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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL EM MUNICÍPIOS DAYANE CRISTINA DA ROCHA ANÁLISE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA MICRORREGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO MEDIANEIRA 2014

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL EM MUNICÍPIOS

DAYANE CRISTINA DA ROCHA

ANÁLISE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA MICRORREGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

MEDIANEIRA

2014

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DAYANE CRISTINA DA ROCHA

ANÁLISE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA MICRORREGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista na Pós Graduação em Gestão Ambiental em Municípios - Polo UAB do Município de Paranavaí, Modalidade de Ensino a Distância, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Campus Medianeira.

Orientador: Prof. Me. Fábio Orssatto.

MEDIANEIRA

2014

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Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação Especialização em Gestão Ambiental em Municípios

TERMO DE APROVAÇÃO

Análise das Águas Subterrâneas da Microrregião de Presidente Prudente-SP

Por

Dayane Cristina da Rocha

Esta monografia foi apresentada às 8 horas e 30 minutos do dia 05 de abril de 2014,

como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista no Curso de

Especialização em Gestão Ambiental em Municípios - Polo de Paranavaí,

Modalidade de Ensino a Distância, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,

Campus Medianeira. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta

pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora

considerou o trabalho aprovado.

______________________________________

Prof. Me. Fábio Orssatto

UTFPR – Campus Medianeira

(orientador)

____________________________________

Prof. Dr. Daniel Rodrigues Blanco

UTFPR – Campus Medianeira

______________________________________

Profa. Ma. Marlene Magnoni Bortoli

UTFPR – Campus Medianeira

- O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso-.

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Dedico este trabalho em especial ao meus

pais, Genésio e Vera. Obrigada, por

estarem sempre presentes em todos os

momentos, me dando carinho, apoio,

incentivo, determinação, me ensinando o

caminho da verdade, e principalmente pelo

Amor de vocês.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente sou grata à Deus, que por sua bondade e misericórdia tem me

guiado e abençoado a cada dia, me fortalecendo para superar os obstáculos da

vida.

Aos meus pais, agradeço pela orientação, dedicação e incentivo nessa fase

do curso de pós-graduação. Pela companhia nas manhãs de viagem durante todo

curso.

Ao meu orientador e amigo, Prof. Fábio Orssatto, por essa parceria no

desenvolvimento desta pesquisa. Obrigado pela orientação e compreensão dos

entraves ao longo do período da monografia.

Agradeço aos Professores, Tutores e à Coordenação do curso de

Especialização em Gestão Ambiental em Municípios, por compartilhar seus

conhecimentos e experiências e nos auxiliarem no decorrer destes quase dois anos.

Aos colegas de turma, agradeço por compartilhar do aprendizado e pelos

momentos de descontração durante os encontros presenciais.

Ao Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo

(DAEE), pelo fornecimento dos dados analisados neste estudo.

Obrigada a todos que de alguma forma cooperaram na realização desta

monografia.

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Jamais considere seus estudos como uma

obrigação, mas como uma oportunidade

invejável para aprender a conhecer a influência

libertadora da beleza do reino do espírito, para

seu próprio prazer pessoal e para proveito da

comunidade à qual seu futuro trabalho

pertencer. (ALBERT EINSTEIN)

“The best way to have a good idea is to have a

lot of ideas.” (LINUS PAULING)

“O melhor caminho para ter boas ideias é ter

muitas ideias.” (LINUS PAULING)

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RESUMO

ROCHA, Dayane Cristina da. Análise das Águas Subterrâneas da Microrregião de Presidente Prudente-SP. 2014. 76 f. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental em Municípios). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014.

Os monitoramentos das águas subterrâneas são de suma importância para preservação da qualidade das águas dos aquíferos paulistas. Assim, qualificar e quantificar os contaminantes identificados na captação das águas de poços possibilita prevenir que determinada contaminação evolua, além de permitir a elaboração de planos e tomadas ações mitigadoras do impacto ambiental. Desta forma, este trabalho teve como objetivo caracterizar bacia e avaliar os atributos de qualidade das águas subterrâneas da microrregião de Presidente Prudente-SP. A pesquisa foi realizada utilizando-se informações dos 30 municípios da região, quanto à localização geográfica, ano de perfuração, profundidade, aquífero, finalidade de uso da água, vazão e concentração apresentada na água subterrânea de 15 parâmetros químicos, coletadas nos cadastros dos poços do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). Por meio da elaboração de mapas temáticos e análises estatísticas, analisaram-se as características dos poços perfurados, como uso da água e vazão de exploração, avaliou as ocorrências de não conformidades dos parâmetros em relação ao padrão de potabilidade, estabelecido pela Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/2011, e municípios com maior criticidade da qualidade da água subterrânea. A microrregião de Presidente Prudente tem como principal aquífero de captação de água subterrânea o Bauru. A principal finalidade da água subterrânea captada foi o uso como fonte alternativa para o consumo humano e sanitário. Em seguida, da água destinada para o uso rural. Dentre os quinze parâmetros químicos analisados, apenas quatro (Arsênio, Bário, Sódio e Antimônio) não foram detectados nas amostras de águas acima do limite estabelecido. O cromo foi o elemento químico detectado em 11% dos poços acima do VMP, e nitrato em 4,3% das amostras. A criticidade da qualidade da água subterrânea foi fortemente evidenciada nos municípios de Presidente Prudente e Regente Feijó. Face ao exposto, se realça a importância do monitoramento, fiscalização e controle, não só da qualidade da água subterrânea, mas de toda sua área de influência, conhecendo, principalmente, o histórico de ocupação do solo da área de perfuração do poço e o objetivo de a que se destina o uso da água, para que sejam prevenidas problemas com a saúde pública.

Palavras-chave: Uso da água. Qualidade da água. Aquífero Bauru. Contaminantes

da água subterrânea. Nitrato.

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ABSTRACT

ROCHA, Dayane Cristina da. Groundwater analysis of the Presidente Prudente-SP micro-region. 2014. 76 f. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental em Municípios). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014.

The groundwater monitoring is very important to preserve the water quality in the São Paulo aquifers. Thus, qualify and quantify the contaminants identified in the uptake of water from wells prevent possible contamination determined evolve, and allows the preparation of plans and actions taken mitigating environmental impact. This study aimed to characterize basin and evaluate the attributes of the groundwater quality of the Presidente Prudente-SP micro-region. The survey was conducted using information from 30 cities these region, as the geographical location , year of drilling , depth, aquifer purpose of water use, flow and concentration shown in the groundwater of 15 chemical parameters, collected in the records of wells Department of Water and Power ( DAEE ). Through the development of thematic maps and statistical analyzes, was analyzed the characteristics of drilled wells , as water use and flow of operation, assessed the occurrence of non-conformities of the parameters in relation to the potability standards established by Ordinance of the Ministry of health Act 2914/2011, and municipalities with greater criticality of groundwater quality . The main aquifer of Presidente Prudente's micro-region for groundwater extraction is Bauru. The main purpose of the groundwater extracted was used as an alternative for human health and consumption source. Then the water intended for rural use. Among the fifteen chemical parameters analyzed, only four (Arsenic, Barium, Antimony and Sodium) were not detected in water samples above the limit. Chromium is the chemical element detected in 11% of the wells above the VMP, nitrate and 4.3% of the samples. Criticality of groundwater quality was strongly evidenced in the municipalities of Presidente Prudente and Regente Feijó. Given the above, it emphasizes the importance of monitoring, inspection and control , not only the groundwater quality, but all its area of influence, knowing, mainly the history of land use in the area of drilling the well and the goal of the intended use of the water, so that public health problems are preventable.

Keywords: Water use. Water quality. Bauru aquifer. Groundwater contaminants.

Nitrate.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Classificação dos Aquíferos de Acordo com a Porosidade da Rocha ....... 14

Figura 2 - Aquífero Livre e Aquífero Confinado ......................................................... 14

Figura 3 – Principais Unidades Aquíferas do Estado de São Paulo .......................... 15

Figura 4 - Potenciais Fontes de Contaminação das Águas Subterrâneas ................ 17

Figura 5 - Fluxograma do Processo para Obtenção da Portaria de Outorga de Direito de Uso do Recurso Hídrico Subterrâneo .................................................. 23

Figura 6 – Microrregião de Presidente Prudente ....................................................... 25

Figura 7 - Mapa de Localização da Área Estudada e Ocorrência do Grupo Bauru ... 26

Figura 8 - Uso da Água na Microrregião de Presidente Prudente. ............................ 32

Figura 9 – Vazão Outorgada (%) entre Agosto/2010 e Julho/2011 por Finalidade de Uso, em Nível Nacional. ........................................................................... 33

Figura 10 – Percentual de Dados Não Informado (NI) no Cadastro do DAEE. ......... 34

Figura 11 – Municípios da Microrregião de Presidente Prudente com Elevado Teor de Nitrato na Água dos Poços. ................................................................. 37

Figura 12 - Município com Presença de Coliformes Termotolerantes na Água dos Poços. ...................................................................................................... 39

Figura 13 - Município com Presença de Cromo na Água dos Poços Acima do VMP.41

Figura 14 - Município com VMP Acima do Permitido na Água dos Poços para os Parâmetros Químicos: (a) Ferro; (b) Mercúrio; (c) Fluoretos; (d) Cobre; (e) Zinco; (f) Manganês; (g) Chumbo; E (h) Cádmio. ..................................... 43

Figura 15 – Mapa da Criticidade pelo Número de Contaminantes por Município da Região. ................................................................................................... 45

Figura 16 - Uso da Água no Município de Presidente Prudente ................................ 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Padrões Organolépticos e Microbiológicos da Água Bruta para Consumo Humano .................................................................................................. 24

Tabela 2 – Dados dos Poços dos Trinta Municípios da Microrregião de Presidente Prudente ................................................................................................ 28

Tabela 3 – Distribuição de Poços por Município da Microrregião de Presidente Prudente ................................................................................................. 30

Tabela 4 – Estatística Descritiva da Vazão de Água dos Poços da Microrregião de Presidente Prudente. .............................................................................. 34

Tabela 5 – Percentual dos Poços da Microrregião de Presidente Prudente com Parâmetro Não Conforme ao VMP da Portaria MS 2914/11. ................. 35

Tabela 6 – Estatística Descritiva do Parâmetro Nitrato da Água Subterrâneas dos Poços da Microrregião de Presidente Prudente. .................................... 36

Tabela 7 – Teste de Correlação entre o Parâmetro Químico Nitrato Ee Atributos dos Poços de Água Subterrânea da Microrregião de Presidente Prudente. . 38

Tabela 8 – Estatística Descritiva do Parâmetro Coliformes Termotolerantes dos Poços de Água Subterrânea da Microrregião de Presidente Prudente. . 40

Tabela 9 – Estatística Descritiva da Concentração de Cromo da Água dos Poços da Microrregião de Presidente Prudente. .................................................... 41

Tabela 10 – Teste de Correlação entre Parâmetros Químicos e Atributos dos Poços de Água Subterrânea da Microrregião de Presidente Prudente. ............ 42

Tabela 11 – Estatística Descritiva da Vazão de Água dos Poços do Município de Presidente Prudente. .............................................................................. 46

Tabela 12 – Percentual dos Poços do Município de Presidente Prudente com Parâmetro Não Conforme ao VMP da Portaria MS 2914/11. ................. 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 13

2.1 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS .................................................................................. 13

2.2 PRINCIPAIS CONTAMINANTES E FONTES DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS ..................................................................................................... 16

2.3 PROTEÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA ................................. 19

2.4 OUTORGA DE DIREITO DE USO DO RECURSO HÍDRICO .............................. 21

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 25

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA ................................................ 25

3.2 COLETA E ANÁLISE DE DADOS ........................................................................ 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 30

4.1 CARACTERÍSTICAS DAS CAPTAÇÕES SUBTERRÂNEAS NA

MICRORREGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE .................................................... 30

4.2 QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NA MICRORREGIÃO DE PRESIDENTE

PRUDENTE ............................................................................................................... 35

4.2.1 Nitrato ............................................................................................................... 36

4.2.2 Demais Parâmetros Analisados ....................................................................... 39

4.2.3 Criticidade dos Municípios da Microrregião de Presidente Prudente ............... 44

4.3 ÁGUA SUBTERRÂNEA NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE ........... 46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51

ANEXO...................................................................................................................... 56

ANEXO A – PORTARIA MS Nº 2914/2011 .................................................................... 57

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1 INTRODUÇÃO

As águas subterrâneas, devido suas características de abundância, boa

qualidade e baixo custo de exploração, em alguns centros urbanos e em pequenas

comunidades, têm-se constituído como principal fonte de suprimento para

abastecimento humano, além dos demais usos, como atividades agrícolas e

industriais, recreativas e dessedentação de animais.

Apesar da extrema importância dos aquíferos, as águas subterrâneas ao

longo dos anos foram contaminadas por práticas agrícolas inadequadas, ausência

ou precariedade de sistemas de tratamentos de esgoto sanitário, despejos

clandestinos de efluente doméstico e industrial e chorume de aterros não

controlados de lixos, entre outras fontes pontuais e difusas.

Os compostos nitrogenados é um dos principais contaminantes das águas

subterrâneas, todavia destacam-se também a presença de contaminantes

microbiológicos (bactérias patogênicas e vírus) e, em alguns casos, compostos

orgânicos sintéticos.

Na microrregião de Presidente Prudente, a maioria dos 30 municípios

pertencente a esta região, utilizam a captação subterrânea para subsistência. Porém

elevados teores de compostos nitrogenados, e outros elementos químicos como

flúor, cromo e coliformes têm sido detectados nas análises.

Consequência de um passado com precárias condições de saneamento

ambiental, o consumo humano de água em desacordo com seu padrão de

potabilidade, estabelecido peça Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/2011,

podem acarretar problemas de saúde pública, com ocorrências de doenças de

veiculação hídrica na população, como, por exemplo, febre tifóide, cólera,

salmonelose, shigelose e outras gastroenterites, poliomielite, hepatite A, verminoses,

amebíase e giardíase, responsáveis por vários surtos epidêmicos e pelas elevadas

taxas de mortalidade infantil.

