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Análise da paisagem na Amazônia Sul-ocidental: As transformações socioambientais no município de Acrelândia-AC
Cristiane Batista Salgado1
Instituto Federal de Brasília – IFB Dermeson de Sousa Lima2
Universidade de Brasília – UNB Cláudio Roberto da silva Cavalcante
União Educacional do Norte - UNINORTE3
1 INTRODUÇÃO
Compreender a dinâmica da paisagem é fundamental para o planejamento e a
gestão ambiental. Chegar a esta compreensão envolve entender a complexidade de
elementos que influenciam esta dinâmica. Para Minerva et al (2012) e Jie Gong &
Xiaohua Gou (2014) o uso do solo e bem como as mudanças nesse uso estão ligadas a
fatores físicos, ecológicos e sócio-culturais, sendo importante considerar nas análises
estes fatores.
Algumas ferramentas, como o uso de dados orbitais, são utilizadas para
aperfeiçoar a identificação das mudanças no uso e ocupação do solo, como por
exemplo, as do satélite Landsat (LORENA, 2001). Segundo Brondízio et al. 1993, as
características oferecidas por este sensor, especificamente o TM/Landsat, tem grande
aplicabilidade para o mapeamento do uso e ocupação do solo na Amazônia.
A região Amazônica pela biodiversidade que representa, desperta interesses
nacionais e internacionais. A dinâmica de alteração da paisagem nessa região, com
avanços contínuos de desmatamento, desafia governos e sociedade à sua preservação
(FEARNSIDE, 2005). Compreender o impacto das mudanças em curso, sobretudo neste
bioma, é fundamental para garantir intervenções e políticas cada vez mais eficazes na
1 Docente do Instituto Federal de Brasília. Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade de Brasília-UNB, E-mail: [email protected] 2 Doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade de Brasília-UNB, na área de concentração Gestão Territorial e Ambiental, Geógrafo e Economista, pesquisador do CNPq. E-mail: [email protected] 3 MSc. Em Desenvolvimento regional-UFAC, docente na Faculdade União Educacional do Norte – UNINORTE, de Rio Branco-AC. E-mail: [email protected]
região. Na Amazônia sul-ocidental, especificamente no Estado do Acre, as
transformações acompanham a dinâmica de toda a região. A abertura de estradas, o
avanço das atividades agropecuárias, dentre outros, tem provocado o avanço sobre a
floresta. O município de Acrelândia, objeto de estudo desta pesquisa, encontra-se
geograficamente na fronteira com o Estado de Rondônia, é o município de entrada para
o Estado do Acre. As relações socioeconômicas e ambientais desta região configuram-
na, a princípio, como uma fronteira econômica da expansão das atividades agropecuária,
estando sujeita a grandes desmatamentos e impactos ambientais. No entanto, em sua
composição fundiária, possui usos alternativos que contrastam com esta tendência,
ressaltando as características da dinâmica amazônica.
Para compreender esta dinâmica de ocupação do município, bem como para
pensar a gestão ambiental, foram analisados dados do desmatamento produzidos pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE – Programa PRODES), bem como
dados do Zoneamento Ecológico Econômico do Estado. Esta análise permitiu avaliar o
avanço do desmatamento no município em relação à estrutura fundiária do mesmo.
Procurou-se avaliar também as contribuições do índice de impacto antropogênico,
proposto por Shishenko (1988) para Acrelândia, um índice ligado as formas de uso e
ocupação solo e sua respectiva cobertura florestal. A partir daí são apontados os
resultados da análise da paisagem para este município.
2 OBJETIVOS
O objetivo geral do trabalho foi analisar a dinâmica da paisagem no município de
Acrelândia, bem como avaliar o índice de impacto antropogênico proposto por
Shishenko (1988). Além disso, traçou-se os seguintes objetivos específicos: levantar e
organizar os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE para o
município de Acrelândia, para uma série histórica de 10 anos (2003-2013); relacionar os
dados de uso e ocupação do solo para o município de Acrelândia com os dados do
PRODES - INPE; avaliar as contribuições do índice de impacto antropogênico para a
análise da paisagem do município de Acrelândia; analisar os dados de uso e ocupação
do solo em relação ao aspecto fundiário do município e discutir a adequação da
paisagem em relação às diferentes demandas sociais de usos da terra.
