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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC BÁRBARA LAYS BEZERRA DA SILVA LAYSE CRUZ LIMA ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS DE CONCRETO EM CONDOMÍNIO RESIDENCIAL VERTICAL NA PARTE ALTA DA CIDADE DE MACEIÓ: UMA IDENTIFICAÇÃO DE INCONFORMIDADES MACEIÓ-AL 2019/1

ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

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Page 1: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

BÁRBARA LAYS BEZERRA DA SILVA LAYSE CRUZ LIMA

ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS DE CONCRETO EM

CONDOMÍNIO RESIDENCIAL VERTICAL NA PARTE ALTA DA CIDADE DE MACEIÓ: UMA IDENTIFICAÇÃO DE

INCONFORMIDADES

MACEIÓ-AL 2019/1

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BÁRBARA LAYS BEZERRA DA SILVA LAYSE CRUZ LIMA

ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS DE CONCRETO EM

CONDOMÍNIO RESIDENCIAL VERTICAL NA PARTE ALTA DA CIDADE DE MACEIÓ: UMA IDENTIFICAÇÃO DE

INCONFORMIDADES

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da Msc Roseneide Honorato dos Santos.

MACEIÓ-AL 2019/1

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos a Deus, por ter nos dado forças para conclusão

desta etapa, nos conduzindo com amor e compaixão. A nossa orientadora Prf. Msc

Roseneide Honorato por toda dedicação, instrução e compreensão nesta caminhada.

E ao Prof. Zeferino por toda disponibilidade e conselhos que foram essenciais em

muitos momentos de angustias.

Bárbara Lays Bezerra da Silva

Agradeço em especial aos meus avós Sebastião e Luzinete (in memoriam) por

toda educação, ensinamentos e cuidados, que foram fundamentais para minha

formação como pessoa. A minha mãe, Maria Bezerra por toda dedicação na minha

formação, por nunca ter medido esforços para que eu conquistasse meus sonhos, me

incentivando a ser melhor todos os dias e a lutar pelos meus objetivos, sem ela nada

disso seria possível. Agradeço também ao meu amigo e namorado, José Batista por

todo companheirismo, apoio e incentivo, por nunca me deixar baixar a cabeça ou

desistir e por toda compreensão nos momentos mais difíceis. Por fim, agradeço aos

meus amigos e familiares, por terem em algum momento dedicado um pouco do seu

tempo para me incentivar e torcer pelo meu sucesso.

Layse Cruz Lima

Agradeço em especial aos meus avós Péricles, Marilúcia, Dora e Gilson, por

não terem medido esforços para a realização do meu sonho. Aos meus pais, Evandro

e Ylana Luiza, por todo incentivo para que eu concluísse esta etapa da vida. Ao meu

filho Arthur, pela compreensão nos meus momentos de ausência como mãe. A

Samya, por ter me dado tanta assistência e carinho nos momentos mais difíceis

durante a graduação. A todos os meus amigos e familiares que de forma direta ou

indireta estiveram ao meu lado e contribuíram para o meu trabalho e minha formação.

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ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS DE CONCRETO EM CONDOMÍNIO RESIDENCIAL VERTICAL NA

PARTE ALTA DA CIDADE DE MACEIÓ: UMA IDENTIFICAÇÃO DE INCONFORMIDADES

Bárbara Lays Bezerra da Silva Graduanda do curso de Engenharia Civil no CESMAC

[email protected] Layse Cruz Lima

Graduanda do curso de Engenharia Civil no CESMAC [email protected]

Roseneide Honorato dos Santos Mestre em Engenharia Civil pela Universidade de Alagoas

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho teve como objeto de estudo a alvenaria estrutural em blocos de concreto.

Predominante nas obras do programa Minha Casa Minha Vida – MCMV do Governo Federal, por ser

uma obra mais rápida, limpa e que ao conciliar mão de obra capacitada com o cumprimento das

normas, pode gerar uma economia de até 30% comparado com uma alvenaria convencional. Surge

então a problemática do trabalho: Quais os riscos e consequências de não seguir as prescrições

dispostas nas normas vigentes? Levando-nos ao objetivo geral do trabalho que é Identificar as

inconformidades surgidas na concepção e execução do projeto de um condomínio residencial na parte

alta da cidade de Maceió, com fins de atentar a consequências que resultam do não cumprimento das

normas.

Palavras- Chaves: alvenaria, inconformidade, norma.

ABSTRACT

The present work had as object of study the structural masonry in concrete blocks. Predominant in the

buildings of the Minha Casa Minha vida program (MCMV), that is a program of the Federal Government,

because it is a faster, cleaner work and that by reconciling skilled labor with compliance with standards

can generate savings of up to 30% compared to a conventional masonry. The problem of this work then

arises: What are the risks and consequences of not following the prescriptions laid down in the current

regulations? Taking us to the general objective of the work that is to identify the nonconformities that

arose in the conception and execution of the project of a residential condominium in the upper part of

the city of Maceió, in order to take care of the consequences that result from the non compliance of the

norms.

Keywords: masonry, nonconformity, standards.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... ..................................................................................................... 7 1.1 Problema ............................................................................................................. 8 1.2 Justificativa ......................................................................................................... 8 1.3 Objetivos ............................................................................................................. 9 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 9 1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 9 1.4 Descrição de Capítulos ......................................................................................10 2 ALVENARIA ESTRUTURAL ................................................................................. 11 2.1 Considerações Iniciais ...................................................................................... 11 2.2 Componentes da Alvenaria Estrutural ............................................................ 11 2.2.1 Blocos................................................................................................................11 2.2.2 Argamassa.........................................................................................................14 2.2.3 Graute................................................................................................................15 2.2.4 Armaduras.........................................................................................................16 2.3 Projeto de Alvenaria Estrutural ........................................................................ 17 2.4 Execução de Obra em Alvenaria Estrutural .................................................... 18 2.4.1 Recomendações durante a execução da alvenaria estrutural .......................... 18 2.4.2 Ferramentas e equipamentos ........................................................................... 19 2.5 Patologias em Alvenaria Estrutural ................................................................. 20 2.5.1 Conceito de patologia ....................................................................................... 20 2.5.2 Conceito de patologia na construção civil ........................................................ 20 2.5.3 Patologias geradas na etapa de concepção do projeto .................................... 21 2.5.4 Patologias geradas na execução do projeto ..................................................... 21 2.5.5 Principais falhas construtivas na alvenaria estrutural ....................................... 21 2.5.5.1 Falta de prumo .............................................................................................. 22 2.5.5.2 Preenchimento das juntas ............................................................................. 22 2.5.5.3 Grauteamento incorreto ................................................................................. 22 2.6 Vida Útil e Durabilidade .................................................................................... 22 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 23 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 27 4.1 Verificação do Projeto ....................................................................................... 27 4.2 Execução do Projeto ......................................................................................... 32 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 49 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 50

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1 INTRODUÇÃO

Com o aparecimento do programa MINHA CASA, MINHA VIDA – MCMV, do

Governo Federal, as obras em alvenaria estrutural com blocos de concreto, passaram

a ser mais comuns na construção civil, notadamente por serem mais práticas e

vantajosas financeiramente. Isso se dá em razão da própria alvenaria constituir a

estrutura da edificação, além de produzir poucos resíduos.

