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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Iury Maycon da Silva Sales ANÁLISE DE CUSTOS AMBIENTAIS: Estudo sobre a relevância dos gastos do sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora de combustíveis NATAL/RN 2016

ANÁLISE DE CUSTOS AMBIENTAIS: Estudo sobre a relevância ... · Análise de custos ambientais: estudo sobre a relevância dos gastos do sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Iury Maycon da Silva Sales

ANÁLISE DE CUSTOS AMBIENTAIS: Estudo sobre a relevância dos

gastos do sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora de

combustíveis

NATAL/RN

2016

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Iury Maycon da Silva Sales

ANÁLISE DE CUSTOS AMBIENTAIS: Estudo sobre a relevância dos gastos do

sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora de combustíveis

Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis. Orientador(a): Profª Drª Aneide Oliveira Araujo

NATAL/RN

2016

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Sales, Iury Maycon da Silva.

Análise de custos ambientais: estudo sobre a relevância dos gastos do

sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora de combustíveis/ Iury

Maycon da Silva Sales. - Natal, RN, 2016.

103f. : il.

Orientador: Profa. Dra. Aneide Oliveira Araujo.

Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal

do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas.

Departamento de Ciências Contábeis.

1. Contabilidade Ambiental - Monografia. 2. Custos Ambientais -

Monografia. 3. Custeio por Atividade - Monografia. 4. Distribuidora de

Combustíveis - Monografia. I. Araujo, Aneide Oliveira. II. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA

CDU 657

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ANÁLISE DE CUSTOS AMBIENTAIS: Estudo sobre a relevância dos gastos do

sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora de combustíveis

Monografia apresentada para obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis, no curso de graduação em Ciências Contábeis bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Aprovado em:

Natal/RN, 14 de Dezembro de 2016

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Aneide Oliveira Araujo - UFRN Orientador

Prof. Ms. Atelmo Ferreira de Oliveira - UFRN

Examinador

Profª. Msª. Giovanna Tonetto Segantini - UFRN

Examinador

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários que assumo total

responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal

do Rio Grande do Norte – UFRN, a Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e

o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico

empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a

propriedade intelectual o artigo, n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena –

detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º

consignam, respectivamente:

§ 1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte,

sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão,

de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga,

introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de

lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com

violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo nº. 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que

poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja

comprovado plágio integral ou parcial do trabalho.

Natal/RN, 14 de Dezembro de 2016

Iury Maycon da Silva Sales

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Dedico este trabalho em primeiro lugar a

Deus, pois sem ele não teria forças para

superar essa longa jornada, em segundo

lugar a minha mãe pelo esforço, pelo

carinho e pela esperança depositada no

meu futuro.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por sempre ter me conduzido por sua mão,

agindo de forma providente nos momentos mais difíceis e colocando em meu caminho

pessoas certas que partilharam das minhas angustias e agora dividem comigo a

alegria da conquista, sem seu auxílio não teria conseguido concluir meu curso.

Agradeço imensamente a minha família por todo apoio, suporte e

principalmente incentivo de todos que torcem por meu sucesso, em primeiro lugar

minha mãe, amiga que depositou sua esperança em meu futuro e hoje me orgulho em

ter correspondido às expectativas dela.

Aos amigos e mestres da universidade deixo minha gratidão por terem

contribuído de forma incalculável com o conhecimento que adquiri ao longo desses

cinco anos, sendo essencial o quinteto formado por este autor, Daniel, Elizangela,

Gisely e Maiane, e as professoras Danielle, Aparecida Marques, Lis Bessa e Aneide

Araújo que são inspirações por sua dedicação ao ensino e agradeço por terem

marcado de forma positiva o início da minha vida acadêmica.

Agradeço também a empresa que faço parte por ter me autorizado acessos

aos dados e incentivado a realização do estudo de caso, destaco minha gestora

Gabriela Marcelino que durante todo o período me incentivou e me deu forças com

seus conselhos de sabedoria, e aos colegas de equipe pela parceria em todos os

momentos.

Sabemos o quão é difícil chegar a este ponto, superar problemas, virar a

página do livro da vida todos os dias, tendo sempre a esperança que o amanhã será

melhor que hoje.

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RESUMO

Esse trabalho tem por objetivo analisar a relevância dos gastos das atividades relacionadas à questão ambiental no ano de 2015, promovidas por uma distribuidora de combustíveis avaliando a relação custo benefício das ações ambientais praticadas. Atualmente ela não define critérios para mensuração dos custos ambientais, e dessa forma não consegue concluir se as ações implementadas atenderam as expectativas no que refere-se à viabilidade econômico financeira da companhia. A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva, quanto aos objetivos propostos, classifica-se como estudo de caso no que compete aos procedimentos, e pela abordagem enquadra-se como qualitativa. Foram analisados normativos internos, realizadas entrevistas e visitas em unidades da empresa de forma a mapear as ações ambientais, para mensuração a pesquisa baseia-se no método de custeio ambiental por atividade definidos por Hansen e Mowen (2001), definindo índices ou critérios de mensuração a partir do fato gerador para que fossem alocados os devidos custos. As atividades foram reunidas por ações do Sistema de Gestão Ambiental – SGA classificadas em: planejamento, execução, certificação, e verificação, acrescentando-se: outras ações ambientais e aplicação de multas e taxas, que não integram o sistema ambiental, totalizando para o ano de referência 4,4 milhões de reais. Com as ações são gerados benefícios atrelados à qualidade dos procedimentos e de cunho econômico na redução de riscos, de tal modo pode-se afirmar que as ações ambientais desenvolvidas por uma distribuidora de combustíveis, possuem efeito positivo representando pouco mais que 0,04% de seu faturamento no ano, dada a sua eficácia de gestão certificada de acordo com as Normas Brasileiras de Regulamentação – NBR.

Palavras-chave: Contabilidade Ambiental. Custos Ambientais. Custeio por Atividade. Distribuidora de Combustíveis.

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ABSTRACT

The objective of this study is to analyze the relevance of the expenditures of the activities related to the environmental issue in the year 2015, promoted by a fuel distributor, evaluating the cost benefit relation of the environmental actions practiced. Currently, it does not define criteria for measuring environmental costs, and thus can not conclude whether the implemented actions met expectations regarding the economic viability of the company. The methodology used was the descriptive research, regarding the proposed objectives, it is classified as a case study in what concerns the procedures, and the approach is classified as qualitative. Internal norms were analyzed, interviews and visits were carried out in company units in order to map the environmental actions. For measurement, the research is based on the environmental costing method by activity defined by Hansen and Mowen (2001), defining indexes or measurement criteria From the generating fact so that the necessary costs were allocated. The activities were gathered by actions of the Environmental Management System (SGA) classified in: planning, execution, certification, and verification, adding: other environmental actions and application of fines and fees, which are not part of the environmental system, totaling for the year Reference amount 1.1 million dollars. With the actions generated are benefits linked to the quality of the procedures and economic aspects in the reduction of risks, so it can be said that the environmental actions developed by a fuel distributor have a positive effect representing little more than 0.04% of Its revenues in the year, given its management effectiveness certified in accordance with the Brazilian Regulation Norms - NBR. Keywords: Environmental Accounting. Environmental Costs. Activity-Based Costing. Fuel distributor.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Trajetória da atividade de distribuição no Brasil ............................... 18

Figura 2 - Diagrama da Cadeia Produtiva do Petróleo ..................................... 19

Figura 3 - Participação de Mercado por Distribuidora - 2015 ........................... 21

Figura 4 - Marketing Share: Postos Revendedores de Combustíveis Líquidos 22

Figura 5 - Petróleo no Oceano ......................................................................... 27

Figura 6 - Frota de Veículos Automotores no Brasil – 2001 e 2012 ................. 30

Figura 7 - Evolução das emissões veiculares de poluentes no Estado de São

Paulo ................................................................................................................ 31

Figura 8 - Macro Fluxo dos Processos de Comercialização de Combustíveis . 45

Figura 9 - Macro Processos e Escopo de Trabalho do SGA ............................ 48

Figura 10 - Classificação dos Gastos com Licenciamento Ambiental .............. 55

Figura 11 - Custos totais por Critério de Apropriação ...................................... 61

Figura 12 - Custo das Ações Ambientais ......................................................... 64

Figura 13 - Evolução Média dos Resultados Obtidos nas Inspeções Invisíveis 66

Figura 14 - Croqui das Instalações de uma Base de Distribuição .................... 76

Figura 15 - Análise e Avaliação dos Riscos Ambientais ................................... 78

Figura 16 - Análise de Significância do Risco .................................................. 82

Figura 17 - Matriz para decisão quanto à tomada de ações ............................ 83

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Requisitos Federais Ambientais Aplicados à Empresa Alvo ................... 33

Quadro 2 - Classificação de Custos Ambientais por Controle ................................... 39

Quadro 3 - Treinamentos Obrigatórios ...................................................................... 74

Quadro 4 - Matriz de Riscos Ambientais ................................................................... 78

Quadro 5 - Matriz para análise de consequências .................................................... 80

Quadro 6 - Matriz para análise de frequências e probabilidades .............................. 80

Quadro 7 - Matriz para avaliação da eficácia dos controles ...................................... 82

Quadro 8 - Cronograma do Programa de Responsabilidade Ambiental ................... 84

Quadro 9 - Caracterização dos Resíduos Gerados na Empresa Estudada .............. 90

Quadro 10 - Atividades e Responsabilidade no Processo de Licenciamento ........... 95

Quadro 11 - Classificação do Resultado da Auditoria Interna ................................... 97

Quadro 12 - Recomendações de Resultado da Inspeção Invisível ........................... 98

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Base de Mensuração das Ações Ambientais ........................................... 52

Tabela 2 - Total de Custo Direto ............................................................................... 57

Tabela 3 - Custo com Recurso Humano SSMA ........................................................ 58

Tabela 4 - Custos com Outros Recursos Humanos .................................................. 61

Tabela 5 - Custo das Ações Ambientais ................................................................... 63

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP Agência Nacional do Petróleo

CAE Central de Apoio a Emergência

CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CNP Comissão Nacional do Petróleo

COF Consumidor Final

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CT Caminhão Tanque

DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito

DSS Diálogo Semanal de Segurança

EAD Ensino a Distância

EBC Empresa Brasileira de Comunicação

ETE Estação de Tratamento e Efluentes

FA Frota Associada

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FOB Free on Board

FP Frota Própria

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

GNV Gás Natural Veicular

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

ISO International Standard Organization

LIRA Lista Interna de Requisitos Aplicáveis

MMA Ministério do Meio Ambiente

NBR Normas Brasileiras de Regulamentação

PCE Plano de Controle de Emergências

PCR Proposta Cliente Revendedor

PET Plano de Emergência em Transportes

PLQ Programa Ligados na Qualidade

PRA Programa de Responsabilidade Ambiental

PT Permissão para Trabalho

SASC Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis

SCI Sistema de Combate a Incêndios

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SGA Sistema de Gestão Ambiental

SGI Sistema de Gestão Integrada

SGQ Sistema de Gestão da Qualidade

SINDICOM Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis

SOGI Sistema Online de Gestão Integrada;

SSO Segurança e Saúde Ocupacional

TRR Transportador, Retira Retalhista

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................... 16

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................... 17

2 REFERENCIAL TÉORICO ..................................................................................... 18

2.1 ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL ................... 18

2.2 ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO E A RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE ...... 22

2.3 AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL ........................................................ 28

2.4 MENSURAÇÃO DE AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL ........................ 36

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 41

3.1 TIPOLOGIA 41 ......................................................................................................

3.2 COLETA E TRATAMENTO DE DADOS ............................................................. 42

3.3 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 43

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 45

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA OBJETO DE ESTUDO .............................. 45

4.2 AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ................................................ 47

4.3 CUSTOS DAS AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ........................ 50

4.4 BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ................. 64

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 67

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69

APÊNDICE A ........................................................................................................... 73

APENDICE B ............................................................................................................ 78

APENDICE C ............................................................................................................ 87

APENDICE D ............................................................................................................ 96

ANEXO A ................................................................................................................ 100

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1 INTRODUÇÃO

A utilização desenfreada dos recursos naturais1 está presente desde o

início da evolução da humanidade, pois o Homem, agindo de forma egoísta ou com

desídia, sempre optou em multiplicar riquezas extraindo do meio ambiente, recursos

sem se preocupar com a reposição dos mesmos, ou com os resíduos gerados em

ambiente produtivo.

Por muito tempo as empresas, geridas por esses Homens, também

permaneceram omissas às questões ambientais e, sem controle, expandiram sua

produção, campos de atuação, tecnologias, e resultados. Em todo esse caminho ficou

um rastro de, devastação, poluição, infertilização ao solo, agressões à fauna/flora,

consequentemente ocasionando doenças, extinção de recursos naturais como

também extinção de vida, dentre outros.

Contudo, a partir da década de 60, com o aumento da população e do

consumo e a ocorrência de grandes incidentes ecológicos, começou a ter visibilidade

a problemática da relação empresa/meio ambiente (MOURA, 1998 apud SILVA,

2003).

Com o advento da defesa ao meio ambiente começaram a surgir

organismos internacionais e consequentemente nacionais, criados com a missão

primeira de conscientizar a população em geral, mas principalmente as empresas, e

logo em seguida propor legislações e regulamentos/normativos que venham a cobrar

maior compromisso delas em: recuperar as marcas deixadas por esse caminho

trilhado sem a condução ambiental adequada, como também seguir adiante com o

progresso na busca de resultados de forma sustentável.

Hoje tem-se maior difusão sobre práticas de desenvolvimento sustentável,

não ocorrendo com o processo de distribuição de combustíveis no Brasil. Que, mesmo

sendo uma atividade com foco principal na logística, pertence à cadeia produtiva do

principal agressor do meio ambiente.

1 Os recursos naturais conforme descrito por Lustosa (2002, p.22), “podem ser renováveis ou não renováveis. Os não renováveis são finitos “... que, em escala de tempo humana, uma vez consumido(s) não possa(m) ser renovado(s)” (Lima-e-Silva et alii,1999:194 apud Lustosa 2002:22). Pertencem a esta categoria os minerais e os combustíveis fósseis. Os renováveis não podem ser totalmente consumidos dada sua capacidade de reprodução – como a fauna e a flora – ou de regeneração – como a água e o ar. Entretanto, os recursos renováveis podem ser depletados, pois sua velocidade de exploração pode ser maior do que sua capacidade de renovação”.

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15

A atividade de distribuição de combustíveis no Brasil começou há cerca de

104 (cento e quatro) anos, tendo iniciado no ano de 1912, quando a Standard Oil,

futura Esso, chegou ao Brasil para atuar no ramo, conforme divulgado pelo Sindicato

Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes – SINDICOM.

Mas foi apenas pouco antes, há duas décadas atrás, que houve os principais avanços

na atividade petroleira, em nível nacional, referentes ao meio ambiente.

O ano de 1980 marca o início da comercialização do etanol hidratado,

agregando no rol de combustíveis fosseis um produto renovável. Em 1991 é

inaugurado o primeiro posto de Gás Natural Veicular – GNV, extraído juntamente com

petróleo, ao invés de ser desprezado diretamente na atmosfera, tornou-se produto

para a revenda. O GNV não é renovável, mas tem destaque ambiental, pois agora o

mesmo é utilizado antes de ser liberado ao ambiente.

Nos últimos anos os avanços ocorreram principalmente na redução do teor

de enxofre no diesel e na gasolina. Em 2008 dá-se início a mistura obrigatória do

biodiesel ao diesel mineral que, atualmente, é de 7%. Em 2012 torna-se obrigatório o

diesel S-50 no lugar do diesel S-1800, comercializado até o final do estoque, o que

ocorreu em 2014 e em 2013 o S-50 é substituído obrigatoriamente pelo diesel S-10.

O diesel S-1800 tem 1.800 partículas por milhão de enxofre, o S-50 tem 50 partículas

por milhão de enxofre e o S-10 tem 10 partículas por milhão enxofre. Outro avanço

em 2014 foi a redução de enxofre também na gasolina, antes comercializada com

800mg/kg e passando para 50mg/kg, um grande ganho para o meio ambiente, como

também para a população em geral.

A empresa estudada atua em posição de destaque no mercado nacional

estando entre as maiores do ranking nacional. Desde seu início já manifestava

preocupação com saúde, segurança e meio ambiente, implementando em seus

primeiros anos o Sistema de Gestão Integrada – SGI, que abrange os três sistemas:

Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ, Segurança e Saúde Ocupacional – SSO, e

o foco desse estudo, o SGA.

Ao longo desses anos, de forma estratégica, a empresa implementou varias

ações e projetos visando a redução de riscos ambientais, a adequação aos padrões

exigidos por leis e/ou normas ambientais, certificações de conformidade, como

também a promoção de uma cultura sustentável entre todos os colaboradores e

parceiros, por meio de canais de comunicação interna, treinamentos e debates em

ambiente de trabalho mensais ou semanais. São ações como estas que levam ao

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16

pioneirismo na distribuição do biodiesel e nas certificações conforme as NBR, ISO –

9001 para sistemas de gestão de qualidade, ISO – 14001 para sistemas de gestão

ambiental, e a OHSAS 18001 para sistemas de gestão em segurança e saúde

ocupacional.

As diversas ações e projetos ambientais realizados pela empresa, em sua

maioria, concentram-se, e são controladas no SGI, no entanto, existem ações que vão

além escopo definido no sistema integrado, de grande relevância para a companhia,

que são geridas e executadas por outros setores, independentemente do SGA. A

empresa não define critérios para mensuração dos custos ambientais, desse modo à

gestão não consegue concluir se as ações implementadas atenderam as expectativas

no que refere-se a viabilidade econômico/financeira da companhia.

Mensurar evidencias de benefícios advindos com as ações implementadas

é essencial na análise de eficácia dos custos ambientais, e esses benefícios podem

ser medidos pela economia que ocasionaram a atividade da empresa, com os

históricos negativos do passado que hoje não se repetem pelas ações de controle de

risco ambiental, pela prevenção de estimativas de riscos futuros e pelo atendimento a

legislação ambiental em vigor, que no contraditório acarretariam penalidades sobre a

companhia.

Diante do exposto, tem-se como questão que orienta o presente estudo:

Qual o efeito das ações ambientais desenvolvidas por uma distribuidora de

combustíveis no resultado econômico do ano de 2015?

A contabilidade contribui significativamente para o processo de adequação

ambiental das organizações, segundo Ribeiro (1992). Enquanto instrumento de

comunicação, age na conscientização dos usuários da informação contábil,

influenciando condutas administrativas e operacionais quanto à preservação dos

recursos naturais.

1.1 OBJETIVOS

De modo a analisar os resultados das ações de cunho ambiental

promovidas pela empresa a que refere-se este estudo, e para que ao final possa

concluir sobre a relevância dos gastos necessário para ela adequar-se e promover um

desenvolvimento sustentável com o meio em que atua, o trabalho tem como objetivo

geral: Avaliar a relação custo benefício das ações pro sustentabilidade implementadas

em uma distribuidora de combustíveis com atuação nacional.

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17

Para tanto, define-se como objetivos específicos:

a) Mapear as atividades ligadas à prevenção e redução de riscos

ambientais;

b) Mensurar os custos destas atividades;

c) Identificar e mensurar os benefícios gerados com as atividades de cunho

ambiental.

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O ramo de distribuição de combustíveis, como parte da cadeia produtiva

que explora combustíveis fósseis, preocupa-se como sua imagem perante a

sociedade repassando ao cliente e, consequentemente, ao consumidor final uma

atitude responsável de respeito à sociedade, esperando que tais ações revertam

favoravelmente no resultado da empresa.

A regularidade dessas ações pode implicar diretamente na continuidade

das empresas, como discorre Vellani (2011) as empresas que são mais poluidoras

assumem riscos que ocorrendo em grandes proporções podem inviabilizar o negócio.

Além de reforçar a importância de práticas de preservação ambiental, o

presente estudo preocupa-se em evidenciar a sustentabilidade econômico financeira

das mesmas quanto ao seu potencial de geração de benefícios que contribuam para

a melhoria dos resultados empresariais.

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18

2 REFERENCIAL TÉORICO

2.1 ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

A atividade de distribuição de combustíveis no Brasil, conforme ilustra a

Figura 1, começou no ano de 1912, quando a empresa americana Standard Oil

Company (futura Esso), fundada em 1870, chega ao país para atuar no ramo de

distribuição. A líder mundial e primeira multinacional do petróleo abriu as portas do

mercado brasileiro para que outras empresas nos anos seguintes iniciassem suas

atuações em território brasileiro.

