) e opera com um anel próprio de microondas redundante de backnone de 400Mbits mediante 15 pontos de presença (POPs). Porém, a ITA mantém o satélite como sistema de apoio para evitar falhas na trans-missão de dados, o que lhe permite ter um período de disponibilidade de ligação de 99,5%. A rede é vigiada du-rante as 24 horas, todos os dias, de forma ininterrupta para um tempo de resposta rápido e eficaz. Em 2014 a empresa acredita que será possível ligar todo o país via wireless, dispen-sando o satélite.

A ITA procura constantemente me-lhorar o seu serviço, nomeadamente ao nível da rapidez na ligação e qua-lidade da mesma, pois opera maiori-tariamente no mercado empresarial. Fundada em 2001, a ITA tem mais de 350 clientes corporativos, distri-buídos pelos setores da banca, gás e petróleo, construção, instituições públicas, organizações não-gover-namentais e pequenas e médias em-presas. São clientes exigentes e que necessitam de ligação constante ao meio Web.

pionEiros na rEdE wiMaxAo conseguir levar o serviço de Inter-net sem fios a toda a extensão da ter-ra vermelha, a ITA assume-se como a primeira empresa nacional a conse-gui-lo. E não é a única vez que este grupo, em que mais de 90% dos tra-balhadores são especialistas nacio-nais, faz história.

A ITA foi a pioneira na instalação da rede Wimax no país, em 2005. A partir desse período, continua a ex-pandir-se, evidenciando-se na dispo-nibilização de serviços de alojamento de correio eletrónico, páginas Web, serviços virtuais e hardware. É ain-da responsável pelo registo de várias páginas em domínios “co.ao” e “.ao”. Recorde-se que a ITA foi fundada em 2004, um projeto idealizado por Rolf Mendelsohn, Miles October, Martin Bo-ese e Barney Harmse, especialistas in-ternacionais que detinham uma longa experiência no domínio da informática e que aplicaram todo o seu know-how no impulsionamento das novas tecno-logias na terra vermelha, ligando-a vir-tualmente ao resto do mundo. Atualmente, emprega mais de 60 pessoas e é parceira da ITELNET, uma empresa especializada que tem licen-ça para operadores fixos, reconhecida pelo INACOM. O protocolo tem permi-tido ao ITA fornecer serviços de Inter-net através de wireless e via satélite.

‘em 2014 A Internet technologIes AngolA AcredItA que será possível lIgAr todo o pAís vIA wIreless’

porquê wireless?

contAiner solutiono wireless, ou rede sem fios, apresenta inúmeras vantagens e aquela que detém mais adeptos a nível internacional. aliás, em várias capitais europeias, é possível ligar-se à internet a partir de esplanadas, jardins e espaços públicos. tal só é possível com a rede wireless. a angola’in apresenta algumas das principais vantagens da net sem fios:

internet nAs escolAs

a componente social é uma preocupação da ita, que sendo uma empresa angolana quer ajudar o país a crescer. assim, é comum promover ações de auxílio à população na área que melhor conhece: a das tecnologias. a ação mais emblemática ocorreu no último ano quando foi patrocinador oficial do centro de internet da escola primária peter eneas nanyemba, na huíla, lubango. em parceria com a embaixada da namíbia, a empresa doou computadores portáteis, uma impressora e ofereceu um ano de serviço de internet, que vai permitir que quase 900 estudantes com idades entre os cinco e os 15 anos possam familiarizar-se com o uso dos computadores e novas tecnologias e criem hábitos de consulta da web de forma responsável e didática.

mAior produtividAde (liberdade de movimento e garantia da conexão independentemente do local onde está o computador); rede de configurAção rápidA e simples (não necessita de cabos);flexibilidAde (possível em qualquer local e ideal para configurações temporárias);redução de custos (como não existem cabos, o preço de instalação é inferior);compAtibilidAde (adapta-se a qualquer marca ou rede).

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inoVAção&DESEnVolViMEnto

ciência unE angoLa E brasiL—A Universidade Técnica de Angola (Utanga) e a Universidade de São Paulo, no Brasil, assinaram um acordo de intercâmbio e cooperação académica entre docentes, investigadores e estudantes no âmbito de trocas de informações e publicações, bem como a realização de cursos conjuntos. Na mesma ocasião, os países formalizaram um convênio de cooperação na área das ciências informáticas e biblioteconomia. A parceria foi firmada entre a Rede de Mediatecas de Angola e a referida universidade brasileira. O objetivo consiste em aproximar os estudantes e investigadores, assim como os quadros técnico-administrativos que trabalham nas duas nações.

unitEL nas MaLdivasE índia—Os clientes da Unitel já podem usufruir de roaming de dados na Índia e nas Maldivas. A possibilidade de aceder à Internet no telemóvel ou no computador entrou em vigor em junho através de um acordo estabelecido entre a operadora e as congéneres Vodafone, na Índia, e Wataniya, nas Maldivas. O serviço de roaming de voz foi igualmente reforçado no Chade e no Azerbaijão, em virtude das parcerias com as operadoras Airtel e Bakcell, respetivamente.

chEias no cunEnE aLvo dE Estudo—O grupo, composto por investigadores nacionais e estrangeiros, chegou a Ondjiva, no Cunene, no último mês. O intuito da comitiva passa por estudar a melhor forma de evitar as cheias que assolam a comunidade e alertar a população para o perigo das calamidades naturais. Os peritos fizeram o percurso entre Ondjiva e Xangongo, tendo percorrido a bacia hidrográfica da região de modo a compreenderem os seus aspetos físicos e analisarem o sistema de bombeamento de água para a cidade do Xangongo. A equipa pretende identificar as causas das cheias para encontrar soluções tecnológicas capazes de minimizar a situação.

Maior rEdE dE fibra ótica—Nasceu no Kissama, a 100 quilómetros de Luanda, uma nova central de fibra ótica marítima. A infraestrutura, que resulta de uma parceria entre o Governo e o consórcio Angola Cables, vai dinamizar as comunicações entre Angola e o mundo, tornando-as mais rápidas. O investimento foi de 650 milhões de dólares e tem como protagonista o cabo Wasc que é considerado o mais rápido do momento. O país ficará no trajeto da ligação que parte da Grã-Bretanha e termina na África do Sul. As mais-valias consistem numa maior largura de banda, melhor qualidade no sistema de telecomunicações, maior oferta de serviços e redução dos preços, em virtude da maior velocidade na transmissão do sinal.

MErcado únicodE Música digitaL—É a grande meta da Europa. A Comissão Europeia aprovou uma série de medidas que se destinam à criação de um mercado único europeu para os direitos de autor no âmbito do universo da música digital. Os países da organização pretendem assim melhorar a estratégia de gestão e proteção da propriedade intelectual aprovada no ano passado. Segundo uma nota deimprensa, as novidades destinam-se a “modernizar o modelo de funcionamento das sociedades gestoras de direitos de autor e pôr em prática incentivos para promover a sua transparência e eficiência”.

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desporto Manuela Bártolo

KiCK-OFF

GPS

GRANDE ÁREA ····························66

OS DONOS DA BOLAAs injeções de capital nas outrora velhas glórias do futebol europeu em destaque. Conheça a trajetória dos novos milionários do futebol e a reação da uEFA ao poderio económico no desporto

iNSiGht ···········································70

OLÍMPICO DE HONRAé um fenómeno na natação e o seu nome é sinónimo de conquista. insuperável e magnânimo tem sido um exemplo de combate e superação. A devida homenagem a michael Phelps - ‘o maior atleta olímpicoda história mundial’

FORA DE JOGO ·························· 72

DOUTORES DO DESPORTO0s novos doutores do desporto e educaçãofísica. O país marca pontos na formação desportiva e a Angola’in revela quais sãoas principais apostas do país ao nível do ensino das diferentes modalidades.Sem dúvida um passo de gigante.

