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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
MARIA EMÍLIA DA SILVA OLIVEIRA ARAÚJO
Análise das manifestações patológicas em
edificações escolares pré-fabricadas na cidade de
Campinas/SP.
CAMPINAS 2017
MARIA EMÍLIA DA SILVA OLIVEIRA ARAÚJO
Análise das manifestações patológicas em
edificações escolares pré-fabricadas na Cidade de
Campinas/SP.
Volume 01
Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, para obtenção do título de Mestra em Engenharia Civil, na área de Construção.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Marmorato Gomes
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA
DISSERTAÇÃO OU TESE DEFENDIDA PELA ALUNA MARIA
EMÍLIA DA SILVA OLIVEIRA ARAÚJO E ORIENTADA PELO
PROF. DR. CARLOS EDUARDO MARMORATO GOMES
ASSINATURA DO ORIENTADOR
______________________________________
CAMPINAS 2017
FICHA CATALOGRÁFICA
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 01-P-04376-2015
Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129
Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Analysis of pathological manifestations in prefabricated school buildings in the city of Campinas/SP Palavras-chave em inglês: School buildings - Campinas (SP) Fabrication Buildings Área de concentração: Arquitetura e Construção Titulação: Mestra em Engenharia Civil Banca examinadora: Carlos Eduardo Marmorato Gomes [Orientador] Armando Lopes Moreno Júnior Kelen de Almeida Dornelles Data de defesa: 10-02-2017 Programa de Pós-Graduação: Engenharia Civil
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO
ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM
EDIFICAÇÕES ESCOLARES PRÉ-FABRICADAS NA
CIDADE DE CAMPINAS/SP.
Maria Emília da Silva Oliveira Araújo
Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:
Prof. Dr. Carlos Eduardo Marmorato Gomes FEC-Unicamp
Prof. Dr. Armando Lopes Moreno Júnior FEC-Unicamp
Profa. Dra. Kelen de Almeida Dornelles USP-IAU
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de
vida acadêmica do aluno.
Campinas, 10 de fevereiro de 2017
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos: Pedro e Maria Júlia.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por não me abandonar e ser a luz que me
guiou em todos os momentos.
Ao professor Carlos Marmorato, por ter aceito ser meu orientador e do desafio
de me ajudar a finalizar a pesquisa.
Aos professores Armando Moreno e Kelen Dornelles, por aceitarem participar
da banca e colaborar com a pesquisa.
Aos professores Ângelo Just, Gladis Camarini, Dóris Kowaltowski, Armando
Moreno, José Roberto (Tuca), Stelamaris Rolla, Denis Granja e Flávio Picchi, pelo
apoio e incentivo.
À Unicamp, pelo acolhimento e oportunidade em realizar este mestrado.
Ao Moisés Júnior, por todo apoio e amor dedicados.
Aos meus familiares em Recife, principalmente à Fátima (Mainha), Lúcio
(painho) e minha irmã Alice que, apesar da distância física, me incentivaram e
estiveram na torcida.
Aos amigos da Unicamp: Maria Clara, Alex, Rodrigo, Elisa, Ítalo, Felipe, Luiz
Flávio, Jana e Rafaella, pelo apoio e pelas risadas.
Aos amigos: Loumend, Jessica, Bergue, Reja e Erika, pela motivação, apesar
da distância física.
Às grandes amigas que ganhei em Campinas: Thamys e Rosameire, que
foram imensamente importantes nessa jornada.
À CAPES, por ter me concedido a bolsa de estudos.
A todos que direta e indiretamente foram importantes para a realização deste trabalho.
RESUMO
Estudos recentes têm mostrado uma crescente preocupação com a concepção,
execução e uso das edificações escolares. No Estado de São Paulo, a Fundação
para o Desenvolvimento Escolar (FDE) é o órgão responsável por gerenciar todos os
processos para a implantação de novas escolas, onde em 2003 incorporou
expressivas alterações na aprovação dos projetos de construção de edifícios
escolares, adotando, por exemplo, a utilização de estruturas pré-fabricadas com o
intuito de viabilizar o tempo de obra e obter edificações com mais qualidade. Diante
do exposto, diversos desses imóveis sofreram várias formas de degradações ao
longo do tempo. Em contrapartida, sabe-se que as construtoras exercem papel
importante na questão da durabilidade das edificações, pois a ausência de controle
de qualidade na fase de obras, além da incompatibilidade de alguns projetos, traz
inúmeros problemas ao edifício. O presente trabalho teve por objetivo realizar o
mapeamento dos tipos de manifestações patológicas apresentadas em edificações
escolares pré-fabricadas situadas na cidade de Campinas/SP. Inicialmente foi
realizado um levantamento das edificações utilizando dois métodos de Avaliação
Pós-Ocupação (APO): o uso de registros fotográficos e a avaliação o desempenho
físico (ou método walkthrough). Por meio das informações coletadas, foram
evidenciadas que as patologias mais frequentes são as fissuras em alvenaria e as
fissuras nas estruturas de concreto, levando a considerar que as manifestações
patológicas têm origens em diversas etapas de uma obra: projeto, execução e uso,
sendo a última devido à ausência de uma gestão de manutenção predial nas
instituições.
Palavras-chave: manifestações patológicas. edificações escolares. pré-fabricação.
ABSTRACT
Recent studies have shown a growing concern with the design, implementation and
use of school buildings. In the State of São Paulo, School Development Foundation
(FDE) is the body responsible for managing all the processes for the implementation
of new schools, where in 2003 incorporated significant changes in the approval of
school building construction projects, adopting, for example, the use of prefabricated
structures with the purpose of making work time feasible and obtaining buildings with
better quality. On the exposed, several of these buildings suffered various forms of
degradation over time. On the other hand, it is known that the builders wield
important role on the issue of durability of buildings, because the absence of quality
control in the construction phase, as well as the incompatibility of some projects,
brings many problems when building. The present study aimed to perform the
mapping of types of pathological manifestations presented in buildings prefabricated
school located in Campinas/SP. Initially we conducted a survey of buildings using
two methods of post Occupancy Evaluation (APO): the use of photographic records
and physical performance evaluation (or walkthrough method). Using the information
collected, were highlighted as the most frequent pathologies are the cracks in
masonry and the cracks in concrete structures, taking the view that the pathological
manifestations have origins in different stages of a work project, implementation and
use, the latter being due to the absence of a management of building maintenance in
the institutions.
Keywords: pathological manifestations. school buildings. pre fabrication.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Peças pré-fabricadas separadas por papel parafinado .......................... 23
Figura 2 – Fissuras verticais induzidas por sobrecargas ......................................... 26
Figura 3 – Fissuras verticais por expansão da alvenaria ......................................... 26
Figura 4 – Fissuras verticais junto ao solo por recalque da fundação ..................... 27
Figura 5 – Fissuras verticais por movimentação térmica da alvenaria ..................... 27
Figura 6 – Fissuras verticais por movimentação térmica da alvenaria ..................... 28
Figura 7 – Fissuras verticais por movimentação térmica da laje .............................. 29
Figura 8 – Lei de Sitter ............................................................................................. 35
Figura 9 – Manutenção preditiva e manutenção corretiva planejada ....................... 37
Figura 10 – Desempenho ao longo do tempo .......................................................... 39
Figura 11 – Delineamento da pesquisa .................................................................... 46
Figura 12 – Locação da Escola A ............................................................................. 48
Figura 13 – Locação da Escola B ............................................................................. 49
Figura 14 – Locação da Escola C ............................................................................ 50
Figura 15 – Locação da Escola D ............................................................................ 51
Figura 16 – Locação da Escola E ............................................................................. 52
Figura 17 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola A......................... 56
Figura 18 – Fissuras na laje do segundo pavimento ................................................ 57
Figura 19 – Mofo/bolor em elementos de concreto e na sala (do pavimento térreo) e
na fachada .................................................................................................................58
Figura 20 – Eflorescência na viga do pavimento térreo ........................................... 58
Figura 21 – Corrosão de armaduras no pilar próximo ao portão de entrada ........... 59
Figura 22 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola B ........................ 60
Figura 23 – Fissuras na laje da sala de aula do térreo e na alvenaria da área de
recreação .................................................................................................................. 60
Figura 24 – Mofo/bolor na alvenaria da sala de aula e na laje da sala de aula (ambos
no segundo pavimento) ............................................................................................ 61
Figura 25 – Eflorescência na laje da sala da direção ............................................... 61
Figura 26 – Corrosão de armaduras na laje da sala dos professores ..................... 62
Figura 27 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola C ........................ 63
Figura 28 – Fissuras na alvenaria do muro e na viga do pavimento térreo ............. 63
Figura 29 – Mofo/bolor na alvenaria do segundo pavimento e na laje do pavimento
térreo ........................................................................................................................ 64
Figura 30 – Eflorescência na alvenaria e viga da fachada do térreo ....................... 65
Figura 31 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola D ........................ 65
Figura 32 – Fissuras na alvenaria da fachada do térreo e laje do pátio recreativo .. 66
Figura 33 – Mofo/bolor na alvenaria do muro de acesso à quadra poliesportiva e na
laje do pavimento térreo ........................................................................................... 67
Figura 34 – Eflorescência na alvenaria externa dos banheiros dos alunos e na laje
do pavimento térreo .................................................................................................. 67
Figura 35 – Corrosão de armaduras na viga da fachada ......................................... 68
Figura 36 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola E ........................ 68
Figura 37 – Fissuras nas alvenarias das salas de aula do primeiro e segundo
pavimentos ............................................................................................................... 69
Figura 38 – Fissuras em estruturas de concreto da laje do corredor do primeiro
pavimento ................................................................................................................. 69
Figura 39 – Mofo/bolor na alvenaria interna e na viga da fachada, ambas no
pavimento térreo ....................................................................................................... 70
Figura 40 – Eflorescência na alvenaria do pavimento térreo e, abaixo da escada e
nas lajes das escadas .............................................................................................. 70
Figura 41 – Análise global das manifestações patológicas das escolas .................. 71
Figura 42 – Valores das médias e dos desvios padrões das manifestações
patológicas ................................................................................................................72
Figura 43 – Valores dos níveis de confiança e o número de manifestações
patológicas ................................................................................................................72
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Escolas e elementos inspecionados ..................................................... 47
Quadro 2 – Modelo de relatório de inspeção ........................................................... 54
LISTA DE SIGLAS
ABCI – Associação Brasileira da Construção Industrializada
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
APO – Avaliação Pós-Ocupação
BNH – Banco Nacional da Habitação
CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
COHAB – Companhia de Habitação Popular
DE – Diretoria de Ensino
EE – Escola Estadual
EJA – Educação de Jovens e Adultos
FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
ISO - International Organization for Standardization
PVC – Policloreto de Polivinila
VU – Vida Útil
VUP – Vida Útil de Projeto
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16
1.1 OBJETIVO DA PESQUISA ........................................................................................17
1.1.1 Objetivos específicos ...........................................................................................................17
1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .....................................................................................18
1.3 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................18
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................18
2 PRÉ-FABRICAÇÃO ...................................................................................................... 20
2.1 DEFINIÇÃO DE PRÉ-FABRICAÇÃO ........................................................................ 20
2.2 BREVE HISTÓRICO DA PRÉ-FABRICAÇÃO .......................................................... 20
2.3 A PRÉ-FABRICAÇÃO NO BRASIL .......................................................................... 22
2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES PRÉ-FABRICADAS ........ 25
2.4.1 Fissuras e trincas ....................................................................................................... 25
2.4.1.1 Fissuras verticais induzidas por sobrecargas ............................................................ 25
2.4.1.2 Fissuras verticais por expansão da alvenaria ............................................................ 26
2.4.1.3 Fissuras verticais junto ao solo por recalque da fundação ........................................ 26
2.4.1.4 Fissuras verticais por movimentação térmica da alvenaria ....................................... 27
2.4.1.5 Fissuras verticais em paredes por retração da alvenaria .......................................... 28
2.4.1.6 Fissuras verticais por movimentação térmica da laje ................................................ 28
2.4.1.7 Fissuras horizontais induzidas por sobrecargas ........................................................ 28
2.4.1.8 Fissuras horizontais por expansão da alvenaria ....................................................... 29
2.4.1.9 Fissuras horizontais por expansão da argamassa .................................................... 29
2.4.1.10 Fissuras horizontais por movimentação térmica da laje ............................................ 29
2.4.1.11 Fissuras por sobrecargas na interface alvenaria/esquadria ...................................... 30
2.4.1.12 Fissuras pelo destacamento de paredes por retração .............................................. 30
2.4.1.13 Fissuras por deficiência de amarração da alvenaria ................................................. 30
2.4.1.14 Fissuras em estruturas de concreto pré-fabricado .................................................... 30
2.4.2 Corrosão de armaduras ............................................................................................. 31
2.4.3 Eflorescência ............................................................................................................. 31
2.4.4 Mofo/bolor ....................................................................................................... 32
3 DESEMPENHO E MANUTENÇÃO ................................................................................ 33
3.1 CONCEITOS ............................................................................................................... 33
3.1.1 Desempenho ............................................................................................................. 33
3.1.2 Manutenção ............................................................................................................... 34
3.1.2.1 Manutenção preventiva ............................................................................................. 34
3.1.2.2 Manutenção corretiva ................................................................................................ 36
3.1.2.3 Manutenção preditiva ................................................................................................ 36
3.1.3 Durabilidade ............................................................................................................... 37
3.1.4 Vida Útil ..................................................................................................................... 38
4 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ....................................................................... 40
4.1 CONCEITOS ............................................................................................................. 40
4.2 MÉTODOS DE APO .................................................................................................. 42
4.2.1 Medidas de aferição do desempenho físico ........................................................ 42
4.2.2 Avaliação do desempenho físico ............................................................................... 42
4.2.3 Questionários ............................................................................................................. 43
4.2.4 Entrevistas ................................................................................................................. 43
4.2.5 Mapas comportamentais ........................................................................................... 44
4.2.6 Registros fotográficos ................................................................................................ 44
4.2.7 Grupos focais ............................................................................................................. 44
4.3 APO EM EDIFICAÇÕES ESCOLARES .................................................................... 44
5 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 46
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ESCOLARES ........................................ 46
5.1.1 Escola A...................................................................................................................... 47
5.1.2 Escola B...................................................................................................................... 48
5.1.3 Escola C..................................................................................................................... 49
5.1.4 Escola D..................................................................................................................... 50
5.1.5 Escola E...................................................................................................................... 51
5.2 REGISTROS FOTOGRÁFICOS ............................................................................... 52
5.3 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO FÍSICO (MÉTODO WALKTHROUGH) ............... 52
5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................... 55
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 56
6.1 ESCOLA A................................................................................................................. 56
6.2 ESCOLA B................................................................................................................. 59
6.3 ESCOLA C................................................................................................................. 62
6.4 ESCOLA D................................................................................................................. 65
6.5 ESCOLA E................................................................................................................. 68
6.6 ANÁLISE GLOBAL DAS ESCOLAS INSPECIONADAS ........................................... 71
6.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS ESCOLAS INSPECIONADAS .................................. 72
7 DISCUSSÕES E CONCLUSÃO ................................................................................... 73
7.1 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 74
7.2 RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .............................................. 75
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 76 APÊNDICE 1 – RELATÓRIOS DE INSPEÇÃO ................................................................... 86 APÊNDICE 2 – ESPECIFICAÇÕES DAS FISSURAS NAS ALVENARIAS ........................ 92 ANEXO A – CATÁLOGO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ................................ 98 ANEXO B – PROJETOS DAS ESCOLAS ..........................................................................128
16
1 INTRODUÇÃO
Quando se trata de edificações escolares, deve-se levar em consideração
todos os aspectos que permitam aos usuários conforto e bem-estar para estimular o
aprendizado, que não precisam estar distantes das questões educacionais
(DELIBERADOR, 2010). Devido às mudanças ocorridas com os avanços
tecnológicos, sociais e econômicos, e suas influências na construção, as
dificuldades em atender aos requisitos quanto à qualidade final dos edifícios
aumentaram, e isso não é diferente para os edifícios escolares (KOWALTOWSKI et
al., 2006).