Figura 1 - Trajetória da atividade de distribuição no Brasil

Fonte: Elaboração própria

Nos anos de 1913 e 1915 iniciaram suas atividades no país,

respectivamente, a Anglo-Mexican Petroleum Products Company (futura Shell) e a

Texas Company South American (futura Texaco). Os principais mercados para estas

empresas eram a indústria e a aviação.

Atualmente, os mercados abastecidos diretamente pela distribuidora, sem

a intervenção de revendedores são chamados de Consumidor Final – COF, ou

Transportador, Retira Retalhista – TRR. A distribuição, de venda direta da bomba de

combustível ao tanque do veículo, iniciou em quase 10 (dez) anos após a instalação

da primeira distribuidora, no ano de 1921, sendo a primeira bomba de rua instalada

no centro do Rio de Janeiro. Em 1928 surgem os primeiros postos de gasolina nas

cidades brasileiras e consolida-se a atividade de revenda de combustíveis.

1912

inicio da atividade de distribuição

no Brasil

1921

Venda direta ao

consumidor.

Primeira bomba de rua

no Rio de Janeiro

1937

Primeira refinaria no

Brasil

1953

Fundação da

Petrobrás

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19

Em 1937 a primeira refinaria do país é instalada no Rio Grande do Sul, por

uma empresa privada nacional, a Ipiranga S.A Cia. Brasileira de Petróleo. No ano

seguinte, em 29 de abril foi promulgado o Decreto-lei nº 395, criando o Conselho

Nacional do Petróleo – CNP, que além de regulamentar e acompanhar o

desenvolvimento do setor petroleiro prevê a nacionalização de todas as atividades já

em curso, e a aplicação de um rígido controle governamental sobre a indústria do

petróleo (FGV, 2016).

No ano de 1953 é fundada a Petrobras, empresa de economia mista, com

o controle de seu capital pelo governo. Mas as atividades de exploração já tinham sido

iniciadas pelo governo brasileiro no ano de 1919, e em 1939 foi descoberto o primeiro

poço de petróleo brasileiro próximo aos arredores de Salvador/BA. A fundação da

Petrobras foi um marco para a campanha nacionalista2 que iniciou em 1948 titulada

de: O petróleo é nosso3!

Figura 2 - Diagrama da Cadeia Produtiva do Petróleo

Fonte: Federação das Industrias do Estado do Paraná (FIEPR, 2016, não paginado)

2 “O nacionalismo em torno do petróleo crescia e o Decreto-lei no 3.236 de 1941 estabeleceu que as jazidas de petróleo e gás natural existentes em território nacional eram de propriedade da União, exigindo que acionistas e sócios das empresas de extração de petróleo fossem de nacionalidade brasileira” (LUSTOSA, 2002, p. 125). 3 Objetivando evitar que o cartel formado em Londres em 1934 pelas Sete Irmãs ou Majors, sete maiores companhias de petróleo transnacionais, dominasse o setor de petróleo brasileiro. A campanha não influenciou nas negociações do cartel, pois as mesmas já controlavam cerca de 90% das reservas mundiais de petróleo (PINTO JR.; FERNANDES, 1998 apud LUSTOSA, 2002).

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A Figura 2, de forma simplificada, demonstra a cadeia da atividade

petroleira onde nota-se um processo de verticalização, de acordo com Lustosa (2002),

que impulsionou o desenvolvimento da indústria do petróleo, atrelado principalmente

a incorporação da atividade de transporte de seus derivados. A autora divide a cadeia

em três fases: exploração, que refere-se ao processo de extração bruta, a fase de

refino onde ocorre a produção de derivados e a fase secundária onde ocorre a

ramificação para desenvolvimento ou comercialização direta dos produtos, onde

inclui-se a atividade das distribuidoras com foco principal na logística.

Ao longo desses 104 anos de distribuição de combustíveis o mercado

permitiu espaço para que diversas empresas, nacionais e estrangeiras, começassem

sua atuação no setor, como também nesse período ocorreram movimentações

estratégicas de aquisições, incorporações e fusões, objetivando melhor participação

no setor.

Atualmente o setor está bastante aquecido. Conforme os dados

disponibilizados pelo SINDICOM, em 2015 houve a maior distribuição de etanol

hidratado dos últimos dez anos. Foram 138 distribuidoras comercializando este

produto totalizando o volume de 17,9 milhões de m³, aproximadamente 5 milhões de

m³ a mais que o ano anterior. Com a Gasolina tipo C e o Óleo Diesel, apesar da

redução em comparação ao ano anterior, 2015 ficou na terceira posição quando

considerados os últimos dez anos, foram 140 distribuidoras comercializando a

gasolina tipo C, totalizando 41,1 milhões de m³, e 136 distribuidoras comercializando

o óleo diesel totalizando 57,2 milhões de m³, demonstrado na Figura 3.

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Figura 3 - Participação de Mercado por Distribuidora - 2015

Fonte: SINDICOM (2016, [n.p.])

A figura 3 representa a participação das principais distribuidoras no

mercado de combustíveis, referente ao ano de 2015. Nele pode-se perceber os

principais combustíveis comercializados, como também que as três maiores

distribuidoras do mercado atual se mantêm desde o início da atividade no país neste

ranking.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo – ANP, no boletim de

abastecimento com dados atualizados em maio de 2016, existem 178 distribuidoras

de combustíveis líquidos, 23 distribuidoras de solvente, 19 distribuidora de Gás

Liquefeito de Petróleo – GLP, conhecido como gás de cozinha, 27 distribuidoras de

asfaltos e 6 distribuidoras de combustíveis de aviação.

Na figura 4, apresentada abaixo, está sendo demonstrado o marketing

share em número de postos. Os dados atuais revelam que existem 41.014 em todo

território nacional, grande parte estão vinculados a marca das distribuidoras, porém

não se dá de forma absoluta, cerca de 40% dos revendedores não possuem marca

vinculada e são chamados de bandeira branca, tendo liberdade para comprar

combustível em qualquer distribuidora, no entanto esses postos deixam de receber

investimentos em imagem e equipamentos por parte das distribuidoras.

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Figura 4 - Marketing Share: Postos Revendedores de Combustíveis Líquidos

Fonte: ANP (2016, [n.p.])

Baseado no marketing share apresentado, conclui-se que ainda há

bastante espaço para expansão da fidelização de novos clientes no setor de

distribuição. Para atingir esse mercado outros fatores estratégicos além do preço são

avaliados, que não são alvos nessa pesquisa, mas destaca-se a importância da

imagem de responsabilidade social da distribuidora e os benefícios econômicos

futuros advindos desta, pois quando um revendedor adere à determinada marca atrai

para seu negócio a opinião que o cliente tem sobre ela.

2.2 ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO E A RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE

As atividades do ramo de distribuição de combustíveis estão relacionadas

a compra, carregamento, armazenamento, distribuição, e comercialização de

combustíveis para todos os revendedores. Em todas estas existem responsabilidades

com o meio ambiente, pois trata-se de produtos que possuem em sua grande maioria

os principais elementos químicos poluentes ao meio ambiente.

Os principais avanços na relação com o meio ambiente começaram a surgir

em decorrência para toda a cadeia produtiva do petróleo por volta do ano de 1980

quando começou a ser comercializado o etanol hidratado. A comercialização de um

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produto de fonte renovável teve maior impulso com o primeiro fator que foram as duas

grandes crises do barril de petróleo sofridas mundialmente, a primeira em 1973 e a

segunda em 1979, nesse momento o mercado brasileiro se abre para pesquisas na

busca de combustíveis de fontes renováveis, reduzindo o risco de insuficiência no

setor.

O segundo fator que contribuiu significativamente foi a publicação da Lei

nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. As empresas

começaram então a rever suas responsabilidades com o meio ambiente, que é

definido no art. 3º como: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas

formas” (BRASIL, 1981, [n.p.]).

Ainda que com responsabilidades bastante abrangentes a diversos setores

de nossa economia a Lei nº 6.938 em seu art. 4º impõe: “ao poluidor e ao predador,

da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da

contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos” (BRASIL,

1981, [n.p.]). Por este motivo, estabelece-se a condição poluidor = pagador, se há

riscos ambientais, então tem que haver contra partida da parte beneficiária na

prevenção desses riscos, e não existem dúvidas que em qualquer ramo da atividade

petroleira há riscos ambientais.

A atividade de distribuição de combustíveis assume maior parte desses

riscos, pois seu campo de atuação é bastante amplo em consideração as demais

atividades petroleiras. Como demonstrado na Figura 02: Cadeia Produtiva do

Petróleo, tanto as atividades que antecedem a distribuição, extração e o refino, quanto

as que ocorrem após a distribuição, revenda ou consumo final, ambas restringem-se

a um local delimitado e especifico, já na distribuição, o campo de atuação é ampliado

pois além do espaço delimitado para a armazenagem, que são as bases de

distribuição, existe a parte de logística e transferência de combustíveis, feita por

caminhões, navios ou dutos condutores de combustíveis.

A referida Lei também propôs a criação do Conselho Nacional do Meio

Ambiente - CONAMA, a quem compete estabelecer, mediante sugestões do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, os critérios

e normas para o licenciamento das atividades. Em 31 de dezembro de 1993 por meio

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da Resolução nº 16, o CONAMA no art. 3º torna publico a obrigatoriedade de

licenciamento ambiental para as distribuidoras de combustíveis (CONAMA, 1993).

Caso a entidade não atenda aos critérios exigidos para obtenção do

licenciamento ambiental incorrerá as seguintes penalidades presentes nos art. 12º,

14º e 15º da Lei 6.938 de 1981: não aprovação em solicitações de financiamentos e

incentivos governamentais, aplicação de multa, perda de benefícios e incentivos já

concedidos pelo poder público, e à suspensão da atividade.

O terceiro fator que impulsiona práticas sustentáveis nas empresas que

atuam no ramo petroleiro com o meio ambiente é a propensão da atividade para a

ocorrência de acidentes ambientais. O histórico desses acidentes demonstram que

eles podem ocorrer em todos os ramos, principalmente na exploração, refino e

produção, transporte, transferência, e armazenamento sendo de diversas formas,

incêndios, explosões, liberações toxicas, contaminação do solo e/ou da água, gerando

danos ambientais, morte de humanos e animais, indenizações, multas, dispêndio de

recursos para reparo ambientais, perdas ou danos patrimoniais, além de exposição

na mídia, transmitindo à sociedade de forma negativa a atuação do setor, dessa forma

é desencadeado o quarto fator a ser explanado posteriormente.

O Portal da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC, 2016)4, divulgou em

28 de novembro de 2015, os principais desastres ambientais ocorridos no Brasil. Dos

dez de maiores impactos, listados na matéria, dois foram decorrentes de atividades

de mineração, um pela indústria de celulose, um por efeitos de radiação, um por

acidente natural devido à chuvas, os outros cincos restantes foram decorrentes as

atividades presentes na cadeia produtiva do petróleo, e serão utilizados como base

para a argumentação da necessidade de adequar-se aos padrões ambientais.

Lustosa (2002) evidencia em seu estudo os principais acidentes ambientais

na cadeia produtiva do petróleo que ocorreram de 1957 até o ano de 2001, a tese

discorre sobre meio ambiente, inovação e competitividade na indústria brasileira

relacionada às atividades petroleiras, e a coleta dos dados foi com base nas

divulgações de grandes mídias. Serão destacados da tese os acidentes com as

plataformas P-36 e P-7 no ano de 2001, que não foram mencionados na divulgação

da EBC, mas demonstra que os custos com acidentes ambientais não estão restritos

a multas e reparos.

4 Empresa pública que possui um conglomerado de mídia no Brasil. Criada em 2007 para gerir as emissoras de rádio e televisão públicas federais.

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Em 1984 durante o processo de distribuição de combustíveis na Petrobras

nos arredores da Vila Socó, em Cubatão (SP), ocorreu um vazamento nos dutos

subterrâneos espalhando 700 mil litros de gasolina. O vazamento deu origem a um

incêndio, destruindo grande parte da comunidade e matando 93 pessoas, sendo a

maioria moradores da região, não foram localizadas divulgações acerca dos custos

com multas e reparos ambientais.

O segundo acidente ambiental citado pela EBC, evolvendo atividades

petroleiras, ocorreu em janeiro do ano 2000 por vazamento de óleo na Baía de

Guanabara no Rio de Janeiro devido ao rompimento do duto que ligava a refinaria em

Duque de Caxias ao terminal de distribuição na baía, espalhando 1,29 milhão de

toneladas de óleo in natura, causando morte da fauna local e poluição do solo/água.

O IBAMA aplicou para este caso duas multas totalizando R$ 51,5 milhões.

Outros acidentes ocorreram na Baía de Guanabara ainda no ano 2000,

ensejando na aplicação das maiores multas já praticadas até aquele ano. Como

discorre Gazeta Mercantil (2000 apud LUSTOSA, 2002, p.170), em junho, durante o

bombeamento de petróleo bruto para um navio, ocorreu um derrame, apesar de não

terem sido registrados prejuízos ambientais a refinaria foi autuada pela Fundação

Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA5, ainda no mês de junho outro

vazamento ocorreu derramando 380 mil litros no entorno da Baía, a Petrobras foi

multada em R$ 500 mil pela Prefeitura do Rio de Janeiro e em R$ 50 milhões pela

FEEMA por ser reincidente.

O terceiro acidente registrado pela EBC na matéria aconteceu no mês de

julho, também no ano 2000, em Araucária no Paraná, cerca de 4 milhões de litros de

óleo vazaram da refinaria Presidente Getúlio Vargas, para este caso a multa foi

triplicada pela reincidência, totalizando três autuações somando R$ 168 milhões.

Gazeta Mercantil (2000 apud LUSTOSA, 2002, p.170), estima que até

agosto ocorreram 10 casos de vazamentos envolvendo a Petrobras e foram aplicadas

multas que somam mais de R$ 300 milhões. Este ano sem dúvida marcou a empresa

que investia anualmente cerca de R$ 200 milhões em sua política de proteção

ambiental e, por este motivo, iniciou um processo de revisão da mesma, como também

os órgãos ambientais, que aplicaram as maiores multas até então. Além das multas a

5 Órgão de controle ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente e Desenvolvimento Urbano do Estado do Rio de Janeiro, criado pelo Decreto-Lei nº 39 de 24 de março de 1975, logo após a fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro.

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tese de Lustosa (2002) ainda cita gastos com recuperação de imagem da empresa

sobre os casos no Rio de Janeiro na ordem de 1 milhão, e para o caso de Araucária

cerca de R$ 14 milhões com recuperação do meio ambiente.

Em 2001, apesar de não ter sido mencionado pela EBC, na análise dos 10

maiores acidentes ambientais até 2015, onde cinco decorrentes de atividades de

petróleo, complemento nesse referencial com os acidentes em março e abril com as

plataformas P-36 e P-7, respectivamente, na Bacia de Campos no Rio de Janeiro

baseado no estudo de Lustosa (2002), a maior plataforma móvel do mundo, P-36,

afundou em março, derramando 1,2 milhão de litros de óleo diesel e 340 mil litros de

petróleo bruto no mar, ocasionando a morte de 11 trabalhadores, prejuízo estimado

em US$ 535 milhões, indenizações de R$ 500 milhões, não mencionando

recuperação ambiental e baixa na produção. A P-7 provocou um vazamento de 26 mil

litros de petróleo, acarretando em R$ 20 milhões em multa pelo IBAMA.

Dois impactos são citados por Lustosa (2002) o primeiro são as baixas das

ações da empresa, que impactam apenas a empresa, mas não se pode prever, dado

o histórico, quando elas retornarão ao ponto de equilíbrio, e o segundo que não é

mensurável, pois afetou todo o mercado brasileiro, foi com os custos de contratação

de seguros em toda a cadeia petroleira, que aumentaram quase 600%, contribuído

também por ocorrências internacionais de sinistros na atividade petroleira.

A EBC destaca que o quarto caso, ocorreu no ano de 2011 com o

vazamento de 3,7 mil barris de petróleo na Bacia de Campos pela Chevron, o IBAMA

aplicou duas multas somando R$ 60 milhões. A mancha de óleo no mar chegou ao

tamanho de quase metade da Baía de Guanabara. A empresa americana foi

condenada pelo governo brasileiro a pagar uma indenização de R$ 95 milhões

compensando os danos ambientais.

No ano de 2015 a EBC relata o quinto caso envolvendo empresas

petroleiras com acidentes ambientais. Dessa vez foi um incêndio da empresa

Ultracargo no Terminal Alemoa em Santos/SP. Efluentes líquidos foram lançados no

meio ambiente, a poluição prejudicou a rotina logística das empresas que atuam no

terminal, como também a vida dos moradores da região. A empresa foi multada em

R$ 22,5 milhões além de gastos com perdas e danos no ativo, teve paralisação das

atividades com perdas de faturamento.

Além desses grandes acidentes ambientais e seus impactos para a

sociedade, o setor provoca danos ambientais silenciosos e de grande proporção. A

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seguir, a figura 05 demonstra, por meio de percentual, a participação da contaminação

de óleo nos oceanos, ambiente mais impactado citado neste referencial.

Figura 5 - Petróleo no Oceano

Fonte: Sales (2016) elaborado a partir do Instituto Oceanográfico Woods Hole (2016)

Os derramamentos da figura 5 são resultantes de várias circunstancias:

uma é o caso dos navios tanques que, ao descarregar, precisam repor com a água do

mar os compartimentos vazios a fim de manter a estabilidade do navio, misturando

com os resíduos do óleo e lançados ao mar diariamente por sua operação; outro ainda

mais silencioso ocorre no escoamento por terra, como os vazamentos nas tubulações

presentes nos postos e bases de abastecimento e armazenamento, por falta de

manutenção ou substituição, como verificado em Natal no trabalho liderado pelo

Ministério Público de adequação ambiental em todos os postos de combustíveis da

cidade. Conforme relata Dias (2012), apenas um posto não apresentou vazamento,

estimando o dano ao meio ambiente de 316.397 (trezentos e dezesseis mil, trezentos

e noventa e sete) litros de combustível – gasolina, álcool e óleo diesel – lançado

anualmente por falta de reparos, manutenção ou substituição nas tubulações.

As citações dessas ocorrências não integram esse trabalho com o objetivo

de historiar e quantificar os acidentes ambientais envolvendo empresas ligadas a

atividade do petróleo no Brasil, nem cita todos, apenas os de maior representatividade

nacional elencado pela grande mídia, mas tem o objetivo de contextualizar inúmeros

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impactos, mensuráveis ou não, que os acidentes ambientais, de diversos tipos, podem

causar às próprias empresas, à sociedade e ao meio ambiente, justificando o terceiro

fator que levam as empresas a desembolsar recursos nas atividades de prevenção

ambiental, pois quando ocorre um acidente, ainda que inesperado, muitas vezes os

valores das multas são bem inferiores aos valores de perdas e reparos no patrimônio,

sejam perdas tangíveis ou intangíveis.

Nesse contexto, a conscientização ambiental dos consumidores assume o

quarto fator fundamental na decisão das empresas em adotarem práticas pro

sustentabilidade em defesa do meio ambiente, com diferenciais no mercado e

conquistando a confiança dos consumidores em uma marca consciente e

responsável, incentivando assim o consumo. Na visão de Barbieri (1997, p.199):

O crescimento da consciência ambiental, ao modificar os padrões de consumo, constitui uma das mais importantes armas em defesa do meio ambiente. Quando a empresa busca capturar oportunidades através do crescente contingente de consumidores responsáveis através de ações legítimas e verdadeiras, essas ações tendem a reforçar ainda mais a consciência ambiental, criando um círculo virtuoso, na qual a atuação mercadológica, marketing verde, como querem alguns, torna-se um instrumento de educação ambiental.

Esse círculo virtuoso cada vez mais se fortalece em nossa sociedade, e se

sustenta pela concorrência de mercado, e pelas ações que a sociedade detém das

empresas, gerando a obrigatoriedade das que possuem capital aberto, principais no

ramo do petróleo, na contrapartida em relação aos diferenciais praticados na

organização e na manutenção do patrimônio, sobre uma gestão que evita riscos e

maximiza resultados.

2.3 AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

A principal poluição de todas as atividades petroleiras, apesar de citadas

as de maiores impactos e repercussão nacional, estão relacionadas com o consumo

final do combustível. Por meio dele são expelidos os principais componentes tóxicos

ao meio ambiente onde se destacam as emissões de enxofre e carbono.

Pautado sobre essa ótica as ações de preservação ambiental praticada

pelo setor petroleiro no Brasil moveu-se por força de legislação, regulamentos e,

principalmente, normas do Ministério do Meio Ambiente - MMA por meio do IBAMA

em parceria com a ANP. A agência busca conciliar a relação das empresas com os

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órgãos ambientais e o meio ambiente, sendo o principal ganho dessa relação à

redução de componentes altamente nocivos à sociedade no óleo diesel e na gasolina.