Deste modo, os monitoramentos das águas subterrâneas, realizado pelos

órgãos ambientais do estado de São Paulo, como CETESB e DAEE, são de suma

importância para preservação da qualidade das águas dos aquíferos paulistas, e os

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12

resultados destes monitoramentos têm preocupado usuários e gestores dos recursos

hídricos tanto nas esferas municipais como na estadual, devido sua relevância

ambiental, social e econômica.

Qualificar e quantificar os contaminantes identificados na captação das

águas de poços possibilita prevenir que a contaminação evolua e, dependendo de

sua intensidade, possa a vir comprometer o abastecimento público e privado, além

de permitir a elaboração de planos e tomadas ações mitigadoras do impacto

ambiental.

Diante do exposto, o monitoramento, o controle e a fiscalização do padrão

de qualidade das águas subterrâneas são de grande importância, em função do

aumento da demanda por este recurso nos últimos anos, visando garantir saúde

pública e ambiental.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar bacia e avaliar os

atributos de qualidade das águas subterrâneas da microrregião de Presidente

Prudente-SP, baseado no padrão de qualidade de água exigido pelo Departamento

de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo – DAEE, para outorgar o

Direito de Uso do Recurso Hídrico. Tendo como objetivo específico classificar os

usos preponderantes da água captada desta região e identificar os principais

contaminantes encontrados nas águas subterrâneas da microrregião de Presidente

Prudente e apontar prováveis causas e influências das contaminações na região.

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13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

A água subterrânea é um recurso natural indispensável para a humanidade

e para o meio ambiente, pois mantêm a umidade do solo, garante o fluxo de base

dos cursos d’água, sendo responsável pela sua perenização em épocas de

estiagem. Além de suprir as necessidades, seja no atendimento total ou parcial do

abastecimento público e de atividades como irrigação, dessedentação de animais,

indústria, turismo, lazer, entre outros, pela captação em poços tubulares, escavados

ou fontes/nascentes (SANTOS et al., 2007).

Os reservatórios de águas subterrâneas, também chamados de aquíferos,

são caracterizados em função de seus limites em superfície e subsuperfície,

condições de armazenamento e circulação de águas, como unidades práticas de

investigação e exploração, em escala regional (CAMPOS, 2004). De acordo com Giampá e Gonçales (2005), aquíferos são formações

geológicas constituídas por rochas capazes de armazenar e transmitir quantidades

significativas de água, e podem ser de diversos tamanhos, variando de poucos a

milhares de quilômetros quadrado, ou também, podem apresentar espessuras de

poucos a centenas de metros de profundidade.

Os aquíferos podem ser classificados quanto ao tipo de porosidade da rocha

armazenadora em granular, fissural e cárstico (Figura 1), ou também podem ser

classificados quanto às suas características hidráulicas, em livres ou confinados,

dependendo da pressão a que estão submetidos (Figura 2) (IRITANI; EZAKI, 2008).

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14

Figura 1 - Classificação dos Aquíferos de Acordo com a Porosidade da Rocha. Fonte: Iritani e Ezaki, 2008.

Figura 2 - Aquífero Livre e Aquífero Confinado. Fonte: Iritani e Ezaki, 2008.

O aquífero livre (ou freático) está mais próximo à superfície, onde a zona

saturada tem contato direto com a zona não saturada, ficando submetido à pressão

atmosférica. Neste tipo, a água que infiltra no solo atravessa a zona não saturada e

recarrega diretamente o aquífero. O aquífero confinado é limitado no topo e na base

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15

por camadas de rocha de baixa permeabilidade (como argila, folhelho, rocha ígnea

maciça etc.). Não há zona não saturada e, neste caso, o aquífero está submetido a

uma pressão maior que a atmosférica, devido a uma camada confinante acima dele,

que também está saturada de água. Assim, o nível da água tem pressão para atingir

uma altura acima do topo do aquífero, mas é impedida pela camada confinante.

Neste caso, não podemos chamar o nível da água de freático, pois está submetido a

uma pressão maior que a atmosférica (IRITANI; EZAKI, 2008).

O Estado de São Paulo é bastante privilegiado em recursos hídricos

subterrâneos, além de deter em 70% de sua área as Formações Aquíferas da Bacia

do Paraná, dentre elas: o Guarani (Botucatu), Serra Geral, Bauru e Itararé, possui

duas outras bacias sedimentares importantes, a de São Paulo e Taubaté e o

domínio das rochas do Embasamento Cristalino (GIAMPÁ; GONÇALES, 2005).

Os tipos de aquífero estão intimamente associados às unidades geológicas

que ocorrem no Estado de São Paulo. As rochas que os compõem foram formadas

em diferentes períodos geológicos, sob variados ambientes e climas. Estes fatores

imprimiram propriedades hidrogeológicas diferenciadas a cada aquífero, as quais se

refletem na sua produtividade e, também, na sua vulnerabilidade à poluição

(CETESB, 2008). Na Figura 3, observam-se os principais aquíferos encontrados no

estado de São Paulo.

Figura 3 – Principais Unidades Aquíferas do Estado de São Paulo. Fonte: CETESB, 2008.

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16

2.2 PRINCIPAIS CONTAMINANTES E FONTES DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS

Os aquíferos, por sua natureza são mais protegidos quanto à contaminação

do que as águas superficiais. No entanto, como não são tão “visíveis”, chamam

menos atenção dos órgãos gestores e da sociedade como um todo. Assim, a

exploração da água subterrânea tem que observar a proteção dos aquíferos durante

a fase de perfuração e operação dos poços; o perímetro de proteção dos poços; o

equilíbrio regional do aquífero quanto às recargas e descargas e os limites

outorgados pelo poder público (GIAMPÁ; GONÇALES, 2005). O risco de contaminação é em função das atividades humanas na superfície

da terra (contaminantes lançados no solo), e a sensibilidade (vulnerabilidade) dos

aquíferos quando são afetados por esses contaminantes (FOSTER et al., 2011). A

exploração da natureza pelo homem tem afetado toda a biosfera, alterando o

equilíbrio existente. Em relação às águas subterrâneas, são várias as atividades que

causam alterações nas características físicas, químicas ou biológicas (Figura 4).

As fontes de contaminação antropogênica em águas subterrâneas são em

geral diretamente associadas a despejos domésticos, industriais e ao chorume

oriundo de aterros de lixo que contaminam os lençóis freáticos com microorganismos

patogênicos. Além de promoverem a mobilização de metais naturalmente contidos

no solo, como alumínio, ferro e manganês, também são potenciais fontes de nitrato e

substâncias orgânicas extremamente tóxicas ao homem e ao meio ambiente

(FREITAS; ALMEIDA, 1998; NORDBERG et al., 1985 apud FREITAS, BRILHANTE;

ALMEIDA, 2001).

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17

Figura 4 - Potenciais Fontes de Contaminação das Águas Subterrâneas. Fonte: Foster et al., 2011.

Os esgotos sanitários não tratados representam, nos grandes centros, a

principal causa da poluição dos rios urbanos e das praias nas cidades costeiras,

gerando preocupação porque em algumas áreas, o nível do lençol freático está

muito próximo à superfície podendo haver infiltração de esgotos na água

subterrânea, e a utilização da mesma pela população, através de poços artesianos

(SILVA, 2012).

Segundo Amaral et al. (1994), a poluição fecal das águas subterrâneas de

poços rasos, são facilitadas pelos aquíferos de pequena profundidade. Muitas vezes

a presença de microrganismos patogênicos na água é decorrente da poluição por

fezes humanas e de animais, provenientes de águas residuárias urbanas e rurais.

Deste modo, a presença desses microrganismos na água constitui indicador de

poluição fecal.

De acordo com Vanier et al. (2010), o nitrato é utilizado, mundialmente,

como indicador da contaminação das águas subterrâneas devido à sua alta

mobilidade, podendo atingir extensas áreas, sendo uma das fontes potenciais desse

contaminante em áreas urbanas são os sistemas de saneamento, dos quais se

destacam as fossas sépticas e negras, bem como os vazamentos das redes

coletoras de esgoto.

Alguns estudos apontaram a relação direta entre os padrões de

concentração de nitrato nas águas subterrâneas e os de ocupação urbana. Na

pesquisa realizada por Cagnon e Hirata (2004), estabeleceram uma relação entre a

contaminação das águas subterrâneas do Sistema Aquífero Bauru por nitrato e os

padrões de urbanização no município de Urânia. As maiores concentrações de

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nitrato foram observadas nas porções mais rasas do aquífero, sobretudo a onde

havia maior densidade dessas fossas.

A disposição de efluentes industriais contendo metais pesados em fontes

hídricas é o maior fator antropogênico, responsável pela poluição em vários

ambientes aquáticos. A natureza geoquímica do solo, também é importante fator

causal de poluição por metais, particularmente em fontes de águas subterrâneas.

Metais pesados em água persistem por mais tempo que poluentes e percolam da

superfície para a camada subterrânea de água. Metais na água são absorvidos pelo

organismo humano através do trato gastrintestinal. Esta absorção pode ser afetada

pelo pH, pelas taxas de movimentação no trato digestivo e pela presença de outros

materiais; combinações particulares desses fatores podem contribuir para fazer a

absorção de metais ser muito alta ou muito baixa no homem (FREITAS;

BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).

Conforme Silva (2012), o vinhoto e águas de lavagens utilizadas na irrigação

e fertilização da cana-de-açúcar na região dos tabuleiros costeiros, área de recarga

do sistema aquífero, também constituem um possível risco para a contaminação das

águas subterrâneas. Para Vanier et al. (2010), é necessário um controle e fiscalização para evitar

poços mal construídos e/ou mal conservados, que possam carrear a contaminação

para unidades hidrogeológicas mais profundas.

Apesar do aumento de evidências acerca dos efeitos nocivos à saúde

provenientes do uso de água fora dos padrões adequados de potabilidade, os danos

à saúdes decorrentes do consumo de água contaminada são difíceis de serem

avaliados e mensurados adequadamente. Os aspectos envolvidos nessa relação

são múltiplos e nem sempre se baseiam em associações diretas. Fatores como,

estado nutricional, acesso aos serviços de saúde e à informação podem interferir

nessa associação. Além disso, fatores individuais também podem estabelecer

diferentes respostas ao contato com água contaminada. A garantia do consumo

humano de água potável, livre de microorganismos patogênicos, de substâncias e

elementos químicos prejudiciais à saúde, constitui-se em ação eficaz de prevenção

das doenças causadas pela água (SILVA; ARAÚJO, 2003).

Importante considerar ainda os fenômenos naturais, de característica

sazonal, como as chuvas de verão, que implicam cheias, enchentes, alagamentos,

solapamentos e movimentos erosivos do solo; ou das estiagens de inverno, que

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reduzem a capacidade de autodepuração dos corpos d’água, dentre outras

consequências, influenciando diretamente a qualidade e a disponibilidade dos

recursos hídricos (VALENTIM et al., 2012).

Neste panorama multifacetado é possível depreender a riqueza de cenários

que influenciam a qualidade e a disponibilidade de recursos hídricos num estado

complexo e com fortes características antrópicas como São Paulo. Para efeito de

vigilância da qualidade da água é necessário distinguir fatores ambientais de risco à

saúde advindos desses contextos, de maneira a eleger critérios de intervenção

baseados na governabilidade compartilhada, própria à gestão integrada dos

recursos hídricos (VALENTIM et al., 2012).

2.3 PROTEÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

Conforme Santos et al. (2007) é importante que se conheçam as

características hidrogeológicas da área em que se pretende usufruir deste recurso, a

fim de compreender-se a dinâmica natural das águas subterrâneas e adequar as

ações antrópicas de uso e ocupação do solo para não alterarem a qualidade e a

quantidade das águas subterrâneas.

As águas subterrâneas são um bem de domínio público e pertencem

exclusivamente aos estados. A Lei Federal nº 9.433/1997 – Lei das Águas - instituiu

a Política Nacional de Recursos Hídricos, cujos fundamentos são, de acordo com

Giampá e Gonçales (2005):

a) A água é um bem de domínio público. O estado concede o direito de uso da água e não sua propriedade. A outorga não implica a alienação parcial das águas, mas o simples direito de uso. b) Usos prioritários e múltiplos da água. A água tem que: atender a sua função social e a situações de escassez. A outorga pode ser parcial ou totalmente suspensa, para atender ao consumo humano e dessedentação de animais. A água deve ser utilizada considerando seus usos múltiplos, tais como: abastecimento público, industrial, agrícola, diluição de esgotos, transporte, lazer, paisagística, potencial hidrelétrico, e as prioridades de uso serão estabelecidas nos planos de Recursos Hídricos. c)A água como um bem de valor econômico. A água é reconhecida como recurso natural limitado e dotado de valor, sendo a cobrança pelo seu uso um poderoso instrumento de gestão, onde é aplicado o princípio de poluidor – pagador, que possibilitará a conscientização do usuário. O Artigo 22 da Lei nº 9.433/97, estabelece que “os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de

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recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados”, e isto pressupõe que os valores obtidos com a cobrança propiciarão recursos para obras, serviços, programas, estudos e projetos dentro da Bacia. d) A Gestão descentralizada e participativa. A Bacia Hidrográfica é a unidade de atuação para implementação dos planos, estando organizada em Comitês de Bacia. Isso permite que diversos agentes da sociedade opinem e deliberem sobre os processos de gestão da água, pois nos Comitês o número de representantes do poder público, federal, estadual e municipal, está limitado em até 50% do total.

No Estado de São Paulo as leis relativas a recursos hídricos e águas

subterrâneas é a Lei nº 6.134/88 que dispõe sobre a preservação dos depósitos

naturais de águas subterrâneas do Estado de São Paulo. Dentre outros dispositivos,

estabelece a necessidade de elaboração de programas permanentes de

conservação, a obrigatoriedade de cadastramento de todo poço perfurado, tendo

sido regulamentada pelo Decreto nº 32.955 de 07/02/91 (GIAMPÁ; GONÇALES,

2005).

Na Constituição do Estado de São Paulo (Art. 206), as águas subterrâneas

são consideradas como reservas estratégicas para o desenvolvimento econômico-

social e valiosa para o suprimento de água às populações, devendo ter programa

permanente de conservação e proteção contra poluição e super exploração, com

diretrizes estabelecidas por lei (FIESP, 2005).