CRuzAMENtO ····························· 74

OS GUERREIROSO boxe conquista, cada vez mais, espaçono panorama desportivo angolano.Saiba quem são os guerreiros, onde treiname o que fazem para ganhar. de kicangaa tumba Silva, as esperanças renovam-se.

BlOCO DE NOtAS ····················· 76

MISSÃO CUMPRIDASão muitas as notícias que marcam a atualidade desportiva. Selecionamos para a si a síntesedo momento. da CPlP ao andebol são muitasas novidades que não pode perder!

Palancas negras CAN 2013Mário Calado, técnico do Sagrada Esperança da Lunda Norte, afirmou recentemente que o momento foi pouco oportuno na escolha do novo selecionador dos Palancas Negras, devido ao tempo que resta para a última eliminatória de acesso ao Campeonato Africano das Nações de futebol 2013. Em declarações à Angop, em Luanda, em reação ao anúncio divulgado no passado domingo sobre a contratação do uruguaio Gustavo Ferrín para o cargo de selecionador nacional, realçou que a Federação Angolana de Futebol (FAF) deveria ponderar esta situação. “A FAF é soberana nas decisões, mas se existe objetivos imediatos para se atingir a fase final do CAN da África do Sul, se devia continuar com o treinador Romeu Filemon, dado o projeto que já iniciou. Neste caso, o 1º de Agosto tem sido participativo no processo e devia entender que o seu funcionário acumulasse o cargo até a realização do jogo da última eliminatória com o Zimbabwe”, salientou.De acordo com Mário Calado, apesar do curriculum que o técnico tem, ao ser conhecedor do futebol jovem, carece muito tempo de trabalho para se adaptar à realidade do futebol angolano e continental. “Isso leva tempo tanto para os jogadores como para o próprio treinador se adaptarem. Para mim, esta contratação devia-se concretizar depois da eliminatória de setembro e outubro com a seleção do Zimbabwe”, disse. Romeu Filemon orienta o 1º de Agosto e tinha sido contratado como selecionador interino para os jogos da primeira e segunda jornadas, diante do Uganda (1-1), em Luanda, Libéria (0-0), em Monrovia, de apuramento a Copa do Mundo de 2014. Quanto ao adversário, admitiu ser uma boa seleção, apesar desta estar ausente em mais de três edições nas fases finais do CAN. “Devemos ter cautelas com o Zimbabwe, mesmo sabendo que o primeiro desafio será em Harare. É uma vantagem para Angola, mas vamos ter muito cuidado”. Mário Calado já enfrentou por duas ocasiões os zimbabweanos como treinador principal, igual número como adjunto do ex-jugoslavo Dusan Kondic e do brasileiro Ismael Kurtz. Angola defronta o Zimbabwe entre 7 e 9 de Setembro (primeira mão), em Harare, enquanto que o jogo da segunda mão está marcada para 12 ou 14 de Outubro, em Luanda. O CAN2013 realiza-se de 19 de janeiro a 10 de fevereiro de 2013, na África do Sul. A organização escolheu os estádios de Soccer City, em Joanesburgo, Moses Mabhiba Stadium (Durban), Royal Bafokeng Sports Palace (Rustenburg), Mbombela Stadium (Nelspruit) e Nelson Mandela Bay Stadium, em Port Elizabeth.

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rui Marques Ex-iNtErNACioNAl lANçA projECto dE formAção O ex-futebolista internacional angolano Rui Marques integra um projeto empresarial de formação em gestão e dirigismo no país, com o objetivo de melhorar a qualidade desportiva, através da consultoria em eventos e marketing. Inserido na empresa “Angol Sports”, o antigo defesa afirmou que a missão do projeto é “a melhoria da qualidade na formação, eventos, marketing e publicidade, turismo desportivo, entre outras, resultante da perceção de procura específica de competências não atendidas pelos agentes”. Sobre a formação, referiu ser pretensão do projeto contribuir para o aumento do nível específico, com ações estruturadas e dedicadas a todas as modalidades e áreas do desporto, bem como “promover mais práticas em todas as vertentes do desenvolvimento desportivo”.

Drogba No ShANghAi ShENhuAdidier drogba confirmou no seu site oficial que irá jogar no Shanghai Shenhua. O atacante de 34 anos assinou um contrato de dois anos e meio com o clube chinês e juntou-se aos novos companheiros de equipa em julho. “levei em consideração todas as propostas que recebi nas últimas semanas, mas sinto que o Shanghai Shenhua é o passo certo para mim neste momento. Estou ansioso para encarar este novo desafio e conhecer uma nova cultura. Estou entusiasmado com os novos desenvolvimentos da Super liga Chinesa. quando o Chelsea esteve na China no ano passado, divertimo-nos muito e conhecemos adeptos fantásticos. Espero ajudar a divulgar o futebol chinês pelo mundo e melhorar a conexão entre China e África”, escreveu no seu site. no Shanghai, drogba reencontrou nicolas Anelka, seu colega de equipa no Chelsea entre 2008 a 2011.

Menino seM Pés trEiNA No BArCEloNA Gabriel é um menino de 11 anos que nasceu sem pés, mas adora jogar futebol. O Barcelona já lhe reconhece o talento. Gabriel nasceu com uma má formação e não tem pés, mas isso nunca o impediu de jogar futebol. O canal de televisão Globo descobriu-o e, agora, o menino brasileiro está a treinar numa escola do Barcelona. A reportagem da Globo descobriu-o por ser o líder de uma equipa de futebol da escola. A história teve tanto sucesso que chegou ao Barcelona. O clube catalão convidou-o para participar numa escola de verão que tem no Rio de Janeiro durante as férias. Mesmo sem pés, o menino consegue chutar, driblar e passar a bola como qualquer criança da sua idade. “Apesar de não ter pés tem uma coordenação motora sensacional”, disse à tv brasileira Maurício Soares, fisioterapeuta do Barcelona Camp. O treinador que o descobriu na escola afirmou que “faz coisas que eu, com os dois pés, não consigo fazer”. Gabriel inspira-se em Messi, que teve um problema de crescimento mas acabou por ultrapassá-lo. O menino diz que se imagina, um dia, a fazer o mesmo que o jogador argentino.

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desporto

co Makélélé, os meias Joe Cole e Arjen Robben e o atacante Di-dier Drogba, além de recrutar o técnico José Mourinho, que ha-via sido campeão europeu com o Futebol Clube do Porto (POR). Foram milhões investidos que trouxeram resultados imedia-tos para os Blues. Na temporada 2003-2004, ainda sob o coman-do do técnico Claudio Ranieri, a equipa chegou às semifinais da Liga dos Campeões da Europa e terminou como vice-campeã da Liga Inglesa, algo que o clube londrino não alcançava há anos. No entanto, com a entrada do treinador português, as coisas viriam a ficar ainda melhores. Em três anos no Chelsea, Mou-rinho, com a ajuda das grandes contratações feitas pelo bilioná-rio russo – na última temporada do comandante no clube, Abra-movich contribuiu com mais dois grandes reforços: Michael Ballack e Andriy Shevchenko,

Ninguém sabe ao certo a traje-tória destes novos milionários do futebol europeu – dos que já alcançaram conquistas e da-queles que ainda não deram as mãos para o sucesso. A verda-de é que estas novas direções já atraíram a atenção da UEFA, que delineou um plano para trazer maior competitividade às equi-pas, diante desta avalanche de dinheiro que está a ser injetada no futebol do velho continente.