Para Drumm et al (2014) os efeitos da poluição atmosférica decorrente do

consumo de combustíveis fósseis geram impactos locais, regionais e globais. Os

efeitos locais são verificados nas regiões em torno da emissão dos poluentes

causando sérios danos a saúde humana como problemas respiratórios e

cardiovasculares, irritação nos olhos e baixa da imunidade; os efeitos regionais são

obsevados em distâncias maiores do poluidor, sendo o principal as chuvas ácidas,

formadas pelos gases expelidos na queima dos combustíveis fósseis, prejudicial ao

solo, vegetação e agricultura; os efeitos globais são aqueles que afetam todo o

planeta, o efeito estufa é causado principalmente pela combustão dos derivados de

petróleo, sendo o setor responsável por 22% das emissões mundiais, aqui no Brasil a

participação do setor é de 32% na emissão dos poluentes, acima da média mundial.

No Brasil, de acordo com os dados do Departamento Nacional de Transito

- DENATRAN, publicados em 12 de fevereiro de 2015 na revista Veja, a frota brasileira

de veículos em dez anos saiu de 24,5 milhões de carros para 50,2 milhões, o aumento

foi onze vezes maior que o da população conforme demonstrado na figura a seguir.

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Figura 6 - Frota de Veículos Automotores no Brasil – 2001 e 2012

Fonte: Elaborado pelo Observatório das Metrópoles com dados do DENATRAN

(REVISTA VEJA, 2015)

O MMA esteve atento a esse crescimento ao longo da última década e em

parceria com o IBAMA a ANP vêm demonstrando resultados positivos, como na

retirada do chumbo da gasolina, a adição de álcool à gasolina e as reduções que vem

ocorrendo gradativamente nos últimos anos dos níveis de enxofre na gasolina e

principalmente no óleo diesel.

Desde o inicio de sua comercialização o chumbo esteve presente na

composição da gasolina, com o crescimento da preocupação com meio ambiente

campanhas a nível internacional começaram a surgir para encontrar uma forma para

substituir o elemento químico, grande agressor do meio ambiente. O governo

brasileiro, por meio da Petrobras, já que a ANP ainda não tinha sido criada, no ano de

1989 decide retirar o chumbo de suas gasolinas. Hoje ele somente é utilizado no

combustível para aviação e é altamente prejudicial aos motores modernos.

A ANP publicou a resolução nº 65, de 9 de dezembro de 2011, que tem

como objetivo garantir a redução do teor de enxofre no diesel. Até o ano de 2012 o

diesel produzido no Brasil foi o S-1800, que possuía 1800 partes por milhão de enxofre

na composição do óleo. A resolução obriga a parar a produção do derivado de petróleo

a partir do ano seguinte da sua publicação e permite a comercialização do produto até

zerar os estoques.

A partir do ano de 2012 a produção do diesel S-1800 foi substituído pelo S-

50, que possui apenas 50 partículas por milhão de enxofre, a redução vem ocorrendo

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gradativamente pois sabe-se que o objetivo da ANP é comercializar somente o diesel

S-10. Em 2013 a produção do diesel S-50 passou a ser substituída pelo S-10 e a

comercialização será permitida também até o final do estoque.

Em 2014 os estoques do diesel S-1800 finalizaram e atualmente o mercado

comercializa apenas o S-50 e o S-10, ambos com apenas 2,78% e 0,56%,

respectivamente, do diesel comercializado até então. Ainda no ano de 2014 o segundo

avanço do ano ocorreu com a composição da gasolina, para atender a

regulamentação do CONAMA, a gasolina teve uma redução de 94% a menos de

enxofre, que a comercializada até o momento conforme descreve a ANP (2016).

A figura 7 demonstra a evolução da emissão de poluentes, apenas para o

estado de São Paulo, estado brasileiro com maior frota veicular, considerando o

período de 2006 à 2014.

Figura 7 - Evolução das emissões veiculares de poluentes no Estado de São Paulo

Fonte: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2015, [n.p.])

A partir da figura 7 acima é possível concluir que as ações propostas pelo

MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE), IBAMA, CONAMA e ANP obtiveram

eficiência, ainda com o crescimento acentuado no número de veículos na última

década, as emissões dos principais poluentes da atmosfera reduziram, no ano de

2014 a redução ocorreu drasticamente na emissão de SO2, devido às reduções do

teor de enxofre tanto no diesel, principal produto comercializado no país, quanto na

gasolina.

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Observando as atividades do setor de distribuição de combustíveis de

forma isolada na cadeia produtiva do petróleo, além dos riscos anteriormente

elucidados, que são pertencentes à cadeia como um todo, percebe-se que o

armazenamento e o carregamento/distribuição estão mais propicias a gerar riscos

ambientais, pois tendem, caso não tenham um controle e manutenção eficaz, a

ocasionarem vazamentos e consequentemente contaminação do solo, incêndios, e

danos à saúde humana.

Os vazamentos podem ocorrer por falhas construtivas ou por falhas

operacionais, sendo falhas decorrentes da construção aquelas como: oriundas de falta

de manutenção, corrosão/oxidação em tubulações e tanques de armazenamento, a

ausência de pavimentação ou barreiras de contenção; e falhas que ocorrem durante

a operação de distribuição e carregamento, como: vazamento no carregamento do

caminhão tanque, vazamentos por falha técnica ao não travar as válvulas após o

processo de carregamento, no momento da distribuição nos postos revendedores a

contaminação do produto, ou o vazamento por não adotar todos os processos de

segurança obrigatórios e necessários no processo de descarregamento.

Além de se adequar as alterações citadas sobre a redução de enxofre e

chumbo propostas pela ANP e pelo governo brasileiro, as distribuidoras de

combustíveis aderiram a projetos ambientais, que auxiliam na divulgação da

responsabilidade ambiental, como também a adesão a implantação do SGA e da

certificação ISO 14001 resultado de adequação aos requisitos legais obrigatórios.

As normas e as legislações ambientais no Brasil são inúmeras, com

abrangências em nível federal, estadual e municipal, e como ação de sustentabilidade

as empresas precisam estar atentas às mesmas para evitarem transtornos futuros, e

na maioria dos casos contratam empresas ou escritórios para assumirem a atividade

de manter atualizados os procedimentos obrigatórios e passiveis de multas e sanções

administrativas.

No Quadro 01, estão descritos apenas os requisitos federais obrigatórios

controlados pelo SGA da empresa estudada. Entre todos eles serão destacadas a Lei

6.938 de 31 de agosto de 1931, e as Resoluções 09 e 273 do CONAMA.

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Quadro 1 - Requisitos Federais Ambientais Aplicados à Empresa Alvo

Data de promulgação

Publicação Tema Observações

14/08/1975 Decreto-lei nº 1.413 Efluentes / emissões atmosféricas / resíduos / ruído ambiental / poluição sonora

Controle da poluição ao meio ambiente em atividades industriais

31/08/1981 Lei nº 6.938 Licenciamento ambiental / cadastro técnico federal / segurança na cadeia logística

Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, proíbe a poluição e obriga o licenciamento. Regulamentada pelo decreto 99.274

24/01/1986 Resolução

CONAMA nº 06 Licenciamento ambiental

Dispõe sobre licenciamento ambiental, estabelece o prazo para as conseções e a validade das licenças.

10/04/1989 Decreto nº 97.634 Resíduos Comercialização do mercúrio metálico

06/06/1990 Decreto nº 99.274 Infrações administrativas/licenciamento ambiental

Regulamenta a lei nº 6.938 de 1981 sobre a política nacional do meio ambiente

28/06/1990 Resolução

CONAMA nº 03 Emissões atmosféricas

Estabelece padrões da qualidade do ar, previstas no PRONAR - programa nacional de cotrole da qualidade do ar. O monitoramento da qualidade do ar é atribuído aos estados e pode Sr exigido em licenças ambientais de operação.

31/08/1993 Resolução

CONAMA nº 09 Resíduos

Regulamenta o descarte de óleo lubrificante, proibindo o descarte diretamente em solos, águas, sistemas de esgotos, ou qualquer forma de eliminação que venha a provocar contaminação atmosférica, e obriga a reciclagem de todo óleo utilizado em território nacional.

08/01/1997 Lei nº 9.433 Outorga Institui a política nacional de recursos hídricos. Institui a cobrança pelo uso da água. Sujeita a captação de águas públicas à outorga do órgão competente.

12/02/1998 Lei nº 9.605 Crime ambiental / fiscalizações ambientais / infrações administrativas

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Regulamentada pelo decreto nº 6.514 de 2008

27/04/1999 Lei nº 9.795 Educação ambiental/treinamento

Dispõe sobre educação ambiental, atribuindo as instituições, o dever de promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores em ações e projetos de educação ambiental, definidos na resolução CONAMA 422, de 2010.

14/09/2000 Resolução

CONAMA nº 267 Resíduos

Dispõe sobre os procedimentos e prazos para a eliminação da produção e do consumo das substâncias que destroem a camada de ozônio.

29/11/2000 Resolução

CONAMA nº 273 Licenciamento ambiental

Regulamenta que a construção, localização, instalação, ampliação e operação dos postos revendedores, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, e dá outras providências.

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34

25/04/2001 Resolução

CONAMA nº 275 Resíduos

Estabelece o código das cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

12/07/2001 Resolução

CONAMA nº 281 Licenciamento ambiental Dispõe sobre os modelos de publicação de pedidos de licenciamento

10/01/2002 Lei nº 10.406 Recursos hídricos Institui o código civil, contendo normas sobre o solo, uso da propriedade, direitos de vizinhança, bens e sobre uso das águas.

25/06/2002 Decreto nº 4.281 Educação ambiental/treinamento Política nacional de educação ambiental

03/04/2008 Resolução

CONAMA nº 281 Recursos hídricos

Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. Aplicando-se a empresas que façam uso dessas águas ou que possuam área com potencial para a contaminação

02/08/2010 Lei nº 12.305 Resíduos Institui a política nacional de resíduos sólidos

23/12/2010 Decreto nº 7.404 Resíduos Regulamenta a política nacional de resíduos sólidos

15/03/2013 Instrução normativa

IBAMA nº 6 Cadastro técnico federal

Regulamenta o cadastro técnico federal de atividades poluidoras e utilizadores de recursos naturais

27/05/2013 Instrução normativa

IBAMA nº 10 Cadastro técnico federal

Regulamenta o cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental

24/03/2014 Instrução normativa

IBAMA nº 6 Cadastro técnico federal

Regulamenta a emissão do relatório anual de atividades poluidoras e utilizadores de recursos naturais

06/10/2014 Instrução normativa

IBAMA nº 15 Acidente ambiental Institui o SIEMA - sistema nacional de acidentes ambientais

Fonte: Sales (2016) elaborado a partir de Requisitos Federal Ambiental. (SGI, 2016).

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35

A Lei nº 6.938 publicada em 1981, desde sua publicação já sofreu diversas

alterações e atualizações, de forma a contemplar a todas as categorias e atividades

de cunho econômico ou não, haja vista que é a principal referência em matéria

ambiental. A referida Lei tem vasta abrangência em matéria ambiental e delimita

desde o desenvolvimento de preservação ambiental até a punição para o poluidor,

como também determina os responsáveis pela fiscalização e acompanhamento de

liberação de licenças. Por causa de sua abrangência a empresa estudada, logo em

seus primeiros anos, implanta o SGI, com foco primeiramente no atendimento de

requisitos mínimos e obrigatórios para obtenção e renovação de licenças.

O CONAMA, criado a partir da lei citada acima, tem a finalidade de

assessorar, estudar e propor diretrizes de políticas governamentais para o meio

ambiente e emitir normas compatíveis com o meio ambiente.

Uma das principais normas que alteraram o fluxo das atividades de

distribuição de combustíveis e lubrificantes foi a resolução nº 09 de 1993, que

regulamenta o descarte de óleo lubrificante, proibindo o descarte diretamente em

solos, águas, sistemas de esgotos, ou qualquer forma de eliminação que venha a

provocar contaminação atmosférica e obriga a reciclagem de todo óleo utilizado em

território nacional. Foi então criado o programa Jogue Limpo, um sistema de logística

reversa de embalagens plásticas de lubrificantes usadas, estruturado e disponibilizado

pelos fabricantes associados ao SINDICOM, gratuitamente, para os pontos geradores

cadastrados, onde as embalagens serão recicladas. Desde 2005, quando programa

deu inicio, já foram recicladas mais de 520 mil embalagens que se lançadas ao meio

ambiente precisariam de mais de 400 anos para serem degradadas.

Outra resolução do CONAMA que alterou os procedimentos nas

distribuidoras foi a nº 273 de 29 de novembro de 2000. A mesma regulamenta que a

construção, localização, instalação, ampliação e operação dos postos revendedores,

dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sendo

necessárias três licenças, a chamada Licença Prévia, concedida na fase

preliminar, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos; a

Licença de Instalação que autoriza a instalação do empreendimento com as

especificações constantes dos planos; e por último a Licença de Operação

autorizando a operação da atividade, após a verificação do efetivo cumprimento do

que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e

condicionantes determinados para a operação. Após essa resolução torna-se

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36

necessário a avaliação ambiental durante o processo de negociação com novos

clientes, postos revendedores pois, se não houver, pode ocorrer embargos na obra

prejudicando o contrato assumido com as distribuidoras.

2.4 MENSURAÇÃO DE AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

A ciência contábil, pertencente ao grupo das ciências sociais aplicadas, tem

por objetivo fornecer informações úteis para a tomada de decisão. Assim também

ocorre com as informações socioambientais, que tem grande relevância tanto para os

usuários internos de forma decisória, quanto para os usuários externos, no formato

consultivo, agregando valor à imagem da instituição para investidores, clientes e

fornecedores, bem como a sociedade em geral.

O ciclo virtuoso, já citado anteriormente, onde a sociedade sente a

necessidade de organizações cada vez mais responsáveis com o meio em que atua,

e por outro lado entidades assumem essa responsabilidade e transformam em

marketing verde suas ações, permitiu a introdução da ciência contábil na matéria

socioambiental em concordância com seu objetivo geral:

O objetivo da contabilidade pode ser estabelecido como sendo o de fornecer informação estruturada de natureza econômica, financeira e, subsidiariamente, física, de produtividade e social, aos usuários internos e externos à entidade objeto da Contabilidade (IUDÍCIBUS; MARION, 2000, p.53).

A partir desse conceito torna-se claro o papel da contabilidade ambiental,

ramo em que são mensurados, informações da empresa que interfiram no meio

ambiente, seja como bens e direitos adquiridos em função da prevenção ambiental,

como obrigações ambientais contraídas voluntária ou involuntariamente, ou ainda

como acréscimo ou consumo de recursos da entidade em função do meio ambiente,

auxiliando na elaboração do planejamento estratégico, servindo de parâmetro para

gerenciamento de atividades alvos, e fornecendo informações de prestação de contas

dessas atividades.

A contabilidade ambiental é definida como:

A contabilização dos benefícios e prejuízos que o desenvolvimento de um produto ou serviço pode trazer ao meio ambiente, tendo por objetivo, portanto, demonstrar as ações da empresa quanto à sua preocupação com o meio ambiente. Pois tão importante quanto cuidar do meio ambiente é demonstrar o que é feito (ROSA; LUNKES, 2005, p.13).

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37

Apesar de não modificar o objetivo geral da contabilidade, o ramo ambiental

ainda encontra dificuldades na maioria das empresas, de cunho teórico, mas

principalmente na forma empírica da contabilidade ambiental. Essas dificuldades

podem surgir pela ausência de conhecimento dos contadores e gestores com poder

decisório nas organizações, ocasionando a dificuldade de segregação das

informações de natureza ambiental e na correta classificação e avaliação contábil, e

a transparência da empresa em divulgar danos provocados em seu patrimônio.

Uma pesquisa realizada para avaliar o nível de conhecimento dos

profissionais contábeis na grande Florianópolis sobre a contabilidade ambiental,

Martendal et al (2013) concluiu que os contadores da região não possuem

conhecimento satisfatório sobre o tema pois apenas 6,71% da amostra afirmaram

possuir entendimento sobre o tema e mais de 71% da pesquisa responderam que

desconhecem ou não possuem conhecimento da matéria.

Com isso muitas empresas aplicam práticas ambientais de forma

compulsória seja por legislação ou para apenas ter a renovação do licenciamento,

como também práticas de forma facultativas por cobrança do mercado consumidor,

para evitar danos ao patrimônio com base em fatos passados, ou pela própria política

da empresa, mas não aplicam a contabilidade ambiental e deixam de evidenciar os

impactos das ações junto ao meio ambiente, seja em situações de investimentos para

prevenção e melhor uso de recursos ambientais; não demonstram os passivos

ambientais; e não mensuram resultados positivos ou não oriundos de ações de

sustentabilidade e meio ambiente.

Para completar o arcabouço teórico são apresentados os conceitos de

ativo, passivo e receita ambientais, no entanto, o presente trabalho tem como foco

aos custos e despesas ambientais.

Ativos ambientais, são considerados elementos incorporados ao patrimônio

da empresa com o objetivo de serem utilizados de forma duradoura em sua atividade

e cuja finalidade principal seja a minimização do impacto ambiental, proteção e

melhora do meio ambiente, incluindo a redução e eliminação da contaminação futura

das operações da entidade. De acordo com Ribeiro (2006) os ativos ambientais são

constituídos por todos os bens e direitos possuídos pelas empresas, que tenham

capacidade de geração de benefício econômico em períodos futuros e que visem à

preservação, proteção e recuperação ambiental.

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38

Os passivos ambientais normalmente são contingências formadas em

longo período, muitas vezes por práticas exercidas onde não se observava o risco

ambiental que tal ação poderia gerar no futuro. Segundo Paiva (2009), há três

condições essenciais para o reconhecimento do passivo, que se relacionam com as

obrigações legais, justas ou construtivas. As legais, como o próprio nome diz, são

relacionadas ao cumprimento da lei ou decisão jurídica aplicada à empresa; as justas,

são obrigações relacionadas à moral ou à ética da empresa; e as construtivas, são

atividades desenvolvidas na cidade auxiliando na educação ambiental da comunidade

entre outras atividades.

As receitas ambientais decorrem, conforme Tinoco e Kraemer (2008), de

prestação de serviços especializados em gestão ambiental; venda de produtos

elaborados de sobras de insumos com o processo produtivo; venda de produtos

reciclados; receita de aproveitamento de gases e calor; redução do consumo de

matérias-primas; redução do consumo de água; redução do consumo de energia;

participação no faturamento total da empresa com o reconhecimento de sua

responsabilidade com o meio ambiente, considerando, também, o ganho de mercado

que a empresa adquire no momento de reconhecimento da opinião pública sobre sua

política preservacionista, dando preferência a seus produtos.

Os custos ambientais compreendem os gastos relacionados com a

proteção ao meio ambiente e fazem parte de um subconjunto de um mais vasto

universo de custos necessários a uma adequada tomada de decisões. Eles não são

um tipo de custos distintos, mas fazem parte de um sistema integrado de fluxos

materiais e monetários que percorrem as empresas que praticam a contabilidade

ambiental.

De acordo com a Divisão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações

Unidas (ONU, 2002), os custos de salvaguarda ambiental incluem os gastos de

prevenção, deposição, planejamento, controle, alterações e reparação de lesões

ambientais e da saúde humana. Tais custos compreendem todas as atividades que

satisfaçam a conformidade regulamentar, compromissos próprios ou voluntários,

relacionados com empresas, governos ou pessoas, e podem ser divididos em custos

de controle e custos por falta de controle, conforme pode ser visualizado no quadro 2

abaixo.

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39

Quadro 2 - Classificação de Custos Ambientais por Controle

Sub Divisão dos Custos Ambientais

Grupos Sub

Grupos Definição

Cu

sto

s c

om

co

ntr

ole

Pre

ven

ção

Neste grupo são alocados todos gastos que visão prevenir a entidade de danos ambientais futuros no processo produtivo da mesma.

Avali

ação

Os custos aqui agrupados são despendidos para manter os níveis de qualidade ambiental da empresa, por meio de trabalhos de avaliações do sistema de gestão ambiental. Assumem-se os custos com inspeções, testes, auditorias da qualidade ambiental e despesas similares.

Cu

sto

s p

or

falt

a d

e c

on

tro

le

Falh

as

inte

rnas

Resultando de ações internas da empresa, seja da gestão ao operacional, os custos atribuídos a este grupo estão ligados a erros durante a atividade da empresa, por falta de conhecimento técnico ou por desídia na função. Podem ser alocados os custos com desperdícios de material, de energia, de água e outros recursos naturais, além de tempos de operação paralisadas por não licenciamento, recuperação de áreas internas degradadas, dentre outros.