Em face da intensificação de obras utilizando este método construtivo, a

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, se dedicou entre os anos de 2010

e 2011 a revisar as normas que regem e determinam os métodos de construção com

blocos de concreto, tendo como foco principal o combate às patologias.

Após esta revisão, a NBR 8798/85 dividiu-se em NBR 15961-1/11 que trata do

projeto e a NBR 15961-2/11 que trata da execução e controle de obras de alvenaria

estrutural de blocos de concreto.

Uma construção imobiliária é edificada para perdurar por muitos anos. Para

tanto, é imperioso que o construtor obedeça à determinados padrões e exigências

essenciais à construção civil.

À vista disso, as empresas do ramo, tiveram que se adaptar a essas novas

exigências para fornecer um produto competitivo que atenda e satisfaça os desejos

do consumidor, além de reduzir reclamações e assistências após a entrega da obra.

Segundo Sabbatini (2002), alvenaria é um componente complexo, conformado

em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos entre si por juntas de argamassa,

formando um conjunto rígido e coeso. Nada obstante, o uso do método construtivo de

alvenaria estrutural tem seus infortúnios, principalmente em virtude do não

cumprimento das exigências contidas na norma regente, que fixa as condições

exigíveis que devem ser obedecidas na execução e no controle de obras em alvenaria

estrutural de blocos vazados de concreto.

Segundo Lima (1990), os problemas patológicos que aparecem nas edificações

durante sua vida útil são originados durante a fase de construção da edificação, com

maior percentual na fase de projeto, no caso da Europa, sendo que, no caso do Brasil,

esse percentual se dá na fase de execução, daí a grande importância da

implementação de um sistema de gestão da qualidade para execução de obra.

(Tabela 1)

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Tabela 1: Causas de patologias no mundo

Fonte: Silva e Jonov (2014)

1.1 Problema

Segundo Lima (1990), a problemática da habitação está relacionada à

consideração dos seguintes parâmetros: quantidade, qualidade, custo e durabilidade.

A quantidade diz respeito ao déficit habitacional, a qualidade abrange outros conceitos

como desempenho e construtibilidade, além de estar diretamente relacionado com

custo e durabilidade.

As inconformidades encontradas na concepção e execução do projeto em

alvenaria estrutural de blocos de concreto, em um condomínio residencial vertical,

localizado na parte alta da cidade de Maceió serão o ponto preponderante deste

trabalho. Desta forma esse estudo se norteia na seguinte problemática: Quais os

riscos e consequências de não seguir as prescrições dispostas nas normas vigentes?

1.2 Justificativa

A construção civil vem se atentando em reproduzir obras com um índice

pequeno de defeitos em curto prazo devido ao crescimento do nível de exigência no

mercado. Isso deve-se ao desenvolvimento de novas tecnologias que são inseridas

até mesmo nas obras mais simples, além do aperfeiçoamento na compatibilização de

projetos, o que gera obras mais atualizadas e adaptáveis para cada tipo de uso.

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Apesar da modificação no modo de construção, que passou do formato de

corretivo para preventivo, algumas partes incluídas nos projetos ainda são difíceis de

serem encaixadas no planejamento de determinadas obras.

A justificativa do tema escolhido se dá pela importância de criar setores nas

construtoras com o objetivo de atender e fiscalizar rigorosamente os critérios exigidos

nas normas regulamentadoras.

Tendo em foco as inconformidades observadas durante a concepção e o

processo construtivo, nesse caso através de pesquisas direcionadas a esse campo,

surgem questões sobre a origem dos problemas causados não só na concepção dos

projetos, mas também por descuidos no momento da execução ou da

compatibilização dos mesmos, que serão estudados nessa pesquisa, a fim de

constatar o índice de inconformidades.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar as inconformidades surgidas na concepção e execução do projeto

de um condomínio residencial vertical na parte alta da cidade de Maceió, com fins de

atentar a consequências que resultam do não cumprimento das normas.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Fazer levantamento bibliográfico, baseado em livros, com objetivo de

obter informações sobre o tema estudado;

• Verificar se o projeto e a execução atendem aos critérios exigidos pela

NBR 15961/11;

• Identificar as inconformidades;

• Demonstrar a importância do cumprimento das normas, a fim de se evitar

possíveis manifestações patológicas no período de concepção e

execução do projeto.

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1.4 Descrição dos capítulos

O capítulo 1 tratou das considerações iniciais, como a introdução, o problema,

a justificativa do tema escolhido e os objetivos que foram traçados.

Abordou-se no capítulo 2 o referencial teórico, os conceitos fundamentais de

alvenaria estrutural e patologia, assim como seus tipos e componentes. Também foi

abordado o processo executivo em alvenaria estrutural e suas principais falhas

construtivas.

O capítulo 3 trouxe a metodologia que se trata de um estudo explicativo, que

busca identificar as inconformidades encontradas durante a concepção e a execução

de um condomínio residencial vertical em alvenaria estrutural de blocos de concreto,

baseado em acervos bibliográficos e dados coletados no local de estudo.

No capítulo 4 foi apresentado os resultados encontrados na verificação

realizada, fazendo uma correlação entre as inconformidades apontadas e o

surgimento de anomalias.

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2 ALVENARIA ESTRUTURAL

2.1 Considerações Iniciais

A alvenaria estrutural tem como característica construtiva a execução

simultânea da estrutura e da vedação do edifício. O sistema dispensa o uso de pilares

e vigas, ficando a cargo dos blocos estruturais a função portante da estrutura.

Segundo Tauil e Nesse (2010) alvenaria é o conjunto de peças justapostas

colocadas em sua interface, por uma argamassa apropriada, formando um elemento

vertical coeso. Este conjunto coeso serve para vedar espaços, resistir a cargas

oriundas da gravidade, promover segurança, resistir a impactos, à ação do fogo, isolar

e proteger acusticamente os ambientes, contribuir para a manutenção do conforto

térmico, além de impedir a entrada de vento e chuva no interior dos ambientes.

Cavalheiro (2008) fala que nas últimas décadas com o objetivo de diminuir o

déficit habitacional no país, a alvenaria estrutural parece ser o método construtivo

mais compatível com nossa cultura, isto no ponto de vista de absorção e adequação

de mão-de-obra, quanto na diminuição de custos e racionalização, não considerando

ter uma política habitacional duradoura e sem garantia de demanda.