Manuela Bártolo

o PAPA títuloSAntes um clube mediano, o Chelsea tem-se transforma-do num autêntico papa títulos. O clube inglês foi um dos pio-neiros nesta nova ordem do futebol, onde milionários com-pram o clube, investem mon-tantes avultados de dinheiro e alcançam um sucesso jamais conquistado. Em 2003, o clube foi adquirido pelo russo Roman Abramovich, que não poupou os seus “petrodólares” para inves-tir na equipa inglesa, trazendo com ele grandes atletas, como o guarda-rede Petr Cech, o defesa central Ricardo Carvalho, o trin-

os donos dA bolAGRANDE ÁREA

eStá a tornar-Se Moda no Mundo do futebol que MagnataS ou grupoS MilionárioS CoMpreM ClubeS CoMo forMa

de inveStir no deSporto. uM inveStiMento reSponSável pelo faCto de que algunS ClubeS, outrora pouCo tradiCionaiS,

hoje ConquiSteM glóriaS nunCa anteS alCançadaS ao longo da Sua hiStória, aliMentando inCluSive velhaS rivalidadeS

eSqueCidaS. eMpreSárioS MultiMilionárioS eStão, Cada vez MaiS, a apoStar eM equipaS europeiaS, CoM exCelente

potenCial de retorno finanCeiro. inglaterra, eSpanha e frança têM Sido oS alvoS prinCipaiS. o ChelSea (ing), ManCheSter

City (ing), Málaga (eSp) e pariS Saint-gerMain (fra) já ConSeguiraM alCançar SuCeSSoS CoM oS novoS adMiniStradoreS.

para aléM deSteS, é iMportante

taMbéM deStaCar o anzi

MakhaChkala, da rúSSia,

equipa do ataCante

CaMaronêS SaMuel eto’o,

e ClubeS da China e do

Médio oriente.

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conquistou duas vezes o Cam-peonato inglês, que os Blues não ganhavam há 50 anos, duas ve-zes o campeonato da liga ingle-sa e uma vez a taça de Inglaterra. Foram cinco triunfos em três temporadas à frente da equipa londrina. Em 100 anos de histó-ria (fundado em 1905), o Chelsea só havia conquistado um título do campeonato inglês até à da-ta - na temporada 1954-55. Em três anos, o clube de Standford Bridge recebeu duas taças da Premier League, algo inacredi-tável para os seus adeptos, mas o melhor ainda estava por vir. O Chelsea conquistaria mais um campeonato inglês, na tempora-da 2009-2010, mas o que faltava agora para a equipa londrina era um título europeu. Após mudar um pouco a estratégia e passar a investir em jovens promessas, como o defensor David Luiz, o trinco Mikel e o meia Juan Mata, os Blues conquistaram a inédita Liga dos Campeões da Europa na última temporada (2011/12).

o noVo riCo

O Manchester City é considerado o novo ri-co de Inglaterra, que de-morou a afirmar-se, mas finalmente atingiu o êxito, depois de ter sido comprado, em 2008, por um grupo árabe, representado por Sulaiman Al Fahim. No en-tanto, apesar dos milhões no bolso, os resultados não vieram rápido e a equipa continuou a figurar durante algum tempo em posições media-nas. O grande inves-timento começou a dar retorno apenas na temporada 2010-2011.Após a injeção de mi-

lhões de libras em contratações – o lateral Kolarov, o trinco Yaya Toure, os meias David Silva e Mi-lner e os atacantes Balotelli e Té-vez chegaram à equipe azul –, tornando ao City possível cons-tituir uma grande equipa. Nes-sa temporada, sob o comando do técnico Roberto Mancini, os Citizens conseguiram a tão al-mejada classificação para a Liga dos Campeões e o título da copa de Inglaterra acabou com um je-jum de 35 anos sem conquistas. Foi, no entanto, na temporada 2011-12, que o Manchester City escreveu uma das páginas mais brilhantes da sua história. Com mais aquisições milionárias – contratações do lateral Clichy, do meia Nasri e dos atacantes Agüero e Dzeko –, a equipa de Roberto Mancini conquistou o título inglês, que não era do City há 44 anos, após um jogo dramá-tico diante do Queens Park Ran-gers, quando Aguero e Dzeko marcaram nos acréscimos da partida e deram a vitória e o títu-lo à equipa de Manchester. Nesta mesma competição, o City apli-cou uma goleada por 6 a 1 ao seu maior rival, o Manchester Uni-ted. Foram emoções nunca antes vividas por um adepto azul de Manchester e isso pode ser visto na invasão do campo após a con-

quista da Premier League. Quatro anos após ter sido comprado por um grupo

milionário, o Manches-ter City transformou-se

numa das maiores potên-cias do continente

europeu. Antes, era apenas

um clube mediano

na terra da rai-

nha.

o ArriViStAPara uma equipa marcada por títulos de divisões inferiores de Espanha, exceto por um modes-to título europeu (Taça Intertoto de 2002), o Málaga conseguiu impor-se no país na última tem-porada. Um sucesso que em par-te se deve à compra do clube, em 2010, por um sheik milionário. Como é de costume nos clubes que se tornam ricos da noite pa-ra o dia, a equipa espanhola ope-rou grandes contratações, com destaque para o guarda-redes Demichelis, o trinco Toulalan, os meias Júlio Baptista e Santi Cazorla e o veterano atacante Ruud Van Nistelrooy. Na últi-ma temporada, com a excelen-te equipa que foi construído, o Málaga conseguiu, pela primei-ra vez na sua história, uma po-sição na principal competição europeia: a Liga dos Campeões.

CAnDiDAtoS Ao torno

Com o sucesso alcançado pe-los ingleses Chelsea e City e pelo espanhol Málaga, muitos clubes espalhados pela Europa e pelo mundo tentam alcançar glórias através do mesmo mé-todo adotado por eles. O pró-ximo milionário a despontar como potência deve ser o Paris Saint-Germain (FRA). Com o brasileiro Leonardo como diri-gente, o PSG está a formar uma equipa do mais alto nível para a próxima temporada. Com a contratação de Ibrahimovic, Lavezzi e Thiago Silva, o clu-be francês pretende acabar com a carência de títulos na próxima temporada. Mas o PSG é só mais um dos novos milionários da Europa. O Anzhi

Makhachkala, que disputa a pri-meira divisão russa, foi compra-do por um bilionário russo, mas por enquanto só se tem destaca-do pelas grandes contratações, como a do atacante Samuel E to’o. Em Inglaterra, o Nottingham Fo-rest, que já foi campeão europeu duas vezes (1979 e 1980) foi re-centemente comprado por um empresário do Kuwait. O obje-tivo é fazer o clube voltar a con-quistar um título, mas primeiro os Reds precisam de voltar à pri-meira divisão do futebol. Em Es-panha, o Getafe pretende seguir os passos do Málaga. No ano pas-sado, o clube foi comprado pelo Royal Emirates Group.

GRANDE ÁREA

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desporto

uEFA ContrA-AtACA

A UEFA e o seu presidente, o ex-jogador Michel Platini, pre-tendem colocar em prática, já na próxima temporada, o “Fair Play Financeiro”, nome dado às novas regras que serão impostas pela federação. A intensão é re-gular essas injeções de dólares que estão a ser realizadas nos clubes. O “Fair Play Financeiro” fará uma análise das finanças dos clubes e punirá todos aque-les que apresentarem dívidas. Ou seja, os clubes ficam impos-sibilitados de gastar mais do que podem pagar. O clube que não cumprir as medidas, estará sujeito a ficar de fora das princi-pais competições europeias.Para não sofrer as punições pre-vistas na medida, o Manchester City, por exemplo, deve promo-ver uma redução do seu plantel atual. Alguns dos jogadores que não são muito utilizados, como De Jong e Kolo Toure, devem ser negociados, a fim de equilibrar a balança.