O estado de São Paulo foi pioneiro na implementação de leis relativas a

recursos hídricos e águas subterrâneas através da Lei nº. 6.134/88 que dispõe sobre

a preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas do estado (SÃO

PAULO, 1988). Dentre outros dispositivos, estabelece a necessidade de elaboração

de programas permanentes de conservação, a obrigatoriedade de cadastramento de

todo poço perfurado. Além disso, a Lei Estadual nº 7.663/91, que instituiu o Sistema

Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SÃO PAULO, 1991), atribuiu

responsabilidade ao DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica para o

estabelecimento dos procedimentos de licenciamento e outorga do uso de águas

subterrâneas e superficiais (FIESP, 2005).

Em 31 de janeiro de 1992, por meio da Resolução SS nº 45, a Secretaria de

Estado da Saúde institucionaliza o Proágua, com o objetivo geral de desenvolver

ações no Sistema Estadual de Vigilância Sanitária, para melhoria das condições

sanitárias dos sistemas de abastecimento de água, seja pública ou individual, em

todo o Estado de São Paulo. Este programa funciona como um dos principais

instrumentos de gestão. O Proágua tem como objetivo de garantir à população

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paulista o acesso à água com qualidade compatível com o padrão de potabilidade

estabelecido na legislação vigente, para a promoção da saúde (DAEE, 2014).

Nestes últimos anos o Proágua experimentou avanços significativos. Em

2011, a quase totalidade dos municípios (99%) coletou amostras de água em

sistemas públicos e soluções alternativas de abastecimento, que permitiu a

realização de cerca de 390 mil análises de parâmetros básicos (coliformes totais e

termotolerantes, cor, turbidez, pH, cloro residual livre e fluoreto). Além de aumentar o

número de coletas e sua abrangência, houve redução significativa de resultados

anômalos (aqueles cujos parâmetros apresentaram concentrações superiores aos

valores máximos permitidos ou recomendados pela legislação) (CVS, 2014).

A melhoria da qualidade da água destinada ao consumo humano certamente

contribui para minimização de riscos e redução de danos à saúde da população. No

entanto, a vigilância da qualidade da água ainda carece de indicadores mais

precisos e estudos aprofundados que apontem os reais impactos à saúde pública. É

certo, no entanto, que o Proágua faz parte do amplo conjunto de iniciativas do poder

público e da sociedade que tem garantido a redução das taxas de mortalidade

infantil e da morbimortalidade em geral associada à veiculação hídrica (CVS, 2014).

Outro importante instrumento de gerenciamento do recurso hídrico é

comandado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, o órgão gestor

dos recursos hídricos do Estado de São Paulo, atua de maneira descentralizada,

com diversas unidades espalhadas pelo Estado, e é o responsável pela outorga de

utilização de recursos hídricos, bem como o licenciamento de poços profundos,

conforme o Decreto nº 41.258 de 31/10/96, que regulamenta a Outorga dos Direitos

de Uso dos Recursos Hídricos e a Portaria 717/96.

2.4 OUTORGA DE DIREITO DE USO DO RECURSO HÍDRICO

A outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos

da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecidos no inciso III, do art. 5º da

Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Esse instrumento tem como objetivo

assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício

dos direitos de acesso aos recursos hídricos. Assim a outorga é o ato administrativo

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mediante o qual o Poder Público outorgante concede o direito de uso dos recursos

hídricos, nos termos e condições estabelecidas no referido ato administrativo (ANA,

2014).

É através da Outorga de Direito de Uso da Água que o Poder Público

promove a harmonização entre os múltiplos usos, garantindo a todos os usuários o

acesso aos recursos hídricos, conforme a disponibilidade em cada bacia

hidrográfica. Também é mediante esse instrumento de gestão que a Política

Estadual de Recursos Hídricos assegura que as atividades humanas se processem

em um contexto de desenvolvimento sócio-econômico sustentado, assegurando a

disponibilidade dos recursos hídricos aos seus usuários atuais e às gerações

futuras, em padrões adequados de qualidade e quantidade, inclusive a manutenção

da vida (SILVA et al., 2014).

A competência para a emissão dos atos de outorga obedece a dominialidade

constitucionalmente estabelecida, assim, a outorga das águas superficiais é de

competência da União, dos Estados e do Distrito Federal, e a das águas

subterrâneas é de competência dos Estados e do Distrito Federal. Quanto às águas

minerais, a competência é atribuída ao Departamento Nacional de Produção Mineral

(DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia (COSTA, 2009).

No estado de São Paulo, para solicitação da outorga de direito de uso de

captação subterrâneas (poços), além de formulários requeridos pelo DAEE, se deve

atender os requisitos estabelecidos pela Instrução Técnica DPO nº 006/2013. O

andamento do processo ocorrerá conforme descrito no fluxograma da Figura 5.

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Figura 5 - Fluxograma do Processo para Obtenção da Portaria de Outorga de Direito de Uso do Recurso Hídrico Subterrâneo. Fonte: Anexo A3 - Instrução Técnica DPO nº 006, atualizada em 12/08/2013.

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Para o controle de qualidade dos poços e emissão de outorga do direito de

usos de uma captação subterrânea o DAEE se embasa e exige o atendimento da

Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/2011, a qual dispõe sobre os procedimentos

de controle qualidade.

De acordo como item 3.5 da Instrução Técnica DPO nº006/2013, os laudos

analíticos relativos à Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/11 deverão ser

apresentados ao DAEE, conforme o indicado no Anexo 2 – Modelo de Boletim de

Análise, da Resolução Conjunta SMA/SERHS/SES nº 3, de 21/06/2006, sendo que

para os poços localizados em área urbana, será exigido laudo analítico da água

bruta coletada pelo laboratório responsável pela análise, de acordo com os

parâmetros dos anexos I, VII e X, mais o parâmetro pH, exceto os parâmetros dos

produtos secundários da desinfecção e desinfetantes, da Portaria do Ministério da

Saúde nº 2914, de 14/12/2011 ou a que a suceder. Já para os poços localizados em

área rural, será exigido laudo analítico da água bruta simplificado - ASim, com os

parâmetros previstos na Tabela 1, de acordo com anexo D desta mesma IT.

A seguir, a Tabela 1 apresenta os parâmetros físico-químicos e

microbiológicos exigido no laudo de água bruta simplificado, baseado no padrão de

potabilidade da água para consumo humano, Portaria MS 2914/11. No Anexo A

desta portaria, pode-se analisar a tabela completa dos parâmetros.

Tabela 1 – Padrões Organolépticos e Microbiológicos da Água Bruta para Consumo Humano.

Parâmetro VMP (Valor máximo permitido) Unidade

Cor Aparente 15,0 uH Turbidez 5,0 uT pH 6,0 a 9,5 - Dureza Total 500,0 mg.L-1 Amônia 1,5 mg.L-1 (como NH3) Nitrito 1,0 mg.L-1 Nitrato 10,0 mg.L-1 Fluoreto 1,5 mg.L-1 Ferro 0,3 mg.L-1 Cloretos 250,0 mg.L-1 Bario 0,7 mg.L-1 Cadmo 0,005 mg.L-1 Chumbo 0,01 mg.L-1 Cobre 2,0 mg.L-1 Cromo 0,05 mg.L-1 Escherichia coli Ausência em 100,0 mL - Fonte: Adaptada da Portaria MS 2914/11 e Anexo D - Instrução Técnica DPO nº 006.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA

A microrregião de Presidente Prudente está situada na região sudoeste do

estado de São Paulo. Possui uma área total de 17.515,798 km². Sua população foi

estimada em 2006 pelo IBGE em 884.998 habitantes e está dividida em trinta

municípios, conforme distribuidos na Figura 6, sendo eles:Alfredo Marcondes;

Álvares Machado; Anhumas; Caiabu; Caiuá; Emilianópolis; Estrela do Norte;

Euclides da Cunha Paulista; Indiana; João Ramalho; Marabá Paulista; Martinópolis;

Mirante do Paranapanema; Narandiba; Piquerobi; Pirapozinho; Presidente

Bernardes; Presidente Epitácio; Presidente Prudente; Presidente Venceslau;

Rancharia; Regente Feijó; Ribeirão dos Índios; Rosana; Sandovalina; Santo

Anastácio; Santo Expedito; Taciba; Tarabai; Teodoro Sampaio.

Figura 6 – Microrregião de Presidente Prudente. Fonte: citybrazil.com.br (2013).

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De acordo com Santos e Pessôa (2008), na microrregião geográfica de

Presidente Prudente, tradicionalmente ocupada pela pecuária, vem ocorrendo a

expansão do setor sucroalcooleiro, em decorrência da grande disponibilidade de

terras que, anteriormente, eram aproveitadas pela pecuária extensiva, e que vem

cedendo espaço aos canaviais.

A área de estudo encontra-se localizada sobre o Sistema de Aquífero Bauru,

considerado a maior unidade hidrogeológica em área do Estado de São Paulo,

ocupando aproximadamente 47% do território paulista (96.880 km2), representa uma

das principais fontes de exploração de águas subterrâneas no Estado de São Paulo,

conforme Figura 7 (STRADIOTO; KIANG; CHANG, 2008).

Figura 7 - Mapa de Localização da Área Estudada e Ocorrência do Grupo Bauru. Fonte: IPT, 1981 apud Stradioto; Kiang; Chang, 2008.

O Aquífero Bauru é constituído de arenitos finos e mal selecionados na base

e de arenitos argilosos e calcíferos no topo, caracterizando-se como uma unidade

hidrogeológica de extensão regional, contínua, livre a semi-confinada, com

espessura média de 100 metros, mas que pode chegar aos 250 metros (CAMPOS,

2004).

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Por ser um aquífero livre e a água subterrânea situar-se a pouca

profundidade, a perfuração de poços e a extração de água neste aquífero são

facilitadas. Cerca de 240 municípios do interior paulista captam água do Aquífero

Bauru, destes, 87% são abastecidos, integralmente, por água subterrânea

(CETESB, 2008).

Este aquífero, por comportar-se principalmente como livre e possuir grande

área de afloramento, é o que apresenta maior vulnerabilidade à contaminação

antrópica, com os mais elevados valores de nitrato nas águas subterrâneas no

estado de São Paulo (PROCEL, 2011).

3.2 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

A pesquisa foi realizada por meio de levantamentos de dados, utilizando-se

de consulta ao banco de informações do Departamento de Águas e Energia Elétrica

(DAEE) - Unidade de Serviços e Obras de Presidente Prudente, assim como

também realizado por Varnier et al. (2010).

Foram coletadas as informações quanto a localização geográfica, ano de

perfuração, profundidade, aquífero, finalidade de uso da água, vazão e concentração

apresentada na água subterrânea de 15 parâmetros químicos, conforme descritas

na Tabela 2, referentes aos 1468 poços cadastrados no DAEE, distribuídos nos

trinta municípios da microrregião de Presidente Prudente.

Em seguida, foram elaborados mapas temáticos para cada contaminante

avaliado, identificando os municípios e o número de poços em que foi verificado

água subterrânea fora dos padrões estabelecido, objetivando avaliar tendências de

ocorrências de não conformidades ao padrão de qualidade para exploração dos

poços, além de identificar áreas com maior criticidade da qualidade da água

subterrânea na região sudoeste do estado de São Paulo, baseando-se no limite

determinado na Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/2011.

Baseado no estudo de Procel (2011) realizou-se análises para a interpretação

e reavaliação das informações disponíveis no levantamento dos monitoramentos das

águas subterrâneas dos poços perfurados nos trinta municípios pertencentes à

microrregião de Presidente Prudente.

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Tabela 2 – Dados dos Poços dos Trinta Municípios da Microrregião de Presidente Prudente.

Município Poço Coord. UTM

Ano perfuração

Profund (m)

Vazão NO3- Ba Cd Zn Fe Pb Hg Cu Cr Sb As Mn Na Fluoretos Col. Fec.

(UFC/mL) (m³/h) (mg.L-1)

Alfredo Marcondes 1 2 n

Álvares Machado Anhumas

Caiabu Caiuá Emilianópolis Estrela do Norte Euclides da Cunha Paulista Indiana João Ramalho Marabá Paulista Martinópolis Mirante do Paranapanema Narandiba Piquerobi Pirapozinho Presidente Bernardes Presidente Epitácio Presidente Prudente Presidente Venceslau Rancharia Regente Feijó Ribeirão dos Índios Rosana Sandovalina Santo Anastácio Santo Expedito Taciba Tarabai Teodoro Sampaio

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O software livre ASSITAT versão 7.7 beta, desenvolvido pela Universidade

Federal de Campina Grande (SILVA; AZEVEDO, 2002) foi utilizado nas análise de

estatística descritivas e nos testes estatísticos de correlação entre a concentração

dos parâmetro de Nitrato, Coliforme termotolerantes e Cromo, e as variáveis:

profundidade e uso da água e aquífero.

Em paralelo, realizou-se pesquisa bibliográfica, para que embasado em

estudos já tornados públicos em relação ao tema de proposto, constituídos

principalmente de livros e artigos de periódicos, seja fundamentado as

probabilidades de causas das contaminações, bem como suas consequências ao

meio ambiente e a saúde pública.

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30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERÍSTICAS DAS CAPTAÇÕES SUBTERRÂNEAS NA

MICRORREGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE

No banco de informações do DAEE encontram-se cadastrados 1468 poços

pertencentes aos 30 municípios da microrregião de Presidente Prudente. A Tabela 3

apresenta a distribuição dos poços por município, sendo Presidente Prudente e

Rosana os municípios que possuem o maior número de captações de águas

subterrâneas, com 460 e 175 poços respectivamente. Tabela 3 – Distribuição de Poços por Município da Microrregião de Presidente Prudente.