Falh

as

Exte

rnas

Compreende aos gastos ocasionados por fatores que são tangentes aos controles da entidade ou ainda que provocado pela empresa os efeitos tenham afetado além dos limites dela. Recuperação de áreas externas contaminadas pela atividade da empresa, pagamento de multas decorrentes de ações legais resultantes de transporte de produtos tóxicos, inflamáveis, corrosivos, e similares fazem parte desse grupo.

Inta

ng

íveis

Os custos desse grupo são de difíceis quantificação, embora sua existência seja nítida. Eles são identificados pela associação de um resultado a uma medida de prevenção adotada, como ocorre com as ações da empresa, concorrência de mercado em função do marketing verde, dentre outros.

Fonte: Elaboração própria

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40

Outro formato de classificação de custos ambientais é indicado por Hansen

e Mowen (2001), a atribuição dos custos baseados em atividades, sendo mais

indicado para empresas que não possuam gerenciamento dos custos ambientais e

necessitam rastrear as atividades ambientais, e para mensuração dos custos utiliza-

se os relacionamentos causais do mesmo.

No formato aplicado por Hansen e Mowen 2001) para cada atividade serão

atribuídos índices que são usados para mensurar os custos ambientais. Seguindo este

modelo no momento do rastreio das ações ambientais é preciso identificar se haverá

apenas uma atividade ou múltiplas atividades, havendo múltiplas é preciso admitir

para cada uma delas dado a sua participação na ação ambiental, dessa forma ele

complementa: “Simplesmente identificamos as atividades ambientais associadas e

seus custos, calculamos um índice de atividade e atribuímos esses custos aos

respectivos produtos” (HANSEN; MOWEN,2001, p.577), mais a frente ele menciona

que pode ser um processo ao invés de produto.

Desta forma é possível emitir um relatório analítico por ações e atividades

ambientais permitindo a avaliação da relevância baseada em sua representatividade

econômica para a entidade a partir das ações desenvolvidas.

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3 METODOLOGIA

Os itens seguintes descrevem quais os procedimentos realizados para o

alcance do objetivo do presente estudo.

3.1 TIPOLOGIA

Segundo Raupp e Beuren (2006), as pesquisas aplicadas em

contabilidade, considerando suas particularidades, quanto à tipologia são definidas e

agrupadas de acordo com os seguintes fatores: quanto aos objetivos da pesquisa,

conforme os procedimentos que foram utilizados, e quanto à abordagem do problema.

A pesquisa aqui proposta, baseada na definição acima, classifica-se como

descritiva quanto a seus objetivos, uma vez que se propõe a descrever as atividades

ligadas à prevenção e redução de riscos ambientais, mensurando os custos dessas

atividades e identificando no longo do período analisado, os benefícios gerados com

elas. Para Gil (2002), as pesquisas descritivas objetivam descrever as características

de determinada população, fenômeno ou estabelecer relações entre variáveis.

Quanto aos procedimentos, classificam-se como estudo de caso. De

acordo com Gil (2002), os estudos de casos são caracterizados pelo formato de

análises exaustivas sobre determinado tema permitindo maior conhecimento dos

dados analisados com vista à totalidade de uma situação. Ao centrar o estudo

pretendido em uma única empresa, espera-se identificar e mensurar os custos com

as ações ambientais desenvolvidas na empresa estudada para o ano de referência

desse estudo. Embora tenha franqueado todas as informações necessárias para o

estudo, os gestores solicitaram a omissão do nome da organização, o que foi atendido,

acreditando-se ser relevante poder estudar o fenômeno, mesmo sem identificação dos

seus atores.

Por fim, no que se refere à abordagem do problema, a pesquisa enquadra-

se como qualitativa, pois, apesar de serem empregados instrumentos estatísticos

simples no processo de análise e interpretação dos dados, intenciona-se aqui

descrever e compreender a complexidade dos processos dinâmicos realizados na

empresa relacionados, especificamente, com relevância dos gastos ambientais à

relação de custo benefício das ações pró-sustentabilidade implementadas, por meio

da interação entre informações qualitativas correlatas, o que acaba por tornar esse

processo de análise mais profundo e, até mesmo, subjetivo.

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42

3.2 COLETA E TRATAMENTO DE DADOS

Ao longo do desenvolvimento do trabalho, buscou-se entender como ocorre

a dinâmica das ações ambientais desenvolvidas na empresa estudada, tendo início

com a pesquisa bibliográfica e documental, obtendo-se conhecimento sobre o tema e

sobre os avanços ocorridos com o setor de distribuição de combustíveis de forma

geral e também com a evolução da preocupação ambiental da sociedade e do governo

exercida pelas leis e regulamentos propostos pelos diversos órgãos regulatórios

existentes.

Inicialmente, a pesquisa bibliográfica e documental mostrou-se necessária

para fundamentação e estruturação de conceitos relativos ao tema abordado,

embasamento em estudos relacionados à contabilidade ambiental presentes na

literatura, além da busca de informações em outros trabalhos e mídias que justifiquem

a necessidade das empresas em adotarem práticas ambientais e as registrarem em

contabilidade específica para uma melhor gestão ambiental.

A pesquisa documental também se deu em documentos internos da

empresa estudada, pertencentes ao SGA, disponíveis a todos os seus usuários

internos. Esta etapa teve como objetivo subsidiar a etapa seguinte, identificando a

prioridade de informações adequadas ao problema de pesquisa.

Após o entendimento teórico acerca da problemática do trabalho, a qual

forneceu subsídios para seleção das informações que deveriam ser buscadas, a

coleta de dados em campo teve como principal finalidade conhecer a atividade de

distribuição de combustíveis e como as ações de preservação ambiental estão

presentes em cada etapa da operação logística.

Como instrumento de coleta de dados, recorreu-se a uma série de

entrevistas, com os responsáveis pelo setor de SGI que cuidam do processo de

auditorias internas, onde se integra o SGA da companhia, com os responsáveis pelo

setor de Saúde Segurança e Meio Ambiente – SSMA que trabalham na prevenção e

correções ambientais, com os responsáveis pelo acompanhamento das leis,

resoluções e normativos ambientais por meio do Sistema Online de Gestão Integrada

– SOGI, com os responsáveis pela Segurança Patrimonial que realizam as inspeções

invisíveis realizando o check list de cumprimento as normas ambientais e de

segurança, e ainda visitas técnicas a base de distribuição, presenciando o simulado

de incêndios, carregamentos dos caminhões tanque e também a um posto revendedor

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no momento de entrega do combustível e descarregamento dos produtos, podendo

preencher o check list citado acima.

A terceira etapa consiste em tratar os dados disponibilizados pela empresa

mensurando os custos das atividades observadas na coleta de dados citadas no

parágrafo anterior em consonância com a análise bibliográfica.

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados se deu pela descrição das atividades realizadas

auxiliando na junção de elementos que permitem a mensuração dos custos

ambientais da empresa em que esse estudo se aplica, observando a relevância de

tais ações para a entidade e a necessidade de atendimento aos requisitos legais.

A partir da coleta dos dados no sistema contábil e financeiro da empresa

estudada e do sistema de folha de pagamento foram identificados critérios de

mensuração correlacionados com os procedimentos adotados nas ações ambientais.

Desta forma a análise baseia-se no método apresentado por Hansen e

Mowen (2001), rastreando atividades, definindo índices ou critérios de mensuração a

partir do fato gerador para que fossem alocados os devidos custos.

Para as ações cujos custos tinham alocação direta, após a coleta dos

lançamentos nos ano de 2015, todos os gastos foram tratados, classificando também

lançamentos que só ocorreriam em função da ação ambiental como, por exemplo,

alocar na atividade de licenciamento ambiental a publicação em diário oficial de uma

licença expedida pelo órgão regulamentador.

Nos casos de apropriação indireta, os custos foram apurados apenas com

base na despesa com pessoal, e os critérios foram definidos com base no recurso

humano utilizado, assim explicado:

Recurso Humano de SSMA: A partir do head count6 do setor entende-se

que 35% das atividades são de cunho ambiental, as demais estão

ligadas à saúde e segurança. E que de todo o tempo de trabalho

desenvolvido com ações ambientais, 70% estão descritos nesta

pesquisa. Foram aplicados pesos 1, 2, e 3 para cada atividade realizada

por SSMA que respectivamente consumam maior tempo de

acompanhamento, execução ou monitoramento, definindo então o fator

6 Estabelece a relação de atividades de trabalho em função do tempo.

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44

de aplicação a ser incidido sobre 35% do custo com pessoal de SSMA

em 2015.

Outros Recursos Humanos: Foram definidos critérios individuais

baseado no tempo de execução observado, dada à particularidade de

cada ação.

A mensuração dos benefícios obtidos das ações ambientais será pautada,

em sua grande maioria, na observância a legislação ambiental, no que compete as

atividades obrigatórias para o funcionamento.

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45

4 RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA OBJETO DE ESTUDO

A empresa objeto de estudo é uma sociedade de distribuição de

combustíveis criada, a partir da fusão entre outras duas empresas do ramo, está entre

as maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, compreendendo 50 unidades

administrativas e bases de distribuição em 21 estados de Norte a Sul do país.

Esta estrutura é responsável pela comercialização de 300 a 400 milhões

de litros de combustíveis por mês, com destaque no ranking nacional por seus clientes

ativos e contribui positivamente com a geração de empregos diretos e indiretos no

país.

Os produtos comercializados são: Gasolina Premium Comum e Aditivada,

Gasolina C Comum e aditivada, Diesel B S10 Comum e Aditivado, Diesel B S500

Comum e Aditivado, Etanol Hidratado, Diesel Marítimo e Querosene Iluminante.

Figura 8 - Macro Fluxo dos Processos de Comercialização de Combustíveis

Fonte: Manual interno de SGI 2016. Atualizado em 15 abr. 2016.

A figura 8, construída a partir dos normativos internos e da prática

observada, demonstra como ocorre à dinâmica da atividade operacional na empresa

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46

estudada para que o combustível seja liberado para entrega obedecendo à qualidade

exigida em cada processo.

A trajetória de sucesso dessa empresa se assemelha nos valores das duas

que deram sustentação a esse percurso. Ambas conquistaram espaço como

empresas que aderiram às práticas de governança corporativa, com foco na qualidade

dos produtos e excelência nos serviços, com a valorização dos colaboradores e a

construção de um relacionamento flexível, franco e transparente com os

revendedores.

No ano 2000 uma delas conquistou a certificação de Qualidade ISO 9001

em seus processos e unidades, já a outra em 2003 implementou o Sistema de Gestão

Ambiental e conquistou a ISO 14001 na sua maior base de distribuição, tornando-se

pioneira no setor com a certificação.

Após a fusão, a empresa decidiu pela implantação do seu SGI, incluindo

neste processo também a certificação de Segurança OHSAS 18001. O SGI abrange

os três sistemas: SGQ, SSO, e o SGA, mantendo assim a certificação integrada nos

seus principais escritórios e bases, dando prioridade à ética, à segurança, à saúde e

à preservação do meio ambiente. Tendo como principais diretrizes em sua política

interna de SGI os quesitos abaixo:

Ser reconhecida por seus parceiros e percebida pelo mercado de

combustíveis como a empresa mais ágil e flexível para se relacionar do

país;

Alcançar participação representativa no mercado brasileiro, na

distribuição de combustíveis e garantir a rentabilidade do negócio para

os clientes e acionistas;

Qualificar, treinar e envolver todos seus colaboradores e fornecedores

aumentando a cada dia o comprometimento deles quanto à saúde, a

segurança das atividades, a conscientização ambiental e o bem estar

social;

Trabalhar em parceria com seus fornecedores buscando a melhoria

contínua na qualidade da entrega de combustíveis;

Cumprir os requisitos legais e outros requisitos do setor de distribuição

de combustíveis, segurança, saúde ocupacional, trabalhista e meio

ambiente;

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47

Minimizar os riscos significativos de sua atividade de distribuição de

combustíveis como forma de prevenir lesões e doenças e garantir o bom

desempenho de segurança e saúde;

Reduzir a poluição, identificando e controlando os aspectos e os

impactos causados ao meio ambiente através de programas de

gerenciamento ambiental;

Não permitir em sua área de atuação práticas de trabalho infantil,

trabalho forçado, discriminação e punições ilegais;

Proporcionar um ambiente seguro e transparente, promovendo os

direitos humanos e a cidadania.

Essas ações demonstram o interesse da empresa em ser um diferencial no

mercado, comprometida com o desenvolvimento e eficácia do seu sistema de gestão,

definido e acompanhado pela alta direção.

4.2 AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

A empresa estudada utiliza e desenvolveu, em 2015, uma série de ações

em respeito ao meio ambiente, de forma a atender aos órgãos reguladores por meio

da legislação e normativos, como também transmitir aos seus parceiros, clientes e

colaboradores, a segurança em seus processos, evitando riscos e adicionando pontos

positivos à sua marca.

Essas ações estão presentes, em sua grande maioria, no SGA da empresa

e são acompanhadas pelo SGI. No entanto, existem outras ausentes do SGA, mas

que possuem relevância para a gestão, conforme descrito pela assessora de auditoria

interna sênior da companhia, como é o caso de ações promovidas pelo marketing,

que agregam valor a marca, o acompanhamento dos programas ligados na qualidade

no cliente revendedor, e o acompanhamento preliminar do setor de engenharia nos

processos de abertura de um novo posto ou adesão à bandeira da empresa, reduzindo

o risco solidário.

O fluxo de processos e escopo do SGA definido na Figura 9 foi elaborado

com base nas normas internas, diretrizes da gestão integrada e dinâmica operacional

observada.

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48

Figura 9 - Macro Processos e Escopo de Trabalho do SGA

Fonte: Elaboração própria

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49

As fases do SGA definidas na figura 9 dividem-se quatro ações ambientais:

planejamento (P), execução (E), certificação dos procedimentos (C), e revisão dos

processos com sugestão de melhorias (R). Além dessas descritas existem ações que

são tratadas em itens a parte por não compor o SGA e os processos de apoio.

Os processos de apoio exercem papel fundamental para execução das

ações do SGA, pois subsidiam as fases do sistema, por meio do Controle de

documentos e registros gerados, Comunicação interna e externa, Treinamentos e

conscientização e Manutenção, detalhado no Apêndice A.

Na fase de planejamento são elaborados planos, diretrizes e metas de

forma a prevenir ou reduzir a ocorrência de sinistros ambientais, cumprir os requisitos

legais, e atender aos planos da alta gestão para cada ano, tais como Matriz de Riscos,

Programa de Responsabilidade ambiental, Plano de Controle de Emergências e Plano

de Emergências em Transportes, detalhado no Apêndice B.

Na fase de análise, execução e controle, são praticadas: Investigação

Ambiental Preliminar, Sistema Operacional de Gestão Integrada, Gerenciamento de

Resíduos, Diálogo Semanal de Segurança, Simulados de Prevenção, Controles de

Efluentes, Testes de Estanqueidade, Registro de Práticas Inseguras e Quase

Acidente, Registro de Práticas Inseguras e Quase Acidente, detalhadas no Apêndice

C.

Na fase de Monitoramento e de Certificações são realizadas Auditoria de

obtenção/manutenção de certificados, Auditorias internas de prevenção de melhorias,

Monitoramento do SSMA e Programa de Inspeções invisíveis, detalhados no

Apêndice D.

A fase de Revisão de Processos Ambientais completa o ciclo dos

procedimentos presentes no SGA, momento que geralmente ocorre no final de cada

ano onde são apresentados para a alta gestão da empresa os dados coletados a partir

das ações ambientais e de segurança. Nesse momento são definidas as diretrizes

para elaboração das metas do ano seguinte, e avalia-se o que ficou pendente e o que

será acrescentado nos procedimentos de execução ou validação ambiental, em

interface dos setores de SSMA, SGI, Compliance no jurídico, Segurança

Organizacional e membros da diretoria.

Outras ações que não estão presentes no SGA da empresa e são

desenvolvidas com maior foco no marketing verde ou maior segurança aos

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50

stakeholders, como por exemplo: Jogue Limpo, Programa Ligados na Qualidade e

Seguros ambientais.

O Jogue limpo é uma parceria entre a distribuidora e o Instituto Jogue

Limpo, que recolhe as embalagens plásticas de lubrificantes usadas. O programa é

custeado pelos fabricantes das embalagens e atua em mais de 42 mil pontos

cadastrados no país. Desde 2005, quando criado, o instituto já reciclou mais de 524

milhões de embalagens, ao todo são mais de 900 postos de combustíveis,

pertencentes à rede da empresa estudada, participantes do programa.

O Programa Ligados na Qualidade tem a finalidade de garantir a

especificação dos combustíveis recebidos e distribuídos, através laboratórios móveis

e de ensaios físico químicos realizados em amostras de produtos dos postos

revendedores, além de agregar valor a visita oferecendo serviços de suporte e apoio

a revenda. Em matéria ambiental auxilia com a realização de check list de estrutura e

instalações do posto, que não será apresentado neste trabalho por questão de

confidencialidade, e ao final é dado feedback para o revendedor e caso necessário

aos setores de engenharia e meio ambiente. Se ao final da vistoria o posto atingir mais

de 80% é considerado clean, caso contrário é caracterizado como não clean. No total

de 44 itens observados, 8 enquadram-se em matéria ambiental. No ano de 2015 foram

aplicados 5.165 check list.

Quanto aos Seguros Ambientais a empresa possui uma apólice com

cobertura ambiental, dado o risco que já exposto nesse trabalho. A cobertura do

seguro é de até 500 mil para danos ambientais, mais 500 mil para tratamento da carga

e 50 mil reais para custas advocatícias. A empresa possui outras apólices que em

casos de sinistros tem cobertura da estrutura patrimonial, visto que a apólice citada

neste estudo cobre apenas danos ambientais.

4.3 CUSTOS DAS AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Neste momento dá-se resposta ao segundo objetivo específico dessa

pesquisa e são mensurados os custos das ações ambientais da empresa estudada

transcorridos no ano de 2015. Deve-se ressaltar que atualmente a empresa não aplica

procedimentos de contabilidade ambiental no gerenciamento de suas informações

contábeis, não possui plano de contas de forma a separar seus gastos ambientais, e

os dados divulgados foram coletados e tratados do sistema contábil financeiro da

empresa a partir do fato gerador e da indicação de fornecedores em cada ação,

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51

também foram coletados dados do sistema de folha de pagamento para mensuração

do custo com pessoal.

Os custos com as ações de sustentabilidade ambiental são mensurados de

forma individual para cada atividade, preservando as particularidades de cada uma

delas, conforme demonstra a tabela 1, referente a gastos de prevenção e detecção, e

falhas internas, e ao final são acrescidos os gastos decorrentes de sanções penais,

decorrentes de falhas externas.

A tabela 1 demonstra como se dá a mensuração dos custos aplicados às

ações ambientais da empresa estudada, tendo como pressuposto o método de custeio

por atividades, que conforme sugerido por Hansen e Mowen (2001) se mostra mais

adequado para gestão dos custos ambientais, tendo em vista que ainda não se dispõe

de direcionadores obtidos por rastreio utilizou-se o fator de aplicação, que indica

quanto do total dos recursos são atribuídos aos custos ambientais da empresa

estudada.

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52

Tabela 1 - Base de Mensuração das Ações Ambientais

Ações Atividades Ambientais Recursos Critério de

Apropriação Peso

Fator de Aplicação

Ações Ambientais de Planejamento

Matiz de Riscos* 35% Despesa de Pessoal com SSMA Indireto 3 11,67%

Programa de Responsabilidade Ambiental

35% Despesa de Pessoal com SSMA Indireto 2 7,78%

Plano de Controle de Emergências 35% Despesa de Pessoal com SSMA Indireto 2 7,78%

Plano de Emergências em Transportes 35% Despesa de Pessoal com SSMA Indireto 2 7,78%

Ações Ambientais de

Análises, Execução e

Controle

Investigação Ambiental Preliminar Contratos de Prestador do Serviço Direta - 100,00%

Sistema Operacional de Gestão Integrada - SOGI

Faturas mensais - Direito de uso do software

Direta - 100,00%

Gerenciamento de Resíduos Pagamentos a Transportador 35% Despesa de Pessoal com SSMA

Direto Indireto

- 3

100% 11,67%

Diálogo Semanal de Segurança- DSS** Outros Recursos Humanos Indireto - 20,00%

Simulados de Prevenção*** Outros Recursos Humanos Indireto - 100,00%

Controles de Efluentes e Emissão de Gases

Contratos de Prestador do Serviço Direta - 100,00%

Teste de Estanqueidade Contratos de Prestador do Serviço Direta - 100,00%

Registros de Práticas Inseguras e Quase Acidentes

35% Despesa de Pessoal com SSMA Indireto 2 7,78%

Acompanhamento do Licenciamento Ambiental

Consultorias Específicas / Taxas Ambientais / Publicações em DO's

Direta - 100,00%

Ações de Monitoramento e de Certificações

Ambientais

Auditoria de Obtenção/Manutenção das Certificações

Contratos de Prestador do Serviço Direta - 100,00%

Auditorias Internas de Prevenção e de Melhorias

Contratos de Prestador do Serviço Direta

- 100,00%

Monitoramento SSMA e do Sistema de Combate a Incêndios - SCI

Manutenção do SIC 35% Despesa de Pessoal com SSMA

Direta Indireta

- 3

100% 11,67

Programa de Inspeções Invisíveis Outros Recursos Humanos Indireto - 100,00%

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53

Ações de Revisão de Processos Ambientais

Reunião de interface anual 35% Despesa de Pessoal com SSMA Indireto

1 3,89%

Outras Ações Ambientais

Jogue Limpo Não há custos Não há custos - -

Programa Ligados na Qualidade**** Outros Recursos Humanos Indireto - 18,18%

Seguros Ambientais Prêmio da Apólice Ambiental Direta - 100,00%

Assinatura de Revista Ambiental Faturas mensais Direta - 100,00%

Total

*O fator de aplicação de SSMA é calculado tendo por base que 70% das atividades estão presentes neste estudo, aplicando pesos de 1 a 3 nas ações. Os outros 30% das atividade ambientais referem-se a horas de treinamento, solicitações pontuais e/ou urgentes.