Com esses avanços, a modernização dos procedimentos e técnicas
construtivas são assuntos bastante atuais e que apresentam crescimento acelerado
na indústria da construção civil. A preocupação com a qualidade dos materiais
empregados, a geração de entulhos, as gestões de projetos, entre outros tópicos,
vão abrindo espaço para conceitos, relegados a segundo plano no mundo
construtivo, tais como a durabilidade e a vida útil das edificações. Esses conceitos,
que estão conectados, vêm sendo abordados, dada a norma de desempenho, a
NBR 15.575 (2013b), que deve ser implementada em todas as fases do projeto e
execução.
Em meados de 2003, o Estado de São Paulo iniciou o uso da pré-fabricação
de elementos de concreto nas edificações escolares. A Fundação para o
Desenvolvimento da Educação (FDE) é um órgão ligado à Secretaria de Educação,
sendo responsável por todo o processo licitatório da contratação de empresas para
elaboração do projeto de arquitetura e de execução da obra, além de promover
programas de manutenção e reformas nos edifícios, quando necessários,
enfatizando que essa nova concepção melhore a qualidade dos edifícios e reduza a
duração da obra.
Estudos são realizados para que haja um entendimento do motivo pelo qual
as práticas de manutenções em edificações serem bastante questionadas, visando
desenvolver formas de corrigir os danos e diagnosticá-los, aumentando a
durabilidade da edificação seja ela de origem pública ou privada (CASTRO, 1994).
A metodologia de análise das anomalias em edifícios escolares se torna
difícil com o tempo, sendo condizentes pela escassa manutenção e uso intensivo
17
das escolas, ocasionando um elevado nível de degradação dos seus elementos,
com o surgimento de anomalias de desempenho cada vez mais complexas
(AZZALIN, 2005).
As manifestações patológicas não possuem uma só causa, e sim uma
participação de causas diversas. É bastante comum deparar-se com uma estrutura
de um edifício que traga consigo um erro de construção ou de projeto e que não
acarreta danos de grande relevância, como também é possível algumas vezes um
tipo de estrutura apresentar grande comprometimento como consequência de
inúmeros pequenos erros. É importante frisar que uma estrutura que apresenta
pequenos erros de construção que não acarretem grandes danos logo após sua
ocupação, poderá provavelmente apresentar problemas durante sua vida útil em
consequência de modificações que a edificação venha a sofrer (GARCIA e
LIBÓRIO, 1998).
1.1 OBJETIVO DA PESQUISA
O presente trabalho teve por objetivo analisar as manifestações patológicas
nas edificações escolares pré-fabricadas.
1.1.1 Objetivos Específicos
Avaliar as manifestações patológicas quantitativamente por meio da
Avaliação Pós-Ocupação (APO) identificadas por meio dos métodos
de Análise do Desempenho Físico e de Registros Fotográficos;
Contribuir para o desenvolvimento de um conjunto de procedimentos
que possibilitem melhor desempenho das edificações escolares e
redução dos custos de manutenção.
Contribuir com as informações obtidas nas pesquisas, com a intenção
de que as falhas do projeto sejam corrigidas.
18
1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
A pesquisa analisou escolas da Rede Estadual de São Paulo situadas na
cidade de Campinas. Foram selecionadas aleatoriamente 5 (cinco) escolas dentre
as 9 (nove) edificações construídas com a tecnologia pré-fabricada adotada pela
FDE durante os anos de 2004 e 2009. As patologias foram delimitadas em fissuras
de ordem estéticas e estruturais, a presença de umidade ou de fungos e de
eflorescência ou a lixiviação nos elementos de alvenaria e nas estruturas de
concreto.
1.3 JUSTIFICATIVA
Este estudo se justifica pela necessidade de avaliar e estabelecer quais
manifestações patológicas podem surgir nesses prédios na fase de pós-ocupação,
considerando que a construção pré-fabricada fomenta uma padronização do sistema
construtivo motivada pela qualidade do controle tecnológico na execução dos
elementos, pela redução do prazo de entrega das unidades escolares e pela
parceria do órgão público.
Os estudos enfatizaram as manifestações patológicas analisadas nos
elementos estruturais pré-fabricados e de vedação, relacionando-os com a
segurança e a durabilidade dos elementos, e o bem-estar dos usuários durante a
ocupação.
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A dissertação está estruturada em 7 capítulos. Neste primeiro capítulo, são
apresentadas a sua contextualização, justificativa, seus objetivos, as delimitações da
pesquisa, as justificativas e a estrutura da dissertação.
O Capítulo 2 apresenta a revisão de literatura sobre a pré-fabricação, sua
evolução no Brasil e no mundo, como também das manifestações patológicas em
edificações pré-fabricadas.
O Capítulo 3 apresenta a revisão de literatura sobre conceitos de
desempenho e manutenção em edificações no geral.
19
No Capítulo 4, aborda-se, mais especificamente, a Avaliação Pós-Ocupação
(APO) e seus métodos.
O Capítulo 5 descreve a metodologia empregada neste trabalho para
analisar as manifestações patológicas observadas nos sistemas construtivos das
escolas.
No Capítulo 6, são apresentados e discutidos os resultados obtidos na coleta
dos dados.
Finalmente, no Capítulo 7, são apresentadas as considerações finais e
conclusão. Neste capítulo também se encontram as contribuições que a pesquisa
proporcionou o aporte para pesquisas futuras.
20
2 PRÉ-FABRICAÇÃO
2.1 DEFINIÇÃO DE PRÉ-FABRICAÇÃO
Para melhor entender do que se trata o sistema de pré-fabricação, devem ser
distinguidos alguns conceitos:
“A pré-fabricação é um método para simplificar a construção,
por aumento da percentagem de trabalho concluído antes ser
construído” (KELLY, 1951).
“A pré-fabricação é a produção de elementos de construção civil
em indústrias, a partir de matérias-primas cuidadosamente
escolhidas e utilizadas” (REVEL, 1973).
‘Os elementos pré-fabricados de concreto são preparados, moldados
e curados nas fábricas, sendo produzidos integralmente em fábrica,
e posteriormente transportados e montados
em obra” (MAGALHÃES, 2013).
A NBR 9062 (2006) define a pré-fabricação como sendo a execução de um
elemento pré-moldado em instalações permanentes de uma empresa qualificada e
em instalações permanentes de empresa destinada para esse fim.
2.2 BREVE HISTÓRICO DA PRÉ-FABRICAÇÃO
O sistema de pré-fabricação começou a ser usado na construção civil após o
fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, sendo consequência do grande volume
de concreto armado já utilizado (EL DEBS, 2000). Esse fato levou o uso da pré-
fabricação ser considerado um tipo de manifestação considerável no processo de
industrialização da construção (WRUBEL MOREIRA, 2009).
Os marcos de utilização dos pré-fabricados de concreto foram divididos em
três seguintes etapas:
21
De 1950 a 1970 – Segundo Ferreira (2003) os fatos ocorridos no período do
pós-guerra europeu na área de habitação criaram um descrédito que
associava a construção pré-fabricada à uniformidade, invariabilidade e com
flexibilidade quase inexistente, pois o ciclo de produção era totalmente
fechado, ou seja, existia um único fornecedor para todas as etapas de
execução dos elementos de concreto. Além disto, as construções eram
consideradas massivas, onde a avaliação do desempenho dos sistemas
construtivos era escassa e, consequentemente, associadas à manifestação
de muitas patologias.
De 1970 a 1980 – Esta etapa foi marcada pelo acontecimento de diversos
acidentes em alguns edifícios construídos com elementos pré-fabricados de
concreto, que culminaram na reprovação a este sistema construtivo. Com isso
houve um decréscimo no uso dos sistemas pré-fabricados de ciclo de
produção fechada.
Pós 1980 – A grande característica desta etapa foi a demolição de grandes
conjuntos habitacionais, fundamentada pela rejeição social e degradação dos
elementos da edificação. Consolidou-se o sistema de pré-fabricação de ciclo
aberto, que Bruna (1976) definiu como “a industrialização de componentes
destinados ao mercado e não, exclusivamente, às necessidades de uma só
empresa”. Ferreira (2003) afirmou que a pré-fabricação de ciclo aberto surgiu
na Europa, com a padronização dos equipamentos que compõem os
elementos, os quais poderiam ser associados com produtos de outros
fabricantes, assim legalizando a compatibilidade entre os elementos e
subsistemas.
De fato, o fim da Segunda Guerra Mundial foi o marco da industrialização da
pré-fabricação; entretanto existem evidências na história onde o uso deste tipo de
tecnologia construtiva se mostrou estacionário (KONCZ, 1976; WRUBEL MOREIRA,
2009; MAGALHÃES, 2013):
22
Vigas pré-fabricadas baseando-se na arquitetura das lajes e
superfícies curvas esbeltas – Alemanha (1877);
Execução de vigas para suporte de cargas pela primeira empresa de
pré-fabricação: Coighet – França (1891);
Paredes moldadas na horizontal; modelo ‘Tilt-Up’ (1907);
Início da história da pré-fabricação, principalmente na Europa (1945);
Uso intensificado e em grande escala de elementos pré-fabricados de
concreto (1950 – dias atuais).
Nos últimos anos, a utilização da pré-fabricação tornou-se mais frequente,
principalmente em obras de infraestrutura, galpões industriais, de pontes e viadutos,
de muros de contenção, de redes de drenagem de águas (pluviais e residuais) etc.
Hoje a pré-fabricação é uma opção praticável à construção em relação aos
elementos tradicionais, pois as peças são produzidas em indústrias especializadas,
em seguida transportadas e instaladas em canteiros de obras (MAGALHÃES, 2013).
2.3 A PRÉ-FABRICAÇÃO NO BRASIL
Diferente dos países atingidos pela Segunda Guerra Mundial, o Brasil não foi
afetado por grandes devastações e demolições de edificações e,
consequentemente, não foram necessárias construções em grande escala, como
ocorrido na Europa. Porém o Brasil também passou por transformações de
industrialização da construção civil com o uso da pré-fabricação iniciando-se um
pouco mais tarde, entre as décadas de 1950 e 1960, com o surgimento das
empresas Sobraf e Protendit (SERRA; FERREIRA; PIGOZZO, 2005; WRUBEL
MOREIRA, 2009).
Entretanto, há registros de obras onde se empregou elementos pré-fabricados
em anos anteriores à guerra, como a execução do hipódromo da Gávea, no Rio de
Janeiro, que foi realizada em 1929 pela empresa dinamarquesa Christiani-Nielsen,
que possuía sucursal no Brasil. No fim da década de 1950, a construtora Mauá,
situada na cidade de São Paulo, já era especializada em construções industriais, e
começou a utilizar a pré-fabricação para executar galpões no próprio canteiro de
obras (VASCONCELOS, 2002).
23
As peças foram dispostas deitadas umas sobre as outras numa sequência
vertical e entre elas usou-se papel parafinado (Figura 1). No processo, não havia a
necessidade de esperar o tempo de endurecimento do concreto para poder iniciar a
camada sucessiva e, com isso, economizava-se tempo e espaço no canteiro de
obras, sendo possível empilhar até 10 peças. Assim que o concreto endurecia,
montavam-se as fôrmas laterais reduzindo assim a extensão do escoramento,
alcançando-se um aumento na produtividade. Depois que finalizava a primeira pilha
de 10 peças, montavam-se as novas 10 pilhas em outro local e assim, multiplicava-
se a produção de peças similares.
Figura 1 – Peças pré-fabricadas separadas por papel parafinado.
Fonte: Vasconcelos (2002)
No início da década de 1960, a construção civil passava por pressões por um
mercado em expansão. Foram realizadas algumas experiências com pré-fabricados
leves, como exemplo os painéis artesanais de concreto de Carlos Milan
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA – ABCI,
1980).
Em 1966, foi criado o Banco Nacional da Habitação – BNH, que tinha como
objetivo diminuir o déficit habitacional devido à grande demanda populacional. A
princípio o BNH adotou uma política de redução do sistema pré-fabricado no setor
da habitação, com a intenção de incentivar o aumento da mão-de-obra não
qualificada nos canteiros de obra (OLIVEIRA, 2002).
24
Na década de 1970, o BNH adotou novas diretrizes para a indústria da
construção, introduzindo novas tecnologias, mesmo que gradativamente, como a
construção com elementos pré-fabricados de concreto. O BNH patrocinou algumas
pesquisas de processos construtivos e instalou canteiros experimentais utilizando
componentes pré-fabricados como o canteiro Narandiba, na Bahia, em 1978; o
Carapicuíba VII, em São Paulo, em 1980; e o de Jardim São Paulo, em São Paulo,
em 1981.
