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¹Graduando em engenharia civil, Universidade UNIRG, Gurupi-TO, Brasil, email: [email protected] ²Professora orientadora, Universidade UNIRG, Gurupi-TO, Brasil, email: [email protected] ³Professora co-orientadora, Universidade UNIRG, Gurupi-TO, Brasil, email: [email protected]
ANÁLISE DO SISTEMA DE DRENAGEM LOCALIZADO NO CRUZAMENTO DA AVENIDA SERGIPE E RUA 02 NA CIDADE DE
GURUPI-TO
BRENNO VICTOR BARROS¹ MARCILEIA DIAS DE OLIVEIRA²
ENICLÉIA NUNES DE SOUSA BARROS³
RESUMO
O acelerado processo de urbanização gera diversos problemas, entre eles prejuízos decorridos de um projeto mal elaborado de um sistema de drenagem ou da ausência desse sistema no meio urbano. O processo de urbanização contribui para o aumento de impermeabilização do solo, fazendo com que ocorram com frequência o aumento de enxurradas e conseguinte o aumento de enchentes urbanas. Este trabalho teve como objetivo, analisar um problema de drenagem urbana, localizado no Cruzamento da Avenida Sergipe com a Rua 02 na cidade de Gurupi-TO. Nessa pesquisa, foi abordado a identificação do que motivou a ocorrência da enchente que há no local, e sugerido possíveis orientações de projeto para que o problema fosse solucionado. Para tanto, foi realizado um levantamento dos elementos de drenagem no local e dessa forma foi calculada a vazão necessária de acordo com a área de contribuição. Esses levantamentos foram adquiridos junto à Prefeitura do Município de Gurupi-TO, onde foram obtidos os dados que serviram para os cálculos de dimensionamento dos novos elementos de drenagem, dessa forma, solucionando o problema de acúmulo de água existente no local. Espera-se com o presente estudo, orientar profissionais da área nas soluções de possíveis problemas de drenagem no meio urbano, com a finalidade de evitar danos materiais, danos à saúde e as constantes ocorrências de perdas de vidas. É importante o processo de urbanização, no entanto é importante também dar destinação adequada às águas das chuvas ao se impermeabilizar vias. Palavras-chave: Urbanização; Impermeabilização; Drenagem Urbana; Infraestrutura.
2
ABSTRACT
The accelerated process of urbanization generates several problems, including
damages resulting from a poorly designed drainage system project or the
absence of such a system in the urban environment. The urbanization process
contributes to the increase of soil waterproofing, causing the frequent increase of
floods and consequently the increase of urban floods. This paper aims to analyze
an urban drainage problem, located at the intersection of Sergipe Avenue and 02
Street in the city of Gurupi-TO. This research will address the identification of
what motivated the occurrence of the flood that is in place, and suggest possible
design guidelines to solve the problem. To this end, a survey of the drainage
elements will be performed on site, if any, and thus the required flow rate will be
calculated according to the contribution area. These surveys will be acquired from
the City Hall of Gurupi-TO, where will be obtained the data that will be used for
the design calculations of the new drainage elements, thus solving the problem
of water accumulation existing at the site. It is hoped with this study, to guide
professionals in the area in the solution of possible drainage problems in the
urban environment, in order to avoid material damage, health damage and the
constant occurrence of loss of life. The process of urbanization is important,
however it is also important to give proper destination to rainwater when
waterproofing roads.
Keywords: Urbanization; Waterproofing; Urban drainage; Infrastructure.
3
INTRODUÇÃO
Para Neto (2009), drenagem é o termo agregado na designação das
instalações responsáveis por escoar o excesso de água. A drenagem urbana
não se determina aos conhecimentos puramente profissionais impostos pelos
limites exclusivos à engenharia, pois compreende o agrupamento de todas as
medidas a serem tomadas aos quais a população está sujeita.