2.2 Componentes da Alvenaria Estrutural

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), é de grande importância destacar dois

conceitos básicos: componente e elemento da alvenaria estrutural. Entende-se por

um componente, uma unidade básica, ou seja, algo que compõe os elementos que

irão compor a estrutura. Sendo os principais componentes da alvenaria estrutural:

blocos, argamassa, graute e armadura. Já os elementos são: paredes, pilares, cintas,

vergas.

É comum também, a presença de elementos pré fabricados, como coxins,

vergas, contravergas e outros acessórios.

2.2.1 Blocos

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), os blocos, como componente da alvenaria,

são os principais responsáveis pela definição das características resistentes da

estrutura.

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A produção em série de blocos de concreto contribuiu de forma considerável

para a diminuição dos seus custos e melhoria da qualidade. Em suma, o processo de

fabricação dos blocos envolve a moldagem de concreto de consistência rija em

moldes com as dimensões pré-estabelecidas do bloco, compactados e vibrados por

máquinas automáticas, depois levados para cura e armazenagem até o momento da

entrega. Em muitas fábricas de blocos, algumas das fases do processo de produção

são totalmente automatizadas.

No que diz respeito à forma dos blocos, os mesmos podem ser maciços ou

vazados, sendo chamados de tijolos ou blocos como na Figura 1. Maciços são aqueles

que possuem um índice de vazios de no máximo 25% da área total, se os vazios forem

maiores que esse limite, são considerados vazados.

Figura 1: Forma dos blocos Fonte: Tauil e Nesse (2010)

As principais propriedades que os blocos devem possuir são:

• Resistência à compressão

• Estabilidade dimensional

• Vedação

• Absorção adequada

• Trabalhabilidade

• Modulação

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Segundo Thomaz; Helene (2000), os blocos devem apresentar um valor

mínimo de absorção de água, abaixo do qual não haverá adequada penetração de

nata de argamassa nos seus poros e um valor máximo para que não ocorra intensa

retirada de água da argamassa, prejudicando a hidratação do cimento.

Conforme a NBR 6136/16 “Blocos Vazados de Concreto Simples para

Alvenaria – Requisitos”, família de blocos é o conjunto de componentes de alvenaria

que interagem modularmente entre si e com outros elementos construtivos (Figura 2

e Figura 3). Os blocos que compõe a família segundo suas dimensões, são

designados como bloco inteiro, meio bloco, bloco de amarração L e T, blocos

compensadores e blocos tipo canaleta.

Figura 2: Família de blocos 10x39 Fonte: Tauil e Nesse (2010)

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Figura 3: Família de blocos 10x29 Fonte: Tauil e Nesse (2010)

Os blocos devem ser homogêneos, compactos, e com arestas vivas, e não

devem apresentar fissuras, ou qualquer outro defeito que possa prejudicar o seu

assentamento ou afetar a resistência e durabilidade da edificação.

Em se tratando do recebimento dos blocos, a NBR 6136/16, prescreve algumas

condições para aceitação, como por exemplo a inspeção visual, as dimensões dos

blocos, resistência a compressão, retração e ensaio de absorção de água.

2.2.2 Argamassa

Segundo Campos (1993), argamassa é o componente utilizado na união dos

blocos, sendo responsável pela monoliticidade da alvenaria, pois transmite esforços

entre os blocos. Além disso também tem a função de garantir a vedação das juntas

contra a entrada de umidade nas edificações.

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), A argamassa de assentamento possui as

funções básicas de solidarizar as unidades, transmitir e uniformizar as tensões entre

as unidades de alvenaria, absorver pequenas deformações e prevenir a entrada de

água e vento nas edificações. Usualmente é composta por um ou mais aglomerantes

(cimento e cal), por um agregado miúdo (areia) e água.

Sabbatini (2002) diz que a argamassa de assentamento dos blocos deve

promover uma adequada aderência entre blocos e auxiliar na dissipação de tensões

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para evitar fissuras na interface bloco-argamassa e garantir o desempenho estrutural

e a durabilidade esperada da parede de alvenaria.

É importante frisar, que a alvenaria deve ter a capacidade de desenvolver

resistência necessária para obter os esforços que possam operar na parede logo

depois do assentamento. A argamassa pode ter origem na indústria ou preparada na

própria obra.

2.2.3 Graute

Segundo Manzione (2004), graute é um micro concreto de alta plasticidade,

cuja função principal é aumentar a resistência da parede à compressão, através do

aumento da seção transversal do bloco. Quando combinado com o uso de armadura

em seu interior, o graute combaterá também os esforços de tração que a alvenaria

por si só não teria condições de resistir.

Segundo Roman et al. (1999), o graute pode ser considerado um concreto ou

argamassa com fluidez suficiente para preencher os vazios dos blocos sem que haja

segregação dos seus componentes. É composto pelos mesmos materiais utilizados

para produzir concreto convencional, porém as diferenças estão nas dimensões dos

agregados (que devem ser mais finos, passando 100 % na peneira 12,5 mm) e na

relação água/cimento. Sua função é propiciar o aumento da área da seção transversal

das unidades e promover a integração dos blocos com eventuais armaduras

posicionadas nos seus vazios.

Segundo Richter (2007) o graute é um concreto fino (micro concreto), feito de

cimento, água, agregado miúdo e agregados graúdos de pequena dimensão (até

9,5mm), tendo que apresentar como característica alta fluidez de modo a preencher

de maneira adequada os vazios dos blocos onde serão distribuídos. Segundo a NBR

15961-1 (2011) a resistência característica do graute tem de ser maior ou igual a duas

vezes a resistência característica do bloco.

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Feita a limpeza, o graute é colocado no interior da célula com a ajuda de um

funil para evitar desperdícios e que algum material externo se misture, como mostrado

na Figura 4. Para todos os procedimentos de execução e controle de obras em

alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto existe a norma brasileira NBR

15961/11.

Figura 4 – Graute Fonte: ABCP (2003)

2.2.4 Armaduras

Segundo Ramalho; Corrêa (2007) as armaduras são as mesmas que são

usadas nas estruturas de concreto armado e têm o objetivo de maximizar a resistência

da estrutura aos esforços de tração, ou compressão. Elas são empregadas

verticalmente nos blocos, ou horizontalmente nas vergas, contra-vergas e canaletas.

As suas disposições têm de estar rigorosamente especificadas no projeto estrutural.

Segundo Manzione (2004), o uso de grampo cria uma atividade a mais na obra

e de difícil verificação. Como a utilização de grampos não permite a redistribuição de

tensões podem ocorrer patologias. Seu uso deve ser evitado sempre que possível

pelo calculista da estrutura. Deve-se dar preferência pela utilização de juntas

amarradas, definidas em projeto.