**Fator obtido com base no percentual de temas ambientais definidos em norma interna;

***Apenas os simulados ocorridos nas 6 bases de distribuição são mensurados nesse trabalho, dado o risco ambiental apresentados em todos os simulados. Nos escritórios tem foco definido na saúde e segurança dos colaboradores;

****Fator definido com base no percentual de itens ambientais inspecionados. São 8 itens ambientais em um total de 44.

Fonte: Elaboração própria

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54

Quando o critério de apropriação se dá de forma direta o fator de aplicação

dos custos é utilizado em 100% do total de recuso aplicado na atividade, dessa forma

abaixo estão definidas as composições do cálculo para análise do resultado:

Investigação Ambiental Preliminar: A mensuração dessa ação será

atribuída de forma direta, os valores rastreados no sistema contábil

informam que o total gasto com investigação técnica, adequação

ambiental e teste de estanqueidade para novos clientes no ano de 2015

foram de R$ 406.390,41.

Sistema Operacional de Gestão Integrada – SOGI: Para mensuração

dos custos com o SOGI, reuniu-se os pagamentos mensais por direito

de uso de software que somam R$ 86.016,00, acrescendo neste valor

os gastos com treinamentos e customizações da ferramenta de R$

5.285,72, incorridos no ano de 2015 totalizando R$ 91.301,72.

Gerenciamento de Resíduos: Foram identificados em pesquisa no

sistema contábil financeiro da empresa estudada o lançamento de R$

28.500,00 em despesas com o gerenciamento de resíduos sobre a

responsabilidade técnica de terceiros.

Controle de Efluentes e Emissão de Gases: Foram identificados os

custos com essa ação a partir de pesquisa no sistema financeiro por

pagamentos ao fornecedor que valida o inventário de efluentes, o

dispêndio total foi R$ 14.734,85.

Testes de Estanqueidade: Conforme já mencionado na listagem das

atividades os testes de estanqueidade deve seguir a periodicidade legal

definida pelos estados e caso eles se omitam o CONAMA indica a

realização a cada 5 anos. Foram encontrados os lançamentos no ativo

imobilizado da empresa no montante de R$ 27.167,46.

Acompanhamento do Licenciamento Ambiental: A composição dos

custos para esta ação divide-se em quatro grupos: consultorias

específicas, taxas ambientais de operação, taxas ambientais de

transportes, e publicações em diários oficiais e jornais quando obrigado.

A empresa não dispõe em seu plano de contas contábeis uma rubrica

apropriada para os gastos com o licenciamento ambiental, o que dificultou a coleta de

dados e pode reduzir o valor real, dado que foram encontrados lançamentos de gastos

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55

para obtenção da licença ambiental em 6 contas contábeis distintas no ano de 2015,

e não estão inseridos outros custos indiretos como passagens aéreas, hospedagens,

conduções, alimentação, que foram incorridos para obtenção da licença.

Foram localizados os seguintes custos: R$ 231.672,78 com consultorias

para licenciamentos, R$ 103.716,95 com licenças de operação, R$ 25.642,07 com

licenças de transportes, e R$ 10.645,00 com publicações do licenciamento totalizando

R$ 371.676,80 pagos no ano de 2015.

Figura 10 - Classificação dos Gastos com Licenciamento Ambiental

Fonte: Elaboração própria

O gráfico acima demonstra como estão dispostos os custos com o

licenciamento ambiental, é perceptível que os gastos com consultorias superam em

mais da metade todos os demais, admitindo-se a normalidade para tal fato, pois se

não concedida existem implicações que podem chegar à interdição e paralisação da

operação na unidade.

Auditoria de Obtenção/Manutenção das Certificações: No ano de 2015

ocorreu apenas a manutenção da certificação pela empresa

certificadora. Como a empresa não adota os princípios da contabilidade

ambiental os custos com a certificação em 2014 foi lançado diretamente

no resultado, incorrendo para 2015 apenas a manutenção.

A manutenção da certificação resultou para a empresa o dispêndio de R$

21.916,10, não sendo possível mensurar custos indiretos tais como passagens

aéreas, hospedagens, conduções, alimentação para a auditoria.

Auditorias Internas de Prevenção e de Melhorias: Foram realizadas

auditorias internas validando: a conformidade ambiental e requisitos

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56

legais aplicados à empresa, auditoria sobre o SGI, sobre o plano de

emergências em transportes, e auditoria prévia nas unidades

certificadas, totalizando R$ 151.163,89 no ano de 2015.

Monitoramento SSMA e do Sistema de Combate a Incêndios – SCI: Para

o SCI foi feita a busca no sistema contábil financeiro pelos serviços e

aquisições de extintores, hidrantes e mangueiras totalizando o gasto de

R$ 57.896,88.

Seguros: Para mensuração foram considerado o total de apropriações

com a apólice ambiental lançado na conta de despesa com seguros,

totalizando R$ 72.930,80.

Assinatura de Revista Ambiental: O custo foi mensurado a partir dos

lançamentos das faturas, totalizando R$ 14.415,00

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57

Tabela 2 - Total de Custo Direto

Atividades Ambientais -

Custeio Direto

Total por atividade

(%) Ações

Ambientais Total por Ação (%)

Investigação Ambiental Preliminar

406.390,41

31%

Análises, Execução e

Controle

977.663,16 73%

Sistema Operacional de Gestão Integrada - SOGI

91.301,72

7%

Gerenciamento de Resíduos

66.391,92 5%

Controles de Efluentes e Emissão de Gases

14.734,85

1%

Teste de Estanqueidade

27.167,46 2%

Acompanhamento do Licenciamento Ambiental

371.676,80

28%

Auditoria de Obtenção/Manutenção das Certificações

21.916,10

2%

Monitoramento e de

Certificações

268.868,79 20%

Auditorias Internas de Prevenção e de Melhorias

151.163,89

11%

Monitoramento SSMA e do Sistema de Combate a Incêndios - SCI

95.788,80

7%

Seguros Ambientais 72.930,80

6% Outras Ações Ambientais

87.345,80 7% Assinatura de Revista Ambiental

14.415,00 1%

Total Geral 1.333.877,75

100% 1.333.8775 100%

Fonte: Elaboração própria

A tabela acima resume todos os custos diretos atribuíveis às atividades e

as ações ambientais a que estão inseridas. O segundo menor custo direto está

atribuído ao processo de certificação, isso não conclui que a empresa investe pouco

nesta atividade, mas justifica-se, pois, no ano estudado ocorreu apenas a manutenção

da certificação.

Os custos indiretos, são definidos como os Recurso Humano de SSMA ou

Outros Recursos Humanos Internos, compreendem todos os gastos em folha de

pagamento com salários, periculosidade, encargos, férias, 13º salário, participação

nos lucros, e verbas variáveis como horas extras, adicional de transferência e noturno.

A despesa total de pessoal em 2015 com SSMA totalizaram R$ 927.965,58, o salário

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hora médio de um consultor de qualidade em 2015 foi de R$ 19,78, o de um assessor

patrimonial R$ 27,53.

A apuração dos custos com o Recurso Humano de SSMA, são mensurados

conforme determinado na metodologia desta pesquisa, empregando o fator de

aplicação sobre o resultado de 35% da despesa total, pois 35% das atividades de

SSMA são voltadas ao meio ambiente.

O fator de aplicação é calculado de forma ponderada considerando os

pesos definidos na tabela 1, totalizando 70%, pois o setor de SSMA estima em seu

head count 30% das atividades ambientais são atribuídas à treinamentos, e

solicitações pontuais ou urgentes. Desta forma pela atribuição de atividades 35% da

despesa com pessoal em 2015 resulta em R$ 324.787,95, sendo alocado nesta

pesquisa 70% deste valor, totalizando R$ 227.351,57.

Tabela 3 - Custo com Recurso Humano SSMA

Atividades Ambientais

Peso Fator de

Aplicação Total por

atividade (R$) Ações

Ambientais Total por Ação

(R$) (%)

Matiz de Riscos 3 11,67% 37.891,93

Planejamento

113.675,78 50%

Programa de Responsabilidade Ambiental 2 7,78%

25.261,29

Plano de Controle de Emergências 2 7,78%

25.261,29

Plano de Emergências em Transportes 2 7,78%

25.261,29

Gerenciamento de Resíduos 3 11,67%

37.891,93 Análises,

Execução e Controle

63.153,21 28% Registros de Práticas Inseguras e Quase Acidentes 2 7,78%

25.261,29

Monitoramento SSMA e do Sistema de Combate a Incêndios - SCI 3 11,67%

37.891,93

Monitoramento e de

Certificações

37.891,93 17%

Reunião de interface anual 1 3,89% 12.630,64

Revisão de Processos

12.630,64 6%

70% 227.351,57 227.351,57 100%

Fonte: Elaboração própria

A partir dos custos por ações ambientais da área de SSMA, percebe-se que

o setor é responsável integralmente pelas atividades das ações de planejamento e

revisão dos processos, e ambos tem posição opostas pois enquanto as atividades de

planejamento representam o maior gasto do setor, a ação de revisão representa o

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menor, isso ocorre devido aos processos ambientais na empresa estarem

consolidados dado o tempo de implantação, possivelmente os custos com revisões

eram bastante elevados na fase de implantação do SGA.

Os outros recursos humanos são mensurados a partir da apropriação

indireta, com definição de itens específicos para formulação do cálculo, segue abaixo

a forma de mensuração a partir da metodologia aplicada:

Diálogo Semanal de Segurança- DSS: Sabendo-se que a atividade tem

duração média de 5 minutos e realização com periodicidade definida

semanalmente nas bases e mínimo mensal nos escritórios. Em 2015 foi

divulgada na apresentação de resultados da área de SSMA a realização

de 2.279 DSS realizados nas bases e 38 DSS realizados nos escritórios,

a participação dos funcionários supera os 70% quando excluídos do

cálculo os colaboradores do comercial externo, que não desenvolve

suas atividades em posto fixo nas nossas unidades.

Desse modo o cálculo será feito em dois grupos, bases e escritórios,

somando-se o salário hora com os reflexos dos encargos trabalhistas, aplicando o

percentual de participação dos colaboradores de 70%, multiplicado pela fração de

hora 0,08 correspondente ao tempo médio utilizado para diálogo, multiplicando no final

pela quantidade de DSS realizados no grupo e pelo percentual de temas ambientais.

Sabendo que o salário hora dos colaboradores das bases, com reflexo dos

encargos, somavam em 2015 R$ 13.160,96, calcula-se para o grupo 1: Salário hora

R$ 13.160,96 x percentual de participação 70% x fração de tempo dos diálogos 0,08h

x quantidade de DSS nas bases 2.279, totalizando no grupo 1 no ano de 2015 R$

1.679.654,35.

Nos escritórios o salário hora em 2015 somaram R$ 22.222,81 x percentual

de participação 70% x fração de tempo dos diálogos 0,08h x quantidade de 38 DSS

nos escritórios totalizando no grupo 2 R$ 482.857,21.

Somam-se então os gastos dos dois grupos com os colaboradores para

DSS R$ 2.162.511,56, considerando a partir dos temas propostos na norma interna

107, que 20% são temas ambientais, pode-se inferir que os custos ambientais no ano

de 2015 com os DSS foram de R$ 432.502,31.

Simulados de Prevenção: Os simulados ocorridos em 2015 nos

escritórios não são mensurados nesse trabalho, pois foi discutida a

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60

temática de saúde ocupacional, dessa forma são mensurados os 72

simulados, um por mês, que ocorreram nas 6 bases de distribuição no

ano de referência. Para que ocorra a mensuração admite-se que os

simulados tem duração média de 30 minutos, a participação média de

80% dos colaboradores da filial, haja vista que os motoristas não

participam em sua totalidade, pois estão seguindo as atividades de

entrega fora das bases e o somatório do salário hora dos colaboradores

das unidades abrangidas no programa.

Desta forma calcula-se o somatório do salário hora, com reflexos de

encargos, das 6 unidades R$ 5.730,76 x percentual de 80% de participação x fração

de tempo dos simulados 0,5 x quantidade de 72 simulados no ano, totalizando R$

165.045,89.

Inspeções Invisíveis: No ano de referência desse estudo foram

realizadas 343 inspeções invisíveis, a mensuração dessas ações

baseia-se na mão de obra utilizada para realização do check list, dada a

dificuldade de associar os custos indiretos quando incorridos como

condução, alimentação e hospedagem.

Dessa forma será utilizada a média de salário hora, com reflexo de

encargos, dos quatro assessores que realizam o procedimento. Cada check list tem

duração de aplicabilidade média de 6 horas, tempo em que o motorista do CT

distribuirá combustível aos clientes, mais cerca de 2 horas para finalização do relatório

e emissão do parecer. Calcula-se que o custo com a ação é: salário hora médio R$

27,53 x 8 horas em cada inspeção x 343 inspeções no ano, totalizando R$ 75.542,32.

Programa Ligados na Qualidade: O método de custeio aplicado a este

item observa o salário hora médio dos consultores de qualidade,

incluindo os reflexos de encargos, adota-se o tempo médio de 1 hora

para a realização do check list, considerando o total de inspeções ano

de 2015, observando no final o fator de aplicação descrito no quadro 12.

O salário hora médio em 2015 R$ 19,78 x 1 hora para execução da

vistoria x 5.165 check list aplicados em 2015 x 18,18% de fator de

aplicação, totalizando R$ 18.573,36.

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Com os dados da tabela 4, conclui-se que os custos indiretos que não são

atribuídos a SSMA têm maior expressividade com a mensuração de atividades que

mobilizam as unidades da empresa, destacando-se o DSS como o maior custo dada

a sua frequência e abrangência.

Tabela 4 - Custos com Outros Recursos Humanos

Atividades Ambientais (%) Total por

Atividade (R$) Ações

Ambientais

Total por Ação (R$) (%)

Diálogo Semanal de Segurança- DSS

62,53% 432.502,31 Análises,

Execução e Controle

597.548,20 86%

Simulados de Prevenção 23,86% 165.045,89

Programa de Inspeções Invisíveis

10,92% 75.542,32 Monitoramento e de Certificações

75.542,32 11%

Programa Ligados na Qualidade

2,69% 18.573,36 Outras Ações Ambientais

18.573,36 3%

691.663,88 691.663,88 100%

Fonte: Elaboração própria

A figura 11 resume os custos apresentados com as atividades ambientais

de acordo com a aplicação dos custos, sendo com alocação direta com as atividades

desenvolvidas por terceiros e indireta com as despesas de pessoal.

Figura 11 - Custos totais por Critério de Apropriação

Fonte: Elaboração própria

1.333.878

691.664

227.352

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

Custo com terceiros Outros RecursosHumanos Internos

Recurso HumanoSSMA

Total

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62

De acordo com o gráfico presente na figura 11 a maior participação dos

custos ambientais da empresa estão sendo direcionados para terceiros, superando

59% dos gastos totais, e o menor custo está atribuído ao setor de SSMA com pouco

mais de 10%, desta forma pode-se inferir que os prestadores de serviço exercem alta

influência no desempenho do SGA da companhia, o que pode ser um risco em

potencial se eles não partilharem da política de gestão integrada da empresa

estudada.

Ainda no ano de 2015 outros custos são atribuíveis a gestão ambiental e

não foram mencionados anteriormente pois não estão inclusos nas ações promovidas

pela empresa em benefício ao meio ambiente, foram as multas fiscais ambientais

aplicadas no exercício somando R$ 110.241,47 e a Taxa de Controle e Fiscalização

Ambiental, paga ao Ibama trimestralmente por exercer atividades potencialmente

poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais totalizando no referido ano R$

227.020,77, verificou-se também no relatório financeiro a divulgação de uma

contingência com as taxas de licenciamento no valor de R$ 1.882.000,00.

De modo geral o tabela 5 a seguir descreve o custo total da empresa com

atividades ligadas ao meio ambiente.

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63

Tabela 5 - Custo das Ações Ambientais

Ações Custo das Ações Ambientais (R$)

(%)

Ações Ambientais de Planejamento 113.675,78 3%

Matriz de Riscos 37.891,93

Plano de Controle de Emergências 25.261,29

Plano de Emergências em Transportes 25.261,29

Programa de Responsabilidade Ambiental 25.261,29

Ações Ambientais de Análises, Execução e Controle 1.600.472,65 36%

Acompanhamento do Licenciamento Ambiental 371.676,80

Controles de Efluentes e Emissão de Gases 14.734,85

Diálogo Semanal de Segurança- DSS 432.502,31

Gerenciamento de Resíduos 66.391,92

Investigação Ambiental Preliminar 406.390,41

Registros de Práticas Inseguras e Quase Acidentes 25.261,29

Simulados de Prevenção 165.045,89

Sistema Operacional de Gestão Integrada - SOGI 91.301,72

Teste de Estanqueidade 27.167,46

Ações de Monitoramento e de Certificações Ambientais 344.411,11 8%

Auditoria de Obtenção/Manutenção das Certificações 21.916,10

Auditorias Internas de Prevenção e de Melhorias 151.163,89 Monitoramento SSMA e do Sistema de Combate a Incêndios -

SCI 95.788,80

Programa de Inspeções Invisíveis 75.542,32

Ações de Revisão de Processos Ambientais 12.630,64 0,3%

Reunião de interfaceanual 12.630,64

Outras Ações Ambientais 105.919,16 2%

Jogue Limpo 0,00

Programa Ligados na Qualidade 18.573,36

Seguros Ambientais 72.930,80

Assinatura de Revista Ambiental 14.415,00

Aplicação de Taxas, Multas e Contingências 2.219.262,24 50%

Multa Ambiental Fiscal 110.241,47

Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental 227.020,77

Contingência com Taxas de Licenciamento 1.882.000,00

Total geral 4.396.371,58 100%

Fonte: Elaboração própria

O tabela 5 apresenta a partir do mapeamento feito e dos critérios de

mensuração por atividade definidos na metodologia, de forma resumida e

consolidada, relatando quanto custa para a empresa estudada no ano de 2015 para

adequar-se as normas ambientais e promover ações de sustentabilidade totalizando

R$ 4.396.371,58.

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64

Na figura 12 tem-se de forma nítida a concentração dos custos nas ações

ambientais da empresa estudada.

Figura 12 - Custo das Ações Ambientais

Fonte: Elaboração própria

Os dados comprovam atual situação do SGA, desde sua implantação o

mesmo vem recebendo melhorias e certificações o que o leva a estar mais

consolidado, necessitando de mais execução e menos revisão, como ocorre para esta

empresa, gasta-se mais na execução, em seguida na certificação, no planejamento e

por fim na revisão.

4.4 BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Com as ações de sustentabilidade ambientais implementadas pela

empresa estudada são gerados benefícios atrelados à qualidade dos procedimentos

e de cunho econômico na redução de riscos, com passivos ambientais futuros,

atrelados ao patrimônio, produtos, multas e outras sanções administrativas aplicadas

pelos órgãos reguladores.

No ano de 2015 foram elaborados cinco planos de ações a partir das ações

de planejamento da matriz de riscos, obtendo 100% de eficácia e cumprimento dos

prazos propostos, como também não ocorreram acidentes ambientais envolvendo a

empresa estudada, o Art. 75 da Lei 9.605 de 1998 define o mínimo de R$ 50 reais e

máximos de R$ 50 milhões de multa para cada infração ambiental cometida, podendo

3%

36%

8%0,3%2%

50%

Ações Ambientais dePlanejamento

Ações Ambientais de Análises,Execução e Controle

Ações de Monitoramento e deCertificações Ambientais

Ações de Revisão de ProcessosAmbientais

Outras Ações Ambientais

Aplicação de Taxas, Multas eContingências

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65

incorrer ainda gastos com reparação do dano, não havendo limite de valores conforme

prevê o Art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988).