O crescimento da população junto com a ausência de planejamento
eleva os riscos de problemas relacionados à drenagem urbana de água pluviais,
aumentando a frequência das inundações e consequentemente acarretando
danos sociais e ambientais para a população. Segundo Poleto (2011), este
fenômeno aliado a impermeabilização do solo dificulta a infiltração das águas da
chuva, gerando impacto na atividade de escoamento e dificultando o acumulo
dos aquíferos durantes as estações de chuva. Com isso o volume e a velocidade
da água que chega nas cotas mais baixas, aumenta, ocasionando inundações e
outros problemas recorrentes nesses períodos. E com o objetivo de mitigar estes
impactos e melhorar a qualidade de vida da população é que surgiram os
primeiros conjuntos de escoamento urbano no planeta.
Segundo Kamura (2005), a principal atividade do sistema de
Microdrenagem é recolher e transportar a água da chuva até o sistema de
macrodrenagem, além de recolher a água pluvial do revestimento das vias
públicas, impossibilitando alagamentos, proporcionar proteção aos pedestres e
motoristas e impedir ou conter destruições.
De acordo com dados coletados na Secretaria de Infraestrutura de
Gurupi-TO, nos últimos anos a cidade teve um aumento considerável das áreas
pavimentadas. Os dados mostram que no ano de 2016 foram cerca de 40.000
m² de novas pavimentações executadas, para o ano de 2019 a expectativa está
sendo um aumento de 210.000 m² de novas áreas pavimentadas.
Consequentemente a cidade se torna cada vez mais impermeável necessitando
dessa forma de obras de drenagem urbana.
Este trabalho tem por finalidade um estudo de caso do qual o objetivo é
analisar o sistema de drenagem do cruzamento da avenida Sergipe com a rua
02. No qual como resultado final propõe-se apresentar os problemas
encontrados e as possíveis soluções.
4
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 Urbanização e drenagem
A relação urbanização e sistema de drenagem deveria ser uma realidade
crescente e positiva, porém, a urbanização cresce de forma desenfreada e sem
a infraestrutura necessária para as famílias tornando assim o sistema de
drenagem um dos vilões para a sociedade.
Para Canholi (2015), a urbanização desordenada e a utilização
inapropriada da superfície ocasionam na diminuição da região de reserva natural
dos deflúvios e estes, portanto, necessitarão de outros lugares para ocupar.
Segundo Tucci (2003), o acelerado crescimento das cidades fez com
que o ser humano tornasse a superfície impermeável e aumentando a rapidez
de escoamento pelo meio de canalização, portanto, a abundância de água que
chega de forma simultaneamente no sistema de drenagem amplia resultando
alagamentos mais recorrentes de quando o solo era permeável e o fluxo se dava
pela depressão do solo natural.
Cruz, Souza e Tucci (2007), um outro ponto complicado nos métodos de
drenagem dos municípios brasileiros é a presença excessiva de resíduos sólidos
que são transportados pelas águas pluviais e pela ausência de disciplina dos
habitantes, ocasionando o entupimento do sistema em consequência
intensificando as inundações. Na contemporaneidade poucas são as pesquisas
feitas para contenção dos resíduos e sua remoção dos lugares de captação dos
deflúvios, compondo-se em uma acanhada ação de conscientização das
pessoas e em programas separados de sistemas de retirada de lixo do
escoamento superficial, além da existência de planejamento de coleta domiciliar
e de higienização urbana periódicos.
De acordo com Tucci (1997), essas condições tem gerado um meio
degenerado, que na atual postura política esses impactos só inclinam-se para a
pior situação. A partir da urbanização esse processo não está sofrendo uma
redução, pelo contrário, conforme os limites urbanos aumentam esse processo
se amplia. Esse procedimento atinge principalmente as medias e grandes
cidades do nosso pais. Por meio da imprensa e da TV é noticiado ano após ano
os problemas com enchentes relacionados a estragos matérias e danos
humanos.
5
De acordo com Canholli (2015), existem dois métodos de reparo ou
prevenção que são as medidas estruturais e medidas não estruturais.
As medidas estruturais incluem as construções de engenharia, que
possuem duas classificações: intensivas e extensivas. As ações intensivas é
composta por quatro exemplos, aumento da velocidade do fluxo de água:
construção de canais e obras relacionadas; retardamento do escoamento:
tanques de detenção e reparo de calhas naturais; desvio do escoamento:
condutos de desvio; e que tem por finalidade tornar as construções
impermeáveis. Já as ações extensivas representam os limitados estoques
dissipados na bacia, à restauração da vegetação local e a contenção dos
processos de deterioração do solo.