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2.3 Projeto de Alvenaria Estrutural

Segundo Ohashi e Franco (2001), uma gestão ineficaz do processo de projeto

pode causar muitos problemas, podendo comprometer a qualidade de execução da

obra, além de causar atrasos no seu andamento.

Ainda segundo os mesmos autores, no processo construtivo em alvenaria

estrutural é imprescindível a coordenação e compatibilização de projetos desde o

início do processo, para que as inter-relações e as interferências existentes entre os

subsistemas sejam gerenciadas de forma a garantir a qualidade do empreendimento.

Conforme Hammarlund e Josephson (1992), as decisões tomadas nas fases

iniciais do empreendimento, são as mais importantes, atribuindo-lhes a principal

participação não só na redução dos custos, como das falhas dos edifícios. Por isso

possuem fundamental importância para o sucesso de qualquer empreendimento.

O responsável pelo projeto estrutural deve conhecer tanto as teorias básicas

de dimensionamento, quanto as manifestações patológicas comuns a esse método

construtivo, para que o projeto contemple características que garantam condições de

prevenir as causas desses problemas, sendo responsabilidade do projetista incorporar

detalhes eficazes na eliminação ou na redução do aparecimento das patologias.

(ROMAN et al., 1999).

Para Penteado (2003), os projetos executivos normalmente utilizados são: as

plantas de primeira e segunda fiadas, planta de locação e elevações. Esses projetos

devem conter cortes, informações técnicas dos materiais a serem utilizados, detalhes

padrão de amarrações, das vergas e contravergas, passagens de tubulações,

localização de pontos elétricos e hidráulicos, pontos a serem grauteados, e

amarrações com ferros. (ROMAN et al., 1999).

Segundo a NBR 15961-1/11, deve-se obrigatoriamente ser indicado no projeto

as resistências à compressão dos elementos – blocos, argamassas, grautes – bem

como as especificações (classe e bitola) dos aços que deverão ser utilizados. A

resistência dos blocos também deve aparecer no projeto para garantir a resistência

de prismas.

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2.4 Execução de Obra em Alvenaria Estrutural

De acordo com Franco, Agopyan (1994), a fase de execução da obra deve

incorporar soluções racionalizadas para a organização da produção, incluindo a

organização do canteiro de obra, a elaboração de um planejamento e programação

eficaz, o treinamento e a motivação da mão-de-obra, o uso racional de ferramentas e

equipamentos e o controle da qualidade baseada na padronização dos métodos e

técnicas produtivas, através de procedimentos.

Para atingir a precisão exigida durante sua execução, se faz necessário

ferramentas e equipamentos adequados ao sistema construtivo de alvenaria estrutural

de blocos de concreto.

Segundo Thomaz; Helene (2000), a execução das alvenarias deve ser baseada

em procedimentos técnicos que estabelecem o processo de execução, incluindo a

forma de locação das paredes, os detalhes de amarrações entre as paredes, a forma

de elevação dos cantos e marcação das fiadas, a disposição das armaduras

horizontais e verticais, a forma de assentamento de marco e contra-marco.

Os mesmos autores ainda recomendam que os projetos de alvenaria devem

ser enfocados de maneira mais ampla, levando-se em conta aspectos como o

desempenho térmico e acústico, a resistência ao fogo e permeabilidade à água,

identificando cuidados especiais no projeto e execução e detalhes construtivos,

inclusive traços que sirvam como base para graute e argamassa de assentamento.

2.4.1 Recomendações durante a execução da alvenaria estrutural

Sabbatini (2002) apresenta algumas recomendações fundamentais durante a execução:

• O assentamento não deve ser realizado debaixo de chuva. No caso de

interrupção dos serviços devido à chuva, a alvenaria recém-executada deve ser

protegida;

• A alvenaria de blocos de concreto não pode ser molhada durante a etapa de

assentamento. Neste caso a argamassa de assentamento deve ter retenção de água

suficiente para evitar a molhagem. A alvenaria cerâmica pode ser umedecida para

facilitar o assentamento;

• As alvenarias devem ser executadas com blocos inteiros. Não se deve cortar

ou quebrar blocos para obtenção de ajuste durante a elevação da alvenaria;

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• Na construção de edifícios em alvenaria estrutural não se recomenda “esconder

na massa” as imprecisões e erros na execução das paredes, como é comum na

construção tradicional. Ou seja, a execução deve ser realizada com as tolerâncias e

a precisão especificada de modo que a qualidade final do edifício seja obtida na

execução da estrutura. Para isto é essencial que se utilize mão de obra treinada e

especializada e que se adote um completo programa de controle de qualidade de

execução (de aceitação, sob condições específicas, de cada etapa construtiva);

• As prumadas elétricas e hidráulicas não podem estar embutidas nas paredes

de alvenaria estrutural, devendo ser, preferencialmente, embutidadas em shafts

verticais, especificadamente projetados para esta finalidade;

• A união entre paredes estruturais deve ser feita preferencialmente por

amarração de blocos. E não se recomenda o uso de grampos, pois, além de difícil

controle em obra possibilitam o aparecimento de patologias;

• As paredes estruturais e não-estruturais não devem ser unidas, devendo ser

previstas juntas de trabalho.

2.4.2 Ferramentas e equipamentos

Os equipamentos e ferramentas (Figura 5) têm grande importância na

execução que qualquer serviço, causando impacto direto na produtividade e qualidade

na execução de edifícios em alvenaria estrutural (ABCP, 2004).

Roman et al. (1999) e ABCP (2004) sugerem as seguintes ferramentas e

equipamentos: masseiras metálicas, carrinhos especiais para transporte de blocos e

argamassas, escantilhão, esquadro, régua com bolha, régua metálica de 2 metros,

nível a laser e para o preciso espalhamento da argamassa, meia-cana ou palheta.

Page 21: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

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Figura 5: Ferramentas e equipamentos para execução de alvenaria estrutural Fonte: Manzione (2004)

2.5 Patologias em Alvenaria Estrutural

2.5.1 Conceito de patologia

Helene (1992) fala que a patologia pode ser entendida como a parte da

Engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos

defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o

diagnóstico do problema.

Algumas das patologias que aparecem nas edificações, existem umas que

comprometem só a parte estética, não causando riscos para as pessoas, enquanto

que existem outras que danificam a resistência e a permanência da edificação,

trazendo o risco e o desconforto.