Quanto às ações de análises, execuções e controles implementadas, o

maior benefício é obtido na manutenção da regularidade na para o licenciamento

ambiental e no acompanhamento dos quesitos legais pelo SOGI, pois o não

licenciamento incorre, como prevê o Art. 14 da Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981, na

suspensão das atividades do estabelecimento, ocasionado baixas no faturamento. Na

empresa objeto desse estudo, em 2015 sua maior base de distribuição teve

faturamento médio mensal de R$ 143 milhões, o impacto diário máximo para empresa

poderia chegar a R$ 4,7 milhões por dia, e caso descumprisse de acordo com o Art.

66 do Decreto nº 6.514 de 22 de julho de 2008, a multa varia de 500 reais a 10 milhões

de reais. Para o descumprimento de exigências legais ambientais na comercialização

de produtos o Art. 64, do decreto supra citado, fixou a multa de 500 a 2 milhões de

reais.

Na gestão de resíduos realizada pela companhia do total de resíduos

gerados no ano base desse estudo 68% foram destinados corretamente e os outros

32% permaneceram em estoque para serem destinados posteriormente, quando

analisado isoladamente os resíduos perigosos e os não perigosos foram destinados

corretamente 78% e 40%, respectivamente, permanecendo os demais em estoque,

atendendo as condições exigidas na legislação. A Lei 9.605 de 1998, em seu artigo

56, pune com reclusão, de um a quatro anos, o empreendedor que produzir,

processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,

armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa

ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências

estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.

Na fase de monitoramento e de certificações a empresa obtém maior

benefício com a certificação ISO 14.001, gerando benefícios não mensuráveis, pois,

segundo a empresa estudada a certificação promove uma melhoria da imagem da

empresa junto ao mercado e clientes, a melhoria do desempenho organizacional e

aumento da competitividade, e a melhoria do clima organizacional e aumento da

produtividade.

Com o programa de inspeções invisíveis foram gerados benefícios na

conformidade dos processos, como demonstra a figura 13, a partir da evolução média

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66

dos resultados desde sua implantação em 2013 validando procedimentos na Frota

Própria – FP e Frota Associada – FA.

Figura 13 - Evolução Média dos Resultados Obtidos nas Inspeções Invisíveis

Fonte: Elaboração própria

A figura 13 foi elaborada com base nos dados disponibilizados pela

coordenação de segurança patrimonial da empresa.

As demais atividades que não foram citados os benefícios diretos,

contribuem com os benefícios já mencionados e também com a conscientização

ambiental dos colaboradores podendo ocasionar melhoria na sociedade em geral por

meio do conhecimento e rotina disseminada pela empresa sobre o tema.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2013 2014 2015 2016

67%76%

83% 85%

71%80%

88% 90%

FA

FP

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67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa teve como objetivo mensurar o gasto das ações ambientais

implementadas na empresa no ano de 2015, e a partir da quantificação dessas

atividades poder analisar com os benefícios gerados avaliando a relação custo

benefício.

Percebe-se, ao final desse estudo, a necessidade de identificação no

sistema financeiro da empresa para lançamentos que tenham relação com a

sustentabilidade ambiental, pois determinados custos indiretos não foram inseridos ao

custo total da adequação ambiental às leis vigentes e promoção de atividades de

sustentabilidade, por terem sido feitos em classificações contábeis distintas, ainda que

possivelmente não apresentem valor significativo a modificar a avaliação de

resultados da pesquisa.

Outra dificuldade com que se deparou na pesquisa foi quanto à relação

com todas as ações ambientais praticadas pela empresa, apesar de haver para a

grande maioria normativos internos é importante para a gestão da empresa ter essa

relação, independente se pertencente ao SGA, com o acompanhamento de gastos

por período para a tomada de decisão.

A importância dessas duas recomendações se refletirá no futuro caso a

empresa decida seguir a tendência das demais no setor e emitir relatórios de

sustentabilidade, agregando valor de responsabilidade social a sua marca e de

eficiência da gestão econômica sobre tais ações, definindo por meio de custos e

resultados as diretrizes e prioridades de execução.

A esse estudo não compete avaliar o método de aplicação das ações

ambientais, compete justificar o que leva a empresa a desembolsar recursos para a

promoção de tais ações, como e quais são as atividades implementadas, mensurar o

custo total e avaliar quais os benefícios oriundos delas.

Dessa forma, ficou evidente por meio dos objetivos das ações ambientais

descritas nesta pesquisa que a empresa investe em ações ambientais visando o

atendimento a legislação, dada à expressividade dos valores máximos das multas

ambientais por descumprimento; a redução da propensão das atividades operacionais

para a ocorrência de acidentes ambientais, mediante a probabilidade do impacto que

eles poderiam causar visto que a empresa não teve em sua história acidentes de

grandes proporções e veiculação em grande mídia; e com objetivo no marketing

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verde, visto que a empresa foi pioneira em alguns assuntos ambientais envolvendo a

distribuição de combustíveis e no apoio de ações que vinculem sua marca.

Quanto ao custeio foram definidos critérios observados de como ocorrem à

realização das ações ambientais na pratica, baseando-se em entrevistas com os

setores envolvidos, e na análise de normas e manuais de procedimentos ambientais.

Com a definição do método de custeio foi possível concluir que para a empresa

atender seus objetivos de implantação das ações ambientais, custo no ano de 2015

mais de R$ 4,3 milhões.

Dada à necessidade e o objetivo de cada ação ambiental é possível inferir

quais os benefícios gerados por elas, para tal foram considerados os efeitos

disponibilizados pela empresa com algumas delas, e o impacto imediato, para ter

efeito comparativo em 2015, se não houvessem ações mensuradas que são

obrigatórias.

De tal modo pode-se afirmar que as ações ambientais desenvolvidas por

uma distribuidora de combustíveis, mensuradas nesta pesquisa, possui efeito positivo

representando pouco mais que 0,04% de seu faturamento no ano, dada a sua eficácia

de gestão certificada de acordo com a NBR, a não ocorrência de acidentes ambientais

pela eficácia das ações de controle, e avaliando as penalidades passiveis a empresa

se não houvesse tais ações, comprova-se que a relação custo benefício é bastante

sustentável.

Quanto a realização de futuras pesquisas, visando empreender mais

passos rumo a uma melhor compreensão da contabilidade, sugere-se a replicação

desta pesquisa num estudo multicasos a fim de obter resultados passíveis de

generalização a um segmento maior das distribuidoras de combustíveis.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - PROCESSOS DE APOIO

Controle de documentos e registros gerados

São considerados registros os documentos que demonstram a obtenção

requerida e a efetiva operação do SGI. O controle destes está estabelecido em norma

interna, que determina como identificar, armazenar, proteger, recuperar, reter por um

tempo definido e descartar, quando apropriado, os registros. Cada unidade é

responsável por seu quadro de controle de registros, utilizando o modelo padrão

disponibilizado em norma.

Comunicação interna e externa

A empresa mantém mecanismos de comunicação externos e internos, de

modo a facilitar a divulgação das informações necessárias do sistema de gestão

sendo eles:

o Mecanismos Internos:

Jornal interno com periodicidade bimestral;

Comitê de gestão semanal entre as diretorias;

Entrega de cartilhas informativas;

Portal ambiental na intranet;

Reuniões de membros da CIPA;

Diálogo Semanal de Segurança – DSS nas bases e escritórios;

Canal de TV corporativa;

Treinamento para visitantes com apresentação de vídeo de

segurança e entrega de folders.

o Mecanismos Externos:

Programa Ligados na Qualidade – PLQ, verificando a conformidade

dos produtos vendidos nos postos revendedores ativos na rede;

Ouvidoria;

Canal de atendimento ao cliente;

Central de Apoio a Emergência – CAE;

Sites e redes sociais.

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Treinamentos e conscientização

Anualmente são definidas as principais necessidades de treinamentos e desenvolvimento de programas de

conscientização com foco nas diretrizes estratégicas da organização, esse levantamento contempla os cursos e treinamentos

obrigatórios, definidos em norma interna, conforme quadro abaixo:

Quadro 3 - Treinamentos Obrigatórios

Curso Validade Itens Contemplados Tipo do

Treinamento Indicação

Integração para funcionários

Permanente

• Conhecendo a Empresa e sua história • Armazenagem e Distribuição de Produtos • Produtos Comercializados • Certificação:ISO 9001 / 14001 OHSAS 18001

• Serviços • Recursos Humanos • Benefícios • Segurança da Informação • Meio Ambiente • Segurança • Saúde

EAD Todos funcionários

novatos

Brigada de Incêndio (Primeiros Socorros,

Prevenção e Controle de Incêndio e Plano de

Emergência)

Anual

• Condições gerais • Parada respiratória • Parada cardíaca • Classes de incêndio • Tipo de extintores • EPI’s necessários • Uso de mangueiras

• Queimaduras • Ferimentos • Fraturas • Uso de espuma • Casa de fumaça • Equipamentos energizados • Aula Prática

Externo Socorristas/ Brigadistas

Direção Defensiva Permanente • Segurança nas estradas • Procedimentos da empresa • Condições adversas

EAD Funcionários que

utilizam os veículos da empresa

Procedimento Padrão de Transportes

Permanente • Transporte de combustíveis da base de distribuição ao posto • Procedimentos de descarga segura • Normas de conduta para o transporte

EAD Motoristas de CT's

Carga e Descarga Permanente

• Procedimento de carregamento e descarregamento no posto • Utilização dos EPI’s • Sinalização do local • Aterramento do CT

EAD Motoristas de CT's

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NR 35 - Trabalho em Altura

Bienal De acordo com o conteúdo programático da NR 35 Externo Operadores de

bases e motoristas de CT's

Emissão de Permissão para Trabalho - PT

Bienal

• Condições gerais • Conceituação

• Aplicação • Emissão de PT

Interno Encarregados de

Bases e do setor de compras

NR 05 – CIPA (Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes) Anual De acordo com o conteúdo programático da NR 05.

Interno ou externo

Cipeiros e Designados

NR 20 - Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis

Básico Trienal

De acordo com o conteúdo programático da NR 20. Interno ou

externo

Colaboradores das bases

próprias

Intermediário Bienal

Colaboradores de bases próprias que possuem o básico e motoristas de CT's

Avançado I Anual

Colaboradores de bases próprias que

possuem o Intermediário

Fonte: Elaboração própria

Dos treinamentos obrigatórios citados no quadro 3 apenas três, direção defensiva, NR 35 e Emissão de PT, não

apresentam discussão ambiental, indicando que em cerca de 68% dos cursos o assunto ambiental é abordado. No ano de 2015

foram realizados 233 treinamentos obrigatórios pela companhia com 92% de satisfação por parte dos colaboradores.

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Manutenção

Os ambientes de trabalho são mantidos em condições adequadas quanto

à limpeza, organização, temperatura confortável, luminosidade e mobiliário de modo

à não prejudicar a produtividade necessária à distribuição de combustíveis e nem à

saúde dos funcionários e terceiros.

As bases são providas de sistema de drenagem, constituído de drenos de

bacia e drenos pluviais e dotado de válvulas de bloqueio, e bacias de contenção. Os

pisos da plataforma de enchimento, bacias de contenção e dos depósitos provisórios

são impermeabilizado em toda sua extensão com canaletas de retenção para a

hipótese de derrames.

Os laboratórios das bases visitadas atendem a legislação vigente, com

sistema de exaustão, drenagem para caixas secas, escritório separado da sala de

análises, com iluminação à prova de explosão. Os resíduos de sobras das análises

são retornados para os tanques e a água oleosa segregada para destinação

adequada. Em todas as unidades os dispositivos de segurança são bem sinalizados

e de fácil acesso para casos de sinistros.

Figura 14 - Croqui das Instalações de uma Base de Distribuição

Fonte: Sales (2016) elaborado a partir do registro interno salvo em 02 de março de 2016

1 - Quiosque 10 - Lajes futuras de ECT's 19 - Sistema de Combate a Incêndio

2 - Estacionamento de CT's 11 - Escritório Administrativo 20 - Caixa de Água Potável

3 - Bacia de Tanques 12 - Central de Ar Condicionado 21 - Estacionamento Externo

4 - Praça de Bombas - DCT's 13 - Estacionamento Interno de Veículos 22 - Sistema Recuperador de Vapor

5 - Caixa Separadora de Água e Óleo 14 - Prédio de Serviços Complementares 23 - Central de Resíduos

6 - Lajes de DCT's 15 - Arquivo Inativo 24 - Praça Biodiesel

7 - Quadro de Distribuição 16 - Conforto dos Motoristas 25 - Posto de Abastecimento Frota Própria

8 - Praça de Bombas - ECT's 17 - Portaria 26 - Caixa Separadora

9 - Plataforma de ECT's 18 - Tanque de Água Combate a Incêndio 27 - CCM

Botoeira de Emergência

Legenda:

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77

A figura 14 foi coletada do arquivo interno de uma das bases visitadas, e

dispõe sobre a estrutura que é mantida para operação da atividade de distribuição,

sobre a qual a manutenção de todos os vinte e sete pontos referenciados é primordial

para desenvolvimento de outras ações ambientais.

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APENDICE B - AÇÕES AMBIENTAIS DE PLANEJAMENTO

Matriz de Riscos

Foi estabelecido em normativo interno o procedimento da matriz de riscos

para continuamente identificar o fator de risco, avaliar e implementar medidas de

controle para todos os riscos das atividades existentes, incluindo atividades realizadas

por terceiros, conforme quadro 4.

Quadro 4 - Matriz de Riscos Ambientais

Fonte: Normativo Interno nº 113. Avaliação de perigos e riscos. Atualizado em 27 abr. 2015

A matriz definida no quadro 4 é elaborada para cada uma das sete unidades

certificadas na empresa, dadas às particularidades individuais delas, contendo os

perigos e riscos identificados pelos membros do comitê de SSMA associados aos

requisitos legais presentes no SOGI, cuja analise e avaliação se processa conforme

ilustra o quadro 4

Figura 15 - Análise e Avaliação dos Riscos Ambientais

Fonte: Normativo Interno nº 113. Avaliação de perigos e riscos. Atualizado em

27 abr. 2015

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80

As análises e avaliações dos riscos ambientais são realizadas a partir da

matriz de riscos da unidade, avaliando a significância desses riscos e definindo a

necessidade de ações adicionais ao controle existente.

Ao ser identificado o aspecto ambiental é preciso listar quais os impactos

ambientais a este atrelados e, em seguida, é preciso classificar o risco observando a

extensão das consequências deste impacto, descritas no quadro 5, e também

classificar quanto à ocorrência, se os impactos já ocorreram deve-se observar a

frequência do dano, ou em caso contrário a classificação de ocorrência será definida

pelo grau de probabilidade, ambas descritas no quadro 6.

Quadro 5 - Matriz para análise de consequências

Fonte: Normativo Interno nº 113. Avaliação de perigos e riscos. Atualizado em 27 abr. 2015

Quadro 6 - Matriz para análise de frequências e probabilidades

Fonte: Normativo Interno nº 113. Avaliação de perigos e riscos. Atualizado em 27 abr. 2015

Descrição Consequências ao Meio Ambiente

CríticaMesmo com significativa intervenção, as consequências nas áreas impactadas perduram a longo prazo (mais de 01

ano). Exemplo: explosão de mais de um tanque de armazenamento de combustível.

Maior

Os impactos ambientais requerem grande intervenção para recuperação das áreas impactadas e as consequências

permanecem a médio prazo (entre 03 meses e 01 ano). Exemplo: derrame de combustível de 50.000 litros em solo

permeável, durante transporte.

Moderada

Os impactos ambientais requerem moderada intervenção para recuperação das áreas impactadas e não deixam

consequências a médio ou longo prazo (abaixo de 03 meses para resolução). Exemplo: derrame de combustível em

área com boa possibilidade de recuperação.

MenorOs impactos ambientais são absorvidos pelas áreas afetadas, que se recuperam espontaneamente e em curto

espaço de tempo. Exemplo: pequenos derrames de combustível.

Insignificante Não há impacto ambiental perceptível Exemplo: Consumo de energia elétrica nas bombas do SCI.

Nota Descrição Significado Descrição Significado

5Quase Certo Certamente ocorrerá na maioria das vezes. Constante

A consequência ocorrerá sempre que o

aspecto ambiental ou perigo existir.

4

Provável

Provavelmente ocorrerá na maioria das

vezes. Muito Frequente

Ocorrerá em mais de 50% dos casos em que

o aspecto ambiental ou perigo existir.

3

Possível

Deverá ocorrer alguma vez. Por

exemplo, uma vez por ano. Frequente

Ocorrerá entre 30 e 50% dos casos que o

aspecto ambiental ou perigo existir.

2Improvável

Poderá ocorrer alguma vez. Por exemplo,

uma vez a cada dez anos. Pouco Frequente

Ocorrerá entre 5 e 30% dos casos que o

aspecto ambiental ou perigo existir.

1Raro

Poderá ocorrer somente em circunstâncias

excepcionais. Raro

Ocorrerá abaixo de 5% dos casos que o

aspecto ambiental ou perigo existir.

Probabilidade (P)

(Para impactos ambientais e danos potenciais)

Frequência (F)

(Para impactos ambientais e danos reais)

Page 83: ANÁLISE DE CUSTOS AMBIENTAIS: Estudo sobre a relevância ... · Análise de custos ambientais: estudo sobre a relevância dos gastos do sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora

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Page 84: ANÁLISE DE CUSTOS AMBIENTAIS: Estudo sobre a relevância ... · Análise de custos ambientais: estudo sobre a relevância dos gastos do sistema de gestão ambiental, em uma distribuidora

82

Como demonstra a figura 13, a análise de significância é dada pela

combinação entre frequência ou probabilidade e o nível de consequências. Na

empresa estudada os riscos ambientais tem valor significativo se o nível de

significância for maior ou igual a 10, caso seja igual a 8 ou 9 é classificado como

moderado, e se o os níveis forem inferior a 8 os riscos são considerados como

aceitáveis.

Figura 16 - Análise de Significância do Risco

Fonte: Normativo Interno nº 113. Avaliação de perigos e riscos. Atualizado em

27 abr. 2015

Após a análise do risco ambiental e do seu valor para a companhia, é

descrito na matriz de riscos quais os controles que estão sendo aplicados para a

contenção do mesmo, como também é medida a eficácia desses controles, conforme

Quadro 7.

Quadro 7 - Matriz para avaliação da eficácia dos controles

Fonte: Normativo Interno nº 113. Avaliação de perigos e riscos. Atualizado em 27 abr. 2015

Nota Descrição Eficácia dos Controles Aplicados

5 Nenhum Nenhum controle está sendo aplicado e/ou os controles aplicados não surtem nenhum efeito

4 Deficiente

Os controles atualmente em uso não conseguem reduzir as probabilidades/frequências nem reduzir as

consequências a um nível aceitável na maioria das vezes, demonstrado pela existência de muitas falhas

associadas aos controles.

3 ModeradoOs controles atualmente em uso conseguem reduzir as probabilidades/frequências e/ou reduzir as

consequências a um nível aceitável algumas vezes, mas apresentam falhas.

2 EficienteOs controles atualmente em uso conseguem reduzir as probabilidades/frequências e/ou reduzir as

consequências a um nível aceitável na maioria das vezes, com poucas falhas.

1 Muito EficienteOs controles atualmente em uso conseguem reduzir as probabilidades/frequências e/ou reduzir as

consequências a um nível aceitável praticamente todas as vezes.

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O quadro 7 descreve como devem ser classificados os controles aplicados

aos riscos ambientais da unidade. De acordo com a norma interna a avaliação deve

se basear em testes, constatações de auditorias ou outros monitoramentos e

resultados de sua aplicação real. A partir destas informações o quadro acima é

utilizado.

Uma vez definido o nível de significância do risco ambiental para a

companhia e a eficácia dos controles, a empresa faz uma avaliação da necessidade

de ações adicionais aos controles já existentes, podendo definir um plano de ação a

partir da avaliação.