Município Nº de Poços Alfredo Marcondes 17 Álvares Machado 78 Anhumas 20 Caiabu 9 Caiuá 28 Emilianópolis 4 Estrela do Norte 4 Euclides da Cunha Paulista 61 Indiana 3 João Ramalho 11 Marabá Paulista 16 Martinópolis 24 Mirante do Paranapanema 53 Narandiba 20 Piquerobi 12 Pirapozinho 53 Presidente Bernardes 42 Presidente Epitácio 69 Presidente Prudente 460 Presidente Venceslau 63 Rancharia 29 Regente Feijó 76 Ribeirão dos Índios Rosana

1 175

(continua)

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31

(continuação)

Município Nº de Poços Sandovalina 12 Santo Anastácio 29 Santo Expedito 18 Taciba 20 Tarabai 13 Teodoro Sampaio 48 TOTAL 1468

A finalidade do uso da água captada foi agrupada em sete usos

preponderantes identificados, conforme relacionados na Figura 8:

Abastecimento público: poços destinados exclusivamente ao fornecimento de

água para a população, operados pela Companhia de Saneamento Básico do

Estado de São Paulo (SABESP) ou outra concessionária, quando de

responsabilidade da Prefeitura Municipal o serviço e água e esgoto;

Consumo Humano / Sanitário: captações subterrâneas de uso principalmente

doméstico como forma alternativa ou complementar ao abastecimento

público;

Industrial: água destinada ao uso na linha de produção das indústrias;

Rural: águas captadas com finalidade de irrigação, dessedentação de animais

e outros usos de fim agropecuário;

Consumo Humano e Sanitário / Industrial: combinação dos dois usos da água

captada do poço;

Consumo Humano e Sanitário / Rural: combinação dos dois usos da água

captada do poço;

Outros: poços identificados com finalidade de usos menos expressivos, como,

jardinagem, lavagem de piso, lava-jato, piscina, comércio, exploração mineral,

entre outros.

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Figura 8 - Uso da Água na Microrregião de Presidente Prudente.

O maior uso identificado na região estudada foi para consumo humano e

sanitário, com 37% dos poços, seguido pelo uso rural que, somados rural com a

combinação de Consumo Humano e Sanitário / Rural, representam 29% das

captações desta área de abrangência.

Apesar de a maioria destes municípios serem abastecidos exclusivamente por

captações de água subterrânea, este uso expressa apenas 10% do total (Figura 8).

Segundo Pogian (2013), em esfera nacional, a maior parte da vazão

outorgada, aproximadamente 72%, tem finalidade de irrigação, seguida dos usos

para abastecimento público e setor industrial (Figura 9). Diferentemente, conforme

os dados cadastrados no DAEE, na microrregião de Presidente Prudente, o maior

consumo de água (em m³/h) é destinada ao consumo humano e sanitário, seguido

pelo consumo rural e industrial.

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Figura 9 – Vazão Outorgada (%) entre Agosto/2010 e Julho/2011 por Finalidade de Uso, em Nível Nacional. Fonte: Adaptado ANA (2012).

Conforme Dibieso e Leal (2011), na área rural as águas dos poços são

utilizadas predominantemente para o abastecimento doméstico, irrigação e

dessedentação de animais, pois além da disponibilidade de água o ano todo, outra

justificativa é a má qualidade da água superficial, (próximo da área urbanizada) e da

quantidade insuficiente da água superficial.

Já nas empresas, a água é captada de poços subterrâneos e utilizadas com

fonte alternativa, outras vezes são combinadas com o abastecimento público

fornecido pela Sabesp. De acordo com entrevista realizada, 57% delas declararam

utilizar água de poço na empresa para uso geral, 13% utilizam conjuntamente água

da rede pública e de poço subterrâneo e 30% utilizam água fornecida pela Sabesp

(DIBIESO; LEAL, 2011).

De acordo com a análise estatística, demonstrada na Tabela 4, a vazão

média de captação de água dos poços é de 7,08 m³/h, sendo a vazão máxima de

100 m³/h e o desvio médio de 7,36 dentre os poços cadastrados.

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Tabela 4 – Estatística Descritiva da Vazão de Água dos Poços da Microrregião de Presidente

Prudente. Número de dados 1345 Menor valor (min) 0 Maior valor (max) 100 Média aritmética(M) 7,08 Lim.conf.inf.da M(95%) 6,43 Lim.conf.sup.da M(95%) 7,72 Mediana 3 Moda 0 Desvio médio 7,36 Desvio padrão(para N-1) 12,08 Desvio padrão(para N) 12,08 Variância(para N-1) 145,94 Variância(para N) 145,84 Coef.Variação(para N-1) 170,71 Coef.Variação(para N) 170,64 * N-1=Amostra e N=População.

Um fator que necessita ser considerado foi que a amostra de dados do estudo

apresentava um alto índice de falta de informação. A Figura 10, retrata que em

média, cerca de 75% dos poços não apresentam todos seus dados de qualidade da

água subterrânea no cadastro do DAEE. Os parâmetros Mercúrio, Chumbo, Arsênio,

Antimônio e Cádmio não possuem informação em mais de 90% dos poços.

Figura 10 – Percentual de Dados Não Informado (NI) no cadastro do DAEE.

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4.2 QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NA MICRORREGIÃO DE

PRESIDENTE PRUDENTE

Considerando apenas os poços com valores informados em cada um dos

parâmetros analisados, a Tabela 5 apresenta o percentual dos poços que estão em

desacordo com a legislação brasileira, não atendendo ao padrão de potabilidade,

com parâmetros acima do valor máximo permitido (VMP) da Portaria do Ministério da

Saúde 2914/11.

Tabela 5 – Percentual dos Poços da Microrregião de Presidente Prudente com Parâmetro Não

Conforme ao VMP da Portaria MS 2914/11.

Parâmetro Número de dados Poços Não Conforme (%)

NO3- 670 4,3 Colif. Fecal 775 5,4 Fe 588 7,8 Cd 62 6,5 Pb 113 8,8 Cu 233 1,7 Cr 262 11,1 Mn 225 4,9 Hg 51 9,8 Fluoretos 616 0,5 Zn 330 0,3 Sb 50 0,0 As 50 0,0 Ba 310 0,0 Na 440 0,0

Observa-se que dos 15 parâmetros estudados, apenas os parâmetros de

Antimônio, Arsênio, Bário e Sódio, possuem 100% dos poços em conformidade com

a legislação vigente, sendo os parâmetros químicos de Cromo, Mercúrio e Chumbo

os maiores índices de não conformidade, com o percentual de 11,1, 9,8 e 8,8,

respectivamente.

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4.2.1 Nitrato

A Tabela 6 retrata a análise estatística dos dados de nitrato dos poços da

microrregião de Presidente Prudente. Na média, a concentração de nitrato

apresentou o valor de aproximadamente de 3,0 mg.L-1, ou seja, dentro do limite

permitido por lei de 10 mg.L-1. Entretanto, conforme apresentado na Tabela 5, cerca

de quatro em cada cem poços perfurados apresentam concentração acima deste

limite, sendo o valor máximo detectado nas amostras de 33,9 mg.L-1, em um poço do

município de Presidente Prudente, perfurado no aquífero Bauru à 120m de

profundidade.

Tabela 6 – Estatística Descritiva do Parâmetro Nitrato da Água Subterrâneas dos Poços da

Microrregião de Presidente Prudente. Número de dados 670 Menor valor (min) 0 Maior valor (max) 33.9 Média aritmética(M) 2.96 Lim.conf.inf.da M(95%) 2.66 Lim.conf.sup.da M(95%) 3.26 Mediana 1.745 Moda 4.46 Desvio médio 2.52 Desvio padrão(para N-1) 4.00 Desvio padrão(para N) 4.00 Variância(para N-1) 15.98 Variância(para N) 15.96 Coef.Variação(para N-1) 135.05 Coef.Variação(para N) 134.95 * N-1=Amostra e N=População.

No estudo realizado por Modesto et al. (2009), cerca de 10% dos poços,

durante o período monitorado, ultrapassaram a concentração de 10 mg.L-1 N-NO3 -, o

qual também é considerado o Valor de Intervenção proposto atualmente pela

CETESB.

Pode-se observar na Figura 11, a distribuição espacial dos municípios que

possuem água subterrânea contaminada por nitrato, considerando apenas o

cadastro do DAEE. A figura também destaca os municípios que têm poços com alta

concentração deste contaminante (entre 7,0 – 10,0 mg.L-1).

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Figura 11 - Municípios da Microrregião de Presidente Prudente com Elevado Teor de Nitrato na Água dos Poços.

Dentre as principais fontes antrópicas relacionadas, destacam-se os efluentes

líquidos domésticos dispostos em fossas e as práticas agrícolas adotadas de

adubação nitrogenada. Alguns estudos apontaram a relação direta entre os padrões

de concentração de nitrato nas águas subterrâneas e os de ocupação urbana

(MODESTO et al., 2009).

Como a recarga das águas no subsolo ocorre, na maioria dos casos, devido à

infiltração da água de chuva em excesso no solo, atividades realizadas neste solo

podem ameaçar a qualidade da água subterrânea. A poluição de aquíferos ocorre

onde o descarte da carga contaminante gerada pela atividade antrópica (urbana,

industrial, agrícola, mineradora) é inadequadamente controlada e certos

componentes excedem a capacidade de atenuação das camadas do solo (FOSTER

et al., 2002).

Porém, estatisticamente não foi possível correlacionar à alta concentração de

nitrato na água subterrânea com a característica do aquífero em que o poço está

alocado, nem com a profundidade da captação d’água. Conforme a Tabela 7, as

características de finalidade do uso da água apresentaram uma correlação de 0,3

com a concentração de NO3-.

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Tabela 7 – Teste de Correlação entre o Parâmetro Químico Nitrato e Atributos dos Poços de Água Subterrânea da Microrregião de Presidente Prudente.

Parâmetros Correlação Nitrato X Profundidade -0,580 Nitrato X Uso da Água 0,300 Nitrato X Aquífero -0,230

Os estudos indicam que a expansão da ocupação urbana sem sistema

adequado de esgotamento sanitário gera uma carga contaminante de nitrato

significativa, que atinge os aquíferos e ameaça a qualidade das águas subterrâneas.

Por outro lado, ainda são necessários mais estudos para aprofundar o entendimento

desta relação frente aos diferentes cenários de ocupação e contexto hidrogeológico,

de modo a permitir a regionalização dos resultados, identificação das áreas críticas e

implantação de medidas efetivas de remediação e/ou contenção do problema

(VARNIER et al., 2010).

De acordo do Hirata; Ferreira (2001), dentre as principais fontes

potencialmente contaminantes, incluem-se: atividade industrial, área de destinação

final de resíduo sólido domiciliar e de outras origens; posto de serviço com

estocagem subterrânea de combustível e área urbanizada sem rede de coleta de

esgoto.

Nas áreas rurais, excluindo os problemas referentes à erosão do solo, a

contaminação da água por nitrato depende de fatores que favorecem a lixiviação do

íon, permitindo sua chegada aos mananciais subterrâneos na água (RESENDE,

2002).

Varnier et al (2010) estudando o nitrato nas águas subterrâneas do sistema

aquífero Bauru, área urbana do município de Marília (SP), obtiveram como

resultados indicações que as maiores concentrações de nitrato (até 16,9 mg.L-1 N-

NO3-) ocorrem nas áreas com ocupação urbana mais antiga e em poços com

profundidades até 150 m. Isto sugere que a contaminação está relacionada aos

sistemas de esgotamento sanitário (fossas antigas e vazamentos na rede coletora

de esgotos) e ocorre predominantemente no Aquífero Marília. As porções mais

profundas deste aquífero são menos permeáveis devido à cimentação carbonática, o

que limita a movimentação desse contaminante para o Aquífero Adamantina,

evidenciado pela qualidade da água dos poços mais profundos, que apresentaram

baixas concentrações de nitrato, em geral, inferiores a 3,0 mg.L-1 N-NO3 -.

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4.2.2 Demais Parâmetros Analisados

A presença de coliformes termotolerantes na água subterrânea, representado

pela detecção da bactéria Escherichia coli como indicador de contaminação, afetam

mais de 5% dos poços, subdivididos em doze municípios da região (Figura 12).

Figura 12 - Município com Presença de Coliformes Termotolerantes na Água dos Poços.

Segundo Freitas e Almeida (2014), os altos percentuais de contaminação por

coliformes totais e/ou termotolerantes em água de poços refletem a situação de risco

em que estão localizados a maioria dos mananciais subterrâneos, uma vez que a

área apresenta uma grande densidade urbana e demográfica não possuindo uma

rede coletora de esgotos capaz de verter todo o efluente produzido para tratamento

adequado, em vez disso muitos domicílios se utilizam de fossas e sumidouros e

valas negras como destino final para seus dejetos, que eventualmente podem

percolar pelo solo, atingindo os lençóis e aquíferos. Devido o requisito legal ser de ausência de tanto coliformes totais, como

E.coli, ou seja, 0 UFC/ 100mL, a variação dos dados foi elevada, sendo o maior valor

detectado 3,7.105 UFC/ 100 mL (Tabela 8).

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Tabela 8 – Estatística Descritiva do Parâmetro Coliformes Termotolerantes dos Poços de Água

Subterrânea da Microrregião de Presidente Prudente. Número de dados 775 Menor valor (min) 0 Maior valor (max) 370000 Média aritmética(M) 478.16 Lim.conf.inf.da M(95%) 457.58 Lim.conf.sup.da M(95%) 1413.90 Mediana 0 Moda 0 Desvio médio 953.60 Desvio padrão(para N-1) 13290.77 Desvio padrão(para N) 13282.19 Variância(para N-1) 176644495.83 Variância(para N) 176416567.45 Coef.Variação(para N-1) 2779.55 Coef.Variação(para N) 2777.76 * N-1=Amostra e N=População.

Siste e Souza (2013) avaliaram a qualidade da água das minas utilizadas

para fins de potabilidade em pontos de afloramentos do aquífero Bauru no entorno

de Presidente Prudente/SP, seus resultados indicaram que todas as fontes estavam

em desconformidade com relação ao parâmetro Escherichia coli, de acordo com a

Resolução CONAMA nº 396 de 2008, tornando-as inapropriadas ao consumo

humano. Tais resultados expõem a atual necessidade de monitoramento,

manutenção e recuperação das atuais fontes existentes.