WorlD lEAguE ASSoCiAtionO velho conflito entre os grandes clubes europeus e as máximas or-ganizações do mundo de futebol segue agora num novo forma-to. O nascimento da World Le-ague Association coloca a nu as debilidades da FIFA face a uma nova fonte de poder alternativo alicerçada nos clubes economi-camente mais poderosos do fute-bol mundial. O primeiro round foi ganho pela WLA, formada oficialmente no passado mês de março. A luta pela primazia nos corredores do poder do futebol internacional vive mais um con-fronto direto e pela primeira vez em muitos anos os clubes pare-cem levar vantagem.No entanto, era simplesmente uma questão de tempo até que os grandes clubes europeus voltas-sem à carga. Depois do final do polémico G14, as grandes organi-zações internacionais como a FI-FA e a UEFA respiraram de alívio. Viver com a pressão constante dos verdadeiros motores econó-micos e sociais do jogo ameaçava tornar-se insustentável. Mas ape-sar do grupo liderado por Bayern Munchen, Real Madrid e AC Mi-lan ter chegado ao fim, a pressão

dos grandes clubes em assuntos relacionados com o calendário internacional, as compensações económicas pelos jogadores con-vocados para os duelos inter-nacionais e a organização dos grandes torneios continuou bem viva. Primeiro de forma isolada. Mais tarde através da formação da ECA (European Clubs Associa-tion). E agora com o nascimento da World League Association. Um grupo diretivo de excelên-cia que promete vencer o pulso de ferro com os poderes estabe-lecidos na FIFA de Sepp Blatter e nas organizações continentais, com a UEFA de Michel Platini à cabeça.Quando Leonardt Johanssen permitiu aos grandes clubes eu-ropeus controlar a Champions League, abriu-se uma caixa de Pandora que até hoje tem sido impossível de controlar, tanto pela UEFA, como pela FIFA. O desenho da competição foi cria-do para gerar o máximo rendi-mento possível aos clubes da elite europeia e rapidamente o termo “campeão” passou a ser folclore popular num torneio on-de marcam presença quatro re-presentantes das três ligas mais poderosas do velho continente e três e dois da maioria das restan-tes provas. Foi o primeiro, mas não o último passo. O sucesso mediático e económico do tor-neio abriu os olhos aos dirigen-

tes de grandes emblemas que olhavam ansiosos para o modelo NBA, sonhando com uma milio-nária Euroliga europeia com má-ximo rendimento desportivo e financeiro.A formação do G14 a partir de uma tríade composta por Flo-rentino Perez, Adriano Galliani e Uli Hoeness, abriu uma enor-me brecha entre os clubes que disputavam o título europeu e a organização do torneio. Um pulso que durou mais de meia década com ganhos económicos substanciais para o grupo que lo-grou, pelo caminho, acabar com a Taça das Taças e asfixiar o mo-delo económico da antiga Taça UEFA, hoje Europe League. Mas a pequena e curta rebelião dos pe-quenos fartou-se da hegemonia dos grandes da Europa e elegeu Michel Platini no duelo contra Jo-hanssen. E o homem de confian-ça de Blatter, também a livrar a sua particular batalha com o G14 pelo calendário e os seguros dos internacionais, logrou desarmar o poderio do grupo abrindo o máximo torneio europeu a todo o continente de forma sustenta-da. O nascimento da WLA é, por isso, um duro golpe para uma FI-FA minada por dentro pelos es-cândalos da presidência Blatter e uma UEFA indecisa sobre o fu-turo do seu próprio presidente, de olho no trono do seu mentor para 2014.

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desporto

iNSiGht

‘o mAior AtletA olímpico dA históriA’—MICHAEL PHELPS REPETIU, MAIS UMA VEZ, ANTES DO JOGOS DE LONDRES, qUE MAIS IMPORTANTE DO qUE ALCANçAR O ALTO RENDIMENTO DOS úLTIMOS ANOS, É DIVERTIR-SE. CONTUDO, ASSISTIU-SE AO OPOSTO. O NADADOR AMERICANO TERMINOU PROVAVELMENTE A SUA úLTIMA PROVA OLÍMPICA DE FORMA IMPECÁVEL. CONqUISTOU 22 MEDALHAS E CONTINUA A EMOCIONAR O MUNDO. É O MAIOR VENCEDOR NA HISTóRIA DOS JOGOS E O MAIOR COMPETIDOR TAMBÉM. A SUA DIMENSãO É SUPERIOR AOS SEUS 27 ANOS. CONSTRUIU UM CURRÍCULO MUITO DIFÍCIL DE SER ALCANçADO NO FUTURO DA NATAçãO E DEU A TODOS OS AMANTES DA MODALIDADE MOMENTO SUBLIMES, COMO ESTE qUE AqUI ExEMPLIFICAMOS. O NADADOR JÁ DECLAROU qUE NãO ESTÁ NOS SEUS PLANOS DISPUTAR O RIO 2016. NO ENTANTO, FICARÁ PARA SEMPRE NA NOSSA MEMóRIA.

Manuela Bártolo

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desporto Patrícia Alves Tavares

FORA DE JOGO

“doutorEs” do dEsporto E EduCação FísiCa

“tão importANtE quANto o quE SE ENSiNA E SE

AprENdE é ComoSE ENSiNA E Como

SE AprENdE”céSar coLL

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Há muito que é consensual a necessidade de investir na for-mação despor-tiva, na criação de uma base de conhecimento que colmate as dificuldades dos praticantes das várias modali-dades e que não dispõem de téc-nicos com for-mação adequada. Uma licenciatura em desporto ou educação física é soli-citada pelos responsáveis e dirigentes desportivos há muito e assumiu-se co-mo o passo natural numa política que visa a promoção de hábitos saudáveis desde tenra idade e de consciencia-lização para a prática desportiva nas escolas. O sonho concretizou-se este ano, de-vido à criação do Campus da Saúde e dos Desportos da Universidade Meto-dista de Angola (UMA), que foi inau-gurado em março. É o primeiro curso superior da especialidade a surgir em Angola e coloca a Caop Velha (edifício que deu lugar ao campus) na lista das referências nacionais para os futuros universitários. Daqui sairão os técni-cos desportivos de amanhã.O curso superior de Ciências do Des-porto e Educação Física arrancou este ano letivo com 50 inscritos. Uma fase ainda experimental em que o leque de interessados acabará por aumentar no próximo ano em função do melhor conhecimento do plano curricular.O campus, localizado no Cacuaco, foi dotado de condições específicas pa-ra a boa preparação desportiva, al-bergando igualmente licenciaturas na área da saúde e estando prevista a futura aposta na implementação de

cursos intensivos de treinadores, mas-sagistas, fisioterapeutas, entre outros.

aLívio para EstudantEsÉ a primeira alternativa nacional para todos os alunos com formação média em Educação Física e Desporto, oriun-dos do Instituto Normal de Educação Física (INEF). Até ao ano passado, to-dos os que queriam seguir esta via no ensino superior tinham inevitavel-mente que sair do país, pois não exis-tia oferta nesta área. A UMA é atualmente capaz de minimi-zar a carência de ensino neste setor e dinamizar a prática desportiva. O no-vo curso vai “dar formação às pessoas e capacitá-las para desenvolverem as suas atividades como professores ou técnicos de diferentes modalidades desportivas”, congratula-se o diretor da licenciatura, Manuel Botelho.Na obra todas as modalidades foram contempladas. O recinto tem todas as condições para responder às exigên-cias de uma licenciatura que é bas-tante prática. Além de um estádio de futebol com as dimensões oficiais da FIFA, o espaço tem uma pista de tar-tan para o atletismo, uma piscina de hidromassagem e reabilitação física, uma piscina para competição, ginásio para musculação, espaço para ginás-

tica e um gimnodesportivo preparado para o basquetebol, andebol e futebol de salão. Os alunos contam ainda com uma pis-cina para o ensino da hidroterapia e campos para o ensino de modalida-des que começam a estar em voga, como o ténis e o golfe. Condições que levam o responsável pela licenciatu-ra a explicar que o campus da UMA é igualmente um espaço aberto à co-munidade, pois a instituição considera que uma universidade “não funciona sem estar aberta à comunidade”.