O maior problema desses canteiros experimentais foram as expressivas
manifestações patológicas que foram identificadas e, consequentemente,
aumentando demais o custo da sua manutenção. Houve casos tão graves de
patologias nos edifícios que os mesmos precisaram até ser demolidos (OLIVEIRA,
2002).
Ainda na década de 1980, a própria COHAB – SP, juntamente com o IPT,
concluíram que não havia viabilidade técnica e econômica para recuperar as
edificações acometidas por manifestações patológicas, tendo sido identificadas
como causas raízes o uso de material inadequado e a deficiente execução das
peças, o que ocasionou diversos casos de corrosão de armaduras generalizadas.
Com isso os pré-fabricados deixaram de existir na década de 1980, com retorno
apenas na década de 1990, por conta dos grandes investimentos que ocorreram na
cidade de São Paulo, havendo a necessidade de grande velocidade de execução
que o sistema de pré-fabricação proporcionava (SERRA; FERREIRA; PIGOZZO,
2005).
Por fim, é de suma importância a utilização de sistemas de estruturas pré-
fabricadas em concreto armado em obras industriais e comerciais, que possuem
tipologia de galpões, cujo processo de montagem é relativamente simples
(BULHÕES; PICCHI, 2013). Zhuangyu e Jessen (2011) afirmaram que as estruturas
pré-fabricadas também são adequadas para a construção de casas habitacionais,
além de edifícios de escritórios, plantas industriais etc., mudando a direção do
desenvolvimento da indústria da construção civil.
25
2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES PRÉ-FABRICADAS
2.4.1 Fissuras e trincas
Thomaz (1989) apontou que as fissuras são tipos de manifestações
patológicas que podem servir de alerta sobre danos mais preocupantes na
edificação, vindo a modificar o desempenho das estruturas e, em alguns casos, a
trazer constrangimento aos usuários.
A NBR 15.575-2 (2013) classifica as fissuras como ativas ou passivas, onde
a primeira possui variações na espessura de acordo com os movimentos
higrotérmicos; e a segunda possui abertura constante. A referida Norma ainda
definiu que as aberturas serão chamadas de fissuras quando apresentarem
espessura inferior a 0,6 mm. Serão denominadas trincas quando apresentarem
espessura maior ou igual a 0,6 mm.
Independentemente da denominação que diferencia fissuras de trincas, deve-
se levar em consideração que esses tipos de manifestações patológicas exigem
atenção pois atingem os usuários psicologicamente, pela sensação incômoda visual
do problema da segurança (ANTUNES, 2010). Em relação aos sistemas atingidos
pelas fissuras/trincas, nesta pesquisa foram avaliados estes tipos de manifestações
nas alvenarias e nas estruturas de concreto armado.
Na classificação dos tipos de fissuras em alvenarias e em estruturas de
concreto, são consideradas algumas configurações, destacadas a seguir.
2.4.1.1 Fissuras verticais induzidas por sobrecargas
São causadas pelo carregamento excessivo de compressão sobre a alvenaria.
Na ligação entre a alvenaria e a argamassa, ocorrem tensões de tração horizontal,
acarretando fissuras verticais, paralelas ao eixo de carregamento (SAHLIN, 1971;
THOMAZ, 1989; JAWOROSKI, 1990; PRUDÊNCIO JÚNIOR; OLIVEIRA; BEDIN,
2002) (Figura 2).
26
Figura 2 – Fissuras verticais induzidas por sobrecargas.
Fonte: Thomaz (1989)
2.4.1.2 Fissuras verticais por expansão da alvenaria
Se manifestam em cantos e reentrâncias, semelhantemente representado
pelas fissuras verticais por movimentação térmica da alvenaria (ELDRIDGE, 1982).
Thomaz (1989) defendeu que este tipo de manifestação patológica ocorre em cantos
salientes devido à expansão das paredes que são consequência da umidade
absorvida por elas (Figura 3).
Figura 3 – Fissuras verticais por expansão da alvenaria.
Fonte: Argilés (2000)
2.4.1.3 Fissuras verticais junto ao solo por recalque da fundação
Manifestam-se em casos em que a fundação foi mal executada ou em pontos
de grande concentração de cargas combinadas, muitas vezes, com movimentações
de origem térmica, apresentando abertura da alvenaria próximo ao solo (SAHLIN,
1971) (Figura 4). Esse tipo de fissura é alarmante pois aponta problemas sérios nas
27
fundações, independentemente de como as mesmas foram executadas (HELENE,
1992).
Figura 4 – Fissuras verticais junto ao solo por recalque da fundação.
Fonte: Gaspar; Flores-Colen; De Brito (2006)
2.4.1.4 Fissuras verticais por movimentação térmica da alvenaria
Este tipo de manifestação surge quando ocorre contração térmica e dilatação
das paredes de alvenaria (THOMAZ, 1989; VERÇOZA, 1991). É comum em
alvenarias muito longas (onde não foram executadas amarrações ou juntas de
dilatação), em platibandas e em muros (TRILL; BOWYER, 1982) (Figura 5).
Figura 5 – Fissuras verticais por movimentação térmica da alvenaria.
Fonte: Thomaz; Helene (2000)
28
2.4.1.5 Fissuras verticais em paredes por retração da alvenaria
Ocorrem pela retração dos materiais componentes da alvenaria (tijolos, blocos
de concreto ou juntas de argamassa) (THOMAZ, 1989). Entretanto, em blocos de
concreto a retração por secagem é mais expressiva (BRICK INDUSTRY
ASSOCIATION, 1991). Manifestam-se em encontros de paredes ou em paredes que
possuem contenção por algum tipo de estrutura (concreto, metálica ou madeira)
(COPELAND, 1957).
2.4.1.6 Fissuras verticais por movimentação térmica da laje
Quando as lajes se dilatam geram tensões horizontais de tração provocando
fissuras verticais nas paredes (DUARTE, 1998). É visível nas partes dos topos das
paredes nas proximidades das lajes e em paredes em que os tijolos foram
assentados com os furos nas verticais (MAGALHÃES, 2004) (Figura 6).
Figura 6 – Fissuras verticais por movimentação térmica da laje.
Fonte: Thomaz (1989)
2.4.1.7 Fissuras horizontais induzidas por sobrecargas
Ocorrem quando as paredes sofrem carregamento excessivo ou por possíveis
solicitações de flexocompressão (SAHLIN, 1971; THOMAZ, 1989). A qualidade dos
materiais usados na execução da alvenaria é um outro fator relevante, pois as
rupturas por esmagamento se dão por insuficiência de resistência mecânica dos
materiais (MAGALHÃES, 2004) (Figura 7).
29
Figura 7 – Fissuras horizontais induzidas por sobrecargas.
Fonte: Sousa; Sousa (2015)
2.4.1.8 Fissuras horizontais por expansão da alvenaria
Ocorrem na presença de umidade, seja nas bases ou no painel da alvenaria
(THOMAZ, 1989). É uma patologia comum em platibandas na interface alvenaria/laje
de concreto, porém são mais significativas em alvenarias de tijolo cerâmico
(ADDLESON, 1982; BRICK INDUSTRY ASSOCIATION, 1991).
2.4.1.9 Fissuras horizontais por expansão da argamassa
São causadas devido às reações químicas dos elementos constituintes da
argamassa, ou seja, a reação dos sulfatos do ambiente externo com o cimento da
argamassa. Outro fator que causa as fissuras por expansão é o processo de
hidratação retardada da cal presente na argamassa (CINCOTTO, 1988).
2.4.1.10 Fissuras horizontais por movimentação térmica da laje
Ocorre quando as paredes de alvenaria servem de apoio para lajes de
concreto armado, onde as mesmas estão expostas às variações de temperatura.
Essas variações causam movimentos variados entre as lajes e as alvenarias,
tornando possível a manifestação de fissuras (CINCOTTO, 1988).
30
2.4.1.11 Fissuras por sobrecargas na interface alvenaria/esquadria
Manifestam-se quando sofrem excesso de carregamentos de compressão.
Têm como configuração típica as fissuras que surgem a partir dos vértices das
esquadrias (THOMAZ, 1989). Em alguns casos ocorre o preenchimento com
espessas camadas de argamassa, devido a incompatibilidade entre as dimensões
do vão e esquadrias (LUCINI, 2001).
2.4.1.12 Fissuras pelo destacamento de paredes de alvenaria por retração
Estes tipos de fissuras que ocorrem na interface alvenaria/estrutura de
concreto armado, podem surgir nos sentidos horizontais e verticais. A retração de
fato ocorre através da secagem das argamassas, originada pelo abatimento na
execução das alvenarias (THOMAZ, 1989).
2.4.1.13 Fissuras por deficiência de amarração da alvenaria
A amarração é realizada inserindo-se elementos metálicos nas juntas de
argamassa na ligação entre os tijolos ou blocos. Quando a amarração não é
executada adequadamente, podem surgir fissuras nessas ligações (MAGALHÃES,
2004).
2.4.1.14 Fissuras em estruturas de concreto pré-fabricado
As fissuras ocorrem em concretos pré-fabricados devido a dois fatores: cura
mal executada ou a utilização de material de forma inconveniente para a preparação
do concreto. No primeiro caso, a cura no concreto deve ser feita mantendo a
temperatura controlada, para que a água, fundamental para a hidratação do cimento,
não evapore. Uma evaporação excessiva da água forma vazios, e uma grande
quantidade desses vazios, com a retração plástica, dá origem à fissura do concreto.
Caso o consumo de cimento por metro cúbico seja elevado, o grande calor de
hidratação, quando não controlado, pode originar fissuras, o que já compromete a
estrutura. Outras causas de fissuras são a utilização de um material inconveniente
31
para a fabricação da fôrma e o excesso de água adicionada à mistura de concreto
(WRUBEL MOREIRA, 2009).
2.4.2 Corrosão de armaduras
Este tipo de manifestação patológica ocorre principalmente em peças de
concreto aparente, pois a ação da corrosão acontece da interação destrutiva do
material com o ambiente através do processo químico e eletroquímico, ocasionado
pela oxidação da armadura e, consequentemente, a ação da corrosão (MELO,
2011).
O processo de corrosão pode se iniciar em ambientes agressivos ou através
de substâncias que podem despassivar as armaduras quando penetradas através
de fissuras no concreto: i) redução da alcalinidade do concreto devido à
carbonatação; ii) quantidade excessiva de cloretos, adicionados durante o
amassamento do concreto ou que penetram através da microestrutura do concreto,
ou outros íons despassivantes em contato com a armadura (CASTRO, 1994). Outro
fator que pode levar à corrosão é o cobrimento da armadura insuficiente, onde o aço
fica mais próximo do concreto e através das redes de poros formados, facilita a
entrada de agentes agressivos (MELO, 2011).
2.4.3 Eflorescência
A eflorescência é definida como sendo depósitos salinos que se formam na
superfície do elemento estrutural, resultado da migração e posterior evaporação de
soluções aquosas salinizadas, conduzindo às formações esbranquiçadas na
superfície dos materiais. Este tipo de manifestação patológica pode surgir nas
estruturas de concreto em qualquer idade e geralmente não causa problemas
maiores do que o mau aspecto resultante. Entretanto, dependendo do grau de
salinidade, a eflorescência pode levar ao descolamento dos revestimentos ou
pinturas, à desagregação das paredes e até à queda de elementos construtivos
(VERÇOZA, 1991).
Apresenta como efeitos o surgimento de manchas de umidade e pó branco
acumulado na superfície. Pode ter como causas prováveis a umidade constante em
32
que o elemento se encontra exposto ou à quantidade de sais solúveis nas alvenarias
(CINCOTTO, 1988).
2.4.4 Mofo/bolor
Shirakawa et al. (1995) enumeraram as principais causas para que o
mofo/bolor se manifeste nos elementos:
• umidade de condensação de vapores em ambientes fechados;
• umidade relativa do ar em torno de 80%;
• umidade ascendente por capilaridade;
• umidade de infiltração por fachada ou telhado;
• umidade acidental (vazamento de água).
Nestes tipos de manifestações patológicas surgem manchas em várias
tonalidades: pretas, esverdeadas ou marrons, em tons escuros, que trazem prejuízo
estético para a edificação, e caso não sejam tratados podem aumentar a
proliferação de fungos em ambientes externos e internos, desenvolvendo problemas
de alergias para os usuários que frequentam o ambiente (SHIRAKAWA et al., 1995).
33
3 DESEMPENHO E MANUTENÇÃO
3.1 CONCEITOS
3.1.1 Desempenho
Blachere (1974) apud Chevalier; Hans (2003) conceituou o desempenho de
uma edificação e dos seus sistemas como o comportamento que a mesma
apresenta ao longo da sua vida útil. O mesmo autor reiterou que o alcance do
desempenho é possível através da racionalização e industrialização dos sistemas
construtivos, quando se reduz os custos de produção e utiliza-se novas tecnologias
construtivas.
Souza (2015) definiu desempenho como sendo um produto caracterizado da
edificação (alvenaria, piso etc.) que seja submetido às diversas condições de
exposição que atenda às necessidades dos usuários.
A ISO 6241, elaborada em 1984, define uma lista de requisitos de
desempenho para os usuários de edificações. A Norma tinha como objetivo
colaborar com outros países para que cada caso fosse revisado com os requisitos
pertinentes à cada região.
No Brasil, a NBR 15.575 (2008a) foi implementada e tratava dos requisitos de
desempenho das edificações, porém ainda apresentava diversas falhas. Em 2010
houve uma revisão, que acabou não sendo aplicada pelos construtores. Porém, em
2013, em mais uma tentativa de revisar a norma, com os requisitos de desempenho
acessíveis pelos revisores e corporativo, a NBR 15.575 foi consolidada.
Com o objetivo de atender às expectativas dos usuários, a NBR 15.575
(2013b) foi reformulada para que os sistemas das edificações habitacionais tivessem
requisitos mínimos de desempenho. As principais finalidades da Norma são:
Estabelecer requisitos mínimos para que as condições adequadas de uso;
Possibilitar atingir parâmetros de desempenho como diferencial;
Definir responsabilidades para quem é encarregado por cada fase da obra;
Estabelecer parâmetros com o intuito de reduzir as notificações de não
conformidade.
34
Os usuários são definidos como os ocupantes da edificação, sendo os
mesmos responsáveis pela manutenção e pelo bom uso do patrimônio. Cada
usuário possui um perfil característico que deve ser levado em consideração de
acordo com suas exigências, diretamente ligadas ao tipo de edificação e suas
particularidades (ANTUNES, 2010).