Amaral et al. (1994) avaliaram a qualidade higiênico-sanitária da água de

poços rasos localizados em uma área urbana, utilizando colifagos em comparação

com indicadores bacterianos de poluição fecal, em seus resultados obtidos

mostraram ser precárias as condições higiênico-sanitárias das águas analisadas,

evidenciaram a ocorrência de 96 (92,3%) amostras fora dos padrões bacteriológicos

de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde, valores estes amplamente

superior aos apresentado neste estudo.

O cromo tem sido o parâmetro químico muito discutido nos estudos da região,

por sua frequência de detecção acima do limite de concentração de 0,05 mg.L-1 nas

captações subterrâneas da região. No presente estudo, o valor médio da

concentração de cromo foi de 3,40 mg.L-1 (Tabela 9), tendo 11% dos poços

extrapolado o limite aceitável.

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Tabela 9 – Estatística Descritiva da Concentração de Cromo da Água dos Poços da Microrregião de Presidente Prudente.

Número de dados 261 Menor valor (min) 0.0005 Maior valor (max) 442 Média aritmética(M) 3.40 Lim.conf.inf.da M(95%) 01.26 Lim.conf.sup.da M(95%) 8.06 Mediana 0.011 Moda 0.01 Desvio médio 6.69 Desvio padrão(para N-1) 38.44 Desvio padrão(para N) 38.37 Variância(para N-1) 1477.67 Variância(para N) 1472.01 Coef.Variação(para N-1) 1131.20 Coef.Variação(para N) 1129.03 * N-1=Amostra e N=População.

Baseado na Figura 13 nota-se que os onze municípios que possuem poços

com concentração de cromo acima do permitido estão agrupados na área central da

região em direção ao pontal do Paranapanema. Todavia, nas análises de estatística

dos dados realizadas, não apresentou correlação positiva tanto do parâmetro de

cromo, como de coliforme fecal, em relação à profundidade, aquífero ou uso da água

(Tabela 10).

Figura 13 - Município com Presença de Cromo na Água dos Poços Acima do VMP.

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Tabela 10 – Teste de Correlação entre Parâmetros Químicos e Atributos dos Poços de Água Subterrânea da Microrregião de Presidente Prudente.

Parâmetros Correlação Cromo X Profundidade -0,300 Cromo X Uso da Água -0,243 Cromo X Aquífero -0,139 Coliforme Fecal X Profundidade -0,012 Coliforme Fecal X Uso da Água -0,037 Coliforme Fecal X Aquífero -0,004

Segundo Siste e Souza (2013) no aquífero Bauru a água subterrânea

encontra-se a pouca profundidade, em geral as águas deste aquífero possuem boa

qualidade de potabilidade, porém existem poços onde foram detectadas

concentrações de cromo e nitrato que ultrapassam padrões de potabilidade de água

para consumo humano. Pela recarga ocorrer em toda sua extensão, já que se trata

de um aquífero livre, o risco de poluição é maior, pois recebem recarga direta das

águas que caem sobre o solo e infiltram em subsuperfície (IRITANI; EZAKI, 2008).

Tal fato chama a atenção para a necessidade de um esforço conjunto do governo e

da sociedade no desenvolvimento de programas e implantação de ações destinadas

à sua proteção.

Os demais parâmetros químicos analisados, como o ferro, mercúrio, zinco,

cobre, manganês, chumbo, cádmio e fluoretos, também possuem grande

importância na análise da qualidade da água, por interferirem diretamente na

potabilidade na água para consumo humano, podendo acarretar problemas de

saúde pública se não forem monitorados devidamente.

A Figura 14 ilustra a distribuição dos municípios da microrregião de

Presidente Prudente que têm poços como concentração de cada um dos parâmetros

acima do valor máximo permitido pela Portaria MS 2914/11.

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(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

(g)

(h)

Figura 14 - Município com VMP Acima do Permitido na Água dos Poços para os Parâmetros Químicos: (a) Ferro; (b) Mercúrio; (c) Fluoretos; (d) Cobre; (e) Zinco; (f) Manganês; (g) Chumbo; e (h) Cádmio.

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Segundo Resende (2002), micronutrientes como zinco, cobre e manganês,

em situações específicas de certas atividades agrícolas, e, principalmente

industriais, podem concentrar ou acumular no solo, possibilitando eventualmente

atingir, por meio de processos erosivos, a água.

Para Sisinno e Moreira (1996), a concentração de metais encontrada nas

águas possivelmente é ocasionada pelo tipo de solo da região – capaz de promover

mecanismos de atenuar ou acentuar –, além de outros fatores, como: adsorção

destes elementos a partículas em suspensão na coluna d’água, concentração destes

elementos, pluviosidade na época de amostragem da amostra.

4.2.3 Criticidade dos Municípios da Microrregião de Presidente Prudente

O conceito de perigo de contaminação de aquíferos pode ser entendido como

a probabilidade de que as águas subterrâneas possam ser degradadas em

concentrações acima dos padrões de qualidade de água potável, mas não

necessariamente que venham a contaminar fontes de abastecimento (poços, por

exemplo), uma vez que esta análise depende das características de transporte na

zona saturada do aquífero (HIRATA; FERREIRA, 2001).

O mapa abaixo (Figura 15) retrata a criticidade da qualidade da água nos

municípios, considerando o número de poluentes encontrados na águas dos poços

acima do padrão de potabilidade.

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Figura 15 – Mapa da Criticidade pelo Número de Contaminantes por Município da Região.

Os municípios de Presidente Prudente e Regente Feijó, neste sentido, são os

que necessitam de maior atenção no uso da água subterrânea, pois dentro do

território municipal foi detectado problemas com dez dos quinze parâmetros

analisados. Com cinco parâmetros analisados acima do padrão permitido estão os

município de Rosana, Euclides da Cunha paulista e Marabá Paulista.

Esse resultado muito se deve ao crescimento da ocupação urbana, uso

irregular de áreas de alimentação dos aquíferos, provocando a infiltração de

contaminantes, e um passado com carência de condições sanitárias adequada,

como o uso de fossas sépticas irregulares e falta disposição adequada de resíduos.

Por outro lado, Anhumas, Emilianópolis, Indiana, João Ramalho, Ribeirão dos

Índios e Sandovalina foram os municípios identificados como melhor qualidade da

água subterrânea na microrregião de Presidente Prudente, pois não apresentaram

nenhuma não conformidade dentre os padrões de qualidade estudado. Entretanto, a

amostra de dados não foi significativa, pois na soma destes municípios representam

apenas 3,5% dos poços perfurados na região estudada. Sendo que, estatisticamente

não foi possível definir áreas com maior ou menor suscetibilidade de estarem

contaminadas.

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4.3 ÁGUA SUBTERRÂNEA NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE

Em relação exclusivamente aos poços perfurados no município de Presidente

Prudente a vazão média de exploração foi 5,52 m³/h com desvio médio 5,01, inferior

ao da microrregião de Presidente Prudente (Tabela 11).

Tabela 11 – Estatística Descritiva da Vazão de Água dos Poços do Município de Presidente Prudente.

Número de dados 420 Menor valor (min) 0 Maior valor (max) 83.3 Média aritmética(M) 5.52 Lim.conf.inf.da M(95%) 4.73 Lim.conf.sup.da M(95%) 6.31 Mediana 3 Moda 0 Desvio médio 5.01 Desvio padrão(para N-1) 8.25 Desvio padrão(para N) 8.24 Variância(para N-1) 68.06 Variância(para N) 67.89 Coef.Variação(para N-1) 149.42 Coef.Variação(para N) 149.25 * N-1=Amostra e N=População.

Na Figura 16 observa-se que, os usos preponderantes da água dos poços do

município apresentaram algumas variações em comparação à microrregião. Os

poços destinados ao consumo humano e sanitário tiveram um aumento de cerca de

20% e os com a finalidade de abastecimento público uma redução para 2%. Isto se

justifica pelo motivo do abastecimento público do município de Presidente Prudente

ser realizado prioritariamente por captações superficiais.

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Figura 16 - Uso da Água no Município de Presidente Prudente.

De acordo com Câmara Municipal (2014), a captação da água em Presidente

Prudente totaliza em média 65 milhões de litros/dia, sendo 780 l/s provenientes de

mananciais superficiais e 140 l/s de mananciais subterrâneos. Os mananciais

superficiais de Presidente Prudente são: Rio do Peixe, Rio Santo Anastácio e

represa do Balneário da Amizade.

O sistema de abastecimento de água é muito dinâmico. Constantes

mudanças acontecem principalmente na captação subterrânea, com o fechamento

de poços por motivos de inviabilidade econômica, obstrução ou rompimento das

tubulações, etc. A captação de água superficial também varia ao longo do ano,

considerando a disponibilidade e qualidade do manancial, e do dia, em razão de

economia de energia elétrica nos horários de pico (das 18 às 21 h).

Diferentemente dos valores apresentados na Tabela 5, referente a totalidade

da região estudada, no município de Presidente Prudente as parâmetros com maior

percentual de não conformidade foram Mercúrio, pH, Nitrato, Coliforme Fecal e

Ferro, com os índices de 12,0, 6,2, 6,0, 5,9, e 5,9, respectivamente (Tabela 12).

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Tabela 12 – Percentual dos Poços do Município de Presidente Prudente com Parâmetro Não Conforme ao VMP da Portaria MS 2914/11.

Parâmetro Número de dados Poços Não Conforme (%)

NO3- 299 6,0 Colif. Fecal 256 5,9 Fe 169 5,9 Cd 27 3,7 Pb 47 4,3 Cu 95 0,0 Cr 94 3,2 Mn 82 3,7 Hg 25 12,0 Fluoretos 210 1,0 Zn 119 0,0 pH 292 6,2 Sb 24 0,0 As 25 0,0 Ba 114 0,0 Na 163 0,0

Procel (2011) avaliou, no município de Presidente Prudente (SP), as

tendências de distribuição das concentrações de nitrato nas águas subterrâneas ao

longo do tempo e espaço, frente aos padrões de ocupação urbana, demonstrando a

relação direta entre a contaminação e a densidade e idade da urbanização e os

sistemas de saneamento in situ.

Essa avaliação permitiu dividir a área urbana de Presidente Prudente em três

zonas sensíveis à contaminação por nitrato. A primeira, com problemas de

contaminação (>10 mg.L-1 N-NO3 -), está relacionada às porções mais antigas da

área urbana, com alta densidade populacional (120 hab/ha) e rede de esgoto

instalada apenas a partir da década de 1980. A segunda zona, com possíveis

problemas de nitrato, apresenta concentrações entre 5 e 10 mg.L-1 N-NO3 - e

estende-se por bairros mais novos, com densidade urbana média de 84 hab/ha. A

rede de esgoto, neste local, foi instalada somente a partir do ano 2000. A terceira

zona abrange bairros novos com baixa densidade de ocupação (20 hab/ha) e

concentrações de nitrato inferiores a 5 mg.L-1 N-NO3 -. Tais bairros foram implantados

a partir de 2000, já com a rede coletora de esgoto.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A microrregião de Presidente Prudente abrange 30 municípios, localizados

dentro da bacia do Rio do Peixe, Médio Paranapanema e Pontal do Paranapanema,

tendo como principal aquífero de captação de água subterrânea o Bauru.

A principal finalidade da água subterrânea captada, nos 1468 poços

cadastrados no DAEE, é o uso como fonte alternativa para o consumo humano e

sanitário. Em seguida, o maior percentual é destinado para o uso rural, como

irrigação e dessedentação de animais.

A qualidade da água subterrânea tem sido o fator preocupante na região.

Dentre os quinze parâmetros químicos analisados, apenas quatro (Arsênio, Bário,

Sódio e Antimônio) não foram detectados nas amostras de águas acima do limite

estabelecido pela Portaria MS 2914/11.

O cromo foi o elemento químico mais detectado acima do VMP, estando não

conforme em 11% dos poços. O nitrato, parâmetro que tem sido amplamente

discutido, entre órgãos de fiscalização, comitês de bacias e sociedade científica, foi

identificado acima dos padrões em 4,3% das amostras.

A criticidade da qualidade da água subterrânea foi fortemente evidenciada

nos municípios de Presidente Prudente e Regente Feijó, com a identificação de 10

contaminantes nas águas captadas em cada um dos municípios.

Os municípios de Anhumas, Emilianópolis, Indiana, João Ramalho, Ribeirão

dos Índios e Sandovalina foram os únicos não tiveram nenhum dos parâmetros em

desacordo com a legislação, entretanto representam apenas 3,5% dos poços

perfurados na região estudada.

Face ao exposto, se realça a importância do monitoramento, fiscalização e

controle, não só da qualidade da água subterrânea, mas de toda sua área de

influência, conhecendo, principalmente, o histórico de ocupação do solo da área de

perfuração do poço e o objetivo de a que se destina o uso da água, para que sejam

prevenidas as possibilidades de disseminação de doenças, acarretando em

problemas na saúde pública, devido à presença de contaminantes.

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Para possibilitar o uso das águas com estes contaminantes, se autorizada à

captação da água pelo órgão responsável, faz-se necessário tratamentos

específicos que será avaliada em cada caso, em função da concentração do

parâmetro químico, técnicas disponíveis e custo benefício, sendo este um requisito

que muitas vezes impossibilita a exploração dos poços, pelos altos custos a serem

empregados no tratamento da água.

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ANEXO

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ANEXO A – Portaria MS nº 2914/2011 PORTARIA No- 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011(*)

Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribuição que lhe confere os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição,e

Considerando a Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, que configura infrações à legislação sanitária federal e estabelece as sanções respectivas;

Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes;

Considerando a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989;

Considerando a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos;

Considerando a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leisnºs 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978;

Considerando o Decreto nº 79.367, de 9 de março de 1977, que dispõe sobre normas e o padrão de potabilidade de água;

Considerando o Decreto nº 5.440, de 4 de maio de 2005, que estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano; e

Considerando o Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, resolve:

Art. 1° Esta Portaria dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 2° Esta Portaria se aplica à água destinada ao consumo humano

proveniente de sistema e solução alternativa de abastecimento de água. Parágrafo único. As disposições desta Portaria não se aplicam à água

mineral natural, à água natural e às águas adicionadas de sais destinadas ao consumo humano após o envasamento, e a outras águas utilizadas como matéria-prima para elaboração de produtos, conforme Resolução (RDC) nº 274, de 22 de setembro de 2005, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Art. 3° Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de controle e vigilância da qualidade da água.