EspEciaLidadEno sEgundo anoÀ semelhança de qualquer curso su-perior novo, a licenciatura em Ciências do Desporto e Educação Física tem um plano curricular que está gradualmen-te a ser definido. Nesta fase, em cada semestre serão lecionadas três moda-lidades, sendo que a escolha de uma especialização apenas ocorrerá no se-gundo ano. Nesse momento, o aluno terá a possibilidade de se formar nu-ma modalidade coletiva ou individual. De início e considerando as condições infraestruturais da universidade serão ministradas as disciplinas de futebol, andebol, basquetebol, voleibol, futsal, ténis e natação. A licenciatura terá a duração de quatro anos.“Os cursos são para os estudantes uni-versitários com nível médio no geral e que queiram seguir as disciplinas que aqui serão lecionadas, mas não se descura a possibilidade de abranger todos, principalmente a comunidade que vive nos arredores do campus”, explicou o responsável em declara-ções a um jornal diário, onde lembrou que este será o primeiro (e até ao mo-mento único) curso que vai licenciar os futuros professores e técnicos des-portivos, especialmente nas modali-dades onde há uma grande carência

de quadros especializados.Quanto ao pessoal docente, a maio-ria virá de universidades portuguesas, onde proliferam licenciaturas nesta área e professores com larga experi-ência académica e profissional.A licenciatura terá ainda uma compo-nente de formação pedagógica espe-cífica, pois está prevista a organização de seminários com treinadores nacio-nais e profissionais especializados em várias áreas desportivas, de modo a que os alunos tenham contacto com a realidade nacional e adquiram co-nhecimentos mais abrangentes sobre o desporto.A licenciatura divide-se em duas componentes de modo a alargar a panóplia de oportunidades profissio-nais. Por um lado tem a vertente de preparação de técnicos para treinar e ensinar as diversas modalidades desportivas. Por outro, tem a espe-cialização em desporto de massas e educação física (uma área fundamen-tal para generalizar o desporto nas escolas).Não descurando a componente do desporto adaptado e da reabilitação, o curso será planificado em parceria com o curso de Reabilitação Psico-so-cial, de modo a promover o contacto dos alunos com disciplinas desta área para otimizar recursos e novas siner-gias na área de investigação.

prEoCupação amBiEntaL—O COMPLExO DA UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA TEM UM SISTEMA DE CAPTAçãO DIRETO DE ÁGUA DO RIO BENGO E OUTRO DE TRATAMENTO. O EqUIPAMENTO TEM A CAPACIDADE PARA TRATAR 20 METROS CúBICOS DE ÁGUA POR HORA.

aposta no dEsporto E saúdE—A abertura do espaço localizado no Cacuaco marca a aposta em áreas de ensino onde existe uma forte carência de profissionais. Detentor de condições técnicas específicas, como laboratórios, instalações desportivas e bibliotecas da especialidade, o edifício contribuiu para o alargamento da oferta educacional com licenciaturas em Engenharia Agro-pecuáriua, Reabilitação Física e Psico-social, Turismo, Gestão Hoteleira e Animação, Biologia, Economia e Cardiopneumologia. De entre os sete novos cursos, os da área da saúde serão complementares de uma boa formação desportiva, colocando no mercado profissionais capazes de auxiliar os clubes e as associações no tratamento físico dos atletas.

‘o CAmpuS, loCAlizAdo No CACuACo, foi dotAdo dE CoNdiçõES ESpECífiCAS pArA ApoStAr NA implEmENtAção dE CurSoS iNtENSivoS dE trEiNAdorES, mASSAgiStAS, fiSiotErApEutAS, ENtrE outroS’

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desporto Patrícia Alves Tavares

—FOI O úLTIMO CONVOCADO PARA A MAIOR COMPETIçãO MUNDIAL. TUMBA

SILVA FOI REPESCADO PARA PISAR O PALCO DE TODOS OS SONHOS. UMA VITóRIA PARA UMA MODALIDADE qUE É AINDA MAL-AMADA EM MUITOS PAÍSES E

CUJOS PRECONCEITOS SãO LENTAMENTE ULTRAPASSADOS PELA SOCIEDADE. O BOxE NACIONAL NãO É ExCEçãO. A CRESCENTE APOSTA NA FORMAçãO E NA DIVULGAçãO DAS MAIS-VALIAS DESTE DESPORTO COMEçA A DAR FRUTOS. O REGRESSO AOS JOGOS OLÍMPICOS É O MOMENTO ALTO PARA FEDERAçãO DE

BOxE, qUE NãO ALCANçAVA ESTE PATAMAR COMPETITIVO DESDE 1992, DATA DAS OLIMPÍADAS DE BARCELONA (ESPANHA).

os novos ‘GuErrEiros’

CRuzAMENtO

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Vinte anos depois, Angola volta a ter uma palavra a dizer nos Jogos Olímpicos, no pugilismo. Até hoje Tony Kicanga era o embaixador nacional e motivo de orgulho para os dinamizado-res da modalidade. A residir em Portugal, o atleta detém o título mundial na categoria de meio-pesado do Conselho Universal de Boxe (UBC).O ícone da modalidade cons-truiu grande parte da sua carrei-ra em Portugal, onde representa o Health Club de Lisboa. Tem no currículo 38 combates, onde venceu por 15 vezes e ostenta 12 títulos da Associação Mundial Transcontinental de Boxe. Foi ainda medalha de bronze nos Jogos Pan-Africanos, no Zimba-bwe, em 1995, e ouro em 1999, na África do Sul. Tony Kicanga é apontado por muitos como uma figura incon-tornável da modalidade, um talento bruto que desbravou ca-minho para a mudança de men-talidades. Foi graças a nomes como Kicanga e Eubank que o pugilismo africano ganhou des-taque no plano internacional e que permitiu a mudança de pers-petiva, pois muitos ainda consi-deram este desporto violento. “Apesar do preconceito de que o boxe é uma modalidade violen-ta, não corresponde à verdade, na medida em que é um despor-to com regras e semelhante às demais. Todos os agentes envol-vidos devem redobrar esforços para a implementação e prática no país onde se encontram talen-tos dispersos”, reconheceu recen-temente o ex-pugilista Simão Muanda.

aLto rEndimEntoO boxe amador ganhou novo rumo com a abertura do Centro de Alto Rendimento, no Estádio 11 de Novembro, em Luanda. A partir do ano passado, os praticantes da modalidade têm condições de trabalho e infraes-truturas adequadas a uma for-mação mais profissionalizada. O equipamento, composto por dois ringues (adaptados às nor-mas internacionais), 14 platron de pares e dois speed ball, veio

colmatar uma das maiores ca-rências da Federação Angolana de Boxe (FABOXE). Com espaços próprios para o desporto, os di-rigentes estão confiantes de que será possível incentivar a prática do boxe e descobrir novos ta-lentos. A convocação de um dos ‘pupilos’ da seleção nacional está a dar um alento extra para a con-tinuidade do investimento na formação das camadas jovens. O antigo campeão de boxe da África Austral, Simão Muanda, tem assumido paralelamente um papel determinante na massifi-cação da modalidade, especial-mente junto dos mais novos. Reconhece que existem crianças e jovens com valor e que necessi-tam de formação para desen-volverem o nível competitivo e aperfeiçoarem as capacidades natas. O centro de alto rendi-mento é uma mais-valia, bem como a criação de escolas equi-padas com material adequado. As associações e núcleos provin-ciais são decisivos no impulsio-namento da prática desportiva.