As medidas não estruturais são aquelas que possuem como objetivo
minimizar os prejuízos ou os efeitos das enchentes, não por procedimentos que
utilizam a construção civil, mas sim pela implementação de normas,
regulamentos e métodos que busquem o uso e a apropriação disciplinada do
terreno, a instalação de uma rede de alerta e o comprometimento da sociedade
no que diz respeito a manutenção dos sistemas de drenagem.
1.2 Hidrologia
De acordo com Tucci e Marques (2000), o estudo da hidrologia tem tido
um progresso importante frente as gradativas complicações, consequência da
apropriação das bacias, do aumento considerável do uso da água e do
decorrente impacto ambiental.
Segundo De Lima (2010), a hidrologia sendo uma ciência que estuda a
ocorrência, a distribuição, o movimento e as características da água na
atmosfera, na área superficial e na camada inferior do solo, tem buscado uma
abordagem interdisciplinar, dominando diferentes campos do conhecimento. O
objetivo é aumentar o conhecimento atual do período chuvoso, com foco nas
regiões de maior densidade demográfica, visto que são em especial mais
complicadas. Manifesta-se, deste modo, a hidrologia urbana, uma ramificação
da hidrologia que analisa as áreas composta por um núcleo urbano densamente
povoado averiguando, especialmente, a consequência da urbanização e as
maneiras de reduzir as ações negativas.
6
1.3 Ciclo hidrológico
Para Pinto et al (1976), é possível conceituar que a água disponível para
o uso humano é proveniente de sua porção encontrada na atmosfera, por mais
que esta ideia disponha apenas do mérito de determinar a fase inicial de um
ciclo, que na verdade é fechado.
Tundisi (2003), uma particularidade encontrada em todo volume de água
superficial que se encontra em rios, lagos e águas subterrâneas são a sua
variabilidade e mobilidade. Todas as três fases existente da água no mundo que
são elas sólida, líquida e gasosa, fazem parte da função ativa da água, função
que se encontra contínua. A fase líquida se encontra como a mais importante
forma desse ciclo para o ser humano, pois está à disposição para o uso.
Para Silveira (1997), o início do ciclo da água parte do ponto em que a
água se encontra em seu estado gasoso na atmosfera e sofre a condensação e
precipita.
De acordo com Villela e Mattos (1975), a chuva que acontece sobre o
planeta tem suas águas separadas em vários momentos. Uma parcela da
precipitação é vaporizada mesmo antes de alcançar o solo. A maior parcela das
águas das chuvas chegam ao solo terrestre, onde existem mais uma divisão,
uma parte fica na vegetação e a outra atinge o solo propriamente dito. Parte da
água que escoa sobre a superfície terrestre penetra a terra ou alcança
canalizações de drenagem, impulsionando os rios e lagos que por consequência
irão escoar para os mares. Ao mesmo tempo a parcela que penetrou o solo
alimentara o lençol freático.
Para Tucci(2001), a bacia hidrográfica é uma região de recepção natural
da chuva e que direciona o escoamento para um único ponto. A composição da
bacia hidrográfica é sobretudo uma união de encostas no solo e de um sistema
de escoamento composto por correntes de água.
1.4 Precipitação
A forma como este trabalho considera a precipitação é em forma de
chuva. Para Pinto et al (1976), compreende-se como precipitação a água oriunda
do estado gasoso na atmosfera que é lançada no solo terrestre de qualquer
7
forma, como por exemplo a chuva.
Para Tucci (2001), as principais particularidades da precipitação são o
seu volume, tempo e divisão temporal e espacial. Conforme Villela e Mattos
(1975), as precipitações atmosférica é formada por meio do ar quente e úmido
que, subindo por transformação adiabática, e sofre um arrefecimento até atingir
sua fase de saturação. Uma parcela deste estado gasoso te transforma em
pequenas gotas de água dando forma as nuvens, por meio da turbulência ou por
correntes de ar que vão se elevando. No momento em que essas gotículas se
tornam gotas maiores e vencem a resistência do ar, movem-se no sentido da
superfície gerando as precipitações.