2.5.2 Conceito de patologia na construção civil

Cánovas (1988) diz que a patologia na execução pode ser consequência da

patologia de projeto, havendo uma estreita relação entre elas, isso não quer dizer que

a patologia de projeto sendo nula, a de execução também será. Nem sempre com

projetos de qualidade desaparecerão os erros de execução. Estes sempre existirão,

Page 22: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

21

embora seja verdade que podem ser reduzidos ao mínimo caso a execução seja

realizada seguindo um bom projeto e com uma fiscalização intensa.

2.5.3 Patologias geradas na etapa de concepção do projeto

São várias as falhas que podem ocorrer durante a concepção da estrutura.

Podendo ser originadas durante o lançamento da estrutura, a execução do

anteprojeto, ou do projeto final.

As falhas originadas por anteprojetos equivocados ou deficiência de um estudo

preliminar, são os principais responsáveis pelo encarecimento do processo

construtivo, ou por transtornos durante a utilização da obra. As falhas durante o projeto

final, geram problemas patológicos mais sérios, como os elementos de projetos

inadequados; falta de compatibilização entre estrutura e arquitetura; especificação

inadequada dos materiais; erros de detalhamento; detalhes em planta que não

conseguem ser executados; falta de padronização das representações; erros de

dimensionamento.

2.5.4 Patologias geradas na execução do projeto

Ao iniciar a etapa de construção, podem ocorrer diversas falhas, associadas a

causas tão diversas como falta de condições no local de trabalho, falta de capacitação

profissional, controle de qualidade ineficiente, materiais de má qualidade e

irresponsabilidade técnica.

Na alvenaria e elementos estruturais pode ocorrer casos como a falta de prumo,

esquadro e alinhamento. Os sistemas construtivos, e a até mesmo a qualidade do

produto final, ficam bastante dependentes do grau de evolução técnico alcançado pela

indústria de materiais e componentes, sobre a qual a indústria da construção civil tem

pouca ou nenhuma interferência.

2.5.5 Principais falhas construtivas na alvenaria estrutural

As falhas na execução da alvenaria estrutural é um dos principais motivos de

surgimento de patologias, é preciso que se tenha uma boa mão de obra, qualidade

dos materiais e uma fiscalização adequada do serviço para que não ocorram

imprevistos no decorrer da construção. Algumas falhas são muito comuns nesse

sistema construtivo, são elas:

Page 23: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

22

2.5.5.1 Falta de prumo

É necessário um controle exigente, pois, caso o desaprumo seja grande, será

necessária demolição da parede, sendo assim trazendo prejuízos e atrasos na obra.

2.5.5.2 Preenchimento das juntas

Roman et al (1999) diz que as juntas verticais, se forem mal preenchidas,

causam menor efeito na resistência a compressão e maiores efeitos na resistência a

flexão e cisalhamento das paredes. Já no preenchimento errado das juntas

horizontais, causam diminuição da resistência a compressão das paredes.

2.5.5.3 Grauteamento incorreto

Silva (2013) fala que é um fator a ser fiscalizado, principalmente a altura do

seu lançamento, se for lançado em uma altura muito elevada pode ocasionar

problemas como a segregação do material.

2.6 Vida Útil e Durabilidade

Segundo Souza e Ripper (1998) a vida útil é o período em que as propriedades

de um material permanecem acima dos limites mínimos especificados. A durabilidade

relaciona a aplicação das características de deterioração a uma determinada

construção, criando uma avaliação individual sobre os efeitos de agressividade

ambiental, definindo assim, a vida útil da mesma.

Pina (2013) diz que a durabilidade depende muito do conhecimento das

construtoras. Muitas vezes a falta de conhecimento faz com que os componentes

produzidos não tenham uma durabilidade muito boa, para um determinado ambiente.

A vida útil de um componente pode ser aumentada sem afetar muito a carga

ambiental. No caso da estrutura de concreto armado em um ambiente urbano, onde

se lida muito com o problema de corrosão das armaduras, um pequeno aumento no

cobrimento da armadura se 2,0 cm para 2,5 cm pode prolongar a vida útil da estrutura

de 50 para 78 anos, que representa um aumento de 56%.

Page 24: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

23

3 METODOLOGIA

A análise bibliográfica, baseada em livros e trabalhos acadêmicos, bem como,

a pesquisa das normas regulamentadoras sobre execução e controle de obras em

alvenaria estrutural de blocos de concreto, serviram de alicerce para a pesquisa

desenvolvida neste trabalho.

Para alcançar o objetivo deste trabalho e obter melhores resultados, foi

desenvolvido o fluxograma exemplificado na Figura 6. Para isso, a pesquisa foi

dividida nas seguintes etapas:

Figura 6 – Fluxograma utilizado para desenvolvimento da pesquisa Fonte: Autor, 2019

Page 25: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

24

O local escolhido para realização da pesquisa foi um condomínio residencial

vertical, localizado na parte alta da cidade de Maceió, Alagoas (Figura 7). A construção

possui método executivo em alvenaria estrutural de blocos de concreto. O

empreendimento é composto por 10 torres idênticas, 4 pavimentos cada torre e 6

apartamentos por pavimento.

Figura 7 – Local da pesquisa

Fonte: Autor, 2019

A escolha desse residencial, fez-se pela oportunidade em acompanhar a fase

de execução do instrumento de estudo, alvenaria estrutural. Durante análise, pôde-se

observar as inconformidades no processo construtivo, para que posteriormente,

fossem correlacionadas com o surgimento de manifestações patológicas.

A realização das diversas visitas ao local de estudo durante o período de

pesquisa, foi de fundamental importância para levantamento dos dados obtidos. As

visitas tiveram como objetivo conhecer melhor o empreendimento, analisar o projeto

de alvenaria estrutural e acompanhar sua execução, realizando levantamento das

inconformidades detectadas em cada etapa.

As visitas foram auxiliadas por quadros de verificação denominados de

checklists, elaborados com base nas exigências mínimas das normas

regulamentadoras e de acordo com o levantamento bibliográfico pesquisado, no

Page 26: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

25

intuído de identificar a ocorrência de inconformidades nas etapas de cada processo,

verificando a influência dessas com o surgimento das anomalias.

A primeira visita foi realizada com o auxílio do quadro denominado

“CHECKLIST PARA VERIFICAÇÃO DO PROJETO”, desenvolvido com base na NBR

15961-1/11 Projeto para Alvenaria Estrutural, como mostra o Quadro 1, elaborado

com o objetivo de identificar inconformidades que influenciam no desempenho da

edificação, levando ao aparecimento dos problemas patológicos, podendo esse último

aparecer a curto ou longo prazo.

Quadro 1 – Checklist para verificação do projeto

Fonte: Autor, 2019

Como todos os blocos são espelhados, ou seja, idênticos, foi realizado apenas

um checklist para verificação do projeto.