3.1.2 Manutenção
A NBR 5.674 (2012) estabelece requisitos à gestão do sistema de manutenção
de edificações levando em consideração as características da construção, a redução
da perda de desempenho ocorrida pela ação das manifestações patológicas.
Na construção civil muito se questiona sobre a temática da manutenção das
edificações. Quando se inicia o processo de planejamento de uma obra, é
importante entender que precisa ser dada a devida atenção à forma de se projetar,
executar, usar da melhor maneira os materiais empregados na fase de execução e,
também, na fase de pós-ocupação. No âmbito da engenharia civil, a manutenção
pode ser classificada em três tipos: preventiva, corretiva e preditiva.
3.1.2.1 Manutenção preventiva
Helene (1993) concluiu que a manutenção preventiva é a alternativa menos
onerosa e correta de manter o uso por um período de tempo maior da edificação,
com correções mais permanentes, de maior durabilidade e fáceis de executar
quanto mais cedo forem realizadas. A “Lei de Sitter” apresenta as etapas
construtivas e de uso; e são divididas em quatro períodos, demonstrando que os
custos com manutenção aumentam se a mesma for adiada por muito tempo (Figura
8).
35
Figura 8 – Lei de Sitter.
Fonte: Helene (1993)
De acordo com a Lei de Sitter, adiar uma intervenção de manutenção significa
aumentar os custos diretos em uma razão progressiva dos custos de manutenção
numa progressão geométrica de razão cinco. Como ilustra a Figura 1, se em t2 o
custo de intervenção é igual a R$5,00, em t3 será de R$ 25,00, e em t4 será R$
125,00.
Para que haja um diagnóstico correto das manifestações patológicas é
necessário que se conheça suas formas de manifestação (sintomas), os processos
de surgimento (mecanismos), os agentes desencadeadores desses processos
(causas) e em que etapa da vida da edificação teve origem o problema (TUTIKIAN,
PACHECO, 2013).
Moreira Filho (2002) afirmou que uma manutenção preventiva, quando bem
executada, determinará uma tendência mais conservadora e antecipam-se as
paralisações por prevenção, implicando em futuros reparos desnecessários.
É comprovado que a manutenção preventiva se torna uma opção mais
recomendada para a diminuição de gastos com manutenção predial em geral. Ela
garante o uso correto do imóvel, com redução dos riscos do surgimento de
patologias, de gastos no período de garantia do imóvel e a valorização do bem.
36
3.1.2.2 Manutenção corretiva
Quando se detecta um problema na edificação, programa-se a manutenção
corretiva para que haja uma interferência ao dano, um melhor planejamento dos
serviços futuros, a garantia do uso de ferramentas adequadas e mão-de-obra
qualificada. Geralmente este tipo de manutenção gera custos altos pois a
intervenção deve ser imediata, devido à atenção urgente que a anomalia apresenta.
A manutenção corretiva não é a técnica mais apropriada para se adotar num
plano de gestão da manutenção, pois estão envolvidos diretamente com o prazo
final da entrega do produto ou do serviço. Essa técnica pode ainda ser subdividida
em:
a) Manutenção corretiva não planejada: Kardec e Nascif (1998) afirmaram
que essa técnica provoca uma paralisação das atividades produtivas do
equipamento ou serviço, e consequentemente acarreta no desempenho da
produção diária, considerando também a perda da qualidade.
b) Manutenção corretiva planejada: Esse tipo de manutenção é programado
para ocorrer em um período planejado, com intervenção no equipamento
ou do serviço, desde que o dano não provoque a manifestação de novos
problemas. Há a opção de deixar o equipamento funcionando até danificar
totalmente, porém geralmente intervêm-se antes de ocorrer a falha total
(MARÇAL, 2008).
Dentre os tipos de manutenção, a corretiva é a mais onerosa devido aos
custos da manutenção dos equipamentos ou serviços, somados aos custos da perda
produtiva (BRISTOT et al., 2012).
3.1.2.3 Manutenção preditiva
É o tipo de manutenção que proporciona uma qualidade pretendida do serviço
de forma sistemática nas análises dos problemas, onde haja uma supervisão
centralizada para que as execuções de manutenções preventivas ocorram e,
37
consequentemente, uma diminuição da manutenção corretiva (BRISTOT et al.,
2012). Os mesmos autores confirmaram que a manutenção preditiva pode ser
comparada a uma inspeção sistemática onde se faz uma verificação de todo o
serviço e havendo a necessidade de intervenção, realizando uma manutenção
corretiva planejada (Figura 9).
Figura 9 – Manutenção preditiva e manutenção corretiva planejada.
Fonte: Bristot et al. (2012)
Permitir a coleta de dados do serviço com o mínimo de interferências e que
possibilitem uma análise detalhada do processo são os requisitos mais importantes
das técnicas de manutenção preditiva (BRISTOT et al., 2012).
Vaz (1997) acrescentou que quando se adota a manutenção preditiva, existe
uma ideia para que a solução ideal para as falhas e defeitos dos equipamentos ou
serviços, pois a preditiva propõe que seja realizada a interferência direta para que
seja realizada a manutenção de maneira eficaz, no tempo satisfatório.
3.1.3 Durabilidade
Está diretamente relacionada à tendência, ao longo do tempo, em que o
edifício ou seus sistemas possuem em desempenhar suas funções básicas
conforme às condições de utilização e manutenção especificadas (SABBATINI,
2007).
John (2006) defendeu que a durabilidade não se trata de uma particularidade
própria do material, porém ela é consequência de quando este material interage com
38
o meio ambiente. No entanto, um material pode apresentar funções de desempenho
diferenciados de acordo com o local em que esteja exposto.
John (1988) apresentou três maneiras de se medir a durabilidade de um
edifício ou sistema:
Através da vida útil (tempo em que os produtos mantem seu desempenho num
nível acima do aceitável, sendo realizadas manutenções cotidianas);
Em função do desempenho variando com o tempo após a instalação do produto;
Por meio de ensaios comparativos, utilizando-se de uma amostra degradada
comparando-a a uma amostra padrão com degradação mínima admitida.
3.1.4 Vida útil
De acordo com a NBR 15.575 (2013b) existem dois conceitos relacionados à
vida útil de uma edificação e seus sistemas:
Vida Útil (VU): é o tempo em que os sistemas construtivos desempenham as
atividades para os quais foram projetados e construídos, atendendo aos critérios de
desempenho contidos na Norma (não pode ser confundida com o prazo de garantia
legal).
Vida Útil de Projeto (VUP): trata-se do tempo em que o sistema é projetado, que
atenda aos requisitos de desempenho contidos na Norma, considerando o
atendimento aos requisitos das normas adequadas para cada sistema e a
compreensão do projeto.
A vida útil de um sistema construtivo deixa de ter utilidade quando não
desempenha bem os requisitos mínimos exigidos e podem ser representados na
Figura 10.
39
Figura 10 – Desempenho ao longo do tempo.
Fonte: NBR 15.575-1 (2013b)
A vida útil da edificação aumenta com o passar do tempo quando se realiza
a manutenção periódica e, consequentemente, melhora o seu desempenho. É
importante salientar que essas manutenções são realizadas após a entrega da
edificação. A realização da manutenção faz com que haja uma melhoria no
desempenho previsto dos sistemas da edificação e as condições previstas na fase
de projeto não sofrerão modificações ao longo da vida útil da construção
(FAGUNDES NETO, 2013).
40
4 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)
4.1 CONCEITOS
A Avaliação Pós-Ocupação (APO) é utilizada com ferramenta para avaliar, de
maneira ordenada, os aspectos do ambiente construído com a identificação do grau
de satisfação do usuário, auxiliando no aumento da qualidade dos edifícios através
da retroalimentação do ciclo de produção dos mesmos (PREISER et al, 1987). Meira
e Oliveira (1998) tratam a APO como um mecanismo sistemático para analisar o
ambiente construído; Lay e Reis (2002) complementaram que essa ferramenta é
utilizada para fomentar processos e recomendações de melhorias nas fases de
projeto e execução.
Outra utilização da APO tem por finalidade diagnosticar, analisar e recomendar
ações a partir das avaliações realizadas in loco nas edificações. Este tipo de
avaliação é bastante significativo em habitações de interesse social ou em edifícios
públicos (escolas, universidades e prédios administrativos) (ROMERO; ORNSTEIN,
2003).
No Brasil, a Avaliação Pós-Ocupação (APO) iniciou-se nos anos 1970 e 1980
como método usado tradicionalmente na avaliação de edifícios habitacionais e de
empresas públicas (VILLA; ORNSTEIN, 2013). Há grupos de pesquisas em diversas
regiões do país, como o Qualidade do Lugar e Paisagem (ProLUGAR) do Programa
de Pós-graduação em Arquitetura da FAU/UFRJ (Faculdade e Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro), o da Escola de Arquitetura
da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), através de seu Núcleo de Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo, o Departamento de Arquitetura e
Urbanismo/Engenharia Civil da Universidade Regional de Blumenau (FURB), o
Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo (NUTAU) do
Departamento de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo) e o Departamento de Arquitetura e
Construção da FEC (Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura) da UNICAMP
(Universidade Estadual de Campinas).
A primeira pesquisa de APO no Brasil foi realizada com o objetivo de averiguar
os níveis de satisfação dos usuários de um conjunto habitacional na cidade de São
41
Paulo (DEL CARLO; MOTTA, 1975). Em seguida, muitos outros pesquisadores
aprofundaram suas pesquisas em APO em diversas diretrizes.
Lay; Reis (2002), Abiko; Ornstein (2002), Kowaltowski et al. (2004), Lacerda;
Marroquim; Andrade (2011) e Rodrigues et. al. (2015) buscaram na APO uma
maneira de identificar problemas de desempenho do ambiente construído com a
percepção do usuário, utilizando habitações de interesse social como foco do
estudo. Abiko; Ornstein (2002) e Kowaltowski et al. (2004) utilizaram, além da APO,
ferramentas digitais contando com contribuição dos usuários para a fase de projetos.
Priori Júnior; Hazin; Ferreira (2006) utilizaram a APO para fazer uma avaliação
sistemática da manutenção preventiva de edifícios em uma construtora
pernambucana, junto aos clientes. Os autores concluíram que esta forma foi eficaz
uma vez que muitos usuários poderiam não ter a percepção de problemas, onde o
auxílio de profissionais seria relevante para identificar manifestações patológicas e
antecipar a solução de problemas.
Vale (2012) analisou um conjunto habitacional de interesse social visando
estudar a relação dos usuários com as atividades cotidianas como infraestrutura
urbana, a segurança, a saúde, o lazer e cultura e o trabalho, utilizando a APO por
meio de visitas in loco e questionários aplicados com ajuda dos moradores.
Qualharini; Gamba (1997), Xavier et al. (2002), Penna et al. (2002) e Oliveira
et al. (2009) realizaram trabalhos voltados para problemas de manifestações
patológicas em edifícios públicos (um comercial e um hospital) e em dois conjuntos
habitacionais de interesse social utilizando a APO como ferramenta metodológica.
Penna et al. (2002) e Oliveira et al. (2009) propuseram também a implantação de
manutenções preventivas e corretivas, além da retroalimentação de projetos.
Grizante; Ono (2011) fizeram um trabalho focando na percepção dos
funcionários com relação aos ambientes de trabalhos em empresas multinacionais
de grande porte (mais de 500 funcionários). Utilizaram-se de questionários com os
funcionários e gestores sobre as questões de temperatura, iluminação, espaço
físico, ruídos e qualidade do ar. Observaram que ficou claro que a relação entre
ambiente de trabalho e produtividade é primordial.
Woon et al. (2015) e Nurhayati et al. (2015), o primeiro elaborou uma revisão
da literatura acerca do uso da APO no ambiente construído; o segundo usou a APO
para análise de edifícios de baixa renda.
42
Agyefi-Mensah et al. (2013), em Gana, Guerra-Santin; Tweed (2015) no Reino
Unido e Zhao; Shi (2016) na China também utilizaram a APO como método de
avaliação de edificações.
4.2 MÉTODOS DE APO
Pode-se afirmar que a APO consiste em um conjunto de métodos de
avaliação, que varia de acordo com os objetivos que cada pesquisa se propõe. A
seguir relacionam-se os tipos de métodos usados na APO; entretanto, podem ser
inseridas outras abordagens metodológicas ainda na etapa de desenvolvimento
(ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
4.2.1 Medidas para aferição do desempenho físico
Nesta etapa verificam-se os parâmetros dos fatores ambientais dos ambientes,
tais como: iluminação, pressão sonora (externa e interna), temperaturas, medições
físicas dos ambientes e medições de correntes elétricas/tensões. As medições são
realizadas com equipamentos específicos, devidamente aferidos conforme
regulamentação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(INMETRO). A vantagem do método é que a percepção do usuário pode ou não ser
levada em consideração. Entre as desvantagens estão a necessidade de se fazer
tabulação dos dados e lidar com possíveis falhas dos equipamentos (ROMERO;
ORNSTEIN, 2003).
4.2.2 Avaliação do desempenho físico
Também chamado de walkthrough, este método possibilita mapear os danos,
o qual é caracterizado por fazer um levantamento in loco das características da
edificação, do estado de conservação e das manutenções realizadas que são
registrados por meio de fotografias/anotações (PREISER et al. (1987). Xavier et al.
(2002) corroboram ainda que o método possibilita que sejam observados os
aspectos técnicos e funcionais do ambiente construído. Tupin-Brooks; Viccars (2006)
consideraram que o método é fundamental para iniciar o APO.
43
As verificações são visualmente, onde se identificam as manifestações
patológicas como trincas, fissuras, umidade, bolor, corrosão de armaduras entre
outras patologias existentes. A análise é realizada de forma detalhada e pode ser
implementada a análise e projetos. O método torna-se vantajoso pois pode ser feito
de forma rápida, é bastante confiável e de baixo custo (ROMERO; ORNSTEIN,
2003).