3 DESCRIÇÃO E ASPECTOS HISTÓRICOS DA ÁREA DE ESTUDO:
MUNICÍPIO DE ACRELÂNDIA - AC
A ação humana na contemporaneidade é responsável por grandes transformações
na paisagem, quer por processos históricos ligados a atividades socioeconômicas e
culturais, quer por ações tecnológicas na implantação de infraestruturas físicas.
Na Amazônia e no Estado do Acre, o componente antrópico atua no território
como agente formador da paisagem, desde o período de sua colonização até atualidade.
Estes aspectos foram voltados a ciclos econômicos e à atividades humanas, associados
às diversas formas de uso da terra, sistemas de produção e a infraestruturas, sendo
responsáveis pela perda da biodiversidade e mudanças sucessivas da paisagem.
(DURAN, 2005)
O Estado do Acre é a última unidade da federação brasileira anexada ao
território nacional delimitando assim, suas fronteiras políticas. Este processo esteve
envolvido a interesses geopolíticos e socioeconômicos ligados ao período denominado
Ciclo da Borracha na Amazônia, no início do século passado após acordos diplomáticos
com os países da Bolívia e do Peru, interessados na mesma região.
No Estado do Acre os primeiros núcleos populacionais se formaram as margens
dos principais rios, respeitando a lógica de transporte e comércio da borracha. Estes
núcleos posteriormente formaram cidades e sedes municipais. Mais recentemente, as
políticas estatais, como a abertura das rodovias e a criação de projetos de assentamento
para reforma agrária, passaram a influenciar esta dinâmica. Um exemplo disso é a
formação do município de Acrelândia, que tem sua origem na formação de núcleos rurais
próximos a rodovias.
Figura 01 – Mapa de localização do município de Acrelândia
Fonte: ZEE/2010. Imagem Landsat, cena 001/067, setembro de 2013.
O município de Acrelândia faz parte da microrregião do Baixo Acre, e é o
município mais a leste do Estado do Acre, ou seja, encontra-se na divisa com o Estado
de Rondônia. Após a década de 70, diversos projetos de assentamentos agrícolas foram
implantados na região, ainda na época em que Acrelândia pertencia aos municípios
acrianos de Senador Guiomard e Plácido de Castro. Entre estes, destacam-se o Projeto
de Assentamento Dirigido (PAD) Pedro Peixoto e o Projeto de Colonização Redenção,
ambos de forte influência na gênese da dinâmica populacional e formação do município
de Acrelândia.
A organização territorial de Acrelândia origina-se do Projeto de Colonização
Redenção implementado pela Companhia Estadual de Colonização-COLONACRE, que
posteriormente originou a Vila Redenção ainda na década de 80. Na década 90, após
estudos e financiamentos externos cria-se a sede municipal.
O município de Acrelândia faz fronteira intermunicipal com os municípios
acrianos de Plácido de Castro e Senador Guiomard. Com os Estado do Amazonas e
Rondônia delimita-se a fronteira interestadual, especificamente com os municípios de
Lábrea-AM, Boca do Acre-AM e Porto Velho-RO. Além disso, faz fronteira com a
Bolívia, através do Rio Abunã.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE sua população
corresponde a 12.538 habitantes (censo 2010), sendo 52,82% pertencente ao meio rural
e 47,18% a área urbana. O fato justifica-se pelo significante número de projetos de
assentamentos agrícolas instalados no município além da forte exploração de atividades
ligadas à agropecuária. (IBGE, 2014).
Assim, territorialmente possui 09 projetos assentamentos divididos em projetos
tradicionais - voltados a agricultura familiar e agropecuária e projetos alternativos -
voltados ao extrativismo vegetal.