A abertura do primeiro curso de educação física irá igualmente contribuir para a evolução dos atletas, colocando no mercado treinadores qualificados e capa-zes de dar uma formação profis-sional. O antigo atleta tem percorrido as diversas associações provin-ciais de boxe para entrega de material desportivo. Depois de Luanda e Huambo, Benguela re-cebe equipamentos desportivos para prática da modalidade, este mês. Em setembro, será a vez do Uíge e de Cabinda (terra-natal de Simão Muanda), concluindo o programa de apoio aos escalões de formação. Luvas, ligaduras, capacetes e protetores de boca estão entre os produtos ofere-cidos. O número de materiais oscila consoante o número de praticantes em cada província.

a LEnda EuBankColocou África no mapa do boxe mundial. Cristopher Eubank nasceu em Londres, mas viveu

‘prata da Casa’

até aos nove anos na Jamaica. Diziam que era um aluno proble-mático mas, histórias à parte, foi o primeiro africano a sagrar-se campeão do mundo em boxe. O campeão de Boxe de peso-mé-dio foi selecionador dos palan-cas e nos últimos dois anos foi responsável por percorrer cinco províncias à procura de novos atletas e escolher os 12 melhores do país. É ainda responsável pela criação da Academia Eubank, destinada à formação de jovens. Da experiência recorda que a modalidade tem ainda um longo caminho a percorrer, mas que os atletas nacionais têm a ‘massa’ necessária para serem extraordi-nários: inteligência básica. Con-sidera que o sonho é possível, pois também iniciou a carreira num período em que as proba-bilidades de sucesso estavam contra ele. A força de vontade foi determinante e é essa garra que espera transmitir aos jovens angolanos, que considera atletas “verdadeiros e guerreiros de coração”.

tony kiCanGa

Aos 39 anos é uma referência do boxe mundial. É campeão na categoria de meio-pesado do UBC. Nasceu em Luanda, mas vive em Portugal desde 1990, onde já representou vários clubes de renome, como Algés, Boavista e Futebol Clube do Porto. Atualmente está no Health Club de Lisboa.

simão muanda

O antigo tricampeão de boxe da África Austral participou no campeonato do mundo que decorreu na China, em 2008. Simão Muanda arrecadou títulos nacionais e é reconhecido pelo trabalho desenvolvido em prol da massificação da modalidade. Do percurso profissional, há que destacar o cargo de secretário-geral do Team Elitee vogal de direção da FABOXE.

tumBa siLva

Tem apenas 26 anos e estreou-se no palco de todos os sonhos. Tumba Silva foi repescado pela organização do evento mundial para competir na categoria 91 quilogramas, após ter sido eliminado no pré-olímpico da zona africana. Apesar de ter apenas quatro anos de prática da modalidade conseguiu alcançar o sonho de qualquer atleta: os Jogos Olímpicos.

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OlímpicOs

missão preparada—José Sayovo, Octávio dos Santos, Maria da Silva e Esperança Gicasso são os atletas convocados para representar o país na 14ª edição dos Jogos Paralímpicos de Londres 2012. Os angolanos entram em campo a 1 de setembro e vão disputar as provas das distâncias dos 100, 200 e 400 metros em atletismo para cegos. Após um breve estágio em Portugal, a equipa está desde dia 4 em Londres, onde realiza a última etapa do estágio.

6 medalHas na Cplp—A última medalha chegou no dia de encerramento da VIIº Jogos da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), que decorreram em Portugal, de 5 a 15 de julho. A seleção de futebol alcançou a medalha de bronze ao derrotar a seleção cabo-verdiana e juntou-se aos colegas das equipas de voleibol de praia masculina, de andebol e de ténis masculino, que alcançaram igualmente o bronze nas suas categorias. O país obteve um número recorde de medalhas e trouxe ainda o ouro, conquistado por Esperança Jicasso, no atletismo adaptado, vencendo os 100 metros. É um feito inédito para Angola que nunca conseguiu tantas medalhas nesta competição.

AndebOl

19º lugarno mundial—A seleção nacional júnior feminina de andebol voltou a participar no campeonato do mundo da categoria, que decorreu na República Checa. Apesar de ter vencido a última partida contra a Argentina, a jovem formação não conseguiu melhor que a 19ª posição na tabela geral, caindo três lugares em relação à edição do ano anterior.

desporto Patrícia Alves Tavares BlOCO DE NOtAS

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FutebOl

gustavo Ferrín é o novo seleCionador—O novo técnico dos Palancas Negros vai assumir a seleção por dois anos e tem o seu primeiro teste já a 15 de agosto, num jogo frente a Moçambique. O uruguaio Gustavo Ferrín é conhecido pelo trabalho com as formações jovens e vai orientar a equipa na próxima Taça das Nações (CAN), que decorre em 2013. Aliás, o sorteio dos jogos de apuramento para a competição deu a conhecer a equipa que os Palancas vão defrontar. Angola vai jogar com o Zimbabwe, primeiro fora e posteriormente em casa, onde decidirá a sua presença na final de África do Sul.

inFrAestruturAs

primeiro Centrono zango iv—O ministro da Juventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, lançou a primeira pedra do futuro centro desportivo comunitário da localidade Zango IV, na comuna de Calumbo, município de Viana. O equipamento terá um campo de futebol com relva sintética e quadra polidesportiva coberta e exterior, que comporta ginásio, circuito de manutenção, anfiteatro, entre outros. É a primeira infraestrutura da zona e fica concluída em janeiro próximo.

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A Angola’in esteve nos bastidores do Luanda Jazz e falou com o diretor do certame, António Cristóvão. Uma en-trevista em que o responsável falou das expectativas que tinha momentos an-tes de abrir as portas da melhor edição de sempre.

Rodeado de artistas de topo e empe-nhado em dar um cunho cada vez mais luso-africano, António Cristóvão quer valorizar o semba e os novos rostos angolanos do jazz. quanto ao intuito de captar o interesse diário de duas a três mil pessoas por dia, a missão foi cum-prida. Para quem não teve a oportuni-dade de ver os concertos deste ano fica a certeza de que em 2013 haverá mais e melhor, caso ainda seja possível elevar mais a qualidade do certame.

ESTá A CHEGAR MAIS UMA EDIçãO DO LUANDA INTERNATIONAL JAZZ FESTI-VAL. QUAIS AS ExPECTATIVAS PARA ESTE ANO? As expectativas são as melhores. Esperamos receber entre duas mil a três mil pessoas por dia. Sabemos que isso é possível, pois este ano apresentamos o melhor alinhamento de artistas comparando com edições anteriores.