As demais visitas foram realizadas com o auxílio do quadro denominado

“CHECKLIST DA EXECUÇÃO DO PROJETO”, desenvolvido com base na NBR

15961-2/11 para Execução e Controle de Obras, como demostrado no Quadro 2, com

objetivo de identificar falhas no processo de execução do projeto.

Page 27: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

26

Quadro 2 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

Para realização do checklist em questão e objetivando obter melhores

resultados, o acompanhamento foi realizado através de amostragem, sendo

acompanhadas a execução das paredes em alvenaria estrutural de apenas 1

pavimento por bloco, totalizando 10 pavimentos verificados e acompanhados. Segue

escolha da amostragem:

• Bloco 01, 02 e 03 – Pavimento 01

• Bloco 04, 05 e 06 – Pavimento 02

• Bloco 07 e 08 – Pavimento 03

• Bloco 09 e 10 - Pavimento 04

O levantamento dos checklists, possibilitou detectar inconformidades presentes

nos projetos e na execução do mesmo, permitindo analisar a existência de uma

correlação entre as inconformidades e o aparecimento das manifestações patológicas

em alguns dos pavimentos analisados. As manifestações nas paredes da alvenaria

estrutural, foram fotografadas e identificadas através de dados obtidos nas visitas e

em pesquisas bibliográficas, permitindo assim, auxiliar na realização dos diagnósticos.

Após conclusão de todas as etapas, apresentou-se os resultados finais.

Page 28: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

27

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante o tempo de estudo para a elaboração do presente trabalho, foram

evidenciadas inconformidades que afetam diretamente a vida útil do produto. A norma

15961-1/11 no item 5.1 explica que a estrutura de uma edificação deve ser projetada

para receber todas as influências ambientais sem produzir efeitos significativos na sua

construção e durante sua vida útil.

4.1 Verificação do Projeto

A verificação do projeto de alvenaria estrutural definido para o condomínio

residencial, deu-se através do checklist desenvolvido com base em exigências

trazidas na NBR 15961-1/11, destacando os itens que permitissem a verificação de

um projeto pronto. No Quadro 3 encontra-se evidenciado o resultado obtido.

Quadro 3 – Checklist para verificação do projeto

Fonte: Autor, 2019

Page 29: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

28

Para melhor evidenciar as inconformidades observadas no projeto, foram

criados gráficos com a porcentagem de conformidade e inconformidade encontradas

no projeto.

O item 6.1.3 da NBR 15961-1/11 evidencia o graute, especificando que a

resistência à compressão característica em mega pascal (Mpa) do mesmo, tenha o

valor mínimo de 15 Mpa para alvenaria armada. Porém, o projeto estudado

especificou uma resistência de 10 Mpa, sendo esse, abaixo do exigido por norma.

Com o ocorrido apresentado a gestão da obra, a mesma informou que contatou

o responsável técnico pelo projeto, para verificação das informações e em

contrapartida, como plano de ação para tratamento da inconformidade, foi solicitada

a análise do graute em laboratório através do ensaio de resistência à compressão,

realizado antes de iniciar o serviço de alvenaria por uma empresa especializada e só

após aprovação do laudo, foi liberado o início dos serviços, porém não obtivemos

acesso ao laudo do teste.

Entretanto, mesmo com a informação de aprovação do laudo e que o graute

utilizado estaria dentro do exigido pela norma, a inconformidade foi registrada, por ser

uma informação contida nos projetos utilizados.

Portanto, fica evidenciada a inconformidade de desenvolvimento do projeto,

demonstrado na Figura 8.

Figura 8 – Índice de inconformidade do graute Fonte: Autor, 2019

0

1

8. Especificação da resistência do traço

Conforme Inconforme

Page 30: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

29

A Figura 9 retrata o índice de inconformidade encontrado na verificação dos

desenhos técnicos. A norma especifica todos os projetos necessários para realização

da parede em alvenaria estrutural, porém, o checklist foi criado com os mais

pertinentes. De acordo com a verificação dos projetos, esses itens encontram-se com

100% de conformidade.

Figura 9 – Índice de inconformidade dos desenhos técnicos Fonte: Autor, 2019

A Figura 10 retrata o índice de inconformidade encontrado na verificação dos

blocos de concreto. Neste item foram observados se os projetos continham as

especificações das famílias dos blocos, com suas dimensões e resistência necessária.

De acordo com a verificação do projeto, este item não apresenta inconformidade.

1 1 1 1 1 1

1. Plantas dasfiadas

diferenciadas

2. Elevação detodas as paredes

3.Posicionamento

dos blocosespeciais

4. Detalhe dasamarrações das

paredes

5. Localização dospontos

grauteados earmaduras

6.Posicionamento

de controle edilatação

Conforme Inconforme

Page 31: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

30

Figura 10 – Índice de inconformidade dos blocos de concreto Fonte: Autor, 2019

A Figura 11 retrata o índice de inconformidade encontrado na verificação da

resistência da argamassa a ser utilizada. Este item verificou se o projeto especificava

a resistência a ser adotada na argamassa, para que com base na mesma, fosse

definido o traço. De acordo com a verificação dos projetos, este item não apresenta

inconformidade.

Figura 11 – Índice de conformidade da argamassa Fonte: Autor, 2019

1

0

7. Especificação da familia a ser utilizado

Conforme Inconforme

1

0

9. Especificação da resistência do traço

Conforme Inconforme

Page 32: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

31

A Figura 12 retrata o índice de inconformidade encontrado na verificação da

especificação do aço. Este item verificou se o projeto continha as especificações do

aço a ser utilizado. De acordo com a verificação dos projetos, este item encontra-se

com 100% de conformidade.

Figura 12 – Índice de inconformidade do aço Fonte: Autor, 2019

O resultado obtido através do checklist aplicado para verificação do projeto,

proporcionou o levantamento do índice de inconformidade do mesmo, constatando-se

um total de 90% de conformidade e 10% de inconformidade no projeto da alvenaria

estrutural do condomínio residencial em estudo, como demonstrado na Figura 13.

Sendo analisados os seguintes itens:

• Desenhos Técnicos

• Blocos

• Graute

• Argamassa

• Aço

0

1

8. Especificação da resistência do traço

Conforme Inconforme

Page 33: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

32

Figura 13 – Índice de inconformidade do projeto Fonte: Autor, 2019

4.2 Execução do Projeto

O acompanhamento da execução do projeto de alvenaria estrutural foi

realizado com o auxílio do checklist desenvolvido com base nas exigências da NBR

15961-2/11, sendo destacado os itens considerados essenciais para o desempenho

da alvenaria.

As verificações foram realizadas por amostragem identificando os blocos e

pavimentos que foram acompanhados. Os Quadros de 4 a 13 representam os

resultados obtidos com o checklist.