Para Villela e Mattos (1975), a temperatura, umidade e o vento são
fatores climáticos muito importantes pela influência que representam sobre a
precipitação. E as formações geológicas além de intervirem na topografia do solo
determinam a localidade de volume da água procedente da chuva.
Em conformidade com Fritzen e Binda (2011), na região urbana, diante
da finalidade da impermeabilização da superfície, o sistema hidrológico é
interrompido no solo terrestre, referente ao fluxo superficial e drenagem de forma
natural. Com construções de vias para as pessoas e revestimento asfáltico para
o trânsito de automóveis.
Netto (2009), o recolhimento correto do lixo juntamente com uma
disciplina positiva da sociedade tornando assim os bueiros e galerias livres
desses resíduos tornaria a qualidade da água melhor.
1.5 Sistema de drenagem urbana
Conforme Baptista e Nascimento (2002), da perspectiva corporativa,
tradicionalmente o sistema de drenagem é função do governo público. Nas
cidades brasileiras a competência de realizar tais serviços é da secretaria de
infraestrutura.
De acordo com Canholi (2015), no decorrer do tempo o sistema de
drenagem urbana foi tratado em segundo plano no cenária de partição da
superfície para utilização do meio urbano, mostrando ser uma das adversidades
agravante nos médios e grandes municípios brasileiros.
8
1.6 Efeito da urbanização no ciclo das águas
Para Pompêo (2000), com a urbanização gerou a impermeabilização do
solo que é um dos principais fatores das enchentes que sofremos
consequentemente durante os períodos chuvosos, levando em conta o
entupimento dos canais e construções inadequadas dos sistemas de drenagem.
Em conformidade com Fritzen e Binda (2011), na região urbana, diante
da finalidade da impermeabilização da superfície, o sistema hidrológico é
interrompido no solo terrestre, referente ao fluxo superficial e drenagem de forma
natural. Com construções de vias para as pessoas e revestimento asfáltico para
o trânsito de automóveis.
Netto (2009), o recolhimento correto do lixo juntamente com uma
disciplina positiva da sociedade tornando assim os bueiros e galerias livres
desses resíduos tornaria a qualidade da água melhor.
1.7 Sistema de drenagem urbana
Conforme Baptista e Nascimento (2002), da perspectiva corporativa,
tradicionalmente o sistema de drenagem é função do governo público. Nas
cidades brasileiras a competência de realizar tais serviços é da secretaria de
infraestrutura.
De acordo com Canholi (2015), no decorrer do tempo o sistema de
drenagem urbana foi tratado em segundo plano no cenária de partição da
superfície para utilização do meio urbano, mostrando ser uma das adversidades
agravante nos médios e grandes municípios brasileiros.
1.8 Sarjetas
Para Tucci (2001) sarjetas são faixas das avenidas pública, colateral ao
meio-fio. O desnível gerado é o receptor dos deflúvios.
1.9 Boca de lobo
Segundo Tucci (2001) bocas de lobos são um mecanismo situado em
locais indispensáveis nas sarjetas para captação de águas fluviais.
As bocas coletoras (bocas-de-lobo), contém três grupos principais:
9
bocas ou ralos de guias; ralos de sarjetas (grelhas); ralos combinados. Cada
modelo inclui alterações quanto a depressões em relação ao nível do terreno
normal do perímetro e ao seu número (simples ou múltipla).
1.10 Meios-fios
Segundo Tucci; Porto; Barros (1995), os meios-fios são construções de
pedra ou concreto, posicionado entre a calçada e a via pública, simultânea ao
eixo da avenida e com sua altura semelhante ao nível da calçada.
1.11 Galerias
Segundo Tucci; Porto; Barros (1995) galerias são canalizações públicas
usadas para conduzir as águas das chuvas provenientes das bocas de lobo e
das ligações privadas.
Dimensionamentos de galerias são feitos com base nas equações
hidráulicas de movimento uniforme, como a de Manning. O cálculo depende do
coeficiente de rugosidade e do tipo de galeria. (SUPERINTENDÊNCIA DE
DESENVOLVIMENTODE RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO
AMBIENTAL, 2002).