Art. 4° Toda água destinada ao consumo humano proveniente de solução alternativa individual de abastecimento de água, independentemente da forma de acesso da população, está sujeita à vigilância da qualidade da água.

CAPÍTULO II DAS DEFINIÇÕES Art. 5° Para os fins desta Portaria, são adotadas as seguintes

definições:

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I - água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem;

II - água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde;

III - padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água para consumo humano, conforme definido nesta Portaria;

IV - padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não necessariamente implicam risco à saúde;

V - água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação destes, visando atender ao padrão de potabilidade;

VI - sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição;

VII - solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano: modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição;

VIII - solução alternativa individual de abastecimento de água para consumo humano: modalidade de abastecimento de água para consumo humano que atenda a domicílios residenciais com uma única família, incluindo seus agregados familiares;

IX - rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento formada por tubulações e seus acessórios, destinados a distribuir água potável até as ligações prediais;

X - ligações prediais: conjunto de tubulações e peças especiais, situado entre a rede de distribuição de água e o cavalete, este incluído;

XI - cavalete: kit formado por tubos e conexões destinados à instalação do hidrômetro para realização da ligação de água;

XII - interrupção: situação na qual o serviço de abastecimento de água é interrompido temporariamente, de forma programada ou emergencial, em razão da necessidade de se efetuar reparos, modificações ou melhorias no respectivo sistema;

XIII - intermitência: é a interrupção do serviço de abastecimento de água, sistemática ou não, que se repete ao longo de determinado período, com duração igual ou superior a seis horas em cada ocorrência;

XIV - integridade do sistema de distribuição: condição de operação e manutenção do sistema de distribuição (reservatório e rede) de água potável em que a qualidade da água produzida pelos processos de tratamento seja preservada até as ligações prediais;

XV - controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades exercidas regularmente pelo responsável pelo sistema ou por solução alternativa coletiva de abastecimento de água, destinado a verificar se a água fornecida à população é potável, de forma a assegurar a manutenção desta condição;

XVI - vigilância da qualidade da água para consumo humano: conjunto de ações adotadas regularmente pela autoridade de saúde pública para verificar o atendimento a esta Portaria, considerados os aspectos socioambientais e a realidade local, para avaliar se a água consumida pela população apresenta risco à saúde humana;

XVII - garantia da qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar a validade dos ensaios realizados;

XVIII - recoleta: ação de coletar nova amostra de água para consumo humano no ponto de coleta que apresentou alteração em algum parâmetro analítico; e

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XIX - passagem de fronteira terrestre: local para entrada ou saída internacional de viajantes, bagagens, cargas, contêineres, veículos rodoviários e encomendas postais.

CAPÍTULO III DAS COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES Seção I Das Competências da União Art. 6° Para os fins desta Portaria, as

competências atribuídas à União serão exercidas pelo Ministério da Saúde (MS) e entidades a ele vinculadas, conforme estabelecido nesta Seção.

Art. 7º Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS): I - promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água para

consumo humano, em articulação com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e respectivos responsáveis pelo controle da qualidade da água;

II - estabelecer ações especificadas no Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA);

III - estabelecer as ações próprias dos laboratórios de saúde pública, especificadas na Seção V desta Portaria;

IV - estabelecer diretrizes da vigilância da qualidade da água para consumo humano a serem implementadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitados os princípios do SUS;

V - estabelecer prioridades, objetivos, metas e indicadores de vigilância da qualidade da água para consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores Tripartite; e

VI - executar ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, de forma complementar à atuação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 8º Compete à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI/MS) executar, diretamente ou mediante parcerias, incluída a contratação de prestadores de serviços, as ações de vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano nos sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água das aldeias indígenas.

Art. 9º Compete à Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) apoiar as ações de controle da qualidade da água para consumo humano proveniente de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água para consumo humano, em seu âmbito de atuação, conforme os critérios e parâmetros estabelecidos nesta Portaria.

Art. 10. Compete à ANVISA exercer a vigilância da qualidade da água nas áreas de portos, aeroportos e passagens de fronteiras terrestres, conforme os critérios e parâmetros estabelecidos nesta Portaria, bem como diretrizes específicas pertinentes.

Seção II Das Competências dos Estados Art. 11. Compete às Secretarias de Saúde dos Estados: I - promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água, em

articulação com os Municípios e com os responsáveis pelo controle da qualidade da água;

II - desenvolver as ações especificadas no VIGIAGUA, consideradas as peculiaridades regionais e locais;

III - desenvolver as ações inerentes aos laboratórios de saúde pública, especificadas na Seção V desta Portaria;

IV - implementar as diretrizes de vigilância da qualidade da água para consumo humano definidas no âmbito nacional;

V - estabelecer as prioridades, objetivos, metas e indicadores de vigilância da qualidade da água para consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores Bipartite;

VI - encaminhar aos responsáveis pelo abastecimento de água quaisquer informações referentes a investigações de surto relacionado à qualidade da água para consumo humano;

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VII - realizar, em parceria com os Municípios, nas situações de surto de doença diarréica aguda ou outro agravo de transmissão fecal-oral, os seguintes procedimentos:

a) análise microbiológica completa, de modo a apoiar a investigação epidemiológica e a identificação, sempre que possível, do gênero ou espécie de micro-organismos;

b) análise para pesquisa de vírus e protozoários, no que couber, ou encaminhamento das amostras para laboratórios de referência nacional, quando as amostras clínicas forem confirmadas para esses agentes e os dados epidemiológicos apontarem a água como via de transmissão;

c) envio das cepas de Escherichia coli aos laboratórios de referência nacional para identificação sorológica; e

VIII - executar as ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, de forma complementar à atuação dos Municípios, nos termos da regulamentação do SUS.

Seção III Das Competências dos Municípios Art. 12. Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios: I - exercer a vigilância da qualidade da água em sua área de

competência, em articulação com os responsáveis pelo controle da qualidade da água para consumo humano;

II - executar ações estabelecidas no VIGIAGUA, consideradas as peculiaridades regionais e locais, nos termos da legislação do SUS;

III - inspecionar o controle da qualidade da água produzida e distribuída e as práticas operacionais adotadas no sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, notificando seus respectivos responsáveis para sanar a(s) irregularidade(s) identificada(s);

IV - manter articulação com as entidades de regulação quando detectadas falhas relativas à qualidade dos serviços de abastecimento de água, a fim de que sejam adotadas as providências concernentes a sua área de competência;

V- garantir informações à população sobre a qualidade da água para consumo humano e os riscos à saúde associados, de acordo com mecanismos e os instrumentos disciplinados no Decreto nº 5.440, de 4 de maio de 2005;

VI - encaminhar ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano informações sobre surtos e agravos à saúde relacionados à qualidade da água para consumo humano;

VII - estabelecer mecanismos de comunicação e informação com os responsáveis pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água sobre os resultados das ações de controle realizadas;

VIII - executar as diretrizes de vigilância da qualidade da água para consumo humano definidas no âmbito nacional e estadual;

IX - realizar, em parceria com os Estados, nas situações de surto de doença diarréica aguda ou outro agravo de transmissão fecaloral, os seguintes procedimentos:

a) análise microbiológica completa, de modo a apoiar a investigação epidemiológica e a identificação, sempre que possível, do gênero ou espécie de micro-organismos;

b) análise para pesquisa de vírus e protozoários, quando for o caso, ou encaminhamento das amostras para laboratórios de referência nacional quando as amostras clínicas forem confirmadas para esses agentes e os dados epidemiológicos apontarem a água como via de transmissão;

c) envio das cepas de Escherichia coli aos laboratórios de referência nacional para identificação sorológica; e

X - cadastrar e autorizar o fornecimento de água tratada, por meio de solução alternativa coletiva, mediante avaliação e aprovação dos documentos exigidos no art. 14 desta Portaria.

Parágrafo único. A autoridade municipal de saúde pública não autorizará o fornecimento de água para consumo humano, por meio de solução

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alternativa coletiva, quando houver rede de distribuição de água, exceto em situação de emergência e intermitência.

Seção IV Do Responsável pelo Sistema ou Solução Alternativa Coletiva de

Abastecimento de Água para Consumo Humano Art. 13. Compete ao responsável pelo sistema ou solução alternativa

coletiva de abastecimento de água para consumo humano: I - exercer o controle da qualidade da água; II - garantir a operação e a manutenção das instalações destinadas

ao abastecimento de água potável em conformidade com as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e das demais normas pertinentes;

III - manter e controlar a qualidade da água produzida e distribuída, nos termos desta Portaria, por meio de:

a) controle operacional do(s) ponto(s) de captação, adução, tratamento, reservação e distribuição, quando aplicável;

b) exigência, junto aos fornecedores, do laudo de atendimento dos requisitos de saúde estabelecidos em norma técnica da ABNT para o controle de qualidade dos produtos químicos utilizados no tratamento de água;

c) exigência, junto aos fornecedores, do laudo de inocuidade dos materiais utilizados na produção e distribuição que tenham contato com a água;

d) capacitação e atualização técnica de todos os profissionais que atuam de forma direta no fornecimento e controle da qualidade da água para consumo humano;

e) análises laboratoriais da água, em amostras provenientes das diversas partes dos sistemas e das soluções alternativas coletivas, conforme plano de amostragem estabelecido nesta Portaria;

IV - manter avaliação sistemática do sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, sob a perspectiva dos riscos à saúde, com base nos seguintes critérios:

a) ocupação da bacia contribuinte ao manancial; b) histórico das características das águas; c) características físicas do sistema; d) práticas operacionais; e) na qualidade da água distribuída, conforme os princípios dos

Planos de Segurança da Água (PSA) recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ou definidos em diretrizes vigentes no País;

V - encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios relatórios das análises dos parâmetros mensais, trimestrais e semestrais com informações sobre o controle da qualidade da água, conforme o modelo estabelecido pela referida autoridade;

VI - fornecer à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios os dados de controle da qualidade da água para consumo humano, quando solicitado;

VII - monitorar a qualidade da água no ponto de captação, conforme estabelece o art. 40 desta Portaria;

VIII - comunicar aos órgãos ambientais, aos gestores de recursos hídricos e ao órgão de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios qualquer alteração da qualidade da água no ponto de captação que comprometa a tratabilidade da água para consumo humano;

IX - contribuir com os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, por meio de ações cabíveis para proteção do(s)manancial(ais) de abastecimento(s) e das bacia(s) hidrográfica(s);

X - proporcionar mecanismos para recebimento de reclamações e manter registros atualizados sobre a qualidade da água distribuída, sistematizando-os de forma compreensível aos consumidores e disponibilizando-os para pronto acesso e consulta pública, em atendimento às legislações específicas de defesa do consumidor;

XI - comunicar imediatamente à autoridade de saúde pública municipal e informar adequadamente à população a detecção de qualquer risco à saúde,

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ocasionado por anomalia operacional no sistema e solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano ou por não-conformidade na qualidade da água tratada, adotando-se as medidas previstas no art. 44 desta Portaria; e

XII - assegurar pontos de coleta de água na saída de tratamento e na rede de distribuição, para o controle e a vigilância da qualidade da água.

Art. 14. O responsável pela solução alternativa coletiva de abastecimento de água deve requerer, junto à autoridade municipal de saúde pública, autorização para o fornecimento de água tratada, mediante a apresentação dos seguintes documentos:

I - nomeação do responsável técnico habilitado pela operação da solução alternativa coletiva;

II - outorga de uso, emitida por órgão competente, quando aplicável; e

III - laudo de análise dos parâmetros de qualidade da água previstos nesta Portaria.

Art. 15. Compete ao responsável pelo fornecimento de água para consumo humano por meio de veículo transportador:

I - garantir que tanques, válvulas e equipamentos dos veículos transportadores sejam apropriados e de uso exclusivo para o armazenamento e transporte de água potável;

II - manter registro com dados atualizados sobre o fornecedor e a fonte de água;

III - manter registro atualizado das análises de controle da qualidade da água, previstos nesta Portaria;

IV - assegurar que a água fornecida contenha um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L; e

V - garantir que o veículo utilizado para fornecimento de água contenha, de forma visível, a inscrição "ÁGUA POTÁVEL" e os dados de endereço e telefone para contato.

Art. 16. A água proveniente de solução alternativa coletiva ou individual, para fins de consumo humano, não poderá ser misturada com a água da rede de distribuição.

Seção V Dos Laboratórios de Controle e Vigilância Art. 17. Compete ao Ministério da Saúde: I - habilitar os laboratórios de referência regional e nacional para

operacionalização das análises de maior complexidade na vigilância da qualidade da água para consumo humano, de acordo com os critérios estabelecidos na Portaria nº 70/SVS/MS, de 23 de dezembro de 2004;

II - estabelecer as diretrizes para operacionalização das atividades analíticas de vigilância da qualidade da água para consumo humano; e

III - definir os critérios e os procedimentos para adotar metodologias analíticas modificadas e não contempladas nas referências citadas no art. 22 desta Portaria.

Art. 18. Compete às Secretarias de Saúde dos Estados habilitar os laboratórios de referência regional e municipal para operacionalização das análises de vigilância da qualidade da água para consumo humano.

Art. 19. Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios indicar, para as Secretarias de Saúde dos Estados, outros laboratórios de referência municipal para operacionalização das análises de vigilância da qualidade da água para consumo humano, quando for o caso.

Art. 20. Compete aos responsáveis pelo fornecimento de água para consumo humano estruturar laboratórios próprios e, quando necessário, identificar outros para realização das análises dos parâmetros estabelecidos nesta Portaria.

Art. 21. As análises laboratoriais para controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano podem ser realizadas em laboratório próprio, conveniado ou subcontratado, desde que se comprove a existência de sistema de gestão da qualidade, conforme os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 17025:2005.