4.2.3 Questionários
É o mais utilizado pois há a participação ativa dos usuários, onde podem ser
exploradas todas as informações pertinentes aos aspectos da edificação, conferindo
a satisfação dos usuários em relação aos aspectos do ambiente construído (XAVIER
et al., 2002; ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
Os questionários são elaborados pelo pesquisador e podem ser aplicados
pessoalmente, por telefone, por e-mail ou correios, que gerarão tabulações e devem
ser gerados dados estatisticamente. Trata-se de uma ferramenta de grande
confiabilidade, que necessita o conhecimento da pessoa que elabora e aplica o
questionário. Entretanto, não podem ser aplicados num universo menor que 30
pessoas e nem para idosos/crianças devido à falta de confiabilidade nas respostas
(ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
4.2.4 Entrevistas
São realizadas com pessoas importantes para a edificação, como síndicos,
supervisores de manutenção, diretores, encarregados etc. As entrevistas possuem
as vantagens de serem confiáveis e agilidade nas pesquisas em que são aplicadas
(ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
A finalidade das entrevistas é orientar o pesquisador de como deverão ser
formuladas os questionários e as perguntadas abordadas de forma mais detalhada
(XAVIER et al., 2002). Este método deve ser feito diretamente entre o pesquisador e
o entrevistado; onde haverá melhor interpretação das perguntas, caso haja
questionamentos adicionais por parte do entrevistado (VOORDT; WEGEN, 2005).
44
4.2.5 Mapas comportamentais
Os mapas comportamentais têm a finalidade de deixar a edificação registrada
espacialmente, com suas dimensões, aspectos construtivos e localização de
mobílias. Trata-se, também, de observar a relação dos usuários em determinado
tempo e espaço (KITCHIN, 1994; XAVIER et al., 2002).
Podem ser usados nas áreas internas e externas da edificação, e são de
grande relevância para analisar relações entre as áreas de convivências dos
conjuntos habitacionais ou pátios escolares. Possuem o inconveniente de
disponibilidade de tempo do pesquisador, pois este deve estar presente no local de
objeto de estudo onde os levantamentos são feitos em tempos regulares (ROMERO;
ORNSTEIN, 2003).
4.2.6 Registros fotográficos
São importantes para registrar manifestações patológicas e, em alguns casos,
é necessária a autorização para proteger a privacidade dos envolvidos (VILLA;
ORNSTEIN, 2013).
Podem ser utilizados nos métodos de avaliação de desempenho físico
(walkthrough) e em mapas comportamentais, pois permitem que sejam feitas
análises posteriores das situações. É um método de baixo custo e de confiabilidade
no registro (ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
4.2.7 Grupos focais
Para aplicar este método é necessário que se tenha um grupo entre 6 e 12
participantes, um moderador que seja responsável por elaborar questões e conduzir
a conversa, e de um assistente que se encarregue de gravar as conversas e
registrar os resultados (ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
4.3 APO EM EDIFICAÇÕES ESCOLARES
O estudo do uso da APO em edificações escolares tem sido alvos de
pesquisas em vários países. Ornstein; Martins (1997) fizeram uso da APO em 24
45
escolas da Grande São Paulo e utilizaram os métodos de avaliação de desempenho
físico (walkthrough) e o questionário. Os mesmos métodos foram empregados nas
pesquisas de Chimenti et al. (2000), Cintra (2001), Araújo et al. (2004), Ferreira;
Assis (2006), Fontes et al. (2006), Klein et al. (2006), Voltari et al. (2007), Azevedo et
al. (2008), Fontes et al. (2010), Teixeira et al. (2011), Newton et al. (2012), Adeyeye
et al. (2013), Farias et al. (2015), Hassanain; Iftikhar (2015), Tookaloo; Smith (2015),
Wheeler; Malekzadeh (2015) e Hassanain et al. (2016). Estes trabalhos se
diferenciam apenas pelo local de aplicabilidade, sendo creches, escolas estaduais
de ensino fundamental/médio, biblioteca e prédios universitários.
Machado et al. (2008) utilizaram os métodos de mapeamento visual e
walkthrough para apresentar um diagnóstico e recomendações de melhorias na
Creche Edson Luiz, localizada no Rio de Janeiro. Ficou evidente que os métodos
empregados agregaram valor pois outros autores conseguiram fazer com que os
arquitetos envolvidos no projeto da creche pudessem remodelar projetos futuros
com base nas conclusões da pesquisa.
França (2011) analisou três edificações escolares situadas na cidade de São
Paulo, usando as ferramentas de APO: walkthrough, questionários, medição de
aferição de desempenho físico, entrevistas e grupos focais, onde concluiu que as
decisões tomadas na fase de projeto e a utilização do edifício ao longo dos anos
foram os pontos mais problemáticos e serviram como reflexão para oportunidades
de melhorias na fase de concepção e preservação da vida útil de projeto.
Salleh et al. (2015) utilizaram questionários em escolas que foram
reformuladas. A pesquisa teve como principal finalidade avaliar os níveis de
satisfação dos usuários às novas adequações.
Dessa forma, percebeu-se que houve avanço nas pesquisas relacionadas aos
ambientes das edificações escolares em vários países, além do Brasil. As
contribuições das avaliações de desempenho do ambiente construído são relevantes
para que o processo de projeto seja realimentado com as informações obtidas nas
pesquisas, com a intenção de que as falhas do projeto sejam corrigidas.
46
5 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho, optou-se por utilizar dois métodos de APO descritos no
Capítulo 3: a avaliação do desempenho físico (ou método walkthrough), que fornece
informações da edificação por meio de inspeções in loco; e o uso dos registros
fotográficos, que foi incorporado ao método walkthrough (Figura 11). Ambos os
métodos foram usados em cinco edificações escolares estaduais de tipologia pré-
fabricada, localizadas na cidade de Campinas/SP.
Figura 11 – Delineamento da pesquisa.
Fonte: Autora (2016)
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ESCOLARES
Neste trabalho, a seleção das edificações escolares foi realizada a partir do
banco de dados disponível no site da FDE, que possibilitou catalogar as escolas e o
contato com as DE’s (Diretorias de Ensino) Leste e Oeste. O contato com as DE’s
Revisão da
Literatura Métodos APO Tratamento
dos Dados
* Quantificação e
classificação das
manifestações
patológicas através
dos relatórios
* Avaliação do
desempenho
físico
(Walkthrough)
* Registros
fotográficos
Fotográfcos
* Pré-
fabricação
* Desempenho
e manutenção
* Cálculo de
frequência dos danos
* Causas e origens
prováveis dos danos
* Análise estatística
*Avaliação pós-
ocupação
47
possibilitou a obtenção de informações orais e formais acerca das edificações, bem
como a autorização para a realização das vistorias em cada unidade.
Foram selecionadas cinco escolas estaduais (EE) para serem inspecionadas,
todas situadas na cidade de Campinas/SP e construídas entre os anos de dois mil e
quatro a dois mil e nove (Quadro 1). Estas escolas estaduais são frequentadas por
alunos na faixa etária entre 6 e 18 anos, nas quais permanecem por até cinco horas.
Todas as unidades funcionam com aulas no turno da manhã e da tarde (Ensino
Fundamental I, II e Médio), além do turno da noite (EJA – Educação de Jovens e
Adultos).
Quadro 1 – Escolas e elementos inspecionados.
ESCOLA
ANO DE
CONSTRUÇÃO
ELEMENTOS
ESTRUTURAIS
ELEMENTOS DE
VEDAÇÃO
ESCOLA A 2004 Concreto pré-fabricado Blocos de concreto
ESCOLA B 2004 Concreto pré-fabricado Blocos de concreto
ESCOLA C 2004 Concreto pré-fabricado Blocos de concreto
ESCOLA D 2004 Concreto pré-fabricado Blocos de concreto
ESCOLA E 2009 Concreto pré-fabricado Blocos de concreto
Fonte: Autora (2016)
5.1.1 Escola A
A Escola A (Figura 12) encontra-se em atividade há 12 anos, direcionada para
o Ensino Fundamental I e possui 4 pavimentos: um pavimento térreo e mais 3
pavimentos (primeiro, segundo e terceiro andar). No térreo constam o pátio de
serviços, a cantina, os sanitários (alunos e funcionários), refeitório, cozinha,
secretaria, diretoria e o grêmio estudantil. O primeiro andar abriga as salas de aula
(8 unidades), almoxarifado, depósito, coordenação e sala dos professores. No
segundo pavimento há 4 salas de aula, sala de leitura, sala de reforço, depósito,
sala de uso múltiplo e sala de informática. No último andar foi construída a quadra
poliesportiva com fechamento em telhas de alumínio. Nesta escola foi utilizada
48
estrutura de concreto pré-fabricado, aparente, sem aplicação de revestimentos. As
alvenarias de vedação foram construídas com blocos de concreto e as fachadas
receberam apenas pintura. As alvenarias dos sanitários e da cozinha receberam
revestimentos cerâmicos.
Figura 12 – Localização da Escola A.
Fonte: Google Maps (2015)
5.1.2 Escola B
Com as atividades voltadas para os Ensinos Fundamental II, Médio e EJA, a
Escola B, construída em 2004, abriga em sua estrutura o térreo e mais 2 pavimentos
(primeiro e segundo andares). Possui um pavimento térreo, onde estão a quadra
poliesportiva, pátio coberto, sanitários (2 para os alunos e 2 para os funcionários),
depósito, sala para material de limpeza, almoxarifado, coordenação, direção,
secretaria, refeitório, cozinha e pátio de serviços. O primeiro andar abriga a sala dos
professores, salas de aulas (6 unidades), sala de uso múltiplo e sala de reforço. O
segundo e último pavimento é destinado para salas de aulas (9 unidades). Utilizou-
se estruturas de concreto pré-fabricado que receberam pintura. As alvenarias de
vedação internas foram construídas com blocos de concreto e nas alvenarias das
fachadas foram instalados painéis de concreto finalizados com pintura. As alvenarias
49
dos sanitários e da cozinha receberam revestimentos cerâmicos. As Escola A e B
estão localizadas em bairros periféricos de Campinas/SP, nas proximidades da
Rodovia Dom Pedro e da Estrada dos Amarais (Figura 13). Foram pioneiras do
programa piloto em construções com elementos pré-fabricados criado pela FDE.
Figura 13 – Localização da Escola B.
Fonte: Google Maps (2015)
5.1.3 Escola C
Também há 12 anos em funcionamento, a Escola C atualmente é voltada
apenas para o Ensino Fundamental I. O edifício possui três pavimentos: térreo,
primeiro e segundo pavimento. No térreo estão a quadra poliesportiva, 4 sanitários
(2 para os alunos e 2 para os funcionários), diretoria, secretaria, almoxarifado,
depósito, despensa, cozinha, refeitório e área aberta para recreação (Figura 14). No
primeiro andar estão a coordenação, sala dos professores, sala de reforço e sala de
uso múltiplo. O último andar abriga as salas de aula (6 unidades). Esta escola, assim
como a citada anteriormente, também foi executada com estruturas de concreto pré-
fabricado. As alvenarias de vedação internas foram construídas com blocos de
concreto e nas alvenarias das fachadas instalados painéis de concreto finalizadas
com pintura, porém as alvenarias dos sanitários e da cozinha receberam
revestimentos cerâmicos. Localizada nas proximidades da Rodovia Anhanguera, a
50
escola foi construída em 2004 para atender às necessidades da população do
conjunto CDHU.
Figura 14 – Localização da Escola C.
Fonte: Google Maps (2015)
5.1.4 Escola D
A Escola D, assim como a citada anteriormente, também foi construída em
2004 nas proximidades do conjunto CDHU, atendendo aos Ensinos Fundamental II,
Médio e EJA. (Figura 15). Possui quatro pavimentos: térreo, primeiro, segundo e
terceiro pavimentos. O térreo abriga a parte administrativa da escola, contando com
diretoria, coordenação, cozinha, copa, depósito, pátio recreativo, 2 sanitários para os
alunos (masculino e feminino), 2 sanitários para os funcionários (feminino e
masculino). O primeiro andar possui sala de informática, sala dos professores, sala
de reforço (2 unidades) e biblioteca. O segundo e terceiro pavimentos abrigam as
salas de aula (10 unidades no total), entretanto no último pavimento, além das salas
de aula dispõe da quadra poliesportiva. As estruturas de concreto foram executadas
no tipo pré-fabricação, mantendo-se o concreto aparente. O fechamento das
fachadas de vãos abertos, utilizou-se telhas metálicas previamente pintadas e
venezianas industriais de PVC. As alvenarias internas utilizaram-se blocos de
51
concreto, revestidos de argamassa e, por fim, pintura. Os revestimentos de
alvenarias dos sanitários, cozinha e copa foram assentados com cerâmicas.
Figura 15 – Localização da Escola D.
Fonte: Google Maps (2015)
5.1.5 Escola E
A Escola E (Figura 16) iniciou suas atividades em 2009, com Ensino
Fundamental I e II. E edificação possui três pavimentos: térreo, primeiro e segundo
andares. No pavimento térreo localizam-se 4 sanitários (2 para os alunos e 2 para os
funcionários), cozinha, cantina, refeitório, almoxarifado, coordenação, recepção,
diretoria e a quadra poliesportiva. No primeiro andar estão salas de aulas (6
unidades) e salas de vídeo. No segundo andar, além das salas de aulas (12
unidades), estão a biblioteca, sala de informática e almoxarifado. Nesta escola foi
utilizada estrutura de concreto pré-fabricado, aparente, sem aplicação de
revestimentos. As alvenarias de vedação foram construídas com blocos de concreto
na parte interna e nas fachadas, sendo todas em acabamento argamassado e
finalizadas com pintura; entretanto as alvenarias dos sanitários e da cozinha
receberam revestimentos cerâmicos. A particularidade dessa escola é a instalação
de muros, tornando a escola “fechada” e perdendo o objetivo em se implantar os
projetos propostos pela FDE. A construção desta escola surgiu da necessidade de
52
atender às crianças do bairro Jardim Icaraí, localizado nas proximidades da Rodovia
Lix da Cunha em Campinas/SP; porém, é de difícil acesso e afastado de outros
bairros mais populosos.
Figura 16 – Localização da Escola E.
Fonte: GoogleMaps (2015)
5.2 REGISTROS FOTOGRÁFICOS
Com os registros possibilitou-se constatar os tipos de manifestações
patológicas e corroborar com os dados levantados nos relatórios. Limitou-se em
fotografar as alvenarias (internas e externas – de alvenaria estrutural) e as
estruturas de concreto (lajes, vigas e pilares), pois foram elementos que se
caracterizaram por apresentar uma variedade relevante de anomalias.