Figura 17 - Matriz para decisão quanto à tomada de ações

Fonte: Normativo Interno nº 113. Avaliação de perigos e riscos. Atualizado em

27 abr. 2015

A figura 17 relaciona o nível de significância do risco com a eficácia dos

controles, e conforme definido em norma interna, orienta quanto aos procedimentos

que deverão ser aplicados, se necessário. Abaixo segue as orientações para cada

nível:

I. A Atividade deve ser interrompida ou não deve ser iniciada até que medidas de

controle sejam implementadas. Após a implementação dos controles, deve

haver nova avaliação;

II. Devem ser tomadas medidas de controle no prazo mais rápido possível;

III. A aplicação de controles adicionais ou revisão nos controles existentes devem

considera o custo para implantação. Se a redução da significância for vantajosa

relacionando com o custo, os controles serão aplicados;

IV. Nenhuma medida adicional de controle é necessária.

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Admitindo-se a necessidade de implantação de controles adicionais,

deverão ser elaborados planos de ação obedecendo à sistemática americana 5W1H,

que traduzida ao português significa: o quê, quando, quem, onde, porquê e como.

Programa de Responsabilidade Ambiental

O Programa de Responsabilidade Ambiental - PRA consiste em propor

iniciativas de conscientização ambiental e desenvolvimento social, com foco em ações

que venham disseminar os bons hábitos para a preservação do meio ambiente, dando

abrangência a todos colaboradores, prestadores de serviços e na comunidade local.

O quadro 8 apresenta as ações pertencentes ao programa que foram realizadas no

ano de 2015.

Quadro 8 - Cronograma do Programa de Responsabilidade Ambiental

Fonte: Adaptado de Programa de Responsabilidade Ambiental. Atualizado em: 13 maio. 2016

O comitê de SSMA é responsável por definir anualmente o cronograma de

execução do programa e o setor de auditoria interna do SGI de acompanhar se as

ações planejadas no PRA estão sendo executadas.

Plano de Controle de Emergências

O Plano de Controles de Emergências – PCE tem por finalidade manter a

integridade material e física das unidades da empresa e de seus funcionários, visando

fornecer-lhes um embasamento teórico simples, de fácil compreensão e adaptado às

Ação Abrangência Realização

DSS de conscientização sobre o consumo consciente da água. Todos os colaboradores Março/2015

Campanha interna de eficiência energética e do consumo

consciente da água e energia.Unidades certificadas Abril/2015

DSS sobre a política de SGI. Todos os colaboradores Abril/2015

News no blog do revendedor sobre meio ambiente. Postos revendedores Maio/2015

Campanha interna de conscientização sobre reciclagem de

resíduos.Todos os colaboradores Maio/2015

Campanha interna de conscientização ambiental, em

comemoração ao dia mundial do meio ambiente.Unidades certificadas Junho/2015

DSS sobre consumo consciente de energia. Todos os colaboradores Setembro/2015

Palestras na comunidade em torno das unidades certificadas

sobre coleta seletiva e reaproveitamento do lixo.Comunidade

Outubro à

Dezembro/2015

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necessidades, que, aliado aos treinamentos práticos, será uma ferramenta eficaz no

combate de possíveis situações de emergências que possam ocorrer.

O documento atende a ISO 14001 em seu requisito 4.4.7 que trata sobre

os procedimentos realizados para resposta de acidentes ou situações potenciais com

forma de prevenir ou mitigar, analisar periodicamente e testar quando exequível.

Atende também ao Decreto 4.085 que dispõe sobre a prevenção de acidentes

industriais fundamentando o documento em situações com ocorrência de emergência

em toda esfera química, exigindo os procedimentos para o planejamento preventivo

com atendimento a situações emergenciais.

Estão presentes no PCE de cada unidade um conjunto de procedimentos

e métodos que tem por objetivo o controle dos mais variados tipos de emergências

que possam ocorrer, tais como: incêndios, acidentes com vítimas, derrames,

vazamentos, manifestações, violências como assalto ou rendição, conforme os

impactos significativos.

O PCE está disponível a todos os colaboradores por meio da intranet e

impresso em locais estratégicos da unidade com a relação de brigadistas7 que tem

amplo conhecimento sobre o plano e em casos de emergências devem ser acionados.

Está contido no plano:

Descrição dos recursos disponíveis:

o Humanos e materiais da unidade;

o Combate a incêndio;

o Primeiros socorros;

o Recursos humanos externos, como bombeiros e outros;

Responsabilidades nas ações de resposta a situação de emergência;

Definição do fluxo das comunicações:

o Internas;

o Órgãos ambientais reguladores;

o Externas – Sociedade em geral;

Cenários de situações de emergências e pós emergências;

Cronograma de treinamentos e simulados de emergências;

7 Colaboradores que fizeram o treinamento da brigada de incêndio para auxiliar em casos emergenciais e de primeiros socorros.

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Plano de Emergências em Transportes

O Plano de Emergências em Transportes - PET define a atuação da

empresa estudada e das demais transportadoras participantes, em situações de

emergências envolvendo o transporte de combustíveis oriundos ou adquirido na

distribuidora estudada.

Em casos de acidentes envolvendo o transporte de combustíveis na

modalidade CIF a empresa estudada assume de forma total ou solidariamente os

riscos envolvidos a operação, por esse motivo as transportadoras associadas, que

prestam esse serviço, de forma compulsória precisam integrar ao PET assinando

formalmente o termo de adesão proposto em cláusula contratual.

O plano fundamenta-se em hipóteses acidentais relevantes, considerando-

se os riscos presentes no transporte, padronizando as medidas de segurança a serem

adotadas pelos participantes. As hipóteses acidentais mostram os elementos críticos,

os eventos indesejáveis, possíveis causas e ações de controles.

Tendo em vista a possibilidade de materialização de consequências

significativas tais como incêndios, vazamentos e outras, e em função da probabilidade

de suas ocorrências, o plano define os principais eventos acidentais das operações

de transportes de combustíveis:

Evento 1: Incêndio ou explosão em caminhão-tanque, carregado ou vazio;

Evento 2: Vazamento e/ou derrame do produto transportado em caminhão-

tanque, com potencial de gerar explosão, incêndio ou poluição ambiental;

Evento 3: Colisão em trânsito com caminhão-tanque, carregado ou vazio. Que

ofereça riscos às pessoas ou ao meio ambiente.

Para cada uma das hipóteses acidentais foram desenvolvidas medidas de

mitigação do risco e são constantemente avaliadas nas inspeções invisíveis e em caso

de descumprimento medidas administrativas são aplicadas.

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87

APENDICE C - AÇÕES AMBIENTAIS DE ANÁLISES, EXECUÇÃO E CONTROLE

Investigação Ambiental Preliminar

Com o intuito de reduzir os casos de passivos ambientais na rede de

clientes da empresa estudada e também diminuir as responsabilizações sobre

passivos ambientais pré existentes perante aos órgãos ambientais, foi criado um

padrão para investigações ambientais pré contratuais que obrigatoriamente devem

ser realizadas em todos os casos de Proposta Cliente Revendedor – PCR8 de troca

de bandeira e uso de imagem.

A investigação ambiental está prevista no normativo interno nº 031,

devendo ser contratada pelo setor de engenharia da distribuidora e as verbas

disponibilizadas em PCR. Se o posto já tiver contratado a investigação, o setor de

engenharia deve analisá-la, e caso não atenda aos padrões técnicos mínimos

exigidos, a investigação será devolvida e deverá ser refeita, obrigatoriamente, com as

empresas homologadas pela companhia.

O escopo utilizado na investigação divide-se em duas etapas, a primeira de

investigação técnica e a segunda consiste na realização de testes de estanqueidade.

Abaixo segue os procedimentos padrões que devem ser seguidos pela consultoria

contratada na íntegra:

Investigação Técnica Padrão:

o Caracterização geral do posto;

o Reconhecimento da área para um trabalho seguro;

o Caracterização do entorno num raio de 100 metros;

o Histórico operacional do empreendimento;

o Inventário das instalações;

o Geologia e hidrologia regional;

o Classificação do posto de acordo com norma ABNT 13786;

o Estudo de Soil Gas Survey em malha regular;

o A Sondagem para coleta de solo e água deverá seguir até 15 metros

de profundidade ou até atingir o lençol freático;

8 Proposta financeira elaborada pelo setor comercial da empresa quando um cliente pretende abrir um posto novo, trocar de bandeira, realizar um contrato de uso da marca, definindo investimentos em relação ao volume mensal previsto na negociação.

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o Coleta de solo e água para análise laboratoriais nos parâmetros BTEX

e PAH (podendo a critério da companhia solicitar TPH e Etanol);

o Registro fotográfico completo das instalações, mínimo de 08 fotos;

o Interpretação dos resultados em função dos principais regulamentos

ambientais aplicáveis: conclusões, recomendações e confecções de

relatório técnico.

Teste de Estanqueidade:

o Realizado por empresas certificadas na Portaria Inmetro nº 259;

o Deverá conter Anotação de Responsabilidade Técnica – ART assinada

por um engenheiro mecânico.

Caso sejam identificadas alterações nos testes citados acima ou o posto já

possua passivos ambientais, será solicitada a investigação ambiental detalhada, que

tem por objetivo quantificar o risco a saúde humana e determinar a necessidade de

intervir em uma área contaminada.

Após o resultado o setor de engenharia emitirá seu parecer quanto a

liberação da negociação, caso o parecer não seja favorável o jurídico e o setor

comercial tem autoridade para aprovar a negociação mediante os riscos colocados.

Sistema Operacional de Gestão Integrada

Com o objetivo de manter a sistemática para identificação, análise, acesso

e atualização da legislação e os requisitos aplicáveis às atividades de negócio da

empresa estudada, no que diz respeito à matéria de segurança e meio ambiente, foi

adquirida a licença de uso do software.

A equipe de analistas da Verde Ghaia, empresa responsável pelo sistema,

realiza o levantamento preliminar da legislação relativa às atividades, produtos e

serviços da organização, com base no ramo de atividade da empresa, nos âmbitos

federal, estadual e municipal.

As informações coletadas durante o processo de identificação são lançadas

na planilha Lista Interna de Requisitos Aplicáveis – LIRA, disponível no sistema para

ser controlado e acompanhado o atendimento à legislação. São mais de 5.000

dispositivos legais atualizados e acompanhados pela Verde Ghaia e a área de

compliance no setor jurídico da empresa estudada, responsável também por monitorar

e garantir os prazos estabelecidos.

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Gerenciamento de Resíduos

Para atendimento dos dispositivos legais referente aos resíduos gerados

nos processos operacionais, a distribuidora em análise realiza o gerenciamento

visando também minimizar os riscos de contaminação ambiental e preservar a

segurança de seus funcionários, meio ambiente e das instalações.

O programa de gerenciamento da empresa estudada é definido em norma

interna atribuindo responsabilidades ao coordenador da unidade, com o dever

principal de preencher corretamente a planilha de gerenciamento e monitorar a

transferência dos resíduos, o setor de SSMA em avaliar o monitoramento mensal, e

ao setor jurídico a verificação ao atendimento das normas aplicáveis ao tema.

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Quadro 9 - Caracterização dos Resíduos Gerados na Empresa Estudada

Item Resíduo Estado Físico Classe Geração Frequência Tipo de Armazenagem Destinação

1Óleo derramado ou residual da CSAO ou Água oleosa proveniente de

contaminação.

Líquido/Pasto

soI Processo Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

2 Panos de limpeza contaminados com óleos, graxas ou tintas Sólido I Manutenção e Limpeza Contínua Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

3 Frascos vazios e contaminados com aditivos /marcadores Sólido I Processo Contínua Caixas de PapelãoFornecedor / Empresa

Especializada

4Vasilhames contaminados com tintas e óleos em geral, exceto óleo

vegetalSólido I Obra Eventual A granel Empresa Especializada

5 Resíduo de caixa de gordura + fossa séptica Pastoso I Diversos ContínuaO resíduo permanece na

mesma até recolhimentoEmpresa Especializada

6 Equipamentos diversos contaminados com combustíveis Sólido I Processo Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

7 Resíduos de areia com combustível Sólido IManutenção e

ProcessoEventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

8Resíduos de Limpeza de tanque/ Drenagem de tanque processo

bombeio.Pastoso I Manutenção Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

9Óleo lubrificante, óleo hidraúlico usados e outros óleos, exceto óleo

vegetalLíquido I Manutenção Contínua Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

10 EPIs inservíveis Sólido I / II B Diversos Contínua Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

11 Resíduos de vidro contaminados com produtos perigosos Sólido I Diversos Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

12 Lâmpadas fluorescentes inservíveis Sólido I Iluminação Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

13 Pilhas Usadas Sólido I Atividade administrativa Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

14 Outros resíduos contaminados com produtos perigosos* Sólido I Diversos Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

15 Sobras de papelão + sobras de papel Sólido II A Coleta Seletiva DiáriaColetores plásticos

tampadosReciclagem

16 Sobras Resíduos de plástico Líquido II A Coleta Seletiva DiáriaColetores plásticos

tampadosReciclagem

17 Objetos alumínio Sólido II A Coleta Seletiva EventualColetores plásticos

tampadosReciclagem

18 Restos de Vidro Sólido II A Coleta Seletiva EventualColetores plásticos

tampadosReciclagem

19 Restos de alimentos Sólido II B Alimentação Eventual Bombonas Plásticas Aterro / Compostagem

20 Restos de Óleo vegetal usado Sólido II A Alimentação Eventual Bombonas Plásticas Reaproveitamento

21 Pneus inservíveis Sólido II B Manutenção Eventual A granel Fornecedor

22 Toners e cartuchos de tinta para impressoras Sólido II B Atividade administrativa Eventual Coletor Plástico Reciclagem

23 Restos de vegetais e /ou podas de árvores Sólido II B Manutenção Eventual Caçambas Abertas Reciclagem

24 Entulhos de construção civil* + pallets e madeira Sólido II B Manutenção Eventual Caçambas Abertas Reciclagem

25 Sucata Metais Ferrosos, exceto alumínio Sólido II B Diversos Eventual Caçambas Abertas Reciclagem

26 Produtos eletroeletrônicos e seus componentes Sólido II B Atividade administrativa Eventual A granel Aterro / Reciclagem

Caracterização dos Resíduos

Legenda:

Classe I - Perigosos

Classe II A - Não Perigosos e Não Inertes

Classe II B - Não Perigosos e Inertes

* Em caso de dúvida consulte a resolução CONAMA 307 ou entre em contato com à Coordenação de SSMA.

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Fonte: Normativo Interno nº 118. Gerenciamento de Resíduos. Atualizado em: 11 jan. 2016

Item Resíduo Estado Físico Classe Geração Frequência Tipo de Armazenagem Destinação

1Óleo derramado ou residual da CSAO ou Água oleosa proveniente de

contaminação.

Líquido/Pasto

soI Processo Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

2 Panos de limpeza contaminados com óleos, graxas ou tintas Sólido I Manutenção e Limpeza Contínua Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

3 Frascos vazios e contaminados com aditivos /marcadores Sólido I Processo Contínua Caixas de PapelãoFornecedor / Empresa

Especializada

4Vasilhames contaminados com tintas e óleos em geral, exceto óleo

vegetalSólido I Obra Eventual A granel Empresa Especializada

5 Resíduo de caixa de gordura + fossa séptica Pastoso I Diversos ContínuaO resíduo permanece na

mesma até recolhimentoEmpresa Especializada

6 Equipamentos diversos contaminados com combustíveis Sólido I Processo Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

7 Resíduos de areia com combustível Sólido IManutenção e

ProcessoEventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

8Resíduos de Limpeza de tanque/ Drenagem de tanque processo

bombeio.Pastoso I Manutenção Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

9Óleo lubrificante, óleo hidraúlico usados e outros óleos, exceto óleo

vegetalLíquido I Manutenção Contínua Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

10 EPIs inservíveis Sólido I / II B Diversos Contínua Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

11 Resíduos de vidro contaminados com produtos perigosos Sólido I Diversos Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

12 Lâmpadas fluorescentes inservíveis Sólido I Iluminação Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

13 Pilhas Usadas Sólido I Atividade administrativa Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

14 Outros resíduos contaminados com produtos perigosos* Sólido I Diversos Eventual Tambor de 200 Litros Empresa Especializada

15 Sobras de papelão + sobras de papel Sólido II A Coleta Seletiva DiáriaColetores plásticos

tampadosReciclagem

16 Sobras Resíduos de plástico Líquido II A Coleta Seletiva DiáriaColetores plásticos

tampadosReciclagem

17 Objetos alumínio Sólido II A Coleta Seletiva EventualColetores plásticos

tampadosReciclagem

18 Restos de Vidro Sólido II A Coleta Seletiva EventualColetores plásticos

tampadosReciclagem

19 Restos de alimentos Sólido II B Alimentação Eventual Bombonas Plásticas Aterro / Compostagem

20 Restos de Óleo vegetal usado Sólido II A Alimentação Eventual Bombonas Plásticas Reaproveitamento

21 Pneus inservíveis Sólido II B Manutenção Eventual A granel Fornecedor

22 Toners e cartuchos de tinta para impressoras Sólido II B Atividade administrativa Eventual Coletor Plástico Reciclagem

23 Restos de vegetais e /ou podas de árvores Sólido II B Manutenção Eventual Caçambas Abertas Reciclagem

24 Entulhos de construção civil* + pallets e madeira Sólido II B Manutenção Eventual Caçambas Abertas Reciclagem

25 Sucata Metais Ferrosos, exceto alumínio Sólido II B Diversos Eventual Caçambas Abertas Reciclagem

26 Produtos eletroeletrônicos e seus componentes Sólido II B Atividade administrativa Eventual A granel Aterro / Reciclagem

Caracterização dos Resíduos

Legenda:

Classe I - Perigosos

Classe II A - Não Perigosos e Não Inertes

Classe II B - Não Perigosos e Inertes

* Em caso de dúvida consulte a resolução CONAMA 307 ou entre em contato com à Coordenação de SSMA.

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92

O quadro 9 apresenta a relação de todos os resíduos gerados nas unidades

da empresa bem como outras características como origem e classe do resíduo de

acordo com a ISO 14000. Os resíduos devem ser estocados temporariamente para

aguardar a destinação final, devendo ser recolhidos, identificados e segregados em

recipientes adequados, em bom estado de conservação e apropriados ao tipo de

resíduo.

Na destinação de resíduos são emitidas três vias do comprovante padrão

exigido pela empresa, sendo a 1ª para a geradora, a 2ª para a transportadora e a 3ª

para a empresa receptora. Com esse comprovante é alimentada a planilha de

acompanhamento mensal da geração de resíduos.

Diálogo Semanal de Segurança

O Diálogo Semanal de Segurança – DSS foi criado como meio de

conscientização de todos os colaboradores, visando à manutenção do estado seguro

de trabalho e do acidente zero, apoiando o corpo gerencial da empresa na tarefa de

condução das conversações de segurança e no envolvimento da equipe.

O DSS é realizado em horário de trabalho com as pessoas presentes na

empresa, durando em média 5 minutos. Os temas são pré definidos pelo setor de

SSMA e comum a todas as filiais que recebem subsídios teóricos para a discussão.

Ao final de cada DSS é passada uma lista de presença para controle da abrangência

dos diálogos.

Em 2015, ano de referência desse estudo, foram realizados nas bases de

distribuição 2.064 e nos escritórios 52 diálogos de segurança, somando mais de 44

mil participações. De acordo com os dados disponibilizados cerca de 20% estão

relacionados com a questão socioambiental.

Simulados de Prevenção

Os simulados de prevenção estão inseridos no plano de controle de

emergência da empresa e são conduzidos pela equipe de brigadistas, com a

finalidade de representar providências necessárias em uma situação de risco.

São realizados nas unidades certificadas com periodicidade mensal e nos

escritórios a cada semestre, totalizando no ano de 2015: 78 simulados sendo 72 nas

bases de distribuição e 4 nos escritórios, eles possuem duração média de 30 minutos

e são previstos anualmente na elaboração do cronograma do PCE.

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93

Após a execução do simulado para ocorrer o restabelecimento das

atividades nas unidades operacionais, é avaliado com os participantes os pontos

positivos e negativos, proporcionando pontos de melhorias para as ações realizadas

no simulado.

Controles de Efluentes

O controle de efluentes da empresa estudada é realizado apenas em uma

base de distribuição. O estado de Minas Gerais ainda é o único a listar a análise de

efluentes como requisito obrigatório para emissão do licenciamento ambiental entre

as filiais da distribuidora.

A unidade possui uma Estação de Tratamento de Efluentes – ETE, que é

analisada mensalmente por uma empresa especializada e cabe à unidade coletar as

informações desse monitoramento encaminhando para o setor de SSMA, este último

estará realizando a avaliação crítica e o monitoramento dos parâmetros analisados de

modo a verificar a conformidade ou a necessidade de intervenção para ajustes de

procedimentos.

Testes de Estanqueidade

O teste de estanqueidade tem o objetivo de validar a situação de

integridade no Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis – SASC, e

são realizados no inicio do contrato de revenda, previsto em PCR, como também

durante o contrato em periodicidade estabelecida pelos órgãos ambientais de cada

estado ou município.

A renovação dos testes é conduzida pela área de engenharia e está

definida na periodicidade descrita no Anexo A baseado nos requisitos legais locais.