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Art. 22. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros previstos nesta Portaria devem atender às normas nacionais ou internacionais mais recentes, tais como:

I - Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, de autoria das instituições American Public Health

Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF);

II - United States Environmental Protection Agency (USEPA); III - Normas publicadas

pela International Standartization Organization (ISO); e IV - Metodologias propostas pela Organização Mundial à Saúde (OMS). CAPÍTULO IV DAS EXIGÊNCIAS APLICÁVEIS AOS SISTEMAS E SOLUÇÕES ALTERNATIVAS

COLETIVAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Art. 23. Os sistemas e as soluções alternativas coletivas de

abastecimento de água para consumo humano devem contar com responsável técnico habilitado.

Art. 24. Toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar por processo de desinfecção ou cloração.

Parágrafo único. As águas provenientes de manancial superficial devem ser submetidas a processo de filtração.

Art. 25. A rede de distribuição de água para consumo humano deve ser operada sempre com pressão positiva em toda sua extensão.

Art. 26. Compete ao responsável pela operação do sistema de abastecimento de água para consumo humano notificar à autoridade de saúde pública e informar à respectiva entidade reguladora e à população, identificando períodos e locais, sempre que houver:

I - situações de emergência com potencial para atingir a segurança de pessoas e bens;

II - interrupção, pressão negativa ou intermitência no sistema de abastecimento;

III - necessidade de realizar operação programada na rede de distribuição, que possa submeter trechos a pressão negativa;

IV - modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas de abastecimento; e

V - situações que possam oferecer risco à saúde. CAPÍTULO V DO PADRÃO DE POTABILIDADE Art. 27. A água potável deve estar em conformidade com padrão

microbiológico, conforme disposto no Anexo I e demais disposições desta Portaria.

§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações corretivas devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios.

§ 2º Nos sistemas de distribuição, as novas amostras devem incluir no mínimo uma recoleta no ponto onde foi constatado o resultado positivo para coliformes totais e duas amostras extras, sendo uma à montante e outra à jusante do local da recoleta.

§ 3º Para verificação do percentual mensal das amostras com resultados positivos de coliformes totais, as recoletas não devem ser consideradas no cálculo.

§ 4º O resultado negativo para coliformes totais das recoletas não anula o resultado originalmente positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado positivo.

§ 5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente para coliformes totais no sistema de distribuição, expressa no Anexo I desta Portaria, não são tolerados resultados positivos que ocorram em recoleta, nos termos do § 1º deste artigo.

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§ 6º Quando o padrão microbiológico estabelecido no Anexo I desta Portaria for violado, os responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo humano devem informar à autoridade de saúde pública as medidas corretivas tomadas.

§ 7º Quando houver interpretação duvidosa nas reações típicas dos ensaios analíticos na determinação de coliformes totais e Escherichia coli, deve-se fazer a recoleta.

Art. 28. A determinação de bactérias heterotróficas deve ser realizada como um dos parâmetros para avaliar a integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede).

§ 1º A contagem de bactérias heterotróficas deve ser realizada em 20% (vinte por cento) das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição (reservatório e rede).

§ 2º Na seleção dos locais para coleta de amostras devem ser priorizadas pontas de rede e locais que alberguem grupos populacionais de risco à saúde humana grupos populacionais de risco.

§ 3º Alterações bruscas ou acima do usual na contagem de bactérias heterotróficas devem ser investigadas para identificação de irregularidade e providências devem ser adotadas para o restabelecimento da integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede), recomendando-se que não se ultrapasse o limite de 500 UFC/mL.

Art. 29. Recomenda-se a inclusão de monitoramento de vírus entéricos no(s) ponto(s) de captação de água proveniente(s) demanancial(is) superficial(is) de abastecimento, com o objetivo de subsidiar estudos de avaliação de risco microbiológico.

Art. 30. Para a garantia da qualidade microbiológica da água, em complementação às exigências relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser atendido o padrão de turbidez expresso no Anexo II e devem ser observadas as demais exigências contidas nesta Portaria.

§ 1º Entre os 5% (cinco por cento) dos valores permitidos de turbidez superiores ao VMP estabelecido no Anexo II desta Portaria, para água subterrânea com desinfecção, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 uT, assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 uT em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede).

§ 2° O valor máximo permitido de 0,5 uT para água filtrada por filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta), assim como o valor máximo permitido de 1,0 uT para água filtrada por filtração lenta, estabelecidos no Anexo II desta Portaria, deverão ser atingidos conforme as metas progressivas definidas no Anexo III desta Portaria.

§ 3º O atendimento do percentual de aceitação do limite de turbidez, expresso no Anexo II desta Portaria, deve ser verificado mensalmente com base em amostras, preferencialmente no efluente individual de cada unidade de filtração, no mínimo diariamente para desinfecção ou filtração lenta e no mínimo a cada duas horas para filtração rápida.

Art. 31. Os sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água que utilizam mananciais superficiais devem realizar monitoramento mensal de Escherichia coli no(s) ponto(s) de captação de água.

§ 1º Quando for identificada média geométrica anual maior ou igual a 1.000 Escherichia coli/100mL deve-se realizar monitoramento de cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. no(s) ponto(s) de captação de água.

§ 2º Quando a média aritmética da concentração de oocistos de Cryptosporidium spp. for maior ou igual a 3,0 oocistos/L no(s) pontos(s) de captação de água, recomenda-se a obtenção de efluente em filtração rápida com valor de turbidez menor ou igual a 0,3 uT em 95% (noventa e cinco por cento) das amostras mensais ou uso de processo de desinfecção que comprovadamente alcance a mesma eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium spp.

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§ 3º Entre os 5% (cinco por cento) das amostras que podem apresentar valores de turbidez superiores ao VMP estabelecido no § 2° do art. 30 desta Portaria, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser menor ou igual a 1,0 uT, para filtração rápida e menor ou igual a 2,0 uT para filtração lenta.

§ 4° A concentração média de oocistos de Cryptosporidium spp. referida no § 2º deste artigo deve ser calculada considerando um númeromínino de 24 (vinte e quatro) amostras uniformemente coletadas ao longo de um período mínimo de um ano e máximo de dois anos.

Art. 32. No controle do processo de desinfecção da água por meio da cloração, cloraminação ou da aplicação de dióxido de cloro devem ser observados os tempos de contato e os valores de concentrações residuais de desinfetante na saída do tanque de contato expressos nos Anexos IV, V e VI desta Portaria.

§ 1º Para aplicação dos Anexos IV, V e VI deve-se considerar a temperatura média mensal da água.

§ 2º No caso da desinfecção com o uso de ozônio, deve ser observado o produto, concentração e tempo de contato (CT) de 0,16 mg.min/L para temperatura média da água igual a 15º C.

§ 3º Para valores de temperatura média da água diferentes de 15º C, deve-se proceder aos seguintes cálculos:

I - para valores de temperatura média abaixo de 15ºC: duplicar o valor de CT a cada decréscimo de 10ºC.

II - para valores de temperatura média acima de 15ºC: dividir por dois o valor de CT a cada acréscimo de 10ºC.

§ 4° No caso da desinfecção por radiação ultravioleta, deve ser observada a dose mínima de 1,5 mJ/cm2 para 0,5 log de inativação de cisto de Giardia spp.

Art. 33. Os sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água supridas por manancial subterrâneo com ausência de contaminação por Escherichia coli devem realizar cloração da água mantendo o residual mínimo do sistema de distribuição (reservatório e rede), conforme as disposições contidas no art. 34 desta Portaria.

§ 1° Quando o manancial subterrâneo apresentar contaminação por Escherichia coli, no controle do processo de desinfecção da água, devem ser observados os valores do produto de concentração residual de desinfetante na saída do tanque de contato e o tempo de contato expressos nos Anexos IV, V e VI desta Portaria ou a dose mínima de radiação ultravioleta expressa no § 4º do art. 32 desta Portaria.

§ 2° A avaliação da contaminação por Escherichia coli no manancial subterrâneo deve ser feita mediante coleta mensal de uma amostra de água em ponto anterior ao local de desinfecção.

§ 3° Na ausência de tanque de contato, a coleta de amostras de água para a verificação da presença/ausência de coliformes totais em sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de abastecimento de águas, supridas por manancial subterrâneo, deverá ser realizada em local à montante ao primeiro ponto de consumo.

Art. 34. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede).

Art. 35. No caso do uso de ozônio ou radiação ultravioleta como desinfetante, deverá ser adicionado cloro ou dióxido de cloro, de forma a manter residual mínimo no sistema de distribuição (reservatório e rede), de acordo com as disposições do art. 34 desta Portaria.

Art. 36. Para a utilização de outro agente desinfetante, além dos citados nesta Portaria, deve-se consultar o Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS.

Art. 37. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias químicas que representam risco à saúde e cianotoxinas, expressos nos Anexos VII e VIII e demais disposições desta Portaria.

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§ 1° No caso de adição de flúor (fluoretação), os valores recomendados para concentração de íon fluoreto devem observar a Portaria nº 635/GM/MS de 30 de janeiro de 1976, não podendo ultrapassar o VMP expresso na Tabela do Anexo VII desta Portaria.

§ 2° As concentrações de cianotoxinas referidas no Anexo VIII desta Portaria devem representar as contribuições da fração intracelular e da fração extracelular na amostra analisada.

§ 3° Em complementação ao previsto no Anexo VIII desta Portaria, quando for detectada a presença de gêneros potencialmente produtores de cilindrospermopsinas no monitoramento de cianobactérias previsto no § 112 do art. 40 § 1º do art. 40 desta Portaria, recomenda-se a análise dessas cianotoxinas, observando o valor máximo aceitável de 1,0 μg/L.

§ 4° Em complementação ao previsto no Anexo VIII desta Portaria, quando for detectada a presença de gêneros de cianobactérias potencialmente produtores de anatoxina-a(s) no monitoramento de cianobactérias previsto no § 1° do art. 40 desta Portaria, recomenda-se a análise da presença desta cianotoxina.

Art. 38. Os níveis de triagem que conferem potabilidade da água do ponto de vista radiológico são valores de concentração de atividade que não excedem 0,5 Bq/L para atividade alfa total e 1Bq/L para beta total.

Parágrafo único. Caso os níveis de triagem citados neste artigo sejam superados, deve ser realizada análise específica para osradionuclídeos presentes e o resultado deve ser comparado com os níveis de referência do Anexo IX desta Portaria.

Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de potabilidade expresso no anexo X desta Portaria.

§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5.

§ 2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.

§ 3° Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expresso nos Anexos VII, VIII, IX e X, eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em conjunto com o histórico do controle de qualidade da água e não de forma pontual.

§ 4º Para os parâmetros ferro e manganês são permitidos valores superiores ao VMPs estabelecidos no Anexo X desta Portaria, desde que sejam observados os seguintes critérios:

I - os elementos ferro e manganês estejam complexados com produtos químicos comprovadamente de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 desta Portaria e nas normas da ABNT;

II - os VMPs dos demais parâmetros do padrão de potabilidade não sejam violados; e

III - as concentrações de ferro e manganês não ultrapassem 2,4 e 0,4 mg/L, respectivamente.

§ 5º O responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água deve encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios informações sobre os produtos químicos utilizados e a comprovação de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 e nas normas da ABNT.

CAPÍTULO VI DOS PLANOS DE AMOSTRAGEM Art. 40. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de

sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo humano, supridos por manancial superficial e subterrâneo, devem coletar amostras semestrais da água bruta, no ponto de captação, para análise de acordo com os parâmetros exigidos nas legislações específicas, com a finalidade de avaliação de risco à saúde humana.

§ 1° Para minimizar os riscos de contaminação da água para consumo humano com cianotoxinas, deve ser realizado o monitoramento de cianobactérias, buscando-se identificar os diferentes gêneros, no ponto de captação do manancial superficial, de acordo com a Tabela do Anexo XI desta

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Portaria, considerando, para efeito de alteração da frequência de monitoramento, o resultado da última amostragem.

§ 2° Em complementação ao monitoramento do Anexo XI desta Portaria, recomenda-se a análise de clorofila-a no manancial, com frequência semanal, como indicador de potencial aumento da densidade de cianobactérias.

§ 3° Quando os resultados da análise prevista no § 2° deste artigo revelarem que a concentração de clorofila-a em duas semanas consecutivas tiver seu valor duplicado ou mais, deve-se proceder nova coleta de amostra para quantificação de cianobactérias no ponto de captação do manancial, para reavaliação da frequência de amostragem de cianobactérias.

§ 4° Quando a densidade de cianobactérias exceder 20.000 células/ml, deve-se realizar análise de cianotoxinas na água do manancial, no ponto de captação, com frequência semanal.

§ 5° Quando as concentrações de cianotoxinas no manancial forem menores que seus respectivos VMPs para água tratada, será dispensada análise de cianotoxinas na saída do tratamento de que trata o Anexo XII desta Portaria.

§ 6° Em função dos riscos à saúde associados às cianotoxinas, é vedado o uso de algicidas para o controle do crescimento de microalgas e cianobactérias no manancial de abastecimento ou qualquer intervenção que provoque a lise das células.

§ 7° As autoridades ambientais e de recursos hídricos definirão a regulamentação das excepcionalidades sobre o uso de algicidas nos cursos d'água superficiais.

Art. 41. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistema e solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano devem elaborar e submeter para análise da autoridade municipal de saúde pública, o plano de amostragem de cada sistema e solução, respeitando os planos mínimos de amostragem expressos nos Anexos XI, XII, XIII e XIV.

§ 1º A amostragem deve obedecer aos seguintes requisitos: I - distribuição uniforme das coletas ao longo do período; II - representatividade dos pontos de coleta no sistema de

distribuição (reservatórios e rede), combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos como:

a) aqueles próximos a grande circulação de pessoas: terminais rodoviários, terminais ferroviários, entre outros;

b) edifícios que alberguem grupos populacionais de risco, tais como hospitais, creches e asilos;

c) aqueles localizados em trechos vulneráveis do sistema de distribuição como pontas de rede, pontos de queda de pressão, locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de abastecimento, reservatórios, entre outros; e

d) locais com sistemáticas notificações de agravos à saúde tendo como possíveis causas os agentes de veiculação hídrica.