5.3 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO FÍSICO (MÉTODO WALKTHROUGH)
No método walkthrough, fez-se uma avaliação qualitativa das manifestações
patológicas nas edificações, onde utilizou-se um relatório de inspeção (Quadro 2).
Machado et al. (2008) afirmaram que o método “walkthrough” é importante para se
conhecer detalhes gerais do edifício a partir de relatos de pessoas envolvidas com o
mesmo, como aspectos funcionais, questões técnicas e construtivas. A presente
pesquisa não utilizou entrevistas padronizadas; entretanto, as diretoras das escolas
53
envolvidas disponibilizaram-se a dar informações sobre processos de modificações
na estrutura original dos prédios, a realização ou não de manutenções e as questões
sociais.
De forma a sistematizar as informações obtidas no levantamento em campo,
elaborou-se um modelo de relatório de inspeção adaptado de Braga (2010) e
Marques (2012), no qual foi possível preencher os dados das manifestações
patológicas verificadas nas edificações escolares (Quadro 2). O campo de
ocorrência indica a quantidade de vezes que a mesma manifestação patológica foi
verificada, independentemente do ambiente; o campo da frequência (%) indica a
razão da ocorrência pelo total de ocorrência em toda a edificação escolar,
multiplicada por 100. Este método se caracteriza por visualizar os tipos de danos
encontrados e o percentual de unidades escolares afetadas quando contabilizada
cada tipo de manifestação observada (MAGALHÃES, 2004).
54
Quadro 2 – Modelo de relatório de inspeção.
RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
Nome: Ano de construção: Endereço:
Nº de ambientes: Nº de pavimentos:
Manifestação
Patológica
Variações
Ocorrências
Frequência
(%)
Imagem
Fissuras
(Alvenaria)
Orientada
Mapeada
Interface
alvenaria/
esquadria
Interface
alvenaria/
concreto
Fissuras
(Elementos de
concreto)
Longitudinal
Transversal
Mofo/Bolor Alvenaria
Concreto
Eflorescência Alvenaria
Concreto
Corrosão de
armaduras
Concreto
TOTAL 0 0
Fonte: Adaptado de Braga (2010) e Marques (2012)
55
5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Utilizou-se a distribuição t de Student, criada por William Gasset, que é
bastante utilizada para aplicações em análises com pequenas amostras (RAJU,
2005). Segundo a FDE, atualmente, o número total de nove edificações escolares
pré-fabricadas na cidade de Campinas. A pesquisa foi realizada em cinco unidades.
A aplicação de uma análise estatística revelou, também, os níveis de certeza
da ocorrência dessas manifestações patológicas em todas as obras realizadas
através desse sistema construtivo, mesmo período, na cidade de Campinas/SP.
56
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo, são apresentados e analisados os resultados obtidos na
avaliação técnica de cada edifício escolar, identificando as possíveis causas das
manifestações patológicas assim como a frequência em que foram constatadas. As
análises foram feitas individualmente para cada escola estudada.
Como complementação das informações contidas neste Capítulo, os relatórios
de inspeção das escolas assim como o detalhamento das fissuras em alvenarias,
foram inseridas nos Apêndices 1A até o 1E.
6.1 ESCOLA A
Como mostra a Figura 17, a escola A apresentou um grande número de
casos de fissuras em alvenarias. Este tipo de manifestação patológica foi
identificado em diversos pontos das alvenarias, sendo a maioria devidas às
sobrecargas na interface alvenaria/esquadria (Apêndice 2A).
Figura 17 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola A.
Fonte: Autora (2016)
Observa-se que os casos de fissuras, mofo/bolor e eflorescência nas
estruturas de concreto apresentaram frequência na faixa de 10% a 13% dos casos
analisados. As fissuras foram identificadas em grande parte nas lajes, entretanto não
60%
3%
12%
13%
10%2%
Fissuras (Alvenaria)
Mofo/Bolor (Alvenaria)
Fissuras (Concreto)
Mofo/Bolor (Concreto)
Eflorescência (Concreto)
Corrosão de Armadura(Concreto)
57
é possível afirmar a causa desse tipo de patologia, por se tratar de peças
executadas em empresas de pré-fabricados. Supõe-se, de acordo com Wrubel
Moreira (2009), que podem ocorrer casos de retração plástica dos vazios no
momento da concretagem da peça, e posteriormente, haja formação de fissuras
(Figura 18).
Figura 18 – Fissuras na laje do segundo pavimento.
Fonte: Acervo da autora (2015)
O mofo/bolor, que são característicos de ambientes favoráveis à umidade e
fungos filamentosos, foi visto em alguns pontos das lajes, que pode ter sido
ocasionada por falhas no arremate da impermeabilização (Figura 19a) e em peças
de concreto das fachadas, que ocorre devido à ação de chuvas diretamente nas
estruturas (Figura 19c). O mofo/bolor (alvenarias) tiveram pouca ocorrência, sendo a
primeira notada nas alvenarias internas em contato direto com áreas molhadas
(sanitários e cozinhas) (Figura 19b).
58
Figura 19 – Mofo/bolor em elementos de concreto e na sala (do
pavimento térreo) e na fachada.
(a) (b) (c)
Fonte: Acervo da autora (2015)
As ocorrências de eflorescência nas estruturas de concreto foram vistas nas
peças em que já apresentavam problemas de mofo/bolor, sendo assim a
eflorescência uma consequência da umidade que se infiltrou nas peças (Figura 20).
Apesar de terem apresentado casos de mofo/bolor em alvenarias, casos de
eflorescência não foram identificados nas paredes da Escola A.
Figura 20 – Eflorescência na viga do pavimento térreo.
Fonte: Acervo da autora (2015)
A corrosão de armadura foi verificada em poucos pontos da edificação
sendo a maioria em áreas externas onde pode-se visualizar que se trata de uma
59
manifestação que originalmente era uma fissura, que por falta de reparo,
intensificou-se, levando à expansão do concreto e, posteriormente, a armadura ficou
exposta, o que ocasionou a corrosão (Figura 21).
Figura 21 – Corrosão de armaduras no pilar próximo ao portão de
entrada.
Fonte: Acervo da autora (2015)
6.2 ESCOLA B
A Figura 22 permite analisar que as fissuras se sobressaíram dentre as
manifestações patológicas que foram examinadas. As fissuras em estruturas de
concreto foram mais comuns (46%) (Figura 23a), seguida das fissuras em alvenaria
que representaram 38% das ocorrências investigadas e sofreram variações de tipos
e possíveis causas (Figura 23b). Um maior detalhamento das variações destas
fissuras está descrito no Apêndice 2B.
60
Figura 22 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola B
Fonte: Autora (2016)
Figura 23 – Fissuras na laje da sala de aula do térreo e na alvenaria da
área de recreação.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
Na Escola B foram observadas pequenas variações de mofo/bolor em
alvenarias e em concretos, com 3% e 5%, respectivamente (Figuras 24a e 24b). Os
casos de mofo/bolor foram detectados em alvenarias que estavam próximas aos
sanitários dos funcionários. Havia pontos de umidade na base das alvenarias e na
parte mais alta (ponto do chuveiro), que provavelmente foram ocasionadas por
vazamentos de tubulações hidráulicas. Entretanto, nas estruturas de concreto, as
manifestações de mofo/bolor foram perceptíveis em pontos das lajes do 3º
38%
3%46%
5%4%
4%
Fissuras (Alvenaria)
Mofo/Bolor (Alvenaria)
Fissuras (Concreto)
Mofo/Bolor (Concreto)
Eflorescência (Concreto)
Corrosão de Armadura(Concreto)
61
pavimento, onde acima deste se encontra a quadra poliesportiva. Quando há
lavagem desse piso ou ocorrência de chuvas intensas, onde provavelmente algumas
regiões da laje possuem falhas na manta de impermeabilização.
Figura 24 – Mofo/bolor na alvenaria da sala de aula e na laje da sala de
aula (ambos no segundo pavimento).
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
Ocorreram manifestações de eflorescências, que são ocasionadas pela
presença de umidade ocorrendo a lixiviação dos sais solúveis contidos nas
superfícies dos componentes, em alguns pontos de estruturas de concreto (4%),
como se pode verificar na Figura 25. Existem há pontos com umidade onde a
eflorescência encontrou facilidade para ocorrer. Nas alvenarias não foram
encontradas manifestações de eflorescência.
Figura 25 – Eflorescência na laje da sala da direção.
Fonte: Acervo da autora (2015)
62
No caso da corrosão de armadura, que em alguns casos ocorre pela
despassivação da armadura, é uma patologia decorrente de falhas na fase de
projeto e/ou de execução (onde não se prevê um cobrimento nominal suficiente para
garantir a proteção das armaduras), também se encontrou com a frequência de 4%
(Figura 26), que nesse caso é consequência de fissuras nas lajes.
Figura 26 – Corrosão de armaduras na laje da sala dos professores.
Fonte: Acervo da autora (2015)
6.3 ESCOLA C
Com base na inspeção visual, a Escola C apresentou ocorrências
significativas de patologias (Figura 27), sendo fissuras em alvenarias com 34% dos
ambientes verificados (Figura 28a). As variações deste tipo de manifestação
patológica foram listadas e se encontram no Apêndice 2C, onde indica que as
fissuras no sentido horizontal induzidas por sobrecargas são as que se destacaram,
com 23%.
63
Figura 27 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola C.
Fonte: Autora (2016)
Coincidentemente, na Escola C, o número de fissuras em estruturas de
concreto foi semelhante ao de fissuras em alvenaria, chegando aos 34% (Figura
28b). Algumas causas prováveis para que as fissuras em concreto se manifestem
foram apresentadas no Capítulo 2, entretanto a mais comum que se pode pressupor
é a retração plástica do concreto que ocorre quando a cura não é executada de
forma correta (WRUBEL MOREIRA, 2009).
Figura 28 – Fissuras na alvenaria do muro e na viga do pavimento térreo.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
Problemas com mofo/bolor encontradas nas alvenarias (Figura 29a) se
limitaram a áreas molhadas (sanitários e cozinhas), que podem ter sido provocados
por vazamentos das instalações hidráulicas, seguido de falha na impermeabilização,
34%
11%
4%
34%
5%
12%Fissuras (Alvenaria)
Mofo/Bolor (Alvenaria)
Eflorescência (Alvenaria)
Fissuras (Concreto)
Mofo/Bolor (Concreto)
Eflorescência (Concreto)
64
causando pontos de umidades. Entretanto, observou-se postos de eflorescência
inclusive nas fachadas, onde há incidência de chuvas e, consequentemente,
agravando o aparecimento das manchas brancas (Figura 29b). As manchas de
umidade (Figura 29b) existentes apareceram devido à obstrução da tubulação de
drenagem das águas pluviais proveniente do telhado relacionado a problemas no
sistema de impermeabilização.
Figura 29 – Mofo/bolor na alvenaria do segundo pavimento e na laje do
pavimento térreo.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
A eflorescência foi vista em poucos ambientes da Escola C, sendo
encontrada em apenas 4 locais sendo todas em alvenarias da fachada (Figura 30a),
locais onde as intempéries são mais atuantes. Este tipo de anomalia é causado pela
lixiviação de sais da argamassa de assentamento (ARAÚJO, 2001). A ocorrência de
eflorescência em peças de concreto, apesar de apresentar diferenças nas
porcentagens, foi observada em conjunto em muitos casos (Figura 30b). Na Escola
C não foram identificados problemas de corrosão de armaduras.
65
Figura 30 – Eflorescência na alvenaria e viga da fachada do térreo.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
6.4 ESCOLA D
Diferentemente das escolas analisadas anteriormente, na Escola D foram
encontradas todas os tipos de manifestações patológicas listadas (Figura 31). E
mais uma vez as fissuras em alvenarias se destacaram em maiores ocorrências,
chegando a 45% dos ambientes vistos. O Apêndice 2D detalha melhor como estas
fissuras variaram e suas prováveis causas, entretanto as mais evidentes foram as
horizontais por conta de sobrecargas da estrutura e, em seguida, as fissuras da
interface alvenaria/esquadria (Figura 32a).
Figura 31 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola D.
Fonte: Autora (2016)
45%
5%1%
31%
7%
9%2%
Fissuras (Alvenaria)
Mofo/Bolor (Alvenaria)
Eflorescência (Alvenaria)
Fissuras (Concreto)
Mofo/Bolor (Concreto)
Eflorescência (Concreto)
Corrosão de Armadura(Concreto)
66
Nas estruturas de concreto pré-fabricado, observou-se uma numerosa
ocorrência de fissuras, passando dos 30%. Como se pode notar, a laje da Escola D
possui peças de larguras maiores em relação a outras escolas, sendo usada para
vencer vãos longos. Além de algumas lajes, as fissuras foram verificadas nas vigas
na área interna e nas das fachadas (Figura 32b).
Figura 32 – Fissuras na alvenaria da fachada do térreo e na laje do pátio
recreativo.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
Na Escola D, o acesso à quadra poliesportiva se dá por duas entradas: uma
na parte interna da escola através de escadas e uma na área externa pelas rampas,
que são usados por pessoas portadoras de necessidades especiais. Nestas rampas
foram identificados casos de mofo/bolor nas alvenarias dos muros (Figura 33a).
Outros casos de mofo/bolor e eflorescência foram observados em peças de concreto
similares, mesmo com a diferença de 2% de frequência entre as duas manifestações
patológicas, as mesmas se mostraram visíveis conjuntamente (Figura 33b). Neste
caso é possível notar que as tubulações de hidráulica, em caso de vazamentos,
ocasiona acúmulo de água e, consequentemente, favorece o aparecimento de
mofo/bolor. No caso da eflorescência, foram vistos poucos casos em que se
configurou de forma isolada (Figura 33b).
67
Figura 33 – Mofo/bolor na alvenaria do muro de acesso à quadra
poliesportiva e na laje do pavimento térreo
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
Além das alvenarias dos sanitários dos alunos (Figura 34a), também foram
vistos pontos de eflorescência em estruturas de concreto com 2% de frequência. No
caso da eflorescência em concretos, observou-se poucos casos que se
configuraram de forma isolada (Figura 34b).
Figura 34 – Eflorescência na alvenaria externa dos banheiros dos
alunos e na laje do pavimento térreo.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
Apesar de um número significativo de fissuras nas estruturas de concreto, as
mesmas não chegaram a causar tantos problemas de corrosão de armaduras.