NA EDIçãO DO ANO PASSADO REFERIRAM QUE OS PRóxIMOS FESTIVAIS PODERIAM ESTAR COMPROMETIDOS DEVIDO à FALTA DE APOIOS FINANCEIROS. ESSA SITUAçãO FOI ULTRAPASSADA?Ainda não foi ultrapassada na totalidade, mas estamos no bom caminho. Este ano juntamo-nos a outra empresa nacional para facilitar a angariação de fundos em termos de patrocí-nios. Estamos a trabalhar com o Ministério da

Cultura para que o apoio do Estado seja uma realidade. Por exemplo, este ano o Ministério da Cultura aumentou o apoio financeiro que dá ao festival, o que nos alegrou muito. Um festival desta dimensão não se faz apenas com patrocinadores. Precisa do suporte do Governo.

QUAL O ORçAMENTO PARA ESTE ANO? Apesar do aumento no número dos artistas e da qualidade, o orçamento mantém-se inal-terado, uma vez que diminuímos o número de pessoal expatriado que trabalhava no festi-val. Neste momento, está em 3,2 milhões de dólares.

QUATRO ANOS DEPOIS CONSIDERA QUE O FESTIVAL Já TEM UMA DIMENSãO INTER-NACIONAL QUE PERMITE AOS ARTISTAS RECONHECER O EVENTO?

DuRANtE tRêS DiAS O CiNE-AtlâNtiCO vOltOu A RECEBER uM ‘MAR’ DE APAixONADOS POR MúSiCA E PElA SONORiDADE DO JAzz. O FEStivAl iNtERNACiONAl DE JAzz CONtiNuA A SuRPREENDER APóS

quAtRO ANOS DE MuitO tRABAlhO E DEDiCAçãO. DE 27 A 29 DE JulhO PASSARAM PElO PAlCO PAlANCA E WElWitSChiA NOMES COMO MARCuS MillER, CONhA BuiKA, huBERt lAWS, BOyz ii MEN, MANu DiBANGO E O tAlENtO DOS ANGONAlOS COREóN Dú, AliNE FRAzãO Ou CONJuNtO ANGOlA 70.

Luanda Jazz FestivaL

‘melhor edição de Sempre’

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A escolha dos artistas é sempre complicada, pois tem a ver com a sua disponibilidade. Este ano ainda foi mais difícil, pois começamos os preparativos muito tarde. Mas, o festival já tem algum nome a nível internacional e, por isso, houve artistas que preferiram cancelar alguns concertos para participar no nosso evento, o que para nós é um grande orgulho.

“LUANDA MERECE” é O LEMA DO FESTIVAL DESDE A SUA CRIAçãO. O QUE MOTIVOU ESSA ESCOLHA E O QUE SIMBOLIZA ESTE MOTE? Há quatro anos escolhemos esse tema, pois Luanda estava a reerguer-se como região saí-da de uma guerra para se tornar numa cidade cosmopolita. Era necessário termos eventos culturais desta envergadura para acompa-nhar o desenvolvimento económico da capital e do país a fim de colocar Luanda no mapa internacional deste tipo de eventos. Quisemos alterar a imagem menos boa que existia na-quela altura. Mas, posso adiantar que vamos mudar de lema em 2013.

O JAZZ TEM CADA VEZ MAIS SEGUIDORES? COMO TEM SIDO O FEEDBACK DO PúBLICO?O aumento do número de seguidores deste estilo de música é um facto. É nosso objetivo mostrar ao público que o jazz, ao contrário do que se quer fazer passar, não é um estilo de música tão elitista assim. Com o aumento do público que adere aos espectáculos todos

os anos vemos que é uma realidade. As redes sociais, como o Facebook e o Twitter, também são uma demonstração disso.

COMO DEFINE O ATUAL PúBLICO DO JAZZ?O atual público que gosta de jazz ainda não é tão diversificado como desejávamos. Mas evoluiu ao longo dos anos, apesar de vermos que o público cresce cada vez mais ao nível da classe média. Além da classe alta, são os que mais aderem.

TENDO EM CONSIDERAçãO A SUA ExPERI-êNCIA, SENTE QUE A FORMAçãO DOS AR-TISTAS AINDA FALHA A NíVEL NACIONAL E QUE é NECESSáRIO INCREMENTAR?Sim, mas já começam a surgir algumas escolas de música em Angola. E não é só em Luanda, o que é uma demonstração desta necessidade.

POR OUTRO LADO, QUEREM APOSTAR NA FORMAçãO DE JORNALISTAS CULTU-RAIS. CONSIDERA QUE A CRIAçãO DE UMA IMPRENSA ESPECIALIZADA SERIA UMA MAIS-VALIA PARA A DIVULGAçãO DA CUL-TURA E DOS ARTISTAS NACIONAIS?Escrever sobre cultura é completamente dife-rente de escrever sobre desporto ou política. Temos poucos jornalistas culturais e, com o crescimento do mercado de eventos e de grandes espetáculos, vamos precisar de pro-fissionais especializados para dar resposta às necessidades desta indústria.

PARTINDO DE DECLARAçõES DO FESTIVAL DE 2010, DIZIAM QUE “UM DOS OBJETIVOS PRINCIPAIS DO LUANDA INTERNATIONAL JAZZ FESTIVAL é COLOCAR A CAPITAL DO PAíS NO MAPA DE EVENTOS INTERNACIO-NAIS DE JAZZ, FAZENDO DE ANGOLA UM DESTINO CULTURAL POR ExCELêNCIA”. é UMA META QUE ESTá A SER ALCANçADA?Sim, felizmente. Hoje já se fala do Luanda International Jazz Festival fora de Angola, principalmente os artistas que participam e que têm uma experiência inesperada e inolvi-dável, porque são recebidos de forma calorosa pelo público.

é UMA PONTE PARA A PROJEçãO DOS AR-TISTAS NACIONAIS E PARA O SALTO PARA OUTROS PALCOS INTERNACIONAIS?Sem dúvida. Todos os anos, por exemplo, te-mos artistas angolanos no festival de Cape Town e estamos a fazer contactos com outros festivais na Europa e na América do Norte, on-de possamos apresentar os nossos artistas.

COMO ANALISA O ATUAL DESENVOLVI-MENTO DO JAZZ EM ANGOLA E QUAL O DE-SAFIO PARA OS PRóxIMOS ANOS?Estamos no bom caminho. Precisamos de lo-cais para a promoção deste estilo de música para além dos festivais.

21 ArtIstAs de luxoEStE ANO, PARtiCiPARAM NO FEStivAl 21 ARtiStAS, DOS quAiS SEiS ANGOlANOS E 15 iNtERNACiONAiS, ORiuNDOS DE DivERSOS PAíSES. MARCuS MillER, quE é CONSiDERADO uM DOS MElhORES BAixiStAS A NívEl MuNDiAl, FOi CABEçA DE CARtAz, BEM COMO MANú DiBANGO, O MACEO PARKER Ou A CASSANDRA WilSON. O tRiO AMERiCANO BOyz ii MEN FOi FiGuRA DE DEStAquE DEviDO AO EStilO MAiS COMERCiAl.

FOtOGRAFiAS PÁG.79 - MASSAlOCORtESiA DO luANDA iNtERNAtiONAl JAzz FEStivAl

workshops pArA todos os gostosOS viSitANtES DO luANDA JAzz FEStivAl tivERAM AO SEu DiSPOR WORKShOPS SOBRE ASPEtOS RElACiONADOS COM A MúSiCA. EStE ANO, AS liçõES FiCARAM AO CARGO DE: AliNE FRAzãO: MOtivAçãO, AutORiA E COMPOSiçãO;RiCARDO lEMvO: COMPOSiçãO E ARRANJOS MuSiCAiS – A ExPERiêNCiA DO ARtiStA;huBERt lAWS: iNStRuMENtOS DE SOPRO E hARMONiA MuSiCAl;EttiéNE MBAPPé :O NEGóCiO DA MúSiCA EM ÁFRiCA.