Para o valor da rugosidade conforme a norma ABNT NBR 9649:1986 é
recomenda n= 0,0013 para galerias de concreto.
A ABNT NBR 9649:1986 diz que o cobrimento das galerias não deve ser
inferior a 0,90 metros para coletores assentados na linha de trafego e 0,65
metros para coletores assentados no passeio, recobrimento menor deve ser
justificado. Ainda em conexão as galerias a ABNT NBR 9649:1986 informa que
a máxima declividade admissível é aquela para qual a velocidade seja igual ou
menor que 5 metros por segundo.
1.12 Poços de visita
Segundo Tucci; Porto; Barros (1995), poço de visita é um dispositivo
situado em lugares convenientes do conjunto de galerias para possibilitarem
alterações de direção, alteração de declividade, mudança de diâmetro e
inspeção e limpeza das canalizações.
Tucci; Porto; Barros(1995) esclarecem que poços de visita tem função
10
primordial de permitir o acesso às canalizações para efeito de limpeza e
inspeção, de modo que se possam mantê-la em bom estado de funcionamento.
1.13 Tubos de ligação
Segundo Tucci (2001) os tubos de ligação são canalizações destinadas
a conduzir as águas pluviais captadas nas bocas de lobo para as galerias ou
para os poços de visita.
2 METODOLOGIA
2.1 Área de estudo
A área de estudo do presente trabalho está localizado no cruzamento da
Avenida Sergipe e Rua 02 na cidade de Gurupi-TO. O município de Gurupi está
localizado na região Norte brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2018), o município possui área total de 1 836,091
km² e estimativa de 85.737 habitantes.
Figura 1 – Área de estudo
Fonte: Autor (2019).
11
Figura 2 – Área de estudo após ocorrência de chuvas
Fonte: Autor (2019).
2.2 Análise local
Foi realizada uma análise local, com a finalidade de verificar se havia
bocas de lobo e sarjetas no cruzamento da Avenida Sergipe com a Rua 02 e foi
percebido que não haviam nenhum sistema de drenagem em toda a bacia de
contribuição do nosso ponto de análise.
Utilizando-se de um estudo prévio feito pela Secretaria Municipal de
Infraestrutura de Gurupi-TO foi possível identificar a bacia de contribuição e os
possíveis pontos para implantação de boca de lobo, necessários para o sistema
de drenagem.
12
2.3 Escoamento superficial
O escoamento superficial é a parcela do ciclo hidrológico no qual a água
se desloca na superfície da bacia até encontrar uma calha definida. O
escoamento em bacias urbanas é regido pela influência do ser humano por meio
de solos impermeáveis e sistemas de drenagem pluviais (Tucci, 2001).
Conforme Villela e Mattos (1975), o coeficiente de escoamento
superficial ou coeficiente de “run off”, é definido como a razão entre o volume de
água escoado superficialmente e o volume de água precipitado. Este coeficiente
pode ser relativo a uma chuva isolada ou relativo a um intervalo de tempo onde
várias chuvas ocorreram (VILLELA E MATTOS, 1975).
Para o cálculo da vazão de escoamento é necessário a determinação de
alguns fatores. Para o valor do coeficiente de escoamento foi considerada áreas
centrais, e seguindo Tabela 1, foi adotado o valor de 0,75.
Tabela 1 - Coeficiente de escoamento superficial (run off)
Tipo de superfície Coeficiente de
escoamento superficial
MACRO ÁREAS
Áreas Comerciais 0,70 – 0,95
Áreas centrais 0,70 – 0,95
Áreas de bairros 0,50 – 0,70
ÁREAS RESIDENCIAIS POR TIPO
Residenciais isoladas 0,35 – 0,50
Unidades múltiplas, separadas 0,40 – 0,60
Unidades múltiplas, conjugadas 0,60 – 0,75
Áreas com lotes de 2.000 m2 ou
maiores
0,30 – 0,45
Áreas suburbanas 0,25 – 0,40
Áreas com prédios de apartamentos 0,50 – 0,70
13
2.4 Cálculo de vazão
Para calcular a vazão, foi utilizado o método Racional devido a sua
simplicidade, pois ele engloba totalmente os processos em apenas um
coeficiente e devido à bacia de estudo estar dentro do limite de 2 km², que é a
área limite para utilização da fórmula do método racional.