Tabela 01 – Assentamentos rurais no município de Acrelândia - 2014
Tipo de Assentamento Projetos de Assentamentos Ano de Criação
Tradicional (agricultura familiar e
agropecuária)
PAD Padre Peixoto (parte) 1977 PA São João do Balanceio 1991
PA Santo Antônio do Peixoto 1992 PA Cumaru 1992 PA Orion 1998
PA Porto Luiz II 2004 PA Califórnia 2006
Alternativo (extrativismo vegetal)
PAE Porto Dias 1989 PDS Porto Luiz I 2004
Fonte: ZEE/AC, 2011.
Segundo dados do Atlas Geográfico do Estado do Acre (ACRE, 2008), o
município de Acrelândia tem 83,6% da sua área territorial destinada a projetos de
assentamentos de reforma agrária, implantados pelo Instituto Nacional de Reforma
Agrária – INCRA. Deste percentual não estão computados a Vila Redenção que virou
área urbana e o Projeto de Assentamento Califórnia criado em tempos recentes.
Ressalta-se ainda que a área do PAD Peixoto abrange os municípios de Plácido de
Castro e Senador Guiomard, pertencendo juridicamente a este último segundo o
INCRA, mas com grande área territorial localizado em Acrelândia.
Acrelândia é um dos municípios mais importantes na produção agrícola estadual.
Destacam-se por ser um grande produtor de banana do Estado, em média 12.000
toneladas nas safras dos últimos três anos. Os projetos extrativistas são responsáveis
pela produção de borracha, castanha-do-brasil, palmito e madeira manejada. No caso
específico da lavoura temporária destacam-se a produção de milho, arroz e feijão.
(IBGE, 2014).
A malha rodoviária facilita a logística de transporte e comercialização agrícola.
Nesse caso específico soma-se à abertura e pavimentação da BR-364 e a BR-317, que
fazem um arco de ligação com os municípios vizinhos facilita as relações comerciais
com as cidades próximas (Porto Velho-RO, e no Acre Rio Branco, Senador Guiomard e
Plácido de Castro). Destaca-se a rodovia estadual AC-475, que faz sua ligação com o
município de Plácido de Castro e a malha de estradas vicinais (ramais) que possibilitam
a melhoria na logística de locomoção interna, transporte e comércio da região.
Esta região se caracteriza desde sua formação por processos de territorialização e
desterritorialização, marcada pelas dicotomias ligadas às atividades econômicas
tradicionais, como o extrativismo vegetal, a atividades mais recentes ligadas à pecuária
e agricultura. Estas últimas atividades estão associadas a um dos principais processos de
mudanças antropogênicas das paisagens. É nessa dinâmica, marcada por usos
dicotômicos, que se configura a lógica municipal. O avanço sofre a floresta varia com
estes diversificados tipos de uso. Essas variações esclarecem a lógica ambiental,
fortalecendo estratégias para a gestão no município.
4 METODOLOGIA
Nos anos de 2003 a 2006 o Estado do Acre produziu a segunda faze de seu
Zoneamento Ecológico Econômico, aumentando o nível de detalhamento dos dados
anteriores. Nesta segunda fase foram produzidos dados de uso e ocupação do solo para
todo o Estado. Para calcular o índice de antropização proposto por Shishenko 1988,
serão utilizados estes dados. Além disso, serão avaliados os dados do avanço do
desmatamento até o ano de 2013, através do Programa de Monitoramento da Amazônia
Brasileira por Satélite - PRODES, no intuito de verificar as pressões sobre cada uma das
áreas identificadas pelo ZEE, especificamente sobre as áreas de vegetação natural no
município de Acrelândia.
Para o cálculo do índice de impacto antropogênico, utilizou-se a seguinte fórmula:
IAVC: ri* (Tsi/Tsbl) onde:
IAVC: Índice de antropização da cobertura vegetal da paisagem
ri: taxa de te transformação antropogênica da paisagem
Tsi: Área dedicada ao tipo de utilização i no município
Tsbl: Area total do município
A taxa de transformação antropogênica (ri) é sugerida por Shishenko (1988) e
reflete o potencial de transformação que cada um dos tipos de uso dispõe, isto é, a
intensidade potencial do impacto ambiental (KARNAUKHOVA, 2000). No entanto, a
paisagem observada pelo autor tem formas de cobertura vegetal diferentes da Amazônia
brasileira. Sendo assim, fez-se uma adaptação para a realidade deste artigo, conforme
tabela 01. Esta adaptação é feita em diversos trabalhos que utilizam metodologia
semelhante, como, por exemplo, Karnaukhova 2000, Priego et al., 2004, Campos et al.,
2012, Gozáles & Rodriguez, 2013.