§ 2º No número mínimo de amostras coletadas na rede de distribuição, previsto no Anexo XII, não se incluem as amostras extras (recoletas).

§ 3º Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas, deve ser efetuada medição de turbidez e de cloro residual livre ou de outro composto residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado não seja o cloro.

§ 4º Quando detectada a presença de cianotoxinas na água tratada, na saída do tratamento, será obrigatória a comunicação imediata às clínicas de hemodiálise e às indústrias de injetáveis.

§ 5º O plano de amostragem para os parâmetros de agrotóxicos deverá considerar a avaliação dos seus usos na bacia hidrográfica do manancial de contribuição, bem como a sazonalidade das culturas.

§ 6º Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expressos nos Anexos VII, VIII, IX e X desta Portaria, a detecção de eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em conjunto com o histórico do controle de qualidade da água.

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§ 7º Para populações residentes em áreas indígenas, populações tradicionais, dentre outras, o plano de amostragem para o controle da qualidade da água deverá ser elaborado de acordo com as diretrizes específicas aplicáveis a cada situação.

CAPÍTULO VII DAS PENALIDADES Art. 42. Serão aplicadas as sanções administrativas previstas na Lei

nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, aos responsáveis pela operação dos sistemas ou soluções alternativas de abastecimento de água que não observarem as determinações constantes desta Portaria, sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal cabíveis.

Art. 43. Cabe ao Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS, e às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal dos Municípios, ou órgãos equivalentes, assegurar o cumprimento desta Portaria.

CAPÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 44. Sempre que forem identificadas situações de risco à saúde,

o responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água e as autoridades de saúde pública devem, em conjunto, elaborar um plano de ação e tomar as medidas cabíveis, incluindo a eficaz comunicação à população, sem prejuízo das providências imediatas para a correção da anormalidade.

Art. 45. É facultado ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água solicitar à autoridade de saúde pública a alteração na frequência mínima de amostragem de parâmetros estabelecidos nesta Portaria, mediante justificativa fundamentada.

Parágrafo único. Uma vez formulada a solicitação prevista no caput deste artigo, a autoridade de saúde pública decidirá no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, com base em análise fundamentada no histórico mínimo de dois anos do controle da qualidade da água considerando os respectivos planos de amostragens e de avaliação de riscos à saúde, da zona de captação e do sistema de distribuição.

Art. 46. Verificadas características desconformes com o padrão de potabilidade da água ou de outros fatores de risco à saúde, conforme relatório técnico, a autoridade de saúde pública competente determinará ao responsável pela operação do sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano que:

I - amplie o número mínimo de amostras; II - aumente a frequência de amostragem; e III - realize análises laboratoriais de parâmetros adicionais. Art. 47. Constatada a inexistência de setor responsável pela

qualidade da água na Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, os deveres e responsabilidades previstos, respectivamente, nos artigos 11 e 12 desta Portaria serão cumpridos pelo órgão equivalente.

Art. 48. O Ministério da Saúde promoverá, por intermédio da SVS/MS, a revisão desta Portaria no prazo de 5 (cinco) anos ou a qualquer tempo.

Parágrafo único. Os órgãos governamentais e não-governamentais, de reconhecida capacidade técnica nos setores objeto desta regulamentação, poderão requerer a revisão desta Portaria, mediante solicitação justificada, sujeita a análise técnica da SVS/MS.

Art. 49. Fica estabelecido o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir da data de publicação desta Portaria, para que os órgãos e entidades sujeitos à aplicação desta Portaria promovam as adequações necessárias ao seu cumprimento, no que se refere ao monitoramento dos parâmetros gosto e odor, saxitoxina, cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp.

§ 1º Para o atendimento ao valor máximo permitido de 0,5 uT para filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta), fica estabelecido o prazo de 4 (quatro) anos para cumprimento, contados da data de publicação desta Portaria, mediante o cumprimento das etapas previstas no §2° do art. 30 desta Portaria.

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§ 2º Fica estabelecido o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir da data de publicação desta Portaria, para que os laboratórios referidos no art. 21 desta Portaria promovam as adequações necessárias para a implantação do sistema de gestão da qualidade, conforme os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 17025:2005.

§ 3º Fica estabelecido o prazo máximo de 24(vinte e quatro) meses, contados a partir da data de publicação desta Portaria, para que os órgãos e entidades sujeitos à aplicação desta Portaria promovam as adequações necessárias no que se refere ao monitoramento dos parâmetros que compõem o padrão de radioatividade expresso no Anexo IX desta Portaria.

Art. 50. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão adotar as medidas necessárias ao fiel cumprimento desta Portaria.

Art. 51. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos Municípios.

Art. 52. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 53. Fica revogada a Portaria nº 518/GM/MS, de 25 de março de

2004, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, do dia 26 seguinte, página 266.

ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA * Republicada por ter saído com incorreção no original, publicado no

Diário Oficial da União nº 239, de 14 de dezembro de 2011, Seção 1, página 39/46

Na Portaria nº 2.914/GM/MS, de 12 de dezembro de 2011, republicada no Diário Oficial da União nº 3, de 4 de janeiro de 2012, Seção 1, página 43:

no art. 28, § 2º onde se lê "grupos populacionais de risco à saúde humana", leia-se "grupos populacionais de risco". No art. 37, § 3º, onde se lê: "§112 do art. 40", leia-se: "§ 1º do art. 40". (*) Republicados por terem saído, no DOU de 4-01-2012, Seção 1,

págs.43 a 49, com incorreção nos originais ANEXO I

Tabela de padrão microbiológico da água para consumo humano

NOTAS: (1) Valor máximo permitido. (2) Indicador de contaminação fecal. (3) Indicador de eficiência de tratamento. (4) Indicador de integridade do sistema de distribuição

(reservatório e rede). ANEXO II

Tabela de padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção

NOTAS: (1) Valor máximo permitido. (2) Unidade de Turbidez. (3) Este valor deve atender ao padrão de turbidez de acordo com o

especificado no § 2º do art. 30. ANEXO III

Tabela de metas progressivas para atendimento ao valor máximo permitido de 0,5 uT para filtração rápida e de 1,0 uT para filtração lenta

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70

ANEXO IV(*)

Tabela de tempo de contato mínimo (minutos) a ser observado para a desinfecção por meio da cloração, de acordo com concentração de cloro

residual livre, com a temperatura e o pH da água(1) C (2)

Temperatura = 20ºC Temperatura = 25ºC Temperatura = 30ºC Valores de pH Valores de pH Valores de pH

6,0 ,5 ,0 ,5 ,0 ,5 ,0 ≤6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 ≤6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0

≤ 0,4 4 7 0 5 9 4 0 9 12 14 18 21 24 28 6 8 10 12 15 17 20

0,6 0 2 4 7 1 4 8

7 8 10 12 15 17 20 5 6 7 9 10 12 14

0,8 1 4 6 9 2

5 6 8 10 11 13 16 3 5 6 7 8 10 11

1,0 1 3 6 8 4 5 6 8 9 11 13 3 4 5 6 7 8 9

1,2 0 1 3 6

4 5 5 7 8 10 11 3 3 3 5 6 7 8

1,4 0 1 4

3 4 5 6 7 8 10 2 3 3 4 5 6 7

1,6 1 2 3 4 4 5 6 7 9 2 3 3 4 4 5 6

1,8 0 2

3 3 4 5 6 7 8 2 2 3 3 4 5 6

2,0 0

2 3 4 4 5 6 7 2 2 3 3 4 4 5

2,2 2 3 3 4 5 6 7 2 2 2 3 3 4 5 2,4 2 3 3 4 4 5 6 2 2 2 3 3 4 4 2,6 2 2 3 3 4 5 6 1 2 2 3 3 4 4 2,8 2 2 3 3 4 5 5 1 2 2 2 3 3 4 3,0 2 2 3 3 4 4 5 1 2 2 3 3 3 4

NOTAS: (1) Valores intermediários aos constantes na tabela podem ser

obtidos por interpolação. (2) C: residual de cloro livre na saída do tanque de contato (mg/L).

ANEXO V(*) Tabela de tempo de contato mínimo (minutos) a ser observado para a

desinfecção por meio de cloraminação, de acordo com concentração de cloro residual combinado (cloraminas) e com a temperatura daágua, para valores

de pH da água entre 6 e 9(1) C

(2) Temperatura (ºC) 5 10 15 20 25 30

≤ 923 773 623 473 32 173

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0,4 3

0,6 615 515 415 315 215 115

0,8 462 387 312 237 162 87

1,0 369 309 249 189 130 69

1,2 308 258 208 158 108 58

1,4 264 221 178 135 92 50 1,6 231 193 156 118 81 43 1,8 205 172 139 105 72 39 2,0 185 155 125 95 64 35 2,2 168 141 113 86 59 32 2,4 154 129 104 79 54 29 2,6 142 119 96 73 50 27 2,8 132 110 89 67 46 25 3,0 123 103 83 63 43 23 NOTAS: (1) Valores intermediários aos constantes na tabela podem ser

obtidos por interpolação. (2) C: residual de cloro combinado na saída do tanque de contato

(mg/L). ANEXO VI

Tempo de contato mínimo (minutos) a ser observado para a desinfecção com dióxido de cloro, de acordo com concentração de dióxido de cloro e com a

temperatura da água, para valores de pH da água entre 6 e 9(1).

NOTAS: (1) Valores intermediários aos constantes na tabela podem ser

obtidos por interpolação. (2) C: residual de dióxido de cloro na saída do tanque de contato

(mg/L). ANEXO VII

Tabela de padrão de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde

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NOTAS: (1) CAS é o número de referência de compostos e substâncias químicas

adotado pelo Chemical Abstract Service. (2) Valor Máximo Permitido.

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(3) Somatório dos isômeros alfa, beta e os sais de endossulfan, como exemplo o sulfato de endossulfan.

(4) Esse parâmetro é usualmente e equivocadamente conhecido como BHC.

(5) Análise exigida de acordo com o desinfetante utilizado. (6) Ácidos haloacéticos: Ácido monocloroacético (MCAA) - CAS = 79-

11-8, Ácido monobromoacético (MBAA) - CAS = 79-08-3, Ácidodicloroacético (DCAA) - CAS = 79-43-6, Ácido 2,2 - dicloropropiônico

(DALAPON) - CAS = 75-99-0, Ácido tricloroacético (TCAA) - CAS = 76-03-9, Ácido bromocloroacético (BCAA) CAS = 5589-96-3, 1,2,3,tricloropropano (PI) - CAS = 96-18-4, Ácido dibromoacético (DBAA) -

CAS = 631-64-1, e Ácido bromodicloroacético (BDCAA) - CAS = 7113-314-7.

(7) Trihalometanos: Triclorometano ou Clorofórmio (TCM) - CAS = 67-66-3, Bromodiclorometano (BDCM) - CAS = 75-27-4,Dibromoclorometano (DBCM) - CAS = 124-48-1, Tribromometano ou Bromofórmio

(TBM) - CAS = 75-25-2. ANEXO VIII

Tabela de padrão de cianotoxinas da água para consumo humano

NOTAS: (1) A frequência para o controle de cianotoxinas está prevista na

tabela do Anexo XII. (2) Valor máximo permitido. (3) O valor representa o somatório das concentrações de todas as

variantes de microcistinas. ANEXO IX

Tabela de padrão de radioatividade da água para consumo humano

NOTAS: (1) Sob solicitação da Comissão Nacional de Energia Nuclear,

outros radionuclídeos devem ser investigados. ANEXO X

Tabela de padrão organoléptico de potabilidade

NOTAS: (1) Valor máximo permitido. (2) Unidade Hazen (mgPt-Co/L).

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(3) Intensidade máxima de percepção para qualquer característica de gosto e odor com exceção do cloro livre, nesse caso por ser uma característica desejável em água tratada.

(4) Unidade de turbidez. ANEXO XI

Frequência de monitoramento de cianobactérias no manancial de abastecimento de água

ANEXO XII

Tabela de número mínimo de amostras e frequência para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de análises

físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto de amostragem, da população abastecida e do tipo de manancial.

NOTAS: (1) Análise exigida de acordo com o desinfetante utilizado. (2) As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de

maior tempo de detenção da água no sistema de distribuição. (3) A definição da periodicidade de amostragem para o quesito de

radioatividade será definido após o inventário inicial, realizado semestralmente no período de 2 anos, respeitando a sazonalidade pluviométrica.

(4) Para agrotóxicos, observar o disposto no parágrafo 5º do artigo 41.

(5) Dispensada análise na rede de distribuição quando o parâmetro não for detectado na saída do tratamento e, ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição.

ANEXO XIII(*) Tabela de número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de análises microbiológicas, em

função da população abastecida Parâmetro Saída do

Tratamento (Número de amostras por unidade de tratamento)

Sistema de distribuição (reservatórios e rede)

População abastecida < 5.000 hab.

5.000 a 20.000 hab.

20.000 a 250.000 hab.

> 250.000 hab.

Coliformes totais

Duas amostras semanais (1)

10 1 para cada 500 hab.

30 + (1 para cada 2.000 hab.)

105 + (1 para cada 5.000 hab.)Máximo

Escherichia

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coli de 1.000 NOTA: (1) Recomenda-se a coleta de, no mínimo, quatro amostras semanais.

ANEXO XIV Tabela de número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de análises microbiológicas, em

função da população abastecida

NOTA: (1) Recomenda-se a coleta de, no mínimo, quatro amostras semanais.

ANEXO XV Tabela de número mínimo de amostras e frequência mínima de amostragem para o controle da qualidade da água de solução alternativa coletiva, para fins

de análises físicas, químicas e microbiológicas, em função do tipo de manancial e do ponto de amostragem

NOTAS: (1) Para veículos transportadores de água para consumo humano, deve

ser realizada uma análise de cloro residual livre em cada carga e uma análise, na fonte de fornecimento, de cor, turbidez, pH e coliformes totais com frequência mensal, ou outra amostragem determinada pela autoridade de saúde pública.

(2) O número e a frequência de amostras coletadas no sistema de distribuição para pesquisa de Escherichia coli devem seguir o determinado para coliformes totais.