O Quadro 4 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 01,

pavimento 01. Neste pavimento foi registrado que os blocos de concreto, estavam

expostos à agentes externos, sem qualquer proteção. Houve falha na colocação da

tela para alvenaria, que funciona como amarração da parede da varanda, com a

parede estrutural. A argamassa não seguiu o traço recomendado. E foi detectado o

não preenchimento de algumas juntas de argamassa na vertical.

90%

10%

TOTAL

TOTAL

Conforme Inconforme

Page 34: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

33

Quadro 4 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 5 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 02,

pavimento 01. Neste pavimento, assim como no anterior, foi registrado que os blocos

de concreto não estavam estocados da maneira correta, com proteção contra agentes

externos. A argamassa não foi produzida de acordo com o traço recomendado e foi

detectado a ocorrência de juntas sem preenchimento de argamassa na vertical.

Quadro 5 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 6 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 03,

pavimento 01. Neste pavimento foram registrados que os blocos estavam estocados

Page 35: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

34

de maneira incorreta. O graute não seguiu o traço recomendado. A argamassa não foi

produzida de acordo com o traço indicado e foi registrado a ocorrência de juntas sem

o preenchimento da argamassa na vertical.

Quadro 6 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 7 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 04,

pavimento 02. Neste pavimento, foi registrado que os blocos de concreto estavam

estocados de maneira incorreta. A argamassa não foi produzida de acordo com o

traço recomendado e foi registrado a ocorrência de juntas sem preenchimento da

argamassa na vertical.

Quadro 7 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 8 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 05,

pavimento 02. Neste pavimento registrou-se que os blocos de concreto não estavam

estocados da maneira correta. Notou-se que o graute não seguiu o traço

Page 36: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

35

recomendado. A argamassa não foi produzida de acordo com o traço especificado e

foi registrado a ausência de argamassa em algumas juntas na vertical.

Quadro 8 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 9 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 06,

pavimento 02. Neste pavimento foram registrados que os blocos de concreto foram

estocados de maneira incorreta. O graute não seguiu o traço recomendado. A

argamassa não foi produzida de acordo com o traço indicado. Sendo também

registrado a ocorrência de juntas sem preenchimento da argamassa na vertical e foi

identificado alguns pontos sem grauteamento.

Quadro 9 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 10 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 07,

pavimento 03. Neste pavimento foram registrados que os blocos de concreto foram

estocados de maneira incorreta. A argamassa não foi produzida de acordo com o traço

Page 37: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

36

recomendado. Foi registrado a ocorrência de juntas sem o preenchimento da

argamassa na vertical.

Quadro 10 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 11 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 08,

pavimento 03. Neste pavimento foram registrados que os blocos de concreto foram

estocados de maneira incorreta. O graute não seguiu o traço recomendado. A

argamassa não foi produzida de acordo com o traço indicado e algumas juntas na

vertical não foram preenchidas com argamassa.

Quadro 11 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 12 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 09,

pavimento 04. Neste pavimento, foi registrado que os blocos estavam estocados de

maneira incorreta. O graute não seguiu o traço recomendado. A argamassa não foi

Page 38: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

37

produzida de acordo com o traço recomendado. Foi registrado a ocorrência de juntas

sem preenchimento da argamassa na vertical e pontos sem graute.

Quadro 12 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

O Quadro 13 representa o resultado obtido com a verificação do bloco 10,

pavimento 04. Neste pavimento registrou-se a estocagem dos blocos de forma

incorreta. O graute não seguiu o traço recomendado. A argamassa não foi produzida

de acordo com o traço indicado. Foi registrado também a ocorrência de juntas sem

preenchimento da argamassa na vertical e pontos sem graute.

Quadro 13 – Checklist da execução do projeto

Fonte: Autor, 2019

De acordo com os resultados obtidos com a execução do projeto, foi realizada

análise apenas dos itens que registraram inconformidade.

O item 6.2.2 da NBR 15961-2/11 estabelece que os blocos de concreto devem

ser protegidos da chuva e de qualquer elemento que possa prejudicar o desempenho

Page 39: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

38

da alvenaria. Com base neste item, verificou-se que todos os pavimentos

acompanhados estiveram expostos ao ar livre, sem qualquer tipo de proteção contra

agentes externos.

Na Figura 14, os blocos encontram-se empilhados da maneira correta, porém

embalados apenas como forma de proteção para os blocos não desmoronarem. A

superfície superior, não possui plástico, lona, ou qualquer outro material que possa

evitar a ação dos agentes externos. O não cumprimento deste item influencia

diretamente na resistência dos blocos. Portanto, de acordo com o item da norma

citado acima, o armazenamento não foi realizado conforme especifica a mesma.

Figura 14 – Estocagem dos blocos de concreto Fonte: Autor, 2019

Como prescrito no item 9.3.1 da NBR 15961-2/11, sobre assentamento dos

blocos, durante a elevação das paredes, os blocos devem ser alinhados e assentados

de acordo com a especificação do projeto, exigindo o mínimo possível de ajuste.

Baseado neste item, verificou-se que os blocos 01 e 10, não seguiram a amarração

da alvenaria da varanda.

O encontro da parede estrutural com a não estrutural acontece de forma

indireta, por junta a prumo. Por esse motivo é recomendável a realização de

amarração por meio de tela galvanizada com malha de 15x15mm para alvenaria,

Page 40: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

39

como pode ser observado na Figura 15. O objetivo é criar uma ligação que impeça o

deslocamento da alvenaria e reduzir as tensões na argamassa de assentamento. A

não aplicação da mesma, pode acarretar no aparecimento de fissuras.

Figura 15 – Aplicação da tela para alvenaria da varanda Fonte: Autor, 2019

Nos blocos 01 e 10 observou-se o aparecimento de fissuras verticais, Figura

16, localizadas na ligação entre a parede estrutural e não estrutural, provavelmente

ocasionadas pela não aplicação da tela metálica para alvenaria.

Page 41: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

40

Figura 16 – Fissura na vertical Fonte: Autor, 2019

De acordo com o item 7.2.1 da NBR 15961-2/11 o graute deve ser produzido

de modo a garantir a resistência característica estabelecida no projeto. O mesmo item

especifica que a consistência do graute deve ser adequada para preencher todos os

vazios, evitando que ocorra segregação. Com base neste item e nos resultados

obtidos com o Checklist de verificação do projeto, analisou-se o traço do graute

utilizado, como o graute especificado no projeto encontra-se divergente do exigido na

norma, a resistência adotada foi o resultado do teste realizado em laboratório.