Tabela 2 – Índice de antropização da cobertura vegetal da paisagem
Tipos de cobertura Área ha 2003 ri IAVC
Floresta 17.257,00 1 0,0954
Área urbana 198,00 9 0,0099
Floresta em Projeto de Desenvolvimento Sustentável 9.766,00 3 0,1620
Floresta em Projeto de Assentamento 62.714,00 4 1,3868
Floresta em Projeto de Assentamento Extrativista 22.933,00 2 0,2536
Pastos 67.747,00 8 2,9963
Seringueiras (cultivo) 268,00 3 0,0044
Total 180.883,00 - - Fonte: Dados digitais do ZEE/2010. Organizado por: Salgado, Cristiane. 2014.
Foram identificados 07 tipos de uso em Acrelândia, através do Zoneamento
Ecológico Econômico: Floresta, Área urbana, Floresta em PDS, em Projeto de
Assentamento, em Assentamento Extrativista, Pastos e Seringueiras. Este último tipo de
uso refere-se a áreas de cultivo de Seringueiras identificadas pelo ZEE, no entanto este
tipo de uso é muito restrito no município, perfazendo uma área de apenas 268 ha.
Normalmente as Seringueiras estão distribuídas aleatoriamente pela floresta, sendo
identificadas pelas populações tradicionais para o extrativismo.
A taxa de transformação antropogênica foi definida com base nas sugestões de
Shishenko (1988), podendo variar de 1 a 10. Houve variação no valor da taxa para a
categoria floresta. Para florestas em assentamentos a taxa é maior tendo em vista que a
atividade predominante nestas áreas é a agropecuária colocando sobre forte pressão
estas florestas. As florestas em PDS receberam um valor menor devido ao uso
alternativo, e um valor ainda menor foi dado à Florestas em Projeto de Assentamento
Extrativista, onde o uso é bastante restrito. Assim, os índices estão apresentados na
tabela 01.
Para verificar as variações ocorridas desde 2003 (data do uso e ocupação do
Zoneamento Ecológico Econômico) sobretudo nas áreas de floresta, foi verificado o
avanço do desmatamento em cada um destes tipos de uso. Dessa forma, foram
agrupados num só arquivo o histórico do desmatamento do PRODES do período de
1997 a 2013. Depois de preparados estes arquivos, foram unidos os shapes de uso do
solo como o do desmatamento PRODES, de foram que ficassem em destaque os
polígonos que sofreram conversão de floresta para desmatamento.
Após este procedimento foram observadas as alterações nas áreas de floresta.
Foram desconsideradas desta análise os dados de pasto e área urbana por entender que
estas áreas já se encontram sobre alto impacto antropogênico, sem a cobertura vegetal
natural.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em relação ao índice de antropização da cobertura vegetal da paisagem, observa-
se que ele é mais alto nos tipos “pasto” e em “florestas em projetos de assentamento,
justamente nos dois maiores tipos de uso do município. A área urbana apesar de possuir
uma taxa de transformação alta, cobre uma pequena área do município, o que reduz o
IAVC. Este índice aponta as áreas de maior preocupação quanto a questão da cobertura
vegetal. Como o dado refere-se ao ano de 2003, analisou-se o comportamento do
desmatamento de 2003 a 2013 identificando as áreas onde houve maior perda de
vegetação.
Verificou-se que, conforme apontou o IAVC, que o tipo “Floresta em Projetos de
Assentamento” foi o tipo de uso com a maior perda de cobertura natural. Os resultados
podem ser observados na tabela abaixo.