Qb = AxIxR
360x(Txt)
Qb= Vazão no ponto dimensionado (m³ x seg)
A= Área drenada acumulada a montante do ponto dimensionado (há)
I= Coeficiente de escoamento superficial (admensional) Runoff
R= Precipitação crítica (mm x h)
T= Tempo de duração da chuva (h)
t= Tempo desejado para escoamento (h)
A vazão, ou volume escoado por unidade de tempo, é a principal
grandeza que caracteriza um escoamento. Normalmente é expressa em metros
cúbicos por segundo (m3/s ou em litros por segundo (L/s).
De acordo com a SUDERHSA, (2002), os conceitos fundamentais desse
sistema são:
O tempo da precipitação máxima de projeto é igual ao
tempo de concentração da bacia. Necessita que a bacia
seja pequena para que essa situação ocorra, pois a
duração é inversamente equivalente à intensidade.
É adotado um coeficiente C, determinado pelas
características da bacia
Não avalia o volume da cheia e a distribuição temporal das vazões.
14
2.5 Cálculo de Bocas de lobo
Para os serviços de drenagem em toda bacia de contribuição será
necessário a utilização de bocas de lobos. Segue o memorial de cálculo de boca
de lobo.
TABELA 2 - Memória de cálculo de bocas de lobo diâmetro 0,40
PV QUANT. PROF
MÉDIA LARG. M REGUL. m2 ESCAV. m3 B.F. m3 LASTRO m3 REAT. m3
101 2,00
1,30
0,80 11,20
14,56
2,75
0,67
11,14
102 3,00
1,30
0,80 16,80
21,84
4,12
1,01
16,71
103 3,00
1,30
0,80 16,80
21,84
4,12
1,01
16,71
104 3,00
1,30
0,80 16,80
21,84
4,12
1,01
16,71
105 3,00
1,30
0,80 16,80
21,84
4,12
1,01
16,71
106 3,00
1,30
0,80 16,80
21,84
4,12
1,01
16,71
107 2,00
1,30
0,80 11,20
14,56
2,75
0,67
11,14
108 2,00
1,30
0,80 11,20
14,56
2,75
0,67
11,14
109 2,00
1,30
0,80 11,20
14,56
2,75
0,67
11,14
Fonte: Autor (2019).
TABELA 3 - Memória de cálculo de bocas de lobo diâmetro 0,40
PV QUANT. PROF MÉDIA LARG. M REGUL. m2 ESCAV. m3 B.F. m3
LASTRO m3 REAT. m3
110 2,00 1,30
0,80 11,20 14,56 2,75 0,67
11,14
111 3,00 1,30
0,80 16,80 21,84 4,12 1,01
16,71
112 2,00 1,30
0,80 11,20 14,56 2,75 0,67
11,14
113 3,00 1,30
0,80 16,80 21,84 4,12 1,01
16,71
114 2,00 1,30
0,80 11,20 14,56 2,75 0,67
11,14
115 3,00 1,30
0,80 16,80 21,84 4,12 1,01
16,71
116 3,00 1,30
0,80 16,80 21,84 4,12 1,01
16,71
117 3,00 1,30
0,80 16,80 21,84 4,12 1,01
16,71
TOTAIS 23,00 161,00 - 128,80 167,44 31,61 7,73
128,10
EXTENSÃO TOTAL DE RAMAIS DE BOCAS DE LOBO 380,00 m TOTAL DE REDES = 2.570,25
Fonte: Autor (2019).
15
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após análise da área de contribuição, foi possível verificar a ausência de
um sistema de drenagem.
Figura 3 – Bacia de contribuição
Fonte: Autor (2019).
Com os dados da bacia de contribuição foi possível dimensionar a vazão
de escoamento. Foi verificado se a vazão admissível atenderia a vazão de
projeto, o valor encontrado da vazão admissível foi de 1,26 m³x seg. Tornando
possível o escoamento, e a velocidade de projeto calculado foi de 2,57 m x seg,
como pode ser visto na tabela 2 a seguir.