Foram identificados apenas 2 (duas) peças com este tipo de anomalia e ambas se
68
encontram nas fachadas da edificação (Figura 35), que são os locais mais propícios
a ações de intempéries, grandes causadoras de patologias em edificações.
Figura 35 – Corrosão de armaduras na viga da fachada.
Fonte: Acervo da autora (2015)
6.5 ESCOLA E
Sobre as fissuras em alvenarias observou-se que as ocorrências foram altas,
muito acima das escolas já analisadas, chegando aos 76% (Figura 36). Na avaliação
das variações das fissuras em alvenarias, observou-se que a maioria tem como
possível causa a sobrecarga das estruturas acima das alvenarias, causando fissuras
no sentido horizontal (Figura 37a), além de fissuras no sentido vertical (Figura 37b e
37c). Os detalhes das configurações dos tipos de fissuras estão relacionados no
Apêndice 2E.
Figura 36 – Ocorrência de manifestações patológicas na Escola E.
Fonte: Autora (2016)
76%
10%
3%4%
4% 3%Fissuras (Alvenaria)
Mofo/Bolor (Alvenaria)
Eflorescência (Alvenaria)
Fissuras (Concreto)
Mofo/Bolor (Concreto)
Eflorescência (Concreto)
69
Figura 37 – Fissuras em alvenarias das salas de aula do primeiro e
segundo pavimentos.
(a) (b) (c)
Fonte: Acervo da autora (2015)
As fissuras em estruturas de concreto não chegaram nem a 10% dos casos
de fissuras em alvenarias. Observou-se a ocorrência nas lajes, entretanto em
apenas 4 (quatro) peças de todas analisadas (Figura 38).
Figura 38 – Fissuras em estruturas de concreto da laje do corredor do
primeiro pavimento.
Fonte: Acervo da autora (2016)
Na sequência, os casos de mofo/bolor deram-se em 10% das alvenarias
analisadas (Figura 39a). Verificou-se que as alvenarias acometidas estão todas
situadas na fachada em que há maior incidência chuvas. Uma das alvenarias
afetada é a da biblioteca da escola, ocasionando perda de materiais e equipamentos
70
que se encontravam próximos aos locais de umidade. Casos de mofo/bolor foram
constatados nas estruturas de concretos que se localizam nas fachadas (Figura
39b), onde a ação de intempéries colabora para que a manifestação se desenvolva.
Figura 39 – Mofo/bolor na alvenaria interna e na viga da fachada, ambos
no pavimento térreo.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
As alvenarias acometidas por eflorescência coincidiram com as mesmas
afetadas pela ação de mofo/bolor (Figura 40a). Numa ocorrência na faixa dos 3%
foram observados casos de eflorescência em estruturas de concreto (Figura 40b).
Não foram observados casos de corrosão de armadura na Escola E. Por fim, as
estruturas também foram acometidas por eflorescências, todavia foram identificadas
em apenas 3 (três) bases/pisos das escadas (Figura 40b).
Figura 40 – Eflorescência na alvenaria do pavimento térreo, abaixo da
escada e nas lajes das escadas.
(a) (b)
Fonte: Acervo da autora (2015)
71
6.6 ANÁLISE GLOBAL DAS ESCOLAS INSPECIONADAS
Foi realizada uma análise entre os dois tipos construtivos para se ter um
melhor entendimento de como as manifestações patológicas se comportaram para
as edificações escolares. É perceptível que não há diferenças tão evidentes com
relação aos resultados finais. Entretanto, salienta-se que as edificações possuem
idades diferentes, onde os anos de construções variam entre 2004 e 2009 (Figura
41).
Figura 41 – Análise global das manifestações patológicas das
escolas.
Fonte: Autora (2016)
A análise global das ocorrências indica que as fissuras nas alvenarias se
sobressaíram dentre as outras manifestações patológicas inspecionadas, seguida
pelas fissuras em estruturas de concreto. As outras manifestações variaram em
pequenas ocorrências e até mesmo em ausentes em algumas escolas, onde foram
realizadas manutenções, levando a mascarar o resultado.
72
6.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS ESCOLAS INSPECIONADAS
Observou-se um total de 544 ocorrências de manifestações patológicas nas 5
(cinco) escolas visitadas. Aplicou-se o t de Student, exclusivamente para o universo
das 5 (cinco) escolas que participaram desse projeto com o mesmo padrão
construtivo e início de atividade, onde se notou a possibilidade de encontrar os totais
de manifestações patológicas relacionadas aos seus respectivos níveis de confiança
(Figuras 42 e 43). Ou seja, uma extrapolação das 5 (cinco) estudadas para as 9
(nove) existentes atualmente.
Figura 42 – Valores das médias e dos desvios padrões das manifestações
patológicas
Alvenaria Concreto
Fissura Mofo Eflorescência Fissura Mofo Eflorescência Corrosão de Armadura
Média 45% 5% 1% 31% 5% 9% 2%
Desvio Padrão 17% 4% 2% 17% 3% 4% 2%
Fonte: Autora (2016)
Figura 43 – Valores dos níveis de confiança e o número de manifestações
patológicas
Nível de confiança
Nº de manifestações
patológicas
75% 92,57
80% 88,19
85% 82,74
90% 75,22
95% 62,1
98% 48,00
99% 26,73
Fonte: Autora (2016)
73
7 DISCUSSÕES E CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi analisar as cinco edificações escolares
construídas pela FDE na Cidade de Campinas/SP durante os anos de 2004 e 2009
por meio da pré-fabricação e, assim, permitir um mapeamento dos problemas
construtivos e manifestações patológicas dessas construções por meio das técnicas
walkthrough e APO.
As manifestações patológicas se concentraram em maior parte nas
alvenarias, com destaque para as fissuras (horizontais induzidas por sobrecargas,
na interface alvenaria/concreto e na interface alvenaria/esquadria), umidade e
eflorescência. Para os elementos de concreto destacaram-se as fissuras, sendo as
lajes e vigas as partes afetadas. As fissuras nos pisos foram observadas em todas
as unidades escolares e os casos de descolamento de revestimento cerâmico
identificado em apenas uma unidade escolar. Por se tratarem de peças produzidas
em empresas especializadas em pré-fabricados, definir as causas para os tipos de
problemas encontrados podem ser classificadas por diversas origens, visto que elas
passam por todo o processo de execução fora do canteiro de obras e apenas
empresas responsáveis pela execução das peças possuem as informações
inerentes aos métodos usados na fabricação.
As análises dos resultados da presente pesquisa apresentaram conclusões
semelhantes em relação às outras pesquisas que adotaram a APO como método de
avaliação do desempenho. Assim como França (2011) verificou em sua pesquisa, os
métodos de APO colaboraram para que seja implantado um sistema de avaliação
(manutenção) nos prédios escolares, como também a da participação da
comunidade nas tomadas de decisões no processo de planejamento, sendo de
grande importância a interação dos usuários para que se elaborem projetos mais
eficazes e uma utilização mais plena do edifício escolar público.
Corroborando com os argumentos da autora, foram relatados por diretores
escolares essa falta de conhecimento da melhor utilização dos ambientes e de suas
localizações; uma vez projetados de forma inadequada, causam futuros transtornos
para os usuários dos prédios. Foram presenciados em três escolas com sistema pré-
fabricado casos de modificações do projeto inicial, que previam espaços abertos
para que a comunidade tivesse acesso, e consequentemente, casos de vandalismos
74
foram evidenciados. Por conta disso, foram solicitados os fechamentos dessas áreas
com uso de grades e portas que alteraram a configuração original da edificação e,
em alguns casos, facilitando o surgimento de manifestações patológicas.
A realização de manutenção preventiva faz com que o surgimento de
manifestações patológicas seja minimizado; porém, observou-se que apenas a
Escola I mantém um plano de manutenção preventiva, com a realização de pinturas
nas estruturas de concreto e alvenarias internas anualmente. Em contrapartida, as
demais unidades escolares não apresentaram nenhum planejamento de
manutenções preventivas; e quando realizadas, eram manutenções para corrigir um
problema pontual urgente. A ausência de um sistema de manutenção também foi
constatada pelos autores Ornstein; Martins (1997), Araújo et al. (2004), Klein et al.
(2006) e Adeyeye et al. (2013).
Ressalta-se que a metodologia adotada para avaliar as edificações atingiu o
objetivo da pesquisa, funcionando como uma ferramenta bastante útil para a
constatação das manifestações patológicas e suas prováveis causas.
7.1 CONCLUSÃO
Dentre as patologias identificadas nos prédios vistoriados as fissuras em
alvenarias e elementos de concreto apresentaram maior percentual de ocorrência,
estando presente em todas as edificações analisadas. A maior parte das fissuras
identificadas foram acarretadas especialmente pela movimentação hidrotérmica dos
elementos de blocos de concreto. As alvenarias nas construções pré-fabricadas de
concreto são tradicionalmente relegadas apenas à função de vedação. Assim, as
empresas construtoras são induzidas a desconsiderar aspectos importantes dessa
técnica construtiva, a começar do controle de qualidade dos elementos de vedação,
por exemplo, absorção, porosidade e propriedades mecânicas. Também, ao longo
do tempo estes elementos acabam não suportando as tensões induzidas pela
estrutura tais como recalques diferenciais, sendo, então as justificativas
apresentadas nesta pesquisa para tal manifestação patológica.
A segunda patologia com maior incidência foi a presença de mofo ou “bolor
identificada em 13% dos casos estudados. Dos casos de mofo ou “bolor” conclui-se
que ocorreram falhas na execução de elementos de platibandas e peitoris de
75
janelas, assim como ausência de manutenção predial do sistema de pintura. A
provável qualidade dos elementos de alvenaria já apresentada também potencializa
o surgimento desta manifestação patológica.
Em menor quantidade verificaram-se problemas comuns nas estruturas de
concreto armado como eflorescência no concreto e corrosão do aço. Não foi
possível a identificação das causas, porém, são atribuídas pela literatura às falhas
de projeto, execução e manutenção da estrutura.
Por fim, pressupõe-se que a falta de manutenção predial exerceu papel
preponderante nas manifestações patológicas verificadas, sejam fissuras nas
alvenarias ou na estrutura de concreto, na presença de fungos ou bolor,
eflorescência no concreto e corrosão em armaduras.
7.2 RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Como sugestão para futuras pesquisas:
Realizar um estudo comparativo das manifestações patológicas em
edificações escolares construídas na década de 1970 (construções
convencionais) com as edificações construídas na década de 1990 até os
dias atuais (construções convencionais);
Caracterizar a tecnologia construtiva de elementos de concreto pré-fabricados
adotado pela FDE para a construção de novos prédios escolares;
Analisar o grau de deterioração dos elementos afetados através de ensaios
não-destrutivos (como o ultra-som, a esclerometria e a termografia
infravermelha), com a intenção de avaliar o desempenho do material e o
comportamento do sistema construtivo;
Propor um programa de gestão de manutenção preventiva junto à FDE.
76
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86
APÊNDICE 1 – RELATÓRIOS DE INSPEÇÃO
87
APÊNDICE 1A – RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DA ESCOLA A
Nº de Pavimentos: 3
121 100%
DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Nome: Escola A Ano de Construção: 2004 Endereço: Campinas
Nº de Ambientes: 31 Tipo Construtivo: Pré-Fabricado
Imagem
Alvenaria
MPA1 Fissuras 63 52%
MPA2 Mofo/Bolor 5
Manifestação
PatológicaSigla Variações Ocorrências
Frequência
(%)
4%
MPA3 Eflorescência 0 0% -
MPC2 Mofo/Bolor 18 15%
MPC3 Eflorescência 15 12%
TOTAL
MPC4 Corrosão de Armadura 3 2%
Estruturas de
concreto
MPC1 Fissuras 17 14%
88
APÊNDICE 1B - RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DA ESCOLA B
Nº de Pavimentos: 3
95 100%
37%
3%
0%MPA3 Eflorescência 0 -
Ano de Construção: 2004 Endereço: Campinas
DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Nome: Escola B
MPA2 Mofo/Bolor 3
Alvenaria
MPA1
Nº de Ambientes: 33 Tipo Construtivo: Pré-Fabricado
Manifestação
PatológicaSigla Variações Ocorrências
Frequência
(%)Imagem
MPC3 Eflorescência 4 4%
MPC2 Mofo/Bolor 5 5%
Fissuras 35
MPC1
TOTAL
MPC4Corrosão de
Armadura4 4%
Estruturas de
concreto
Fissuras 44 46%
89
APÊNDICE 1C – RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DA ESCOLA C
Nº de Pavimentos: 3
101 100%
DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Nome: Escola C Ano de Construção: 2004 Endereço: Campinas
Nº de Ambientes: 23 Tipo Construtivo: Pré-Fabricado
Imagem
Alvenaria
MPA1 Fissuras 34 34%
MPA2 Mofo/Bolor 11
Manifestação
PatológicaSigla Variações Ocorrências
Frequência
(%)
5%
11%
MPA3 Eflorescência 4 4%
TOTAL
MPC3 Eflorescência 12 12%
Estruturas de
concreto
MPC1 Fissuras 35 35%
MPC2 Mofo/Bolor 5
MPC4Corrosão de
Armadura0 0% -
90
APÊNDICE 1D - RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DA ESCOLA D
Nº de Pavimentos: 4
110 100%
DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Nome: Escola D Ano de Construção: 2004 Endereço: Campinas
Nº de Ambientes: 27 Tipo Construtivo: Pré-Fabricado
Imagem
Alvenaria
MPA1 Fissuras 50 45%
MPA2 Mofo/Bolor 5
Manifestação
PatológicaSigla Variações Ocorrências
Frequência
(%)
7%
5%
MPA3 Eflorescência 1 1%
TOTAL
MPC3 Eflorescência 10 9%
Estruturas de
concreto
MPC1 Fissuras 34 31%
MPC2 Mofo/Bolor 8
MPC4Corrosão de
Armadura2 2%
91
APÊNDICE 1E - RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DA ESCOLA E
Nº de Pavimentos: 34
92 100%
DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Nome: Escola E Ano de Construção: 2009 Endereço: Campinas
Nº de Ambientes: 3 Tipo Construtivo: Pré-Fabricado ( X )
Imagem
Alvenaria
MPA1 Fissuras 69 75%
MPA2 Mofo/Bolor 9
Manifestação
PatológicaSigla Variações Ocorrências
Frequência
(%)
4%
10%
MPA3 Eflorescência 3 3%
TOTAL
MPC3 Eflorescência 3 3%
Estruturas de
concreto
MPC1 Fissuras 4 4%
MPC2 Mofo/Bolor 4
MPC4Corrosão de
Armadura0 0% -
92
APÊNDICE 2 - ESPECIFICAÇÕES DAS FISSURAS NAS ALVENARIAS
93
ESPECIFICAÇÕES DAS FISSURAS NAS ALVENARIAS DA ESCOLA A
Frequência Imagem
39%
23%
17%
10%
6%
4%
1%
Fissuras destacamento de
paredes de alvenaria por
retração
Fissuras verticais por
movimentação térmica da
alvenaria
Fissuras verticais induzidas por
sobrecargas
Fissuras verticais por
movimentação térmica da laje
Fissuras horizontais induzidas
por sobrecargas
Causas Prováveis
Podem ter procedência por
problemas nos materiais
empregados (THOMAZ,1989),
causando retração da alvenaria e
sendo mais expressiva em alvenarias
de blocos de concreto, que é o caso
da edificação em questão.