O traço adotado pela construtora, após teste foi 1:2 que corresponde a um saco

de cimento para seis latas de areia grossa, utilizado com no máximo dezoito litros de

água. Contudo, ao observar a produção do graute in loco, verificou-se em alguns

pavimentos, a não obediência ao traço informado. Foi observado também erro na

tabela de traço, onde encontra-se o valor de 30 litros de água, como observado no

Page 42: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

41

Quadro 14, para o mesmo traço 1:2, registrando assim, inconformidade no processo

de produção do graute dos blocos 03, 05, 06, 09 e 10.

Quadro 14 – Traços para realização do graute e argamassa

Fonte: Adaptada pelo autor, 2019

O graute tem como principal função, aumentar a resistência à compressão

localizada na parede, além de permitir que a armadura trabalhe em conjunto com a

alvenaria. Deste modo, é imprescindível que todos os pontos de grauteamento

localizados no projeto sejam seguidos com muito rigor, mas ao realizar a conferência

da planta de ponto de graute com o executado, nos blocos 05, 06 e 09 foram

registrados pontos sem aplicação. Essa inconformidade, resulta na diminuição da

resistência da alvenaria.

Nas Figuras 17 e 18 pode-se observar outro fator que resulta na diminuição da

resistência da alvenaria estrutural, são os furos realizados de forma indevida nos

blocos.

Page 43: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

42

Figura 17 – Furos nos blocos Fonte: Autor, 2019

Figura 18 – Furos nos blocos Fonte: Autor, 2019

Page 44: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

43

A argamassa de assentamento é de grande importância no desempenho da

alvenaria estrutural. Com a função básica de unir os blocos de concreto, vedando as

juntas contra a penetração da água da chuva, além de transmitir e uniformizar as

tensões entre toda a alvenaria. Pensando em atender todos esses requisitos, o traço

da argamassa destinado para uso pela construtora foi de 1:3 correspondendo a um

saco cimento com doze latas de areia fina e duzentos ml de aditivo, como observado

no Quadro 14. Porém, após acompanhamento do serviço, os betoneiros estavam

realizando o traço 1:9 correspondente a um saco cimento com nove latas de areia e

cem ml de aditivo. Ficando registrada a inconformidade no cumprimento do traço de

todos os blocos acompanhados.

Nas Figuras 19 e 20 podem ser observados que a realização do traço incorreto

ocasionou várias manifestações patológicas nas paredes, como a retração da

argamassa por umidade, levando ao destacamento entre a argamassa e o substrato.

Figura 19 – Destacamento entre argamassa e substrato Fonte: Autor, 2019

Page 45: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

44

Figura 20 – Destacamento entre argamassa e substrato Fonte: Autor, 2019

Outro ponto observado foi a aplicação da argamassa. Em todos os blocos,

notou-se a falta da mesma, aplicada na vertical, como demonstrado nas Figuras 21 e

22. A ausência de argamassa entre as unidades age diretamente no comportamento

mecânico da alvenaria. Neste caso, não interferem muito na resistência a

compressão, e sim, na resistência a tração e ao cisalhamento, essas “juntas secas”

não são recomendáveis em nenhuma hipótese na alvenaria estrutural.

Page 46: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

45

Figura 21 – Ausência de argamassa entre os blocos Fonte: Autor, 2019

Figura 22 – Ausência de argamassa entre os blocos Fonte: Autor, 2019

Page 47: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

46

As manchas por umidade observadas nas Figuras 23 e 24, são consequências

das inconformidades encontradas na execução e aplicação da argamassa. Isso

acontece porque a argamassa é feita de materiais porosos que absorvem a água com

facilidade, ocasionando infiltrações que atingem os blocos e alcançam o revestimento.

Figura 23 – Manchas por umidade Fonte: Autor, 2019

Figura 24 – Manchas por umidade Fonte: Autor, 2019

Page 48: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

47

A fissura escalonada evidenciada na Figura 25, também é consequência de

inconformidade na argamassa. Esse tipo de fissura aparece por fatores que geram

tensões, provocando o destacamento entre a argamassa e os blocos. Podendo ser

um problema nos materiais utilizados na composição da argamassa e que levam ao

comprometimento da sua resistência.

Figura 25 – Fissura escalonada Fonte: Autor, 2019

Page 49: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

48

Os resultados obtidos com os checklists de verificação da execução do projeto

e demonstrados na Figura 26, permitiram identificar a ocorrência das inconformidades

existentes em cada pavimento. Analisando os resultados obtidos nos itens

acompanhados, constatou-se um total de 47,5% de inconformidades na execução das

alvenarias.

Figura 26 – Índice de inconformidade de verificação da execução

Fonte: Autor, 2019

Page 50: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

49

5 CONCLUSÃO

Com base no conhecimento adquirido nesses meses de pesquisas, conclui-se

que para uma obra não sofrer com o surgimento de patologias é de suma importância

respeitar o sistema construtivo, fazendo-se necessário que cada etapa seja realizada

obedecendo a peculiaridade de cada item da norma regulamentadora. Respeitar a

norma em conjunto com uma fiscalização eficiente das etapas executadas é

fundamental para eficiência do sistema construtivo em alvenaria estrutural.

Ao decorrer do trabalho pôde-se perceber que um dos maiores problemas

encontrados no canteiro de obra e que resultou em muitas inconformidades, foi a falta

de conhecimento técnico e mão de obra qualificada, resultando em falhas no

assentamento dos blocos, com juntas de assentamento sem preenchimento, equívoco

na dosagem dos traços da argamassa e graute, além da interpretação de projeto.

Um dos erros que comumente aparecem na alvenaria estrutural, são as

quebras infundadas dos blocos de concreto, ocorrendo estas por erros na execução

de projetos complementares como hidrossanitários e elétricos, ou mesmo com a

necessidade da execução de serviços secundários que não foram previstos na

concepção do projeto, essas condutas têm como consequências a diminuição da

resistência e eficiência da alvenaria.

Todas as inconformidades apresentadas poderiam ser evitadas com a

eficiência do controle de sistema de qualidade da construtora, para isto faz-se

necessário a qualificação dos profissionais e realização de uma fiscalização mais

rigorosa. Para tanto, deve-se criar o hábito de equiparar o executado no canteiro com

o exigido na norma, a propósito fica evidenciado este como um dos pontos de maior

problema da construtora em estudo, muitos não tem conhecimento algum da norma

necessária para a execução do serviço.

Como sugestão para trabalhos futuros, entende-se como importante o

levantamento das patologias que se manifestaram após alguns anos de uso do

empreendimento estudado, criando um mapeamento que possibilite a identificação

dos locais onde houveram maiores incidências de manifestações patológicas. Após

isso, diagnosticar e propor possíveis soluções de reparo.

Page 51: ANÁLISE DO PROJETO E EXECUÇÃO DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE

50

Pode-se ainda, diante desse levantamento de patologias, criar sistemáticas de

prevenção dessas ocorrências.

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