16
TABELA 2 - Vazão de escoamento
Qb Vazão no ponto dimensionado (m3 x seg)
A Área drenada acumulada a montante do ponto dimensionado (há) 24,28
I Coeficiente de escoamento superficial (admensional) Runoff 0,75
R Precipitação crítica (mm x h) 100
T Tempo de duração da chuva (h) 2
t Tempo desejado para escoamento (h) 2
Qb =
24,28 X 0,75 X 100
360 X 2 X 2
Qb = 1,26 m3 x seg
Fonte: Autor (2019).
Devido a inexistência de um sistema de captação de águas pluviais em
toda área de contribuição, o ponto crítico em analise recebe toda vazão desta
área. Oque faz com que ocorra enxurradas e inundações.
17
3.1 Proposta de projeto de sistema de drenagem no cruzamento da Av.
Sergipe com a rua 02
Após os cálculos realizados, foi elaborado uma proposta de projeto de
um sistema de drenagem no local, como pode ser visto na figura 04.
Figura 4 – Proposta para um sistema de drenagem
Fonte: Autor (2019).
18
O cruzamento da Avenida Sergipe com a Rua 02 como pode ser visto, é
o ponto mais crítico, pois se encontra na menor cota desta área de contribuição.
Portanto é indispensável a elaboração do sistema de coleta de toda bacia, caso
contrário os problemas decorrentes da falta de drenagem continuarão. Valendo-
se do declínio do terreno, o lançamento destes deflúvios ocorrerão em
continuidade do ponto analisado.
Figura 5 – Local crítico
Fonte: Autor (2019).
As obras de drenagem são classificadas como obras que permitem a
captação, condução e disposição final do escoamento superficial presente nas
ruas como resultado de chuvas. Após definido normas, critérios e métodos a
serem usados nas fases de escavação, reaterro de valas, assentamento de
tubos e construção de dispositivos tipo de drenagem, tais como, poços de visita,
bocas de lobo, descidas d’água, meios fios e dissipadores.
19
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo foi possível observar que o uso do sistema de drenagem
é de suma importância para o meio urbano, pois com a acelerada urbanização
foi notado que a pavimentação contempla um número maior de obras quando
comparado as obras de drenagem urbana. Contudo, o maior número de ruas
pavimentadas se tornam grandes vias para os deflúvios, pois os mesmo não
conseguem se infiltrar no solo devido a impermeabilização, e por não haver um
sistema de captação para esses deflúvios eles acabam por se tornarem
enchentes e inundações.
No município de Gurupi-TO, a exemplo de várias cidades brasileiras, o
processo de urbanização ocorreu em detrimento das condicionantes ambientais.
Esta situação associada a inexistência do sistema de drenagem pluvial contribui
com frequentes alagamentos na Rua 02.
As bocas de lobo apresentadas na proposta de projeto, terão capacidade
para drenar os deflúvios, sem que ocorram alagamentos.
Esses problemas têm seus colapsos observados no ponto mais baixo do
sistema de drenagem, que é no cruzamento estudado, e por não existir um
dispositivo de coleta o trecho acaba inundado durante as fortes precipitações.
Cabe-nos considerar que a funcionalidade de todo o sistema de
drenagem, depende não só de sua perfeita execução, como da devida
manutenção dos trechos, e principalmente das caixas coletoras que requerem
limpeza periódica dos resíduos sólidos, que ficam retidos na sua parte inferior.
Esses dispositivos possibilitam aumentar consideravelmente a vida útil dos
sistemas, assim como sua eficiência que fica comprometida diante de uma
precária manutenção.
A população tem um grande dever perante as manutenções necessárias
para o total funcionamento do sistema de drenagem. Pois, é recorrente o
entupimento das bocas de lobo devido à presença de lixos que se encontram
nas vias públicas.
O presente trabalho sugere a construção de um sistema profundo de
drenagem, com bocas de lobo e galerias pluviais. Dentre outras soluções para
diminuir o problema, seriam a construção de áreas de retenção de água de
chuva, uso de asfalto permeável, outras medidas estruturais e não estruturais.
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