É visível que este tipo de
manifestação ocorre pelo
carregamento excessivo de
flexocompressão que a alvenaria
sofre, haja vista que há laje acima
da parede (SAHLIN, 1971).
Fissuras por sobrercargas na
interface alvenaria/esquadria
Especificação da Fissura
Fissuras verticais em paredes
por retração da alvenaria
Essa manifestação é característica
de lajes que se dilatam e geram
tensões de tração, que é visível no
topo da parede (MAGALHÃES,
2004)
Fissuras que ocorrem por
problemas na argamassa, justamente
na ligação entre a alvenaria e
argamassa (SAHLIN, 1971).
Como se trata de alvenaria longa
que é do fechamento do pátio, e
não se verificam pontos de
amarração ou juntas, causando as
fissuras (TRILL; BOWYER, 1982).
É um tipo de manifestação que
ocorre na interface
alvenaria/concreto que tem origem
no abatimento da alvenaria no
momento da execução juntamente
com a retração de argamassa
(THOMAZ, 1989).
Por se tratar de lajes pré-
fabricadas e de vão maiores, esse
carregamento excessivo pode ser a
causa principal destas fissuras
(THOMAZ, 1989).
94
ESPECIFICAÇÕES DAS FISSURAS NAS ALVENARIAS DA ESCOLA B
Especificação das Fissuras Frequência Imagem Causas Prováveis
Fissuras horizontais induzidas
por sobrecargas26%
É visível que este tipo de
manifestação ocorre pelo
carregamento excessivo de
flexocompressão que a
alvenaria sofre, haja vista que
há laje acima da parede
Fissuras por sobrecargas na
interface alvenaria/esquadria17%
Por se tratar de lajes pré-
fabricadas e de vão maiores,
esse carregamento excessivo
por ser a causa principal
destas fissuras (THOMAZ,
1989).
Fissuras verticais por
movimentação térmica da laje17%
Essa manifestação é
característica de lajes que se
dilatam e geram tensões de
tração, que é visível no topo
da parede (MAGALHÃES,
2004)
Fissuras verticais em paredes
por retração da alvenaria14%
Podem ter procedência por
problemas nos materiais
empregados
(THOMAZ,1989), causando
retração da alvenaria e sendo
mais expressiva em alvenarias
de blocos de concreto, que é
o caso da edificação em
questão.
Fissuras destacamento de
paredes de alvenaria por
retração
11%
É um tipo de manifestação
que ocorre na interface
alvenaria/concreto que tem
origem no abatimento da
alvenaria no momento da
execução juntamente com a
retração de argamassa
(THOMAZ, 1989).
Fissuras horizontais por
expansão da alvenaria11%
Ocorre pela presença de
umidade ascendente do solo
(THOMAZ,1989). No caso
da Escola B, foram
identificados este tipo de
manifestação nas alvenarias
do térreo.
Fissuras verticais por
expansão da alvenaria4%
Esta manifestação é
ocasionada pela
movimentação térmica da
alvenaria e ocorre
principalmente em cantos
(ELDRIDGE, 1982).
95
ESPECIFICAÇÕES DAS FISSURAS NAS ALVENARIAS DA ESCOLA C
Especificação das Fissuras Frequência Imagem Causas Prováveis
Fissuras horizontais induzidas
por sobrecargas23%
É visível que este tipo de manifestação
ocorre pelo carregamento excessivo de
flexocompressão que a alvenaria sofre,
haja vista que há laje acima da parede
(SAHLIN, 1971).
Fissuras pelo destacamento e
paredes de alvenaria por
retração
20%
É um tipo de manifestação que ocorre
na interface alvenaria/concreto que tem
origem no abatimento da alvenaria no
momento da execução juntamente com
a retração de argamassa (THOMAZ,
1989).
Fissuras por sobrecargas na
interface alvenaria/esquadria20%
Por se tratar de lajes pré-fabricadas e
de vão maiores, esse carregamento
excessivo por ser a causa principal
destas fissuras (THOMAZ, 1989). Em
alguns casos ocorre o preenchimento
com espessas camadas de argamassa,
devido a incompatibilidade entre as
dimensões do vão e esquadrias
(LUCINI, 2001).
Fissuras verticais por
movimentação térmica da laje15%
Essa manifestação é característica de
lajes que se dilatam e geram tensões de
tração, que é visível no topo da parede
(MAGALHÃES, 2004)
Fissuras verticais em paredes
por retração da alvenaria12%
Podem ter procedência por problemas
nos materiais empregados
(THOMAZ,1989), causando retração
da alvenaria e sendo mais expressiva
em alvenarias de blocos de concreto,
que é o caso da edificação em questão.
Fissuras por deficiência de
amarração da alvenaria10%
Provável causa deste tipo de
manifestação patológica, de acordo
com Magalhães (2004) é a falta de
amarração entre as alvenarias com a
colocação de telas metálicas nas juntas
de argamassa na ligação entre os
blocos.
96
ESPECIFICAÇÕES DAS FISSURAS NAS ALVENARIAS DA ESCOLA D
Especificação das Fissuras Frequência Imagem Causas Prováveis
Fissuras horizontais induzidas
por sobrecargas48%
É visível que este tipo de
manifestação ocorre pelo
carregamento excessivo de
flexocompressão que a alvenaria
sofre, haja vista que há laje acima
da parede (SAHLIN, 1971).
Fissuras por sobrecargas na
interface alvenaria/esquadria14%
Por se tratar de lajes pré-
fabricadas e de vão maiores, esse
carregamento excessivo por ser a
causa principal destas fissuras
(THOMAZ, 1989).
Fissuras verticais por
movimentação térmica da laje14%
Essa manifestação é característica
de lajes que se dilatam e geram
tensões de tração, que é visível no
topo da parede (MAGALHÃES,
2004)
Fissuras verticais por
movimentação térmica da
alvenaria
10%
Como se trata de alvenaria longa
que é do fechamento do pátio, e
não se verifica pontos de
amarração ou juntas, causando as
fissuras (TRILL; BOWYER,
1982).
Fissuras por deficiência de
amarração da alvenaria10%
Provável causa deste tipo de
manifestação patológica, de acordo
com Magalhães (2004) é a falta de
amarração entre as alvenarias com
a colocação de telas metálicas nas
juntas de argamassa na ligação
entre os blocos.
Fissuras verticais por
expansão da alvenaria4%
Esta manifestação é ocasionada
pela movimentação térmica da
alvenaria e ocorre principalmente
em cantos (ELDRIDGE, 1982).
97
ESPECIFICAÇÕES DAS FISSURAS NAS ALVENARIAS DA ESCOLA E
Especificação da Fissura Frequência Imagem Causas Prováveis
Fissuras horizontais
induzidas por sobrecargas52%
É visível que este tipo de
manifestação ocorre pelo
carregamento excessivo de
flexocompressão que a
alvenaria sofre, haja vista que
há laje acima da parede
(SAHLIN, 1971).
Fissuras por sobrecargas na
interface
alvenaria/esquadria
16%
Por se tratar de lajes pré-
fabricadas e de vão maiores,
esse carregamento excessivo
por ser a causa principal
destas fissuras (THOMAZ,
1989).
Fissuras verticais por
expansão da alvenaria13%
Esta manifestação é
ocasionada pela
movimentação térmica da
alvenaria e ocorre
principalmente em cantos
(ELDRIDGE, 1982).
Fissuras verticais por
movimentação térmica da
laje
7%
Essa manifestação é
característica de lajes que se
dilatam e geram tensões de
tração, que é visível no topo
da parede (MAGALHÃES,
2004)
Fissuras verticais em
paredes por retração da
alvenaria
4%
Podem ter procedência por
problemas nos materiais
empregados
(THOMAZ,1989), causando
retração da alvenaria e sendo
mais expressiva em alvenarias
de blocos de concreto, que é
o caso da edificação em
questão.
Fissuras destacamento de
paredes de alvenaria por
retração
4%
É um tipo de manifestação que
ocorre na interface
alvenaria/concreto que tem
origem no abatimento da
alvenaria no momento da
execução juntamente com a
retração de argamassa
(THOMAZ, 1989).
Fissuras verticais junto ao
solo por recalque da
fundação
4%
Presupõe-se que este tipo de
manifestação patológica tenha
como causa problemas de
recalque da fundação
(HELENE, 1992).
98
ANEXO A – CATÁLOGO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
99
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – ESCOLA A
Figura III – Fissuras em alvenaria de fechamento entre ambientes (interno e externo)
Figura IV – Fissuras na alvenaria devido à sobrecarga da laje
100
Figura V – Fissuras na alvenaria devido à sobrecarga da laje
Figura VI – Fissuras na alvenaria do muro
101
Figura VII – Mofo e fissuras na alvenaria da sala de aula
Figura VIII – Fissuras na laje
102
Figura IX – Fissuras na viga gerber
Figura X – Mofo na laje
103
Figura XII – Mofo nos encontros viga/pilar
Figura XII – Pontos de eflorescência na laje
104
Figura XIII – Pontos de eflorescência na laje
Figura XIV – Corrosão de armaduras na laje
105
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – ESCOLA B
Figura XV – Fissuras na alvenaria de fechamento que separa o ambiente interno e externo
Figura XVI – Fissuras na alvenaria de fechamento que separa o ambiente interno e externo
106
Figura XVII – Fissuras e pequenos pontos de mofo na alvenaria
Figura XVIII – Fissuras na laje
107
Figura XIX – Fissuras mapeadas na laje
Figura XX – Mofo na laje de cobertura
108
Figura XXI – Mofo e pontos de eflorescência na laje de cobertura
Figura XXII – Fissuras mapeadas na laje
109
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – ESCOLA C
Figura XXIII – Fissuras em alvenarias
Figura XXIV – Fissuras em alvenarias causadas por recalque de fundação
110
Figura XXV – Mofo na alvenaria
Figura XXVI – Mofo na alvenaria
111
Figura XXVII – Eflorescência na alvenaria
Figura XXVIII – Fissura na parte inferior da viga
112
Figura XXIX – Fissura na viga gerber
Figura XXX – Fissura na viga gerber
113
Figura XXXI – Fissura e mofo no concreto
Figura XXXII – Eflorescência na face da viga da fachada
114
Figura XXXIII – Eflorescência na face da viga da fachada
115
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – ESCOLA D
Figura XXXIV – Fissuras em alvenarias
Figura XXXV – Fissuras em alvenarias causadas por recalque de fundação
116
Figura XXXVI – Fissuras na alvenaria
Figura XXXVII – Mofo na alvenaria
117
Figura XXXVIII – Mofo e eflorescência na alvenaria
Figura XXXIX – Fissuras na viga gerber
118
Figura XL – Fissuras na laje
Figura XLI – Fissura na face da viga
119
Figura XLII – Mofo na viga da fachada
Figura XLIII – Mofo na viga
120
Figura XLIV – Eflorescência na laje
Figura XLV – Eflorescência no encontro laje e viga
121
Figura XLVI – Corrosão de armaduras na viga
122
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS – ESCOLA E
Figura XLVII – Fissuras em alvenarias causadas por recalque de fundação
Figura XLVIII – Fissuras em alvenarias causadas por recalque de fundação
123
Figura XLIX – Fissuras em alvenarias acompanhando as juntas de assentamento dos blocos
Figura L – Fissuras na interface alvenaria/concreto devido às falhas na amarração dos sistemas
124
Figura LI – Mofo na alvenaria abaixo do bebedouro por conta da umidade permanente
Figura LII – Mofo na alvenaria do corrimão de acesso dos estudantes à escola ocasionado por
exposição às intempéries
125
Figura LIII – Eflorescência na alvenaria
Figura LIV – Fissuras nas lajes dos espelhos das escadas de acesso ao pavimento
126
Figura LV – Fissuras na viga gerber
Figura LVI – Fissuras na viga e na alvenaria
127
Figura LVII – Mofo nas vigas da fachada
Figura LVIII – Eflorescência nas vigas
128
ANEXO B – PROJETOS DAS ESCOLAS
129
PROJETOS DA ESCOLA A
Figura LIX – Corte Transversal (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
Figura LX – Elevação Norte (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
130
Figura LXI – Térreo/Implantação (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
Figura LXII – 1º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
131
Figura LXIII – 2º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
132
PROJETOS DA ESCOLA B
Figura LXIV – Corte Transversal (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
Figura LXV – Corte Longitudinal (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
133
Figura LXVI – Térreo/Implantação (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
134
Figura LXVII – 1º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
Figura LXVIII – 2º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
135
Figura LXIX – 3º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
136
PROJETOS DA ESCOLA C
Figura LXX – Corte Transversal (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
Figura LXXI – Corte Longitudinal (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
137
Figura LXXII – Térreo/Implantação (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
138
Figura LXXIII – 1º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
139
Figura LXXIV – 2º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
140
PROJETOS DA ESCOLA D
Figura LXXV – Corte Longitudinal (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
141
Figura LXXVI – Térreo/Implantação (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
142
Figura LXXVII – 1º Pavimento (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
143
Figura LXXVIII – 2º e 3º Pavimentos (Fonte: Ferreira; Mello, 2006)
144
PROJETOS DA ESCOLA E
A Escola E foi construída em 2009 e, portanto, não fez parte do catálogo das
Escolas em atividades no livro “FDE: Arquitetura escolar paulista: estrutura pré-
fabricadas”; assim como também não foram disponibilizados projetos das escolas
pela FDE.