Patrícia Alves TavaresCulturA&lAZEr

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O tema era inevitável. Em vésperas de eleições, a nona edição do Luanda Cartoon não passou ao lado do momento que se vive no país. Quase meia centena de artistas juntou-se à exposição de banda desenhada e cartoons que, além da habitual diversidade criativa, aproveitou o desenho e as artes animadas para sensibilizar o eleitorado e alertar para a importância do voto.

O Luanda Cartoon é já um velho conhecido dos amantes de ban-da desenhada. A nona edição, que decorreu entre 3 e de 10 de agosto, teve como protagonis-tas os “produtos” nacionais. Três dezenas de cartoonistas e onze talentos estrangeiros abrilhan-taram as paredes do Instituto Camões e do centro comercial Belas Shopping com criações inéditas, repletas de humor e quase sempre com uma mensa-gem acutilante.

Este ano, as atenções estiveram voltadas para o período eleito-ral, agendado para dia 31 e cujas notícias fervilham em todos os meios. Além da programação ha-bitual, nesta edição não houve um tema específico, mas muito bulício à volta do ato legislativo. De acordo com Lindomar Sousa, conhecido cartoonista e organi-

zador do evento, foi introduzi-do no certame uma componente educativa com mostras alusivas à importância do voto. “Aspetos como civismo, cidadania e pa-triotismo serão tidos em conta”, adiantou na altura de apresenta-ção do Luanda Cartoon.A criatividade continua em alta e os participantes surpreende-ram com temáticas inspiradas na realidade do país e do mundo, onde o humor foi protagonista. Os irmãos Olímpio e Lindomar de Sousa, Tché Gourguel, Horá-cio da Mesquita, Armando Pulu-lu, Casimiro Pedro, King André, Pai Jota, Canoth Júnior, Altino Chindele, Ermenegildo Pimen-tel e Eclips foram algumas das figuras nacionais que se asso-ciaram ao certame e mostraram que o cartoon em Angola está de boa saúde. Os jovens talentos também quiseram deixar a sua

çamento de várias obras, já que muitos autores aproveitaram a ocasião para apresentarem aos visitantes as suas recentes cria-ções de Banda Desenhada. Seguiram-se workshops sobre múltiplas áreas, num espaço que é reconhecido pela componente formativa e de troca de experi-ências e aprendizagens entre os participantes. A interação com o público volta a ser nota de re-ferência, num sinal de crescen-te aproximação e entusiasmo da população pela literatura em ver-são desenhada. Luanda voltou a assumir a insígnia de capital do cartoon em Angola, ao albergar o evento que acolhe muitos curio-sos e turistas que passeiam pelo país nesta altura do ano. A cons-tante capacidade de se reinven-tar fazem do Luanda Cartoon evento de destaque na imprensa internacional.

ELEiçõEsEm Bd

CulturA&lAZEr

marca, provando que serão ca-pazes de levar o país aos grandes encontros internacionais.De fora vieram artistas acla-mados como Eduardo Barbier (França), Hugo Teixeira, João Mascarenhas, João Amaral, Nuno Saraiva e Teresa Pestana (Portugal), Alexandre e Ada-ms Damas (Brasil), Makhmud Eshonkulov (Uzbequistão), Zori-to Chiwanga (Moçambique) e Je-remie Sing (RDC). Portugal teve a maior participação estrangeira no Festival Internacional de Ban-da Desenhada.

Workshops E ‘Banho’ dE CuLturaNum palco em que as histórias aos quadradinhos são rainhas, há lugar para a formação e diver-sidade artística. O Luanda Carto-on ficou marcado pela exibição de filmes de animação e pelo lan-

Patrícia Alves Tavares

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Olha para o associativismo como “uma escola”, onde aprende dia-riamente e acredita que enrique-ce enquanto ser humano ao lado de figuras da sociedade civil, polí-tica e cultural. Já viajou por vários países onde trocou experiências e conviveu com outras realidades. Simão Pascoal Hossi, o menino do Huambo que tem como ídolos Nel-son Mandela e Jonas Savimbi, é a personalidade desta edição.Porque nem só os grandes artis-tas, políticos ou desportistas são os embaixadores de uma nação, a Angola’in foi até às raízes mais profundas e encontrou talentos, desconhecidos para a maioria da população, mas que diariamente contribuem para um país melhor. Assim tem sido o percurso deste jovem que conquistou a plateia do primeiro TEDxLuanda ao mostrar o outro lado do voluntariado.Com apenas 27 anos, Simão Hossi tem um longo percurso profissio-nal dedicado aos mais desfavore-

EM ProlDoS outroS

cidos. Contudo, mantém o sonho de trabalhar para o desenvol-vimento da província que o viu nascer, apoiando particularmen-te a área da educação e da forma-ção cívica. O desejo de atuar para o seu povo está já em marcha com a associação que fundou, os “Vo-luntários de Angola”.

VAi à lutANuma entrevista recente, Simão Pascoal Hossi definia-se como uma pessoa dinâmica, persisten-te, simples, batalhadora e cons-tantemente motivada para ir à luta pelo que é melhor para a so-ciedade que o viu nascer. Foi es-te o pensamento que transmitiu a todos os que assistiram ao TE-DxLuanda.Apesar da formação em economia, o ativista dos direitos humanos é coordenador da Ação Angolana para a Mulher (AMA) e conta no currículo com experiências no voluntariado internacional (par-

ticipou no “International Visitor Leadership Program”, EUA), com um período de vivência no Brasil, onde esteve a trabalhar em áreas de defesa do género, da igualda-de, dos direitos sexuais e da saú-de reprodutiva. Aliás, a passagem por S. Paulo foi um marco no seu percurso em prol do voluntariado. Além do contacto com uma cultu-ra distinta, percebeu que os bra-sileiros têm uma maior abertura no que toca a ações culturais e às tendências da globalização. Regressado a Angola, optou por fi-car na capital onde fundou a sua própria organização não-gover-namental (ONG), a “Voluntários de Angola”, que desenvolve vá-rias atividades junto das comu-nidades. O seu nome é presença assídua nas parcerias que têm surgido entre entidades gover-namentais e ONGs. Os direitos humanos e a educação são os se-tores que mais cativam a atenção

rAio X

—O voluntariado corre-lhe nas veias. Desdobra-se pelos outros de forma incansável pois ama o próximo com a mesma intensidade que vive a própria vida. Simão Pascoal hossi não é um defensor do voluntariado como tantos outros. Sente na pele as necessidades dos mais carenciados, é impulsionador acérrimo dos direitos das mulheres e fá-lo em qualquer parte do mundo. O fundador do voluntários de Angola já participou no “international visitor leadership Program, united We Serve”, nos EuA, e mais recentemente partilhou a sua história de vida com todos os participantes do tEDxluanda. São 27 primaveras em prol dos mais frágeis.

do ativista. Consciente de que ne-nhum jovem deve ficar fora do sis-tema de ensino público, debate-se constantemente pela criação de planos de gestão e políticos que visem todas as crianças, sejam habitantes dos centros urbanos ou das zonas rurais.

Nome: Simão Pascoal HossiIdade: 27 anosEnsino: Instituto Médio de Economia em LuandaFormação: Direitos Humanos, Género e Violência, Resolução e Mediação de Conflitos Experiência: fundador da organização não-governamental “Voluntários de Angola”, em Luanda e coordenador na Ação Angolana para a Mulher (AAM) na área do género e violência contra as mulheres

Patrícia Alves TavaresPErSonAliDADES Patrícia Alves Tavares

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ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº07 - 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

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‘É a nossa instituição. Deve-nos prestar contas da sua atividade’. A frase dita por um empreendedor, apela à ação dos empresários.

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