Nos casos em que seja detectada a não estanqueidade em algum dos

compartimentos ou componentes do SASC, deverá ser executado os reparos

necessários e realizar um novo ensaio de estanqueidade de todo o conjunto. Em

casos de tanque comprovadamente não estanque por furo, problema estrutural de

chapas e/ou flange da boca de visita, o revendedor será orientado a através da área

comercial a retirar o produto do tanque, não mais abastecer esse tanque, inutilizando

temporariamente, até que sejam tomadas as providencias definitivas. Nesse caso,

será necessário dar o encaminhamento para a retirada ou substituição desse tanque

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94

em negociação comercial através de PCR ou para que o revendedor providencie a

contratação para a troca.

As causas mais frequentes encontradas na empresa citadas pelo setor de

engenharia são: a corrosão interna ou externa das chapas dos tanques, falhas nas

partes soldadas dos tanques, e erros na instalação e manutenção nos tanques.

Registro de Práticas Inseguras e Quase Acidente

Essa ação tem por objetivo estabelecer os procedimentos necessários para

a comunicação, análise e tratamento dos incidentes e práticas inseguras, visando

atuar preventivamente, a fim de evitar à ocorrência de acidentes que possam gerar

danos às pessoas, ao patrimônio e ao meio ambiente.

Os registros ocorrem pela intranet da empresa ou pelas urnas distribuídas

em todas as unidades posicionada em locais estratégicos e de fácil acesso. Em 2015

foram realizados mais de 800 registros, conforme divulgado na apresentação das

demonstrações financeiras do ano estudado.

Acompanhamento do Licenciamento Ambiental

Conforme regulamenta o IBAMA o licenciamento ambiental é obrigatório

antes da instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente

poluidora ou degradadora do meio ambiente, e a manutenção desse licenciamento é

importante para a continuidade dessas operações.

Para a empresa estudada, o licenciamento ambiental ocorre em: bases

operacionais de armazenagem de combustíveis e derivados de petróleo, e nas bases

administrativas e escritórios conforme critério do órgão ambiental local, ambas

emitidas pelos órgãos regulamentadores locais; e o licenciamento da frota própria de

transporte de cargas e produtos perigosos, que conforme Resolução Conama

237/1997 o controle ambiental compete a União quando as atividades são localizadas

ou desenvolvida em dois ou mais estados da federação.

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Quadro 10 - Atividades e Responsabilidade no Processo de Licenciamento

Atividade Setor Responsável

Orientação sobre aspectos legais envolvidos no licenciamento

Setor Jurídico

Orientação sobre aspectos técnicos relacionados as condicionantes ambientais

SSMA, Engenharia, Operações, Transportes

Recolhimento dos documentos necessários para o processo de obtenção ou renovação de licenciamentos

Setor Jurídico com apoio do SSMA, Engenharia, Operações, Transportes.

Contratação de empresas especializadas para realização de estudos e outros serviços necessários ao licenciamento

Para o caso de novas bases operacionais ou de obras de ampliação/alteração, terá apoio da Engenharia. Se envolver planos e estudos ambientais, o SSMA participará na análise e contratação.

Criação e posterior checagem de um processo de due diligence para os licenciamentos ambientais e ainda na avaliação, acompanhamento, monitoramento e consultoria dos processos de licenciamento junto aos órgãos ambientais.

Consultor externo com acompanhamento do Setor Jurídico e SSMA. Para o caso de novas bases operacionais ou de obras de ampliação/alteração, terá o apoio do Setor de Engenharia.

Acompanhamento do andamento do processo de obtenção ou renovação de licenciamentos

Setor Jurídico

Providenciar a publicidade dos pedidos de licenciamento, na forma da lei

Setor Jurídico

Controle do cumprimento dos condicionantes das licenças ambientais

SSMA, Operações, Engenharia, Transportes e Jurídico, de acordo com a natureza da obrigação a ser cumprida.

Controle e observação do prazo de validade das Licenças Ambientais

Setor Jurídico

Arquivamento dos documentos originais de licenciamento

Coordenação/Supervisão da unidade

Fonte: Elaboração própria

O quadro 10 apresenta a responsabilidade de cada setor no processo de

obtenção ou renovação do licenciamento na empresa, e foi elaborado de acordo com

normativos internos e entrevistas aos setores responsáveis.

Além das licenças ambientais das unidades ou dos veículos

transportadores de combustíveis, e empresa acompanha o processo de licenciamento

de seus prestadores de serviços e exige em casos de transporte na modalidade FOB

a licença ambiental da empresa e do veículo além de verificar se o motorista possui

os cursos MOPP, NR-20 e NR-35, pois a mesma reconhece que é responsável

solidária pela reparação aos danos ambientais provocados por terceiros que tenham

sido por ela contratados para o exercício de atividades meio que esteja associada à

sua atividade fim. Nesse aspecto, os prestadores de serviço são obrigados a manter

a comprovação do licenciamento ambiental.

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APENDICE D - AÇÕES DE MONITORAMENTO E DE CERTIFICAÇÕES

AMBIENTAIS

Auditoria de Obtenção/Manutenção das Certificações

A certificação está definida no manual de SGI da empresa como o processo

de recebimento de um certificado, concedido por um organismo credenciado,

mediante comprovação por evidências objetivas, de que a empresa atende aos

requisitos de gestão de forma padronizada.

A entidade certificadora que avaliou o processo de gestão ambiental nas

oito unidades certificadas foi a Bureau Veritas, de acordo com o escopo definido,

quanto às atividades de: armazenamento, carregamento, compra, logística,

distribuição, comercialização de combustíveis para todos os revendedores e avaliação

da conformidade do combustível nos postos revendedores bandeira própria; e quanto

a geografia definida pela alta gestão em 6 cases de distribuição e 2 escritórios

administrativos.

Em 11 de Julho de 2014 foi aprovada a certificação no escopo definido

acima com validade de 3 anos. Uma vez conquistada a certificação a empresa passará

anualmente por auditorias de manutenção da certificação pela mesma empresa que

emitiu a certificação. Os itens avaliados estão contidos na padronização internacional

de normas e procedimentos aprovadas pelas NBR’s ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS

18001.

Auditorias Internas de Prevenção e de Melhorias

As auditorias internas de prevenção e melhorias têm dois objetivos

principais, o primeiro é avaliar se o SGI contempla as normas NBR ISO 9001, NBR

ISO 14001 e OHSAS 18001, e o segundo objetivo consiste em periodicamente

verificar a continuidade das ações certificadas em cumprimento dos requisitos da

legislação aplicável e identificando pontos de melhorias no escopo.

As auditorias tem frequência anual e podem ser conduzidas pelo setor de

auditoria interna ou por entidade não certificadora especializada em auditoria ou

implantação de Sistemas de Gestão Integrada, de forma que os resultados serão

reportados à alta gestão da empresa.

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Quadro 11 - Classificação do Resultado da Auditoria Interna

Tipo Descrição Prioridade

Não Conformidades Reais Quando constitui um fato real que tenha ocorrido, indicando a correção imediata

Maior prioridade

Não Conformidades Potenciais

Quando ainda não ocorreu, mas existe uma possibilidade que venha a ocorrer. Não haverá correção imediata para este registro

Média prioridade

Oportunidades de Melhorias

Considerado melhorias quando o processo está funcionando, porém com implementação de ajustes poderá otimizar ainda mais o processo

Menor prioridade

Fonte: Elaboração própria

Ao final da auditoria é exigida a emissão do relatório final contendo a

classificação exposta no Quadro 10, elaborado conforme normativo interno. As

indicações de ajustes são repassadas aos setores responsáveis para que regularizem

no prazo estabelecido. De forma a pressionar a correção, as ações são

acompanhadas em ferramenta com acesso pela alta gestão.

Monitoramento SSMA

O setor de SSMA, responsável pelo monitoramento da segurança, do meio

ambiente e da saúde ocupacional nas instalações da empresa estudada, realiza

procedimentos em periodicidade mensal, de forma a garantir o atendimento à

legislação e a conformidade com os controles estabelecidos nas normas internas.

Com equipe presente apenas em quatro unidades, o setor de SSMA conta

com o apoio dos encarregados das bases e membros da CIPA para verificação dos

monitoramentos, arquivamento dos registros solicitados, e regularização de itens não

conforme após o consolidado das informações.

Programa de Inspeções Invisíveis

O programa de inspeções invisíveis da empresa estudada foi criado com o

objetivo de verificar a conformidade nas atividades de transportes e de descarga de

combustíveis pela frota própria ou associada nos revendedores.

O check list é aplicado pela equipe de segurança patrimonial que conta com

4 integrantes, e seguem o percurso do motorista ou do associado em carro menor

fazendo a coleta de registros e de evidências em casos de descumprimento até a

finalização da descarga.

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Por trata-se de informações sigilosas não será apresentado aqui o itens

avaliados no check list, composto por 25 itens de avaliação classificados por pesos

para obtenção do resultado máximo de 100% de aproveitamento.

Quadro 12 - Recomendações de Resultado da Inspeção Invisível

Fonte: Coordenação de segurança patrimonial da empresa estudada. Atualizado em: 11 jan.

2016

Após verificação do check list deverá ser elaborado o relatório de inspeção

invisível contendo ao final a recomendação presente no quadro 11. A avaliação do

quadro 11 poderá ser alterada caso seja constatada alguma atividade ilícita do

condutor, onde deverá ser aplicado a rescisão por justa causa, caso ocorra pela

terceira vez resultado inferior a 50%, sendo recomendada a demissão, e em todos os

casos em o resultado foi inferior 95% o colaborador ou associado deverá realizar

novamente o curso padrão de transportes.

Conforme divulgado no relatório da administração em 2015, foram

realizadas mais de 700 inspeções invisíveis desde sua aplicação em 2013, e 81% dos

casos estiveram dentro da conformidade, sendo no ano de 2015 realizadas 343 com

frota própria e associada.

Frota Própria: Frota Associada:

Nota = < 20% => Demissão do Colaborador Nota = < 20% => Exclusão do Motorista da Operação

20% < Nota =< 50% => Suspensão do Colaborador (03 dias) 20% < Nota =< 50% => Suspensão do Motorista e Bloqueio do CT (03 dias)

50% < Nota = < 80% => Advertência por Escrito 50% < Nota = < 80% => Bloqueio do Motorista (02 dias)

80% < Nota = < 95% => Advertência Verbal 80% < Nota = < 95% => Notificação Verbal a Transportadora

Nota > 95% => Menção de referência elogiosa

Frota Própria: Frota Associada:

Nota = < 20% => Demissão do Colaborador Nota = < 20% => Exclusão do Motorista da Operação

20% < Nota =< 50% => Suspensão do Colaborador (05 dias) 20% < Nota =< 50% => Suspensão do Motorista e Bloqueio do CT (05 dias)

50% < Nota = < 80% => Suspensão do Colaborador (03 dias) 50% < Nota = < 80% => Suspensão do Motorista e Bloqueio do CT (03 dias)

80% < Nota = < 95% => Advertência Verbal 80% < Nota = < 95% => Notificação Verbal a Transportadora

Nota > 95% => Menção de referência elogiosa

Critérios de Avaliação (REINSPEÇÃO)

Nota > 95% => Menção de referência elogiosa

Critérios de Avaliação (INSPEÇÃO)

Nota > 95% => Menção de referência elogiosa

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ANEXO

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ANEXO A – Periodicidade Legal para os Testes de Estanqueidade

UF Periodicidade Legal - Teste de Estanqueidade Dispositivo Legal

TO

O Estado de TO não dispõe de norma especial para a periodicidade e obrigatoriedade dos testes de estanqueidade do SASC e dos tanques de combustíveis. Por essa razão, a norma a ser seguida é a federal geral Resolução CONAMA 273/2000, que prevê a periodicidade não maior do que 5 anos para realização e comprovação de inexistência de de falhas e ou vazamentos, conforme dispõe a Norma ABNT NBR 13784.

Resolução CONAMA 273/2000

SC

O Estado de SC não dispõe de norma especial para a periodicidade e obrigatoriedade dos testes de estanqueidade do SASC e dos tanques de combustíveis. Por essa razão, a norma a ser seguida é a federal geral Resolução CONAMA 273/2000, que prevê a periodicidade não maior do que 5 anos para realização e comprovação de inexistência de de falhas e ou vazamentos, conforme dispõe a Norma ABNT NBR 13784.

Resolução CONAMA 273/2000

SP

De acordo com o Portal de Licenciamento Ambiental - LPA dos postos de combustíveis, a renovação de suas licenças apenas se dará mediante a apresentação dos testes anuais de estanqueidade nas linhas e tanques do empreendimento, dos últimos cinco anos.

Portal de Licenciamento Ambiental - LPA CETESB, instruções para Renovação da Licença Ambiental dos Postos Revendedores.

MG

Ensaio de estanqueidade do SASC, conforme ABNT/NBR 13784, válido a partir da data de sua realização, exigido conforme classificação e periodicidade abaixo: - SASC com tanque que não atenda as especificações das Normas NBR 13212, 13312 ou 13785 deverá ser testado a cada 12 meses; - SASC com tanque de parede simples, conforme Normas NBR 13212 ou NBR 13312, ou parede dupla, conforme Norma NBR 13785* (substituída pela NBR16161, de 03/2013), sem monitoramento eletrônico intersticial, deverão seguir as seguintes diretrizes: - Com tanques instalados há mais de 10 (dez) anos, deverá ser testado a cada 12 meses. - Com tanques instalados há menos de 10 (dez) anos, deverá ser testado a cada 24 meses. - SASC com tanque de parede dupla, conforme NBR 13785, e monitoramento eletrônico intersticial contínuo, deverá ser testado a cada 60 meses. Além disso, as tubulações de aço galvanizado deverão ser testadas a cada 12 meses, independentemente da característica e data de instalação dos tanques. A estanqueidade do SASC deverá ser testada conforme: I - SASC com tanque de parede simples: a cada 12 meses; II - SASC com tanque de parede dupla, conforme NBR 13785* (*NBR substituída pela 16161) e monitoramento eletrônico intersticial contínuo: a cada 60 meses.

Deliberação COPAM n.º 108/07

RJ

1. Tanques fabricados até 10 anos: a) parede simples: anual; b) parede dupla sem espaço intersticial: bienal; c) parede dupla com espaço intersticial, sem monitoramento eletrônico: bienal; d) parede dupla com espaço intersticial e monitoramento eletrônico: quinquenal. 2. Tanques fabricados entre 10 e 20 anos: a) parede simples: a cada 06 (seis) meses; b) parede dupla sem espaço intersticial: anual; c) parede dupla com espaço intersticial, sem monitoramento eletrônico: anual; d) parede dupla com espaço intersticial e monitoramento eletrônico: quinquenal. 3. Tamques fabricados há mais de 20 anos: a) parede simples: a cada 03 (três) meses; b) parede dupla sem espaço intersticial: a cada 06 (seis) meses; c) parede dupla com espaço intersticial, sem monitoramento eletrônico: a cada 06 (seis) meses; d) parede dupla com espaço intersticial e monitoramento eletrônico: quinquenal.

Resolução CONEMA Nº 46 DE 10/05/2013

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RS

O Estado de TO não dispõe de norma especial para a periodicidade e obrigatoriedade dos testes de estanqueidade do SASC e dos tanques de combustíveis. Por essa razão, a norma a ser seguida é a federal geral Resolução CONAMA 273/2000, que prevê a periodicidade não maior do que 5 anos para realização e comprovação de inexistência de de falhas e ou vazamentos, conforme dispõe a Norma ABNT NBR 13784.

Resolução CONAMA 273/2000

PE

O Laudo de Estanqueidade não será exigido dos Postos cujos tanques de armazenamento de combustíveis possuírem equipamento fixo de controle e detecção de vazamento, para os demais, de acordo com as renovações das licenças.

Instrução Normativa n.º 05/06 CPRH

GO

Tanque de acordo com a NB 190 ou sem norma de referência: anual; Tanque de acordo com a NBR 13312 (parede simples): bienal; Tanque de acordo com a NBR 13785 (jaquetado) s/ monitoramento: bienal; Tanque de acordo com a NBR 13785 (jaquetado) c/ monitoramento: dispensado.

Instrução Normativa SEMMA n.º 23/06 / Portaria AGMA n.º 84/2005

RN

a) SASC com tanque de parede simples e Sistema Subterrâneo de Armazenamento de Óleo Usado: a cada 12 meses. b) SASC com tanque de parede dupla, conforme NBR 13.785: a cada 60 meses. Obs.: Durante o transcurso do prazo concedido para adequação dos SASCs do art. 17, para os tanques com idade superior a 10 (dez) anos, os testes de estanqueidade deverão ser realizados anualmente.

Resolução CONEMA Nº 6 DE 14/12/2011

BA Parede simples: 2 anos; Parede dupla: 3 anos da instalação e/ou a cada renovação de licença; Parede dupla com monitoramento intersticial contínuo: 5 anos da instalação.

RESOLUÇÃO CEPRAM Nº 3656 DE 25 DE AGOSTO DE 2006

DF

Ensaio de estanqueidade a ser realizado de acordo com a ABNT NBR 13.784 e suas alterações. A idade limite para troca de tanques é de 30 anos a partir da data de fabricação, desde que os equipamentos sejam jaquetados ou de parede dupla, possuam acesso à boca de visita e sensor de interstício. Tanques de parede simples têm vida útil máxima de 15 anos a contar da data de fabricação e devem ser substituídos conforme determinação desta Instrução. A idade dos tanques deverá ser comprovada por meio da data de fabricação afixada na boca de visita do tanque ou, em sua ausência, por documento hábil apresentado pelo interessado. A substituição de tanques de parede simples fabricados conforme ABNT NBR 13.312 e 13.212 e estiverem em área urbana conforme Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) vigente deverá ser realizada nos seguintes prazos: 18 (dezoito) meses para tanques com idade superior a 20 (vinte) anos; 03 (três) anos para tanques com idade entre 15 (quinze) e 20 (vinte) anos; 04 (quatro) anos para tanques com até 15 (quinze) anos ou até que se completem os 15 (quinze) anos, o que for maior. A substituição de tanques de parede simples fabricados conforme ABNT NBR 13.312 e 13.212 e estiverem em área rural conforme Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) vigente deverá ser realizada nos seguintes prazos: 18 (dezoito) meses para tanques com idade superior a 20 (vinte) anos; 3 (três) anos para tanques com idade entre 15 (quinze) e 20 (vinte) anos;

Instrução IBRAM Nº 213 DE 25/10/2013

ES

Para SASC com idade superior a 15 (quinze) anos ou que não tiverem comprovação de idade, os testes de estanqueidade (tanques e tubulação) devem ser realizados, anualmente; Para os demais casos, os testes de estanqueidade do SASC (inclusive tubulações) deverão ser executados, seguindo procedimentos padronizados, sempre acompanhado de ART do responsável técnico, em um período não superior a 04 (quatro) anos ou quando houver indícios de vazamento identificados/ registrados.

INSTRUÇÃO NORMATIVA IEMA No 12, DE 25 DE OUTUBRO DE 2006

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AL

O Estado de AL não dispõe de norma especial para a periodicidade e obrigatoriedade dos testes de estanqueidade. Por essa razão, a norma a ser seguida é a federal geral Resolução CONAMA 273/2000, que prevê a periodicidade não maior do que 5 anos para realização e comprovação de inexistência de de falhas e ou vazamentos, conforme dispõe a Norma ABNT NBR 13784.

Resolução CONAMA n.º 273/00

CE

Teste de Estanqueidade, emitido por empresa ou profissional habilitado, acompanhado da devida ART, do Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustível (SASC), conforme NBR 13784/2011 da ABNT ou outra norma que venha a substituí-la. Os Testes de Estanqueidade deverão ser realizados com a seguintes frequências: - Tanques com até cinco anos: Quinquenal; - Tanques de cinco a dez anos: Bienal; - Tanques com mais de dez anos: Anual. OBS: Caso não seja possível identificar a data de fabricação do tanque, considera-se o tanque com mais de dez anos.

Instruções para Licenciamento Ambiental - SEMACE

PR

Deverão ser apresentados testes de estanqueidade completos em periodicidade a ser estabelecida pelo IAP, não superior a 05 (cinco) anos, inclusive aqueles com sistema de monitoramento eletrônico, considerando-se os princípios de fabricação e idade dos equipamentos e a localização do empreendimento. - Para postos já implantados, comprovadamente isentos de passivos ambientais ou em processo de remediação do local e que não possuam sistema de detecção de vazamentos por monitoramento intersticial, poderá ser emitida a Licença de Operação, mediante a apresentação de teste de estanqueidade anual do SASC até a expiração da vida útil dos equipamentos.

Resolução SEMA/PR n.º 21/11