Tabela 3 - Total de perda de cobertura vegetal natural entre 2003 e 2013
Uso Total em 2003 Total em 2013 % de perda
Floresta 17.257,00 11.125,65 35,53
Floresta em Projeto de Desenvolvimento Sustentável 9.766,00 7.157,28 26,71
Floresta em Projeto de Assentamento 62.714,00 30.269,80 51,73
Floresta em Projeto de Assentamento Extrativista 22.933,00 19.585,81 14,60
Seringueira 268,00 29,02 89,17
Fonte: Dados digitais do ZEE/2010. PRODES, 2014. Organizado por: Salgado, Cristiane. 2014
Esta categoria de uso (Floresta em Projetos de Assentamento) está vinculada aos
Projetos de Assentamento tradicionais que tem como base de produção econômica a
agropecuária. A ampliação de pastos e áreas de cultivo faz com que o desmatamento
avance sobre a floresta a cada ano. Discutir a eficiência dessa produção é relevante,
trazendo a discussão técnica de reforma e otimização de pastagens, melhoramento do
solo, etc, ou seja, formas de tornar mais eficiente as áreas em que a cobertura florestal já
foi retirada, evitando o avanço sobre novas áreas.
Nesse tipo de uso específico, Floresta em Projeto de Assentamento, a evolução do
desmatamento acompanha a dinâmica do Estado. Em 2005 observa-se um pico devido
às condições climáticas anormais daquele ano, o que levou a um período extremamente
seco, com alto índice de queimadas no Estado. Nos anos seguintes os avanços vão
diminuindo devido a políticas ambientais de incentivo a manutenção da floresta, bem
como uma fiscalização mais acentuada.
A proximidade com a fronteira do Estado de Rondônia e a presença da BR364,
intensificam as atividades no município, facilitando os fluxos de mercadoria e pessoas,
trazendo a influencia da fronteira. A maioria dos assentamentos de Acrelândia são
muito antigos, e a dinâmica de ocupação de cada um deles tem a ver com seu contexto
histórico de formação. Destaca-se que a criação de projetos de assentamento foram uma
resposta a um momento de conflito social pela terra no Estado, com o fim do Ciclo da
Borracha. Naquela época, havia um incentivo por parte da administração federal,
representada pelo INCRA, à ocupação através do desmatamento. Isso fez com que
houvesse um rápido avanço sobre a floresta, como forma de garantir a posse da terra.
(SALGADO, 2009) Dessa forma, os dados de hoje precisam ser analisados a luz da
história.
A Floresta em Projeto de Assentamento Extrativista foi a que menos sofreu
perdas, com 14,60%, seguida por Floresta em Projeto de Desenvolvimento Sustentável,
com 26,71%. Este fato sugere que este tipo de uso, em relação a preservação ambiental,
é mais eficiente e garante maior presença de cobertura florestal. Além disso esta
tipologia de projeto ressalta um processo social específico do Estado, onde populações
tradicionais construíram uma proposta mais adaptada à lógica da região, como explica
Paula & Silva (2008).
Nas áreas do tipo Floresta, houve um avanço de 35% sobre a cobertura vegetal em
10 anos. Este tipo de uso específico não conta com as atividade dos projetos de
assentamento. Tratam-se de propriedades particulares, ou áreas públicas. Isso ressalta
que estes atores também tem papel fundamental no que diz respeito a mudança na
cobertura vegetal do município, necessitando também atenção.
Dessa forma, as áreas de floresta ainda existentes no município encontram-se
pressionadas. O avanço do desmatamento, apesar de apresentar valores menores a cada
ano, não tem se estabilizado ou estagnado. Aos poucos estas áreas vão sendo
consumidas por atividades diversas. Como pensar então a questão ambiental? Não é
possível dissocia-la de outras questões, como a social e econômica. A eficiência por
área, ou seja, possibilidade de aumentar a produção na mesma área, pode diminuir o
impacto sobre a floresta. Para tanto, é necessário um consórcio entre órgãos de pesquisa
e extensão de forma a produzir soluções de apoio às atividades agropecuárias
desenvolvidas no meio rural, dentre os diversos atores. Além disso, o financiamento de
políticas nessa linha facilita a participação e a colaboração dos produtores.
5 ESTÁGIO DA PESQUISA: Em desenvolvimento.
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